A Revolução Francesa- Eric J. Hobsbawm.pdf

March 29, 2018 | Author: Michel Bossone | Category: France, Revolutions, French Revolution, Europe, Bourgeoisie


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EricJ. Hobsbawm A REVOLUÇÃO FRANCESA 1 Edição ~ 0 PAZ E TERRA Coleção Leitura ) Eíiitora Paz e Terra, 1996. Produção grificn-, Katia Haibe Cãpa-, Isabel Carballo Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Este livro constitui-se de exerto de A era das revoluções. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil) Hobsbawm. Eric J. A revolução francesa / Eric J. Hobsbawn; {tradução Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel). — Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1996. — (Coleção Leitura) 1. Política I. Título. 11. Série. 96-1926 CDD-320 índice para catálogo sistemático; 1. Ciência política 320 2. Política 320 EDITORA PAZ E TERRA S/A Rua do Triunfo, 177 Santa Ifigênia, São Paulo, SP — CEP 01212-010 Tel.: (011)3337-8399 e-mail: vendas<?pazeierra.com.br Home page: www.pazeterra.com.br 2008 Impresso no BrasíJ in Brasil ín d ic e I ......................................... 9 II .......................................................... 31 III ........................................ 39 IV .................................................................;................ . 49 . deve estar m orto para todós os sentidos da virtude e da liberdade. O MomingPost (21 de julho de 1789) sobre a queda da Bastilha. Um inglês que não se sinta cheio de estima e admiração. Nenhum de meus compatriotas que tenha tido a sorte de pre­ senciar as ocorrências dos últimos três dias nesta grande cida­ de deixará de testemunhar que minha linguagem não é hiperbólica. Os reis fugirão para os desertos. para a companhia dos ani­ mais selvagens que a eles se assemelham. pela maneira sublime com que está agora se efetuando uma das mais importantes revoluções que o mundo jamais viu. 24 de abril de 1793. Discours prononcé à la Convention. e a Natureza recupe­ rará os seus direitos. Saint-Just. Sur la Constitution de la France. . Brevemente as nações esclarecidas colocarão em julga­ mento aqueles que têm até aqui governado os seus destinos. . No entanto. o concei- ^to e 0 vocabulário do nacionalismo. foi a França que fez suas revoluções e a elas deu suas idéias. ou os ainda mais incendiá­ rios princípios de 1793. Se a economia do mundo do século xix foi constituída prin­ cipalmente sob a influência da Revolução Industrial britânica. A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e fabricas. 0 modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. e as políticas européias (ou mesmo mundiais). sua política e ideologia foram constituídas fundamentalmente pela Revolução Francesa. A ideologia do mundo moderno atingiu. entre 1789 e 1917. A França deu o primeiro grande exemplo. aponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de praticamente to­ das as nações emergentes. pela influência francesa. foram em grande parte lutas a favor e contra os princípios de 1789. Ela forneceu os códigos legais. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para a maior parte do mundo. as antigas . o explosivo econômico que rompeu com as estruturas socioeconômicas tradicionais do mundo não- europeu. até mesmo quando ambos convergiam mais claramen­ te — como no socialismo. chegando até_ o p onto de revoltas. Esta diferença enrre as influencias britânica e francesa não deve ser levada muito longe. 10 . às vezes atingindo o nível da secessão. há algum peso nessas observa­ ções. na Holanda (1783-87).. Igualmente se pode argumentar que a Revolução Russa de 1917 (que ocupa uma posição de importância análoga em nosso século) foi meramente o mais dramático de toda uma série de movimentos semelhantes. Veja R. civilizações que até então resistiam às idéias européias. tais como os que. The a^e ofdcviocratic rcvolution (1959). embora o mais dramático e de maior alcance e repercussão. Palmer. alguns . Nenhum dos dois centtos da revolução dupla confinou sua influência a qualquer campo da atividade humana. finalmente puseram fim aos antigos im- 1. capítulo I. e suas últimas décadas foram cheias de agitações políticas. na Inglaterra (1779). até mesmo.R. na Bélgica e em Liège (1787-90). J. La grande rution(l956). convergiam de direções um tanto diferentes. econômicos. não só nos Estados Unidos (1776-83) mas também na Irlanda (1782-84). Esta foi a obra da Revolução Francesa. em Genebra e.' O final do século xviil foi uma época de crise para os ve­ lhos regimes da Europa e seus sistemas.^ Na medida em que a crise do velho regime não foi pura­ mente um fenômeno francês.Godechot.i. Entretanto.anos antes de 1917. de_movimentos coloniais em busca de autonomia. v. A quantidade de agitações pol/ticas é tão grande que alguns historiadores mais recentes falaram de uma “era da revolução democrática”. que foi quase simultaneamente inventado e batizado nos dois países —. e os dois eram mais complementares que competitivos. na qual a Revolução Francesa foi apenas um exemplo. 2. mui­ to mais profundas. na França. Em primeiro lugar. Em terceiro lugar. Em 1789. Tom Paine era um extremista na Grã-Bretanha e na América. tenham sido vistos. Dubarry. em Paris. A Re­ volução Francesa pode não ter sido um fenômeno isolado. ela foi. périos turco e chinês. países que continuaram a ser o que eram. cerca de um em cada cinco europeus era francês. grosseiramente falando. como moderados. há aí um equívoco. Seus exér­ citos partiram para revolucionar o mundo. apenas sem o controle político dos britânicos. A revolução americana foi um aconteci­ mento crucial na história americana. e poderoso Estado da Europa (com exceção da Rússia). portanto. mas foi muito mais fundamental do que os outros fenômenos contemporâneos. A Revolução Francesa é íl . uma revolução so­ cial de massa. ele estava entre os mais moderados dos girondinos. mas (exceto para os paí­ ses diretamente envolvidos nela ou por ela) deixou poucos traços relevantes em outras partes. ela aconteceu no mais populoso. Não é casual que os revolucio­ nários americanos e os Jacobinos britânicos que emigraram para a França. mas. entre toda^s as revoluções contemporâ­ neas. O resultado da Re­ volução Francesa foi o de que a era de Balzac substituiu a era de Mme. Resultaram das revoluções americanas. Em segundo lugar. em razão de suas simpatias políticas. e suas conseqüências foram. diferentemente de todas as revoluções que a precederam e a seguiram. espanhóis e portugueses. a Revolução Francesa foi a única ecumênica. e incomensuravelmente mais radical do que qualquer levante comparável. suas idéias de fato o revolucionaram. Ainda assim. Sem dúvida. tendo incorporado suas lições (interpretadas segundo o gosto de cada um) ao socialismo e ao comunismo modernos. predcccssor do nacionalismo indiano moder­ no. 4. o termo “liberda­ de”. sob sua influência. pois ela forneceu o padrão para todos os movimentos revolucionários subsequentes.The impact ofthe French Revolurion onTurfcey. Sua influência direra é universal. Por vol­ ta da metade do século XIX. antes de 1800^ sobretudo uma expressão legal que deno­ tava 0 oposto de “escravidão”.) A Revolução Francesa foi.-ítícD-radicais. 12 . tinha começado a se transformar. ele insistiu em viajar num navio francês para demonstrar o entusiasmo que tinha pelos princípios da Revolução. (Quando visitou a Inglaterra.JournalofWoríJHUtory. em 1830. Com isto não queremos subestimar a influência da revolução americana. um marco em todos os países. p. ela ajudou a estimular a Revolução Irrancesa e. “o primeiro grande movimento de idéias da cristandade ocidental que teve algum efeito real so­ bre o m undo islâmicoVe isto quase que de imediato. ao contrário daquelas da revolução americana. onde Ram Mohan Roy foi inspirado por ela a fundar o primeiro movimento de reforma hindu. a inspiração para movimentos dcmocr. B. Sua influencia direta espalhou-Se até Bengala. Lewis. em algo parecido compatrir. esporadicamen­ te. ocasionaram os levantes que levaram à libertação da América Latina depois de 1808. a palavra turca vatan. Suas repercussões. num sentido mais estrito. que até então simplesmente descrevia o local de nascimento ou a resi­ dência de um homem. forneceu modelos constirucionais — competindo e às vezes se alternando com a Revolução Francesa — para vários Estados latino-americanos e.'* 3. tinha começado a adquirir um novo conteúdo político. l 1953-54.l05. como bem se disse. ser procuradas não meramente nas condições gerais da Europa. A Revolução Francesa s. Em outras palavras. o conflito entre a estrutura oficial com os interesses estabelecidos pelo Antigo Regime e as novas forças sociais ascendentes era mais agudo na França do que em outras partes do mundo.xterna já era substancialmente determinada pelos interesses da expan­ são capitalista. por um comércio e uma empresa livres. pela abolição de todas as tes- trições e desigualdades sociais que impediam o desenvolvi­ mento dos recursos nacionais. Ela era a mais poderosa e. causava preocupação. sua tentativa de aplicação desse programa como primeiro-ministro no período 1774-76 13 . assim. As novas forças sabiam muito precisamente o que que­ riam. a mais típica das velhas e aristocráticas monarquias absolutas da Europa. portanto. por uma administração eficiente e padronizada de um único território naciGnáí homogêneo. e não apenas uma revolução. sob vários aspectos. e por uma administração e taxação racionais e imparciais. Mesmo assim. Seu comércio externo. lutou por uma explora­ ção eficiente da terra. o economista fisiocrata. E suas origens devem. a revolução do seu tempo. mas na situa­ ção específica da França. seu sistema colonial foi em certas áreas (como nas índias Ocidentais) mais dinâmico que o britânico. embora a mais proeminente de sua espécie. que se multiplicou quarro vezes entre 1720 e 1780. cuja política e.-. Ainda assim. a França não era uma potência como a Grã-Bretanha. Durante todo o sé­ culo XVIII a França foi o maior rival econômico da Grã- Bretanha.Sua peculiaridade talvez seja mais bem ilustrada em termos internacionais. Turgot. Pelo contrário. Re­ formas desse tipo. e o fracasso é característico. que realmente forneceu a centelha que fez explodir o barril de pólvora da França. uma vez que as fortaleciam. elas fracassaram mais rapidamente do que em outras par­ tes. “reação feudal”. tiveram uma ampla difusão nessa época entre os chamados “déspotas escla­ recidos”. As 400 mil pessoas aproximadamente que. uma generalização desta ordem não nos leva muito longe na compreensão de por que a Revolução eclodiu quando eclodiu. Para_ isso. e as forças da mudança burguesa eram fortes demais para cair na inatividade. embora não tão absoluramente a 14 . Na Fran­ ça. é mais útil considerarmos a chamada. deixando o país retroceder a uma versão algo mais ordenada do seu antigo Estado. a inquestionável ^primeira linha” da nação. portanto. ou ainda fracassaram em face da resistência das aristocracias locais e de outros interesses estabelecidos. formavam a nobreza. essas reformas ou eram inaplicáveis e. Entretanto. e por que tomou aquele curso notável. Mas. meros floreios teóricos. Elas simplesmen­ te rrans feri ram suas esperanças em uma monarquia esclarecida p^ra o-povo ou a “nação”. em doses modestas. ou então tinham poucas probabilidades de mudar o caráter geral das estruturas político-sociais. na maioria dos países de “despotisrno esclareci­ do’’. entre os 23 milhões de franceses. os resulmdos desse fracasso foram mais catas­ tróficos para a monarquia. pois a resistência dos interesses estabelecidos era mais efetiva. fracassou lamentavelmente. Contudo. não eram incompatí­ veis com as monarquias absolutas nem tampouco mal recebi­ das. que expressava tanto quanto podia o duplo descontentamento dos aristocratas e dos burgueses por meio dos estados e Cortes de Justiça remanescentes. pensões. estavam bastante seguras. ou. uma “ordem” ou “classe” social do Anrígo Regime (cf. Elas gozavam de consideráveis privilégios.T. incluindo a isenção de vários im­ postos (mas não de tantos quanto o clero. salvo da intromissão das linhas menores como na Prússia e em outros lugares. uma Corte ou Assembléia (neste caso. Em Inglcs brirniiico. criada pelos reis para vários fins. trata-se. conquan­ to inteiramente aristocrática e até mesmo feudal no seu ethos. no plural. ou. “Terceiro Estado”). Politicamente sua situação era menos brilhante.s ex­ cepcionais que definem um '“ status".sabi- lidade poUdcas. “Os Estados Gerais”). presentes ou sinecuras da N. ainda. aqui das Assem­ bléias ou Corres da nobreza. Í5 . e reduzido ao mínimo suas velhas instituições representativas: “estados”* eparlements.: * original. havia destituído os nobres de sua independência e respon. cf. A monarquia absoluta. se pertences­ sem à minoria privilegiada de grandes nobres ou cortesãos de casamentos milionátios. as preocupações dos nobres não eram absolutamen­ te desprezíveis. mais bem organiza­ do). portanto. principal­ mente financeiros e administrativos — uma classe média go­ vernamental enobrecida. a palavra c\uue designa os hen. Economi­ camente. eles dependiam da renda de suas propriedades. O fato continuou a se agravar junto da mais alta aristocracia e junto da noblesse de robe mais recente. Mais guerreiros do que homens de negócios por nascimento e tradição (os nobres eram até mesmo for­ malmente impedidos de exercer um ofício ou profissão). e o direito de receber tributos feudais. como os aluguéis. todos os bispos eram nobres e até mesmo as intendências. tinham sido retomadas por eles. a pedra angular da administração real. de alguma forma. eles invadiram decididamente os postos oficiais que a monarquia absoluta preferira preencher com homens da clas­ se média. serviço) do campesinato. para aumentar ao N. portanto. mas também corroía o próprio Esta­ do. Por volta da década de 1780. conseguiam administrá-las. D u­ rante todo o século xv^iI. corre. A inflação ten­ dia a reduzir o valor de rendas fixas. Era. Mas os gsstos que o j/a^us de nobre sxigla eram grandes e cada vez maiores.: * especialistas em Direito Feudal. a dosfeudistas* passou a existir para reviver esse tipo de direitos obsoletos_ou. Conseqüentemente. politicamente inofensivos e tecnicamente compe­ tentes. na França como em tantos outros países. os reconhecidos privilégios de ordem. então. e_suas rendas caíam — pois eram rara­ mente administradores inteligentes de suas fortunas. Toda uma profissão. pela tendência crescente de assumir a administração central e provinciana. I6 . se é que. De maneira semelhante — especialmente os cavalheiros provincianos mais pobres que tinham poucos recursos — tentaram neutralizar o declínio de suas rendas usan­ do ao ináximo seus consideráveis direitos feudais para extor­ quir dinheiro (ou mais raramente. a nobreza não só exasperava os sentimentos da classe média por sua bem-sucedida competi­ ção por postos oficiais. natural que os nobres usassem seu único c principal recurso. r. eram necessários quatro graus de nobreza até para comprar uma parente no Exército. A. estava longe de ser brilhante. 19-17. em 1796.livres e.^ Assim é que. H á pouca dúvida de que. as propriedades do clero tal­ vez cobrissem outros 6%.'" Na verdade. viría a se tornar o líder da primei­ ra revolta comunista da História moderna. e a inflação reduzia o valor do resto.ão dessa classe enorme. os camponeses já possuíam de 38% a 40% da terra. de uma maneira ou de outra. deficiência esta aumentada pelo atraso técnico dominante. proprietários de terras. o resto. e a fome geral de terra foi intensificada pelo aumento da populaçãq. os camponeses eram^em geral. L a campagna momptlUéraina a Iafin dt 1’A nciai Rdgime (1958). Seu mais celebrado membro. os dízimos e as taxas tomavam uma proporção grande c cada vez maior da renda do camponês. De fato. na diocese de Montpellier. a grande maioria não tinha terras ou possu/a uma quantidade insuficiente. máximo o rendimento dos existentes. os nobres de 15% a 16% e 0 clero de 3% a 4%. 6. sofria. quando do­ minavam os preços de fome. Gracchus Babeuf. a situação dos cam­ poneses tivesse piorado por essas razões.. enquanto um quinto era de terras comuns. Conse­ quentemente. H. 5. compreendendo talvez de todos os franceses. Soboul. Pois só a minoria dos camponeses que tinha um constante excedente para vendas se beneficiava dos preços crescentes. com variações regionais. Asituaç. a burguesia de 18% a 19%. p. Os tribu­ tos feudais. Sée. não raro. Esquissí d'uní hiítoire du rí^Tne a^aire (1931). especialmente era tempos de má colheita. Em quantidade efetiva. nos vinte anos que precederam a Revolução. 17 . a nobreza não só exasperava a classe média mas também o campesinato. a revolução americana pôde proclamar-se a causa direta da Revolução Francesa. portanto. A. mas sempre longe de uma reforma fundamental que. a Marinha e a diplomacia constituíam um quarto. a França envolveu-se na guerra da independência ame­ ricana. A estrutura fiscal e administrativa do reino era tremenda­ mente obsoleta. Assim. mesmo rebeldes. pudesse enfren­ tar uma situação em que os gastos excediam a renda em pelo menos 20%. Vários ex­ pedientes foram tentados com sucesso cada vez menor. A guerra e a dívida — à guer­ ra americana e sua dívida — partiram a espinha dorsal da monarquia. e iião havia quaisquer possibilidades de econo­ mias efetivas. convocada em 1787 para satisfazer às exigências governamentais. Embora a extravagância de VersaiHes tenha sido constantemenfe culpada pela crise. mas ainda assim. A primeira brecha no fronte do absolutismo foi uma “assembléia de notáveis” escolhidos a dedo. em 1788. derrotada pela resistência dos interesses estabelecidos encabeçados pelos parlements. Eles se recusavam a pagar pela crise se seus pri- vi!égio. vitória contra a Inglaterra foi obtida ao custo da bancarrota final e.s não fossem estendidos. os gastos da corte só signi­ ficavam 6% dos gastos totais. A guerra. O s problemas financeiros da monarquia agravaram o qua­ dro. e metade era consumida pelo serviço da dívida existente. ea tentativa de remediar a situação por meio das reformas de 1774-76 fracassou. A segunda e de­ cisiva brecha foi a desesperada decisão de convocar os Estados 18 . A crise do governo deu à aristocracia e aos parlements a sua oportunidade.*mobilizando a considerável capacidade tributável do país. Em sua forma mais geral. a velha assembléia feudal do reino. nem por tom ens que estivessem tentando levar a cabo um progra­ ma estruturado. constituí­ ram a diferença entre um simples colapso de um velho regime e a sua substituição rápida e efetiva por um novo. conforme formuladas pelos “filósofos” e “economistas”. a ideologia de 1789 era a maçô- nica. considerados responsáveis pela Revolução. Nem mesmo chegou a ter “líderes” do tipo que as revoluções do século xx têm-nos apresentado. até o surgimento da figura pós-revolucionária de Napoleão. Entre­ tanto um surpreendente consenso de idéias gerais entre um grupo social bastante coerente deu ao movimento revolucio­ nário uma unidade efetiva. no sentido moderno. de fato. Até este ponto. provavelmente. Assim. mas eles. os “filósofos” podem ser. e difundidas pelamaçonaria e associações informais. Ela teria ocorrido sem eles. e. Esta tentativa foi rnal calculada por duas razões: ela subestimou as intenções independentes do Terceiro Estado:— a entidade fictícia destinada a represen­ tar todos os que não eram nobres nem membros do clero po­ rém. uma das primeiras grandes obras de arte 19 . enterrada desde 1614. com justiça. a Revolução começou como uma tentativa aristo­ crática de recapturar o Estado. Gerais. A Revolução Francesa não foi feita ou liderada po^ eun partido ou movimento organizado. dominada pela classe média — e desprezou a profunda crise socioeconômica em meio à qual lançava suas exigências políticas.xpressa com tão sublime inocência na Flauta mágica de Mozart (1791). O grupo era a “burguesia”: suas idéias_ eram as do liberalismo clássico. no regime que estava implícito. “Os ho­ mens nascem e vivem livres çjguais perante as leis”. A declaração afirmava (posição contrária à hierarquia da nobre­ za ou absolutismo) que “todos os cidadãos têm o direito de colaborar na elaboração das leis”. sagra­ do. Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios da nobreza. propagandística de uma época cujas mais aitas realizações ar­ tísticas freqüentemente pertenciam à propaganda. pretendia-se eliminar os reis. se a corrida começava sem empecilhos.homens eram iguais perante a lei. mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. Uma.e as profissões estavam igualmente abertas ao talento. mas “tanto pessoalmente como por meio de seus representantes”. o burguês liberal clássico 20 . mas. mas ela também prevê a existência de distin­ ções sociais.monarquia constitucional baseada em uma oligarquia possuidora de terras era mais ade­ quada à maioria dos liberais burgueses do que a república democrática que podería parecer uma expressão mais lógica de su. Mas. A propriedade privada era um direito natural. E a assembléia repre­ sentativa que ela vislumbrava como o órgão fundamental de governo não era necessariamente uma assembléia democrati­ camente eleita. pressupunha-se como fato consumado que os corredores não terminariam juntos. embora alguns também advogas­ sem esta causa. dizia seu primeiro artigo. tampouco. Mais espe- cificamente. de modo geral. de 1789. Os .as aspirações teóricas. inalienável e inviolável. ainda que somente no terreno da “utilidade co­ mum”. as exigências do foram delineadas na fa­ mosa Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 21 . Entretanto.xemplo. não reconhecia nenhum interesse no mundo acima do seu pró­ prio e não aceitava qualquer lei ou autoridade que não a sua — nem a da humanidade como um todo. “A fonte de toda a soberania”. rei de França e Nava'rra. a das nações conquistadas ou libertadas diante dos interesses òz grande natiorí) estavam implícitas no nacio­ nalismo. pela Graça de Deus e d<3 direito constitucional do Estado. de 1789 (e o liberal de 1789-1848) não era um democrata mas sim um devoto do constitucionalismo. não concebeu inicialmente que seus interesses pudessem chocar-se com os de outros povos. mas Luís. a nação francesa. cuja primeira expressão oficial foi formulada pela burguesia de 1789. como suas subsequen­ tes imitadoras. “O povo” identificado com “a nação” era um conceito revolucionário. oficialmente esse regime expressaria não ape­ nas seus interesses de classe. rei dos Franceses. dizia a Declaração. mas. pelo con­ trário. Contu­ do. Sem dúvida. nem a de outras nações. conforme disse o abade . “reside essencialmen­ te na nação”. via a si mesma como inaugurando ou participando de um movimento de libertação gerni dos povos contra a tirania. mais revolucionário do que o programa liberal-burguês que pretendia expressá-lo. como também a vontade geral do “povo”. a dos homens dc negócios franceses com os ingleses) e a subordinação nacional (por e. O rei não era mais Luís. pela Graça de Deus. era também uma faca de dois gumes. de um Estado se­ cular com liberdades civis e garantias para a empresa privada e de um governo de contribuintes e proprietários. a rivalidade nacional (por exemplo. E a nação.Sieyès. De fato. que era por sua vez (uma significativa identificação) “a nação francesa”. dos nobres e do clero. Foi aí que se deu a primei­ ra vitória revolucionária. A maioria da assem­ bléia era de advogados que desempenharam um papel econô­ mico importante na França provinciana. a maioria desse tipo. e o processo de eleição. 610 homens. que deliberava e votava por “ordens” ou “estados”. para obter uma representação tão grande quanto a da nobreza e a do clero juntas. consrituíram-se eles mesmos.xigências praticamente nos term os da Câmara dos Comuns inglesa.'e todos os que estavam preparados para se|untarem_a eles nos termos que ditassem. vós sois um 22 . transformando os Estados Gerais numa assembléia de deputados que votariam individualmente. Uma tentativa contra-revolucio- nária os levou a formular suas e. cerca de cem repre­ sentantes eram capitalistas e homens de negócios. E agora lutava cora igual deter­ minação pelo direito de explorar sua maioria potencial de vo­ tos. Cerca de seis semanas após a abertu­ ra dos Estados Gerais. ansiosos por evitar a ação do rei. conforme Mirabeau. um brilhante e desacreditado ex-nobre disse ao rei. situação em que a nobreza e o clero podiam sempre derrotar o Terceiro Estado. foram eleitos para representar o Terceiro Estado. politicamente simples ou imaturos. indireto. Visco que os camponeses e os trabalhadores pobres eram analfabetos. e com sucesso. ao contrário do corpo feudal tradicional. O Terceiro Estado tinha lutado acirradamente. O absolutismo atingia seus e. em Assembléia Nacional com o direito de reformar a Constituição.xterrores. os Comuns. “Majestade. uma ambição moderada para um grupo que oficialmen­ te representava 95% do povo. 70. e. ponamo. p. Fazia-os sofrer ainda mais. cujo custo de vida — o pão era o principal alimento — podia duplicar. The French Revolution (ed. porque representava não apenas as opiniões de uma minoria militante e instruída. a maioria dos homens em suas propriedades insuficientes ti. por complexas razões. Os últimos anos da década de 1780 tinham sido. um período de grandes dificuldades praticamente para todos os ramos da eco­ nomia francesa. As safras ruins faziam o campesinato sofrer.jObviamente as safras ruins fàziám sofrer. especiaímente nos meses imediatamente anteriores à nova safra (maio- junho). Uma safra ruim em 1788 (e 1789) e um in­ verno muito difícil tornaram aguda a crise. também produzia uma depressão in- 7. Goodw/n. mas também as de forças bem mais poderosas. O que transformou uma limitada agitação reformista em uma revolução foi o fato de que a conclamação dos Estados Gerais coincidiu com uma profunda crise socioeconômica. os trabalhado­ res pobres das cidades. enquanto os grandes produtores podiam vender cereais a preços de fome. por­ que o empobrecimento do campo reduzia o mercado de ma- nutacuras e. esrranho nesra Assembléia e Jiâo rendes o direito de se.■ nha provavelmente que se alimentar do trigo reservado para o plantio ou comprar alimentos àqueles preços. especialmente de Paris. cambem. A. em resumo. 1959). pois significavam que. 23 . também o campesinato revolucionário. os pobres das cidades.pro­ nunciar aqui”7 O Terceiro Estado obteve sucesso contra a resistência uni­ ficada do rei e das ordens privilegiadas. a contra-revolução mobilizou contra si as massas de Paris. O re­ sultado mais sensacional de sua mobilização foi a queda da Bastilha. desconfiadas e militantes. U m povo turbulento se colocava por trás dos deputados do Terceiro Estado. Elas iniciaram a tremenda e abaladora idéia de se libertar dz. dustrial. casado com uma mulher menos irresponsável e com menos miolos de galinha. se necessário com força armada. nobreza e da opres­ são. e preparado para escutar conselheiros menos de­ sastrosos. os pobres das cidades ficavam duplamente desesperados. visto que o trabalho cessa- ■va no exato momento em que o custo de vida subia vertigino- samente. A contra-revolução transformou um ascenso de massa em potencial em um ascenso efetivo. mesmo que ele tivesse sido um hom em menos desprezível e estúpido do que era. uma convulsão de grandes proporções no reino. uma campranha de propaganda e uma eleição transformaram o de­ sespero do povo numa perspectiva política. já famintas. Sem dúvida.) D e fato. em 1788 e 1789. um a prisão estatal que simbolizava a autoridade real e onde os revolucionários esperavam encontrar armas.(Só sonhadores irrealistas suporiam que Lu/s xvi pu­ desse ter aceito a derrota e imediatamente se transformado em unn monarca constitucional.m- pos de revolução. Em te. Em circunstâncias normais. embora o Exército não fosse mais totalmente de con­ fiança. era natural que o velho regime oferecesse resistência. teria ocorrido provavel­ mente pouco mais.que turbulências cegas. Os pobres do interior ficavam assim desesperados e envolvidos em distúrbios e banditismo. Porém. nada é mais poderoso do que a queda de 24 . Tudo o que restou do poderio estatal foi unia dispersão dos regimentos de confiança duvidável. de fins de julho e princípio de agosto de 1789. ratirlcou a queda do despotismo e foi saudada em todo o mundo como o marco inicial de liber­ tação. A queda da Bastilha. se­ gundo o modelo de Paris. cujos hábitos. Até mesmo o austero filósofo Immanucl Kanr. a estrutura social do feudalismo rural francês e a máquina estatal da França Real ruíam em pedaços. Três sematias após o 14 de julho.sacudiu o nniiulo tinha deveras ocorrido. disfor­ mes. conforme se comentava. O que transformou uma epi­ demia de inquietação camponesa em uma convulsão irreversível foi a combinação dos levantes das cidades provincianas com uma onda de pânico de massa. o chamado Grande Medo {Grande Peur). que se espalhou de forma obs­ cura mas rápida por grandes regiões do país. As revoluções camponesas são movimentos vastos. dc Konigsberg. anônimos. de modo que convenceu a cidade de Konigsberg de que um fato que . mas irresistíveis. todos os privilégios feudais 25 . eram tão regrados que permitiam aos cidadãos daquela cidade acertas­ sem por eles seus relógios. A classe média e a aristocracia ime- diaramente aceitaram o inevitável. O que é mais importante é que a queda da Bastilha divulgou a revolução para as cidades provincianas e para o campo. uma Assembléia Nacional sem força coercitiva e uma multiplicidade de administrações municipais ou provincianas da classe mé­ dia que logo montaram “Guardas Nacionais” burguesas. que fez do I4 de julho a festa nacional francesa. símbolos. postergou a hora de seu passeio vespertino ao receber a notícia. reacionários. a forma principal da política revolucionária burguesa francesa e de todas as subsequentes estava. inclinação para a esquerda — rompimento entre os modera­ dos -—.sns contra a resis­ tência obstinada ou a contra-revolução. agora. daí em diante. Veremos as massas ultrapassando os objetivos dos moderados rumo às suas pró­ prias revoluções sociais. Em resumo. o rei resistiu com sua costumeira estupidez. E assim por diante. Esta dramática dança dialética dominaria as gerações futuras. dividin­ do-se cm um grupo conservador. mesmo com o risco de per­ der o controle sobre elas. com repetições e variações do modelo resistência — mobilização de massa — . determinado a perse­ guir o que restou dos objetivos moderados. e um grupo de esqtierda. ainda não alcan­ çados. apesar de rer sido fixado rigida­ mente um preço para a sua redenção. aderindo aos . quando a situação polí­ tica se acalmou. inclinação para a direita — até que o grosso da classe média passasse. Em contrapartida. daí em diante. por sua vez. O feudalismo só foi finalmente abolido em 1793. e setores revolucionários da classe mé­ dia. No fina! de agosto. amedrontados com as implicações sociais do levante de massa. daram ente viável. com 0 auxílio das massas. a Declaração dos Direitos do Ho­ mem e do Cidadão. Na maioria das revolu- 26 . foram oficialmente abolidos. para o campo conservador. começaram a pensar que havia chegado a hora do conservadorismo. derrotado pela revolução social. Veremos repetidamente moderados refor­ madores de classe média mobilizando as mas. ou seja. e os moderados. a Revolução tinha também adquiri­ do seu manifesto formal. Por outro lado. os iiberais moderados viriain a retroceder. Na Revolução Francesa. e mesmo além do limiar da revolução antiburguesa. ções burguesas subseqüentes. num está­ gio bastante inicial. exatamente como ficaria claro para os revolucionários que “o sol de 1793”. A peculiaridade da Revo­ lução Francesa está no fato de que uma facção da ciasse media liberal estava pronta a continuar revolucionária até. fundamentalmente. preferindo um com­ promisso com o rei e. De fato. mais precisamente. não-industriais) ainda não desem­ penhava qualquer papel independente. Por quê? Em parte. é claro. se fosse nascer de novo. a classe operária (mesmo esta desig­ nação é imprópria para a massa de assalariados contratados mas.a aristocracia. com o “proletariado” ou. os jaco­ binos podiam sustentar o radicalismo. o temor da ter­ rível memória da Revolução Francesa. Esta classe só surgiu no curso da revolução industrial. eram os jacobinos. porque em sua época não existia uma classe que pudesse oferecer uma solução soci­ al coerente como alternativa à deles. no século xix. Depois de 1794. teria de brilhar sobre uma sociedade não-burguesa. ou transferir-se para a ala conservadora. cujo nome veio a significar “revolução radical” em toda parte. vemos de modo crescente (mais notadamente na Alemanha) que eles se torna­ ram absolutamente relutantes em começar uma revolução por medo de suas incalculáveis conseqiiências. Eles tinham fome. como os liberais posteriores. ficaria claro para os moderados que o regime jacobino tinha levado a Revolução longe demais para os objetivos e comodidades bur­ gueses. com as ideologias e movimentos nele baseados. fa- 27 . porque a burguesia francesa não tinha ainda. pequenos artesãos. 28 . por trás da qual havia um ideal so­ cial contraditório e vagamente definido. um movimento disforme. eles também formularam uma política. lojistas. pequenos empresários etc. de Igualdade e de liberdade. localizada e direta. e forneciam a principal forçà de choque da revolução — eram eles os verdadeiros manifestantes. os sansculottes eram um ramo daquela tendência política impor­ tante e universal que procurava expressar os interesses da grande massa de “pequenos homens” qüe existia entre os pólos do “burguês” e do “proletariado”. Por meio de jornalistas como M atar e Hébert. O campesinato nunca ofe­ rece uma alternativa política para ninguérn. agitado­ res. uma democracia extremada. apenas. trabalho garantido pelo governo. salários e seguran­ ça social para o homem pobre. Esta tendência pode ser observada nos Estados Unidos (sob a forma de uma democracia jeíEersoniana ejacksoniana. uma força quase irresistível ou um obstáculo quase irremovível. seguiam os líderes não-proletários. ziam agitações e talvez sonhassem. assim como porta-vozes locais. afinal. de acordo com a ocasião. construtores de barricadas. por motivos práticos. de trabalhadores pobres. Os sansculottes eram or­ ganizados principalmente nas “seções” de Paris e nos clubes políticos locais. talvez freqüentemente mais pró­ ximos deste do que daquele porque. que combinava o res­ peito pela (pequena) propriedade privada com a hostilidade aos ricos. Na verdade. artífices. sobretudo urbano. eram na maioria pobres. A última alternativa para o radicalismo burguês (se excetuarmos pequenos grupos de ideólogos ou militantes impotentes quando destituídos do apoio das mas­ sas) eram os sansculottes. mas. em tempos de crise. A his. O máximo que podiam fazer — e isto eles conseguiram. relutante. tória se movia silenciosamente contra eles. a atual. ou populismo). como uma ala esquerdista do- liberalismo da classe média. prQnta a se rebelar contra “a muralha do di­ nheiro”. quase. na Grã-Bretanha (radicalismo). em 1793-94 — era erguer obstáculos à sua passagem. ou só é lembrado como sinônimo do jacobinismo que lhe deu lide­ rança. De fato. na Itália (com os maiziníanos e os garibaldinos) e em toda parte. um passado dourado de aldeões e pequenos artesãos. os monarquistas econômicos” ou “a cruz dc ouro nnc crucifica a humanidade”. na França (com os antecessores dos futuros “republicanos” e radicais-socialis- tas). em abandonar o antigo princípio de que não há inimigos na esquerda e. o sansculotismo foi um fenômeno tão desamparado que seu próprio nome está praticamente esquecido. nas épocas pós-revoludonárias. ela se costumou a se colocar. 29 . porém. Mas o movimento dos sansculottes também não forneceu nenhuma alternativa real. Na maioria das vezes.. ou um futuro dourado de pequenos fazendeiros e artífices não per­ turbados por banqueiros c milionários. no Ano ií. O seu ideal. e dificultaram o crescimen­ to econômico francês desde aquela época até. era irrealizável. . a interdição dos sindicatos. a aboli­ ção dos grêmios e corporações. A maioria dos em­ preendimentos institucionais duradouros da Revolução data deste período. na Assembléia Cons­ tituinte. as perspectivas da Assem­ bléia Constituinte eram inteiramente liberais: sua ■política em relação aos camponeses era o cerco das terras comims e o in­ centivo aos empresários rurais. exceto a partir de 1790. o sistema métrico e a emancipação pio­ neira dos judeus. para os pequenos artesãos. a vitoriosa burguesia moderada. tomou providências para a gigantesca racionalização e reforma da França. que era o seu objetivo. 11 Entre 1789e 1791. para a classe trabalhadora. atuan­ do a partir do que se tinha transformado. Economicamente. Dava pouca satisfação concre­ ta ao povo comum. com a seculariza- ção e venda dos terrenos da Igreja (bem como dos terrenos da nobreza emigrante) que tinha a tripla vantagem de enfraque­ cer o clericalismo. assim como os seus mais extraordinários resul­ tados internacionais. fortalecer o empresário rural e provinciano e dar a muitos camponeses uma retribuição mensurável por suas atividades revolucionárias. A Constituição de 179! rechaçou a democracia excessiva com um sistema de monar­ quia constitucional baseado num direito de voto dos “cida- 31 . dãos ativos”. especialmente em Paris. a monar­ quia. conseqüentemente. Ele foi re­ capturado em Varenes (junho de 1791) e. a República Jacobina do Ano ir e. conseqüentemente. o mui católico rei da França. reconhecidamente. suicida tentativa de fugir do pa/s. embora fortemente apoiada por uma poderosa facção burguesa e. isto não aconteceu. Em ou- 32 . uma m al concebida tentativa de destruir não a Igreja. A eclosão da guerra agravou a situação. a seu lugar de direito. não podia se conformar cora o novo regime. não por mero acaso.xatidão de um termôme­ tro e as massas de Paris eram a força revolucionária decisiva. Por um lado. pois os reis tradicionais que abandonam seus povos perdem o direito à lealdade. Esperava-se que os passivos merecessem a sua denominação. o republicanismo tornou-se uma força de massa. mas a lealdade romana absolutista da Igreja. a nova bandeira nacional francesa foi uma combinação do velho branco real com as cores vermelha e azul de Paris. a incontrolada economia de livre empresa dos moderados acentuou as flutuações dos preços dos alimentos e. bastante amplo. levou a maioria do cle­ ro e de seus fiéis à oposição. daí em diante. A corte sonhava e conspirava por uma cruzada de primos reais que banisse a canalha governante de plebeus e restitufsse o ungido de Deus. Por outro lado. por fim. a militância dos pobres das cidades. A Constituição Civil do Clero (1790). Napoleão. Na verdade. e ajudou a levar o rei à desespera­ da e. Isto quer dizer que ela ocasionou uma segunda revolução em 1792. O preço do pão registrava a temperatura política de Paris com a e.x-revo!ucionária. Cerca dc 300 mil franceses emigraram entre 1789 c 1795. Grccr. Hloch. Para os franceses. a libertação da França era simplesmente o primeiro passo para o triunfo universal da liberdade. as forças para a reconquista da França concentraram-se no exterior. Duas forças levaram a França a uma guerra geral.l37. cntrecanco. em parte. ela transformou a história da Revolução France­ sa na história da Europa. Conseqüentemente. "Lcmigraiion françaísc au XíX széde”. em vir­ tude das complexidades da situação internacional e a relativa tranqüilidade política de outros países. ao fato de que toda revolução genuína tende a ser ecumênica. i (1947)» p. achavam que só a intervenção estrangeira poderia restaurar o Antigo Regime. D. e prin­ cipalmente um grupo de políticos que se aglomerava em tor­ no dos deputados do departamento mercantil da Gironda. Entreranto.* Essa intervenção nãò foi muito facilmente organizada. tras palavras. os próprios liberais moderados. a extre­ ma direita e a esquerda moderada. Ao mesmo tempo. O rei. Isto se devia. 33 . C. sugere. eram uma força belicosa. a nobreza francesa e a crescente emigração aristocrática e eclesiástica. The tncidence ofthe emi^ation during the French Rcvolutioíi (1951). acampados em várias cidades da Alemanha Ocidental. era cada vez mais evidente para os nobres e os governantes por direito divino de outros países que a restauração do poder de Luís xvi não era meramente um ato de solidariedade de classe. mas uma proteção importante contra a difusão de idéias perturbadoras projetadas a partir da França. uma atitude que 8. bem como para seus numerosos simpatizantes no exterior. um numero muito menor. Etudísd'HhtoircModeme e Contemp. como o italiano e o polo. Havia entre os revolucionários. aguer­ ra também ajudaria a solucionar numerosos problemas do­ mésticos. assim como todos os outros movimentos revolucionários. c lançar contra eles os populares descontentes. giravam em torno de um levante conjunto dos povos. daí até pelo nic-nos 1848. para derrubar a reação européia. viria a aceitar este ponto de vis­ ta. Por outro lado. nês. Era óbvio e tentador atribuir as dificuldades do novo regime às conspirações dos emigrantes e dos tiranos estrangei­ ros. Eles e seus ideólogos deviam pensar. Mais espe­ cificamente. e. O movimento francês. com uma olhadela na experiência britânica. os homens de negócios argumentavam que as perspectivas econôrhicas incertas. (O século xvin não foi um século em que o homem de ne- 34 . uma inabilidade genuína para separar a causa da nação francesa daquela de toda a humanidade escra­ vizada. depois de 1830. Todos os planos para a libertação européia. uma paixão generosa e genuinamente exaltada em di­ fundir a liberdade. até 1848. outros movi­ mentos de revolta nacional e liberal. considerada menos idealisticamente. em certo sentido. a desvalorização da moe­ da e outros problemas só podiam ser remediados se a ameaça de interv-enção Fosse dissipada. levou facilmente à convicção de que era dever da pátria da revolução libertar todos os povos que gemiam sob a opressão e a tirania. como 0 Messias destinado por sua própria liberdade a iniciar os planos libertários de todos os outros povos. sob a liderança dos franceses. que a su­ premacia econômica era filha da agressividade sistemática. também tenderam a ver suas nações. ou adaptá-lo. moderados e extre­ mistas. pela ação armada das massas sansculottes de Paris. com a instituição do Ano i do calendário revolucionário.xcelência intelectual. Em agosto-seterabro. gócios bem-sucedido estivesse absoluramente casado com a paz. a burguesia provinciana e muita e. Sua política era inteiramente imjiossfvel. as conquistas da Revolução viriam a combinar a li­ bertação. A derrota. Por essas razões. trouxe a radicalização. A heróica idade de ferro da Revolução Francesa começou entre os massacres dos prisioneiros políti­ cos. a monar­ quia foi derrubada. que o povo (bem plauslvelmente) atribuiu à sabotagem e à traição real. O partido dominante na nova Convenção era o dos girondinos. As guerras revolucionárias impõem sua própria lógica.' pregava a guerra. também. belicosos no exterior e moderados em casa. Por todas essas razões. a República estabelecida e uma nova era da história humana proclamada. exceto uma pequena ala direitista e uma pequena ala esquerdista sob o comando de Robespierre. pois so­ mente Estados em campanhas militares limitadas e com for­ ças regulares estabelecidas poderiam ter esperanças de manter 35 . como logo se veria. as eleições para a Convenção Nacional — provavelmente a mais notável assembléia na história do parlamentarismo — e a conclamação para a resistência total aos invasores. a guerra podia ser feita para dar lucros. O rei foi feito prisioneiro e a invasão estrangeira sustada por um nada dramático duelo de artilharia em Valmy. um corpo de ora­ dores parlamentares com charme e brilho que representava os grandes negócios.) Além do mais. a maioria da nova Assembléia Legislativa. a exploração e a direção política. A guerra foi declarada em abril de 1792. quando a guerra chegou. A Revo­ lução não estava em uma campanha limitada nem tinha for­ ças estabelecidas. Dumouriez. mesmo que a vitória viesse a significar sim­ plesmente a derrota da intervenção estrangeira. pois sua guerra oscilava entre a vitória total da revolução mundial e a derrota total. mas. da distinção entre soldados e civis. quando muito. No decorrer de sua crise. Foi apenas em nossa própria época histórica que se manifestaram as tremen­ das implicações desta descoberta. e a virtual abolição. a jo­ vem República Francesa descobriu ou inventou a guerra total: a plena mobilização dos recursos dé uma nação com o recru­ tamento. um episódio excepcional. Somen­ te métodos revolucionários sem precedentes poderíam vencer uma guerra dessas. tais métodos foram encontrados. 0 racionamento e uma economia de guerra rigida­ m ente controlada. e seu Exército — o que sobrou do velho exército francês — era incapaz e inseguro. dentro do país e no exterior. Só nos dias de hoje podemos ver o quanto do que se passou na República Jacobina e no “Terror” de 1793-94 adquire sentido apenas nos termos de um esforço moderno de guerra total. como faziam exatamente nesta época as senhoras e cavalheiros britânicos dos romances de Jane Austen. o maior general da República. por muito tempo. logo desertaria para o inimigo. Uma vez que a guerra revo­ lucionária de 1792-94 permaneceu. a maioria dos observadores do século XLX não conseguiu entendê-la. a guerra e os problemas domésticos em compartimentos es­ tanques. De fato. que significava a con­ tra-revolução total. 36 . somente ob­ servar (e mesmo isso foi esquecido até a opulência do fim da era vitoriana) que as guerras levam às revoluções e que as revolu­ ções vencem guerras invencíveis de outra maneira. Batendo em retirada e derrotada tatica­ mente. mas também. a Gironda foi. por este símbo­ lo de zelo revolucionário. Por outro lado. só fortaleceu a esquerda. 37 . porque seus métodos mobilizavam o povo e tornavam mais próxima a justiça social. Neste particular. principal­ mente quando ela ia mal.) Os girondinos. Nem estavam preparados para competir com a esquerda. temiam as conseqüências políticas da combinação de uma re­ volução de massa com a guerra que eles provocaram. Havia chegado a República Jacobina. mas tinham que competir com seus rivais. “a Montanha” (os Jacobinos). que logo se transformariam em uma revolta provinciana organizada contra Paris. e não apenas porque defendiam com razão que só as­ sim a contra-revolução e a intervenção estrangeira podiam ser derrotadas. Um rápido golpe dos sansculottes derrubou-a em 2 de junho de 1793. levada a ataques mal cal­ culados contra a esquerda. por outro lado. tiveram sucesso. (Eles despreza­ vam 0 fato de que nenhum esforço efetivo de guerra moderna é compatível com a democracia direta. os girondinos queriam realmente expandir a guerra até uma cruzada ideológica geral de liberta­ ção e para um desafio direto ao grande rival econômico. a Grã-Bretanha. Por vol ta de março de 1793. voluntária e descentra­ lizada que acalentavam. a única que poderia vencê-la. Mas a expansão da guerra. a Montanha ganhou prestígio. Os sanscuJottes saudaram um governo revolucionário de guerra. Eles não queriam julgar ou executar o rei. não a Gironda. finalmente. a França estava em guerra contra a maior parte da Europa e tinha dado início a anexações estrangeiras (legitimadas pela recém-inventada doutrina do direito francês às “fronteiras naturais”). . ainda que diante dos padrões do. e. e talvez por causa das mulheres politicamente sem importância. o gordo Marat. a gélida ele­ gância revolucionária de Saint-Just. 39 . e mesmo dos padrões das repressões conservadoras contra as revoluções sociais. fora do campo especializado. il! Quando o leigo instruído pensa na Revolução Francesa. são os acontecimentos de 1789.xceto dos historiadores. ronrânticas. conhece sequer os nomes de Brissot. Guadet e do resto? Os con­ servadores criaram uma imagem duradoura do Terror. o gigantesco e dissoluto Danton. mas que estavam ligadas a eles — Mme. Os girondinos são lembrados apenas como um grupo. da dita­ dura e da histérica e desenfreada sanguinolência. Charlottc Corday. mas especialmente a Repú­ blica Jacobina do Ano II que vem à sua mente. o Comitê de Salvação Pública. tais como os massacres que se seguiram à Comuna de Paris de 1871. Os próprios nomes dos revolucionários moderados que surgem entre Mirabeau e Lafayette (1789) e os líderes jacobinos (1793) desapareceram da memória de todos. Verginaud. Quem. século XX. o tribunal revolucionário e a guilhotina são as imagens que vemos mais claramente. Roland ou Mrae. O empertigado Robespierre. sobretudo. em contraste marcante com o passado e o futuro. os invasores tinham sido e. especialmente na França.xpulsos. e seu empreendimento foi sobre-humano. os exércitos franceses por sua vez ocupavam a Bélgica e estavam iniciando um período de vinte anos de triunfo militar quase ininterrupto 0 fácil. do papel-moeda — assignats — que a tinha ampla­ mente substituído) era mantido razoavelmente estável. Em junho de 1793. um exército três vezes maior que o anterior era mantido pela metade do custo de março de 1793. y\iitda assim. os britânicos atacavam pelo sul e pelo oeste: o país achava-se desamparado e falido. e o valor da moeda francesa (ou melhor. Mas para o francês da sólida classe média que estava por trás do Terror. mas primeiro e. toda a França estava sob firme controle. Isto é verdade. viram-na como a primeira república do povo. por volta dc março de 1794. 40 . Quatorze meses mais tarde. TheÍ7KiJcnceofíhe Terror 1935). Não é de admi- 9. o único método efetivo de preservar seu país. Por tudo isto. esta não pode ser medida pelos critérios humanos de to­ dos os dias. e suas matanças em massa foram relatlvamente modestas: 17 mil execuções oficiais em 14 meses7 Os revolucionários. Greer. os exércitos dos príncipes alemães esta­ vam invadindo a França pelo norte e pelo leste. este método não era nem patoló­ gico nem apocalíptico. D. inspiração de toda a revolta subscqüente. Foi isto que a República Jacobina fez. 60 dos 80 departamentos franceses estavam em revolta contra Paris. Entretanto. Savant. glorifico este fato”. e dormiam cm colchões atirados sobre o chão de seus locais dc reunião. muitos deles tsrlam preferido um regime menos ferrenho e. roupas gros­ seiras dc lã c tamancos dc madeira. Um governo de jacobinos apaixonados.. André — o membro jacobino do Comitê de Salvação Pública que. como nos aposentos do Imperador em que estou a ponto de entrar. E aqui. certamente.l 11-2.. para a maioria da Con­ venção Nacional. as perspectivas da classe média francesa dependiam 10. A República do Ano II. a queda de Robespierre levou a uma epidemia de descontrole econômico. que no flindo deteve o controle durante todo este período. mesmo do ponto de vista mais estreito. rar que Jeanbon St. Para esses homens como. a escolha era simples. com bonés vermelhos.spócie dc governo (saiu vitorioso)? (. 41 . p. a desintegração do Estado nacional e pro­ vavelmente — já não havia o exemplo da Polônia? — o de­ saparecimento do país. de fato. uma economia controlada com me­ nos rigor. Eu Eli um deles. embora fosse um firme republicano. tinha enfrentado com sucesso crises piores. Citado em J. sem a desesperada crise da França. Muito provavelmente. culminou numa inflação galopante e na bancarrota nacional de 1797. cavalheiros. ou a destrui­ ção da Revolúção.) Um governo da Conven­ ção. quando csravam demasiadamcncc cansados para se levantar e continuar com as delibera­ ções. que viviam de pão duro c cerveja barata. Z^spreficts í/e (1958). fraudes e corrupção que. ou o Terror. com menos recursos. “Vós sabeis que c. inciden- talmente. mais tarde se tornaria um dos mais eficientes prefeitos de Napoleão — olbasse para a França imperial com desdém quan­ do ela cambaleava sob as derrotas de 1812-13. com todos os seus defeitos do ponto de vista da classe média. Essas medidas obtiveram os mais am- 42 . trabalho ou subsistência e. E. que tinha praticamente criado os termos “nação” e “patriotismo” em seus sentidos moder­ nos. De acordo com este nobre. a fim de estimular os negros de São Domingos a lutarem pela Repúbli­ ca contra os ingleses. Foi a primeira Constituição genuinamente democrática proclamada por um Estado moderno. a declaração oficial de que a felicidade de todos era o obje­ tivo do governo e de que os direitos do povo deveriam ser não somente acessíveis mas também operantes. de' qualquer forma. Uma nova Constitui­ ção um tanto radicalizada e. alguns meses mais tarde. e preservar o já mobilizado apoio de massa dos sansculottes de Paris. Mais concretamente. dava-se ao povo o sufrágio universal. aboliram a escravidão nas colônias francesas. até então. todavia acadêmi­ co. documento. a Revolução. ■de um Estado nacional centralizado. terrorismo contra os “traidores” e controle geral dos preços (o “maximum”) — que coincidiam de qualquer forma com o senso comum jacobino. au­ mentaram as oportunidades para o pequeno comprador ad­ quirir as terras confiscadas dos emigrantes e. os jacobinos aboliram sem indenização.todos os direitos feudais remanescentes. forte e unificado. que tinham algumas exigências por um esforço de guerra revolucionário — recrutamento geral (o kvée en rrmssè). poderia abandonar z grande nadoni A primeira tarefa do regime jacobino foi mobilizar o apoio de massa contra a dissidência dos notáveis da província e dos girondihos. o direito de insurreição. o mais significati­ vo. retardada pela Gironda foi proclamada. embora outras de suas exigên­ cias viessem a se mostrar problemáticas. u)ça. mas apaixonadamen- te devotados à Revolução e à República. consequen­ temente. Toussaint-Loverture. dissoluto e provavelmente corrup- . 4> . ilhãs cercadas por um ocearto de donos de mercea­ ria. O Comitê perdeu Danton. claraniente para a esquerda.3) ao. a condição essencial para um rápido desenvolvimento econômico.ícohinlsn)o na America loi â transformação dos Estados Unidos numa potência dc dimcitsóes coiuineiuai. pequenos artesãos e lojistas economicamente retrógrados. estabeleceram essa cidadela inexpugnável de pe­ quenos e médios proprietários camponeses. ajudaram a criar o prinieiro gran­ de líder revolucionário independente. rasteja lentamcnte c. pios resultados. que foi vendido pelo Termo de Compra da Louisínna (em 180.11. inclinou-se. a velocidade da urbanização.são do |. A transformação capitalista da agri­ cultura e da pequçna empresa. uma conscqüêncía mais da difli.0 fraca-Síso da França nnpolcôníca cm rcromar o Mnlti foi uma das principais razões para a liquidação dc todo o remanescente ímperío y\mcrt'cano da l■r. representando uma aliança entre jacobinosesansculottes. O centro do novo governo. vendedores de cereais.*^. portanto. o ulterior avanço da revolução proletária. pequenos proprietários campone­ ses e donos de cafés. Na América. a multiplicação da classe trabalhadora e.” Na França. lan to os grandes negócios como os movimentos trabalhistas foram longamente condenados a permanecer fenômenos minoritários na França. que rapidamente se transformou no eíceivo Mi­ nistério da Guerra francês. com ela. que tem dominado a vida do país desde então. Isso se refletiu no reconstruído Comitê de Salva­ ção Pública. um revolucionário poderoso. a expansão do mercado do­ méstico.<ç Esracíos Unidos. Assim. como para a História. mas um ideal: o terrível e glorioso reino da justiça e da virtude. frio e afetado. e frequentemente mostrou-se limitado. quando todos os bons cidadãos fossem iguais perante a nação. A tragédia de Robespierre e da República Jacobina foi que eles mesmos foram obrigados a afastar este apoio. porque ele-ainda encarna o terrível e glorioso Ano li. para ele. ío . sen- do simplesmente um membro do Comitê de Salvação Públi­ ca que era. Poucos historiadores têm sido desapaixonados a respeito deste advogado fanático. embora jamais todo-poderoso. e quando o povo tivesse liquidado os traidores. a República Jacobina não era um instrumento para ganhar guerras. O regime 44 . Seu poder era o do povo. com seu senso um tanto excessivo de monopólio privado da virtude. hoje em dia. um mero subcomitê da Convenção — o mais poderoso. seu terror. Jean-Jacques Rousseau e a cristalina convicção de justiça deram-lhe sua força. ele caiu. imcRsainciuc niais talentoso c mais moderado do que apa­ rentava (tinha sido ministro na última administração real). Ele não era uma pessoa agradá­ vel. Mas é o único indivíduo projetado pela Revolução (com exce­ ção de Napoleão) sobre o qual se desenvolveu um culto. Não foi um grande homem. até mesmo os que acham que ele estava certo tendem. as massas parisienses. que se tornou seu membro mais influente. o jovem Saint-Just. a preferir o brilhante rigor matemático daquele arquiteto de paraísos espartanos. por sua vez. Quan­ do elas o abandonaram. e ganhou 2víxximilien Robespierre. Isto porque. a respei­ to do qual ninguém é neutro. Ele não tinh.T poderes ditatoriais formais nem mesmo um cargo. o delas. ligavam as massas. Por volta de 1794. especialmente de­ pois do julgamento e execução dos hebertistas.isc niáüa c as massas iralialluulo-- ras. como Hébert. portanto. o controle de preços e o racionamento bene­ ficiavam as massas. O mesmo processo que. e na medida em que. prias necessidades da guerra obrigavam qualquer governo. dos clubes e grê­ mios. Por fim. As massas. recolheram-se ao descontentamento ou a uma passividade confusa e ressentida. os mais arden­ tes porta-vozes dos sansculottes. as concessões jacobinas e sansculottes eram toleradas só porque. era uma aliança entre a da. No campo. Enquanto isso. o governo e a pol/tica eram monolíticos e dominados ferreamente por agentes diretos do Comitê ou da Convenção — por meio de delegados mission — e por um amplo quadro de oficiais e funcionários jacobinos juntamente com organizações locais do partido. ao regime sem aterrorizar os proprietários. em que floresciam os sansculotres. à custa dos sansculottes. as necessidades econômicas da guerra afastaram o apoio popu­ lar. Nas cidades. e. os ja- cobinos da classe media eram decisivos. às custas da livre democracia. mas o correspondente congelamento sala­ rial as prejudicava. as pró -. os defensores mais moderados da Revolução estavam alarmados com o ata- 45 . fortaleceu os comunistas à custa dos anarquistas. durante a Guerra Civil Espanhola de 1936-39. Além do mais. a centralizar e'disciplinar as milícias ocasionais e as renhidas eleições livres. dentro da aliança. o confisco sistemático de alimentos (que os sansculottes das cidades foram os primeiros a advogar) afastou os camponeses. fortaleceu os jacobinos como Saint-Just. direta e local. portanto. tão mais prontamente quanto o próprio Danton. para o homém de negócios. Somente a crise da 46 . incor­ porava a imagem do amoral. embora acumuladores de capital. politicamente isolados. a esta altura encabeçada por D anton. cheia de cerimônias que tentava contrapor-se aos ateus e levar a termo os preceitos do divino Jean-Jacques. as restrições ulteriores à liberdade e aos ganhos de dinheiro foram mais desconcertantes. e isso. até que seja suplantado pelo rígido puritanismo que invariavelmente aca­ bava po r dominá-la! Os Dantons da Historia são sempre derrotados pelos Robespierres (ou por aqueles que fingem se portar como Robespierres). gastador. como um interesse no esforço de guerra — . que sempre surge no início das revoluções sociais. e os seguidores de Robespierre estavam. especuladores. se Robespierre conquistou o apoio dos moderados por eliminar a corrupção — o que se apresentava. En­ tretanto. nenhum grande corpo de opinião gostava dos volteios ideoló­ gicos um tanto extravagantes do período: as sistemáticas cam­ panhas de descristianização (devidas ao zelo dos sansculottes) e a nova religião cívica de Robespierre. tanto a direita como a esquerda tinham ido para a guilhotina. que contra a oposição direitista. Esta facção havia fornecido refúgio para numerosos escroques. livre amante. afinal de contas. falsafiano. porque a dedicação^ rígida e es-' treita pode obter sucesso onde a boêmia não o consegue. E o constante silvo da guilhotina lembrava a todos os políticos que ninguém estava realmente a salvo. Por volta de abril de 1794. Fínalmente. operadores do mercado negro e ou­ tros elementos corruptos. a do Ser Supremo. a Con­ venção derrubou Robespierre. e o mesmo ocorreu apenas al­ guns dias depois com 87 membros da revolucionária Comuna de Paris. No Nono Termidor pelo calendário revolucionário (2 / de julho de 1794). em Fleurus. No dia seguinte. Quando.guerra os mantinha no poder. o fim se aproximava. os novos exércitos da República demonstraram sua fir­ meza derrotando decididamente os austríacos. Saint-Just e Couthon foram executados. ele. e ocupando a Bélgica. no final de junho de 1794. 47 . . pois a maioria dos homens sentia fome e muitos tinham medo. Oeuvres Complètes de Saint-Juit. p. Vellay. permanentemente. do período das frases generosas. C. IV o Termidor é o fim da fase heróica e memorável da Revo­ lução: a fase dos esfarrapados sansculottes e dos corretos cida­ dãos de bonés vermelhos que se viam a si mesmos como Brutus e Catão. E a energia que ela gerou foi suficiente para varrer os e.ii. transformada por ele.l47 (ed. clássicas e gran- diloqüentes e também das monais “Lyon neslplus”. 49 . e toda a História vem sendo.xércitos dos velhos regimes da Europa como se fossem feitos de palha. Pegarás os sapatos de todos os aristocratas de Estrasburgo e os entregará prontos para o trans­ porte até os quartéis amanhã às dez horas da manhã!”'^ Não foi uma fase cômoda para se viver. mas foi um fenômeno tão terrível e irreversível quanto a primeira explosão nuclear. Paris 1908). O problema com que se defrontava a classe média francesa no restante do que é tecnicamente descrito como o Período Revolucionário (1794-99) era de que forma alcançar a estabi- 12. “Dez mil soldados precisam de sapatos. v. evitando. que já lamentavam a queda de Robespierre. a Monarquia Constitucional (1830-48). projetaram uma elaborada constituição de contro­ les e balanços para se resguardarem de ambos. 50 . Im­ pério (1804-14). A grande fraqueza dos termidorianos assen’tava-se no fato de que não contavam com nenhum apoio político. pelo general Dc Gaullc. apenas tolerância. ao mesmo tempo. Contudo. e as periódicas viradas para a direita e a esquerda mantiveram-nos em precá­ rio equilíbrio. pois que estavam espremidos entre uma reação aristocrática revivida e os pobres sansculottes jacobinos de Paris. Em 1795.* Mas o Diretório depen­ dia do exército para algo mais do que a supressão de golpes e N. a questão fosse descobrir uma fórmula operante nos quadros da república parlamentar.T. embora. outrora chefe da Resistência (1940-45) c criador da atual Quinra República. precisavam depender do exército para dispensar a oposição. este pro­ blema não foi adequadamente resolvido. a partir de 1870.: a Quarta República francesa. o duplo peri­ go da República Democrática Jacobina e do Antigo Regime. Era uma situação curio­ samente similar à da Quarta República. e o resultado foi se­ melhante: o governo de um general. cada vez mais. As rápidas alternâncias de regime — Diretório (1795-99). no m íximo. a restaurada Monarquia Bourbon (1815-30). Consulado (1799-1804). a República (1848-51) e o Império (1852-70) — foram tentativas para se manter uma sociedade burguesa. lidadê política e o avanço econômico nas bases do programa liberal de 1789-91. obtinham. Desde aquele momento até hoje. incapaz dc resolver a questão da Independência da Argélia. foi derrubada pelo “Golpe do 13 de maio" (dc 1958). ilcnd. O exército resolveu este problema. Ele sempre permaneceu como algo semelhante a uma leva impro­ visada de soldados. Assim. mas a classe média necessitava de iniciativa e expansão. suas pilhagens e conquistas resgataram o governo. ele logo se transformou em uma força de combatentes profissionais. A Re­ volução deu-lhe sua superioridade militar'sem precedentes. no qual recrutas mal treinados adquiriam treinamento e moral com velhos e cahsativos exercícios. conspirações periódicas (várias em 1795. Ele conquistou. e os que não tinham gosto ou talento para o militarismo desertaram em massa. em que os soldados eram tratados como homens e a regra absoluta de 13. Os nonícs sTxo os dos íocscs do c. Napoleão Bonaparte. em que a di. porque não houve recrutamen­ to entre 1793 e 1798. aparentemente insolúvel. a de BabAuf em 1796. em con­ sequência. o mais inteligente e capaz dos líderes do exército.írií) revolucionário. que 0 soberbo generalato de Napoleão viria a explorar. pagou- se a si mesmo e. a do Floreal em 1798 e a da Pradaria em 1799). mais do que isto.'^ A inatividade era a única garantia segura de po­ der para um regime fraco e impopular. ele reteve as características da Revolução e adquiriu as características dos interesses estabelecidos. tivesse decidido que o exército podia prescindir totalmente do débil regime civil? Esse exército revolucionário foi o mais formidável rebento da República Jacobina. A partir de um /ei’/e en masse de cida­ dãos revolucionários. a do Frutidor em 1797. Teria sido surpreendente que. 5Í . a típica mistura bonapartista.sciplina formal de caser/ia era desprezível. Napoleão venceu batalhas. Seu precário sistema de suprimento bastava nos países ricos e saqueáveis onde tinha sido desenvolvido: Bélgi­ ca. norte da Itália e Alemanha. a grande máquina do exército prussiano ruiu perante um exército em que uma unidade militar inteira disparou so­ mente 1. seu generalato e Estado-maior eram pobres. pois o general revolucionário ou o marechal napo- leônico era bem provavelmente um duro primeiro-sargen­ to ou uma espécie de oficial de companhia promovido antes por bravura e liderança. do que por inteligência: o Marechal Nep. Napoleão perdeu 40% de suas forças (embora cerca 52 . seus marechais sozinhos tendiam a perdê-las. Com exceção de Napoleão e de pouquíssimos outros. A ausência total de serviços sanitários multiplicava as baixas: entre 1800 e 1815. era o e. ele entrou em colapso. Este fato e o senso de arrogante missão revolucionária tornaram o exérci­ to francês independente dos recursos sobre os quais se apoia­ vam forças mais ortodoxas. ele também tinha a fraqueza de suas origens. beneficiando-se do campo.xemplo típico. heróico.4 mil tiros de canhão. promoção por méritos (que significavam distinção em bata­ lha) produziu uma hierarquia de simples coragem. mas totalmente imbecil. como veremos. Ele jamais construiu um sistema efetivo de suprimento. Reconhecidamente. mas ele venceu suas ba­ talhas tão rapidamente que necessitava de poucas armas: em 1806. Nos espaços áridos da Polônia e da Rússia. Jamais foi amparado por uma indústria de armamentos minimamente adequada a suas necessidades triviais. Os generais podiam confiar em uma coragem ofensiva ilimitada e em uma quantidade razoável de iniciativa local. fato que dificilmen­ te pode ter abalado suas intenções — como um soldado de dons esplêndidos e muito promissor. Sobreviveu à queda de Robespierre. foi reconhecido por um comissário local em um fronte de suma importância — por casu^idade. O Ano ii fez dele um general. subiu vagarosamente na Artilharia. Nascido em 1769. a despeito de seu jacobinismo embutido. foi um exército que conquistou toda a Europa em curtas e vigorosas rajadas. mas entre 90% e 98% dessas per­ das eram de homens que morreram não no campo de comba­ te.as porque tinha de fazê-lo. e de seu líder Boriaparte uma pessoa adequada para concluir a revolução burguesa e iniciar o regime burguês. era um carreirista típico daquela es­ pécie. Em resumo. m. Durante a Revolução. após este momento difícil. um pilar do governo pós-termidoriano. Foi isto que fez do Exército. de um terço por deserção). embora cavalheiro de nascimento pelos padrões de sua bárba­ ra ilha natal da Córscga. e uma inclinação para o cultivo de ligações úteis em Paris ajudou-o em sua esca­ lada. não apenas porque podia fazê-lo. o exército era uma carreira como qualquer outra das muitas abertas ao talento pela revolução burguesa. e os que nele obtiveram sucesso tinham um interesse investido na estabilidade interna como qualquer outro burguês. O próprio Napoleão Bonaparte. e especialmente sob a dita­ dura jacobina que ele apoiou firmemente. Por outro lado. descontente e revolucio­ nário. ambicioso. doenças. mas em razão de ferimentos. um patrício da Córsega. um dos poucos ramos do Exército real em que a competência técnica era in­ dispensável. Agarrou a sua oportunidade 53 . exaustão e frio. ou tampouco pelo próprio gênio indu- bitável de Napoleão.xplicado nem pelas vitórias napoleônicas nem pela propa­ ganda napoleônica. inteligente e imaginativo. Como general. depois cônsul vitalício e imperador. Como indivíduo. Com a sua chegada. O poder foi cm parte atirado sobre seus ombros e em parte agarrado por ele quando as invasões estrangeiras de 1799 revelaram a fraqueza do Diretório e a sua própria indispensabilidade. que fez dele o inquestionável primeiro soldado da República. Em poucos anos. Como homem ele era inquestionavel­ mente muito brilhante. Tornou-se primeiro-cônsul. a França tinha um Código Civil. como governante. os problemas insolúveis do Diretório tornaram- se solúveis. que ele não era um homem mas um “deus-sol”. parece ter irradiado um senso de grandeza. não houve igual. En m undo tinha o seu primeiro mito secular. e talentos panfletários podiam afirmar.^O ex- traordinário poder deste mito não pode ser adequadamente e. foi um planejador. mas a maioria dos que deram esse teste- 54 . chefe e exe­ cutivo soberbamente eficiente e um intelectual suficientemente completo para entender e supervisionar o que seus subordi­ nados faziam. embora o poder o tivesse tornado sórdido. que agia com independência ante as autoridades civis. versátil. como que por milagre. uma concordata com a Igreja e até mesmo o mais significativo símbolo da estabilidade burguesa — um Banco Nacional. na campanha italiana de 1796. mesmo como piada. _Os leitores mais velhos ou os de países saudosistas conhe­ cem o mito napoleônico tal como ele existiu durante o século em que nenhuma sala da classe média estava completa sem o seu busto. quando o mito já o tinha envolvido. mas Napolelo foi o “pequeno cabo” que galgou o co­ mando de um continente pelo seu puro talento pe. Os homens que se tornaram. por exemplo. de um homem comum que se 55 . então. Talvez não tenha sentido fazer uma comparação en­ tre ele.) Todo jovem intelectual que devorasse livros.ssoal. munho. então sem paralelo. a partir daí. do cabelo escovado para a frente sobre a testa e da mão enfiada no colete entreaberto. daí em diante. em termos de grandeza. escrevesse maus poemas e romances e ado­ rasse Rousseau podería.xandre. (Isto não foi escricamence verdadeiro. Foi. sem sornbra de dúvi­ das. sem paralelo. um grande homem e — talvez com a exceção de Lênin — seu retrato é o que a maioria das pessoas razoavelmente instruídas. tinha um nome para sua ambição: ser (os próprios clichês o denunciam) um “Napoleão das finanças” ou da indústria. ou patrícios como Júlio César. por exemplo. no século XX. viram-no no auge de sua fama. Todo homem de negó­ cios. reconheceriam mais prontamente numa galeria de personagens da História. ainda que somente pela tripla marca registrada do tamanho pequeno. Pois o mito napoleônico baseia-se menos nos méritos de Napolelo do que nos fztos. e os candidatos a esse título.conhecidos por terem abala­ do o mundo de Forma decisiva no passado tinham começado como reis. Goethe.céu como o limite e seu monograma enfaixado em laureia. como o jovem Bonaparte o fizera. mas sua ascensão foi suficien­ temente meteórica e alta para tornar razoável a descrição. Todos os homens comuns ficavam excitados pela visão. AJe. ver o. mesmo hoje. de sua carrei­ ra. também. Em síntese. foram napoleônicos. o funcionalismo público. iluminado. E ele foi ainda mais. hierárquicas e autoritá’rias. também estabeleceu ou restabeleceu o mecanismo das instituiçõesfran- cesas como existem até hoje. Foi um homem civilizado do século xviii. tornou maior do que aqueles que tinham nascido para usar coroas. o E. racionalista. os Códigos que se tornaram modelos para todo o mundo burguês. exceto para os 250 mil franceses que não retornaram'de suas guerras. 0 mais bem-sucedido governante de sua longa história. mas também discípulo de Rousseau o suficiente para ser ainda o homem romântico do século xix. exceto o anglo-saxão. em termos nacionais. curioso. sua contribuição pessoal foi fazê-las um pouco mais conservadoras. Triun­ fou gloriosamente no exterior. mas.xército. algo bem mais simples. das universidades e escolas foi obra sua. A hierarquia dos funcionários — dos baixos postos até os prefeitos — . foi a figura com que todo homem que rompesse os laços com a tradição podia se identificar em seus sonhos. Napoleão deu à ambição um nome pessoal no mo­ mento em que a dupla revolução tinha aberto o m undo aos homens de vontade. Ele trouxe estabilida­ de e prosperidade para todos. das cortes. embora até mesmo para “56 . Para os franceses ele foi. a educação e o Direito ainda têm formas napoleônicas. Mas seus predeces- sores apenas previram. Foi o homem da Revolução. Os grandes monumentos de lucidez do Direito francês. a maioria de suas idéias talvez todas foram previstas pela Revolução e pelo Diretório. e 0 homem que trouxe estabilidade. ele realizou. As grandes “carreiras” da vida pública francesa. Reconhecidamente. exceto os traba­ lhadores assalariados cujo número era insignificante. especialmente dos camponeses mais ricos. em 1815. liberdade e fraternidade.tliivic!a. e ninguém. para dissipá-la. mas. Foi ne­ cessário um segundo Napoleão menor. após a sua queda. Ele destruira apenas uma coisa: a Revolução Jacobina. entre 1851 e 1870. H á pouco mistério quanto à persistência do bonapartismo como uma ideologia de franceses apolíticos. a maioria dos ingleses era mais pobre do que o fora em 1800. os britâ­ nicos viam-se como lutadores pela causa da liberdade contra a tirania. foi isto e não a sua memória que inspirou as revoluções do século XIX. Este foi um mito mais poderoso do que o dele. enquanto a maioria dos franceses era quase que certamence mais rica. depois da queda do ditador. Í7 .os seus parentes tivesse ttazido a gloria. do povo se er­ guendo na sua grandiosidade para derrubar a opressão. inclusive em seu próprio país. Sem. pois. havia perdido os substanciais benefícios econômicos da Revolução. o sonho de igualdade. Ju v e n tu d e : u m a n a rra tiv a eo P a rceiro S ecreta . 12 2 págs. 60 pa'gs.M achado de Assis. A filh a d o n eg o cia n te d e c a v a lo s / A m eia b ra n ca / S o l .S u n T z u . A d a m a d a s c a m élia s — A lexandre D um as. 78 págs. org.B runo Bettelheim .Lima Barreto (org. 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