alexandrina

March 16, 2018 | Author: sergioeffreitas | Category: Purgatory, Jesus, Love, Holy Spirit, Saint


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me consolasse!Hoje, depois de chegar ao Calvário, tinha den tro de mim Quem pode fitar e ver todos os caminhos daquele percurso, regados em sangue. Serviu isto para aumento da minha dor: tanto sangue derramado, e tanta ingratidão em recompensa. Via o mundo a fugir àquele Sangue, e eu queria salvá-lo e doutra forma não podia. Se pudesse ser vista esta dor! Se fosse com preendida aquela agonia, quantas almas se salvariam! O coração desfazia-se em amor e Alguém tomava esse amor e espalhava-o pelo mundo: um sopro, como se fosse vento, o levava para toda a parte. Dos meus olhos, dos meus lábios, de todo o meu corpo tiravam não sei o quê, que espalhava também. Eu na cruz, despedaçada de dor, agonizava no abandono, na cegueira, na morte». Esta chama de amor, que é o Espírito do seu Esposo, a Alexandrina sentiu-a muitíssimas vezes como brisa fresca e doce que inundava toda a sua alma de um bálsamo e suavidade celestes. E eis como descreve a acção da Branca Pomba no seu coração: «No sábado, dia 8, véspera do Espírito Santo, eu sentia esvoaçar à volta de mim, e por vezes poisar sobre a minha cabeça uma pomba branca e nos meus ouvidos ouvia o zunir, como se fosse um bando delas a cortarem o ar. Digo branca, não porque os olhos do meu corpo a vissem, mas viram-na, repetidas vezes, os olhos da minha alma. No domingo, dia da Festa do Espírito Santo, essa mesma Pomba poisou sobre mim, rodeou-me, bateu asas, até que entrou para o meu coração e, dentro dele, fez-me lembrar as andorinhas apressadas, canseirosas, a compor seus ninhos. Compunha, compunha, embelezava, aperfeiçoava, uma e outra vez. Eu não sentia vida, sentia-me completamente morta. De vez em quando, essa Pombinha, ora metia em meus lábios o biquito, ora o enterrava no coração, como se estivesse a dar-me alimento. Na verdade, quando ela assim fazia, eu sentia-A ser a vida da minha morte. Logo, no dia seguinte e todos os outros mais, cá está ela no seu ninho, mas agora não esvoaça, não o abandona; está como a descansar com a cabecinha debaixo da asa. De vez em quando, dá sinal de que está ali mexendo com as perninhas ou estendendo as suas asas brancas, deixando coberto com elas o ninho do meu coração. Faz isto com toda a doçura e amor. Parece que está presa e bem enleada no ninho. Estas prisões e enleios são como raios doirados. Sinto a sua vida, mas não me alegro com isso; mas, presa a estes enleios, vou levando a cruz e trilhando meus tristes caminhos» (Do diário de 17-6-46). O Divino Espírito Santo. «O Eterno Pai deu-me uma Cruz. mas dor que tudo tenta destruir». Não sei como o Coração do meu Jesus se infunde em mim. 267 . A minha alma O vê». ajudando-o a caminhar. «Recolhe. Castanha que arrebenta. Jesus entrega-lhe o Coração: «Da Chaga do Divino Coração saía uma enorme chama doirada. porque. caminha. deu-Se todo ao meu.No trabalho operado na alma por esta união divina.. Perde-se em mim e eu nele. Foi um convite e um auxílio do Céu. Acenamos aqui alguns: A 3-7-44. Alexandrina dita estas palavras: «Vem. O fim desta habitação divina na alma é formar nela o Cristo perfeito. Esposa de meu Filho. Sentia na cabeça uma Mão. Alexandrina fala muitas vezes das operações da Primeira Pessoa da Augusta Trindade e frequentemente alude à pode­ rosa e piedosa Mão. O Eterno Pai. despejou tudo o que d'Ele continha. que podia incendiar e destruir o mundo. está presente toda a Trindade. Alexandrina descreve-nos o processo da sua transform ação em Jesus com aqueles fenómenos que encontramos na biografia dos contemplativos.. que me atraiu muito mais.. piedosamente. prova­ velmente em 1946. mostra-se à alma na figura de uma Mão: Mão que toca brandamente. Numa folhinha escrita a lápis pela Alexandrina. o mar. selando depois o meu coração». colocou-a entre os meus braços. E a minha alma vê abrirem-se dois braços para recebê-la e levantar o meu corpo de tão grave abatimento... como se acendesse uma lâmpada eléctrica. lemos: «Eu era uma frágil escora.. se apertasse. que anuncia a Paixão íntima. minha filha. Jesus disse-me: «Aceita-a por nosso amor». em ti o meu Divino Coração. Esta voz e estes braços eram do Eterno Pai. Bomba que explode. João da Cruz. tem coragem». é luz que te fará ver e compreender tudo». Que transformação na minha alma!». em forma de Pomba. como afirma S. Abracei a cruz. A 14-9-45. infunde sobre a minha cabeça uma luz. Jesus disse novamente: «Aceita o dom do Espírito Santo. Esta voz e estes braços vinham do alto. Poucos dias após esta entrega da cruz. vem. à minha volta. Jesus derrama-se todo Ele no coração da Alexandrina: «Jesus abriu o seu Divino Coração e abriu também o meu. Uma força benzedora.». destruiria o mundo». porque. que dela estava privada por ausência do Reverendo Abade. (') É cham ado m atrim ónio espiritual.Eis uma entre muitas: «Não vês que estou em ti? Não sou Eu impecável? Não vês que estou transformado em ti? E nesta transformação não podes ofender-Me. num mar de amor. «Recebe uma efusão do meu divino Amor. A mesma expressão. recebe-o. A ssim acon tece entre D eu s e a alma: não haverá m ais segredos que D eu s não lhe revele. pediu à Alexandrina que descrevesse o êxtase e a visão de 1 de Dezembro de 1944. há a fu sã o d e duas vid as. Tudo nos afirma que Alexandrina está pronta para as núpcias com o Cordeiro divino. com a alma que escolhe para sua esposa!». porque ele é a tua vida e tu és vida das almas ( ‘). com outras particularidades que tem a sua importância. encon­ trando-se em missão no Minho. se o mundo conhecesse esta vida de amor. beijou-me. Além doutras coisas. da minha união conjugal». esta união conjugal com a alma virgem. em que Jesus lhe havia dito esta frase que não se encontrava em nenhum colóquio antecedente: «Oh. E xplica tam bém os títulos que Jesus usa desde este período. acariciou-me e me estreitou docemente a Si. flor cândida do Paraíso. p orque E le é o R ei do m undo. «Neste momento — explicou Alexandrina — Jesus tomou a minha mão. A 18 de Julho de 1945. tal com o entre os e s p o so s terren o s. T odos estes p en sam entos da T eologia transparecem destas breves linhas da A lexandrina. Entre o Director e a Alexandrina trava-se este colóquio: — Nos seus escritos encontrei que Jesus usa estas palavras «União conjugal». cham ando à A lexandrina «rainha dos p ecad ores». a indissolubilidade da união. vem receber ainda uma prova do meu desposório contigo. co m o E le é o seu Pai.» (20-4-45). havia sido dita por Jesus à sua Alexan­ drina. meses em que lhe tinha sido proibida toda a visita a Balasar. a sua fusão é com pleta. a transm issão de vida a novas criaturas. Fiquei a nadar num mar de gozo. Lembra-se? — Lembro muito bem. dirigia-se a Balasar para dar a Comunhão à Alexandrina. flor deli­ cada. «m ãe dos pecadores».. «R ainha do m undo». com o E le é o seu R ei. em 29-12-44: «Minha filha. o Director Salesiano. anjo da terra. a vida da alm a assim deificada será fecunda no m ovim ento de com unicar a vida a tantas outras alm as.. a alm a torna-se im pecável d e m od o a n ão m ais se separar do Senhor. 270 . n ão há se g re d o s. Aproveitou esta visita para pedir algumas explicações sobre os escritos dos meses antecedentes. Estava também presente a Mãe do Céu». veio de encontro ao meu mar­ tírio. sempre em ti habito. exclamei eu! Vale a pena. Alguns anos depois. P. M ada­ lena de Pazzi. suavizar a minha dor. habitualmente. uma linda visão da SS. e sofrer tudo. desce do Céu sobre ti. «Cansado de amor.. M.. filhinha!».— Poderia dizer-me qualquer coisa de quanto viu durante o êxtase? Enquanto Alexandrina falava. era um trono riquíssimo. uma alma ficou ajoelhada em sinal de reverência. era luz celeste. a 30-3-45 diz à Alexandrina: «É um sinal de que. 16. pág. cap. 4. 65. L a evolución mística. o Qual me estendeu a sua Mão divina. Desa­ pareceram as três Divinas Pessoas e a alma ficou por algum tem po na mesma posição. B. S. . Alexandrina escreve: «Na noite de 14 para 15. e quem nos uniu foi o Eterno Pai. meu Jesus. Jesus. Diante de nós havia uma taça como acontece nos matrimónios. pág. cap.. para possuir o Céu». Pouco depois. pondo-me a esquerda sobre o ombro. uniu-se a uma mão dela uma mão de Jesus que o Eterno Pai ligou. como se vê nos seus escritos.. ao lado um do outro. Jesus!». Fechou a sua direita na minha. Â n gela d e F olign o. e ouvi como uma bênção de núpcias que descia do Alto. escrevemos quanto segue: «Foi sexta-feira.. que lindo. estavam sentados. Desceu sobre mim a abóbada do céu: Que lindo. no cimo o Divino Espírito Santo em forma de pomba deixava cair sobre o Pai e o Filho que. a conversação familiar ('). uma chuva de raios doirados. (') Cfr. sofrer. 415. Fiquei como junto de Jesus. diante do Eterno Pai. mergulhada no mesmo amor» (Do diário de 25-4-1947). mesmo escondido. parecia o Céu. mais abaixo. de que goza tantas vezes uma fruição directa. Estava por cima o Espírito Santo. Tudo estava iluminado. Repara. é con­ firmado este acontecimento tão importante na vida dos mís­ ticos. Na exposição simples da Alexandrina estão as condi­ ções para constatar a realização nela do mais alto estado de união a que pode chegar uma criatura humana: celebração e contrato feito diante da Trindade Augusta de Quem gozará. Cheia deste amor. Trindade. A rintero. um dia trava-se entre ela e o seu Amado este diálogo: «Tenho o coração cansado. mas não de Vos amar. 272 . O coro fazia-se ouvir cada vez mais e compreendi que cantavam: Glória. era como se nela não estivesse (2). A 25-12-1953. no seu tremendo martírio. pelo gozo da Trindade Augusta que a enche de luz. da grandeza dele. honra e amor! Glória. para se elevar finalmente para o Céu e imergir-se em Deus. viviam uma vida que não era dela. Estás cansada de amor. O quartinho dos Costas pareceu transformado num Céu que arrancou lágrimas a todos os presentes. (I. É ela que vejo em mim». Não era da terra. Comecei a sentir dentro dele um calor que o irradiava todo.. o arranco decisivo da terra. a. honra e amor à Mãe de Deus — Filha e Esposa da Trindade A ugusta!— Glória sempre a Ti. amas o meu Divino Coração até mais não poderes amar.. A 13-7-45 escreve: «Senti como se a abóbada do céu poisasse sobre o meu peito.. nosso Deus e Senhor!.«Cansado de possuir o Vosso Amor. porque não Vos amo nada. raiz de actos m eritórios». como a Beata Ângela de Foligno ('). receb id o na própria essên cia da alm a. II. o amor tam­ bém consome» (25-5-45). encarregando-a de transmitir uma bênção ao Pontífice «Bem-Amado» e a várias outras pessoas. 24.. durante um êxtase a que assistiram umas cinquenta pessoas e que foi gravado. como se fosse o êxtase dum adeus. Sentia em mim a presença da Santíssima Trindade. a abençoa. O calor ia abrasando sempre o meu peito» (13-7-45). Era o êxtase que se iniciava... Alexandrina vê-se a si mesma na Trindade ou a Trindade Santa se lhe faz sentir. da querida Mãezinha. Tom ás. (') Visões. (2) F roget. muitas vezes. Ouvia um coro que entoava hinos harmoniosos. Alexandrina é consolada. o período mais doloroso da vítima de Balasar. S. q. 3). Entre as trevas e as dores a que a submete a sua imo­ lação. um princípio de vida sobrenatural. I. arrebatou-me o coração e prendeu-me mais. dist. «Mas amas. glória. 26. glória ao Pai. pág. glória.. torna-se nela com o uma segunda natureza de ordem transcendente. Sent. Cap. Bem sabeis que de mim só tenho miséria. 253: «A graça santificante é um dom estável e p erm anente que. minha filha. ao Filho e ao Espírito Santo! Glória. não dizemos somente na con­ formidade. a louca de amor. imagem viva do Verbo. mas sobretudo na substituição da própria vontade pela mesma vontade de Deus. sempre assistida pelo Espírito Santo. o Director Salesiano escrevia. a primeira na reparação. ela ouve do Eterno Pai esta palavra que sela o aperfeiçoamento da obra nela completada: «Esta é a nossa filha bem-amada. no sentido de transformar Alexandrina. mas tornaria minhas as palavras de S. na verdade. Depois de dez dias de misterioso trabalho divino. na esperança de obter um apoio para a causa: «Parece-me que se eu tivesse de pintar a bondade e a missão da Alexandrina. se absorve em Deus». ó Mãe querida! Ó Mãe querida! Ó Pai. em quem foram sempre postos os nossos olhares. na generosidade. ó Filho. 18 273 . a frase comum «dons que o Céu dá a quem quer». que se encontra no retábulo do altar-mor da igreja de Balasar. porque o êxtase não resiste a quem obedece. de modo eloquente. soltou este grito irreprimível: «Ó Pai. até torná-la reflexo de Deus e um só espírito com Ele. E. isto é. ó Filho. João da Cruz. por Nós e pelas almas» (4-3-55). a quem sai do seu querer e. Os sintom as sensíveis da vida divina na Alexandrina A um superior do P. Esta é a nossa filha bem-amada. a que ponto tinha chegado. ó Filho! Ó Espírito Santo! Ó Virgem querida! Ó Pai. representá-la-ia como Jesus. não usaria.c Mariano Pinho. inundada pela luz eterna como nunca. ó Espí­ rito Santo! Ó Mãezinha querida. e isto tanto no modo de pensar como no de agir». em 25-7-44. Alexandrina mostrou praticamente. se tivesse de dar uma explicação dos seus arreba­ tamentos e êxtases. ó Pai! Ó Filho. ó Espírito Santo! O Mãe querida. assim aliviado. no heroísmo. eu não suporto tanto peso!». a quem lhe perguntava de que modo uma pessoa pode chegar aos êxtases: «Renunciando à própria vontade — respondia o santo — e fazendo a de Deus. através da contempla­ ção da luminosa treva. o Bom Pastor.r Alexandrina. Esta é a nossa vítima primogénita. Meu Deus. este olhar penetra tudo. prisões. Mas não só o seu olhar é olhar divino.amor. lodo o meu ser era outro. doçuras e amor nada têm que ver comigo. vê tanto com os olhos abertos como com eles fechados: vê tudo. Este olhar é como que uma bola que a todos atinge. Este olhar vê para dentro e para fora. a sua transformação é mais profunda e total. Assim fala. Temo e tremo! Meu Jesus. O que está nele não me pertence. já não sofria» (17-5-45). não permitais que tudo isto nasça de mim. que lava e purifica». ao qual nada se pode esconder. ternuras. E a 1 de Setembro daquele mesmo ano. bondade e carinho! Que riqueza sinto em mim! Nada disto me pertence.. Sinto que esta atracção vem ao encontro do meu coração. Se eu soubesse mostrar tudo isto para bem das almas e glória do meu Jesus. E no mesmo êxtase: «Tu és a fonte e eu a água que corre nela. Não sei o que se passa em todo o meu corpo.. uma vida que não era minha». Sinto como se tudo isto fosse escrito com sangue tirado do meu coração» (15-5-45) ('). 276 . confusa e admirada. Cristo está». Desafogo-me em amor. e com que doçura eu o abro para receber tudo o que nele queira entrar. Jesus diz-lhe: «No teu corpo está Cristo: nos teus olhares. esta vida minha não é. Este olhar tem ainda chaves que fecham: são chaves que só servem no coração. nos teus sorrisos. no diário da semana seguinte: «É o sorriso dos meus lábios: também não é meu. não sei exprimir melhor os meus sentimentos. tudo. Parece-me um sorriso que tem braços para abraçar eternamente e bálsamo para curar todas as chagas. deixava de ser vítima. «Enquanto Jesus dizia isto — explica Alexandrina — senti como se Ele tirasse todas as veias do seu Corpo e as colocasse no meu. Sentia correr em mim um sangue que não me pertencia. nada têm que atribuir a mim: este corpo não é meu. ( ‘) Já falám os desta dor inefável que sentem os m ísticos ao terem de falar das coisas divinas. Estes enleios. mas sim em Vós! Aceitai toda a minha agonia. este olhai dá luz: é como um espelho que tudo faz reflectir. T am bém esta passagem o prova elo q u en ­ tem ente. não sei acabar mais o que dentro de mim se passa. Este olhar tem prisões. Tudo isto se passa nas minhas trevas. e não sei que tem em si que atrai. minha é a dor que destes sentim entos é motivada. são chaves que só fecham o que estes olhares atraem. os sofrimentos da Paixão duravam três horas. para que sejam meios de salvação. a fim de arrancá-lo da sua vida corrompida e. «Hoje. que jorrará até à vida eterna» (João IV. X . sofrido em tempos diferentes. transformada pela graça. devemos observar que.. sem se aperceber. conf. W eiss.». na quarta. ora daquele outro pormenor da Paixão de Jesus» ('). O Padre Weiss indica este duplo escopo: «Na sua misericordiosa Providência. É também necessário saber-se que o mesmo facto do Divino Paciente. até 1942. «Eu não sofro senão em ti» Antes de transcrever qualquer trecho extraído dos escritos da Alexandrina sobre este assunto.. 277 . João. (2) Cfr. com a maior espontaneidade e naturalidade. torna-se por sua vez uma verdadeira fonte distribuidora de vida que é amor divino. isto é. em que tantas almas encontrarão purificação e riquezas divinas. em que Jesus diz à Samaritana: «A água que eu lhe der tomar-se-á fonte de água viva. 14). Deus manda os seus santos para julgar o mundo e recordar-lhes o seu dever. São estes os fins que o Médico das nações se propõe ao escolher os seus santos» (2). mas sofro só em certos dias. anos antes. a alma. são sofrimentos ora deste.Aflora-nos à mente aquela passagem de S.. Disto resulta a amplidão pano­ râmica das dores de Jesus.. Deixa que elas (as almas) venham todas a ti. Observamos por fim que a substituição de Cristo nela é de tal modo perfeita que mui­ tas vezes. ( ‘) D ep o im en to feito ao D irector Salesiano a 19-6-46. Segundo esta misteriosa promessa. não: (assim explica ela ao Director Salesiano) o temor por estas dores tenho-o quase sempre. em particular na sua época. Alexandrina usa nos seus escritos. é-nos explicado por eminentes Doutores e Mestres do espírito. é sofrido e descrito com traços diversos: nunca foi sentido pela Ale­ xandrina de idêntico modo. o mas­ culino em vez do feminino. 24. tinham um dia e uma ordem estabelecida desde o Horto até ao Calvário. A pol. ou quinta ou sexta. Qual seja pois o escopo que Deus se propõe ao formar estas almas e ao levá-las a participar tão ao vivo da sua Paixão divina. Jesus o diz à Alexandrina a 5-10-45: «No fontenário do teu coração está plantada a fina flor do Amor. sou Eu que os movo e falo em ti». a necessidade de expia­ ção. dia do Espírito Santo. diz-lhe Jesus (8-7-45). ia-lhes ao encontro. transcrevemos este trecho. guardar esta riqueza que me pertence no meio da minha miséria! Que sou eu. E logo essa lança Lhe foi abrir o peito e o Coração. «Pobre terra. que é a Igreja (2). Bendita luz! Bendito apelo de Deus! Eis quanto encontramos nesta frase da Alexandrina: «Quando os teus lábios se movem para falar. 143. 278 . Depois disto. os cismas no Corpo Místico e o rigor da expiação que foi pedida ao Salvador. Cap. Benditos sofrimentos que aplacam e purificam! Q uantas vezes Alexandrina falará deste complemento que a sua carne dá àquilo que falta nos sofrimentos de Cristo em favor do Seu corpo. (') Santa Catarina de G énova. Sirva esta única citação da Alexandrina: «Todavia. os delitos. Os elei­ tos. escolhia-as. antes eu via as almas. que horror!». E a 2 de Maio de 1945. passavam-se ao outro Corpo» (18-1-46). e para saber apreciar as grandezas e as magnificências que Ele se digna depositar nestes servos fiéis!» (!). Diálogos. prolongam através dos séculos o sacrifício do Calvário. I. Meu Deus!.. escreve: «O Senhor duplicou a ternura dos meus olhares. os sacrilégios. escrito pela Alexandrina. que parece não conhecer outra forma senão aquela de mostrar-se chagado e sempre triste. amá-las. no dia em que faltarem estas almas! — exclama Santa Catarina de Génova — Que o Senhor dê o espírito de revelação para conhecê-las. As dores. levados deste modo a participarem verdadeiramente na Sua agonia e paixão. Agora. prendia-as a mim com os doces vínculos que tinha no meu coração. Jesus cerrou os olhos e expirou dentro de mim.. em 27 de Setembro de 1946: «Senti nos lábios a esponja e vi ao lado uma agudíssima lança. pelo interior dela. (2) C oloss. 24. atraía-as. a cabeça era uma chaga viva. Para responder de uma vez para sempre a quem se escandalize deste nosso Deus. vou-as ligando ainda mais. que sou eu! O Jesus.É por estes mesmos motivos que Deus mostra aos seus santos os grandes males da Igreja. spec. eu não sei sofrer. • * 279 . Visões do mundo a redimir À alma vítima. Revesti-me de ti. o Salvador mostra o mundo a redimir. vai penetrar no íntimo e faz que eu penetre também! Ai. é o teu corpo açoitado. repara e sofre. agora são milhões e milhões de pecadores que assim Me ferem. São. as minhas maldades». as falsas armadilhas que lhe preparam. Lib. gratiae. Minha filha amada. para reparares. minha vítima querida».. o mundo crucifica-me continuamente. vivo em ti e tu em Mim. 1. Eu não sofro senão em ti. que miséria nas almas! Oh. oh. para te fazer com preen­ der. «Meu Jesus. Fiquei por algum tempo como se estivesse morta com Jesus. I. quanta maldade! O meu Divino Coração não tem como no Calvário um só soldado que o abra. Entra e traze contigo a humanidade que é tua. aqui estou com o meu Divino Coração aberto. cheio de vida: «Minha filha. aberto pelos pecadores. Com o mesmo Coração aberto falou-me. mas não sou Eu que sofro. que vê com os próprios olhos de Cristo vivo nela (1 ). a vítima do Rei Divino. Acenemos só a este aspecto do panorama proposto ao olhar da Alexandrina. é a tua cabeça que é coroada de espinhos. É teu.. via através dos o lh os divinos do Salvador. sofre. Criei-te para a dor.. repara. M ostro-me assim. quem te pede». por amor. Sofre. nem reparar. é Cristo em ti. por vosso amor e vejo-Vos sempre assim ferido. és tu a vítima imolada. que Lhe crave a lança. é nele a tua morada. que lodo encobre os corpos e alastra (') Tam bém Santa M atilde.. com certeza. que te confiei. são os teus pés e mãos chagados. E o teu coração que é aberto pela lança. depois. e nada valem os meus sofrimentos. aberto com a mal­ dade do mundo. «Sossega.. É Jesus.Vi cair dele umas gotinhas de sangue e por último água claríssima. «Ai! como eu o vejo (o mundo)! Esta luz nada deixa oculto.. Só Eu conheço o perigo em que ela está. criei-te e fiz de ti um instrumento de salvação para as almas. o teu Esposo. que havia comparado o pecador a um homem com coração de pedra ('). X I. «Arde o edifício. Que fogo abrasador! O edifício (2) continua dentro em mim. que é o m undo. queria m ostrar a sua misericórdia tal qual a vejo. a A lexandrina fala d este «coração de pedra». As labaredas do edifício ardem debaixo e à sua volta. e o rochedo de um lado e de outro. à altura do rochedo que se vai desfazendo a pouco e pouco. Tam bém na Paixão de 10 de A g o sto de 1945. Faz-me lembrar a compaixão de Jesus. o seu amor infinito. (3) O m undo pecador. e mais o meu coração se condói da terra. Alguns pedaços ficam sem que o fogo os consuma. 26. Sobre o rochedo estou eu. Sinto o deslizar das pedrinhas do rochedo. Não posso resistir a esta dor! É tal a compaixão que o prende a este exílio. «coração m undial» que não dá sinais de com paixão e de sentim entos. Como o profeta Ezequiel. Queria dizer quanto Jesus nos ama. Eu bato nele. tenho que fazê-lo estremecer. tal qual a sinto. queima-me o coração. que horror! Ó mundo. O fogo não se apaga. «O meu peito arde. 19. meu Deus. profetizando que Deus o substituiria um dia com o coração de carne. mais o mundo é lama. Mas como penetrá-lo todo? Impossível ser todo transformado em chamas. vai descamando como acha de lenha posta em bocadinhos. é ele que está em labaredas. Todo ele é regado com as lágrimas que caem dos meus olhos: são lágrimas de dor e de amargura. C orpo m ístico. X X X V I. elas saem de mim. é com tanto custo! Há tanto que fazer! Este fogo não pode parar! Este rochedo tem de ser transformado em modelo e em fogo divino» (17-4-45). (2) A Igreja. aqui e acolá. rolam nas minhas faces. a sua misericórdia. Alexandrina em Jesus vê este difícil trabalho a realizar. como eu te vejo! Q uanto mais sobe a torre. são lágrimas de compaixão.toda a humanidade! Que horror. que nada digo!» (15-3-45). que pena! Tanta dor e tanto amor perdidos!» (19-4-45). Mas. vai-se abrindo. tornando o homem fiel aos preceitos divinos. Sinto de novo que sobre este edifício foi colocado um rochedo mundial (3). mas vêm do alto. rodeio-o por todos os lados. E não são minhas estas lágrimas. mas não sou eu. mas brotam dos olhos de Jesus! Oh. mais a luz dá luz. O E zeq u iel. que parece que faiscou lume e estende seus raios de amor de cima para baixo. Pobre de mim. . é ele que fortemente arde e queima. Se houver amor. De rochedo passará a oiro finíssimo. Mas sobretudo sente-se Jesus — misericórdia que quer per­ doar. Outras vezes.A 20-4-45. está sobre o edifício do amor. 281 . sem que uma só alma se perca. são aquelas almas que não dei­ xam penetrar em si o fogo do meu Divino Amor. que não se purificam». Jesus explica: «Tens universos de amor. E com as chamas deste edifício que tens em ti. será salvo o mundo. universos de pureza. que sen­ tes não serem transformados. Os pedaços. subjugar e transformar o universo inteiro. vencer. É ao calor deste amor que o mundo há-de aquecer-se. se houver pureza. o fogo purifica. O amor transforma. O rochedo é o mundo. Alexandrina sente ser Jesus — luz que deve iluminar o mundo — fonte que dessedenta. num êxtase. que o rochedo há-de transformar-se. que lava e purifica.
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