A Septuaginta

March 27, 2018 | Author: hebertucci | Category: Septuagint, Old Testament, Alexandria, Bible, Religious Texts


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A SEPTUAGINTA – Tradução do Velho Testamento Hebraico para o Grego: Uma Tradução São Paulo – SP: Junho de 2008 / Seminarista HeberRamos Bertucci / Página -1- A SEPTUAGINTA - TRADUÇÃO DO VELHO TESTAMENTO HEBRAICO GREGO: PARA O GREGO: UMA INTRODUÇÃO I - DEFINIÇÃO Segundo pesquisamos o termo “septuaginta” é latino e significa “setenta”. Ele foi escolhido para designar uma versão 1 das Escrituras Sagradas cujo símbolo é o número romano LXX. 2 Escreve H. St. J. Thackeray que “O nome ‘Septuaginta’ é uma 3 abreviação de Interpretatio secundum (ou juxta) Septuaginta seniores (ou virus)”, “Interpretação de acordo com os Setenta anciãos”. isto é, II – HISTÓRIA DA TRADUÇÃO 2.1 – A Carta de Aristéias a Filócrates A origem da Septuaginta remonta a um documento de caráter impreciso intitulado “Carta de Aristéias” 4 que pode ser datado entre 130 a 100 5 ou 93 a.C. 6 Uma “versão” da Bíblia trata-se de “... uma tradução da língua original (ou com consulta direta a ela) para outra língua, ainda que comumente se negligencie essa distinção. O segredo para a compreensão é que a versão envolve a língua original de determinado manuscrito.” (GEISLER, Norman; NIX, Willian. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós. Tradução de Oswaldo Ramos. São Paulo – SP: Vida, 1997. p. 184). Cf.: Septuaginta. In: COENEN, Lothar; BROWN, Colin (orgs.). Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. Tradução de Gordon Chown. 2. ed. São Paulo – SP: Vida Nova, 2000. v. I (A – M), Glossário, p. LXXVI. 3 2 1 THACKERAY, H. St. J. Septuagint. In: International standart Bible encyclopedia. Albany, OR USA: AGES Software, 1997. 1 CD – ROM. v. 9: R – Syzygus, p. 705. (The Ages Digital Library Reference, Version 1.0). [CD – ROM 1, The Master Christian Libray (“Theology & Collection Library”) © 2000 AGES Software]. (Tradução minha). “Esse documento comumente é chamado ‘Epístola de Aristéias’, mas os próprios manuscritos dizem apenas Aristéias a Filocrates.” (Aristéias. In: CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. 6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 1 (A - C), 2002. p. 273). Cf.: ARCHER JR., Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? Tradução de Gordon Chown. 4. ed. São Paulo – SP: Vida Nova, 2004. p. 43. 5 4 A SEPTUAGINTA – Tradução do Velho Testamento Hebraico para o Grego: Uma Tradução São Paulo – SP: Junho de 2008 / Seminarista Heber Ramos Bertucci / Página -2- Nesta Carta Aristéias “... afirma ser um alto oficial na corte de Ptolomeu Filadelfo (285 – 247 a.C.), um grego interessado nas antiguidades judaicas”, 7 que foi com uma embaixada a Jerusalém 8 por ordem real, sendo em conseqüência “... testemunha ocular de como o Antigo Testamento hebraico foi traduzido para o grego, do que resultou a Septuaginta.” 9 A Carta é escrita na primeira pessoa do singular e o seu remetente é o irmão de Aristéias chamado Filócrates. O conteúdo da Carta foi seguido de forma convicta pelo importante historiador judeu Flávio Josefo (cf.: 37 ou 38 – 110 d.C.). 10 Ela narra que “... por volta de 250 a.C., Demétrius Phalereus (c. 345 – 283 a.C.) chefe da biblioteca 6 11 – que fora aluno de Teofrasto 12 –, 13 de Alexandria, 14 sugeriu a Ptolomeu II, Filadelfo (284 – 246 a.C.) – Cf.: COSTA, Hermisten M. P. da. A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 1998. p. 65. H. St. J. THACKERAY. Septuagint. In: International standart Bible encyclopedia. v. 9: R – Syzygus, p. 706. (Tradução minha). Cf.: Ibid., p. 706. 7 8 9 Aristéias. In: Russel Norman CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 1 (A - C), p. 273. 10 COSTA, Hermisten M. P. da. A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 1998. p. 65 – 66. Para informações sobre Josefo, consultar: Josefo, Flávio. In: CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. 6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 3 (H - L), 2002. p. 596 – 598. Demétrio de Falero “... tentou adquirir cópias de todos os livros do mundo. Quando iniciou seu trabalho, a biblioteca tinha 200.000 manuscritos e ele acrescentou 300.000.” (Alexandria, biblioteca de. In: CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. 6. ed. São Paulo – SP: Hagnos, v. 1 (A C), 2002. p. 107). 12 13 11 Teofrasto (c. 372 – 287 a.C.) foi o sucessor de Aristóteles (384 – 322 a. C.) na direção do Liceu. “A biblioteca de Alexandria foi a mais completa e mais famosa do mundo antigo. Foi fundada por Ptolomeu I (c. 300 A.C.), em conjunção com o museu e a Universidade, com um corpo docente de eruditos sustentados pelo estado. O museu tinha diversas divisões: uma faculdade de aprendizagem semita e grega, um centro de pesquisa internacional e a biblioteca. As instalações incluíram um número de edifícios e jardins semelhantes aos das Universidades de Oxford e Cambridge. Os estudiosos mais brilhantes da época a freqüentavam para ler os manuscritos e para fazer pesquisa. Ptolomeu atraiu alguns dos homens mais famosos da época para trabalhar e lecionar em Alexandria, oferecendo-lhes dinheiro e privilégios. Assim foi, que Alexandria substituiu Atenas como o centro cultural da época. Por cerca de um século, Alexandria não tinha rival. (...) O filho de Ptolomeu compartilhava a visão do pai e aumentou imensamente o número dos manuscritos da biblioteca de Alexandria. (...) Os manuscritos foram adquiridos de todas as partes do mundo conhecido da época, e em muitas linguagens. Eruditos e sacerdotes tinham livros e coleções particulares por séculos, mas foi em Alexandria que a primeira grande biblioteca foi estabelecida. Além disso, a biblioteca tornou-se um centro de traduções. Fabricação e duplicação de manuscritos. Lá a filologia tornou-se uma ciência. A teoria gramática do grego clássico foi desenvolvida e melhorada em Alexandria.” (Alexandria, biblioteca de. In: R. N. Champlin. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 1 (A - C), p. 107). “A cidade fundada por Alexandre foi o centro intelectual do mundo nesse período. Esse foi o local onde o Ocidente encontra o Oriente, e onde o judaísmo foi afetado mais de perto pelo pensamento helenístico.” (WAND, 14 A SEPTUAGINTA – Tradução do Velho Testamento Hebraico para o Grego: Uma Tradução São Paulo – SP: Junho de 2008 / Seminarista Heber Ramos Bertucci / Página -3- grande incentivador das letras e das artes –, que enviasse uma delegação o sumo sacerdote em Jerusalém, solicitando um Rolo hebraico da Torah e, também, o envio de homens capazes de traduzir este Rolo para o grego. Ptolomeu, ao que parece, por interesses políticos e culturais, atendeu à solicitação.” 15 Além disso, é relevante o fato de que uma cópia da tradução ficaria na famosa biblioteca de Alexandria, 16 podendo esse ser também um incentivo para a autorização do rei. Se o pedido fosse aceito, Ptolomeu “... para propiciar a nação de quem ele pedia um favor, consentiu, na sugestão de Aristéias, liberar todos os judeus escravos no Egito.” 17 Ptolomeu II enviou então cartas a Eleazar, que era o sumo sacerdote em Jerusalém nesta época, e lhe pediu “... para selecionar e enviar à Alexandria 72 anciãos, competentes na Lei, 6 de cada tribo, para realizar a tradução...”. 18 Eleazar atende ao rei e envia os anciãos à Alexandria. Conta a carta de Aristéias que “Os tradutores chegaram à Alexandria, trazendo uma cópia da Lei escrita em cartas de ouro em rolos de pele, e foram honrados e recebidos por Ptolomeu. Seguiu-se um banquete de sete dias, nos quais o rei testou a competência de um por um com perguntas difíceis.” 19 Depois de três dias, Demétrius os conduziu a ilha de Faros, onde, separados em celas, 20 e com “... tudo o que é necessário para o seu trabalho, eles completaram a sua tarefa...” 21 de forma milagrosa em 72 dias, 22 terminando por volta do dia 23 de dezembro (oitavo dia de Tevet). Por isso o seu nome é Septuaginta: foi traduzida por 72 anciãos em setenta e dois dias. 23 J. W. C. História da igreja primitiva: até o ano 500. Tradução de Roberto T. de Carvalho & Daniel Costa. São Paulo – SP: Custon, 2004. p. 88 – 89). Cf.: Hermisten M. P. da COSTA, A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada, p. 65 – 66; SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento. Tradução de João M. Bentes. São Paulo – SP: Vida Nova, 1999. p. 3. 16 15 Cf.: Aristéias. In: Russel Norman CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 1 (A C), p. 273; Alexandria, Biblioteca de. In: Ibid., p. 107; Samuel J. SCHULTZ, A história de Israel no Antigo Testamento, p. 3. 17 H. St. J. THACKERAY. Septuagint. In: International standart Bible encyclopedia. v. 9: R – Syzygus, p. 706. (Tradução minha). Ibid., p. 706. (Tradução minha). Ibid., p. 706. (Tradução minha). 18 19 20 Cf.: Hermisten M. P. da COSTA, A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada, p. 65 – 66. 21 H. St. J. THACKERAY. Septuagint. In: International standart Bible encyclopedia. v. 9: R – Syzygus, p. 706. (Tradução minha). Cf.: Hermisten M. P. da COSTA, A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada, p. 65 – 66. “Algumas variações falam em setenta tradutores e setenta dias de tradução.” (Cf.: Aristéias. In: Russel Norman CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. v. 1 (A - C), p. 273). 23 22 A SEPTUAGINTA – Tradução do Velho Testamento Hebraico para o Grego: Uma Tradução São Paulo – SP: Junho de 2008 / Seminarista Heber Ramos Bertucci / Página -4- Após o término do trabalho, “A versão completa foi lida por Demétrius para a comunidade judaica, que a recebeu com entusiasmo e pediu que uma cópia pudesse ser confiada a seus líderes; uma solene maldição foi pronunciada a qualquer pessoa que tentasse acrescentar ou retirar, ou ainda fazer qualquer alteração na tradução. Toda a versão foi então lida em voz alta ao rei que expressou sua admiração e sua surpresa pela unidade da tradução; ele fez com que os livros pudessem ser preservados com escrupulosa consideração.” 24 Por este último detalhe é que o conteúdo da Carta pode ser tido como real na questão da tradução, conforme acentua Archer Jr.: “... a carta reflete um acontecimento histórico real, quando a Torá pelo menos, senão outras partes do Antigo Testamento também, foi traduzida para o grego...”. 25 Entretanto, no modo como foi feita essa tradução, é que o relato parece lendário. Por isso, Norman Geisler e Willian Nix são a favor de que somente o Pentateuco foi traduzido na época de Ptolomeu Filadelfo. 26 2.2 – Motivo da Tradução O principal motivo da tradução era fazer com que os judeus que moravam em Alexandria tivessem acesso ao Velho Testamento na língua grega. Havia nessa época uma procura mais acentuada de cópias do Velho Testamento, mas um empecilho a compreensão dessas cópias era que grande parte dos que a procuravam eram descendentes de judeus que se estabeleceram ali há tempos, e não sabiam mais a língua hebraica. 27 24 H. St. J. THACKERAY. Septuagint. In: International standart Bible encyclopedia. v. 9: R – Syzygus, p. 706 - 707. (Tradução minha). Gleason L. ARCHER JR., Merece confiança o Antigo Testamento?, p. 43. Cf.: Norman GEISLER; Willian NIX, Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós, p. 196. 25 26 27 Sobre o motivo da tradução da LXX temos os seguintes relatos: “... [visava] a conveniência dos judeus de fala grega que não conheciam o hebraico.” (Gleason L. ARCHER JR., Merece confiança o Antigo Testamento?, p. 43). “Entre os judeus de fala grega houve uma procura de cópias do Antigo testamento, para o uso pessoal e nas sinagogas, traduzida para a área franca da área do Mediterrâneo Oriental.” (Samuel J. SCHULTZ, A história de Israel no Antigo Testamento, p. 3). “Essa tradição visava, ao que parece, facilitar a leitura do Antigo Testamento por parte dos judeus que viviam na Dispersão, já que eles entendiam indubitavelmente melhor o aramaico do que o hebraico. Contudo, era comum o dito entre os judeus, que ‘como os anjos que conduzem as orações a Deus não compreendem aramaico, é melhor não rezar nessa língua.” (UNTERMAN, Alan. Apud Hermisten M. P. da COSTA, A inspiração e inerrância das Escrituras: uma perspectiva reformada, nota 230, p. 66).
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