A KGB e o Assassinato de JFK, Programado Para Matar

March 24, 2018 | Author: alessandro | Category: John F. Kennedy, International Politics, Soviet Union, Kgb, Nikita Khrushchev


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A KGB e o assassinato de JFK: programado para matarEscrito por Jamie Glazov | 19 Novembro 2013 Artigos - Desinformação jfkshooting A conspiração do assassinato de Kennedy nascera e jamais morreria. Em abril de 1977, Yury Andropov, chefe da KGB, informou o Politburo que a KGB estava lançando uma n ova campanha de desinformação para implicar ainda mais os serviços especiais americanos no assassinato de Kennedy. N.doT.: A entrevista abaixo foi publicada no site FrontPageMagazine em 3 de outu bro de 2007. O editor Jamie Glazov entrevistou o general Ion Mihai Pacepa. A Frontpage Interview hoje recebe o general Ion Mihai Pacepa, o oficial de intel igência de mais alta patente que desertou do bloco soviético. Em 1989, o presidente romeno Nicolae Ceausescu e a esposa foram executados após um julgamento onde a mai or parte das acusações foram, palavra por palavra, tiradas do livro Red Horizons, de Pacepa. Esta obra foi publicada em 27 países. O seu mais recente livro é Programmed to Kill: Lee Harvey Oswald, the Soviet KGB, and the Kennedy Assassination. FP: General Ion Mihai Pacepa, bem-vindo ao Frontpage Interview. Pacepa: É uma grande honra estar aqui. A sua revista é uma das poucas que entendem t otalmente o Kremlin. FP: Mr. Pacepa, você tem conhecimento direto dos laços da KGB com Oswald, e também tev e acesso a documentos da KGB recentemente descobertos. Fale sobre a sua experiênci a de perito neste assunto e sobre as provas recentemente tornadas públicas. Fale t ambém sobre as suas conclusões. Pacepa: Moscou, é claro, não admitiu para nós, líderes representantes dos serviços de inte ligência soviéticos, qualquer envolvimento no assassinato do presidente Kennedy. O K remlin sabia que qualquer imprudência poderia dar início à Terceira Guerra Mundial. Ma s, durante 15 anos da minha outra vida no topo do serviço de inteligência do bloco s oviético, estive envolvido num esforço mundial de desinformação destinado a desviar a at enção do envolvimento da KGB com Lee Harvey Oswald, o marine americano que desertou para Moscou, retornou para os EUA e assassinou o presidente Kennedy. Lançamos boatos, publicamos artigos e até mesmo livros insinuando que os culpados es tavam nos EUA, não na União Soviética. A nossa máxima prova foi um bilhete endereçado a Mr. unt, datado de 8 de novembro de 1963, e assinado por Oswald, cujas cópias foram des cobertas nos EUA em 1975. Sabíamos que o bilhete era falso, mas os peritos america nos em grafologia atestaram a sua autenticidade, e teóricos da conspiração o conectara m com o agente da CIA E. Howard Hunt, na época bem conhecido pelo escândalo de Water gate, e o usaram para provar o envolvimento da CIA no assassinato do presidente Ke nnedy. Documentos originais da KGB existentes no Arquivo Mitrokhin, trazidos à luz na décad a de 1990, finalmente provaram que o bilhete fôra forjado pela KGB durante o escânda lo de Watergate. O falso bilhete foi verificado duas vezes quanto à autenticidade pe la Technical Operations Directorate (OTU) da KGB e liberado para ser usado. Em 1 975, a KGB enviou, do México, três fotocópias do bilhete para entusiastas de teorias d a conspiração nos Estados Unidos. [1] (O regulamento da KGB só permitia o uso de fotocóp ias dos documentos falsificados para evitar o exame meticuloso do original.) Após o colapso da União Soviética, tive esperança de que os novos líderes em Moscou revela ssem a mão da KGB por trás do assassinato do presidente Kennedy. Porém, em 1993, eles publicaram Passport to Assassination: the Never-Before-Told Story of Lee Harvy O swald by the KGB Colonel Who Knew Him, um livro sustentando que uma investigação com pleta sobre Oswald não havia encontrado o mínimo indício do envolvimento soviético. [2] Os carrascos não se incriminam a si mesmos. FP: Você pode dar detalhes sobre o Arquivo Mitrokhin? Pacepa: Na década de 1990, o oficial da KGB aposentado Vasily Mitrokhin, ajudado p elo M16 britânico, contrabandeou de Moscou cerca de 25 mil páginas de documentos da KGB altamente confidenciais. Representam uma minúscula parte do arquivo da KGB, es timado em cerca de 27 bilhões de páginas (o arquivo da alemã oriental Stasi tinha cerc a de 3 bilhões). Mesmo assim, o FBI descreveu o Arquivo Mitrokhin como o mais compl eto e extenso arquivo de inteligência jamais recebido de qualquer fonte. De acordo com este arquivo, o primeiro livro americano sobre o assassinato, Oswald: Assass in or Fall Guy?, que culpa a CIA e o FBI pelo crime, foi idealizado pela KGB. O autor do livro, Joachim Joesten, um comunista americano nascido na Alemanha, fic ou cinco dias em Dallas após o assassinato, e em seguida foi para a Europa e sumiu de vista. Poucos meses depois, o livro de Joesten foi publicado pelo comunista americano Carlo Aldo Marzani (New York), que recebeu 80 mil dólares da KGB para pr oduzir livros pro-soviéticos, mais 10 mil dólares por ano para divulgá-los agressivame nte. Outros documentos do Arquivo Mitrokhin identificam o primeiro crítico america no deste livro, Victor Perlo, como um agente disfarçado da KGB. O livro de Joesten foi dedicado ao americano Mark Lane, descrito no Arquivo Mitr okhin como um esquerdista que recebeu dinheiro anonimamente da KGB. Em 1966, Lan e publicou o best-seller Rush to Judgment, alegando que Kennedy havia sido morto por um grupo americano direitista. Estes dois livros encorajaram as pessoas com algum conhecimento minimamente relacionado com a matéria a entrar na briga. Cada qual via os acontecimentos da sua própria perspectiva, mas todos acusavam grupos a mericanos pelo crime. O representante do distrito de New Orleans, Jim Garrison, olhou ao redor do seu distrito doméstico e em 1967 prendeu um homem do lugar, a qu em acusou de conspiração com os grupos da inteligência americana para assassinar Kenne dy e assim parar os mais recentes esforços de acabar com a Guerra Fria. O acusado foi inocentado em 1969, mas Garrison apegou-se à sua história, escrevendo primeirame nte A Heritage of Stone (Putnam, 1970) e por fim publicando On the Trail of the Assassins (Sheriden Square, 1988), um dos livros inspiradores do filme JFK de Ol iver Stone. A conspiração do assassinato de Kennedy nascera e jamais morreria. De acordo com out ro documento, em abril de 1977, Yury Andropov, chefe da KGB, informou o Politbur o que a KGB estava lançando uma nova campanha de desinformação para implicar ainda mai s os serviços especiais americanos no assassinato de Kennedy. Infelizmente, o Arquiv o Mitrokhin silencia sobre o assunto daí em diante. FP: Você descobriu documentos escritos pessoalmente pelo assassino, Lee Harvey Osw ald, sugerindo que ele estava ligado ao departamento da KGB para assassinatos no exterior e que voltou aos Estados Unidos vindo da União Soviética apenas temporaria mente, em missão. Duas investigações federais e mais de 2500 livros analisaram o assas sinato mas ninguém tocou neste assunto. Por quê? Pacepa: Porque nenhum dos investigadores ou pesquisadores estavam suficientement e familiarizados com as práticas e códigos de operação da KGB. O FBI recentemente disse ao Congresso americano que somente um interlocutor árabe nativo pode captar os sut is detalhes da uma interceptação telefônica da al-Qaida especialmente ligações com a dupla linguagem de inteligência. Passei 23 anos da minha outra vida falando por meio de stes códigos. Até mesmo a minha própria identidade era codificada. Em 1955, quando me tornei oficial da inteligência estrangeira, fui informado que dali em diante o meu nome seria Mihai Podeanu, e Podeanu permaneci até 1978, quando rompi com o comuni smo. Todos os meus subordinados e todos os demais oficiais de inteligência estrang eira do bloco soviético usavam códigos nos relatórios escritos, ao falar com as suas f ontes e até mesmo nas conversas com os seus próprios colegas. Quando deixei a Romênia para sempre, o meu serviço de espionagem era a universidade, o líder do país era o Arquit eto, Viena era Videle e assim por diante. Em uma entrevista publicada nos EUA, o general da KGB, Boris Solomantin, durante muito tempo representante-chefe do PGU (inteligência estrangeira soviética) disse: não me considero um homem que conhece tudo sobre inteligência como alguns oficiais de ste Primeiro Departamento [isto é, do PGU], escritores tentando se mostrar. Em int eligência e contrainteligência somente o homem que está chefiando estes serviços conhece tudo. Estou dizendo isto porque todas as questões sobre criptografia e máquinas de criptografia estavam sob responsabilidade de outro departamento em uma diretoria fora da minha, similar à sua National Security Agency. [3] Durante os meus últimos dez anos na Romênia, também gerenciei o equivalente do país à NSA, e me familiarizei com os sistemas de codificação usados por todo o serviço de inteligên cia do bloco soviético. Este conhecimento me permitiu perceber que as aparentement e inócuas cartas de Oswald e da sua esposa soviética para a embaixada soviética em Was hington, D.C. (disponibilizadas para a Warren Commission) eram mensagens veladas para a KGB. Nelas, encontrei a prova de que Oswald havia sido enviado para os E UA em missão temporária, e que ele planejava retornar para a impenetrável União Soviética após a conclusão da sua tarefa. Levei muitos anos para separar o joio do trigo enquanto percorria as pilhas de r elatórios de investigação gerados pela morte violenta do jovem presidente americano, m as, quando terminei, estava enfeitiçado pela abundânica de impressões digitais da KGB em toda a história de Oswald e do seu assassino, Jack Ruby. FP: Dê exemplos concretos. Pacepa: Por exemplo, no bilhete escrito a mão em russo deixado por Oswald para a e sposa soviética, Marina, pouco antes de tentar assassinar o general americano Edwn Walker, que serviu como um ensaio para o assassinato do presidente Kennedy. Aqu ele importantísimo bilhete contém dois códigos da KGB: amigos (código para oficial de su porte) e Cruz Vermelha (código para ajuda financeira). No bilhete, Oswald diz a Ma rina o que fazer caso ele fôsse preso. Ele reforça que ela deve entrar em contato co m a embaixada (soviética), que eles têm amigos aqui e que a Cruz Vermelha vai ajudá-la f ceiramente. De particular importância é a instrução de Oswald para ela mandar para a emba ixada a informação do que aconteceu a mim. Na época, o código para embaixada era escritório as parece que Oswald queria ter certeza de que Marina iria entender que ela devi a informar imediatamente a embaixada soviética. É de se notar que Marina nao mencion ou este bilhete às autoridades americanas após a prisão de Oswald. Ele foi encontrado na casa de Ruth Paine, uma amiga americana com a qual Marina estava no momento d o assassinato. FP: Segundo a conclusão da Warren Commission e do House Select Committee on Assass inations, Oswald não tinha a menor conexão com a KGB. Mas, de acordo com o seu livro , Oswald encontrou-se secretamente com um oficial do departamento de assassinato s da KGB na Cidade do México poucas semanas antes de matar o presidente Kennedy. Q ual a prova disso? Pacepa: Há muitas evidências sutis provando a conexão de Oswald com a KGB. Um indício ta ngível é a carta enviada por ele à embaixada soviética em Washington poucos dias antes d e se encontrar com o Camarada Kostin na Cidade do México. A CIA identificou Valery K ostikov como um oficial do 13° Departamento da PGU para wet affairs (expressão na qual wet é um eufemismo para sangrento). Um rascunho escrito à mão daquela carta foi encon trada entre os pertences de Oswald após o assassinato. A já mencionada Ruth Paine te stemunhou que Oswald reescreveu aquela carta diversas vezes antes de datilografá-l a na máquina de escrever dela. Marina garantiu que ele redatilografou o envelope de z vezes. Era importante para ele. Uma fotocópia da carta final enviada por Oswald p ara a embaixada soviética foi recuperada pela Warren Commission. Deixe-me citar al gumas frases daquela carta, na qual eu também inseri, entre parênteses, a versão antes rascunhada por Oswald: Isto é para informar você dos eventos recentes desde as minhas reuniões com o camarada Kostin [no rascunho: sobre novos eventos desde as minhas entrevistas com o camara da Kostine] na embaixada da União Soviética, Cidade do México, México. Não pude permanecer no México [riscado no rascunho: porque considerei desnecessário] indefinidamente devid o às restrições do meu visto mexicano, de apenas 15 dias de duração. Não tive a chance de pe dir um novo visto [no rascunho: solicitando uma prorrogação] a não ser usando o meu nome real, por isso voltei para os Estados Unidos. O fato de Oswald ter usado um codinome operacional para Kostikov confirma, para mim, que tanto a sua reunião com Kostikov na Cidade do México como a sua correspondênc ia com a embaixada soviética em Washington foram conduzidas em um contexto operaci onal da PGU. O fato de Oswald não ter usado o seu nome real para obter o visto mex icano confirma esta conclusão. Agora, vamos sobrepor esta carta combinada ao guia gratuito Esta Semana de 28 de setembro a 4 de outubro de 1963, e a um dicionário Castelhano-Inglês, ambos encontr ados entre os pertences de Oswald. O guia tem o número de telefone da embaixada so viética sublinhado, os nomes Kosten e Oswald anotados em cirílico na página listando o s Diplomatas no México e, na página anterior, marcas de verificação perto de cinco cinemas . [4] Atrás do dicionário Castelhano-Inglês, Oswald escreveu: comprar ingressos [plural ] para a tourada [5] e a praça de touros Plaza México está circulada no mapa da Cidade do México. [6] O Palácio de Belas Artes, local predileto dos turistas que se juntam aos domingos de manhã para assistir o Balé Folclórico, também está marcado no mapa de Oswa ld, [7]. Ao contrário do que Oswald informou, ele não foi visto na embaixada soviética em nenhu m momento durante a sua estadia na Cidade do México a CIA tinha câmeras de vigilância na entrada da embaixada na época. [8] Resumindo: todos os fatos acima, reunidos, s ugerem para mim que Oswald recorreu a uma reunião não programada, ou iron meeting zhel eznaya yavka, em russo para uma conversa urgente com Kostikov na Cidade do México. A iron meeting era um procedimento padrão da KGB para situações de emergência: iron signi cava firme ou inalterável. Na minha época eu aprovei muito poucas iron meetings na Cidade do México (local favori to para o contato com nossos agentes importantes morando nos EUA) e a reunião iron meeting de Oswald parece, para mim, uma iron meeting típica. Ou seja, um breve encont ro em um cinema para marcar uma reunião para o dia seguinte nas touradas (na Cidad e do México, elas acontecem às 4h30 na tarde do domingo); um encontro breve em frent e do Palácio de Belas Artes para passar para Kostikov um dos ingressos comprado po r Oswald para a tourada; e uma longa reunião para discussão na tourada de domingo. Não posso, é claro, ter certeza de que tudo aconteceu exatamente desta forma cada of icial de apoio tem as suas próprias peculiaridades. Mas independentemente de como eles possam ter entrado em contato, é claro que Kostikov e Oswald se encontraram s ecretamente naquele fim de semana de 28 e 29 de setembro de 1963. Na terça-feira s eguinte, ainda na Cidade do México, ele telefonou para a embaixada soviética a parti r da embaixada cubana e pediu ao guarda em serviço para conectá-lo com o Camarada Kos tikov com o qual ele conversou em 28 de setembro. Aquele telefonema foi interceptad o pela CIA. FP: Cada partido comunista era gerenciado por um politburo ao estilo soviético, to dos os exércitos do bloco soviético usavam o mesmo uniforme, cada força policial do Le ste Europeu foi substituída por uma milícia ao estilo soviético. Como este padrão soviétic o refletiu no serviço de inteligência do bloco? Pacepa: Tudo o que você verá aqui é idêntico ao que eu vi no seu serviço disse-me Sergio del Valle Ministro do Interior cubano e chefe geral da segurança nacional e da inteli gência estrangeira quando me apresentou para os dirigentes do serviço de espionagem cubano, o DGI. [9] Até mesmo o treinamento dos oficiais do DGI era baseado nos mes mos manuais recebidos da PGU por nós, do serviço de espionagem romeno, o DIE Departa mentul de Informatii Externe. Sim, a inteligência soviética, como o governo soviético em geral, tinha uma forte prop ensão por padrões. Pela sua própria natureza, a espionagem é um empreendimento enigmático e dúbio, mas nas mãos dos soviéticos desenvolveu-se e virou uma filosofia completa, on de cada aspecto tinha o seu próprio conjunto de regras testadas e precisas e segui a um padrão fixo. Durante os muitos anos que passei pesquisando os laços de Oswald com a KGB, peguei as informações reais e verificáveis sobre a sua vida desenvolvidas pelo governo ameri cano e pesquisadores independentes relevantes, e as examinei à luz dos padrões opera cionais da PGU pouco conhecidos por estrangeiros devido ao absoluto segredo então como hoje endêmico na Rússia. Novos insights sobre o assassinato de repente ganharam vida. As experiências de Oswald como marine servindo no Japão, por exemplo, se enca ixaram perfeitamente no padrão da PGU para recrutar membros das forças armadas ameri canas fora dos Estados Unidos que, por muitos anos, eu apliquei nas operações romena s. Também ficou óbvio que o armário no terminal de ônibus usado por Oswald em 1959, após r etornar aos EUA vindo do Japão, para depositar uma mochila de lona cheia de fotogr afias de aviões militares americanos, era de fato uma intelligence dead drop [N do T: local onde duas pessoas de um serviço secreto podem colocar e retirar objetos sem precisar se encontrar]. [10] Durante aqueles anos o uso de tais armários era m oda na PGU e no DIE. As operações da espionagem soviética podem ser separadas de acordo com padrões, se você es tiver familiarizado com elas. Os peritos em contrainteligência chamam estes padrões de evidência operacional, mostrando as impressões digitais do perpetrador. FP: A maior parte do trabalho do assassinato de Kennedy sugere que Oswald era um marine de baixo escalão sem informações importantes a oferecer para a KGB. Também era n itidamente perturbado e um tanto imprevisível. Se isto é verdade, por que a KGB o re crutou? Pacepa: Isto é desinformação soviética disseminada também pelo meu DIE, sob ordens da KGB. A verdade é bem diferente. Veja um exemplo. Como operador de radar na Base Aérea de Atsugi no Japão, Oswald sabia a altitude de vôo dos super-secretos aviões espiões U-2 d a CIA que sobrevoavam a União Soviética partindo daquela base. Em 1959, quando eu er a o chefe do posto de inteligência da Romênia na Alemanha Ocidental, um requerimento soviético endereçado a mim pediu tudo, incluindo boatos sobre a altitude de vôo dos aviõe s U-2. O Ministro de Defesa soviético sabia que os aviões U-2 haviam sobrevoado a Un ião Soviética diversas vezes, mas o Comando de Defesa Aérea não havia sido capaz de rast reá-los porque os radares soviéticos da época não alcançavam grandes altitudes. Francis Gary Powers, o piloto do U-2 abatido pelos soviéticos em 1° de maio de 1960, acreditava que os soviéticos haviam sido capazes de atingi-lo porque Oswald os ha via informado sobre a altitude do seu vôo. De acordo com as declarações de Powers, Osw ald tinha acesso não somente aos códigos de radar e rádio mas também ao novo equipamento de radar MPS-16 com reconhecimento de altura e a altitude na qual o U-2 voava, qu e era um dos segredos mais bem guardados.[11] Parece que Oswald, que desertou para a União Soviética em 1959, era uma das pessoas presentes na audiência do julgamento espetacular de Powers em Moscou. Em 15 de fev ereiro de 1962, Oswald escreveu para o irmão Robert: Ouvi pela Voz da América que ele s libertaram Powers, o sujeito do avião de espionagem U-2. É uma grande notícia onde v ocê está, acredito. Ele parecia ser um americano fino e inteligente quando eu o vi e m Moscou. [12] Terá sido um procedimento normal para a KGB mandar Oswald observar o julgamento de Powers como uma recompensa por ter ajudado a União Soviética abater o U-2. FP: Yuri Nosenko, um oficial da KGB que desertou para os Estados Unidos em 1964, disse a Gerald Posner, pesquisador do assassinato: Estou surpreso pela importância dada ao fato de [Oswald] ser um marine. O que ele era na Marinha major, capitão, coronel? [13] Como você explica esta declaração de Nosenko? Pacepa: É fato que Nosenko desertou de boa fé. Mas ele pertenceu ao departamento domés tico da KGB e não sabia nada sobre as fontes estrangeiras da PGU como um agente de nível médio do FBI não sabe nada sobre as fontes da CIA no exterior. O recrutamento de membros das forças armadas era uma das mais altas prioridades da PGU na época. A busca por serzhant era a minha principal prioridade durante os três a nos (1957-59) em que fui designado para residir na Alemanha Ocidental, e ainda e ra uma das principais prioridades em 1978, quando rompi com o comunismo. Evident emente, a PGU gostaria de ter recrutado coronéis americanos, mas era difícil se apro ximar deles, enquanto oficiais de baixo escalão eram mais acessíveis e podiam fornec er excelentes informações se usados corretamente. Um bom exemplo é o sargento Robert Lee Johnson. Na década de 1950 ele estava servind o no exterior onde, como Oswald, ficou apaixonado pelo comunismo. Em 1953, Johns on secretamente entrou na unidade militar soviética na Berlin Oriental, onde pediu como Oswald obviamente fez garantia de asilo político no paraíso dos trabalhadores. U ma vez lá, Johnson foi recrutado pela PGU e persuadido a voltar temporariamente ao s EUA para executar uma tarefa histórica antes de iniciar a sua nova vida na União Sov iética como foi o caso de Oswald. Realmente, o sargento Johnson foi recompensado s ecretamente com a patente de major do Exército Vermelho e recebeu congratulações escri tas pelo próprio Khrushchev. [14] De acordo com o coronel da PGU Vitaly Yurchenko, que desertou para a CIA em 1985 e logo em seguida re-desertou, o oficial chefe americano John Anthony Walker ou tro serzhant foi o maior agente da história da PGU, ultrapassando em importância até o ro ubo soviético dos projetos anglo-americanos da primeira bomba atômica. John F. Lehman , secretário americano da Marinha na época da prisão de Walker, concordou. [15] FP: Em 1962, quando Oswald retornou da União Soviética, trouxe com ele um documento de 13 páginas intitulado Diário Histórico. Por que tinha este nome? Pacepa: Histórico era um slogan da PGU na época. O termo foi cunhado pelo general Alek sandr Sakharovsky, antigo conselheiro-chefe soviético para a Securitate romena e c omandante da PGU por imprecedentes 14 anos. Histórico era a sua expressão favorita. A Securitate tinha a tarefa histórica de eliminar a burguesia do solo romeno, como ele constantemente pregava para nós. O dever histórico da PGU era cavar a cova da burgues ia internacional. Dogonyat i peregonyat era a nossa tarefa histórica monumentalnaya, ele nos disse logo após Khrushchev ter lançado aquele famoso slogan sobre a sua críti ca ao Ocidente e sobre a superação do Ocidente no espaço de dez anos. Diários pessoais também eram uma invenção de Sakharovsky. Todos os nossos oficiais e age ntes ilegais enviados ao Ocidente com biografia fictícia deviam levar algum tipo d e apoio escrito para a memória, para lembrarem exatamente onde, quando e o que sup ostamente haviam feito em vários períodos da sua alegada vida. Até o fim da década de 19 50, estas anotações eram transportadas na forma de microdots ou filmes flexíveis escon didos em algum objeto de uso diário, mas, é claro, apresentavam o risco potencial de se tornar prova incriminatória se fôssem encontrados. Em janeiro de 1959, Sakharovs ky deu ordens a todos os serviços de inteligência estrangeira do bloco soviético para dissimular estas biografias na forma de diários, rascunhos de livros, cartas pesso ais ou notas autobiográficas. Estas notas eram escritas por especialistas em desin formação, copiadas à mão pelo agente ilegal ou de inteligência, normalmente imediatamente antes dele partir para o Ocidente, e em seguida passavam pela fronteira livremen te. Um exame miscroscópico do Diário Histórico de Oswald realmente mostrou que foi escrito em uma ou duas sessões. [16] Também foi copiado muito apressadamente, como sugerem os d iversos erros de ortografia. FP: O seu livro dá uma intrigante guinada no modo como conta o enredo. No fim, você diz que a evidência sugere que Oswald perdeu o apoio da PGU (Inteligência Estrangeir a Soviética), e que ele foi sozinho para matar o presidente Kennedy. Isto é um tanto surpreendente. Conte-nos o que você sabe e explique a sua interpretação. Pacepa: Em outubro de 1962, a Suprema Corte da Alemanha Ocidental realizou o jul gamento público de Bogdan Stashinsky, desertor da inteligência soviética condecorado p or Khrushchev por ter assassinado inimigos da União Soviética moradores no Ocidente. Este julgamento revelou Khrushchev ao mundo como um insensível assassino político. Em 1963, o extravagante ditador soviético já era um tirano incapacitado e ofegante. A mínima referência a qualquer envolvimento soviético no assassinato do presidente ame ricano poderia ter sido fatal para Khrushchev. Assim, a KGB como também o meu DIE cancelou todas as operações destinadas a assassinar inimigos no Ocidente. A PGU tentou, sem sucesso, desprogramar Oswald. Os documentos disponíveis mostram que, para provar para a PGU que ele era capaz de executar com segurança o assassin ato ordenado, Oswald fez um ensaio atirando apesar de ter errado por pouco no ge neral americano Edwin Walker. Oswald fez um pacote, completo com fotografias, mo strando como ele tinha planejado esta operação, e em seguida levou este material par a a Cidade do México para provar ao Camarada Kostin, o seu oficial de apoio, a sua c apacidade. Apesar de Oswald ter conseguido executar a tentativa de assassinato d e Walker sem ser identificado como o atirador, Moscou permaneceu inflexível. O obstinado Oswald estava arrasado, mas no fim ele foi em frente por si só, totalm ente convicto de estar cumprindo a sua tarefa histórica. Tinha apenas 24 anos e tinh a dado o melhor de si para obter armas de modo imperceptível e para fabricar docum entos de identidade, usando os métodos aprendidos com a KGB. Até o derradeiro final ele também seguiu as instruções de emergência recebidas originalmente da KGB não admitir n ada e pedir um advogado. Como Oswald já sabia demais sobre o plano original, entretanto, Moscou providencio u para que fosse silenciado para sempre, caso continuasse tentando realizar o im pensável. Era outro padrão soviético. Sete chefes da própria polícia política soviética foram secreta ou abertamente assassinados para evitar incriminar o Kremlin. Alguns for am envenenados (Vyacheslav Menzhinsky, em 1934), outros executados como espiões oc identais (Genrikh Yagoda em 1938, Nikolay Yezhov em 1939, Lavrenty Beriya e Vsev olod Merkulov em 1953, e Viktor Abakumov em 1954). Além do mais, imediatamente após as notícias do assassinato de Kennedy, Moscou lançou a operação Dragão, um esforço de desinformação no qual o meu serviço esteve profundamente envo o. O objetivo plenamente atingido era jogar a culpa em vários grupos nos Estados U nidos por terem matado o seu próprio presidente. FP: A primeira resenha sobre Programmed to Kill, feita pela Publishers Weekly, a firma que o seu livro é baseado em histórias antigas de inteligência e não oferece nenhu m motivo convincente sobre o interesse soviético pelo assassinato. O que você diz a respeito? Pacepa: Em 3 de janeiro de 1988, o The New York Times publicou uma resenha parec ida sobre o meu primeiro livro, Red Horizons, afirmando que ele continha apenas h istórias esquálidas sobre o presidente romeno Nicolae Ceausescu. Dois anos depois, en tretanto, Ceausescu foi executado após um julgamento cujas acusações eram provenientes , palavra por palavra, do meu livro que ainda continua vendendo. FP: Então tudo isso se isso é verdade não era um pouco estranho para Khrushchev ter ar riscado tanto? Poderia ter causado uma guerra mundial? Pacepa: Khrushchev, o meu chefe de facto por nove anos, era irracional. Hoje, as pessoas se lembram dele como um camponês que consertou as maldades de Stalin. O K hrushchev que eu conheci era sanguinário, impetuoso e extrovertido, e tendia a des truir todos os projetos tão logo caíssem nas suas mãos. A irracionalidade de Khrushche v fez dele o mais controverso e imprevisível dos líderes soviéticos. Desmascarou os cr imes de Stalin mas converteu o assassinato político no principal instrumento da su a política externa. Criou a política de coexistência pacífica com o Ocidente mas acabou por empurrar o mundo para a iminência de uma guerra nuclear. Concluiu o primeiro a cordo para o controle de armas nucleares, mas tentou garantir a posição de Fidel Cas tro no comando de Cuba com a ajuda de armas nucleares. Restabeleceu as relações de M oscou com a Iugoslávia de Tito mas rompeu com Beijing e assim destruiu a unidade d o mundo comunista. Em 11 de setembro de 1971, Khrushchev morreu em desonra, como uma não-pessoa, não sem antes ter visto as suas memórias publicadas no Ocidente dando a sua versão da história. FP: General Ion Mihai Pacepa, obrigado por ter vindo à Frontpage Interview. Ao lad o das suas novas revelações e dos importantes fatos e assuntos trazidos à tona sobre o assassinato de Kennedy, o seu livro serve como mais um lembrete sobre a naturez a maléfica da KGB e sobre a entidade sinistra e verdadeiramente tenebrosa que nós en frentamos no regime soviético. Obrigado por sua luta pela verdade e pela memória histórica. Será uma honra recebê-lo mais uma vez. Pacepa: Parabéns pela sua coragem em debater este tema tão controverso. Notas: [1] Cristopher Andrew and Vasily Mitrokhin, The Mitrokhin Archive and the Secret History of the KGB (New York, Perseus Books Group, 1999), p. 229. [2] Oleg Nechiporenko, Passport to Assassination: the Never-Before-Told Story of Lee Harvy Oswald by the KGB Colonel who knew him (New York: Carol Publishing Gr oup, 1993). [3] Washington Post Magazine, April 23, 1995. [4] Warren Commission Exhibit 2486. [5] Testimony of Ruth Hyde Paine, Warren Commission Vol. 3, pp. 12-13. [6] Warren Commission Exhibit 1400. [7] Priscilla Johnson McMillan, Marina and Lee (New York: Harper & Row, 1977), p . 496. [8] Edward Jay Epstein, Legend: The Secret World of Lee Harvey Oswald (New York: Readers Digest Press), p. 16. [9] Dirección General de Inteligencia [10] Epstein, Legend, p. 89. [11] Francis Gary Powers, with Curt Gentry, Operation Overflight: The U-2 spy pi lot tells his story for the first time (New York: Holt, Rinehart, 1970), p. 357. [12] Warren Commission Exhibit 315. [13] Gerald Posner, Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK (New York: Random House, 1993), p. 49. [14] Christopher Andrew and Oleg Gordievsky, KGB: The Inside Story Of Its Foreig n Operations from Lenin to Gorbachev (New York: HarperCollins, 1990), p. 462. [15] John Barron, Breaking the Ring (Boston: Houghton Mifflin, 1987), pp. 148, 2 12. [16] Epstein, Legend, pp. 109, 298n. Jamie Glazov é editor da Frontpage Magazine. Tem Ph.D. em História com especialidade em política externa russa, americana e canadense. É o autor de Canadian Policy Towa rd Khrushchevs Soviet Union e co-editor (com David Horowitz) de The Hate America Left. Editou e escreveu a introdução de Left Illusions, de David Horowitz. O seu nov o livro é United in Hate: The Lefts Romance with Tyranny and Terror. Para ver os se us simpósios, entrevistas e artigos anteriores, clique aqui. Email: jglazov@rogers .com. Tradução: Ricardo Hashimoto http://www.midiasemmascara.org/artigos/desinformacao/14705-a-kgb-e-o-assassinato -de-jfk-programado-para-matar.html
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