Ae p11 Teste Fev2017

May 20, 2018 | Author: Elisabete Nunes | Category: Adolescence, Love


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Palavras 113.º Teste de avaliação – 11.º ano Educação Literária Grupo I (100 pontos) A (60 pontos) Lê atentamente o seguinte texto. Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela do seu quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus 5 anos. Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher aos quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível. Alguns prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O amor aos quinze anos é uma brincadeira; é a última manifestação do amor às bonecas; é tentativa da avezinha que ensaia o voo fora do 10 ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que está da fronde1 próxima chamando: tanto sabe a primeira o que é amar muito, como a segunda o que é voar para longe. Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma exceção no seu amor. O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa, por motivos de 15 litígios, em que Domingos Botelho lhes deu sentenças contra. Afora isso, ainda no ano anterior dois criados de Tadeu de Albuquerque tinham sido feridos na celebrada pancadaria2 da fonte. É, pois, evidente que o amor de Teresa, declinando de si o dever de obtemperar3 e sacrificar-se ao justo azedume de seu pai, era verdadeiro e forte. E este amor era singularmente discreto e cauteloso. Viram-se e falaram-se três 20 meses, sem darem rebate à vizinhança, e nem sequer suspeitas às duas famílias. O destino que ambos se prometiam era o mais honesto: ele ia formar-se para poder sustentá-la, se não tivessem outros recursos; ela esperava que seu velho pai falecesse para, senhora sua, lhe dar, com o coração, o seu grande património. Espanta discrição tamanha na índole de Simão Botelho, e na presumível ignorância de Teresa 25 em coisas materiais da vida, como são um património! Na véspera da sua ida para Coimbra, estava Simão Botelho despedindo-se da suspirosa menina, quando subitamente ela foi arrancada da janela. O alucinado moço ouviu gemidos daquela voz que, um momento antes, soluçava comovida por lágrimas de saudade. Ferveu-lhe o sangue na cabeça; contorceu-se no seu quarto como o tigre contra 30 as grades inflexíveis da jaula. Teve tentações de se matar, na impotência de socorrê-la. As restantes horas daquela noite passou-as em raivas e projetos de vingança. Com o amanhecer esfriou-lhe o sangue e renasceu a esperança com os cálculos. Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição 1. Indica, com base no texto, quatro traços caracterizadores de Teresa. 2. Explicita dois dos valores expressivos presentes na seguinte afirmação: “é tentativa da avezinha que ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que está da fronde próxima chamando” (ll. 10-11). 3. Identifica o recurso expressivo presente em “Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho” (l. 3-4) e comenta o seu valor. _____________________ 1 folhagem, copa de árvore. 2 briga em que Simão se envolveu, descrita no início da obra. 3 obedecer. 1 e não segura. Descobre a touca a garganta. fita de cor de encarnado… Tão linda que o mundo espanta! 15 Chove nela graça tanta que dá graça a fermosura. 4 rede destinada a segurar os cabelos. cinta de fina escarlata1. e não segura. Luís de Camões. mote: Descalça vai pera a fonte Leanor. vai fermosa. 4. Indica o tema e o assunto deste poema. justificando. p. 1 tecido vermelho. Lírica Completa – I. 83. espécie de capa que se vestia sobre a camisa. saínho2 de chamalote. Insere o poema dentro da lírica camoniana.Palavras 11 B (40 pontos) Lê o seguinte poema e consulta as notas apresentadas. 10 vai fermosa. mais branca que a neve pura. Lisboa: IN-CM. traz a vasquinha de cote3. 2 diminutivo de saia. pela verdura. cabelos d’ ouro o trançado4. voltas: Leva na cabeça o pote. 1994. vai fermosa e não segura. 2 . 5. 3 a saia de todos os dias. 5 o testo nas mãos de prata. n. ora como um 20 lugar de quietude e silêncio para onde os dois iríamos adormecer para sempre. Escreve. e tão grande a minha urgência em fazer-to saber. na nau que em breve partiria levando-te a caminho da Índia. uma vez que A. cá deste lado. fraude. Não te admires da configuração daquela que te há de parecer uma bem estranha carta. que nem sei como chamar as palavras. 3 engano. Tão grande é a minha emoção ao fazer esta denúncia. e por isso preciso explicar-te o que por cá se passa. estávamos enganados. na folha de respostas. continuo a querer-te como no primeiro dia em que te vi cavalgando pelas ruas de Viseu. já não se chame Teresa. conforto. Nessa hora. antes que seja tarde.º 181. 4 lenço usado para envolver um cadáver. e estejas tu acompanhado por quem quer que seja que o destino te tenha dado por amiga ou amante. diluída na escorrenteza das minhas próprias 5 lágrimas. a tinta é de má qualidade. a minha vida acabou. continua igual. D. 2). setembro/dezembro de 2012. como no último instante. Grande dolo3. C. nem que o peito onde sonhavas encostar a tua cabeça.Teresa escreve “uma bem estranha carta” (l. mas a tua felicidade. Leitura | Gramática Teresa de Albuquerque em sua carta ao Mundo Simão Botelho. Colóquio Letras. a morte mudou o que foi sonhado em vida. isto é. Pois pelo meu lado. 2 alívio. com quem 15 fazias projetos de partilhar uma casinha nos arredores de Coimbra. A vida mudou.Palavras 11 Grupo II (50 pontos) Nas respostas aos itens de escolha múltipla. as frases não têm nexo. já não seja o seu. saberás que as escrevi com tinta feita da cinza que dia e noite me rodeia. Simão. ficaram pelo caminho. e os bens que pensávamos que nos conduziriam a um lugar de bom merecimento. p. meu amado. Só o meu amor por ti. que me 30 atrapalho nas letras de cinza que desenho sobre este pedaço de sudário4. fatalmente sem mim. Meu divino esposo do céu. 1 folhas de papel. Podes crer. Oxalá matérias tão precárias resistam à viagem e consigam levar-te saudações da minha parte. O amor que aí vivemos 25 até ao desespero. E por isso posso dizer-te que a natureza daquela Eternidade que ora víamos como um paraíso perfeito. B. é porque faço empenho em avisar-te para que não sejas tomado tu pela surpresa que a mim me prende. 136. sem 10 refrigério2 nem apelo. meu adorado esposo. 1. se encontra enclausurada. meu amado esposo. e a amar-te da mesma forma. afinal é muito diferente do que ambos imaginávamos. seleciona a opção correta. se muito mudei. meu amado. seja onde for que te encontres. Quando estas laudas1 chegarem às tuas mãos. absoluto e derradeiro. A tua felicidade é o meu destino. já morreu e comunica com Simão. continua a ser o meu maior cuidado. 3 . Posso dizer-te que se escrevo esta carta. pouco me importa que aquela. Mas o mais importante é que sei agora o que não sabia antes. Agora. o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. a vida a partir daqui tem um sentido diferente. não tem o valor de um pinto. mortalha. Vê como são as coisas. quando te dirigiste ao portaló para receberes as minhas cartas. 29-30) é A. C. complemento indireto. não é correspondido. Tendo em conta a afirmação anterior. 3.Palavras 11 2. 5. B. redige um texto de opinião. 3) e “esta carta” (ll. 7. as lágrimas. subordinada substantiva completiva. 26) desempenha a função sintática de A. 6. Refere os processos fonológicos ocorridos de VITAM > vida. D. subordinada adjetiva relativa explicativa. não significa nada para mim. subordinada adverbial causal. B. 4. complemento direto. D. 8. cinza diluída em lágrimas. no qual fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com.21-22). tem pouco valor. D. materiais pouco frágeis. com 180 a 220 palavras. C. complemento agente da passiva. 29). D. C. Indica a função sintática da expressão “a minha emoção” (l. não vale tanto como um pintainho. A oração “que me atrapalho nas letras de cinza” (ll. Grupo III (50 pontos) Escrita O apoio incondicional dos pais aos seus filhos é inquestionável. sujeito. 4) remetem para A. A expressão “não tem o valor de um pinto” (l. o papel usado. subordinada adverbial consecutiva. 4 . 25) significa A. B. pelo menos. As “matérias tão precárias” (l. C. O pronome presente em “nos conduziriam” (l. B. Refere o tipo de coesão assegurado pelas seguintes expressões: “estas laudas” (l. um exemplo concreto e significativo para cada um. O sujeito poético descreve com bastante pormenor a roupa da jovem. “bem-nascida” – ll. já que. os seguintes efeitos de sentido:  evidenciar a fragilidade e a imaturidade na adolescência. “vizinha” de Simão. 3.º ano Proposta de correção Grupo I A 1. ainda adolescente (“menina de quinze anos”). Esta metáfora cria a ideia de mágoa associada ao amor. Apócope do /m/ e sonorização Sujeito. características do modelo clássico de mulher ideal. 1). Por apresentar estas características formais. desafia o dever de obediência filial quando se vê. 4. 5.11. tornando-se alvo de sedução ou das tentações do Amor. 5 . em que o último verso do mote se repete no final de cada volta. Outra característica sua é a determinação. B D A C C Coesão lexical. este poema insere-se na lírica tradicional de Camões.  sublinhar a vontade de experimentação da autonomia. não sai “incólume”. própria da adolescência. possuindo uma aparência medianamente bela (“regularmente bonita” – l.  salientar o receio e a insegurança que caracterizam a atitude amorosa na adolescência. A dor sugerida em “ferida que fizera no coração do vizinho” salienta o sofrimento amoroso provocado por Teresa em Simão. 5. Este poema é um vilancete constituído por um mote de três versos e duas sétimas com glosas em redondilha maior. do /t/. Nesta expressão está presente uma metáfora ao identificar-se o efeito do sentimento amoroso com uma ferida. Esta menina pertence a um estatuto socioeconómico elevado. pois decorre sob a proteção maternal. A beleza e a graciosidade de “Leanor” aproximam-na da perfeição. e que por ele se apaixona. também conhecida como medida velha. contra os quais se encontra desprotegida e livre. 1-2). Grupo II 1.º Teste . entre outros. Também os “cabelos de ouro” e as “mãos de prata” atraem a atenção do “eu” e podem sugerir a beleza e a pureza. 2. Teresa é caracterizada como uma jovem. 2. O tema do poema é a exaltação da beleza de “Leanor”. que ama com uma seriedade invulgar (“o amor de Teresa (…) era verdadeiro e forte”). mas do qual ela também não fica a salvo. 7. a caminho da fonte. com referências às cores “escarlata” e branca. 6. A jovem está descalça. “vai fermosa e não segura”. pela força. Palavras 11 3. Teresa é uma adolescente singularmente madura.  … 3. 8. As imagens presentes na afirmação transcrita produzem. B 4. impedida de se relacionar com o seu apaixonado. Para a sua idade.  acentuar que a busca de autonomia na adolescência é muito relativa. pois apresenta-se como uma (“rica herdeira”. por amor. medos e angústias. os pais devem manter-se sempre ao lado dos seus filhos.  quando os filhos não fizerem o correto.. acompanhadas de incertezas. ainda que se venha a provar que aqueles tinham razão.  a autonomia dos filhos vem também acompanhada de dúvidas e incertezas e.  (. há sempre muitas decisões importantes a tomar. de decisões irreverentes e controversas aos olhos dos seus pais.Palavras 11 Grupo III Tópicos sugeridos:  criar e educar um filho não é tarefa fácil. estes devem questioná-los..) 6 . muitas vezes. aos olhos dos seus pais. pois desde o nascimento. aconselhá-los e alertá-los para as possíveis consequências negativas destas opções.  à medida que os filhos vão crescendo.  mesmo que não concordem com estas decisões. a cada dia tornam-se mais autónomos nas suas atitudes e decisões.
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