ADORNO Theodor Educação Após Auschwitz

March 30, 2018 | Author: Angelina Moreno | Category: Theodor W. Adorno, Philosophical Science, Science, Science (General)


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ADORNO, Theodor W, (2003). “Educação após Auschwitz”.In: Educação e Emancipação. 3ª Ed. São Paulo: Paz e Terra. Tradução de Wolfgang Leo Maar p. 119- 138. Theodor Adorno nasceu em 11 de Setembro de 1903, em Frankfurt, doutorou-se na Universidade de Frankfurt ao apresentar a tese: A transcendência da coisa e do nomeático na fenomenologia de Husserl. Ficou conhecido por sua obra Dialética do Esclarecimento, escrita juntamente com Horkheimer na qual cunharam o famoso conceito de Indústria Cultural. Educação após Auschwitz foi uma palestra transmitida na rádio de Hessen, em 18 de abril de 1965, publicada em Zum Bildungsbegriff der Gegenwart, em Frankfurt, no ano de 1967. Filósofo da Escola de Frankfurt, adepto da Teoria Crítica, traz-nos em Educação após Auschwitz a questão da barbárie humana. O próprio nome do texto faz referencia direta ao principal campo de concentração da Alemanha Nazista, a saber, Auschwitz. Em Educação após Auschwitz, o filósofo nos diz de maneira bastante clara e neste momento faz alusão aos estudos de Freud, que na própria gênese da civilização está contida a barbárie. Durante todo o seu texto, Adorno nos tenta mostrar de que forma esta barbárie humana poderia ser amenizada. O que seria o nazismo se não a expressão mais profunda da barbárie a que nós, seres humanos, podemos chegar? Para o autor, reside aí a importância fundamental da educação: impedir o retorno à barbárie, impedir que Auschwitz se repita. MORAES, Michele. Resenha: “Educação após Auschwitz” In: Cadernos da Pedagogia Ano 03 Volume 01 Número 05 Janeiro / Julho 2009. - Adorno inicia sua conferência indicando a necessidade que Auschwitz não se repita, principalmente na educação. - Indicando Freud, Adorno aponta que a própria civilização conforme se desenvolve traz aquilo que é anti-civilizatório. O próprio conceito de barbárie está inserido no de civilização. - Segundo Adorno, a estrutura básica social no período de 25 anos após a 2ª Guerra não teria mudado radicalmente. - A fonte principal de investigação que deve ser averiguada é a dos ofensores, não das vítimas. - A educação só tem sentido como uma educação auto-reflexiva e crítica. E ela deve se concentrar na primeira infância. A pressão civilizatória, tese de Freud sobre o mal-estar na civilização, multiplicou-se em uma escala insuportável. A própria civilização tende-se a se tornar alvo de rebelião violenta e irracional. - Adorno trabalha com uma tese de que a história das perseguições violentas contra os fracos são dirigidas principalmente contra aqueles que são considerados fracos e felizes, mas, mais do que isso. - O processo civilizatório, ao mesmo tempo que carrega uma crescente integralização, traz tendências de desagregação. - “Essas tendências encontram-se bastante desenvolvidas logo abaixo da superfície da vida civilizada e ordenada. A pressão do geral dominante sobre tudo que é particular, os homens individualmente e as instituições singulares, tem uma tendência a destroçar o particular e individual juntamente com seu potencial de resistência”. Perde-se nesse processo, portanto, a sua identidade e potencial de resistência ao que seduz ao crime. - É importante, nesse sentido, atentar-se especialmente para a educação infantil. Atiçar na criança essa percepção de que os motivos que conduziram a esse estado de bárbarie não se repita. - Principais pontos de atenção: O espirito de confiança na autoridade. Autonomia x Heteronomia. “Facilmente os chamados compromissos convertem-se em passaporte moral – são assumidos com o objetivo de identificar-se como cidadão confiável – ou então produzem rancores raivosos psicologicamente contrários à sua destinação original. Eles significam uma a técnica traz algo de exagerado e irracional. como se supôs ideologicamente desde Aristóteles. as pessoas que executam as tarefas agem em contradição com seus próprios interesses imediatos.Adorno é contra a tese de que a vida rural teria qualidades “nostálgicas”. “Enfim.” . falta de amor e valorização da técnica .“Pessoas que se enquadram cegamente em coletivos convertem a si próprios em algo como um material dissolvendo-se como seres autodeterminados.Assassinos de Gabinete – “Benjamin percebeu que. constituindo como um importante objetivo educacional.Consciência coisificada e o avanço da técnica – pessoas tecnológicas. a desbarbarização do campo. onde está o ponto de transição entre uma relação racional com ela e aquela supervalorização. [. mas na persecução dos próprios interesses frente aos interesses dos demais. resumirei citando Paul Valéry. quem projeta um sistema ferroviário para conduzir as vítimas a Auschwitz com maior rapidez e fluência.” A própria técnica. . são assassinas de si mesmas na medida em que assassinam os outros”. o poder para a reflexão. Para alterar esse cenário seria necessário inúmeros esforços.Pessoas frias. intercambiáveis. Isto combina com a disposição de tratar outros como sendo uma massa amorfa. a autodeterminação. porque cada um é deficiente na capacidade de amor”. Para evitar que isso se repita. é substituído no contexto dos compromissos por autoridades exteriores. a consciência moral. . é necessário contrapor-se ao poder cego dos coletivos. se por um lado elas serão menos influenciáveis. a esquecer o que acontece com estas vitimas em Auschwitz. por isto mesmo revelam traços de incomunicabilidade. . até. sem compromisso. no que se identificam com certos doentes mentais ou personalidades psicóticas”. um fim em si mesmo. .Auschwitz revela o novo e o velho ao mesmo tempo.” .] O único poder efetivo contra o principio de Auschwitz seria autonomia. para usar a expressão kantiana. em simpatia.. É particularmente difícil confrontar esta questão porque aquelas pessoas manipuladoras. a não-participação”. que leva. é fetichizada “porque os fins – uma vida humana digna – encontram-se encobertos e desconectados da consciência das pessoas. . como foi possível observar com muita nitidez também na Alemanha depois da queda do Terceiro Reich. em outra medida. .” . no fundo incapazes de fazer experiências. uma força própria.heteronomia. ao contrário disso. ao contrário dos assassinos de gabinete e dos ideólogos. É necessário. haja vista que o sistema de escolarização do campo é frequentemente problemático. a identificação por manipular massas.“Em sua configuração atual – e provavelmente há milênios – a sociedade não repousa em atração. . nesse sentido. e por outro. O que a psicologia denomina superego. sem exceção. se sente mal-amada. que se vincula ao véu tecnológico. em última análise. um tornar-se dependente de mandamentos.Caráter manipulador – Consciência coisificada.“Não se sabe com certeza como se verifica a fetichização da técnica na psicologia individual dos indivíduos. esquecendo que ela é a extensão do braço dos homens. A identificação cega com um coletivo. de normas que não são assumidas pela razão própria do individuo.“Hoje em dia qualquer pessoas. “Os homens inclinam-se a considerar a técnica como sendo algo em si mesma..O possível ressurgimento de um estado de barbárie novamente poderia ser por meio do nacionalismo.” . que antes da última Guerra Mundial disse que a desumanidade teria um grande futuro.
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