A IMPORTÂNCIA DO USO DE CÃES DE RESGATE PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR.Sílvio Mendonça Lima Junior Itajaí - SC 2010 A IMPORTÂNCIA DO USO DE CÃES DE RESGATE PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Projeto apresentado na disciplina Metodologia da Pesquisa e da Produção Científica do Curso de Gerenciamento de Crises – Emergências e Desastres do Posead como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de Crises – Emergências e Desastres, Orientador: Giovani Oliveira Sílvio Mendonça Lima Junior Itajaí - SC 2010 A IMPORTÂNCIA DO USO DE CÃES DE RESGATE PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Itajaí, 25 de outubro de 2010. ..4 DESLIZAMENTOS DE TERRA...................1 DESASTRES.......8 2........................................................................................................................................................................SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................2 CARACTERÍSTICAS E ORIGEM DE CÃES PARA RESGATE............................................................................................ 5 1...............17 2.........2............2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...................................3 ENCHENTES.......................... 6 1..................22 2....28 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................29 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................20 2...1.....................11 2.................................................26 3 METODOLOGIA ....................................... 8 2...............................................................................1 BUSCAS URBANAS.......................2 BUSCA EM SOTERRAMENTO POR DESLIZAMENTO............................................3..............2 Tema .............................................................................1 BUSCAS EM ESCOMBROS...1......3 Justificativa da Pesquisa .....................................3....2 ESTIAGEM E SECA.1................................3 BUSCAS DE RESTOSMORTAIS...................10 2..................1 Título .......................................................3............................................................ 7 2 REVISÃO DE LITERATURA .....................................20 2......1 BUSCA DE CADÁVER NA ÁGUA.3.......16 2...................................................................1.............................................................................................1 CAMPOS DE ESTUDO........................................................................... RURAIS E RESTOS MORTAIS....................................................................................................................................2 BUSCA RURAL....25 2..............................................27 3....................3.......................1.........................................................3 BUSCAS URBANAS.... 5 1...1..................................................13 2.......................................16 2................................................................2.....3...................................................24 2.........................................1 PRINCIPAIS DESASTRES OCORRIDOS EM SANTA CATARINA......1 ORIGEM DA ESPÉCIE CANINA.......... 27 3... 30 ....................................................................................................11 2....................2 TIPOS DE CÃES E SUAS UTILIDADES.................21 2................................................3.................................................................................................................. enquanto os humanos possuem somente cerca de 5 milhões. de localizar com precisão a direção da origem do som em apenas 6 centésimos de segundo. além de tudo é suficiente para suportar as dificuldades do trabalho realizado. seguindo o rastro da . sem falar na grande importância que eles têm na busca de cadáveres. com o auxílio de suas orelhas direcionáveis. mesmo com os progressos tecnológicos como GPS. até mesmo robôs. pois hoje. Uma das vantagens que tem para encontrar pessoas. Para este tipo de trabalho. não existe uma raça especifica. o seu trabalho às vezes pode resolver um crime e dar um enterro digno para aqueles que tiveram a infelicidade de morrer em um desastre. com cerca de 200 milhões de receptores para odores. A audição dos cães também é extremamente desenvolvida. ou seja. os cães possuem o olfato como o sentido mais importante e aguçado.1 A EFICIÊNCIA DOS CÃES DE RESGATE. está em sua anatomia. por serem de porte médio. Para este tipo de serviço.5 1 INTRODUÇÃO 1. juntamente com a ajuda de seu aguçado olfato e audição. Graças à obsessão com a brincadeira. dócil e brincalhão. 2000). imagens de satélites. existem dois tipos de treinamento. os cães ainda são as melhores ferramentas para a busca e o salvamento de pessoas que estão perdidas em áreas rurais. Eles são capazes. Este trabalho apresenta a importância dos cães de busca e salvamento. ele trabalha com o focinho no chão. ou no meio de um amontoado de concreto e ferros retorcidos. Seu trabalho pode salvar uma pessoa que está sofrendo um pesadelo sem fim à espera de alguém para lhe ajudar. cães bem treinados salvam centenas de pessoas por ano. o de cães de busca por rastreio. e conseguem ouvir o mesmo som a uma distância quatro vezes maior do que somos capazes. porém o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina usa o Labrador. Porém nem sempre o mesmo é recompensado achando pessoas vivas. 40 vezes menos do que os cães. onde o nome já diz. Nos últimos anos têm surgido técnicas de resgate de pessoas através do potencial de faro e audição dos cães (ALCARRIA. muito ágil e flexível. Além de ter de terem conhecimentos sobre o modo de organização das cidades e das pessoas que nela circulam. é o por venteio. podem acontecer a qualquer momento. técnicas de salvamento e resgate. além de expor algumas características e origens de cães para resgate.2 Tema Hoje vivemos em um mundo que vem apresentando grandes desastres. sem seguir uma determinada pessoa. .6 pessoa de um ponto A ao B. resistência de materiais. que são responsáveis pelo socorro das vítimas. sendo que é notório que o emprego dos cães de resgate pode ser decisivo para salvar e preservar a vida humana. através da Polícia Militar. Estes incidentes. demografia. Catástrofes que desequilibram a sobrevivência e a prosperidade. engenharia civil. muitas vezes afetando negativamente a vida. Onde para gerir os riscos. estão se adequando ao contexto de treinar e empregar o uso de cães na busca e resgate das vítimas. rurais e restos mortais. Catástrofes não avisam que vão acontecer e deixam sequelas irreparáveis. estar preparado para prevenção e intervir no acontecimento. necessitando o Poder Público. este tipo de cão precisa de uma parte limpa da pessoa a procurar. naturais ou provocados pelo homem. onde o cão procura o cheiro humano no ar. naturais ou não. Sua distinção é medida pelos danos e prejuízos. 1. Este trabalho vai mostrar a importância do treinamento e utilização dos cães de resgate pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. que é o que a maioria das instituições do Corpo de Bombeiros está utilizando. meio ambientes e ecossistemas. O outro tipo de treinamento. provocando mudanças permanentes às sociedades. devem conhecer um pouco de geologia. Delineando o que são desastres e quais os principais desastres ocorridos em Santa Catarina. do Corpo de Bombeiro Militar e Defesa Civil. alem de ter de cheirar um objeto com o cheiro da mesma que tem de achar. Hoje podemos ver que as instituições públicas. Descrevendo Buscas urbanas. com 02 vítimas encontradas vivas e 10 corpos recuperados. 154). constatam-se a dificuldade de acesso e a prejudicial perda de . destacasse o grande terremoto na cidade do México em 1985. enchentes. onde participaram 08 cães catarinenses. 1. Atualmente é cada vez mais frequente ouvirmos em cães de busca e salvamento. e em São Paulo no acidente que aconteceu na estação do metrô e no desabamento do templo da igreja Universal. afogamentos. 2004. 03). A história do emprego de binômios na área de resgate que “foi na Grã-Bretanha.3 Justificativa da Pesquisa Partindo de um diagnóstico das atividades de busca. terremoto no Irã (2003) e recentemente no Japão (10/2004) em Taiwan (10/2004) (PARIZZOTO.7 Alguns acontecimentos marcantes serviram para difundir de maneira mais incisiva a participação em atividades de resgate e localização de vitimas. os binômios. cão e condutor. após os bombardeios que os cães foram utilizados pela primeira vez para reencontrar as pessoas sepultadas sob escombros” (Enciclopédia do Cão. através dos Corpos de Bombeiros. busca de vítimas vivas e busca de pessoas mortas. Os cães de busca e salvamento. Polícia Militar e Defesa Civil. que aconteceram em 2008. e o resultado foi 21 ocorrências atendidas. terremotos. resgate e salvamento do Corpo de Bombeiros em ocorrências de deslizamentos. 2001. Assim com estes acontecimentos podemos notar que houve um aumento significativo nos aumentos de implantação dos serviços de Busca e Resgate com Cães. basta serem treinados para isso. chamados do mesmo modo de cães de resgate. nome dado a dupla. desaparecimentos e outros. Além de trabalharem em ambientes de desastres. onde podemos citar o uso deles nas buscas as vitimas dos deslizamentos acontecidos no complexo do morro do Baú em Santa Catarina. p. geralmente são divididos em duas especialidades. durante a Segunda Guerra Mundial. pode agir em ações de investigações criminais contra a vida. El Salvador (1986) e mais recentemente o terremoto da Argélia (1999) e os ataques às torres do WTC (2001). p. No Brasil. Estados Unidos e nações européias.) Edifício Érika (99). Ijui (2001). no desabamento do templo da igreja Universal. O serviço com cães no auxílio dos trabalhos de resgate das vítimas de soterramentos já é bem comum em alguns países como Japão. Igreja Universal do Reino de Deus (98. Areia Branca (2004). Edifício Itália (97). muitas vezes são inviáveis. em São Paulo. etc. Osasco Plaza Shopping (96). influenciando no resultado de se resgatar pessoas ainda com vida. Enseada do Serrambi (99). Além disso.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA REALIDADE OBSERVADA . que mapeiam a área do sinistro. Volta Redonda (91). (HILL. Aqui em Santa Catarina. Angra dos Reis (2009/2010). Aquarela (97). Destacam-se os seguintes fatos no Brasil: Praia do Gonzaga (89). mas os custos para aquisição e manutenção dos mesmos. os mesmo tiveram grande importância nas avalanches de terras que afetaram o complexo do Morro do Baú nas enchentes de 2008. equipamentos com sensores acústicos. Palace II (98). até mil vezes mais apurado do que a capacidade olfativa do ser humano. Hotel Rosário (2002).8 tempo para se encontrar vítimas nesses desastres. os desabamentos de edificações no Brasil estão sendo constante. dessa forma quase todas as atividades em que envolvam aspectos olfativos os cães poderão ser utilizados de certa forma. agora que está sendo difundido o trabalho. Complexo do Morro do Baú em Ilhota – SC (2008). Hoje. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2. os mesmos auxiliaram no acidente que aconteceu na estação do metrô. muitos deles apresentando vítimas soterradas. Casarão Recife (2005). de natureza israelense ou alemã. os bombeiros contam para localizar pessoas com vida sob um amontoado de concreto. O principal fator a ser destacado na utilização dos cães repousa em sua incrível potencialidade para o faro. 2004). capazes de identificar ruídos (gemidos e até batimentos cardíacos). ecológicos. econômicos e culturais de uma sociedade. que causa perdas humanas. ultrapassando a competência de resposta local para atender eficientemente suas consequências.9 Desastres O Programa das Nações Unidas de Capacitação para a Gestão de Desastres. Em outras palavras. ocupação de áreas de risco. Abrangem aspectos como pobreza. ameaças e riscos. vamos dizer que desastres são frutos e artifícios decorrentes da variação e crescimento da sociedade. capacidades. materiais e/ou ambientais extensas. Podemos assim afirmar que desastre é uma situação que origina alterações intensas nos elementos sociais. físicos. As ameaças podem ser classificadas pela sua origem. Alguns exemplos: Derrame de material perigoso.Ameaças antrópicas: originados pelo ser humano e decorrem dos processos tecnológicos. Guerra. vulnerabilidade aos desastres.dos fatores socioambientais relacionados a modos de vida que produzem vulnerabilidades sociais e. estão mais vulneráveis. a propriedade e a atividade humana. o conceitua como uma interrupção grave das funções de uma sociedade. que excedem a capacidade da sociedade afetada para se recuperar usando somente seus próprios recursos. ocupação imprópria do solo. devido a situação social existente. da seguinte maneira: . do modelo global de desenvolvimento seguido. estados e municípios menos favorecidos. pondo em iminente perigo a vida humana e os bens dos cidadãos e da nação. São de combinação de vários fatores: vulnerabilidade. podendo ser de origem natural ou provocada pela ação do homem. do intercâmbio humano com o meio ambiente. Assim podemos concordar que países. até o ponto de causar um desastre. ou das relações comunitárias. Contaminação do meio ambiente. . Podemos destacar a ameaça como um fato ou acontecimento que pode afetar potencialmente a vida. Incidente radioativo. portanto. inexistência de equipamentos urbanos e carência de políticas que atendam as necessidades da população. 10 . hidrológicos ou meteorológicos. na ampliação urbana ou no consumo de recursos naturais. o problema é que está se tornando cada vez mais difícil determinar se é uma ameaça é “natural ou antrópica”. Porém ameaça não é um desastre. através das mudanças nos patrões do clima que acabarão manifestando-se como ameaças de origem “natural”. Esse quadro sombrio tende a se agravar com o uso desordenado da terra e os fenômenos intensos de chuva que devem acontecer com mais intensidade e frequência em tempos de aquecimento global. (Chiaretti Daniela) .Ameaças sócio naturais: Contribuímos para o evento ou ao aumento da amplitude de fatos que no passado eram unicamente naturais. sísmicos. como o desmatamento. pois pode haver um deslizamento de terra sem que seja um desastre. Um estudo da Cruz Vermelha Internacional.056 brasileiros mortos em deslizamentos. Exemplos: Terremotos Deslizamentos de terra Inundações Erupções vulcânicas Seca . porque um pode provocar a outra. É o caso do desmatamento ou do manejo abusivo da água e do solo que ao aumentar a erosão colabora para o acontecimento de deslizamentos e inundações. inundações e secas.1 PRINCIPAIS DESASTRES OCORRIDOS EM SANTA CATARINA Segundo Chiaretti. Estão ligadas com exercícios humanos impróprios na agricultura. geológicos. de 1994 a 2003 foram 2. o Brasil é o país das Américas com o maior número de pessoas afetadas por desastres naturais.Ameaças naturais: precisam principalmente a condições ou processos biológicos. 2.1. sendo apenas um evento adverso. tem os níveis de chuva bem abaixo da média. o conceito de Estiagem refere-se a um “período prolongado de baixa pluviosidade ou sua ausência. mares e oceanos devido a chuvas fortes e sucessivas.11 Santa Catarina contribui muito para esta estatística. as enchentes. Nas áreas rurais acontece com menos assiduidade. período de tempo seco. estão entre os fenômenos que assolam este estado brasileiro.3 ENCHENTES Já as enchentes. que traz maiores prejuízos. córregos.1. os deslizamentos de terras e os ciclones. Segundo CASTRO (1998). causando enormes prejuízos economicamente e socialmente para o estado catarinense. para que a falta de precipitação provoque grave desequilíbrio hidrológico. 2. pois são desastres naturais ou não.2 ESTIAGEM E SECA As estiagens ou secas estão entre os fenômenos que tem os maiores períodos de duração. suficientemente prolongado. as estiagens. deficiência acentuada ou fraca distribuição de precipitação.1. em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição”. Podem ocorrer em lagos. decorrendo em transbordamentos. é tratado como: “ausência prolongada. Este tipo de desastre é de evolução lenta ou gradual. Individualmente Santa Catarina durante o fenômeno natural denominado La Nina. 2. devido o solo e a vegetação se empenharem a improvisar uma evacuação da água pela sucção da mesma causando menores . onde evolucionam progressivamente ao longo do tempo. já o conceito de seca. rios. que acontecem quando um canal natural recebe um volume de água elevado ao que pode admitir. numa visão socioeconômica. a seca depende muito mais das vulnerabilidades dos grupos sociais afetados que das condições climáticas”. fazendo com que as secas apareçam causando transtornos econômicos e sociais. (data: 23/11/2008) . escombros e deslizamentos de terra. Várias cidades na região ficaram sem acesso devido as enchentes. já catalogada como a maior catastrofe natural que o estado já teve. acontece com maior frequência. deixando assim de ser um desastre natural. as enchentes de 2008. como a elevação de cidades e comunidades em limites de rios.12 estragos. pelas edificações mal projetadas de diques. Foto 01 – Enchente em Itajaí – SC. pelas alterações atingidas em bacias hidrográficas. A mediação humana acontece de diversas maneiras. trazendo maiores prejuízos. Logo nas áreas urbanas. atingindo aproximadamnte 60 cidades e mais de 1. bueiros e outros responsáveis pela evacuação das águas e ainda pelo depósito errôneo de lixo em vias públicas que com a força das águas são arrastados causando o entupimento dos locais de saída de água. aconteceram depois de um período de grandes chuvas durante o mês de novembro. Pode acontecer devido à influência humana. Foram135 mortes. onde. duas pessoas ainda estão desaparecidas.5 milhões de pessoas. Em Santa Catarina. casas inteiras. Quando acontecem deslizamentos em áreas onde ocorre ocupação humana os efeitos podem der desastrosos. Apesar dos deslizamentos serem fenômenos naturais. (data: 23/11/2008) 2.13 Foto 02 – Enchente em Itajaí – SC. rodovias e tudo que estiver no caminho vão acabar soterradas. além de fatos naturais como gravidade e variações climáticas. desordenada. sofre compactação através dos impactos das gotas de chuva. das encostas interfere na ocorrência ou agravamento destes movimentos pois adiciona carga extra ao peso da massa sedimentada já existente ali. aumentando à supressão da vegetação natural. a ocupação imprópria. causando rachaduras e fendas que desencadeiam . sendo um processo de vertente que envolve o desprendimento e o movimento de solo. deixando o solo mais exposto a ação do tempo. Este fenômeno faz parte de uma atividade natural de transformação e formação da crosta terrestre. material rochoso ladeira abaixo. Este solo uma vez exposto.1. aparecendo áreas de escoamento.4 DESLIZAMENTO DE TERRAS É uma classe dos chamados “movimentos de massa”. Foto 03 – Ocorrência Blechior Alto (data: 26/11/2008) . localizado no baixo Vale do Itajaí. Apresenta extensas áreas de várzeas e planícies sedimentares. Outro sim. entremeadas de morros contendo um dos picos mais altos da região. levando uns seis meses para se estabilizar. estendendo-se até o dia 04 de janeiro de 2009. foi devido aos deslizamentos e avalanches de terras que ocorreram no complexo do Morro do Baú. contou com oito cães. Neste complexo. que iniciou seus trabalhos no dia 23 de novembro de 2008. compreendendo parte de três municípios: Gaspar. A construção de rodovias em locais impróprios também contribui para a ocorrência de deslizamentos. Ilhota e Luis Alves. No local. denominado Morro do Baú com 819 metros situado no município de Ilhota. atuaram equipes do Corpo de Bombeiros de São Paulo com seus cães de Busca. pois causam vibrações devido ao tráfego. graças a atuações dos cães. foram mais de 4000 deslizamentos. onde foi elaborada a Operação Labrador. depois passaram bombeiros da Força Nacional. fazendo com que comunidades fossem dizimadas por inteiro. podemos afirmar. e por fim uma equipe de Santa Catarina. em uma área aproximada de 100 KM². que o que mais contribuiu para as enchentes de 2008 de Santa Catarina ser catalogado de uma maneira diferenciada.14 deslizamentos. A atuação dos binômios Catarinenses. resultou na localização de 02 pessoas vivas e 21 corpos localizados e recuperados. 15 Foto 04 – Ocorrência Blechior Alto (data: 26/11/2008) Foto 05 – Ocorrência Alto Baú (data: 27/11/2008) . Os mamíferos. a família dos canídeos. Não há dúvida quanto à sua classificação zoológica. coberto de pêlos e que amamentam seus filhos.2.16 Foto 06 – Ocorrência Alto Baú (data: 27/11/2008) 2. é necessário também considerar a evolução de seus parentes mais próximos. GEARY (1978) .2 CARACTERÍSTICAS E ORIGEM DE CÃES PARA RESGATE 2. A ciência não deu ainda uma resposta definitiva à pergunta de como se originou o cão doméstico. muitos paleontólogos e arqueologistas identificam o antepassado do cão no Cynodicatis que viveu em todo o período Eoceno à aproximadamente a 60 milhões de anos. animais de sangue quente. na região que hoje pertencem à Ásia.1 ORIGEM DA ESPÉCIE CANINA É arriscado precisar a origem do cão. porque é neles que reside uma grande parte do mistério relacionado com o passado canino. Para investigar a origem do cão. são um desenvolvimento relativamente recente dentro da evolução dos animais. 2 TIPOS DE CÃES E SUAS UTILIDADES Devido os cães possuírem tamanhos e características diferentes. em algumas ocasiões alguns filhotes de lobos de temperamento tranquilo e submisso chegavam a sua idade adulta aceitando os humanos como parte de sua matilha. No princípio dessa relação.17 Hoje.2. onde cada um sabe exatamente seu status em relação aos outros da comunidade. Esta teoria se dá porque a composição social das comunidades de lobos é a mais parecida com a sociedade humana do que a de qualquer outro animal. a domesticação dos mesmos levou muitos anos de paciência. O cão e o homem estão juntos há muito tempo. Antes desta era. na verdade. os humanos os utilizam para muitas atividades diferentes. formaram uma aliança. aproveitando sua adaptabilidade para os serviços . 2. pois ela é firmada em uma hierarquia de indivíduos dominantes e submissos. Exemplo da evolução canina. Mesmo assim. muitas autoridades cinólogas crêem que o canídeo selvagem mais próximo seja verdadeiramente o lobo. pois existem diversas evidências indicando que os cães domésticos sejam descendentes diretos dos lobos. mas aos poucos. o homem e o lobo concorriam pela mesma caça. desde o final da era do gelo. filhotes de lobos eram inseridos em grupos de caçadores humanos. Cães de Caça: No início os cães observavam os humanos caçando e se aproveitavam dos restos. Os cães tinham que ter pelagem de cor clara. Cães guias: Os primeiros cães treinados para serem guias. Cães na polícia: Por causa do grande aumento da criminalidade. Cães na polícia e Cães de Salvamento. chegando a ser utilizado com sucesso o Terrier. sendo que mais tarde. Pastoreio. Bernard of Menthon . Cães de Companhia: Conhecidos pela docilidade. algumas pessoas os têm por pura ostentação de possuir algo na maioria das vezes pela sua excentricidade.18 como: Cães de caça. onde envolvem as crianças. Bernard. por sua cor ou por seu exotismo. Cães de Salvamento: Os primeiros cães de salvamentos. Cães de companhia. para destacar à noite distinguindo-se do lobo e do urso. tem se tornado um grande auxílio para a polícia. Este monastério é um dos mais altos e Europa. mais que fossem ágeis e valentes. A polícia utiliza um mecanismo antigo mais eficaz. Cães guias. sem que esses viessem a atacar o próprio rebanho. Cães de pastoreio: Para evitar ataques de animais selvagens e de ladrões aos rebanhos de ovelhas e de gado. eles eram criados pelos frades franciscanos. muitos são escolhidos pelo seu tamanho. isto é nas tocas. Após a domesticação. o cão chega a perfeição depois de vários meses de paciente e meticuloso adestramento. No alto dos Alpes Suíços. os homens acabaram por utilizar os cães para a caça. Cães nas pesquisas médica. com a aproximação dos humanos e cães. existe um centro St. Sendo que hoje. que já fora usado há muitos séculos. foram empregados no continente europeu há séculos passado. chamados cães de estimação. eram usados para encontrar os caminhos enterrados pelas grandes nevadas como também socorrer pessoas soterradas. porém devido às diversidades das infrações. O termo Terrier provém da palavra latim “terra” e define os cães destinados a caçar na terra. Cães nas pesquisas médicas: Cães também são usados para trabalhos científicos. os cães foram treinados ao manuseio e guarda dos rebanhos. ele é utilizado por civis que apresentam deficiência visual. Atualmente um grande número de cães é utilizado em pesquisas e no ensino de práticas cirúrgicas nas faculdades de ciências médicas. o homem foi testando várias raças com comportamentos diferentes. o uso do cão. a polícia começou a direcionar um tipo de cão específico para cada atuação. chamado Hospice du Grand antigos postos humano na construído um templo para perto da fronteira com a Itália. tinham como objetivo de auxiliar os soldados que voltavam do front com a visão reduzida. Neste mesmo local os Romanos haviam Júpiter e no décimo século. Este treinamento visava conduzir os cegos através do tráfego agitado das metrópoles. cada uma possui uma qualidade específica. que viajavam nestas redondezas. Labradores podem latir como aviso. Atualmente os cães de salvamento. os monges. e passou a ser chamados de Mastifes Alpinos. (PARIZZOTO). amarelo ou marrom-chocolate. pois ela poderá ser fundamental em uma operação para minimizar o sofrimento de uma vítima ou até ser decisivo para a manutenção da vida da mesma e o talento especial de cada cão é o que pode ser o diferencial. sem ondulações ou franjas e áspera ao toque. terremotos e em tempestades marítimas. que é o mesmo que recuperador. na agressividade. Além de ser um cão com temperamento fantástico. possui um faro apurado. densa. os monges de São Bernardo permaneceram trabalhando para ajudar os viajantes e para salvar os mesmos que eram pegos por avalanches e dos invernos inclementes. possuem diferenças físicas através de cada raça. adota o labrador. O Corpo de Bombeiro Militar de santa Catarina. . Estes cães por sua vez. Pequena mancha branca no peito é permitida. e com as crianças é perfeito.19 (depois canonizado com São Bernardo) construiu o hospital sob as antigas ruínas e dedicou a vida a ajudar os peregrinos. muito inteligente e capacitado a desempenhar tarefas complexas. O Cão de bombeiro precisa ter vocação natural. pelagem pesada para resistirem as baixas temperaturas. mas não agirão de modo agressivo. quando notarem algo que lhes pareça estranho. sendo que os amarelos vão do creme claro ao vermelho (da raposa). a característica de ser retriever. pois assim. pobres e necessitados. Por volta de 1707. Hoje as cores aceitas são consistentes em preto. mas em 1800 os monges já haviam estabelecido um canil com um programa próprio de criação.(PARIZZOTO WALTER) Contudo. A pelagem é dupla. tamanho ou peso. rumando para Roma. curta. é necessário saber qual raça se adéqua melhor ao seu objetivo. amigo do homem. deveriam ter um faro excelente. principalmente do seu dono. além de corpos fortes e musculosos. O mesmo tem a necessidade de companhia. excelente nadador. Os cães são como os humanos. grande senso de direção. são usados também em avalanches. tanto no faro. por não ser agressivo e adorar brincadeiras. por ser amistoso. começaram a usar cães na busca e salvamento das vítimas. “Inicialmente os monges tentaram usar uma espécie de viralatas” derivado de mastifes. sobrecarregados com os trabalhos. Geralmente o que deixa a vítima presa. Esta é uma atividade que é considerada muito arriscada. ou subitamente. Um bombeiro especialista em busca urbana. os cães podem ajudar as equipes de busca a localizar as vítimas. inundações. acidentes tecnológicos e as atividades terroristas. pois deverá observar as condições de segurança estrutural e não estrutural para a entrada do mesmo. a retirada e a estabilização clínica de vítimas presas em espaços confinados.3 BUSCAS URBANAS. furacões. mudando conforme as posições dos escombros. presença ou ausência de correntes de ventos. tempestades. possibilidade de acesso aos mesmos. Devido estas dificuldades. são dois cenários. pois os cenários nunca são os mesmos. são colapsos estruturais. Em todas estas situações. mesmo estando enterrados em escombros. mas ainda podem estar presas em minas e deslizamentos de terras. assim como os terremotos. nos ambientes urbanos.3. como as rotas de saída de partículas de odor que afloram na superfície. são sempre muito difícil. a circulação e os trabalhos nos escombros. RURAIS E RESTOS MORTAIS 2.20 2. Estes eventos podem se desenvolver lentamente. temperatura ambiental. tufões. deverá ter conhecimentos em estruturas de engenharia civil e patologia da construção. deverá ter competência técnica e operativa para reconhecer os tipos e condições dos terrenos que irá encontrar. usando seu incrível senso de olfato para sentir o cheiro de humanos vivos. Aqui no Brasil. as principais ocorrências que vamos ter. como terremotos. falhas em barragens. A localização de vítimas em ambientes urbanos. pois envolvem variadas situações de emergências ou catástrofes. . como no caso dos furacões. escombros estruturais e deslizamentos de terra e lama.1 BUSCAS URBANAS A busca e o salvamento urbano envolvem a localização. não basta o bombeiro especialista dominar as técnicas de adestramento canino. Por isso. indicando apenas a direção ou área que se deve orientar a busca. horário. tendo que ser analisado as questões ambientais. onde as equipes indicam que não há pacientes na zona buscada. devemos levar em conta: Túnel do odor. é a cavidade que as partículas de odor percorrem. passando por obstáculos até chegar no ponto que possa ser detectado. se a ouvir ou se sentir o cheiro da mesma. é um detalhe muito importante para o especialista que estiver no local. temperatura e as disposições dos escombros. o que é mais comum.3. chuva. tendo por fator marcante a presença de materiais sólidos compactados. e por fim eliminação de zona. . O efeito chaminé. como vento.1. Nestes dois eventos as atuações são diferentes. Já os deslizamentos. Os cães alertarão a presença de uma pessoa. onde apontam exatamente a posição correta da vítima. As equipes de busca poderão ter indicações diretas. geralmente elas acabam caindo sobre seu próprio eixo. se a ver.1 BUSCA EM ESCOMBROS Os escombros são caracterizados por serem locais onde houve um colapso de estrutura de edificações. pois consiste no entubamento das partículas de odor mais leves que o ar.21 2. indicações indiretas. também apresentam materiais pastosos e muita quantidade de terras onde normalmente esses materiais são arrastados para longe do local de origem. Exemplo do Túnel de odor. o volume de chuvas dentre outros fatores. Nestas ocorrências as equipes de resgate têm um desafio muito grande. 2. e quando a área for muito grande. A gravidade deste tipo de ocorrência depende de uma série de fatores. Por causa da velocidade e energia desprendia a avalanche irá aumentando pelo princípio do arrastamento. o ideal é que sejam feitos buracos com estacas metálicas a cada 30 cm. e eficazes. Para se fazer as buscas neste tipo de ocorrência. Nestes casos. a primeira coisa e entender como o fenômeno ocorreu. as primeiras são mais fracas e de menos intensidade. para a saída de eventuais partículas de odor. seguida de uma maior e mais destruidora. Geralmente.2 BUSCA EM SOTERRAMENTO POR DESLIZAMENTOS Deslizamentos possuem um alto poder destrutivo. pois localizar a posição das vítimas neste fenômeno que normalmente encontram-se soterrados não é fácil.3. é muito importante dividir em pequenos quadrantes de 100 m² para que toda a área seja vasculhada com segurança. em um local de desastre por este tipo de ocorrência.1.22 Exemplo do efeito chaminé. é um deslocamento de massa que geralmente ocorrem após longos períodos de chuvas.50 m. ocorrem várias corridas de detritos. com 1. mas para isso os cães são muito úteis. como o tipo de solo. . fazendo com que as partes que originalmente estão na parte mais elevada tendem a ganhar mais força e assim acabam se posicionando na frente. 2. Foto 07 – Ocorrência Alto Baú (data: 29/11/2008) .23 1. Situação Final Exemplo de deslizamento 02. Situação original Exemplo de deslizamento 01. o condutor do cão. assim como a habilidade do condutor de conduzi-lo. bastando seguir uma trilha. Os terrenos podem ser montanhosos. O terreno tem forte impacto sobre como cada equipe de cão trabalhará. moldado pela direção que o vento lhe atribui.2 BUSCA RURAL Neste tipo de busca. Em muitas buscas. para despistar a polícia e os cães. a partir desse ponto eles não vão se tornar dependentes de um único sentido nas atividades de busca. As vítimas tomarão diferentes caminhos. O cão vai trabalhar melhor e com mais segurança se puder usar mais de um de seus sentidos. podemos afirmar que buscas rurais. e florestas. interpretar o seu animal. deveremos considerar os tipos de terrenos. sendo que este cone de odor. pois os diferentes tipos afetam a habilidade do cão e seu condutor. estas partículas vão se depositando nos objetos. produzem resultados diferentes na monitorizarão e sinalização dos cães no trajeto e localização das pessoas perdidas.24 2. nem sempre são fáceis. deve saber orientar. tão bem como a pessoa a ser procurada. nas árvores. pântano. Os pântanos muitas vezes podem ser grandes e intransitáveis. no solo ou são levadas pelo vento. caçadores muitas vezes seguem as drenagens. estradas de acesso. possuem pequenos fluxos de cheiro. O ser humano perde em torno de 150. já as matas fechadas. pois nas montanhas os mesmos podem serem afetados no seu fluxo de faro. Estas partículas formam um cone de odor a partir da vítima e vão se fixando ao longo do caminho. pois a princípio o método de busca é através da busca de partículas que o cheiro da pessoa deixa nas correntes do ar. Sabendo disto.000 células mortas por hora. mata fechada. temperatura e umidade. relativo ao terreno. direção do vento e as barreiras existentes. tendem a cruzar áreas pantanosas.3. as muitas diferentes variáveis que apresentam nos terrenos e vegetações. . Sendo assim. sendo que a partir de 30-40 metros o cão não tem uma visão clara. Em áreas montanhosas. fugitivos. concentra-se mais próximo a vítima e espalha-se ao se distanciar da mesma. por isso. 25 2. Ao começar as buscas. o mesmo tem grande expectativa e vontade de salvar vidas. Isto devido por uma série de microorganismos. os quais são os responsáveis pela putrefação dos corpos.3 BUSCAS DE RESTOS MORTAIS Cães de Busca de Cadáveres são animais do gênero canis familiaris. objetos contaminados por restos humanos podem ser identificados. Para assegurar um futuro sucesso em buscas. São sensíveis ao odor exalado por corpos mesmo com curto período de putrefação e corpos sem sinal aparente de putrefação. . incluindo busca e descoberta de restos humanos.3. Contrastando com os Bloodhounds ou outros cães de faro. De uma maneira geral. que localizam um odor específico por rasteio. parte de corpos ou fluídos humanos. restando apenas os ossos. São usados em vários contextos de investigação forense. Para fazer buscas de pessoas mortas. os tecidos moles são os que primeiro se decompõem após a morte biológica. algumas vezes tecidos moles também são preservados. mesmo sendo a exceção. muitas vezes serve para tranquilizar as famílias que estão aflitas. De igual maneira. não sabe se a vítima está viva ou morta. os quais são especialmente treinados para encontrar odor de decomposição humana e alertar seus condutores sobre a localização de tais fontes de odor. isto quando o corpo fica mumificado. é importante compreender a maneira como se formam os gases decorrentes da decomposição dos corpos. Na verdade. os CBCs são treinados para detectar um odor genérico no ar (venteio). eles podem encontrar corpos enterrados ou mortos há mais de 20 anos. Emitirão alerta também para corpos em decomposição em fase esquelética ou detectando qualquer odor característico de fluídos de decomposição humana. seu cão deve ser recompensado com igual jogo de entusiasmo se ele encontra um sujeito vivo ou morto. quando o bombeiro sai para fazer uma busca. Do início do processo de decomposição de um corpo até sua fase mais avançada de esqueletização ocorre liberação de odores. em algumas circunstâncias. Devido à sensibilidade do olfato desses cães. quase sempre o bombeiro condutor. Esses animais são treinados para dar um sinal de alerta para odores humanos (não de outros animais) em decomposição. mas achar sua vítima morta. Para conseguirmos fazer as buscas de cadáveres nas águas. 2. atividade de insetos pode ser verificada.3. Grande odor de putrefação detectável à distância por cão e homem. teremos de saber sobre o processo de decomposição dos corpos em água: .26 Para compreender o tipo de odor que o cão está captando é importante saber sobre os estágios da decomposição. 2 – Dilatação: O corpo se dilata devido aos gases produzidos em seu interior. entretanto está se decompondo internamente devido a bactérias presentes nos corpos depois da morte.3. mas animais podem mostrar reações ou se aproximar do corpo se este ainda estiver vivo. 3 – Deterioração: O corpo se rompe e há liberação de gases.1 BUSCA DE CADÁVER NA ÁGUA Cães têm sido utilizados em buscas por corpos submersos desde a década de 1970. O odor ainda não é detectável por humanos. clima e terreno. Se a aproximação for contra o vento. o corpo começa a secar. 5 – Seco ou esquelético: Diminui a velocidade de deterioração. detectável por cães e homens. Tendo por base as ações dos cães mergulhadores desciam e encontravam os corpos submersos. detecção a curta distância. Andy Rebmann documentou essas buscas ao longo deste tempo. O odor presente é de deterioração. Cães podem detectar a certa distância. Odor bolorento. Através de mudanças na linguagem corporal cada cão indica onde terminava a busca. a carne exposta pode ser enegrecida. A distância de detecção varia com a direção do vento. Pode ser detectada a distância. a detecção a distância será muito mais rápida que se o vento estiver pelas costas. animais ainda podem detectar a distância. onde conduziu Bloodhounds no trabalho de buscas em água. Produção de reduzido odor. pode cheirar a bolor ou rançoso. os restos de carne podem sofrer mumificação. O processo de decomposição começa imediatamente após ocorrer a morte biológica e progride por cinco estágios: 1 – Fresco: existe a mudança exterior pequena ou inexistente. 4 – Liquefação: Líquidos produzidos durante o processo de putrefação são liberados no ambiente. 102).. Conforme Chizzotti (2006. é logo após a morte os microorganismos começam seu trabalho produzindo a liberação de gases dentro do corpo. é a temperatura que controla a velocidade de produção de gases. A quantidade e velocidade de produção desses gases dependem da temperatura da água. “estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular [. Esse processo também depende da temperatura da água ao redor do corpo. e pode durar de 24 a 72 horas se a água for mais quente ou meses em água gelada. Terceiro estágio. Tratando-se do tipo explicativo. Claro que existe uma exceção.27 O primeiro estágio. . o corpo pode nunca produzir a quantidade necessária de gases para chegar à superfície. O segundo estágio. A decomposição é mais rápida quando a vítima está de estômago cheio. A profundidade não faz muita diferença para lagos e rios. Quando o corpo emerge pode flutuar até ser recuperado ou se desintegrar sem deixar qualquer resíduo. 3 METODOLOGIA 3. não interferindo nos resultados obtidos. em águas profundas (entre 30 e 60 metros) a pressão reduz o volume dos gases. abaixo de 37° Farenheits. pois procura explicar a necessidade de usarmos os cães de resgate nos mais complexos desastres que podem acontecer.1 CAMPO DE ESTUDO Este trabalho dar-se em uma pesquisa na forma de estudo de caso. Por outro lado. p. se a temperatura da água que rodeia o corpo for muito baixa para a ação das bactérias. o corpo irá boiar até chegar à superfície e passará a flutuar (isso se não estiver preso a entulhos ou árvores submersas.] objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora”. ou ainda se não estiver soterrado).. logo é necessária uma maior produção de gases para que o corpo bóie. por exemplo. Instrumento de coleta de dados Universo pesquisado Finalidade do Instrumento 03 (três) Bombeiros Militares da Entrevista Cia BM de Xanxerê – SC.Instrumento de coleta de dados. Participação direta no curso de Cinotécnico. 02 (dois) Bombeiros Militares de Itajaí – SC. observar métodos utilizados. na cidade de Xanxerê. treinamento. . experiências. documentos do Corpo de Bombeiros de SC. sobre o uso de cães em desastres. Obter opiniões. curso de Cinotécnico ministrado pelo Cap. através do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. BM Parizzoto. explicações para a importância do uso destes cães. Dados Arquivados Documentos do Corpo de Bombeiros de SC. Quadro 1. Os instrumentos de coleta de dados adotados neste trabalho são descritos no quadro a seguir. Bombeiros Militares de São Paulo – SP.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Para este estudo de caso. bancos Obter dados para que possa ter Documentos de dados. livros. do mesmo modo por meio do estudo da Fundação para Gestão de Risco. Colher dados dos desastres ocorridos em Santa Catarina. Uso de materiais didáticos. foi considerada a experiência dos Bombeiros Militar de Xanxerê – SC. Participação direta na enchente de Observação Direta ou dos participantes 2008 em Itajaí e complexo do Morro do Baú. para poder trabalhar com cães. banco de dados.28 3. Adquirir experiências. sendo do tipo de amostra não probabilística. com especialidade no uso K-SAR. Os danos foram consideráveis. em 27 e 28 de março de 2004. não esteja preparado para a prevenção e a intervenção nos acontecimentos desta natureza. Constatamos que nos dias de hoje. sobretudo na cidade de Torres (RS). acabou sendo reconhecido como o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul. No entanto. através da Polícia Militar e principalmente do Corpo de Bombeiro Militar e Defesa Civil. A análise das ameaças deve ser cuidadosa. . Então partindo das situações analisadas. como provocados pelo homem. Crescemos com a idéia de que furacões não ocorrem no Brasil. Esse furacão atingiu também cidades próximas no mesmo estado e em Santa Catarina. baseada nas estatísticas e no histórico da região. pois não há condições favoráveis a sua formação.29 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo visou apresentar a importância e as vantagens que o uso dos cães de busca e resgate traz para as equipes responsáveis por buscas nos locais de desastres. uma alta inteligência. Um bom exemplo disso foi o furacão Catarina. docilidade. e como sabemos que hoje o grande problema do Corpo de Bombeiro Militar de Santa Catarina é a baixa quantidade de efetivo para atender as ocorrências. pois os mesmos têm o privilégio de ter um olfato muito aguçado. podemos concluir que hoje não é mais admissível que o Poder Público. o que inicialmente foi classificado como ciclone extratropical. capacidade de aprendizagem. entre elas a temperatura do oceano que deve ser mais elevada. Porém temos de ter cuidado. tanto naturais. Sendo assim. é cada vez mais frequente noticiários mostrando ocorrências e catástrofes envolvendo deslizamentos de terras e soterramentos de pessoas. pois o fato de um determinado evento não ter ainda ocorrido. habilidade e resistência. não significa que não ocorrerá. agravando-se ainda mais quando esta se dá em grandes proporções. Sendo assim. uma das saídas é criar equipes de busca e resgates com cães. Devendo estar treinado para as catástrofes mais prováveis de sua região e área de atuação. o mesmo deverá estar apto para trabalhar com elementos auxiliares como aeronaves. Atlas de Desastres Naturais do Estado de Santa Catarina. onde o adestrador irá lapidando ao longo do tempo um cão com aptidão para busca e resgate. G. o cão de busca e resgate.). para fazer parte de uma equipe de busca e salvamento. mas para isso o bombeiro deverá estudar bem o terreno que vai adentrar. busca terrestre e busca em estruturas colapsadas. Daniela. (org. 2000. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCARRIA. barcos e outros meios de transportes. tendo habilidades em espaços confinados. F.30 "a colaboração entre o homem e o cão vem da combinação bem coordenada entre as qualidades mais evidentes de órgãos humanos para atender e decisão e da sua articulação com os órgãos dos caninos "(Valeri. deverá gostar de cães. O emprego dos cães nas operações de salvamento do Corpo de Bombeiros. pois o mesmo passará a fazer parte de sua família. pois o condutor do mesmo deve saber diferenciar os sinais que seu cão apresenta em uma operação. E. conhecendo meios de orientações. Diferente do cão policial que muitas vezes só a sua simples aparência pode surtir o efeito desejado. pois só assim cão e bombeiro se tornarão binômios. deve-se formar no mínimo 02 binômios. SP. 146 p. CASTRO. 1987).. navegação por GPS. País é o que mais tem vítimas nas Américas: Valor Econômico 11/01/2010 GONÇALVES. Brasília: Ministério da Integração Nacional. juntando-se com bombeiros com especialização em mergulho. MOLLERI. In: HERRMANN. Monografia CAO. Sendo assim. S. L de P. Policia Militar São Paulo. F. . a qualificação das equipes de busca fará a diferença no resgate. Florianópolis: IOESC. M. Estiagem. O bombeiro adestrador. CHIARETTI. tem de estar em harmonia com seu binômio. Além de tudo. 2007. A. L. Claudemir Mauro. C. primeiros socorros humanos e caninos. 2003. Contudo. 174 p. Manual de Desastres: desastres naturais. C. Walter. . Fundación para la Gestión Del Riesgo.31 PARIZOTTO.com/artigos. Bogotá. TRUJILLO.abrescbrasil. C. Abresc Brasil. Colômbia.. 2002. O uso de cães pelos corpos de bombeiros.História de la especialidad K-SAR em el mundo. 2009.html. Engels G. C. Fundación para la Gestión Del Riesgo. Acesso em 03 de Nov.. Graficas de señalamiento k-sar rural de area. C.. 2002. D. Bogotá. Colômbia. 2002. Colômbia e Latinoamérica. Fundación para la Gestión del Riesgo. Disponível em: http://www. Engels G. Colômbia. TRUJILLO.. Engels G. D.Seleccion del perro de busqueda urbano y rural de área. C. D. PARIZOTTO. C. Bogotá. Walter: Relatório Participação Força Tarefa com Cães em Blumenau – 2008 TRUJILLO. .
Report "A IMPORTÂNCIA DO USO DE CÃES DE RESGATE PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR."