Prof.Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Apresentação 2 Brenno Ferreira de Souza, graduado Bacharel em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ e em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Atualmente cursa MBA em Gerenciamento de Projetos. Atuou em indústrias do setor metal mecânico, além de professor do Consórcio de Educação à Distância do Estado do Rio de Janeiro e técnico em laboratório de Ensaios Mecânicos na UFF. Atualmente é Supervisor de Projetos Inovação e Instrutor de Educação Profissional no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI do Departamento Regional de Goiás, unidade de Niquelândia. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Roteiro Introdução Variabilidade Intercambialidade Exatidão Tolerância Afastamentos Terminologia de Tolerâncias Exercícios Considerações Ajustes Sistemas de Tolerâncias e Ajustes Campos de Tolerância ISO Sistemas Furo-Base Sistemas Eixo-Base Tolerância no Sistema ABNT/ISO Terminologia de Ajustes Conclusão 3 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico PARTE 1 Introdução Variabilidade Intercambialidade Exatidão Tolerância Afastamentos Terminologia de Tolerâncias Exercícios Conclusão 4 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Introdução Não existem dois produtos exatamente iguais. O gerenciamento do processo é a redução da variação através do conhecimento de suas causas. Caracterização do processo: • localização • variação • forma da distribuição 5 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variação Filhotes de gato da mesma ninhada 6 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variabilidade 7 Também denominada variação ou dispersão, está presente em todos os processos de produção de bens e de fornecimento de serviços . Consiste na dispersão ou variação das características num dado produto ou processo. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variabilidade Ao selecionarmos algumas peças numa linha de produção e a seguir medir o diâmetro de cada uma dessas peças, os resultados obtidos serão diferentes, ou seja existirá variabilidade entre as medidas do diâmetro. Variabilidade variação dispersão 8 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Causas da Variabilidade É o resultado de alteração nas condições sob as quais as observações são tomadas. Estas podem refletir diferenças entre: • matérias primas; • condições de equipamentos; • métodos de trabalho; • condições ambientais; • operadores envolvidos no processo. 9 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variabilidade Nos processos de fabricação de peças, um produto será considerado defeituoso se suas características da qualidade não satisfizerem a uma determinada especificação e será considerado perfeito ou não - defeituoso em caso contrário. 10 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variabilidade Mesmo os produtos não - defeituosos apresentam variações dentro dos limites de sua especificação, o que significa que não são exatamente idênticos. Exemplo: Limite de especificação para o diâmetro de um eixo aço carbono SAE 1040: Ø 25,00±0,20mm Assim, produtos defeituosos são produzidos devido à presença da variabilidade. 11 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variabilidade 12 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Variabilidade “UM PROCESSO SEMPRE APRESENTA VARIABILIDADE” “OS PRODUTOS DEFEITUOSOS SÃO PRODUZIDOS DEVIDO À PRESENÇA DA VARIABILIDADE” 13 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Redução A redução da variabilidade dos processos envolve a coleta, o processamento e a disposição de dados, para que as causas fundamentais de variação possam ser identificadas, analisadas e bloqueadas. “A REDUÇÃO DA VARIABILIDADE DOS PROCESSOS IMPLICA EM UMA DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE PRODUTOS DEFEITUOSOS FABRICADOS.” 14 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes e Tolerância Como mencionado, é muito difícil executar peças com as medidas rigorosamente exatas porque todo processo de fabricação está sujeito a imprecisões. Sempre acontecem variações ou desvios das cotas indicadas no desenho. Entretanto, é necessário que peças semelhantes, tomadas ao acaso, sejam intercambiáveis, isto é, possam ser substituídas entre si, sem que haja necessidade de reparos e ajustes. 15 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Intercambialidade É a possibilidade de, quando se monta um conjunto mecânico, tomar-se ao acaso, de um lote de peças semelhantes, prontas e verificadas, uma peça qualquer que, montada ao conjunto em questão, sem nenhum ajuste ou usinagem posterior, dará condições para que o sistema mecânico cumpra as funções para as quais foi projetado. 16 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Intercambialidade Com a intercambiabilidade, peças fabricadas em série podem ser montadas, sem necessidades de ajustes, em outra peça qualquer, qualquer que seja o lote, a data ou o local de fabricação. Esta intercambiabilidade é garantida através de uma adequada seleção das tolerâncias e ajustes, como será visto a seguir. 17 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exatidão Um requisito fundamental da intercambiabilidade é a seleção de um processo de fabricação que assegure a produção de peças com igual exatidão. Exatidão: Correspondência entre as dimensões reais da peça e aquelas indicadas no desenho. 18 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exatidão Não existe processo de fabricação capaz de produzir um número ilimitado de peças com exatidão absoluta. Diversas causas como inexatidões das máquinas, dos dispositivos ou dos instrumentos de medição fazem com que as dimensões reais (ou efetivas) das peças sejam diferentes daquelas indicadas no desenho, chamadas de dimensões nominais. Peças reais possuem dimensões que se afastam para mais ou para menos da cota nominal, apresentando uma certa inexatidão. 19 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exatidão Dimensões nominais: São as dimensões indicadas no desenho de uma peça. • Elas são determinadas através do projeto mecânico, em função dos objetivos que deverão atingir. Dimensões reais (ou efetivas): São as dimensões reais da peça. • Estas dimensões podem ser maiores, menores ou iguais às dimensões nominais. 20 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exatidão Assim, para uma peça com uma cota nominal de 145 mm podem ser encontradas peças com: • 145,023 mm, • 144,978 mm, • 145.000 mm e assim por diante. Todas as peças cujas dimensões não ultrapassarem as dimensões limites serão úteis, enquanto as demais serão rejeitadas. 21 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exatidão Estes desvios devem ser controlados para que a intercambiabilidade seja garantida. Deve-se portanto, determinar a menor precisão possível dentro da qual a peça em questão exerça sua função adequadamente. Qualquer melhoria adicional elevaria o custo do produto. 22 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância A prática confirma que as medidas das peças podem variar, dentro de certos limites, para mais ou para menos, sem que isto prejudique a qualidade. Esses desvios aceitáveis nas medidas das peças caracterizam o que chamamos de tolerância dimensional. 23 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância As tolerâncias vêm indicadas, nos desenhos técnicos, por valores e símbolos apropriados. Por isso, você deve identificar essa simbologia e também ser capaz de interpretar os gráficos e as tabelas correspondentes. 24 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Acoplamento As peças, em geral, não funcionam isoladamente. Elas trabalham associadas a outras peças, formando conjuntos mecânicos que desempenham funções determinadas. Veja um exemplo abaixo: 25 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Acoplamento Num conjunto, as peças se ajustam, isto é, se encaixam umas nas outras de diferentes maneiras e você também vai aprender a reconhecer os tipos de ajustes possíveis entre peças de conjuntos mecânicos. 26 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Acoplamento Exemplos de peças que trabalham acopladas: • Chaveta em seu rasgo, • Eixo no seu coxinete, • rolamento no seu mancal, • pino no pistão, • engrenagem na árvore, etc..... 27 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Questões 1. Porque a intercambiabilidade tornou-se importante com a produção em série? 2. A intercambiabilidade é importante no mundo globalizado? 3. Compare dimensão nominal com dimensão efetiva. 4. Porque um sistema de peças intercambiáveis, bem interpretado, aumenta a qualidade dos produtos e reduz os custos? 5. Qual diferença entre exatidão e precisão? 6. Qual o objetivo de se introduzir um sistema de tolerâncias e ajustes? 28 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Normalização No Brasil, o sistema de tolerâncias recomendado pela ABNT segue as normas internacionais ISO (International Organization For Standardization ). A observância dessas normas, tanto no planejamento do projeto como na execução da peça, é essencial para aumentar a produtividade da indústria nacional e para tornar o produto brasileiro competitivo em comparação com seus similares estrangeiros. 29 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico O que é Tolerância Dimensional As cotas indicadas no desenho técnico são chamadas de dimensões nominais. É impossível executar as peças com os valores exatos dessas dimensões porque vários fatores interferem no processo de produção, tais como imperfeições dos instrumentos de medição e das máquinas, deformações do material e falhas do operador. Então, procura-se determinar desvios, dentro dos quais a peça possa funcionar corretamente. Esses desvios são chamados de afastamentos. 30 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Os afastamentos são desvios aceitáveis das dimensões nominais, para mais ou menos, que permitem a execução da peça sem prejuízo para seu funcionamento e intercambiabilidade. 31 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Eles podem ser indicados no desenho técnico como mostra a ilustração a seguir: 32 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Neste exemplo, a dimensão nominal do diâmetro do pino é 20 mm. Os afastamentos são: + 0,28 mm (vinte e oito centésimos de milímetro) e + 0,18 mm (dezoito centésimos de milímetro). O sinal + (mais) indica que os afastamentos são positivos, isto é, que as variações da dimensão nominal são para valores maiores. 33 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos O afastamento de maior valor (0,28 mm, no exemplo) é chamado de afastamento superior; o de menor valor (0,18 mm) é chamado de afastamento inferior. Tanto um quanto outro indicam os limites máximo e mínimo da dimensão real da peça. 34 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Somando o afastamento superior à dimensão nominal obtemos a dimensão máxima, isto é, a maior medida aceitável da cota depois de executada a peça. Então, no exemplo dado, a dimensão máxima do diâmetro corresponde a: 20 mm + 0,28 mm = 20,28 mm. Somando o afastamento inferior à dimensão nominal obtemos a dimensão mínima, isto é, a menor medida que a cota pode ter depois de fabricada. Nomesmo exemplo, a dimensão mínima é igual a: 20 mm + 0,18 mm, ou seja, 20,18 mm. 35 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Assim, os valores: 20,28 mm e 20,18 mm correspondem aos limites máximo e mínimo da dimensão do diâmetro da peça. Depois de executado, o diâmetro da peça pode ter qualquer valor dentro desses dois limites. A dimensão encontrada, depois de executada a peça, é a dimensão efetiva ou real; ela deve estar dentro dos limites da dimensão máxima e da dimensão mínima. 36 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Analise a vista ortográfica cotada e faça o que é pedido. a) Complete os espaços com os valores correspondentes: • afastamento superior: ................................................................ ; • afastamento inferior:................................................................... ; • dimensão máxima:....................................................................... ; • dimensão mínima:........................................................................ . b) Dentre as medidas abaixo, assinale com um X as cotas que podem ser dimensões efetivas deste ressalto: 20,2 ( ) 20,04 ( ) 20,06 ( ) 20,03 ( ) 37 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Quando os dois afastamentos são positivos, a dimensão efetiva da peça é sempre maior que a dimensão nominal. Entretanto, há casos em que a cota apresenta dois afastamentos negativos, ou seja, as duas variações em relação à dimensão nominal são para menor, como no próximo exercício anterior. 38 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Quando os dois afastamentos são positivos, a dimensão efetiva da peça é sempre maior que a dimensão nominal. Entretanto, há casos em que a cota apresenta dois afastamentos negativos, ou seja, as duas variações em relação à dimensão nominal são para menor, como no exemplo a seguir. 39 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos A cota Ø 16 apresenta dois afastamentos com sinal - (menos), o que indica que os afastamentos são negativos: - 0,20 e - 0,41. 40 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Quando isso acontece, o afastamento superior corresponde ao de menor valor numérico absoluto. No exemplo, o valor 0,20 é menor que 0,41; logo, o afastamento - 0,20 corresponde ao afastamento superior e - 0,41 corresponde ao afastamento inferior. 41 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Para saber qual a dimensão máxima que a cota pode ter basta subtrair o afastamento superior da dimensão nominal. No exemplo: 16,00 - 0,20 = 15,80. Para obter a dimensão mínima você deve subtrair o afastamento inferior da dimensão nominal. Então: 16,00 - 0,41 = 15,59. A dimensão efetiva deste diâmetro pode, portanto, variar dentro desses dois limites, ou seja, entre 15,80 mm e 15,59 mm. Neste caso, de dois afastamentos negativos, a dimensão efetiva da cota será sempre menor que a dimensão nominal. 42 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Há casos em que os dois afastamentos têm sentidos diferentes, isto é, um é positivo e o outro é negativo. Veja: Quando isso acontece, o afastamento positivo sempre corresponde ao afastamento superior e o afastamento negativo corresponde ao afastamento inferior. 43 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Analise o pino e indique o que é pedido: a) afastamento superior: ................................... ; b) afastamento inferior: .....................................; c) dimensão máxima...........................................; d) dimensão mínima.......................................... . 44 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Afastamentos Numa mesma peça, as cotas podem vir acompanhadas de diferentes afastamentos, de acordo com as necessidades funcionais de cada parte. Analise o desenho técnico do pino com rebaixo, ao lado. 45 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Observe o desenho técnico e complete os espaços em branco. a) A dimensão nominal do comprimento da peça é.......; o afastamento superior é ....... e o afastamento inferior é........; b) O diâmetro da parte rebaixada tem dois afastamentos positivos: ....... e .......; logo; a dimensão efetiva deste diâmetro deve ser um valor entre ....... e........; c) A dimensão máxima do comprimento da parte rebaixada é ...... e a dimensão mínima é........; d) O diâmetro maior da peça tem 2 afastamentos negativos, logo a dimensão efetiva desta cota é ............. que a dimensão nominal. 46 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância Tolerância é a variação entre a dimensão máxima e a dimensão mínima. Para obtê-la, calculamos a diferença entre uma e outra dimensão. Acompanhe o cálculo da tolerância, no próximo exemplo: Na cota , a tolerância é 0,13 mm (treze centésimos de milímetro). 47 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância Calcule a tolerância da cota indicada no desenho. Tolerância = .................................................... 48 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância A tolerância pode ser representada graficamente. Veja: Nessa representação, os valores dos afastamentos estão exagerados. 49 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância O exagero tem por finalidade facilitar a visualização do campo de tolerância, que é o conjunto dos valores compreendidos entre o afastamento superior e o afastamento inferior; corresponde ao intervalo que vai da dimensão mínima à dimensão máxima. 50 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância NBR 6171/87 - Tolerâncias Gerais de Dimensões Lineares e Angulares Desvios utilizados para peças isoladas, não funcionais. Desvios adotados para todas as cotas sem indicação de tolerância Os desvios são simétricos em relação à linha zero 51 Desvios e Tolerâncias para dimensões lineares, em mm. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias Desvios para dimensões angulares nominais. 52 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância As dimensões de peças diferentes, fabricadas com mesmo diâmetro nominal, cujo funcionamento foi experimentado e considerado adequado, podem oscilar dentro de certos limites, mantendo-se as condições de funcionamento anteriormente previstas. Assim, a conjugação requerida de duas peças se assegura somente quando as dimensões limites de tolerância tenham sido previamente estabelecidas. 53 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância DIMENSÕES LIMITES: São os valores máximo e mínimo admissíveis para a dimensão efetiva. DIMENSÃO MÁXIMA: É o valor máximo admissível para a dimensão efetiva. • Símbolo: D máx para furos e d máx para eixos DIMENSÃO MINIMA: É o valor mínimo admissível para a dimensão efetiva. • Símbolo: D min para furos e d min para eixos 54 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância 55 Dimensões máxima e minima e tolerância t para eixo e furo Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância AFASTAMENTOS: É a diferença entre as dimensões limites e a dimensão nominal AFASTAMENTO INFERIOR: É a diferença entre a dimensão mínima e a dimensão nominal. Símbolos: A i para furos e a i para eixo. AFASTAMENTO SUPERIOR: É a diferença entre a dimensão máxima e a dimensão nominal. Símbolos: A s para furos e a s para eixos. AFASTAMENTO REAL: É a diferença entre a dimensão efetiva e a dimensão nominal do componente. 56 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância TOLERÂNCIA: É a variação admissível da dimensão da peça. Símbolo: t A tolerância indica uma faixa de valores compreendidos entres as dimensões limites. Também denominada de Zona de Tolerância ou Campo de tolerância. t = D máx - D min (Furos) e t = d máx - d min (Eixos) ou t = A s - A i (Furos) e t = a s - ai (Eixos) 57 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância LINHA ZERO: É a linha que indica a posição da dimensão nominal em um desenho. Ela serve de referência para os afastamentos. • Afastamentos acima da linha zero são positivos • Afastamentos abaixo da linha zero são negativos POSIÇÃO DA ZONA DE TOLERÂNCIA: É a menor distância entre a linha zero e a zona de tolerância. Esta posição pode ser medida entre a linha zero e o limite inferior ou entre a linha zero e o limite superior, dependendo de qual é a menor distância. 58 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Tolerância 59 Afastamentos superior e inferior e tolerância t para eixo e furo Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerância ISO A tolerância ISO é representada normalmente por uma letra e um numeral colocados à direita da cota. A letra indica a posição do campo de tolerância e o numeral, a qualidade de trabalho. 60 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de Tolerância É o conjunto dos valores compreendidos entre as dimensões máxima e mínima. O sistema ISO prevê 28 campos representados por letras, sendo as maiúsculas para furos e as minúsculas para eixos: Furos • A, B, C, CD, D, E, EF, F, FG, G, H, J, JS, K, M, N, P, R, S, T, U, V, X, Y, Z, ZA, ZB, ZC Eixos • a, b, c, cd, d, e, ef, f, fg, g, h, j, js, k,,m, n, p, r, s, t, u, v, x, y, z, za, zb, zc. 61 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de Tolerância Posição dos campos de tolerância em relação a linha zero. 62 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho A qualidade de trabalho (grau de tolerância e acabamento das peças) varia de acordo com a função que as peças desempenham nos conjuntos. O sistema ISO estabelece dezoito qualidades de trabalho, que podem ser adaptadas a qualquer tipo de produção mecânica. Essas qualidades são designadas por IT 01, IT 0,IT 1, IT 2... IT 16 (I = ISO e T = tolerância). 63 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Grupos de Dimensões O sistema de tolerância ISO foi criado para produção de peças intercambiáveis com dimensões compreendidas entre 1 e 500mm e depois estendida até 3150mm. Para simplificar o sistema e facilitar sua utilização, esses valores foram reunidos em treze grupos de dimensões em milímetros. 64 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios 1. Um eixo apresenta dimensão nominal Ø = 86 mm, afastamento superior e inferior respectivamente 0,089 mm e 0,011 mm. Determine a tolerância e as dimensões deste eixo. Faça um desenho esquemático deste eixo indicando estes valores. 2. Um furo apresenta dimensão nominal Ø = 146 mm, afastamento superior e inferior respectivamente 0,090 mm e -0,041 mm. Determine a tolerância e as dimensões deste furo. Faça um desenho esquemático deste furo indicando estes valores. 65 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Questões 1) Um furo com afastamento inferior positivo poderá ter dimensão efetiva maior, menor ou igual à sua dimensão nominal? Porque? Faça desenho esquemático. 2) Um furo com afastamento inferior negativo terá dimensão efetiva maior, menor ou igual à sua dimensão nominal? Porque? Faça desenho esquemático. 3) Um eixo com afastamento inferior positivo terá dimensão efetiva maior, menor ou igual à sua dimensão nominal? Porque? Faça desenho esquemático. 66 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Considerações Qualquer dimensão efetiva entre os afastamentos superior e inferior, inclusive a dimensão máxima e a dimensão mínima, está dentro do campo de tolerância. As tolerâncias de peças que funcionam em conjunto dependem da função que estas peças vão exercer. Conforme a função, um tipo de ajuste é necessário. 67 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico PARTE 1 Introdução Variabilidade Intercambialidade Exatidão Tolerância Afastamentos Terminologia de Tolerâncias Exercícios Considerações 68 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes O ajuste é a condição ideal para fixação ou funcionamento entre peças executadas dentro de um limite. São determinados de acordo com a posição do campo de tolerância. 69 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Exemplo de acoplamento com tolerância: 70 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes 71 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Recomendados 72 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Recomendados 73 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Recomendados 74 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Recomendados 75 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Peças que serão montadas, cotadas com indicação de tolerância. 76 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico PARTE 2 Ajustes Sistemas de Tolerâncias e Ajustes Campos de Tolerância ISO Sistemas Furo-Base Sistemas Eixo-Base Tolerância no Sistema ABNT/ISO Terminologia de Ajustes Conclusão Leitura da NBR 6158 77 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Para entender o que são ajustes precisamos antes saber o que são eixos e furos de peças. Quando falamos em ajustes, eixo é o nome genérico dado a qualquer peça, ou parte de peça, que funciona alojada em outra. Em geral, a superfície externa de um eixo trabalha acoplada, isto é, unida à superfície interna de um furo. 78 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Veja, a seguir, um eixo e uma bucha. Observe que a bucha está em corte para mostrar seu interior que é um furo. 79 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Eixos e furos de formas variadas podem funcionar ajustados entre si. Dependendo da função do eixo, existem várias classes de ajustes. • Ajuste com folga • Ajuste com interferência • Ajuste incerto 80 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Se o eixo se encaixa no furo de modo a deslizar ou girar livremente, temos um ajuste com folga. 81 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Os diâmetros do furo e do eixo têm a mesma dimensão nominal: 25 mm. O afastamento superior do eixo é - 0,20; a dimensão máxima do eixo é: 25 mm - 0,20 mm = 24,80 mm; A dimensão mínima do furo é: 25,00 mm - 0,00 mm = 25,00 mm. Portanto, a dimensão máxima do eixo (24,80 mm) é menor que a dimensão mínima do furo (25,00 mm) o que caracteriza um ajuste com folga. Para obter a folga, basta subtrair a dimensão do eixo da dimensão do furo. Neste exemplo, a folga é: 25,00 mm - 24,80 mm = 0,20 mm. 82 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Ajuste com interferência Neste tipo de ajuste o afastamento superior do furo é menor ou igual ao afastamento inferior do eixo. Veja: 83 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Na cota do furo, o afastamento superior é + 0,21; na cota do eixo, o afastamento inferior é + 0,28. Portanto, o primeiro é menor que o segundo, confirmando que se trata de um ajuste com interferência. Para obter o valor da interferência, basta calcular a diferença entre a dimensão efetiva do eixo e a dimensão efetiva do furo. Imagine que a peça pronta ficou com as seguintes medidas efetivas: diâmetro do eixo igual a 25,28 mm e diâmetro do furo igual a 25,21 mm. A interferência corresponde a: 25,28 mm - 25,21 mm = 0,07 mm. Como o diâmetro do eixo é maior que o diâmetro do furo, estas duas peças serão acopladas sob pressão. 84 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Ajuste incerto É o ajuste intermediário entre o ajuste com folga e o ajuste com interferência. Neste caso, o afastamento superior do eixo é maior que o afastamento inferior do furo, e o afastamento superior do furo é maior que o afastamento inferior do eixo. 85 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes Compare: o afastamento superior do eixo (+0,18) é maior que o afastamento inferior do furo (0,00) e o afastamento superior do furo (+ 0,25) é maior que o afastamento inferior do eixo (+ 0,02). Logo, estamos falando de um ajuste incerto. Este nome está ligado ao fato de que não sabemos, de antemão, se as peças acopladas vão ser ajustadas com folga ou com interferência. Isso vai depender das dimensões efetivas do eixo e do furo. 86 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistemas de Tolerâncias e Ajustes As tolerâncias não são escolhidas ao acaso. Em 1926, entidades internacionais organizaram um sistema normalizado que acabou sendo adotado no Brasil pela ABNT: o sistema de tolerâncias e ajustes ABNT/ISO (NBR 6158). O sistema ISO consiste num conjunto de princípios, regras e tabelas que possibilita a escolha racional de tolerâncias e ajustes de modo a tornar mais econômica a produção de peças mecânicas intercambiáveis. 87 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistemas de Tolerâncias e Ajustes Este sistema foi estudado, inicialmente, para a produção de peças mecânicas com até 500 mm de diâmetro; depois, foi ampliado para peças com até 3150 mm de diâmetro. Ele estabelece uma série de tolerâncias fundamentais que determinam a precisão da peça, ou seja, a qualidade de trabalho, uma exigência que varia de peça para peça, de uma máquina para outra. 88 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho A norma brasileira prevê 18 qualidades de trabalho. Essas qualidades são identificadas pelas letras: IT seguidas de numerais. A cada uma delas corresponde um valor de tolerância. Observe, no quadro abaixo, as qualidades de trabalho para eixos e furos: 89 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho A letra I vem de ISO e a letra T vem de tolerância; os numerais: 01, 0, 1, 2,... 16, referem-se às 18 qualidades de trabalho; a qualidade IT 01 corresponde ao menor valor de tolerância. As qualidades 01 a 3, no caso dos eixos, e 01 a 4, no caso dos furos, estão associadas à mecânica extraprecisa. • É o caso dos calibradores, que são instrumentos de alta precisão. Eles servem para verificar se as medidas das peças produzidas estão dentro do campo de tolerância especificado. 90 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho Exemplo de calibrador para eixos e furos: 91 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho No extremo oposto, as qualidades 11 a 16 correspondem às maiores tolerâncias de fabricação. Essas qualidades são aceitáveis para peças isoladas, que não requerem grande precisão; daí o fato de estarem classificadas como mecânica grosseira. Peças que funcionam acopladas a outras têm, em geral, sua qualidade estabelecida entre IT 4 e IT 11, se forem eixos; já os furos têm sua qualidade entre IT 5 e IT 11. Essa faixa corresponde à mecânica corrente, ou mecânica de precisão. 92 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho Observe as ilustrações de peças e escreva, nas linhas correspondentes, as faixas de tolerância ISO aceitáveis para cada caso. 93 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho Para calcular a tolerância, ou a qualidade de trabalho, a temperatura de referência, ou seja, a temperatura em que deve estar a peça, é de 20 0 C. A qualidade de trabalho é calculada por grupo de dimensões através da média geométrica dos valores extremos de cada grupo de dimensões nominais [mm]. = 94 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho IT01 = 0,3+0,008M IT0 = 0,5 + 0,012M IT1 = 0,8 + 0,020M = 0,45 3 +0,001M IT5=7i IT 6 à IT16: 95 IT6 IT7 IT8 IT9 IT10 IT11 IT12 IT13 IT14 IT15 IT16 10i 16i 25i 40i 63i 100i 160i 250i 400i 640i 1000i 96 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Qualidade de Trabalho IT01 - IT0: Grande precisão. IT1 a IT4: São empregadas principalmente para construção de calibradores e instrumentos de medição. IT5 a IT9: São empregadas na grande maioria das construções mecânicas. • Em barras trefiladas empregam-se normalmente as qualidades 9 a 11. Mais comum: IT11. • Barras trefiladas IT8 são produzidas em casos especiais, sob encomenda. Ex.: Pinos e eixos de pequenas dimensões empregados na indústria automobilística, onde a utilização destas barras simplifica a produção, eliminando-se várias operações. IT12 a IT16: São empregadas em peças fundidas, soldadas ou barras laminadas. 97 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios 1. Qual a unidade de tolerância para Ø = 25 mm? 2. Determinar a tolerância fundamental para a qualidade de tolerância IT7 para Ø = 25 mm. a) Usando somente cálculos; b) Através da tabela 3. Qual a tolerância fundamental i para Ø = 7 mm? Determine a tolerância para a qualidade IT8 através da tabela e através de cálculos. 98 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistemas de Tolerâncias e Ajustes Nos desenhos técnicos com indicação de tolerância, a qualidade de trabalho vem indicada apenas pelo numeral, sem o IT. Antes do numeral vem uma ou duas letras, que representam o campo de tolerância no sistema ISO. Veja um exemplo. 99 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistemas de Tolerâncias e Ajustes A dimensão nominal da cota é 20 mm. A tolerância é indicada por H7. O número 7, você já sabe, indica a qualidade de trabalho; ele está associado a uma qualidade de trabalho da mecânica corrente. 100 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO Compare os desenhos das duas peças, a seguir: 101 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO Observe que eixo e o furo têm a mesma dimensão nominal: 28 mm. Veja, também que os valores das tolerâncias, nos dois casos, são iguais: Como os valores de tolerâncias são iguais (0,021mm), concluímos que as duas peças apresentam a mesma qualidade de trabalho. Mas, atenção: os campos de tolerâncias das duas peças são diferentes! O eixo compreende os valores que vão de 27,979 mm a 28,000 mm; o campo de tolerância do furo está entre 28,000 mm e 28,021 mm. Como você vê, os campos de tolerância não coincidem. 102 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO No sistema ISO, essas tolerâncias devem ser indicadas como segue: 103 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO A tolerância do eixo vem indicada por h7. O numeral 7 é indicativo da qualidade de trabalho e, no caso, corresponde à mecânica corrente. A letra h identifica o campo de tolerância, ou seja, o conjunto de valores aceitáveis após a execução da peça, que vai da dimensão mínima até a dimensão máxima. O sistema ISO estabelece 28 campos de tolerâncias, identificados por letras do alfabeto latino. Cada letra está associada a um determinado campo de tolerância. 104 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO Volte a examinar o desenho técnico do furo. Observe que a tolerância do furo vem indicada por H7. O numeral 7 mostra que a qualidade de trabalho é a mesma do eixo analisado anteriormente. A letra H identifica o campo de tolerância. 105 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO Como já vimos, os campos de tolerância para eixo são representados por letras minúsculas, como mostra a ilustração a seguir: Os 28 campos de tolerância para furos são representados por letras maiúsculas: 106 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de Tolerância ISO 107 As posições dos campos de tolerância distribuídas em torno da linha zero Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de Tolerância Posição dos campos de tolerância em relação a linha zero. 108 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Analise as cotas com indicação de tolerância ISO e escreva F para as que se referem a furos e E para as que se referem a eixos. 109 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de Tolerância ISO Para não haver uma diversificação exagerada de tipos de ajustes, a tolerância do furo ou do eixo é padronizada. Geralmente, padroniza-se o furo em H7. 110 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO Enquanto as tolerâncias dos eixos referem-se a medidas exteriores, as tolerâncias de furos referem-se a medidas interiores. Eixos e furos geralmente funcionam acoplados, por meio de ajustes. No desenho técnico de eixo e furo, o acoplamento é indicado pela dimensão nominal comum às duas peças ajustadas, seguida dos símbolos correspondentes. 111 A dimensão nominal comum ao eixo e ao furo é 25 mm. A tolerância do furo vem sempre indicada ao alto: H8; a do eixo vem indicada abaixo: g7. Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Campos de tolerância ISO São inúmeras as possibilidades de combinação de tolerâncias de eixos e furos, com a mesma dimensão nominal, para cada classe de ajuste. Mas, para economia de custos de produção, apenas algumas combinações selecionadas de ajustes são recomendadas, por meio de tabelas divulgadas pela ABNT. Antes de aprender a consultar essas tabelas, porém, é importante conhecer melhor os ajustes estabelecidos no sistema ABNT/ISO: sistema furo- base e sistema eixo-base. 112 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Furo Base Imagine que este desenho representa parte de uma máquina com vários furos, onde são acoplados vários eixos. Note que todos os furos têm a mesma dimensão nominal e a mesma tolerância H7; já as tolerâncias dos eixos variam: f7, k6, p6. 113 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Furo Base A linha zero, que você vê representada no desenho, serve para indicar a dimensão nominal e fixar a origem dos afastamentos. • No furo A, o eixo A ’ deve girar com folga, num ajuste livre; • No furo B, o eixo B ’ deve deslizar com leve aderência, num ajuste incerto; • No furo C, o eixo C ’ pode entrar sob pressão, ficando fixo. 114 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Furo Base Para obter essas três classes de ajustes, uma vez que as tolerâncias dos furos são constantes, devemos variar as tolerâncias dos eixos, de acordo com a função de cada um. Este sistema de ajuste, em que os valores de tolerância dos furos são fixos, e os dos eixos variam, é chamado de sistema furo-base. Este sistema também é conhecido por furo padrão ou furo único. 115 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Furo Base Veja quais são os sistemas furo-base recomendados pela ABNT a seguir: A letra H representa a tolerância do furo base e o numeral indicado ao lado indica a qualidade da mecânica. 116 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Eixo Base Imagine que o próximo desenho representa parte da mesma máquina com vários furos, onde são acoplados vários eixos, com funções diferentes. Os diferentes ajustes podem ser obtidos se as tolerâncias dos eixos se mantiverem constantes e os furos forem fabricados com tolerâncias variáveis. 117 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Eixo Base • O eixo A ’ encaixa-se no furo A com folga; • O eixo B ’ encaixa-se no furo B com leve aderência; • O eixo C ’ encaixa-se no furo C com interferência. 118 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Sistema Eixo Base Veja a seguir alguns exemplos de eixos-base recomendados pela ABNT: A letra h é indicativa de ajuste no sistema eixo- base. Entre os dois sistemas, o furo-base é o que tem maior aceitação. Uma vez fixada a tolerância do furo, fica mais fácil obter o ajuste recomendado variando apenas as tolerâncias dos eixos. 119 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Analise o desenho técnico e assinale com um X a alternativa que corresponde ao sistema de ajuste utilizado. a) ( ) sistema furo-base b) ( ) sistema eixo-base 120 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Unidade de medida de tolerância – ABNT/ISO A unidade de medida adotada no sistema ABNT/ISO é o micrometro, também chamado de mícron. Ele equivale à milionésima parte do metro, isto é, se dividirmos o metro em 1 milhão de partes iguais, cada uma vale 1 mícron. Sua representação é dada pela letra grega μ(mi) seguida da letra m. Um mícron vale um milésimo de milímetro: 1μm = 0,001 mm. Nas tabelas de tolerâncias fundamentais, os valores de qualidades de trabalho são expressos em mícrons. Nas tabelas de ajustes recomendados todos os afastamentos são expressos em mícrons. 121 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Quando a tolerância vem indicada no sistema ABNT/ISO, os valores dos afastamentos não são expressos diretamente. Por isso, é necessário consultar tabelas apropriadas para identificá-los. Para acompanhar as explicações, você deve consultar as tabelas apresentadas no final desta aula. Partes dessas tabelas estão reproduzidas no decorrer da instrução, para que você possa compreender melhor o que estamos apresentando. 122 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Observe o próximo desenho técnico, com indicação das tolerâncias: O diâmetro interno do furo representado neste desenho é 40 H7. A dimensão nominal do diâmetro do furo é 40 mm. A tolerância vem representada por H7; a letra maiúscula H representa tolerância de furo padrão; o número 7 indica a qualidade de trabalho, que no caso corresponde a uma mecânica de precisão. 123 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO A tabela que corresponde a este ajuste tem o título de: Ajustes recomendados - sistema furo-base H7. Veja, a seguir, a reprodução do cabeçalho da tabela. 124 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO A primeira coluna - Dimensão nominal - mm - apresenta os grupos de dimensões de 0 até 500 mm. No exemplo, o diâmetro do furo é 40 mm. Esta medida situa-se no grupo de dimensão nominal entre 30 e 40. Logo, os valores de afastamentos que nos interessam encontram-se na 9ª linha da tabela, reproduzida abaixo: 125 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Na segunda coluna - Furo - vem indicada a tolerância, variável para cada grupo de dimensões, do furo base: H7. Examinando a 9ª linha da tabela, onde se encontra a dimensão de 40 mm; na direção da coluna do furo aparecem os afastamentos do furo: 0 (afastamento inferior) e + 25 (afastamento superior). 126 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Note que nas tabelas que trazem afastamentos de furos o afastamento inferior, em geral, vem indicado acima do afastamento superior. Isso se explica porque, na usinagem de um furo, parte-se sempre da dimensão mínima para chegar a uma dimensão efetiva, dentro dos limites de tolerância especificados. 127 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Lembre-se de que, nesta tabela, as medidas estão expressas em mícrons. Uma vez que 1 μm = 0,001 mm, então 25 μm = 0,025 mm. Portanto, a dimensão máxima do furo é: 40 mm + 0,025 mm = 40,025 mm, e a dimensão mínima é 40 mm, porque o afastamento inferior é sempre 0 no sistema furo-base. 128 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Agora, só falta identificar os valores dos afastamentos para o eixo g6. Observe novamente a 9ª linha da tabela anterior, na direção do eixo g6. Nesse ponto são indicados os afastamentos do eixo: -9/-25. O superior - 9 μm, que é o mesmo que - 0,009 mm. O afastamento inferior é - 25 μm, que é igual a - 0,025 mm. 129 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Acompanhe o cálculo da dimensão máxima do eixo: E agora veja o cálculo da dimensão mínima do eixo: 130 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Finalmente, comparando os afastamentos do furo e do eixo concluímos que estas peças se ajustarão com folga, porque o afastamento superior do eixo é menor que o afastamento inferior do furo. No exemplo demonstrado, o eixo e o furo foram ajustados no sistema furo-base, que é o mais comum. 131 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Mas quando o ajuste é representado no sistema eixo-base, a interpretação da tabela é semelhante. É o que você vai ver, a seguir. 132 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO A dimensão nominal do eixo é igual à dimensão nominal do furo: 70 mm. A tolerância do furo é J7 e a tolerância do eixo é h6. O h indica que se trata de um ajuste no sistema eixo-base. Então, para identificar os afastamentos do eixo e do furo, você deverá consultar a tabela de Ajustes recomendados – sistema eixo-base h6. A tabela de ajustes recomendados no sistema eixo-base é semelhante à tabela do sistema furo- base. O que a diferencia são as variações das tolerâncias dos furos. 133 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Primeiro, precisamos identificar em que grupo de dimensões se situa a dimensão nominal do eixo. No exemplo, a dimensão 70 encontra-se no grupo entre 65 e 80 (12ª linha). A seguir, basta localizar os valores dos afastamentos correspondentes ao eixo h6 e ao furo J7, nessa linha. 134 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO A leitura da tabela indica que, quando a dimensão do eixo-base encontra-se no grupo de 65 a 80, o afastamento superior do eixo é 0 μm e o inferior é - 19 μm. Para o furo de tolerância J7, o afastamento superior é +18 μm e o afastamento inferior é - 12 μm. 135 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Tomando como base o desenho abaixo do eixo e do furo consulte a tabela e calcule: • a) dimensão máxima do eixo; • b) dimensão mínima do eixo; • c) dimensão máxima do furo; • d) dimensão mínima do furo. 136 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercício Sabendo que o afastamento superior do eixo (0) é maior que o inferior (-0,012 mm) e o afastamento superior do furo (0,018 mm) é maior que o inferior (-0,012 mm), responda: Que tipo de ajuste haverá entre este furo e este eixo? 137 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO A norma ABNT NB-86 prevê a extensão dos sistemas de ajuste para peças com dimensões maiores que 500 mm, até 3150 mm. A Tabela abaixo mostra o grupo de dimensões normalizadas. 138 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Qualidade de Trabalho (IT): As tolerâncias estão estabelecidas de forma similar às já previstas para o sistema de dimensões abaixo de 500 mm. São previstas 11 qualidades fundamentais de trabalho: IT6, IT7, IT8 até IT16. Todas as qualidades fundamentais estão relacionadas com a unidade fundamental de tolerância i. i = 0,004D+2,1 • i = Unidade fundamental de tolerâncias, expresso em μm; • M = Média geométrica dos dois valores extremos de cada grupo de dimensões, expressa em mm. 139 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO 140 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Classe de Trabalho: A designação das posições relativas dos eixos, com relção à linha zero, é dada por: • Eixos: d,e,f,g,h,js,k,m,n,p,r,s,t,u; • Furos: D,E,F,G,H,JS,K,M,N,P,R,S,T,U. 141 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO 142 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tolerâncias no sistema ABNT/ISO Os valores dos afastamentos tabelados mostram que: • Eixos d até h e furos JS até U: Afastamento de referência é o afastamento superior; • Eixos js até u e furos D até H: Afastamentos de referência é o afastamento inferior. • A posição do campo de tolerância para as letras js e JS são simétricas em relação à linha zero. • Os afastamentos dos eixos d até h são negativos, enquanto k até u são positivos. • Os afastamentos dos furos D até H são positivos, enquanto K até U são negativos 143 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes para Rolamentos A fabricação de rolamentos é normalizada internacionalmente pela ISO. Para facilidade e redução de custos em sua fabricação adota-se: • Furo do rolamento em seu anel interno: Sistema Furo-base - Classe de ajustes H, qualidades IT6 e IT7. • Diâmetro da capa externa: Sistema Eixo-base - Classe de ajustes h, qualidades IT5 e IT6. A partir destas especificações, deve-se ter variações das tolerâncias dos eixos e alojamentos para se conseguir o ajuste desejado com o rolamento indicado. 144 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes para Rolamentos Para uma correta seleção de ajustes devem ser considerados: • Condições de Rotação • Grandeza de Carga • Grandeza de Temperatura • Influência do ajuste na exatidão da aplicação 145 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes para Rolamentos Condições de rotação: • Se um dos anéis tiver deslocamento axial, deve-se analisar qual dos dois anéis deverá receber ajuste deslizante. Deve ser previsto aumento de temperatura. • Deve-se definir a carga que atua sobre o anel: Carga rotativa ou carga fixa. A principal função do ajuste em rolamentos é evitar que ocorra movimento relativo entre a superfície do aro do rolamento e a superfície da peça em ajuste com ele. A existência de movimento relativo entre as duas superfícies provocaria sua erosão e a consequente destruição dos assentos, estragando as peças. 146 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes para Rolamentos Carga fixa: Quando a carga não varia sua posição relativa com a rotação do rolamento. Carga rotativa: Quando a carga varia sua posição relativa com a rotação do rolamento. • Exemplo: Rolamento com aro interior fixo e exterior girando: Carga fixa sobre o aro interior e rotativo sobre o aro exterior⇒ Polias e engrenagens, rodas de automóveis. 147 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes para Rolamentos Uma carga fixa admitirá sempre ajuste deslizante, já que o aro não terá tendência a deslocamento axial. Ao contrário, uma carga rotativa tenderá sempre a afrouxar o ajuste, havendo necessidade de um ajuste com interferência. 148 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ajustes para Rolamentos Grandeza de carga e temperatura: • Sob a ação de carga, o aro interior tende a aumentar o sue diâmetro, afrouxando o ajuste. Efeito idêntico é provocado pelo aumento de temperatura. Deve ser previsto ajuste com interferência. Influência do Ajuste na exatidão de aplicação: • Em aplicações precisas como fuso de máquinas, ferramentas de precisão cresce a importância de erros de forma(ovalização, conicidade, etc..) Os fabricantes têm tabelas que determinam as dimensões e respectivas tolerâncias por eixos e alojamentos para cada tipo de rolamento. 149 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Ajuste é o modo de se conjugar duas peças introduzidas uma na outra. Através do ajuste pode-se assegurar que as peças acopladas terão movimento relativo entre si ou estarão firmemente unidas. SUPERFÍCIE DE AJUSTE: Toda superfície de contato entre peças acopladas, sejam elas fixas ou móveis. 150 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes AJUSTE CILÍNDRICO: Ajuste entre superfícies de ajustes cilíndricas circulares. • Ex.: Aro interno do rolamento com o eixo correspondente. AJUSTE PLANO: Ajuste entre pares de superfícies de ajustes planas. • Ex.: Ajustes entre as guias prismáticas de uma máquina-ferramenta. AJUSTE CÔNICO: Ajuste entre superfícies de ajustes cônicas circulares. • Ex.: Pinos cônicos de centragem entre duas peças. 151 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes COMPONENTES DO AJUSTES: São os componentes ou peças destinadas ao ajuste. podem ser: • a) Componente ou peça exterior: É a peça do ajuste que cobre a peça acoplada ⇒ FURO • b) Componente ou peça interior: É a peça do ajuste que é coberta pela peça acoplada ⇒ EIXO 152 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes O conceito de furo e eixo em ajuste é bastante amplo. 153 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Em acoplamentos múltiplos uma peça pode atuar como eixo em um par e como furo em outro par. • Ex.: Buchas em mancais de escorregamento, Cones de Morse. 154 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes FOLGA: Folga (ou jogo) é a diferença, em um acoplamento, entre as dimensões do furo e do eixo, quando o eixo é menor que o furo. • Símbolo F. FOLGA MÁXIMA: É a diferença entre as dimensões máxima do furo e mínima do eixo, quando o eixo é menor que o furo. • Símbolo F máx . F máx = D máx - d min Através desta equação F máx será sempre positiva. 155 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes FOLGA MÍNIMA: É a diferença entre as dimensões mínima do furo e máxima do eixo, quando o eixo é menor que o furo. • Símbolo F min . F min = D min - d máx • Através desta equação F min será sempre positiva. 156 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Folgas Máximas e Mínimas 157 F máx = D máx - d min F min = D min - d máx Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes INTERFERÊNCIA: É a diferença, em um acoplamento, entre as dimensões do furo e do eixo, quando o eixo é maior que o furo. • Símbolo I. INTERFERÊNCIA MÁXIMA: É a diferença entre as dimensões mínima do furo e máxima do eixo, quando o eixo é maior que o furo. • Símbolo I máx . I máx = D min - d máx • Através desta equação, I máx será sempre negativa. 158 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes INTERFERÊNCIA MÍNIMA: É a diferença entre as dimensões máxima do furo e mínima do eixo, quando o eixo é maior que o furo. • Símbolo I min . I min = D máx - d min • Através desta equação, I min será sempre negativa. 159 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Interferências Máxima e Mínima 160 I máx = D min - d máx I min = D máx - d min Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes TOLERÂNCIA DO AJUSTE: É a variação possível da folga ou da interferência entre as peças que se acoplam. Símbolo: t AJ • t AJ = t EIXO + t FURO • t AJ = F máx - F min ⇒ Ajuste com folga • t AJ = lI máx l - lI min l ⇒ Ajuste com Interferência • t AJ = F máx + lI máx l ⇒ Ajuste Incerto 161 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes AJUSTE: É o comportamento de um eixo em um furo, ambos com a mesma dimensão nominal. No acoplamento sempre haverá ajuste, caracterizado pela folga ou interferência presente. • Em um ajuste o furo e eixo terão sempre o mesmo diâmetro nominal! Dependendo das variações dimensionais entre as peças que se acoplam pode-se ter ajuste com folga (móvel), com interferência (prensado) ou incerto (indeterminado). 162 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes AJUSTE COM FOLGA: É aquele em que existe folga, ou jogo. Inclui-se o caso em que F min ou I máx = 0. • Nestes ajustes tem-se: a s ≤ A i AJUSTE COM INTERFERÊNCIA: É o ajuste em que o diâmetro do eixo é sempre maior que o diâmetro do furo. • Nestes ajustes tem-se: A s < a i 163 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes AJUSTE INCERTO:É o ajuste que pode ser com folga ou com interferência. Neste tipo de ajuste não pode ser previsto de antemão se haverá folga ou interferência. Somente após o conhecimento das dimensões efetivas é que estes valores poderão ser determinados. • Nestes ajustes tem-se: a s ≥ A i e A s ≥ a i 164 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Ajuste Incerto 165 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Através dos conceitos mostrados, será sempre possível acoplar duas peças com folga ou com interferência, de tal forma que se tenha um dos três tipos de ajustes. Do ponto de vista organizacional e de uso, tal sistema não seria prático, pois as possibilidades de variações dimensionais para um mesmo ajuste são muito grandes. 166 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes Para solucionar este problema criou-se os sistemas de ajustes, que compreendem uma série de ajustes metodicamente estabelecidos com distintas folgas e interferências. • Sistemas de ajustes é um conjunto de princípios, regras, tabelas e fórmulas que permite uma escolha racional de tolerâncias no acoplamento eixo-furo, para se obter uma condição pré- estabelecida. 167 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes SISTEMA EIXO-BASE: É um sistema de ajuste nos qual as dimensões máximas dos eixos são iguais à dimensão nominal. A linha zero constitui o limite superior da tolerância. Os furos são maiores ou menores conforme o tipo de ajuste desejado. Este sistema é usado em ajustes da capa externa de rolamentos com carcaça, buchas pré-usinadas (compradas prontas) com furo de polia. • a s = 0 168 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Terminologia de Ajustes SISTEMA FURO-BASE: É um sistema de ajuste no qual a dimensão mínima dos furos é igual à dimensão nominal. A linha zero constitui o limite inferior da tolerância. Os eixos são maiores ou menores conforme o tipo de ajuste desejado. Este sistema é usado em ajustes entre eixos, polias, engrenagens. • A i = 0 169 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios 1. A dimensão nominal em um acoplamento é de 40 mm. O furo tem A s = 64μm e Ai = 25μm. O eixo tem a s = 0 e a i = -39μm. Determinar: a) Se existe furo-base ou eixo-base. b) Tipo de ajuste c) Valores máximos e mínimos da Folga e/ou interferência. d) Faça um desenho esquemático do acoplamento 170 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios 2. Deduzir em função dos afastamentos superior e inferior as expressões para as folgas e interferências (Máximas e Mínimas). 3. O comportamento do eixo em um furo apresenta folga máxima de 18μm e mínima de 5μm. A tolerância do furo é de 6μm. Determine a tolerância do eixo. Faça um desenho esquemático do acoplamento mostrando a solução. 171 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios 4. Em um acoplamento o eixo tem Ø = 20 mm(-10μm, 15μm). Os afastamentos do furo variam entre -6 e - 20μm. Qual o tipo de ajuste? Determine as dimensões mínimas e máximas do furo e do eixo. Faça um desenho esquemático. 5. O diâmetro máximo que deverá ter o anel exterior de um rolamento é de 20,050 mm e o minimo de 20,030 mm. O mancal de alojamento deste rolamento deverá ter diâmetro máximo de 20,020 mm e mínimo de 20,000 mm. Calcular o tipo de ajuste e valores máximos e mínimos de Folga e/ou interferência. 172 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Questões 1. Pode-se afirmar que em ajuste incerto o eixo terá sempre afastamento superior maior que o afastamento inferior do furo? Mostre em um desenho. 2. A folga máxima será sempre igual à interferência mínima negativa? 3. Demonstre as equações que determinam a tolerância do ajuste para acoplamentos com folga, com interferência e incertos. Faça desenhos esquemáticos. 173 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Conclusão A aplicação do sistema de tolerâncias ABNT/ISO tende a se tornar cada vez mais frequente nas empresas brasileiras que buscam na qualidade de serviços, produtos e processos os meios para enfrentar a concorrência internacional. Qualquer pessoa da manutenção que deseje participar do progresso tecnológico industrial deve estar bastante familiarizada com este assunto. 174 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico PARTE 2 Ajustes Sistemas de Tolerâncias e Ajustes Campos de Tolerância ISO Sistemas Furo-Base Sistemas Eixo-Base Tolerância no Sistema ABNT/ISO Terminologia de Ajustes Conclusão Leitura da NBR 6158 175 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios Finais 1. Detalhar o eixo 125g9 e o furo 125G9. 2. Determine os afastamentos para o eixo 60js8. 3. Determine os afastamentos para o furo 40N6 4. Estudar o seguinte ajuste 145F7/h6 5. Estudar o segunte ajuste 125H8/h8 6. Um eixo de saida de um redutor de elevação de uma ponte rolante siderúrgica deve ser acoplado com interferência à engrenagem correspondente. Neste caso justifica-se o ajuste com interferência devido ao rigor da solicitação e alta periculosidade proveniente de uma quebra da união com chavetas ou estrias. O acoplamento tem diâmetro nominal de 90 mm. Foram calculados: I MIN = 38μm e I MÁX = 213μm. Especifique um ajuste que atenda estas especificações. 176 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Exercícios Finais 7. Especificar um acoplamento normalizado para: F máx = 50 μm; I máx = 120 μm; Ø = 140 mm; 8. 8. Especificar um acoplamento normalizado para: I máx = 80 μm; I min = 10 μm; Ø = 200 mm; 9. 9. Especificar um acoplamento normalizado para: F máx = 220 μm; F min = 100 μm; Ø = 450 mm; 10. 10. Foram fornecidos os seguintes dados de projeto: F máx = 140 μm; I máx = 130 μm; 11. Ø = 225 mm. Determine o melhor acoplamento. 177 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico OBRIGADO! Niquelândia, 2011.
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