A Igreja Da Santidade - Indios_ Interculturalidade _America

May 15, 2018 | Author: bianca | Category: Slavery, Brazil, Catholic Church, Spain, Portugal


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ESTE MATERIAL ESTÁ SENDO DISPONIBILIZADOAOS ALUNOS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM NOVAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO, SEM NENHUM INTUITO DE VENDA OU LUCRO FINANCEIRO NESTA TRANSAÇÃO, A NÃO SER A NECESSIDADE DA DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO. A "QUESTÃO INDÍGENA" NA AMÉRICA LATINA Quanto à questão indígena, podemos falar de duas Américas Latinas: uma habitada por milhões de indígenas, geralmente mestiços, e outra que se construiu com base na quase eliminação destes povos e de suas culturas. Em alguns países, como México, Peru, Guatemala, Paraguai e Bolívia, a presença indígena, através da mestiçagem, é muito grande. No Brasil e nas Antilhas esta situação é quase nula. O indígena da América espanhola na época colonial. Quando os espanhóis chegaram à América, encontraram povos em distintos graus de "evolução cultural". [...] Maias, astecas e incas, por exemplo, eram grandes impérios teocráticos [...]. [...] Ao lado de maias, incas e astecas, existiam na América espanhola indígenas que viviam ainda na comunidade primitiva, onde a propriedade da terra era coletiva [...]. A princípio, os espanhóis, pura e simplesmente, lançaram-se ao saque dos metais preciosos acumulados pelos indígenas. Ao acabar os estoques, foi necessário organizar a produção, e os espanhóis passaram a utilizar a mão-de-obra nativa, sob várias formas de trabalho compulsório, como a mita e a encomienda. A absorção da mão-de-obra indígena foi facilitada naquelas regiões, onde as comunidades já produziam um excedente para os seus senhores: incas, maias e astecas. Nos locais onde as populações indígenas não estavam acostumadas ao trabalho compulsório, foi mais difícil aos conquistadores organizar o sistema produtivo. As populações indígenas dessas regiões, para fugir ao trabalho compulsório, deslocavam-se cada vez mais para o interior. Era violenta a exploração do excedente que os indígenas produziam. Do seu trabalho excedente sustentavam-se os encomenderos, mineradores coloniais, companhias monopolizadoras do comércio, burocracia estatal, além da burocracia da Igreja católica. O rei Filipe II, da Espanha, dá-nos uma ideia da exploração da mão-de-obra indígena. Em 1581, esse monarca afirmou que um terço dos indígenas da América já haviam sido exterminados e que os vivos eram obrigados a pagar pelos mortos. Em outras palavras: os sobreviventes foram mais explorados para compensar a lacuna dos mortos. A própria Coroa espanhola, preocupada com a extinção brutal da mão-de-obra nativa, começou a legislar sobre o assunto: surgiram as Leis das Índias, que protegiam a organização comunitária da propriedade e do trabalho indígena. Mas essas leis ficaram apenas no papel. A prática do sistema colonial espanhol encarregou-se de destruir a eficácia delas: o encomendero era o encarregado de cobrar os tributos das comunidades e de cristianizar os indígenas. Mas na realidade era um proprietário de terras e de vidas, que dispunha dos indígenas da forma que bem entendesse. Quando estes morriam ou se ausentavam, o encomendero apossava-se legal ou ilegalmente de suas terras. As propriedades comunais transformavam-se em imensos latifúndios de propriedade individual, cultivados pelos indígenas como se fossem servos medievais. As Leis das Índias também acabaram proibindo o trabalho forçado dos indígenas nas minas (mita). Mas as leis foram feitas para não serem cumpridas, pois admitiam o trabalho forçado dos indígenas, caso declinasse a produção. E a mita continuou existindo e matando milhares e milhares de indígenas. As Leis das Índias, mais tarde, também passaram a admitir - só formalmente - a igualdade de direitos entre indígenas e espanhóis na exploração das minas. Na verdade, os espanhóis e seus descendentes contra peninsulares e sistema colonial espanhol. em determinadas regiões do império espanhol como no atual Paraguai. Montesquieu recusava-se a reconhecer no indígena um seu semelhante. que. No dizer dos teólogos. Até Rousseau não viu no indígena mais do que o bom selvagem que a sociedade não havia corrompido. também tinham uma visão preconceituosa em relação aos indígenas. a Companhia de Jesus passou a assumir a defesa direta dos indígenas contra os encomenderos. Para Voltaire. Mas não foi apenas a Igreja que via preconceituosamente o indígena. A exploração dos indígenas era justificada pela própria Igreja católica. à encomienda e à mita.. Nesses casos. pensadores mais revolucionários da época. era benéfica a atuação dos encomenderos.]. e os indígenas os trabalhadores forçados [. também. à apropriação das terras comunais pelos grandes proprietários. Os indígenas da América espanhola e a independência. Portanto..] ocorreram muitas revoltas de indígenas e mestiços contra o domínio espanhol. Os criollos na luta pela independência. Só que esses movimentos não eram dirigidos apenas contra o monopólio espanhol sobre o comércio exterior das colônias.continuaram sendo os proprietários. opunham-se. da extração do excedente econômico e da cristianização dos gentios.. lideraram um exército composto de . estavam encarregados de cristianizá-los. a própria Companhia encarregou-se da organização da produção. os índios eram inocentes crianças que deveriam ser levados à fé cristã. "A América era habitada por índios preguiçosos e estúpidos". Por isso. os rebeldes foram dominados pelo exército espanhol. não tiveram apoio dos aristocratas criollos. [.. Mesmo os iluministas do século XVIII. explorando o trabalho excedente das comunidades indígenas. que se beneficiavam dessa estrutura econômica. mantendo a estrutura comunitária das aldeias indígenas. Mas. Sem apoio nenhum das camadas dominantes. Estes passaram a proprietários individuais da terra. Estes criaram sociedades modernas. os indígenas de caçadores passaram a ser caçados. isto é. acostumados a caçar o gado que vivia solto pelos pampas (campinas). Em outras regiões do antigo império espanhol. Na metade do século XIX. A conquista espanhola reduziu violentamente as populações indígenas e. sem terras.peões. que quase sempre esqueceram. pela colonização. bem ou mal. as aristocracias dominantes dividiram-se em conservadores e liberais. .em condições quase servis . das Leis das Índias e da Igreja católica. aumentaram-se as exportações de couro e charque da região. Os indígenas.a propriedade coletiva da terra - desmontou a estrutura social dos indígenas. desapropriaram terras da Igreja e liquidaram com as terras comunais dos indígenas. com suas tropas de gaúchos (mamelucos). Após a independência. romperam com a tradição colonial. Morreram os antigos valores que integravam toda a organização cultural. Sem o amparo da comunidade. praticamente liquidou seus valores. Puderam vender individualmente seus lotes. Foi dessa maneira que os primitivos habitantes da América entraram em contato com os europeus: a sociedade colonial procurou integrá-los. Para isso. social e econômica dos nativos. pois a propriedade individual era fato demasiadamente estranho à sua tradição de vida. os indígenas venderam suas terras individuais para um grupo de especuladores que surgiu com a independência. Desamparados perante a nova cultura.indígenas e mestiços. como o Vice- reino do Prata. a quem fizeram inúmeras promessas. sem a proteção. nas grandes fazendas. onde o gado era criado cercado. e os grandes proprietários rurais. Surgiram grandes estâncias capitalistas. em vários países latino-americanos. seus mitos e ritos. O fim da tradição comunitária . tornaram-se mão-de-obra . passaram a exterminá-los. OS INDÍGENAS DA ATUAL AMÉRICA ESPANHOLA. começaram a atacar as estâncias. Adotaram a língua e a religião do colonizador. conseguiu uma integração política parcial de sua população indígena. realizou o chamado Plano Tupac Amaru. Com a independência. as forças de esquerda incentivam.. As tribos ou grupos indígenas que não fugiram para o interior entraram em convívio forçado com a cultura europeia. quando afluem às cidades.... desde os tempos coloniais. destruindo o poder da oligarquia rural. os indígenas ficaram excluídos da sociedade nacional que se formava. e tornaram-se marginais. O presidente Alvarado. No Peru e na Bolívia.] O México.. da mesma forma que o Peru. [.] Na região da Cordilheira dos Andes. em decorrência da revolução de 1910. o levante armado dos camponeses indígenas. Nem adquiriram padrões culturais dos colonizadores..colocando-os no nível mais baixo da organização social. No Peru. após a revolução de 1968.] Nos últimos tempos. os problemas econômico- sociais dos indígenas assemelham-se aos dos camponeses do chamado Terceiro Mundo. o que é muito importante num país que reprimiu sistematicamente a cultura indígena. camponeses e mineiros de origem indígena estão se politizando e lutando por seus direitos. [. que consistiu em reforma agrária e reabilitação da cultura e da língua quíchua. nem reconstruíram os seus. Camponeses pobres ou trabalhadores rurais mal pagos transformam-se em operários nas minas. forçando-os a produzir os excedentes comercializáveis no mercado externo. por exemplo. sem sucesso. que. conseguiu-se integrar parcialmente os indígenas à política. mas mantiveram seus dialetos e alguns de seus mitos. até há pouco tempo.. enquanto no Paraguai. havia extermínio organizado dos "indígenas bravios".] [. . [.. mas sua influência cultural é forte. com as grandes imigrações de europeus. O país. A influência do elemento indígena é quase nula neste país. dessa região. trabalham como peões. juntamente com Paraguai e Peru. para os latifúndios da United Fruit ou das oligarquias locais. No Uruguai. a baixo salários. O México. as telecomunicações etc. é a Guatemala. pelo menos na parte continental. Apenas no norte da Argentina.a United Fruit -. a população indígena foi praticamente exterminada à época da colonização e foi substituída por escravos negros. oitenta por cento de sua população são formados de camponeses: indígenas ou mestiços. próximo ao Paraguai. Lá. Os indígenas e mestiços. Um quarto das crianças indígenas e mestiças morre antes de completar um ano de vida. até o final do século XIX. tornou-se um país predominantemente branco (86%). é um país cuja vida cultural sofre grande influência indígena. Praticamente. existe um pequeno número de indígenas e mestiços. AMÉRICA CENTRAL A presença do índio. estradas de ferro. a população branca substituiu os mestiços. cuja presença indígena é mais forte. A partir daí. que controla grandes latifúndios. A Argentina era habitada essencialmente por mestiços (os gaúchos). A influência indígena aí é quase inexistente. mesmo quando são minifundiários. Nas Antilhas (ilhas da América Central). este pequeno país é praticamente propriedade de uma empresa norte- americana . devido à grande mestiçagem aí existente. da mesma forma que na Argentina. Esta população é tão pobre que nem sapatos usa. . toda a população de índios e mestiços é composta de analfabetos. a partir do final do século XIX.restaurou algo assemelhado à comunidade indígena: o ejido. é pequena numericamente. este elemento foi substituído pelo escravo negro. mais de 2 milhões de índios viviam no Brasil. fossem portugueses ou ingleses etc. as populações indígenas foram exterminadas. nas regiões litorâneas. A escravidão e a destribalização levaram à destruição física e espiritual dos indígenas. Essa situação transformou-se com a necessidade de colonização. pois esta era mais barata e muito mais fácil de ser apreendida.. Era necessário ocupar as terras e forçar os indígenas ao trabalho escravo. ou fugia quando submetido à escravidão. portanto não havia motivos para conflitos com os indígenas. era o interesse dos traficantes de escravos negros. utilizado na indústria de tinturas. argumentam-se que à mão-de-obra negra era dedicado melhor tratamento que a mão- de-obra indígena. no Brasil colônia. Segundo Lévi-Strauss.. Para estes. à época da colonização. onde se desenvolveu a economia de plantation. o indígena morria logo. Apesar da proteção mais formal que real da Coroa portuguesa e da Companhia de Jesus. Os portugueses não necessitavam de terras. os indígenas forneciam alimentos e pau-brasil aos portugueses. Em troca de produtos europeus. E .OS INDÍGENAS DA AMÉRICA PORTUGUESA À ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO. O único produto brasileiro que tinha algum valor econômico na Europa era o pau-brasil. Um motivo. os portugueses preocuparam-se com o comércio de especiarias do Oriente.] Os primeiros contatos entre indígenas e portugueses foram amistosos. que implicava povoamento e montagem de um sistema produtivo permanente. após o descobrimento do Brasil. Logo. Durante trinta anos. Por essa razão. no estágio de desenvolvimento social. que chamamos de comunidade primitiva. [. que talvez explique o mito da indolência do indígena. Muitos historiadores explicam essa substituição pela ineficiência do trabalhador indígena em relação ao trabalhador negro. o tráfico negreiro era uma fonte altamente rendosa de acumulação de capital. em tribos nômades.. a sociedade nacional. a Amazônia conheceu um grande desenvolvimento da produção e comercialização do látex. Quando os holandeses tomaram Pernambuco.não só os traficantes. pela legislação brasileira. os indígenas tinham duas alternativas: ou fugir para as florestas ou perecer. não utilizado como mão-de-obra escrava na plantation açucareira. As doenças e os atritos entre pioneiros e indígenas dizimaram ainda mais aquelas populações. como São Vicente. Estes escravos não eram fornecidos às capitanias produtoras de açúcar. pertencentes a Portugal e Espanha. Os mamelucos vicentinos dedicavam-se então à caça de indígenas. A cada avanço desta. As frentes pioneiras entraram em contato com os indígenas. Ao contrário da América espanhola. À medida que a sociedade nacional se desenvolvia. OS INDÍGENAS NO BRASIL ATUAL. continuo sendo escravizado. a mão-de-obra indígena não foi fundamental para o colonialismo europeu e nem para a sociedade nacional que emergiu da independência. Nas regiões de economia de subsistência. E à medida que fugiam para o interior. iniciou-se um lucrativo comércio de mão-de-obra indígena do Sul para o Norte e Nordeste. mas também a Coroa era beneficiária do comércio negreiro. os indígenas iam para regiões mais inabitáveis. Os funcionários vendiam as terras que a União havia . O indígena. Durante muitos anos esse organismo desserviu aos indígenas. devido ao preço. no seu desenvolvimento. Em 1911. tornava-se proibitiva a importação de escravos negros. Então. e essa tutela era feita pelo SPI. para servir de mão-de-obra escrava naquela região. ocuparam também as regiões produtoras de escravos da África. como incapaz e tutelado pelo Estado. Levas de nordestinos migraram para a Amazônia. No final do século XIX. Cândido Rondon fundou o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) para proteger os indígenas. os seguia. O índio era visto. e nelas não é permitido estabelecer empresas privadas. [. Ela é responsável pelos postos indígenas no Brasil. Desses postos..] . No ano de 1968.. Eis a grande contradição: o capitalismo precisa expandir-se por todas as áreas. onde se diz que a política do governo é a preparação das comunidades para a integração. Esta integração será feita "quando as comunidades estiverem em condições de comercializar a sua produção e auferir lucros". É o caso de indígenas já integrados. mas as terras dos indígenas estão garantidas pela Constituição. vendendo artesanato e se embriagando. dirigido pelos irmãos Villas Boas. Mas a destruição das culturas indígenas marginaliza os indivíduos pertencentes a essas culturas. cuja política é a integração do indígena à sociedade nacional. através de atos criminosos. abriu um inquérito e afastou dezenas de funcionários acusados de corrupção. mineradoras etc. A solução para o problema indígena é difícil.mantido como propriedade indígena. Em outras palavras: os indígenas serão integrados. foi criada a FUNAI (Fundação Nacional do Índio). A propriedade do índio é inviolável e este é tutelado. segundo a perspectiva capitalista da sociedade nacional. o general Alburquerque Lima. sob a alegação de que "O índio não pode atrasar o desenvolvimento" do país. Para substituir este órgão. A integração indígena à sociedade nacional está colocada no Estatuto do Indígena. procuravam expulsar as tribos que aí habitavam. que vivem na periferia das cidades. as reservas indígenas são cortadas por estradas. a quem o SPI estava subordinado.] Os pioneiros e frentes de expansão agrícola avançam sobre as terras dos índios e atrás deles vão as grandes fazendas.. Atualmente. Ministro do Interior. Os compradores destas. [. e ocupadas por imensas fazendas e minas. que são contrários à política de integração do indígena à FUNAI.. o único em que os indígenas tinham um habitat mais ou menos natural era o Parque Nacional do Xingu. ocorreu inicialmente em São Vicente. a Santidade.blogspot. História da América. assim. os nativos tentaram. São Paulo: Moderna.html A IGREJA DA SANTIDADE – A RESISTÊNCIA INDÍGENA NO BRASIL Enquanto os colonos. resistir à dominação portuguesa. Uma forma de resistência indígena. os índios usaram como forma de resistência os próprios símbolos de seus dominadores. misturando suas crenças e ritos aos da religião católica e dando origem. Florival. os símbolos da religião católica.br/2013/01/a-questao-indigena-na- america-latina. conhecida pelo nome de Santidade. em 1551. dos quais se dizia possuírem poderes . o clero e a Coroa discutiam sobre a melhor forma de conduzir a questão indígena.REFERÊNCIAS CÁCERES. Oprimidos pelas ações dos jesuítas e dos colonos. de várias maneiras. ganhando força em Ilhéus e no Recôncavo baiano. seus rituais e figuras. p. a um novo culto religioso. no final do século XVI. Para Stuart Schwartz.com. 1986. 201-208 http://oridesmjr. "o culto da Santidade parece ter sido uma combinação da crença dos tupinambás em um paraíso terrestre com a hierarquia e os ícones do catolicismo. Elaboraram um culto sincrético e messiânico. Centrava-se em ídolos feitos de cabaças ou pedras. apesar de até o século XVIII haver notícias de guerra entre os colonos e os índios. a Metrópole. Fernão Cabral de Ataíde. Rezavam usando um terço. motivo pelo qual foram perseguidos pelas autoridades da Coroa. agiu mais drasticamente. a Santidade sobreviveu no sul da Bahia. Nelas instalavam um ídolo ao qual chamavam de Maria. Assim." Os nativos adotaram os símbolos e a hierarquia da Igreja Católica. Conforme o relato do Governador Diogo de Menezes. A ação portuguesa foi vitoriosa. A última referência específica sobre a Santidade data de 1627. aderiram ao movimento e permitiram a celebração desses rituais em suas fazendas. por exemplo. em 1610. .sagrados. havia mais de 20 mil índios e escravos fugidos nas aldeias. Aparentemente esses rituais visavam a introduzir transes catatônicos nos participantes. como símbolos. Declarou uma guerra de extermínio a essas aldeias. saqueando a propriedade e levando os índios ali residentes. Alguns senhores de engenho. especialmente contra as plantações de cana-de-açúcar e os engenhos do sul do Recôncavo. tornavam- se cada vez mais ameaçadores e temidos. uniam-se em operações militares contra os povoados habitados por portugueses. e mais tarde negros escravos africanos ou crioulos fugidos. colocavam tábuas sagradas. Com o exacerbamento dessa situação. quando um bando atacou o engenho de Nicolau Soares. Índios. que nomeavam "bispos" e também enviavam "missionários" para difundir o culto e pregar a resistência contra os portugueses. Em honra aos santos entoavam novos cânticos e realizavam cerimônias que podiam durar dias a fio e onde se consumia grande quantidade de bebida alcoólica e infusões de tabaco. especialmente no interior da Bahia. devolvendo os fugitivos aos seus donos e vendendo os índios como escravos para outras capitanias. em 1613. Seus líderes proclamavam-se "papas". em suas igrejas localizadas nas propriedades dos senhores. onde ainda se praticava a nomeação de "bispos e papas". matando escravos. No período entre 1560 e 1627. como. como o pau-brasil. desmembrando milhares de tribos existentes no território. fez com que os índios conseguissem alimentar tribos inteiras. e a economia era basicamente agrícola. os padres atuaram na mudança de hábitos dos índios nômades. com o cultivo da terra. proibiu a escravidão indígena. Para a exploração da cana-de-açúcar. econômica e política. os senhores de engenho se utilizaram de mão-de-obra indígena nas plantações e no beneficiamento do produto. a escravização indígena. com os estrangeiros.RECAPITULANDO A CHEGADA AO BRASIL Na chegada ao Brasil. Devido à necessidade de mão-de-obra para a extração do pau-brasil e outros recursos naturais. necessitavam cada vez mais de mão-de-obra nos canaviais. caçavam para sobreviver. as capitanias de Pernambuco e da Bahia. os maiores centros produtores de cana-de-açúcar. tornando-os sedentários: a facilidade da obtenção de alimento. não existia propriedade privada. e os brancos visavam utilizá-los como mão-de-obra escrava. os índios não obedeciam aos mandos dos senhores de engenho.Os indígenas brasileiros do período colonial viviam duplamente acuados: os jesuítas almejavam convertê-los ao Catolicismo e aos valores europeus. constituídos por pequenos utensílios domésticos. A Igreja Católica. não se mostraram hostis. um novo modelo de organização social. inicialmente. representada pelos jesuítas. além da religião católica. atividades de escambo entre os produtos aqui existentes. estabelecendo. A fim de facilitar a catequização e o controle.Entre 1530 a 1570. Eles tinham sua própria religião. conheciam as matas e seus segredos e não se sujeitavam a viver em cativeiro. Estes. A Coroa Portuguesa.De cultura desconhecida e completamente diferente dos europeus. aos poucos. Logo surgiram inúmeros conflitos entre os indígenas e o povo colonizador.Nas Missões Jesuítas. sem a necessidade da caça pelo alimento. em troca de presentes vindos de Portugal. já que seu interesse era catequizar os índios. dividida entre a Igreja e a pressão dos senhores de . o colonizador português começou. em defesa de suas terras e contra a escravidão. os portugueses se depararam com os nativos indígenas. difundindo. Contudo.engenho. Esse grupo se rebelou contra os colonizadores portugueses. O governo brasileiro pouco intervém nessas questões.000. essa população foi reduzida para aproximadamente 300. que ficou conhecida como a Confederação dos Tamoios. exclusivas dos brancos. o Brasil possuía cerca de cinco milhões de índios. Moçambique e Congo. Atualmente. envolvendo também os índios Guaianazes e Aimorés. região de São Paulo. produtores rurais e índios pelo uso da terra são frequentes.Para compensar as perdas com escravos indígenas e apaziguar a briga com a Igreja Católica. índias estupradas pelos sedentos colonos e as doenças. o clero e a Coroa não se resolvia. deixou lacunas na legislação que proibia a escravização dos índios. principalmente no início do século 17. cerrando os olhos para as barbáries cometidas: crianças tiradas à força das aldeias para receberem educação nos colégios jesuítas. . A Santidade. os nativos tentavam resistir à dominação dos brancos. os escravos vinham da África. e ganhou forças em Ilhéus e no Recôncavo Baiano. São raras as tribos que ainda preservam seus costumes. a população indígena não assitiu impassiva à ação colonial ou mesmo da Igreja. Entre 1554 e 1567. Atividade altamente rentável para a Coroa portuguesa. a luta pela demarcação das reservas indígenas e os confrontos entre garimpeiros. No início. que dizimaram milhares de índios. principalmente de Angola. um tipo de culto que adaptava os rituais católicos ensinados pelos jesuítas.Enquanto o impasse gerado entre os colonos. Sua cultura foi manchada pela influência do homem branco. principalmente na região Norte do país. o tráfico negreiro foi intensificado no Brasil colônia. os índios Tupinambá lideraram uma revolta. Hoje. iniciou-se em 1551 na capitania de São Vicente. A única honrosa exceção foi o opúsculo do folclorista José Calasans. . Mais tarde veremos o por quê da existência de fontes inquisitoriais sobre esta importante Santidade. Causa estranheza. apesar de conter. ao mesmo tempo. a propósito. vinham ocorrendo no litoral desde meados do século. sem dúvida. Maria Isaura e tantos outros). publicado em 1995. trabalho útil e bem feito. nome que lhe foi dado paradoxalmente pelos jesuítas e se difundiu na Bahia. É trabalho que procura adotar uma perspectiva histórico- antropológica sobre um movimento indígena ocorrido na Bahia (séc. datado de 1952. em linhas gerais. É o que nos indica a vasta bibliografia etnológica sobre os Tupi-Guarani (Métraux.XVI) que foi. A Santidade de Jaguaripe é. a principal manifestação de rebeldia indígena no século XVI. contra a escravidão e contra a catequese jesuítica. Vários movimentos de migração Tupinambá. resultado da pesquisa que realizei no Brasil e em Portugal por cerca de 6 anos. todos eles provocados pela pregação de caraíbas. o de meu último livro. A Santidade de Jaguaripe foi. mas não foi a única. rebelião armada e seita religiosa contra o colonialismo português. A heresia dos índios. durante a década de 1580. Quase nada se havia escrito sobre ela. salvo pontualmente e sem profundidade. Movimento de resistência sociocultural. dado que sobre ela há copiosa documentação da Inquisição depositada no ANTT. na região de Jaguaripe. porém. em livros sobre outros temas. traços do catolicismo e do próprio colonialismo contra o qual os índios lutaram. a melhor documentada. Florestan. portanto. ou mesmo de guerra. O movimento ficou conhecido como Santidade. a que mais permite uma análise verticalizada.RITUAIS INDÍGENAS QUE NÃO SE APAGAM: A CATEQUIZAÇÃO FRUSTRADA Ronaldo Vainfas O tema de minha comunicação retoma. que a Santidade não tenha despertado antes a atenção de nossos historiadores. em Lisboa. grandes pajés indígenas que tradicionalmente pregavam a busca da Terra sem Mal ou sem Males. na sua própria estrutura. uma história muito particular que explica. o maior dos quais com cerca de 265 fólios. Passo. como já disse. ou da seita de Martin Ocelotl no México. A ausência de estudos é. antes de fugir dali. nome de batismo dado pelos jesuítas no tempo em que Antônio viveu num aldeamento de Ilhéus. para citar apenas dois casos do século XVI. sobretudo os inquisitoriais. Muitos engenhos foram saqueados ou incendiados. conhecida como Santidade. é o caso da correspondência jesuítica. É o caso de fontes publicadas. em Lisboa. e algumas missões foram abandonadas. e provocou a maior rebelião indígena ocorrida no Brasil português do primeiro século. a seu respeito. onde aprendeu rudimentos da fé católica. como o do Conde de Linhares. Ela surgiu na década de 1580. a exemplo do Taqui Ongo. a razão de haver tantos documentos. Inúmeros portugueses foram aprisionados e mortos. o grupo de indígenas liderado por Antônio estava já organizado nos "sertões" de Jaguaripe e estimulava fugas e revoltas em toda a capitania. da documentação do governo colonial e das confissões e denúncias do Santo Ofício utilizadas por Calasans. a tratar da história desta Santidade. como disse. considerada a disponibilidade de fontes.mas que não utilizou os processos completos e manuscritos da Inquisição. que aliás contrasta com os historiadores de língua espanhola ou hipanoamericanistas. o que está . em seguida. Silêncio injustificável. surpreendente. Mas é verdade que as principais fontes são os processos do Santo Ofício depositados no Tombo. a exemplo das crônicas de viajantes. inclusive. em Jaguaripe. tendo em vista o farto manancial de fontes disponíveis há muito tempo. os quais produziram importantes estudos sobre idolatrias e milenarismos indígenas na América Espanhola. Era liderada por um índio chamado Antônio. o que causa espanto é o silêncio que os historiadores brasileiros guardaram por tanto tempo acerca da rebelião milenarista indígena. ao sul do recôncavo baiano. Seja como for. Cerca de 1584. no Peru. Considerando ser muito difícil. Uma expedição de tipo diplomático. As índias velhas voltariam a ser jovens e os homens se tornariam imortais. ao achamento da Terra sem Males. homem que prestara serviços relevantes à governança e por isso desfrutava da confiança do governador. O crescimento das rebeliões e fugas pôs em pânico o governo e a população de colonos. Fernão Cabral de Taíde. destroçar o movimento indígena na floresta. Organizou uma expedição. que adentrou os "sertões" e chegou a obter algumas vitórias. Os pregadores da Santidade exortavam os fiéis a fugir dos brancos e a atacá-los. mas atrair os índios para o litoral. sem contudo atingir o núcleo dos rebeldes. onde estava o líder Antônio. composta por mamelucos de sua absoluta confiança.registrado inclusive em correspondência do Governador Geral Manuel Teles Barreto. Atraí-los com a promessa de que na sua fazenda todos gozariam de total liberdade: liberdade para os homens possuírem várias mulheres. Todos os portugueses seriam mortos ou tornar-se-iam escravos dos mesmos índios que então escravizavam. O triunfo da Santidade equivalia. O governador viu-se então obrigado a tomar providências enérgicas para destruir o movimento. o paraíso Tupi de que falam os etnólogos. Foi neste contexto que entrou em cena um novo personagem. talvez o protagonista maior deste enredo: o poderoso senhor de engenho de Jaguaripe. liberdade de bailar e fumar a seu modo. assim. os quais deveriam não combater. comprometendo-se ele mesmo a enviar uma expedição especial. acenando que o triunfo total estava próximo e com ele viria uma nova era de prosperidade e abundância. então ocupante do cargo. . Fernão Cabral propôs a Teles Barreto uma estratégia diferente para derrotar os índios. cuja busca teria outrora conduzido este grupo para o litoral atlântico da América do Sul. Os índios não precisariam mais trabalhar porque as flechas caçariam sozinhas no mato e os frutos brotariam da terra sem que ninguém os plantasse. ou mesmo impossível. sugeriu ao governador que ordenasse o retorno da expedição repressiva. confiada a Álvaro Rodrigues. fidalgo natural do Algarve. destroçando seu núcleo dos sertões de Jaguaripe. Fernão Cabral não destruiu a "seita" como prometera ao governador. os mamelucos cumpriram sua missão. devolvida aos antigos senhores ou às missões. Liderados por um certo Tomacaúna. transtornando a população colonial. continuaram com seus bailes e fumos. continuaram. nem cativeiro. a Inquisição de Lisboa enviaria seu primeiro visitador ao Brasil. Isto se passou em 1585. estabelecendo-se em terra escravista na esperança de que ali fosse a sua mitológica "terra onde não se morria jamais". No entanto. Fez retornar a expedição de Álvaro Rodrigues e autorizou a de Cabral. Centenas de índios se deslocaram para os domínios de Fernão Cabral. Pressionado a de novo intervir. braço direito do senhor de Jaguaripe. que . esta confiada a Bernaldim Ribeiro. os quais continuaram reverenciando seu ídolo de pedra. de que na fazenda de Jaguaripe não haveria padres. sendo os principais líderes aprisionados e talvez desterrados. na língua que aliás conheciam bem. Durante cerca de seis meses a Santidade floresceu no engenho escravista de Jaguaripe. caraíba- mor.liberdade de cultuar seus ídolos. em 1591. o ídolo e objetos de culto confiscados. Ajudou os índios para que erigissem sua igreja nas proximidades da casa-grande. com exceção de Antônio. Nem Fernão Cabral. Heitor Furtado de Mendonça. a estimular fugas e rebeliões em toda a capitania. que simplesmente desapareceu sem deixar rastro. assim. o Governador organizou uma derradeira expedição. a multidão de índios foi reescravizada. enfim. no palco da grande festa indígena e no principal refúgio de índios cativados ou aldeados na Bahia. Anos depois. surpreendentemente. A igreja indígena foi queimada. em escala talvez maior do que antes. nem tampouco os índios opuseram resistência. O governador concordou. Os mamelucos de Fernão Cabral deveriam convencer os índios. provocando a ira dos jesuítas e dos demais senhores de engenho da região. encarregada de destruir a Santidade de vez. As terras de Fernão Cabral se transformaram. personagem que teria escapado do antigo dilúvio metido no alto da mais alta palmeira. a começar por Tomacaúna. de aprofundar este assunto nos limites de uma comunicação. Uma espécie de paraíso indígena habitada pelos espíritos dos ancestrais onde tudo era abundante: a comida. A figura do chefe da Santidade reforçava. Tamandaré. que se havia reconciliado com o antigo governador Teles Barreto. A terra sem Males era o abrigo dos deuses: homens-deuses. Resulta disso. terra de fartura e eterna juventude. ou seja.permaneceu na Bahia até 1593. Foi então que o mesmo Fernão Cabral. a numerosa documentação sobre a Santidade de Jaguaripe. material de grande valor histórico e etnográfico. demiurgos que não morriam jamais. Como tenho dito até aqui. Fernão Cabral foi preso e processado pela Inquisição. com seus múltiplos papéis e personas. por muitos analisada. lembra muitíssimo o mito da Terra sem Males. apenas um chefe de rebeldes. Não é o caso. . Era um deus: homem-deus. Antônio não era. Ele e os mamelucos a seu serviço. pois. a bebida. viu- se flagelado por infinidade de denúncias contra o seu comportamento naqueles episódios. é certo que as crenças da Santidade se ancoravam nas mais antigas e profundas tradições dos índios Tupi. Mas vale ao menos dar uma notícia do que constitui o melhor exemplo da religiosidade indígena e da mestiçagem cultural que operava na colônia neste primeiro século. na verdade. como deles diria Serge Gruzinsky. a força. relatos jesuíticos e com as informações da bibliografia etnológica. capaz de iluminar não só a trajetória da Santidade como sua morfologia. e comparando as fontes inquisitoriais com os cronistas. Antônio dizia ser a encarnação viva do maior herói da mitologia Tupi. por falta de tempo. a estrutura de seus ritos e crenças e mesmo a maneira pela qual os colonos se relacionaram com a religiosidade rebelde dos índios. a conexão entre rebelião e mito. A terra de que falavam os pregadores rebeldes. bem como seus acólitos mais próximos. Era o abrigo dos guerreiros invencíveis. Verdadeira corte celeste católica era. danças que certa vez chamei de "o baile dos espíritos". No limite. a Santidade não permaneceu prisioneira de seus próprios mitos. Preconizou a morte ou escravização dos portugueses. . São Luiz. quer dizer. Mas. ou a principal delas. fosse pela guerra. mas possuía os mesmos caracteres dos tradicionais maracás. cabelos. É o caso da utilização de cabaças mágicas. integrava a religiosidade da Santidade. olhos. fosse pela migração. enredada na teia da história que recusava pelo reforço de seus mitos. a Santidade acabaria assimilando traços do catolicismo e do colonialismo por ela combatidos. a abolição do cativeiro indígena e a destruição da catequese jesuítica. tinha por título Santa Maria Mãe de Deus. diversos ritos praticados na Santidade eram os que cronistas e jesuítas descreviam desde meados do século XVI. índia que chegaria a liderar o culto nas terras de Fernão Cabral. ao mesmo tempo em que dizia ser o herói Tamandaré. É o caso dos bailes em que os índios se comunicavam com os mortos. dizia ser também o verdadeiro Papa. Por outro lado. rito essencial para a comunicação com os ancestrais _ tão importante que os portugueses chamaram o tabaco de "erva santa" e a qualificação da cerimônia indígena como "santidade". bocas. Sua mulher. o clero da Santidade indígena. O chefe do movimento. esboçou uma mensagem de resistência. No entanto. O ídolo da Santidade era de pedra. eis alguns maiores do clero indígena da Santidade. Tudo isso. em boa parte ancorada nas tradições Tupi. São Paulo. É também o caso do uso do tabaco até o limite da embriaguez ou transe místico. absorvendo a história para negá-la. chamando-se Tupanasu. em suma. e nomeava bispos e santos entre os principais pregadores. Deus Grande. objetos que tinham o poder de abrigar os parentes mortos e fazê-los falar. chamadas por eles de maracás. sempre adornados com plumas e personificados com narizes. e muito mais de que aqui não me vou ocupar. como no início. volto a dizer. Era em tais cerimônias que os grandes pajés _ os pajé-açu ou caraíbas _ pregavam a incansável busca da Terra sem Males. Tupanasu. Além disso. Mas exprimiu.A Santidade permite perceber um fenômeno crucial do colonialismo iberoamericano: a incerteza e fluidez das fronteiras culturais. a língua que serviu à catequese. deus grande. e tanto mais quanto alguns brancos e mestiços dela participaram ativamente. A religiosidade da Santidade foi assim complexa e ambígua. todo adornado. em torno do qual os índios bailavam. Exprimiu. a mestiçagem cultural típica da colonização ibérica. A cruz de Cristo à porta da igreja e o ídolo no centro indicam. E tudo se complicaria ainda mais. 2 . limito-me a sublinhar três pontos: 1 . uma versão brasílica das idolatrias tão frequentes na América Espanhola. de um lado. uma das fórmulas usadas pelos jesuítas para aludir ao deus cristão na língua do outro. por isso. É verdade que o centro de sua igreja era ocupado pelo ídolo de pedra de que falei. derivava de Tupã. relação produzida pelo próprio colonialismo em seu tecido híbrido. 3 . as relações de conflito entre as tradições indígenas e o catolicismo inaugurado pela colonização. verdadeiro cruzeiro que identificava o templo. faziam confissões em cadeiras de um só pau e adoravam cruzes. de fato. seja por suas ideias. aguçaram conflitos no próprio seio dos colonos. a Santidade foi talvez o maior desafio com que se deparou a colonização portuguesa no século XVI.Historicamente. Mas indicam também a complexa relação dialógica estabelecida entre culturas distintas. enquanto bailavam e fumavam o petim. Em conclusão. a mescla de tempos e espaços das culturas e conflitos. a resistência das tradições indígenas ameaçadas pelo colonialismo e foi. os índios oravam com os rosários de Nossa Senhora.A ambiguidade dos papéis jogados pelos atores na cena colonial: os índios tecendo sua resitência sem excluir a cultura dos . no limite. se lembrarmos que o ídolo Tupanasu talvez fosse menos indígena do que sugere a língua que lhe dava nome. por outro lado. Mas à porta da igreja indígena se encontrava uma grande cruz de madeira. seja por suas ações que. no extremo. E permite.usp.com.rj.br/tarefa/78505 . pondo-se de joelhos. os colonizadores. excelente possibilidade de aproximação entre a história e a antropologia. mas preocupada com explicações globais e com as totalidades sociais. ainda que escravidão dos brancos. por sua vez. A Santidade oferece.fflch. como objeto de investigação. como fez Fernão Cabral.dominantes e.html http://diversitas. assumindo a própria escravidão como integrante do seu paraíso iminente. diante de ídolos indígenas que pretendiam destruir. por tudo isso. REFERÊNCIAS http://multirio. comprovar a potencialidade de uma micro-história não somente descritiva.br/node/2202 https://brainly.br/historia/modulo01/santidade.gov. ainda.
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