contabilidade socialuma introdução à macro conomia Leda Maria Paulani e Márcio Bobik Braga 3 a edição – Revista e atualizada A nova www.saraivauni.com.br Leda Maria Paulani Márcio Bobik Braga (Professores da FEA-USP) A Nova Contabilidade Social uma introdução à Macroeconomia 3a edição Revista e atualizada www.saraivauni.com.br Rua Henrique Schaumann, 270 – CEP: 05413-010 Pinheiros – TEL.: PABX (0XX11) 3613-3000 Fax: (0XX11) 3611-3308 – Televendas: (0XX11) 3613-3344 Fax Vendas: (0XX11) 3268-3268 – São Paulo – SP Endereço Internet: http://www.saraivauni.com.br ISBN 978-85-02-06430-0 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. P349n 3.ed. Paulani, Leda Maria A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia / Leda Maria Paulani, Márcio Bobik Braga. - 3.ed. rev. e atual. - São Paulo : Saraiva, 2007. Contém questões para revisão e exercícios de fixação Anexos Apêndices Inclui bibliografia ISBN 978-85-02-06430-0 1. Contabilidade social. 2. Contabilidade social – Brasil. 3. Contas nacionais – Brasil. I. Braga, Márcio Bobik. II. Título. 07-0527 CDD: 339.981 CDU: 330.534(81) Filiais AMAZONAS/RONDÔNIA/RORAIMA/ACRE Rua Costa Azevedo, 56 – Centro Fone/Fax: (0XX92) 3633-4227 / 3633-4782 – Manaus BAHIA/SERGIPE Rua Agripino Dórea, 23 – Brotas Fone: (0XX71) 3381-5854 / 3381-5895 / 3381-0959 – Salvador BAURU/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Monsenhor Claro, 2-55/2-57 – Centro Fone: (0XX14) 3234-5643 / 3234-7401 – Bauru CAMPINAS/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Camargo Pimentel, 660 – Jd. Guanabara Fone: (0XX19) 3243-8004 / 3243-8259 – Campinas CEARÁ/PIAUÍ/MARANHÃO Av. Filomeno Gomes, 670 – Jacarecanga Fone: (0XX85) 3238-2323 / 3238-1331 – Fortaleza DISTRITO FEDERAL SIA/SUL Trecho 2, Lote 850 – Setor de Indústria e Abastecimento Fone: (0XX61) 3344-2920 / 3344-2951 / 3344-1709 – Brasília GOIÁS/TOCANTINS Av. Independência, 5330 – Setor Aeroporto Fone: (0XX62) 3225-2882 / 3212-2806 / 3224-3016 – Goiânia MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSO Rua 14 de Julho, 3148 – Centro Fone: (0XX67) 3382-3682 / 3382-0112 – Campo Grande MINAS GERAIS Rua Além Paraíba, 449 – Lagoinha Fone: (0XX31) 3429-8300 – Belo Horizonte PARÁ/AMAPÁ Travessa Apinagés, 186 – Batista Campos Fone: (0XX91) 3222-9034 / 3224-9038 / 3241-0499 – Belém PARANÁ/SANTA CATARINA Rua Conselheiro Laurindo, 2895 – Prado Velho Fone: (0XX41) 3332-4894 – Curitiba PERNAMBUCO/ALAGOAS/PARAÍBA/R. G. DO NORTE Rua Corredor do Bispo, 185 – Boa Vista Fone: (0XX81) 3421-4246 / 3421-4510 – Recife RIBEIRÃO PRETO/SÃO PAULO Av. Francisco Junqueira, 1255 – Centro Fone: (0XX16) 3610-5843 / 3610-8284 – Ribeirão Preto RIO DE JANEIRO/ESPÍRITO SANTO Rua Visconde de Santa Isabel, 113 a 119 – Vila Isabel Fone: (0XX21) 2577-9494 / 2577-8867 / 2577-9565 – Rio de Janeiro RIO GRANDE DO SUL Av. A. J. Renner, 231 – Farrapos Fone: (0XX51) 3371- 4001 / 3371-1467 / 3371-1567 – Porto Alegre SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SÃO PAULO (sala dos professores) Av. Brig. Faria Lima, 6363 – Rio Preto Shopping Center – V. São José Fone: (0XX17) 227-3819 / 227-0982 / 227-5249 – São José do Rio Preto SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SÃO PAULO (sala dos professores) Rua Santa Luzia, 106 – Jd. Santa Madalena Fone: (0XX12) 3921-0732 – São José dos Campos SÃO PAULO Av. Antártica, 92 – Barra Funda Fone: PABX (0XX11) 3613-3666 – São Paulo Copyright © Leda Maria Paulani e Márcio Bobik Braga 2007 Editora Saraiva Todos os direitos reservados. Direção editorial Coordenação editorial Flávia Alves Bravin Ana Paula Matos Gisele Folha Mós Juliana Rodrigues de Queiroz Rita de Cassia da Silva Daniela Nogueira Secondo Rosana Peroni Fazolari Nathalia Setrini Philologus Ltda-ME Daniel Rampazzo Christy Ganzert Pato ERJ Composição Editorial Produção editorial Marketing editorial Projeto gráfico e editoração Capa Revisão técnica e colaboração especial Atualização da 3a tiragem Contato com o editorial
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[email protected] MÁRCIO BOBIK BRAGA Mestre e Doutor em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Márcio Bobik Braga é professor de Contabilidade Social e Macroeconomia da FEA-USP, campus de Ribeirão Preto e co-autor do livro Manual de Economia, Equipe dos Professores da USP, da Editora Saraiva. A NOVA CONTABILIDADE SOCIAL Além da experiência acadêmica, que inclui cursos de especialização e pós-graduação lato sensu em diversas instituições de pesquisa, Márcio Bobik Braga possui ampla experiência profissional na área de economia, tanto no setor privado como no público, em empresas como Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Possui inúmeras publicações em jornais e revistas da área, como a Estudos Econômicos, Planejamento e Políticas Públicas, do Ipea, e a Informações, da Fipe. Contato com o autor:
[email protected] NOTA DOS AUTORES A elaboração deste livro deve-se em grande parte à experiência dos autores nos cursos de Contabilidade Social ministrados na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, FEA/USP, nos campi de São Paulo e Ribeirão Preto. Buscou-se escrever um livro com destacada ênfase no aspecto didático, sem abrir mão, porém, do rigor científico na apresentação dos conceitos e das diferentes visões teóricas. O livro destina-se a atender não apenas os cursos de Contabilidade Social e Macroeconomia, mas também os demais cursos de conteúdo econômico ministrados em outras áreas das Ciências Sociais ou mesmo cursos de extensão para não-economistas. Partindo da idéia de que a Contabilidade Social constitui um instrumento de aferição macroscópica do movimento econômico de uma nação, o livro contempla um grande universo de conceitos que não se restringe às contas nacionais. Nesse universo, também estão presentes inúmeros conceitos ligados ao setor externo e ao sistema monetário, todos devidamente apresentados e analisados em capítulos específicos. Procurou-se ainda dar conteúdo efetivo ao termo “social”, presente no título do livro, por meio da apresentação e discussão crítica de inúmeros indicadores sociais que, do nosso ponto de vista, são necessários a uma adequada avaliação acerca do verdadeiro sentido do termo “desenvolvimento”. Dividiu-se o texto em nove capítulos, além de um conjunto de anexos com estatísticas sobre a economia brasileira. Os quatro primeiros dedicam-se à Contabilidade Nacional propriamente dita. No Capítulo 1, é realizada uma breve introdução acerca dos principais conceitos macroeconômicos (produto, renda e dispêndio), bem como uma análise do chamado “fluxo circular da renda”. No Capítulo 2, apresentamos, como é usual, a estrutura das contas nacionais, da ótica de sua fundamentação teórica, partindo-se de uma economia simplificada, isto é, fechada e sem governo, para uma economia mais complexa e próxima da realidade (ou seja, aberta e com governo). Neste capítulo, procura-se também demonstrar o vínculo que liga a contabilidade nacional à macroeconomia, não apenas quanto ao seu efetivo entrelaçamento como também quanto à história das idéias. No Capítulo 3, são A NOVA CONTABILIDADE SOCIAL apresentadas algumas importantes questões relativas à mensuração dos agregados, algumas das quais não costumam ser tratadas nos livros de macroeconomia e de contabilidade social (por exemplo, o meio ambiente). No Capítulo 4, descreve-se brevemente a experiência brasileira na mensuração dos agregados e na elaboração do sistema de contas nacionais e apresenta-se o sistema atualmente vigente, cuja metodologia de elaboração é de responsabilidade da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — Fundação IBGE, seguindo as orientações do System of National Accounts (SNA) da ONU. Tal metodologia, apesar de guardar os fundamentos apresentados nos Capítulos 1 e 2, difere significativamente no que diz respeito à forma tradicional de apresentação do sistema. Sua estrutura é baseada na chamada “Tabela de Recursos e Usos” e no “Sistema de Contas Econômicas Integradas”, desenvolvidos recentemente pela Fundação IBGE para adequar o sistema brasileiro às recomendações do SNA 93. Essa última mudança na metodologia e na forma de apresentação, realizada em 1998, ainda não ganhou a divulgação necessária, seguramente em função de seu grau de complexidade razoavelmente mais elevado, quando comparado aos sistemas anteriores. Em função disso, fizemos um enorme esforço (que esperamos seja bem-sucedido) na demonstração e análise desse novo sistema, esperando facilitar a compreensão de sua lógica interna e a utilização de suas informações por parte daqueles que delas necessitem. Foi ainda em função de objetivos didáticos que optamos por incluir, neste capítulo, também o sistema anterior, vigente de 1987 até 1998, indicando as modificações efetuadas e mostrando as correspondências entre os dois sistemas. Os quatro capítulos seguintes foram elaborados partindo-se da idéia, já destacada nesta nota, de que a Contabilidade Social deve ser entendida não apenas como o estudo do sistema de contas nacionais, mas também como o estudo do conjunto dos agregados macroeconômicos, incluindo-se nesse universo o setor externo e o sistema monetário. O Capítulo 5 apresenta a estrutura do balanço de pagamentos, bem como sua mecânica contábil, e discute as questões ligadas à política cambial e ao ajuste das contas externas. Este mesmo capítulo traz ainda um anexo em que são apresentadas algumas reflexões sobre a comentada questão da internacionalização financeira. Os Capítulos 6, 7 e 8 são dedicados à moeda e ao sistema monetário. O Capítulo 6 trata da moeda de um ponto de vista conceitual, mostrando sua importância na sociedade moderna e suas funções. Este capítulo traz também um anexo que descreve a trajetória do conceito de moeda ao longo da história do pensamento econômico. O Capítulo 7 descreve em detalhes a estrutura e a forma de funcionamento do sistema monetário, dando ênfase ao papel dos bancos comerciais enquanto produtores de moeda escritural, às funções do Banco Central e aos instrumentos de controle da oferta de moeda. O Capítulo 8 traz algumas reflexões NOTA DOS AUTORES sobre as relações entre moeda, sistema monetário, nível de atividade, inflação e déficit público e um anexo que mostra um pouco da história dos bancos centrais e de seu ambíguo papel dentro do sistema monetário. Enfim, o último capítulo é dedicado à questão dos indicadores sociais, sem o que o adjetivo “social”, que qualifica o termo “contabilidade”, não estaria sendo contemplado em sua verdadeira dimensão e significado. Nesse capítulo é apresentado um conjunto de indicadores sociais, que consideramos indispensáveis na avaliação do desenvolvimento de um país. Sem abrir mão da importância indiscutível do crescimento econômico, particularmente para países que se encontram em níveis ainda muito reduzidos de geração de produto, parte-se aqui da idéia de que o desenvolvimento deve ser entendido como um processo bem mais complexo do que o mero crescimento da renda, ainda que se tome esta última em sua versão per capita. Assim, uma série de indicadores sociais são analisados, dando-se especial destaque ao índice de Gini (que avalia os parâmetros distributivos) e ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), estimado pela ONU, o qual procura levar em conta, junto com a renda, outros indicadores de desempenho social, particularmente aqueles associados à saúde e à educação, diretamente responsáveis pela qualidade de vida. No apêndice estatístico são apresentadas as contas nacionais do Brasil para os anos 1990, tanto pela metodologia anterior (que engloba dados para o período que vai de 1990 a 1995), quanto pela atual (a partir de 1996). São apresentadas também estatísticas macroeconômicas básicas da economia brasileira referentes ao setor externo e ao sistema monetário. Trata-se de uma parte fundamental do livro já que, além de complementar a análise presente nos capítulos, condensa uma série bastante significativa de dados e informações sobre a economia brasileira, ajudando assim a cumprir um dos objetivos da obra que é o de auxiliar o leitor no entendimento do desempenho econômico recente de nosso país. Por tudo que foi até aqui colocado reputamos ser esta uma nova contabilidade social. Ela é nova na concepção, porque toma, como peças constitutivas da contabilidade social, além do sistema de contas nacionais, outros instrumentos como as contas monetárias e o balanço de pagamentos. Ela é nova porque procura, analisando os indicadores sociais, dar vida ao social dessa contabilidade. Ela é nova porque traz, devidamente analisadas e discutidas, as mais recentes metodologias, tanto no que diz respeito ao sistema de contas nacionais, quanto no que tange ao IDH. Finalmente ela é nova porque incorpora temas absolutamente contemporâneos, dentre os quais destacamos a mensuração das perdas que o processo de produção tem imposto ao meio ambiente e a internacionalização do sistema financeiro, seja no que tange a suas origens, seja no que diz respeito a seus efeitos sobre as contas externas dos países tradicionalmente importadores de capital, como o Brasil. A NOVA CONTABILIDADE SOCIAL Os autores são especialmente gratos aos Professores Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos (FEA — São Paulo), que nos convidou e incentivou a desenvolver este projeto, e a Amaury Patrick Gremaud (FEA — Ribeirão Preto), pelo fornecimento de inúmeros dados, referências e sugestões. Os autores agradecem ainda aos alunos, principais responsáveis por nossa motivação na realização deste trabalho. Leda Paulani Márcio Bobik Braga PREFÁCIO Vivemos numa sociedade de quantidades, de números, que imagina que conhece ou pode conhecer tudo, rigorosa e exatamente. Quanto mede, quanto pesa, quanto custa e quanto vale são as perguntas mais importantes. A melhor resposta pretende sempre ser a chamada resposta “racional”: qual a melhor alternativa para plantar batatas, educar crianças ou abrir estradas? Qual a forma mais eficiente, isto é, que produz mais com o menor custo? “Racional” acaba por ser sempre a “razão” entre dois números — a receita e o custo. Para muitas perguntas não existe resposta única. Mas a decisão e os argumentos são pesados e avaliados pela força dos números. A opinião oposta é acusada de “irracional”, “ineficiente” ou muito cara. A contabilidade é a língua usada nessa discussão sobre quase tudo. Os dados contábeis, o “resultado abaixo da linha”, os lucros são a resposta final, o “cala-boca” irretorquível, contra o qual parece não haver argumentos. Mas as coisas não são assim. Em contabilidade, como em matemática, estamos apenas organizando e interpretando coisas, decisões, empresas, administrações públicas e privadas, e fazemos isso sempre a partir de um ponto de vista inicial, de hipóteses escolhidas entre diferentes alternativas. Isso acontece na empresa privada, na auditoria, nas contas públicas. Vejam a contabilidade dos bancos brasileiros que acabaram sendo fechados ou vendidos depois das intervenções do Banco Central. Em muitos casos houve fraude, impossibilidade de revelar a “verdade”. Mas também existem casos de interpretações alternativas: qual é o crédito que realmente não vai ser pago? Quanto vale, de fato, aquela posição de ações? Se existem interpretações alternativas na contabilidade privada, imagine-se quando estamos medindo as variáveis econômicas agregadas de um país? Inflação, produto nacional, desequilíbrio no balanço de pagamentos, déficit público... Basta lembrar que, nas diversas negociações do Brasil com o FMI, as autoridades brasileiras tiveram de se engajar em duras discussões, não sobre as metas a serem atingidas, mas sob os critérios a serem adotados na mensuração das variáveis A NOVA CONTABILIDADE SOCIAL envolvidas nessas metas. Em 1981, conseguimos excluir a correção monetária do crescimento da dívida pública. Em 1995, não conseguimos incluir as receitas da privatização de estatais como receita e assim reduzir o tamanho do déficit. A Argentina conseguiu. Além disso, na Argentina, o déficit público não inclui estados e municípios, e no Brasil, sim. Por quê? O que é mesmo déficit público? Assim, contabilidade social não é assunto chato, árido ou distante das polêmicas mais vivas sobre a economia nacional, a política e os destinos de nosso país. Nem pode ser estudada independentemente de um sólido conhecimento de macroeconomia e política econômica. Isso tudo pode ser visto com clareza neste livro da professora Leda Paulani e do professor Márcio Bobik. Nesta obra, eles conseguem tratar a contabilidade social como ela deve ser tratada. Em primeiro lugar, entendendo-a como algo que vai além do sistema de contas nacionais e que tem necessariamente de levar em consideração, por exemplo, os indicadores sociais, como o IDH ou o índice de Gini. Em segundo lugar, oferecendo aos leitores e alunos o arcabouço teórico que está por trás de cada conta, de cada critério de agregação, de cada conceito. E eles fazem tudo isso guardando o rigor e a clareza que sempre marcaram seus trabalhos. A contabilidade social aqui apresentada é viva, interessante e associada às discussões dos problemas macroeconômicos. O leitor deste livro de contabilidade social deixará de ver o assunto como apenas introdutório e meio maçante, uma espécie de calvário que precisa ser ultrapassado antes que se possa chegar aos temas mais quentes e vivos da macroeconomia. Ao contrário, o livro vai até os fundamentos de cada conceito para que possamos concordar ou discordar profundamente de quase todos os assuntos que enchem as páginas de todos os jornais, particularmente os brasileiros, sempre lotados de discussões sobre déficit público, reformas da previdência, inflação, contas externas... Apresenta tratamento bastante cuidadoso e extenso sobre questões bastante atuais, por exemplo, a questão do meio ambiente. Na mensuração do produto nacional devemos ou não levar em conta a degradação que a produção e o consumo impõem ao meio ambiente, como a exaustão de recursos exauríveis, a poluição das águas e a destruição das florestas? Qual é o verdadeiro valor do Produto Nacional dos países mais ricos do mundo, se esses países são também os principais produtores de poluição atmosférica e das águas e são os principais causadores de destruição da camada de ozônio? Se tudo isso for incorporado às contas, será que esses países são tão produtivos como parecem ou são, na realidade, predadores planetários? Será possível incorporar o bilhão e meio de chineses ao padrão de consumo dos países ricos, com um automóvel para cada seis habitantes? Esta também é uma questão de números e de contabilidade. Tenho certeza que chineses, brasileiros e PREFÁCIO americanos farão “balanços diferentes” de cada uma dessas questões, apesar de todos usarem o método das partidas dobradas. Para discutir e entender esses problemas é preciso saber por que esta ou aquela medida é selecionada, por que é mensurada deste ou daquele jeito e quais as implicações de cada alternativa. Este livro apresenta com clareza os conceitos básicos, as interpretações e os fundamentos da contabilidade social de forma interessante, viva e, principalmente, relevante. João Sayad SUMÁRIO 1 A Contabilidade Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Conceitos básicos: produto, renda e despesa agregada e o fluxo circular da renda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.1 Considerações iniciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.2 A identidade produto ≡ renda ≡ dispêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.3 O fluxo circular da renda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Contas Nacionais: Estrutura Básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 As contas nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2.1 Economia fechada e sem governo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2.2 Economia aberta e sem governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2.3 Economia aberta e com governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 Da contabilidade social à macroeconomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Revisitando Keynes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.2 A determinação da renda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Exercícios de fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 2.1 A matriz insumo-produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A NOVA CONTABILIDADE SOCIAL 3 Contas Nacionais: Problemas de Mensuração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Dificuldades técnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.1 Contabilidade real × contabilidade nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2.2 Comparações entre países. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Dificuldades operacionais: a economia informal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4 Dificuldades conceituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4.1 As atividades não monetizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4.2 Contabilidade social e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 3.1 Números índices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.3.1 Índices simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.3.2 Índices compostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.3.3 O deflator implícito do PIB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 As Contas Nacionais no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.1 Introdução: dos primórdios até o SNA 1993 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 O sistema brasileiro de contas nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.1 O sistema vigente até 1996 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.2 O novo formato das contas nacionais no Brasil (SNA 1993) . . . . . . . 4.2.2.1 A Tabela de Recursos e Usos (TRU) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.2.2 As Contas Econômicas Integradas (CEI) . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 O Balanço de Pagamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.1 5.2 5.3 5.4 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A estrutura do balanço de pagamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A contabilidade do balanço de pagamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Taxa de câmbio e regimes cambiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUMÁRIO 5.4.1 Taxa de câmbio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.4.2 Regimes cambiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.4.3 Taxa de câmbio: fatores financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.4.4 A paridade do poder de compra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.5 Ajustando o balanço de pagamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.6 O balanço de pagamentos no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Exercícios de fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 5.1 A internacionalização financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 A Moeda: Importância e Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.1 A importância da moeda na sociedade moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.2 As funções da moeda: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.3 A moeda mercadoria e o papel-moeda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 6.1 A moeda na história do pensamento econômico . . . . . . . . . . . . . . . 7 O Sistema Monetário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.1 Os meios de pagamento: moeda corrente e moeda escritural . . . . . . . . . . 7.2 O Banco Central e o controle dos meios de pagamento . . . . . . . . . . . . . . . 7.2.1 As funções do Banco Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.2.2 As contas monetárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7.2.3 O multiplicador bancário e a criação e destruição de meios de pagamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Exercícios de fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A NOVA CONTABILIDADE SOCIAL 8 Sistema Monetário e Inflação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.2 Moeda, inflação e nível de atividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.3 Sistema monetário, inflação e déficit público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 8.1 A história do Banco Central e a discussão sobre sua independência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Indicadores Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.1 Introdução: crescimento × desenvolvimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.2 Produto agregado, produto per capita e distribuição de renda . . . . . . . . . 9.3 Indicadores de qualidade de vida e o índice de desenvolvimento humano (IDH) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9.4 Desigualdades regionais e qualidade de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Questões para revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 9.1 O índice de Gini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 9.2 O cálculo do IDH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Apêndice Estatístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Apêndice A — Sistema Consolidado de Contas Nacionais (até 1995) . . . . . . . . . Apêndice B — Sistema Consolidado de Contas Nacionais – SNA 1993 . . . . . . . Apêndice C — Balanço de Pagamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Apêndice D — Sistema Monetário Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Índice Remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .