A PESCA NO RIO TEJO OS AVIEIROS: Que padrões de cultura? Que factores de mudança sócio-cultural? Que futuro?CARLOS LOPES BENTO, professor da Universidade Internacional É abundante a informação escrita sobre a importância geoestratégica do Tejo, que durante séculos constituiu a base de uma sólida linha de defesa (1) contra diferentes invasores (lembremos, entre outros, os romanos, árabes, castelhanos e franceses), mas escassa sobre o papel que a bacia hidrográfica deste rio poderá desempenhar, do ponto de vista económico, no desenvolvimento do País e no progresso social e cultural das populações nela fixadas. A sua grande riqueza hídrica tem sido apontada como susceptível de aproveitamento em domínios como: a navegação, a produção de energia, o uso doméstico, a agro-pecuária, a indústria, o turismo e as pescas, potencialidades que, até ao momento, talvez por falta de vontade política, capacidade criativa e de projectos integrados e regionais de desenvolvimento, estão mal utilizadas ou, na maioria dos casos, totalmente desaproveitadas. Face à limitação da extensão da presente comunicação, não me é possível abordar tão grande multiplicidade de domínios, debruçandome, apenas, sobre aspectos liga¬dos à produção científica relacionada com os pescadores avieiros do Tejo, quer a disponível, quer a futura. Mas quais as razões que me levaram a estar presente neste Congresso e à escolha da temática «pesca e pescadores avieiros doTejo»? Destaco algumas: —Ser natural e sido enculturado no alto Ribatejo (Mouriscas), na margem direita do médio Tejo (2) onde, desde a meninice, até cerca dos 25 anos, tive o privilégio de, no inverno, contemplar, quase anualmente, a grandeza e a impetuosidade das então indomáveis e volumosas cheias, por vezes devastadoras, que espalhavam o pânico entre as populações ribeirinhas e destruíam os seus haveres e, no verão, de utilizar para banhos e para a pesca as suas límpidas, serenas e curativas águas. —Ter, por outro lado, atravessado e cruzado, centenas de vezes de barco e a pé (a vau) o rio, quer por motivos da minha então profissão de moleiro e moleiro-estudante, tendo até, no período final da 2ª Guerra Mundial, participado no comércio clandestino de cereais, aproveitando os locais mais recônditos do Tejo para fugir à fiscalização, actividade que se fazia, geralmente, a altas horas da noite, em condições perigosas. sistemática e interdisciplinar: ● Os padrões de interacção entre o ecossistema aquático e o sistema sócio-cultural e suas múltiplas implicações no modo de vida dos mesmos pescadores e no meio ambiente.—A curiosidade de conhecer. comparticipado pela J. no caso concreto. . nesse âmbito. Para que o Tejo volte a constituir um ecossistema vivo e funcional e os seus recursos aquáticos sirvam. Nos finais do século passado.I. quanto à administração das pescas e dos recursos. estudos preliminares de carácter exploratório (3). É deveras importante o conhecimento das situações reais do passado. para além da necessidade de estarem de acordo com a realidade concreta actual. ● Os factores de mudança sócio-cultural responsáveis por eventuais alterações das e nas funções e estruturas das suas principais instituições. a que diz respeito aos avieiros do Tejo. seus afluentes. ter realizado. —Numa altura em que os recursos aquáticos vivos nacionais caminham para um rápido esgotamento (4). como investigador. em primeiro lugar. e da responsabilidade da Sociedade de Estudos de Sociologia e de Antropologia. pretender lançar algumas bases que permitam.CT. sem que a maioria dos portugueses tenha disso consciência e das consequências que. ainda havia certa abundância de barbo. exijam. corvina. surgida quando. para uma mais completa compreensão dos muitos problemas que afectam a realidade actual do sector das pescas. a pessoa humana e a comunidade. que se faça o ponto da situação.. necessariamente. de modo a conhecer e a avaliar as lacunas e os erros do passado que. . daí advirão para as gerações vindouras.N. conhecer. mais de perto. De qualquer maneira. com relevo para grandes aglomerações como Lisboa. nos núcleos piscatórios de Alhandra e Vila Franca de Xira. esteiros e estuário.. igualmente. as diferentes formas de conhecimento disponível realçam a riqueza piscosa do rio Tejo até um passado não muito longínquo e a sua importância na economia alimentar das populações fixadas nas suas margens e dos seus tributários. participei no Projecto de I&D intitulado «A reconversão da pesca artesanal — Problemas Humanos —». robalo. nos ajudem a compreender os comportamentos e dificuldades do presente e a lançar as bases correctas do futuro. de maneira global. Ldª (ANTROPOS) e. de 1979 a 1983. estes pescadores. Contudo. de modo a permitir uma exploração responsável. de algum modo. a produção científica em relação aos avieiros nem sempre tem primado pela qualidade nem pela quantidade. adequada e eficiente das águas e das riquezas do rio Tejo. . em futuros estudos científicos. é necessário tomar decisões (5) que. para além das espécies próprias do seu estuário. que. à época em que foi realizada a observação. Mondego e Tejo. então. facto também confirmado por muitos dos nossos . em maior ou menor escala.. robalo.. sempre se exercia a pesca fluvial. era exercida. É importante notar que o Inquérito não se referia. oferece-nos importantes referências sobre a pesca no Tejo e os pescadores que. Muge.. embarcada ou a pé. pouco valor tinham nas pescas (6). 290). amadores (pg. com base nos dados do Inquérito Industrial de 1890. 294). lampreia. indicando-nos que. pela pequena quantidade capturada. ainda. o Tejo para a safra do sável. classificadas e interpretadas. «em determinadas épocas do ano é muito importante a pesca que se faz no rio Tejo. terão vindo pescar para este rio. mas a pesca fluvial. eram os pescadores ílhavos que emigravam para os rios Tejo e Sado em determinadas épocas. o relatório mandado elaborar pela Sociedade de Geografia de Lisboa. até muito a montante de Abrantes» (pg. Baldaque da Silva na sua memorável obra — Estado actual das pescas em Portugal — e no relatório que elaborou para a 2ª Circunscrição do Reino. costumavam ir deitar alguns lances no rio Liz. ao mencionar. pela forma como foram recolhidas. mas também para cima. lampreia e corvina. temporariamente. exerciam a faina. principalmente. em geral. lampreia e corvina. Aldeia Galega. nas ocasiões de mau tempo. evidência que é confirmada por estudos realizados por essa altura.» (pg. O Inquérito de 1890 referencia os seguintes portos fluviais no Tejo. Constância e Abrantes (pgs. sável.. em 1888. e. os que acima indiquei.linguado. segundo a maior ou menor frequência dos cardumes que transitavam pela costa. não só em todo o estuário do rio. 287 e seguintes). com grande valor económico. Nas temporadas do sável. fazendo moradia a bordo. já escasseavam as espécies sedentárias de água doce (barbo. nos rios Douro. no último quartel do século XIX. os avieiros do Tejo. pelos habitantes das margens. procuravam os pescadores para surgidouro os portos fluviais em condições mais favoráveis para a laboração da sua indústria e escolhiam. boga. resguardando-se do vento e da chuva por meio de um pequeno encerado quadrangular. enguia. De acordo com este testemunho. possivelmente quando diminuiu a frequência dos cardumes de sardinha que passavam junto a Vieira. então. devem ser consideradas de confiança e válidas. Nesta data.) que. o porto de pesca da Vieira esclarece-nos que aí os pescadores se dedicavam à pesca marítima costeira da sardinha. Alcochete. segundo o mesmo Inquérito. por volta de 1900. Santarém. fataça ou muge ou tainha. 287). aos pescadores de Vieira ou da Murtosa como frequentando. Surge. então. mas que. saboga e enguia. isto é. pela pouca importância que merecia. Nos referidos portos. geralmente. que atravessavam «da borda avante. desde a embocadura até Valada. durante todo o ano (pg. pescavam-se a lampreia e o sável. 283 e 284). começando os lances de madrugada. acrescentando que os pescadores da Vieira. Vila Franca de Xira. na época própria. relativamente. repetindo-se até à noite. apenas. empregando artes de arrastar para terra. nos quais. as migratórias (sável.) que tornaram as águas impróprias para a vida animal e vegetal pelas alterações que os seus resíduos provocaram nas diferentes cadeias tróficas (9). armadas num abrigado recanto de uma margem. Barquinha e Abrantes (7). Vale de Figueira. lampreia e corvina). Porto Alto. cal. calculando sempre a duração da faina. pesca clandestina e deficiente preparação e imprevidência dos pescadores. Muge. pesticidas e outros produtos venenosos que infestaram as águas e dizimaram as espécies.). Caneiras (Benfica do Ribatejo). na alimentação e circulação das espécies. Carregado. temporariamente. A abundância de pesca no Tejo terá assim. há muito. —À utilização excessiva. Alhandra. Muitos destes núcleos decresceram de importância ou desapareceram face à diminuição progressiva das mais importantes espécies do rio Tejo. Santarém. Ribeira de Santarém. habitando. através do acréscimo de sedimentos. a desligar-se das suas terras de origem e a fixar-se. —Ao uso de matérias venenosas e explosivas (trovisco... atraído. Sabugueiro. que passavam a seguir os movimentos das espécies migratórias (sável. —As práticas agrícolas e silvícolas deficientes que. —À má gestão e administração dos recursos aquáticos do País. Sacavém. —Ao desenvolvimento explosivo e desordenado e. hoje denominados avieiros. de herbicidas. de Fevereiro até Junho. com o decorrer do tempo. Azambuja. contrariando os que defendem terem chegado os avieiros ao Tejo há mais de 200 anos. formando. caneiros no meio do rio. de acordo com as suas necessidades e os seus interesses. numa primeira fase. de modo a que o pescado chegasse de manhã aos cais do mercado e assim pudessem fazer a sua venda a tempo de ser distribuído pelos vendedores ambulantes para consumo desse dia... por vezes.informadores de Alhandra e Vila Franca de Xira. o desaparecimento dos nichos ecológicos e consequentes locais próprios para a fixação. que puseram em perigo a vida dos recursos vivos aquáticos. sobrepesca. . que chegaram a estenderse de Olivais a Abrantes: Olivais. muitos pescadores do litoral.. —À instalação de fábricas poluidoras nas margens do Tejo e seus afluentes (de celulose. granadas de mão. —À construção de barragens e outras obras de arte que originaram profundas alterações no regime de correntes. devido: —Ao emprego de aparelhos de pesca danosos e prejudiciais à procriação e desenvolvimento das espécies (redes de arrastar e de emalhar com malha inadequada.). nos barcos ou em barracas de pano. começaram. Salvaterra.. Porto Reguengo. Patacão de Cima. clandestino da urbanização sem o conveniente tratamento dos esgotos. Esses pescadores. Póvoa de Santa Iria. especialmente. provocaram. Vaiada. dinamite.. vários núcleos. corvina e lampreia). oxigenação e temperaturas das águas. pouco a pouco... em diferentes locais das margens do Tejo. Chamusca. Alcochete. tapaesteiros. curtumes. para além de agravarem o processo de erosão. Palhota. Palafita. esconderijo e desova de muitas espécies. pouco a pouco. Escaropim. a que não fugiu à regra parte da bacia hidrográfica do Tejo. na agro-pecuária. Vila Franca (com vários). Patacão de Baixo. por forma a dar uma resposta compatível com os problemas pelo mesmo levantados e a poder satisfazer as suas necessidades de sobrevivência.. até este momento. quer através da observação de pessoas quer através da observação de documentos. abandona¬am a actividade piscatória. época do ano. às espécies capturadas. insolação. há que incentivar uma produção científica que permita. à natureza e composição das companhas. isto é. Seja uma análise capaz de compreender os padrões interaccionais entre o ecossistema aquático e o sistema sócio-cultural e as suas implicações na especialização profissional. nas variedades de equipamentos e técnicas. tecnologia e qualidade de vida. os vários núcleos piscatórios avieiros. os locais mais piscosos e o movimento das espécies e os seus itinerários sobre as épocas da desova. as correntes. ainda existentes e os que foram extintos. devendo ainda ser conhecidas as opiniões dos pescadores sobre o ambiente físico e a etno-hidrografia do rio. nos sistemas de distribuição e de remuneração e na qualidade de vida dos avieiros ligados à actividade piscatória. a orografia do seu leito. às artes de pesca e aquelas que. —Ter uma ideia precisa dos factores responsáveis pela diminuição da variedade e riqueza das espécies no Tejo e. a tempo inteiro ou parcial. marés. até agora. por vezes próximos. que ainda se dedicam. o conjunto dos factores responsáveis pelos padrões de interacção homem/rio. de linha e de cana) com as características do ambiente aquático. ser manifestamente insuficiente para a realização daquele tipo de análise. não mereceu. e ainda os muitos perigos e trabalhos penosos que sofrem. nos processos de pesca. para além de particularidades meteorológicas (ventos. existem variantes sócio-económicas e tecnológicas que nos possam mostrar realidades multifacetadas quanto a portos de abrigo. à propriedade das artes e da habitação e formas desta. da percentagem de pescadores. em relação ao passado e ao presente: —Conhecer. por sexos e idades. classificação e interpretação sistemáticas. pelas migrações das espécies. que nos precisem o contorno das suas margens. —Avaliar se. embora resultado de movimentos migratórios de pescadores (que devem ser identificados no tempo e no espaço) e vivendo nos referidos núcleos. não podem ser únicos. ao ambiente. a natureza dos seus fundos. nas dezenas de núcleos piscatórios. aos tipos de embarcações e aparelhos. igualmente. e o número de pessoas. alguns já atrás apontados. —Elaborar cartas de pesca ao longo do rio Tejo. se em cada local o pescador teve ou não necessidade de adaptar-se. . —Relacionar os tipos de pesca praticados (a pé e embarcada) com as condições de tempo.. através de um minucioso inventário.. onde se incluem os já atrás referenciados. culturalmente. desde Sacavém pelo menos até Abrantes. e de alguns estudos realizados sobre aspectos da vida de alguns núcleos dos avieiros do Tejo (19). isto é. uma observação. publicados no fim do século passado. desde a fundação da nacionalidade até ao presente (9). e aos quais poderíamos acrescentar os pesados custos dos aparelhos que. temperaturas. espécies capturadas. devido às exigências do meio aquático e à diversidade de espécies.). em virtude da informação disponível obtida.Para além do conjunto de disposições legais tomadas pelos poderes públicos. exigindo a posse de um grande número. Por estas razões. os esteiros. chuvas. em toda a sua extensão e profundidade. situação geográfica e os diversos tipos de aparelhos utilizados (de rede. o problema da pesca desta classe sócio-profissional ligado ao ambiente. as suas variações ao longo do ano e os seus reflexos no modo de vida dos pescadores (habitação. —Tipificar os padrões relativos ao vestuário e compará-los com os das populações rurais ribeirinhas. —Determinar a exigência de mão-de-obra face às características do meio aquático do Tejo e à tecnologia utilizada e o papel da mulher na actividade piscatória. migrações das espécies. festas.. por ambos os sexos. períodos diurnos e sazonais da actividade. quais os principais agentes responsáveis pela enculturação e socialização. como dona de casa e como mãe. as artes que utiliza e as espécies que captura. e as formas de solidariedade social e inter-ajuda a nível dos poderes . as espécies migratórias e sedentárias e tecnologia que dispõe. porventura.). descrevendo as modalidades que. quem as constrói e onde. as formas de organização social. a aceitação de novas tecnologias e as novas maneiras de enfrentar e explorar os recursos aquáticos e. os conflitos gerados entre as velhas e novas e a influência destas na exploração e renovação das espécies e na alteração da estrutura sócio-económica existente e. quem e onde se confecciona e a que preços. ainda. de que material. —Avaliar as situações de dependência dos pescadores avieiros em relação a comerciantes. seu custo médio e conservação. quer em dias normais quer em dias especiais (baptizados. vestuário. quem manufactura os diferentes aparelhos. —Conhecer as diferentes instituições sociais em que o avieiro se integra. relacionando-os com os recursos aquáticos IS7 existentes e os padrões das populações ribeirinhas com o desempenho de papéis diferentes dos do pescador. este sistema abranja. porventura.. destacando o vestuário utilizado durante a faina. com o ambiente aquático. realçando-se o analfabetismo generalizado e a sua relação com a compreensão dos processos de mudança. —Relacionar as diferentes formas de habitação utilizadas e a sua natureza. ao longo do dia e do ano. finalmente. —Conhecer os diferentes tipos e dimensões das embarcações utilizadas pelos avieiros. —Avaliar os problemas espaciais e temporais que se põem ao pescado. alimentação. a constituição e estrutura da família.. procurando saber qual a duração da actividade piscatória. com as disponibilidades económicas. casas de penhor e outros. da escola e da igreja naqueles processos e as condições ecológicas onde exerce a actividade. face às condições naturais. em que material.conhecendo a evolução das tecnologias e. pobreza e segurança social. —Identificar os padrões alimentares em épocas de abundância e de escassez edurante as estações do ano. as manifestações simbólicas relacionadas com o modo de vida dos avieiros e os perigos que correm durante a faina. e fora dela. conhecendo também quem prepara a alimentação. casamentos. de que modo estão adaptadas tecnologicamente às águas do Tejo e a força motriz que utilizam. incluindo. as funções desta. agricultores. a tecnologia utilizada e os mercados abastecedores e venda do pescado e as posses do pescador. a distribui e a que horas. na companha e na família. igualmente. onde e como o faz. —Relacionar a periodicidade dos recursos aquáticos. ensino. a posse dos meios de produção e o sistema de retribuição do pessoal empregado na actividade piscatória. as bebidas utilizadas durante e fora das refeições e o significado da sua utilização. desenvolve e relaciona ao longo do ciclo da vida. como se conservam e seu preço médio. públicos e da sociedade civil que. (Continua) . —Inventariar as espécies capturadas. destinados a manter na produção o nível dos ditos preços. penúria e doença. serviam de apoio aos ditos pescadores e suas famílias. o seu tratamento. em momentos de carência. formas de distribuição e preços e descrever os processos utilizados com certas espécies. . . . • • • • • • Edição Actual 1ª Página Sociedade Política Cultura e Lazer Desporto . . mas devagar A mulher que andou por Angola a entregar mensagens aos soldados O militar que nunca viu o filho O sonho que ficou para trás Verdes acusam Instituto Português de Sangue de preconceito Populações aterrorizadas sob um manto de fumo Quatro dias de fogo em Ourém Ar irrespirável A derreter À procura da origem dos incêndios Cinco casos de incendiarismo Calor faz crescer os matos mais rapidamente Forcados foram os triunfadores Bons indicadores ao nível da economia Entrou na discoteca com o jipe Nova ponte de Muge no próximo fim-de-semana Recuperar cascata do mouchão e limpar o Alviela Tonova encerrou por “perdas insustentáveis” Feira de Artesanato em Mouriscas Proposta abertas para a Feira dos Frutos Secos Festas em Lamarosa (Torres Novas) Integração dos ciganos através de habitação social Vila Franca vai ter dois centros de saúde Obra da casa mortuária de Sub-Serra está suspensa Aproveitaram liberdade e fugiram da prisão de Alcoentre .• • • • • • • • • • • • • • Economia Profissionalmente falando E-mails do outro mundo O Mirante dos Leitores O Cartoon da Notícia Opinião Cavaleiro Andante Guarda Rios Agora falo eu Não custava nada Inquérito O poder local aqui tão perto Galeria Num Só Clique Outras Notícias · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · “Fatias de Cá” enfrenta Miguel Sousa Tavares Navegar sim.. comércio e serviços. O protocolo que envolve a câmara. Segundo a presidente da câmara. No terreno ribeirinho as casas e barracas devem dar lugar a habitações de luxo. a TDVia e um Fundo de Investimento Imobiliário está a gerar apreensão e polémica na comunidade avieira Os Avieiros da Póvoa de Santa Iria vão ser afastados da margem do rio Tejo onde algumas famílias vivem há mais de 50 anos. Entre as casas dos pecadores e o Tejo podem aparecer habitações de luxo. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira aprovou por unanimidade um protocolo a assinar com a construtora TDVia. o promotor antecipa a cedência do terreno do actual parque de estacionamento junto do terminal .· Caça para todos na lezíria · O local de todas as festas · Ruínas geram insegurança e insalubridade · Recuperação adiada · Parque de estacionamento eliminado para avançar com Museu do Neo Realismo · Como se fossem astronautas · A água que bebemos · Parque urbano do Forte da Casa cresce · Águas da Epal são tratadas na Asseiceira · “Sempre vivemos junto ao rio” · Cd’s e Dvd’s piratas apreendidos na Feira de Azambuja · Requalificação do Vale da Bolonha · Calor deu mais e melhor melão Arquivo: Edição de 10-08-2005 Sociedade Privados cedem terreno na expectativa do PDM permitir urbanização de luxo na Póvoa de Santa Iria Negócio imobiliário afasta avieiros do rio O bairro dos avieiros da Póvoa de Santa Iria será afastado do rio. e um Fundo de Investimento Imobiliário. do grupo Teixeira Duarte. para dizerem que estão de acordo com a mudança. O marido António Lobo refere que o risco de cheia está agravado pelos . a câmara procurou alternativa. Dada a urgência da situação. A mulher preferia “amanhar” a sua casa e continuar onde está. O terreno será área de cedência da futura urbanização ribeirinha. a construção de espaços industriais. Quem não quiser não terá casa no bairro”. a maioria dos moradores ficou no bairro e alguns confessaram a O MIRANTE não aceitam a mudança. explica. “Quem não quiser não terá casa no bairro” Maria da Luz Rosinha diz que quem não aceitar as regras terá de procurar alojamento noutro local “Não há alternativa. serviços e armazéns. O actual PDM apenas permite para a zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria. Lamenta estar impedida de fazer obras na sua habitação há mais de 15 anos. Maria da Luz Rosinha entende que o espaço ribeirinho será valorizado se o novo PDM permitir a construção de habitação de qualidade e espaços para comércio e serviços. refere Rosa Lobo. O promotor fica dependente da revisão do Plano Director Municipal (PDM) em curso para concretizar o loteamento. apesar da presidente garantir que o processo tem o acordo de mais de uma centena de avieiros que participaram numa sessão de esclarecimento. as condicionantes impostas pelos vários instrumentos de gestão do território impediram o avanço do bairro dos pescadores no local onde foi inicialmente projectado e com ligação directa ao rio.rodoviário para a autarquia construir 38 fogos em vivendas de dois pisos. Mais de uma dezena de moradores do bairro dos Pecadores foram à última reunião de câmara acompanhados dos presidentes da junta e da assembleia de freguesia. Os sinais de degradação acentuam-se. Se a situação não for desbloqueada no prazo de três anos. Mas. “No âmbito da requalificação das frentes de água queremos avançar para outro tipo de construções que valorizem as zonas ribeirinhas”.3 milhões de euros (260 mil contos) pelo terreno cedido. isto inunda tudo e vai tudo à vida”. a câmara terá de pagar 1. Tem habitação própria e não está disposta a pagar uma renda pela nova casa. “Se houver um Inverno mau. porque os avieiros vivem com más condições de habitabilidade e debaixo de um risco considerável. refere. “Não sai daqui de qualquer maneira”. A sessão deve ser polémica. disse a autarca Este processo vai ser debatido esta tarde (quarta-feira) na assembleia municipal que se realiza na Póvoa de Santa Iria. Segundo a presidente da câmara. Rosa Lobo habita uma das primeiras casas de alvenaria do bairro. Os pescadores ganham a vida no mar e no rio. “Não nos preocupamos só com a casa para viver. acrescenta Emília Pedrosa que aponta para os esgotos que correm a céu aberto para o rio. ”Mas o trabalho não foi bem feito”. “Há sítios onde os barcos não passam”. diz a mulher que também cresceu à beira do rio. A edil assegura que haverá um cais onde os barcos serão colocados em segurança e serão construídas casas de madeira para os pescadores guardarem os seus artefactos. “Estamos deitados aos bichos”.aterros que fizeram no antigo campo da bola e nos terrenos em redor do bairro. A uns escassos metros do local onde um grupo de crianças se delicia a chapinhar na água poluída e com mau cheiro. porta-voz da comunidade. Não afastou o mau cheiro e ajudou a assorear ainda mais o rio. teremos que nos preocupar com o nosso pão”. Maria da Luz Rosinha garantiu a O MIRANTE que as preocupações dos pescadores estão acauteladas. explica a mulher de um pescador. explica a O MIRANTE que a câmara fez várias dragagens naquele local onde os esgotos correm para o rio. A presidente da câmara. explicam. O Mirante Nelson Silva Lopes . Exigem condições para ancorar os barcos e para guardar os artefactos que utilizam na faina. “Estamos aqui enterrados”. Os avieiros não estão apenas preocupados com o realojamento e manifestam-se apreensivos quanto ao ordenamento do espaço ribeirinho. “Já estão habituados”. diz. As cargas de vários batelões foram colocadas mais à frente. Daniel Letra. frisa.