UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - UCSFUNDAMENTOS DE ECONOMIA 2013/4 Professor: Ms. Romário de Souza Gollo O JOVEM RAPAZ E A ESTRELA-DO-MAR Um homem sábio fazia um passeio pela praia, ao alvorecer. Ao longe, avistou um jovem rapaz que parecia dançar ao longo das ondas. Ao se aproximar, percebeu que o jovem pegava estrelas-do-mar da areia e as atirava suavemente de volta à água. Então o homem sábio lhe perguntou: “O que você está fazendo?”. “O sol está subindo e a maré está baixando; se eu não as devolver ao mar, irão morrer”. “Mas meu caro jovem, há quilômetros e quilômetros de praias cobertas de estrelas-domar . Você não vai conseguir fazer diferença”. O jovem se curvou, pegou mais uma estrela-do-mar e atirou-a carinhosamente de volta ao oceano, além da arrebatação das ondas. E retrucou: “Fiz a diferença para essa aí”. A atitude daquele jovem representa alguma coisa de especial que existe em nós. Todos fomos dotados da capacidade de fazer diferença. Cada um de nós pode moldar o próprio futuro. Cada um de nós tem o poder de ajudar nossas “organizações” a atingirem seus objetivos. (História inspirada em Loren Eiseley) 1 AO DISCENTE Embora os problemas econômicos sejam universais, cerca de 90% da população do mundo estiveram relativamente resguardados dos distantes acontecimentos de mais de 95% da história humana. Esse isolamento, contudo, não é mais possível, nem deveria ser desejável. Uma revolução relativamente silenciosa vem se arrastando pelo mundo – a globalização da atividade econômica. O preço dos alimentos que comemos os meios de transportes que usamos e a ocupação que desempenhamos está entre as numerosas atividades que talvez sejam poderosamente afetadas por acontecimentos na maior parte do mundo. O problema econômico básico é que todos gostariam de gastar bem mais do que podem. Mensalidades escolares e livros provavelmente absorvem muito da renda que você gostaria de gastar em roupas, carros e entretenimento. Você provavelmente também gostaria de ter mais tempo para estudar, ter uma vida social mais gratificante ou dormir mais. Seu orçamento e tempo limitados requerem decisões de como você irá gastar seu dinheiro e suas horas. De modo similar, todas as sociedades devem escolher dentre alternativas. Como o indivíduo e a sociedade escolhem e os efeitos de suas escolhas são os pontos essenciais da economia. A economia pode ser tão fascinante como nada do que você jamais estudou e, se você for aplicado, isso parecerá natural e lógico . O entendimento da Economia capacita-o a avaliar sistematicamente assuntos que variam das políticas governamentais até sua vida profissional e pessoal. O modo de pensar a partir de uma perspectiva econômica pode fornecer a você vantagens que a maioria das pessoas não tem. Como Estudar Economia Estudos superficiais às vésperas de exames provavelmente não serão bemsucedidos em um curso de economia. Não desanimar é crucial. A maioria das pessoas aprende mais efetivamente se os conceitos forem expostos de várias maneiras em um período de tempo. Você vai aprender mais sobre Economia e reterá melhor se você ler, assistir, ouvir, comunicar, e então aplicar os fundamentos econômicos. O que nós iremos estudar é muito mais do que alguns fatos e generalizações volúveis; o entendimento de economia requer reflexão. Essa é a estratégia que os alunos consideram útil para ajudar no estudo de economia; muitos estudantes também adaptaram essas técnicas para outras aulas. Ralph T. Byrns e Gerald W.Stone Jr. A economia é composta de conceitos que poderão parecer um mistério, mas você deve acostumar-se tanto a ouvir quanto a usar termos como custos, lucros, preços, oferta, demanda, competitividade, e produtividade, por toda a sua vida. Portanto, economia fará parte de sua vida para sempre, quer queira ou não. Para Refletir... “ Se Você acha que o conhecimento custa caro, experimente a ignorância”. 2 1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA 1.1 Princípios de economia O termo Economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos ( normas). Na Grécia antiga, Economia significava a arte de bem administrar o lar, levando-se em conta a renda familiar e os gastos efetuados, durante um período de tempo. Em seu tratado, Ho oikonomikos, Xenofonte ( 431 – 355 a .C.), ensinou as regras básicas para a administração de uma casa, para a caça, a pesca, a agricultura e o manejo dos escravos. As primeiras teorizações econômicas surgiram com Aristóteles (384 – 322 a. C), quando se referiu ao valor de uso e ao valor de troca de um bem. Quando utilizamos a palavra economia, a maioria das pessoas pensa imediatamente em duas posições distintas: não gastar, relacionando a economizar, e ganhar dinheiro. Vejam que economizar não significa, necessariamente, não gastar, mas não gastar pode ser um dos componentes necessários no ato de economizar. Por outro lado, ganhar dinheiro é efeito e não causa. Você ganha dinheiro porque aplicou algum recurso como a sua mão-deobra ou os seus recursos financeiros, de forma adequada. Logo, na próxima vez que você disser a si mesmo ou a sua família “vamos economizar” esclareça que isto, necessariamente, não significa somente não gastar, mas gastar bem ou adequadamente. Esta é a base do conceito de economia e, como veremos mais adiante, tem uma relação direta com eficiência na aplicação dos seus recursos. A Economia, enquanto ciência que trata das relações do ser humano com um mundo dotado de recursos escassos apresenta-se de forma extremamente simples: todos nós participamos do sistema econômico do país, consumindo hoje produtos básicos ou poupando parte de nossos rendimentos para consumo futuro. Aprende-se a economizar nas coisas – bens e serviços – que compramos; na difícil arte da sobrevivência no mundo dos negócios vencem aqueles que aprenderam a economizar certos fatores utilizados na produção, melhorando sua competitividade. 3 Se for verdade que a participação e a vivência levam ao conhecimento do funcionamento do sistema, também o é, que vezes nos defrontamos com alguns fatos econômicos cuja apreensão é mais difícil do que se imagina: o mercado de ações em baixa, o índice de preços em alta, a dificuldade em obter empréstimos bancários, a falta de certos produtos nas prateleiras dos supermercados etc. Para explicar esses fenômenos, os economistas devotam especial predileção por métodos quantitativos em que predominam equações diferenciais em modelos algébricos. Mas, de forma geral, os problemas econômicos não podem ser reduzidos a fórmulas matemáticas. Trata-se de questões relacionadas à sociedade, instituições, história, cultura, ideologia e, o que é mais importante, refere-se ao povo, conceito que compreende o conjunto das classes e grupos sociais – patrões, empregados, profissionais liberais, assalariados – empenhados na solução objetiva das tarefas do desenvolvimento, que competem a todos, sem distinção. 1.2 Definição de Economia A economia estuda a forma na qual os indivíduos e a sociedade fazem suas escolhas e decisões, para que os recursos disponíveis, sempre escassos, possam contribuir da melhor forma para satisfazer as necessidades individuais e coletivas da sociedade. “A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade”. Podemos também definir Economia como uma “ciência social que estuda a administração dos recursos escassos, que possuem usos alternativos, diante das necessidades humanas que são ilimitadas”. De forma intuitiva, pode-se dizer que a economia se preocupa com a forma que os indivíduos “economizam” seus recursos, isto é, de como empregam sua renda de forma cuidadosa e sábia, de modo a obter o maior aproveitamento possível. Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: Escolha; Escassez; Necessidades; Recursos; 4 dispêndio e a acumulação. a pobreza e o bem-estar. Como e por que se deu seu aparecimento. Trocas. uma relação mais extensa de grandes temas de que se ocupa a economia. Sua exaustão ou capacidade de renovação. 5 . Como evoluiu. Decorrências da produção: a geração de renda. Quais suas funções típicas. suas causas e conseqüências. Distribuição. Conseqüências das duas categorias básicas de variação do valor da moeda: a inflação e a deflação. Seus custos. Em que conflitos de interesses se envolvem. A riqueza. Do ponto de vista da sociedade. Fundamentos do sistema de trocas: divisão do trabalho. a economia trata de como os indivíduos alcançam o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos disponíveis. Emprego. busca por economias de escala. eles significam que a Economia é mutante e que seu principal problema é conjugar a dicotomia entre recursos escassos e necessidades humanas ilimitadas com a agravante de que os recursos podem ter usos diversos. Formas atuais e futuras de moeda. incluiria: Escassez. Produção. em seu conjunto. Como se comportam os agentes econômicos. por elementos naturais escassos ou por produtos elaborados pelo homem. No entanto. Razões objetivas e subjetivas que definem o valor. Sua conformação. ou seja. especialização. Produção e. O desemprego. A escassa disponibilidade de recursos para o processo produtivo. O emprego dos recursos. Fundamentos do valor dos recursos e dos produtos deles decorrentes. Quais suas motivações. Valor. Resumindo ao nível máximo estes conceitos. Eficiência comparativa dos sistemas de trocas em relação à auto-suficiência. Razões da variação de seu valor. A economia somente se preocupa com as necessidades que são satisfeitas por bens econômicos. Moeda. O processo produtivo como categoria básica. Agentes. A ociosidade dos que se encontram disponíveis. os juros. Preços. Abrangência: internas. Como resultado da interação de forças de ofertas e de procura. Razões para sua preservação. o lucro. os royalties. de depressão e de expansão. as depreciações. do ponto de vista institucional. para que siga o seu curso. notadamente no âmbito externo. Quais os mecanismos que dão sustentação ao processo econômico. Padrões e desdobramentos das alternativas extremadas. os aluguéis. Agregados. Tipologia e características das diferentes formas de remunerações pagas aos recursos de produção. Mercados. Meios de pagamentos envolvidos. Impactos sociais de cada uma delas. Objetivos e resultados. Crescimento. Remunerações. Tipologia e características dos mercados. Conflitos que decorrem de cada uma de suas diferentes participações na renda da sociedade como um todo. para a organização econômica da sociedade. Como e por que. externas. as funções e as imperfeições dos mercados. Causas e conseqüências de desequilíbrios. Os preços como expressão monetária de valor. Categorias básicas: reais e financeiras. apesar da amplitude dos movimentos de alta e de abaixa. A expansão da economia como um todo. Diferentes abordagens. Concorrência. Os salários. Como se estabelece o equilíbrio geral. Diferentes estruturas concorrências: da concorrência perfeita ao monopólio. A procura e a oferta: fatores determinantes. Como orientadores para o emprego de recursos. Crescimento e desenvolvimento: diferenças conceituais. Como empregá-los para aferir o desempenho da economia em sua totalidade. Antagonismo entre o capitalismo liberal e o socialismo centralista. Razões para controle de suas imperfeições. Formas alternativas. Denominação dada às grandes categorias da Contabilidade Social. de âmbito internacional. O equilíbrio. Funções da concorrência. O que significam. Matrizes ideológicas que os suportam. de âmbito nacional. Como medi-los. Como mecanismos de coordenação do processo econômico como um todo. Organização. Transações. 6 . estático e dinâmico do processo econômico. Crescimento e ciclos econômicos. Equilíbrio. a ordem se sobrepõe ao caos. Natureza de cada uma dessas formas. a despeito da complexa teia de relações econômicas e dos decorrentes conflitos de interesse que as envolvem. como Produto Interno Bruto e a Renda Nacional. porém. Conjuntos e subconjuntos de temas relacionados a cada um deles poderão ser destacados. 7 . tais como estradas. vestir-se. têm uma característica comum: são passíveis de alguma forma de mensuração. etc O mesmo ocorre individualmente com as pessoas que também tem mais necessidades do que meios para satisfazê-las. A economia se ocupa das questões relativas à satisfação das necessidades dos indivíduos e da sociedade. Proceder a análises fundamentadas em parâmetros quantificados. A sociedade (conjunto de pessoas) tem também necessidades coletivas.3 A Quantificação da Realidade Econômica Em relação às sínteses acima. Desenvolver sistemas quantitativos para diagnósticos e prognósticos. justiça. Todos. há os recursos. Estabelecer relações quantitativas entre diferentes categorias de transações. defesa. para isso. baseados em sistemas de equações simultâneas.4 O Conceito de Economia As pessoas necessitam alimentar-se. mas a renda é insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços desejados para satisfazer suas necessidades. Desenvolver modelos explicativos da realidade. Em economia é possível: Quantificar resultados.1. receber uma educação etc. Construir identidades quantificáveis. Essa característica costuma ser apontada como uma diferença marcante entre a economia e outros ramos do conhecimento social. 1.. é fundamental afirmar que cada um dos temas tem múltiplos desdobramentos. cobrindo diferentes aspectos e particularidades da vida econômica. produzir o máximo possível com os recursos disponíveis. valores e estímulos. O comportamento dos fumantes impõe externalidade negativa aos vizinhos nãofumantes.1. 1. A ciência política trata das relações entre a nação e o Estado. abrangem apenas uma fração das ciências sociais. ou alternativamente. de suas motivações. A sociologia ocupa-se das relações e da organização da sociedade. 1999). Outro exemplo é a vacinação. que. das formas de governo e da condução dos negócios públicos. A antropologia cultural volta-se para o estudo das origens e da evolução. impõe os custos da fumaça. a uma parcela expressiva da sociedade. em que todos.6 As Externalidades Econômicas Uma externalidade econômica ocorre quando os custos da atividade de um agente oneram outro. Rubinfeld. nesse caso uma fábrica. como as demais áreas. prazer de observar o jardim de flores do meu vizinho. da organização e das diferentes formas de expressão cultural do homem. E a economia. Dessa forma. por sua natureza.5 A Economia como Ciência Social As ciências sociais ocupam-se dos diferentes aspectos do comportamento humano. é uma externalidade positiva (Robert S. a geração e a apropriação da renda. os diferentes aspectos da ação do homem com os quais cada uma delas se envolve. já. rios insalubres. compete o estudo da ação econômica do homem. inclusive os não-vacinados. envolvendo essencialmente o processo de produção. muito ruído etc. A psicologia ocupa-se do comportamento do homem. costumes e valores da sociedade. 8 . as normas de regularão os direitos e as obrigações individuais e sociais. porque afeta o seu bem-estar. Ao direito cabe fixar. Podem ser também caracterizadas como ciências do comportamento. Pyndyck/Daniel L. o dispêndio e a acumulação. Compreendem áreas distintas. com a precisão ditada pelos usos. como ciências humanas. Um objetivo importante da atividade econômica é o de alcançar eficiência no uso dos recursos produtivos. ou seja. são beneficiados com um risco menor de contrair uma doença. Um exemplo é a poluição. à medida que se possam diferenciar. temos externalidades negativas (como poluição) e externalidades positivas ( como as vacinas). em que um agente. Estes procedimentos. mediante tais procedimentos? Por si só. a questão é discutível. de ruídos etc. considerando que o valor do bem não está espelhando a realidade. subsídios. Dessa forma. os danos produzidos ao meio ambiente ou à própria sociedade. dado que não foram internalizados. além dos produtores. é necessário atacar a causa desta contaminação. Mesmo que as empresas passem a internalizar tais custos. pelo exercício do direito de propriedade ou até pela introdução de novas tecnologias. estamos diante de uma ineficiência de mercado. Em alguns casos. dão mais conotação de penalidade. Com isto. criar imposto. Têm-se a impressão de que. por meio de impostos. Outra forma é estabelecer imposto maior a indústrias mais poluidoras para compensar pelo custo imposto a toda sociedade. Se não aplicadas todas essas condições punitivas. ou seja quem são e como agem os agentes poluidores. não eliminam por 9 . identificadas e atacadas as causas que originam tais anomalias de mercado e não as conseqüências delas decorrentes. uma fabrica que poluísse deveria de alguma forma compensar os prejudicados com a poluição. ao custo pago pelo agente produtor.O objetivo da legislação sob a ótica da economia seria o de fomentar o máximo de eficiência por um lado. A Água como um Bem Público e sua Característica de Externalidade. em primeiro lugar. fazer com que os custos de cada atividade onerem o produtor. Algumas leis estabelecem níveis máximos de poluição. determinadas indústrias estão circunscritas geograficamente. teremos realmente solucionado o problema de falhas de mercado? Teremos desta forma transformando um mercado ineficiente num mercado eficiente? Serão justos e corretos os preços cobrados por este bem. Não basta e não resolve somente regular. Não há como dissociar a água das falhas de mercado representadas pelos bens públicos e pelas externalidades. Seriam mais importantes que fossem. Há limites de emissão de gases. porém. do que solução ao caso. conceder incentivos etc. Se a externalidade é originária da contaminação da água. em quase todos os países do mundo. e por outro. pois quase todas as atividades produtivas afetam outros agentes. Como compensar os prejudicados com uma determinada atividade é um grande desafio para os legisladores. diante da regulamentação governamental. o problema possa ser solucionado. na essência da Lei das Águas. que resultarão em doenças. portanto. O problema econômico por excelência é a escassez. A economia só existe porque os recursos são escassos e. os recursos produtivos ou fatores de produção ( mão -deobra. que é afetada pela poluição. por conseguinte.7 O Problema Econômico O segundo componente da definição contemporânea da Economia é a administração dos recursos escassos que está ligado ao problema econômico básico: a escassez. que é o que hoje ocorre. 1.Por outro lado. Essa é a questão central do estudo da Economia Em qualquer sociedade. depois da externalidade criada. Ao persistir este critério. e sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. Esse não é um problema tecnológico. e não posteriormente. pois existe o desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que a disponibilidade. acabando por absorver e consumir bens impróprios. muito embora passem a pagar por isto. tornando-se refém desta última. as 10 . matérias-primas. mas sim efeito da falta de crescimento econômico e do baixo nível de educação que determina índices de produtividade muito baixos e.completo a poluição que produzem. A solução passa obrigatoriamente pela regulamentação e aplicação. Não se deve confundir escassez com pobreza.dentre outros) são limitados. antes de sua instalação. Aqui vale um lembrete sobre a questão pobreza. obrigando os agentes poluidores a ajustarem-se preventivamente. necessitam ser eficientemente administrado. a pobreza é uma situação de discrepância distributiva proveniente de políticas econômicas empreendidas. A escassez é um conceito relativo. já diagnosticadas pelas autoridades sanitárias em hospitais do país. já que se discute no País a implantação de um imposto específico para fazer frente a este sério problema: pobreza não é causa. A escassez é uma relação dos recursos disponíveis com os desejos. patamares salariais reduzidos. Surge porque as necessidades humanas são virtualmente ilimitadas e os recursos econômicos limitados. o problema fica para a sociedade.capital. incluindo também os bens. terra. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços.1 Os problemas econômicos fundamentais Da escassez dos recursos ou fatores de produção. Edição Saraiva. dado o nível tecnológico existente. dentro do leque de possibilidades de produção. Independentemente do grau de desenvolvimento do país. associadas às necessidades ilimitadas do homem.Makron. originam-se os chamados problemas econômicos fundamentais. > como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços. mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira com ela se transmite por herança (*)VASCOCELLOS.Ed.Atlas. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos. O quê produzir? Como produzir? Para quem produzir? > o quê produzir: dada a escassez de recursos de produção. Os produtores escolherão entre os métodos o mais eficientes. S. A. MOCHÓN Francisco. por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. das rendas da terra.e sempre se renovam.7. 1. “Você é do tamanho do teu sonho 11 . da determinação dos salários. dos juros e dos benefícios do capital.Ed. Introdução à Economia. > para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer toda a necessidade da coletividade. Fundamentos de Economia TROSTER Roberto Luiz.necessidades humanas são ilimitadas. Para Pensar .. M.Rossetti. aquele que tiver o menor custo de produção possível. ou seja.. quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas. a sociedade terá de escolher.Introdução à Economia. Estas decorrem de que o fluxo de recursos se deve processar em permanente equilíbrio.A destruição das reservas naturais. a própria sobrevivência da humanidade. as reservas naturais e os recursos instrumentais – mais simplificadamente. na maior disponibilidade e na maior perfeição dos instrumentos com que se realiza a produção.” CLAUDIO NAPOLEON Elementi di economia política Todas as categorias básicas de fluxos econômicos . 12 . os sistemas econômicos empregam o trabalho humano. assim. por isso mesmo. a explosão demográfica ou a instrumentação inadequada poderão comprometer as bases da atividade de produção e. de suas bases. Uma das bases decisivas do progresso conseguido pela humanidade. um bom ponto de partida para a compreensão do processo econômico. de seu significado e de seus fluxos é. as diferentes formas de dispêndio e a acumulação de riquezas – resultam da produção. comparativamente a uma situação em que se aplicassem apenas o trabalho humano e as reservas naturais. O estudo dessa atividade.2. considerada. pelas diferentes categorias de capital e pelas capacidades tecnológicas e empresariais. Recursos ou Fatores de Produção “Em suas atividades de produção. todavia. Estes últimos permitem um volume de produção maior e mais diversificado. consequëntemente. da pré-história aos dias atuais. capital. Os recursos de produção são também denominados fatores de produção. pela população economicamente mobilizável. Eles são constituídos pelas dádivas da natureza. Há. limitações à continuidade infinita desse processo.a geração da renda. precisamente. como atividade econômica fundamental. fundamenta-se. você poderá ter. Tal lei determina que. que. Com isso. cria uma estrutura que não pode ser contemplada pela capacidade empresarial de seu diretor. a soma de mais recursos aos já existentes deve ser. tendo para tanto a disponibilidade de capital. mas apresenta algumas diferenças fundamentais de uma para outra ótica. incorrerá no que os economistas chamam de Lei dos Rendimentos Decrescentes. aumentar o fator trabalho ou o fator terra. você. provocará a atuação da lei citada tendo como conseqüência rendimentos decrescentes. expresso pela mão-de-obra. Exemplo: se você tem uma empresa e resolve ampliá-la. sua potencialidade já não é suficiente para controlar e gerenciar todo 13 . os recursos naturais e a matéria prima deverão seguir a proporção necessária. mas a empresa cresceu demais e os recursos humanos inadequadamente selecionados não permitem que ele possa delegar atribuições. visto que. Se você é produtor ou empresário. Esses fatores de produção dividem se em três grandes categorias: terra. permanecendo um ou dois no mesmo nível. ou seja. sem proceder a ampliação do capital. implica agregar. crescimento. No primeiro caso. Um exemplo muito constante disto é o crescimento de uma empresa que. Caso você amplie seu negócio sem seguir esta simples regra. deverá verificar se a mão-de-obra está disponível na quantidade e qualidade necessárias. Ele a tem. b) você terá que aumentar a produtividade destes recursos. ao aumentar um ou dois dos recursos de produção. antes da aplicação deste recurso. como para o consumidor. Para que você possa aumentar o seu padrão de consumo serão necessárias duas situações: a) você terá que aumentar a quantidade de recursos que dispõe ou. A regra vale tanto para a empresa. igualitária . na proporção. em determinado ponto. aumentar a quantidade de recursos. capital e trabalho. somar mais unidades dos três grandes grupos. assim como se o suprimento de recursos naturais ou matérias-primas. ela é expressa pela conjugação dos recursos de produção em outra empresa. São denominados de fatores de produção”. cessará e você poderá até retroceder. A matéria prima não é um fator de produção. num primeiro momento. sem contar com recursos humanos adequados. Neste sentido. o trabalho.“Os recursos são os fatores de produção básicos utilizados na produção de bens e serviços. se você agregar mais capital ao seu negócio. A base para o aumento da produtividade é a inovação que. Esta situação é conhecida como deseconomias de escala. Exemplo: você possui uma fábrica de camisas com capacidade de produzir 10. Como 14 . entretanto. a produtividade é expressa em cada um dos recursos de produção.o negócio. mas sua lucratividade caiu. somando maiores níveis. Logo. a empresa cresceu. tendo como elemento determinante para tanto o prévio acúmulo de poupança. ou o produto total e a quantidade do recurso utilizado. Logo.000 camisas por mês. Resumindo. para obtermos renda. eleva os rendimentos. Entretanto. seja quantitativamente. A outra possibilidade de ampliação dos seus rendimentos passa pela maior produtividade dos recursos disponíveis. portanto. A ampliação dos negócios somente se realiza a partir do investimento igualitário em todos os fatores. ou ainda os recursos provenientes da sua poupança que permitem somar os instrumentos de trabalho.000 camisas por mês. ou adquirindo um bem que lhe desonere. Para a empresa. tem origem no conhecimento adquirido.000 camisas por mês. uma casa própria. O incremento da produtividade permite maior produção com a mesma quantidade de recursos e. A ampliação também pode ser feita através de financiamento. ou qualitativamente. estão sendo produzidas 7. A produtividade é expressa pela relação entre o resultado da produção. Se você conseguir estabelecer um aproveitamento dos recursos disponíveis na empresa próximo a capacidade máxima de produção podemos afirmar que sua empresa pratica economia. A partir de uma análise das causas desta capacidade ociosa você poderá determinar a prática da economia. Na empresa a poupança é expressa pela retenção de parte dos lucros ou pela entrada de novos sócios. para ampliarmos nossa renda precisamos expandir estes recursos. Sendo você consumidor. através da produtividade. o retorno esperado pelo investimento não deve ser inferior à taxa de juros que será paga.Você tem como recurso a sua mão-de-obra que envolve quantitativamente o elemento tempo disponível. a soma de mais recursos fica restrita a sua capacidade. utilizamos os recursos de que dispomos. sua capacidade ociosa é de 3. incrementando sua renda. A sua produtividade é medida pela quantidade de produto que você consegue produzir em determinada unidade de tempo. via de regra. como. por exemplo. ou seja. Fator Terra. renováveis ou não. Esclarecida a importância dos recursos e a forma genérica de expandi-los. É a partir da interação com os demais fatores que se viabiliza seu efetivo aproveitamento. para a empresa. na relação custo benefício 15 . via de regra. se elevam os recursos através da tecnologia e da inovação que. como a de uso urbano. Como empresa. a água. encontram-se presentes em todas as atividades de produção. ou o fator terra constituem a base sobre a qual se exercem as pressões e as atividades dos demais recursos. 2. notadamente a capacidade tencológica. qualitativamente. Por outro lado. seja formal ou informal. as reservas naturais. Do elenco de recursos que os sistemas econômicos mobilizam no desencadeamento do processo de produção. assim como os minerais. vamos passar a análise individual de cada um dos recursos de produção. aproveitadas pelo homem em seus estados naturais.A própria localização espacial dos agrupamentos humanos foi históricamente condicionado as dispersão e aglomerações do homem nos diferentes espaços continentais. Já para o consumidor. E este depende também dos diferentes estágios da consciência social sobre sua preservação e reposição. certamente as disponibilidades de fatores naturais e seu aprendizado de como vencer e aproveitar as forças da natureza atuaram como fatores condicionantes da cnstituição e da perpetuação das nações.consumidores ou empresa. A disponibilidade das reservas naturais. o clima ou a mata. mas também de sua interação com os demais fatores de produção. o ponto de partida para aumentar quantitativamente e/ou qualitativamente os recursos é através da poupança. As dádivas da natureza. encontram-se na base de todo o processo de produção.l O Recurso.todavia. As reservas naturais. de sua scenção a seu declínio. gerando renda e. não dependem apenas dos níveis e das dimensões de suas ocorrências. têm origem no conhecimento. o acréscimo qualitativo tem como caminho a educação. desde que tenham a possibilidade de uso econômico racional. ou então transfomadas. o aumento deverá ser efetuado nas mesmas proporções em cada um dos recursos. O fator terra compreende tanto a destinada para produção agrícola. visto que. O acréscimo quantitativo. o conhecimento. a tecnologia e o acréscimo quantitativo fazendo uso adequado e tendo a disponibilidade dos instrumentos necessários. Caso você utilize todo o conhecimento e a tecnologia disponíveis e esteja praticando o uso adequado. impingindo ao conjunto da sociedade custos muito superiores a sua exploração. só restará para a ampliação dos seus rendimentos o acréscimo quantitativo do recurso. além de apresentar boa qualidade. obter seu melhor uso. Para podermos otimizar o uso do recurso terra necessitamos de algumas premissas. por sua vez. iniciando pela nossa alimentação e passando pela variada quantidade de produtos derivados. é um desperdício econômico e social inaceitável. O conhecimento deverá ser usado para extrair deste recurso todas as possibilidades já estudadas e comprovadas como viáveis dentro da ótica do uso econômico racional. se está sendo incorporado. por exemplo. não só o resultado quantitativo como qualitativo. sempre. aumentando os rendimentos provenientes e viabilizando seu uso sem degradação. é porque não estava sendo usado na sua potencialidade total o que significa que não estava sendo utilizado com economia. Ele representará. Seus mananciais são esgotáveis e seu desperdício por uso e contaminação é enorme. A água potável é um exemplo bem presente e constantemente lembrado. incorporará a possibilidade de produção em níveis mais elevados. A tecnologia é uma aliada do conhecimento e fruto deste. Neste sentido. Através do conhecimento poderemos buscar novas formas de exploração. Diante disto podemos antever o aumento da escassez deste recurso e sérias dificuldades para toda a humanidade. assim como tenha a disponibilidade dos instrumentos necessários. como no caso do solo agricultável. quais sejam. do petróleo. assim como seu uso de forma inadequada. O mesmo raciocínio vale para qualquer outro elemento do recurso terra e dos demais fatores de produção. Com ela é possível aumentar a produtividade com a mesma quantidade do recurso e. em decorrência. 16 . o não uso de uma área produtiva. A terra é a base de toda a produção. È um recurso tão fundamental que os núcleos populacionais sempre procuram se concentrar nos locais onde ele é abundante e de fácil acesso.(custo de oportunidade) não se traduzam em efeitos danosos às pessoas. 1. >Avanços sobre novas fronteiras. >Disponibilidade exploratórios. 1. > O sol.000 formas de vida que habitam a Terra.Introdução à Economia. é uma fonte inesgotável de energia. > As águas dos mares e oceanos totalizam 1.500.2 A Limitada Dotação do Fator Terra A dotação do fator terra expressa-se por magnitudes das seguintes ordens de grandeza: > A disponibilidade de solos potencialmente aproveitáveis para a agricultura é de 3. condicinantes da forma de acesso e de exploração econômica. >Processos de renovação e de reposição. >Degradação de macrodisponibilidades >Processos de reciclagem de materiais naturais. Como todos os demais fatores de produção. Elas são 17 . Essas magnitudes não significam. Considerando-se as cadeias de sustentação dos ecossistemas.ediora atlas 2.4 bilhão de quilômetros cúbicos. as reservas naturais são escassas. >Ameaça de extinção de espécies vegetais e animais.000 vezes maior que a Terra. Quadro-A discutível fixidez do fator terra: a expansão e as limitações Fonte:Rosssetti.2 bilhões de hectares. > Estão em movimento nas bacias hidrográficas continentais. algum tipo de relação com interêsses econômicos de exploração. outros 20 milhões de quilômetros cúbicos de águas. de naturais economicamente homem sobre as reservas naturais economicamente aproveitáveis >Níveis de exaustão das reservas minerais instrumentos aferidas.560. básicos já trasnformados e rejeitados. >Restrições legais . todas têm. > Há 1. disponível por ainda 5 milhões de anos. constituídas pelos rios e seus alfuentes. porém. que a dotação do fator terra seja ilimitada.Condições que expandem as bases das Condições que restringem a ação do reservas aproveitáveis >Estágio do conhecimento humano. >Conciência preservacionista. ainda que remota ou indiretamente. à empresa ou ao país de decidir entre a proporção da renda destinada ao consumo e a poupança. a empresa não apresentará crescimento.) estejam sendo 18 . A partir da situação individual de cada um dos agentes citados (pessoas. equipamentos. O resultado desta ação foi a retração do consumo e. escolas. O povo japonês. o nível de investimento será determinado pelo dela – poupança -. assim. A forma de aumentar o capital é. 2. empresas ou países que optarem por destinar parcela maior de sua renda à poupança. originando uma opção que se coloca a você. portanto. portanto. haverá o estabelecimento do patamar adequado de poupança. hospitais. com medo de perder o emprego pelo avanço tecnológico. O exemplo contemporâneo que podemos utilizar é o do Japão. pressupondo-se que seus elementos (prédios. aumentou sensivelmente o seu nível de poupança. Destinar parcelas exageradas da renda à poupança pode determinar situações de desajuste em todos os níveis. Fator Capital. rodovias. se o destino for o lucro transformado em retirada. A origem do capital econômico é o investimento que é propiciado pela poupança. O capital econômico abrange os prédios. inovações pelo conhecimento. Para a empresa desestímulo aos acionistas devido ao baixo retorno ou a incidência da Lei dos Rendimentos Decrescentes. da atividade econômica aumentando. terão maior nível de crescimento. empresas ou países). Pessoas. máquinas. portanto. redes de energia e todas as demais existências físicas ou não que possibilitem produzir ou elevar a produção. Pessoalmente pode significar um patamar de sacrifício desnecessário e o exemplo é a figura do ermitão avarento. A poupança é a parcela da renda não destinada ao consumo. etc. cuja disponibilidade também é escassa. o desemprego. através do acúmulo de poupança. equipamentos.passíveis de exaustão e seu aproveitamento pressupõe a aplicação dos demais recursos de produção. máquinas. normalmente expressa por desemprego. o resultado do excesso de poupança é a retração da atividade econômica. Esta situação tem dois ângulos: se o excesso de poupança se transformar em investimento pode ocorrer os efeitos da lei citada.2 O Recurso. Vale lembrar que também não é necessário destinar à poupança níveis muito elevados. O fator capital deve ser compreendido sobre dois ângulos: o capital econômico e o financeiro. Já para o País. Para o consumidor. Na otimização do capital. construir uma estrada que leva do nada a lugar nenhum. o incremento real do estoque de bens de capital. Veja que dissemos que são considerados como capital todas as possibilidades de produzir ou elevar a produção. como não aproveitar em todo o seu potencial uma máquina. não ocorreu o acúmulo prévio para tanto. sem dúvida. atingindo assim a definição inicial. resultando desta subtração o investimento líquido. ou seja. devemos considerar que uma parcela do acréscimo deste fator será destinada para repor o desgaste dos bens de capital já existentes (depreciação). ou que. ou ainda. mas qualquer tipo de treinamento ou curso que permita a agregação de conhecimentos traduzidos em novas técnicas e maior produtividade. dentro dos parâmetros que já citamos (aumentar o investimento ou o uso adequado). do montante de capital realizado. devemos descontar a parcela que se destina à depreciação. Quanto ao capital financeiro. a melhor forma de incrementar seus recursos é. equipamento ou prédio. conhecido como investimento bruto. Caso contrário seu destino será o mercado financeiro. permitirá qualificação e.utilizados adequadamente. Portanto. portanto. mas apenas procedendo a transferência de renda de quem toma moeda emprestada para quem aplicou. Esta educação obrigatoriamente não é a educação formal. O grande determinante do rumo que tomará o capital financeiro é a 19 . Uma escola possibilita conhecimento e este eleva a produtividade. Você pode estar se perguntando porque incluímos no capital econômico as escolas e hospitais. O componente depreciação é. em outras palavras. em períodos de alta inflação. melhores possibilidades de renda. se direcionado para o investimento. Os conceitos aqui expostos a cerca do capital econômico valem tanto para a empresa quanto para você consumidor. transformase num brutal elemento de concentração de renda e é conhecido como imposto inflacionário. Este mecanismo. quando ocorre a necessidade de repor os bens de capital. principalmente em pequenas e médias empresas. pois. possibilidade em que não estará gerando incremento na economia como um todo. não estejam ocorrendo desperdícios.. a educação que. O mesmo raciocínio vale para um hospital. automaticamente se transformará em capital econômico. esquecido na hora de compor os custos determinando um ciclo de vida do negócio muito curto. embora exija sacrifício no consumo e no lazer. Se dedicarmos certa quantidade de recursos para produzir bens de capital. basicamente matérias-primas e estoques. desproporcional ao crescimento dos fatores capital (investimentos) e terra. 2. mas para serem utilizados na produção de outros bens. No campo qualitativo. é importante que fique claro a diferença entre aplicação financeira e investimento. a taxa de natalidade que define o tamanho da população economicamente ativa. propiciando rendimento superior ao retorno do investimento. Enquanto os bens de consumo se orientam para a satisfação direta das necessidades humanas. possui. eles nos satisfarão no futuro. onde dizíamos que a ampliação dos fatores deve se dar de forma igualitária entre os três grandes grupos. como componente de sua expansão quantitativa.05% (IBGE). se tivermos uma taxa de natalidade em níveis muito elevados. formação profissional e experiência. do qual o consumidor é o grande proprietário. Nossa situação já foi mais crítica nas décadas de 60 e 70 quando atingimos respectivamente um crescimento populacional da ordem de 5. com a crise instalada e a saída da mulher para o mercado de 20 .60% e 4. tudo que eleva a capacidade produtiva dos seres humanos e. adiando a realização dos investimentos. em geral. que citamos quando da análise da expansão dos fatores de produção. Se ela for elevada.taxa de juros real (descontada da inflação). Aqui vale lembrar a Lei dos Rendimentos Decrescentes. incluindo edifícios. a expansão do fator trabalho se dá pela sua qualificação profissional. O capital empregado na produção pode dividir-se em capital fixo e capital circulante. teremos como resultado rendimentos decrescentes. enquanto que o capital fixo consiste em instrumentos de toda a espécie. Fator Trabalho. Logo. você ou a empresa. quando forem utilizados na produção de bens de consumo. O fator trabalho. maquinaria e equipamentos. os bens de capital ou de investimentos. A partir da década de 80. Há também o capital humano: educação. O capital circulante consiste nos bens em processo de preparação para o consumo. Portanto. optarão por deixar o recurso no rendimento financeiro. não estão concebidos para satisfazer às necessidades humanas. Somente este último gera renda e emprego proporcionando crescimento econômico e desenvolvimento. o capital financeiro: fundos disponíveis para a compra de capital físico ou ativo financeiros. Nada mais real do que a atuação desta lei na economia brasileira.3 O Recurso. o resultado será a queda da renda per capita e. Dizem os maldosos que um dos componentes culturais desta tendência de queda no crescimento populacional é fruto da expansão da quantidade de televisores nos lares brasileiros. passando de 5. portanto. que exprime a relação entre os nascimentos e o número de mulheres em idade fértil (dos 15 aos 44 anos).01% (IBGE). você pode ser portador de habilidades específicas desenvolvidas por sua personalidade ou convívio que lhe permitem desempenhar com desenvoltura determinadas tarefas. fechando o período 80 a 90 em 3. indicando a distribuição igualitária do produto e o patamar de acesso da população aos bens e serviços. Se cresce a população de forma proporcionalmente maior que o produto. aumentar sua produtividade e. Estes conceitos ainda podem ser mais explicitados. acompanhou esta tendência de queda. É nesta explicitação dos conceitos que residem as diferenças entre os índices de desemprego. a disseminação de métodos anticoncepcionais é. Subtraindo desta os que não estão procurando trabalho (estudantes e donas de casa) teremos a população economicamente ativa. que podemos subdividir em empregados e desempregados. A taxa de fecundidade. entretanto. teremos a população economicamente mobilizável. Esta é resultado da divisão do produto total pela população total. além de outros fatores de ordem cultural.7 em 1990 (IBGE). Você pode. do IBGE e DIEESE. comprovadamente. Por outro lado. Não temos conhecimento de nenhum estudo científico a respeito.0 em 1980 e 2. definindo-se.76 em 1970 para 4. as características pessoais também podem ajudar neste sentido. conforme já vimos. Esta última possibilidade é exceção. o que é desempregado (biscateiro é ou não é?) e. por conseguinte empregado. Taís diferenças compõem a metodologia de cálculo do índice. por conseguinte suas possibilidades de maior rendimento com a educação. um dos itens que constituem os fatores que explicam tal redução. A expansão qualitativa do fator trabalho tem como propulsor maior a educação. O indicador da relação entre o crescimento populacional e o produto (crescimento econômico) é a renda per capita. mas há vários casos expressos por pessoas sem nível educacional 21 . por exemplo. Descontando-se da população total os muito idosos e os em idade não apta para o trabalho. ou ainda a idade efetiva para entrada ou saída do mercado de trabalho.trabalho. esta taxa entrou em declínio. por exemplo. Entretanto. a não ser depoimentos pessoais. menor acesso aos bens e serviços. Introdução à Economia.Introdução à Economia.Editoira Makron. Assim. Ampliaremos este assunto na 5ª lição.. o fator trabalho refere-se às faculdades fisicas e intelectuais dos seres humanos que intervêm no processo produtivo. expresso pela expansão qualitativa (educação) e o melhor aproveitamento do tempo. a expansão quantitativa do fator trabalho é determinada pela taxa de fecundidade ou natalidade e a qualitativa pela aquisição do conhecimento ou desenvolvimento de características pessoais. “ Mesmo na pior das circunstâncias. Enfim.que atingiram sucesso pessoal e profissional através da exploração de elementos de sua personalidade. A otimização do trabalho se dá por seu uso adequado. Para Pensar .. 22 .TROSTES /MOCHÓN. editora Atlas. ROSSETTI. há um aspecto positivo se você tiver coragem de procurá-las”. isto é. Um 23 . o primeiro passo da análise econômica de qualquer escolha é identificar o que é possível – que os economistas denominam de conjunto de oportunidades e que é simplesmente uma lista de opções disponíveis.são tempo e dinheiro. as restrições realmente relevantes .3. então seu conjunto de oportunidades se resume a um sanduíche de presunto. Definir as limitações com que se depara a pessoa ou a empresas é um passo fundamental em qualquer análise de escolhas. Um sanduíche de peito frango está fora de questão. As restrições impostas pelo dinheiro são denominadas restrições orçamentárias. aquelas determinadas pelo tempo disponível são chamadas de restrições temporais. Podemos passar o tempo ansiando pelo sanduíche de peito de frango ou qualquer outra coisa que estiver fora do conjunto de oportunidades. as restrições que limitam as escolhas de uma pessoa . mas quando se trata de fazer escolhas e enfrentar decisões. De modo que o primeiro passo na análise das escolhas é identificar o que está dentro do conjunto de oportunidades. Conjunto de oportunidades de Andréa CDs 0 2 4 6 8 10 12 DVDs 6 5 4 3 2 1 0 Restrição Orçamentária e Restrição do Tempo As restrições limitam as escolhas e definem o conjunto de oportunidades. apenas o que está dentro do conjunto é relevante. Conjunto de Oportunidades e Trade-offs (*) Os sistemas de mercados deixam nas mãos das pessoas e empresas a decisão de selecionar o que consumir e o que produzir. Na maior parte das situações econômicas. um sanduíche de queijo. um misto ou nenhum sanduíche. Como são tomadas essas decisões? No caso de pessoas e empresas racionais. Se você quer um sanduíche e na geladeira só há presunto e queijo. já um trabalhador desempregado verá que suas escolhas são limitadas pela falta de dinheiro e não de tempo. Examine as restrições orçamentárias de Andréa. ela terá de conformar-se com menos CDs. o número de DVDs. A restrição orçamentária mostra o número máximo de CVDs que Andréa pode comprar para CDs 24 . Andréa pode comprar 12 CDs ou 6 DVDs. ao longo da restrição orçamentária.00 e um DVD R$20. As várias possibilidades são apresentadas na tabela abaixo. Mas o conjunto total de oportunidades é mais amplo. O custo de cada combinação de CDs e DVDs deve somar R$120.00 com CDs ou DVDs. também incluindo os pontos abaixo da restrição orçamentária.00. Os espaços sombreados (entre os CDs 12 e os DVDs 6) é a restrição orçamentária de Andréa. Se Andréa decide comprar mais DVDs. mas pelo tempo. Portanto. A restrição orçamentária de Andréa é a linha que define os limites externos de seu conjunto de oportunidades. ou 4 CDs e 4 DVDs.00. É a área sombreada da figura.bilionário pode achar que suas escolhas não são limitadas pelo dinheiro. As restrições orçamentárias definem o conjunto de oportunidades típico. Um CD custa R$10. representa as demais combinações possíveis. Restrição Orçamentária 14 12 10 8 6 4 2 0 0 1 2 3 DVDs Conjunto de Oportunidades 4 5 6 No eixo vertical medimos o número de CDs comprados e no eixo horizontal. Os pontos entre os esses dois extremos. que resolveu gastar R$120. ou 8 CDs e 2 DVDs. incluindo o sono. o conjunto de oportunidades do indivíduo é definido por sua restrição orçamentária. A restrição temporal se assemelha bastante à restrição orçamentária. Enfim.tem de ser igual à 24 horas. Se desejar assistir mais TV. menos sobrará para as outras atividades. A figura seguinte ilustra uma restrição temporal. As pessoas – sejam elas ricas ou pobres – só têm 24 horas por dia para suas diferentes atividades.Makron Boocks 25 .Ed. Em sua forma mais simples ela nos diz que a soma do tempo que as pessoas dedicam as diversas atividades ao longo de seu dia. A figura plota as horas gastas assistindo televisão no eixo horizontal e às horas destinadas às demais atividades. no eixo vertical. Restrição temporal 24 Horas demais atividades 20 16 12 8 4 0 0 4 8 12 16 20 24 Horas de televisão Restrição temporal TROSTER/MOCHÓN.Introdução à Economia.cada CD adquirido. e vice-versa. enfrentará um trade-off a única forma de assistir mais televisão será reduzir o tempo dedicado a alguma outra atividade. Uma pessoa não pode assistir TV mais de 24 horas diárias nem menos de zero horas. Quanto mais tempo assistir televisão. o custo não é de R$8. Quando decidem gastar ou produzir.Além disso. governos. Não há recursos materiais suficientes. Esse melhor uso alternativo é a medida formal do custo de oportunidade 4. Por isso. somente se pode satisfazer uma necessidade se se deixar de satisfazer outra. mas o que esse montante lhe permitiria comprar alternativamente. trabalho e nem capital para produzir tudo o que as pessoas desejam. Se alguém lhe perguntasse agora quanto lhe custa ir ao cinema. „‟O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços que se deve renunciar para “obtê-lo. Como os recursos disponíveis são escassos.00. Aplicar um recurso em alguma coisa significa não poder usá-lo para outra. famílias e empresas. seu tempo é um recurso escasso e deveria entrar também no cálculo. verá que a resposta completa não é tão simples. temos de renunciar outras coisas. Quando optamos por algo. Tanto o tempo como o dinheiro representa oportunidades de que desistiu para ir ao cinema.4. você provavelmente responderia “oito reais” ou o que quer que seja que você pagou da última vez que foi ao cinema.1 Curva ou Fronteira de Possibilidades de Produção 26 . O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo por apresentar o custo da produção alternativa sacrificada (vide abaixo na curva ou fronteira de possibilidade de produção). é necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam. ou o que os economistas denominam custo de oportunidade da ida ao cinema. Mas com o conceito de trade-offs. ou produzi-lo”. Este problema é enfrentado pelos governos. A Necessidade de Escolha e o Custo de Oportunidade (Trade-Off) Na vida somos forçados a escolher continuamente. ao conceito de custo de oportunidade. Assim. empresas ou famílias estão renunciando a outras possibilidades. Para começar. precisamos considerar o melhor uso alternativo de qualquer recurso quando decidimos destiná-lo a uma utilização determinada. A opção que se deve abandonar para poder produzir ou obter outra coisa se associa. orientando os esforços nessa direção. para poder satisfazer melhor a necessidade alimentícia.0 6.5 2. aumentar a produção de trigo tem um custo para a sociedade em termos de algodão que se deixou de produzir (ver gráficos seguintes) Quadro: Possibilidades de Produção Opção Algodão Trigo Custo de Oportunidade A B C D E F 0 1 2 3 4 5 7.0 1.5 Quantidades de trigo que não dever ser produzida para obter-se uma unidade adicional de algodão.0 4. já que se supôs que somente se produz dois bens. Em conseqüência. que dispõe de uma dotação fixa de fatores produtos.Consideremos uma economia com uma tecnologia dada.5 1. deverá dispor-se a produzir menos algodão. deverá haver disposição para sacrificar uma certa quantidade de algodão.5 2. Portanto. Se a partir de uma situação dada decide-se produzir mais trigo. plenamente utilizada e na qual se produzem somente duas espécies de bens: trigo e algodão. 27 .0 2.5 7.5 0 0. 5 e Algodão 5 mostram as opções extremas. a produção de algodão implica a produção menor de trigo e viceversa. A fronteira de possibilidades de produção reflete as opções que se oferecem à sociedade e a necessidade de escolher entre elas. Esta descreve o trade-off entre as produções de trigo e algodão.. Se Você não gosta do que está recebendo. onde a sociedade produz apenas trigo ou algodão.. Uma economia está situada sobre a Fronteira de Possibilidades de Produção quanto todos os fatores de que dispõe a economia estão sendo utilizados para a produção de bens e serviços. preste atenção no que está emitindo”. 28 . Como se observa. Makron Fundamentos de Books VASCONCELLOS.Ed.VARIAN Hal R.Editora Campus Para Pensar .Microeconomia Princípios básicos. Marco Antonio Economia.Saraiva. TROSTER/MOCHÓN. Os pontos Trigo 7. A curva de possibilidade de produção mostra o conjunto de oportunidades da sociedade.Curva de possibilidades de produção 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 Algodão Conjunto de portunidades da sociedade Trigo Essa curva reflete as opções oferecidas à sociedade e a necessidade de escolha entre elas. Introdução à Economia Ed. “ A vida é um eco. . escassez. Bem: é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres humanos. e apropriáveis. por exemplo. Econômicos : são escassos em quantidade. ____________________________________________________________________ Tipos de bens . Não-duradouros: acabam com o tempo. Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade. De capital: não atendem diretamente às necessidades De consumo: destinam-se à satisfação direta de necessidades Duradouros: permitem um uso prolongado. Neste sentido. é o objeto do estudo da economia.“O propósito da vida é uma vida de propósito” 29 .5. tanto nas ricas como nas pobres. Os bens livres . Tipos de bens: Segundo seu caráter são ilimitados em quantidade ou muito abundantes e não apropriáveis.como. os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. o fato real que enfrenta a economia é que em todas as sociedades. Bens Livres e Bens Econômicos (*) O ditado popular “quanto mais se tem mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos indivíduos em relação aos bens materiais. Intermediários: devem sofrer novas transformações antes de se converterem em bens de consumo Segundo sua função já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo. e por serem transferíveis.são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todo mundo. dada sua procura. o ar . Assim. bens escassos.. pois. (*)TROSTER/MOCHÓN Finais: Livres: Segundo sua natureza Para Pensar . são aqueles que nunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos (ver quadro seguinte). forma de gestão e natureza dos produtos. bancos etc. do ponto de vista da teoria econômica. as empresas e o setor público podem ser agrupados em três grandes setores.comércio.pesca e mineração Econômicos >Secundário: indústria e construção >Terciário: serviços. empresas e unidades de produção são expressões sinônimas. A atividade econômica concretiza-se na produção de ampla gama de bens e serviços. 30 . Setores >Primário: agricultura.transporte. cujo destino é a satisfação das necessidades humanas. as atividades agrícolas. As famílias. São as unidades que os empregam e combinam. para a geração dos bens e serviços que atenderão às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade. quais sejam: > O setor primário abrange atividades que se realizam próximas às bases de recursos naturais. mediante sua capacidade de trabalho. O conjunto das empresas que compõem o aparelho de produção é heterogêneo. Neste sentido. as empresas e o setor público – são os responsáveis pela atividade econômica. isto é.6 Os Agentes Econômicos (*) 6. estatutos jurídicos. pesqueiras pecuárias e extrativas. Os homens. > O setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a satisfazer necessidades de serviços produtivos que não se transformam em algo material. > O setor secundário inclui as atividades industriais. As Empresas As empresas são os agentes econômicos para os quais convergem os recursos de produção disponíveis. mediante as quais são transformados os bens. são os organizadores da produção. sob diversos aspectos: tamanhos. origens e controle.1 Qualificações e Funções Os agentes econômicos – as famílias. ( vide figura abaixo) Esquema dos Fluxos de bens e serviços e dos fatores produtivos e dos pagamentos monetários (MOCHON. A empresa é a unidade de produção básica. os sapatos. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços. Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e físicos necessários para construir as instalações e os equipamentos que a atualidade exige.: banca de jornal. contudo. as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade dos bens e serviços. como o pão. TROSTER) Nas sociedades primitivas. as agencias de turismo etc. 31 . Hoje. Ex. Tipos de Empresas Segundo Sua Natureza Jurídica > Individual: Trata-se de empresas que pertencem a um só indivíduo e são dirigidas por ele. Além disso. as empresas são as maiores responsáveis pela produção em massa. somente as empresas têm a capacidade de organizar os complexos processos de produção e distribuição exigidos pelas sociedades modernas.Nas sociedades modernas. a produção era individual e artesanal. A responsabilidade dos sócios se limita ao capital aplicado. auto financiando-se. No caso de empréstimo. especialmente nas grandes empresas. São empresas de pessoas e não de capital. somente com o capital aplicado. isto é. Nas sociedades anônimas.A.que é dos acionistas – e a direção – que é exercida pelo Conselho de Administração. a empresa que recebe um crédito retira. É esta que geralmente contrata técnicos especializados para as diversas áreas da empresa. As ações são eventualmente negociadas na bolsa. de maneira que somente pague os juros relativos ao capital utilizado. – Somente se pode ser sócio investindo dinheiro. podendo realizar várias retiradas e pagamentos. O capital está dividido aos acionistas. As sociedades podem conseguir fundos para seu crescimento do mesmo modo que os proprietários individuais. As sociedades cooperativas são associações criadas para satisfazer as necessidades comuns dos associados que compartilham de iguais riscos e benefícios. apesar de em alguns casos haver desconto dos juros. O Financiamento da Empresa. > Cooperativas. dentro do limite máximo combinado. Não sujeitas à falência. Nestas empresas os sócios não respondem pessoalmente a dados sociais. Ao contrário. a empresa recebe de imediato o total do financiamento concedido. > Sociedades Anônimas ou S. chamadas cotas.> Limitadas – O capital social deve estar totalmente desembolsado em um movimento de constituir a sociedade. obtendo empréstimos ou créditos de instituições financeiras ou reinvestindo os lucros. 32 . isto é. existe uma clara separação entre a propriedade . O capital está dividido em partes iguais. o capital necessário. O financiamento pode ser diferenciado entre crédito e empréstimo. potencialmente aceita um novo sócio. segundo as quais a sociedade como um todo se encontra segmentada. 33 . pois origina o direito preferencial ao subscrever a emissão de novas ações. pois de fato é uma parte proporcional de um empréstimo ou um empréstimo concedido à empresa emissora e supõe para esta uma obrigação legal expressa de pagar juros periódicos e de devolver o valor da emissão principal ao portador. Alternativamente.Autofinanciamento: recursos financeiros gerados pela própria empresa 1. As ações conferem direitos políticos – o principal destes é votar nas assembléias-gerais dos acionistas – e econômicos. que não pode ser utilizado até sua liquidação. já que cada ação representa uma fração da propriedade e da sociedade. as perdas ou as reduções de lucros. Uma obrigação muito comum emitida pelas empresas brasileiras são as debêntures. emitido por companhias mercantis. Uma obrigação representa uma dívida para a empresa. quando acontece o vencimento. O outro direito econômico é o de participar em todo o patrimônio da empresa. conforme o caso. unipessoais ou familiares. Quando uma sociedade “vende” participações em forma de ações. O principal direito econômico é o de participar na repartição dos lucros (dividendos). caso se produza. pois sofrem.Créditos 3.Obrigações (para grande volume de dinheiro) Excluindo o crédito e o financiamento. que tem preferência sobre a maioria dos demais créditos) As Famílias ou as Unidades Familiares O conceito econômico de unidades familiares engloba todos os tipos de unidades domésticas. (títulos de dívidas amortizáveis. com ou sem laços de parentesco. com os quais não se aumentará o número de novos acionistas.Empréstimos Financiamento Externo 2. Por isso as ações são títulos de renda variável e integra o que se denomina o capital de risco. a empresa pode obter fundos mediante a venda de bônus e obrigações. as sociedades anônimas podem também emitir ações e obrigações. ainda. Sua qualificação econômica resulta de que essas unidades possuem e fornecem os recursos de produção. fornecendo recursos para o processamento das atividades primárias. por um lado. por outro. em grande parte. de fábricas ou de unidades de prestação de serviços. de que são exemplos os pagamentos dos sistemas de previdência social. sobre o aumento de seus ativos ou a diminuição dos seus passivos. secundárias ou terciárias de produção. agentes que trabalham por conta própria. Ou. Setor Privado: Famílias (unidades Empresas familiares). quando. onde e em que as rendas recebidas serão despendidas.O conceito tem raiz sociológica. Este poder decisório é uma das características econômicas desse agente. consumir bens e serviços. isto é. São empregadores ou empregados. Decidem sobre seus dispêndios correntes de consumo. de forma independente. Dele decorre. Mas há unidades familiares que não têm pessoas efetivamente empregadas nas atividades de produção. participando também dos fluxos econômicos. Os agentes privados básicos são as famílias e as empresas. o montante. Elas administram. o direcionamento e a composição do fluxo global de dispêndio da economia. A maior parte das unidades familiares tem uma ou mais pessoas economicamente ativas. com recursos que a sociedade lhes transfere. Na destinação de seus recursos de produção e das diferentes formas de renda ou de transferência recebidas. seus próprios orçamentos. diretamente empregadas. Estas se mantêm. públicos e privados. as famílias que pretendem maximizar a satisfação obtida no consumo são limitadas pelo orçamento de que dispõem. apropriam-se de diferentes categorias de rendas e decidem como. oferecer seus recursos. São proprietários de terras. Entretanto. trabalho e capital às empresas. 34 . cada uma das unidades familiares possui amplo poder decisório. Tipos de agentes Econômicos Setor Público As funções das famílias consistem em. Ao longo do século XX. sendo. O Desenvolvimento do Setor Público Em qualquer sociedade moderna. coordena e regula o mercado e. era freqüente afirmar que o governo deveria cuidar fundamentalmente da segurança e defesa dos cidadãos e de seus direitos de propriedade. transportes etc. porém os indivíduos e grupos privados os verdadeiros responsáveis pela atividade econômica do sistema.fundamentalmente trabalho e capital . O Setor Público Entende-se por setor público mais do que somente o Estado-Nação das organizações políticas atuais. o setor público realiza funções econômicas de fundamental importância. deveria garantir as condições para que as atividades puramente econômicas se desenvolvessem sem obstáculos. e oferecem seus recursos . acreditava-se que a função do Estado consistia no estabelecimento de um marco jurídico-institucional.As famílias ou unidades familiares consomem bens e serviços. Um exemplo típico de bem público são os serviços de defesa nacional. Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo que não é maior que o necessário para fornecimento a uma só pessoa. ministérios e demais organismos de caráter nacional. as funções públicas ampliaram-se e diversificaram-se em setores como saúde. a. Até o início do século XX. Com freqüência. As administrações estaduais. tentando alcançar objetivos sociais. A administração central. As administrações locais: as prefeituras. às vezes. Ainda. b. governo da União. tais como: crescimento estável do 35 . devem ser providos pelo Estado O setor público. educação.às empresas. isto é. seja qual for sua configuração política. ainda. O Estado deixou de ser mero guardião do bom desenvolvimento da atividade econômica para se converter em um verdadeiro agente econômico. c. Os órgãos e administrações públicas que compõem o setor público têm ao menos três níveis de governo. o setor público atua como empresário e oferecem certos bens. Em síntese. estabelece a política econômica. os bens públicos. Esses serviços não podem ser oferecidos por empresas privadas. estabilidade dos preços. O que ele vê?” 36 .. É responsável também pelo estabelecimento da política econômica.. “O mundo está vendo você.produto nacional. pleno aproveitamento dos recursos e eficiente alocação dos mesmos. (*)TROSTER /MOCHÓN Para Pensar . e distribuição de renda justa. O setor público estabelece um marco jurídico-institucional no qual se desenvolve a atividade econômica. O mercado motiva os indivíduos a utilizarem cuidadosamente os bens e recursos escassos. As falhas que podem surgir no mercado se devem às principais razões: i. Esse sistema também apresenta limitações.1 As Limitações do Sistema de Economia de Mercado O sistema de economia de mercado apresenta em seu funcionamento vantagens e inconvenientes que convém analisar antes de se iniciar o estudo sobre o sistema e economias centralizadas. A renda se reparte em função de como está distribuída a propriedade dos recursos e dos salários vigentes. uma indústria que produz papel pode contaminar os rios das redondezas ao verter seus resíduos. Assim. Argumenta-se que por diversas razões. O resultado é o aparecimento de diferenças de rendas muito elevadas. o mercado filha no seu objetivo de alcançar a eficiência econômica. O sistema de economia de mercado funciona com um alto grau de eficiência e de liberdade econômica.Aparecem efeitos externos. dentre as quais destacam: A renda não se distribui de forma eqüitativa. tanto as empresas como os agentes individuais. Os agentes econômicos. pois os preços atuam racionando as escassas quantidades disponíveis. Existem falhas no mercado. Os movimentos dos preços atuam como sinais que induzem os produtores a comportarem-se de uma forma correta. como a contaminação. A atividade da indústria prejudica os agricultores que utilizam a água 37 . ao mesmo tempo. em certas ocasiões. Sistemas Econômicos Sistemas econômicos é o conjunto de relações técnicas básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. procuram alcançar seus objetivos. fixando o nível mais eficiente. que o mercado não aborda. O sistema de preços estimula os produtores a fabricar os bens que o público deseja. 7.Existem mercados em que a concorrência é imperfeita. Alcança-se a eficiência econômica quando a sociedade não pode aumentar a quantidade produzida de um dos bens sem reduzir a do outro. Em muitos mercados.7. ii. atuam guiados pelo seu próprio interesse e de forma livre. Essas relações condicionam o sentido geral das decisões fundamentais que se tomam em toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade. um ou mais participantes podem influir nos preços. os serviços que são utilizados na produção e no consumo. como. Dentre os problemas relacionados com o funcionamento do sistema de economia de mercado. Do uso desse tipo de bens ninguém pode ser excluído. em particular. As economias de mercado estão nas mãos da iniciativa privada e tendem a ser instáveis.Economias mistas 3.Existência de bens públicos que distorcem o mercado. a defesa nacional ou os faróis do mar. Os bens públicos (aqueles cujo consumo por parte do indivíduo não reduz a quantidade disponível para outros). costumam experimentar um consumo abusivo. As economias de mercado tendem a ser instáveis. por exemplo. isto é. já que não se poderá designar um custo para sua utilização.A publicidade pode ser utilizada para manipular os consumidores . v.Planejamento total centralizado ou economias autoritárias. sofrendo periodicamente fortes crises. O resultado é que será oferecida em quantidade suficiente.do rio. iv. não são de propriedade de nenhum indivíduo.As grandes empresas fazem campanhas publicitárias que podem manipular os desejos dos consumidores. Exemplos desses tipos de bens são os bancos de pesca em águas internacionais e os pastos comuns. criam sérios problemas. os relacionados com distribuição de renda e a desatenção com os mais necessitados são os que têm maior relevância e. iii.Os bens ou recursos de propriedade comum tendem a esgotar-se.Os sistema econômicos 38 . Economias de mercado Sistema Econômicos { 2. talvez os citados primeiro. criando necessidades artificialmente. também os que com mais força têm induzido seus críticos para defender a conveniência de se procurar um sistema econômico alternativo ( vide esquema abaixo) 1. vi.Planejamento Central 1. e os preços de produção do papel não refletem o prejuízo ocasionado aos agricultores. 2. isto é. Os recursos de propriedade comum.Socialismo de mercado { Esquema . geral ineficiências. ou agência de planejamento. o sistema esboçado apresenta sérios problemas. o funcionamento da economia.7. distribui não só as tarefas do plano. Nas economias centralmente planificadas. Por exemplo. o poder central. muito acima de suas necessidades. Como Funciona o Planejamento Centralizado? A análise do funcionamento do sistema do planejamento centralizado será baseada nos três seguintes pontos: > O papel do poder central. globalmente consideradas. Um risco comum a todas as economias centralizadas tem sido a acumulação do poder econômico na mão do Estado. em geral. Argumenta-se que o funcionamento desta economia leva ao desemprego e ao freqüente aparecimento de crises que implicam graves desperdícios de recursos. > O crescimento da burocracia. dadas às restrições que impõe o poder central. O Papel do Poder Central O poder central. tanto materiais como financeiros. os gerentes sabem que quanto mais meios de produção receberem. os meios de produção são de propriedade estatal e as decisões-chave são feitas na agência de planejamento. os gerentes das empresas tomam decisões que. > O funcionamento das empresas. O planejamento centralizado pretende evitar esses males. Por isso. O centro de planejamento determina como designar a produção de diferentes fábricas e esforça-se para que cada fábrica tenha os fatores de produção necessários para poder obter a quantidade exigida. mas também os meios de produção. maior as possibilidades de realizar os objetivos fixados pelo plano. Assim. que é quem rege.2 O sistema de Economia Centralizada O sistema de economia centralizada parte de um critica aos mecanismos de economia de mercado. em definitivo. 39 . Na prática. pressionam o centro de planejamento para obter a maior quantidade possível de recursos. seus problemas financeiros se solucionam mediante transferências do poder central. Por outro lado. no sistema de planejamento centralizado. que necessariamente precisa ser amplo e complexo. porém. o resultado tem sido um processo de endividamento progressivo. pois as empresas estavam interessadas em produzir bens e serviços com muito valor. e sim na realização do plano de metas. surgia um efeito não desejado. na maximização dos lucros ou minimização dos custos. O fluxo de informação entre as empresas passa por um sistema burocrático. o sistema de planejamento central funcionou. é fundamental controlar e influir sobre as empresas. as metas passaram a estabelecer um valor. os objetivos procurados pelas empresas eram quantitativos. dada a inexistência de incentivos reais para que as empresas reduzam seus custos. O Crescimento da Burocracia O funcionamento do sistema descrito requer a existência de um enorme aparato administrativo. o aparato burocrático vai desenvolvendo-se em um ritmo progressivo. Na pratica. Durante os primeiros anos de funcionamento das economias planificadas.3 O Fracasso do Sistema de Economia Centralizada Os elementos negativos do sistema de planejamento central. Começaram a manifestar-se na década de 1970 e explodiram na década seguinte. em termos de valor. suas ineficiências se fizeram mais palpáveis e seu financiamento menos viável. pois é a única forma de controlar as empresas. Todas as empresas são socialmente úteis. Por outro lado. porém o resultado é uma burocracia crescente. Conforme cresce o sistema produtivo. Enquanto o volume de dividida era aceitável. isto e. Quando se determinavam os objetivos a alcançar. acumularam-se durante várias décadas. 8.O Funcionamento das Empresas As empresas não baseiam sua atuação no cálculo econômico. Quando uma empresa é dificitária. já apontados. uma empresa não pode “quebrar”. ainda que algumas sejam deficitárias. Posteriormente. já que só assim se cumpre o plano. 40 . Esse comportamento não motiva as empresas a diminuírem os custos. conforme aumentaram. a tarefa de realizar é muito complexa. 7. por exemplo. mas podem ser resumidas em um único ponto: não existe nenhum mecanismo centralizado que seja capaz de recolher e transmitir mais eficientemente que o mercado a informação necessária para coordenar a atividade econômica.1%.2.3. a taxa de crescimento da produção em termos reais. que na década de 1970 era de 5. A Perostróika Durante anos. entendida como o processo de reforma econômica radical e de reestruturação social realizada na URSS. a URSS acumulou vários elementos negativos em seu sistema de planejamento central. os responsáveis pelas agências de planejamento voltaram a atenção ao mercado. na tentativa de alcançar a eficiência econômica que este pode proporcionar. A perostróika é o processo de reforma fiscal e de reestruturação da sociedade adotado pelas autoridades soviéticas. é necessário um planejamento indicativo e concreto na determinação de certas 41 . pois a mudança de um sistema de planejamento centralizado para outro sistema de economia de mercado exige superação de muitos obstáculos.3%. Sem dúvida a perostróika. Assim. 7. As razões que explicam o fracasso do planejamento centralizado são múltiplas. reduziu-se para 2. A volta ao Mercado Diante dos maus resultados do planejamento centralizado.1. sendo especialmente grave a crise na agricultura. Nesse sentido. evidente desde os anos 70. que supõe a perostróika. Esses elementos chegaram ao ápice na década de 1980. tem sua origem devido à estagnação da economia soviética. As frentes em que se deve atuar de forma simultânea podem ser resumidas nos seguintes pontos: Abandono do Sistema de Planejamento Para passar do planejamento centralizado para um sistema de economia de mercado.A falta de informações válidas e de incentivos efetivos que guiassem o sistema até a eficiência econômica foi a razão fundamental que pôs em marcha o processo revolucionário de volta ao mercado.3. cerca de dez anos após se manifestarem. pois existe uma grande demanda insatisfeita. Mudança no Sistema de Propriedade Dado que o Estado mantém a propriedade da maioria dos meios de produção. Para isso. promove ações de planejamento para coordenar a atuação de certos setores. No processo de transição. isto é. em relação à distribuição de renda. esse planejamento pode ser decisivo. Em uma economia mista. cria sérias dificuldades. trazendo um novo problema para as economias centralizadas. A liberação dos preços. existem somente duas opções: um sistema de propriedade privada ou um sistema de autogestão. o setor público colabora com a iniciativa privada nas respostas às perguntas sobre o que como e para quem do conjunto da sociedade. não é normal encontrar modelos puros. Introdução Progressiva do Mercado O objetivo último deve ser o funcionamento das empresas segundo critérios de eficiência econômica. sobretudo minimizando os custos. 7. provoca forte inflação. o Estado brasileiro desenvolve amplo sistema de prestação de 42 . deixando que a iniciativa privada tome a maior parte das decisões. em especial do mercado de trabalho. Também por meio de políticas industriais. porém. No sistema de planejamento central. mas situações intermediárias.tarefas estratégicas. por exemplo. Numa fase de transição. O Estado brasileiro. as greves crescem de forma significativa. como o elétrico e o siderúrgico. como já vimos. é preciso liberar dois elementos fundamentais: os preços e os mercados de fatores. o Estado oferecia emprego a todos e assegurava uma renda mínima a toda a população. Na realidade. A liberação dos mercados de fatores. Por outro lado. são modelos antagônicos. busca desenvolver indústrias de alta tecnologia.4 As Economias Mistas e o Mercado O sistema de economia de mercado e o de planejamento. um sistema no qual os trabalhadores participem de forma direta nas tarefas de gestão das empresas. serviços sociais. Parece que o mundo atual está revalorizando a eficiência econômica que o mecanismo de mercado pode fazer. com acentuada onde de neoliberalismo. que procura elevar o nível de vida das classes menos privilegiadas e garantir um nível mínimo de qualidade de vida... entretanto. “Alguns choram outros vendem lenço” 43 . Para Pensar. desde o final da década de 1970 está havendo um certo processo de redescobrimento do livre mercado. A Corrente Neoliberal A intervenção do Estado no desenvolvimento da atividade econômica ainda ocorre em certos países capitalistas. essa concepção foi complementada por outra que considera a concorrência como um mecanismo da organização dos mercados. pondo em contato compradores e vendedores. A concorrência existente entre um grande número de vendedores ( concorrência perfeita será diferente da que gera um mercado onde concorre um número reduzido de vendedores ( oligopólio). Muitos compradores ante muitos vendedores = concorrência perfeita. O Mercado e a Concorrência A concorrência está associada.8. a interação da oferta e demanda determina o preço. onde a concorrência é inexistente. Um mercado em concorrência perfeita é aquele no qual existem muitos compradores e muitos 44 . Um só vendedor ante muitos compradores = monopólio. Número reduzido de vendedores ante muitos compradores = oligopólio. destaca-se aquele mercado controlado por um só produtor ( monopólio ). isto é. segundo o tipo de ofertantes ou produtores: i. ii. Estrutura de Mercado O mercado é uma forma de intercâmbio na qual se realizam compras e vendas de bens e serviços. O critério mais freqüentemente utilizado para classificar os diferentes tipos de mercados é o que faz referência ao número de participantes dele. à idéia de rivalidade ou oposição entre dois ou mais sujeitos para conseguir um objetivo. normalmente. analisando os diferentes mercados. Em economia. A concorrência é uma forma de organizar os mercados que permite determinar os preços e as quantidades de equilíbrio. iii. A Concorrência Perfeita Nesse mercado. como uma forma de determinar os preços e as quantidades de equilíbrio.Como caso extremo. Vamos centrar nossos estudos neste item. como a utilidade pessoal ou ambição econômica privada. Liberdade de entrada e saída de empresas. iv. O Sistema de Economia de Mercado – e um dado preço as empresas decidem livremente que quantidade produzir. Assim. deforma que nenhum comprador ou vendedor individual exerce influência sobre o preço. Requer que todos os participantes tenham pleno conhecimento das condições gerais em que opera o mercado. se um produtor individual decide aumentar ou reduzir a quantidade produzida. Existência de elevado número de ofertantes e demandantes. O Funcionamento dos Mercados e a Concorrência Perfeita O funcionamento desse tipo de mercado pode ser esquematizado da seguinte forma: a oferta e a demanda do produto determinam um preço de equilíbrio. por exemplo. abandonará esta atividade e começará a produzir outros bens mais lucrativos. Para que esse processo ocorra de maneira correta. Todas as empresas participantes poderão entrar e sair do mercado de forma imediata. dir-se-á que é um mercado de concorrência perfeita. Quando se cumpre simultaneamente todas as condições anteriores.vendedores. ii. como já vimos anteriormente. Assim. cuja essência não está na rivalidade nem na dispersão da capacidade de controle que os agentes econômicos poder exercer sobre a marcha do mercado. a criação formal dos mercados perfeitamente competitivos requer que se cumpram as quatro condições seguintes: i. iii. Transparência no mercado. esta decisão não influi sobre o preço de mercado do bem que produz. se uma empresa está produzindo calçados esportivos e não obtém lucros. menos eficazes serão aquelas ações discricionárias que objetivam manipular a quantidade disponível de produtos e os preços no mercado. Supõe que não existe diferença entre o produto que vende um ofertante e o que vende os demais. Implica que a decisão individual deles exercerá pouca influência sobre o mercado global. Isso se deve ao fato de que quanto mais repartido o poder de influir nas condições do mercado. 45 . Homogeneidade do produto. os mesmos lucros. e cada empresa aceitará o preço como um dado fixo sobre o qual não poderá influir. em geral os de sua indústria. Alcança-se a eficiência econômica quando a sociedade não pode aumentar a quantidade produzida de um dos bens sem reduzir a do outro. De novo. se uma empresa que se dedica a produzir laminados metálicos observa que seus lucros. Assim. a curto prazo. Isso se deve ao fato de que. de forma que os custos e os lucros também serão diferentes ( vide quadro seguinte) Os lucros obtidos pelas empresas mais eficientes no mercado serão também notados pelas companhias de outros mercados ou setores. a produzir componentes eletrônicos. do melhor aproveitamento dos fatores produtivos e da modernização tecnológica. cada empresa individual produzirá a quantidade que indica a sua curva de oferta para dado preço (veja quadro seguinte). as empresas que buscam os maiores lucros devem recorrer ao máximo à tecnologia. A curva de oferta de cada empresa virá condicionada pelos seus custos de produção Os Lucros e a Concorrência Perfeita O preço que se determina no equilíbrio de um mercado concorrencial. porém logo que liquidarem suas instalações o farão. como se supõe. o mercado determina o preço. A Concorrência Perfeita e a Eficiência Econômica Nos mercados de concorrência perfeita.Por conseguinte. Desse modo. A partir do preço de equilíbrio. a concorrência perfeita procura maiores lucros por meio de maior eficiência. não dará às empresas. Portanto. por exemplo. a curto prazo. estes não poderão abandonar o setor no qual se encontram ( se seu lucro for menor que o de outro setor). nos mercados de concorrência perfeita. todas as empresas de um mercado possuem a mesma tecnologia. há uma tendência a minimizar os custos e a equiparar os lucros. porém as instalações fixas das diferentes empresas serão diferentes. em geral. ou seja. 46 . incorporar os últimos avanços em técnicas produtivas. procurará – se tem capacidade financeira e técnica – mudar de atividade e dedicar-se. são consideravelmente inferiores aos que se obtém no setor de microeletrônica. podemos destacar os seguintes: i. como são os serviços de correios. 47 . etc. Assim. pois tem capacidade de decidir seu valor. desempenha um papel determinante no processo de fixação de preço de mercado. buscando melhorar sua posição individual. já que a empresa tem controle sobre os preços e pode utilizar essa capacidade para influir sobre os mesmos. o empresário concorrencial toma o preço como dado e adapta seu comportamento às condições de mercado. O controle exclusivo de um fator produtivo por uma empresa ou o domínio das fontes mais importantes de matéria-prima indispensáveis para a produção de um determinado bem. O controle estatal da oferta de determinados serviços origina os monopólios estatais. No mercado monopolista existe um só ofertante. O empresário monopolista. o monopólio e a concorrência perfeita aparecem como dois extremos. que tem plena capacidade de determinar o preço. ii. iii. Dada esta perspectiva. pelo contrário.O Monopólio No mundo real. Esses serviços são freqüentemente oferecidos por empresas concessionárias privadas e mistas. pois existem fortes incentivos para tentar quebrá-la. uma empresa que controla uma única mina de diamantes existente num país atuará de forma monopolística. Causas que Explicam a Aparição do Monopólio Dentre os fatores que intervêm na aparição do monopólio. não é freqüente acontecer a concorrência perfeita. A concessão de uma patente também gera uma situação monopolística. A patente confere ao inventor o direito de fabricação exclusiva de um produto durante um período de tempo. Como já vimos. de caráter temporal. formar um cartel. 48 . 3. sendo possível encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos.indústria farmacêutica. aéreas etc. o normal será uma elevada dose de incerteza. Assim. Oligopólio O oligopólio é uma forma de organizar os mercados que se situa entre a concorrência perfeita e os monopólios. água e luz numa mesma localidade representa um enorme desperdício de recursos. isto é. existe um número reduzido de vendedores (ofertantes). indústria de bebidas. setor de cosméticos. Uma das características básicas desse tipo de mercado é a de interdependência mútua. poderá satisfazer as necessidades do mercado de forma mais eficiente que muitas empresas. As razões tecnológicas dos monopólios naturais mostram-se quando os custos médios diminuem à medida que aumenta a quantidade produzida do bem. cooperar e repartir o mercado. levando em conta a reação de seus rivais. Conseqüentemente. indústria química. a existência de duas ou três companhias de telefone. existem diversas possibilidades: 1. em vez de competir. Para isso. diante de uma grande quantidade de compradores. O porte do mercado e a estrutura de custos de indústrias especiais podem dar lugar a um monopólio natural. 2.iv. No mercado oligopolista. deforma que os vendedores podem exercer algum tipo de controle sobre o preço. Um monopólio natural surge quando uma empresa diminui de maneira expressiva seu custo médio por unidade de produto à medida que aumenta a produção. O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado.pôr-se de acordo sobre os preços e competir só na base da publicidade e.empresas de TV. Dado que as empresas determinam seus preços com base nas estimativas de suas funções de demanda.adivinhar as ações dos rivais. indústria de papel. as empresas que participam do mercado. mesmo que mantenham separadas suas identidades corporativas. porém. Esses acordos. Uma possibilidade consiste na formação do cartel. Cartel é um agrupamento de empresas que procura limitar a ação das forças da livre concorrência para conjunta de lucros. a elaboração dos pactos. estabelecer um preço comum e/ou alcançar uma maximização 49 . nas quais cada empresa procura aumentar sua participação no mercado. tendem a serem instáveis. dentre outras coisas. O atrito entre os interesses coletivos do cartel e os individuais de seus integrantes freqüentemente acaba em “guerras de preços”. que facilita. para determinar os preços. porque cada membro do cartel tem incentivos para abaixar os preços e vender mais do que sua quota.O Estabelecimento de Acordos Entre Empresas Oligopolistas As “guerras de preços” têm mostrado aos oligopolistas a conveniência de realizar acordos. o oligopólio moderno caracteriza-se por certa rigidez nos preços. para fixar os preços e/ ou repartir os mercados. tácitos ou expressos. Por esta razão. reúnem-se e elaboram acordos comerciais para distribuir quotas de produção e. isto é. sobretudo. Não há quaisquer diferenças Não há substitutos Pode ser homogêneo ou diferenciado próximos 3. Para Pensar . 50 .Quanto ao número de empresas Muito Grande Só há uma empresa Pequeno 2.VASCONCELLOS Marco Antonio S. “ Não permita que cresça ervas daninhas no campo dos seus sonhos”.Quanto concorrência extra preço seria eficaz recorre a campanhas quando institucionais.. Fundamentos de Economia. salvar sua imagem para diferenciação produto há do Barreiras ao acesso de 5.Quanto às condições Não há barreiras de ingresso na novas empresas Barreiras ao acesso de novas empresas indústria Quadro –Principais características das estruturas básicas de mercado TROSTER/MOCHÓN. sobretudo 4. Ed. Introdução à Economia..Quanto ao produto Homogêneo. editora Saraiva. empresas relativamente elevados.Quanto ao controle Não há possibilidades das empresas sobre os de preços manobras As empresas poder têm Embora dificultado pelas grande manter para pela interdependência preços entre as empresas..Características Concorrência perfeita Monopólio Oligopólio 1. quando essas tendem a formar controlando sobretudo cartéis não há preços e quotas de produção intervenções restritivas do governo (leis antitrustes) Não é possível nem A empresa geralmente É intensa.Makron Books.