APOSTILA DE ANATOMIA TOPOGRÁFICA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS - UNIPAMPA, 2013.pdf

March 27, 2018 | Author: mersilv | Category: Animal Anatomy, Limbs (Anatomy), Anatomy, Soft Tissue, Primate Anatomy


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ROTEIRO DEDISSECAÇÃO Roteiro de dissecação da disciplina de Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos do curso de graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pampa – campus Uruguaiana, RS. Prof. Paulo de Souza Junior Uruguaiana 2013.01 2 Sumário 1. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO MEMBRO TORÁCICO .............. 4 1.1 Face Lateral do Ombro e Braço ............................................................................ 4 1.2 Axila ...................................................................................................................... 9 1.3 Face Medial do Braço.......................................................................................... 11 1.4 Antebraço e Mão ................................................................................................. 13 1.5 Revisão Geral do Membro Torácico .................................................................... 17 2. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DA CABEÇA E PESCOÇO ............ 18 2.1 Face .................................................................................................................... 18 2.2 Região Retrofaríngea .......................................................................................... 21 2.3 Pescoço ............................................................................................................... 22 2.3.1 Face Lateral Do Pescoço ................................................................................. 22 2.3.2 Face Ventral do Pescoço ................................................................................. 23 3. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO TRONCO ................................. 25 3.1 Parede Torácica e Músculos Epaxiais ................................................................ 25 4. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO MEMBRO PÉLVICO ................ 28 4.1 Face Lateral da Pelve ......................................................................................... 28 4.2 Face lateral da coxa ............................................................................................ 30 4.3 Face medial da coxa. .......................................................................................... 32 4.4 Crura e pé. .......................................................................................................... 34 5. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DA CAVIDADE TORÁCICA ........... 38 6. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DA PAREDE E CAVIDADE ABDOMINAL ............................................................................................................. 42 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 47 3 LEIA COM ATENÇÃO ANTES DE COMEÇAR A DISSECAÇÃO: 1. Use sempre luvas! 2. Cuidado no manuseio de instrumental cortante! 3. Retire o cadáver da solução de formol um dia antes da dissecação e mantenha-o umedecido. Se a peça for de cão, coloque-o em uma caixa com água. Se for de ovino, coloque sobre uma maca e recubra com pano umedecido. Mantenha as extremidades (membros e cauda) sempre umedecidas mesmo durante a dissecação. 4. Ao término da atividade, limpe a bancada e o instrumental utilizado. Descarte o material pérfuro-cortante (agulhas, lâminas de bisturi) no local designado. 5. Anote todas as etapas da dissecação (cronologia) e ilustre com fotografias da peça preparada. Isto será importante para a confecção do relatório final. 6. A pele deve ser rebatida e a fáscia removida (com pinça dente-de-rato ou bisturi) até que a musculatura seja exposta e as fibras tenham suas direções identificadas. 7. Caso não vá manipular o cadáver por mais de 24h, suture a pele e devolva- o à solução de formol para conservação adequada. 8. Este guia é autoexplicativo desde que o aluno recorra às ilustrações dos atlas de anatomia e informações complementares dos livros textos para melhor entendimento. 4 1. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO MEMBRO TORÁCICO 1.1 Face Lateral do Ombro e Braço 1.1.1 A dissecação começa com a retirada da pele, que deve ser demonstrada pelo instrutor. A remoção da pele deve ser feita cuidadosamente, a fim de se evitar cortar estruturas mais profundas. Faça uma incisão na pele sobre a linha mediana ventral, desde o terço médio do pescoço até a cicatriz umbilical (figura 1). Em seguida, faça mais três incisões perpendiculares àquela. Uma, a partir do ponto de origem da primeira incisão até a linha mediana dorsal, cruzando a região lateral do pescoço. Outra, da linha mediana ventral até a face medial da articulação do cotovelo, atravessando a axila. A terceira, começa na cicatriz umbilical e passa sobre a região abdominal lateral até a linha mediana dorsal. Remova a pele desde a linha mediana ventral até a linha mediana dorsal. Na altura do cotovelo, faça uma incisão contornando esta articulação. A pele do antebraço e da mão não será removida nesta fase. Figura 1. 5 1.1.2 Identifique, logo abaixo da pele, o m. cutâneo do tronco. Este é um músculo de forma laminar que se estende da face lateral do ombro até as faces laterais da pelve e da coxa, cobrindo o tórax e abdome (figura 2). Figura 2. 1.1.3 Proceda a limpeza (remoção das fáscias e gordura) de todos os músculos extrínsecos do membro torácico, permitindo a visualização dos mesmos. 1.1.4 Comece identificando os músculos peitorais. Estes músculos ocupam o espaço entre o esterno e a face medial do braço. De acordo com o sentido de suas fibras, podemos reconhecer o m. peitoral superficial e o m. peitoral profundo. Como o nome indica, o m. peitoral superficial cobre parcialmente o peitoral profundo. Reconheça as porções descendente e transversa do m. peitoral superficial. Em algumas peças, é necessário remover o tecido conjuntivo, predominantemente adiposo, que recobre estes músculos. 1.1.5 Neste item, deverão ser identificados, no sentido craniocaudal, os músculos braquiocefálico, omotransverso, trapézio e grande dorsal. Este último está encoberto pelo m. cutâneo do tronco. Após limpar todo o m. braquiocefálico desde o úmero até a cabeça, identifique a intersecção clavicular. Ela divide o músculo em clidobraquial e clidocefálico. O clidocefálico, por sua vez, divide-se em clidomastóideo e clido-occipital nos ruminantes (figura 3) e em clidomastóide e clidocervical em carnívoros. O clidomastóideo é sempre a porção mais fina entre 6 as duas. Estes músculos servem para prender o membro torácico ao pescoço e ao tronco. Rebata ventralmente o cutâneo do tronco para visualizar o grande dorsal. Figura 3. 1.1.6 Identifique a v. cefálica, que corre sobre o m. braquiocefálico, vindo da face cranial do antebraço em direção ao pescoço para encontrar a v. jugular externa. 1.1.7 A próxima etapa consiste na remoção do membro torácico esquerdo. Neste antímero, corte os músculos extrínsecos supramencionados em seus terços médios. O m. trapézio deve ser cortado em suas porções cervical e torácica, contornando sobre a borda dorsal da escápula em forma de “arco”. O m. peitoral superficial deve ser cortado longitudinalmente a 2 cm e o m. peitoral profundo a 1 cm do plano mediano e ambos rebatidos em direção ao membro com sua inserção no úmero preservada (figura 4). Os vasos e nervos da região axilar devem ser cortados o mais rente possível do tronco, permanecendo o máximos destas estruturas junto ao membro que será retirado. Após estas manobras, o membro está preso ao tronco apenas pelos músculos romboide e serrátil ventral (figura 5). O primeiro está situado profundamente ao trapézio. Seccione-o transversalmente. Finalmente o m. serrátil ventral é descolado da face serrátil da escápula e o membro removido. A partir desta etapa, uma dupla deverá trabalhar na dissecação do membro removido (esquerdo) e a outra no membro que permaneceu junto ao tronco (direito). 7 Figura 4. Figura 5. 1.1.8 Localize a espinha da escápula. Cranialmente a ela e sob a aponeurose do m. trapézio, identifique o m. supra-espinhoso que se aloja na fossa supra- espinhosa da escápula. Caudalmente à espinha, identifique o m. infra espinhal (infra–espinhoso), que ocupa a fossa de mesmo nome da escápula. Identifique agora o m. deltóide. Ele é constituído de duas partes: a parte dorsal é denominada escapular e a ventral acromial. Ambas se inserem na tuberosidade deltóide. As suas 8 aponeuroses recobrem parcialmente o m. infra-espinhoso e fundem-se a fáscia que recobre este músculo. 1.1.9 Identifique os músculos tríceps e tensor da fáscia do antebraço (figura 6). Eles ocupam o ângulo caudal formado pela escápula e pelo úmero. O tríceps é o mais cranial e, na face lateral, aparecem duas de suas cabeças: lateral e longa. A cabeça lateral é a menor e mais cranial. Localize o limite entre as duas cabeças do tríceps. O m. tensor da fáscia do antebraço é alongado, estreito e situa- se caudalmente à cabeça longa do tríceps. Nos carnívoros, aparece como uma lâmina fina e delgada na face medial do membro. Figura 6. 1.1.10 Determine os limites das partes acromial e escapular do m. deltóide. Na parte escapular, faça uma secção transversal ao nível de seu terço médio, afaste os cotos e identifique profundamente o n. axilar, que se ramifica nesta área. Localize aí, também, profundamente a parte recém-exposta do m. infra-espinhoso e o pequeno m. redondo menor. 1.1.11 Isole com cuidado a cabeça lateral do tríceps e seccione-a transversalmente ao nível de seu terço médio. Após o corte, afaste seus cotos e identifique, inicialmente, o n. radial transitando profundamente a ele. Disseque o nervo distalmente até sua divisão em ramo superficial e ramo profundo. Cranialmente ao n. radial, localize o m. braquial. Caudalmente àquele nervo localize 9 o m. ancôneo, que se dirige para o olécrano. Profundamente à cabeça lateral e ao n. radial, os carnívoros exibem a cabeça acessória do m. tríceps braquial. Nos ruminantes, a existência desta cabeça e o reconhecimento da sua separação nem sempre é muito nítida. 1.1.12 Faça uma revisão do estudo dos principais acidentes da escápula, úmero, rádio e ulna. Estude, no capítulo de músculos do membro torácico, os músculos até agora identificados. Com relação ao n. radial, seu estudo será feito em conjunto com outros nervos do plexo braquial. 1.2 Axila 1.2.1 Esta etapa é feita em ambos membros. No esquerdo (removido), dissecam-se os vasos e nervos isolados. No membro mantido junto ao tronco (direito), será necessário o corte cuidadoso do m. peitoral superficial no seu local de inserção junto ao úmero para promover uma abdução do membro e, assim, expor o espaço axilar. 1.2.2. Com o braço ligeiramente abduzido, disseque ao nível da articulação do ombro e medialmente ao m. braquiocefálico, o delgado m. subclávio (ausente nos carnívoros) e a a. cervical superficial (figura 7). Estas estruturas situam-se dorsalmente à v. cefálica e próximas do linfonodo cervical superficial. Não remova todas as fixações do linfonodo para poder mantê-lo preservado na peça. 1.2.3. Remova com cuidado os tecidos conjuntivo e adiposo da região axilar. À medida que estes tecidos são removidos, aparecem os nervos componentes do plexo braquial e a artéria e veia axilares. Neste item, a tarefa consiste apenas em isolar estas estruturas, sem a preocupação de dar-lhes nomes. 10 Figura 7. 1.2.4. Identifique, na face medial da escápula os músculos supra–espinhoso, subescapular e redondo maior. Como se pode notar, o m. supra –espinhoso aloja-se na fossa supra – espinhosa e cobre também a borda cranial da escápula. O m. subescapular é constituído por 3 fascículos que convergem distalmente, fundindo-se num ventre único ao nível do ângulo distal da escápula. O m. redondo maior situa-se ao longo da borda caudal da escápula, unindo parcialmente ao subescapular. Sua extremidade distal separa-se deste último para se prender na tuberosidade redonda maior do úmero. Relaciona-se láterocaudalmente com o m. grande dorsal. 1.2.5 Neste item, serão dissecados os nervos do plexo braquial. Antes de iniciar esta dissecação, identifique os linfonodos axilares, em número de 1 ou 2: eles são estruturas ovoides ou arredondadas, com 0,5 a 1,0 cm de diâmetro. O plexo braquial é formado por feixes nervosos provenientes dos ramos ventrais dos três últimos nervos espinhais cervicais e do 1º nervo espinhal torácico. Cada nervo espinhal emerge do forame intervertebral respectivo. Do plexo braquial originam- se os nervos para o membro torácico. Nos ruminantes, identifique, no sentido craniocaudal, o tronco comum dos nervos supra-escapular e subescapular cranial, o tronco comum dos nervos subescapular caudal, toracodorsal, axilar e radial e o tronco comum dos nervos ulnar, mediano e musculocutâneo. Nos carnívoros essa formação de troncos é mais inconstante. 1.2.6. Disseque o n. supra- escapular até sua penetração no espaço entre os músculos supra- espinhoso e subescapular. Siga o n. subescapular cranial até sua 11 penetração no m. subescapular. Passe a dissecar agora do segundo tronco. Acompanhe o n. subescapular caudal até sua ramificação na parte caudal do m. subescapular. Disseque o n. toracodorsal (acompanhado por uma artéria e uma veia toracodorsais) até alcançar a face profunda do m. grande dorsal. Verifique a penetração do n. axilar no espaço entre os músculos subescapular e redondo maior. Disseque o n. radial até seu limite no seu ponto de entrada entre as cabeças medial e longa do m. tríceps braquial. Disseque também o terceiro tronco até este mesmo nível. 1.2.7 Disseque a a. axilar até sua bifurcação em artérias subescapular e braquial. A a. braquial corre distalmente e sua dissecação será feita na face medial do braço. A artéria subescapular dirige-se proximalmente, no espaço entre os músculos subescapular e redondo maior. Ela emite ramos para a musculatura do ombro e do braço. Verifique que as artérias axilar, braquial e subescapular, são acompanhadas por veias satélites homônimas. 1.2.8 Disseque o linfonodo cervical superficial na face profunda do m. braquiocefálico, cranialmente ao m. supraespinhoso. Geralmente, este linfonodo está recoberto por tecido conjuntivo adiposo, que deverá ser removido. Verifique também, adjacente ao referido linfonodo, a distribuição da a. cervical superficial, já identificada (item 2.2). 1.2.9 Estude os músculos nesta região. 1.3 Face Medial do Braço 1.3.1 Retire com cuidado a fáscia que recobre esta região (figura 8). Identifique, no sentido craniocaudal, os músculos bíceps braquial, coracobraquial, tríceps braquial e tensor da fáscia do antebraço. O bíceps braquial estende-se ao longo da face craniaomedial do úmero. Caudalmente ao bíceps, encontra-se o coracobraquial, que se estende do processo coracóide da escápula até o terço médio do corpo do úmero. Nos carnívoros, o coracobraquial é bem reduzido, fusiforme, estendendo-se apenas até o nível proximal do úmero. O tríceps braquial e o tensor da fáscia do antebraço já foram reconhecidos. Nesta face, 12 pode-se identificar, além da cabeça longa, a cabeça medial do tríceps. Esta última situa-se entre o corpo do úmero e a cabeça longa. Figura 8. 1.3.2 Retome a dissecação do n. radial. Note seus ramos musculares para o tríceps e disseque-os até sua penetração entre as cabeças medial e longa deste músculo. Daí, ele passa a face lateral do braço, onde já foi dissecado (item 1.1.10). 1.3.3 Retome a dissecação do tronco comum dos nervos mediano, musculocutâneo e ulnar. Disseque, inicialmente, o n. ulnar, que se destaca do tronco ao nível do terço proximal do braço e corre em direção ao olecrano, ao longo da borda cranial da parte longa do tríceps. Verifique o n. cutâneo caudal do antebraço, que se destaca do ulnar nesta região. Interrompa a dissecação do n. ulnar ao nível do cotovelo. 1.3.4 Disseque agora o ramo muscular proximal do n. musculocutâneo, que se destaca da porção inicial do tronco, dirige-se cranialmente, atravessa o terço médio do m. coracobraquial e termina no bíceps do braço. 1.3.5 Disseque distalmente, acompanhando a a. braquial, o n. mediano e o n. musculocutâneo, que se encontram fundidos num único tronco nos ruminantes. Nos carnívoros, os nervos mediano e ulnar estão fusionados ao longo da face medial do braço. Verifique que, no terço distal do braço, o n. musculocutâneo penetra no espaço entre o úmero e o bíceps do braço, para ramificar-se e inervar o m. braquial. 13 Siga o n. mediano até o nível do cotovelo. Nos carnívoros, identifique o ramo comunicante entre os nervos mediano e musculocutâneo neste nível. 1.3.6 Finalmente disseque a a. braquial até o cotovelo e note seus vários ramos musculares na face medial do braço. 1.3.7 Estude os músculos, vasos e nervos dissecados nesta região com auxílio de um atlas. 1.4 Antebraço e Mão 1.4.1 Faça uma incisão vertical na pele da face medial do antebraço e da mão, até o casco (ruminantes) ou unhas (carnívoros). Faça outra incisão perpendicular à primeira, na face medial do carpo. Remova a pele, rebatendo-a nos sentidos cranial e caudal, até contornar completamente os segmentos que serão dissecados. 1.4.2 Disseque aderido à tela subcutânea da face cranial do antebraço a v. cefálica e o ramo superficial do n. radial, preservando-os junto à peça. Em carnívoros, um delgado músculo denominado braquiorradial acompanha a v. cefálica em cerca de 30% dos animais. Verifique se o cadáver do seu grupo possui este músculo! 1.4.3 Seccione longitudinalmente a fáscia do antebraço ao longo da borda medial do rádio. Rebata esta fáscia cranial e caudalmente e libere as inserções do peitoral superficial e do braquiocefálico nos ruminantes, caso ainda não tenha sido feito. 1.4.4 Identifique, cranialmente ao rádio, o m. extensor radial do carpo e a inserção dos músculos bíceps braquial e braquial. O m. extensor radial do carpo situa-se ao longo da face cranial do rádio. O bíceps braquial e o braquial se inserem no terço proximal do rádio. 1.4.5 Identifique, cruzando a face medial da articulação do cotovelo, o m. pronador redondo. Ele é bem desenvolvido em carnívoros e apenas uma estreita fita fibrosa nos ruminantes, que faz o papel de ligamento colateral medial do cotovelo. Caudalmente a este músculo e ao rádio, identifique os músculos flexor radial do carpo e flexor ulnar do carpo: destes, o flexor ulnar do carpo é o mais caudal. 14 1.4.6 Observe a a. braquial e o n. mediano cruzando a face profunda do m. pronador redondo. Para prosseguir a dissecação, seccione os músculos pronador redondo e flexor radial do carpo em seus terços médios no membro torácico esquerdo (removido). No membro torácico direito não precisa cortá-los. Afaste os cotos destes músculos e disseque os ramos musculares do n. mediano e da a. braquial, caso visíveis. Disseque a origem da a. interóssea comum, que é o último ramo da a. braquial e que se dirige para o espaço interósseo entre rádio e ulna. Após a emissão da a. interóssea comum, a a. braquial passará chamar-se a. mediana, sendo satélite do n. mediano. 1.4.7 Continue agora a dissecar distalmente a artéria e nervos medianos até onde forem identificáveis até o nível do carpo. 1.4.8 Retome a dissecação do n. ulnar a partir do cotovelo. Note que ele passa profundamente à porção ulnar do m. flexor ulnar do carpo, onde emite vários ramos musculares. Acompanhe-o distalmente até onde visível na face caudal do antebraço 1.4.9 Estude agora os músculos flexor superficial dos dedos e flexor profundo dos dedos. Seus ventres situam-se profundamente aos músculos flexor radial do carpo e flexor ulnar do carpo. Nos ruminantes seus tendões correm na face palmar do metacárpico III e IV, estendendo-se até a face palmar dos dedos III e IV. Nos carnívoros, distribuem-se na face palmar dos metacarpianos e dedos (II a V). No membro esquerdo (removido), seccione o flexor ulnar do carpo em seu terço médio e note que ele cobre o ventre do flexor superficial dos dedos. Afaste os músculos flexor superficial dos dedos e flexor radial do carpo, e identifique as várias cabeças do m. flexor profundo dos dedos. 1.4.10 Neste item serão estudados os tendões dos músculos flexores superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos e interósseo III e IV. Observe no terço médio do metacarpo, a fusão dos tendões das partes superficial e profunda do flexor superficial dos dedos num único tendão. Note que o tendão do flexor superficial dos dedos bifurca-se ao nível da articulação metacarpofalângica, formando um tendão para cada dedo principal. 1.4.11 Identifique, profundamente ao tendão do flexor superficial dos dedos, o tendão do flexor profundo dos dedos e, profundamente a este, os músculos interósseos III e IV. Este último músculo está constituído, nos ruminantes, exclusivamente de tecido fibroso e forma cintas ligamentosas que envolvem a 15 articulação metacarpofalângica. Os músculos interósseos dos carnívoros são essencialmente musculares localizados na região palmar e em número de 4 a 5. 1.4.12 Em ruminantes, tal como ocorre com o flexor superficial dos dedos, o tendão do m. flexor profundo dos dedos também se divide ao nível da articulação metacarpofalangiana em um tendão para cada dedo principal. Cada um destes tendões corre no interior de um canal formado pela fusão do tendão do flexor superficial dos dedos com parte do m. interósseo III e IV. Para verificar esta situação, faça um secção longitudinal na parede deste canal. Finalmente, note as inserções dos músculos flexores superficial e profundo dos dedos nas falanges média e distal, respectivamente. 1.4.13 Remova a fáscia que recobre os músculos da face lateral do antebraço. Identifique o m. extensor radial do carpo (figura 9). Este é um potente músculo que ocupa a face cranial do antebraço e cujo tendão se insere na extremidade proximal dos metacárpico III e IV. Observe, ao nível do terço distal do rádio, o pequeno m. abdutor longo do 1º. dedo (carnívoros) ou m. extensor oblíquo do carpo (ruminantes), cujo tendão cruza obliquamente, no sentido látero- medial e próximo-distal, o tendão do m. extensor radial do carpo. Figura 9. 1.4.14 Os demais músculos da face lateral do antebraço situam-se caudalmente ao extensor radial do carpo e são, no sentido craniocaudal, os seguintes: extensor comum dos dedos, extensor lateral dos dedos e ulnar lateral (ou extensor ulnar do carpo). Para 15 dentifica-los com segurança, é necessário dissecar seus tendões distalmente até suas inserções. Note que o 16 tendão do extensor comum dos dedos bifurca-se ao nível da articulação metacarpofalangiana, enviando um tendão para cada dedo principal. Finalmente, observe que o tendão do ulnar lateral insere-se lateralmente no carpo acessório. Este é o único músculo do grupo craniolateal que faz flexão do carpo, ao invés de extensão e por isso o nome “ulnar lateral” nos parece mais apropriado que “extensor ulnar do carpo”, ainda que ambos sejam aceitos. 1.4.15 Nos carnívoros, afaste os músculos extensor radial do carpo e extensor comum dos dedos para visualizar o m. supinador, aderido à superfície craniolateral e do terço médio do rádio. Identifique também o m. pronador quadrado (figura 10). , com aspecto tendinoso (“brilhoso”) ocupando o espaço interósseo. Figura 10. 1.4.16 Retome a dissecação do ramo profundo do n. radial. Verifique sua penetração no espaço entre os músculos braquial e extensor radial do carpo. 1.4.17 Estude os músculos, vasos e nervos dissecados! 17 1.5 Revisão Geral do Membro Torácico 1.5.1 Reconheça, tanto em esqueletos como em peças dissecadas, os segmentos do membro torácico. 1.5.2 Faça revisão dos termos indicativos de posição e direção utilizados no membro torácico, com seus significados e exemplos. 1.5.3 Estude os ossos do membro torácico, com ênfase nas saliências ósseas articulares e nas que servem para origem e inserções musculares. 1.5.4 Estude os músculos do membro torácico. Para cada um deles, verifique, nas peças dissecadas e em peças especiais, sua origem, inserção e inervação. A ação dos músculos é, na maioria das vezes, complexa. Num dado movimento, executado pelo animal, vários grupos musculares estão envolvidos, tornando difícil individualizar a ação de cada um deles. Agrupe os músculos de determinada região por sua ação e inervação. 1.5.5 Estude os principais troncos arteriais dissecados e determine suas áreas de distribuição. 1.5.6 Estude as veias e linfonodos dissecados, determinando suas respectivas áreas de drenagem. 1.5.7 Estude os nervos do plexo braquial para o membro torácico. Determine seu trajeto, grupos musculares por eles inervados. 18 2. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DA CABEÇA E PESCOÇO 2.1 Face 2.1.1 Remova toda a pele do pescoço, da face e do crânio, contornando a base da orelha, os chifres, a órbita, os lábios e a narina (figura 11). Figura 11. 2.1.2 Identifique logo abaixo da pele o músculo cutâneo da face, cujas fibras dispõem-se no sentido caudorrostral. Ele é delgado, transparente e está, em alguns pontos, intimamente aderido à pele. Identifique o músculo parótido-auricular, que é uma delgada cinta muscular cujas fibras dispõem-se verticalmente a partir da base da orelha e recobrem a glândula parótida. Nos carnívoros, o m. cutâneo da face tem seu homólogo denominado platisma. 2.1.3. Rebata a pele rostrocaudalmente, evitando atingir estruturas mais profundas como os músculos cutâneo da face e parótido-auricular. Observe, profundamente ao músculo parótido-auricular, a glândula parótida e delimite o contorno desta glândula. Identifique, na borda rostral da parótida e, às vezes parcialmente recoberto por ela, o linfonodo parotídeo. 19 2.1.4 Separe os músculos parótido-auricular e cutâneo da face e rebata este último até sua inserção nos lábios. Identifique o potente músculo masseter (figura 12), que ocupa a superfície lateral do ramo da mandíbula e a face lateral da maxila, rostralmente à glândula parótida. Figura 12. 2.1.5. Identifique, emergindo da borda cranial da parótida e correndo em sentido rostral sobre o músculo masseter, as seguintes estruturas: artéria e veia transversas da face, ramo bucal dorsal do nervo facial, ducto parotídeo e ramo bucal ventral do nervo facial. Estes dois últimos correm com pequenas variações, próximo à borda ventral do masseter. Identifique, cruzando obliquamente a borda ventral do corpo da mandíbula, no sentido rostroventral, a veia facial. A artéria facial ocorre somente nos bovinos; nestes animais, ela é satélite à veia facial. Nos carnívoros, o ducto parotídeo transita sobre a superfície do m. masseter, entre os ramos do nervo facial, e penetra no vestíbulo oral ao nível do PM4. 2.1.6. Limpe delicadamente a fáscia superficial na face e identifique os músculos levantador nasolabial, malar (ruminantes), zigomático, bucinador e depressor do lábio inferior (ruminantes). O levantador nasolabial é delgado e suas fibras dispõem-se obliquamente em sentido dorsoventral na região lateral do nariz. O malar é também delgado, situa-se caudalmente ao levantador nasolabial, dispondo suas fibras mais ou menos verticalmente a partir da pálpebra inferior. O zigomático é 20 uma cinta muscular delgada e estreita, que se estende caudorrostralmente do osso zigomático à comissura labial. O bucinador situa-se imediatamente rostral ao masseter; suas fibras, dispostas verticalmente, entram na formação da parede da bochecha. O depressor do lábio inferior situa-se ventralmente ao bucinador; suas fibras dirigem-se longitudinalmente para o lábio inferior, mas caudalmente confundem-se com o bucinador. 2.1.7. Seccione no antímero esquerdo, em seus terços médios, os músculos levantador nasolabial e zigomático e rebata seus cotos. Profundamente ao músculo levantador nasolabial, identifique nos ruminantes os músculos levantador do lábio superior, canino e depressor do lábio superior. Note suas origens comuns, próximo à tuberosidade facial, e a disposição em leque de seus ventres. O elevador do lábio superior é o mais dorsal e seu tendão de inserção une-se com o do lado oposto. O depressor do lábio superior é o mais ventral e o canino ocupa posição média. 2.1.8 Disseque rostralmente a veia facial. Observe que ela recebe, logo acima do lábio superior, a veia lateral do nariz. Um pouco mais acima, verifique que a veia facial é formada pela união das veias angular do olho e dorsais do nariz. 2.1.9 Disseque rostralmente o ramo bucal dorsal do nervo facial. Verifique que ele passa sob o músculo zigomático, onde frequentemente forma uma alça em torno da veia facial. Termine sua dissecção nos músculos na região lateral do nariz e lábio superior. 2.1.10 Disseque agora o ramo bucal ventral do nervo facial até sua penetração no músculo depressor do lábio inferior. Note que, próximo à borda rostral do masseter, ele emite um ramo que se dirige dorsalmente para unir-se ao ramo bucal dorsal. 2.1.11 Seccione apenas no antímero esquerdo, próximo à origem, os músculos elevador do lábio superior, canino e depressor do lábio superior. Disseque, profundamente a eles, o nervo e a artéria infra-orbitais, que emergem do forame infra-orbital e se distribuem na região lateral do nariz, lábio superior e vestíbulo nasal. 2.1.12 Disseque o ducto parotídeo a partir do ângulo rostro-ventral da parótida, acompanhando-o junto à borda rostral do masseter, até o ponto em que ele perfura o músculo bucinador para entrar na cavidade oral. 21 2.1.13 Identifique, caso possível, as glândulas bucais dorsais e bucais ventrais. As primeiras situam-se sob o músculo zigomático e as segundas estão parcialmente encobertas pelo músculo bucinador. 2.1.14 Os ramos cutâneos do nervo auriculopalpebral que se distribuem na face, bem como os ramos profundos do nervo facial, não precisam ser dissecados. 2.1.15 Verifique, sob a borda ventral da mandíbula ou do masseter, a união da veia facial com a veia lingual, formando a veia linguofacial. Disseque esta última caudalmente até sua união com a veia maxilar, a qual emerge da borda ventral da parótida. Da união das veias linguofacial e maxilar resulta a veia jugular externa, que corre caudalmente no pescoço. Nos carnívoros a veia linguofacial transita entre as duas partes do linfonodo mandibular. 2.1.16 Identifique, no ângulo entre as veias linguofacial e jugular externa, a glândula mandibular e os linfonodos mandibulares. Nos carnívoros, essa glândula é ovalada e compacta. 2.1.17 Estude os músculos, vasos, nervos, glândulas e linfonodos até agora dissecados. 2.2 Região Retrofaríngea 2.2.1 A dissecção desta região é feita na face medial da hemicabeça cortada. Inicialmente, identifique o occiptal, o atlas, o áxis, o esôfago, a traquéia, a laringe e a faringe. A região retrofaríngea compreende o espaço situado entre a faringe, a base do crânio e a face ventral do atlas. 2.2.2 Remova o músculo longo do pescoço, que se situa ao longo da face ventral das vértebras cervicais. Identifique a glândula mandibular e o linfonodo retrofaríngeo medial; este último pode estar envolvido em quantidade variável de tecido adiposo. 2.2.3 Identifique, correndo sobre o esôfago, o feixe vasculonervoso formado pelo tronco vago simpático e a artéria carótida comum. Disseque em sentido cranial o tronco vago simpático. Tente encontrar o ponto em que o tronco simpático separa- se do nervo vago. O tronco simpático é o mais delgado e ventral dos dois. 22 2.3 Pescoço 2.3.1 Face Lateral Do Pescoço 2.3.1.1 Remova a pele do pescoço até a nuca. 2.3.1.2 Identifique, inicialmente, os músculos superficiais da face lateral do pescoço: clidocefálico, que é a parte cervical do m. braquiocefálico, omotransverso e a parte cervical do m. trapézio. Estes músculos já foram estudados quando da dissecação do membro torácico. Observe que o omotransverso passa profundamente ao m. cleidocefálico, com o qual está parcialmente fundido nos ruminantes. 2.3.1.3 Apenas limpe os músculos do pescoço no lado direito. 2.3.1.4 A partir deste ponto, as dissecações serão realizadas no lado esquerdo, de onde os músculos extrínsecos do membro torácico foram cortados para a remoção do membro e portanto a musculatura do pescoço foi descoberta. Identifique as porções do sistema longuíssimo que terminam na região cervical e a que se direciona para a cabeça (músculos longuíssimos cervical e cefálico (figura 13), respectivamente). Identifique o m. esplênio bem amplo e dorsalmente localizado. Este é o músculo mais superficial e dorsal no pescoço. Corte sua inserção a 1 ou 2 cm próximo da nuca e rebata-o dorsalmente. 2.3.1.5 Profundamente ao m. esplênio, visualize o m. espinhoso e semi- espinhoso da cabeça e pescoço com suas duas porções: biventre (mais dorsal) e complexa (mais ventral). 2.3.1.6 Limpe profundamente estas duas porções e visualize o forte ligamento nucal. 23 Figura 13. 2.3.1.7 Alguns dos músculos profundos da face lateral do pescoço não tem muita relevância em Medicina Veterinária e por isto não serão aqui dissecados. 2.3.2 Face Ventral do Pescoço Em ambos os lados: 2.3.2.1Identifique, na face ventral do pescoço, ventralmente ao cleidocefálico, o m. esternocefálico, que, como o nome indica, se estende do esterno à cabeça. O músculo esternocefálico dos carnívoros divide-se em duas porções: uma esternomastoide (mais grossa, estreita e ventral) e outra esterno-occipital (mais delicada, ampla e superficial). Em ovinos, apenas a porção esternomastoide está presente. Nos demais ruminantes, além da porção esternomastoide existe também a esternomandibular. 2.3.2.2 Identifique e limpe a v. jugular externa (figura 14), que corre caudalmente no sulco jugular, formado entre os músculos clidocefálico, dorsalmente, e esternocefálico, ventralmente. 2.3.2.3 Identifique, na face ventral do pescoço, a laringe e a traqueia. Verifique, ao longo da face ventrolateral da traqueia, os músculos esternotireóideo e esterno-hióideo. Eles são delgados feixes musculares que se estendem desde o 24 esterno até a cartilagem tireoide da laringe e o osso basi-hioide, respectivamente. Identifique também o pequeno m. omo-hióideo, que se estende obliquamente na porção cranial da face lateral do pescoço até o basi-hióide, passando profundamente à v. jugular externa. 2.3.2.4 Identifique, na porção cranial da face lateral da traqueia, caudalmente à laringe, a glândula tireoidea. As glândulas paratireoideas são pequenas e difíceis de serem localizadas. Figura 14. 2.3.2.5 Identifique e disseque, profundamente ao m. esterno-cefálico, as seguintes estruturas: a. carótida comum, tronco vagossimpático, esôfago e n. laríngeo recorrente. Este último corre na face dorsolateral da traqueia e penetra na laringe. Estas estruturas estarão parcialmente dissecadas por ocasião da colocação de cânulas e/ou corantes durante a fixação do cadáver para estudo. 2.3.2.6 Observe, na face lateral do esôfago dos ruminantes, hemolinfonodos de tamanho variável. 2.3.2.7 Ventralmente à traqueia, pode-se observar, em ruminantes jovens, o timo. Seu tamanho é variável de acordo com a idade e persiste por mais tempo em bovinos (até seis anos!). 25 3. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO TRONCO 3.1 Parede Torácica e Músculos Epaxiais 3.1.1 Rebata ventralmente os cotos esternais dos músculos peitoral superficial e peitoral profundo até a linha mediana ventral. 3.1.2 Localize e disseque as raízes do plexo braquial no limite entre as partes cervical e torácica do músculo serrátil ventral, já estudado. 3.1.3 Identifique e disseque os nervos frênico, torácico longo e torácico lateral. O nervo frênico supre o m. diafragma; neste item, será dissecado apenas seu trajeto cervical, Verifique sua origem dos ramos ventrais dos nervos cervicais V e VI e note que ele corre caudoventralmente até penetrar na cavidade do tórax. O n. torácico longo origina- se do plexo braquial e corre caudalmente sobre o m. serrátil ventral, onde se distribui. O n. torácico lateral também se origina do plexo braquial, corre caudalmente na parede do tórax, ventralmente ao n. torácico longo. 3.1.4 Disseque, ventralmente ao plexo braquial, os cotos da artéria e veia axilares. 3.1.5 A partir desta etapa, a musculatura da parede torácica direita deverá apenas ser limpa. 3.1.6 As dissecações seguintes serão feitas apenas na parede torácica esquerda (de onde o membro foi removido): 3.1.7 Identifique agora o m. reto do tórax, que se estende obliquamente do terço ventral da 1ª. costela até as cartilagens costais III e IV. Este músculo pode estar ausente em alguns animais. Sua aponeurose une-se superficialmente a aponeurose do m. reto do abdome. Identifique este último músculo. Ele se estende do esterno até o púbis. No tórax, ele está constituído apenas por uma delgada aponeurose, que recobre a face ventrolateral do esterno. 3.1.8 Dorsalmente ao m. reto do tórax, identifique os músculos escalenos: ventral, médio e dorsal. Em ruminantes, o plexo braquial emerge entre as porções ventral e média. Em carnívoros o plexo surge ventralmente ao m. escaleno, não existindo, portanto, uma porção ventral deste. 3.1.9 Libere no sentido caudocranial, as inserções costais do m. serrátil ventral, até a 3ª. Costela. 26 3.1.10 Note os espaços intercostais, cada um deles preenchido por um m. intercostal externo. Localize o 5º. e 6º. espaços intercostais e remova destes o m. intercostal externo. Para isto, faça inicialmente uma incisão vertical neste músculo ao longo da borda cranial das 5ª. e 6ª. costelas, rebatendo-o em direção à sua origem na borda caudal da costela anterior. A incisão deve ser feita com cuidado, pois este músculo é bastante delgado e, profundamente a ele, localiza-se outro delgado músculo, o intercostal interno (figura 15). Note que as fibras do m. intercostal interno tem direção contrária as do intercostal externo. Figura 15. 3.1.11 Identifique os músculos serrátil dorsal cranial, serrátil dorsal caudal, iliocostal e longuíssimo. Os dois primeiros são formados por delgados fascículos que se prendem de modo oblíquo no terço dorsal das costelas III a VI e das costelas X a XII, respectivamente. Os músculos iliocostal e longuíssimo formam a massa muscular que preenche o espaço entre os ângulos das costelas e os processos espinhosos das vértebras torácicas. Dos dois, o longuíssimo é o mais dorsal e volumoso. Ele estende-se do ílio e do sacro até a cabeça; no tórax ele recebe a denominação de longuíssimo torácico. Na região mais cranial do dorso torácico, pode-se observar também o m. semi-espinhal do tórax. Iliocostal, longuíssimo e semi-espinhal são músculos epaxiais (figura 16). 27 Figura 16 3.1.12 O m. transverso do tórax será visualizado quando da abertura da cavidade, bem como a pleura e os vasos e nervos intercostais. 3.1.13 Faça uma revisão dos ossos que compõem a parede torácica. Estude os músculos, vasos e nervos identificados neste capítulo. Obs.: os músculos da parede abdominal serão dissecados juntamente com o estudo respectiva cavidade. 28 4. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO MEMBRO PÉLVICO 4.1 Face Lateral da Pelve Na dissecação do membro pélvico, os músculos do antímero esquerdo serão apenas limpos superficialmente e os do antímero direito cortados quando indicado no roteiro. 4.1.1. Faça uma incisão circular na pele do terço médio da perna. Em seguida, faça uma incisão vertical na pele da face medial da coxa, desde a região proximal do membro até alcançar a incisão da perna. Rebata toda a pele dorsalmente, contornando a base da cauda, ânus e órgãos genitais. Deixe para retirar a pele da região distal do membro apenas quando for dissecar esta parte para evitar ressecamento dos tendões. 4.1.2. Observe a parte pélvica do m. cutâneo do tronco e, correndo sobre ele, os ramos cutâneos dos últimos nn. lombares e dos nn. sacrais. 4.1.3. Localize em ruminantes, entre a tuberosidade isquiática e a base da cauda, o ramo cutâneo do n. pudendo. Disseque-o distalmente na face caudal da coxa. 4.1.4. Remova a fáscia da face lateral da pelve e identifique, no sentido craniocaudal, os mm. tensor da fáscia lata, glúteo médio e glúteo superficial. O tensor da fáscia lata tem contorno triangular e estende-se verticalmente da tuberosidade coxal à borda cranial da coxa. O glúteo médio é o músculo volumoso que ocupa a face glútea do ílio. Sua parte caudal está parcialmente coberta pelo glúteo superficial. Este último continua-se distalmente, na face lateral da coxa, com o m. bíceps femoral, constituindo os dois uma única massa muscular denominada m. gluteobíceps nos ruminantes (figura 17). Em carnívoros, o m. glúteo superficial permanece individualizado. 29 Figura 17. 4.1.5. Limpe a fáscia glútea que fixa o m. glúteo superficial (carnívoros) e rebata-o em direção ao trocânter maior. Isole o m. glúteo médio e seccione-o transversalmente em seu terço médio, a partir da borda cranioventral do mesmo. Afaste, ao máximo, os cotos do m. glúteo médio e note, profundamente a ele, o m. glúteo acessório (ocasional em ruminantes). 4.1.6. Identifique profundamente aos mm. glúteos, o lig. sacrotuberal, que é uma lâmina fibrosa e brilhante que se estende do sacro ao ísquio. Disseque, sobre o lig. sacrotuberal, o n. isquiático (figura 18), a a. e v. glúteas caudais e o l. isquiático. O n. isquiático é largo e delgado e emerge da cavidade pélvica através da incisura isquiática maior. Disseque seus ramos para os mm. glúteos e para o m. tensor da fáscia lata. Os vasos glúteos caudais e o l. isquiático (ruminantes) situam- se sob o m. glúteo superficial, próximo à tuberosidade isquiática. 30 Figura 18. 4.1.7. Identifique os m. glúteo profundo, gêmeo e quadrado femoral, sobre os quais corre o n. isquiático. 4.1.8. Estude os músculos, nervos, vasos e linfonodos até agora dissecados. 4.2 Face lateral da coxa 4.2.1 Identifique a fáscia lata, que é uma lâmina fibrosa e brilhante na qual se prendem os mm. tensor da fáscia lata distalmente e bíceps femoral cranialmente. Remova apenas a fáscia superficial da face lateral da coxa, tendo-se o cuidado de preservar a fáscia lata. 4.2.2. Identifique caudalmente à fáscia lata, o m. bíceps femoral (figura 19). Verifique que ele apresenta uma parte cranial, mais larga e cujas fibras dirigem-se obliquamente no sentido craniocaudal, e uma parte caudal, mais estreita e com fibras dirigidas verticalmente. Tenha o cuidado de preservar a contribuição tendinosa do m. bíceps femoral para o tendão calcanear comum na face lateral da perna! 31 Figura 19. 4.2.3. Identifique, constituindo a borda caudal da coxa, os mm. semitendinoso e semimembranoso (figura 20). O semitendinoso é o mais lateral dos dois. 4.2.4. Libere a borda cranial do bíceps de sua inserção na fáscia lata. Rebata esta última cranialmente e observe, sob ela, o m. vasto lateral. Em carnívoros, corte-a transversalmente ao nível do seu terço médio e rebata-a proximalmente junto com o músculo. 4.2.5. Seccione transversalmente o bíceps femoral, ao nível do joelho em ruminantes. Rebata-o caudalmente e verifique, correndo profundamente a ele, o n. isquiático. Disseque-o ao nível do terço proximal da coxa e verifique a bifurcação do n. isquiático em n. fibular comum e n. tibial. O n. fibular comum é o mais lateral dos dois. Disseque a origem do n. cutâneo lateral da sura. Este é um delgado ramo que se pode originar do n. isquiático, do n. fibular comum ou, mais raramente, do n. tibial. Em carnívoros, a secção transversal do bíceps femoral deve ser no seu terço médio, com cuidado de preservar o delgado m. abdutor crural caudal (apenas carnívoros) profundamente a ele. 4.2.6. Identifique a v. safena lateral, no ponto onde ela penetra no espaço entre os mm. bíceps femoral e semitendinoso. Verifique que ela é acompanhada pelo fino n. cutâneo lateral da sura. Disseque-a proximalmente até sua união com ramos musculares provenientes dos mm. bíceps femoral, semitendinoso e 32 semimembranoso. A partir daí, a v. safena lateral passa a se chamar v. femoral profunda, cujo tronco será dissecado na face medial da coxa. Disseque junto à v. safena lateral e à terminação do n. isquiático, o l. poplíteo, que pode estar envolvido em quantidade variável de tecido adiposo. Não remova todo o tecido ao redor do linfonodo pois pode desprendê-lo da peça. 4.2.7. Retome a dissecação do m. vasto lateral. Este músculo faz parte do grupo muscular denominado quadríceps femoral. Em ruminantes, seccione transversalmente o vasto lateral, em seu terço médio. Rebata seus cotos e identifique, profundamente a ele, os mm. reto femoral e vasto intermédio, que são dois outros componentes do quadríceps femoral. O reto femoral é o mais cranial dos dois. O quarto componente do quadríceps é o m. vasto medial, que será visto na face medial da coxa. Em carnívoros, apenas afaste longitudinalmente o vasto lateral do reto femoral, permitindo a visualização do vasto intermédio profundamente entre eles, aderido ao fêmur. Corte o reto femoral transversalmente no seu terço médio e rebata seus cotos proximal e distal para visualizar o vasto intermédio. 4.2.8. Em ruminantes, identifique o m. adutor, situado entre o vasto intermédio cranialmente e o semimembranoso caudalmente. Verifique que seu ventre é perfurado, no terço médio, pela v. femoral profunda e pelos ramos musculares da a. femoral profunda. Nos carnívoros o m. adutor será visualizado medial e proximalmente na coxa, no espaço entre os mm. grácil e pectíneo. 4.2.9. Estude os músculos, nervos, vasos e linfonodos até agora dissecados. 4.3 Face medial da coxa. 4.3.1. Localize o m. tensor da fáscia lata e verifique que esta fáscia estende- se também na face medial da coxa, recobrindo parte proximal do m. reto femoral. Disseque-o, correndo verticalmente na face medial do tensor da fáscia lata. 4.3.2. Em ruminantes, identifique o l. subilíaco, situado cranialmente ao m. tensor da fáscia lata e envolvido em quantidade variável de tecido adiposo. Cuidado para não removê-lo durante a limpeza deste tecido. 4.3.3. Remova, com cuidado, a fáscia que recobre os mm. superficiais da face medial da coxa. Estes são, no sentido craniocaudal, os mm. tensor da fáscia lata, vasto medial, sartório, pectíneo e grácil. O vasto medial, pertencente ao grupo 33 quadríceps, recobre parcialmente o reto femoral e está preso à fáscia lata. O sartório é um músculo estreito, delgado e sua extremidade proximal apresenta-se dividida em cabeças cranial e caudal em ruminantes. Nos carnívoros o m. sartório é formado por duas tiras bem distintas, as porções cranial e caudal. Limpe o espaço entre essas duas porções e visualize o vasto medial do m. quadríceps femoral. O m. grácil é largo, delgado e recobre o semimembranoso. Tenha o cuidado de preservar medialmente as contribuições tendinosas do m. grácil e semitendinoso para o tendão calcanear comum! 4.3.4. Disseque a a., v. e n. femorais emergindo da cavidade abdominal e passando na região mais proximal do membro, entre as duas cabeças de origem do m. sartório em ruminantes. Em carnívoros, estas estruturas transitam no trígono femoral formado entre a porção caudal do m. sartório e m. grácil. Nesta região é possível palpar o pulso femoral em carnívoros e pequenos ruminantes. Seccione a cabeça caudal do sartório e rebata-a cranialmente. Verifique que a maior parte do n. femoral penetra no m. quadríceps femoral. O restante deste nervo corre distalmente junto à artéria e veia femorais e constitui o n. safeno, que é primordialmente sensorial. Disseque os vasos femorais e o n. safeno distalmente até o ponto em que a a. femoral emite, no terço médio da coxa, a a. safena. Verifique que a a. e o n. safenos passam a correr juntos distalmente na face medial da coxa, emergindo da borda caudal do sartório em ruminantes. Figura 20. 34 4.3.5. Seccione transversalmente os mm. grácil e sartório (ambas porções em carnívoros) em seu terço médio e rebata seus cotos proximal e distal. Ao rebater o coto proximal do grácil, verifique, chegando à sua face profunda, ramos do n. obturador e da a. femoral profunda. Identifique, caudalmente ao sartório, os mm. pectíneo, adutor e semimembranoso. Os mm. adutor e semimembranoso já foram visualizados na face lateral da coxa; reconheça-os agora na face medial. O m. pectíneo é pequeno, triangular, fusiforme e está situado entre o sartório e o adutor. 4.3.6. Disseque, penetrando sob o m. pectíneo, a a. e v. femorais profundas, que emergem da cavidade abdominal e correm caudalmente junto à região proximal do membro, ao longo do corpo do ílio. 4.3.7. Rebata cranialmente, ao máximo, os cotos distais dos mm. sartório e grácil, de modo a visualizar a inserção do m. semimembranoso. Retome a dissecação da a. e v. femorais, até sua penetração sob a porção distal do semimembranoso. Isole o semimembranoso dos mm. semitendinoso e adutor. Seccione-o próximo à sua inserção, no sentido do trajeto da a. femoral. Identifique, profundamente ao semimembranoso, a cabeça medial do m. gastrocnêmio. Disseque a a. femoral até sua penetração neste músculo. A este nível, ela emite a a. caudal do fêmur, que se dirige caudodistalmente, penetrando no gastrocnêmio. A a. caudal do fêmur é o último ramo da a. femoral. Após sua origem, a a. femoral passa a chamar-se a. poplítea. 4.4 Crura e pé. 4.4.1. Faça uma incisão longitudinal na pele da face medial da perna e do pé até o casco ou unha. Contorne este último e remova cuidadosamente toda a pele que restou no membro. 4.4.2. Na face lateral da perna, continue a dissecação distal da v. safena lateral e do n. cutâneo lateral da sura até o tarso. Verifique que a v. safena lateral é formada, ao nível do terço médio da perna, pela união de duas tributárias (cranial e caudal). 4.4.3. Rebata cranialmente o coto distal do bíceps femoral, juntamente com sua aponeurose. Disseque o n. fibular comum, correndo obliquamente sobre os músculos da face lateral da perna, até sua penetração entre estes. 35 4.4.4. Identifique, inicialmente, a cabeça lateral do m. gastrocnêmio. Este é o músculo mais caudal da perna e insere-se no calcâneo através de um potente tendão, denominado tendão calcanear comum. Em seguida, identifique o discreto m. sóleo; este é uma estreita cinta muscular que se origina na face lateral da articulação do joelho e se funde cauldamente com o gastrocnêmio. Cranialmente ao sóleo e ao tendão calcanear comum, identifique o m. flexor profundo dos dedos, cujo tendão corre na face caudal da tíbia. O m. flexor superficial dos dedos está envolvido pelas cabeças do gastrocnêmio e será visto na face medial da perna. Verifique agora o m. extensor lateral dos dedos, situado na face lateral da tíbia, cranialmente ao flexor profundo dos dedos. 4.4.5. Passe a dissecar os músculos da face cranial da perna. Este grupo muscular está separado pelo n. fibular comum. Identifique, inicialmente, o m. fibular longo, cujo ventre é triangular e situa-se imediatamente cranial ao n. fibular comum; seu tendão insere-se na face lateral do tarso. Imediatamente caudal ao nervo, surge o m. extensor lateral dos dedos. Identifique agora nos ruminantes os mm. fibular terceiro e extensor longo dos dedos. Os ventres proximais do m. extensor longo dos dedos estão encobertos pelo m. fibular terceiro, o qual constitui a borda cranial da perna. Verifique que os tendões dos m. extensor longo dos dedos, fibular terceiro e tibial cranial (mais evidente proximalmente) estão contidos pelo retináculo extensor (uma cinta fibrosa transversal). Os tendões do m. fibular longo e do m. extensor lateral dos dedos estão fora do retináculo. Deixe o retináculo bem aparente na dissecação. Identifique, finalmente, o m. tibial cranial (figura 21), cujo ventre situa-se na face lateral da tíbia, crânio-medialmente ao m. fibular terceiro. Nos carnívoros, apenas os mm. tibial cranial e extensor longo dos dedos têm os tendões contidos pelo retináculo extensor e não há o m. fibular terceiro. Além disso, nos carnívoros o m. tibial cranial é o mais cranial da perna, enquanto nos ruminantes essa posição é assumida pelo fibular terceiro e o m. tibial cranial fica encoberto em grande parte por este. 36 Figura 21. 4.4.6. Disseque o n. fibular comum penetrando entre os mm. fibular longo e extensor lateral dos dedos. Verifique seus ramos para os músculos da face lateral da perna e sua divisão final em nn. fibular superficial e fibular profundo, que correm distalmente na perna. Acompanhe, inicialmente, o n. fibular superficial. Ele é o mais lateral dos dois. Ao nível do tarso, ele corre medialmente ao ramo cranial da v. safena lateral. 4.4.7. Passe a estudar as estruturas da face medial da perna. Identifique inicialmente, nesta face, os mm. fibular terceiro, tibial cranial e flexor profundo dos dedos, já vistos na face lateral da perna. Caudalmente ao flexor profundo dos dedos, identifique a cabeça medial do m. gastrocnêmio. Verifique que o m. flexor profundo dos dedos é composto de três partes, que são denominadas, no sentido craniocaudal de músculos flexor lateral dos dedos, flexor medial dos dedos e tibial caudal. Nos carnívoros não se reconhece um m. tibial caudal. 4.4.8. Identifique o m. flexor superficial dos dedos, cujo ventre é envolvido pelas cabeças lateral e medial do gastrocnêmio. Seu tendão, juntamente com o tendão do gastrocnêmio, participa na formação do tendão calcanear comum. 4.4.9. Tente identificar o m. poplíteo intimamente aderido à face caudal da extremidade proximal da tíbia, situando-se proximalmente aos ventres do m. flexor profundo dos dedos. Observe a a. tibial caudal transitando sobre a face caudal do m. poplíteo. 37 4.4.10. Identifique, na face dorsal do pé, os tendões dos mm. extensor lateral dos dedos e extensor longo dos dedos. Observe, no terço proximal do metatarso, profundamente ao tendão do extensor longo dos dedos, o pequeno m. extensor curto dos dedos. Note, ao nível da articulação metatarsofalangiana, a bifurcação do tendão extensor longo dos dedos, originando um ramo para cada dedo principal. 4.4.11. Disseque na face plantar, os tendões dos mm. flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos e m. interósseo III e IV. Observe que a disposição destes tendões é semelhante à de seus homônimos do membro torácico. Disseque estes tendões seguindo as mesmas manobras utilizadas no membro torácico. 4.4.12 Estude os músculos, vasos e nervos até agora dissecados. 38 5. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DA CAVIDADE TORÁCICA 5.1 Para o estudo do conteúdo da cavidade torácica, é necessário remover as costelas. Para tal, seccione as articulações costocondrais no sentido craniocaudal, acompanhando a linha de inserção do diafragma, tendo-se o cuidado de não cortá-lo (figura 22). Seccione o extremo dorsal de cada costela, ao nível do ângulo costal. Rebata dorsalmente a parede costal, de modo a expor a cavidade torácica (figura 23). Figura 22. Figura 23. 39 5.2 Identifique, inicialmente, o pulmão, o coração e o m. diafragma (figura 24). Figura 24. 5.3 Estude, os pulmões direito e esquerdo, com seus respectivos brônquios, o pericárdio e o coração. 5.4 Remova o pulmão que está exposto. Para isto, seccione os vasos e brônquios de seu hilo e, no caso de o pulmão exposto ser o direito, também o brônquio traqueal. 5.5 Estude o m. diafragma, as pleuras e a cavidade pleural. 5.6 Retome a dissecação, no pescoço, do tronco vago simpático. Verifique sua divisão, ao nível da entrada do tórax, em tronco simpático e n. vago. O tronco simpático é o mais delgado e dirige-se dorsocaudalmente. 5.7 Prossiga a dissecação do n. vago em sentido caudal. Verifique que ele emite o n. laríngico recorrente, o qual se origina, no lado direito, ao nível da a. subclávia direita e, no lado esquerdo, ao nível do arco da aorta Note que o n. laríngico recorrente contorna estas artérias e dirige-se cranialmente para o pescoço, onde já foi dissecado. Identifique também os ramos cardíacos do vago que, como o nome indica, dirigem-se para base do coração. Continue a dissecação do vago e verifique sua bifurcação, ao longo do esôfago, em ramo dorsal e ramo ventral. Note que os ramos dorsal e ventral de cada lado se unem com os correspondentes do 40 lado oposto, constituindo os troncos vagais dorsal e ventral. Disseque estes troncos até o hiato esofágico do diafragma. 5.8 Disseque agora o frágil e delicado tronco simpático. Identifique o gânglio cervical médio, que é pequeno e está situado ao nível da entrada do tórax. A partir deste gânglio, disseque a alça subclávia (ruminantes), que se compõe de ramos cranial e caudal. Estes dois ramos unem o gânglio cervical médio ao gânglio cervicotorácico contornando a a. subclávia. O gânglio cervicotorácico situa-se medialmente ao extremo dorsal da primeira costela. 5.9 Prossiga a dissecação do tranco simpático (figura 25) ao longo dos corpos das vértebras torácicas, desde o gânglio cervicotorácico até a transição toracolombar. Note os ramos comunicantes que partem de seus gânglios para se unirem aos nn. espinhais torácicos. Figura 25. 5.10 No lado esquerdo, observe o ducto torácico, um calibroso vaso linfático que corre obliquamente na face lateral do esôfago para desembocar cranialmente na v. jugular externa. Preserve-o. 41 5.11 Disseque, no lado esquerdo, a a. torácica e seus ramos. 5.12 No lado direito, disseque a v. cava cranial e suas tributárias. Identifique também a v. cava caudal e as vv. Frênicas ( figura 26). Figura 26. 5.13 Estude o esôfago e a traqueia, em seu trajeto pela cavidade torácica. 5.14 Identifique o timo, situado cranialmente ao coração no espécimes jovens. Identifique o volumoso l. mediastinal caudal (ruminantes), localizado entre a aorta torácica e o esôfago, caudalmente ao coração. Localize o l. traqueobrônquico ao nível da carina da traqueia (carnívoros). Os demais linfonodos da cavidade torácica não precisam ser identificados.  Incidir no saco pericárdico e removê-lo.  Preservar o lig. frenicopericárdico (carnívoros e ruminantes) e esternopericárdico (ruminantes).   Remover a gordura do epicárdio com pinça “dente-de-rato” para expor as aa. coronarianas e seus ramos. 42 6. ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DA PAREDE E CAVIDADE ABDOMINAL  Após remoção da pele, limpar toda a fáscia superficial e gordura sobre a parede abdominal, com cuidado de preservar a aponeurose do m. obliquo abdominal externo.  Na parede esquerda, fazer incisão na aponeurose do m. obliquo externo, próximo à linha alba e, margeando o arco costal, rebatê-lo dorsalmente para expor o m. oblíquo interno.   Abrir uma “janela” no m. oblíquo interno, próximo ao arco costal, para visualizar o m. transverso do abdômen e o m. reto do abdômen correndo longitudinalmente. 6.1 Independente da espécie, faça uma incisão longitudinal na parede do abdome, ao longo da linha mediana ventral (alba), desde a cartilagem xifóidea até o pubis, contornando o prepúcio nos machos e a mama nas fêmeas (caso não tenha sido removida). Esta incisão tem como objetivo abrir a cavidade abdominal. Carnívoros: Faça uma incisão ao longo do arco costal, desde a cartilagem xifóidea, até a extremidade dorsal da última costela, bilateralmente. Ruminantes: Faça uma incisão perpendicular no 10º. ou 11º. espaço intercostal e rebatas as últimas costelas dorsalmente. Este procedimento pode ser bilateral, especialmente se o rúmen estiver repleto. Feito isso, rebata dorsalmente a parede do abdome (só se aplicam aos grupos que receberam animais inteiros). Ao terminar a dissecação ou estudo da cavidade abdominal, suture a parede abdominal para evitar danificar as vísceras do cadáver antes de guardá-lo no formol ou sobre a maca! 6.2 Estude no cadáver a disposição topográfica do omento maior, estômago, intestinos, fígado e vias biliares (figura 27), o pâncreas, o baço, os rins, os ureteres e as glândulas adrenais. Rebata ou mesmo remova o omento maior, caso necessário, para melhor visualizar estas vísceras. Identifique também o peritônio. 43 Figura 27. Carnívoros:  Observe, o omento maior e desprotegidos dele a vesícula urinária com ligamento vesical mediano; o Útero; o Estômago; o Duodeno e o Baço (figura 28). O tamanho destes órgãos pode variar entre animais e alterar o posicionamento das demais vísceras. Figura 28. 44  Identifique no estômago: Cárdia, Fundo, Corpo, Antro pilórico, Canal pilórico e Piloro.  Faça uma incisão longitudinal de 5-6 cm na face visceral do estômago; remova seu conteúdo e observe o pregueamento da mucosa.  Faça uma incisão na borda antimesentérica do duodeno, desde a flexura duodenal cranial até o primeiro terço do duodeno descendente. Escarifique a mucosa e identifique a papila duodenal maior e a papila duodenal menor.  Disseque cuidadosamente o frágil ducto biliar comum, os ductos hepáticos e o ducto cístico para expor o trajeto biliar até as papilas.  Identifique o Íleo (vascularização antimesentérica), Ceco, Cólon (porções Ascendente, Transverso e Descendente) e Reto.  Faça uma incisão na borda antimesentérica da junção ileo-ceco-cólica e identifique os orifícios ileocólico e o cecocólico.  Identifique as adrenais e limpe-as, sem removê-las!  Identifique o rim, remova a camada de gordura sobre sua face ventral. Faça um corte horizontal no rim esquerdo e observe as camadas cortical e medular, bem como a pélvis renal. Visualize a disposição mais cranial do rim direito, deixando uma impressão renal no fígado. Limpe os ureteres e acompanhe seu trajeto até a vesícula urinária.  Identifique o ovário. Faça uma incisão cuidadosa para liberá-lo da “bolsa ovariana”.  Nos espécimes com látex: identificar a artéria aorta abdominal e dissecar seus ramos até as aa. Ilíacas externas e internas. Identificar as tributárias da v. cava caudal e dissecá-las. Identificar as tributárias da v. porta e dissecá-las. 6.3. Passe a dissecar agora a aorta abdominal e seus ramos. Localize, logo atrás do hiato aórtico do diafragma, a emergência do tronco celiacomesentérico da aorta. Existem casos em que o tronco não se forma e as suas duas artérias componentes, celíaca e mesentérica cranial, originam-se isoladamente da aorta. 6.4. Disseque a a. celíaca e seus ramos para o baço (lineal), estômago (ruminais direita e esquerda e gástrica esquerda), para o fígado (hepática) e para o pâncreas (ramos pancreáticos). 6.5. Disseque, no mesentério, a a. mesentérica cranial e seus ramos para o pâncreas e os intestinos delgado e grosso ( ramos jejunais e artéria ileocólica) 45 6.6. Localize a origem das aa. renais direita e esquerda e disseque-as até sua penetração no hilo do rim correspondente. Note as artérias lombares, que se originam em série da aorta e se dirigem dorsalmente para a região epiaxial. 6.7. Observe, próximo à entrada da pelve, a origem da a. mesentérica caudal e das aa. testiculares ou ováricas. Disseque a. artéria mesentérica caudal até sua bifurcação em aa. sigmóidea e retal cranial. As aa. testiculares ou ováricas são delgadas e originam-se da aorta cada lado da a. mesentérica caudal. 6.8. Disseque a terminação da a. abdominal na entrada da cavidade pélvica. Identifique as aa. ilíaca externa, circunflexa profunda do ílio, ilíaca interna e sacral mediana. 6.9. Identifique, correndo à direita da aorta abdominal, a v. cava caudal cranialamente. Identificando suas tributárias: vv. testiculares ou ováricas e vv. renais. Num fígado isolado, note o trajeto hepático da v. cava caudal. Seccione longitudinalmente esse segmento hepático da v. cava caudal e observe os vários óstios de desembocadura das veias hepáticas que nele se abrem. 6.10. Passe a estudar a v. porta. Identifique o ponto de sua penetração na face visceral do fígado. Disseque distalmente as veias que se reúnem para formar a v. porta: v. mesentérica cranial, proveniente dos intestinos e v. lineal procedente do baço e do estômago. 6.11. Estude os nervos, artérias, as veias e os linfonodos da cavidade abdominal. Ruminantes: Estude a disposição topográfica das vísceras abdominais. No antímero esquerdo, verifique inicialmente o omento maior com sua fixação no sulco longitudinal esquerdo e atravessando ventralmente rúmen (figura 29) para o antímero direito. Observe ainda no antímero esquerdo a predominância do rúmen com seus compartimentos (sacos e sulcos), o baço dorsalmente preso ao rúmen pelo lig. ruminoesplênico. Identifique o retículo cranioventralmente ao rúmen e palpe uma parte do lobo esquerdo do fígado no limite mais cranial deste antímero. 46 Figura 29. No antímero direito, observe o omento maior encobrindo o jejuno, o cólon ascendente e o ceco e se fixando cranialmente na curvatura maior do abomaso. Existem dois folhetos do omento, um superficial e outro profundo e entre os dois um recesso (espaço) omental. Retire ou rebata o omento para visualizar as vísceras encobertas por ele. Identifique cranialmente o lobo direito do fígado com seu processo caudado dorsalmente. Visualize o abomaso ventralmente com o omento menor aderido á sua curvatura menor e fígado. O omento menor encobre o omaso enrijecido pelas lâminas omasais. O retículo pode ser palpado cranioventralmente na cavidade. Na região dorsal da cavidade localize o duodeno descendente transitando descoberto pelo omento maior. Aderido a ele identifique o pâncreas com sua peculiar textura macia. Observe também o rim direito no teto da cavidade, deixando uma impressão renal no lobo caudado. Visualize a vesícula biliar próxima da porção pilórica do abomaso. 47 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, J. C. Anatomia dos animais domésticos: sistema locomotor. Manole, 2002, 270p. ASHDOWN,R.R.; DONE, S.H. Atlas colorido de anatomia veterinária do ruminante. 2ed. Elsevier Brasil. 2011. CONSTATINESCU, G.M. Anatomia Clínica de Pequenos Animais. 1ed. Guanabara Koogan. 2005. DONE, S.H et al. Atlas colorido de anatomia veterinária do cão e do gato. 2ed. Elsevier Brasil. 2010. FRANDSON, R.D. Anatomia e fisiologia dos animais de fazenda. 6ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. DYCE, K.M. SACK,W.O. WENSING,C. J. G. Tratado de anatomia veterinária. 4ª ed. Elsevier. 2010. EVANS, H.E., DE LAHUNTA, A. Guia para a Dissecação do Cão. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. GETTY, R. (Ed.), Sisson/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Vol. 1 e 2. 5ª. ed. 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