Apostila de Literatura

March 24, 2018 | Author: Marcelo Faria | Category: Renaissance, Surrealism, Baroque, Sonnets, Expressionism


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APOSTILA DE LITERATURAVOLTAR A PAGINA INICIAL Dica: Para salvar a apostila em formato word (doc), clique em arquivo, selecionar tudo. Todo o texto ficara coberto com a cor preta. Dê um clique com o botão do mouse da direita, selecione “recortar”, abra o word (documento em branco), clique novamente com o botão do mouse da direita, logo após selecione “colar”. Clique em “colar”, que todo o texto será transferido para o word. Clique novamente em “salvar como”, digite o nome do arquivo e edite conforme o seu gosto. CLASSICISMO (1527-1580) O Classicismo surgiu no auge do movimento renascentista, estimulado pelo poder econômico que se concentrava em Portugal. Elaborado durante o período áureo da Renascença na Itália, adotou como modelos os textos gregos e latinos. Suas características são: racionalismo, universalismo, nacionalismo. Sua forma de inspiração clássica foram os Sonetos, de Luís Vaz de Camões. Na segunda metade do séc.XV,o Renascimento começa a se expandir aos demais países europeus. Em cada país esse movimento vai adquirindo aspectos diferentes. Apesar dessa diversidade o movimento mantém uma característica comum: o rompimento com a principal marco do feudalismo: o teocentrismo. Com a decadência do sistema feudal, os renascentistas passam atomar interesse pelo ser humano e a valorizá-lo. O homem é considerado,o centro do Universo, a sua principal figura(antropocentismo). Para os renascentistas, a natureza é tida como o reino do homem, o qual é capaz de dominar as coisas do mundo, aberto às pesquisas e investigações científicas. O classicismo, como movimento literário, resulta do Renascimento. E ele foi elaborado durante o período áureo da Renascença da Itália. Para bem entendermos essa época literária, é importante o conhecimento de fatos que compõem o panorama histórico da Europa nesse período: O Universalismo Para os clássicos, a obra de arte prende-se a umarealidade idealizada; uma concepção artística transcendente, baseada no Bem, no Belo, no Verdadeiro valores passíveis deimitação. A função do artista é a de criar a realidade circundante naquilo que ela tem de universal. O Racionalismo Os autores clássicos submetem suas emoções aocontrole da razão. Ao abandonar o teocentrismo, o homen deste período afasta os temores da idade média e passa a crer em suas potencialidades, incluindo nelas a habilidade de raciocinar. A cultura clássica é uma cultura da racionalidade. A Perfeição Formal Preocupados com o equilibrio e a harmonia de seus textos, os autores clássicos adotam a chamada medida nova para os poemas: versos decassílabos e uso frequente de sonetos (anteriomente chamava-se a medida velha: redondilhas). A rima e a métrica atendem a esse ideal de perfeição, sendo cuidadosamente elaboradas pelos autores clássicos. Estilismo Os clássicos evitam a vulgaridade. O Classicismo tende a realização de uma arte de elite, o que reflete a organização social da época. A concepção clássica foi introduzida em Portugal por Sá de Miranda, ao regressar da Itália, onde conheceu novos conceitos de arte e novas formas poéticas. Uso da Mitologia Voltados para os valores da antiguidade, os autores clássicos utilizam-se, com freqüência, de cenas mitológicas, as quais simbolizam com propriedade as emoções que o autor quer exteriorizar. Assim, a imagem do cupido, por exemplo, simboliza o amor. Sá de Miranda Foi o introdutor das idéias renascentistas em Portugal.Tendo estado na Itália, Sá de Miranda conheceu as novas tendências e trouxe-as para a sua terra, em especial a concepçãopoética denominada Medida Nova. Luis Vaz de Camões Luis de Camões é considerando o poeta máximo da língua portuguesa. Desde muito cedo ganha fama de conquistador. Apaixona-se por Catarina de Ataíde, cujo nome é celebrado no poema Natércia. Fica cego da vista direita, quando luta pelas tropas portuguesas, na África. É preso por envolver-se em uma rixa durante uma procissão de Corpus Christi. No cárcere, inicia o poema épico Os Lusíadas. Livre, embarca para as Indias, onde exerce o cargo de provedor dos ausentes e defuntos. Nas Índias, escreve mais seis cantos de sua obra. De volta a terra natal, é vítima de um naufrágio; salva-se a nado com o seu manuscrito. Na cidade do Porto conclue Os Lusíadas. Dedica a obra a Dom Sebastão, que lhe concede uma pensão de 15.000 réis anuais. Camões escreve ainda: Anfitriões, El-Rei Seleuco e Filodemo. A obra de Camões se divide em duas fases de sua vida, lírico e épico. Os Sonetos, a forma de inspiração clássica desta escola literária. Possuem como características o neoplatonismo, onde o tempo é passageiro, sentimentos contraditórios, instabilidade dos sentimentos. Os sonetos de Camões contém um grande lirismo, descrevem bem o ambiente, grande preocupação técnica e presença de elementos pagãos e católicos. A técnica dos sonetos é impressionante, são os 14 versos de todos os sonetos (2 quartetos, 2 tercetos) decassílabos, de rima abba-abba-cde-cde, algo que impressionaria o mais parnasiano dos poetas. No entanto, nem todos os sonetos tem sempre esta rima. Quanto aos elementos pagãos, mais presentes que os católicos, deve-se apontar que é muito comum o autor citar os deuses e deusas romanos, com suas qualidades. Infelizmente é difícil se ter certeza de que ele escreveu todos os sonetos que a ele são atribuídos. Muitos ainda tem a autoria contestada. EXEMPLOS DE: Soneto, de Luís Vaz de Camões Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? HUMANISMO (1434-1507) O humanismo foi um estilo de transição, que ainda representou a Idade Média, mas revelou um espírito crítico, onde preparava-se o mundo renascentista que viria a seguir. Surge neste momento uma nova idéia, o antropocentrismo, em que o homem é o centro do universo, devido ao surgimento da burguesia que enfraquece o poder dos senhores feudais, que empobrecem. A igreja perde seu poder, chegando a surgirem dois papas (um em Avignon-França e outro em RomaItália),fazendo com que o homem se descubra como senhor de sua própria vida. O Humanismo foi um movimento surgido e definido na Itália. O Humanismo português iniciou-se com a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronistamor da Torre do Tombo, em 1434. Prosa, o gênero narrativo. Prosa de Fernão Lopes - Conhecido como pai da historiografia portuguesa, Fernão Lopes foi o encarregado de guardar os arquivos da Torre do Tombo. Ele destacouse como um prosador dono de um estilo rico e movimentado. Não se limitou a dar elogios a reis, mas fez descrições detalhadas, não só da corte, mas também das aldeias, festas populares e do papel do povo nas guerras e rebeliões. Muitas de suas crônicas se perderam, mas as que se restaram são: A Crônica del-Rei D. Pedro I, A Crônica del-Rei D. Fernando, e A crônica del-Rei D. João I. Estas três crônicas foram narrativas dos principais acontecimentos de cada reinado. Prosa Doutrinária - Foi dedicada aos nobres com fins didáticos. Existiam livros como o de falcoaria, de montaria e do Leal Conselheiro, em que se produziam conselhos sobre amor e inveja. Teatro de Gil Vicente - Fundador do teatro português. Provavelmente nascido em 1465, foi poeta e dramaturgo, talvez ourives e organizador de festas palacianas do tempo da rainha Dona Leonor. Seus textos revelam conhecimento literário, e suas obras se caracterizam por constituir uma galeria de tipos, por painéis alegóricos, humor e crítica social, sem deixar de lado o caráter religioso. Gil Vicente preocupou-se em retratar o homem na sociedade, criticando-lhes os costumes, com um princípio de moral. Sua primeira peça foi o Monólogo do Vaqueiro, em que o tema era o nascimento do filho de Dona Maria e Dom Manuel (1502). Escreveu ainda autos e farsas, peças religiosas e profanas. A Novela de Cavalaria mais conhecida foi a comédia Amadis de Gaula (1523). Autos e Farsas AUTOS FARSAS Religiosos profanas e irônicas normalizantes reformadoras Os autos mais conhecidos de Gil Vicente foi um a trilogia formada pelo Auto da barca do Inferno, o Auto da Barca da Glória e o Auto da barca do Purgatório. A farsa mais conhecida foi a Farsa de Inês Pereira, que retratou esta idéia: "Mais vale um asno que me carregue, do que um cavalo que me derrube". Poesia Palaciana O Gênero Lírico Humanista é uma coletânea de mil poemas publicados em 1516, com o título de Cancioneiro Geral. Diferentemente da poesia trovadoresca, a poesia palaciana apresenta-se declamada, e não cantada, como eram as cantigas medievais. Apresenta visão menos idealista da mulher, sem divisão de classes sociais e o amor torna-se possível entre pessoas de todas as categorias sociais. Em geral, o mote é obrigatório e constitui-se numa estrofe de quatro ou cinco versos. Seu tema é o amor cortês. EXEMPLOS DE: Teatro de Gil Vicente Auto da Barca do Inferno "Ó barca, como és ardente! Maldito em quem em ti vai!" Farsa de Inês Pereira "Porém, não hei-de casar senão com homem avisado Ainda que pobre e pelado, seja discreto em falar." Auto da Alma "A Sua mortal empresa foi, santa estalajadeira Igreja Madre, consolar à sua despesa nesta mesa qualquer alma caminheira, com o Padre. E o Anjo custódio aio Alma que lhe é encomendada, se enfraquece e lhe vai tomando raio de desmaio, se chegando a esta pousada, se guarece." TROVADORISMO (1189-1434) Considera-se a Cantiga da Ribeirinha o primeiro texto literário português. A mulher de que se fala esse texto, chamada Ribeirinha, teria sido a preferida de D. Sancho I. Veja abaixo este texto literário, provavelmente escrito em 1189. No mundo non m’ei parelha mentre me for como me vai, ca já moiro por vós, e ai! Mia senhor, branca e vermelha, queredes que vos retraia, quando vos eu vi en saia. Mao dia me levantei, que vos enton non vi fea! E, mia senhor, dês aquelha I me foi a mi mui mal, ai! E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha d’aver eu por vós garvaia, pois eu, mia senhor, d’alfaia nunca de vós ouve nen ei valia d’ua correa A cultura trovadoresca refletia muito bem o panorama histórico desse período, que foi do século XII à XIV. Nesse período houveram as Cruzadas, a luta contra os mouros e o poder acentuado do clero, ocasionando o teocentrismo. Esta época foi marcada por um sistema econômico e político, o feudalismo. Eram freqüentes romarias, procissões, além das expedições realizadas durante a Idade Média, com o objetivo de libertar os lugares santos. A poesia medieval portuguesa a) Gênero Lírico - neste gênero, o amor é a temática predominante. São divididos em cantiga de amor e de amigo. Þ Cantiga de amor - Expressa-se o amor cortês da época. O poeta fala em seu próprio nome, expressando seus sentimentos pela dama que deseja. Seu amor é platônico. O eu-lírico masculino nunca revela o nome da amada, sendo chamada de "mia senhor". O poeta se dispões a um afastamento casto de sua amada, desejando-a à distância, por uma posição tomada pela moral cristã. A mulher é socialmente superior, casada. A vassalagem é amorosa, e as cantigas eram de maestria e sem refrão. Þ Cantiga de amigo - Os trovadores exprimem os sentimentos que supunham ter as amadas, ou que desejam que tivessem por eles. Essa cantiga procura mostrar a mulher dialogando com sua mãe, amiga ou com a natureza. As cantigas de amigo apresentam aspectos como: temas mais variados que da cantiga de amor, linguagem menos rica e mais musical, destinada ao canto e à dança, onde são configurados os problemas sociais e políticos. O eu-lírico é feminino e a relação amorosa verdadeira. b) Gênero Satírico - Expressa a psicologia medieval, despertando muitos comentários na época. Satiriza-se a vida social e política, sem as normas rígidas do aquest'oide: Que por vós morr' e vo-lo en partide. Hun tal home sei eu. Cantiga de amigo O exemplo que segue é a Cantiga número 462 e foi escrita por Aires Nunes. O texto mais importante é a adaptação de uma novela de cavalaria chamada A Demanda do Santo Graal. As novelas eram organizada em três ciclos: Þ Ciclo arturiano. como nós. ai amiga. Dinis. bem talhada Que por vós tem a sa morte chegada. Há o uso de palavras grosseiras e cita-se o nome ou o cargo da pessoa em que se fala (crítica direta). mia dona. em torno do rei Artur e seus cavaleiros Þ Ciclo carolíngio. Hun tal home sei eu. Þ Cantiga de Escárnio . mia dona.apresenta críticas sutis e bem-humoradas ao redor de uma pessoa muito reconhecidamente conhecida. EXEMPLOS DE: Cantiga de amor O exemplo a seguir é a canção número 97 e foi escrita por El-rei D. relativo aos temas greco-latinos. Vêdes quem é e non xe vos obride. mia dona. A prosa medieval portuguesa A produção literária medieval limita-se quanto à prosa. Vêdes quem é e venha-vos en mente. Þ Ciclo clássico. Se amig'amar . velidas. Vides quen é e seed'en nanbrada. onde mostra-se os cavaleiros da távola redonda. a respeito de Carlos Magno e os doze pares da França.gênero lírico. tentando localizar a taça onde teria sido guardado o sangue de Cristo. onde eram escritas hagiografias (relatos sobre a vida de santos) e nobiliários (livros de linhagem contendo árvores genealógicas de nobres. Eu. liderados pelo rei Artur. Novelas de cavalaria Novelas de cavalaria são narrativas originadas de poemas relacionados a assuntos épicos. com intenção de ofender a pessoa. So aquestas avelaneiras froildas E quen fôn velidas. A crítica é indireta e a linguagem não é grosseira. Þ Cantiga de Maldizer .apresenta críticas pesadas. evitando casamentos entre parentes próximos). Bailemos nós já tôdas três. aos conventos. Eu. Eu. Hun tal home sei eu que preto sente De si morte chegada certamente. como nós parecemos Se amig'amar So aqueste ramos destas avelanas Verrá bailar. de Escárnio. E non há já de as morte pavor. por se meter por mais trovador. Que viverá. mas ressurgir depois ao tercer dia! Esto féz el por ua as senhor Que quer gran bem e mais vos en diria: Porque cuida que faz i maestria. Cantiga de Maldizer A Cantiga seguinte. mas que non cuidara. para as sabedoria. E. Qual oi' el há. é a número 1057 e foi escrita por Joan Garcia de Guilhade. como nós parecemos. Rui Queimado morreu com amor en sus cantares. se mi Deus a mim desse poder. E quen bem parecer. So aqueste ramo desta avelanas. Desi ar viver i vêde que poder Que lhi Deus deu. mentr'al non fazemos So aqueste ramo frolido bailemos E quen bem parecer. E faz-[s']en ser cantar morte prender. Cantiga de Escárnio A Cantiga que segue. Ai dona fea! Fostes-vos queixar Porque vos nunca louv' en meu trobar Mais ora quero fazer un cantar . Por Deus. por ua dona que gran bem queria. é a número 998 e foi escrita por Pêro Garcia Burgalês. e. Esto faz el que x'o pode fazer Mais outr'omen per ren non [n] o faria. Mas sabede bem. porque lh'ela non quis [o] bem fazer fêz-s'el en sus cantares morrer. par Santa Marta. Enos cantares que fêz a sabor De morrer i se des d'ar viver. So aqueste ramo so lo que bailemos Se amig'amar Verrá bailar. Baliemos nós já todas três. Jamais morte nunca temeria. de Maldizer. pois morrer. Senon as morte mais la temeria.So aquestas avelaneiras frolidas Verrá bailar. ai irmanas. dês quando morto fôr. de viver. ai amigas. longe do burburinho citadino. . velha e sandia! Dona fea. Carpe diem . o soneto (forma poética). O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural. de Cláudio M. velha e sandia! ARCADISMO (1768-1808) As formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. característicos do Barroco. ambiente campestre. Mais ora já un bem cantar farei En que vôs loarei tôda via. a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano. foi uma atitude inteiramente assumida por esses poetas. Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação. que necessita de outras fórmulas de expressão. Características do Arcadismo A ausência de subjetividade. disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco. pseudônimos e bucolismo (natureza) e o neoclassicismo são umas das características do Arcadismo. Inutilia truncar . viver o momento presente com grande intensidade. Entre outros:     Fugere urbem . simplicidade. que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. com a fundação de academias literárias. Conhecida como Arcadismo. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela ContraReforma. o racionalismo. a burguesia. Vos quero já loar tôda via. pero muito trobei. Ela significa que "as inutilidades devem ser banidas" e vai ao encontro do desprezo pelo exagero e pelo rebuscamento. A primeira obra do arcadismo foi feita em 1768. denominada Obras Poéticas. bucólica. E direi-vos como vos loarei: Dona fea.Os árcades buscavam uma vida simples. No Brasil e em Portugal. já chegava à Itália .Aproveitar o dia. E vêdes como vos quero loar: Dona fea. etc. E vêdes qual será a loaçon: Dona fea.En que vos loarei tôda via. uma influência que inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. velha e sandia! Ai. simulação pastoral. nunca vos eu loei En meu trobar.A frase em latim resume grande parte da estética árcade. dona fea! Se Deus me perdon! E pois haverdes tan gran coraçon Que vos eu loe en esta razon. da Costa. uma poesia lírica. Marília. que ostentais a condição mais dura. constituído por Cláudio Manuel da Costa. de Cláudio M. no século XIX. da Costa. esses poetas árcades iniciaram o período de transformação da literatura brasileira. desterro ou morte de alguns poetas. e Cartas Chilenas. Inácio José de Alvarenga Peixoto. Manuel Inácio da Silva Alvarenga e outros intelectuais. Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna. EXEMPLO DE: Obras Poéticas. à época da repressão política em torno do episódio da Inconfidência. Silva Alvarenga fez obras em forma clássica. Que viva de guardar alheio gado. temei. Por mais que eu mesmo conhecesse o dano A que dava ocasião minha brandura. Cláudio Manoel da Costa inspirou-se em Camões para escrever Obras Poéticas. no Brasil. um peito sem dureza. participando ativamente da Inconfidência Mineira. realmente. que vence os Tigres. Soneto Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci: oh quem cuidara. Temei. Outros poetas como Basílio da Gama (O Uraguai) e Frei Santa Rita Durão (Caramuru) aparecem neste cenário. Lira I Eu. penhas. Onde há mais resistência. Esse grupo. Um vigoroso grupo intelectual (o grupo mineiro) destacou-se na arte literária e na prática política. . com os românticos. poesia satírica. foi desfeito de forma violenta. não sou algum vaqueiro. com a prisão. Que não me foi bastante a fortaleza. Tomás Antônio Gonzaga escreveu Marília de Dirceu. Amor. como em Portugal. mais se apura. que Amor tirano.Poetas da Inconfidência Mineira Não existiu. por empresa Tomou logo render-me. ele declara Contra o meu coração guerra tão rara. Nunca pode fugir ao cego engano: Vós. Com os olhos voltados para a terra natal. Tomás Antônio Gonzaga Marília de Dirceu. uma Arcádia. Tomás Antônio Gonzaga. que se vai efetivar. A quem a luz do Sol em vão se atreve: Papoula. Que queres do que tenho ser senhora. gentil Pastora. d’ expressões grosseiro. gentil Pastora. Com tal destreza toco a sanfoninha. Depois que teu afeto me segura. acabe a peste matadora. E mais as finas lãs. e me dês um riso. legume. Para glória de Amor igual tesouro. Graças. Das brancas ovelhinhas tiro o leite. Teu lindo corpo bálsamos vapora. Marília. gentil Pastora. Marília. e nele assisto. Graças à minha Estrela! Mas tendo tantos dotes da ventura. Para viver feliz. Marília bela. . Já destes bens. basta Que os olhos movas. Marília bela. Os teus cabelos são uns fios d’ouro. azeite. Sustentada. Marília bela. Graças à minha Estrela! Irás a divertir-te na floresta. Graças. e mais q’um trono. Graças à minha Estrela! Eu vi o meu semblante numa fonte. Dos anos inda não está cortado: Os pastores. é bom ser dono De um rebanho. ou rosa delicada. Só apreço lhes dou. Graças. Graças. e dos sóis queimado. Tenho próprio casal. no meu braço. o teu agrado Vale mais q’um rebanho. que habitam este monte. Graças. Dá-me vinho. não fez o Céu. não preciso: Nem me cega a paixão. Te cobre as faces.De tosco trato. Dormindo um leve sono em teu regaço: Enquanto a luta jogam os Pastores. Marília. Marília bela. o nédio gado. Dos frios gelos. que o mundo arrasta. Graças à minha Estrela! Leve-me a sementeira muito embora O rio sobre os campos levantado: Acabe. Nem canto letra. de que me visto. Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste. fruta. Sem deixar uma rês. e prado. Graças à minha Estrela! Os teus olhos espalham luz divina. e fina. É bom. que cubra monte. minha Marília. Marília bela. Ali descansarei a quente sesta. Ah! Não. Porém. que são cor de neve. que não seja minha. Marília bela. Graças à minha Estrela! Depois de nos ferir a mão da morte. O sossego da Europa assim pede. que nos deram estes. Mas deveis entregar-nos estas terras. E armados de orações vos põem no campo." Graças. E outras. Siga os exemplos.são os "bons" padres." O trecho abaixo refere-se à expressão doce de Lindóia. rodeada de ciprestes. já morta: "Inda conserva o pálido semblante Um não sei quê de magoado e triste. Vós sois rebeldes. Ah! não debalde Estendeu entre nós a natureza Todo esse plano espaço imenso de águas. Lerão estas palavras os Pastores: "Quem quiser ser feliz nos seus amores. Sois livres. Graças. Ao bem público cede o bem privado.)" "Gentes de Europa. Que os corações mais duros enternece. mas os rebeldes Eu sei que não sois vós . terão a sorte De consumir os dois a mesma terra. Toucarei teus cabelos de boninas. Se não obedeceis.. Nos troncos gravarei os teus louvores. E se servem de vós como de escravos. Não sendo aqui. Assim o manda o rei. Graças à minha Estrela! Basílio da Gama O Uruguai (fragmentos) "O rei é vosso pai: quer-vos felizes. Nossos corpos terão. ou noutra serra.. em qualquer outra parte. Marília bela. como eu sou. Porém não pode dar-lhe os nossos povos (.E emparelhados correm nas campinas.." Os trechos abaixo pertencem a Cacambo. que tem por estes vastos climas. Ou seja neste monte. e sereis livres. Na campa.Se o rei da Espanha Ao teu rei quer dar terras com mão larga Que lhe dê Buenos Aires e Corrientes. nunca vos trouxera O mar e o vento a nós. Que vos dizem a todos que sois livres. chefe guarani: ".. Tanto era bela no seu rosto a morte!" . De cor tão alva como a branca neve. com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar. de Bento Teixeira (1601) O homem está em conflito:    Culto do contraste: o poeta barroco se sente dividido." BARROCO (1601 . com sentimento nativista manifesto. Padre Antônio Vieira . confuso. boca mui breve Olhos de bela luz. era de rosa." "Paraguaçu gentil (tal nome teve). A 1ª obra barroca foi a Prosopopéia. testa espaçosa. Pessimismo: devido a tensão (dualidade). Sabes quanta virtude ali se arrisca Essas fúrias da paixão. com as transformações ocorridas no Nordeste em conseqüência das invasões holandesas e. racional X místico. escultura e arquitetura da época. Bem diversa de gente tão nojosa. estranhas Essa de insano amor doce faísca ânsia no coração sentiu tamanhas Que houvera de perder-se naqu’hora Se não fora cristão. As colônias. pintura. se herói fora. O Cristianismo se divide. finalmente. principalmente o Brasil. Portugal vive uma crise dinástica. que acende. luz X sombra. o emprego de antíteses. não deram a Portugal riquezas imediatas. A agricultura lusa era abandonada. vida X morte. E donde não é neve. O nariz natural. que o acompanhas. o poeta barroco não tinha nenhuma perspectiva diante da vida. estende-se à música.1768) O tempo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Por isso. Literatura moralista: a literatura tornou-se um importante instrumento para educar e para "pregar" por parte dos religiosos (padres). O quadro brasileiro se completa.Santa Rita Durão Caramuru (fragmentos) "Só tu tutelar anjo. com a presença cada vez mais forte dos comerciantes. A obra é marcada pelo dualismo: carne X espírito. no século XVII. Além da literatura. O Barroco é o primeiro estilo de época da literatura brasileira e Gregório de Matos o primeiro poeta efetivamente brasileiro. daí o estilo ser também conhecido por Gongorismo. enfastia-lhe o gosto. tudo faz esquecer. No cultismo valoriza-se o "como dizer". Estilos no Barroco Literário Podemos notar dois estilos no barroco literário:  Cultismo: é caracterizado pela linguagem rebuscada. Gregório de Matos fala em três tipos de poesias:    Poesia Religiosa . cartas e sermões (o mais conhecido é o Sermão da Sexagésima). abre-lhe os olhos. seguindo um raciocínio lógico. de amar menos. embota-lhe as setas. tudo acaba. ora casta). com que já não fere. . de onde deriva o termo Quevedismo. é o tempo. Gasta-se o ferro com o uso. e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. e o Ter amado muito. Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol Quevedo. Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias. o desarma o tempo. com que vê o que não via. Daí vem a origem de sue apelido. Por isso os Antigos sabiamente pintaram o amor menino. ou escrever. "o que dizer". São como as linhas. tanto menos unidas. com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora. tudo gasta. é o poeta mais representativo da literatura brasileira. Tudo cura o tempo. Atreve-se o tempo a colunas de mármore.  EXEMPLO DE: Padre Antônio Vieira Sermão do Mandato (fragmento) O primeiro remédio que dizíamos. descobre-lhe os defeitos.ironiza todo o Brasil Colonial. com profecias.jogo de idéias ou palavras). oratória). culta. poetas modernos reuniram em um livro as poesias dele. neste estilo. racionalista.O homem temente a Deus Poesia Lírica . Valoriza-se. Gregório de Matos Conhecido como Boca do Inferno. porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar.Transitoriedade do tempo (ora erótica. Apenas em 1963. tem obra rica. de conceitos. que terem durado muito. Ele não teve nenhuma obra publicada quando vivo. com o propósito de convencer. com que voa e foge. com que já não atira. descritiva. combate aos ímpios e Linguagem conceptiva (cultivismo . que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco. Poesia Satírica . De todos os instrumentos com que o armou a natureza. extravagante (hipérboles). e faz-lhe crescer as asas.Grande orador. quanto mais a corações de cera? São as afeições como as vidas. A razão natural de toda esta diferença. tudo digere. que partem do centro para a circunferência. pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras (ludismo verbal). que quanto mais continuadas. Afrouxa-lhe o arco. em defesa dos índios. que utiliza uma retórica aprimorada (arte de bem falar. é porque o tempo tira a novidade às cousas. fugacidade. saber concreto em detrimento do abstrato. luta entre o profano e o sagrado. carpe diem (aproveitar o momento). gosto pelo pormenor. racionalismo.terra. superioridade do homem sobre a natureza. Sentido de transitoriedade da vida. valorização do presente. Culto a elementos evanescentes (água/vento). Pero Vaz de Caminha José de Anchieta Valorização do homem (antropocentrismo).Cronologia e características dos movimentos literários brasileiros Quinhentismo 1500 (Quinhentismo) 1º Documento escrito em terras brasileiras: Carta a D. rigor métrico. retomada dos valores greco-romanos. rímico e estrófico: equilíbrio e harmonia. visualização e plasticidade. Manuel. Barroco 1601 Bento Teixeira: publicação de Prosopopéia Pe. unidade e abertura (perspectivas múltiplas para o observador). objetividade. hipérbole.céu. Tomás Antônio Gonzaga (poesia lírica e épica) . Arcadismo 1768 Cláudio Manuel da Costa: Obras Poéticas Cláudio Manuel da Costa. universalidade. paganismo (maravilhoso pagão).Reforma. Antônio Vieira (oratória) Gregório de Matos (poesia) Arte dos contrastes: antinomia homem . homem . malabarismo verbal . Gêneros: poesia lírica e épica. teatro e crônicas. não-racionalismo. jogos de metáforas.uso de hipérbato. riqueza de imagens. metáforas e antíteses. movimento ligado ao espírito da Contra . aurea mediocritas: o objetivo arcádico de uma vida serena e bucólica. Casimiro de Abreu. 2ª Geração: mal do século. liberdade criadora. anseio da morte. solidão.Basílio da Gama e Santa Rita Durão (poesia épica) Arte do equilíbrio e harmonia. indianismo/medievalismo. idealização. (indianista-histórico) Alencar 1ª Geração: nacionalismo. literatura social e engajada. (regionalistas) Alencar. oratória de reivindicação. . fantasia. Castro Alves. 3ª Geração: condoreirismo. Álvares de Azevedo. subjetivismo. Joaquim Manuel de Macedo. ufanismo. Romantismo 1836 Gonçalves de Magalhães Publicação de Suspiros Poéticos e Saudades Poesia: Gonçalves Dias. Manuel Antônio de Almeida. valorização da mitologia. evasão. Taunay. simplicidade. do verdadeiro e da natureza. Literatura linear e regrada: inutilia truncat (cortar o inútil). Parnasianismo e Naturalismo 1881 Machado de Assis Publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas/ Realismo Aluísio de Azevedo Publicação de O Mulato/ Naturalismo Década de 80 Definição do ideário parnasiano. Realismo. profundo pessimismo. pastoralismo. retorno às concepções de beleza do Renascimento. sintaxe emotiva. poesia objetiva e descritiva. natureza. sonho. busca do racional. transição para o Parnasianismo. religião (cristianismo). Prosa: (urbanos) Alencar. técnica da simplicidade. sonoridade. Bernardo Guimarães. Geral: imaginação. liberdade. herança genética. Linguagem correta. poesia técnica e formal. poesia descritiva. Aluísio Azevedo. Pedro Kilkerry. Poesia: Augusto dos Anjos. etc . Preferência pela classe operária.tese experimental. Alberto de Oliveira. Objetividade. exatidão e economia de imagens e metáforas. atitude irracional e mística. Reação contra o positivismo. momento).tese documental. Tendência para análise dos deslizes de personalidade. Realismo: preocupação com a verdade exata. política ou alterações na paisagem e cor local. apego à mitologia greco-romana. no entanto é mais próxima da natural. respeito pela música. Patologia social: miséria. adultério. Poesia: Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. presa de forças fatais e superiores . Parnasianismo: arte pela arte. Lima Barreto. Deturpações psíquicas e físicas. fisiologia. cor. personagens tipificadas. respeito pela música. individualismo. Raimundo Correia. atitude irracional e mística. Naturalismo: visão determinista do homem (animal. Graça Aranha.Prosa: Machado de Assis. Descrições pormenorizadas. Pré-Modernismo 1902 Publicação de Os Sertões. de Euclides da Cunha. Raul Pompéia Poesia: Olavo Bilac. Vicente de Carvalho. retomada de valores clássicos. versos impassíveis. Modernismo . fixando diferentes facetas da realidade social. de Graça Aranha. Prosa: Monteiro Lobato. Canaã. criminalidade. Emiliano Perneta. luz. preferência pelas camadas altas da sociedade. procura das possibilidades do léxico. Euclides da Cunha. Tendência das primeiras décadas do século XX. sentido mais crítico. o Naturalismo e o Parnasianismo. objetividade. Simbolismo 1893 Cruz e Sousa Publicação de Missal (prosa poética) e Broquéis (poesia).meio. subjetivismo psicológico. maior interesse pela caracterização que pela ação . observação e análise. Semana de Arte Moderna. Poema-piada. Publicação de Paulicéia Desvairada. verso livre..1922. 2ª Geração: estabilidade: herança de 22. o cotidiano. linguagem coloquial. reflexões metafísicas MODERNISMO Contexto Histórico . literatura de denúncia das condições humanas. José América de Almeida A Bagaceira Geração de 45. experimentalismo na forma. 1930-45 .2ª fase: neo-realismo. Clarice Lispector. 3ª Geração: Não se mostram tão preocupados com o contexto sociopolítico. literatura regional. Literatura contemporânea: Proliferação de estilos. ironia. análise da natureza humana. Predomínio da prosa (romance) de tendências neo-realistas e regional. sarcasmo. nacionalismo crítico. Rigor formal. liberdade de criação. antipurista. Predomínio da poesia. crises de caráter existencial. Literatura contemporânea (Pós-Modernismo). irreverência. recuperação de valores tradicionais (Neo-simbolismo).1ª fase: revolucionária: Mário de Andrade.3ª fase: investigar comportamentos e atitudes do ser humano João Guimarães. engajamento religioso e social. 1922-30 . João Cabral. acrescentando aprimoramento da linguagem (inclusive metalinguagem). antiacademicista. Enorme proliferação de estilos. Concretismo Poesia -práxis Contos 1ª Geração: revolucionária . busca da expressão universal.negação da tradição cultural. década de 50. Proliferação de contistas e cronistas. Expressionismo: Surgiu como reação ao Impressionismo (corrente artística que se dispunha a captar a realidade com exatidão. abandono ao mundo das aparências. Os dadaístas procuravam ridicularizar e destruir todos od dogmas em vigor na pintura. então. não há necessidade de se fazer uma arte compreensível por todos. Louis Aragón e André Breton tiveram papel decisivo no lançamento da estética surrealista. Algumas das principais características: palavras em liberdade. humor negro. Principais características: a obra de arte se basta a si mesma. formas de expressão diversas: o Dadaísmo (1918). O escritor italiano Felipe Marinetti foi seu criador. Nas artes plásticas o principal defensor foi o pintor espanhol Pablo Picasso. os músicos Arnold Schönberg e Darius Milhaud. manifestação do estado de espírito do artista. Os grandes movimentos de vanguarda da Europa tiveram repercussão sobre a mentalidade de intelectuais brasileiros do início do século XX. o Surrealismo (1924). o homem passa a questionar os valores vigentes. Publicou o manifesto futurista. O telégrafo. na música e na poesia. Principais características: valorização da imaginação. o automóvel. A guerra lança sobre a humanidade a semente da incerteza. emprego de verbos no infinitivo. supressão da lógica aparente. valorização da imaginação e dos sonhos. políticos e filosóficos.   Os Movimentos de Vanguarda: Os diferentes movimentos artísticos surgidos na Europa no início do século XX são designados. bastando que ela seja entendida por um grupo de iniciados. o Cubismo (1907). tendo como principal iniciador o escritor francês Tristan Tzara. Entretanto. construções diretas e inovadoras. de abalo interior. o telefone. Cubismo: Tem como principal característica a preponderância das formas geométricas nas artes plásticas. Salvador Dali foi o pintor surrealista mais conhecido. com toda a sua dinamicidade). as idéias do suíço Ferdinand Saussure influenciam os estudos lingüísticos e fundam a lingüística estrutural moderna. o Expressionismo (1911). Dadaísmo: Foi o mais radical e destruidor movimento de vanguarda. niilismo. Principais características: liberdade total de criação. descrença em relação aos sistemas sociais. da inquietude. da descrença. que geram ainquietude. o francês Guillaume Apollinaire. mistura do presente com o passado.Acontecimentos extraordinários. ilogismo. Os cubistas representavam objetos da realidade cotidiana como se fossem vistos sob diferentes ângulos ao mesmo tempo. modificação das estruturas da realidade através da realidade. Consideravam a guerra loucura e perversidade dos homens. o cinema. a Europa passa a viver momentos de constantes sobressaltos. valorização do inconsciente. desequilíbrio. Definiu-se em Zurique. Sigmund Freud contribui para o progresso dos estudos da psicofisiologia mental. o avião são invensões que atestam o notável desenvolvimento tecnológico da época. valorização do humor. com a deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). abolição da lógica. Foram seus precursores os pintores Munch e Vincent Van Gogh. marcam o início do nosso século na Europa.     . Outras contribuições: Albert Einstein revoluciona o campo científico com a sua teoria da relatividade. Seu maior sucesso foi na Alemanha. A arte não podia deixar de trair esse estado de perplexidade. a rejeição violenta da tradição e da convenção. supressão de adjetivos. automatismo verbal e escrito. de forma genérica. na literatura. Principais características: subjetivismo. Surgem. no campo científico-tecnológico. o Futurismo (1909). Futurismo: Caracteriza a época das negações e rebeldias. Surrealismo: O adjetivo surrealista (com o sentido de superfantástico) foi empregado pela primeira vez por Apollinaire. liberdade absoluta de criação. como Vanguardas Européias. "arte não é coisa séria". o mundo inetrior expresso na obra de arte não atende à lógica do mundo exterior. procuravam apresentar e afirmar os princípios da chamada arte moderna. de cores cruas e composição despojada) . com a publicação do livro Há uma gota de sangue em cada poema. Aos quadros de Malfatti . Toda uma atmosfera de provocação se estabeleceu nos círculos letrados da capital paulista. Nesse mesmo ano. Carnaval. Di Cavalcanti expõe Fantoches da MeiaNoite. etc. Escritores brasileiros trazem. em grupos isolados do Rio de Janeiro e São Paulo (principais centros culturais da época). Oswald de Andrade sintetizava o clima da época ao afirmar: "Não sabemos o que queremos. A partir de 1914. nessa ocasião. da tradição oral e da linguagem coloquial. o público se manifestava por apupos e aplausos fortes. O autor das obras é o pintor Lasar Segall. notícias de uma literatura em crise. Em 1915. gritos.vêm juntar-se as esculturas de Vitor Brecheret. artista russo radicado em nosso país. Em 1917. com a conferência equivocada de Graça Aranha (A emoção estética na Arte Moderna). Mas sabemos o que não queremos". Mas. o momento mais sensacional da Semana deu-se na segunda noite. Ronald de Carvalho participa da fundação dessa revista. embora inicialmente isso se manifeste de modo tímido. ecandaliza o ambiente intelectual paulista e provoca diversos ataques. recitais. conhece o pintor. então em curso na Europa. escrita automática. Segall. sob o pseudônimo de Mário Sobral. realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna. que assinala a vanguarda futurista em Portugal. exploração criativa do folclore. evento que não ocorre subitamente. seguido de Paulicéia Desvairada. O Teatro Municipal foi alugado. leituras. Mário de Andrade faz sua estréia literária. exposições. É a revista Orfeu. ocorrido ao longo daqueles anos e caracterizado como "sincretismo". Havia dois partidos: o dos futuristas e o dos passadistas. na Europa. entretanto. a idéia da realização da Semana de Arte Moderna.patadas. cubismo e fauvismo (os fauvistas propõem uma arte rude. Sua exposição. Desde a abertura da Semana. que ainda dominavam o gosto do público. A reação se deu através de vaias. Oswald de Andrade. Manuel Bandeira lança a segunda obra. Menotti del Picchia. o termo futurismo começa a circular nos jornais do Brasil. A proposição de uma semana (na verdade foram só três noites) implicava uma amostragem geral da prática modernista. ainda que eles mesmos estivessem confusos a respeito de seus projetos artísticos. Na década de 1910 a 1920. observa-se entre os intelectuais um anseio de renovação artística e cultural. Esse papel caberá a Anita Malfatti. O objetivo dos organizadores era acima de tudo a destruição das velhas formas artísticas na literatura. toma conhecimento das idéias futuristas de Marineti e as divulga em São Paulo. Menotti del Picchia publica o poema regionalista Juca Mulato e Manuel Bandeira estréia com a obra Cinza das Horas. não desencadeia transformações radicais na arte brasileira. dá-se a primeira mostra de arte não-acadêmica feita no Brasil. lirismo paródico. marco expressivo da posia modernista brasileira. em fevereiro de 1922. O Brasil contagia-se com a inquietação dominante no mundo europeu. Em 1919. Paralelamente. de volta da Europa. Porém. Finalmente. Durante o evento. inclusive o de Monteiro Lobato. Há entre os puristas uma grande polêmica gerada pelas inovações instaladas na literatura brasileira: verso livre. quando Ronald de Carvalho leu um poema de Manuel Bandeira. Em 1912.Semana da Arte Moderna Alguns acontecimentos precedem a Semana de Arte Moderna. Oswald de Andrade e outros. o poema delimitava o fim de uma época cultural . Tristão de Ataíde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima) e Wilson Martins registram esse fato. Surge. que voltava da Europa. inaugurada ao voltar dos Estados Unidos (12/12/1917).em que se mesclam expressionismo. Graça Aranha. Em 1913. o qual não comparecera ao teatro por motivos de saúde. marca uma brusca ruptura na história literária brasileira. até a leitura de trechos vanguardistas por Mário de Andrade. A divulgação das teorias vanguardistas. Em novembro de 1921. Progamaram-se conferências. música e artes plásticas. em sua iconoclastia. O poema chamava-se "Os Sapos" e era uma ironia violenta aos parnasianos. sintetizar a herança de 22: -A estabilização de uma consciência criadora nacional. os autores que organizaram a Semana colocaram a renovação estética acima de outras preocupações importantes. Importância estética da Semana Se a Semana foi realizada por jovens inexperientes. certa destrutividade gratuita. histórica. o romantismo musical e o parnasianismo literário esboroam-se por inteiro. Mário de Andrade diria mais tarde que faltou aos modernistas de 22 um maior empenho social. a Semana de Arte Moderna deixou vários legados. É possivel que a Semana não tenha se convertido no fato mais importante da cultura brasileira. uma maior impregnação "com a angústia do tempo". preocupada em expressar a realidade brasileira. propunha que só a antropofagia nos une. Música e artes plásticas: Anita Malfatti.     . that is the question" seria o grande dilema da realidade brasileira. possibilitando um caminho livre à geração posterior. em torno das quais se aglutinavam determinadas correntes. "Tupi. Divulgação no Brasil Os grupos modernistas procuraram divulgar suas idéias por meio de revistas de vanguarda. Foi liderado por Oswald de Andrade. Graça Aranha. O academicismo plástico. Caberia a Mário de Andrade verdadeiro líder e principal teórico do movimento.como queriam muitos de seus integrantes. conforme acentuam alguns críticos. Houve dentro dela. Verde-Amarelismo: Propunha que se abandonem as idéias européias na busca da verdadeira nacionaldade brasileira. Menotti del Picchia. através da defesa da tradição. Apesar de todos os limites.assimiladas. o espírito modernista destruiu um imobilismo cultural que entravavam as criações mais revolucionárias e complexas. Em seu Manifesto Antropófago. Ronald de Carvalho. certa ironia superficial e enorme confusão ideológica. Cassiano Ricardo. O movimento é de natureza pictórica. Contrapôs o futurismo (experimentação em velocidade na linguagem) e o primitivismo (próximo ao surrealismo e ao expressionismo. Corrente Primitivista: Teve suas idéias expressas na revista de antropofagia. através de uma arte voltada para as características do país. sob o domínio de doutrinas européias mal . Plínio Salgado. no sentido de que as culturas estrangeiras fossem devoradas e recriadas segundo nossas tradições e costumes. culinária e lingüística. na busca do inconsciente).-A atualização intelectual com as vanguardas européias. Raul Bopp e outros. Subdivide-se em Movimento da Anta e Movimento da Bandeira.Principais participantes   Literatura: Mário de Andrade. Com efeito. Publicada em São Paulo de maio de 1922 a janeiro de 1923. De qualquer maneira. econômica. Guilherme de Almeida. or not tupi. certo cabotinismo. Di Cavalcanti. Corrente Espiritualista: Tenta contestar a irreverência de outros grupos. folclórica. Villa-Lobos. Oswald de Andrade. Sérgio Milliett. Guiomar Novaes. étnica. propunha a redescoberta do Brasil. e no período que a sucedeu ( 1922-1930). Participam desse movimento Menotti Del Picchia. ela significou também o atestado de óbito da arte dominante. As principais foram  Klaxon-Mensário de Arte Moderna: representou a primeira tentativa de organizar as idéias expressas pela Semana de Arte Moderna. Movimento Pau-Brasil: Liderado por Oswald de Andrade.-O direito permanente de pesquisa e criação estética. Marco Zero (1943) Características Pessoais: espírito irrequieto. O Rei da Vela (teatro-1937). Características do Modernismo 1. 2) Mário de Andrade: Obras: Poesia: Há uma gota de sangue em cada poema ( 1917). redescoberta da realidade brasileira. simplicidade. Losango Cáqui (1926). ironia. Arco e Flexa. Paulicéia Desvairada 1922).1922 . Características Literárias: linguagem elíptica e rica em metáforas e neologismos. Outras revistas: Terra Roxa e Outras Terras. fragmentados (técnica cinematográfica). Características Pessoais: Poesia intimista. Humor satírico (sátira à aristocracia cafeeira). eleição do moderno como um valor em si mesmo. os seres do rio e da floresta. Libertinagem. Madrugada. desejo de liberdade no uso das estruturas da língua. Lira dos cinqüent'anos. predominância da poesia sobre a prosa. Contos Novos (1946) Ensaios: A Escrava que não é Isaura (l925). Foi o primeiro articulador do modernismo. 3) Manuel Bandeira: Obras da primeira fase-poesia entre parnasiana simbolista: Cinza das Horas. idagação social. deslumbrando-se a cada instante com um mundo mágico primitivo . Depois de vencer muitos obstáculos. Verde. Pau-Brasil e Cântico dos Cânticos (poesia). Ânsiade de Modernidade (rejeição do passado) Liberdade de criação artística Sentimento nacionalista Presença do cotidiano e do prosaico PRIMEIRA GERAÇÃO . temas prosáicos e cotidianos. e 4) Raul Bopp: Obra principal: Cobra Norato. Aspecto da Literatura Brasileira (l943). Lira Paulistana (1946) Ficção: Amar. O Empalhador de Passarinho (1944). linguagem coloquial.trata-se de uma narrativa fantástica. Serafim Ponte Grande (romance-1933).HERÓICA Tem como princípios:        negação do passado. Os Contos de Belazarte (1934). nacionalismo. Valorização do Brasil primitivo. Remate dos Males (l930). caráter destrutivo. 2. nacionalismo. o herói percorre a selva amazônica na busca obsessiva da filha da rainha Luzia. Depois de estrangulara Cobra Norato e enfiar-se em sua pele. encontra a noiva e rouba-a da . A Revista. valorização do cotidiano. agitador. Autores principais 1) Oswald de Andrade: Obras: Memórias sentimentais de João Miramar (romance1924). Carnaval. 3. 4. Maracajá. Clã do Jabuti (1927). tom confidencial. verbo intransitivo (1927). melancolia e bom humor. Estrela da Manhã. Inovação estética. Capítulos curtos. Obras da segunda fase: Ritmo dissoluto. Característica da Poesia: Primeiras obras com elementos modernizadores. Macunaíma (1928). valorização da realidade de São Paulo. Belo Belo. a mesma injustiça. Os ricos e os pobres. O Moleque Ricardo (1935). Clarissa (Érico Veríssimo). Música ao longe (Érico Veríssimo). ampliação da temática. mais conhecida como geração de 30. Fogo Morto . regionalismo (preferência pelo romance).Bangüê (José Lins do Rego).CONSOLIDAÇÃO Tem como princípios:      estabilização das conquistas.1930 . é menos demolidora que a fase anterior. Bexiga e Barra Funda (contos de realismo irônico e sentimental e valorização do imigrante italiano) Estilo Modernista. A um tempo lírico e dramático. Doidinho (1933). de José Américo de Almeida. De um lado. Características: Linguagem coloquial.Menino de Engenho (1932). Cacau (Jorge Amado) 1933 . O primeiro romance da geração de 30 é A Bagaceira. examinando-os com objetividade e senso crítico. a presença de mitos. Escritores em sua maioria radicados no Nordeste se sensibilizaram e mesmo se revoltaram com o desequilíbrio sócio-econômico.Caetés (Graciliano Ramos).Menino de engenho (José Lins do Rego).O Quinze (Rachel de Queiroz). Poesia "Verde-Amarela" Obra: O estrangeiro (Romance ideológico de técnicas 7) Antônio de Alcântara Machado: Obra: Brás. Bangüê (1934). as inovações estéticas propostas pela Geração de 22. milhões de camponeses desvalidos e marginalizados. 5) Cassiano Ricardo: 6) Plinio Salgado: vanguardistas) Obra: Martim Cererê (poesias). SEGUNDA FASE . Os corumbas (Amando Fontes) 1934 . de outro lado. rica em diminutivos. Obra primitivista na linha da antropofagia.cobra grande. Cronologia de alguns romances       1928 . Autores principais da prosa Absorvidas (parcialmente). O país do carnaval (Jorge Amado) 1932 . Final feliz. e cores locais dá ao poema o cunho de rapsódia amazônica. A segunda fase do modernismo brasileiro (1930-1945). os grandes fazendeiros. marcando-se pelo espírito construtivo e pela estabilização das conquistas anteriores. A narrativa de 30 exprime esses contrastes. diminuição dos exgeros e radicalismos.Jubiabá (Jorge Amado). São Bernardo (Graciliano Ramos) 1935 . Os ratos (Dyonélio Machado 1) José Lins do Rego: A obra de José lins do Rego divide-se em três blocos temáticos: A) Ciclo da cana-de-açúcar . a literatura brasileira se volta para os temas sociais. equilíbrio quanto ao uso do material lingüístico. deixando de usar apenas o particular e tendendo para o universal. a aristocracia rural. Nas cidades. lendas. amorosa. Usina (1936).A bagaceira (José Américo de Ameida) 1930 . Um lugar ao sol (1936). Dona Flor e seus dois maridos (1967). Suor (1934). Caminho de Pedras (1937).Trilogia do Gaúcho a pé (Sem Rumo. seus romances já venderam milhões de exemplares. Caminhos Cruzados (1935). . Porteira Fechada. São Jorge dos Ilhéus (1944). da síntese entre os traços específicos de uma região e a vida de todos os homens". 8) Cyro Martins: Obras principais: Campo fora (contos). 2) José Américo de Almeida: Obra: A bagaceira. Insônia (1947-contos). Cangaceiros (1953). Jubiabá (1935). Infância (1945). Pureza (1937).Água-Mãe. José define o novo "regionalismo". 9) Amando Fontes: Os corumbas . em grande parte. Os subterrâneos da Liberdade (1952). As Três Marias (1939). 6) Érico Veríssimo: É o maior romancista gaúcho e um dos mais populares escritores brasileiros. Os pastores da noite (1964).Obras: Caetés (1933). São Bernardo (1934). Teresa Batista cansada de guerra (1972). 7) Dionélio Machado: Obras: Um pobre homem. Velhos Marinheiros (1961).Características: narrativas bem sintonizadas com o espírito de 30. Saga (1940). Incidente em Antares (1971). João Miguel (1932). O resto é silêncio (1943).Pedra Bonita (1938).a história de uma família camponesa proletarizada em Aracaju. Tieta do Agreste (1977). Noite (1954). durante a Revolução de 1936. A valorização do universo regional. No prefácio. Eurídice (1947). Música ao longe (1935). Capitães da Areia (1937). 5) Rachel de Queiroz: Obras principais: O Quinze (1930). O senhor embaixador (1964). Cacau (1933). Angústia (1936). cuja ação ocorre. os lugares-comuns da literatura rural. Características do autor: predominância da narrativa memorialista. Solo de Clarineta (Memórias . Terras do sem fim (1942). os outros romances são ambientados em Porto Alegre. Seara Vermelha (1946). Farda fardão camisola de dormir (1980). Com exceção de Saga. presença marcante do cenário (engenho Santa Rosa). traduzido para mais de trinta línguas. O prisioneiro (1967). Os ratos.I fase: predominam romances urbanos. C) Temas diversos . Superando o exótico. linguagem marcada por forte oralidade.a desarticulação de um velho "coronel" no mundo urbano.1973).Clarissa (1933). B) Ciclo do cangaço e misticismo . 3) Graciliano Ramos: Sua obra está traduzida para mais de dez idiomas e alguns de seus relatos já mereceram visão cinematográfica. a linguagem precisa e objetiva e a ideologia paternalista que acompanha a pré-consciência do subdesenvolvimento marcam-lhe os textos. Estrada Nova). Cravo e Canela (1958). Tenda dos milagres (1970). 10) João Alphonsus: Totônio Pacheco . 4) Jorge Amado: Autor de fama internacional. Olhai os lírios do campo (1938). Memórias do Cárcere (1935). Mar Morto (1936). II fase: Gabriela. Sua obra possui duas fases: I fase: O país do carnaval (1930). na Espanha. Tocais grande (1984).(1943).II fase:O Tempo e o Vento (1949-1962). O louco do cati. o novo romance regional nasceria da "síntese entre o particular e o universal. isto é. Vidas Secas (1938). os modistas lingüísticos. Riacho Doce (1939). dos quais o mais conhecido continua sendo O Quinze. abandona o espírito combativo e irreverente da década anterior e passa a caracterizarse pelo espírito construtivo. Melancolia que se manifesta na preferência por temas como solidão. melancolia. a temática é variada: temas sociais. a falta de racionalidade. apresenta crescente amadurecimento. Vinícius de Moraes foi famoso por seus belíssimos sonetos. Mar Absoluto. 3) Mário Quintana: Obras: A Rua dos Cataventos. amorosos. Do Caderno H.a solidão e a perda de um lírico burocrata. descendente falido da oligarquia mineira. Em A Rua dos Cataventos. sem desprezo da liberdade formal dos primeiros tempos do modernismo. Características: Nos primeiros livros. precisa.atmosfera de sonho e tom intimista. Temas variados: solidão. Doze Noturnos de Holanda. em livros como Sentimento do Mundo e Rosa do Povo. inovado pela linguagem coloquial. pela linguagem depurada (ausência do pitoresco). uma poesia de solidariedade. O aprendiz de feiticeiro. fugacidade do tempo. Cinco Elegias (1943). versando fatos do cotidiano. com o bom-humor permanente do poeta. o cotidiano e a denúncia social. A vaca e o hipogrifo. poemas curtos em prosa. Brejo das Almas. poesia voltada para indagações filosóficas. Romanceiro da Inconfidência (narrativa histórica em versos). Rosa do Povo.1930). a linguagem é mais comunicativa e pessoal. musicalidade. desencanto e pessimismo. Em Sapato Florido e. Claro Enigma. Vaga Música. Do Caderno H. delicadeza e espiritualidade. Espelho Mágico. sentimento de solidão. não se percebem nele os exageros. uma acentuada agressividade de outros poetas da época. 12) Marques Rebelo: O Espelho Partido . 1) Carlos Drummond de Andrade: Obras principais: Alguma Poesia (obra de estréia . Poemas. . Abstração. 4) Vinícius de Moraes: Obras: Novos Poemas (1938).romance cíclico sobre os costumes do Rio de Janeiro.11) Ciro dos Anjos: O amanauense Belmiro . resignação diante da falta de sentido da vida. Em Espelho Mágico temos quadrinhas bemhumoradas sobre temas filosóficos. religiosos. pelo humor (apesar do pessimismo e do desencanto). 2) Cecília Meireles: Obras principais: Viagem. enfim.Temas e características: o amor sensual e místico. espiritualistas caracterizam a poesia moderna da segunda fase. o deboche. Canções. Apontamentos para a história do Sobrenatural. Sapato Florido. Características: Virtuosismo verbal. Lição de Coisas. Fazendeiro do Ar. Podemos considerar como características marcantes e quase permanentes do poeta:linguagem depurada. afetividade intensa. Sentimento do Mundo. sonetos e baladas (1946). a partir de 1930. as ruas de Porto Alegre. o poeta evolui para uma atitude participativa. Drummond revela-se um poeta modernista pela presença de temas cotidianos. preferência por versos curtos. disfarçada pelo humor e ironia. Posteriormente. Autores principais da poesia Em linhas gerais:    a poesia. No entanto. temas prosaicos e cotidianos. o autor adota o soneto. provocada pelos sofrimentos causados pela guerra. Outras experiências poéticas surgem em O Aprendiz de Feiticeiro. Augusto de Campos publica: O Rei menos o Reino(1951). Surge a Geração de 45. Em 1945 ingressou na carreira diplomática. poesia participante. nova safra de escritores brasileiros. O engenheiro(1945). João Cabral de Melo Neto(1920): Nasceu no Recife. reflexão permanente sobre a arte poética. os ideais modernistas vão gradativamente se transformando. até desaparecer por completo aquela visão de ruptura com o tradicional. É o concretismo. restauração da dignidade da linguagem e dos temas. despojada. precisa. Tem como característica a habilidade verbal. denunciando o sofrimento dos nordestinos e a injustiça social. às artes plásticas e ao cinema. visual. Tendências Poéticas Concretismo: a linguagem poética dos anos 50 assimila a rapidez das transformações que o país atravessa neste período. a religiosidade metafísica. Possui poesia filosofante e abertura para uma temática social. Morte e vida severina(1956). Geração de 45 Já consolidados a partir de 1930. Psicologia da composição(1947). haja vista a contundência de seu artigo Concretismo e Ismo. Canga e Somos Poucos. Características do autor: linguagem depurada.5) Jorge de Lima Obras principais: Invenção de Orfeu.A linguagem apresentapreocupação com o apuro formal. escreveu ensaios e algumas traduções. direta e concreta. Poetamentos(1953). tendo servido numa série de cidades européias. Colaborou em vários números de Noigrandes com poemas como: A Cidade. em todas as obras. Seu livro de estréia: O Carrossel. de destruição dos padrões vigentes. Auto do Possesso(1950). Cada vez mais presente. escrito em 1950. Carlos Nejar: Voltado para uma temática existencial à partir de Livro do Tempo e O Campeador e o Vento inicia um processo poético com uma visão mais realista em que o meio passa a fornecer matéria viva para a sua reflexão sobre o homem. ausência do pitoresco e do sentimental. filho de tradicional família pernambucana. 6) Murilo Mendes: Obra principal: Contemplação de Ouro PretoTemas características: o "brasileiro modernista". Décio Pignatari(1927): Preocupa-se mais com a poesia de novos códigos do que com a poesia própriamente dita. Ciropédia ou A Educação do Príncipe. a capacidade metafórica e a grande força rítmica dos versos. a realidade brasileira. O cão sem plumas(1950). Novos caminhos são buscados. a religiosidade. o que leva à criação de uma estética de vanguarda marcada pela comunicação imediata. Museu de tudo(1975). mas também quanto à música. A educação pela pedra(1966). busca da forma nua. Obras: Pedra do sono (1942). Casa dos Arreios. obtida através do trabalho lúcido. corrente que irá marcar toda a produção cultural posterior. .Haroldo de Campos(1929)Seu livro de estréia. Obras: Da Nações.Características e temas: a vida nordestina. não só quanto à literatura. Seus fundadores e principais representantes foram: Augusto de Campos(1931): Deitava-se como um grande ensaísta polêmico no grupo Noigrandes. a cultura negra. Essa negra Fulô. Em 1973 publicou Xadrês de Estrelas. Passou a infância no mundo dos engenhos e fez seus estudos com os maristas. novos autores surgem. Fazem parte desse grupo Ferreira Gullar. com textos muito próximos da prosa. de confissão pessoal. como forma de reação contra os excessos formais do concretismo. dos quais podem ser citados Antonio Callado. o maestro Rogério Duprat e os poetas Caouban e Torquato Neto. Gilberto Gil. que suicidou-se em 1972. que davam maior valor à contrução do poemaA poesia marginal denuncia a situação de medo em que vivia o país. a verossimilhança. surge uma nova tendencia poética vanguardista: a poesia-praxis. Os temas. De um lado esta a nova narrativa de temática agrária. artista incompreendido em sua época e hoje internacionalmente conhecido. há uma clara e forte presença da variante caboclo-sertaneja da língua portuguesa. estruturalmente. A respeito da poesia praxis. procurando conhecer todos os significados e contradições possíveis e atuantes dessas áreas. Dalton Trevisan e Rubem Fonseca. Gullar põe a nu as tensões sociais. passando depois a uma opção participante. ao contrário dos concretistas. tivram entre seus criadores os nomes de Caetano Veloso. de uso da poesia como denúncia e crítica. Tropicalismo: Retomando a antropofagia oswaldiana. que tem como principal representante Mário Chamie. a figura máxima da Tropicália foi Hélio Oiticica. a seguir veremos um que foi musicado por Sérgio Brito:Go backVocê me chamaEu quero ir pro cinemavocê reclamameu coração não contentavocê me amamas derrepente a madrugada mudoue certamenteaquele trem já passoue se passoupassou daqui pra melhor. Ferreira Gullar. ainda hoje possui poemas que são conhecidos. Tom Zé. Influenciados pelo concretismo no que diz respeito à estética. Características: linguisticamente. com seis autores hoje consagrados: João Guimarães Rosa. Empregando muitas vezes ritmos e temas da literatura de cordel. José Cândido de Carvalho. duas tendências principais dominaram a literatura brasileira durante as décadas de 50\60. Geração de 50\60 No campo da ficção. não é respeitada. Nas artes plásticas. são abordados em tom coloquial. Ariano Suassuna. A Poesia Marginal: A chamada poesia marginal surge na década de 70. Clarisse Lispector. a partir dos Festivais de Música Popular Brasileira da TV Record.Toquato Neto. expondo forte conteúdo ideológico. assim se manifesta Mário Chamie: "O autor praxis não escreve sobre temas. Mário Palmério e João Ubaldo Ribeiro. através de elementos sensíveis que conferem a elas realidade e existência.foi!Só quero saber do que pode dar certonão tenho tempo a perder. de conversa íntima. como é o caso de Sargento Getúlio e O Coronel e o lobisomem. inicialmente. Affonso Ávila e Jamil Haddad. nas quais o protagonista narra a . Benito Barreto. De outro deve ser destacado um surto de obras importantes de temática urbana em que se sobressaem diversos autores. mais comunicativa e voltada para os problemas do país. os tropicalistas realizaram uma verdadeira revolução estética no cenário cultural brasileiro. Ligia Fagundes Telles. Ele parte de áreas (seja um fato externo ou emoção). típica do romance tradicional. Apresenta linguagem diversificada. o Tropicalismo foi um forte movimento cultural iniciado em l967. a poesia social. Thiago de Melo. Propondo uma postura nacionalista crítica e de ruptura forma. relacionados ao cotidiano. Os Mutantes (conjunto do qual participava Rita Lee). ainda sob ditadura militar.Poesia-praxis: em fins da década de 50. voltou-se aos experimentos concretistas." Poesia Social: Surge em 1957. Ferreira Gullar (l930): En suas obras. A poética desse grupo vincula a palavra ao contexto extralingüístico.Os poetas "marginais" preocupam-se principalmente com a espressão. Faz sua estréia na literatura em 1954. ele estiliza a linguagem regional. Tutaméia (contos. é capaz de configurar com maior objetividade o mundo exterior. deixando a realidade que as cerca de lado. Laços de família (1960). ali fez seus estudos primários. Curitiba. que abriria uma nova tendência na literatura brasileira. quando foi deposto o presidente João Goulart) Clarice Lispector(1925-1977): Nasceu na Ucrania e ainda pequena veio com a família para o Brasil. ausência de enredos objetivos. A Guerra Conjugal. desprezou a linearidade do enredo. Com apenas dezesete anos escreve o seu primeiro romance. Primeiras estórias (contos. o resultado é uma lingua original e de grande força expressiva. todas as obras possuem um traço comum: a ação se desenvolvem no interior. fluidez. desistindo em seguida e dedicando-se ao jornalismo. inovações sintaticas. onde cursou Medicina. É freqüente o conflito entre o bem e o mal. No que se refere à linguagem. O Lustre(1946). Nesta condição. A paixão segundo G. A cidade sitiada (1949). Dalton Trevisan(1925): Mestre na arte do conto curto e cruel. Lygia Fagundes Telles fixa em seus relatos um universo semelhante ao de Clarice Lispector: o universo burguês feminino. temáticamente.Mais tarde inicia o curso de letras . Utilizou os mais diversos recursos de estilo. romancista e contista. aliterações. Verão no aquário. Mas com algumas diferenças. A obra de Dalton Trevisan capta flagrantes do cotidiano. procurando neologismos. João Guimarães Rosa(1908-1967): Nasceu no interior de Minas Gerais. do ambiente doméstico à marginalidade. vai buscar sua . revelando o lado patético. Benito Barreto(1929): Nasceu no nordeste de Minas Gerais. Escritora metafísica. A legião estrangeira(1964). afastou-se dos procedimentos literários de sua época. 1969) Características: Suas histórias são ambientadas no sertão de Minas Gerais ou em pequenos povoados da região.(1964). Estas estórias (contos. pois. Cemitério de Elefantes. atmosfera de sonho e fantasia. fez concurso para a carreira de diplomata no então Ministério do Exterior. O vampiro de Curitiba. Obras: Novelas Nada Exemplares. Corpo de Baile (novelas. interiorização extrema dos personagens. onvestigando a natureza humana em sua essência. em regiões de pequena propriedade. Seminário dos ratos e A disciplina do amor. As meninas. Obra: Os Guainãs (Epopéia sertaneja que fala das fala das operações militares desencadeadas a partir da crise política ocorrida a partir de 1964. Como o próprio autor declara.1956). 1962). Grande sertão: veredas(romance. Morreu prematuramente. mesmo mantendo o interesse no movimento psicológico. indo posteriormente a Belo Horizonte. surgindo um conflito entre o mundo agrário e a civilização urbana. Antes do baile verde.1956). o autor não se limita a reproduzir a fala sertaneja. Lygia Fagundes Telles(1923): Natural de São Paulo. Apresentam o mundo sertanejo. Filho de um comerciante da região. o que confere um sentido de universalidade ao seu regionalismo. é criador de uma espécie de mitologia de sua cidade natal. Filho de um pequeno proprietário e comerciante. fluxos de consiência. profissão em que continua atuando até hoje. A hora da estrela (1977). psicologismo exagerado. encerrando uma carreira polêmica Obras: Perto do Coração Selvagem (1943). voltou-se mais para a interiorização das personagens. iniciando uma atividade que o levaria a várias partes do mundo. Obras: Ciranda de pedra. arcaísmos. no sertão. 1967). grotesco ou lírico destas cenas. Mudando-se para o Rio de Janeiro em 1932. Características: profunda subjetividade. Considera-se uma obra revolucionária no conteúdo e na forma. inicia sua atividade como militante de uma organização política de esquerda. H.própria morte. onomatopéias. viaja pelo nordeste do país. Obras: Sagarana (contos1946). Tem como principais características a presença de situações fantásticas. Pedra de Memória ). numa coletânea de contos. O Exército de um Homem Só. Os temas e recursos técnicos deste autor por vezes choca a sensibilidade do leitor. Luiz Antônio de Assis Brasil: Nota-se a preocupação em desmistificar os heróis de nossa História. José Cândido de Carvalho: Obra: O Coronel e o Lobisomem. Na cidade é envolvido pela malícia de sua dama ( e do marido). para morrer abandonado e louco.. Tempo de Guerra). Obras:A Madona de Cedro(1958). Bacia das Almas. Obras: Sargento Getúlio Viva. Apresenta temas. que são alegorias sobre a repressão vivida no Brasil durante a ditadura militar. frases no ar. ao chegarem ao Rio Grande do Sul. Suas obras são caracterizadas pela presença frequente do fantástico. Barbudos. Camilo Mortágua. A Orelha de Van Gogh e O Olho Enigmático. e o gosto do romance histórico. abandona o mundo mágico do interior. empobrecido. modos de falar e situações do marginal. É Tarde Para Saber. fascinado pela beleza de Dª Esmeraldina. por vezes um tanto descuidade. Explorado. Rubem Fonseca(1925): É romancista. bulas de remédio. que lhe encoraja as pretensões. sociais e econômicos.inspiração em notícias policiais. A Guerra do Bonfim. teve suas obras proibidas de serem comercializadas. o Coronel Ponciano de Azevedo Furtano. mas exaltando também os momentos de grandeza. Dona Anja. Obras:A Hora dos Ruminantes. Antonio Callado(1917): A obra de Antonio Callado representa o pontao mais alto da literatura empenhada em fazer um papel da realidade brasilera contemporânea. Narra em primera pessoa de modo a confundir autor e personagem. O Doutor Miragem. observa atônito a ingratidão e a insensibilidade dos antigos aduladores. estreou na literatura em 1959. com várias obras premiadas. Sua narrativa é centrada na comunidade judaica do Rio Grande do Sul. o autor publica um só livro importante. Os pecados da tribo.. da prostituta. Também revela gosto pelo romance histórico. com falhas.. Memórias de Aldenham House(1989). Obras: Um quarto de légua em quadro. Obras: A Ferro e Fogo (Tempo de Solidão. que às vezes parece um artifício pitoresco para melhor exprimir a realidade. Moacir Scliar: Considerado um representante do realismo mágico. O Centauro no Jardim. roteirista de cinema e um grande mestre do conto. apresentando-os em sua dimensão humana. Quarup(1967). com fraquezas. Josué Guimarães: Linguagem tradicional. O Sorriso do Lagarto José J. Veiga(1915): Natural de Corumbá. Sombras de Reis. . Cães de Província e a Triologia Um Castelo no Pampa (Perversas Famílias. Mato Grosso. narrando principalmente a colonização açoriana no Rio Grande do Sul. abstendo-se de realizá-las. Na linha do realismomágico e da estilização da linguagem regional. Scliar é hoje um dos escritores de maior projeção. Os Tambores Silenciosos. Obras: Carnaval dos Animais. O povo Brasileiro. Perseguido pela censura. Seu horói. políticos. A Prole do Corvo. da classe inculta da cidade. Josué Guimarães narra a trajetória dos colonos alemães. Videiras de Cristal. Notável no romance a grande força expressiva e a originalidade da liguagem. pequenos anúncios. com suas sereias e lobisomens. Já as peças nacionais primavam pela alienação da realidade e por valerem-se de uma linguagem estremamente artificial. O Analista de Bagé. Algumas crônicas desenhadas com personagens como As Cobras. O Pêndulo do Relógio. Ariano Suassuna voltou a suas fontes para escrever o romance A pedra do Reino. indivíduos oprimidos e solitários que buscam sentido para viver. Beijo no asfalto. A Grande Mulher Nua. Descrevem a paisagem urbana e mostram tipos brasileiros do cotidiano.Em 1943. e. A semente Castro Alves pede passagem. criador de frases e expressões consagradas. Veríssimo tem se destacado por fazer uma crítica bem humorada de nossa sociedade. juntamente com Paulo Pontes. Morangos Mofados. nelson retrata em suas peças a vida cotidiana do brasileiro de classe média. suicidio. Gianfrancesco Guarnieri(1934): Autor preocupado com as denúncias dos problemas da realidade brasileira. Quem Faz Gemer a Terra. O Auto da Compadecida. PARNASIANISMO . Ariano Suassuna(1955): Pernambucano. loucura. A Face do Abismo. Obras:Eles não usam Black-Tie. Em seus contos desfilam personagens marginalizados na sociedade brasileira.Recentmente. Roda-viva. a encenação de Vestido de Noiva renovou por completo as bases formais e ideológicas do teatro brasileiro. suas obras dão atenção principalmente à crise da sociedade agrária imigrante do sul. Charles Kiefer: Contista e romancista de temática heterogênea. suas obras provocam reações extremas que oscilam entre amor e ódio. Obras: Ed Mort e Outras Histórias.. Até então nosso mundo teatral vivia de textos importados. Teatro Contemporâneo Nelson Rodrigues(1912-1980): Considerado nosso maior dramaturgo. Pedras de Calcutá. Álbum de família. O Ovo Apunhalado. Toda nudez será castigada.Luís Fernado Veríssimo: Cronista e cartunista de projeção nacional. Obras: Vestido de Noiva.Obras: Limite. A Velhinha de Taubaté. Polêmico em suas colocações. A Mulher do Silva. o aspecto renovador não se reduziria a uma questão estilística: a renovação estava conjuntamente na matéria-prima de seus textos. incesto. O igualmente jovem escritor nos dá testemunho daqueles tempos obscuros. Gota d’ Água. A principal peça que ele escreveu foi um auto. que tem a dimensão de uma farsa. que veio a comprovar a multiplicidade de seu talento. traição..Chico Buarque de Holanda(1944) Escreveu: Calabar. Caio Fernado de Abreu: Autor cuja temática reflete com muita verdade o mundo atual e seus problemas.. em geral de duvidosa qualidade.Porém. Obras: Caminhando na Chuva. que vêm se estendendo até nossos dias. Ópera do Malandro. como reflexo de um regime totalitário. Dedos de Pianista e Valsa para Bruno Stein. apontando seus vícios e seus aspectos desumanos como adultérios. A Família Brasil captam o humor trágico da sociedade brasileira e as perplexidades da geração adulta diante da nova geração. Ariano foi buscar nas fontes populares o motivo de sua dramatugia. Os Dragões Não Conhecem o Paraíso e Triângulos das Águas e Mel e Girassóis. apresentada como pantomima e na qual a religiosidade tradicional do mundo nordestino combina-se com admirável criatividade e saudável irreverência social. O Popular e O Jardim do Diabo. Depois das agitações do início da República. referência ao prosaico. Em compensação o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano. Teve como sua primeira obra Fanfarras(1882). O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’. Um ano após a proclamação da República. Marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder. já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas. A verdade de uma obra residiria em sua beleza. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula resumida em alguns itens básicos:      Metrificação rigorosa Rimas ricas Preferência pelo soneto Objetividade e impassibilidade Descritivismo . fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis. Qualquer tipo de investigação do social. em fins de 1891. Justificada apenas por sua beleza formal. Segundo a lenda. região montanhosa da Grécia. A arte passava apenas a ser um jogo frívolo de espíritos elegantes. Os parnasianos consideravam como forma a maneira do poema se apresentar. impulso ao progresso material. Restabelecem. isolando-se na "torre de marfim". A forma seria assim a técnica de construção do poema. a impotência dos poetas em alcançá-la de maneira definitiva são o tema do soneto de Olavo Bilac intitulado "Perfeição". que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. Floriano Peixoto. E a beleza seria dada pela elaboração formal. que só vale por si própria. simultaneamente. sendo substituído pelo "Marechal de Ferro". A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. Contexto Histórico Grandes acontecimentos históricos marcaram a geração dos parnasianos brasileiros. Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Parnasse (em português. A transição do séculoXIX para o século XX representou para o Brasil: um período de consolidação das novas instituições republicanas. restauração das finanças. o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade econômica. um esteticismo de fundo conservador que já vigorava na decadência romana.O parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético. Características Arte pela arte: Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita. ali moravam os poetas. Culto da forma: O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do poema. seus aspectos exteriores. No ano seguinte houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República. Tal aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. Seria auto-suficiente. portanto. Essa mitologia da perfeição formal e. interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria ‘matéria impura’ a comprometer o texto. Ela não teria nenhum valor utilitário. de Teófilo Dias. nenhum tipo de compromisso. parnaso e daí parnasianismo): origina-se de Parnassus. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". instalou-se a primeira Constituição e. numa família de classe média. O teto caprichoso Mostra em prata incrustado..) Temática greco-romana: Apesar de todo o esforço. corre por servir-me Sobre o papel A pena. a fronte reclinando Nos alvos seios nus da lúbrica Pompéia.. ilustra essa concepção formalista: "Invejo ourives quando escrevo Imito o amor Com que ele. . A aurilavrada lira Em suas mãos soluça. cortesãs. Formas quebram." Poetas do Parnasianismo 1) Olavo Bilac(1865-1918): Nasceu no Rio de janeiro. Arde a mirra da Arábia em recendente pira. os parnasianos apresentam suas teorias de escrita e sua obsessão pela "Deusa Forma". o alto relevo Faz de uma flor.. escravas em coréia. Escolheram a antigüidade clássica. os parnasianos não conseguiram articular poemas sem conteúdos e foram obrigados a encontrar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas criações. de Olavo Bilac foi considerado. heróis. O palácio imperial de pórfiro luzente É marmor da Lacônia. Os ares perfumando. lima A frase.Em vários poemas. um grande poema: "Fulge de luz banhado. como em prata firme Corre o cinzel(.) Torce. esplêndido e suntuoso. alteia. "Profissão de Fé".) Por isso. fatos lendários e até mesmo objetos: "A sesta de Nero". sem se formar em nenhum dos cursos. enfim No verso de ouro engasta a rima Como um rubim (. Nero no trono ebúrneo estende-se indolente Gemas em profusão no estágulo custoso De ouro bordado vêem-se. sua historia e sua mitologia. O olhar deslumbra. Estudou Medicina e depois Direito.(. E Nero dorme e sonha.. Formosa ancila canta. Assistimos então a centenas de textos que falam de deuses. na época.. aprimora. personagens históricos. o nácar de Oriente. e. dançando. de Olavo Bilac.. ardente Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso. em ouro. abraça-lhe a cintura Morde-lhe os bicos túmidos dos seios Corre-lhe a espádua.. acabou destruindo aquela impassibilidade. Paralelamente. Sobe . abre um curto sorriso de volúpia.. Tarde (1918). Em um conjunto de sonetos intitulado Via-láctea. palpitante e viva (.. inspetor escolar. de pé. Bilac nos apresenta uma concepção mais espiritualizada das relações amorosas. Na hora de uma morte imaginária. como Fernão Dias. Se jamais abandonou sua meticulosa precisão. exerceu constantemente atividade nacionalista. Sorri.. oferecendo-lhes composições laudatórias. como um rio enorme Profusamente a luz do meio-dia Entra e se espalha. Obras: Poesia (l888). quando a terra. e que volta sensual descreve Para abranger todo o quadril! . cerrando levemente os cílios Satânica . Bebera longamente as águas da estação. "Nua.) Como uma vaga preguiçosa e lenta Vem lhe beijar a pequenina ponta Do pequenino pé macio e branco Sobe.. Pela janela. realizando pregações cívicas em todo o país. indicando uma herança romântica. em sede requeimada. Cinge-lhe a perna longamente.prossegue Lambe-lhe o ventre. O caçador de esmeraldas foi uma frustrada tentativa épica: "Foi em março. . o poeta lamenta a perda das coisas concretas e sensuais da existência. Olavo Bilac escreveu poesias com grande habilidade técnica sobre temas grecoromanos. quase à entrada Do outono. ao findar das chuvas. o erotismo perde essa vulgaridade. O mais recitado desses sonetos acabou ficando conhecido com o nome do livro. às carícias ternas Da luz. acende-lhe o coral da boca (. espia-lhe o recôncavo Da axila. Identificado com o sistema.. porém os seus melhores textos estão permeados por conotações subjetivas.. Bilac tratou do amor a parti de dois ângulos distintos: um platônico e outro sensual. Na alcova perfumada e quente. teve certas veleidades boêmias e foi coroado como "Príncipe dos poetas brasileiros". contudo. A exemplo de quase todos os parnasianos.. em apóstolo da nacionalidade. o autor de Tarde tornou-se um intelectual a serviço dos grupos dirigentes. solto o cabelo às costas. ainda dentro do mito da objetividade absoluta. transformando feroz bandeirante. Fez numerosas descrições da natureza. adquirindo força e beleza com em "In extremis".Jornalista.) E aos mornos beijos. A quase totalidade de seus textos amorosos tendem à celebração dos prazeres corpóreos.. Olavo Bilac sonegou o Brasil real e inventou um Brasil de heróis. funcionário Público. exigida pela estética parnasiana.." Em alguns poemas. Depois. Ignota voz. ora repleta ora esvaziada. 2) Alberto de Oliveira (1857-1937): Nasceu em Saquarema. dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema. Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso. Qual se essa a voz de Anacreonte fosse. Uma poesia sobre coisas inanimadas. Já de os deuses servir como cansada. cantou os símbolos pátrios. qual se de antiga lira Fosse a encantada música das cordas. De volta ao Brasil. a bandeira. 3) Raimundo Correia(1859-1911): Poeta e diplomata brasileiro. Diploma-se em farmácia. a "última flor do Lácio".Que. vindo a falecer em Paris. Versos e rimas(1895). as crianças. a mata. brilhante copa. para substituir o lugar deixado por Olavo Bilac. Tinha como características . Vinda do Olimpo. Quando secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal. À frente dos peões filhos da rude mata.. Na poesia de Alberto de Oliveira. etc. Era o poeta de Teos que a suspendia Então e. os soldados. encontramos poemas que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos descritivos. retorna à Europa. publica aí uma coletânea de seus livros na obra Poesia(1898). Além disso. Uma poesia tão morta como os objetos descritos. em 1937. portanto. Foi de todos os parnasianos o que mais permaneceu atado aos mais rigorosos padrões do movimento. inicia o curso de Medicina. Faleceu em Niterói. Foi doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. RJ. às bordas Finas há de lhe ouvir.. a impassibilidade e correção técnica. buscando esmeraldas e prata. a frieza e a insipidez de uma poesia hoje ilegível. Com a saúde bastante abalada. foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira. trabalhada De divas mãos. Rio de Janeiro. os dias nacionais. Toca-a. Obras Principais: Primeiros Sonhos(1879) Sinfonias(1883) Versos e Versões(1887) Aleluias(1891)A exemplo dos demais componentes da tríade. de áureos relevos. e. Ao lado de Machado de Assis. do ouvido aproximando-a. as estrelas. a excessiva preocupação formal. um dia. sintaxe rebuscada e a fuga ao sentimental e ao piegas. Obras principais: Canções Românticas(1878). canora e doce. Manipulava os procedimentos técnicos de sua escola com precisão. Meridionais(1884). Tinha como características principais da sua poesia a objetividade. Mas o lavor da taça admira. Sonetos e Poemas(1885). assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Elegem-no "príncipe dos poetas brasileiros" num concurso promovido pela revista Fon-Fon. faz parte ativa na Fundação da Academia de Letras. mas essa técnica ressalta ainda mais a pobreza temática. a um novo deus servia. em bandeira. Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão. A taça amiga aos dedos seus tinia Toda de roxas pétalas colmada. como vemos no poema Vaso Grego: Esta. até 1922. Cursa a escola Superior de . Algumas obras são regionalistas. coexistem em nossa literatura duas tendências básicas: A conservadora. francamente favoráveis a mudanças e permeáveia às correntes européias. Neste período ocorreram eventos importantes no país e a ocorrência de agitações populares. caracterizada pela incorporação de aspectos da realidade brasileira ao conteúdo das obras literárias. Matricula-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína que humanizava a paisagem. Euclides da Cunha(1866-1909): Orfão aos três anos. Coelho Neto. ano da publicação do livro Canaã de Graça Aranha.. Verifica-se a presença de alguns tipos humanos marginalizados pela elite.. o sertanejo nordestino. o caipira. há neles alguns pontos em comum:     As obras apresentam uma ruptura com o passado. PRÉ-MODERNISMO Convencionou-se chamar de Pré-Modernismo o período que vai de 1902. enfim. Durante esse período. marcada pelas produções poéticas parnasianas e simbolistas(Olavo Bilac. O sertão nordestino. o predomínio da simulação.Todas essas agitações contribuiram para os questionamentos manifestados na Semana de Arte Moderna de 1922. na Semana de Arte Moderna.. os coboclos do interior. estavam situados os proprietarios rurais de São Paulo e Minas Gerais. A inovadora. Contexto Histórico No período Pré-modernista identificamos a existência de grupos e classes sociais com interesses bastante conflitantes: num extremo. representantes de idéias extremamente conservadoras e também saudosistas.pessoais o pessimismo. Entre ambos se situava a burguesia industrial emergente em São Paulo e no Rio de Janeiro. são inovadoras. profundo se das virtualidades vocabulares. Monteiro Lobato.. influenciados por idéias revolucionárias e anarquistas. dos subúrbios . com o academismo e com os modelos preestabelecidos. Lima Barreto e Graça Aranha.) e pela prosa tradicionalista(Rui Barbosa. o mulato.. Destacam-se por utilizarem essa temática Euclides da Cunha. Autores 1. narrada por Euclides da Cunha na terceira parte de seu livro Os Sertões. a realidade brasileira não-oficial surge como tema de inúmeras obras do período. é criado por suas tias. Características Embora os representantes do Pré-Modernismo apresentem traços individuais e estilos próprios.. Joaquim Nabuco). assumiam atitudes de franca oposição às elites. que se mostrava receptiva às idéias reformistas. percepção aguda da transitoriedade da ilusão humana. Raimundo Correia.. como a de Canudos. além de profissionais liberais e setores do exército. Em outro extremo os operários. A obra mais importante de Euclides da Cunha-Os Sertões. enfático. Graça Aranha formou-se em Direito. temos a visão cientificista do Naturalismo: o meio geográfico opressor. O estilo é trabalhado. tendendo a 'anomalias'. Peru versus Bolívia(1907). Dois jovens alemães debatem permanentemente: Milkau prefere a integração. Daí o caráter autobiográfico de seus personagens. Apresenta o negro. A sua principal obra. a imobilidade e repetição da paisagem árida. a harmonia. 3.seu misticismo. Numa e ninfa(1915). o que o torna impossível de enquadra-lo nos limites de um gênero literário. em virtude da loucura do pai e do seu complexo de cor. além de Antonio Conselheiro. Os Sertões é uma mescla de romance e ensaio científico. para sustentar a família. se trata de um romance de tese. Após uma interrupção. A terceira parte da obra expõe com rigor jornalístico as investidas do exército contra Canudos.Guerra. fornece ao jornal as informações sobre a rebelião que já eclodira. conviveu com Joaquim Nabuco. a Canudos (Bahia) como correspondente. seus costumes. Esses problemas pessoais Lima Barreto transfere para seus livros. como a sertaneja. o papel preponderante do clima na formação do meio.Há a descrição física e psicológica do sertanejo. Esta 'epopéia às avessas' distingue-se do mero documento com veleidades científicas pela presença e uso intencional da linguagem artística. portanto a lei do mais forte. discutindo a atitude do imigrante.Obras: Os Sertões(1902). a miscigenação conduz os homens à bestialidade e a toda a espécie de impulsos criminosos. Mais tarde torna-se colaborador do Estado de São Paulo. o amor. O ataque e vitória das forças do governo. Em missões diplomáticas. delimitadas a rigor: A terra . Trabalha depois como jornalista no Correio da Manhã. em 1897. repleto de cenas de violência e dramaticidade.A luta.É mais retórico nas passagens 'científicas e mais simples nas outras partes. Distinguiu-se como delegado do Brasil no Congresso Pan-Americano. . a exemplo de Canudos). que por ausência de contato não reproduz o 'progresso' e as revoluções tecnológicas. Contrastes e confrontos(1907). a obra se divide em três partes. Obras: Canaã(1902). interpenetrando-se com as influências mesológicas. Faz o curso secundário e ingressa na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. o branco e o mulato. valeu-lhe a eleição precoce para a Academia Brasileira de Letras. Graça Aranha participou da Semana de Arte Moderna. aliada à publicação de um excerto do romance Canaã. Obras: Recordações do escrivão Isaias Caminha(1909). Trata-se de uma obra de exceção. em 1897. que o envia. o messias fanático. A estética da vida(1921). forma-se engenheiro. permanecerá históricamente atrasada. Triste fim de policarpo Quaresma(1911). O núcleo da obra é a campanha de Canudos movida pelas forças repúblicanas contra os jagunços liderados pelo fanático Antônio Conselheiro. Lima Barreto(1881-1922): Aos seis anos fica orfão de mãe. fato que motivou seu desligamento da Academia Brasileira de Letras. Sua obra está totalmente dentro dos princípios científicos do final do século IX. que pode ser esquematizada assim: Determinismo Geográfico (o homem como produto do meio natural. romancista e crítico brasileiro. recém fundada. O autor deu a ela um caráter sociológico. o sertanejo é o caso típico de hibridismo racial) Determinismo Histórico (uma cultura. o chão calcinado. Na segunda a questão racial avulta. relato histórico e reportagem jornalística. Na primeira parte. Graça Aranha (1868-1931): Diplomata. Abandona o curso e vai trabalhar no Expediente da Secretaria da Guerra. 2. o determinismo. onde o autor focaliza uma comunidade de imigrantes alemães do Espírito Santo. operadas nos países centrais.O homem . pomposo. Leva vida atribulada e entrega-se à boêmia.não é ficcional. Lentz pretende a dominação dos povos mestiços pelos arianos. a impossibilidade civilizatória em zonas tórridas. Dentro do esquema determinista e positivista. Canaã. cheio de antíteses e comparações. ensaísta. À margem da história(1909). com uma linguagem por vezes impressionista. O romance é bastante denso. com sua vegetação pobre. cuja amizade. Determinismo Racial (os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie. o massacre e o fanatismo religioso. como o sertão). Características do autor: linguagem crônica. Possui tendências parnasianas e simbolistas. em parte. Aritimética da Emília. Augusto dos Anjos(1884-1914): Filho de advogado paraibano. colaborou com periódicos de sua cidade. o coloquialismo e a incorporação à literatura de todas as 'sujeiras' da vida. pessimismo. O Escândalo do Petróleo. traduzida pela denúncia do preconceito racial. Além disso foi fazendeiro. A linguagem é viva e cheia de dialetismos. Lendas do Sul. presença de forte sentimentalidade. Geografia de Dona Benta e outros. marcada pela oralidade. Obras: A obra completa de Monteiro Lobato está organizada em duas séries: 1ª série. Contos Gauchescos(1912). mas também na narração. Denúncia social. abandonando-a no 3º ano e voltando à Pelotas. Ali. em 13 volumes: Urepês. o que. às vezes um tanto displicente. 6. exerceu brevemente a profissão. Atrído pelo jornalismo. principalmente nos livros Urepês e Cidades Mortas. adido comercial nos Estados Unidos. Lendas do Sul(1913). ironia. presença constante dos temas morte. J. nasceu em Pelotas e passou a infância no campo. Em alguns momentos em Lendas do Sul a linguagem se torna solene. 2ª série. 4. entre outros. presença permanente da paisagem suburbana do Rio de Janeiro. O Poço do Visconde. não se tornando pitoresco. não apenas no diálogo. presença emocional do autor. O autor se caracteriza pela linguagem regional. em que Boitatá. O interesse pelo documento leva Simões Lopes Neto a elaborar uma coletânea de poesias populares: Cancioneiro guasca. Os Bruzundangas(1923). Negrinha. Mais tarde. Cemitério dos vivos(1957). Gonzaga de Sá(1919). . Ferro. Emília no País da Gramática. Monteiro Lobato(1882-1948): Nasceu em Taubaté. Esse autor pode ser considerado o verdadeiro pré-modernista pois ele soube antecipar uma série de procedimentos que as vanguardas sacramentariam em 22: a linguagem corrosiva. que toma a palavra e conta as estórias. o tema predominante é a decadência da zona rural paulista. angústia moral.literatura infantil. seguiu a mesma carreira do pai. que o julgou mórbido e vulgar. O linguajar gauchesco é reproduzido pelo escritor. cenas macabras. Obra: Eu. Autor de grande sucesso popular. Cidades Mortas. estudando no Colégio Abílio. a Salamanca do Jarau e o Negrinho do Pastoreio são revividos pelo estilo oral do narrador pelotense. doença. graças ao artifício de criar um narrador fictício. o atraso e o abandono da população interiorana. Morreu muito jovem atacado de pneumonia. Obras: Cancioneiro guasca(1910). Características do autor: atitude política progressista e atitude literária conservadora("Paranóia ou Mistificação?"). A sua luta pelo petróleo valeu-lhe a prisão e o exílio. Casos do Romualdo(1952). revolta. Características do autor: temática científica e filosofante. em 17 volumes: Reinações de Narizinho. entra para a Escola de Medicina. formando-se em Direito. Augusto dos Anjos é um caso à parte na poesia brasileira.literatura em geral.Vida e morte de M. dedica-se a uma série de negócios malogrados. foi ignorado pela crítica. Simões Lopes Neto(1865-1916): Descendente de estâncieiros. o velho gaúcho Blau Nunes. linguagem científica tomada ao Evolucionsmo. editor. Morreu em Pelotas em total obscuridade literária. Idéias de Jeca Tatu. tornandose professor de língua portuguesa. preferência pelo conto. Clara dos Anjos(1924). Mas jamais exerceu a profissão. ambientados no interior paulista. E também à copilação da mitologia riograndense. da opressão da gente simples do povo e a fixação da inconsistência moral dos poderosos. dor. cães e o próprio mundo vegetal. 5. Formado em Direito. dificulta a leitura. Com treze anos vai para o Rio de Janeiro. etc. ferro. por seu lado. No entanto. também de natureza medieval. sobre o achamento do Brasil. seu valor histórico deve ser salientado. de sua flora. e a literatura dos jesuítas.Andam nus.maneira de avermelhados. os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico.de bons rostos e bons narizes. segundo o modelo deixado por Gil Vicente. e as cartas que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos na Colônia.QUINHENTISMO (1500 . Daí ser urna literatura meramente descritiva e. a conquista dos bens materiais e a dilatação da fé cristã. segundo Caminha. as principais crônicas da literatura informativa datam da segunda metade do século XVI. considerada o primeiro documento da literatura no Brasil.destaca-se: A) a Carta de Pero Vaz de Caminha (1500): ". resultante. madeira. fato compreensível. A Carta de Pero Vaz de Caminha.a feição deles é serem pardos. foi a melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. resultante da política das Grandes Navegações. seguindo a tradição do verso medieval. pois esses documentos são a única fonte de informação sobre o Brasil do século XVI. escrivão da armada de Cabral. como o Bem e o Mal. tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro somente em 1549. Literatura Catequética Conseqüência da contra-reforma. sem grande valor literário. Além da poesia de devoção. quase sempre empregados no superlativo. Literatura Informativa A literatura informativa. impulsionava os portugueses para as aventuras marítimas. A principal característica dessa manifestação é a exaltação da terra. afora a carta de Pero Vaz de Caminha. José de Anchieta foi o mais conhecido jesuíta. e a conquista espiritual. também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas. de sua gente. com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro.. empenha-se em fazer um levantamento da "terra nova". baseado em trechos bíblicos. a principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese. do ponto de vista estético. voltada para o trabalho de catequese. além do inestimável valor histórico.. do movimento de contrareforma. uma vez que a colonização só pode ser contada a partir de 1530. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo que. vários autos. o louvor à terra transparece no uso exagerado de adjetivos. reflexo que é das Grandes Navegações.sem cobertura . resultante do assombro do europeu que vinha de um mundo temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um mundo tropical. Com relação à linguagem. Autores e Obras Na prosa.1601) O homem europeu apresenta-se em pleno século XVI com duas preocupações distintas: a conquista material. Ele foi o autor da primeira gramática do tupi-guarani. é um trabalho de bom nível literário. fauna. várias poesias. como tal. misturando a moral religiosa católica aos costumes dos indígenas. prata.bem feitos. Mesmo assim. objetivo que determinou toda a sua produção literária. sempre preocupado em caracterizar os extremos. Por outro lado. tanto na poesia como no teatro. isto é. Essas preocupações determinaram as duas manifestações literárias do Quinhentismo brasileiro: a literatura informativa. o Anjo e o Diabo. A literatura jesuítica. também caracteriza o final do Quinhentismo.). no caso português. )Está formada essa província a maneira de harpa.nem mesa." Nesse fragmento percebe-se a excelente impressão que o Brasil deixou em Pero Vaz de Caminha.ou em cócoras no chão.até agora.E pela do ocidente confina com as altíssimas serras dos Andes e fraldas do Peru.dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem..e depois de comer as limpam nos cabelos.Águas são muitas.é tudo praia..E pela do oriente confina com o mar oceano Áfrico. B) o tratado da terra do Brasil e a História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamaram o Brasil.. Esta planta não é muito grossa..Não fazem o menor caso de encobrir ou mostrar suas vergonhas e nisso têm tanta inocência com que têm em mostrar o rosto..não têm toalhas.cuja costa pela banda do norte do oriente ao ocidente e está olhando direitamente a equinocial..) Nela.esta província de Santa Cruz está situada naquela grande América.antes de comer não dão graças a Deus..e pela do sul confina com outras províncias da mesma América povoadas e possuídas de povo gentílico.de Gabriel Soares de Sousa (1587): "." C) o tratado descritivo do Brasil.infindas.E em tal maneira é graciosa....assim frios e temperados.corpos e paus.e olha direitamente os reinos do Congo e Angola até o Cabo da Boa Esperança.porém a terra em si é de muito bons ares.teve vital importância na catequese..com que ainda não temos comunicação.que querendo-a aproveitar.e a farinha comem de arremesso.primeiramente tratarei da planta e raiz de que os moradores fazem seus mantimentos que lá comem em lugar de pão..as quais são tão soberbas em cima da terra que se diz terem as aves trabalho em as passar. Nota-se também a pretensão dos portugueses em achar que os índios "deveriam ser salvos". ....E essa deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve jogar.. A raiz se chama mandioca.e deixo outras muitas particularidades que têm no comer e no beber.comem sentados.muito chã e muito formosa....pouco mais ou menos.não pudemos saber que haja ouro nem prata.e a planta de que se gera é da altura de um homem.(.alguma...de ponta a ponta." Na poesia... destaca-se Padre José de Anchieta além da poesia...O mesmo deve-se ao fato de os índios andarem nus..uma das quatro partes do mundo.de Pero de Magalhães Gandavo (1576): ".que é o seu oposto.porque estas são as principais." ". ou deitados nas redes.nem lavam as mãos antes de comer. "." Nesse trecho da carta destaca-se o primeiro choque cultural sofrido pelos portugueses.e tem muitos nós..(. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar essa gente.. No teatro.Trata do martírio de São Lourenço.ó que comida. Mostraram-lhes um carneiro.. quando eles vieram.. isto é... topamos aves. e depois a tomaram como espantados. posto que o capitão-mor desta vossa frota e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova.Ó que pão. ao qual monte alto o capitão pôs o nome o Monte Pascoal e à terra a Terra de Vera Cruz.. que topamos alguns sinais de terra. EXEMPLO DE: Literatura Informativa Carta a EI-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil (fragmentos) .. (.. nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado...destacamos o mesmo padre José de Anchieta. .. que aqui o capitão traz. e bem vestido.com aumento... E também viu um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. Mostraram-lhes um papagaio pardo." (Do Santíssimo Sacramento) O assunto do poema é o sacramento da Comunhão.) A feição deles é serem pardos. Acenderam tochas e entraram e não fizeram nenhuma menção de cortesia nem de falar ao capitão nem a ninguém. não fizeram dele menção. houvemos vista de terra. ó que divino manjar se nos dá no santo altar cada dia ! Filho da Virgem Maria que Deus-padre cá mandou e por nós na cruz passou. por chegarem primeiro.) E dali houvemos vista d'homens.A mesma foi escrita em três línguas: tupi. bem feitos.espanhol e português. como que havia também prata. mui alto e redondo. primeiramente d'um grande monte. (. crua morte. E neste dia. não deixarei também de dar disso minha conta. de bons rostos e bons narizes.que preferiu morrer queimado a renunciar a fé cristã.) E assim seguimos nosso caminho por este mar. que andavam pela praia. como que os havia aí.) O capitão. Mostraram-lhes uma galinha.com a obra "Auto de São Lourenço". Um deles. de 7 ou 8.. (. a que chamam fura-buxos. que foram 21 dias d'Abril. e d'outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos. (. tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra. Andam nus. segundo os navios pequenos disseram.. sem nenhuma cobertura. sua graça. de longo. maneira d'avermelhados. Outros autores importantes: os jesuítas Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim. pôs olho no colar do capitão e começou d'acenar com a mão para a terra e depois para o colar.Pero Vaz de Caminha Senhor. como que nos dizia que havia em terra ouro. até terça-feira d'oitavas de Páscoa . e para que nos conforte se deixou no sacramento para dar-nos. a horas de véspera . com um colar d'ouro mui grande ao pescoço. pela manhã. porém. quase haviam medo dela e não lhe queriam pôr a mão.) E à quarta-feira seguinte.em que uma hóstia ingerida pelo cristão simboliza o corpo de Cristo. que se ora nesta navegação achou. (.". Virginal cabeça pola fé cortada. como folga o povo porque vossa vinda lhe dá lume novo! Nossa culpa escura fugirá depressa. com vossa chegada. pois. POIS. de lesu querida. cordeirinha. mas o vosso esposo já vos fez rainha. lhe dais lume novo. vossa santa vinda o diabo espanta. Cordeirinha santa. . com prazer. lhe dais lume novo. porque vossa vinda lhe dá lume novo. Por isso vos canta. já ninguém pereça. porque vossa vinda lhe dá lume novo. com vossa vinda. com vossa vinda. Também padeirinha sois de nosso povo. Pois vossa cabeça vem com luz tão pura. de José de Anchieta Cordeirinha linda. o povo. Vinde mui depressa ajudar o povo. Vossa formosura honra é do povo. Vós sois.Literatura Catequética Santa Inês. de lesu formoso. realismo e naturalismo. Desdobrouse em: . exigem do artista uma participação consciente no mundo. resultantes do conflito incipiente entre capital e trabalho. faceira. de Marx. a crescente importância do Sul. a Abolição. Surgia um novo momento histórico-psicológico. não mais permanece impassível diante dos acontecimentos e. O Positivismo.REALISMO O século XIX é marcado por grandes transformações econômicas e culturais. O Romantismo não tinha nada a ver com tudo isso. na prosa. ou talvez medo. que o indivíduo passa a outro indivíduo para os fins secretos da criação. a observação. O Socialismo. e era clara. o homem passa a indagar sobre as razões dos fenômenos. a partir de 1870. em 1881. Características 1) Objetividade.devoção. a poesia parnasiana tem como principais representantes: Olavo Bilac. ignorante. Essa atmosfera liberal. Essa nova filosofia põee em evidência o fato do homem ser um produto do meio e do momento em que vive. na poesia. o sentimentalismo. Cria-se um contexto acentuadamente cientificista onde ganham espaço a experimentação. O Romantismo era o passado. O Realismo foi um movimento literário marcado por uma oposição ao idealismo romântico. Era isso Virgília. pueril. alguns fatos marcantes agitam a classe média urbana: a fundação do Clube Republicano. equilíbrio. Como se percebe. de Comte. de Darwin. abolicionista e republicana recebe o impulso de uma multidão de imigrantes europeus. A moça Virgília não é "a mais bonita"." (Machado de Assis) Veja-se que não há aqui a idealização romântica. a qual é dita cética e materialista. fresca. o autor não se envolve . No Brasil: o romance realista surge. mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha. de situar-se diante da vida. Era bonita. Com o progresso da ciência. a busca objetiva da verdade. Já não há mais lugar para a fantasia.parnasianismo. Casa de Pensão. em decorrência disso. a pesquisa. o subjetivismo. Os tumultos sociais. porque isto não é romance em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas. saía das mãos da natureza cheia daquele feitiço precário e eterno. profundas alterações ocorrem na estrutura econômica e social dos grandes centros urbanos. A cultura será enriquecida pelo surgimento de grandes pensadores e algumas doutrinas marcantes: A Teoria da Evolução das Espécies. . Raimundo Correia. creio que medo. não. uma atitude racional diante da vida. com Machado de Assis que escreve Memórias Póstumas de Brás Cubas. Há uma nova filosofia de vida. Alberto de Oliveira. muita preguiça e alguma devoção . Apenas "era bonita". uma nova maneira de ver o mundo. cheia de uns ímpetos misteriosos. impessoalidade. e por Júlio Ribeiro em A Carne. No Brasil. O Cortiço. moderação "Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza entre as mocinhas do tempo. o romance naturalista passa a ser cultivado por Aluísio de Azevedo nas obras: O Mulato. enfim. 4) Contemporaneidade A tendência à verossimilhança leva os escritores a ambientarem suas obras no momento presente e em lugares próximos. a "virtuosa" Dona Plácida se corrompe por cinco contos de réis.emocionalmente. Os resultados são análise psicológica e tipificação social. que a linda Sofia não quis fitar. as grandes cidades onde viviam. descreve de maneira impessoal. 5) Pessimismo Ao contrário dos romances românticos. Com a sabedoria dos defuntos. Viveu numa época em que o Brasil estava sob o regime monárquico escravocrata. então. As estórias de amor nunca se resolvem de modo feliz. o imperador de nosso país." 6) A preocupação estética O estilo passa a ser objeto de extremo cuidado." (Machado de Assis . 2) Racionalismo Reflexo do racionalismo ideológico e científico da época. Não casou. descendente de família humilde. eis o projeto do autor realista. Nascido no RJ. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba. A todo instante a sugestão da mesquinhez humana: o escravo Prudêncio. com seus heróis. ambos morreram e aqui está tudo comigo. como lhe pedia Rubião. . o mais profundo e o mais universal de nossos escritores. Pedro II era. a presença da análise psicológica.Quincas Borba) 3) Verossimilhança A literatura deve refletir os mecanismos da vida. uma vez liberto. A maneira de dizer as coisas adquire importância e transcende. pensa ele. significa a possibilidade de uma investigação objetiva dos indivíduos. foi um autodidata. pairando sobre tudo. está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens". Observe-se também a mistura de caracteres físicos e psíquicos.. como tais. D. São seres comuns. Romance Realista 1) Machado de Assis: É o nosso mais bem-sucedido. heroínas. a indiferença dos astros: "O Cruzeiro. "Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas. As personagens nada têm da idealização anterior. apenas me daria uma esperança colateral. Brás Cubas se regozija com a morte de Lobo Neves.. Brás Cubas conclui: "Não tive filhos. mas observa de modo distante. com minúcias às vezes até excessivas. A busca da perfeição formal leva os autores a um exaustivo trabalho de depuração da linguagem. presentes no cotidiano. finais felizes e sentimentos nobres. de modo que o que parecia uma desgraça. Por esse monarca ser grande apreciador da arte literária e por conhecer o valor intelectual do escritor. a prosa realista na expressão muito feliz de Alfredo Bosi é "uma grande mancha pardacenta". E. não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. movidos pela satisfação nada espiritual de seus prazeres e suas necessidades imediatas. ou virtuoso. e como agentes de grupos da sociedade. compra um escravo e passa a espancá-lo. Os cenários são descritos com fidelidade. Memorial de Aires (1908) . outra realistas. Suspiros Poéticos e Saudades-livro de poesias. páginas recolhidas.contos. Histórias sem data.Os processos de independência do Brasil e dos Estados Unidos geram lutas civis entre liberais e conservadores. várias histórias. pela profunda análise dos sentimentos.o absolutismo monárquico dá lugar ao liberalismo. A poesia machadiana será abordada mais tarde. pela extraordinária capacidade em caracterizar as personagens. ironia ( o chamado "sense of humor". A publicação do poema Camões. Dom Casmurro (1900). um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (1897).poesias. Com a industrialização. análise dos valores sociais (os valores que a sociedade cria para justificar sua própria existência). com a publicação da Revista Panorama. Helena (1876).antes restrito aos salões da aristocracia. . em 1825. Machado de Assis.contos. Ocidentais . Relíquias de casa velha . posição que ocupou até sua morte (1908). O Romantismo surge. Crisálidas. logo após a independência política. Primeira Fase: crença nos valores da época. Nessa revista aparecem textos literários de Alexandre Herculano e dramas de Almeida Garrett. o movimento romântico inicia-se em 1836 com a publicação.formam-se grandes massas urbanas. amplia-se e diversificase. que se consolida a partir de 1836. Iaiá Garcia (1878) .poesia.numa tentativa de conciliar as novas forças.O mercado literário. A mão e a luva (1874). de Almeida Garrett. Um dos seus diretoresGonçalves de Magalhães-lança. Características 1. é considerada o marco inicial do Romantismo em Portugal. que passa a ser grande apreciadora dessa arte literária. ROMANTISMO Com a Revolução Industrial e a conseqüente alteração do modo de produção. no mesmo ano.como a Revolução Francesa (1789). Segunda Fase: análise psicológica (os seres vistos em sua complexidade psíquica). Politicamente. Quincas Borba (1892). pelo estilo sóbrio e conciso.a sociedade distingui-se em duas classes distintas:a burguesia capitalista e o proletariado. Papéias avulsos.romances. pessimismo (descrença nos indivíduos e na organização social). inspirado nos ingleses Sterne e Swift). pela lingagem adequada a cada gênero literário. no Parnasianismo. atendendo aos interesses da nova classe dominante: a burguesia. refinamento da linguagem narrativa. Contos fluminenses e Histórias da meia-noite . no Brasil. Torna-se um grande e renomado romancista: pela originalidade e agudeza na concepção da vida. da revista brasiliense Niterói. Ufanismo e Culto da Natureza: Esse deslumbramento diante da Pátria inspira a primeira geração romântica e dá origem a uma importante característica do movimento: a divulgação promocional do Brasil. o êxtase diante da paisagem nacional. em Paris. o que explica o intenso nacionalismo ufanista. Esaú e Jacó (1904). Falenas e Americanas . esquematismo psicológico.romances. No Brasil.através de movimentos que refletem a ascensão da burguesia.Machado de Assis consegue uma privilegiada posição social. Obras: Ressurreição (1872). foi alamado seu primeiro presidente. estrutura de folhetim. Obras: Memórias Póstumas de Brás cubas (1881). A prosa machadiana tem duas fases distintas: uma com influências românticas. Às campinas em flor. a paisagem bucólica era utilizada como cenário para os amores do poeta. o indianismo no Brasil é fruto do sentimento de fervor patriótico. porque valorizar o homem brasileiro implica a valorização da Pátria. Por isso não é suficientemente claro dizer que os escritores ." (Gonçalves Dias) Ou ainda: "Verdes mares bravios de minha terra natal. Todos nós. mais ou menos. o brasileiro autêntico. quando a turba está quieta.. Assim.. por sua vez estimulado pela proclamação da independência. Nossa vida mais amores. no Arcadismo. Névoas da tarde que cobris o monte. Deus fala.. tornando-se reflexo de seu mundo interior. com a freqüência de palavras de origem tupiguarani. "Oh! céu da minha terra ."Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá.. bem como a insistência nas comparações com elementos da Terra: "Os cabelos de Iracema eram mais negros que a asa da graúna. provém a busca da linguagem brasileira.azul sem mancha Oh! sol de fogo que me queima a fronte. Nuvens douradas que correis no ocaso." (Casimiro de Abreu) "Amigo! O campo é o ninho do poeta." ou "Nosso céu tem mais estrelas... a natureza compartilha compartilha o sofrimento do poeta. O Sertanejo). A natureza passa a ser uma extensão do eu do poeta. somos sentimentais." (Castro Alves) 2) Sentimentalismo: Todos os poetas são sentimentais. presentes na prosa de Alencar. No Romantismo. (José de Alencar) "As luzes matutinas Sorrindo entre neblinas A várzea como é linda !" (Fagundes Varela) Esse entusiasmo nativista leva Alencar e Gonçalves Dias à idealização do índio. Igualmente daí. mostrando-se triste ou alegre como ele. Nossas várzeas têm mais flores. e de todo indivíduo identificado com a Terra (O Gaúcho.. é importante lembrar que. indiferente às emoções que ele sentia. porém. Nossos bosques têm mais vida." (José de Alencar) Além disso.. dependendo de seu estado de espírito. mas permanecia impassível.onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba. Isso se explica exatamente pelo fato de que é mais fácil construir um mundo de sonho quando se foge da realidade . "Desponta a estrela d'alva. D'amargo pranto banhados. na caracterização das personagens e na própria narração. agradável e alegre semblante. Soluça o arroio.de compaixão. Pulam no mato alígeros cantores. a descrição da "Moreninha": "Figure-se a mais bonita criança do mundo.. os pontos de exclamação. ao céu risonho. porque os parnasianos. pela paixão levada às últimas conseqüências. os modernistas também o foram. na obra romântica. não de saudade. e far-se-á uma idéia ainda incompleta dessa menina. com cabelos negros e anelados voando em derredor do seu pescoço. Lânguidas queixas murmurando corre. o artista se refugia em seu mundo particular. Ao flóreo bafo que o sertão perfuma! Porém minh'alma. a espuma: . Em conflito com a sociedade. o exagero. Tudo é luz e esplendor. o irreal. Muitos romances românticos (Iracema. com o sorrir dos anjos nos lábios. o exagero vocabular. Nem de amor. os simbolistas. com o fogo do céu nos olhos. O Guarani. A diferença está em que. criando um modo inverossímil.e então confio que te comovas. pelo aspecto candente dos sentimentos. com um vivo. Essa fantasia leva os poetas e os romancistas românticos ao passado e a lugares distantes. estão na verdade fugindo do mundo real. Repete olhando o prado. Que chores. a noite morre. Esse predomínio absoluto da imaginação se percebe na descrição do cenário. O mundo objetivo é apenas pretexto. Veja-se. Que a minha dor te apiade. com a graça divina em toda ela. diz a rola amores Nas verdes balsas donde o orvalho escorre. triste e sem um sonho. tudo se esfuma Às carícias da aurora.românticos foram sentimentais.. "Lerás porém algum dia Meus versos. manifestando-se pela dramaticidade das situações emocionais.Oh! mundo encantador. d'alma arrancados. as interjeições. Volúvel tribo a solidão percorre Das borboletas de brilhantes cores. E doce a brisa no arraial das flores. o rio. o sentimentalismo é exacerbado. A introspecção é conseqüência da inadaptação do poeta ao meio. tu é medonho !" (Fagundes Varela) 4) Predomínio da Imaginação: Quando os poetas românticos se entregam à fantasia." (Gonçalves Dias) 3) Subjetivismo: É entre os românticos que o EU do artista se transforma no centro às vezes absoluto da obra literária. Ubirajara). a propósito." (Joaquim Manuel de Macedo) Nesse trecho percebe-se a idealização. Com sangue escritos. onde se movem seres irreais. o meio de projetar aquilo que importa: a intimidade do poeta com o permanente desencanto. se ambientam em lugares exóticos (a selva tropical) e se situam no passado. .. Sua tez alva e pura como um floco de algodão tingia-se nas faces de uns longes cor-derosa. gostar dos campos. A virgindade romântica. Isso é amor. ao belo... do amor é sempre espiritual. prosaica e . murmúrios solitários !" (Gonçalves Dias) Ou então: "Amar é não saber.. Vejamos a Cecília. que se descobre para a vida e vai conhecer um sentimento novo.. D'Altas virtudes. flores... opressora. 5) Tendência à espiritualidade: A atitude romântica diante da vida e.. ansiosas por beijos de amor. de Alencar: "Os grandes olhos azuis... sem ousar dizer que amamos.. principalmente. se caracteriza a atmosfera de pureza e sublimação em que se conduz o idílio.. A natureza e Deus. sentidos. em Porto Alegre. temendo roçar os seus vestidos.. poderemos construir o cenário idílico ao sabor de nossa imaginação.cotidiana. No momento de construir sua fabulação.. morrer no colo de linhas suaves e delicadas. sem poder fitar seus olhos. Mas.... a quem se adora. que iam desmaiando. Amá-la. transcende à virgindade meramente física... na verdade. Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor de gardênia dos nossos campos. Mesmo depois de autorizado pelo sacramento e pelos votos matrimoniais.... Compreender sem lhe ouvir.. se recuarmos 2 ou 3 séculos. é ter costantemente Alma. seus pensamentos Segui-la. sem que se veja. Imagine-se um escritor romântico em nossos dias.. D'aves.. . na figura do herói.... é claro... não ter coragem. orvalhada pelo sereno da noite. meio cerrados. As heroínas românticas não são mulheres sensuais.. a imensidade... de águas poluídas e margens contaminadas pela civilização... coração-abertos Ao grande.. Por isso os idílios românticos se transformam em namoros bem-comportados e em casamentos inevitáveis... Para dizer do amor que em nós sentimos. E. absolutamente sublimado.. Sentir.... obviamente.. é único e imorredouro.. ele verá que o presente não serve. ser capaz de crimes ! Compreender o infinito.. o nosso Guaíba.. Arder por afogá-la em mil abraços... "Amor é vida." Essa tendência de espiritualizar as relações amorosas se explica em virtude do severo código de valores morais que vigorava na época.. mais difícil de se transformar naquilo que o poeta deseja...... o amor segue respeitoso e sublimado: . Esse amor romântico.. às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz. e abaixavam de novo as pálpebras rosadas.. é ser capaz d'extremos... e desse amor se morre !" (Gonçalves Dias) Na própria descrição da heroína... O rio de águas cristalinas onde a heroína romântica se banha não pode ser. A virgem romântica é a menina-moça que nunca amou.. o hálito doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso....... em que se sentiam protegidos pela figura da mãe ou da irmã. buscam formas de fugir dela. postura de frustração e imobilismo em face da realidade. Era pálido. Surge então o poema sem número predeterminado de versos. através de evasões: # no tempo: voltando em pensamento à época de sua infância. mas nunca seu metal emendo. já se desfolham como as pétalas da flor do outono. muitos autores românticos mergulham no chamado "mal do século". Quebrou-a. Descontentes com a época em que vivem. "Oh. que vai terminar quando cessa a inspiração." (Senhora .era um devasso.. O que importa agora são os impulsos individuais. marcado por símbolos ou mitos. as emoções. deixando entrever as castas primícias do santo amor conjugal. é fogo quem anima De uma estância o calor: quando formei-a Se a estátua não saiu como pretendo.. que saudades que eu tenho Da aurora da minha vida Da minha infância querida Que oa anos não trazem mais !" (Casimiro de Abreu) # no sonho: buscando refúgio para suas tristezas num mundo irreal.. sim. Esgotara com lábio fervoroso Como vós e como eu a taça escura. os sentimentos.Mas não d'estudo: No mais. "Oh! Nos meus sonhos. porventura."A formosa moça trocara seu vestuário de noiva por esse outro que bem se podia chamar de traje de esposa. talvez. fruto da inadaptação ao meio e a exacerbação da interioridade do poeta.. pois os suaves emblemas da pureza imaculada.." (Álvares de Azevedo) Esse desejo de liberdade. "Frouxo o verso.. se era formoso. Ao certo não o sei. a ausência freqüente de rima. meu leitor.. pelas noites minhas Passam tantas visões sobre meu peito ! . pálida a rima Por estes meus delírios cambeteia. vamos encontrar uma ânsia de libertação em relação aos modelos rígidos a que sempre esteve sujeita a arte clássica. a estrofação mais livre. de que a virgem se reveste quando caminha para o altar. Em mesa impura Como vós.. Porém odeio o pó que deixa a lima Quanto a mim .José de Alencar) 6) Ânsia de Liberdade: Quando nos voltamos para a estética romântica. provoca também a ruptura ocasional em relação aos valores sociais vigentes: "Meu herói é um moço preguiçoso Que viveu e bebia. e disse tudo !" (Álvares de Azevedo) 7) Evasão ou escapismo: Desiludidos com seu próprio tempo e insatisfeitos com a realidade que os cerca. E o nosso romance começava sob a dimensão do Romantismo. Obras principais: Romances Urbanos: Cinco Minutos (1856). Vingança por Vingança (teatro).Calor de febre meu semblante cobre. apego aos preconceitos burgueses. 2) José Martiniano de Alencar: Natural do Ceará. Pelo título de suas obras. a qual não praticaria seduzido pela carreira literária. A Namoradeira. A guerra dos mascates (1873). eu quero-te comigo. Til (1872). personagens e situações convencionais. Iracema (1865). mostrando-se como a única possibilidade de escapar do sofrimento a que o ser humano se expõe a cada dia. Autores e Obras 1) Joaquim Manuel de Macedo: Nascido no RJ. Namoros bem-comportados. A idéia de suicídio aparece com intensidade. o Brasil. é morte. As minas de prata (1862). Bate meu coração com tanto fogo !" (Álvares de Azevedo) # na morte: que é vista como solução para as tristezas e a insatisfação. até que. em sua totalidade geográfica. Vicentina. Alfarrábios (1873). A Viuvinha (1857). Encarnação (1877). A Luneta Mágica. feitas por escritores de segunda categoria. presença de termos indígenas. mais do que uma simples cópia de narrativas européias. Obras Principais: A Moreninha (1844) e O Moço Loiro (1945). Rosa. O Primo da Califórnia. Leva-me ao nada. leva-me contigo. Os Romances da Semana. Cobé. Cincinato Quebralouça.Um Noivo e Duas Noivas (romances). em seus romances. O tronco do ipê (1871). O sucesso do folhetim europeu em jornais brasileiros possibilitou o surgimento de vulgares adaptações. O Cego. Lusbela. As Vítimas Algozes. A Nebulosa (poema-prosa). Senhora (1875). Ubirajara (1874). O Forasteiro. formou-se em Medicina. A pata da gazela (1870). sai à luz o romance "A Moreninha". Amiga morte. onde nasceu em 1829." (Junqueira Freire) Prosa Romântica Quase todo romance romântico assume a estrutura de folhetim. uma vez que o artista deveria submeter-se às exigências do público burguês e dos diretores dos jornais. Por isso. é morte. Outras: Os Dois Amores. percebe-se a efusão nacionalista que o leva a abranger. O sertanejo (1875). . adjetivação rica e sonora. em 1844. Romances Regionalistas: O gaúcho (1870). eu amo-te e não temo. Características do autor: Preferência pelo passado e pela natureza. "Por isso ." (Junqueira Freire) "Pensamento gentil de paz eterna. de Joaquim Manuel de Macedo. Diva (1864). Características do autor: Romance de costumes burgueses. Surgia o romance brasileiro (em certos aspectos). Lucíola (1862). comparações com a natureza brasileira. vem. Sonhos d'ouro (1872). prosa rítmica. Linguagem exuberante. Romances Históricos e Indianistas: O guarani (1857). O Fantasma Branco. cidade e interior. Leva-me à região da paz horrenda. As mulheres de Mantilha. o qual não concluiu por ter se dedicado exaustivamente ao jornalismo. pois era filho de português e cafusa. Outras: Cantos de Solidão (1852). Estes momentos coincidem com a formação de três gerações. mas foi a São Paulo para estudar direito. freqüentou o curso de Medicina. A cor local surge sem os desvios do exotismo ou do estilo. a religiosidade. embora todas tragam em si o caráter romântico. O Matuto (1878). Obra: Memórias de um Sargento de Milícias Poesia Romântica Podemos delimitar três momentos dentro da poesia romântica nacional que apresentam temas e visões de mundo distintos entre si. No Declínio. é usado como motivo de orgulho e patriotismo. Gonçalves Dias transmite em sua obra a marca da origem.NACIONALISTA É composta por Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias. Autores e Obras 1) Domingos José Gonçalves de Magalhães: Introdutor do Romantismo na poesia. Características do autor. 6) Manuel Antônio de Almeida: Nasceu no RJ.Introdutor do regionalismo e do sertanismo na literatura brasileira. a natureza. 5) Visconde de Taunay: Nasceu no RJ e cursou a Escola Militar. Folhas de Outono (1852). Obras: A retirada da Laguna (1871). Poesias (1865). O Cabeleira é a mais conhecida. Principais Temas: o índio. A Garganta do Inferno (1871). A Voz do Pajé (teatro). E cada uma dessas gerações assume uma perspectiva própria. Lourenço (1881). Foi também poeta ultraromântico. Ausência da idealização romântica. teatro (em verso): Antônio José ou O Poeta e a Inquisição (1839). O Bandido do Rio das Mortes (1904) (romances). Essa geração é marcada intensamente pela busca de uma identidade nacional. Participou da Guerra do Paraguai. Lágrimas do coração. Principais Obras: novela: Amância (1844). Rosaura. Principais Obras: O seminarista (1872) e A escrava Isaura (1875). O ermitão de Muquém (1869). Características: o regionalismo mais do que o assunto é polêmica." 2) Antônio Gonçalves Dias: Descendente de três raças. o amor impossível. a Enjeitada (1883). O Garimpeiro (1872). A mais importante é Inocência (1872). O cenário tropical. Foi colega de Álvares de Azevedo. poesia lírica: Suspiros Poéticos e Saudades (1836). a saudade da pátria. 4) Franklin Távora: Nasceu no Ceará. em 1836. O Índio Afonso (1873). Responsável .3) Bernardo Guimarães: Nasceu em Ouro Preto. Características do autor: Focalização dos costumes populares e folclore carioca no tempo do Rei. com a obra Suspiros Poéticos e Saudades. PRIMEIRA GERAÇÃO . formou-se em Direito em Pernambuco e mudou-se para São Paulo. Manuscrito de uma Mulher. emprego de termos e expressões típicas e regionais. observações realisatas dentro de um arcabouço de folhetim. Novas Poesias (1876) (poesia). poesia épica: A Confederação dos Tamoios (1856). Céus e terras do Brasil e outras. Obras: O Cabeleira (1876). estilo pitoresco. retratado em toda a sua exuberância. seus modelos poéticos são Lamartine e Chateaubriand. Visão objetiva e bem-humorada da sociedade carioca da época. Características do autor: meticulosidade em observar o cenário sertanejo. CONDOREIRA Também chamada liberal. A cachoeira de Paulo Afonso (1876). Macário (teatro . o tédio. social ou hugoana. Anchieta ou o Evangelho nas Selvas (1875-poesia religiosa). morte. Vozes da América (1864). tem profundo sentimento religioso. Seus principais temas são a defesa de causas humanitárias. Os Timbiras (obra incompleta devido a um naufrágio). a orgia. Cântico do Calvário (lamenta a morte do filho).1886).1855). Retrata a inadaptação de um jovem na vida monástica e a presença contínua da morte. 4) Junqueira Freire: A poesia é totalmente autobiográfica. Principais obras: Espumas Flutuantes (1870). Obras: Inspirações do Claustro e Contadições Poéticas TERCEIRA GERAÇÃO . a infância. Principais obras: Lira dos vintes anos (poemas 1853). Sextilhas de Frei Antão (1848). melancolia e afetividade. Cantos e Fantasias. dando ao Romantismo um sentido social e revolucionário que o aproxima do Realismo. É muito versátil com relação aos temas. Obras Principais: Primeiros cantos (1846). Noite na taverna (contos . medo). foi o que melhor conseguiu equilibrar os temas exóticos e sentimentais com uma linguagem de linguagem de relativa simplicidade. 1) Álvares de Azevedo: Suas obras trazem a marca da adolescência .1855). tédio (humor. Bastante presente em sua obra é o sofrimento pela perda do filho. a saudade da pátria.1875) Castro Alves é o caso típico do intelectual convertido em homem de ação. Principais temas: o amor. Castro Alves é cantor da liberdade e do futuro. substitui as conotações dolorosas que aquele dera à adolescência por uma visão graciosa e deslumbrada a respeito da juventude. Castro Alves: Supera o extremado individualismo dos poetas anteriores. a denúncia da escravidão e o amor erótico. Fazem parte dessa geração os poetas Álvares de Azevedo. O poeta baiano estava consciente de sua situação de letrado e do papel que o . Junqueira Freire e Fagundes Varela. o conde Lopo (poema . a morte. o sofrimento. Entre os românticos. seus modelos poéticos são Byron e Mussett. Tem como modelo poético o escritor Vitor Hugo. dúvida). Casimiro de Abreu. Temas: amor (orgia. SEGUNDA GERAÇÃO .mas de uma adolescência tão dilacerada e tão conflituosa que termina por representar a experiência mais dramática de nosso Romantismo. Os escravos (1883).pela consolidação do Romantismo. evasão). a tristeza da vida. Gonzaga (drama . 2) Casimiro de Abreu: Subjetivista como Álvares de Azevedo. Ultra-Romântica ou "Mal-do-século". a natureza. a saudade da pátria. o amor. O Estandarte Auriverde (ardor nacionalista). Últimos cantos (1851). 3) Fagundes Varela: Embora tivesse talento. o medo do amor. Ingenuidade (no tratamento dos temas). Principais temas: a dúvida. Principais obras: Noturna (1861). Cantos do Ermo e da Cidade (culto da natureza. simplicidade (no vocabulário). Principais assuntos: o índio. sempre lhe faltou originalidade. a saudade da infância. Seu principal representante é o poeta Castro Alves. fugindo tanto da ênfase declamatória como da vulgaridade. Segundos cantos (1848). descreve a natureza e o mundo sertanejo.INDIVIDUALISTA Também chamada Subjetivista. as companhias vinham de Portugal. Mãe (1862). 3) Gonçalves Dias: Patkull (1843). SIMBOLISMO Em oposição ao Parnasianismo. A família e a festa na roça (1842). Verso e Reverso (1857). Embora muitos românticos tenham escrito para o teatro. que se constitui num grito de revolta contra a razão anônima. Caberia a Martins Pena a elaboração de um conjunto de peças capazes de refletir aspectos da realidade nacional. Esse fato levou os homens de letras do século XIX a explorar o tema do .letrado pode assumir dentro da sociedade. Mesmo depois da Independência de 1822. análise cômica dos costumes rurais e urbanos. Assim. 4) Castro Alves: Gonzaga ou a Revolução de Minas (1876). contra a impessoalidade. 5) Álvares de Azevedo: Macário (1855). José de Alencar (O Demônio Familiar). Contexto Histórico Entre os séculos XIX e XX. ao contrário do que aconteceu no romance e mesmo na poesia. Os textos procediam em sua quase totalidade da Europa. a metrópole ainda continuava a exercer a sua ação colonialista. Os dois ou o inglês maquinista (1871). Compreendeu o significado da Educação num país constituído por analfabetos. Obras principais: O juiz de paz na roça (1842). em que uma nova tendência se manifesta: o SimbolismoEste é um movimento essencialmente poético. Gonçalves Dias (Leonor de Mendonça). O noviço (1853). não chegaram a problematizar verdadeiramente a questão de uma dramaturgia brasileira. o Simbolismo se aproxima do Romantismo pela reafirmação do indivíduo. O caixeiro da taverna (1847). Beatriz Cenci (1843). ausência de idealização. respirava-se uma atmosfera dissociada da realidade local. A primeira tentativa de autonomia deu-se com a Regência. forma-se uma nova corrente literária. 1) Martins Pena: Características do autor e da obra: linguagem coloquial. Leonor de Mendonça (1847). inicia verdadeiramente o teatro brasileiro. 2) José de Alencar: O Demônio Familiar (1857). Castro Alves (Gonzaga) e outros criaram obras esparsas e inspiradas em modelos europeus. O Jesuíta (1857). mas só com a Proclamação da República que o Brasil se separou definitivamente de Portugal. os simbolistas conviveram num período em que o Brasil procurava conquistar sua maturidade mental e sua autonomia. Quem casa quer casa (1847). O judas em sábado de aleluia (1846). humor popular (preferência pelas comédias). contra a concepção mecanista do mundo veiculada pelo Naturalismo. Teatro Romântico O teatro brasileiro do século XIX está comprometido com a dependência cultural de nossas elites. As asas de um anjo (1860). Cruz Sousa foi um especialista na utilização de imagens ousadas com efeito de sugestão.. a morte de dois filhos. marfim. onde se localizavam as vivências quase sempre de ordem sentimental. não conseguiu profissão certa. estudou Direito em São Paulo e. sempre envolvida por uma auréola mística de pureza e virgindade. Todo o sofrimento de Cruz e Sousa impregna a sua poesia e transmite ao leitor a aflição de quem se debate na solidão e no silêncio.. Esse fato explica o caráter ilógico ou o clima de delírio de grande parte dos poemas: "Cristais diluídos de clarões álcares..Fulvas vitórias.O início do movimento brasileiro é marcado por conflitos no sul do país (1893-1895): a Revolução Federalista e a Revolta Armada.Os mais estranhos estremecimentos. Viveu quase na miséria. triunfamentos acres. Musicalidade: Na tentativa de sugerir infinitas sensações aos leitores. sangrenta. tudo co repúdio à linguagem poética usual. Trata-se de reiventar a linguagem.. Trata-se de poesia com musicalidade em si mesma. desejo de ultrapassar as limitações que a sociedade lhe impõe por causa de sua cor. A verdadeira poesia consiste em não-dizer.Teve a vida marcada por uma sucessão de tragédias. lírio.. como no poema a seguir:"Cróton selvagem. Defesa dos miseráveis.nacionalismo.. através do manejo especial de ritmos da linguagem. Alphonsus de Guimarães se caracteriza por uma . exerceu a função de juíz em Mariana. carregada de lugares comuns. Obcessão pela cor branca. evocada em imagens delicadas. Os simbolistas descem até os limites do subconsiente. repetição intencional de certos fonemas.Obras:Setenário das dores de Nossa Senhora(1899) Dona Mistíca(1899) Câmara ardente(1899) Kyriale(1902) Pastoral aoa Crentes do Amor e de Morte(1902)A morte da mulher amada é o centro da temática amorosa do poeta. luminoso. claro. dos negros e dos humilhados.. tinhorão lascivo. voltando para Minas Gerais.. Acentua-se o caráter obscuro de certas palavras e o emotivo de outras. os simbolistas aproximaram a poesia da música. Vitíma de preconceitos raciais. a miséria e a tuberculose. através do uso freqüente do adjetivos como: alvo. sugerir. alentos. entre outros. São criadas novas imagens.e de substantivos como neve. de tua carne báquida rebentaA vermelha explosão de um sangue vivo.. contando apenas com pequenos empregos. onde morreu praticamente na obscuridade. em insinuar. Alphonsus de Guimarães: Nasceu em Ouro Preto. Características do Autor: Protesto contra a condição do negro. metáforas e símbolos. vibrações. Sia Constança aparece sempre sublimada. ânsias.Obras: Broquéis(1893) Missal(1893) Faróis(1900) Últimos sonetos(1905). névoa. planta mortal. clichês e frases-feitas que se repetiam de geração em geração. pois era filho de antigos escravos. Características Subjetivismo: Os simbolistas retomam a subjetividade romântica com outro sentido. carnívora." (Cruz e Souza) Sugestão: Abandona-se o descritivismo parnasiano em busca de uma revitalização do gênero lírico. como a loucura da esposa. em versos às vezes românticos. enquanto os românticos desvendavam apenas a primeira camada da vida interior.Desejos. Poetas do Simbolismo Cruz e Sousa: Muito cedo publicou Tropos e Fantasias com a colaboração de Virgílio Várzea. esquisitas combinações de rimas. Obras: Flâmulas Na Terra Virgem Coroa de Sonhos Poesias. . em l892 e morreu no Rio de Janeiro em 1928. declamado por todo Rio Grande. Alceu Wamosy (l895 -l923): Jornalista de profissão. ensaista. contista. A mensagem cristã polariza o poeta e o conduz a uma atitude de adoração. contista. morreu em consequência de um ferimento no combate de Ponche Verde. Nossa Senhora mereceu-lhe versos devotos. Celebrizou-se o Soneto Duas Almas. que mostra no geral características simbolistas: Obscuridade. na Revolução de l923. vaguidade. Foi cronista. foi amigo de Dionélio Machado. Foi cronista. intimismo e uma nítida tendência decadentista.Eduardo GuimarãesNasceu em Porto Alegre. vaguidade. em que lutou ao lado dos governistas. Eduardo Guimarães: Nasceu em Porto Alegre. em l892 e morreu no Rio de Janeiro em 1928. intimismo e uma nítida tendência decadentista. É considerado o maior simbolista do Rio Grande do Sul. que mostra no geral características simbolistas: Obscuridade. mas permanece sobretudo como poeta.religiosidade profunda. Sua obra foi publicada no volume intitulado A Divina Quimera. Sua obra foi publicada no volume intitulado A Divina Quimera. ensaista. mas permanece sobretudo como poeta.
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