CURSO DE TEOLOGIA PARA LEIGOS LAVRAS - MG MARIOLOGIAPe. Adriano Marques Santiago,scj 1. Identificação Cu !o"" Teologia para Leigos Di!ci#$ina" Teologia Dogmática: Mariologia Ano" 20 ! Se'e!t e" " Se'e!t e do Cu !o"#$% " C%: C &dito!" (. Docente Pe Adriano Marques Santiago,scj ). O*+eti,o! Maria no Plano da Sal&a'(o, das )scrituras ao ensino magisterial da *greja. Maria, +igura e,emplar da *greja e da -umanidade redimida. Marcos -ist.rico/teol.gicos da Mariologia, no 0cidente. 0s dogmas marianos: +undamentos, n1cleo teol.gico, alcance pastoral e perspecti&a ecum2nica. Maria nos documentos do 3onc4lio 5aticano ** #especialmente Lumen gentium 5**% e no magist6rio ponti+4cio. Maria como 7primeira disc4pula8 e 7estrela da e&angeli9a'(o8. Maria na catequese, na -omil6tica e na de&o'(o popular. -. Conte.do P o/ a'0tico . :);L)T*: S0<:) MA:*A =0>) 2. A M?) D) >)S@S: MA:*A )M MA:30S ) MAT)@S !. P):)A:*BA BA ;C ) P):;)*TA D*S3DP@LA: MA:*A )M L@3AS E. M?) DA 30M@B*DAD): MA:*A B0 )5ABA)L=0 D) >0?0 F. MA:*A B0 AP03AL*PS) ) )M 0@T:0S )S3:*T0S <D<L*30S G. MA:*A, DA <D<L*A H T:AD*I?0 J. MA:*A, M?) ) 5*:A)M K. *MA3@LADA 30B3)*I?0 ) ASS@BI?0 L. MA:*A BA D)50I?0 P0P@LA: ) BA L*T@:A*A 0. D)M N@)STO)S S0<:) AS APA:*IO)S D) MA:*A 1. Recu !o! Did0tico! Data S-oPQ uso -aRitual da Sagrada )scrituraQ te,tos selecionadosQ deRates... 2. Metodo$o/ia de En!ino Aulas e,positi&asQ 3. Refe 4ncia! 5i*$io/ 0fica! 50!ica! a) Maria na Bíblia (contexto, teologia e espiritualidade) APA:*3*0, A #org.%, Maria delevangelio. 3laretianas, LLE. <)ATT*), T., Redescobrindo Maria a partir dos Evangelhos. Paulinas, 200!. <0;;, Cl, O cotidiano de Maria de Nazaré, Salesiana, 200!. <:0SB, : #org.%, Maria no Novo Testamento, Paulinas, LKF. <:0SB, :., O nascimento do Messias. Comentários das narrativas da infância nos evangelhos de Mate s e ! cas. Paulinas, 200F. MAL*BA, <.>., El m ndo social de "es#s $ losevangelios. Sal Terrae, 2002, p. ! / FF. M@:AD, A+onso, % em é essa m lher. Maria na b&blia. Paulinas, LLG. P*TAMA, $., 'miga de (ios. Mensa)e mariano del N evo Testamento. San PaRlo, LLG. S)<AST*AB*, L., Maria e *saRel. Dcone da solidariedade. Paulinas, LLK S)::A, A., Maria seg#n el evangelio. S4gueme, LKK. b) Maria no culto cristão: liturgia e devoção <)*B):T, S #org.%, O c lto a Maria ho)e. Paulinas, LK0. <*S*B0T0, )., Conhe*a os t&t los de Nossa +enhora. Santuário, 20 0, 2ed. <0;;, Li, Maria na vida do povo. Ensaios de mariologia na ,tica latino-americana e caribenha.S(o Paulo: Paulus, 200 . <0;;, Li., C lto e práticas de devo*.o a Maria. Santuário, 200E. D) ;*0:)S, S., Eis a& t a m.e. /m m0s com Maria. S(o Paulo: A&e/Maria, 20 0, 2ed. A0BMUL)M D0:AD0, A., Mariologia pop lar !atino-americana, LoVola, LL . MAAA*0B*, 3., Maria na 1gre)a em ora*.o. +olenidades2 festas e mem,rias marianas no ano lit#rgico. Paulus, LLK. 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M[LL):, A.L., % e significa Maria para nosotros2 loscristianos9 Refle=iones sobre o cap&t lo mariol,gico de la! men <enti m. #Madrid% )d. Pala&ra, 200 . M@:AD, A+onso, O 8 e Maria tem a dizer :s m.es de ho)e. Paulus, LLJ. M@:AD, A+onso, 6is5es e apari*5es. (e s contin a falando9 5o9es, LLJ. BA5A::0 P@):T0, M., Maria2 la m )er. 3laretianas, LKJ. 0SSABBA, T., Maria nossa irm.. Paulinas, LLJ. P*TAMA, $., Maria e o Esp&rito +anto. LoVola, LKJ :e&ista 30B3*L*@M, Maria nas 1gre)as. >erspectivas de ma mariologia ec m0nica. ;asc. KK, LK!\K. )d. 5o9es. :*<LA ] :e&ista de interpreta'(o R4Rlica latino/americana. Ma ia. B.EG. 200!\!. 5o9es. S3=*LL)<))3T$, ). et =ALT)S, 3., Maria a$er2 ho$2 ma?ana. S4gueme, 2000, p. 2L/JG #introdu'(o ^ mariologia%. @M<:AS*L #org.%, Maria no cora*.o da 1gre)a. Paulinas, 20 . (. Dicion0 io! D) ;*0:)S, S. et M)0, S. #org.%, (icionário de mariologia. Paulus, LLF. D) ;*0:)S, S., S3=*);):, 5.; et P)::)LLA, S.M #org%. Mariologia #Di9ionario%, #Milano%, San Paolo, 200L. ). Docu'ento! do 'a/i!t& io da I/ e+a cat6$ica 30B3DL*0 5AT*3AB0 **, 3onstitui'(o Dogmática ! men <enti m2 cap&t lo @, 5o9es. 3B<<, 'pari*5es e re&ela'_es particulares. 3ole'(o SuRs4dios doutrinais, <rasilia: )d. 3B<<, 200L. PA@L0 5*, O c lto : 6irgem Maria #Marialis3ultus%, LJE, Paulinas. >0?0 PA@L0 **, ' m.e do redentor #:edemptorisMater%, LKL, Paulinas >0?0 PA@L0 **, Carta #post$lica %O rosário da 6irgem Maria. &aulinas, '(('. C)*#M, (oc mento de 'parecida INTRODUÇÃO REFLETIR SOBRE MARIA HOJE 1. DE MARIA À MARIOLOGIA Você já percebeu que a figura de Maria é um elemento característico do cristianismo católico? Maria aparece no imaginário popular especialmente como a santa pode osa e bondosa que intercede por nós, a!"e d#$#na. Interessante notar que a pro imidade de Maria em rela!"o ao fiel n"o se define pela semel#an!a conosco, mas sim pela sua capacidade, enquanto alguém da esfera do di$ino, de $ir em au ílio de seus fil#os. % grande parte das manifesta!&es de$ocionais marianas gira em torno da ora!"o de s'plica, da fé como entrega confiante nas m"os da m"e de (eus, do pedido de socorro, em situa!&es e tremas de necessidade. %lguns fatos da $ida nos mostra a ambiguidade da figura de Maria no catolicismo popular. (e um lado, ela está muito pró ima, pois ou$e os clamores do seus fil#os e $em)l#es em au ílio. (e outro lado, está distante como referência #umana. * $ista como santa de!a#s para ser tomada como figura inspiradora de certos $alores. +omo a santa, parece alguém que n"o passou por dificuldades #umanas. ,erdeu)se a tril#a da peregrina!"o espiritual de Maria, do camin#o que ela fe- na fé, na esperan!a e no amor. Maria é considerada também a M"e. . num duplo sentido/ o modelo de m"e e mul#er. %tualmente, esse aspecto é muito questionado, pois o discurso tradicional sobre Maria acabou criando um estereótipo de mul#er que fa$oreceu o mac#ismo. 0u seja, a mul#er só se reali-aria enquanto m"e. . o lugar da m"e é o espa!o pri$ado da casa, cuidando dos fil#os e sendo obediente ao marido. . como Maria é m"e e $irgem, parece que o pra-er se ual se torna$a algo proibido 1s mul#eres. 2ua reali-a!"o de$eria $ir somente por meio do e ercício da maternidade, padecendo no paraíso do lar, ou com a prática da $irgindade consagrada, na $ida religiosa. .nt"o, as mul#eres que assumem tarefas profissionais, lideran!as de mo$imentos sociais e ambientais, que ocupam o espa!o p'blico, que colocam as quest&es do seu corpo e da se ualidade, destoam do modelo tradicional da Ma #a !"e e $# %e!. 3a pluralidade e di$ersidade do catolicismo atual, #á um esfor!o para descobrir outras perspecti$as de Maria. % 4eologia da 5iberta!"o $alori-ou a figura #umana e profética de Maria, como sinal da op!"o preferencial de (eus pelos pobres. 6esgatou sua condi!"o de mul#er que desponta corajosamente como protagonista e mul#er profética. Maria aparece como educadora e discípula de 7esus, membro importante na comunidade dos que se empen#am na constru!"o do 6eino de (eus. +amin#o semel#ante tra!ou a teologia feminista. %s feministas mostraram como o discurso católico sobre Maria fortaleceu a cultura androcêntrica 8centrada no #omem9, tirando a mul#er da sua condi!"o de agente #istórico e compan#eira do #omem. :uscou)se resgatar a figura de Maria como mul#er forte e comprometida com o projeto de 7esus e do 6eino de (eus. %s feministas propuseram que Maria n"o seja considerada mais !ode&o pa a as !'&(e es, mas sim uma figura inspiradora para todo o ser #umano, #omens e mul#eres. 3a %mérica 5atina e no +aribe, Maria se torna um símbolo de identidade católica. Isso n"o problemático, desde que se manten#am abertas as portas de diálogo com outras igrejas crist"s que se disp&em a fa-er um camin#o conjunto. ;oje a figura de Maria tem sido utili-ada propositalmente por alguns grupos católicos, a ser$i!o de um questioná$el projeto e$angeli-ador. Volta)se a e altar os pri$ilégios de Maria, prega)se que a ora!"o do rosário é obrigatória, utili-a)se equi$ocadamente o dogma da $irgindade para justificar preceitos de moral se ual, di$ulgam)se pretensas apari!&es de Maria e suas mensagens, como se fosse o quinto e$angel#o. . agera)se na promo!"o do culto a Maria, que associado 1 adora!"o ao 2antíssimo 2acramento e ao culto personalista ao papa, s"o considerados as 'nicas características legítimas do cristianismo católico. 3este conte to, um estudo sobre Maria de$e nos ajudar a con#ecer )'e! * essa !'&(e e iluminar uma prática pastoral #umani-adora, que seja Boa+No$a para #omens e mul#eres do nosso tempo. ,. BRE-E HIST.RIA DA MARIOLOGIA 0 primeiro milênio do cristianismo gestou uma refle "o sobre Ma #a no /on0'nto da 1* / #st" e da teo&o%#a. 3"o #a$ia mariologia como tratado separado. 3os primeiros século, encontramos #omilias sobre 7esus nas quais se fa-em referência a Maria. 2urgem #istórias piedosas de Maria, como o p oto+e$an%e&(o de T#a%o 8pro$a$elmente, início do século III9 e -#da de Ma #a, do monge .pitáfio. % preocupa!"o central está em 7esus, na sua #umanidade e di$indade. . justamente das polêmicas cristológicas é que brotam os dogmas da maternidade e da $irgindade de Maria. % Idade Média presencia o crescimento da piedade marial, que culmina com o tratado da 2antíssima Virgem, de 2"o :ernado de +lara$al 8<==>?9. Interessante notar que no grande teólogo santo 4omás de %quino n"o #á um tratado de mariologia, nem na 2uma 4eológica, nem em outros escritos. 3o 0riente encontramos uma rica iconografia mariana e #inos lit'rgicos. 0 culto $ai a frente da teologia. @ala)se Maria de uma forma mais simbólica do que dogmática. 3o ocidente, muitas pinturas e esculturas marianas se multiplicam a partir do renascimento. % mariologia sistemática surge na Idade Moderna. 3o século AVI, a reforma protestante, ao centrar)se na sal$a!"o em +risto, promo$e um corte radical na de$o!"o aos santos e, sobretudo, Maria. .m alguns lugares, destroem)se imagens e pinturas dos santos e de Maria. .m rea!"o, a +ontra)6eforma católica retoma com mais $igor a figura de Maria, em conte to polêmico. @ortalece o culto a Maria separada da pessoa de 7esus. 0 primeiro tratado mariano é elaborado por @rancisco 2uares 8=>BC9. . o termo !a #o&o%#a foi cun#ado por ,lácido 3ígido em =DEF. % partir daí, criou)se uma mariologia dos pri$ilégios. 0u seja, trata$a)se de mostrar o que (eus concedeu a Maria que a fa- mel#or que os outros seres #umanos. (e acordo com a escolástica, usa)se do método deduti$o e do silogismo, acrescidos de argumentos de con$eniência. .les funcionam assim/ Deus podia; convinha que fizesse; logo, fez. ,or e emplo/ (eus, que é todo poderoso, podia criar uma fil#a que n"o fosse manc#ada pelo pecado original. 0ra, con$in#a que ele fi-esse isso, em $ista da obra redentora de +risto. .nt"o, (eus concedeu a Maria o pri$ilégio da Imaculada +oncei!"o. +ontra o Iluminismo e o império da ra-"o moderna, autGnoma, anti)religiosa e antieclesiástica, cresce, nos séculos AVII e AIA, uma mariologia de$ocional, de cun#o afeti$o, na qual se misturam elementos simbólicos e racionais. 3esta lin#a, 5ui- Maria Hrignion de Monfort 8< =I=D9, no 4ratado da $erdadeira de$o!"o 1 2antíssima Virgem, n.ID, relembra que Maria é a rain#a do +éu e da 4erra. +itando %nselmo, :ernardo e :oa$entura, c#ega a di-er que ao pode de De's t'do * s'2!#sso3 at* a -# %e!4 ao pode da -# %e! t'do * s'2!#sso3 at* De's. .sta é a tendência dominante/ uma mariologia triunfalista e ma imalista, di-endo que para Maria n"o #á limites, nunca é demais e altá)la. .m latim/ De Maria nunquam satis. % proclama!"o dos dogmas da Imaculada +oncei!"o 8=B>C9 e da %ssun!"o 8=J>E9 aumentou ainda mais a e'1o #a !a #ana. 7á se prepara$a um no$o dogma, pro$a$elmente o de Maria corredentora. .ssa onda come!ou a bai ar por $olta dos anos sessenta do século AA. 0s mo$imentos da reno$a!"o da Igreja, que culminaram no +oncílio Vaticano II, $"o em dire!"o contrária 1 mariologia da época. 0s mo$imentos bíblico e patrístico, com a $olta 1s fontes, pedem uma maior centralidade na pessoa de 7esus, questionando uma $is"o de Maria des$inculada da cristologia. 0 mo$imento ecumênico prop&e uma relati$i-a!"o de alguns elementos católicos, em fa$or do n'cleo comum 1s Igrejas crist"s. % reno$a!"o dogmática inicia uma releitura dos dogmas, a partir da :íblia, desmontando a mariologia armada somente sobre argumentos da tradi!"o. % mentalidade antropocêntrica, que coloca o ser #umano no centro do pensamento, questiona uma Maria endeusada, sem #istória e sem conte to. 0 +oncílio Vaticano II inseriu Maria no capítulo VIII do documento L'!en %ent#'!. 2ituou Maria no mistério de +risto e da Igreja, n"o num tratado 1 parte, como queriam os grupos conser$adores. 3a década de =JIE, a de$o!"o e a teologia marianas entraram numa crise sem precedentes. +#egou)se ao e tremo de um !#n#!a&#s!o !a #anoao se afirmar/ J5 se 1a&o' de!a#s so2 e Ma #a. A%o a3 * te!po de /a&a 6. +om a entrada do pensamento moderno na teologia, $êm também as suspeitas sobre a figura de Maria, de nature-a psicológica, sociocultural, religiosa e política. % retomada da mariologia acontece após essa crise. %tualmente, a refle "o sobre Maria e pressa a pluralidade do mundo e de suas culturas. (e um lado, #á trabal#os recentes, bem funda mentados, sobre Maria na :íblia, que constituem um importante campo de diálogo com as outras Igrejas crist"s. ,essoas e grupos desen$ol$em pesquisas sobre Maria no diálogo inter)religioso, com o islamismo, o judaísmo, os cultos afro)americanos e a religiosidade esotérica pós) moderna. 2omam)se 1 contribui!"o da teologia da liberta!"o, da teologia feminista e da ecoteologia. :usca)se um paradigma abrangente, um modelo de compreens"o capa- de organi-ar, com sentido, os dados da :íblia, do culto e do dogma a respeito de Maria. +resce também uma teologia mística marial, centrada em 7esus e na 4rindade, que $isa a bali-ar a peregrina!"o espiritual de #omens e mul#eres. (e outro lado, rea$i$a)se a mariologia de pri$ilégios, o ma imalismo mariano, a de$o!"o proselitista, moralista, de caráter dogmatista. 7. 8ON8EITO3 E9IG:N8IAS E TAREFAS DA MARIOLOGIA % mariologia é a disciplina teológica que estuda o lugar de Maria no projeto sal$ífico da 4rindade e sua rela!"o com a comunidade eclesial. % mariologia é uma refle "o sistemática, crítica e sapiencial que parte da fé e 1 fé retorna. % refle "o teológica sobre Maria se fa- como uma escada de três degraus. 3o ní$el básico se situam os dados bíblicos sobre a m"e de 7esus. .les s"o imprescindí$eis, para n"o construir uma mariologia sobre o $a-io. 4oda refle "o teológica baseia)se na 2agrada .scritura. 3o segundo ní$el se situam os dogmas marianos, que condensam grande parte da refle "o eclesial sobre ela. ,or fim, o culto a Maria, compreendendo a de$o!"o popular e a liturgia. Interessante obser$ar que o culto é o aspecto mais $isí$el e pode parecer o 'nico importante. 0s três degraus se relacionam mutuamente, mas #á uma prioridade da 2agrada .scritura sobre o dogma. % elabora!"o de uma mariologia atual e ige uma boa base bíblica. Isso significa con#eceros te tos bíblicos sobre Maria, relacionando)os com o autor bíblico e sua teologia. 3ecessita percorrer a #istória da refle "o de fé da Igreja para compreender como surgiram os dogmas e situá)los em seu conte to. %lém disso, para pensar sobre o sentido de Maria, o mariologo de$e relacioná)lo com outros campos da refle "o teológica que falam de 7esus, da Igreja, do mistério do ser #umano 1 lu- da fé e de sua sal$a!"o 8cristologia, eclesiologia, antropologia teológica e soteriologia9. .le8a9 passeia pelas disciplinas teológicas e $ai tecendo a mariologia. 0 grande problema de muitos professores e de certos li$ros de mariologia reside num #ori-onte teológico estreito, que parece $er somente Maria. 2e $ocê $ai escre$er sobre Maria em 5ucas, de$e con#ecer bem a teologia do terceiro e$angelista. 2e alguém $ai refletir sobre o dogma da %ssun!"o, de$e ir a fundo na disciplina teológica da escatologia, que trata sobre o 'ltimo e definiti$o em todas as coisas, inclusi$e a morte e a ressurrei!"o. 3"o basta que seja uma refle "o rec#eada de cita!&es dos padres da Igreja, dos concílios e dos papas. .la precisa ser consistente e abrangente. ,or fim, a refle "o atual sobre Maria se fa- com o ol#ar e o cora!"o sintoni-ados na peregrina!"o e istencial e espiritual de #omens e mul#eres de #oje. Isso requer do teólogo uma agu!ada sensibilidade #istórica e dialogal. .le está atento n"o somente aos li$ros publicados, mas também aos fatos significati$os e 1s suas interpreta!&es. %ssim, ele atuali-a e reinterpreta os dados bíblicos)teológicos sobre Maria á lu- dos sinais dos tempos e das práticas eclesiais. . também busca con#ecer as práticas lit'rgicas e de$ocionais marianas, $isando purificá)las e resgatar seu sentido espiritual. % mariologia contemporKnea tem pela frente alguns desafios e tarefas urgentes. Vejamos resumidamente. a9 (.2+0:6I6 0 5LH%6 %,60,6I%(0 (. M%6I%/ em muitas manifesta!&es de$ocionais, parece que Maria tomou de 7esus. % mariologia de$e nos apontar a 7esus e ao 6eino de (eus. +omo Maria, ela é a ser$a do 2en#or. b9 +05%:06%6 30 (IM50H0 .+LMN3I+0 . I34.6)6.5IHI020/ durante muito tempo, utili-ou)se Maria como um escudo contra as outras Igrejas crist"s. %pós o Vaticano II, a mariologia bíblica cresceu e estabeleceram)se pontos de consenso entre católicos, ortodo os e protestantes das igrejas #istóricas. c9 6.I34.6,6.4%6 02 (0HM%2/ é sabido que alguns dogmas marianos apresentam difícil compreens"o e questioná$el aceita!"o. Oual o significado #umano e espiritual da $irgindade perpétua de Maria e etc...? 3"o basta repetir o que disseram os concílios e os papas. * preciso proclamar estas $erdades de uma forma coerente com o a$an!o dos estudos teológicos. . ainda, que ten#a algum sentido para a $ida crist". d9
[email protected]%6 % OL.24P0 (%2 %,%6IQR.2/ é impressionante como a passagem do século AA, tra-endo no seu bojo uma crise de época, suscitou tantas pretensas apari!&es marianas, com mensagens apocalípticas e de con$ers"o. % mariologia de$e ajudar os crist"os a terem critérios de discernimento em rela!"o 1s mensagens dos $identes e ao próprio mo$imento aparicionista. ;. A MÃE DE JESUS< MARIA EM MAR8OS E MATEUS 3o e$angel#o de Marcos, nada se di- e plicitamente sobre as qualidades #umanas e espirituais de Maria. .la é colocada no meio dos familiares de 7esus. ., conforme o primeiro e$angelista, 7esus rompe com os la!os familiares e locais para poder anunciar, com maior liberdade, o 6eino de (eus. Isto pro$oca um conflito com seus familiares e seus conterrKneos. Mais ainda, 7esus constitui, com o grupo dos seus seguidores, uma no$a família, n"o mais centrada nos la!os biológicos. 3o e$angel#o de Marcos, já se coloca a quest"o dos irm"os de 7esus. ., para Marcos, ao menos 4iago e 7oset, c#amados irm"os de 7esus, s"o fil#os de outra Maria. Mateus dá um passo a mais, em rela!"o a Marcos, ao apresentar Maria como a m"e $irginal do Messias. 3os relatos de infKncia, ele mostra Maria como a m"e associada ao destino do fil#o. ,ro$a$elmente em $irtude dessa $is"o positi$a sobre Maria e da participa!"o importante de 4iago 8o irm"o do 2en#or9 nas comunidades crist"s de origem judaica, Mateus redu- o conflito de 7esus com sua família. Mas Maria n"o aparece, ainda, como protagonista de uma #istória. 3"o pronuncia nen#uma pala$ra, n"o demonstra nen#um gesto que re$ele sua pessoa. =. >EREGRINA NA F? E >ERFEITA DIS8@>ULA< MARIA EM LU8AS 5ucas nos apresenta muitas características de Maria. .la é o e emplo $i$o do discípulo e seguidor de 7esus, que acol#e a pala$ra de (eus com fé, guarda e medita no cora!"o e a p&e em prática, produ-indo bons frutos. Maria é, por e celência, a peregrina na fé. 0 sim, pronunciado com tanta inteire-a no início da ju$entude, se reno$a muitas $e-es no correr da $ida. .la passa por crises e situa!&es desafiadoras, que a fa-em crescer e camin#ar sempre mais na ades"o ao 2en#or. Maria nos recorda que (eus escol#e preferencialmente os simples e #umildes para iniciar o 6eino de (eus, a recria!"o da #umanidade e dos cosmos. % partir do Magnificat, ou$e)se o apelo por no$as rela!&es interpessoais, econGmicas, políticas, culturais e ecológicas. Maria simboli-a o ser #umano em constru!"o, aberto a (eus, tocado pelo .spírito 2anto, culti$ando um cora!"o solidário. .sses tra!os de Maria inspiram atitudes de $ida de cada crist"o e da Igreja. 2entindo) nos c#amados a ser discípulos fiéis de 7esus, ou$indo, acol#endo, guardando no cora!"o e praticando sua ,ala$ra. 6eno$amos o nosso sim, mesmo no meio das crises, pois sabemos que somos bem)amados de (eus 8.f =,D9. %limentados, como Maria, um cora!"o agradecido a (eus, que o lou$a por todo o bem que ele reali-a em nosso meio e por meio de nós. . nos empen#amos pela solidariedade e pela cidadania planetária, construindo uma sociedade mais pró ima do projeto de (eus. A. MÃE DA 8OMUNIDADE< MARIA NO E-ANGELHO DE JOÃO 3o quarto e$angel#o, Maria é apresentada como uma figura especial na comunidade do discípulo amado. .la aparece em dois grandes momentos/ no início do li$ro dos sinais, em +aná, e no li$ro da e alta!"o, no momento culminante da cru-, passagem para o ,ai e glorifica!"o da miss"o de 7esus. 2oa como uma grande inclus"o/ Maria participa de momentos)c#a$es na atua!"o de 7esus. .le n"o a c#ama diretamente de m"e, mas sim de mul#er, caracteri-ando sua figura atuante na comunidade e símbolo feminino do ,o$o de (eus. .m +aná, Maria se caracteri-a como a discípula)m"e, que le$a os ser$idores a reali-ar o que 7esus l#es di-. 0 sinal de +aná abre)nos a re$ela!"o de 7esus, como o mel#or $in#o, a grande surpresa de (eus que irrompe na #istória, tra-endo alegria e esperan!a. 0 sinal suscita a fé dos discípulos. % partir de +aná se constitui a comunidade reunida em torno de 7esus. Maria tem uma atua!"o discreta e firme. 7á no relato da cru-, aparentemente, n"o #á uma a!"o direta de Maria. Mas sua presen!a junto 1 cru-, com outras mul#eres e o discípulo amado, sinali-a o amor que perse$era. .la é apresentada por 7esus como a m"e da comunidade ao discípulo amado. * o momento solene de uma ado!"o recíproca/ a m"e assume o fil#o, o fil#o assume a m"e. ,orém, n"o se di- concretamente como ela e ercerá esse papel. B. MARIA NO A>O8ALI>SE E EM OUTROS ES8RITOS B@BLI8OS 0 te to de %p =F, primariamente, refere)se 1 comunidade dos seguidores de 7esus, a Igreja perseguida, o grupo de #omens e mul#eres que se empen#am pelo :em, o ,o$o de (eus peregrino, que continuamente gera o Messias, sob a a!"o da gra!a de (eus. ,ortanto, é um relato de nature-a cristológica e eclesiológica. 2ua mensagem esperan!ada é clara/ mesmo que o po$o de (eus esteja sofrendo para garantir o :em e construir o no$o na #istória, e o poder destruidor do Mal pare!a mais forte, (eus está conosco, e sua $itória é garantida. Mas, secundariamente, %p =F pode ser também aplicado a Maria m"e do Messias e imagem do ,o$o de (eus. .specialmente porque a plasticidade das imagens e das analogias do %pocalipse nos permitem interpreta!&es m'ltiplas e complementares. +om certe-a, os te tos bíblicos e plicitamente escritos a respeito de Maria se encontram nos e$angel#os. 3o li$ro do %pocalipse, pode)se atribuir uma interpreta!"o mariana, mas que é secundária na inten!"o do autor. 0utros te tos, atribuídos a Maria, s"o resultado de interpreta!"o posterior, a maioria ser$indo)se do recurso da alegoria. (e$emos ter claro, no entanto, que esses trec#os n"o s"o originalmente mariais. 4al cuidado de$e guiar)nos também na liturgia e na catequese para e$itar um discurso e agerado sobre Maria sem a de$ida fundamenta!"o na .scritura 2agrada. C. MARIA DA B@BLIA À TRADIÇÃO (eus se re$elou a nós, por meio de gestos e pala$ras, na #istória de sal$a!"o. .ssa #istória se constituiu a partir de fatos e interpreta!&es. 0 processo de re$ela!"o, no seio do ,o$o de (eus, percorreu contínuos camin#os de polissemia e clausura, ou seja, abertura e amplia!"o de significados e delimita!"o de sentidos. . perimentaram) se muitas releituras. Ouando se definiu o cKnon das escrituras, #ou$e um no$o processo de clausura. Mas, a intrate tualidade permitiu também a polissemia. ;oje, o ,o$o de (eus, com base no te to re$elado e consignado na :íblia, também reali-a processos enriquecedores de interpreta!&es da ,ala$ra. % 4radi!"o, como um rio, origina)se na nascente da re$ela!"o, mas incorpora em suas caudalosas águas o que a memória coleti$a e seleti$a da comunidade eclesial elabora e retém, transmitindo)a 1s no$as gera!&es. % partir dessa compreens"o $i$a da 4radi!"o, sempre referida 1 .scritura, podemos compreender como a figura de Maria foi t"o ampliado na comunidade eclesial, no correr da #istória. Mas isso n"o torna legítima qualquer e press"o da 4radi!"o. * insano aferrar)se igualmente a todas as e press&es da 4radi!"o, como se elas fossem di$inas. % #istória camin#a e o espirito de (eus está continuamente agindo nela. 0s processos de polissemia e clausura continuam a se reali-ar #oje. * $erdade que a 4radi!"o e os dogmas marcam bali-as no campo #ermenêutico da fé, mas eles n"o podem imobili-ar)nos. %o contrário, de$em suscitar em nós a consciência #umilde de que o 2en#or está nos condu-indo 1 $erdade plena, por meio de e press&es e compreens&es que caducam e necessitam ser purificadas. 3a mariologia, .scritura, 4radi!"o, dogmas e sinais dos tempos de$em passar por uma rela!"o de circularidade, considerando sempre que a :íblia é a fonte de toda a teologia. D. DOGMAS MARIANOS a. M%6I%, MP. . VI6H.M/ 0 dogma da maternidade di$ina de Maria surgiu no seio da discuss"o sobre a #umanidade e a di$indade de 7esus. % quest"o fundamental n"o esta$a centrada em Maria, mas trou e consequências para a mariologia. 0 +oncílio de *feso, no ano de C?=, depois completado por +alcedGnia, sustenta que Maria é a parturiente 8em grego/ t#eotóSos9 de toda a pessoa de 7esus +risto, enquanto fil#o de (eus encarnado.Maria n"o é M"e de (eus, em sentido estrito, porque uma criatura n"o pode ser m"e do +riador. (e maneira precisa, di-emos que ela é a m"e do @il#o de (eus encarnado. +ompreendemos a maternidade di$ina de Maria no #ori-onte da teologia trinitária. Maria é a fil#a querida de (eus ,ai, simboli-ando a participa!"o de cada ser #umano na filia!"o di$ina a partir de 7esus +risto. .m rela!"o ao seu fil#o 7esus +risto, Maria é m"e, educadora e discípula. . por fim, Maria é contemplada pelo .spírito. %ssim ela se torna templo espiritual e corporal do .spirito 2anto.0 dogma de Maria m"e nos abre uma série de possibilidades de interpreta!"o. +omporta grande carga polissêmica, ou seja, um amplo leque de significados diferentes e complementares.Maria é m"e, em rela!"o a nós crist"os, a partir da paternidade)maternidade de (eus e da filia!"o na comunidade crist". 2ua miss"o materna parte da fé e condu- 1 fé. +ria mo$imento #istórico de ado!"o e engajamento, como sinali-a o quarto e$angel#o. 0l#ando para Maria m"e, a Igreja compreende sua dimens"o materna, de gerar e criar seus fil#os na fé e e ercer a caridade para todos os seres #umanos, a come!ar pelos que mais necessitam.T lu- dos estudos contemporKneos sobre a dimens"o psicológica e cultural da maternidade, a mariologia está superando uma $is"o idealista sobre Maria e as m"es. (esta forma, contribui para o processo de liberta!"o de muitas mul#eres, que padeciam sob o mito da m"e perfeita. Maria m"e é referência simbólica e efeti$a para todos o ser #umano, #omem ou mul#er, c#amado a cuidar das rela!&es #umanas e a -elar pela teia da $ida no nosso planeta. ;á uma analogia entre Maria m"e e a maternidade planetária. 0ra, a maternidade é uma corrente de interdependência e simultaneidade. 4odo ser #umano é intrinsecamente fil#o e m"e, mesmo que n"o gere e nutra um outro ser #umano. 2omos fil#os e amigos da 4erra. (ela recebemos os nutrientes, o ar, a energia, estabelecendo m'ltiplas rela!&es com todos os seres. % 4erra nos gera e nos sustenta como m"e. . 1 medida que assumimos uma consciência planetária, cuidamos dela, como o fil#o cuida de sua m"e. .ste é o princípio básico de uma ecomariologia. Maria, fil#a predileta de (eus ,ai) M"e, assume uma miss"o materna, que passa a ser referência para todo o ser #umano na rela!"o com seus semel#antes e com todos os seres. b. IM%+L5%(% +03+.IQP0 . %22L3QP0/ +ada dogma nos di- que Maria é uma pessoa #umana como nós, mas muito especial. Mostra algo de seu mistério, que nós n"o percebemos com um ol#ar superficial. Maria é como terra $irgem, c#eia de $i!o, aberta para ser fecundada por (eus. %o acol#er o imenso dom do 2en#or, ela se torna a m"e do @il#o de (eus encarnado. . nos ensina a desen$ol$er os tra!os do amor materno. Ouando ol#amos para Maria Imaculada, essa mul#er t"o c#eia de (eus, descobrimos que a $ida dela foi como empinar uma pipa. (eus l#e deu o $ento do .spírito, que sopra$a sobre ela sem resistências. . ela correspondeu sempre, com liberdade e generosidade. 2olta$a a lin#a, cada $e- mais, reali-ando $Gos le$es, ousados e bonitos. . o final de sua peregrina!"o nesse mundo só podia ser bom. Maria é a mul#er de 3a-aré, m"e e educadora do Messias. .la se torna perfeita discípula de 7esus, ou$e a pala$ra, medita e a p&e em prática. %ge também como m"e da comunidade. (eus assume de tal maneira sua pessoa e sua miss"o que Maria #oje está glorificada junto do seu @il#o e dos santos, pela %ssun!"o. 4oda de (eus e muito #umana/ eis o segredo dos dogmas sobre Maria. Lm segredo que nos ajuda a ser mais autênticos seguidores de 7esus, com ela. 1E. MARIA NA DE-OÇÃO >O>ULAR E NA LITURGIA +omo católicos, descobrimos e culti$amos muitas maneiras diferentes de re-ar a Maria. %s de$o!&es populares marianas s"o bons instrumentos de ora!"o e de e$angeli-a!"o, que necessitam ser selecionados, purificados e ressignificados. %s de$o!&es mal utili-adas e manipuladas s"o como faca afiada nas m"os de pessoas $iolentas. ,odem fa-er estragos. (e$o!&es, usadas com cora!"o e bom senso, fa-em bem 1 comunidade, pois nos ajudam a mergul#ar nas águas de (eus. Lm ban#o saudá$el na fonte de toda a $ida. %ssociar Maria 1 nossa ora!"o trinitária n"o é quest"o teórica, que se justifica com argumentos de con$eniência ou da 4radi!"o. %ntes, consiste numa postura, numa prática opcional e saudá$el. ,ois Maria é nossa compan#eira de fé. Vai conosco e nos le$a a 7esus. Ouem e perimenta, sabe como é bom. 11. DEF GUESTHES SOBRE AS A>ARIÇHES DE MARIA 1. >a a )'e eI#ste! apa #JKes3 se De's de#Io' s'a Re$e&aJ"o na BL2&#aM %s apari!&es n"o s"o consideradas uma no$a re$ela!"o de (eus, para completar ou continuar o que 7esus +risto nos dei ou. .las s"o simplesmente uma e periência mística, $i$ida pelos $identes na presen!a de 3ossa 2en#ora, para recordar a 'nica re$ela!"o de (eus em 7esus +risto. 0s $identes relembram alguns aspectos da $ida de fé, como a con$ers"o, a ora!"o, a penitência, a reno$a!"o da op!"o pelo .$angel#o. .mbora seja uma forma de comunica!"o e traordinária, as mensagens das apari!&es n"o substituem nem a :íblia nem o .spírito 2anto, que fala no cora!"o de cada crist"o e da comunidade. Lm $idente ou uma pessoa comum, que $i$e a sua fé intensamente, ambos têm o mesmo direito de serem escutados e acol#idos pelos seus irm"os quando pronunciam pala$ras inspiradas. ,. EI#ste! apa #JKes o' e&as s"o p o0eJKes dos $#dentesM % pergunta de$e ser respondida concretamente para cada caso. ;á ocasi&es em que e istem muitos indícios de uma forte presen!a de (eus, fa-endo)nos acreditar que #á uma e periência religiosa autêntica, como em Huadalupe, 5ourdes e @átima. .m outras, o bom senso le$a a crer que #á algo errado, mesmo que apare!am sinais cósmicos e aconte!am milagres. 0 fato de #a$er curas, con$ers&es ou mesmo mudan!as na nature-a n"o pro$a que uma apari!"o seja legítima, por muitas $e-es esses fenGmenos têm sua origem na fé e na for!a espiritual da multid"o reunida, e n"o na presen!a de Maria e no testemun#o espiritual do $idente. Ouando aparecem $identes fanáticos, com mensagens apocalípticas e moralistas, que n"o est"o em sintonia com o .$angel#o nem com a camin#ada da Igreja, n"o de$em ser aceitos como legítimos. 7. Ma #a 1a&a ea&!ente aos $#dentesM As !ensa%ens dos $#dentes se o #%#na! de Ma #aM %s apari!&es n"o s"o uma comunica!"o de (eus direta, em estado puro. 3a mensagem do $idente, $êm misturadas as suas e periências psicológicas e culturais, a $is"o que ele tem do mundo, a mentalidade da época e tantas outras coisas. %té nas apari!&es recon#ecidas pela Igreja #á muitas mensagens dos $identes nas quais afloram o inconsciente coleti$o, as manifesta!&es de$ocionais. ,or e emplo, a descri!"o do purgatório e o de$ocionismo dos 2antos em @átima. Lsando uma compara!"o/ os $identes n"o s"o como antenas parabólicas, que captam uma mensagem inacessí$el para nós. 2"o, antes, destiladores de uma e periência mística pessoal. .les sempre transmitem uma e periência religiosa que foi reelaborada pela sua subjeti$idade psíquica e espiritual. Impossí$el fugir disso. %té a :íblia necessita ser interpretada, pois é ,ala$ra de (eus em linguagem #umana. Imagine ent"o a mensagem de um $identeU ,or isso, as mensagens de apari!&es n"o podem ser tomadas ao pé da letra, como se fossem uma comunica!"o diretin#a de 7esus ou de Maria. 3a mensagem do $idente, é necessário discernir o que pode ser um apelo de (eus para nós. 4omar o que é bom e dei ar fora o que n"o nos ajuda a $i$er na liberdade dos fil#os de (eus 8Hl >,=9 ;. >o )'e sN a&%'!as pessoas $Oe! Nossa Sen(o aM E&as tO! !a#s 1* do )'e nNsM 0 fato de $er ou ou$ir Maria n"o significa que os $identes ten#am mais fé do que nós. ,ara um crist"o, o mais importante n"o é $er coisas e traordinárias, mas entregar o cora!"o para (eus, buscar reali-ar sua $ontade e esperar nele. % fé n"o precisa de sinais, embora agrade!amos muito a (eus quando ele nos dei a algum. %s pessoas que $êem ou ou$em apari!&es s"o c#amadas de $identes ou confidentes. 3ormalmente, elas têm um poder mental e traordinário, s"o sensiti$as ou paranormais. (essa forma, $i$enciam e interpretam a presen!a de (eus de maneira mais intensa do que nós. 3o momento de uma pro$á$el apari!"o, elas entram em ê tase, uma forma de altera!"o da consciência, atestada por muitos estudos científicos. (eus pode ser$ir)se dessa capacidade e traordinária das pessoas para nos comunicar algo de seu amor por meio de Maria. 3o entanto, os paranormais ou sensiti$os captam, elaboram e transmitem sua e periência, de acordo com o seu ní$el espiritual e o equilíbrio psíquico. 0u seja, pessoas pouco e$oluídas espiritualmente podem entrar em ê tase, mas a sua e periência mística será de qualidade du$idosa. %lém disso, #á indi$íduos com sérios dist'rbios psíquicos que têm ê tases simulados. (ando asa 1 sua loucura, podem atrais multid&es e le$a)las ao engano. =. >o )'e (o0e (5 tantas p etensas apa #JKesM 0 mundo de #oje está em crise, $i$e conturbado. % passagem do milênio dei ou muitas perguntas sobre o futuro do nosso planeta. %s pessoas, desesperadas, confusas, repletas de problemas pessoais e familiares, com medo, procuram na religi"o um amparo. :uscam alí$io, consolo e algumas certe-as para $i$er. .las ficam encantadas com as coisas mara$il#osas e mágicas da religi"o. 4odo esse ambiente de inseguran!a, crise e medo da sociedade moderna le$ou a um reencantamento com o sagrado. Isso cria um ambiente fa$orá$el para surgir e desen$ol$er)se fenGmenos místicos e traordinários. Ouando se tem notícia de uma possí$el apari!"o, as multid&es correm á$idas para o local, na esperan!a de encontrar o que buscam/ a pa-, a cura, o emprego, a felicidade pessoal, o sentido para $i$er... . o fato se di$ulga logo, com a facilidade dos transportes e dos meios de comunica!"o. A. >o )'e a&%'ns $#dentes #ns#ste! so2 e o 1#! do !'ndo e o /ast#%o de De's so2 e a ('!an#dadeM .ste é um e emplo típico de como se misturam, na e periência do $idente, a mensagem de (eus com coisas #umanas. 3o passado, muitos santos e $identes já erraram quando fi-eram pre$is"o do fim do mundo e da segunda $inda de 7esus 8parusia9. 2empre que #á uma grande crise nas ci$ili-a!&es, como está acontecendo #oje, alguns pre$eem a destrui!"o como 'nica forma de purifica!"o para recome!ar direito. 3a $erdade, nós n"o sabemos nada sobre o fim do mundo 8Mt FC,?D9. 0 futuro do mundo está nas m"os de (eus e depende também das atitudes da #umanidade. (e qualquer forma, a $erdadeira con$ers"o n"o nasce do medo da destrui!"o, mas da certe-a de que (eus é bom, que ele e erce sua compai "o pela #umanidade e nos c#ama a uma $ida plena 87o =E,=E9. B. 8o!o d#Pe )'e '!a apa #J"o * a'tOnt#/aM 3"o podemos afirmar com total certe-a, mas alguns critérios nos ajudam/ e)'#&L2 #o !enta&< a pessoa tem boa sa'de psíquica? Indi$íduos mentalmente desequilibrados podem ter $is&es de 3ossa 2en#ora, que s"o apenas cria!"o de sua imagina!"o e do seu desejo. 3ormalmente, os $identes que querem ser recon#ecidos pela igreja s"o submetidos a uma junta de profissionais, psiquiatras e psicólogos, para a$aliar a sua sa'de mental. Honest#dade do $#dente e de se' % 'po< 0 $idente e seu grupo de$em buscar, com simplicidade, a fidelidade 1 $ontade de (eus, e n"o seus interesses próprios. ,or $e-es, a buscar de fama, poder ou din#eiro ou a press"o de parentes e amigos acaba, produ-indo apari!&es indu-idas nos $identes. .m resposta a esses estímulos, eles passam a criar e repetir mensagens, para atrair o grande p'blico. G'a&#dade da !ensa%e!< a mensagem do $idente de$e estar de acordo com o .$angel#o e a camin#ada da Igreja no seu país e no mundo. (e$e ser :oa) 3otícia, atuali-a!"o do .$angel#o para nós. 2e, ao contrário, o $idente só se lembra do castigo e da ira de (eus, está esquecendo a mensagem de misericórdia do .$angel#o 85c =>9. 2e o $idente $eicula mensagens en$iadas de julgamentos e preconceitos contra pessoas e grupos, é sinal que n"o $êm de (eus, mas do engano, do orgul#o e da $aidade. Os 1 'tos das apa #JKes< se o mo$imento de uma apari!"o le$a muitos crist"os a $i$er mel#or a fé, a esperan!a e a caridade, é um bom sinal. 4ambém as curas e milagres podem nos di-er que (eus está agindo ali de maneira especial. .sses quatro critérios podem ajudar $ocê a analisar se um mo$imento de suposta apari!"o é bom e digno de crédito. C. G'a& a d#1e enJa ent e $#s"o e apa #J"oM Vis"o é um tipo de e periência mística e traordinária, na qual uma pessoa afirma ter $isto a m"e de 7esus. %pari!"o significa que Maria glorificada se manifestou a um ou mais $identes e l#es dei ou uma mensagem, para ser transmitida aos outros. 3ormalmente, a $is"o $em acompan#ada de uma mensagem. Mas também #á místicos que n"o $êem, mas ou$em $o-es de 7esus, de Maria ou de algum santo. Isso pode acontecer também com qualquer um, alguma $e- na $ida, em momentos de intensa e periência espiritual. Ouando falamos em apari!"o, estamos qualificando o fenGmeno do ponto de $ista do sagrado que, pro$a$elmente, aí se manifesta. 2e dissermos $is"o, estamos sendo mais cautelosos, pois só di-emos que uma pessoa e perimentou algo e traordinário. (e qualquer forma, um pretenso $idente necessita de acompan#amento espiritual e #umano qualificado para discernir o que está acontecendo nele e ajuda)lo na camin#ada de fé. D. Os /atN&#/os ne/ess#ta! a/ ed#ta nas apa #JKesM 3"o. %s apari!&es n"o fa-em parte do credo e dos dogmas católicos. 4emos a liberdade de aceitar ou ignorar essa e periência religiosa. %s apari!&es têm seu $alor espiritual, mas n"o s"o absolutas. %té os pedidos dos $identes V que eles consideram $indos de Maria ) , como re-ar o rosário ou fa-er penitência, s"o apenas consel#os para ajudar a nossa $ida crist". 3inguém é obrigado a segui)los. 2e alguém sente que isso o apro ima de (eus e o ajuda a reali-ar a sua $ontade, pode ser$ir)se deles. Mas ninguém tem o direito de julgar os que n"o acreditam nas apari!&es e ignoram os pedidos dos $identes. ,or outro lado, os que n"o crêem em apari!&es de$em respeitar os que pensam diferente deles. 0 católico pode confiar na e periência e na mensagem de alguns $identes, mas será uma confian!a #umana mesmo que #aja muitos sinais mara$il#osos. 1E. 8o!o a I% e0a e/on(e/e a a'tent#/#dade de '!a apa #J"oM 4rata)se de um camin#o longo e demorado. %bre)se um processo canGnico, que come!a na diocese onde acontece o fenGmeno. Isso e ige que o bispo esteja aberto para analisar o fenGmeno e creia que pode #a$er algo a mais acontecendo com o $idente. Lma comiss"o de peritos analisa a situa!"o psíquica do $idente. 0 mesmo acontece com o teor das suas mensagens. %nalisa)se também a qualidade dos sinais e traordinários reali-ados, especialmente curas e con$ers&es. ,assada essa fase, toda a documenta!"o é en$iada a 6oma, que pode nomear outras comiss&es para con$alidar o processo diocesano. 0 recon#ecimento oficial é muito moderado na sua linguagem. (eclara)se que a mensagem do $idente é digna de fé #umana, ou seja, pode ser di$ulgada e acol#ida pelos fiéis, mas n"o constitui algo original ou obrigatório para a e periência crist". %ceita)se que no local seja erguido um santuário de lou$or a Maria, com o nome que o $idente l#e conferiu. +ontudo, em nen#um momento o documento oficial da Igreja declara que Maria apareceu naquele lugar.