A Superficialidade Das Relacoes Na Contemporaneidade - Cong Ds

May 27, 2018 | Author: Leo Finelli | Category: Time, Modernity, Sociology, Human, Globalization


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A SUPERFICIALIDADE DAS RELAÇÕES NA CONTEMPORANEIDADESuperficiality in contemporaneity relations Elen Lelis Leite1 Núria Hortência Barbosa Santos2 Leila Lúcia Gusmão Abreu3 Leonardo Augusto Couto Finelli4 1 Graduanda em Psicologia pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE, e-mail: <[email protected]> 2 Graduanda em Psicologia pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE, e-mail: <[email protected]> 3 Mestre em Psicologia, Professora Assistente do Departamento de Psicologia das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE, e-mail: <[email protected]> 4 Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Avaliação Psicológica, Professor Adjunto do Departamento de Psicologia das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE, e-mail: <[email protected]> RESUMO As relações sociais promovem grandes discussões na contemporaneidade. Reconhece-se que elas expõem a fragilidade do humano, isso porque a globalização gerou impactos quanto à forma de se relacionar. Buscou-se reconhecer como são estabelecidas as relações sociais na contemporaneidade. Mediante à revisão integrativa da literatura, de publicações entre 2005 a 2015. Encontrou-se 4.380 artigos, sendo 1.246 relevantes, que foram triados. Restaram 100 artigos específicos, dos quais 15 foram selecionados, por sorteio, para a análise. Como resultados, verificou-se que a internet atua como novo imperativo, porém é tomada por interesses comerciais e gera ilusões sobre o ideal humano. Tem-se a sociedade dominada pelo capitalismo em que o foco são: o ter e não o ser; a influência midiática; e a cultura da imagem, que passam a ser supervalorizadas. Torna-se muito fácil interagir sem precisar sair de casa, sujeitos que adotam de um avatar/perfil alegam ter mais facilidade de se expressar quando estão em rede do que presencialmente. Conclui-se que a cibercultura tem a capacidade de modificar comportamentos; tradições; e influenciar a economia mundial. Perde-se o bom senso quanto ao momento de conectar-se e de desconectar-se, apesar de, no campo da educação, haver reflexões que dificultam a instalação desses sintomas contemporâneos. Palavras chaves: Era Tecnológica; Fragilidade; Pós-modernidade; Relações Sociais; Tecnologias de Informação e Comunicação. ABSTRACT Social relations promote great discussions nowadays. They expose the fragility of the human, because globalization has generated impacts on how to relate to. It sought to recognize how social relations in contemporary society are established. Through the integrative revision, from publications from 2005 to 2015. It was found 4,380 articles, 1,246 being relevant, which were screened. There remained 100 specific items, of which 15 were lot selected to analysis. As results, it was found that the web acts as a new imperative, but is taken by commercial interests and generates illusions on the human ideal. The society is dominated by capitalism aimed to: to have and not be; the media influence; and the culture of 5 the image, which all become overvalued. Became very easy to interact without leaving home, individuals Entretanto. Este fenômeno. a diversidade dos acontecimentos impactantes que englobam inúmeras áreas envolvendo finanças. Social relationships. crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes. Information and Communication Technologies. trouxe mudanças significativas e perceptíveis tais como. Autores como Bauman. Analisou-se como esta era altera as configurações societais atuais. agora todas as coisas. diferente do “relacionamento real” que parece ser 6 embaraçado. though. Keywords: Technological Era. Postmodernity. de simples execução e entendimento. Ao contrário dos antigos relacionamentos. As instituições. Os “relacionamentos virtuais” são fáceis de entrar e de sair. Lipovetsky. As formas de administrações políticas. As relações promovem grandes discussões na ciência do mundo moderno. Novas formas de comunicação emergem na contemporaneidade juntamente com a evolução das novas tecnologias. possibilitando através de comunicação mediata. cultural e econômica vigente contemporânea. visto que a tecnologia nos presenteou com a possibilidade de nos conectarmos com o outro a qualquer hora e em qualquer lugar. Algumas perguntas ainda são inquietantes que se diz a respeito da fluidez destas relações uma vez que. e por isso a metáfora da ‘liquidez’ para caracterizar o estado do mundo moderno: como os líquidos. 2012).. traditions. já que consequentemente discutem a fragilidade das relações humanas. denominado por Bauman (2004a) de mundo líquido onde tudo é temporário. there are reflections that hinder the installation of these contemporary symptoms. It concludes that cyberculture has the ability to change behavior. brando e árduo. acreditando piamente que essa é a melhor e mais satisfatória escolha. in education. as empresas e também os países (ALMEIDA et al. quadros de referência. voláteis. fazem com que o relacionamento com o outro se modifique a cada instante. 2006). denominado de globalização. cultural e consequentemente societais. Fragility. INTRODUÇÃO Este trabalho objetivou investigar as relações interpessoais na era globalizada e pós-moderna e seus efeitos a partir de então. em contrapartida essa facilidade de acesso ao outro fez com que estabelecêssemos relações de laços frágeis (BALDANZA. estilos de vida. Bauman (2004b) intensifica de maneira avassaladora a substituição de contatos físicos. produção. as expressões culturais. comunicações. a interação e sociabilidade à distância. .who adopt an avatar/profile claim to be easier to express themselves than when they are on personal network. Giddens foram grandes estudiosos que contribuíram neste período histórico. o capitalismo é um imperativo com o qual não se pode concorrer. empregos. O desenvolvimento tecnológico é considerado o elemento propulsor deste fenômeno. relacionamentos tendem a permanecer em fluxo. em que se espera que as relações surjam e desapareçam numa rapidez e capacidade cada vez maior. ela caracteriza- se pela incapacidade de manter a forma. Mas enquanto no passado isso era feito para ser novamente ‘‘reenraizado’’(BAUMAN 2004a). e consequentemente os sentimentos acompanham as tendências deste tempo. It makes people lose their good judgment as to when to connect and disconnect. considera transformações das relações. flexíveis. problematizando esta questão. que diz respeito ao momento atual desse. Tudo acontece hoje somente àqueles que estão conectados trazendo como resultados relações nas quais os laços mantêm-se frágeis. período de tempo que se caracteriza pela realidade social. and influence the world economy. abriu as portas do mundo possibilitando ultrapassar todas as divisões geográficas que separam pessoas de diferentes culturas. institucional. e discute como o fenômeno da globalização incide sobre os sujeitos nas relações sociais modernas. da organização social que impactam diretamente os seres humanos. O século XXI. as “relações virtuais” parecem ter sido feitas exatamente para o cenário da vida contemporânea. desejos. é tido como descartável e a necessidade de um novo objeto que o satisfaça novamente. vontades. uma vez que. As relações virtuais facilitam o estabelecimento de vínculos. Pessoas hipermodernas estão abarrotadas de informações e. Afirma ainda que. Esta. são mais adultos e menos estáveis mais abertos ao novo. 2015). de forma instantânea. seja conjugal. Essa traz consigo diferentes maneiras de se relacionar com os outros e com o mundo em que se vive. consequentemente. 2012). que fornecia e prometia a estabilidade. Colombo (2012) demonstra que é possível esconder sentimentos e mostrar apenas o que se quer. inseguranças e contradições complexas para a sociedade e para os sujeitos da contemporaneidade (BORGES. dos fluidos às inseguranças e complexidades das atuais relações sociais e econômicas. questões relativas à modernidade e buscou fomentar a discussão para estas transformações atuais. se transforma. ou laços de amizades) (SILVA. Cultura que influência. Para esse autor. Uma nova forma de organização social e econômica se estabelece. Foi dessa cultura do descartável que Bauman (2004b) retrata em sua obra. desconcertante. em que se obtém rápido e prazeroso contentamento por meio de aquisição de algo. No mundo moderno o “imediatismo” tomou conta das relações para suprir o desejo. Pode-se ter inúmeros amigos via redes sociais. tem a ver com essa “cultura do descartável”. Esses fenômenos permitem que o ser humano esteja em constante mudança. relações afetivas. AVILA. 2004a). Essas mudanças também trazem incertezas. 2006). a rede constate de informações e a fluidez tecnológica. passageiros e líquidos. Quando algo se torna desagradável. o sujeito não precisa estar face a face para que haja interação. criou a indagação. a sociedade moderna se transformou. Desde opiniões. diversas mudanças no modo de vida ocorrem diariamente em um ritmo cada vez mais frenético. e também à dificuldade que as pessoas encontram em se relacionar. detém pouco conhecimento. Mediante ao que foi exposto Lipovetsky (2004) retrata sobre um novo conceito em que se vive a sociedade. se torne frágil. mas ao mesmo tempo . onde há descartabilidade das relações pessoais. superficialidade e consumismo fazem parte da constituição desse novo sujeito moderno. na sua maneira de ver a vida. Tal condição foi desenvolvida com as novas tecnologias. e quais efeitos que podem causar à sociedade moderna e contemporânea. Porém essas relações são perpassadas pela instabilidade (de qualquer ordem. que se encontra bombardeada por eventos e informações que atingem simultaneamente os indivíduos. apenas se desconecta causando assim uma falsa impressão de controle sobre a vida. de maneira volátil e constante. Instantaneidade. Mas. os relacionamentos também o são. Bauman (2004a) destaca que o consumismo como nova forma de satisfação do mundo contemporâneo instaura-se igualmente no consumo capitalista. pode-se explicar esse resultado através da globalização. Discute-se neste trabalho através da revisão literária de artigos científicos. HASSIMOTO. nas suas mais variadas formas de comunicação. A tecnologia desenvolveu-se para auxiliar o humano em suas tarefas diárias. porque pessoas podem criar personagem de acordo com o que o outro espera. Ele associa a instabilidade do estado líquido. caótica de forma particularizada pelo inesperado (CASADORE. A durabilidade das relações na atualidade. “O amor líquido” ao refletir sobre a modernidade e seus relacionamentos voláteis. empregos. de forma deslustrada. o usuário. É a rapidez dessas mudanças que imprime o caráter líquido a este mundo moderno (BAUMAN. 2004b). Que. A falta de contato dos relacionamentos é uma realidade cada vez mais presente. e. poderes. Generalizando. etc. numa sociedade em que tudo pode ser facilmente descartado. a certeza e a durabilidade. 2013). sobre até que ponto o ser humano avança ou regride? Vive-se em uma sociedade em transformação. Tudo nesse contexto. Portanto. com o fenômeno da globalização (BAUMAN. a era da hipermodernidade é capaz de modificar a superfície social 7 e econômica da cultura. a subjetividade. Transformações essas que influenciam nos comportamentos do sujeito. no entanto. ao contrário da modernidade sólida. o tempo todo. Portanto pode se dizer que a representação do corpo tem se alterado em função desse novo espaço que o sujeito tem de se relacionar (BALDANZA. das relações incertas. a angustia torna-se elemento presente nos sujeitos. por um lado estão repletos de informação. não estabelecer sentimentos íntimos. colocada de lado. na mesma velocidade. Por outro lado. Com esse alcance potencializado. Em outros dizeres a linguagem não possui mais o poder de “dizer” e as novas relações configuram a satisfação rápida dos próprios interesses resultando em um avassalador estado de imediatismo. como já mencionada anteriormente. Nessa nova era moderna onde a imagem e a posse/propriedade são supervalorizados. 2012). Diante dessa transição. construir e desconstruir. o mundo se torna pequeno. ou até mesmo. também é atingida pelo mal-estar atual do estado de desamparo. a esse contexto cultural moderno. a ansiedade passa a ser o anseio que permeia a sociedade. HASHIMOTO. assim como um objeto que está em desuso. pois. o pensamento massificado circula. cotidianamente se tornam secundárias. as relações amorosas. Ou seja. Na contemporaneidade. como os objetos de consumo. novamente superficiais. mais fúteis. e ansiedade. dos desejos conflitantes de ligação e liberdade entre os homens. então. Essa nova forma de poder e dominação andam . não corresponde as expectativas do sujeito e da sociedade. 2013). são críticos as diferenças e superficiais na sua essência. pois o tempo utilizado para aprofundamento de bases sólidas poderá ser usado na obtenção de novos conhecimentos. Tal aprofundamento é visto como perda de tempo na sociedade atual. construídas em bases frágeis. é repassada entre os sujeitos que muitas vezes não configuram comunicação pactual e reciproca. o amor passa a implicar em perda. Na contemporaneidade as pessoas se inserem em relações menos densas. pessoas que se dedicam a determinada empresa por muitos anos são julgadas. encurtando barreiras. em que 8 é fácil se apegar e desapegar. mas. de outras coisas (FERRAZ FILHO. assim como viver em um mundo simples. tornam-se menos profundos seus conhecimentos.mais influenciáveis. devido à expansão tecnológica. e que. em que o desfecho são vínculos não duradouros. Entende-se então que este é o preço a se pagar pelas liberdades individuais e pelas novas formas de responsabilidade (CASADORE. esta é descartada. Nessa nova era. Com o desenvolvimento da tecnologia. por exemplo. Outrora Pereira e Coelho (2010) afirmam que o ciberespaço garante aos seus usuários a segurança de serem personagens esteticamente perfeitos assim como o capitalismo os impõe. reduzindo- se simplesmente à informação recebida dentro do espaço cibernético. televisão e etc. convivem com o tédio existencial provindo dessa coação de vivencia característica da contemporaneidade. na modernidade. do aqui-agora. rejeitada. sem tempo para o que é sólido (consolidado). É. Se torna problemático. Pessoas se conectam e interagem em tempo real. Segundo Ferraz Filho (2013). Na atual sociedade a palavra superficialidade transborda características da conjuntura moderna em que nada é concreto. Ressalta-se ainda que a separação do real pela representação é causador do sentimento de artificialidade. por outro. ou pouco adaptado. em um milésimo de segundo. em conflitos que promove a escolha individualista que. ao mesmo tempo. ao quanto ele pode ser consumido. pois não ampliam seus horizontes. fluídos. cada vez mais essa perde seu espaço. o individualismo também circula na sociedade de consumo. Por exemplo. Se a mesma já não corresponde ao desejo do outro. que um dia foi considerado inalcançável. Isso se estende para o que é efêmero. Vê-se aí a fugacidade concretizada nas relações laborais dessa sociedade de informação. hodierna. Considera- se o rompimento de fronteiras. através da internet. O valor que outro tem em uma relação. a opção visível se dá pela escolha da liberdade. Estes. descartável. Assim. o aprofundamento das relações e aprofundamento intelectual são vistos como perda de tempo pela atual conjuntura moderna. Assim. paradoxalmente. para o que acarreta a fragilidade dos vínculos. aspectos como a linguagem merece destaque. não havendo interdições. superficialidade. pois. Destacam-se as relações interpessoais como uma das modificações mais contundentes da atualidade. essa instabilidade das ligações valoriza justamente a capacidade de fugir dos sentimentos mais profundos. Dessa maneira. O ser humano está sempre mudando. Nesse sentido. as relações também se caracterizam como algo que tem que oferecer satisfação imediata. e o que é formado é descontruído facilmente. relaciona-se apenas. p. 9 . elaboração dos critérios de inclusão e exclusão de artigos. HASHIMOTO. evidenciando o conhecimento produzido sobre o tema proposto. publicados nos últimos dez anos (2005 a 2015). A seguir o delineamento metodológico da pesquisa de revisão literária integrativa. Não obstante a inexorabilidade de tais mudanças. O método foi à revisão integrativa da literatura. realizou-se a análise. categorização e síntese das temáticas. 2012). o qual compreende as seguintes etapas: identificação do tema e formulação da questão de pesquisa. de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado”. método. 41) “É bastante flexível. avaliação e análise dos artigos selecionados na pesquisa. um integrador de periódicos on-line. interpretação e discussão dos resultados obtidos e apresentação da revisão. Considerado como critério de inclusão as referências que abordam as palavras chaves: Relações. Com o intuito de descrever e classificar os resultados. tornam as relações fluidas. ano de publicação. periódico. objetivo do estudo e principais resultados. construção de instrumento especifico para coleta de dados relevantes dos artigos encontrados. contemporaneidade e era tecnológica. investigaram-se Artigos científicos sobre a temática acessado na base do site Scielo (Scientific Eletronic Library). 2006). O consumismo. Não obstante. local de origem da pesquisa. Superficialidade. Elaborou-se um instrumento para a coleta das informações. em paralelo com a efemeridade das relações (CASADORE. em português. autores. característica desta era liquida. METODO O trabalho segue as referências do estudo exploratório. através do fluxograma. a flexibilidade. a fim de responder a questão norteadora desta revisão. que segundo Gil (2002. tal. utilizando de pesquisa literária. a identidade. promove um complexo estado de incerteza. composto pelos seguintes itens: título. A pergunta elaborada foi: Como as pessoas estabelecem suas relações na nova era tecnológica? Como critério de exclusão definiu-se os artigos que se baseavam em estudos que não abordavam a temática: relações interpessoais e a superficialidade das relações na contemporaneidade. estas questões geram desconforto e aumentam a sensação de angústia do ser humano (BALDANZA. Para tal. que promove valor ao seu uso. Romão-Dias e Nicolaci da Costa (2005) revelam que sujeitos adotam de um personagem (avatar/perfil) sentem ter mais facilidade de se expressar quando estão em rede do que quando interagem presencialmente com outra pessoa. Costa (2005) ressalta a existência de contratos sociais entre grupos humanos por meio das redes sociais que separam os indivíduos. Isso confirma o que já era proposto quanto a 10 transformação das novas formas de estabelecimento de relações na contemporaneidade devido ao . É exatamente essa ambiguidade. desse trabalho. ressalta o papel da comunidade virtual como estimulo a formação de inteligências coletivas.Delineamento da revisão integrativa de literatura RESULTADOS/DISCUSSÃO Os artigos sorteados encontram-se sumarizados no apêndice 1. Esses fazem que contato físico entre seus participantes se perca. Porém. as quais os indivíduos podem recorrer para trocar informações e conhecimentos. Passa-se as considerações sobre as relações verificadas entre os objetivos propostos e o que se verificou na literatura. Figura 1 . Por sua vez. produzida pelo conceito de comunidade. Segundo os autores nessa nova modificação social. No caso do espaço cibernético e suas influências sobre a cultura e na construção do sujeito. a cultura da imagem.. uma vez que. é muito fácil interagir com o resto do mundo sem precisar sair de casa. além de surgirem novas maneiras de relacionamentos chamados de virtuais. a influencia midiática. passam a ser contemplados em um segundo plano. caracterizado pelo capitalismo. Em relação esfera dos relacionamentos interpessoais. Contudo algumas vivências subjetivas podem ser mais harmoniosas. e. verificam-se transformações mais lesante dos últimos tempos. Há também reflexão do sujeito pós-moderno com base na escolha da rede social. que passam a ser supervalorizadas. HUHTALA. consequentemente. verificou-se a ideia de que o espetáculo e as fantasias baseiam-se no cenário chamado virtual. Ou seja. presencial. tais como. Pereira Junior (2011) aponta as diversas características advindas da contemporaneidade como consequências negativas na existência subjetiva. processo chamado de globalização. qualquer mudança evidencia aspectos positivos e negativos. A autora destaca a fragilidade das relações humanas adulteradas no contexto das redes sociais e a indiscutível perda das relações interpessoais no sentido ocular. Guimarães (2009) reflete sobre a influência da mídia com relação ao consumismo sem consequência que contribui na produção da subjetividade e até mesmo de uma falsa identidade. em que a imagem diz tudo e ao mesmo tempo nada. faz acreditar que tempo é dinheiro e que o consumo deve ser praticado. muitas vezes caracterizada pelo grande avanço tecnológico. ou seja. Com o surgimento da internet . Defende a ideia da existência do poder da personalidade humana para se ajustar a essa infinita estrutura e explicar a razão dos indivíduos serem afetados de maneiras distintas. torna-se relevante salientar que é preciso descrever diretrizes que norteiam uma reação a partir da educação. outras mais inquietantes. Discute sobre a supervalorização das novas tecnologias e busca averiguar a influência da mesma na rotina das pessoas. Mas nem tudo são problemas. Ferraz Filho (2013) traz um pouco da visão do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. ansiedade. 2012). Observa-se que nem sempre o que está na imagem reflete o que o sujeito verdadeiramente é. Como o amor acarreta entrega e perdas ele se torna um problema nesse contexto cultural. proporcionando ajustamentos que levam o sujeito ao bem estar ou a doenças. mesmo que expostos a situações similares. tecnologias móveis) na vida de crianças e jovens da era moderna. o mundo 11 moderno. Através da imagem cria-se um personagem de maneira totalmente ilusória. Em pesquisa com o site Orkut. tédio e angústia existencial. cheia de belezas e encantos. A internet tem como atrativo a velocidade o anonimato. narcisismo. Segundo o autor é necessário ponderar e traçar direções para que essas novas ferramentas não afetem as relações do ser humano torando-as anormais em referência a sua realidade. incrementando a comodidade entre os seres. e pelo prazer. Arruda (2010) explora a amplitude de questões sobre as relações do homem com as novas tecnologias. destaca a interferência da internet (redes sociais. Isso se dá de maneira sedutora. ausência de sentido. Pereira e Coelho (2009) apresentam as muitas mudanças históricas advindas da globalização. 2008). Assim retoma o conceito de uma sociedade chamada de líquida e por sua vez volátil. Além disso. Reflete como a cibercultura tem a capacidade de modificar comportamentos. Nasce então uma sociedade dominada pelo capitalismo em que o foco é o ter e não o ser (CASTRO. a liquidez. Tais criam novas formas de comunicação. O reconhecimento da beleza. pode-se analisar que os laços amorosos. o desejo pelo gozo. Há reflexões nesse campo que dificultam a instalação dos sintomas contemporâneos no novo modo de viver (ALMEIDA et al. O mesmo retrata possíveis sinais característicos do sujeito contemporâneo. por exemplo. é necessário estar alerta frente às novas modificações promovidas pela era da informação. Casadore e Hashimoto (2012) discutem a elevação do narcisismo ou individualismo no mundo contemporâneo. assumem o papel principal. aparecem como transformações relevantes nas novas maneiras de subjetivações referidas como pós-modernas. superficialidade. da mesma maneira como descobertas anteriores foram importantes historicamente. Mostra que. Segundo o autor. tradições e influenciar a economia mundial. O sujeito precisaria estar atento ao aqui-e-agora. o sujeito matem-se conectado a qualquer hora e local. o convívio. abrindo espaço para o virtual. Ou seja. lapidando sujeitos meros reprodutores de informações sem capacidade reflexiva. físico. Ressalta que para aperfeiçoar o parapsiquismo é necessário tranquilidade e paciência. É quase que unânime a ideia de que o contato físico seja importante para manutenção da amizade duradoura. a interação virtual se constrói na dialética conflitante entre duas realidades: virtual e social. com cliques. quem não está dentro desse sistema. as relações são impessoais. Na contemporaneidade de sujeitos hiperconectados á exigência é que as pessoas tenham múltiplas habilidades para lidar com as tecnologias e que acompanhem a constante inundação de informações vinda da internet. o afeto. Beck. à rede abarrotada de informações quase onipresente. mas ao mesmo tempo irresistíveis. porém. As pessoas precisam dispor de tempo uns para os outros sem a simultaneidade e o multi-tarefismo que nos é exigido nesta era moderna. falta um algo a mais. e sem o mínimo de privacidade. ter autodisciplina. Por outro lado. que estabelecem numa relação próxima. porém voltadas para o cotidiano. uma vez que os quatro cantos do mundo parecem estar mais próximos. volatilidade e efemeridade. a superinformação e a transparência. os entrevistados afirmam que as novas tecnologias servem de incentivo para o contato com o outro já que é através destes meios que são marcados os encontros além de facilitarem a comunicação com amigos que moram distante. entretanto. Esse gera ilusões de que o mundo está nas mãos do usuário. curtidas e postagens. Silva (2014) pesquisou o tema com 37 voluntários no estado de São Paulo e observou que o contato face a face tem diminuído. sujeitos estes que detém muita informação. as pessoas criam vínculos que se dissolvem facilmente. e cada acontecimento precisa ser documentado para provar sua existência e gerar uma autopromoção. Para o autor. Neres (2013) discute sobre as novas relações estabelecidas pelo ser humano contemporâneo. Ou seja. ao seu encanto. Assim.a globalização se torna ainda mais aceitável. mas ao mesmo tempo distante entre seus usuários. Henning e Vieira (2014) refletem sobre a presença do consumismo exagerado nesta nova era caracterizado pela versatilidade. porém. abarrotado de informações. acaba sendo excluído e deixado para trás. saber aproveitar o que realmente for necessário diante das ferramentas disponibilizadas pela hiperconectividade. Assim é envolvido por cliques em todos os lugares. Cria-se uma maneira simplista e fútil de se relacionar. e assim saber a hora de conectar-se de desconectar-se. e nenhum conhecimento. velocidade. impostas pelo atual modelo econômico 12 vigente. é que mesmo com um avanço tecnológico que nos permite manter um contato virtual com as pessoas as quais nos relacionamos. As pessoas cada vez mais estão viciadas em tecnologias e sofrem abstinência. o capitalismo. falta o real. além de ressaltar o quanto a mídia tem influenciado essa prática. escravos da pós-modernidade que acumulam suas mercadorias. Mas. sem muito conhecimento um do outro. já que existem câmaras por todos os lados e informações trazidas das redes sociais. Elenca ainda que tais são temerárias. esse acesso veloz. que muitas vezes mais desinformam do que informam. . isso funciona como um paliativo para o encontro real. Reconhece que essa tem como características as redes sociais. Gomes e Silva Junior (2014) destacam a internet como o novo imperativo tomado por restritos interesses comerciais para reprodução do ideal humano. e constrói pouco conhecimento. autoconfiança. descartabilidade. CONCLUSÃO A grande tragédia do século XXI. rápidas e práticas. Lopes (2015) reflete sobre a atualidade digital na era da hiperconectividade do século XXI. Esse se tornou o novo meio dos relacionamentos. e acentua que os novos meios de comunicação como principal agente de mudança no comportamento das pessoas no mundo atual. Um dos grandes problemas encontrado pelo autor é o fato de que o ser humano está aprisionado nesta nova ideia de relações advinda das novas tecnologias. tem sido utilizado como mais um dispositivo de controle da nova era tecnológica dominada pelo capitalismo. a comunicação se torna cada vez mais artificial. Neste contexto. Já. uma vez que o conato virtual tem promovido conversas. pt/ciie/sites/default/files/ESC42_08DinahBeck.periodicoseletronicos.. L. 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