Análise Do Gênero Textual Quadrinhos

March 30, 2018 | Author: Paula Abreu | Category: Comics, Image, Learning, Pedagogy, Narration


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Análise do gênero Textual Quadrinhos.O estudo das características genéricas das HQ pode, em primeira instância, parecer simples devido à facilidade em sua identificação e pela criação de sentidos que as histórias propiciam, mas como alerta Mendonça (2003, p. 195), "as HQ revelam-se um gênero tão complexo quanto os outros no que tange ao seu funcionamento discursivo". Numa perspectiva semiótica, Cirne (2000 apud MENDONÇA, 2003, p.195) afirma que "quadrinhos são uma narrativa gráfico-visual, impulsionada por sucessivos cortes, cortes estes que agenciam imagens rabiscadas, desenhadas e/ou pintadas". Pode-se pensar os quadrinhos como uma narração dividida em cenas e que conta com o auxílio visual para que os leitores reconstruam a história. Essa característica leva Mendonça (2003) a classificar o gênero como icônico-verbal. Importante, neste ponto de reconhecimento, é fazer a desambiguação entre gêneros semelhantes aos quadrinhos que, de acordo com o cartunista Fernando Moretti (2001 apud MENDONÇA, 2003, p. 197), seriam: Caricatura: Deformação de características marcantes de uma pessoa, animal, coisa ou fato. A caricatura pode ser usada como ilustração ou complemento de uma matéria, e pode estar contida numa charge. Charge: tem as mesmas características da caricatura, embora nela o desenho sirva de enunciado único, resumindo em si a mensagem. A charge exige do leitor um conhecimento de mundo maior do que a caricatura, pois exige inferência contextual. As charges "envelhecem" com o contexto situacional. Cartum: É uma forma de expressar idéias e opiniões políticas, esportivas, religiosas, sociais, que se originou depois da charge. Enquanto a charge é situacional, o cartum é atemporal. Podem apresentar balões, legendas e sequências de imagens enquadradas, embora essas últimas sejam em número limitado e inferior à quantidade de quadros existentes nas HQ. No cartum não há exigência de continuidade nem de personagens fixos, como no caso dos quadrinhos. Tira: É um subtipo de HQ, porém mais curta, contando com até quatro quadrinhos. Podem ser sequenciais (em capítulos) ou fechadas (episódios diários). Segundo Mendonça (2001 apud MENDONÇA 2003), as tiras também podem versar sobre aspectos políticos, econômicos ou religiosos, mas não são tão imediatistas quanto as charges. Dividem-se as tiras fechadas em tiras-piada e tiras-episódio.Em relação aos aspectos visuais, as HQ contam, além dos desenhos, com elementos que facilitam a reconstrução da narrativa ou auxiliam os recursos linguísticos. Nota-se o uso dos seguintes recursos visuais: balões de fala, pensamento, cochicho, berro, medo, xingamento, expressão, balões uníssonos, externos, subordinados, representações imagéticas, planos (close, primeiro plano, panorama), calhas, setas diretivas e retângulos narrativos. As onomatopéias apresentam-se mais visuais que verbais. Aqui, não se trata apenas de representar sons, e sim de criar um "efeito sonoro", com suas devidas características e proporções, como se estivéssemos "visualizando o som", tornando mais fluida a leitura. A maioria das onomatopéias tem sua origem em verbos da língua inglesa (ex: crash, smack, splash). A linguagem das HQ é determinada pelas características do público-alvo a que os gibis se destinam. Tem fortes marcas de oralidade e registro informal, com gírias, reduções vocabulares, expressões idiomáticas, contrações, interjeições, além das já citadas onomatopéias. Os verbos apresentam-se em diversos tempos, sendo difícil determinar sua predominância. As frases são carregadas de pontos de exclamação 1975. a fim de contribuir de maneira teórico-prática com estudos relacionados ao processo ensino-aprendizagem. orientada para o humor. em alguns quadrinhos. envolvendo professor e aluno e aluno sociedade. p. então. o que possibilita que o conteúdo escolar possa ser concretizado e contextualizado em situações práticas do uso da língua. no processo de leitura. Percebe-se.e de interrogação no intuito de reproduzir graficamente a entonação do diálogo informal. é quase natural não refletirmos sobre as histórias em quadrinhos enquanto “produto de nossa cultura.que possibilita que o conteúdo escolar possa ser concretizado e contextualizado em situações práticas do uso da língua. tendo assim. produção e refacção textual. Não se tem ainda uma definição pré-estabelecida sobre o gênero HQs. tendo em vista as características do gênero (tema. à análise lingüística e a produção/refacção de textos. (ANSELMO. 34). o uso de metalinguagem. de desenvolver e aplicar atividades didáticas em turma de quinta série do Ensino Fundamental. vinculadas às condições de produção. no ensino de língua portuguesa (LP). experiência com a diversidade dos gêneros. tem a oportunidade de vivenciar a pluralidade de textos que circulam em distintas esferas da sociedade e de atividade humana. podemos observar que este está totalmente inserido o nosso cotidiano. sua complexidade e suas implicações e ideologias” (HIGUCHI. A HQ é uma narrativa essencialmente recreativa com um aspecto informativo secundário e mais ou menos involuntário. no entanto. O processo ensino/aprendizagem deve se basear no processo sociointeracionista da ação pedagógica. referente à leitura. No intuito de que o ensino/aprendizagem deve se basear no processo sociointeracionista na ação pedagógica. . no processo de construção de possíveis efeitos de sentido. o objetivo fundamental do trabalho será abordar o gênero história em quadrinhos. os americanos batizaram o gênero inteiro de comics e funnies. com base nessa finalidade lúdica. o aluno ao entrar em contato com diferentes gêneros discursivos em organização curricular progressiva. Nesse sentido. construção composicional e estilo. Consideramos que. 1997). . Estando assim tão inseridos em nossas vidas.) E. análise lingüística. • Perceber marcas lingüístico-enunciativas (marcas do gênero e do autor). • Apresentar o autor-chave do projeto (Maurício de Sousa) suas histórias em quadrinhos e suas características enquanto escritor. no qual será selecionado por eles apenas um. Acreditamos que assim. • Discutir sobre definição de histórias em quadrinhos e todos os seus elementos. no mínimo. Apresentar os resultados atingidos durante projeto.Além disso. Durante o processo de refacção. Entrega do material de avaliação. durante no máximo dez semanas. • Viabilizar aos alunos o processo de produção e refacção textual do gênero em pauta. na qual foram observadas as dificuldades dos alunos. A distribuição do conteúdo se dará da seguinte maneira: •Unidades Didáticas •Objetivos específicos Conteúdos Será entregue aos alunos dois textos em prosa. Entre eles estão: • Propiciar ao aluno o contato com os conceitos de gênero discursivo. • Oportunizar aos alunos o contato com a teoria básica e estrutura da história em quadrinhos. o processo ensino/aprendizagem se torna eficaz para a . Fazer um breve resumo do gênero história em quadrinhos e dos objetivos do mini-curso e mostrar o resultado das atividades de avaliação. pretendemos atingir outros objetivos que envolverão a participaçãoefetiva dos professores e alunos. Cronograma: O projeto terá um total de 20 horas divididas em. duas horas/aulas por dia. Observar as dificuldades apresentadas nas produções e solucioná-las. os professoresestagiários auxiliarão nos problemas apresentados para concluírem as atividades de avaliação. para que seja realizada a produção gráfica. ao menos uma vez por semana. Estratégias: A postura adotada pelos professores estará pautada na interação professoraluno. Refacção das atividades de avaliação. o conceito de história narrada é ampliado e desenvolvido pelas palavras que. percebe-se que a imagem predomina sobre o texto. seu criador procura desenvolvê-la como um objeto uno. formado por palavras e imagens. do Chico Bento. ao longo do projeto. complementam a arquitetura da composição de cada quadro. nesse caso. Após conceber uma idéia para criar uma história em quadrinhos. Os recursos de paralinguagem enriquecem e complementam a comunicação. juntamente às histórias de seu personagem Chico Bento. Além disso. ao desempenho do aluno ao longo do ano letivo. Considerações Finais: A partir do trabalho em tela apresentamos uma espécie de diálogo entre a perspectiva enunciativa de estudos da linguagem e o trabalho que pode ser desenvolvido em sala de aula. principalmente porque se serve de recursos próprios da oralidade. atentando ao fato de o personagem ser um típico caipira brasileiro. Como o produto final deve ser lido como um todo visual. Todos esses elementos tornam as histórias em quadrinhos de tal forma atrativas que se vendem aos milhares ou mesmo milhões de exemplares em todo o mundo. sem parâmetros quantitativos. Leitores e autores se comunicam de maneira fácil. muito rica e. Para tanto. pesquisas. leitura e escrita. todas estas atividades subsidiarão nossa auto-avaliação enquanto educadores. tanto pelo seu significado como por seu aspecto gráfico e visual. Por entendermos a avaliação como um processo. é imprescindível que a avaliação seja contínua e dê prioridade à qualidade e ao progresso de aprendizagem. sobretudo atrativa para os leitores. a avaliação do nosso desempenho em sala pelo professor colaborador e pelo professor orientador do presente projeto. a participação em sala. Será observado e relatado. debates. Nossa proposta é aliar o gênero discursivo contextualizado ao autor Maurício de Sousa. No entanto. ao contrário. utilizaremos algumas histórias. já pré-selecionadas e adequadas à sala de aula em questão. e cremos poder dizer que as características de . A combinação do signo lingüístico com uma imagem visual revela-se.realização das atividades. A partir dessa concepção buscamos esclarecer que os recursos lingüísticoenunciativos podem e devem estar aliados às práticas de leitura e produção textual. a oralidade. atividades orais e escritas dos alunos envolvidos ao longo do desenvolvimento do projeto. ou seja. tranformando-os em meio de comunicação de massa. p.. Alexandre (org. BARBOSA. In: DIONÍSIO. 2005. Desse modo. MACHADO. 34. como afirma Bakhtin: A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) (.). utilizados no dia a dia de cada indivíduo. MENDONÇA. Referências Bibliográficas: ANSELMO. são um dos fatores que contribuem fortemente para esse sucesso. 2006. Zilda Augusta.). ou seja.1 Conceito Os gêneros textuais são enunciados escritos ou orais. TRABALHANDO COM O GÊNERO TEXTUAL HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS Eixo temático: Educação e Ensino de Ciências Humanas e Sociais 2 Os gêneros textuais 2. 4ª edição. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. Anna Rachel. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas [ esferas da atividade humana ]. sendo que cada um possui suas características específicas. podemos concluir que a perspectiva que aborda os gêneros discursivos como eixo de progressão e articulação textual possibilitam a instrumentalização do aluno no sentido de que ele tornar-se-à um sujeito crítico que conseguirá manifestar-se adequadamente em diferentes esferas da atividade humana.. implícitas nos quadrinhos. não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal. Ângela Paiva. 3ª edição. 1975. Histórias em quadrinhos. São Paulo: Contexto. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula.). Petrópolis: Vozes. Gêneros textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna.oralidade. Márcia Rodrigues de Souza. e BEZERRA. Maria Auxiliadora (org. pela seleção operada nos recursos . pág. estilo e composição característica. 279)1 .. é importante que o educando tenha contato com os mais variados tipos de textos e gêneros.recursos lexicais. a diversidade de textos e gêneros. 2003. mas casa esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados. que os caracterizam como pertencentes a este ou àquele gênero. e não apenas em função de sua relevância social. a depender do que se pretende emitir com o uso dos mesmos. mas também. sobretudo. Segundo Marscuschi. 2005. p. cosntitutiva do texto. os gêneros textuais são textos materializados encontrados na vida cotidiana e que apresentam características sócio comunicativas definidas por conteúdos. individual. propriedades funcionais. mas também pelo fato de que textos pertencentes a diferentes gêneros são organizados de . (BAKHTIN.2 Importância dos gêneros textuais No ensino de línguas. claro. é necessário contemplar.. Qualquer enunciado considerado isoladamente é. e que saibam que estes podem ser organizados de diferentes formas na língua.da língua. Desse modo. nas atividades de ensino. sendo isso que denominamos gêneros do discurso. fraseológicos e gramaticais-. Nessa perspectiva.]. composicional e estilística. e . a noção de gênero. como trata o PCN: Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza temática. 2223)2 2. precisa ser tomada como objeto de ensino. (MARCUSCHI. por sua construção composicional [. p. a importância de discutí-los para cada gênero a ser trabalhado . Estes pontos poderão ajudar o educando a entender e compreender melhor o gênero que será trabalhado.23)3 Os gêneros textuais sendo tomados como objeto de ensino de línguas estrangeiras poderá possibilitar o desenvolvimento das habilidades necessárias para que o educando possa adquirir a proficiência na língua estrangeira estudada. por isso. qual o principal objetivo e qual o tema do texto. Como se estrutura. Suporte ao qual está fixado. é importante discutir com os educandos alguns aspectos pertinentes ao gênero trabalhado. Elementos linguísticos presentes. Intencionalidade. 1998. 2.3 O trabalho com os gêneros textuais Para que o trabalho com gêneros textuais possa ser realizado de maneira eficaz. é essencial analizar no momento da escolha do gênero ao qual se quer trabalhar: quem estará falando. Essa possibilidade se deve a grande variedade de gêneros textuais existentes na língua. Também. para quem se destinará o enunciado. (PCN. Domínio ao qual está inserido.diferentes formas. como: Funcionalidade. podendo atender às necessidades de cada habilidade. Estes. 3 O gênero história em quadrinhos 3. pelo grupo do professor e pesquisador Álvaro de Moya.Segundo Mendonça. enquanto no Brasil.em classe.1 Conceito De acordo com Guimarães. ambos passíveis do uso da sigla HQ. é adotado o termo "História aos Quadradinhos". apresentando como elementos típicos: desenhos. Depois de discutidos estes pontos. a HQ é caracterizada como um gênero icônico ou icônico verbal narrativo3 cuja progressão temporal se organiza quadro a quadro. (GUIMARÃES.6)5 2 A sigla HQ foi adotada nos anos 1960. Moya adotou o termo "História em Quadrinhos". que se refere ao formato gráfico da organização da narrativa. onde é inserido o texto verbal. ou seja. será mais fácil desenvolver o Comportamento Leitor e o Comportamento Escritor4 dos educandos. a partir do gênero trabalhado. . p. a HQ2 é uma forma de expressão artística em que há o predomínio estímulo visual. engloba formas de expressão em que o espectador para apreciá-las utiliza principalmente o sentido da visão. quadros e balões e/ou legendas. Nos países de Língua Portuguesa. considerados os verdadeiros conteúdos nas aulas de línguas. seja com intencionalidade educativa ou voltadas para mero entretenimento. ampliando os conceitos fundamentais de seu ato manifesto. p. p. a leitura das histórias em quadrinhos eleva os níveis de significação e convivência social inseridos nas leituras. começando pela formação de leitores. se a significação do ato de ler está contida nas vivências cotidianas. Comportamento leitor. Capacidade para a decodificação e a apropriação de diferentes linguagens. Comportamento escritor. . Assim. como o desenvolvimento: Competência leitor compreensiva. a partir da leitura prazer. 2005.2 Contribuições para o ensino de línguas estrangeiras As HQs podem trazer várias contribuições para o ensino de línguas. 2008. esta linguagem atrativa e amigável realmente tem o poder especial de formar suas próprias comunidades de leitores e aprimorar-lhes as habilidades e competências inerentes à leitura. conforme Bari: Pelo trânsito natural de informações essenciais para a convivência social nas histórias em quadrinhos. Senso crítico.118)7 Além da questão da leitura. (BARI. Imaginário e criatividade. Competência oral.199-200)6 3. Competência argumentativa. as HQs também podem contribuir com outras questões que ajudam no processo ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras.(MENDONÇA. Competência escrita. também agrega a representação do tempo. 4.2 Desenho ou Vinheta Pode representar o ambiente. logo. a classificação em gênero icônico ou icônico verbal narrativo. 3 O gênero icônico é representado pelo visual. uma linha demarcatória ou uma borda. são eles: 4. Cada vinheta é constituída da relação dos elementos visuais com os elementos verbais.Entre outros. Também. De modo que estas representações gerem imagens eficazes para o entendimento da mensagem. ações e personagens.1 Requadro É o elemento determinativo das margens de uma vinheta. . Nas HQs. enquanto que o gênero icônico verbal narrativo é representado pelo visual verbal. tanto pode predominar o visual quanto o visual verbal. 4 Estrutura da HQ O sistema narrativo das HQs é composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal. Pode ser composto por uma moldura. Tem como principal função distinguir os diferentes momentos da ação representados na história em quadrinhos. utiliza elementos comunicacionais específicos que identificam a linguagem8 . por isso. 4. As linhas podem representar elas mesmas um objeto ou o contorno do objeto.7 Metáforas visuais . a passagem de tempo ou o deslocamento do espaço. • Quando o rabicho é representado por bolinhas.5 Recordatório É a caixa de texto inserido na vinheta que tem como principal função recordar ao leitor os fatos narrados na HQ anterior. 4. podem criar um relevo ou superfície. indica que o personagem está pensando. funciona para indicar a simultaneidade dos acontecimentos da narrativa.4 Balão O balão vai indicar a verbalização dos personagens. • O balão pontilhado indica que o personagem está cochichando. Nas HQs. dar idéia de luminosidade. adquirem o status de símbolos gráficos. além de representar ações concretas e movimentos. 4. Ele possui variadas formas. • O balão trêmulo indica o temor do personagem durante sua fala. cada uma com significações distintas: • O rabicho aponta para o personagem que está falando. 4. 4. Também. ruídos.3 Linhas cinéticas Constitui o elemento comunicativo que ajuda no reconhecimento visual dos objetos representados.6 Onomatopeias São palavras que indicam sons ambientais. urros e interjeições humanas. • O balão splash indica a raiva e alteração de voz do personagem. complemetando e reiterando as ações descritas na narrativa. Neste trabalho. • Leitura. → Desenvolve a capacidade de decodificação a partir das imagens. São elas: • Texto a partir da imagem → Essa técnica resulta na elaboração do texto verbal a partir das imagens. → Desenvolve o senso crítico. das emoções dos personagens. oral e escrita. 4. → Estimula o Comportamento leitor. dos personagens e movimentos. → Possibilita o desenvolvimento da competência argumentativa.8 Cor A colorização da HQ não se restringe somente aos aspectos estéticos. → Desenvolve a capacidade criativa. Também. compreensão e discussão da HQ → Desenvolve a competência leitor compreensiva do texto. . → Desenvolve a competência oral. sua significação poderá variar de acordo com cada cultura. → Estimula o Comportamento escritor do educando. → Desenvolve a competência leitor compreensiva do texto. serão apresentadas algumas propostas visando o desenvolvimento das competências leitor compreensiva. 5 Trabalhando com as HQs A utilização das HQs para o ensino de línguas estrangeiras pode ser realizada de diversas maneiras. → Estimula o Comportamento leitor do educando.Ocorrem quando uma imagem se associa a um conceito diferente de seu significado original. → Desenvolve a competência escrita. • Imagem a partir do texto → Essa técnica resulta na elaboração do texto visual a partir do texto verbal. Ela pode refinar a representação ambiental. além da capacidade para a decodificação e a apropriação de diferentes linguagens. O presente estudo teve o propósito de investigar as histórias em quadrinhos sob a óptica da teoria dos gêneros discursivos proposta por Bakhtin (1992) com a finalidade de se produzir um material didático coerente com essa teoria. comportamento escritor. → Desenvolve a capacidade criativa. competência escrita. o gênero HQ se constitui uma ferramenta adequada para a realização das propostas deste presente trabalho. competência argumentativa. → Desenvolve a capacidade de produção do gênero textual HQ. competência oral. 6 Considerações Finais Diante dos conceitos e contribuições apresentados em relação à utilização de gêneros textuais no processo ensino/aprendizagem de línguas. tendo como foco a Educação Básica. ele estimula a leitura prazer. Podendo desenvolver nos educandos: competência leitor compreensiva. fica latente que o gênero textual história em quadrinhos pode ser uma boa ferramenta eficaz para esse processo.• Produção da HQ a partir de um tema discutido em sala de aula → Desenvolve a competência escrita. Por meio do estudo realizado constatou-se que é possível produzir um material didático . Pois. Para o ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras. As HQs nacionais podem ser utilizadas nesta proposta desde que as falas dos balões sejam suprimidas ou substituídas por falas da língua estrangeira estudada. senso crítico. comportamento leitor. imaginário e criatividade. já que possui um formato. desenhado por Richard Outcault e publicado semanalmente no New York World. veiculada na revista carioca Vida Fluminense. adequada a um determinado público-alvo. de Rodolph Topffer. as histórias em quadrinhos começam a apresentar o formato característico que hoje conhecemos. Apesar desses tímidos avanços. Embora italiano. 2000). . Ao adotar as propostas de Schneuwly e Dolz (2004). Mais tarde. considerada a primeira história em quadrinhos americana (FERRO. 1994 apud MENDONÇA. 2004) os professores de LI para o ensino por meio dos gêneros discursivos. o marco inicial das HQ foi a publicação de "As aventuras de Nhô Quim". de Ângelo Agostini. 1987. eficaz e duradoura. 1993 apud ALVES. Agostini refletia em suas histórias o contexto brasileiro da época.condizente com a teoria do ISD. 2000). desenhada por James Swinneston. retratando os ideais abolicionistas e republicanos (CIRNE. dos estudos e da vontade de tornar a aprendizagem de Língua Inglesa uma experiência divertida. No final do século XIX. o jornal San Francisco Examiner publica a história "Little Bears and Tykes". 2003). A análise do gênero HQ que se propôs aqui foi de fundamental importância para compreender os mecanismos envolvidos na produção desse gênero. se descobriu que é possível confeccionar um material didático que seja reflexo das crenças. em janeiro de 1869. o "Yellow Kid". No Brasil. em 1892. 1990 apud ALVES. só em 1837 com a "Les Amours de Monsieur VieuxBois". Ao se produzir a SD com o gênero História em Quadrinhos o objetivo foi o de apresentar uma proposta pedagógica que instrumentalizasse (SCHNEUWLY E DOLZ. Lopes-Rossi (2005) e Ramos (2004) para a produção de uma sequência personalizada. tornou-se o primeiro herói dos quadrinhos (IANONNE e IANONNE. MOYA. 2003). parecer simples devido à facilidade em sua identificação e pela criação de sentidos que as histórias propiciam. p. No Brasil. retratando os ideais abolicionistas e republicanos (CIRNE. Pode-se pensar os quadrinhos como uma narração dividida em cenas e que conta com o auxílio visual para que os leitores reconstruam a história. desenhada por James Swinneston. "as HQ revelam-se um gênero tão complexo quanto os outros no que tange ao seu funcionamento discursivo".195) afirma que "quadrinhos são uma narrativa gráfico-visual.QUE QUADRO É ESSE? O estudo das características genéricas das HQ pode. 2000). 2003. de Ângelo Agostini. 1994 apud MENDONÇA. mas como alerta Mendonça (2003. o jornal San Francisco Examiner publica a história "Little Bears and Tykes". O GÊNERO HQ . 1990 apud ALVES. em primeira instância. No final do século XIX. considerada a primeira história em quadrinhos americana (FERRO. veiculada na revista carioca Vida Fluminense. Agostini refletia em suas histórias o contexto brasileiro da época. Cirne (2000 apud MENDONÇA. MOYA. Embora italiano. p. de Rodolph Topffer. 195). desenhado por Richard Outcault e publicado semanalmente no New York World. em 1892. 1987. Numa perspectiva semiótica. só em 1837 com a "Les Amours de Monsieur VieuxBois". Essa característica . Mais tarde. em janeiro de 1869.Apesar desses tímidos avanços. o marco inicial das HQ foi a publicação de "As aventuras de Nhô Quim". 2. tornou-se o primeiro herói dos quadrinhos (IANONNE e IANONNE. cortes estes que agenciam imagens rabiscadas. impulsionada por sucessivos cortes. desenhadas e/ou pintadas". 2000). o "Yellow Kid". as histórias em quadrinhos começam a apresentar o formato característico que hoje conhecemos. 1993 apud ALVES. Cartum: É uma forma de expressar idéias e opiniões políticas. como no caso dos quadrinhos.leva Mendonça (2003) a classificar o gênero como icônico-verbal. Podem apresentar balões. Segundo Mendonça (2001 apud MENDONÇA 2003).Em relação aos aspectos visuais. Nota-se o uso dos seguintes recursos visuais: balões de fala. mas não são tão imediatistas quanto as charges. A caricatura pode ser usada como ilustração ou complemento de uma matéria. . animal. econômicos ou religiosos. as tiras também podem versar sobre aspectos políticos. Charge: tem as mesmas características da caricatura. de acordo com o cartunista Fernando Moretti (2001 apud MENDONÇA. resumindo em si a mensagem. p. coisa ou fato. porém mais curta. legendas e sequências de imagens enquadradas. que se originou depois da charge. As charges "envelhecem" com o contexto situacional. pois exige inferência contextual. A charge exige do leitor um conhecimento de mundo maior do que a caricatura. embora essas últimas sejam em número limitado e inferior à quantidade de quadros existentes nas HQ. Tira: É um subtipo de HQ. neste ponto de reconhecimento. No cartum não há exigência de continuidade nem de personagens fixos. seriam: Caricatura: Deformação de características marcantes de uma pessoa. o cartum é atemporal. religiosas. com elementos que facilitam a reconstrução da narrativa ou auxiliam os recursos linguísticos. Podem ser sequenciais (em capítulos) ou fechadas (episódios diários). 2003. Enquanto a charge é situacional. contando com até quatro quadrinhos. sociais. é fazer a desambiguação entre gêneros semelhantes aos quadrinhos que. as HQ contam. embora nela o desenho sirva de enunciado único. 197). esportivas. além dos desenhos. e pode estar contida numa charge. Dividem-se as tiras fechadas em tiras-piada e tiras-episódio. Importante. A linguagem das HQ é determinada pelas características do público-alvo a que os gibis se destinam. expressões idiomáticas. subordinados. A maioria das onomatopéias tem sua origem em verbos da língua inglesa (ex: crash. interjeições. e sim de criar um "efeito sonoro". calhas. Os verbos apresentam-se em diversos tempos. em alguns quadrinhos. com gírias. na escola. setas diretivas e retângulos narrativos. As onomatopéias apresentam-se mais visuais que verbais. Aqui.pensamento. De fato. sendo difícil determinar sua predominância. 3. com suas devidas características e proporções. Se nos lembrarmos de quantas vezes. fomos repreendidos por "ler gibis" ao invés de "estudar". smack. balões uníssonos. além das já citadas onomatopéias. externos. perceberemos que o conceito de fruição/cognição era impraticável até pouco tempo atrás. representações imagéticas.é que normalmente selecionamos nossa leitura. Percebe-se. planos (close. As frases são carregadas de pontos de exclamação e de interrogação no intuito de reproduzir graficamente a entonação do diálogo informal. cochicho. procurando assuntos de nosso interesse de forma a transformar a leitura em fruição. panorama). medo. Tem fortes marcas de oralidade e registro informal. . FRUIÇÃO E COGNIÇÃO . splash). a escola se exime de explorar textos desse tipo como ferramenta pedagógica e aumenta o abismo entre o que o aluno quer e o que a escola oferece. tornando mais fluida a leitura. expressão. reduções vocabulares. não se trata apenas de representar sons. como se estivéssemos "visualizando o som". primeiro plano. observável . o uso de metalinguagem.DOIS COELHOS Ler é melhor do que estudar[3]. O motivo a que se pode atribuir esse fato ‒ aliás. xingamento. contrações. como afirma Mendonça (2003) em relação às HQ. berro. ou seja. contextuais e genéricas. independente de sua idade. Há também a possibilidade de ensino da língua oral. p. a Guerra de Canudos etc. fato que se comprova pelo local em que as tirinhas são inseridas nos jornais: normalmente os cadernos de lazer.. como a leitura. a autora acredita que atualmente as HQ têm assumido um caráter humorístico. discussões ou qualquer atitude inadequada. pontuação. A autora comenta que o gosto pelo lúdico é inerente ao homem. sintaxe. ortografia etc. proporcionando uma aprendizagem mais significativa e diminuindo a incidência da indisciplina. visto que enquanto os estudantes estão entretidos em algo que lhes dá prazer. montadas através do recurso da quadrinização". Gonçalves (2006) define lúdico como característica daquilo que diverte enquanto educa. dificilmente há lugar para conversas. Nos aspectos léxico-gramaticais. O humor a que Mendonça (2003) se refere pode ser facilmente associado ao lúdico quando um educador une diversão à educação. Embora se preste também a abordar assuntos como a ocupação da Palestina. heróis ou anti-heróis.. Quando propomos uma atividade lúdica há maiores chances de atrair o interesse dos alunos.Mendonça (2003. Além disso. já que o gênero apresenta características tanto da escrita quanto da oralidade. 194) comenta ainda que "É fato incontestável que jovens leitores (e nem tão jovens assim) deleitam-se com as tramas narrativas de personagens diversos. as HQ apresentam várias possibilidades de aplicação. Em relação à cognição. 2006). podem ser explorados vocabulário. o lúdico ajuda a superar a timidez e o medo da exposição que as aulas de língua estrangeira possam suscitar (GONÇALVES. todos os aspectos que outros textos possibilitam. explorando-se suas características processuais. Nas aulas de língua . passagens bíblicas. morfologia. É exatamente aí que se define o papel do educador: tornar o ensino uma experiência prazerosa e sintonizada com a vida dos alunos. . que envolva pronúncia. é possível até mesmo um estudo fonético proveitoso. As histórias em quadrinhos estão presentes na vida dos indivíduos mesmo antes de aprenderem a ler: a imagem possibilita inferência e interpretação quase imediata. e. que para que a ludicidade ocorra. 1998).inglesa essa oportunidade pode ser muito importante. principalmente quando há falta de material adequado para o ensino da oralidade. Verificou-se que o humor presente nas HQ tem a possibilidade de tornar a aprendizagem por meio desse gênero lúdica. Sua leitura é atraente e divertida e pode ser utilizada para fins pedagógicos. A aproximação com a língua oral cotidiana permite apreender estruturas e usos típicos dessa modalidade e. o trabalho do professor é fundamental na medida em que transforma em educativa uma experiência prazerosa. mesmo que esse esteja em outra língua. Nas aulas de língua inglesa os recursos icônicos podem ser de grande valia. motivação. entonação etc. interdisciplinares. as HQ trazem para o contexto escolar aspectos que os alunos buscam fora dele. auxiliando os alunos na reconstrução de histórias e sentidos e possibilitando inferência do sentido do texto. em um trabalho um pouco mais aprofundado. inclusive para a abordagem dos temas transversais propostos pelos PCN (BRASIL. diversão. Interesse.
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