Ancona-lopez - Intervenções Breves Ib

March 26, 2018 | Author: Bruno Pontes | Category: Psychotherapy, Psychology & Cognitive Science, Attitude (Psychology), Perception, Life


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Capítulo xIntervenções Breves (IB) em Instituição Silvia Ancona-Lopez 1 “...as respostas não vêm sempre que são precisas, e mesmo sucede muitas vezes que ter de ficar simplesmente à espera delas é a única resposta possível.” (José Saramago p. 249) A importância e a eficácia das Psicoterapias Breves (PB) não é colocada em dúvida, hoje em dia, principalmente no âmbito das instituições de saúde mental. Na verdade, como lembra Yoshida (1990) a maioria das técnicas de P8 surgiu “da prática institucional de seus proponentes (...) e representa a forma como cada um deles respondeu às contingências de sua realidade” (p. 1). Em sua cuidadosa revisão do movimento das PB a mesma autora aponta para a tendência nos países desenvolvidos “de se buscar técnicas que contam com estratégias bem-definidas e que se apliquem a públicos-alvo específicos” enquanto nos “países sul-americanos, apesar do interesse crescente por técnicas breves prevalece o empirismo com que cada profissional procura corresponder à ampla demanda existente no campo da saúde mental” (p. 77). A concepção do trabalho psicológico em instituições não é clara e ao se defrontar com dificuldades para determinar seu papel, temeroso de construir um novo “modus ope155 randi”, o psicólogo prefere “a ‘adaptação’ de práticas próprias da clínica particular (muitas vezes) sem o necessário cuidado com sua adequação” (Monachesi, 1995, p. 202). Este não é o caso das PB, que já contam em nosso país com profissionais reconhecidamente competentes, no entanto, outras possibilidades de atuações breves no campo do atendimento psicológico ainda se mostram incipientes. Em instituições de saúde mental nem sempre é possível estabelecer as condições necessárias para um atendimento em psicoterapia breve. Há situações em que não se pode prever a permanência do cliente’ naquele local e nem mesmo propor hiatos e conflitos nos conhecimentos existentes ou para gerar um novo saber” (ibidem). como: Mahfoud (1987).2 Do mesmo modo. têm sinalizado que para o atendimento em instituições é necessário abertura para a vivência dos conflitos e para um 157 . na maioria das vezes. E comum que o psicólogo seja solicitado “a exercer seu ofício sem indicações teóricas suficientes” (Ancona-Lopez. O que fazer nestas circunstâncias? Os vícios estruturais da organização dos serviços de saúde em geral e a condição multi-paradigmática da psicologia tornam a situação do profissional que neles atua. Outras vezes ocorrem imprevistos que exigem a intervenção imediata do profissional. Carvalho da Silva (1992) psicóloga social.. temendo afastar-se da coerência teórica. Cupertino (1995). inevitavelmente estaremos diante de uma incógnita quanto a possibilidade de poder continuar a atendê-lo. Schmidt (1987) e Amatuzzi (1996) ou ainda Maida (1989). a primeira vez que se recebe um paciente. 95). 1993) para dar conta da situação por que em psicologia “fora de alguns limites estreitos as atuações se defrontam com o desconhecimento”. mas confiar apenas nos recursos pessoais e no conhecimento intuitivo ou pré-reflexivo3 é arriscar-se à repetição. Fischer (1972) e Yehia (1995) entre outros. a prática pode ser percebida “como local privilegiado para apontar insuficiências. incômoda. e os fenomenólogos. Morato (1987). M. 1993. ater-se a uma teoria em um campo movediço pode afastar o psicólogo de suas experiências e vivências.um número limitado de sessões. Sugere o mesmo autor: ‘não se trata de pensar apenas a proximidade € a complementaridade entre teorias € práticas. p. no mínimo. Diversos autores.. 5) As conjunturas institucionais.5) é comum que o psicólogo. mas de pensar suas distâncias e diferenças: é deixar que a prática seja um desafio à teoria e que a teoria deixe que irrompam problemas para a prática” (p. levam ao rompimento do contrato (compreendido no seu sentido mais amplo) defrontando o profissional com lacu156 nas teóricas. Ancona-Lopez. à rotina e a interferências subjetivas que poderão desalojar o psicólogo do seu papel. (idem. Como aponta Figueiredo(1995). (1993). obrigando-o a equilibrar-se nos limites entre teoria e prática e exigindo uma atitude flexível e inventiva embora necessariamente responsável. no entanto. p. limite sua açào empobrecendo um encontro rico de possibilidades. Nas situações em que “a teoria toma-se insuficiente para informar sua atuação” (Ancona-Lopez.4 Paralelamente. M. mormente os que seguem a orientação cenfrada na pessoa. M. psicanalista. bloqueando sua sensibilidade. Pode-se aqui fazer um paralelo com o que Jurandir Freire Costa relata em seu livro História da Psiquiatria no Brasil (1989): “O psiquiatra não mais se dispõe a ouvir. orientação. mas em encontrar seu estilo pessoal. Por seu lado. portanto. antes de ser procurado. posterga suas possibilidades de ajuda encaminhando o cliente para algum tipo de trabalho psicológico sistematizado. incorporando-a como instrumento e não como condição para compreender e determinar uma ação no mundo. designa diferentes modalidades de atendimento breve incluindo as psicoterapias.novo saber. segundo Yoshida (1990). o que desumanizaria o contato. E neste espaço de transição. O psicólogo não consegue ver o novo que lhe é trazido pois habituou-se a pensar de forma fragmentada. (p. Dispor-se a um atendimento em IB é colocar-se como psicólogo clínico geral e portanto permanecer disponível às diferentes demandas que se apresentarem. A expressão Intervenções Breves. privilegiando mais a especialidade que tem a oferecer do que as necessidades do cliente. melhor ainda. freqüentemente. 64) . Desta forma o primeiro 158 contato com o cliente adquire o caráter de coleta de dados e organização de informações deslocando-se para o atendimento posterior o acolhimento da problemática apresentada. pouco importando sob que nome este atendimento se realize.). cuidando de evitar a armadilha da repetição acrítica do conhecimento teórico estabelecido. sem enquadrá-las em procedimentos tradicionalmente consagrados e sem a obrigatoriedade de percorrer determinados passos para prosseguir no atendimento. ele quer ser atendido em suas necessidades. Não mais acompanha a loucura. Em termos práticos: quando o cliente vem à procura de amparo psicológico. como propõe mais uma vez Figueiredo (1995). A tarefa do psicólogo consiste. Utilizo neste texto a mesma expressão para discutir uma forma de atuar na clínica psicológica que não se caracteriza como psicoterapia embora possa apresentar momentos terapêuticas. o profissional. em não permitir que a teoria atue como camisa de força limitante. Ele passa a falar antes de escutar. antecipa-a”. em que o psicólogo é intimado a operar antes mesmo que se configure um campo claro de atuação. uma pré-disposição para a abertura e recepção do que se apresentar. usando a teoria como fonte de questionamentos. etc. aconselhamento. procurando enquadrar-se em alguns dos rótulos tradicionais de atendimento (psicodiagnóstico. que se inserem o que chamo de Intervenções Breves (IB). A atuação caracteriza-se por ser uma disposição mais do que uma técnica ou. a buscar. psicoterapia. nem vidas.. elaborações ou mesmo mudanças de atitude ou de perspectivas vivenciais.Se o psicólogo se deixar orientar pela crença de que todo contato seu com um paciente é uma ação de intervenção e que esta intervenção pode e deve se um momento significativo para ambos. mas poucos têm recursos para custear as altas despesas de um atendimento usual de consultório” (1996. Pelo contrário. Não se parte do pressuposto de que a única resposta possível para este pedido seja a indicação de psicoterapia”. ele não enveredará pelo caminho mais fácil que é o de. onde muitos precisam do profissional.O mesmo pode ser dito com relação a certos atendimento em instituições psicológicas que obrigam o profissional a subverter os procedimentos mais tradicionais ou a atender em situações e espaços que não correspondem ao trabalho recomendado. referindo-se a uma proposta inovadora de atendimento em comunidade popular feita por Amatuzzi. aponta que é possível “afirmar a identidade do psicólogo em ambientes não tradicionais. Que desejo talvez de outros modos de estados de alma Umedece interiormente o instante lento e longínquo!’ (Alvaro de Campos) . (p. ao término da primeira entrevista. Que nem são países nem momentos. por exemplo. na relação de ajuda: ‘estaria preparado para acolher demandas diversas e aberto para realizar com o cliente. também a definição de como atendê-la (. uma explicitação da demanda que envolve. adotará uma atitude que se aproxima da postura do conselheiro que. respondendo de modo mais adequado à realidade brasileira. II ”Que inquietação profunda. encaminhar o cliente para atendimento psicoterápico. que desejo de outras coisas. Este campo facilitador surge na e da experiência vivida na relação psicólogo/cliente. segundo Schmidt (1987). e a partir dele. Cuzzo (1996). (1996). independente da denominação dada a este atendimento. p.). Esta postura pode causar estranheza às teorias que pressupõem tanto o contrato quanto o cenário como esteios 159 dos atendimentos mas. 8). 17) Como já tive a oportm’idade de expor anteriormente creio que o relacionamento psicológico será significativo quando criar um campo favorável para o deflagrar de impulsos mobilizadores que possam resultar em questionamentos. e o modo de comunicação utilizado que têm por função definir uma espécie de jogo que diferencie esta relação de qualquer outro contato interpessoal. não é alheia aos que se orientam pelas linhas humanistas e fenomenológicas.. Por outro lado algumas constantes podem ser percebidas mesmo nestes casos: um modo de manejo da relação terapeuta-paciente. Na prática se caracterizam por uma multiplicidade de atuações. embora possa utilizar-se de algumas delas como auxiliares para a compreensão do homem. 1992 . onde ainda acontece. como tal. embora um dos seus modos mais usuais se dê na primeira entrevista. Bartz (1997) relata experiência semelhante ocorrida por alguns meses no ffistiruto Sedes Sapientiae e descreve. 167). “Certamente era o destino da fenomenologia e a fonte de sua riqueza não poder se deter e se imobilizar em nenhuma de suas formas. 76).. mas fecundar sem cessar novos domínios. M. que seria apresentar ao cliente o que ele apresentou de forma que o apresentado se ilumine sob novo . como o cliente se mostra a ele. o que é um corolário de como se mostra ao mundo e de como seu mundo é constituído. no momento em que o cliente vem em busca de atendimento. isto é. 1995. p. p. os plantões que realiza na Universidade São Marcos6. ou seja. 94). ainda. 160 Minhas reflexões sobre a atuação em intervenções breves partem da abordagem fenonienológica-existencial embora a proposta que aqui faço tenha se inspirado no plantão psicológico que nasceu no Serviço de Aconselhamento Psicológico do Instituto de Psicologia da USP. questiona as diversas teorias enriquecendo-as ao apontar lacunas e pontos para reflexão. (Ancona-Lopez. como se nada pudesse permanecer-lhe estranho. pois são entendidas como: “modos possíveis de atribuir significados à experiência do sujeito. E muito mais filosofia do que psicologia e. 161 Nesta abordagem cabe ao terapeuta mostrar ao seu cliente como o percebe. A fenomenologia se caracteriza por ser uma descrição do ser humano e não uma teorização sobre ele. 75) visando “facilitar ao cliente uma visão mais clara de si mesmo e de suas perspectivas ante a problemática que vive e gera um pedido de ajuda”. “E o que na feliz expressão de Pigueiredo’ pode ser chamado de ‘enunciado apresentativo’. (que são) em última instância validados por ele mesmo”.Metafóricamente as IB podem ser entendidas como um caminhar ao lado do cliente na medida em que se vai construindo o percurso.” (IJartigues. (Mahfoud. Na prática clínica as teorias passam a ocupar um lugar secundário para a compreensão do cliente. 1987.p. Apesar de algumas diferenças na conduØo todos estes plantões exigem do piofissional “disponibilidade para se defrontar com o não-planejado e com a possibilidade (nem um pouco remota) de que o encontro com o cliente seja único”(p. a partir da constelação de suas vivências. 5. Compartilhar suas percepções é dar ao paciente a oportunidade de contestá-las e de. prático. acompanhando seu relato busca-se o sentido que ele dá às suas vivências. Propõe uma atitude ativa do psicólogo em uma sessão interativa que lida com os aspectos relacionais terapeuta/paciente e em que ambos busquem compartilhar o entendimento da situação. No segundo caso. idéias.. Um encontro psicológico significativo pode ser a oportunidade do cliente aproximar-se do que ele mesmo é. 1996). A cada vista de olhos que lançar sobre seu campo de possibilidades. é preciso traduzir os significados que ele dá as suas vivências para que tenha a oportunidade de ressignificá-las. entrever as possibilidade exeqüíveis e escolher algumas dentre elas. Uma das maiores forças das chamadas abordagens colaborativas está no fato de que elas capacitam o cliente a criar uma nova consciência do papel significativo e crucial que pode desempenhar ao escolher a natureza e qualidade do cuidado que lhe é dispensado. interpretando. em um modo próprio ou autêntico e. Seu relato 162 pode manter-se em um patamar objetivo. e retirar seu sentido. valores e do sentido que dá às suas vivências pautando-se por um referencial interno subietivo (Stiles. Ao iluminar o que se mostrava obscuro surge a oportunidade de transformar o atendimento psicológico em uma ocasião passível de abrir perspectivas e possibilitar mudanças positivas para o cliente permitindo que sejam encontrados novos significados para sentimentos e dificuldades. sentimentos e memórias. Ou seja. é necessário ajudá-lo a caminhar do exterior para o interior na crença de que confrontá-lo com suas ambivalências. que o envolve e que indica como ele se constitui e ao seu mundo. No primeiro caso. percepções. ele já sabe mas não está podendo reconhecer como seu. desvelando aquilo que.ângulo. exterior a ele ou pode partir de seus sentimentos. a partir daí.” (AnconaLopez. Neste sentido a abordagem fenornenológica desmistifica o papel do psicoterapeuta tirando-lhe o poder de senhor do conhecimento para devolver a potência ao cliente procurando: “estabelecer uma . Permite-lhe reconhecer-se como o melhor juiz de suas necessidades (Cain. 1987). trazer à luz a trama de significados que foi sendo tecida no decorrer de sua vida. de certo modo. em conjunto com ele. sentimentos inconsistentes e experiências desvalorizadoras pode permitir reavalíação e aceitação. compreendendo e escolhendo. O cliente é a única pessoa que conhece seu campo de experiências e apenas ele poderá relatá-las. colocando-se como colaborador do psicoterapeuta na elaboração da compreensão sobre a problemática trazida. A psicologia fenomenológica-existencial postula que o cliente se perceba como coparticipante do atendimento psicológico. o paciente estará se reavaliando. O papel do psicólogo é o de clarear e reordenar o que o paciente traz. 1989). 1995. as crises ocorrem quando o indivíduo enfrenta eventos (fatores) internos ou externos aos quais não sabe como responder. Segundo Yoshida (1990). 86). estabelecer um processo participativo de atendimento. São certezas que ficam abaladas. citando Rogawski (1982) a “intervenção na crise consiste em restaurar o equilíbrio adaptativo do sujeito. (Ancona-Lopez. anterior à crise. Já Moffatt. que 163 novos caminhos. quando posstvel..” (p105). um novo caminho. E. O conceito de crise está sempre ligado a idéia de algum tipo de desequilíbrio embora haja pequenas diferenças entre os autores. respeitar suas decisões quanto ao modo de seguir os encaminhamentos propostos”. e. mas o mais freqüente talvez sejam pequenas aberturas do cotidiano. nas intervenções breves.) abrir uma nova possibilidade. o objetivo da psicoterapia breve focal é: “ajudar a (. reconhecer seu direito de acesso às informações que lhe dizem respeito. “Quando é que me desato Dos laços que me dei? Quando serei um facto? Quando é que me serei?” (Fernando Pessoa) Como afirmei acima. Este é o momento de acolhê-lo considerando que é uma ocasião que costuma refletir uma crise na sua situação existencial. as IB podem se dar em inúmeras situações mas seu modo mais freqüente é na primeira entrevista. mas que correm o risco de descompensação” (p. Segundo Knobel (1986).. Para Simon (1989). p. são situações ou papéis que podem ser vividos de outro modo. exprimir raciocínios e conclusões teóricas em linguagem acessível ao cliente. diz que a crise: “se manifesta pela invasão de uma experiência de paralisação da continuidade do processo de vida.relação simétrica com o paciente. 5).. Esta modalidade terapêutica aplica-se às pessoas que ainda não atingiram o estágio de emergência. que podem anunciar grandes rupturas. De repente nos sentimos sós. coisas que pareciam necessárias que se mostram descartáveis. melhorá-lo. ou seja. adotando uma abordagem temporal. quando o cliente vem em busca de atendimento. novas possibilidades se poderiam dar? Todos e quaisquer. M. o futuro se nos apresenta vazio 164 . crise que o terapeuta deve reconhecer. encontrar forças para mudar” (conforme Gilliéron. na maioria das vezes. o que adoece na situação de crise “é o processo de viver” (idem. p. 11) levando o psicólogo “a . 14) pois a pessoa perde a noção de continuidade.. quando ele se dá conta de que algo não vai bem: o paciente encontra-se dividido entre duas tendências: a esperança de reencontrar o estado anterior. Gilliéron (1993) entende que o instante em que uma pessoa faz o pedido de ajuda psicológica pode ser entendido como um momento de crise que favorece rearranjos no equilíbrio intrapsíquico e interpessoal pois o cliente. solução mais fácil. 1994. 1986. no entanto. focalizando a sessão sobre o problema principal.e o presente congelado”. (p. É neste espaço de ambivalência que o terapeuta deverá atuar. vem em busca de transformações. Do mesmo modo Spoerl (apud Peter. e a esperança de. uma vez que este tipo de trabalho não tem repercussão em seu universo cultural e educacional (Larrabure. 193)10. 1992) propõe que se aproveite a carga emocional particularmente forte da primeira consulta. (1982. por considerála como uma psicoterapia de intervenção única. A primeira entrevista adquire um sentido especial nas instituições não somente por ser a porta de entrada1’ das mesmas mas por ser também. o que fica claro é que na situação de crise o cliente vai procurar ajuda pois as estratégias de vida das quais se utilizava “já não se adaptam às novas circunstâncias” (Moffatt ibidem. mais freqüentemente. p. Em qualquer destas abordagens. 1996) p. costumam ser “pouco mais que uma coleta de dados sobre os quais se organiza um sumário raciocínio clínico que vai orientar o encaminhamento” (Ancona-Lopez. Com efeito na grande maioria dos casos. um alívio imediato. a porta de entrada do universo psi pois os clientes desconhecem “o que é um serviço psicológico. p. 63). 193). Dizendo de 165 outro modo. finalmente. Usualmente a porta de entrada das instituições é constituída pela triagem.”. 13). O modo como esta crise será tratada é que é a questão. 14) ou seja. segundo o conceito do enriquecimento da personalidade graças à crise. S. o paciente decide consultar-se quando está em crise. Se o paciente não se sentir mobilizado pelo primeiro atendimento talvez não prossiga na sua busca de ajuda. p. p. o que o cliente procura é recuperar o antigo equilíbrio embora também coexista nele o desejo de mudança para uma nova vida. impulsionado pelas suas dificuldades. Conforme Gilliéron (1994) “ a idéia fundamental é que um grande número de pacientes não espera obrigatoriamente uma mudança profunda quando de sua vinda ao psiquiatra mas. Para este autor. não se reconhece e não sabe mais como atuar. de modo geral. As entrevistas de triagem. de Merleau-Fonty: (1971)”o próprio sujeito pensante está numa espécie de ignorância de seus pensamentos enquanto não os formulou para si a fala. 1987). Cristina. já havia passado por várias entrevistas de triagem em diferentes instituições relatou: Foi um atendimento muito bom. 35 anos. o que a leva a submeter-se a um número enorme de pessoas a quem atribui autoridade. no Brasil. aceitar (l3uarque de Holanda. que costumam posicionar-se humildemente frente aos outros. é quem mais procura atendimento psicológico em instituições) não reconhece seus direitos. uma atitude e uma escuta que 166 signifiquem dar agasalho. Entendo por acolhimento uma determinada disposição afetiva do psicólogo. O simples acolhimento já tem significado importante para muitos clientes. criando condições para modificações. que na busca de atendimento psicológico. Consegui falar muita coisa que tenho para dizer e que não consigo dizer para as outras pessoas. 133). naquele que fala não traduz um pensamento já feito mas o realiza” (p.) o processo perderá muito de seu sentido e mesmo de interesse ou utilidade para o cliente” (idem. E como se expressou Maria Lúcia. 188) ou como diz Yehia “o fato de fabrmos já é uma tomada de consciência na medida em que cumprimos o pensamento e desta forma entramos em contato com ele” (1994. pra gente conhecida. serem ouvidos e terem um atendimento interessado e digno. Uma mudança na atitude dos psicólogos que atuam em instituições pode levá-los a transformar estas entrevistas em um processo de intervenções breves dando aos clientes oportunidade de se engajarem no seu próprio atendimento. hospedar. Nunca tive para me sentir assim legal. receber. São os casos em que poder expressar o sofrimento já provoca um alívio ou mesmo certa tranqüilidade que poderá levar a alguma clareza com relação a situação vivida. Na maioria 167 . como nunca tive. 12). menos submissa e até reivindicadora. Outro aspecto importante desta mesma questão relaciona-se ao fato de que a maioria da população socialmente desfavorecida (que... Neste caso (. Vi que me ajudou. Para estes indivíduos. O peito ficou aliviado” Uma dimensão mais profunda do acolhimento pode ser expressa pelas palavras. serem recebidos com respeito. admitir. tomando-os responsáveis pelo seu problema e avaliando com eles qual o alcance de uma intervenção imediata ou quais as possibilidades de encaminhamento. não valorativa ou avaliativa. p. o que lhes abre novas perspectivas e a possibilidade de ultrapassar seus limites. p.manter uma atitude investigadora e resguardando suas impressões sobre o cliente. permite que se recoloquem no mundo em uma postura mais crítica. ao término de sua primeira entrevista: “Pra mim foi bom. Aqui é gente diferente. medos ou a má interpretação de informações. São aspectos básicos e cuidados aparentemente simples que devem ser tomados no momento da entrada do cliente mas que podem influenciar seu destino e seu percurso dentro e fora daquela instituição. por exemplo. a necessidade de consultar outros . fala de forma muito simples e concreta. ou seja. Aqui não. Fico até emocionada” (seus olhos se enchem de lágrimas). Eu vejo isto no rosto de todos aqui. Fui atendida logo. é decisivo para iniciar um processo de desenvolvimento pessoal. Um relacionamento harmônico consigo mesmo. usualmente. comportamentos ou sentimentos. a ampliação do campo de possibilidades. se for o caso. eliminando fantasias. Ler e “traduzir” um relatório que não foi compreendido. Freqüentemente. em instituições. pode ter um significado muito importante nas decisões que o cliente deverá tomar para enfrentar suas dificuldades. poderão estabelecer uma base de confiança em suas sensações e percepções que lhes criará as condições para ressignificar suas vivências. Muitas pessoas solicitam psicoterapia por indicação de um médico. quais são as possibilidades daquela instituição. descrentes de suas capacidades para manejar os fatos da vida é com um imenso sentimento de desvalorização de si mesmos. chegam desiludidos. Na mesma direção é fundamental ajudar os clientes a acreditar nas suas percepções e sentimentos e a dar importância às suas intuições pré-reflexivas. Se o psicólogo lhes mostrar o que vê de positivo em suas atitudes. É comum que os clientes já tenham passado por vários atendimentos que pouco sentido fizeram para eles. decepcionados. sem estarem realmente motivados para o atendimento por não compreenderem sua necessidade. Quando a gente vai tratar de um problema quer ser tratada como gente. Do ponto de vista prático é necessário trabalhar em uma abordagem psico-educacional. esclarecer e justificar. experiências e relações pessoais. elucidando o que é um atendimento psicológico. Nestas situações um dos papéis do psicólogo deve ser o de recolher as diversas passagens do cliente pela sua ou por outras instituições. diferenciando-o de outros atendimentos. Em alguns casos os pacientes (e aqui este termo se mostra muito adequado) passam por um sem-número de profissionais e por tantos serviços ou setores que terminam por perder o sentido do seu atendimento mostrando—se desorientados e sem nenhum domínio sobre o que está acontecendo com eles. Quer saber? Aqui me senti grande. organizá-las para ele e dar-lhe os esclarecimentos necessários. E necessário ter uma 168 atenção especial com a linguagem procurando que se aproxime da linguagem do paciente que. o que inclui aceitar suas potencialidades assim como suas limitações.dos lugares a gente fica esperando e nada acontece. tendo visto a submissão imposta pelos serviços de saúde da comunidade aliada a informações incompletas e aceitas. “quando demarcada e incentivada pelo terapeuta propicia uma melhor compreensão do paciente sobre seus padrões mal-adaptativos e. de sua abertura e limitações para o mundo. 120) Na prática isto se traduz pelo fato de que muitos clientes se referem a algo distante de sua maior dificuldade. precipitando a crise e levando ao pedido de atendimento”.1994 p. Não é possível induzir qualquer modificação no outro. segundo Coelho Filho (1995). maior controle sobre eles”. são eles próprios que estão pedindo ajuda. mesmo com todas as resistências que possa trazer consigo. a primeira sessão “geralmente se desenvolve a partir daquilo que (os clientes) trazem como sendo a pergunta” que ao psicólogo cabe compreender. Segundo Yehia (1995). na verdade. Quando a procura é para o atendimento de . 32).”(p. E importante identificar os acontecimentos e a forma como se desenvolveram em relação a seu contexto. (p. mas estas virão dele próprio se estiver disponível para tanto. O que ocorre é que o cliente inida relatando o motivo que o levou a procurar atendimento — o que se convencionou chamar de queixa manifesta (em contraposição a queixa latente). igualmente. Como lembra Corrêa (1996) os clientes vêem “com uma pergunta que normalmente esperam que o profissional responda e esperam. A cura. como destaca Coelho Filho (1995)..13). conseqüentemente. não é o objetivo dos atendimentos breves mas “bons resultados. que esta resposta seja rápida e lhes dé boas soluções. Concordo com Corrêa (1996) quando diz: “os ganhos podem ser potencializados quando a motivação para a mudança é identificada pelo terapeuta” (p. O primeiro sinal de que existe alguma disponibilidade para a mudança é o fato de o cliente ter ido à consulta.. (p. gerando a pergunta.142). levando o cliente a valorizar seu discernimento. As intervenções breves podem chegar a isto ao permitir ao cliente que compreenda a problemática que está vivenciando e ao dar-lhe a possibilidade de apropriar-se de sua dificuldade ou doença na medida em que e aperceba de qual é sua real demanda. abrir-se para novos modos de ser. para que possa voltar a ter domínio sobre sua vida € autonomia para imprimir direções a sua existência. adaptativos. O papel do 169 terapeuta é o de permanecer ao lado do cliente. do projeto do cliente.profissionais ou de passar por exames paralelos. Do ponto de vista psicológico é necessário “salientar os aspectos positivos. sempre serão possíveis”. desenrolando e clareando o que ele diz para que possa se perceber de forma um pouco mais organizada e a partir daí. “Compreender (continua a mesma autora) é participar de rim significado comum. ainda que limitados. 14) e esta. limpando seu caminho. outros se apresentam como intermediários ou embaixadores do atendimento de uma terceira pessoa quando. saudáveis em detrimento dos patológicos” (Yehia. “A professora deve ter os seus . devem pertencer ao campo de possibilidades do cliente. Quando a verdadeira demanda vem à luz o cliente pode se dar conta de que é capaz de encontrar sozinho outros modos de manejar a situação ou que necessita de ajuda profissional para fazê-lo. como no caso de mães que trazem os filhos porque a professora sugeriu ou exigiu. procurou. Na entrevista com os pais fica 171 claro que eles não viam dificuldades no filho mas temerosos de não estarem percebendo o problema queriam o atendimento. por exemplo. mas embora não concordem com o encaminhamento nem tenham a coragem de assumir isto. 1995) impedindo que a sessão se transforme em um atendimento psicológico significativo. explicitando-a e focalizando o atendimento no cliente presente. serão eliminadas as fronteiras entre o diagnóstico e a psicoterapia e estará criado o cenário necessário para que possa instalar-se um processo psicoterápico A partir da primeira entrevista algumas possibilidades se delineiam no âmbito das intervenções breves. mesmo que o problema se refira à mna outra pessoa o significado que quem o está expressando lhe dá vai indicar qual é a real demanda que se encontra mascarada no pedido de atendimento a um terceiro. seus questionamentos objetivos e subjetivos) e. muito preocupado. O casal Bernardo e Lígia. Ou seja. A tarefa do psicólogo será a de clarear esta demanda. A professora insistia que ele tivesse acompanhamento psicológico devido a sua agitação durante as aulas. estas queixas estão relacionadas a problemas escolares ou a distúrbios de comportamento mas no decorrer do atendimento outras queixas vão surgindo e. Peter (Spoerl.crianças. por exemplo. As intervenções feitas pelo psicólogo devem dirigir-se principalmente à busca da compitensão de como se dá a existência do cliente (sua vida cotidiana. 170 ligam-se mais diretamente àquele que fala. 1992) diz que se a primeira entrevista levar o cliente a ressignificar algum(uns) momento(s) de sua vida e a apropriar-se de seu sintoma. uma clínicaescola para atendimento de seu filho Marco. Muitas vezes uma única sessão é suficiente para que o cliente perceba que não quer ou não está suficientemente motivado para um atendimento psicológico. normalmente. de seis anos de idade. margeando aquilo que este não compreende uma vez que se estiverem distantes deste campo poderão ser recusadas ou não ser entendidas por ele (Yehia. que discutiriam o assunto entre eles para decidir se retornariam à clínica. geralmente se centra no atendimento a elas. sim. Pode ser que haja algum problema que nós não estamos enxergando. O relacionamento entre os membros do grupo costuma se dar por identificação € apoio com os sentimentos decorrentes das queixas e das dinâmicas pessoais e familiares. Deste modo foi evitado um sofrido período de espera em que ficariam aguardando o atendimento do filho vendo reforçada a sua postura submissa diante da professora. Estas trocas mostram-se muito benéficas. Não mais retornaram.” O trabalho com este casal desenvolveu-se na direção de discutir com eles quanto conheciam o filho e de apontar as informações que traziam e que indicavam que.motivos. Foram evidentes o alívio que sentiram por poderem expressar suas dúvidas com relação a conduta da professora e a satisfação que tiveram ao ver que suas percepções sobre o filho foram aceitas e valorizadas. Do ponto de vista da instituição foi evitado que um cliente a mais ficasse em fila de espera ou que se ocupasse um profissional que poderia ser mais necessário para outro cliente. aspectos interessantes a serem considerados. Além disso foi rompido o esquema tradicional que. Ao final da sessão eles resolveram que voltariam à escola para compreender melhor o encaminhamento. completando ou emitindo sua opinião. a sua percepção com relação a Marco não parecia distorcida mas. o que torna a vivência muito rica. muitos pacientes recolocam seus problemas em novos patamares. no caso. visualizando-os em nova dimensão. Nos casos em que identificações se estabelecem facilmente os pacientes fazem suas colocações integradas no contexto de um assunto geral. 1986). Não vamos deixar de fazer o que ela pediu. sendo freqüentes as tentativas de ajuda e compreensão em relação à problemática alheia. Dar ouvido aos pais evitou. cada um ouvindo o que o outro diz. ou ainda de reconhecimento por semelhança ou oposição através da comparação entre as problemáticas apresentadas. como já tive a oportunidade de discutir em outra ocasião (Larrabure. Lígia e Bernardo sentir-se-iam mais inseguros quanto as suas percepções. permitindo que alguns clientes encontrem novas . o que além de atender a uma demanda institucional (um número maior de clientes 172 em uma mesma sessão) tem. neste caso. no caso de crianças. colocando os pais como meros receptores de informações dadas por alguém que “saberia” mais sobre seu filho do que eles próprios. Faço aqui um parênteses para mencionar que o atendimento em IB pode ser grupal. que a exigência da professora provavelmente era muito grande. a atuação usual de encaminhar a criança para psicodiagnóstico. o que sem dúvida se refletiria no papel de pais e na própria criança que continuaria sendo vista como necessitada de ajuda. Ouvindo as dificuldades dos outros. além disso a soma de diversas experiências acrescenta perspectivas até então não existentes. Às vezes sugere-se ao cliente mais de um encontro seja para completar orientações práticas seja para sensibilizálo para um atendimento posterior. que assim que tivera condições chamara-o para morar com ela. quando o cliente está mal informado. Mostrou-lhe também. Fecho parênteses. Fazer um laudo psicológico em tempo breve. Disse que no momento o menino morava em sua casa mas eles mal conversavam e ela sentia que ele não a amava. Falou que não estava com raiva do pai. é evitar os mesmos aspectos apontados no exemplo dado acima. que sempre se vira como urna péssima mãe porque seu pai a recriminava por ter se separado do marido e ter deixado o filho para ir trabalhar na cidade grande. para manter uma criança na escola. porque se percebe que ele está sofrendo muito ou ansioso com o que está vivendo. desde que este não se limite a uma avaliação intelectual. Visivelmente aliviada. 173 Ajudá-lo a restabelecer uma certa tranqüilidade pode ser a base necessária para que possa iniciar um caminhar mais criativo. as coisas que pagava para o filho e os elogios que recebia como funcionária de limpeza de uma firma. o que a fazia sentir-se fracassada como mãe. agradeceu muito e já com uma postura diferente despediu-se mas pediu para retornar na próxima semana. No encontro seguinte contou que alguma coisa havia mudado no seu relacionamento com o filho. Outras vezes pode haver a necessidade de se tomar alguma atitude imediata como um laudo psicológico.formas para lidar com suas dificuldades. A partir daí ela começou a relatar os seus sucessos: os móveis que conseguira comprar. Disse que eles haviam conversado várias vezes e que o menino deitara a cabeça no seu colo para ver televisão. A psicóloga perguntou-lhe se ela se dava conta dc Que na verdade não abandonara o filho mas procurara fazer o melhor por ele deixando-o com a avó enquanto trabalhava para poder enviar dinheiro para sustentá-lo. Em certos casos. é necessário adotar uma postura diretiva que o auxilie nas situações práticas. nquanto isso procuraria mudar sua atitude com 174 . sem considerar os outros aspectos envolvidos. porque ele era um homem do sertão e não podia entender que uma mulher largasse o marido. mas que não se impressionava mais com o que ouvira dele. Marta disse que nunca pensara nisso. Chorou muito durante a sessão voltando sempre ao tema de que não cuidara do filho por muitos anos. Em outras situações o próprio cliente encontra caminhos alternativos. por exemplo. Muito espantada. Marta é uma mulher de trinta e poucos anos que se apresentou à psicóloga dizendo que se sentia muito culpada desde que havia abandonado o filho com sua mãe no Nordeste e viera trabalhar em São Pau{o. desorganizado com os aspectos práticos de sua vida ou com as diversas orientações que vem recebendo nos seus pedidos de ajuda. tempo” para verse precisava mesmo de atendimento psicológico. Disse também que estava vendo as coisas de outro modo e que “ia dar uni. o que “difere da conotação que obteve nos meios públicos institucionais. esperando que ele também mudasse.o filho. que está se sentindo muito só e que na verdade nunca teve muito diálogo com a mulher. seja por-não ter encontrado o endereço. que conheça as instituições que oferecem atendimento gratuito ou a preço simbólico e o que têm a oferecer. solucionar ou amenizar seus problemas ou dificuldades”. Se precisasse. Gustavo veio pedir atendimento para sua mulher. seja por não haver vagas e até por não gostar e confiar no profissional recomendado” (p. Luciana. 175 Qualquer atuação em instituição voltada para a comunidade mais carente mantém-se em dois patamares um pragmático e o outro voltado para os aspectos psicológicos mas esta dupla escuta é um dos aspectos que mais diferencia a atividade de “intervenções breves” das psicoterapias. Ao final do encontro Gustavo pede atendimento psicoterápico para si. para outro profissional que provavelmente não poderá fazer o atendimento. Nesta situação o mais produtivo é uma atitude ativa e participante visto que poucos encontros serão propostos (geralmente entre dois e seis). onde significa ser sucessivamente ‘mandado embora’. Concordo com Bartz (1997) quando diz que encaminhar “é colocar o cliente em atendimento ou atividades adequadas que possam promover o desenvolvimento. Na sua opinião ela precisava abrir-se com alguém e por isso queria que fosse atendida por um psicólogo. Neste caso é necessário emprestar das psicoterapias breves a noção de “foco” para eleger um entre as possibilidades de temas que o cliente traz. indicando que fora capaz de confrontar-se com a verdadeira demanda apropriando-se de algumas de suas dificuldades. voltaria. ando se faz necessário o encaminhamento para uma outra instituição este deve ser cercado de cuidados transformando-se em um processo que chamo de encaminhamento responsável. mostrar o quanto gostava dele. No decorrer da sessão ele e o terapeuta vão se dando conta de que Gustavo é que precisa falar. 9). Para tanto é preciso manter um arquivo constantemente atualizado. apoiou-a na sua decisão e colocou-se à disposição caso ela quisesse voltar. não lhe dava atenção e pouco cuidava da casa. onde muitas vezes a pessoa encaminhada não conseguirá chegar ao destino pelas mais variadas razões. A psicóloga alegrouse com ela pelo que da estava sentindo. Há circunstâncias em que se pode propor trabalhar junto como cliente alguma questão que se mostre mais emergente. Na orientação fenomenológica a eleição do foco resulta do desenvolvimento do . Disse que ela sofrera um AVC e que depois disto não conversava com ele. com uma guia impressa na mão. O processo de encaminhamento exige que o psicólogo mantenha-se informado dos recursos da comunidade. que se estabelece a partir do campo relacional. Aproximase do que Gilliéron (1993) chama de “a focalização pelo paciente” ( p. 1993) que o psicólogo vai fazendo a respeito do que o cliente traz e que. A percepção de que as imposições do cotidiano não são necessárias mas contingentes pode proporcionar a liberaçãd de certas amarras constituindo-se em urna abertura para o novo. podendo levá-lo a perceber-se de forma diferente. de algum modo. a partir do qual o cliente deverá tomar decisões sobre o encaminhamento futuro. Isto é. quem sabe. de algum modo se sente limitado em suas possibilidades (pois não consegue superar suas dificuldades). procurando consolidar o que foi vivido durante o atendimento. é necessário fazer uma sfntese da compreensão do que ocorreu naquele encontro. O movimento de ter ido buscar ajuda e de encontrar-se na situação inusitada de revelar-se a um desconhecido.diálogo e da interação com o cliente. a questão do foco não é tomada como tema porque se vai constituindo no campo terapêutico e ali mesmo estará vigorando mas pode ser entendido como a hipótese “privada” (Gihiéron. O papel do psicólogo é o de explicitar o que se anuncia no discurso do cliente mas está oculto. 290). O psicoterapeuta deve entregar ou devolver ao cliente o que é dele’6. Ao término de cada sessão. introduz uma estranl-teza no cotidiano do cliente que lhe dá a oportunidade de ouvira sï mesmo. mostrando quais são os pressupostos das suas vivências.somente o cliente poderá decidir o rumo a dar a sua vida. se não levarem o cliente ao desenvolvimento podem mostrar-lhe alguns dos seus potenciais para que deles se aproprie e. as IB podem constituir-se em uma oportunidade para que perceba que o campo no qual circunscreveu sua vida não é único nem definitivo. O conflito atual. Os clientes tendem a colocar em cena o conflito que os trouxe à consulta. que sentido teve o que foi dito e que caminhos se abrem a partir dali. na concepção fenomenológicoexistencial. Considerando a ocasião em que o cliente vem para o atendimento como um momento em que. meio € um fim claramente delimitado. Ou seja. As “intervenções breves”. sempre deixando aberta a possibilidade de que ele volte a procurá-lo se assim o quiser. . mesmo que mascarado sob outrotema. dirigindo a atenção dele para a função e significação dos sintomas ou da problemática que apresenta. Isto é. espera-se que o cliente reviva as experiências que ocorreram durante aquele encontro. isto é. Fechar o atendimento desta maneira permite que de se identifique com um processo completo com início. na atualidade 176 do conflito estarão implicados seu passado e as possibilidades que antevê como futuras. o psicólogo participa ativamente durante as consultas mas deve deixar claro ao final que apenas e tão. reflete o campo de possibilidades que a pessoa veio constituindo no decorrer da sua vida. está presente na sua escuta de modo não tematizado. Retomar o que foi dito (pelo cliente e pelo psicólogo). porém. M . Nova Fronteira. Nova Aguilar. C. 182 p. . 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