Analise e Interpretacao Da Cardiotocografia

March 30, 2018 | Author: Sara Frazão Costa | Category: Childbirth, Pregnancy, Clinical Medicine, Wellness, Health Sciences


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Unidade de ObstetríciaServiço de Ginecologia e Obstetrícia Hospital de S. João (protocolo elaborado por Diogo Ayres de Campos, João Bernardes, Antónia Costa – Abril 2005, revisto Outubro 2005 e Maio 2007) Análise e interpretação da cardiotocografia INTRODUÇÃO Apesar de normas de consenso promovidas pela FIGO, ACOG, NICHHD e RCOG, continua a existir uma grande divergência a nível mundial sobre a interpretação da cardiotocografia. O trabalho de parto constitui uma situação de interpretação particularmente difícil, mas os mecanismos fisiológicos subjacentes ao controlo da frequência cardíaca fetal (FCF) são iguais aos do anteparto, pelo que não se propõe uma classificação separada. Deve-se ter em conta que para a interpretação da cardiotocografia é importante a integração com a restante informação clínica, nomeadamente relativa à existência ou não de restrição de crescimento fetal e hipertermia materna. Admite-se que em situações de menor reserva fisiológica fetal, tais como gestação pré-termo, restrição de crescimento fetal, mecónio espesso e infecção intra-uterina, o limiar para intervenção obstétrica seja mais baixo. ANÁLISE DOS TRAÇADOS Linha de base – a linha de base deve ser entendida como a aproximação possível à FCF no estado de repouso fetal, representando a actividade intrínseca do coração sob uma influência neurológica subcortical estável. Avaliação: em traçados com duração superior a 10 minutos. Corresponde à FCF média do(s) segmento(s) horizontais estáveis mais baixos, com pelo menos 2 minutos de duração total. Na selecção destes segmentos devem-se verificar preferencialmente as seguintes condições: o variabilidade longa <15 bpm o ausência de movimentos fetais e contracções uterinas o valor de FCF média dentro dos limites fisiológicos (i.e 110-160 bpm no 3º trimestre). Acelerações – deflexões bruscas e transitórias da FCF acima da linha de base com amplitude máxima > 15 bpm e duração > 15 segundos. Desacelerações – deflexões bruscas e transitórias da FCF abaixo da linha de base com amplitude máxima > 15 bpm e duração > 15 segundos. o Prolongadas – com duração > 5 minutos o Repetitivas – ≥ 3 em 10 minutos em dois segmentos consecutivos ou ocupando mais de 50% desses segmentos Variabilidade longa – é a diferença entre a FCF máxima e mínima num intervalo de um minuto. o Normal: ≥ 5 bpm; Reduzida < 5bpm Variabilidade curta – corresponde à média dos intervalos de tempo entre batimentos sucessivos. A avaliação visual deste parâmetro é muito imprecisa.      CLASSIFICAÇÃO DOS TRAÇADOS  NORMAL (todos os seguintes critérios têm que estar presentes) o Linha de base entre 110-160 bpm o Presença de pelo menos duas acelerações em 50 minutos o Pelo menos 10 minutos de variabilidade longa normal nos anteriores 50 minutos o Ausência de desacelerações excepto se esporádicas e com duração < 2 minutos  NÃO-TRANQUILIZADOR (falha de um ou mais critérios de normalidade, mas sem qualquer critério de pré-terminal)  PATOLÓGICO (necessário apenas um dos seguintes critérios) o Variabilidade longa reduzida (com ou sem desacelerações) com duração> 50 minutos (na ausência da medicações administradas à mãe que interfiram com este parâmetro) o Variabilidade curta reduzida, incluindo o padrão sinusoidal, com duração> 30 minutos o Desaceleração prolongada com baixa variabilidade > 5 minutos ou com variabilidade normal > 8 minutos o Desacelerações repetitivas e baixa variabilidade (curta, longa, ou impossível de avaliar), com duração > 10 min ORIENTAÇÃO CLÍNICA COM BASE NA CARDIOTOCOGRAFIA    o o o TRAÇADO NORMAL - traduz sempre uma adequada oxigenação fetal, naquele momento. TRAÇADO PATOLÓGICO – associa-se a uma elevada probabilidade de hipóxia central do feto, pelo que por si só devem motivar a reversão imediata da causa hipóxica (decúbito lateral, correcção da hipotensão, correcção da hipercontractilidade uterina, correcção de dificuldade cárdio-respiratória materna) ou a rápida extracção do ambiente intra-uterino. Nas situações de desaceleração prolongada com baixa variabilidade a actuação deve ser emergente. TRAÇADO NÃO-TRANQUILIZADOR – não é específico das situações de hipóxia fetal. Devem ser pesquisadas e corrigidas as situações que provocam ou potenciam a hipóxia fetal (decúbito dorsal materno, hipotensão materna, hipercontractilidade uterina) Despistar outros factores etiológicos: hipertermia materna, medicamentos administrados à mãe opiáceos, sedativos, benzodiazepinas, anestésicos, sulfato de magnésio, agonistas β, parasimpaticolíticos. A taquicardia fetal isolada está geralmente associada à hipertermia materna, infecção intrauterina ou administração de fármacos à mãe e, por si só, não deve motivar a extracção fetal imediata, mas sim a Nas alterações cardiotocográficas que não revertem rapidamente com as medidas previamente descritas. Int J Gynecol Obstet 1995. Archives Perinatal Medicine 2001. Ayres-de-Campos D. Fetal heart rate patterns: monitoring. Costa-Pereira A. Marsal K. Intrapartum fetal monitoring and the fetal ECG – time for a change.112(1):49-54. Br J Obstet Gynaecol 1996. Campos I. Bernardes J.177(6):1385-90. 4. Bibliografia 1. admitindo-se um limiar de intervenção mais baixo nestas situações. van Geijn HP. Int J Gynecol Obstet 1987. 2. The use of electronic fetal monitoring. Xavier P.7:7-12. A ocorrência de eventos ST associados a traçados não tranquilizadores deve motivar a rápida reversão da causa hipóxica ou a extracção do ambiente intra-uterino. Can the reproducibility of fetal heart rate baseline estimation be improved? Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2004. National Institute of Child Health & Human Development. FIGO News: Rooth G. Makarainen L. Huch R: Guidelines for the use of fetal monitoring. Huch A. Electronic fetal heart rate monitoring: Research guidelines for interpretation Am J Obstet Gynecol 1997. Banfield P. Rosén KG. O aparecimento simultâneo de desacelerações repetitivas e diminuição da variabilidade traduz já algum risco hipóxico. . 6.51:65-74. 3. Pereira-Leite L. 7.103:714-5. ACOG technical bulletin. interpretation and management. RCOG press.o correcção/tratamento da situação subjacente. Nickelsen C. RCOG. London 2001. de acordo com as normas STAN®.25:159-167. 5. A more objective fetal heart rate baseline estimation. Bernardes J. recomenda-se a utilização da electrocardiografia fetal STAN® (na ausência de contra-indicações para monitorização fetal interna).
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