1 A LINGUAGEM DO ADVOGADO Theotonio Negrão Transcrição de palestra aos alunos do 3º ano da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, em 11-11.86.Cadeira de Direito rocessual Ci!il ". #eprodução de te$to %ra!ado, conser!ada a lin%ua%em, apropriada aos estudantes do 3º ano &'ota S. (. B.). Prezado Prof. Dr. Calixto Antônio, prezado Prof. Dr. Sidnei Beneti, meus alunos. Confesso ue estou um pou!o preo!upado por ter ue falar !oisas a "o!#s, por ue não tenho o h$%ito de fazer palestras. Sou um ad"ogado militante h$ uarenta e tantos anos, tenho o h$%ito de falar aos &u'zes nos Tri%unais, mas não o de falar aos estudantes de Direito. (uanto aos &u'zes, tenho a dizer o seguinte) nem sei mesmo se sou %em ou"ido, por ue geralmente, depois ue fa*o minhas sustenta*+es, os &u'zes ,a!ordam-. .eio sempre, no final das de!is+es !oleti"as, ue os &u'zes ,a!ordam-... A impressão / a de ue não me de"em ou"ir !om muito prazer. Pe*o, por isso, a indulg#n!ia de "o!#s, e esta indulg#n!ia de"e ser re"estida de um !erto tom sentimental, por ue, "oltando a São Bernardo do Campo e en!ontrando a ui meu uerido Prof. Dr. Calixto Antônio, sou le"ado ao passado, a 0120, uando ti"e a honra de presidir a ui um Congresso de Asso!ia*+es de Ad"ogados.Ti"emos, na uela oportunidade, 03 entidades de !lasse ue resol"eram sal"ar o pa's4 s5 ue não tomaram muito !onhe!imento de nossa deli%era*ão... mas a "erdade / ue fizemos o ue esta"a ao nosso al!an!e. 6 Prof. Sidnei Beneti me propôs o seguinte tema) “A Linguagem do Advogado”. Sei por experi#n!ia pr5pria, pois tenho ou"ido uma por*ão de palestras, ue o orador nun!a se at/m ao tema, e as partes mais interessantes são exatamente a uelas ue estão de fora dele. Por isso, pe*o li!en*a para não falar apenas so%re a linguagem do ad"ogado. 7alarei um pou!o mais, tam%/m, so%re o estilo do ad"ogado, so%re a conduta do ad"ogado, ue est$ mais ou menos ligada 8 linguagem do ad"ogado, e ue tal"ez se&a mais importante ue esta. A nossa profissão, e me orgulho muito de ser ad"ogado 9sou ad"ogado h$ uase !in :enta anos;, / uma profissão ue tem um C5digo de <ti!a Profissional, e esse C5digo de <ti!a Profissional tem "alidade não s5 legal, !omo "alidade pessoal, moral. Ningu/m pode ser um grande ad"ogado, ningu/m pode pretender estar desempenhando a sua profissão !omo de"e, se não !umprir os pre!eitos da /ti!a profissional. A isso retornaremos. Come!emos pela linguagem. A linguagem / uma forma de !omuni!a*ão. de "ontade de !ola%orar !om a &usti*a. dentro em %re"e) então. ue foi seu se!ret$rio. e. o Prof. mas estarão. nem express+es "ulgares. se "amos !on"en!er. de"o a!res!entar ue ganharam. refiro@me. ? por u#= Por ue a!onte!e ue a limpeza do tra%alho d$ impressão de honestidade.ao ue o mestre perguntou) .2 (ue seria poss'"el dizer a respeito da linguagem= > primeira "ista. / ue a !orre*ão da linguagem / fundamental para o ad"ogado. temos de exprimir essa arte ue / a !omuni!a*ão. (uando Aristides "oltou. ? por ue fundamental= Não por patriotismo. ue não de"e transigir. a !ome*ar pelo modo de datilografar. pensem nisto) h$ algumas !oisas ue são importantes. atra"/s do perfeito dom'nio da linguagem. 6 ad"ogado não pode re!orrer 8 g'ria. ? mais adiante "ou . de seriedade. ?u me permito dar algumas sugest+es. Aristides Balheiros. n5s "amos ganhar esta !ausaC. Sei ue "o!#s tal"ez ainda não este&am ad"ogando. le"ou uma peti*ão para despa!har.. disse) . Am saudoso mestre. !erta "ez. A nossa forma de !omuni!a*ão / o portugu#s4 uem não domina o portugu#s não tem possi%ilidade de se !omuni!ar perfeitamente !om algu/m. tam%/m. !onta"a ue. A nossa fun*ão / !on"en!er e. ?. mas por ue o ad"ogado ue não !onsegue ter uma linguagem !orreta tam%/m não !onsegue exprimir ade uadamente o seu pensamento. De ue maneira se o%t/m esse perfeito dom'nio= A primeira !oisa ue o ad"ogado de"e pensar / ue existem estilos. No/ Aze"edo. A resposta de Aristides foi) . Dealmente. entre eles. no tra%alho forense. De"e ha"er um espa*amento razo$"el entre os assuntos4 h$ uem es!re"a em espa*o simples4 espa*o simples / mais ou menos ileg'"el.Por u#=. uando falo em linguagem. o estilo forense4 esse estilo forense / mais ou menos !l$ssi!o) o ad"ogado não pode se dar ao luxo de usar express+es !olo uiais. assim !omo na 7a!uldade de Direito o professor não pode se dar ao luxo de usar express+es !hulas.Professor. A linguagem tem uma !erta dignidade e essa dignidade de"e ser atingida pelo ad"ogado. 8 apresenta*ão f'si!a do tra%alho do ad"ogado.por ue o &uiz disse) (ue %eleza de tra%alho de datilografiaC-. não pode usar express+es menos ade uadas. mas de"o dar uma expli!a*ão) / ue tenho um tra%alho. portanto.ser"idão-. em mat/ria de agra"o de . 6s par$grafos !ompridos desesperam os leitores e o &uiz / um mau leitor. os longos par#nteses e digress+es. Desisti. ?ntão. então. !omo / ue gostaria ue esse tra%alho fosse apresentado=. ?m estil'sti!a. ?"item as ora*+es !ompridas. pois. ?ntre !ada par$grafo. tenho de falar . mas não !onsigo ler o ue ele es!re"e. por ue os per'odos dele t#m tr#s p$ginas. ?m todo !aso.posse-. Não !onsigo ler per'odos de tr#s p$ginas) fi!o aflito. tenham pena do &uiz. Pensem nisso. A linguagem da lei. Se eu falo . Ama delas / a !lareza. refa*am a frase. ?sse li"ro se !hama Anatomia do Crime e prin!ipia !om a seguinte frase) . uais as !oisas ue poderiam fa!ilitar a "ida do &uiz. por ue ele se "inga de uem es!re"eu. tenho ue !ontinuar falando . por isso. at/ o uinto !ap'tulo o !idadão não tinha atendido ao telefone. tenho o defeito de es!re"er !om muitos par#nteses. Tenho para mim ue existe uma regra de ouro para o ad"ogado. não / a"essa a repeti*+es. "o!#s estarão a&udando seu !liente. Famos "er. por/m. por ue / um termo t/!ni!o4 se eu falo . um *est seller ue me foi dado por um saudoso e grande amigo. Alfredo Buzaid. Enfelizmente. ue / um modelo de %oa linguagem. de"e@se es!re"er em linguagem direta. Come!ei a ler o li"ro. De"o e"itar. existe a id/ia de tro!arem@se as pala"ras por sinônimos. a regra ue !onsidero $urea para o ad"ogado. e sua "ingan*a / muito mais s/ria. Prin!ipalmente.6 telefone to!ou-. A'. ?s!re"am !om a maior !lareza poss'"el. / &ulgar !ontra o ad"ogado. mas se&am !laros. olhem. / !laro.Se eu fosse o &uiz. "oltem. usando sempre as mesmas pala"ras. mudar as pala"ras por ue fa!ilito ao &uiz a!ompanhar o meu ra!io!'nio. estou lhes dizendo isto) por fa"or. e fui for*ado a es!re"er !om muitos par#nteses. feito pelo Prof. assim. ual a regra mais importante= < pensar da seguinte forma) . para ue se e"item as repeti*+es. Pois. não se preo!upem muito !om a repeti*ão de pala"ras. Não !onsegui ler o li"ro. "amos entrar mais um pou uinho no estilo do ad"ogado. por ue. ? a !lareza / a%solutamente ne!ess$ria. ?le est$ es!re"endo para !on"en!er o &uiz. te"e uma !orre*ão sintom$ti!a. sinto@me sufo!ado. Tenho um amigo a uem prezo muito. de"e ha"er um espa*o maior. 6 C5digo de Pro!esso Ci"il. fa!ilitar a "ida dele. a linguagem do &urista.posse-. estou dando minha experi#n!ia. ue "o!#s de"em ter a'.. Tenho uma outra experi#n!ia !om um li"ro. por ue / um termo t/!ni!o. desesperado..egisla*ão Pro!essual em Figor.ser"idão-. 6s par#nteses de"em ser e"itados. o C5digo de Pro!esso Ci"il e . estou tra%alhando para !on"en!er o &uiz4 de"o. esperando ue atendessem ao telefone. Bas não / um %om estilo.3 dizer ual a regra mais importante. in!lusi"e. e "o!#s "erão por ue o espa*o simples não de"e ser utilizado. por ue não podia fazer notas so%re notas. uando es!re"e nos autos. Por exemplo. por ue tenho a impressão de ue o &uiz.a!ho ue / uma a*ão de despe&o4 ou então... at/ o fim. e "ou dizer por ue) o ad"ogado tem de separar argumentos &ur'di!os de argumentos extra&ur'di!os ou para&ur'di!os. ou mesmo uma separa*ão &udi!ial litigiosa.. por ue sinto. e dar umas .6 &uiz tem de dar aten*ão a . falou. 6 leitor fi!a pensando) . es!re"em. h$ ne!essidade de expor sistemati!amente a mat/ria. "e&am %em. uando entrou em "igor4 na parte de agra"o de instrumento.9o autor. .o re!orrido. 8s "ezes.tem de ser rela!ionado !om o su%stanti"o mais pr5ximo. fa*o um resumo da id/ia.. o ad&eti"o . trazem simpatia para a !ausa. A simpatia / muito importante. argumentos ue não t#m rela*ão direta !om a tese &ur'di!a. tem meio e tem fim4 ele se desdo%ra em id/ias.o agra"ado-.seu-4 o . para maior !lareza. por ue a!ho ue o ad"ogado não tem o direito de repetir4 se ele disse. / pre!iso sele!ionar os fatos. sempre ue o en!erro. mas ue são importantes. falo de clareza. umas oportunidades para ue o &uiz "erifi ue não s5 ue temos direito. ou não per!e%eu exatamente onde uero !hegar. digo. Agora. ou se / um !ompromisso de !ompra e "enda. ?ntão. ue se mante"e !oerente. e at/ a ter!eira ou uarta p$gina e. de"e ser uma a*ão possess5ria-. Por u#= Por ue a uele era o sistema da lei. ela dizia . ?le tem in'!io. .a uele. ser$ ue o &uiz &$ não fi!ou !om pena s5 de "er ue a a*ão de despe&o era !ontra uma "elhinha= Coitadinha da "elhinhaC Depois. I$ disse ue as pala"ras podem ser repetidas. Por isso. não deixem de expor os fatos ini!ialmente. ue pro!uro faz#@lo !omo se fosse uma o%ra de ar uitetura. S5 de"e se repetir uando resume seu argumento. eu passo de uma id/ia para outra e. ue fazem a uilo ue no r$dio se !hama moldura. a !ada "ez ue o en!erra. não. para ue o &uiz tra%alhe so%re ela. não.e . pelo menos no tra%alho ue fa*o.e .o agra"ante. 7ora apro"ada uma modifi!a*ão no C5digo de Pro!esso.e .o re!orrente. "eio uma no"a modifi!a*ão no texto. Digamos o seguinte) se estou defendendo uma senhora ue est$ sendo despe&ada.Trata@se de uma a*ão de despe&o mo"ida !ontra uma o!togen$ria.4 instrumento. Esto / importante num arrazoado.este. ? d#em primeiro a exposi*ão dos fatos. e pe*o li!en*a para diz#@lo. para .são pro%lema) . Am arrazoado de"e ter uma estrutura ar uitetôni!a.. H$ ad"ogados ue es!re"em. para depois dar a exposi*ão do direito. ? ual / . Primeiro. ou est$ muito atarefado. e / s5 ali ue me repito.a uele-= 6 r/u..este. .deixas. !omo tam%/m ue a !ausa / simp$ti!a. Bas. não se fi!a sa%endo se se trata de uma a*ão de despe&o. Desumo minha id/ia e meu argumento.seu.. < importante. e de"em ser repetidas. Claro ue o fato de estar sendo mo"ida a a*ão !ontra uma o!togen$ria não traz nenhuma !onse :#n!ia &ur'di!a. dão uma id/ia simp$ti!a. na exposi*ão dos fatos) . Gosto de dizer isto. e nun!a se fi!a sa%endo exatamente. Agora. ex.. Agora.de!isão mono!r$ti!a.!r$ti!a. 6 li"ro Como se Fa+ uma Tese.retomada edil'!ia-.5 < muito !omum o ad"ogado se enganar. por ue t#m exatamente um professor !om estilo $ti!o. na "erdade autor. ue. d$ uma por*ão de !onselhos ue são Nteis at/ para o ad"ogado.d$ duas id/ias) d$ id/ia de uno e id/ia de ma!a!o. Agora. Bas não / uma . 6 uso de gerNndio. prin!ipalmente por ue 8s "ezes se sente meio r/u. autor de . 6 gerNndio / uma !onstru*ão fra!a da l'ngua portuguesa4 / pou!o in!isi"a e pou!o !lara. e não sa%er dizer se / o autor ou o r/u.um estilo $ti!o. Colo uem um ponto final. Beu Deus do !/u. p. ..mono. retomada .. 'ome da #osa. !ada parte alega ue tem razão4 mas s5 no fim do pro!esso / ue o Tri%unal dar$ razão a uem efeti"amente a tem.. de Am%erto ?!!o. por ue o prefixo .. e d$ tam%/m alguns !onselhos Nteis apenas 8 ueles ue "ão fazer uma tese na 7a!uldade de Direito. mono!r$ti!a tem tam%/m a segunda parte da pala"ra) . a!redito ue . mas ue 8s "ezes a!onte!e) / o ser !laro demais. Beneti tem .sugere a id/ia de ue / o &uiz uem go"erna4 eu sei ue ele me go"erna. ?"item o gerNndio. muito es uisita a expressão . A Iusti*a tem a sua dignidade. uando /.. e sigam adiante. De!isão mono!r$ti!a d$ a impressão de ue se a!ha o Berit'ssimo !om !ara de ma!a!o. um estilo $ti!o. por exemplo. prin!ipalmente. Al/m do mais. e"itadas. diretas.edil'!ia-C A!ho. uma !oisa ue não pare!e tão !ontra@indi!ada. a!ho ue não pre!iso dizer mais nada. Am dos maiores &uizes do ST7 !unhou a seguinte ementa para um a!5rdão) .pe*a exordial-. ? uando digo estilo $ti!o. Tão simplesC Ha"ia um Professor da 7a!uldade ue fala"a em . uanto poss'"el. o C5digo de Pro!esso fala em . não me agradam. ?ssas !oisas a!onte!em at/ no ST7. não /= < duro ter ue !hegar at/ o Supremo para ou"ir issoC ?"item as pala"ras em demasia. fran!amente. por ue &$ uma "ez disse ue o Prof.. ?xpress+es "ulgares a%solutamente não podem ser utilizadas. nem faltando. a uilo ue se !hama de 5%"io ululante.peti*ão ini!ial-. ?"item o ex!esso de su%ordinadas) ue..9DTI 0JKLM23.Ao in'!io do pro!esso. a uilo ue todos per!e%em. H$ uma por*ão de !oisas ue. 6ra. 7rases !urtas. não de"e ha"er pala"ras so%rando. Não h$ ne!essidade de ser tão !laro.dil'!ia-= Detomada de im5"el para uso pr5prio. Fo!#s de"em e"itar o 5%"io. lem%ra@se Professor= De maneira ue "o!#s estão em %oa !ompanhia. H$ !ertas !oisas ue não se de"e admitir.. Cada pala"ra de"e ser ne!ess$ria. ex. ?u diria ue o ad"ogado de"e ter. ue. na parte "er%al4 na audi#n!ia e na sustenta*ão oral. e o per'odo não termina mais. Esto / tão importante nos es!ritos !omo.. .. Fe&am.. p... express+es pedantes de"em ser extirpadas. sinto@me 8 "ontade.at/ o &uiz per!e%er$-.. 6utra !oisa) h$ algumas express+es ue enfra ue!em um pou!o a linguagem. mas não gosto. e a uilo !hama a aten*ão fortemente. todo r/u tem direito 8 defesa e. ou !ito em fran!#s.. S5 pode a!eitar a !ausa ue tenha %ase legal ou a ue tenha %ase moral. mas são muito a!onselh$"eis se usados modi!amente na parte da exposi*ão dos fatos. muitas "ezes. ?le diz ue os textos grifados de"em ser de pala"ras e frases e ue os grifos de"em ser e"itados) s5 as pala"ras e as frases essen!iais de"em ser grifadas. então. 6 ad"ogado do autor. em%ora não tenham %ase legal. ?le não pode a!eitar ual uer !ausa. antes mesmo ue ele se torne ad"ogado da !ausa. uso um texto latino. ue est$ meio distra'do lendo. Bas falemos so%re o ad"ogado do autor. Agora. um tra%alho !ient'fi!o de"e ser um tra%alho firme. A !onduta / muito importante. Notei ue ele grifa parte das ora*+es. e não de"e ter insinua*+es. algumas "ezes "#em apenas o grifo e. . H$ !ausas ue t#m %ase moral. Se uero !hamar a aten*ão para determinado argumento. e não o todo. < a !onduta do ad"ogado ue inspira a sua linguagem. portanto. São inteiramente "edados na parte em ue se dis!ute o direito. As reti!#n!ias são importantes uando usadas !om so%riedade. ?xiste outra forma de grifar ue nem todos utilizam. assim. para !hamar a aten*ão. por ue as reti!#n!ias fazem pensar. ou não te"e a !apa!idade de dizer e espera ue o &uiz lhe !omplete o pensamento. I$ falei nos argumentos meta&uridi!os. !hego a um ponto ue seria realmente fora do nosso tema.6 Por exemplo) diz ue as reti!#n!ias não de"em ser usadas. ou mesmo em ingl#s. por ue fazem !om ue o &uiz se detenha so%re a uele ponto da argumenta*ão. Num pro!esso penal. por ue a' o &uiz. por ue uero !rer ue os &u'zes. este tem ue ser uma id/ia !ompleta. mas 8 sua conduta. / &uiz da !ausa. não de"e faz#@lo. Não !onsidero isto %om. e um dos m/ritos do ad"ogado / exatamente fazer !om ue o rigor dos textos a!a%e sendo elidido por um sentimento de piedade e &usti*a4 isto / muito importante. 6s grifos. < outra forma de grifar. Claro. Bas a!ho ue o ad"ogado pode perfeitamente usar reti!#n!ias. A' eu retomo outra "ez Am%erto ?!o. antes de a!eitar a !ausa 9não se es ue*am disso. fi!a um pou!o assustado !om meu latim ou meu fran!#s. por ue não se refere exatamente 8 linguagem do ad"ogado. (uando pode o ad"ogado a!eitar a !ausa e uando não de"e a!eit$@la= H$ duas posi*+es ue de"em ser examinadas) a primeira / a do ad"ogado do autor4 a segunda / a do defensor do r/u. insinuam muita !oisa ue o ad"ogado não uer ou não uis dizer. não l#em tudo o ue est$ es!rito4 eles olham o texto por alto e. para&uridi!os ou extra&uridi!os. o ad"ogado ue defende o r/u num pro!esso !riminal est$ inteiramente 8 "ontade para a!eitar a !ausa. Ganhar tempo inde"idamente / !ontra a /ti!a profissional.inde"idamente-= Por ue. Direi sin!eramente. prin!ipalmente. o ad"ogado o faz li!itamente. neste !aso. 8s "ezes. assim. ?st$ a%solutamente dentro da /ti!a profissional. Buito %em) est$ para ser exe!utado um despe&o4 ual / a !onduta do ad"ogado. pelo direito. Ti"e na minha "ida !omo ad"ogado algumas alegrias. ue poder$. 6 ad"ogado / um auxiliar da &usti*a. Ha"ia um !aso ue ia ser &ulgado no fim do ano passado) se fosse &ulgado na uele fim de ano. Pode at/ perder uma !ausa. ? não digo isso por gl5ria. tal"ez. por ue o ad"ogado es!lare!e o &uiz. mas não pode perder sua /ti!a profissional. ?sta / a %eleza de nossa profissão. pode responder) . não um inimigo dela. mais propriamente. pois não uero ser hip5!rita) eu usaria de todos os meios para ue meu !liente não fosse despe&ado. a distri%ui*ão da &usti*a. H$ uma !oisa ue / muito importante na ad"o!a!ia. ? a' est$ a %eleza da profissão. por fazer pre"ale!er a uilo ue era o "erdadeiro esp'rito da lei. o senhor tem razão. dentro de meu sentimento de &usti*a. por ue todos podem e de"em fazer isso. Ainda re!entemente. Famos dar um exemplo pr5ximo. e ue se refere tanto ao ad"ogado do autor uanto ao do r/u. 6 ad"ogado não tem o direito de pro!rastinar o andamento do feito. difi!ultando a sua admissi%ilidade. ha"eria maior possi%ilidade de dar re!urso . 6 ad"ogado de"e re!usar uma !ausa ue !onsidere desonesta) mas sa%emos ue muita !oisa ue / honesta não / re!onhe!ida pela &usti*a ou. Sa%emos ue nem tudo o ue / l'!ito / honesto. a!ima do texto frio da lei. Não tem o direito de !riar in!identes. ? por ue usei o ad"/r%io . eu uero ue o senhor fa*a isso-. mas.o ue o senhor pretende / !onsiderado ilegal. 6 ad"ogado ue espera um fato super"eniente ue poder$ modifi!ar a situa*ão pro!essual em ue se en!ontra o seu !liente tem o direito de protelar o andamento da !ausa. est$ ganhando tempo de a!ordo !om a lei. A!ho ue esta / uma das alegrias do ad"ogado. fazer &usti*a. estou dizendo para !ontar uma experi#n!ia a "o!#s. de difi!ultar a apre!ia*ão. Primeiro. ti"e um pro%lema semelhante. Dizia@se ue ia ser promulgada uma lei suspendendo as a*+es de despe&o. 6 ST7 modifi!ou a regra do re!urso extraordin$rio a partir do !ome*o do ano. sa%endo ue a lei est$ para ser apro"ada= De"e permitir ue seu !liente se&a despe&ado= Não4 de"e usar de todos os meios protelat5rios "$lidos para e"itar ue o !liente se&a despe&ado. ?le est$ para ser"ir a algo mais alto do ue o !liente O a &usti*a. ao ad"ogado do r/u) / e"itar o re!urso a expedientes protelat5rios.7 6 ad"ogado ue / pro!urado por um !idadão ue lhe diz) .6lhe. e por isso não posso a!onselhar ue "o!#s a&am de outra forma. o ad"ogado tem !ertos prazos ue a lei lhe !on!ede e. de sonegar pro"as. e estar$ mais do ue &ustifi!ado para a!eitar a !ausa. a !ita*ão ainda não esti"er !ompleta4 ser$ %om ue !olo ue um .!ola%ore. agora. 6 &uiz tem de a!reditar no ad"ogado.. por ue este ad"ogado !itou a folha. ainda en!ontrar$ a' algo mais. por ue a !oisa mais importante ue h$ para o ad"ogado / a sua !redi%ilidade. 7elizmente. existe uma disposi*ão do ?statuto da 6rdem dos Ad"ogados ue situa a uestão de maneira pre!isa.et!-. ou modifi ue um pou!o o portugu#s. na realidade. se ti"er re!eio do &uiz ou das !onse :#n!ias. mas não de"e su%ser"i#n!ia4 e nenhum temor de desagradar o &uiz de"e reter o ad"ogado no exer!'!io de sua profissão. iam ser &ulgados os em%argos.!om o autor !itado. Esto tudo. &$ na "ig#n!ia dessa emenda. Como entraram mais dois &u'zes no"os. tudo deu !erto. ganhamos por K a P. ue . para mostrar ao &uiz ue. nem mesmo / re!omend$"el ue se diga) . e não "ai ler o do!umento ue o primeiro ad"ogado !itou. eu poderia !orrer o ris!o !al!ulado de tentar o adiamento. (uanto ao respeito aos &u'zes. in!lusi"e pela o%riga*ão de !itar as folhas dos autos. o C5digo de Pro!esso me permitia e eu o fiz tran :ilamente. 6 ad"ogado !uidadoso de "erdade &amais men!iona fato ue se en!ontra nos autos sem imediatamente dar a !ontrapro"a de ue ele se a!ha a folhas tais. . 7oi o ue fiz. isto /. Come*a a'. para atender 8s ne!essidades da argumenta*ão.8 extraordin$rio. A lei me permitia. !om a id/ia de fa"ore!er seu !liente. no final. ?u tinha ganho por dois a um na apela*ão e.?ste ad"ogado eu ponho so% reser"a. Não4 ele tem de !itar exatamente !omo est$) uando omitir. aritmeti!amente ha"ia maior possi%ilidade de ganhar ue de perder esse em%argos4 então. aos !olegas e aos !lientes. ?ssa honestidade total !ome*a. tem de !olo!ar reti!#n!ias4 se. por ue. sem dizer onde podia ser lo!alizado. estar$ pre"ari!ando. Na realidade. ? esse respeito !ome*a pela forma de tratamento) Berit'ssimo &uiz. Besmo por ue o ad"ogado da parte !ontr$ria pode ser mais minu!ioso do ue ele e !itar um do!umento oposto ue est$ em outra folha e ue o &uiz "ai ler. Esto / importante.. para ue a frase fi ue melhor. !orre o ris!o de pre&udi!ar outro !liente mais adiante. 6utro pro%lema de !onduta / o ue diz !om o pro%lema do respeito aos &u'zes. por ue o ad"ogado. Bas tem de respeitar o &uiz. para não pare!er ue o ad"ogado est$ faltando !om a "erdade. 6 ad"ogado ue 8s "ezes faz uma !ita*ão pou!o !orreta num pro!esso. in!lusi"e por não fazer men*+es pessoais ao &uiz. Não / permitido fazer men*ão pessoal ao &uiz. se lhe interessar ler a !ita*ão na 'ntegra. 6 ad"ogado não pode fazer isso. tanto para os ad"ogados uanto para os magistrados) o ad"ogado de"e respeito ao &uiz.o BB. 6 ad"ogado de"e expor os fatos !om honestidade total. não se perten!e4 ele perten!e a todos os seus !lientes. para ue os em%argos fossem &ulgados so% a "ig#n!ia da ?menda Degimental P do ST7. por ue não a!redito nas !ita*+es ue ele faz-. Se pro!eder assim. por ue o &uiz "ai pensar4 . Benos ainda se pode entender ue o ad"ogado fa*a altera*+es em !ita*+es. mas "ou ganhar no Supremo Tri%unal-. ele tinha razão. depois de minha sustenta*ão oral) . . 6 ad"ogado não de"e ter um estilo frio4 de"e fazer o &uiz sentir ue ele a!redita na !ausa. realmente. Nada disso. eu dizia ue nem mesmo o ad"ers$rio mere!e !oment$rios desairosos. ue. eu s5 defendo os direitos dele-. indaguei de outro !olega mais idoso !omo fazer. sem entretanto ser !ontundente. 6 respeito ao !olega. Não se de"e dizer senão o ne!ess$rio. eu não tenho nada !om isso. um grande &uiz. As %rigas entre as partes são as %rigas entre as partes. uando &ustas. ?ntão. 6 ue não espera"a era a resposta ue lhe dei) . "o!# não est$ ad"ogando !ontra o !olega. para me peniten!iar. de ual uer modo. ou"iu de outro a seguinte o%ser"a*ão) . ue eu muito respeitei. e ele me disse) . ? digo a mesma !oisa !om rela*ão ao ad"ogado. me dizer. realmente. < pre!iso distinguir) o ad"ogado não de"e fazer !on!ess+es ao ad"ers$rio. e a' de"em ser intransigentes4 mas !ontra o !olega. por ue lhe d$ entusiasmo para defender a !ausa. de pN%li!o) um !olega. ganhei. < importante para ele.6 seu !liente não presta-. est$ ad"ogando !ontra a parte !ontr$ria-. ?. mas) . não.A respeit$"el senten*a apelada &ulgou. sentindo a sin!eridade do ad"ogado.em%ro@me ue !erta "ez um "elho ad"ogado. en uanto seu prazo para falar esta"a !orrendo. ?u me lem%ro de uma "ez.. pode ser usada. Geralmente os ad"ogados re!/m@formados t#m a inten*ão de le"ar a ferro e fogo a sua !onduta. Banter a uestão numa dignidade tal ue não pare*a uma !ampanha eleitoral. isto / fundamental para o ad"ogado.Fo!# sa%e por ue perdeu esta uestão= Por ue "o!# sustentou sem nenhuma !on"i!*ão-. ue fora meu !olega de turma. mas. ?.. e / importante para o &uiz. Geralmente os !lientes t#m p/ssima impressão uando "#em um ad"ogado !on"ersando !om o !olega ad"ers$rio4 logo pensam) esse ad"ogado a' est$ !on!ha"ando. . e sua atitude em rela*ão ao !olega tam%/m / a de ue não lhe de"em fazer !on!ess+es. 6 &uiz não est$ em !ausa. !u&o pai fale!era. 6 ad"ogado não tem a%solutamente nada !om elas.A!ho ue "ou dizer não-. a defer#n!ia. Conto um !aso pessoal meu. Ama expressão mais "i"a. tam%/m pode se sensi%ilizar.9 &uiz de!idiu assim-.?u sustentei sem !on"i!*ão por ue sa%ia ue neste Tri%unal ia perder. por ue isso / importante. Ao ue ele respondeu) . mas ao !olega ele pode e de"e fazer !on!ess+es. At/ ali. ofensi"a. A ati"idade do &uiz / impessoal.6lha.. isso / pro%lema de meu !liente..Fo!# não pode se negar. o ad"ogado não tem o direito de ofender a parte !ontr$ria. (uero ue "o!#s aprendam isto) ue estão ad"ogando !ontra a parte !ontr$ria. me perguntou se eu !on!ordaria !om uma dila*ão do prazo. ele / apenas o int/rprete da lei. por ue est$ !on"ersando !om o !olega.et!. Pensei duas "ezes) . at/ !om alguma digressão al/m da uilo ue me foi proposto. mais ou menos. os aspe!tos importantes do tema ue me foi proposto. Baio@PJJK . 7oi um prazer falar !om "o!#s. Colo!o@me 8 disposi*ão dos senhores para uais uer es!lare!imentos e agrade*o a aten*ão e a pa!i#n!ia.10 Creio ue examinei.