Apostila De TecladoPr. Rodrigo Calló 1 Teclado Antes de conhecer a base harmônica da música, é importantíssimo o aluno ter a vivencia com as notas básicas e o desenvolvimento da coordenação motora, para uma boa execução dos exercícios e aprendizado. Cifra – é a forma de expressar a nota de maneira simples e objetiva, adotada na antiguidade inicialmente pelos gregos e posteriormente pelo Clero na idade Média. Notas naturais ou básicas C–D–E–F–G–A–B Dó – ré – mi – fá – sol – La – si Quando olhamos ao teclado encontramos as notas naturais nas teclas brancas e nas pretas os acidentes. Acidentes são a medida da metade do tom natural, ou seja, cada acidente é meio tom da nota natural, por exemplo: Entre o Dó e o Ré existe o Dó sustenido ou ré Bemol. Entre os semitons naturais como é o caso de E/F e B/C não existem acidentes, pois eles já são semitons. ACIDENTES Semitom Semitom Para desenvolver a coordenação motora é necessário fazer o exercício a seguir onde primeiro se exercita a mão direita e depois a esquerda. É importante o uso do metrônomo neste exercício e iniciar com 65 bpm, aumentando a velocidade de 5 em 5 após a execução sem tensão dos músculos. 2 Exercício C–D–E–F–G–A–B–C 1–2– 3–1–2– 3–4–5 3 Escala A escala é uma sequência de notas divididas em intervalos. Os intervalos são divididos em graus, que juntos formam a escala. Os graus simples são: Ordem Grau Nome 1º I Tônica 2º II Supertônica 3º III Mediante 4º IV Subdominante 5º V Dominante 6º VI Superdominante 7º VII Sensível Intervalos O maior intervalo entre uma nota e outra é o de tom, e o menor é um semitom. Ou seja, quando um intervalo é de um tom, chamamos de MAIOR, e quando é de semitom chamamos de MENOR. Cada tecla pode receber um valor de semitom, já que este é o menor intervalo que temos no teclado. Sendo que cada nota é conhecida tecnicamente como Croma, uma escala em que se usa tanto os tons naturais como os acidentes é conhecida como escala cromática, pois se utiliza de todos os cromas, ou teclas. O intervalo também pode ser justo (4°, 5°, 8°), aumentado e diminuto. Quando se aumenta meio tom a um grau maior da escala ele se torna aumentado, e da mesma forma, quando se diminui meio tom de um grau menor, ele se torna diminuto. O justo é quando um grau menor ou maior se torna natural, como são os casos de 4º, 5º e 8º grau da escala, que sempre são justos, ou aumentados ou diminutos. Ex: C – C#/Db = 2ª menor C – D = 2ª MAIOR / 3ª DIMINUTA C – D#/Eb = 2ª AUMENTADA / 3ª MENOR C – E = 3ª MAIOR / 4ª DIMINUTA C – F = 4ª JUSTA C – F#/Gb = 4ª AUMENTADA/ 5ª DIMINUTA C – G = 5ª JUSTA C – G#/Ab = 5ª AUMENTADA/ 6ª MENOR C – A = 6ª MAIOR/ 7ª MENOR C – A#/Bb = 6ª AUMENTADA/ 7ª MENOR C – B = 7ª MAIOR / 8ª DIMINUTA C – C = 8ª JUSTA 4 Exercícios: 1 - Escreva abaixo os graus da escala: 1° - ____________________ 2° -____________________ 3° -____________________ 4° -____________________ 5° -____________________ 6° -____________________ 7° -____________________ 2 – Complete com os intervalos da escala de C: 2ª Maior = ___C - D__ 5ª Aumentada = ________ 4ª Justa = ________ 6ª Menor = ________ Escala Maior As escalas são formadas por graus, como os tons, ou seja, uma escala pode ser maior, menor , diminuta, semi-diminuta, ou pode ter outras formas , dependendo de sua fórmula. O que vai definir o grau de uma escala é o formato em que os intervalos são distribuidos, a isto chamamos de fórmula da escala, que torna padrão a distribuição dos intervalos independente do tom da escala. O que define, por exemplo, se uma escala é menor ou maior é o 3º Grau. Se o intervalo de 3ª for maior, a escala é maior. Se o mesmo for menor, a escala é menor, e isto vai modificar a fórmula da escala. Portanto existem diferentes fórmulas conforme a escala. Podemos começar com a escala maior, que é a mais simples. Tomemos por base a escala de C (dó maior). C D E F G A B C Repare que esta escala está toda posicionada nas teclas brancas, só tem tons naturais, por isto é mais simples. 5 Graus Notas 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° C D E F G A B C T T S 4°J Fórmula Intervalos T 5°J T T S 2°M 3°M 6°M 7°M 8°J Vemos neste exemplo que o 3º grau é Maior, por isto a escala se torna maior. As “distâncias” que separam os graus da escala formulam um padrão diatônico que vai ser utilizado em todas as escalas maiores: TOM – TOM – SEMITOM – TOM – TOM – TOM – SEMITOM Quando temos a escala formada, sabemos quais as notas que poderão ser utilizadas dentro do campo harmônico da musica. Isto serve para que os sons dos acordes utilizados soem de forma harmoniosa e de agradável audição. Quando algum acorde, ou nota, saem deste padrão o som se torna inarmônico ou dissonante, desagradável ao ouvido. Exercício Encontre as demais escalas maiores seguindo a formula. T C C# D D# E F F# G G# A A# B C C# D D# T E F S F F# T G G# T A A# T B C S C C# 6 Escala Menor Com a mudança do 3° para menor, a escala muda sua fórmula e passa a ser uma escala menor. Como modelo usaremos a escala de Am ( lá menor) que também utiliza apenas teclas brancas. Graus Notas 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° A B C D E F G A T S T 4°J Fórmula Intervalos Exercício T 5°J S T T 2°M 3°m 6°m 7°m 8°J Encontre as demais escalas menores seguindo a formula. T Am A#m Bm Cm C#m Dm D#m Em Fm F#m Gm G#m A A# B C S C C# T D D# T E F S F F# T G G# T A A# 7 Acordes Para entendermos como funcionam os acordes, precisamos conhecer dois princípios básicos da musica. Primeiro: O som No ambiente existem vários corpos elásticos que vibram, uns mais, outros menos, e o ar também se enquadra neste aspecto. Quando acontece alguma vibração formam-se ondas que são percebidas pelos nossos ouvidos e identificadas pela freqüência e amplitude, que vão classificar a qualidade do que ouvimos. A freqüência é medida pela quantidade de vibrações por segundo da onda, e utiliza a unidade de medida hertz (Hz) criada pelo físico Heinrich Hertz. Ou seja, um hertz representa uma vibração por segundo. O ouvido humano consegue perceber vibrações á partir de 20Hz até 20.000Hz. A amplitude, ou força, em que a onda é propagada é medida por decibéis. A escala de decibéis é muito estranha pois o ouvido humano é extremamente sensível a força das ondas propagadas no ar e podemos ouvir desde o som de nosso dedo passando pela nossa pele como um motor a jato. Em termos de potência, o som do motor a jato é cerca de 1 trilhão de vezes mais potente do que o menor som audível. Essa diferença é enorme! Na escala decibel, o menor som audível (quase que silêncio total) é de 0 dB. Um som 10 vezes mais forte tem 10 dB, um som 100 vezes mais forte do que o próximo ao silêncio total tem 20 dB e conseqüentemente, um som mil vezes mais forte do que o próximo ao silêncio total tem 30 dB. Isso ocorre porque a escala decibel é uma escala logarítmica. Aqui vão alguns sons comuns e seus índices de decibéis: - próximo ao silêncio total - 0 dB - um sussurro - 15 dB - conversa normal - 60 dB - uma máquina de cortar grama -90 dB - uma buzina de automóvel - 110 dB - um show de rock ou um motor a jato - 120 dB - um tiro ou um rojão - 140 dB Qualquer som acima de 85 dB pode causar perda de audição, e a perda depende tanto da potência do som como do período de exposição. Uma boa maneira de saber que se está ouvindo um som de 85 dB, é quando você tem de elevar a voz para outra pessoa conseguir lhe ouvir. Se você se expuser a um som de 90 dB, por 8 horas, pode causar danos aos seus ouvidos; mas se a exposição for a um som de 140 dB, um segundo já é o bastante para causar danos (e chega a causar dor). Quando a frequência e a amplitude são equilibradas o que é percebido pelos nossos ouvidos são sons. 01 dB Amplitude Frequência 2 Hz 8 Quando as freqüências e amplitudes são desequilibradas ouvimos um ruído. Cada nota musical é um som, e possui uma frequência característica sonora. Como uma digital. O som possui uma série de vibrações que variam em intensidade que são chamados de harmônicos. Cada nota musical possui uma série deles e torna muito rica cada entonação sonora. Com isto é possível termos várias notas em uma só. Os harmônicos são popularmente conhecidos por aquelas notas muito agudas que um guitarrista sustenta diante do amplificador, aquele barulhinho agudo que ouvimos é um harmônico. A ordem em que se encontram esses sons sobrepostos é que determina o som final que ouvimos. Esses harmônicos estão distribuídos em relação fixa. Tocando um Dó grave, por exemplo, nosso ouvido reconhecerá a nota, mas estaremos, na realidade, escutando o seguinte: A sequência é: C – C – G – C – E – G – B(b) – C – D – E – F(#) – G – A (b)– Bb – B – C O interessante é que há uma relação de frequência entre cada harmônico, sendo que o dó2 tem o dobro de vibrações que o dó1, o dó4 o dobro do dó3 e assim por diante. Considerando que o Piano tem 7 oitavas e começa com o lá mais grave com 27.5Hz o primeiro dó do piano vibra em 31.703Hz sendo o segundo dó de 65.403Hz, o terceiro 130.81 Hz e assim por diante. As notas da oitava central e suas freqüências em Hertz: C – 261.63/ C# - 277.18/ D – 293.66/ D# - 311.13/ E – 329.63/ F – 349.23/ F# - 369.99/ G – 392/ G# - 415.30/ A – 440/ A# - 466.16/ B – 493.88 A nota referencia para a afinação cromática universal dos instrumentos é o Lá central = 440Hz. A diferença em alguns materiais de que são feitos os instrumentos, podem fazer com que alguns harmônicos apareçam mais do que outros, embora o esquema seja o mesmo em todos os instrumentos. A essa diferença damos o nome de timbre. 9 Segundo: A Dinâmica Dinâmica é intensidade com que tocamos as notas, ou seja, forte ou fraco. A força que aplicamos em cada nota pode fazer com que algumas sejam mais fortes do que outras propositalmente. Isto destaca partes fortes, suaves ou intensas de cada parte da música. Tendo conhecimento destas duas bases, podemos entender melhor como funcionam os acordes. Os acordes são séries harmônicas tocadas, ou seja, são divididos no mesmo esquema da série harmônica, porém tocado com as notas que fazem parte do campo harmônico simultaneamente e/ou alternadamente. No teclado usamos dois tipos básicos de acordes: acorde aberto e acorde fechado. Se olharmos ao teclado perceberemos que ele possui cinco conjuntos de escalas que se repetem em oitavas, portanto, cinco oitavas. No Piano são 7. Os sons se dividem entre os graves, médios e agudos. Sendo os graves situados entre os de frequência baixa, da oitava central para baixo. Os médios são os de freqüência média e são os que fazem parte da oitava central, e os agudos são os que tem freqüência de média para alta e se localizam depois da oitava central. Graves (baixos) Médios Agudos (altos) 1ª oitava 2ª oitava 3ª oitava ou oitava central 4ª oitava 5ª oitava Na série harmônica podemos identificar que os harmônicos mais graves aparecem menos do que os médios e agudos, que aparecem mais. Da mesma forma acontece com os acordes. Os mais graves aparecem menos do que os mais agudos. É aí que surgem os acordes abertos, utilizados nas notas mais graves. O acorde aberto é formado por uma tríade, ou três notas, sem o 3°. Sendo utilizadas a tônica, 5° e 8°. C G Acorde aberto de C C 10 Exercício Escreva os acordes abertos das escalas C - C – G – C_ C# - _________ D - _________ D# - _________ E - _________ F - _________ F# - _________ G - _________ G# - _________ A - _________ A# - _________ B - _________ Outro tipo de acorde é o acorde fechado, que é o acorde que leva o nome da escala com o 3° maior ou menor. Por isso ele é formado, basicamente, por uma tríade composta de tônica, 3ª e 5ª. C E G Acorde fechado de C Estes acordes seguem a ordem de suas respectivas escalas, sendo que se a escala utilizada em determinada musica é a de dó maior, por exemplo, se usarão as notas que fazem parte desta escala para se formarem os acordes, que formarão o campo harmônico de dó maior. 11 Campo harmônico é uma regra que determina os acordes que cabem dentro de determinada escala. Ex: Campo harmônico de C: C – Dm – Em – F – G – Am – B° B–D–F A–C–E G–B–D F–A–C E–G–B D–F–A C–E–G Exercício Encontre os campos harmônicos das escalas C C# D D# E F F# G G# A A# B C Dm Em F G Todas notas da escala de dó maior Am B° 12 Inversão de acordes É quando a ordem dos tons é invertida de forma a facilitar a execução do acorde. Por exemplo, um acorde de dó maior é formado por C – E – G. Podemos utilizar estes três tons de forma invertida para facilitar a execução do acorde, ou mudança de acorde dentro da execução da musica sem que ele deixe de ser um dó maior. A ordem dos fatores não altera o produto! O dó maior não precisa, necessariamente, ter a Tonica grave, pode ser média ou aguda, desde que esteja na ordem da tríade do acorde. Portanto o dó maior pode ser executado das seguintes formas: C–E–G/E–G–C/G–C–E Embora pareçam diferentes, todos estes acima são acordes de dó maior. Exercício Execute: C – G – C7m – F – G – Em – Am – Dm – G – C D – A – D7m – G – A – F#m – Bm – Em – A – D E – B – E7m – A – B – G#m – C#m – F#m – B – E F – C – F7m – A# - C – Am – Dm – Gm – C – F G – D – G7m – C – D – Bm – Em – Am – D – G A – E – A7m – D – E – C#m – F#m – Bm – E – A B – F# - B7m – E – F# - D#m – G#m – C#m – F# - B Seguindo a mesma formula dos campos harmônicos acima descubra as sequência das escalas em acidentes. C# D# F# G# A# - 13 Considerações importantes Existem ainda dentro da teoria musical alguns fatores que são muito importantes, mas devido a este estudo ser de nível básico para formação do tecladista abreviaremos os assuntos para um melhor entendimento. Dentro de uma escala, podem se fazer uso de algumas notas fora da escala por medida de alegoria musical, ou seja, faz-se um empréstimo modal, como é conhecido este processo, e uma nota fora da escala é utilizada em um arranjo ou preparação para outra nota dentro da escala, e isto pode ocorrer tanto com notas ou com acordes. Ex. Na escala de dó maior é comum se utilizar de um si bemol para “chamar” um fá. O si bemol não pertence à escala de dó maior, porém pertence à série harmônica desta nota, o que permite que ela não soe como dissonante mesmo fora da escala. Isto acontece com as 7ªm, no caso das escalas maiores e das 7M nas escalas menores. A base de formação de acordes é a tríade, como foi explicado anteriormente, porém é apenas uma base. Os acordes de tríade são básicos, existem acordes compostos que são acrescidos de outros intervalos para enriquecer o acorde e a harmonia da musica, como por exemplo um acorde com 7ª, com 9ª ou outros graus compostos. Ex: C7 = C – E – G – Bb D9 = D – F# - A – E É importantíssima a prática do uso de metrônomo pelo estudante para um aperfeiçoamento rítmico de execução de peças musicais, pois sem ele é comum o executante, até mesmo em um exercício de nível básico, perder-se na noção temporal e rítmica dos compassos, fazendo com que o exercício seja executado de forma desorganizada. O uso do metrônomo é regra. 14