A Verdade Sufocada - Carlos Alberto Brilhante Ustra

March 27, 2018 | Author: aacmorais | Category: Politics, Politics (General), Armed Conflict, Philosophical Science, Science


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y : .L - í ». ■ f- —=- ï *yc?'·’'■ : r 'v !*■> A Verdade Sufocada 6f história que a esquerda não qúer que o Brasil conheça I r E i 3aedição ampliada - índice onomástico 1 r •J O Editora Ser Brasília 200^ [ Carlos Alberto Brilhante Us­ tra. coronel reformado do Exército Brasileiro, apresenta nas páginas do vibrante MA Verdade Sufocada" a saga de um homem simples, que não pediu para ser herói, mas o foi, como outros que rece­ beram a dura missào de defender o Brasil de homens fanatizados por uma crença e que por ela se lançaram na loucura de uma luta armada fratricida. Coragem física e moral foram ■, o apanágio desse homem, nos drfí- f cels momentos em que combateu o terrorismo de uma esquerda re­ volucionária. Orgulho-me de privar de sua amizade e não tenho pejo em revelar que ele, entre outros, foi oxemplo para as minhas lides militares, em anos murto mais amenos, quando a luta sangrenta |A estava em seu final. HA Verdade Sufocada”, sem nonhuma dúvida, é quase uma obrn biográfica, que carrega con­ tigo um valor inestimável, pois rnutjnta a verdade de um momen­ to hlutórlco totalmente distorcido por nqueles que hoje encobrem j ou snus reais desígnios de trans- formnr o Brasil em um satélite do comunismo internacional, com a fnlrtclíi do que lutaram contra uma cllliuiura militar para promover a lltmrdude e a Democracia. 0 próprio U9tra foi vfttmn íln farsa dessa gente, por tor sofrido na pele a torpeza de uma ncusu çâo rocambolesca, que ole tton- trói, ponto-por-ponto, em dotnr- minadas páginas deste trabalho, como já o fizera em seu anterior “Rompendo o Silêncio". Em linguagem coloquial, “A Verdade Sufocada" prende o lei­ tor em narrativas ricas em ação, pormenorizando o entrechoque entre os órgãos de segurança - a chamada repressão - e as orga­ nizações comuno-terroristas, hoje mitificadas por uma parcela da mídia ainda renitente em abraçar uma causa ultrapassada. Ustra, com muita clareza e propriedade, apresenta provas ir­ refutáveis que permitem ao leitor um verdadeiro juízo de valor sobre a realidade dos fatos daqueles anos conturbados. A contundência do seu livro é de extrema valia para os que não vivenciaram aqueles momentos e que hoje são bombar­ deados por versões enviesadas de uma esquerda revanchista. Ustra e a sua Joseíta nâo mediram esforços num diligente trabalho de pesquisa, que em· presta a maior credibilidade e profundidade às narrativas con­ tidas nesta obra. Acompanhei, pari passu, to­ das as etapas da feitura de UA Verdade Sufocada” e, com muito orgulho, integro o elenco de seus colaboradores. Passemos, pois, ao desfilar de uma época, sob o testemunho de um de seus melhores prota­ gonistas. Comandei o DOI/CODI/II Exército, de 29/09/1970 a 23/01/1974, período em que as organizações terroristas atuaràm com maior intensidade. Neste livro conto como os Órgãos de Segurança as derrotaram. Na luta armada, lamentavelmente, tivemos cerca de 500 vítimas, de ambos os lados, umnúmero bastante reduzido se o compararmos com os demais países da América Latina que, tam­ bém, enfrentaram o terrorismo. Além dos relatos, procuro desfazer mitos, farsas e mentiras divulgadas para manipular a opinião pública e para desacreditar e desmoralizar aqueles que as venceram. ISBN 978-85-86662-60-7 ‘í7XX5«*62ttt'f l ar i e te V f r 1 * · * * * · · «* · * 4:· * .* · · «« :*.·<·<** · - * } * - · * « | * · · T E R R O R E M O R T E NO R E C IF E 4j · i y f * * * * tO C k) ■>I·»*« »*·“£♦''* * »* * * t o jwf». cr *'·’<! t·**"· c.t* 0 0 · *■ * * ' · · . 0 1 .·*Ά·*ν9» Q·* •’β · ** | 4 S « · * * * · * 0 4 . · ♦ · " ' » dr ^ - •Vmi *·#»'# C+'ò"3c* fie ·»'·“ <dJ?* .· “» 5* * *r>e»*3* uWO •J l » c ‘ ' i f * ΟτΛΌ " â 9»U* *-> β'ΛIV.Jr*’·* * t»p-c* f »{ « » v i ,. I ^ P Mt ó l l φ · +, ^ , , * i «/#!■» . 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Esse atentado é considerado o marco inicial da luta armada no Brasil. h r m m &myrz g d i í á r i o # C0ITTotcpd&j ijug,na fyara fia ogrm&ú t&i üSvèm&xS^íunrpriram o&irü £ m r & m ú p ú r é m a i i g i l a f i o r s g " j t fem rríírfaa â$arma# na M a , 70* 40* « ^ 3 * n&a t o e leua&x ix airanjuíiL 6*ft Ci KALTf t N K 9 DC CA*V*LMÔ C «.t uOUCAQUC Ui ni t i r o do C&á#t «f o () ge ne ral Walte r Pire s de C arvalho e Albuque rque foi ministro do E xército durante o gove mo J oão F igue ire do Homenagem aos companheiros do Projeto Orvil Quando as últimas organizaçõe s te rroristas foram de rrotadas, a e sque rda re vanchista passou a e scre ve r e a mostrar, da forma que lhe convinha, a luta armada no Brasil. E o fe z dc mane ira capciosa, inve rte ndo, criando c de turpando fatos, e nalte ce ndo te rroristas, faiscando a história, achincalhando as F orças Armadas c e xpondo à e xe cração pública aque le s que , cumprindo com o de ve r, lutaram contra a subve rsão c o te rrorismo e m de fe sa da Nação e do E stado. Ne sse incansáve l e inte lige nte trabalho, porém de sone sto e antiético, os re vanchistas acusavam os civis c militare s que os e nfre ntaram e de rrotaram, de atuare m por conta própria como paramilitare s de svinculados de suas organiza­ çõe s, cm e struturas parale las. Pre dominava no País a ve rsão dos de rrotados que agiam livre me nte , se m qualque r conte stação. As F orças Armadas, disciplinadas, se manti­ nham caladas. Aos poucos, a farsa dos re vanchistas come çou a scr ace ita como “ve r­ dade ” pe los que não vive ram à época da luta armada e do te rrorismo e que passaram a acre ditar na ve rsão que lhe s e ra imposta pe los me ios de comu­ nicação social. No se gundo se me stre de 1985, a Se ção de Informaçõe s do C e ntro de Informaçõe s do E xército - atual Divisão dc Inte ligência do C e ntro de Inte li­ gência do E xército - re ce be u a missão de e mpre gar os se us analistas, além de suas funçõe s c e ncargos normais, na re alização de uma pe squisa histórica conside rando o pe ríodo que abarcasse os ante ce de nte s ime diatos da C on­ tra-R e volução de 31de março de 1964 até a de rrota e o de smante lame nto das organizaçõe s e partidos que utilizaram a luta armada como instrume nto de tomada do pode r. F oi um trabalho minucioso, e m que proce ssos, inquéritos e docume ntos foram e studados e analisados. As pe squisas re alizadas e m 1985, sob a orie ntação e a coorde nação do che fe da Se ção de Informaçõe s, mostraram que o trabalho a se r re alizado ultrapassaria, no te mpo e no e spaço, o plane jame nto inicialme nte e stabe le cido. Assim, de cidiu-sc re troagira M arx e E ngcls, passando por 1922, ano da criação do Partido C omunista Brasile iro - Se ção Brasile ira da Inte rnaci­ onal C omunista - prime ira organização comunista no Brasil, sob a orie nta­ ção da Inte rnacional C omunista, e prolongando-se até a prime ira me tade da década de 1980. I>cliniu-se , também, que o proje to se ria conduzido, e m te mpo inte gral, por uma e quipe de três oficiais, apoiados, quando ne ce ssário, pe los de mais. Visando a re sguardar o caráte r confide ncial da pe squisa e a e laboração da obra, foi de signada uma palavra-código para se re fe rir ao proje to - Orvil iivro e scrito de trás para fre nte . E m fins de 1987, o te xto de aproximadame nte mil páginas e stava pronto. A obra re ce be u a de nominação de Tentativas áe Tomada do Poder. Apre se ntada ao ministro Le ônidas Pire s Gonçalve s, e ste não autorizou a sua publicação - que se ria a palavra oficial do E xército -, sob a ale gação de que a conjuntura política não e ra oportuna. Assim, a instituição pe rmane ce u muda e a farsa dos re vanchistas continuou, livre e solta, a inundar o País. R e ce nte me nte , vários grupos, inconformados de ouvir some nte um lado de ssa história, re solve ram se organizar e lutar para o re stabe le cime nto da ve rdade . Parale lame nte , alguns livros, conte stando a ve rsão re vanchista, fo­ ram e ditados, o que le vou o quadro amplame nte de sfavoráve l a mudar, e m­ bora le ntame nte , come çando a e sque rda a se r de smascarada. E m fins de 1995, rcce bi o te xto final do trabalho, e m xérox, pois e le nào foi e ditado. E sse te xto foi o farol que me iluminou na re dação de inúme ras parte s de ste me u novo livro, me tirou dúvidas, me e sclare ce u fatos e me de u a ce rte za de datas e de outros dados re le vante s. A e sse s anônimos militare s da Inte ligência do nosso E xército, a minha ho­ me nage m e a ce rte za de que vocês, também, são autore s de ste livro. Agradecimentos Nào pode ria e scre ve r e ste livro se m e xpre ssar os me us agrade cime ntos: - Ao ge ne ral R aymundo M . Ne grão T orre s, re ce nte me nte fale cido, me u comandante da Artilharia Divisionária, quando comande i o 16oGAC , e m Sào Le opoldo/R S, um ince ntivador de todos os mome ntos, um amigo, um e scritor e m cujas obras muito pe squise i. - Ao ge ne ral Aloísio R odrigue s dos Santos, me u capitão no 16oGAC , ami­ go ao longo de todos e ste s anos, que le u os originais, suge riu mudanças e pre s- tou-me valorosos e sclare cime ntos. - Ao corone l Aluísio M adruga de M oura e Souza, companhe iro de luta, combate nte da Gue rrilha do Araguaia, pe lo muito que me orie ntou e auxiliou, inclusive digitando te xtos. - Ao corone l Paulo C arvalho E spíndola, que , com se u conhe cime nto do assunto e domínio da Língua Portugue sa, me auxiliou re visando te xtos, su­ ge rindo idéias e acompanhando de sde as prime iras linhas o de se nrolar de s­ te trabalho. - De se jo e xpre ssar um agrade cime nto e spe cial a que m pre stou grande aju­ da na divulgação do livro: o Dr. David dos Santos Araújo, de le gado da Polícia C ivil de São Paulo, que , com sua corage m e de te rminação, se mpre congre gou os companhe iros que com e le lutaram no combate ao te rrorismo. - Ao se nhor Luiz C arlos Alme ida Prado grande colaborador da difusão de sta obra. - Ao se nhor M oacir Nune s Pinto pe lo apoio dado quando do lançame nto do livro na cidade de Sào Paulo. - T ambém não pode ria de ixar de agrade ce r aos que e scre ve ram artigos e livros e mantêm sites onde e sclare ci algumas de minhas dúvidas: Ge ne ral Agnaldo De l Ne ro Augusto; E scritor F . Dumont; Historiador C arlos llitch Santos Azambuja; C orone l J osé Augusto Silve ira de Andrade Ne tto; C orone l J osé Luiz Sávio C osta; C orone l-Aviador J uare z de De us Gome s da Silva; C orone l C arlos C láudio M igue z; C orone l Lrildo Sime ào C amargo Le mos; C orone l J ayme I le nrique Antune s Lame ira; C apitão F élix M aie r; Advogado Se ve rino M ariz F ilho; Advogado M arco PolloGiordani; F ilósofo O lavo de C arvalho; J ornalista M arce lo Godoy; J ornalista Paulo M artins; e J ornalista Sandro Guidalli. - Nào posso de ixar de de stacar a boa vontade e inigualáve l contribuição de P.D.F ., que me facilitou o ace sso a proce ssos arquivados no Supe rior T ribunal M ilitar(ST M ). - Agrade ço, também, à profe ssora Wânia de Aragão-C osta, Doutora e m Língua Portugue sa, profe ssora da Unive rsidade de Brasília, que re visou parte do me u trabalho. - Ao Doutor Plínio, por iniciar e mante r nossos e ncontros anuais com anti­ gos companhe iros de luta. - Aos amigos que me ince ntivaram e cobraram a e laboração de ste livro e ao me u ge nro E de r Wagne r Dantas de M e de iros e minha filha Patrícia, que me auxiliaram dando suporte técnico na parte de computação. - Nós ve nce mos, ape sar do boicote da mídia, de e ditoras e de livrarias. Ao que pare ce , o livro incomodou. O silêncio da impre nsa foi re ve lador. M as, assim me smo, nós ve nce mos! A prime ira e dição de se is mil e xe mplare s e sgotou-se e m quatro me se s e che ­ gamos a 3olugar e ntre os mais ve ndidos no Brasil, se gundo o J omal do Brasil. De ve mos isso a amigos, à inte rne t e a jornalistas imparciais, de mocra­ tas, comprome tidos com a notícia e nào com a ide ologia, que nos ajuda­ ram a difundir o livro. Que re mos agrade ce r aos amigos ge ne ral T orre s de M e lo, coronéis M ayrse u C opie Bahia, Luiz C arlos Ave lar C outinho e ao te ne nte R 2 Luiz M e rgulhão; aos jornalistas R ogério M e nde lski, F lávio Pe re ira, J osé M itche ll, Ari C unha, C laúdio Humbe rto, De nise R othe nburg, Aristóte le s Drummond, T he mistocle s C astro e Silva, Álvaro C osta, C lotilde Gama, Paulo M onte iro e Guilhe rme Póvoas. Ao Xupacabra, nosso orie ntador, de fe nsor das boas causas na inte rne t, o nosso e spe cial agrade cime nto. Dedicatória De dico cstc livro ao me u E xército e aos me us che fe s, principalme nte àque ­ le s que mc de signaram para, sob suas orde ns, combate r a gue rrilha urbana e o te rror comunista. M e us che fe s se mpre me apoiaram e me distinguiram, conce - de ndo-me a M e dalha do Pacificador com Palma, maior conde coração que um militar do E xército pode re ce be re m te mpo de paz. Dcdico-o, também, aos me us companhe iros do E xército, da M arinha, da F orça Aére a e das Polícias C ivis e M ilitare s que , e m todo o Brasil, luta­ ram com de nodo, bravura e abne gação no combate à subve rsão e ao te rro­ rismo. F aço-o, e spe cialme nte aos me us comandados no DO I /C O DI /I I E xér­ cito, abne gados que ate nde ram ao chamado da Pátria e arriscaram a vida com corage m, lutando com honra e dignidade para e xtirpar o te rrorismo de e sque rda que ame açava a paz e a tranqüilidade do Brasil. M inha admiração a vocês que e nfre ntaram, e m luta armada e traiçoe ira, irmãos brasile iros fanatizados. De dico-o, com e moção, aos familiare s e amigos que pe rde ram se us e nte s que ridos ne ssa gue rra fratricida. De sse modo, home nage io as vítimas do te rrorismo ve rme lho que , de sde 1935, vinha te ntando tomar o pode r pe las armas. E ste ndo aos familiare s de sse s mártire s o me u profundo re spe i­ to. De dico e ste livro, como já o fiz e m 1987 e m Rompendo o Silêncio, aos jove ns que não vive ram aque la época e que some nte conhe ce m a história distorcida pe los pe rde dore s de onte m, muitos dos quais ocupam cargos e m unive rsidade s, jornais, e missoras de rádio e te le visão e posiçõe s re le vante s e m órgãos públicos. De dico-o a e le s que são o futuro do novo Brasil. São puros de e spírito e de inte nçõe s e ve jo-os, muitas ve ze s, e xplorados e m sua boa fé. No ne gro pe ríodo re volucionário da gue rrilha urbana e rural, muitos foram usados, manipulados e fanatizados. Puse ram-lhe s armas nas mãos, os instruíram, orie ntaram e doutri­ naram, le vando-os à violência inútil. Hoje , re e scre ve m a história e a transmite m distorcida às novas ge raçõe s. O fe re ço e ste livro aos jove ns, para que possam buscara ve rdade , com libe r­ dade para procurá-la, libe rdade le gada a e le s por nossa luta. E ntre tanto, hoje pre vale ce m as “me ias-ve rdade s” que , no se u re ve rso, são me ntiras comple tas. Pre ocupo-me e m vê-los influe nciados por panfle tos que tomam are s de história conte mporâne a e lhe s são apre se ntados como a ve rdade de finitiva. Não é sobre a me ntira que se alice rça o futuro de um país. C onfio que os jove ns, na sua se de de justiça, sabe rão e ncontrar a ve r­ dade e sabe rão se r livre s, nào pe rmitindo que ide ologias ultrapassadas, de novo amorte çam os se us se ntime ntos, ofe re ce ndo a violência no lugar da paz, a me ntira no lugar da ve rdade e a discórdia no lugar da solidarie dade . Assim, com o e spírito limpo, construirão o País que pacificamos com san­ gue e lágrimas de muitos brasile iros. A todos os que re pudiam a violência, amam a paz e a ve rdade , le vo o me u te ste munho e apre se nto o re sumo de minha vida ne sse s anos conturbados. Somos livre s e de ve mos faze r da libe rdade a razão maior da cons­ tante vigilância, uma ve z que os de rrotados não de sistiram de inte ntar contra o Brasil. Sumário À guisa de pre fácio................................................................................................ 21 Introdução................................................................................................................25 Lupe s Uslru: minha prime ira motivação ide ológica............................................31 Partido C omunista Brasile iro................................................................................38 l)e Ge túlio a J usce lino...........................................................................................42 Luís C arlos Pre ste s e O lga Be nário.....................................................................45 Inte ntona C omunista.............................................................................................. 47 () T ribunal Ve rme lho e os “justiçame ntos” do PC B...........................................54 Gove rno J ânio Quadros.........................................................................................58 Gove rno J oão Goulart............................................................................................ 61 Ligas C ampone sas................................................................................................. 69 O nda e sque rdista................................................................................................... 73 A impre nsa e a C ontra-R e volução.......................................................................78 Agitação nos quartéis............................................................................................ 83 M inas, rastilho da C ontra-R e volução...................................................................89 E ncontro de irmãos de armas - lição de amor ao Brasil....................................92 0 31 de março no 19° R I - São Le opoldo/R S................................................... 104 Golpe ou contra-re volução?.................................................................................111 De norte a sul vivas à C ontra-R e volução...........................................................115 A C ontra-R e volução e os E stados Unidos.........................................................118 Gove rno C aste llo Branco.................................................................................... 123 Influência e ajuda de C uba à luta armada na América Latina....................... 129 Influência e ajuda de C uba à luta armada no Brasil........................................ 138 O caudilho contra-ataca......................................................................................144 As se te bombas que abalaram R e cife ............................................................... 154 Gove rno C osta e Silva......................................................................................... 161 C arlos M arighe lla. o ide ólogo do te rror..............................................................166 Sonho de uma gue mlha rural.............................................................................. 173 R e crutame nto dos jove ns.................................................................................... 176 M ovime nto e studantil........................................................................................... 178 Assalto ao Hospital M ilitar..................................................................................189 Ate ntado ao QG do II E xército..........................................................................191 T ribuna! R e volucionário e novas se nte nças (major ale mão e capitão ame ricano).................................................................. 197 Lamarca rouba armas que a Nação lhe confiou............................................. 203 2* C ompanhia de Polícia - a pione ira no combate ao te rrorismo...................210 O M ovime nto Armado R e volucionário (M AR ) e “os me ninos" de F lávio T avare s......................................................................214 O pe ração Haiidcuame (O BAN)........................................................................221 Se qüe stro do e mbaixador ame ricano.................................................................227 Gove rno M édici c o milagre brasile iro.............................................................. 233 E mSão Paulo.......................................................................................................243 Se qüe stro do cônsul do J apão e m São Paulo................................................... 245 Um dia é do caçador, outro da caça..................................................................254 O pe raçõe s no Vale da R ibe ira e massacre do te ne nte Albe rto M e nde s J únior................................................ 257 Se qüe stro do e mbaixador da Ale manha........................................................... 270 Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR )................................... 277 Uma e strutura se arma contra o te rror..............................................................282 Quando o e spírito de corpo é impre scindíve l................................................... 286 Ao DO I/C O DI/II E xército uma e strutura dinâmica....................................... 293 Se ção de C ontra-Informaçõe s.......................................................................... 295 Se tor de O pe raçõe s de Informaçõe s.................................................................300 Se ção de Inve stigaçõe s.......................................................................................303 Se ção de Informaçõe s e Análise ........................................................................306 Se ção de Busca e Apre e nsão.............................................................................307 O inte rrogatório....................................................................................................309 Para combate r o te rrorismo, le is e spe ciais...........*........................................... 317 Quando é mais fácil criticar................................................................................319 Se qüe stro do e mbaixador suíço..........................................................................322 "T ribunal R e volucionário" conde na mais um (Boile se n).................................326 ALN abandona companhe iro fe rido...................................................................335 Ação Libe rtadora Nacional (ALN)...................................................................341 Batismo de sangue ...............................................................................................345 "T ribunal R e volucionário" e m se ssão pe rmane nte ..........................................351 A Dissidência da ALN e o M ovime nto de Libe rtação Popular (M olipo).............................................. 365 M orte do major J osé J úlio T oja M artine z F ilho................................................ 373 A me lhor de fe sa é o ataque ............................................................................... 380 Um combate .........................................................................................................383 À e spe ra do filho de J osé M ilton....................................................................... 385 R ajada mortal - M orte do cabo Sylas Bispo F e che ......................................... 394 Nào inte re ssa o cadáve r, mas o impacto - David A. C uthbe rg......................399 M ais um combate na rua.................................................................................... 401 Nossa vida e mcontínua te nsão......................................................................... 408 Assassinato do Dr. O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior................................... 411 Vanguarda Armada R e volucionária Palmare s (Var-Palmare s)......................417 A VAR -Palmare s e os jove ns............................................................................ 420 F m Brasília........................................................................................................... 433 Gove rno Hrne slo Ge ise l.......................................................................................435 Umfinal fe liz........................................................................................................ 437 No l()° Grupo de Artilharia de C ampanha........................................................439 Gove rno J oão F igue ire do.....................................................................................442 "J ulgame nto da R e volução” ................................................................................446 Brasília - Uruguai - Brasília................................................................................449 De T ancre do a Itamar F ranco............................................................................465 A vala do C e mitério dc Pe rus.............................................................................471 (iove rno F e rnando He nrique C ardoso...............................................................479 M ais que "pe rse guidos políticos” re vanchistas................................................ 481 Le i dos De sapare cidos Políticos.........................................................................484 M orte no QG da 5aZona Aére a. C anoas/R S................................................... 500 Suicídio no 19° R I - São Le opoldo/R S...............................................................504 Le i dos Pe rse guidos Políticos.............................................................................507 Vítimas do te rrorismo no Brasil...........................................................................511 (iove rno Luiz Inácio Lula da Silva.....................................................................526 O s se m-te rra se m limite s....................................................................................532 Inde nizaçõe s... até quando?................................................................................542 A vingança dos de rrotados..................................................................................546 F oro de Sao Paulo................................................................................................553 R umo ao socialismo.............................................................................................559 Para me ditar......................................................................................................... 564 Palavras finais...................................................................................................... 565 índice onomástico................................................................................................568 BIBLIO GR AF IA................................................................................................. 600 À guisa de prefácio Pe de -me o me u amigo C arlos Albe rto Brilhante Ustra que e scre va uma apre se ntação- um pre fácio - para se u novo livro. C ostuma-se dize r que se um livro é bom não pre cisa de pre fácio e se não pre sta não há pre fácio que o salve . O novo livro do Ustra não pre cisa de pre fácio, como de le não pre cisou o se u corajoso Rompendo o Silêncio. Pe los frutos se conhe ce a árvore , pois árvore má não dá bons frutos. Pre fi­ ro, assim, falar do autor ante s que do se u livro. Pe lo autor os le itore s pode rão avaliar a importância do livro. C onhe ci o autor quando me mandaram comandar a Artilharia Divisionária cm Porto Ale gre , que tinha como uma das unidade s subordinadas o Grupo de Artilharia de São Le opoldo comandado pe lo e ntão te ne nte -corone l C arlos Albe rto Brilhante Ustra. J e ito re traído, quase tímido, fala mansa, fre qüe nte me nte assinalava as palavras com um sorriso que pare cia e ncabula­ do. Sua tare fa e ra comandar uma unidade acomodada pre cariame nte e m um aquarte lame nto muito antigo, com os pavilhõe s - alguns ainda com ve lhíssima cobe rtura de zinco-subindo morro acima. Não obstante , o 16oG AC oste n­ tava um e xce le nte padrão de instrução e disciplina e mantinha uma e stre ita ligação com a comunidade civil, e spe cialme nte com as famílias dos jove ns re crutas, no que muito se e mpe nhava se u comandante . Pude ve r com que pe sar e amargura o corone l Ustra e nfre ntou a difícil e dolorosa tare fa de re stituir aos pais o corpo inanimado de um soldado morto e m lame ntáve l e quase ine xplicáve l acide nte na instrução, quando sofre u um choque térmico ao cair e m um açude sobre o qual fora e ste ndida a corda de trave ssia da pista de obstáculos a se r pe rcorrida. Logo, pude pe rce be r que o comandante e ra um líde r de valor, que mantinha sua unidade "na mão”, como se costumava dize r. E foi se m surpre sa que fui me inte irando da vida pre gre ssa do me u novo subordinado. Que , e ntre outras coi­ sas, e le e nfre ntara a difícil tare fa de comandar o re cém-criado DO I de São Paulo por um longo te mpo, na época e m que mais ace sa corria a gue rrilha urbana na capital paulista, quando se improvisara a O pe ração Bande irante para dar re sposta à altura da agre ssividade dos comunistas, fato que tanto impre ssi­ onara o e ntão comandante da 2* R M - ge ne ral Dale C outinho - o que o le varia, alguns anos de pois, a re ve lá-lo, para e scândalo dos e scribas re vanchistas, e m conve rsa com o já de signado pre side nte Ge ise l que o convidava para se r o ministro do E xército. “Ah!, naque la época as coisas me lhoraram quando come ­ çamos a matar” - disse o ge ne ral e m conve rsa que ficou gravada e m fitas surrupiadas pe lo I icitor Aquino F e rre ira que , muitos anos mais tarde , as e ntre ­ garia ao jornalista E lioGaspari. C onhe ce ria também a e sposa do comandante , J oscíta, mulhe r dc aparência frágil, mas animo forte que fora um dos arrimos de Ustra naque le s te mpos difí­ ce is e que se transformaria na “mãe zona” das moças que as pe ripécias da gue r­ rilha colocariam sob a guarda de se u marido na R uaT utóia, nas te rtúlias com M iriam, J oana, Lila, C ristina, Shiruca, e ntre as aulas de tricô e crochê e as brincade iras com a sua pe que na filha. O s anos passam. R e pe te -se com o adido militare m Londre s a farsa armada contra o corone l C arlos Albe rto Brilhante Ustra, adido no Uruguai. C om uma significativa dife re nça: e m 1985, e mbora no gove rno dúbio de J osé Same y, o ministro Le ônidas - conde stáve l da Nova R e pública - viu-se compe lido a pre stigiar e de fe nde r o nosso adido que te rminou normalme nte sua missão, ao passo que o da Inglate rra ficou de samparado e te rminou se u te mpo de “aditança” e m uma sala do 'T orte Apache ” e m Brasília, como se ainda e stive sse junto à corte de Saint J ame s. Uma injustiça! O corone l Ustra, poucos me se s ante s de passar à re se rva, saiu e m campo, vise ira e rguida e de lança e m riste , na de fe sa de sua dignidade e de se u passa­ do. Publicou, cm março de 1987, com sacrifício de se us re cursos pe ssoais, um livro de smascarando a farsa e sua principal ve de te , a e ntão de putada Be te M e nde s, colocando a nu os lance s da luta armada e m São Paulo. R e ptou sua acusadora a provar as me ntiras de que se se rvira e que apre se ntara com o largo e costume iro apoio de jornais, re vistas e e ntre vistadore s de te le visão. A re spos­ ta foi o silêncio e uma pá de cal sobre o livro e mbaraçoso que nunca foi de s­ me ntido ou conte stado publicame nte . As únicas re spostas foram as ame aças anônimas que passaram a faze r ao militar e à sua família. A gue rrilha rural ou urbana é modalidade de gue rra não conve ncional que fe z suas próprias re gras, de ntro da e stratégia comunista da Gue rra R e voluci­ onária, com a qual conse guiram apossar-se de muitos paíse s. Um dos alvos de ssa gue rra - e ficie nte me nte utilizada como um dos instrume ntos soviéticos da Gue rra F ria - foi o Brasil, como ficou cabalme nte comprovado pe la abe r­ tura dos arquivos moscovitas da KGB e pe los de poime ntos e confissõe s de se us age nte s na farta lite ratura por e le s publicada. Para combatê-las, as F orças Armadas, e spe cialme nte o E xército, tive ram dc adotar proce ssos e organizaçõe s também não conve ncionais, de scaracte rizando se us home ns, infikrando-se nas facçõe s subve rsivas, para pode r che gar aos porõe s da clande stinidade , dc onde nos moviam sua lula armada se m quarte l, proclama­ da c e nsinada por M arighe lla e se us me ntore s cubanos. M uilos dos e pisódios de ssa gue rra suja, base ada, e sse ncialme nte , na informação e na contra-infor­ mação, tive ram dc se r plane jados e comandados de “porõe s” dc sigilo e tra­ vados adotando práticas inusitadas. E m tais ambie nte s, onde ne ce ssariame n­ te te ria dc have r uma grande de sce ntralização e autonomia ope racional, a pre carie dade dos controle s e os e xce ssos e ram ine vitáve is e muilas ve ze s a violência da re sposta, pe la própria nature za da luta, subiu à altura da violência e mpre gada pe los gue rrilhe iros, de se nvoltos ne ssa gue rra e m que e le s me s­ mos faziam as re gras. Achar, hoje , que tal gue rra pode ria te r sido conduzida e ve ncida coir “punhos de renda e luvas de pelica" é uma abstração de que m não vive u o dia-a-dia de tais mome ntos e não se ntiu na pe le as agruras de te r de ganhá-!a e m nome do futuro de mocrático da Nação. Um dos mais e strénuos combate nte s de ssa gue rra foi C arlos Albe rto Brilhante Ustra que , ante s de re ne gar e ssa posição, de sde a prime ira hora assumiu a honra que te ve e rr cumprir o de ve r que lhe e ra imposto pe la missão que re ce be ra quando c de safio comuno-castrista soava como urna bofe tada de sfe rida na face dc Nação, e m ame aça abe rta ao compromisso das F orças Armadas com i libe rdade e a de mocracia. Por outro lado, uma das pre ocupaçõe s mais visíve is e e xplícitas da e s­ que rda brasile ira foi e scre ve r, e muito, sobre as circunstâncias dc se us suce s­ sivos fracassos nas te ntativas de assalto ao pode r, re alizadas a partir de 1935 Um longo proce sso de justificativas c autocrítica e xtravasou e m livros, de po ime ntos, e ntre vistas, filme s e e m toda a sorte de manife staçõe s fe itas pe lo: próprios pe rsonage ns ou por e scribas simpatizante s ou e ngajados. Aind; no e xílio e aprove itando-se do apoio de gove rnos comunistas e da e sque r da inte rnacional, os fracassados de 64 e os de rrotados na luta armada dt final dos anos 60 e início da década de 70 de sfilaram suas ve rsõe s e sua: falácias que ganharam de staque e cre dibilidade por não te r havido da partt dos gove rnos pós-64 o ne ce ssário e mpe nho e m apre se ntar, e m sua ve rda de ira dime nsão, os lance s e os aconte cime ntos que marcaram a mais long; e mais séria te ntativa de implantar no Brasil uma ditadura de inspiraçãc marxista-le ninista. Na vastíssima bibliografia citada no ale ntado livro Dos filhos deste solo constam ce nto e quinze publicaçõe s de comunistas ou e le me ntos da e sque rda vindas a lume a partir de 1964. Ainda hoje , jornalistas re sse ntidos, como Albe rtc Dine s, C arlos He itor C ony, C arlos C hagas, E lio Gaspari, Vilas Boas C orre ia t 24- C arlos Albe rto Brilhante Ustra outros, continuam te ntando re e scre ve r ao se u talante a história daque le s anos e o faze m confiando na curta me mória dos le itore s. Durante muito te mpo, ficaram se m re sposta o que os fe z acre ditar num falacioso pacto de silêncio para e ncobrir supostos crime s. Na re alidade , trata- va-se do e quívoco de acre ditarmos nós que a Le i da Anistia fora para vale r. Uma das prime iras e corajosas voze s a se e rgue r para re stabe le ce r a ve rdade foi a do corone l Ustra com se u prime iro livro, e m que re solve u rompe r o silên­ cio e colocar os pingos nos is. Agora, comple ta a obra e ntão iniciada e de ixa e xte nso de poime nto pe ssoal com sua A Verdade Sufocada. Raymundo Negrão Torres Introdução Ano após ano, os re vanchistas lançam uma “de núncia” ou criam um fato novo, de pre fe rência próximo de datas importante s para as F orças Arma­ das como o Dia do Soldado, o Dia do Aviador, o Dia do M arinhe iro, a Se mana da Pátria e os anive rsários da C ontra-R e volução de 1964 e da I nte ntona C omunista de 1935. F oram as falsas fotografias do He rzog; os arquivos “e nte rrados” na se de do antigo DO I de Brasília; a e scavação da F aze nda 31 de M arço, e m São Paulo; a que ima dos arquivos na Base Aé­ re a de Salvador; a vala “clande stina” do C e mitério de Pe rus; os age nte s “arre pe ndidos” que de nunciam, com inve rdade s e talve z por vantage ns, os órgãos dc se gurança onde trabalharam: e muitos outros. T udo publicado com e stardalhaço e quase nunca de sme ntido. No se gundo se me stre de 2004, a opinião pública brasile ira foi bombarde ­ ada, novame nte , por inte nsa orque stração, de se ncade ada pe la impre nsa e pe los “arautos da de mocracia e dos dire itos humanos”, para a “abe rtura dos arquivos da ditadura”. Ne sse e sforço, sobre ssaiu*se o ministro da J ustiça, M árcio T homaz Bastos. Pouca ge nte , no e ntanto, se ape rce be , de que nada havia dc inédito ne ssa pre te nsão. T ais arquivos já foram abe rtos, há mais dc vinte anos, ainda du­ rante o pe ríodo militar, quando a e quipe do arce bispo de São Paulo, D. Paulo E varisto Arns, coorde nada por Luís E duardo Gre e nhalg, e m pe squisas para produzir o livro Brasil Nunca Mais, e squadrinhou os docume ntos sob a guarda do Supe rior T ribunal M ilitar (ST M ). Não se i que m autorizava o arce bispo e sua e quipe a copiar e sse s docu­ me ntos. De ve te r sido um ministro do T ribunal que “e scancarou” os guarda­ dos de ssa alta corte . Ve jo ne sse ge sto a clara de monstração de boa vontade de sse ministro do ST M e m abrir os arquivos, cre nte , por ce rto, de que os docume ntos se riam usados com re sponsabilidade , hone stidade e ise nção. E bom frisar que no ST M se e ncontra o maiore mais confiáve l ace rvo sobre o combate ao te rrorismo. Se ndo a última instância da J ustiça M ilitar, e ram e n­ caminhados para e sse T ribunal os proce ssos e inquéritos dos implicados nos crime s de subve rsão e te rrorismo. A e quipe que e scre ve u o livro Brasil Nunca Mais, de posse de ssa vali­ osa docume ntação, fe z a triage m a se u modo, privile giando o que que ria, publicando o que inte re ssava, distorce ndo os fatos e ignorando o que não lhe convinha. Não conside raram os ate ntados te rroristas, os “justiçame n- tos'\ os se qüe siros c os assassinatos praticados pe la e sque rda. T ais crime s loram propositadame nte omitidos, para que a Nação não tomasse conhe ci­ me nto das atrocidade s dos que pe garam e m armas para implantar no Brasil 26- C arlos Albe rto Brilhante Ustra a ditadura comunista. Hoje , de rrotados, se apre se ntam como “he róis”, muitos de le s e ncaste lados e m altos cargos no gove mo. Basta folhe ar a obra de D. E varisto Ams para constatar que , se gundo e le , o de svario da e sque r­ da simple sme nte não te ria e xistido. E m e ntre vista intitulada “Abram já os arquivos”, conce dida aojomalisla R ol­ dão Arruda, de O Estado de S. Paulo, e m 28/10/2004, o arce bispo de clarou: “Na pre paração do livro Brasil Nunca Mais, obtive mos auto­ rização para copiar 707 proce ssos da J ustiça M ilitar. No total co­ piamos I milhão de páginas - um docume nto valioso na re constituição das violaçõe s dos dire itos humanos. E ram de núnci­ as fe itas diante de autoridade s militare s, e m juízo, com nome s de torturadore s, de locais de tortura, de pre sos de sapare cidos. Pe nso nisso e pe rgunto: quantos outros arquivos e xiste m por aí?” Poste riorme nte , na matéria intitulada "A ve rdade é que nos libe rta”, do jornalista Adauri Antune s Barbosa, publicada e m O Globo, de 28/11/2004, diz o pre lado: "O principal já foi publicado, mas a ge nte que r ve r por e scri­ to, sabe r que é ve rdade . Não é a informação que nos libe rta. A ve rdade é que nos libe rta. Vale a pe na abrir." O "principal”, a que se re fe re D. Paulo, foram as acusaçõe s de tortura fe itas pe rante os juize s, durante os julgame ntos, quando os criminosos usavam e sse argume nto para se inoce ntar dos crime s praticados ou para justificar as de la­ çõe s de companhe iros. E le some nte se re fe re a isso no se u livro. O s “justiça- me ntos", os se qüe stros, os assassinatos, as "e xpropriaçõe s”, os ate ntados a bomba, com vítimas inoce nte s, nào são re le vante s para o arce bispo, pois, se ­ gundo e le , foram confe ssados sob tortura. D. Paulo e sua e quipe tive ram ace sso à vasta docume ntação, copiaram o que de se javam, inclusive docume ntos sigilosos, o que é ve dado por le gislação pe rtine nte . Ardilosame nte , usaram o que lhe s inte re ssava, utilizando some nte o que chamam de “principal”. O “re stante ” para o arce bispo, ou se ja, os arquivos e xiste nte s na ABIN. no DPF , nas F orças Armadas e nos antigos DO PS, são docume ntos se cundános. C e rtame nte , por conte re m e xplicitame nte os crime s e as inte nçõe s dos prote gidos do e mine nte pre lado. E m 2004, foi criada uma comissão e ncarre gada de “abrir os arquivos da ditadura” A ve rdade sufocada * 27 Baixou no ministro da J ustiça o e spírito da Santa Inquisição. Suge riu que se re quisitasse m as cópias dos docume ntos cm pode r dos civis e militare s que lutaram contra o te rrorismo. Para o e x-ministro che fe da C asa C ivil, J osé Dir­ ce u, tal posse é crime . Não é crime , para e le , a posse dos arquivos que e stão com D. Paulo E varisto Arns? O utros arquivos importante s, que também de ve riam se r re quisitados, e stão com organizaçõe s não-gove mame ntais, e spe cializadas e m de ne grir os gove r­ nos militare s. O s re vanchistas julgavam que ficaríamos calados e ace itaríamos, passiva­ me nte , a triage m que e le s pre te ndiam faze r, como o fize ram D. E varisto e sua e quipe , buscando, ape nas, docume ntos que contribuísse m para comprome te r os órgãos de se gurança da época. Não e spe ravam pe la re ação dc organizaçõe s, grupos e , até, de par­ ce la da impre nsa, e xigindo a abe rtura dos arquivos por uma comissão ise nta e re sponsáve l, não ace itando a proposta gove rname ntal que indi­ cou, inicialme nte , J osé Dirce u como o árbitro que de finiria o que de ve se r ou não do conhe cime nto público. Ao pre sse ntire m que , finalme nte , através do próprio gove rno, a Nação tomaria conhe cime nto contra o que e contra que m lutamos, durante algum te mpo, o assunto foi te mpo­ rariame nte e sque cido. J á que e stavam tão inte re ssados nos docume ntos guardados por civis e militare s, e m 2004, e ante s que vie sse m procurá-los e m minha casa, re solvi abrir os me us, alguns arquivados na me mória, outros na me mória dc companhe iros de luta, outros pe squisados e m jornais, livros, re vistas e na I nte rne t, onde , também, pouca coisa e xiste sobre as atrocidade s co­ me tidas pe los te rroristas. E u e minha mulhe r iniciamos as pe squisas para e scre ve r o me u prime iro livro, Rompendo o Silêncio, e continuamos a fazê-las no curso dos últimos vinte anos. Possive lme nte , nada de novo foi e scrito por mim. O s dados pe squisados foram re unidos e orde nados para facilitar a le itura e o e nte ndime nto da me nsa­ ge m que agora transmito. Abrindo me us arquivos, e xplico os motivos que le varam civis e milita­ re s a de se ncade ar a C ontra-R e volução, e m 31 de março de 1964, ne u­ tralizando a Se gunda T e ntativa de T omada do Pode r pe los comunistas. Aprove ite i a minha e xpe riência como comandante do DO I /C O DI /I I E x (1970 a 1973), para contar a nossa luta contra as organizaçõe s te rroris­ tas que te ntaram, nas décadas de 60 e 70, na T e rce ira T e ntativa dc T oma­ da do Pode r, implantar uma ditadura, a e xe mplo de C uba c outros satéli­ te s tio M ovime nto C omunista Inte rnacional. 28- C arlos Albe rto Brilhante Ustra T e ço, também, algumas conside raçõe s sobre a anistia e o re vanchismo até os dias atuais. Para isso. foi pre ciso voltar no te mpo e e scre ve r, ainda que muito supe rfici­ alme nte , sobre : - o Partido C omunista Brasile iro - PC B; - os pre side nte s da R e pública, dc Ge túlio Vargas a J usce lino Kubitsche k de O live ira; -a Prime ira T e ntativa de T omada do Pode r pe los comunistas, e m 1935 (Inte ntona C omunista); - a vitória da re volução cubana e o fascínio e xe rcido por C he Gue vara e F ide l C astro, transmitido aos jove ns brasile iros por e xpe rie nte s comunistas; - as Ligas C ampone sas e o Grupo dos O nze ; e - o gove mo re lâmpago de J ânio Quadros. Volte i no te mpo e e scre vi sobre o gove mo J oão Goulart. F oi ne ce ssário pe squisar, e studar e analisar o pe ríodo que vai de 1960 até os dias de hoje , para mostrar a ve rdade sob a ótica de que m, ne sse pe ríodo, viu, vive u e lutou contra a Se gunda e a T e rce ira T e ntativas de to­ mada do pode r pe los partidos e organizaçõe s marxista-le ninistas que opta­ ram pe la luta armada. R e tome i ao passado para contribuir, mode stame nte , com aque le s que , diutumame nte , trabalham para impe dir que uma nova história se ja re e scrita pe ­ los de notados e que uma nova te ntativa re volucionária te nha e xilo. C re io se r impe rioso de smistificar ve rsõe s ve iculadas, maciçame nte , por al­ guns órgãos da impre nsa e scrita, falada e te le visada, por partidos políticos, por profe ssore s e outros formadore s de opinião, que têm re cursos, platéias e opor­ tunidade s para difundir, com uma visão ide ológica e re sse ntida, o que ocorre u no Brasil e m passado re ce nte . C om me ntiras e me ias-ve rdade s e le s vêm, há anos, de turpando os fatos e false ando a história, pois some nte e le s têm voz e ve z. Não pode ria de ixar de voltar a agosto de 1985, quando a de putada fe de ral Be te M e nde s e xtasiava-se com a re pe rcussão de suas e ntre vistas e de clara­ çõe s à impre nsa e scrita, falada e te le visada, após re gre ssar do Uruguai onde inte grara, oficialme nte , a comitiva do pre side nte J osé Same y. C om atuação me díocre no C ongre sso Nacional, e xpulsa do Partido dos T rabalhadore s e se m partido, Be te M e nde s me te oricame nte tomou-se uma ce le bridade nacional. E m A Verdade Sufocada faço um re sumo do de sme ntido fe ito por mim e m Rompendo o Silêncio, livro e ditado cm março de 1987. A ve rdade sufocada - 29 C oincide nte me nte , com a re pe rcussão de sse livro, “R osa” calou-se . A sua mude z de sde e ntão, e mbora e xce pcionalme nte re ve ladora, nunca foi conve ni­ e nte me nte e xplicada. E m 2006, o assunto “abe rtura dos arquivos” re tomou à baila, pois que inte re ssava ao gove rno do PT de sviar as ate nçõe s do mar de lama dos “me nsalõe s”, da corrupção de se nfre ada, doscaixas-dois, das compras de cons­ ciências, das me ntiras cínicas dos dirige nte s de um partido que se diz campe ão da ética e da moralidade , afrontando a inte ligência de todos nós ao afirmare m nada sabe r ace rca de toda e ssa suje ira. Para e le s, urgia mudar o rumo dos noticiários e faze r a mídia, que tanto os fustigou cm 2005, buscar de novo no passado o ve io do se u se nsacionalismo. Afastado J osé Dirce u do ce nário, assumiu o pape l de “pre fe rida do re i” a ministra che fe da C asa C ivil, Dilma Vana R ousse ff - a “E ste ia”, “L uiza”, “Patrícia”, ou “Wanda”-, dos te mpos de militante das organiza­ çõe s clande stinas subve rsivo-te rroristas PO LO P (Política O pe rária), C O LINA (C omando de Libe rtação Nacional) e VAR -Palmare s (Vanguarda Armada R e volucionária Palmare s). A atual ministra passou a se r dona dos rumos dos “arquivos da ditadura” e prome te u abri-los, a partir de 2006, para mostrar ao mundo os “horrore s do re gime dos ge ne rais”, comprome te ndo-se a re sguardar os anistiados “com­ bate nte s da libe rdade ”, omitindo as suas açõe s criminosas, sob o argume nto de pre se rvá-los, já que hoje foram promovidos a he róis nacionais. E e ssa a ise nção de que m e stá no pode r e que se inclui no rol dos prote gidos. M ais uma ve z, a anistiaé para um só lado. Por fim, procuro mostrar como agiam “os jove ns e studante s”, alguns hoje re ce be ndo vultosas inde nizaçõe s e altos salários pe la “pe rse guição” que a ditadura lhe s impôs. Pre te ndo de ixar be m claro, como a re volução comunista vinha se ndo pre parada e como as cabe ças dos nossos jove ns vinham se ndo amoldadas, de sde ante s de 1935, ano da Inte ntona C omunista. É isto que e u se i e é disto que re sulta a abe rtura dos me us arquivos. i Lupes Ustra: minha primeira motivação ideológica Nasci na cidade de Santa M aria, inte rior do R io Grande do Sul, numa épo­ ca e m que os me ios de comunicação e ram pre cários. As e stradas até Santa M aria e ram de te rra, os te le fone s mal funcionavam. M inha mãe , C acilda Brilhante Ustra, dona-de -casa, de dicava-se à criação c e ducação dos quatro fi lhos. E ra uma mulhe r maravilhosa, amiga e carinhosa que se e sforçou muito para que me u pai pude sse trabalhar e e studar com tran­ qüilidade . M e u pai, C élio M artins Ustra, funcionário dos C orre ios e T e légra­ fos, e studava e trabalhava para mante r a família. Quando fiz tre s anos, e le con­ cluiu o que , hoje , chamamos de se gundo grau. No ano se guinte , no dia e m que me u irmão R e nato nasce u, e le pe gou o “noturno’*e , viajando num vagão de passage iros de 2aclasse , foi a Porto Ale gre pre star ve stibular para a F aculdade de Dire ito da Unive rsidade F e de ral do R io Grande do Sul. Aprovado, cinco anos mais tarde e ra bachare l e m Dire ito. F oi ne ssa luta árdua, mas che ia de vitórias, que me us pais conse guiram formar os quatro filhos. M inha irmã, Gláucia Ustra Soare s, formou-se e m F armácia pe la Unive rsi­ dade F e de ral de Santa M aria, onde , após o curso, fe z parte do corpo doce nte até se apose ntar. Nunca parou de e studar. Ate hoje , continua faze ndo cursos e m São Paulo, R io de J ane iro c Porto Ale gre , procurando se mpre se atualizar e se ape rfe içoar na técnica da manipulação dc me dicame ntos e na fabricação dc cosméticos, produzidos nas suas conce ituadas F armácias Nova De rme , se diadas cm Santa M aria. M e u irmão R e nato Brilhante Ustra formou-se pe la Acade mia M ilitar das Agulhas Ne gras. C omo oficial do E xército, fe z os cursos de Pára-que dismo, E ducação F ísica, Ape rfe içoame nto de O ficiais, E stado-M aior, Supe rior de Gue rra e comandou a E scola de E ducação F ísica do E xército. O irmão caçula, J osé Augusto Brilhante Ustra, se guiu o e xe mplo de nosso pai c Ibrmou-se e m Dire ito pe la Unive rsidade F e de ral dc Santa M aria. C omo profe ssor dc Dircilo daque la unive rsidade , foi de signado para a C asa de R ui Barbosa, no R io de J ane iro. Ao dirigir-se para e ssa cidade , um acide nte na BR -116 tirou-lhe a vida. Sua morte pre matura inte rrompe u uma brilhante carre ira. E ra re conhe cido por se us alunos e cole gas como um profe ssor e x­ tre mame nte compe te nte . E scre ve u livros sobre Dire ito T ributário. M e u pai e stava se mpre às voltas com se us e studos, com o C orre io e com suas causas, mas, nas horas vagas, falava-nos dc sua vida e , pe lo e xe mplo, ia se dime ntando o nosso caráte r. 32* C arlos Albe rto Brilhante Ustra E ncantavam-me as histórias contadas por e le , e ntre e las a sua participação e de um se u irmão, Lupe s, na “Grande M archa” ou “C oluna Pre ste s”, como ficou conhe cida. Um grupo de militare s, e ntre e le s M igue l C osta, Pinhe iro M achado, Sique ira C ampos, J uarcz T ávora, O svaldo C orde iro de F arias e Luís C arlos Pre ste s, che io de sonhos de re formar o Brasil, marchou dc norte a sul do País, com suas file iras e ngrossando e m cada local que passava. J ove ns, se mpre ide alistas, ade ­ riam à marcha e se guiam ce rtos de que se riam “he róis e salvadore s da Pátria”. C ontava me u pai que , ainda solte iro, se rvia no 5oR e gime nto de C avalaria, e m Uruguaiana, como soldado. J unto com e le pre stava se rviço o se u irmão Lupe s Ustra. Ambos, jove ns ide alistas, ade riram à C irande M archa que , se gun­ do se us líde re s, salvaria o País e traria me lhore s condiçõe s sociais para o povo. O s dois e ram inse paráve is. Nos combate s e stavam se mpre lado a lado. C e rto dia, me u pai, doe nte com pne umonia, ficou na re taguarda e me u tio Lupe s pros­ se guiu na vanguarda. Acabou morto e m combate com a Brigada M ilitar - a Polícia M ilitar do R io Grande do Sul, por tradição, chama-se Brigada M ilitar- , no dia 24 de março de 1925, por uma rajada de me tralhadora, longe de casa, na re gião de M aria Pre ta, numa de nsa flore sta ao sul do Paraná. M e u pai, se mpre se lame ntava de não e star naque le dia ao lado do irmão. Aspásia C amargo e Walde r de Góe s, no livro Meio século de combate. diálogo com Cordeiro de Farias, re latam como C orde iro de F arias de scre ve e sse combate : *‘E u havia mandado quase todo o me u De stacame nto para Bar­ racão, re te ndo comigo uns 80 home ns para suste ntar aque la posi­ ção cm M aria Pre ta com uma tropa mais ágil. De rrubamos árvo­ re s e fize mos trinche iras. Vi quando a tropa do C laudino Nune s Pe re ira atrave ssava o R io M aria Pre ta c marchou e m nossa dire ­ ção. F omos atacados c re sistimos o quanto pude mos. E m M aria Pre ta, o companhe iro, que atirava com o único fuzil-me tralhador que possuíamos, caiu morto por cima de mim. T odo e nsangüe nta­ do. Pe gue i sua arma c passe i a atirar.” M e u pai procurou, junto aos militare s da Brigada M ilitar, que haviam parti­ cipado de sse combate , localizar a re gião onde e le morre u. Se gundo e sse s mili­ tare s. após o combale , Lupe s Ustra foi e ncontrado morto, te ndo ao se u lado um outro soldado, cujo nome nunca conse guimos apurar. E le s morre ram e n­ quanto prote giam a re tirada dc se us companhe iros. E m home nage m aos dois soldados que . se gundo o pe ssoal da Brigada M i­ litar, morre ram como he róis, os se pultaram lado a lado, junto aos dois coque i- A ve rdade sufocada - 33 ros que haviam de rrubado e que se rviram como trinche ira. M arcaram cada se pultura com uma cruz. T e mpos de pois, Pre ste s asilou-se na Arge ntina e ade riu ao comunismo. A re volta de me u pai foi grande . O tio Lupe s morre ra e m vão. Das conve rsas mantidas com o pe ssoal da Brigada, me u pai fe z um croquis que pe rmitiu, 20 anos de pois daque le combate , e ncontrar o local onde os cor­ pos foram e nte rrados. E le foi até lá com um outro e x-soldado, que também participara da coluna. R e tiraram os re stos mortais do tio Lupe s e do se u com­ panhe iro e os le varam para Santa M aria. E stão no túmulo da nossa família, no C e mitério M unicipal. E ssas histórias povoaram me us sonhos dc me nino, com a cabe ça re ple ta dc ave nturas. C ome çou aí, cre io e u, a minha motivação de se r militar. E m 1949, com de ze sse is anos, ingre sse i na E scola Pre paratória de C ade ­ te s de Porto Ale gre , a que rida E PPA. E m 25 de agosto de sse me smo ano, numa e mocionante formatura no Parque da R e de nção, com os olhos che ios de lágrimas, fiz o J urame nto à Bande ira Nacional com outros ce m cole gas do prime iro ano. Ne sse dia, re ce bi de minha mãe uma significativa carta, que me e mociona ulé hoje e que a se guir transcre vo. O Dia do Soldado (De dicado ao me u filho C arlos Albe rto) E m todo o Brasil se come mora e m 25 de agosto o Dia do Soldado. Ne sse dia, de sde muito ce do de spe rte i com o toque de alvora­ da. Se ntia alguma coisa dife re nte , uma se nsação e stranha, e o me u coração vibrava com mais força. Passe i sonhando, imagi­ nando e com o pe nsame nto distante . Imaginava a hora do haste ame nto da bande ira, a conce ntra­ ção. o jurame nto à bande ira e o de sfile dos soldados pe las ruas. Assim, passe i toda a manhã de 25 de agosto. Alguém há de dize r: por que se rá que e sta mulhe r hoje sonha e e stá com o pe nsame nto voltado para longe ? E is a re sposta: é que ne sse dia. longe daqui, te nho um filho que e stá jurando à bande ira e , de sde e sta data. e le se rá um dos soldados do nosso que rido Brasil 34- C arlos Albe rto Brilhante Ustra Não se i se todos os coraçõe s de mãe se nte m a me sma se nsa­ ção ne sse dia. mas acre dito que todas se nte m o me smo orgulho no dia e m que vêe m os se us filhos marchando com garbosidade , como soldados. F oi por isso que passe i toda a manhã com o me u pe nsame nto voltado para a E scola Pre paratória de Porto Ale gre , ali onde e sta­ va o me u filho, com o se u uniforme de gala, ao lado de se us cole ­ gas. jurando à bande ira. Ne ssa e scola, onde e stão se pre parando para se re m os futuros oficiais do nosso E xército Brasile iro. Na véspe ra, li nos jornais o programa da fe sta, o lugar da con­ ce ntração, o jurame nto e o de sfile pe las ruas. E ntão, no pe nsa­ me nto, e u via dire itinho e , me u coração palpitava, e m ânsias, por não pode r e star pre se nte , ve ndo de pe rto. C omo muitas mãe s, se ntia não pode r home nage á-los com uma salva de palmas, mas, no íntimo se ntia muito mais. Agora, pre param-se para a Se mana da Pátria, e pe ço a De us que me dê e ssa grande bênção de e star pre se nte ne sse dia, dando a minha salva de palmas ao ve r de sfilando os alunos da E scola de C ade te s, onde e stão o me u filho e mais de 3()0 moços, be m jove ns, moços que e spe ramos se jam os nossos futuros ge ne rais e o orgu­ lho do que rido E xército Brasile iro. O xalá. De us me abe nçoe e . não só e u, como muitas mãe s também possam ne sse dia pre star e ssa home nage m a se us filhos. T ua mãe , C acilda. Santa M aria, 25 de agosto de 1949. E m Porto Ale gre , come ce i a me inte irar me lhor das coisas. Vivia numa capital, longe da “corte ”, mas e ra uma capital. As e stradas e as comunica­ çõe s no Brasil ainda e ram muito pre cárias. As notícias che gavam pe lo rádio ou, atrasadas, pe los jornais, mas chcgavam. Pe la prime ira ve z, come ce i a le r e ouvir alguma coisa sobre política c aí compre e ndi a re volta de me u pai. Soube , com de talhe s, que Luís C arlos Pre ste s - por um pe ríodo, ídolo de me u pai e de me u tio Lupe s - che fiara e m 1935 a I nte ntona C omunista, quando vários quartéis foram atacados. M ais dc 30 militare s, além de ce n­ te nas de civis, foram mortos de forma traiçoe ira, muitos e nquanto dormiam. Passe i o re stante da minha adole scência e m Porto Ale gre e de lá me trans­ fe ri para R e se ndc/R J , como cade te da Acade mia M ilitar das Agulhas Ne gras (AM AN). T rês anos de pois, e m 1954, se ria de clarado aspirante e a saudade do R io C irande me le vou de volta a Santa M aria, para se rvir no R e gime nto A ve rdade sufocada · 35 M alle t. As e stradas de Poito Ale gre a Santa M aria continuavam de te rra e as comunicaçõe s péssimas. Hoje , de pois de tantos anos, pe nsando e m me u pai, e de pois de minha vivência no combate à subve rsão e ao te rrorismo, imagino como tantos jove ns jogaram suas vidas fora, de sde aque la época, fanatizados, se m sabe r, por uma ide ologia e strange ira. Lutando contra irmãos, pe nsando que se riam he róis e que salvariam a Pátria, como me u lio Lupe s imaginava. Hoje , he róis sào os que os usaram e os le varam à morte . E sse s “he róis” continuam vivos e , muito vivos, distorce m a história, tirando prove ito dos fatos para faze r fortuna, conquistar o pode r e dominar o E stado. Ve jo e m me u tio Lupe s Ustra e na Grande M archa as mais re motas motiva­ çõe s que fundame ntam as minhas convicçõe s ide ológicas. “ Não são os povos que preparam as revoluções; preparam-se os povos para fazê-las” (Lenin) E te ntaram pre parar o povo brasile iro, de sde muito ante s de 1935, inte nsifi- cando-se a pre paração a partir da década de 1950. Partido Comunista Brasileiro O prime iro Partido C omunista do Brasil, com a sigla PC B, foi fundado cm 25 de março de 1922. Surgiu como re sultado dos movime ntos sindical e ope ­ rário, motivados pe lo triunfo da re volução comunista na R ússia, cm 1917. C o­ me çou ativo e , me smo na clande stinidade , traduziu e divulgou o Manifesto do Partido Comunista da União Soviética. A téadécadade 1930 re alizou três congre ssos (1922,1925,1928)e lan­ çou o jornal A Classe Operária. Logo de pois, ingre ssou no Kominte m - T e r­ ce ira Inte rnacional ou Inte rnacional C omunista -, criando a sua J uve ntude C o­ munista. O partido incoiporou, ne ssa época, ce rca de mil militante s e e xpe ri­ me ntou um pe ríodo ple no de cre scime nto, infiltrando-se cm quartéis, fábricas c outras instituiçõe s. C ontando com Luís C arlos Pre ste s e m suas file iras, articulou e m 1935 uma fre nte nacional, a Aliança Nacional Libe rtadora (ANL), logo de pois posta na ile galidade . C om o fracasso da Inte ntona C omunista (1935), prime ira te ntativa de to­ mada do pode r pe las armas, alguns de se us líde re s foram pre sos, outros passa­ ram à clande stinidade e o partido foi colocado na ile galidade , situação que pe rdurou até 1945. Ate nde ndo ao chamame nto do Partido C omunista da União Soviética (PC US), ne m as prisõe s, ne m aclande stinidadc, muito me nos a ile ga­ lidade o impe diu de participar de atividade s inte rnacionais, como o apoio aos comunistas na Gue rra C ivil E spanhola e o e nvio de combate nte s para brigadas inte rnacionais, mante ndo, inte rname nte , a infiltração nas e scolas, nos quartéis, nas fábricas e e m organizaçõe s dc trabalhadore s rurais. E m maio de 1943, a Inte rnacional C omunista foi e xtinta, le vando o PC B a se re articulare a apoiar o pre side nte Vargas contra o nazismo. De se ncade ou uma campanha pe la anistia e m favor dos que haviam participado da Inte ntona c iniciou um movime nto pe ia paz mundial, de se nvolve ndo inte nsas atividade s de massa e de organização. E ssa é a tática de se mpre : aprove itar a crise -no caso a Se gunda Gue rra M undial - para, sob o pre te xto de de fe nde r a paz , angariar a confiança e o apoio da população. Ao aproximar-se o término da Se gunda Gue rra M undial, e m 1945, o pre si­ de nte Vargas de cre tou a anistia e le galizou todos os partidos políticos. Graças ao se u trabalho clande stino, o PC B e ra o mais organizado, te ndo, inclusive , uma grande e strutura jornalística, com influência no se io da inte le ctualidade e dos líde re s e studantis. F m nove mbro de sse ano. Pre ste s, se crctário-ge ral do PC B, foi a R e cife para as come moraçõe s do 10° Anive rsário da Inte ntona C omunista. Durante o e ve nto. A ve rdade sufocada · 39 de clarou que e m 1935 pre te nde ra, ape nas, re alizar uma re volução de mocrático- burgue sa. F alse ava a ve rdade , já que a Inte ntona fora plane jada, orie ntada e parcialme nte e xe cutada por age nte s a soldo de M oscou, para implantar um re gi­ me totalitário e m nosso País, como o vige nte na UR SS. Dc 1945 a 1947, prolife raram, oste nsivame nte , na pe rife ria de R e cife e nas cidade s próximas, associaçõe s dc trabalhadore s rurais que e ram doutrinados por me mbros do PC B. E m de ze mbro de 1945, o partido e le ge u 14 me mbros para u Asse mbléia Nacional C onstituinte e Pre ste s foi e le ito se nador. J á no gove rno E urico Gaspar Dutra (jane iro de 1946 a jane iro de 1951), o Brasil rompe u re laçõe s com a UR SS. O PC B foi de clarado novame nte ile gal. M uitos militante s, inclusive Pre ste s, voltaram a agir na clande stinidade . Ne sse ponto, ficou céle bre a de claração dc Pre ste s de que , e m caso de gue rra e ntre o Brasil e a União Soviética, e le lutaria ao lado dos soviéticos. O intcmacionalismo e ra o se u grande farol. E m outubro dc 1949, o Partido C omunista C hinês proclamou a R e pública Popular da C hina. A re volução chine sa foi vitoriosa, e mpre gando militarme nte a tática de ce rcar as cidade s, a partir da luta no campo para, de pois, conquistá- las. E ssa e stratégia influe nciou alguns líde re s do PC B que pe nsaram re produzi- la no Brasil. O sonho da luta armada continuava. O M ST atual te m e ssa me sma e stratégia. E m 1950, o PC B lançou o “M anife sto de Agosto”, re pe tindo o discurso le ito por Pre ste s cinco anos ante s, e m R e cife . De fe ndia a re volução como a única solução para os proble mas brasile iros e conclamava ope rários» campo­ ne se s, mulhe re s, e studante s, soldados, marinhe iros e oficiais das F orças Arma­ das a formar uma F re nte De mocrática de Libe rtação Nacional, re e dição da ANL. E stimulou o povo a pe gar cm armas e propôs a criação do E xército Popular de Libe rtação Nacional. Influe nciados pe la re volução chine sa, alguns militante s do PC B passaram a aluare m Pore catu, norte do Paraná (1950-1951); no T riângulo M ine iro; e na re gião dc T rombas e F ormoso, e m Goiás (1953-1954). E sse s militante s buscavam transformar a luta de posse iros cm núcle os de uma re volução campone sa. E m fe ve re iro de 1956, re alizou-se o XX C ongre sso do PC da União Sovi­ ética (PC US). O sccre tário-ge ral, Nikita Krusche v, apre se ntou um re latório se cre lo abordando dois te mas básicos: o combate ao culto da pe rsonalidade e a política dc coe xistência pacífica, admitindo a concomitância do capitalismo cnmocomumsmn. 40- C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m consonância com o PC US, o PC B aprovou e divulgou a “De claração Política”, que propunha uma nova tática para a ação comunista no Brasil, como e stratégia de longo prazo para a tomada do pode r. E m razão das dive rgências no C omitê C e ntral do PC B quanto à ace itação dos te rmos aprovados na “De claração Política", um grupo de inte grante s da C omissão E xe cutiva, minoritário c mais radical - Dióge ne s Arruda C âmara, J oão Amazonas, Sérgio Holmos e M aurício Grabois foi afastado. C om isso, no início dos anos 60, o partido come çou a se dividir e de u orige m a muitas outras organizaçõe s de e sque rda, que atuariam ante s e de ­ pois de 1964. E m 1961, o Partido C omunista do Brasil passou a chamar-se Partido C omunista Brasile iro, mante ndo a sigla PC B. Substituía o “do Brasil" por “Brasile iro", para mascarar a sua vinculaçãocomo se ção brasile ira dc um partido comunista e strange iro, o Partido C omunista da União Soviética. Ne sse ce nário de line avam-se , clarame nte , dois grupos. A causa da ci­ são foi a que stão da luta armada. J oão Amazonas*, M aurício Grabois*, Pe dro Pomar* e outros e stalinistas de fe ndiam as re soluçõe s do IV C on­ gre sso e se posicionavam a favor da C hina, nas dive rgências com a UR SS. Dióge ne s Arruda C âmara e ra partidário da re volução agrária e dizia se r ne ce ssário de se ncade ar a gue rrilha rural, como o proce sso chinês e , de ­ pois, partir para a gue rrilha urbana e tomar as cidade s. Poste riorme nte , a e stratégia do PC B, de não participar da luta armada, le vou inúme ros militante s a se afastare m do partido, de ntre os quais de staco C arlos M arighe lla, M ário Alve s, J acob Gore nde re Apolôniode C arvalho. E m fe ve re iro de 1962, as rupturas no PC B proporcionaram a criação dc um novo partido comunista, vinculado à linha chine sa, que se autode nomina, de sde e ntão, Partido C omunista do Brasil (PC doB). '‘Articulado por Amazonas, Grabois e Pomar, um prote sto, subs­ crito por uma ce nte na de militante s, e ncampou a argume ntação e de clarou assumir a de fe sa do ve rdade iro Partido C omunista. E m fe ve re iro de 1962, re uniu-se a chamada C onfe rência Nacional E x­ traordinária do Partido C omunista do Brasil, logo conhe cido pe la sigla PC doB. C onsumava-se a cisão e formalizava-se a coe xistên­ cia de dois partidos comunistas, e m nosso País. O PC doB se procla­ mou (c o faz até hoje ) o me smo partido comunista fundado e m l4)22 A ve rdade sufocada - 41 e re organizado e m 1962” (GO R E NDE R , J acob. Combate nas Tre  vas. 5ae dição re vista e ampliada. E ditora Ática, página 38). *J oão Amazonas, M aurício Graboise Pe dro Pomar participaram ativa- me nte da Gue rri I ha do Araguaia. F onte s: - SO UZA, Aluisio M adruga de M oura e . Guerrilha do Araguaia - Revanchismo. - http://www.grande comunismo.hpg.com.br/pcb.htm De Getúlio a Juscelino 1930-1961 Ge túlio Dome le s Vargas, gaúcho de São Borja, bachare l pe la F aculdade de Dire ito dc Porto Ale gre , foi de putado fe de ral e líde r da bancada gaúcha, e ntre 1923 e 1926. E m 1929, candidatou-se à Pre sidência da R e pública na chapa da Aliança Libe ral, de oposição. De rrotado pe lo paulista J úlio Pre ste s e apoiado pe la Ali­ ança Libe ral, não ace itou o re sultado das umas e che fiou o movime nto re volu­ cionário de 1930. E m 1932, e clodiu a R e volução C onstitucionalista, cm São Paulo. O Partido R e publicano Paulista e o Partido De mocrático de São Paulo, unidos, incorporaram um grande núme ro de voluntários, pe gando e m armas contra o gove mo provisório. O movime nto durou três me se s e marcou o início do proce sso da volta à constitucionalização. Gove rnou o País e ntre 1930 e 1934, por me io de um gove rno provi­ sório. Ge túlio Vargas foi e le ito pre side nte da R e pública e m julho de 1934. F oi um pe ríodo de crise s, re voltas e re voluçõe s, que tinham como motiva­ ção proble mas e struturais c sociais, e sse ncialme nte brasile iros. O Partido C omunista Brasile iro (PC B), criado e m 1922, orie ntou as açõe s para lide rar o proce sso re volucionário brasile iro. C omo ve rão ao longo de ste livro, os comunistas se mpre se aprove itaram das crise s para ocupar e spaço, aliciar militante s, doutrinar as massas e divulgar a ide ologia, tudo sob a justi­ ficativa da re de mocrali/.ação, visando à conquista do pode r. Durante o pe ríodo e m que Ge túlio Vargas gove rnou constitucionalme nte o País, surgiu, e m fe ve re iro de 1935, a Aliança Nacional Libe rtadora (ANL), e ntidade infiltrada e dominada pe lo Partido C omunista Brasile iro, para congre ­ gar ope rários, e studante s, militare s e inte le ctuais. O s comunistas de ram prioridade à re volução ope rária e campone sa, ao me smo te mpo que e xortavam a luta de classe s e conclamavam os campone se s à tomada viole nta das te rras. Pre gavam a tomada do pode r pe la luta armada e a instauração de um go­ ve mo ope rário e camponês. E m agosto de 1934, a linha política passou a se r a da insurre ição armada, para de irubar o gove mo e tomar o pode r. Nodia l()de março de 1935, a ANL promove u sua prime ira re união públi­ ca, na cidade cio R io de J ane iro, quando mais de mil pe ssoas ouviram o se u A ve rdade sufocada - 43 programa e aplaudiram a indicação de Luís C arlos Pre ste s, que se e ncontrava na União Soviética, como pre side nte de honra. O fe chame nto da ANL, e m julho de 1935, e a prisão de alguns de se us me mbros pre cipitaram a e closão da re voila comunista (Inte ntona C omunista) e m nove mbro de sse ano. F aze ndo fre nte à re volta inte gralista, e m nove mbro de 1937, Ge túlio Vargas de te rminou o fe chame nto do C ongre sso e outorgou uma nova C onstituição, que lhe confe riu o controle dos pode re s Le gislativo e J udiciário e e xtinguiu os partidos políticos. T al siste ma de gove rno, de nominado E stado Novo, vigorou de 1937 a 1945. R e agindo às agre ssõe s dos submarinos ale mãe s contra a nave gação maríti­ ma coste ira do Brasil, Vargas de clarou gue rra à Ale manha e à Itália, e m 22 de agosto de 1942. C om e fe tivo de 25.334 home ns, a F orça E xpe dicionária Brasile ira (F E B) participou, he roicame nte , das ope raçõe s de gue rra na campanha da Itália, de julho de 1944 a maio de 1945. A F E B te ve 451 mortos e 1.577 fe ridos, faze n­ do 20.573 prisione iros. C om os novos ve ntos da de mocracia, logo após o término da gue rra, Ge tú­ lio Vargas foi de posto, e m 29 de outubro de 1945, por um movime nto político e militar. C om a de posição de Vargas, J osé Linhare s, pre side nte do Supre mo T ribu­ nal F e de ral, assumiu a Pre sidência da R e pública, pre parando as e le içõe s e con­ ce de ndo re gistro ao PC B. E m de ze mbro de 1945 foram re alizadas e le içõe s para pre side nte da R e pú­ blica e para a Asse mbléia Nacional C onstituinte . J osé Linhare s pe rmane ce u no cargo até a posse do pre side nte e le ito, E urico Gaspar Dutra, e m 31 de jane iro de 1946. Dutra, e m 1947, rompe u re laçõe s diplomáticas com a União das R e públi­ cas Socialistas Soviéticas (UR SS) e cassou o Partido C omunista Brasile iro que , novame nte , voltou à clande stinidade . E urico Gaspar Dutra gove rnou de 31 de jane iro de 1946 a 31 de jane iro de 1951, e ntre gando o gove rno para Ge túlio Vargas, que voltou nos braços do povo, e le ito de mocraticame nte . E nvolvido por crise s, após campanhas viole n­ tas contra se u gove rno, suicidou-se no dia 24 de agosto de 1954. Nos de ze sse is me se s se guinte s, três pre side nte s, C afé F ilho, C arlos Luz e Ne ivu de ( )li ve ira R amos, cumpriram mandatos re lâmpagos, ate que , e m 31dc 44- C arlos Albe rto Brilhante Ustra jane iro de 1956, assumiu J uscclino Kubitsche k de O live ira, gove rnando até o final de se u mandato, e m 31 de jane iro de 1961. Se u vice e ra J oão Goulart. O mine iro J usce lino Kubitsche k gove rnou o País sob o slogan “C inqüe nta anos e m cinco”, de se nvolve ndo um piano de me tas que e stimulou o cre scime n­ to da indústria de base e promove u a ampliação do siste ma de transporte s. Inve stiu também na e ducação e a e conomia dive rsificou-se e cre sce u. E m 1957, come çou a construção da nova capital, Brasília, plane jada por O scar Nie me ye r e Lúcio C osta. E m 1960 transfe riu o gove mo para o Planalto C e ntral. Durante o gove mo J K, o Brasil vive nciou confiança e otimismo. J usce lino conciliou os dife re nte s se tore s da socie dade . O s le vante s militare s, ine xpre ssivos, foram contornados com habilidade pe lo pre side nte . E m fe ve re iro de 1956, ofici­ ais da Ae ronáutica re be laram-se cm J acare acanga, no Pará. F ato se me lhante ocorre u e m 3 de de ze mbro dc 1959, e m Goiás. Nos dois casos, as re be liõe s foram rapidame nte de be ladas e os re be lde s anistiados. No plano inte rnacional, e stre itou as re laçõe s com os E UA e criou a O pe ra­ ção Pan-ame ricana. Acordos com o F M I e a dívida e xte rna re sultaram e m arrocho salarial. O mandato de J usce lino che gou ao fim com manife staçõe s de de sconte ntame nto popular, e stimuladas, como se mpre , pe los comunistas no se u trabalho de massas. detúíio l argas, então presitlenie (ht Repùhlica. e Juscelino. govenuulor Je Afituis demis Luís Carlos Prestes e Olga Benário Nos se us prime iros anos, o PC B foi e nvolvido por inúme ras crise s e nào de finiu a sua linha política. M e smo assim, a atividade clande stina de u-lhe re lati­ vo suce sso na infiltração e re crutame nto nas F orças Armadas. E ntre 1924 e 1927, Pre ste s pe rcorre u o Brasil na chamada “C oluna Pre s­ te s” ou “A Grande M archa". E ssa marcha comandada, na re alidade , por M igue l C osta, pre gava a luta armada contra a política viciada da época, obje tivando a de posição do pre side nte Artur Be marde s. A re pe rcussão do movime nto fe z de Pre ste s um dos mais re spe itados líde re s e ntre os te ne nte s. Ne ssa época, e le e ra um re volucionário e m busca de uma ide ologia. O ide alismo do M ovime ntoT e ne ntista (1922-1928), ao longo do te m­ po, foi manipulado. C om isso, o PC B conse guiu a simpatia de militare s como M aurício Grabois, J éffe rson C ardin, Giocondo Dias, Gre gório Be ­ ze rra, Aglíbe rto Vie ira de Aze ve do, Dinarco R e is, Agildo Barata e Luís C arlos Pre ste s. M uitos de sse s voltariam a te r atuação de stacada nos pe ríodos an­ te rior e poste rior à C ontra-R e volução de 1964. No início de 1930, o pre stígio do e ntão capitão Luís C arlos Pre ste s, e xilado na Arge ntina, ainda e ra grande . E m maio de sse ano, come çou a abraçar a idéia de uma re volução agrária e antiimpe rialistae rompe u com se us companhe iros de coluna. Angariou simpatia no me io comunista, e xatame nte pe la sua partici­ pação no movime nto militar que marchou pe lo inte rior do País, nos te mpos do M ovime nto T e ne ntista. E ncontrou, e ntão, uma ide ologia para se u e spírito re vo­ lucionário. E m maio de 1931, de clarou-se , publicame nte , comunista e , e m no­ ve mbro do me smo ano, de se mbarcou na União Soviética, a fim de aprimorar se u doutriname nto político. E m M oscou, fe z curso de lide rança e capacitação marxista-le ninista, se ndo nome ado me mbro do C omitê E xe cutivo do Kominte m. Por transformar-se e m um fanático comunista, de ixando de lado os se ntime ntos nacionalistas. Pre ste s re ce be u do Kominte m a incumbência de che fiar a ação armada no Brasil. O plano de ve ria se r e xe cutado de forma rápida e e ficaz, não dando te mpo ne ce s­ sário ao gove mo para re agir. Pre ste s re tomou ao Brasil, cm 1935, já como pre side nte de honrada Alian­ ça Nacional Libe rtadora. Ve io por Nova York, com o nome de Antônio Vilar e trazia, “de fachada”, como e sposa, M aria Be rgne r Vilar, na ve rdade O lga Be nário. De família judia, O lga nasce u e m M unique , Ale manha. C om quinze anos, filiou-se a uma organização comunista clande stina, passando a faze r parte da J uve ntude C omunista Ale mã. Pre sa, por duas ve ze s, cm sua te rra natal, fugiu 46- C arlos Albe rto Brilhante Ustra para a União Soviética, onde cursou a Acade mia M ilitar da R ússia. T omou- se , na re alidade , uma profissional do se rviço se cre to militar russo, assumindo a Se cre taria de Agitação e Propaganda de sua base ope rária. E xe rce u fun­ çõe s inte rnacionais, com o e ncargo dc e scolhe r novos dirige nte s para a orga­ nização comunista. Usou, e ntre outros, os nome s de Ana Baum, F rie da Wolff Bche re ndt, E ma Kruge r, O lga M e ire l le s, O lga Be gne r e O lga Sine k. E ra e s­ pe cializada e m e spionage m. T re inada para obe de ce r aos che fe s, disciplinada, jamais saindo da linha proposta pe lo partido, foi, ante s de tudo, um fantoche à disposição do E xército Ve rme lho. C umprindo se mpre , ce game nte , as de te rminaçõe s, de ixou se u mari­ do russo B. P. Nikitin, e m de ze mbro de 1934, para acompanhar Pre ste s que voltava ao Brasil. M itificar as figuras de Luís C arlos Pre ste s e O lga, criando um clima de paixão e ntre os dois e apre se ntá-los como he róis brasile iros é inse nsate z, falsi­ dade e cinismo. Pre ste s te ve a incumbência de che fiar a ação armada no Brasil. O plano e ra impulsionar o movime nto ve rme lho na América do Sul. O lga tinha a missão de faze r sua se gurança e , juntame nte com e le , de se ncade ar a re volu­ ção comunista brasile ira. O lga morre u e m um campo de conce ntração nazista, após te r sido de portada do Brasil, no gove rno Vargas. Por ironia do de stino, sua vida te ve fim pe la crue dade de um re gime tão bárbaro quanto aque le para o qual tanto se de dicou. Vive u para se rvir à e xtre ma e sque rda e morre u sob o tacão da e xtre ­ ma dire ita. F onte s: - Jornal Inconfidência - E dição histórica - 27/11/2004 - Be lo Horizonte - E -mail: ginconfi @ve nto,com.hr - SO UZA, Aluísio M adruga de M oura e . Guerrilha do Araguaia - Revanchismo. Intentona Comunista 23/11 a 27/11/1935 E m 11 de julho de 1935, o gove rno Vargas de cre tou a e xtinção da ANL e de outras organizaçõe s dc cunho marxista-le ninista. E mbora se to­ re s mais e sclare cidos da socie dade re agisse m às principais atividade s de se nvolvidas pe los comunistas - infiltração, propaganda c aliciame nto - c o Brasil nào e stive sse pre parado para uma re volução, os dirige nte s da I nte rnacional C omunista não pare ciam se pre ocupar com tais fatos. O Kominte rn e xigia ação. O grupo che fiado por Luís C arlos Pre ste s tinha a missão de implantar no Brasil uma ditadura comunista. O rde ns vie ram de M oscou para que o PC B agisse o mais rápido possíve l. Luís C arlos Pre s­ te s concordou com o de se ncade ame nto do movime nto armado que viti­ mou ce nte nas dc civis e militare s. O s re cursos dc M oscou, para o financiame nto da re volução, e ram de s­ tinados a C e le stino Parave nti, ve lho conhe cido de Pre ste s no C afé Parave nti, na R ua Barão de I tape tininga, e m São Paulo. A polícia, conve ncida de que o dinhe iro vinha pe lo Uruguai, jamais de scobriu. Parave nti re ce bia as re me ssas re gularme nte , por sua conta no Banco F rancês e I taliano. Próspe ro industrial e muito rico, Parave nti mo­ vime ntava grande s somas de dinhe iro e se corre spondia com o mundo inle iro, se m de spe rtar suspe itas. O movime nto de ve ria e clodir, simultane ame nte , no R io dc J ane iro, R io Grande do Norte e Pe rnambuco. Por e rro de inte rpre tação de um código, a insurre ição come çou, pre ­ maturame nte , no dia 23 de nove mbro de 1935, e m Natal, quando dois sarge ntos, dois cabos e dois soldados do 21° Batalhão de C açadore s (2 I oBC ), ce rca de 300 home ns da e xtinta Guarda C ivil c poucos civis assumiram o controle da cidade . F oram três dias e três noite s de violência c te rror. Saque s, e stupros e arrombame ntos foram a tônica das açõe s de se ncade adas pe los re voltosos. "Ve ncida a re sistência da polícia, a cidade ficou à me rcê de uma ve rdade ira malta que . acéfala, passou a saque ar de sorde na­ dame nte os e stabe le cime ntos come rciais e bancários. Na manhã de 24. sob a ale gação de te r sido aclamado pe lo povo, um incipie nte "('omitê Popular R e volucionário” e ra dado como gove rno institu­ ído e e ntrava e m ple no e xe rcício de mandato. O prime iro ato de s­ se comitê foi aorde m de arrombame nto dos cofre s dos bancos. 48- C arlos Albe rto Brilhante Ustra das re partiçõe s fe de rais e das companhias particulare s para fi­ nanciar a re volução." {Jornal Inconfidência - Be lo Horizonte : 27/11/2004 - Grupo Inconfidência - E -mail: ginconfi@ve nto.com.br) O gove rnador do R io Grande do Norte re fugiou-se no C onsulado Italiano e o C onsulado C hile no re ce be u outras autoridade s. A re be lião foi de be lada, de pois de quatro dias, pe la polícia da Paraíba, junlame nte com o 20° Batalhão de C açadore s (20°BC ) de Alagoas. O s re voltosos foram pre sos e re sponde ram, pe rante a J ustiça, por 20 morte s. E m Pe rnambuco, o movime nto te ve início dia 24 de nove mbro, pe la manhã, quando um sarge nto, comandando um grupo dc civis, invadiu a C ade ia Pública e roubou o armame nto dos policiais. No C e ntro de Pre paração de O ficiais da R e se rva, o sarge nto Gre gório Be ze rra, na te ntati va de roubar o armame nto do quarte l, fe ri u o te ne nte Aguinaldo O live ira de Alme ida e assassinou o te ne nte J osé Sampaio Xavie r. O s re voltosos te ntaram tomar o Quarte l Ge ne ral da 7aR e gião M ilitar e outras unidade s do E xército, mas não o conse guiram, porque a ante cipação do movime nto e m Natal pre judicou a surpre sa e colocou a guarnição fe de ral e m ale rta. As De le gacias de Polícia de O linda, T orre e C asa Amare la também foram atacadas por ce nte nas de civis e alguns re voltosos. A re ação partiu do 29° Batalhão de C açadore s (29°BC ), e m Socorro, a 18 km de R e cife , auxiliado pe las forças fe de rais de Alagoas e Paraíba e pe la Polí­ cia M ilitar de Pe rnambuco. E sse foi o mais sangre nto dc todos os le vante s. O núme ro de mortos che gou a algumas ce nte nas. O historiador Glauco C arne iro e m Histórias das Revoluções Brasileiras, volume II, página 424, e scre ve u: "... dos três le vante s comunistas de 1935, foi ode Pe rnambuco o mais sangre nto, re colhe ndo-se 720 mortos só na ope ração na fre nte de R e cife ." E m 26 de nove mbro, o pre side nte Vargas, cie nte da gravidade da situação, de cre tou o e stado de sítio e m todo o País, após autorização do C ongre sso Nacional. No R io de J ane iro, a insurre ição e clodiu no mome nto marcado, dia 27 dc nove mbro, às duas horas da madrugada, na E scola dc Aviação, no C ampo dos Afonsos. A ve rdade sufocada · 49 Se gundo o plano, dominada a E scola de Aviação, as céiulas comunistas de outros quartéis de ve riam se insurgir, e nquanto Pre ste s daria orde ns aos civis, aliciados pe lo Partido C omunista, para come çar os combate s de rua. Ape sar da rigorosa prontidão militar, a ação dos re voltosos, comandados pe los capitãe s Aglibe rto Vie ira de Aze ve do e Sócrate s Gonçalve s da Silva, te ve êxito, inicialme nte na E scola de Aviação. O te ne nte -corone l E duardo Gome s, que fora fe rido, re sistiria he roicame nte no IoR e gime nto de Aviação. O comandante da Guarnição da Vila M ilitar, ge ne ral-de -brigada J osé J oaquim de Alme ida, de se ncade ou, rapidame nte , a re ação, controlando o le vante . O capitão Armando de Souza M e lo e o te ne nte Danilo Paladini foram mor­ tos pe lo capitão Aglibe rto Vie ira de Aze ve do e pe lo te ne nte Ivan R amos R ibe i­ ro. O me smo capitão Aglibe rto assassinou também o te ne nte Be ne dicto Lope s Bragança, de pois de pre so e de sarmado. No R io de J ane iro, no 3oR e gime nto de Infantaria (3°R 1), na Praia Ve rme ­ lha, o capitão Agildo Barata R ibe iro, que e stava pre so no Quarte l, auxiliado pe lo te ne nte F rancisco Antônio Le ivas O te ro, aliciara inúme ros militare s, for­ mando uma célula comunista e ntre os oficiais e praças da unidade . Portanto, foi fácil para e le s iniciar a re be lião na hora marcada. Às duas horas da manhã, apagaram-se as luze s. A e scuridão favore ce u os amotinados que , assim, não podiam se r ide ntificados. O tirote io foi inte nso e alguns militare s que se opu­ nham aos comunistas morre ram ainda dormindo. A ação de te rminada dos capitãe s Ale xânio Bitte ncourt e Álvaro da Silva Braga impe diu o suce sso comunista no Quarte l da Praia Ve rme lha. Pe la manhã do dia 27 de nove mbro, o 3°R I e stava ce rcado pe lo Batalhão de Guardas (BG), pe lo 2oBatalhão de C açadore s (2oBC ) e pe lo 10Grupo dc O buse s. Às 13 horas, ate nde ndo a uma intimação do ge ne ral E urico Gaspar Dutra, os re be lde s se re nde ram. O movime nto, se vitorioso, te ria duas fase s. Na prime ira, se ria organizado um gove rno popular de coalizão. Na se guinte , viriam os sovie te s, o E xército do Povo e a he ge monia dos comunistas. De rrotados, mudaram o e stilo, a técnica e a forma de atuar, mas não se afastaram, jamais, dos se us de sígnios de implantar no Brasil um gove rno mar- xista-le ninista. C omo a dire ção do PC B não fora atingida, e la continuaria a agir, na clan­ de stinidade e de forma mais caute losa, visando à instituição de um Gove rno Popular Nacional R e volucionário. Na Praça Ge ne ral T ibúrcio, na Praia Ve rme lha, R io de J ane iro, foi e rguido um monume nto e m home nage m aos mortos pe los comunistas, e m 27 de no­ ve mbro dc 1l>35. 50- C arlos Albe rto Brilhante Ustra R e lação dos oficiais, sarge ntos, cabos e soldados do E xército Brasile iro mortos pe los comunistas: Abdie l R ibe iro dos Santos - 3osarge nto Albe rto Be rnardino de Aragão - 2ocabo Álvaro de Souza Pe re ira - soldado Armando de Souza M e llo - major Be ne dicto Lope s Bragança - capitão C lodoaido Ursulano - 2ocabo C oriolano F e rre ira Santiago - 3osarge nto Danilo Paladini - capitão F ide lis Batista de Aguiar - 2ocabo F rancisco Alve s da R ocha - 2ocabo Ge naro Pe dro Lima - soldado Ge raldo de O live ira - capitão Gre gório Soare s - 3osarge nto J aime Pantale ão de M orae s - 2° sarge nto J oão de De us Araújo - soldado J oão R ibe iro Pinhe iro - major J osé Be rnardo R osa - 2osarge nto J osé He rmito de Sá - 2ocabo J osé M ário C avalcanti - soldado J osé M e ne ze s F ilho - soldado J osé Sampaio Xavie r - Iote ne nte Laudo Le ão de Santa R osa - I ote ne nte Lino Vitor dos Santos - soldado LuizAugustoPe re ira- l°cabo Luiz Gonzaga - soldado M anoe l Alve s da Silva - 2ocabo M anoe l Biré de Agrclla - 2ocabo M isae l M e ndonça - te ne nte -corone l O rlando He nrique - soldado Pe dro M aria Ne tto - 2ocabo Péricle s Le al Be ze rra - soldado Waite r de Souza e Silva - soldado Wilson F rança - soldado E m 1989, a filha do capitão Danilo Paladini de u o se guinte de poime nto: “Vi, tive e m mãos, cuidadosame nte guardada para mim por minha màe , a farda que me u pai ve stia quando foi morto. Ali e sta­ va nítida, a marca do tiro que pe las costas lhe pe ne trara o pulmão, saindo pe lo coração.” As famílias dos mortos pe los comunistas, tanto civis como militare s, jamais re ce be ram qualque r inde nização. A família de Luís C arlos Pre ste s, que te ve a pate nte de capitão cassada, e m abril de 1936, por te r lide rado a Inte ntona C omunista, foi inde nizada pe la C o­ missão de Anistia e re ce be a pe nsão e quivale nte ao posto de ge ne ral-de -briga- da, ale m de R S 180.000,00 de atrasados, se gundo O Globo de 20/05/2005, Iapágina. As famílias dos vitimados pe los se guidore s de Pre ste s não tive ram trata­ me nto se me lhante do atual gove mo. As pe nsõe s não são as corre sponde nte s aos postos que e le s alcançariam se não tive sse m sido assassinados no cumpri­ me nto do de ve r. A ve rdade sufocada · 51 F onte s: - Agência E stado. Ae data - William Waack. - SO UZA, Aluísio M adruga dc M oura e . Guerrilha do Araguaia - Revanchismo. Olga Benário e Luís Carlos Prestes 52- C arlos Albe rto Brilhante Ustra Tropa do Exército assalta o quartel do 3o RI. dominado pelos comunistas, n,i l*rum I'vrmelha A ve rdade sufocada - 53 Honras fúnebres aos militares mortos em combate com os comunistas Monumento l otivo. cm homenagem aos militares mortos no combate aos revoltosos, eryunh· na t*raut Wnnetha RJ “Tribunal Vermelho e os “justiçamentos” do PCB Se gundo a e sque rda radical, re volucionário comunista nào é assassino. O s assassinatos de pe ssoas - inclusive de se us companhe iros de partido - são cha­ mados de “justiçame ntos”, fe itos e m nome da “libe rdade e da de mocracia”. E m nome de sse s valore s distorcidos, um “T ribunal Ve rme lho”, composto às ve ze s por duas ou tre s pe ssoas, julgava, sumariame nte , todos os que de se javam aban­ donar as file iras da organização, de siludidos com a ide ologia, ou aque le s que se tomavam suspe itos de uma possíve l de lação. O s “juize s” de sse tribunal varia­ vam de acordo com o contato com as v ítimas. A partir de 1934, os comunistas pe rpe traram crime s com re quinte s de pe rve rsidade , e m nome de sua ide ologia, para e liminar não só os re pre se ntante s da le i que os combatiam, mas, também, para justiçar alguns de se us próprios companhe iros. O s "justiçame ntos”, abaixo re lacionados, suge re m que muitos outros po­ de m te r sido come tidos, se m que se us autore s e suas vítimas che gasse m ao conhe cime nto público. Tobias Warchavski -1934 T inha 17 anos e cursava a E scola Nacional de Be las Arte s. Iludido com os ape los comunistas e usando o nome falso de C arlos F e rre ira, abandonou sua casa e passou a re sidir com Walte r F e rnande s da Silva. Ambos e ram militante s da J uve ntude C omunista. E m outubro dc 1934, se u cadáve r foi e ncontrado, se m docume ntos, e m local e rmo, já e m de composição, com a cabe ça se parada do corpo. R e colhi­ do ao IM L, foi e ncontrado pe los familiare s some nte 15 dias de pois. T obias foi re conhe cido por sua mãe , com o auxílio do de ntista da família. O PC B difundiu, na época, a notícia de que e le , muito afoito na pre gação de sua ide ologia, fora de scobe rto e morto pe la polícia. C om as prisõe s de 1935 a ve rdade surgiu. O famige rado “tribunal” o conde nara à morte e o e xe cutara. Se us juize s foram Honório de F re itas Guimarãe s, Pascácio R io de Souza, Vice nte Santos e Guilhe rme M acário J olle s ou J an J olle s. T obias foi atraído a uma e mboscada. Ao pe rce be r que se ria morto, ajo­ e lhou-se e pe diu que lhe poupasse m a vida. Walte r F e rnande s da Silva, ante o de se spe ro do companhe iro de quarto, te ntou salvá-lo, implorando que o poupasse m. De nada adiantou. Adolfo Barbosa Bastos acionou o re vólve r. A ve rdade sufocada - 55 Participante s do assassinato: Vice nte Santos; Adolfo Barbosa Bastos; Walte r F e rnande s da Silva (o companhe iro de quarto e amigo de T obias). Walter Fernandes da Silva -1935 Ao te ntar salvar o amigo, passou a se r suspe ito. O fatídico “T ribunal Ve r­ me lho” de cidiu que e le de ve ria afastar-se do local do crime , para nào le vantar suspe itas. Walte r cumpriu as orde ns do partido e viajou para R e cife , onde , alguns dias de pois, apare ce u morto na Praia do Pina. Bernardino Pinto de Almeida-“Dino Padeiro” - 1935 Acusado de traição, por Honório de F re itas Guimarãe s, foi julgado e conde nado pe lo “T ribunal Ve rme lho”. O se cre tário-ge ral do partido, na épo­ ca “M iranda”, e Luiz C upe lo C olônio atraíram-no a uma e mboscada. “Dino” le vou uma coronhada e quatro tiros. Sobre vive u à ação e re latou a te ntativa dc assassinato. Afonso José dos Santos - 1935 O ‘T ribunal Ve rme lho” do PC B, já na clande stinidade , de pois da de rrota da Inte ntona C omunista, julgou-o, conde nando-o à morte . E xe cutor: J osé E mídio dos Santos, me mbro do C omitê E stadual do PC B do R io de J ane iro. F oi, ao me smo te mpo, de lator e e xe cutor da se nte nça. Some nte e m 1941 o crime foi e sclare cido. Elvira Cupelo Colônio ou El/a Fernandes -1936 O irmão de E lvira, Luiz C upe lo C olônio, e ra me mbro do PC B e costuma­ va le var os companhe iros para re uniõe s e m sua casa. E lvira, uma me nina de 16 anos, e ncantava-se com os discursos do che fe do grupo, o se cre tário- gcral do Partido C omunista do Brasil (PC B), Antônio M acie l Bonfim, o “M iranda”. E m 1934, tomou-se amante dc “M iranda”, que também usava o nome falso de Albe rto F e rnande s e passou a se r conhe cida como “E lza F e rnande s” ou “Garota”. Quando e la foi morar com o amante , se u irmão imaginou a oportunidade de proje tasse no partido. C om o fracasso da I nte ntona, cm jane iro de 1936, “M iranda” e “E lza” foram pre sos cm sua re sidência. A polícia logo concluiu que “Garota” pouco pode ria acre sce ntar ao de poime nto de “M iranda”. F oi solta por se r me nor. 56- C arlos Albe rto Brilhante Ustra Logo de pois, vários outros me mbros do PC B foram pre sos e as suspe itas re caíram sobre e la. J ulgada pe lo “T ribunal Ve rme lho”, os “juize s”, pre ssionados pe lo pare ce r dc Luís C arlos Pre ste s, de cidiram conde ná-la à morte . Autore s da e xe cução: E duardo R ibe iro Xavie r - “Abóbora”; Honório de F re itas Guimai-e s - “M ilionário”; Ade lino De ycola dos Santos - “T ampinha”; F rancisco Natividade Lira - “C abe ção”; e M anoe l Se ve rino C avalcanti - “Gaguinho” E lvira ou E lza foi e nte rrada no quintal da casa onde fora assassinada. Anos de pois, se u irmão e xumou o cadáve r e e scre ve u a “M iranda”, o amante de sua irmã, o se guinte bilhe te : “R io, 17/04/40 M e u caro Bonfim Acabo de assistir à e xumação do cadáve r de minha irmã E lvira. R e conhe ci ainda a sua de ntadura e se us cabe los. Soube também da confissão que e le me ntos de re sponsabilidade do PC B fize ram na polícia de que haviam assassinado minha irmã E lvira. Diante disso, re ne go o me u passado re volucionário e e nce rro as minhas atividade s comunistas. Do te u se mpre amigo, Luiz C upe lo C olônio” Maria Silveira - “Neli” - 1940 E lizário Alve s Barbosa e M aria Silve ira, “Ne li”, e ram namorados e , tam­ bém, militante s do PC B. R e sidiam e m São C arlos,SP. Acabado o namoro, E lisário acusou-a dc não me re ce r mais a confiança do partido. O “T ribunal Ve rme lho” conde nou-a à morte , no R io de J ane iro. Participante s: R icarte Sarrun; Antônio Vitor da C ruz; e Antônio Aze ve ­ do C osta. Para e xe cutar a se nte nça, usaram o táxi de Domingos Antune s Aze ve do, “Paulista”. No local, F lore sta da T ijuca, e spe ravam Dioce sano M artins e Danie l da Silva Vale nça. Domingos Antunes Azevedo - “Paulista” - 1941 Pre ocupado com a possíve l de scobe rta do assassinato de “Ne li”, o “T ribunal Ve rme lho” de cidiu e liminar o motorista de táxi que transportou se us e xe cutore s. Participante s: Antônio Vitor da C ruz; Antônio Aze ve do C osta; Dioce sano M artins; e Danie l da Silva Vale nça. Dioce sano M artins de sfe chou três tiros e m Domingos Antune s Aze ve do. O cadáve r foi atirado à marge m da e strada. F onte s: - AUGUST O , Agnaldo De l Ne ro. A Grande Mentira. - Bibliote ca do E xér­ cito E ditora, 2001. - DUM O NT , F . Recordando a História - Os crimes do PCB. í www.te muma.com.br). •Jornal Inconfidência. Be lo Horizonte (ginconfi@ve nto.com.br). A ve rdade sufocada · 57 Antônio Maciel Bonfim - “Miranda” e Elvira Cupelo Colônio - *Garota” Governo J ânio Quadros 31/01/1961 a 25/08/1961 E m 3 de outubro de 1960, J ânio Quadros foi e le ito pe la UDN (União De ­ mocrática Nacional) e pe lo PDC (Partido De mocrático C ristão) com 48% dos votos, e mpunhando a bande ira da moralidade administrativa, da auste ridade e da hone stidade no trato da coisa pública. O vice e le ito foi J oão Goulart (J ango), candidato da chapa de oposição. A conquista de se is milhõe s de votos c o apoio massivo de variados se tore s da socie dade le varam muitos a pe nsar que J ânio re solve ria as crise s e conômi­ cas e políticas do Brasil. J ânio e ra advogado e profe ssor de Português. Nasce u e m C ampo Grande / M S e transfe riu-se para São Paulo, onde iniciou sua be m-suce dida carre ira política. F oi ve re ador, de putado e stadual, pre fe ito da capital e gove rnador do E stado de S. Paulo. Na campanha para a Pre sidência, populista, tinha como le ma: “A vas­ soura contra a corrupção”. E ra uma figura bizarra. E ntre um comício e outro, comia sanduíche de mortade la e pão com banana, que tirava dos bolsos. Ve stia roupas surradas, usava cabe los longos e tinha caspas pe los cabe los e ombros. Durante a campanha, le vava se mpre uma vassoura. C om e ssa image m folclórica e discurso moralista, e ncantava as massas. E mpossado, se mpre de spachava por me io de bilhe te s aos ministros e ou­ tras autoridade s. J ânio fe z fama de e xcêntrico, autoritário e antide mocrático. E ntre suas re alizaçõe s, de svalorizou o C ruze iro (moe da da época), re duziu os subsídios às importaçõe s de produtos como o trigo e a gasolina, o que e le vou o pre ço do pão e dos transporte s. R e primiu os movime ntos campone se s e e studan­ tis e e xe rce u forte controlcsobre os sindicatos. Proibiu o uso do biquíni, re stringiu as corridas de cavalo aos domingos, combate u as rinhas de galo, pre gou contra o hipnotismo e de te rminou que os traje s do tipo safári fosse m adotados como uni­ forme e m re partiçõe s públicas. Se u gove rno te ve baixa popularidade e frágil apoio partidário, pois se re sse ntia de uma base sólida de apoio político, j á que no C ongre sso Na­ cional os partidos opositore s, o PT B e o PSD, constituíam a maioria par­ lame ntar. Para comple tar o quadro, e nfre ntava a oposição ce rrada do e ntão gove rna­ dor do E stado da Guanabara, C arlos Lace rda. Uma ce rta simpatia pe lo re gime comunista cubano, instaurado após a re vo­ lução tie F ide l ('astro, e m 1959, le vou-o a conde corar o e ntão ministro da A ve rdade sufocada · 59 E conomia de C uba, E me sto C he Gue vara, com a O rde m do C ruze iro do Sul, oque também re pe rcutiu ne gativame nte . A conjugação de sse s fatore s o te ria conduzido, se te me se s de pois de e mpossado, a re nunciar, e m 25 de agosto de 1961. E m sua carta de re núncia, e nviada ao C ongre sso, ale gou que “forças te rrí­ ve is" o te riam pre ssionado a tomar tal atitude . Na ocasião, se u vice , J oão Goulart, e ncontrava-se e m viage m à C hina. O s e studiosos conside ram que J ânio Quadros, se ntindo-sc e nfraque cido, e spe rava, com sua atitude , fortale ce r-se politicame nte . Se us obje tivos e ram be m mais ambiciosos. O pre side nte acre ditava que o C ongre sso não ace itaria »cu pe dido de re núncia. Assim, e le voltaria nos braços do povo, fortale cido e com amplos pode re s para gove rnar. No e ntanto, ao contrário do que e spe rava, assumiu inte riname nte a Pre - «idência da R e pública, na ausência do vice , o de putado R anie ri M azzilli, pre side nte da C âmara dos De putados, gove rnando de 25/08/1961 a 07/ 09/1961. M e nsage m da re núncia do Sr J ânio Quadros “F ui ve ncido pe la re ação e , assim, de ixo o gove mo. Ne ste s se te me se s cumpri o me u de ve r. T e nho-o cumprido dia e noite , traba­ lhando infatigave lme nte se m pre ve nçõe s ne m rancore s. M as balda­ ram-se os me us e sforços para conduzir e sta Nação pe lo caminho de sua ve rdade ira libe rtação política e e conômica, o único que pos­ sibilitaria progre sso e fe tivo e a justiça social a que te m dire ito o se u ge ne roso povo. De se je i um Brasil para os brasile iros, afrontando ne ste sonho a corrupção, a me ntira e a covardia que subordinam os inte re sse s ge rais aos ape tite s e às ambiçõe s de grupos ou indivídu­ os, inclusive do e xte rior. Sinto-me , porém, e smagado. F orças te rrí­ ve is le vantam-se contra mim e me intrigam ou infamam até com a de sculpa da colaboração. Se pe rmane ce sse , não mante ria a confi­ ança e a tranqüilidade ora que bradas e indispe nsáve is ao e xe rcício da minha autoridade . C re io, me smo, não mante ria a própria paz pública. E nce rro assim com o pe nsame nto voltado para nossa ge n­ te , para os e studante s e para os ope rários, para a grande família do país, e sta página de minha vida e da vida nacional. A mim não falta a corage m de re núncia. Saio com um agrade cime nto e um ape lo. O agrade cime nto é aos companhe iros que comigo lutaram e me siistcnlaram de nlro e Ibra do gove rno, e de forma e spe cial às 60- C arlos Albe rto Brilhante Ustra F orças Armadas, cuja conduta e xe mplar, cm todos os instante s, pro­ clamo ne sta oportunidade . O ape io no se ntido da orde m, do congra- çame nto, do re spe ito e da e stima de cada um dos me us patrícios, para todos, de todos, para cada um. Some nte assim se re mos dignos de ste País e do mundo. Some nte assim se re mos dignos da nossa he rança e da nossa pre de stinação crista. R e tomo agora ao me u trabalho de advogado c profe ssor. T rabalhe mos todos. Há muitas formas de se rvir nossa Pátria. Brasília, 25 de agosto de 1961 - (a.) J ânio Quadros.*' A Nação, atônita, a tudo assistiu, inconscie nte e , novame nte , vítima inde fe sa da ação dos comunistas, que viram no mome nto político e xce le nte oportunida­ de para incre me ntar se u trabalho de massas. O s aconte cime ntos, sob a ótica dos comunistas, se m dúvida, que imavam- lhe s e tapas no rumo do pode r. E le s e stavam à vontade e tinham toda razão para pe nsar assim. O “de te rminismo histórico” dos conce itos marxistas pare cia re alidade inque stionáve l. Juscelino e Jango durante a posse de Jânio Quadros na Presidência da República Governo J oão Goulart 07/09/1961 a 31/03/1964 J oão Be lchior M arque s Goulart, “J ango”, advogado, natural de São Borja,R S, iniciou suas atividade s políticas e m 1946, no Partido T raba­ lhista Brasile iro (PT B). E le ito de putado e stadual, no pe ríodo de 1946-1950, e de putado fe ­ de ral, e m 1951, foi também ministro do T rabalho Indústria e C omércio no gove rno Ge túlio Vargas. C andidatou-se ao Se nado, e m 1954, mas foi de rrotado. F oi vice -pre side nte da R e pública no gove rno J usce lino Kubitsche k e , por força de dispositivo constitucional, pre side nte do Se ­ nado (1956-1961). E m 1960, re e le ge u-se vice -pre side nte da R e pública, concorre ndo na chapa dc oposição ao candidato da União De mocrática Nacional (UDN), J ânio Quadros. C om a re núncia dc J ânio e por e star e m viage m à C hina, viu o pre side n­ te da C âmara dos De putados, R anie ri M azzilli, assumir a Pre sidência da R e pública, conforme pre via a C onstituição vige nte . Ne ssa ocasião, os ministros militare s de J ânio, ge ne ral O dylio De nys, da Gue rra; brigade iro Grüm M oss, da Ae ronáutica; e o almirante Sílvio Hcck, da M arinha, te ntaram impe dir, se m suce sso, a posse de J ango. F oi constituída uma J unta M ilitar, composta pe los três. O s tre ze dias que se se guiram foram de muita te nsão. A re cusa a um gove r­ no che fiado por Goulart re pre se ntava a re pulsa ao populismo e ao “varguismo”. Kmalguns lugare s, foram iniciados movime ntos para e mpossar J ango na Pre si­ dência da R e pública. O R io Grande do Sul foi o ponto-chave da re ação e m apoio a J ango. Le o­ ne l Brizola, gove rnador do e stado, cunhado de Goulart, manife stou-se e m de ­ fe sa da posse e iniciou inte nsa campanha de mobilização popular com o apoio da impre nsa e das rádios gaúchas, criando a “C ade ia da Le galidade ”, que ope ­ rava com 104 e missoras da re gião. A solução para a crise foi a mudança do siste ma de gove mo, aprovada pe lo C ongre sso Nacional, e m 2 de se te mbro, por me io da E me nda C onstituci­ onal n° 4, que instalou o re gime parlame ntarista no Brasil. F inalme nte , J oão Goulart foi e mpossado na Pre sidência da R e pública, e m 7 de se te mbro de 1961, sob o re gime parlame ntarista, aprovado às pre ssas pe lo Se nado, para re solve r a grave crise político-militar de se ncade ada. T inha como prime iro-ministro T ancre do Ne ve s - 07/09/1961 a 26/06/1962. ()s anos se guinte s foram marcados, ininte rruptame nte , por conflitos polí­ ticos e sociais. E m parte , o de sgove rno re fle tia a pe rsonalidade dúbia de J oão ( ioulart. Sc dc dia anunciava as re formas plane jadas “na base do e strito 62- C arlos Albe rto Brilhante Ustra re spe ito à C onstituição”, à noite , pre ssionado por outras opiniõe s, anunciava se u propósito de fazê-las “na le i ou na marra”. Gre ve s e mais gre ve s, algumas criadas no próprio M inistério do T rabalho, se suce diam pe lo País. Bancos, e scolas, hospitais, se rviços públicos, transporte s, tudo e ra paralisado. As filas para compra de alime ntos e ram inte rmináve is. F altavam gêne ros alime ntícios de prime ira ne ce ssidade . A inflação e ra galopante . J ango re atou re laçõe s diplomáticas com a UR SS, rompidas no gove mo Dutra, e foi contrário às sançõe s impostas a C uba. R e alizou um gove mo con­ traditório. E stre itou alianças com o movime nto sindical e te ntou imple me ntar uma política dc e stabilização, base ada na conte nção salarial. De te rminou a re ­ alização das chamadas re formas de base : re formas agrária, fiscal, e ducacional, bancária e e le itoral, condiçõe s e xigidas pe lo F M I para a obte nção de novos e mpréstimos e para a re ne gociação da dívida e xte rna. Para e le , e las e ram ne ­ ce ssárias ao de se nvolvime nto de um “capitalismo nacional progre ssista”. Limitou a re me ssa de capital para o e xte rior e nacionalizou e mpre sas de comunicação. A oposição ao gove mo aume ntou com o anúncio de ssas me didas. J ango pe rde u suas base s e , para nào se isolar, re forçou as alianças com Le one l Brizola, se u cunhado e de putado fe de ral pe la Guanabara, com a UNE e com o Partido C omunista Brasile iro que , ape sar de clande stino, mantinha forte atuação nos movime ntos e studantil e sindical. A atuação das organizaçõe s subve rsivas e ra grande . E m 18 de nove mbro de 1961, uma de le gação de comunistas brasile iros e nviada ao XXII C on­ gre sso do Partido C omunista da União Soviética foi re ce bida no Kre mlin por dirige nte s russos. Lá, Luís C arlos Pre ste s e se us se guidore s re ce be ram ins­ truçõe s para o pre paro político das massas ope rárias e campone sas e para a montage m da luta armada no Brasil. No início de 1962, os comunistas conquistaram o domínio da UNE e da Pe trobrás. O VI C ongre sso dos F e rroviários mostrou o níve l de infiltração comunista no se tor de transporte s. Um comando unificado orie ntava e conduzia as açõe s dos rodoviários, fe rroviários, marítimos e ae roviários. O jomal oficial do Partido C omunista Brasile iro circulava, diariame nte , com artigos audaciosos. As vitórias da União Soviética no plano inte rnacional e sti­ mulavam a ace le ração do proce sso re volucionário no Brasil. E m fe ve re iro de 1962, o Partido C omunista do Brasil (PC doB), disside n­ te do PC B e re cém-criado, organizou-se e passou a de fe nde r a luta armada como instrume nto para a conquista do pode r, se guindo o conce ito chinês da “gue rra popular prolongada”. A ve rdade sufocada · 63 A te nsão social e m j unho de 1962 e ra dramática. A e xcitação popular atin­ giu o auge e m C axias-R J , e m 5 de julho, com a gre ve no se tor pe trolífe ro, com e xpre ssivos pre juízos para o Brasil. O movime nto gre vista cre scia dia-a-dia. O C omando Ge ral dos T rabalha­ dore s (C GT ), criado e m 5 de julho de 1962, apre se ntou nume rosas e xigências, ame açando com uma gre ve ge ral. O movime nto ope rário le vantou a bande ira da luta por um novo pode r: a gre ve política. O C GT e mitia manife stos e instruçõe s com as dire trize s do Partido C omu­ nista Brasile iro. E m 14 de se te mbro, de flagrou nova gre ve ge ral pe la ante cipa­ ção do ple biscito para consulta popular sobre o siste ma de gove mo. O movi­ me nto gre vista paralisou, quase totalme nte , a Nação e de clarou, e m manife sto, que a vitória comunista e stava próxima. ‘vO s sinais de conspiração janguista podiam se r vistos por toda a parte , se gundo J úlio M e squita F ilho. O próprio gove mo orie nta­ va as gre ve s que se suce diam e ince ntivava a que bra da hie rar­ quia militar, apoiando os sarge ntos e marinhe iros e m re be lião con­ tra se us supe riore s. No me io da suce ssão de crise , Luís C arlos Pre ste s che gou a dize r publicame nte que os comunistas já e stão no gove mo e mbora ainda não no pode r.” (O Estado de S. Paulo - cade rno 2 - “T raje tória de um libe ral movido pe lo amor ao País" - 12/07/1999). A disciplina militar se de te riorava rapidame nte . Havia insatisfação e dive r­ gência nos quartéis. Alguns militare s aliaram-se à subve rsão e procuraram le vá- la para o inte rior dos quartéis. E m março de 1962, a Associação dos M arinhe iros e F uzile iros Navais do Brasil foi fundada e tomar-se -ia mais um ce ntro de agitação comunista. O E xército e ra constante me nte atacado pe la impre nsa comunista, particu­ larme nte pe las atividade s contra as Ligas C ampone sas. A pre gação comunista tomava-se franca e abe rta. Pre parava-se o povo para faze r a re volução. A e sque rda ale gava que as dificuldade s do País não provinham das açõe s fracas do pre side nte , mas, sim, dos proble mas acarre tados pe lo re gime parla­ me ntarista. A re vogação do parlame ntarismo, após um ple biscito nacional, e m 6 de jane i­ ro de 1963, le vou J oão Goulart a assumir o gove mo com todos os pode re s do re gime pre side ncialista. No e ntanto, isso mostrou que , com mais pode re s, o pre ­ side nte some nte de u curso a maiore s de sorde ns. C re scia a agitação política. 64- C arlos Albe rto Brilhante Ustra Na e sque rda, apoiando J ango, e stavam organizaçõe s como a União Naci­ onal dos E studante s (UNE ), o C omando Ge ral dos T rabalhadore s (C GT ), os Partidos C omunistas, as Ligas C ampone sas e outras. O PC B e ra o núcle o dominante das de cisõe s e se guia a orie ntação ditada pe lo C omitê C e ntral. Aspirava alcançar o pode r e m curto prazo, pe los proce s­ sos que lhe pare ciam me nos arriscados e mais vantajosos. E xistiam, ainda, outras organizaçõe s, como o Partido O pe rário R e volucio­ nário T rotsquista (PO R T )), a Ação Popular (AP), a Política O pe rária (PO LO P) e os Grupos dos O nze , de Le one l Brizola, que pre te ndiam atingir o pode r pe las armas. E ra clara a inge rência e xte rna para transformar o País e m uma re pública comunista. O M ovime nto de C ultura Popular, criado e m R e cife , com o apoio da UNE , do M inistério da E ducação e com auxílio finance iro e xte rno, se de se nvolvia e m todo o País. Sob o disfarce de combate ao analfabe tismo, re alizava abe rtame nte a doutrinação comunista. Vindos de M oscou, substanciais ftindos fortale ciam a UNE , que publicava um jomal se manal marxista e panfle tos inflamados e distri­ buía mate rial de le itura, “para combate r o analfabe tismo”. E sse mate rial incluía o manual de gue rrilhas de C he Gue vara, traduzido por comunistas brasile iros. Líde ­ re s da UNE fome ntavam gre ve s e studantis e distúrbios de rua. De 28 a 30 de março de 1963, o Partido C omunista Brasile iro promove u o C ongre sso C ontine ntal de Solidarie dade a C uba, re unindo, e m Nite rói, na se de do Sindicato dos O pe rários Navais, de le gaçõe s de várias nacionalidade s. Luís C arlos Pre ste s, e m sua abe rtura, disse que gostaria que o Brasil fosse a prime i­ ra nação sul-ame ricana a se guir o e xe mplo da pátria de F ide l C astro. A re volução cubana se rvia de mode lo para organizaçõe s re volucionárias comunistas, atuante s na época, que concordavam com a luta armada para a conquista do pode r. O ano de 1963 foi pródigo de conflitos na áre a rural. A violência e ra pre ga­ da abe rtame nte . Grupos armados, e m vários pontos do País, invadiam propri­ e dade s, com a conivência de autoridade s e de me mbros da Igre ja C atólica. O movime nto cre scia com os discursos inflamados de M igue l Arrae s, Pclópidas Silve ira e outros líde re s de e sque rda. M ais de 270 sindicatos rurais e ram re conhe cidos pe lo M inistério do T raba­ lho, a maioria infiltrada por líde re s comunistas. E nquanto faze nde iros e sindica­ listas se armavam, os conflitos se multiplicavam. De ze nas de mortos e fe ridos e ra o saldo de sse s confrontos. Se gundo Pre ste s, o PC B já podia se conside rar no gove mo. C argos impor­ tante s nos gove rnos fe de rais e e staduais e no J udiciário e stavam e m mãos dc comunistas e se us aliados. A ve rdade sufocada - 65 E m 12 de se te mbro de 1963, apoiados pe la PO LO P, que de slocou para Brasília J uare z Guimarãe s de Brito, 600 militare s, e ntre cabos, sarge ntos e sub- oficiais da M arinha e da Ae ronáutica, re be laram-se , e m Brasília, contra a de cisão do Supre mo T ribunal F e de ral, que se pronunciara contra a e le gibilidade do sar­ ge nto Aimoré Zoch C avalhe iro, e ie ito de putado e stadual no R io Grande do Sul. A C onstituição dc 1946 de clarava ine le gíve is os militare s da ativa. O comando ge ral da re be lião e ra lide rado pe lo sarge nto da F orça Aére a Brasile ira Antônio Pre ste s de Paula. O s re voltosos ocuparam, na capital fe de ­ ral, o De partame nto F e de ral de Se gurança Pública, a E stação C e ntral de R adiopatrulha, o M inistério da M arinha e o De partame nto de T e le fone s Urba­ nos e Inte rurbanos c, a se guir, pre nde ram alguns oficiais, le vando-os para a Base Aére a de Brasília. A re ação à re be lião logo se fe z se ntir. O s blindados do E xército ocuparam pontos e stratégicos dc Brasília e dirigiram-se para o M inistério da M arinha, onde os re be lde s se e ntre garam. Alguns e le me ntos saíram fe ridos. Houve dois mortos, o soldado fuzile iro Divino Dias dos Anjos, re be lde , e o motorista civil F rancisco M orae s. O jomal O Globo, do R io de J ane iro, na e dição do dia 19 de se te mbro, publi­ cou parte do plano dos sarge ntos, apre e ndido pe las autoridade s militare s. De poime nto do e x-sarge nto J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva, a re s­ pe ito da re volta dos sarge ntos: "... e ntramos e m contacto com uma organização re volucioná­ ria muito conhe cida no Brasil: a Política O pe rária (PO LO P). A PO LO P surgiu de pois de 1960 e live ra uma participação muito ativa na ocupação dc Brasília, e m 1963. F oi a única organização que de u algum apoio político àque la ação dos sarge ntos.” (C ASO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil). E m outubro, J ango que , um mês ante s, participara de um comício comunista no ce ntro do R io de J ane iro, pre ocupado com a cre sce nte agitação, solicitou ao C ongre sso a de cre tação do e stado dc sítio. Sob inte nsa pre ssão política, quatro dias de pois re tirou a solicitação. J oão Goulart, passando a ne gociar dire tame nte com o Partido C omunista Brasile iro, re ce be u se us re pre se ntante s e e ntabulou acordos políticos que satis­ fize sse m às pre te nsõe s do partido e aos inte re sse s do gove rno, formando uma I re nte popular para a unificação das forças e sque rdistas. T udo le vava a crcrque e stava próxima, finalme nte , a instalação da “R e pú­ blica Sindicalista'’. Pe lo me nos assim pe nsavam J oão Goulart c as organizaçõe s que o apoiavam 66- C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m 10 de jane iro de 1964, o se cne tário-ge ral do PC B, Luís C arlos Pre ste s, foia M oscou informar a Nikita Krusche v o andame nto dos planos acordados e m 1% I. Informou a Kruche v que "os comunistas brasileiros estavam conduzindo os seto  res estratégicos do governo federal e preparavam-se para tomar as rédeas ". Pre ste s pintou um quadro propício ao de se ncade ame nto da re volução, su­ be stimando a re ação e supe re stimando os me ios disponíve is: - pode roso movime nto de massas, mantido pe lo Partido C omunista e pe lo pode r ce ntral; - um E xército dominado por forte movime nto de mocrático e nacio­ nalista; - oficiais nacionalistas e comunistas dispostos a garantir, pe ia força, um go­ ve rno nacionalista e antiimpe rialista; e - luta pe las re formas de base . "No Brasil o potencial revolucionário é enorme. Se pega fogo nessa fogueira, ninguém poderá apagá-la ” (disse M ikhail Suslov, ide ólogo do Par­ tido C omunista da União Soviética). A e xe mplo de 1935, a re volução come çaria pe los quartéis. O dispositivo mililar se ria o grande trunfo. O s comunistas brasile iros nunca e stive ram tão forte s quanto e m 1964. Só que , como aconte ce ra e m 1935, Pre ste s transmitira a M oscou uma impre ssão e xce ssivame nte otimista com re lação ao apoio militar e ao apoio do povo. E nquanto isso, F ide l C astro, sob os olhos complace nte s de M oscou, adian­ tou re cursos a Le one l Brizola para a insurre ição político-militar. E m 13 de março de 1964, foi re alizado um comício de fronte à C e ntral do Brasil, no R io de J ane iro, patrocinado pe lo Partido C omunista Brasile iro. Naque ­ la ocasião, o pre side nte anunciou um e le nco de me nsage ns radicais a se re m e nvi­ adas ao C ongre sso. E m tomo do palanque , guardado por soldados do E xército, os participante s trazidos e m tre ns gratuitos e ônibus e spe ciais, aplaudia, com ban­ de iras ve rme lhas e cartaze s que ridicularizavam os “gorilas” do E xército. No dia 19 de março de 1964, uma das maiore s de monstraçõe s popula­ re s, a M archa da F amília com De us pe la Libe rdade , pe rcorre u as ruas de São Paulo. M aria Paula C ae tano da Silva, uma das fundadoras da União C ívica F e minina, foi a principal organizadora da passe ata. A M archa partiu e m dire ção à C ate dral da Sé, com ce rca de um milhão de pe ssoas. A mani­ fe stação foi uma re sposta da população civil ao re stabe le cime nto da orde m e dos valore s cívicos ame açados. A ve rdade sufocada · 67 “A marcha foi uma re ação à bade rna que e stava tomando conta do País. Não podíamos de ixar as coisas continuare m do je ito que e stavam, sob o risco de os comunistas tomare m o po- de r", dizia M aria Paula. (http://wwwl.folha.uol-com.br/fsp/cotidian/ff2001200404.htm) F alava-se , abe rtame nte , que , a partir de 1° de maio, o Brasil e staria com­ ple tame nte comunizado. A crise e conômica, marcada por inflação de se nfre ada, e ra favoráve l à situa­ ção re volucionária. O s me ios de comunicação social - jornais, rádios, pe ças te a­ trais, músicas, e tc -, infiltrados por comunistas, conclamavam à subve rsão. Poucos dias mais tarde , e m 25 de março, um grupo de marinhe iros indiscipli­ nados, sob a lide rança de J osé Anse lmo dos Santos, o “cabo” Anse lmo, e m uma re união no Sindicato dos M e talúrgicos, no R io de J ane iro, re voltou-se . E m 30 de março, o pre side nte da R e pública compare ce u, no Automóve l C lube do Brasil, a uma asse mbléia que re uniu dois mil sarge ntos. O uviu, passivame nte , os discursos inflamados que ate ntavam contra a hie rarquiae disciplina militar. Dias decisivos A situação apontava para o caos, tudo com a conivência de um pre side nte fraco, se m disce rnime nto, ansioso por mante r o pode r, custasse o que custasse : - 3 dc março de 1964 - e studante s impe diram a aula inaugural do re itor da Unive rsidade F e de ral da Bahia, C le me nte M ariani; - 13de marçodc 1964-comício na C e ntral do Brasil; - 19dcmarçode 1964 - M archada F amília com De us pe la Libe rdade /SP; - 25 de março dc 1964 - re união dos marinhe iros no Sindicato dos M e talúrgicos; - 26 de março dc 1964 - M arighe lla de clara: “0 partido precisa se prepa  rar, pois está em vias de assumir o poder”\ - 30 de março de 1964 - e nce rra-se , e m Goiânia, o Se xto C iclo sobre M arxismo, conduzido pe lo comunista J acob Gore nde re re alizado pe lo DC E , com apoio da R e itoria da Unive rsidade F e de ral de Goiás. J acob Gore nde r e stive ra na UR SS por dois anos, voltando e m 1957; - 30 de março de 1964 - asse mbléia dos sarge ntos, na se de do Automóve l C lube do R io de J ane iro, com a pre se nça de Goulart, que fe z discurso de inci­ tame nto à indisciplina; e - 31 de março dc 1964 - o comandante da 4aR e gião M ilitar, se diada cm J uiz dc l'óra,M ( i, iniciou a movimcnlaçãode tropas e m dire ção ao R io de J ane iro. 68* C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ape sar de algumas te ntativas dc re sistência, o pre side nte Goulart re co­ nhe ce u a impossibilidade de oposição ao movime nto militar que o de stituiu. E m docume nto de autocrítica poste rior à re volução, intitulado “E sque ma para Discussão”, e ditado ainda e m 1964, o Partido C omunista afirma: "... incorre mos e m grave sube stimação da força do inimigo e nào e stávamos pre parados para e nfre ntar um golpe da dire ita..." "Acre ditávamos e m uma vitória fácil, através (sic) de um sim­ ple s pronunciame nto do dispositivo de Goulart, se cundado pe lo movime nto de massas.” "Absolutizamos (sic) a possibilidade de um caminho pací­ fico e não nos pre paramos para e nfre ntar o e mpre go da luta ar­ mada pe la re ação.” As condiçõe s “obje tivas e subje tivas” para a tomada do pode r, se m ne nhu­ ma dúvida, e stavam pre se nte s. Bastava some nte um fato, político ou não, para que as coisas se pre cipitasse m. E ra tudo que stão de mais dia ou me nos dia. Um gigante , porém, acordou de se u sono e trouxe a re ação de que a Nação pre cisava. C om pre cisão cirúrgica e , por isso, se m de rramame nto dc sangue , o E xér­ cito Brasile iro, com o apoio das F orças Armadas co-irmãs, partiu ao e ncontro dos ve rdade iros anse ios do povo, livrando a Nação das garras dos comunistas e impondo-lhe s nova e acachapante de nota. R e cordar os mome ntos da re ação é traze r de volta e moçõe s que passaram a ditar me us atos, a partir daí. T inha a mais nítida convicção dc te r e scolhido o lado ce rto: o do Brasil livre e sobe rano. F onte s: - T O R R E S, R aymundo Ne grão. Fascínio dos anos de chumbo. - http://cade te .aman.e nsino.e b.br/histge o/HistM ildoBrasil/nov55_64/ 12DiasDe c.htm Ligas Camponesas O s prime iros movime ntos campone se s foram criados pe lo PC B, na década de 1940, com a finalidade de mobilizar as massas rurais. No E stado de Pe rnambuco, as Ligas C ampone sas surgiram como de sdo­ brame nto de pe que nas organizaçõe s de plantadore s e fore iros (e spécie de dia­ ristas) dos grande s e nge nhos de açúcar da Zona da M ata. E m poucos anos, as Ligas e spalharam-se pe los e slados vizinhos, sob a lide rança de F rancisco J ulião, de putado do Partido Socialista Brasile iro (PSB). De sde o come ço obtive ram o apoio do Partido C omunista Brasile iro e de se tore s da Igre ja C atólica. E m pouco te mpo arre gime ntaram milhare s de trabalhadore s rurais. O cre scime nto de militante s e de núcle os, e m núme ro e xpre ssivo, e stimulou suas lide ranças a prosse guir na mobilização para uma re forma agrária radical, que ate nde sse às re ivindicaçõe s campone sas e m se u conjunto. E m 1957, F rancisco J ulião visitou a UR SS. A partir de 1959, as Ligas C ampone sas se e xpandiram também, rapida­ me nte , e m outros e stados, como a Paraíba, R io de J ane iro e Paraná, aume ntan­ do o impacto político do movime nto. Até 1961,25 núcle os foram instalados no E stado de Pe rnambuco, princi­ palme nte na Zona da M ata. Ne sse me smo ano, J ulião re pe tiu sua visita à União Soviética. De todos os núcle os das Ligas, o mais importante , o mais e xpre ssivo e o de maior e fe tivo foi o de Sapé, na Paraíba. E sse núcle o congre garia 10.000 me mbros. E m 1960e 1961, as Ligas organizaram comitês re gionais e m 10 e stados e criaram o jornal A Liga, porta-voz do movime nto, que circulava e ntre se us militante s. T ambém ne sse ano te ntou criar um partido político chamado M ovi­ me nto R e volucionárioT iradcnte s - M R T (M ovime nto que atuou na luta arma­ da, no pe riodo pré c pós-re volucionário de 1964). No plano nacional, F rancisco J ulião re uniu, e m tomo das Ligas, e studante s, ide alistas, visionários e alguns inte le ctuais, como C lodomir dos Santos M orais, advogado, de putado, militante comunistae um dos organizadore s de um malo­ grado movime nto de gue rrilha e m Dianópolis/Goiás e m 1962. A aproximação de F rancisco J ulião com C uba foi notória, e spe cialme nte após a viage m que re alizou acompanhando J ânio Quadros àque le país, e m 1960, se guido por muitos militante s. A partir daí, tomou-se um e ntusiasta da re volu­ ção cubana e conve nce u-se a adotar a gue rrilha como forma de ação das Ligas C ampone sas. E de ssa época a iniciativa, pione ira no Brasil, dc fundare m R e ci­ te o C omitc de Apoio à R e volução C ubana. E m 30 de abril de l %L J ovcrT cllcs, dirige nte do PC B, che gou a Havana e . após conlatos com as autoridade s cubanas, e ncaminhou ao C omitc C e ntral 70- C arlos Albe rto Brilhante Ustra do PC B o docume nto intitulado “R e latório à C omissão E xe cutiva sobre minhas atividade s e m C uba”, do qual de staco o se guinte tre cho: “ ... curso político-militar, le vante i a que stão. E stão dispostos a faze r. M andar nome s, biografia e aguardar a orde m de e mbarque .” Ne ssa me sma época, F rancisco J ulião cncontrava-se e m Havana, tratando do apoio cubano à luta armada. E m maio, outra de le gação vai a Havana participar das come moraçõe s do anive rsário do assalto ao Quarte l de M oncada, marco da caminhada vitoriosa da R e volução C ubana. A de le gação e ra composta por 85 participante s, e ntre e le s 13 militante s das Ligas C ampone sas, que re ce be riam tre iname nto militare m C uba. A re lação com C uba, o apoio ao tre iname nto militar e o ce nário político brasile iro le varam o movime nto ao se u pe ríodo de maior radicalização e cre sci­ me nto. O s campone se s pe garam e m armas e marcharam contra e nge nhos, apoi­ ados por sindicatos, por grupos comunistas e por me mbros da Igre ja C atólica. Ne ssa época, os dirige nte s que orie ntavam as Ligas de cidiram montar vários campos de tre iname nto militar. “No dia 4 de de ze mbro o jornal O E stado de S. Paulo noticiou a de scobe rta e de sbaratame nto de um campo de tre iname nto de gue rrilha e m Dianópolis, Goiás, e m uma das três faze ndas com­ pradas pe lo M R T de J ulião.” (T O R R E S, R aymundo Ne grão. O Fascínio dos Anos de Chumbo* pág. 15). A fusão das Ligas C ampone sas com a União dos Lavradore s e T rabalha­ dore s Agrícolas do Brasil (ULT AB), proposta pe los comunistas e m 1961, não foi ace ita por J ulião, pois e le te mia que o PC B passasse a controlá-las. A re lação e ntre J uliãoe o PC B se de te riorou ne sse ano, de pois do T C ongre s- so Nacional de Lavradore s e T rabalhadore s Agricolas, e m Be lo Horizonte , quando I a te se da re forma agrária radical das Ligas de notou as idéias mais mode radas da ' ULT AB. “Reforma agrária na lei ou na marra”, às ve ze s acre scido de “com flore s ou com sangue ”, e ra o le ma do movime nto que inpirou o M ST dc hoje . E m e ntre vista à Revista Che, de Bue nos Aire s, conce dida durante o con­ gre sso, J ulião de clarou: “Nosso le ma é a re forma ou re volução. Se ne gásse mos a re - | volução se ríamos de magogos, care nte s de aute nticidade . Não te ­ ríamos o valor de de fe nde r nossos pontos de vista e nossa ide olo­ gia. Pre conizamos uma re forma agrária radical, e as massas A ve rdade sufocada · 71 brasile iras, que adquire m cada ve z maior consciência da dura re ­ alidade , le varão o País à nova convulsão social, a uma gue rra civil e ao de rramame nto de sangue . Se rá a liquidação de um tipo de socie dade e a instauração de outro. Nós te mos nos e nvolvido ne s­ sa luta com o fim de pre parar as massas brasile iras para o adve n­ to de uma socie dade nova, na le i ou na marra/' "E m nove mbro de 1962, as F orças Armadas de sarticularam vá­ rios campos de tre iname nto de gue rrilhe iros. No dia 27, a que da de um Boe ing 707 da Varig, quando se pre parava para pousar no Ae ro­ porto Inte rnacional de Lima, no Pe ru, proporcionou comprome te do­ ras informaçõe s sobre o apoio de C uba às Ligas C ampone sas. E n­ tre os passage iros e stava o pre side nte do Banco Nacional de C uba, e m cujo pode r, foram e ncontrados re latórios dc C arlos F ranklin Pai­ xão de Araújo, filho do advogado comunista Afrânio Araújo, o re s­ ponsáve l pe la compra de armas para as Ligas C ampone sas." (AUGUST O , Agnaldo De l Ne ro, A Grande Mentira, pág. 84 e 92). C arlos F ranklin Paixão de Araújo (Var-Palmare s) participou ativame nte dos movime ntos subve rsivos pós C ontra-R e volução de 1964. Parte da e ntre vista de Ale xina C re spo, mulhe r dc F rancisco J uiião (Diário de Pernambuco de 31/03/2004): Diário de Pe rnambuco: Como foi o treinamento que a se  nhora fez em Cuba? Ale xina C re spo: F oi num campo de tiro ao alvo. C om ar­ mas, me tralhadora... T ive mos aula também sobre curva de níve l, que é para você apre nde r atirar de morte iro. Você te m que colo­ car no chão e calcular a curva que a bala te m que faze r para atingiroalvo... Não e ra só ge nte das Ligas; havia pe ssoas de outros paíse s. DP: A senhora participou de algum encontro com Fidel em que ele falou da luta armada no Brasil? Ale xina: E u conve rsava com e le , dizia o que nós e stávamos pre te nde ndo. Houve inclusive uma ocasião e m que havia duas cor­ re nte s nas Ligas, do pe ssoal favoráve l à luta armada. Uma que ria dividir o Brasil assim, horizontalme nte (faz o ge sto com a mão, mostrando). E ntre Norte e Sul. O utra que que ria dividir assim, ve rticalme nte . E sta e ra uque o padre Alípio (de F re itas, inte gran- k· das I jgas na época; vive hoje e m Portugal) que ria. A proposta 72- C arlos Albe rto Brilhante Ustra de le e ra que assim se ria possíve l tomaras fábricas, as montadoras de automóve is, para faze r armas... DP: Julião sempre disse que f o i contra a luta armada. Mas ele sabia da p a rtic ipa ç ão da senhora? Ale xina: Sabia, sabia. E le ficava, vamos dize r assim, na parte le gal, institucional, os discursos e nós ficávamos na parte clande s­ tina, pre parando as coisas, tre inando os campone se s. DP: Os integrantes da Liga chegaram a te r armas ? Ale xina: C he gamos. Inclusive , quando nós come çamos a se ntir que iria have r um golpe , nós fomos para o R io, na granja de um amigo nosso, e e nte rramos armas. Acho que e las ainda e stão lá. DP: Em que local f o r a m enterradas? Ale xina: No quintal da granja. E ram muitas. Nós colocamos e m pape l impe rme áve l, no caixão. E stão lá, e nte rradas. T inha F AL (fuzil), me tralhadora, re vólve r... O bse rvação: o padre Atípio de F re itas re alizou tre iname nto e m C uba. M e m­ bro da C omissão M ilitar da AP, participou ativame nte dos movime ntos te rroris­ tas pós C ontra-R e volução de 1964, inclusive do ate ntado ao Ae roporto de Guararape s, e m R e cife (ve r ate ntado Guararape s). Não é tare fa de e spe cialista traçar um parale lo e ntre as Ligas C ampone sas e o atual M ovime nto dos Se m-T e rra, a come çar pe lo fato de que , ne m um, ne m outro de se java, simple sme nte , a re forma agrária. O coorde nador Nacional do M ST , J oão Pe dro Stédile , te ve , cm C ue mavaca, no M éxico, uma série de e ncontros com F ran­ cisco J ulião, no pe riodo de 1976a 1978. Discutiram os e rros c ace rtos das Ligas C ampone sas, visando à futura criação do M ST , e m 1984. O s e stímulos são os me smos, a pre paração é simi lar, porém, e stamos no século XXI, e m que as distâncias ficam re duzidas drasticame nte pe lo toque mágico dos me ios e le trônicos e pe lo acompanhame nto dos fatos e m te mpo re al. Acre sce nte -se que o M ST , hoje , conta com o e xplícito apoio do Partido dos T rabalhadore s, se u parce iro no F oro de São Paulo, e de parte e xpre ssiva da Igre ja, além dos “mági­ cos” re cursos que re ce be e que poucos conhe ce m a orige m e o montante . O s métodos do M ST e stão ape rfe içoados pe la e xpe riência adquirida de s­ de os te mpos das Ligas C ampone sas. Não é pre ciso se r e spe cialista para aqui latar o risco que o Brasil corre , pe la ação cada ve z mais ousada e radical do M ST . A dife re nça fundame ntal e ntre as Ligas C ampone sas e o M ST é que as Ligas jamais conse guiram que um pre side nte da R e pública colocasse o se u boné na cabe ça. Luiz Inácio Lula da Silva ve stiu o boné tio M ST Onda esquerdista 1955 a 1963 O início da década de 1960, com a posse dc J ango na Pre sidência da R e pública, caracte rizou-se por galopante e variada infiltração comunista no País, e m todos os níve is da administração pública. Houve por parte do go­ ve rno uma grande abe rtura política para a e xtre ma e sque rda, o que favore ce u vários movime ntos subve rsivos. PC doB O princípio do “fracionismo” e o “dire ito dc te ndência” provocaram cisõe s e dissidências. Uma das principais organizaçõe s formadas de pois das e xpulsõe s e dissidências do PC B, e m 1962, foi o Partido C omunista do Brasil (PC doB). Dc 1J a 18 de fe ve re iro, re alizou-se , e m Sào Paulo, uma C onfe rência Na­ cional E xtraordinária, quando se fundou o PC doB, que não ace itava a viabili­ dade pacífica para a tomada do pode r. E le ge u-se um C omitê C e ntral composto por: J oão Amazonas; M aurício Grabois; Pe dro Pomar; C arlos Nicoláu Danie lli; C alil C hade ; Lincoln C or­ de iro O cst; Ânge lo Arroyo; E lza M one rat; e Walte r M artins. Dióge ne s Arruda C âmara só ade ri u ao PC doB após a C ontra-R e volução dc 1964. Ne ste me smo ano, uma de le gação do PC doB foi à C hina, re ce be ndo de M ao T se T ung, dirige nte chinês, o conse lho: “Guerrilha, acima de tudo O PC doB, radicalizando, se alinhou inicialme nte ao PC chinês e , poste ri­ orme nte , ao Partido C omunista da Albânia. Sua linha de ação - luta armada- de fe ndia açõe s de cisivas e e nérgicas. Pre gava que “as classes dominantes voluntariamente não cederão suas posições e tornam inviável o cami  nho pacífico da revolução”. Se gundo e le s, "A luta armada é o único ca  minho para dar o poder ao povo". Ainda no gove rno J ango, um grupo de militante s foi e nviado à C hina, onde rcccbcu tre iname nto na E scola M ilitar de Pe quim. A re volução de ve ria se r de se ncade ada, simultâne a e conjuntame nte , por campone se s, ope rários, e studante s, inte le ctuais, soldados, sarge ntos, ofici­ ais, sace rdote s e outros se gme ntos do povo para instalar um Gove rno Popu­ lar R e volucionário. O PC doB re e ditou o jornal A Classe Operária, sob a re sponsabilidade dc M aurício Graboise Pe dro Pomar. 74- C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ação Popular Um grupo de e sque rda na Igre ja C atólica, composto e ntre outros, por Dom Hélde r C âmara, Dom Antônio F ragoso, os padre s F rancisco Lago, Alípio de F re itas e pe los jove ns da e sque rda católica - J uve ntude O pe rária C atólica (J O C ), J uve ntude Unive rsitária C atólica (J UC ) e J uve ntude E studantil C atólica (J E C ) - dive rgia na forma de ação. O s inte grante s mais radicais de sse s grupos de jove ns, impe didos de e xe rce r atividade s políticas no se u me io, se agruparam e se e struturaram de ntro de novas conce pçõe s. De spe rtados pe lo ide al da “R e volu­ ção Brasile ira” organizaram um novo grupo, que contava, e m sua grande maio­ ria, com unive rsitários, inte le ctuais e aitistas. E m jane iro de 1962, e m São Paulo, criou-se o Grupo de Ação Popular. E m junho de sse me smo ano, e m Be lo Horizonte , foi aprovado um docu­ me nto que alte rou o nome da organização para Ação Popular, se ndo e le ita uma coorde nação nacional. De sde o início, a AP te ve também um ramo da linha prote stante . Um dos se us líde re s foi Paulo Stuart Wright, conside rado de sapare cido político. Se mpre caminhando para a e sque rda, orie ntando-se pe la linha chine sa e cada ve z mais se aproximando do PC doB, tomou-se dia a dia mais radical. E m fe ve re iro de 1963 foi re alizado o I C ongre sso da AP, conside rado ofici­ alme nte como o se u C ongre sso de F undação. Se us principais fundadore s, na maioria líde re s e studantis, foram: He rbe rt J osé de Souza (Be tinho); Aldo Arante s; Luís Albe rto Gome s de Souza; Haroldo Borge s R odrigue s Lima; C osme Alve s Ne to; Duarte Pe re ira; Péricle s Santos de Souza; Vinícius C alde ira Brandt; J air de Sá; e J osé Se rra. Ante s de 1964 já circulava o jornal Ação Popular, porta-voz das idéias re volucionárias do movime nto. T odos te riam pape l dc de staque nos atos de subve rsão e violência no pe rí­ odo pós C ontra-R e volução de 1964. Sobre Paulo Stuart Wright, se u irmão, pastor J ame s Wright, e nquanto vivo, atribuiu a mim se u de sapare cime nto. Uma de suas sobrinhas, De lora Wright, e scre ve u o livro O coronel tem um segredo, onde pe de que e u informe o que aconte ce u com e le . Gostaria que a família de Paulo Stuart Wright soube sse que e le jamais foi pre so por uma e quipe do DO l/C O Dl/II E x ou e ste ve sob minha guarda e re sponsabilidade . PORT De sde 1929 organizavam-se no Brasil grupos políticos re unindo marxistas simpatizante s de T rotsky. O mais importante de sse s grupos foi o P( )R T . A ve rdade sufocada - 75 O Parlido Socialista R e volucionário (PSR ), vinculado à IV Inte rnacional (T rotskista), dissolve u-se e m 1952. E m 1953, para assumir se u lugar foi fundado o Partido O pe rário R e volu­ cionário T rotskista (PO R T ), formado por um grupo de e studante s e jove ns inte le ctuais. E m fe ve re iro de 1963, o PO R T re alizou, e m São Paulo, um C ongre sso Nacional com de le gados proce de nte s de São Paulo, R io de J ane iro, Pe rnam­ buco e Paraíba. Pre gava a re volução pe rmane nte , procurava criar o caos político, e conômi- coe militar, a fim de le var o País a gre ve s ge rais, oportunidade e m que tomaria 0 pode r. Na década de 60, o PO R T come çou a te r e xpre ssão. T inha um núme ro de militante s re duzido, mas atuava e m São Paulo, R io Grande do Sul e Pe rnambuco. E nvolve u-se ativame nte com as Ligas C ampone sas e m ple no gove mo Goulart. PO LO P E m uma ve rdade ira mistura ide ológica, marxistas inde pe nde nte s e disside n­ te s trotskistas re uniram-se e m São Paulo, e m fe ve re iro de 1961, e re alizaram o C ongre sso dc F undação da O rganização R e volucionária M arxista-Política O pe rária, mais conhe cida como PO LO P Não che gou a se constituíre m uma organização nacional. Aliciou, no e ntan­ to, jove ns nos me ios unive rsitários dos E stados de São Paulo, R io de J ane iro e M inas Ge rais. Ante s de 1964 re crutou militare s nacionalistas. Ni Imario M iranda foi um dos se us mi litante s. A PO LO P lutava pe la formação de uma fre nte de trabalhadore s da cidade c do campo, ope rários e campone se s, e xcluindo a burgue sia. E m 1963, lançou ojomal Política Operária. Após a de rrubada de J oão Goulart, a PO LO P e nsaiou a de finição dc uma e stratégia gue rrilhe ira, e nvolve ndo-se e m duas articulaçõe s para de flagração de 1movime ntos armados. Uma de las, a gue rrilha de C aparaó. (i mpo dos O nze A posição de Bri/.ola, e ntão gove rnador do R io Grande do Sul, candidato pe rmane nte à Pre sidência d;i R e pública, ao longo do gove mo J ango foi sc tor- lumdocatla ve z mais radical. E m outubro de 1963, pe rce be ndo que o País e stava à be ira de um golpe de e sque rda, criou um movime nto subve rsivo chamado Grupo dos O nze (G- 11). Brizola de se java e star inse rido e m um visíve l e prováve l plano de golpe de E stado. Por me io de uma cade ia radiofônica, lide rada pe la rádio M ayrink Ve iga, Brizola incitava o povo a organizar grupos que , de pois de unidos, formariam o E xército Popular de Libe rtação (E PL). O s G-11se riam a “Vanguarda Avança­ da do M ovime nto R e volucionário” e de ve riam, se gundo Brizola, conside rar-se "em revolução permanente e ostensiva”. Brizola, se mpre trilhando os caminhos da e sque rda radical, de spontou durante algum te mpo como um dos principais líde re s do movime nto subve rsi­ vo no Brasil. O s inte grante s dos G-l 1de ve riam se guir os e nsiname ntos dos “folhe tos cubanos” sobre as técnicas de gue rrilha. Abaixo, alguns tre chos do docume nto “Instruçõe s Se cre tas” que os guiari­ am e m suas açõe s: “E sta é uma informação ape nas para uso some nte de alguns companhe iros de absoluta confiança. O s re féns de ve m se r suma­ riame nte e ime diatame nte fuzilados, a fim de que não de nuncie m se us aprisionadore s e nào lute m poste riorme nte para sua conde ­ nação e de struição". “De ve mos nos le mbrar que , hoje , te mos tudo a nosso favor, inclusive , o be ne plácito do gove mo e a complacência de pode ro­ sos se tore s civis e militare s, acovardados e te me rosos de pe rde r se us aluais e ignominiosos privilégios”. "... os campone se s, dirigidos por nossos companhe iros, virão de struindo e que imando as plantaçõe s, e nge nhos, ce le iros, de pósi­ to de ce re ais e armazéns ge rais”. “A agitação se rá nossa aliada primordial e de ve re mos iniciá-la nos ve ículos cole tivos, à hora de maior movime nto, nas ruas e ave ­ nidas de aglome ração de pe de stre s, próximo às casas de armas e muniçõe s e nos bairros e mine nte me nte populare s e ope rários ...” “De sse s pontos, à sombra da massa humana, de ve rão conve r­ gir os G-l I e spe cializados e m de struição e assaltos, já comandan­ do os companhe iros e com outros se ajuntando pe las ruas e ave ni­ das para o ce ntro da cidade , vila ou distrito, de acordo com a importância da localidade , de pre dando os e stabe le cime ntos co­ me rciais e iiulusiriais, saque ando e ince ndiando, com os moloiovs 76- C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 77 e outros mate riais inflamáve is, os e difícios públicos e os de e m­ pre sas particulare s ...” “Ataque s simultâne os se rão de sfe chados contra as ce ntrais te le fônicas, rádio-e missoras, T Vs, casas de armas, pe que nos quar­ téis militare s ...” Alguma se me lhança com a gue rrilha de flagrada e m maio, e m São Paulo? C omo a re volução vinha se ndo pre parada pe io Partido C omunista Brasile i­ ro (PC B), se guindo a chamada “via pacífica”, Brizola, no se u radicalismo orie n­ tado pe los “folhe tos cubanos”, aproximava-se , cada ve z mais, do Partido C o­ munista do Brasil (PC doB), conside rado um possíve l aliado: “E xiste uma ala mais pode rosa que , dia a dia, e stá se e le vando no conce ito do prole tariado marxista, se guidora dos ide ais de M ao T se T ung, de Slalin, e que são, e m ultima análise , os de M arx e E nge ls. É ne ssa ala, hoje muito mais pode rosa que a de M oscou, que ire mos buscar a fonte de pote ncialidade mate rial e militar para a luta de Libe rtação Nacional." Brizola organizou 5.304 grupos, totalizando 58.344 pe ssoas nos e stados do Rio Grande do Sul, Guanabara, R io dc J ane iro, M inas Ge rais e São Paulo, prin­ cipalme nte . (DUM O NT , F . Recordando a História - www.te muma.com.br) As organizaçõe s e sque rdistas radicais infiltradas nos órgãos públicos, nas fábricas, nas igre jas, nos quartéis e e m vários se gme ntos populare s inte gravam 0 e sque ma para a futura prática de açõe s de gue nilha rural e urbana. E le me ntos tre inados e m C uba, União Soviética e C hina comunista infiltravam-se nos mo- ivime ntos de campone se s armados que , cada ve z mais, ganhavam força. 1 E stá aqui a prova de que os comunistas não lutaram contra a “ditadura militar”, após 1964, como apre goam as e sque rdas até hoje . Lutaram, sim, de s* dc muito ante s, para a implantação no Brasil de uma ditadura do prole tariado, dc acordo com as variadas matrize s políticas que orie ntavam o M ovime nto C omunista Brasile iro. De rrotados e m 1935, prosse guiram de sde e ntão e m se us plane jame ntos e pre parativos. A fase maior de toda e ssa pre paração ocorre u no gove mo J oão ( ioulart, portanto e m ple na de mocracia e E stado de Dire ito. A imprensa e a Contra-Revolução Durante o gove mo J ango, a impre nsa foi uma das principais motivadoras da de posição do pre side nte . Propalou, constante me nte , a e xistência do caos administrativo, da corrupção e do de sgove rno. Participou, ativame nte , da divulgação de que e ra impe riosa a ne ce ssidade do re stabe le cime nto da orde m. A socie dade e a impre nsa e scrita e falada da época, alinhadas e irmanadas, clamavam, com manife stos e e ditoriais, por me didas que e vitasse m a de rrocada do País, le vando-o à anarquia. Abaixo transcre ve mos alguns de sse s tre chos; “O s abaixo-assinados, de mocratas brasile iros e dirige nte s de e ntidade s, se nte m-se no de ve r de vir a público, no e xato mome n­ to e m que forças arre gime ntadas pe lo comunismo inte rnacional ame açam golpe ar as instituiçõe s ...” “É che gada a hora de os de mocratas cre re m nas re alidade s. A re volução comunista não virá: J Á VE IO , e stá instalada no pode r. E stá nos postos de maior re sponsabilidade do gove rno J oão Goulart. E stá na Pe trobras, hoje e ntre gue aos inimigos de Ge túlio. E stá no C GT , se m que ninguém na e sfe ra trabalhista se le vante e m de fe sa da de mocracia conspurcada. E stá ne sse de ­ se jo criminoso de re formar a C onstituição, para golpe á-!a mor­ talme nte .” “ ... Por tudo isso, nós, dirige nte s de e ntidade s, ape lamos para o se nso de patriotismo dos brasile iros de mocratas: de fe n­ dam até o último instante os postulados da de mocracia, fortale ­ ce ndo e ince ntivando o C ongre sso Nacional; e xigindo a manu­ te nção corre ta da C onstituição ame açada ...” “ ... Se é para golpe ar a C onstituição, have rá os apátridas de golpe ar, e m prime iro lugar, os brasile iros que não se ve nde ram aos de sígnios do comunismo inte rnacional. E adve rtimos: somos mui­ tos os dispostos a morre r pe lo Brasil dos brasile iros. Guanabara, 13 de junho de 1963. Aristóte le s Luiz Drummond, pre side nte do Grupo de Ação Patriótica; Waldo Domingos C laro, pre side nte da Aliança De mo­ crática Brasile ira; Sra. Amélia Bastos, C ampanha a M ulhe r pe la De mocracia; J oão Batista Gabrie l. I;re nte da J uvonliide IVmo A ve rdade sufocada - 79 crática; C aio Gome s M achado, Brigada E studantil e m De fe sa da De mocracia; F loriano M acie l, R e sistência De mocrática; e R obe rto T e ixe ira, M ovime nto E studantil C atólico.” {O Globo, 14/06/1963). "Quando o che fe do E xe cutivo se pe rmite , nas praças públi­ cas, faze r a apologia da subve rsão e incitar as massas contra os pode re s da R e pública que lhe e storvam a marcha paru o ce sarismo, pode -se afirmar que a ditadura, e mbora não institucionalizada, é uma situação de fato.” (E ditorial de O Estado de S. Paulo, 14/03/1964). “Agora se de cidirá sc nós conse guire mos supe rar a te rríve l crise provocada pe la inflação, pe los de sajuste s sociais, pe lo de scalabro e conômico-fmance iro, se m pe rda de nossas institui­ çõe s livre s ou se , ao contrário, uma ditadura e sque rdista se apos­ sará do País, graças, principalme nte , ao e nfraque cime nto e pro­ gre ssivo de sapare cime nto das F orças Armadas ...” (O Globo - 31/03/1964). “Aquilo que os inimigos e xte rnos nunca conse guiram, come ça a se r alcançado por e le me ntos que atuam inte rname nte , ou se ja, de ntro do próprio País.” {Folha da Tarde, 31/03/1964). “C he garia o dia e m que o Brasil, se m re ação e se m lula. se transformaria e m mais um E stado Socialista. Aí, todos diriam que de sapare ce ra a le galidade de mocrática, mas ninguém mais te ria como re cupe rar as pe rdidas libe rdade s e franquias, pois já e staria instalado o te rror policial e que m sabe ? e m funcioname nto os pe ­ lotõe s de fuzilame nto, se gundo o mode lo cubano.” “C omo disse mos muitas ve ze s, a de mocracia não de ve se r um re gime suicida que dê a se us adve rsários o dire ito de trucidá-lo, para nào incorre r no risco de fe rir uma le galidade que e sse s ad­ ve rsários são os prime iros a de sre spe itar.” (O Globo. 31/03/1964). **... Além de que os lame ntáve is aconte cime ntos foram o re ­ sultado de um plano e xe e iitado com pe rfe ição e dirigido poi um C arlos Albe rto Brilhante Ustra grupo já ide ntificado pe la Nação Brasile ira como interessado na subversão geral do país com características nitidamente co  munistas. " (Correio do Povo, 31/03/1964). "O pre side nte da R e pública se nte -se be m na ile galidade . E stá ne la e onte m nos disse que vai continuar ne la, e m atitude de de safio à orde m constitucional, aos re gulame ntos militare s e ao C ódigo Pe nal M ilitar. E le se conside ra acima da le i. M as não e stá. Quanto mais se afunda na ile galidade , me nos forte fica a sua autoridade . Não há au­ toridade fora da le i. E , os ape los fe itos onte m à coe são e à unidade dos sarge ntos e subordinados e m favor daque le que , no dize r do pró­ prio, se mpre e ste ve ao lado dos sarge ntos, de monstra que a autorida­ de pre side ncial busca o amparo físico para suprir a carência de ampa­ ro le gal. Pois não pode mais te r amparo le gal que m no e xe rcício da Pre sidência da R e pública, violando o C ódigo Pe nal M ilitar, compare ­ ce a uma re união de sarge ntos para pronunciar discurso altame nte de magógico e de incitame nto à divisão das F orças Armadas” (Jornal do Brasil, 31/03/1964). "Até que ponto o pre side nte da R e pública abusará da paciên­ cia da Nação? Até que ponto pre te nde tomar para si, por me io de de cre tos-le i, a função do Pode r Le gislativo? Até que ponto contri­ buirá para pre se rvar o clima de intranqüilidade e inse gurança que se ve rifica pre se nte me nte , na classe produtora? Até quando de se ­ ja le var ao de se spe ro, por me io da inflação e do aume nto de custo de vida, a classe média e a classe ope rária? Até que ponto que r de sagre gar as F orças Armadas por me io da indisciplina que se toma cada ve z mais incontroláve l? Não é possíve l continuar ne ste caos e m todos os se ntidos e e m todos os se tore s. T anto no lado administrativo como no lado e conômico e finance iro. Basta de farsa. Basta da gue rra psicológica que o próprio go­ ve rno de se ncade ou com o obje tivo de convulsionar o País e le var avante sua política continuísia. Basta de de magogia, para que , re ­ alme nte , se possam faze r as re formas de base ". **... que re mos o re spe ito à C onstituição. Que re mos as re for­ mas de base votadas pe lo C ongre sso. Que re mos a intocabilidade das libe rdade s de mocráticas. Que re mos a re alização das e le içõe s e m 1965 Se o se nhor J oão Goulart não te m acapacidade para A ve rdade sufocada * 81 e xe rce r a Pre sidência da R e pública e re solve r os proble mas da Nação de ntro da le galidade constitucional, não lhe re sta outra sa­ ída se não e ntre gar o gove rno ao se u le gítimo suce ssor. É admissíve l que o se nhor J oão Goulart te rmine o se u manda­ to dc acordo com a C onstituição. E ste grande sacrifício de tole rá- lo até 1966 se ria compe nsador para a de mocracia. M as, para isto o se nhor J oão Goulart te rá dc de sistir de sua política atual, que e stá pe rturbando uma Nação e m de se nvolvime nto e ame açando de le vá-la à gue rra civil. A Nação não admite ne m golpe ne m contragolpe . Que r con­ solidar o proce sso de mocrático para a concre tização das re for­ mas e sse nciais de sua e strutura e conômica. M as não admite que se ja o próprio E xe cutivo, por inte re sse s inconfe ssáve is, que m de ­ se ncade ie a luta contra o C ongre sso, ce nsure o rádio, ame ace a impre nsa e , com e la, todos os me ios de manife staçõe s do pe nsa­ me nto, abrindo o caminho à ditadura. O s pode re s Le gislativo e J udiciário, as classe s armadas, as forças de mocráticas de ve m e star ale rtas e vigilante s e prontos para combate r todos aque le s que ate ntare m contra o re gime . O BrasÜ já sofre u de masiado com o gove rno atual. Agora, basta!” (Correio da Manha, 31/03/1964). “F ora A Nação não mais suporta a pe rmanência do Sr. J oão Goulart à fre nte do gove rno. C he gou ao limite a capacidade de tole rá-lo por mais te mpo. Não re sta outra saída ao Sr. J oão Goulart se não a de e ntre gar o gove rno ao se u le gítimo suce ssor. Só há uma coisa a dize r ao Sr. J oão Goulart: saia. Durante dois anos, o Brasil agüe ntou um gove rno que parali­ sou o se u de se nvolvime nto e conômico, primando pe la comple ta omissão o que de te rminou a comple ta de sorde m e a comple ta anar­ quia no campo administrativo e finance iro. Quando o Sr. Goulart saiu dc se u ne utro pe ríodo de omissão foi para comandar a gue rra psicológica e criar o clima de intranqüilidade e inse gurança que te ve o se u auge na total indisciplina que sc ve rificou nas F orças Armadas. Isso significou e significa um crime dc alta traição contra o re dime . coiilra n R e pública que cie jurou de fe nde r..." 82- C arlos Albe rto Brilhante Ustra **... O Sr. J oão Goulart nào pode pe rmane ce r na Pre sidência da R e pública, não só porque sc mostrou incapaz de e xe rcê-la como também porque conspirou contra e la como sc ve rificou pe los se us últimos pronunciame ntos e se us últimos atos.” “ ... A Nação, a de mocracia e a libe rdade e stão e m pe rigo. O povo sabe rá de fe ndê-las. Nós continuare mos a de fe ndê-la.” (Correio cia Manha. 01/04/1964). “Atualme nte , no pre se nte gove rno, que ainda se diz de mocra­ ta, a ide ologia marxista c me smo a militância comunista indisfarçada constitue m re come ndação e spe cial aos olhos do gove rno. C omo se já e stivésse mos e m ple no re gime marxista-le ninista, com que sonham os que de se jam incluir sua pátria no grande império sovi­ ético, às orde ns do Kre mlin’" (Diário de Notícias, 01/04/1964). "Que m e stimula a indisciplina dc marujos e fuzile iros e de pois os transforma cm bandidos e e m se guida e m pobre s diabos pilha­ dos e m flagrante ? A partir de 13 de março o Sr. J oão Goulart te m injuriado mui­ tos, e m muito pouco te mpo. Agora, ao que tudo indica, já lhe re sta muito pouco te mpo para injuriar que m que r que se ja.” ( Jornal do Brasil, 01/04/1964). E ssa me sma impre nsa que , e m 1964, pe dia a re núncia de J ango ou a ação ime diata da socie dade brasile ira, para pôr fim à de sorde m, hoje , é tomada por e stranha amnésia, fruto, ce rtame nte , dos profissionais da e sque rda que povoam e dominam as suas re daçõe s. O nte m, bradava por uma contra-re volução para impe dir a tomada do pode r pe los comunistas. 1ioje , e sque cida, chama dc “golpe '’ a re ação dos militare s ate n­ de ndo o chamame nto que e la, impulsionada pe la socie dade , fe z. Incoe rência ou nova inse nsate z e m marcha? Agitação nos quartéis E m 1958, fui transfe rido para o R io de J ane iro, para faze r o C urso de De fe sa Antiaére a, cm De odoro. T odos os dias e u saía, por volta de 5 horas da manhã, de lotação, até a C e ntral do Brasil, onde pe gava o tre m das 6h05, que se guia para De odoro, Vila M ilitar, C ampo Grande e ia até Santa C ruz. E ra o famoso tre m das profe s­ soras. Ne le se iniciaram muitos namoros que , e m alguns casos, te rminaram e m casame nto. F oi o me u caso. No tre m conhe ci minha mulhe r, J ose íta. C he gáva­ mos à e stação da C e ntral, vindos de locais dife re nte s. E u, de Ipane ma e e la, da Usina da T ijuca. íamos fe lize s da vida, ape sar do horário. Viajávamos juntos até De odoro, me u parade iro. E la continuava até C ampo Grande , onde ainda pe gava outro lotação para dar aula e m uma e scola da zona rural. F oram dias muito fe lize s c o início de um amor que dura até os dias de hoje , além de um companhe irismo que se inte nsifica com o passar dos anos. T e rminado o curso, fique i até 1963 como instrutor na E scola dc De fe sa Antiaére a c, parale lame nte , fiz o C urso de T écnica de E nsino. E m jane iro de 1964, fui transfe rido para o I oGrupo de C anhõe s 90mm Antiaére o. A situação ne ssa época e ra de ince rte za. E xistia nos quartéis um grande núme ro de militante s comunistas infiltrados, principalme nte no me io dos sar­ ge ntos, que vinham se ndo doutrinados havia muito te mpo. A mobilização de alguns graduados, ligados ao PC B, visava a de se stabilizar a disciplina e a hie rarquia. E m 1963, os sarge ntos já haviam se re voltado e m Brasília. O comício de 13 de março de 1964, na C e ntral do Brasil, além da asse mbléia no Automóve l C lube , foram ve rdade iras de monstraçõe s de força dos sarge ntos. Logo de pois, ocorre u a re be lião de ce nte nas de marinhe iros, que , de pois de abandonare m suas unidade s, conce ntraram-se no Sindicato dos T rabalha­ dore s M e talúrgicos da Guanabara. O ambie nte e ra te nso. O s infiltrados ‘trabalhavam” os re crutas de suas unida­ de s. De ntro dos quaitéis doutrinavam com re lativa libe rdade , acobe rtados por re ivindicaçõe s de classe . De se nvolvia-se a campanha comunista. A re spe ito de sse assunto, o e x-sarge nto Pe dro Lobo de O live ira, e xpulso cm 1964. cm de poime nto de clarou: " ... M uito ante s do golpe de 1964 já participava ativame nte tia lula re volucionária no Brasil na me dida das minhas forças. ( 'rci o que de sde 1(>57. ou me l hor, de sde I (>55 (...) Nai j ue l a al l u- 84- C arlos Albe rto Brilhante Ustra ra o povo come çava a contar com a orie ntação do Partido C o­ munista Brasile iro...” ;tAté 1964» não havia proble ma de clande stinidade ne m nada disso. De ntro dos quartéis trabalhávamos com re lativa libe rdade e fazíamos re crutame nto político abe rtame nte . E u, por e xe mplo, algumas ve ze s che gava a re unir 50 ou 60 soldados numa sala do quarte l e discutia com e le s o proble ma da re volução (...) C e rta ve z coloque i um soldado de guarda à porta da sala do quarte l, para vigiar a che gada de algum oficial, e fale i da União Soviética a nume rosos cabos e soldados. F ale i da grande R e volução de O utubro de 1917 ...” (C ASO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/ 197 - M orae s E ditore s - Prêmio T e ste munho/l973, C asa de Las Américas). Ao che gar à minha nova unidade , fui de signado para comandar a 4aBate ria. O I oGrupo e ra composto pe las Ia, 2a, 3ae 4aBate rias de C anhõe s Antiaére os e pe la Bate ria de C omando e Se rviços. Ne ssa época, o comandante da Bia. de C omando c Se rviços e ra o I o te ne nte C arlos M ário Pile t, que comungava dos me smos princípios ide oló­ gicos que e u. Havia, ainda, mais uma Bia. de C anhõe s, cujo comandante e ra solidário a nós e do qual nào me le mbro o nome . Quanto às de mais, e ram conside radas como “bate rias ve rme lhas”, já que se us comandante s e ram simpatizante s do gove mo. Quando assumi o C omando da 4aBia., trate i, ime diatame nte , de aprimorar a instrução e a disciplina e de de dicar um e sforço conside ráve l na manute nção e no pre paro do mate rial bélico. M e us sarge ntos e soldados e ram um todo unido e coe so. Quanto aos oficiais, conse gui, ante cipadame nte , transfe rir para outra Bate ria um te ne nte que não me inspirava confiança. No que diz re spe ito aos sarge ntos, tive proble mas ape nas com um. Ao faze r uma re vista inopinada, o sarge nto e ncontrava-se ause nte . Quando to­ me i conhe cime nto de que cie vinha se ause ntando do e xpe die nte , por que passava o dia faze ndo propaganda comunista, e m fre nte à e stação da C e n­ tral do Brasil, coloque i se u nome no pe rnoite (re vista fe ita às 21 horas). E le faltou à re vista três dias se guidos. C omo alguém de ve tê-lo avisado e sa­ be ndo que , após se te ausências, passaria à situação de de se rtor, compare ­ ce u ao quarte l e se apre se ntou na Bate ria. E stava e m e stado lastimáve l. Barba por faze r, cabe los grande s para os padrõe s militare s, camisa para fora das calças e , no lugar de usar coturnos, usava botas de cano curto, onde carre gava uma faca. A ve rdade sufocada · 85 De te rmine i que fosse se re compor e se uniformizar corre tame nte . E m se gui­ da, pe di se u re colhime nto à prisão. Não de morou um dia no xadre z. De u parte de doe nte . Baixou ao Hospital M ilitar, de onde se ause ntava para continuar sua propaganda comunista. Prosse guindo, ao faze r uma re vista no mate rial, constate i que faltavam mosque tõe s, me tralhadoras e munição. R e ce bi um informe de que o mate rial e m que stão e stava guardado e m uma sala, cujas chave s e stavam cm pode r de sse sarge nto. Arrombada a porta, o mate rial foi re cupe rado e voltou a ocu­ par o se u lugar na sala de mate rial bélico. Poste riorme nte , após a C ontra-R e volução, tal sarge nto foi cassado, como outros sarge ntos e oficiais. E m ve rdade , a situação no 10G C an 90 AAé e ra e mbaraçosa. Duas Bate ­ rias a favor de J ango e três contrárias à anarquia cre sce nte que se instalava no País. E assim e ra e m muitos quartéis... E m 1964, e u e ra um jove m capitão, com 31 anos de idade . Diariame nte lia, no re fe itório dos oficiais, os jornais da época, como O Dia, O Globo, Jornal do Bra  sil , Tribuna da Imprensa, Diário de Notícias. T odos e ram unânime s e m conde nar 0 gove mo J oão Goulart e pe diam a sua saída e m nome da manute nção da de mo­ cracia. Ape lavam para o bom se nso dos militare s e e xigiam a sua inte rve nção, para que o Brasil nào se tomasse mais uma nação comunista. E e u assistia a tudo aquilo com muita apre e nsão. Se ria corre to agirmos para a que da do gove mo constituído? C ompre i uma C onstituição do Brasil e a lia constante me nte . C ada ve z mais, se ntia que a minha posição e ra a corre ta, ou se ja, apoiar os militare s que vinham se contra­ pondo ao de sgove rno J ango. C omo sabe mos, às F orças Annadas cabe ze lar pe la manute nção da le i e da orde m. Logo, te ndo e m vista o que ocorria, concluí que tínhamos de de fe nde r a Nação e o E stado e não o gove rno, que vinha, siste maticame nte , fe rindo a C onstituição. A cada dia, ficava mais claro que , mais ce do ou mais tarde , have ­ ria um confronto. A be m da ve rdade , do outro lado não e ram todos comunistas. 1lavia também, e e m grande núme ro, militare s le galistas, que se afe rravam ao de ve r de garantir o que conside ravam le gal, a qualque r custo, me smo naque le e stado dc anarquia cre sce nte . M ande i colocar numa moldura, na e ntrada da Bate ria, a frase do te ne nte Sique ira C ampos, muito ade quada ao mome nto no qual vivíamos: “A Pátria tudo se de ve dar c nada pe dir, ne m me smo compre e nsão” () me u e stado de e spírito e ra o de alguém que se e ncontrava cm ple na marcha pani ocombale . 1Jmcombale íhilncitla tio qual não imaginava o de sfe cho. 86- C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 87 A gota d água - Jango na assembléia com os sargentos, no Automóvel Club, em 30 de março de 1964, véspera da Contra- Revolução - O Globo - 27/ 03/2004 Almirante Pedro Paulo de Araújo Suzano, nos braços dos marinheiros subleva- dos - O Globo - 27/03P004 GO ULAR T no Automóve l C lub, no dia 30 de março 88- C arlos Albe rto Brilhante Ustra Minas, rastilho da Contra-Revolução E m 30 de março de 1964, o gove rnador do E stado dc M inas Ge rais, M a­ galhãe s Pinto, tomou público um manife sto, confirmando sua posição favoráve l às re formas que o País aspirava, mas não concordando que e las fosse m usadas como pre te xto para ame açar a paz social. No dia se guinte , 31 dc março, M agalhãe s Pinto lançou uma Proclamação. Ne la de clarava que tinham sido inúte is as adve rtências fe itas ao País e conside ­ rava se r se u de ve r e ntrar e m ação, a fim de asse gurar a le galidade ame açada pe lo pre side nte da R e pública. O ge ne ral C arlos Luiz Gue de s, comandante da Infantaria Divisionária (ID/4), se diada e m Be lo Horizonte , no dia I ode abril lançou um manife sto afirmando que , honrando sua he róica tradição, o povo mine iro iniciou a luta pe la libe rdade , como se mpre . E m ve rdade , já na tarde do dia 30 de março, o ge ne ral Gue de s re uniu se us oficiais no comando da ID/4 e lhe s informou que , a partir daque le mome nto, sc julgava re be lado c não mais cumpriria orde ns do gove rno fe de ral. Se m dúvida, a posição firme c de cidida do gove rnador M agalhãe s Pinto tomou possíve l a de flagração da C ontra-R e volução. M inas Ge rais ace ndia o pavio da C ontra-R e volução! O comandante da Polícia M ilitar dc M inas Ge rais, corone l PM J osé Ge raldo, com o apoio irre strito do gove rnador, foi de cisivo para o êxito das açõe s e m M inas, ao colocai'os 18.000 home ns da Policia M ilitar à disposição do E xército. A 4aR e gião M ilitar/4aDl, se diada e m J uiz de F ora, e ra comandada pe lo gcne ral-de -divisão O lympio M ourão F ilho. As 4h30 de 31 de março, o ge ne ral M ourão informou ao ge ne ral Gue de s que ia partir com suas tropas para o R io dc J ane iro. E m se guida, ligou para o ge ne ral M uricy, solicitando sua pre se nça para apoiá-lo na condução das ope raçõe s. O utro apoio, não me nos importante e valioso, foi o do mare chal O dylio De nys, e x-ministro da Gue rra, que . e mbora na re se rva, viajou para J uiz de F ora onde contribuiu para o suce sso das ope raçõe s e da própria C ontra-R e volução. Ne ssa cidade , foi organizado o De stacame nto T irade nte s, sob o comando do ge ne ral M uricy. constituído pe las se guinte s unidade s: -10oR e gime nto de Infantaria (10oR I), de J uiz de F ora; -110R e gime nto de Infantaria (11° R I), dc São J oão de i R e y; - 2oBatalhão do 12oR e gime nto de Infantaria (2712° R I ), de Be lo Hori­ zonte ; - um (irupo de Artilharia, de J uiz de F ora; - um E squadrão de R e conhe cime nto M e canizado; - um Batalhão dc Polícia M ilitar, dc J uiz de F ora; - um Batalhão dc Polícia M ilitar, dc Gove rnador Valadare s. 90- C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m Be lo Horizonte foi criado o De stacame nto C aicó, assim constituído: - I oBatalhão de Infantaria do 12° R I (1°/12° R I ); - um Batalhão de Polícia M ilitar, de M onte s C laros; - uma Bate ria de Artilharia do C e ntro de Pre paração de O ficiais da R e se rva de Be lo Horizonte (C PO R /BH); - uma Bate ria dc O buse s do 4oR O 105, de Pouso Ale gre . O De stacame nto C aicó de slocou-se se m re sistência até Brasília, onde pe r­ mane ce u por 19 dias. J á com o De stacame nto T irade nte s. os fatos não ocorre ram de mane ira tão tranqüila. Do E stado da Guanabara, atual cidade do R io de J ane iro, de slocaram-se para J uiz de F ora as tropas da Infantaria Divisionária 1(ID/1), sob o comando do ge ne ral Luiz T avare s da C unha M e llo, com a missão de de te r o avanço do Grupame nto T irade nte s. Na Vanguarda, marchavam o I oR e gime nto de Infantaria (R e gime nto Sampaio), comandado pe lo corone l R aimundo F e rre ira de Sousa, apoiado pe lo II Grupo de Artilharia do IoR e gime nto de O buse s 105- l°R O 105 (R e gime n­ to F loriano). E sse grupo, que iniciou a marcha para J uiz de F ora às 18h00 do dia 31 de março, e ra composto pe la 4aBate ria de O buse s sob o comando do capitão Gualbe rto Pinhe iro, pe la 6aBate ria de O buse s sob o comando do capitão Audir Santos M acie l, pe la Bate ria de C omando e pe la Bate ria de Se rviços. Se gundo de poime nto do corone l Audir Santos M acie l, no tomo 11da His  tória Oral do Exército: “No dia 31 de março, o I! Grupo do R e gime nto F loriano rcccbcu a missão de se guir para M inas e pe rguntamos para os nossos che fe s o que e stava aconte ce ndo, o porque . E as infor­ maçõe s que nos passaram e ram muito dife re nte s daquilo que , de pois, vie mos a constatar. E ntre outras coisas, disse ram que íamos combate r um le vante da Polícia M ilitar mine ira (...) Nos e nganaram para que saísse mos.” A re taguarda da Vanguarda marchava sob o comando do ge ne ral C unha M e llo o re stante da tropa, composta pe lo 2oR e gime nto de Infantaria c pe lo I Grupo do I oR O 105. Nas proximidade s de T rês R ios, o Grupame nto T irade nte s e a Vanguarda da ID/1 se de frontaram e sc de sdobraram no te rre no, pre parando-sc para o confronto.O ge ne ral M uricy, comandante do Grupame nto T irade nte s. conhe cia o corone l R aimundo, comandante do R e gime nto de Infantaria que marchava na Vanguaixla.o A ve rdade sufocada · 91 10R I, com a missão de de tê-lo. O corone l R aimundo mantinha um e xce le nte re laci­ oname nto com o mare chal O dylio De nys que , por sua ve z, apoiava o ge ne ral M ourao, comandante das tropas de J uiz de F ora. E m conse qüência, c por inte rce ssão de oficiais de ambos os lados, o mare chal De nys mostrou ao corone l R aimundo o porquê da re ação contra o gove rno J oào Goulart e pe diu sua ade são à C ontra- R e volução. O corone l ade riu e o 10R I passou-se para o lado das tropas mine iras. Na ocasião, a 4:| Bate ria do II Grupo do 1° R O 105, sob o comando do capitão Gualbe rto Pinhe iro, também ade riu ao movime nto. C om tais ade sõe s, a Vanguarda da I aDl, e m ve z de impe dir o ace sso do De stacame nto T irade nte s ao R io, passou a apoiá-lo. O De stacame nto T irade nte s, agora re forçado, prosse guiu sua marcha e m dire ção à cidade do R io de J ane iro, até se de frontar, na tarde do dia 10de abril, com o re stante das tropas do ge ne ral C unha M e llo. Novame nte , os opone nte s se de sdobraram no te rre no e ocuparam posi­ çõe s para o combate . O corre ram trocas de informaçõe s e ntre os E stados- M aiore s dc ambos os lados. O s aconte cime ntos dc R e se nde , acre scidos da re núncia do ge ne ral comandante do Prime iro E xército (I E x), foram fatore s de cisivos para e vitar o confronto. O ge ne ral C unha M cilo re tornou ao R io de J ane iro, se m lutar ou ade rirá C ontra-R e volução. Pre vale ce ra o bom se nso e o patriotismo de brasile iros, que , assim, e vita­ ram um inútil de rramame nto de sangue . O De stacame nto T irade nte s continuou sua marcha vitoriosa e che gou ao R io dc J ane iro às 7h30 do dia 2 de abril, ficando acantonado nas instalaçõe s do E stádio do M aracanã, até o se u re torno para M inas Ge rais. O rastilho ace so e m M inas Ge rais prosse guiu se u curso, le vando a C ontra- R e volução a todos os re cantos do País, se m sangue e se m confrontos, numa de monstração ine quívoca de maturidade política da socie dade brasile ira. Vale le mbrar que as forças opone nte s se comportaram de forma cavalhe i­ re sca c visce ralme nte contrária ao que pre conizavam os manuais dos re voluci­ onários da e sque rda. E nquanto e sse s pre conizavam saque s, incêndios e violên­ cia, os militare s do E xército Brasile iro honraram o le gado de C axias, se u ínclito patrono: fidalguia c re spe ito com os ve ncidos e pacificação do País. F onte : - / lisíória Oral do fíxército - de poime ntos de : ge ne ral C id de Godofre do F on­ se ca -T omo 3; ge ne ral J osé Antonio Barbosa de M orae s - T omo 2; corone l ítalo M andarino - I bmo 3; corone l C arlos Albe rto Gue de s - T omo 9; corone l E vcrton da Paixão ('unido F le ury-T omo 3; corone l I le nrique C arlos Gue de s-T omo 3; corone l Waklir Abhês- lotno 3; c corone l Audir Santos M acie l - Ibmo 11. Encontro de irmãos de armas Lição de amor ao Brasil A Acade mia M ilitar das Agulhas Ne gras (AM AN), sob o comando do ge - ne ral-de -brigada E mílio Garrastazu M édici, de se mpe nhou pape l de e xtre ma importância nos acontccime ntos ocorridos naque le s dias. A de te rminação e a firme za com que o ge ne ral M édici de cidiu e mpre gar os cade te s e m açõe s militare s, inte rpondo-se e ntre as tropas do e ntão I E xér­ cito (I E x), que se de slocavam no se ntido R io de J ane iro-São Paulo, e as tropas do II E xército (II E x), que se de slocavam com propósitos antagônicos aos do I E xército, no se ntido São Paulo-R io dc J ane iro, e vitaram, se m dúvi­ da, um inútil de rramame nto de sangue e ntre brasile iros e , cm particular, e ntre irmãos dc farda. J á na véspe ra do início da C ontra-R e volução, e m 30/03/1964, o coman­ dante da AM AN e xpe diu uma Nota de Se rviço E spe cial, ale rtando quanto à intranqüilidade vivida pe lo País e re le mbrando a importância de se re m pre ­ se rvados, até a última instância, os princípios basilare s da Instituição: a hie ­ rarquia e a disciplina. Seqüência de fatos ocorridos no dia 31 dc março dc 1964 na ÁMAN - Às 17h30, o comandante da Acade mia re ce be u do comandante do I E x a de te rminação de colocar e mante r cm prontidão o Batalhão de C omando e Se rviços, e m face do le vantame nto de M inas Ge rais, com o apoio das F orças F e de rais c E staduais se diadas naque le e stado, contra o gove rno fe de ral. - Ás 20h30, o corone l M oacyr Barccllos Potyguara, comandante do C or­ po dc C ade te s, de u cicncia aos cade te s da de flagração do movime nto e m M i­ nas Ge rais e os concitou a se mante re m calmos e confiante s. Seqüência dos fatos ocorridos no dia Io dc abril de 1964 na AMAN - Às 2h00, o ge ne ral Arthur da C osta e Silva, que assumira o C omando C ontra-R e volucionário no E stado da Guanabara, mante ve contato com o co­ mandante da AM AN e solicitou o apoio da Acade mia à C ontra-R e volução. - Às 2h30, o comandante do II E x, São Paulo, ge ne ral Amaury Krue l. informou ao comandante da AM AN te r ade rido à C ontra-R e volução e ha­ ve r de te rminado, àque la hora, o de slocame nto das tropas do II E x para o E stado da Guanabara, pe lo e ixo da antiga BR -2, R io-São Paulo, atual BR - 116. Na ocasião, solicitou o apoio da Acade mia. Dc pronto, o ge ne ral Krue l ouviu do ge ne ral M édici a re sposta de que a AM AN ade ria à C ontra-R e ­ A ve rdade sufocada - 93 volução e que garantiria o livre de slocame nto das tropas do II E x pe lo mu­ nicípio de R e se nde . - As 3h00, o comandante do I E X, situado no E stado da Guanabara, atual R io de J ane iro, informou ao comandante da AM AN que de te rminara o de slo­ came nto do Grupame nto de Unidade s E scolas (GUE s) na dire ção R io-São Paulo, pre ve ndo a passage m de suas tropas por R e se nde às I2h00 daque le Io de abril. O GUE s e ra constituído, e ntre outras unidade s, pe los R e gime nto E s­ cola dc Infantaria (R E sI), R e gime nto E scola de C avalaria (R E sC ), Grupo E s­ cola de Artilharia(GE sA), I oGrupo de C anhõe s 90 mm Antiaére os e Batalhão E scola de E nge nharia. - As 3h 10, os oficiais da AM AN foram informados da de cisão do coman­ dante da Acade mia e m e mpre gar os cade te s nas ope raçõe s. Situação existente às 6h00 do dia 1° de abril - 1E x - situação inde finida na cidade do R io de J ane iro; - De stacame nto da Infantaria Divisionária, da 4aDivisão de Infantaria (ID/ 4), com se de e m Be lo Horizonte , De stacame nto C aicó, e m de slocame nto para Brasília; - 4aR e gião M ilitar/4aDivisão de Infantaria (4aR M /4aDl), com se de e m J uiz de F ora, De stacame nto T irade nte s, e m de slocame nto para o R io de J ane iro; - GUE s (Grupame nto de Unidade s E scola) iniciando, o de slocame nto de algumas unidade s na dire ção R io de J ane iro - São Paulo; - I aD I/Guanabara, constituída, e ntre outros, pe los I oR e gime nto de Infan­ taria, 2o R e gime nto de Infantaria, 3oR e gime nto de Infantaria, I o R e gime nto de O buse s 105 e I oBatalhão dc E nge nharia, de slocando-se na dire ção R io de J ane iro - J uiz de F ora; - II E x/São Paulo, a maioria de suas tropas de slocando-se na dire ção do R io de J ane iro; - AM AN - solidária ao II E x. Suas tropas asse gurariam a passage m do II E x na re gião de R e se nde . Seqüência das operações entre 6h00 e 8h30 - Vislumbrava-se um possíve l e ncontro e ntre as tropas do I E x e do II E x. As informaçõe s e ram de que e sse pre sumíve l e ncontro dar-se -ia próximo à re gião dc R e se nde . - F ace à possibilidade das informaçõe s acima vire m a se concre tizar, o comandante da Acade mia de cidiu e mpre gar o C orpo de C ade te s para impe dir o ace sso das forças do 1E x à re gião dc R e se nde . 94- C arlos Albe rto Brilhante Ustra - Às 6h20, foi distribuída aos cade te s a se guinte nota: “C ade te s! O comando da AM AN te ve ciência que os II e IV E xércitos (IV E x, se de e m R e cife - nota do autor) ade riram às forças da 4'1R e gião M ilitar (J uiz de F ora).” O ge ne ral Krue l, comandante do II E xército, se ligou pe ssoal­ me nte com o ge ne ral comandante da AM AN para informá-lo da situação e solicitar me didas de se gurança para a passage m de tropas que se de slocam para a Guanabara. O ge ne ral comandante da AM AN de te rminou asse gurar o livre trânsito da me sma, o que se rá e xe cutado. O comandante do C orpo de C ade te s, cumprindo de te rminação do e xmo. sr. Ge n. comandante , le mbra aos cade te s que , na oportunidade , a maior contribuição a se r dada pe lo C orpo de C ade te s é a manute nção das atividade s normais, com discipli­ na e calma, confiante s todos e m que , na hora e ni que se fize r ne ce ssário, a AM AN agirá como um todo coe so e forte .” E m cumprime nto à de cisão do comandante da Acade mia, foi organizada uma vanguarda, inte grada por cade te s, que iniciou o se u de slocame nto às 8h30. A vanguarda e stava assim constituída: - um E squadrão de C avalaria M otorizado, sob o comando do major de C avalaria E mani J orge C orrêa. E sse E squadrão, formado por cade te s do C ur­ so de C avalaria, tinha como missão ocupar uma Posição de R e tardame nto (PR ), na re gião do Km 277 da Via Dutra; - uma C ompanhia de Infantaria R e forçada, comandada pe lo capitão de Infantaria Ge ise F e rrari, constituída pe los cade te s do C urso dc Infantaria, com a missão de ocupar uma Posição De fe nsiva (PD), próxima à fábrica White M artins, no Km 283 da Via Dutra. C abia, também, a e ssa PD acolhe r o E squa­ drão de C avalaria, que , a partir da posição ocupada na PR , e xe cutaria uma Ação de R e tardame nto, até se r acolhido pe la PD; - uma Bate ria de O buse s 105 mm, comandada pe lo capitão de Artilharia Dicke ns F e rraz, constituída por cade te s do C urso dc Artilharia, re ce be u a mis­ são de ocupar uma Posição de T iro no Km 286, da BR -116,3 Km à re taguar­ da da Posição De fe nsiva; - um Pe lotão de E nge nharia, constituído por cade te s do C urso de E nge ­ nharia, se pre parou para a de struição dos viadutos da Guarita e da R e de F e rroviária F e de ral, nas proximidade s do Km 278 da Via Dutra; e - duas e quipe s de cade te s do C urso de C omunicaçõe s. Parale lame nte , quando a Vanguarda da AM AN iniciou se u de slocame nto para ocupar suas posiçõe s na Via I )utra, foi divulgado para todo o País a pro­ mulgação abaixo, intitulada "Irmãos e m Armas". A ve rdade sufocada · 95 “Aqui e stão os cade te s da Acade mia M ilitar das Agulhas Ne ­ gras, mãe comum dos dignos oficiais do E xército Brasile iro e forjadora dos caracte re s ilibados dos militare s que , hoje , por moti­ vos conhe cidos, e stão por se de frontar. A AM AN, ao adotar a atitude que tomou - que nossa pre se n­ ça aqui mate rializa - pe nsou principalme nte na validade e te rna dos princípios de disciplina e hie rarquia que têm sido o apanágio glori­ oso dc nossas F orças Armadas. Aqui e stá a M ocidade M ilitar do Brasil, re pre se ntada por jove ns possuídos dos mais alcantilados se ntime ntos de patriotismo e ape go ao de ve r, não para agre dir a se us irmãos dc armas, ne m para de ixar-se sacrificar, mas sim para salvaguardar os princípios que re ge m a profissão que e scolhe ram por vocação irre sistíve l c, se ne ce ssário for, dignificar a farda que ve ste m, através de atos de que falará no futuro, com re spe ito e admiração, a história de nossa e stre me cida Pátria. No mome nto e m que pe rsiste o e xtre mo pe rigo de , ne ste vale dc tão alto significado para a vida nacional, e nfre ntare m-se e matare m-se irmãos que , no fundo, cultuam os me smos ide ais e pe rse gue m os me s­ mos obje tivos, nossa atitude significa, também, a te ntativa de e vitar o de spe rdício de e ne rgias que , talve z, ve nham a se r ne ce ssárias à de fe sa de nossos lare s e das tradiçõe s que têm marcado nossa e xistência. Irmãos dc nascime nto, de fé patriótica e de ide al: re fle ti be m ante s de , pe la violência, te ntar abate r o ânimo sacrossanto que para aqui nos conduziu. A Acade mia, por se us orie ntadore s dire tos, aqui e stá disposta a cumprir, na ínte gra, tudo quanto nos te m sido e nsina­ do como sagrado e prove itoso para a Pátria. Não te nte is cortar, se m maior ponde ração, 110 se ti nasce douro, tantas vocaçõe s capaze s de ge rar, para condução dos de stinos do Brasil, os che fe s de que care ­ ce a grande Nação a que todos, com orgulho, pe rte nce mos. M ilitare s do E xército Brasile iro: que não se ja e sta a via dolorosa para vossas consciências e para a he rança dc vossos de sce nde nte s. Unidos, te re mos toda a gratidão da Pátria; se nos de savie r- mos, por ce rto o Brasil um dia nos conde nará como autênticos dilapidadore s do pode r e ne rgético que tantos sacrifícios custaram a nossos ante passados. Irmãos: que a bande ira brasile ira, que tre mula altane ira nos nossos mastros c re fle te os se ntime ntos cristãos de nossos cora­ çõe s, nos cubra a todos e inspire nossas açõe s, ne sse s mome n­ tos grave s de nossas vidas, tão úte is e ne ce ssárias à grande za do nosso que rido Hrasi l " 96· C arlos Albe rto Brilhante Ustra M inha incorporação na coluna do GUE s E nquanto e sse s fatos ocorriam no Vale do Paraíba, às 7h00 do dia I odc abril e u e stava faze ndo a formatura da minha Bate ria, no 10Grupo de C anhõe s 90 Antiaére os, cm Dcodoro, R io de J ane iro, quando ouvi o toque de clarim, chamando os oficiais para uma re união com o comandante , corone l Antônio Sá Barre to Le mos F ilho. Após nossa apre se ntação, o comandante transmitiu-nos a se guinte orde m que re ce be ra do comandante do Grupame nto de Unidade s E scolas - GUE s, ge ne ral Anfrísio da R ocha Lima: o 10G C an 90 AAé de ve ria forne ce r uma Bate ria de C anhõe s para inte grar a coluna que se de slocaria cm dire ção a São Paulo. Ainda, dc acordo com a orde m re ce bida, e ssa Bate ria se ria comandada por mim, capitão Ustra, e e u se ria acompanhado pe lo capitão C avalcro. Ponde re i ao comandante que uma Bate ria dc C anhõe s 90 mm e ra totalme nte inade quada para e sse tipo dc missão, porque se u mate rial e ra usado para a dcíc- sa dc pontos se nsíve is, como ponte s, fábricas, ae roportos, e le vava algumas ho­ ras para e ntrar e m posição. J amais se pre staria para a de fe sa antiaére a ime diata de uma coluna e m movime nto. Além disso, os canhõe s e ram re bocados por tra­ tore s sobre lagartas e um longo de slocame nto pe lo asfalto acabaria com as bor­ rachas das lagartas, re tardando o movime nto. O corone l ouviu-mc ate ntame nte e disse que a orde m re ce bida do ge ne ral Anfrísio de ve ria se r cumprida. Pe di ao ce l Sá Barre to pe rmissão para me re tirar e aprontar a minha Bate ria, para me inte grar à coluna que sairia do R io de J ane iro para e nfre ntar as tropas do II E x. Ne sse mome nto, o comandante disse -me : - C apitão Ustra, a orde m que e u re ce bi é que , além do capitão C avale ro que o acompanhará, a Bate ria que o se nhor irá comandar não se rá a sua, a 4a Bate ria, mas sim a 2aBate ria. Ne sse mome nto, pcrccbi que aprove itavam a situação para me re tirar do quarte l c do comando da 4'1Bate ria. R aciocinando, contra-ataque i e ponde re i: - C orone l, há te mpos ve nho pre parando a minha Bate ria para e star e m ple na condição de e mpre go, l odo o armame nto e stá e m ótimas condiçõe s dc uso e gostaria que o Sr. me autorizasse a le vá-lo, e m lugar do mate rial da 2aBate ria, suge stão que o comandante ace itou. C ontinue i pe dindo mais e dize ndo: - C omo a re sponsabilidade pe lo armame nto é dos me us sarge ntos, que e le s sigam comigo, junto com o mate rial pe lo qual são re sponsá­ ve is. Pe dido ncj<ado. i A ve rdade sufocada - 97 E ntão, cm um de rrade iro e sforço, pe di que , pe lo me nos, de ixasse le var os cabos e os soldados da minha Bate ria, com o que concordou. Ato contínuo, saí do gabine te do comando e passe i, ime diatame nte , a pre parara Bate ria para inte grar a coluna do GUE s que confrontaria as tro­ pas do II E xército. Aqui pre ciso faze r justiça ao me u comandante , ce l Sá Barre to. E ra ade p­ to das idéias contra-re volucionárias e e stava some nte cumprindo orde ns su­ pe riore s. Naque le mome nto, não podia re be lar-se , ne m me smo ponde rar, pois, e m qualque r situação se ria afastado do comando e substituído por um corone l janguista. R e tirando-me do quarte l, minha Bate ria, se m comando, no mínimo ficaria se m ação. Ante s dos me us cabos e soldados ocupare m suas posiçõe s nas viaturas, procure i falar com e le s e e xplicar a difícil situação e m que me e ncontrava. M as e u e stava vigiado. E ntão, e xplique i ao me u orde nança, soldado Waldir de Souza Lima, o que aconte cia e pe di que transmitisse o que se passava aos cabos e soldados. F rise i que , e m qualque r situação, só obe de ce sse m às minhas orde ns. C onse gui falar, e m particular, com o 1° sarge nto Silvio Saturno C orre ia, o mais antigo da 4aBate ria. O rie nte i-o para que e xe rce sse sua lide rança e m re lação aos de mais sarge ntos, para que se mantive sse m calmos e confiante s e e vitasse m se manife star. E xplique i-lhe ainda que e stava me de slocando naque la situação por uma imposição do C omando do GUE s ao ce l Sá Barre to, pois, e m ve rdade , o que que riam e ra me se parar da tropa que e u comandava, constituída de militare s e m que m e u confiava e que e stariam se mpre ao me u lado. As 9h00, o nosso comboio saiu do aquarte lame nto e m uma situação inu­ sitada. Na fre nte , no jipe do comandante da Bate ria, e stava o motorista e e u; no banco trase iro, o capitão J orge C avale ro, dois anos mais antigo do que e u, te ndo a se u lado o me u soldado orde nança. Para os civis, não acostumados com os re gulame ntos militare s, de vo e sclare ce r que e sse capitão, por se r mais antigo, de ve ria e star na fre nte , no lugar de de staque . C ada pe ça de artilharia e ra comandada por um sarge nto que e u não co­ nhe cia e no qual não confiava. Além disso, os sarge ntos de ve riam te r sido orie ntados para obe de ce rás orde ns do capitão C avale ro. M e smo assim, e u contava com o trunfo de te r, ne ssas me smas pe ças, cabos e soldados, instru­ ídos e orie ntados por mim, que não cumpririam as orde ns dos sarge ntos e do capitão C avale ro. O dia e stava frio e chuvoso. Não tive mos te mpo de pre parar os tre ns de cozinha para confe ccionaras nossas re fe içõe s. Saímos ape nas com um “catanho” 98- C arlos Albe rto Brilhante Ustra para cada um. Ne le , e stavam dois pàe s france se s com mortade la, ovos cozi­ dos, bananas e algumas mariolas. Para be be r, ape nas um cantil com água. O s soldados não tinham japona e nada mais que os prote ge sse m da chuva. T am­ bém nào tinham com o que contar e m le rmos dc e nfe rme iros e mate rial de prime iros socorros. Nada! Se re alme nte e ntrásse mos e m combate , nào se i como se riam ate ndidos os possíve is fe ridos. Se guindo as minhas instruçõe s, os moto­ ristas re tardaram ao máximo a marcha da coluna. Pne us foram e svaziados, via­ turas apre se ntaram pane s. Ao anoite ce r, ainda não tínhamos comple tado a su­ bida da Se rra das Araras. Aconte cime ntos a parti r das 11 hO O do dia 1° de abril -Às I lh30,o 1° E scalão do II E xército, re pre se ntado pe lo 5oR I, de Lore na, aproximou-se de R e se nde . - Às 12h30, che garam a R e se nde , via rodoviária, o 2oR e gime nto de O buse s 105mm, de Itu, e a Bate ria de O buse s do C PO R /SP; na e stação fe rroviária de Agulhas Ne gras, a IaC ompanhia do 2° Batalhão de C arros dc C ombate , que se de slocou por via fe rroviária. T odas Unidade s pe rte nce nte s ao II E xército. - Às 12h45, o 2oE squadrão dc R e conhe cime nto M e canizado, também pe rte nce nte ao II E xército, e stacionou e m Itatiaia. - Às 13h00, o comandante da Acade mia M ilitar re ce be u a comunicação de que o comandante do I E xército, ge ne ral Armando M orais Âncora, e o comandante do II E xército, ge ne ral Amaury Krue l, re unir-se -iam para uma confe rência na AM AN. O ge ne ral Âncora de se mpe nhava, inte riname nte , o cargo de ministro da Gue rra, pois o ge ne ral J air Dantas R ibe iro, ministro e fe tivo, e stava inte rnado com sérios proble mas de saúde . Ainda por volta das 13 horas, a Vanguarda do I E xército, constituída por um Batalhão do R e gime nto E scola de I nfantaria, uma C ompanhia de carros de combate e uma Bate ria de artilharia, fe z alto e ocupou posição nas proximidade s da e ntrada da cidade de Barra M ansa. F oi e stabe le cido contato com as tropas opone nte s. Ne sse me smo horário, a 2aBate ria do Grupo E scola de Artilharia (GE sA), que inte grava a Vanguarda do I E xército, ocupou uma posição de tiro. Âs 14h00, as outras duas Bate rias, que marchavam mais à re taguarda, e m ve z de buscar a áre a de de sdobrame nto para ocupar posiçõe s de tiro, para surpre sa do comandante do GE sA, ce l. Aldo Pe re ira, nào obe de ce ­ ram às suas orde ns. E m ve locidade acima da pre vista, continuaram se u de slocame nto pe la Via Dutra e ade riram à C ontra-R e volução, se ndo aco­ lhidas pe lo E squadrão de C avalaria que inte grava a vanguarda das tropas da AM AN. A ve rdade sufocada - 99 T al ge sto de corage m e de te rminação ocorre u sob a lide rança do capitão Willy Se ixas, oficial de O pe raçõe s (S/3) do Grupo, de comum acordo com os dois comandante s de Bate ria, capitão Affonso de Ale ncastro Graça e capitão J osé Antônio da Silve ira, formados comigo na me sma T urma Santos Dumont. O s bravos capitãe s de monstraram a e xce le nte formação que re ce be ram na AM AN, quando e stávamos sob a lide rança dc dois grande s che fe s que honram a Artilharia do nosso E xército: major O zie l de Alme ida C osta, nos­ so instrutor che fe , e o capitão Luciano Salgado C ampos, nosso comandan­ te de Bate ria. Por de ficiência de comunicaçõe s, o E squadrão de C avalaria não informou à C ia de Infantaria, que e stava mais à re taguarda, sobre o e pisódio com as Bate ­ rias e m que stão. Assim, quando e ssas continuavam se u de slocame nto para a re gião de R e se nde , de pararam-se com a Infantaria da AM AN. F oram de tidas e o bom se nso pre vale ce u. As 15h00, o ce l. O bino Lace rda Alvare s, da AM AN, re uniu-se com os comandante s das unidade s da vanguarda do I E x, quando ficou e stabe le cido que os dois lados mante riam as posiçõe s ocupadas, se m disparar suas armas, facilitando o de slocame nto do ge ne ral Âncora para a cidade de R e se nde , onde , na AM AN, confe re nciaria com o comandante do 11E xército, ge ne ral Amaury Krue l. As 18h00, ocorre u o e ncontro e ntre os ge ne rais, no gabine te do coman­ dante da AM AN. Não houve qualque r de monstração de rancor ou de falta de e spírito militar. O ge ne ral Ancora, tão logo che gou à Acade mia, foi re ce bido pe lo ge ne ral M édici, comandante da AM AN, com o se u E stado-M aior e m forma. Quando o ge ne ral Ancora saltou do carro, o ge ne ral M édici orde nou ao corne te iro que de sse o toque a que e le tinha dire ito, suce de ndo-se e ntre ambos uma troca de de fe rências, no mais ge nuíno cavalhe irismo: Ge ne ral Ancora: - “Nào é pre ciso. Ge ne ral de rrotado nào te m dire ito a sinais de re spe ito. Vimpara me re nde r”. Ge ne ral M édici: - “Aqui e stou para re ce bê-lo, onde nào há outros de rrotados se não os inimigos da Pátria. R e cusando-se ao de rramame nto de sangue , Vossa E xce lência e stá e ntre os vitorio­ sos de hoje . Suba comigo que o ge n. Krue l o e stá e spe rando". Após o e ncontro, ficou de cidido que as ope raçõe s no Vale do Paraíba e stavam e nce rradas e que as tropas re gre ssariam aos quartéis. De todos os comandos militare s che gavam ade sõe s ao movime nto. Não houve focos dc re sistência. A C ontra-R e volução e stava vitoriosa. 100-C arlos Albe rto Brilhante Ustra De pois das 20h00, a orde m de re gre sso che gou. Ne sse mome nto, vire i-me para o capitão C avale ro e lhe disse : - Vocês pe rde ram. Ato contínuo, de te rmine i o re gre sso da Bate ria. C he gamos à cidade do R io dc J ane iro durante a madrugada do dia 2 de abril. E stávamos com fome e frio. O “catanho” tinha sido consumido e nada mais re stava para come r. C ansado e com fome , re colhi-me com os cabos e soldados na 4aBate ria. O s sarge ntos, que haviam pe rmane cido na minha Bate ­ ria, e stavam e ufóricos c nos abraçamos. C oloque i tapume s nas portas de e ntra­ da da Bate ria e se ntine las durante a noite . E m se guida, fomos dormir, juntos, no alojame nto dos cabos c soldados. T e míamos uma nova Inte ntona C omunista, quando muitos morre ram dormindo. O capitão C avale ro e ra um companhe iro simpático. O ficial compe te nte e ótimo instrutor. Infe lizme nte e stava do outro lado. Se mpre nos re spe itamos e nunca houve ofe nsas de parte a parte . E le foi cassado. O e ncontro e ntre irmãos de armas na Acade mia M ilitar das Agulhas Ne gras talve z te nha sido um dos mais be los e pisódios da história militar do Brasil. Por se re m pouco difundidos, apre se nto de talhe s das ope raçõe s e m curso, pois conside ro que e le s e nce rram uma lição de amor ao Brasil, de le aldade e . sobre tudo, de bom se nso. O de stino da Pátria e ra o farol que iluminava as tropas opone nte s. De um lado, o I E x, ainda comprome tido com a sua missão constitucional e de fe nde ndo um gove mo le galme nte constituído. De outro, o 11 E x, rompe ndo com a constitucionalidade e motivado pe la missão de re staurar a orde m, e xigida pe la grande maioria da socie dade brasile ira, que julgava te r o gove mo pe rdido a le galidade de orige m. E ntre os dois E xércitos, a lide rança insofismáve l de um grande che fe militar, que e mpe nhou no imine nte conflito o se u be m mais pre cioso: os jove ns e vibrante s cade te s do E xército Brasile iro, que tinham no e spadim que portavam - miniatura do sabre de C axias - o pró­ prio símbolo da honra militar. M ome ntos me moráve is aque le s! F onte s: - A participação da A MAN na Revolução de 31 de março de 1964 - Pe squisa histórica para o E M E -1985. - História Oral do Exército - De poime ntos do ge ne ral Antônio J orge C orrêa - T omo 1: ge ne ral E mani J orge C orrêa - T omo 5; e corone l Affonso de Ale ncastro Graça - T omo 3. A ve rdade sufocada General Muricy e seu Estado-Maior, na marcha para o Rio de Janeiro 102-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Soldados do Destacamento Tiradentes na marcha para o Rio de Janeiro, pernoitam em Areai Alkimin, general Muriev c governador Magalhães Pinto visitam o générai Mourào, at (into/unlo com sutts tro/uis no estádia \hiracana - Rio de Janeiro Λ ve rdade sufocada -103 0 31 de março no 19° RI - São Leopoldo/RS A se guir transcre vo parte do artigo do ge ne ral R I F lávio O scar M aure r, intitulado “Um bre ve re lato pe ssoal”, e m que e le , com clare za e obje tividade , nos conta os difíce is mome ntos que o se u R e gime nto vive u nos dias que ante ce ­ de ram o 31 de março de 1964. Situaçõe s se me lhante s foram vividas na maioria dos quartéis do E xército. “ ...No início do ano dc 1964, quando che gue i ao 19°, com mais quatro aspirante s, todos vindos da AM AN, e ncontre i um quadro político fe rvilhante na unidade . F ui para a C PP/1, cujo comandante e ra o C ap Gaynor da Silva M arque s. Gaynor e ra um e xce le nte ofi­ cial. T inha lá se us proble mas como todo o mundo te m, mas como militar e ra de te ntor de qualidade s ine gáve is de lide rança. E le sabia pe rfe itame nte qual o se u pape l como orie ntador de um jove m aspi­ rante e m te mpos de crise como aque le s. Assim, e le foi paulatina­ me nte me e sclare ce ndo a situação da unidade , colocando-me a par da situação, be m como me dize ndo que m e ra que m, isto é de que lado cada um e stava. E le próprio e ra contrário ao caos que se e stava instalando no país, isto é, caso houve sse algum movime nto, e le e staria do lado dos re volucionários. J á o e ncarre gado do mate ­ rial da C ia, SubT e n E dwino Daube r, e ntre tanto, na prime ira oportu­ nidade , me chamou para dize r que e u não me de ixasse le var pe lo prose litismo do C mt C ia C aso houve sse nova re volução, os fatos iriam aconte ce r e xatame nte da me sma fonna como havia sido e m 1961 que e le próprio tinha vive nciado. Que ria de ixar claro que , como na chamada le galidade , os que se re be lasse m contra o gove mo cons­ tituído se riam, afinal, fragorosame nte de rrotados. Para ve r, e ste e ra o ambie nte numa subunidade que conside rada calma, sob controle . Nas outras, onde e stavam os outros aspirante s, e u ouvia notícias de que as coisas e ram be m piore s. Para se te r be m uma idéia do ambie nte que re inava na unida­ de , é pre ciso faze r alguns e sclare cime ntos. O e ntão 19° R I e ra composto por 2 batalhõe s. No IoBatalhão pre dominavam oficiais e sarge ntos que tinham uma postura clara contra o brizolismo, o marxismo, o sindicalismo promovido por age nte s do gove mo e conside ravam ine vitáve l uma ação militar e m apoio ao clamor público que já aconte cia e xpre sso na impre nsa e e m manife sta­ çõe s públicas contra o e stado de inve rsão de valore s que o país A ve rdade sufocada vivia. J á no 2oBatalhão conce ntravam-se os militare s que se dizi­ am le galistas, simpatizante s ou e ngajados com o e sque rdismo, apoi­ ando, portanto, os atos do gove mo. Na ve rdade , ali no 2oBatalhào, e stava se ndo montada uma usina dc subve rsão da hie rarquia e da disciplina, satanizando tudo aquilo que pude sse se opor às propos­ tas de mudanças sociais e políticas radicais, monitoradas junto ao gove mo por conhe cidas figuras historicame nte vinculadas ao co­ munismo inte rnacional. E ram as re formas de base que de ve riam vir agora e já, na le i ou “na marra'’ se ne ce ssário, como diziam. Nos quartéis, a idéia e ntre os que ofe re ciam apoio a e stas propostas e ra de que todo e qualque r um de ve ria se dobrar ou se r dobrado para que não atrapalhasse os obje tivos do gove mo. E ra o ‘‘dispositivo militar1’ composto, montado e organizado e m cada unidade militar pe lo C he fe da C asa M ilitar da Pre sidência, Ge n Assis Brasil, e x-comandante do R e gime nto, cuja finalidade e ra apoiar a pe rigosa traje tória e sque rdizante que o grupo palaciano vinha promove ndo, clarame nte arrastando o país para o caos. De fora, diariame nte , via-se uma pe re grinação de age nte s de ambos os lados, militare s da re se rva e me smo civis, que vinham para o quarte l discutir política c cooptar os inde cisos. Isto e m ge ­ ral aconte cia nos cantos pouco iluminados do quarte l, como as subte nências, as furrie lanças e outros. Que m comandava o R e gime nto naque la época e ra o C e l He ryaldo Silve ira de Vasconce llos. E ra um home m que e u me smo só vi uma ve z, no dia e m que me apre se nte i pronto para o se rviço. Logo, e le foi comandar inte riname nte a ID/6, cuja se de e ra e m Pe lotas. Assumiu, e ntão, também inte riname nte , o comando do R e gime nto, o T e n C e l O távio M ore ira Borba, um home m anti- brizolista, mas se m muito ape tite para o cargo. Na ve rdade e le e spe rava, ansiosame nte , che gar o dia e m que comple taria o te m­ po para ir para a re se rva. Imagine -se , e ntão, uma unidade com as caracte rísticas de scritas ante riorme nte nas mãos de um coman­ dante se m muito pulso, se m vibração. E ra um convite ao caos. O s aspirante s e ram abe rtame nte convidados para compare ­ ce r, durante o e xpe die nte , a e ste ou àque le local, onde e stava e ste ou aque le conhe cido, e ngajado de um ou de outro lado. Na hora do almoço, o pe ssoal de e sque rda, do 2°, convidava os aspirante s para compartilhare m a me sa onde e le s e stavam. O s do Iore agiam. Discutiam. Di/iam de saforos uns para os outros. Assim, e ra co- nuiin iniciare m-se inte nsas discussõe s políticas por qualque r moli- 106-C arlos Albe rto Brilhante Ustra vo durante o almoço que nào raro te rminavam e m pugilato. Um dia assisti a uma ce na de ssas e ntre o C ap C astro, de dire ita, e o C ap Zukowski, de e sque rda, quando o prime iro notou que o Asp Souza Lima e stava se ndo doutrinado politicame nte na me sa onde se e ncontrava o se gundo. Ninguém sabia dire ito dc que lado e stava e ste ou aque le sar­ ge nto. C omo faze r quando se e stava de ofícial-de -dia? Procura­ va-se , prime iro, sabe r qual a posição do adjunto, be m como do C mt da Guarda e , de pois, dos sarge ntos-de -dia das subunidade s para se te r um pouco mais de tranqüilidade ou, que m sabe , bastan­ te mais te nsão. Dormir no quarto do oficial-dc-dia, jamais. O oficial-de -dia e ntrava no quarto, chave ava a porta, abria a jane la, saltava-a e ia passar o re sto da noite e m outro lugar. Durante as rondas da noite e ra comum se pe rce be r que havia alguém se guin­ do ou obse rvando a ge nte na e scuridão. Nunca foi possíve l sabe r que m e ra. Uma noite , e stando de oficial-de -dia, e scute i uma raja­ da de me tralhadora no fundo do quarte l. C orri até lá e não vi nada, ne m tampouco de scobri qualque r coisa. Ninguém sabia dc nada. Alguns ouviram a rajada, mas não sabiam dize r que m a de u; ou­ tros ne m se que r a ouviram. De i parte , no livro do oficial-de -dia, mas tudo ficou por isso me smo. Durante o dia, quando os te ne nte s e aspirante s ministravam instrução para os soldados, podia-se ve r que alguém ficava e spre itando de longe , e scutando o que o instru­ tor dizia para se us instrue ndos. Normalme nte e ra um cabo ou sol­ dado antigo do 2oBatalhão, a mando de alguém de lá. Assim, foram te rríve is os dias e as noite s dos me se s de fe ve ­ re iro e março de 1964 no quarte l do 19° R I. No dia 31 de março, e u e stava de oficial-de -dia. De sde o dia ante rior corriam informaçõe s que no ce ntro do país já haviam sido movime ntadas as prime iras pe dras de uma jogo de xadrês, cujo re sultado ninguém arriscava pre ve r. O pe ssoal do 2oBatalhão e s­ tava e xcitado. E ntravam c saíam e missários. F aziam-se re uniõe s. Vinham convite s para participar de le s. Assim: “O C ap Zukowski mandou convidar o Sr para uma pale stra que vai aconte ce r lá na C PP/2 daqui um pouco", dizia o e missário. Zukowski e ra tido c havido como um militante de e sque rda e ngajado. O C ap Gaynor ia me orie ntando, dize ndo que não participasse dc qualque r re u­ nião. Acate i de ime diato a re come ndação do me u C mt de C ia, por compre e nde r be m que não cabia a um aspirante -a-oficial re cém saído da AM AN posicionar-se cm que stõe s sobre as quais e le A ve rdade sufocada · próprio nào tinha opinião consolidada. Acre dito que os outros aspi­ rante s re ce be ram orie ntação idêntica de se us re spe ctivos che fe s. Vale le mbrar que , curiosame nte , ne nhum aspirante havia sido de ­ signado para o 2oBatalhão. M as, voltando ao dia 31de março, de sde ce do corriam, já não mais rumore s, mas notícias oriundas do ce ntro do país, dando con­ ta de que a re volução e stava e m curso a partir de M inas Ge rais. Pe ssoalme nte , e u e stava tranqüilo, já que o C mt da Guarda e ra um sarge nto do me u pe lotão, re cém saído da E sSA, com que m e u já me ide ntificara be m, sabia que e ra disciplinado. E le logo, ao pe rce be r o clima que ia se instalando ali pe lo corpo da guarda, com orde ns e contra-orde ns para a e ntrada de ge nte de fora que ninguém conhe cia, me disse que e stava do me u lado e cumpriria qualque r orde m que e u lhe de sse . T ratava-se do e ntão 3° Sgt J acy Gonçalve s R ibe iro, hoje poe ta laure ado, me u amigo de sde e ntão. Lá pe las 10 horas da manhã fui chamado pe lo T e n C e l Borba que me disse have r sido chamado para compare ce r ao QG da 6aDL e m Porto Ale gre . Logo ouvi uma conve rsa e ntre o M aj Hélio Loro O rlandi, o C ap Ne i Nune s Vie ira e outros oficiais, combinando ire m falar com o comandante para te ntar de movê-lo da inte nção de ir a Porto Ale gre . Insistiram com o T e n C e l Borba dize ndo que o Ge n Adalbe rto Pe re ira dos Santos já não mais e stava no co­ mando da 6aDl, que o novo comandante e ra home m da linha brizolista e que e le se ria pre so tão logo che gasse ao QG. E , mais ainda, que com a sua saída assumiria o comando do R e gime nto o M aj O svaldo Nune s, e sque rdista convicto, além de brizolista fe r­ re nho. Nada de move u Borba. E le foi pre parando a sua malinha para viajar à Porto Ale gre . Dize m os que o viram arrumar a mala que ne m me smo o pijama e le e sque ce u de colocar ne la. Uma boa forma de fugir do proble ma. O M aj Loro, mais outros oficiais, pe diram e nlão ao T an C e l Borba que re tardasse um pouco a sua saída, até que che gasse ao quarte l o T e n C e l Ne i de M orae s F e rnande s, que e stava e m lice n­ ça, mas havia sido chamado e tinha concordado e m apre se ntar-se pronto para assumir o comando do R e gime nto. O T e n C e l F e rnande s e ra um gre mista fe rre nho, que cursava uma faculdade naque la época. E stava de lice nça, portanto, de sligado do dia-a-dia da Unidade . O s pe didos foram e m vão. Borba se guiu para Porto Ale gre e Nune s e se us asse clas assumiram o comando do R e gi­ me nto A prime ira providência de Nune s foi a de e luimar-me paia 108-C arlos Albe rto Brilhante Ustra dize r que e stava libe rada a e ntrada no quarte l de uma lista de pe ssoas que , uma ve z mostrada para outros oficiais, como o M aj R ui Prze wodowski, ficou claro que e ra ge nte de e sque rda, alguns classificados por e le como “conhe didos agitadore s comunistas da cidade ”. O T e n C e l F e rnande s apre se ntou-se por volta da duas horas da tarde . C om e le , vi aconte ce r um fato que me de ixou impre ssionado por muito te mpo. No mome nto e m que F e rnande s, ainda à paisana, che gou ao gabine te do comando, onde já e suwa o M aj Nune s, e ntraram também o C ap Zukowski e o M aj Bonapace , todos do 2oBatalhão, alinhados com o novo comandante . Nào se i o que aconte ce u lá de ntro, mas o re sultado foi ine spe ­ rado para os oficiais do IoBatalhão, já que vi F e rnande s sair do gabine te e m traje s civis, do me smo je ito como e ntrou, re ce be r dinhe iro para a passage m do C 'ap Zukowski e se r e ncaminhado para a parada de ônibus, na fre nte do quarte l, se m falar com mais ninguém. O home m lomou a condução e simple sme nte de sapare ­ ce u se m mais dar notícias. Logo e m se guida, o M aj Nune s me chamou para me dar orde ns. Disse que e m se guida e le re ce be ria uma comitiva de líde re s e políticos da cidade . O local do e ncontro se ria o Salão de Honra da unidade . Ato contínuo, obse rve i que a comitiva já se e ncontrava na fre nte do quarte l, e mpunhando ban­ de iras e faixas, gritando palavras de orde m. F ui procurar o M aj Loro para sabe r o que e u de ve ria faze r. Infe lizme nte , ne m e le , ne m o M aj R ui foram e ncontrados. M e contaram, de pois, que e u pode ria tê-los e ncontrado no Pe l C om onde , junto com outros ofi­ ciais, conspiravam. Novame nte fui chamado pe lo comandante . M aj Nune s. E le quis sabe r, rispidame nte , porque e u não havia ainda libe rado o portào das armas para a comitiva. E u, aspirante , isolado, re solvi mandar a comitiva e ntrar. Subiram a pe que na rampa, as e scadas e e ntraram com faixas e bande iras no salão de honra onde Nune s, Zukowski, Bonapace & C ia já os e spe ravam com sorrisos e abra­ ços. O que que riam me smo, soube mais tarde , e ra que a tropa tomasse a R ádio Sào Le opoldo para mobilizar o povo da cidade para a causa brizolista. M as tinham, também, um manife sto na mão que rapidame nte corre u e ntre os oficiais e , pe lo se u te or, os de ixou indignados. Aliás, e ste já e ra um indicador be m dife re nte do que fora cm 1961. na le galidade . Naque la ocasião houve uma ade são popular ime diata e m favor da posse do vice -pre side nte . J á de sta ve z, e ra A ve rdade sufocada clara uma apatia popular ao clima político de 1964, que pe rmitia de duzir uma re je ição à mane ira como a nação e stava se ndo con­ duzida pe lo gove mo do país. C ome çaram logo os discursos. No me io de “viva o socialismo'* pra cá, “viva Brizola” pra lá, vi, e ntão, para minha surpre sa, que avançava uma e quipe de oficiais, dc armas e m punho, pe lo corre dor do pavilhão, dirigindo-se para o salão de honra. Pude distinguir e ntre e le s o C ap Luis Gonzaga Schroe de r Le ssa, o C ap Gastão F uhr, o C ap Ne i, o C ap Gaynor, o C ap J orge Annando Se ve ro M achado, o C ap Luciano M árcio Prate s dos Santos, o C ap Gilbe rto Zottmann, o C ap Antônio M achado Borge s, o C ap Sylvio De métrio Alme ida, os T e n Ivo F e rnande s Krüge r. Nicome de s M achado F ilho, Paulo C osta, Antônio C arlos de O live ira Sche in e outros. E ntraram rompe ndo no salão de honra onde se discursava inflamadame nte . O M aj Nune s de pé, de cabe ­ ça baixa, balançava a cabe ça e m ge stos de aprovação. O C ap F uhr e ntão disse ao que ve io: M aj, o Sr aqui não comanda mais coisa ne nhuma e pra fora com e ste s comunistas”. O s oficiais que o acom­ panhavam, ato contínuo, e ngatilharam sua armas provocando o som caracte rístico do movime nto do fe rrolho das pistolas que , por si só, é sintomático e assustador. C ome çou, e ntão, uma viole nta pancadaria e os inte grante s da comitiva foram apanhando na de scida da e sca­ daria e no corre dor, se m qualque r ce rimônia. E ntre e le s havia ve re ­ adore s, profe ssore s, militare s da re se rva e cidadãos comuns. T odos apanharam. Ao che gare m no corpo da guarda, e scute i o comando do Sgt J acy Gonçalve s R ibe iro: “ - Guarda! Armar baione ta! F ora com e sta corja!” Assim saíram e le s corre ndo, saltando muros e ce rcas até alcançare m a rua. Nune s. Bonapace , Zukowski e asse clas discutiam e m altos brados com os outros oficiais. M as che gavam, ne ste mome nto, também a e le s, notícias do que e stava aconte ce ndo no re sto do país. Assim, e le s já sabiam que a causa que de fe ndiam e stava pe rdida, principalme nte com a fuga de strambe lhada do próprio pre side nte da re pública. Naque le mome nto, porém, para o pe ssoal fanaticame nte doutrinado do 2oBatalhão continuava vale ndo a pe na lutar pe la causa. Pouco ante s do anoite ce r, no me smo mome nto e m que a comitiva e ra e xpulsa do quarte l, avançou um grupo ar­ mado. comandado pe lo 2oSgt Ve naldino Saraiva, brizolista fe rre ­ nho, e m de fe sa do M aj Nune s e sua e quipe . O grupo tomou posi­ ção junto à caixa dVigua do outro lado do pátio inte rno do quarte l, e m posição favoráve l já que dali dispunha de e xce le nte campo de 110-C arlos Albe rto Brilhante Ustra tiro para atirar sobre o pavilhão de comando, onde e stava e ncas­ te lado o grupo que de puse ra Nune s do comando. Nune s c ami­ gos, naque le mome nto, muito provave lme nte já e sgue iravam-se e m algum iugar procurando me lhor abrigo ou buscando a fuga do quarte l. E scutaram-se alguns tiros e , logo e m se guida, um grande sile ncio. J á e ra noite e scura. Naque le e stado de te nsão, passou-se bom te mpo. Surgiu, e ntão, na late ral do pátio do quarte l, caminhando para o me io de le , uma figura e stranha. E ra um militar, se m dúvida. Ve s­ tia uma capa ide al jogada sobre os ombros e com as mãos abria-a, pare ce ndo um figura fantasmagórica. Parou próximo ao mastro da bande ira, be m no ce ntro do pátio e gritou: “C alma! C alma! Sou o C e l M ariano, C mt do R O ( hoje 16° GAC AP) e vim aqui dize r para vocês que nào há mais motivo para briga, a re volução é vito­ riosa, o E xército e stá tomando conta de tudo no país inte iro. O s comunistas e stão fugindo, o próprio pre side nte e stá de sapare cido. A re volução é ve nce dora." Pouco a pouco o pe ssoal foi de sce ndo do pavilhão de co­ mando e re unindo-se no me io do pátio junto ao C e l M ariano. O grupo que havia tomado posição junto à caixa d'água também de sapare ce u dali. O s oficiais e sarge ntos, brizolistas, comunis­ tas, e sque rdistas e m ge ral, também de sapare ce ram no quarte l. E nquanto isso, os re volucionários come moravam. Acho que na­ que la noite ninguém dormiu....” O bse rvação: O Sarge nto Ve naldino Saraiva, como ve re mos poste riorme n te no capítulo “Le i dos De sapare cidos Políticos”, no dia 12/05/1964, suicidou se , após fe rir a tiros, dois oficiais do 19 R I. Golpe ou contra-revolução? É de sconhe cime nto, me mória fraca ou conve niência classificar de golpe o que na re alidade foi ape nas a inte rrupção de um proce sso re volucionário de tomada do pode r pe los comunistas, iniciado ante s de 1960 e inte nsificado no gove mo J ango. O historiador J acob Gore nde r, do Partido C omunista Brasile iro R e volucio­ nário (PC BR ), e m se u livro Combate nas Trevas, intitula o capítulo 8 de “Pré- re volução e golpe pre ve ntivo”. A se guir transcre vo opiniõe s irre futáve is de mi­ litante s que participaram da luta armada, de jornalistas, de profe ssore s de His­ tória e de Sociologia: “Nos prime iros me se s de 1964 e sboçou-se uma situação pré- re volucionária e o golpe dire itista se de finiu, por isso me smo, pe lo caráte r contra-re volucionário pre ve ntivo. A classe dominante e o impe rialismo tinham sobradas razõe s para agir ante s que o caldo e ntornasse .” (GO R E NDE R , J acob. Combate nas Trevas. 5ae dição, 1998). Sob o título "‘C uba Apoiou Gue rrilha já no Gove mo J ânio”, M ário M aga­ lhãe s, da sucursal do R io, do jornal Folha de Sâo Paulo, e dição de 08/04/ 2001, publ icou o se gu i nte : “De sde o início (1959), os cubanos e stavam convictos de que a luta armada e ra o caminho da R e volução”, diz o historiador J acob Gore nde r. Parte da e ntre vista dc Danie l Aarão R e is F ilho, publicada e m O Globo de 23/09/2001: “As açõe s armadas da e sque rda brasile ira não de ve m se r mitificadas. Ne m para um lado ne m para o outro. E u nào compar­ tilho da le nda de que no final dos anos 60 e no início dos 70 (inclu­ sive e u) fomos o braço armado de uma re sistência de mocrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do proce sso de radicalização iniciado cm 1961, o proje to das organizaçõe s de e sque rda que de fe ndiam a luta armada e ra re ­ volucionário, ofe nsivo e ditatorial. Pre te ndia-se implantar uma 112-C arlos Albe rto Brilhante Ustra ditadura re volucionária. Nào e xiste um só docume nto de ssas or­ ganizaçõe s e m que e las se apre se ntasse m como instrume nto da re sistência de mocrática." Observação do autor: e m 15 de junho de 70, Danie l Aarào R e is F ilho foi um dos quare nta militante s banidos para a Argélia, e m troca do e mbaixador da Ale manha. Atualme nte é profe ssor titular de História C onte mporâne a da UF F . (www.te muma.com.br) “Livro re ve lou que PC B plane java dar golpe e m 1964" "... M alina confirma no livro que o “partidão", com o apoio de Luís C arlos Pre ste s, che gou a plane jar um golpe e m 1964, ante s da tomada do pode r pe los militare s. ‘‘O último se cre tário” dá con­ ta ainda de que havia uma organização militar clande stina de ntro do PC B de sde a R e volução de 30..." (M ALINA, Salomão - se cre tário-ge ral do PC B - O Globo - 01.09.2002, pág. 12 B). E m 29/03/2004, o jornal O Globo publicou a re portage m abaixo, da qual transcre vo trcchos: “F alava-se e m cortar cabe ças; e ssas palavras não e ram me ­ táforas" Aydano André M otta, C hico O távio e C láudia Lame go “Um dogma pre cioso aos adve rsários da ditadura militar inici­ ada a 31 de março de 1%4 e stá e m xe que . Novos e studos re aliza­ dos por e spe cialistas no pe ríodo - alguns de le s inte grante s dos grupos de oposição ao re gime autoritário - propõe m uma mudança e xplosiva, que se me ia fúria nos de fe nsore s de outras corre nte s: chamar de re sistência de mocrática a luta da e sque rda armada na fase mais dura do re gime e stá e rrado, historicame nte falando. F alava-se e m cortar cabe ças, e ssas palavras não e ram me ­ táforas. Se as e sque rdas tomasse m o pode r have ria, provave l­ me nte , a re sistência das dire itas e pode ria aconte ce r um con­ fronto de grande s proporçõe s no Brasil - ate sta Danie l Aarão R e is, profe ssor de História da UF F e e x-gue rrilhe iro do M ovi­ me nto R e volucionário 8 de O utubro (M R -8). - Pior, have ria o que há se mpre ne sse s proce ssos e no coroame nto de le s: fu/ilame nto e cabe ças cortadas.'* A ve rdade sufocada -113 “Ninguém e stava pe nsando e m re e mpossar J oão Goulart” “De nise R olle mbe rg, me stre e m História Social da UF F , de s­ taca que o obje tivo da e sque rda e ra a ditadura do prole tariado e que a de mocracia e ra conside rada um conce ito burguês. ” “Nào se re sistiu pe la de mocracia, pe la re tomada do status quo pré-golpe . Ninguém e stava pe nsando e m re constituir o siste ­ ma partidário ou re e mpossar J oão Goulart no cargo de pre side n­ te ” diz De nise . “A profe ssora e xplica - e Aarão R e is concorda - que a e x­ pre ssão se que r surgiu no ftm dos anos 60, início das batalhas e ntre militare s e te rroristas.” “A de scobe rta da de mocracia pe la e sque rda se dá ape nas no e xílio, com a le itura de filósofos e pe nsadore s como o italiano Antonio Gramsci...”. “O utro participante da luta, o profe ssor de História da UF R J , R e nato Le mos, acha que é re sponsabilidade ética, social, polí­ tica e histórica da e sque rda assumir suas idéias e açõe s duran­ te a ditadura. " “C ada ve z mais se procura de spolitizar a opção de luta ar­ mada numa te ntativa dc autocrítica por nào te rmos sido de mo­ cratas. Nossa atitude foi tão válida quanto qualque r outra. Havia outros caminhos, sim. Pode ríamos te ntar lutar de ntro do M DB, mas achávamos que a de mocracia já tinha dado o que tinha de dar”, confirma Le mos.” Aarão R e is discorda: “As e sque rdas radicais se lançaram na luta contra a ditadura, não porque a ge nte que ria uma de mocracia, mas para instaurar o socialismo no País, por me io de uma ditadura re volucionária, como e xistia na C hina e e m C uba. M as, e vide nte me nte , e las falavam e m re sistência, palavra muito mais simpática, mobilizadora, aglutinadora. Isso é um e nsiname nto que ve m dos clássicos sobre a gue rra.” Profe ssor de Sociologia da Unicamp, M arce lo R ide nte argume nta que o te rmo “re sistência” só pode se r usado se for de scolado do adje ­ tivo “de mocrática. ” “I louve grupos que plane jaram a ação armada ainda ante s do golpe dc l()64. caso do pe ssoal ligado ao F rancisco J iilião. das 114-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ligas C ampone sas. De pois de 1964, buscava-se nào só de rrubar a ditadura, mas também caminhar de cisivame nte rumo ao socialismo.” Profe ssor do Instituto de F ilosofia e C iências Sociais da UF R J , autor do aclamado Como eles agiam, sobre o funcioname nto do re gime , C arlos F ico chama de ficçào a idéia de re sistência de mocrática. E le também ataca a cre nça de que a luta armada foi uma e scolha motivada pe la imposição do AI-5. “A opção de pe gar e m armas é ante rior ao ato institucional. Alguns grupos de e sque rda de fe nde ram a radicalização ante s de 1968 - garante e le .” E m 31/03/2004, o jornal O Estado de S. Paulo publicou a e ntre vista abai­ xo da qual transcre vo um tre cho: “De rrotados e scre ve ram a História" E stado - O que levou os militares ao movimento de 1964? R uy M e squita - Acho fundame ntal, para que se possa faze r uma análise obje tiva e fria, sobre a chamada re volução de 64 - que na re alidade não foi uma re volução, foi uma contra-re volu­ ção; não foi um golpe , foi um contragolpe -, situá-la no te mpo político inte rnacional. No come ço dos anos 60, com a vitória de F ide l C astro e com a sua e ntrada no jogo do bloco soviético, o foco principal da gue rra fria passou a se r a América C e ntral, o ce ntro ge ográfico das Américas. A tal ponto que ali nasce u a pri­ me ira e talve z única ame aça concre ta e imine nte de uma gue rra nucle ar, quando e m 62 houve a crise dos mísse is nucle are s que os russos instalaram clande stiname nte no te rritório cubano. O risco e ra re al. Diz-se que a história é se mpre e scrita pe los ve nce dore s. A história do golpe de 64 foi e scrita pe los de rrotados.” T ais manife staçõe s e pronunciame ntos falam por si. Não há qualque r suste ntação na história ou nos docume ntos da e sque rda que comprove te r havido um “golpe da dire ita” ou um “golpe militar”. T ais con­ ce itos faze m parte da me sma orque stração e m que se inclui a falácia de que a e sque rda re volucionária pós 1964 lutava contra a “ditadura”. Não te nho idéia de que m urdiu e ssas me ntiras, mas com muita convicção afirmo que tudo faz parte de um proce sso para de smoralizar o movime nto de 31 de março de 1964 e de mitificar os “he róis” das e sque rdas. Houve , re alme nte , uma C ontra-R e volução: um duro golpe contra as pre ­ te nsõe s de comunização do Brasil. De Norte a Sul vivas à Contra-Revolução “De sde onte m se instalou no País a ve rdade ira le galidade ... Le galidade que o caudilho nào quis pre se rvar, violando-a no que de mais fundame ntal e la te m: a disciplina e a hie rarquia militare s. A le galidade e stá conosco e não com o caudilho alia­ do dos comunistas.” (E ditorial do Jornal do Brasil - R io de J ane iro - \° de abril de 1964). “M ultidõe s e m júbilo na Praça da Libe rdade . O vacionados o gove rnador do e stado e che fe s militare s. O ponto culminante das come moraçõe s que onte m se fize ­ ram e m Be lo Horizonte , pe la vitória do movime nto pe la paz e pe la de mocracia foi, se m dúvida, a conce ntração popular de ­ fronte ao Palácio da Libe rdade . T oda áre a localizada e m fre nte à se de do gove mo mine iro foi lite ralme nte tomada por e norme multidão, que ali acorre u para fe ste jar o êxito da campanha de flagrada por M inas (...), formando uma das maiore s massas humanas já vistas ne sta cidade .” (O Estado de Minas - Be lo Horizonte - 2 de abril de 1964) “Salvos da comunizaçào que ce le re me nte se pre parava, os bra­ sile iros de ve m agrade ce r aos bravos militare s que os prote ge ram de se us inimigos.” “E ste não foi um movime nto partidário. De le participaram to­ dos os se tore s conscie nte s da vida política brasile ira, pois a nin­ guém e scapava o significado das manobras pre side nciais.” (O Globo - R io de J ane iro - 2 de abril de 1964). “A população de C opacabana saiu às ruas, e mve rdade iro car­ naval, saudando as tropas do E xército. C huvas de papéis picados caíam das jane las dos e difícios e nquanto o povo dava vazào, nas ruas, ao se u conte ntame nto.” (O Dia - R io de J ane iro - 2 de abril de 1964). “E scorraçado, amordaçado e acovardado, de ixou o pode r como impe rativo da le gítima vontade popular o Sr. J oão Be lchior M arque s (ioulart, infame líde r dos comuno-carre iristas-ne gocis- las-smdicnlislas. 116-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Um dos maiore s gatunos que a história brasile ira já re gistrou, o Sr. J oào Goulart passa outra ve z à história, agora também como um dos grande s covarde s que e la já conhe ce u.” (Tribuna da Imprensa - R io de J ane iro - 2 de abril de 1964). “A Paz Alcançada A vitória da causa de mocrática abre ao Pais a pe rspe ctiva de trabalhar e m paz e de ve nce r as grave s dificuldade s atuais. Não se pode , e vide nte me nte , ace itar que e ssa pe rspe ctiva se ja toldada, que os ânimos se jam postos e m fogo. Assim o que re m as F orças Armadas, assim o que r o povo brasile iro e assim de ve ­ rá se r, pe lo be m do Brasil.” (E ditorial de O Povo - F ortale za - 3 de abril de 1964). ‘"R e ssurge a De mocracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque soube ram unir-se todos os patriotas, inde pe nde nte me nte de vinculaçõe s políticas, simpati­ as ou opinião sobre proble mas isolados, para salvar o que é e sse n­ cial: a de mocracia, a le i e a orde m. Graças à de cisão e ao he roísmo das F orças Armadas que , obe die nte s a se us che fe s, de monstraram a falta de visão dos que te ntavam de struir a hie rarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do gove mo irre sponsáve l, que insistia e m arrastá-lo para rumos con­ trários à sua vocação e tradiçõe s”. “C omo dizíamos, no e ditorial de ante onte m, a le galidade não pode ria te r a garantia da subve rsão, a e scora dos agitadore s, o ante paro da de sorde m. E m nome da le galidade não se ria le gítimo admitir o assassínio das instituiçõe s, como se vinha faze ndo, dian­ te da Nação horrorizada...” (O Globo - R io de J ane iro - 4 de abril de 1964). “M ilhare s de pe ssoas compare ce ram, onte m, às sole nidade s que marcaram a posse do mare chal Humbe rto C aste lo Branco na Pre sidência da R e pública... O ato de posse do pre side nte C aste lo Branco re ve sliu-se do mais alto se ntido de mocrático, tal o apoio que obte ve .” (Correio Braziliense - Brasília - 16 dc abril de 1964). “Vibrante manife stação se m pre ce de nte s na história de Santa M aria para home nage ar as F orças Armadas." “C inqüe nta mil pe ssoas na M archa C ívica do Agrade cime nto " (A Razão - Santa M aria-R S - 17 de abril de Il)64). A ve rdade sufocada -117 "Vive o País, há nove anos, uni de sse s pe ríodos férte is e m programas e inspiraçõe s, graças à transposição do de se jo para a vontade de cre sce r e afirmar-se . Ne gue -se tudo a e ssa re volução brasile ira, me nos que e la não move u o País, com apoio de todas as classe s re pre se ntativas, numa dire ção que já a de staca e ntre as naçõe s com parce la maior de re sponsabilidade s.” (E ditorial do Jornal do Brasil - R io de J ane iro - 31de março de 1973). “Sabíamos, todos que e stávamos na lista ne gra dos apátridas - que se e le s consumasse m os se us planos, se riamos mortos. Sobre os de mocratas brasile iros nào pairava a mais le ve e spe rança, se ve ncidos. Uma razzia de sangue ve rme lha como e le s, atrave ssa­ ria o Brasil de ponta a ponta, liquidando os últimos soldados da de mocracia, os últimos paisanos da libe rdade .” O C ruze iro E xtra - 10 de abril de 1964 - E dição Histórica da R e volução - “Sabe r ganhar” - David Nasse r E ssa me sma impre nsa, hoje , faz coro aos pe rde dore s, classificando o movi­ me nto de 31 de março de 1964 de golpe . O u a me mória do povo brasile iro é curta, ou só o que conta é o re sse nti­ me nto e sque rdista e a farsa de suas ve rsõe s. Aos de rrotados não inte re ssa que outra história se ja do conhe cime nto da socie dade brasile ira, a que chamam de socie dade civil, e xcluindo as F orças Armadas de sse conte xto, como se nào fize sse m parte da Nação. Para e le s, as manife staçõe s populare s de júbilo pe la vitória da C ontra-R e - volução ou o milhão de pe ssoas na M archa da F amília com De us pe la Libe rda­ de constitue m ficçào da dire ita. Na ve rdade , as F orças Armadas foram e continuam se ndo o pe sade lo que , até hoje , povoa os sonhos dos comunistas... F onte : História Oral do Exército -1964 - 31 de Março - Bibliote ca do E xército E ditora. A Contra-Revolução e os Estados Unidos Ao longo das últimas décadas, a e sque rda brasile ira te m acusado os E sta­ dos Unidos da América de , e m conluio com nossas F orças Armadas, te r parti­ cipado, ativame nte , da C ontra-R e volução que de pôs o pre side nte J oão Goulart. Na mídia, nas e scolas, e m livros didáticos, e m pichaçõe s e e m panfle tos, a nação ame ricana é acusada de te r tramado, apoiado e subsidiado o “golpe militar de 1964” por inte rmédio da C IA. Durante os chamados “anos de chumbo”, prédios, lojas, e stabe le cime ntos de e nsino, e nfim, tudo o que re pre se ntasse os E stados Unidos passou a se r odiado, se ndo alvo de atos te rroristas re pre se ntaçõe s diplomáticas, proprie da­ de s e , até me smo, cidadãos ame ricanos re side nte s e m nosso País. De ntre e sse s atos pode mos de stacar: - E xplosão de uma bomba no C onsulado Ame ricano, e m Sào Paulo, e m 20/03/1968, fe rindo grave me nte o transe unte O rlando Love cchio F ilho, que pe rde u uma pe rna; - Disparos de armas de fogo contra a E mbaixada dos E stados Unidos, no R io de J ane iro, por de sconhe cidos, no dia 21 /06/1968. E sse dia ficou conhe cido como “se xta-fe ira sangre nta” pe la quantidade de distúrbios ocor­ ridos na cidade ; - Assassinato do capitão C harle s R odne y C handle r, do E xército dos E sta­ dos Unidos, e m 12/10/1968, que cursava uma F aculdade e m São Paulo, de ­ te rminado por um “T ribunal R e volucionário” da Vanguarda Popular R e volucio­ nária (VPR ), sob a acusação de que e ra age nte da C IA; - Ate ntado a bomba contra a loja Se ars, multinacional ame ricana, no bairro de Água Branca/SP, e m 27 de outubro de 1968; - Se qüe stro do e mbaixador dos E stados Unidos, C harle s Burke E lbrick, e m 04/09/1969, no R io de J ane iro, pe las organizaçõe s te rroristas Ação Libe rtadora Nacional (ALN) e M ovime nto R e volucionário O ito de O utu­ bro (M R 8);e - T e ntativa de se qüe stro do cônsul ame ricano C urtis C arly C utte r, e m 04/ 04/1970, e m Porto Ale gre , pe la VPR . Hoje , e stá provado que a ve rsão da participação dos norte -ame ricanos na C ontra-R e volução de 1964 se fundame ntou e m docume ntos forjados pe la e s­ pionage m tche ca que , e m 1964, atuava pe la KGB no Brasil. E ssa e scandalosa farsa, de nominada ltO pe ração T homas M ann”, foi montada por Ladislav Bittman, na época che fe do Se rviço Se cre to de De sinformação da T che coslováquia. E m fe ve re iro dc 1964, Bittman ve io ao Brasil inspe cionar as fase s iniciais da “O pe ração T homas M ann”. T al ope ração le vou e sse nome porque T homas A ve rdade sufocada -119 M ann e ra o se cre tário adjunto dos E stados Unidos e o obje tivo do Se rviço Se cre to T che co e ra “provar”, com docume ntos falsos que , por influência de T homas M ann, a política e xte ma ame ricana para a América Latina tinha sofrido um “grande e ndure cime nto”, após a morte do pre side nte J ohn F . Ke nne dy. O O cide nte tomou conhe cime nto de sse s dados e m 1985, pe io próprio Ladislav Bittman* no livro The KGB And Soviet Disinformation, publicado e m Washington, do quai e xtraio os se guinte s tre chos: “Que ríamos criar a impre ssão que os E stados Unidos e sta­ vam forçando a O rganização dos E stados Ame ricanos (O E A) a tomar uma posição mais anticomunista, e nquanto a C IA plane java golpe s contra os re gime s do C hile , Uruguai, Brasil, M éxico e C uba...” “A O pe ração foi proje tada para criar no público latino-ame rica­ no uma pre ve nção contra a política linha dura ame ricana, incitar de monstraçõe s mais inte nsas de se ntime ntos antiame ricanos e rotu­ lar a C IA como notória pe rpe tradora de intrigas antide mocráticas.” A O pe ração T homas M ann de pe ndia de canais anônimos para disse minar uma série de docume ntos falsos. A prime ira falsificação, um “press release” da Agência de Informaçõe s dos E stados Unidos, na cidade do R io de J ane iro, continha os principais fundame n­ tos da “nova política e xte ma ame ricana”. O falso re le ase foi mime ografado e distribuído e m me ados de fe ve re iro de 1964, numa simulação de e nve lope da Agência de Informaçõe s, e difundido para a impre nsa brasile ira e políticos se le ­ cionados. E m 27/02/64, e ssa falsificação apare ce no jornal O Semanário com a manche te : “M ann de te rmina linha dura para os E UA: nós não somos mascate s para ne gociare m conosco”. A se gunda falsificação se constituiu de uma série de circulare s, publicadas cm nome de uma fictícia organização, com o nome de “C omitê para a Luta C ontra o Impe rialismo Ianque ”. A falsa organização tinha por obje tivo principal ule rtar o públ ico latino-ame ricano a re spe ito da e xistência de age nte s da C IA, do DO D e do F BI, disfarçados de diplomatas. A te rce ira falsificação ocorre u e m julho de 1964, quando a América La­ tina re ce be u a “prova adicional” das atividade s subve rsivas ame ricanas, na forma de duas cartas forjadas, supostame nte assinadas por J . E dgar Hoove r. Ambas e nde re çadas a T homas Brady, funcionário do F BI. A prime ira com dntii falsa, dando a idéia de te r sido e scrita e m 02/01/ 1961, continha uma me nsage m de parabéns pe lo anive rsário de 20 anos de se rviço de Brady no l· Hl. Se u obje tivo cra aute nticar uma se gunda carta, datada de 15/04/1964, 120-C arlos Albe rto Brilhante Ustra também para Brady, com assinatura de calcada de J . E dgar Hoove r. Ne ssa me nsage m, abaixo transcrita, Hoove r cumprime nta Brady pe lo suce sso de uma de te rminada “O pe ração” que , pe lo conte xto, qualque r le itor, ime diata­ me nte , associa ao “golpe ” que de pôs J oão Goulart. “Washington D. C ”. 15 de abril de 1964 Pe ssoal C aro Sr. Brady: Que ro faze r uso de sta para e xpre ssar me u apre ço pe ssoal a cada age nte lotado no Brasil, pe los se rviços pre s­ tados na e xe cução da “R e visão”. A admiração pe la forma dinâmica e e ficie nte que e sta ope ra­ ção e m larga e scala foi e xe cutada, e m uma te rra e strange ira e sob condiçõe s difíce is, le vou-me a e xpre ssar minha gratidão. O pe ssoal da C IA cumpriu be m o se u pape l e conse guiu muito. E n­ tre tanto, os e sforços de nossos age nte s tive ram valor e spe cial. E stou particularme nte fe liz porque a nossa participação no caso le nha se mantido se cre ta e de que a Administração não te nha tido de faze r de claraçõe s públicas, ne gando-a. Pode mos todos nos or­ gulhar da participação vital do F BI na prote ção da se gurança da nação me smo além de suas fronte iras. E stou pe rfe itame nte cie nte de que nossos age nte s muitas ve ­ ze s faze m sacrifícios pe ssoais no cumprime nto de se us de ve re s. As condiçõe s de vida no Brasil pode m não se r as me lhore s, mas é re alme nte muito e ncorajador sabe r que - pe la sua le aldade e pe las re alizaçõe s através das quais vocês têm pre stado se rviços ao se u país de forma vital me smo que não glamurosa - vocês não aban­ donam o trabalho. É e ste e spírito que hoje pe rmite nosso Bure au e nfre ntar com suce sso suas grave s re sponsabilidade s. Since rame nte , J. E . Hoove r.” E mbora as re ve laçõe s de Ladislav Bittman te nham sido tomadas públicas no ano de 1985, a impre nsa brasile ira nada publicou a re spe ito, talve z, que m sabe , por não que re r que a opinião pública tomasse conhe cime nto da farsa que durante anos foi imposta ao povo brasile iro. E m 17/02/2001, o e scritor e filósofo O lavo de C arvalho tomou pública a ve rdade sobre a montage m de ssa grande farsa, e m artigo publicado na re vista Época. A ve rdade sufocada -121 Surpre e nde nte me nte , ne nhum órgão da nossa impre nsa se inte re ssou e m e ntre vistar o e x-e spião tche co, que conse guiu, durante um longo pe ríodo, im­ por ao povo brasile iro uma me ntira de tão grave re pe rcussão para as nossas re laçõe s com os E stados Unidos. A re spe ito do silêncio da impre nsa, o filósofo O lavo de C arvalho, e m matéria publicada no Mídia Sem Máscara (www.midiase mmascara.org). de 18/09/2002, de clara: “Que de sculpa have ria para o silêncio ge ral c uniforme da mídia cm torno de re ve laçõe s tão fundame ntais, de fonte tão in­ suspe ita, que pode riam modificar de alto a baixo a visão de quatro décadas de história do Brasil? Não há de sculpa, mas há e xplicação: e ssas re ve laçõe s tinham de se r ocultadas pre cisame nte porque modificariam a visão oficial de quatro décadas da história do Brasil, consagrada por um pacto de safade zas acadêmicas e jornalísticas.” A re vista Veja, na sua e dição n° l .777, de 13/l 1/02, publica a matéria “O F ator J ango”, de autoria de J oão Gabrie l de Lima, onde e ste me smo assunto é abordado. Para maior e nte ndime nto transcre ve mos a se guir a sua parte principal: 'O básico de sse e nre do foi e scrito nos anos se te nta pe la historia­ dora ame ricana Phyllis Parke r, na obra de re fe rência 1964: O Papel dos Estados Unidos no Golpe de Estado de 31 de Março. Phyllis e ntre vistou os principais pe rsonage ns do e pisódio e te ve ace sso à maior parte da corre spondência se cre ta. C he gou à conclusão de que o golpe dc 1964 foi dado me smo por brasile iros, não por ame ricanos. Hoje isso soa óbvio, mas na época, até por falta de bons livros e m português sobre o assunto, impe rava a ve rsão e sque rdista de que a tomada de pode r pe los militare s hav ia sido plane jada e m Washington e incluiria até uma invasão do Brasil por marine s ame ricanos. Phyllis mostra que os E stados Unidos re alme nte acompanhavam a situação de pe rto, faziam se us lobbie s e sua política com a costume ira agre ssividade e tinham um plano B para o caso de o País e nirar e m gue rra civil. E ntre tanto, nas palavras da historiadora, não há provas dc que os E stados Unidos instigaram, plane jaram, dirigiram ou partici­ param da e xe cução do golpe de 1964. O re sto é te oria conspiratória.” Ainda, se gundo a me sma re vista Veja, Lincoln Gordon, e mbaixador ame ­ ricano no Brasil e m 1964, e m se u livro re ce nte me nte e ditado, forne ce da­ 122-C arlos Albe rto Brilhante Ustra dos de bastidore s sobre o re lacioname nto na ocasião e ntre os E stados Uni­ dos e o Brasil. “O autor do golpe contra Goulart foi o próprio Goulart1' disse o e x-cm- baixador ame ricano a Veja na se mana passada. “Se e le fosse mais habilidoso, te ria pre ssionado por suas re formas de ntro do âmbito constitucional, e m ve z de ce de r à te ntação de se guir os mode los de Ge túlio Vargas e Pe rón.” E m e ntre vista ao jomal O Estado de S. Paulo, de 31 /03/2004, onde o assun­ to do apoio ame ricano, também, é tratado, o jornalista R uy M e squita de clara: ‘'E stado - Os americanos apoiaram os militares? R uy M e squita - É outra coisa que acho importante de smistiflcar: a idéia dc que os ame ricanos conspiraram junto com os militare s. A ve rdade histórica é que nào houve um pe ríodo na história do Brasil cm que tivésse mos uma posição tão hostil aos E stados Unidos, a partir do gove rno C osta e Silva. J á no se gundo gove rno, com M agalhãe s Pinto como chance le r, por incríve l que pare ça, e le passou a adotar uma posição contrária aos E stados Unidos, com um tom já te rce iro-mundista que foi se ace ntuando na ge stão de Gibson Barbosa, prime iro chance le r do gove rno M édici. No gove rno Ge ise l, com o chance le r Antônio Aze re do da Silve ira, ve io o “pragmatismo re sponsáve l", que e ra uma posição de ‘"alinhame nto automático" contra os E stados Unidos como lí­ de r do mundo ocide ntal na O NU, na O rganização dos E stados Ame ricanos (O E A), e m todos os organismos inte rnacionais. Isso nos le vou a faze r de Saddam Husse in nosso parce iro privile giado e ao rompime nto do acordo militar com os E stados Unidos." E m nove mbro de 2002, e scre vi um artigo intitulado “O s ame ricanos não tramaram a C ontra-R e volução de 31 dc março de 1964”, publicado no site www.te muma.com.br. Hoje , volto a usá-lo ne ste livro, com algumas modificaçõe s e sob o novo título: A Contra-Revolução e os Estados Unidos. Sobre o assunto, a impre nsa pare ce sofre r da me sma amnésia que a aco­ me te quando se trata do se u chamame nto às F orças Armadas para pôr fim à R e pública Sindicalista de J ango, ou quando das grande s manife staçõe s popula­ re s saudando a C ontra-R e volução de 31 de março de 1964. Governo Castello Branco 15/04/1964 a 15/03/1967 Na noite de 1° de abril, le vando a família, o pre side nte J oão Goulart de i­ xou Brasília, que e stava isolada, se m te le fone s inte rurbanos ne m te le x, com de stino a Porto Ale gre , se m e sboçar ne nhuma re sistência. C ontava com o apoio de se u cunhado, Le one l Brizola, e com re duzida parce la das tropas se diadas na R e gião Sul. Passaram-se trinta horas de sde o início da marcha das tropas a partir de M inas. J ango, che gando ao Sul, inte irando-se do suce sso da C ontra-R e volu- ção e m todo o País, re alista, pe diu a Brizola que de sistisse de qualque r tipo de re sistência. E m se guida, e mbarcou para sua faze nda, e m São Botja, de onde fugiu para o Uruguai. Na madrugada de 2 de abril de 1964, o pre side nte do C ongre sso Nacional, Auro de M oura Andrade , conside rou vaga a Pre sidência da R e pública e inve s­ tiu no cargo, provisoriame nte , o pre side nte da C âmara dos De putados, R anie ri M azzilli. No e ntanto, que m passou a gove rnar o Brasil foi o auto-intitulado C omando Supre mo R e volucionário, composto pe los oficiais mais antigos das três forças: almirante Augusto R ade make r, brigade iro F rancisco C orre ia de M e llo c ge ne ral Arthur da C osta e Silva. Para facilitar a re stauração da orde m le gal, o C omando R e volucionário e spe ­ rava que o C ongre sso come çasse se u próprio sane ame nto, faze ndo uma “limpe za na casa” e cassando parlame ntare s inde se jáve is para os contra-re volucionários, como F rancisco J ulião - Ligas C ampone sas; Brizola - Grupo dos O nze ; e outros. E spe rava, também, que uma le gislação mais rígida e , principalme nte , anti-subve r- íiva fosse votada se m de mora. O C ongre sso, corporativista, no e ntanto agiu como se a C ontra-R e volução nào fosse dife re nte de outras crise s por que já passara o País. As conve rsaçõe s a re spe ito não progre diram. E ssa atitude provocou a rápi­ da re ação do C omando R e volucionário, que tinha pre ssa e m de sbaratar as orga­ nizaçõe s subve rsivas que atuavam no País, além de pôr o Brasil no rumo que julgava ce rto. A re ve lia do C ongre sso, no dia 9 de abril de 1964, foi outorgado o Ato Institucional n° 01 (A l-1), prime iro ato re alme nte contra-re volucionário. Ne le ficavam claras as justificativas da C ontra-R e volução e as inte nçõe s do Alto C omando. “O pre se nte Ato Institucional só pode ria se r e ditado pe la re ­ volução vitoriosa, re pre se ntada pe los C omandos-e m-C he fe das três Armas, que re sponde m, no mome nto, pe la re alização dos 124-C arlos Albe rto Brilhante Ustra obje tivos re volucionários, cuja frustração e stào de cididas a impe ­ dir. O s proce ssos constitucionais não funcionaram para de stituir o gove rno, que de libe radame nte se dispunha a bolche vizar o País. De stituído pe la re volução, só a e sta cabe ditar as normas e os proce ssos de constituição do novo gove rno e atribuir-lhe os pode ­ re s ou os instrume ntos jurídicos que lhe asse gure m o e xe rcício do Pode r no e xclusivo inte re sse do País. Para de monstrar que não pre te nde mos radicalizar o proce sso re volucionário, de cidimos mante r a C onstituição de 1946, limitando-nos a modificá-la, ape ­ nas. na parte re lativa aos pode re s do Pre side nte da R e pública, a fimde que e ste possa cumprir a missão de re staurar no Brasil a orde m e conômica e finance ira e tomar as urge nte s me didas de sti­ nadas a dre nar o bolsào comunista, cuja purulência já se havia infiltrado, não só na cúpula do gove rno, como nas suas de pe ndên­ cias administrativas. Para re duzir ainda mais os ple nos pode re s de que se acha inve stida a re volução vitoriosa, re solve , igualme nte , mante r o C ongre sso Nacional com as re se rvas re lativas aos se us pode re s, constante s do pre se nte Ato Institucional. F ica, assim, be m claro que a re volução não procura le gitimar-se através do C on­ gre sso. E ste é que re ce be de ste Ato Institucional, re sultante do e xe rcício do Pode r C onstituinte , ine re nte a todas as re voluçõe s, a sua le gitimação.’' Assinam o Ato: Arthur da C osta e Silva - ge ne ral-de -e xército F rancisco de Assis C orre ia de M e llo - te ne nte -brigade iro Augusto llamann R ade make r Grune wald - vice -almirante . O Ato Institucional outorgava pode re s e spe ciais ao gove rno contra-re volu- cionário, mas mantinha o Le gislativo, o J udiciário e a C onstituição de 1946.0 pre side nte pode ria introduzir e me ndas constitucionais e abre viar o proce sso de e laboração dos atos le gislativos; suspe ndia por se is me se s garantias de e stabi­ lidade , pode ndo o cidadão se r de mitido, passar à disponibilidade ou se r apo­ se ntado se houve sse ate ntado contra a se gurança do País, do re gime de mocrá­ tico e da probidade administrativa; autorizava, também, nos se is me se s se guin­ te s, a suspe nsão dos dire itos políticos pe lo prazo de de z anos e a cassação de mandatos le gislativos. O Ato também institucionalizava a e le ição indire ta, atra­ vés do C olégio E le itoral, do pre side nte da R e pública e se u vice , que de ve riam gove rnar até 31 de jane iro de 1966. A forma como se riam fe itas as e le içõe s foi A ve rdade sufocada · 125 “de se ngave tada”, às pre ssas, e um antigo proje to de e le içõe s indire tas foi rapi­ dame nte aprovado pe lo C ongre sso Nacional. L íde re s civis, como C arlos L ace rda, M agalhãe s Pinto, J usce iino Kubitsche k e vários outros gove rnadore s, a F e de ração e o C e ntro de Indús­ tria de Sào Paulo, a Socie dade R ural Brasile ira, a União C ívica F e minina e outras organizaçõe s, além da impre nsa, fize ram publicar manife stos nos quais e ndossavam a e scolha de C aste llo Branco, porque e ra “um ge ne ral se m liga­ çõe s políticas”. O jornal O Estado de S. Paulo publicou um e ditorial e m que de fe ndia a e le ição de um pre side nte militar, para e xpulsar os comunistas. O ge ne ral Humbe rto C aste llo Branco obte ve 361 dos 388 votos que com­ punham o C olégio E le itoral, se ndo e mpossado e m 15 de abril de 1964. Assu­ miu o pode r com total apoio da socie dade brasile ira. No e ntanto, re por a or­ de m no País e ra se u grande de safio. F oram tantas as corre nte s que se uniram e m tomo do ide al contra- re volucionário, que , à me dida que a C ontra-R e volução se consolidava e o gove mo ia de finindo suas e stratégias, as insatisfaçõe s de alguns grupos afloravam. T udo e m conse qüência de não se te re m e stabe le cidos, ante s do de se ncade ame nto da própria C ontra-R e volução, os se us obje tivos po­ líticos. F e ito a posteriori, como que riam os insatisfe itos, apre se ntaria o risco de provocar cisõe s nas forças contra-re volucionárias. A re dação do AI -1mostrava o re ce io do Alto C omando C ontra-R e volucionário de que o movime nto pare ce sse ape nas um golpe . A pre ocupação e m mante r as inte nçõe s come çou com o te mpo conce dido ao pre side nte - ape nas o re stante do mandato pre side ncial que se mostrava curto para colocar “orde m na casa”. A re spe ito disso, o Jornal do Brasil, de 20 de maio de 1964, e scre ve u e m se u e ditorial: “Não que iramos pe rde r a R e volução pe la incapacidade de consolidá-la. A matéria prima de ssa consolidação chama-se te m­ po... Se quise rmos se r suficie nte me nte re alistas e se nsatos, trans­ fe rindo o ple ito para 3 de outubro dc 1966, obte re mos muito mais do que a coincidência do mandato.” As maiore s re sistências à prorrogação partiam do próprio C aste llo e de alguns lide re s e ontra-re volucionários, como C arlos Lace rda e outros pre si- de nciáve is, que viam adiados se us sonhos dc se r pre side nte . Hm julho, o 126-C arlos Albe rto Brilhante Ustra C ongre sso aprovou a e me nda constitucional que prorrogava o mandato até 15 de março de 1967. C aste llo continuava sua luta. E ra prcciso re stabe le ce r a orde m e conô­ mica e finance ira no País. E ra impe rioso re stabe le ce r a paz social, custas­ se o que custasse . O C omando Ge ral dos T rabalhadore s (C GT ) e as Li­ gas C ampone sas foram algumas das muitas organizaçõe s conside radas nocivas à implantação do re gime . F oram dissolvidas pe lo gove mo. Vári­ os inquéritos policiais militare s (I PM ) foram instaurados. Líde re s comu­ nistas que , de sde o gove mo J ânio, atuavam clande stiname nte e no gove r­ no J ango oste nsivame nte , infiltrados nos sindicatos, nas unive rsidade s c nos quartéis, foram pre sos ou frigiram do País. C e nte nas se re fugiaram no Uruguai. M uitos, hoje , apre se ntam-se como e xilados ou “banidos”, mas, na ve rdade , fugiram para vive r confortave lme nte no e xte rior, às e xpe nsas de que m e le s não de claram. A política da e sque rda, ne sse mome nto da C ontra-R e volução, foi, como se mpre , re cuar, apare nte me nte , e aconse lhar se us militante s a agir na clande sti­ nidade , até se re organizare m. No me io e studantil, no e ntanto, foi muito mais difícil. O s jove ns vinham, há anos, se ndo subme tidos a uma ve rdade ira “lavage m ce re bral”, ao me smo te m­ po e m que e ram e stimulados e apoiados pe lo cle ro progre ssista. Doutrinados pe lo PC B, pe lo re cém-criado PC doB, pe lo PO R T , AP e PO LO P, suas princi­ pais lide ranças já apoiavam a luta armada. R e itore s e profe ssore s te ntaram, e m vão, pacificar o me io e studantil. AUNE foi praticame nte de sarticulada. Alguns líde re s, como Aldo Arante s e J osé Se rra, militante s da AP, poste riorme nte , fugiram para o e xte rior. No final de outubro, a UNE foi e xtinta. E m 27 de nove mbro, a “Le i Suplicy” re gulava a criação de novos dire tórios e studantis, buscando de mocratizar e ssas e ntidade s, que passariam a e le ge r se us me mbros por me io do voto. Medidas do governo Castello Branco •Ato Institucional n° 2 (AI-2) - E m 27/11/1965, de clarou e xtinto o pluripartidarismo e criou dois partidos: Aliança R e novadora Nacional (AR H- NA), que re unia os partidários do novo gove mo, e o M ovime nto De mocrático Brasile iro (M DB), que se ria a oposição. •Ato Institucional n° 3 (AI-3) - E m 05/02/1966, e stabe le ce u e le içõe s indi­ re tas para gove rnadore s, que se riam e le itos pe las Asse mbléias Le gislativas. A ve rdade sufocada -127 •Ato Institucional n° 4 (A 1-4) - E m 07/12/1966, instituiu a convocação da Asse mbléia Nacional C onstituinte , para votar a C onstituição que e ntrou e m vigor e m jane iro de 1967. •C riação do Se rviço Nacional de Informaçõe s (SNI), sob a che fia do ge ­ ne ral Golbe ry do C outo e Silva. •C riação do Banco C e ntral do Brasil. •M udança da moe da para C ruze iro Novo. •C riação do Banco Nacional de Habitação (BNH), para aquisição de mo­ radia pe los brasile iros de me nor re nda. •Unificação dos Institutos de Pre vidência Social e criação do INPS (atual INSS). ■Instituição da corre ção mone tária, de stinada a atualizar o pode r aquisitivo da moe da. •C riação do F undo de Garantia do T e mpo de Se rviço (F GT S). •C riação do Instituto Brasile iro de R e forma Agrária e do E statuto da T e rra; e ntre outras. As me didas tomadas pe lo gove rno C aste llo Branco, ape sar da pouca dura­ ção de se u mandato - pouco me nos de três anos criaram e xce le nte s condi­ çõe s para o cre scime nto e conômico do País. Logo come çariam as te ntativas para de se stabilizar o gove rno, a me sma tá­ tica das épocas de crise : procurar pontos fracos na ação gove rname ntal para conse guir o apoio da população. Ne sse caso, as me didas de e xce ção e a que ­ bra do re gime constitucional passaram a se r as bande iras usadas sob o pre te xto da “luta pe la re de mocratização”. Ainda no gove rno C aste llo Branco, atos te rroristas abalaram o País. E m pouco e spaço de te mpo, se te bombas e xplodiram e m R e cife . Uma, no Ae ro­ porto Guararape s, causou 15 vítimas. Ardilosos, políticos de re nome , donos de grande cacife e le itoral, pas­ saram a dar curso às suas aspiraçõe s, j á que o Brasil se asse ntava e m base s mais sólidas. Além disso, e stimulava-os a férre a disposição de C aste llo Branco de nào se e te rnizar no gove rno, o que , se m sombra de dúvida, de scaracte rizava a e xistência no Brasil de uma ditadura militar. Havia impre nsa livre , oposição ao gove rno, Le gislativo e J udiciário no e xe rcício de suas atribuiçõe s e , fundame ntalme nte , apoio popular a um gove rno probo e re alizador. A de spe ito da vontade de C aste llo Branco, os aconte cime ntos se pre cipita- mm, ge rando novas e substanciais conse qüências. 128-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Logo se e nce rrou o mandato de sse grande e stadista. Pouco te mpo de pois, a fatalidade roubou de ce na a figura do ilustre mare chal. Um acide nte aére o tirou-lhe a vida. A história, e ntre tanto, há de re conhe cê-lo como um ve rdade iro e stadista, um dos maiore s brasile iros, pe la honrade z, de scortino e patriotismo. Prova disso é que as e sque rdas não ousam de tratá-lo. F onte s: - SO UZA, Aluísio M adruga de M oura e . Guerrilha do Araguaia - Revanchismo. - Proje to O rvil. Influência e ajuda de Cuba à luta armada na América Latina O M ovime nto C omunista Inte rnacional se mpre obje tivou e ste nde r se us domínios sobre a América Latina. E m 1956,82 re volucionários, comandados por F ide l C astro, de se mbarca­ ram do iate Granma, no litoral sude ste de C uba. F oram e mboscados pe las tropas de F ulgêncio Batista. Só re staram 12, que se re fugiaram nas se lvas de Sie rra M ae stra, onde continuaram a pre gar a luta armada contra o re gime de Batista. C om o te mpo, formaram um e xército gue rrilhe iro que marchou e m di­ re ção ao ce ntro do país. E m l°de jane iro de 1959, colunas gue rrilhe iras, lide radas por E rne sto C he Gue vara e C amilo C ie nfue gos, e ntraram e m Havana apoiadas pe la população civil contrária a F ulgêncio Batista. F ide l C astro nas prime iras se manas fuzilou mais de 700 pe ssoas, aí incluin­ do 600 militare s que pe rte nciam ao e xército cubano. Ao longo dos anos, os fuzilame ntos continuaram. E stima-se que mais de 17.000 cubanos te nham sido e xe cutados no “pare dón”. Assim conse guiu dominar C uba. Quando anunciou ao mundo que a sua re volução e ra comunista, passou a se r apoiado por M oscou e m armame nto, munição, pe tróle o e divisas que atin­ giram o valor de um bilhão de dólare s anualme nte . E stava e ncravada, na América Latina, uma cunha para facilitar os propósi­ tos da União Soviética na te ntativa de dominá-la. A re volução cubana te ve grande influência sobre os movime ntos gue rrilhe i­ ros e m vários paíse s latino-ame ricanos onde e clodiu a luta armada. A te oria do foco, de R e gis De bray, base ada na re volução cubana, conte ria prioridade absoluta à luta armada. O foquismo pre gava a ação de pe que nos grupos e m locais propícios, que cre sce riam e se alastrariam pe lo país, como foi fe ito por F ide l, e m C uba. Nas décadas de 50 e 60, a América Latina vivia uma tênue de mocracia. Na Boi ívia, com Victor Paz E ste nsoro (1952-1956) e (1960-1964) e He mán Sile sSuazo( 1956-1960). No C hile , durante os gove rnos de J orge Ale ssandri R odrigue z (1958-1964) c E duardo F re i M ontalva( 1964-1970). Na Arge ntina, sob os gove rnos de Arturo F rondizi (1958-1962) e Umbe rto Illia( 1963-1966). No Uruguai, os partidos tradicionais se alte rnavam no pode r. Blancos (1959- 1967) e C olorados (1967-1973). No Pe ai, o pre side nte M anue l Prado Ugarte che fora e le ito para o pe ríodo (1956-1962). 130-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Na Ve ne zue la, fora e le ito o pre side nte R ômulo Be tancourt para o pe ríodo (1959-1964). Na C olômbia, gove rnavam Albe rto Lle ras C amargo (1958-1962) e Guille rmo Le on Valência M unoz (1962-1966). O Brasil vivia sob os re gime s de mocráticos de J usce lino Kubitsche k de O live ira (1956-1961), J ânio Quadros (1961) e J oão Goulart (1961 -1964). A União Soviética, com o apoio incondicional de F ide l C astro, usando os partidos comunistas e outras organizaçõe s marxistas-le ninistas dos paíse s latino-ame ricanos, iniciou uma campanha para dominar com a ide ologia comunista a América Latina C ome çaram, e ntão, insufladas pe los partidos comunistas locais, as gre ve s políti­ cas no ope rariado, nas unive rsidade s, no siste ma bancário, nos transporte s. T udo acompanhado pe la agitação e propaganda utilizadas pe los sindicatos e pe las re pre ­ se ntaçõe s e studantis. As palavras de orde m e ram as de se mpre : luta contra o “impe ri­ alismo ianque ” e o capitalismo, luta a favor dos e xcluídos, pe la libe rdade e outras. E m 1964, o Brasil caminhava a passos largos para a implantação de uma re pública marxista-le ninista, com os comunistas infiltrados no gove mo e minan­ do as e struturas do E stado. J á se julgavam se nhore s do gove mo, mas re conhe ­ ciam e proclamavam que só lhe s faltava o pode r. C omo os historiadore s comu­ nistas hoje re conhe ce m, a C ontra-R e volução e stancou, provisoriame nte , e ssa e scalada, frustrando a 2aT e ntativa de T omada do Pode r. A I aT e ntativa ocor­ re ra e m 1935, durante a Inte ntona C omunista. Na Ve ne zue la, a gue rrilha, conduzida pe lo Partido C omunista Ve ne zue lano, come çou a ope rar e m 1962, te ndo como principal dirige nte Douglas Bravo. Na C olômbia, as organizaçõe s que optaram pe la luta armada come çaram a atuar, mais oste nsivame nte , e m 1964, te ndo como dirige nte principal o padre C amilo T orre s. No Pe ru, e ntre 1961 e 1964, surgiu a F re nte de Izquie rda R e volucionária, de te ndência trotskista. E sse s movime ntos na América Latina, não coincide nte me nte , tive ram um substancial impulso e um de cisivo apoio a partir da vitória de F ide l C astro e m C uba e se fortale ce ram com a criação de organizaçõe s inte rnacionais que os apoiaram e congre garam sob uma única dire ção. Naque la época, a Gue rra F ria ate morizava a E uropa, lite ralme nte dividida e ntre a O T AN e o Pacto de Varsóvia. O conflito le ste -oe ste se manife stava com maior inte nsidade nos paíse s da África, da Ásia e da América Latina e na e closão das gue rras coloniais do contine nte africano, orie ntado pe las organiza­ çõe s que abordare mos a se guir. A ve rdade sufocada -131 ATHcontinental E xistia, no início dos anos 60, uma organização comunista, sob orie ntação da C hina, de nominada O rganização de Solidarie dade dos Povos da Ásia e da África (O SPAA). E m 1965, a O SPAA, e m uma confe rência re alizada e m Gana, de cidiu que a próxima re união se ria e m Havana, com a finalidade de inte grar a América Latina ao movime nto. E ntre 3 e 15 de jane iro de 1966, re alizou-se , e m C uba, a I C on­ fe rência da agora de nominada O rganização de Solidarie dade dos Povos da Ásia, África e América Latina (O SPAAAL), que ficou conhe cida como a T ricontine ntal. A União Soviética não ace itou a manobra chine sa para colocara América Latina sob a sua influência. Assim, a T ricontine ntal passou a se r disputada por duas ve rte nte s do comunismo inte rnacional: a C hina e a União Soviética. F ide l C astro, alinhado com M oscou, rompe u com a C hina, e a T ricontine ntal passou a se r dominada pe la influência soviética. C ompare ce ram a e ssa confe rência re pre se ntante s de 82 paíse s, se ndo 27 da América Latina. R e pre se ntavam o Brasil: Aluísio Palhano e E xce lso R ide an Barce los, indicados por Le one l Brizola; Ivan R ibe iro e J osé Bastos, pe lo Parti­ do C omunista Brasile iro (PC B); Vinícius C alde ira Brandt, pe la Ação Popular (AP); e F élix Ataíde da Silva, e x-asse ssor de M igue l Arrae s. Nos de bate s pre dominavam as discussõe s sobre a utilização da luta armada como instrume nto de tomada do pode r. O swaldo Dorticós, pre side nte de C uba, de clarou na confe rência que : "to  dos os movimentos de libertação têm o direito de responder à violência armada do imperialismo com a violência armada da revolução *\ F ide l C astro, e m se u pronunciame nto, afirmou que “a luta revolucionária deve estender-se a todos os países latino-americanos C he Gue vara, e m sua “mensagem aos povos do mundo ", através da T ricontine ntal assim se e xpre ssou: 'lNa América Latina luta-se de armas na mão, na Guate mala, na C olômbia, na Ve ne zue la e na Bolívia e de spontam já os prime i­ ros sinais no Brasil. Quase todos os paíse s de ste contine nte e stão maduros para e ssa luta que só triunfará com a instalação de um gove mo socialista/’ “O ódio intransige nte ao inimigo de ve ir além das limitaçõe s naturais do se r humano. De ve se conve rte r e m viole nta, se le tiva e fria máquina de matar. Nossos soldados têm de se r assim, um povo se m ódio nào pode triunfar soba* um inimigo brutal.'* 132-C arlos Albe rto Brilhante Ustra “A América, contine nte e sque cido pe las últimas lutas políti­ cas de libe rtação, que come ça a se faze r se ntir por me io da T ricontincntal na voz da vanguarda de se us povos que é a re vo­ lução cubana, te rá uma tare fa de muito re le vo: a da criação do se gundo ou te rce iro Vie tnam do mundo.” A De claração Ge ral, e laborada ao término da confe rência, re come ndava, e ntre outras coisas: - o dire ito ge ral dos povos para obte r a sua libe rtação polí­ tica, e conômica e social pe los caminhos julgados ne ce ssários, in­ cluindo a luta armada;” - incre me ntar a participação da juve ntude nos movime ntos de libe rtação nacional;” - a publicação de obras clássicas e mode rnas, a fim de rompe r o monopólio cultural da chamada civilização ocide ntal cristã, cuja de rrocada de ve se r o obje tivo de todas as organizaçõe s e n­ volvidas ne ssa ve rdade ira gue rra.” AT ricontine ntal oficializou a O SPAAAL, que se ria dirigida por um se cre ­ tariado composto por um se cre tário-ge ral, cubano, e 12 me mbros, 4 para cada contine nte . A se de se ria e m Havana. Assim, os te ntáculos do M ovime nto C omunista Inte rnacional (M C I) e x- pandiam*se para a América Latina de forma organizada, orie ntados no níve l político-ide ológico pe lo Partido C omunista da União Soviética (PC US) e con­ duzidos no níve l e stratégico pe la O SPAAAL, o que dinamizou e impulsionou o proce sso re volucionário nas re giõe s pe riféricas que constituíam o de nominado ‘T e rce iro M undo” (África, Ásia e América Latina). AO LAS Salvador Alle nde , futuro pre side nte do C hile , participante da T ricontine ntal, apre se ntou uma proposta que foi aprovada por unanimidade pe las 27 de le gaçõe s latino-ame ricanas: a criação da O rganização Latino-Ame ricana de Solidarie dade (O LAS). A sigla O LAS e m e spanhol significa ondas. Logo após a T ricontine ntal, ainda e m jane iro de 1966, foi criada a O LAS, numa re união e m Havana, com a pre se nça de 700 de le gados re pre se ntando os movime ntos re volucionários de 22 paíse s. A sua finalidade e ra “Unir, coorde nar e e stimular a luta contra o impe rial ismo norte -ame ricano, por parte de todos os povos e xplorados da América Latina”. O docume nto final de te rminava, por A ve rdade sufocada -133 conse nso, a e xistência de um C omitê Pe rmane nte , se diado e m Havana, que se constituiria na ge nuína re pre se ntação dos povos da América Latina. De ssa organização partiriam as ondas ve rme lhas, e m cujas cristas e stariam os movime ntos re volucionários que inundariam a América Latina. A O LAS passou a se r dirigida por um C omitê de O rganização, com re pre ­ se ntante s de C uba, Brasil, C olômbia, Pe ru, Uruguai, Ve ne zue la, Guate mala, Guiana e M éxico. C omo se cre tária-ge ral e stava a cubana Hayde e Santamaría e Aluísio Palhano como re pre se ntante brasile iro. O rie ntada política e ide ologicame nte pe lo PC US e conduzida no níve l e stratégico pe la O SPAAAL, cabe ria à O LAS conduzir e impulsionar, ope racionalme nte , o proce sso re volucionário na América Latina. E sse se ria dinamizado, por um lado, pe lo re crude scime nto da gue rrilha urbana e por açõe s de agitação, propaganda e re crutame nto. Por outro, pe lo e stabe le ci­ me nto da gue rrilha rural com a criação de um foco gue rrilhe iro, como e m C uba, ou de um E xército Popular de Libe rtação, como na C hina. AO C L AE E stabe le cida a e strutura ve rtical - PC US, O SPAAAL e O LAS - que con­ duziria e impulsionaria o proce sso re volucionário e os movime ntos re volucio­ nários na áre as pe riféricas do “T e rce iro M undo”, faltava, ape nas, de finir o se gme nto social que se tomaria a fonte ine sgotáve l de re cursos humanos a se re m aliciados, re crutados e tre inados para re alizar as açõe s te rroristas e participar da luta armada. E ntre 29 de junho e 11de julho de 1966, aconte ce u, também e m C uba, o IV C ongre sso Latino-Ame ricano de E studante s (IV C LAE ), quando foram aprovadas as re soluçõe s que incitavam os e studante s à luta armada: - ‘'Sole ne me nte a luta armada constitui, hoje , a mais e fe tiva e conse qüe nte forma de luta.” - “A tomada do pode r político, e m dife re nte s paíse s da Améri­ ca Latina, e m prove ito das classe s populare s, não pode rá se r fe ita pe la via e le itoral ou parlame ntar, mas pe la violência.” O re pre se ntante brasile iro ne sse congre sso foi o pre side nte da UNE , F idélis Augusto Samo, da AP. O I V C LAE tinha como obje tivo a ple na inte gração do se gme nto e studantil da América Latina com as organizaçõe s ante riorme nte de scritas. Visava, num conte xto de maior amplitude , e stimular e ampliar o proce sso re volucionário no contine nte . Para tanto, criou, com se de cm I lavana, a O rgani/ação C ontine ntal 134-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Latino-Ame ricana de E studante s (O C LAE ), dirigida por um se cre tariado pe rma­ ne nte , se ndo J osé J arbas Diniz C e rque ira, da AP, o re pre se ntante brasi le iro. A O LAS e a O C LAE , como ve re mos ao longo de ste livro, foram as orga­ nizaçõe s que muito influíram e apoiaram a luta armada no Brasil. F oram as re sponsáve is pe lo aliciame nto de milhare s de jove ns e studante s que , iludidos, se tomaram militante s das mais variadas organizaçõe s te rroristas. Se gundo o ge ne ral Agnaldo De l Ne ro Augusto, e m se u livro A Grande Mentira: “C uba passou a dispor de dois instrume ntos para e xpor­ tar a sua re volução. Nos anos se guinte s, incitaria o re curso à luta armada, difundiria a te oria foquista da re volução e come çaria a formar quadros para o de se ncade ame nto da gue rrilha na América Latina.” A luta armada A partir de e ntão, surgiram inúme ras organizaçõe s que participaram da luta armada, todas re ce be ndo apoio e m dinhe iro, armame nto e munição, forne cidos pe la União Soviética por inte rmédio de C uba, além de cursos de tre iname nto de gue rrilha ne sse último país. No Brasil, foram criadas 29 organizaçõe s te rroristas e outras 22 que op­ taram por outras “formas de re sistência”, sob o pre te xto e a justificativa dc lutare m contra a “ditadura”. No C hile , o M ovimie nto de Izquie rda R e volucionário (M IR ), fundado e m 1965 durante o gove mo de E duardo F re i, iniciou, e fe tivame nte , suas atividade s re volucionárias e m 1967. Quando Salvador Alle nde assumiu o gove mo e m 04/11/1970, o C hile ini­ ciou um pe ríodo pré-re volucionário, onde se inte nsificou a luta de classe s. O M IR , com o conhe cime nto e aprovação de Salvador Alle nde , havia introduzido no C hile uma grande quantidade de armame nto que e ra e scondida e m re sidên­ cias, e scritórios, fábricas e armazéns. E m 1973, e stimava-se que o mirismo organizado congre gava e ntre 40 e 45 mil militante s. C om o te rrorismo aume ntando dia a dia, o pre side nte Salvador Alle nde , aliado do M IR , foi de posto pe lo ge ne ral Augusto Pinoche t. Quando a luta armada te rminou, o núme ro dc vítimas passava dc 4.000. A ve rdade sufocada -135 Na Arge ntina, vários grupos e stavam e m atividade , porém dois e ram particu­ larme nte pode rosos: os M ontone ros e o E jército R e volucionário de i Pue blo (E R P). E ntre 1970 e 1973, o te rror aume ntou suas açõe s. Quando o pre side nte J uan Pe rónmorre u,e m l°de julhode 1974,e suamulhe r Isabe lita-vice -pre side nte - o substituiu no gove rno, tudo se de te riorou e os gue rrilhe iros passaram a ope rar oste nsivame nte . Ne sse ano, e le s fize ram 21 te ntativas de invasão de unidade s militare s, 466 ate ntados a bomba, assassinaram 110 pe ssoas e se ­ qüe straram outras 117. Na década de 1969-1979, foram praticados pe las organizaçõe s te rroristas arge ntinas 21.000 ate ntados a bomba, 1.748 se qüe stros e 1.501 assassinatos. E m 1975, e m me io a uma e scalada da violência, uma orde m da pre side nte Isabe lita de te rminou ao e xército faze r o que fosse ne ce ssário para ne utralizar ou aniquilar o proce sso subve rsivo-te rrorista. O s militare s tomaram o pode r e m 24/03/1976, quando o movime nto te rro­ rista e stava conduzindo o país ao caos e à anarquia. E m 1983, ao término da luta armada, o saldo de mortos e ra supe rior a 30.000 pe ssoas. Hoje , sào muitos os e x-montone ros que e stão no gove rno do pre si­ de nte Kirchne r. No Uruguai, o M ovimie nto de Libe ración Nacional (T upamaro), que atuava de s­ de 1963, inte nsificou as suas açõe s a partir de 1971, o que le vou o pre side nte J uan M aria Bordabe rry a de cre tar a dissolução do C ongre sso, e m 27/06/1973. C om o núme ro de vítimas das açõe s te rroristas aume ntando progre ssivame nte , os gove rnos civis que se suce de ram, por pre ssão dos militare s, e ndure ce ram o siste ma de gove rno. E m 1981, o ge ne ral Gre gório Alvare z assumiu o pode r por quatro anos. Quando os te rroristas foram de rrotados o núme ro de vítimas e ra supe rior a 1.000. Nas últimas e le içõe s foi e le ito pre side nte o antigo tupamaro T abaré Vasque z. O Se nado e a C âmara dos De putados são pre sididos, também, por e x-militante s tupamaros. No Pe ru, o Se nde ro Luminoso, também conhe cido como Partido C omu­ nista do Pe ru, conside rado o se gundo maior movime nto re volucionário da Amé­ rica Latina, tinha como obje tivo de struir o gove rno e substituí-lo por um re gime comunista de base campe sina. F oi de rrotado pe lo gove mo de Albe rto F ujimore - 1990-2000 - de pois de provocar a morte de mais de 30.000 pe ssoas. Na C olômbia, as F orças Armadas R e volucionárias da C olômbia (F AR C ), criadas e m 1964, como força miiitar do Partido C omunista C olombiano, é a niais antiga, a mais capacitada e a me lhor e quipada de todas as organizaçõe s le rmrislas da América. Se u líde r mais e xpre ssivo é o se cre tário M anue l M amlanda 136-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Véie z, também conhe cido como “T irofijo”. As F AR C possue m mais de 46.000 militante s e ocupam 40% do te rritório colombiano, a maior parte e m flore stas e se lvas, a sude ste dos Ande s. E m 1973, suigiu o M ovime nto 19 de Abril (M -19), braço armado da Alian­ ça Nacional Popular. ‘A se guir transcre vo tre chos do artigo “A gue rrilha na C olômbia”, do histori­ ador C arlos. I. S. Azambuja, publicado no site M ídia Se m M áscara - www.midiase mmascara.org. e m 25/11/05: “C onside rando que as F AR C têm ce rca de 105 F re nte s, a uma média de 300 a 600 insurge nte s por F re nte , isto re sulta no total conse rvador de 46.000 combate nte s.” “As F AR C possue m militante s que se intitulam me mbros do De ­ partame nto Inte rnacional, de sde a Arge ntina até o M éxico, passando pe lo Paraguai e Honduras. Ne sse s paíse s mantêm vínculos com me m­ bros de grupos de pre ssão de e xtre ma e sque rda e , e m muitos, re ali­ zam, juntame nte com o chamado crime organizado, atividade s ilícitas, como se qüe stras, tráfico de drogas e contrabando de armas, além de inse rir se us simpatizante s de ntro de grupos sociais de pre ssão. O De ­ partame nto Inte rnacional das F AR C te m re pre se ntante s na União E uropéia, J apão, Austrália, M éxico, C anadá, E UA, Honduras, C osta R ica, Panamá, C uba, Ve ne zue la, E quador, Pe ru, Bolívia, Arge ntina. C hile e Brasil, isso ape sar de se r conside rada pe los E UA, O E A e União E uropéia uma organização te rrorista!” “Um dos che fe s máximos das F AR C , R aul R e ye s (Luis Anto­ nio De via), de clarou e m e ntre vista à Folha de São Paulo de 27 de agosto de 2003: “As F arc têm contatos não ape nas no Brasil com distintas for­ ças políticas e gove rnos, partidos e movime ntos sociais.” F olha: “0 senhor pode nomear as mais importantes? R e ye s: “Be m, o PT é claro, de ntro do PT há uma quantidade de forças: os se m-te rra, os se m-te to, os e studante s, os sindicalis­ tas, inte le ctuais, sace rdote s, historiadore s, jornalistas.” F olha: Quais intelectuais? R e ye s: “E mir Sade r, F re i Be tto e muitos outros.” “E ssas re laçõe s, inclusive com autoridade s gove rname ntais, são e norme me nte facilitadas pe los contatos e stabe le cidos pe los me mbros do De partame nto Inte rnacional, be m como de ntro do F oro de São Paulo do qual as F AR C e o E LN são me mbros. M as e ssa é uma outra história..." A ve rdade sufocada * 137 A C olômbia foi o único país da América do Sul que re solve u nào e ndure ce r o se u re gime de gove mo para combate r o te rrorismo. Luta, até hoje , contra as F AR C , chora a morte de mais de 45.000 colombianos e te m 40% do se u te rritório total­ me nte dominado pe la gue rrilha. Uma Zona Libe rada, onde o gove mo do país não pode e ntrar e que vive sob as novas le is dos gue rrilhe iros narcotraficante s. A Bolívia e ra conside rada por F ide l C astro e C he Gue vara como o país ide al para o e stopim de uma re volução que se e spalharia pe la América do Sul. Gue vara se propôs a comandá-la. E le se ria o che fe de sse E xército de Libe rta­ ção Nacional e C uba o ajudaria com pe ssoal, mate rial e dinhe iro. C om e ssa finalidade che gou à Bolívia e m 04/11/1966 e no mês se guinte se re uniu com me mbros do Partido C omunista Boliviano. F ide l anunciou que C he e stava e m um país da América pre parando a re volução. Após me se s de luta, C he Gue vara morre u e m 8 de outubro dc 1967, quan- doague rrilha foi dizimada pe lo e xército boliviano. A e xportação da gue rrilha e do te rrorismo, de C uba para o re stante do contine nte , e ra uma das e stratégias para a de se stabilizaçào dos gove rnos le gal­ me nte constituídos e de mocráticos. C omo se ve rifica, os militare s da América do Sul, assumindo te mporaria­ me nte o pode r, e vitaram que o te rrorismo transformasse e sse s paíse s e m dita­ duras comunistas. O s gove rnos que e stabe le ce ram tive ram como principal ob­ je tivo a de mocracia. Pre missa ve rdade ira, pois, e m todos e le s, se m e xce ção, o pode r foi de volvido aos civis e , hoje , os de rrotados de onte m, agora e le itos pe lo povo, e stão no gove mo. M uito dife re nte de C uba, onde se instalaram e m 1959 e onde F ide l C astro re ina absoluto há praticame nte 47 anos. C omo aconte ce e m todos os movime ntos onde os comunistas são de rrota­ dos, e le s iniciam a volta lutando pe la anistia, que , uma ve z conquistada, lhe s pe r­ mite vive r usando as libe rdade s de mocráticas que que riam de struir. Poste rior­ me nte , come çam uma virule nta campanha para de ne grir os que os combate ram, posam de vítimas e de he róis e faze m da me ntira e da calúnia o se u discurso. Não de scansam e nquanto nào conse gue m, por re vanchismo, colocar na prisão aque ­ le s que os combate ram e de rrotaram. Para isso, mudam as le is e até a própria C onstituição, o que é fe ito com a corrupção do Le gislativo e com o apoio de »impatizante s, e scolhidos a de do, para as mais altas funçõe s do J udiciário. C aro le itor, isso nào lhe é familiar? Influência e ajuda de Cuba à luta armada no Brasil F ide l C asto vislumbrou e xpandir sua re volução no Brasil, inicialme nte , usan­ do as Ligas C ampone sas de F rancisco J ulião. T inha a e spe rança de , obte ndo o suce sso de sse movime nto, e xportar as suas idéias re volucionárias para outros paíse s da América do Sul. Poste riorme nte , propiciou tre iname nto militar cm C uba para brasile iros se le cio­ nados pe las organizaçõe s te rroristas, que tinha como obje tivo maior a criação de uma massa crítica, capaz não ape nas de de se ncade ar açõe s dc gue rrilha urbana e rural, mas, principalme nte , de ope rar campos de tre iname nto e de instruir outros militante s se le cionados para a gue rra de gue rrilha. Não parou aí a inte rfe rência cu­ bana e m nosso País. Além do apoio político, ajudou com dinhe iro e armas. E lio Gaspari, e m se u livro A Ditadura Envergonhada - C ompanhia Das Le tras, página 178, e scre ve u a re spe ito: “E m 1961, manobrando pe lo flanco e sque rdo do PC B, F ide l hospe dara e m Havana o de putado F rancisco J ulião. Ante s de sse e ncontro, com olhar e cabe le ira de profe ta de sarmado, J ulião pro­ punha uma re forma agrária conve ncional. Na volta de C uba, de ­ fe ndia uma alte rnativa socialista, carre gava o slogan “R e forma agrária na le i ou na marra" e acre ditava que a gue rrilha e ra o caminho para se che gar a e la. J ulião e Pre ste s e stive ram simulta­ ne ame nte cm Havana e m 1963. F oram re ce bidos e m se parado por C astro. Um já re me te ra 12 militante s para um bre ve curso de capacitação militar e e stava pronto para faze r a re volução. Du­ rante uma viage m a M oscou, te ria pe dido mil subme tralhadoras aos russos. O outro acabara de voltar da União Soviética.” No pe ríodo de 1960-1970,219 gue rrilhe iros, além de outros nào ide ntifi­ cados, F ize ram tre iname nto militar e m C uba, alguns ainda no gove mo J ânio Quadros, poucos no gove mo J ango e a maioria após 1964. E m 04/12/1962, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou a e xistência dc áre as de gue rrilha e anunciou a prisão de me mbros das Ligas C ampone sas, e m Dianópolis, no inte rior de Goiás, hoje T ocantins. No local, foram apre e ndidos re tratos e te xtos de F ide l C astro, bande iras cubanas, manuais de instrução de combate , planos dc sabotage m e armas, além da contabilidade da ajuda finance ira e nviada por C uba e dos planos das l igas C ampone sas e m outros e stados do País. O re sponsáve l por e sse ce ntro de tre iname nto gue rrilhe iro e ra C arlos M ontarroyo. Vinte c quatro A ve rdade sufocada -139 militante s foram pre sos. T ambém foram de cre tadas as prisõe s de C lodomir dos Santos M orais, T arzan de C astro e Amaro Luiz de C arvalho. J oão Goulart e ra pre side nte do País, o que prova que e ssas gue rrilhas fo­ ram iniciadas ante s da C ontra-R e volução de 1964, portanto a motivação do movime nto gue rrilhe iro não e ra a luta contra ne nhuma ditadura. O s dirige nte s cubanos orie ntavam, instruíam e difundiam para a América Latina se u mode lo de re volução: o foquismo. O cre scime nto das organizaçõe s subve rsivas no Brasil, pré e pós a C ontra-R e volução de 1964, continuou sob grande influência da re volução cubana. A idéia ce ntral da Se gunda De claração de Havana, que influe nciava os subve rsivos brasile iros, e ra que : "O de ve r dc todo re volucionário é faze r a re volução e le var a toda América Latina o movime nto re volucionário.” F ide l e C he Gue vara povoavam os sonhos dos re volucionários com as se ­ guinte s frase s: “C uba se nte -se no dire ito de ince ntivar a re volução na Améri­ ca Latina.” “O caminho da libe rtação nacional da América Latina é o ca­ minho da violência. E ssa violência se rá ne ce ssária e m quase to­ dos os paíse s da América Latina." E ssas idéias e nvolviam os jove ns e os e stimulavam à violência. A partir de 1964, os cursos e m C uba se inte nsificaram. As rotas de saída do Brasil para C uba e ram muitas. Uma de las se iniciava no Uruguai, passava pe la Arge ntina e de lá, pe la Air-F rance , che gava-se a Paris. Lá, o e x-de putado pe lo PT B - cassado - M ax da C osta Santos e spe rava os viajante s. O s docume ntos iniciais e ram substituídos. De Paris se guiam para a T che coe slováquia e , final­ me nte , para C uba. Ao che gar e m Havana, e ram re ce bidos por um oficial do se rviço se cre to cubano, que fazia um le vantame nto dos ante ce de nte s pe ssoais e da vida política dos futuros alunos. De pois de um pe ríodo de adaptação, iam para Pinar de i R io, onde os instrutore s cubanos e nsinavam: •táticas de gue rrilha rural e urbana; •manuse io e fabricação de armas; •manuse io de e xplosivos e fabricação de bombas; ■le itura dc mapas; ■construção dc abrigos individuais e cole tivos; 140-C arlos Albe rto Brilhante Ustra •técnicas de sabotage m; e *marchas e sobre vivência na se lva. A he te roge ne idade do grupo, a falta de orie ntação e discussão política e a brutalidade dos instrutore s le varam a várias de sistências. O s de siste nte s e ram humilhados e e nviados para as faze ndas, se ndo usados e m trabalhos rurais. O s aprovados no prime iro e stágio iam para as montanhas de E scambray, onde faziam marchas e acampame ntos durante três me se s. Próximo de E scambray ficava o Quarte l das M ilícias Se rranas, onde apre ndiam a atirar com bazucas, me tralhadoras, morte iros e canhõe s de 152mm. E m um pavilhão funcionava um te atro, sala de le itura e 12 salas de aula. onde re ce biam aulas te óricas e de doutrinação política. E studavam, e m ma­ pas do Brasil, algumas re giõe s, atividade s locais, e stradas, ponte s, localiza­ ção de unidade s militare s e atividade s de se nvolvidas pe los habitante s. Havia e studo porme norizado sobre as re giõe s de Diamantino, Barra dos Bugre s. C ampo Grande , Ponta Grossa, C ruze iro do O e ste (onde J osé Dirce u vive u na clande stinidade ), M iranda, Porto E spe rança, C orumbá, Ladário e C áce re s. com le vantame nto de ae roportos e e stradas. A ve ge tação e ra e studada de talhadame nte . O le vantame nto e ra e scrito e m português e havia filme s so­ bre Sào Paulo e C uritiba. Se guindo orie ntação dos che fe s da subve rsão no Brasil, os cubanos aqui­ latavam o aprove itame nto e as condiçõe s psicológicas do aluno, de cidindo sobre o se u re gre sso. O s conside rados aptos e ram isolados, mante ndo-sc uma compartime ntaçào com os que ficavam. R e ce biam de volta se us docu­ me ntos ve rdade iros, nova docume ntação com nome falso, que de ve ria se r usada pe rmane nte me nte , ccrca de 1.500 dólare s, roupa c itine rário a se r se ­ guido até o C hile . No C hile , o e sque ma passava a se r livre para a e ntrada no Brasil. O utra rota saía de C uba para Praga, de pois M ilão, Ge ne bra, prosse ­ guindo e m vôo da Swissair até Sào Paulo, com e scala no R io de J ane iro, onde de se mbarcavam. Da re portage m fc^,Que Pasa, C ompane ro?”, de C onsue lo Die gue z, publicada na re vista Veja - e dição 1.684 - 24 de jane iro de 2001, a re spe ito da te se “Apoio de C uba à Luta Armada no Brasil: o tre iname nto gue rrilhe iro” de De ni se R olle mbe rg, transcre vo os se guinte s tre chos: "Durante dois anos De nise fuçou os arquivos do DO PS, de ­ bruçou-se sobre os docume ntos militare s e colhe u de poime ntos pre ciosos que tra/cm à lona dclalhcs do patrocínio cubano a três A ve rdade sufocada proje tos de gue rrilha no Brasil - e mbora se note m algumas lacu­ nas clamorosas, como a ausência do re lato do pre side nte do PT , J osé Dirce u. que re ce be u tre iname nto de gue rrilha e m C uba e não foi ouvido pe la autora. O prime iro auxílio de F ide l foi no gove rno de J oão Goulart, por inte rmédio do apoio às Ligas C ampone sas, le ndário movime nto rural che fiado por F rancisco J uliào. A outra ajuda de C uba aconte ce u e ntre 1966 e 1967 e te ve como prota­ gonista o e x-gove rnador Le one l Brizola, na época e xilado no Uru­ guai. F inalme nte , e ntre l%9e 1973, C uba tre inou militante s brasi­ le iros das organizaçõe s de e sque rda que se guiram o caminho da luta armada, principalme nte a Aliança Libe rtadora Nacional (ALN), a Vanguarda Popular R e volucionária (VPR )e o M ovime nto R e ­ volucionário 8 de O utubro (M R -8). Quanto C uba gastou ne ssas inve stidas, nào há como quantificar." “O trabalho de Dcnise de sve nda cada passo da ofe nsiva de F ide l C astro no Brasil. A aproximação com as Ligas C ampone sas, por e xe mplo, de u-se logo após a re volução cubana, e m 1959. As Ligas e ram um movime nto e sse ncialme nte agrário, se diado no Nor­ de ste , mas e spalhadas por vários e stados. Se u slogan “R e forma agrária na le i ou na marra" sinte tizava a te nsão política do País no início dos anos 60. C uba de spe jou uma bolada de dinhe iro na orga­ nização e tre inou vários de se us militante s, numa movime ntação logo pe rce bida pe la comunidade de informação. O s docume ntos do DO PS, o te mido De partame nto da O rde m Política e Social, e ncon­ trados por De nise R olle mbe rg no Arquivo Público do R io de J ane i­ ro, ate stam que de sde 1961 o órgão acompanhava ate ntame nte as e stre itas re laçõe s de C uba com as Ligas. A pape lada re gistra tam­ bém cursos pre paratórios de gue rrilha e m vários pontos do País. O apoio cubano concre tizou-se no forne cime nto de anuas e dinhe iro, além da compra de faze ndas e m Goiás, Acre , Bahia e Pe rnambuco para funcionar como campos de tre iname nto." "... O re sultado foi trágico. Uma das histórias mais dramáticas re latadas por De nise é o massacre do Grupo Primave ra. E ssa facção tinha e ntre se us líde re s a atual grande e xpre ssão do gove r­ no, J osé Dirce u. R ompido com a ALN, aproximou-se muito do gove rno cubano durante o pe ríodo de tre iname nto. Por e ssa ra­ zão, di/ia-se que e ra um grupo mais pre parado que os outros. T ra­ ídos por um informante , os militante s do Grupo Primave ra foram durame nte pe rse guidos, quando come çaram a voltar ao País. hm me nos de um ano. 22 de se us 2N inte grante s cM a\nm morins. 142-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra Dirce u, no e ntanto, discorda da te se que atribui a C uba o fracasso da gue rrilha. “T odo mundo sabia o que e stava faze ndo”, afirma. “O s e rros foram nossos.1’ (Nota do autor: A autora re fe re -se ao M ovime nto de Libe rtação Popular - M olipo) T ambém a re spe ito de cursos e m C uba, a re vista IstoE Independente pu­ blicou, e m 12/09/2001, a re portage m “O último clande stino”, de C láudio C amargo e Alan R odrigue s, a re spe ito de O távio Ânge lo, da ALN, banido e m troca do cônsul japonês, e m 1970. De ssa re portage m transcre vo o tre cho abaixo: “... E m 1967 junto com M arighe lla, O távio foi para C uba, onde re ce be u tre iname nto de gue rrilha.. “E le inte grou a prime ira turma da ALN que re ce be u tre iname n­ to gue rrilhe iro e m C uba, e ntre se te mbro de 1967 e julho de 1968. “O tre iname nto físico e ra bastante rigoroso”, le mbra O távio..." “T ínhamos oficiais do E xército cubano como instrutore s. T re i­ návamos le vantame nto de informaçõe s, pre paração dc e mboscada, montage m de minas antitanque . Apre nde mos também a faze r e x­ plosivos como minas, granadas (usando latas de mantime ntos), bom­ bas case iras e boinba-rclógio. E ra basicame nte um curso de gue rri­ lha rural”, conta O távio. T e rminado o curso, e le voltou ao Brasil e , se is me se s de pois, passou a coorde nar o se tor de fabricação de armas (me tralhadoras e morte iros) da ALN. “As armas e ram arte sanais e e stavam se ndo te stadas. F abricavam-se me tralhado­ ras com facilidade . Isso e u apre ndi aqui, não e m C uba. E u e ra torne iro me cânico e tinha fe ito curso de e spe cialização no Se nai..." e le se ria banido para o M éxico e m 1970. F oi novame nte para C uba onde ficou um ano e me io voltando, e m se guida, clan­ de stiname nte para o Brasil, disposto a re tornar à luta armada..." “E le fazia parte de um grupo de 17 militante s da ALN que re tomou de C uba e m 1971. 13dos quais foram mortos pe la dita­ dura e m poucos me se s. O távio foi um dos 4 sobre vive nte s.” Não há a me nor sombra de dúvida de que C uba e xe rce u forte influência no M ovime nto C omunista Brasile iro, se ja dando o suporte ide ológico, se ja insim indo militarme nte gue rrilhe iros para a luta armada, ou se ja, ainda, e xportam!»» para cá a image m romântica de C he Gue vara, como o “R obin Hood” dos le m pos conte mporâne os, cuja figura até agora e ncanta os mais de savisados. A ve rdade sufocada · 143 E m 2005, diante das de núncias de que F ide l C astro “inve stiu” com três milhõe s de dólare s na campanha e le itoral dc Lula e m 2002, o ditador cubano, com o de scarame nto e a te atralidade dos grande s donos da ve rdade , e nfatica­ me nte afirma que C uba jamais inte rve io e m assuntos inte rnos do Brasil. Se tore s da mídia, e ntre tanto, nada faze m para re por a ve rdade . Ao que pare ce , a amné­ sia é ine re nte ao e sque rdismo midiático. E curioso que a maior parte da impre nsa nào se re fe re a F ide l C astro como ditador, malgrado C astro e te mizar-se no pode r há mais de 47 anos e ape sar do duro ce rce ame nto das libe rdade s e dos incontáve is fuzilame ntos de pre sos po­ líticos e m C uba, até os dias de hoje . T ratam-no de ‘"pre side nte ” ou de “che fe de E stado”, tratame ntos que não dispe nsam a Augusto Pinoche t ou a qualque r outro que conside re m de dire ita. F onte s: - Proje to O rvil - R O LLE M BE R G, De nise . Apoio cie Cuba à Luta Armada no Brasil: o inamento guerrilheiro. - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. O caudilho contra-ataca O de se ncade ame nto e a vitória da C ontra-R e volução, rápida e se m vítimas, le vou ce nte nas de comunistas, de subve rsivos e de políticos inconformados com o novo re gime a se re fugiar no Uruguai. Alguns por te me re m a prisão, outros por puro pânico. O Uruguai foi e scolhido de vido à fronte ira com o R io Grande do Sul e pe las facilidade s ge ográficas de ace sso ao Brasil, condiçõe s favoráve is para de se nvolve r um foco de re sistência. Dos prime iros a che gar, com se u arroubo platino, se u ine gáve l carisma e sua popularidade , alcançada graças a sua “C ade ia da Le galidade ” e m 1961, Brizola não pe rde u a oportunidade para aglutinar re sistência e m tomo de se u ! nome . C om planos mirabolante s, fe z contatos com e x-militare s cassados, sin- | dicalistas, e studante s, comunistas, políticos, padre s e fre iras. C ontatou, tam­ bém, com age nte s cubanos e organizou um “livro de ouro” para financiar a de rrubada do novo re gime no Brasil. “J ango, Brizola, E xílio. AIDS e outras histórias de Be tinho” “Logo de pois do golpe militar no Brasil, e m 1964, C uba man- i dou pe lo me nos US$ 200 mil para financiar a re sistência articula­ da do Uruguai por Le one l Brizola. Que m ne gociou a re me ssa de dinhe iro foi o sociólogo He rbe rt de Souza, o Be tinho, e ntão diri­ ge nte da União Nacional dos E studante s. Para nào de ixar pistas e le cumpriu um longo rote iro até Havana; e mbarcou e m M onte vi­ déu; trocou de avião e m Bue nos Aire s, de lá voou para Paris; de Paris para Praga; de Praga para a Irlanda; da Irlanda para o C a­ nadá; e finalme nte para C uba. Só até Praga foram 26 horas de vôo, le mbra Be tinho, portador de uma carta de Brizola para F ide l C astro, e m que palavras-chave como “dinhe iro" e “F ide l" foram picadas e e spalhadas e m suas roupas.” (Jornal do Brasil - idéias - 14/07/1996). Brizola, para difundir se us planos, mandou imprimir e m M onte vidéu 10.000 e xe mplare s do Regulamento Revolucionário, e laborado por e le , e os distribuiu e m M onte vidéu e , também, e ntre simpatizante s, no Brasil. M andava me nsage ns constante s, usando inte rme diários, como o e x-sar­ ge nto da Brigada M ilitar Albe ri Vie ira dos Santos e Lúcio Soare s C osta, I que tinham livre trânsito na fronte ira. I O s grupos de re fugiados que , naturalme nte , se dividiram e m três - um I sindical, um militar e um te rce iro lide rado por Brizola discutiam a criação I dc uma fre nte única c e xigiam açào. A ve rdade sufocada -145 Operação Pintassilgo A prime ira te ntativa do caudilho para iniciar a tomada do pode r foi por água abaixo. E m 26 de nove mbro de 1964, a prisão do capitão-avi- ador, cassado, Alfre do R ibe iro Daudt le vou a outros militare s da Ae ro­ náutica, que também foram pre sos. E sse s militare s foram aliciados pe lo te ne nte -corone l re formado Américo Batista M ore no e pe lo e x-sarge nto Santana. A prisão dos subve rsivos le vou os planos para as mãos da polí­ cia e acabou, ante s de se r iniciada, com a “O pe ração Pintassilgo”, e m que se plane java: - atacar quartéis no R io Grande do Sul; - tomar a Base Aére a de C anoas - R S; e - com os aviõe s da F AB se qüe strados, bombarde ar o Palácio Piratini, se de do gove rno do E stado do R io Grande do Sul e re sidência do gove rnador. Frente Popular de Libertação (FPL) A tão de se jada unificação dos grupos no Uruguai concre tizou-se e m jane iro de 1965, com o “Pacto de M onte vidéu” firmado por Le one l Brizola, M ax da C osta Santos, J osé Guimarãe s Ne iva M ore ira, Darcy R ibe iro e Paulo Schilling, além de Aldo Arante s (AP), Hércule s C orre ia dos R e is (PC B) e C láudio Antônio Vasconce los C avalcante (PO R T ). O grupo se iuto-intitulou F re nte Popular de Libe rtação (F PL) e de finiu a luta armada !como forma de tomada do pode r. Se riam criados grupos de ação com cin­ co militante s - “Grupo dos C inco” que , infiltrados, subve rte riam as mas- las. T ais grupos de ve riam praticar “atos de gue rra”, “atos de sabotage m urba­ na" e “focos de gue rrilha”, le vando o País a se transformar num campo de ;talha. A população se ria usada como massa de pre ssão e de manobra. As- im. tomariam o pode r. A prime ira te ntativa de sabotage m fe ita pe la F PL te ve o me smo fim da ‘■O pe ração Pintassilgo”, fracassou. O soldado Ponciano, do 13oR e gime nto de C avalaria, indo faze r um trata­ me nto psiquiátrico e m M onte vidéu, foi cooptado pe la F PL. E le trabalhava e m lima fábrica de e xplosivos e m J aguarão, R S, o que e ra uma oportunidade de Ouro para os re volucionários. Prome te ram ao soldado um milhão de cruze iros, Alémde uma re compe nsa se re alizasse o se guinte : roubar 20 caixas de e xplosi- fVon c transportar para o Uruguai e e xplodir um bue iro, próximo a J aguarão, pura inte rditara BR -02, e m C apão R ciúno. 146-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ponciano roubou 32 bananas de dinamite , mas não conse guiu e ntre gá-las. A e xplosão não de struiu o bue iro e , muito me nos, inte rditou a e strada. Pre so, Ponciano confe ssou as suas ligaçõe s com a F PL. M ais um plano brizole nse , malogrado... Operação Três Passos Ape sar dos insuce ssos, Brizola, ince ntivado pe la be licosidade dos se us li­ de rados, muitos originários da Brigada M ilitar do R io Grande do Sul e das F orças Armadas, re solve u de se ncade ar mais um ataque contra o gove mo, que , no me io de tantas crise s, te ntava se e stabilizar. E sse se ria um plano infalíve l. De autoria do cx-sarge nto Albe ri Vie ira dos Santos J únior, a “O pe ração T rês Passos” te ria início no R io Grande do Sul, onde se riam atacados quartéis e m Porto Ale gre , Bagé, Ijuí e Santa M aria, para roubar fardas, armas e muni­ çõe s e re crutar novos ade ptos. A ope ração atuaria e m duas fre nte s simultane a­ me nte . O ramo vindo do sul se ria comandado pe lo e x-corone l do E xército J e ffe rson C ardim de Ale ncar O sório. Ao me smo te mpo, outros subve rsivos partiriam da Bolívia, comandados pe lo e x-corone l da Ae ronáutica E manoe l Nicoll, pe ne trariam por M ato Grosso e se juntariam às tropas de C ardim para, no dia 31 de março de 1965, um ano de pois da C ontra-R e volução, as duas colunas e fe tuare m o combate final para a tomada do pode r. A se nha para a de flagração do movime nto se ria a divulgação pe la R ádio Difusora de T rês Passos, no dia 25 de março de 1965, de um manife sto que daria início à re volução brasile ira. O grupo que saiu de M onte vidéu, no dia 18 de março de 1965, e m um táxi alugado, e ra composto por C ardim, Albe ry e Alcindor Aire s. E m Livra­ me nto, alugaram outro táxi e prosse guiram para Santa M aria, onde Alcindor ficou para re crutar ade ptos e aume ntar o continge nte . C ardim e Albe ri se gui­ ram para C ampo Novo, local e m que re ce be ram do profe ssor Valde tar Antô­ nio Dome le s de talhe s sobre a cidade de T rês Passos e a prome ssa de mais subve rsivos para a ação. R e alme nte , ape sar de não se re m os e spe rados, os re forços foram che gando: - de Santa M aria, Alcindor trouxe dois home ns; - de Porto Ale gre , o e x-sarge nto F irmo C have s trouxe mais se te , de ntre os quais Adamastor Antônio Bonilha; - o profe ssor Valde tar conse guiu mais nove . R e unido o grupo, re alizaram e xe rcícios e de finiram as missõe s de se us inte ­ grante s. C omo e ram poucos, de sistiram da tomada do quarte l dc Ijuí c partiram para T rês Passos. A caminho, assaltaram de madrugada o posto da Brigada A ve rdade sufocada · 147 M ilitar, de onde le varam fardas, armas e muniçõe s. Um cabo e três soldados, atacados de surpre sa, não tive ram como re agir. Apossaram-se de 30 mosque tõe s, 4 fuzis, me tralhadoras e farta munição. Ainda ne ssa madrugada, os assaltante s roubaram, num posto de gasolina, um caminhão e de struíram a C e ntral T e le fônica do município, de ixando a população se m comunicação. E m se guida, o grupo obrigou o Sr Ade lar Braite nbach, proprie tário da e mis­ sora de T rês Passos, a colocá-la no ar. O prime iro passo para a re volução fora dado. O dilon Vie ira, com voz de locutor, le u, e m ple na madrugada, o “M anife sto à Nação”. O grupo vibrou com o obje tivo conse guido. Divulgou a se nha para o início de um movime nto que , acre ditavam e le s, se ria de flagrado e m todo o Brasil. No e ntanto, só umas poucas pe ssoas, naque la hora acor­ dadas, tomaram conhe cime nto da criação das F orças Armadas de Libe rta­ ção Nacional (F A LN). C oncluídas as açõe s e m T rês Passos, continuaram. E m Itape tininga, assal­ taram os postos da Brigada M ilitar e , novame nte , roubaram fardas, armas e muniçõe s. Guiados por Virgílio Soare s de Lima, tio de Albe ri, atrave ssaram Santa C atarina e pe ne traram no Paraná, já de sconfiados de que o movime nto não e stava prospe rando. Assim me smo continuaram rumo a M ato Grosso, para e ncontrar-se com o corone l Nicoll. C ardim e o grupo ansiavam por notícias da gue rrilha que e le s acre ditavam te r sido de se ncade ada com a le itura do manife sto e que , ‘"tocara fogo no Brasil”. As autoridade s militare s, cie nte s de que o movime nto pode ria, caso fosse e m dire çào de F oz do Iguaçu, pe rturbar a inauguração da Ponte da Amizade , onde e stariam pre se nte s os pre side nte s do Brasil e do Paraguai, de te rminaram que fosse m inte rce ptados ime diatame nte . A se guir, transcre vo parte do R e latório - pe ríodo das 13h00 de 26/03/65 às 15h00 de 31 /03/65 - do 10te ne nte J uvêncio Saldanha Le mos, comandan­ te do Pe lotão da I aC ompanhia do 13oR I, que te ve o e ntre ve ro com o bando de C ardim. Infe lizme nte , o pe lotão pe rde u ne sse combate o 3osarge nto C arlos Arge miro C amargo, de ixando sua mulhe r grávida de se te me se s. “As 13 horas do dia 26 M ar re ce bi o aviso dc que o Sgt. Polanski, rádio-te le grafista de se rviço na unidade , me chamava na e stação-rádio da C ia pois e stava re ce be ndo uma me nsage m urge ntíssima. M e dirigi ime diatame nte para lá, onde li o rádio n° 120 - H2, e m que o comandante da 5aR M comunicava que um grupo gue rrilhe iro, após atuar e m cidade s do inte rior do R io Gran­ de do Sul, e staria progre dindo para o norte , a cavale iro do e ixo SHo M igue l do O cstc-Dionísio C e rque ira..." 148-C arlos Albe rto Brilhante Ustra “...Se gui para Sta. Lúcia às 10h30. Logo após passar por São J osé e ncontre i um jipe tripulado por e le me ntos do IoBtl F ronte ira, que me informaram que também não haviam fe ito qualque r contacto por aque la e strada...” “...Se gui adiante e m dire ção a Sta. Lúcia. Na viatura-te sta iam na cabine : e u, o Sgt. C amargo e o cabo Be rtussi, se ndo e ste último o motorista. A carroce ria e stava ocu­ pada por 15 home ns. A me io caminho e ntre S. J osé e Sta. Lúcia, numa curva da e strada, de chofre de paramos com um indivíduo, ve stindo o 5o uniforme de oficial do E xército, se m a túnica, portando na cintura uma pistola e na mão dire ita, se gurando ao longo da pe rna, uma arma grande . Não pude notar se e ra uma me tralhadora ou um mosque tâo. Ao nos re conhe ce r titube ou por alguns se gundos e e ntão fe z sinal para pararmos. De viam se r 1lhO O . De i orde m para o motorista parar ime diatame nte e , ainda com a viatura e m movime nto, role i para fora da e strada. A viatura pa­ rou a mais ou me nos 10 me tros do indivíduo, e nquanto o re stante dos ocupante s abandonavam o caminhão e se abrigavam nas be i­ ras da e strada. C oncomitante me nte , os prime iros tiros foram dis­ parados contra o caminhão, ainda com alguns soldados se movi­ me ntado para abandoná-lo. C omande i e ntão fogo à vontade e a la/13° R I re sponde u, rápida e viole ntame nte , ao fogo re ce bido. O s prime iros mome ntos foram de confusão. C om os sarge n­ tos conse guimos impe dir que a tropa re troce de sse , acalmamos os home ns e gritamos para que pe rmane ce sse m como e stavam: ins­ talados nas duas marge ns da e strada. O rde ne i que a última viatu­ ra re tomasse a Le ônidas M arque s para participar o ocorrido ao C ap. Ibiapina e pe dir re forços. Pe nse i que fosse se r atacado por ambos os flancos da e strada (tática de gue rrilhas) e , portanto, de i orde ns de de fe sa e obse rva­ ção e m todas as dire çõe s. T al, como vimos mais tarde , não e ra ne ce ssário, pois os gue rrilhe iros tinham-se instalado pe rpe ndicu­ larme nte a nossa fre nte . Durante o tirote io pe rdi contacto com os Sgt. T avare s e C amargo. C alcule i que de viam e star camuflados na mata. A viatura-te sta, que tinha ficado na dobra da curva, e sta­ va abandonada, uma ve z que a tropa tinha se instalado de fe n­ sivame nte ante s da curva. T e me ndo que pude sse se r roubada (te nho inclusive a impre ssão de te r ouvido o barulho de um A ve rdade sufocada - motor e m movime nto), orde ne i que um grupo progre disse pe lo mato e a cobrisse pe lo fogo. Um de me us soldados atirou e m um indivíduo que e stava te ntando se aproximar de la e o me s­ mo saiu corre ndo. De clarou o re fe rido soldado se r quase ce r­ to te r e le fe rido o tal indivíduo. Após te r ce ssado totalme nte o tirote io (aproximadame nte 10 minutos) come ce i a de sbordar pe la e sque rda da re ação e por de n­ tro do mato, utilizando para tanto três GC . Ne sse mome nto ouvi alguém gritar que o Sgt. C amargo e stava bale ado, e m algum local. Grite i para procurá-lo e e vacuá-lo. As 13h00, de u-se o início do avanço contra a posição gue rrilhe ira, já com o concurso de dois GC do IoBtl F ronte ira que o C ap. lbiapina tinha re me tido como re forço. A tropa come çou a avançar a cavale iro da picada, já e ncontrando e ntâo dive rsos mate riais abandonados pe ­ los gue rrilhe iros e m fuga. Quase no fimda picada, foi e ncontrado o caminhão M e rce de s-Be nz amare lo, camuflado e abandonado. Por e ste te mpo alguém e ncontrou o corpo do Sgt. C amargojá morto. Não quis e u olhar o corpo. De i orde m ao Sgt. R icie ri para re tomar com o corpo para F rancisco Be ltrão. Após a prisão de J éfe rson e de mais quatro gue rrilhe iros, ficou e stabe le cido que o te ne nte Sávio C osta os e scoltaria até F oz do Iguaçu, a fre nte de um pe lotão de fuzile iros. A noite transcorre u se m alte ração...” “...no dia 28 pe la manhã continuaram as buscas. Uma patru­ lha da la/13° R I comandada por mim e com o concurso dos Sgt. Ve rce si e Divo, sob a supe rvisão dire ta do sr. te ne nte -corone l C ur­ vo, cmt. I oBtl F ronte ira, e fe tuou a prisão de mais nove e le me ntos do grupo gue rrilhe iro, que , por inte rmédio de um civil, tinham man­ dado o aviso de que que riam se e ntre gar. Por informe s dos re fe ridos e le me ntos fize mos e ntão a apre e n­ são da me tralhadora, dive rsos mosque toe s e de farta munição. T odas as armas e stavam alime ntadas, carre gadas e travadas. As buscas continuaram por todo o dia...·” “...Ante s de acabar o pre se nte re latório, gostaria de faze r mais as se guinte s conside raçõe s: 1. O apoio forne cido pe la F AB foi inconte ste . 2. A população civil da re gião nos pre stou toda a colaboração possíve l. F , um povo orde iro, trabalhador e possui uma confiança inabaláve l no E xército. E de se notar o se u PAT R IO T ISM O , tão caracte rístico do brasile iro da fronte ira. 150 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra 3. O e le me nto humano de que é constituído a Ia/ 13° R I é o me lhor que e xisle para ope raçõe s de ssa nature za. O s nossos sar­ ge ntos são profissionais compe te ntíssimos, home ns do inte rior e corajosos, e xce le nte s condutore s de home ns e de grande discipli­ na e iniciativa. Ape nas um de le s é formado pe la E sSA e possui o \ C urso de Ape rfe içoame nto de Sarge ntos (C AS). ! O s soldados sào caboclos mate iros, que nào têm me do de nada ! quando be m conduzidos, profundos conhe ce dore s do mato e e x­ ce le nte s se guidore s de pistas. Passados os prime iros mome ntos de me do e pânico, portaram-se como se fosse m ve te ranos. Sua 1 corage m pe ssoal é de causar e spécie . 4. Se gue ane xo a e ste uma re lação nominal dos compone nte s dos pe lotõe s. a) J uvêncio Saldanha Le mos - Iote ne nte .” A IaC ompanhia do 13° R I e ra comandada pe lo capitão J oão da C ruz Albe maz F ilho, que se e ncontrava no R io de J ane iro cursando a E scola de f Ape rfe içoame nto dc O ficiais (E sAO ). R e spondia pe lo comando o PT e nUbirajara Vie ira das Ne ve s. O l°T e nSávio , C osta e stava e m C uritiba, e m férias, e prontame nte apre se ntou-se para o se rviço. J O utro subalte rno da C ia, o 2oT e n O zire s F e rnande s de Souza, e stava e m férias no ' , Norde ste . O T e n Le mos e stava há um mês na Unidade , vindo de Sue z. I T e rminou, assim, de forma trágica a ave ntura da “O pe ração T rês Passos”. ^ J e ffe rson C ardim O sório, e m 1967, cumpria pe na no 5oGrupo de Artilha­ ria, e m C uritiba. O comandante do Grupo, ce l M arino F re ire Dantas, conce ­ de u-lhe o quarte l por me nage m (prisão fora do cárce re , que a justiça militar conce de sob prome ssa ou palavra do pre so de que nào sairá do lugar onde se I acha ou que lhe for de signado). C e rta noite , não cumprindo com a sua palavra, | J e ffe rson iludiu a guarda do quarte l, fugiu e viajou para Paris. O ce l M arino foi !j de stituído do C omando do Grupo, pre te rido na promoção a ge ne ral e passou \\ para re se rva. C ardim, com a anistia, re tomou ao Brasil e fale ce u no R io de j J ane iro e m 29 de jane iro dc 1995. I E m fe ve re iro de 1979, o e x-sarge nto Albe ri foi assassinado de forma pouco i ! e sclare cida. I E m nove mbro de 1979, o Coojornaí publicou uma e ntre vista, conce dida e m 1978 pe lo e x-sarge nto Albe ri, aproximadame nte três me se s ante s de sua | morte , na qual de clarou que o dinhe iro para financiar a ope ração - um milhão de dólare s - havia sido conse guido e m C uba e le vado até Brizola por Darcy R ibe iro e Paulo Schilling. l ài A ve rdade sufocada -151 O jornal O Globo, de 6/10/2005, página 12, e m matéria de J ailton de C arvalho, com o título “Gove mo inde niza família de e x-sarge nto da PM ”, publicou a aprovação do ministro da J ustiça, M árcio T homaz Bastos, de uma inde nização de R S$ 419.500,00 (re troativa) e pe nsão me nsal de R S 7.300,00 a Iloni Schne tz dos Santos, viúva do e x-sarge nto da Polícia M ili­ tar do R io Grande do Sul Albe ri Vie ira dos Santos, promovido a capitão pe la C omissão de De sapare cidos Políticos. J á a viúva do sarge nto C arlos Arge miro C amargo re ce be , ape nas, a pe n­ são e quivale nte à graduação de 2osarge nto (R $ 1.749,00), já computado o aume nto de 13% conce dido e m outubro de 2005, pois o sarge nto Arge miro foi promovido,post mortem, por bravura, a e ssa graduação. Some nte no Brasil, com um gove mo de e x-subve rsivos pode m aconte ­ ce r situaçõe s como e ssa: um de se rtor, subve rsivo e traidor de sua pátria se r pre miado. Movimento Nacional Revolucionário (MNR) R ompido com o grupo militar do M ovime nto de R e sistência M ilitar Nacio­ nalista (M R M N) e pre ssionado por C uba, para justificar o e mpre go dos re cur­ sos e nviados, e por se us se guidore s de sconte nte s com se us fracassos, Brizola criou o M ovime nto Nacional R e volucionário (M NR ), organização composta por militare s cassados e outros que continuavam na ativa atuando, clande stina­ me nte , nos quartéis. Buscando se r re conhe cido como o grande líde r da re volução brasile ira, Brizola e nviou a Havana Aluísio Palhano, me mbro do C omando Ge ral dos T rabalhadore s (C GT ), organização de sarticulada pe la C ontra-R e volução. Brizola pre te ndia o apoio de C uba para implantar a gue rra de gue rrilha no campo, apoiada pe lo movime nto urbano. E sse s e ram os planos do M NR : - uma coorde nação e m M onte vidéu, de onde Brizola comandaria as articu­ laçõe s, te ndo como asse ssor militar Dagobe rto R odrigue s; - outra coorde nação no R io de J ane iro, onde e staria o comando nacional, com a dire ção de Bayard De maria Boite aux; e - mante r ligaçõe s e m São Paulo, M inas Ge rais e R io Grande do Sul, te ndo o jornalista F lávio T avare s como “pombo-corre io” e ntre o Brasil e o Uruguai. Para a formação dos gue rrilhe iros, Brizola obte ve o apoio de C uba. O tre iname nto se iniciava e m Pando, no Uruguai, na proprie dade de Isidoro Gutie rre z, e x-ve re ador de Uruguaiana, ligado a Brizola. O s se le cionados via­ javam, se gundo o e sque ma já de scrito por Havana. Um de le s foi J osé Anse lmo dos Santos - o “cabo” Anse lmo -, ativo militante durante o gove mo J ango, 152-C arlos Albe rto Brilhante Ustra que , de pois de fugir da prisão, foi le vado ao Uruguai. Lá, foi posto e m conta­ to com Ne iva M ore ira, Paulo Schilling, F lávio T avare s e o próprio Brizola, que o de signou para ir a C uba, faze r tre iname nto de gue rrilha. E m 1967, após re ce be r passaporte e dinhe iro, se guiu de navio até a Arge ntina e de lá para Paris, de onde , de pois de várias e scalas, che gou a Havana. Brizola de se java com o se u M NR , inicialme nte , instalar três focos dc gue rrilha: - ao norte do R io Grande do Sul, lide rado pe lo e x-sarge nto Amade u F e lipe da Luz F e rre ira; - no Brasil C e ntral, sob a re sponsabilidade do jornalista F lávio T avare s; - na Se rra de C aparaó, e ntre M inas Ge rais e o E spírito Santo, coorde nado por Dagobe rto R odrigue s. Guerrilha de Caparaó C aparaó, re gião se rrana e ntre os E stados do E spírito Santo e M inas Ge ­ rais, foi o local e scolhido pe lo M NR para a implantação de um foco gue rrilhe i­ ro, por te r, se gundo a te oria foquista, te rre no propício, com montanhas e se l­ vas, e se r de difícil ace sso. Além disso, por e star próximo dos grande s ce ntros políticos, o que facilitaria o de se nvolvime nto do movime nto, com a ade são das massas. O de slocame nto dos gue rrilhe iros para a áre a come çou ao final de 1966 Logo surgiram os prime iros contrate mpos. O s acampame ntos tinham dc se i mudados com fre qüência, por me dida de se gurança; o local e ra muito alto e o frio inte nso; não havia uma e ficie nte re de logística de apoio e os gue rrilhe iros não tinham como sobre vive r por muito te mpo. O s prime iros me se s de 1967 foram de muitas dificuldade s. Para não morre r de fome , o grupo de aproxima dame nte 20 home ns, que se e ncontrava e m tomo do Pico da Bande ira, local mais alto da Se rra de C aparaó, come çou a roubar comida e abate r animais De nunciados pe los habitante s locais, de que m e spe ravam apoio, no mês dc março de 1967 os gue rrilhe iros foram ce rcados pe la Polícia M ilitar do E stado de M inas Ge rais. E m se guida, o controle das ope raçõe s foi assumido pe la 41' R e gião M ilitar. E m abril todos e stavam pre sos. Após o fracasso de C aparaó, o M NR de Brizola não conse guiu implanlai os focos gue rrilhe iros de M ato Grosso e do Brasil C e ntral, dissolve ndo-se cm se guida. F lávio T avare s, e nvolvido na pre paração do grupo gue rrilhe iro, foi pre so logo a se guir. Após se de sligare m de Brizola, novas organizaçõe s se riam formadas poi alguns re pre se ntante s da “F re nte de C aparaó”: - a R e sistência Armada Nacionalista (R AN); A ve rdade sufocada ■153 - o grupo de Sâo Paulo - Darcy R odrigue s, O nofre Pinto, J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva, Pe dro Lobo de O live ira e outros - ligar-se -ia a disside nte s da PO L O Pe formariam a Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ); e - os re mane sce nte s do T riângulo M ine iro - J arbas Silva M arque s e outros - se juntariam ao M ovime nto de Açào R e volucionária (M AR ). Brizola, re sidindo no Uruguai e violando as le is que re ge m os asilados e e xilados, provocou prote stos do Brasil junto ao gove rno de sse país, que o e xpulsou. O caudilho foi para os E stados Unidos e de pois para a E uropa, de onde continuou a conspirar contra o re gime brasile iro. E m 1979, de pois da Anistia, voltou para o Brasil. Usando pe rmane nte me n­ te a bande ira de e xilado que lutava pe la de mocracia, foi e le ito, por duas ve ze s, gove rnador do R io de J ane iro. As principais marcas dos se us gove mos foram os poucos C e ntros Inte gra­ dos de E nsino Público (C IE PS) e o Sambódromo. Brizola fale ce u e m 21de junho de 2004. F oi e nte rrado no J ardim da Paz, cm Sào Boija, R io Grande do Sul, me smo ce mitério onde e stão os túmulos dos cx-pre side nte s Ge túlio Vargas e J oão Goulart. Que de scanse e m paz o grande timone iro das organizaçõe s subve rsivas, que mais se asse me lhavam ao “E xército de Brancale one ”. Não fosse a morte e m e mboscada do 3o sarge nto do E xército Brasile iro, C arlos Arge miro C amargo, as rocambole scas ave nturas gue rrilhe iras de Brizola fariam parte do ane dotário. Se não fosse m os re mane sce nte s dos gue rrilhe iros de Brizola, que forma­ ram ou e ntraram para novas organizaçõe s, livre s de sua lide rança, F ide l C astro, ce rtame nte , até hoje , lame ntaria a pe rda dos dólare s e nviados a Brizola, para o C audilho re alizar tantas e de sastradas pe ripécias. As sete bombas que abalaram Recife Aeroporto de Guararapes 25/07/1966 A C ontra-R e voluçào comple tava dois anos. Soie nidade s e ram re alizadas e m todos os rincõe s do País. E m R e cife , de sde oito horas de sse 31/03/1966, o povo se de slocava para o Parque T re ze de M aio para o início das come moraçõe s. M ilhare s de pe ssoas e stavam re unidas naque le parque quando, às 8h47, foram surpre e ndidas por uma viole nta e xplosão, se guida de e spe ssa nuve m de fumaça que e nvolve u o prédio dos C orre ios e T e légrafos de R ccifc. Quando a fumaça de sapare ce u, o povo, atônito, viu os e stragos. M anchas ne gras e buracos nas pare de s, a vidraça no se xto andar e stilhaçada. A curiosi­ dade e ra ge ral. O povo não imaginava que e sse se ria o prime iro ato te rrorista na capital pe rnambucana. Ao me smo te mpo, outra bomba e xplodia na re sidência do comandante do IV E xército. Ainda naque le dia, outra bomba, que falhara, foi e ncontrada e m um vaso dc flore s da C âmara M unicipal de R e cife , onde havia sido re alizada uma se ssão sole ne e m come moração ao se gundo anive rsário da C ontra-R e volução. C inqüe nta dias após, e m vinte de maio, foram arre me ssados dois coque téis “molotov” e uma banana de dinamite contra os portõe s da Asse mbléia Le gislativa do E stado de Pe rnambuco. Por sorte , até e ntão, os te rroristas não haviam pro­ vocado vítimas. No e ntanto, ante s dc comple tare m quatro me se s da e xplosão da prime ira bomba, outras três vie ram abalar a tranqüilidade de R e cife . C omo as ante riore s não provocaram vítimas, de sta ve z os te rroristas capricharam e se e sme raram para have r mortos e fe ridos. A justificativa para e ssas açõe s e ra prote star con­ tra a visita a R e cife do mare chal C osta e Silva, candidato da Aliança R e nova- dora Nacional (AR E NA) à Pre sidência da R e pública. O alvo principal e ra o próprio C osta e Silva e sua comitiva. No dia marcado para a che gada do candidato, 25 de julho de 1966, e xplo­ de a prime ira bomba na União dos E studante s de Pe rnambuco, fe rindo com e scoriaçõe s e que imaduras, no rosto e nas mãos, o civil J osé Le ite . A se gunda bomba, de tonada nos e scritórios do Se rv iço dc Informaçõe s dos E stados Unidos, causou ape nas danos mate riais. A te rce ira, mais pote nte , pre parada para vitimar o mare chal C osta e Sil va, atingiu um grande núme ro de pe ssoas. E la foi colocada no saguão do A ve rdade sufocada -155 Ae roporto de Guararape s, onde a comitiva do candidato se ria re ce bida por tre ze ntas pe ssoas. E ram 8h30, quando os alto-falante s anunciaram que , e m virtude de pane no aviào que traria o ge ne ral, e le e stava se de slocando por via te rre stre , de J oâo Pe ssoa até R e cife , indo dire tame nte para o prédio da Supe rinte ndência do De se nvolvime nto do Norde ste (Sude ne ). C om o anúncio, o público, fe lizme n­ te , come çou a se re tirar. O guarda-civil Se bastião T homaz de Aquino, o “Paraíba”, que fora um grande jogador de fute bol do Santa C ruz, viu uma male ta e scurajunto à livraria Sodile r. Pe nsando que alguém a e sque ce ra, pe gou-a para e ntre gá-la no balcão do De ­ partame nto de Aviação C ivil (DAC ). O corre u no mome nto uma grande e xplosão. A se guir pânico, ge midos e dor. M ais um ato te rrorista acabara de aconte ce r, com um saldo de quinze vítimas. M orre u o jornalista E dson R égis de C arvalho, casado e pai de cinco filhos. T e ve se u abdôme n dilace rado. T ambém fale ce u o almirante re formado Ne lson Gome s F e rnande s, com o crânio e sface lado, de ixando viúva e um filho me nor. “Paraíba” foi atingido no frontal, no maxilar, na pe rna e sque rda e na coxa dire ita com e xposição ósse a, o que re sultou na amputação da pe rna dire ita. O te ne nte -corone l Sylvio F e rre ira da Silva, hoje ge ne ral, sofre u amputação traumática dos de dos da mão e sque rda, le sõe s grave s na coxa e sque rda e que i­ maduras de prime iro e se gundo graus. Hoje , 40 anos de pois, ainda sofre com as se qüe las provocadas. F icaram grave me nte fe ridos o inspe tor de polícia Haroldo C ollare s da C u­ nha Barre to e Antônio Pe dro M orais da C unha; os funcionários públicos F e rnando F e rre ira R aposo e Ivancir de C astro; os e studante s J osé O live ira Silve stre e Amaro Duarte Dias; a profe ssora Anita F e rre ira de C arvalho; a come rciária Idalina M aia; o guarda-civil J osé Se ve rino Barre to; além de E unice Gome s de Barros e se u filho, R obe rto Gome s de Barros, de ape nas se is anos dc idade . O acaso, transfe rindo o local da che gada de C osta e Silva, e vitou que a tragédia fosse maior. Assim age o te rrorista, indiscriminadame nte , forma tão apre goada por C arlos M arighe lla, atingindo pe ssoas inoce nte s. A se guir, transcre vo o de poime nto de uma das vítimas, o e ntão te ne nte -corone l Sylvio F e rre ira da Silva, publicado pe lo ge ne ral R aymundo Ne grão T orre s no se u e xce le nte livro: Fascínio dos Anos de Chumbo, página 86: 156-C arlos Albe rto Brilhante Ustra "Quando o guarda foi ale rtado pe lo dono da banca de re vistas sobre a male ta abandonada, e le a apanhou e dirigiu-se até onde e u e stava, te ndo à minha dire ita o E dson R égis e à minha fre nte o Haroldo C olare s, inspe tor de Polícia que havia trabalhado comigo na Se cre taria de Se gurança que e u havia de ixado há dois me se s. O guarda postou-se ao me u lado e sque rdo e dirigiu-se ao Haroldo dize ndo: - Dr. Haroldo, e sta male ta e stava abandonada. O Haroldo, e sti­ cando o braço dire ito, re sponde u: e ntre ga no DAC que é ali. Ne ste mome nto, ocorre u a e xplosão. O jornalista E dson R égis, re lativame nte baixo, foi atingido no abdôme n e transportado para o Hospital da Ae ronáutica. Le vado ao ce ntro cirúrgico ante s de mim não re sistiu. O Haroldo C olare s re ce be u uns duze ntos e stilhaços de vidro, e spalhados pe lo corpo e , ape sar de diabético, re sistiu. O almirante Ne lson F e rnande s e stava longe , na divisória que dava ace sso ao pátio das ae ronave s. F oi atingido na nuca pe lo bujão do cano que constituía a bomba. M orre u na hora. O guarda Se bastião te ve fe rime nto se me lhante ao me u na pe rna dire ita, posto que e le se gurava a male ta na mão dire ita. T e ve a pe rna amputada, após se te nta dias de sofrime nto no hospital. E u tive a amputação de todos os de dos da mão e sque rda - que de sa­ pare ce ram -, e xce to o pole gar que ficou pe ndurado por um pe da­ ço de pe le e a coxa e sque rda e sface lada com fratura e xposta do fêmur, muitos cacos de vidro e muitas que imaduras. C omo disse acima, e sse s de talhe s já não têm mais importân­ cia. Infe lizme nte o fato e m si pare ce e sque cido para nossas mai­ ore s autoridade s. Dos atingidos, acho que sou o único sobre vive n­ te e assim posso se ntir o significado de atitude s como e ssa de nome ar para o M inistério da J ustiça um te rrorista.” Nota do autor: o ge ne ral Sylvio F e rre ira da Silva re fe re -se a Aloysio Nune s F e rre ira, ministro da J ustiça no gove rno F e rnando He nrique . F re qüe nte me nte , ve rgonhosas e milionárias inde nizaçõe s são pagas a e x te rroristas que tanto mal fize ram ao País. Acre dite , ne nhuma das vítimas que cite i até agora e que citare i nas próximas páginas de ste livro re ce be u qualque r inde nização. Durante muito te mpo, a cs que rda e sconde u, e nquanto pôde . a autoria de sse ate ntado, che gando a afirmai A ve rdade sufocada -157 que te ria sido fe ito pe la dire ita para te ntar incriminá-la. T écnica antiga muito usada, até os dias de hoje , pe la e sque rda. I As autoridade s, atônitas, procuravam os autore s de sse s ate ntados. Nào [O btinhamne nhuma re sposta. Nào tínhamos, até e ntão, ne nhum órgào para com­ bate r com e ficiência o te rrorismo. F oi um comunista, militante do Partido C omunista Brasile iro R e volucionário i (PC BR ), que te ve a hombridade de de nunciar e sse crime : J acob Gore nde r, e m llcu livro Combate nas Trevas - e dição re vista e ampliada - E ditora Ática - j 1998, e scre ve sobre o assunto: I “M e mbro da comissão militar e dirige nte nacional da AP, ! Alípio de F re itas e ncontrava-se e m R e cife e m me ados dc 1966, quando se anunciou a visita do ge ne ral C osta e Silva, e m campa- I nha farse sca de candidato pre side ncial pe lo partido gove rnista Aliança R e novadora Nacional (AR E NA). Por conta própria Alípio de cidiu promove r uma aplicação re alista dos e nsiname ntos { sobre a técnica de ate ntados.” ' “E m e ntre vista conce dida a Sérgio Buarque de Gusmão e e di­ tada pe lo Jornal da República, logo de pois da anistia de 1979, J air F e rre ira de Sá re ve lou a autoria do ate ntado do Ae roporto de Guararape s por militante s da AP. | E ntre vista poste rior, ao se manário Em Tempo, re fe riu-se I a R aimundinho como um dos participante s da ação. C e rta- I me nte , trata-se de R aimundo Gonçalve s F igue ire do, que se transfe riu para a VAR -Palmare s (onde usava o nome dc gue r­ ra C hico) e morre u, a vinte se te de abril de 1971, num tirote io com policiais do R e cife .” F ica, portanto, e sclare cida a autoria do ate ntado ao Ae roporto de J uararape s: j · O rganização re sponsáve l: Ação Popular (AP); [ · M e ntor inte le ctual: e x-padre Alípio de F re itas - que já atuava nas Ligas E ampone sas me mbro da comissão militar e dirige nte nacional da AP; * E xe cutor: R aimundo Gonçalve s F igue ire do, militante da AP. j O bse rvação; J - E m 25/12/2004, C láudio Humbe rto, e m sua coluna, no J omal de Brasí- I liit, publicou a conce ssão da inde nização fixada pe la C omissão de Anistia, 158-C arlos Albe rto Brilhante Ustra que be ne ficia o e x-padre Alípio de F re itas, hoje re side nte e m Lisboa. E le te rá dire ito a R S 1,09 milhão. - R aymundo Ne grão T orre s, e m se u livro O Fascínio dos Anos de Chum- bo, E ditora do C hain, página 85, e scre ve o se guinte : “Um dos e xe cutore s do ate ntado, re ve lado pe las pe squisas e e ntre vistas promovidas por Gore nde r, foi R aimundo Gonçalve s F igue ire do, codinome C hico, que viria, mais tarde a se r morto pe la polícia de R e cife e m 27 de abril de 1971, já como inte grante da VAR -Palmare s e utilizando o nome falso de J osé F rancisco Se ve ­ ro F e rre ira, com o qual foi autopsiado e e nte rrado. E sse te rrorista é um dos radicais que hoje sào apontados como te ndo agido e m de fe sa da de mocracia e cujos “fe itos’' e stão se ndo re compe nsa­ dos pe lo gove rno, às custas do contribuinte brasile iro, com inde ni­ zaçõe s e apose ntadorias que poucos trabalhadore s re ce be m, re ­ compe nsa obtida graças ao trabalho faccioso e re vanchista da C omissão de M ortos e De sapare cidos, instituída pe la le i n° 9.140, de 4 de de ze mbro de 1995. E um dos nome s glorificados no livro Dos filhos desse solo, página 443, e ditado com dinhe iro dos tra­ balhadore s e no qual Nilmário M iranda, e x-militante da PO LO P e se cre tário nacional dos Dire itos Humanos do gove rno Lula, faz a apologia do te rrorismo e da luta armada, através do re sultado dos trabalhos da tal comissão, da qual foi o principal me ntor." R aimundo Gonçalve s F igue ire do é nome de uma rua e m Be lo Horizonte M G e sua família também foi inde nizada. F onte s: - C ombate nas T re vas. -Proje to O rvil. A ve rdade sufocada -159 | Tenente-coronel (hoje £ general) Syivi* Ferreira da Silva, gra \ 'emente ferido, aguardando socorro Corpo do Almirante Nelson Gomes Fernandes, falecido no local 160-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Populares prestam socorro aos feridos Scpul/anicnto do jornalista Î'.dsun Rci*i\ ( 'arvalho Governo Costa e Silva 15/03/1967 a 31/08/1969 Arthur da C osta e Silva nasce u e m T aquari, R io Grande do Sul, no dia 3 de outubro de 1899. E studou no C olégio M ilitar de Porto Ale gre , se ndo de clara­ do aspirante na E scola M ilitar do R e ale ngo, R io de J ane iro. I nte grou o M ovime nto T e ne ntista de 1922. F oi pre so e e m se guida anistiado. F oi um dos principais articuladore s da C ontra-R e volução de 1964. M inistro da Gue rra no gove mo C aste lo Branco, de sincompatibilizou-se do cargo para candidatar-se , pe la Are na, à Pre sidência da R e pública, e m e le ição indire ta. E m 3 de outubro de 1966 foi e le ito pre side nte pe lo C ongre sso, te ndo como vice Pe dro A le ixo. F oi e mpossado e m 15 de março de 1967. No se u gove mo, e nfre ntou inte nsa atividade subve rsivo-te rrorista. As dissi­ dências e xiste nte s no PC B de ram orige m a inúme ras organizaçõe s que , infiltradas nos movime ntos e studantis, sindicais e campone se s, agitavam o País. O ano de 1968 foi marcado pe la inte nsificação dc tumultos; ate ntados a bom­ ba; assaltos a unidade s militare s para o roubo de uniforme s e armame ntos; assal­ tos a pe dre iras para roubos de e xplosivos; e assaltos a bancos. Gre ve s por toda a parte abalavam a e conomia. A radicalização política e ra cada ve z maior. Fatos marcantes no ano de 1968 - Inte nsificação do movime nto e studantil, le vando à morte , e m conflito com a polícia, o e studante E dson Luís; - “J ornadas de J unho" - com passe atas, de pre daçõe s, que ima de ve ículos; - E xplosõe s de bombas, saque s e viaturas ince ndiadas de norte a sul do País; - Assalto ao Hospital M ilitar do C ambuci para o roubo de armas; - Ate ntado a bomba no C onsulado Ame ricano e m São Paulo; - Ate ntado a bomba no QG do ÍI E xército, com a morte do soldado M ário Koze l F ilho; - “J ustiçame nto” do capitão do e xército dos E UA C harle s C handle r; - “J ustiçame nto” do major do e xército ale mão E dward E me st T ito O tto M aximilian Von We ste mhage n; - Atos dc sabotage m e m tre ns e fábrica de armas; e - Assalto ao tre m pagador na fe rrovia Santos-J undiaí, com a participação dc Aloysio Nune s F e rre ira, se cre tário-gcral da Pre sidência da R e pública e de ­ pois ministro da J ustiça no gove mo F e rnando I le nrique . 162-C arlos Albe rto Brilhante Ustra M uito oportuno é o artigo que o jornalista Élio Gaspari publicou no jornal O Globo de 28/05/2000 - página 14, que abaixo transcre vo: “Bala cm lavrador é ale rta. O vo e m ministro é o caos” “ ...O me lhor e xe mplo de ssa e stratégia foi ve rbalizado pe lo sccre tário-ge ral da Pre sidência, Aloysio Nune s F e rre ira e pe la li­ de rança parlame ntar do PSDB. F ie s se e nfure ce ram porque um e studante de se mpre gado amassou um ovo no ministro da Saúde e um manife stante bate u com um pau de bande ira no gove rnador M ário C ovas. Aloysio disse o se guinte : - E ssas açõe s partiram de uma canalha de ânimo fascista, porras-loucas, me mbros de grupe lhos e xtre mistas. É um banditismo político. Pe gou pe sado. As le is do País têm re médios para de litos de s­ se tipo e , no caso do ovo, dificilme nte pode m le var a uma pe na maior do que a pe rda da primarie dade por cinco anos. Se é pouco, pode -se faze r outra le i, mas e sta é a que há. Se rá que um ovo vale tantos adje tivos? O ministro J osé Se rra e ra pre side nte da UNE e m 1964. A e scumalha que e le re pre se ntava fazia coisa pior, muito pior. C inqucntõe s, todos e sse s bade rne iros le mbram-se com te rnura dc suas malfe itorias (come tidas num re gime de mocrático) ... O mi­ nistro Aloysio Nune s F e rre ira chama de bandidos, canalhas, fas­ cistas e porras-loucas e xtre mistas os bade rne iros de hoje . É forte . Lutando contra a ditadura (te ndo como obje tivo a instauração no Brasil de um re gime socialista) e le militou na Ação Libe rtadora Nacional, de C arlos M arighe lla. E ssa organização praticava aqui­ lo que se u líde r chamava de “te rrorismo re volucionário”. C omo quadro de stacado da ALN, e m agosto de 1968, o atual ministro participou do assalto a um tre m-pagador da fe rrovia Santos-J undiaí do qual le varam o e quivale nte a USS 21.600. Bandido não e ra. C analha, muito me nos. F ascista, ne m pe nsar. Porra-louca, talve z. E xtre mista, com ce rte za. Se e le não e ra tudo isso, como é que um jove m que amassa um ovo pode vir a sê-lo?” Além de todos os atos te rroristas, o gove rno C osta e Silva ainda se de fron­ tava com parlame ntare s da oposição que , ince ssante me nte , se pronunciavam dc modo, muitas ve ze s, ofe nsivo ao re gime e às F orças Armadas. Um de sse s discursos, fe ito pe lo e ntão de putado M árcio M ore ira Alve s, além de te ntar de s­ moralizaras F orças Armadas, incitou o povo a não participar das come moraçõe s A ve rdade sufocada -163 de Se te de Se te mbro. O gove mo pe diu à C âmara dos De putados lice nça para cassar o se u mandato, o que foi ne gado. O País contabilizava, até o final dc 1968, um saldo de 19 mortos pe los te rroristas (ve r www.te muma.com.br - M e morial 1964); 9 morte s e m passe a­ tas, citadas pe los jornais; e 2 e studante s. Ne sse ce nário, e m 13 de de ze mbro de 1968, o pre side nte da R e pública promulgou o Ato Institucional n° 5 (AI-5). T al Ato ampliou conside rave lme nte os pode re s pre side nciais, possibilitando: - O fe chame nto do Le gislativo; -A suspe nsão dos dire itos políticos e garantias constitucionais; - A inte rve nção fe de ral e m e stados e municípios; - A dcm issão e a apose ntadoria de funcionários públ icos; - A cassação de mandatos parlame ntare s; - A suspe nsão da garantia do habe as-corpus, nos casos de crime s políticos, contra a se gurança nacional, a orde m e conômica e social e a e conomia popular, e ntre outras. Assinaram o Ato: - Arthur da C osta e Silva - Luis Antônio da Gama e Silva -Augusto Hamann R ade make r Grüne wale - Aurélio de Lyra T avare s - J osé de M agalhãe s Pinto - Antônio De lfim Ne tto - M ário David Andre azza - Ivo Arzua Pe re ira - T arso Dutra - J arbas G. Passarinho - M árcio de Souza e M e llo - Le one l M iranda - J osé C osta C avalcanti - E dmundo de M ace do Soare s - Hé­ lio Be ltrão - Afonso A. Lima - C arlos F . de Simas. T ranscre vo abaixo o artigo do se nador J arbas Gonçalve s Passarinho a re s­ pe ito do AI 5, originalme nte publicado pe lo J ornal do Brasil, e m 14/03/04. “Al-5, um Impe rativo” “Até 1968, o gove mo mantinha intocadas as libe rdade s indivi­ duais. As re striçõe s constante s do Ato Institucional n° 1já haviam ce ssado há muito. E le içõe s dire tas - e xce to para pre side nte da R e pública - haviam le vado a oposição aos gove rnos de M inas Ge rais e R io de J ane iro. A impre nsa* livre , e os dire itos individuais asse gurados, caminhava o País para o re stabe le cime nto da de mo­ cracia ple na. No plano e xte rno, a Gue rra F ria e xace rbava a dicotomia ide ológica e ntre de mocracia e comunismo. À e sque rda marxista-le ninista não convinha o e xe rcício da oposição no plano de mocrático, mas a re volução inspirada na União Soviética. De s­ de 196 L C uba e C hina, nos gove rnos J ânio Quadros e J oão Goulart, já tre inavam brasile iros para a gue rrilha. O movime nto e studantil radicali/ara-se , dirigido pe las dissidi}ncius comunistas da ( iitanalxira 164-C arlos Albe rto Brilhante Ustra e São Paulo, que se opuse ram à dire triz do Partido C omunista Brasile iro, contrária à luta armada. Várias facçõe s gue rrilhe iras já haviam surgido e m disputa e ntre e las. E m 1967, foi de sbaratada a Gue rrilha de C aparaó e come çaram as açõe s armadas da gue rri­ lha urbana e m São Paulo. E m I968, e clode m as gre ve s políticas, os assaltos a bancos, ataque s a quartéis do E xército para roubo dc armas e os atos te rroristas assassinos. No dia 12 de de ze mbro, a C âmara dos De putados, na qual o gove rno tinha ampla maioria, ne ga lice nça para que fosse proce ssado pe lo Supre mo T ribunal F e de ral o de putado que chamara as F orças Armadas de ‘valhacouto dc bandidos’. O se gre do do êxito da Gue rra R e volucionária de - via-se a que o totalitarismo ve ncia a de mocracia no mundo usando as franquias da própria de mocracia. Karl Loe we nste in, e m sua Teoria da Constituição* fala do dile ma do E stado ame açado pe ­ los totalitários. ‘Se de cide re stringir as libe rdade s fundame ntais, de que se se rve m os insurre tos, atuará pre cisame nte contra os princípios da libe rdade e da igualdade sobre os quais se base ia. Se , ao contrário, as mantém me smo e m be ne fício de se us inimigos de clarados, põe e m risco a sua própria e xistência.’ O E stado e s­ tava, pois, vive ndo o dile ma de Loe we nste in, atacado por militan­ te s totalitários. Antônio C ândido, nome e xpone ncial da e sque rda, justifica a violência le ninista: “Ace ito ple name nte a violência re vo­ lucionária como de fe sa da re volução”. O s che fe s militare s de cla­ raram-se formalme nte incapacitados de ve nce r a gue rrilha se os dire itos individuais fosse m mantidos. Ace itamos, também, a vio­ lência de fe nsiva. A C olômbia mante ve as libe rdade s fundame n­ tais, ao contrário do Brasil. F az 42 anos não ve nce as gue rrilhas comunistas que já dominam 40% do te rritório nacional. No nosso caso, ve nce mos a luta armada dos comunistas. Só não de ve ría­ mos te r fe ito durar por de z anos o Al-5, inicialme nte um impe rati­ vo da de fe sa do E stado. O pre side nte C osta e Silva iria re vogá-lo cm se te mbro de 1969, não houve sse adoe cido fatalme nte .” * J arbas Passarinho, 83 anos, é corone l re formado do E xérci­ to e foi gove rnador do Pará, se nador por três mandatos, ministro dos gove rnos dos pre side nte s Arthur da C osta e Silva (T rabalho), E mílio M édici (E ducação). J oão F igue ire do (Pre vidência) e F e rnando C ollor de M e llo (J ustiça). A ve rdade sufocada -165 O gove rno criou, e m 1967, o M ovime nto Brasile iro de Alfabe tização (M obral) e transformou o Se rviço de Prote ção ao índio e m F undação Nacio­ nal do índio (F unai). F oram criadas, ainda, a E mpre sa Brasile ira de Ae ronáuti­ ca (E mbracr) e a C ompanhia de Pe squisa e R e cursos M ine rais (C PR M ). E m 1969, a e conomia brasile ira e stava e m franco de se nvolvime nto, ini­ ciando o “M ilagre Brasile iro”. Isso aliviou as te nsõe s sociais e ampliou as base s de apoio ao re gime militar. Na áre a e conômica, o pe ríodo foi de cre scime nto, com e xpansão indus­ trial e facilidade de crédito, política salarial de conte nção e controle da infla­ ção e m tomo de 23% ao ano. E m agosto de 1969, C osta e Silva se afastou do cargo, após gove rnar por dois anos e cinco me se s, e m virtude de uma trombose ce re bral, vindo a fale ­ ce r no R io de J ane iro, e m 17 de de ze mbro de 1969. Se u vice , Pe dro Ale ixo, impe dido de tomar posse , foi substituído por uma J unta M ilitar, composta pe los ministros Aurélio de Lyra T avare s (E xército), Augusto R admake r (M a­ rinha) e M árcio de Souza e M e llo (Ae ronáutica), que gove rnaria de 31 /08/ 1969 a 30/10/1969. No dia 4 de se te mbro de 1969, a Ação Libe rtadora Nacional (ALN) e o M ovime nto R e volucionário 8 de O utubro (M R -8) se qüe straram, no R io de J ane iro, o e mbaixador norte -ame ricano C harle s E lbrick. Nas e le içõe s de 1970, a Are na conquistou 69,4% dos votos válidos para a C âmara, sinal dc aprovação do gove rno. O País iria se de frontar com mome ntos cada ve z mais dramáticos e e u, transfe rido para Sào Paulo, iria se r e nvolvido e m uma gue rra, para a qual nào havia sido pre parado. Uma gue rra na qual o inimigo não usava unifor­ me , e ra traiçoe iro, tinha a iniciativa e , quando me nos se e spe rava, matava ou mutilava inoce nte s. No cumprime nto da minha missào, não raro e xpus a riscos minha inte grida­ de física e a se gurança da minha família. F oi uma luta que não e scolhi, mas lute i, conscie nte de que fazia o me lhor para o me u País e para o me u E xército. Ve nce mos a luta, malgrado ve r, hoje , me u nome e de muitos companhe iros e nxovalhado pe los ve ncidos, que novame nte inte ntam contra o Brasil, dominando o E stado na te ntativa de se pe rpe tuar no pode r sob uma nova roupage m. Carlos Marighella, o ideólogo do terror C arlos M arighe lla nasce u e m Salvador, Bahia, cm 05/12/1911. Sua traje tó­ ria re volucionária re monta à década de 30. E m 1932 ingre ssou na J uve ntude C omunista e na F e de ração Ve rme lha dos E studante s. E m 1936, abandonou o curso de e nge nharia e , cumprindo orde ns do partido, foi para São Paulo re or­ ganizar o PC B. E m 1939, foi pre so pe la te rce ira ve z e e ncaminhado para F e rnando de Noronha. Na prisão, dava aulas de formação política aos de te ntos. E m 1945, a anistia, assinada por Vargas, de volve u a libe rdade aos pre sos políticos. M arighe lla, ne sse ano, foi e le ito de putado fe de ral. No gove rno Dutra, o Partido C omunista voltou à ile galidade e passou a agir de novo clande stiname nte . E m 7 de jane iro de 1948, os mandatos dos parla­ me ntare s do PC B foram cassados. De 1949 até 1954, M arighe lla atuou na áre a sindical, aume ntando a influên­ cia do partido, se ndo incluído na C omissão E xe cutiva e no Se cre tariado Naci­ onal, órgãos dirige nte s do PC B. No M anife sto de Agosto de 1950, M arighe lla já pre gava a luta arma­ da, conduzida por um E xército dc Libe rtação Nacional. C omo me mbro da E xe cutiva che fiou a prime ira de le gação de comunistas brasile iros à C hina, e m 1952. Ao voltar, passou a trabalhar as massas para pre parar a futura re volução brasile ira. O passo se guinte se ria a pe ne tração no me io e studantil. Para isso, M arighe lla infiltrou-se , por me io de contatos, na F aculdade de Dire ito do R io de J ane iro, onde doutrinava profe ssore s e alunos. As se me nte s e stavam se ndo se me adas, e ra só aguardar a colhe ita. A influência da re volução cubana, que passou a se rvir de mode lo para muitos comunistas, contrariava as posiçõe s do M ovime nto C omu­ nista I nte rnacional c do próprio PC B, mas e ncantava re volucionários antigos, como M arighe lla e outros que , atuando de sde a década de 30, não viam como conquistar o pode r com uma luta de longo prazo. A tática de F ide l e C he Gue vara, de fe nsore s da e stratégia foquista, pas­ sou a se r o mode lo ide al para o Brasil. Após a C ontra-R e volução de 1964, M arighe lla foi pre so e m um cine ­ ma, no R io de J ane iro. Solto por um habe as-corpus, impe trado por Sobral Pinto, passou a pre gar abe rtame nte a adoção da luta armada, doutrinan­ do ope rários e e studante s. E m julho de 1967, foi convidado, oficialme nte , para participar da Ia C onfe rência da O rganização Latino-Ame ricana dc Solidarie dade (O LAS), onde se discutiria um caminho para a difusão da luta armada no contincnlc. A ve rdade sufocada -167 De sautorizado pe lo partido e contrariando as linhas de açào adotadas pe lo PC B, M arighe lla e mbarcou para Havana com passaporte falso. O e ve nto re u­ niu re volucionários do mundo inte iro. Na ocasião, o slogan e ra “Um, dois, três, mil Vie tname s”, outro e xe mplo de gue rrilha que de ra ce rto. E stando M arighe lla e m Havana, o PC B e nviou um te le grama de sautori­ zando sua participação e ame açando-o de e xpulsão. E m 17 de agosto de 1967, M arighe lla e nviou uma carta ao C omitê C e ntral do PC B, rompe ndo de finitivame nte com o partido. E m se guida, e m outra carta, de u total apoio e solidarie dade às re soluçõe s adotadas pe la O LAS. Ne sse docume nto e le e scre via: “No Brasil há forças re volucionárias conve ncidas de que o de ve r de todo o re volucionário é faze r a re volução. São e stas for­ ças que se pre param e m me u país e que jamais me conde nariam como faz o C omitê C e ntral só porque e mpre e ndi uma viage m a C uba e me solidarize i com a O LAS e com a re volução cubana. A e xpe riência da re volução cubana e nsinou, comprovando o ace rto da te oria marxista-le ninista, que a única mane ira de re solve r os proble mas do povo é a conquista do pode r pe la violência das mas­ sas, a de struição do apare lho burocrático e militar do E stado a se rviço das classe s dominante s e do impe rialismo e a sua substi­ tuição pe lo povo armado." T e rminada a confe rência, M arighe lla ficou alguns me se s e m C uba com a ce rte za do apoio de F ide l a um foco gue rrilhe iro no Brasil. E m fins de nove mbro foi e xpulso do PC B. De volta ao Brasil, ince ntivou a prática de assaltos, se qüe stros e ate nta­ dos a bomba. Numa audaciosa ação, se us asse clas ocuparam a R ádio Na­ cional no R io de J ane iro, onde colocaram uma gravação no ar, conclamando os re volucionários do Brasil, onde que r que e stive sse m, a iniciar as açõe s re volucionárias. Logo de pois, a partir de se te mbro de 1967, M arighe lla iniciou o e nvio de militante s para curso de gue rrilha e m C uba. Na prime ira le va - o chamado “I E xército da ALN” -se guiram: Adilson F e rre ira da Silva (M igue l); Aton F on F ilho (M arcos); E pitácio R e mígio de Araújo (J úlio); Hans R udolf J acob M anz (J uvêncio ou Suíço); J osé Nonato M e nde s (Pe le de R ato ou Pará); O távio Ânge lo (F e rmin); Virgílio Gome s da Silva (C arlos). M arighe lla criou, juntame nte com J oaquim C âmara F e rre ira, o Agrupame n­ to C omunista de Sâo Paulo (AC /SP). O AC /SP ou “Ala M arighe lla” e xpandia- hc e atuava e m vários e stados. As idéias de M arighe lla e ncontram no me io 168-C arlos Albe rto Brilhante Ustra e studantil campo fértil. E m pouco te mpo, a Ala ganhou ade ptos e várias lide ­ ranças surgiram durante as agitaçõe s do movime nto e studantil. Logo de pois, e stabe le ce u contato com M ário R obe rto Zanconato, líde r do Grupo C orre nte e m M inas Ge rais. E m Brasília, F lávio T avare s, que já conhe cia M arighe lla, apre ­ se ntou um me mbro da C orre nte , “J uca”, a Ge orge M iche l Sobrinho, que pas­ saria a se r o contato do AC /SP com os grupos de Brasília. A partir daí, o movime nto e studantil de Brasília passou a agir pe las normas de M arighe lla. E sse grupo, ainda e m 1968, re alizou tre iname nto de gue rrilha (tiros de re vólve ­ re s e me tralhadora IN A e e xpe riências com e xplosivos) nas proximidade s do R io São Bartolome u. O AC /SP atuava também no C e ará e e m R ibe irão Pre to. Marighella e o clero O utras ade sõe s viriam. No conve nto dos dominicanos, na R ua C aiubi, n° 126, no bairro de Pe rdize s, São Paulo, vários re ligiosos ade riram ao AC /SP. F re i O svaldo Augusto de R e se nde J únior lide rou várias re uniõe s congre gando frade s dominicanos, que se inte re ssavam por pol ítica. Participavam de ssas re u­ niõe s, e ntre outros: fre i C arlos Albe rto Libânio C hristo (fre i Be tto), fre i F e rnando de Brito, fre i T ito de Ale ncar Lima, fre i Luiz F e lipe R atton, fre i F rancisco Pe re i­ ra Araújo (fre i C hico) e Ive s do Amaral Le sbaupin (fre i I vo). Na ocasião, fre i O svaldo te ce u come ntários e logiosos ao AC /SP che fiado por M arighe lla. Logo de pois, apre se ntou fre i Be tto a M arighe lla e conse guiu a ade são de vários dominicanos ao AC /SP e de pois à ALN. O e ngajame nto dos dominicanos foi total. Se riam um apoio da ALN na gue rrilha urbana e rural. Luís M ir, e m se u livro A Revolução Impossível* E ditora Be st Se lle r, página 299, transcre ve : “Le sbaupin: A Igre ja e os dominicanos de ve riam e ntrar no proje to re volu­ cionário de forma organizada. Se ríamos a linha de apoio logístico para a gue rrilha rural. Na cidade , e sconde ríamos pe ssoas, faría­ mos transfe rências de armas e dinhe iro.” E m me ados de 1968, re ce be ram a prime ira missão dada por M arighe lla: le vantame nto na Be lém-Brasília, procurando áre as e stratégicas para insta­ lar focos de gue rrilha. A áre a de C once ição do Araguaia, onde a orde m mantinha um conve n­ to, foi conside rada prioritária. F re i O svaldo, fre i Ivo, fre i R atton, fre i T ito e fre i F e rnando, se paradame nte , fize ram le vantame ntos nos municípios dc A ve rdade sufocada -169 Gurupi, Pe dro Afonso e Itacajá; na re gião de R io Ve rme lho; e ao norte do E stado dc Goiás, e ntre T ocantins e Araguatins. M arighe lla pre gava: “O princípio básico e stratégico da organização é o de de se n­ cade ar, tanto nas cidade s como no campo, um volume tal de açõe s, que o gove rno se ve ja obrigado a transformar a situação política do País e m uma situação militar, de struindo a máquina burocráti- co-militar do E stado e substituindo-a pe lo povo armado. A gue rri­ lha urbana e xe rce rá um pape l tático e m face da gue rrilha rural, se rvindo de instrume nto de inquie tação, distração e re te nção das forças armadas, para diminuir a conce ntração nas ope raçõe s re ­ pre ssivas contra a gue rrilha rural.” No se gundo se me stre de 1968, fre i Be tto foi e ncarre gado do se tor de impre nsa - difundir o jornal O Guerrilheiro e te xtos de M arighe lla -, e mante r contato com J oaquim C âmara F e rre ira, “T ole do”, que coorde nava as açõe s e m São Paulo. Apoiado pe la che gada do “I E xército daALN”, tre inado e m C uba, M arighe lla lide rou vários assaltos e ate ntados na áre a de Sào Paulo, ainda e m 1968. Inte nsificaram-se a se guir os atos de te rror: ate ntados a bomba, assaltos a banco, se qüe stros, assassinatos, “justiçame ntos”, ataque s a se ntine las e radiopatrulhas, furtos e roubos de armas dos quartéis. Na época, e u não sabia que e sse s fatos te riam e m minha vida uma impor­ tância maior do que para a maioria dos brasile iros. Não imaginava que se ria um, de ntre muitos, a combate r o te rror que ame a­ çava a Nação e o E stado. Não e spe rava que um dia e u se ria injuriado e caluniado por te r cumprido o me u de ve r, lutando e m uma gue rra pe rigosa e suja, contra inimigos de sconhe ci­ dos, militarme nte tre inados no e xte rior c dispostos a tudo, para implantar no Brasil uma ditadura de inspiração marxista-le ninista. E m 1969, M arighe lla difundiu o Minimanual do Guerrilheiro, de sua au­ toria, que passou a se r o livro de cabe ce ira dos te rroristas brasile iros. O livre to foi traduzido e m duas de ze nas dc idiomas e usado por te rroristas do mundo inte iro. As Brigadas Ve rme lhas, na Itália, e o Grupo Baade r-M e inhoff, na Ale ­ manha, se guiam se us e nsiname ntos. 170-C arlos Albe rto Brilhante Ustra C laire Ste rling, e m se u livro, A Rede do Terror - A Guerra Secreta do Terrorismo Internacional, e ditora Nórdica, re fe riu-se à importância do Minimanual de M arighe lla e m várias páginas de sua obra. De sse livro, trans­ cre vo alguns te xtos onde e la se re fe re ao Minimanual·. nào matam com raiva: e sse é o se xto dos se te pe cados capitais contra os quais adve rte e xpre ssame nte o Minimanual cie Guerrilha Urbana de C arlos M arighe lla, a cartilha-padrão do te rrorista. T ampouco matam por impulso: pre ssa e improvisa­ ção o quinto e sétimo pe cados da lista de M arighe lla. M atam com naturalidade , pois e sta é “a única razão de se r de um gue r­ rilhe iro urbano*' se gundo re za a cartilha. O que importa nào é a ide ntidade do cadáve r, mas se u impacto sobre o público.” “... e m prime iro lugar, e scre ve u M arighe lla, o gue rrilhe i­ ro urbano pre cisa usar a violência re volucionária para ide n- tificar-se com causas populare s e assim conse guir uma base popular. De pois: O gove rno não te m alte rnativa e xce to inte nsificar a re ­ pre ssão. As batidas policiais, busca e m re sidências, prisõe s de pe ssoas inoce nte s tornam a vida na cidade insuportáve l. O se ntime nto ge ral é de que o gove rno é injusto, incapaz de solucionar proble mas, e re corre pura e simple sme nte à liqui­ dação física de se us opositore s.” Morte de Marighella M arighe lla foi morto na noite do dia 4 de nove mbro de 1969, de ntro de um carro, na Alame da C asa Branca, zona nobre de São Paulo. O conve nto dos dominicanos prote gia também me mbros de outras orga­ nizaçõe s clande stinas como a VPR , o M R -8 e a ALN. M arighe lla os usava como contatos. O s dominicanos marcavam e ncontros e m lugare s pre e stabe le cidos, e m “pon­ tos” (contatos) na Alame da C asa Branca. F aziam parte do e sque ma o fre i F e rnando de Brito e o fre i Ive s do Amaral Le sbaupin. Suspe itas sobre o conve nto puse ram-no e m obse rvação. O te le fone do me smo passou a se r monitorado. F re i F e rnando e fre i Ivo foram ao R io e combinaram, por te le fone , um e ncontro. Ao compare ce re m ao “ponto” foram pre sos. I nte rrogados, e ntre garam o e sque ma. M arighe lla marcava os “pontos" com ligaçõe s te le fônicas para fre i F e rnando, na livraria Duas C idade s e m A ve rdade sufocada -171 que e le trabalhava, usando a se nha: “Aqui é da parte de E rne sto. E ste ja hoje na gráfica”. F re i F e mando foi le vado pe la polícia à livraria para aguardar o te le fone ­ ma. Na hora marcada, o te le fone tocou e fre i F e rnando ate nde u, ouviu a se nha e confirmou o “ponto” que se ria às 20 horas, na altura do n° 800 da Alame da C asa Branca. O dispositivo para pre nde r M arighe lla foi armado. Home ns e scondidos nos e difícios e m construção e numa caminhone te obse rvavam tudo. Do outro lado da rua, o de le gado F le ury fingia namorar. M ais adiante , outro casal também “namorava”. No lugar ce rto, o F usca de se mpre , com os dois frade s de ntro. Pouco ante s da hora, um home m passou de vagar, e xaminando o local. A polícia o ide ntificou como se ndo E dmur Péricle s C amargo, mas o de ixou pas­ sar. Na re alidade , não e ra E dmur e sim Luís J osé da C unha (C rioulo), que dava cobe rtura a M arighe lla. A polícia pre fe riu e spe rar um pe ixe maior. M arighe lla che gou pontualme nte às 20h00, dirigiu-se ao F usca e e ntrou na parte trase ira. F re i Ive s e F e mando saíram rapidame nte do carro e se jogaram no chão. Pe rce be ndo a e mboscada, ime diatame nte re agiu à prisão e foi morto. M arighe lla se guiu as normas de se u manual. Portava um re vólve r e le vava duas cápsulas dc cianure to. Na ocasião, e m me io a inte nso tirote io, morre ram também a inve stigadora Ste la M orato e o protético F rie de rich Adolf R ohmann, que passava pe lo local do tirote io. O de le gado T ucunduva foi fe rido grave me nte . Acabava assim M arighe lla, mas se us se guidore s continuaram a agir se gun­ do se u Minimanual, que ate rrorizou o Brasil e o mundo. E m 1996, um dossiê da C omissão E spe cial de M ortos e De sapare cidos do M inistério da J ustiça conte stou a ve rsào oficial de sua morte e homologou a de cisão de conce de r o pagame nto de inde nização à sua viúva, C lara C harf. Para a comissão, pre vale ce u a justificativa de que M arighe lla te ria sido abatido com um tiro no pe ito, à que ima roupa. Prime iro, nào é viáve l que o de le gado F le ury pe rde sse a oportunidade de pre nde r M arighe lla, para inte rrogá-lo, de ixando que o e xe cutasse m. Se gundo, é fantasioso que , para confirmar a ve rsão do tirote io, tive sse m assassinado a Inve stigadora, o protético e fe rido grave me nte o de le gado. Se M arighe lla foi morto à que ima roupa, por que o tirote io? E sse “he rói”, que a e sque rda ve ne ra e m prosa e ve rso, é nome de rua no R io dc J ane iro, e m Sào Paulo, no R io Grande do Sul e de viaduto e m Be lém do ! Pará. O M ovime nto dos T rabalhadore s Se m T e rra (M ST ) mantém no Acam- ' pame nio 26 de M arço, e m M arabá, no Pará, a E scola C arlos M arighe lla. F m Pinar de i R io, C uba, e m 1973, foi inaugurada uma e scola com se u nome . 172-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O arquite to O scar Nie me ye r proje tou o M e morial C arlos M arighe lla, a se r construído pe lo gove rno do E stado do R io de J ane iro, no bairro prole tário de Santa Bárbara, Nite rói, onde militante s comunistas se re uniam, na clande stini­ dade , provave lme nte para organizar suas açõe s. Há pouco te mpo, foi proje tado um· marco a se r construído na Alame da C asa Branca, local onde morre u. T udo isso com o dinhe iro do contribuinte , que , de sinformado, assiste a tudo passivame nte . O Minimanual de M arighe lla é a prova da se lvage ria e do de spre zo pe lo se r humano, na insana pe rspe ctiva de que os fins justificam os me ios. Que e stranha le targia é e ssa do povo brasile iro, que nào re age à mitificação de sse assassino frio e crue l? Vive mos sob a ditadura do politicame nte corre to, pois a moda é fe char os olhos, e nquanto os “inimigos da ditadura militar” ve ne ram e prante iam os se us mortos, ao passo que as vítimas do te rrorismo sào e sque cidas e conside radas, ve rdade irame nte , como cidadãos de se gunda classe . F onte s: - Proje to O rvil. - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. Sonho de uma guerrilha rural O sonho de implantar uma re gião de gue rrilha rural vinha de longe . M e smo ante s da C ontra-R e volução, militante s comunistas e ram e ncaminhados a C uba e a Pe quim para faze r cursos de gue rrilha. “E m 29 de março de 1964, portanto ante s me smo da R e volu­ ção De mocrática, viajara para a C hina uma turma de de / militan­ te s do PC doB, a prime ira a re alizar um curso político-mililar na­ que le país. Até 1966, mais duas turmas fariam o me smo curso." (AUGUST O , Agnaldo De l Ne ro. A Grande Mentira, pá­ gina 218). E m junho de 1966, no R io de J ane iro, a VI C onfe re ncia Nacional do PC doB e le ge u os me mbros do C omitê C e ntrai: J oão Amazonas, Pe dro Pomar, M aurício Grabois, Ânge lo Arroyo, Dióge ne s dc Arruda C âmara, C arlos Nicolau Danie lli, Lincoln C orde iro O e st e E lza Lima M onne rat. Ne ssa C onfe rência foi aprovado um docume nto, e m que se de stacava o chamame nto à gue rra popular e à luta re volucionária no campo, do qual e xtraí o tre cho abaixo: “A luta re volucionária e m nosso País assumirá a forma de gue rra popular... que implica na ne ce ssidade de organizar as for­ ças armadas do povo, a partir de pe que nos núcle os de combate n­ te s, no amplo e mpre go da tática de gue rrilha e na criação de base s de apoio no campo." “A re volução não é um proble ma re moto. M ais dia, me nos dia, o povo há de e mpunhar armas...” J á no gove rno C aste lo Branco, iniciou-se a procura pe la áre a ide al. Uma comissão militar, composta por J oão Amazonas, M aurício Grabois e Ânge lo Arroyo, e ncaminhou militante s para a re gião do baixo Araguaia, no Pará. No final de 1967, mais pre cisame nte e m 24 de de ze mbro, véspe ra de Natal, che ­ garam à áre a E lza M onne rat, Libe ro Giancarlo Gontiglia, Danie l C allado e Pau­ lo M e nde s R odrigue s. Aos poucos, outros militante s instalaram-se e m pontos dife re nte s da áre a e ncolhida e se infiltraram, habilidosame nte , e ntre os moradore s da re gião. Wladimir Ve ntura T orre s Pomar c Ne lson Lima Piauí Dourado foram re sidire m 174-C arlos Albe rto Brilhante Ustra um sítio, e m C olinas, Goiás, com a missão de re conhe ce r a re gião. J oão C arlos Haas Sobrinho alojou-se e m Porto F ranco, e ntre o atual E stado do T ocantins e o M aranhão. T ambém e ntre e sse s pione iros e stava O svaldo O rlando da C osta, o “O svaldão”, um ne gro forte , com l ,98 me tro, quase 100 quilos. O caçula de onze irmãos. Nasce u e m Passa Quatro, M inas Ge rais. E ra filho de J osé O rlando da C osta, dono de uma padaria na cidade . J oão, irmão de O svaldo, e ra comu­ nista. E m se u bar, os jove ns se re uniam para trocar idéias sobre política. T alve z de ssas re uniõe s te nha surgido a ide ologia que le vou O svaldão à morte . Aos 16 anos, foi para São Paulo ganhar a vida e e studar. De pois foi para o R io de J ane iro, onde se de dicou ao boxe e cursou o C PO R (C e ntro de Pre paração de O ficiais da R e se rva). O svaldão, e m 1961, viajou para Praga, na e ntão T che co-E slováquia comunista, onde e studou até o te rce iro ano de E nge nharia dc M inas. De ­ pois, se guiu para a R e pública Popular da C hina, onde fe z curso de gue r­ rilha e m Pe quim. De volta ao Brasil, e m 1965, passou a vive r na clande stinidade . E m 1966, tomou um ônibus para a re gião e e mbre nhou-se nas matas do Araguaia, no Pará, instalando-se como posse iro, num castanhal, na re gião conhe cida como Game le ira, se de de um dos comandos. Paulo R odrigue s instalou a se de do outro comando num castanhal, cha­ mado C aiano, e o médico gaúcho J oão C arlos Haas Sobrinho, a te rce ira se de e m F ave iro. E ducados e com modos ge ntis, conquistaram a simpatia dos mora­ dore s do lugar. E sse proce dime nto fazia parte da técnica de aliciame nto dos gue rrilhe iros. J oào Amazonas e E lza M onne rat não pe rmane ciam no campo de tre i­ name nto. Nas cidade s re crutavam novos militante s do PC doB que , aos poucos, e ncaminhavam para a áre a de gue rrilha. E ra o início do malogrado sonho de conquistar o pode r, a partir da criação de um E xército Popular de Libe rtação, início da futura Gue rrilha do Araguaia, que le vou à morte jove ns e studante s unive rsitários que , iludidos por líde re s e xpe rie nte s, pe nsavam lutar pe la de rrubada da “ditadura”. J oào Amazonas de Souza Pe droso, o mais antigo dirige nte comunista, prc side nte do PC doB de sde 1962, fale ce u aos 90 anos por complicaçõe s pulmo nare s, e m 22/05/2002. E lza M onne rat fale ce u aos 91 anos, de pois dc uma cirurgia no fe mur, no dia 11/08/2004. A ve rdade sufocada -175 Pe na que os jove ns por e le s aliciados nào te nham tido a oportunidade de uma vida tão longa... A Gue rrilha do Araguaia foi mais uma insana ave ntura de fanáticos! Sobre e ssa gue rrilha, os que participaram de la pode m, me lhor do que e u, e scre ve r páginas e mocionante s que contribuiriam muito para e sclare ce r a ve r­ dade ira história do que aconte ce u nas se lvas do Araguaia. F onte s: - SO USA, Aluísio M adruga de M oura e . Guerrilha do Araguaia - Revanchismo. -Proje to O rvil. Recrutamento dos jovens Aprove itando o ide alismo dos jove ns, sua ousadia, sua e spe rança de pode r re formar o mundo, o PC B re unia grupos e , discutindo política, incutia nos jove ns as idéias do M anife sto C omunista de M arx e E nge ls. As organizaçõe s de e sque r­ da, te ndo como suporte e xpe rie nte s militante s comunistas, se mpre dispe nsaram e spe cial ate nção ao re crutame nto dos jove ns - me smo aque le s no início de sua adole scência conhe ce dore s da sua impe tuosidade , da alma sonhadora, inquie ta e ave nture ira da juve ntude . A pe ne tração de idéias subve rsivas e ra fe ita no mo­ me nto e m que o jove m se ntia os proble mas sociais no me io e m que vivia. T odas as organizaçõe s de ram de staque e spe cial ao se tor de re crutame nto. Normalme nte , e sse se tor e ra dirigido por e le me ntos altame nte politizados, ve r­ dade iros líde re s, de fácil trânsito no me io jove m. O s contatos e ram e stabe le cidos e ntre os e le me ntos mais pe rme áve is às novas idéias. E le s e ram sondados pe los organismos de fachada das organiza­ çõe s. Por e xe mplo, a Dissidência da Guanabara (DI/GB), de pois M R -8, tinha na sua e strutura os chamados Grupos de E studo (GE ), e spe cialme nte voltados para o aliciame nto dos jove ns. O re crutame nto come çava, ge ralme nte , e m re uniõe s sociais, shows, bare s, colégios e faculdade s. Inicialme nte , re uniõe s informais, se m inte nçõe s políticas. De pois, os indivíduos que mais se de stacavam e ram re unidos para discussõe s e m tomo de fatos políticos que haviam causado impacto no âmbito inte rnacio­ nal ou nacional. Ardilosame nte , o coorde nador da re união induzia o de bate , cone ctando-o com a situação sócio-e conômica do Brasil e e xplorando o e spí­ rito conte stador do jove m contra o siste ma. A discussão dos proble mas e ra fe ita e m níve l mais amplo. Ne ssa e tapa, distri­ buíam te xtos que , partindo dos proble mas ge rais, se dirigiam aos proble mas bra­ sile iros. E sse s te xtos, normalme nte e scritos e publicados por me mbros da organi­ zação, nào davam marge m a qualque r discussão. Le vavam a pe ssoa a concluir que o siste ma vige nte e ra totalme nte ine ficie nte , incapaz, e xplorador e corrupto. Adquirida a confiança dos jove ns, o líde r suge ria uma mudança e strutural do re gime vige nte no País. Qualque r crise , insatisfação popular e re ivindicação de grupos e ram e stopins a se re m aprove itados como “ganchos”, e e xplorados para de spe rtar no jove m o de se jo de mudar a re alidade e xiste nte , ne m se mpre agradáve l, e criar uma nova condição social. O próximo passo e ra suge rir aos jove ns, ave nture iros c “re formadore s do mundo”, idéias para concre tizar a mudança: a re volução social, inicialme nte apre se nta­ da como pacífica, para que brar re sistências e comprome tê-los com o grupo. Aos poucos, e ncantados com a idéia de um mundo me lhor, e ram e nvolvi­ dos de forma le nta e ardilosa. Ávidos por mudanças, propunham-se , inicial- A ve rdade sufocada -177 me nte , a apoiar a organização. C ontribuíam com dinhe iro, mantinham mate rial subve rsivo e militante s e scondidos e m suas casas, ce diam automóve is para de s­ locame ntos e locais para re uniõe s. De pois, praticavam pe que nas açõe s, como panfle tage m, e ntre ga de me nsage ns, transporte de mate rial e le vantame ntos. Progre ssivame nte , e ram e scalados para dirigir carros, se m sabe re m o que , e xatame nte , se ria fe ito. Num cre sce nte , iam se e nvolve ndo e m açõe s mais com­ prome te doras e pe rigosas, pe rdiam o me do e passavam a conside rar que stão de honra participar de atos arriscados e te r um bom de se mpe nho pe rante o grupo. Ne ssa e tapa, e ra che gada a hora de se afirmare m como gue rrilhe iros. A organização, por sua ve z, os e nvolvia cada ve z mais. Até que um dia não só dirigiam carros, mas já os furtavam; quando “abriam os olhos” já e stavam partici­ pando de açõe s armadas, e xplosõe s de bombas e , finalme nte , participavam de um assassinato. Ne sse mome nto, de scobriam que não tinham mais volta. Largavam a família, o e mpre go, os e studos e passavam a vive r na clande stinidade , usando no­ me s falsos.T omavam-se cada ve z mais de pe nde nte s da organização. De pe ndiam e conomicame nte de la, ficando suje itos a praticar qualque r ação para a qual tive s­ se m sido de signados. Passavam a vive r e m “apare lhos” com pe ssoas das quais ape nas sabiam o codinome . De slocavam-se por todo o País e pe rdiam a libe rdade . A prática de açõe s armadas tomava-se rotina. E m muitos casos, e ram e nviados ao e xte rior para cursos de gue rrilha e de capacitação política. C e r­ ca de 150 militante s foram para C uba, 120 para a C hina e outros para a União Soviética. Se us princípios se alte ravam e se subme tiam às condiçõe s impostas pe la organização. De pois dos cursos, ocupavam cargos de coorde nação ou che fia de ntro da organização. Ne ssa altura, sua formação ide ológica tinha normas tão rígidas de comportame nto que não havia mais volta. E m casos de arre pe ndime nto, corriam o risco de se re m “justiçados”. F re nte à re pre ssão, e sse s quadros e ram orie ntados a não se e ntre gare m vivos. E ram e nsinados a re sistir até a morte . A lavage m ce re bral e o comprome time nto com as organizaçõe s subve rsivas os tomavam re féns do te rror e ve rdade iros autômatos. F amília, pátria, re ligião passavam a se r “alie naçõe s da burgue sia”. E m suas me nte s só havia e spaço para as convicçõe s ide ológicas que lhe s impre gnaram e que , e m muitos casos, le varam-nos à morte e m e nfre ntame ntos com os órgãos de se gurança. O re crutame nto dos jove ns talve z te nha sido o pior crime come tido pe la e sque rda armada no Brasil, pois le vou rapaze s e moças a crime s he diondos, corrompe ndo-os e tomando-os ve rdade iras “buchas de canhão”. M anipular criminosame nte o ide alismo da juve ntude foi mais uma de monstração dc que , para a e sque rda re volucionária, os fins, re alme nte , justificam os me ios. Movimento estudantil De pois da C ontra-R e volução, curse i a E scola de Ape rfe içoame nto de O fi­ ciais (E sAO ), no se gundo se me stre de 1964. Volte i para o 10G C an 90 A A é, de onde fui transfe rido para a Se ção T écnica de E nsino da E scola de E stado- M aior do E xército (E C E M E ), na Praia Ve rme lha. M inha mulhe r le cionava pe la manhã e m São C ristóvão e à tarde e m Botafogo. M orávamos no Le blon, e m um pe que no apartame nto que compramos à pre s­ tação e que lutávamos para pagar. J á não pre cisávamos acordar de madrugada e a vida nos pare cia be m mais fácil, se m te r de e nfre ntar lotação e tre m para che garmos ao trabalho. C om isso, passe i a me pre parar para o concurso da E C E M E , e tapa muito importante para minha carre ira. No ano de 1966, “que ime i as pe stanas”, mas vale u a pe na. Ainda capitão, fui aprovado e ingre sse i no C urso de C omando e E stado-M aior. Agora, e u, no ce ntro do furacão, R io de J ane iro, via, de pe rto e na hora, a tranqüilidade do País se r abalada, de sde me ados de 1964. Além das pe ripécias que Brizola comandava, dire tame nte de M onte vidéu, fre qüe nte me nte tomávamos conhe cime nto por jornais, rádio, nas aulas ou e m conve rsas com companhe iros do que se passava no País, e e sse s fatos não e ram ale ntadore s. O movime nto e studantil e stava no auge . M al sabia e u que tudo e ra o pre núncio de anos que e u não imaginava e que iriam mudar comple tame nte nossa vida. União Nacional dos Estudantes - UNE M uito ante s de 1964, os e studante s sccundaristas e unive rsitários vinham se ndo doutrinados pe los comunistas. As organizaçõe s clande stinas se mpre pro­ curaram colocar e sse s jove ns e studante s no me io das crise s, para te ntar iniciar com e le s a de se stabilização dos gove rnos, já que a re pre ssão provocada pe los agitadore s ia ao e ncontro dos se us inte re sse s e causava indignação contra o gove mo. Se mpre conside raram os e studante s a força auxiliar mais importante para o de se ncade ame nto da re volução comunista. Até o prime iro se me stre de 1937, e xistiam ape nas e ntidade s re gionais e s­ palhadas pe lo Brasil, se m unidade política, ne m lide rança nacional. E m 11dc agosto de 1937, de pois de te ntativas frustradas para organizar nacionalme nte os e studante s, a UNE , finalme nte , foi fundada. A partir de 1942, passa a te r se de própria, conse guida de pois da ocupação do C lube Ge rmânia, na Praia do F lame ngo, no R io de J ane iro. J á ne sse ano de 1942, de fe nde ndo a bande ira da justiça social, e le s fo­ ram usados e m passe atas. Ainda e m 1942, faziam manife staçõe s contra o re gime nazi-fascista e a favor da paz. E m 1947, o le ma e ra “O pe tróle o c nosso”; e a partir de 1960, e ram os proble mas sociais. Por trás, se mpre . A ve rdade sufocada · 179 ve lhos militante s, e scolados comunistas, aprove itando-se do ide alismo e da impulsividade dos jove ns. O proce sso re volucionário de fe ndido pe lo PC B se suste nta até hoje e m três vértice s: movime nto e studantil, sindical e camponês. Para impre ssionar os jove ns, as me smas palavras de orde m: país igualitário, se m fome ou injus­ tiças sociais, dire itos humanos, libe rdade e de mocracia - princípios que e le s jamais re spe itaram. Após a C ontra-R e volução, re cursos continuavam vindo de M oscou e re ­ passados à UNE . Ape sar da clande stinidade , grupos de e studante s, militante s profissionais, atuavam junto às massas, ministrando cursos e m que distribuíam le ituras altame nte subve rsivas. A influência de C he Gue vara, F ide l C astro e sua re volução e ra cada ve z maior no me io e studantil. A Ação Popular (AP), de sde os anos 60, controlava 65% dos dire tórios acadêmicos. A partir de 1961, e le ge ra, suce ssivame nte , Aldo Arante s, Vinícius C alde ira Brandt e J osé Se rra para pre side nte s da UNE , apoiada pe lo PO R T e pe lo PC B. No ano de 1965, inte nsificaram-se os movime ntos iniciados e m 1964. E m 1966, o movime nto e studantil, cada ve z mais infiltrado, ganha força. Inicialme n­ te , as manife staçõe s e ram pacíficas. J untavam-se grupos de jove ns que , na con­ tramão do trânsito, caminhavam cantando o Hino Nacional. E ra a pre paração para, logo de pois, re crude sce r o movime nto e , progre ssivame nte , re agir à re ­ pre ssão policial. E m março de 1966, a atuação policial, contra uma passe ata e m Be lo I íori- zonte , de se ncade ou movime ntos de apoio e m São Paulo, R io de J ane iro, C uritiba e Vitória. E m me ados de 1966, a UNE re alizou e m Be lo Horizonte o se u XXVJ II C ongre sso nos porõe s do conve nto dos padre s franciscanos. T re ze ntos de le ­ gados e le ge ram J osé Luís M ore ira Gue de s pre side nte , continuando sob o do­ mínio da AP. E m se te mbro, uma gre ve ge ral paralisou as unive rsidade s brasile iras. Ainda e m 1966, as dissidências unive rsitárias com o PC B provocaram o de sligame nto das me smas, de sse partido. O controle do movime nto e studantil da Guanabara passou para as lide ran­ ças que de fe ndiam a luta armada. A re spe ito, Vladimir Palme ira, dirige nte e studantil de de staque , na época, no livro A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio C aso, dá o se guinte de poime nto (páginas 28 e 32): “... A dissidência unive rsitária da Guanabara de sligou-se do partido (PC B) cm* nove mbro de 1966. Passamos *e nlão a se r 180-C 'arlos Albe rto Brilhante Ustra conhe cidos como Dissidência C omunista da Guanabara, conve r- te ndo-nos e m uma organização política inde pe nde nte , com uma de finição orie ntada para a luta armada, mas com uma visão ainda be m pouco clara do que e ra a re alidade brasile ira...” “... E m re sumo, o ano de 1966 marca a afirmação da nossa dissidência do PC B, a re alização, pe la prime ira ve z, de grande s manife staçõe s de massas, e o controlo (sic), pe la e sque rda, do movime nto e studantil da Guanabara...” O ano de 1968 marcou, de re sto, o apare cime nto das açõe s armadas e fe tivas da gue rrilha urbana brasile ira. R e alizaram-se ne sse ano, as prime iras e xpropriaçõe s de dinhe iro e de armas. F oram fe itas por duas organizaçõe s: Vanguarda Popular R e volu­ cionária (VPR ) e Ação Libe rtadora Nacional (ALN).” De 29 de junho a 11 de julho de 1966, a AP e nviou o militante J osé F ide lis Augusto Samo à IV C onfe rência Latino-Ame ricana de E studante s (C LAE ), re alizada e m Havana. O militante , também da AP, J osé J arbas Diniz C e rque ira, foi de signado re pre se ntante pe rmane nte da UNE , na re - cém-criada O rganização C ontine ntal L atino-Ame ricana de E studante s (O C LAE ), com se de e m Havana. No prime iro se me stre de 1967, prolife ram os se minários promovi­ dos pe la UNE . No se gundo se me stre as gre ve s foram a tônica do movi­ me nto e studantil. O aconte cime nto mais importante de sse ano foi uma passe ata, com mil e studante s, no ce ntro do R io de J ane iro, no dia 25 de outubro, convocada por Vladimir Palme ira, pre side nte da União M e tropolitana dos E studante s Se cundaristas (UM E S). M otivação: re ivindicar me lhore s condiçõe s para o C alabouço, re staurante mantido pe lo gove rno para e studante s care nte s. Durante a passe ata, as palavras de orde m foram: “O povo organizado de rruba a ditadura” e “Gue vara: he rói do povo”. O movime nto e studantil, com e ssa apare nte calmaria, pre parava- se para 1968. Ne sse ano, uma ge ração, nascida após a Se gunda Gue rra M undial, de clarou outra batalha, e m todo o mundo, contra a socie dade . Pare cia que o mundo inclinara-se para a e sque rda. Aque le s que tinham de ntro de si a se me nte da violência aprove itaram a oportunidade e a re be ldia para de se ncade ar no Brasil a luta armada. Vários movime ntos marcaram o ano, le vando muitos jove ns à clande stinidade . A ve rdade sufocada -181 Inte le ctuais e artistas, a maioria burgue se s, ricos e de socupados, filosofan­ do nos bare s da vida, come çaram a tomar are s de re volucionários e , comoda­ me nte , passaram, por me io de pe ças, músicas e artigos, a insuflar os jove ns. O de staque do ano, e m matéria de e nfre ntame nto, foi, se m dúvida, o movime nto e studantil, ape sar de outros movime ntos c organizaçõe s tam­ bém buscare m, de forma viole nta, a de se stabilizaçào do gove rno, como ve re mos mais adiante . A juve ntude “tocava fogo no mundo”. E ram influências sérias: a re volu­ ção chine sa de M ao T sé T ung; as barricadas de Paris com C ohn-Be ndit. Na América Latina, o movime nto e studantil “fe rvia” no Uruguai e no M éxico; nas matas da Ve ne zue la, Guate mala e Bolívia as gue rrilhas com o mode lo cubano e stavam no auge . E , talve z, a principal influência para os jove ns e ra a figura carismática, de boina com a e stre la ve rme lha, o ar ave n­ ture iro, o olhar e nigmático, a image m do gue rrilhe iro C he Gue vara. J á e ra de se e spe rar, portanto, que uma juve ntude “trabalhada” de sde se us quinze e de ze sse is anos, nas e scolas se cundárias, partisse para a radicalização. Naque la época, duas de ze nas de organizaçõe s subve rsivo-te rroristas atu­ avam ativame nte no movime nto e studantil, plane jando e dirigindo as manife s­ taçõe s de rua. As mais atuante s e ram: - Ação Popular (AP) - Líde re s: J e an M arc van de r We id e Luiz Gonzaga T ravassos da R osa; - Dissidência da Guanabara (DI/GB) - Líde re s: Vladimir Palme ira, F ranklin de Souza M artins e C arlos Albe rto Vie ira M uniz; - Ala M arighe lla (futura Ação Libe rtadora Nacional) - Líde r: J osé Dirce u de O live ira e Silva; e - Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR ) - Líde re s: M arco Antônio da C osta M e de iros e E linor M e nde s Brito. Além de ssas, atuavam também com inte nsidade a Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ) e o C omando de Libe rtação Nacional (C olina) - no qual militava ativame nte a atual ministra Dilma R ousse ff. Naque le ano, 1968, a bande ira e ra, e ntre outras, “M ais ve rbas para as unive rsidade s.” A orie ntação aos e studante s e ra para que de safiasse m os profe ssore s e dire tore s e se posicionasse m com uma de finição política. C om isso, uns profe s­ sore s, por de sconhe ce re m a profundidade do movime nto, se omitiram, alguns, para não se de smoralizare m, ade riram ao movime nto. O utros ape nas “e scancararam” suas ide ologias, insuflando mais a re be ldia dos jove ns. 182-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Aos poucos, os e studante s foram radicalizando, passando das manifcski çõe s pacíficas às agre ssõe s a policiais, usando porre te s, atirade iras, pe dras, vidros com ácido sulfiírico, coque téis “molotov” e armas de fogo. “...ne sse ano, os e studante s e nfre ntaram a polícia com violên­ cia organizada, e e m dive rsas oportunidade s puse ram e m ação as forças re pre ssivas. E m outras palavras, os e studante s provaram na prática, que e ra possíve l e nfre ntar com êxito a re pre ssão.” {A Esquerda Armada no Brasil 1967/1971 dc Antônio C aso, M orae s e ditore s, página 31.) E m 13 de março de 1968, ocorre ram passe atas com de pre daçõe s de ban cos, carros e lojas e m São Paulo e dia 14 e m R e cife . No dia 28 de março, 500 e studante s de uma passe ata organizada pe la Associação M e tropolitana de E studante s Se cundaristas (AM E S), do R io dc J ane iro, re ivindicando a me lhoria do R e staurante C alabouço, manipulados poi E linor M e nde s de Brito, do PC BR , e ntraram e m choque com a polícia. Uma bala pe rdida, infe lizme nte , matou o e studante E dson Luiz de Lima Souto, natu­ ral de Be lém do Pará. Lame ntave lme nte , para todos nós, morre ra mais um jove m, que tive ra se us sonhos usados para proporcionar o que militante s comunistas tanto de se javam de se ncade ara indignação popular. F ora fe ito um mártir e studantil. O corpo foi le vado pe los participante s da manife stação para a Asse mbléia Le gislativa. No caminho, ao passare m fre nte à E mbaixada dos E stados Uni­ dos, alguns ape dre jaram o e difício. O corpo foi ve lado por toda a noite , te ndo como pano de fundo re tratos de C he Gue vara e F ide l C astro. Discursos inflamados de políticos e lide ran­ ças e studantis e nche ram a longa e triste noite . O caixão foi cobe rto com a bande ira brasile ira. O e nte rro re uniu milhare s de pe ssoas que acompanharam o corte jo fúne bre da C ine lândia ao C e mitério São J oão Batista, gritando pa­ lavras de orde m e oste ntando faixas, re tratos de C he Gue vara e bande iras cubanas. No caminho, os mais e xaltados de pre daram um carro da E mbaixa­ da Norte -Ame ricana e ince ndiaram uma caminhone te da Ae ronáutica. No dia 4 de abril, 15 padre s e mais o vigário ge ral re zaram uma missa de sétimo dia na igre ja da C ande lária, ce ntro do R io de J ane iro. A comoção foi ge ral e o gove mo do e stado, te me ndo novos distúrbios, pe la prime ira ve z usou tropas a cavalo para conte r manife staçõe s. Inte re ssante ! Para a e sque rda as vidas têm valore s dife re nte s... Para um militante , tudo: o cle ro coe so cm oraçõe s, a honra, a glória, a bande ira nacional! A ve rdade sufocada -183 Para os que morre ram e m se u trabalho ou na rua, se m ne m sabe r porque , nada! O vigia F aulo M ace na, um trabalhador, de se mpe nhando sua humilde função, morto pe la e xplosão da bomba no C ine Bruni, colocada como prote sto contra a Le i Suplicy; os mortos do Ae roporto de Guararape s - jornalista E dson R égis de C arvalho e almirante Ne lson Gome s F e rnande s; o sarge nto C arlos Arge miro; o cabo PM R aymundo de C arvalho Andrade ; o faze nde iro J osé Gonçalve s C once ição - Zé Dico; o bancário O zire s M otta M arconde s; Agostinho F e rre ira Lima da M arinha M e rcante , todos vítimas das açõe s gue rrilhe iras ocorridas tnte s da morte do e studante E dson Luiz, não me re ce ram ve lórios e m Asse m­ bléias Le gislativas, ne m discursos inflamados, ne m a bande ira nacional sobre icus caixõe s! E , se não fosse a dor de suas famílias e se us amigos, ne m me smo cm uma ce rimônia re ligiosa se riam le mbrados. J á ne ssa época, os dire itos humanos e o próprio dire ito à vida tinham ape ­ nas uma dire ção: a e sque rda. No dia 31 de março ocorre u a se gunda passe ata pe la morte de E dson Luís c e m prote sto ao quarto anive rsário da C ontra-R e volução. Nova tática foi usada. De ze nas de pe que nas passe atas saíam de vários pontos do ce ntro do R io de J ane iro e os participante s, armados de porre te s e atirade iras, de pre daram lojas, carros e bancos, che gando ao e nfre ntame nto dire to com a Polícia M ilitar. Saldo: dois civis mortos: David de Souza M e ira - funcionário da C ompanhia dc Nave gação C oste ira na Ave nida Nilo Pe çanha; c J orge Aprígio de Paula, ope rário, morto quando um dos grupos de manife s­ tante s te ntava invadir a re sidência do ministro da Gue rra, na R ua Ge ne ral C anabarro. De ze nas de policiais ficaram fe ridos. No início de junho, ainda no R io de J ane iro, pe que nas passe atas e m C opacabana e no ce ntro da cidade anunciavam o que te ríamos pe la fre nte : as “J ornadas de J unho”. Cronograma das “Jornadas de Junho”. -19 de junho - C omandados por Vladimir Palme ira da Dissidência C o­ munista da Guanabara e pre side nte da União M e tropolitana de E studante s Se cundaristas (UM E S), 800 agitadore s te ntaram, se m suce sso, tomar o M i­ nistério da E ducação e C ultura (M E C ). Prosse guiram até a Ave nida R io Bran­ co, onde e rgue ram barricadas e atacaram a polícia. F oi o caos total, o ce ntro da cidade paralisado, de ze nas de fe ridos dos dois lados e três viaturas do E xe rcito ince ndiadas. 184-C arlos Albe rto Brilhante Ustra - 20 de junho -1.500 participante s, e ntre e studante s e populare s, invadi­ ram e ocuparam a R e itoria da Unive rsidade F e de ral do R io J ane iro, na Urca. subme te ndo os profe ssore s a constrangime ntos e ve xame s, obrigando-os a sair por um corre dor formado por uma massa de agitadore s que gritavam palavras de orde m. - 21 de junho - O ce ntro da cidade do R io de J ane iro tomou-se um campo de batalha. A violência foi tão brutal que e sse dia ficou conhe cido na história do movime nto e studantil como “Se xta-F e ira Sangre nta”. Aproxima­ dame nte de z mil pe ssoas, e ntre e studante s, populare s e muitos infiltrados, ince ndiaram carros, agre diram motoristas, saque aram lojas e atacaram a tiros a E mbaixada Ame ricana e as tropas da Polícia M ilitar. Saldo da batalha cam­ pal: ce nte nas de fe ridos e quatro mortos, de ntre os quais o sarge nto da Polí­ cia M ilitar Ne lson de Barros e os civis F e rnando da Silva Le mbo, M anoe l R odrigue s F e rre ira e M aria Ange la R ibe iro, atingidos por balas pe rdidas. - 22 de junho - De ze nas de manife stante s te ntaram ocupar, se m suce sso, a Unive rsidade de Brasília (UnB). - 24 de junho - C e rca de 1.500 manife stante s re alizaram uma passe ata no ce ntro de Sào Paulo e de pre daram a farmácia do E xército, o C ity Bank e a se de do jornal O Estado de S. Paulo. - 26 de junho - Ao me smo te mpo e m que ocorriam distúrbios e studantis e m Be lo Horizonte , um carro-bomba e ra lançado pe la VPR e de struía parte do Quarte l Ge ne ral do II E xército, matando o soldado M ário Koze l F ilho. Ne sse me smo dia, no R io de J ane iro, uma passe ata, de nominada “Passe ­ ata dos ce m mil”, saiu da C ine lândia, passou pe la C ande lária e foi até o Palá­ cio T irade nte s (Asse mbléia Le gislativa). E ngrossavam a me sma, padre s, ar­ tistas, inte le ctuais, profe ssore s e ope rários. As palavras de orde m, as me smas dc se mpre . O s líde re s comunistas tinham conse guido aglutinar vários se tore s e partiam para a te rce ira te ntativa de tomada do pode r. - 27 de junho - Uma comissão de organizadore s da “Passe ata dos ce m mil”, composta, de ntre outros, por F ranklin de Souza M artins, da Dissidência C omunista da Guanabara (DI/GB), e por M arco Antônio da C osta M e de iros, do Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR ), foi a Brasília pre ssio­ nar as autoridade s. Não foi re ce bida. Horas de pois, re alizou-se uma passe ata na cidade , com a pre se nça de aproximadame nte mil pe ssoas, e ntre e studante s, parlame ntare s e sace rdote s. T e rminadas as “J ornadas de J unho” as manife staçõe s se re iniciaram: - 3 de julho - De ze nas de agitadore s, portando me tralhadoras, fuzis, re ­ vólve re s e coque téis “molotov”, ocuparam as F aculdade s de Dire ito, F iloso­ fia e E conomia da Unive rsidade de São Paulo (USP), faze ndo ame aças de colocação de bombas. A ve rdade sufocada -185 - 4 de julho - No ce ntro do R io de J ane iro, nova manife stação, a “Passe ­ ata dos cinqüe nta mil”, foi o ponto culminante da radicalização ide ológica. No final da manife stação, postados e m fre nte à C e ntral do Brasil, provocavam os soldados que faziam guarda ao prédio do M inistério do E xército gritando: “só o povo armado de rruba a ditadura”. - 23 de julho - R e alizados e m São Paulo comícios re lâmpagos com a parti­ cipação de ope rários de O sasco. - E m 29 de agosto, tumultos agitaram o inte rior da UnB, com de pre daçõe s de salas de aula e disparos de armas de fogo, ocasião e m que foi pre so o militante da AP, e studante Hone stino Guimarãe s, pre side nte da F e de ração de E studante s Unive rsitários de Brasília (F E UB). Hone stino Guimarãe s consta da lista de de sapare cidos políticos até os dias de hoje . Ainda e ram de sconhe cidas as várias corre nte s e m que a e sque rda se havia dividido. Um Siste ma de Informaçõe s, re cém-criado, ainda de ficie nte , não ti­ nha uma clara pe rce pção do que te ríamos pe la fre nte . José Dirceu e o movimento estudantil E m 1964, J osé Dirce u tinha 19 anos. Ne ssa época, e ra e studante se cundarista cm São Paulo e participava do movime nto e studantil, filiado ao PC B. Se u líde r cra C arlos M arighe lla e e le logo ade riu à “C orre nte R e volucionária”, criada de ntro do PC B para de fe nde r a luta armada. No fmal de 1966, ingre ssou na “Ala M arighe lla” que , um ano de pois, se chamaria Agrupame nto C omunista de São Paulo (AC /SP). E m 1968, J osé Dirce u e ra pre side nte da União E stadual dos E studante s |(UE E ) e insuflava os jove ns a pe gar e m armas. No dia 2 de outubro, foi um dos líde re s do conflito no qual se e nvolve ram, na R ua M aria Antônia, mil unive rsitários da F aculdade de F ilosofia da USP e do M acke nzie . O s alunos da USP, e m São Paulo, maior ce ntro e studantil de e sque rda da época, orga­ nizaram um pe dágio para arre cadar dinhe iro para a UNE . R e voltados com as bade rnas constante s, provocadas pe los e sque rdistas, os alunos do M acke nzie , lituado na me sma rua, ao ne gare m a contribuição, foram atacados e re vidaram. O n e studante s transformaram a R ua M aria Antonia e m um ve rdade iro campo dc batalha. Saldo: o e studante se cundarista J osé Guimarãe s morto com um liro na cabe ça, de z outros fe ridos e cinco carros oficiais ince ndiados. C om todo e sse clima, e m 12 de outubro, a UNE re alizou e m Ibiúna, no inte rior de São Paulo, o se u XXX C ongre sso. Informada por te le fone , a polícia ce rcou e pre nde u os participante s. No congre sso e stavam pre se nte s dive rsos pndre s e se minaristas: T ito de Ale ncar Lima, Domingos F igue ire do E ste ve s 186-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Guimarãe s, Luiz F e lipe R atton M ascare nhas, Anastácio O rth, E loi Alfre do dc Pie tá e Antônio J oão. F oram e nquadrados 712 e studante s e m IPM . Ape nas 10 tive ram prisão de cre tada. F oram pre sos, e ntre outros, VIadimir Palme ira, F ranklin de Souza M artins, Luiz Gonzaga T ravassos da R osa, He le nira R e ze nde e J osé Dirce u dc O live ira e Silva. A prisão de J osé Dirce u, por ocasião do C ongre sso da UNE , impe diu por uns te mpos, que continuasse , fisicame nte , a participar das agitaçõe s de rua, mas nâo o impe diu de continuar, me smo pre so, a insuflar os jove ns. Do pre sídio, acompa - nhou a transformação do AC /SP e m A LN (Ação Libe rtadora Nacional), uma das mais viole ntas organizaçõe s te rroristas que atuaram no Brasil, até se r, e ntre ou­ tros, trocado pe la vida do e mbaixador dos E stados Unidos. Hoje , passados 40 anos, pode -sc afirmar, com ce rte za, que os jove ns fo­ ram le vados à violência pe la ação constante dc infiltrados e m se u me io. O s comunistas come çaram doutrinando os se cundaristas mais male áve is c prosse ­ guiram no me io unive rsitário, induzindo-os a militar e m organizaçõe s subve rsi vo-te rroristas, le vando muitos à prisão, outros ao e xílio e alguns à morte . Sobre J osé Dirce u, voltare mos a e scre ve r no capítulo “M ovime nto de Li­ be rtação Nacional - M olipo”. Resgate da história do movimento estudantil brasileiro A razão pe la qual re solvi e scre ve r o que se i, ve ndo e vive ndo as situaçõe s de scritas, é, e xatame nte , a parcialidade e m todos os movime ntos de “re sgate da história”, se mpre contada por participante s de um só lado. Ve ja o e xe mplo abaixo: E m março de 2004, a re vista Petrobras - n° 98 publicou a se guinte re portage m: “Aque le s dourados anos re be lde s. A história do movime nto e studantil brasile iro, com de staque para a União Nacional dos E studante s (UNE ). R e sgate da nossa história" [parte da matéria]. “Por inte rmédio da R e de Globo de T e le visão, a F undação R o­ be rto M arinho promove rá uma inte nsa campanha de mobilização para pe dir a contribuição de todos que , de uma forma ou de outra, participaram do movime nto e studantil nas ultimas décadas. “F oto­ grafias, docume ntos e re corte s de jornais se rão transformados e m arquivos e licarào à disposição da socie dade e m C D-R O M S c A ve rdade sufocada -187 SIT E . Num se gundo mome nto, produzire mos duas publicaçõe s e uma e xposição pe rmane nte . Assim, vamos re constmindo a me mó­ ria histórica do movime nto, que , se m dúvida, se rá de grande valia para as futuras ge raçõe s” e xplica J uliana Guimarãe s da F undação R obe rto M arinho. Além dos docume ntos o proje to pre vê a grava­ ção de de poime ntos de e x-militante s que que iram colaborar. “O de poime nto oral dc que m fe z o movime nto e studantil, e spe cialme n­ te e m sua fase mais inte nsa, a partir da década de 1960 é funda­ me ntal”, diz J uliana, ce rta de que não vão faltar colaboraçõe s.” J e an M arc van de r We id, e x-pre side nte da UNE , e le ito já na clande stinidade e m 1969, pre te nde colaborar: “Acho importan­ te e sse trabalho de re sgate . E da nossa história que e stamos fa­ lando”, diz o e x-militante e xilado por 10 de z anos ...” M aria Augusta C arne iro R ibe iro, a Guta, hoje ouvidora ge ­ ral da companhia, é uma e ntusiasta do proje to. Afinal, e la própria é parte viva de ssa história. Prime iro como militante e studantil e de pois como uni dos quadros da re sistência à ditadura militar, pre ­ sa e banida do País como J e an M arc e tantos outros”. “...quando a Pe trobras se propõe a financiar um proje to como e ste , e stá re afirmando sua nova dime nsão como e mpre sa volta­ da cada ve z mais para a re sponsabilidade social. A história do movime nto e studantil é mais um e xe mplo de uma tradição do povo brasile iro: a ge ne rosidade , o trabalho solidário cm be ne fício da cole tividade , como fize ram no passado, e ainda faze m, os ne gros e m se us quilombos. E e ssa me mória não pode se pe r­ de r”, afirma Guta.” J e an M arc van de r We id: J á e m 1962, no grêmio do C olégio São F e rnando (no R io) e u fazia política. E m 1963, conse guimos e le ge r uma dire toria puro- sangue da AP (Ação Popular). Pouco de pois, formamos uma fre nte única com o Partidão (Partido C omunista).” M aria Augusta C arne iro R ibe iro, a Guta: “...e ntre i na mi l i tânci a aos 16 anos, pe la poria do Grêmi o E studanti l do C ol égi o, de poi s de che gar ao R io. I ra/i da dc Sal va­ dor pe la fainíiia...” 188-C arlos Albe rto Brilhante Ustra “...e m 1967, com 20 anos, cursava a E scola Nacional de Di­ re ito da Unive rsidade do Brasil (hoje UF R J ) e lá, no C aco Livre - organização para-partidária - passe i por toda uma formação polí­ tica, com a maior disciplina e de dicação. E stive e m Ibiúna e m 1968, como quase toda a militância da época. Que ríamos a cons­ trução de um partido comunista que fize sse do Brasil um país mais igualitário, se m fome ou injustiças sociais. De pois do AI-5, fui pre ­ sa e banida, mas não me arre pe ndo de nada. F aria tudo de novo”. (http://ouvidona.pe trobras.com.br/ouvidoria/noticias) A me mória da mídia é quase se mpre se le tiva. O e xe mplo disto é o livro Jornal Nacional - A notícia f a z a história, sobre o J ornal da Globo que foi a*» ar pe la prime ira ve z e m I ode se te mbro de 1969 e que , ape sar de cobrir os piore s mome ntos da subve rsão e do te rrorismo no Brasil, de dica ape nas pou cas linhas sobre o assunto. O capítulo intitulado “O s militare s e a ce nsura”, fala ape nas do se qüe stro do e mbaixador ame ricano e da morte de Lamarca, abran ge ndo o te ma da ce nsura, e se re fe re à morte de Lamarca como uma e xe cução Impre ssionante , como da me mória da Globo foram apagadas as atrocidade s come tidas pe los “jove ns e studante s”. Pre ocupa-nos agora que o R e sgate da História, patrocinado pe la Pe trobras, te nha também ignorado os atos insanos come tidos por e sse s jove ns. Porque se rá que , e m busca da história, omite m os atos subve rsi vo-te rroris tas e a ve rdade ira inte nção da luta iniciada, ainda ante s da C ontra-R e volução? Por ignorância, impossíve l! Para e sconde r a ve rdade , talve z, pois que m sabe . agora mais ve lhos, e sse s “e studante s” ainda pre cisarão usar os jove ns de hoje para uma nova te ntativa de tomada do pode r. F onte : - Proje to O rvil. Assalto ao Hospital Militar 22/06/1968 A Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ) procurava aume ntar o se u mate rial bélico. E duardo Le ite , o “Bacuri”, e Wilson E gídio F ava de ram a idéia dc assaltar e roubar as armas dos soldados que davam guarda no Hospital M ilitar do C ambuci. Wilson F ava, quando soldado, já de ra guarda no hospital c conhe cia as instalaçõe s. Se ria uma ope ração se m muito risco, porque o hospital ocupava uma gran­ de áre a e ne la e xistiam só dois postos de se ntine la: um na e ntrada principal e f“jtro nos fiindos. j O ace sso aos dois postos e ra be m fácil, pois cada um tinha um portão e o irânsito de ve ículos e ra pouco inte nso. i Se gundo a VPR , além do roubo das armas, a ação se rviria, também, para a paganda da luta armada no Brasil. F e ito os le vantame ntos, foi e scolhido o dia 22 de junho de 1968, à 1hora madrugada, e xatame nte no horário da troca de guarda. Para facilitar a e ntra- u no quarte l, de ve riam contar com uma ambulância, roubada por Dulce de uza M aia. Pe dro Lobo de O live ira che fiou e ssa ação, que te ve suce sso, mas abou re tardando a ope ração. O ataque passou e ntão para as 3 horas da madrugada de sse me smo dia. om o atraso, ficaram com me do que a ambulância roubada passasse a se r urada pe la polícia e re solve ram substituí-la por um carro grande . F oram formados três grupos: o prime iro, com o carro grande , e stava sob o mando de Pe dro Lobo de O live ira. C onduzia cinco militante s, dos quais um ava uma farda de te ne nte do E xército e o outro de soldado. O grupo tinha mo missão re nde r a se ntine la do portão dos fundos e , a se guir, dirigir-se ao lojame nto da guarda para re nde r os soldados que lá se e ncontravam. O se gundo grupo, num F usca, comandado por J osé R onaldo T avare s de ira e Silva, também conduzia um “te ne nte ” e um “soldado”. Um te rce iro grupo, e m outro carro, tinha a missão de cobe rtura para as raçõe s. A guarda do hospital e ra formada por soldados da C ompanhia de Pe tre - os Pe sados, do 2oBatalhão/4° R I, por coincidência a companhia que Lamarca mandaria até de se rtar. O prime iro grupo cumpriu facilme nte a sua missão. Ao che gar ao portão, piscou os faróis, o “te ne nte ” saiu do carro e a se ntine la, se m qualque r pe rgunta, !p de ixou e ntrar, assim como o F usca do se gundo grupo. Após dominare m o [loldado, se guiram até o alojame nto onde e stavam se ntados, conve rsando, se te Soldados que também foram re ndidos. O se gundo grupo che gou até o portão 190-C arlos Albe rto Brilhante Ustra principal. O outro “te ne nte ” saltou do F usca e pe rguntou ao soldado porque e le havia atirado com o F AL. O soldado, surpre so, re sponde u que não havia fe ito ne nhum disparo. O ‘"te ne nte ” pe diu-lhe para ve r sua arma. O soldado a e ntre ­ gou e , ime diatame nte , foi re ndido. Na ope ração ne nhum disparo foi e fe tuado, pois todos os soldados se re n­ de ram se m re ação e os te rroristas se apossaram de nove fuzis F AL. Se m dúvida alguma, foi uma ope ração be m plane jada e com êxito. Por mais aprimorada que fosse a instrução e que se chamasse à ate nção dos soldados, a rotina do se rviço fazia com que , aos poucos, tudo se acomo­ dasse , inclusive as normas de se gurança. F oi pre ciso que e sse e xe mplo e outros fosse m e xplorados, mostrando o início de uma gue rrilha urbana e que a vida de le s passaria a corre r pe rigo. A partir de e ntão, vive nciariam uma nova situação. Participaram do assalto ao Hospital M ilitar os se guinte s te rroristas da VPR : C láudio de Souza R ibe iro; Dióge ne s J osé de C arvalho O live ira; E duardo Le ite . “Bacuri”; J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva; J osé Araújo Nóbre ga; O tadlio Pe re ira da Silva; O nofre Pinto; Pe dro Lobo de O live ira; R e nata F e rraz Gue r­ ra de Andrade ; Wilson E gídio F ava; e Dulce de Souza M aia. O comandante do II E xército, o ge ne ral M anoe l R odrigue s C arvalho Lis­ boa, re voltado com o assalto ao hospital, e m e ntre vista, disse : “Atacaram um hospital, que ve nham atacar o me u quarte l!.” Quatro dias de pois, os te rroristas, audaciosame nte , ate nde ram ao de safio do ge ne ral e e mpre e nde ram um dos se us mais bárbaros ate ntados. F onte s: - UST R A,C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. - Proje to O rvil. -C ASO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil-1967/1971 - M orae s E ditora. Atentado ao QG do II Exército 26/06/1968 Na madrugada fria e nublada do dia 26 de junho de 1968, no Quarte l Ge ne ral do J1E xército, o silêncio e a tranqüilidade e ram visíve is. O ficiais, sarge ntos e soldados dormiam e de scansavam. Nos se us postos, as se ntine las e stavam ate ntas, ze lando pe la vida de se us companhe iros e prote ­ ge ndo as instalaçõe s do QG, pois o pe ríodo e ra conturbado. As guaritas e sta­ vam guarne cidas por jove ns soldados que , aos 18 anos, cumpriam com o de ­ ve r, pre stando o se rviço militar obrigatório. T odos pe rte nciam ao e fe tivo do 4o R I e se apre se ntaram nos prime iros dias de jane iro. Durante a instrução, e ram continuame nte ale rtados a re spe ito da situação que o País atrave ssava. Sabiam que ne ssas ocasiõe s os quartéis sào muito visa­ dos, como possíve is alvos para as açõe s te rroristas. Além disso, todos foram ale rtados e soube ram dos de talhe s do assalto ao Hospital M ilitar, pois as víti­ mas e ram se us cole gas do 4oR I, unidade do E xe rcito onde se rvia Lamarca, que já pe rte ncia à VPR . Quando assumiram o se rviço dc guarda no QG, foram instruídos quanto aos proce dime ntos e m caso de um ataque às instalaçõe s do quarte l. T odos e stavam te nsos e ansiosos. M al sabiam que um grupo de de z te rroristas, e ntre e le s duas mulhe re s, ro­ davam e m um pe que no caminhão, carre gado com 50 quilos de dinamite , e mais três F uscas, na dire çào do QG. T inham a missão de causar vítimas e danos mate riais ao Quarte l Ge ne ral. T inham por obje tivo a propaganda da luta arma­ da, além de dar uma re sposta ao comandante do II E xército quando e ste os de safiou a atacar se u quarte l. Por me do e por covardia, nào tive ram a corage m de atacá-lo de outro modo que não fosse por um ato de te rror. Se guiam os e nsiname ntos de se u líde r, C arlos M arighe lla que , no se u Minimanual dizia: “O te rrorismo é uma arma a que jamais o re volucionário pode re nunciar/’ “Se r assaltante ou te rrorista c uma condição que e nobre ce qualque r home m honrado.” As 4h30, a madrugada e stava mais fria c com me nos visibilidade . Ne ssa hora, uma se ntine la atirou e m uma caminhone te , que passava na Ave nida M are ­ chal Stênio Albuque rque Lima, nos fundos do QG, e te ntava pe ne trar no quar­ te l. De sgove rnada, bate ra, ainda na rua, contra um poste . As se ntine las viram quando um home m saltou de sse ve ículo e m movime nto e fugiu corre ndo. O soldado F dson R obe rto R ufino disparou se is tiros contra o ve ículo. 192-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O soldado M ário Koze l F ilho, pe nsando que se tratava de um acide nte de trânsito, saiu do se u posto com a inte nção de socorre r algum prováve l fe rido. Ao se aproximar, uma viole nta e xplosão provocou de struição e morte num raio de 300 me tros. Passados alguns minutos, quando a fumaça e a poe ira se dissiparam, foi e ncontrado o corpo do soldado Koze l totalme nte dilace rado. O corone l E lde s de Souza Gue de s, os soldados J oão F e rnande s de Souza, Luiz R obe rto J uliano, E dson R obe rto R ufino, He nrique C haicowski e R icardo C harbe au ficaram muito fe ridos. C onsumava-se mais um ato te rrorista da VPR . O s e stragos só nào foram maiore s porque a caminhone te , ao bate r no pos­ te , parou e não pe ne trou no quarte l. A se guir, transcre vo parte do de poime nto do e x-soldado Pe dro E rne sto Luna, e m carta difundida, re ce nte me nte , na Inte rne t: “J amais vou me e sque ce r daque la madrugado do dia 26 de ju­ nho de 1968. O s gritos que são os únicos que , mais de trinta anos de pois, conse gue m atrave ssar minha surde z, junta-se à visão da fu­ maça, do sangue e do fogo. Naque la noite , e stava de se ntine la e acabara de se r substituído pe lo soldado M ário K.oze l F ilho. R e colhi- me à C asa da Guarda para dormir algumas poucas horas até a alvo­ rada, quando ouvi a e xplosão lá fora. C orri para o portão das armas. Abalroada contra a pare de , uma caminhone te ardia e mchamas. Ao lado de la o soldado Koze l jazia morto. Atrope lado. E xplodido. O prime iro pe nsame nto que me ve io foi de que pode ria te r sido e u!” O soldado M ário Koze l F ilho, carinhosame nte chamado de Kuka, e ra filho de M ário Koze l e de D. T e re za Koze l, tinha uma irmã, Suzana Koze l Vare la, e um irmão, Sidne y Koze l, com 14 anos de idade . O se nhor M ário e ra técnico e m me cânica e trabalhava nas oficinas de manute nção do Grupo Vicunha. E conomi­ zava para montar uma oficina de re gulage m de motore s que Kuka lhe pe dira. Ao dar baixa do E xército, o que ocorre ria de ntro de se is me se s, Kuk;i pre te ndia se r me cânico de automóve l. A tragédia os atingiu e m che io e acabou com o sonho de um lar de humil­ de s trabalhadore s. Após o acide nte , o irmão Sidne y e ntrou e m de pre ssão e e m se us de lírios conve rsava com o irmão Kuka. E m 1980, cada ve z mais de primido, fale ce u de cânce r. O se nhor M ário e stá apose ntado. E le e D. T e re za pe rde ram se us dois úni­ cos filhos home ns. Vive m com dificuldade s finance iras, pois a saúde de ambos ficou muito abalada. A ve rdade sufocada -193 A titulo de inde nização, o gove rno fe de ral conce de u-lhe s uma pe nsão me n­ sal de R $ 300,00 que , e m 28/12/2005, foi re ajustada para R S 1.140,00, e n­ quanto pre miou He itor C ony, porque foi de spe dido de um jomal, com uma pe nsão me nsal supe rior a R $ 19.000,00. O soldado M ário Koze l F ilho morre u no cumprime nto do de ve r e foi promovido a sarge nto após a sua morte . O E xército Brasile iro, numa justa home nage m, colocou o se u nome na praça principal do QG do antigo II E xér­ cito, hoje C omando M ilitar do Sude ste . Na Praça Sarge nto M ário Koze l F ilho, ge raçõe s e ge raçõe s de soldados de sfilarão e e starão se mpre se ndo le mbradas do jove m e vale nte soldado que morre u de fe nde ndo aque le Quarte l Ge ne ral de um ataque te rrorista. T ambém, e m sua home nage m, foi dado o nome de Sarge nto M ário Koze l F ilho à ave nida que passa e m fre nte ao QG F oi impre ssionante o silêncio do arce bispo de São Paulo, D. E varisto Ams, a re spe ito de sse ato de te rror. E sse silêncio suge re que , para o santo arce bis­ po, Koze l não me re cia as me smas home nage ns que e le pre stava quando morria um te rrorista, ocasião e m que re unia, para uma missa, milhare s de pe ssoas na C ate dral da Sé. T ambém é impre ssionante , porém re ve lador, o silêncio do de putado Luiz E duardo Gre e nhalgh e do ministro Nilmário M iranda, que nunca conde naram e sse crime he diondo e muito me nos visitaram a família de Koze l, e m nome da C omissão de Dire itos Humanos. Dire itos humanos! Para a e sque rda tudo, para as vítimas da e sque rda a indife re nça. O utra afronta é a mane ira como J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva te n­ tou justificar e sse crime odie nto, no livro A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - quando diz: “Não tínhamos a inte nção de fe rir ne nhum soldado, ne m se ­ que r a se ntine la postada, e vide nte me nte , à e ntrada do quarte l. E ssa nossa pre ocupação (re conhe ço que de ce rto modo, ide alista) le ­ vou-nos a colocar um cartaz na fre nte da caminhone te com a adve rtência: Afaste -se ! E xplosivos.” O ra, só alguém com a sanidade me ntal abalada acre dita ne ssa história. C omo se os e xplosivos, ao se re m de tonados, de sse m te mpo para que os soldados le sse m, de longe e com pouca visibilidade , a bobage m que ale gam te r e scrito. A pe rícia não achou ne nhum ve stígio que provasse o que e le afir­ ma, e mbora, se confirmada, a absurda ve rsào não alte raria a re alidade da ocorrência ne m a insanidade dos re sponsáve is pe la ação. 194-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Prosse guindo nas suas justificativas, voltou a afirmar: “Nosso obje tivo, com aque la ação, e ra atingir a alta oficialida­ de do II E xército e não matar soldados.” E ssa afirmação é de sre spe itosa até me smo para os te rroristas. J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva de via acre ditare m papai-noe l, contos da carochinha, ou que os e xplosivos e ram te le guiados e que base ariam, se le tivame nte , as suas vítimas. O ra, como um carro bomba faria e ssa se le ção? C omo arre me ssar um carro che io de e xplosivos contra um quarte l, onde há soldados, sarge ntos e oficiais e , se m sabe r onde e le s e stão, e spe rar que a onda de choque e os e stilhaços só pe rsigam e atinjam os oficiais e nunca os soldados? Participaram da ação os se guinte s te rroristas: Waldir C arlos Sarapu - VPR : Wilson E gídio F ava - VPR ; O nofre Pinto - VPR ; E duardo C olle n Le ite - R E DE : Dióge ne s J osé de C arvalho O live ira - VPR ; J osé Araújo Nóbre ga - VPR ; O sval­ do Antônio dos Santos - VPR ; Dulce de Souza M aia - VPR ; R e nata F e rra/ Gue rra de Andrade - VPR ; e J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva - VPR . E re voltante o se ntido ético e moral de ssa ge nte ! Se nào bastasse o mal que causaram com se us atos de de mência, cinicame nte rotulam como “ide alista” a “in­ te nção” de não matar ne nhum soldado ao lançar um cairo bomba contra um quar­ te l. Se tive sse m matado um oficial ou um sarge nto, e staria j ustificada a barbárie ? F oi e ssa forma covarde , a re ação dos comunistas a um re pto lançado por um che fe militar? Que ide al é e sse , que se asse nta no abje to conce ito de que “se r assaltante ou te rrorista é uma condição que e nobre ce qualque r home m honrado” ? Honrade z é uma virtude que passa muito longe de sse s de sviados. O “ide alismo” é tão grande que , hoje , e le s e ntope m o M inistério da J usti­ ça com os incontáve is pe didos de inde nização por te re m sido “pe rse guidos" por uma “ditadura”. O s “ide alistas” foram ve ncidos na luta armada, mas hoje e stão por aí re gia me nte inde nizados e e m altos cargos - principalme nte no gove rno a ditai re gra com se us “e le vados” princípios éticos e morais. F onte s: - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio - C ASO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil -1967/1971 - M orae s E ditoni - Proje to O rvil. A ve rdade sufocada -195 Instalações do QG atingidas pela explosão «S· « . > -Í É. . ^ T f listado cm que ficou a viatura que carregava os explosivos “Tribunal Revolucionário” e novas sentenças 1. Maj or do exército alemão Edward Krnest Tito Otto Maximilian von Westernhagen - 01/07/1968 E m 1968, o capitão do e xército boliviano Gary Prado fazia o C urso de E stado-M aior, na Praia Ve rme lha, R io de J ane iro, junto comigo. E le ficara conhe cido inte rnacionalme nte como o oficial que te ria participado da pe rse guição e morte , nas matas da Bolívia, do gue rrilhe iro C he Gue vara. Sabe doras de sua pre se nça no R io de J ane iro, organizaçõe s te rroristas se inquie taram. O “T ribunal R e volucionário” foi convocado e o oficial boliviano conde nado à morte . Para a ação te r êxito, o le vantame nto come çou nas saídas da E scola de E stado-maior (E C E M E ), se guindo o oficial até a sua re sidência, na Gáve a, bairro pacato do R io de J ane iro. C onhe cido o traje to e e scolhido o me lhor local para o assassinato, partiram os carrascos para e xe cutar a se nte nça. No dia Iode julho de 1968, J oão Lucas Alve s, Se ve rino Viana C ollon e mais um te rce iro militante , até hoje não ide ntificado, todos do C omando de Libe rtação Nacional (C O LINA), e m um F usca, ficaram à e spre ita na R ua E nge nhe iro Duarte , na Gáve a. Ali, naque la rua tranqüila, ao avistare m o oficial e xe cutaram-no, fria e covarde me nte , com de z tiros. De pois de ve rificare m que o militar e stava morto, le varam sua pasta para simular um assalto. M ais tarde , ao abrire m a pasta, ve rificando os docume ntos do “justiçado”, constataram o te rríve l e ngano. Gary Prado fora salvo por um le vantame nto malfe ito. De sconhe ciam os uniforme s. E m se u lugar, haviam assassinado o major ale mão E dward E me st T ito O tto M aximilian von We ste mahage n, cole ga de Gary Prado. Para as autoridade s policiais da época o crime te ria sido come tido por assaltante s. O assassinato pe rmane ce u e ncobe rto e o C O LINA não o assumiu, até hoje , por causa do te rríve l e ngano come tido. 2. Capitão do Exército dos Estados Unidos Charles Kodney Chandler-12/10/1968 A Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ) de se java re alizar uma ação que tive sse re pe rcussão no e xte rior, ao me smo te mpo que a proje tasse no âm­ bito das organizaçõe s te rroristas nacionais. 198-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A proposta foi discutida e ntre M arco Antônio Braz de C arvalho, o “M arquito”, da ALN, ligação de M arighe iia com a VPR , e O nofre Pinto, de ssa se gunda organização. F oi e studada a possibilidade de assassinar o capitão do E xército dos E UA C harle s R odne y C handle r, aluno bolsista da Unive rsidade de Sào Paulo. E le cumprira missão no Vie tnam e vie ra para o Brasil com a e sposa J oan Xotale tz C handle r e quatro filhos me nore s. F azia um curso na E scola de Sociologia e Política da F undação Álvare s Pe nte ado, e m São Paulo. Para justificar o “justiçame nto”, ale garam que C handle r lutara contra a causa do Vie tnam e e ra re pre se ntante do impe rialismo ame ricano. Novo “T ribunal R e volucionário” e novos “honoráve is juize s” foram convo­ cados: O nofre Pinto, J oão Quartin de M orae s e Ladislas Dowbor, todos da VPR , conde naram-no à morte . E m se guida, passaram à ação. E ra ne ce ssário “le vantar” a re sidência do militar ame ricano e se us hábitos, o que foi fe ito por Dulce de Souza M aia, a “J udite ”, também da VPR . C oncluído o le vantame nto, os dados foram e ntre gue s ao grupo de e xe cu­ ção, formado por: Pe dro Lobo de O live ira - VPR ; Dióge ne s J osé de C arvalho O live ira - VPR ; e M arco Antonio Braz de C arvalho - ALN. Dulce de Souza M aia fe z o le vantame nto como uma profissional do te rror, ao contrário da ação ante rior. E scolhe ram, para maior re pe rcussão, o dia 8 de outubro, anive rsário de um ano da morte de C he Gue vara. C omo C handle r não saiu de casa ne sse dia, o “justiçame nto” foi adiado. No e ntanto, não de sistiram e no dia 12 de outubro de 1968, às 8h 15, e xe ­ cutaram a se nte nça. De uma casa ajardinada na R ua Pe trópolis, no Sumaré, C handle r saiu para mais um dia dc e studos. E ra um home m alto, forte , cabe los curtos, 30 anos. J á se de spe dira dos filhos: J e ffre y (4 anos), T odd (3 anos) e Luanne (3 me se s). R e tardou-se um pouco se de spe dindo de J oan, sua mulhe r. O filho mais ve lho, Darryl, de nove anos, como fazia todos os dias, corre u para abrir o portão da garage m. J oan de u-lhe ade us. O grupo de e xe cução o e spre itava com uma me tralhadora INA e dois re ­ vólve re s calibre 38.0 carro usado e ra um Volks roubado, que impe diu a pas­ sage m do carro do capitão. Dióge ne s J osé C arvalho O live ira de scarre gou à que ima roupa os se is tiros do se u re vólve r. E m se guida. M arco Antônio Braz de C arvalho de sfe riu-lhe uma rajada dc me tralhadora. A ve rdade sufocada -199 No inte rior do carro, crivado de balas, e stava morto C harle s R odne y C handle r. ‘'C handle r cruzou o portão e ganhou a calçada, ainda e m mar­ cha atrás. Ante s que a carrinha (sic) alcançasse a rua, coloque i o Volks de tal modo que bloque ava a passage m do ve ículo de C handle r pe la sua parte trase ira, impe dindo-o de continuar a mar­ cha. Ne sse instante um dos me us companhe iros saltou do Volks, re vólve r na mão, e disparou contra C handle r. Quando soaram os prime iros disparos, C handle r de ixou-se cair rapidame nte para o lado e sque rdo do banco. E vide nte me nte e stava fe rido. M as e u, que e stava e xtre mame nte ate nto a todos os se us movime ntos, pe rce bi que e le não tombara some nte e m conse qüência das fe ridas. F oi um ato instintivo de de fe sa, por­ quanto se move u com muita rapide z. Quando o prime iro compa­ nhe iro de ixou de disparar, o outro se aproximou com a me tralha­ dora IN A e de sfe riu-lhe uma rajada. F oram 14 tiros. A 15abala não de flagrou e o me canismo automático da me tralhadora de i­ xou dc funcionar. Não havia ne ce ssidade de continuar disparan­ do. C handle r já e stava morto...” Quando re ce be u a rajada de me tralhadora e mitiu uma e spécie de ronco, um e ste rtor, e e ntão de mo-nos conta de que e stava morto. Ne sse mome nto e u lançava à rua os impre ssos que e sclare ciam ao povo brasile iro das nossas razõe s para e liminar C harle s C handle r...” O s folhe tos concluíam com as se guinte s con­ signas: “O DE VE R DE T O DO O R E VO LUC IO NÁR IO É F A­ ZE R A R E VO LUÇÃO ! C R IAR DO IS, T R ÊS, M UIT O S VIE T NAM E S...” “C onside ramos de sne ce ssária cobe rtura armada para aque la ação. T ratava-se de uma açào simple s. T rês combate nte s re volu­ cionários de cididos são suficie nte s para re alizar uma ação de justiçame nto ne ssas condiçõe s. C onside rado o níve l e m que se e ncontrava a re pre ssão, naque la altura, e nte nde mos que não e ra ne ce ssária a cobe rtura armada.” (De poime nto de Pe dro Lobo de O live ira, transcrito do livro A Esquerda Armada no Brasil, de Antônio C aso). E ra e ssa a forma usada pe los criminosos da e sque rda re volucionária para dar curso à sua 'luta contra a ditadura militar”. Assassinar com crue ldade e ra o dia-a-dia de sse s sanguinários combate nte s do marxismo-le ninismo. 200-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Participaram da ação: O nofre Pinto - VPR ; J oão C arlos Kfouri Quartin de M orae s - VPR ; Ladislas Dowbor - VPR ; Dulce de Souza M aia - VPR ; Pe dro Lobo de O live ira - VPR ; Dióge ne s J osé de C arvalho O live ira - VPR ; e M arco Antônio Braz de C arvalho - ALN. Dióge ne s J osé de C arvalho O live ira, um dos e xe cutore s da se nte nça te m o se guinte currículo, publicado no site da O NG - Grupo T e rrorismo Nunca M ais - T E R NUM A www.te muma.com.br - “O nde e le s e stão”: “Nos se us te mpos dc te rrorista, usou os codinome s de “Le an­ dro”, “Le onardo”, “Luís” e “Pe dro.” “A re volução dc março 64 o e ncontrou como militante do Par­ tido C omunista Brasile iro (PC B). Se ntindo-se pe rse guido, fugiu para o Uruguai.” “Ainda ne sse ano, arranjado por Brizola, foi faze r curso de gue rrilha e m C uba, onde ficou um ano e se de stacou como e spe ­ cialista e m e xplosivos...” “R e tomou ao Brasil e , e m Porto Ale gre , conhe ce u Almir O límpio de M e lo (Paulo M e lo), que o conduziu a O nofre Pinto, e m São Paulo...” “Pôde assim Dióge ne s, iniciar uma longa trilha de sangue , re ali­ zando algumas de ze nas de açõe s te rroristas na capital paulista.” “O que se se gue é, ape nas, uma pe que na, uma pálida idéia do que praticou e sse militante comunista.” “20 março 68, participou do ate ntado que fe z e xplodir uma bomba-re lógio na bibliote ca da US1S, no C onsulado dos E UA, lo­ calizado no térre o do C onjunto Nacional da Ave nida Paulista. T rês e studante s amigos, que caminhavam pe lo local, foram fe ridos: E dmundo R ibe iro de M e ndonça Ne to, Vitor F e rnando Sicure lla Vare lla e O rlando Love cchio F ilho, que pe rde u o te rço infe rior da pe rna e sque rda.” “20 abril 68, pre parou mais uma bomba, de sta ve z lançada contra o jomal O Estado de S. Paulo... do me smo modo que a ante rior, a e xplosão fe riu três inoce nte s.” “22 junho 68, participou do assalto ao Hospital do E xército e m São Paulo.” / “26 junho 68 fe z parte do grupo de te rroristas que lançou um carro-bomba contra o Quarte l Ge ne ral do e ntão II E xército.” “E m I o agosto 68, participou do assalto ao Banco M e rcantil de São Paulo... no bairro do I laim, com roubo dc NC r S 46 mil.” A ve rdade sufocada - 201 “E m 20 se t. 68 participou do assalto ao quarte l da F orça Públi­ ca, no Barro Branco. Na ocasião foi morto a tiros a se ntine la soldado Antônio C arlos J e ffe ry, do qual foi roubada a sua me tra­ lhadora INA.” “E m 27 out. 68» participou do ate ntado a bomba contra a loja Se ars da Agua Branca.” “E m 6 de z. 68, participou do assalto ao Banco de E stado de São Paulo (Bane spa) da R ua Iguate mi, com o roubo de NC rS 80 mil e o fe rime nto, a coronhadas, do civil J osé Bonifácio Gue re io.” “E m 11de z. 68, participou do assalto à C asa de Armas Diana, na R ua do Se minário, de onde foram roubadas ce rca de me ia ce n­ te na de armas, além de muniçõe s. Na ocasião, foi fe rido o civil Bonifácio Signori.” “E m 24 jan. 69, foi, juntame nte com C arlos Lamarca, o coor­ de nador do assalto ao 4oR I, e m Quitaúna, com o roubo de grande quantidade de armas e muniçõe s.” “E m 2 mar. 69, Dióge ne s foi pre so na Praça da Arvore , e m Vila M ariana.” “E m 14 mar. 70, foi um dos cinco militante s comunistas banidos para o M éxico, e m troca da vida do cônsul do J apão e m Sâo Paulo.” De volta ao Brasil, Dióge ne s filiou-se ao PT . Ganhou de staque na mídia !uma gravação de 1999, e m que o agora e conomista Dióge ne s de O live ira, (dize ndo falar cm nome do gove rnador do R io Grande do Sul, O lívio Dutra, (Solicitava que o e ntão che fe da Polícia C ivil, de le gado Luiz F e mando T ubino, "aliviasse ” a re pre ssão aos biche iros. Ne ssa época, Dióge ne s e ra o pre side n­ te do C lube de Se guros da C idadania de Porto Ale gre , órgão e ncarre gado de ole tar fundos para o PT . Dióge ne s foi casado com Dulce de Souza M aia. J oão C arlos Kfouri Quartin de M orae s é profe ssor titular de F ilosofia e C iências da UNIC AM P. [ Ladislas Dowbor é profe ssor titular de E conomia da PUC /SP. F onte s: - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio - GO R E NDE R , J acob. Combate nas Trevas - E ditora Ática. -Proje to O rvil. - C ASO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - M orae s fcditore s. 202-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Lamarca rouba armas que a nação lhe confiou 24/01/1969 C élula comunista conspira No quarte l do 4o R I, e m Quitaúna, arre dore s da cidade de São Paulo, le rvia o capitão C arlos Lamarca, suspe ito de e nvolvime nto com a subve rsão e o comunismo. Ainda como te ne nte , re sponde u a um inquérito policial militar que apurou a fuga do e x-capitão da F AB, Alfre do R ibe iro Daudt, implicado na “O pe ração Pintassilgo”, pre so na 6aC ompanhia de Polícia do E xército - 6aC ia PE e m Porto Ale gre . Quando Daudt fugiu, coincide nte me nte , o oficial de dia e ra o I o te ne nte C arlos Lamarca. M ais tarde , como capitão, Lamarca, se rvindo no 4oR I, mantinha amizade e contatos com o sarge nto Darcy R odrigue s, que fora pre so e m 1963 por ativi­ dade s políticas e e m 1964 e stive ra re colhido no navio-pre sídio R aul Soare s. Se us ante ce de nte s não e ram bons. Naque la época, e ra comum a e xistência de militare s com o pe rfil de Darcy nos quartéis. E m 1967, Lamarca, já e m contato com M arighe lla e com o PC doB, re solve u se unir ao prime iro e convidou o sarge nto Darcy para faze r o me smo. No prime iro se me stre de 1968, por inte rmédio do e x-sarge nto O nofre Pin­ to, os dois ingre ssaram na VPR c passaram a trabalhar para criar uma célula de ssa organização no 4oR I. C onse guiram as ade sõe s do soldado C arlos R obe rto Zanirato e do cabo J osé M ariani. E m junho ou julho de 1968, um cabo do 4oR I foi convidado e ace itou participar de um grupo de discussõe s políticas, do qual faziam parte militare s do 4° R I. C ompare ce u a várias re uniõe s. E nquanto isso, os assaltos a banco se multiplicavam. O E xército ofe re ce u cursos de tiro para funcionários e funcionárias das agências bancárias. E ssas instruçõe s foram ministradas no 4oR I, te ndo Lamarca como instrutor. Aprnve i- tando-se disso, introduziu Dulce de Souza M aia, sua companhe ira de organiza- çfio, nas aulas de tiro. E m fins de se te mbro de 1968, Lamarca e sua mulhe r visitaram um sarge nto do 4oR I. E nquanto a mulhe r de Lamarca falava e m se parado com a e sposa do sarge nto, e ste , e m outra sala, conve rsava com Lamarca. T anto o sarge nto como a e sposa não gostaram da forma como foram abordados te mas de cunho político nas conve rsas. A conse lho da e sposa, o sarge nto procurou o se u che fe ime diato, o capitão te soure iro, a que m contou sua de sconfiança da noite ante rior. O te soure iro le vou o sarge nto ao che fe da Se ção de I nformaçõe s (S2) do R e gime nto. Do S2 o assunto Ibi le vado ao comandante e , finalme nte , ao 204*C arlos Albe rto Brilhante Ustra ge ne ral comandante da 2aDivisão de E xército (2aDE ), a que m o 4° Kl m» subordinado. O ge ne ral de cidiu que o assunto de ve ria se r mantido e m sigilo r i que o capitão Lamarca e o sarge nto Darcy de ve riam se r vigiados e m suas aii \ i , dade s, inte nsificando-se a busca de provas e de fatos novos, inclusive a ide ni i ficação de outros militare s que pude sse m inte grar a célula subve rsiva. Passaram-se três me se s e o S2 não obte ve ne nhum dado novo. No dia 21 de jane iro de 1969, o me smo cabo que participava dc tim grupo de discussõe s políticas, foi informado de que no dia se guinte ha\ e i m uma re união para de finir as missõe s dos que participariam de um “golpe *Ir mão” no R e gime nto. Ape sar de convocado, o cabo não compare ce u à re união que se rca 11 zou na noite do dia 22 de jane iro. F oi à re sidência do major S2, re latando 1 lhe o ocorrido e informando-o que , ape sar de não sabe r a data da açao plane jada, sabia que e la ocorre ria e ntre os dias 22 e 30 de jane iro. No dia se guinte , 23/01/1969, quinta-fe ira, o comandante do R e ginu-n ; to, cie ntificado pe lo S2, re uniu e m se u gabine te os comandante s dos dor. Batalhõe s, o subcomandante e o fiscal administrativo. Para não “que imar” o cabo, disse que soube ra dos fatos pe lo comandante da 2aDE . De te rminou a substituição do sarge nto e ncarre gado do paiol de munição, a ime diai.i troca dos cade ados do de pósito de armame nto e a inte nsificação da vip lância sobre Lamarca e Darcy. O Plano 4o RI Lamarca plane java roubar armas e muniçõe s da sua unidade , para e ntre ga las à VPR . De nominou e ssa ação de “Plano 4oR I”. T al plano pre via o e mpre g»» dc um caminhão, pintado na cor ve rde -oliva, para facilitar a e ntrada dos te m > ristas no quarte l, usando fardas do E xército, e obe de ce ria ao se guinte e sque ma - Dia 25/01/69, sábado, Lamarca, usando sua Kombi, roubaria os F AL. os morte iros e a munição e stocada na sua C ompanhia, a 2aC ia de Pe tre chos Pe sados do II Batalhão (C PP/2). - Dia 26/01/69, como o sarge nto Darcy se ria o comandante da Guarda, pe rmitiria a e ntrada de um caminhão com as core s do E xército, que carre garia o armame nto do de pósito do 4oR I, e stimado e m mais de 500 F AL. Ante s da che gada do caminhão, num F usca, um grupo de militante s, a pre te xto de visitar um soldado, com a pe rmissão do sarge nto Darcy, pe ne traria no quarte l. E sse grupo, e m caso de alarme , ajudaria Darcy a pre nde r o oficial de dia e de struir o siste ma de comunicaçõe s do quarte l. F ora do quarte l, outros três grupos. Um com a missão de sile nciar as se nline las e os outros para impe dir a che gada de re forços de outras unidade s. A ve rdade sufocada · 205 O “Plano 4oR I” e ra uma das muitas açõe s te rroristas plane jadas para rdircm, simultane ame nte , no dia 26/01/69. E las consistiam numa se qüência Ate ntados para le var o pânico à população de Sào Paulo, criando um clima gue rra civil. Pre viam um ataque à se de do gove rno do e stado, no Palácio Bande irante s; ate ntados com bombas, se me lhante s ao do QG do II E xér- >, na C idade Unive rsitária e na Acade mia de Polícia; ataque ao C ontrole de òo do C ampo de M arte ; tudo para ate morizar a população, de sviar a ate nção órgãos de se gurança c facilitar o transporte do armame nto e munição que am roubados no 4oR I. O fio da me ada E m abril de 2005, e ntre viste i o corone l re formado J ayme He nrique Antune s e ira. C omo major, e le comandava na época de sse s aconte cime ntos a 2a ipanhia de Polícia do E xército, e m São Paulo, re sponsáve l pe la prisão dos me iros te rroristas da VPR e pe la e lucidação de vários crime s por e le s pra- :dos. até e ntão conside rados como de simple s criminosos. Se gundo o corone l Lame ira, e m cumprime nto ao plane jado para o ue ncade ame nto da ope ração “Plano 4oR I ”, Antônio R obe rto E spinosa Hélio), Dióge ne s J osé C arvalho de O live ira (Luiz) e o e x-sarge nto PM e dro Lobo (Ge túlio) roubaram um caminhão C he vrole t, ano 59, e o le va- m para um sítio e m Itape ce rica da Se rra, com a finalidade de pintá-lo nas êore s do E xército. Ne sse sítio, e m locais distintos, moravam duas irmãs que não se davam £cm. C omo o filho de uma foi impe dido de brincar na parte da outra, inclusive J üvando “pe te le cos” para não voltar ao local onde e stavam pintando um cami- nhão, a mãe do me nino, por vingança, além de pre star que ixa na De le gacia de Polícia sobre o incide nte com o garoto e , para que os policiais de sse m maior importância ao caso, ave ntou a possibilidade de o caminhão se r roubado. F oi (dada maior importância ao fato, porque um policial, morador próximo ao sítio, pe rce be u que os fre qüe ntadore s do local andavam se mpre armados. E m razão da de núncia, no dia 23/01/1969, uma quinta-fe ira, o De staca­ me nto da De le gacia de Polícia de Itape ce rica da Se rra ce rcou o sítio e pre n­ de u e m flagrante He rme s C amargo Batista (Xavie r), Ismae l Antônio de Sou­ za (Auro), O svaldo Antônio dos Santos (Portuga) e o e x-sarge nto PM Pe dro Lobo de O live ira (Ge túlio). Ne sse me smo dia, os pre sos foram transfe ridos para o quarte l da 2aC ia de Polícia do Hxército. De pois de inte rrogados, os militare s tive ram a ce rte za de 206-C arlos Albe rto Brilhante Ustra que e ncontraram o fio da me ada. E ra o que ne ce ssitavam para comprovar que os ate ntados fre qüe nte s e ram um proble ma de se gurança nacional. O cami nhão, pintado nas core s do E xército, suge ria que um novo ate ntado, contra quarte l ou instalação militar, e staria para aconte ce r. Assim, se gundo o corone l Lame ira, se m pe rda de te mpo, te le fonou para o oficial supe rior de dia ao QG/II E x, te ne nte -corone l J oão da C ruz Paião, pe dindo autorização para de slocar tropa da C ompanhia para Itape ce rica da Se i ra, se ndo adve rtido de que qualque r de slocame nto de pe ndia de pe rmissão c\ pre ssa do ge ne ral comandante do II E xército. Incontine nti, e le pe diu para que e sse oficial de se rviço obtive sse a pe rmissão, o que mais uma ve z foi ne gad<> por e le nào avaliar corre tame nte a importância do fato. O pe dido foi re ite rado e , como a re sposta foi a me sma, o e ntão major Lame ira solicitou orie ntação de como proce de r, uma ve z que o de slocame nto e ra de suma importância para a conclusão das inve stigaçõe s. F oi aconse lhado a usar o bom se nso. De sculpou se pe la insistência e participou que , usando o bom se nso, de slocaria a tropa sol· se u comando para Itape ce rica da Se rra. E m virtude de os soldados da PE se re m, na quase total idade , re cém-incorpi > rados, o comandante do 2oE squadrão de R e conhe cime nto M e canizado - 1^ quadrão Anhangüe ra major de C avalaria Inocêncio F abrício de M attos Be ltrà<>. se prontificou a apoiar com home ns e com blindados M -8.0 me smo aconte ce u com re lação ao major aviador F lávio Pachcco Kauffman, comandante do S A R . que assumiu a re sponsabilidade e m apoiar a tropa do E xército que se de slocaria, na madrugada de se xta-fe ira, 24 de jane iro, para Itape ce rica da Se rra, dando cobe rtura aére a com dois he licópte ros. Sabe dor do de slocame nto se m autorização e do apoio de dois he licópte ros, o corone l Se bastião C have s, che fe inte rino do E stado-M aior do II E x, nào suspe nde u a missão e de te rminou ao major Lame ira que se apre se ntasse na 2' fe ira, dia 27/01 /69, no se u gabine te . Ache gada da tropa da PE , dos blindados e dos he licópte ros da F AB foi um ve rdade iro aconte cime nto para a população de Itape ce rica da Se rra, que e stava acordando, ávida para sabe r de talhe s sobre os últimos aconte cime n tos ocorridos na cidade , No sítio, além da case ira e do filho, vizinhos foram inte rrogados, pe rmitindo assim le vantar o nome e e nde re ço do proprie tário do local e dados sobre os pintore s do caminhão. O mais importante , e ntre tanto, foi forne cido por um me nino de 12 a 13 anos. C onve rsando com o major Lame ira, de clarou te r vontade de se r soldado e polícia e concordou e m re sponde r a algumas pe rguntas. Guardado na me mória, o garoto tinha re gistrado a placa de um F usca be ge que conduzia o pe ssoal da pintura do caminhão. O garoto e ra muito obse rvador e , se gundo e le , o “japonês" que A ve rdade sufocada - 207 dirigia o Volks e vitava se r visto e por isso de ixava os pintore s distante s do local onde o caminhão e stava se ndo pintado. De volta ao quarte l da PE , um te le x simultâne o foi passado para todas as De le gacias de Polícia de São Paulo, solicitando a captura de um F usca be ge , placa 30-4185, de São Paulo/SP, conforme afirmou o corone l Lame ira. O car­ ro foi e ncontrado abandonado numa rua se m saída, após pe rse guição da polí­ cia. Poste riorme nte , foi apurado que o se u motorista e ra Yoshitame F ujimore , o me smo “japonês” que o me nino vira dirigindo, e que o se u proprie tário e ra o cx-sarge nto J osé Araújo Nóbre ga, do E stabe le cime nto R e gional de Subsistên- cia/2, que aguardava re forma e pe rmane cia foragido. No inte rior do carro, ha­ via um ve rdade iro arse nal, inclusive um morte iro, armas de fabricação arte sanal c vários sile nciadore s. Diante do mate rial bélico, a polícia avisou ao De partame nto de O rde m Po­ lítica e Social, DO PS, que de signou os inve stigadore s Amador Navarro Parra, Antônio Brito M arque s, Be ne dito C ae tano e He nrique C astro Pe rrone F ilho para e xaminare m o carro no local onde fora localizado. O s inve stigadore s pre ­ te ndiam le var o carro para o DO PS. Não o fize ram e m virtude da e xistência de um te le x da PE solicitando a captura do ve ículo. Inconformados, os quatro se dirigiram ao quarte l da PE , onde o comandante os fe z ve r que o F usca fazia parte da inve stigação e m curso sobre os pre sos de Itape ce rica da Se rra, que pode riam e sclare ce r sobre o armame nto e ncontrado no ve ículo, onde e como se ria e mpre gado e que m e ra o arme iro que fabricara as armas. Semente da Operação Bandeirante E m virtude do inte re sse de monstrado, o major Lame ira convidou os in­ ve stigadore s para arre gaçare m as mangas e se incorporare m às fite iras dos policiais do E xército e , com e le s, de clarare m gue rra ao te rrorismo. O convite foi ace ito com e uforia, ante s me smo da aprovação pe ia Se cre taria de Se gu­ rança, e e le s passaram a inte grar as e quipe s que cumpriam missõe s no com­ bate ao te rrorismo. Ainda, conforme re lato do corone l Lame ira, por volta das 2h30 da madru­ gada de sábado, dia 25/01/1969, e le e se u subcomandante , capitão Antônio C arlos Nascime nto Pivatto. e nquanto passavam um ‘"pe nte fino” no inte rior do F usca, e ncontraram, de baixo da capa do banco do motorista, um cade rno com e nde re ços e um re cibo da agência Yourcar, re fe re nte à ve nda de uma Kombi para C arlos Lamarca. nome que ime diatame nte chamou a ate nção de um dos pre se nte s, por acre ditar se r o nome de um oficial do 4oR I. A suspe ita foi confirmada pe lo Almanaque do Exército. M e smo diante do adiantado da hora, o comandante da PE te le fonou, ime diatame nte , para a Se gunda Divisão 208-C arlos Albe rto Brilhante Ustra de E xército (2aDE ), participando ao corone l Danilo Darci de Sá da C unh;i M e lo, oficial supe rior de dia à DE , o te or do re cibo e ncontrado, ale rtando-o da possibilidade de e nvolvime nto do capitão C arlos Lamarca com o te rrorismo. <> corone l Danilo de clarou que tudo se ria ave riguado na se gunda-fe ira, o que de i xou o comandante da 2aC ia PE indignado. Para corroborar as suspe itas de que o caminhão se ria usado por te rroristas um soldado da PE , re colhido ao xadre z do quarte l, por punição disciplinai. re conhe ce u Ismae l Antônio de Souza (Auro), um dos quatro pintore s pre sos como se ndo o te rrorista que se passou por homosse xual, quando do re conhe cime nto do quarte l do II E xército para o ate ntado a bomba. Lamarca antecipa a ação A pre se nça da tropa e m Itape ce rica da Se rra, a incursão no sítio onde cra pintado o caminhão, a prisão dos quatro te rroristas e a captura do F usca be ge influíram na de cisão da mudança do plane jame nto, le vando o capilàu Lamarca, o sarge nto Darcy R odrigue s, o cabo M ariani e o soldado Zaniraio a ante cipare m para as 18h30 do dia 24/01/1969, se xta-fe ira, a prime ira paru do “Plano 4oR I”. Assim, Lamarca, com sua Kombi, re tirou da C ompanhia que comandax a se sse nta e três fuzis F AL, três me tralhadoras INA e uma pistola 45. Darcy de se rtou do quarte l e se homiziou na casa de O nofre Pinto, onde a sua família e a de Lamarca e stavam prontas para viajar para o e xte rior. Ainda no dia 24, Dulce de Souza M aia pe gou na casa de O nofre as e sposas e os filhos de Darcy e de Lamarca e os conduziu ao Ae roporto de C ongonhas Dali se guiram para o R io de J ane iro e à noite já e stavam viajando para R oma, Praga e , finalme nte , C uba. O roubo dos F AL foi de scobe rto na manhã do dia se guinte , 25/01 / 196l>. sábado, dia do anive rsário da cidade de São Paulo. O 4oR I, numa formatura, pre staria uma home nage m à cidade . As 6h50, o 4o R I e stava e m forma, pronto para o início da home nage m, e xce to a C PP/2, C ompanhia de Pe tre chos Pe sados do II Batalhão, coman dada pe lo capitão C arlos Lamarca. O subcomandante do R e gime nto dc te rminou que o corne te iro de sse o toque de “C PP/2 - avançar, ace le rado" A C ompanhia continuou e m forma e m local visíve l, a uns 150m de distância O comandante do R e gime nto, ce l Antônio Le piane , já no local da formatu ra, obse rvava a distância que a C PP/2 nào obe de cia à orde m de avançai Ne sse mome nto, o subte ne nte Bamabé, de ssa companhia, apre se ntou-sc ao ce l Le piane e narrou o roubo das armas e a ausência do comandante da C ompanhia, capitão Lamarca. A ve rdade sufocada - 209 Às 9 horas, a oficialidade do QG pre parava-se para a sole nidade e m ho­ me nage m à cidade de São Paulo, na praça que hoje oste nta o nome do sarge n­ to M ário Koze l F ilho, quando re ce be u a notícia do que ocorre ra no 4oR J. Além de de se rtor, Lamarca nào cumpriu o jurame nto, sole ne me nte profe ­ rido pe los oficiais do E xército Brasile iro no mome nto e m que re ce be m a tão sonhada e spada: “... e de dicar-me inte irame nte ao se rviço da Pátria, cuja honra, inte gridade e instituiçõe s de fe nde re i, com o sacrifício da própria vida.” Além de de se rtor, Lamarca logo se re ve laria um assassino frio, como tantos outros se us companhe iros. Honra, Pátria, família, dignidade e re tidão de caráte r e ram conce itos e stra­ nhos a e sse te rrorista que , como outros, manchou a farda de militar do E xército e traiu a sua ge nte . Hoje , parte da mídia, e ngajada e m um e sque rdismo re nite nte , mitifica Lamarca, re nde ndo-lhe home nage ns, por me io de filme e de re portage ns. C omo se nào bastasse , já há logradouros com o se u nome ... M ais à fre nte , apre se ntare i outros crime s de sse ve ndilhão do Brasil. F onte s: - E ntre vista com o corone l J ayme He nrique Antune s Lame ira, que como major, comandava a 2aC ia PE , na época de sse s aconte cime ntos. - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. - Proje to O rvil. - C ASO , Antônio. A Esquerda Armada no Brasil - 1967/1971 - M orae s E ditora. 2aCompanhia de Polícia do Exército pioneira no combate ao terrorismo No dia 8 de agosto de 1968 assumiu o comando da 2aC ompanhia dc Polícia do E xército - 2aC ia PE e m São Paulo/SP, o capitão de Infantaria J ayme He nrique Antune s Lame ira, pre ocupado não só com os assaltos, ate nta­ dos e açõe s armadas le vadas a e fe ito e m Sào Paulo por militante s comunistas, mas também com a infiltração no me io militar. No quarte l da PE , atos de sabotage m e stavam aconte ce ndo. No dia do lançame nto de um carro-bomba contra as instalaçõe s do QG do II E xército, todas as viaturas ope racionais e stavam com as bate rias de scarre gadas. C omo pe rmane ciam com as chave s na ignição, alguém as ligou e provocou a de scarga das bate rias. Uma motocicle ta, e nquanto e ra aque cida, pe rde u a roda diante ira, pois uma porca fora re tirada e outra afrouxada para cair logo que rodasse . () jipe do comandante te ve a tubulação do fre io avariada para falhar ao atingir ve locidade . T udo indicava que no quarte l havia um sabotador e que ainda não havia sido ide ntificado. E m 25 de de ze mbro de 1968, o capitão Lame ira foi promovido a major c continuou no comando da C ompanhia. A 2aC ia PE e laborou uma Nota de I nstrução a re spe ito do proce di­ me nto e do e mpre go de tropa he litransportada. A nota foi distribuída aos oficiais e sarge ntos da PE , que tive ram os se us nome s e scritos no cabe ça­ lho de cada e xe mplar re ce bido. E ssa e ra a forma e ncontrada para garantir que todos os de stinatários re ce be sse m e sse docume nto tão importante . C omo ve re mos mais adiante , e ssa pre ocupação pe rmitiu ide ntificar o sabo­ tador, até e ntão de sconhe cido. No dia 24/01/1969, dia da de se rção de Lamarca, o 3osarge nto C arlos R obe rto Pittoli, da 2aC ia PE , re ce be u um te le fone ma do e x-sarge nto O nofrc Pinto (Augusto), marcando um “ponto” no inte rior de um re staurante no bairro Be xiga, para conve rsare m sobre uma ação contra o quarte l da PE , quando dariam ftiga aos quatro pre sos de Itape ce rica da Se rra. O “ponto” foi cobe rto no local combinado, ficando ace rtado que no dia se guinte , 25 de jane iro, sábado, dia e m que o sarge nto Pittoli e staria de se rviço de comandante da Guarda da PE , se ria fe ito um re conhe cime nto do inte rior do quarte l por Dulce de Souza M aia (J udith). Para e ntrar na unidade , Dulce sc faria passar por namorada de Pittoli. M ais tarde , com o me smo obje tivo. Diógcne s J osé de C arvalho O live ira (Luís), também com a conivência de Pittoli, faria o me smo re conhe cime nto. A ve rdade sufocada -211 C omo plane jaram, os re conhe cime ntos foram re alizados e le vantados os ace ssos ao xadre z, ao de pósito de muniçõe s, ao de pósito de combustíve l, à re se rva de armame ntos e aos postos de se ntine la. Ante s da e xe cução da ação, Dulce te le fonou a Pittoli para sabe r se e stava tudo be m. A re sposta foi ne gativa e a ação abortada, pois Pittoli informou que a PE tinha e ntrado e m prontidão e se ria muito arriscado dar continuidade à ação. E m me nos de 48 horas, tanto Dulce , como Dióge ne s, re tomariam ao quar­ te l da PE , não mais para se re m re ce bidos por Pittoli como visitante s, mas, sim, como te rroristas, pre sos pe la 2aC ia PE . Dando continuidade às inve stigaçõe s sobre o caminhão apre e ndido e m Itape ce rica da Se rra, e m 25/01/69, foi de tido o dono do sítio, me mbro do PC B de sde 1943. C om base no cade rno de e nde re ços, e ncontrado no Volks be ge que transportava os pintore s do caminhão para Itape ce rica da Se rra, e m 05/02/ 1969 che gou-se ao “apare lho” de R e nata F e rraz Gue rra de Andrade (C e ­ cília), a “loura dos assaltos”, uma das participante s dos atos te rroristas contra o Hospital M ilitar do C ambuci e o QG do II E xército. No “apare lho”, e sta­ va a Nota de I nstrução com o nome do sarge nto Pittoli, no cabe çalho. E m rápida inve stigação, de scobriu-se que o sarge nto Pittoli e ra, de fato, mais um infiltrado da VPR no E xército. Amigo do sarge nto Darcy, de sde os te mpos e m que se rviam juntos no 4o R I. Inte rrogado, Pittoli “abriu o jogo” e confe ssou sua participação como me mbro da VPR . No se u armário foi e ncon­ trado um passaporte , obtido no me smo local onde foram forne cidos os passa­ porte s dos familiare s de Lamarca. C om as provas que ligavam os quatro pre sos ao te rrorismo, os inte rrogató­ rios se tomaram mais obje tivos. O s quatro foram falando e e ntre gando tudo. Pe dro Lobo de O live ira, por se r um dos dirige nte s da VPR e por conhe cê-la me lhor, foi, se m dúvida, o que contribuiu com as me lhore s informaçõe s. Nos dias de hoje , e m que e xiste uma comissão gove rname ntal para coorde ­ nar a “abe rtura dos arquivos da re pre ssão”, se ria ótimo se e la e xaminasse e sse s valiosos de poime ntos e de sse conhe cime nto ao povo da mane ira vil e covarde como os te rroristas assassinavam, roubavam, assaltavam e de struíam. São de ­ poime ntos que se e ncontram arquivados nos proce ssos, no Supe rior T ribunal M ilitar. C e rtame nte , e stão incluídos e ntre os proce ssos que a e quipe de D. E varis- to Ams vasculhou com toda a tranqüilidade , só publicando o que lhe inte re ssava. 212-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A partir de sse s quatro prisione iros, che gou-se , e m pouco te mpo, à linha política, aos obje tivos e à e strutura da VPR . Nos prime iros dias de março de 1969, pouco mais de um mês de pois do início de ssas atividade s, tinham sido ide ntificados 54 me mbros da VPR , outros 22 e ram conhe cidos por se us codinome s e 23 e stavam pre sos. E m pouco te mpo, O nofre Pinto e J osé Ibraim foram pre sos. O e xce le nte trabalho da 2aC ia PE , comandada pe lo major de Infantaria J ayme He nrique Antune s Lame ira, ide ntificou os autore s do roubo da pe dre ira Gato Pre to, e m C ajamar; o ate ntado ao consulado norte -ame ricano e m São Paulo; o roubo das armas do Hospital M ilitar; o ate ntado ao QG do II E x; o ate ntado à loja Se ars; o assassinato do capitão C handle r; o roubo da pe dre ira F ortale za; o roubo da C asa de Armas Diana; e o roubo de NC R $ 404.000,00 (cruze iros novos) dos se guinte s e stabe le cime ntos bancários: Banco C ome rcial - março de 1968; Banco Brasile iro de De scontos - mar­ ço de 1968; Banco M e rcantil - agosto de 1968; Banco do E stado de São Paulo - outubro e de ze mbro de 1968; e Banco Aliança do R io de J ane iro - jane iro de 1969. Uma se mana após o roubo das armas do 4oR I, haviam sido re cupe rados 18 F AL, 4 me tralhadoras F NA, 2 UR KO e uma pistola, no “apare lho” dc Yoshitame F ujimore . F oi le vantada pe la PE a e xistência de um ce ntro de tre iname nto de gue rrilha na F aze nda Ariranha, no E stado de M ato Grosso, onde foram apre e ndidas armas e muniçõe s e pre sos Ne lson C have s dos Santos e os irmãos Pe dro e O tacílio Pe re ira da Silva. C he gou-se a uma auto-e létrica, adquirida pe la VPR , onde e ram fe itos re ­ paros e pinturas e m ve ículos roubados. Ne ssa oficina, trabalhava um torne iro me cânico, O távio Ânge lo, tre inado e m C uba, e ncarre gado de fabricar aciona- dore s para granadas - faze ndo ce rca de trinta por se mana - e de pre parar canos para bombas e sile nciadore s para armas. F oram de scobe rtas as ligaçõe s da VPR com os dominicanos, por me io dc contatos fe itos e ntre o fre i C arlos Albe rto Libânio C hristo - o F re i Be tto - e Dulce de Souza M aia. O trabalho e ra inte nso. A 2aC ia PE não tinha e strutura para continuar ne sse ritmo. A instrução e suas atividade s normais e stavam re le gadas a um se gundo plano. No início, todos os se tore s da Se cre taria de Se gurança Pública apoiavam o trabalho da PE , num e sforço conjunto. Aos poucos, porém, os êxitos le varam A ve rdade sufocada - 213 aos ciúme s. A coope ração não e ra mais ime diata. O major comandante da 2a C ia PE nào tinha os canais oficiais para se ligar com o DO PS, a Guarda C ivil e a F orça Pública. As organizaçõe s te rroristas, e m face das inúme ras prisõe s de se us me m­ bros, se articularam. Ape rfe içoaram se us dispositivos e proce dime ntos de se gurança e tomaram-se mais viole ntas. Qualque r te ntativa de prisão e ra re spondida à bala. A PE não tinha viaturas, armame nto e pe ssoal e spe cializado. O e xce le nte trabalho inicial pre stado pe los militare s da 2aC ia PE foi e xe mplar. A de dicação e o ardor mostrados supe raram os obstáculos. As açõe s, inicialme nte coorde ­ nadas, mostraram que o apoio e a coope ração de todos os inte re ssados na se gurança e ram e sse nciais para o combate ao te rrorismo. E m I ode junho de 1969, a 2aC ia de PE foi transformada e m 2oBatalhão de Polícia do E xército (2oBPE ). C ontinuou sob o comando do major J ayme He nrique Antune s Lame ira até 9 de agosto do me smo ano, quando o Batalhão passou ao comando do corone l de Infantaria O rlando Augusto R odrigue s. F oi de ssa e xpe riência valorosa com a 2aC ia PE que surgiu a idéia da cria­ ção de um órgão oficial que possibilitasse a inte gração de informaçõe s e de e sforços e que ce ntralizasse o combate ao te rrorismo. E ssa foi a se me nte da criação da O pe ração Bande irante , a O BAN. F onte s: - Proje to O rvil. - E ntre vista com o corone l J ayme He nrique Antune s Lame ira. 0 Movimento Armado Revolucionário - MAR e “os meninos” de Flávio Tavares 26/05/1969 E m 1968, e stavam pre sos na Pe nite nciária Le mos de Brito, no R io de J a­ ne iro, e x-militare s que se insubordinaram nos quartéis no gove mo J oão Goulart, inclusive alguns líde re s da Associação de M arinhe iros e F uzile iros Navais do Brasil (AM F NB), fundada e m 1962. Um de sse s, o e x-marinhe iro M arco Antônio da Silva Lima, que havia re alizado curso de gue rrilha e m C uba e e ra obce cado pe las idéias da 1aC on­ fe rência da O LAS, e m Havana. Para as e sque rdas, me smo no pre sídio, a idéia principal para a de rrubada do gove mo e ra o foco gue rrilhe iro. O dire tor da Pe nite nciária Le mos de Brito, T e lle s M e mória, e m 1967, convidou para che fiar o Se rviço Social do pre sídio a húngara Érica R oth, que havia dado aulas de conscie ntização política e filosofia para os marinhe iros da AM F NB, no pe ríodo de 1962 a 1964. Érica, marxista, casada com um mé­ dico comunista, e ra conside rada madrinha e ince ntivadora dos marinhe iros que se re voltaram, ante s da C ontra-R e volução, e m 1964. F oi com satisfação que Érica ace itou e ssa nova missão. T e ria a oportunidade de , novame nte , trabalhar junto aos se us antigos pupilos. A infiltração comunista e as facilidade s que os pre sos gozavam e ram grande s. Sidne y J unque ira Passos, dire tor da Divisão Le gal do Siste ma Pe nite nciário (SUSIPE ), tinha conhe cime nto, de sde 1968, da célula comunista e xiste nte no pre sídio. Albe rto Bitte ncourt C otrim Ne to, se cre tário de J ustiça da Guanabara, e Antônio Vice nte da C osta J únior, supe rinte nde nte do Siste ma Pe nite nciário, também foram ale rtados para a atuação dos pre sos, mas pouco fize ram. Érica R oth pe rmane ce u no cargo até o início de 1969, quando o dire tor da pe nite nciária foi substituído por J oão M arce lo Araújo. Aprove itando e ssas facilidade s que os pre sos políticos de sfrutavam na prisão, M arco Antônio criou um grupo que de nominou M ovime nto Armado R e volucionário (M AR ) e logo conse guiu um núme ro razoáve l de ade ptos: os e x-marinhe iros Ave lino Bioni C apitani, Antônio Duarte dos Santos, J osé Ade ildo R amos, Pe dro F rança Vie gas e o e x-sarge nto da F AB Antônio Pre s­ te s de Paula, líde r da re volta dos sarge ntos e m Brasília, e m 1963, que te ve o saldo de dois mortos. M arco Antônio e J osé Ade ildo trabalhavam e m importante s se tore s da pe nite nciária. E le s, na Se ção J urídica da Divisão Le gal, tinham contatos com A ve rdade sufocada - 215 funcionários, guardas, e stagiários de Dire ito, advogados, visitante s e e x-pre si- diários subve rsivos. Além disso, aproximaram-se de pre sos comuns e , com a prome ssa de proporcionar-lhe s fuga, angariaram suas cumplicidade s. O grupo passou a contar com J osé André Borge s, na portaria; R obe rto C ie tto, pre so por roubo de carros, no almoxarifado; J osé M iche l Godoy, na alfaiataria; e Be ne dito R amos, no ambulatório. T odos foram doutrinados no pre sídio. Havia, também, os militante s e m libe rdade que faziam a ligação com os prisione iros. O principal e ra F lávio T avare s, jornalista da Última Hora, que , há muito te mpo, e ra pombo-corre io e ntre os militante s no Brasil e Brizola no Uruguai. F lávio T avare s re spondia e m libe rdade ao proce sso sobre a frustrada “Gue r­ rilha do T riângulo M ine iro”. E m 1999, lançou o livro Memórias do Esqueci  mento, onde chama de “me ninos” os protagonistas de ssa história. T ambém, do lado de fora da pe nite nciária, outros grupos se uniam ao M AR no plane jame nto da fuga de onze companhe iros que todos que riam fora do pre sídio, para de se ncade ar a gue rrilha urbana no R io de J ane iro e e ngrossar as file iras do foco gue rrilhe iro que plane javam implantar. C onspiravam com e le s J osé Duarte dos Santos e E dvaldo C e le stino da Silva. E m nove mbro de 1968, o grupo aume ntou com a ade são de quatro subve r­ sivos, vindos de São Paulo, re mane sce nte s da PO LO P e agora na VPR , que de se javam atuar no R io de J ane iro: E lio F e rre ira R e go - e x-marinhe iro; Antô­ nio Ge raldo da C osta - e x-marinhe iro; Wilson Nascime nto Barbosa - profe s­ sor; e Le ôncio Que iroz M aia - e studante de E conomia. E m 18 de de ze mbro, foi conce dido o indulto a Pe dro F rança Vie gas. E le e o e stagiário de Dire ito Sérgio de O live ira C ruz inte nsificaram os contatos e ntre os grupos e xte rnos e inte rnos. Agora, as me nsage ns iam e vinham com mais facilidade . Na pe nite nciária, M arco Antônio usava a Se ção J urídica da Divisão Le gai como se de do M AR . Ali se re uniam, abe rtame nte , militante s e simpatizan­ te s do movime nto. O s planos para a fuga foram e studados e discutidos por te le fone ne ssa se ção. As autoridade s carce rárias, ao que pare cia, faziam “vista grossa”. R e vistas e livros políticos e ntravam na pe nite nciária e até panfle tos, usados contra o re gime , e ram impre ssos no pre sídio. Planos vistos e re vistos, e ram ne ce ssários re cursos para financiar a fuga e , poste riorme nte , criar o foco gue rrilhe iro, e m áre a já e scolhida, próximo a Angra dos R e is, na Se rra de J acare í. “O s me ninos” de F lávio T avare s, no dia 19 de março de 1969, e scolhe ­ ram o alvo para a prime ira ação da organização, o Banco da Lavoura de M inas Ge rais, e m R e ale ngo-R J . 216-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Participaram do assalto: F lávio T avare s; J osé Duarte dos Santos; E dvaldo C e le stino da Silva; Wilson Nascime nto Barbosa; Le ôncio Que iroz M aia; Antô­ nio Ge raldo da C osta; e E lio F e rre ira R e go. A ação foi um suce sso! O assalto re nde u NC rS 37.000,00 e o local foi panfle tado com um impre sso intitulado “E xército Libe rtador para Libe rtar o País’'. O grupo cada ve z mais e ngrossava as suas file iras. Por inte rmédio do e x- pre sidiário J osé Gonçalve s de Lima, os re volucionários da Le mos de Brito con­ se guiram mais algumas ade sõe s: J osé F e rre ira C ardoso; J osé Le onardo Sobri­ nho; Silvio de Souza Gome s; F rancisco de O live ira R odrigue s; e Luiz M ário Néri. O grupo re unia-se na R ua M alle t, e m R e ale ngo, e por isso passou a cha­ mar-se Grupo M alle t. E nquanto isso, já contando com tantos “me ninos”, Pe dro F rança Vie gas continuava se us contatos de ntro e fora da prisão. Be ne dito Luís Antune s, guarda da pe nite nciária, foi aliciado pe lo Grupo M alle t e fe z o re conhe cime nto das trilhas que o grupo de fugitivos te ria de se guir até o local da gue rrilha (Se rra de J acare í). T udo e stava corre ndo às mil maravilhas! Só faltavam pe que nos de talhe s. A R ural Willys do acadêmico de Dire ito J úlio C ésar Bue no Brandão se ria usada após a fuga. O apartame nto de J úlio C ésar Se nra Barros come çou, a partir de jane iro de 1969, a se r utilizado para e sconde rijo de J osé Duarte dos Santos, irmão de Antônio Duarte dos Santos, e para o plane jame nto da fuga. C omo dinhe iro nunca e ra de mais, no dia 5 de maio roubaram a Agência Pie dade , do Banco Nacional Brasile iro. A ação foi praticada pe la me sma qua­ drilha, acre scida dc J arbas da Silva M arque s, e studante de E conomia de Brasília, aliciado por F lávio T avare s. Luiz M ário Néri ofe re ce u sua Kombi para o transporte dos pre sos, após a fuga. Dinhe iro, carros, planos prontos, e ra só marcar o dia e e ntrar e m ação. Para isso, contavam com mais um viole nto me mbro, Antônio Sérgio de M atos, “Uns c O utros”, que ingre ssou no M AR para auxiliar na e xe cução da fuga. Pe que nos de talhe s iam se ndo re solvidos. F lora F risch, que trabalhava cm um e scritório de advocacia e e ra amante de Ave lino C apitani, conse guiu, junto com simpatizante s da causa, roupas para os fugitivos. Sua prima, J e ny Waitsman, amante de Antônio Duarte dos Santos, também participou dos pre parativos da fuga. Pe la manhã do dia 26 de maio de 1969, se gunda-fe ira, o e stagiário J úlio C ésar e ntre gou à guarda e stadual Nate rça Passos, de ntro de um pacote , três re vólve re s .38, distribuídos para M arco Antônio, Ave lino C apitani e Antônio Pre ste s de Paula. A ve rdade sufocada · 217 O grupo de São Paulo re ce be u a incumbência dc e liminar o soldado da PM , que normalme nte pe rmane cia armado de me tralhadora na calçada e , tam­ bém, de roubar-lhe a arma. O dia pe rmane ce u tranqüilo, se m que ne nhum ne rvosismo fosse nota­ do. Por volta das 17h30, os nove compone nte s do M AR já se e ncontra­ vam na Se çào J urídica da Divisão Le gal, prontos para a libe rdade . Ne ssa me sma hora, e stacionou o Ae ro Willys, roubado um dia ante s do prime iro assalto a Banco por Wilson, Le ôncio e E lio. Que m o dirigia e ra E dvaldo C e le stino da Silva. O grupo, que gozava de todas as re galias, dirigiu-se à portaria. Dos onze pre vistos para fugir, dois se atrasaram e ficaram para trás. Na passage m para a rua, os fugitivos de frontaram-se com os guardas Ailton de O live ira - que re agiu, mas foi abatido por Ave lino C apitani -, J orge F élix Barbosa e Valte r de O live ira Pe re ira, que também te ntaram e sboçar uma re ação, mas foram fe ridos. Valte r de O live ira Pe re ira le vou várias coronhadas na cabe ça, de sfe chadas por R obe rto C ie tto. J orge F élix Barbosa, que e scoltava pre sos do Sanatório Pe nal de Bangu e que de ixara sua arma no controle de e ntrada do hospital, foi fe rido pe lo “me ni­ no” C apitani com um tiro na nuca, que , fe lizme nte , não foi fatal. Ailton de O live ira também foi fe rido, pe lo me smo “me nino” de F lávio T avare s, com um tiro na cabe ça e outro no braço. M orre u cinco dias de pois. O funcionário da Light J oão Dias Pe re ira, que passava no local, le vou um tiro no abdôme n, de sfe chado por E dvaldo C e le stino, e ficou paraplégico. C onsumada a fuga, os nove foram conduzidos por E dvaldo para a parte de trás do hospital, socados como sardinhas no Ae ro Willys. Pe dro F rança Vie gas, com a R ural Willys, e Sérgio Lúcio de O live ira e C ruz, na Kombi de Luiz M ário, os e spe ravam e se guiram para C once ição de J acare í, pe rto de Angra dos R e is, onde che garam à noite . Acompanhava o grupo J osé Duarte dos Santos. No de stino, foram guiados por Luiz M ário e , de pois dc andare m na mata por três noite s, che garam ao barraco “C abana do J acu”, onde já os aguardava J osé Sabino Gome s Barbosa. Ao todo, participaram para a fuga, dire ta ou indire tame nte , trinta e qua­ tro pe ssoas. O grupo come morou e ufórico. F lavia libe rtado os se guinte s pre sos: Antônio Duarte dos Santos (irmão de J osé Duarte dos Santos); Antônio Pre ste s dc Paula; Ave lino Bioni C apitani; Be ne dito Alve s R amos; J osé Ade ildo R amos; J osé André Borge s; J osé M iche l Godoy; M arco An­ tônio da Silva Lima; e R obe rto C ie tto. 218-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O grupo se dividiu e m dois. Um pe rmane ce u na “C abana do J acu”, faze n­ do tre iname ntos para de se ncade ar o foco gue rrilhe iro e o outro, o “Grupo de Ação”, continuaria os assaltos, le vantando re cursos para financiar os tre ina­ me ntos e as futuras açõe s. O “Grupo de Ação”, no dia 10 de j unho, assaltou a Agência R amos do União de Bancos Brasile iros e le vou 33 mil cruze iros novos. No dia 18 dc junho, foi a ve z de uma agência do Banco do C omércio e Indústria de Sào Paulo, no R io. De ssa ve z a féria foi me lhor: 43 mil cruze iros novos. Após e ssas açõe s, o grupo de cidiu aume ntar o se u pode r de fogo e Hélio F e rre ira conse guiu, por me io de uma pare nta de J orge M e de iros Valle , o “Bom Burguês”, um lote de carabinas .30mm. Por outro lado, F lávio T avare s obte ve , com o e x-corone l cassado Nicolau J osé de Se ixas, me tralhadoras de mào e fuzis que te riam sido utilizados pe la F E B. Antônio Pre ste s de Paula, R obe rto C ie tto e J osé André Borge s de sistiram de participar do grupo re sponsáve l pe la implantação do foco gue rrilhe iro e inte ­ graram o grupo armado que e xe cutava os assaltos. Afora pe que nas de sistências, tudo ia dando ce rto. No dia 18 de julho, o grupo assaltou pe la se gunda ve z a Agência Pie dade do Banco Nacional Brasi­ le iro. De ssa ve z, conse guiram ape nas 19 mil cruze iros novos. No dia 5 de agosto de 1969, o M AR re alizou um assalto ao Banco Nacional de São Paulo, e m Brás de Pina, subúrbio do R io de J ane iro. A ação pare cia um suce sso. R e nde u 50 mil cruze iros novos. Participaram de sse assalto: F lávio T avare s, E dvaldo C e le stino da Silva, J osé Duarte , Antônio Pre ste s de Paula, J arbas da Silva M arque s, R obe rto C ie tto e J osé André Borge s. No banco tudo de ra ce rto, mas, ao e mpre e nde re m a fuga, o Volks dirigido por F lávio T avare s, no qual se guiam J osé Duarte e J osé André, foi inte rce ptado pe la polícia e te ve um pne u furado. F lávio fugiu a pé. No tirote io que se se guiu, J osé Duarte re agiu me tralhando os policiais. C e rcados e no auge do de se spe ro, fize ram de re fém uma criança de 4 anos e a ame açavam de morte , caso a polícia se aproximasse . De sgastados, de pois de mais de uma hora, libe rtaram a criança e se e ntre garam. Pre sos, J osé André Borge s e J osé Duarte dos Santos de ram início, com suas confissõe s, ao fim do M AR . Logo de pois, alguns de se us militante s foram pre sos. F lávio T avare s foi pre so no dia 6 de agosto de 1969, e m um “apare lho”, na R ua Paissandu, 162, que pe rte ncia ao e x-corone l cassado Nicolau J osé de Se ixas. A organização se de se struturou e alguns dos se us “me ninos” foram pre sos. O M AR pre te ndia e m um futuro próximo radicalizar, cada ve z mais, suas atividade s. No “apare lho” de J osé Duarte dos Santos foram e ncontradas A ve rdade sufocada -219 armas, granadas de fabricação case ira e 8.500 gramas de trotil, e xplosivo de alto pode r de de struição. J osé Duarte "e ntre gou” a áre a de tre iname nto de gue rrilha. A M arinha ce rcou a re gião com fuzile iros navais e de struiu as instala­ çõe s e xiste nte s na “C abana do J acu”. C apitani e J osé Ade ildo R amos se homiziaram, inicialme nte , na igre ja São Ge raldo, e m O laria, acoitados pe lo padre Antônio Le ngoe n He lmo e , poste ­ riorme nte , na igre ja Nossa Se nhora das C abe ças, na Pe nha, e scondidos pe lo padre Pasquali Visconso. Logo de pois, F lora F risch, amante de C apitani, le vou-os para o Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR ), ao qual também ade riram M ar­ co Antônio da Silva Lima e Antônio Pre ste s de Paula. No dia 17 de de ze mbro de 1969, o novo grupo participou de um assalto ao Banco Sotto M ayor, na Praça do C armo, e m Brás de Pina, quando C apitani matou o sarge nto PM E G J oe l Nune s. Antônio Duarte do Santos, J e ny Waitsman e C apitani, no prime iro se me stre de 1970, fugiram para C uba. "Nada se omite dessa história plena de emoção e lirismo ”, diz a contracapa do livro de F lávio T avare s, Memórias do Esquecimento. No e ntanto, e le se e s­ que ce de que , além do morto, dois policiais foram fe ridos pe los se us “me ninos” e que o “ve lhinho” a que se re fe re ficou paraplégico. E sque ce também de dize r que , na última ação ante s de se r pre so, voltava de um dos vários assaltos praticados e que , na fijga de scrita no livro como um ato de he roísmo, J osé Duarte e J osé André se qüe straram um me nino de 4 anos. E ve rdade que , talve z, e le não te nha assistido ao se qüe stro, já que fugira a pé, mas é improváve l que não te nha sabido de tudo poste riorme nte . E sque ce , também, que não foi por e rro de pontaria da polícia, a qual, se gundo as suas narrativas, jamais ace rtava uma bala nos pe rse guidos, que J osé Duarte e J osé André de ixaram de se r pre sos ime diatame nte . F oi para e vitar fe rir a criança que os policiais, se m atirar, e spe raram, por mais de uma hora, até e le s libe rtare m o me nino. T ambém e m se u livro, à página 48, F lávio T avare s narra que e le , juntame nte com fre i Be tto - asse ssor e spiritual do pre side nte Lula - e mais duas militante s da AP, de pois de jantare m no tradicional R e staurante M orae s, e m São Paulo, saíram, e m um “carro último modelo (que por si só chamava atenção) " (sic), à procura de me ndigos para dar-lhe s as sobras dos filés e batatas fritas, que não haviam conse guido come r. De pois de rodare m quarte irõe s e mais quar­ te irõe s, no frio da madrugada, se m e ncontrar ne nhum me ndigo, ne m me smo povo, se gundo e le , tive ram que , finalme nte , jogar as sobras numa lixe ira, o que foi fe ito por fre i Be tto, “que como perseguido pelo diabo, voltou correndo ao carro ” (sic). 220-C arlos Albe rto Brilhante Ustra F lávio T avare s de scre ve a situação criticame nte . O mite que , ne ssa época, o início do milagre brasile iro, a ofe rta de e mpre go e ra maior que a procura e . portanto, não e xistia a miséria de hoje ; “e sque ce ” que o fato de e le s pode re m andar, num carro último mode lo, que chamava tanta ate nção, na madrugada, parando aqui e ali, prime iro e m busca de um’me ndigo e de pois e m busca do uma lixe ira, de via-se à se gurança da época, abalada ape nas pe los atos insanos dos próprios te rroristas. A bandidage m, os longos se qüe stros iniciados por e le s, os se qüe stros-re lâmpagos, os assaltos a bancos, os me ndigos abandonados pe las ruas, vie ram de pois, muito de pois... De talhe s, para F lávio T avare s, se m importância. O que lhe importava, acima de tudo, e ra a fanática e de sme dida sanha de comunizar o Brasil, se jam quais fosse m os me ios e à custa da vida de que m se colocasse no caminho. F onte s: - www.te muma.com.br - DUM O NT , F . Recordando a história. - T AVAR E S, F lávio. Memórias do Esquecimento. - Idos de M arço - A R e volta dos M arinhe iros - Prosa e Ve rso - O Globo, 27/03/2004. Operação Bandeirante - OBAN 27/06/1969 a 28/09/1970 O gove rno fe de ral continuava pre ocupado com a e scalada do te rroris­ mo e m Sào Paulo. Graças ao trabalho conjunto da 2aC ia PE e da Se cre ta­ ria de Se gurança Pública, muitos atos de te rror foram e lucidados e ide ntifi­ cados os se us autore s. E m Iode maio de 1969, de se mbarcou no Ae roporto de C ongonhas, São Paulo, o novo comandante do II E x, ge ne ral J osé C anavarro Pe re ira. T razia como se u che fe de E stado-M aior o ge ne ral E mani Ayrosa da Silva, militar com um currículo inve jáve l e he rói da F E B, na Itália, onde foi fe rido grave me nte . Nos dois che fe s militare s um só de se jo: traze r de volta a paz e a se gurança ao E stado de São Paulo. Se gundo o ge ne ral E mani Ayrosa da Silva, e m se u livro Memórias de um Soldado, a situação e m São Paulo e ra assim de finida: “Acima dc tudo, a de ficiência de corria da falta de unidade de comando, da falta de unidade de coorde nação. E mbora a Polícia de Sào Paulo tive sse um e fe tivo muito grande , fosse be m e quipa­ da e comandada por um oficial do E xército, te ndo, portanto, um re lacioname nto com a F orça T e rre stre razoave lme nte bom - não have ndo, pois, e sse proble ma de divórcio e ntre a Polícia e o E xér­ cito - não havia, também, uma ação coorde nada e um obje tivo de finido. F altava alguém que supe rinte nde sse , que orie ntasse , que coorde nasse as açõe s. Quando fomos para São Paulo, aquilo que viria a se r a O pe ração Bande irante já havia sido e sboçado. Pre ví­ amos a ne ce ssidade da atuação do conjunto, e nglobando todos os órgãos de se gurança fe de rais e e staduais da áre a.” E ssa pre ocupação com a coorde nação e a ce ntralização das atividade s de combate à gue rrilha urbana não e ra só das autoridade s e m São Paulo. C om e ssa finalidade , e ntre os dias 6 e 8 de fe ve re iro de 1969 havia sido re alizado o I Se minário de Se gurança Inte rna, e m Brasília, sob os auspícios do E xército, que re uniu os se cre tários de Se gurança, os comandante s das Polícias M ilitare s e os supe rinte nde nte s re gionais da Polícia F e de ral. Ainda, se gundo o ge ne ral Ayrosa: “F m 24 de junho de 1969, o ge ne ral C anavarro, comandante do II Hx, re sponsáve l pe la se gurança inte rna da áre a. convocou 222-C arlos Albe rto Brilhante Ustra ao Quarte l Ge ne ral uma re união de todos os órgãos ligados à se gu­ rança. E stavam pre se nte s: o se cre tário de Se gurança de Sào Paulo (Dr. He ly M e ire lle s), home m e xtraordinário sob todos os aspe ctos; o re pre se ntante da M arinha; o re pre se ntante da Ae ronáutica; o re ­ pre se ntante do SNI; o che fe do E M da 2aDivisão de Infantaria; o comandante da F orça Pública; o de le gado da O rde m Política e So­ cial; o dire tor de T rânsito e outros.” “O s te more s que tínhamos sobre as possíve is dificuldade s de coorde nação e controle logo se dissiparam. O clima im­ posto de sde o início foi o da me lhor compre e nsão e colabora­ ção. C om isso, o ge ne ral C anavarro, após apre se ntar suas principais obse rvaçõe s sobre os fatos que vinham ocorre ndo, de te rminou que e u le sse o docume nto organizado pe lo E xér­ cito, com vistas ao combate ao te rrorismo. Após o de bate e a de finitiva colaboração, foi o plano totalme nte aprovado.” No dia 27 de junho de 1969, data oficial da criação da O BAN, o E xército e laborou um docume nto C O NF I DE NC I AL intitulado O pe raç Bande irante . Se gundo e sse docume nto: a) A missão da O BAN ficou assim de finida: “Ide ntificar, localizar e capturar os e le me ntos inte grante s dos grupos subve rsivos que atuam na áre a do II E x, particu­ larme nte e m Sâo Paulo, com a finalidade de de struir ou pe lo me nos ne utralizar as organizaçõe s a que pe rte nçam.” b) Na parte de E xe cução, como conce ito da O pe ração, constava: “O II E x organizará um C e ntro de C oorde nação, constitu­ ído de uma C e ntral de Informaçõe s e de uma C e ntral de O pe ­ raçõe s, a fim de coorde nar as atividade s de busca de infor­ me s, produção de informaçõe s e açõe s re pre ssivas contra grupos subve rsivos, visando a e vitar supe rposição de e sfor­ ços, a de finir re sponsabilidade s e a tornar mais e fe tivo o com­ bate àque le s grupos.” O rganograma da O pe ração Bande irante A ve rdade sufocada -223 c) Ainda, se gundo o me smo docume nto: F aziam parte do C e ntro de C oorde nação: os comandante s do II E xército (II E x); da 2aR e gião M ilitar (2aR M ); da 2aDivisão de Infantaria (2aDl); do 6oDistrito Naval (6oDN); da 4aZona Aére a (4aZAé); o se cre tário de Se gurança Pública/SP; o supe rinte nde n­ te da PF /SP; o che fe do SNI/ASP. O C e ntro de C oorde nação não limitaria a iniciativa dos órgãos que o inte gravam, ne m se imiscuiria no cumprime nto de suas missõe s normais. No e ntanto, as ope raçõe s de informaçõe s e as ope raçõe s anti-subve rsivas, isto é, re pre ssivas, se riam por e le coorde nadas. O che fe da C e ntral de O pe raçõe s e ra o subche fe do E stado-M aior (E M ) do II E x. De la faziam parte os oficiais de ope raçõe s das organizaçõe s militare s com­ pone nte s do C e ntro de C oorde nação, ou se ja: E 3 do II E x; E 3 da 2aR M ; E 3 da 2" Dl; M 3 do 6o DN; A3 da 4aZAé; S3 da F orça Pública de São Paulo. A C e ntral de Informaçõe s e ra constituída pe los oficiais de informaçõe s das se guinte s unidade s militare s: E 2 do II E x; E 2 da 2aR M ; E 2 da 2aDl; M 2 do 6oDistrito Naval; A2 da 4aZona Aére a; S2 da F orça Pública; che fe do SNI/ASP; dire tor do DO PS (che fe do Se rviço de Informaçõe s do DO PS); re pre se ntante da Guarda C ivil. Na C e ntral de Informaçõe s, os informe s se riam ime diatame nte e xaminados c me todicame nte tratados. 224-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O C e ntro de C oorde nação de ve ria re unir-se me nsalme nte . Se us re pre ­ se ntante s nas duas ce ntrais se re uniriam se manalme nte e , e xtraordinariame n te , quando ne ce ssário. A C e ntral de informaçõe s e laboraria um Sumário Diário de Informa çõe s conte ndo uma visão ge ral da situação e m toda a áre a, no que tange às atividade s subve rsivas, para conhe cime nto dos órgãos participante s da O pe ração Bande irante . A C oorde nação de E xe cução, subordinada à C e ntral de Informaçõe s, se ria inte grada pe lo pe ssoal e mpre gado nas ope raçõe s de informaçõe s. Se u prime iro e único comandante foi o major de E nge nharia Waldyr C o e lho, e m se guida promovido a te ne nte -corone l. Sua se de foi instalada num local ce dido pe la Se cre taria de Se gurança Pública, uma e dícula e xiste nte na se de do 36° DP, na R ua T utóia. Se u trabalho e ra se me lhante ao da 2aC ia PI só que , agora, com mais re cursos e me ios disponíve is. Suas e quipe s e ram mistas, inte gradas pe lo pe ssoal do E xército, da F orça Pública e da Polícia C ivil. T inha como missão e spe cífica combate r a subve rsão e o te rrorismo, com uma e quilibrada distribuição das missõe s e de trabalho, com canais dc ligação que pe rmitiam a fácil solicitação de providências a cada força ou a algum órgão público. E sse órgão ope racional é chamado, e rrone ame nte , de O pe ração Bandci rante . Na re alidade , a O pe ração Bande irante e ra um C e ntro de C oorde na ção, subordinado ao comandante do II E xército, composto pe la C e ntral dc O pe raçõe s e pe la C e ntral de Informaçõe s. O e ntrosame nto e ntre os dive rsos órgãos que inte gravam a O BAN fe /-sc com rapide z. De sde o início de suas atividade s, suce de u-se uma série de prisõe s - De maio a agosto de 1969, as inúme ras prisõe s de militante s da Ala Ve i me lha do PC doB le varam e ssa organização subve rsiva a re formular sua linha política e dar prioridade ao trabalho de massa; - De se te mbro a de ze mbro, foram pre sos inúme ros líde re s da ALN, ate e ntão praticame nte intocada; - De de ze mbro de 1969 a jane iro de 1970, a VAR -Palmare s foi de se struturada e m Sào Paulo; - A F re nte Armada de Libe rtação Nacional (F ALN), que atuava e m R iba rão Pre to, foi totalme nte de sarticulada. Poste riorme nte , e m se te mbro de 1970, a Pre sidência da R e pública cia borou uma Dire triz Pre side ncial de Se gurança Inte rna, o que possibilitou a criação dos C e ntros de O pe raçõe s de De fe sa Inte rna (C O DI ) c dos De .s tacame ntosde O pe raçõe s dc Informaçõe s (DO I). F oram criados o ('O I )l do II E xército que , e m 28/09/1970, substituiu a O pe ração Bande irante , c o A ve rdade sufocada · 225 DO I/II E xército, que , na me sma data, substituiu a C oorde nação de E xe cução da O pe ração Bande irante . E m razão de ssa mudança, o Bole tim R e se rvado Divisionário, da 2aDl, de 30 de se te mbro de 1970, publicou: “O pe ração Bande irante - Dispe nsa de O ficial F ace te r o De stacame nto de O pe raçõe s de Informaçõe s pas­ sado à subordinação dire ta do II E xército (O f n° 256/E 2, do II E xército), foi dispe nsado, e m 28 se t 70, o T e n C e l E ng. QE M A, WALDYR C O E LHO , de ste QG, das funçõe s de che fe da C oor­ de nação de E xe cução da O pe ração Bande irante .” O êxito do método de trabalho usado no combate à subve rsão e ao te rro­ rismo foi logo se ntido pe las dive rsas organizaçõe s clande stinas. Se gundo um docume nto da ALN, apre e ndido num “apare lho”, um de se us me mbros, Yuri Xavie r Pe re ira, assim se e xpre ssou: “M as o inimigo nào pe rmane ce u inalivo. Buscou adotar as me didas que lhe pe rmitisse m re cupe rar a iniciativa. Para uma situação crítica, tomou as ne ce ssárias me didas drásticas. Não de s-cuidou da parte técnica, incre me ntando o tre iname nto poli­ cial e ape rfe içoando os se us métodos de inve stigação. T omou uma me dida fundame ntal que é a criação da O pe ração Bande i­ rante e m São Paulo e o C O D1 na Guanabara. Aume ntou a sua potência de fogo e me lhorou o se u e quipame nto. C onse qüe nte ­ me nte , o se u volume de informaçõe s e a capacidade de re ação e de re sposta foi aume ntando gradativame nte /' C om o êxito da O BAN, vários órgãos policiais passaram a agir por conta própria “e m nome da O BAN”. Quando isso ocorria, o órgão ocultava o fato e te ntava e sclare ce r o caso por conta própria. Pre judicavam a rapide z e a ce ntra­ lização das ope raçõe s. E ra o se nsacionalismo e nvolve ndo os trabalhos; e ra a busca da promoção pe ssoal, e m de trime nto da impe ssoalidade e do e spírito de e quipe que se buscava imprimir às açõe s da O pe ração Bande irante . E sse s e ram alguns aspe ctos ne gativos, de corre nte s da improvisação, que pre cisam se r conhe cidos e que não pode m se r ge ne ralizados. Se gundo o ge ne ral Ayrosa: “...o êxito da O BAN foi tão e vide nte que o ministro do E xér­ cito de te rminou o e mpre go de sua e strutura e m todas as se de s de C omandos de Áre as no te rritório nacional/' 226-C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m razào do suce sso, a O pe ração Bande irante sofre ria a carga das organizaçõe s subve rsivo-te rroristas e de se us acólitos de e sque rda. Natu­ ralme nte , às e sque rdas inte re ssava que os órgãos de se gurança continuas­ se m de sarticulados e ine ficie nte s. Assim, dia a dia, os órgãos de se gurança iam me lhorando suas atividn de s, que se riam mais be m coorde nadas e ape rfe içoadas com a criação dos C O DI e dos DO I. O s inte grante s da O BAN e , poste riorme nte , dos DO I , não e ram ape nas policiais e militare s me ros cumpridore s de uma obrigação funcional M uito mais do que isso, e ram home ns e mulhe re s forte me nte unidos poi um arraigado e spírito de cumprime nto de missão, para a qual se e mpe nhavam a fundo, me smo e m de trime nto das suas vidas pe ssoais e de se us familiare s. Além disso, impre gnaram-se de ve rdade iro ardor patriótico e de grande firme za ide ológica, o que lhe s dava suporte para o e le vado moral fre nte ao fanatismo te rrorista. A e sse s home ns e mulhe re s muito de ve o Brasil. F onte s: - SILVA, E mani Ayrosa da. Memórias de um Soldado. -Proje to O rvil. - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. Seqüestro do embaixador americano 04/09/1969 As açõe s de violência ate morizavam a população, mas e ram tantas que já não causavam o impacto de se jado, pe la fre qüência com que aconte ciam. F ranklin de Souza M artins, da dire ção da Dissidência da Guanabara (Dl/ GB), propôs uma ação inédita. Suge riu um se qüe stro, que se ria o prime iro. E studados os alvos, concluiu-se que o de maior re pe rcussão se ria o de um e mbaixador. A idéia foi logo aprovada por C id Que iroz Bcnjamin, da F re nte de T rabalho Armado (F T A), um dos se tore s da DI/GB. Após re uniõe s, de cidiram que o alvo ide al, com uma re pe rcussão nacional e inte rnacional, se ria o e mbaixador dos E UA, C harle s Burke E lbrick. O obje tivo principal do se qüe stro, além de de stacar a gue rra re volucionária por me io da propaganda e de te ntar a de smoralização do gove rno, e ra libe rtar os principais líde re s do movime nto e studantil que se e ncontravam pre sos. F ranklin de Souza M artins e stive ra pre so com Vladimir Gracindo Soare s Palme ira (M arcos), J osé Dirce u de O live ira e Silva (Danie l), militante da ALN, e Luiz Gonzaga T ravassos da R osa, militante da AP. A dire ção da Dl/GB, após os plane jame ntos iniciais, concluiu que se ria ne ce ssária a participação de outra organização, com maior e xpe riência, para apoiá-la ne ssa e mpre itada. A ALN, dispondo de ge nte com tre iname nto e m C uba, já que os se us prime iros militante s haviam re gre ssado ao Brasil - te ndo re alizado ce rca de trinta assaltos a bancos e carros pagadore s, duas de ze nas de ate ntados a bombas, roubos de armas, “justiçame ntos”, ataque s a quartéis e radiopatrulhas -, foi conside rada pe la dire ção da DI/GB como a parce ira ide al para tão audaciosa ação. Ajudava muito na de cisão pe la ALN a figura de M arighe lla que , pe los se us te xtos, ince ntivando a iniciativa e a violência, os le vava a supor que conse guiriam o se u apoio para o se qüe stro. E m julho de 1969, C láudio T orre s da Silva (Pe dro ou Ge raldo), tam­ bém me mbro da F T A, re ce be u a incumbência da dire ção da DI/GB de contatar com J oaquim C âmara F e rre ira (T ole do ou Ve lho), se gundo ho­ me m na hie rarquia da ALN, para conse guir o se u apoio. T ole do aprovou a idéia ime diatame nte . O pe ríodo e scolhido foi a Se mana da Pátria, para e svaziar as come mora­ çõe s do Se te de Se te mbro. De volta ao R io, come çaram a inte nsificar os pre parativos. F e rnando Paulo Nagle Gabe ira (M ate us ou Honório), jornalista do Jornal do Brasil, re sponsáve l pe lo se tor de impre nsa da DI/GB, conse guiu que He le na Bocayuva Khair alugas­ se no início de agosto uma casa na R ua Barão de Pe trópolis, 1026, no R io C om­ prido. Lá foram impre ssos os jornais Luta Operária e Resistência. O local se ria utilizado como cative iro do e mbaixador. 228-C arlos Albe rto Brilhante Ustra No final de agosto, C id Que iroz Be njamin voltou a contatar “T ole do”, e m Sâo Paulo, re unindo-sc com e le e com Virgílio Gome s da Silva (Brcno ou J onas). E ste , coorde nador do grupo tático armado da ALN, já fora de signado por “T ole do”, comandante da ação. Virgílio, por sua ve z, e scolhe u mi litante s da ALN de sua confiança: M anoe l C yrillo de O live ira Ne tto (F rancisco ou Sérgio) e Paulo de T arso Ve nce slau (R odrigo ou Ge raldo). “T ole do”, na re taguarda, iria ao R io para coorde nar a ação e orie ntar os contatos com as autoridade s. As providências ope racionais e logísticas para o bom êxito da ação, como le vantame ntos, se riam dc re sponsabilidade da DI/GB. Aos poucos, tudo ia se ndo pre parado conforme os planos iniciais. F ranklin, C láudio T orre s e C id Be njamin fize ram o le vantame nto do pe rcurso diário re a­ lizado pe lo motorista do e mbaixador. De pois de fe ito e re fe ito o itine rário, foi e scolhida uma rua tranqüila, ante s de o carro e ntrar na Voluntários da Pátria, e m Botafogo, para a inte rce ptaçào. O le vantame nto dos hábitos do diplomata foi fe ito por Ve ra Sílvia Araújo de M agalhãe s (M arta ou Dadá). E la se “e namorou” de um dos policiais re s­ ponsáve is pe la se gurança de E lbrick, que acabou por transmitir-lhe , se m se ape rce be r que e stava se ndo usado, os dados ne ce ssários quanto à guarda e aos hábitos do e mbaixador. No dia 3 de se te mbro, “T ole do” re ce be u e m São Paulo, e m código pre via­ me nte combinado, a notícia de que tudo e stava pronto. De avião, de slocou-sc para o R io, indo dire to para o “apare lho” alugado para a ação, e come çou a re lacionar os militante s que se riam pe didos e m troca da vida do e mbaixador. Um panfle to foi re digido por F ranklin e Gabe ira para se r de ixado no local do se qüe stro. E m 4 de se te mbro, dia e scolhido para a ação, muito ce do foi montado o e sque ma. Próximo ao local do se qüe stro, ficaram e m um Volks, J oão Lope s Salgado (M urilo), Ve ra Sílvia e o motorista J osé Se bastião R ios de M oura. E m outro Volks e stavam F ranklin, C id e Virgílio. E m um te rce iro, C láudio T orre s, Paulo de T arso e M anoe l C yrillo. E m uma rua tranqüila do Humaitá já se e n­ contrava uma Kombi ve rde que transportaria o se nhor E lbrick para o “apare ­ lho”. Se u motorista e ra Sérgio R ube ns de Araújo T orre s (Gusmão), me mbro da F T Ada DI/GB. E spe raram, e m vão, que o C adilac do e mbaixador passasse no horário de se mpre . De sfize ram o e sque ma e voltaram a montá-lo às 13h00, para e spe rar o re tomo do almoço. F inalme nte , por volta das 14 horas, o carro do e mbaixador aproximou-se le ntame nte . C harle s Burke E lbrick, no banco trase iro, se m se gurança, se guia A ve rdade sufocada - 229 para mais uma tarde de trabalho. Ao avistar o C adilac, o Volks de F ranklin manobrou como se e stive sse re tomando e impe diu a passage m. Ime diatame n­ te , as portas do C adilac foram abe rtas ao me smo te mpo. Virgílio e M anoe l C yrillo e ntraram e se ntaram-se ao lado do e mbaixador, que foi forçado a de i­ tar-se no piso do carro. Incontine nti, pe la porta do motorista, e ntrou C láudio T orre s que o e mpurrou, tomando-lhe a dire ção. Do outro lado, Paulo de T arso ame açou o motorista com uma arma. A ação foi muito rápida. F ranklin de Souza de simpe diu a rua, manobrando o Volks, e o C adilac se guiu rapidame nte . No mome nto do transbordo, como o e mbaixador ficou inde ciso, M anoe l C yrillo de u-lhe viole nta coronhada. E m conse qüência, o diplomata come çou a sangrar. Às pre ssas, o diplomata foi re tirado do carro e jogado no chào da Kombi, te ndo o se u corpo cobe rto por uma lona. Uma grande falha foi come tida pe los se qüe stradore s ao libe rtar o motorista no mome nto da troca de carros, pois pe rmitiu que e le visse a Kombi e me mo­ rizasse a sua placa. De pois de libe rtado, o motorista comunicou o se qüe stro à E mbaixada e a polícia tomou conhe cime nto de sse s dados. C onduzido ao “apare lho”, E lbrick, ape sar de atordoado e sangrando, pe r­ mane ce u na Kombi, na garage m, por mais 4 horas, e spe rando e scure ce r para se r introduzido no cative iro. ‘T ole do”, Gabe ira e Antônio de F re itas Silva (Baiano) aguardavam ansiosos a che gada do pre cioso re fém. O e mbaixador foi le vado para um quarto da casa e foi montada uma guarda junto a e le e outra do lado de fora. A partir daque le mome nto, e stavam trancados no “apare lho” alguns dos mais importante s quadros da Dl/GB e da ALN, aguardando, te nsos, a divulgação pe los me ios de comunicação do manife sto de ixado no local do se qüe stro. Ne ssa me sma noite , re laxaram ao ouvir pe las e missoras de rádio a divulga­ ção do manife sto. “Grupos R e volucionários de tive ram, hoje , o Sr. Burke E lbrick, e mbaixador dos E stados Unidos, le vando-o para algum ponto do País. E ste não é um e pisódio isolado. E le se soma aos inúme ros atos re volucionários já le vados a cabo: assaltos a bancos, e m que se arre cadam fundos para a re volução, tomando de volta o que os banque iros tomam do povo e de se us e mpre gados; tomadas de quartéis e de le gacias, onde se conse gue m armas e muniçõe s para a lula pe la de rrubada da ditadura; invasõe s de pre sídios, quando se libe rtam re volucionários para de volvê-los à lula do povo; as 230 «C arlos Albe rto Brilhante Ustra e xplosõe s de prédios que simbolizam a opre ssão; e o justiçame nto de carrascos e torturadore s. Na ve rdade , o rapto do e mbaixador é ape nas mais um ato de gue rra re volucionária, que avança a cada dia e que e ste ano iniciará a sua e tapa de gue rrilha rural. A vida c a morte do se nhor e mbaixador e stão nas mãos da ditadura. Se e la ate nde r a duas e xigências o Sr. Burke E lbrick se rá libe rtado. C aso contrário, se re mos obrigados a cumprir a jus­ tiça re volucionária. Nossas duas e xigências são: - a libe rtação dc 15 prisione iros políticos; - a publicação e le itura de sta me nsage m, na inte gra, nos prin­ cipais jornais, rádios e te le visõe s e m todo o País. O s 15 prisione iros políticos de ve m se r conduzidos e m avião e spe cial até um país de te rminado - Argélia, C hile e M éxico - onde lhe s se rá conce dido e xílio. C ontra e le s não de ve rá se r te ntada qualque r re pre sália, sob pe na de re taliação. A ditadura te m 48 horas para re sponde r publicame nte se ace i­ ta ou re je ita nossa proposta. Se a re sposta for positiva, divulgare ­ mos a lista dos 15 líde re s re volucionários e e spe rare mos 24 horas por sua colocação num país se guro. Se a re sposta for ne gativa ou se não houve r ne nhuma re spos­ ta ne sse prazo, o Sr. Burke E lbrick se rá justiçado. Que re mos le mbrar que os prazos são improrrogáve is e que não vacilare mos e m cumprir nossas prome ssas. Agora é olho por olho, de nte por de nte . Ação Libe rtadora Nacional (ALN) M ovime nto R e volucionário 8 de O utubro (M R -8).” O ficialme nte , a DI/GB assumia se u novo nome , e m home nage m ao dia da morte de C he Gue vara na Bolívia. A idéia inicial do novo M R -8 e ra libe rtar ape nas líde re s e studantis, mas 'T ole do”, mais e xpe rie nte , não pode ria pe rde r a oportunidade de e xigir outros pre sos, e le vando para 15 o núme ro de e scolhidos e ntre os me lhore s quadros de tantas organizaçõe s te rroristas que já atuavam no Brasil. E m que stão de poucas horas, os órgãos de se gurança de scobriram o e s­ conde rijo dos se qüe stradore s e passaram a se guir as pe ssoas que saíam para comprar gêne ros ou para difundiras me nsage ns com as e xigências ao gove rno. Um policial che gou a bate r à porta da casa para se ce rtificar do que se passava no se u inte rior Ne ssa ocasião, Virgílio de itou o e mbaixador no chão e apontou uma arma para sua cabe ça. Na manhã de 5 de se te mbro, Gabe ira e C láudio T orre s colocaram n;i igre ja do Largo do M achado e , também, na igre ja Nossa Se nhora ile A ve rdade sufocada · 231 C opacabana, cópias de um bilhe te de E lbrick para a e sposa e uma me nsa­ ge m informando que divulgariam a lista com o nome dos 15 pre sos. A tarde do me smo dia, foi de ixada no M e rcado Disco do Le blon a re lação dos 15 nome s. O s se qüe stradore s avisaram à R ádio J ornal do Brasil o local onde e stava a me nsage m e xigindo sua divulgação. O gove rno brasile iro, se m outra opção, ce de u às imposiçõe s que lhe foram fe itas, tudo com o obje tivo de salvar a vida de um home m que e stava no Brasil e m missão diplomática. No dia 6 de se te mbro, às 17h30, partiu um avião da F AB le vando para o M éxico os 15 pre sos da lista dos se qüe stradore s. O cative iro onde e stava o e mbaixador, “le vantado” pe los dados forne ­ cidos pe lo motorista, já e stava ce rcado e os participante s do se qüe stro ide ntificados, mas a vida do diplomata ame ricano corria pe rigo. Virgílio e s­ tava pre parado e disposto a e liminar o “re pre se ntante do impe rialismo”. As F orças Armadas re solve ram nào inte rvir. Por volta das 18h30 de 7 de se te mbro, os se qüe stradore s saíram do “apa­ re lho”, le vando o e mbaixador. E lbrick foi de ixado próximo ao Largo da Se gun­ da-F e ira, na T ijuca. Aprove itando o conge stioname nto durante a saída de um jogo no M aracanã, os se qüe stradore s conse guiram fugir. A sorte , porém, e stava ao lado dos órgãos de se gurança. C láudio T orre s, na pre ssa, e sque ce u o pale tó que , fe ito sob me dida, tinha o e nde re ço do alfai­ ate na e tique ta. Localizado o alfaiate , che gou-se ao e nde re ço onde e stava e s­ condido; e foi pre so o prime iro se qüe strador. Antônio de F re itas Silva, o Baiano, por sua ve z, procurava um lugar para morar e de ixou a folha de jornal com a assinalação do anúncio do local que havia e scolhido. A partir daí outros se qüe s­ tradore s foram pre sos. O se qüe stro se rviria de mode lo para três outros que ve re mos adiante . Participaram da ação: F ranklin de Souza M artins (Waldir) - DI/GB; C id Que iroz Be njamin (Vitor) - DI/GB; F e rnando Paulo Nagle Gabe ira (Honório) - Dl/GB; C láudio T orre s da Silva (Pe dro) - DI/GB; Sérgio R ube ns de Araújo T orre s (R ui ou Gusmão) - DI/GB; Antônio de F re itas Silva (Baiano) - Dl/GB; J oaquim C âmara F e rre ira (T ole do) - ALN; Virgílio Gome s da Silva (J onas) - ALN; M anoe l C yrillo de O live ira Ne tto (Sérgio) - ALN; Paulo de T arso Vcnce slau (Ge raldo) - ALN; He le na Bocayuva Khair (M ariana) - M R -8; Ve ra Silvia Araújo de M agalhãe s (M arta ou Dadá) - M R -8; J oão Lope s Salgado (Dino) - M R -8; J osé Se bastião R ios de M oura (Aníbal) - M R -8. Km troca da vida do e mbaixador, se guiram para o M éxico, banidos do te rritório nacional, pe lo Alo C omple me ntar n° M , de 5 de scle mbio dc I W): 232-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Agonalto Pache co da Silva; F lávio Aristide s de F re itas T avare s; Ive ns M arche tt i de M onte Lima; J oão Le onardo da Silva R ocha; J osé Dirce u de O live ira c Silva; J osé Ibraim; Luiz Gonzaga T ravassos da R osa; M aria Augusta C ame iro R ibe iro; O nofre Pinto; R icardo Vilas Boas Sá R e go; R icardo Zaratini F ilho, R olando F ratti; Vladimir Gracindo Soare s Palme ira; Gre gório Be ze rra; e M ário R obe rto Zanconato. De sse s, alguns, ape sar de banidos, voltaram clande stiname nte c re iniciaram, mais pre parados, de pois de cursos e m C uba, a gue rrilha no Brasil. O utros voltaram de pois da Le i de Anistia, e m 1979, e re tomaram às atividade s políticas, ingre ssando e m partidos políticos e organizaçõe s não gove rname ntais (O NGs) de e sque rda. No dia 9 de se te mbro, o gove rno divulgou o A I -13, dc 5 de se te mbro, criando a pe na de banime nto, ime diatame nte aplicada aos 15 pre sos li be rtados. Ainda no dia 9, a J unta M ilitar baixou o A I -14, e ste nde ndo as pe nas de morte e prisão pe rpétua aos casos de “gue rra psicológica ad ve rsa” e de “gue rra re volucionária ou subve rsiva”, de finidas pe la Le i dc Se gurança Nacional. F onte s: - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio - Proje to O rvil - T e muma - www.te muma.com.br Banidos cm troca do embaixador americano Governo Médici e o milagre brasileiro 30/10/69-15/03/1974 E mílio Garrastazu M édici nasce u e m Bagé, R io Grande do Sul, e m 1905. E studou no C olégio M ilitar de Porto Ale gre e na E scola M ilitar de R e ale ngo, R J . Participou, como te ne nte , da R e volução de 1930. F e z todos os cursos e xi­ gidos pe la carre ira militar. F oi adido militar e m Washington, durante o gove rno C aste lo Branco; che fe do SNI, no gove rno C osta e Silva; e comandante do III E xército na R e gião Sul. ante s de se r indicado para a Pre sidência da R e pública. Ace itou sua indicação como um de ve r militar a se r cumprido. Ao assumir, e mbora se ndo um de sconhe cido para a maioria da população, se us pronuncia­ me ntos, e xortando à união de todos para transformar o Brasil e m uma grande Nação, fize ram com que fosse re ce bido com simpatia. Sua franque za e pre ocu­ pação para com os proble mas sociais infundiram e spe ranças no povo. Aonde ia e ra se mpre fe ste jado. Nos jogos, no M aracanã, por mais de uma ve z foi aplaudido de forma uníssona pe la multidão. Se u gove rno atingiu altos índice s de popularidade . Nas e le içõe s de nove m­ bro de 1970, a vitória da Are na para o Se nado foi e smagadora e , para a C âma­ ra, obte ve folgada maioria. Se u gove rno foi o pe ríodo de maior de se nvolvime nto e prospe ridade . A e conomia te ria o maior cre scime nto, alcançando a taxa anual de 11,9%. Por cinco anos o cre scime nto foi supe rior a 9% ao ano. As e mpre sas e statais e ncarre gavam-se da infra-e strutura: indústrias de base , hidre létricas, rodovias, fe rrovias, portos e comunicaçõe s. A produção de be ns dc consumo de se nvolve u-se conside rave lme nte . A indústria automobi 1istica atin­ giu a produção anual de um milhão de unidade s, triplicando a produção de ve ículos. Havia trabalho para todos. Ao invés de de se mpre gados pe rambulare m me se s e m busca de e mpre go, como hoje , e ram comuns, nas indústrias e no comércio, as tabule tas nas por­ tas ofe re ce ndo e mpre go. Nos bairros, Kombis passavam com alto-falante s ofe re ce ndo trabalho. As políticas inte rna e e xte rna e o mode lo e conômico adotados e sti­ mulavam as e xportaçõe s, principalme nte de artigos manufaturados, co­ locando o Brasil na orde m e conômica mundial como o país com o cre s­ cime nto mais rápido que a história conte mporâne a conhe ce ra. Passou de 46ae conomia mundial à posição de 8ae conomia. A inflação se e sta­ bilizou e m torno de 20% ao ano. As e xportaçõe s ultrapassaram a marca dos três bilhõe s de dólare s. 234-C arlos Albe rto Brilhante Ustra F oi criado o F undo de M ode rnização e R e organização Industrial para fi­ nanciara mode rnização do parque industrial. Além da indústria, o abaste cime n­ to e a produção agrícola e ram prioridade s do gove rno. M édici gove rnou o País de le gando funçõe s e não as ce ntralizando. Assumiu se mpre a postura de um coorde nador ge ral. O gove rno e ra base ado, pratica me nte , e m três áre as: a militar, com os assuntos subordinados à che fia do minis tro do E xército, ge ne ral O rlando Ge ise l; a e conômica, le ndo como ministro De lfim Ne to; e a política, sob a coorde nação do che fe da C asa C ivil, Le itão de Abre u. O che fe da C asa M ilitar e ra o ge ne ral J oão Baptista F igue ire do. () ministério de M édici e ra constituído por administradore s das re spe ctivas áre as e não por políticos profissionais, como é de praxe . M ário Gibson Barbosa, ministro das R e laçõe s E xte riore s, foi o re sponsáve l pe la imple me ntação da política e xte rna do pe ríodo M édici, que ficou conhe cida como “diplomacia do inte re sse nacional”. O obje tivo principal do gove rno e ra o de se nvolvime nto do País. O Brasil que ria, pre cisava cre sce r e cre scia. O PIB te ve um cre scime nto cm níve is jamais alcançados: índice de 9,5% ao ano. A Bolsa de Valore s do R io de J ane iro bate u re corde s e m volume de tran saçõe s. O níve l das re se rvas cambiais e ra e xce le nte . O Balanço de Pagame ntos apre se ntava constante s supe rávits. As e xportaçõe s de produtos industrializa­ dos passaram dc um bilhão de dólare s. Duplicara a produção de aço, triplicara a produção de ve ículos e quadruplicara a de navios. Logo o re conhe cime nto viria. E m jane iro de 1972, F lávio M arcílio, pre si de nte da C âmara dos De putados, fe z um pronunciame nto favoráve l à re e le içà* > de M édici, de flagrando no C ongre sso de bate s e ntre os dois partidos e xiste n te s. E m 31 de março, M édici, e m discurso, conside rou pre maturo e de sconside rou a possibilidade de se abrir e ssa que stão política naque le mo me nto. E m junho de 1972, o Correio da Manhã publicou o prime iro de doi s e ditoriais, propondo, clarame nte , a re e le ição do pre side nte M édici, de se nca de ando, novame nte , uma re ação ime diata do Palácio do Planalto. Uma pe squi sa do IBO PE atribuiu ao pre side nte M édici 82% de aprovação. Principais re alizaçõe s do gove rno M édici: - Inauguração de 15 hidre létricas, e ntre e las, Solte ira e Urubupungá, gc rando 15,8 milhõe s de kw; -Abe rtura das R odovias T ransamazônica e Pe rime tral Norte ; - C onstrução da Ponte R io-Nite rói, inaugurada e m 04/03/1974, na gcstào do ministro dos T ransporte s M ário David Andre azza; - C onstrução da ponte fluvial de Santarém; - Asfaltamcnto da Be léni-Brasíliae da Be lém-Sào l .uis; A ve rdade sufocada - 235 - C riação do Provale (Programa para o Vale do Sào F rancisco); - C riação do Prodoe ste (Programa para o Pantanal M atogrosse nse ); - C riação do Plano de Inte gração Social (PIS); - Imple me ntação do Proje to R ondon (Inte gração da Amazônia à Unidade Nacional, re lançado agora, como novidade , pe lo gove rno Lula); - C riação do Programa de Apose ntadoria ao trabalhador rural; - C riação do Prote rra (programa de re distribuição de te rras e de e stímulo à agroindústria do Norte e do Norde ste ); - C riação do F unate l; - Instituição do Programa de T e le comunicaçõe s e criação da E mpre sa Bra­ sile ira de T e le comunicaçõe s - E mbrate l; - I nauguração do siste ma de transmissão de te le visão e m core s. No go­ ve rno M édici se tornou possíve l e stabe le ce r uma re de nacional de te le visão, que le varia a quase todo o Brasil os programas de T V. Isso foi fe ito pe la T V Globo, que na época e ra uma de fe nsora e difusora e ntusiasmada das idéias e :dos fe itos do re gime militar; - Ace le rame nto das obras dos me trôs do R io e de Sào Paulo; - F inalização das obras da BR -101, que corta o Brasil de Norte a Sul; - E xploração, pe la Pe trobras, da Plataforma M arítima; - R e forma do e nsino; - Aume nto, e m se te ve ze s, o núme ro de unive rsitários (de 60.000 para 450.000), na ge stão do ministro da E ducação, J arbas Passarinho; e - I mple me ntação do M obral (Alfabe tização de adultos, com a dimi­ nuição significativa do núme ro de analfabe tos), também na ge stão do ministro J arbas Passarinho. E m 1971, o Brasil possuía três ve ze s mais e stradas que e m 1964 e todas as capitais brasile iras e stavam inte rligadas a Brasília, i E lioGaspari, um dos maiore s críticos dos gove rnos militare s, e m se u livro A Itadura Escancarada, página 133, e scre ve o se guinte : “Pre sidiu o País cm silêncio, le ndo discursos e scritos pe los outros, se m confrate rnizaçõe s sociais, implacáve l com me xe ricos. Passou pe la vida pública com e scrupulosa honorabilidade pe ssoal. I)a Pre sidência tirou o salário de C r$ 3.439,98 líquidos por mês (e quivale nte a 724 dólare s ) e nada mais. Adiou um aume nto da carne para ve nde r na baixa os bois de sua e stância e de sviou o traçado de uma e strada para que e la não lhe valorizasse as te rras. Sua mulhe r de corou a granja oficial do R iacho F undo com móve is usados re colhidos nos de pósilos do funcionalismo de Urasilin." 236-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ape sar de tantas re alizaçõe s e de alguns críticos do gove rno M édici reco nhe ce re m o de se nvolvime nto alcançado ne sse pe ríodo, a página do Se nado F e de ral, na Inte rne t, www.se nado.gov.br/comunica/hist0ria/R e p21.htm. O se ­ nado e o re gime militar (2), re gistra ape nas o se guinte sobre o pe ríodo: “O gove rno M édici (1969-1974) A J unta de clarou vagas a Pre sidência e a vice -pre sidência da R e pública, de finindo o proce sso de e scolha do novo pre side n­ te , pe lo qual os oficiais-ge ne rais das três Armas indicariam os candidatos de suas pre fe rências. F oi apontado o ge ne ral E mílio Garrastazu M édici, e x-che fe do SNI, e le ito pe lo C ongre sso Na­ cional (re abe rto três dias ante s) para o pe ríodo de 1969-1974. O gove mo M édici transcorre u sob clima do milagre e conômico, com a re alização de obras e proje tos-impactos ambiciosos. Durante o se u gove mo nasce u o te rrorismo no Brasil, tanto do gove mo e m re lação à socie dade civil, quanto da dire ita e m re la­ ção à e sque rda e da e sque rda e m re lação ao re gime . F ormaram- se pe que nas organizaçõe s de e sque rda, se ndo a gue rrilha, che fia­ da pe lo e x-de putado C arlos M arighe lla e o capitão do E xército C arlos Lamarca, dizimada cm dois anos." O re sponsáve l por e ssa “de talhada” de scrição do gove mo M édici ou u-m me mória se le tiva (só le mbra do que inte re ssa), ou é muito jove m e te ve a kYa be ça fe ita” por uma ge ração dc políticos, profe ssore s e jornalistas, formadoi i-s de opinião, comprome tidos com a ide ologia que le vou os jove ns, orie nUult »·, por e xpe rie nte s comunistas, a se atirare m numa ave ntura sanguinária, na tcni.i tiva da implantação de um re gime popular, se guindo o mode lo de C uba. E pre ciso le mbrar e re le mbrar que os atos te rroristas não nasce ram no > ve mo M édici. De sde ! 966, quando a AP e xplodiu uma bomba no Ae ropori»t de Guararape s, matando duas pe ssoas e fe rindo 13, e sse s atos bárbaros \ i nham se inte nsificando. As “pe que nas” organizaçõe s de e sque rda, portanto, |.i e xistiam ante s do gove mo M édici. Algumas, como a PO LO P, a AP, o PO R I . o Grupo dos O nze , a F LN, e xistiam me smo ante s da C ontra-R e volução dc 19M . ainda no gove mo J oão Goulart. A te ntativa de implantação de uma ditadura do prole tariado ve m de longe ! O utras organizaçõe s que atuavam na época, como PC BR , ALN, C orivnir DI/GB (futuro M R -8), C olina, VPR , PC R , M olipo, VAR -Palmare s, M NK . outras, são ante riore s a 1967. A ve rdade sufocada - 237 Quanto a C arlos M arighe lla, na re alidade , e le e ra um de sse s antigos comu­ nistas. M ilitava no PC de sde 1930 e ve io, ao longo dos anos, radicalizando suas atividade s subve rsivas, passando a pre gar o te rrorismo a partir de 1966. Se us ade ptos, na grande maioria e studante s, foram le vados à morte por sua ne fasta influência. A de sinformação ou má-fé vai longe . No gove mo M édici, a organização de M arighe lla, a ALN, e outras, se guiam ape nas os e nsiname ntos do Minimcmual do Guerrilheiro, instruçõe s para prática de atos te rroristas ide alizadas por e le , que morre u e m 4 de nove mbro de 1969. M édici assumiu e m 30 de outubro de j 1969. Assim, a pre se nça viva do ide ólogo do te rror e m se u gove mo foi de ie xatos cinco dias, o que não impe diu que se us ade ptos te nham fe ito, juntame nte jcom a organização a qual Lamarca pe rte ncia - a VPR , fundada cm março de 11968 atos de e xtre mo te rror, omitidos na página citada. Até o final do gove mo M édici, 120 pe ssoas haviam sido assassinadas pe los te rroristas. E le e nfre ntou assaltos, ate ntados a bomba, ataque s a quar­ téis, oito se qüe stros de aviõe s e outras açõe s como: Se qüe stro do e mbaixa­ dor ame ricano; Se qüe stro do cônsul japonês; T e ntativa de se qüe stro do côn- lul ame ricano e m Porto Ale gre ; T e ntativa de implantação de gue rrilha no Vale da R ibe ira; Se qüe stro do e mbaixador ale mão; Se qüe stro do e mbaixador su­ íço; “J ustiçame nto” do industrial He nning Albe rt Boile se n; “J ustiçame nto” do marinhe iro inglês David C uthbe rg; M orte do major do E xército J osé J úlio T oja M artine z; “J ustiçame nto“ do come rciante português M anoe l He nrique de O live ira; “J ustiçame nto” do de le gado de Polícia de São Paulo, O ctávio onçalve s M ore ira J únior; e Gue rrilha do Araguaia. F oi ne ce ssária uma re pre ssão forte e organizada para acabar c«m a subve r­ são e o te rrorismo implantados no País. M uito se de ve a e sse s atos te rroristas o ■diame nto da normalidade institucional, das e le içõe s dire tas para pre side nte e gove rnadore s. Urgia pacificar o País para e ntre gá-lo a novos gove rnante s não mprome tidos com a subve rsão. As omissõe s propositais, as me ntiras oficiais e as me ias ve rdade s publicadas em um site do Se nado F e de ral, buscam re e scre ve r a história. O s re sponsáve is por e ssa página mostram-se ide ologicame nte ce gos às re alizaçõe s de um go- e mo que trouxe progre sso e de se nvolvime nto ao Brasil. A omissão dos de ­ mais políticos é inace itáve l. M édici e nfre ntou o auge das atividade s te rroristas e combate u-as com de te rminação. As organizaçõe s do te rror, com a re ação do gove rno, sofre ­ ram sérios re ve ze s, se ndo, e m sua maioria, de sarticuladas. Por e ssa razão, tis e sque rdas, hoje , re alizam forte orque stração associando o se u nome à 238-C arlos Albe rto Brilhante Ustra image m de um tirano crue l, que pe rse guia aque le s que combatiam a sua dila dura. J amais se pe rmitirão admitir que E mílio Garrastazu M e die i foi um dos me lhore s pre side nte s que o Brasil já te ve . O s ide ólogos de ssa e sque rda ultra passaram, significativame nte , os se us me stre s e mode los de comunicação Goe bbe ls e Le nin transformando a me ntira, o e ngodo e a me ia ve rdade cm uma nova história. Nada me lhor para corroborar o que afirmo, do que o tre cho abaixo, de de poime nto de Luiz Inácio Lula da Silva, dado, e m 03/04/1997, a R onaldn C osta C outo e publicado no livro Memória Viva do Regime Militar. Brastf 1964-1985 - E ditora R e cord 1999. “... Agora, com toda a de formação, se você tirar fora as que s­ tõe s políticas, as pe rse guiçõe s e tal, do ponto de vista da classe trabalhadora o re gime militar impulsionou a e conomia do Brasil de forma e xtraordinária. Hoje a ge nte pode dize r que foi por conta da dívida e xte rna, “milagre " brasile iro e tal, mas o dado concre to é que , naque la época, se tive sse e le içõe s dire tas, o M édici ganhava. E o proble ma da que stão política com as outras que stõe s. Se hou­ ve sse e le içõe s, o M édici ganhava. E foi no auge da re pre ssão política me smo, o que a ge nte chama de pe ríodo mais duro do re gime militar. A popularidade do M édici no me io da classe traba­ lhadora e ra muito grande . O ra. por quê? Porque e ra uma época de ple no e mpre go. E ra um te mpo e m que a ge nte trocava de e m­ pre go na hora que a ge nte que ria. T inha e mpre sa que colocava pe rua para roubar e mpre gado de outra e mpre sa ..." "... E u acho que o re gime militar, e le com todos os de fe itos políticos, com todas as críticas que a ge nte faz, acho que há uma coisa que a ge nte te m de le var e m conta. De pois do J usce lino, que e stabe le ce u o Plano de M e tas, os militare s tinham Planos de M e ­ tas. O Brasil vai do je ito que De us que r. Não e xiste proje to de política industrial, não e xiste proje to de de se nvolvime nto. E os mi­ litare s tive ram, na minha opinião, e ssa virtude . O u se ja, pe nsar o Brasil e nquanto Nação e te ntar criar um parque industrial sólido. Indústrias de base , indústrias de se tor pe troquímico... Isso, obviame nte , de u um dinamismo. E por isso que os e xila­ dos, quando voltaram tive ram um choque com o Brasil. Porque o Brasil, ne sse pe ríodo, saiu de um e stado se mi-industrial pra um e stado industrial..." A ve rdade sufocada - 239 Médici. juntamente com o ministro dos Transportes, Mário Andreazza, inaugura a Ponte Rio-Niterói, considerada pela oposição da época, como obra faraônica Médici ergue a taça Jules Rimet, nas comemoraões pelo Tricumpeonato Mundial de Futebol Hidrelétrica de Itaipu, lamhém considerada uma ohra faraônica 240-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Subinspetor Cecildes Moreira Faria, da Polícia Civil de Minas Gerais, morto juntamente com o guarda civi/ José Antunes Ferreira, ao tentarem prender terroristas num aparelho do "Colina”, em Belo Horizonte Soldado PM José A/eixo Nunes O subinspetor Cecitóe Dia 10/11/1970. Sào Paulo/SP. Três mtn u \ na perseguição a terroristas da VPR. (Ver descri^àt* na página 34.U José Marques do Nascimento, motorista de táxi que transportava os dois PM Soldado PM Gariha/do dc Queiroz A ve rdade sufocada · 241 Depredação de viatura da Polícia Civil, durante passeata estudantil Atentado a viaturas estacionadas na frente do DOPS/SP Incêndio à uma viatura do "JornaI da Tarde " /SP Atentado à radiopatrulha/SP Atentado à viatura tia Policia Militar/SP 242-C arlos Albe rto Brilhante Ustra • J "-HBß.'illiß f f c, " 'v í Explosão do curro dos terroristas Ishiro Nagami e Sérgio Correia, na rua Consola çâo/SP (Onde eles iriam colocar esses explosivos?) Assalto da ALN a um carro transportador de valores Sahotagcm cm via /cm .1 Em São Paulo C oncluindo a E scola de C omando e E stado-M aior do E xército, ao final de 1969, fui transfe rido para São Paulo. Ape sar de aconse lhado a re sidir no pré­ dio do E xército, na Ave nida São J oão, re solvi re alizar o nosso sonho de morar e m uma casa. De pois de muito procurar, e ncontramos um pe que no sobrado, pe rto do Ae roporto de C ongonhas, numa rua tranqüila. O que e ncantou minha mulhe r foi uma tira de te rra, ao lado da e ntrada do carro, onde e la logo plantou flore s e folhage ns e , orgulhosa, chamava de nosso jardim. E stávamos nos se n­ tindo no paraíso, afinal tínhamos saído de um apartame nto de quarto e sala e , pe la prime ira ve z, morávamos e m uma casa. E u se rvia na 2aSe ção, Se ção de Informaçõe s, no Quarte l Ge ne ral do II E xército. O clima e m São Paulo e ra de constante s sobre ssaltos. Assaltos e ate ntados quase que diários. C om fre qüência e u che gava cm casa, do quarte l, muito tarde , às ve ze s de madrugada. E m alguns pe ríodos, como durante o se ­ qüe stro do cônsul do J apão, não pude ne m me smo ir dormir e m casa. M inha mulhe re minha filha re cém-nascida ficavam sozinhas. F icávamos inse guros. Não tínhamos família na cidade que pude sse nos apoiar. Para comple tar nossa inse ­ gurança, havia, se mpre , informe s que as organizaçõe s te rroristas pre te ndiam se qüe strar ou “justiçar” militare s. E u, na época, nào me e nquadrava no que se pode ria dize r um alvo cobiçado, mas nunca se sabe , não conse guindo pate nte mais alta, pode riam se conte ntar com um major. A situação e ra pre ocupante , pois os subve rsivos-te rroristas, até o início de 1970, assaltaram, aproximadame nte , 300 bancos e alguns carros forte s de e mpre sas pagadoras; e ncaminharam 300 militante s para cursos e m C uba e na C hina; sabotaram linhas férre as; assaltaram quartéis para roubar ar­ mas; se qüe straram três diplomatas; “justiçaram” três militare s (dois e stran­ ge iros e um te ne nte da Polícia M ilitar de São Paulo); roubaram grande quan­ tidade de e xplosivos e m pe dre iras; e xplodiram de ze nas de bombas (e ntre e las uma no Ae roporto Guararape s e outra no Quarte l Ge ne ral de São Pau­ lo); e ince ndiaram várias radiopatrulhas. O núme ro dc mortos da inse nsate z de ssa gue rrilha urbana já e ra grande : 66 pe ssoas, se ndo 20 policiais milita­ re s, 7 militare s, 7 policiais civis, 10 guardas de se gurança e 22 civis de profissõe s dive rsas. C om toda e ssa situação de gue rrilha urbana e m São Paulo, onde o núme ­ ro de açõe s e ra muito grande , re ce bi re come ndaçõe s dc me us che fe s para que , por me dida de se gurança, me mudasse para o prédio do E xército, o que fiz logo que possíve l, de pois dc pagar multa de re scisão de contrato. Saímos da tranqüilidade dc nosso sobrado, de ixando nosso jardim que come çava a 244-C arlos Albe rto Brilhante Listra florir, e fomos para a Ave nida Sào J oão, ple no ce ntro de São Paulo, ao lado da Praça da R e pública, pe nsando que e staríamos tranqüilos. M al sabia e u que os próximos três anos e três me se s se riam os mais difíce is de minha vida. E m fins de se te mbro, fui nome ado o prime iro comandante do re cém-criado DO I/C O DI/ II E x. E u iria, junto com me us comandados, e nfre ntar os “e studante s, armados dc e stilingue ”, que lutavam para “re de mocratizar” o País, como dize m alguns me m­ bros da mídia... O s “jove ns ide alistas”, na ve rdade , re ve laram-se fanáticos assassinos, não he sitando trucidar inoce nte s e m prol da odiosa causa que abraçavam. Seqüestro do cônsul do Japão em São Paulo 11/03/1970 '‘C onsciência Ge ral O de svario te rrorista nào me de conse qüências. Pouco lhe im­ porta as vítimas que vai de ixando pe lo caminho, de sde que atinja os se us obje tivos ime diatos de pre cário re ndime nto conte statório. E ste é um dos se us aspe ctos mais cruéis: a inse nsibilidade com que , nos se us transbordame ntos, e nvolve , de re pe nte , o home m de rua, o transe unte pacato, a màe que le va o filho consigo. A açào te rrorista nào se limita a e ntre choque s e ve ntuais com age nte s da le i. É uma gue rra de clarada à socie dade , na me dida e m que , criando um clima ge ral de inse gurança, arrisca vidas anô­ nimas. O re púdio da família brasile ira ao te rrorismo, manife stado de sde se us primórdios no País, não a ise nta, infe lizme nte , de uma participação maior no quadro ge ral das re sponsabilidade s convo­ cadas para combatê-lo. Da me sma forma, não a impe de de , e ve n­ tualme nte , sofre r na própria pe le os e fe itos de ssa luta. No mome nto e m que as ruas se transformam e m palco de e sca­ ramuças sangre ntas, com o sacrifício até de crianças e mãe s de famí­ lia habituadas a uma paz de e spírito agora ame açada, cabe a todos nós re forçar conce itos de de ve re s e re sponsabilidade s e m função da tranqüilidade cole tiva. A consciência ge ral te rá de de spe rtar com ur­ gência para a triste constatação de que e stá diante de uma ação alucinada de grupos minoritários que re que r me didas e spe ciais de re s­ guardo. A família brasile ira pre cisa colocar-se à altura de sse instante in­ quie tador que não de ve e não pode pe rdurar, não obstante a soma atual de maus pre sságios. E some nte se rá digna de ssa nova convocação quando come çar no ambie nte dos se us lare s a tare fa ge ral de pacificação dos e spíritos e de sarme das atitude s radicais fundame ntadas no ódio.” (T re cho do e ditorial do Jornal do Brasil - 14/03/1970). No dia 20 de fe ve re iro de 1970, quatro policiais militare s te ntavam apurar o roubo de um carro. C he garam até uma casa no J ardim C e re je iras, e m Atibaia, onde re sidiam Antônio Luce na, sua mulhe r Damaris e três filhos me nore s. Luce na militava no PC B de sde 1958. O s policiais ne m imaginavam que ali e ra um “apare lho” da VPR . E le s nào pe rte nciam a ne nhum órgão dc se gurança, tanto que che garam se m “e stourar o apare lho.” 246-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Bate ram na porta e pe diram para ve r os docume ntos do carro. Luce na disse aos policiais que iria buscá-los. C omo o carro fora roubado pe la VPR , e vide nte me nte , e stava e m situação ile gal. T e me ndo se r pre so, Luce na de cidiu re agir. Voltou com um fuzil F AL, abriu a porta e disparou uma rajada nos policiais, matando instantane ame nte o sarge nto PM Antônio Apare cido Posso Nogue ró e fe rindo grave me nte o se gundo sarge nto E d­ gar C orre ia da Silva. O s outros dois policiais re agiram. Luce na foi morto e Damaris pre sa. Se gundo Damaris Luce na e m se u de poime nto a Luiz M aklouf C arvalho, no livro Mulheres que foram à luta armada, e stá re gistrado o se guinte : “T inha um F AL por cima da me sa, cobe rto, que ficava se mpre à mão. O Doutor pe gou o F AL e atirou.” O bse rvação: Doutor, e ra o codinome de se u marido. No apare lho, foram e ncontrados: mate rial cirúrgico, 11 F AL, 24 fuzis, 4 me tralhadoras, 2 carabinas, 2 e spingardas, 1Winche ste r, e xplosivos e cartu­ chos dive rsos. E m 27 de fe ve re iro, C hizuo O sava, “M ário J apa”, sofre u um acide nte de automóve l, na Ave nida das Lágrimas, e m Sào Paulo, e pe rde u os se ntidos. Um guarda de trânsito, ao socorrê-lo, e ncontrou armas e docume ntos subve rsivos no inte rior do carro acide ntado. “M ário J apa” foi pre so e e ncaminhado ao DO PS, após se r me dicado. C hizuo O sava e ra, e m 1970, um dos dirige nte s da VPR . E m março fora e nviado para São Paulo com o obje tivo de re e struturar a gue rrilha urbana, dan­ do-lhe maior ope racionalidade . E ra, portanto, uma das pe ças fundame ntais da VPR . C om o acide nte , de ixou de “cobrir um ponto” com Ladislas Dowbor, o que de nunciou a sua prisào. T anto “M ário J apa” como Damaris sabiam da e xistência de uma áre a de tre ina­ me nto de gue rrilha no Vale da R ibe ira. E ra ne ce ssário para a organização criminosa tirá-los da prisào, com a máxima urgência, ante s que colocasse m e m risco a VPR e “e ntre gasse m” a áre a de tre iname nto no Vale da R ibe ira. Damaris, quando inte rrogada, falou a re spe ito de ssa áre a, localizando-a próximo a R e gistro. O s analistas de inte rrogatório inte rpre taram e ssa informa­ ção como se fosse a re giào de R e gistro do Araguaia, e m M ato Grosso (re gião propícia a e sse tipo de atividade ). “M ario J apa” de clarou que a áre a e ra e m Goiás. A contradição foi pe rce bida e , mais ccdo ou mais tarde , e le s iriam “e n­ tre gar” a re giào ce rta. A ve rdade sufocada · 247 E ra pre ciso libe rtá-los ante s que fosse tarde . C om o êxito do se qüe stro do e mbaixador ame ricano, de cidiram que um novo se qüe stro se ria a solução. Para se nsibilizar a colônia japone sa, muito nume rosa e m São Paulo, e pre s­ sionar o gove mo, foi e scolhido o cônsul ge ral do J apão, Nobuo O kuchi. E m açõe s mais arriscadas as organizaçõe s agiam “e m fre nte ” (duas ou mais organizaçõe s). Para o se qüe stro foram e mpre gados os se guinte s militante s, co­ orde nados por Ladislas Dowbor (J amil): - Pe la VPR - Vanguarda Popular R e volucionária: Liszt Be njamin Vie ira (F re d); M arco Antônio Lima Dourado (O rlando ou E lói); M ário de F re itas Gonçalve s (Dudu); J oclson C rispim; O svaldo Soare s (M igue l ou F anta); J osé R aimundo da C osta (M oisés). - Pe la R E DE - R e sistência De mocrática: De nise Pe re s C rispim (C élia); E duardo Le ite (Bacuri); F e rnando Kolle ritz (Ivo, R aimundo). - Pe lo M R T - M ovime nto R e volucionário T irade nte s: De vanir J osé de C arvalho (He nrique ); Plínio Pe te rse n Pe re ira (Gaúcho); J osé R odrigue s Ange lo J únior. O le vantame nto coube a Liszt Be njamin Vie ra, M ário de F re itas Gonçalve s e J oe lson C rispim. No dia 11de março de 1970, no local e hora pre vistos, o carro do cônsul apare ce u e Liszt assinalou para Ladislas a sua aproximação. Ime diatame nte o carro foi inte rce ptado por um Volks, dirigido por De vanir J osé de C arvalho - um dos três irmãos conhe cidos como os “Irmàos M e tralha” - que , apare nte ­ me nte , fize ra uma manobra de scuidada. O svaldo Soare s c M ário de F re itas Gonçalve s, na R ua Bahia, inte rrompiam o trânsito. Ladislas e M arco Antônio Lima Dourado aproximaram-se do carro e ame ­ açaram o motorista. Plínio Pe te rse n Pe re ira e Liszt re tiraram o cônsul e o colo­ caram e m outro Volks. T udo foi muito rápido. Pouco de pois, e le e ra le vado, de olhos ve ndados e com a cabe ça nos joe lhos dc Liszt, para o “apare lho” de "Bacuri” e de De nise , sua mulhe r, localizado e m lndianópolis, na Ave nida C e e i, 1216. No apare lho, o cônsul ficou vigiado por “Bacuri”, Ladislas e Liszt. De ni­ se , além de cuidar das tare fas domésticas, fazia as compras e le vava os co­ municados dos se qüe stradore s e as me nsage ns do cônsul a J osé R aimundo da C osta (M oisés), que os fazia che gar às autoridade s. C omo o re trato de "M oisés” foi publicado nos jornais como um dos suspe itos, e le foi substituído por l:cmando Kolle ritz. De ssa ve z, pe diram pouco. O s comunicados re digidos por I ,adislas e xigiam d libe rtação de 5 pre sos, asilo político no M éxico e paralisação das buscas. 248-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Se não fosse m ate ndidos, ame açavam dinamitar o e sconde rijo, se houve sse te ntativa de re sgate . O s comunicados e ram assinados pe lo C omando Luce na, e m home nage m a Antônio R aimundo Luce na, da VPR , morto e m 20 de fe ve re iro. No comunicado n°4, os se qüe stradore s divulgaram o nome dos cinco pre ­ sos que se guiriam para o M éxico. A se guir transcre vo o que o Jornal do Brasil, e m 14/03/1970, publicou a re spe ito dc cada um dos pre sos libe rtados: Diógenes José de Carvalho Oliveira Participou dos ate ntados ao C onsulado Norte -Ame ri- cano, e m São Paulo; Quarte l Ge ne ral do 11 E xército, quando morre u o soldado M ário Koze l F ilho; ate ntados ao Quarte l Ge ­ ne ral da F orça Pública no Barro Branco, quando foi morta ou­ tra se ntine la; bomba na loja Se ars; morte do capitão C harle s C handle r, no dia 12 de outubro de 1968; assalto à C asa de Ar­ mas Diana e ao Hospital M ilitar; roubos ao Banco M e rcantil da R ua J oaquim F loriano e ao Banco do E stado, na rua Iguate mi. T ambém agiu no ABC , te ndo tomado a R ádio Inde pe ndência, no dia 26 de julho de 1968, acompanhado de mais cinco te rro­ ristas, e ntre e le s C hizuo O sava. Naque la ocasião, transmitiram uma me nsage m subve rsiva." Chizuo Osava “C hizuo O sava é o nome de M ário, outro dos pre sos re quisita­ dos pe los se qüe stradore s e m troca do cônsul ge ral Nobuo O kuchi. E ligado aos irmãos C arvalho, que comandavam o te rrorismo na re gião dos municípios de Santo André, São Be rnardo do C ampo e São C ae tano (ABC ), três dos quais já se e ncontram pre sos no Pre sídio T irade nte s. E le é acusado de tomar a R ádio Inde pe ndên­ cia, e m São Be rnardo do C ampo, e colocar no ar um manife sto re digido por C arlos M arighe lla, atacando o gove rno fe de ral...” Otávio Ângelo “O Amie iro - O távio Ânge lo, me mbro da Aliança Libe rtadora Nacional, foi pre so juntame nte com F rancisco Bispo de C arv alho, no dia 25 de de /e mbro do ano passado, na fábrica clande stina de anuas A ve rdade sufocada - no bairro Artur Alvim. E le s faziam cópias de armas roubadas pe lo e x- capitão Lamarca do 4° R e gime nto de Infantaria, e m Quitaúna. A fábrica e stava montada num galpão que havia nos fundos da casa dc F rancisco, e x-me mbro do Partido C omunista. F ie ace i­ tou a proposta do e x-capitão Lamarca, pois havia a chance dc “se rvir à causa” e ganhar um salário de NC r$ 500,00. M as o e s­ colhido para montar a fábrica foi O távio Ange lo, que não te ve proble mas para fazê-lo. E le havia fe ito um curso e m C uba, onde apre nde u a transformar pe daços de cano e e quipame ntos de auto­ móve l e m armas automáticas e de grosso calibre . Para montar a fábrica, O távio Ânge lo re ce be u NC rS 5 mil de J oaquim C âmara F e rre ira. C om e sse dinhe iro de u a e ntrada para comprar um tomo e pre parar o galpão com re ve stime nto a prova de som, já que faziam provas de tiro e não podiam de spe rtar a ate nção dos vizinhos.” Damaris de Oliveira Lucena “A viúva Damaris de O live ira Luce na foi pre sa por ocasião da morte de se u marido, Antônio R aimundo Luce na. num tirote io com soldados da F orça Pública, na noite de 20 de fe ve re iro passado, num sítio do município de Atibaia, onde o casal e stava e scondido, juntame nte com três filhos me nore s.” "... E m se us de poime ntos pre stados às autoridade s militare s, Damaris de O live ira Luce na contou que o e x-capitão C arlos Lamarca e outros te rroristas fre qüe ntavam sua casa nos fins de se mana.” “Num dos quartos foram e ncontrados 24 fuzis M ause r, quatro me tralhadoras INA e 11fuzis F AL.” Madre Maurina Borges Silveira “A R e ligiosa - M adre M aurina Borge s Silve ira - Nascida e m Araxá, M inas Ge rais, e ra madre supe riora do Lar Santana (R ua C onse lhe iro Dantas, 984, e m Vila T ibério). F oi pre sa no dia 13 de nove mbro de 1969, quando a Polícia e o E xército de sarticularam cm R ibe irão Pre to o grupo te rrorista F re nte Armada de Libe rta­ ção Nacional (F ALN). No Lar Santana, onde vive m 220 crianças, a polícia afirmou te r e ncontrado mate rial subve rsivo e docume ntos comprome te dore s. 250-C arlos Albe rto Brilhante Ustra além de se r acusada por te ntar que imar os docume ntos e e nte rrar e xplosivos quando os policiais che garam ao asilo. M adre M aurina Borge s Silve ira também se ria re sponsáve l pe lo de svio de mais de uma tone lada de alime ntos e nviados pe lo gove rno dos E stados Unidos para as crianças do Lar Santana. As me rcadorias te riam sido e nde re çadas à F ALN. Se gundo a Polícia, o Lar Santana transformara-se e m apare ­ lho da F ALN, com conhe cime nto da madre ." C he gando os pre sos ao M éxico, come çaram os pre parativos para libe rtai o cônsul ge ral do J apão, Nobuo O kuchi. No domingo, 15 de março, às 16 horas, E duardo Le ite , “Bacuri”, re tirou Liszt do “apare lho”. Ao anoite ce r, o cônsul foi ve ndado e le vado por Ladislas no banco trase iro do F usca. “Bacuri” e De nise , após re vista minuciosa da casa, que imaram docume ntos, de sfize ram possíve is pistas e abandonaram o “apare lho”. Após “che que ios e contrache que ios”, para ve rificar se e stavam se ndo se guidos, de ixaram o cônsul na R ua Arujá. Ladislas saltou com Nobuo, e nquanto “Bacuri” circulava para ve rificar se havia polícia por pe rto. C aso não voltasse , Ladislas mata­ ria o cônsul. F e lizme nte , o Volks re tomou e Ladislas e mbarcou, de ixando Nobm * O kuchi que , de táxi, dirigiu-se à sua casa. E ntre abril e maio, os órgãos de se gurança já haviam pre ndido Ladislas Dowbor, Liszt Be njamin Vie ira, O svaldo Soare s, F e rnando Kolle ritz e M igue l Varoni. Alce ri M aria Gome s da Silva e J oe ison C rispim haviam sido mortos e m combate . T odos e nvolvidos ne sse se qüe stro. Madre Maurina e a Força Armada de Libertação Nacional (FALN) Na F aculdade de Dire ito da cidade de R ibe irão Pre to, São Paulo, Wande rle y C aixe participava de uma célula do PC B, ao qual e ra filiado de sde 1959. E m 1967, inconformado com a linha política do PC B e influe nciado pe lo foquismo cubano, Wande rle y criou a F re nte de Libe rtação Nacional, logo de pois de nominada F orça Armada de Libe rtação Nacional (F AL N). A idéia dos me mbros da nova organização e ra formar um “E xército Popular de Libe rtação” e , por me io de le , de rrubar o gove rno, assumir o pode r e mudai o re gime . O grupo, que te ve pouca duração, che gou a te r 80 militante s, e ntre e le s. Áure a M ore tti. Usando o jornal da faculdade , O Berro, Wande rle y passou a pre gar a sua posição foquista. O s “e studante s” se re uniam no Lar Santana, dirigido poi A ve rdade sufocada - 251 madre M aurina Borge s Silve ira. C e rtame nte , não e ra para discutir te mas do currículo de Dire ito e , muito me nos, re ligião. Da te oria passaram à ação. No 2ose me stre de 1967, a F ALN iniciou os ate ntados te rroristas nas cidade s de R ibe irão Pre to e Se rtãozinho. Áure a M ore tti participou de alguns de sse s ale ntados. E m R ibe irão Pre to, e xplodiram bombas nos cine mas C e nte nário, São Paulo, D. Pe dro II, São J orge e Sue z; no me rcado dos C ampos E líse os; na agência do De partame nto de C orre ios e T e légrafos; na Igre ja M órmon; e no 3oBatalhão de Polícia M ilitar. E m Se rtãozinho, a F ALN e xplodiu bombas e m lugare s públicos, nos me s­ mos dias e horários das de R ibe irão Pre to. No finai de 1967, atuava também e m F ranca e Pitangue iras. E m 1968, aproximou-se do cle ro progre ssista, obte ndo apoio moral, finan­ ce iro e mate rial de dive rsos re ligiosos, alguns favoráve is à luta armada. M adre M aurina foi pre sa por mante r contato com M ário Lore nzato, pe rmitir re uniõe s e guardar mate rial subve rsivo no Lar Santana. E m 1969, te ntando de se ncade ar a luta armada no campo, a F ALN instalou dois proje tos de campos de tre iname nto: o prime iro nas matas da F aze nda C apão da C ruz, de struído pe lo fogo; e o se gundo, nas matas da F aze nda Boa Vista, distrito de Guatapará, de sbaratado pe la polícia no me smo ano. O re s­ ponsáve l por e sse campo e ra M ário Bugliani (C apitão), que fazia o re cruta­ me nto na zona rural. Na noite de 13 de outubro de 1969, a organização assaltou a pe dre ira da Pre fe itura M unicipal de R ibe irão Pre to, roubando grande quantidade de di­ namite e e stopim. Após e sse assalto, alguns militante s foram pre sos e m um acampame nto próximo à cidade de Se rtãozinho, o que proporcionou o de s­ baratame nto de todo o grupo. Várias pe ssoas foram pre sas, e ntre e las, cam­ pone se s, e studante s, fre iras e sace rdote s, suspe itos de participar ativame nte , ou como apoio. A grande ação da F ALN, plane jada, mas não re alizada por causa da prisão de se us principais me mbros, se ria o se qüe stro do usine iro J oão M arque si, com a finalidade principal de obte r fundos para e xpandir os atos te rroristas da organização. Wandcrle y C aixe cumpriu pe na de cinco anos de prisão, por te r sido ide n­ tificado como coorde nador do grupo. Hoje , é advogado e profe ssor. Atua jun­ to ao M ST . Áure a M ore tti saiu da cade ia e m jane iro de 1973. E m 1985, voltou a R ibe irão Pre to, onde atua junto ao M ST . No livro Mulheres que foram à luta armada, de Luiz M aklouf, página 97, re afirma: “A luta de onte m é a lula dc hoje ”. 252-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Que a luta de le s continua muitos sabe m, só nào vê que m não que r. Na de te rminação de tomar o Brasil um País comunista, a qualque r custo, passam por inte grante s de “movime ntos sociais”, mas, na ve rdade , sào os me s mos lobos trave stidos de corde iros. Sobre os filhos de Damaris e Antônio Luce na - início de ste capítulo - o jornal O Globo, e m 30/10/2005, publicou a se guinte re portage m: “Inde nização che ga agora a filhos de torturados" E vandro E boli Brasília. “O s três filhos pe que nos do e x-gue rrilhe iro Antônio Luce na. braço dire ito do capitão C arlos Lamarca na Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ), foram parar na cade ia de pois dc ve re m se u pai se r morto na porta de casa pe los militare s, e m fe ve re iro de 1970. e m Atibaia, inte rior de Sào Paulo. Hoje , 35 anos de pois, casos como os de le s, dc filhos de militante s politicos e também vítimas da re ­ pre ssão militar, come çam a che gar à C omissão de Anistia. Na se mana passada, a comissão aprovou, pe la prime ira ve z, a condição de anistiado político e o dire ito à inde nização de filho de gue rrilhe iros. Vladimire Isabe l M aria Gome s da Silva, filhos de Virgílio Gome s da Silva, que comandou o se qüe stro do e mbaixador ame ri­ cano C harle s E lbrick, foram os prime iros be ne ficiados da le i...” “... O s filhos de militante s políticos pre sos acham que pe rde ­ ram a infância e se tornaram adultos muito ce do ao vive re m o drama da re sistência à ditadura. De pois de pre sos só re e ncontra­ riam os pais me se s de pois ou anos de pois. E xiste m casos de filhos de pre sos que foram incluídos nas listas de prisione iros que se riam trocados por autoridade s e strange iras se qüe stradas, algo que , até e ntão, só se imaginava ocorre r com adultos..." E m uma re portage m muito longa, de página inte ira, alguns filhos de militan te s de organizaçõe s te rroristas se dize m pe rse guidos e irào pe dir inde nização, porque se us pais e ram comunistas. Se us pais não e ram ape nas comunistas. Pe garam cm armas, praticaram assaltos, assassinatos, ate ntados a bomba e outros de satinos e m nome de unia ide ologia e stranha à índole do povo brasile iro, ale gando que lutaram e m nome dc uma libe rdade que sua ide ologia não pe rmitiu ne m para se us próprios com panhe iros de luta armada. A ve rdade sufocada - 253 As histórias vão virando le ndas com a cumplicidade de se tore s da impre n­ sa, faze ndo de subve rsivos e te rroristas he róis “salvadore s da Pátria”, quando, na re alidade , te ntaram impor suas idéias com a força das armas, arvorando-se de procuradore s do povo, que não lhe s de u apoio. Pe na que e ssas re portage ns não te nham um cunho inve stigativo, para que se jam ave riguadas as ve rsõe s apre se ntadas. E , pior ainda, que não te nham, ao longo do te mpo, e muito me nos agora, sido re batidas pe las autoridade s das instituiçõe s atingidas por e las. Pe na, já que e stamos e m te mpo de re fe re ndos, que não se pe rgunte ao povo, que paga e ssas inde nizaçõe s com se us e xorbitante s impostos, se con­ corda com o de se mbolso de sse dinhe iro. Pe na que crianças, como os filhos de Antônio R aimundo Luce na e outros e ntre vistados na re portage m, te nham tido que passar por todos e sse s trau­ mas por causa do caminho que se us pais e scolhe ram. Um dos casos de crianças que se guiram para o e xte rior foram os filhos de Lamarca que , por imposição da Vanguarda Popular R e volucionária, viajaram para C uba, juntame nte com a mãe , no dia e m que Lamarca de se rtou do E xér­ cito e ingre ssou na luta armada. O s filhos de Antônio Luce na, que são e ntre vistados na re portage m, foram trocados, juntame nte com a mãe , Damaris de O live ira Luce na, viúva de Antô­ nio Luce na, pe la vida do cônsul japonês, se qüe strado pe las três organizaçõe s te rroristas. A mãe e as crianças foram incluídas, por e xigência de Lamarca, na re lação dos pre sos que de ve riam se r libe rtados e e nviados para C uba. Damaris e stava pre sa há 20 dias. Se gundo Kito, um dos filhos de Damaris, e m de poime nto publicado no livro Mulheres que foram à luta armada, de Luiz M aklouf C arvalho, ne nhuma instituição os quis abrigar por me do de que Lamarca os te ntasse re sgatar. Aca­ baram, ainda, se gundo e le , re colhidos à F e be m. Portanto, se gundo as próprias •‘vítimas”, não foram parar na cade ia, como cita o re pórte r E vandro E boli. 1 Pe na que a re portage m não le mbre , também, dos pare nte s do sarge nto Antônio Apare cido Posso Nogue ró, que ne m tive ram o consolo de te r o nome dc se u e nte que rido le mbrado na matéria. E ste , sim, cumpria o se u de ve r. F onte s: - Proje to O rvil - C AR VALF IO , Luiz M aklouf. Mulheres queforam à luta armada - E di­ tora Globo. - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. Um dia é do caçador, outro da caça 04/04/1970 A Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ), do R io Grande do Sul, de se ­ java re alizar uma ação que lhe de stacasse junto à e sque rda armada e lhe de sse pre stígio pe rante se u C omando Nacional (C N). E ra ne ce ssário, para isso, uma ação de impacto nacional e inte rnacional. Nada me lhor que o se qüe stro de ui 11 diplomata. A e xpe riência com o e mbaixador ame ricano se rvia como e xe mpl· * E spe ravam que um cônsul fosse um alvo mais fácil que um e mbaixador e de dw ziram que a açào se ria me nos arriscada. O alvo e scolhido foi o cônsul dos E stados Unidos e m Porto Ale gre . C uriis C arly C utte r. Ime diatame nte , e m fe ve re iro de 1970, iniciaram cuidadosos le vantame ntos Atuariam “e m fre nte ” com Gre gório M e ndonça (F umaça), do M ovime nto R e volucionário 26 de M arço (M R -26). Não pode ria have r e rros. Logo, de sco briram tudo sobre o cônsul: onde morava, se us horários de e ntrada e saída de casa e do trabalho, locais aonde ia com mais fre qüência e , principalme nte , qi ie usava, durante a se mana, e m se us de slocame ntos um carro de cobe rtura, com dois age nte s lhe dando se gurança. Portanto, e ra pre ciso plane jar a ação para um final de se mana, quando, tranqüilame nte , circulava se m cobe rtura. O be m-suce dido se qüe stro do cônsul do J apão re forçava a ce rte za do suce sso da ação. C onfiante s, e m março, C arlos R obe rto Se rrasol (Bre rno re ce be u a incumbência de alugar a casa localizada na Ave nida Ale gre te , 6 bairro Pe trópolis, para se r o cative iro do cônsul. F oi solicitado ao C omando Nacional (C N), já que ne sse tipo de ação o te mpo é pre cioso, a re dação ante cipada do comunicado a se r e nviado às autoridade s, após o se qüe stro J uare z Guimarãe s de Brito (J uve nal), do C N, no R io de J ane iro, ate nde u prontame nte , incumbindo C e lso Lungare tti (Loure nço), do Se tor de Inte l· gência da VPR , de re digir o docume nto. No comunicado, transcrito no final, como e xigência para libe rtar o cônsul vivo, as autoridade s de ve riam libe rtar 50 pre sos, que se guiriam para a Argélia O comunicado também pre via que a não ace itação das e xigências le varia os se qüe stradore s à e xe cução de C urtis C arly C utte r. O docume nto e ra assinadt» pe lo C omando C arlos M arighe lla. A ação foi marcada para 21 de março, um sábado. Assim foi fe ito, la com um carro, roubado só para o se qüe stro, partiram para a açào. T udo no e ntanto, fracassou, por e rro no tão minucioso plane jame nto. A aç;i<■ foi re marcada para duas se manas de pois. Afinal, e ra pre ciso re ve r todo·, os de talhe s. A ve rdade sufocada - 255 No dia 4 de abril de 1970, partiram outra ve z para o se qüe stro do cônsul. No comando da ação, F élix R osa Ne to e , como motorista, Irge u J oào M e ne gon. No me smo carro iam F e rnando Damatta Pime nte l (J orge ) e Gre gório M e ndon­ ça (F umaça). No carro de cobe rtura e stavam Antônio C arlos Araújo C hagas (Augusto), Luiz C arlos Dame tto e , como motorista, R e inholdo Amade o Kle me nt T odos com re vólve re s, além de duas me tralhadoras IN A e granadas. Pe la manhã, quando o cônsul saiu de sua re sidência, partiram para o ata­ que . O diplomata, se guido pe los se te te rroristas, foi salvo pe lo e xce sso de trá­ fe go que impe diu o e mpare lhame nto com o se u ve ículo. De ce pcionados, mas pe rsiste nte s, e spe raram nova saída do alvo da sua re sidência, o que aconte ce u às 16 horas. C urtis dirigiu-se à Vila Hípi­ ca, e m sua caminhone te Plymonth, e , novame nte , foi se guido pe los dois carros. A sorte pare cia e star ao lado dos se qüe stradore s. O cônsul e rrou o caminho, e ntrou numa rua se m saída e te ve de re tomar. Armas a postos, I rge u e mpare lhou o Volks com a possante Plymonth e R e inholdo fe z o me smo, pe lo outro lado, com o carro de cobe rtura. O cônsul, pe nsando que os rapaze s faziam um “pe ga”, ace le rou sua Plymonth e os de ixou, atônitos, para trás. Não podiam de sistir, ainda mais de pois dc te re m comunicado ao C N e J uare z de Brito te r se e mpe nhado na re dação do comunicado. E ra ne ce ssário insistir. A ação e ra importante . Portanto, à noite , e stavam novame nte a postos. Agora e ra vida ou morte . A sorte e stava com e le s. Por volta das 20 horas, o alvo saiu com sua e sposa para visitar amigos. F icou na casa até as 22h30 e saiu acompanhado, além da e sposa, por um amigo. O s se qüe stradore s e stavam à e spre ita. C ome çaram a se guir o cônsul. O horário cra o ide al; pouca ge nte na rua, pouco tráfe go. Por­ que não pe nsaram logo e m faze r a ação à noite ? Logo de pois da R ua R amiro Barce los, C urtis, que ia e m baixa ve locidade , foi ultrapassado pe lo F usca de Irge u, que ime diatame nte , o fe chou ocorre ndo uma pe que na batida. F élix, F e rnando e Gre gório de sce ram ce rcando a caminhone te . O cônsul, forte e de cidido, ve ndo as armas, não pe nsou duas ve ze s: ace le rou sua possante Plymonth, atrope lando o pe que no Volks e , de que bra, F e rnando. F élix, por trás, atirou com sua pistola .45, que brando os vidros e fe rindo C urtis que , e m zique zague , se guiu à toda ve locidade , conse guindo e scapar. T rês dos azarados ou incompe te nte s se qüe stradore s foram pre sos uma se ­ mana de pois pe la e quipe do DO PS/R S, che fiada pe lo de le gado Pe dro C arlos Se e lig. O s outros, se m muita de mora. A se guir transcre vo parte do comunicado que o C omando Nacional da VPR havia pre parado, ce rto dc que a ação se ria um suce sso. 256-C arlos Albe rto Brilhante Ustra “O cônsul norte -ame ricano e m Porto Ale gre (C urtis C utte r) foi se qüe strado às... horas do dia... dc ... pe lo C omando “C arlos M arighe lla” da Vanguarda Popular R e volucionária. E sse indiví­ duo, ao se r inte rrogado, confe ssou suas ligaçõe s com a “C IA", Agência C e ntral de Inte ligência, órgão de e spionage m inte rnacio­ nal dos E stados Unidos, e re ve lou vários dados sobre a atuação da “C IA” no te rritório nacional e sobre as re laçõe s de ssa agência com os órgãos de re pre ssão da ditadura militar. F icamos sabe ndo, e ntre outras coisas, que a “C IA” e o C E NIM AR sofre m a con­ corrência do SNI, se ndo que e ssa rivalidade é tão ace ntuada que e m ce rta data um age nte da “C IA” foi assassinado na Guanabara por e le me ntos do SNI. E sse informe foi cuidadosame nte abafado pe la ditadura, mas o de poime nto do Age nte C utte r, nosso atual prisione iro, pe rmitiu que o trouxésse mos a público.” Se o cônsul C urtis C arly C utte r tive sse sido se qüe strado, e sse comunicadt» se ria difundido pe la impre nsa e muitos acre ditariam. Assim se foijam as me ntiras, re e scre ve -se a história e faz-se a cabe ça dos brasile iros. M e ntira. E is a grande arma de ssa ge nte para impor a sua ve rsão de sone sui dos fatos e da história. E ssa é a motivação maior que me le va a e scre ve r. De sme ntir a fraude dcssn ge nte e de monstrar a sua impostura, re sgatando a ve rdade com fatos irre torquíve is. Só lastimo que pe rdas humanas te nham ocorrido ne ssa infame e inse nsauí luta armada. F onte s: -Proje to O rvil. - www.te muma.com.br - DUM O NT , F . Recordando a História - O fracasso do seqüestro <ia cônsul dos Estados Unidos Operações no Vale da Ribeira Massacre do tenente Alberto Mendes Júnior 10/05/1970 O obje tivo de toda organização te rrorista e ra le var a gue rrilha para a áre a rural e de pois, já com o “E xército de Libe rtação Popular” formado e tre inado, atacar e conquistar as cidade s. A Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ) plane java criar focos gue rri­ lhe iros e m de te rminadas áre as táticas. Porém, ante s disso e ra ne ce ssário dou­ trinar, instruir, orie ntar e pre parar militante s para ocupar tais áre as. A organiza­ ção passou a procurar áre as que facilitasse m a se gurança das instalaçõe s a se re m construídas e as já e xiste nte s e que pe rmitisse m instruir ade quadame nte ose u pe ssoal. Por mais caute losos e por mais rígidos e e xige nte s que fosse m, uma áre a de tre iname nto, pe la movime ntação constante c pe las contínuas e ntradas e saídas dos futuros alunos, e staria com a se gurança se mpre vulne ráve l. Pe nsando e m tudo isso, a VPR e scolhe u o Vale da R ibe ira, re gião agre ste , úmida, de muitas matas, banhada pe lo curso d’água que lhe dá o nome , situada a mais de 200 km ao sul da cidade de São Paulo. E m me ados de 1969, a VPR adquiriu o Sítio Palmital, com 40 alque ire s, na altura do Km 254 da BR -116, Sào Paulo-C uritiba. E sse te rre no foi comprado dos sócios M anoe l dc Lima (e x-pre fe ito de J acupiranga) e F lozino Pinhe iro de Souza, simpatizante s de ssa organização te rrorista. Que m assinou a e scritura foi C e lso Lungare tti, usando o nome falso de “Lauro Pe ssoa”. E m 15/11 /69, Lamarca foi le vado por J oaquim dos Santos e J osé R aimundo C osta para o Sítio Palmital. Lamarca se ria o comandante de ssa áre a de tre ina­ me nto, que e le de nominou Núcle o C arlos M arighe lla. Quando che gou ao sítio, já o e spe ravam C e lso Lungare tti, Yoshitame F ujimore , M assafumi Yoshinaga e J osé Lave chia. R e unidos, concluíram que o Sítio Palmital e ra pe que no e vulne ráve l por e star localizado nas proximidade s da BR -116. C ompraram outro sítio, o dobro do prime iro, com 80 alque ire s, um pouco mais ao norte e a 4 km da BR -116, pe rte nce nte ao me smo M anoe l de Lima. () proble ma logístico e ra pre ocupante . C omo abaste ce r mais de 20 pe ssoas, e mbre nhadas na mata. se m le vantar suspe itas? De cidiram que o ne ce ssário, e m te rmos de abaste cime nto, se ria adquirido na capital paulista. As compras se riam fe itas por M anoe l Dias do Nascime nto e transportadas por J oaquim Dias de O live ira. Aliás, J oaquim de se mpe nhou outro importante pape l para mante r a áre a cm se gurança. E ra o re sponsáve l pe lo transporte dos luturos alunos para a áre a. E sse s e ram apanhados cm São Paulo. J oaquim obrigava-os a viajar com óculos e scuros, pre parados com ante ce dência para impe dir que ide ntificasse m o itine rá­ rio que e stava se ndo se guido. 258-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ante s do Natal de 1969, a áre a já e stava pronta, inclusive com o mate rial bélico a se r utilizado nas aulas: 4 F AL, 6 fuzis 1908, e spingardas calibre 12,8 Winche ste r, 18 re vólve re s .38 e pistolas .45 E m 07/01 /70 che garam os prime iros alunos e os últimos cm me ados dc fe ve re iro. Lamarca e scolhe u duas base s, onde alojou os alunos. - Base C arlos R obe rto Zanirato: - Darcy R odrigue s (comandante ); Gil­ be rto F aria Lima; J osé Lave chia; M ário Be jar R e vollo (boliviano); Valne ri Ne ve s Antune s; De lci F e nste rse ife r; Ante nor M achado dos Santos; He rbe rt E ustáquio de C arvalho; Iara lave lbe rg (companhe ira de C arlos Lamarca). - Base E re mias De lizoikov: - Yoshitame F ujimore (comandante ); Dióge ncs Sobrosa de Souza; Ariston de O live ira Luce na; J osé Araújo Nóbre ga; E d- mauro Gopfe rt; Ubiratan dc Souza; R obe rto M e nke s; C arme m M onte iro dos Santos J acomini (companhe ira de R obe rto M e nke s). Órgãos de segurança localizam a área T udo ia se de se nrolando conforme o plane jado, mas, no dia 20/02/70, foi pre sa Damaris dc O live ira Luce na e , e m 27 do me smo mês, C hizuo O sava (M ário J apa). Ambos conhe ciam a localização da áre a de tre iname nto. Lamarca, quando soube de ssas prisõe s, te me roso de que durante os inte rrogatórios os pre sos “abrisse m” a localização da áre a, e xigiu um se qüe stro, com urgência, para libe rtá-los. A ação foi re alizada e m 11/03/70, quando se qüe straram o côn­ sul japonês, cm São Paulo, Nobuo O kuchi. E m 11/04/70, Yara Yave lbe rg foi re tirada da áre a, por motivo de saúde . E m 16/04/70, C e lso Lungare tti, que havia adquirido a áre a de tre iname nto e m nome da VPR , foi pre so no R io de J ane iro e , ne sse me smo dia, “e ntre gou" a e xistência dos dois sítios. No dia se guinte , 17/04/70, o C e ntro de Informaçõe s do E xército (C II- > transmitiu ao C omando do II E xército (São Paulo) a e xistência da áre a de tre iname nto. Ne sse me smo dia, e quipe s do 2oBatalhão dc Policia do E xército (2oBPE ) foram e nviadas para a áre a e pre nde ram, e m J acupiranga, F lozino Pinhe iro de Souza, um dos donos do sítio. T e ndo pre se nciado a prisão, um filho de F lozino corre u c avisou M anoe l de Lima - o outro dono do sítio e e ste foi até Lamarca, re latando o que e stava aconte ce ndo. No dia 18 de abril, as e quipe s do 2oBPE re tornaram da áre a e confirmaram a e xistência dos dois sítios. E m 19 de abril, ainda e stavam no sítio maior os 17 militante s, quando I .amare a de cidiu que a áre a se ria e vacuada e m três turmas. A ve rdade sufocada - 259 A prime ira, composla por oito alunos, saiu no dia 20. E le s abandonaram a áre a, de dois e m dois, cm inte rvalos de 10 minutos, na se guinte orde m: He rbe rt e o boliviano R e vollo; R obe rto M e nke s e sua companhe ira C arme m; Ubiratan e Ante nor; e De lci e Valne ri. C omo o ce rco da re gião ainda não e stava concre ­ tizado, conse guiram che gar a São Paulo. As outras turmas sairiam nos dias 21 e 24 de abril, mas não conse guiram porque o ce rco já e stava e stabe le cido. Início das operações C omo o Vale da R ibe ira e slava na áre a de re sponsabilidade do e ntão II E xército (São Paulo), coubc a e le a condução das ope raçõe s para ne utralizar a re gião dc tre iname nto. O comando das ope raçõe s ficou a cargo do gcne ral-de -brigada Paulo C ar­ ne iro T omaz Al ve s, comandante do C omando dc Artilharia de C ostae Antiaé- re a/2 (C AC AAé/2). E ntre os dias 19 e 26 de abril já se e ncontravam na áre a de ope raçõe s os se guinte s e fe tivos: - E le me ntos do E stado-M aior do II E xército - E le me ntos do C AC AAé/2 - E le me ntos do C e ntro de Informaçõe s do E xército (C IE ) - F ração de uma e squadrilha da F AB - E le me ntos da SSP/SP - 4oR I - 2 companhias dc Infantaria - 6oR I -1 companhia de Infantaria - 2oR O 105 -2 bate rias - 6oGrupo de Artilharia dc C osta M otorizado - 2 bate rias - 5oGrupo dc C anhõe s 90 mm AAé -1 bate ria - Brigada Pára-que dista - 11 oficiais, 17 subte ne nte s e sarge ntos e 6 cabos - De stacame nto Logístico - 4 pe lotõe s - F uzile iros Navais -1 pe lotão - Polícia M ilitar E stado de São Paulo - 2 companhias A artilharia do 2oR O 105, do 6oGAC osM e do 5oGC AN 90AAé não le varam os se us canhõe s. F oram e mpre gados como tropa de Infantaria. C onside rando que uma companhia e uma bate ria têm da orde m de 100 home ns e que um pe lotão comporta, aproximadame nte , 30 home ns, os e fe ­ tivos e mpe nhados na ope ração atingiriam, no máximo, 1.400 home ns, mui­ to longe dos 20.000 que C arlos Lamarca e stimou para se valorizar e que a e sque rda le ima cm citar. 260 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra A princípio, pode pare ce r um e xage ro colocar 1.400 soldados para pre n­ de r 17 gue rrilhe iros, mas te mos de le var e m conta o de sconhe cime nto do e le ti­ vo do inimigo e , principalme nte , as caracte rísticas físicas da re gião, uma áre a de ve ge tação de nsa, dc difícil ace sso e , portanto, amplame nte favoráve l à dispe r­ são dos fugitivos pe las rotas de fuga. Dos 17 militante s que e stavam inicialme nte na áre a, oito conse guiram sair no dia 20 de abril, como já foi dito. R e staram, portanto, nove . No dia 27 de abril foram pre sos Darcy R odrigue s e J osé Lave chia. Agora, e ram se te os fugi­ tivos, que passaram a se r chamados de grupo dos se te . De ntre os vários aconte cime ntos que ocorre ram durante as ope raçõe s, é importante re ssaltar o se guinte : - No dia 8 de maio, aproximadame nte às 10h30, o grupo dos se te foi até uma ve nda c, ide ntificando-se como caçadore s, alugaram um vcículo F -350. para que se u proprie tário os le vasse até a localidade de E ldorado. Porém, e n­ quanto e le s almoçavam, o proprie tário do ve iculo e nviou dois moradore s, a cavalo, para avisar ao E xército que os se te home ns, que passariam numa cami­ nhone te F -350, e ram os te rroristas procurados. C omo os me nsage iros não e ncontraram ne nhuma tropa no caminho, foram ao De stacame nto Policial de E ldorado c avisaram aos policiais. O sarge nto comandante do De stacame nto de te rminou que os se us se is soldados, armados com re vólve r .38, e stabe le ce s­ se m uma barre ira. O comandante do De stacame nto, após instruir os soldados, foi a J acupiranga avisar ao E xército. - As 19 horas, o grupo dos se te , todos com armas pe sadas, ao ve re m a barre ira e m E ldorado re agiram. Alguns PM s foram fe ridos e os re stante s se ocultaram no mato. A gangue de Lamarca, re fe ita do susto, e mbarcou na F -350 e rumou para Se te Barras. - As 19h30, o posto do E xército e m J acupiranga tomou ciência do tirote io ocorrido e m E ldorado e mandou e m dire ção aos te rroristas um pe lotão do 6" R I. E nquanto isso ocorria, 20 home ns da PM E SP, che fiados pe lo te ne nte Albe rto M e nde s J únior, se guiram de R e gistro para Se te Barras. Ao sabe r do choque cm E ldorado, o te ne nte M e nde s se guiu para e ssa localidade , com uma C -14 e um caminhão com o toldo abaixado. - Logo após ultrapassar o R io E tá, às 21 horas do dia 8 de maio. sofre ram uma e mboscada, pre parada pe lo pe ssoal do Lamarca. O tiro te io foi viole nto. O grupo dos se te le vava a vantage m da surpre sa, além de e star be m abrigado no acostame nto e da supe rioridade do se u arma me nto, os mode rnos F AL. - O s 20 policiais militare s do te ne nte M e nde s, ao contrário, le vavam ;t de svantage m de te re m sido atacados de inopino, e m ple no de slocame nto nas viaturas, ale m da infe rioridade de suas armas, ou se ja. os re vólve re s .38 e os ve lhos fuzis mode lo 1908. A ve rdade sufocada - 261 - E m ple na e scuridão, ouviram-se os ge midos de dor dos policiais fe ridos. O tirote io continuava. A de svantage m e ra gritante e iun morticínio e stava para ocor­ re r. Ne ssa ocasião, o te ne nte M e nde s ouviu um te rrorista gritar para que e le se re nde sse . Para salvar a vida de se us subordinados, que naque le local e rmo se e svaíam e m sangue , alguns e m e stado grave , o te ne nte ace itou a proposta de Lamarca. De ixaria sob a mira dos te rroristas os soldados que não haviam sido atingidos, e nquanto e le se guiria com se us fe ridos ate Se te Barras, para re ce be re m assistência médica e de pois voltaria. - F e ito o acordo, o te ne nte partiu e de ixou os se us fe ridos cm Se te Barras. Voltou sozinho para te ntar libe rtar se us soldados. Lamarca tinha a opção de fuzilar o te ne nte c os de mais prisione iros, para prosse guir com sua fuga. O pção pe rigosa, pois os tiros pode riam se r ouvidos e o grupo localizado. Ne ssa situa­ ção, prisione iros só o atrapalhariam. O te ne nte propôs a Lamarca que libe rtas­ se se us subordinados. No lugar de le s, apre se ntava-se como re fém. - Lamarca concordou e os soldados foram libe rtados. O te ne nte foi obri­ gado a se guir com e le s na dire ção de Se te Barras. E mbarcaram na F -350 que atolou ao passar sobre o R io E tá. Abandonaram a viatura e partiram a pé, cm duas colunas, uma de cada lado da e strada. J á e ra quase me ia-noite quando, na e ntrada dc Se te Barras, ouviram voze s. E ra uma barre ira monta­ da pe lo E xército. Abandonaram a e strada e se e mbre nharam na mata. isso ne m be m linha aconte cido quando surgiu um ve ículo civil, no se ntido de E ldorado-Se te Barras, que se chocou com a barre ira. Iniciou-se outro tiro­ te io que acabou com quatro fe ridos. E ra o pe lotão do 6oR I que havia sido mandado de J acupiranga à procura dos fugitivos. F oi o típico “fogo amigo”, que a e scuridão ajudou a aconte ce r. T ribunal R e volucionário e xe cuta o te ne nte M e nde s Ne sse conte xto, E dmauro c Nóbre ga se pe rde ram c sc afastaram de finitiva­ me nte do grupo de Lamarca. E dmauro foi pre so no dia 10 de maio e Nóbre ga no dia 11. Naque le mome nto, o grupo passara a se r o grupo dos cinco. Lamarca ficou indignado com o te ne nte M e nde s, porque e ste não o avi­ sou da barre ira na e ntrada dc Se te Barras, culpando-o pe lo de sapare cime nto dc E dmauro e de Nóbre ga. C ontinuaram a andar pe la mata. O te ne nte os atrasava na marcha, pois tinha de se r constante me nte vigiado. Além disso, e ra mais um para come r. De pois do e ntre ve ro e m Se te Barras, já haviam andado um dia e me io. No início da tarde do dia 10 de maio, pararam para de scanso. Ariston c Gilbe rto ficaram tomando conta do prisione iro. Lamarca, F ujimore e Sobrosa afastaram-se e formaram o “T ribunal R e volucionário". De cidiram que o te ne nte se ria "justiçado" 262-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Dada a se nte nça, os três re tornaram. Ace rcando-se por trás do oficial. Y oshitame F ujimore de sfe chou-lhe viole ntos golpe s na cabe ça, com a co ronha do se u fuzil. C aído c com a base do crânio partida, e sse bravo oficial da Polícia M ilitar do E stado de São Paulo ge mia e contorcia-se e m dore s F oi quando Dióge ne s Sobrosa de Souza de sfe riu-lhe outros golpe s na ca be ça, e sface lando-a. Ali me smo, numa pe que na vala e com se us coturnos ao lado da cabe ça e smagada, o te ne nte M e nde s foi e nte rrado e m cova muito rasa. Assim, de forma vil e covarde , te rroristas fanáticos acabaram com uma vida. E ssa foi a única morte ocorrida nas ope raçõe s de combate à VPR , no Vale da R ibe ira. Após assassinar o te ne nte , o grupo dos cinco continuou ce rcado e se m condiçõe s de sair da áre a. No dia 30 de maio, Gilbe rto F aria Lima, após tomai banho num rio, barbe ou-se e cortou o cabe lo, conse guindo, sozinho, sair d.i áre a. O grupo dos cinco passou a se r o grupo dos quatro. Fuga dos remanescentes No dia 31 dc maio, uma viatura do 2oR O 105, re bocando uma pipa. aproximou-se do grupo dos quatro. Na dire ção ia o sarge nto Kondo, arma do com uma pistola .45, com mais quatro soldados, dois na boléiae os oulro·. dois na carroce ria, todos de sarmados. Arislon fe z sinal para a viatura, que parou. O grupo dos quatro re nde u o sarge nto e tomou a viatura. Ve stiram a·, fardas dos soldados que , de cue cas, foram colocados sob o toldo na carroce ria. Na dire ção ficou o te rrorista F ujimore , no ccntro, sob mira de uma pistola .45. o sarge nto Kondo e , na porta dire ita, Luccna. Lamarca csia va na carroce ria com Sobrosa. Pouco de pois, de scartaram a pipa que que brara o e ixo. M ais adiante , foram barrados pe lo Posto de C ontrole dc T rãn sito (PC T ran) do 2oR O 105. Quando o caminhão se aproximou do PC T ran. o sarge nto M anoe l abordou a viatura para idcntificá-la. Pe rguntou ao sai ge nto Kondo para onde e le ia. E ste re sponde u inte lige nte me nte : “Vou buscai água e m São M igue l”. O ra, a água só cra apanhada e m R e gistro, Se te Hai ras, ou E ldorado. Nunca e m São M igue l. Ale m disso, como e le ia apanhai água se m a pipa? M e smo assim, o sarge nto do PC T ran não de sconfiou pe lt» fato dc o sarge nto Kondo e star no me io dc dois e stranhos. Afinal de contas, ambos pe rte nciam à me sma unidade , o 2oR O 105, onde todos de ve riam se conhe ce r. Após ultrapassare m o PC T ran, o grupo dos qna Iro saiu da áre a, passando por São M igue l, Itapctinga, T aluí, R odovia ( 'asie l<· Branco, Sào Paulo. J á na madrugada de I ode junho, che gou ao Posto de A ve rdade sufocada - 263 C omando das O pe raçõe s de C ontrague rrilha a informação dc que havia uma viatura do E xe rcito abandonada na M arginal T ie tê com sua guarnição amarra­ da. de baixo de uma lona, nacarroccria. A se guir, uma ronda policial abordou a viatura e libe rtou os militare s. C omo conse qüência de sse s fatos, o sarge nto Kondo re sponde u a pro­ ce sso, foi conde nado e e xpulso do E xército. Sua maior falta foi a de não acre ditar na situação e xiste nte . Saiu com quatro soldados de sarmados. Aliás, me smo que e le s e stive sse m armados com F AL, facilme nte pode riam se r e m­ boscados pe lo grupo dos quatro. E m ve rdade , o grande pe rigo ne ssas situa­ çõe s são as e mboscadas. Corpo do tenente Mendes localizado c sepultado em São Paulo E m 19/08/1970, Ariston de O live ira Luce na foi pre so e m São Paulo pe la O BAN. Inte rrogado, indicou o lugar onde e stava e nte rrado o te ne nte . No dia 08/09/70 foi provide nciada a sua ida até o local. Luce na tre mia e chorava: tinha me do dc se r “justiçado” pe los companhe iros do te ne nte , 'fre mia c chorava por­ que conhe cia as práticas de se us companhe iros de organização te rrorista - cm casos como e sse : “justiçame nto”. O corpo do te ne nte M e nde s foi e xumado se ndo se pultado no dia 11/09/70. A re spe ito do ato fúne bre transcre vo o que publicou o Jornal do Brasil dc 12/09/70: “M ais dc mil pe ssoas acompanharam onte m à tarde , até o C e ­ mitério do Araçá o corpo do te ne nte da Polícia M ilitar Albe rto M e nde s J únior, assassinado pe lo grupo do e x-capitão C arlos Lamarca, no Vale da R ibe ira, cmmaio, c cujo cadáve r foi e ncon­ trado no início de sta se mana. O gove rnador Abre u Sodró, que ve lou o corpo no salão nobre do Quarte l Ge ne ral da C orporação, de u o nome de C apitão Albe rto M e nde s J únior ao Grupo E scolar dc Vila Galvão, cm Guarulhos. E nvolto na bande ira nacional, o e squife le vando o corpo do oficial foi posto, às 14h, numa carre ta do C orpo dc Bombe iros, que saiu da Ave nida T iradcntcs para o C e mitério do Araçá. A fre nte do corte jo iam bate dore s e a banda de música do Bata­ lhão T obias dc Aguiar. O carro fúne bre foi acompanhado por milhare s dc oficiais e praças da PM , re pre se ntante s do E xe rcito, M arinha c Ae ronáutica, e x-Guarda C ivil e Policia R odoviária, ale m dc ce nte nas dc civis, le ndo à fre nte o comandante ge ral da PM . corone l (’onfVicio Danlon 264-C arlos Albe rto Brilhante Ustra de Paula Ave lino, o se cre tário de Se gurança Pública, corone l Darci da C unha M e lo e o ge ne ral Paulo C arne iro T omaz Alve s. O corte jo atrave ssou o ce ntro da cidade , onde o trânsito foi inte rrompido e as lojas fe charam suas portas. O e squife foi le va­ do pe las altas pate nte s até a se pultura n° 38. Lido o bole tim ofi­ cial o e squife baixou à se pultura, com honras militare s.1' C onvém aqui transcre ve r o que o me smo Jornal do Brasil, dc 12/09/70. publicou a re spe ito: “Ao assinar o ato que de u o nome dc C apitão Albe rto M e n­ de s J únior ao Grupo E scolar dc Vila Galvão, onde e studou o oficial morto, o gove rnador Abre u Sodré de stacou: ‘a humana compre e nsão do valor dc vida. e xpre ssa pe lo 2ote ne nte de po­ lícia militar Albe rto M e nde s J únior, que se e ntre gou como re ­ fém aos te rroristas-gue rrilhe iros, para salvar a vida de se us comandados; se u ace ndrado patriotismo, ao morre re m de fe sa da de mocracia e das libe rdade s constitucionais, nas mãos cru­ éis de se us algoze s que lhe mutilaram o corpo, e m assassinato frio e de sumano; sua vida de dicada à corporação, aos se us su­ bordinados, à disciplina militare à hie rarquia funcional, re pre ­ se nta e xe mplo histórico para a juve ntude c, sobre tudo, aos j o­ ve ns e studante s dc nossas e scolas.” E m se te mbro de 1970, a VPR te ntou justificar o assassinato do te ne nlo M e nde s e m um comunicado intitulado “ao povo brasile iro”, do qual foi e xtnmli * o se guinte tre cho: A se nte nça de morte de um tribunal re volucionário de ve se r cumprida por fuzilame nto. No e ntanto, nos e ncontrávamos próximos ao inimigo, de ntro do ce rco que pôde se r e xe cutado cmvirtude da e xistência dc muitas e stradas na re gião. O T cn M e nde s foi conde nado a morre ra coronhadas de fuzil, c assim o foi, se ndo de pois e nte rrado.” O te ne nte AI be rto M e nde s J únior nasce u e m 24/01 /1947, e m São Pau lo/S I' F ilho de Albe rto M e nde s e Ange lina Plácido M e nde s, ce do manife stou o dosou1 de ingre ssar na PM E SP, o que conse guiu após concluir o se gundo grau. Ingre ssou no C urso Pre paratório de F ormação dc O ficiais cm 15/02/1 F oi de clarado aspirante a oficial cm 21/04/1969. F m 2 dc junho de sse ano A ve rdade sufocada - 265 foi classificado no 15°BP. E m 15 de nove mbro foi promovido, por me re ci­ me nto, ao posto de 2ote ne nte . E m 06/02/1970, apre se ntou-se no Batalhão T obias Aguiar, onde rapidame nte se e ntrosou com se us novos companhe iros. C arinhosame nte e ra chamado de “Português” pe los se us cole gas. E ra ale gre , se mpre sorride nte e muito compe te nte . E m fins de abril o se u batalhão foi de signado para pre star apoio à C ompanhia Inde pe nde nte , com se de cm R e gistro. Para lá o te ne nte M e nde s se guiu no co­ mando de um pe lotão, juntame nte com outro pe lotão do me smo batalhão, ambos sob o comando do capitão C arlos de C arvalho. Após uma se mana naque la cida­ de . o capitão re ce be u orde ns para re tomar com um dos pe lotõe s para São Paulo. O te ne nte M e nde s apre se ntou-se como voluntário para pe rmane ce r. Não imagi­ nava a tragédia que o atingiria e que o tomaria um dos maiore s he róis da Polícia M ilitar do E stado de São Paulo, corporação que ao longo dos anos se sacrillca e m be ne fício do povo dc Sào Pauloc do Brasil. E u, até e ntão, nunca havia convivido com o pe ssoal da PM E SP. F oi no C omando do DO I/C O DI/II E x que passe i a convive r c lutar ao lado de le s. São home ns com grande e spírito dc disciplina, de justiça c do e xato cumprime nto do de ve r. E ntre e le s fiz grande s amigos. Amigos que pe rmane ce m até hoje , e m que pe se o te mpo passado. C âmara de ve re adore s dc Porto Ale gre pre sta home nage m a assassino de te ne nte Quando a te le visão, e spe cialme nte a R e de Globo, c a maioria da impre nsa e da Igre ja, te ndo à fre nte a figura do arce bispo D. Paulo E varisto, se omite m e se ne gam a dar publicidade ou distorce m fatos como o de sse e stúpido assassi­ nato, constatamos que a má-fé e a ide ologia pre vale ce m sobre a razão e o caráte r. Por outro lado, ve mos os assassinos do te ne nte M e nde s e tantos outros ícre m constante me nte mostrados nas nossas e scolas, T V c jornais, como e xe m­ plos a se re m se guidos. C onfirmando o que foi dito acima, e m 19 dc maio de 2004 o pre fe ito de Porto Ale gre /R S, J oão Ve rle , sancionou a Le i n° 9.465, de signando um logradouro do lote ame nto Quinta do Portal, e m Porto Alcgrc/R S, como R ua Dióge ne s Sobrosade Souza. Se gundo a e xposição dc motivos do ve re ador E rvino Be sson, da C âmara M unicipal de Porlo Ale gre , o home nage ado: ■'F oi um dos poucos ganchos conde nados a pe nas tão se ve ras pe la sua militância politica e m de fe sa da libe rdade e re stabe le ci- 266-C arlos Albe rto Brilhante Ustra me nto da de mocracia no País. Home m que se mpre lutou e m de ­ fe sa da libe rdade , dire ito de cidadania cm de fe sa dos mais fracos e inde fe sos.” Dióge ne s Sobrosa dc Souza sc suicidou e m Santa R ita do Passa Qualn» Sào Paulo, no dia 17/11/1999. Se gundo sua ce rtidão de óbito, “a morte de u-M por asfixia por e nforcame nto (suicídio)”. C omo aconte ce u com Zuzu Ange l, Iara I ave lbe rg e outros, nào se u surpre sa se apare ce r uma “te ste munha” que “viu” Sobrosa se r assassinai!»· pe la dire ita. O s inquéritos policiais e as pe rícias não te m valor para o·, re vanchistas, porque foram “montados pe la ditadura”. E le s continuam u-n tando provar que J ango nào morre u de e nfarte , na Arge ntina, e que o ;k i de nte que vitimou J usce lino também foi coisa da “ditadura”. I lá pouco, mo·, traram na impre nsa que um padre , que fomicava com uma fre ira, e ra Vladinut I Ie rzog torturado de forma humilhante . E assim, de me ntira e m me ntira, e le s continuam e nganando o povo, te niai i do voltá-lo contra as l-orças Armadas. Destino dos cinco assassinos do tenente A re spe ito dos cinco assassinos do te ne nte M e nde s: - O cx-capitão C arlos Lamarca morre u e m 17/09/71, no inte rior da Balna cm combate com o DO I/C O DI/60R M . - Y oshitamc F ujimorc morre u e m 05/12/70, e m São Paulo, e m combale como DO I/C O DI/II E x. - Dióge ne s Sobrosa de Souza foi pre so cm Porto Ale gre cm 12/12/70 J ulgado, foi conde nado à morte . De pois te ve sua se nte nça comutada para pi i são pe rpétua e , finalme nte , re duzida para 30 anos de prisão. C om a 1ci da Anistia foi colocado e m libe rdade . - Ariston de O live ira Luce na, conde nado á pe na máxima, lòi solto com a Le i da Anistia. - Gilbe rto F aria Lima fugiu para o e xte rior e se u parade iro é de so· nhe cido. A condução das operações foi correta Quando sc analisam as ope raçõe s no Vale da R ibe ira, de ve -se de stacai principalme nte , o DO I/C O DI/I E x (R io dc J ane iro) c o C e ntro dc Informava» - do E xército (C IE ), órgãos do Siste ma de Informaçõe s do I íxército. A ve rdade sufocada - 267 C omo j á re latado, e ssa áre a de tre iname nto come çou a se r ocupada cm 15/11/69. Hm 16/04/70, C e lso Lungare tli, que a havia adquirido, foi pre so no R io de J ane iro e a “e ntre gou” no prime iro dia do inte rrogatório. Portanto, ape sar dc todas as me didas de se gurança, e m ape nas cinco me se s a áre a já cra do nosso conhe cime nto. Quando c pre so um militante que conhe ce a e xata localização de uma áre a como e ssa, a organização sabe o sério risco de que cia ve nha a se r de scobe rta quando e le for inte rrogado. Por isso, naque la época, e xistiam os 30 dias de ine omunicabilidadc. E ra para e vitar que os te rroristas fosse m in­ formados rapidame nte dos aconte cime ntos. T ínhamos dc mantê-los incormi- icávcis c se r rápidos nos inte rrogatórios. C e rtame nte , se C e lso Lungare tti, ao se r pre so, tive sse a assistência dc um advogado, a VPR te ria conhe cime nto da sua prisão e das conse qüências que isso adviriam. O combate ao te rrorismo re que r le is e spe ciais e os 30 dias de incomunica- ilidadc e ram um grande trunfo para o nosso êxito. Assim, caso o II Hxército tive sse optado por uma O pe ração dc Infor- açõe s para localizar, com profundidade , a áre a e e ntão, no mome nto pro­ picio, atacá-la de surpre sa, a ope ração cairia no vazio. A solução do ccrco "oi ade quada. Se não te ve êxito total, pe lo me nos o obte ve parcialme nte , e nfio, ve jamos. No dia 19 de abril, quando as tropas iniciaram o ce rco, oito de le s já aviam se e vadido da áre a. Dos re mane sce nte s, quatro foram pre sos e cin­ co furaram o ce rco. M e smo assim, le varam 50 dias e scondidos, te ntando «ma oportunidade para e scapar. Por que Lamarca e scapou? Porque a tro­ pa e mpre gada não e stava pre parada para e sse tipo de missão. À maioria {los soldados havia se incorporado cm jane iro c e stava com ape nas três lhe se s dc instrução. Além disso, pe camos porque c difícil para um Hxército que vive cm paz. como o nosso, adquirir com rapide z a combatividade ne - 4C M sária ao de se mpe nho de sse tipo de ação. M uitos soldados, é ve rdade , Unham me do dc se r apanhados ou mortos pe los te rroristas. Pe rfe itame nte normal para um soldado novato. Í lJ m fator muito importante foi o apoio que os habitante s locais de ram os militare s. Se mpre que possíve l, e le s e stavam avisando sobre os pas- II«dados por e le me ntos suspe itos, che gando até a mandar se us filhos ou se us e mpre gados aos locais onde pode riam e ncontrar os militare s, para In/.cr as suas de núncias. Isso se de ve , e m parte , ao fato de que as F orças Armadas se mpre foram uma das instituiçõe s a de sfrutar do maior crédito dc confiança junlo ao povo, ape sar dc todas as campanhas que são fe itas 'pmit tle niT i M as. 268-C arlos Albe rlo Brilhante Ustra C oncluo, portanto, com a ce rte za de que , mais uma ve z, as F orças Arnu das de monstraram sua capacidade ope racional, ape sar da pre carie dade de iv cursos, dos me ios inade quados e do pe ssoal e m início de instrução. A morte do te ne nte Albe rto M e nde s J únior não foi e m vão. E la re ve lou, poi um lado, o de spre ndime nto dc um home m e a pe rfe ita noção do cumprimcnu» do de ve r, que o le vou à morte para salvar se us subordinados. Por outro. i> ódio, o fanatismo e a crue ldade de se us algoze s. A sublimação da tragédia de sse he rói trouxe aos ve rdade iros combate nte s da libe rdade o suporte moral para se guir lutando com de nodo e cre nça nos valore s de mocráticos. Para muitos, e ntre tanto, Albe rto M e nde s J únior é, hoje , ape nas um age nie da “ditadura”, que não me re ce a ate nção que de dicam aos se us assassinos. O s re vanchistas não se conformam com a acachapante de rrota que solVe ram. C om muito me nos mortos, com poucos re cursos humanos e finance iros e e m muito me nos te mpo, comparando com os de mais paíse s da América Latina, que também sofre ram e ainda sofre m as conse qüências da gue rra fria nós os de rrotamos. F onte s: - Proje to O rvil - UST R A. C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. Carlos Lamarca, assassino e traidor amarca durante instrução ,de tiro aos bancários, no do 4° RJ |f uartel O i n s t r u t o r d o / £xcrrcifo dm j* c * o ' da aulas num curso d c segur ança bancot i n. cm 1969. na cidade dc Ouisco Seqüestro do embaixador da Alemanha 11/06/1970 “Nação Afrontada M ais um ato covarde de açào subve rsiva fe riu o Brasil: o e m­ baixador da R e pública F e de ral da Ale manha foi se qüe strado. E na e mboscada que lhe armaram dois age nte s fe de rais tombaram, um se m vida e outro fe rido; dois brasile iros. T oda a Nação se se nte também atingida. O manife sto cm que se e xprime m os agre ssore s de clara gue r­ ra a todos os brasile iros, ao adve rtir que doravante ninguém se rá poupado pe la violência. Nós, que nos e mpe nhamos para que o ódio nunca pre vale ça, sob qualque r de suas nume rosas práticas, não pode mos calar uma re pulsa que nos sufoca e m indignação. O Brasil, sob um gove rno le gítimo, progride a uina taxa que autoriza a confiança. A Nação prospe ra, os proble mas são e n­ fre ntados com disposição, o País se de se nvolve . O s níve is dc produção e consumo são hoje mais e le vados do que e m qual­ que r te mpo passado. Uma e xpe ctativa política razoave lme nte favoráve l e ncaminha aoportunidade de mocrática. M e re ce mos a de mocracia c a alcan­ çare mos por nossos méritos, ade spe ito da ínfima parce la de in­ ce ndiados pe lo ódio. A maciça maioria brasile ira e stá voltada para o trabalho, a orde m e a e spe rança, que re pe le e sta e qualque r outra prática de ódio e violência. A de cisão do gove rno, de ntro dos limite s que inspiram a le i, e m de fe sa das vítimas e para de sagravar a honra nacional, contará com a ade são ce rta da opinião pública brasile ira. Somos, de sde onte m uma nação afrontada por um ato que nos fe re atodos. Somos nove nta milhõe s de safiados e m nossas dispo­ siçõe s orde iras c pacíficas por umgrupo dc fanáticos e nsande cidos pe la pe rda dos mais caros valore s humanos. Somos uma Nação sile nciosa e infe licitada, mas digna e civili­ zada. Não abrire mos mão de sta dignidade e de sta civilização.” (E ditorial do Jornal do Brasil - 13/06/70 - I apágina). A partir do final de 1969, os órgãos dc se gurança come çaram a agir e m conjunto e de forma coorde nada na luta contra a gue rrilha urbana, c isso come çava a dar frutos. E m maio, as prisõe s de militante s tinham sido signi ficativas. M uitos “quadros” importante s foram pre sos. O s te rroristas também e stavam A ve rdade sufocada - 271 ate ntos a e ssa situação e , com o suce sso do se qüe stro do e mbaixador dos E stados Unidos, plane jaram uma ação de grande vulto, de re pe rcussão inte rna­ cional, que re forçasse a propaganda da luta armada e possibilitasse a libe rtação dc um grande núme ro de pre sos. Para isso, a VPR da Guanabara imaginou os se qüe stros simultâne os do novo e mbaixador dos E UA, dos e mbaixadore s da Suécia, do J apão e da Ale manha. C om e sse s se qüe stros plane javam pe dir o re sgate de 200 pre sos. Não contavam, no e ntanto, com a prisão dc M aria do C armo Brito (Lia), me mbro do C omando Nacional (C N) da VPR . C om a “que da" de se u ''apa­ re lho”, na Gáve a, no R io dc J ane iro, os órgãos de se gurança apre e nde ram um dos minuciosos planos para a grande ação: o se qüe stro do e mbaixador Ale mão. E sse plano, para as autoridade s, e stava de smante lado, pois só dois dos possíve is se qüe stradore s continuavam livre s. Dos outros re lacionados para e ssa ação, três j á haviam sido pre sos e outro, J uare z Guimarãe s dc Brito, marido de M aria do C armo, suicidara-se , na fre nte de la, ao se ntir-se ce rcado pe la polícia. As autoridade s e stavam e rradas, sube stimaram o inimigo. A capacidade dc re articulação dos te rroristas e ra grande . O s planos foram re fe itos, se gun­ do as circunstâncias da situação. O se qüe stro do novo e mbaixador dos E stados Unidos, que se ria comanda­ do por Alfre do líélio Syrkis (F e lipe ), foi abortado, pois, com os se qüe stros dc F lbrick, de Nobuo O kuche c da te ntativa de se qüe stro do cônsul cm Porto Ale gre , o e mbaixador ame ricano re forçara e m muito a sua se gurança. O e m­ baixador suíço, pre cavido, fazia constante s mudanças e m se u itine rário, o que dificultava sua captura. O e mbaixador ale mão também re forçara a se gurança. O s te rroristas, portanto, tinham dc se conte ntar com uma ação me nor: o se ­ qüe stro de ape nas um dos diplomatas e scolhidos, o e mbaixador do J apão. T udo pronto, partiram para a ação. No mome nto pre visto, a pre se nça inde se jada c ine spe rada de um carro da polícia frustrou os se qüe stradore s. Não podiam de sistir. Pre cisavam da propaganda, pre cisavam dar ânimo, gás novo aos militante s e , acima de tudo, libe rtar se us “quadros”. R cfi/.e ram os planos, re crutaram novos e le me ntos e de cidiram, ape sar da se gurança, se qüe strar o e mbaixador da Ale manha, E hre nfrie d Von Holle nbe n, dc 61 anos. M e smo sabe ndo que os planos e ram do conhe cime nto da polí­ cia, pe nsaram ce rto: ne m a polícia, ne m o e mbaixador acre ditavam que e le s te ntariam a ação. I louve um re forço na se gurança, mas o diplomata se guia, mais ou me nos, a me sma rotina. Para a ação. roubaram quatro carros e alugaram uma casa na R ua J uvônio dc M e ne ze s, 535, cm C ordovil, bairro distante do ce ntro do R io de J ane iro. A casa foi alugada para o “casal” Ge rson T he odoro dc O live ira (Ivan) e T e re /a Ânge lo (He lga), irmã de O távio Ânge lo, o arme iro da ALN. No mês dc junho, cm São Paulo, numa re união e ntre C arlos Lamarca. d.i VPR , “T ole do5', da ALN, c Dcvanir J osé de C arvalho, do M R T , loram e so» Ihidos os 40 prisione iros que se riam trocados pe io diplomata. C omo e ra uma ação de risco, atuariam “e m fre nte ”. Para re forçar a e qui pe , vie ram dc São Paulo J osé M ilton Barbosa (C láudio), da ALN, e Kduard* · Le ite (Bacuri), e ste para comandar a ação. F oram e nviados, também, irim.t mil cruze iros, uma me tralhadora INA e uma pistola .45. No dia 11 dc junho de 1970„ durante o jogo I nglate rra XT chccoslovu quia, da C opa do M undo, I Iolle hcn saiu da E mbaixada, e m Laranje iras, dii i gindo-se para sua re sidência. Ao avistar o M e rce de s, J e sus Pare de s Soi.· (M ário) de u o sinal c, ne sse mome nto, uma Pick-up, dirigida por J osé M au rício Grade i (J arbas), abalroou o M e rce de s Be nz do e mbaixador. No inte rim do cano vinham, no banco diante iro, o motorista M arinho Huttl e o age nte d. i Polícia F e de ral Iriando de Sousa R égis. No banco trase iro, o e mbaixadoi Von Holle nbe n. A re taguarda do M e rce de s, como se gurança, uma Variam dirigida por Luís Antônio Sampaio, te ndo ao se u lado J osé Banharo da Sil\ a ambos age nte s da Polícia F e de ral. A ope ração foi muito rápida e durou dois ou três minutos. J osé M ilton Barbosa, que fingia namorar Sônia E liane Lafoz (M ariana), me tralhou a Variant, fe rindo grave me nte o policial Luís Antônio Sampaio. O outro age u tc, J osé Banharo da Silva, também foi fe rido. E nquanto isso, “Bacuri" e lie gou junto à porta diante ira do carro do e mbaixador, ao lado do motorista, e disparou três tiros na dire ção do age nte Iriando de Sousa R égis, matando o instantane ame nte . I Icrbcrt E ustáquio dc C arvalho (Danie l) re tirou o e mbaixador do autonio ve l e o colocou no O pala, partindo na dire ção do bairro Santa T e re sa. No local de ixaram panfle tos que diziam o se guinte : '‘Até o mome nto os critérios adotados, para a libe rtação dos diplomatas que fixe mos prisione iros políticos, e ram a sita impor­ tância nas re laçõe s inte rnacionais e o níve l dc ligaçõe s e conômi­ cas com a ditadura brasile ira. Hsscs critérios, a partir de agora, ficam abolidos e e stabe le ce re mos um núme ro mínimo dc pre sos a se re m trocados por qualque r diplomata dc qualque r país.” Ao che gare m a Santa T e re sa, o e mbaixador foi passado para uma Kom bi. onde o colocaram de ntro de um caixotc. Na Kombi e stavam os se qüe s tradorcs (íe rson T he odoro dc O live ira (Ivan), Alfre do I lélio Syrkis (F e lipe ) 272-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 273 e M aurício Guilhe rme da Silve ira (Honório). Dc lá partiram para o bairro C ordovil, onde e sconde ram o e mbaixador Von Holle nbe n. No “apare lho”, T e re sa Ânge lo (Hclga) c M anoe l He nrique F e rre ira (Ande rson) aguardavam a che gada do diplomata. No dia se guinte , com a pre se nça do pre side nte E mílio Garrastazu M édici, dc ministros de E stado, do gove rnador Ne grão de Lima, do ministro conse ­ lhe iro Ge orge R ohrig, substituto do e mbaixador ale mão, de altas autoridade s e de muitos companhe iros c familiare s, o age nte fe de ral I rlando de Sousa R cgis foi e nte rrado no C e mitério do C aju. O age nte Luís Antônio Sampaio, na UT I, lutava contra a morte . O Jornal do Brasil, dc 13 dc junho dc 1970, publicou matéria a re spe ito da qual transcre vo tre chos: "O age nte fe de ral Irlando de Souza R cgis cra carioca e linha 54 anos (...) Ingre ssou na polícia a 14 dc fe ve re iro dc 1941 e e stava de sde 20 de abril último lotado no DO PS, de stacado para a se gurança do e mbaixador ale mão...” “Vivia há 17 anos com Dona F lore ntina Dclcufcu da R ocha, com que m te ve uma filha, Guilhe rmina M aria da R ocha, de 17 anos. M orava com a mãe na R ua do C atcle , 338, apartame nto 603. Dona F lore ntina, muito traumatizada, soube da morte dc Irlando através dc amigos, por te le fone . F ia e stá convale sce ndo de uma inte rve nção cirúrgica: te ve um dos rins e xtraído há 15 dias. M e s­ mo assim compare ce u ao Instituto M édico Le gal para libe rar o corpo do marido e tratar do e nte rro (só onte m de manhã a polícia passou a cuidar disso). O advogado da família. Sr. J orge Luís Dantas, informou que hoje dará início na docume ntação para te ntar um amparo do go­ ve rno à Sra. F lore ntina da R ocha, pois e la não cra casada com Irlando dc Sousa R égis...” "O motorista policial Luís Antônio Sampaio continua no C e n­ tro dc T ratame nto Inte nsivo do Hospital Sousa Aguiar; se u e stado de saúde c re gular, se gundo os médicos. Bale ado no abdôme n c na coxa e sque rda pe los se qüe stradore s do e mbaixador Von I lollcbcn, o age nte foi ope rado pe lo me dico Paulo Pe re ira e re agiu be m. O s médicos, no e ntanto, re ce iam uma re caída e proibiram as visitas a e le , inclusive dos familiare s.” As ne gociaçõe s duraram cinco dias. O s se is comunicados, cm nome do "( omnndo J uare z ( itiimarãe sde Brito", e ram le vados a Ale x Polari de Al ve rga 274*C urlos Albe rto Brilhante Ustra por T e re za Ânge lo. Ale x os colocava e m três locais dife re nte s c avisava ao*, jornais e rádios, para que as autoridade s fosse m informadas. Participaram do se qüe stro: J osé R obe rto Gonçalve s R e se nde (R onaldo) VPR ; E duardo Le ite (Bacuri) - ALN; He rbe rt E ustáquio dc C arvalho (Danie l) - VPR ; R obe rto C hagas da Silva (M acie l) - VPR ; J osé M aurício Grade i (JarbaM - VPR ; Sônia E lianc Lafoz (M ariana) - VPR ; J osé M ilton Barbosa (C láudio) ALN; J e sus Pare de Soto (M ário) - VPR ; Ale x Polari de Alve rga (Bartõi VPR ; M aurício Guilhe rme da Silve ira (Honório) - VPR ; Ge rson T he odoro dr O live ira (Ivan) - VPR ; Alfre do Hélio Syrkis (F e lipe ) - VPR ; T e re za Ânge lo (He lga) - VPR ; e M anoe l He nrique F e rre ira (Ande rson) - VPR . O gove rno brasile iro, mais uma ve z, ate nde u as e xigências dos se ­ qüe stradore s, para poupar a vida de um diplomata, libe rtando os 40 pri­ sos, que foram banidos do te rritório nacional pe lo De cre to n° 66.716. dc 15 de junho dc 1970. Relação dos presos que seguiram para a Argélia - M ilitante s da VPR : Almir Dutton F e rre ira; Altair Luchcsi C ampos; C arlt >·. M ine Baumfcld; Darcy R odrigue s; Dulce dc Souza M aia; E dmauro Gopfe ri E udaldo Gome s da Silva: F lávio R obe rto de Souza; le da dos R e is C have 1. J osé Araújo de Nóbre ga; J osé Lave cchia; J osé R onaldo T avare s de Lira c Silva; Ladislas Dowbor; Liszt Be njamin Vie ira; M aria do C armo Brito; M e lcidc:. Porcino da C osta; O svaldo Antônio dos Santos; O svaldo Soare s; Pe dro 1.obo de O live ira; e T e rcina Dias de O live ira. - M ilitante s de outras organizaçõe s: Adcrval Alve s C oque iro; Ânge lo Pe zzuti da Silva; Apolônio de C arvalho; C arlos E duardo F ayal de Lira; C ari* »·, E duardo Pire s F le ury; C id Que iroz Be njamin; Danie l Aarão R e is; Doming« >*. F e rnande s; F austo M achado F re ire ; F e rnando Paulo Nagle Gabe ira; J e o\ .t Assis Gome s; J oaquim Pire s C e rve ira; J orge R aimundo Nahas; M arco Anio nio Aze ve do M e ycr; M aria J osé C arvalho Nahas; M aurício Vie ira Paiva; M ui i U» Pinto da Silva; R onaldo Dutra M achado; T ânia R odrigue s F e rnande s; e Vci.i Sílvia Araújo de M agalhãe s. De sse s, alguns voltaram, clande stiname nte , c continuaram na luta armada O utros re gre ssaram ao País de pois da Le i da Anistia c poucos pcrmanccc ram no e xte rior. M uitos de sse s “he róis da re sistência de mocrática”, como são hoje chama dos. e stão por aí, militando no partido do pode r ou e xe rce ndo altos cargos n.i administração pública, com os bolsos re che ados pe la bonomia do gove rno A ve rdade sufocada · 275 que os re compe nsa com o dinhe iro público ‘"pe la pe rse guição” que lhe s impingiu a “ditadura militar”. I rlando de Souza R égis morre u e m vão. Hoje e le só e xiste na le mbran­ ça de se us familiare s, re le gados também à indife re nça gove rname ntal e conde nados à pe núria. Infe lizme nte , vive mos no País da hipocrisia e e m te mpos de iniqüidade ... F onte s: - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. - Proje to O rvil. - T e muma - www.te muma.com.br - DUM O NT J . Recordando a História. Ao centro. o agente da Policia Federal Irlando de Sousa Régis, assassinado; à esquerda, Luis Augusto Sampaio, ferido gravemente; à direita, José Banharo da Silva, ferido levemente durante a operação de seqüestro do embaixador da Alemanha 276-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ministro do Exército. Orlando Geisel. cumprimenta a esposa do agente Irlando, dona Florentina, e sua filha Guilhermina A 4o MrtreUo. OtUnOo G * m l n m p i n n t · D Fl ert*t'*a · lut fU/w Qntihrrmi Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR l*m17 dc abril dc 1968. os inte grante s da C orre nte R e volucionária funda­ ram o Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR ), re alizando a sua IaC onfe rência Nacional. F oi e le ito um Se cre tariado, composto por M ário Alve s dc Souza Vie ira (se - cre tário-ge ral), Apolônio Pinto de C arvalho e M anoe l J ove r T e llcs; c e scolhida a C omissão E xe cutiva, inte grada por J acob Gore nde r. Armando T e ixe ira F ructuoso e Bruno da C osta dc Albuque rque M aranhão. E ste último, e m 2006, comandou os militante s do M LST na invasào e de pre dação da C âmara dos De putados. O C omitê C e ntral foi constituído, ale m da ('omissão E xe cutiva, por mais oito me mbros e le tivos. E ssa confe rência aprovou dois docume ntos básicos: - O s "E statutos", que e stabe le ciam a e strutura do PC BR : C omitê C e ntral, C omitê E xe cutivo. Se cre tariado, C omitês R e gionais. C omitês de Zona, C omi­ tês Locais e O rganizaçõe s de Base : e -A “R e solução Política", da qual de staco os se guinte s tre chos: “O obj e ti vo final é a cdi l kação do soci al i smo c do comuni smo, consi de rando que a conqui sta do pode r pe l a cl asse ope rári a e a i nstauração da di tadura do prol e tari ado sào condi çõe s e sse nci ai s para atingi-lo.'* “O cami nho da R e vol ução Brasi l e i ra é. portanto, a luta ar­ mada. No curso do proce sso re vol uci onári o, é pre ci so coorde nar vári as I brmas de luta dc massas, pací fi cas e não pací fi cas, le ­ gai s e i l e gai s. As formas de açõe s l e gai s ou pací fi cas de ve m se r uti l i zadas para de se nvol ve r o movi me nto popul ar, mas. com o e mpre go e xcl usi vo dc tai s me i os, a re vol ução não pode se r vi to­ ri osa. A vi ol ênci a re aci onári a só pode scr ve nci da com a vi ol cn- e i a re v o I u c i on á r i a. *' Hm junho dc 1968. um grupo dc disside nte s sccundaristas daÁP ingre ssou no PC BR . Ne sse me smo mês. de sligou-se do partido o grupo capitane ado por J ove r T e llcs, inte grado, e ntre outros, por Armando T e ixe ira I;ructuoso, Ge raldo Soare s. I le le na Boavcnlura Ne to e R obe rto M artins. Ainda e m 1968. Ibram inúme ras as agitaçõe s e studantis das quais o PC BR participou, de slacando-sc ne ssas açõe s os militante s M arco Antônio da C osta M e de iros, pre side nte do I )ire lório Acadêmico da F aculdade Nacional dc F ilo­ sofia, e Hlinor M e nde s de Brito, se e undarislae pre side nte da I· re nte l nidade E studante s do C alabouço (F IJ HC ). Hlinor. inclusive , organizou e comandou as agitaçõe s no R e staurante ( alahouço. onde morre u E dson I uiz. E m agosto de 1968, J orge M e de iros Valle , o “Bom Burguês”, simpatizante do PC B de sde 1952, funcionário da Age ncia Le blon do Banco do Brasil, de s­ viou mais de um milhão de dólare s e os de positou numa conta na Suíça. Doou grande parte de ssa quantia ao M R -8 c ao PC BR . C om e sse dinhe iro, o PC BR profissionalizou quadros e montou uma razoáve l infra-e strutura. De pois de organizado e com as finanças e ngordadas, cm outubro de 1968. o partido criou o C omando Político M ilitar Nacional c os C omandos Políticos M ilita­ re s R e gionais. E ste s últimos te riam de re alizar assaltos para a “captação” de fundos, se qüe stros políticos, açõe s dc “justiçame nto”, inte nsificação de pre parativos para a gue rrilha rural c montage m de “grupos dc autode fe sa” nas e mpre sas, bairros ope rá­ rios e fave las. O C omando Político M ilitar Nacional ficou re sponsáve l pe la aquisi­ ção dc um campo dc instrução para tre iname nto dos gue rrilhe iros, futuros me mbros do “E xército Popular R e volucionário”, obje tivo da organização. Durante mais de cinco anos o PC BR praticou uma série de atos que ate mo­ rizaram a socie dade brasile ira. De ntre e le s: - E m 07/09/68, durante a madrugada, lançaram uma bomba no palanque armado para o de sfile militar, na Ave nida C onde de Boa Vista, e m R e cife ; - E m 24/09/68, assalto à C ompanhia de T e cidos do Norte - F ábrica T acaruna. e m O linda -, le vando 8 milhõe s dc cruze iros do pagame nto dos fun­ cionários. No assalto foi fe rido o ílincionário Ge de ão C ae tano da Silva, de 56 anos, o que lhe causou uma le são pe rmane nte na pe rna; - E m 31/10/69, Nilson J osé dc Aze ve do Lins, de 23 anos, foi morto duran­ te o assalto à firma C omclio de Souza e Silva, distribuidora da Souza C ruz. e m O linda, que re nde u 50 milhõe s de cruze iros; Autore s da ação: Albe rto Vinícius M e lo do Nascime nto, R holine Sonde C avalcante Silva, C arlos Albe rto Soare s c J oão M aurício dc Andrade Baltar: - E m 17/12/69, assalto ao Banco Sotto M ayor, na Praça do C armo, sti búrbio dc Brás de Pina, no R io de J ane iro, dc onde foram roubados 80 ml· Ihõcs dc cruze iros. Na fuga, obstados por uma viatura policial, Ave lino C apitam matou o sarge nto PM J ocl Nune s; - E m 18/12/69, Antônio Pre ste s de Paula, no e stouro dc se u “apare lho”. ;u> fugir pe los fundos, matou com um tiro à que ima-roupa o soldado do E xército E lias dos Santos. A re spe ito do soldado E lias, a O NG Grupo T e rrorismo Nunca M ais - www.tcrnuma.com.br - re ce be u o comove nte c-mail: “F ico fe liz de achar uma página da Inte rne t, a qual faz home ­ nage m auma pe ssoa que não conhe ci, mas, com ce rte za, muito e spe cial. De sde pe que na ve jo minha avó aos prantos, le mbrar dc se u filho, E lias dos Santos, morto brutalme nte por assassinos te rroristas. 278-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 279 Não conhe cia dire ito a história. F ique i sabe ndo agora. R e al­ me nte é re voltante sabe r que a família de C arlos Lamarca te m dire itos que minha avó não te ve . Não te nho palavras; só agrade ço. Danie le E ste ve s.” - E m 13/02/70, assalto ao Banco da Lavoura dc M inas Ge rais, e m Icaraí, Nite rói. F éria 50 mil cruze iros; - E m 16/03/70, assalto ao carro de transporte do Bank of London, e m F ortale za. F éria 90 mil cruze iros; - E m 25/03/70, assalto ao Banco da Bahia. Na fuga fe riram o cscrivão T ibúrcio Souza Barbosa, que pe rde u as funçõe s do braço dire ito, e o guar­ da Zacarias Bispo da Silva F ilho; e - E m 11/09/70, assalto ao Banco do Brasil, e m M aranguape , no C e ará, quando roubaram 200 mil cruze iros. Assassinato do sargento Walder Xavier dc Uma - 27/10/1970 E m 27/10/70, Ge túlio de O live ira C abral (Gogó), T he odomiro R ome iro dos Sanlos (M arcos) e Paulo Ponte s da Silva, do PC BR , “cobriam um ponto'’ na Ave nida Vasco da Gama, cm Salvador, quando, de um jipe , de sce ram qua­ tro age nte s que lhe s de ram voz de prisão. Ge túlio conse guiu fugir, se ndo pe rse ­ guido por um dos age nte s, trocando tiros. T he odomiro e Paulo foram pre sos, se ndo colocados no banco trase iro do jipe . O pulso dire ito de T he odomiro foi alge mado ao pulso e sque rdo de Pau­ lo. Na pre ssa de ajudar o outro age nte , que se e squivava dos tiros de Ge túlio, não re vistaram a pasta dc T he odomiro. O s três age nte s subiram no ve ículo e conduziram-no, por uns 30 me tros, cm dire ção aos tiros, para auxiliar na captura de Ge túlio. Ne sse inte rvalo, T he odomiro re tirou um re vólve r .38 da pasta que portava e , com a mão e sque rda, atirou pe las costas no age nte que saía do jipe . M orria ali, traiçoe irame nte assassinado, o sarge nto da Ae ronáu­ tica Walde r Xavie r dc Lima, de ixando viúva e dois filhos me nore s. Ato contí­ nuo, T he odomiro de u mais dois disparos, fe rindo o age nte da Polícia F e de ral Amilton Nonato Borge s, se ndo poste riorme nte dominado. Pe lo crime T he odomiro foi conde nado à morte , pe na comutada para prisão pe rpe tua e , poste riorme nte , para oito anos de prisão. I ■m 17 dc agosto de 1979. te ve sua fuga da pe nite nciária da Bahia facilita­ da, se ndo e ncaminhado para a Nunciatura Apostólica, cm Brasília, onde pe ­ diu asilo polílicoe obte ve salvo-conduto para o e xte rior. 280-C arlos Albe rto Brilhante Ustra De pois de passar alguns anos e m Paris, T he odomiro re gre ssou ao Brasi I. cm se te mbro dc 1985. R e ce bido como he rói, de clarou que iria filiar-se ao P'l c que não se arre pe ndia do ato que havia praticado. Atualme nte , T he odomiro é juiz do T ribunal R e gional do T rabalho, cm R e d fe /PE , e pre side nte da Associação dos M agistrados da J ustiça do T rabalho (AM AT R AVI). Assassinato do te ne nte M ate us Le vino dos Santos - 24/03/1971 C om a que da de vários me mbros da dire ção c de militante s importante s, o PC BR , que atuava com mais inte nsidade no Norde ste , re solve u se qüe strar o cônsul dos E stados Unidos, cm R e cife , para trocá-lo por subve rsivos pre sos. Logo come çaram os le vantame ntos dos hábitos do cônsul c e scolhe ram os participante s da ope ração. Para a ação, ne ce ssitavam dc um Volks branco, que de ve ria se r roubado. No dia 26 de junho de 1970, e ncontraram o carro que que riam, e m J aboatào. na Grande R e cife , próximo ao Hospital M ilitar. Pe nsaram que o roubo se ria fácil, mas não foi. O grupo dc ação cra constituído por: Nancy M angabe ira Ungcr, re s ponsávcl pe lo Grupo Armado dc Propaganda (GAP); C arlos Albe rto Soa­ re s; J osé Ge rsino Saraiva M aia; J osé Bartolomcu R odrigue s de Souza; e Luiz (J acaré), nunca ide ntificado. T odos e stavam num único carro, dirigido por Nancy. Ao avistare m o de se jado ve iculo, os quatro saltaram e Nano os aguardou ao volante . T e ntaram re nde r o motorista e e ste , ide ntificando- se como te ne nte da Ae ronáutica, re agiu. C arlos Albe rto Soare s não pe sta­ ne jou, disparou à que ima-roupa, atingindo o te ne nte M ate us Le vino dos Santos na cabe ça e no pe scoço. O te ne nte Lcvino, após 9 me se s dc inte nso sofrime nto, fale ce u e m 24 de março de 1971, de ixando viúva e filhos me nore s. O se qüe stro do cônsul nunca che gou a se r re alizado. Nancy M angabe ira Ungcr, banida cm 13/01/71, cm troca da vida do e m­ baixador suíço, cra filha de pai ame ricano e sua mãe , brasile ira, cra filha do O távio M angabe ira. Por ironia do de stino, o próprio consulado ame ricano, se m sabe r do plane jame nto do se qüe stro do cônsul, corre u e m sua de fe sa, ale gando dupla nacionalidade dc Nancy, brasile ira c norte -ame ricana. O utras açõe s do Partido C omunista Brasile iro R e volucionário - P( BU Após as “que das” dc de ze mbro de 1972, que atingiram a cúpula dirige nie do PC BR . três militante s assumiram o C omissariado Nacional Provisório, A ve rdade sufocada - 281 conhe cido como o 3oC omando C e ntrai: R amircs M aranhão do Vale , R anúsia Alve s R odrigue s e Aimir C ustódio de Lima. E struturado some nte na Guanabara para açõe s armadas, o PC BR contava ape nas com e sse s militante s, re forçados por Vitorino Alve s M outinho. - E m 05/02/1972, atuando “cm fre nte " com a ALN e a VAR -Palmare s, a organização participou do “justiçame nto” do marinhe iro David C uthbe rg, julgado e conde nado pe lo tribunal ve rme lho, por re pre se ntar o “impe rialis­ mo inglês”. - E m 25/02/73, o PC BR , atuando e m “fre nte ” com a ALN c a VAR - Palmarcs, participou do traiçoe iro assassinato do de le gado O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior, e m C opacabana. R io de J ane iro. Pe lo PC BR . participaram R anúsia c R amircs. - E m março dc 73, R amircs e Vitorino foram a Porto Ale gre , onde , “cm fre nte ” com a ALN e a VAR -Palmare s. assaltaram, no dia 14, o Banco F rancês c Brasile iro, roubando aproximadame nte 41 mil cruze iros. - E m 04/06/73, assalto ao Bob’s, de Ipane ma. R io de J ane iro, onde rouba­ ram ce rca de 31 mil cruze iros. - E m 23/07/73, “jusliçame nto”de Salatie l T e ixe ira R olim (C hinês), me mbro fundador do PC BR . E m 29/08/73. assalto a uma clínica na R ua Paulino F e rnande s, e m Botafogo, R io dc J ane iro. Anos mais tarde , com a anistia e a volta ao Brasil de Apolônio de C arvalho, Antônio Pre ste s de Paula e vários outros militante s, pôde o PC BR re e struturar-se , atuando, se gundo a re vista IstoE%de 05/08/1987, infiltrado no PT . F onte s: - O ng Grupo T e rrorismo Nunca M ais (T E R NUM A) - ttAvw.tcmuma.com.br Uma estrutura se arma contra o terror Na prime ira quinze na dc se te mbro de 1970, a Pre sidência da R e pública cm facc dos proble mas criados pe lo te rrorismo, e xpe diu um docume nto n<» qual analisava e m profundidade as conse qüências que pode riam advir de ssa situação c de finia o que de ve ria se r fe ito para impe dir e ne utralizar os movime n tos subve rsivos. T al docume nto re ce be u o nome de Diretriz Presidencial </< Segurança Interna. De acordo com a dire triz, e m cada comando de E xe rcito que hoje se de nomina C omando M ilitar dc Áre a, e xistiria: - um C onse lho dc De fe sa Inte rna (C O NDI); - um C e ntro dc O pe raçõe s de De fe sa Inte rna (C O D1); c - um De stacame nto dc O pe raçõe s de Informaçõe s (DO I). T odos sob a coorde nação do próprio comandante de cada E xército. E sse Grande C omando M ilitar, quando no de se mpe nho de missõe s dr De fe sa Inte rna, se de nominaria Zona dc De fe sa Inte rna (7DI). O s C O NDI - tinham por finalidade facilitar aos comandante s de Zl )1.1 coorde nação de açõe s c a obte nção da ne ce ssária coope ração por parte da*, mais altas autoridade s civis c militare s, com se de nas re spe ctivas áre as dr re sponsabilidade . O s C O DI - tinham a atribuição de garantir a ne ce ssária coorde nação c e xe cução do plane jame nto das me didas dc de fe sa inte rna, nos dive rsos e sca Iõe s de comando. T inham, também, a finalidade de facilitar a conjugação dr e sforços com a M arinha, a Ae ronáutica, o SNI, o DPF e as Se cre tarias dc Se gurança Pública (Polícia C ivil c Polícia M ilitar). O combate ao te rrorismo c à subve rsão só te ve êxito a partir do nu» me nto cm que , cumprindo a “Dire triz Pre side ncial de Se gurança Inte rna", os comandante s militare s de áre a baixaram normas ce ntralizando as inibi maçõe s dc de fe sa inte rna e de te rminando que as ope raçõe s dc informaçõe s fosse m re alizadas por um único órgão e sob um comando único, o coman dante do 1)01. O s DO I - tinham a atribuição dc combate r, dire tame nte , as organi/a çoe s te rroristas, dc de smontar a sua e strutura dc pe ssoal c dc mate rial, e dr impe dir a sua re organização. E ram órgãos e mine nte me nte ope racionais c e xe cutivos, adaptados às condiçõe s pe culiare s da contra-subve rsão e do contrate rrorismo. E m cumprime nto à “Dire triz Pre side ncial de Se gurança Inte rna", o E xército Brasile iro criou os se guinte s DO L ainda no se gundo se me stre de I (>70: A ve rdade sufocada - 283 DO I/C O DI/I E xército - R io de J ane iro; DO I/C O DI/II E xército - São Paulo (cm substituição a O J 3AN); DO I/C O D1/1V E xército - R e cifc; DO l/C O DI/C omando M ilitar do Planalto - Brasília. No ano se guinte , foram criados: DO I/C O DI/5nR e gião M ilitar - C uritiba; DO I/C O DI/4aDivisão de E xército - Be lo Horizonte ; DO I/C O DI/6aR e gião M ilitar - Salvador; DO I/C O DI/8aR e gião M ilitar - Be lém; e DO I/C O DI/ 10aR e gião M ilitar - F ortale za. E m 1974, foi criado o DO I/C O DI/I11 E xército - Porto Ale gre . De ntre os DO I ativados, o de São Paulo e ra o de maior e fe tivo, che gando a te r 300 home ns. De ste s, 40 e ram do E xército, se ndo 10 oficiais, 25 sarge ntos e 5 cabos com e stabilidade (profissionais). C onside rando que todos os DO I e stive sse m e m ple no funcioname nto e conside rando ainda que todos tive sse m o me smo e fe tivo do de São Paulo, o e fe tivo total do E xército Brasile iro, e mpe nhado no combate à subve rsão e ao te rrorismo, foi no máximo de 400 home ns nos DO I e 100 no C e ntro de infor­ maçõe s do E xército (C IE ), cm Brasília. E sse s 500 home ns, comparados com o e fe tivo do E xército (150 mil home ns na época), e ra um núme ro insignificante . Não conse guimos e nte nde r, portanto, a campanha que a e sque rda fazia para que o E xército re tornasse aos quartéis, para suas atividade s normais. O E xército, me smo durante a fase e m que o te rror e ste ve no se u auge , continuou com as suas atividade s normais, com os se us e stabe le cime ntos de e nsino, se us quartéis-ge ne rais, suas unidade s ope racionais, e nfim, com todas as suas organizaçõe s militare s funcionando normalme nte . O que o E xército fe z para combate r a subve rsão c o te rrorismo foi adotar uma linha de ação ge nuiname nte brasile ira, que se rviu de e nsiname nto para ou­ tros paíse s. isso ocorre u com a criação dos C O NDI, dos C O DI e dos DO I c f,om o e mpe nho de ape nas 400 home ns do se u e fe tivo distribuídos aos DO I. O re s­ tante do pe ssoal dos De stacame ntos dc O pe raçõe s e ra comple me ntado com os bravos e compe te nte s me mbros das Polícias C ivil c M ilitar dos e stados. O E xército, por inte rmédio dos gcncrais-dc-e xército, comandante s mili­ tare s dc áre a, ce ntralizou, coorde nou, comandou e se tornou re sponsáve l pe la condução da conlra-subvcrsão e do contratcrrorismo no País. O s DO I e ram a força pronta para o combate , dire tame nte a e le s subordinados, re ce ­ be ndo e cumprindo suas orde ns. F oi a mane ira inte lige nte me nte adotada para combate r com e ficiência o te rrorismo. Uma solução que de u ce rto e que pos­ sibilitou ne ulrali/ar Iodas as organizaçõe s te rroristas. 284 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra No Uio Grande do Sul, outro modelo M ais ou me nos na me sma época, e m 1969, quando foi criada e m Sào Paulo a O pcraçào Bande irante (O BAN), e ra criada e m Porto Ale gre a Divisão C e ntral dc Informaçõe s (DC I). A missão dos dois órgãos cra se me lhante , isto é, o combate ce ntralizado a*» te rrorismo. E nquanto a O BAN e ra subordinada ao comandante do II E xército, a DC I ficava dire tame nte ligada ao se cre tário de Se gurança Pública do R io Grande th > Sul. O se cre tário e ra um corone l do E xército. O comandante do órgão ope racional da O BAN e ra um oficial da ativa, do E xército, be m como o dire tor da DC I. Quanto ao pe ssoal do órgão ope racional da O BAN, o E xército, por me it > de se us oficiais, e xe rcia as funçõe s de che fia. Na DC I, a parte ope racional e stava afe ta ao DO PS. E ssas funçõe s e ram e xe rcidas por de le gados dc polícia do DO PS. O re stante do pe ssoal, do órgão ope racional da O BAN, e ra distribuído e ntre militare s do E xército e das Polícias C ivil c M ilitar. A DC I só fazia a análisi dos dados obtidos. Não cra ope racional. O órgão ope racional da O BAN e ra um órgão dc análise , de informaçõe s dc inte rrogatório c dc combate . A DC I fazia análise de informaçõe s. O s inte rro gatórios e as açõe s de combate e ram e xe cutadas pe lo DO PS. C om a implantação da nova e strutura nacional para o combatc ao te rro rismo, foram criados os DO I/C O DI e a O BAN foi e xtinta. E m Porto Ale gre , a DC I continuou o se u trabalho até 1974, quando o DO I /C O DI I i I E xército foi criado. O prime iro dire tor da DC I foi occl Albe rto Gusmão c de pois o major Álila R ohrse tze r. me u cole ga dc turma de sde os te mpos da E scola Pre paratória de C ade te s dc Porto Ale gre . O trabalho no R io Grande do Sul foi facilitado poi uma grande harmonia e ntre o III E xército, o se cre tário de Se gurança, o dirctoi da DC I e o dire tor do DO PS. T udo o que se passava, che gava ime diatame nte ao conhe cime nto do III E xército. No Sclor de O pe raçõe s do DO PS. o de le gado Pe dro C arlos Se e lij*. re sponsáve l pe las ope raçõe s, chcllava e quipe s que trabalhavam com e ficiência se mpre e m consonância com as dire trize s do III E xército. F oi assim, base ado ne ssa e strutura - alice rçada no trabalho e ficie nte da e quipe da DC I e da atuação do de le gado Se e lig e de se u pe ssoal - que o III E xército combate u.com ple no êxito, o te rrorismo no R io Grande do Sul. Basia dize r que . ate jane iro de 1971, foram pre sos 256 te rroristas, inclusive I )iógcnc·* Sobrosa de Souza, um dos assassinos do te ne nte M e nde s, no Vale da R ibe ira À ve rdade sufocada - 285 apre e ndidas 15 me tralhadoras. 49 pistolas automáticas, vários rifle s, 9 automó­ ve is, 27.650 dólare s e grande soma e m cruze iros. E m dois anos, os te rroristas, some nte no R io Grande do Sul, re alizaram vários assaltos a bancos, colocaram várias bombas e m prédios públicos e te ntaram se qüe strar o cônsul dos E stados Unidos e m Porto Ale gre . De pois de Sào Paulo, R io de J ane iro e M inas Ge rais, foi no R io Grande do Sul que o te rrorismo e ste ve mais atuante , principalme nte pe la e xistência da fron­ te ira com a Arge ntina e o Uruguai, que facilitava o movime nto de militante s que iam e vinham transportando dólare s, armame nto, munição e docume ntos para as organizaçõe s te rroristas. A e strutura do R io Grande do Sul se mante ve cm razão das caracte rísticas da áre a e do e xce le nte re lacioname nto e ntre as autoridade s do E xército e os me m­ bros da Se cre taria de Se gurança Pública. E sse siste ma de trabalho, adotado uni­ came nte no R io Grande do Sul, some nte te ve êxito de vido ao trabalho harmônico e ntre o DO PS, o major Átila, o de le gado Se e lig e a T Se ção do E stado-M aior do III E xército. F oi o tipo dc organização que poupou o E xército dc muitos de sgaste s e aborre cime ntos, mas, e m compe nsação, pre judicou e de sgastou o major Atila e os policiais do DO PS, e spe cialme nte o de le gado Pe dro C arlos Se e lig que , até hoje , sofre as conse qüências, por te r cumprido com o se u de ve r, combate ndo com e ficiência o te rrorismo no solo gaúcho. F onte : - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. 286-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Quando o espírito de corpo é imprescindível No dia 28 de se te mbro, o ge ne ral C anavarro, comandante do II E xército, chamou-me ao se u gabine te de comando e disse : “M ajor, amanhã o se nhor vai assumir o comando do DO I/ C O DI/II E x. E stamos numa gue rra. Vá, assuma e comande com dignidade .” C umprindo a sua de te rminação, no dia 29/09/70 assumi o comando daque le De stacame nto e lá pe rmane ci até 23/01/74, quando fui transfe ri do para Brasília. A partir do dia que passe i a trabalhar no DO I, a minha vida particular c ;i minha carre ira passaram a sofre r os mais variados te ste s. Grande s pre ssõe s psicológicas pe saram sobre mim e me us familiare s. Sobre me us ombros iriam cair ime nsas re sponsabilidade s. Vidas humanas passariam a de pe nde r das mi­ nhas de cisõe s. Até aque le mome nto, de sde cade te , acostumara-me a vive r num E xército que não combatia de ve rdade . Iniciava-se , para mim e minha família, uma total mudança dc hábitos, que so viríamos a se ntir com o passar dos me se s. E ra uma vida de sacrifícios e de privaçõe s. R e sidia num e difício onde mora vam oficiais do II E xército, na Ave nida São J oão. Noite e dia, uma e quipe do DO I, de ntro do me u apartame nto, dava prote ção à minha família. Ne ssa épo ca, só a minha filha mais ve lha cra nascida. Quando e la ia para as aulas no mate rnal, se mpre e ra acompanhada pe la e quipe de se gurança que nos da\ ;i prote ção. M inha mulhe r não se continha e ficava o te mpo todo na porta tia cscola, e nquanto duravam as aulas. As ame aças de se qüe stro, tanto dc minha mulhe r como de minha filha, e ram constante s. Praticame nte , mudava o núme ro do te le fone me nsalme nte . Quando assumi o comando do DO I foi que vi a pre carie dade do órgão. I ■Ir ficava junto ao 36° Distrito Policial, na e squina das R uas T utóia com T oma/C ai valhal, na capital paulista. Às instalaçõe s e ram péssimas, acanhadas e nos foram ce didas pe la Se cre taria de Se gurança Pública. F icavam num prédio dos fundos do Distrito Policial, onde trabalhávamos amontoados, se parados por tabique s dc made ira. Ali se conce n travam as salas dc inte rrogatório, os trabalhos burocráticos, a sala do comandai i te . Parte da carce rage m nos foi ce dida pe lo 36° DP. Uma ala para os pre so·, comuns do DP, outra para os subve rsivos e te rroristas. Inicialme nte nosso e fe tivo, oriundo das mais variadas organizaçõe s policial·, e militare s, e ra assim constituído: A ve rdade sufocada - 287 - E xército - 4 oficiais, 12 sarge ntos e dois cabos antigos; - Polícia M ilitar do E stado de São Paulo -15 oficiais, 22 sarge ntos c 35 cabos c soldados; - Polícia C ivil do listado dc São Paulo -12 de le gados c 8 inve stigadore s; -Ae ronáutica - 1te ne nte , 1sarge nto e 3 cabos; - Polícia F e de ral -1 age nte . Quanto ao pe ssoal do E xército, só e ram de signados capitãe s com o C urso da E scola de Ape rfe içoame nto de O ficiais. Nunca trabalhamos com sarge ntos e ca­ bos que não fosse m profissionais. O s únicos soldados que pre stavam se rviços no DO I pe rte nciam ao 2oBatalhão dc Polícia do E xército e o trabalho consistia, unicame nte , e m guarne ce r 3 postos de se ntine la. O re gime dc trabalho e ra misto. O pe ssoal do C omando e da Administração trabalhava, diariame nte , das 8 às 18 horas. O pe ssoal das E quipe s dc Busca e de Inte rrogatório linha um re gime de 24 horas de trabalho por 48 horas de folga. Não tínhamos alojame ntos. O pe ssoal dormia nas próprias viaturas. No início das ope raçõe s tínhamos quatro C -l 4 e mpre stadas e dois Volks ce didos por uma Autarquia. O se rviço de comunicaçõe s de ixava muito a de se jar. Um rádio e m cada C -14, e mpre stados pe la Polícia M ilitar. Anossa re de de rádio e ra a me sma da PM . Quanto ao armame nto a situação e ra pior. O s e le me ntos da PM traziam o armame nto e a munição ce didos pe las suas unidade s. Nós do E xército e o pe ssoal da Polícia C ivil usávamos nossas armas particulare s. A munição, insuficie nte . A se gurança das instalaçõe s e ra pre cária. A guarda e xte rna, oste nsiva, e slava a cargo de um De stacame nto da Polícia M ilitar, te ndo como arma­ me nto as ve lhas me tralhadoras ÍNA, que funcionavam mal. Isso me pre ocu­ pava muito. J á havíamos apre e ndido cm “apare lhos” le vantame ntos dc nos­ sas instalaçõe s e planos para atacá-las. I sso pode ria aconte ce r a qualque r mome nto. Se um comando te rrorista re solve sse invadir o DO I para re sgatar os pre sos, ccríamcntc have ria uma chacina. J amais pe rmitiríamos que conse ­ guisse m re alizar e sse inte nto. E ra ne ce ssária, com urgência, uma comple ta re fonnulação quanto ao nosso e fe tivo, quanto à e strutura organizacional, ao anname nto, às viaturas, às instalaçõe s, ao apoio logístico c administrativo c à se gurança do pe ssoal. Uma das prime iras me didas que tome i foi a dc colocar, no lugar de maior de staque das nossas instalaçõe s, um mastro para que , diariame nte , pudésse ­ mos haste ar a bande ira do Brasil. O utra me dida foi a formatura ge ral do De sta­ came nto. no início do e xpe die nte . Aprove itava a oportunidade para falar aos me us subordinados c le mbrar-lhe s que e stávamos, ali. lutando e arriscando as nossas vidas pe la Pátria. 1)i/.ia-lhcs que o me smo fora fe ito, ao longo tios anos. 288-C arlos Albe rto Brilhante Ustra por nossos ante passados. C itava, e ntão, passage ns da nossa história, quando brasile iros tinham pe rdido a vida praticando atos he róicos c de ste midos e m de fe sa da Pátria. R e cordava as lutas para mante r a inte gridade do te rritório brasile iro. F alava dos nossos mortos quando combate mos a Inte ntona C omu­ nista e m 1935 e , também, do he roísmo dos nossos pracinhas na F E B. C onstituíamos um grupo he te rogêne o quanto à formação. Uns militare s, outros civis. A condução de sse s home ns de ve ria se r adaptada a e ssa pe culiari dade . E le s de ve riam scr comandados de ntro de uma disciplina que buscasse o me io te rmo, e ntre a civil e a militar. O DO I/C O DI/II E x e ra um órgão novo, que e ntrara e m combate de sde o início de sua formação. Para que o êxito fosse asce nde nte , e ra ne ce ssário que e xistisse um arraigado e spírito de corpo e que o moral dc se us inte grante s íòsse o mais e le vado possíve l. As condiçõe s pe culiare s do nosso trabalho não pode riam alastar-nos di­ urna linha de conduta e xe mplar. A corrupção, o suborno, o achaque , a prote ção a contrave ntore s e ram crime s que jamais admitiríamos e m um inte grante do DO I/C O DI/II E x. Procurávamos re ssarcir os nossos home ns das de spe sas cm se rviço. A líhi lo de gratificação, o pe ssoal do E xército e da Polícia M ilitar passou a re ce be r, por mês, de z diárias de alime ntação. A Polícia C ivil não pagava diárias, e ntre tanto, os de le gados c os inve stigadore s que se rviam no DO I e ram promovidos por me re cime nto, tão logo comple tasse m o inte rstício mínimo na classe onde se e ncontravam. Ainda, como me dida para e le var o moral dos nossos home ns, conse guimos que o gove rno do E stado dc São Paulo conside rasse como re le vante o se rviço pre stado no DO I. Para o pe ssoal do E xército, o te mpo de se rviço no DO I passou a se r e on side rado arre gime ntado, ou se ja, cra conside rado como se pre stado nos quai téis, o que pe saria no mome nto das promoçõe s. T ambém, como re conhe cime nto pe lo trabalho e fe tuado, ce rca dc nove nta de nossos me mbros re ce be ram a M e dalha do Pacificador com Palma, a mar- alta conde coração outorgada pe lo E xército Brasile iro àque le s que cumpriram t » se u de ve r com risco de vida. O ge ne ral I lumbe rto dc Souza M e llo, durante o pe ríodo e m que comaii dou o II E xército, se mpre te ve um e spe cial carinho para com todos os me m bros do DO L As suas visitas inopinadas normalme nte ocorriam horas depois dc re gre ssarmos de alguma ope ração arriscada. Ne ssas ocasiõe s, lá e stava o nosso comandante , e logiando a bravura de nossos home ns, impulsionando os, cada ve z mais, para o cumprime nto do de ve r. Isso e le vava o moral e aume ntava o e spírito de corpo. E xistiam também as visitas programadas, fe itas pe riodicame nte . Ne s sas. e le ia acompanhado dos ge ne rais que se rviam na capital paulisla. A ve rdade sufocada - 289 do se u E stado-M aior, do se cre tário de Se gurança Pública, do comandante da Polícia M ilitar, do de le gado ge ral de Polícia e de outras autoridade s. Quando os che fe s militare s iam oficialme nte ao II E xército, a visita ao DO I constava, invariave lme nte , da programação oficial. C omo o trabalho de combate ao te rrorismo e ra conjunto, as visitas de me m­ bros do C e ntro de Informaçõe s do E xército (C IE ), do C e ntro de Informaçõe s da M arinha (C e nimar), do C e ntro de Informaçõe s e Se gurança da Ae ronáutica (C isa) c do SNI e ram rotine iras. Durante uma de ssas visitas o ge ne ral Humbe rto tomou conhe cime nto de que a guarda e xte rna do DO I e ra constituída, some nte , por soldados fardados da Polícia M ilitar. Quando se dirigiu a nós, assim sc e xpre ssou: “A partir dc amanha de se jo ve r aqui, também guarne ce ndo e sse DO I, soldados do nosso E xército, numa de monstração pú­ blica, muito clara, dc que o E xército Brasile iro também e stá e m­ pe nhado ne ssa gue rra. A partir de amanhã, a re sponsabilidade pe la guarda do DO I ficará se ndo do E xército Brasile iro e da Polícia M ilitar.” Para nossa fe licidade , tive mos como che fe da 2aSe ção do E stado-M ai- or do II E xército o corone l M ário de Souza Pinto. E ra um oficial de pre stí­ gio e compe te nte . E m Santa M aria-R S, havia comandado o R e gime nto M alle t, onde sc de stacou como um dos me lhore s comandante s daque la uni­ dade militar, a mais tradicional da Artilharia. T ive a fe licidade de tê-lo como che fe , cm ple no pe ríodo de combate . T inha todas as qualidade s que um subordinado e spe ra de se u comandante : justo, amigo, e ficie nte , compa­ nhe iro, corajoso. C hamava a ate nção quando e rrávamos e e logiava quando ace rtávamos. E ra um oficial sério e corre to e não admitia de slize s, corrupção, falta de caráte r. Sc alguém come te sse uma falta de ssas, sua mão e ra bas­ tante pe sada para punir. É, portanto, com triste za, que ve jo a e sque rda rcvanchista inve ntar que nossos salários e ram comple me ntados com dinhe iro dc e mpre sários; que dáva­ mos prote ção e cobe rtura a marginais; que nos apossávamos do dinhe iro e de be ns das pe ssoas que e ram pre sas; que no DO I e stuprávamos mulhe re s; que introduzíamos obje tos e m se us órgãos se xuais; que torturávamos e pre ndíamos não só crianças, como pais, irmãos c pare nte s de pre sos que nada tinham a ve r com a subve rsão e o te rrorismo. I sso, j amai s aconte ce u! 290-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Se guidame nte sou apontado como che fe de home ns que praticaram tar atos. E u jamais os pe rmitiria. Para que o le itor possa avaliar o me u pe rfil profissional, transcre vo abaixt um e logio que re ce bi do corone l Souza Pinto. Longe de que re r me valorizar, cK se rve para mostrar como um che fe de sse quilate me conside rava: :tA 19 maio 71, foi público a se guinte re fe rência e logiosa formulada pe lo ce l. M ário de Souza Pinto, nos se guinte s te r­ mos: - M ajor Art. C AR LO S ALBE R T O BR ILHANT E UST R A - Se rvindo na 2aSe ção há quase 2 anos e , há 8 me se s, na C he ­ fia do De stacame nto de O pe raçõe s e Informaçõe s, caracte ri­ za-se o M ajor Ustra por uma invulgar de dicação às dife re nte s c comple xas tare fas ine re nte s a sua função. Possuidor de e x­ ce pcional capacidade de trabalho, te m uma pe rsonalidade marcante que se pode traduzir como a dc um home m de e xtre ­ ma le aldade , tranqüilidade inte rior absoluta, grande hone stida­ de de propósitos e de um e spírito justo c humano que e mpolga àque le s que com e le se re lacionam. Sua atuação na 2aSe ção, e m particular na C he fia do De stacame nto de O pe raçõe s e In­ formaçõe s, é e xce pcional sob qualque r ângulo ou aspe cto. E fi­ ciência, obje tividade , re alismo, corage m, de ste mor, de spre ndi­ me nto e re lacioname nto humano são qualificativos que se ajus­ tam, pe rfe itame nte , a e ste ótimo O ficial de E stado-M aior. Sua capacidade dc lide rança c sobe jame nte de monstrada nos re ­ sultados qualitativos obtidos pe las dife re nte s e quipe s que com­ põe m o De stacame nto dc O pe raçõe s, e m suas atuaçõe s nas 24 horas do dia. pois, para um C he fe , uma satisfação e um de ve r dc justiça, e logiar, como ora o faço, um auxiliar com tais méritos e qualificaçõe s (INDIVIDUAL).” Sc não bastasse m as dificuldade s e nfre ntadas pe los nossos home ns, mm tas ve ze s éramos surpre e ndidos com a incompre e nsão de companhe iros e dr alguns chcfe s. M uitas ve ze s, quando alguns de me us subordinados iam á·. suas unidade s de orige m, ouviam, não raro, dos se us comandante s, re p» i me ndas por e stare m ve stidos cm traje s civis, com a barba c o cabe lo ['.ran de s. O utros re clamavam da falta que laziam na instrução da tropa, pois, e m bora no 1)01. continuavam ocupando vaga no quarte l. Para impe dir que tais fatos tornasse m a aconte ce r, foi e ncaminhado ãs <>i i»aiii/.açòe s M ilitare s do II E xe rcito o O ficio C ircular, que abaixo iransawo A ve rdade sufocada - 291 “M INIST ÉR IO DO E XÉR C IT O - C O M ANDO DO II E XÉR ­ C IT O - QUAR T E L GE NE R AL - Sào Paulo, SP Do comandante do II E xército - Ao... Assunto: Inte grante s do DO I/C O DI/II E x - O f n° 35-E 2, C IR ­ C ULAR . T e ndo che gado ao conhe cime nto de ste comando que , e m al­ gumas O M de ste E xército, há uma ce rta incompre e nsão re lacio­ nada com se us próprios e le me ntos que inte gram o De stacame nto dc O pe raçõe s c Informaçõe s do C O DI/II E x, face à apre se nta­ ção pe ssoal dos me smos, impostas pe ias circunstâncias que tipificam a nature za da luta cm que e stão e mpe nhados, re sultando me smo cm atitude s de má vontade para aque le s que , com bravu­ ra, de nodo e corage m e stão na Ialinha dc combate ao te rrorismo, dou por muito be m re come ndado que todos os comandante s e che fcs de O M dêe m o máximo dc apre ço e pre stígio àque le s que pcrtcnccm a e ste De stacame nto c que e sclare çam a todos os se us subordinados das re sponsabilidade s e pe rigos e nfre ntados, para que se crie um ambie nte de re conhe cime nto e dc admiração, por aque le s que , diuturname nte , arriscam suas vidas na manute nção da se gurança inte rna e salvaguarda de nosso e stilo dc vida. Ge ne ral dc E xe rcito Humbe rto de Souza M e llo - C omandante do II E xe rcito.” Para mitigar as agruras impostas pe lo cumprime nto de nossas missõe s, re s- tava-nos quase tão-só a consciência de que lutávamos pe lo Brasil, pe lo nosso povo c pe los nossos familiare s. F e lizme nte , porém, havia che fcs como o que assinou a nota acima, que nos le vavam a palavra firme e amiga. O moral e le vado, a coe são c e spírito dc corpo e ram o te souro e a mola impulsora do nosso suce sso. E stávamos e m gue rra contra um inimigo fanático e sole rte . Graças a De us soube mos ve ncê-lo. 1 292-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Primeira visita do general Humberto de Souza Aiello ao DOI/CODI/II Ex General Humbero de Souza Mello em visita ao DOV CODl/ll Ex Ao DOI/CODI/II Exército uma estrutura dinâmica E ra ne ce ssária uma re e struturação do Órgão O pe racional, he rdado da an­ tiga O BAN, para tomá-lo dinâmico e ade quado para e nfre ntar e ve nce r, o mais rápido possíve l, o te rrorismo e m São Paulo. M e diante e nte ndime ntos e ntre o C omando do II E xército e o gove mo do E stado, foram ce didas ao DO I 50% das de pe ndências do 36° DP, inclusive toda a carce rage m. C om os re cursos re ce bidos do gove rno do E stado, foi construído um pré­ dio de dois andare s, re formadas e adaptadas as instalaçõe s e xiste nte s. C ons­ truímos alojame ntos para o pe ssoal dc se rviço, salas de inte rrogatório, gara­ ge ns, oficina me cânica c me lhoramos as instalaçõe s para os pre sos. F oram e dificados muros mais altos c instaladas guaritas e le vadas para as se ntine las. O combustíve l passou a se r forne cido pe la Se cre taria de Se gurança Pública (SSP). Do M inistério do E xército re ce be mos armame nto, munição, viaturas, pne us, pe ças sobre ssale nte s, um mode rno Siste ma dc C omunicação R ádio, be m como ve rbas ade quadas para o pagame nto dc te le fone s, compra dc mate rial de e x­ pe die nte , arquivo, máquinas de e scre ve r, copiadoras, alime ntação, se rviço de rancho e re fe itório. O e fe tivo foi aume ntado, atingindo 300 home ns. M oças da Polícia F e mi­ nina da PM E SP e da Pol icia C ivil foram re quisitadas, assim como me cânicos, datilógrafos, ope radore s dc rádio. O de le gado titular do 36° Distrito Policial, Dr. Paschoal M ante ca, e ra ate ncioso c de fino trato, o que possibilitou uma convivência harmônica e ntre o 36° DP e o DO I. C oncomitante me nte , mudamos a organização do DO I, tornando o trabalho ce ntralizado e compartime ntado, onde cada home m de se mpe nhava uma fun­ ção e spe cífica. E stávamos prontos para atuar ofe nsivame nte e procurar os te rroristas onde que r que e le s e stive sse m. Agora, podíamos trabalhar de ntro de um minucioso plane jame nto, e m que um E stado-M aior e studava todas as situ­ açõe s. de modo que as de cisõe s só fosse m tomadas após uma análise profunda e cuidadosa. 294-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Organograma do DOI/CODI/II Exército Seção de Contra-Informações A Se ção de C ontra-Informaçõe s e ra dire tame nte subordinada ao coman­ dante do DO I. C abia a e la orie ntar o pe ssoal quanto ao cumprime nto das normas de se gurança do De stacame nto, de cada um de se us inte grante s e de suas famílias; e divulgar os cuidados a tomar quanto à mane ira de se ve stir, de se de slocar pe la cidade , na vida e m socie dade e no re lacioname nto familiar. Um me mbro do DO I não de ve ria re ve lar, ne m me smo à família, o tipo de trabalho que re alizava, os motivos de se us horários incomuns e nada a re spe ito do órgão onde trabalhava, ne m me smo a sua localização. Havia se mpre um te le fone dc re fe rência, caso houve sse ne ce ssidade dc um contato urge nte com a família. E ssas e ram re gras básicas que davam se gurança às informaçõe s, ao trabalho contínuo do DO I, ao pe ssoal c à sua família. A compartime nlação e ra outra norma de se gurança le vada a sério. Uma se ção não sabia ne m de ve ria sabe r o que se passava na outra. C ada um cumpria a sua missão, se m tomar conhe cime nto do que se passava com os outros. O utro trabalho importante e ra o cuidado na se le ção do pe ssoal para e vitar que o inimigo infiltrasse e m nosso me io um ade pto ou um simpatizante . C omo o e fe tivo e ra muito variado, de ixávamos a se le ção do pe ssoal a car­ go dos órgãos ou unidade s de orige m. Na Polícia M ilitar, a triage m e ra fe ita pe la 2aSe ção do E stado-M aior Ge ral. As ve ze s, um de nossos me mbros indi­ cava um pare nte ou um amigo para se rvir conosco, mas, me smo assim, havia um e studo pre liminar na 2aSe ção da Polícia M ilitar. J á na Polícia C ivil a indica­ ção e ra fe ita pe lo DO PS. No E xército, o II E xército de signava as unidade s que de ve riam forne ce r oficiais c praças para inte grar o DO I. A e scolha e ra do co­ mandante da unidade . Houve o caso de um sarge nto da Polícia M ilitar que se ria um infiltrado de uma organização te rrorista no nosso De stacame nto, mais pre cisame nte numa T urma de Busca e Apre e nsão. C re io que e le se ria mais um simpatizante do que um infiltrado, pois, se é que passava informaçõe s aos nossos inimigos, fazia-o mais num caráte r ge ral. Pode ria te r re passado nome s dc pe ssoas que com e le trabalhavam ou alguma coisa que se passava na sua Se ção de Busca c Apre e nsão. Se e le e stive sse trabalhando como age nte infiltrado, te ria cau­ sado danos irre paráve is às instalaçõe s, à se gurança individual de nossos age n­ te s c à se gurança durante o de se ncade ame nto dc nossas ope raçõe s. C omo nosso trabalho e ra compartime ntado, tudo o que lá se passava e ra mantido no mais absoluto sigilo. E ra um trabalho de inte ligência e todo o cuidado de ve ria scr tomado para não de nunciar as nossas inte nçõe s. Da Se ção de Infor­ maçõe s e dc Análise re ce bíamos a matéria que , se gundo e la, pode ria se r usada para um trabalho de conlra-infonrtaçõe s. E ram docume ntos apre e ndidos e m apa- 296-C arlos Albe rto Brilhante Ustra re lhos, análise de de poime ntos de pre sos, docume ntos re ce bidos de outros ór gãos, e nfim, tudo o que pode ria nos ajudar ne sse importante trabalho. Quando o capitão che fe de ssa se ção se le cionava um assunto que pode ria mos usar para e sse tipo dc trabalho, e le me consultava e discutíamos o problc ma. Aprovado o tipo de ope ração, tudo pe rmane cia “fe chado” e ninguém mais. além do comandante do DO I e da Se ção de C ontra-Informaçõe s, cra informa do a re spe ito da ope ração que se ria iniciada. As ope raçõe s de contra-informação tinham, também, outras finalidade s. Uma de las consistia e m “que imar” um militante pe rante a sua organização O pe ração de licada que de ve ria scr e scudada cm fatos irre futáve is. As ve ze s, e ssa oportunidade surgia durante uma “cobe rtura de ponto”. O bse rvávamos o indiví­ duo cobrindo um ponto e dávamos orde m para que e le não fosse pre so, só os se us contatos. Após uns três ou quatro militante s te re m “caído” ne ssas cobe rturas de pontos, a organização come çava, naturalme nte , a de sconfiar. Isso tudo ia nun i cre sce ndo. Parale lame nte , vazávamos que fulano ou be ltrano e stava trabalhandi» para nós, dando até um codinome para o nosso “informante e colaborador.” E sse tipo de trabalho, de vido a sua comple xidade , e ra mais usado e m alvos compe nsadore s, ge ralme nte os mais altos dirige nte s das organizaçõe s te rroris tas ou um militante de Grupo T ático Armado (GT A). E xiste m alguns “colaboradore s” que continuam “que imados”, até hoje . C ombate ndo com as me smas armas No início de 1972, “caíram” a gráfica e alguns re datore s do jornal Vencetv mos, órgão oficial da ALN, fartame nte distribuído no me io e studantil. C om o mate rial apre e ndido e o asse ssorame nto técnico dos pre sos fize mos um “ Venceremos” idêntico ao de le s, e m que publicávamos matéria obt i da nos inte rrogatórios. Não inve ntávamos nada, ape nas e scre víamos sob ou tra conotação. C omo os dirige nte s e studantis pe rte nciam a organizaçõe s le r roristas e e le s e scondiam isso, colocávamos se us nome s e a organização a que pe rte nciam. Quando de nunciávamos a prisào de e studante s e m “luta pe la de mocracia”, colocávamos os crime s que e le s praticaram. Quando e le s de s viavam re cursos dos C e ntros Acadêmicos para as organizaçõe s, agrade cia mos as doaçõe s. A nossa distribuição, também muito farta, atingia o me smo alvo, os e studante s. E is alguns e xe mplos: “C inco dc de ze mbro dc 1971. Ne ssa data umcomando de três combate nte s da Ação Libe rtadora Nacional e xe cutava uma missão no bairro Sumaré/SP. A me sma hora, a Policia M ilitar re alizava uma batida de rua, com controle e vistoria de carros. E ntre os gue rrilhe iros A ve rdade sufocada - 297 e stava J osé M ilton Barbosa (R afae l, C láudio. C astro), que morre u no choque que se se guiu com as forças da re pre ssão. Zé M ilton te ve uma brilhante carre ira re volucionária, se mpre ao lado da causa popular. De ntre as açõe s e xpropriatórias de que participou, contam-se as se guinte s: cinco assaltos a supe rme rca­ dos; oito assaltos a indústrias dive rsas; assalto à PUC e à E scola Pe ntágono; de z e xpropriaçõe s de carros; dois assaltos a age ncias da Lightc muitas e xpropriaçõe s de placas. Além disso, Zé M ilton contava e m se u ace rvo com vários outros tipos de açõe s como: se qüe stro dc três motoristas c dos re spe ctivos carros; incêndios dc ônibus, casas c automóve is; a morte do cabo M artine z; quatro panfle tage ns armadas e , finalme nte , o assalto a um soldado do E xército com a e xpropriação de uma subme tralhadora INA. Por outro lado Linda T ayah, companhe ira de Zé M ilton, fe rida na cabe ça no me smo tirote io, foi le vada para o Hospital das C líni­ cas onde foi ope rada. '4Até hoje não há notícias do se u parade iro”. “Ainda cm de ze mbro, caíram os companhe iros André T sutomu O ta (Bio), da F ísica da USP, e M arli Gome s C arvalhe iro (M arta), profe ssora dc Ge ografia. André participou dc várias açõe s gue rri­ lhe iras, de stacando-se várias e xpropriaçõe s dc automóve is e pla­ cas; assalto à E scola Pe ntágono; ate ntado a bomba no re cinto da E sso Brasile ira de Pe tróle o; vários le vantame ntos para assaltos e panfle tage ns armadas.” “O ano de 1972 come çou com a morte dc Hiroaki T origoc (5 jane iro) cm tirote io com a polícia. E ste companhe iro re volucionário possuía grande núme ro de açõe s, muitas das quais foram re alizadas para a ALN e outras para o M ovime nto dc Libe rtação Popular (M olipo). De ntre e las de stacam-se as e xpropriaçõe s: da te souraria da PUC ; de uma fábrica cm Vila M ariana; das fábricas Dcjan e AM F ; do re staurante Bihcrhalle , e dc uma máquina oíf-se t. Além disso, T origoc havia ince ndiado umônibus na Vila Brasilândia (com a morte do cabo M artine z); se qüe strado o motorista de um cami­ nhão da Swift c distribuído sua carga numa fave la; assaltado uma agcncia do M inistério do T rabalho e uma radiopatrulha e m Santo André, com e xpropriação de uma INA.” “No dia 20 dc jane iro morriam, também, cm tirote io com a polícia os companhe iros Alcx dc Paula Xavie r Pe re ira c Gclson Ke ichcr. No combate os dois conse guiram e liminar um cabo da O pe ração Bande irante que . inadve rtidame nte , se aproximara dos me smos, pe dindo que se ide ntificasse m. Alcx tinha curso dc íiue r- 298-C arIos Albe rto Brilhante Ustra rilha e m C uba c, tal como Gclson, e ra um companhe iro e xpe ri­ me ntado cm açõe s e xpropriatórias.” “No princípio de fe ve re iro foi pre so o companhe iro 1^d islau C rispim dc O live ira (Laiau), e studante de E conomia, re sponsáve l pe lo se tor gráfico da ALN. E ntre tanto, e ste companhe iro já foi de vidame nte substituído pe la organização cm se u trabalho e spe cializado dc con­ fe cção e impre ssão do “VenceremosDe sse modo a circulação do nosso jornal não ficará inte rrompida com a que da daque le quadro.” “Poucos dias de pois caíam os companhe iros J osé R icardo C ampolim de Alme ida (da E conomia/PUC ), coorde nador de uma base do PC doB; E djalma Dias, pre side nte do Le ão XIII (da E cono­ mia/PUC ), também militante do PC doB. e Walte r J oly (J ulinho), e x- militante do PC B, da VPR e , atualme nte , no Se tor de M assa da ALN. “J ulinho” fazia Pe dagogia F ilosofia/PUC c foi pre side nte do Dire tório da F ilosofia. O s re volucionários agrade ce m pe la valiosa colaboração pre stada por e sse s companhe iros, os quais não he sita­ ram e m colocar o DA Le ão Xlll c o DA/F ilosofia São Be nto a se rvi­ ço das organizaçõe s gue rrilhe iras, ora contribuindo e m dinhe iro, ora contribuindo com pape l para impre ssão do nosso “ Venceremos". M as o que é mais lame ntáve l é que as que das dos companhe iros Ladislau, Joly, C ampolim e E djalma vie ram frustrar, mome ntane ame nte , o pla­ no das organizaçõe s gue rrilhe iras dc ve nce re m as e le içõe s para o DC E /PUC , o qual se conve rte ria numa importante base de ataque à ditadura c ao impe rialismo e strange iro. A propósito, foi be m e nge n­ drado o plano para as e le içõe s que de ve riam se r re alizadas no pri­ me iro se me stre de ste ano: concorre riam duas chapas, se ndo uma inte grada por militante s e simpatizante s da ALN c a outra se ria composta por e studante s da AP e do PC doB. C laro que o nome dos compone nte s das chapas não se ria conhe cido ne m dos votante s: os e le itore s votariam e m chapas e e ra e xatame nte isto que se consti­ tuiria num autêntico avanço no siste ma dc e le içõe s para as e ntida­ de s e studantis, porquanto o DC E passaria a se r o e lo que ligaria a massa (os e studante s) às organizaçõe s gue rrilhe iras - vanguardas na luta contra a ditadura e o impe rialismo.” R e solve mos agrade ce r ao jornal O São Paulo pe lo apoio pre stado, com o se guinte “E ditorial” que publicamos na última página de um dos nossos“ Venceremos" “A posição política do Papado (!). Que m conhe ce a história da atuação política do Papado, ce r­ tame nte e stranha os le rmos da fala que re ce nte me nte Paulo VI A ve rdade sufocada - 299 dirigiu aos padre s e m ge ral, re come ndando-lhe s que se omitis­ se m de participar na vida política das comunidade s e m que tais curas atuam. Sua Santidade pare ce te r come tido uma se ria “gafe ”' cm se u pronunciame nto, pois sc e sque ce u, ou não se le mbrou, de que a Igre ja é uma instituição da socie dade e , por isso, os clérigos que a compõe m são home ns e , como tais, têm, também, ne ce ssidade s dc re lacioname nto com as de mais instituiçõe s: sociais, políticas, e conômicas e artísticas. A Igre ja não vive por si c para si, mas e la vive da socie dade e para a socie dade e a participação do cle ro nos dive rsos se tore s de uma comunidade é fato ne ce ssário, compre e nsíve l. Portanto, iso­ lar os curas da vida global comunitária é um e rro e le me ntar dc luta política. Pare ce -nos agora que o me lhor pronunciame nto de SS te ria sido o silêncio, porque , pe lo me nos, não apare ce ria se u e quí­ voco político. E , assim como nós, pe nsa também o participante cle ro brasile iro. Ne ste mome nto por que passa o Brasil, o único jornal (de ntro da impre nsa le gal c corrompida) que se e rgue e m de fe sa dos di­ re itos humanos é O Sâo Paulo, órgão oficial da Arquidioce se dc São Paulo, cujo re dator é o bravo cône go Amaury C astanho, que conta com o apoio da cúpula e cle siástica paulista e a cobe rtura nos se rmõe s e nos microfone s da R ádio Nove de J ulho. A propósito de ssa participação política do cle ro paulista, a di­ re ção dc O Sâo Paulo foi muito fe liz ao e scolhe r a “capa” da última e dição de sse jornal, onde apare ce a figura nào dc um jude u e rrante , faminto, triste c de se ncorajado, mas a figura de um C risto altivo, participante e procurado (um C risto gue rrilhe iro, num car­ taz se me lhante aos de “te rroristas procurados” que a ditadura e s­ palhou pe lo Brasil todo). M as nào é só e m São Paulo que o e co do Papa se pe rde no vazio; c e m te rmos dc Brasil total, pois toda a opinião pública te m acompanhado, diariame nte , os pronunciame ntos dos bispos da C NBB, faze ndo “ouvido surdo” a que m que r que te nte impe dir se us pronun­ ciame ntos políticos. Bravos. E isso me smo. R e fute mos, na prática, a infe liz te se papal da não-participação do clcro na política de suas comunidade s: O u ficar a Pátria livre oti morre r pe lo Brasil.” E sse e ra o trabalho da Se ção de C ontra-Informação, usando o ve ne no da se rpe nte contra e la própria, com inte ligência, cuidado e pe rtinácia. Setor de Operações de Informações Preito de gratidão ao meu subcomandante E ste se tor compre e ndia a Se ção de Inve stigaçõe s, a Se ção de Informaçõe s e Análise e a Se ção de Busca e Apre e nsão. Se u che fe e ra, tambcm, o subcomandante do DO I. C abia ao se tor coorde nar o trabalho das se çõe s que lhe e ram dire tame nte subordinadas. Durante o me u comando, a função de che fia do se tor foi e xe rcida pe lo capitão de Artilharia Dalmo Lúcio M uniz C yrillo. O capitão Dalmo, infe lizme nte fale cido, e ra um oficial e xtraordinário. C almo, tranqüilo, ponde rado, inte lige nte e corajoso. Um che fe que de cidia com rapide z e com justiça. Se u método de trabalho e ra dinâmico, obje tivo e dc muita inve ntiva. Se mpre conte i com o se u incondicional apoio. Um grande amigo. O s dados obtidos de uma organização te rrorista e ram de vidame nte se le ci­ onados, aprofundados e le vados ao che fe do Se tor de O pe raçõe s de Informa­ çõe s para uma acurada análise e uma tomada de de cisão de como me lhor aprove itá-los. E ra e le que m de cidia qual a se ção que ficaria e ncarre gada da missão, quando o trabalho de ve ria se r e nce rrado e , também, quando, de vido às circunstâncias, o trabalho iniciado por uma de las de via se r transfe rido para outra. E m princípio, procurávamos nos e ngajar no combate a uma organização dc cada ve z. Quando, na me sma época, surgiam fatos que nos conduziam a outra organização e le s não e ram de spre zados e , e m ge ral, adotávamos a téc­ nica de acompanhar os se us militante s, de se guir se u rastro, de não pe rde r o contato tão procurado e de se jado. Se possíve l, de ixávamos uma “ponta” num compasso de e spe ra, aguardando a hora oportuna para ne utralizá-la. Isso tudo que m de cidia e ra o che fe do se tor. Logo promovido a major, Dalmo e ra de uma criatividade muito gran­ de . F oi de le a idéia da ope ração citada ne ste livro UA me lhor de fe sa é o ataque ”. De pois de sse aconte cime nto, praticame nte , ce ssaram os ataque s às viaturas militare s. O “R e latório Pe riódico dc Informaçõe s do II E xército”, datado de se te mbro de 1975, um docume nto C O NF I DE NC I AL, publicado pe lo Cor reio Braziliense e m 17 dc outubro dc 2004, apre se ntava o se guinte "R e la tório de E statística do DO I/C O DI/II E x, até 30 de se te mbro de 1975: A ve rdade sufocada · 301 a.Pre sos pe lo DO I ...................................................................2.381 - E ncaminhados ao DO PS/SP...................................................870 - E ncaminhados a outros órgãos.............................................. 193 - Libe rados................................................................................1261 - M ortos........................................................................................ 47 - E vadidos....................................................................................... 1 b.R e ce bidos de outros órgãos....................................................899 - E ncaminhados ao DO PS/SP...................................................341 - E ncaminhados a outros órgãos.............................................. 330 - Libe rados..................................................................................220 - E vadidos....................................................................................... 2 - M ortos...........................................................................................3 c.E le me ntos que pre staram informaçõe s e foram libe rados .3419 d.E le me ntos que e stive ram no DO I e nào pre staram de claraçõe s 126 Dos dados e statísticos acima consta o núme ro de mortos: 47+3 =50. A impre nsa, e m manche te s, publicou; “M onografia re conhe ce 54 morte s no DO I-SP”(0G/o6o, 09/01/2000). “E xército contabilizou mortos no Doi-C odi” (Correio Braziliense 17/10/2004). As manchctcs cm si já sâo te nde nciosas. Induze m o le itor a pe nsar que as morte s aconte ce ram de ntro do DO I e não a re alidade : morte s e m combate . E ssa me sma impre nsa de ixou de publicar que , no me smo pe ríodo, só e m São Paulo, os te rroristas mataram, e ntre civis, policiais e militare s 53 pe ssoas e fe riram 14 me mbros do DO I/II E x. Não te nho dados para citar quantas pe sso­ as e le s fe riram no total. O s dados e statísticos dc uma tropa cm combate , obrigatoriame nte , te in de citar a quantidade de prisione iros, de de sapare cidos, dc fe ridos, de mor­ tos. Se o E xército omitisse o núme ro de mortos, as manche te s provave l­ me nte se riam “E xército e sconde o núme ro de mortos”. Se mpre admitimos que houve mortos. De sse s mortos, dois, se gundo minhas pe squisas, suicidaram-se no DO I: o jornalista Vladimir I lcrzog, e m 25/10/75; c o ope rário M anue l F ie l F ilho, e m 17/01/76. O s de mais a e sque rda aponta como se ndo mortos por tortu­ ra, jamais e m combate . 302-C arlos Albe rto Brilhante Ustra E le s, quando contam a sua ve rsão, se mpre omite m a orie ntação que a mai oria das organizaçõe s dava aos se us militante s de jamais se e ntre gare m e dc morre re m lutando. Alguns até portavam cápsulas de cianure to. Ne ste livro, e m inúme ras oportunidade s, re lato os combate s travados com os Grupos T áticos Armados (GT A) das organizaçõe s te rroristas. F oram inú­ me ras as baixas que lhe s causamos. De ixe i de citar todos porque , nas minhas pe squisas, para faze r um re lato ve rdade iro, foi muito difícil e ncontrar os pro­ ce ssos. Não te nho, como a e quipe de D. E varisto, os re cursos e o pe ssoal e m abundância que , no ST M , vasculhou os proce ssos para e scre ve r o Brasil Nun ca Mais, com te nde nciosas conclusõe s. Além dos combate s, inúme ras ve ze s os pre sos, ao se re m soltos para cobrii um ponto, te ntaram a fliga. E m outras oportunidade s, o contato com que m sc e ncontrava no “ponto”, ao pe rce be r que se u companhe iro e stava pre so, e ntre ga va-lhe uma arma cos dois re agiam. E xistiram situaçõe s e m que o pre so tinha imi “■ponto de polícia”, pre viame nte marcado, quando a organização te ntava o se u re sgate . Ne sse s casos, normalme nte , no e ntre ve m, corriam risco de morte , tanu» os militante s como os age nte s da le i. Além disso, alguns morre ram atrope lados, te ntando a fuga ou come te ndo o suicídio. M e smo nos casos mais e vide nte s, com de poime ntos de te ste munhas, e le s ne gam que se us militante s te nham sido mortos e m combate . Quando isso acon te cia c e le s morriam e m ação, ou se suicidavam e m ple na rua, afirmam que o pre so foi fe rido, não foi socorrido c foi le vado para o DO I para se r morto sol· tortura. Quando re bate mos e ssas falsidade s, logo apare ce m militante s que e sti a­ ram pre sos no DO I e que foram pre parados ide ologicame nte para me ntir pcl.i catisa, laze ndo de claraçõe s e afirmando que te ste munharam ce nas bárbaras. \ palavra de le s, e m coro, com o aval dc se tore s da impre nsa, pre vale ce sobre a nossa que não e ncontra apoio na mídia. Poucas são as morte s que e le s admite m nao te re m ocorrido sob tortura É o caso das morte s de Ishiro Nagami e Sérgio C orre ia, ambas no dia 04/0') 1969, na R ua da C onsolação. São Paulo, quando transportavam bomba*, que e xplodiram ante s da hora. Ne sse caso, e le s não ale gam que os dois tci roristas te nham sido le vados para o DO I, pois se ria impossíve l. Se us corpo·, se de sinte graram, com a violência da e xplosão. Até hoje , não sc sabe oiulc se ria o ale ntado que iriam praticar. Aque le s que , com ise nção, procurare m os proce ssos arquivados na Ju*. liça, e ncontrarão, com de talhe s, as causas das morte s ocorridas no combali- ao te rrorismo. Seção de Investigações A Se ção de Inve stigaçõe s e ra constituída por 20 T urmas de Inve stigação, cada uma com se u próprio carro - um automóve l comum, quase se mpre um Volks - todos e quipados com um rádio transmissor-re ce ptor fixo e outro móve l. C ada me mbro da turma tinha uma pistola 9 mm ou um re vólve r calibre .38 e uma me tralhadora Be re tta 9 mm. A sua disposição e stavam os me ios dc disfarce , como barbas e bigode s postiços, pe rucas e óculos. C ontavam com várias placas frias para constante troca durante o trabalho de “paque ra” (ope ração montada para se guir um subve rsivo). Utilizavam máquinas fotográficas sofisticadas para a época. As turmas contavam, também, com o apoio das mulhe re s da Polícia F e mi­ nina, da PM E SP e da Polícia C ivil, de signadas para se rvir no DO I. Se u che fe e ra o capitão do E xército, da arma de Artilharia, Ênio Pime nte l da Silve ira. Um oficial e xtraordinário, talhado para o Se rviço de Informaçõe s. E x­ tre mame nte compe te nte e de uma corage m invulgar. Nossa amizade e ra muito grande . E u o conside rava como um irmão mais moço. Se u subche fe e ra o capitão do E xército, da arma de C avalaria, F re ddie Pe rdigão Pe re ira. Um oficial com muita capacidade de trabalho c grande in­ te ligência. Vale nte c de ste mido, fora fe rido no R io dc J ane iro quando e , com bravura, e nfre ntou te rroristas. O s fe rime ntos de ixaram se qüe las que acaba­ ram pre judicando a sua saúde , le vando-o, pre maturame nte , à morte . O trabalho ne ssa se ção e ra e xaustivo. Não havia hora para come çar ne m para te rminar. A missão ditava os horários dc trabalho e de folga. O s inte grante s da se ção não e fe tuavam prisõe s, inte rrogatórios ou buscas. Só e ntravam cm combate quando e ra absolutame nte ne ce ssário. O re sponsáve l por qualque r ope ração cm andame nto saía do De stacame n­ to com os re cursos ne ce ssários para mante r as turmas na rua~ se m o apoio do DO I, no mínimo por um dia. Le vava, também, o dinhe iro ne ce ssário para cus­ te ar a viage m impre vista de alguns age nte s. Isso ocorria quando, durante uma “paque ra”, o suspe ito se dirigia a uma e stação rodoviária c partia para outra cidade . Ime diatame nte , dois dos nossos age nte s tomavam o me smo ônibus. 0 Se tor dc O pe raçõe s dc Informaçõe s e ra avisado. E nquanto a viage m transcorria, e ntrávamos cm ligação com o DO I situado na se de de de stino do ônibus. Quando o suspe ito de se mbarcava, lá os e spe ravam, para se gui-lo, as T urmas de Inve stigação daque le DO I. E m Porto Ale gre , como não tínhamos DO I, e ra o de le gado Pe dro C ar­ los Se e lig. do DO PS, da Se cre taria dc Se gurança que , com sua e quipe , continuava o trabalho. 1*ra a Se ção de Informaçõe s que fazia o trabalho de infiltração nas organi­ zaçõe s te rroristas. Isso podia se r concre tizado por me io de um age nte nosso - o que e ra e xtre mame nte arriscado e pe rigoso - ou, como e ra mais comum, e mpre gando um próprio militante da organização que ace itasse trabalhar para nós. E vide nte me nte , ne sse caso, e le continuava militando na organização, cor re ndo o risco de se r “justiçado" por e la, caso se u trabalho a nosso favor vie sse a se r de scobe rto. Assim, quando infiltrávamos um militante éramos obrigados a tomar muitas me didas de se gurança, das quais de stacamos: - Só o che fe , o subche fe e , no máximo cinco age nte s, da Se ção de Inve sti gaçõe s sabiam a ve rdade ira ide ntidade do infiltrado e mantinham contato com e le . O assunto e ra fe chado, me smo para o re stante da se ção. E u, como coman dante , só sabia que tínhamos um infiltrado cm de te rminada organização e o se u codinomc. - O infiltrado jamais pode ria se r pre so e , muito me nos, se r conduzido ao DO I. - Para e vitar vazame ntos, e ra proibido tomar de poime ntos, ou faze r qual que r anotação a re spe ito do infiltrado. E nquanto a Se ção dc C ontra-Informaçõe s e scolhia militante s para que imá los, faze ndo cre r que e ram infiltrados, a Se ção de Inve stigaçõe s fazia o con trário, dando a máxima se gurança ao ve rdade iro infiltrado para que e le jamais fosse de scobe rto. A infiltração e ra um proce sso de morado, mas, com ce rte za, e la e vitava muitas açõe s te rroristas e pe rmitia che garmos mais rápido à dire ção da or ganização. Quando conse guíamos um bom infiltrado, íamos aos poucos “le vantando” os movime ntos dos se us companhe iros, fotografando e se guindo se us contatos, que iam sc ampliando dc tal mane ira que podíamos se guir os novos suspe itos se m a ne ce ssidade do nosso infiltrado. Quando e stávamos ne ssa fase , ge ralme nte alugávamos apartame ntos pro ximos dos “apare lhos” ocupados pe los te rroristas. De sse modo podíamos vigia los me lhore fotografá-los, se m provocar suspe itas. O nosso pe ssoal passava a “re sidir” ne sse s imóve is alugados c mantinha uma conduta normal, se m de monstrar que e ram policiais. A missão de le s consistia e m informar os hábi tos dos militante s vigiados, tais como: hora da saída c che gada cm casa, carro usado, roupa com que saíam pe la manhã, placa do carro, uso de male ta paia carre gar docume nto ou armas. A “de rrubada” (prisão) isolada de um militante só aconte cia e m caso dc e xtre ma ne ce ssidade . A técnica e ra de ixar que tudo transcorre sse normahne n le . alé a obte nção de todos os dados possíve is. Quando che gávamos a e ssa 304-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 305 situação, de cidíamos “de rrubar” quase todos os militante s. E ssa ope ração fica­ va por conta da Se ção de Busca e Apre e nsão. E scolhíamos os que de ve riam “cair” (se r pre sos) e os que de ixaríamos e m libe rdade . E sse s se rviriam como uma “ponta” que , normalme nte , nos le varia a outra organização. Quando ocorria uma “de rrubada ge ral”, e ra comum os re mane sce nte s procurare m a prote ção de se us camaradas de outras organizaçõe s. O utro motivo que nos forçava a de ixar alguns militante s e m libe rdade e ra o infiltrado, pois, se some nte e le continuasse solto, as suspe itas logo re cairiam sobre e le . Seção de Informações e de Análise Durante o me u te mpo de comando no DO I, a che fia da se ção foi e xe rcida pe !o capitão de Infantaria André Le ite Pe re ira F ilho, já fale cido. E ra um auxiliai compe te nte . Possuía grande capacidade de trabalho, e ra inte lige nte e conduzia com êxito os importante s trabalhos a e le re lacionados. E ra um oficial corajoso e , inúme ras ve ze s, de ixou sua função para auxiliar nas missõe s mais arriscadas, e xe cutadas por companhe iros de outras se çõe s. E ra le al, e mpre e nde dor, dinâ­ mico, amigo e solidário. A se ção e ra constituída por duas subse çõe s: a de análise e a de inte rro­ gatório. A Subse ção de Análise fazia o e studo da docume ntação apre e ndida cm po­ de r dos te rroristas. De cifrava códigos; e scolhia os alvos que pode riam se r “que i mados” pe rante as suas organizaçõe s; analisava os inte rrogatórios dos pre sos c. como re sultado de ssa análise , e laborava outras pe rguntas que de ve riam se r fe itas Pe squisava e m cada de poime nto as possíve is contradiçõe s. Ao e studar o mate rial apre e ndido, procurava ante cipar-se , e vitando possí­ ve is açõe s te rroristas, ale rtando sobre os le vantame ntos fe itos para “justiçame ntos”, se que stros, assaltos e outros ate ntados. M uitas açõe s te rroris­ tas foram e vitadas pe lo e ficie nte trabalho da subse ção. A Subse ção de Inte rrogatório tinha três turmas, cada uma che fiada por um capitão do E xército, auxiliado por três inte rrogadore s e um carce re iro. C ada turma trabalhava e m re gime de 24 horas por 48 horas dc folga. E ssa subse ção tomava os de poime ntos pre liminare s dos pre sos. Se u trabalho e ra muito dinâ­ mico. Quando um pre so “abria um ponto”, um “apare lho” ou qualque r outro dado importante , o capitão che fe da T urma dc Inte rrogatório le vava e sse s da­ dos, ime diatame nte , ao che fe do Se tor de O pe raçõe s de Informaçõe s, que acionava, conforme o caso, as T urmas da Se ção de Busca e Apre e nsão ou a Se ção dc Inve stigaçõe s. Quando e sse s dados e ram obtidos de pois do e xpe die nte normal, o capitão che fe da T urma de I nte rrogatório, que também e ra o oficial dc dia, tomava as providências ne ce ssárias para acionar as T urmas de Busca e Apre e nsão. Seção de Busca e Apreensão C abia à Se ção de Busca e Apre e nsão faze r a cobe rtura de “pontos”; ne u­ tralizar “apare lhos”; apre e nde r mate rial subve rsivo; cole tar dados; conduzir pre ­ sos aos hospitais, aos pre sídios, ao DO PS e à Auditoria M ilitar; e e fe tuar as prisõe s. T rabalhava e m re gime de 24 horas de trabalho por 48 horas de folga. E ra composta por três e quipe s: A, B e C . C ada e quipe com quatro turmas. C ada turma tinha os se guinte s me ios: - Pe ssoal: C he fe - oficial da Polícia M ilitar ou de le gado de Polícia. Inte grante s - quatro age nte s que pode riam se r sarge ntos do E xército ou da Polícia M ilitar, inve stigadore s da Polícia C ivil, cabos ou soldados da Polícia M ilitar. M otorista - cabo ou soldado da Polícia M ilitar. - Viaturas: C ada turma tinha à sua disposição três tipos de viaturas - C -I 4, O pala ou Kombi, todas e quipadas com rádio transmissor-re ce ptor. O che fe da turma e scolhia a viatura de acordo com o tipo de missão. -Armame nto: C ada age nte , de acordo com a missão, tinha à sua disposição o se guinte armame nto - pistola 9 mm ou re vólve r calibre .38, fuzil F AL, e spingarda calibre 12, granadas de mão ofe nsivas e de fe nsivas, granadas fumíge nas e de gás lacrimogêne o. - Prote ção: C ole te à prova de balas. O trabalho da se ção e ra o mais arriscado, pois e ra e la que e nfre ntava os Grupos T áticos Armados das organizaçõe s te rroristas (GT A). Material bélico apreendido em “aparelho " Interrogatório Quando um te rrorista e ra pre so, a fase crucial da prisão, tanto para e le como para nós, cra a do inte rrogatório. As prisõe s e ram e fe tuadas, normalme nte , pe las T urmas de Busca e Apre e n­ são, se ndo o pre so conduzido para o DO I, a fim de se r inte rrogado. Quando a prisão e ra plane jada, a T urma de Inte rrogatório Pre liminar já o aguardava com a docume ntação re fe re nte a e le , pre parada pe ia Subse ção de Análise . Sabíamos pe la sua ficha: se us codinome s, organização à qual pe rte n­ cia, açõe s armadas e m que tomara parte , localização do se u “apare lho”, conta­ tos e outros dados. Ante s de iniciar o inte rrogatório, procurávamos dialogar com e le , analisan­ do a sua situação, mostrando os dados de que dispúnhamos a se u re spe ito c o aconse lhávamos a dize r tudo o que sabia, para que pude sse sair o mais rápido possíve l da incomunicabilidade . Porém, quando ocorria uma prisão inopinada, ge ralme nte de sconhe cíamos quase tudo a re spe ito e o inte rrogador ne ce ssitava obte r alguns dados e sse nci­ ais, tais como: o nome ve rdade iro, o codinome , a localização do se u “apare ­ lho”, o próximo “ponto” e se us contatos. Quando “caía” um te rrorista, o te mpo e ra pre cioso e a incomunicabilidade indispe nsáve l, pois, de acordo com as normas de se gurança e stabe le cidas pe ­ las organizaçõe s subve rsivas, todo o te rrorista possuía uma “hora te to” para re tomar ao se u “apare lho”. C aso a hora fosse ultrapassada e e le não che gasse , o militante com que m vivia abandonava o “apare lho”, le vando a docume ntação comprome te dora e o mate rial bélico e xiste nte . O utra norma dc se gurança e ra quanto à cobe rtura de “pontos”. O militante e ra obrigado a “cobrir”, no mínimo, um “ponto normal” a cada 24 horas e , caso “furasse ” um de sse s pontos, re stava ainda como se gu­ rança cobrir um “ponto alte rnativo”. C aso e le ou o se u contato faltasse a um de sse s pontos, o motivo prováve l e ra que um dos dois e stive sse pre ­ so. I me diatame nte , toda a re de que mantinha ligação com e le s cra avisada da prováve l “que da”. Por isso, o pre so de ve ria “se gurar” ao máximo os se us e ncontros e ganhar o maior te mpo possíve l, me ntindo e nos condu­ zindo a um “ponto frio” ou a um “ponto de polícia”. O inte rrogador tinha dc se r bastante hábil e inte lige nte para não se de ixar e nganar. Se fôsse mos combate r os te rroristas com as le is comuns, com o habe as-corpus a todo vapor, de nada adiantaria que e le “abrisse um pon­ to", o se u “apare lho” ou as próximas açõe s. A organização tomaria co­ nhe cime nto ime diato dc sua prisão e nossa ação, no se ntido de ne utralizá- la, e staria pre judicada. Quando um militante “caía”, normalme nte com docume ntação falsa, as pri­ me iras pe rguntas e ram: - Qual o se u nome ve rdade iro? - Qual o se u codinome ? - Qual o se u próximo “ponto”? - O nde se localiza o se u “apare lho”? A partir de ssas quatro pe rguntas, iniciava-se uma batalha contra o te mpo. De um lado o inte rrogador, ne ce ssitando, urge nte me nte , das re spostas con­ cre tas para as pe rguntas que formulara. Do outro, o te rrorista me ntindo e ganhando te mpo, forne ce ndo e nde re ços falsos, “pontos de polícia” e “pontos frios”. As ve ze s te ntava o suicídio e ngolindo uma pílula de cianure to que , ape nas lhe causava proble mas sérios, le vando-o até a inte rnaçõe s hospitala­ re s. C om isso, ganhava te mpo, os companhe iros de sconfiavam de sua prisão e abandonavam o apare lho. As organizaçõe s te rroristas conscie ntizavam o militante de que , se no ato da prisão não pude sse re sistir até a morte , de pois de pre so de ve ria te ntar o suicídio. A ALN e m um docume nto sobre comportame nto na prisão diz te xtual me nte : “O suicídio é uma me ra ante cipação de uma morte ce rta.” “M orre r é passividade , mas matar-se é ato.” Se gundo T aís M orais e E umano Silva, e m se u livro Operação Araguaia - Ge ração E ditorial, página 95: “O partido pre parava militante s para morre r na luta. Apanha­ dos, jamais de ve riam colaborar com a re pre ssão. Nada pode riam re ve lar que ajudasse na captura dos gue rrilhe iros, me smo tortura­ dos. M uitos guardavam a última munição para come te r suicídio, cm caso de prisão.” O pre so, por sua ide ologia, por se u companhe irismo, por se u fanatismo, ou por me do dc re pre sália da sua organização, que pode ria “justiçá-lo”, tcnlava iludir-nos e ganhar o máximo de te mpo possíve l. Do nosso lado, tínhamos dc cumprir nossa missão: - C ontinuar o combate ce rrado contra a sua organização; - R e duzir, ao máximo, e com toda a rapide z possíve l, as açõe s armadas por e le s plane jadas; - Ne utralizar a sua organização, de smante lando-a e impe dindo-a de se re organizar. 310-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 311 Quando a prisão cra plane jada, a nossa rapide z também e ra ne ce ssária, e mbora, ne sse caso, dispusésse mos um pouco mais de te mpo para as re spos­ tas às nossas pe rguntas. De ssa forma, ne ce ssitávamos sabe r qual e quando se ria a próxima ação te rrorista. T anto para a prisão plane jada como para a inopinada, ao longo dos dias o inte rrogatório continuava. Ne ce ssitávamos conhe ce r o organograma da organi­ zação, os se us contatos e como foi aliciado. A fase do inte rrogatório culminava com uma de claração de próprio punho, na qual o pre so, sozinho, fazia um re lato manuscrito de toda a sua militância. Que m j á te ve ace sso a e ssas de claraçõe s, arquivadas no Supe rior T ribunal M ilitar, ve rificou que , pe ia mane ira como foram e scritas, pe la le tra firme , pe la coe rência como os fatos foram re ve lados, pe la clare za com que o pre so e xpõe a sua vida íntima na organização, jamais pode rá dize r que tais de poime ntos te nham sido fe itos sob tortura. E absolutame nte falsa a ve rsão que os subve rsivos difunde m, dize ndo que e ssas de claraçõe s e ram datilografadas para que o pre so as copiasse . T ambém é falsa a afirmação que o pe ssoal do DO I/II E x usava capuz para cobrir o rosto, durante os inte rrogatórios. Ponto frio No “ponto frio1', o pre so afirmava te r um e ncontro com um companhe iro e inve ntava o lugar, a data c a hora. E ra conduzido para o local indicado. E vide n­ te me nte , não e ncontrava com ninguém, mas ganhava te mpo e ainda tinha a oportunidade dc, como e stava solto e ape sar dc vigiado a distância, te ntar fugir. Alguns, muito fanáticos c altame nte comprome tidos, te ntavam o suicídio jogan­ do-se de viadutos ou contra ve ículos e m movime nto, se guindo a orie ntação da organização. R e forçando o que e scre vo, re produzo tre cho de um artigo dc F lávia Gusmão, publicado no Jornal do Commércioáe R e cife , cm 22 de junho de 1998, sob o título “Luta Armada é C oisa de M ulhe r”: ■'O de poime nto dc E tie nne faz falta, principalme nte le vando- se e m conside ração o se u currículo: linha de fre nte no se qüe stro do e mbaixador suíço Giovanni Duche r; pre sa c torturada, inve ntou um ponto cm C ascadura (R J ) c, para não e ntre gar nome s jogou- se sob um ônibus”. ()bscrvação: trata-se dc E tie nne R ome u, da dire ção nacional da VPR . C aso se me lhante foi o suicídio de Antônio Be ne tazzo. Pe rte ncia ao * mando Nacional do M ovime nto de Libe rtação Popular (M oiipo) e acabara <Ir re gre ssar de C uba, onde havia fe ito um curso de gue rrilha. Ao se r pre so, cm se u apare lho foram e ncontradas muniçõe s e armas, ale m de uma farda de oficial do E xército, o que nos fe z cre r que , provave lme nii- e staria se ndo plane jado um ate ntado a alguma instituição militar. Be ne tazzo nos le vou a um típico “ponto frio”. Solto no local, para o qm- pe nsávamos se r um contato marcado com um companhe iro, rapidame nir aprove itando a passage m de um caminhão, jogou-se sob suas rodas. Se u suicídio ocorre u no dia 30 de outubro de 1972, por voltadas 15 hoia*. na R ua J oão Boe me r, e m São Paulo, e foi publicado com de staque pe la int pre nsa paulista. Na ocasião, foi abe rto inquérito policial para apuração do fato. O e ncanv gado do inquérito, na De le gacia de Polícia de O rde m Social, tomou o de poi me nto de Ne lson Apare cido F rancischin, que dirigia o caminhão. E sse inquéi n* * foi e ncaminhado ao Supe rior T ribunal M ilitar, onde de ve e star arquivado. C omo sabe mos, os subve rsivos têm procurado re e scre ve r a história. de turpando-a e contando-a ao se u modo. De sacre ditam te ste munhas. T e ntam de sme ntir os médicos le gistas. Põe m e m dúvida os jornais e as autoridade , da época. A se guir, transcre vo o que se e ncontra publicado, de mane ira me ntirosa r de turpada, no site www.torturanuncamais, a re spe ito do me smo e pisódio: ;iNo dia 2 de nove mbro, os jornais paulistas publicavam nota oficial, divulgada pe los órgãos dc se gurança, faze ndo cre r que Be ne tazzo te ria falado de um suposto e ncontro com companhe i­ ros na R ua J oão Boe me r, no bairro Brás, São Paulo, e que lá che gando, te ria te ntado a fuga se ndo atrope lado e morto por um pe sado caminhão. T al ve rsão é de smascarada por vários te ste mu­ nhos de pre sos políticos que se e ncontravam no DO I/C O DI/SP na época da prisão e assassinato dc Be ne tazzo, que afirmam te r e le sido torturado até a morte . O utro fato dc re le vância no de smascarame nto da nota oficial c a ine xistência de qualque r acide nte no dia, hora e lugar do su­ posto atrope lame nto a que se re fe re à ve rsão dos órgãos de se gu­ rança re sponsáve is pe lo se u assassinato.” A ve rsão apre se ntada pe lo Grupo T ortura Nunca M ais é falsa. O atrope la me nto re alme nte ocorre u. Nada foi forjado. A impre nsa, como pode se r e ons talado cm qualque r pe squisa, divulgou o fato confirmando-o, cada jornal e s crcve ndo a matéria, conforme a vontade de se us re datore s. 312-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A verdade sufocada - 313 Quando o pre so morria num tirote io ou num acide nte de sse gêne ro, e le e ra re tirado do local e le vado para o DO I, onde o corpo aguardava os trâmite s le gais para o se u e ncaminhame nto ao IM L. As razõe s de sse proce dime nto e ram ne ce ssárias, pois os te rroristas, se gui­ dame nte , agiam com uma cobe rtura armada. Se pe rmane cêsse mos pre se rvan­ do o local, aguardando os proce dime ntos da Polícia T écnica, e staríamos suje i­ tos a uma re pre sália dos te rroristas que , e m uma ação de sse tipo, pode riam nos atacar e atingir os curiosos. Quando o pre so nào morria e ra, ime diatame nte , le vado para o hospital. C omo a e xistência do acide nte não pode se r de sme ntida, alguns grupos criaram outra ve rsão, também falsa, de que Be ne tazzo, quando se jogou sob o caminhão, não morre u, foi fe rido e voltou para o DO I, onde acabou morto por tortura. Ponto dc polícia Se o pre so tinha a possibilidade , te ntava a fuga ou o suicídio. O “ponto de polícia” e ra pre viame nte marcado e ntre os militante s para que , e m caso de prisão, a organização tomasse conhe cime nto da “que da” do militante . A falta ao “ponto normal” e ao “alte rnativo” e ra um indício de sua prisão. O contato iria ao local marcado como “ponto de polícia” no dia e hora combinados. Se o pre so apare ce sse , a organização tinha ce rte za de sua prisão. Ne sse caso, havia duas alte rnativas: - o contato se re tirava, te ntando não se r ide ntificado; - a organização montava um e sque ma armado para te ntar re sgatar o pre so. Nos casos de te ntativa de fuga ou re sgate , invariave lme nte , havia re ação da e quipe re sponsáve l pe lo pre so e , conse qüe nte me nte , o saldo e ra de mortos e fe ridos. A se guir, re lato um e xe mplo, ocorrido durante a cobe rtura de um “ponto de polícia”. O te rrorista We llington M ore ira Diniz (Nove nta), da VPR , ao te ntar e ntrar e m um “apare lho” da organização, na cidade do R io de J ane iro, foi surpre e ndi­ do pe los policiais que já o haviam “e stourado” e , no se u inte rior, montavam uma “campana” aguardando que m ne le pre te nde sse e ntrar. R e agiu à prisão, atiran­ do com suas duas armas. We llington foi fe rido no tirote io, mas também fe riu três age nte s do DO I/C O DI/I Lx. Pre so, foi conduzido ao DO I. Durante o in­ te rrogatório abriu um “ponto” para o dia 18/04/70, uma se mana de pois da sua prisão, com um dos dirige nte s da VPR , J uare z Guimarãe s de Brito (J uve nal), no bairro J ardim Botânico, na zona sul carioca. A 1•quipe de Inte rrogatório ficou de sconfiada. IJ ma se mana e ra um prazo muito longo para a cobe rtura de um "ponto normal”. O mais prováve l e ra que o 314 «C arlos Albe rto Brilhante Ustra pre so e stive sse me ntindo e forne ce ndo um “ponto írio” ou um “ponto de polí­ cia”. As E quipe s de Busca c Apre e nsão, re sponsáve is pe la cobe rtura do ponto, foram ale rtadas para que o plane jame nto da ação fosse pre parado com cuida­ do. O pre so possive lme nte e staria te ntando a fuga ou, e ntão, a VPR pode ria te ntar um re sgate . E e stavam ce rtos. C omo e le faltara à cobe rtura de vários pontos, a VPR de sconfiou da sua “que da” e discutiu a conve niência de cobrir, ou não, o “ponto de polí­ cia”, ace rtado e ntre se us militante s para e ssas ocasiõe s. R e solve ram que o ponto se ria cobe rto por J uare z Guimarãe s de Brito (J uve nal) e sua mulhe r M aria do C armo Brito (Lia), que partiram para a cobe rtura, num F usca. We llington foi conduzido para cobrir o ponto no se u próprio jipe . Ao sc aproximar do local, foi de ixado só, de ntro do carro, com a orie ntação de que o conduzisse até o local e scolhido pe la VPR para a cobe rtura do ponto. E ste e ra um mome nto crucial: um te rrorista pre so, sozinho num jipe . dirigindo-o e m ple no trânsito carioca, numa rua movime ntada como a J ar­ dim Botânico. O mínimo que pode ria aconte ce r e ra e le te ntar a fuga, e m de sabalada carre ira. Assim, todo o cuidado e ra pouco c a re sponsabilidade do pe ssoal do DO I e ra maior ainda. Quando che gou ao local do ponto, We llington e stacionou o jipe e pe rmane ce u no volante , obse rvando o movime nto do local. We llington viu quando o F usca, com dois passage iros, se aproximou e passou pe lo jipe , se m parar. Ne ssa ocasião, fe z um ge sto, avisando que e stava pre ­ so. E le s pe rce be ram o aviso e continuaram e m fre nte . We llington re spi­ rou aliviado, pois se us companhe iros viram que e le e stava pre so. Pe n sou que tive sse m “dado o pinote ”, o que , se gundo a gíria de le s, signifi- cava fugir. Não foi o que aconte ce u. E le s pararam o F usca junto a uma fe ira livre , logo adiante , onde “Lia” saltou, comprou ve rduras e as colo cou no inte rior de uma sacola e , no fundo da me sma, um re vólve r cali­ bre 22, de sua proprie dade . A se guir, pagou a um garoto para que e n­ tre gasse a sacola ao rapaz que e stava se ntado 110 j i pe , e stacionado. Quando o garoto se aproximou do jipe os policiais se ace rcaram de le , tomaram a sacola c apre e nde ram o re vólve r. A se guir, conduziram We llington de volta ao DO I. E nquanto isso aconte cia, outra e quipe ce rcou o F usca. M aria do C armo, que já sc e ncontrava no Volks, sacou a arma e come çou a atirar. O s policiais re vidaram M aria do C armo e J uare z tinham fe ito um pacto de morte , que se ria e xe cu tado numa situação como e ssa. J uare z, cumprindo a sua prome ssa, tomou a arma da mão de M aria do C armo e de u um tiro 110 próprio ouvido. M orre u na hora. M aria do C armo não te ve a corage m dc se suicidar. E ntre gou-se aos policiais. No se u apare lho, na Gáve a, foi e ncontrado o plano para o se qüe stro A ve rdade sulocad;» - 315 simultâne o dc quatro e mbaixadore s e strange iros e muitas anotaçõe s que pe rmi­ tiram de smontar várias açõe s da VPR que e stavam se ndo plane jadas. Ne ce ssidade da rapide z nas ope raçõe s A nossa e strutura pe rmitia acompanhar a e volução de cada ope ração, de acordo com o princípio da oportunidade , mas se m fugir à ne ce ssária ce ntraliza­ ção do comando. Para dar uma idéia do dinamismo da nossa atuação, citare i um e xe mplo ocorrido cm 1972. Hm me ados de sse ano, um me mbro do C omando Nacional de uma das organizaçõe s te rroristas viajou para Porto Ale gre , com a finalidade de pre sidir uma re união do C omando R e gional, da me sma organização, na capital gaúcha. A e quipe coorde nada pe lo de le gado Pe dro C arlos Sce lig, que acompanha­ va os passos dos me mbros da organização, surpre e nde u-os e m ple na re união. O militante paulista, quando inte rrogado, forne ce u o e nde re ço do se u “apare ­ lho” e m São Paulo. “E ntre gou” também um outro “apare lho”, do qual de sco­ nhe cia o e nde re ço, mas sabia como che gar até e le . E ram aproximadame nte 17 horas, quando o de le gado Se clig, por te le fone , nos transmitiu os dados obtidos no inte rrogatório. Ime diatame nte , de te rminamos que uma T urma de I3usca e Apre e nsão, par­ tisse para ne utralizar o “apare lho”, cujo e nde re ço nos fora fomccido. E ra ne ce ssário traze r, o mais rápido possíve l, de Porto Ale gre o militante paulista para que e le nos conduzisse ao se gundo “apare lho”. E ntramos cm ligação com o Dr. R ome u T uma. de le gado dc polícia, de gran­ de compe tência profissional, home m de confiança do e ntão se cre tário de Se gu­ rança. corone l R /l Sérvulo da M ota Lima. O Dr. T uma, a partir da ge stão do corone l Sérvulo, passara a se r o e le me nto de ligação e ntre o II E xército c a Se cre taria dc Se gurança Pública (SSP). E xplicamos ao de le gado que '^mos e ntrar cm contato com o nosso che fe c que , talve z, houve sse ne ce ssidade de conse guir, por inte rmédio da SSP, um avião para re cambiar para São Paulo uma pe ssoa altame nte comprome tida, pre sa e m Porto Ale gre . T e le fonamos para o nosso che fc, dando-lhe ciência dos fatos e pe dindo- lhe autorização para o de slocame nto de dois home ns à capital gaúcha. Auto­ rização conce dida, re tornamos a ligação ao Dr. T uma, confirmando a ne ce s­ sidade do avião. E m me ia hora. o Dr. T uma re solve u o proble ma c nos comunicou que , no Ae roporto de C ongonhas, um táxi aére o fora contratado pe la SSP e já se e n­ contrava à nossa disposição. 316-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Às 20h30, de colava para Porto Ale gre o che fe da Subse ção de Análise e um inte rrogador, re ce bidos no Ae roporto Salgado F ilho pe lo de le gado Se e lig. Na viatura do DO PS/R S, pronto para re tomar para São Paulo, já se e ncontrava <> militante que fora a Porto Ale gre pre sidir a re união da R e gional. E nquanto isso, a nossa T urma de Busca e Apre e nsão já havia “e stourado" ·» “apare lho” do C omando Nacional. O armame nto foi apre e ndido e os me mbros da Subse ção dc Análise re colhe ram a docume ntação e ncontrada. As 8 horas da manhã, o táxi aére o che gava com o pre so que , durante o traje to, continuou se ndo inte rrogado. Quando saltaram e m C ongonhas, unia outra T urma de Busca e Apre e nsão o le vou dire to do ae roporto, para que indicasse a localização do se gundo “apare lho”. Logo de pois, e ssa turma “e stourava” o e sconde rijo. F ace à rapide z da ope ­ ração foram pre sos, ante s que pude sse m re agir, mais dois te rroristas. No local, foram apre e ndidas armas, muniçõe s, granadas e bombas dc la bricação case ira. E ntre a docume ntação apre e ndida constavam planos para o se qüe stro dc um dos dire tore s da F ord do Brasil. Ainda pe la manhã, no início do e xpe die nte , já comunicávamos ao che fe da 2aSe ção do II E xército o que ocorre ra. O dire tor da F ord foi ale rtado para que provide nciasse uma se gurança pe s soai e tomasse mais caute la. E ra assim, dinâmica e obje tivame nte que trabalhávamos. F onte s: - C AR VALHO , Luiz M aklouf. Mulheres que foram à luta armada E ditora Globo. - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. -Proje to O rvil. Para combater o terrorismo, leis especiais Nossos acusadore s re clamam com fre qüência de nossos inte rrogatóri­ os. Ale gam que pre sos “inoce nte s” e ram mantidos horas sob te nsão, se m dormir, se ndo inte rrogados. R e clamam de nossas invasõe s nos “apare lhos”, se m mandados judiciais. E ne ce ssário e xplicar, pore m, que não se conse ­ gue combate r o te rrorismo, amparado nas le is normais, e laboradas para um cidadão comum. O s te rroristas não agiam como cidadãos comuns. As me didas de e xce ção como o AI-5, a suspe nsão do habe as-corpus, a incomunicabilidade por 30 dias, a Le i de Se gurança Nacional e outras, tão criticadas, foram ne ce ssárias para de smante lar as organizaçõe s te rroristas. O te rrorismo só pode se r combatido, e ficie nte me nte , com le is e spe ciais, e xata­ me nte como no passado fize ram os brasile iros. O te rrorista é um combate nte que optou por um tipo de gue rra, a gue rra re volucionária. De ntro de sse conte xto, milita no âmbito dc uma organização clande stina; é pre parado ide ologicame nte ; re ce be re cursos mate riais dc uma potência e strange ira; é ape rfe içoado e m cursos ne sse s paíse s, inte re ssados cm apoiar e ssa gue rra; re ce be nome s falsos e codinome s; vive na clande stinidade ; possui me canismos de se gurança e ficie nte s, e m que a compartime ntação os isola da maioria dos se us companhe iros; vive infiltrado no se io da população; não usa uniforme ; ataca se mpre dc surpre sa; se qüe stra, mata, assalta e rouba e m nome do se u ide al re volucionário; vive cm “apare lhos”; combate no se io da socie dade que pre te nde de struir; vive a soldo de uma organização para a qual de dica todos os se us dias. Por agir e m nome de uma ide ologia, que r te r o dire ito de e mboscar, de assaltar, de roubar, de se qüe strar e de assassinar. Para isso, quando pratica tais crime s, lança panfle tos e m que se justifica, dize ndo que faz a “justiça re volucionária”. Quando ataca, é um combate nte que julga te r o dire ito de faze r justiça com as próprias mãos. Quando é atacado, e xige se r conside rado como um comba­ te nte , mas nunca age como um soldado. Quando o gove rno pe rce be que , me smo e mpe nhando a polícia e utilizando os métodos tradicionais de combate aos marginais, a gue rrilha continua cre s­ ce ndo a ponto dc abalar as instituiçõe s de mocráticas, re solve e mpre gar as F or­ ças Armadas. Quando se che ga a e sse ponto, ou e las acabam com a gue rrilha, ou, e ntão, o listado é de rrotado. Ne sse ultimo caso, o País é obrigado a convive r com a gue rrilha que , ocu­ pando áre as do te rritório nacional, e stabe le ce rá um gove rno parale lo, como é o caso da C olômbia. Quando as F orças Armadas, com de te rminação, e nfre ntam a gue rrilha, o te rrorista e xige se r tratado de acordo com as le is que amparam o cidadão 318*C arlos Albe rto Brilhante Ustra comum, intitula-se pre so político, de nuncia arbitrarie dade s c e xige tratame nto se gundo a C onve nção de Ge ne bra. De acordo com a C onve nção de Ge ne bra, para paíse s e m gue rra de clara­ da, os combate nte s capturados se rão conside rados prisione iros de gue rra, quaii do inte grare m as F orças Armadas de sse s paíse s. O s te rroristas que atuavam m» Brasil não pode riam se r conside rados prisione iros de gue rra. Qual o país que adota a C onve nção de Ge ne bra para os prisione iros acusa dos de te rrorismo? E stão, portanto, e rrados aque le s que nos acusam dc te r e sque cido as liçõe s re ce bidas na Acade mia M ilitar, quando nos e nsinaram a re spe itar as normas da C onve nção de Ge ne bra. Gue rra é gue rra. T e rrorismo é te rrorismo. E m ne nhum lugar do mundo, te rrorismo se combate com flore s. Após o pe ríodo de incomunicabilidadc, que de acordo com a pe riculosi dade do pre so durava de poucas horas até o máximo dc 30 dias, e le tinha um e xce le nte tratame nto, muitas ve ze s me lhor que o dispe nsado aos prisione iros de gue rra. Nunca e stive ram confinados e m campos de conce ntração, como pre coniza a C onve nção de Ge ne bra. C omiam a me sma comida que nós. R e ­ ce biam a visita dc se us familiare s não só todas as se manas, mas, também, nas datas e spe ciais, como a de se us anive rsários. C e avam na noite de Natal ua companhia da família. C umpriam pe na cm pre sídios e spe ciais, que e le s cha mavam de “apare lhão”, se parados dos de linqüe nte s comuns, onde continua vam, infe lizme nte , a se r doutrinados pe los companhe iros. M uitos afirmam que e xistiram e xce ssos no tratame nto dos te rroristas piv sos. M as, se e xistiram, foram poucos. Não foi a re gra constante . Durante os “anos dc chumbo”, ao de por na J ustiça, os subve rsivos e te rroristas usavam «» argume nto da tortura para justificar as confissõe s .e xiste nte s nos proce ssos c a de lação de companhe iros, fe itas quando inte rrogados pe los órgãos de se ­ gurança. C om isso, além de e scapar da conde nação ou de uma pe na mais se ve ra, também se livravam de uma pe na pior, o julgame nto dos “tribunais re volucionários”. Poucos foram os que , e m juízo, confirmaram suas açõe s. Quando é mais fácil criticar Quando as ondas ve rme lhas, nascidas e m C uba sob a influência da O rga­ nização Latino-Ame ricana de Solidarie dade (O LAS), arre be ntaram sobre a América do Sul, e spalharam no contine nte a subve rsão e o te rrorismo. As e ntidade s clande stinas, criadas sob sua orie ntação, de pois de de rrota­ das, de ixaram um e xpre ssivo saldo de vítimas fatais. Aproximadame nte , 500 no Brasil, 1.000 no Uruguai, 4.000 no C hile , 30.000 na Arge ntina, 30.000 no Pe ru e 45.000 na C olômbia. Ne sse último país, o conflito ide ológico e a luta armada pe rsiste m até os dias atuais, com vítimas anunciadas diariame nte . Se compararmos o tamanho do Brasil e a sua população com a de sse s paíse s, proporcionalme nte , o núme ro de vítimas aqui se ria supe rior a 150.000. Por que e ssa disparidade ? Por que aqui foram 500 e não 150.000? Se riam os te rroristas brasile iros me nos inte lige nte s, me nos pre parados, me nos viole ntos, me nos capaze s, me nos corajosos, me nos organizados que os te rroristas uruguaios, chile nos, arge ntinos, pe ruanos e colombianos? E vide nte me nte que não. O suce sso do combate ao te rrorismo no Brasil de ve u-se à pronta re sposta do E stado, adotando me didas e açõe s compatíve is com o cre scime nto da violência e da subve rsão. O gove rno apoiou de cisivame nte os órgãos de se gurança e de finiu uma e strutura de se gurança inte rna. O trabalho de sse s órgãos foi fe ito com e ficiência, inte ligência, de te rmina­ ção, corage m e abne gação. Isso é notório e te m de se r re conhe cido. A ma­ ne ira como combate mos as organizaçõe s clande stinas, e vitando milhare s de morte s e re duzindo o núme ro dc famílias e nlutadas, foi a mais ace rtada. No Brasil, durante os gove rnos militare s vivia-se com se gurança. Havia orde m, de se nvolvime nto, ple no e mpre go, c o povo orde iro, que não ince n­ tivava ne m apoiava a luta armada, jamais foi incomodado pe los órgãos de se gurança. Some nte os militante s te rroristas e se us apoios foram re primi­ dos pe lo re gime . O filósofo O lavo dc C arvalho come nta o pe ríodo da luta armada e m se u artigo “A nova orde m nacional”, publicado e m O Globo, e m 25 /08/2001. ‘‘Nunca, na história do mundo, uma re volução comunista foi abortada com tão e scasso de rramame nto dc sangue como acon­ te ce u no Brasil e m 1964. M e smo o re gime autoritário que se se guiu, ao de frontar-se com a re sistência armada dos de rrota­ dos. conse guiu de sarticulá-la com um mínimo de violência: 300 mortos à e sque rda, 200 à dire ita. Lis um placar que não pe rmite 320-C arlos Albe rto Brilhante Ustra cm sã consciência faze r de um dos lados um monstro de crue l­ dade , do outro uma vítima ine rme c ange lica!, principalme nte quando se sabe que a gue rrilha não foi um último re curso e ncon­ trado por opositore s de se spe rados após o e sgotame nto das al­ te rnativas le gais, mas a re tomada de uma agre ssão que , subsidi­ ada e orie ntada de sde C uba, já havia come çado cm 1961, e m ple no re gime de mocrático. M uito me nos c razoáve l admitir a hipóte se mongolóide - ou me ntira pérfida - de que gue rrilhe iros armados, tre inados e fi­ nanciados pe lo gove rno ge nocida de F ide l C astro, fosse m de mo­ cratas since ros cm luta contra a tirania, e m ve z daquilo que de fato e ram: age nte s re volucionários a se rviço da mais sangre nta ditadura do contine nte que só se opunham a um autoritarismo de dire ita cm nome de um totalitarismo de e sque rda.” Alguns criticam os métodos usados para pacificar o País. Ale gam que i> E stado re sponde u com violência e xce ssiva à ação dos te rroristas. Afirmam que a vitória pode ria se r alcançada usando outra forma de combate . Até já se de clarou que : ;ta ação militar naque le pe ríodo não foi institucional. Alguns militare s participaram, não as F orças Armadas. F oi uma ação parale la.” Não é ve rdade . Nós fomos de signados oficialme nte para um órgão oficial. criado por uma dire triz pre side ncial e e stávamos sob as orde ns do ge ne ral o > mandante da áre a, o qual pre stava contas dc suas açõe s ao ministro do E xéivi to. Dize r que as F orças Armadas não participaram da luta armada c que foi uma ação parale la de alguns militare s é, no mínimo, um de sre spe ito ao comandanie militar da áre a ao qual e stávamos subordinados, ao ministro do E xército e ale ao pre side nte da R e pública, que havia assinado a dire triz que criara os D<)1 Alguns nos acusam dc de sre spe itar as normas da C onve nção de Ge ne bra. Só que m e stava fre nte a fre nte com os te rroristas, dia c noite , de arma na mão, arriscando sua vida nos pode julgar. E fácil criticar quando não se vive u e ssa época e some nte se conhe ce a ve rsão apre se ntada por se tore s da mídia controlados por e x-subve rsivos. E fácil criticar quando o gove rno, por te r, e m posios-chave s, e x-subwr.i vos e até e x-lcrroristas, pre mia assassinos, assaltante s e te rroristas com alio . salários e inde nizaçõe s milionárias, como se fosse m he róis. A ve rdade sulbcuda * 321 É fácil criticar quando, me smo vive ndo na época da luta armada, só sc tomou conhe cime nto da situação e m gabine te s atape tados e re frige rados, se m ouvir um tiro e jamais te r visto um te rrorista, ne m me smo pre so. É fácil criticar quando não se tinha sob sua re sponsabilidade a vida de subordinados, e não se ouvia o sibilar dos tiros e m se us ouvidos. E fácil criticar quando não se e ste ve e nvolvido numa gue rra e m que o inimi­ go tinha a iniciativa das açõe s, e scolhe ndo o alvo, a forma, o local e a hora do ataque . E fácil criticar quando não se e stava suje ito a “justiçame nto”, se qüe stro, sabotage m e ate ntado. E fácil criticar quando as famílias e stavam se guras e não corriam riscos. Não que ríamos a luta armada, não a de se jamos, não a procuramos, ne m e stávamos pre parados para e la. Lame ntamos a morte de jove ns que foram iludidos, fanatizados e usados por e xpe rie nte s militante s comunistas. () confronto, que não iniciamos, mas que ve nce mos, pre se rvou a de mocra­ cia. T anto é ve rdade que , hoje , muitos dos de rrotados de onte m, os me smos militante s das organizaçõe s clande stinas, e stão no gove rno, e le itos pe lo povo. E ssa gue rra, hoje ce nsurada e re e scrita por alguns de rrotados e re vanchistas, pe rmitiu aos gove rnos contra-re volucionários alavancar o de se nvolvime nto, tor- nar-se re spe itado na comunidade inte rnacional e conduzir o Brasil à condição de 8ae conomia do mundo. Que r que iram ou não, foi com o nosso método de combate ao te rrorismo que re stabe le ce mos a paz, com um núme ro re duzidíssimo de vítimas. E m nome de ssa ge nte que fe z a hora. ve rdade irame nte , na de fe sa do País e dos princípios de mocráticos é que me atre vi a e scre ve r, procurando re por a ve rdade dos fatos, tal como os vive ncie i. Seqüestro do embaixador suíço 07/12/1970 As organizaçõe s te rroristas pre te ndiam “ince ndiar” o País na se mana do prime iro anive rsário da morte de M arighe lia (4 de nove mbro). Para isso, e ntre outras açõe s, programaram três se qíie stros simultâne os. Um e m São Paulo, outro no R io de J ane iro e o te rce iro no Norde ste . Se riam pe didos e m troca dos se qüe strados duze ntos pre sos. Atuariam “e m fre nte ” formada pe la VPR , ALN, M R -8, PC BR e M R T (M ovime nto R e volucionário T i rade nte s). C om a morte , e m 23 de outubro, de J oaquim C âmara F e rre ira (T ole do ou Ve lho), um dos líde re s da ALN, as organizaçõe s que formariam a “fre nte ” de ­ sistiram da e xe cução de ssas açõe s. A VPR que , sozinha, não tinha condiçõe s de re alizar os três se qüe stros, optou ape nas por um, o do R io de J ane iro, e come çou os pre parativos. Se is carros foram roubados para a ação. No dia 7 de de ze mbro de 1970, por volta das nove horas, na R ua C onde de Bae pe ndL no bairro laranje iras, o e mbaixador da Suíça no Brasil, Giovanni E nrico Buche r, foi se qüe strado pe la VPR . As 8h45, o e mbaixador saiu e m se u carro Buick, dirigido pe lo motorista E rcílio Ge raldo, te ndo ao se u lado o age nte da Polícia F e de ral Hélio C arva lho de Araújo, de stacado para se gurança do diplomata. Sozinho, no banco trase iro, o e mbaixador. Após de sce r a lade ira do Parque Guinle , o carro do diplomata, que fazia o traje to de se mpre , e ntrou na C onde de Bae pe ndi. O Ae ro Willys be ge . dirigido por Alcx Polari dc Alve rga (Bartô), arrancou e bate u na fre nte e s que rda do Buick. O motorista te ntou de sviar para a dire ita, mas foi surpre e n dido por um Volks azul, dirigido por Inês E tie nne R ome u (Alda), que de u marcha à ré e bloque ou o carro do e mbaixador. E nquanto isso aconte cia, um Volks ve rme lho, dirigido por M aurício Gui Ihe rme da Silve ira (Honório), de slocou-se para a re taguarda do carro se qüe strado, onde parou e le vantou o capô, simulando uma pane . Ne sse mome nto, C arlos Lamarca abriu a porta onde e stava o se guram,·.· Hélio C arvalho de Araújo e de u-lhe dois tiros nas costas, que o atingiram na coluna e o le varam à morte no dia 10 de de ze mbro. Ale x re tirou o motorista t U» carro diplomático e o fe z de itar-se na calçada. Inês E tie nne R ome u re tirou n e mbaixador e o colocou no Volks azul. Lamarca e Ge rson IT ie odoro de O li ve i ra (Ivan) transportaram o e mbaixador, no carro dirigido por J osé R obe rto de R e ze nde (R onaldo). He rbcrt E ustáquio de C arvalho (Danie l), Inês E tie nne e Ale x fugiram e m outro F usca. Altair Gonçalve s R e is (Sorriso) fugiu a pé. Quando os se qüe stradore s atrave ssaram o túne l Santa Bárbara, e ncontra­ ram Alfre do Sirkis (F e lipe ), que os aguardava com outro ve ículo. Ne le e mbar­ caram Ge rson T he odoro, Lamarca e Buche r. R odaram e m dire ção ao subúrbio e trocaram a placa do carro. F inalme nte , che garam ao “apare lho” onde ficaria o e mbaixador, na R uaT acaratu, e m R o­ cha M iranda. T e re za Ânge lo (F le lga) os e spe rava. Pe rmane ce ram no “apare lho”, guardando o e mbaixador, Lamarca, He rbe rt E ustáquio, Sirkis, Adair e T e re za Ange lo. Ime diatame nte , o gove rno suíço prote stou junto ao gove rno brasile iro pe lo se qüe stro de se u e mbaixador. O e ncarre gado dc Ne gócios da Suíça, no R io, Willian R ock, re ce be u a missão de transmitir ao M inistério das R e laçõe s E xte ­ riore s do Brasil o prote sto suíço e e xigir prontas me didas para libe rtação do e mbaixador. A Suíça classificou o ato como uma violência contra pe ssoas inoce nte s e uma violação dos dire itos humanos. O se qüe stro foi o mais longo e o mais dramático. As ne gociaçõe s e ntre o gove rno brasile iro c a VPR duraram quare nta dias. O s se qüe stradore s apre ­ se ntaram uma lista de 70 pre sos que de ve riam se r soltos e m troca da vida do e mbaixador. O gove rno mudou de tática, dificultando a libe ração de alguns pre sos. De sse s, o gove rno ne gou a libe ração de 13 que já tinham sido julgados, alguns por homicídio. A VPR insistiu e o gove rno não ce de u. C om a não libe ra­ ção dos 13 pre sos, uma facção da organização te rrorista quis matar o e mbaixa­ dor. Lamarca e Sirkis não concordaram e ve taram e ssa me dida e xtre ma, por não conside rare m uma boa opção política. Após discussõe s inte rnas, a VPR concordou e m apre se ntar outros nome s. F inalme nte , no dia 13 de jane iro de 1971, 70 pre sos foram libe rados e banidos para o C hile . E m 16 de jane iro, o e mbaixador Buche r foi solto, de pois de 41 dias. O se qüe stro foi conside rado uma de rrota política para a VPR e uma das causas que provocaram a saída de Lamarca e dc sua companhe ira Iara lavclbe rg (C élia) da organização e o se u ingre sso no M R -8, no final de março de 1971. Participaram da ação: C arlos Lamarca - comandante ; Ale x Polari de Alve rga (Bartô); Inês E ticnne R ome u (Alda); Ge rson T he odoro de O live ira (Ivan); I le rbe rt E ustáquio dc C arvalho (Danie l); Adair Gonçalve s R e is (Sorriso); M au­ rício Guilhe rme da Silve ira (F lonório); J osé R obe rto Gonçalve s de R e ze nde (R onaldo); Alfre do Hélio Syrkis (F e lipe ); e T e re za Ânge lo (Hclga). No dia 13 de jane iro de 1971, os se te nta pre sos, abaixo re lacionados, lóram banidos para o C hile : A vcrduilc siilutaila - 323 A 324-C arlos Albe rto Brilhante Ustra - M ilitante s da VPR : Antônio E xpe dito C arvalho Pe re ira; Antônio Ubaldino Pe re ira: Ariste ne s Nogue ira de Alme ida; Annando Augusto Vargas Dias; Bruno Piola; C hristóvão da Si Iva R ibe iro; De lci F e nstcrse ife r; E ncamacion Lope s Pcre s: Ge ni C e cília Piola; Ismae l Antônio de Souza; J oào C arlos Bona Garcia; J ove lina T one llo do Nascime nto; Luiz Albe rto Barre to Le ite Sanz; M anoe l Dias do Nas­ cime nto; Ne lson C have s dos Santos; O tacílio Pe re ira da Silva; Pe dro C have s dos Santos; R obe rto Antônio de F ortini; R obe rto C ardoso F e rraz do Amaral: R oque Apare cido da Silva; Ubiratan de Souza; Valne ri Ne ve s Antune s; Wânio J osé de M atos; e We llington M ore ira Diniz. - M ilitante s de outras organizaçõe s: Afonso C e lso Lana Le ite ; Afonso J unque ira de Alvare nga; Aluisio F e rre ira Palmar; Antônio R ogério Garcia da Silve ira; Bruno Dauste r M agalhãe s e Silva; C arlos Be rnardo Vaine r; C armcla Pe zzuti; C once ição Imaculada de O live ira: Danie l J osé de C arvalho; De rly J osé de C arvalho; E dmur Péricle s C amargo: E linor M e nde s Brito; F rancisco R obe rval M e nde s; Gustavo Buarquc Schille r; Humbe rto T rigue iros Lima; Irani C ampos: J aime Walwitz C ardoso; J airo J osé dc C arvalho; J e an M arc van de r We id; J oão Batista R ita; J oe l J osé de C arvalho; J osé Duarte dos Santos; J úlio Antônio Bitte ncourt de Alme ida; Lúcio F lávio Uchôa R e gue ira; M ara C urtiss de Alvare nga; M arco Antônio M aranhão C osta; M aria Auxiliadora Lara Barce los: M aria Nazare th C unha da R ocha; Nancy M angabe ira IJ nge r; Paulo R obe rto Alve s; Paulo R obe rto T e lle s F ranck; Pe dro Alve s F ilho; Pe dro Vie gas; Pe dro Paulo Bre tas; R afae l de Palco Ne to; R e inaldo Guarany Simõe s: R cinaldo J osé dc M e lo; R e né Louis Lauge ry de C arvalho; Samue l Aarào R e is; Sônia R e gina Ycssin R amos; T akao Amano; T ito de Ale ncar Lima; Ubiratan Vatutin I le rzche r Borge s; Ve ra M aria R ocha Pe re ira; Washington Alve s da Silva; e Wilson Nas­ cime nto Barbosa. Não é difícil ve rificar quantos de sse s nome s se inclue m no rol dos "pe rse ­ guidos pe la ditadura’’ e , por e ssa razão, aquinhoados com as gordas inde niza­ çõe s às custas do combalido contribuinte brasile iro. O re lato de sse se qüe stro não carre ga nas tintas quando aborda a frie za com que 1.amarca e xe cutou o se gurança do e mbaixador. Alguém da mídia ou da igre ja de D. Paulo E varisto Ams le mbra-se do nome de sse home m brutalme nte bale ado por Lamarca? C arlos Lamarca, no e ntanto, é fe ste jado como “he rói do combate à ditadura"; sua mulhe r - abandonada por e le , que se amasiou com Iara Iavclbe rg - re ce be pe nsão de corone l e o assas­ sino frio é hoje nome de logradouros e motivo de filme . A e spe rança, e ntre tanto, pe rmane ce aque ce ndo o coração dos brasile iros de be m, que ainda hào de ve r o pêndulo da História inclinar-se para o lado da ve rdade irajustiça. A ve rdade suloc;ul;t - 325 Banidos em troca do embaixador suíço Tribunal Revolucionário condena mais um Hcnning A lbcrt Boile se n - 15/04/1971 Quando o ge ne ral J osé C anavarro Pe re ira assumiu o comando do II E xér­ cito, e m São Paulo, e m maio de 1969, as autoridade s policiais e stavam pe rple ­ xas com as modalidade s de banditismo, inéditas para os padrõe s da época. E ra a gue rrilha urbana, de ide ologia comunista, que e stava atuando de for­ ma inovadora. E ntre 1960 e 1970, as organizaçõe s te rroristas e nviaram 219 militante s para faze r cursos de gue rrilha e m C uba e na C hina. No re tomo ao Pais, e sse s mili­ tante s re crutavam jove ns e studante s para e ngrossar as suas file iras. R e sponsáve l pe la se gurança inte rna da áre a, o ge ne ral C anavarro re solve u unificar os e sforços das F orças Armadas, das Polícias C ivil e M ilitar de São Paulo e da Polícia F e de ral, ce ntralizando as açõe s de combate ao te rrorismo, sob um comando único c sob a re sponsabilidade do E xército. C om e ssa finalidade , e m 27/06/1969, com a aprovação e o apoio e m pe s­ soal e mate rial do gove rnador Abre u Sodré, foi criada a O pe ração Bande iran­ te , que re ce be u e sse nome cm home nage m a São Paulo. J á li e m muitos livros e até e m artigos publicados na impre nsa que , na época da criação da O pe ração Bande irante (O BAN), a pe dido do ge ne ral C anavarro. os e mpre sários paulistas se cotizavam para financiaras atividade s da O BAN T ransfe rido para São Paulo e m jane iro de 1970, ao me apre se ntar no C o­ mando do II E xército, fui de signado para a 2a Se ção do E stado-M aior, onde pe nnane ci até 29/09/1970. Ne sse pe ríodo, não tome i conhe cime nto de qualque r participação de e m­ pre sários cm apoio à O BAN. O ge ne ral E rnani Ayrosa da Silva, quando da criação da O BAN, e ra o che fe do E stado-M aior do ge ne ral C anavarro e o home m que coorde nou a criação da O BAN. E m se u livro Mêmoriasde um Soldado, e scrito cm 1985, e le conta de talhe s tia criação da O pe ração Bande irante c nada cita a re spe ito de sse apoio. E xistiu, na re alidade , o apoio da socie dade dc São Paulo ao II E xércilo. mas jamais para as ope raçõe s da O BAN. C re io que muitos confundiram e sse apoio, pe nsando que e le e ra dado a O BAN e não a um quarte l e m construção. O apoio dado pe la socie dade paulista foi para a construção do Quarle l d<> 2oBatalhão de Polícia do E xército. E ssa confusão foi conve nie nte me nte e xplorada, distorcida e e spalhada com<* se ndo o apoio dos e mpre sários à O BAN. A ve rdade sufocada - 327 A O pe ração Bande irante funcionava num local ce dido pe la Se cre taria de Se gu­ rança Pública - uma e dícula e xiste nte na se de do 36° DP, na R ua T utóia. Para que não paire qualque r dúvida, vou transcre ve r o que o ge ne ral Ayrosa disse a re spe ito de ssa coope ração: “Por solicitação do ge ne ral C anavarro ao ministro do E xérci­ to, ante s de atingirmos um mês de comando, já re ce bíamos autori­ zação para ampliar o e fe tivo da Polícia do E xército, de C ompa­ nhia para Batalhão. Some nte um óbice iríamos e nfre ntar: não re ­ ce be ríamos ne nhuma ajuda e m re cursos para a transformação do quarte l e me lhoria das pre cárias instalaçõe s. Não nos intimidamos com a re alidade . Surge aqui com muito vigor a pre se nça infinitame nte grande de uma pe ssoa que já convivia conosco e que de pronto assumiu o e ncargo de coorde nar os re cursos para a ampliação do quarte l, que abrigava 200 home ns para abrigar 960. Home m muito re laci­ onado na socie dade paulista, me re ce dor do total re spe ito de todos, foi o age nte dc ligação quanto às nossas ne ce ssidade s, e , mais, o coorde nador de tudo que se fe z ne sse particular: Luiz M ace do Qücntcl, amigo admiráve l pre se nte e m todas as horas, home m tradicional por família, re ligioso por formação, afe tivo por se nti­ me nto, carinhoso por bondade , compre e nsivo e tole rante pe la in­ te ligência, foi e le o nosso e scalão avançado e m todas as iniciati­ vas que fomos tomando na pe rse guição dos obje tivos fixados.” “E m jane iro dc 70 o novo quarte l e ra inaugurado com re quin­ te s que nunca ante s conhe ce ra.” As açõe s dos te rroristas causavam inse gurança junto aos e mpre sários, pois e las pode riam de se stabilizar a e conomia, que e stava e m franco cre sci­ me nto. Além disso, te miam os scqiicstros. i A e xpre ssiva pre se nça de inte grante s de todos os se gme ntos da socie dade paulista nas sole nidade s militare s e ra constante , de monstrando, publicame nte , o |re conhe cime nto pe lo trabalho que vinha se ndo re alizado para acabar ou re duzir a Intranqüilidade da socie dade e m face da gue rrilha urbana. E m uma de ssas ocasiõe s fui apre se ntado a He nning Albe rt Boile se n com que m, mais de uma ve z, mantive contatos formais e m outras sole ni­ dade s oficiais. Boile se n e ra uma figura marcante , não só por se u porte físico, mas por Nuasimpatia. T inha profunda admiração pe lo Brasil, País que o acolhe ra e que conside rava a sua se cunda pátria. F alante , de clarava-se anticomunista 328-C arlos AJ be rto Brilhante Ustra e conde nava, publicame nte , os atos subve rsivos e te rroristas. E ra um amante das arte s e um home m pre ocupado como os aspe ctos sociais. Auxiliava e ntidade s filantrópicas e criou o C e ntro Inte grado E mpre sa-E scola, e ntida­ de re sponsáve l pe la formação de mão-de -obra e spe cializada. Assumi o comando do DO I no dia 29 de se te mbro de 1970. Boile scn foi assassinado e m 15 de abril de 1971. Ne sse pe ríodo, Boile se n e ste ve uma ve z no DO I, dias ante s do Natal de 1970, quando me cumprime ntou pe la data natalina e le vou de pre se nte para o DO I um novo lampião a gás, que e stava se ndo lançado. Se gundo mc afirmou na ocasião, e stava indo a vários órgãos gove rname n­ tais com o me smo obje tivo. Pe rmane ce u na minha sala uns 15 minutos. Ao final da visita o acompanhe i até o portão dc saída. O s re ve se s que os te rroristas vinham sofre ndo e o oste nsivo re conhe cime n­ to público da socie dade ao trabalho dos órgãos dc se gurança, os le varam a mais um ato insano. O s inimigos da C ontra-R e volução de 1964, que apoiavam a lula armada, não se conformavam com o suce sso do combate ao te rrorismo. E ra pre ciso de smoralizar, caluniar, inve ntar, criar e de turpar fatos c, princi­ palme nte , me ntir. E spalharam o boato dc que o êxito do trabalho do DO I se de via ao fato de se rmos suste ntados, com muito dinhe iro, pe los e mpre sários. Afirmavam que os nossos salários e ram re giame nte comple me ntados com e ssa doação. E ssa farsa, a re spe ito das doaçõe s de dinhe iro, che gou aos ouvidos dos te rroristas. E le s de cidiram que te riam de “justiçar'’ alguns de sse s “colaborado­ re s da re pre ssão” e se qüe strar outros para intimidá-los. C om e sse s assassina­ tos, e stancariam os re cursos que e le s pe nsavam e star abaste ce ndo o DO I. O s se qüe stros se rviriam para libe rtar pre sos ou e xigir dinhe iro e m troca da libe rda­ de dos re féns. De pois de alguns e studos para e scolhe re m a prime ira vítima, C arlos Lamarca mandou por André C amargo Gue rra, do M ovime nto R e volucionário T irade nte s (M R T ), para He rbe rt E ustáquio de C arvalho (Danie l), da Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ), um bilhe te com três nome s: He nning Albcrt Boile se n - dire tor do Grupo Ultra; Pe ri Ige l - pre side nte do Grupo Ultra; e Se bastião C amargo - pre side nte da C onstrutora C amargo C orre ia. No se u bilhe te , Lamarca marcou com uma cruz o nome de Boile se n. indi­ cando-o como o prime iro a se r “justiçado". A ve rdade sufocada - 329 O le vantame nto dos hábitos de Boilcscn come çou na se gunda quinze na de jane iro de 1971 e de la participaram: De vanir J osé dc C arvalho, Dimas Antônio C ase miro, Gilbe rto F aria Lima e J osé Dan de C arvalho, pe lo M R T ; C arlos E ugênio Sarme nto C oe lho da Paz, pe la ALN; e Gre gório M e ndonça e Lae rte Dome le s M éliga, pe la VPR . E le s de scobriram que Boile se n re sidia no M orumbi e , diariame nte , ante s de ir para o trabalho, passava na R ua E stados Unidos para ve r os fdhos do prime i­ ro casame nto. Nào contavam, no e ntanto, com as prisõe s de Lae rte Dorne le s M éliga e Gre gório M e ndonça e m Porto Ale gre , e m fe ve re iro de 1971, logo transfe ridos para o DO I de São Paulo. Sabe dore s da prisão e da transfe rência dos dois te rroristas, os re sponsá­ ve is pe la ação suspe nde ram te mporariame nte os trabalhos de le vantame nto. T inham re ce io de que , ao se re m inte rrogados, e le s de latasse m o plano da e xe cução do industrial, o que não aconte ce u. E ntre tanto, ape sar de não “e n­ tre gare m” o plano do assassinato, os dados obtidos nos inte rrogatórios foram úte is e nos de ram as re fe rências que pe rmitiram, e m 24 horas, de scobrir os assassinos de Boile se n. C omo Boile se n não mudou os se us hábitos, concluíram que o plano não fora de nunciado e , e m 23 de fe ve re iro, de cidiram que a e xe cução e ra prioritária. E m 5 dc abril de 1971, De vanir J osé de C arvalho, um dos que participa­ ram do le vantame nto, morre u quando, e m se u “apare lho”, e nfre ntou age nte s do DO PS. As organizaçõe s te rroristas atuariam cm “fre nte ", inte grando e sforços, e fe ­ tivos e re cursos de forma a que a ação tive sse êxito c que a re pe rcussão fosse ampla no Brasil e no e xte rior. A “fre nte ”, que re ce be u o nome de “C omando R e volucionário De vanir J osé dc C arvalho”, e ra formada por três organizaçõe s te rroristas: Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ); Ação Libe rtadora Nacional (ALN); M ovime n­ to R e volucionário T irade nte s (M R T ). F icou de cidido que o assassinato de Boile se n, para se r mais chocante , de ­ ve ria se r de fronte à casa de se us filhos. No dia 15 de abril de 1971, quando Boile se n e ntrou com se u carro na Alame da C asa Branca, dois carros com os te rroristas e mpare lharam com o de le . Pe la e sque rda, Yuri, colocando um fuzil para fora da jane la, disparou um tiro que raspou a cabe ça de Boile se n. E ste saiu do automóve l que dirigia e corre u e m dire ção contrária ao movime nto dos ve ículos. F oi inútil. J osé M ilton, que vinha pe la dire ita, de scarre gou sua me tralhadora nas costas do e mpre sário. Yuri de sfe chou-lhe mais três tiros de fuzil. C ambale ando, Boile se n arrastou-se mais alguns me lros e caiu na sarje ta. Aproximando-se , Yuri disparou mais uni liro que lhe arrancou a maior parte da face e sque rda. Vários carros foram atingidos pe los projéte is. A se nhora Ge ralda R ache l F e lipe e o se nhor M arcos Antônio Bicalho, que passavam pe lo local, foram atingidos e fe ridos pe los disparos. No re latório da ope ração, e scrito por Yuri. e apre e ndido pe lo DO I, consla va a se guinte frase : “Durante a fuga, trocávamos olhare s dc contcniame nto e sa­ tisfação. M ais uma vitória da R e volução Brasile ira.” Sobre o corpo de Boile se n, mutilado com 19 tiros, J oaquim Ale ncar Se ixas e Gilbe rto F aria Uma jogaram panfle tos, dirigidos “Ao povo brasile iro”. onde faziam a se guinte ame aça: “C omo e le , e xiste m muitos outros e sabe mos que m são. I o­ dos te rào o me smo fim, não importa quanto te mpo de more . O que importa é que se ntirão o pe so da J ustiça R e volucionária. O lho por olho, de nte por de nte .” Participaram da e xe cução dc Boile se n: J oaquim Ale ncar Se ixas (R oque ), do M R T ; Dimas Antônio C ase miro (R e i), do M R T ; Yuri Xavie r Pe re ira (Big), da ALN; Antônio Se rgio de M atos (Uns e O utros), da ALN; J osé M ilton Barbosa (C láudio), da ALN; e Gilbe rto F aria Lima (Zorro), da VPR . O s me ios políticos e e mpre sariais conde naram, ve e me nte me nte , o brutal assassinato. AAsse mbléia Le gislativa suspe nde u se us trabalhos para re nde r um pre ito dc home nage m à me mória de Boile se n. Se u corte jo lune bre e mocionou a cidade de São Paulo. Soube da sua morte ao acordar da ane ste sia de uma cirurgia de amídala. fe ita no Hospital M ilitar, e ouvir o me u se gurança dize r para minha mulhe r: “as­ sassinaram um e mpre sário, chamado Boile se n”. De vido à re pe rcussão ne gativa de sse ato insano e para justificar tama­ nha barbárie , as organizaçõe s te rroristas criaram a farsa de que Boile se n Ibi “justiçado”: - por fre qüe ntar o DO I, quando assistia ao inte rrogatório dos pre sos; - por inve ntar uma máquina dc dar choque s e létricos nos pre sos, chamada de pianola, que e le me smo te stava nos pre sos; 330-C arlos Alberto Urilhante Ustra - por se r age nte da C IA; e - por se r um dos e mpre sários que doavam re cursos ao DO I. Náo re ce bi qualque r doação dc Boile se n, assim como de qualque r e m­ pre sário. Não ouvi falar que e le e ra age nte da C IA. Aliás, qual o cidadão e stran­ ge iro, no Brasil, que combate o comunismo, que não é taxado de se r age nte da C I A? C orno já afirme i, Boile se n não fre qüe ntava o DO I. E ste ve lá uma única ve z para me cumprime ntar. Nos três anos e quatro nie se s que comande i o DO I, jamais vi ou ouvi falar de ssa pianola. A re spe ito dos te rroristas que participaram do le vantame nto e da e xe cução sabe mos o se guinte : - De vanir J osé de C arvalho (He nrique ), morre u no dia 05/04/1971, ante s do assassinato de Boile se n; - J oaquim de Ale ncar Se ixas (R oque ), foi pre so pe lo DO I no dia se ­ guinte à morte de Boile se n. M orre u quando te ntava fugir num ponto de polícia; - Dimas Antônio C ase miro (R e i), foi morto dois dias de pois da morte dc Boile se n. e m tirote io com os age nte s do DO I. que foram pre ndê-lo e m se u apare lho; -Antônio Sérgio de M atos (Uns e O utros), morre u e m tirote io com aae nte s do DO U e m 23/09/1971; - Yuri Xavie r Pe re ira (Big), morre u e m combate com age nte s do DO I e m 14/06/1972; - C arlos Hugcnio Sarme nto C oe lho da Pa/. (C le me nte ), fugiu para o e xte rior c hoje é profe ssor de música no R io de J ane iro; - Gre gório M e ndonça (F umaça), se gundo informe s re ce bidos, fale ce u re ce nte me nte no R io Grande do Sul; - Lae rte Dome le s M éliga (F lávio), foi che fe de gabine te do gove rnador do R io Grande do Sul, O livio Dutra. R e ce nte me nte e ra o subse cre tário de Plane ­ jame nto, O rçame nto e Administração do M inistério das C idade s, na ge stão do ministro O lívio Dutra; - Gilbe rto F aria Lima (Zorro), se u de stino é ignorado. Não consta da lista de mortos ou de de sapare cidos: - J osé Dan de C arvalho (Alcide s), se u de stino também é ignorado. Nào consta da lista de mortos ou de de sapare cidos. O s te rroristas mortos ge ralme nte têm se us nome s colocados cm logradouros públicos. A ve rdade sufocada - 331 332 ·( urlos Alhcrto Iitilhaiilc Ustra As famílias dos que participaram de ssa ação e de pois morre ram. I o i . h u inde nizadas pe la Le i 9.140/95. O s que continuaram vivos foram incie ni/ado . por outras Le is. A família do industrial assassinado de ve ria pe nsare m proce ssar aque l···. que , através da me ntira e da calúnia, de turpam os fatos e procuram manchai a honra e a dignidade de He nning Albcrt Boile se n. O filho de He nning Albe rt Boile se n, e m e ntre vista a Sandro Guidalli (guidalli.blogspot.com/2002_12 01), de clarou o se guinte : "... Para mim o se u assassinato foi algo surpre e nde nte e até hoje não consigo ve r algo que possa inse rir o fato e m algum con­ te xto. Nunca inde nizaram a minha família pe lo que fize ram com e le . Até o se guro dc vida foi muito difícil dc obte r.” O gove rno faria justiça se inde nizasse a família do industrial, e não os se u. assassinos. Morte de Joaquim Alencar Seixas - 16/04/1971 O s órgãos de se gurança agiram rápido. No dia 16 de abril, J oaquim Ale ncar Se ixas (R oque ), um dos participante s do covarde assassinato, e se u filho Ivan Se ixas foram pre sos. J oaquim, ne sse me smo dia, e ntre gou um “ponto” que te ria na E strada do C ursino, altura do n° 5.000, com Dimas Antônio C ase miro (R e i). Solto no local, te ntou a fuga. dirigindo-se e m de sabalada carre ira na dire ção de uma C -14 amare la com se is e le me ntos e m se u inte rior. Provave lme nte um “ponto de polícia”, para re sgatá-lo. No tirote io que se se guiu “R oque ” foi fe rido e fale ce u. T ranscre vo abaixo tre chos de um artigo de Ivan Se ixas, filho de J oaquim Ale ncar Se ixas, a re spe ito da prisão e morte de se u pai, publicado no O Nacional de 01/04/1987, de pois da publicação do me u prime iro livro Rom  pendo o Silêncio: :‘E ssc torturador e u conhe ço be m. F oi re sponsáve l por muitas morte s, inclusive ade me u pai. Invadiu c saque ou minha casa. M e torturou quando e u tinha 16 anos...” ;<No dia 16 de abril de 1971, agora vive ndo e m São Paulo e militando no M R T - M ovime nto R e volucionárioT iradcnte s- me u pai e e u fomos pre sos quando íamos nos e ncontrar com um com­ panhe iro que foi pre so c de latou o e ncontro. F omos le vados para a O ban, que tinha como comandante o e ntão major Ustra. Das 10 A ve rdade sufocada - 333 horas, mome nto da prisão, ate as 19 horas, fui torturado para dize r o e nde re ço de nossa casa, e nquanto me u pai e ra torturado para íiilar de suas atividade s. Não re sistindo ao “pau-de -arara”, fale i o e nde re ço de nossa casa. M e u pai continuou a se r massacrado por Ustra, pe ssoalme nte , (o grifo é do autor) e se us comandados na ■‘e ade ira-do-dragão” (e le trificada) de pois de me tralhado ao te n­ tar fugir” (o grifo é do autor) (...) não conse guindo e xtrair ne nhu­ ma informação, Ustra e se us policiais mataram me u pai a pau­ ladas (o grifo é do autor)”. C itando J . Gocbbcls, ministro dc propaganda de Ilitle r: “Uma mentira repetida várias vezes se transforma em verdade Ne m se mpre . Às ve ze s se conse gue provar que a afirmação difundida não passa de uma me ntira e e la pode se r de smascarada. Ivan Se ixas, no auge do se u rancor pe la morte de se u pai, me ntindo e m be ne fi­ cio da causa, de clara, e ntre outras inve rdade s, no artigo acima que e u: 1. Invadi, saque e i sua casa e o torture i; 2. T orture i se u pai, pe ssoalme nte ; e 3. E u e os me us policiais matamos o se u pai a pauladas. No dia 15 de abril de 1971. conforme rádio n° 774-S, de 16 de abril de 1971, do dire tor do Hospital Ge ral de São Paulo (conhe cido como Hospital M ilitar do C ambuci) ao C omando do II E xército, publicado no Bole tim Inte rno do II E xército, e m 22 de abril dc 1971, baixe i ao citado hospital para e xtrair as amídalas, te ndo alta no dia se guinte , para convale sce r, e m re pouso, durante se te dias. C omo pode ria te r invadido e saque ado sua casa; torturado a e le e a se u pai; e ainda matado se u pai a pauladas, se e stava ope rado há ape nas um dia? Provave lme nte , Ivan Se ixas vai ale gar que o rádio é falso e que minha cirur­ gia foi forjada. Assim, de acusação e m acusação, se m provas, e le s vão de turpando e re e s­ cre ve ndo a história. ALN abandona companheiro ferido 06/10/1971 No dia 6 de outubro de 1971, às 7 horas, na R ua Artur Dias, n° 213, São Paulo, os militante s da ALN M onirT ahan Sab (C are ca ou Sharii), Ve nâncio Dias da C osta (R ossi) e Ze ca Yutaka (R obe rto J aponês) te ntaram roubar um carro pe rte nce nte a um capitão da Polícia M ilitar. O capitão e o soldado PM , que e ra se u motorista, re vidaram ao ataque dos assaltante s. Hm conse qüência do tirote io, o capitão pe rde u um dos de dos da mão e o soldado motorista foi fe rido com um tiro na pe rna. O s assaltante s conse guiram fugir. M onir e stava fe rido com um tiro na gar­ ganta e Yutaka com um tiro de raspão na bacia. F oram le vados para um apare ­ lho da ALN, ocupado por um casal de militante s, e m Santo André/SP. Na tarde de sse me smo dia, um dirige nte da organização foi ao apare lho acompanhado por uma médica, que avaliou a situação e pouca coisa pôde faze r no se ntido de minorar o sofrime nto de M onir. No dia se guinte , 7 dc outubro, Lídia Gue rie nda. E liane Potiguara M ace do e Yuri Xavie r Pe re ira, todos da ALN, se qüe straram, à tarde , no Hospital das C línicas (I I C ), o Dr. Nagib Kouri, um cirurgião de tórax. Ao sabe r do que se tratava, o médico e xplicou que e ra e spe cialista e m tórax e que pou­ co pode ria faze r a re spe ito de um tiro no pe scoço. Indicou um amigo e spe ­ cialista e m cabe ça e pe scoço, Dr. Anísio T ole do. O Dr. Kouri le vou os se qüe stradore s à casa do Dr. Anísio e lá foi por e le trocado. Para e vitar proble mas, Yuri ficou com o Dr. Kouri na re sidência do novo se qüe strado até que o avisasse m que e stava tudo be m. O Dr. Anísio T ole do pouca coisa pôde faze r, por absoluta falta dc re ­ cursos médicos. Suge riu que M onir fosse inte rnado num hospital, para se r ope rado. Ne sse me smo dia, um companhe iro da dire ção da ALN marcou um ponto com os donos do apare lho para o dia 10 de outubro. O ra, no e sta­ do e m que se e ncontrava, ne sse e spaço dc três dias, M onir ce rtame nte morre ria. Supõe -se que a dire ção da ALN aprove itou a situação para se livrar de M onir, pois e le vinha dive rgindo da mane ira como a ALN condu­ zia a luta armada. R e forçando a idéia, Luís M ir e m se u livro A Revolução Impossível, e scre ve : “A lista de justiçame ntos, além de M árcio, incluía Se bastião M e nde s F ilho e M unir T ahan Sab. F oram salvos pe la re pe rcus­ são c pe lo choque do fuzilame nto de M árcio. De ntro e fora da e sque rda armada.1' 336-C arlos Albe rto Brilhante Ustra No dia se guinte , 8 de outubro, o casal re sponsáve l pe lo apare lho le vou um amigo médico para e xaminar M onir e e ste foi taxativo: se não o inte rnasse m num hospital, te ria poucas horas de vida. M onir pe diu ao casal que o e ntre gasse m ao se u irmào, que sabe ria cunu» proce de r para salvá-lo. Ate nde ndo ao se u pe dido, e le s o le varam até o bairro Ipiranga, onde o e ntre garam ao irmão que , ime diatame nte , o e ncaminhou ao Hospital São C amilo, ao me smo te mpo e m que comunicava o fato às autorida­ de s. Após re ce be r assistência médica ade quada, foi transfe rido pe lo DO I para o Hospital das C línicas (HC ), onde foi subme tido a três cirurgias. T ínhamos sido informados de que a ALN que ria justiçar M onir, o que nos obrigou a mante r, continuame nte , no HC , uma T urma dc Busca e Apre e nsão, para dar-lhe se gurança e e vitar que fosse re sgatado pe la organização ou fosse por e la assassinado. Após um pe ríodo no 11C , por me dida de se gurança, o transfe rimos para o Hospital Ge ral de São Paulo (Hospital M ilitar do C ambuci), onde passou a convale sce r. Se mpre que pre cisava faze r uma nova cirurgia, e la cra fe ita no IIC . Algumas ve ze s, durante a se mana, e ra conduzido do I lospital M ilitar para o Hospital das C línicas, onde fazia os curativos. E m algumas ocasiõe s, quando re tomava do Hospital das C línicas, ante s de se guir para o Hospital M ilitar, a turma que o conduzia passava pe lo DO l para almoçar. Quando podia, e u ia falar com e le , que se mpre se mostrava agrade ci­ do pe la assistência que lhe pre stávamos e re conhe cia que , se e stava vivo, muito de via ao que a re pre ssão e stava faze ndo por e le . F oi num de sse s dias que lhe pe di o te ste munho e scrito para re gistrar a ma­ ne ira como e stava se ndo ate ndido E le se prontificou. De i-lhe pape l e uma ca­ ne ta, que le vou quando re tomou ao Hospital M ilitar. F oi ne sse hospital, onde se re cupe rava, que , de livre c e spontâne a vontade , e scre ve u o se u de poime nto. C re io que , ne ssa ocasião, por e star ainda pade ce ndo com os se us fe nme ntos, ansioso pe ias futuras inte rve nçõe s cirúrgicas por que passaria e com a e spe ran­ ça continuada de um dia vir a gozar de ple na saúde , e scre ve u o se u de poime nto com since ridade , com as palavras surgindo de um coração agrade cido e que via e m nós o caminho para a sua cura. Ne sse de poime nto, M onir não e ntre gou ne nhum militante , ne m me smo ci­ tou o nome dos companhe iros com que m praticou a ação. Não “abriu" as pe s­ soas que o ate nde ram, ne m o “apare lho" onde foi ate ndido. Nào se i se de pois, já re cupe rado, ou hoje , le vando vida normal, e le te ria a corage m de ve nce r o patrulhame nto ide ológico c e scre ve r a ve rda­ de , como o fe z naque le jane iro de 1972. Nunca li um de poime nto de le após A ve rdade sufocada - 337 todos e sse s anos. Se o fize sse , gostaria, ape nas, que não me ntisse , como o faze m se us companhe iros do passado, de clarando que o obrigamos a faze r o de poime nto manuscrito, que a se guir transcre vo: “Após se r fe rido e m tirote io, juntame nte com outro compa­ nhe iro que também caiu fe rido, fomos conduzidos por outros dois companhe iros para o apare lho de um de ste s. O me u e stado e ra critico: havia le vado um tiro na altura do pe scoço, que provocara um tre me ndo rombo. Logo quando re ce bi o tiro calcule i que havia atingido alguma artéria importante , mas no apare lho vi que não, e mbora e xpe lis­ se muito sangue pe lo orifício produzido pe lo projétil no me u pe s­ coço. E xpe lia, se m parar, golfadas de sangue coagulado, às ve ­ ze s o orifício e ra bloque ado por pe lotas de coágulos, impe dindo- me a re spiração, que só e ra re cobrada com muito e sforço, de ­ pois de muito tossir. Quanto ao outro companhe iro, sofre u um fe rime nto de raspào na altura da bacia, imobilizando-lhe uma das pe rnas. Pois be m, voltando ao me u caso que e ra mais sério, víamos que a qualque r mome nto e u pode ria vir a fale ce r por falta de re s­ piração Isto me le vava a avaliar o me u e stado e , de sde o início, se ntir que te ria de se r socorrido com urgência Voltamos, naque ia altura, toda nossa e spe rança no e sque ma me dico que a dire ção da ALN havia dito para os militante s, que havia montado Nossa prime ira pre ocupação, diante de ste fato, foi contatar a dire ção Ante s, porém, conse guiu-se e ntrar e m contato com o grupo dive rge nte da ALN, colocando-os a par da situação. À tardinha che ga no apare lho uma moça que se dizia médica, juntame nte com um e le me nto dos dive rge nte s. F aze m pouco de prático, uma pre se nça mais para constar, possive lme nte para ava­ liar até que ponto pode riam tomar posição diante do proble ma. No dia se guinte , dc manhã, surge no apare lho um e le me nto de dire ção na ALN com um médico se qüe strado. M as, além de al­ guns re médios, não traziam ne nhum outro mate rial. Não pôde fa­ ze r mais do que algumas inje çõe s e ligar soro no me u braço. O e le me nto da dire ção se limitou a faze r alguns come ntários inoportunos ace rca dc açõe s O médico foi e mbora às 11horas e o militante da dire ção ficou até um pouco mais tarde , se m tomar ne nhuma me dida ace rca dc nossa se gurança: o apare lho já e stava saturado do e ntra-e -sai de 338-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra pe ssoas que não parava mais, chamando naturalme nte a ate nção dos vizinhos, além da grande possibilidade que havia de se r de te c­ tado pe la polícia, a partir de informaçõe s do médico que lá e ste \ c E ram e ntào dois companhe iros fe ridos, o dono do apare lho e sua mulhe r, c ainda mais uma apre ndiz de e nfe rmage m que e stawi ajudando-nos, que corriam o risco de se ve re m ce rcados no apa­ re lho pe la policia, e a dire çào da ALN se m e sboçar a me nor pre ­ ocupação, quando e la tinha condiçõe s de de slocar cada um dos fe ridos para apare lhos mais se guros e tc. Pois be m, o pior de tudo é que o dito companhe iro dc dire ção de ixou o apare lho e só marcou ponto para 3dias de pois com o dono do apare lho que introduzia e re tirava as pe ssoas do apare lho Isto implicava simple sme nte no se guinte · a organização não sabe ria nada ace rca do de sdobrame nto dc nosso e stado, principalme n te , o me u que e ra mais grave , durante 3dias Inte re ssante é que me u e stado e ra de gravidade tal que qualque r um via logo que e m 3dias, no mínimo, e le agravaria de mane ira fatal. Hste s dois dados, e ste s dois fatos, acima e xpostos foram bas­ tante para concluirmos e para che garmos ao conse nso de que a dire ção da ALN havia nos abandonado à própria sorte , e mbora te ntando fazê-lo de forma sutil, le vando um médico se qüe strado para dar uma satisfação, pe lo me nos, aos quadros da organização T iramos uma posição comum que via na dive rgência e xiste nte e ntre nós e a dita dire ção, o motivo principal da conduta da orga­ nização, abandonando-nos T ive mos uma se nsação concre ta que o nosso e stado critico, principalme nte o me u, e ra aprove itado pe la dire ção para se ve r livre de nós que a criticávamos pe la condução que dava à luta. pe la forma cupulista, oportunista c carre irista que se us e le me ntos che gavam à dire çào. Isto tudo e ra agravado quando agindo assim e la de monstrava também a falta total de se nso humanitário, da falta dc fle xibilidade diante dos proble mas concre tos que a gue rra trazia F aze ndo tudo a partir de um falso e spínto gucrnlhe insta, se m um critério de análise e avaliaçõe s concre tas de cada fato que surgia, e procurando dar a solução mais corre ta a cada um A partir daque le mome nto vimos que todas as me didas de ve riam se r tomadas por nós me smos e nào contar mais com a organização F oi assim que , no dia se guinte , o dono do apare lho ve io com um médico que conhe cia A ve rdade sufocada · 339 Hste ajudou a ate nuar o me u e stado um pouco, já que havia piorado muito, mas mostrou, sobre tudo, que havia ne ce ssidade urge nte de e u se r ate ndido por um e spe cialista para se r ope rado. C onve nci aos dois companhe iros que e u de ve ria se r e ntre gue às autoridade s para que pude sse se r me dicado. De fe ndi a posição que diante do abandono por que e ncontrávamos, e u de ve ria e ntre ­ gar-me como solução para tratar-me , diante da omissão da dire ­ ção da ALN. E le s acabaram concordando Para isso chamamos me u irmão, para que m fui e ntre gue no bairro Ipiranga F ui conduzido, por me u irmão, ao I lospital Sào C amilo. Dois dias de pois, fui para o Hospital das C linicas, onde fui subme tido a 3 cirurgias gastronomia, traque otomia c e xtração da bala Hoje , me e ncontro e m ple na re cupe ração, e m bom e stado num hospital onde a assistência é das me lhore s, aguardando para se r subme tido a mais outra ope ração, de sta ve z do e sôfago, que me de volve rá as condiçõe s ne ce ssárias para pode r alime ntar pe la boca e re spirar pe las narinas E m todo e ste te mpo, isto é, de sde quando me e ntre gue i, até hoje , os órgãos dc re pre ssão, mais concre tame nte a O pe ração Bande irante , vêm me dando toda a assistência possíve l, têm se e sforçado ao máximo, no se ntido de ofe re ce r-me condiçõe s para tratar-me e m busca de minha ple na re cupe ração, ale m da prote ­ ção que vêm me dando. É bom, aliás, falar que a cobe rtura da O BAN te m sido de cisi­ va na minha re cupe ração e no me u tratame nto de um modo ge ral E spe ro ope rar daqui a poucos dias e sair-me bom, graças às minhas condiçõe s físicas atuais e aos re cursos médico-hopitalare s que a O BAN ve m me propiciando Ass M onir T ahan Sab SP.09'01'72 " O original de sse manuscrito de ve e star arquivado no Supe rior T ribunal M ilitar. A ALN nunca pe rdoou M onir pe la mane ira como e le e scre ve u e sse de ­ poime nto. Nào o subme te mos, durante a convale sce nça, a inte rrogatórios, ne m me s­ mo para ide nti ficar o nome de se u companhe iro que fora fe rido na me sma ação. Só o conhe cíamos por “R obe rto J aponês". T anto é ve rdade que quando e scre vi, e m 1987, o me u livro Rompendo o Silêncio não cito o se u nome . só o codinome . Só agora, le ndo o livro de Luiz M akJ ouf de C arvalho, Mulheres que foram à luta armada, é que fique i sabe ndo que se tratava de Ze ca Yutaka A mane ira como M onir re dige e sse de poime nto, o modo como conia os de talhe s do se u sofrime nto e o que se passou no apare lho onde e stava e scondido, até se r inte rnado num hospital, de ixam muito claro que e le não pode ria te r sido e scrito por nós. O utro dado inte re ssante é o fato de M onir se mpre se re fe rir à O pe ração Bande irante , ou à O BAN, como o órgão de se gurança que !he pre stou assistência. E sse órgão, de sde se te mbro dc 1970, j á se chamava DO I, mas por muito te mpo a e sque rda continuou chamando-o de O BAN. 340-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra Ação Libertadora Nacional - ALN Uma das organizaçõe s que participaram do assassinato de He nning Albe rt Boile se n, de ntre outros vários crime s he diondos, foi a Ação Libe rtadora Naci­ onal (ALN), criada e m julho de 1968 para se r “o embrião do Exército Revo  lucionário, a força armada do povo, capaz de destruir as Forças Armadas e expulsar o imperialismo'\ O le ma da ALN e ra “A ação f a z a vanguarda", be m de acordo com a série de assaltos a bancos e a carros pagadore s, alguns dos quais che fiados pe lo próprio M arighe lla. A partir das idéias de M arighe lla, inte nsificaram-se e ape rfe içoaram-se os atos de te rror e as te ntativas de im­ plantação de gue rrilha urbana e rural. Principais açõe s da ALN, com autore s ide ntificados, e m confissõe s própri­ as, inquéritos e livros da própria e sque rda: Assaltos a carros transportadore s de valore s - 10 Assaltos a bancos - 45 Assaltos dive rsos - 57 Ate ntados a bomba - 25 Assassinatos - 38 ‘\J ustiçame ntos"-8 Ataque s a unidade s militare s - 6 Ataque s a viaturas do E xército - 5 Ataque s a radiopatrulhas - 11 Assaltos a supe rme rcados - 25 Assaltos a postos de ide ntificação - 7 Se que stros - 3 Se qüe stros de aviõe s - 2 Panfle tage m armada - 35 C omo ficaria cansativo citar todas, de staco as se guinte s: - E m 1969,30 militante s do Agrupame nto C omunista de São Paulo (AC / SP), futura ALN, com 13 carros, assaltaram a R oche ste r AS, e m São Paulo, e le varam 23 caixas de dinamite , 21 bananas de ge latina e xplosiva e 4 sacos de clorato de potássio. - No dia 27 de maió de 1969, na te ntativa de de smoralizar as F orças de Se gurança, re alizou uma ação contra o 15° Batalhão da F orça Pública do E stado de São Paulo, na Ave nida C ruze iro do Sul/SP. O s te rroristas surpre ­ e nde ram o soldado da F orça Pública, Naul J osé M ontovani, que se e ncon­ trava dc guarda c que , se m possibilidade de de fe sa, te ve sua me tralhadora 342-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra roubada e foi fuzilado. Na me sma ocasião, o soldado Nicácio C once ição Pupo foi fe rido grave me nte , ficando com o cére bro se riame nte comprome ti' do. Participaram da ação: Ana M aria C e rque ira C ésar, Aton F on F ilho, C arlos E duardo Pire s F lcury, C e lso Antune s Horta, M aria Apare cida C osta e Virgílio Gome s da Silva. - Hm 4 de junho de 1969, no assaito ao Banco T ozan, na Ave nida Pe nha dc F rança/SP, o soldado da F PE SP Boave ntura R odrigue s da Silva, que se e n­ contrava de se rviço nas proximidade s, ao te ntar e vitar a fuga dos assaltante s, foi morto e te ve sua me tralhadora roubada. Durante o assalto, o militante F rancisco Gome s da Silva foi fe rido gra\ e - me nte , se ndo le vado ao 1iospital Boa E spe rança, e m Itape ce rica da Se rra A e quipe médica dc plantão, ao ve rificar que o fe rime nto e ra de baia, comum j cou à polícia. O médico Boane rge s M assa, auxiiiado por Paulo de T arso Ve nce slau e Hiiane Lafoz, roubou uma ambulância, invadiu o hospital e re sga­ tou o militante re cém-ope rado. - No dia 25 de julho de 1969, com o obje tivo dc disse minar o me do e a 1 inse gurança na população, foi colocada uma bomba e m uma barraca do Hxéi - cito, instalada na F e ira do Livro, na Praça Sae ns Pe na, T ijuca, R J F e lizme n­ te , uma falha no dispositivo que de tonaria a bomba não funcionou A impe ri - cia salvou uma multidão de inoce nte s que visitava a fe ira. - E m 15 de agosto de 1969, um comando de 12 e le me ntos invadiu os transmissore s da R ádio Nacional, e m Piraporinha. Diade ma/SP E spanca­ ram o ope rador-che fe , Libório Schuck, tomaram o re vólve r do guarda R aimundo Salustiano dc Souza e colocaram no ar uma me nsage m de C ar­ los M arighe lia. ince ntivando a inte nsificação dos ate ntados te rroristas. Par­ ticiparam da ação M aria Augusta T homaz, Guiomar Silva Lope s e Virgílio Gome s da Silva. Guiomar Silva Lope s, pre sa te mpos de pois, foi le vada para o Hospital das C linicas, onde te ntou o suicídio, jogando-se do 3o an­ dar. T e ve várias fraturas, mas re cupe rou-se . - E m 3 de se te mbro de 1969, Ante nor M e ye r, J osé Wilson Le ssa Sabag, F rancisco J osé de O live ira e M aria Augusta T homaz, ao te ntare m passar che que s roubados na loja Lutz F e rrando, na R ua São Luís, cm São Paulo, re ce be ram voz dc prisão de tre s guardas avisados por um funcionário que de sconfiou do grupo Ime diatame nte , os te rroristas re agiram a tiros e o guar­ da civil J oão Sze lacsok ficou le ndo O funcionário J osé Ge túlio Borba foi morto. Pe rse guidos pe la policia, o te rrorista J osé Wilson Le ssa Sabag ma­ tou o soldado da F orça Pública J oão Guilhe rme de Brito. J osé Wilson foi morto após inte nso tirote io. Λ ve rdade sufocada - 343 - No dia 4 de se te mbro de 1969, J shiro Nagami e Sérgio C orre ia, ao trans­ portare m uma pode rosa bomba, e m um Volks azul, placa 44-52-77, São Pau­ lo, na R ua da C onsolação, altura do núme ro 758, SP, foram de sinte grados na e xplosão pre matura da me sma. J amais conse guimos sabe rqua! e ra o alvo, ne m as conse qüências se a bomba tive sse e xplodido no local para onde se de stinava. - F .m4 de nove mbro de 1969, um grupo de militante s dirigiu-se a Bue nos Aire s, onde se qüe strou o Boe ing 707 da Varig que fazia o vôo Bue nos Aire s-Santiago. Usando nome s falsos e che fiados por Aylton Adalbe rto M ortati, oito se qüe stradore s, e ntre e le s R ui C arlos Vie ira Be rbe rt, M aria Augusta T homaz, Launbe rto J osé R e ye s e M arcilio C ésar R amos, de svia­ ram o avião para C uba O s se qüe stradore s, durante o vôo, distribuíram panfle tos e le ram manife stos. Hm C uba, tive ram guarida do gove rno e fize ­ ram curso de gue rrilha, voltando de pois, clande stiname nte , para, mais pre ­ parados, aluar na lula armada, inte grando o novo “Grupo da Ilha" ou M o­ vime nto de Libe rtação Popular (M olipo). -No dia l°dc julho de 1970, J e ssie J ane , C olombo Vie ira de Souza J únior, F e rnando Palha F re ire e F raldo Palha F re ire se qüe straram um C arave lle que fazia a 11nha R io- Bue nos A ire s 1'oram re alizados oito se qüe stros de avião durante o re gime militar. - F m 15 de julho de 1970, le vada sob suspe ita por um fiscal de se gurança da Loja M appin, cm Sâo Paulo, para a sala dc se gurança, no 7oandar, Ana Burs/tyn, ao se nlir que sua boisa se ria re vistada, sacou um re vólve r calibre .38 e atirou no te ne nte re formado do C orpo de Bombe iros, guarda de se gurança da loja, matando-o. F .mse guida foi pre sa. - No dia 10 de nove mbro de 1970, Ana M aria Nacinovic C orrêa, C arlos E ugênio Sarme nto C oe lho da Paz. (C le me nte ) e Yoshitame F ujimorc, de pois dc uma panile tage m armada, e m Vila Prude nte /SP, foram pe rse guidos por um táxi que dois policiais haviam re quisitado No carro pe rse guido, “C le me nte " ia ao volame , com uma me tralhadora, F ujimore , no banco do carona, com outra; e Ana M aria, no banco de irás, com uma pistola e um re vólve r. F ncurralados, come çaram o tirote io, mas conse guiram fugir, de ixando o saldo de três corpos me tralhados o taxista J osé M arque s do Nascime nto e os policiais militare s Gari baldo dc Que iró/e J osé Ale ixo Nune s. - Lm 2 de se te mbro de 1971. a C asa dc Saúde Doutor Liras, no R io de J ane iro, foi assaltada por um comando de 10 militante s No final do assalto, de pois de inte nso tirote io, o che fe do de partame nto dc pe ssoal da C asa de Saúde Dr Liras, de le gado apose ntado da Policia F e de ral C ardênio J ayme Dolce e os guardas de se gurança Silvano Amâncio dos Santos e Dcmcrval dos Santos e stavam mortos. O médico M arilton Luiz dos Santos M orais e o e nfe rme iro 344-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Almir R odrigue s de M orais foram fe ridos. O s assaltante s, além do dinhe iro do pagame nto dos funcionários, le varam as armas dos guardas. Participaram da açào: F lávio Augusto Ne ve s Le ào Salle s, Élcio Pe re ira F or­ te s, Antônio C arlos Nogue ira C abral, Sônia Hipólito, Aurora M aria do Nasci me nto F urtado, Ísís Dias de O live ira, Paulo C ésar Bote lho M assa, J osé M ilton Barbosa, Antônio Sérgio de M atos e He rbe rt J osé Gome s Goulart. Batismo de sangue 05/12/1970 E m nove mbro de 1970, o de le gado Pe dro C arlos Se e lig pre nde u, no R io Grande do Sul, De le i F e nste ise ife r, do C omando R e gional da VPR De le i fugira da áre a de tre iname nto de gue rrilha, no Vale da R ibe ira, e m 20/04/1970. Subme tido a inte rrogatório, ''e ntre gou" um “ponto" com Yoshitame F ujimore , se u cole ga de organização, que havia fugido da áre a no Vale da R ibe ira um ['pouco mais tarde , e m 31 /05/1970. O “ponto" se ria no dia 20 de nove mbro, às 17 horas, com alte rnativas para ,os dias 25 e 30 de nove mbro de 1970, no Ane l R odoviário, baixos da Ave nida 'Santo Amaro. f O de le gado Se e lig, de posse de sse s dados, e ntrou cm contato comigo j^Ace rtamos a vinda de De le i para o DO L'C O Dl/II E x, a fim de cobrir o “ponto” J com F ujimore ' Para e sse tipo de ope ração, o pe ssoal indicado de ve ria se r o da Se ção de I Busca e Apre e nsão. i No dia 20/11 /70, às 16h45f De le i foi conduzido para as ime diaçõe s do j local do “ponto". A nossa e xpe ctativa e ra grande e tínhamos e spe rança de ?que F ujimore “e ntrasse no ponto". i O local e ra amplo, uma praça sob um viaduto, na Zona Sul de São j Paulo. Pe di ao de le gado Sérgio Paranhos F le ury que nos auxiliasse com 5 sua e quipe . | E ssa foi a prime ira ação e m que tome i parte . A ine xpe riência le vou-me a {faze r um plane jame nto muito de talhado. E mpe nhe i todas as T urmas de Busca de se rviço ne sse dia. Nosso pe ssoal e stava be m de scaracte rizado. Alguns ve s­ tidos de gari, outros com o uniforme da C ompanhia T e le fônica. Havia também alguns que “faziam uma mudança" e outros que se e ncarre gavam de “ve nde r sorve te e pipoca" na praça. T udo fora cronome trado e e nsaiado com a de vida ante ce dência. E xata­ me nte quatro minutos ante s da hora, De le i foi de ixado num cruzame nto com a de te rminação de que caminhasse , normalme nte , e m dire ção ao local do e ncontro. E le nào nos de u trabalho. Quatro age nte s infiltrados e ntre a po­ pulação o vigiavam para que não fugisse . E sse e ra o mome nto crítico numa “cobe rtura de ponto", pois se o pre so te ntasse fugir, se de nunciasse a sua prisão através de ge stos, se não caminhasse com naturalidade ou, e ntão, se gritasse dize ndo que e stava se ndo pe rse guido, tudo e staria pe rdido e o se u companhe iro, que de longe o obse rvava, “nào e ntraria no ponto". 346-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O pre so cumpriu o se u pape l corre tame nte . M e smo assim, F uji more não compare ce u ao ponto C re io que isso ocorre u porque e xage ramos na pre pa­ ração e a movime ntação e xce ssiva talve z nos te nha de nunciado. O utro fatoi que de ve te r coope rado para que F uji more não e ntrasse no ponto foi o longo e spaço de te mpo e ntre a prisão de De lci (3 de nove mbro) e a data do "pon­ to" (20 d e nove mbro). Ne sse inte rvalo, o C omando R e gional da VPR . cm Porto Ale gre , pode ria te r avisado ao C omando Nacional, e m São Paulo, tia “que da” do se u militante . Um age nte que ficara como obse rvador de sconfiou da atitude de um "japo­ nês", que olhava com insistência para a praça. F ie dirigia um Volks ve rme lho (> age nte anotou a placa do carro. C om o fracasso do "ponto”, re colhe mos o pre so para o DO l Ainda‘"cobrimos” os dois "pontos alte rnativos", e m 25 e 30 de nove mbio F ujimore , de sconfiado, não voltou a apare ce r No e ntanto, e le come te ria um e rro primário Não trocou de carro, ne m de placa Numa de rrade ira te ntativa, de te rmine i que todas as T urmas de Busca e Apre e nsão circulasse m pe la zona sul de São Paulo, na procura do Vol ks suspe ito. No dia 5 de de ze mbro de 1970, um domingo, às 11h30, uma dc nossas T urmas de Busca rondava no Bosque da Saúde Havia pouco movime nto nas ruas. Na igre ja Santa R ita de C ássia acabara a missa c os fie is saiam para a praça fronte ira, que te m o me smo nome da santa A T urma dc Busca, ne sse mome nto cruzou com um Volks ve rme lho Ao volante um “japonês”, te ndo ao lado um passage iro. Aplaca confe ria com a anotada pe lo age nte . O che fe da 1 urma dc Busca e Apre e nsão de cidiu pre nde r os suspe itos para ave riguaçõe s R e tomou e se guiu o Volks, que parou num sinal ve rme lho. Quando o F usca de u a partida, a C -14 da nossa turma o fe chou, be m sobre a porta do motorista, impe dindo-o de saltar por e sse lado E nquanto o nosso pe ssoal de scia da C -14 para re nde r os ocupante s do Volks. o passage iro saiu corre ndo e atirando Dois age nte s foram ao se u e ncalço O "japonês", com uma me tralhadora, saiu do carro atirando e nào se re nde u. F oi e stabe le cido um tirote io. A praça ficou e m polvorosa O s suspe itos caíram mortos. Da nossa turma, um sarge nto PM e um cabo PM foram fe ridos. O motorista, pe lo rádio. fe 7-nos um re lato rápido da ope ra­ ção. De te rmine i que o che fe da T urma de Busca pe rmane ce sse no local, aguardando orde ns E m pe ríodo dc normalidade , se ria chamada uma ambulância e provide n­ ciado o compare cime nto da autoridade policial A Policia T écnica faria a pe rícia. o rabe cão trasladaria os mortos M as e stávamos \ ive ndo um pe rí­ odo de gue rra re volucionária. O s gue rrilhe iros urbanos pode riam e star com A ve rdade sufocada · 347 cobe rtura, se ndo viáve l uma ação para re sgatar o mate rial que se e ncontrava no Volks, be m como para assassinar os nossos age nte s. C aso isso ocorre sse , muitos curiosos que se aglome ravam para ve r o que aconte cia pode riam se r também atingidos Lu pode ria de te rminar que os nossos fe ridos fosse m re co­ lhidos e de ixados no hospital mais próximo. E ntre tanto, um comando te rro­ rista pode ria te ntar se qüe strá-los. T odas e ssas dúvidas passaram pe la minha me nte , de sde que re ce be ra a última me nsage m pe lo rádio. O que faze r ante e sse quadro? Alguns minutos se passaram de sde que o che fe da T urma de Busca e Apre e nsão pe dira uma de cisão. E nquanto e u vacilava, e le tomava as me didas ade quadas. Afastou o povo, tomou posição para prote ge r os nossos home ns, ate nde u os fe ridos e aguardou a re sposta do se u comandante . De te rmine i que e vacuasse m, com rapide z, para o DO I, os fe ridos, os morlos e o carro suspe ito E m poucos minutos, uma C -14, com os faróis ace sos e a sire ne ligada, e ntrava no DO I. F ui e spe rá-la no pátio. O s fe ridos, ime diatame nte , foram colocados e m outra C -14 e , te ndo uma T urma de Bus­ ca como e scolta, e ncaminhados a um hospital. Provide nciamos a ida dos dois mortos para o IM L. Quando os fe ridos de ixaram o DO I, come ce i a se ntir-me mal. Nunca havia tomado contato dire to com mortos e fe ridos Ne ssa ocasião, re fle ti e procure i controlar-me , pois, do contrário não comandaria ninguém. M e us comandados me obse rvavam De te rmine i que tize sse m uma re vista minuciosa no Volks. No se u inte rior e ncon­ tramos armas, muniçõe s, códigos e cifras para comunicação com o e xte rior, além de planos para ince ndiar um tre m da C e ntral do Brasil e assaltar hospitais para a obte nção de mate rial cirúrgico e de prime iros socorros O s suspe itos usavam carte iras de ide ntidade com nome s falsos. F ujimore foi logo re conhe cido. O outro usava o nome de C e lso da Silva Alve s. T e mpos de pois, soube -se que o se u nome ve rdade iro e ra E dson Ne ve s Quare sma, um cx-marinhciro, que acabara de re gre ssar, clande stiname nte , de C uba, onde se ape rfe içoara num curso de gue rrilha F ujimore e Quare sma comandavam, cada um, uma Unidade de C ombate (UC ) da VPR . A VPR e ra uma das mais sanguinárias organizaçõe s te rroristas. F oi funda­ da e m março de 1968, quando re alizou se u I C ongre sso. Sua prime ira dire ­ ção e ra constituída por Wilson E gidio F ava, Waldir C arlos Sarapu e J oão C arlos Kfouri Quarti n de M orais - do grupo disside nte da PO LO P, c O nofre Pinto, Pe dro Lobo de O live ira e Dióge ne s J osé de C arvalho, do M ovime nto Nacionalista R e volucionário (M NR ). De sse novo grupo faziam parte Y hoshitame F ujimore (juiz e carrasco do te ne nte Albcrlo M e nde s J únior) c E dson Ne ve s Quare sma. 348 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra Até a data da sua morte , e m 05^12/70, F ujimore participou, some nte e m São Paulo, junto com outros militante s da VPR , de algumas das açõe s abaixo, praticadas por e ssa organização te rrorista. Ano de 1968: - 7 de março, assalto ao Banco C omércio e Indústria, da R ua Guaicurus, im Lapa; - 19 de março, ate ntado a bomba contra a bibliote ca do C onsulado Norte Ame ricano, na R ua Padre M anoe l, onde um e studante pe rde u a pe rna e main dois ficaram fe ridos; - 5 de abril, ate ntado a bomba na se de do De partame nto de Polícia F e de ral, - 20 de abril, ate ntado a bomba no jornal O Estado de Sào Po u Uk c omi três fe ridos, - 31 de maio, assalto ao Banco Brade sco, e m R udge R amos; - 22 de junho, assalto ao I lospital M ilitar, no C ambuci; - 26 de junho, ate ntado a bomba contra o Quarte l Ge ne ral do II E xército; - 28 de junho, assalto à Pe dre ira F ortale za, de onde foram roubadas I caixas de dinamite e grande quantidade dc de tonadore s; -1 ° de agosto, assalto ao Banco M e rcantil de Sâo Paulo, no Itaim, - 20 de se te mbro, assalto ao quarte l da F orça Pública do listado de Sâo Paulo, no Barro Branco, onde foi assassinado o soldado Antonio C arlos J e ííe ry; -12 de outubro, assassinato do capitão do e xército dos E stados Unidos C harle s R odne y C handle r; -15 de outubro, assalto ao Banco do E stado dc São Paulo, na R ua Iguate mi. - 27 de outubro, ate ntado a bomba contra a loja Se ars, da Agua Branca; - 7 de nove mbro, roubo de um carro, com o assassinato de se u motorista, o se nhor E stanislau Ignácio C orre ia; - 6 de de ze mbro, assalto ao Banco do E stado de Sâo Paulo, na R ua Iguate mi; e -11 de de ze mbro, assalto à C asa de Armas Diana, na R ua do Se miná­ rio, onde foram roubadas armas e muniçõe s e saiu fe rido o se nhor Bonifácio I gnore Ano de 1969: - J ane iro, assalto ao Banco Itaú América, na R ua J umana; - J ane iro, assalto ao Banco Aliança do R io dc J ane iro, na R ua Ve rgue iro; A ve rdade sufocada - 349 - 24 de jane iro, roubo de armas no 4oR i, que de se struturou a VPR , e m conse qüência das prisõe s ocorridas após a ação; -11 de fe ve re iro, assalto à Gráfica Urupês, onde foi bale ado um policial; - 26 dc fe ve re iro, assalto ao Banco da América, na R ua do O rfanato, - 9 de maio, assalto simultâne o aos Bancos F e de ral, Itaú, Sul Ame ricano e M e rcantil de São Paulo, e sse na R ua Piratininga, na M ooca, cujo ge re nte , Norbe rto Dracone tti, foi e sfaque ado. Ne ssa ação, o guarda civil O rlando Pinto da Silva foi morto com um tiro na nuca e outro na te sta, disparados por C arlos Lamarca, - 8 de junho, assalto ao I lospital Santa Lúcia; e -13 de junho, assalto ao União dc Bancos Brasile iros, na Ave nida J abaquara. Ano de 1970: -11 de março, se qüe stro do cônsul do J apão, Nobuo O kuche ; - 7 de jane iro a 31 de maio, ope raçõe s no Vale da R ibe ira; -10 dc maio, assassinato do te ne nte M e nde s, no Vale da R ibe ira; - 28 de julho, assalto à garage m da C M T C ; - 5 de se te mbro, assalto ao carro-forte da Brinks; e - 28 de se te mbro, assalto e incêndio da radiopatrulha n° 53, na R ua Alcindo sGuanabara. i T e ria, ainda, muitos casos a re latar sobre os trabalhos das nossas T urmas de Busca e Apre e nsão. Se le cione i e sse porque foi o me u “batismo de sangue " e , também, porque se rviu para mostrar um caso re al por mim vive nciado, o proce dime nto de nossos home ns quando e nfre ntavam os Grupos T áticos Ar­ mados. os GT A do inimigo. O pe ssoal que trabalhava no 1)01 vivia, continuame nte , sob te nsão. Quan­ do e slava de se rviço, combatia um inimigo crue l e vingativo, que atacava de surpre sa e com violência. Quando e stava dc folga, procurava vive r sob outra ‘‘fachada", pois o inimigo podia a qualque r mome nto ide ntificá-lo e , se isso aconte ce sse , se ria "justiçado" ou se us familiare s se qüe strados. Não só nós, mas também as nossas e sposas tínhamos de , por se gurança da família, ocultar o local e o tipo de trabalho que e xe rcíamos. Além do constran­ gime nto dc ocultar as atividade s do marido e de apre se ntar de sculpas por suas ausências siste máticas, por se us horários incomuns e por suas atitude s inusita­ das, a mulhe r vivia sob pre ssão psicológica constante . Quantas ve ze s um subordinado te ve de sair do 1)01, às pre ssas, e ir até a sua re sidência, porque a sua familia ficava te me rosa ao notar pe ssoas com ati­ tude s suspe itas nas proximidade s. 350-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Isso aconte cia com fre qüência T ive mos home ns que trabalharam no I >01 mais de 3 ou 4 anos. E natural que muitos saísse m de lá com sérios proble mas psicológicos. nào tive ram, infe lizme nte , a assistência que me re ciam. Ao contrário, com a cam­ panha da e sque rda, com os livros e mais livros que publicam, com as me nina* que inve ntam e as farsas que montam, com a falta de re sposta das nossas aul· ridade s, que re solve ram pe rmane ce r mudas e se m e xplicar ao povo o otitio lado de ssa história, passamos a se r e stigmatizados, até por alguns de nossofe companhe iros que , hoje , nos conde nam. De ve riam te r nos conde nado quando ainda ocupavam cargos importante s nos gove rnos da C ontra-R e volução c prontificado a nos substituir. “Tribunal Revolucionário” em sessão permanente De 1970 até fins de 1973,os “juize s” do famige rado “T ribunal Ve rme lho”não traram e m re ce sso E stive ram pe rmane nte me nte “julgando”, se gundo suas ab­ das le is, le vados por suspe itas, e conde nando o “réu” se m dire ito à de fe sa. E m nome da “de mocracia”, não davam dire ito a se us próprios compa­ nhe iros de te r um minuto de dúvida sobre o mérito de tão insana luta. Base a- I dos e m suposiçõe s, conde navam se m dire ito à ape lação. Normalme nte , acumulavam as funçõe s de “juize s" e e xe cutore s. M atéria publicada nojomal O (j'lobo, de 31 de jane iro de 2005, página 3, contém a ~guinte frase : “ao longo de todo o regime militar, houve cerca de 30 casos de justiçamerttos". “J ustiçamcnto” de Ary R ocha M iranda - 12/06/1970 Ary R ocha M iranda e Wi lson C once ição Pinto, havia pouco, tinham ingre s- Isado e m um Grupo T ático Armado (G1A) da ALN. O riginários da F re nte de ^M assas da me sma organização te rrorista, procuravam se adaptar ao novo tra­ balho, mais viole nto do que o ante rior, no qual aliciavam pe ssoas. Após alguns assaltos, se ntiram que se riam mais úte is voltando ao trabalho na F re nte de M assas, onde usariam mais argume ntos do que armas. C ada um, [«e gundo pe nsaram, se ria útil aos propósitos da organização, de ntro de suas fe bilidadcs pe ssoais. Gostavam mais de um trabalho de argume ntação, ■e gime ntaçào e conve ncime nto das massas. C e rtos de que se riam ate ndidos, pe diram à dire ção o afastame nto do GT A. C omo re sposta, foram ame açados de morte por me mbros da ALN, caso abandonasse m a luta. No dia 12/0670, a ALN fe z um assalto ao Banco Nacional de M inas Ge ­ rais. na Agência da Ave nida Nossa Se nhora da Lapa, e squina com a R ua Afon­ so Sardinha, e m São Paulo. T anto Ary, como Wilson, me smo de sconfiados, participaram da ação. E duardo Le ite , o “Bacuri”, pe rte ncia à R e sistência De mocrática (R E DE ), mas, ne ssa ocasião, como a R E DE havia sido de sbaratada, “pre stava se rviços” à ALN e participou do assalto E duardo Le ite e ra um dos quadros mais viole n­ tos da luta armada. Prontos para a ação, Wilson C once ição Pinto foi colocado como obse rva­ dor, a 30 me tros do banco, e os de mais partiram para o assalto. Houve re ação e Wilson, dc onde e stava, pre se nciou o tirote io. “Bacuri” acabara de fe rir, mortalme nte , Ary R ocha M iranda com um tiro no pe ito. Logo 352-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra a se guir, Wilson foi atingido por um tiro transfixiante no braço e sque rdo, 1m>i bém disparado por "'Bacuri”. Apavorado, le mbrou-se das ame aças e da"i *· incidência” de os dois, e le e Ary, se re m atingidos por um home m tão ck|h i t e nte e m açõe s armadas como “Bacuri”. Apavorado, re solve u fugir, e nquanto e stava vivo. E vadindo-se do Inr se m usar os carros daAL N, procurou socorro no Hospital Sâo C amilo I m se guida, e ntre gou-se às autoridade s. E m de poime nto aos órgàos de srp. rança, de clarou' “Há muito te mpo, e u já havia de monstrado a inte nção de aban­ donar a militância e e ntre gar-me às autoridade s. Durante minha militância na ALN se nti que muitos e le me ntos têm disposição para e ntre gar-se à policia, só não o faze ndo por me do de re pre sálias da organização e , também, te me rosos com a tortura policial, que a organização propaga e xistir, acre sce ntando de talhe s horríve is " A ALN não dá o de vido valor aos ope rários que conse gue re crutar, ale gando falta de níve l político. M e smo de ntro da organi­ zação, é notória a e xistência do e spírito de classe .” Ary R ocha M iranda foi transportado de carro, e m e stado gravíssimo, por Hiroaki T orígoe , “Bacuri” e um militante de codinome “F rancisco", para o “apa­ re lho” de "Bacuri” C omo “história de cobe rtura”, para o fe rime nto no pe ito de Ary, foi aprr- se ntada a ve rsão de que “Bacuri" confundira os dois companhe iros de ação com os se guranças do banco. A farsa prosse guiu com a ida de um militante do GT A, aluno do te rce iro ano de M e dicina, ao “apare lho" para pre star socorro a Ary, quando e sse já e stava morto. No dia se guinte , foi e scolhido o local do e nte rro. Por volta das 15 horas, dois e le me ntos daALN e “Bacuri" colocaram o cadáve r na mala do carro e o e nte rraram num te rre no e m E mbu-Guaçu, para uns, ou e m Itape ce rica da Se r­ ra, se gundo outros Lá e stá, até hoje , o corpo de Ary R ocha M iranda que , na época, tinha 22 anos, e ra natural de R ibe irão Pre to e profe ssor de caratê, 3° Dan. F oi assassinado pe la ALN, porque re solve u abandonar a organização. Durante muito te mpo, Ary foi dado como de sapare cido e a re sponsabili­ dade pe la sua morte imputada aos órgàos de se gurança. E ssa farsa só foi de sfe ita quando os militante s da organização come çaram a “cair” e , na pri­ são, e sclare ce ram a ve rdade . A ve rdade sufocada - 353 M e smo cm E mbu-Guaçu ou ltape ce rica da Se rra, municípios próximos v São Paulo e locais de fácil ace sso, passados trinta e cinco anos é, prati- iimcntc, impossíve l e ncontrar os re stos mortais do “justiçado”. Imagine o JiM lor a dificuldade de se localizare m corpos se pultados nas se lvas do Araguaia, há trinta anos. “J ustiçame nto" dc Antônio Loure nço - 02/1971 E m fe ve re iro de 1971, Antônio Loure nço, “F e rnando”, militante da Ação Popular (AP), foi atraído por L S Lpara um local de se rto, e ntre Santa F iloména c Bacabe ira, no M aranhão, com a prome ssa de um e ncontro amoroso. "F e rnando” não imaginava que um local tão romântico se ria palco de se u assas­ sinato. E le havia sido pre so e , de pois de solto, contatou a sua organização, o que o colocou sob suspe ita, não inve stigada, de se r um infiltrado que passava infor­ maçõe s para a polícia E ssa simple s suspe ita foi o suficie nte para que a AP, organização formada a partir de dissidências no se io da igre ja, o conde nasse à morte . Para e le não havia e scapatória' um grupo de se is pe ssoas o e spe rava e m uma trilha e , outros tantos, e m um se gundo atalho. Antônio Loure nço foi morto com vários tiros de rifle .44 e de re vólve r. De pois de trucidado a golpe s dc fe rre te s, se u corpo, le vado para a “roça” de A.L.R .B, foi colocado numa cova J com palha e ince ndiado. O s re stos foram cobe rtos com te rra. No local, planta­ ram fe ijão. (F onte s - AUGI J ST O , Agnaldo De l Ne ro. A Gronde Mentira - Proje - lo O rvil) “J ustiçamcnto” de M árcio T ole do Le ite - 23/03/1971 R e unido e m nova se ssão, o macabro “T ribunal Ve rme lho”, te ndo como “juize s” C arlos E ugênio Sarme nto C oe lho da Paz (C le me nte ), J osé M ilton Bar­ bosa (C láudio), Antônio Sérgio de M atos (Uns e O utros), Paulo de T arso C e le stino da Silva e luri Xavie r Pe re ira (Big), conde nou à morte , como se mpre se m dire ito à de fe sa, M árcio T ole do Le ite . De lito: suspe ita de vacilação e m suas convicçõe s ide ológicas e dive rgências políticas. E m 1965, M árcio e ntrou para a F aculdade de Sociologia e m São Paulo. O rapaz ale gre , mulhe re ngo e bon vivant passou a se r um ativo militante do mo­ vime nto e studantil, inte re ssado quase que e xclusivame nte e m política. M árcio cra filho de uma família abastada de Bauru, proprie tária de uma re de dc faculdade s e spalhadas pe lo inte rior de São Paulo. E ntrou para a 354-C arlos Albe rto Brilhante Ustra gue rrilha quando cursava a faculdade e passou a usar o nome falso dc Sér­ gio M oura Barbosa. E m 1968, após participar de algumas açõe s, foi pre so e libe rtado logo de ­ pois. Hm se guida, viajou para C uba, onde fe z curso de tre iname nto dc gue rn lha, apre nde ndo a manuse ar armame ntos e e xplosivos e a e xe cutar sabotage ns, além de técnicas de gue rrilha urbanae rural. R e gre ssou ao Brasil, clande stiname nte , e m 1970, e passou a inte grar a co­ orde nação nacional da ALN, participando de algumas açõe s. F aziam parte de ssa coorde nação: C arlos E ugênio Sarme nto C oe lho da Pa/ (C le me nte ); Amaldo C ardoso R ocha (J ibóia); Hélcio Pe re ira F orte s (Ne lson); Yuri Xavie r Pe re ira (Big); e M árcio T ole do Le ite (Vice nte ). A partir das açõe s nas quais participou. M árcio come çou a dive rgir dos de mais me mbros da C oorde nação Nacional. Passou a criticá-los pe los méto­ dos usados pe la organização e pe la forma de atuação. E sse s “jove ns e studante s", que , como apre goam, tanto iutaram pe la libe r ­ dade e “re de mocratização do Pais", autoritários e antide mocráticos, jamais pe rmitiriam que alguém que stionasse de cisõe s do grupo e , muito me nos, te ntas­ se de ixar a luta armada ou a organização. M árcio T ole do Le ite , no dia 23 de março de 1971, che gou ao “ponto", na R ua C açapava, 405, na C onsolação, e m São Paulo, para conve rsar com os inte grante s da ALN, pois e stava insatisfe ito com a forma pe la qual a organiza­ ção conduzia a luta armada. E nquanto e spe rava, surgiu um Volks com dois ocupante s que dispararam mais de de z tiros de re vólve r .38 e pistola 9 mm Um Gálaxie com três e le me n­ tos dava cobe rtura à ação. M árcio foi atingido por oito disparos M orre u na hora. Participaram da ação: C arlos E ugênio Sarme nto C oe lho da Paz e Antônio Sérgio de M atos, autore s dos tiros; Yuri Xavie r Pe re ira, Paulo de T arso C e le stino da Silva e J osé M ilton Barbosa, na cobe rtura. A ALN assumiu a autoria do assassinato e m panfle tos de ixados no local· “F oram ouvidos os companhe iros do comando, dire tame nte li­ gados a e le , e foi dada a de cisão Uma organização re volucionária, e m gue rra de clarada não pode pe rmitir a que m te nha uma série de informaçõe s como as que possuía, vacilação de ssa e spécie , muito me nos suportar uma de ­ fe cção de sse grau cm suas file iras C ada companhe iro ao assumir qualque r re sponsabilidade de ve pe sar be m as conse qüências de ste falo" ( .) “De pois disto não se pe rmite re cuos. As dive rgências políticas se rão se mpre re spe itadas. A ve rdade sufocada - 355 O s re cuos de que m não he sitou e m ace itar re sponsabilida­ de s, nunca! O re sguardo dos quadros e e strutura da organização é que s­ tão re volucionária A re volução não admitirá re cuos! O u ficar a Pátria livre ou morre r pe lo Brasil Ação Libe rtadora Nacional - ALN." Após a morte de M árcio T ole do Le ite , as autoridade s e ncontraram e m se us bolsos uma carte ira de ide ntidade que o ide ntificava como Sérgio M oura Bar­ bosa e uma carta onde e le fazia um longo re lato sobre suas dive rgências com os se us companhe iros da ALN. A carta é e nce rrada da se guinte forma "Nào vacilo e não te nho dúvidas quanto às minhas convic­ çõe s C ontinuare i trabalhando pe la re volução, pois e la é o me u único compromisso Procurare i onde possa se r e fe tivame nte útil ao movime nto e sobre isso conve rsare mos pe ssoalme nte " A re spe ito de sse “justiçame nto”, e xtraímos tre chos das se guinte s opiniõe s da re portage m "O s T e mpos de C óle ra", de C hico Ne lson e Paulo Adário, Jor  nal do Brasil - C ade rno E spe cial -14/06/87 - página 4. “É importante situar isso numa tradição. E sse tipo de autoritarismo te m pre ce de nte s históricos ilustre s no Brasil e no mundo As discussõe s políticas no inte rior do PC só se rviam para ratificar o já e stabe le cido ou te rminavam com a marginalizaçâoe e xpulsão das voze s disside nte s É importante ve r o C arlos E ugê­ nio como he rde iro de uma tradição, le vada a se u ponto e xtre mo. O u isto não é a re tomada do que fe z Stalin? O u isto não te m pare nte sco com a intole rância de F ide l e dos dirige nte s chine se s? C om sua dificuldade e m ace itar dissidências9” (Danie l Aarào R e is - Profe ssor de História C onte mporâne a da Unive rsidade F e de ral F lumine nse (UF F ), e x-mihtante do M R -8) “E u pe rce bi que e stávamos de fato virando te rroristas, pura e simple sme nte Pe que nos grupos armados isolados te ntando mobi­ lizar grande s massas usam violência autoritária O limite e ntre luta armada e te rror é difícil de se r visto Se m mobilização popular, luta armada é te rrorismo. O limite é político " (He rbe rt Danie l - E scritor - dirige nte da VPR , conde nado â prisão pe rpétua). 356-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra *‘Ao conde nar a de cisào tomada pe la cúpula da ALN, base io- mc e m minhas próprias convicçõe s, à época Se o comportame nto de M árcio e ra colocado e m dúvida, o me u também de ve ria se r E le ape nas mantinha uma posiçào crítica e m re lação á organiza­ ção e ao movime nto. E a história provou que e le e stava com a razão F omos me smo e smagados pe la re pre ssão E u re ce bi a informação do “justiçame nto” de M árcio quando e stava na cade ia O grupo que e stava pre so se dividiu Um, no qual e u me incluía de saprovava a me dida. O utro concordava com ojulgame nlo.” (Paulo de T arso Ve nce slau - E ditor - e x-militante da ALN). “J ustiçame nto” de Amaro Luiz de C arvalho - “C apivara” - 22/08/1971 O Partido C omunista R e volucionário (PC R ) re stringia suas atividade s a pichaçõe s, panfle tage m e aliciame nto de campone se s na R e giào Norde ste Se u prime iro dirige nte , Amaro Luiz de C arvalho, “C apivara1', foi pre so cm R e cife e passou a colaborar com a polícia, “e ntre gando" vários e sque mas da organização. Quando o e mbaixador suíço foi se qüe strado, “C apivara” foi incluído na lista dos pre sos que se riam trocados pe lo diplomata. Para os policiais, e ra única a oportunidade de te r um infiltrado que informasse a movime ntação dos te rroris­ tas e ntre o Brasil e o C hile . Na última hora, “C apivara” foi trocado por Ve ra M aria R ocha Pe re ira, mi­ litante do PC BR . A troca acabou com a rara oportunidade . A substituição, talve z, te nha sido fe ita e xatame nte pe la suspe ita da colaboração de “C apivara" com a polícia Amaro Luiz continuou pre so e m R e cife , mas, de ntro de suas possibilidade s, colaborava com a polícia, informando o que conse guia sabe r nas conve rsas com os companhe iros de prisão. No dia 21 de agosto de 1971, informou sobre três campone se s que haviam sido soltos re ce nte me nte e que e stavam se ndo re crutados. No dia se guinte , 22 de agosto, foi assassinado com um re frige rante e nve ne nado J acob Gore ndcr, e m se u livro Combate nas Trevas - Hdição re vista e am­ pliada de scarta a idéia de “justiçame nto” pe los companhe iros e e scre ve : “Se ocorre u e nve ne name nto, os policiais sào os suspe itos de autoria do crime " F ica a pe rgunta, a que m inte re ssava ve r “C apivara” morto? A polícia que tinha ne le um colaborador, passando-lhe informaçõe s, ou ao partido que se se ntia traído? A ve rdade sufocada · 357 C arlos Albe rto C ardoso, “J aime ", militante da Ação Libe rtadora Nacional (ALN), foi pre so pe lo C e ntro de Informaçõe s da M arinha - C e nimar, cm 9 de nove mbro de 1971, no R io de J ane iro. E ra e nfe rme iro e colaborou e m um assalto ao hospital e m que trabalhava. No inte rrogatório, te ria fe ito um acordo com o C e ntro, para se r informante e colaborar com o órgão. De pois de solto, ou arre pe nde u-se , ou não te ve te mpo de passar as prome tidas informaçõe s, pois, quatro dias de pois, foi “justiçado" pe los companhe iros de organização. No dia 13 dc nove mbro, C arlos Albe rto foi e xe cutado pe la ALN, com 21 tiros de me tralhadora, no bairro E ncantado, no R io de J ane iro. A acusação que o “tribunal" não discutiu foi traição. E m jane iro de 2005, uma ce rtidão, forne cida pe la Agência Brasile ira de Inte ligência (ABIN), ate stava que C arlos Albe rto nunca passou qualque r infor­ mação ao C e nimar. Da re portage m publicada a re spe ito no jornal O Globo, dc 31/01/2005, página 3, transcre vo o se guinte tre cho: “C om base ne ssa ce rtidão, o ministro Nilmário M iranda, se ­ cre tário dc Dire itos Humanos, de fe nde u que os proce ssos de in­ de nização à família C ardoso e aos pare nte s de todos os militante s de e sque rda, vitimas dos próprios grupos cm que mihtavam, se jam analisados e aprovados pe la C omissão de Anistia.” “Justiçamento” dc Jacqucs Moreira de Alvarenga - 28/06/1973 A R e sistência Armada Nacionalista (R AN), criada a partir do M ovime nto de R e sistência M ilitar Nacionalista, ainda no Uruguai, sob a influência dos so­ nhos re volucionários de Brizola. congre gava militare s c civis e m tomo do obje ­ tivo dc tomar o pode r no Brasil, pe la luta armada. Uma das prime iras açõe s da R AN, ainda no Uruguai, foi a invasão da E m­ baixada da e ntão T chccocslováquia, e m M onte vidéu, e m 11de junho de 1967, por um grupo de se te brasile iros que de se javam viajar para 1lavana, para faze r curso cm C uba. E m 1973, algumas organizaçõe s te rroristas e stavam che gando ao fim. O s “quadros" que continuavam atuando e stavam re du/idos. A ação e ficie nte e e nér­ gica dos órgãos dc se gurança limitava o movime nto dos militante s Alguns havi­ am morrido, outros e stavam pre sos e muitos tinham fugido para o e xte rior. “J ustiçamcnto” de C arlos Albe rto C ardoso - 13/11 /1971 358-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra Portanto, a pe rda de um militante e ra irre paráve l Nào havia como substitui-lo O jove m, ale rtado, sabe ndo que e ra usado, já nào e ra facilme nte cooptado para a luta armada. Ne sse me smo ano, o líde r da R AN, Amade u de Alme ida R ocha (coman­ dante Amade u), que foi pre so na Gue rrilha de C aparaó, logo de pois de libe r­ tado, voltou à luta armada. Um dos poucos militante s que re stavam da R AN e ra o profe ssor J acque s M ore ira de Alvare nga. Para sua infe licidade , no curso onde dava aulas para ve stibulandos, conhe ce u e tomou-se amigo de M e rival Araújo, o “Zé", da ALN, um dos participante s do assassinato do de le gado O ctávio Gonçahe s M ore ira J únior. No dia 22 de fe ve re iro de 1973, a R AN, ne ce ssitando de armas, assaltou a 16aInspe toria da Guarda Noturna, órgào e xiste nte na época, na R ua Uruguai, na T ijuca, R io de J ane iro. Participaram da ação: J osé Sérgio Vaz - “Luiz”; He rme s M achado Ne to - “Antônio"; J cffe rson Santos do Nascime nto - “Santos", e J osé F lávio R amalh» > O rtigào - “J oão". O produto do roubo, 19 re vólve re s, foi e ntre gue ao “comandante Amade u", nos fundos do Hospital Pe dro E rne sto. E le e J úlio F e rre ira R osas F ilho, “T e ixe ira" - profe ssor da F aculdade E stácio de Sá ficaram e ntusiasmados com o suce s­ so da ação. O “comandante Amade u” che gou a re digir um comunicado à im­ pre nsa, onde a R AN assumia a autoria do assalto. Animados com o novo “arse nal", os quatro militante s da ação ante rior, agora re forçados por Sandra I^azzarini, “T ânia”, médica re side nte no Hospital Pe dro E rne sto, assaltaram a re sidência de um médico, na R ua Se nador Ve rgue iro, no F lame ngo, de onde le varam dinhe iro, jóias e açõe s ao portador. E ufóricos, os militante s come çaram a facilitar com a se gurança c passaram a come te r e rros, se ndo pre sos. Por se gurança, o profe ssor J acque s re ce be u de J úlio F e rre ira R osas F ilho um pacote com algumas das armas roubadas e a incumbência de se de sfaze r de las, já que os militante s da R AN e stavam se ndo pre sos. O "Profe ssor", como e ra conhe cido, e ntre gou as armas ao amigo e militante da ALN M e nval Araújo. No dia 5 de abril de 1973, foi a ve z do “comandante Amade u" se r pre so c “e ntre gar" vários militante s da R AN, inclusive o profe ssor J acque s, que tam­ bém foi pre so. Durante se us de poime ntos na polícia, o profe ssor “abriu" um contato que te ria com M e rival T ambém pre so, M e nval “abriu um ponto". Le ­ vado ao local para a “cobe rtura", te ntou fugir e foi morto. A ALN pe rde u um dos se us “quadros" mais ativos e viole ntos e jamais pe rdoaria o profe ssor J acque s. A ve rdade sufocada - 359 A libe rtação do “Profe ssor", um mês de pois, de ixou a ALN e xcitada. E ra pre ciso vingar M e rival e , para isso, os se us militante s tinham prática. J á haviam “justiçado", só ne sse ano, duas pe ssoas. ü “T ribunal R e volucionário” foi novame nte convocado e o profe ssor J acque s conde nado à morte , se m dire ito à ape lação. M ana do Amparo Alme ida Araújo, irmã de Luís Alme ida Araújo, ambos da ALN, participou do le vantame nto dos hábitos do "Profe ssor". M aria do Am­ paro Alme ida Araújo é, hoje , pre side nte do Grupo T ortura Nunca M ais, e m Pe rnambuco. E m 28 de junho de 1973, às 11hl 5, o companhe iro de M aria do Amparo, T homaz Antônio da Silv a M cire lle s Ne to, “Luis", um dos mais viole ntos militan­ te s daALN, que também participara do assassinato do de le gado O ctávio, che ­ fiando dois militante s daALN, nunca ide ntificados, re nde u o porte iro do C olé­ gio Ve iga dc Alme ida, da R ua São F rancisco Xavie r, naT ijuca. Invadiram a e scola e e ncontraram o profe ssor J acque s se ntado numa sala de aula, re digindo uma prova para os vcstibulandos do curso M C B. Quatro tiros dc pistola .45 mataram o profe ssor, me nos de três se manas de pois de te r sido solto C m cadáve r, muito sangue no chão e uma das pare de s pichadas com a sigla ALN, foi o que e ncontraram os policiais ao che gare m no local. Para os te rroristas, o ‘T ribunal R e volucionário" de tinha o pode r da vida e da morte e e sse assassinato e ra um “justiçame nto" Na re alidade foi mais um crime dos comunistas brasile iros (www te muma.com.br - DLM O NT , I- - Jus- tiçamentos). “J ustiçame nto" dc Salatie l T e ixe ira R olini - 22/07/1973 Salatie l usava os codinome s de “C hinês" c o nome falso de R obe rto Pe naforte . C ome çou sua militância no Partido C omunista Brasile iro (PC B). E m 1969, juntame nte com M ário Alve s, J acob Gore nde r e Apolônio dc C arvalho, ajudou a fundar o Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR ) e par­ tiu para a luta armada. E ra casado com R uth He rminia, que também foi militante do PC B e de pois do PC BR . 1'inha 5 filhos e 45 anos de idade , quando foi assassinado Se u filho mais ve lho. Sérgio, optou pe lo M o\ ime nto R e volucionário 8 de O utubro (M R - 8), e nquanto que Silvio, outro filho, e ra um quadro do Partido C omunista do Brasil (PC doB). C omo ve mos, a família e ra de comunistas e bastante atuante E m julho de 1973, R amircs M aranhão do Vale , R anúsia Alve s R odrigue s, Almir C ustódio dc Lima e Vitorino Alve s M outinho, iniciaram o plane jame nto do assassinato de Salatie l, que saíra da prisão, um ano ante s. 360-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Pe sava contra e le a acusação de traição e de corrupção, nunca e sclare cidas Quanto à acusação de traição, re sponsabilizavam-no pe la prisão dos inte ­ grante s do C omitê C e ntral, e m 1970, e ntre e le s M ário Alve s. Quanto à acusação de corrupção, ale gavam que e le te ria se apropriado dc 1,7 milhõe s de cruze iros, da cota de sviada do Banco do Brasil por J orge M e de iros Valle , o “Bom Burguês", e , com e sse dinhe iro, adquirido o Bar E s­ corre ga, onde foi assassinado. Se gundo a re portage m da re vista 1stoÊ, de 05/08/1987, sob o título ‘T e rrorismo - O utra face da violência”, se u filho Sílvio R olim de fe nde o pai quando diz: *‘A ge nte sabia que e le não e ra um traidor. Quando me u pai che gou na Policia do E xército, e le s já tinham lá todos os nome s, e nde re ços e fotos ” Se gundo a re portage m, a família de Salatie l se mostraria ainda mais mago­ ada com a acusação de de svio de re cursos. C onforme afirmou Sílvio: " l  em casa sempre faltou tudo para o mínimo Se gundo foi apurado, Salatie l nunca foi proprie tário do Bar E scorre ga; e ra ape nas um e mpre gado. No dia 22 de julho de 1973, Salatie l e stava no se u local de trabalho, o Bar E scorre ga, na e squina das R uas Dias F e rre ira e R ainha Guilhe rmina, no Le blon, R io dc J ane iro, quando se us companhe iros do PC BR , R amire z M aranhão do Vale , Almir C ustódio de Lima e outro militante e ntraram no bar. Acomodaram-se nos tambore te s e ace itaram uma batida que Salatie l lhe s ofe re ce u. Ainda não tinham tomado toda a be bida quando avisaram ao “C hinês” que e stavam ali para e xe cutá-lo, por traição ao PC BR . I me diata­ me nte , sacaram se us re vólve re s e atiraram ao me smo te mpo. Salatie l te ve morte instantâne a. Um de le s, com um spray, e scre ve u nas pare de s “trai­ dor”. De pois e spalharam panfle tos c fugiram num Volks, dirigido por R anúsia. Se gundo a me sma re portage m da IstoE. um dos assassinos se na o profe s­ sor A.C ., um quadro do PC BR , que e m 1987 militava no PT . Ao falar no assassinato, A.C . não de monstra ne nhum re morso Aliás, de clara para justificar a e xe cução. “Matei por amor u humanidade” O profe ssor A. C .. tão corajoso que , se gundo e le , assassinou se u compa­ nhe iro de organi/açào por uma causa nobre , não de ve ria te r me do de assumir a sua participação ne sse crime re voltante . E nquanto e le se omite , as suspe itas A ve rdade sufocada - 361 de sse crime e ste nde m-se a militante s do PC BR com as injciajs A C ., poucos, e ntre os que ainda e stão vivos. A se guir transcre vo o panfle to jogado no local do assassinato: “C O M UNIC ADO 22 de julho de 1973 Assumimos a re sponsabilidade pe la e xe cução de sse traidor e corrupto O indivíduo Salatie l (C hinês), e x-mihtante e e x-mcmbro do C omitê C e ntrai do Partido C omunista Brasile iro R e volucionário (PC BR ), pre so pe la re pre ssão no inicio do ano de 1970, é conde ­ nado à inorte por - corrupção e apropriação individual na utilização do dinhe iro da re volução e do partido, dinhe iro e ste conse guido pe la organiza­ ção para a luta re volucionária popular, •de lação aos "órgãos de se gurança inte rna" de uma série de companhe iros re volucionários que poste riorme nte foram subme ti­ dos às mais brutais torturas após se re m pre sos pe la ditadura; - colaboração abe rta com o inimigo, e ntre gando às F orças Po­ liciais C ontra-R e volucionárias uma série de moradias e o patrimônio da re volução e do partido. T odos e sse s crime s significam a prova clara da sua alta trai­ ção ao povo e á re volução A re volução te m o de ve r de e liminar todos os torturadore s, de latore s, traidore s e inimigos do povo que te nte m de te r o caminho da vitória do povo sobre o impe rialismo e sua ditadura militar A re volução te m o de ve r de , à mão armada, faze r pagar pe los se us crime s, todos os que me re ce m. Assim, cumprimos o nosso de ve r e m aplicar me re cidame nte sobre e ste e le me nto a justiça Ao povo ofe re ce mos a luta Aos torturadore s, traidore s e inimigos do povo, a morte Partido C omunista Brasile iro R e volucionário C omando M ário Alve s - PC BR ." “Tribunal Revolucionário” nas matas do Araguaia “C om o pre te xto de não dispor de uma e strutura administrati­ va que lhe s pe rmitisse isolar de se rtore s, e le me ntos não colabora­ dore s ou militare s e ve ntualme nte caídos prisione iros ou fe ridos. 362-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra as F orças Gue rrilhe iras do Araguaia (F O GUE R A) constituíam os “T ribunais R e volucionários'' para “julgar” e “justiçar” inde se já­ ve is A e sse pode r supre mo são cre ditadas as morte s de R osalindo de Souza (M undico), militante de se rtor, c dos moradore s locais O smar, “Pe dro M ine iro” c “J oão M ate iro”. A e liminação fria de inimigos foi tacitame nte admitida no Relató  rio Arroyo - E ditora Anita Garibaldi - 1996.” www.te muma com br “Justiçamento” dc João Pereira - 29/06/1972 C om a prisão e a confissão de Pe dro Albuque rque , militante que abandonara a áre a de gue rrilha e fora pre so e m F ortale za, os órgãos de se gurança tive ram a ce rte za da pre se nça de gue rrilhe iros na R e gião do Araguaia. Hnviaram, e nlâo, uma e quipe para localizar a áre a onde os gue rrilhe iros e stavam instalados. Ao e ncontrare m a casa de Antônio Pe re ira, um mate iro que morava nos confins da Picada de Pará da Lama, a 100 km de São Ge raldo, e sse ofe re ce u o filho de 17 anos, J oão Pe re ira, para guiar a e quipe e m se u de slocame nto no inte rior da se lva. C om ce rta re lutância a e quipe ace itou o ofe re cime nto O ra­ paz guiou a e quipe por uma manhã, das 5 horas até ao me io-dia. De scobe rta a colaboração do jove m, inte grante s da gue rrilha do PC doB. e m 29 de junho de 1972, foram à casa do se u pai, pre nde ram-no e , no quintal, na fre nte de se us ge nitore s, cortaram prime iro uma de suas ore lhas, de pois a outra, se us de dos, suas mãos e , finalme nte , acabaram com a tortura do me nino M ataram-no com uma facada. Some nte o pai assistiu a morte do filho. A mãe . há muito, já pe rde ra os se ntidos A tortura e a morte do rapaz de ve riam se rvir de e xe mplo para que ne nhum outro mate iro auxiliasse as autoridade s na busca dos gue rrilhe iros. Se gundo o re latório dc Ânge lo Arroyo, um dos che fe s dos gue rrilhe iros na re gião: “/í morte desse bate-pau causou pânico entre os demais da zona" O bse rvação; “bate -pau", te rmo usado para de signar o guia. o mate iro. “Justiçamento” de Osmar - ../09/1972 T re cho do de poime nto do bate -pau Ve nâncio dc J e sus: ‘E ncontre i, no caminho, com o O smar lira um mate iro admi­ rado por O svaldâo por causa de se u domínio sobre a mata O smar mc disse que e stava muito pre ocupado porque o E xército o obri­ gava a guiar os soldados pe la flore sta e tinha me do dc acabar A ve rdade sufocada - 363 morre ndo. Pe diu-me para avisar ao O svaldão que e stava se ndo forçado a isto, mas que só dava umas voltinhas por pe rto e os soldados já ficavam satisfe itos Ganhe i do O smar um pe daço de carne de onça e parti, se m falar qual e ra o me u de stino De pois ficamos sabe ndo que e le fora cooptado de fato pe lo E xército e o nosso de stacame nto acabou justiçando-o ” (F onte http://'www de sapare cidospoliticos.org.br/araguaiaY “Justiçamento” de Pedro Ferreira da Silva - “Pedro Mineiro'* - 12/03/1973 No dia 12 de março de 1973, O svaldão julgou, conde nou e mandou e xe cutar “Pe dro M ine iro", por se r informante do E xército. A se nte nça foi e xe cutada por um grupo que o trucidou a golpe s de e nxadas e foice s. “Justiçamento” de Kosalindo de Souza, “Mundico” - 16/08/1973 M undico, militante do PC doB, participou ativame nte do movime nto e stu­ dantil F ormou-se advogado na F aculdade C ândido M e nde s, E m abril de 1971, foi para C aianos participar da Gue rrilha do Araguaia, como comandante do De stacame nto C M orre u cm se te mbro de 1973 e , para sua morte , se us companhe iros têm ve rsõe s dife re nte s Para o R e latório Arroyo. “ a morte de "Mundico ", do C, por acidente, com a arma que portava". Para E lza M one rat, e m de poime nto no C ongre sso: “Parece que sua morte não teria sido acidental Teria sido assassinado por um "bate-pau E xiste uma te rce ira ve rsào e ntre os companhe iros do PC doB de que te ria se suicidado J osc Antônio de Souza, irmão de “M undico'\ auditor fiscal e m ilhéus, de clara “Acho muito e stranho falar e m acide nte de armas com R osalmdo, pois todo mundo sabe que e le tinha muita e xpe riência como caçador e e ra e xímio atirador.” Nos arquivos do DO PS'SP consta que e le foi justiçado pe los companhe i­ ros e m 16 de agosto de 1973. (F onte : httpV/www.de saparccidospolilicos.orR .br/araguaia). 364-C arIos Albe rto Bnlhante Ustra Ne m me smo os pobre s e inde fe sos animais e stavam livre s do fatídico "tri bunal” A cade linha “Diana” ou, para alguns, “C oroa”, também foi uma dc suas vítimas. Provave lme nte se us filhote s, privados do le ite mate rno, talve z nào te ­ nham sobre vivido, como se pode ve r a se guir: “T ais “órgãos de justiça” e ram motivo de inte nsa propaganda, obje tivando de se stimular de laçõe s e constituir e le me nto de pre s­ são psicológica. Irracional e vítima da "racionalidade gue rrilhe i­ ra", a cade linha “Diana”, mascote do De stacame nto A, foi justiçada a facadas, pe lo militante M iche as Gome s de Alme ida, o “Ze zmho”, acusada de de nunciar a posição do De stacame nto, por de slocar- se , le vada pe lo instinto mate rno, do ponto onde se e ncontravam os se us amigos home ns até o lugar onde e stavam os se us filhote s, para, simple sme nte , dar-lhe s de mamar.” www.te muma.com.br. E ra e ssa a "justiça” re volucionária. E sse s foram alguns de se us crime s. Ine scrupulosos, como se mpre , e xtorque m dos cofre s públicos vultosas re com­ pe nsas, como forma de “re paração”. Que m os re compe nsa pratica o me smo tipo de “justiça", ve nal e crue l. A dife re nça é que , agora, somos nós, contribuinte s brasile iros, os “justiçados”. Pe lo visto, o “T ribunal R e volucionário” continua e m se ssão pe rmane nte . M udaram ape nas os “juize s” e a conde nação. Márcio Toledo Leite ' justiçado " por discordar da direçào da ALS A dissidência da ALN e o Movimento de Libertação Popular - MOLIPO Amorte de M anghe ila, e m 1969, foi o prime iro re vés sério sofndo pe la AJ ,N C om a que da dos dominicanos, inúme ras prisõe s foram e fe tuadas, vários "apare ­ lhos" de scobe rtos, inclusive uma fábrica de armas e m M ogi das C ruze s, Sào Paulo. E sse s fatos causaram sérios proble mas à organização. E mbora M arighe lla, figura carismática, fosse um ídolo para os militante s da ALN, J oaquim C âmara F e rre ira, (T ole do), ve lho militante do PC B, como M arighc !la, e ra o me ntor inte le ctual das principais açõe s. Sabe dor dos proble ­ mas que e ssa morte pode ria causar na ALN, "T ole do", que e stava na E uropa, assumiu o C omando Nacional e apre ssou-se a ir a C uba, e m 1970, confabular com os asse ssore s cubanos e procurar o apoio do "III E xército da ALN", que fazia cursos de gue rrilha de sde 1969. E stava nos planos de M arighe llao inicio da gue rrilha rural, o mais rápido possí­ ve l, ainda e m 1969, mas com sua morte houve um re traime nto dos me mbros da organização. 'T ole do" plane java a gue rrilha rural da se guinte forma: "... a prime ira fase com açõe s gue rrilhe iras, isto é, pe que nos gru­ pos assaltariam e que imariam cartórios onde e stive sse m re gistradas as proprie dade s de te rras de faze nde iros; assaltariam armazéns e de ­ pósitos de vive re s, distribuindo-os e ntre as populaçõe s; matariam gado e dariam às famílias dos campone se s; e xe cutariam alguns faze nde i­ ros malquistos por se us e mpre gados C om isso, a consciência das massas do campo de spe rtaria. T re inariam, na prática, açõe s gue rri­ lhe iras rurais e ganhariam ade ptos campone se s para o te rrorismo no campo. De ssa fase , passariam à gue rrilha propriame nte dita, criando um E xército de Libe rtação Nacional ” "T ole do" re e rgue u a organização, re iniciando a gue rrilha urbana e implan­ tando e m Impe ratriz, no M aranhão, uma áre a de gue rrilha rural. Ampliou as ligaçõe s da ALN e m C uba e na E uropa. O rganizou um e sque ­ ma para arre cadar re cursos finance iros para a gue rrilha. Para isso, fre i O svaldo Augusto de R e ze nde atuava e m R oma, onde fazia contatos com um partido político de e sque rda italiano, Havia também ligaçõe s na Argélia, C hile , Uruguai, Bolívia, F rança, Suécia e Ale manha. Ape sar das atividade s dc "T ole do" agradare m a alguns, a de mora e m de slanchar a gue rrilha rural e a falta de apoio ao se tor de massa de sconte ntavam outros militante s que e stavam no Brasil e , principalme nte , os inte grante s do chamado "111 E xército da ALN", que se pre parava militarme nte , de sde 1969, e m C uba. 366-C arlos Albe rto Bnlhante Ustra E m 23 de outubro de 1970, “T ole do", ao "cobrir um ponto" na Ave nida Lavandisca, e m Indianópolis, São Paulo/SP, foi pre so. Ao se r le vado pe la po­ lícia, cardíaco, te ve um infarto e morre u ante s de che gar ao DO PS. Se a pe rda de M arighe lla come çara a de se struturar a ALN, a de "T ole do" foi o início da sua de rrocada. Se m um grande líde r, os proble mas na organiza­ ção se agravaram. O “III E xército da ALN", também chamado de “Grupo da Ilha", “Grupo dos 28" ou “Grupo Primave ra", cada ve z mais dive rgia do C omando Nacional De sconte ntame ntos com a de mora do de se ncade ame nto da gue rrilha rural; com a longa e spe ra pe la che gada de outros e le me ntos que substituiri­ am o grupo; com a falta de conforto num país se m re cursos; com a proibi­ ção do gove rno cubano de circulare m e m de te rminadas áre as de Havana, com a proibição dc contato com o povo nativo; e com a clausura cm que viviam, impe didos, até me smo, de contatar com outros brasile iros, tudo isso de se stimulava o “Grupo dos 28”. Aos poucos foi surgindo a idéia dc formação de uma nova organização. Yuri Xavie r Pe re ira, do C omando Provisório da ALN, sabe dor da dissi­ dência, foi aC uba plane jar a volta ao Brasil e , principalme nte , buscar um e nte n­ dime nto com o “Grupo dos 28”, que conse guira, me smo a distância, ade ptos e ntre os militante s que e stavam no Brasil. Após uma re união com a cúpula do grupo disside nte , composta por Antô­ nio Be ne tazzo, C arlos E duardo Pire s F le ury e J e ová Assis Gome s, Yuri se ntiu a impossibilidade dc uma união do “Grupo.dos 28” com a ALN F icou e ntão e stabe le cido que o grupo re tomaria por conta própria. O s prime iros militante s a che gar ao Brasil tinham a missão de criar condi­ çõe s para o re tomo dos de mais. Dois grupos foram formados. Um atuaria no inte rior, na R e gião C e ntro- O e ste e norte de Goiás, para implantar a gue rrilha rural; o outro atuaria nas cidade s, le vando sangue novo à gue rrilha urbana. Logo come çaram a se re e struturar como nova organização Procuraram ade ptos e ntre os disside nte s e os e ncontraram no Se tor de M assa da ALN Sílvia Pe roba C arne iro Ponte s, coorde nadora do Se tor E studantil da ALN, orie ntava a formação dos “C omandinhos” (e le me ntos e m fase de aliciame nto) que , nos se us locais de trabalho ou nas e scolas, re ce biam formação políti­ ca, por me io de le ituras orie ntadas e discussõe s, indo de pois faze r parte do Se tor de M assa. E sse se tor e stava de sconte nte com a ALN que não se de dicava com afinco ao aliciame nto de novos militante s. O “Grupo da Ilha", no final de 1971, associou-se ao Se tor dc M assa e a outros disside nte s da ALN no Brasil e fundaram o M ovime nto de Libe rtação Popular - M olipo - com a se guinte organização: A ve rdade sufocada - 367 A partir de sua constituição, o M olipo mostrou-se uma organização te rro­ rista mais sanguinária que a própria ALN. F e z que stão de mostrar toda a sua violência na gue rrilha urbana, praticando roubos de carros, assaltos a viaturas militare s, radiopatrulhas e ate ntados a bomba. Não fe z maiore s vítimas porque foi logo de sbaratada. O outro grupo, de stinado à gue rrilha rural, abandonou a áre a inicial e instalou-se ao longo do R io São F rancisco, e ntre Ibotirama e Bom J e sus da Lapa, na Bahia. O prime iro a che gar foi Boane rge s de Souza M assa, e m maio, e stabe le ce ndo-se e m Bom J e sus da Lapa. E m junho che gou C arlos E duardo Pire s F le ury e e m julho J e ová Assis Gome s e R ui C arlos Vie ira Be rbe rt ü ce rco a Lamarca, na re gião, pre judicou a áre a e scolhida. De ixaram e n­ tão a Bahia e se dirigiram para Araguaina, onde participariam, também, do trabalho dc campo Sérgio C apozzi, sua mulhe r, J ane Vanini, e O távio Ange lo. R ui C arlos Vie ira Be rbe rt e Boane rge s de Souza M assa foram para Balsas no M aranhão. O s planos incluíam inte mar-se no campo, familiarizar-se com aáre a, con­ quistar a confiança dos habitante s e , apoiados pe los e le me ntos da gue rrilha urbana, iniciar as atividade s na zona rural. A violência e o fanatismo da nova organização e ra tão grande que havia um compromisso e ntre e le s, fe ito e m C uba, de morre r lutando, jamais se e ntre gar. R e sistir â prisão até a morte . Não de viam se r pre sos vivos para não colocare m e m risco a organização. -C arlos Albe rto Bnlhante Ustra 0 M olipo foi de smante lado e m pouco te mpo, com a que da da maioria dos compone nte s do “Grupo dos 28" e com a morte de alguns que , se guindo a me ntação re ce bida nos cursos de gue rrilha e m C uba, re agiam se m se e ntre gar -oram poucos os que sobre vive ram do “Grupo dos 28". R e lação nominal do “Grupo dos 28”, “Grupo Primave ra" ou “Grupo da Ilha” 1- Ayllon Adalbe rto M ortati (T e ne nte ); 2 - Ana C orbisie r M ate us (M aria); 3 - Ana M aria R ibas Palme ira (Amália); 4 - Antônio Be ne tazzo(J oe l), 5 - Amo Pre is (Arie l); 6 - Boane rge s de Souza M assa (F e lipe ); 7 - C arlos E duardo Pire s F le ury (Humbe rto); 8 - F lávio C arvalho M olina (Armando); 9 - F rancisco J osé de O live ira (F austo); 10 - F re de rico E duardo M ayr (Gaspar); 11 - Hiroaki T origoe (M ashiro Nakamura); 12 - J ane Vanini (C arme n); 13 - J e ová Assis Gome s (O svaldo); 14 - J oão C arlos C avalcanti R e is (Vice nte ); 15 - J oão Le onardo da Silva R ocha (M ário); 16 - J oão Ze fe rino da Silva (Alfre do); 17 - J osé Dirce u de O live ira e Silva (Danie l); 18 - J osé R obe rto Arante s de Alme ida (Luiz); 19 - Lauribe rto J osé R e ye s(Vinícius); 20 - Luiz R aimundo Bande ira C outinho (M arcos); 21 - M árcio Be ck M achado (T irso); 22 - M aria Augusta T homaz (R e nata); 23 - M ário R obe rto Galhardo Zanconato (Lucas); 24 - Natanae l de M oura Giraldi (C amilo); 25 - R ui C arlos Vie ira Be rbe rt(SiIvino); 26 - Sílvio de Albuque rque M ota (Sérgio), 27 - Vinicius M e de irosC alde villa(M anoe l); e 28 - Washington Adalbe rto M astrocinque M artins (C omandante R aul). F aziam parte do 111E xército da ALN e continuaram mante ndo o vínculo cm a ALN ltobi Alve s C orre ia J únior, Sérgio C apozzi e J aime Vanini. A ve rdade sufocada - 369 José Dirceu c o Molipo E m 5 de se te mbro de 1969, J osé Dirce u (Danie l), me nos de um ano de pois da sua prisão e m Ibiuna, foi um dos 15 militante s comunistas banidos para o M éxico, e m troca da vida do e mbaixador dos E UA, se qüe strado pe la ALN e M R -8 (M ovime nto R e volucionário 8 de O utubro). C he gando ao M éxico, se ­ guiu para C uba, onde participou de cursos de gue rrilha, faze ndo parte do “III E xército da ALN" ou “Grupo da Ilha", ou ainda, “Grupo Primave ra”. J osé Dirce u, “Danie l”, se mpre foi vinculado ao agrupame nto comunista, que de pois se transformou na ALN. E m C uba, passou a faze r parte do grupo disside nte que , de volta ao Brasil, fundou o M olipo. No total, J osé Dirce u pe rmane ce u e m C uba durante 18 me se s, quando te ria fe ito uma ope ração plástica nos olhos e no nariz. No pe ríodo e m que e ste ve e m C uba. voltou várias ve ze s ao Brasil, clande stiname nte , com docu­ me ntos falsos, e ntre 1971 e 1973. A re vista ís/oE, de 15/12/2004, publicou o se guinte sobre as de claraçõe s de J osé Dirce u à re vista: “ Dirce u j á re come çou do ze ro várias ve ze s e te ve tantos no­ me s falsos que ne m e le se le mbra uma ide ntidade falsa e ntre 1971 e 1973, se u prime iro re tomo no Brasil na clande stinidade , vários codi nome s e passaporte arge ntino ” “ . Novo re come ço: fe z tre iname ntos militare s e de clande sti ­ ni dade ’'. “C onstruí uma história, le ve i se is me se s para isso. Você atua quase como um ator, se não é morto. Passe i a e ntrar e sair do Brasil com arma, i nformação e docume ntos, re l e mbra.” J osé Dirce u só voltou de finitivame nte ao Brasil, como se mpre clande stino, e m abril de 1975, quando a luta armada já havia te rminado. C om o nome falso de C arlos He nrique Gouve ia de M e lo, radicou-se e m C ruze iro d’O e ste , no Paraná, como caixe iro viajante . E sta re gião foi se le cionada pe la inte ligência cubana para faze r parte do cur­ rículo dos cursos de gue rrilha ministrados aos brasile iros, se ja para ate nde r aos inte re sse s de J osé Dirce u; se ja pe la localização e stratégica da áre a; se ja pe ia facilidade de ace sso, homizio, dispe rsão, fuga e ace sso a outras áre as; se ja pe la possíve l e xistência, na época, de uma e strutura de apoio que re ce be sse e de sse se gurança a J osé Dirce u; se ja, ainda, pe la conjugação de sse s e de outros fato­ re s a se re m conside rados. E m C ruze iro d'O e ste , com docume ntos falsos, casou-se com C lara Be cke r, com que m te ve um filho. Some nte de pois da anistia, e m 1979, sua mulhe r to­ mou conhe cime nto de sua ve rdade ira ide ntidade . 370-C arlos Albe rto Brilhante Ustra J osé Dirce u, ate junho de 2005, e ra che fe da C asa C ivil e o home m foi u· do PT no gove rno Lula. C om o e scândalo nos C orre ios e as de núncias do “me nsalão” - propinas que se riam usadas para compra de apoio ao gove rn« ► - pe diu de missão do cargo e voltou à C âmara, onde , como pe ça chave do e sque ma, se gundo o de putado R obe rto J e ffe rson, do PT B, foi inquirido n.i C PI instalada para apuração de possíve is irre gularidade s. E m 30/11/2005, por 293 votos a 192, te ve se u mandato cassado pe lo Ple nário da C âmara c pe rde u se us dire itos políticos por 8 anos. Na re alidade e le te rá de e spe rar de z anos para pode r concorre r, de mocraticame nte , a algum cargo e le tivo. R e ce io que e le não te nha paciência e principalme nte bom se nso e te nu· apoiado por se us antigos camaradas de armas e inspirado e m se u ídolo e amiiu» ditador F ide l C astro, chcgar novame nte ao pode r através de uma luta armada O que me pre ocupa são suas de claraçõe s transcritas no artigo do historia dor C arlos I. S. Azambuja - “Sou um cubano-brasilciro”, publicado cm Miilia Sem Máscara - www.midisse mmascara.ore de 07/01/2006 : “No início de abril dc 2003, J osc Dirce u voltaria ao assunto, de cl arando que a ge ração que che gou ao pode r com o pre si de nte Lul a de ve mui to a C uba. L e mbrou que nos anos do re gi me mi l itar a e sque rda te ve a sol idarie dade de C uba com “sua mão ami ga e se u braço forte .” "A ge ração que che gou ao pode r com Lula é de ve dora dc C uba. E me conside ro um brasile iro-cubano e um cubano-brasile iro.” “J osé Di rce u e m um se mi nári o do Parti do dos T rabal hado­ re s, re al i zado di as 15 e 16 abr 89, às véspe ras da e l e i ção pre si ­ de nci al, j á vi sl umbrando uma vitóri a de Lula, e re cordando-se do tre i name nto mi l i tar que re ce be u cm C uba, com o nome dc “C mt Dani e l ", disse : “£//; vez de comandar uma coluna g u e r r i l h e i   ra, o g r a n d e s o n h o de minha vida, vou t e r q u e c o m a n d a r uma c oluna de carros oficiais em Brasília Algumas açõe s da DI /ALN e do M olipo cm São Paulo 1971 - Assalto ao Supe rme rcado Ao Barate iro, da R ua C lodomiro Amazonas; -Assalto à PUC /SP, na R ua M onte Ale gre ; -Assalto ao Supe rme rcado M orita. R ua Padre Antônio dos Santos; - Dois assaltos ao Supe rme rcado Ao Barate iro. na Ave nida Água l- unda; A ve rdade sufocada - 371 - Novo assalto ao Supe rme rcado Ao Barate iro, R ua C lodomiro Ama­ zonas; - Assalío à E scola E ducabrás, da R uaT abor, bairro Ipiranga; - Assalto ao 37° C artório de R e gistro C ivil, para roubar docume ntos; - Assalto à agência do M inistério do T rabalho; - Assalto à firma Ke lmaq, na Barra F unda; - Assalto a um caminhão da Swift; - Novo assalto ao Supe rme rcado M orita; - Assalto à agência do Brade sco, na R ua C e zar C astiglione J únior; - Panfle tage m armada e m Santo André; -Assalto ao Hospital Pamplona; - Assalto a uma casa de apare lhos de plastificar, na Lapa; - Panfle tage m armada no bairro do Sapope mba; -Assalto a um posto de ide ntificação, na R ua Dr. E rasmo de Assunção, n° 31; -Assalto, incêndio c roubo dc armas de uma radiopatrulha, e m São C ae ta­ no do Sul, onde o soldado da PM SP, Norival C iciliano, foi fe rido grave me nte com um tiro no abdôme n; -Ate ntado a bomba no C onsulado da Bolívia, causando fe rime ntos grave s e m 10 pe ssoas, inclusive um me nor de idade ; - Propaganda armada com o incêndio de um ônibus da C ompanhia de T rans­ porte s Urbanos S/A (T USA). Na ocasião foi morto o cabo da PM SP Ne lson M arti ne z Ponce , com uma rajada de me tralhadora disparada por Aylton Adalbe rto M ortati; -Assalto ao R e staurante Bie rhale , e m M oe ma; - Ate ntado fracassado com bombas ince ndiárias no M appin (grande loja de de partame ntos); -Assalto a um posto de ide ntificação e m Santo André; - Ate ntado, com incêndio a um ônibus, na Vila Brasilândia; - Assalto, incêndio e roubo dc armas contra a radiopatrulha pre fixo 02; -Assalto à fábrica de pe rucas De jan; - Ate ntado a bomba e haste ame nto da bande ira M arighe lla no prédio do jornal A Gazeta, na Ave nida Paulista; - Bomba, fe lizme nte de sarmada, no inte rior de um ve ículo abandonado na R ua J oão M oura (finalidade , atingir órgão de se gurança); - Assalto à indústria de máquinas AM F ; - Ate ntado a bomba contra o e scritório da E sso, na R ua Pe dro Américo; - Ate ntado a bomba contra a loja Se ars, na Agua Branca, e m São Paulo; - Assalto, incêndio e roubo de armas contra a radiopatrulha de pre fixo 10, no 1.argo Se nhor do Bomfim. Parque das Naçõe s; - “I A propri ação" de um automóve l Vol kswage n e m Pe rdi ze s; - Assallo ao Banco Nacional de M inas Ge rais, no inte rior das F aculdade s M e tropolitanas Unidas; - Ate ntado a bomba contra o C onsulado Ame ricano, na R ua Padre J oão M anoe l; - Discurso gravado e divulgado na C idade Unive rsitária, através do alto falante dc uma Kombi; - Panfle tage m armada, na fave la da Vila Palmare s; -Assalto à agência da Light na R ua Sique ira Bue no; e -Assallo a uma lojade roupas na R ua Xavante s, no Brás. 1972 - Ao te ntar roubar um carro, Lauribe rto J osé R e ye s e M árcio Be ck M acha do mataram o 10sarge nto da PM SP T homas Paulino dc Alme ida, com uma rajada de me tralhadora. O M olipo come çou a4icair'\ já e m 5 de nove mbro de 1971, com a morte de J osé R obe rto Arante s de Alme ida, cm tirote io com age nte s do DO I/C O DI/II E x. na R ua C e rvante s, n° 71, São Paulo. E m fins de 1972, a organização, praticame nte , já não e xistia. F onte s: -T e rnuma- www.tcmuma.com.br - Proje to O rvil - M ídia Se m M áscara - www.midiase mmascara.om 372-C arlos Albe rto Brilhante Uslra Morte do major José Júlio Toja Martinez Filho 04/04/1971 Ao rcccbe r uma de núncia de que na R ua Nique lândia, n° 23, cm C ampo Grande , R io de J ane iro, um casal tinha hábitos e stranhos e talve z fosse sub­ ve rsivo, a Se gunda Se ção da Brigada Pára-que dista re solve u ave riguar o informe ante s de e ncaminhá-lo aos órgãos de se gurança. Para isso, montou uma “campana” (e sque ma de vigilância) no local, para confirmar se a de ­ núncia tinha fundame nto. No dia 3 dc abril de 1971, uma e quipe che fiada pe lo major J osé J úlio 'l oja M artine z F ilho foi e nviada para a “campana”. As 23 horas, a e quipe e stava a postos, vigiando o “apare lho”. Um táxi e stacionou próximo à casa e um casal saltou do carro. A mulhe r, e m adiantado e stado dc gravide z, e se u companhe iro se dirigiram para a áre a vigiada. O major M artine z, te me ndo riscos para o casal, principalme nte para a ge stante , no caso dos subve rsivos apare ce re m, atrave ssou a rua e foi e m sua dire ção, “de pe ito abe rto”, para avisá-lo dos possíve is riscos e pe dir que se afastasse da re gião. Ime diatame nte , ante s que conse guisse se aproximar, a mulhe r sacou um re vólve r da falsa barriga, por uma abe rtura na roupa, e matou-o instantane a­ me nte . se m lhe dar te mpo para qualque r re ação. O capitão Parre ira, que fazia parte da e quipe , ao te ntar re agir foi grave me n­ te fe rido pe lo companhe iro da mulhe r. Um viole nto tirote io foi iniciado e ntre a e quipe do major e os te rroristas. Ao final, além do major M artine z, e stavam mortos M ário de Souza Prata e M arile na Villas-Boas Pinto, militante s do M R - 8, ambos dc alta pe riculosidade e re sponsáve is por uma e xte nsa lista dc atos criminosos. No “apare lho campanado” foram e ncontrados e xplosivos, armas e muni­ çõe s, além de le vantame ntos de bancos, rotinas dc diplomatas e strange iros e de ge ne rais, para futuras açõe s. “Um pre ito de saudade ” (Por se u companhe i ro, de sde a E scol a Pre paratória, corone l C í ce ro Novo F ornari ) “J osé J úlio T oja M arti ne z F ilho foi matri culado na E scola Pre ­ paratória de São Paulo, atual E scol a Pre paratóri a de C ade te s do E xérci to, cm I o março de 1948. E le e ra quase um me ni no e , como os se us cole gas, me i o assustado com a nova vida de i nte rnato sob re gi me militar, longe dc casa e dos anti gos amigos. L ogo nos pri­ me i ros dias. e m vi rtude dc se u e spírito ami go c brincal hão, ganhou o ape l i do de Xazá. F oi de cl arado aspi rante a oficial da Arma de 374-C arlos Albe rto Brilhante Ustra I nfantari a, de ntre os pri me i ros de sua turma, no di a 13 de agosto de 1953. O R E I - R e gi me nto E scol a de I nfantaria - foi a sua grande re al ização como te ne nte e de pois, como capitão, comandando a C ompanhi a de C arros de C ombate . C ursou a E scol a de M ate rial Bélico, a E scola de Ape rfe i çoa­ me nto de O fi ci ai s - E sAO - e a E scola de E stado-M ai or do E xér­ cito - E sC E M E . Ao te rmi nar a E sC E M E , por me re ci me nto inte ­ le ctual, coube -l he e scol he r uma vaga na Bri gada Pára-que di sta - Vila M il i tar - R i o de J ane iro. E m abri l de 1971 re ce be mos a triste notícia que o Zazá, cm ple no e xe rcí ci o de sua função militar, havia sido assassi nado, co­ varde me nte c se m me ios de de fe sa, por uma te rrori sta a que m e le se prontificou a ajudar, pe nsando que se tratava de uma se nhora grávida, me re ce dora de ate nção e spe cial. Armas e m fune ral! O sino do C ampo Santo dobra a finados. C arre gar! Apontar! F ogo! As honras militare s foram pre stadas. O e squi fe do maj or M arti ncz, si mple s como de ve se r o dc um soldado, conduzi do por se us col e gas, familiare s e ami gos, avança e m marcha le nta por e ntre as al éi as do ce mitério. Um corne te i ro e xe cuta as se nti das notas do toque de silênci o. As l ágrimas rolam pe las face s até dos mais e mpe de rni dos. A família e stá ali. O s quatro filhos, na sua inge nuidade de cri an­ ças (a mais ve l ha com onze e o me nor com quatro anos), não se dão conta do drama que os e nvolve . A viúva, se nhora M aria M atilde , e m e stado de choque , re ce be a bande ira que agasalhou a urna fune rá­ ria do se u e sposo. A me sma bande ira brasile ira que o aluno J osé T oja M artine z F ilho, quase um me nino, havia j urado de fe nde r “mes  mo com o sacrificio da própria vida”. E stive ram pre se nte s ao fune ral, e ntre outros, o ge ne ral Size no Sarme nto, ministro do ST M ; ge ne ral Sylvio F rota, comandante inte rino do I E xército; ge ne ral Arie l Paca da F onse ca; ge ne ral M oacyr Barce llos Potyguara, che fe do gabine te do ministro do E xército; ge ne ral IIugo Andrade Abre u; e o co­ mandante da Base Acre a dos Afonsos. A ve rdade sulocadn - 375 O ataúde de ixou a cape la e scoltado por um continge nte do GA Ae rote rre stre c pe lo 1° Batalhão Ae rote rre stre , que com sua banda tocava a M archa F úne bre , e nquanto três aviõe s da F AB sobre voavam o ce mitério. Hoje , numa inve rsão de valore s, os “he róis” são M arile na Villas-Boas Pinto e M ário de Souza Prata, que têm se us nome s, re spe ctivame nte , no DC E da Unive rsidade Santa Ursula e no DC E da Unive rsidade F e de ral do R io de J ane iro. Se rá que os jove ns de ssas unive rsidade s sabe m que e le s, e m nome de uma ide ologia, assaltaram e mataram? A e xpe riência dramática da morte do major M artine z, de soldados da PM , de se guranças, apanhados de surpre sa, fe z com que os órgãos de se gurança se posicionasse m mais no ataque do que na de fe sa. Não podiam continuar pe rde ndo home ns. Movimento Rcvolucionário 8 de Outubro A organização te rrorista re sponsáve l pe lo assassinato do major M artine z foi o M R -8, que surgiu das dive rgências do PC B. E sse grupo, formado na organi­ zação de base da Unive rsidade F e de ral F lumine nse , ficou conhe cido inicial­ me nte como Dissidência Nite rói (Dl/Nite rói). A nova facção, radical e militaris­ ta, tinha o foquismo cubano como mode lo. E m nove mbro de 1966, a Dl/Nite rói rompe u com o PC B e criou o M ovi­ me nto R cvolucionário de Libe rtação Nacional (M O R E LN), cujos principais líde re s e ram e studante s da Unive rsidade F e de ral F lumine nse . Durante o ano de 1967, o M O R E LN aliciou militante s de sconte nte s com o PC B, e m organizaçõe s de base de ope rários de Nite rói, Nilópolis, Nova Iguaçu e C ampos. O M O R E LN pre via o de se nrolar da re volução, como quase todas as orga­ nizaçõe s, por me io da luta armada, que se ria viabilizada e m três fase s: I afase - re conhe cime nto de uma zona ope racional e pre paração de uma áre a para tre iname nto dc gue rrilha; 2afase - tre iname nto gue rrilhe iro; e 3afase - invasão de uma áre a e formação de uma coluna gue rrilhe ira. E m home nage m a C he Gue vara. morto na Bolívia e m 8 de outubro de 1967, o M O R E LN aprovou a mudança de se u nome para M ovime nto R e volucioná­ rio 8 de O utubro. C ome çava assim o prime iro M R -8. No início de 1969, o M R -8 possuía um “comando de e xpropriação” que , após vários roubos de carros, re alizou os se guinte s assaltos: - De pósito do Proje to R ondon, na Unive rsidade do E stado da Guanabara, de onde le varam grande quantidade de mate rial para se r usado no campo; ■M anco Lar Brasile iro, Agência Ipane ma, R io de J ane iro; e * Banco Aliança. Agência Abolição, R io de J ane iro. Oh planos para assaltos e ram muitos, mas tomaram-se de sne ce ssários, pui·. J orjtc M e de iros Vallc, o “Bom Burguês” de stinou ao M R -8 quatroce ntos mil vru/ciros novos, de sviados do Banco do Brasil, proporcionando à organi/.açàt > fxcclcnte situação finance ira. C om e sse dinhe iro pre te ndiam comprar uma faze nda nas proximidade -, das cidade s dc M afra, Lage s, C uritibanos e R io do Sul, para iniciar o tre ina me nto da gue rrilha rural. No e ntanto, uma série de prisõe s de sbaratou o pri inciro M R -8. O s militante s re mane sce nte s re fugiaram-se e m outras organiza V'Acs, como o C O LI NA, a VPR e a ALN. Um dos se us líde re s, R cinaldo Silve ira Pime nta, no dia 27/06/1969, ao te » se u “apare lho” de scobe rto e re ce be r voz de prisão, morre u ao se jogar do undar, do apartame nto 510, da R ua Bolívar 124, e m C opacabana, R io de J a nciro. E sse foi o fim do prime iro M R -8. Alguns me se s de pois, e m se te mbro de 1969, durante o se qüe stro do e mbaixador ame ricano, a Dissidência tia Guanabara (DI/GB) assumiria a de nominação de M R -8. Dissidência Guanabara - M R -8 E m jane iro de 1969, a Dissidência da Guanabara comprou armas no inte ri orda Bahia c iniciou tre iname nto dc tiro numa faze nda próxima a J e quié. E m abril re alizou a III C onfe rência, quando foram tomadas de cisõe s para me lhoi e struturar a luta armada: profissionalizar “quadros”, montar “apare lhos” e e le ­ ge r uma dire ção ge ral (Danie l Aarão R e is, F ranklin de Souza M artins e J ose R obe rto Spicgne r). Após a confe rência, inte nsificaram as açõe s e praticaram 8 assaltos a ban­ cos; 11assaltos a supe rme rcados; 10 assaltos a casas come rciais dive rsas; 6 assaltos a carros transportadore s de valore s; 2 assaltos a re sidências; o prime i­ ro se qüe stro dc um diplomata; o prime iro se qüe stro dc um avião come rcial, no Brasil; 3 ataque s a se ntine las dc unidade s militare s, com furtos de armas; 3 assaltos a garage ns, de onde roubaram mais de 20 carros e inúme ras placas. E ntre suas açõe s de stacam-se as se guinte s: - 8 de outubro de 1969, E lmar Soare s de O live ira, C láudio Augusto de Ale ncar C unha, R onaldo F onse ca R ocha e E dgar F onse ca F ialho se qüe stra­ ram um C arave lle da C ruze iro do Sul. quando voava de Be lém para M anaus, e 0 le varam para C uba. - 13 de se te mbro de 1970, assalto à C hurrascaria R incão Gaúcho, na 1ijue a. Kio de J ane iro. Irritados com os dize re s''Ninguém Se gura o Brasil". I tt (?«rloKAlbe rto Brilhante Ustra r ! A ve rdade sufocada - 377 l colado num paine l de vidro, o e xplodiram com uma bomba e de ixaram outra, fe lizme nte , de sativada pe la polícia. Participaram da ação: Sônia La foz. Solange Lourcnço Gome s, M aria da Glória Araújo F e rre ira, R obe rto C hagas da Silva, C id Que iroz Be njamin, Ne lson R odrigue s F ilho e J oão Lope s Salgado. - 20 dc nove mbro de 1970, assalto ao Banco Nacional dc M inas Ge rais, Agência R amos. R io de J ane iro. Participaram da ação: M ário Prata, M arile na Villas-Boas Pinto c Stuart Ange l. O assalto te rminou e m inte nso tirote io, se n­ do fe ridos dois guardas e um transe unte , além de Stuart Ange l que , me smo bale ado no joe lho, conse guiu fugir. - 13 de março de 1971, assalto às C asas da Banha, na T ijuca, R io de J ane iro, onde imobilizaram, com me tralhadoras c coque téismolotov, 100 pe s­ soas que faziam compras. Na rua, dois te rroristas, usando fardas roubadas, manobravam o trânsito para facilitar a fuga. Participaram, e ntre outros, C arme n J acomini, Stuart Ange l e M ário Prata. - 22 de nove mbro de 1971, os militante s Sérgio Landulfo F urtado, Norma Sá Pe re ira, Ne lson R odrigue s F ilho, Paulo R obe rto J abour,T himothy William Watkin R oss c Paulo C osta R ibe iro, todos do M R -8, “e m lrcnte ” com a VAR -Palmare s, assaltaram um carro forte da firma T ransport, na E strada do Porte la, e m M adure ira, R io dc J ane iro. Na ocasião, morre u o te ne nte da re se rva do E xército J osé do Amaral Ville la e ficaram fe ridos os guardas Sérgio da Silva T aranto, E mílio Pe re ira e Adilson C ae tano da Silva, que faziam a se gurança do carro-forte . De pois do longo e traumático se qüe stro do e mbaixador suíço, C arlos Lamarca e sua companhe ira. Iara lavclbcrg, saíram da VPR e passaram a e ngrossar as file iras do M R -8. No ano de 1971, o M R -8 privile giou o C omando R e gional da Bahia, já e struturado e m Salvador c F e ira de Santana. O trabalho de campo na Bahia e ra de se nvolvido na re gião dc C angula, e m Alagoinhas, e e ntre os municípios de Brotas de M acaúbas c I botirama. C arlos Lamarca, e nvia­ do para a re gião, acabou se ndo morto num e nfre ntame nto com o DO l/ C O DI /6aR e gião M ilitar. C om a prisão de vários militante s e a morte de Lamarca, a de sarticulação do C omitê R e gional da Bahia e o de smante lame nto do “trabalho de campo”, o M R -8 voltou sua ação para São Paulo. Na re alidade , a e strutura brasile ira da organização e slava e sface lada. M uitos pre sos, alguns mortos c outros re fugia­ dos no e xte rior. Ne ssa ocasião, o M R -8 contava, ape nas, com pouco mais de 15 militante s para re alizar suas atividade s, passando a atuar “e m fre nle ” com outras organizaçõe s. E m contrapartida, cre scia o grupo do M R -X no oxl e ri oi . Á 378-C arlos Albe rto Brilhante listra com os militante s que fugiram para o C hile , além da ade são de me mbros de outras organizaçõe s. As palavras de orde m do M R -8 passaram a se r ditadas do C hile . As dive rgências e ram e vide nte s e havia uma divisão clara e ntre “militaristas" que de fe ndiam o ime diatismo re volucionário - e “massistas” que , prime iro, que riam pre parar me lhor as massas. E m nove mbro de 1972. e m Santiago do C hile , a organização convocou uma asse mbléia-ge ral, com o compare cime n to de se us principais militante s, onde se oficializou o “racha”. E m de ze mbro, durante três dias. os “massistas'’ re alizaram re uniõe s pre ­ paratórias para a asse mbléia que fariam ainda ne sse mês, a qual foi de nomi nada Ple no. No artigo prime iro dos “E statutos Provisórios” aprovados no Ple no, oM K 8 de finia os obje tivos da organização: “Somos uma organização política marxista-le ninista, cuja finalida­ de c contribuir para a criação do partido re volucionário do prole taria­ do no Brasil, que assuma a vanguarda da luta da classe ope rária e da massa e xplorada, pe la de rrubada do pode r burguês, pe la supre ssão da proprie dade privada dos me ios dc produção c pe la construção da so­ cie dade socialista como transição para a abolição da socie dade de classe c o ingre sso numa socie dade comunista.” Após o Ple no, a organização de se nvolve u suas novas atividade s com a dire ção ge ral dividida e m duas se çõe s: a do e xte rior, com C arlos Albe rto Vie ira M uniz, J oão Lope s Salgado. Ne lson C have s dos Santos e J oão Luiz Silva F e rre ira; e a do inte rior, no Brasil, com F ranklin dc Souza M artins e Sérgio R ube ns dc Araújo T orre s. E m fe ve re iro de 1973. F ranklin re tornou ao Brasil, instalando-se cm Sfm Paulo e e struturando um C omitê R e gional, dirigido por J osé R obe rto M onte iro e Albino Wakahara. que passou a imprimir o jornal O Manifesto. A que da do pre side nte Salvador Alle nde , e m 11 dc se te mbro dc 197 í . dificultou os planos iniciais da organização, com se us militante s fligindo do C hile e se re agrupando e m Paris. A ve rdade sufocada - 379 A melhor defesa é o ataque 23/09/1971 As organizaçõe s te rroristas praticavam se guidos atos de intimidação, prin­ cipalme nte contra viaturas das F orças Armadas e das Polícias C ivil e M ilitar. Ônibus dc transporte público e ram atacados c ince ndiados. Se us passage i­ ros e ram obrigados a saltar e a ouvir pre gaçõe s e m favor da luta armada. C ar­ ros dc transporte de valore s e ram assaltados. R adiopatrulhas e ram e mboscadas e ince ndiadas. Se us policiais tinham as armas roubadas e . quando nao e ram mortos, e ram obrigados a se ajoe ­ lhar e suplicar para nao se re m e xe cutados. C omo e xe mplo, cito o caso a se guir de scrito: No dia 19 de se te mbro de 1969. a ALN re alizou uma ação contra a guar­ nição da radiopatrulha n° 21 que , com dois soldados da F orça Pública, hoje . Polícia M ilitar, fazia o policiame nto e m fre nte ao C onjunto Nacional, na Ave ni­ da Paulista, e m São Paulo. Nas proximidade s, um guarda civil fazia o policia­ me nto oste nsivo. Hram 22 horas quando o comandante da ação, Virgílio Go­ me s da Silva, acompanhado por Aton F on F ilho, De nílson Luís de O live ira e M anoe l C yrillo de O live ira Ne tto, dirigiram-se à R P, como se fosse m pe dir uma informação. Ao me smo te mpo, T akao Amano aproximou-se do guarda civil e . re nde ndo-o, obrigou-o a se colocar de joe lhos, humilhando-o. O s outros, ima­ ginando uma re ação, dispararam suas armas na dire ção da viatura. O soldado Pe dro F e rnande s da Silva, atingido por vários disparos, um de le s na coluna ve rte bral, ficou paraplégico. De nílson e Virgílio roubaram da guarnição da R P uma me tralhadora IN A e dois re vólve re s .38. T akao Amano roubou o re vólve r do guarda civil. Para comple tar, e spalharam gasolina e ince ndiaram a R P. O s ataque s às viaturas isoladas do E xército que transitavam pe las ruas e ram fre qüe nte s. Invariave lme nte , roubavam a arma do soldado motorista, além de humilhá-lo publicame nte . Que m re agia e ra morto. E sse s fatos nos obrigaram a mante r, se mpre ao lado do motorista, outro militar para dar-lhe se gurança. Num trânsito como o dc São Paulo, um dos motoristas militare s, pe nsando que e stive sse se ndo atacado, pode ria re agir a uma simple s fe chada. C omo um soldado pode ria distinguir o carro, e ntre as ce nte nas dos que passavam por e le , que e staria conduzindo te rroristas? Não podíamos continuar a sofre r pe rdas. E nfre ntávamos uma gue rrilha ur­ bana c tínhamos de nos conscie ntizar de que a me lhor de fe sa é o ataque . De ví­ amos ir ao e ncontro dos te rroristas e não e spe rar que e le s nos apanhasse m de surpre sa, (.’aso continuásse mos na de fe nsiva, e staríamos dando-lhe s opor­ tunidade s de aplicar me lhor os e nsiname ntos do Manual âc M arighcllu e dos cursos fe itos no e xte rior. A ve rdade sufocada - 381 De pois de e studar as zonas com maior inte nsidade de sse s ataque s, plane ja­ mos urna ope ração para atraí-los e e nfre ntá-los. F omos ao E squadrão de R e conhe cime nto e pe dimos dois jipe s e mpre s­ tados. Do Hospital M ilitar, conse guimos uma ambulância. Pe dimos ao co­ mandante do E squadrão que , quando a sua unidade tive sse de e nviar alguma viatura a se rviço, nas ime diaçõe s da zona por nós e scolhida, nos avisasse , pois aprove itaríamos a ocasião para atrair os te rroristas. Ne sse caso, como tínhamos um cabo motorista do E squadrão à nossa disposição, e le , por sua e xpe riência, se ria mais útil que um soldado comum do E squadrão. He sitáva­ mos porque a missão e ra muito arriscada, mas o cabo se ofe re ce u como voluntário. Além de faze r o se rviço da sua unidade , o cabo e staria, ao me smo te mpo, coope rando com o se rviço do DO I. Se le cionamos alguns locais onde e ra maior a incidência de sse tipo de ação e come çamos a e xe cutar o plano. C ada viatura militar partia para um de te rminado local. Se us motoristas, to­ dos militare s do E xército à disposição do DO I, com a farda do E xército. C ome çamos as te ntativas, mas pare cia que o plano não daria ce rto. Na te rce ira se mana, no bairro Sumare zinho, nossos age nte s notaram o movime nto suspe ito de um home m e de uma mulhe r que se guiram, e m um Volks, uma de nossas iscas. Inte nsificamos as passage ns pe lo me smo itine rá­ rio, como se fosse uma rotina. No dia 23 de se te mbro de 1971, o comandante do E squadrão avisou-nos que uma viatura e xe cutaria um se rviço nas ime diaçõe s da nossa “zona de ope ­ raçõe s”. Ace rtamos com e le o horário mais ade quado e o nosso cabo, já fardado, foi ao E squadrão onde re ce be u o jipe , uma me tralhadora se m as pe ças do se u inte rior e a missão do se u comandante . Do DO I e le re ce be u outra missão: ao faze r o se rviço do E squadrão, de ve ria, ante s, passar pe la R ua J oão M oura, onde simularia uma pane da viatura e faria o que é normal ne ssas ocasiõe s, isto é, ir ao te le fone mais próximo e pe dir socorro me cânico à sua unidade . O cabo fe z o que foi combinado. De pois, se ntou-se na viatura e , “displi­ ce nte me nte ”, come çou a “le r” uma re vista e m quadrinhos, com a me tralhado­ ra IN A ao se u lado. Distante , mas avistando o jipe , colocamos uma T urma de Busca e Apre e nsão. Por volta das 15h30, um Volks ve io rápido e fe chou o jipe . De se u inte rior saltaram Antônio Sérgio de M atos (Uns c O utros), E duardo Antônio da F onse ­ ca (Paulo M oche ) e Ana M aria Nacinovic C orre a (Be te ). Ao volante pe rmane ­ ce u M anoe l J osé M e nde s Nune s de Abre u. “Be te ” ve io pe la calçada e apontou o re vólve r para a cabe ça do motorista, que assustado, saiu do carro e le vantou as mãos. O s outros dois abordaram o jipe pe lo outro lado. 382-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ne sse instante , a e quipe que pe rmane cia e m obse rvação saiu e m socorro do cabo e abordou os te rroristas que , ao re ce be re m voz de prisão, re agiram viole ntame nte , atirando com suas armas. O s três te rroristas morre ram no local. “Be te ”, que ao come çar o tirote io se e sconde ra atrás da roda do jipe , aprove i­ tou a pausa do combate e , e nquanto nos dirigíamos para ve rificar se e le s e sta­ vam fe ridos, fugiu e m de sabalada carre ira e dobrou a prime ira e squina. Passou por uma radiopatrulha e disse aos policiais: “está havendo um tiroteio danado ali na João Moura”. De sarvorada e se m te r para onde ir, “Be te ” e ntrou num consultório de ntário, re nde u o de ntista com uma arma e obrigou-o a lhe dar guarida. No mês se guinte , no dia 21 de outubro, no me smo local, a ALN colocou um Volks novinho com a inscrição: “Ditadura a s s a s s i n a Avisados, manda­ mos ao local uma T urma de Busca e Apre e nsão. Um pe rito de sarmou uma pote nte bomba, instalada sob o banco trase iro, que e xplodiria causando danos incalculáve is quando alguém abrisse a porta do carro. Do mate rial apre e ndido e m pode r dos assaltante s constava, além de outras armas, uma me tralhadora IN A que fora roubada no assalto a uma viatura do E xército e m 20/07/1971, no bairro Aclimação, e m São Paulo. F onte s: - UST R A, C arlos Albe rto Brilhante . Rompendo o Silêncio. - Proje to O rvil. Um combate 05/12/1971 No dia 5 dc de ze mbro de 1971, um domingo, cu de scansava e m minha re si­ dência. conve rsando com o "Ve lho’1E xpe dito, ouvindo os se us casos da época e m que trabalhava como se gurança do pre side nte Ge túlio Vargas. O s outros três me mbros da e quipe que dava prote ção a mim e a minha família dive rtiam-se com as ave nturas do “Ve lho”. E le e ra um policial e xpe rime ntado. J á fora da Polícia F e de ral, da Guarda C ivil e agora e ra da Polícia M ilitar de São Paulo. E u confiava de mais no “Ve lho”. E ra um “cão dc guarda”. De longe “fare java” e se ntia a pre ­ se nça de tudo que fosse e stranho. Um grande policial e um de votado amigo que se mpre se e xpôs para nos prote ge r. Pe dro E xpe dito de M orais morre u, já apo­ se ntado, como prime iro sarge nto da PM de São Paulo. E ram mais ou me nos 16 horas, quando o te le fone tocou. O oficial de dia pe dia a minha pre se nça urge nte . Acabara de have r um tirote io na R ua C ardoso de Alme ida, no bairro Sumaré, e ntre a Polícia M ilitar e três te rroristas. Na re união da C omunidade de Informaçõe s, na última quarta-fe ira, e u soli­ citara ao che fe da 2aSe ção da Polícia M ilitar que colocasse barre iras para controle de trânsito nos prováve is locais onde os te rroristas mais transitavam. C onforme combinado, após um e studo da Se ção de Análise do DO l, e scolhe ­ mos alguns locais críticos e indicamos as zonas de maior atuação te rrorista para que a Polícia M ilitar montasse as barre iras. O tirote io que acabara de ocorre r e ra fruto do ate ndime nto da Polícia M ili­ tar ao nosso pe dido e , principalme nte , de sua e ficiência. Ime diatame nte me dirigi ao DO I, te ndo ao me u lado, com a me tralhadora se mpre pronta, o “Ve lho” E xpe dito e os outros três me mbros da e quipe . E m pouco te mpo mc inte ire i dos fatos. J osé M ilton Barbosa (C láudio, C astro ou R afae l), e x-militante do Partido C omunista Brasile iro, sarge nto e xpulso do E xército, vinha com sua companhe i­ ra I .indaT ayah (Bia ou M iriam) e Gclson R e iche r (M arcos), quando se de para­ ram com a barre ira da PM . No carro, transportavam bombas e e xplosivos, além de armas e muniçõe s que usavam e m açõe s e e m tre iname ntos re alizados e m locais afastados. De sse s tre iname ntos, participavam com fre qüência: Lídia Gue rle nda, e stu­ dante de M e dicina e inte grante do Grupo T ático Armado da ALN; Ge lson R e iche r, também unive rsitário, re cém-che gado de C uba, onde fize ra curso dc gue rrilha; J osé M ilton Barbosa e Linda T ayah, e ntre outros. Vinham pre ocupados. No dia ante rior, o grupo tive ra um proble ma sé­ rio no tre iname nto. Lídia Gue rle nda le ve a mão de ce pada ao manuse ar. pe rigosame nte , uma bomba de fabricação case ira que e xplodiu ante s de se i arre me ssada. J osé M ilton, Linda T ayah e Gclson, todos de um Grupo T ático Armado (GT A) daALN, apanhados de surpre sa, abandonaram o carro. J osé M ilton com uma me tralhadora IN A, Linda e Ge lson, cada um com um re vólve r .3 S. invadiram uma casa e fize ram os moradore s como re féns. Ge lson R e iche r fugi 11 do ce rco policial, pe los fundos da casa. J osé M ilton e Linda, pulando muros, cm de sabalada carre ira c se mpre atirando, te ntaram a fuga. O tirote io foi inte n so. No final, J osé M ilton e stava morto e Linda T ayah, fe rida na cabe ça, fo» pre sa. O soldado PM Alcide s R odrigue s de Souza também foi fe rido no braçt > c na coxa. J osé M ilton Barbosa usava docume ntos falsos com o nome dc Ale xandre R odrigue s dc M iranda. Se us codinome se ram C láudio, C astro, R afae l, C amilo. R ui, T homaz, Zé, M atos e Albe rto. J osé M ilton Barbosa participou, de ntre outras açõe s, dc 8 assaltos a ban cos, 5 assaltos a supe rme rcados, 4 assaltos a e stabe le cime ntos dive rsos, > assaltos a carros transportadore s de valore s e 2 assaltos a indústrias, além dos se guinte s atos te rroristas: - Se qüe stro do e mbaixador da Ale manha, quando foi assassinado o age nlc Irlando de Sousa R égis e fe ridos grave me nte o policial fe de ral Luis Antônio Sampaio e o age nte J osé Banharo da Silva; - “J ustiçame nto”do militante M are io Le ite T ole do; - ‘M ustiçame nto^do industrial He nningAIbe rt Boile se n; - C olocação de bomba na Supe rge l; e -Ate ntado contra a ponte do J aguaré. 384-C arlos Albe rto Brilhante Ustra À espera do filho de José Milton Linda e stava e m e stado de choque . Além de pe rde r o companhe iro, e stava fe rida. Um tiro a atingira na cabe ça, tirando-lhe um pe que no pe daço do crânio, se m. no e ntanto, atingir o cére bro. Ime diatame nte provide nciamos sua inte rnação no Hospital das C línicas, onde foi ope rada com êxito. Após sua alta, conside rando a possibilidade de uma te ntativa de re sgate por militante s da ALN, Linda foi le vada parao DO I, onde convale sce u, já que se u e stado e ra satisfatório. A pe rmanência no HC não e ra conve nie nte para a nossa e quipe , que lá se mantinha de prontidão. Se u e fe tivo cra insuficie nte para impe ­ dir uma ação viole nta por parte dos te rroristas que te ntasse m re sgatá-la. Uma ação de sse tipo poria e m risco a vida de inoce nte s. Linda T ayah usava docume ntos falsos com os nome s de Sue li Nune s e Nair F ava. Se u codinome mais usado e ra Bia. E ntrou para a militância quando se e namorou de J osé M ilton, e x-militante do Partido C omunista. Iniciou se u tre iname nto armado, e m locais de se rtos, com Aton F on F ilho e o próprio J osé M ilton. Aos poucos, Linda foi se adap­ tando à vida de militante de uma organização subve rsiva. Passou a participar de “e xpropriaçõe s” (roubos) de carros, juntame nte com Aton. Linda foi pre sa no R io por duas ve ze s, mas, omitindo o que sabia, se mpre conse guia se r solta. Naque la época, pouco se conhe cia a re spe ito das organiza­ çõe s subve rsivas e como agiam, se gundo palavras da própria Linda. No início de 1970, Linda T ayah c J osé M ilton, “que imados” no R io de J ane iro, mudaram-se para São Paulo e passaram a vive r e m “apare lhos”, na clande stinidade . Se riam mais úte is para a organização e m São Paulo, onde ain­ da não haviam sido “le vantados”. Linda, inclusive , de ixou de mante r contato com a família, que de sconhe cia o se u parade iro. E m São Paulo, atuavam com Yuri Xavie r Pe re ira (Big), Antônio Sérgio de M atos (Uns c O utros), Lídia Gue rle nda (Supra), E liane Potiguara M ace do Simõe s (J oana), Ge lson R e iche r (M arcos) e outros. C ontra e la pe savam acusaçõe s dc assaltos, roubos de carros e le vantame ntos para futuras açõe s. Linda e ra uma das militante s que , com J osé M ilton c Ge lson R e iche r, tre inavam lançame nto de bombas e granadas com Lídia Gue rle nda, quando uma de las e xplodiu, de ce pando a mão de ssa última. Atuaram ne ssa cidade por um ano, quando foi pre sa e m de ze mbro dc 1971. T e mpos de pois da sua prisão. Linda procurou-me para dize r que achava que e slava grávida. E ncaminhada ao médico, de pois de todos os e xame s foi confirmada a sua suspe ita. Linda, ape sar de te r pe rdido o companhe iro ante s de sabe r da gravide z, ficou e xultante com a notícia e passou a sonhar com um me nino para te r o me smo nome do pai. J osé M ilton. 386 »C arlos Albe rto Brilhante Ustra E ntramos cm contato com sua família, no R io, e Linda comunicou ao ir mão, médico, que e spe rava um fiiho de se u companhe iro “C láudio”. O irmão passou a visitá-la, se mpre que podia. A partir de jane iro de 1972, Linda ga nhava companhia. E liane Potiguara M ace do Simõe s foi pre sa e m 18 de jane iro de 1972, e m se u “apare lho”. Na ocasião da prisão, ao te ntar a fúga, quando pulava um muro, le vot i um tiro de raspão na cabe ça e caiu de costas. Não se sabe se , e m conse qüência d<* tiro ou da que da, ficou se m o comando cm um dos pés. C asada com R e inaldo Guarany Simõe s, comcçou a militar na ALN, jun tame nte com o marido. E m 1970, se u marido foi pre so e e la buscou apoio da organização e m São Paulo. De pois de vários contatos, foi morar com Lídia Gue rle nda por um pe ríodo e passou a faze r parte de um Grupo T ático Armado (GT A). Quando pre sa, usava docume ntos falsos com os nome s de J andira Pe re ira C arnaúba, Lúcia Albuque rque Vie ira e M aria T e re sa C onde Sandoval. Se us codinome s e ram J oana, Kátia e E ste ia. C ontra e la pe savam as se guinte s acusa çõe s: assaltos, le vantame ntos para assaltos e ate ntados, roubo de carro e se ­ qüe stro de um médico para ate nde r Lídia Gue rle nda, que pe rde ra a mão, con­ forme narrado ante riorme nte . Ao voltar de minhas férias, quando fui a Santa M aria visitar me us pais. e ncontre i o DO I com rotina nova. T odos os dias, E liane caminhava pe lo pátio por longos pe ríodos. M uitas ve ze s amparada pe las companhe iras, outras por me mbros do DO I. As re co me ndaçõe s médicas e ram se guidas re ligiosame nte . Darcy T oshico M iyaki, que usava docume ntos falsos e m nome de Luciana Sayori Shindo e Áure a T inoco E ndo, e os codinome s de C ristina e Lia, foi pre sa no R io de J ane iro. Darcy viajou para C uba e m 1968, com docume n­ tos falsos e m nome dc O rdélia R uiz. Ne sse país, durante um ano e três me se s, participou de um curso de gue rrilha. R e tornou ao Brasil e m junho de 1971, se ndo inte grada ao Se tor de Inte ligência da ALN. R e sidia no “apare ­ lho” de Lídia Gue rlanda. Darcy fora para o R io, a mando de Yuri Xavie r (Big), para cobrir um ponto com E lcio Pe re ira F orte s (Ne lson ou Alfre do). F oi pre sa, e nquanto e spe rava o contato, na R ua Ataulfo de Paiva, no Le blon. R e cém-che gada, ainda não participara de ne nhuma ação armada. Logo e m se guida, foi le vada pe los órgãos de se gurança a São Paulo, onde foi e ncaminhada ao 1)01. A ve rdade sufocada - 387 E m 23 de fe ve re iro, foi pre sa M ari Kamada, que usava os codinome s de Shiruca, Isa. M ira. Lúcia e Di. C ontra e la e xistiam as se guinte s acusaçõe s: ate n­ tado a bomba na Se ars da Água Branca, panfle tage m armada, roubo de placas dc carros, le vantame ntos para assaltos e para o re sgate de um pre so que , fe rido e m uma ação, e ra constante me nte le vado a um hospital para tratame nto. M ari, inicialme nte , militava na ALN, passando de pois a atuar no M oiipo. E m 27 de fe ve re iro do me smo ano, foi pre sa M árcia Apare cida do Amaral, também da ALN, que morava com M ari Kamada. E la e ra acusada de te ntativa de colocação de uma bomba no M appin - grande loja de de partame ntos, no ce ntro de São Paulo -, roubo de ve ículos, le vantame ntos para assaltos e ate n­ tados, panfle tage m armada e pichaçõe s. M árcia usava o codinome de Lila e não portava docume ntos falsos. No dia 15 de abril dc 1972, foi pre sa R ioco Kayano, e m M arabá, e ncami­ nhada inicialme nte para o DO I de Brasília e a se guir para o DO I de São Paulo, áre a onde militava no PC doB. A re spe ito de sua prisão transcre vo o tre cho abaixo, publicado no livro Guer  rilha do Araguaia. e scrito pe lo corone l Aluísio M adruga de M oura e Souza: “...R i oco K ayano ficou soh suspe i ta ao de sce r de um ôni bus prove ni e nte de Anápol i s-GO . R i oco e stava se ndo trazi da de São Paulo por E lza M one rat, mi li tante compone nte da C omi ssão E xe ­ cuti va do PC doB. C omuni sta com e xpe ri ênci a acumul ada de sde os idos de 1922, ao concl ui r que corri a o risco de se r i de nti fi cada durante a tri age m que e stava se ndo fe i ta nos passage i ros do ôni ­ bus, aprove i tando-se de sua idade até ce rto ponto avançada, E lza, e ntre gando sua acompanhante , como se di z na gí ri a de “bande ­ j a”, i nformou para aque l e s que faziam a tri age m te r consi de rado mui to e stranha as ati tude s daque l a moça, R i oco K ayano, con­ ve nce ndo assi m o coorde nador da tri age m que acabou por l i be ­ rar aque l a si mpáti ca se nhora. E , fi cando a de sconfi ança do que , si gi l osame nte , fora di to por E lza, R i oco foi horas de poi s pre sa e m um hote l .” Pouco a pouco. Linda T ayah tinha com e la, na me sma ce la, cinco militante s companhe iras dc subve rsão. Linda. Darcy, E lianc, M árcia, M ari e R ioco ficariam juntas se te me se s, no 1)01, por opção - mais à fre nte ve rão porque por opção à e spe ra do filho de J osé M ilton. 388-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O DO I aume ntou o núme ro de idas ao Hospital das C línicas. E ra ne ce s­ sário le var E liane para a fisiote rapia, re come ndada pe los médicos que a ope raram, c Linda para o prc-natal. O me smo proce dime nto: uma e quipe acompanhava cada uma, e m dias e horários variados, para e vitar possíve is te ntativas de re sgate . Absorvido com os proble mas do DO I, pouco te mpo me re stava para a família Diligências, re latórios e re uniõe s me le vavam a e star pe rmane nte me nte e m contato com os proble mas que ocorriam no DO I, que iam do risco de morte de me us subordinados, passando pe la pre ocupação com a e spe ra do filho de I .in- da, até a re cupe ração do pé de E liane . O s fins de se mana, quando podia, e ram de dicados à família. Ia com minha mulhe r e minha filha, de três anos. a um parque dc dive rsõe s. E n­ quanto e la se dive rtia nos brinque dos, J ose íta atirava com e spingarda de rolha e , como tinha boa pontaria, ganhava de brinde muitos maços de cigar­ ros. Na volta para casa, se mpre pre ocupado, passava pe lo DO I para ve r o andame nto do se rviço. A nossa ida até lá e ra ótima para nossa filha. E la brincava com o C abe ção e a Ncguinha, cachorros mascote s do De stacame nto, corria pe lo pátio, passava de colo e m colo. Para os me us comandados, a pre se nça de las naque le órgão e ra um ab­ surdo, pois e u e stava contrariando as me didas de se gurança. Quando che ­ gávamos, alguns pre sos e stavam no pátio tomando banho de soi. E le s po­ de riam informar às suas organizaçõe s que aos domingos e u costumava ir ao DO I acompanhado da família. E ste e ra um dado muito importante , se hou­ ve sse inte re sse e m me se qüe strar. E m um de sse s fins de se mana, quando che gamos ao DO I, Linda. Darcy. M árcia, M ari e R ioco tomavam banho de sol e e scutavam música no pátio. E liane fazia se us e xe rcícios diários, ampa­ rada por um inte grante do De stacame nto. E u havia re ce bido os re sultados dos e xame s de Linda e come ntara com minha mulhe r que uma das pre sas e stava grávida. J ose íta, como se mpre se ntime ntal c romântica, se e mocio­ nou. Imaginava Linda, sofre ndo com a morte do companhe iro e se m o apoio da família que morava no R io. I lá dias. insistia comigo para que a de ixasse falar com e la. E u re lutava, ape sar de que , 110 fundo, pe nsasse se r uma coisa boa. Ne sse dia. ante a insistência de la. apre se nte i-a, juntame nte com mi­ nha filha, às se is pre sas. T ínhamos no carro muitos maços de cigarro. M inha mulhe r ofe re ce u- os a e las. que . no princípio, re lutaram e m ace itar. C onve rsaram um pouco e fomos e mbora. A ve rdade sufocada · 389 E m outro fim de se mana, a ce na se re pe tiria. Assim, aos poucos, foi-se iniciando um re lacioname nto, no princípio frio c de pois muito cordial. Nas conve rsas não tratavam de política ou de ide ologia. Ape nas havia um se nti­ me nto de apoio como se fosse m vizinhas, se paradas por um muro que não as impe dia de dialogar. A pre se nça dc minha mulhe r e de minha filha se tornou uma rotina para aque las pre sas, não só aos domingos. C ontavam com e las e , no horário do banho de sol, passe avam juntas pe lo pátio. E ssas moças não some nte ace i­ tavam como re clamavam a pre se nça de las. C ome çaram as aulas de tricô, para faze r o e nxoval do filho de Linda, e as aulas de crochê, e m que e ram fe itas blusas para uso das moças; e nquanto isso, minha mulhe r trabalhava com e las, e nsinando-lhe s também tape çaria. As outras, que não gostavam de trabalhos manuais, brincavam com minha filha. E la cra o ponto alto: gor­ dinha, bonitinha. corre ndo pe lo pátio, pre e nche ndo as horas solitárias da­ que las jove ns. Aos poucos, confiança adquirida de ambos os lados, re spe itadas as me didas de se gurança, come çaram as confidências. Linda, falando do se u marido J osé M ilton, do se u “apare lho” simple s, mas com conforto, das cor­ tinas de xadre z nas jane las, e nfim, do se u lar. E liane , le mbrando, che ia de saudade s, do marido e xilado no C hile , do qual não tinha notícias, trocado pe lo e mbaixador suíço. Darcy, de sua vida de dificuldade s quando fora faze r o curso e m C uba. M ari, M árcia e R ioco de suas famílias e de se us planos para o futuro. Are spe ito da narração acima, Ivan Se ixas, filho de J oaquim Ale ncar Se ixas, um dos assassinos de Boile se n, e ntre outros absurdos, e m e ntre vista a O Nacional, de 01/04/1987, de clarou que e u usava os se rviços de minha mu­ lhe r para cuidar das fe ridas e ajudar as pre sas torturadas a se re cupe rare m mais rapidame nte . Se gundo e le , minha mulhe r, além da fisiote rapia, e xtraía informaçõe s que os inte rrogadore s não haviam conse guido. Afirmaçõe s típicas dc uma me nte de formada pe la ide ologia. Pe la causa tudo, até absurdos inve rossíme is de sse gêne ro. Nossa e mpre gada pre parava aos domingos alguma coisa gostosa, uma tor­ ta, um bolo e , às ve ze s, salgadinhos. Assim, o te mpo ia passando e a barriga de Linda cre sce ndo. T odas j á tinham sido inte rrogadas. J á haviam passado pe lo DO PS. E ra che gada a hora de mandá-las para o Pre sídio T irade nte s, onde aguardariam o julgame nto, rotina normal para todos os pre sos. L i nda, no e ntanto, pe di u que a manti vésse mos no DO I , poi s ti nha ce rte za de que ali conti nuari a a se r be m tratada, a faze r o se u pré-natal . Sabi a que no DO I te ri a I oda a assi stênci a até o mome nto do nasci me nto do lillio. 390 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra C om a autorização de me us supe riore s, e la pode ria pe rmane ce r até o nas­ cime nto da criança. As outras iriam para o pre sídio. E ntre tanto, E liane , Darci, M ari, M árcia e R ioco pe diram para continuar faze ndo companhia a Linda. Le vando e m conta mais o coração do que a razão, contrariando alguns de me us subordinados, le ve i novame nte a situação à conside ração de me us che fe s ime diatos. C om a pe rmissão de le s, aque las se is pre sas pe rmane ce ram nas de ­ pe ndências do DO I até o nascime nto da criança quando e ntão foram transfe ridas para o pre sídio. Se o ambie nte do DO I fosse , como dize m alguns, e m livros e cm e ntre vis­ tas, onde os gritos atorme ntavam os pre sos, onde cadáve re s e ram vistos pe lo pátio, por que e ssas pre sas pre fe riram pe rmane ce r no DO l até o nascime nto da criança? O re lacioname nto de las com pe ssoal do DO l e ra cada ve z me lhor. C o­ me morávamos se us anive rsários c e las participavam de nossas come mora­ çõe s. M uitas ve ze s, almoçavam junto conosco no re fe itório. Linda, além do que re ce bia dos se us familiare s, pre parava, junto com as outras, o e nxoval e nós, os inte grante s do DO L fize mos uma lista e compramos um pre se nte para a criança. F inalme nte che gara o dia. Linda te ve , no Hospital das C línicas, o se u filho. E ra um me nino more no e forte . M andamos ílore s, fomos visitá-la e partilhamos da sua fe licidade . Nós, os “assassinos”, “os e stu^rad^re s de mulhe re s”; nós, que “obrigá­ vamos as pre sas a atos libidinosos”, que “arrancávamos as unhas dos pre ­ sos”, que “torturávamos os pais na fre nte de criancinhas”, que “provocáva­ mos abortos e m mulhe re s”; nós, os “monstros”, havíamos, durante oito me ­ se s, compartilhado da e spe ra do filho de Linda, dando-lhe toda a assistên­ cia pré-natal, e participado do tratame nto de E liane . Nós tínhamos infringi­ do normas de se gurança e rotinas do De stacame nto para mante r juntas aque ­ las se is jove ns que o de stino colocara e m nossas mãos e que pre fe riram ficar no DO I até o nascime nto da criança. Isso Linda omitiu, quando foi e ntre vistada por Luiz M aklouf C arvalho, para o se u livro Mulheres que foram à luta armada, além de de clarar na me sma e ntre vista: “E le se se ntia orgulhoso, achava que tinha cuidado dc mim” (re fe rindo-se a mim). Se rá que no íntimo e la não re conhe ce o quanto fize mos por e la? O ito dias de pois do nascime nto do filho de Linda T ayah, todas cias foram apre se ntadas ao Pre sídio T irade nte s, no dia 05/09/1972, com o se ­ guinte oficio: A ve rdade sufocada - 391 “M i ni stéri o do E xérci to - II E xérci to - Quarte l Ge ne ral COm/ U E x/DO I - São Paul o - SP - O fí ci o N° 574/72-E /2- DO I ”. E m 5 de se te mbro de 1972 - Do C he fe da 2ã Se c/I I E x - Ao Se nhor Di r de R e col hi me nto de Pre sos T i rade nte s. As­ sunto: Sol i ci tação. 1O E xmo SrGe n C he fe do E stado-M ai or do II E xércitc, C he ­ fe do C e ntro de O pe raçõe s de De fe sa I nte rna, i ncumbi u-me de conforme e nte ndi me ntos ve rbais mantidos e ntre o C omandante do DO I /C O D1/I I E x e e sse Dire tor, sol icitar-vos que as pre sas abaixo, ora apre se ntadas, se j am re colhi das cm uma me sma ce la, possi bi l i tando, de ssa forma, que se ja por e las me smas pre stada assi stênci a à I ,inda T ayah, a qual se e ncontra, ai nda, e m e stado de conval e sce nça, por te r dado à luz re ce nte me nte : a. R ioco Kayano b. M árcia Apare ci da do Amaral c. M ari Kamada d. E l iane Potiguara M ace do Simõe s e . Darcy T oshico M iyaki f. Li nda T ayah. 2 Na oportuni dade , apre se nto-vos prote stos de consi de ração. (Ass) F l ávi o Hugo de Lima R ocha - C cl - C he fe da 2:l Séc/I I E xérci to - Por De l e gação: C arl os Al be rto Bril hante Ustra - M aj - C mt do De stacame nto de O pe raçõe s de I nformaçõe s.” O bse rvaçõe s: O s inquéritos e ofícios foram arquivados nos proce ssos das pre sas. Linda T ayah, ainda de clarou a Luiz M aklouf C arvalho que de ixou de se r inte rrogada no te rce iro mês de gravide z, mas que pe rmane ce u na O BAN porque o inquérito e stava e m andame nto. Não é ve rdade . O que aconte cia, normalme nte , e ra o e ncaminhame nto do pre so ao DO PS, de pois de se r ouvi­ do no inte rrogatório pre liminar no DO I. Portanto, após se re m inte rrogadas, tanto Linda T ayah, como as outras pre sas, se riam e nviadas ao DO PS, onde e ra abe rto o inquérito c\ se fosse o caso, se riam re colhidas ao Pre sídio T ira­ de nte s para aguardar o julgame nto. E las, como j á afirme i, pe diram para pe r­ mane ce r no DO I. Linda, além dc me ntir quando afirma que só não abortou se u filho durante as torturas, porque tinha um úte ro dc fe rro, apre se nta várias ve rsõe s para a morte dc se u marido. 392-C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m 1971, no DO I, durante o inte rrogatório pre liminar, de clarou: “Só se i que o “R afae l ” não conse guiu disparar a me tral hado­ ra, assi m como e u não conse gui di sparar o re vólve r. O policial se lançou no cano da me tral hadora e se lançou no me u re vólve r. Não se i como e le conse gui u, mas se lançou. Se i que o “R afae l ” foi al ve j ado pri me i ro do que e u, morre u no local me smo, quase que i nstantane ame nte e e u fique i fe rida na cabe ça.” O bse rvação: R afae l e ra um dos codinome s de J osé M ilton - E ste de poi­ me nto foi arquivado no inquérito. E m 1972, quando ouvida na 2oAuditoria da C ircunscrição J udiciária M ili­ tar, na pre se nça do juiz auditor, do C onse lho Pe rmane nte dc J ustiça, do procu­ rador de J ustiça e de se u advogado de de fe sa e la de clarou: ‘‘Viajava no inte rior de um automóve l com se u companhe iro J osé M ilton Barbosa, pe la R ua C ardoso de Alme ida, quando se viram diante de uma “ope ração arrastão”, da polícia. J osé M ilton e “M ar­ cos” e stavam armados, logo saltaram do carro e travaram tirote io com a polícia. Aliás, diz que só viu J osé M ilton aci onar o gatilho de uma me tral hadora, mas e sta não funcionou, e não sabe cm que te rmos houve tirote io, pois o ccrto é que J osé M ilton corre u c logo foi atingido. A inte rroganda corre u atrás de le , e o viu morto, se ndo também atingida, na cabcça, pe rde ndo os se ntidos.” E m 1998, no livro Mulheres que foram à luta armada, de Luiz M aklouf C arvalho, e la afirma: u... A I na do Zé falhou. E le tirou a pistola. M e ace rtaram um tiro. Quando e u ol he i, o Zé e stava de bruçado no volante , com os ol hos e ntre abe rtos. De smai e i, volte i a mim, pe gue i um ci garro na japona de l e e e l e saiu todo manchado de sangue .” Se gundo o livro Dos filhos deste solo, de Nilmário M iranda, após a aprovação da Le i 9.140/95 - que inde nizava mortos e de sapare cidos po­ líticos que e stavam sob a guarda do E stado - ca constituição da C omis­ são E spe cial, que julgaria os pe didos dc inde nização, foi localizada I .inda A ve rdade sufocada - 393 T ayah e se u filho. Ainda, se gundo o livro, Linda fe z, na ocasião, as se ­ guinte s de claraçõe s: Quando volte i a mim, vi J osé M il ton se ntado ao volante de smai ado, não pe rce be ndo ne le ne nhum fe rime nto. Puse ram-nos e m duas pe ruas di fe re nte s e nos l e varam à O ban, para sal as di fe ­ re nte s. Lu e stava lúcida, e mbora e m e stado de choque ...” De pois dc tantas ve rsõe s dadas por Linda e , de pois de discutire m até se o J osé M ilton e stava ou não dc japona no mome nto da morte , fato con­ firmado por Linda no livro Mulheres que foram à luta armada, a re latora na C omissão E spe cial Suzana Ke nigcr Lisboa, para de cidir sobre a inde ni­ zação, e scolhe u a última ve rsão de Linda c de clarou, se gundo o me smo livro de Nilmário: “... que é impossíve l pre ci sare m que e stado e le che gou à O ban, mas e ce rto que dc lá saiu morto.” “Voto pe l a i ncl usão do nome de J osé M il ton Barbosa por te r si do assassi nado de ntro da O ban, antro mai or dos torturadore s dc São Paul o.’' E assim, dc me ntiras e m me ntiras, e le s vão false ando a ve rdade , passando- se por vítimas, e scolhe ndo a ve rsão que mais lhe s inte re ssa dos fatos. A inde nização foi conce dida. Rajada mortal Morte do cabo Sylas Bispo Feche 20/01/1972 T ire i férias cm jane iro, as mais longas de pois que assumi o DO I - 20 dias - e fui, com a família, visitar me us pais e m Santa M aria/R S. Ao me de spe dir do grupo, não imaginava que , ao voltar, o e ncontraria de sfalcado de um dos se us inte grante s. R e ce bi a notícia da morte do cabo F e che por te le fone . F oi um choque . J á tive ra alguns subordinados fe ridos e m combate . M orto, F e che e ra o prime iro. Infe lizme nte , não se ria o último. O DO I e stava de luto; fora atingido durame nte . I lá algum te mpo, como rotina, as T urmas de Busca e Apre e nsão utili­ zavam a técnica dc pe rcorre r os “caminhos de rato”, vigilância motoriza­ da nos itine rários habitualme nte se guidos pe los te rroristas nos se us de slo­ came ntos. No “caminho de rato”, e ra mais fácil nos de spistare m e ve rifi­ car se e stavam se ndo se guidos, pois se de slocavam e m ruas se cundárias e de pouco movime nto. No dia 20 de jane iro de 1972, uma T urma de Busca e Apre e nsão se ­ guia, num de sse s “caminhos dc rato”, um Volks chapa C K 4848, com dois home ns suspe itos, quando e sse carro, e m alta ve locidade , dirigiu-se para a Ave nida R e pública do Líbano, onde avançou um sinal ve rme lho, quase atro­ pe lando uma se nhora. A T urma de Busca partiu cm pe rse guição ao carro suspe ito que , cm se ­ guida, foi inte rce ptado. E ra pre ciso faze r a abordage m com tranqüilidade , pois podiam se r ape nas dois rapaze s inconse qüe nte s, que nada tive sse m a ve r com a subve rsão. O cabo Sylas Bispo F e che saltou da viatura e , ao se aproximar do VW para pe dir docume ntos dos ocupante s do ve ículo, foi me tralhado, se m pie dade e se m chance de de fe sa. O re stante da T urma de Busca, ao ve ro cole ga mor­ talme nte fe rido, re agiu. Ao final, três mortos: cabo Sylas Bispo F e che e os te rroristas Ale x de Paula Xavie r Pe re ira c Gclson R e iche r, ambos da ALN c fe rido grave me nte um sarge nto da Polícia M ilitar de São Paulo que fazia parte da e quipe . O cabo F e che e ra um dos mais jove ns inte grante s do DO I. E ntrou como voluntário para a Polícia M ilitare m março de 1968. De ixou viúva dona IIda Alve s F e che que e spe rava se u prime iro filho. E ra paulista e morre u com 23 anos. Aguardava, ansioso, a promoção a te rce iro sarge nto. E ra corajoso e de ste mido. I lmforte , que e nfre ntou o pe rigo com bravura. A ve rdade sufocada · 395 Se u corpo foi ve lado no Quarte l do R e gime nto de C avalaria 9 de J ulho, na Ave nida T irade nte s, c se guiu e m corte jo fúne bre até o M ausoléu da Polícia M ilitar, no C e mitério do Araçá, onde foi se pultado. "O gove rnador Laudo Nale l, acompanhado do ge ne ral Hum­ be rto dc Souza M e lo, comandante do II E xército, compare ce u ao ve lório para confortar a e sposa, os pais e de mais familiare s do cabo assassinado. O cai xão mortuário, cobe rto com a bande ira brasile ira, foi conduzido até um carro do C orpo dc Bombe iros pe lo gove rna­ dor; pe lo comandante do II E xército e ainda pe los ge ne rais Augusto J osé Pre sgrave . comandante da 2aDl; F e rnando Bclfort Be thle m, comandante da 2;| R e gião M ilitar; E néas Nogue ira, che fe do E sta­ do-M ai or do II E xe rcito; pe los se cre tários Sérvulo da M ota Lima, da Se gurança Pública c He nrique Aidar, da C asa C ivil; pe lo corone l M ário 1l umbe rto Galvào C arne iro da C unha, comandante da Polí­ cia M ilitar; e corone l R aul Humaitá, che fe da C asa M ilitar. No ce mitério, uma guarda da polícia militar pre stou honras com salva dc três tí ros c a banda musical e xe cutou a M archa F úne bre .” (T ranscrito de O Estado de Sâo Paulo - 22 de j ane i ro de 1972). Se u che fe , naT urma de Busca c Apre e nsão, e ra o capitão da Polícia M ilitar do E stado de Sào Paulo Dcvanir Antônio dc C astro Quc(roz, e jue o comandava ne sse triste dia da sua morte . E m sua de spe dida do DO I. o capitão Dcvanir assim se re fe riu ao cabo F e che : “Aqui che gue i pronto para cumpri r com me u de ve r e daqui me re tiro ce rto de tc-lo fe ito. C omo dizia Valtour: “O dever cumpri  do, como toda vitória, é tanto mais glorioso quanto mais nos c u s t o u '. Só De us sabe o quanto me custou. Noi te s c noite s de sono, mome ntos que só por De us pe rmi ti ram conti nuasse vivo e foi ainda (j amai s pode re i e sque ce r) que pe rdi, sob me u comando, um companhe i ro a que m mui to e stimava. Um he rói nacional que me smo de folga não re futou ao de ve r. Sim, companhe i ros, e sse moço, ai nda i mbe rbe , que ti nha na sua j uve ntude uma vida toda pe la fre nte , tombou no cumpri me n­ to do de ve r. M ome ntos ante s, e m sua casa. dizi a à se nhora sua màe : “hoje vou fa z e r um serviço p e r i g o s o e, talvez, s e j a p r o   movido p o r ato de bravura. A s r a vai ver, voltarei com mais uma d i v i s a no hraço." 396-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Não sabia o me u de sve nturado amigo, cabo F e che , mui to e m­ bora ti ve sse pre sse nti do, que aque l e dia 20 j an 72 se ria o se u dia, não o de se r promovi do, mas sim o de se r morto pe l as armas do inimigo (os ve ndi l hõe s da Pátria). No braço, para onde foi, não le vava suas ambi ci onadas divisas; le vava, sim, sobre se u corpo muitas flore s e as lágrimas daque l e s que , como e u, apre nde ram a amá-l o c a re spe itá-lo. Some nte de pois dc longo te mpo (abril 73), após i nte rve nção e e sforço consi de ráve l do di gno C omando de ste DO I , pôde o me smo re ce be r o que dc dire ito lhe pe rte ncia: suas di vi sas que lhe custaram a vida. M as e le disso sabia, pois pre sse ntira a morte , mas a e nfre ntou tranqüilo e de ste mido, corroborando com o pe nsame nto de A. Dubay quando díz: “Tanto aquele que desafia o perigo, como aquele que demasiado o receia, estão igualmente próximos a morrer nele”. Sim, saudoso companhe i ro, de spre zavas o pe rigo porque e ras um forte . Um home m na ace pção da palavra. T i nhas um ide al e um de ve r a cumprir: o de be m se rvir à Pátria e o de galgar, gl ori ­ osame nte , a carre ira que abraçaste .” Os assassinos do cabo Fcchc Ge lson R e iche r (M arcos) - E ra e studante dc M e dicina da USP, te ndo aban­ donado a cscola para ingre ssar e m 1970 na organização te rrorista Ação Libe rtadora Nacional, onde ocupava a posição dc che fe de um Grupo T ático Armado, e ncarre gado de assaltos e ate ntados. Participou das se guinte s açõe s: - Assalto ao R e staurante Hungria, na R ua O scar F re ire ; - Assalto ao Supe rme rcado M orita, na Ave nida Indianópolis; -Assalto à agência de e mpre gos situada na Ave nida São Gabrie l; -Assalto à agência do M inistério do T rabalho; - Se qüe stro de um médico na R ua C arde al Arcove rde ; - T e ntativa de se qüe stro de um médico e m Alto de Pinhe iros; - Paníle tage m armada na E scola Profissional IJ rubatan; - Panile tage m armada no C olégio E stadual da Ave nida J abaquara; - Assalto à agência do Banco Brasile iro dc De scontos, na C asa Ve rde ; - Incêndio de um ônibus da E mpre sa Vila E ma; - Assalto à agência da Light, da R ua Silva Bue no; - Assalto à F ábrica de Plásticos Vulcan, na R ua M anoe l Pre to; -Ate ntado a bomba contra a firma Supe rge l, no J aguaré; - Assalto ao Supe rme rcado Utilbrás, da R ua C lodomiro Amazonas; e - Vários roubos de automóve is. Ao morre r, usava uma docume ntação falsa com o nome de I ímiliano Se ssa. Ale x de Paula Xavie r Pe re ira (M igue l ou M ate us) - Pe rte ncia à ALN da Guanabara, quando viajou para C uba, cm 1970, onde re alizou curso de gue rrilha. Participou das se guinte s açõe s: - Assalto à agência de e mpre gos na Ave nida São Gabrie l; - Se qüe stro de um médico na R ua C arde al Arcove rde , e m nove mbro de 1971; - Incêndio de um ônibus da E mpre sa Vila E ma, cm outubro de 1971; - Assalto à agência da 1-ighl, da R ua Silva Bue no. e m outubro de 1971; -Assalto à Indústria de Plásticos Vulcan. na R ua M anoe l Pre to, e m outubro de 1971; - Assalto ao Supe rme rcado Utilbrás, na R ua C lodomiro Amazonas, e m nove mbro de 1971; - R oubo à mão armada de mais de 20 carros; - Assalto à agência Brade sco, da C asa Ve rde ; c - Vários assaltos e ate ntados a bomba, na Guanabara. Ao morre r, portava a ide ntidade falsa com o nome dc J oão M aria F re itas. A família do cabo Sylas Bispo F e che , ao contrário da de se us assassinos, não foi inde nizada pe lo gove rno. O cabo F e che também nào foi promovido ao posto de capitão, posto que pcxle ria te r che gado, na ativa, se não tive sse sido assassinado. E sse critério é usado para todos os comunistas e te rroristas que fale ce ram cm confronto com os órgãos dc se gurança. Alguns até têm a audácia dc postular o posto dc ge ne ral... A ve rdade sufocada - 397 398-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Com a presença de várias autoridades e de seus companheiros do DOl e da Polícia Militar, o Cabo Feche f o i enterrado como herói Não interessa o cadáver, mas o impacto David A. Cuthberg 05/02/1972 E m 1972, para come morar os 150 anos da Inde pe ndência do Brasil, vários e ve ntos foram programados. Um de sse s e ra a visita de uma F orça T are fa da M arinha Ingle sa, composta por cinco navios, que che gou ao porto do R io de J ane iro e m 5 de fe ve re iro. E stavam pre vistas várias sole nidadcs, e ntre e las a colocação de uma coroa de flore s junto à e státua do M arquês de T amandaré. e m Botafogo. O e quipa­ me nto dos navios se ria apre se ntado a convidados e spe ciais. O s navios se riam abe rtos à visitação pública. Ansiosos para conhe ce r o R io de J ane iro, os marinhe iros, no me smo dia, saíram para aprove itar a noite carioca. Não imaginavam que , no País, te rroris­ tas e stavam agindo, como se mpre , traiçoe irame nte . Após o se rviço no navio HM S T riumph, um jove m marinhe iro, de 19 anos, David C utthbe rg. e se u cole ga Paul Stoud tomaram um táxi e partiram para o que imaginaram se r uma noite de muito samba e ale gria. Nove te rroristas, no e ntanto, e stavam e m dois carros, à e spre ita, prontos para novo “justiçame nto”. O “T ribunal R e volucionário” e scolhe u a vítima ale a­ toriame nte . Não inte re ssava a ide ntidade do morto, ape nas o impacto na opi­ nião pública, além do de staque , no e xte rior, que se ria dado às organizaçõe s te rroristas. No táxi, conduzido por Antônio M e lo, os dois jove ns se guiam, ansiando por dive rtime nto. Logo e m se guida, na e squina da Ave nida R io Branco, cm fre nte ao Hote l São F rancisco, viram um carro e mpare lhar com o táxi. Pe la jane la de sse carro uma me tralhadora cuspia fogo. F oi a última visão que o marinhe iro David C uthbe rg te ve do R io de J ane iro. Ne m che gou a ve r C opacabana, que tanto de se java conhe ce r. Ne m ouviu o som do samba, mas sim o me tralhar se co dos tiros. Não te ve te mpo para pe rce be r o que e stava aconte ce ndo. M orre u na hora. Se u cole ga Paul Stoud e o taxista, atônitos, salvaram-sc por milagre . Lígia M aria Salgado Nóbre ga jogou, de ntro do táxi, sobre o cadáve r, os panfle tos com o ve re dicto do famige rado tribunal. David. como se mpre , fora conde nado, se m dire ito à de fe sa, por re pre se ntar “um país impe rialista”. O “C omando da F re nte ”, composto pe la ALN, VAR -Palmare s e PC BR , justificou o ato insano como se ndo solidarie dade à luta do IR A contra os ingle se s. A programação da Armada Ingle sa, no Brasil, foi suspe nsa. O jornal O Globo* do dia 8 de jane iro de 1972, assim se re fe riu ao assas­ sinato: 400-C arlos Albe rto Brilhante Ustra "... C om cssc cri me re pulsivo, o te rror quis ape nas al cançar re pe rcussão fora de nossas fronte iras para suas ati vi dade s, pro­ curando dar-lhe si gni fi cação de ate ntado político contra o re gime brasil e i ro. A transação de se j ada nos ofe re ce a di me nsão moral dos te rroristas: a morte de um j ove m inoce nte e m troca da publ i ­ cação da notícia num j ornal inglês. O te rrori smo cumpre , no Bra­ sil, com crime s como e sse , o de stino ine vitáve l dos movi me ntos a que faltam moti vação re al e conse nti me nto de qual que r parce l a da opi ni ão públ ica: o dc não ul trapassar os limite s do simpl e s bandi ti smo, com que se e xpri me o al to grau de de ge ne ração de s­ sas re duzidas mal tas de assassi nos gratui tos.” E um ato de covardi a que be m caracte ri za a frie za c au­ sência dc se ntime ntos de sse s de sajustados que os incompatibilizam com a nature za de nosso povo.” A impre nsa, vive ndo o clima de violência da época, rotulava os militante s das organizaçõe s subve rsivas de te rroristas e maltas de assassinos. Hoje , a me sma impre nsa os posiciona como ‘'he róis que lutaram contra a ditadura mili­ tar”, e o gove rno paga inde nizaçõe s cada ve z mais milionárias aos vivos - pe r­ se guidos políticos - e às famílias dos mortos. Ve jam o e xe mplo abaixo (todos participante s de sse “justiçame nto”): F lávio Augusto Ne ve s Le ão Salle s (R ogério), daALN; Antônio C arlos Nogue ira C abral (C hico), daALN *; Aurora M aria do Nascime nto F urtado (M árcia), daALN *; Adair Gonçalve s R e is (Sorriso), da ALN; Lígia Salgado da Nóbre ga (C cguinha), da VAR -Palmare s *; Hélcio da Silva (Anastácio), da VAR -Palmare s; C arlos Albe rto Salle s (Soldado), da VAR -Palmare s; J ame s Al le n Luz, da VAR -Palmare s; e Ge túlio dc O live ira C abral (Gogó), do PC BR *. As famílias dos assinalados com aste risco foram conte mpladas com inde ­ nizaçõe s, de acordo com a Le i 9.140/95, pagas pe lo E stado contra o qual pe garam e m armas. Gostaríamos que o marinhe iro inglês David C uthbe rg não fosse e sque cido e que o sacrifício de sua vida nào te nha sido cm vão. J ustiça se ria fe ita se , no mínimo, a família de David re ce be sse as me smas inde nizaçõe s que os de fe nso­ re s dos dire itos humanos no Brasil dispe nsaram aos se us assassinos. Mais umcombate na rua 14/06/1972 C omo re sultado dc um trabalho e spe cífico da Se ção de I nve stiga­ çõe s, a partir de um infiltrado, che gamos à cúpula da Ação L ibe rtadora Nacional (ALN). Localizamos o “apare lho” dc Antônio C arlos Bicalho Lana (Bruno). Ime ­ diatame nte , alugamos um apartame nto de onde podíamos vigiar todas as suas saídas e e ntradas. As 6h30. quatro carros da Se ção dc I nve stigaçõe s, trocados diariame nte , dispondo de todos os re cursos, ocupavam pontos e stratégicos, aguardando a saída dc Antônio C arlos do se u “apare lho”, o que nunca ocorria ante s das 7 horas. O s te rroristas e vitavam andar na rua pe la madrugada, para não provocar suspe ita. O trânsito e ra a sua maior se gurança. Quando “Bruno” saía de casa, os age nte s que “moravam” no apartame nto avisavam pe lo rádio e as nossas viaturas iniciavam a “paque ra” sobre e le . T udo e ra fe ito com a máxima discri­ ção: os cairos se mpre sc re ve zando; os age nte s trocando de roupa e colocan­ do barbas ou bigode s postiços; as placas dos carros continuame nte trocadas; as age nte s da Polícia M ilitar ou da Polícia C ivil disfarçadas. E las, sc fosse pre ­ ciso, sabe riam como usar suas armas. E ram e xímias fotógrafas c, nonnalme nie , ope ravam o rádio do carro. O trabalho não pode ria se r “que imado”, isto é, o e le me nto se guido não de ve ria pe rce be r a nossa pre se nça. Se isso ocorre sse , e le , através de mano­ bras rápidas com o se u carro (chcque io e contra che que io), te ntaria ce rtificar- se de que o e stávamos se guindo. Se pre sse ntísse mos que isso e stava aconte ­ ce ndo, a orde m e ra de ixá-lo ir e abandoná-lo te mporariame nte , até que e le “de sgrilasse ” (não de sconfiasse mais). De pois dc se guir Antônio C arlos por mais de 12 dias, fotografamos um “ponto” e ntre e le c Yuri Xavie r Pe re ira (Big), outro líde r do C omando Naci­ onal da ALN. Ne sse dia, abandonamos Antônio C arlos e nos conce ntramos e m Yuri. Acabamos pe rde ndo o se u rastro. T ive mos de re come çar partindo do “apare lho” de Antônio C arlos. M ais três dias dc “paque ra” sobre e le e , afinal, assistimos a outro e ncontro com Yuri. T odo e sforço, agora com maior cuidado, foi fe ito sobre Yuri. No fim da tarde , che gamos ao se u “apare lho”, num outro bairro distante do local onde re sidia Antônio C arlos. C onvém e x­ plicar que . por me dida dc se gurança, ne nhum dos dois te rroristas sabia onde o outro re sidia. M as nós sabíamos onde ficava o “apare lho” de cada um. Ime diatame nte , saímos à procura de um apartame nto para alugar, próximo ao "apare lho" de Yuri. I *ncontramos um e se guimos as técnicas dos te rroristas. 402 «C arlos Albe rto Brilhante Ustra “Um casal” foi de signado para alugá-lo. O pe ssoal da Se ção de Inve stigaçõe s foi dividido. Se is carros na "paque ra” de Yuri c se is na '‘paque ra” de Antônio C arlos. Das outras oito turmas, quatro vigiavam uma '“ponta” do M ovime nto dc Libe rtação Popular (M olipo) c quatro ficavam na re se rva. A Se ção de Inve stigaçõe s ope rava num canal de rádio próprio, dife re nte do outro canal usado pe lo re stante do DO L O s me mbros de ssa se ção, como e ra praxe , não podiam come ntar com os outros inte grante s do DO I o que e stava ocorre ndo. Só e le s, o comandante e o subcomandante do DO l tinham conhe cime nto da ope ração. A comparti me ntação c o sigilo da ope ração e ram impre scindíve is para o nosso êxito. No dia 14 de junho de 1972, Antônio C arlos saiu do se u “apare lho" às 71i 15 e , como se mpre , foi se guido por nós. Andou pe la cidade e às 9 horas “cobriu um ponto”, no bairro Ipiranga. São Paulo, com M arcos Nonato da F onse ca (WW). C onve rsaram durante 15 minutos. M arcos e ntrou no carro de Antônio C arlos e partiram para o bairro da Lapa, onde se e ncontraram com outro militante , num ponto, e xatame nte às 10h30. C onve rsaram os três durante me ia hora. Antônio C arlos e M arcos se de spe diram do camarada militante , e mbarcaram juntos no me smo Volks e dirigiram-se para o bairro da M ooca. Yuri saiu do se u “apare lho” de pois das 9 horas. Às 10 horas, “cobriu um ponto” com Ana M aria Nacinovic C orre a (Be te ). Às 10h45, os dois, no car­ ro de Yuri, partiram e m dire ção ao bairro da M ooca, por onde rodaram bas­ tante . Às 12hl 5, Yuri e Ana M aria e ntraram no Bar e C hurrascaria Vare la, na R ua da M ooca, 3238. As T urmas da Se ção de Inve stigaçõe s informaram o comando do DO l sobre o que ocorria e montaram um dispositivo de e xpe c­ tativa, quando aprove itaram para de scansar e faze r um lanche . Uma sarge nto da Polícia M ilitar, acompanhada de outro age nte , “se u namorado”, também e ntrou no re staurante para almoçar. Antônio C arlos e M arcos continuaram se ndo se guidos por nós. E le s e staci­ onaram o carro e . para surpre sa nossa, e ntraram também no Bar e C hurrasca­ ria Vare la, indo se ntar-se na me sma me sa com Yuri e Ana M aria. As T urmas de Inve stigação que se guiam Antônio C arlos c M arcos também montaram um dis­ positivo de e xpe ctativa. O nosso “casal” que almoçava apre ssou-se . pagou a conta e saiu do re stau­ rante . Informou ao capitão que comandava a ope ração todos os de talhe s a re spe ito dos quatro te rroristas: onde e le s e stavam se ntados, a posição das me ­ sas, a situação das armas. E ste e ra o mome nto ade quado para a “de rrubada”. Afinal, tínhamos al i jun­ tos, almoçando, quatro C omandos Nacionais da ALN. I .á fora. re stavam se is T urmas da Se ção de Inve stigaçõe s, cada uma com dois me mbros. As outras se is já haviam sido re colhidas ao I )e siae ame nlo. A ve rdade sufocada * 403 O capitão re solve u pre nde -los na saída do re staurante , pois e sse e stava che io. O s quatro, ce rtame nte , não se e ntre gariam se m re agir e , caso ocorre sse um tiro­ te io no inte rior do re staurante , muitos inoce nte s pode riam se r atingidos. F oram montados dois dispositivos para a prisão. Um e m torno de cada carro, pois e ste s e stavam e stacionados e m ruas distintas e um pouco distante s do re staurante . Para cada dispositivo foram de signadas três turmas, isto é, se is e le me ntos. A orde m e ra pre ndê-los quando e stive sse m e ntrando nos se us carros. Quando os quatros saíram do re staurante , não proce de ram como imagináva­ mos. T odos se dirigiram para o carro de Yuri, e stacionado na R ua Antune s M acie l. Ne sse mome nto, o capitão de cidiu pre ndê-los. C hamou Yuri pe lo nome e de tcrmi- nou que se re nde sse m, pois e stavam ce rcados. Ao re ce be re m voz de prisão, re agi­ ram prontame nte à bala. fe rindo dois de nossos age nte s, be m como a me nina Ire ne Dias, de dois anos de idade * re side nte na R ua C uiabá. 172, e R odolfo Aschrman. re side nte na R ua Pae s e Barros, 2520. O capitão te ntou usar a sua me tralhadora Be re tta, que não funcionou. No auge da ansie dade , e para não de monstrar que portava uma me tralhadora, e le havia re tirado o carre gador e o e ntre gara a uma age nte , te ne nte da Polícia M i­ litar. O tirote io foi fe ro/.. A nossa te ne nte , de baixo de bala, raste jou pe la rua e e ntre gou ao capitão o tão e spe rado carre gador que , afinal, foi colocado na me tralhadora que come çou a funcionar. Antônio C arlos saiu corre ndo e ntre os carros, se mpre atirando com a sua me tralhadora. Se qüe strou um automóve l que passava, jogando o se u motorista no chão, assumiu o volante e partiu e m disparada. O tirote io continuou por mais alguns minutos. Ao final, e stavam mor­ tos: Yuri Xavie r Pe re ira (Big), que usava ide ntidade s falsas com os nome s de Luiz E . F e rraco e Sérgio Amauri F e rre ira: Ana M aria Nacinovic C orrca(Be tc), que usava ide ntidade s falsas com os nome s de J ose fina Damas M e ndonça. M aria das Graças Souza R ago c Sônia M aria Sampaio Além; e M arco Antônio Nonato da F onse ca, que usava a ide ntidade falsa com o nome de R omildo Ivo da Silva. Pe rde mos a pista de Antônio C arlos que , de sconfiado, abandonou se u “apare lho”. “Justiçamento” dc Manoel Henrique dc Oliveira O ito me se s após, e m 21/02/73. às 7h30, um comando te rrorista da ALN, formado por F rancisco Se iko O kama (Baiano), Arnaldo C ardoso R ocha (J ibóia). F rancisco E manue l Pe nte ado (J úlio), Antônio C arlos Bicalho Lana (Bruno) e R onaldo M outh Que iroz (Papa), assassinaram a tiros o co­ me rciante M anoe l 1le nriqiie dc ( )li\vira, dono tio Bar e ( 'luirrascai ia Vare la, 404-C arlos Albe rto Brilhante Ustra na e squina da R ua da M ooca com a R ua Antune s M acie i, próximo ao e sta­ be le cime nto come rcial de sua proprie dade . Sobre o corpo de M anoe l He nrique de ixaram panfle tos, acusando-o dc te r de latado à polícia os se us comparsas, quando e ste s almoçavam no re staurante . M anoe l He nrique nasce u e m 09/05/1934, e m Portugal. E ra casado com dona M argarida T avare s. O casal tinha dois filhos, Albe rto M anoe l, de quinze anos, e M aria do C armo, de dois anos. E stavam no Brasil há um ano. E ram muito e stimados pe los sócios, fre gue se s e vizinhos e viviam um pe ríodo de e xtre ma fe licidade . A ALN e a e sque rda jamais admitiram que três de se us C omandos Na­ cionais “caíram” após um inte nso e minucioso trabalho dc inve stigação, que durou me se s c que come çou quando infiltramos um de se us próprios me m­ bros na ALN. Pre fe riu, por vaidade , me ntir ao público que a que da de se us dirige nte s ocorre u por de núncia de um proprie tário de re staurante . Para corroborar a sua te se , não te ve dúvidas e m assassinar um che fe de família que e le s sabiam se r inoce nte . A re spe ito, é conve nie nte transcre ve r o de poime nto de dona M argarida lavare s, pre stado ao Jornal do Brasil e m 26 de nove mbro de 1978: “Se gundo dona M argarida, no dia 21 dc fe ve re iro dc 1973, e le foi como todos os dias, à C hurrascaria Vare la, na qual tinha uma socie dade . Ne m che gou a sair do carro, pois foi logo me tralhado. Pe los panfle tos que os te rroristas de ixaram no local, sob as razõe s da vingança, M anoe l te ria de nunciado quatro te rroristas oito me ­ se s ante s. M as dona M argarida ne ga. E le nào fe z nada disso. E le s foram almoçar na churrascaria, pe diram para usar o te le fone . Logo de pois houve o tirote io com a polícia e tre s de le s morre ram. F oi só isso.” (Jornal do Brasil, 26/11/78). T rês inte grante s do me smo comando te rrorista, que matou o se nhor M anoe l He nrique de O live ira, tive ram um combate com age nte s do DO I no dia 15 de março de 1973, na R ua C aquito, na Pe nha, onde morre ram Arnaldo C ardoso R ocha (J ibóia), F rancisco Se iko O kama (Baiano) e F rancisco E manoe i Pe nte ado (J úlio). O s outros dois me mbros de sse comando, R onaldo M outh Que iroz (Papa) morre u cm 06/04/73 e Antônio C arlos Bicalho Lana (Bruno) e m 30/11/73, e m confronto, também com age nte s do 1)01. J acob Gore nde r, que militou no PC BR . cm se u livro ( ’omhate nas Trevas, assim se re fe re ao e pisódio do “justiçame nto” de M anoe l I le nrique de O live ira: A ve rdade sufocada - 405 “No dia 21 dc fe ve re i ro de 1973, um comando da AL N fuzi ­ lou o português M anoe l He nri que de O l i ve i ra, propri e tári o do re staurante Vare la, na M ooca, a cuj a saí da quatro gue rri l he i ros foram me tral hados e m j unho do ano ante rior. A AL N concl ui u que M anoe l He nri que te l e fonou ao DO I /C O DI por te r re conhe ­ ci do Ana M ari a Naci movi c, cuj o re trato fi gurava nos cartaze s dc “T e rrori stas Procurados”, col ados aos mil hare s por toda a par­ te . Lm livro de 1987, o corone l Bri lhante Ustra apre se ntou a ve r­ são se gundo a qual o ce rco aos gue rril he iros re sultou de uma ope ­ ração policial dc infiltração e acompanhame nto. M anoe l He nrique te ria si do j usti çado se m culpa. Supondo que a ve rsão do corone l se ja ve rdade i ra, não havia como a AL N te r conhe ci me nto de l a e m 1972. Por e nquanto, trata-se de ve rsão base ada uni came nte no de poi me nto do corone l , suspe i to pe la ne gação afrontosa da mon­ tanha dc e vi dênci as sobre sua re sponsabi l i dade nas torturas de prisi one i ros no DO I /C O DI de São Paul o.” Gore nde r justifica ainda os assassinatos do Dr. O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior, do capitão ame ricano C harle s C handle r, do te ne nte Albe rto M e nde s J únior, afirmando que se fe z a justiça re volucionária. E xplica o as­ sassinato do marinhe iro inglês David C uthbe rg, um jove m que morre u se m sabe r por que fora conde nado à morte , como se ndo um ato dc de satino dos “jove ns e studante s”. Da me sma mane ira, te nta justificar o assassinato de M anoe l I le nrique de O live ira, um inoce nte que não te ve participação algu­ ma nos fatos ocorridos. A ale gação de que o dono do re staurante ligou para o DO I, avisando que os te rroristas lá e stavam almoçando e que havia re conhe cido Ana M aria Nacinovic C orrêa, das fotos dos cartaze s de te rroristas procurados, é inviáve l. C om absoluta ce rte za, no re staurante não havia, fixado e m ne nhum local, qualque r cartaz dc te rroristas procurados. O s proprie tários de lojas, re stau­ rante s. supe rme rcados, não os fixavam, ne m nós pe díamos para que o fize s­ se m, pois os te rroristas me tralhavam os locais onde e xistiam e sse s cartaze s. E le s só e ram colocados e m órgãos públicos como rodoviárias, ae roportos, de le gacias de polícia. O DO I jamais forne ce u se us te le fone s ne m os distribuiu por re staurante s e outros locais públicos. Se ria praticame nte impossíve l que o DO I tive sse distribuído para o R e staurante Vare la e que e sse me smo re staurante vie sse , por acaso, a se r e scolhido pe los te rroristas para almoçar. Além disso, as mulhe re s te rroristas mudavam continuame nte a sua aparência, tingindo os cabe los, usando pe rucas de várias core s, tamanhos e corte s dife re nte s. 406 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra No dia dc sua morte , a fisionomia de Ana M aria e ra comple tame nte dife ­ re nte da que apare cia nos cartaze s. Por tudo isso, o se nhor M anoe l He nrique não te ria condiçõe s de re conhe ce r Ana M aria. Além do mais, pre ocupadíssimos com se gurança e pre parados para todo tipo de e ve ntualidade , me smo que e s­ tive sse m disfarçados, nunca ficariam por muito te mpo e m um local onde um de sse s cartaze s e stive sse e m e xposição. A minha ve rsão, e mbora o se nhor J acob Gore nde r conside re suspe ita, é ve rdade ira e irre futáve l. Por que some nte as ve rsõe s de assassinos, te rroristas, assaltante s, se qüe s­ tradore s, subve rsivos, simpatizante s e historiadore s de e sque rda são ve rdade i­ ras? Porque um se mpre confirma ou justifica a ve rsão do outro, inde pe nde nte de te r pre se nciado o fato. Inte re ssa ide ologicame nte que e xistam cada ve z mais “vítimas inoce nte s” de uma “ditadura implacáve l”. É pre ciso que os jove ns se ­ jam novame nte e nganados para, se ne ce ssário, se re m usados e sacrificados :‘e m nome da luta pe la de mocracia”. Se os se us doutrinadore s ve nce re m, ao invés da de mocracia pe la qual pe n­ sam e star lutando, te rão um re gime totalitário, no qual se us dire itos não se rão re spe itados, se m libe rdade de impre nsa ou, me smo, de opinião. O e xe mplo de C uba e stá aí, há mais de 45 anos. T odas as famílias dos me mbros do comando da ALN, que e xe cutou a se nte nça de morte do implacáve l “T ribunal Ve rme lho”, tive ram se us pe di­ dos de inde nização aprovados pe la C omissão E spe cial, criada para a apli­ cação da Le i 9.140/95. E a se nhora M argarida, viúva de M anoe l He nrique de O live ira, como te rá criado se us filhos me nore s? Se rá que a C omissão de Dire itos Humanos se pre ­ ocupou com e le s? Λ ve rdade sufocada - 407 Nossa vida em contínua tensão No DO I vivíamos e m constante sobre ssalto. Não some nte nós, mas tam­ bém nossas famílias. R e ce bíamos te le fone mas ame açadore s, tanto no traba lho como e m casa. Se guidame nte , e ncontrávamos e m apare lhos le vantame ntos com os no­ me s do nosso pe ssoal e de autoridade s, com dados pe ssoais, os carros usa dos, e nde re ço, quantidade de filhos e caracte rísticas de nossas e sposas. Até fotografias foram e ncontradas. Apre nde mos a vive r e m constante e stado de ale rta. As famílias e ram ins­ truídas para não abrir os pacote s e as corre spondências que che gasse m. As flore s que re ce biam ficavam fora de casa, até se re m e xaminadas, pois as e sposas dc algumas autoridade s re ce biam buquês, fre qüe nte me nte com ame aças. Não abríamos a porta se m que , ante s, tivésse mos a ce rte za de que e ram pe ssoas conhe cidas. O clima e ra te nso. O s “justiçame ntos” e os se que stros nos pre ocupavam. Autoridade s do gove rno do e stado re ce biam ame aças de se qüe stros dc se us familiare s. E stávamos pe rmane nte me nte pre ocupados com tais ame a­ ças, inclusive com nossos filhos, ape sar dc que o único caso de se qüe stro de criança ocorre ra no R io de J ane iro. E m 13 de março de 1970, na Lagoa R odrigo de F re itas, o militante da ALN C arlos E duardo F ayal de Lira (C lóvis ou Home ro), de pois de fe rir grave me nte a tiros, no pe ito e na pe rna, o capi­ tão do E xército F re ddie Pe rdigão Pe re ira, ao se r pe rse guido pe los órgãos de se gurança, inte rce ptou um carro, re tirou do se u inte rior a se nhora que o diri­ gia e le vou consigo o se u filho, um me nino de nove anos, como re fém. No tirote io o me nino foi fe rido. Logo que o militante se viu livre da policia, aban­ donou o carro com a criança, na R ua Sique ira C ampos, C opacabana. Assim como os subve rsivos de scre ve m cm se us livros, nós também de s­ confiávamos de alguém que nos olhava, de um carro que acide ntalme nte nos se guia por alguns mome ntos, de um pipoque iro ou sorve te iro e m fre nte às nos­ sas casas e dc muitas outras coisas. E sse e stado de te nsão aconte cia com todos os me mbros do De stacame nto. Assim como nós te ntávamos golpe ar o inimigo, e le s também que riam nos intimidar e ganhar a gue rra. A e xe mplo disso, transcre vo tre cho do livro A Esquerda Armada no Brasil, onde Liszt Bcnjamin Vie ira (F re d ou Bue no), da VPR , e m de poime nto dado e m C uba, narra os planos para a e xe cução de três se qticstros: “C ome çamos a faze r le vantame ntos base ados cm posi çõe s concre tas. A organi zação colocou ne ssa tare fa a mai ori a dos se us A ve rdade sufocada · 409 quadros disponíve is. T rabal havam com duas possibilidade s: uma o se qüe stro de um militar da ditadura, um corone l muito ligado à re ­ pre ssão; a outra o se qüe stro de um capitalista norte -ame ri cano." "l ’oi s be m. loi durante aque la conve rsa que suge ri a M oisés (J osé R ai mundo da C osta) o se qüe stro dc um j aponês.” “De ci di mos por nossa conta um novo l e vantame nto: o do côn­ sul ge ral do J apào e m Sào Paulo.” "Di spúnhamos, e ntão, naque l e mome nto de três possi bi l i da­ de s: o militar, o norte -ame ri cano e o cônsul j aponês.” “Paral e l ame nte ao nosso e mpe nho dc se qüe strar o cônsul j a­ ponês. outro grupo de ação da organi zação te ntou o se qüe stro do militar. No mome nto da ação surgiu um proble ma técnico. Um companhe i ro, ao partir para o e ncontro marcado, e qui vocou-se no local, o que provocou um atraso de 15 mi nutos. Quando outro companhe i ro pe rce be u o e rro, foi ao se u e ncontro e le vou-o ao ponto e xato. M as a de mora fe z com que a ope ração fracassasse : o corone l passou no l ugar pre visto, na hora pre vista e não pude ­ ram se qiicsirá-I o. Por uma pe que na falha não pôde se r capturado aque l e militar da ditadura, cujo se qüe stro te ria sido o prime iro de s­ sa í ndole no Brasil.’* Assim vivíamos nós, se mpre te nsos, e spe rando o inimigo de sconhe cido, no lugar me nos e spe rado. lisse pe rmane nte e stado de te nsão nos obrigava a e star se mpre e m ale rta a qualque r movime nto suspe ito. No e ntanto, e ntre todas e ssas horas de grande te nsão que vivíamos no dia- a-dia do DO I, re stavam alguns mome ntos de calmaria, e m que ouvíamos histó­ rias incríve is como as de “Pato-a-tapa” que . infe lizme nte , fale ce u e m 2005. Se u ape lido surgiu do re lato de suas caçadas, re alizadas e m um local onde havia tantos patos se lvage ns que não ne ce ssitava de munição. M atava-os a tapas. O uvíamos também as histórias de “F oguinho'\ que possuía uma plantação de couve , cujos pés atingiam mais de 1.80 m de altura. Hram mome ntos de piadas e de scontração. As ve ze s, comíamos um arroz-de -carre te iro fe ito pe lo‘T imone iro*’, um e x­ ce le nte cozinhe iro. Nas horas vagas, e nquanto cozinhava, jamais abandonava a “C atarina1’, sua me tralhadora; não a largava ne m para dormir. l£lio Gaspari, e m se u livro A Ditadura Escancarada. ironiza a minha “guerra sem uniforme" e os ape lidos dos home ns que formavam a minha “tropa": “Pe ­ ludo'", “C abinho", “Pé-de -Porco". que quase faziam parte da família; “C hico F arinhada". que disfarçava sua me tralhadora sob o pale íó, como sc fosse um cabide ; “faze nde iro". “C ’alatau". “( ’abe ção". “ I invào“. “( iordo”. “IVninha". 410»C arlos Albe rto Brilhante Ustra R osinha”, “C amarão”, "Quincas”, “E l C id”, "C umu'ra“ c lantos outros. M as loicssa tropa, de ape lidos e ngraçados, se mpre unida, que lutou com bravu- lU, juntame nte com outros, contra o te rrorismo e m São Paulo. Na hora pre cisa, ninguém re cuava. Éramos um todo solidário. E u confiava ne le s c e le s confiavam e m mim. A noite de Natal é para mim uma fe sta da família, que de ve se r passada e m casa. E ntre tanto, e nquanto fui comandante do DO l, as quatro ce ias de Natal foram fe itas no De stacame nto, junto com os me us comandados que ne sse dia e stavam de se rviço. Le vava a minha família para que todos, irmanados - oficiais, de le gados, inve stigadore s, sarge ntos, cabos e soldados -, ce ásse mos juntos. Aca­ bada a nossa ce ia, e ra a ve /, dos pre sos que , no me smo local ante s por nós ocupado, ce avam com os se us e nte s que ridos. A ce ia e ra idêntica à nossa e até me lhorada, porque as suas famílias le vavam comidas e doce s gostosos. Ape nas não compare ciam os pre sos incomunicáve is. Para e sse s, a ce ia e ra le vada, por mim e pe lo carce re iro, nas ce las. A gue rrilha, a ince rte za da volta, os mome ntos difíce is, tudo nos unia. Não foram bons te mpos. F oram te mpos difíce is. M uito difíce is, mas te nho gratas re cordaçõe s dos me us comandados. I loje , 32 anos de pois de te r passado o comando, continuamos nos re u­ nindo. uma ve z por ano, cm um jantar, e m São Paulo. M uitos le vam se us filhos. O s que fale ce ram, não de ixam de marcar pre se nça, pois são re pre se n­ tados por se us filhos, suas viúvas, se us irmãos. São age nte s e de le gados da Polícia C ivil, soldados, cabos, sarge ntos e oficiais da Polícia M ilitar, do E xér­ cito e da Ae ronáutica. E um dia que já se tornou tradição. IJ m re e ncontro e mocionante e ntre com­ panhe iros que passaram juntos mome ntos de muita te nsão. E ramos c continuamos uma família. Assassinato do Dr. Octávio Gonçalves Moreira Júnior 25/02/1973 As organizaçõe s te rroristas intimidavam a socie dade de várias mane iras. E xplosõe s dc bombas, ate ntados a quartéis, “justiçame ntos” de militare s e s­ trange iros e de industriais, sabotage ns, se qíie stros e inúme ras outras açõe s que le vavam pânico a vários se tore s da população. C om o grande núme ro de que das e ni combate com os órgãos de se guran­ ça, as organizaçõe s che garam à conclusão que e ra ne ce ssária uma ação de impacto que nos atingisse dire tame nte . Apare ciam e m docume ntos apre e ndidos e m “apare lhos1’ de te rroristas, e m São Paulo, le vantame ntos de oficiais das F orças Armadas, de me mbros da Se cre taria de Se gurança e do pe ssoal do DO I/II E xe rcito. Alguns de sse s le vantame ntos foram e nviados para o C hile , onde um grupo grande de re fugiados atuava. O sanguinário “T ribunal Popular R e volucionário" de cidiu que o impacto se ria maior se “justiçasse m” um me mbro do DO I. O tribunal e ra composto por "honoráve is juize s” da VPR . ALN, PC BR e VAR - Palmare s. O e scolhido foi o Dr. O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior, de le gado de Polícia, 33 anos, me mbro do DO I/II E x e che fe de uma das T urmas dc Busca e Apre e nsão. Avisado sobre os le vantame ntos e ncontrados, ale gava, com se u sorriso contagiante . que De us e stava com e le , que nada te mia e continuaria com sua vida normal. O Dr. O ctávio, ou me lhor, O tavinho, como e ra chamado, e ra muito que ­ rido no trabalho e no me io que fre qüe ntava. E ra ale gre , afáve l, brincalhão e apaixonado pe la vida. C e rtame nte sua morte iria abalar profundame nte todos os se us amigos e companhe iros dc trabalho. E m São Paulo, cumpria a sua rotina diária, se mpre ate nto e se guindo as normas de se gurança. Nos finais de se mana, se xta-fe ira à noite , quando não e stava de plantão, se guia para o R io de J ane iro onde ia ve r sua noiva. Amava o sol, o mar e a Porte la, da qual e ra me mbro honorário. No R io, andava se mpre de sarmado. Vale nte e corajoso, não gostava de usar armas. Dizia que não te ria corage m de matar ninguém. Pre fe ria usar se us dote s de faixa pre ta e confiava na força de se u porte físico com mais de 1,80m. E m C opacabana, re laxava. Hospe dava-se , ia à praia e jogava vôle i, se m­ pre no me smo lugar. De spre ocupado, ape sar de todas as instruçõe s re ce bidas para ve rificar se e stava se ndo se guido, O tavinho se e ncantava com o R io e e sque cia as normas dc se gurança. C onfiava na sorte e facilitava. Aprove itando- se disso. Be te C hachamovitz, da ALN, foz todo o se u le vantame nto e re passou 412-C arlos Albe rto Brilhante Ustra sua rotina para o “C omando Ge túlio de O live ira C abral”. T odos os horários, hábitos, locais fre qüe ntados, e nfim, toda a sua ficha. E stava se lada a sorte do ale gre e brincalhão O tavinho. Se xta-fe ira, 23/02/1973, à noite , Dr. O ctávio viajou para o R io de J ane i­ ro. Ante s, passou e m minha casa c apanhou uma e ncome nda que minha mu­ lhe r mandou para a minha sogra. Sábado amanhe ce u no R io e foi para o apartame nto onde se mpre se hospe dava. E m se guida, foi à praia de C opacabana. Não pe rce be u dois home ns e stranhos que o obse rvavam. À noite , foi ao e nsaio da Porte la. No dia se guinte , domingo, 25/02/1973, pe la manhã foi à praia e de ixou a e ncome nda para a minha sogra na portaria. J ogou vôle i e , na volta, foi almoçar no Le me , com se u amigo C arlos Albe rto M artins. Voltou do almoço e , distraí­ do, não notou um automóve l O pala e stacionado na e squina da Ave nida Atlânti­ ca com a R ua R e pública do Pe ru. O s carrascos e stavam à e spre ita de sde às 15 horas. No O pala, os e ncarre gados da e xe cução. O s outros e stavam e m locais e stratégicos para dar cobe rtura. O tavinho ia com o amigo para o apartame nto onde se hospe dava. E stava de be rmudas, camisa e stampada e sandálias. C omo se mpre , de sarmado. Parou e m um ore lhão para ligar para a noiva. Ne sse mome nto, Be te C hachamovitz fe z um sinal e o apontou para os assassinos. T rês te rroristas partiram e m sua dire ção. Uma e ste ira de praia, de baixo do braço dc um de le s, e scondia uma carabina calibre 12 mm, arma de caça, de alto pode r de de strui­ ção. De de ntro da e ste ira partiu o prime iro tiro que o atingiu pe las costas. O impacto foi tão forte que o de rrubou e o atirou longe . Um se gundo tiro, dirigido ao coração, atingiu um crucifixo de ouro que e le trazia - O tavinho e ra católico praticante e pe rte ncia à O rde m T e rce ira de São F rancisco. O outro home m aproximou-se e de u-lhe mais dois tiros no rosto, de formando-o. O s últimos tiros foram disparados de uma pistola 9 mm. O tavinho morre u instantane ame nte . Se u amigo, C arlos Albe rto, foi fe ri­ do com dois tiros, mas sobre vive u. O s assassinos jogaram panfle tos sobre o corpo e fugiram e m se guida. C omo impacto sobre os órgãos de se gurança não pode ria have r me ­ lhor e scolha. Dr. O ctávio e ra um de le gado ide alista, carismático, amá­ ve l e e stimadíssimo. Participaram da ação: Be te C hachamovitz - ALN; M e rival Araújo (Zé) - ALN; F lávio Augusto Ne ve s Le ão Salle s (R ogério) - ALN;T homaz Amónio A ve rdade sufocada - 413 da Silva M e ire le s Ne tto (Luiz) - ÁLN; J osé C arlos da C osta (Baiano) - VAR - Palmare s; J ame sÁlle n Luz (C iro) - VAR -Palmare s; R amire s M aranhão do Vale (Adalbe rto) - PC BR ; e R anúsia Alve s R odrigue s (F lorinda) - PC BR . Inde nizaçõe s foram distribuídas fartame nte aos familiare s de se us assassinos. A notícia da morte do Dr. O ctávio che gou logo a São Paulo. As 18 horas, e u fui informado do ocorrido. T odos ficamos conste rnados. Partiram para o R io de J ane iro os de le gados do DO PS, R ome u T uma e Sérgio Paranhos F le ury, e o de le gado ge ral de Polícia. Walte r Suppo. Provi­ de nciaram a re moção do corpo para São Paulo. E ntre os pe rte nce s do Dr. O ctávio, o Dr. Suppo e ncontrou o se guinte cartão: “E m caso dc aci de nte , por favor, chame , urge nte me nte , um padre catól i co, me smo que e u j á e ste j a morto. O ctávi o Gonçal ­ ve s M ore i ra J r.'T Ate nde ndo a e sse pe dido, o Dr. Suppo, e m ple na madrugada, conse guiu um sace rdote na igre ja de Santa T e re zinha, no T úne l Novo, C opacabana, que o acompanhou ao Instituto M édico Le gal e de u a unção dos e nfe rmos ao O tavinho. Se gunda-fe ira, pe la manhã, um táxi-aére o che gou a C ongonhas com os re stos mortais. F omos e spe rá-los. Dr. Suppo, fuma e F le ury e stavam muito abatidos. Sua mãe , D. E sthe r, e se us irmãos, E duardo e M aria He le na, inconsoláve is. Dr. O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior foi ve lado no salão nobre do Palácio da Polícia, e m São Paulo. O corte jo se guiu pe las ruas, le vando o corpo e m um carro do C orpo de Bombe iros, até o C e mitério do M orumbi, onde foi se pulta­ do com honras militare s. Pre se nte s o gove rnador de São Paulo, o comandante do II E xército, o se cre tário de Se gurança e muitas outras autoridade s. C aía uma chuva miúda, mas o ce mitério e stava lotado. C ompanhe iros de trabalho e amigos re ve zavam- se para carre gar o caixão. C omo última home nage m ao que rido companhe iro, traiçoe ira e covarde ­ me nte assassinado, os policiais dispararam suas armas para o alto. T anto abalo e mocional, curiosame nte , ao que pare ce não atingiu a Igre ja c, muito me nos, o se u me ntor maior e m São Paulo, o arce bispo D. Paulo E varisto Arns. E ra notória a re ligiosidade de O tavinho. Isso re come ndava qualque r tipo de home nage m póstuma, e spontane ame nte pe ia Igre ja, a e sse católico lao fe rvoroso. E ntre tanto, nada disso aconte ce u. 414-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O gove mo do E stado dc São Paulo, por inte rmédio da Se cre taria de Se gu­ rança Pública, e ncome ndou uma missa de sétimo dia que lotou a C ate dral da Sé e contou com a pre se nça do gove rnador do e stado, pre fe ito da cidade , se cre tários de e stado, a cúpula das Polícias C ivil e M ilitare de todas as autori­ dade s militare s das F orças Armadas se diadas na capital paulista. Nós, se us amigos e companhe iros de trabalho, também mandamos proce ­ de r a uma ce le bração, muito concorrida, na igre ja vizinha ao DO I, na R ua T utóia. Não foi, portanto, da iniciativa da Igre ja qualque r de ssas home nage ns a O tavinho. A cor do se u cre do político de ve te r sido a razào disso. D. Paulo E varisto Ams jamais se pronunciou conde nando e ssa barbárie ou outro crime da e sque rda assassina. Se fosse o contrário, porém, te nho absoluta convicção de que o pie doso home m de De us e nche ria a igre ja da Sc para ungir as "vítimas” da re pre s­ são numa de monstração ine quí­ voca de que a sua pie dade te m mão única. Ape sar do tre me ndo impac­ to que o assassinato de O tavinho causou nos órgãos de se guran­ ça, e le s não se intimidaram. C on­ tinuaram, com mais garra e de di­ cação, na luta e m que e stavam e mpe nhados. No finai de 1973, a maioria das organizaçõe s te rroristas que atuavam na gue rrilha urbana e s­ tava de sbaratada. M uitos militan­ te s foram pre sos, muitos tinham fugido para o e xte rior e alguns e stavam mortos. A gue rra suja e stava por te r­ minar. Dr. Octávio Gonçalves Moreira Júnior A ve rdade sufocada - 415 Rosto do Dr. Octávio, atingido por tiros Tiro de calibre 12 que atingiu o Dr. Octávio pelas costas Sepultamento do Dr. Octávio Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) A VAR -Palmare s foi uma das re sponsáve is, e ntre outros crime s, pe los as­ sassinatos do marinhe iro inglês David A. C uthbe rg e do de le gado de Polícia O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior. A VAR -Palmare s re sultou da fusão das organizaçõe s Vanguarda Popular R e volucionária (VPR ) e C omando de Libe rtação Nacional (C olina), e m re u­ nião re alizada e m fins de junho e início de julho de 1969, quando re solve ram se agrupar para formar uma organização mais forte , já que haviam amargado gran­ de s baixas e nlrc se us me mbros. Ne ssa re união se de cidiu pe la re alização de um congre sso, que te ria como principal obje tivo ratificar a fusão. No início de se te mbro de 1969, re alizou-se , cm T e re sópolis, o congre sso que ratificaria a fusão, te rminando e m sua prime ira fase com o chamado racha dos se te , se guidos mais tarde por outros disside nte s. O racha se base ou cm conflito de orde m política e doutrinária. Se m a pre ­ se nça dos disside nte s foi e le ita a se gunda dire ção da VAR -Palmare s constituída por: Antônio R obe rto E spinosa (Lino); C arlos Albe rto Soare s dc F re itas (Bre no); C arlos F ranklin Paixão de Araújo (M ax); J orge E duardo Saave dra Durão (Hugo); M ariano J oaquim da Silva (Loiola); e C láudio J orge C âmara (Aldo). E ssa organização atuou por quatro anos. C om as que das que ocorre ram durante os anos dc 1970 e 1971. a VAR -Palmare s, praticame nte , se de sbara­ tou como organização, re lraindo-se e m suas atividade s e re alizando contatos com outros grupos visando a uma possíve l fusão. Ape sar de , no final de 1971 J á se e ncontrar e m vias de e xtinção, ainda se mante ve cm atividade durante 1972 e 1973, sofre ndo um sério abalo e m outubro de sse ano, após um acide nte automobilístico que causou a morte de se u dirige nte , J ame s Alle n Luz. De ntre as principais açõe s da VAR -Palmare s de stacamos, além dos brutais e traiçoe iros assassinatos do marinhe iro inglês e dc O tavinho, as se guinte s: A grande ação C om a finalidade de solidificar a fusão da VPR com o C olina c obte r re cursos para o novo grupo que surgia, a VAR -Palmare s, foi plane jado o roubo de um cofrc da re sidência de Ana C apriglione Be nchimol, e m Santa T e re sa. R io de J ane iro. F m maio de 1969. Gustavo Buarque Schille r (Bicho) re ce be u, de J uarcz ( iuimarãe s de Brito, a incumbência dc faze r o le vantame nto na casa onde e sta­ ria jM iardado uni cofre , com grande quantidade de dólare s, pe rte ne e nle a 418*C arlos Albe rto Brilhante Ustra Adhe mar de Barros, e ntão gove rnador de São Paulo. A inte nção de J uare z, além dos dólare s, e ra e ncontrar no cofre papéis comprome te dore s, para faze r uma campanha de de smoralização contra Adhe mar, um dos articuladore s da C ontra-R e volução. Para conse guir re cursos para e xe cutar e ssa ação, a organização fe z, e m 11dc julho, um assalto à Agência M uda. do Banco Aliança. O assalto re nde u pouco e os militante s ainda foram pe rse guidos pe la polícia. Na fuga, Darcy R odrigue s assassinou a tiros o motorista de táxi C ide iino Palme ira do Nascime nto. Na tarde de 18 de julho de 1969, 13 militante s da re cém-criada VAR - Palmare s invadiram a re sidência de Ana C apriglione . Um grupo colocou os moradore s e e mpre gados confinados e m um quarto no térre o. O utro grupo subiu para o se gundo andar e , por uma jane la, amarrado por cordas, de sce ram o cofre que pe sava 200 quilos. C olocaram-no e m uma R ural Willys e fugiram e m se guida. F oi o maior assalto fe ito por qualque r organização te rrorista no Brasil. A féria foi e xce le nte , inimagináve l: dois milhõe s e me io de dólare s. O de stino dos dólare s é discutido até hoje . F ala-se e m compra de armas, distribuição e ntre as re gionais da VAR -Palmare s, pe que nas cotas aos militante s para sobre vivência e até na re me ssa dc um milhão de dólare s para a Argélia. F ala-se , também, e m contas na Suíça. Ao ce rto, jamais houve uma contabilida­ de de ssa fortuna. Participaram de sse assalto: comandante J uare z Guimarãe s de Brito (J uve nal); We llington M ore ira Diniz (Lampião); J osé Araújo Nóbre ga (Albe rto); J e sus Pare de s Sotto (M ário); J oão M arque s de Aguiar (Braga); J oão Domingos da Silva (E lias); F lávio R obe ito de Souza (M arque s); C arlos M inck Baumfcld (O rlando); Darcy R odrigue s (Sílvio); Sônia E liane Lafoz (M ariana); R e inaldo J osé de M e lo (M aurício); Paulo C ésar de Aze ve do R i­ be iro (R onaldo); e T ânia M angane lli (Simone ). Dilma R ousse ff, chamada por J osé Dirce u de “camarada de armas”, e m sua posse como che fe da C asa C ivil do gove rno Lula, além de ajudar na infra-e strutura de assaltos a banco, plane jou o que se ria o maior golpe da lula armada - o roubo do cofre de Adhe mar de Barros. Seqüestro de avião C om o pre te xto de come morar o anive rsário da re volução cubana, no dm 1° de jane iro de 1970, a VAR -Palmare s se qüe strou um avião ('arave lle d;i A ve rdade sufocada · 419 C ompanhia C ruze iro do Sul, que fazia a linha M onte vidéu-R io de J ane iro, e o de sviou para C uba com se us 95 passage iros. O s obje tivos do se qüe stro e ram faze r propaganda da luta armada, inte rnacionalme nte , c conse guir tre iname nto para os se qüe stradore s, e m C uba. O se qüe stro foi plane jado por J ame s Alle n Luz e contou com a participação de : Athos M agno C osta e Silva, C láudio Gale no dc M agalhãe s Linhare s, Isolde Somme r, Ne stor Guimarãe s I le rédia e M arília Guimarãe s F re ire . J ame s Alle n Luz voltou clande stiname nte ao Brasil e m fins de 1970, para continuar, de pois do tre iname nto, atuando na gue rrilha urbana. “J ustiçamcnto” dc Ge raldo F e rre ira Damasce no e “que ima de arquivo” de E lias dos Santos - 29/05/1970 Ge raldo F e rre ira Damasce no foi incumbido por uma dissidência da VAR - Palmare s (DVP) de guardar algumas armas da organização, cm sua re sidência. E ram uma carabina e cinco re vólve re s calibrc .38, com a munição. Acabou ve nde ndo-as, por ne ce ssidade de sobre vivência. Ao sabe r da ve nda, o “T ribunal R e volucionário”, num julgame nto sumário, conde nou-o à morte . Ge raldo re conhe ce u o se u e rro e imaginava que , no má­ ximo, se ria e xpulso da DVP. Às 23 horas do dia 29/05/1970, foi marcado um “ponto” da DVP com Ge raldo, na R ua Le blon, e m Duque dc C axias, R J . Se gundo combinado na organização, Ge raldo se ria morto a facadas. Um impre visto aconte ce u, pois Ge raldo, por pre caução, le vou consigo um amigo dc nome E lias dos Santos. (Não confundir com o soldado da PE , E lias dos Santos, morto por Pre ste s de Paula, e m 18/12/1969, durante o “e stouro” dc um apare lho do PC BR . Ve r PC BR ). C omo Ge raldo che gou acompanhado, se us assassinos mudaram o plano inicial e , cm lugar das facadas, mataram-no com se is tiros. Para que a e xe cução não tive sse te ste munha, E lias dos Santos também foi abatido a tiros. A VAR-Palmares e os jovens As ope raçõe s para de sarticular a VAR cm São Paulo foram iniciadas na prime i­ ra quinze na dc agosto dc 1970, pe lo me u ante ce ssor, major Waldyr C oe lho, que comandava a C oorde nação dc E xe cução da O pe ração Bande irante . No dia 29/09/1970, assumi o C omando do DO I. Hm razão das dilige nci­ as dc me u ante ce ssor, quando che gue i e ncontre i pre sos vários militante s da VAR - Palmare s. Do C omando R e gional e stavam pre sos: C arlos F ranklin Paixão de Araú­ jo e M aria C e le ste M artins (Lca). Do Se tor de Inte ligência: Pe dro F arkas (M auricio); Alfre do Schne idcr (Albe rto); J oscfina Bacariça (J osc); E lizabcth M e nde s de O live ira ou Be te M e nde s (R osa), pre sa no dia 29/09/1970; e E . R . R . (M ário). Dos Se tore s E studantil, de Impre nsa, O pe rário e Inte rior, 17 militante s. O Se tor de Inte ligência, onde Be te M e nde s atuava, ocupava-se e m falsificar docume ntos; le vantar locais e stratégicos; le vantar locais para assaltos, pichaçõe s e panfie tage ns armadas; e microfilmar e arquivar docume ntos. O me u prime iro dia como comandante do DO I foi e xte nuante . Procure i me ambie ntar, visitar parte das suas instalaçõe s, e studar as ope raçõe s e m anda­ me nto e me inte irar da situação de cada pre so. No dia se guinte , após a ambie ntação ge ral, já e stava e m condiçõe s de tomar algumas de cisõe s e dar a continuidade ne ce ssária ao nosso trabalho. E ram aproximadame nte 19 horas, quando conse gui um te mpo para conve r­ sar com alguns jove ns da VAR -Palmare s, oito rapaze s e cinco moças, que haviam sido pre sos no dia ante rior. T odos e sse s jove ns, cuja idade variava de 18 a 21anos, já haviam praticado pe que nas açõe s, como panfie tage ns, pi­ chaçõe s, le vantame nto para futuros assaltos. Inicialme nte , conve rse i com os rapaze s. E le s e ram L.C .M .K (usava do­ cume ntos falsos com o nome de F lávio Batista de R ibe iro Souza e os codinomcs “Paulo'1, "Guilhe rme '’ e “Vice nte "); C .E .P.S. (usava docume ntos falsos e m nome de J oão Prado dos Santos e os codinomcs de “F loriano”, “M are chal”, "R odrigo”); P.C .J . (Sérgio); J .R .V. (R afae l ou C ássio); J .C .S.S. (C e lso, Be to ou F ábio); F .M .A. (E dson); P.A. (R e nato, Abe l ou Danie l); e E .R .R . (Alfre do ou M ário). A se guir, fui ao local onde e stavam as cinco moças, um quarto no se gundo andar do nosso prédio. C onve rse i amigave lme nte com e las. Pe rgunte i se us no­ me s. onde re sidiam, colégios onde e studavam, profissão dos se us pais e o mo­ tivo da prisão. E las e ram bastante jove ns. Uma de las não me e ra e sl ranha. T ive a se nsação de conhe cê-la dc algum lugar c le mbre i-me que e ra da nove la Be to R ock fe l le r. E ra I li/.abcth M e nde s dc ( )live ira. conhe cida nos me ios artísticos A ve rdade sufocada - 421 como Be te M e nde s e , na VAR -Palmare s. como “R osa”. F ora pre sa num “apa­ re lho” por inte grar o Se tor de Inte ligência da O rganização. C om e la e stavam, também pre sas, E .S.V. (Luíza), V.M .V. (M anocla), N.P.V. (Sônia) e C .S. (I Icle na ou C larice ), todas por inte grare m a VAR - Palmarcs. F ui para casa, no me u se gundo dia de DO I/C O DI, pe nsando nos proble ­ mas de sse s jove ns e nas suas famílias. Quanta ansie dade , quantos sofrime n­ tos e sse s pais e stariam se ntindo a partir do mome nto que soube ram da prisão e da incomunicabilidade de se us filhos. 'Iodos pe rte nciam a uma oigaiiização subve rsivo-te rrorista. Usavam codinome s. Alguns foram pre sos vive ndo e m “apare lhos”. T inham participado de pe que nas açõe s. J á e stavam se ndo instruídos para a e xe cução de assaltos e , futurame nte , se riam induzidos a participar dc se qüe stros e a faze r “j ustiçame ntos” De acordo com a le i, e stavam implicados com a subve rsão e o te rrorismo c de ve riam, por isso. se r julgados. E ntre tanto, se ntia que cie s ali e stavam por­ que foram aliciados, principalme nte onde e studavam. Se guindo os trâmite s le gais, após os de poime ntos pre liminare s, de ve ri­ am se r mandados para o DO PS, para se re m ouvidos e indiciados e m inqu­ érito policial. A se guir, o se u de stino se ria, provave lme nte , o Pre sídio T ira- de nte s, o famoso “Apare ihão”. Para cie s e para o Brasil, se ria muito me lhor a re cupe ração do que a conde nação na J ustiça. C aso se guisse m os trâmite s le gais, a convivência no pre sídio, com te rroristas de alta pe rie ulosidade e a influência do “C omando R e volucionário do Pre sídio”, os tomaria militante s mais capacitados para a prática de açõe s te rroristas. E ra ne ce ssário e vitar que isso aconte ce sse . C om autorização do comandante do II E xe rcito, de cidimos que onze de s­ se s jove ns não se guiriam os trâmite s normais e iniciou-se inte nso trabalho no se ntido dc que re tornasse m à família e à socie dade . A prime ira me dida foi a de de ixá-los isolados e incomunicáve is. E le s passa­ ram a se ntir saudade s dos pais, dos irmãos, da família. Da me sma família que a maioria e stava pre ste s a abandonar para ingre ssar na clande stinidade . Ao me smo te mpo, os pais, aflitos, que riam vê-los, abraçá-los. Isso tudo nos comovia, mas não ce díamos. E ssa ansie dade mútua de pais e filhos e ra ne ce ssária para o trabalho de re cupe ração. E nquanto os dias passavam, oficiais do E xército, alguns de le s psicólogos, visitavam c e ntre vistavam e sse s rapaze s c moças. Discutiam com e le s os pro­ ble mas brasile iros, a subve rsão, o te rrorismo e suas conse qüências. O s livros e artigos, indicados por e le s para le itura, de ve riam induzi-los a olhar a vida sob outro ângulo e le vá-los a uma profunda me ditação. 422-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Parale lame nte , por e le s se re m me nore s da idade , solicitamos ao J uizado de M e nore s que e nviasse um re pre se ntante ao DO I para e ntre vistá-los, inclusive Be te M e nde s, que e stava com vinte e um anos e cinco me se s. Ate nde ndo ao nosso convite , a se nhora Zulcika Sucupira, como re pre se n­ tante do J uizado, e ste ve várias ve ze s no DO I, onde os e ntre vistou. O s pais foram convidados para uma re união no auditório do DO I. A e ssa altura, como os filhos já tinham sido inte rrogados, fiz um re sumo da militância de cada um e das açõe s que até e ntão haviam praticado. T ranqüilize i-os quanto à situação de le s e pe di que tive sse m paciência, pois ainda não che gara a hora de visitá-los. E sse s jove ns, incluindo Be te M e nde s, foram e nviados ao DO PS no dia 15/ 10/1970, se ndo ouvidos no inquérito policial 526/70. No me smo dia, foram re stituídos ao DO I com o ofício 1017/70 daque le de partame nto. Do re latório do inquérito e xtraímos o se guinte tre cho: “E sta organização (VAR -Palmare s), ale m de de se nvolve r atividade s que visavam à implantação dc um movime nto arma­ do re volucionário, procurava, ainda, contaminar a me nte de j o­ ve ns e viciá-los nos atos de corrupção e falsificação dc docu­ me ntos, be m como de sagre gá-los do me io familiare induzindo- os a vive r na ile galidade , com docume ntos falsos c às custas da organização subve rsiva, numa ve rdade ira afronta à moral fa­ miliar, social c nacional. Ate nde ndo ao solicitado pe lo C omando do II E xército no que se re fe re à re cupe ração dos jove ns indiciados, conscie ntizados e induzidos por e le me ntos que pre te ndiam instaurar a de sorganiza­ ção moral e a luta armada no País, libe ramos os indiciados não citados no pe dido de pre ve ntiva, uma ve z que foram iludidos e m se us ide ais, be m como de svirtuadas suas inte nçõe s, ficando suje i­ tos à punição pre vista pe la Le i dc Se gurança Nacional, uma ve z que também a infringiram, dando-lhe s a chance de re sponde r pe ­ los se us atos cm libe rdade e na continuidade dc suas atividade s normais, cm companhia dc se us familiare s e da socie dade . Ao colocá-los, juntame nte com outros e le me ntos já radicali­ zados, numa me sma ce la de pre sídio, e staríamos proporcionan­ do uma me lhor conscie ntização de e sque rda, be m como causan­ do a re volta própria do jove m ne ssa idade critica.” No dia 16/10/1970, convocamos os pais ao DO I c, numa ce rimônia sim­ ple s, que bramos a incomunicabilidade dc se us filhos. A re união foi no nosso A ve rdade sufocada · 423 auditório, onde houve o re e ncontro de cada pre so com se us pais. F oram mome ntos e mocionante s. Ao término da re união todos foram libe rtados e se re tiraram na companhia dos pais, inclusive Be te M e nde s, que pe rmane ce ra pre sa 18 dias. Ate nde ndo ao convite do II E xército, todos os pais compare ce ram à gra­ vação de um programa e spe cial na T V T upi. O programa, que foi ao ar no dia 19/10/1970, às 22h45, te ve o obje tivo de ale rtar e e sclare ce r as famílias a re spe ito dos métodos usados pe la subve r­ são para re crutar os jove ns. O apre se ntador foi Blota J únior, um profissional conhe cido pe la sua e le ­ vada compe tência e admiráve l e spírito público. A se nhora Zule ika Sucupira, também pre se nte , e ntre vistada pe la impre nsa de clarou: “M antive dive rsos contatos com os j ove ns, te ndo ve rificado e m pale stra informal com os de te ntos que e ste s não haviam sofrido ne nhum ti po de violência, re ssaltando que o Se rviço de Assistência de M e nore s não possui re cursos ne m condiçõe s para dispe nsar a e sse s jove ns o tratame nto que e le s vêm re ce be ndo por parte das autoridade s militare s.” (O Estado de Sâo Paulo, de 17/10/1970). Na me sma re portage m, O Estado de São Paulo acre sce nta mais: “A ve rdade é que nossos filhos foram i ntoxicados pe la doutri ­ na comuni sta - pal avras do pai de um dos j ove ns onte m col ocados e m li be rdade .” “J ulgava que minha filha e stive sse imune à trama da subve rsão - são palavras do pai de uma j ove m que até o início de ste ano le cio­ nava re ligião e m um e stabe le ci me nto de e nsino, ne sta capi tal.” “E sse s são alguns dos de poi me ntos que um grupo de pai s - cuj os filhos formavam na O rgani zação Vanguarda Armada R e vo­ l uci onária - pre staram durante programa gravado por uma e sta­ ção de te le visão e que se rá transmitido cm re de , 2afe ira, às 22h45m, para todo o País.” “Na oportuni dade , re sponde ndo às pe rguntas que l he s fo­ ram formul adas pe l os j ornal i stas, os pai s pre staram di ve rsas i nformaçõe s ace rca do comportame nto de se us fi l hos. Um de ­ le s, pre ocupado com o de sapare ci me nto de sua fi l ha e suspe i ­ tando que e l a e sti ve sse e nvol vi da cm movi me nto subve rsi vo, procurou a col aboração das autori dade s mi l i tare s, na busca à 424-C arIos Alberto Brilhante Ustra me nor, a qual foi l ocal i zada e m um dos “apare l hos onde vi vi a na cl ande sti ni dade .” “No curso da e ntre vi sta todos os pais foram unâni me s e m re s­ saltar o tratame nto humano di spe nsado aos se us fi lhos 110 órgão de se gurança onde e stavam re col hidos.” i4De uma forma ge ral, os pais assumi ram a re sponsabi l i dade pe los e rros que possi ve l me nte come te ram cm razão do e xce sso dc confi ança que de posi tavam e m se us filhos, pois admi ti am que as facçõe s subve rsi vas pode ri am e nvol ve r outros j ove ns c que j amai s al cançari am se us lare s.” “A ci rcunstânci a de os j ove ns te re m sido local izados e pre sos no início da cl ande sti ni dade - se gundo opi ni ão dc se us pais e de autori dade s - e vitou que e le s, i nconsci e nte me nte , che gasse m à e tapa pri ncipal do ali ciame nto: o se u e nvol vi me nto de fi ni ti vo na organi zação através da práti ca dc açõe s vi ole ntas.” Depoimento dc Bete Mendes na Justiça E m 30/03/1971, na se de da I aAuditoria da 2aC ircunscrição J udiciária M ilitar, re uniu-se o C onse lho Pe rmane nte de J ustiça do E xército. Na pre se n­ ça de se us me mbros - os dois advogados dc de fe sa, Dr. Pauio R ui dc Godoy e Dr. Amcrico Lope s M anso do procurador militar e do juiz auditor, Be te M e nde s foi qualificada c inte rrogada. Na maioria das ve ze s, os subve rsivos e os te rroristas, quando ne ssas me s­ mas circunstâncias e ram ouvidos na Auditoria M ilitar, ne gavam tudo o que haviam de clarado no DO I c no Inquérito Policial. Aprove itavam a oportuni­ dade para de sme ntir as de claraçõe s ante riore s, dize ndo que foram obtidas me diante tortura física c psicológica. Be te M e nde s, ne sse dia, 30 de março de 1971, quando qualificada e inte rrogada, não de clarou te r sofrido qualque r tipo de tortura, física ou psicológica. A se guir transcre vo o final de se u de poime nto, pre stado quando foi quali­ ficada e inte rrogada na Auditoria M ilitar: “...que , re pe tindo, os fatos se passaram como os narrou ne sta oportuni dade , de poi me nto que pre stou livre e se m ne nhuma coa­ ção, que , de fato, se nti u-se e moci onada e chorou, como todos pre ­ se nci aram, copi osame nte : que chorou c ai nda chora, ne sta opor­ tuni dade , porque e stá arre pe ndi da do que fe z, isto porque acha que e ntrou e m uma cousa pe rigosa, se m ne nhum conhe ci me nto A ve rdade sufocada - 425 das cousas e compl e tame nte contrári a ao se u modo dc scr (sic); que nào acre di ta e m ne nhuma organi zação subve rsi va e acha i nviáve is se us propósi tos, porque che gou à concl usão dc que e le s que re m ape nas de strui r; que é catól i ca e não vive com se us pais, que sãoj udi ci al mcnte se parados.” 'kE , como nada mai s disse , ne m lhe foi pe rguntado, de u-se por findo o pre se nte que . de pois dc lido, vai assinado por conforme . E u (ile gíve l), e scre ve nte dati l ografe i . E u, (ile gíve l) e scri vão assi ­ no. Scgucm-sc as assi naturas dos me mbros do C onse l ho Pe rma­ ne nte dc J usti ça, dc E lizabe th M e nde s dc O l ive ira, do Dr. j ui z au­ di tor c dc mais duas assi naturas ile gíve is.” Carta dc um pai No dia 2 dc agosto dc 1971, rcce bi do advogado, Dr. C .S, pai dc C .S (I Ie lcna ou C laricc), uma das me ninas me nore s, pre sas juntame nte com Be te M e nde s, a se guinte carta: ‘'limo. Sr. M aj or C arl os Albe rto Bri lhante Ustra C apital Pre zado ami go C omo posso agrade ce r-l he ? C omo posso agrade ce r a todas as autori dade s mi l i tare s? C omo posso agrade ce r à sábi a ori e nta­ ção do gove rno que , cm tão pouco te mpo, para tão i me nsa di ­ me nsão do probl e ma, e stá catal i sando a nossa j uve ntude , consci e nti zando-a para a ve rdade i ra luta pe la l e gí ti ma e manci ­ pação e conômi ca e social brasi l e i ra? C re io que j amai s conse guire i transmitir todo o me u re conhe ci­ me nto. Acho que some nte outros pais que , como e u, vive ram o drama dc te r lima filha ou um filho, ai nda crianças, mal dosa, im­ placáve l, fria c ve rgonhosame nte ali ciadas pe los se quaze s da sub­ ve rsão é que pode rão compre e nde r-mc. Que aconte ce a um pai quando, ce rta noite , e le abre a porta de sua casa e vc di ante dc si uma e qui pe dc busca que ve i o para pre nde r sua filha? Que pe nsame ntos lhe acode m ao ccre bro e ao coração? Que tantas e e stranhas pe rguntas e le sc faz? É um pe sade l o ou re ali­ dade ? F por que e ssa sinistra re al idade ? 426-C arlos Albe rto Brilhante Ustra É re alme nte a minha filha que procuram? M as ainda agora e la e ra uma criança, magrinha, frágil, de grande s olhos curiosos, e ngatinhando os prime iros passos, balbuciando as prime iras palavras, rabiscando os prime iros de se nhos, te ntando as prime iras le tras, con­ se guindo as prime iras notas, ve nce ndo com incríve l força de vontade os obstáculos para colocar-se se mpre como a prime ira da classe - do primário ao cole gial acompanhando se mpre todas as limitaçõe s do nosso orçame nto doméstico e se mpre procurando corre sponde r a to­ dos os inve stime ntos fe itos para a sua e ducação! E me smo a minha filha que procuram? M as e la te ve se mpre tanto se nso de re sponsabilidade , acre di­ tou se mpre que só o trabalho e o e sforço contínuo e a pe rsistência é que ajudam a ve nce r na vida! M as e la se mpre foi de dicada à família, se mpre ajudou os irmaos cm tudo o que podia! C omo, se e la dizia que que ria se r alguém para pode r ajudar todos nós, todo o mundo, todo o Brasil! C omo, se e la dizia que o nosso País te ria de se r grande , de se nvolvido, rico, re spe itado! C omo, se e la dizia que para isso e ra pre ciso muito e studo, muito trabalho, muita coope ra­ ção! Quanto fe rvor cm tudo o que e la dizia! Quanto brilho nos se us olhos - nos se us grande s olhos curiosos! E , ultimame nte , quanto e spírito de sacrifício, quanta re núncia, quanta re cusa a novas roupas, a um sapato novo, ao cabe le ire iro, à manicure , às dive rsõe s mais comuns! É me smo a minha filhinha que procuram? Hoje , passado quase um ano de sde aque le s te ne brosos dias de se te mbro, posso pe nsar mais calmo c confiante me nte . E quanta coisa afinal compre e ndo! C omo minha pobre filha foi e nganada! Utilizaram todo o se u se nso dc re sponsabilidade , toda a sua pe rsistência, toda a sua força de vontade , toda a sua cre nça no trabalho, todo o se u grande , ime nso e ge ne roso e sforço, todo o se u fe rvor, todo o brilho de se us grande s olhos curiosos para fazê-la acre ditar que o caminho da subve rsão e ra o único para ajudar todos nós, todo mundo, todo o Brasil, para o nosso País se r grande , de se n­ volvido, rico, re spe itado. T e nho diante de mim dois re tratos de minha filha: um do ano passado e outro be m re ce nte ; um dos te mpos tumultuosos e m que e stava se ndo iludida c outro cm que e la, agora livre , aprove ita com toda a sua since ridade a maravilhosa oportuni­ dade que lhe conce de ram. A ve rdade sufocada - 427 A me ni na inflamada, de cabe l os de scui dados, se m pintura, que se ne gava ir à manicuro, que só usava “bl ue -j e ans”, que re cusava roupas novas c um novo sapato, foi substi tuí da por uma moça madura, adul ta, tranqüil a, de cabe l os cui dados e unhas pi ntadas, e mbora se m e xage ro, que briga com a costure i ra quando o ve stido nào sai dire ito, que é e xi ge nte na e scol ha do mode l o do sapato novo, que voll ou ao anti go namorado e pre te nde fi car noi va nos próxi mos me se s. M as agora compre e ndo como e xiste mai s de um cami nho para a busca da ve rdade ; agora e nte ndo o val or da tol e rânci a; agora assi mi l o todo o e sforço do gove rno para e l i mi nar e tapas, e ngol i r atrasos e construi r mais de pre ssa o Brasil grande . C omo e la e nte nde u finalme nte o e spírito da luta pe lo nosso mar de 200 milhas; a gue rra pe lo nosso café solúve l; a batalha dos fre te s marítimos; a ne ce ssi dade s da ocupação cm curto prazo dos grande s e spaços vazi os através de proj e tos grandi osos tal como a T ransamazôni ca;o valor do incríve l progre sso de nossas te l e comu­ nicaçõe s; a inadiáve l urgência da alfabe tização cm massa; a ne ce s­ sidade de dar agora prioridade à formação de técnicos, para as e xigênci as da e xpansão da indústria e racionalizar a agricultura. O grande fator re sponsáve l por e ssa gradati va, porém firme re vi são de i déi as ve ri fi cada nos úl ti mos doze me se s de ve -se , indubi tave l me nte , à série de le ituras ori e ntadas pe lo te ne nte -coro­ ne l Ary R odolfo C arracho Home . na 5aSe ção do II E xérci to e m São Paulo, que se propôs - e conse gui u - mostrar à mi nha filha “o outro lado do gove rno”. Hoje , mi nha fi l ha e stá e spontane ame nte di sposta e pre parada para e ngaj ar-se no “Proj e to R ondon”, a fim de conhe ce r de pe rto a ve rdade i ra e dramáti ca di me nsão dos probl e mas de nossa infra- e strutura social e j untar-se de fi ni ti vame nte aos e sforços do gove r­ no na busca de soluçõe s. E ste s doi s re tratos de mi nha filha, que te nho di ante de mim, contam ioda e ssa história. A grande oportuni dade que lhe foi conce di da e stá se ndo apro­ ve i tada e m todos os se nti dos, durante todos os se gundos. Após a libe rtação, e l a liquidou o re stante do curso col e gial , passando com notas mui to boas, fe z um mês de cursi nho inte nsivo e , l ogo na pri me i ra te ntativa, foi aprovada no e xame ve sti bul ar da USP. i ngre ssando no De partame nto de Ge ografi a da facul dade de F ilosofia. O prime i ro se me stre da uni ve rsidade e l a também o ve nce u com notas altas e agora cursa o se gundo se me stre . 428-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O crédito de confiança que , por se u inte rmédio, pre zado ami­ go, as autoridade s conce de ram à minha filha e stá se ndo inte gral­ me nte corre spondido. Aguardamos agora o julgame nto final com se re nidade . E nfre ntare mos juntos, e la e e u, o pronunciame nto da J usti­ ça, dispostos a acolhe r a me lhor de cisão que houve r por be m se r apre se ntada. E u e stare i ao lado da minha filha cm qualque r circunstância. E muito possíve l que tudo isso te nha sido causado por mim e ape nas por mim. E muito possíve l que e u não te nha sido me lhor pai do que me propus a se r cm todos e ste s vinte c dois anos de casado. T alve z, se cu e stive sse mais pre se nte , mais atuante , tudo fos­ se dife re nte . T alve z, se cu tive sse tido mais te mpo para me de dicar à minha família e u pude sse te r dado muito maior assistência à minha filha. É possíve l. E muito possíve l. Não que ro e ximir-me de qualque r re sponsabilidade . Dire i ape nas que , dc todas as funçõe s do mundo, a do pai é a mais difícil. T e nho procurado de se mpe nhá-la da me lhor mane ira possíve l. M as, para isso, que te mpo livre te mos nós todos, pais, além daque le que nos toma o trabalho c a obrigação impe riosa de pro­ ve r ao suste nto da família? Vive mos todos numa se lva dc asfalto, onde a luta pe la própria vida é travada cm todos os cantos, vinte e quatro horas por dia. E na sobra para pode r olhar o horizonte . M as tudo passará, se De us assim o quise r. M uito obrigado, pois, caro amigo, pe la infatigáve l assistência dispe nsada à minha filha e a todos os me ninos c me ninas e nvolvi­ dos no e pisódio. T e nho ce rte za de e star falando não ape nas e m me u nome , mas cm nome dc todos os outros pais. R e ce be mos uma nova oportunidade e tudo e stamos faze ndo para honrá-la. Por favor, faça de sta carta o uso que achar mais rccomcndávcl. É a minha palavra dc gratidão ao amigo c a todas as autorida­ de s que lutam para re ave r a juve ntude do Brasil. Um grande abraço C . S." A ve rdade sufocada - 429 Nosso de poime nto na J ustiça e m favor dos jove ns E m 26 de agosto de 1971, por solicitação da I aA uditoria da 2oC ir­ cunscrição J udiciária M ilitar, e ncaminhamos uma De claração ao juiz audi­ tor, assinada por mim e por mais dois oficiais que pre stavam se rviço no DO I, nos se guinte s te rmos: fclC arlos Albe rto Brilhante Ustra, M aj Art 3G-234276, se rvindo na 2aSe ção do II E xército; Dalmo Lúcio M unizC yrillo, C apArt2G - 241958, pre stando se rviço na 23Se ção do II E xército; M auricio Lope s Lima, Gap Inf, se rvindo no 4oR e gime nto dc Infantaria; solici­ tados a de por como te ste munhas no proce sso instaurado na IaAu­ ditoria dc Gue rra, por motivos de Se gurança Nacional, contra os e studante s C .S., P.A., E .S.V., E lizabcth M e nde s de O live ira, J.R .V., L.C .M .F ., J .C .S.S., E .R .R ., (no docume nto original consta o nome comple to dos me nore s) faze mo-lo, através de sta de claração, para e xte rnar a me ticulosa obse rvação que concluímos dos jove ns e m julgame nto, no pe ríodo cm que e stive ram sob nossos cuidados, be m como e xpre ssar o acompanhame nto que re alizamos, através dc con­ tatos pe ssoais com cie s c se us re spe ctivos proge nitore s, na fase poste rior à sua libe rtação (condicional). Iodos muito jove ns, ve rdade iras crianças, de ixaram-nos pe r­ ple xos a sua inge nuidade e o total de sconhe cime nto que de mons­ travam da se rie dade de sua situação. Pude mos constatar pe rfe itame nte o aliciame nto, frio c calculado, que sofre ram no colégio cm que e studavam, por parte dc se us vários me stre s (se ria tal o ve rdade iro título a dar a e sse s home ns e mulhe ­ re s?). E ste s, vale ndo-se da autoridade de cáte dra, da asce ndência e da e xtraordinária facilidade dc mane jo que possuíam sobre tais alu­ nos, iniciaram junto a e le s um longo, pacie nte c inte lige ntíssimo e nvolvime nto dc prose litismo, não só te nde nte a corrompê-los politi­ came nte , como também uma torpe te ntativa de afastá-los do convívio de se us lare s, para me lhor atingir se us obje tivos inconfe ssáve is. Se ndo todos pe rte nce nte s a famílias re spe itadas c trabalhado­ ras. como pude mos comprovar no curso das diligências, no bre ve pe ríodo que durou sua de te nção e nos dias que ante ce de ram à sua libe ração, cra de e spe rar-se a total ine xpe riência c a confusão de idéia de tais jove ns. Daí a participação mínima que tive ram nos fatos, re sumindo- se e la a re uniõe s, contatos de “pontos” e a outras atividade s ca­ re nte s dc pe riculosidade , ao que pare ce e s.m.j. 430-C arlos Albe rto Brilhante Ustra T udo isso le vou as autoridade s militare s a optare m pe la libe ra­ ção, pre fe rindo que os jove ns indiciados re sponde sse m ao proce s­ so e m libe rdade , de volta ao se io de suas famílias, dando-lhe s, assim, numa e loqüe nte de monstração de compre e nsão e tole rân­ cia, uma oportunidade dc iniciare m logo sua re abilitação, com o re torno ime diato às atividade s normais de e studo e trabalho. C om isso e contando ainda com a irre strita coope ração de se us proge nitore s e re sponsáve is, buscou-se , inclusive , e vitar qualque r nova ligação ou contatos com e le me ntos corruptore s nos pre sídios onde já se e ncontravam de tidos os ve rdade iros profissionais da subve rsão. E mtodos e ste s últimos me se s, após a libe rtação, te mos e stado cm companhia dc proge nitore s e dc boa parte de sse s jove ns. Além disso, te mos re ce bido constante s notícias sobre e le s. Pode mos ate star a since ridade com que todos buscam corre sponde r à oportunidade que lhe s foi conce dida. T odos e stão e studando e trabalhando. T êm, assim, todo o se u te mpo tomado por atividade s cons­ trutivas. Não voltaram a te r qualque r vínculo com a situação ante rior; ao contrário, têm de monstrado arre pe ndime nto ve rda­ de iro, por se te re m de ixado e nvolve r. Alguns, por e xe mplo, além de te re m voltado ao antigo namora­ do ou à antiga namorada (que não pactuavam de suas antigas idéi­ as), e stão pre ste s a se tornare m noivos, como é o caso de C .S. (no docume nto original o nome e stá por e xte nso). Le mbramos também que , no caso da citada e studante c dc vários outros cole gas, e stão e le s procurando e ngajar-se na O pe ração R ondon, além dc já te re m re alizado le ituras orie ntadas pe la 5aSe ção do II E xército, por nossa indicação, ime diatame nte ace ita pe los inte re ssados. T e mos, portanto, e le me ntos para cre r, pe ssoalme nte , que a po­ lítica adotada com e ste s jove ns te m-se mostrado inte irame nte ace r­ tada, se ndo ce rto que , para tal corre spondência, muito te m contri­ buído a assistência de se us pais. E ra o que tínhamos a de clarar.” São Paulo, 26 de agosto dc 1971. Assinado por: C arlos Albe rto Brilhante Ustra - M aj Art Da Imo Lúcio M uni/.C yrillo -C ap Arl M aurício I .ope s Lima - C ap Inf A ve rdade sufocada -431 O docume nto original de ve e star arquivado no ST M junto ao proce sso. O s anos se passaram. E u e os jove ns se guimos nossas vidas. Da maioria jamais tive notícias. Um de le s, Pérsio Arida, que tinha 18 anos, fe z uma brilhante carre ira. F ormou-se cm E conomia pe la Unive rsidade de São Paulo (1975). É PhD e m E conomia, pe la M assachuse tts Institute of T e cknology. F oi se cre tário de C o­ orde nação E conômica e Social, do M inistério do Plane jame nto (1985); dire ­ tor da Arca Bancária do Banco C e ntral do Brasil (1986); pre side nte do BNDE S (93 - 94); e pre side nte do Banco C e ntral do Brasil (1995), no go­ ve rno F e rnando He nrique . Be te M e nde s continuou sua carre ira artística, filiou-se ao PT e foi e le ita de pu­ tada fe de ral. J amais nos e ncontramos até 1985 e , até e ntão, nunca soube que houve sse de clarado que havia sido torturada no DO I. No Uruguai, 15 anos de pois de sua prisão, fui surpre e ndido com a sua participação na farsa montada para me atingir, sobre a qual e scre ve re i mais adiante . 432 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra Em Brasília E m nove mbro dc 1973, com a saída do C omandante do II E xército, ge ne ­ ral Humbe rto dc Souza M e llo, ace ite i o convite para se r instrutor na E scola Nacional de Informaçõe s, e m Brasília. Se ria uma vida nova, mais calma. De scansaríamos um pouco da te nsão diária que passamos ne sse s três anos e cinco me se s e m que comande i o DO I. A saída de São Paulo, onde vive mos quatro anos, e onde fize mos tantos amigos e e stávamos tão ambie ntados, nos angustiava um pouco. Além dis­ so, naque la época, Brasília e ra conside rada por muitos como um lugar ruim para se vive r. F oram muitas as de spe didas. Iniciava-se uma nova fase de nossas vidas. O militar e sua família e stão se mpre come çando vida nova, faze ndo novos amigos, ambie ntando-sc a novas situaçõe s. A cidade e ra fria, e squisita, não se via ge nte nas ruas. O silêncio da noite nos incomodava, tão acostumados e stávamos ao burburinho da Ave nida São J oão, onde re sidíamos e m São Paulo e m um prédio do E xército. Há tanto te mpo não tínhamos tranqüilidade que , aos poucos, nos fomos acostumando e nos e ncantando com o sosse go de Brasília. Durante o prime iro ano, 1974, fui I nstrutor-C he fe do C urso de O pe ra­ çõe s da E scola Nacional de Informaçõe s. No ano se guinte , o ge ne ral C oníucio Danton Ave lino me convidou para trabalhar no C e ntro dc Informaçõe s do E xército (C IE ), órgão do gabine te do ministro. Logo have ria mudança de gove mo. O ge ne ral E me sto Gcise l se ria e le ito pe lo C ongre sso Nacional, por voto indire to, para um mandato de cinco anos. E m 1975, nossa fe licidade foi comple tada com a che gada de nossa se ­ gunda filha. J oscíta, sonhando e m morar numa casa. falava se mpre e m comprar um te rre no no Lago. Para re alizar e sse sonho, de cidimos vive r ape nas com os ve n­ cime ntos de um te ne nte -corone l. M inha mulhe r come çara a trabalhar na R hodia, como promotora de ve ndas. Se u salário e a gratificação dc gabine te que e u re ce bia e ram guardados para a compra do tão sonhado te rre no. No Lago Sul, não podíamos ne m pe nsar. E stava fora de nossas posse s. F inalme nte , de pois de várias idas e vindas, e ncontramos um te rre no no Lago Norte que , com nossas e conomias e um pe que no e mpréstimo no Banco do Brasil, conse guimos comprar. E ve rdade que para localizar o te rre no tive ­ mos de pagar a um funcionário da T e rracap para de marcá-lo, pois não tinha rua abe rta por pe rto. Aí come çaram novos sonhos. M inha mulhe r passava as horas vagas de se ­ nhando as plantas de nossa futura casa. 434-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Pago o e mpréstimo, mas se m ne nhuma possibilidade dc construirmos, surgiu a oportunidade , por inte rmédio da C oope rativa Habitacional M are chal Bitte ncourt, de comprarmos, na planta, um apartame nto na SQS 115, no Plano Piloto, por suge stão do nosso primo por afinidade , coroncl J oão M ancini. Após e norme s dificuldade s, conse guimos pagar a poupança. O re stante se ria financiado pe lo Banco Nacional de Habitação (BNH). O s sonhos da casa continuavam para minha mulhe r, e nquanto o e difício ia subin­ do e nos dividíamos e ntre a “casa de J ose ita” e o “me u apartame nto”. O trabalho de minha mulhe r, na R hodia, e ra de sgastante . E la tinha de laze r pe que nas viage ns e ir a conve nçõe s e m São Paulo e Goiânia. Inscre ve u-se e m um concurso para o re cém-criado Prodase n (C e ntro dc Proce ssame nto de Dados do Se nado). F oi aprovada e , com a posse , pe diu de missão da R hodia. Agora tínhamos mais te mpo para a família. E la não viajava mais e e u. no C IE , me de dicava mais a e la. E m se te mbro de 1977, o apartame nto ficou pronto e o Banco do Brasil, que e stava transfe rindo funcionários para Brasília, quis comprar o prédio. F i­ nalme nte , e m 1977, J ose íta re alizaria se u sonho: com o ágio do apartame nto, mais o te rre no, que de mos como parte do pagame nto, compramos, financiada pe lo BNII, uma casa no Lago Norte que , aos poucos, ao longo de ste s quase trinla imos, vie mos re formando. Plane jamos nossa mudança para de ze mbro, mas, como ve re mos, nossos pla­ nos, de quase quatro anos, se riam modi ficados. Ne m che gamos a morar na casa. Governo Ernesto Geisel 15/03/1974 -15/03/1979 E rne sto Ge ise l nasce u e m 03/08/1908, e m Be nto Gonçalvcs/R S. Aos 13 anos. foi para o C olégio M ililar de Porto Ale gre . Ao concluir o e quivale nte ao atual se gundo grau, foi matriculado na E scola M ilitar do R e ale ngo, se ndo de clarado aspirante a oficial do E xército e m 1928. Apoiou a R e volução de 1930, que le vou Ge túlio Vargas ao pode r, e lutou contra a R e volução C onstitucionalistade 1932. F oi adido militar no Uruguai c che fe da Se ção de Informaçõe s do E stado-M aior do E xército, participando ativame nte da C on­ tra-R e volução de 31 de março de 1964. F oi che fe do gabine te militar da Pre ­ sidência da R e pública no gove rno C aste llo Branco, ministro do Supe rior T ribu­ nal M ilitare pre side nte da Pe trobrás no gove rno M édici. E le ito pre side nte da R e pública e m 15 de outubro de 1973 pe lo C ongre sso Nacional, onde o partido do gove rno, quase de z anos após a C ontra-R e volu­ ção, possuía uma ampla e combativa maioria, Ge ise l assumiu o mandato e m 15 de março de 1974. R e ce be u o gove rno com a gue rrilha urbana bastante ate nuada, com as or­ ganizaçõe s marxista-Ie ninistas, que optaram pe la luta armada, militarme nte de r­ rotadas e politicame nte de sarticuladas, te ndo muitos subve rsivos re fugiados no e xte rior, outros pre sos e alguns mortos. O se u gove rno foi pautado pe lo binômio de se nvolvime nto com se gurança, visando ao re tomo à de mocracia ple na - a partir de uma diste nsão le nta, gradu­ al e se gura ao me smo te mpo cm que atribuía e le vada prioridade para os inve stime ntos cm indústrias de base e no se tor e ne rgético. Sua visão prospe ctiva das conse qüências da crise inte rnacional do pe tró­ le o, e m um mundo profundame nte dividido e antagônico pe la Gue rra F ria e pe lo conflito Lcste -O e ste , le vou-o a criar o programa Pró-álcool e a assinar o Acordo Nucle ar Brasii-Ale manha. ambos e m 1975. A crise do pe tróle o c a re ce ssão mundial inte rfe riram na e conomia brasile ira. No início dc 1974, havia te rminado o prazo de suspe nsão dos dire itos po­ líticos dos prime iros cassados pe lo AI -1, e m 1964, e foi pe rmitida a propagan­ da e le itoral, ine xiste nte de sde a e dição do AI-5. C om isso, o M ovime nto De ­ mocrático Brasile iro (M DB), partido de oposição, obte ve uma e xpre ssiva vitó­ ria e m alguns e stados, aume ntando sua bancada na C âmara e no Se nado. A oposição come çava a ganhar e spaço, e mbora o gove rno mantive sse uma folga­ da maioria na C âmara dos De putados e no Se nado. O jornalista Vladimir He rzog, sob suspe ita dc inte grar uma célula comunis­ ta. iòi intimado a compare ce r ao DO I/C O DI/II E xército. Ao apre se ntar-se , foi de lido para inte rrogatório. De pois de pre star de poime nto, de ixado só e m uma ce la. suicidou-sc, no dia 25/10/1975, com o cinto do macacão que usava. E m 1976, a Le i F alcão alte rou a propaganda e le itoral, impe dindo que e la fosse fe ita ao vivo, no rádio e na te le visão. 436-C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m 22 de agosto de 1976, J use e lino Kubitse he k morre u e m acide nte de carro, na Via Dutra. O corpo, trazido para Brasília, foi aclamado pe lo povo, o me smo aconte ce ndo cm M inas Ge rais. Nas e le içõe s municipais de 15 de nove mbro de 1976, a Are na saiu ve nce ­ dora: e le ge u 3.176 pre fe itos e o M DB 614. E m de ze mbro de 1976, J oão Goulart fale ce u e m sua faze nda, e m M e rce de s, na Arge ntina, se ndo o corpo se pultado no ce mitério de São Borja/R S. No dia 1° de abril de 1977, o gove rno Ge ise ! assinou o Ato C omple me n­ tar n° 102, que colocou o C ongre sso e m re ce sso por 14 dias, pe rmitindo a re forma do Pode r J udiciário e a aprovação, pe lo E xe cutivo, das me didas políticas contidas no chamado “Pacote de Abril” que , de ntre outras, mantinha as e le içõe s indire tas para gove rnadore s e para 1/3 dos me mbros do Se nado, ampliava as re striçõe s da Le i F alcão e aume ntava, para se is anos, o mandato do suce ssor de Ge ise l. E m 21 de maio de 1977, C arlos Lace rda morre u no R io dc J ane iro. No início de outubro de 1977, foi divulgado na impre nsa e no C ongre sso Nacional um docume nto, assinado pe lo ge ne ral F e rnando Be lfort Be thle m. C omandante do III E xército, com críticas ao gove rno. No dia 12 do me smo me s, o ge ne ral Sylvio F rota, ministro do E xército, foi de mitido pe lo pre side nte Ge ise l que , surpre e nde nte me nte , convidou para subs­ tituí-lo o ge ne ral Be thle m. C ome çava a surgir a idéia dc novos partidos, apoiada por Ge ise l, o que acabaria com o bipartidarismo vige nte (Are na e M DB). E m 31 dc de ze mbro de 1977, Ge ise l comunicou, formalme nte , que o ge ne ­ ral J oão Baptista F igue ire do, che fe do SNI, se ria indicado pe lo gove rno candi­ dato à suce ssão pre side ncial. No dia 8 de abril do ano se guinte , foi homologado pe la Are na o nome do ge ne ral J oão Baptista de O live ira F igue ire do para candidato às e le içõe s pre si­ de nciais de 15 de outubro de sse me smo ano. O ge ne ral F igue ire do foi e le ito com 355 votos, contra 225 do ge ne ral E ule r Be nle s M onte iro, candidato do M DB. Ge ise l continuava a pre parar a volta à normalidade de mocrática. E m 31 de de ze mbro de 1978, re vogou o AI -5, dando um grande passo para a re de mocratizaçâo ple na do País, re stabe le ce ndo todas as libe rdade s funda­ me ntais, inclusive a libe rdade de impre nsa. Sob a lide rança de I ai í z Inácio da Silva, come çavam a aconte ce r, após 1964, as prime iras gre ve s de me talúrgicos, e m São Be rnardo do C ampo. De spontava no sindicalismo a figura dc Lula. ope rário, com o prime iro grau incomple to. E mpolgado com a idéia de novos partidos. Lula participou das articulaçõe s para criar o Partido dos T rabalhadore s (PT ), fundado e m 1981 e re gistrado no Supe rior T ribunal E le itoral e m 10/02/1982. Um final feliz E m 1976, e u che fiava a Se ção de O pe raçõe s do C IE . No mês de outubro, o ge ne ral Antônio da Silva C ampos, me u che fe , re ce be u do ge ne ral R e ynaldo M e llo de Alme ida, e ntão comandante do I E x, um pre ocupante te le fone ma. Se gundo o ge ne ral R e ynaldo, uma pre sa do PC doB tinha te ntado o suicí­ dio, procurando se e nforcar com uma me ia amarrada ao pe scoço. E le te mia que ocorre sse um novo caso He rzog. Por sorte , a ce la e ra monitorada e o age nte que a vigiava ouviu um som dife re nte , como se fosse um ronco. Dado o alarme , o pe ssoal de se rviço corre u à ce la e e ncontrou-a quase morre ndo por asfixia. C ortaram a me ia que ape rtava o pe scoço, que ficou com uma grande marca. F oi difícil acalmá-la. R e pe tia, se guidame nte , que que ria morre r. O ge ne ral R e ynaldo pe dia a pre se nça de um oficial do C IE para ajudar numa solução para o proble ma. F ui de signado para a missão e . no me smo dia, viaje i ao R io. Lá che gando, fui dire to ao ge ne ral R e ynaldo, com que m conve r­ se i longame nte . De ssa conve rsa participou o ge ne ral Le ônidas Pire s Gonçal­ ve s, se u che fe de E stado-M aior, e o E 2. Ime diatame nte , fui para a se de do DO I/C O DI/1 E x e , naque la me sma noi­ te , j á conve rsava com a pre sa. F oi uma longa conve rsa, que se e ste nde u ate a madrugada. Pe di que se acalmasse e que não mais te ntasse o suicídio. Prome ti que , no dia se guinte , lá e staria para continuarmos. C umprindo a prome ssa, às 8 horas já e stávamos conve rsando. Ne sse s diálogos, de scobri o carinho e a saudade que e la tinha da mãe . Se u sonho e ra pode r cuidar de la, que j á e stava com a idade avançada. De se java, arde nte me nte , passar com a mãe os últimos anos de vida de la. F alou-me de se u filho casado e de se us ne tos. C re io que e la via e m mim uma pe ssoa amiga, pre ocupada com o se u e stado de saúde e que que ria o me lhor para e la. De pois que adquiri sua confiança, cia me de u os e nde re ços e os te le fone s dol i l hoe da mãe . O filho re sidia numa casa, num bairro da Zona Norte , R io de J ane iro. Não te nho ce rte za, mas cre io que e ra profe ssor unive rsitário. Sua mãe morava num e difício, numa rua calma e tranqüila na Praia do Le me . De pois de alguns dias, fui ao ge ne ral R e ynaldo e suge ri le vá-la ao filho e de pois, com e le , e ntre gá-la à mãe . O ge ne ral concordou com a proposta. Saí à procura do filho. T e le fone i e marque i um e ncontro, na sua própria re sidência. Passava das 19 horas quando lá che gue i. E le e a e sposa e stavam assustados e com me do. Pe nso que não acre ditavam na história que e u contara, pe lo te le fone , a re spe ito da mãe . T alve z pe nsasse m que e u e stava me ntindo e usando um artificio para localizá-la e pre ndê-la. 438-C arlos Albe rto Brilhante Ustra C onve rsamos na calçada da casa. Não me convidaram a e ntrar. E nquanto conve rsávamos, alguns vizinhos, talve z avisados pe lo casal, nos e spre itavam, de longe . Disse -lhe tudo o que tinha ocorrido com a mãe , de sde que fora pre sa. E sclare ci que as autoridade s haviam tomado a de cisão de colocá-la e m libe r­ dade , de sde que se comprome te sse a não mais mante r contato com se us anti­ gos companhe iros de militância subve rsiva. Pe di-lhe que contasse o que e stava aconte ce ndo para sua avó. M arcamos um dia para o re e ncontro da pre sa com se us familiare s. No dia pre visto, pe la manhã, saímos do DO I c nos e ncontramos com se u filho, na Praia de Ipane ma. Dali rumamos, os três, para a Praia do I xmc onde , finalme n­ te , e la abraçou a mãe . F oi um e ncontro e mocionante . Durante algum te mpo, pe rmane ce mos e m contato com e la. Procurávamos obse rvar o se u comportame nto e ve r se dc fato e la e stava agindo conforme pro­ me te ra. abandonando a subve rsão e vive ndo some nte para a família. Algumas ve ze s fomos, cm companhia de um oficial dc ope raçõe s do DO I, visitá-las. M oravam num apartame nto grande , confortáve l e sua mãe e ra ge ntilís- sima. Uma se nhora agradáve l que e stava se mpre com um sorriso nos lábios. A filha também e stava radiante com a nova vida. C om a libe rdade c a fe licidade de pode r vive r le galme nte , abandonando para se mpre a vida infe liz da clande stinidade . Por que stõe s éticas c e m re spe ito à família, não vou re ve lar se u nome . Para que não julgue m e ssa história como uma ficção, cito alguns dados para que se us e x-companhe iros de subve rsão, e ntre e le s o historiador J acob Gore nde r, a ide n- lilique m. C aso e ste ja viva. de ve te r. aproximadame nte , uns 80 anos. C odinome s: I lilda ou Isa. Inicialme nte , pe rte ncia ao PC B. Se mpre atuou no R io dc J ane iro. E m 01/10/1967, num sítio e m Nite rói, participou da IaR e união Nacional da C orre nte R e volucionária. Nos dias 11e 12 de abril de 1968, participou da I C onfe rência Nacional da C orre nte R e volucionária que fundou o PC BR . Naque la ocasião, foi e le ita me m­ bro e fe tivo do C omitê C e ntral. E m junho de 1968, juntame nte com Armando T e ixe ira F ructuoso, Ge raldo Soare s, M anoe l J ovcrT clle se R obe rto M artins, ingre ssou no PC doB. F oi pre sa pe lo DO I/C O DI/I E x e m outubro dc 1976, num apare lho cm Vila Valqucire . No 16° Grupo de Artilharia de Campanha C om a que da do gabine te do ge ne ral F rota, inclusive do C IE , do qual e u e ra o chcfe da Se ção de O pe raçõe s, novame nte minha vida iria mudar. F xo- ne rado do gabine te , fui nome ado para comandar o 16oGrupo de Artilharia dc C ampanha, e m São Le opoldo, R io Grande do Sul. F oram por água abaixo os sonhos de morar e m nossa casa. F m jane iro de 1978. come çamos nova vida. C he gamos a nossa nova casa. Situada cm uma e squina, a re sidência do comandante e ra acolhe dora, tinha um pe que no jardim, e xce le nte s vizinhos e lá vive mos dois anos maravilhosos. Parte das instalaçõe s do quarte l e ra de made ira e já bastante antiga. O pe ssoal e xce pcional compe nsava as de ficiências das instalaçõe s. O mate rial e xce le nte me nte conse rvado. Nove nta e cinco por ce nto das viaturas disponí­ ve is, os obusciros 155 mm todos prontos para cumprir sua missão. O local e ra aprazíve l, no alto de uma pe que na e le vação e com muita ve ge tação. Se ntia-me re alizado, como oficial do E xército, comandando uma unidade da minha Arma. a Artilharia, cm uma cidade ótima, com um povo acolhe dor, ale gre e no R io C irande do Sul. O Grupo e stava se mpre “na ponta dos cascos”, a instrução ministrada com grande vigor. Nos e xe rcícios cm campanha, com tiro re al, só re ce bíamos e logi­ os de nosso comandante da Artilharia Divisionária. T rouxe mos as autoridade s civis, a socie dade local e a família dos soldados, praças e oficiais ao quarte l. O anive rsário da C ontra-R e volução de 31 de mar­ ço, o Dia da Artilharia, o anive rsário do 16oGAC , o Dia do Soldado, o Dia da I nde pe ndência, o Dia do R e se rvista e ram come morados com o quarte l che io de civis. Ne sse s dias, de pois da sole nidade militar, cada uma das quatro Bate ­ rias re ce bia se us convidados. À noite , ne ssas me smas datas, re ce bíamos a comunidade civil e militar para um jantar. O Natal e ra uma fe sta, com Papai Noe l, uma grande árvore -de -natal e pre se nte s para as crianças, se guido de uma fe stinha no rancho do Grupo. A re união mais e mocionante , para mim, foi no último ano dc me u comando. Divulgamos, por me io dos jornais das cidade s próximas, um convite a todos os re se rvistas do 16oGAC para que , no dia do anive rsário do Grupo, vie sse m ao quarte l, “matar a saudade ”. Naque la manhã, come çaram a che gar os antigos artilhe iros. O quarte l ficou che io. J ove ns, re cém-saídos, se nhore s de cabe los brancos. As ce nas foram as mais e mocionante s. C ompanhe iros que se rviram juntos há 46 anos, companhe iros dc turmas re ce nte s, todos se abraçando, le mbrando o se u te mpo dc soldado, alguns com lágrimas nos olhos. 440 -C arlos Albe rto Brilhante Ustra Ne sse dia, che gue i ce do ao quarte l. Le ve i, como se mpre , minha mulhe r e minhas filhas para participar das fe stividade s. Quando che gamos ao portão de e ntrada, vi um se nhor be m idoso que me pare cia “pe rdido” naque le burburinho. Salte i do carro para auxiliá-lo. Nas suas mãos um amare lado ce rtificado de re se rvista ate stava sua passage m na­ que la unidade . - Bom-dia, sou o te ne nte -corone l Ustra, comandante do Grupo. O se nhor ve io para nossa fe sta? - Sim, li o se u convite nas notícias militare s do C orre io do Pfcvo, de Porto Ale gre , e re solvi compare ce r. - Ótimo. O se nhor não que r ir no carro comigo? - Não, pre firo ir a pé. O se nhor não de ve sabe r, mas há 46 anos passa­ dos e u, como soldado, acampe i aqui ne ste local, numa barraca, e auxilie i a le vantar e ste quarte l. E u vi e ste quarte l nasce r. As ve ze s passava por aqui, prime iro com me us filhos e de pois com os me us ne tos. Há alguns me se s, e stacione i o me u carro aqui pe rto e fotografe i a e ntrada do Grupo. De pois de sse s 46 anos, e sta é a prime ira ve z que vou pisar ne sse solo. Pre firo, portanto, subir a pé e ssa colina. - Pois e u vou com o se nhor. Vamos os dois re le mbrar, juntos, os se us te m­ pos de soldado. Ne sse dia, o quarte l foi de le s. E ram mais de 600. C ada um re ce be u uma boina azul, a cor da Artilharia, com um distintivo do 16oGAC . E ntraram e m forma e a fe sta foi de le s, que de sfilaram e m continência ao ge ne ral re formado M arcos Kruchin, o mais antigo e ntre os e x-comandante s pre se nte s. O Hino Nacional e a C anção da Artilharia “e xplodiram” naque le s pe itos vibrante s. De pois, como se o te mpo não houve sse passado, e le s, se guidos pe la nossa tropa, de sfilaram pe lo quarte l, com banda, de boina e tudo o que tinham dire ito. A cadência, a princípio ince rta, logo se tornou uniforme . Se naque le te mpo e u me e mocione i imaginando o que e le s se ntiam, hoje , na re se rva, não imagino, sinto toda a vibração e a saudade daque le s soldados quando participo de uma sole nidade e m um quarte l. T e rminada a sole nidade militar, no R ancho dos Soldados, por se r o mais amplo, médicos, carpinte iros, advogados, de ntistas, ope rários, funcionários públicos, as mais dive rsas profissõe s se acotove lavam para, e ntre um guaraná, um paste l e um cachorro que nte , re le mbrar a vida na case rna. F oram dois anos ine sque cíve is dos quais te nho as mais gratas le mbranças. Sào Le opoldo é uma cidade gostosa, limpa, com muitos de sce nde nte s de ale ­ mãe s e lá passamos anos e xce pcionais. M inhas filhas fre qüe ntavam as colônias de férias no quarte l e apre nde ram muito, de sde ce do, a re spe ito do E xército e , a e xe mplo dos se us pais. passaram também a amá-lo. A ve rdade sufocada-441 Além disso, e u e stava pe rto de Santa M aria e podia visitar os me us pais com mais fre qüência. O te mpo de comando é o coroame nto da carre ira de qualque r oficial. Além de e star assobe rbado com os proble mas ope racionais e administrativos da sua unidade , se e nvolve com os proble mas de se us comandados e às ve ze s até dos familiare s. Ne sse pe ríodo, se solidificam grande s amizade s. Até hoje mante nho amizade com e x-soldados, cabos, sarge ntos, oficiais e ge ne rais que foram me us comandados no 16oGAC e m São Le opoldo. Governo J oão Figueiredo 15/03/1979-15/03/1985 J oão Baptista dc O live ira F igue ire do nasce u e m 15/01/1918, no E stado do R io de J ane iro. E studou no C olégio M ilitar de Porto Ale gre e na E scola M ilitar do R e ale ngo. Participou do M ovime nto C ontra-R e volucionário de 1964. F oi che fe da Agência do Se rviço Nacional de I nformaçõe s (SNI), no R io de J ane iro (1964-1966); che fe do E stado-M aior do III E xército; chcfe do gabine te militar no gove rno M édici; ministro che fe do SNI no gove rno Ge ise l; foi promovido a ge ne ral-de -brigada e m 1969. E le ito pe lo C ongre sso Nacional, pe lo voto indire to. F igue ire do assumiu a Pre sidência da R e pública e m 15/03/1979. A política dc diste nsão le nta e gradual tomou força cm se u gove rno, accicrando o proje to de abe rtura po­ lítica, iniciado no gove rno ante rior. Livre da gue rrilha rural e urbana, pros­ se guiu na implantação das me didas libe ralizante s que a Nação, a socie dade e a C ontra-R e volução aspiravam. J oão Baptista F igue ire do re alizou a difícil tare fa dc garantir a transição pacífica do último gove rno militar para um gove rno civil. E m 28 dc agosto dc 1979, foi aprovada pe lo C ongre sso Nacional, por 206 votos contra 201, a Le i 6.683, conhe cida como a Le i da Anistia. Prosse guindo na imple me ntação do proje to de abe rtura política, e m 22 de nove mbro de sse me smo ano foi aprovada a Le i O rgânica dos Partidos, que e x­ tinguia o bipartidarismo e instituía o pluripaitidarismo. F oram re gistrados, ne ssa época, o Partido De mocrático Social (PDS), o Partido do M ovime nto De mocrá­ tico Brasile iro (PM DB), o Partido Popular (PP), o Partido T rabalhista Brasile iro (PT B) e o Partido De mocrático T rabalhista (PDT ). E m 13 de nove mbro de 1980, foi re stabe le cida a e le ição dire ta para go­ ve rnadore s. Durante o gove rno F igue ire do, a crise e conômica foi aprofundada, não ape ­ nas pe lo agravame nto da de nominada se gunda crise do pe tróle o, com o pre ço do barril atingindo 42 dólare s e comprome te ndo ainda mais a balança come rci­ al, mas. também, pe la e le vação dos juros no me rcado inte rno norte -ame ricano (19% ao ano), o que provocou a fuga de re cursos aplicados no País. Ainda e m 1980, os me talúrgicos do ABC paulista, lide rados por Luiz Inácio Lula da Silva, paralisaram indústrias locais por 41 dias, o que le vou a de missõe s, choque s com a polícia, prisõe s e e nquadrame nto de líde re s sindicais na Le i de Se gurança Nacional. Lula, ne sse pe ríodo, e ste ve pre so no DO PS, por 31 dias. No dia 30 de abril de 1981. uma bomba e xplodiu de ntro dc um carro, no e stacioname nto do R ioC e ntro. no R io de J ane iro, durante * um show e m A ve rdade sufocada · 443 come moração ao Dia do T rabalho. As únicas vítimas foram dois militare s do E xército que se e ncontravam no carro. O capitão Wilson Luís Alve s M achado, se riame nte fe rido, e o sarge nto Guilhe rme Pe re ira do R osário, morto na hora. E m se te mbro de 1981. o pre side nte F igue ire do, com proble mas cardíacos, afastou-se do gove rno e foi substituído, por quase dois me se s, pe lo vice -pre si­ de nte Aure liano C have s. E m 11de fe ve re iro de 1982, o PT conse guiu se u re gistro de finitivo junto ao T ribunal Supe rior E le itoral. O partido surgiu dc lide ranças sindicais e con­ gre gava inúme ras corre nte s: sindicalistas; ope rários; pe que nos grupos que , ainda organizados, haviam conse guido sobre vive r à re pre ssão; e x-banidos e e x-auto-e xilados: me mbros de antigas organizaçõe s subve rsivas como PO C , ALN, VAR -Palmare s. M R -8, PC BR e outros. E m nove mbro de 1982, re alizaram-se e le içõe s dire tas para o C ongre sso Nacional e para os gove rnos e staduais. E ssas e le içõe s possibilitaram uma con­ tra-ofe nsiva dos inimigos da C ontra-R e volução, pois auto-e xilados, e xilados e cassados concorre ram nas le ge ndas dos partidos de oposição. F oram e le itos ve re adore s, pre fe itos, de putados e staduais, gove rna­ dore s. de putados fe de rais e alguns se nadore s. Na C âmara dos De puta­ dos a oposição, com 245 de putados, obte ve a maioria, pois o gove rno e le ge u 235. No Se nado o gove rno obte ve a maioria, e le ge ndo 46 se na­ dore s, contra 23 da oposição. O PDS, gove rnista, e le ge u 12 gove rnado­ re s, o PM BI ). 9 e o PDT , 1. A propaganda política massista e ncontrou guarida no se io da socie da­ de . Gove rnadore s dc importante s e stados, e le itos com o apoio da e sque r­ da, nome aram como se us auxiliare s e x-militante s de organizaçõe s subve rsi- vo-te rroristas. As unive rsidade s re ce be ram re forço dc e x-profe ssore s ba­ nidos e dc e x-auto-e xilados, que passaram a moldar os pe nsame ntos das novas ge raçõe s. E ssa situação proporcionou condiçõe s e xce pcionais para o trabalho dc massa. A propaganda das e le içõe s dire tas foi utilizada de forma e xaustiva, pe los militante s das antigas organizaçõe s clande stinas, com slogans e palavras de orde m com críticas aos gove rnos da C ontra-R e volução e com a e xploração de te mas que favore ciam os e x-e xilados. Para a e sque rda e ra a oportunidade de de sacre ditar o movime nto de 1964, de omitir se us êxitos e e xage rar se us e rros. E ra ne ce ssário impor à Nação e à socie dade que a abe rtura política tinha sido conce dida pe la pre s­ são da e sque rda, e não por um obje tivo político da C ontra-R e volução, ace ­ le rado durante o gove rno Ge ise l e m razão da de rrota de Iodas as organiza­ çõe s que optaram pe la luta armada para conquistar o pode r e implantar o 444-C arlos Albe rto Brilhante Ustra marxismo-le ninismo. E ra pre ciso conve nce r a Nação e a socie dade de que a e sque rda lutava “novame nte pe la libe rdade ” e que o gove rno, acuado, ape nas ce dia. Ao me smo te mpo, e x-subve rsivos e e x-te rroristas infiltrados cm todos os movime ntos da socie dade , e m O NGs e spe cialme nte criadas para de fe nde r os chamados movime ntos sociais, faziam a sua parte . De rrotáramos a luta armada e o te rrorismo, mas nos omitimos na batalha das comunicaçõe s. R e spe itando a Le i da Anistia, ficamos calados. O re vanchismo com isso se inte nsificou. E m 1983, uma fre nte única re uniu os partidos e e ntidade s de oposição numa campanha por todo o País, re ivindicando e le içõe s dire tas para pre side nte da R e pública. O movime nto ficou conhe cido como “Dire tas J á”. A e me nda de autoria do de putado do PM DB Dante de O live ira foi de rrotada pe lo C ongre s­ so e m 25 de abril de 1984. E m 15 de jane iro de 1985, T ancre do Ne ve s foi e le ito pre side nte da R e pú­ blica, pe lo C olégio E le itoral, te ndo como vice -pre side nte J osé Same y, re cém- saído do PDS e filiado ao PM DB. O Partido dos T rabalhadore s re cusou-se a participar de ssa e le ição, por conside rá-la uma farsa, e rro e vide nciado quando foi e le ito um candidato da oposição. F oi, talve z, o prime iro de uma série de e rros políticos de sse partido que alarde ava se r dife re nte dos de mais, como ve rdade ira ve stal da moralidade e paladino da ética. Lei dc Anistia A Le i 6.683, de 28 de agosto de 1979, conhe cida como Le i da Anistia, assinada no gove rno F igue ire do, conce dia a todos que come te ram crime s políticos, crime s e le itorais e aos que tive ram se us dire itos políticos suspe nsos, a anistia ampla c irre strita. Proporcionando a todos os brasile iros que dire ta ou indire tame nte haviam participado do movime nto subve rsivo e da luta armada, aos banidos e aos que se e xilaram voluntariame nte , fugindo do País, o dire ito de re torno ao Brasil, além da e xtinção dos proce ssos a que e stavam re sponde ndo. E xce tuavam-se de sse s be ne fícios os que foram conde nados pe la prá­ tica de crime s de te rrorismo, assalto, se qüe stro c ate ntados pe ssoais - e ntre 2 de se te mbro dc 1961 e 15 de agosto de 1979. A anistia be ne ficiou, além de 130 banidos (e xilados - trocados pe las vidas de me mbros do corpo diplomático se qüe strados por te rroristas -, 4.522 que se auto-e xilaram, para e scapare m de proce ssos por subve rsão. Além de sse s, também foram be ne ficiados por e la 52 outras pe ssoas que A ve rdade sufocada - 445 e stavam pre sas, das quais 17 libe rtadas ime diatame nte e 35 de pois de uma análise mais de talhada de se us proce ssos. E m prime iro de nove mbro de 1979, os prime iros auto-e xilados e e xilados come çaram a voltar. De te rminava a le i que todos os anistiados pode riam, no pe ríodo de 120 dias se guinte s da sua publicação, re que re r se u re torno ao se rviço e , e m caso de conce ssão do be ne fício, se riam re admitidos se mpre no me smo car­ go ou e mpre go, posto ou graduação que o be ne ficiado civil ou militar ocu­ pava na data de se u afastame nto. O te mpo dc afastame nto dos se rvidore s civis e militare s re aprove itados se ria contado como te mpo de se rviço ativo, para fins de apose ntadoria. E ram re stituídos todos os dire itos políticos. E m caso do se rvidor te r fale cido, também e ra garantido aos se us de pe n­ de nte s o dire ito das vantage ns que lhe se riam de vidas caso fosse vivo. A le i também garantia anistia aos e mpre gados de e mpre sas privadas que por motivo de participação e m gre ve s houve sse m sido de mitidos. C omo todos os artigos de ssa le i, o artigo 11é claro e diz te xtualme nte : “E ssa Le i, além dos dire itos ne la e xpre ssos, não ge ra quais­ que r outros, inclusive aque le s re lativos a ve ncime ntos, soldos, sa­ lários, prove ntos, re stituiçõe s atrasadas, inde nizaçõe s, promoçõe s ou re ssarcime ntos.” Não se ria o que iria aconte ce r, na me dida e m que “os pe rse guidos políti­ cos” iam assumindo o pode r. A anistia, clarame nte , tomou-se via de mão-única, e m dire ção às e sque rdas e aos e sque rdistas ve ncidos na luta ide ológica. Não se tornou conquista do povo brasile iro, como sonharam os se us ■formuladore s. mas instrume nto dc um re vanchismo imoral. “Julgamento da Revolução” Vinte anos de pois da C ontra- R e volução, totalme nte livre da ce nsura à im­ pre nsa, o jornal O Globo publicou, cm 07/10/1984, o se guinte e ditorial, assinado por R obe rto M arinho, onde re ssalta os méritos do re gime militar. “Participamos da R e volução de 1964, ide ntificados com os anse ios nacionais dc pre se rvação das instituiçõe s de mocráticas, ame açadas pe la radicalização ide ológica, gre ve s, de sorde m social e corrupção ge ne ralizada. Quando a nossa re dação foi invadida por tropas anti- re volucionárias, mantive mo-nos firme s cm nossa posição. Prosse gui­ mos apoiando o movime nto vitorioso de sde os prime iros mome ntos de corre ção de rumos até o atual proce sso de abe rtura, que se de ve rá consolidar com a posse do novo pre side nte . l e mos pe rmane cido fie is aos se us obje tivos, e mbora conflitando e m várias oportuni dade s com aque le s que pre te nde ram assumi r o controle do proce sso re volucionário, e sque ce ndo-se de que os acon­ te cime ntos se inici aram, como re conhe ce u o mare chal C osta c Silva, “por e xi gênci a ine lutáve l do povo brasi l e i ro'’. Se m o povo não have ri a re vol ução, mas ape nas um ‘pronunci ame nto' ou 'gol ­ pe * com o qual não e starí amos solidários. O Globo, de sde a Aliança Libe ral, quando lutou contra os vícios políticos da Prime ira R e pública, ve m pugnando por uma autêntica de ­ mocracia. e progre sso e conômico e social do País. F .m1964, te ria de unir-se aos companhe iros jornalistas de jornadas ante riore s, aos 'te ­ ne nte s c bacharéis’ que se mantinham coe re nte s com as tradiçõe s e os ide ais de 1930. aos e xpe dicionários da F F ‘B que ocupavam a C he ­ fia das F orças Armadas, aos quais sob a pre ssão dc grande s marchas populare s, mudando o curso de nossa história. Acompanhamos e sse e sforço de re novação e m todas as suas fase s. No pe rí odo de orde nação de nossa e conomi a, que se e n­ ce rrou e m 1977. Nos me se s dramáti cos dc 1968 e m que a i nte nsi ­ fi cação dos atos de te rrorismo provocou a i mplantação do AI -5. Na e xpansão e conômi ca de 1969 a 1972, quando o produto naci o­ nal bruto cre sce u à taxa médi a anual de 10 %. Assinal e -se que , naque le pri me i ro de cêni o re volucionário, a i nl lação de cre sce ra de 96 % para 12,6 % ao ano, e l e vando-se as e xportaçõe s anuai s de I bilhão e 300 mil dólare s para mais dc 12 bilhõe s dc dólare s. Na e ra do i mpacto da cri se mundial do pe tróle o de se ncade ada e m 1973 e re pe tida e m 1979, a que se se gui ram aume ntos ve rti gi nosos nas A ve rdade sufocada - 447 taxas de j uros, i mpondo-nos uma suce ssão de sacri fí ci os para su­ pe rar a nossa de pe ndênci a e xte rna de e ne rgia, a de te ri oração dos pre ços dos nossos produtos de e xportação e a de sorgani zação do siste ma fi nance i ro inte rnaci onal. E ssa conj unção dc fatore s que violaram a admi ni stração de nossas contas e xte rnas obri gou- nos a de sval ori zaçõe s cambi ai s de e me rgênci a que te ri am fatal me n­ te de re sul tar na e xace rbação do proce sso i nfl aci onári o. Nas re spostas que a soci e dade e o gove rno brasi l e i ros de ram a e sse s de safios, conse gui ndo no se gundo de cêni o re volucionário que ago­ ra se compl e ta, ape sar das di fi cul dade s, re duzi r de 80% para me nos de 40% a de pe ndênci a e xte rna na i mportação de e ne rgi a, e l e vando a produção de pe tról e o de 175 mil para 500 mil barri s di ári os c a de ál cool , de 680 mi l hõe s para 8 bi l hõe s de litros; c si mul tane ame nte aume ntar a fabri cação industri al e m 85%, e x­ pandi r a áre a pl antada para produção de al i me ntos com 20 mi ­ lhõe s dc he ctare s a mais, cri ar 13 mi l hõe s de novos e mpre gos, asse gurar a pre se nça de mai s de 10 mi l hõe s dc e studante s nos bancos e scol are s, ampl i ar a popul ação e conomi came nte ativa dc 29 mi l hõe s para 45 mi lhõe s, 797 mil, e l e vando as e xportaçõe s anuai s de 12 bi l hõe s para 22 bi l hõe s dc dólare s. Volve ndo os ol hos para as re al izaçõe s naci onai s dos últimos vinte anos. há que se re conhcccr um avanço i mpre ssi onante : e m 1964, éramos a quadragési ma nona e conomi a mundial , com uma popul ação de 80 mil hõe s dc pe ssoas e uma re nda pe r capi ta de 900 dólare s; somos hoj e a oi tava, com uma popul ação de 130 mi ­ lhõe s de pe ssoas, e uma re nda médi a pe r tfipita dc 2.500 dólare s. O pre si de nte C aste ll o Branco, e m se u discurso de posse , anun­ ciou que a R e vol ução visava “ à arrancada para o de se nvol vi me n­ to e conômi co, pe la e le vação moral e pol í ti ca'’. De ssa mane i ra, aci ma do progre sso mate rial, de li ne ava-se o obj e ti vo supre mo da pre se rvação dos princípios éti cos e do re stabe l e ci me nto do e stado dc dire ito. E m 24 dc j unho dc 1978, o pre si de nte Ge i sci anunci ou o fim dos atos de e xce ção, abrange ndo o AI -5, o De cre to-Le i 477 e de mai s Atos I nstitucionais. C om isso, rcstauravam-sc as garantias da magistratura e o instituto do habcas-e orpus. C e ssava a compe ­ tência do pre side nte para de cre tar o fe chame nto do C ongre sso e a inte rve nção nos e stados, fora das de te rminaçõe s constitucionais. Pe rdia o E xe cutivo as atribuiçõe s de suspe nde r os dire itos políticos, cassar mandatos, de mitir funcionários c re formar militare s. E xtin- uni am-sc as ati vi dade s da ( '.( i.l. (('omi ssão ( icral de I nquéri tos) 448-C arlos Albe rto Brilhante Ustra e o confisco sumário de be ns. De sapare ciam da le gislação o banime nto, a pe na de morte , a prisão pe rpétua e a ine le gibilidade pe re ne dos cassados. F indava-se o pe ríodo discricionário, signifi­ cando que os anse ios de libe ralização que C aste llo Branco e C os­ ta e Silva manife staram e m dive rsas ocasiõe s e que M édici vis­ lumbrou e m se u prime iro pronunciame nto finalme nte se concre ti­ zavam. E nquanto vários líde re s oposicionistas pre te nde ram conside rar aque las me didas fundame ntais como ‘me ros paliativos', o e ntão de ­ putado T ancre do Ne ve s, líde r do M DB na C âmara F e de ral, re conhe ­ ce u que a de te rminação gove rname ntal 'foi além do e spe rado'. Ao assumir o gove rno, o pre side nte F igue ire do jurou dar con­ tinuidade ao proce sso de re de mocratização. A conce ssão da anis­ tia ampla e irre strita, as e le içõe s dire tas para gove rnadore s dos e stados, a colaboração fe de ral com os novos gove rnos oposicio­ nistas na de fe sa dos inte re sse s maiore s da cole tividade , são de ­ monstraçõe s de que o pre side nte nào falou e m vão. Não há me mória de que haja ocorrido aqui, ou e m qualque r outro país, que um re gime de força, consolidado há mais de de z anos, se te nha utilizado do se u próprio arbítrio para se auto-limitar, e xtinguindo os pode re s de e xce ção, anistiando adve rsários, e nse jando novos qua­ dros partidários, e m ple na libe rdade de impre nsa. E e sse , indubitave lme nte , o maior fe ito da R e volução de 1964. Ne ste mome nto e m que se de se nvolve o proce sso da suce ssão pre side ncial, e xige -se coe rência de todos os que têm a missão de pre se rvar as conquistas e conômicas e pol íticas dos últimos de cênios. O caminho para o ape rfe içoame nto das instituiçõe s é re to. Não admite de svios aéticos, ne m afastame nto do povo. Adotar outros rumos ou re troce de r para ate nde r a me ras con­ ve niências de facçõe s ou asse gurar a manute nção dc privilégios se ria trair a R e volução no se u ato final.” Brasília - Uruguai - Brasília No início de 1980, de São Le opoldo vie mos para Brasília e voltamos a morar na 103 Norte , uma quadra re side ncial do E xército. O apartame nto e ra e xce le nte , mas se ntíamos falta do jardim pe que no, mas be m tratado, e da casa do comandante . Além disso, de se jávamos morar na nossa própria casa que , por que stõe s finance iras, e ra pre ciso mante r alugada. F ui de signado para se rvir no E stado-M aior do E xército. Pouco a pouco nossa vida foi e ntrando na rotina. J ose íta voltou ao trabalho, as crianças às suas vidinhas de se mpre e o re stante se guia tranqüilo no se u curso. E conomizávamos para que , ao término do contrato, pudésse mos re ali­ zar o nosso sonho - morar na nossa casa, comprada e m 1977. E m 1982, o inquilino se mudou. F ize mos uma pintura e , e m agosto, nos mudamos para o Lago Norte que ainda e ra bastante de se rto. Nossa rua não e ra asfaltada. T ínhamos pouquíssimos móve is, pois, de sde que saímos de São Paulo, todas as re sidências funcionais e m que moramos e ram mobiliadas. Ape ­ sar das dificuldade s iniciais, fomos fe lize s. Aos poucos íamos comprando o e sse ncial. Plane jamos nossas vidas para e m, no máximo três anos, e star com a casa toda arrumada. C omo se mpre , na vida de militar, não se pode faze r planos para prazo tão longo... E m 1983, me nos de se is me se s de pois da mudança, e ntre i na faixa dos oficiais que se riam subme tidos à apre ciação para uma missão no e xte rior. E xistia uma Portaria M iniste rial que re gulava a se le ção de todos os candi­ datos que iam re pre se ntar o E xército e m outros paíse s. E ram que sitos básicos para contage m de pontos: 1. T e mpo como olicial de E stado-M aior; 2. O rganizaçõe s militare s onde se rviu; 3. Vivência no te rritório nacional; 4. T e r sido instrutor e m e stabe le cime ntos de e nsino; 5. C onde coraçõe s; 6. C omando; e 7. Arre gime ntação. Quando o E stado-M aior fe z a se le ção, e ntre mais de 50 candidatos, e u e stava cm te rce iro lugar. F oram e nviados ao ministro Walte r Pire s os 15 pri­ me iros nome s se le cionados. Na ocasião, iriam vagar as aditâncias do Pe ru, E quador, Portugal, Itália e l Iruguai. 450-C arlos Albe rto Brilhante Ustra F ui nome ado adido militar junto à E mbaixada do Brasil no Uruguai e , de novo, nossa vida iria mudar. F icamos pouco te mpo e m nossa casa que outra ve z foi alugada. M inha mulhe r novame nte pe diu lice nça se m ve ncime ntos e fomos morar e m M onte vidéu, o que me ale grou bastante , porque me u avô pate rno e ra uruguaio. Além disso, e sse país é próximo de Santa M aria, onde me us pais, já idosos, minha innã e outros pare nte s continuavam morando. E m de ze mbro de 1983 já e stava e m M onte vidéu. F omos morar e m uma casa no bairro de C arrasco e , no se gundo ano, por não agüe ntarmos o frio, mudamos para um e xce le nte apartame nto, e m Pocitos. F oi uma e xpe riência totalme nte dife re nte da vida que e stávamos acostuma­ dos. M uitos contatos, muitas re ce pçõe s. R e latórios e mais re latórios. J á havia algum te mpo a e sque rda radical, de rrotada na luta armada, usava outras armas: a me ntira e a calúnia. Se tore s da mídia davam guarida ao re vanchismo que e ra cada ve z mais cre sce nte . Alguns militante s de e sque rda, e x-subve rsivos, e x-te rroristas e até sim­ patizante s da gue rrilha de rrotada, jamais se conformaram com a minha nome ação, pe lo pre side nte J oão F igue ire do, para adido no Uruguai e e s­ tavam à e spre ita. Logo após te r assumido as minhas funçõe s no Uruguai, J air Krischke , con­ se lhe iro do M ovime nto de J ustiça e Dire itos Humanos, durante o J ornal Naci­ onal da R cdc Globo, no horário re se rvado às notícias do R io Grande do Sul, se m ne nhuma comprovação, ave ntou a hipóte se dc minha participação no se ­ qüe stro dos uruguaios Lilian C e libe rti c Unive rsindo Dias. Argume ntos usados por J air Krischke para me acusar: - cu comandara o DO I/C O D1/II E xército; - cra amigo do de le gado Pe dro C arlos Se e lig que , se gundo e le , participara do se qüe stro; - e ra amigo do ccl Atila R ohrscrtz que , também, se gundo e le , e stava e nvolvido; c - na ocasião do se qüe stro e u comandava o 16oGAC , e m Sâo Le opoldo, que e stava muito próximo dc Porto Ale gre . R e alme nte , e u e ra e sou amigo do de le gado Pe dro Se e lig e do ce l Atila R ohrsctze r e , na ocasião, comandava o 16oGAC . M as isso não cra suficie nte para que J air Krischke me acusasse de te r participado de sse se qüe stro, do qual só tome i conhe cime nto por me io da impre nsa. J amais e stive e m contato com Lilian C e libe rti e Unive rsindo Dias. Lilian C e libe rti j á tinha sido libe rtada c re sidia no Uruguai, quando e u, adido no país, come cci a sofre r a torpe campanha que , ao que pare ce , te n­ tava me de se stabilizar no cargo. A ve rdade sufocada - 451 J air Krischke , conse lhe iro do M ovime nto de J ustiça e Dire itos Humanos, e sque ce u os me us dire itos ao, le vianame nte , me acusar ape nas por de duçõe s. M as não ia ficar ape nas nisso, o re vanchismo continuaria, como continua até os dias de hoje . J á e stávamos havia 18 me se s e m M onte vidéu e se ntíamos saudade s do Brasil, dos amigos, do nosso dia-a-dia, quando re ce be mos a grata notícia da visita oficial do nosso pre side nte , J osé Same y, ao Uruguai. T odos ficamos satisfe itos. Se ria como se vísse mos um pouco do Brasil na pe ssoa do pre side nte . M al sabia que nova trama e stava se ndo armada. A ocasião se ria oportuna para atingir, não só a mim, mas, também, o E xér­ cito, conside rando que a proximidade do Dia do Soldado contribuiria para dar maior re pe rcussão ao fato. Para facilitar se us inte ntos, foi fácil incluir na comitiva pre side ncial a de puta­ da fe de ral Be te M e nde s - a “R osa” da VAR -Palmare s na ocasião se m parti­ do. E la e stive ra pre sa no DO I no pe ríodo que comande i e sse órgão. Acusar- me de te -la torturado daria mais cre dibilidade à de núncia. E ra a pe ssoa ce rta, pois e stava prote gida por imunidade s parlame ntare s. A visita do pre side nte da R e pública a um país amigo, onde o adido do E xército se ria acusado de torturador, por um me mbro da sua comitiva, uma de putada fe de ral, se ria uma oportunidade ímpar que jamais pode riam pe rde r. A re pe rcussão se ria inte rnacional. A farsa foi montada e m se us mínimos de talhe s. C he gou o tão e spe rado dia, se gunda-fe ira, 12 de agosto dc 1985. Na pista do Ae roporto de C arrasco, e m linha, junto com suas e sposas, e stavam os diplomatas da E mbaixada e do C onsulado do Brasil, o adido naval, o adido da Ae ronáutica e e u, adido do E xército. A visita do pre side nte Sarne y transcorre u na mais pe rfe ita normalidade . C omo adido, compare ci a todas as sole nidade s oficiais e m home nage m ao pre side nte . Some nte e m duas de las tive um rápido contato com a de putada, ambas no dia 13 de agosto, te rça-fe ira. Às 12 horas, durante um coque te l na E mbaixada do Brasil, quando nos re conhe ce mos, nos cumprime ntamos e ducadame nte e trocamos algumas pa­ lavras protocolare s. E la mostrou satisfação por me re e ncontrar. Disse que tinha uma grata re cordação da minha pe ssoa, pois, se gundo cia, e u havia mudado sua vida que , ante s, e ra um infe rno. C ombinamos que à noite . 452-C arlos Albe rto Brilhante Ustra durante a re ce pção ao pre side nte Sarne y, ate nde ndo a se u pe dido, a apre ­ se ntaria à minha mulhe r. M al sabia que , na ve rdade , e la, sorrate irame nte , montava uma armadilha. À noite , quando o pre side nte Sarne y e D. M arli ofe re ce ram uma re ce p­ ção ao pre side nte J ulio M aria Sanguine tti e se nhora, como havia prome tido, apre se nte i-lhe minha mulhe r. No dia 14 de agosto, o pre side nte Sarne y e sua comitiva re gre ssaram ao Brasil. Bete Mendes, a atriz Sábado, 17 de agosto. Às 7h30, fomos de spe rtados por um te le fone ma de minha mãe , aflita, que quase se m pode r se e xplicar, pe rguntava o que aconte ce ra comigo e uma atriz, pois as rádios e stavam anunciando a minha e xone ração do cargo e o me u re tomo ime diato ao Brasil. T ranqüilize i-a, dize ndo-lhe que nada de anormal aconte ce ra. Ante s do café, abri o jornal El Pais e , surpre so, li: "BRASIL CESA AGREGADO MILITAR ACUSADO DE TORTURA " Brasília (16) - (E F E ) - E l Agre gado M i l i tar brasi le no e m Uru­ guai, C orone l de C abai le ri a (sic) Bril hante Ustra, fué ce sado hoy de spue s dc se r acusado por la Diputada Be te M e nde s, que formaba parte dc la comi ti va pre si de nci al que vi si tó e sa se mana M onte vide o.” No jornal LaManana também le io a se guinte manche te : "Sarney destituye Agregado em Uruguay” F ico atônito! M inha mulhe r, calma, me disse : “R e corte e ste artigo do jornal, mande para Be te M e nde s que e !a de sme ntirá”. O te le fone tocou novame nte . E ra me u irmão que , do R io de J ane iro, me contou todo o caso - as manche te s de jornais, a ida da de putada à te le vi­ são, sua carta ao pre side nte . Be te M e nde s re pre se ntava, no re torno ao Brasil, a mais convince nte in­ te rpre tação da sua vida artística. Aos prantos, cm e ntre vista a vários jornais, tornou pública a farsa plane jada, a dc vítima torturada. A ve rdade sufocada - 453 F ui à C hance laria, e ntre i e m contato com os me us che fe s e m Brasília e re ce bi orie ntação: pe rmane ce r calado, não ate nde r a re pórte re s e aguardar instruçõe s. Sábado e domingo o te le fone não parou de tocar. E ram amigos de todas as parte s, solidários comigo. R aciocine i. Sirvo de “bode e xpiatório” e m mais uma te ntativa para de ne grir a image m do E xército. Se no Uruguai a re pe rcussão foi grande , no Brasil foi muito maior. As man­ che te s dos principais jornais de ram de staque às lágrimas da atriz. J ornal do Brasii -17 de agosto - Adido no Uruguai era o temido uMajor Tibiriçá J ornal do Brasil -17 de agosto - "Coronel que torturou Bete Mendes não é mais adido ”. Ze ro Hora - 17 de agosto - “Sarney afasta o coronel torturador”. C orre io Brazilie nse - 17 de agosto - "Atriz pensou que fosse um f ô ”. Ze ro Hora -18 de agosto - " Ustra. o coronel torturador, some da em  baixada brasileira Ve ja - 21 de agosto - MO amargo reencontro - Quinze anos mais tarde, deputada reconhece em Montevidéu militar que a torturou E m minha cidade natal. Santa M aria, o jornal local A Razão também e scre ­ ve u sobre o assunto: "Denúncia de torturas surpreende amigos de Brilhante Ustra”. E m 17 de agosto a impre nsa publicou a se guinte carta de Be te M e nde s ao pre side nte J osé Same y: “Que as mi nhas prime i ras pal avras se jam de agrade ci me nto a Vossa E xce l ênci a pe l o honroso convi te com o qual fui di sti ngui da para acompanhar a sua comi tiva ao Uruguai. O portuni dade ímpar e que me possibi li tou o conhe ci me nto c o te ste munho do de sve l o com que Vossa E xce l ênci a trata as que stõe s mai ore s da nossa R e públi ca. Não fosse isso o bastante , tive , ai nda, o privi le gi o de convi ve r horas agradáve i s com um grupo se le to de autori dade s do nosso País e , princi palme nte , de comparti lhar da companhi a inte li­ ge nte , se re na e agradáve l dc dona M arli. No e ntanto, Pre side nte , nào posso calar-rnc diante da constatação dc uma re alidade que re abriu e m mim profunda e dol orosa fe rida. Na E mbai xada do Brasil no Uruguai se rve como adi do M ilitar o C orone l Brilhante Ustra, pe rsonage m famoso do re gime passado por sua di sposi ção firme e m comandar e participar <le \ c \ mV s <U· 454-C arlos Albe rto Brilhante Ustra tortura a pre sos políticos. Digo-o, Pre side nte , com conhe cime nto de causa: fui torturada por e le . (O grifo é do autor) Imagine , pois Vossa E xce lência, o quanto foi difícil para mim mante r a aparência tranqüila e cordial e xigida pe las normas do ce rimonial. Pior que o fato de re conhe ce r o me u antigo tortura- dor foi te r que suportá-lo, se guidame nte , a justificar a violência come tida contra pe ssoas inde fe sas e de forma de sumana e ile ­ gal como se ndo para cumprir orde ns e le vado pe las circunstân­ cias de um mome nto. F e lizme nte , Pre side nte , conse gui arrancar do mais profundo do me u se r a tranqüilidade e o e quilíbrio ne ce ssários. A viage m comandada por Vossa E xce lência te ve êxito ple no. F irma-se , com ce rte za, na América Latina a lide rança do Brasil graças ao de scortino político e firme za de ação de se u Pre side nte . No e ntanto, E xce lência, dc volta ao solo pátrio, de scubro não te r mais o dire ito ao silêncio. E stão pre se nte s, de novo, os fantas­ mas de um passado re ce nte , onde os me us gritos se confundiram com os gritos de outros torturados, onde minhas lágrimas ou fo­ ram de re volta ou simple sme nte para chorar aque le s que não re ­ sistiram à violência dos “patriotas” e ncapuzados cuja ação, na su­ posta de fe sa dos inte re sse s maiore s do E stado, só se manife sta­ vam na se gurança das masmorras e na ce rte za da impunidade . Pre side nte , se i que muitas voze s se le vantarão na le mbrança da anistia. Le mbro, porém que a anistia não tornou de sne ce ssária a sane adora conjunção dc e sforços de toda a Nação com o obje ­ tivo de instalar uma nova orde m política no País. O arbítrio ce de u lugar ao diálogo de mocrático. A Nova R e pública, sonho de onte m, é a re alidade palpáve l dc hoje . M as e la não se consolidará se no atual Gove rno, aqui ou alhure s, e le me ntos como o C orone l Bri­ lhante Ustra e stive re m infiltrados e m quaisque r cargos ou fun­ çõe s ainda que insignificante s, o que , diga-se , não é o caso. Não cre io que Vossa E xce lência soube sse de tal fato. Por isso de nuncio-o aqui. E pe ço como vítima, como cidadã e como De pu­ tada F e de ral - cujo voto incondicional e m 15 dc jane iro foi a prova maior de sua confiança nos propósitos da Aliança De mocrática - providências ime diatas c e nérgicas que culmine m com o afasta­ me nto de sse militar das funçõe s que de se mpe nha no vizinho país. T e nho ce rte za. E xce lência, que lima de te rminação sua ne sse se n­ tido significará, ante s de tudo, uma de monstração ao sofrime nto dos milhare s de brasile iros e uruguaios que acabam de de spe rtar A ve rdade sufocada - 455 de uma longa noi te dc arbí tri o na qual a tortura c os torturadore s fize ram parte de uma grote sca, triste e dol orosa re al idade . Por uma que stão de inte re sse de toda a Nação re se rvo-me o dire ito, tão logo e sta carta che gue às suas mãos, de torná-la dc conhe ci me nto do povo brasil e i ro através da impre nsa. BE T E M E NDE S" Bctc M e nde s e xtasiava-se com a re pe rcussão de suas e ntre vistas e de cla­ raçõe s à impre nsa e scrita, falada e te le visada, após re gre ssar do Uruguai. C om atuação me díocre no C ongre sso Nacional, e xpulsa do Partido dos T rabalhadore s e se m partido, Bctc M e nde s voltou a se r atriz e me te orica- me nte tomou-se uma ce le bridade nacional. A de putada não me dia palavras ne m e conomizava acusaçõe s. O suce sso subia à cabe ça e a e stimulava a novas e ntre vistas e de claraçõe s. A impre nsa e m ge ral, ávida pe lo se nsacionalismo c ansiosa por re produzir e divulgar as palavras da “R osa” da VAR -Palmare s, não se pre ocupou e m pe squisar e ve rificar a ve racidade do que publicava, como se fosse solidária com a acusadora. F oi um coro uníssono da impre nsa. No C ongre sso o assunto e ra o te ma principal. Ne nhum parlame ntar, que e u saiba, cogitou ave riguar se as de núncias e ram ve rdade iras. As portas se abriam para “R osa”. C orte jada por partidos políticos, filiou-se àque le que lhe pe rmitiria, novame nte , candidatar-se e m 1989. O ministro do E xército, ge ne ral Lcônidas Pire s Gonçalve s, não se de ixou e nvolve r pe la ação re vanchista da e sque rda. C omo um ve rdade iro che fe militar assumiu a minha de fe sa e , além de me mante r no cargo, no dia 19 de agosto de 1985, de te rminou ao C e ntro de C omunicação do E xército que transmitisse a todos os e scalõe s subordinados o se guinte comunicado: “A de putada E li zabcth M e nde s de O li ve i ra fe z di vulgar, atra­ vés da I mpre nsa, carta abe rta ao E xmo Sr. Pre si de nte da R e publ i ca, conte ndo acusaçõe s ao C e l Art C arl os Albe rto Bri­ l hante Ustra, adi do do E xérci to j unto à e mbai xada do Brasil no Uruguai . De cl arou-se ai nda constrangi da com as ati tude s c tra­ tame nto a e l a di spe nsados pe lo re fe ri do ofici al, nas di ve rsas oca­ si õe s e m que sc e ncontraram durante a re ce nte vi si ta pre si de n­ cial àque l e país. C oncl ui u sol i ci tando o i me diato afastame nto do C e l Ustra do cargo que atual me nte e xe rce no e xte rior. 456-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O C e l Ustra foi nome ado para e xe rce r o cargo dc adido do E xército no Uruguai, e m junho de 1983, dccorre ntc de se le ção base ada no mérito profissional. Assumiu a re fe rida comissão, que te m a duração de 2 anos, e m de ze mbro de 1983. C omo a nome a­ ção para missõe s para o e xte rior é fe ita com 6 me se s de ante ce ­ dência, o C e l Ustra foi e xone rado daque las funçõe s por de cre to pre side ncial, datado de 10 de julho de 1985, de ve ndo se r substitu­ ído e m de ze mbro dc 1985. Durante a visita ao Uruguai do E xmo Sr Pre side nte da R e publica, cuja comitiva a de putada E lizabe th M e nde s inte grou, ocorre u o re conhe cime nto mútuo e ntre o corone l c a parlame ntar, antiga militante de organização te rrorista. Na ocasião, o tratame n­ to e ntre ambos transcorre u de acordo com as normas sociais, fun­ cionais e diplomáticas e xigidas pe las circunstâncias e e m todas as oportunidade s subse qüe nte s pe rmane ce u o tratame nto cordial, o que pode se r ate stado por funcionários da nossa e mbaixada na­ que le pais. E m ne nhum mome nto o corone l de sculpou-se por sua atuação no combate ao te rrorismo no passado. Se u comportame nto modificou-se , que re mos cre r, cm conse qü­ ência da pre ssão dos me smos grupos que vêm radicalizando posiçõe s da Impre nsa e de pronunciame ntos de alguns parlame ntare s. O Se nhor M inistro que r de ixar claro que : - O C e l Ustra é o nosso Adie x no Uruguai, goza dc nossa confiança e pe rmane ce rá ate comple tar o pe ríodo re gulame ntar. - Aque le s que atuaram patrioticame nte contra subve rsivos e os te rroristas, pe rdoados pe la anistia, me re ce m o re spe ito de nos­ sa Instituição pe lo êxito alcançado, muitas ve ze s com o risco da própria vida. - O E xército continua se ndo umtodo solidário c assim contribui para o ape rfe içoame nto das instituiçõe s de mocráticas brasile iras. J amais se rá atingido por palavras e atos re taliatórios por algum da­ que le s que onte m o obrigaram a sair dos se us quartéis para que a Nação não trilhasse caminhos ide ológicos inde se jados pe lo povo. O Se nhor M inistro de te rmina a re transmissão urge nte do pre ­ se nte Informe x a todos os e scalõe s subordinados e que se ja dado conhe cime nto a todo o pe ssoal. Ge ne ral de Brigada R upe rtoC lodoaldo Alve s Pinto, C he fe do C C omSE x.” As acusaçõe s e as me nti ras não ti nham l l m ne m l i mi te s no te mpo, no e spa­ ço e na sua consci ênci a. Bctc M e nde s nao se e sque ce u c apl i cava, com A ve rdade sufocada - 457 mae stria, os conhe cime ntos, as orie ntaçõe s c a doutrinação político-ide ológi- ca re ce bida daque le s que a re crutaram para a subve rsão. A ambição lhe e m­ botava a me nte e re duzia a sua capacidade dc re fle tir. “R osa”, no auge de se u de lírio tomou-se incapaz de pe rce be r o mome nto e m que atingiu a tênue linha divisória e ntre a subje tividade , que não re come nda justificativas e de sme nti­ dos, c a obje tividade , que pe rmite re spostas claras, incisivas e consiste nte s e re solve u continuar. C ontrapondo ao C omunicado do C e ntro de C omunicação Social do E xér­ cito, Be te M e nde s, não le ndo conse guido um dos se us obje tivos, o de de sti­ tuir-me do cargo, le u na C âmara dos De putados, no dia 28 de agosto de 1985, a carta abaixo que e nviara ao nosso ministro. “Brasília, 27 de agosto de 1985. Se nhor M ini stro A propósi to do C omuni cado R e se rvado do C C omSE x, assi na­ do pe lo Ge ne ral C lodoal do Pinto, ve nho, pe la pre se nte , e scl are ce r a Vossa E xce l ênci a que : 1- R e afi rmo inte gral me nte o te xto da carta que e nvi e i ao Pre ­ side nte J osé Sarne y, e m 15 do corre nte , re l atando o e ncontro que tive com o C orone l Brilhante Ustra no Uruguai. 2 - R e pudi o, pois, com ve e mcnci a, a afi rmação conti da no re ­ fe rido comuni cado de se guinte te or: cm ne nhum mome nto o C orone l de scul pou-se por sua atu­ ação no combate ao te rrori smo no passado.” Por mai s uma ve z, Se nhor M i ni stro, o C orone l ace rcou-se de mim tratando-me com amabi l i dade , te ntando j usti f i car sua parti ci pação no e pi sódi o e de scul pando-se por “te r cumpri do orde ns”e por “te r si do le vado pe l as ci rcunstânci as dc um mo­ me nto hi stóri co”. Quando o comuni cado do C C omSE x invoca te ste munho dos funci onári os da E mbai xada Brasi l e i ra no Uru­ guai , ce rtame nte o faz de sconhe ce r que de sse s funci onári os re ce bi um cartão, no qual se re fe re m comovi dos ao que cha­ mam me u ge sto de pe rdão.” 3 - R e pudio, ainda, Se nhor M inistro, a insinuação de te r “modi­ ficado” me u comportame nto. A e ducação e o re spe i to às normas di pl omáti cas e vi de nci adas no me u proce di me nto e m M onte vi déu não impe diram que , no re ce sso de me us apose ntos, ai nda no Uru­ guai, e u e scre ve sse a carta que fiz che gar ao Pre si de nte Sarne y, me nos dc 2-1 horas após nosso rcl orno ao Brasil 458-C arlos Albe rto Brilhante Ustra 4 - Dito isso, Se nhor M inistro, torna-se ne ce ssário re me morar alguns fatos, e mbora se ja muito doloroso. C omo afirme i ao Pre si­ de nte Sarne y, re me te -me no passado, quando fui se qüe strada, pre sa e torturada nas de pe ndências do DO I-C O Dl do II E xército, onde o M ajor Brilhante Ustra (Dr. T ibiriçá) comandava se ssõe s de cho­ que e létrico, pau-de -arara, ‘'afogame nto”, além do tradicional “amaciame nto” na base dos “simple s” tapas, alte rnado com tortu­ ra psicológica. T ive sorte , re conhe ço, Se nhor M inistro: de pois de tudo, fui julgada e conside rada inoce nte e m todas as instâncias da J ustiça M ilitar que , por isso, me absolve u; e aqueles inocentes como eu, cujos corpos eu vi, e que estão nas listas úe desapa  recidos? (O grifo é do autor) 5 - Diz o comunicado do C C omSE x que aque le s que atua­ ram patrioticame nte contra os subve rsivos e os te rroristas, pe rdo­ ados pe la anistia, me re ce m o re spe ito da nossa instituição...” R e ­ conhe ço que a anistia - pe la qual lute i, já absolvida (portanto, se m de la ne ce ssitar) - como foi aprovada c le i que de ve alcançar os dois lados. O que não faço, todavia, é calar-me ante a lame ntáve l pre miação, re sultante do tratame nto como he rói, pe lo Gove rno ante rior, a um torturador dc inoce nte s, assim conside rados pe la J ustiça M ilitar. Se nhor M inistro, que ro re ssaltar que , como cidadã e parla­ me ntar, ne nhum ato me u aponta para qualque r tipo dc ofe nsa às F orças Armadas. Pe lo contrário, inclusive ne sse ge sto agora não pe rfe itame nte compre e ndido, e stá e vide nte a pre ocupação que tive c te nho de de fe nde r e fortale ce r as instituiçõe s para a conquista c pre se rvação da de mocracia. As l;orças Armadas brasile iras, como instituiçõe s guardiãs de ssa orde m de mocrática te ve , te m e te rá me u profundo re spe ito c since ro acatame nto. A jove m e studante de 1970 ficou calada durante 15 anos - e le ge u-se , como re gistra a impre nsa, se m a “bande ira” de vitima. No congre sso, e m 30 me se s dc mandato, jamais de fe nde u qual­ que r me dida rcvanchista. I loje , no e ntanto, também cm re spe ito à me mória dos que morre ram sob tortura, e xe cutados se m dire ito a julgame nto, é obrigada a re clamare e xigir providências. T e nho ce rte za dc que nas file iras do E xército, da Ae ronáutica e da M arinha é e xtraordinariame nte majoritário o nume ro de mili­ tare s dignos, honrados, profissionais inte lige nte s, cultos c, portan­ to, capa/.cs dc ocupar cargos no e xte rior se m comprome te r a ima­ ge m de mocrática do nosso país. A ve rdade sufocada - 459 Se nhor M ini stro. Pe rante a nação, onte m, assi m como hoje e di ante da históri a de se mpre , nada te nho que me conde ne . Não re ne go me u passado, e numa linha de coe rênci a com e le » construo o me u futuro. A carta ao Pre side nte Sarne y, tanto quanto e sta, há de se rvir como te ste munho da mi nha ação firme na de fe sa dos ide ais pe los quai s se mpre lute i. O que consi de re i ne ce ssári o c cor­ re to e u fiz. Daqui pra fre nte só me re sta aguardar e ve ntuai s pro­ vidênci as. As de ci sõe s a re spe ito foge m à mi nha compe tênci a e ao Pode r Le gislativo. Nada mai s, pois, te nho a fal ar ou faze r. Be te M e nde s De putada F e de ral .” E u me se ntia impote nte . Não pode ria, por força do R e gulame nto Discipli­ nar do E xército, ir para a impre nsa de sme ntir Be te M e nde s e ne m me smo proce ssá-la por calúnia, já que , como De putada, possuía imunidade s. E spe re i comple tar o te mpo da missão, pois uma polêmica, na minha posi­ ção no e xte rior, não se ria ade quada. Quando re torne i ao Brasil, e m jane iro de 1986, após o e nce rrame nto nor­ mal da minha missão como Adido do E xército, continue i a sofre r acusaçõe s que se re portavam ao e scândalo forjado pe la de putada. E sta, durante a campanha para a sua re e le ição, usava a farsa continuando a me acusar. Não pode ria ficar calado, não por re vanchismo, mas pe la minha honra, pe la minha família e pe lo próprio E xército. Só havia uma solução: e scre ve r um livro que conse gui publicar e m 1987 - Rompendo o Silêncio - cujo principal obje ti­ vo foi de sme ntir I icte M e nde s. O livro te ve três e diçõe s - num total de 10 000 e xe mplare s - e foi muito come ntado e m manche te s nos jornais, re vistas e T V. A prime ira e dição, de 3 000 e xe mplare s, e sgotou-se e m uma se mana. E m me nos de três me se s as três e diçõe s se e sgotaram. Assim, a divulgação foi bastante ace ntuada. Naque la ocasião, e scre vi o livro praticame nte sozinho. Só conte i com o apoio de minha mulhe r c de alguns poucos amigos. Do E xército não re ce bi nada ne ssa e mpre itada, ne m e m docume ntos, ne m cm propaganda. Quando o publique i, a e sque rda pe diu ao ministro do E xército a minha prisão por tê-lo e scrito. Uma jornalista de um dos principais jornais dc Brasília che gou a pe dir a minha e xpulsão do E xército. E m Santa M aria, minha te rra natal, a C âmara dc Ve re adore s me de clarou “persona non grit- ta". T udo como se e u não tive sse o dire ito de de fe nde r me u nome e o nome de minha família, diante dc uma acusação falsa - aliás argume nto usado pelo 460-C arlos Albe rto Brilhante Ustra ministro Le ônidas Pire s Gonçalve s, quando uma jornalista ale gava que cu de ve ria se r punido. O livro foi o único caminho que tive para provar que , tanto e u como o E xército, e stávamos se ndo alvo de uma das mais sórdidas campanhas de re vanchismo montada pe la e sque rda radical. O re vanchismo se ace ntuava. Associaçõe s de Dire itos Humanos, órgãos de classe e sindicatos mostravam-se indignados porque o me u nome , e ntre o de outros coronéis, fora le vado à conside ração do Alto C omando do E xército para e scolha dos futuros ge ne rais. A orque stração na impre nsa continuou num cre sce ndo. M uitos e x-te rroristas e e x-subve rsivos que e stive ram pre sos c pa­ re nte s de mortos na luta armada, se uniram. As palavras de le s passaram a se r a única ve rdade . Hm que pe se te r comprovado, e xaustivame nte , a farsa montada com a co­ ope ração da de putada Be te M e nde s, se tore s da impre nsa continuaram dando a e la todo o crédito e publicando a sua ve rsão. Nunca procuraram provas para ve r que m e stava me ntindo ne ssa história. As que apre se nte i se mpre foram igno­ radas. J á que o livro Rompendo o Silêncio e stá e sgotado e os dire itos autorais são totalme nte me us, não pode ndo, portanto, continuar a se r come rcializado por ninguém, re solvi, e m A Verdade Sufocada, faze r um re sumo dos fatos e a re ba­ te r, novame nte , as me ntiras da atriz. De sme ntindo Be te M e nde s 1. Be te M e nde s come çou a me ntir ao come ntar a che gada no Ae roporto de C arrasco, aos jornais O Globo e Jornal do Brasil de 17/08/1985, quando de clarou que : “...ao de se mbarcar nós nos re conhe ce mos i nstane ame nte , que e la le vou um choque , mas, me smo assim, e ste nde u a mão para me cumpri me ntar.” M e ntira! O protocolo no Ae roporto dc C arrasco foi se guido à risca. O avião pousa, de sce m o pre side nte Same y e dona M arly. se guidos dos de mais inte grante s da comitiva: ministros, me mbros do C ongre sso Nacional, diploma­ tas do Itamarati. O pre side nte J úlio M aria Sanguine tti c sua e sposa e stão junto à e scada do avião para saudar o pre side nte Same y e se nhora. A ve rdade sufocada - 461 Nós continuamos distante s, na fila de cumprime ntos de um lado os diplo­ matas brasile iros, os adidos da M arinha, E xército e Ae ronáutica e e sposas. Do outro lado, as autoridade s uruguaias. No ce ntro, um e strado cobe rto por um tape te ve rme lho. Após as honras militare s, os dois pre side nte s com suas e sposas se gue m para o lugar de honra, o e strado cobe rto com o tape te ve rme lho, onde se rão cumprime ntados pe las autoridade s brasile iras re side nte s no Uruguai e a se guir pe las autoridade s uruguaias. E nquanto isso, os outros me mbros da comitiva pre side ncial, inclusive Be te M e nde s, após o de se mbarque - se m passar pe las autoridade s uruguaias e bra­ sile iras que aguardavam pe rfilados para cumprime ntar o pre side nte - foram para a^sala VIP, se guindo dire tame nte parao hote l. 2. Hm sua carta ao pre side nte Same y e scre ve u: te r que suportá-l o, se gui dame nte , a j usti fi car a vi olênci a come ti da contra pe ssoas inde fe sas e de forma de sumana e ile gal como se ndo para cumpri r orde ns e le vado pe las ci rcunstânci as de um mome nto.” M e ntira! Não tinha motivos para procurá-la insiste nte me nte , ne m para me justificar e , muito me nos, para pe dir de sculpas por “violências” come tidas contra pe ssoas inde fe sas. Pe lo contrário, e la e os pre sos da VAR -Palmare s haviam sido be m tratados; e u havia de posto e m juízo e m favor de la e dos outros jove ns e a me u pe dido e le s não foram para o Pre sídio T irade nte s. R e sponde ram ao proce s­ so e m libe rdade (Ve r “VAR -Palmare s e os jove ns”). 3. Na me sma carta ao pre side nte e scre ve u: "... fui torturada por e le .” No jornal O Globo de 17/08/1985, re afirma: “...durante a pri são sofre u torturas físicas c psi col ógi cas de todos os ti pos.” M e ntira! A re pre se ntante do J uizado de M e nore s Zule ika Sucupira não te ­ ria de clarado à impre nsa os bons tratos que os jove ns tive ram. Be te M e nde s, na J ustiça, não usou o argume nto de que confe ssara sob tortura. Um proce dime nto se guido pe la maioria dos pre sos subme tidos a pro­ ce sso. para se livrare m da conde nação. Be te M e nde s quando assumiu se u mandato pe lo PT pode ria, pe rfe itame n­ te , e m Ple nário, te r de nunciado as “torturas” que sofre u. Porque dcnunciá-las some nte 15 anos de pois, quando, se m partido, pre ci­ sava de proje ção? 4. Aojornal O Globo de 17/08/1985, de clarou: “...pare nte s se us foram pre sos c torturados.” À re vista Veja, 21/08/1985: se us pais também foram de tidos e ame açados dc tortura.” M e ntira! Se us pais e stive ram no DO l duas ve ze s, juntame nte com os pais dos outros jove ns, para assistire m à pale stra que lhe s fiz e para re ce be re m Be te M e nde s. C ompare ce ram e spontane ame nte ao programa de Blota J únior, na T V T upi. Quanto aos pare nte s que foram pre sos e torturados, gostaria que e la citas­ se , pe lo me nos, o nome dc um de le s. Nunca um pare nte de militante , que nào e stive sse implicado e m subve rsão, foi pre so ou de tido. 5. E m e ntre vista aojornal O Pasquim, de 17/02/1976 disse : “...A mi nha organi zação não participava de ne nhuma ação 462-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada · 463 M ilitante s dc sua organização - C arlos Albe rto Salle s, Hélio Silva c Lígia M aria Salgado Nóbre ga - assassinaram, no dia 5 de fe ve re iro de 1972, o ma­ rinhe iro David A.C uthbe rg, da flotilha ingle sa, que visitava o R io de J ane iro, sob a justificativa dc que e le e ra um re pre se ntante do impe rialismo. T ambém foi a organização dc Be te M e nde s que se qüe strou e de sviou para C uba o C aravcllc da C ruze iro do Sul e m 01/01/1970. Hm 25/02/1973, dois militante s da VAR -Palmare s participaram do assas­ sinato do de le gado O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior. M as, me smo se ndo do Se tor de Inte ligência de ssa organização, quando che gou pre sa, ninguém de u tiros para o alto. Prime iro, porque nossas instala­ çõe s e stavam ce rcadas de e difícios e tiros para o alto pode riam atingir nossos vizinhos. Além disso, come morar o quê? A prisão de me ninos e me ninas, me no­ re s de idade e uma jove m de 21 anos, todos assustados por te re m sido pre sos? 6. Hm e ntre vista ao jornal O Globo, c m 17/08/1985, de clarou: “...te ste munhara o de sapare ci me nto de pe ssoas que passa­ ram pe las mãos do corone l Bri l hante Ustra.” Na carta ao M inistro do E xército, e m 27/08/1985, e scre ve u: “...c aque l e s inoce nte s como cu, cujos corpos e u vi, e que e stão nas listas de de sapare ci dos?” M e ntira! Após consultar os livros e publicaçõe s lançados pe la e sque rda e as listas de de sapare cidos e laboradas pe las organizaçõe s dc e sque rda e de Dire itos Humanos, e ncontre i o nome das cinco pe ssoas re lacionadas abaixo que . se gundo as fonte s consultadas, te riam “de sapare cido” nos se ­ guinte s locais e datas: - M ário Alve s de Souza Vie ira, no R io de J ane iro, e m 16/01/1970; -Antônio dos T rês R ios O live ira, e m São Paulo, e m 10/05/1970; - M arco Antônio Dias Batista, e m Goiás, cm maio de 1970; - J orge Le al Gonçalve s Pe re ira, no R io de J ane iro, e m outubro dc 1970; e - C e lso Gilbe rto de O live ira, no R io dc J ane iro, e m de ze mbro de 1970; C omo se pode ve rificar, o único “de sapare cime nto” no ano de 1970, cm São Paulo, te ria ocorrido cm 10 de maio. Bctc M e nde s e ste ve pre sa no pe ríodo dc 29/09/1970 a 16/10/1970. C onse qüe nte me nte , os mortos que 464-C arlos Albe rto Brilhante Ustra e la afirma te r visto nunca e xistiram. Portanto, e la me ntiu e faltou com o de coro parlame ntar quando, usando a tribuna da C âmara, fe z acusaçõe s caluniosas e m prove ito próprio e e m be ne fício da sua causa comunista, se n­ do acolhida como he roína pe lo C ongre sso e pe la impre nsa. 7. E m e ntre vista à re vista Veja, e m 21/08/1985, disse : “...que o corpo de um amigo, morto a pancadas foi lhe mostrado e ste ndido e m uma maca para de se quilibrá-la e moci onal me nte .” M e ntira! De sde que assumi o comando do DO l, e m 29/09/1970 - me s­ mo dia da prisão de Be te M e nde s - até 05/12/1970, quando e m combate morre ram Yoshitame F ujimore e E dson Ne ve s Quare sma, (ve r “Batismo de Sangue ”) não houve , e m São Paulo, ne nhuma morte atribuída ao DO I. T odos os livros e de mais publicaçõe s de e sque rda também citam e ssas morte s como se ndo as prime iras no pe ríodo me ncionado. Até hoje , ape sar dos me us insiste nte s pe didos, e la se re cusa a dar os nome s dos de sapare cidos que e la viu, onde viu e , muito me nos, o nome do se u amigo “morto a pancadas”. Be te M e nde s, vollo a lhe pe rguntar, o que faço há 20 anos: Quantos corpos de inoce nte s, que e stão nas listas de de sapare cidos, você viu? Qual e ra o nome do se u amigo morto a pancadas? Afinal, o nome de um amigo morto a pancadas não se e sque ce jamais. De Tancredo a Itamar Franco Tancredo Neves Nasce u e m São J oão de i R e i, M inas Ge rais, e m 4 de março de 1910. Ape sar de sua e le ição te r sido por via indire ta, durante o proce sso e le itoral, e le , político e xpe tie nLe , conse guiu fortale ce r cada ve z mais sua image m e de rrotar o outro can­ didato, Paulo Salím M aluf, do Partido De mocrático Social. Sua carre ira pol ítica come çou e m 1934, quando se e le ge u ve re ador e m sua cidade natal. E le ito de putado fe de ral e m 1950, e m 1953 foi nome ado ministro da J ustiça do gove rno Ge túlio Vargas. E ntre outros cargos políticos dc de staque foi pri- me iro-ministro no gove rno parlame ntarista de J oão Goulart - de 07/09/1961a 26/06/1962. E m 15/01/I9K5,T ancre do Ne ve s, do M ovime nto De mocrático Brasile iro (M DB), Ibi e le ito pre side nte da R e publica pe lo C olégio E le itoral, com o apoio da oposição, e xce to do PT , mas não assumiu. Dias ante s da posse , come çou a se ntir forte s dore s abdominais, mas re lutava e m faze r e xame s mais de talhados. No dia 13 de março, dois dias ante s da posse , o Dr. R e nault de M attos R ibe iro, médico da C âmara dos De putados, constatando o agravame nto do quadro clínico de T ancre do, re come ndou o se u inte rname nto hospitalar, pron­ tame nte re cusado. Que ria prime iro tomar posse . Aconse lhado por uma J unta M édica e tomado por forte s dore s, T ancre do foi inte rnado e ope rado no Hospital de Base de Brasília no dia 14, não pode n­ do, e m conse qüência, assumir o cargo. Inte riname nte , foi e mpossado o candi­ dato a vice -pre side nte . J osé Sarne y. C om a de mora e m inte rnar-se , o quadro clínico de T ancre do piorou. Após se te cirurgias, fale ce u no dia 21 de abril de 1985, e m São Paulo, para onde havia sido transfe rido. Sua e nfe rmidade conste rnou o País. Se u fale cime nto foi uma comoção na­ cional. De pois da morte do pre side nte , no dia 22 dc abril, J osé Sarne y, inici­ alme nte líde r do PDS e , poste riorme nte , ade rindo ao PM DB, assumiu a Pre sidência da R e pública e m caráte r de finitivo, mante ndo o ministério e s­ colhido por T ancre do Ne ve s. José Ribanuir Ferreira de Araúj o Costa (15/03/1985 a 15/03/1990) Nasce u e m Pinhe iro. M aranhão, no dia 24 de abril de 1l>30. E m 1965, adotou le galme nte o nome de J osé Sarne y, já que e ra conhe cido como “Zé do Sarne y". Sarne y e ra o nome do se u pai. 466*C arlos Albe rto Brilhante Ustra O gove rno Sarne y te ve o mérito de consolidar o pe ríodo de transição de ­ mocrática. A política e conômica foi bastante conturbada, uma suce ssão de planos que não de ram ce rto. Se u prime iro-ministro da F aze nda, F rancisco Dorne lle s, logo foi subs­ tituído. No prime iro ano do gove rno, a inflação che gou a 225,16%. O novo ministro, Dílson F unaro, lançou o Plano C ruzado, que cortava três ze ros na moe da da época, o C ruze iro, e a substituía pe lo C ruzado. C onge lou os pre ços e os salários por um ano. E sse s se riam corrigidos anualme nte ou cada ve z que a inflação atingisse 20% - e ra o gatilho salarial. O suce sso do plano durou aproximadame nte quatro me se s, le vando o povo à e uforia. Logo de pois, come çou a fracassar. As me rcadorias de sapare ce ram dos supe rme rcados e a inflação voltou a subir. O conge lame nto continuou até as e le içõe s - e stratégia para conquistar o e le itorado. A e conomia de sorganizou-se , mas o PM DB, partido do pre side nte , e le ge u 22 de ntre os 23 gove rnadore s e le itos. Logo após as e le içõe s de nove mbro de 1986, um novo plano e conômico, o C ruzado II, libe rou os pre ços e aume ntou os impostos de vários produtos. E m 20 de jane iro de 1987, foi de cre tada a suspe nsão do pagame nto dos Se rviços da Dívida E xte rna - moratória. A inflação disparou e o povo que . inicialme nte , se e ntusiasmara, pe rde u a confiança no gove rno. Nova substituição no M inistério da F aze nda. Luiz C arlos Bre sse r Pe re i­ ra assumiu e m abril de 1987. A inflação no mês se guinte che gou a 23,26%. O déficit público se tornava incontroláve l. Gastava-se mais do que se arre ­ cadava. M e didas impopulare s foram tomadas para conte nção de de spe sas. E xtinguiu-se o gatilho salarial. R e tomaram-se as ne gociaçõe s com o F undo M one tário I nte rnacional (F M I) e suspe nde u-se a moratória. Nada contro­ lava a inflação galopante . Se m conse guir se u obje tivo, Bre sse r de u lugar a M ailson da Nóbre ga, que prome te u uma política e conômica do “F e ijão com Arroz” - convive r com a inflação se m adotar me didas drásticas, ape nas ajuste s para e vitar a hipe rinflação. Novo fracasso. Ao longo de 1988, a inflação atingiu o patamar de 933%. E m jane iro de 1989, M ailson da Nóbre ga apre se ntou um novo plano e conômico: criou o C ruzado Novo (cortando três ze ros no C ruzado); e s­ tabe le ce u novo conge lame nto de pre ços e o fim da corre ção mone tária; propôs a privatização de várias e statais; e anunciou corte s nos gastos públicos. Novame nte o plano fracassou e no mês de de ze mbro de 1989 a inflação che gou a 53.55%·. A ve rdade sufocada - 467 De fe ve re iro de 1989 a fe ve re iro de 1990, a inflação atingiu o re corde histórico de 2.751%. C m março de 1990 che gou a 80 %. Durante o gove rno Sarne y. soh a pre sidência do de putado Ulisse s Gui­ marãe s, e m fe ve re iro de 1987, o C ongre sso Nacional, que tinha pode re s constituinte s, come çou a e laborar uma nova C onstituição, promulgada e m i 988, que ficaria conhe cida como “C onstituição C idadã”. No campo político, foram re stabe le cidas as e le içõe s dire tas para pre side nte da R e pública; conce dido o dire ito de voto ao analfabe to; autorizada a criação de novos partidos políticos; pe rmitida a le galização dos partidos comunistas, como o PC B e PC doB. M uitos e x-subve rsivos, e x-banidos, e x-auto-e xilados e e x-pre sos políticos se filiaram a partidos de e sque rda. F oram re abilitadas as lide ranças sindicais, inclusive pe rmitindo que os fun­ cionários públicos se filiasse m a sindicatos e às grande s ce ntrais sindicais: C e ntral Única dos trabalhadore s (C UT - ligada ao PT ) e o C omando Ge ral dos T rabalhadore s (C GT - ligada ao PC B). O gove rno Sarne y te rminou, me lancolicame nte , de pois de quatro planos e conômicos, re ce ssão, e spe culação finance ira e ame aça de hipcrinflação. No gove rno J osé Sarne y, e m 1989, ocorre u a prime ira e le ição dire ta para pre side nte da R e pública, após o re gime militar. C oncorre ram inúme ros candidatos re pre se ntando as mais variadas te ndên­ cias do e spe ctro político. M ario C ovas - PSDB - Partido Social De mocrata Brasile iro R obe rto F re ire - PC B - Partido C omunista Brasile iro Ulisse s Guimarãe s - PM DB - Partido do M ovime nto De mocrático Brasile iro Le one l Brizola - PDT - Partido De mocrático T rabalhista Paulo M aluf- PDS - Partido De mocrata Social Aure liano C have s - PF L - Partido da F re nte Libe ral Guilhe rme Afií Domingos - PL- Partido Libe ral F e rnando C ollor de M e llo - PR N - Partido de R e novação Nacional Luiz Inácio Lula da Silva - coligação: PT - Partido dos T rabalhadore s, PSB - Partido Socialista Brasile iro e PC doB - Partido C omunista do Brasil. Hnéas C arne iro - Prona - Partido da R e construção da O rde m Nacional De spontaram dois candidatos: Lula, pe lo FY, ope rário, pobre , sindicalista atu­ ante , pre so pe lo DO PS de 19 de abril a 20 dc maio de 1980; e C ollor, pe lo PR N, vindo de uma família de políticos, rico, um re pre se ntante das e lite s. A campanha de Lula foi ce ntrada nas dificuldade s do trabalhador c dos e xcluídos, ivlorçada pe la campanha contra o re gime militar, contra 468-C arlos Alberto Brilhante Ustra a pe rse guição política e contra as injustiças sociais, pe la prome ssa de re forma agrária e de e mpre gos, e pe la clica na política, bande iras que são usadas até os dias de hoje . C ollor ve io com a prome ssa do combate à corrupção e aos marajás do se rviço público, que re ce biam altíssimos salários e privilégios, com o dinhe iro do contribuinte . E a campanha da moralidade e do be m-e star para os de scamisados. A campanha da mode rnidade . Um político jove m, culto, prome ­ te ndo acabar com a corrupção. Lula se coloca à e sque rda e se us corre ligionários e xploram sua image m de home m do povo, pobre , torne iro me cânico, se m e studo; home m que se fe z sozinho. Sua e scola foi a vida. Lula pre ga pre se nça forte do E stado na e cono­ mia e C ol lor, a re dução do E stado na e conomia. Lula o de fe nsor do trabalha­ dor; C oilor, o caçador de marajás. C ollor e xplora a image m de home m be m nascido, a image m de um gove rno mode rno. F oi e sse o clima da acirrada campanha dc 1989. No prime iro turno das e le içõe s, C ollor obte ve 28% e Lula 16% dos votos. No se gundo turno, C ollor foi e le ito com 42,75% dos votos. Fernando Affonso Collor de Mello (15/03/1990 a 02/10/1992) Nasce u no R io de J ane iro, e m 12 de agosto de 1949. F oi pre fe ito dc M ace ió, gove rnador dc Alagoas e de pulado fe de ral. F oi o pre side nte mais jove m do Brasil. Logo nos prime iros dias foi anunciado pe la sua ministra da F aze nda, Zclia C ardoso, um pacote e conômico que , e ntre outras me didas, bloque ava o di­ nhe iro de positado cm contas-corre nte s e poupanças, conge lava pre ços e pre ­ fixava salários. O le ma do plano e ra: "sem dinheiro não há inflação ". As me didas inicialme nte re duziram a inflação. O corre ram as prime iras privatizaçõe s, a maioria dos imóve is funcionais foi ve ndida e foi fe ita uma grande abe rtura do me rcado brasile iro às importaçõe s. E ssa última provocou re ce ssão e aume ntou o de se mpre go, com a falência de muitas e mpre sas brasile iras. C ollor com sua juve ntude , sua image m de home m be m-suce dido, faze ndo coope r, praticando e sporte s, “pilotando"* jatos, se mpre com e stardalhaço, su­ bindo a rampa do Palácio do Planalto com se tore s da socie dade , chamava a ate nção da mídia que o promove u a “caçador de marajás". E ssa me sma mídia iria, a partir do te rce iro ano dc se u mandato, de struir o mito que havia criado. Ne sse ano. e m maio de 1992, Pe dro C ollor, se u A ve rdade sufocada · 469 irmão, acusou publicame nte o te soure iro da campanha de C ollor, o e mpre ­ sário Paulo C csar F arias, o PC , de articular um e sque ma de tráfico de influ­ ência e corrupção, distribuição de cargos públicos e cobranças de propinas de ntro do gove rno. E sse e sque ma te ria como be ne ficiários alguns me mbros dos altos e scalõe s da R e pública. O e sque ma utilizava ‘laranjas” - pe ssoas que ce diam ou que ne m me smo sabiam da utilização de se us nome s - para abrir contas e re alizar transaçõe s bancárias. O e scândalo foi aos poucos se aproximando cada ve z mais do Palácio do Planalto e alguns dos e nvolvidos justificaram as altas somas gastas, inclusive com a re forma da ‘"C asa da Dinda" - re sidência particular do pre side nte - como se ndo prove nie nte s de um e mpréstimo junto a banque iros uruguaios, a “O pe ração Uruguai”. C ansada de tantas de núncias, incoparave lme nie me nos grave s que as ocorri­ das cm 2005/2006, a socie dade come çou a sair às ruas, e xigindo a apuração. O s jove ns, com as caras pintadas de ve rde e amare lo ou pre to, pe diam o impeachment de C ollor. E ram os “C aras-Pintadas”, como ficaram conhe cidos. Uma C PI foi instaurada c o se u re latório final aprovava o pe dido de impeachment áo pre side nte C ollor. E m votação abe rta os de putados votaram pe la abe rtura do itnpeaclwient. E ni 1992, C ollor, se ntindo-se pre ssionado, re nunciou ao cargo, mas, como o proce sso já e stava abe rto, te ve se us dire itos políticos cassados por 8 anos. Assumiu e m se u lugar o vice -pre side nte , Itamar F ranco. O te soure iro de C ollor, Paulo C ésar F arias, à época do e scândalo, fugiu para o e xte rior, se ndo capturado, e m 29/11/1993. na T ailândia. Passou uma te mporada na cade ia c logo após se r libe rtado foi e ncontrado morto, no dia 23 de junho de 1996, ao lado de sua namorada Suzana M arcolino, ambos assas­ sinados a tiros, e nquanto dormiam, cm sua casa de praia, e m M ace ió. Ape sar de vive r rode ado de se guranças. ninguém soube , ninguém viu, ne m ouviu nada. O s tiros foram abafados por fogue te s de uma fe sta de São J oão. As ve rsõe s foram muitas, mas o crime nunca foi de vidame nte e sclare cido. Itamar Augusto Cautiero Franco (02/10/1992 a 01/01/1995) Nasce u e ntre Salvador e R io de J ane iro, e m 28 de junho de 1930, e m um navio. De família mine ira, foi criado, e studou e se formou e m E nge nharia C ivil, e m J uiz F ora, onde fe z carre ira política. F oi pre fe ito de J uiz de F ora por duas ve ze s e se nador pe lo PM DB. E m 19X2, foi re e le ito se nador. E m 1986. foi candidato a gove rnador pe lo Par­ tido I .ilvral (PI ) 470-C arlos Albe rto Brilhante Ustra E m 1989, I tamar F ranco abandonou o PL e ingre ssou no Partido da R e novação Nacional (PR N) para concorre r como vice de F e rnando C ollor de M e llo. C om o proce sso de impeachment, foi le vado à Pre sidência da R e pública a partir 02/10/1992 - início da abe rtura do proce sso se ndo formalme nte acla­ mado pre side nte e m de ze mbro de 1992. A inflação e ra e le vada, te ndo che gado a 1.100% e m 1992 e alcançado quase 6.000% no ano se guinte . Itamar trocou vários ministros da E conomia. O último, F e rnando He nrique C ardoso, lançou o Plano R e al que , pouco a pouco, come çou a e stabilizara e conomia. Itamar passou o gove rno a F e rnando He nrique C ardoso, e le ito no 1° turno, que tive ra como principal adve rsário Lula, e ste com as prome ssas e o discurso de se mpre , o de um PT ético. O me smo discurso de sde a sua criação. A vala do Cemitério de Perus O s militante s das organizaçõe s te rroristas, quando e ntravam na clande stini­ dade , abandonavam a família, os e studos, os amigos, a profissão e até o pró­ prio nome . T udo passava a faze r parte do se u passado. Para vive r na clande stinidade , ne ce ssitavam de nova história de vida, de no­ vos amigos, de novo nome , de nova ide ntidade . Para isso não he sitavam e m fraudar a le i. Ne sse se ntido, o mais comum e ra obte re m uma nova ce rtidão de nascime nto, com o nome que passariam a usar. C om e ssa ce rtidão compare ciam a um se rviço de ide ntificação do gove rno, onde e ram ide ntificados e de onde saíam com uma nova carte ira de ide ntidade , le gítima e válida para todos os e fe itos le gais. A partir de sse mome nto, por me ios criminosos, oficialme nte , passavam a se r outra pe ssoa. E ssa situação, e m caso de arre pe ndime nto, e ra de longa e difícil re ve rsão. Só pode ria se r conse guida através da J ustiça. A e xe mplo de ste fato, o jornal "O Globo” dc 14/01/2007 publicou matéria dc E vandro E boli sob o título: “A dupla identidade de u/n clandestino na d e m o c r a c i a Se gundo o publicado, C arlos Augusto Lima Paz re ce be u, e m 1972, do PC do B, uma ide ntidade falsa com o nome de R aimundo C ardoso de F re itas. E m 1985 e le e ntrou na justiça para re tomar sua re al ide ntidade , mas não te ve suce sso. Some nte e m de ze mbro de 2006, a C omissão de Anistia apro­ vou o dire ito de R aimundo voltara se r que m é: C arlos Augusto. O utro proce dime nto e ra re ce be re m do Se rviço de Inte ligência da organiza­ ção ide ntidade s falsas. As cédulas das carte iras de ide ntidade , e m branco, e ram conse guidas nos assaltos aos Postos de Ide ntificação do gove rno e as ce rtidõe s de nascime nto, e m branco, também e ram obtidas e m assaltos aos C artórios de R e gistro. Assim agindo, e vitavam se r re conhe cidos e pre sos caso procurasse m um posto de ide ntificação policia!. C re io que e sse foi o caso de J osé Dirce u. Ao re tornar de C uba, ingre ssou no Brasil já com uma nova e falsa ide ntidade , o que o pe rmitiu continuar com suas atividade s clande stinas. C asou, re gistrou um filhoe fe z ne gócios, usando e ssa falsa ide ntidade . C re ioque não foi fácil para J osé Dirce u, após a Le i da Anistia, voltara usar o se u nome de batismo c de ve tê-lo conse guido através da J ustiça. Só os Se rviços de Informaçõe s possuíam fotos, ge ralme nte de satualizadas, dos principais militante s das organizaçõe s te rroristas. C aso um militante , usando uma ide ntidade com o nome dife re nte do se u, morre sse num acide nte , dificilme nte se ria re conhe cido pe las autoridade s polici­ ais que ate nde sse m a ocorrência. Quando, porém, e ntre os docume ntos apre e ndidos e m pode r do morto e ra e ncontrado mate rial subve rsivo, armas, bombas, e tc. o DO PS ou o IX >1(no caso de Sao Paulo) e ram informados. 472-C arlos Alberto Brilhante Ustra J osé Dirce u, se fale ce sse num acide nte ou por doe nça, e m C ruze iro d’O e ste , nos idos de 1975 a 1979, te ria sido se pultado le galme nte com o nome de C arlos He nrique Gouve ia de M e lo. Hoje , se u nome ce rtame nte e staria incluído na lista de de sapare cidos políticos e os órgãos de se gurança acusados de ocultação de cadáve r. Quando um te rrorista, usando uma ide ntidade obtida de modo criminoso, morria e m combate , tínhamos que se guir os proce dime ntos normais para se pultá- lo. C omo se u nome não constava na nossa re lação dc te rroristas procurados, ficávamos na dúvida, mas tínhamos a ce rte za dc que , normalme nte , por me dida de se gurança, e le s trocavam suas ide ntidade s. C ome çava, e ntão, o nosso tra­ balho e m sabe r que m e le e ra na re alidade . As ve ze s, pe la fotografia, um companhe iro de militância o re conhe cia. O u­ tras ve ze s, pe squisando no álbum de fotografias, por se me lhança, obtínhamos se u nome ve rdade iro. O brigatoriame nte , e ram tiradas as impre ssõe s digitais pe las autoridade s policiais e ncarre gadas do se pultame nto e comparadas com as da carte ira de ide ntidade que portava. C onfirmado que e ram idênticas, o se pultame nto e ra fe ito com o nome constante na carte ira. Suas impre ssõe s digitais e ram e nviadas aos Se rviços de Ide ntificação para que suas fichas datiloscópicas fosse m comparadas e o ve rdade iro nome oficial­ me nte ide ntificado. Isso de mandava te mpo. No inquérito policial, abe rto para apurar a morte , e ssa situação da dupla ide ntidade e ra de clarada, mas só a J ustiça pode ria faze r o morto voltar à sua prime ira ide ntidade . Normalme nte , as famílias ne m sabiam de se u fale cime nto, ajie sar de noticia­ dos e m jornais, pois de sconhe ciam os se us parade iros. O morto e ra e nte rrado numa cova rasa, mas com a e xata localização no ce mitério. Aqualque r mome nto, a se pultura pode ria se r e ncontrada. Não e ra, portanto, se pultame nto clande stino. E m São Paulo, a maioria dos te rroristas mortos e m combate foi se pultada no C e mitério Dom Bosco, no bairro Pe rus. Passado o prazo le gal, que pe nso se r de cinco anos, como aconte ce e m todos os ce mitérios do País, se a família não re tirasse os re stos mortais e os colocasse num nicho ou e m um jazigo, e le s se riam e xumados e e nte rrados numa vala comum, juntame nte com as ossadas de outras pe ssoas que se e ncontras­ se m na me sma situação. A e sque rda, de ntro do quadro de re vanchismo a que se impôs, e xplora e ssa situação e acusa as autoridade s de e nte rrar os “pre sos políticos” cm ce mitérios clande stinos e com nome s falsos. E m 1990, Luiza E rundina, e ntão pre fe ita de São Paulo pe lo PT , com a força do se u cargo, ajudou a e sque rda ne sse proce sso de “de núncias", criando a C omissão E spe cial de Inve stigaçõe s das O ssadas de Pe rus. A ve rdade sufocada - 473 E m 4 dc se te mbro daque le ano, a pre fe itura de São Paulo abriu com grande e stardalhaço, com manche te s e mais manche te s na mídia, a Vala de Pe ais, lo­ calizada no C e mitério Dom Bosco, na pe rife ria da cidade , onde e stavam e nte r­ radas 1.049 ossadas de indige nte s e , possive lme nte , de alguns te rroristas. Ainda e m se te mbro de sse ano, no dia 17, instalou-se na C âmara M unicipal de São Paulo uma C PI para inve stigar as “irre gularidade s” na Vala de Pe rus. De acordo com www.de sapare cidospoliticos.org.hr: 'Vm se is me se s de atividade s da C PI , foram re al i zadas 42 se s­ sõe s ordi nári as, uma e xtraordinária, várias di l i gênci as ao Sítio 31 de março de 1964, e m Pare lhe iros, três visitas à Se cre tari a de Se gurança Pública, cinco à Pre fe itura M unicipal , uma ao DHPD, duas ao De partame nto de C omuni cação Social da Se cre tari a de Se gurança Pública, duas à Polícia F e de ral, duas ao C e mi téri o de Pe riiN e duas à UNI C AM P.” O Sitio 31 de M arço, de proprie dade do se nhor J oaquim R odrigue s F agunde s, foi incluído nas inve stigaçõe s por vingança, pois e le s não ace ita­ vam que um sítio tive sse e sse nome . Inve ntaram que ne le e stavam e nte rrados os corpos de muitos “de sapare cidos”. As máquinas da pre fe itura re volve ram o solo do sítio, de ixando-o e m uma situação lastimáve l. C omo já se e spe rava, nada foi e ncontrado. T udo não passou de um te atro, montado para a impre n­ sa que , aliás, "e sque ce u" de publicar o re sultado das e scavaçõe s. No dia 1)9/04/2003. o Se rviço F une rário do M unicípio de São Paulo pu­ blicou no Portal Pre fe itura de São Paulo, sob o título: "SF M SP ajuda a re sgatar a história política do Brasil", uma matéria da qual de stacamos: “O Se rvi ço F une rário também participou ati vame nte da locali­ zação das ossadas de mais de mil militante s polí ticos que for·» i assassi nados e e nte rrados e m vala cl ande sti na do C e mi téri o dr Pe rus. No di a 4 de se te mbro de 1990, os corpos foram e xumados para anál ise e ide ntificação." Se gundo a O NG T ortura Nunca M ais, foram 358 os mortos e de sapare ­ cidos e m todo o Brasil e no e xte rior, incluídos os do Araguaia, os que se suicidaram, os que fale ce ram e m acide nte s de carro, os mortos e m passe atas e arruaças. J á Nilmário M iranda, e m se u livro Dos filhos deste solo, aponta 420 mortos, dos quais 23, se gundo e le , não têm motivação política e um dos “mortos", Wlade miro J orge F ilho, e stá vivo (página 468 do se u livro). O núme ro portanto cai para mortos. 474-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Dc onde e sse Se rviço F une rário da Pre fe itura, na época de M arta Supücy do PT , tirou os mais de mil militante s políticos, e nte rrados na Vala de Pe rus? Por que me ntir de forma tão le viana? Por que e mpre gar a te oria de J ose ph Goe bbe ls. ministro da Propaganda dc Hitle r, dc que a me ntira, muitas ve ze s re pe tida, se torna uma ve rdade ? Qual o inte re sse da pre fe itura e por que a irre sponsabilidade e m afirmar o que é invcrídico? Se gundo a matéria, ne nhum te rrorista foi morto cm combate com os órgãos de se gurança, todos foram assassinados, e a vala comum, que se mpre e xistiu, passou a se r clande stina. Se gundo o site www.de sapare cidospoliticos.org.br/pe ms.htm-25k-: - E m 1973, a família dos irmãos Yuri e Ale x de Paula Xavie r Pe re ira de sco­ briu que Yuri e stava e nte rrado no C e mitério dc Pe rus. Procurando o adminis­ trador do ce mitério, localizou no livro dc re gistros o se pultame nto de J oão M aria F re itas, nome falso usado por Ale x. - E m junho de 1979, alguns familiare s foram ao C e mitério de Pe rus e loca­ lizaram outros militante s monos, sob ide ntidade falsa, como Ge lson R e iche r, e nte rrado com o nome de E miliano Se ssa, e Luís E uricoT e je ra Lisboa, e nte rra­ do como Ne lson Bucno. - E m 1992, foram ide ntificados na Vala dc Pe rus De nis Antônio C ase miro, conside rado de sapare cido, e F re de rico E duardo M ayr. - No C e mitério de Pe rus foram ide ntificados três e sque le tos cm covas individuais, como se ndo dc í Iclbe r J osé Gome s Goulart. Antônio C arlos Bicalho Lana e Sônia M aria dc M orae s Ange l J one s. - No me smo ce mitério foram ide ntificados os e sque le tos das covas onde e stavam e nte rrados Hiroaki T origoe e Luís J osé da C unha. Se us ossos foram re tirados e e nviados para o DM L/UNIC AM P. A re spe ilo do que e stá publicado ne sse site , pode mos acre sce ntar que : - De nis Antônio C ase miro não é de sapare cido. Se gundo o livro de Nilmário M iranda e C arlos T ibúrcio, foi e nte rrado com o ve rdade iro nome . - Hiroaki T origoe fale ce u cm 05/01/72. Sua morte foi publicada no dia se guinte no jornal O Estado de S. Pendo, onde consta o se u ve rdade iro nome . Ape sar de se sabe r, através de fotografias, o nome de nascime nto, foi e nte rra­ do com o nome dos docume ntos que poitava ao morre r: M assamiro Nakamura. T origoe só foi ide ntificado oficialme nte de pois de prolongada busca nos órgãos dc ide ntificação para a comparação das suas impre ssõe s digitais. -Ale x dc Paula Xavie r Pe re ira c Ge lson R e iche r morre ram no dia 20/01/ 1972, cm tirote io com uma e quipe do DO I. após le re m abatido a liros de A ve rdade sufocada · 475 me tralhadora o cabo Sylas Bispo F e che , de sta e quipe . As suas morte s foram tornadas públicas dois dias de pois, e m matéria do jornal O Estado de S. Pau  lo, onde constam se us nome s ve rdade iros. F oram se pultados com os nome s constante s nos docume ntos que usavam ao morre r, J oão M aria F re itas (Ale x) e E miliano Se ssa (Ge rson). E m nove mbro de 1980, a família de Ale x re tirou do C e mitério de Pe rus os re stos mortais dos dois irmãos, Yuri e Ale x, e os se pultou no C e mitério de Inhaúma, no R io de J ane iro. A família de Ge lson R e iche r, após e xumar se u corpo no C e mitério de Pe rus, o se pultou no C e mitério Israe lita. - F re de rico E duardo M ayr, ao morre r no dia 24/02/1972, foi e nte rrado com o nome que usava: E ugênio M agalhãe s Sardinha. - Yuri Xavie r Pe re ira. Ana M aria Nacinovic C orrêa e M arcos Nonato da F onse ca fale ce ram e m 14/06/1972. A noticia de suas morte s foi publicada no dia 18/06/1972 pe la impre nsa, inclusive pe lo Diário Popular, onde apare ­ ce m se us nome s ve rdade iros. - He lbe r J osé C íomcs Goulart fale ce u cm 16/07/1973. Usava os nome s falsos de Waltcr Apare cido Santos e Acrísio F e rre ira Gome s. O s jornais Folha da Tarde e Jornal do Brasil, do dia 18/07/1973, publicaram sua morte , com sua foto e nome ve rdade iro. - Antônio C arlos Bicalho Lana e Sônia M aria de M orae s Angcl J one s fale ce ram e m 30/11/1973. Suas morte s foram publicadas na impre nsa, inclu­ sive no jornal O Globo de 01/12/1973. R cce nle me nic. e m 03/09/2005, os jornais do País publicaram matéria a re spe ito das ossadas de F lávio C arvalho M olina. Se gundo o jornal Correio Braziliense: “F lávi o C arval ho M ol ina foi e nte rrado com o nome falso de Ál varo L ope s Pe ralta, no C e mi téri o Dom Bosco. e m Pe rus. Pos­ te ri orme nte . se u corpo foi e xumado e transfe rido para uma vala comum, j unto com os re stos mortai s de outros pre sos político- e nte rrados como indige nte s. E m 1990, a vala foi abe rta e 1.049 ossadas e xumadas, e ntre e l as as de M ol i na.” A notícia é te nde nciosa. C omo já e xplique i, F lávio linha de se r se pul­ tado com o nome que usava ao morre r, isto é Álvaro Lope s Pe ralta. As­ sim, o corpo foi e ncaminhado para autópsia ao I nstituto M édico Le gal, órgão do gove rno do E stado de São Paulo, a que m cabia, por força de pre scrição le gal, a re sponsabilidade pe lo se pultame nio. T ambém, que m lê a noticia é induzido a pe nsar que as 1.049 ossadas e ram de “pre sos poli 476*C arlos Albe rto Brilhante Ustra A be m da ve rdade , F lávio C arvalho M olina foi se pultado na cova 14, rua 11, quadra 2, gle ba 1, re gistro 3.054. Isso consta no Inquérito Policial, e nviado à 2aAuditoria M ilitar, e m São Paulo. Se a sua família tive sse lido os jornais da época e se tive sse procurado as autoridade s, como o fe z cm julho de 1979, sabe ria onde e stava e nte rrado o se u e nte que rido e pode ria, como o fize ram outras, tê-lo e xumado, e vitando que , após cinco anos, sua ossada fosse se pul­ tada na vala comum, juntame nte com indige nte s. Que fique be m claro, F lávio C arvalho M olina não foi e nte rrado clande sti­ name nte ne m com nome falso; paradoxalme nte , o último nome que usava também e ra ve rdade iro. E m junho de 2006, a mídia publicou, com grande de staque , a ide ntificação da ossada de Luís J osé da C unha, o “C rioulo”, que morre u e m combate e m me ados de 1973 e te ria sido e nte rrado no ce mitério de Pe rus como indige nte . Ao final da década de 60, '‘C rioulo”, após re gre ssar de C uba, onde fize ra curso de tre iname nto de gue rrilha, de stacou-se como um militante e te rrorista de pre stígio na sua organização, se ndo e scolhido me mbro do C omando Na­ cional da ALN e m 1973. C om a e xpe riência de sse tre iname nto, de se mpe nhou importante pape l na for­ mação de vários jove ns que se atiraram na luta armada, le vando muitos a morte . F oi se gurança c home m de confiança de M arighe lla, o ide ólogo do te rror. No dia 29/06/2(X)6 o C orre io Brazilie nse publicou a se guinte matéria: “A C omissão de F amiliare s de M ortos c De sapare cidos anun­ ciou onte m a ide ntificação, por amostras de DNA, da ossada do gue rrilhe iro Luís J osé da C unha, mais conhe cido como “C riou­ lo”, da Ação Libe rtadora Nacional (ALN). E mboscado e m San­ to Amaro, zona sul de São Paulo, por uma e quipe do De staca­ me nto de O pe raçõe s de Informaçõe s e C e ntro de O pe raçõe s de De fe sa Inte rna (DO I-C O DI). "C rioulo" foi morto e m junho de 1973 e e nte rrado como indige nte no C e mitério de Pe rus, na zona oe sle da capital paulista. O s autos da autópsia, re cupe rados pe la C omissão de M ortos e m 1995 re ve laram que e le foi “brutalmente torturado até a morte e teve a cabeça arrancada para dificultar a identifica  ção, só possível agora com os avanços da medicina legal”, se gundo o pre side nte da comissão M arco Antonio Barbosa. Nos arquivos do re gime militar, o laudo original, assinado pe lo médico llarry Shibala, de scre ve a morte como conse qüência de A ve rdade sufocada · 477 um tiro cm confronto com a polícia. i%Só a autoria já colocava o laudo sob suspeição e agora fica provado que era mais uma Jarsa", disse Barbosa, ao lado da vi úva de '‘C ri oul o", a também e x-mi li lunl e da ALN Amparo Araújo. “Os ossos foram localiza  dos há 15 anos durante as escavações no cemitério, para onde a Obau, destinada a eliminar inimigos do golpe militar, man  dava as vítimas. A maior prova de que "Crioulo” foi submeti  do a tortura, como demonstra o segundo laudo determinado pelo governo, é que, na foto cadavérica. aparecem 1J lesões graves. típicas de suplício, só no rosto dele’V ’ Profissionais compe te nte s, se fosse m comprome tidos com a ve rdade ; se ti­ ve sse m o inte re sse de re sgatar o fato e o comparar com as ve rsõe s para be m informar; e se e xplorasse m a ve ia inve stigativa que e stimula e dife re ncia o profis­ sional da informação dos profissionais de ocasião, por ce rto pe squisariam nos jornais de São Paulo/SP de julho de 1973 e e ncontrariam artigos sobre o assunto e m que stão, o que llie s pe rmitiria informar aos le itore s com maior pre cisão. C ) bom e compe te nte jornalista dá um colorido e spe cial ao fato e às circuns­ tâncias que o e nvolve m, e stimulando a e laboração de uma matéria que mais se aproxime da ve rdade , e nquanto que o re pórte r se ctário e manipulador constrói e de forma a história, se gundo inte re sse s e conve niências políticas e ide ológicas. A re spe ito tia morte de Luís J osé da C unha, “C rioulo”, ocorrida e m julho de 1973, e não cm junho como publicou o C orre io Brazilie nse , os fatos se passa­ ram como a se guir é de scrito: [Durante uma ronda re alizada por umaT urma de Busca e Apre e nsão do DO I, às 14 horas e 30 minutos do dia 13/07/1973, na altura do n° 2000 da Ave nida Santo Amaro, foi obse rvado um indivíduo com as caracte rísticas de Luís J osé da C unha. Hstabe le cido o ce rco, o suspe ito foi abordado para ide ntificação, re agin­ do viole ntame nte com sua pistola automática e procurando se e vadir. Na te ntativa de fuga, o te rrorista procurou se apropriar do carro onde e stavam as jove ns Silvia M aria B. Prata, R G 6.094.658, c Patrícia M aria E rne sta C e nnacchi, fe rindo-as le ve me nte com sua pistola. As duas foram so­ corridas no Pronto Socorro Santa Paula. Após inte nso tirote io, o suspe ito caiu fe rido, vindo a fale ce r quando trans­ portado para o Pronto Socorro Santa Paula. O morto, confirmadas as suspe itas, e ra Luís J osé da C unha, que , na oca­ sião. portava docume ntos falsos com o nome de J osé M e ndonça (.los Sanlos. C omo “C rioulo” não Ibi pre so e ne m inte rrogado, se u "apare lho", situado na rua Bom Pastor n" 232(>, bairro do Ipiranga, São Paulo/SP, só loi loi ah/adn 478-C arlos Albe rto Brilhante Ustra no dia 19 de jane iro de 1974. Ne le foram e ncontrados docume ntos falsos com os nome s de Luís de O live ira, O swaldo de Alme ida e Antonio M ilton de M orais, cinco re cibos de e ntre ga de De claração de R e ndime ntos e duas vias do C íC n° 413841488, e m nome de Luiz de O live ira. A R e ce ita F e de ral foi avisada para dar baixa de sse s nome s falsos, de clarados por “C rioulo”. Luís J osé da C unha foi e nte rrado no C e mitério de Pe rus com o nome falso que portava, e m uma cova ide ntificada. Sua morte foi publicada com de staque na impre nsa. O J ornal da T arde , de São Paulo/SP, no dia 14 de julho de 1973, um dia após a sua morte , publicou matéria, onde consta o nome ve rdade iro de “C rioulo”. C omo a família não procurou os re stos mortais de sse dirige nte nacional da ALN no prazo le gal, se u corpo foi e xumado e transfe rido para o ossuário do ce mitério. A e xploração política, ide ológica e come rcial do assunto, o de sre spe ito ao te ma e às pe ssoas e nvolvidas, e mocionalme nte ou não, e as acusaçõe s grosse iras e infundadas que não re siste m a uma pe squisa séria e cuidadosa, pe rmite re futar com lógica, com e quilíbrio, com fatos c com provas, a farsa de ssa calúnia. E ridícula e se m ne xo a afirmativa do pre side nte da C omissão de M ortos de F amiliare s e De sapare cidos, M arco Antonio Barbosa, de que “C rioulo” le ve a cabe ça arrancada para dificultar a ide ntificação e se r se pultado como indige nte , o que de monstra a má fé da afirmação. Se é ve rdade que a cabe ça foi e ncontrada se parada do corpo, a hipóte se prováve l é que a se paração le nha ocorrido no alo da e xumação da cova rasa para o se pultame nto na cova cole tiva. C omo se pode ve rificar, os corpos de todos e sse s te rroristas não foram e nte rrados clande stiname nte . F oram e nte rrados oficialme nte , com os re gistros fe itos na administração do ce mitério. As autoridade s do DO PS e do IM L que provide nciaram os se us se pultame ntos jamais ocultaram se us cadáve re s. T odos foram se pultados e m covas individuais, todas ide ntificadas. A farsa do C e mitério de Pe rus, publicada com alguma insistência e de forma irre sponsáve l, se m ne nhum cuidado jornalístico de pre se rvação da ve rdade , ne m me smo pe lo de nominado jornalismo inve stigativo, continua até hoje e nga­ nando o povo e acusando, de mane ira sórdida, as autoridade s policiais, daque ­ la época, de ocultação de cadáve re s. A re pe rcussão na impre nsa dos se pulta­ me ntos de F lávio C arvalho M olina e de Luís J osé da C unha de monstra do que e le s são capa/e s quando que re m me ntir. Governo Fernando Henrique Cardoso (01/01/1995 a 01/01/1999) e (01/01/1999 a 01/01/2003) F e rnando I le nrique C ardoso nasce u na cidade do R io de J ane iro, e m 18 de junho de 1931. F ilho, ne to e sobrinho de militare s, aos de z anos mudou-se para São Paulo, para onde se u pai, ge ne ral Le ônidas F e rnande s C ardoso, havia sido transfe rido. E studou na F aculdade de F ilosofia da USP - Unive rsidade de São Paulo. F oi se cre tário da re vista Problemas, do Partido C omunista. F oi profe s­ sor de Sociolosiada USP de sde 1953. E m março de 1964, após a C ontra-R e volução, le ve sua prisão pre ve ntiva de cre tada, sob ale gação de atividade s subve rsivas. F ugiu para o C hile , onde passou a inte grar a C omissão E conômica para América Latina (C e pal). E m 1968, voltou ao Brasil e assumiu a cáte dra de C iência Política da USP, se ndo cassado pe lo A1-5. E m 1969, e xilou-se novame nte , re tomando ao País e m 1973. E m 1978. candidalou-sc pe lo M DB como suple nte ao Se nado. E m 1980. com o Um do bipartidarismo, o M DB fracionou-sc e muitos de se us filiados passaram para o PM DB, inclusive F e rnando He nrique . E m 1983, assumiu, como suple nte , a vaga de F ranco M ontoro, que se e le ge ra gove rnador de São Paulo. E m 1985. ape sar da bande ira usada pe la maioria dos candidatos de oposi­ ção - críticas ao re gime militar, pe rse guição política, prisão, tortura - pe rde u a pre fe itura de São Paulo para J ãnio Quadros. E m 1986, e le ge u-se se nador pe lo E stado de São Paulo, ainda na le ge nda do PM DB. E m 1988 juntame nte com F ranco M ontoro. J osé Se rra, M ário C ovas - também cassado e m 1969 - e outros fundou o PSDB, partido ao qual vários auto-e xilados se filiaram. Logo de pois, se tomou líde r da nova le ge nda no Se ­ nado (1988-1992). F oi ministro das R e laçõe s E xte riore s (1992-1993) e da F aze nda (1993- 1994) no gove rno Itamar F ranco, quando ficou nacionalme nte conhe cido com o êxito do Plano R e al - e laborado por sua e quipe -, que conse guiu e stabilizar a inflação galopante no Brasil. Apoiado por uma aliança com o PT B e PF L - partidos de ce ntro e de dire ita -, contrariando se u passado de e sque rdista, F e rnando He nrique lançou- se candidato à Pre sidência da R e pública cm 1994. Nas pe squisas de opinião, logo ultrapassou o novame nte candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Lula e Le one l Brizola (PDT ), e nfre ntou candidatos se m muita proje ção nacional como E néas ('arne iro (Prona), ()ivs- te sUuéivia (PM DB)e l-spcridiao Amin. 480-C arlos Alberto Brilhante Ustra F oi e le ito, ainda no prime iro turno, com uma votação e xpre ssiva. Assumiu o gove rno e m ü 1/01/1999. A e stabilidade da moe da e a inflação e m baixa davam a F HC - como passou a se r chamado - amplo apoio no C ongre sso Nacional para re alizar as re formas. Além dos partidos que o ajudaram a e le ge r-se , passaram a compor a base gove r- nista o PM DB, o PP, o PPR e o PL. F e rnando He nrique de u se qücncia ao proce sso de privatização usando o argu­ me nto de que pre cisava e nxugar o E stado. F oram ve ndidas grande s e statais, como aT e lcbrás, C e ntrais E létricas, C ompanhia Vale do R io Doce , Side rúrgica T ubarão. E m maio de 1997, a Folha de São Paido informava que aliados de F e rnando He nrique te riam comprado por R $ 200 mil, votos favoráve is à e me nda para a re e le ição de cargos e xe cutivos - pre side nte , gove rnadore s e pre fe itos pe rmi­ tindo ao ocupante de um cargo e xe cutivo concorre r à própria suce ssão para mais um mandato. E m 1998, candidato à re e le ição, F e rnando He nrique conse guiu o apoio do PPB (antigo PPR ), do PF L, do PT B e parte do PM DB. A re e le ição provocou ce rto mal-e star e ntre F HC c M ário C ovas, candidato à re e le ição para gove rnador de São Paulo. F e rnando He nrique não pe diu votos para M ário C ovas, além de faze r um acordo de apoio a sua re e le ição com M aluf- pre side nte do PDS e grande rival de M ário C ovas. Se m adve rsários forte s, e nfre ntou Lula (PT ), C iro Gome s (PPS) e E néas C arne iro (Prona). R e e le ge u-se , novame nte , no prime iro turno. E m 2001, o País passou por sua maior crise no se tor e ne rgético. F oi pre ciso um racioname nto de e ne rgia, e stabe le ce ndo-se taxas fixas e gastos para cada consumidor, e aume nto de tarifas e multas para que m ultrapassasse os limite s pre e stabe le cidos. 0 M ST e ste ve bastante ativo durante o se u gove rno. E m março de 2002, a faze nda de F e rnando He nrique foi invadida e m uma ação de ousadia. O s se m- te rra acamparam na se de , usaram os cômodos íntimos da faze nda, come ram e be be ram o que e ncontraram de me lhor. De ze sse is me mbros do M ST foram indiciados, mas o M inistério Público os inoce ntou e a J ustiça concordou. A corrupção também e ste ve pre se nte no gove rno F e rnando He nrique . De svio de ve rbas na construção do F órum T rabalhista doT ribuna! R e gional do T raba­ lho, e m São Paulo, e nvolve ndo o juiz Nicolau dos Santos Ne to, alguns e mpre ­ sário e o se nador Luiz E ste vão. O s de svios de R $ 169,5 milhõe s da obra ocasionaram a conde nação do juiz Nicolau. O s de mais acusados foram inoce ntados. O se nador e e mpre sário Luiz E ste vão, ape sar de absolvido por falta de provas, te ve se u mandato cassado no Se nado. Durante o gove rno F e rnando I le nrique os salários ficaram conge lados. Mais que “ perseguidos políticos”, revanchistas O fim do re gime militar ca Le i da Anistia não trouxe ram a pacificação de se jada. C rédulos, os militare s voltaram às suas atribuiçõe s, confiante s na re conciliação de todos os brasile iros. As mãos foram e ste ndidas cm sinal dc paz, por um dos lados - as mãos dos ve nce dore s da luta armada porém, para os ve ncidos, o combate continuou. O s de rrotados ape nas trocaram as armas pe las palavras, faze ndo que stão de não de ixar cicatrizar as fe ridas que e le s mante m abe rtas até hoje . A passividade dos ve nce dore s, o sile ncio comprome te dor das autoridade s, some nte fize ram cre sce r o re vanchismo dos ve ncidos. C om a che gada ao pode r de cx-banidos e e x-auto-e xilados, a história come çou a scr re e scrita. C om os dire itos políticos re adquiridos, muitos volta­ ram aos se us antigos cargos, outros foram acolhidos por gove rnos simpati­ zante s e alguns ingre ssaram e m partidos que ne ce ssitavam de se us se rviços, me smo se m compartilhar a me sma ide ologia. Aos poucos, a maioria dos "pe rse guidos" ocupava cargos públicos. Bons formadore s de opinião, contando com o apoio de se tore s da mídia, passaram a usar novas trinche iras na batalha pe la tomada do pode r e pe la de smoralização do re gime militare das próprias F orças Armadas. E sse proce sso come çou nas e scolas de prime iro grau, onde o M inisté­ rio tia E ducação passou a indicar livros de História e scritos por antigos militante s de organizaçõe s subve rsivo-te rroristas, com suas ve rsõe s distorcidas. T e rroristas como Lamarca. M arighe lla e outros inspiram filme s românticos, pe ças cie te atro, série s de T V e passam a se r mitificados como he róis e mártire s da libe rdade . O s age nte s da le i. como bandidos. Docume ntários sobre e sse s “he róis" c e ntre vistas com subve rsivos, assas­ sinos e se qüe stradore s - se mpre omitindo se us crime s - são transmitidas pe la T V C âmara. T V Se nado, T V E ducativa c outras, narrando suas ve r­ sõe s e apre se ntando-os se mpre como vítimas de um re gime que pe rse guia e studante s inde fe sos. Nas e le içõe s, come çaram a conquistar os frutos do re vanchismo e do si­ lêncio das autoridade s. E m 1982, alguns foram e le itos na le ge nda do PM DB. O PT conse guiu e le ­ ge r oito de putados fe de rais e , concorre ndo ao gove rno do E stado dc São Pau­ lo com R ogê F e rre ira (PDT ). R e inaldo de Barros (PDS) e André F ranco M ontoro (PM I)B). Lula ficou e m quarto lugar. C om toda e ssa campanha, a ge ração que não vivcnciou a época dos go ve rnos da C ontra-R e volução foi acre ditando que re alme nte e ra um (X T Í odode te rror. quando as pe ssoas e ram pe rse guidas; nao se podi a sau as mas. j o\ ms 482-Carlos Albcito Brilhante Ustra inde fe sos e ram pre sos e m suas faculdade s, e nquanto, candidame nte , e studa­ vam e m salas de aulas. R e fe rindo-se a e sse pe ríodo, o e x-pre side nte F e rnando He nrique C ardoso de clarou ao F antástico, da R e de Globo, e m 2005, que , ne ssa época, um sim­ ple s toque de campainha ou uma batida na porta e ram motivos de pavor. Nào é o que pe nsam as pe ssoas que nào e stavam e nvolvidas ne m e ram simpatizante s da luta armada. Ve jam a opinião abaixo: O S ANO S DE C HUM BO SÂO AGO R A Por Al ce u Garci a - j unho de 2002 “...O utro mito de ssa “e sque rda” finória re fe re -se aos l ame nta­ dos “anos de chumbo”, pe ríodo e m que o gove rno militar de um lado e gue rrilhe iros e te rroristas e sque rdistas de outro lutaram pe lo pode r político no País. A j ul gar pe lo que se lê nos livros e se assiste e m filme s e programas de T V, o re gime militar foi marcado pe la violên­ cia oficial de se nfre ada, que afe tava dire tame nte todos os brasile i­ ros. Nada mais falso. O conflito atingiu pouquíssima ge nte , quase todos inte le ctuais e e studante s militante s de classe média e alta. A e smagadora maioria do povo não tomou, ne m quis tomar conhe ci­ me nto do que se passava. A ve rdade é que e ram te mpos be m me ­ lhore s do que os atuais. As pe ssoas pagavam muito me nos i mpos­ tos, a e conomi a se de se nvolvia razoave lme nte , havia mais oportuni ­ dade s e e mpre gos e , sobre tudo, a violência muito me nor.”... O l5!' congre gava um grande núme ro de militante s oriundos das mais dive r­ sas facçõe s políticas. E ram e x-banidos, e x-auto-e xilados, e x-pre sos políticos e e sque rdistas das mais variadas te ndências, que se mpre se mantive ram e m cons­ tante oposição aos gove rnos vige nte s. E m 1985,0 PT e le ge u M aria Luiza F onte ne lle , pre fe ita de F ortale za; no ano se guinte ampliou a sua bancada no C ongre sso Nacional, ocasião e m que Lula foi e le ito de putado F e de ral. E m 1988, o PT conquistou as pre fe ituras de São Paulo, com Luiza E rundina; de Vitória, com Vitor Buaiz; e de Porto Ale ­ gre , com O lívio Dutra. E m 1988, os e x-cassados F e rnando He nrique C ardoso e M ário C ovas, juntame nte com os antigos militante s da organização subve rsi vo-te irorista Ação Popular, Sérgio M otta e J osé Se rra, e contando ainda com o apoio de outros "pe rse guidos políticos”, fundaram o PSDB. A ve rdade sufocada * 483 O re vanchismo tornou-se a palavra de orde m. As criticas ao re gime militar e as acusaçõe s aos inte grante s dos órgãos de informaçõe s lornaram-se cada ve z mais contunde nte s. C om os “pe rse guidos políticos” no pode r, passou a se r suficie nte uma acu­ sação para que um coro de re vanchistas e xigisse , me smo se m provas, a puni­ ção do acusado, a que m não é dado ne m me smo o dire ito de de fe sa. São inúme ros os casos de re vanchismo que pre judicaram carre iras de pro­ fissionais compe te nte s. O ministro Paulo C osta Le ite , e x-pre side nte do Supe riorT ribunal de J ustiça (ST J ), indicado para candidato a vice -pre side nte da R e pública, na chapa de Anthony Garotinho, te ve se u nome ve tado porque havia trabalhado no Se rviço Nacional de Informaçõe s (SNI), durante o re gime militar. O corone l Armando Avólio F ilho, adido militar na Inglate rra, foi re tirado do cargo por e xigência dos “pe rse guidos”, no gove rno F e rnando He nrique C ar­ doso, te ndo sua brilhante carre ira inte rrompida. O ge ne ral M édico R icardo F ayad Agne se foi e xone rado por de te rminação de F HC do cargo de subdire torde Saúde do E xército. Absolvido pe la J ustiça, não re tornou ao cargo que ocupava. O de le gado da Polícia F e de ral J oão Batista C ampe io, nome ado para a dire - ção-ge ral da Polícia F e de ral, che gou a assumir o cargo, no qual passou me nos de 72 horas e acabou re nunciando, pre ssionado por de núncias não comprovadas. Bastou o e x-padre católico J osé Antônio M onte iro de clarar que , e m 1970, foi torturado por C ampe io, e ntão de le gado da Polícia F e de ral no M aranhão, para que viole nta campanha fosse de se ncade ada contra sua nome ação. O me smo de le gado foi Lambém proibido de ocupar o cargo de asse ssor jurídico da C âmara Le gislativa do Distrito F e de ral, 24 horas após se r nome ado. E m São Paulo, outro de le gado te ve a nome ação para um cargo de dire ção na Polícia C ivil anulada. E assim têm sido inúme ros os casos de norte a sul do País. O re vanchismo é tão grande que C e cília C oimbra, do grupo T ortura Nunca M ais, e m e ntre vista a www.dhne t.oi^dire itos/militante s/. fe z a se guinte de claração: “... Quando F e rnando He nrique C ardoso se candi datou, assim como outros candidatos, assi nou uma carta-compromi sso de não col ocar que m participou da re pre ssão e m postos de confi ança e de re sol ve r a que stão dos mortos e de sapare ci dos polí ti cos, num obje tivo pe dagógi co de re sgatar nossa história...” Quais são os ve rdade iros pe rse guidos políticos? O tribunal ve rme lho é sobe rano. Não pe rmite de fe sa, ne m e xige provas da acusação. Sc hoje não mais “justiçam" com sangue , promove m outro tipo lie “jusliçamonto". Lei dos Desaparecidos Políticos F e rnando He nrique C ardoso foi o prime iro “pe rse guido político” que che ­ gou à Pre sidcncia da R e pública após a C ontra-R e volução de 1964. E m agosto de 1995, se le me se s de pois de tomar posse , e nviou ao C on­ gre sso Nacional um proje to de le i, que e ntrou e m vigor no dia 04/12/95 - Le i 9.140/95, Le i dos De sapare cidos Políticos e stabe le ce ndo condiçõe s para a inde nização finance ira aos familiare s dos de sapare cidos. O te xto, cujo autor foi J osé Gre gori, che fe de gabine te do ministro da J ustiça, Ne lson J obim, “re conhe ce como mortas pe ssoas de sapare ci das e m razão de participação, ou acusação de participação, e m atividade s políticas, no pe rí odo de 2 de se te mbro de 1961 a 15 de agosto de 1979, e dá outras provi dências." Naque la ocasião, foram re lacionados 136 nome s de pe ssoas que , oficial­ me nte , ale e ntão não haviam sido re conhe cidas como mortas. De ssa re lação constavam os nome s de 61 de sapare cidos nas se lvas do Araguaia, dos quais 32 e studante s re crutados, orie ntados, instruídos e fanatizados por e xpe rie nte s e ine scrupulosos dirige nte s do PC doB, para constituíre m o e mbrião do futuro E xército de Libe rtação Popular. O proje lo de le i e ra claro quando pre via que os familiare s dos de sa­ pare cidos tinham dire ito a inde nizaçõe s que variavam de 100 mil a 150 mil re ais. Para imple me ntar a le i, e studar e de bate r o conte údo dos re que rime ntos e de fe rir ou inde fe riras solicitaçõe s, foi criada uma comissão e spe cial, nome ada pe lo pre side nte F e rnando He nrique C ardoso, vinculada ao M inistério da J usti­ ça, assim constituída: M igue ! R e ale F ilho - pre side nte ; Suzana Ke nige r Lisboa - re pre se ntante dos familiare s (viúva de Luis E urico T e je ra Lisboa); Ge ne ral O swaldo Pe re ira Gome s - re pre se ntante das F orças Armadas; Paulo Gone t Branco - re pre se ntante do M inistério Público F e de ral; J oão Grandino R odas - re pre se ntante do Itamaraty; E unice Paiva - Viúva do de sapare cido político R ube ns Paiva, substituída pe lo advogado F rancisco da Silva C arvalho F ilho; e De putado Nilmário M iranda - re pre se ntante da C omissão de Dire itos Hu­ manos da C âmara dos De putados (e x-militante da Polop). E ssa ('omissão, inte grada e m sua maioria por e le me ntos contrários à C on­ tra R e volução de 31 de março de 1964 e às F orças Armadas, foi criada para A ve rdade sufocada · 485 dar cre dibilidade aos de bate s e discussõe s e le gitimar, pe rante o E stado e a Nação, as de cisõe s e os de fe rime ntos. O s re sultados divulgados com alguma re pe rcussão pe la mídia e ram pre visíve is. O s proce ssos inde fe ridos (36), e m comparação com os de fe ridos até 1998, não mostravam a imparcialidade que e la de ve ria te r. O s proce ssos de fe ridos, inclusive de dois mortos por “justiça- me nto”, che garam a 284. O re pre se ntante das F orças Armadas, ge ne ral O swaldo Pe re ira Gome s, foi, siste maticame nte ve ncido nas votaçõe s polêmicas, o que le gitimava, cm última instância, as de cisõe s da comissão. A se nhora E unice Paiva, mulhe r digna, honrada, imparcial, ponde rada, de ­ cidida e acima de qualque r suspe ita, não concordou com os rumos e de cisõe s da comissão e de mitiu-se , de cisão rapidame nte ace ita, se ndo substituída pe lo advogado F rancisco da Silva C arvalho F ilho. Por outro lado, a le i não foi conside rada satisfatória por familiare s dos mortos e de sapare cidos, por e x-pre sos políticos, pe la C omissão de Dire itos Humanos da C âmara dos De putados e pe la maioria da própria comissão e spe cial. E sta última, de forma a ate nde r os obje tivose os inte re sse s da mai­ oria dos se us inte grante s - uma le i que abrange sse todos os mortos passou a analisar, caso a caso, novos nome s, re conhe cidos oficialme nte como mor­ tos. Para isso, a comissão fundame ntou-se e m de poime ntos e de claraçõe s de militante s comprome tidos com a causa. Que riam uma le i que conte mplasse as famílias dos mortos que se e nvolve ram, de uma mane ira ou de outra, no mo­ vime nto subve rsivo, para o qual ainda usam o e ufe mismo de “lula pe la libe r­ dade e pe la de mocracia". Progre ssivame nte , acre sce ntaram um argume nto aqui, outro ali, e hoje , pra­ ticame nte , e xpre ssiva maioria dos que morre ram, inclusive por^jusliçamcnto". cujos familiare s re que re ram inde nização, te ve se us pe didos de fe ridos, com de ­ poime ntos de companhe iros de armas. A C omissão Nacional dos F amiliare s, apoiada pe lo Grupo T ortura Nunca M ais e pe la C omissão dos Dire itos Humanos da C âmara dos De putados, amparou as famílias dos mortos, como a le i pre via, ajudando-as a cole tar “provas", me smo que inconsiste nte s e se m comprovação. Logo, e x-pre sos políticos e e x-companhe iros, e nvolvidos e mocional e ide ologicame nte com a causa, de puse ram pe rante a comissão, que de fe riu a maioria dos proce ssos e m julgame nto. As provas, as mais absurdas, foram de cisivas, como a fotografia de J osé M ilton Barbosa, morto, usando japona, e m de ze mbro, e m São Paulo. Argu­ me nto: não faze r frio ne ssa época para justificar o uso da japona que . se gundo alguns, some nte pode ria te r sido colocada para e sconde r marcas de torturas. A rsuime nto aprovado, me smo de pois de sua companhe ira I .indaT ayali afirmar 486*C arlos Albe rto Brilhante Ustra que , no mome nto do tirote io, ao re tirar um cigarro do bolso da japona do companhe iro o me smo saiu e nsangüe ntado. E o que são “de pe ndências policiais ou asse me lhadas” a que se re fe re a le i? O se rtão da Bahia, onde Lamarca foi morto e m combate ? Um F usca, na Alame da C asa Branca, onde M arighe lla morre u e m confronto? As se lvas do Araguaia, onde os gue rrilhe iros não se re ndiam? O u as ruas das cidade s, onde os te rroristas, orie ntados por suas organizaçõe s, re sistiam até mor­ re r? E ssas situaçõe s foram conside radas casos de inde nização. A comissão, vin­ te , trinta anos de pois, se m conhe ce r os locais e as circunstâncias das ocorrên­ cias, de duziu que os mortos pode riam te r sido pre sos. O policial, se gundo a comissão, me smo com risco de morte , não de ve ria atirar, mas se mpre procurar a prisão. Para alguns me mbros da comissão, os age nte s da le i de ve riam arriscar suas vidas, como o fize ram o cabo F e che , o major T oja M artine z, o soldado PM Antonio C arlos J e fe ry, o sarge nto PM Antônio Apare cido Posso Nogue ró e tantos outros, mortos se m chance de de fe sa. E m muitos casos, e ra pre ciso atirar para não morre r! Pouco a pouco, a le i foi se ndo alte rada. Acre sce ntou-se uma mudança aqui, outra ali. Incluíram-se os que se suicidaram, discutiu-se a inde nização dos que participaram de passe atas e até dos que sofre ram acide nte s compro­ vados no e xte rior, de smoralizando, pe rante a história, o princípio que norte ou a aprovação da le i, na ânsia de , ide ologicame nte , aume ntar o núme ro de víti­ mas sob a re sponsabilidade do E stado, ao me smo te mpo e m que conse guiam be ne fícios à custa do T e souro Nacional. E assim, pouco a pouco, dos 136 iniciais, a comissão re conhe ce u como de re sponsabilidade do E stado, até 1998, um total de 284 mortos, de ntre os quais dois “justiçados” por se us companhe iros: R osalindode Souza e Amaro Luiz de C arvalho. Rel ação de mortos e desapareci dos R e lação dos 136 de sapare cidos políticos incluídos no proje to (Le i 9.140/95). (O Globo, óc 29/08/1995) NO M E S O R GANIZAÇÃO Adriano F onse ca F e rnande s F ilho PC doB Araguaia Aluisio Palhano Pe dre ira F e rre ira VPR Ana R osa Kucinski Silva Al .N A ve rdade sufocada - 487 NO M E S O R GANIZAÇÃO André Grabois PC doB Araguaia Antônio Alfre do C ampos PC doB Araguaia Antônio C arlos M onte iro T e ixe ira PC doB Araguaia Antônio de Pádua C osta PC doB Araguaia Antônio dos T rês R e is O live ira ALN Antônio Guilhe rme R ibe iro R ibas PC doB Araguaia Antônio J oaquim M achado VAR -Palm Antônio T e odoro de C astro PC doB Araguaia Arrldo Valadào PC doB Araguaia Armando T e ixe ira F rutuoso PC doB Áure a E liza Pe re ira Valadão PC doB Araguaia Aylton Adalbe rto M ortati M olipo Be rgson Gurjão F arias PC doB Araguaia C aiu by Alve s de C astro PC B C arlos Albe rto Soare s de F re itas VAR -Palm C e lso Gilbe rto de O live ira VPR C ilon da C unha Brun PC doB Araguaia C iro F lávio Salazar PC doB Araguaia C ustódio Saraiva Ne to PC doB Araguaia Danie l J osé de C arvalho VPR Danie l R ibe iro C allado PC doB Araguaia David C apistrano da C osta PC B DênisC ase miro VPR De rme val da Silva Pe re ira PC doB Araguaia Dinae lza Soare s Santana PC doB Araguaia Dinalva O live ira T e ixe ira PC doB Araguaia Divino F e rre ira de Sousa PC doB Araguaia Durval ino de Souza E dgard Aquino Duarte M NR E dmur Péricle s C amargo M 3G E duardo C ollie r F i 1ho AP E lcny T e lle s Pe re ira Guariba VPR E lmo C orrêa PC doB Araguaia E lson C osta PC B E nrique E rne sto R uggia VPR E ze quias Be ze rra da R ocha F élix E scobar Sobrinho M R -8 F e rnando Augusto Santa C ruz O live ira AP . . 488-C arlos Albe rto Brilhante Ustra NO M E S O R GANIZAÇÃO F rancisco M anoe l C have s PC doB Araguaia Gilbe rto O límpio M aria PC doB Araguaia Guilhe rme Gome s Lund PC doB Araguaia He le nira R e ze nde de Souza Nazare th PC doB Araguaia Hélio Luiz Navarro de M agalhãe s PC doB Araguaia lliran de Lima Pe re ira PC B 1loncstino M onte iro Guimarãe s AP 1lumbe rto Albuque rque C amara Ne to AP Idalísio Soare s Aranha F ilho PC doB Araguaia le da Santos De lgado ALN Isis Dias de O live ira ALN J ssami Nakamura O kano ALN Ilair J osé Ve loso PC B Ivan M ota Dias VPR J aime Amorim M iranda PC B J aime Pe tit da Silva PC doB Araguaia J ana M oroni Barroso PC doB Araguaia J oão Alfre do PC B J oão Batista R ita M 3G J oão Haas Sobrinho PC doB Araguaia J oãoGualbe rto PC do B Araguaia J oão Le onardo da Silva R ocha M olipo J oão M asse na M e lo PC B J oaquim Pircs C crve ira M NR J oe l J osé de C arvalho VPR J oe l Vasconce los Santos PC doB J orge Le al Gonçalve s Pe re ira AP J orge O scar Adur — J osé I lumbcrto Bronca PC doB Araguaia J osé Lave chia VPR J osé Lima Piauhy Dourado PC doB Araguaia J osé M aria F e rre ira Araujo VPR J osé M aurilio Patricio PC doB Araguaia J osé M onte ne gro de Lima PC B J osé Porfirio de Souza PR T J osé R oman PC B J osé T ole do de O live ira PC doB Araguaia Kle be r 1e mosda Silva PC doB Araguaia A ve rdade sufocada · 489 NO M E S O R GANIZAÇÃO Libe ro Giancarlo C astiglia Lourival dc M oura Paulino Lúcia M aria dc Sousa Lúcio Pe tit da Silva Luís Alme ida Araújo Luís E uricoT e je ra Lisboa Luís Inácio M aranhão F ilho Luiz R e né Silve ira e Silva Luiz Vie ira de Alme ida Luíza Augusta Garlippe M anoe l Ale xandrino M anue l J osé Nurchis M árcio Be ck M achado M arco Antônio Dias Balista M arcos J osé de Lima M aria Augusta T homaz M aria C élia C orrêa M aria I ,úcia Pe tit da Silva M ariano J oaquim daSilva M ario Alve s de Souza Vie ira M aurício Grahois M igue l Pe re ira dos Santos Ne lson de Lima Piauhy Dourado Ne stor Ve ras Norbe rto Armando I labe ge r O nofre Pinto O rlando da Silva R osa Bonfim J únior O rlando M ome nte O svaldo O rlando da C osta Paulo C ésar Bote lho M assa Paulo C osta R ibe iro Bastos Paulo de T arso C e le stino da Silva Paulo M e nde s R odrigue s Paulo R obe rto Pe re ira M arque s Paulo Stuart Wright Pe dro Ale xandrino de O live ira Pe dro I nácio de Araújo R amire s M aranhão do Vale PC doB PC doB PC doB PC doB ALN ALN PC B PC doB PC doB PC doB PC doB M olipo VAR -Palm PC doB M olipo PC doB PC doB VAR -Palm M R -8 PC doB PC doB PC doB PC B VPR PC B PC doB PC doB ALN M R -8 ALN PC doB PC doB AP PC doB PC B PC BR Araguaia Araguaia Araguaia Arasuaia Araguaia Araguaia Arasuaia Araguaia Araguaia Araguaia Araguaia Araguaia Araguaia Aracuaia Araguaia Arae uaia Araguaia Araguaia Araguaia 490*Carlos Alberto Brilhante Ustra NO M E S O R GANIZAÇÃO R odolfo de C arvalho T roiano PC doB Araguaia R osalindo Souza* PC doB Araguaia R ube ns Bcirodt Paiva — R ui F razão Soare s PC doB R uy C arlos Vie ira Be rbe rt M olipo Sérgio Landulfo F urtado M R -8 Stuart E dgar Ange l J one s M R -8 Sue ly Yumiko Kamayana PC doB Araguaia T e lma R e gina C orde iro C orrêa PC doB Araguaia T homaz Antônio da Silva M e ire lle s Ne to ALN T obias Pe re ira J únior PC doB Araguaia Uirassu de Assis Batista PC doB Araguaia Vandick R cidne r Pe re ira C oque iro PC doB Araguaia Virgílio Gome s da Silva ALN Vitori no Alve s M outinho PC BR Walquíria Afonso C osta PC doB Araguaia Walte r de Souza R ibe iro PC B Walte r R ibe iro Novae s VPR Wilson Silva ALN T otal: 136 tie s ipare cidos O Grupo T ortura Nunca M ais incluiu ainda e m sua re lação os militante s: “J oaquinzão"; “Pe dro C arre te l”; e “Antônio Alfaiate ”, ide ntificado como Antônio F e rre ira Pinto» PC doB - Araguaia - pe dido de inde nização de fe rido. T otal: 3 de sapare cidos. A se guir, 219 mortos re lacionados pe lo Grupo T ortura Nunca M ais, dos quais 132 tive ram se us pe didos de inde nização de fe ridos, até 1998. A cada nome acre sce nte i a organização e a situação pe rante a comissão e spe cial. Poste riorme nte , alguns dos inde fe rime ntos foram re vistos e as famílias inde nizadas. Além disso, novos argume ntos e stão, dia a dia, se ndo criados. A verdade sufocada · 491 Ano O rganização I nde nização 1964 Albe rtino J osc dc O live ira — inde fe rido Alfe u de Alcântara M onte iro — de fe rido Ari de O live ira M e nde s C unha — Aslrogildo Pascoal Vianna — inde fe rido Be rnardino Saraiva Se m re fe rências C arlos Schirme r PC B de fe rido Dile rmano M e llo do Nascime nto PC B de fe rido E du Barre to Le ite Grupo dos 11 inde fe rido Ivan R ocha Aguiar — inde fe rido J onas J osc Albuque rque Barros — inde fe rido J osé dc Sousa — de fe rido LabibHliasAbduch — inde fe rido M anue l Alve s dc O live ira Se m re fe rências 1965 J osé Sabino — M anoe l R aimundo Soare s M NR de fe rido Se ve rino E lias de M e lo — de fe rido 1967 M ilton Soare s de C astro M NR de fe rido 1968 C lóvis Dias Amorim — Passe ata David dc Souza M e ira — Passe ata E dson Luiz dc Lima Souto — Passe ata F e rnando da Silva Le mbo — Passe ata J orge Aprígio de Paula — Passe ata J osé C arlos Guimarãe s — Passe ata Luis Paulo C ruz Nune s — Passe ata M anoe l R odrigue s F e rre ira — Passe ata M aria Ange la R ibe iro — Passe ata O rnalino C ândido da Silva — Passe ata 1969 Antônio He nrique Pe re ira Ne to — de fe rido C arlos M arighe lla ALN de fe rido 492-Carlos Alberto Brilhante Ustra Ano O rganização Inde nização C arlos R obe rto Zanirato VPR de fe rido C hacl C harle s Schre ie r Var- Palm de fe rido E re mias De lizoikov VPR de fe rido F e rnando Borge s de Paula F e rre ira VAR -Palm de fe rido Hamilton F e rnando C unha VPR de fe rido J oão Domingos da Silva VAR -Palm de fe rido J oão Lucas Alve s C olina de fe rido J oão R obe rto Borge s de Souza — de fe rido J osé Wilson Le ssa Sabag ALN — Luiz F ogaça Balboni ALN de fe rido M arco Antônio Brás de C arvalho ALN — Ne lson J osé de Alme ida ALN de fe rido R e inaldo Silve ira Pime nta M R -S de fe rido R obe rto C ie tto M AR de fe rido Se bastião Gome s da Silva Se m re fe rências — Scvcrino Viana C olon C olina de fe rido 1970 Abe lardo R ausch Alcântara — — Alce ri M aria Gome s da Silva VPR de fe rido Ânge lo C ardoso da Silva M 3G de fe rido Antônio R aymundo Luce na VPR de fe rido Ari de Abre u Lima da R osa PO LO P de fe rido Ave lmar M ore ira de Barros VAR -Palm de fe rido Dorival F e rre ira ALN de fe rido E dson Ne ve s Quare sma VPR de fe rido E duardo C olle n Le ite ALN de fe rido E raklo Palha F re ire — de fe rido Hélio Zan i r Sanchote ne T ri ndade PO C — J oaquim C âmara F e rre ira ALN de fe rido J oe lson C rispim VPR de fe rido J osé Idésio Briane si ALN de fe rido J osé R obe rto Spinge r M R 8 de fe rido J uare z Guimarãe s de Brito VPR — I A i c i mar Brandão Guimarãe s VAR -Palm de fe rido M arco Antônio da Silva Lima M AR /PC BR de fe rido Norbe rio Ne hring ALN de fe rido ( )lavo 1lanse n PO R T de lcrido A ve rdade sufocada · 493 Ano O rganização I nde nização R obe rto M acarini VPR de fe rido Yoshitame F uji more VPR de fe rido 1971 Ade rval Alve s C oque iro M R T de fe rido Aklo de Sá Brito de Souza Ne to ALN de fe rido Amaro Luiz de C arvalho PC R de fe rido Antônio Sérgio de M atos ALN inde fe rido C arlos E duardo Pire s F le ury M oiipo de fe rido C arlos Lamarca V PR /M R -8 de fe rido De vanir J osé de C arvalho M R T de fe rido Dimas Antônio C ascmiro M R T de fe rido E duardo Antônio da F onse ca ALN de fe rido F lávio de C arvalho M olina M olipo de fe rido F rancisco J osé de O live ira M olipo de fe rido C ie rson T he odoro de O live ira VPR inde fe rido Iara lave lbe rg VPR /M R 8 inde fe rido J oaquim Ale ncar de Se ixas M R T de fe rido J osé C ampos Barre to M R 8 de fe rido J osé Gome s T e ixe ira M R 8 de fe rido J osé M ilton Barbosa ALN de fe rido J osé R aimundo da C osta VPR de fe rido J osé R obe rto Arante s de Alme ida M olipo de fe rido Luís Antônio Santa Bárbara M R 8 de fe rido Luís E duardo da R ocha M e rlino PO LO P/PO C de fe rido Luís 1li rata AP de fe rido M anoe l J osé M e nde s Nune s de Abre u ALN inde fe rido M arile ne Vilas-Boas Pinto M R 8 de fe rido M ário de Souza Prata M R 8 de fe rido M aurício Guilhe rme da Si 1ve ira VPR de fe rido Nilda C arvalho C unha M R 8 inde fe rido O dijas C arvalho de Souza PC BR de fe rido O tonie l C ampos Barre to M R 8 de fe rido R aimundo E duardo da Silva AP de fe rido R ainuindoGonçalve s F igue ire do VAR -Palm de fe rido R aimundo Nonato Paz de fe rido R aul Amaro Nin F e rre ira de fe rido 494*Carlos Alberto Brilhante Ustra Ano O rganização I nde nização 1972 Ale x de Paula Xavie r Pe re ira ALN de fe rido Ale xande r J osé Ibse n Voe roe s M olipo — Ana M aria Nacinovic C orrêa ALN de fe rido Antônio Be ne tazzo M olipo de fe rido Antônio C arlos Nogue ira C abral ALN de fe rido Antônio M arcos Pinto de O live ira VAR -Palm de fe rido Arno Pre is M olipo de fe rido Aurora M aria Nascime nto F urtado ALN de fe rido C arlos Nicolau Danie lli PC doB de fe rido C élio Augusto Gue de s PC B de fe rido F e rnando Augusto V. da F onse ca PC BR de fe rido F re de rico E duardo M ayr M olipo de fe rido Gastone Lúcia Be ltrão ALN de fe rido Ge lson R e iche r ALN de fe rido Ge túlio D’O live ira C abral PC BR de fe rido Gre naldo de J e sus da Silva — — Hélcio Pe re ira F orte s ALN de fe rido HiroakiT origoi ALN de fe rido Ismae l Silva de J e sus PC B de fe rido Iuri Xavie r Pe re ira ALN de fe rido J e ová de Assis Gome s M olipo de fe rido J oão C arlos C avalcanti R e is M olipo de fe rido J oão M e nde s Araújo ALN — J osé Bartolome u R odrigue s de Souza PC BR de fe rido J osé Inocêncio Pe re ira — — J osé J úlio de Araújo ALN de fe rido J oséSilton Pinhe iro PC BR de fe rido Lauribe rto J osé R e ye s M olipo de fe rido Lígia M aria Salgado Nóbre ga VAR -Palm de fe rido Lincoln C orde iro O e st PC doB de fe rido Lourde s M aria Wandcrle y Ponte s PC BR de fe rido Luís Andrade de Sá e Be ne vide s PC BR inde fe rido M arcos Nonato da F onse ca ALN de fe rido M aria R e gina Lobo Le ite F igue ire do VAR -Palm de fe rido M íriam Lope s Ve rbe na PC BR inde fe rido R uy O svaldo Aguiar Pfitze nre ute r PO R T dclcrido A ve rdade sufocada · 495 Ano Organização Indenização Valdir Sale s Saboya Wilton F e rre ira PC BR VAR -Palm 1973 Ale xandre Vannucchi Le me AlmirC ustódiode Lima Anatália de Souza Alve s de M e lo Antônio C arlos Bicalho Lana Arnaldo C ardoso R ocha E manocl Be ze rra dos Santos E udaldo Gome s da Silva E valdo Luís F e rre ira de Sousa F rancisco E manocl Pe nte ado F rancisco Se iko O kama Gildo M ace do Lace rda He lbe r J osé Gome s Goulart He nrique O me las F e rre ira C intra J arbas Pe re ira M arque s J osé C arlos N. da M ata M achado J osé M anue l da Silva J osé M e nde s de Sá R oriz Lincoln Bicalho R oque LuisGuilhandini Luís J osé da C unha M anoe l Ale ixo da Silva M anoe l Lisboa de M oura M e rival Araújo Pauline Philipe R e ichstul R anúsia Alve s R odrigue s R onaldo M outh Que iroz Sole dad Barre t Vie dma Sônia M aria de M orae s ALN PC BR PC BR ALN ALN PC R VPR VPR ALN ALN AP ALN VPR AP VPR M NR PC doB PC doB ALN PC R PC R ALN VPR PC BR ALN VPR ALN de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido de fe rido 1975 J osé F e rre ira de Alme ida Pe dro J e ronimo de Souza Vladimir! le r/os» PC B PC B PC B inde fe rido de fe rido dole rido 496-Carlos Alberto Brilhante Ustra Ano O rganização I nde nização 1976 Ange lo Arroyo PC doB de fe rido J oão Baptista F ranco Drummond PC doB de fe rido J oão Bosco Pcnido Burnie r Se m motivação (Padre ) política __ M anoe l F ie l F ilho PC B de fe rido Pe dro Ve ntura F e lipe dc Araújo Pomar PC doB de fe rido 1977 J osé Soare s dos Santos se m motivação política inde fe rido 1979 Albe ri Vie ira dos Santos Se m motivação política inde fe rido Be ne dito Gonçalve s passe ata inde fe rido Guido Le ão gre ve inde fe rido O tacílio M ailins Gonçalve s passe ata inde fe rido Santo Dias da Silva gre ve inde fe rido 1980 Lydia M onte iro da Silva carta-bomba na O AB — R aimundo F e rre ira Lima conllito agrário inde fe rido Wilson Souza Pinhe iro conflito agrário inde fe rido 1983 M argarida M aria Alve s conflito agrário inde fe rido O utras M orte s Afonso He nrique M artins Saldanha inde fe rido Antônio C arlos Silve ira Alve s indcl crido Ary R ocha M iranda - ALN inde fe rido C atarina Abi-E çab - VPR inde fe rido íris Amaral Inde fe rido Ishiro Nagami - ALN inde fe rido J oão Antônio Abi- E çab - ALN inde fe rido J oão Barce llos M artins — J osé M de Andrade Ne to - PC B inde fe rido Luiz AlT onso M iranda da C osta R odrigue s - ALN inde fe rido A ve rdade sufocada - 497 Λ no O rganização I nde nização Ne wton E duardo de O live ira - PC B Sérgio C orre ia - ALN Silvano Soare s dos Santos Zule ika Anse l J one s inde fe rido inde fe rido inde fe rido M orte s no e xílio Ânge lo Pe /zuli da Silva C arme m J ucomini Djalma C arvalho M aranhão Ge rosina Silva Pe re ira M aria Auxiliadora Lara Barce los Nillon R osa daSilva 1'hcre zinha Viana de Assis T i to de Ale ncar I J ma (F re i) VPR VPR VAR - Palm M IR De sapare cidos na Arge ntina F rancisco T e nório J únior J orge Albe rto Basso I x\\7, R e nato do Lago F aria M aria R e gina M arconde s Pinto R obe rto R ascardo R odrigue s Sidne y F ix M arque s dos Santos Walle r Ke nne th Ne lson F le ury Polop Polop se m re fe rências Port De sapare cido na Bolívia Luiz R e nato Pire s de Alme ida De sapare cidos no C hile J ane Vanini Luiz C arlos Alme ida Ne lson de Souza Kohl T úlio R obe rto C ardoso Quintiliano Wânio J osé de M atos M olipo Polop Polop PC BR VPR T otal: 219 mortos T otal ge ral, se gundo o Grupo T ortura Nunca M ais: I + λ +2 =35X e niiv mortos c de sapare cidos 498-Carlos Alberto Brilhante Ustra Nas re laçõe s e xiste nte s, o núme ro de mortos e de sapare cidos c variáve l. O Dossiê de M ortos e De sapare cidos Políticos re laciona 296; o Grupo T ortura Nunca M ais lista 358; pe rante a C omissão criada pe la Le i 9.140, até 1996, foram protocolados 360 pe didos de inde nização. T ais dife re nças, associadas aos critérios subje tivos apre se ntados pe los re s­ ponsáve is pe las re laçõe s, não nos pe rmite m concluir, com alguma pre cisão, quanto ao núme ro de mortos pe la ação dos órgãos de se gurança do E stado. E xiste m casos listados de mortos e m confrontos com os órgãos de se gu­ rança; e scaramuças de rua - balas pe rdidas, atrope lame ntos, e tc casos de “justiçame ntos” pe los próprios companhe iros; disparos acide ntais por armas portadas pe la vítima; casos de morte s por e xplosõe s, ao portare m ou manu­ se are m e xplosivos; casos de acide nte s de trânsito; casos de conflitos agrári­ os; casos de cânce r; 8 fale cime ntos no e xte rior; e 13 de sapare cime ntos no C hile , na Bolívia e na Arge ntina que , ine gave lme nte , a me u ve r, são impossí­ ve is de atribuir-se re sponsabilidade ao E stado. Alguns de le s vamos re lacio­ nar abaixo, se m que isso, no e ntanto, que ira dize r que os re stante s, e m sua totalidade , se jam re conhe cidos como de re sponsabilidade do E stado. - C e l Aviador Alfe u dc Alcântara M onte iro - morto ao ate ntar contra a vida dc um supe rior. - R osalindo de Souza - “ M undico” - PC doB - “justiçame nto”. - Ary R ocha M iranda - ALN - “justiçame nto”. - Amaro Luiz dc C arvalho - PC R - “ justiçame nto”. -J oaquinzão - Não ide ntificado oficialme nte . - Pe dro C arre te l - Não ide ntificado oficialme nte . - Be rnardino Saraiva - 2osarge nto do E xército (nome ve rdade iro Ve naldino Saraiva) - suicidou-se no 19° R I, de pois de fe rir 2 militare s que foram pre ndê-lo. - Se bastião Gome s da Silva - C onflito agrário. - J osé Inocêncio Pe re ira - C onflito agrário. - J osé Soare s dos Santos - M orte se m motivação política - a família não pe diu inde nização - e ra irmão dc Albcri Vie ira dos Santos. - Albe ri Vie ira dos Santos - Inve stigava a morte do irmão, ocorrida e m 1977, e te ria sido morto, e m 1979, ao anunciar a de scobe rta dos assassinos. Se gundo o re lator pe rante a C omissão E spe cial, Nilmário M iranda, sua morte não te ve motivação política. - R aimundo F e rre ira Lima - C onflito agrário. - Wilson Souza Pinhe iro - C onflito agrário. -Afonso He nrique M artins Saldanha - PC B - Pre so, por42 dias, e m 1970. F ale ce u de cânce r quatro anos de pois de libe rtado, e m 1974. A ve rdade sufocada - 499 -A ntônio C arlos Silve ira Alve s - e studante . M orto e m e scaramuças de rua quando a arma que portava disparou, acide ntalme nte , atingindo-o no e stômago. - C atarina Abi-E çab e Antônio Abi-E çab - VPR - M orre ram cm acide nte de carro na BR -116, próximo a Vassouras (R J ). O jornalista C aco Barce llos ganhou o Prêmio E sso de J ornalismo ao apre se ntar, na re de Globo de T e le vi­ são, re portage m fantasiosa, me ntirosa e se nsacionalista sobre o caso. T odos os livros, historiadore s e site s da e sque rda re conhe ce m a morte dos dois como se ndo por acide nte . Some nte a R e de Globo, C aco Barce llos e a comissão que outorga o Prêmio E sso não têm conhe cime nto da história. - íris do Amaral - Dona de casa, consta da lista de Vítimas do T e rrorismo no Brasil. Passage ira de um táxi que foi me tralhado por te rroristas. Na ocasião, ou­ tras cinco pe ssoas ficaram fe ridas, e ntre e las uma criança de 8 anos. - J oão Barce los M artins - Se m re fe rências. - Luiz Affonso M iranda da C osta R odrigue s - ALN - M orto acide ntal­ me nte por M ário Prata (Guarany, R e inaldo - A F uga - página 16). - Ncwion E duardo de O live ira - PC B - Suicídio - não e xiste ne nhuma ligação de se u nome com órgão policial ou de se gurança. - lshiro Nagami e Sérgio C orre ia - ALN - M ortos na e xplosão de um F usca onde transportavam grande quantidade de e xplosivos - Av. C onsola­ ção, São Paulo. - Silvano Soare s dos Santos - M NR - No se u ate stado de óbito consta que morre u cm casa, por caque xia. Se gundo o Dossiê de M ortos e De sapare cidos Políticos a partir de 1964, “sua morte não e stá dire tame nte re lacionada a age n­ te s de re pre ssão”. - Zule ika Angcl J one s - Acide nte de carro no T úne l Dois Irmãos, R J . - Ânge lo Pe zzuti da Silva - VPR - Acide nte de moto, cm Paris, na F rança. - C arme n J acomini - VPR - Acide nte de carro - na F rança. - Djalma C arvalho M aranhão - Parada cardíaca - no Uruguai. - Ge rosina Silva - C ânce r - na Ale manha. - M aria Auxiliadora Lara Barce los - VAR -Palmare s - Suicídio - jogou-se nos trilhos do me trô - Ale manha. -Nilton R osa da Silva - M anife stação de rua no C hile . -T he re zinha Viana de Assis-Suicídio-jogou-se de uma jane la-Ale manha. - T ito de Ale ncar Lima (fre i) - Suicídio - e nforcou-se e m uma árvore e m Lyon, na F rança. Ainda a re spe ito de crime s re conhe cidos como de re sponsabilidade do E slado. é inte re ssante conhe ce r os casos do C e l Aviador Alfcu de Alcântara M onte iro o do saiwnlo Wnakfino Saraiva. Morte no QG da 59Zona Aérea, Canoas/RS Quatro dias após a vitória da C ontra-R e volução, no dia 04 de abril dc 1964, o major-brigade iro Ne lson F re ire Lavanére Wande rle y, acompanhado do corone l R obe rto Hipólito da C osta, foi ao Quarte l Ge ne ral da 5aZona Aé­ re a, comandada, inte riname nte , pe lo corone l aviador Alfe u de Alcântara M onte iro, para assumir o comando daque la Grande Unidade da Ae ronáutica. O corone l Alfe u e ra tido como um oficial janguista. Ao che gare m ao QG o brigade iro Lavanére e o corone l Hipólito se dirigi­ ram para a sala do comandante , situada no prime iro andar, e ocupada pe lo corone l Alfe u. R e cusando-se a passar o comando, o corone l Alfe u re agiu viole ntame nte , fe rindo o brigade iro com dois tiros de re vólve r: um que atrave ssou a subcutâ­ ne a, pe rto do olho, e m dire ção da ore lha e o outro que pe ne trou o mamilo e sque rdo e se guiu e m dire ção ao braço. Quando o corone l Alfe u atirou, o corone l Hipólito re vidou, e m de fe sa de sua vida e da do major brigade iro, fe rindo, mortalme nte , o corone l Alfe u, tam­ bém com dois tiros, na late ral e sque rda do tronco. Logo após e sse s aconte cime ntos, o major Pirro de Andrade che gou à e sca­ da de ace sso ao prime iro piso e orde nou ao cabo e nfe rme iro O néias R e ch que ate nde sse o major-brigade iro, que acabara de se r fe rido. O cabo R e ch subiu a e scada, e ntrou na sala e , amparando o brigade iro, re tirou-o do local, e ntre gan­ do-o ao cabo e nfe rme iro O lavo Souza, que o conduziu ao hospital do QG. R e tornando à sala do comando, o cabo R e ch ajudou a ate nde r o corone l Alfe u, que , fe rido, e stava caído atrás da sua e scrivaninha, e mpunhando um re vól­ ve r calibre 32.0 cabo R e ch re tirou-lhe a arma e a colocou sobre a e scrivaninha. C omo os fe rime ntos do corone l Alfe u e ram grave s, e le foi conduzido numa ambulância, acompanhado pe lo cabo R e ch. para o Hospital dc Pronto Socorro e m Porto Ale gre , onde ve io a fale ce r. F oi instaurado um Inquérito Policiai M ilitar. No Proce sso Pe nal o corone l Hipólito absolvido cm todas as instâncias. A C omissão de E spe cial, criada pe la le i 9140 de 04/12/1995, conce de u, pi >r unanimidade , a inde nização de ce m mil re ais aos be ne ficiários do corone l Alfe u. A re spe ito de se u voto favoráve l ne sse proce sso, o ge ne ral O swaldo Pe re i ra Gome s, re pre se ntante das F orças Armadas na C omissão E spe cial, de clarou ao jornal “F olha de São Paulo”, de 07 de junho de 1998: “...Houve o caso de um militar janguista que se re be lou num quar­ te l do R io C irande do Sul. Klc foi morto e a comissão votou o proce sso ('in que e le te ria le vado tiros pe las costas lira o corone l Alfe u <!e A ve rdade sufocada - 501 Alcântara M onte iro. O pe dido de inde nização foi ace ito. E u me smo aprove i o caso. Na ve rdade , de pois de o caso se r apurado, fui de sco­ brir que o corone l não tinha le vado 16 tiros pe las costas, mas sim um tiro, após o tirote io... O que foi para o re latório do "Brasil Nunca Mais" foi e ssa ve rsão de 16 tiros pe las costas, o que é uma inve rdade . Houve muitos casos como e ste . Havia inclusive uma combinação e ntre os pre sos para e le s orque strare m de te rminados de poime ntos. C omo e xe mplo, há o caso do ge ne ral F ayad. Vários pre sos políticos combinaram e m faiar que todos foram torturados por e le ...” E m 15 de de ze mbro de 1998, o ge ne ral de brigada O swaldo Pe re ira Go­ me s e ncaminhou ao Dr. M igue l R e ale J únior o se guinte ofício: “I lustríssimo Sr. Pre side nte da C omissão E spe cial criada pe la Le i 9.140. de 04 de de ze mbro de 1995: Dr. M I GUE L R E AL E J ÚNI O R C omo I nte grante das F orças Armadas na C omissão, re que iro a V. E xa. o re e xame do Proce sso re fe re nte a A L F E U DE AL C ÂNT AR A M O NT E I R O , cuja de cisão, por parte da C omis­ são, de u-se por unanimidade na XI I a re união ordinária de 27 de agosto de 1996. O de fe rime nto da I nde nização por parte do E stado foi e fe tiva­ do, basicame nte , pe lo que afirma o DO SSI Ê DO S M O R T O S E DE SA PA R E C I DO S PO L Í T I C O S (cópia ane xa). “Fuzilado no dia 04 de abril de 1964 na Base Aérea de Canoas, Rio gran  de do Sid. A p e r í c i a médica c o n s ta to u que f o i a s s a s s i n a d o p elas costas com uma rajada de metralhadora, tendo sido en  contrados 16 projé te is em seu corpo." M uito longe da ve rdade e ssa afirmação do DO SSI E , uma ve z que e ste me mbro da C omissão tomou conhe cime nto do I nquérito Policial M ilitar e do Proce sso Pe nal corre sponde nte que corre u na J ustiça M ilitar, nos quais fica sobe jame nte provado que ALF E U DE AL C ÂNT AR A M O NT E I R O foi morto no ato de te ntar con­ tra a vida de se u supe rior hie rárquico M ajor-Brigade iro NE L SO N LAVANÉR E WANDE R LE Y , no Gabine te de C omando de ste , no Q(i da 5aZona Aére a e ne ste ato criminoso ace rtou, com um tiro lie arma de fogo que e mpunhava, a cabe ça e o omoplata dire ito do re fe rido M ajor ISriiiaile iro, se ndo ne sse mome nto ahalulo com dois 502-Carlos Alberto Brilhante Ustra tiros pe lo C orone l-A viador R O BE R T O HI PÓL I T O DA C O ST A, e ste último e m de fe sa própria e do M ajor-Brigade iro NE L SO N WANDE R L E Y . T udo isso é comprovado e m docume ntação cuja cópia se gue ane xa, de ve ndo assim, a C omissão, com suporte no Art. 12 da Le i 9.140, re vogar o ato que conce de u a I nde nização. Brasília, 15 de de ze mbro de 1998. O SWAL DO PE R E I R A GO M E S Ge ne ral de Brigada R I Advogado O AB M G n° 27 710” Nilmário M iranda e C arlosT ibúrcio, autore s do livro “D o s f i l h o s d e s te s o l o ' \ e scrito cm 1999, na página 561, soh o título “M e t r a l h a d o p e l a s c o s   t a s \ re lata, de forma totalme nte inve rídica a morte do corone l aviador Alfe u de Alcântara M onte iro, no Quarte l Ge ne ral da 5aZona Aére a. Se gundo os autore s: “A C omissão E spe cial re conhe ce u por unanimidade o caso de Alfe u D'A lcântara M onte iro. O ge ne ral O swaldo Gome s mani­ fe stou o de se jo de mudar o voto. Alfe u e ra corone l aviador. F oi fuzilado no dia 4 de abril de 1964, na Base Aére a de C anoas, no R io Grande do Sul. A pe rícia médica constatou que foi assassina­ do pe las costas, por uma rajada de me tralhadora, te ndo sido e n­ contrados 16 projéte is e m se u corpo. C om base ne ssa pe rícia e no de poime nto de vários oficiais que pre se nciaram o assassinato, a família move u proce sso incriminando o principal re sponsáve l e autor dos disparos, o e ntão corone l R obe rto Hipólito da C osta que , ape sar das inúme ras e vide ncias, foi absolvido.” E foi base ada ne ssa absurda ve rsão que a C omissão E spe cial conce de u a inde nização de 100 mil re ais aos be ne ficiários do corone l Alfe u. E m que pe se as provas apre se ntadas pe lo ge ne ral Gome s, o ato da C omis­ são E spe cial não foi re vogado. Para a e sque rda o IPM , o proce sso J udicial, os de poime ntos das te ste mu­ nhas e m J uízo, o laudo do e xame cadavérico do corone l Alfe u, as se nte nças dos M agistrados, os fe rime ntos do major brigade iro Lavane re Wandcrlcy, o ato he róico do corone l Hipólito, não têm valor algum, pois " t u d o f o i f o r j a d o p e l o d i t a d u r a " . A ve rdade sufocada - 503 Para a e sque rda e para a C omissão E spcdai, o t;ue te m valor é o que consta no Dossiê dos M ortas c De sapare cidos Pouiicos. C omo e le s conse guiram contar os 16 proje te is que te riam sido re tirados do corpo do corone l Alfe u, até hoje ninguém saix. C e rtame nte , as me ntiras de sse Dossiê são infinitame nte maiore s do que os de ze sse is projéte is inve ntados. A quantidade de me ntiras não lhe s inte re ssa e ne m lhe s faze m corar. C omo corar, se o obje tivo de ssa ge nte é pre miar os se us “he róis”, que para o povo dc be m não passam de assassinos e te rroristas. E pe na que as pe ssoas não comprome tidas com e ssa ide ologia, e mbora con­ de ne m tanta indignidade , continue m ine rme s, se m ne nhuma re ação a e sse e stado de coisas, inclusive usando mal a grande arma de que dispõe m - o voto -, e le ge n­ do ge nte que não viu nada, não sabe e não que r sabe r de nada. Suicídio no 19 RI -São Leopoldo/RS A re spe ito da morte do 2osarge nto Ve naldino Saraiva, que na lista do Grupo T ortura Nunca M ais apare ce , no ano de 1964, com o nome de Be rnardino Saraiva, transcre vo parte do artigo do ge ne ral R 1F lávio O scar M aure r, intitulado “///;/ breve relato pessoal”, cm que e le de scre ve , com de talhe s, como aconte ce u o suicídio do re fe rido sarge nto, no 19 R I. Na oca­ sião o ge ne ral se rvia, como aspirante -a-oficial, ne ssa Unidade . “...no dia 12 de maio e u e stava novame nte de se rviço de ofi- cial-de -dia. As atividade s na unidade corriam normalme nte e , quase ao final de e xpe die nte , um soldado de orde m foi me e ncontrar no fundo do quarte l, onde e u ministrava uma instrução para o curso de cabos. O soldado ve io me dize r que o C mt, T cn C e l Borba, que ria falar comigo urge nte . Ao me de slocar para o gabine te de le , e ncontre i alguns sarge n­ tos que justame nte naque le mome nto de sciam as e scadas do pavi­ lhão do comando. Borba, conscie nte da sua inte rinidade , dilige nte ­ me nte continuava ocupando o gabine te do subcomandante . situa­ do be m cm fre nte ao do comandante . Lá, Borba orde nou que e u provide nciasse um xadre z para o Sgt Ve naldino Saraiva, que aca­ bara de se r pre so, no curso do inquérito sobre as suas atividade s subve rsivas no quarte l, no dia 31 de março passado e que tudo isso havia sido de finitivame nte comprovado e m acare ação com outros sarge ntos que acabara de aconte ce r. E ram os sarge ntos que e u e ncontrara na e scada. De sci novame nte e ve rifique i que havia um xadre z. livre que pode ria se r ocupado por Ve naldino. Ins­ truí o C mt da Guarda, be m como o Sgt Adjunto, do que iria acon­ te ce r e subi novame nte . Pe rgunte i a Borba onde e stava Ve naldino e e le me apontou o gabine te do comandante . Ape nas para le m­ brar: Ve naldino e ra aque le que trouxe um grupo armado no dia da re volução e ocupou posiçõe s de tiro junto à caixa d’água do quar­ te l. O gabine te do comandante e ra constituído de duas salas. Numa, ficava a me sa do comandante e na outra, contígua, aconte ciam as re uniõe s de oficiais, e ram re ce bidas autoridade s, e tc. E ntrando na prime ira sala, e ncontre i o M aj R ui, e ncarre gado do inquérito que . justame nte naque le instante , saía da outra de pe ndência e me informou, de passage m, que Ve naldino lá se e ncontrava. Ao che gar no umbral da porta qtio se parava os dois ambie nte s, vi o Sgt parado, de cosias para mim e de fre nte para uma jane la, olhando para 504-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 505 a rua. Ve stia uma japona c e stava com a mão dire ita, num ge sto típico de que m a abriga do frio, e nfiada e ntre os botõe s da fre nte da ve stime nta. Ato contínuo, fale i para e le : “Vamos, Ve naldino!”. E le rapidame nte girou o corpo, voltou-se para mim, apontando uma pisto­ la. Disparou de ime diato e continuame nte tre s tiros. E le tinha, naturalme nte , e scondido a arma sob a japona. C omo foi que o e ncarre gado do inquérito não o re vistou ante s do inte rroga­ tório, são típicas que stõe s que só se faze m de pois que as tragédias aconte ce m. O fato é que tudo foi tão rápido que o M aj R ui ainda e slava na outra sala, atrás de mim. O prime iro tiro Ve naldino e rrou, passou uns tre s ce ntíme tros da minha cabe ça, alojando-se no marco da porta. A marca da bala e stá lá até hoje para que m quise r ve r. O se gundo tiro pe gou de raspão no me u tórax, furando me u uniforme e m dois lugare s. J á o te rce iro me ace rtou e m che io. C omo me u corpo e stava cm rotação, procurando abrigo à minha re taguarda, no vão da porta, e ste último tiro pe ne trou atrás da minha ore lha dire ita, pe rfurou toda a cabe ça e saiu e m baixo do olho e sque rdo rompe ndo o osso malar. E ra uma pistola Be re tta 6,35 a arma de Ve naldino. O projétil, com capa de aço e com grande ve locidade inicial, na sua traje tória e ncontrou osso some nte na saída, onde fe z o se u e strago maior, abrin­ do um rombo. No início de se u pe rcurso, até e ncontrar os ossos malare s, a sorte foi toda minha aliada, já que a bala passou justame nte na bifurcação da ve ia jugular, na sua paite supe riore foi tange nciando o cére bro por baixo c a arcada bucal por cima, se m e ncontrar grande re sistência. De i alguns passos, coloque i a mão no rosto e se nti o san­ gue jorrando profusame nte . Logo e m se guida, se nti um tre mor no corpo lodo, um frio e uma fraque za muito grande nas pe rnas. Ante s de de sabar e m fre nte à me sa do comandante , ainda pe rce bi que atira­ vam para de ntro do gabine te e que Ve naldino re spondia aos tiros. A partir daí. ape sar de não le r pe rdido os se ntidos, não me le mbro mais dire ito do que aconte ce u. O inquérito cujo e ncarre gado foi o e ntão C ap C arlos E urico da Silva Soare s, e stá arquivado no 19 e pode se r consultado. Se i que fui carre gado, banhado e m sangue , pe lo Sd J ohny, aque le guarda costas do M aj R ui, até a e nfe rmaria, onde ve rifique i uma corre ria para iodos os lados, mas ninguém punha a mão e m mim. T odos olhavam para mim como se e u fosse um animal. Vi até um Sgt e nfe rme iro me olhar e sair de fininho, com a cara apavorada. M as. acabe i se ndo le vado para o Hospital C e nte nário, na fre nle do Quarte l, onde e stavam o me u companhe iro de lurma Asp A I o y m o í kéas, tam 506-Carlos Alberto Brilhante Ustra bém fe rido, e o corpo de Vcnaldino. C omo foi que tudo aconte ce u é o que passare i a re latar. Ve naldino ao dar os três tiros e m mim, naturalme nte chamou a ate nçào dos que e stavam nas proximidade s. Principalme nte o M aj R ui, que logo re sponde u ao fogo, e rrando o alvo, ao me smo te mpo e m que foi se afastando para o fundo do corre dor. Disso se apro­ ve itou Ve naldino para sair da sala do comandante e continuar atirando tanto no M aj R ui na dire ção do fundo do corre dor, quanto no T e n C e l Borba, para de ntro da sala do subcomandante . Borba e sconde u-se no vão, e m baixo da e scrivaninha. De ste modo, foi o móve l que re ce be u o impacto das balas, salvando-lhe a vida. O Sgt, e nlouque cido, prosse guiu na sua sanha assassina, dirigindo-se para o outro lado do corre dor, até che gar às e scadarias da Sala M are chal F loriano. Ao de scê-las e le e ncontrou o Asp O f Aloysio O séas, que vinha subindo a me sma e scada. Ao se de parar com O séas, atirou ne le quatro ve ze s. Ace rtou nos braços e na barriga, tudo se m muita gravidade , mas fe z com que o Asp caísse , libe ran­ do-lhe , assim a passage m. Ve naldino, ao che gar no pátio, corre u até o me io de le e , num último ge sto tre sloucado, de u o último tiro da sua arma na própria cabe ça. O fato foi te ste munhado por de ­ ze nas de militare s da unidade , já que e ram mais ou me nos 17:30 hs, hora do toque de orde m. No Hospital C e nte nário, conta o e ntão T e n Nicome de s M a­ chado F ilho, os médicos e e nfe rme iros voltaram-se para ate nde r O séas, de ixando-me junto com o corpo de Ve naldino, provave l­ me nte porque conside ravam o me u caso pe rdido. M as, por insis­ tência de M achado que viu como e u me de batia, e le s passaram a cuidar dc mim, também. E u ia alte rnando mome ntos de lucide z e outros e m que e stava comple tame nte apagado. M as, sabia que e stava se ndo ate ndido. Sabia, também, que pe rdia sangue e m gran­ de quantidade . E m dado mome nto, pe rce bi que e u e slava numa ambulância. F oi quando me le varam, juntame nte como Asp O séas, para o HGPA, e m Porto Ale gre . Ao lá che garmos, já nos e spe ra­ va uma e quipe dc médicos, sob cujos cuidados passamos a ficar. O séas re cupe rou-se logo, mas e u passe i por uma dura prova, pri­ me iro de re cobrar forças e , de pois, três ope raçõe s...** A morte do sarge nto Ve naldino foi conside rada pe lo grupo T ortura Nunca M ais como de re sponsabilidade do E stado. Lei dos perseguidos políticos Pre te ndia faze r uma análise dos instrume ntos le gais que conce de m inde niza­ ção aos anistiados políticos. M as são tantos a partir do gove rno F e rnando He nrique , que me pare ce quase impossíve l re sumir, e tn poucas páginas, as me didas provisórias, as le is, os de cre tos, os ane xos criados, pouco a pouco, para ate nde r, cada ve z mais, a um núme ro maior de comprome tidos com o butim aos cofre s públicos. C re io que some nte um livro sobiv i»assunto, e scrito por um jurista, pode ria e sclare ce r o le itor, tantas são as be ne sse s acre scidas ao te xto original. Ale m disso, e xiste m le is fe de rais e e staduais. Há instrume ntos para todos os tipos de candidatos aos be ne fícios. Le is que ate nde m a e x-pre sos políticos; a e xilados por banime nto (me nos de 150); a auto-cxilados e fugitivos - ce rca de 4.000 -; e aos que ficaram no Brasil, mas que se “se ntiram de uma forma ou de outra pre judicados” pe lo re gime militar. M uitos de le s, “pre judicados” be m ante s dos militare s se ntire m a ne ce ssidade de faze r a C ontra-R e volução. No gove rno F e rnando He nrique , o E xe cutivo mandou para o Le gislativo a M e dida Provisória 2.151de 24/03/2001, que proporcionava a re paração fi­ nance ira aos chamados "pe rse guidos políticos”. Quatro dias de pois, a C omis­ são de Anistia e Paz foi instalada no M inistério da J ustiça, com vínculo dire to com o gabine te do ministro. A M e dida Provisória foi re e ditada algumas ve ze s, até que , e m 13 de no­ ve mbro de 2002, foi transformada na Le i 2.559, que “Regulamenta o art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras providên  cias'\ alcançando qualque r cidadão brasile iro ou e strange iro re side nte no Bra­ sil, e ntre 18 de se te mbro de 1946 e 5 de outubro de 1988, “que tenha sofrido algum tipo de perseguição por razões políticas e que por isso não tenha podido continuar a exercer suas atividades financeiras”. A le i be ne ficia tanto os que pode m provar se us vínculos e mpre gatícios, como aque le s que não pude re m comprová-los (casos de e mpre gados de instituiçõe s que tive ram se us arquivos que imados, para não de ixar provas da subve rsão). Ainda re clamam que a anistia não foi abrange nte ... M ais abrange nte e unila­ te ral impossíve l.. . A C omissão de Anistia e stimou, na ocasião, que se riam apre se ntados ce rca de 40.000 re que rime ntos, que se riam julgados por e la, cabe ndo ao ministro da J ustiça a de cisão final. F inalme nte , e m 13 de nove mbro de 2(X)2, publicada no Diário O ficial de 14 dc nove mbro de 2(X)2, a Le i 10.559 e ntrou e m vigor para substituirá M e dida Provisória 2.151 de 24/03/2001. 508-Carlos Alberto Brilhante Ustra “A re paração e conômica, se gundo a re fe rida le i, pode rá se r conce dida e m pre stação única corre sponde nte a 30 salários míni­ mos por ano de pe rse guição política até o limite de 100 mil re ais, ou pre stação me nsal que corre sponde rá ao posto, cargo, graduação ou e mpre go que o anistiando ocuparia se na ativa e stive sse , obse rvado o limite do te to da re mune ração do se rvidor público fe de ral ” (http://vvww.mj.gov.br/anistia/de rault.htm) Além disso, o pre side nte Luiz Inácio Lula da Silva assinou o De cre to 4.897, publicado no DO dc 26/11/2003, que ise nta do Imposto de R e nda as apose n­ tadorias e xce pcionais pagas pe lo INSS c outros órgãos da administração pú­ blica, ao me smo te mpo, por iniciativa do pre side nte Lula, aprovada pe lo C on­ gre sso Nacional, os apose ntados passaram a contribuir para o INSS. Se gundo a Folha cie São Paulo, 3.823 e x-se rvidore s e e mpre gados de e m­ pre sas privadas foram inde nizados até fe ve re iro de 2005. A inde nização média re ­ troativa ficou e m tomo de R $ 313 mil, se m contaras pe nsõe s me nsais. A comissão já pe diu re forço de ve rba. Provave lme nte as inde nizaçõe s re troativas passarão dc 4 bilhõe s dc re ais, fora as pe nsõe s que passarão a se r pagas me nsalme nte . 0 advogado e de putado Luiz E duardo Gre e nhalgh pe diu ao ministro da J ustiça, M árcio T homaz Bastos, se ssõe s e xtraordinárias para ace le rar o julga­ me nto de ce rca de 28 mil pe didos protocolados. E ssas inde nizaçõe s são conce didas por proce ssos administrativos sumá­ rios, de fe ndidos e julgados, ge ralme nte , por companhe iros de ide ologia. De pois que os cassados, anistiados e pe rse guidos políticos assumiram o pode r, têm sido tantas as inde nizaçõe s e pe nsõe s milionárias que alguns se tore s da socie dade passaram a de fe nde r o controle de sse s gastos saídos dos bolsos do contribuinte , que não foi consultado se que ria pagar a conta. O piniõe s insuspe itas, comple me ntam, abaixo, me lhoro assunto: "Brasília - A maior inde nização conce dida até agora a um anis­ tiado político no Brasil che ga a R $ 2,54 milhõe s, além de uma pe nsão me nsal de R $ 12,3 mil. O be ne ficiário é J osé C ae tano Lavorato Alve s, um sindicalista cassado e m 1988. e x-piloto da Varig, que j á re ce be de sde 1994 uma outra pe nsão de R S 6,6 mil pe lo INSS. No total, vai re ce be r R $ 18.936,31 por mês. Pe tista. Lavorato é ligado à Se cre taria do De se nvolvime nto, T ra­ balho e Solidarie dade da Pre fe itura de São Paulo. C oorde na o Pro­ grama C e ntral de C rédito São Paulo C onfia e dirige a Associação Brasile ira de Ge store s e O pe radore s de M icrocrédito (Abcre d)." (hl lp://www.e stadno.com.hr/agcsl ado/noti ci as/2(HU/no\710 ) A ve rdade sufocada - 509 “Hoje colunista da Folha de S. Paulo, C ony ganhou o dire ito dc re ce be r um be ne fício me nsal vitalício de R S 19.115 por mês, além de uma inde nização pe los valore s re troativos de R $ 1,4 milhão, numa só bolada, porque foi pre so, pe rse guido e afastado do e xtinto jornal'’ Correio da Manhã, durante os anos de chumbo." http://www.e sladao.com.br/age stado/noticias/2004/nov/l9 “Pe la sua própria nature za, uma inde nização não de ve se r­ vir ao e nrique cime nto", argume nta o procurador-ge ral da R e ­ pública j unto ao T C U, L ucas F urtado, na re pre se ntação que apre se ntou, na C orte , na se gunda-fe ira. Para F urtado, os e l e ­ vados valore s de be ne fícios conce didos fe re m princípios cons­ titucionais como o da “indisponibilidade do inte re sse publico, da isonomia c da razoabilidade ." http://conjur.e stadao.com.br/static/te xl "C onta ce rta E stava e rrada a informação se gundo a qual Nosso Guia re ce ­ be R S 3.900 me nsais como apose ntado da ditadura. L ula foi pre so por 51 di as e tomaram-lhe a pre si dênci a do Si ndi cato dos M e talúrgicos de São Be rnardo. O companhe iro re ce be R $ 4.294,12 e e m abril ganhará um aume nto. C ome çou a e mbolsar e ssa pe n­ sat) e m maio de 1997, quando e la valia R S 2.365. Se tive sse de ixa­ do o dinhe iro no banco, re nde ndo juros tucano-pe tistas, e m jane iro se u saldo te ria che gado a R S 707.114. Até agora, cada dia de cade ia de L ula custou R S 13.865 à Viúva.*’ (E lio Gaspari, 19 F e v. O Globo) O bse rvação: Na re alidade a conta ainda não e stá ce rta. Lula e ste ve pre so 31 dias. C ada dia de cade ia custou aos cofre s públicos R $ 22.810,00. “A gastança viaja no tre m da anistia" A ugusto Nune s O s cál culos das inde nizaçõe s são fe itos pe la própria Pe trobras. Na C omissão de Anistia, que m acompanha os ple itos é o cx-pclrolciro L uiz C arlos Natal, e le próprio conte mplado com ce rca de R S 1milhão. Hoje na che fia de gabine te do de putado (e advoga­ do dos anistiados) Luiz E duardo Gre e nhalgh, Natal re cusou tratar do assunto com re pórte re s da Folha, ale gando “proble mas de saú­ de ". Proble mas finance iros, e sse s de cididame nte não te m." http://w\vw.ulliiiianot[cki,.com.br 5tO *C arlos Albe rto Brilhante Ustra J air R attne r “Para F HC , houve e xage ro nas inde nizaçõe s", C opyright O Estado de S. Paulo, 18/11/04 “LISBO A - O e x-pre side nte F e rnando He nrique C ardoso, que também foi e xilado político, criticou onte m, e m Lisboa, o critério das inde nizaçõe s dadas aos pe rse guidos pe lo re gime militar. “Acho que houve e xage ro. Acre dito que as inde nizaçõe s de ve m se r dadas a todos aque le s que re alme nte sofre ram, mas com ce rta pre ocupação de não de formar uma re paração e transformá-la numa propina.” Se gundo F e rnando He nrique , o obje tivo, não é dar vantage m a ninguém e sim re parar uma injustiça.” http://obse rvatorio.ultimose <zundo.ig.com.br/artigos.asp “F e liz Anistia Novo anistiado na praça: o surge nto Darcy R odrigue s que saiu com C arlos Lamarca do quarte l e m O sasco (SP) e foi trocado pe lo e mbaixador ale mão e m 1970, agora é capitão, R $ 7 mil me n­ sais e inde nização de R S 771 mil.” Jornal de Brasília - C oluna de C láudio Humbe rto “Anistia: proce sso rápido para amigos de Lula Grupo pe diu re ajuste e ste ano e já foi ate ndido, mas há pe di­ dos de 2001 que ainda não foram julgados. BR ASÍLIA. No início de nove mbro, a Prime ira C âmara da C omissão de Anistia do M inistério de J ustiça aprovou o re ajuste da apose ntadoria de 32 e x-sindicalistas do ABC e e x-companhe i­ ros do movime nto sindical do pre side nte Luiz Inácio Lula da Silva. O s amigos do pre side nte furaram a fila: todos os proce ssos são de ste ano. Uma se mana ante s, o grupo se re unira com Lula, e m São Paulo c re ivindicara a análise de se us proce ssos.” J ornal O Globo - O País - 13/12/2003. Se ria inte re ssante e e sclare ce dor à opinião pública, que o gove rno e studas­ se , comparasse e e stabe le ce sse uma re lação e ntre os re cursos de stinados ao pagame nto das inde nizaçõe s e pe nsõe s dos “pe rse guidos políticos” e aque le s gastos nos proje tos de assistência social que ate nde m milhõe s de brasile iros abaixo da linha da pobre za. C om o valor gasto até agora se ria possive l pagar um salário mínimo por mês a 1.040 trabalhadore s durante 100 anos. A União já de se mbolsou 436 milhõe s e 4)00 mil re ais com as inde nizaçõe s até agora. Vítimas do terrorismo no Brasil A se guir, apre se nto uma re lação de ce nto e vinte cidadãos “brasile i­ ros de se gunda cl asse ”. Que m assim os classifica não sou e u, mas a re alidade dos fatos, pois que não re ce be m o de vido re conhe cime nto do E stado, pe lo sacrifício a que foram subme tidos. F oram imolados por te re m atrave ssado o caminho de te rroristas, que não tinham e scrúpulos cm matar pe la "causa”. M uitos dos se us algoze s, há mais de uma década, e stão e ncaste lados no pode r, simple sme nte olvidando o mal que fize ram a ce nto e vinte famí­ lias que tive ram se us e nte s que ridos mortos e a outras 343 pe ssoas que ficaram fe ridas com gravidade . E le s finge m que os de sconhe ce m, por jul- gare m-nos se re s infe riore s, a se rviço de uma ditadura. C idadãos são e le s, os te rroristas, que se proclamam acima do be m e do mal. C onstrangido, le itor? T ambém e stamos todos os que ve mos o E stado privile giar os que pe garam e m armas para de rrotar o E stado. I ne rme s, assistimos às ge ne rosas inde nizaçõe s e pe nsõe s pagas, se m que ne nhuma le mbrança se ja de dicada às suas vítimas. Anistia? R e alme nte houve , mas sob uma total inve rsão de valore s, se gundo a qual ve ncidos tornaram-se juize s incle me nte s de ve nce dore s, culpados por tudo que de mal aconte ce no País. Aos pe rde dore s tudo! É a máxima da iniqüidade de um viés re vanchista, dono da chave do T e souro Nacional. No rol das “vítimas da ditadura”, associam-se corruptos, fraudadore s, aprove itadore s e toda a sorte de “ve ncidos”. Alguns mais comprome tidos. O utros me nos. O su­ pre mo mandatário, Luiz I nácio Lula da Silva, re ce be ge ne rosa pe nsão, por te r sido pre so, por alguns dias, ao afrontar a J ustiça do T rabalho, re cusando-se a cumprir de cisão judicial. Por e ssa bravata, é tido como pe rse guido pe la ditadura militar. C aro le itor. T odos nós, porém, te mos culpa ne ssa injustiça. Que m de nós inte re ssou-se pe las vítimas do te rro­ rismo? A socie dade brasile ira, e m algum mome nto, ocupou-se e m sabe r o que de fato ocorre u? A e lite inte le ctual e re sponsáve l pre ocupou-se e m pe squisar com ise nção para conhe ce r os fatos e e stabe le ce r juízos de valor? O s que pe squisaram tive ram livre ace sso aos me ios de comunica­ ção social para divulgar os re sultados e , assim, e stabe le ce r e e stimular o contraditório? A mídia e os gove rnos pós 1985, e m algum instante , pre o- cuparam-se com e sse s ce nto e vinte cidadãos de se gunda classe ? R e pito: não sou e u que m os classifica assim! Na ve rdade , à socie dade brasile ira nao foi dada a oportunidade de conhe ce r com ise nção, além do que lhe impinge m lobos e m pe le corde iro. Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF , 1 i : li i%4 Paulo M ace na Bomba no C ine Bmni - prote sto contra Le i Suplicv vigia R io de J ane iro R J > ~~ 2 " I %5 C arlos Arge miro C amargo (ípe raçào T rcs Passos sarge nto do Lxèrctto Lcònidas M arque s PR 25 7 l%í» Idson Kctíis dc C arvalho AP - Bomba no Ae ro|vrto dc ( iuararape s jornalista R e cite PL -f 25 7 l%í' Vison Gome s F e rnande s AP - Bomba no Ae roporto de Guararapcs almirante R e cite PF 2S4 l%6 I R aimundo de Can alho Andrade passe ata e studantil cabo PM Goiânia GO 1 <\ 2*111 1%‘ J osé Gonçalve s C once ição (Ze Uicol Ala M ariguclla *Invasão dc sua fa/e nda faze nde iro Pre side nte Lpiuicio SP - 1- 12 1%7 OmYís M otla M arcomks ao te ntar impe dir assalto a age ncia bancária bancário São Paulo SP ' s |ll 1l%s ■\üO >tinlio F e rre ira Lima Ala M ariühe lla - abordage m de lancha M arinha M e rcante R io Ne gro AM t V) 31 5 1%S Ailton dc O live ira M AR - ao le mar impe dir fuga do pre sidio guarda pe nite nciário R io dc J ane iro R J !<l 26 6 1%S M ário ko/e l F ilho YPR - se ntine la do QG II l;\ - carro bomba lidado do E xe rcito São Paulo SP 1 11 2~!() 1%S Vison dc Barros passe ata e studantil sarne nto PM ·- R io de J ane iro R J V 2" 1%S Noe l de O liv e ira R amo*. passe ata e studantil civil R io de J ane iro R J . 13 1* 1%S F dward F .me st T ito O tlo M aximilian \on Wcsie mhage n C O LINA - "justiçado" por e ngano maior do e xe rcito ale mão R io dc J ane iro R J »· : " ' ) 1%N Lduardo C ustodio dc Sou/a ALN - me tralhado quando se ntine la do DO PS M »ldado PM São Paulo SP i 2lN 1%X Antônio C arlos Je fle rv VPR - me tralhado quando de se ntine la e m quarte l da PM E SP soldado PM São Pauli' SP 16 12 10 1%S C harle s R odne y C handle r VPR - "justiçado" porte r combatido na üue rra do Yictnan cap. do e xe rcito dos listados l. nidos Sào Paulo SP Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF 17 24/10/1968 Luiz C arlos Aue usto --------------------V passe ata e studantil civil R io de J ane iro R J 18 25/10/1968 We nccslau R amalho Le ite C O LINA - ao roubare m se u carro civil R io dc J ane iro R J 19 7/1 Kl 968 E stanislau Ignácio C orre ia VPR - ao roubare m se u carro civil Sâo Paulo SP 20 7/1/1969 Alzira Baltazar de Alme ida transe unte - quando passava e m fre nte a uma viatura da polícia e xplodida por te rroristas dona-dc-casa R io de J ane iro R J 21 IKKI969 E dmundo J anot ao de scobrir por acaso base dc gue rrilha e m áre a rural lavrador R io dc J ane iro R J 22 29/1/1969 C ccildcs M ore ira de F aria C O LINA - ao te ntar pre nde r te rroristas num “apare lho'! subinspe tor dc polícia Be lo Horizonte M G 23 29/1/1969 J osé Antune s F e rre ira C O LINA - ao te ntar pre nde r te rroristas num “apare lho” guarda civil Be lo HorizontE M G 24 31/3/1969 M anoe l da Silva Dutra VAR -Palmarcs - quando C arlos M ine Baumfe lcL F austo M achado F re ire e outros assaltaram o Banco Andrade Amaud/R J come rciante R io dc J ane iro R J 25 14/4/1969 F rancisco Be nto da Silva Ala Ve rme lha - assalto a carro pagador motorista carro pagador Sào Paulo SP 26 14-4/1969 Luiz F rancisco da Silva Ala Ve rme lha - assalto a carro pagador guarda carro pagador Sâo Paulo SP ?7 8/5/1969 J osé dc C arvalho ALN - assalto a banco inve stigador de polícia Suzano SP 2S 9/5/1969 O rlando Pinto da Silva VPR - assalto a banco guarda civil Sào Paulo SP 29 27 5/1969 Naul J osé M ontavani ALN - me tralhado quando dc se ntine la cm um quartcl PM E SP soldado PM Sào Paulo SP Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF 30 4 6 I969 Boavcntura R odrigue s da Silva ALN - assalto a banco soldado PM Sào Paulo SP 3I 22 6 I969 Guido Boné ALN-ataque â radiopatrulha que puame cia soldado PM Sào Paulo SP 32 22 6-I969 Natalino Amaro T e ixe ira ALN · ataque ã radiopatrulha que guarne cia soldado PM Sào Paulo SP >> Il 71969 C idclino Palme iras do Nascime nto VAR - Palmare s - ao conduzir policiais que pe rse guiam te rroristas após assalto a banco motorista dc táxi R io dc J ane iro R J 34 24-71969 Apare cido dos Santos Live ira VAR - Palmare s · grupo do gaúcho *M R T · assalto a banco soldado PM Sào Paulo SP 35 2081969 J osc Santa M aria assalto a banco ge re nte de banco R iodc J ane in) R J 36 25/8*1969 Sulamita C ampos Le ite ALN · ao tocar numa bomba e scondida por te rrorista cm sua casa dona-de -casa Be lém PA 37 31/8.1969 M auro C e lso R odrigue s conflito agrário soldado PM Are a rural M A 38 39 1969 J osc Gctúlio Borba ALN - ao de nunciar te rrorista que pa;*sara che que roubado ge re nte da loja Lute F e rrando Sào Paulo SP 39 39/1969 J oão Guilhe rme dc Brito ALN - ao pe rse guir te rrorista que matara ge re nte da loja Lutz F e rrando soldado PM Sào Paulo SP 40 20 91969 Samue l Pire s assalto a e mpre sa de ônibus cobrador dc ônibus Sào Paulo SP 41 229.1969 Kurt Krie ge l VPR - assalto ao re staurante de sua proprie dade come rciante Porto Ale gre R S 42 309/1969 C láudio E me sto C anton ALN - morto pe las costas após pre nde r te rrorista age nte da Policia F e de ral Sào Paulo SP Data Nome Org. resp. pela morte e como monreu Função C idade UF 43 4 10 1969 E uclide s de Paiva C e rque ira assalto a carro pagador guarda de carro pagador R io dc J ane iro R J 44 6 101969 Abe lardo R osa Lima M R T R E DE - assalto a supe rme rcado soldado PM Sào Paulo SP 45 7-101969 R omildo O tte nio ao te ntar pre nde r te nronsta soldado PM Sào Paulo SP 46 31101969 Nilson J osc dc A/cve do Lins PC BR - ao de positar dinhe iro no banco ge re nte de distribuidora dc cigarros O linda PE 47 4,11,1969 Ste la Borge s M orato tirote io - ope ração para a prisào dc M arighe lla inve stigadora do IX)PS Sào Paulo SP 48 4/11 1969 F rie dcrich Adolf R ohmann tirote io - opcraçào para a prisào de M arighe lla prote tico Sâo Paulo SP 49 7/11 1969 M auro C e lso R odrigue s AP-conflito agrário soldado PM M A 50 14/11/1969 O rlando Girolo M R T /R E DE · assalto a banco bancário Sào Paulo SP 51 17/12/1969 Joe l Nune s PC BR - assalto a banco sarge nto - PM R io de J ane iro R J 52 18/12/1969 E lias dos Santos PC BR - opcraçào para prisào de te rrorista soldado do E xe rcito - R J R io de J ane iro R J 53 17/1.1970 J osc Ge raldo Alve s C ursino abordage m para ide ntificar te rrorista sarge nto PM Sào Paulo SP 54 20/2/1970 Antônio Apare cido Posso Nogueró VPR - ao inve stigar roubo de carro sarge nto PM Sào Paulo SP 55 11/3/1970 Ne wton de O live ira Nascime nto ALN - ao conduzir te rrorista para averiguação soldado PM R io de J ane iro R J 56 31/3/1970 J oaquim M e lo ope ração para prisào dc te rrorista inve stigador de polícia R e cife PE 5 1 4 - C a r l o s A l b e r t o B r i l h a n t e U s t r a A v e r d a d e s u f o c a d a - 5 1 5 Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF 57 2/5/1970 J oão Batista dc Souza R E DE / M R T - assalto à distribuidora dc cigarros cabo PM Sào Paulo SP 58 10/5/1970 Albe rto M e nde s J únior VPR - assassinato a coronhadas dc fuzil de pois de pre so, de sarmado e amarrado 1° te ne nte PM R e gistro SP 59 11/6/1970 Irlando dc M oura R égis ALN/R E DE ^PR - assassinado durante se qüe stro do e mbaixador da Ale manha age nte da Policia F e de ral R io dc Jane iro R J 60 15/7/1970 Isidoro Zamboldi ALN - assassinado por Ana Bursztin - assalto à loja M appin guarda dc se gurança São Paulo SP 61 12^8/1970 Be ne dito Gome s ALN - ao roubare m se u carro capitão do E xército C ampinas SP 62 19/8/1970 Vagne r Lúcio Vitorino da Silva M R -8 - assalto a banco guarda dc se gurança R io dc Jane iro R J 63 29/8/1970 J osé Amiando R odrigue s ALN - durante assalto a sua firma come rcial comcrciantc Sào Be ne dito C E 64 14/9/1970 Bcrtolino F e rre ira da Silva ALN/M R T - durante assalto a carro pagador guarda de carro pagador São Paulo SP 65 21/9/1970 C ciio T onclly guamccia uma radiopatrulha - ao te ntar pre nde r te rroristas soldado PM Santo Andre SP 66 22/9/1970 Utair M ace do assalto à e mpre sa de ônibus guarda dc se gurança R io dc Jane iro R J 67 27/10/1970 Waldcr Xavie r dc Lima PC BR · morto pe las costas após a prisão dc dois te rroristas sarge nto da Ae ronáutica Salvador BA 68 10/11/1970 Garibaldo dc Que iroz ALN/VPR - me tralhado quando, num táxi, pe rse guia três te rroristas soldado PM Sào Paulo SP 69 10/11/1970 J osé Alcixo Nune s ALN/VPR - me tralhado quando, num táxi, pe rse guia três te rroristas soldado PM São Paulo SP s Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF 70 10/11/1970 J osé M arque s do Nascime nto ALN/VPR - me tralhado quando cm se u táxi conduzia policiais pe rse guindo te rroristas motorista de táxi São Paulo SP 71 10/12/1970 Hélio de C arvalho Araújo VPR - assassinato durante se qüe stro do e mbaixador suíço age nte da Polícia F e de ral - R J R io dc J ane iro R J 72 7/1/1971 M arce lo C osta T avare s ALN * me nor 14 anos - durante assalto a banco e studante Be lo Horizonte M G 73 12/2/1971 Américo C assiolato ao te ntar pre nde r te rroristas soldado PM Pirapora do BomJ e sus SP 74 28/2/1971 F cmando Pe re ira ao te ntar e vitar assalto à casa come rcial ge re nte da C asa do Arroz R io de J ane iro R J 75 8/3/1971 Djalma Pe lucci Batista assalto a banco soldado PM R io dc J ane iro R J 76 24/3/1971 M ate us Le vino dos Santos PC BR - ao roubare m se u carro te ne nte da F AB R e cife PE 77 4/4/1971 J osé J úlio T oja M artine z M R -8 - assassinado traiçoe irame nte ao te ntar ajudar uma falsa grávida - se m sabe r que e ra uma te rrorista major do E xe rcito R io de J ane iro R J 78 7/4/1971 M aria Alice M atos assalto a de pósito dc mate rial de construção e mpre gada doméstica R io dc J ane iro R J 79 15/4/1971 He nning Albe rt Boile scn ALN/VPR /M R T - assassinado por julgare m que ajudava a O ban industrial São Paulo SP 80 10/5/1971 M anoe l Silva Ne to ALN - assalto à frota dc táxis Bande irante soldado PM Sào Paulo SP 81 14/5/1971 Adilson Sampaio assalto às lojas Gaio M arti arte são R io dc J ane iro R J 82 9/6/1971 Antônio Lisboa C e re s de O live ira assalto à Boate C omodoro civil R io de J ane iro R J > < o O . Z2 C l a C/î c n tu Q. SJ • en - x l 5 1 6 - C a r l o s A l b e r t o B r i l h a n t e U s t r a Data Nome Org. resp. peia mexte e como morreu Funçào Cidade UF 83 17I 971 J aime Pe re ira da Silva transe unte - durante tirote io e ntre te rroristas e policiais civil R io de J ane iro R J 84 2-9.197I Dcme rval F e rre ira dos Santos ALN · assassinado durante assalto à C asa dc Saúde Dr E iras guarda dc se gurança R io dc J ane iro R J 85 29/1971 C ardênio J aymc Dolcc ALN - assassinado durante assalto à C asa dc Saúde Dr E iras C he fe do De partame nto dc Pe ssoal R io dc J ane iro R J S6 2^1971 SilvanoAmàncio dos Santos ALN - assassinado durante assalto à C asa de Saúde Dr E iras guarda dc se gurança R io dc J ane iro R J 187 29.1971 Ge ntil Procópio dc M e lo PC R - ao roubare m se u táxi motorista dc táxi R e cifc PE 88 -.101971 Albe no da Silva M achado PC R - durante assalto a sua loja proprie tário da C asa de M óve is Vogal R io de J ane iro R J ! 89 i/l 11971 Ne lson M artine z Pone e M O LIPO - me tralhado durante assalto á e mpre sa de ônibus cabo PM Sào Paulo SP 90 1011 1971 J oào C ampos ao inte rce ptar carro que conduzia te rroristas cabo PM Pindamonhangaba SP 9I 22 11 1971 J ose do Amaral Vile la M R -8 - Var-Palmare s - assalto a carro pagador sub-oficial da re se rva da M arinha - se gurança carro pagador R io de J ane iro R J 92 27 11 1971 E duardo T imóte o F ilho durante assalto às lojas Gaio M arti soldado PM R io de J ane iro R J 93 13 12 1971 Hélio F e rre ira dc M oura durante assalto a carro pagador guarda dc carro pagador R iodc J ane iro R J 94 IS 11972 T oma2 Paulino dc Alme ida M O LIPO *ao roubare m se u carro sarne nto PM Sào Paulo SP 95 20 11972 Sylas Bispo F e che ALN - ao te ntar ide ntificar dois te rroristas num cano suspe ito cabo PM São Paulo SP Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF % 25· 11972 E lzo Ito ao roubare m sou carro e studante Sào Paulo SP 9’ 121972 Iris do Amaral ALN *passage ira de táxi - durante pe rse guição policial a dois te rroristas que dispararamsuas me tralhadoras c fe riramoutras pe ssoas dona-dc-casa R io de J ane iro R J 98 5:2 1972 David A. C uthbcrg A LN/VA R -Pa 1mare s·1PC B R - por pe rte nce r a um "pais impe rialista" marinhe iro inglês R io de J ane iro R J 99 18*2*1972 Be ne dito M onte iro da Silva assalto a banco cabo PM Santa C ru/ do R io Pardo SP 100 27/2-1972 Napole ào F e lipe Be rtolane Biscaldi M O LIPO - transe unte - durante tirote io e ntre te rroristas c policiais civil São Paulo SP 101 2S2 1972 Luzimar M achado dc O live ira M O LIPO - ao te ntar pre nde r o te rrorista Amo Prcis soldado PM Paraíso do Norte T O 102 631972 Walte r C ésar Galctti ALN - durante assalto à tirma-fe riram mais duas pe ssoas ge re nte da firma M onte iro S‘A Sào Paulo SP 103 123· 1972 Aníbal F igue ire do de Albuque rque durante assalto à lirma corone l R I do E xército - proprie tário da distribuidora dc be bidas C harcl Ltda São Paulo SP 104 123 1972 M anoe l dos Santos durante assalto à firma guaula de se gurança da distribuidora de be bidas C harcl Ltda Sào Paulo SP l(i5 S 51972 O diloC ruz R osa PC doB - gue rrilha do Arae uaia cabo do E xército Araguaia PA ioó 261972 R ose ndo R e se nde ao inte rce ptar carro com te rroristas sarge nto PM Sào Paulo SP 5 1 8 - C a r l o s A l b e r t o B r i l h a n t e U s t r a A v e r d a d e s u f o c a d a - 5 1 9 Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Função Cidade UF 107 29/6/1972 J oão Pe re ira PC doB - gue rrilha do .Araguaia mate iro - re gião do Araguaia Araguaia PA 108 -/9/1972 O smar.. . PC doB - gue rrilha do Araguaia posse iro - re gião do Araguaia Araguaia PA 109 23/9/1972 M ário Abraim da Silva PC doB - gue rrilha do Araguaia se gundo sarge nto do E xército Araguaia PA HO 27/9/1972 Silvio Nune s Alve s PC BR ■assalto a banco bancário R io de J ane iro R J 111 1/10/1972 Luiz Honório C orre ia assalto a e mpre sa dc ônibus civil R io dc J ane iro R J 112 6/10/1972 J osé Inoce ncio Barre to conflito agrário civil PE 113 6/10/1972 Scvcrino F e rnande s da Silva conflito agrário civil PE 114 9/11/1972 M ário Domingos Panzariclo ALN - ao te ntar ide ntificar a te rrorista Aurora M aria Nascime nto F urtado de te tive polícia civil R io de J ane iro R J 115 21/2/1973 M anoe l He nrique dc O live ira ALN - assassinado sob acusaçào dc de lação dc te rroristas come rciante São Paulo SP 116 22/2/1973 Pe dro Américo M ota Garcia assassinado como re pre sália por te r impe dido assalto àC E F civil R io dc J ane iro R J 117 25/2/1973 O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior ALN/VAR -Paimare s/PC BR - assassinado pe las costas por pcrtcnccr ao DO I/C O Dl/II E x de le gado de polícia de São Paulo R io de J ane iro R J Data Nome Org. resp. pela morte e como morreu Funçáo Cidade UF 1IS 12/3/1973 Pe dro M ine iro PC doB - gue rrilha do Araguaia capataz da F aze nda C apingo -re gião do Araguaia Araguaia PA 119 24/7/1973 F rancisco Valdir dc Paula PC doB - gue rrilha do Araguaia soldado do E xército Araguaia PA 120 10/4/1974 Ge raldo J osc Nogue ira assassinado ao te ntar pre nde r te rroristas soldado PM São Paulo SP Alguns desses casos estão descritos, com maior detalhamento, ao longo do livro. 2 0 - C a r l o s A l b e r t o B r i l h a n t e U s t r a A v e r d a d e s u f o c a d a - 5 2 1 522«C arlos Albe rto Brilhante Ustra R e sumo 43 C ivis 34 Policiais militare s 12 Guardas de se gurança 10 Policiais civis 8 M ilitare s do E xército 3 Age nte s da Polícia F e de ral 3 M oradore s do Araguaia 2 M ilitare s da M arinha 2 M ilitare s da Ae ronáutica 1 M ajor do E xército Ale mão 1 C apitão do E xército dos E stados Unidos i M arinhe iro da M arinha R e al Ingle sa Há anos lutamos para que os familiare s de ssas vítimas se jam inde nizados, como aconte ce u com os dos subve rsivos e te rroristas. Infe lizme nte te m sido uma luta inglória, ignorada pe la mídia e de sconhe cida pe la socie dade . A comissão e spe cial, instituída pe lo gove rno, de cide que m de ve ou não se r conte mplado com pe nsõe s e inde nizaçõe s, pagas pe los cofre s públicos. E ssa comissão só re conhe ce como vítimas aque le s que lutaram para im­ plantar no Brasil uma ditadura de cunho marxista-le ninista. C om isso, de mons­ tra, clarame nte , a dife re nça de tratame nto e ntre ve ncidos e ve nce dore s, cria re sse ntime ntos e contribui para que o e sque cime nto e a paz, propostos pe la Le i da Anistia, não se jam alcançados. As le is, criadas a partir de 1995, ate nde ram e be ne ficiaram ape nas um dos lados, o dos ve ncidos. Se us camaradas mortos são as “vítimas da violência do E stado”, não come te ram atos viole ntos, covarde s e insanos. São se mpre os "pobre s mártire s da ditadura”. Para se us familiare s, a pe rda de sse s e nte s que ridos, de fato, foi irre pará­ ve l e a pe nsão e /ou inde nização não ame nizaram a sua dor. M as, e le s são confortados, pe rmane nte me nte , com home nage ns pre stadas aos se us “he róis fale cidos”. Se us nome s são diutumame nte citados com e logios na mídia, nos livros e scolare s c nos de mais livros onde os de rrotados de onte m contam a sua ve rsão. Se us nome s são colocados e m vias públicas, e scolas, hospitais, te atros, bibliote cas e e m salas dc aula, e m substituição aos dos nossos he róis do passado que , durante muitos anos, foram cultuados pe lo povo. O s nossos mortos - age nte s da le i; militare s das F orças Armadas; me mbros das Polícias M ilitare s e C ivis e da Polícia F e de ral, que lutaram para mante r a orde m no País; os civis inoce nte s, vítimas de ate ntados; os se guranças de bancos; ;isdonas-de -cas;r, os vigias; os vigilante s: os trabalhadore s pacíficos, mortos ao A ve rdade sufocada - 523 de fe nde r o be m público - e sse s, por não e stare m comprome tidos com a causa, não têm dire ito a ne nhum be ne fício. Nossos he róis são le mbrados por poucos. São e sque cidos até pe las insti­ tuiçõe s que os de signaram para a missão onde pe rde ram a vida. E ssas, até me smo proíbe m que se us te mplos se jam ce didos para que possamos, e m datas históricas, re zar por suas almas; os sace rdote s e pastore s, que lhe s são subor­ dinados, se ne gam a dirigir um culto ou re zar uma missa. Pare ce que os nossos he róis não têm familiare s. C om se us órfãos ninguém se pre ocupou, ne m com se us traumas, com sua e ducação, com se u futuro. Se us pais, suas viúvas e se us filhos só ouve m e lêe m críticas formuladas, continua­ me nte , pe los re vanchistas de plantão, os me smos que agora e stão no pode r. 2006 foi ano de e le ição. M ais uma ve z, oportunistas forão e le itos apro­ ve itando-se do passado de “pre sos políticos torturados” e “e xilados” pe la “ditadura”. Nossos mortos não me re ce ram te r se us nome s le mbrados pe la C omissão de Dire itos Humanos, que o de putado Nilmário M iranda tanto lutou para criar. Ne m de la, ne m dos ministros da J ustiça, do pre side nte F e rnando He nrique ou do pre side nte Lula. Ne m pode riam pe nsar ne le s, pois são comprome tidos com a causa, uns mais, outros me nos, mas todos “pe rse guidos políticos”. C omo o de putado Nilmário M iranda - PT -, que participou ativame nte do movime nto e studantil, que foi militante da PO LO P, organização trotskista, que e ste ve pre so por três anos e me io e te ve se us dire itos políticos cassados, iria pe nsar nos dire itos humanos de sse s 120 mortos e dos 343 fe ridos? E le que foi e le ito por três mandatos usando a bande ira dos “horrore s da ditadura”? C omo que re r que o e x-ministro da J ustiça, no gove rno F e rnando He nrique , Aloysio Nune s F e rre ira (Be to ou M ate us), de fe nda os dire itos dos familiare s de sse s 120 mortos, se e le participou da luta armada? E le que , e m 10/08/1968, participou do assalto ao tre m pagador da Santos-J undiaí e , e m outubro de sse me smo ano, do assalto ao cairo pagador da M asse y-F e rguson? E le que foi motorista de se u líde r, C arlos M arighclla, conhe cido pe la violência de se us atos, palavras e açõe s? E no C ongre sso Nacional, que m se le mbrou dos nossos mortos? Que m le vantou a voz para de fe nde r uma e quidade de tratame nto e ntre mortos de ambos os lados? Ao que e u saiba, some nte dois de putados tive ram a corage m de fazê-lo. O de putado J air Bolsonaro e o De putado Wilson Le ite Passos. E ste último, e m 19%, apre se ntou o Proje to de Le i n° 2397, criando uma C omissão E spe cial de Inde nização, para inde nizar as famílias de militare s e civis, que a se rviço do E stado morre ram ou ficaram inválidos no combate ao te rrorismo. Ao que pare ce , e sse Proje to pe rmane ce “e ngave tado”. Ne nhum se nador, ne m me smo aque le s que che fiaram organizaçõe s que tive ram me mbros assassina­ dos. fria e covarde me nte pe los te rroristas, ousaram se pronunciar. 524-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Nós vamos continuar a re ve re nciá-los e a lutar para que se us nome s continue m se ndo re spe itados. Não há nada que nos fará e sque cê-los, ne m cargos públicos, ne m posiçõe s políticas, ne m mandatos e le tivos, ne m hon­ rarias dos allos postos de comando nas F orças Armadas, ne m as de mais be ne sse s do pode r. C ontinuare mos le mbrando que e le s morre ram pe la de mocracia e que me re ce m o mais profundo re spe ito da Nação. M ártire s da De mocracia E rne sto C aruso, 31/03/2005 C ruze s de made ira brancas Home nage m aos he róis mortos Vítimas das lâminas ve rme lhas da covardia. R e pe tição da I nte ntona dc 1935 Pe los súditos das orde ns e xte rnas M atando e imolando irmãos (...) R e ve rência do T e rnuma na trinche ira pre se nte De fe nde ndo a me mória das vítimas do te rror comunista Na possíve l pe rse ve rança do instante Ate que se lhe s dê um unido pouso e te rno. M e morial ansiado por muitos, me re cido por poucos M ártire s, ve nce dore s cuja morte não foi e m vão. C horamos juntos de fe nsore s da de mocracia Ve ndo nos se us pe itos as M e dalhas da Honra Naque le s que covarde me nte lhe s arre be ntaram as vidas E de fe nde ram se us filhos pre maturame nte órfãos. Órfãos se m prêmios, e sque cidos, pois dc si nada e spe ram. M ãe s viúvas, jove ns pe nsionistas na formada le i. (...) Aos nossos He róis, as M e dalhas de Sangue . E ssas não lhe s arre batarão. A ve rdade sufocada - 525 Entre várias personalidades presentes, destacam-se, ao centro, os deputados federais Jair Bolsonaro (RJ) e Alberto Fraga (DF) Ato público, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no dia 31 de março de 2004, em homenagem às vitimas do terrorismo no Brasil * C 1 * , . Governo Luiz Inácio Lula da Silva 01/01/2003 a... Luiz Inácio Lula da Silva nasce u e m 27 de outubro de 1945, e m C ae tés, Garanhuns, inte rior de Pe rnambuco. E ra o sétimo filho de uma família po­ bre . E m 1952, sua mãe , com os 8 filhos, migrou para São Paulo, onde já se e ncontrava o se u marido. C omo todos os re tirante s, na e spe rança de me lhore s oportunidade s de vida no Sul, viajaram 13 dias, e m caminhão “pau-de -arara”. F ixaram re sidência e m Vice nte de C arvalho, bairro pobre da pe rife ria de Guarujá, litoral paulista, onde Lula foi alfabe tizado. E m 1956, a família mudou-se para acapital. Após abandonar os e studos, se m concluir o 1° grau, trabalhou para ajudar no suste nto da família. Prime iro e m uma tinturaria, de pois como e ngraxate . Aos quinze anos, iniciou sua carre ira de me talúrgico numa fábrica de parafusos. F ormou-se torne iro me cânico no Se rviço Nacional de Apre ndizage m Industrial (Se nai). Influe nciado por um irmão, passou a atuar no movime nto sindical, a partir de 1969. Se is anos de pois, e m 1975, assumiu a pre sidência do Sindicato dos M e talúrgicos de São Be rnardo do C ampo e Diade ma. E m 1978, foi um dos líde re s de uma gre ve dos me talúrgicos da re gião do ABC . Durante outra gre ve , e m 1980, foi pre so por 31 dias e e nquadrado na Le i de Se gurança Nacional. E ssas gre ve s e se u carisma proje taram-no como líde r do movime nto sindical. E ra o Le ch Wale ska brasile iro. Durante um congre sso de pe trole iros, re alizado e m julho de 1978, e m Sal- vador-BA, Lula discursou sobre o que passaria a se r um dos sonhos de sua vida: a fundação de um partido de trabalhadore s, de caráte r classista. “...que avancc nos rumos de uma socie dade se m e xplorado­ re s e e xplorados" e "com o obje tivo de organizar as massas e xplo­ radas e suas lutas." Pouco a pouco, a idéia foi tomando corpo. Agre gando sindicalistas, e x- pre sos políticos, militante s de organizaçõe s clande stinas, e x-cassados, e x-par- ticipante s da luta armada, re pre se ntante s de movime ntos sociais, lide ranças de trabalhadore s rurais, lide ranças re ligiosas e inte le ctuais das mais dive rsas cor­ re nte s e sque rdistas, e m 10 de fe ve re iro de 1980, no C olégio Sion, e m São Paulo/SP, foi fundado o Partido dos T rabalhadore s - PT . E m 1982, o PI ’ e stava organizado e m boa parte do te rritório nacional. Lula, ne sse ano, disputou o gove rno de São Paülo, com o partido adotando as palavras de orde m: A ve rdade .sufocada - 527 “Vote três, PT não vota e m burguês" e “abaixo o tacao dos patrõe s e dos ge ne rais.’* O re sultado foi ine xpre ssivo. Participou da fundação da C e ntral Única dos T rabalhadore s (C UT ) e m agosto de 1983 e , e m 1986, foi e le ito de putado fe de ral para a Asse mbléia Nacional C onstituinte . As prime iras e le içõe s dire tas para pre side nte da R e pública de pois do re gi­ me militar ocorre ram e m 1989. Lula se candidatou. Alinhado à e sque rda, com um discurso radical, contra o pagame nto da dívida e xte rna, contra a burgue sia, de fe nde ndo a ética e a moralidade - como se o partido tive sse o monopólio de ssas virtude s. Pe rde u a e le ição para F e rnando C ollorde M e llo. O me smo aconte ce u e m 1994 e 1998, quando foi de rrotado pe lo sociólogo F e rnando He nrique C ardoso. E m 2002, mudou o tom de se u discurso radical. E ra um Lula re paginado e conciliador. A e scolha do e mpre sário J osé Ale ncar, como vice -pre side nte , de u-lhe cre dibilidade pe rante as e lite s. A campanha e le itoral, ce ntrada na ima­ ge m “Lulinha paz e amor”, criada pe lo marque te iro Duda M e ndonça, agra­ dou a opinião pública. No se gundo turno, concorre u com J osé Se rra, outro “pe rse guido político”, e x-militante da APe , voluntariame nte , e xilado. F inalme nte , de pois de tre s de rrotas. Lula foi e le ito na campanha mais cara da história política brasile ira. Durante os dois prime iros anos de gove rno, Lula te ve apoio parlame ntar suficie nte para aprovar se us proje tos, ao incorporar à base gove rnista partidos como o PT B e o PL. C onse guiu, com várias alianças, aprovação de propostas dc e me ndas à C onstituição (PE C s), algumas das quais o PT se mpre se opôs. O gove rno e ncaminhou ao C ongre sso os proje tos de re forma tributária e de re forma provide nciaria. De ssa última se de stacam a e le vação da idade mínima para a apose ntadoria, a criação da contribuição de inativos e pe nsionistas - fe rindo dire itos adquiridos - e a privatização da pre vidência dos futuros apo­ se ntados por me io de F undos de Pe nsão. Na e conomia, o ministro da F aze nda, Antônio Palocci, e x-pre fe ito de R ibe irão Pre to e cx-militante de uma organização trotskista, dando conti­ nuidade à política do gove rno ante rior, mante ve a inflação e m níve is razoá-. ve is e baixou significativame nte o risco-país. E ntre tanto, a que da do dólar, os juros altos e o fraco de se mpe nho da agrope cuária de rrubaram a e conomia. O Produto Inte rno Bruto de 2005 (PIB) cre sce u 2.3%. Na América I.atina, o re sultado supe rou ape nas o do conturba- 528-C arlos Albe rto Brilhante Ustra do Haiti que , ape sar de tudo, cre sce u 1,5%. A Arge ntina e a Ve ne zue la cre sce ­ ram 9%. A índia 7% e a C hina 9%. A e conomia mundial cre sce u 4,5%. Para um país e me rge nte , 2,3% é um cre scime nto pífio. No tão criticado re gime militar, principalme nte no gove rno M édici, o cre sci­ me nto da e conomia che gou a 11,9%. A média do pe ríodo foi de 9% ao ano. A política agrária do gove rno foi alvo de críticas. O M ST , passados os prime iros me se s, iniciou as invasõe s, ocorre ndo morte s e ntre faze nde iros, poli­ ciais e se m-te rra durante os confrontos. E m 2005, o M ST re solve u dar uma de monstração de força, ao organizar a M archa Nacional pe la R e forma Agrária, com 15.000 manife stante s. Iniciada e m Goiânia, marcharam 200 km até Brasília. Pe lo caminho, arre be ntaram ce r­ cas e acamparam e m faze ndas, me smo se m autorização dos proprie tários. C oncluíram a marcha no prazo pre visto, com uma logística de faze r inve ja a muitos e xércitos. O movime nto promove u manife staçõe s e m Brasília, se ndo contido pe la polícia quando da te ntativa de invasão do C ongre sso Nacional. R e alizou que i­ ma de bande iras de paíse s amigos e de organizaçõe s nacionais, além de arrua­ ças dive rsas, o que não o impe diu dc te r se us re pre se ntante s re ce bidos pe lo pre side nte da R e pública, a que m apre se ntaram inúme ras e xigências. No de corre r de 2004, surgiu o prime iro e scândalo, o dos bingos, que e n­ volve u Waldomiro Diniz e , por tabe la, se gundo a impre nsa, re spingou no todo pode roso che fe da C asa C ivil, o e ntão ministro J osé Dirce u. Não ficaria some nte nisso. O s anos de 2005 e 2006 foram anos críticos para o gove rno Lula. A crise re come çaria com de núncias contra o de putado R obe rto J e ffe rson, e nvolve ndo pagame nto de propinas no C orre io. J e ffe rson, por sua ve z, se ntindo-se traído pe lo gove rno, de nunciou um e sque ma de corrupção e nvolve n­ do políticos da base aliada do gove rno: a distribuição, se gundo e le , dc propinas para de putados votare m e aprovare m me didas de inte re sse do gove rno. O e s­ que ma re ce be u o nome de “me nsalão”. E ra com a ale gada distribuição de dinhe i­ ro, a maioria e m pape l moe da - que não de ixava rastro, não assinava re cibo, ne m incriminava -, que , se gundo as de núncias, o e xe cutivo obtinha apoio na C âmara dos De putados para aprovação de suas propostas. R e pito, 2005 e 2006 foram críticos para o PT e para o gove rno Lula. T e n­ tou-se , de todas as mane iras, pre se rvar o Palácio do Planalto e o pre side nte , sob a inócua justificativa de que nada sabia. Assim me smo, me mbros de se u gove rno, como o ministro J osé Dirce u, o ministro Luiz Gushike n, Antonio Palocci e funcionários do se gundo e scalão, caíram como pe ças de dominó. Na C âmara, de putados foram re lacionados e m uma lista de prováve is cassados. O prime iro foi R obe rto J e ffe rson c logo a se guir J osé Dirce u, que re assumira se u mandato de de putado. O utros re nunciaram para e vitar a A ve rdade sufocada - 529 cassação, inclusive o pre side nte da C âmara, Se ve ri no C avalcanti e o pre side n­ te do Parlido Libe ral (PL), Valde mar C osta Ne to. As C omissõe s Parlame nta­ re s dc I nquérito continuam, mas, como ninguém passa re cibo dc atos como e sse s, as provas não se mate rializam, ape sar dos indícios se re m fortíssimos. Apare ce u dinhe iro e m todos os lugare s. De pósitos e m contas, malas e m hotéis, de z milhõe s de re ais e m um avião, 200 mil re ais e m uma pasta e m pode r de J osé Adalbe rto Vie ira da Silva e , pasme m, 100 mil dólare s e scondidos na cue ca que usava. J osé Adalbe rto'e ra asse ssor parlame ntar do de putado J osé Nobre Guimarãe s, líde r do PT na Asse mbléia Le gislativa do C e ará. J osé No­ bre é irmão de J osé Ge nuíno, na época pre side nte do PT . De cididame nte , não foram os me lhore s anos para Lula e o PT , havia e mpréstimos milionários no Banco R ural, fe itos e m nome de M arcos Valério, um dos donos de uma agência de publicidade , avalizados por De lúbio So­ are s, te soure iro, e J osé Ge noíno, pre side nte do PT . De lúbio foi de mitido e Ge noíno pe diu de missão. Nos de poime ntos das C PIs, ninguém sabia o que se passava com a contabilidade do partido. Ninguém sabia como as contas de campanha e ram pagas. Na ve rdade , ninguém viu, ninguém sabe e te m raiva de que m de viu, sabe ou que r sabe r. A popularidade do pre side nte de spe ncou, o que suge re , para parce la da população brasile ira, que o pape l de Lula. no “e scândalo do mcnsalão”, foi no mínimo de omissão. “Gove rno Lula lide ra ranking mundial de pe rda de confiança. Uma pe squisa divulgada pe lo F órum E conômico M undial ne s­ ta quarta-fe ira apre se nta o Brasil como o país cm que houve a que da mais ace ntuada na confiança da população no gove rno e ntre 2004 e 2005.” (BBC Brasil.com - 14 de de ze mbro, 2005) De maio de 2005 até o final do ano, o gove rno parou. No C ongre sso, nas ruas, nas te le visõe s e jornais some nte se ouviu falare m “me nsalão”. Agora, ano de e le içõe s, Lula procura ganhar te rre no, com obras fe itas às pre ssas, se m licitação, para se re e le ge r. Ve jamos o que diz a re spe ito o E ditorial da Folha de São Paulo (22/ 02/2006): “A tática do de spiste O aume nto maior do salário mínimo, a ope ração tapa-buraco nas c.it.idas. o subsídio à contratação de e mpre gados domésticos. 530'C arlos Albe rto Brilhante Ustra a corrida para e spalhar “farmácias populare s”. A máquina e le ito­ ral do pre side nte da R e pública funciona a ple no vapor. Sua e stra­ tégia re úne a re ce ita usual dos políticos e m sua condição - acumu­ lar a toque de caixa “re alizaçõe s” para e xibir na campanha - é a tática do de spiste . E sta consiste e m e rigir e ntre o e le itorado e a re ce ntíssima histó­ ria política um ante paro re ple to de slogans, cifras e comparaçõe s com o passado e scolhido a de do. O obje tivo é de sviar os olhare s dos de scalabros éticos praticados na e sfe ra fe de ral a favor do consór­ cio de pode r do pre side nte Luiz Inácio Lula da Silva...” E , como o próprio Lula diz que home m público faz campanha todos os dias do ano, Viilas-Bôas C orrêa, do Jornal do Brasil de 22/02/2006, e scre ve , e m se u artigo: “A e me nda no sone to de Lula ...C omo não há obras prontas a inaugurar, o candidato pe rcor­ re acampame ntos de ope rários e m se is e stados do Norde ste para dar uma olhada no andame nto do programa de e xte nsão das uni­ dade s unive rsitárias. O nde não e ncontra o que ve r, o je ito é inau­ gurar novas prome ssas. E a cada parada, um improviso...” Para comple tar, o PT , que se mpre se auto-intilulou o partido da ética e da moralidade , foi surpre e ndido com novas publicaçõe s sobre o se qüe stro e a morte do pre fe ito de Santo André, C e lso Danie l. M orte , até hoje não e sclare cida, que alguns procuram abafar, e nquanto outros procuram apurar. Se te pe ssoas ligadas ao caso - te ste munhas, possíve is se qüe stradore s, um garçom, um pe rito - morre ram de forma não natural, como sc houve sse um plano arquite tado para dificultar novas inve stigaçõe s conduzidas pe lo minis­ tério públicoe impe diro indiciame ntodos ve rdade iros re sponsáve is. A re spe ito do assunto, o Jornal de Brasília, de 22/02/2006, publicou o se guinte : “Nova de núncia contra o PT E m de poime nto à C PI dos Bingos, o e mpre sário Antônio Braga confirmou, onte m, que pagou uma “caixinha” para a pre fe itura pe tista de Santo André/SP, no valor de R $ 100 mil me nsais. O s pagame ntos te riam ocorrido e ntre o se gundo se me stre de 1997 e abril do ano 2000. Braga acre sce ntou que a e mpre sa de transpor­ te s urbanos Nova Santo André, formada por um consórcio de se te A ve rdade suloe aiki - 531 e mpre sários, te ria contribuído com mais de R $ 3 milhõe s para o caixa 2 do PT . Página 11.” “...E le informou que os arre cadadore s de ste s re cursos e ram o cx-se cre tário da pre fe itura de Santo André, Klinge r, e o e mpre sá­ rio R onan C osta Pinto, que também inte grava o consórcio. O e m­ pre sário afirmou não sabe r se o pre fe ito C e lso Danie l sabia pe s­ soalme nte da cobrança de re cursos de caixa 2 das e mpre sas de transporte s urbanos de Santo André.” O brasile iro te m a me mória fraca. O que e starre ce é que o uso e le itoral da máquina do gove rno de u ce rto, pois Lula re ve rte u, a partir de fe ve re iro de 2006, a sua de cadência nas pe squisas dc inte nção de votos. Ne m me smo as de núncias de novos e scânddalos no pe ríodo da campa­ nha e le itoral nos dias que ante ce de ram o prime iro turno das e le içõe s, aba­ laram a cre dibilidade de Lula. O e scândalo do Dossiê Ve doin, como ficou conhe cido, ganhou as man­ che te s de toda a mídia. F oi a de scobe rta da te ntativa de compra de um falso dossiê que se ria utilizado para incriminar os candidatos do PSDB a gove rnador de São Paulo e à Pre side ncia da R e pública. O e scândalo e nvolvia militante s do PT e dire tame nte o asse ssor e spe cial da Se cre tária Particular de Se gurança do Pre side nte , F re ud Godoy, se u se cre tario particular. Além de F re ud, que não e xplica o falo, foram e nvolvidos, também, Ge dimar Passos, funcionário graduado do comitê de re e le ição de Lula e J orge I .orcnze tli, che fe de um se tor catarine nse do comitê c churrasque ira de plantão do pre side nte Lula. No ato da e ntre ga do dinhe iro, foi apre e ndida a quantia de um milhão e se te ce ntos mil, cm dólare s e re ais, que se riam usados para pagar o dossiê que , se utilizado, pode ria de se quilibrabar a campanha dos cadidatos do PSDB. A Pol ícia F e de ral, me smo pre nde ndo e m flagrante o portador c os re ce pta­ dore s do dinhe iro não conse guiu, até o mome nto, jane iro de 2007, ide ntificar a orige m da mala de dólare s e re ais. Ne m isso abalou a cre sce nte popularidade do Pre side nte que , como se m­ pre , ape sar da proximidade dos protagonistas da façanha, não soube e não viu nada. H o que nós soube mos disso tudo é que o grupo foi classificado por e le de “aloprados". Ape sar disso. Lula foi re e le ito no se gundo turno. Os sem-terra sem limites Bruno da C osta dc Albuque rque M aranhão, ide alizador e líde r da inva­ são da C âmara dos De putados pe lo M ovime nto de Libe rtação dos Se m- T e rra, nunca foi agricultor, muito me nos camponês. E e nge nhe iro, fiihode usine iro e te m uma história pródiga como agitador, subve rsivo, te rrorista e , atualme nte , e xplorador e manipulador político e ide ológico de pe ssoas humil­ de s da zona rural do norde ste . Na década de 60 foi da Ação Popular (AP). E m 1967, participou da I a R e união Nacional da organização te rrorista C orre nte R e volucionária, que de u orige m ao Partido C omunista Brasile iro R e volucionário(PC BR ), onde inte grou o C omitê C e ntral e fe z parte da sua C omissão E xe cutiva. Sua militância no PC BR come çou na Guanabara e , de pois, se e ste nde u a Pe rnambuco, onde dirigiu e coorde nou inúme ras açõe s armadas. C om o AI-5, ingre ssou na clande stinidade , morando e m “apare lhos” e m vários e stados. No início da década de 70, se m nunca te r sido pre so, fugiu para o e xte rior. R e sidiu no C hile e de pois gozou as de lícias da vida e m Paris, até a anistia, quando re tornou ao Brasil e m agosto de 1979. Na volta, ajudou a fundar o Partido dos T rabalhadore s - PT -, um partido que “tornou-se um verdadeiro saco de gatos"..., se gundo a re vista IST O E de 05/08/1987, página 28 - re portage m “Gosto pela sombra Bruno M aranhão te ve se mpre participação de stacada no PT : e ntre 1983 e 1985 pre side nte do partido e m Pe rnambuco; ainda na década de 80 can­ didato a se nador e a pre fe ito de R e cife ; e m 2006 me mbro da E xe cutiva e Se cre tário de M ovime ntos Populare s. F oi pe rmane nte me nte pre stigiado pe lo PT , e m e spe cial pe los se us dirige nte s e pe las te ndências mais radicais que se abrigam no Partido. E m março de 1990, Bruno M aranhão participou dc uma re união do C o­ mando C e ntral do PC BR , organização que no PT intitula-se “Tendência Bra  sil Socialista” e e dita, cm nome do u Instituto de Estudos Políticos Mário Alves”, a “Revista Brasil Revolucionário E m 23 de agosto de 1997, Bruno M aranhão e M anoe l da C once ição San­ tos, também e x-me mbro da AP e fundador do PT , criaram o M LST , braço armado do PC BR na áre a rural. O M LST atua e m vários e stados, com de staque para Bahia, M aranhão, R io Grande do Norte , São Paulo, Goiás, M inas Ge rais, R io Grande do Sul e T ocantins. Suas açõe s são cada ve z mais fre qüe nte s e audaciosas. Invade m faze ndas, bloque iam e stradas e ocupam órgãos públicos como o Incra, o M inistério da F aze nda c o M inistério do De se nvolvime nto Agrário. A ve rdade sufocada * 533 T ranscre vo a se guir, tre cho da matéria» de autoria de Policarpo J únior, publicada na re vista Ve ja de 20 de abril de 2005, sobre a invasão do M inis­ tério da F aze nda: “O que se viu na E splanada dos M inistérios é banditismo, que me re ce uma re ação do gove rno. O vandalismo dos se m-te rra é uma violação da orde m constitucional do país, além, é claro, de um ultraje simbólico de tratar o mais importante ministério da R e públi­ ca, guardião da moe da, do T e souro e do O rçame nto do país, como se fosse um bote quim de be ira de e strada(...)" T odo e sse vandalismo é financiado com impostos pagos pe los contribu­ inte s. O s militante s do M LST age m com o patrocínio do Gove rno F e de ral. Após a invasão do M inistério da F aze nda, some nte a ANAR A - Associação Nacional de Apoio à R e forma Agrária -, fundada por militante s do M LST , re ce be u 5 milhõe s e 700 mil re ais do Gove rno F e de ral. Ape sar da re provação da socie dade , e m 9 de julho de 2005, 14 líde re s do M LST foram re ce bidos no Palácio do Planalto pe lo pre side nte Lula, durante duas horas. O Pre side nte , aiém de ve stir o boné do M LST , autografou bonés dos militante s, le vantou a bande ira do movime nto e posou para fotografias com os líde re s. M as, não é some nte apoio moral que e sse grupo re ce be . O Gove rno F e de ral de stinou 9 milhõe s de re ais ao movime nto. C om tantas açõe s se m ne nhuma punição, se mpre re ce bido no Palácio do Planalto, amigo do pre side nte , pre stigiado, faze ndo parte da E xe cutiva do PT e dirigindo a Se cre taria dc M ovime ntos Populare s, Bruno M aranhão fe z do radica­ lismo político e da violência re volucionária as dire trize s para as suas bade rnas. Plane jou, organizou c e xe cutou a maior e a mais viole nta agre ssão ao C on­ gre sso Nacional. C om ce rca de 600 militante s do M LST , no dia 06/06/2006, invadiu, de pre dou e vilipe ndiou a C âmara dos De putados, de ixando, por onde passava, um rastro dc de struição e 26 fe ridos, um de le s, o se gurança Normando F e rnande s, que te ve afundame nto do crünio e passou dois dias na UT I. O tumulto durou ce rca de duas horas. O Pre side nte da C âmara, Aldo R e be lo vive nciou, como re sponsáve l maior pe la se gurança da C âmara dos De putados o que aconte cia nas ruas nas déca­ das de 60 e 70. F oi firme , como o se u cargo e xigia. T omou me didas que se us corre ligionários se mpre criticam. O s bade rne iros, de pois de ce rcados pe lo Batalhão dc C hoque da Polícia M ilitar, foram de tidos e le vados para um ginásio - home ns, mulhe re s, idosos e crianças e o próprio Bruno M aranhão -, onde foram re vistados e de pois e ncaminhados para o pre sídio. ( 'uriosame nte , cm razão da violência das açõe s, não houve por parte dos congre ssistas criticas à prisão. 534-C arlos Albe rto Brilhante Ustra O s militante s foram autuados por danos ao patrimônio público, formação dc quadrilha e corrupção de me nore s, já que havia e ntre os 579 participante s 42 crianças e adole sce nte s. O s líde re s também foram autuados por te ntativa de homicídio. No total. 537 arruace iros foram e nviados para a pe nite nciária. O ite nta e um inte grante s do M LST , conside rados re sponsáve is pe lo plane ja­ me nto e e xe cução da invasão, foram e nquadrados na [j c \ de Se gurança Nacional, criada durante o re gime militar, que pare ce se r ne ce ssária até os dias atuais. O J ornal O Globo publicou, no dia se guinte , 07/06/2006, e m sua prime ira página, com de staque , o se guinte : "O pinião A invasão do C ongre sso por militante s se m-te rra te m de se r vista na sua ve rdade ira dime nsão. Não é ape nas grave . A de pre dação de um dos símbolos da R e pública vai além dc um crime pre visto no C ódigo Pe nal e re fle te a postura de sse s movime ntos contra o e stado de dire ito e a de mocracia. M as não surpre e nde que te nha aconte cido. A le niência de au­ toridade s com a suce ssão de atos ile gais e cre sce nte me nte vio­ le ntos que vêm se ndo come tidos pe lo M ST e similare s se rve de e stímulo para açõe s mais ousadas.C omo a de onte m. Que o E xe cutivo, o L e gislativo e o J udiciário e nte ndam agora o risco que o país corre pe lo fato de a le i não vale r para todos.” A R e vista Ve ja de 14/06/2006. oito dias após a invasão e a violência contra o C ongre sso e a Nação, assim se manife stou: “...Portanto, a re sposta é outra: os se m te rra promove ram a bade rna contra o alvo de te rminado porque e m sua cartilha e e m sua visão de mundo não e xiste lugar para o C ongre sso. T ambém não e xiste lugar para a libe rdade de e xpre ssão, para unive rsidade s li­ vre s, para laboratórios dc pe squisa ou para progre sso cie ntífico../' “...O s se m-te rra têm a lógica do te rrorismo, do autoritarismo. Que re m ocupar o E stado pe la violência, com métodos ultrapassa­ dos. Não ace itam o diálogo com que m te m pe nsame nto dife re n­ te ”, afirma o profe ssor c filósofo R obe rto R omano, da Unive rsi­ dade E stadual de C ampinas. Na mão de ssas organizaçõe s de se m-te rra. a re forma agrá­ ria. e m ge ral, é ape nas um pre te xto dc lula. cujo obje tivo I iiuil e a levoluçan '* I A ve rdade sufocada - 535 C om tudo isso, pouco mais de um mês de pois todos já e stavam e m libe rda­ de , inclusive Bruno M aranhão, que anunciou a inte nção dc proce ssar o E stado. O jornal ‘'O Globo” (página 10) de 19/07/2006, mais uma ve z se manife s­ tou sobre o assunto, do qual de staco a se guinte transcrição: “...Na libe rtação do líde r e de militante s, pre sos por causa da de pre dação do C qngre sso. apare ce u mais um e lo prováve l e ntre gove rno e M LST : ge stõe s da O uvidoria Agrária Nacional, do M i­ nistério do De se nvolvime nto Agrário, le varam a J ustiça a libe rar o grupo, contra a vontade de procuradore s fe de rais. O M inistério agiu como apare lho e não como parte do E stado brasile iro. M aranhão saiu da cade ia e anunciou que trabalhará para a re e le ição de Lula. É como se fosse um ge sto de gratidão.” Além das ame aças e das agre ssõe s, no campo e na cidade , re alizadas pe lo M LST e outros, ainda corre mos o risco de , futurame nte , te rmos que pagar inde nizaçõe s por danos morais, por traumas e m crianças e danos psicológicos a be bês e m ge stação (se algumas das mulhe re s pre sas e stive sse m grávidas, na época da prisão), como vêm faze ndo atualme nte e x-subve rsivos-te rroristas das décadas de 60 e 70 e alguns de se us filhos. O sile M ídia Se m M áscara divulgou, e m 25/07/2006, a matéria “ M LST , PT e F oro de São Paulo”, dc autoria de Ipojuca Ponte s, datado de 12/06/ 2(X)6, do qual e xtraio, parcialme nte , o te xto a se guir transcrito: “O PT , partido de dupla moralidade (que diz uma coisa e faz outra), logo após os atos criminosos que de struíram a C âmara, le vada de roldão pe los militante s do M LST , a prime ira providência que tomou foi re tirar do se u site , na Inte rne t, parte da página que mostrava “Que m é Que m” na nova C omissão E xe cutiva Nacio­ nal, pre sidida pe lo lustroso R icardo Be rzoini. E xplica-se a re tira­ da: é que , e m ple na campanha de re e le ição pre side ncial, constava no site do partido o pe rfil biográfico de Bruno M aranhão, líde r do sanguinário que bra-que bra do dia 6 e figura e le ita para cuidar da Se cre taria dos M ovime ntos Sociais, se tor conside rado e stratégico na hie rarquia e xe cutiva do PT .” “O pe rfil e xposto (e re ti rado) no si te do PT não i nformava nos l e i tore s que , al ém de vi ol e nto, Bruno M aranhão e ra fi l ho de ti si ne i m e . quando na cl ande sti ni dade , assal tante de hane o M as. 536-C arlos Albe rto Brilhante Ustra e m substância, o que vale re ssaltar é que na última re união do F oro de São Paulo, ocorrida e m Porto Ale gre , o te ma do avanço incondicional da “ re forma agrária”. Na le i ou na marra, foi con­ side rado pe los se us inte grante s de vital importância, e sua de flagração, no e stratégico ano de 2006, de prioridade máxima “para se e stabe le ce r o socialismo na América Latina.” “A palavra de orde m, profe rida e ntre os militante s, foi a de se ade nsar as invasõe s e m massa, na cidade e nos campos, que m sabe saltando-se da “gue rra civil de baixa inte nsidade ” - confor­ me proclamou e m te mpos idos Gilmar M auro,um dos líde re s dos Se m T e rra - para o que os analistas da violência no mundo mode r­ no e stão chamando de “G4G” - a Gue rra de Quarta Ge ração, onde não se distingue mais o que é gue rrilha, gue rra conve ncional, ação te rrorista ou simple s ato de provocação.” “Para concluir: só um inoce nte útil vai e xcluir do e pisódio de Brasília a ação plane jada das re volucionárias e ntidade s não-e sta- tais, agindo de forma global, e acre ditar que M aranhão fe z tudo de sua cabe ça, com a ajuda de bate -paus e falsos Se m T e rra. O u ainda me lhor: conte star que o Brasil não ingre ssou, de fato, no ce nário be licoso da Gue rra de Quarta Ge ração, a famige rada “G4G”... Se gundo le vantame nto fe ito pe lo M inistério do De se nvolvime nto Agrário, já são 71 os grupos de se m-te rra que atuam no país. Uma força militarme nte tre inada e armada, apare nte me nte , com facõe s, foice s e e nxadas, que se gundo e le s, são fe rrame ntas de trabalho, mas, quando ne ce ssário, se transformam e m armas, como e m Porto Ale gre , quando um se m-te rra, com uma foice , de capi­ tou o cabo da Brigada M ilitar Valdcci de Abre u Lope s, no dia 8 de agosto de 1990, na R ua da Praia, no ce ntro de Porto Ale gre . O M ST de hoje e outras dissidências de grupos de se m-te rra, nada mais são que uma e dição me lhorada das Ligas C ampone sas. C om uma dife re nça, o F ran­ cisco J ulião de hoje , J oão Pe dro Stédile ,é re ce bido na E scola Supe rior de Gue r­ ra, anda de avião, te m me ios de comunicaçõe s mode rnos, e scolas para os se m- te rrinhas, faculdade s para formar líde re s e um núme ro dc ade ptos tre inados sig­ nificativame nte maior. E oE xército Popular de Libe rtação que as organizaçõe s te rroristas da década de 70 tanto aspiravam e nunca conse guiram criar. Stédile , com todos os re cursos re ce bidos, já se arvora até e m apoiar o pre side nte E vo M orale s. F ábio Guibu, da Age ncia F olha, e m R e cife , assim se manife sta sobre o M ST e J oão Pe dro Stédile : A ve rdade sufocada - 537 “O coorde nador do M ST ( M ovime nto dos T rabalhadore s R u­ rais Se m T e rra), J oão Pe dro Stédile , ofe re ce u ajuda ao pre side nte da Bolívia, E vo M orale s, e m e ve ntuais açõe s de se u gove rno con­ tra “e mpre sas capitalistas” instaladas naque le país.” “A re ve lação foi fe ita no sábado, num asse ntame nto do M ST , e m C aruaru (136 km de R e cife , PE ), pe la pe diatra cubana Ale ida Gue vara, filha de E rne sto C he Gue vara. Se gundo e la, durante a crise provocada pe la nacionalização da produção dc gás e pe tró­ le o da Bolívia, Stédile ligou para M orale s, que lhe te ria dito que “as diferenças não eram com o povo brasileiro, mas com as empresas capitalistas. ” “E m re sposta, Stédile te ria de clarado que , se o pre side nte ne ­ ce ssitasse do povo brasile iro, pode ria contar com o M ST , ‘V/hét tem treinado nesse aspecto As açõe s de se nvolvidas pe lo M ST , e por outros movime ntos de le de riva­ dos, são tão e loqüe nte s, anárquicas, viole ntas e criminosas quanto as re pe rcus­ sõe s junto a Nação e a indife re nça com que as autoridade s, os órgão de se gu­ rança e e xpre ssiva parce la da mídia tratam do te ma e m que stão. O proble ma é muito mais sério do que se possa imaginar. Ve jamos o que o Globo publicou, no dia 8/4/2006, página 9, sobre o assunto: “Acampame nto no sul te ria armas C hico O live ira Porto Ale gre - De pois de te r sido invadida oito ve ze s, a F a­ ze nda Gue rra, e m C oque iros do Sul (R S), voltou a se r de pre dada no domingo. A faze nda e stá ce rcada por dois acampame ntos do M ST , um e m áre a comprada pe lo movime nto e outro e m áre a ce dida por um morador. Nas proprie dade s do M ST , se gundo de núncias fe itas à polícia de C arazinho, há armas de dive rsos calibre s. Dois e x-acampados, C le omar Soare s e Le andro Silva, também confirmaram a pre se n­ ça de dois e strange iros no comando das ope raçõe s táticas do M ST , como construção de trinche iras, pre paração dc bombas e grana­ das case iras que têm sido usadas contra a polícia...” F az se ntido, particularme nte se conside rarmos, re portage ns de M aria C lara Prale s, publicadas nos jornais C orre io Brazilie nse e E stado de M inas, dc 30 538-C arlos Albe rto Brilhante Ustra e 31 de outubro dc 2005, sobre a pre se nça no Brasil de militante s das F orças Armadas R e volucionárias da C olômbia - F AR C - tre inando gue r­ rilhe iros. E ssa pre se nça te m sido uma constante para os traficante s de drogas e ar­ mas na Amazônia e também e ntre os militante s dos movime ntos sociais, inclu­ indo líde re s do M ST . O s ce ntros de tre iname nto e stão localizados nas fronte iras do Brasil com o Paraguai. R e latórios de autoridade s re gistram a ocorrência de cursos de técnica de gue rrilha na re giào de Pindoty Porá, no Paraguai, fronte ira com M aio Grosso do Sul e Paraná. São cursos de prime iros socorros c contra-in­ formação para os inte grante s do M ST dos e stados de M ato Grosso, M aio Grosso do Sul e Paraná. O utro curso, basicame nte sobre técnicas dc gue rrilha urbana, te ria sido re ­ alizado e m agosto de 2005, de stinados a inte grante s de quadrilhas que distribu­ e m drogas e m São Paulo e no R io de J ane iro. J á e xiste m indícios para se acre ditar que e ssas técnicas foram aplicadas e m São Paulo, nas arruaças de maio e de julho de 2006. Autoridade s paraguaias e bra­ sile iras têm conhe cime nto que as F AR C e stão te ntando, com sua e xpe riência de 40 anos de gue rri­ lha, criar as F orças R e volucioná­ rias da América - F R A -, que re u­ niriam re pre se ntante s dos movi­ me ntos populare s e de outras or­ ganizaçõe s do Brasil, Ve ne zue la, C hile , Uruguai e Arge ntina. As F R A difundiriam e ntre as forças re be lde s uma ide ologia re voluci­ onária para a América Latina. F onte s da Inte ligência da Briga­ da M ilitar (Polícia M ilitar do R io Grande do Sul) de scobriram que a atuação do M ST no R S te m o apoio de organizaçõe s e strange iras, como as F AR C e a Via C ampe sina. O M ST pre te nde “libe rtar” e e xe rce r O domínio te rritorial ,no Nonnando: Funcionário da Câmara há 13 pe ríme tro que abrange se us 31 anos teve comulçòes depois da agressão J . B a t i s t a / A g . C â m a r a C o r r e i o B r a z i i i e n . s e A ve rdade sufocada - 539 acampame ntos e ntre os municípios das M issõe s, Irai, Nonoai, E ncruzilhada, Natalino, Pontào e Passo F undo. Isso e xplica a insistência cm tomar a F aze nda C oque iro, da família Gue rra, e m C arazinho. C om isso, o M ST pre te nde criar um te rritório libe rado que irá de M ato Grosso do Sul ao Uruguai, sobre o qual os gove rnos fe de ral e e stadual não te rão inge rência, a e xe mplo das “áre as libe radas” da C olombia. O M ST invade , come te crime s, faz re féns, rouba, de pre da. Se us me tódos são os me smos da gue rilha rural. F onte s: C orre io Brazilie nse , J omal E stado de M inas www.midiase mmascara.com.br www.te muma.com.br www.polibiobraga.com.br iâL 0* «zécvthra n*don*l do PT · coorttrucor Co M LST , «o m p n tc K*o » ‘Não me arrependo de nada’ “Pe tista Bruno M aranhão te ve dire ito a cade ira e spe cial na posse , passa­ ge m e hospe dage m pagas pe lo gove rno. R e sponsáve l pe la invasão do C on­ gre sso no ano passado, que acabou com de pre dação das instalaçõe s da C â­ mara, o líde r do M ovime nto de Libe rtação dos Se m T e rra (M LST ), Bruno M aranhão, te ve dire ito a cade ira e spe cial re se rvada a convidados vips da Pre ­ sidência na sole nidade de posse no Palácio do Planalto...” Por E vandro Éboli e M arta Be ck - O GLO BO - 02 de jane iro de 2007 lndenizações...até quando? A Le i 6683 dc 28 de agosto de 1979, a parlir do gove rno de F e rnando He nrique , que criou a C omissão de Anistiados Políticos, ve m se ndo ignora­ da e de turpada. A C omissão de Anistia acaba de inde nizar mais um grupo de se te pe s­ soas da me sma família, e nvolvido com a lula armada nos anos 70. Inclusive dois de le s, autore s confe ssos, pre sos e m flagrante praticando um crime con­ side rado he diondo, - o se qüe stro. Ve jam a re portage m abaixo, publicada no jornal O Globo, de 08/12/2006: “Anistia inde niza se te de uma me sma família De cisão be ne ficia e x-gue rrilhe iros J e ssie c C olombo e cinco pare nte s pe rse guidos, torturados ou e xilados na ditadura BR ASILI A. A C omissão de Anistia aprovou onte m uma inde ni­ zação para os e x-gue rrilhe iros J e ssie J ane e C olombo Vie ira de Souza e outros cinco familiare s do casal. E le s tive ram re conhe cida condição de anistiados políticos. Ao lodo, tramitam na comissão pro­ ce ssos de 14 inte grante s da me sma família que , durante a ditadura, foram pe rse guidos, pre sos, torturados e vive ram naclande stinidade ou no e xílio. C olombo te rá dire ito à inde nização de R S 100 mil. J e ssie vai re ce be r um be ne fício me nsal e mais um valor re troativo que ainda se rão calculados. E le s ficaram conhe cidos pe la te ntativa frustrada de se que s­ trar um avião da e mpre sa C ruze iro do Sul. no Gale ão, cm julho de 1970. Na fracassada ope ração, e la simulou e star grávida e carre gava armas e scondidas no corpo. C olombo le vava uma arma no sapato. Dois outros gue rrilhe iros morre ram na ação, após troca de liros com policiais. O comandante do avião ficou fe rido. O s quatro e ram militante s a Ação de Libe rtação Nacio­ nal (ALN) e foram conde nados a 18 anos de prisão. Passaram nove anos na cade ia. Víde o do casal dando banho na filha provoca e moção A se ssão que aprovou a anistia para a família foi marcada pe la e moção. Durante a re união, foi e xibido um víde o, inédito até ago- 542-C arlos Albe rto Brilhante Ustra A ve rdade sufocada - 543 ra, com image ns do casal com a filha re cém-nascida, Le ta, na cade ia, e m jane iro de 1977. O filme , de se is minutos, foi gravado na Pe nite nciária T alave ra Bruce , no R io. São image ns de J e ssic e C olombo dando banho no be be . J e ssie também apare ce amame n­ tando a filha.(...) De dico e sta de cisão a todas as mulhe re s brasile iras J e ssie e C olombo ficaram pre sos durante nove anos. E la é a militante política que ficou mais te mpo pre sa durante a dita­ dura. E le s ficaram pre sos também e m Ilha Grande . F oram tor­ turados no De stacame nto de O pe raçõe s de Informaçõe s do C e ntro de O pe raçõe s de De fe sa Inte rna (DO I-C odi). Para se casare m, e m 1972, foi pre ciso uma autorização judici­ al. Le ta nasce u e m 76, numa clínica no R io, mas sob forte vigilân­ cia policial e tortura psicológica. C olombo foi le vado para o Pre sí­ dio F re i C ane ca e , com a diste nsão política no gove rno Ge ise l, podia visitar a mulhe r e filha no T alave ra Bruce . C om base nas image ns do víde o, a filha do casal, hoje com 30 anos, re ivindica também inde nização na C omissão de Anistia. O caso de la não foi julgado onte m. O pre side nte da comissão. M arce lo Lave nère , dis­ se que o proce sso pre cisa se r me lhor analisado. Após a aprovação, J e ssie chorou muito e de sabafou. - De dico e sta de cisão a todas as mulhe re s brasile iras, mãe s, e sposas, noivas e filhos dos que se sacrificaram para o Brasil me ­ lhorar - disse . C olombo, durante a se ssão, falou da te ntativa do se qüe stro do avião. - F oi um ble fe , talve z. Não tínhamos inte nção de matar nin­ guém. T e ríamos que ir e mbora do Brasil, para não se rmos mortos, mas não se m ante s faze r alguma coisa - disse C olombo. E ntre os outros casos aprovados onte m, e stão os proce ssos das mãe s dos dois e x-gue rrilhe iros: Le ta. mãe de J e ssie , e Inah M e ire llcs de Souza, mãe de C olombo, que sofre u tortura psicoló­ gica e re ce bia visitas pe rmane nte s dc age nte s da re pre ssão, que te ntavam tirar informaçõe s de la sobre militante s políticos. A co­ missão também aprovou inde nização para dois irmãos de J e ssie e um amhadn." 544*C arlos Albe rto Brilhante Ustra Vamos aos fatos: O Se qüe stro O s quatro se qüe stradore s compraram no dia 30 de junho de 1970 as passage ns para o vôo do C arave lle . A rota se ria R io-Bue nos Aire s, com e scala e m São Paulo. As 8.30 horas do dia I o de julho, e mbarcaram no Gale ão. J e ssie se fingia de grávida, com um ve stido largo, que e scondia as armas. Vinte minutos após a de colage m, in­ vadiram a cabine com as armas nas mãos e anunciaram o se qüe stro, e xigindo do comandante Harro C yranka a volta ao Gale ão. Que riam o re sgate de 40 pre sos e m troca dos passage iros. O avião voltou e pousou no Gale ão, onde já os e spe ravam tropas da Ae ro­ náutica. A pista foi cobe rta com are ia e o avião foi ce rcado por soldados da Ae ronáutica. O s se qüe stradore s, acostumados com o suce sso de outros se - qüe stros, quando outros aviõe s foram de sviados para C uba, não e spe ravam por e ssa re ação. O prazo dado para a re ndição e e ntre ga dos re féns foi até às 15 horas. Na hora marcada, o avião foi e nvolto por uma cortina de e spuma. M uita fumaça e scura invadiu a ae ronave , impe dindo a visibilidade no se u inte rior. Um capitão, com um maçarico, abriu a porta e , juntame nte com alguns solda­ dos, invadiu o apare lho. F im da ação: o comandante do avião fe rido na pe rna e o se qüe strador E raldo Palha F re ire e ncontrado no banhe iro, se ria­ me nte fe rido. O s outros três se qüe stradore s foram pre sos. Ao contrário do que diz a re portage m, o único morto na ação foi E raldo Palha F re ire que fale ce u três dias de pois, e m conse qüência dos fe rime ntos, (“dos filhos de sse solo” - Niimário M iranda e C arlosT ibúrcio). Pe rante a C omissão de Anistia tudo muda. As ve rsõe s são romance a­ das, “as pobre s vítimas inoce nte s se mpre foram torturadas”, fize ram isso ou aquilo para não morre re m. Analise mos a re portage m usando ás próprias palavras de J e ssie J ane , e m e ntre vista a Luis M acklouf C arvalho, no livro “M ulhe re s que foram a luta armada”, publicado e m 1998, ante s da Le i das Inde nizaçõe s. “Nós fizemos o que o Marighella mandava fazer. Foi uma ação independente, dentro do quadro da violência necessá  ria e legitima. ” A verdade sufocada · 545 “Havia o sonho de guerrilha no campo. O Toledo ainda não tinha morrido. Decidimos ir para Cuba. Todos nós éra  mos cubanófilos. Tinha mn grupo da ALN em Cuba e quería  mos chegar (...) “Nós queríamos ir para Cuba fazer treinamento, vol  tar com a ALN. Era isso. pensamos no seqüestro nessa di- mensão.(...),f (...) "Outras pessoas já tinham feito sequestros antes de nós. Nós não inauguramos. Nós fomos os últimos. ” (...) " todo o projeto da esquerda armada foi ttm processo inconsistente, porque não estava baseado no convencimento das massas. A concepção de partido leninista era complica  da. Vanguarda iluminada, uma concepção elitista da política. Nada tinha a ver com o que estava se passando na cabeça da população. Tanto é que o Médici era hm presidente extrema  mente benquisto. "(...) Voltando à história de J e ssie J ane e C olombo. E la, após a prisão, foi para o Pre sídio T alave ra Bruce , e m Bangu, e C olombo foi para o Pre sídio da Ilha Grande . E m 1972 casaram-se e continuaram pre sos. A “ditadura sanguinária” pe rmitia que C olombo fosse passar os fins de se mana e m Bangu. Às ve ze s, ficava até mais te mpo. E m 1976, da união nasce u afilha Le ta. J e ssie J ane , comoC riméia, também ale ga tortura durante o parto no hospital. No víde o J e ssie e C olombo apare ce m dando banho no be bê re cém-nasci­ do e e la, amame ntando a filha, hoje com 30 anos. que , se guindo o e xe mplo do filho de C riméia, também re que re u inde nização do E stado. J e ssie e C olombo continuaram na prisão até 9 de fe ve re iro de 1979, quan­ do foram be ne ficiados pe ia Le i da Anistia. E , agora, nós, contribuinte s, vamos e spe rar mais ce rca de 40.(X)0 re que ri­ me ntos de “torturados” e “pe rse guidos políticos” que hoje são “pobre s vítimas” de ssa “ditadura sanguinária” que se pre ocupava com visitas íntimas, e nxovais de be bés, batizados, fe stinhas de anive rsários, ce ias de natal. e tc”... Some nte de ssa família sào 14 proce ssos! A vingança dos derrotados C omo aconte ce e m todos os movime ntos onde os comunistas são de rrota­ dos, e le s iniciam a sua volta lutando pe la anistia, que , uma ve z conquistada, lhe s pe rmite vive r usando as libe rdade s de mocráticas que que riam de struir. Poste rior­ me nte . come çam uma virule nta campanha para de ne grir os que os combate ram, posam de vítimas e de he róis e faze m da me ntira e da calunia o se u discurso. Não de scansam e nquanto não conse gue m, por re vanchismo, colocar na prisão aque ­ le s que os combate ram e de rrotaram. Para isso, mudam as le is e até a própria C onstituição, o que é fe ito com a corrupção do Le gislativo e com o apoio de simpatizante s, e scolhidos a de do, para as mais altas funçõe s do J udiciário. Ao final de de ze mbro de 1972 o DO I de São Paulo e slava pre ocupado com o trânsito de gue rrilhe iros que . da capital paulista, e ram e ncaminhados para a áre a de gue rrilha do Araguaia, onde pre te ndiam e stabe le ce r uma áre a libe rada, se me lhante a ocupada, até os dias de hoje , na C olômbia, pe las PAR C . Durante e ssas inve stigaçõe s a gráfica clande stina do PC doB foi localizada e “e stourada”. O s re sponsáve is por e sse “apare lho de impre nsa” e ram M aria Amél ia T e le s e se u marido C ésar Augusto T e le s. Na ocasião, e stavam com e le s os dois filhos do casal - J anaína, de 5 anos, e E dson Luis, de 4 anos. E ra contato fre qüe nte do casal, C arlos Nicolau Danie lli, me mbro do C omi­ tê C e ntral do PC doB. que fize ra curso de Gue rrilha e m C uba e tinha e stre itas ligaçõe s com o casal e , principalme nte , com M aria Amélia. T oda a matéria que a impre nsa clande stina do Partido publicava tinha que te r sua aprovação. No apare lho, homiziada, e ncontrava-se C riméia Schimidt de Alme ida, irmã de M aria Amélia, que na ocasião se fazia passar por babá das crianças. C riméia e ra militante do PC doB e inte grava o “De stacame nto A" na Gue rrilha do Araguaia. Se u marido. André Grabois, e ra filho de M auricio Grabois, o comandante dos gue rrilhe iros naque la re gião. Uma das normas da gue rrilha e ra a proibição de que as gue rrilhe iras e ngravidasse m. As gue rrilhe iras grávidas e ram obrigadas a abortar e , caso não conse ntisse m com o aborto, se riam “justiçadas”. Por me dida de se gurança ninguém e stava autorizado a sair da áre a de gue r­ rilha, pois, caso fosse m pre sos, pode riam indicar o local ocupado pe los gue rri­ lhe iros. be m como dar informaçõe s sobre as particularidade s da gue rrilha. E ssa e ra uma norma se guida a risco. C riméia, no e ntanto, e ngravidou e , e m agosto de 1972, por e star com 3 me se s de gravide z, contrariando todas as de te rminaçõe s e xiste nte s, foi re tirada da áre a de gue rrilha por de te rminação do comandante M aurício Grabois. futu­ ro avô da criança. C riméia foi poupada. E ra nonulocomandanlc. 546-C arlos Albe rto Brilhante Usfra A ve rdade sufocada ■547 Não foi o que aconicccu como casal de gue rrilhe iros Pe dro Albuque rque Ne to e T e re za C ristina de Albuque rque que fugiram da áre a porque T cre za C ristina e slava grávida e se re cusava a abortar. Para o êxito da fuga foi ne ce s­ sário subornar, com as jóias de T e re za C ristina, um mate iro que os conduziu até um local se guro, onde finalme nte , abandonaram a áre a de gue rrilha. Quando a gráfica foi “e stourada" M aria Amélia, C ésar Augusto e C ri me ia foram pre sos. As crianças, como não pode riam continuar no local, foram e nca­ minhadas ao DO I. As máquinas de impre ssão e as armas apre e ndidas. Ao che gare m, e ntre viste i o casal e lhe s disse que as crianças não pode riam pe rmane ce r naque le local. Pe rgunte i se tinham algum pare nte e m São Paulo que pude sse se re sponsabilizar por e las. R e sponde ram que as crianças tinham tios e m M inas Ge rais ou no R io de J ane iro, não me re cordo qual o local. Pe di o te le fone de le s para avisá-los do que aconte cia e indagar se pode riam vir a São Paulo para re ce be re m os dois filhos do casal. F e ito o contato, e sse s familiare s pe diram alguns dias de prazo para viajará capital paulista. De cidi que . e nquanto aguardávamos a che gada dos tios, as crianças pe rmancce riam sob o cuidado do J uizado de M e no­ re s. Ne sse mome nto, M aria Amélia e C ésar Augusto pe diram para que se us filhos não fosse m para o J uizado. Uma policial militar, que assistia ao diálogo, se ofe re ce u para ficar com J anaína e E dson Luis até a che gada de se us tios, de sde que os pais concordasse m com o ofe re cime nto, o que foi ace ito na hora pe lo casal. M ovido mais pe lo coração do que pe la razão, ache i que e ssa e ra a me lhor solução. As crianças foram le vadas para a casa da age nte e para que não se n­ tisse m a falta dos pais, diariame nte , e ram conduzidas ao DO I para ficar algum te mpo, aproximadame nte duas horas, com e le s. Isso se re pe tiu até a vinda dos pare nte s. Quando che garam. J anaína e E dson Luis foram e ntre gue s aos se us lios, na pre se nça dos pais. No T mês de gravide z C riméia foi pre sa, e m 28/12/1972, pe lo D01/ C O DI/llE x, onde pe rmane ce u por 24 dias, até se r e ncaminhada para Brasília, que e ra a áre a e ncarre gada de combate r a Gue rrilha do Araguaia. Se u filho, J oão C arlos Schimidi de Alme ida Grabois, atualme nte com 34 anos. nasce u no Hospital do E xército de Brasília, e m 13/02/1973. E m 2005 foi inde nizado porque e stava no úte ro de sua mãe quando e la foi pre sa, se ­ gundo consta na se nte nça. () icmpo passou e e m 1985, M aria Amélia de clarou aos e ditore s do livro Brasil Nunca M ais, o se guinte : "Na tarde desse dia (28 de dezembro de 1972), por volta tias 7 horas, foram trazidos, seqüestrados, tamhém para a 548’C arlos Albe rto Brilhante Ustra OBAN, meus dois filhos, Janaína de Almeida Teles, de 5 anos, e Edson Luiz de Almeida Teles, de 4 anos, quando fomos mos  trados com as vestes rasgadas, sujos, pálidos, cobertos de hematomas. Sofremos ameaças por algumas horas de que nossos filhos seriam molestados. ” E m 31/01/1997, se gundo de poime nto de J anaína à R ose Spina, e m matéria sob o título M e mória: F ilhos da R e sistência, publicado no Portal da F undação Pe rse u Abramo consta: Poste riorme nte foram le vados, no me smo O pala azul, para Be lo Horizonte , onde vivia boa parte da família, pe ssoas que e stavam longe de aprovar a opção fe ita por C ésar e Ame linha. O s dois irmãos ficaram aos cuidados de uma tia e de se u marido, um de le gado de polícia com re laçõe s com o DO PS. J anaína assim se re fe re aos tios que , a pe dido de se us pais, foram a São Paulo apanhá-la, junto com se u irmão, e os acolhe ram e m sua casa. “ E sse infe liz disse que me us pais tinham me abandonado e minha tia me fe z sua e mpre gada, me fazia dar mamade ira para me us primos, de 3, 4 e 6 anos, praticame nte de minha idade ”. E m de poime nto de M aria Amélia, publicado no site http://e milianojose .com.br e la assim se re fe re a e sse s me smos tios: “F icaram na casa de uma policial por um dia e de pois foram mandados pra casa de um outro policial pare nte do pai das crian­ ças. Ali as crianças sofre ram toda a sorte de privaçõe s e humilha­ çõe s. E ram insultadas por se re m filhos de “comunistas", e tc. Qual­ que r de sobe diência, por parte das crianças, diziam que e ram as­ sim porque tinham sido doutrinados pe los pais” E m 30/10/2005 o jornal “O Globo”, e m matéria assinada pe lo jornalista E vandro E boli, publicou: “C rianças e adole sce nte s filhos de comunistas também sofre ­ ram privaçõe s, foram pre sos, pe rse guidos, torturados, e xilados e e ram obrigados, como se us pais, a trocar de ide ntidade para fugir do ce rco dos militare s. A história dos anos da ditadura mantém quase oculto o que se passou com e le s. M as não e ra incomum os A ve rdade sufocada - 549 militare s pre nde re m crianças junto com os pais. O s filhos e ram usados durante as se ssõe s de tortura e obrigados assistir e ssas atrocidade s. E ra o me io de arrancar confissõe s dos comunistas”. “Pre sa pe la O pe ração Bande irante (O ban) e m de ze mbro de 1972, e m São Paulo, a militante do Partido C omunista M aria Amélia Alme ida T e le s viu se us dois filhos se re m le vados tam­ bém pe los militare s. J anaína, com 4 anos, e E dson Luiz, com 5 anos, foram parar numa casa ce rcada de militare s, onde ficaram trancados num quarto. C om fre qüência, e ram le vados à ce la da mãe para vê-la torturada, no DO I-C O D1. J anaína se le mbra que os militare s diziam que se us pais os abandonaram e que não iri­ am voltar para buscá-los”. “J anaína, 5 anos, e E dson Luiz, 4 anos, ficaram pre sos por 15 dias. E ram le vados ao De partame nto de O rde m Política e Social (Dops) para ve r as marcas de torturas na mãe .” No programa “F antástico”, da R e de Globo de T V, de 15/10/2006, C riméia afirmou que me smo grávida não foi poupada. F icou 20 horas e m trabalho de parto, na ce ia, se m qualque r ajuda, até que se u filho nasce u no Hospital do E xército. Nos prime iros dias do mês de abril de 2006, quando a prime ira e dição de ste livro já e stava pronta, re ce bi do E xmo Sr. Dr J uiz de Dire ito da 23a Vara C íve l do F oro de São Paulo uma Ação De claratória, movida por C ésar Augusto T e le s, sua e sposa M aria Amélia T e le s, se us filhos J anaína e E dson Luis de Alme ida T e le s e sua cunhada C riméia Schmidt de Alme ida. As 46 páginas da Ação De claratória de ocorrência de danos morais tinham a finalidade de de clarar que e u (R ÉU), como C omandante do DO I/C O DI/II E xército, agi com dolo e come ti ato ilícito passíve l de re paração, cause i danos morais e danos mate riais à inte gridade física dos AUT O R E S, incluindo se us dois filhos. E stava se ndo acusado dos crime s de tortura, se qüe stro, cárce re privado de ssas crianças e de tortura de se us pais e de sua tia C riméia. Ao re ce be r e ssa Notificação, de u-me o M agistrado o prazo de 15 dias para a minha C onte stação. C aso isso não ocorre sse , se ria de clarado culpado. A minha prime ira pre ocupação foi de , por inte rmédio de se us asse ssore s, informar ao C omandante do E xército, Ge ne ral F rancisco Albuque rque , pois e u ora o prime iro militar que e le s te ntavam proce ssar por tê-los combatido. Após 8 dias de e spe ra re ce bi a re sposta de que o Ge ne ral Albuque rque nada faria a re spe ito. Durante os 7 dias que me re stavam procure i um advogado, e m São Paulo, que ace itasse faze r a minha de fe sa. C om a ajuda do me u amigo Dr David dos Santos Araújo, De le gado de Polícia de São Paulo, me u antigo comandado no DO l, onde com bravura de ­ se mpe nhou suas funçõe s, e m poucas horas fui colocado e m contato com o Dr Paulo E ste vcs, um dos maiore s criminalistas de Sào Paulo, que ace itou faze r a minha de fe sa. No dia se guinte , já e stava na capital paulista, para que o Dr Paulo E ste ve s, nos 5 dias re stante s do prazo, apre se ntasse a minha C onte stação. Ao Dr David, e sse bravo companhe iro, que não me de ixou só num mome nto tão difícil, re ndo aqui a minha home nage m. E m outubro de sse ano re ce bi uma C arla de Intimação para compare ce r pe rante o J uízo da 23aVara C íve l, e m São Paulo, no dia 08/11/2(X)6, às 14:15 horas, a fim de participar da audiência de Instrução, De bate s c J ulgame nto. Por manobras jurídicas não fui ouvido, e m Brasília, por C arta Pre catória. Viaje i a São Paulo c no dia marcado e stava pronto para se r subme tido ao julgame nto. As 12 horas, e ncontrava-me no e scritório do me u advogado, quando to­ mamos conhe cime nto de um de spacho do J uiz que assim dizia: “C omo os autore s re nunciaram à colhe ita do de poime nto pe s­ soal do réu. não vê o J uízo fundame nto para aplicar o art 342 do C PC . Portanto e ssa prova não se rá acolhida". F icou claro! M e us acusadore s que riam a minha pre se nça no T ribunal no dia do julgame ntoe ao me smo te mpo não que riam o me u de poime nto. Que riam a minha pre se nça para que e u fosse e xe crado publicame nte , pois o circo e stava montado: as T Vs já tinham instalado os se us e quipame ntos, mais de 90 militante s, organizados, me aguardavam. C e rca de 30 re pórte re s e fotó­ grafos, e spe ravam a minha e ntrada no T ribunal. T udo e stava montado para que as T Vs e xibisse m nos se us noticiários da noite e os jornais no dia se guinte , e m manche te s, o corone l torturador, afinal se ndo julgado. R e pilo! Não que riam o me u de poime nto. Não que riam que o juiz ouvisse a minha ve rsão. O s le itore s foram te ste munhas das chamadas nos le le jornais da noile de s­ se dia, onde se sobre ssaiam as do J ornal Nacional, da ( ilobo, onde e u e ra chamado clarame nte de corone l torturador, ape sar de ne nhum tribunal te r me conde nado. Imagino o constrangime nto que minhas filhas de ve m te r se ntido ao ve ­ re m as lotos de se u pai, mostradas a milhõe s de te le spe ctadore s, de modo vil e de sumano, base adas, tão some nte , cm acusaçõe s orque stradas de mi­ litante s re vanchislas. Ape sar de todos e sse s dissabore s me sinto tranqüilo. E staria numa situa­ ção e xtre mame nte de sconfortáve l se , no me u lugar, e stive sse um antigo su­ bordinado me u. De sde o início da vida militar os nossos che fe s se mpre nos e nsinaram que “o comandante é o responsável por tudo o que a sua uni  dade f a z ou deixa de f a z e r ”. E stou se ndo julgado numa Vara C íve l, por um suposto crime come tido e m de pe ndência do E xército c na qualidade de se u C omandante . E stou se ndo julgado, ape sar da Le i da Anistia, que pe nso muito e m bre ve se rá re vogada, mas que ainda e stá e m vigor. E stou se ndo julgado e m uma Vara C íve l ape sar de jamais te r sido con­ de nado criminalme nte . E stou se ndo julgado por um crime que não come ti. E sse proce sso come çou e m nove mbro de 2005, após o filho de C riméia, que nasce u no Hospital M ilitar de Brasília, te r sido inde nizado c nada te ma ve r com publicação, de ste livro. E notório o aume nto do núme ro de "torturados”, de pe rse guidos políticos e tk* vítimas dos e hamados”anos de chumbo" após o ano de 2002, quando foi promulgada a Le i das Inde nizaçõe s. Além da inde nização para se us filhos, já que os pais c a tia foram inde niza­ dos, os autore s de sse proce sso buscam um motivo para colocar aque le s que os combate ram no banco dos réus. Assim aconte ce u na Arge ntina, no C hile , no Uruguai. E nquanto assaltante s, se qüe stradore s, te rroristas, e assassinos pe rmane ­ ce m livre s sob a justificativa de que “lutavam pe la causa” nós que cumprindo orde ns de nossos supe riore s hie rárquicos, lutamos e pre se rvamos a de mo­ cracia, agora e stamos ame açados de ir para a prisão por aque le s que comba­ te mos e ve nce mos. J ulgue m os le itore s pe la fotografia tirada no Hospital M ilitar de Brasília, após o parto, onde C riméia apare ce com o filho re cém nascido. R e pare m as suas roupas, o se u olhar de fe licidade junto com o filho. Se rá que e ssa moça, pe la sua aparência, pare ce te r sido torturada há pouco te mpo? Koparcm nas roupas de se u filho, be m ve stido. Pois o e nxoval de ssa ri unça foi comprado pe lo E xército, por orde m do Ge ne ral Antonio Ban- 552-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Fotos da Revista 1STOÈ - 04/09/1985 de ira, comandante da Brigada de Infantária, e m Brasília, onde C riméia e stava pre sa. Aliás, e sse e nxoval foi e ntre gue a C riméia por D. Léa, e sposa do Ge ne ­ ral Bande ira, quando foi visitá-la no Hospital. C riméia se re fe re a e ssa visita como se ndo da e sposa do Ge ne ral Krue l e que se gundo e la se “tomou mais tarde a prova do e pisódio te ne broso”. Analise m a fotografia do batizado do filho de C riméia, fe ito pe lo C ape lão M ilitar. Ve jam o se mblante dos padri­ nhos, familiare s de C riméia, Se rá que o E xército que a “torturou” te ria a pre ­ ocupação de organizar o batizado? Foro de São Paulo A ve rdade sufocada - 553 A Pe re stroika c a Glasnost, que pode riam se r conside radas como uma crí­ tica ao siste ma ou como uma mudança de rumos de um re gime » abalaram os alice rce s do E stado Soviético e e stimularam o sonho de libe rdade e de mocra­ cia nas naçõe s subjugadas do Le ste E urope u. T ais fatos, associados à que da do M uro de Be rlim, le varam a uma nova con­ figuração política da E uropa, contine nte onde os te more s e as ame aças da Gue rra I i ia marcaram, inte nsame nte , o pe ríodo poste rior à Se gunda Gue rra M undial. () siste ma “socialista” ruiu, se m confronto e se m conflito, ge rando uma mas­ sa de órlaos de sajustados e de samparados ao re dor do mundo. Na América Latina, e spe cialme nte no Brasil, os marxistas-le ninistas de to­ dos os matize s, de siludidos e abalados e m suas convicçõe s face à de sagre ga- ViUulo império soviético e pe la pe rda de cre dibilidade de um siste ma que viti­ mou ce m milhõe s de pe ssoas, prosse guiram nas suas atividade s políticas e se associaram a inúme ros partidos políticos, se gundo quatro de stinos principais: - ( )s ide alistas, na contramão da História, órfãos do comunismo, incapaze s de uma autocrítica, assumiram oficialme nte a militância dos partidos comunistas le galizados na se gunda me tade da década de oite nta. ()s e nve rgonhados, politicame nte manhosos, manipuladore s da boa fé e aprove itadore s do siste ma partidário vige nte , convictos de que não te riam su- avssocomo militante s oste nsivos de um partido comunista, criaram, taticame n­ te , uma nova siglae não mais se apre se ntaram ide ologicame nte à Nação. ()s oportunistas, que abandonaram suas convicçõe s e se filiaram a outros partidos políticos le gais. Por último, os radicais trotskistas, que nunca se apre se ntaram como tal, mus que ingre ssaram num paitido político de e xpre ssão nacional, inte grando as M ias corre nte s inte rnas. Pe rdida a re fe rência, a lide rança e a orie ntação político-ide ológica e m âm- hilo mundial, ante s e xe rcidas pe lo Partido C omunista da União Soviética, par- lidos e organizaçõe s marxistas-le ninistas da América Latina, capitane adas pe lo Partido C omunista C ubano, participaram, e m 1990, de um e ncontro inte rnaci­ onal re alizado e m São Paulo/SP. () e ncontro, ide alizado pe lo ditador F ide l C astro e apoiado por Luiz Inácio I .tila da Silva, contou com a pre se nça de re pre se ntante s de 48 partidos comu­ nistas o j!i upos te rroristas e strange iros, le ve o obje tivo de re tomar, com outra 554-C arlos Albe rto Brilhante Ustra roupage m e outro linguajar, o proce sso re volucionário no C ontine nte , re organi­ zando e dando vida a uma nova e ntidade , de nominada F oro de São Paulo. T al e ntidade assumiu a re sponsabilidade que no passado e ra e xe rcida pe lo PC US, conduzindo no níve l político-ide ológico o proce sso re volucionário latino-ame ­ ricano, cabe ndo aos gove rnos, partidos e organizaçõe s inte grante s do F oro conduzir e imple me ntar, no níve l e stratégico, os proce dime ntos, açõe s e de ci­ sõe s aprovadas. Um dos obje tivos do F oro é a criação de uma União ou de uma F e de ração das R e públicas Socialistas da América Latina (UR SAL). O se gundo e ncontro ocorre u na cidade do M éxico, e m 1991. Durante os de bate s foi acordado que , nas futuras re uniõe s, as de cisõe s adotadas, constan­ te s das De claraçõe s F inais, passariam a se r de libe rativas. Assim, os inte grante s da e ntidade de ve riam ace itar e acatar as de cisõe s tomadas. O F oro inicialme nte e ra uma fre nte política que , aos poucos, foi se ndo trans­ formada pe lo Partido C omunista C ubano e m uma e strutura de comando ce n­ tralizado, de cuja dire ção hoje faze m parte os principais grupos te rroristas da América Latina. O s e ncontros aconte ce m anualme nte , cm uma cidade da América Latina. J á ocorre ram re uniõe s, além das duas acima citadas, e m M anágua (1992), Hava­ na (1993), M onte vidéu (1995), San Salvador (1996), Porto Ale gre (1997), M éxico (1998), M anágua (2000), Havana (2001), Antíqua (2002), Quito (2003), São Paulo (2005) e San Salvador (2007). Inte gram o F oro, e ntre outros, os se guinte s partidos e organizaçõe s: - Partidos C omunistas da América Latina; - PT , PPS, PC B, PC doB e M R -8, todos do Brasil; - F re nte F arabundo M arti de Libe rtação Nacional, de E l Salvador; - F re nte Sandinista, da Nicarágua; - União R e volucionária Guate malte ca, composta pe lo E xército Gue rrilhe iro dos Pobre s, O rganização do Povo e m Armas, F orças Armadas R e be lde s e Partido Guate malte co do T rabalho, da Guate mala; - F orças Armadas R e volucionárias da C olômbia (F AR C ), E xército de Li­ be rtação Nacional (E LN) e a Aliança De mocrática - M 19, da C olômbia; - F re nte Ampla, do Uruguai; - Partido da R e volução De mocrática, do M éxico; - Partido R e volucionário De mocrático, do Panamá; A ve rdade sufocada * 555 - União c R e sistência e União Popular pe la Libe rdade , de Guadalupe ; - E sque rda Unida, do Pe ru; - M ovime nto Bolívia Livre , da Bolívia; - M ovime nto Lavalas, do Haili; - Partido Laborista, da Dominica; e - E xército Zapalista de Libe rtação Nacional, do M éxico. O F oro conta com uma re de de apoio que inclui sindicatos, grupos cultu­ rais, organizaçõe s de base , movime ntos indige nistas e outros, além de pu­ blicaçõe s pe riódicas, se ndo a principal a re vista América Livre , criada e m 1992, e ditada e m português e e spanhol. Ne la são publicadas as principais re soluçõe s políticas e orie ntaçõe s ide ológicas dirigidas aos gove rnos, parti­ dos e organizaçõe s comprome tidas com a organização. No prime iro núme ro, ao faze r a apre se ntação da re vista. F re i Be tto afirmou: "... é pre ciso não ce de r à ingênua pre te nsão de faze r u re volu­ ção pe lo voto.” No me smo núme ro, o cubano F e rnando M artine z He re dia, pe rte nce nte ao De partame nto América (órgão de Inte ligência do C omitê C e ntral do Partido C omunista C ubano), e scre ve u: "re forma e re volução, e não re forma ou re volução, te m que se r a palavra de orde m.” Se gundo Anatoli Ülink: "Para dirigir o F oro foi criado um E stado M aior civil, dirigido por F ide l C astro, Lula, T omás Borge e F re i Be tto e de um E stado M aior militar, comandado também por F ide l, Danie l O rte ga e o arge ntino E nrique Gorriarán M e rlo.” “O F oro de São Paulo, nos prime iros anos pe rmane ce u no anonimato, e ficie nte me nte prote gido pe la impre nsa e sque rdista brasile ira, vindo a se tornar público, no Brasil, por ocasião do 7o E ncontro re alizado na cidade de Porto Ale gre , cm 1997”. "Hoje se o anonimato não é absoluto, pode -se afirmar que é muito re se rvado, pois a maioria dos brasile iros ne m sabe que e ssa organi/ação e xiste e quais as suas finalidade s.” “E mbora não se ja uma organização se cre ta, a docume ntação ace rca do F oro de São Paulo jamais te ve ampla divulgação, te ndo sido inicialme nte publicada, ape nas, na e dição doméstica do Granma, órgão oficial do Partido C omunista C ubano.” Se gundo Ale xandre Pe na E sclusa, pre side nte da F orça Solidária, da Ve ne zue la, que organizou as passe atas contra Hugo C háve z, os dire tore s do F oro de cidiram adotar formalme nte os se guinte s movime ntos para de scaracte rizar as suas inte nçõe s: - o indige nismo - quando afirmam de fe nde r os dire itos dos indíge nas, na ve rdade e stão e stimulando a formação de grupos gue rrilhe iros (E xército Zapatista de Libe rtação Nacional); - o se paratismo - ao argume ntare m que os te rritórios ocupados pe las tribos indíge nas pe rte nce m a e las e não ao E stado; - o e cologismo radical - ao ale gare m a prote ção ao me io ambie nte , justifi­ cam a ação de te rroristas, criando obstáculos a obras públicas de infra-e strutu- ra como rodovias e e ne rgia e létrica; - a T e ologia da Libe rtação - com o obje tivo de dividir a Igre ja C atólica e justificar a violência come tida com argume ntos supostame nte cristãos. Para atingir o obje tivo do F oro, e ra fundame ntal que a e sque rda assumisse , le galme nte , o gove rno de um país da América Latina. O Brasil, inicialme nte , foi o se le cionado. Hoje , praticame nte , a maioria dos paíse s latino ame ricanos é gove rnada por partidos e organizaçõe s de e sque rda. O XII E ncontro do F oro, re alizado e m São Paulo, e ntre I ° e 4 de julho de 2005, conside rado pe la mídia como o e ncontro dos partidos progre ssistas de e sque rda, foi inaugurado pe lo pre side nte Lula que , e m se u discurso, afirmou: “..Hoje somos um contine nte e m que a e sque rda de u de finiti­ vame nte um passo e xtraordinário: que é ple name nte possíve l pe la via de mocrática che gar ao pode r e e xe rcê-lo. Pre cise i che gar à Pre sidência da R e pública para de scobrir o quão importante foi criar o F oro de São Paulo.*’ “E u te nho fe ito que stão de afirmar, e m quase todos os pronun­ ciame ntos, que a coisa mais importante que um gove rnante pode faze r é e stabe le ce r um novo padrão de re lação e ntre o E stado e a socie dade , e ntre o gove rno e as e ntidade s da socie dade civil orga- nizada. E consolidar, de tal forma, que isso possa se r duradouro, inde pe nde nte de que m se ja o gove rnante do país.** E m docume nto aprovado pe lo XII F oro consta o se guinte : **A maquinaria político ide ológica da dire ita te nta dividir os go­ ve rnos progre ssistas e m dois grupos, a e sque rda mode rna e a e s­ que rda atrasada, com a inte nção de apagar os muitos obje tivos comuns que une m nossos gove rnos. E sta dife re nça é falsa c o que e xiste na ve rdade é uma dive rsidade de e stratégias que re spon­ de m às re alidade s e condiçõe s de luta que e xiste m e m cada país”. Para e le s, portanto, não e xiste m duas e sque rdas dife re nte s: a mode rada, onde e stariam Lula, Kirchine r, Vasque z e Bache le t, e a radical, que se ria ocu­ pada por F ide l, C have s e M orale s. Na se gunda quinze na de jane iro de 2007 ocorre u na cidade de San Salva­ dor, R e pública de E l Salvador, o XIII E ncontro do F oro de São Paulo e que contou com a pre se nça de 596 de le gados de partidos e movime ntos políticos de e sque rda de 33 paíse s da América Latina, E uropa e Ásia. De ssa re união, que te ve a F re nte F arabundo M arti para a Libe rtação Nacional como anfitriã, participaram dirige nte s de partidos e de movime ntos comunistas de C uba, Arge ntina, R e pública Dominicana, C uraçao, Ve ne zue la, Pe ru, C hile , Guate mala, Uruguai, Brasil, C olômbia, Porto R ico, Nicarágua, E quador, e M éxico. E stive ram pre se nte s, como convidados, de le gados de outros paíse s todos ide ntificados com o comunismo. Para e sse último e ncontro foi e laborado um docume nto que : - conside ra o F oro uma organização de oposição ao siste ma; - critica a pobre za, a conce ntração da rique za, a falta de saúde , de e duca­ ção e de moradia; - conde na o crime organizado, o te rrorismo, e o narcotráfico; - de fe nde a inde pe ndência e a sobe rania das naçõe s latino-ame ricanas; - critica a inte rve nção e strange ira e o colonialismo. C omo pode o F oro de São Paulo se conside rar de oposição ao siste ma, se se us próprios me mbros c que e stão no pode r, já há alguns anos, e m quase 558-C arlos Albe rto Brilhante Ustra todos os paise s da Ame rica Latina e , ao que se saiba, não fize ram avanços significativos no combate à pobre za, na distribuição de re nda, na me lhoria da saúde e da e ducação? C omo pode o F oro de São Paulo conde nar o te rrorismo e o narcotráfico, se e ntre se us me mbros e stão as F AR C e o E xército de Libe rtação Nacional da C olômbia, conside rados no mundo inte iro com te rroristas? Alguém te m dúvida de que as F AR C são re sponsáve is por quase todo o narcotráfico que impe ra na América Latina? C omo pode o F oro pre gar a inde pe ndência e a sobe rania das naçõe s lati­ no-ame ricanas, se o castro-comunismo e xporta a sua re volução para e sse s paíse s e Hugo C háve z se imiscui, pe rmane nte me nte , nos assuntos inte rnos de outras naçõe s? O s dirige nte s do F oro de São Paulo de clararam que a e tapa dos de bate s já foi ultrapassada e que o socialismo já e stá se se dime ntando na América, com o e xe mplo be m suce dido de C uba e com a implantação do “Socialismo do Sécu­ lo X X r, na Ve ne zue la. Se gundo He itor de Paola, e m artigo publicado no M ídia se m M áscara, e m 22 de junho de 2005: “É de ntro de ssa e stratégia que se de ve e nquadrar o gove rno pe tista, finalme nte e le ito e m 2002. Não como um gove mo nacio­ nal simple sme nte , mas, sim, como e ngre nage m de um me canismo maior com uma e stratégia de finida de conquista contine ntal para instalação de uma união de re públicas socialistas.” Bandeira do Foro de São Paulo (a parte eom cinza escuro do mapa, na foto original, é vermelha) A ve rdade sufocada · 559 Rumo ao Socialismo O Partido dos T rabalhadore s se mpre te ve como me ta ocupar a Pre sidência da R e pública. M as o se u obje tivo principal não é, ape nas, assumir o gove rno e conquistar o pode r. Se gundo o jornalista J oão M e llão Ne to, e m se u artigo “Infe rno de Dante ”: “...E ssa é a me ta dos partidos burgue se s. Para os pe tistas, e m­ balados pe los e vange lhos marxista-le ninistas, o pode r e ra ape nas um me io. O fim maior e ra o de , através de le , mudar o E stado, re for­ mar a socie dade e re construir a própria nature za humana. Para alcançar me tas tão ambiciosas não se pode m me dir e sforços ou se de ixar limitar por e scrúpulos de nature za moral. Que se dane m as re gras, os costume s e a ética do convívio de mocrático! T udo vale a pe na se a alma não é pe que na! T udo pe lo socialismo!" No campo e conômico, o socialismo marxista constituiria o obje tivo e s­ tratégico inte rme diário que ante ce de ria o comunismo e que sc manife staria, na sua forma mais e xpre ssiva, pe la e statização dos me ios de produção. E m razão do de smoroname nto do siste ma soviético, das profundas mudan­ ças e conômicas intr<xluzidas na C hina comunista e do fe nôme no da globalização, e sse socialismo ruiu. A grande maioria de se us se guidore s, apare nte me nte , rompe u com o passado c procura um novo mode lo que o substitua. Assim, no Brasil, ide ologicame nte , a e statização dos me ios de produção foi substituída pe la e statização de e xpre ssiva parce la da re nda nacional, por me io de impostos, taxas, contribuiçõe s e outras formas de arre cadação. Além disso, aume ntou-se . significativame nte , a e strutura do E stado com a criação e pre e nchime nto de cargos de dire ção e asse ssorame nto supe rior, cujos titula­ re s, voluntariame nte e fe lize s, contribue m para os cofre s do PT . Hoje . a transição para o socialismo é fe ita de modo que a atividade produ­ tiva se de se nvolva com libe rdade , mas controlada pe lo gove rno, que se apro­ pria de uma e xpre ssiva parce la da re nda nacional c que aprova dispositivos le gais a lhe pe rmitir inte rfe rir cada ve z mais na e conomia. 0 Brasil, atualme nte , é re conhe cido como um país onde a taxação tributária e stá e ntre as maiore s do mundo. 1)c acordo com o filósofo O lavo de C arvalho, e m e ntre vista ao Jornal de liritsilia. de 28/05/2005, cada capitalista no Brasil, quanto mais ganha, mais dinhe iro te rá de dar ao gove rno e mais dinhe iro para a máquina que amanhã vaiosliaiüM ilá lo. C onquistada a Pre sidência da R e pública, o PT , me mbro fundador do F oro de São Paulo, de ve ria, até por coe rência, se pautar pe las de cisõe s pre coni­ zadas pe lo F oro. E las se riam imple me ntadas com cautcla, passo a passo, com de te rminação, até a conquista do obje tivo principal - o de tornar o Brasil um país socialista. Para atingir e sse obje tivo, se ria ne ce ssário mudar as le is; socializar a e co­ nomia e a posse da te rra; assumir o controle da máquina administrativa do E stado; dominar o J udiciário, com a indicação de juize s simpatizante s da ide o­ logia; re duzir progre ssivame nte a motivação e a ope racionalidade das F orças Armadas; e , principalme nte , arre cadar muito dinhe iro para custe ar e sse tão ambicionado proje to. O PT se ria o partido político com a e strutura mais forte da América Latina. O prime iro passo foi distribuir os cargos mais importante s do Pode r E xe ­ cutivo aos “companhe iros” ide ologicame nte comprome tidos e , também, à base aliada, a maioria se m compe tência técnica para e xe rcê-los. O controle da mídia e ra indispe nsáve l. Para isso surgiram propostas de criação do C onse lho F e de ral de J ornalismo (C F J ) e da Agência Nacional de C ine ma e Audiovisual (Ancinav). R e pudiadas pe la socie dade , foram, provisoriame nte , re tira­ das de pauta, mas já e stão re tomando com outra roupage m para se re m aprovadas pe lo C ongre sso, onde o gove rno possui maioria. O controle da e ducação passaria pe la aprovação do ante proje to de re forma unive rsitária, que subme te as unive rsidade s particulare s ao contro­ le de “entidades corporativistas, associações de classe, sindicatos e sociedade c i v i l ”. A e sse conjunto de me didas a se re m imple me ntadas, incomple to, mas significativo, de ve -se agre gar as atividade s de se nvolvidas e as açõe s e xe cu­ tadas pe lo M ST . Um ve rdade iro e xército, disciplinado, instruído, organizado, motivado, pre parado ide ologicame nte . O M ST , sob as vistas complace nte s do gove rno e com a cumplicidade do PT , te m libe rdade de manobra, invade e danifica proprie dade s privadas, de scumpre a le i, finge ame açar o gove rno, ame aça os proprie tários de te rra e nào é punido. Subsiste com o apoio de O NGs inte rnacionais e com ve rbas gove rname ntais, distribuídas por organi­ zaçõe s parale las. É conside rado o braço armado do PT . Para e ntrar e m com­ bate só lhe faltam as armas de fogo, o que , com o apoio das F AR C , facilme n­ te se rão adquiridas. Parale lame nte , se riam ne ce ssárias le is a se re m aprovadas pe lo Le gislativo, que pe rmitisse m a continuidade no pode r e que contribuísse m para fortale ­ ce r, cada ve z mais, a e strutura do PT . Para obte r e sse apoio político do Le gislativo, conforme de núncias do e x- de putado R obe rto J e ffe rson, o PT instituiu o “me nsalao”, para o pagame nto de de putados que , cm troca, votariam a favor das propostas do gove rno. A ve rdade sufocada - 561 Ne sse ce nário - pre ocupante e m face do de scrédito nas I nstituiçõe s; do baixo índice de cre scime nto da e conomia, num ambie nte inte rnacional am­ plame nte favoráve l; do volume da dívida inte rna; da banalização da violên­ cia; da corrupção ge ne ralizada; da frustração popular; e outros - a Nação se e mpobre ce , o E stado cre sce , a socie dade pe rde a e spe rança, a base da pirâmide social aume nta, a possibilidade de asce nsão social se re duz, a j u­ ve ntude sc frustra. Ve jamos uma re duzida mostra dos assuntos, re portage ns, come ntários e matérias publicadas pe la impre nsa, que de snudam a ética e a se rie dade da­ que le s que se apre se ntavam e ainda se apre se ntam como paradigmas da moralidade , dos bons costume s e da hone stidade . C onforme de núncias publicadas na impre nsa, quando o PT assumiu o go­ ve rno de dive rsas pre fe ituras, te ria sido montado um e sque ma para de sviar re cursos públicos de ssas pre fe ituras para o partido. A re vista Veja, de 25/01/2006, publicou matéria assinada por M arce lo C arne iro, que assim se manife stou: - E m 1997, o e conomista Paulo de T arso Ve nce slau, na época militan­ te do PT , de nunciou que o advogado R obe rto T e ixe ira, compadre do pre ­ side nte Lula, usava o nome do pre side nte para conve nce r pre fe ituras ad­ ministradas pe lo PT a fe char contratos com a C onsultoria para E mpre sas e M unicípios (C PE M ). A C PE M e ra contratada por se is pre fe ituras ad­ ministradas pe lo PT . - Paulo de T arso foi se cre tário das F inanças da pre fe itura de São J osé dos C ampos quando lá come çou a agir o advogado R obe rto T e ixe ira. - O PT , de pois de inve stigar a de núncia de Paulo de T arso, concluiu que a C PE M se conduziu “deforma ilegal, imoral e criminosa Ape sar de ssa conclusão, Paulo de T arso foi e xpulso da le ge nda. - E m re ce nte de poime nto pre stado à C PI dos Bingos, Paulo de T arso re afirmou que Lula sabia da arre cadação de fundos para o PT , pe lo me nos de sde 1995. O assassinato de C e lso Danie l, pre fe ito de Santo André, se gundo os se us familiare s, ocorre u porque e le te ria de scobe rto um e sque ma de corrupção para angariar fundos para o PT . O jornalista Arnaldo J abor, no artigo “A verdade está nua berrando na r u a ' \ publicado e m O Globo de 30/08/2005, de onde e xtrai os tre chos a se guir transcritos, analisa a atuação do PT ne sse e sque ma de corrupção, crian­ do uma simbiose e ntre o partido e o E stado, fortale ce ndo o prime iro e criando no se gundo os instrume ntos de controle tia Nação: 562-C arlos Alberto Brilhante Ustra “O PT che gou ao pode r e , e m ve z de gove rnar, re solve u tomar o E stado. O cupou 20 mil cargos, le vantando muitos milhõe s de re ais e m dinhe iro público roubado de e statais, de fundos de pe n­ são, de supe rfaturame ntos combinados com grande s e mpre sas, com e mpréstimos falsos e m bancos privados e públicos, e m joga­ das com agências de publicidade fajutas. O PT /gove rno usou va- lérios e de lúbios para distribuir e ssa grana para comprar políticos e faze r uma gigante sca caixa 2 para re e le ge r Lula e e le ge r o Dir- ce u e m 2010.” “E sse s “re volucionários da corrupção” não imaginaram, con­ tudo, que um pe rsonage m “rabe laisiano” como J e ffe rson puse sse tudo a pe rde r. Se J e ff não abrisse a cave rna de Ali Babá, se ría­ mos e nganados até o fim de ssa "re volução ridícula”. “E sta é a única ve rdade . Não adianta inve stigar mais, ape nas confe rir de núncias, cruzar dados, pois as próprias inve stigaçõe s pode m virar tapade iras e rotas de fuga.” “E sta ve rdade pode se r sufocada por milhare s de me ias-ve r- dade s se cundárias (moralismos, ale gaçõe s jurídicas, re gime ntais) que sobram nas C PIs.” A re spe ito do me smo assunto, nada mais oportuno do que transcre ve r a parte final do artigo e scrito por T ale s Alvare nga, sob o título “M aturidade e de sonra”, publicado na re vista Veja, de 25/01/2006: “C om o de poime nto de Paulo de T arso, nada falta a e xplicar. T udo se e ncaixa. M e nsalão, De lúbio Soare s, ope raçõe s dc M ar­ cos Valério, sangria dos cofre s públicos e o pape l ativo de Lula na fundação do e sque ma. T oda a ope ração de e nrique cime nto do PT foi plane jada para garantir o caixa dois de um partido que que ria bilhõe s para re alizar o sonho de ficar vinte anos no pode r. O cas­ te lo de are ia de sabou. F icam por aí se us e nge nhe iros, com a mis­ são impossíve l de se justificar pe rante a opinião pública.” As de núncias do de svio dos cofre s públicos, de re cursos que atinge m a cifra de 1bilhão e 200 milhõe s dc re ais, foram obje to de inve stigação das C PIs. De sse s, some nte 20 milhõe s te riam sido e mpe nhados para pagar o “me nsalão”. O re stante se ria usado para asse gurar a pe rmanência no pode r por 20 anos, pe ríodo cm que um novo socialismo se ria implantado no País. A ve rdade sufocada - 563 Por tudo isso, a Nação re agiu ao mar de lama que de snudou o princípio de que os fins justificam os me ios, que é a base do proje to pe tista de pode r. Alguns “carde ais” do PT , flagrados no butim de dinhe iros públicos e mal e xplicados, foram de fe ne strados dos cargos de mando e de smoralizados ante a opinião pública. No e ntanto, Lula se re e le ge u, numa cabal de monstração de que somos um povo de me mória muito curta. T ambém, pude ra! Amáquina pública trabalhou, a ple no vapor, a se rviço de sua re e le ição. Proje tos assiste ncialistas que não contribue m para a e xpansão da pre vi­ dência e que de se stimulam a procura de e mpre go e a contribuição pre vide nciária, criaram uma le gião de de pe nde nte s do E stado, e ncorajaram o populismo e favore ce ram o voto de cabre sto, particularme nte nas re giõe s mais pobre s do país. O pe raçõe s tapa-buracos e cala-bocas surgiram do nada e , não mais que de re pe nte , um Lula, combalido por tantos e scândalos, qual fênix, re s­ surgiu das cinzas. E ntre tanto, urge aguardar. A política é muito dinâmica e a história muito mais ainda. A socialização do Brasil é o principal proje to do PT e o lulismo é o se u maior instrume nto de manobra. T omara que os fatos de smintam o “de te rminismo histórico” pe lo qual o PT conside ra se r que stão de te mpo a socialização do Brasil. 564-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Para meditar “A incapacidade de um povo para pe rce be r os pe rigos que o ame açam é um dos sinais mais forte s da de pre ssão autode struiva que pre nuncia as grande s de rrotas sociais. A apatia, a indife re nça ante o próprio de stino, a conce ntração das ate nçõe s cm assuntos se cundários acompanhada de total ne gligência ante os te mas e sse nciais e urge nte s, assinalam o torpor da vítima que , ante ve ndo um golpe mais forte do que pode rá suportar, se pre para, me diante um re fle xo ane stésico, para se e ntre gar ine rme e se midcsmaiado nas mãos do car­ rasco, como o carne iro que ofe re ce o pe scoço à lâmina. M as quando o torpor não invade some nte a alma do povo, quando toma também a me nte dos inte le ctuais c a voz dos me lhore s, já não se e rgue se não para faze r coro à cantile na hipnótica, e ntão se apaga a última e spe rança de um re de spe rtar da consciência.” O lavo de C arvalho - “O J ardim das Afliçõe s” - E R e aliza­ çõe s - 2ae dição. X X X ‘O que mais pre ocupa não é ne m o grito dos viole ntos, dos corruptos, dos de sone stos, dos se m caráte r, dos se m ética. O que mais pre ocupa é o silêncio dos bons.” M artin Luthe r King - ( 1929-1968) - norte ame ricano, pastor, filósofo, te ólogo. A ve rdade sufocada - 565 Palavras finais E m 1987, e scre vi o me u prime iro livro Rompendo o Silêncio - que pre ­ te nde u se r ape nas uma re sposta à injúria, à calúnia, às me ntiras e ao e ngodo de uma atriz. J amais pre te ndi re ace nde r uma luta que para mim fazia parte do passado. Não houve inte nção de re vanchismo. Ne m me smo os nome s das pe ssoas citadas no livro, com e xce ção das que já tinham assumido se us atos, e u torne i públicos. Ape sar de se mpre se r procurado pe la impre nsa, mantive -me discre to, re spe itando a Le i da Anistia e te ntando contribuir para a união, a paz e a concórdia. E ste livro não te m a finalidade de re ace nde r conflitos, ne m de alime ntar re sse ntime ntos. Não pre te ndo se que r contrapor-me ao re vanchismo e stimula­ do por alguns. Não guardo mágoa, rancor ou re sse ntime nto. Ne m me smo as calúnias das quais sou alvo me tiram o sono. O me u trabalho, principalme nte na época da gue rrilha re volucionária, e nsinou-me a conhe ce r me lhor a re ação das pe ssoas e a razão de suas açõe s. E nsinou-me a compre e nde r que , para muitos, fanatizados por uma ide ologia, os fins justificam os me ios. E ste livro pre te nde mostrarás novas ge raçõe s o porquê da C ontra-R e volu- ção de 1964 e o porquê da luta armada que se de se ncade ou no País. E pre ciso dar um basta ao mito de que os subve rsivos e os te rroristas lutaram contra a ditadura militar e pe la libe rdade . F omos nós que lutamos para mante r a de mo­ cracia no Brasil, re gime que tanto pre zamos. Por isso tudo, tive de me alongar, vindo de sde 1935 ate os dias de hoje , ainda que supe rficialme nte , te ntando faze r um re sumo da traje tória das três te ntativas de implantação de um re gime comunista no Brasil. De tive -me e m maiore s de talhe s - ne m tanto como e u gostaria, por falta de e spaço - sobre o pe ríodo da luta armada e do te rrorismo no Brasil que , a me u ve r, inicia-se e m 1966, com o ate ntado ao Ae roporto de Guararape s, indo até 1974, quando foram praticame nte e xtintos. T e ria muito mais a e scre ve r sobre e sse s dias: combate s travados, de s­ me ntidos de ve rsõe s fantasiosas, me ntiras ide ológicas, me ntiras forjadas para justificar de laçõe s, me ntiras por dinhe iro (já que as inde nizaçõe s são milioná­ rias) e me ntiras cle itore iras (dize r-se pre so político c dize r-se torturado, são fonte s ine sgotáve is de votos). T e ria muito mais a e scre ve r. Afinal, foram 20 anos de pe squisas. Pe nso que fiz a minha parte . Agora, concito a todos os que conhe ce m e ssa história e que trabalharam para pacificar o País, para que e scre vam, re latando a nossa saga. Se m ódio. se m rancor, se m re vanchismo. Quantos livros foram e stT iios sobre nossa lula? Poucos, pouquíssimos. 566-C arlos Albe rto Brilhante Ustra Se i que as dificuldade s são muitas. A come çar pe la e ditora que normalme n­ te não que r corre r o risco de e ditar. De pois as livrarias. De pois a mídia, que abafa o lançame nto. E nfim, são inúme ras as dificuldade s. E ntre tanto, te mos de mostrara ve rdade . C he ga de mitos. C he ga de pe nsare m que e nfre ntamos e studante s inde fe sos, que lutavam pe la libe rdade e contra a ditadura! C he ga de silêncio! E scre vam. F açamos como e le s, me smo não se ndo e scritore s, como e u não sou, e scre vam. E le s já têm ce nte nas de livros publicados e be m difundidos. ✓ E pre ciso não de ixar que os ve ncidos continue m re e scre ve ndo a história É pre ciso acabar com o mito de que matamos pe ssoas inoce nte s e as e nte r­ ramos e m ce mitérios clande stinos. Pre cisamos acabar com histórias como a que ouvi de um motorista de táxi, que le vava a mim e a minha mulhe r ao Hote l de T rânsito de São Paulo, construído no te rre no de um antigo quarte l. C ontou-me e le que , quando de moliram o quarte l, “e ncontraram” ce nte nas de e sque le tos de pe ssoas mortas pe la ditadura e nte r­ radas ali, clande stiname nte . É miste r trabalhar para que , ao passar e m fre nte ao QG do II E xército, hoje C omando M ilitar do Sude ste , os taxistas nos conte m que ali morre u o soldado M ário Koze l F ilho, jove m de 18 anos, vitimado por te rroristas que jogaram uma Kombi che ia de e xplosivos contra o quarte l. E pre ciso que e le s nos conte m como Lamarca - o traidor, o he rói das e s­ que rdas - e se u bando, mataram a coronhadas de fuzil o te ne nte da Polícia M ilitar de São Paulo, Albe rto M e nde s J unior, re fém e de sarmado. Urge que nos conte m como morre u David C uthbe rg, marinhe iro inglês que visitava nossa te rra, ape nas porque re pre se ntava o “impe rialismo inglês”. E pre ciso que ao passar pe la Alame da C asa Branca, e m São Paulo, os motoristas de táxi nos informe m que naque le local morre u, e m confronto com a polícia, C arlos M arighe lla, o ide ólogo do te rror. Para o re sgate da história, é ne ce ssário que os passage iros que de se m­ barcam no Ae roporto de Guararape s - R e cife - possam le r, numa placa e num local visíve l, no saguão principal do ae roporto, que ali a Ação Popular praticou um ato te rrorista, matando um jornalista, um almirante e fe rindo grave me nte tre ze pe ssoas. E impre te ríve l que as novas ge raçõe s saibam porque de te rminadas pe s­ soas, que hoje se dize m e x-e xiladas e pe rse guidas políticas, fugiram do País. Se nhore s gove rnante s, crie m uma comissão ise nta, se m a participação de cx-milituntcs de organizaçõe s subve rsivas ou de antigos inte grante s dos ór- A ve rdade sufocada - 567 gàos de se gurança, para que e la te nha re alme nte cre dibilidade , e abram os arquivos da ditadura. M as abram também os arquivos da e sque rda, se m ce n­ sura. Abram os de poime ntos de próprio punho que os pre sos e scre ve ram e que e stão arquivados no ST M . E abram os arquivos não some nte dos sub­ ve rsivos e te rroristas pre sos, mas também dos que fugiram do País para nào re sponde re m a proce ssos por se us atos. Abram os arquivos do PC doB para que o povo saiba o que os “e studante s”, que se e mbre nharam nas se lvas do Araguaia, pre te ndiam faze r. E pre ciso que o País conhe ça os crime s que os ve ncidos de ssa gue rra suja come te ram e , principalme nte , as inte nçõe s que os le varam a praticá-los. F inalme nte , e stimo que A Verdade Sufocada te nha trazido ao le itor a re al dime nsão de ce rtos fatos, mostrando as motivaçõe s que os provocaram e as conse qüências de le s advindas, para que a história re ce nte de ste País se ja re vis­ ta com imparcialidade . Indice Onomástico Abdie l R ibe iro dos Santos................................................................................. 50 Abre u Sodré.....................................................................................263,264, 326 Acrisio F e rre ira Gome s.................................................................................. 475 Adair Gonçalve s R e is............................................................................. 323,400 Adalbe rto Pe re ira dos Santos......................................................................... 107 Adamastor Antonio Bonilha............................................................................ 146 Adaurí Antune s Barbosa................................................................................... 26 Adclar Braite nbach..........................................................................................147 Ade lino De ycola dos Santos............................................................................. 56 Ade rval Alve s C oque iro..........................................................................274,493 Adhe mar dc Barros.........................................................................................418 Adilson C ae tano da Silva................................................................................ 377 Adilson F e rre ira da Silva................................................................................. 167 Adolfo Barbosa Bastos............................................................................... 54,55 Affonso dc Ale ncastro Graça..................................................................99, 100 Afonso A. Lima................................................................................................163 Afonso C e lso Lana Le ite ................................................................................ 324 Afonso He nrique M artins Saldanha.......................................................496,498 Afonso J osé dos Santos.................................................................................... 55 Afonso J unque ira de Alvare nga..................................................................... 324 Afrânio Araújo.................................................................................................... 71 Agildo Barata R ibe iro........................................................................................49 Aglibcrto Vie ira de Aze ve do......................................................................45,49 Agnaldo De l Ne ro Augusto......................................................................13, 134 Agonalio Pache co da Silva............................................................................. 232 Agostinho F e rre ira Lima................................................................................. 183 Aguinaldo O live ira de Alme ida......................................................................... 48 Aiiton de O live ira.............................................................................................217 Aimoré Zoch C avalhe iro................................................................................... 65 Alhe rí Vie ira dos Santos J únior.............................144, 146, 147, 151,496,498 Albe rto Be rnardino de Aragão......................................................................... 50 Albe rto Bitte ncourt C otrim Ne to................................................................... 214 Albe rto F raga...................................................................................................525 Albe rto F uji more ...............................................................................................135 Albe rto LIe ras C amargo................................................................................. 130 Albe rto M e nde s................................................................................................264 Allvrio M e nde s J únior.................... 18,257,260, 263.264,268, 347,405, 566 Albe rto Vinícius M e lo do Nascime nto...........................................................278 Albino Wakahara..............................................................................................378 Alce ri M aria Gome s da Silva.................................................................250,492 Alce u Garcia..................................................................................................... 482 Alcide s R odrigue s de Souza........................................................................... 384 Alcindor Aire s................................................................................................... 146 Aldo Arante s............................................................................. 74, 126, 145, 179 Ale x de Paula Xavie r Pe re ira........................................297,394, 397,474,494 Ale x Polari de Alve rga........................................................... 273, 274,322, 323 Ale xandre Pe na E xclusa................................................................................. 556 Ale xandre R odrigue s dc M iranda..................................................................384 Ale xânio Bitte ncourt...........................................................................................49 Ale xina C re spo................................................................................................... 71 Alfe u dc Alcântara M onte iro.........................................491,498,499,500,502 Alfre do Hélio Syrkis............................................................... 271, 272, 274, 323 Alfre do R ibe iro Daudt............................................................................. 145,203 Alfre do Schne ide r.............................................................................................420 Alípio de F re itas.......................................................................... 72, 74, 157, 158 Almir C ustódio de Lima......................................................... 281, 359, 360,495 Almir Dutton F e rre ira.......................................................................................274 Almir O límpio de M e lo.....................................................................................200 Almir R odrigue s de M orais............................................................................. 344 Aloísio R odrigue s dos Santos........................................................................... 13 Aloysio Nune s F e rre ira.......................................................... 156, 161, 162,523 Altair Gonçalve s R e is.......................................................................................322 Altair Luche si C ampos.....................................................................................274 Aluísio F e rre ira Palmar....................................................................................324 Aluísio M adruga de M oura e Souza.........................................................13,387 Aluísio Palhano.......................................................................131, 133, 151,486, Alvaro C osta.......................................................................................................14 Álvaro da Silva Braga........................................................................................49 Alvaro dc Souza Pe re ira................................................................................... 50 Álvaro Lope s Pe ralta.......................................................................................475 Amade u de Alme ida R ocha............................................................................ 358 Amade u F e lipe da Luz F e rre ira.....................................................................152 Amador Navarro Parra....................................................................................207 Amaro Duarte Dias..........................................................................................155 Amaro Luiz de C arvalho................................................ 139, 356, 486, 493,498 Amaury C astanho.............................................................................................299 Amauy Krue l..........................................................................................92,98,99 Ame lia Bastos....................................................................................................78 Américo Lope s M anso................................................................................... 424 Amilton Nonato Borge s.................................................................................. 279 Ana Bursztyn....................................................................................................343 Ana C apriglione Be nchimol............................................................................ 417 Ana C orbisicr M ate us..................................................................................... 368 Ana M aria C e rque ira C ésar...........................................................................342 Ana M aria Nacinovic C orre a........................343, 381,402,403,405,475,494 Ana M aria R ibas Palme ira............................................................................. 368 Anastácio O rth.................................................................................................186 Anatoli O link.....................................................................................................555 André C amargo Gue rra.................................................................................. 328 André Grabois..........................................................................................487,546 André Le ite Pe re ira F ilho............................................................................... 306 André T sutomu O ta.........................................................................................297 Anfrísio da R ocha Lima.................................................................................... 96 Ange lina Plácido M e nde s............................................................................... 264 Ange lo Arroyo...........................................................................73, 173, 362,496 Ange lo Pe zzuti da Silva..................................................................274,497,499 Anísio T ole do....................................................................................................335 Anita F e rre ira de C arvalho.............................................................................155 Ante nor M achado dos Santos........................................................................258 Ante nor M e ye r.................................................................................................342 Anthony Garotinho...........................................................................................383 Antonio Abi-E çab.....................................................................................496,499 Antonio Apare cido Posso Nogue ró............................................... 246, 253,486 Antônio Aze ve do C osta.................................................................................... 56 Antônio Be ne tazzo..................................................................312, 366, 368,494 Antônio Braga..................................................................................................530 Antônio Brito M arque s................................................................................... 207 Antônio C ândido...............................................................................................164 Antonio C arlos Araújo C hagas.......................................................................255 Antônio C arlos Bicalho Lana................................401,403, 404,474,475,495 Antonio C arlos da Silva M uricy (Ge ne ral M uricy)...........................89,90,101 Antonio C arlos de O live ira Sche in.................................................................109 Antonio C arlos J e ffe ry....................................................................201,348,486 Antonio C arlos Nascime nto Pivatto...............................................................207 Antonio C arlos Nogue ira C abral................................................... 344,400,494 Antonio C arlos Silve ira Alve s.................................................................496,499 Antonio de F re itas Silva..........................................................................229,231 Antonio De lfim Ne tto..............................................................................163,234 Antonio dos T rês R ios O live ira.......................................................................463 Antônio Duarte dos Santos............................................................214, 216,217 Antônio E xpe dito C arvalho Pe re ira................................................................324 Antonio F e rre ira Pinto.............. .......................................................................490 Antônio F ragoso.................................................................................................74 Antônio Ge raldo da C osta.......................................................................215,216 Antonio Gramsci...............................................................................................113 Antonio J oão.....................................................................................................186 Antonio Le ngoe n He lmo................................................................................. 219 Antônio Le piane ...............................................................................................208 Antônio Loure nço.............................................................................................353 Antonio M achado Borge s............................................................................... 109 Antonio M acie l Bonfim...............................................................................55,57 Antônio M e lo....................................................................................................399 Antonio M ilton de M orais..............................................................................478 Antônio Paloe ci.........................................................................................527,528 Antonio Pe dro M orais da C unha....................................................................155 Antônio Pe re ira.................................................................................................362 Antônio Pre ste s de Paula........................ 65,214, 216, 217, 218, 219, 278, 281 Antônio R aimundo Luce na........................................................... 248, 249, 253 Antônio R obe rto E spinosa.......................................................................205,417 Antônio R ogcrio Garcia da Silve ira................................................................324 Antonio Sá Barre to Le mos F ilho......................................................................96 Antônio Sérgio de M atos.............. 216, 330, 331, 344, 353, 354, 381, 385, 493 Antônio Ubaldino Pe re ira................................................................................ 324 Antônio Vice nte da C osta J únior...................................................................214 Antonio Vitor da C ruz........................................................................................56 Apolônio Pinto de C arvalho.............................................40,274, 277, 281, 359 Ari C unha............................................................................................................14 Arie l Paca da F onse ca.................................................................................... 374 Ariste ne s Nogue ira de Alme ida.....................................................................324 Ariston de O live ira Luce na........................................................... 258, 263, 266 Aristóte le s Drummond...................................................................................... 14 Aristóte le s Luiz Drummond.............................................................................. 78 Armando Augusto Vargas Dias......................................................................324 Armando Avólio F ilho...................................................................................... -IS3 Armando de M orais Âncora...............................................................98,99, 101 Armando de Souza M e lo.................................................................................. 49 Armando T e ixe ira F ructuoso..................................................................277,438 Arnaldo C ardoso R ocha.................................................................354,403,404 Arnaldo J abor...................................................................................................551 Arno Pre is................................................................................................368,494 Artur Be rnarde s.................................................................................................45 Arthur da C osta e Silva...........................................92, 123, 124, 161, 163, 164 Arturo F rondizi.................................................................................................129 Ary R ocha M iranda................................................................351,352,496,498 Ary R odolfo C arracho Home ........................................................................427 Aspásia C amargo...............................................................................................32 Assis Brasil.......................................................................................................105 Athos M agno C osta e Silva............................................................................419 Átila R ohrse tze r.......................................................................................284,450 Aton F on F ilho.........................................................................167, 342, 380, 385 Audir Santos M acie l.................................................................................... 90,91 Augusto Hamman R ade make r Grüne wald..................................123, 124, 163 Augusto J osé Pre sgrave ................................................................................. 395 Augusto Pinoche t............................................................................126, 134, 143 Aure a M ore tii...........................................................................................250,251 Aure a T inoco E ndo..........................................................................................386 Aure liano C have s.....................................................................................443,467 Aurélio de Lyra T avare s.........................................................................163, 165 Auro de M oura Andrade ................................................................................. 123 Aurora M aria do Nascime nto F urtado................................................. 344,400 Ave lino Bioni C apitani.................................................... 214, 216,217, 219,278 Ayiton Adalbe rto M ortati............................................... 343, 367,368, 371,487 Bayard De maria Boite aux.............................................................................. 151 Be ne dito C ae tano.............................................................................................207 Be ne dicto Lope s Bragança........................................................................49,50 Be ne dito Alve s R amos.................................................................................... 217 Be ne dito R amos...............................................................................................215 Be rnardino Pinto de Alme ida...........................................................................55 Be rnardino Saraiva..........................................................................491, 498,504 Be te C hachamovilz................................................................................. 411,412 Blola J únior.......................................................................................................462 Be te M e nde s (E lizabe th M e nde s de O live ira).................................22, 28,420, 421,422,423,424,425,429,431,451,452,453,455,456,457,459,460, 461,462,463,464, 573 Boane rge s de Souza M assa.......................................................... 342, 367,368 Boave ntura R odrigue s da Silva......................................................................342 Bonifácio Signori...............................................................................................201 Bruno da C osta de Albuque rque M aranhão................ 277,532, 533, 535, 541 Bruno Dauste r M agalhãe s e Silva..................................................................324 Bruno Piola....................................................................................................... 324 C acilda Brilhante Ustra..................................................................................... 31 C aco Barce llos.................................................................................................499 C afe F ilho............................................................................................................ 43 C aio Gome s M achado........................................................................................79 C alil C hade .......................................................................................................... 73 C amilo C ie nfue gos...........................................................................................129 C amilo T orre s...................................................................................................130 C ardênio J ayme Dolce .................................................................................... 343 C arlos Albe rto Brilhante Ustra........................... 21,22, 23,425,429,430,455 C arlos Albe rto C ardoso................................................................................... 357 C arlos Albe rto Libânio C hristo (F re i Be tto)........................ 136, 168,212, 555 C arlos Albe rto Saile s........................................................................................463 C arlos Albe rto Soare s.............................................................................278,280 C arlos Albe rto Soare s de F re itas...........................................................417,487 C arlos Albe rto Vie ira M uniz...................................................................181,378 C arlos Arge miro C amargo................................................... 147, 151, 153 , 183 C arlos Be rnardo Vaine r.................................................................................. 323 C arlos C láudio M igue z...................................................................................... 14 C arlos E duardo F ayal de Lira............................................................ 27, 41, 408 C arlos E duardo Pire s F le ury................................. 274, 342, 366, 367, 368,493 C arlos E ugênio Sarme nto C oe lho da Paz........... 329, 331, 343, 353, 354, 355 C arlos F . de Simas............................................................................................163 C arlos F ico........................................................................................................114 C arlos F ranklin Paixão de Araújo................................................... 71,417, 420 C arlos He nrique Gouve ia de M e lo........................................................ 369,472 C arlos Ilitch Santos Azambuja........................................................ 13, 136, 370 C arlos Lace rda................................................................................. 58, 125,436 C arlos Lamarca.....................................188, 189, 191,201,203,204,207, 208, 209, 210, 211, 236, 237,249,252,253,257,258, 259,260,261, 262, 263, 266, 267,269, 272,279, 322,323, 324,328,349,367,377,481,486,493,510.566 C arlos Luiz Gue de s............................................................................................89 C arlos L uz.......................................................................................................... 43 C arlos M ariçhe lla.......................................................23,40» 142, 155, 162, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172,181, 185, 191, 198,203,227,236,237,248,254, 256,257, 322, 341, 342, 365,366. 371, 380,476,481,486, 491, 523, 544, 566 C arlos M ário Pite t..............................................................................................84 C arlos M inck Baumfe ld.................................................................................. 418 C arlos Nicoláu Daniclli.............................................................73, 173,494, 546 C arlos R obe rto Pittoli.......................................................................................210 C arlos R obe rto Se rrasol.................................................................................. 254 C arlos T ibúrcio.................................................................................474, 502, 544 C arme la Pe zzuti...............................................................................................324 C arme n M onte iro dos Santos J acomini................................258, 377,497,499 C atarina Abi-E çab................................................................................... 496,499 C e cilde s M ore ira F aria................................................................................... 240 C e le stino Parave nti............................................................................................47 C élio M artins Ustra............................................................................................31 C e lso Antune s Horta........................................................................................342 C e lso da Silva Alve s.........................................................................................347 C e lso Danie l....................................................................................530, 531- 561 C e lso Gilbe rto de O live ira.......................................................................463,487 C e lso Lungare tti......................................................................254,257, 258, 267 C ésar Augusto T e le s............................................................................... 546, 549 C harle s Burke E lbrick....................118, 165,227,228,229,230,231,252,271 C harle s R odne y C handle r.....118, 161, 197, 198, 199,202,212,248,348,405 C hico Ne lson....................................................................................................355 C hizuo O zava (M ário J apa)............................................................246,248, 258 C íce ro Novo F ornari........................................................................................373 C id Que iroz Be njamin.............................................................227, 231,274, 377 C ide lino Palme ira do Nascime nto..................................................................418 C iro Gome s....................................................................................................... 480 C lara C harf.......................................................................................................171 C láudio Antonio Vasconce los C avalcante .................................................... 145 C láudio Augusto de Ale ncar C unha...............................................................376 C láudio de Souza R ibe iro................................................................................ 190 C láudio Gale no de M agalhãe s Linhare s........................................................419 C láudio Humbe rto............................................................................. 14, 157, 510 C láudio J orge C âmara.................................................................................... 417 (’láudio T nnvs da Silva...........................................................................227, 231 C le me nte M ariani 67 C lodoaldo Ursulano............................................................................................50 C lodomir dos Sanlos M orais.....................................................................69,139 C lotilde Gama.....................................................................................................14 C olombo Vie ira de Souza J únior........................................... 343, 542, 543, 545 C once ição Imaculada de O live ira..................................................................324 C onfucio Danton de Paula Ave lino........................................................263,433 C oriolano F e rre ira Santiago..............................................................................50 C osme Alve s Ne to.............................................................................................74 C osta C outo......................................................................................................438 C rimcia Alice Schimidt de Alme ida...................... 545, 546, 547, 549, 551, 552 C hristóvào da Silva R ibe iro.............................................................................324 C urtis C arly C utte r..........................................................................118,254, 256 Dagobe rto R odrigue s.............................................................................. 151, 152 Dalmo Lúcio M uniz C yrillo........................................................... 300,429,430 Damaris O live ira Luce na...................................... 245, 246, 249, 252, 253,258 Danie l Aarão R e is F ilho..................................111,112,113,274,324, 355, 376 Danie l C allado..................................................................................................173 Danie l da Silva Vale nça.................................................................................... 56 Danie l J osé de C arvalho.........................................................................324,487 Danie le E ste ve s................................................................................................279 Danilo Darci de Sá da C unha M e lo...............................................................208 Danilo Paladini....................................................................................... 49, 50, 51 Dante de O live ira.............................................................................................444 Darci da C unha M e lo.......................................................................................264 Darcy R odrigue s.....................................153,203,208,258,260, 274,418, 510 Darci T oshiko M iyaki.............................................................................. 386,391 Darcy R ibe iro...........................................................................................145,150 David A. C ulhbe rg.................................237,281,399,400,405,417,463,566 David de Souza M e ira............................................................................. 183,491 David dos Santos Araújo...........................................................................13,550 De lci F e nste rse ife r..........................................................258, 259, 324, 345, 346 De lúbio Soare s..........................................................................................529,562 De me rval dos Santos.......................................................................................343 De nilson Luís de O live ira................................................................................ 380 De nis Antônio C ase miro.........................................................................474,487 De nise Pe re s C rispim.......................................................................................247 De nise R olle mbe rg..........................................................................113, 140, 141 De nise R othe nburg.............................................................................................14 De rly J osé dc C arvalho.................................................................................. 324 Dcvanir Antônio dc C astro Que iroz...............................................................395 De vanir J osé de C arvalho.............................................. 247, 372, 329, 331,493 Dicke ns F e rraz...................................................................................................94 Dilma Vana R ousse ff........................................................................29, 181,418 Dílson F unaro...................................................................................................466 Dimas Antonio C ase miro............................................... 329, 330, 331,332,493 Dinarco R e is....................................................................................................... 45 Dioce sano M artins.......................................................................................56,57 Dióge ne s Arruda C âmara...................................................................40, 73, 173 Dioge ne s J osé dc C arvalho O live ira.....................................................190,194, 198, 200, 205, 209,210, 248, 347 Dioge ne s Sobrosa de Souza..........................................258,262, 265, 266, 284 Divino Dias dos Anjos........................................................................................65 Djalma C arvalho M aranhão...................................................................497,499 Domingos Antune s Aze ve do.......................................................................56,57 Domingos F e rnande s.......................................................................................274 Domingos F igue ire do E ste ve s Guimarãe s.....................................................185 Douglas Bravo..................................................................................................130 Duarte Pe re ira....................................................................................................74 Duda M e ndonça...............................................................................................527 Dulce de Souza M aia............................................................................. 189,190, 194, 198,200,201,203,207,208,209, 210, 211, 212, 274 E de r Wagne r Dantas de M e de iros..................................................................14 E dgar C orre ia da Silva.................................................................................... 246 E dgar F onse ca F ialho.......................................................................................376 E djalma Dias....................................................................................................298 E dmauro Gopfe rt..................................................................................... 258,274 E dmundo dc M ace do Soare s..........................................................................163 E dmundo R ibe iro de M e ndonça Ne to............................................................200 E dmur Péricle s C amargo................................................................ 171, 324, 487 E dson Luis de Alme ida T e le s.................................................................548,549 E dson Luiz de Lima Souto............................................. 161, 182, 183, 277,491 E dson Ne ve s Quare sma.................................................................347,464,492 E dson R cgis de C arvalho............................... 152, 153, 155, 156, 160, 182, 183 Hdson R obe rto R ufino............................................................................. 191,192 E duardo Antônio da F onse ca.................................................................381,493 F diiardo C olle n Le ite (Bacurí)..............................................................189, 190, 194,247,250,272,274, 351, 352,492 E duardo F re i M ontalva 129 E duardo Gome s..................................................................................................49 E duardo R ibe iro Xavie r..................................................................................... 56 E dvaldo C e le stino da Silva.................................................... 215, 216, 217, 218 E dward E rne st T ito O tto M aximilian von We ste rnhage n....................151, 197 E dwino Daube r.................................................................................................104 Élcio Pe re ira F orte s.................................................................................344,386 E lde s de Souza Gue de s................................................................................... 192 E lianc Potiguara M ace do Simõe s......................................... 335, 385, 386, 391 E lias dos Santos (Soldado do E xército)..........................................................278 E lias dos Santos (Dissidência da VAR -Palmare s)....................................... 419 E linor M e nde s Brito............................................................... 181, 182, 277, 324 Élio F e rre ira R e go...................................................................................215,216 E lio Gaspari......................................................... 22, 23, 138, 162, 235,409, 509 E lizário Alve s Barbosa...................................................................................... 56 E lmar Soare s de O live ira................................................................................376 E lói Alfre do de Pie tá....................................................................................... 186 E lvira C upe lo C olônio........................................................................... 55, 56, 57 E lza F e rnande s...................................................................................................55 E lza Lima M one rat........................................................... 73, 173, 174, 363, 387 E manoe l Nicoll..................................................................................... ............146 E miliano Se ssa................................................................................ 396, 474,475 E mílio Garrastazú M édici.................................................92, 233, 236, 238,273 E milio Pe re ira...................................................................................................377 E mir Sade r........................................................................................................136 E néas C arne iro............................................................................... 467,479,480 E néas Nogue ira................................................................................................395 Ênio Pime nte l da Silve ira.................................................................................303 E pitácio R e niígio de Araújo............................................................................167 E raldo Palha F re ire ......................................................................... 343, 492, 544 E rcílio Ge raldo..................................................................................................322 E rica R oth.........................................................................................................214 E rildo Sime ao C amargo Le mos........................................................................14 E rnani Ayrosa da Slva.............................................................................221,326 E rnani J orge C orrêa..................................................................................94,100 E rne sto C aruso.................................................................................................524 E rne sto C he Gue vara.................................................................................28,59, 60,64, 129, 131, 137, 139, 142, 166, 179, 181, 182, 197, 198,230, 375,537 Hrne sto Gcise l................................................................................. 128,433, 435 E rvino Be sson.................................................................................................. 265 E spe ridião Amin...............................................................................................479 E stanislau Ignácio C orre ia.............................................................................. 348 E ugênio M agalhãe s Sardinha......................................................................... 475 E ule r Be nte s M onte iro.....................................................................................436 E umano Silva....................................................................................................310 E unice Gome s de Barros................................................................................ 155 E unice Paiva.............................................................................................484,485 E urico Gaspar Dutra.................................................................... 39,43,49, 166 E vandro Éboli..................................................................252, 253,471,541, 548 E xce lso R ide an Barce los................................................................................ 131 F austo M achado F re ire ................................................................................... 274 F élix Ataíde da Silva.........................................................................................131 F élix M aie r.......................................................................................................... 14 F élix R osa Ne to................................................................................................255 F e rnando Affonso C ollor de M e llo................................164, 467, 468,470,527 F e rnando Be lfort Be thle m......................................................................395,436 F e rnando da Silva Le mbo.......................................................................184,491 F e rnando Damatta Pime nte l........................................................................... 255 F e rnando de Brito.................................................................................... 168, 170 F e rnando F e rre ira R aposo.............................................................................. 155 F e rnando He nrique C ardoso..................................................................156,161, 431,470,479,480,482,483,484, 507, 510, 523, 527, 542 F e rnando Kolle ritz................................................................................... 247,250 F e rnando M artine z He re dia............................................................................ 555 F e rnando Palha F re ire .................................................................................... 343 F e rnando Paulo Nagle Gabe ira.............................227,228,229,230,231,274 F ide l C astro.....................................................................................28, 58,64,66, 114, 129, 130, 131, 137, 138, 141, 143, 144, 153, 179, 182,320,370,553,555 F ide lis Batista de Aguiar................................................................................... 50 F irmo C have s...................................................................................................146 F lávia Gusmão..................................................................................................31! F lávio Aristide s de F e itas T avare s........................................................151,152, 168,214, 215, 216,217, 218, 219, 220, 232 F lavio Augusto Ne ve s Le ão Salle s........................................................400,412 F lávio C arvalho M olina...........................................................368,475,476,478 F lávio Hugo de Lima R ocha...........................................................................391 F lávio M arcílio..................................................................................................234 F lávio O scar M auivr............................................................................... 101, 5(M F lávio Pe re ira 14 F lávio R obe rto de Souza........................................................................274,418 F lora F risch...............................................................................................216,219 F lore ntína De lcufe u da R ocha........................................................................273 F loriano M acie l...................................................................................................79 F lozino Pinhe iro de Souza.......................................................................257,258 F rancisco Albuque rque .................................................................................... 549 F rancisco Alve s da R ocha................................................................................ 50 F rancisco Antônio Le ivas O te ro.......................................................................49 F rancisco da Silva C arvalho F ilho..........................................................484,485 F rancisco de Assis C orre ia de M e llo.....................................................123,124 F rancisco de O live ira R odrigue s....................................................................216 F rancisco Dorne lle s..........................................................................................466 F rancisco E manue l Pe nte ado.........................................................................403 F rancisco Gome s da Silva...............................................................................342 F rancisco J osé de O live ira.................................................... 342, 367, 368,493 F rancisco J ulião......................................69,70,71,72, 113, 123, 138, 141,536 F rancisco Lago...................................................................................................74 F rancisco M orae s...............................................................................................65 F rancisco Natividade Lira................................................................................. 56 F rancisco Pe re ira Araújo................................................................................168 F rancisco R obcrval M e nde s...........................................................................324 F rancisco Se iko O kama................................................................. 403,404,495 F ranco M ontoro........................................................................................479,481 F ranklin de Souza M artins............................. 181, 184, 186,227,231,376,378 F re ddie Pe rdigão Pe re ira........................................................................303,408 F re de rico E duardo M ayr....................................................... 368,474,475,494 F rie dcrich Adolf R ohmann..............................................................................171 F ulgêncio Batista..............................................................................................129 Gabrie l Grüm M oss............................................................................................61 Garibaldo de Que iroz...............................................................................240,343 Gary Prado............ ...........................................................................................197 Gastão F uhr......................................................................................................109 Gaynor da Silva M arque s................................................................................104 Ge de ão C ae tano da Silva................................................................................278 Ge ise F e rrari.......................................................................................................94 Ge lson R e iche r.............................. 297, 383, 384, 385, 394, 396,474,475,494 Ge naro Pe dro Lima.........................................................................................*..50 Gcorce M iche l Sobrinho.................................................................................. 168 Ge orge R ohrig..................................................................................................273 Ge ralda R ache l F e lipe ......................................................................................330 Ge raldo de O live ira............................................................................................50 Ge raldo F e rre ira Damase e no.........................................................................419 Ge raldo Soare s.........................................................................................277,438 Ge rosina Silva...........................................................................................497,499 Ge rson T he odoro de O live ira........................................272, 274, 322, 323,493 Ge túlio de O live ira C abral..............................................................279,400, 412 Ge túlio Dorne lle s Vargas.................28,42,43,44,61, 122, 153, 383,435,465 Gilbe rto F aria Lima.........................................................258, 262, 329, 330, 331 Gilbe rto Zottmann.............................................................................................109 Giocondo Dias....................................................................................................45 Giovanni E nrico Buche r..................................................................311, 322, 323 Gláucia Ustra Soare s.........................................................................................31 Golbe ry do C outo e Silva................................................................................ 127 Gre gorio Alvare z..............................................................................................135 Gre gorio Be ze rra................................................................................. 45,48, 232 Grcgório M e ndonça................................................................254, 255, 329,331 Gre gorio Soare s..................................................................................................50 Gualbe rto Pinhe iro........................................................................................90,91 Guilhe rme Afif Domingos............................................................................... 467 Guilhe rme M acário J olle s................................................................................. 54 Guilhe rme Pe re ira do R osario........................................................................443 Guilhe rme Povoas..............................................................................................14 Guilhe rmina M aria da R ocha.........................................................................273 Guille rmo Le on Vale ncia M unoz....................................................................130 Guiomar Silva Lope s........................................................................................342 Gustavo Buarque Schille r.......................................................................324,417 Hans R udolf J acob M anz............................................................................... 167 Haroldo Borge s R odrigue s L ima.....................................................................74 Haroldo C ollare s da C unha Barre to......................................................155,156 Harro C yranka.................................................................................................544 Harry Shibala...................................................................................................476 He itor C ony................................................................................................23, 193 He itor de Paola.................................................................................................558 Hclbcr J osé Gome s Goulart............................................................474,475,495 I lélcio da Silva..................................................................................................400 llclcio Pe re ira F orte s.............................................................................. 354,494 I ItM iln C âmara...................................................................................................7-4 He le na Boave ntura Ne to................................................................................ 277 He le na Bocayuva Khair..........................................................................227,231 He le nira R e ze nde .................................................................................... 186,488 Hélio Be ltrão.............................................................................................. ......163 Hélio C arvalho de Araújo................................................................................ 322 Hélio F e rre ira.................................................................................................... 218 Hélio Loro O rlandi............................................................................................107 Hélio Silva......................................................................................................... 463 He ly M e ire lle s..................................................................................................222 He nning Albe rt Boile se n........................................................................237,326, 327, 328, 329, 330, 331, 332, 334, 341, 384 He nrique C astro Pe rrone F ilho....................................................................... 207 He nrique C haicowski.......................................................................................192 He rbe rt E ustáquio de C arvalho (He rbe rt Danie l)...............................258,272, 274, 322, 323, 328, 355 He rbe rt J osé de Souza.......................................................................................74 He rbe rt J osé Gome s Goulart.......................................................................... 344 Hércule s C orre ia dos R e is.............................................................................. 145 He rme s C amargo Batista............................................................................... 205 He rnán Sile s Suazo...........................................................................................129 He ryaldo Silve ira de Vasconce llos.................................................................105 Hiroaki T origoe ................................................................297, 352, 367, 368,474 Hone stino Guimarãe s.......................................................................................185 Honório de F re itas Guimarãe s............................................................. 54, 55, 56 Hugo Andrade Abre u.......................................................................................374 Hugo C háve z............................................................................................556,558 Humbe rto de Ale ncar C aste llo Branco................................................ 123,125, 126, 127, 128,435,447,448 Humbe rto de Souza M e llo..............................................288, 291, 292, 395,443 Humbe rto T rigue iros Lima.............................................................................. 324 Iara Iave lbe rg......................................................... 258, 266, 323, 324, 377,493 Idalina M aia...................................................................................................... 155 lida Alve s F e che ...............................................................................................394 Iloní Schne tz dos Santos.................................................................................. 151 Inês E tie nne R ome u........................................................................311,322,323 Inocêncio F abrício de M attos Be ltrão............................................................206 Irani C ampos.................................................................................................... 324 Ire ne Dias.........................................................................................................403 Irge u J oão M e ne gon.........................................................................................255 íris do Amaral...................................................................................................499 Irlando de Souza R égis................................................ 272,273, 275, 276, 384 Isabe lita Pe rón..................................................................................................135 Ishiro Nagami.................................................................242, 302,343,496,499 ísis Dias de O live ira................................................................................ 344,488 Ismae l Antônio de Souza.................................................................205, 208, 324 Isolde Somme r..................................................................................................419 Itamar F ranco.......................................................................... 465,469,470,479 Itobi Alve s C orre ia J únior...............................................................................368 Ivan R ibe iro......................................................................................................131 Ivan Se ixas.......................................................................................332, 333, 389 Ivancir de C astro..............................................................................................155 Ive ns M arche tti de M onte Lima....................................................................232 Ive s do Amaral Le sbaupin..............................................................168, 170, 171 Ivo Arzua Pe re ira.............................................................................................163 Ivo F e rnande s Krüge r..................................................................................... 109 J. E de gar Hoove r.................................................................................... 119,120 J acob Gore nde r.......................... 40, 67, 111,157,277, 356, 359,404,406,438 J acque s M ore ira de Alvare nga..............................................................357,358 J acy Gonçalve s R ibe iro..........................................................................107, 109 J aime Paniale ão de M orae s............................................................................ 50 J aime Vanini......................................................................................................368 J aime Walwitz C ardoso.................................................................................. 324 J air Bolsonaro...........................................................................................523,525 J air Dantas R ibe iro.............................................................................................98 J air F e rre ira de Sá..................................................................................... 74, 157 J air Krischke ............................................................................................450,451 J air R attne r....................................................................................................... 510 J airo J osé de C arvalho.................................................................................... 324 J ame s Alle n L uz...................................................................... 400,413,417,419 J ame s Wrighí......................................................................................................74 J anaina de Alme ida T e le s............................................................................... 548 J andira Pe re ira C arnaúba............................................................................... 386 J ane Vanini........................................................................................367, 368,497 J ânio Quadros..................... 28,58,59,60,61,69, 111, 126, 130,138,163,479 J arbas da Silva M arque s................................................................153,216,218, J arbas Gonçalve s Passarinho.........................................................163, 164, 235 J aymc He nrique Antune s Lame ira.........................14, 205, 209, 210, 212, 213 J e an M arc van de r We id.................................................................IS I. 187, 324 J éffe rson C ardim de Ale ncar O sório............................................. 45, 146, 150 J e ny Watsman..........................................................................................216,219 J e ová Assis Gome s................................................................. 274,366,367, 368 J e ssie J ane .............................................................................. 343, 542, 544, 545 J e sus Pare de s Soto......................................................................... 272,274,418 J oão Amazonas de Souza Pe droso......................................40,41,73, 173, 174 J oão Barce los M artins.................................................................................... 499 J oão Batista C ampe io.......................................................................................483 J oão Baptista F igue ire do................................................ 164, 234,436,442,450 J oão Batista Gabrie l...........................................................................................78 J oão Batista R ita.......................................................................................324,488 J oão C arlos Bona Garcia................................................................................ 324 J oão C arlos C avalcanti R e is...................................................................368,494 J oão C arlos Haas Sobrinho.............................................................................174 J oão C arlos Kfouri Quartin de M orae s........................................ 200, 201, 347 J oão C arlos Schimidt de Alme ida Grahois.....................................................547 J oão da C ruz Albe rnaz F ilho...........................................................................150 J oão da C ruz Paião...........................................................................................206 J oão de De us Araújo..........................................................................................50 J oão Dias Pe re ira.............................................................................................217 J oão Domingos da Silva..........................................................................418,492 J oão F e rnande s de Souza................................................................................ 192 J oão Gabrie l de Lima.......................................................................................121 J oão Goulart.......................28,44,58, 59, 61, 63, 65,75, 77, 78, 80, 81, 82, 85, 91, 103, 113, 116, 118, 120, 123, 130, 139, 141, 153, 163,214, 236,436,465 J oão Grandino R odas.......................................................................................488 J oão Le onardo da Silva R ocha..................................................... 232, 368, 488 J oão Lope s Salgado................................................................ 228,231, 377, 378 J oão Lucas Alve s.....................................................................................197,492 J oão Luiz Silva F e rre ira.................................................................................. 378 J oão M arce lo Araújo........................................................................................214 J oão M aria F re itas.......................................................................... 397, 474, 475 J oão M arque s de Aguiar................................................................................. 418 J oão M arque si..................................................................................................251 J oão M aurício de Andrade Baltar..................................................................278 J oão M e llão Ne to.............................................................................................559 J oão Pe dro Stcdile ............................................................................ 72, 536, 537 J oão Pe re ira......................................................................................................362 J oão R ibe iro Pinhe iro T J oão Sze lacsok................................................................................................. 342 J oão Ze fe rino da Silva.....................................................................................368 J oaquim Ale ncar Se ixas.................................................................. 330, 332, 389 J oaquim C âmara F e rre ira (T ole do)...... 167, 169,227,231,322, 349,365,492 J oaquim dos Santos..........................................................................................257 J oaquim Pire s C e rve ira............................................................................274,488 J oaquim R odrigue s F agunde s......................................................................... 473 J oe l J osé de C arvalho..............................................................................324,488 J oe l Nune s................................................................................................219,278 J oe lson C rispim.................................................................................247,250» 492 J ohn F . Ke nne dy...............................................................................................119 J orge Ale ssandri R odrigue z............................................................................ 129 J orge Aprígio de Paula.............................................................................183,491 J orge Armando Se ve ro M achado..................................................................109 J orge C avale ro.....................................................................................96,97, 100 J orge E duardo Saave dra Durão..................................................................... 417 J orge F élix Barbosa.........................................................................................217 J orge Le al Gonçalve s Pe re ira................................................................463,488 J orge Luís Dantas............................................................................................273 J orge M e de iros Valle (O Bom Burguês)..............................218, 278, 360, 376 J orge R aimundo Nahas....................................................................................274 J osé Adalbe rto Vie ira da Silva....................................................................... 529 J osé Ade ildo R amos.........................................................................214,217,219 J osé Ale ixo Nune s....................................................................................240, 343 J osé Ale ncar.....................................................................................................527 J osé André Borge s...........................................................................215, 217, 218 J osé Anse lmo dos Santos (C abo Anse lmo).............................................67, 151 J osé Antônio da Silve ira.....................................................................................99 J osé Antune s F e rre ira......................................................................................240 J osé Araújo Nóbre ga...................................................... 190, 194, 207,258.418 J osc Augusto Brilhante Ustra............................................................................31 J osé Auguslo Silve ira de Andrade Ne tto.........................................................13 J osé Banham da Silva......................................................................272,275,384 J osé Bartolome u R odrigue s de Souza....................................................280,494 J osé Bastos....................................................................................................... 131 J osé Be rnardo R osa...........................................................................................50 J osc Bonifácio Gue re io....................................................................................201 J osé C ae lano Lavorato Alve s........................................................................ 508 J osé C anavarro Pe re ira................................................. 221,222.286. 326. 327 J osé C arlos da C osta........................................................................................413 J osé C osta C avalcanti......................................................................................163 J osé Dan de C arvalho............................................................................. 329,331 J osé de M agalhãe s Pinto (M agalhãe s Pinto)..................89, 102, 122, 125, 163 J osé Dirce u de O live ira e Silva.........................................................27, 29, 140, 141, 181, 185, 186,227,232,368,369,370,418,471,472,528 J osé do Amaral Ville la......................................................................................377 J osé Duarte dos Santos.................................................. 215, 216, 217,218, 324 José E mídio dos Santos......................................................................................55 J osé F e rre ira C ardoso......................................................................................216 J osé F ide lis Augusto Sarno.....................................................................133,180 J osé F rancisco Se ve ro F e rre ira......................................................................158 J osé Ge noino.....................................................................................................529 J osé Ge raldo....................................................................................................... 89 J osé Ge rsino Saraiva M aia............................................................................. 280 J osé Ge túlio Borba...........................................................................................342 J osé Gonçalve s C once ição............................................................................. 183 J osé Gonçalve s de Lima..................................................................................216 J osé Guimarãe s.........................................................................................145,185 J osé He rmito de Sá............................................................................................50 J osé Ibraim................................................................................................212,232 J osé Inoccncio Pe re ira............................................................................ 494,498 J osé J arbas Diniz C crque ira...................................................................134,180 J osé J oaquim de Alme ida.................................................................................. 49 J osé J úlio T oja M artine z................................................................. 237, 373, 379 J osé Lave chia......................................................................... 257, 258, 260,488 J osé Le onardo Sobrinho.................................................................................. 216 J osé Linhare s...................................................................................................... 43 J osé Luis M ore ira Gue de s.............................................................................. 179 J osé Luiz Sávio C osta........................................................................................13 J osé M ário C avalcanti........................................................................................50 J osé M arque s do Nascime nto................................................................240,343 J osé M aurício Grade i.............................................................................. 272,274 J osé M e ndonça dos Santos............................................................................. 477 J osé M e ne ze s F ilho............................................................................................50 J osé M iche l Godoy.................................................................................. 215,217 J osé M ilton Barbosa............................................................................... 272,274, 297, 330, 353, 354, 383, 384, 392, 393,485,493, 586 J osé M itche ll.......................................................................................................14 J osé Nobre Guimarãe s.................................................................................... 529 J osé Nonato M e nde s.......................................................................................167 J osé O live ira Silve stre ......................................................................................155 J osé R aimundo da C osta.................................................................247,409,493 J osé R ibamar F e rre ira de Araújo C osta (J osé Sarne y)..........................22,28, 444,451,453,457,465,466,467 J osé R icardo C ampolim de Alme ida..............................................................298 J osé R obe rto Arante s de Alme ida..................................................368,372,493 J osé R obe rto M onte iro.....................................................................................378 J osé R obe rto Spie gncr.....................................................................................376 J osé R odrigue s Ange lo J únior........................................................................ 247 J osé R onaldo T avare s de Lira e Silva............ 65, 153, 189, 190, 193, 194,274 J osé Sampaio Xavie r................................................................................... 48,50 J osé Se bastião R ios de M oura...............................................................228,231 J osé Sérgio Vaz................................................................................................358 J osé Se rra..........................................................74, 126, 162, 179,479,482, 527 J osé Se ve rino Barre to............................................................................. 155,587 J osé Soare s dos Santos........................................................................... 496,498 J osé Wilson Le ssa Sabag........................................................................ 342,492 J ose fina Bacariça.............................................................................................420 J ose fina Damas M e ndonça............................................................................ 403 J ose ph Goe bbe ls...............................................................................................474 J ove lina T one llo do Nascime nto..................................................................... 324 J üan Domingo Pe rón........................................................................................135 J uan M aria Bordabe rry....................................................................................135 J uare z de De us Gome s da Silva....................................................................... 13 J uare z Guimarãe s de Brito...................................................................... 65,254, 255,271, 273, 313, 314,417,418,492 J úlio Antonio Bitte ncourt de Alme ida.............................................................324 J úlio C ésar Bue no Brandão............................................................................ 216 J úlio C ésar Se nra Barros................................................................................ 216 J úlio F e rre ira R osas F ilho............................................................................... 358 J úlio M aria Sanguine tti............................................................................ 452,460 J úlio M e squita F ilho............................................................................................63 J usce lino Kubtische ck de O live ira............................................................28,42, 44,60,61, 125, 130, 238,266,436 J uvcncio Saldanha Le mos...............................................................147, 150, 167 Karl Loe we nsie in.............................................................................................164 Lndislns Dimbor (J umil)................................19K, 200, 201, 246, 247, 250, 274 Ladislav Bittman.............................................................................. 118, 119, 120 Lae rte Dorne le s M éliga.......................................................................... 329,331 Ladislau C rispim de O live ira........................................................................... 298 Laudo Le ão de Santa R osa............................................................................... 50 Laudo Nate l...................................................................................................... 395 Lauribe rto J osé R e ye s........................................................... 343,368, 372,494 Le ch Wale ska................................................................................................... 529 Le itão de Abre u................................................................................................234 Le ôncio Que iroz M aia............................................................................. 215,216 Le one l de M oura Brizola......................................................... 45, 61, 62, 64,66, 76, 77, 109, 123, 129, 131, 141, 144, 145, 146, 150, 151, 152, 153, 178, 200, 215,357,467,479 Le one l M iranda.................................................................................................163 Le ônidas F e rnande s C ardoso......................................................................... 479 Le ônidas Pire s Gonçalve s......................................... 12,22,437,455,460,479 Libe ro Giancarlo Gontiglia......................................................................173,489 Libório Schuck.................................................................................................. 342 Lídia Gue rle nda....................................................................... 335, 383, 385, 386 Lígia M aria Salgado Nóbre ga........................................................ 399,463,494 Lilian C clibe rti................................................................................................... 450 Lincoln C orde iro O e st...................................................................... 73, 173, 494 Linda T ayah.............................................297, 383, 384, 385, 387, 390, 391,485 Lino Vitor dos Santos.........................................................................................50 Liszt Be njamin Vie ira............................................................. 247, 250, 274,408 Lucas F urtado................................................................................................... 509 Lúcia Albuque rque Vie ira............................................................................... 386 Luciana Sayori Shindo......................................................................................386 Luciano M árcio Prate s dos Santos................................................................109 Luciano Salgado C ampos...................................................................................99 Lúcio C osta......................................................................................................... 44 Lúcio F lávio Uchôa R e gue ira......................................................................... 324 Luís Affonso M iranda da C osta R odrigue s.......................................... 496,499 Luís Albe rto Gome s de Souza.......................................................................... 74 Luís Alme ida Araújo................................................................................ 359,489 Luís Antonio da Gama e Silva........................................................................ 163 Luís Antônio Sampaio..................................................................... 272, 273, 484 Luis C arlos Pre ste s.....................................................................................32,34, 38,43,45,46,47,51, 56, 62, 63, 64, 66, 112, 138 Luis E urico T e je ra Lisboa.............................................................. 474. 484,4X‘> Luis Gonzanga Schroe de r Le ssa...................................................................109 Luís J osc da C unha................................................ 171, 474, 476, 477, 478, 495 Luís M ir..................................................................................................... 168,335 Luiz Albe rto Barre to Le ite Sanz.................................................................... 324 Luiz Augusto Pe re ira.........................................................................................50 Luiz C arlos Alme ida Prado............................................................................... 13 Luiz C arlos Ave lar C outinho............................................................................. 14 Luiz C arlos Bre sse r Pe re ira...........................................................................466 Luiz C arlos Dame tto.,......................................................................................255 Luiz C arlos Natal.............................................................................................509 Luiz C upclo C olônio.................................................................................... 55,56 Luiz E . F e rraco.................................................................................................403 Luiz E duardo Gre e nhaigh...............................................................193, 508, 509 Luiz F e lipe R ation M ascare nhas...................................................................186 Luiz F e rnando T ubino.......................................................................................201 Luiz Gonzaga...................................................................................................... 50 Luiz Gonzaga T ravassos da R osa.................................18 l a186,227,232,589 Luiz Gushikcn................................................................................................... 528 Luiz Inácio Lula da Silva..........................................................................72,238» 442,467,479, 508, 510, 511, 526, 530, 553 Luiz M ace do Qüe nte l.......................................................................................327 Luiz M aklouf C arvalho...................................................................390, 391, 392 Luiz M ário Ncri................................................................................................216 Luiz M e rgulhão................................................................................................... 14 Luiz R aimundo Bande ira C outinho................................................................368 Luiz R obe rto J uliano................................................. .......................................192 Luiz T avare s da C unha M e llo.......................................................................... 90 Luiza E rundina..........................................................................................472,482 Lupcs Ustra............................................................................................31,32, 35 M aílson da Nóbre ga.........................................................................................466 M anoe l Alve s da Silva...................................................................................... 50 M anoe l Biré de Agre lla......................................................................................50 M anoe l C yrillo de O live ira Ne tto...................................................208,231, 380 M anoe l de Lima.......................................................................................257,258 M anoe l Dias do Nascime nto..................................................................257,324 M anoe l He nrique de O live ira................................237,403,404,405,406,407 M anoe l He nrique F e rre ira......................................................................273,274 M anoe l J osé M e nde s Nune s de Abre u.............................................. ...381,493 M anoe l J ovcr T ollcs................ ......................................................... 69. 277. 438 M anoe l R odrigue s C arvalho Lisboa...............................................................190 M anoe l R odrigue s F e rre ira.....................................................................184,491 M anoe l Se ve rino C avalcanti.............................................................................56 M anoe l Silva Ne to............................................................................................462 M anue l M arulanda Véle z (T irofijo)........................................................ 135/136 M anue l Prado Ugarte che ................................................................................ 129 M ao T se T ung...................................................................................... 73, 77, 181 M ara C urtiss de Alvare nga.............................................................................324 M arce lo C arne iro.............................................................................................561 M arce lo Godoy............................................................................... ...................14 M arce lo R ide nte ...............................................................................................113 M árcia Apare cida do Amaral.................................................................387,391 M arcílio C ésar R amos.................................................................................... 344 M árcio Be ck M achado......................................................... 367, 368, 372,489 M árcio de Souza e M e llo........................................................................163,165 M árcio M ore ira Alve s..................................................................................... 162 M árcio T homaz Bastos.................................................................... 25, 151, 508 M árcio T ole do Le ite ............................................................... 353, 354, 355, 364 M arco Antônio Aze ve do M e ye r.....................................................................274 M arco Antonio Barbosa..........................................................................476,478 M arco Antônio Braz de C arvalho..........................................................198,200 M arco Antonio da C osta M e de iros.............................................. 181, 184, 277 M arco Antônio da Silva Lima...............................................214, 217,219,492 M arco Antônio Dias Batista...................................................................463,489 M arco Antônio Lima Dourado.......................................................................247 M arco Antônio M aranhão C osta....................................................................324 M arco Antonio Nonato da F onse ca...............................................................403 M arco Pollo Giordani.........................................................................................14 M arcos Antonio Bicalho.................................................................................. 330 M arcos Nonato da F onse ca.......................................................... 402,475,494 M arcos Valério.........................................................................................529,562 M argarida T avare s...........................................................................................404 M ari Kamada...................................................................387, 388, 389, 390, 391 M aria Amélia Alme ida T e le s................................................ 546, 547, 548, 549 M aria Ange la R ibe iro.............................................................................. 184,491 M aria Apare cida C osta................................................................................... 342 M aria Augusta C arne iro R ibe iro............................................................187,232 M aria Augusta T homaz.................................................................. 343, 368,489 M aria Auxiliadora Lara Barce los................................................. 324,497,499 M aria C e le ste M artins.....................................................................................420 M aria da Glória Araújo F e rre ira.....................................................................377 M aria das Graças Souza R ago....................................................................... 403 M aria do Amparo Alme ida Araújo.................................................................559 M aria do C armo Brito..................................................................... 271, 274, 314 M aria J osé C arvalho Nahas........................................................................... 274 M aria Luiza F onte ne lle ................................................................................... 482 M aria Nazare th C unha da R ocha..................................................................324 M aria Paula C ae tano da Silva.......................................................................... 66 M aria Silve ira.....................................................................................................56 M aria T e re sa C onde Sandoval.......................................................................386 M ariano J oaquim da Silva....................................................................... 417,489 M arife na Villas-Boas Pinto.............................................................373, 375, 377 M arília Guimarãe s F re ire ................................................................................ 419 M arilton Luiz dos Santos M orais...................................................................343 M arinho Hutll...................................................................................................272 M ário Alve s.......................................................................40, 359, 360, 361, 532 M ário Alve s de Souza Vie ira..........................................................277,463,489 M ário Be jar R e vollo.........................................................................................258 M ário Bugiiani (C apitão)................................................................................. 251 M ário C ovas....................................................................162,467,479,480,482 M ário David Andrcazza.......................................................................... 163,234 M ário de F re itas Gonçalve s...........................................................................247 M ário de Souza Pinto.............................................................................. 289,290 M ário de Souza Praia.....................................................................373,375,493 M ário Gibson Barbosa.....................................................................................234 M ário Koze l......................................................................................................192 M ário Koze l F ilho...................................161, 184, 192, 193, 196, 209,248, 566 M ário Lore nzato...............................................................................................251 M ário M agalhãe s............................................................................................. 111 M ário Prata..............................................................................................377,499 M ário R obe rto Galhardo Zanconato............................................. 168, 232, 368 M arli Gome s C arvalhe iro................................................................................ 297 M arta Suplicy...................................................................................................474 M assafumi Yoshinaga......................................................................................257 M assamiro Nakamura.................................................................................... 474 M ate us Le vino dos Santos.............................................................................. 280 M aurício Grabois.....................................................40,41,45, 73, 173,489, 546 M aurício Guilhe rme da Silve ira.....................................273,274,322, 323,493 M aurício Lope s Lima.............................................................................. 429,430 M aurício Vie ira Paiva.......................................................................................274 M aurina Borge s Sive ira (M adre )................................................. 249, 250, 251 M ayrse u C opie Bahia.........................................................................................14 M e lcide s Porcino da C osta.............................................................................274 M e rival Araújo........................................................................ 358, 359,412,495 M iche as Gome s de Alme ida...........................................................................364 M igue l Arrae s.............................................................................................64, 131 M igue l R e ale F ilho............................................................................................484 M igue l Varoni....................................................................................................250 M ikhail Suslov.....................................................................................................66 “M iranda”............................................................................................... 55, 56, 57 M isae l M e ndonça...............................................................................................50 M oacir Nune s Pinto...........................................................................................13 M oacyr Barce ilos Potyguara....................................................................92,374 M onir T ahan Sab.................................................................... 335, 336, 339, 340 Nagib Kouri......................................................................................................335 Nair F ava..........................................................................................................385 Nancy M angabe ira Unge r......................................................................280,324 Natanae l de M oura Giraldi..............................................................................368 Nate rça Passos.................................................................................................216 Naul J ose M ontovani........................................................................................341 Ne grão de Lima................................................................................................273 Ne i de M orae s F e rnande s............................................................................... 107 Ne i Nune s Vie ira............................................................................................ 107 Ne iva M ore ira..........................................................................................145, 152 Ne lson Apare cido F rancischin........................................................................312 Ne lson Bue no...................................................................................................474 Ne lson C have s dos Santos............................................................. 212,324,378 Ne lson de Barros..............................................................................................184 Ne lson F re ire Lavanére Wande rle y...............................................................500 Ne lson Gome s F e rnande s.............................................................. 155, 159, 183 Ne lson Lima Piauí Dourado............................................................................173 Ne lson R odrigue s F ilho................................................................................... 377 Ne re u de O live ira R amos................................................................................. 43 Ne stor Guimarãe s He re dia.............................................................................419 Ne wton E duardo de O live ira..................................................................497,499 Nicacio C once ição Pupo................................................................................. 342 Nicoláu J osé de Se ixas.................................................................................... 2IX Nikita Krusche v...........................................................................................39,66 Nilmário M iranda......................................................................................75,158, 193, 357, 392,473,474,484,498, 502,523, 544 Nilson J osé de Aze ve do L ins.........................................................................278 Nilton R osa da Silva................................................................................ 497,499 Nobuo O kuchi.........................................................................247,248, 250, 258 Norbe rto Dracone tti.........................................................................................349 Norival C iciliano...............................................................................................371 Norma Sá Pe re ira............................................................................................377 O ctávio Gonçalve s M ore ira J únior.......................................................237,281, 358,405,411,412,413,414,415,416,417,463,464 O dilon Vie ira.....................................................................................................147 O dylio Dcnys..........................................................................................61, 89, 91 O lavo de C avalho..................................................... 14, 120, 121,319, 559, 564 O lga Be nário................................................................................................45,51 O lívio Dutra......................................................................................201, 331,482 O lympio M ourào F ilho.......................................................................................89 O nofre Pinto............................................................................................153,190, 194, 198, 200,203, 208,210,212, 232, 347,489 O rdélia R uiz......................................................................................................386 O re ste s Quércia...............................................................................................479 O rlando Augusto R odrigue s............................................................................213 O rlando da C osta.....................................................................................174,489 O rlando Ge ise )..........................................................................................234,276 O rlando He nrique ...............................................................................................50 O rlando Love cchio F ilho.........................................................................118,200 O scar Nie me ye r.........................................................................................44, 172 O svaldo Antonio dos Santos........................................................... 194, 205, 274 O svaldo Augusto de R e se nde J únior.....................................................168,365 O svaldo Nune s.................................................................................................107 O svaldo O rlando da C osta (O svaldão).................................174, 362, 363,489 O svaldo Soare s................................................................................ 247,250,274 O swaldo de Alme ida........................................................................................478 O swaldo Dorticós.............................................................................................131 O swaldo Gome s...............................................................................................502 O tacílio Pe re ira da Silva.................................................................190, 212, 324 O távio Ange lo................................................. 142, 167,212,248,249, 272, 367 O távio M ore ira Borba..................................................................................... 105 O zie l dc Alme ida C osta.................................................................................... 99 O zire s M oita M arconde s................................................................................ 183 Parre ira, C apitão...............................................................................................373 Pase ácio R io de Souza...................................................................................... 54 Paschoal M ante ca............................................................................................293 Pasquali Visconso.............................................................................................219 Patrícia M aria E me sta C e nnacchi.................................................................477 Paul Stoud........................................................................................................ 399 Paulo Adário.....................................................................................................355 Paulo C arne iro T omaz Alve s..................................................................259,264 Paulo C arvalho E spíndola.................................................................................13 Paulo C ésar Bote lho M assa...................................................................344,489 Paulo C ésar de Aze ve do R ibe iro...................................................................418 Paulo C e sar F arias...........................................................................................469 Paulo C osta.......................................................................................................109 Paulo C osta Le ite .............................................................................................483 Paulo C osta R ibe iro..........................................................................................377 Paulo de T arso Ve nce slau......................................................................228,229, 231,342,353, 354, 356, 361,489, 561,562 Paulo E stcve s...................................................................................................550 Paulo E varisto Arns......................25,26,27, 193,211,265,302, 324,413,414 Paulo Gone t Branco.........................................................................................484 Paulo M artins......................................................................................................14 Paulo M asce na.................................................................................................183 Paulo M e nde s R odrigue s............................................................... 173, 174,489 Paulo M onte iro...................................................................................................14 Paulo Ponie s da Silva....................................................... .............................. 279 Paulo R obe rto J abour.......................................................................................377 Paulo R obe rto T e ile s F ranck..........................................................................324 Paulo R ui de Godoy..........................................................................................424 Paulo Salim M aluf.......................................................................... 465,467,480 Paulo Schiling.................................................................................. 145, 150, 152 Paulo Stuart Wright.......................................... .........................................74,489 Pe dro Albuque rque .................................................................................. 362,547 Pe dro Ale ixo.............................................................................................161, 165 Pe dro Alve s F ilho.............................................................................................324 Pe dro C arlos Se e lig....................................... 255, 284,285,303, 315, 345,450 Pe dro C arre te l..........................................................................................490,498 Pe dro C have s dos Santos.......................................................................323.324 Pe dro C ollor de M e llo..................................................................................... 468 Pe dro E xpe dito de M orais.............................................................................. 383 Pe dro F arkas....................................................................................................420 Pe dro F e rnande s da Silva............................................................................... 380 Pe dro F e rre ira da Silva (Pe dro M ine iro).......................................................363 Pe dro F rança Vie gas..............................................................214,215,216,217 Pe dro Lobo de O live ira.........83,153,189,190,198,199,200,205,211,274,347 Pe dro M aria Ne tto.............................................................................................50 Pe dro Paulo Bre tas................................................................................ .........324 Pe dro Pe re ira da Silva .....................................................................................212 Pe dro Pomar................................................................................. 40,41,73, 173 Pe dro Vie gas....................................................................................................324 Pe rí Ige l............................................................................................................. 328 Pe ricle s Le al Be ze rra........................................................................................50 Péricle s Santos de Souza.................................................................................. 74 Pérsio Arida......................................................................................................431 Phillis Parke r....................................................................................................121 Plínio Pe te rse n Pe re ira (Gaúcho)..................................................................247 R afae l de F alco Ne to................................................ ........................ -............324 R aimundo F e rre ira de Sousa......................................................................90,91 R aimundo F e rre ira Lima.........................................................................496,498 R aimundo Gonçalve s F igue ire do....................................................157, 158,493 R aimundo Salustiano de Souza.......................................................................342 R amire s M aranhão do Vale ............................................ .......281,359,413,489 R anie ri M azzilli.....................................................................................59, 61, 123 R anúsia Alve s R odrigue s............................................... 281,359, 360,413,495 R aul R e ye s (Luis Antonio De via)..................................................................136 R aymundo de C arvalho Andrade ...................................................................183 R aymimdo M . Ne grão T orre s................................................... 13, 24, 155, 158 R e gis De bray....................................................................................................129 R e inaldo de Barros...........................................................................................481 R e inaldo Guarany Simõe s.......................................................................324,386 R e inaldo J osé de M e lo............................................................................324,418 R e inaldo Silve ira Pime nta.......................................................................376,492 R e inholdo Amadco Kle me nt...........................................................................255 R e lação de mortos e de sapare cidos.................................................... 486,487, 488,489,490,491,492,493,494,495,496,497 R e nata F e rraz Gue rra de Andrade ............................................... 190, 194,211 R e nato Brilhante Ustra..................................................................................... 31 I R e nault de M attos R ibe iro..............................................................................465 R e né Louis Louge ry de C arvalho..................................................................324 R e ynaldo M cllo de Alme ida............................................................................ 437 R holine Sonde C avalcante Silva.....................................................................278 R icardo C harbe au.............................................................................................192 R icardo F ayad Agne se .................................................................................... 483 R icardo Vilas Boas Sá R e go.......................................................................... 232 R icardo Zaratini F ilho...................................................................................... 232 R icarte Sarrun....................................................................................................56 R ioco Kayano..................................................................387,388, 389, 390, 391 R obe rto Antonio de F ortini.............................................................................. 324 R obe rto C ardoso F e rraz do Amaral...............................................................324 R obe rto C hagas da Silva.........................................................................274,377 R obe rto C ie tto........................................................................215,217,218,492 R obe rto F re ire ..................................................................................................467 R obe rto Gome s de Barros.............................................................................. 155 R obe rto J e ffe rson........................................................................... 370, 528, 560 R obe rto M arinho............................................................................. 186, 187,446 R obe rto M artins....................................................................................... 277,438 R obe rto M e nke s...................................................................................... 258,259 R obe rio T e ixe ira......................................................................... 76, 79, 532, 561 R odolfo Aschrman...................................................................................402,403 R ogê F e rre ira....................................................................................................481 R ogério M cnde lski..............................................................................................14 R olando F ratti...................................................................................................232 R oldão Arruda....................................................................................................26 R ome u T uma............................................................................................315,413 R omildo Ivo da Silva.........................................................................................403 R ômulo Be tancourt...........................................................................................130 R onaldo F onse ca R ocha................................................................................. 376 R onaldo M outh Que iroz................................................................. 403,404,495 R onan C osta Pinto............................................................................................531 R oque Apare cido da Silva............................................................................... 324 R osalindo de Souza (M undico)............................................. 362, 363,486,498 R ose Spina........................................................................................................548 R ube ns Paiva....................................................................................................484 R ui C arlos Vie ira Be rbe rt.............................................................. 343, 367>368 R ui Prze wodowski............................................................................................108 R upe rto C lodoaldo Alve s Pinto.......................................................................456 R uth Hcrminia..................................................................................................35V R uy M e squita........................................................................................... 11*1. I 22 Salatie i T e ixe ira R olim............................................................................281, .1V> Salomão M alina........................................................................................ KM . 112 Salvador Alle nde .............................................................................. 132, 134. 37K Samue l Aarão R e is............................................................................................ Sandra Lazzarini...............................................................................................35X Sandro Guidalli............................................................................................14,332 Sávio C osta................................................................................ 13, 145, 150, 586 Se bastião C amargo..........................................................................................328 Se bastião C have s.............................................................................................206 Se bastião Gome s da Silva.......................................................................492,498 Se bastião T omaz de Aqiiino............................................... ....................155,159 Sérgio Amaurí F e rre ira................................................................................... 403 Sérgio Buarque de Gusmão............................................................................ 157 Sérgio C apozzi..........................................................................................367, 368 Sérgio C orre ia.................................................................242, 302, 343,497,499 Sérgio da Silva T aranto................................................................................... 377 Sérgio de O live ira C ruz................................................................................... 215 Sérgio Holmos....................................................................................................40 Sérgio Landulfo F urtado.........................................................................377,490 Sérgio Lúcio de O live ira e C ruz.....................................................................217 Sérgio M otta.....................................................................................................482 Sérgio Paranhos F le ury...........................................................................345,413 Sérgio R ube ns de Araújo T orre s....................................................228, 231, 378 Sérvulo da M ota L ima............................................................................315,395 Se ve rino C avalcanti.........................................................................................529 Se ve rino M ariz F ilho..........................................................................................14 Se ve rino Viana C ollon..................................................................................... 197 Sidne y F ix M arque s dos Santos.....................................................................497 Sidne y J unque ira Passos................................................................................. 214 Sidne y Koze l.....................................................................................................192 Silvia M aria B. Prata...................................................................................... 477 Silvano Amâncio dos Santos........................................................................... 343 Silvano Soare s dos Santos......................................................................497,499 Sílvia Pe roba C arne iro Ponte s...............................................................366,367 Sílvio de Albuque rque M ota........................................................................... 368 Sílvio de Souza Gome s.................................................................................... 216 Sílvio He ck.......................................................................................................... 61 Sílvio Saturno C orre ia........................................................................................97 Size no Sarme nto...............................................................................................374 Sobral Pinto.......................................................................................................166 Sócrate s Gonçalve s da Silva.............................................................................49 Solange Loure nço Gome s...............................................................................377 Sônia E liane Lafoz (E liane Lafoz)........................................ 272, 274, 377, 418 Sônia Hipólito....................................................................................................344 Sônia M aria de M orae s Ange l J one s........................................... 474,475,495 Sônia M aria Sampaio Além.............................................................................403 Sônia R e gina Ye ssin R amos...........................................................................324 Stcla M orato.............................................................................................171,515 Sluart Ange l......................................................................................................377 Sue li Nune s.......................................................................................................385 Suzana Ke nige r Lisboa...........................................................................393,484 Suzana Koze l Vare la.......................................................................................192 Suzana M arcolino.............................................................................................469 Sidne y J unque ira Passos.................................................................................214 Sylas Bispo F e che .................................................................. 394, 397, 398,475 Sylvio De me trio Alme ida.................................................................................109 Sylvio F e rre ira da Silva.................................................................. 155, 156, 159 Sylvio F rota..................................................................................... 374,436,439 T abaré Vasque z................................................................................................135 T aís M orais.......................................................................................................310 T akao Amano............................................................................................324,380 T ale s Alvare nga................................................................................................562 T ancre do Ne ve s....................................................................... 61,444,448,465 T ania M angane lli...............................................................................................418 T ânia R odrigue s F e rnande s ............................................................................ 274 T arso Dutra.......................................................................................................163 T arzan de C astro..............................................................................................139 T e lle s M e mória.................................................................................................214 T e rcina Dias de O live ira................................................................................. 274 T e re za Ânge lo................................................................................ 272,274, 323 T e re za C ristina de Albuque rque .....................................................................547 T e re za Koze l.....................................................................................................192 T he mistocle s C astro e Silva.............................................................................14 T he odomiro R ome iro dos Santos...................................................................279 T he re zinha Viana de Assis......................................................................497,499 T homas Brady..................................................................................................119 T homas Paulino dc Alme ida...........................................................................372 T homaz Antonio da Silva M e ire lle s Ne to T iburcio Souza Barbosa........................... 359,412,413,490 ........................279 T himothy William Watkin R oss......................................................................377 T ito de Ale ncar Lima..............................................................185, 324,497,499 T obias Warchavski.............................................................................................54 T orre s de M e lo...................................................................................................14 Ubirajara Vie ira das Ne ve s............................................................................150 Ubiratan de Souza................................................................................... 258,324 Ubiratan Vatutin He rzche r Borge s................................................................324 Ulisse s Guimarãe s............................................................................................467 Umbe rlo Illia.....................................................................................................129 Univcrsindo Dias..............................................................................................450 Valde mar C osta Ne to.......................................................................................529 Valne ri Ne ve s Antune s........................................................................... 258,324 Valte r de O live ira Pe re ira............................................................................... 217 Ve naldino Saraiva............................................................109, 110,498,499,504 Ve nâncio Dias da C osta.................................................................................. 335 Ve ra M aria R ocha Pe re ira.....................................................................324, 356 Ve ra Silvia Araújo de M agalhãe s.................................................. 228, 231, 274 Vice nte Santos..............................................................................................54,55 Victor Paz E sle nsoro.......................................................................................129 Villas-Boas C orrca...........................................................................................530 Vinícius C alde ira Brandt...................................................................74, 131, 179 Vinícius M e de iros C alde villa..........................................................................368 Virgílio Gome s da Silva..................167, 228, 229,230,231, 252, 342, 380, 490 Virgílio Soare s de Lima................................................................................... 147 Vítimas do te rrorismo.......... 511,512,513,514,515,516,517,518,519,520,521 Vítor Buaiz........................................................................................................482 Vitor F e rnando Sicure lla Vare lla....................................................................200 Vitorino Alve s M outinho.................................................................281, 359,490 Vladimir Gracindo Soare s Palme ira....................179, 180,181,183,186,227,232 Vladimir He rzog........................................................25, 266, 301,435,437,495 Von Holle be n................................................................................... 271,272,273 Waldir C arlos Sarapu.............................................................................. 194,347 Waldir de Souza Lima........................................................................................97 Waldo Domingos C laro..................................................................................... 78 Waldomiro Diniz...............................................................................................528 Waklyr C oe lho..........................................................................................224,420 Walte r Apare cido Santos................................................................................475 Walte r F e rnande s da Silva..........................................................................54,55 Walte r J oly........................................................................................................298 Walte r M artins....................................................................................................73 Walte r de Souza e Silva.................................................................................... 50 Walte r Suppo....................................................................................................413 Walde r Xavie r de Lima................................................................................... 279 Wande rle y C aixe ......................................................................................250,251 Wânia de Aragão-C osta.................................................................................... 14 Wânio J osé de M atos.............................................................................. 324,497 Washington Alve s da Silva..............................................................................324 Washington Adalbe rto M astrocinque M artins.............................................. 368 We llington M ore ira Diniz................................................................ 313, 324,418 Willy Se ixas.........................................................................................................99 Wilson C once ição Pinto.................................................................................. 351 Wilson E gídio F ava................................................................. 189, 190, 194, 347 Wilson F rança.....................................................................................................50 Wilson Luís Alve s M achado...........................................................................443 Wilson Nascime nto Barbosa......................................................... 215,216,324 Wilson Souza Pinhe iro............................................................................. 496,498 Wladimir Ve ntura T orre s Pomar....................................................................173 Yoshitame F ujimore .....................207,212,257,258,262,266,343,345,464,493 Yuri Xavie r Pe re ira......................225,330,331,335,354,366,385,401,403,475 Zacarias Bispo da Silva F ilho.........................................................................279 Ze ca Yuiaka..............................................................................................335,340 Zélia C ardoso de M e llo................................................................................... 468 Zule ika Ange l J one s (Zuzu Ange l)............................................... 266,497,499 Zule ika Sucupira............................................................................. 422,423,461 BIBLIOGRAFIA AUGUST O , Agnaldo De l Ne ro. 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