A Reforma de Paris e o Plano de HaussmannO principal objetivo da reforma urbana idealizada por Haussmann para Paris, é o de liberar o tecido urbano para facilitar manobras militares. A grande transformação da cidade ocorre em um terço do tecido da cidade sobre a idéia da grande expansão. Um dos principais pontos da reforma de Haussmann é a reforma da Ìlle de la Cité em área militar. Para atingir esse objetivo, todas as edificações existentes são demolidas. Para Haussmann, “a arquitetura é um problema administrativo” e só deve visar os interesses de Napoleão, interesses esses, de cunho estritamente militares. A partir daí, é produzido um urbanismo totalmente racionalista visando apenas à técnica e desconsiderando o aspecto histórico. O foco principal é a melhoria da circulação, o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo uma imagem geral de modernidade. Esta mudança de imagem envolve também a questão da insalubridade. Para isso são eliminados bairros considerados degradados, as ruas são arborizadas e recebem sistema de iluminação. A antiga cidade medieval, com traçado orgânico e ruas estreitas, é cortada por grandes eixos e contornada por um anel viário. São criadas praças com monumentos que servem como ‘cenário’. São criados vários boullevard e um novo elemento urbano, o carrefour (rotatória). Essas intervenções regularizam o traçado não aproveitando o existente, transfigurando a cidade. Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris – linhas mais grossas, novas ruas – tracejado quadriculado, novos bairros – tracejado horizontal, os dois grandes parques periféricos: o Bois de Boulogne (à esquerda) e o Bois de Vincennes (à direita) Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. São abertos parques e jardins públicos: Jardin dês Tulleries, Palais Royal, Parc Montsouris. Surge a figura do quarteirão que é determinado pelo sistema viário – neste caso o quarteirão é residual, configurado a partir do que ‘sobra’ depois de definido o traçado viário, tornando-se um elemento complexo formado por lotes de formato irregular. São definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis de padronização para as fachadas; a tipologia urbana segue um catálogo pré-definido, passam a ter unicidade arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função comercial – multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e lojas. São definidas áreas especiais para as estações ferroviárias. Divisão de Paris em 20 arrondissements – a linha mais grossa define o antigo cinturão alfandegário do século XVIII. Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. Palácio parisiense construído na época de Haussmann – padronização de fachadas. Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. A Ìlle de la Cité se transforma no coração da cidade, passando a ser uma área militar e administrativa. Na reforma de Paris, foram destruídos 49km de ruas estreitas antigas, construídos 165k, de novas vias, foi implantado o sistema de esgoto (considerado até hoje um dos melhores do mundo e que atende à cidade toda. A Paris de Haussmann, é a Paris que vemos hoje. Planta de Paris em 1873 (do Guia Hachette). O Plano de Haussmann em Paris (1853 - 1869). Aspetos Históricos. Introdução. A cidade converte-se no local onde se evidencian as grandes contradições econômicas. Objetivos essenciais: Organizar um mecanismo legal e financeiro que permita lhe execução das obras publica estatais em combinação com os interesses dos terratenientes e casatenientes burgueses. Estes proletarios expulsados assentam-se nas periferias industriais. (Fig. a prevalência do traçado medieval e acompacidad imposta pelas muralhas caraterizam uma cidade cuja população. designadamente as estações de FFCC com o centro. e atenuar o caráter explosivo das contradições de classes. na zona de residências aristocráticas o índice vária entre 100 e 250 hab/Tem. A isto se agrega a irregular distribucion da mesma: enquanto as periferias industriais e no capacete medieval apinham-se artesãos e operários. produzida pelas obras de remodelagem de ruas e avenidas. permitem realizar um programa urbanístico coerente em um período de tempo bastante curto. #infraestrutura técnicas. deslocando assim a hegemonia de Londres. Aplicar traçados rectilíneos. Estruturar a cidade a partir de um sistema vial composto por artérias de circunvalación e radiais. beneficiados pelas deficiências circulatorias das estreitas callejuelas e a carência de serviços. O plano de Haussmann. em 1851. áreas verdes. para fazer possível o uso da cavalaria e os canhões. e facilitasse o enriquecimento de proprietários e especuladores. Isto permitiu que durante os levantamentos populares de 1830 e 1848.. Demoler os edifícios medievais no capacete histórico. etc. Uma série de circunstâncias favoráveis. em constante acréscimo. comércios. Ocupar.Mal Napoleón III assume o poder.1891). nomeiaPrefecto de Paris ao Barão de Haussmann (1809 . desde meados do século XIX em adiante. etc. desta forma. com um índice de densidade compreendido entre 850 hab/Tem. com as obras publica. aos principais edifícios da estrutura política .. o centro da cidade estivesse em mãos dos insurrectos. o nível dos técnicos e a existência de duas leis muito progressistas: A lei de expropriação de 1840 e a sanitária de 1850. a luta de classes e os valores culturais dos grupos humanos que habitam nela. que vinculassem entre sim os diferentes bairros e . 1) .administrativa. uma massa considerável de trabalhadores urbanos. e são controlados pela estrutura repressiva do estado (exercito e polícia). Esta separação natural entre ambas classes sociais se produziu a partir do século XVIII e permitiu a ocupação do capacete histórico pelo proletariado e a expansão para as zonas periféricas dos burgueses ricos. expulsar o proletariado e construir ali edifícios publica. Napoleón III aspirava a que a capital do segundo império se convertesse no centro do mundo. Os burgueses então ocupam as áreas centrais e as áreas periféricas situadas em direção oposta aos assentamentosproletarios: Nasce assim a Cidade Dual. exigia novas estruturas funcionais. residência. o novo Paris põe em evidência o sucesso do gerenciamento posliberal e converte-se no modelo reconhecido por todas as demais cidades do mundo. como o desmesurado poder de Napoleón III. A cidade define-se pela burguesía no poder: O proletariado é expulso do centro urbano que é reapropriado cultural e funcionalmente pela burguesía. no centro. quem recebem a plusvalía da renda do chão. Apesar das construções realizados por Napoleón I e Luis Felipe. a capacidade deHaussmann. Os assentamentos proletarios estavam anexados. bancos. -. de ruas antigas. localiza-se o setor reservado à burguesía habitat. etc. Adequar a #infraestrutura técnica às necessidades de uma cidade moderna. (Fig. Outorgar uma figuração homogênea ao âmbito de vida da burguesía. (Fig. embora é este o primeiro plano diretor de uma cidade moderna. a obrigação de manter uniforme a arquitetura das fachadas das ruas e praças mas importantes. onde se concentra a dualidade. 2) Relegar às periferias industriais a localização do proletariado. cujo crescimento se produz caóticamente sem hierarquização das diversas funções e. o trabalho intelectual. Em síntese. alcantarillado. atividades terciárias e recreativas.trabalho manual (manufatura .repressivas substituem a tradicional organização das freguesias. para o este.que permita o controle das áreas proletarias dentro de uma superfície urbana que passa de 3437 Tem a 7802 Tem.(Serviços primários). em direção contrária. que contrapõe uma caótica ocupação do chão urbano ao decoro figurativo estabelecido pelas regulamentações edilicias. de ruas novas que cortam em vários sentidos a trama medieval e fazem desaparecer 50 km. comerciais e recreativas. Descrição de Projeto Urbano Paris constitui o ponto de partida da organização funcional e social segregativa da cidade dual: desde o centro para o oeste. Nos bairros operários radicam-se os quartéis que defendem a origem burguesa. por ultimo. iluminação. que muda continuamente e transforma à cidade em um espetáculo permanentemente mutable. colégios. . recoleção de lixo. Organizar o sistema verde da cidade. hospitais. Haussmann abre 95 km. recreativas e administrativas com a expansão do habitat. O controle do urbanismo urbano estabelece-se por médio de 20 distritos que compreendem as áreas suburbanas cujas funções administrativas . quartéis. em termos econômicos . pela autonomia que conserva a iniciativa privada.Quartéis e estações de polícia . que contém as estruturas de poder. prisões.indústria) (Fig. As novas ruas traçadas sobre a trama urbana preexistente e a faixa periférica. 2). a eleição de um edifício monumental moderno como ponto de referência perspéctica da cada nova rua. o setor proletario. ao traçado vial e aos pontos focais determinados pelos edifícios públicos. pela escassa organização das estruturas funcionais. arboles) e são a cada vê mas importantes: o passo de peatones e veículos. quioscos. pela falta de controle sobre o desenvolvimento das áreas suburbanas. 3) Criar escolas. Organizar a estrutura administrativa da cidade e o sistema repressivo . as fachadas das casas passam a ser uma profundidade genérica e os diferentes elementos do equipamento urbano passam a um primeiro plano (Luzes. habitat . rede de transporte publico com carros de cavalos. que relacione as zonas comerciais. já fora de escala com respeito à nova dimensão urbana. Mas a enorme extensão dos novos espaços impede que possam ser percebidos como ambientes perspécticos: Os diversos espaços perdem seu individualidad e misturam-se uns com outros. e sobretudo o parque públicos (Serviços secundários). com praças e parques a escala de bairro e a escala metropolitana. aplicando os mas recentes progressos científicos: Sistema de aqueduto.especulativos construtivos. Construir os edifícios públicos necessários para as funções do estado e valorizarlos a partir do traçado de praças e avenidas. Haussmann trata de ennoblecer o novo ambiente da cuidem com os elementos urbanísticos tradicionais: A regularidade. Estabelecer normas urbanísticas de regularidade formal que imponham uma coerência visual à trama do habitat. seus alcances resultam limitados devido à persistência do peso que possui o centro tradicional. Um sistema radial que comunica as sete estações da ferrovia. hospitais. a negação do princípio de centralidade.Sul pelos Boulevards.são os responsáveis pela organização do sistema verde e do sistema sanitário.oeste. os interesses especulativos dos proprietários e a pressão da renda da terra impediram.. Conquanto o desenho de parque e jardins inspira-se no modelo virilhas. a altura dos edifícios que constituem o telón escenográfico da falsa respetabilidad burguesa. de 6/7 andares.5) O decoro urbano da trama fica estabelecida pela uniformidade dos basamentos.(Fig. zonas recreativas. áreas verdes. No entanto. Forster e Lohr realizam o projeto de remodelagem urbana de Viena. A Difusão europeia do modelo parisiense. aplicar os standards de áreas verdes. O sistema de diretrizes radiais. escolas.ou os edifícios públicos: A Avenida de opera-a. um para uso da burguesía e o outro do proletariado. O equilibro entre o sistema vial parisiense e o traçado em quadricula. Em seu conjunto. O traçado vial constitui o principal componente do plano diretor. constitui a proposta mas avançada do urbanismo europeu do século XIX. concretizar um modelo progressista alternativo ao modelo conservador de Haussmann. o este . o contribua original consiste na criação de dois parques metropolitanos.Húngaro. e o Norte . a aplicação dos princípios enunciados pelos higienistas da época. mobiliário urbano. Denomina-se Ring de Viena ao anel que circunda o capacete histórico e que contém as avenidas. as cornisas. Ao longo dos boulevards levantam-se as casas de apartamentos da burguesía. os cárceres. longas e largas avenidas rectilíneas que culminam nos principais edifícios públicos ou nas cruzes polidireccionales (Fig. mas lá da maçã típica de quadricula-a de Barcelona. o mercado central de Ache-lhes. Paris estabelece o ponto de partida da ação urbanística da burguesía no poder: seu modelo será aplicado repetidamente até que as transformações atingidas no século XX porão em crise os códigos urbanos e arquitetônicos ecléticos. 4). O sistema de fornecimento de água é o mas moderno e eficiente da Europa. converte-se no modelo dos Boulevards.arco da estrela . etc. permitia à burguesía barcelonesa. moradas de luxo e edifícios públicos que simbolizam a presença da monarquia do império Austro . .. A base técnica funcional da cidade completa-se com o conjunto de serviços públicos construídos pelo estado: o matadero da Villette.Jean Alphand e Belgrand. Seus principais componentes são os seguintes: Dois eixos perpendiculares. Entre 1859 e 1872 os arq. Um sistema periférico de circunvalación e de vias retas. a livre articulação dos blocos de edifícios e a organização policéntrica dos serviços proposta por Cerdá. etc. Subsistemas radiais que revalorizam a trama habitacional burguesa . da segregação social e funcional e da excessiva jerarqizacion das vias. situado no extremo oposto da cidade. que permite às tropas chegar rapidamente aos bairros proletarios. formado pela avenida dos Campos Elíseos e a Rue de Rivoli. O projeto realizado pelo engenheiro Cerdá em 1859. que estabelecem o modelo regular de morada especulativa para a classe dominante.Dois engenheiros . equipados com lagos. usando o espaço livre deixado pela demolição das muralhas. em Barcelona. históricos e administrativos. e a burguesía se glorifica com um resultado tão grandioso.. considero mas acertadas e razoáveis as opiniões de Roberto Segre. era formar um proletariado da construção especificamente bonapartista e dependente do governo e assim mesmo transformar Paris em uma cuidem de luxo. . etc. ou bem a uma demanda de grandes locais comerciais no centro. particularmente os situados no centro de nossas grandes cidades. Estou em tudo de acordo com a opinião de Engels em sua Contribuição ao problema da morada: " Entendo aqui por Haussmann "". Desde este século XX e considerando as situações geopolíticas desde minha perspetiva. callejuelas e callejones sem saída reaparecem prontamente em outra parte. longas e retas através dos bairros operários construídos estreitamente e bordearlos à cada lado com edifícios luxuosos. como ferrovias. tendente a fazer mas difícil a luta de barricadas. qualquer seja o motivo invocado: Ascallejuelas e os callejones sem saída mas escandalosos desaparecem. ruas. tratei de compendiar ambos aspetos para brindar uma focagem geral da situação arquitetônica de Paris no século XIX tendo em conta os aspetos sociais. econômicos. Apesar que a urbanização de Paris.. sua finalidade aparte a de caráter estratégico. penso que ao Barão de Haussmann lhe cabe o apodo e a caricatura do "artista Demoledor" (fig.6 e 7). e muito com frequência em locais muito próximos". ou bem a umas necessidades de comunicações. mas.Conclusões pessoais Tendo analisado dois autores com diferente interpretação dos fatos. a carateriza. Entendo por Haussmann "" pratica-a generalizada de abrir brechas nos bairros operários. O resultado é em todas partes o mesmo. não somente a maneira especifica bonapartista do Haussmann parisiense de traçar ruas largas. já responda a isto uma atenção de saúde publica ou de embellecimiento. pág. o ponto de partida é a força que é a torrente. 1979. em particular do concreto armado. ou a existência de uma força natural suscetível de ser utilizada para o trabalho. No projeto da cidade há uma separação de funções: trabalho. 810) “ Uma cidade industrial tem como princípios diretores a análise e a separação das funções urbanas. ou ainda a comodidade dos meios de transporte. O plano da cidade-industrial. “ A razão determinandte do estabelicimento de uma tal cidade pode ser a presença próxima de matérias-primas. lazer e saúde. ( GIEDION. estações ferroviárias e hospitais também representaram um grande avanço. era em um terreno que ao mesmo tempo era na zona montanhosa e uma planície. o leito dela está represado. escolas. a exaltação dos espaços verdes que desempenham o papel de elementos isoladores. o prefeito de Lyon. pág. Vista aérea da cidade industrial “Garnier havia dado um grande passo adiante ao tratar toda uma cidade sem se perder numa infinidade de detalhes. 164) . como muitos de seus contemporâneos. que foi o primeiro manifesto do urbanismo progressista. Seus projetos para casas. por ele atravessava um rio. nomeou Tony Garnier como arquiteto chefe da cidade.” (CHOAY. Essa região estava localizada na parte sudoeste da França. 1979. pág. criado pelos membros da CIAM ( Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) colocaram o urbanismo como primeiro plano de preocupações. uma usina distribui a energia da cidade. 2004.” (CHOAY. 163)Em 1907.Cidade Industrial de Tony Garnier O plano da cidade industrial feita por Tony Garnier foi terminado em 1901. habitação. antes da Carta de Atenas. a utilização sistemática dos materiais novos. A cidade jardim é um modelo de cidade concebido por Ebenezer Howard. Essa área foi determinada depois de concluído que ela era bem localizada e teria suas necessidades sanadas por soluções próximas. Para o estudo da cidade industrial foi escolhida a região Sudeste da França. que era a potencialidade estética do século X. narrar um pouco sobre o contexto e o autor do projeto. A ideia era aproveitar as vantagens do campo eliminando as desvantagens da grande cidade. que esse projeto era um precoce prenúncio do funcionalismo. sobretudo de uma cidade socialista sem muros ou propriedade privada. depois. Alguns fatores que levaram a essa escolha foram: a presença de matéria-prima. Pretendemos. da administração e das residências.A proposta era. Para dispor as construções na cidade buscou-se levar em conta as necessidades materiais e morais do indivíduo. criando uma quantidade suficiente de espaços verdes na cidade. no final do século XIX. Esse projeto localiza-se de forma surpreendentemente solitária no tempo. havia também o uso do novo material. mas sim amargas criticas. Além dessas características no planejamento urbano. não só em relação ao passado corno também à sua época. na realidade. . Em 1901 o jovem arquiteto francês Tony Garnier expôs na Academie des Beaux—Arts de Paris um anteprojeto de urna cidade industrial. onde todas as áreas não construídas eram parques públicos. no entanto. Em 1899 foi fundada a Garden Cities Association cujo objetivo foi o de divulgar o modelo e efetuar a sua construção. mas nem sempre pode ser um sinônimo de ecocidade. mais tarde revisado e editado como Garden Cities of Tomorrow em 1902. simplesmente da forma de um artista antever o novo século. na forma em que se expressou nos anos 1920. Mostrou-se. Tratava-se. a força natural que pode ser usado pelo homem (um leito da torrente represado) e a comodidade dos meios de transporte devido a uma estrada de ferro próxima à área. consistindo em uma comunidadeautônoma cercada por um cinturão verde num meio-termo entre campo e cidade. com este trabalho. Muitas circunstâncias em torno do mesmo permanecem nebulosas. além da exclusão dos pátios internos e estreitos. O plano linear de Garnier separava as zonas: existiria o agrupamento racional da indústria. As divisões da casa deveriam corresponder aos regulamentos e cada habitação deveria dar acesso para a construção localizada atrás. criando um passeio público que permitiria o acesso em qualquer sentido desejado dentro da cidade. Não obteve nenhum reconhecimento. o concreto armado. então se criou regulamentos para manter a qualidade de vida humana. A noção de cidade jardim foi primeiro apresentada através do livro To-morrow a Peaceful Path to Real Reform (1898). proporcionando aos ingleses durante o longínquo período chuvoso um lugar para recreação. mas padecia de graves problemas relacionados ao excesso de população e à insalubridade do seu espaço. No centro ficariam órgãos públicos e para o lazer (teatro.A cidade-jardim seria construída no centro dos 2400 hectares. tornou-se conhecido por sua publicação Cidades-jardins de Amanhã (Garden Cities of To-morrow). a cidade inchada . era reconduzir o homem ao campo.uma avenida central com 125 metros de largura. perguntou-se “Para onde as pessoas irão?”. isso se da pelo arrendamento. a cidade era o espaço da socialização. além de uma carência de oportunidades sociais. que seria a terceira solução. no finas as casa ficam dispostas em meia-lua para ampliar a visão dessa avenidajardim. e ocupando 400 hectares. A chave para a solução dos problemas da cidade. então considerou três imãs de atração da população. museu e etc. os meios financeiros e administrativos de uma cidade ideal. Ele propõe muito mais do que a harmonia entre homem e natureza. formando um parque. a área agrícola seria constituídas por fazendas . sendo 2000 no campo. na qual descreveu uma cidade utópica em que pessoas viviam harmonicamente juntas com a natureza. ocuparia uma grande área servindo como mercado e jardim de inverno. cooperativas ou particular. do sol e das águas. 1 de maio de 1928[2] ) foi um pré-urbanistainglês. principalmente. segundo Howard. Planeja não só as formas. mas. no início do século XX Howard em seus estudos. o campo era o espaço da natureza. As primeiras cidades-jardins foram construídas na terra natal de Howard. Por outro lado. mas também sofria de problemas como a falta de empregos e de infra-estrutura.. e lucro obtido pelo loteador pelas cotas pagas mensalmente. da cooperação e das oportunidades. ele apresenta toda uma política para a manutenção do equilíbrio social. bem como da produção de alimentos. o campo vazio. as funções. de 1898. as industrias ficariam na periferia ao longo da linha férrea. Na cidade jardim. Kt. Ebenezer Howard. cortada por seis bulevares com 36 metros.A população seria de cerca de 30000 pessoas. 29 de janeiro de 1850[1] — Hertfordshire. o Palácio de Cristal.. e a cidade-campo. OBE (Londres.Em síntese. o resto seria para o campo. um processo para satisfazer as massas e controlar sua concentração nos centros metropolitanos. através da criação de atrativos – ou “ímãs” – que pudessem contrabalançar as forças atratoras representadas pela cidade e pelo campo. facilitando o escoamento da produção. sadia e bela. A publicação resultou na fundação do movimento das cidades-jardins.). ninguém torna proprietário de sua casa. ameaçado pelas sórdidas condições de urbanização das camadas populares inglesas durante o século XIX. especialmente de empregos. indústria. . loja. o solo urbano é socializado. Em sua concepção inicial. atraiu jovens. Howard com as duas cidades-jardins conseguiu comprovar: que era viável a construção de cidades novas com indústrias e jardins. A atmosfera na cidade era excitante e prazerosa (alcançou em 1962 26000 habitantes).Rio de Janeiro. construído como bairro experimental na periferia de Madrid.Le Corbusier. que foi fundada em 1909 por Karl Schmidt-Hellerau . e chamou atenção dos jornais de Londres. e chamou os arquitetos Parker e Umwin para projetar a cidade .a única cidade da Alemanha onde as idéias de Howard foram completamente implementadas. entre 1894 e a década de 20. A cidade linear tem como característica mais marcante o desenvolvimento em linha.Costa utilizará novamente o partido linear comoum dos elementos do seu plano para aBarra da Tijuca. que as famílias poderiam possuir uma casa em meio ao verde. então em 1899 funda a Associação das Garden-Cities. A noção decidade linear foi utilizada no modernismo a partir do final da década de 20 e início da década de30 por alguns urbanistas comoNicolai Miliutin. poderia obter cidades com boa qualidade ambiental.Lucio CostaeKenzoTange. esta cidade atingiu grande êxito. em 1960. Para Miliutin ela estava ligada ao sistema de produção industrial. mantendo os jardins.Ernst May. próximo a Dresden.entre outros.Espanha. Em 1919 Howard achou um terreno a 15 Km de Letchworth. A cidade linear está ligada em muitos aspectos à questão do transporte e da crescenteimportância do sistema viário no planejamento da cidade. A interpretação da cidade linear varia segundo cada um dosautores. Hermann Muthesius também teve um papel importante na criação da primeira cidade-jardim Alemã Hellerau.geralmente com uma via central que funciona como estrutura principal em torno da qual sedesenvolvem ramos secundários. e logo em 1903 pode adquirir Letchworth. principalmente ao longo do séculoXX. e não subúrbio jardins. A cidade linear é um modelo de cidade concebido pelo urbanista espanholArturo Soriay Mataem fins do seculo XIX. com conforto térmico. esteve ligada também .No pós-guerra Lucio Costa adota o partido linear nodesenvolvimento doplano pilotodeBrasíliae. perto do trabalho e do centro da cidade.Ernst May desenvolve a relação cidade/indústria proposta por Miliutin no seu projeto para acidade soviética deMagnitogorsk. e formando uma arquitetura homogênea (leia-se arquitetura georgiana) dando continuidade a cidade. Kenzo Tange apresenta um planomonumental de cidade sobre a baía deTóquio. onde instalaria Welwin.Primeiramente Howard pensou como tornaria sua ideia viável. pela Companhia Madrilenha de Urbanização. a segunda cidade-jardim. Le Corbusier a utilizapara atingir maior liberdade formal e trabalhar livremente o sistema viário dentro de suaproposta de hierarquia viária apresentada em "Sur Les Quatre Routes" (Sobre as Quatro Vias). era possível construir moradias a baixo custo. com Soria y Mata. mediante a criação de um assentamento urbano unido a uma linha de transporte ferroviário. que uniam a antiga carreteira de Aragão com o Pinhal de Chamartín.como obairroCiudad Linealna periferia de Madrid. isto é. Este inovador projeto. Este fenômeno não está longe da realidade dos nossos dias. Canillas. aglomerado e transporte que atenazaban às cidades da época. Soria y Mata acreditavaque sua cidade linear poderia se estender pelo território ligando cidades e mesmo países. O que propunha Arturo Soria era ordenar a escala territorial os núcleos urbanos que já existiam na periferia. . só chegariam a realizar-se os 5 Km. consistia no desenho de uma cidade articulada a ambos lados de uma larga via (50 metros) com transporte ferroviário. Hortaleza e Fuencarral. sob a influência das idéias de Spencer e Ildefonso Cerdá. Vicálvaro. Villaverde.bastante modificada . cidades são interligadas em poucashoras noJapãoe em alguns países daEuropa. Através desistemas de transporte super-rápidos (como o trem bala). o que hoje conhecemos como Cidade Linear. Também criou para a cidade um sistema urbano de comunicação telefônica (1887). de longitude em princípio não limitada. Desta maneira o trem passava a ser um elemento estruturador do território. Ainda que estudou Engenharia de Caminhos. criou um transporte ferroviário suburbano e o bonde de circunvalação. junto com acidade jardim. famoso principalmente por sua concepção da cidade linear de Madri. A cidade original de Soria y Mata existe hoje . Lamentavelmente. Na rua central se concentrariam os serviços públicos para os cidadãos e as casas dos habitantes. o que possibilitava seu crescimento. É um dos grandes modelos urbanos da primeirametade do século XX. emuma grande rede urbana. isto é.aomovimentohigienista e à questão dosbairros operários.Desde a década de 1880. Sua construção se iniciou em 1892 e a ao ano seguinte obteve seu primeiro reconhecimento internacional na Exposição Universal de Chicago. Carabanchel. foi autodidata e a partir de 1886 se dedicou por inteiro a seu projeto da cidade linear. Canales e Portos. Vallecas. criar meio a Madri uma coroa urbanizada que unisse as localidades de Pozuelo. Arturo Soria e Mata foi um dos introdutores do primeiro bonde de Madri. Arturo Soria y Mata Engenheiro e urbanista espanhol. com o qual queria resolver os problemas de higiene. O projeto se desenvolvia sob a forma de uma espinha central. principalmente ao longo do século XX. Kenzo Tange apresenta um plano monumental de cidade sobre a baía de Tóquio. esteve ligada também ao movimento higienista e à questão dos bairros operários. Previa um novo tipo de cidade. Para Miliutin ela estava ligada ao sistema de produção industrial. para trinta mil habitantes. Soria y Mata acreditava que sua cidade linear poderia se estender pelo território ligando . No pósguerra Lucio Costa adota o partido linear no desenvolvimento do plano piloto de Brasília e. Rio de Janeiro. em 1960. Ernst May desenvolve a relação cidade/indústria proposta por Miliutin no seu projeto para a cidade soviética de Magnitogorsk. Cidade Linear A cidade linear tem como característica mais marcante o desenvolvimento em linha. A cidade linear está ligada em muitos aspectos à questão do transporte e da crescente importância do sistema viário no planejamento da cidade. Desde a década de 1880. Sua principal vantagem é a capacidade de admitir uma expansão indefinida. O primeiro modelo teórico de plano urbano linear foi elaborado em 1892 pelo espanhol Arturo Soria y Mata. Le Corbusier a utiliza para atingir maior liberdade formal e trabalhar livremente o sistema viário dentro de sua proposta de hierarquía viária apresentada em "Sur Les Quatre Routes" (Sobre as Quatro Vias). sem que a cidade como um todo seja perturbada.edifícios de apartamento communal da cincohistória idêntica. entrecortada por vias perpendiculares que davam acesso às zonas de habitação e trabalho. geralmente com uma via central que funciona como estrutura principal em torno da qual se desenvolvem ramos secundários. Costa utilizará novamente o partido linear como um dos elementos do seu plano para a Barra da Tijuca. com Soria y Mata.Em 1894 Arturo Soria constituiu a Companhia Madrilenha de Urbanização para levar a cabo tamanha empresa e para explodir as linhas do transporte ferroviário que percorriam longitudinalmente sua cidade e conectavam com. Entre os exemplos de plano linear estão o de 1929 para a então cidade de Stalingrado (atual Volgogrado) e o de 1937 para Londres. Em sua concepção inicial. A interpretação da cidade linear varia segundo cada um dos autores. equidistante e uma rede extensiva de jantar salões e outros serviços públicos. em que cada função urbana ocuparia uma faixa própria do solo. Imagens – Cidade Linear Figura 01 . Esta faixa funcionaria como uma artéria principal e a cidade ao longo dela receberia áreas urbanizadas. É um dos grandes modelos urbanos da primeira metade do século XX. O processo de ruralização da vida urbana e urbanizaçao da vida campestre. Este fenômeno não está longe da realidade dos nossos dias. O eixo central seria percorrido por sistema de Transporte férreo. A concepção baseava-se principalmente na idéia de combater o problema do congestionamento da região central das cidades. cidades são interligadas em poucas horas no Japão e em alguns países da Europa. ao fluxo e ao tráfego urbano.cidades e mesmo países. Soria criticava o congestionamento dos centros tradicionais com traçado radiocêntrico.Cidade Linear Figura 02 . Seu crescimento deve ser limitado. esta forma linear possibilitava a redução do tempo gasto com o . A cidade idealizada por Sorio y Mata só se tornou visível a partir do momento da implantação de um sistema público de transporte mecânico eficiente. junto com a cidade jardim. O plano para a Cidade Linear desenvolveu um novo desenho urbano baseado na ruptura com o modelo de cidade convencional.bastante modificada .como o bairro Ciudad Lineal na periferia de Madrid. seguindo linearmente. margeada por 8 duas faixas de terrenos urbanos. Para Soria. A idéia central era a de prppor uma cidade que se desenvolvesse ao longo de uma faixa. 5 A cidade original de Soria y Mata existe hoje . em uma grande rede urbana.Cidade Linear 6 A idéia da Cidade Linear de Sorio y Mata basea-se na expansão das cidades sobre o território rural. Através de sistemas de transporte super-rápidos (como o trêm-bala). Seu pensamento racionalista aborda que o maior problema dos grandes centros está associado ao congestionamento das áreas centrais. A proposta. se fundiam com os habitacionais na malha urbana. Uma visão utópica pós-guerra. A dimensão simbólica estava subordinada a dimensão técnica e o espaço público reduzido aos traçados de circulação e serviços. não existia setorização. praça. Os pensamentos e princípios de desenho incorporados na proposta da Ville Radieuse rapidamente converteram-se em modelo para os arquitetos do pós-guerra. para conversão de favelas a lugares limpos. melhorar o meio ambiente urbano e a eficiência da cidade. inclusive propôs demolir toda a parte do centro de Paris. A Ville Radieuse foi desenhado para acomodar ao menos a seis vezes a população do centro de Paris. o qual é o núcleo de todos os tipos de transporte público. Essa proposta abandona as estruturas tradicionais: quarteirão. o qual foi uma prioridade política. A Ville Radieuse. e de modernos apartamentos. Desconsiderava a dimensão estética das cidades. que acarretou várias objeções. No plano da Cidade Linear.deslocamento. ar fresco e zonas verdes para os habitantes da cidade. O desenho da Ville Radieuse é quase simétrico no centro. chegou com a proposta da Ville Radieuse que tinha os seguintes objetivos: Proporcionar meios eficazes para as comunicações Proporcionar uma grande quantidade de zona verde Proporcionar um melhor acesso ao sol Reduzir o tráfico urbano Finalmente deram-se conta de que a construção alta era a melhor instância com os melhores meios para cumprir estes objetivos e. O terminal central é um ponto de acesso ao metrô na parte inferior da coberta do sistema subterrâneo. Segundo Le Corbusier. A Ville Radieuse influiu a Carta de Atenas de CIAM de 1933. um documento elogioso das virtudes das cidades e zonas residenciais com torres gigantes. ele. evitando assim. portanto. o desenho da Ville Radieuse representa um indiscutível ideal da liberdade pessoal. locais de trabalho. Achava que muitas cidades de princípios do século XX foram caóticas e ineficientes. Le Corbusier era ambicioso com a proposta. os edifícios administrativos e comerciais. poderia aumentar a capacidade das zonas urbanas e. A parte central está reservada para 24 arranha-céus. pois proporcionava a melhor distribuição dos serviços. etc. áreas residenciais ao longo da faixa linear. que também são os elementos mais controvertidos em todo o desenho. O urbanismo modernista foi muito influenciado por Le Corbusier com o plano da Ville Radieuse de 1933. e o comboio é na parte superior da coberta do sistema subterrâneo. ao mesmo tempo. “A cidade contemporânea de três milhões de habitantes” proposta por Le Corbusier para o centro de Paris é um mito na história contemporânea do planejamento urbano. determinando a configuração espacial na forma mais racional: a linha reta. ao mesmo tempo. de acordo a Le Corbusier. A nova cidade de Le Corbusier constaria de gigantes blocos de apartamentos e grandes espaços ajardinados. submetendo o desenho urbano a dimensão técnica e privilegiando apenas um elemento do processo urbano: a CIRCULAÇÃO. atender a crescente população urbana. A planta superficial está aberta aos carros e táxis. . o deslocamento maciço da população para um único local nos horários de maior pico. sobre o planejamento urbano nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. com o qual prometeu um futuro com luz do sol. Buenos Aires na Argentina e São Paulo no Brasil. Como se mencionou antes. chalés. assim. Os arranha-céus representam a única forma construída no distrito de negócios. Tal como o Pavilhão Suíço. seu efeito potencial sobre a luz do dia não se justificou no estudo. a Ville Radieuse era uma cidade linear baseada na forma abstracta do corpo humano. [2] Os blocos de habitação eram dispostos de forma linear. o manejo da luz do dia não parece ser melhor que os sistemas tradicionais de iluminação natural. Influenciado pelas ideias de Milyutin para a Cidade Linear e nas teorias do movimento sindicalista ao qual se tinha recentemente juntado. Por outra parte. Ainda que Le Corbusier considerava-o como um dos princípios mais importantes no desenho urbano. a Ville Radieuse. O projecto manteve o conceito de blocos de habitação em altura. não parece ser uma opção efetiva para a Paris do século XX. apartamentos e dúplex a cada uma tem seu próprio jardim e cada apartamento seria uma casa por seus próprios meios. livre circulação ao nível do solo e espaços verdes abundantes já propostos nos seus trabalhos anteriores. Barcelona em Espanha. Segundo Le Corbusier. A comparação da densidade e a luz do sol potencial entre A Ville Radieuse e os blocos urbanos do Paris atual sugerem que as proposições feitas por Le Corbusier a respeito deste ambicioso plano urbanístico não podem ser totalmente verdadeiras. e membros. Após tudo. Ao contrário do design radial da Ville Contemporaine. Na Ville Radieuse. enquanto o distrito residencial está composto por três blocos de moradias. Estes blocos de moradia conhecem-se como apartamentos. o plano da Ville Radieuse pode se dividir em dois grandes distritos isto é.Estes arranha-céus cruciformes são principalmente para fins comerciais e hoteleiros. eram vidrados na fachada sul e assentes sobre pilotis. como em Algiers em Argélia. a Ville Radieuse. etc. com cabeça. Conclusões As conclusões deste estudo parecem indicar que A Ville Radieuse não é tão radiante como se pensava.[3] . onde todos os elementos em seu conjunto funcionam como uma “máquina da vida”. Em todos os arranha-céus com dimensões de 190m x 190m e uma altura a mais de 200m. Estes blocos de moradias denominam-se moradia “costas-costas”. o transporte básico e a rua de lojas comerciais estão organizados em uma forma cartesiana. Ainda que sua proposta apresentou-se pela primeira vez para o centro de Paris. esta zona se converteria no centro cívico e a sede de todas as principais empresas. Le Corbusier achava que milhões de residentes poderiam beneficiar das vantagens deste planejamento racional. foram desenhadas para abrigar de quinhentas mil a oitocentas mil pessoas. Possuíam terraços visitáveis na cobertura. coluna. os apartamentos teriam acesso a plena luz do dia e o problema do ruído urbano se reduziria ao mínimo. À luz do progresso da tecnologia da construção. O efeito do eixo heliotérmico é ambíguo.[1] Representava o sonho utópico de comunhão do Homem com um meio ambiente correctamente ordenado. o distrito residencial. A proposta pode ser boa em termos de transporte e a disponibilidade de um grande espaço aberto e verde. As zonas edificadas só representam o 15% do total de superfície de lugar da Ville Radieuse. o distrito de negócios e o distrito residencial. no entanto. o distrito de negócios. Em torno dos arranha-céus encontram-se uns bairros residenciais que oferecem alojamento para as pessoas que trabalham nos arranha-céus. racional e sistêmico plano urbanístico desenhado por Le Corbusier. Le Corbusier propô-la também para adaptar a outros lugares. a formação de canhões de concreto poderia ser evitada e os habitantes desfrutariam da grande quantidade de jardins e áreas verdes ao ar livre. Dentro destes blocos de moradias. formulou uma nova visão da cidade ideal. moradia “celular” e moradia “jardim”. Ao compreender a necessidade de compactação da cidade industrial. a partir do reconhecimento da quadrícula como o traçado que reúne tanto vantagens de ordem circulatória. chega ao módulo quadrado de 113m de lado com um chanfro de 20m como o mais adequado. adaptação do empreendimento para a classe operária. com 20m de largura e separação entre os meios de locomoção. de 17% para 34%. luz natural). Não existem. O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples cruzamento de vias . Emprega grande esforço na formulação das “ilhas tipo” e. a quadrícula e o radial – neste caso o segundo subordinado ao primeiro – eram sintetizados em um grande retângulo de sessenta por vinte módulos. abre mão de qualquer exemplo de habitação unifamiliar com jardim. Cerdà escreve em sua “Teoria Geral da Urbanização” que a presença dos dois conceitos diretores. vento. A cada conjunto de nove quadras e vias correspondentes se inscreve dentro de um quadrado de 400m de lado. que hoje mais do que nunca continuam sendo os dois pólos operacionais do urbanismo estão presentes no plano de Barcelona no cuidado com a habitação e no projeto cuidadoso de uma rua realmente racional. elevando a taxa de superfície viária. 1859. ideais no seu pensamento. tanto o traçado viário como a habitação coletiva são elementos que não podem ser concebidos separadamente. com condições dignas de vida. o higienismo (sol. aprovada inicialmente em 1859. O plano de Cerdá desenha uma grelha ortogonal. portanto espaços indefinidos nesta relação restrita aos domínios do publico e do privado. Seção viária definida com o critério da independência entre os meios de locomoção. jurídica como urbanística. Imagem – Ildefonso Cerdà. ar. Como um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo a reivindicar a salubridade das habitações de maneira radical e efetiva como a condição primeira a satisfazer na criação da nova cidade. Fonte: TARRAGÓ CID. Apesar de aparentar a imposição de uma nova ordem. que deveriam estar presentes nas habitações e o custo. A quadricula estende-se até os núcleos urbanos vizinhos e envolve a cidade medieval. localizado no espaço livre deixado entre a cidade medieval amuralhada e os povoados vizinhos e cortado por duas diagonais. As habitações planejadas por Cerdà tinham como características: a privacidade do indivíduo no lar. Devemos entender como cidade tradicional um organismo urbano gerado através de um longo processo histórico. Catálogo da exposição Cerdà. Os dois traçados urbanísticos básicos na época. apresenta uma intervenção completamente diferente. o ajuste das bordas é feito com extrema habilidade tendo como suporte avenidas diagonais que surgem a partir de conexões pré-existentes. mas procura manter o máximo de qualidade ambiental. Salvador. indiferente ao contexto. considerando a moradia como suporte fundamental da qualidade de vida. a “habitação” e a “circulação”. com quadras de 113m x 113m e vias de 20m de largura. construtiva. incluindo praças. A quadra da cidade tradicional se caracteriza por ser claramente delimitada e homogênea. A casa é o ponto de partida do raciocínio de Cerdà. Plano para Barcelona. topológica. Neste contexto. urbs i territori.A proposta de Cerdà para a cidade de Barcelona. Os edifícios não ultrapassariam mais do que dois terços da superfície do quarteirão.em lugar. estes devem ser subterrâneos. Cerdà prevê o fluxo simultâneo de pedestres (com ou sem carga).). rede de esgoto. O plano previa quadra com ocupação perimetral em dois ou no máximo três lados. ferrovia e rede de energia elétrica são planejados de modo que não poluam ou interfiram na paisagem da cidade (cabos. O perímetro da quadra deixa de ser o limite do espaço público. A tipologia é ortogonal. Os espaços internos resultantes se abririam para a cidade oferecendo equipamentos públicos e generosas áreas arborizadas. homogênea e igualitária. O importante é enfatizar que neste momento a quadra passa de uma condição de residual para se tornar suporte de uma composição urbana que a tem como espaço da cidade. postes e etc. fios. Cerdá pensa na cidade como um todo: o ato de ir e vir. de carruagens e trens elétricos. As grandes avenidas possibilitam a conexão metropolitana e a integração à viabilidade universal. seja qual for o meio de transporte. o enquadramento e as perspectivas do lugar. Serviços como água. No “Plano geométrico parcelado” Cerdá mostra como seria a relação dos lotes após a passagem da via proposta em seu projeto. telégrafo. O melhor exemplo de habitação coletiva inserida neste contexto é a Casa Milà de Antoni Gaudí. a ordenação dos serviços básicos. Desenhou isto na escala 1/500 para todo o território indicando as . gera também desta forma maior amplitude visual dos edifícios de esquina. arquiteto do governo. lazer ou áreas verdes. na Espanha onde defende a idéia de projetar ao máximo os limites da cidade. . tipo de pavimentação. uma dualidade toma conta da sociedade: uma grande quantia é liberada para a continuidade do plano de expansão. Idelfonso Cerdá (1815-1876) possuía formação em Engenharia com aprofundamento em sistema viário. Analisa as entradas (portas). Quando limitamos as vias de acesso (interior x exterior). limitamos também a expansão natural das cidades. A concepção morfológica de seu plano é baseada na reforma de Paris. que era de tornar a área um elemento de costura entre a expansão e o centro histórico de Barcelona. O projeto do boulevard foi alterado e corrigido por Cerdà posteriormente. viários existentes. referenciado nos casos de Berlim e Paris. Cerdá apresentava uma contra proposta. As quadras foram maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da calçada retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional. Cada porta da cidade é o ponto de confluência de vias. As paisagens. Após a crise. As ruas eram planejadas seguindo os princípios da orientação solar. as futuras cotas das ruas e a área de calçada.000m³ de área construída. perfis transversais. econômicos ou industriais. praças e quadras deveriam interagir entre si.cotas atuais. só que sua utilização estava dividida entre a construção das grandes vias (indenização dos moradores) e o novo projeto de ocupação do solo (loteamento). com avenidas largas. Os centros de ação de Cerdà eram classificados conforme o tipo de atividade exercida e a mobilidade permitida pelo espaço: políticos ou administrativos. A cada proposta de Garriga. Em 1854. propõe a construção de um grande boulevard. que é o elemento mais visível e conhecido de sua obra. com largura de 60m junto à área da antiga muralha. As muralhas são as condições do contorno e um elemento importante para a densificação do tecido urbano. Do desejo original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário. Ainda desenhou 7 perfis longitudinais e verticais que serviam para estabelecer o nível das novas vias. diminuem a verba para a continuação das obras de expansão da cidade. diferença de cotas entre outros. sendo estes acessos centros do movimento. largura. Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67. a epidemia de cólera e a crise industrial. propõe o plano para expansão da cidade de Barcelona. Em 1865. atualmente após 150 anos de adensamento progressivo temos em média 295. o que se opõe aos planos de Cerdá. muralhas e vias de acesso. Garriga. além de serem elementos harmônicos na cidade: isso seria possível através da análise de cortes (relação altura x largura) e na relação da casa com a quadra.000m³ de área construída por quadra. preocupa-se em como pensar a cidade e no que pensar primeiro destacando conceitos fundamentais como: homogeneidade. lembrando que vários fatores influenciam a cidade e isso define quais os que serviços deverão ser fornecidos. realiza estudo topográfico da área considerada para a expansão. . leva em consideração o clima da região. econômicas e administrativas da cidade. com ocupação periférica do lote e o miolo sendo utilizado para jardins.Cerdá escreve o primeiro Tratado sobre Urbanização onde faz uma análise urbana da cidade. Além desses aspectos. dando início a esse tipo de estudo nos projetos urbanísticos. A partir desses aspectos. o funcionamento viário. destacando relações sociológicas. projetado por Lucio Costa. O Plano para Barcelona foi colocado em prática e. Cerdá defende que deveria ter uma única fisionomia. discorre sobre temas como a capacidade das edificações. idealiza esquema de urbanização com vegetação. essa é a primeira vez que aparece o termo ‘urbanização’. circulação. Cerdá cria uma metodologia processual enfatizando aspectos relacionados à questão da coordenação dos aspectos espaciais e físicos. coerência espacial. Esse aspecto de seu plano pode ser observado no Plano Piloto de Brasília. a circulação e a clareza do traçado. onde a questão principal é a estética). Na sua forma de pensar o urbanismo. Os edifícios deveriam ter sempre o mesmo gabarito de altura e chanfrados nas quinas. Para o concurso do Plano de Barcelona. funcionalidade. Neste Tratado. Cerdá realiza estudo de qualidade ambiental e adota traçado retilíneo. convívio social (enfatizando a preocupação com quem vai habitar a cidade) (diferente da reforma de Paris. fez uma relação dos edifícios com o número de usuários (exemplo: hospital para tantas pessoas que moram perto do edifício). Nele existe a figura da Unidade de Vizinhança que configura exatamente este aspecto do Plano de Cerdá. Em relação à tipologia a ser adotada. o território tem que ser homogêneo e todos os locais devem possuir o mesmo valor. pois para ele.A proposta multiplica a cidade em quase seis vezes. descartando assim. enfatizando a preservação do lugar. Não se preocupa em criar um centro administrativo. espalha por toda a cidade os edifícios destinados a essas funções. cria no centro uma grande diagonal que corta todo o tecido da cidade com uma avenida que tem quase seis vezes o tamanho do antigo núcleo. Cerdá adota traçado quadriculado. valorizando por igual os setores e bairros. . Não concentra prédios públicos e administrativos. “Congela” a cidade medieval e só prolonga a avenida ligando-a aos bairros novos projetados. qualquer tipo de demolição ou desapropriação do antigo núcleo. Fonte TARRAGÓ CID. 1859. que deve ocupar no máximo 2/3 da área do quarteirão. Plano para Barcelona. cria hierarquia de vias relacionando-as diretamente à tipologia habitacional. o restante do terreno deve ser ocupado apenas por jardins. Cria uma grelha ortogonal definida em estruturas rígidas que se desenvolvem a partir de módulos quadrados (grelha 9×9 –com várias formas de ocupação). Salvador. Catálogo da exposição Cerdà . com limite de ocupação da quadrícula.Cria áreas de parques e permeia todo o plano por praças e parques. A ocupação da superfície é definida a partir da habitação. Ildefonso Cerdà. Define duas formas de ocupação periférica do lote: em forma de L ou de U. Ilha-tipo. produz uma ruptura formal com a ocupação periférica das quadras. A circulação representa um meio fundamental de facilitar o contato e a relação entre pessoas e o quarteirão. O plano para Barcelona de Cerdà. permitindo a sua expansão além dos limites da antiga muralha medieval.Entre 1876 e 1886 ocorre o desenvolvimento da expansão da cidade. responsável pela proposta de expansão e construção da nova cidade: o Eixample. e político catalão. tinha como objectivo aumentar a área total da cidade. destinadas aos jardins. A especulação imobiliária faz pressão e a quadrícula definida por Cerdá. aprovado inicialmente em 1859. . e fornecer uma alternativa mais ordenada de ruas e quarteirões. Ildefonso Cerdà i Sunyer (1815 — 1876) foi um engenheiro urbanista. A contenção da cidade dentro dos limites da muralha tinha aumentado a sua densidade e criado problemas de comunicação com o exterior. passa a ser ocupada totalmente fugindo do plano inicial e descartando as áreas verdes internas.
Report "A Reforma de Paris e o Plano de Haussmann"