A Historia Das Doutrinas Cristas - Louis-Berkhof

March 24, 2018 | Author: Vanderly Rodrigues | Category: Bible, Saint, Revelation, Faith, Catholic Church


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A HISTÓRIA DASDOUTRINAS CRISTÃS .f t »/ t •J ^ Louis Berkhof , - **• • I • >m / I« M * # #< T - U : . f' ^ • ' @ • * A HISTÓRIA DAS DOUTRINAS CRISTÃS “Esta obra é realm ente excelente e prom ete m anter o seu lugar por longo tem po entre os livros m ais valiosos de teologia. É especialm ente útil com o m anual concernente ao assunto tratado. Com o seria de se esperar de um hom em ocupando alta posição teológica, sem elhante a teológos eruditos com o C harles H odge e Benjam in W arfield, este livro foi elaborado de m aneira m agistral e é um com panheiro digno para os outros livros do m esm o autor. Constitui um com plem ento adequado para a série sobre D ogm ática. O m áterial é tão bem coordenado e assinalado que, com o livro de texto, é idéal na sua apresentação. Vinculada a cada secção está um a lista de perguntas para ajudar em estudo posterior. T am bém está relacionada um a lista de livros sobre cada assunto. E stas aum entam consideravelm ente o valor da obra” . Da revista The Evangelical Q uarterly Louis Berkhof faleceu em 1957, com 83 anos. Ele era um professor americano extraordinário e autor de 22 livros. Depois de dois pastorados, ele com eçou sua longa carreira com o professor em C alvin Sem inary, Grand Rapids, em 1906. Ficou ali por 38 anos, dedicando seus talentos e im ensos recursos de conhecim ento ao preparo de hom ens para o m inistério da Palavra de Deus. Sua Teologia Sistem ática foi a sua m agnum opus. PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS Rua 24 de M aio, 1 1 6 -3 - andar - sala 17 - 01041.000 São Paulo, SP. A HISTÓRIA DAS DOUTRINAS CRISTÃS BIKLIOTECA, A UBRE V GUULCK SIB1MA RIJA UO CIRO . M ■ PARANGABA CKP: M .n * -êU FOKTAI J'.ZA/CE A HISTÓRIA DAS DOUTRINAS CRISTÃS L. Berkhof voliiim* acompanha ti 'IVnlo^lii Sisk-mática tio autor e li-in o material histórico 1 1 w*r usado com acjuela obra Ná IMIHLK AÇÒICS i;VAN<;í;i l( AS S l ü A C I O N A D A S ( ’iiixa Postal 1287 - OlOV; ‘>70 Sao Paulo - SP B. P rim e ira E dição: 1937 C o p y rig h t: L. Eerdmans Publishing Co.T ítulo original: The History o f Christian Doctrines E d ito ra : Wm. Eerdmans Publishing Co. C apa: Ailton Oliveira Lopes C om posição e im pressão: Im prensa da Fé -4- . B. Perm issão concedida por Wm. Berkhof T ra d u to re s: João M arques Bentes Gordon Chown R evisor: A ntonio Poccinelli P rim e ira edição em p o rtuguês: 1992. PREFÁCIO O volume originalm ente intitulado Dogmática Reform ada agora 11 parece com novo título. Apesartlc* ser um estudo distinto. Sem dúvida um teólogo deve levar em conta a situação nl iuiI do nitiiido reI igioso. são constantem ente irpetldns e apresentadas como novos descobrimentos. A História das D outrinas Cristãs. Niioiem ha vido apreciação do fato que o I 'í«|ili llii NumIo pulou ii l|'. A s lições do piHiNiiilo r. m as não pode tirtflipriuiiir im punem ente as lições do passado.5 - . i |i> L. pois frisa a verdade que. porém. assim destacando-se como obras distintas.unilii ria e irvelada na Palavra de Deus. e no presente muito se vê il# llll viiInn. As senhas e iiiíiii ou do passado nao loram tomados em consideração. O estudo da verdade di 11111111(11111. e muitos parecem sentir que ■ levem seguir seu próprio rumo. M ichigan Iu de aposto de 1949 . a históiia do desenvolvimento do pensam ento cristão no seio da Igreja é um estudo distinto. leva a um a teologia Jrt Itcilivr muito disso IIO passado. conduzindo a um a m elhor compreensão da verdade. tn*p. e antigas hftobim«.irja na interpivtaçaoe desenvolvim ento da vclilmli'. Julgou-se m e­ lhor sc*j»uir essa prática. O lowulliido tem sido uma com preensão errônea e uma HVhIImvAi i 1 1li* il 11 > 111 ilii veidadc.ao bastante negligenciadas. Enfim que este breve 1'studi 11 la historia das doutrinas sirva para criar m aior interesse em tal estudo histórico. desde ha muito condenadas pela Igreja. em últim a análise. Berkhof <inmd Rapids. como se quase nada tivesse sido feito tio pii. rt |Hirto de sen fundo histórico.v. não é um que os estudantes leologíii possam dar seno luxo de negligenciar.ndo. Obras sobre o desenvolvimento gradativo da verdade teológica na Igreja de lesus ( 'l isto geralmente são postas ao lado das que tratam de teologia Histemática. reestudando sempre a verdade. etc. usam os “i” m inúsculo em todas as referências à igreja num a determ inada localidade.” . que se chama “o evangelho. muito m enos “A Igreja”. Semelhantemente. usamos “E ” maiúsculo ao referir-nos aos “Evan­ gelhos” ou ao “Evangelho de João”. portanto provavelmente tenham os errado em certas ocasiões. Conservamos “e” minúsculo para a m ensagem anunciada. em sua totalidade. Em particular usamos m inúsculas em toda alusão à igreja católica romana — ou quando as palavras “a Igreja” se referem a essa entidade — pois não a consideram os um a igreja verdadeiram ente cristã. Outrossim. Não é sem pre fácil saber a que “Igreja” o Berkhof está aludindo.N o ta de E sclarecim ento É norm a da PES usar a letra “I” m aiúscula nas suas publicações quando se refere à verdadeira Igreja de Cristo. .........................ÍNDICE IN T R O D U Ç Ã O G E R A L 1.........VIM liNTO DA HISTÓRIA 1)0 DOGMA ............................................. 26 1.......................... 2............................................... Obras anteriores sobre a história do d o g m a ........................... M étodo de tratam ento ............ 27 (a) A distinção entre o método horizontal e o v ertica l............................ 33 I) I0S KN V O L V IM E N T O D O U T R IN Á R IO P R E P A R A T Ó R IO ........................30 2.... 21 Suas pressuposições ................ 24 O M ÉTODO E AS DIVISÕES DA HISTÓ RIA DO D O G M A ................................... OS PAIS APOSTÓLICOS E SUAS PERSPECTIVAS D O U T R IN Á R IA S.......... 2.......................................................... 1............ Obras posteriores sobre a história do do g m a ..................................................S..................................................1.................. Características form ais de seus ensinos .........................39 /............. 17 Origem e caráter dos d o g m a s ........... 38 ............. 42 ............. Conteúdo real de seus ensinam entos ............42 Perversões ju d a ic a s .................. 42 (a) Os N a z a re n o s........................ 31 J................ 37 2............................... PERVERSÕES DO E V A N G E L H O ................................................................. O ASSUNTO D A HISTÓ RIA DO D O G M A ...... lúitorcs (jiic originaram a história do dogma como disciplina separada ................................................................ 1............................... Divisões da história do d o g m a .............................. 18 A TA REFA DA HISTÓ RIA DO D O G M A ............................ 21 Seu a s s u n to ...37 /....7 - ...........................SIiN VC )I ......... 26 2........................... 2.......17 Significado da palavra “dogma ” ............ Escritos a eles atribuídos ............................................................30 1.....28 •I () I )I'......... 27 (l>) A distinção entre um método puramente objetivo o um método confessional.......... .............................................. 58 1..... 50 (ízjSua o rig e m ............. 51 (c) Seu acolhimento pela Ig reja............................... 43 (c) Os Elquesaítas .............................................................................................................................45 (d) Significação histórica do g n o sticism o ............................................................. 4.... Suas doutrinas sobre Deus..... Perversões gentílicas: gnosis gentílico-cristã .............. 51 8...........60 4........................................................(b) Os E b io n ita s.................. 44 (c) Ensinos principais do gnosticism o................ Significação dos apologetas na história do d o g m a ................... Suas doutrinas sobre a Pessoa e obra de C risto .........................................49 2..........44 (b) Caráter essencial do gnosticism o................................... o homem e a história da redenção ............................................................................................................................................. 53 2........ ..................................................................................49 (a) Seu caráter e p ro p ó sito .....50 (b) Seus ensinos principais.......... 54 3. 49 1.... 3.............. 59 3.. 67 Suas doutrinas sobre a salvação............................................... a Igreja e as últimas coisas ... Sua construção positiva da verdade .......................................................................................................................................... Tarefa dos apologetas ......... OS APOLOGETAS E O COM EÇO DA TEO LOG IA D A IG R E JA ....... M OVIM ENTOS REFORM ADORES NA IG R E JA ...... 49 (b) Seus ensinamentos p rin cip ais...... a Igreja e as últimas coisas ....................................................................................................43 (a) Origem do g n o sticism o ..........62 OS PAIS ALEXANDRINOS .....66 Suas doutrinas sobre a Pessoa e obra de C risto ...............58 2.............. 43 2........ 60 (a )Irin e u ...........................................................................................................56 OS PAIS ANTI-GNÓSTICOS ................................ Pais anti-gnósticos ....................... Suas doutrinas sobre a salvação................................... 10.... 65 Suas doutrinas sobre Deus e o hom em .......... 1................................... 2....................... Reform a dos m ontanistas ................. 53 1..........................60 (è)T ertuliano............ 47 7......................................................................................68 -8- 9.......................................... M árcion e seu movimento de reform a ............. 65 Pais alexandrinos ........................ ................................................................................................ 83 (V)Coinplcíinentação da doutrina da T rin d a d e ................................................................................................... A D O U TR IN A D E C R IS T O 14........................................................................................................ Natureza da controvérsia . 78 (a)Á rio e o arianism o..................................................................... 82 (d) A disputa em torno do Espírito S a n to .................. 104 .......................................................72 A D O U T R IN A DA T R IN D A D E 12....... M onarquianismo m o d a lista ...... 95 (c) Decisão do Concílio de C alcedônia............. 80 (a) Natureza insatisfatória da decisão................ 100 (c) Estruturação da doutrina por João D am asceno ...................................................93 1..... 87 ..94 (V/jPano de fu n d o ......................... 101 AS DISCUSSÕES CRISTOLÓGICAS PO ST E R IO R E S............... 101 (V/)Cristologia da Igreja O cidental....11.................... AS CONTROVÉRSIAS C R IST O L Ó G IC A S........................77 2................ 94 (b) Os partidos da co n trovérsia.. 86 2 Doutrina da Trindade no período da R eform a .................................................................................. 78 (b) Oposição ao a ria n ism o ........ 77 1........... M onarquianismo d in â m ico ...................................................78 3............... Doutrina da Trindade após o período da R e fo rm a ........................................ 86 1 Doiitiina da Trindade na teologia latina ..................................................... 88 M...........i.................................... 71 1.................................... Primeiro estágio da controvérsia .......................... C onseqüências ................. 80 4..................................................................................98 2.......... O M O N A R Q U IA N ISM O ......................... 99 (b) A controvérsia m o n o te lita.....99 (a )Confusão após a decisão do C o n c ílio .............................. Pano de fu n d o .............................80 (b) Ascendência tem porária do sem i-arianism o na Igreja O rie n ta l. Concílio de N icéia ...... Na Idade M édia .... 71 2..... 104 I..................................83 A DOUTRINA DA TRIN DAD E NA TEOLOG IA PO STER IO R ...... ................................ Segundo estágio da controvérsia ........................................9 - 15............ 81 (c) M udança da m a r é ................................................................. A CO NTROV ÉRSIA T R IN IT A R IA N A ........................................................................................................................................... .......................... Posição de Agostinho sobre o pecado e a g r a ç a .................................. ..................................... 1.................. Peculiaridades da antropologia católica-rom ana .................................................... (a) Sua idéia do p e c ad o .................................................................. 3.......................... Surgimento gradual de outra posição no O cid en te .................... 131 ANTRO PO LOG IA DO PERÍODO DA R E F O R M A .............. AN TRO PO LOG IA DO PERÍODO P A T R ÍS T IC O ................... Agostinho e P e lá g io ....................................... DOUTRINAS PELAGIAN A E AGOSTINIANA DO PECADO E DA G R A Ç A ........................................ 1........................ Antropologia dos reform adores .. (d) Concepção de D om er da encarnação............ 18........ A Controvérsia G ottschalkiana ....................................................... (a) Ponto de vista de S chleierm acher............ 130 4..... 2........................ 3................................. (e) Posição de Ritschl sobre a Pessoa de C risto . A Contribuição de A nselm o ............... Posição da escola de Saum ur ..... Posição de S o cín io ................... 128 3.......................... Importância dos problem as antropológicos ....... (f) Cristo na teologia m oderna.............................................. Controvérsias pelagianas e sem i-pelagianas .............. 3...................... 3.................... Antropologia arm iniana .. 5....... AN TRO PO LOG IA DA IDAD E M É D IA ...................2..... 115 115 115 117 119 119 120 121 121 123 124 17............................................................................................. 1.. 4. 127 1.......................................... 2.... No Século X I X ................... (c) A teoria k e n ó tic a ....................................................................... 129 (a) Sua doutrina do p e c a d o ..... Posição do Sínodo de D ort ........... Durante a Reform a .... 4.. Antropologia dos Pais g re g o s ........................................ 105 107 107 108 109 110 111 111 D O U T R IN A D O P E C A D O E DA G R A Ç A E D O U T R IN A S A FIN S 16.. 2............ (b) Sua idéia da g raç a ....... 129 (è)Sua doutrina da liberdade da v o n tad e ................................. ..................... Idéias de Gregória o G ra n d e .............. Posição de Pelágio sobre o pecado e a g ra ç a ............................10133 133 135 136 137 138 19.................... (b) Concepções de K ant e de H e g e l..... :~127 2................................................................................... .................................................... 151 A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO D ESD E ANSELM O A R H FO R M A ........................................ 143 A D O U T R IN A DA E X P IA Ç Ã O O U DA O B R A D E C R IS T O 21................................................ Doutrina da expiação conforme A n s e lm o ...... 149 2..... 5......................... 141 2... Idéia arminiana da expiação .......... Transigência na escola de S a u m u r .................... 157 Rcaçao de Bernardo de Clairvaux contra A b e la rd o ............................... 155 I............................................................................................................................................ 142 (a)Filosófica s ... 162 A D O UTRIN A DA EXPIAÇÃO NO PERÍODO DA R E F O R M A ............. Na teologia dos Pais latinos ........................................................ 155 Teoria da expiação conforme A b e la rd o ......................... 23....... 164 164 166 167 169 171 A D O UTRIN A DA EX PIA ÇÃ O APÓS A R E F O R M A .................. 173 ..... Pontos de vista d ivergentes .......................... 3...................................11 - ...................................................................... Algum as modernas teorias do p e c a d o ................................... 149 1.................................................... 140 (b) M odificação da posição reform ada na Nova Inglaterra............. Concepção sociniana da e x p ia ç ã o ..................................... Teoria grotiana da expiação .......... 160 5.........................................20............................. 140 1.......................................................................... Duns Scoto sobre a exp ia çã o ...................................................... 4......... ....................... 2...... 24......................................... A DO U TRIN A D A EX PIA ÇÃ O ANTES DE A N S E L M O .................................................................. Controvérsia da M edula na E sc ó c ia ........ 159 4............... Na teologia dos Pais gregos ............................... 159 (b) B oaventura.................................................. 140 (a) M odificação da posição arm iniana para o arm inianism o w esley an o ...... 159 (V /) Pedro L om bardo...... Os reformadores aprimoram a doutrina de A n selm o .. 1.............................. 160 (c) Tom ás de A q u in o ...... 142 (b) T eológicas.................................................. IDÉIAS AN TRO PO LÓG ICAS DOS TEM PO S PÓ S -R E F O R M A D O S . 22............ 173 1.......... Visoes sincretistas da expiação .......................................................... . (c) Teoria mística da e x p ia ç ã o ..................................... 190 190 191 192 26.................... 185 SOTERIOLOGIA DO PERÍODO E SC O LÁ STIC O ................................212 (a) A idéia lu te ra n a ........................... ............. 2............................................. 1............................................................................................................. 200 A D O U T R IN A DA IG R E JA E A D O S SA C R A M E N T O S 28..................................................................................................................... 199 (Z?)M ística....... Concepção escolástica da f é .................................................................. 214 (d)Idéias divergentes pó s-refo rm ad as................ 195 A ordem reformada da sa lva çã o .... 3............................ Schleierm acher e Ritschl sobre a exp ia çã o .................................................... 197 A ordem arminiana da s a lv a ç ã o .................... (a) Teoria governam ental da teologia de Nova In g la te rra ............................................... Na Idade M édia ...... Soteriologia dos três prim eiros s é c u lo s ................................... Concepção escolástica da justificação e do m é rito .. 174 174 175 176 176 176 178 A D O U T R IN A DA A P L IC A Ç Ã O E A P R O P R IA Ç Ã O DA G R A Ç A D IV IN A 25.... Teorias mais recentes da expiação ....................... SOTERIOLOGIA DA REFORM A E P Ó S -R E F O R M A ........... 183 2.............. 4............................................... 2............ 27....... Concepção escolástica da g ra ç a ........................ (a)Schleierm ache r ........ 183 1..... Soteriologia dos séculos restantes do período p a trístico ................................................................. 198 Concepções secundárias da ordem de s a lv a ç ã o .............................. No período p a trístic o ................................................. 1................................ 213 (c) A idéia reform ada................................. A DOUTRIN A DA IG R E JA ............................12- .................................................. Durante e após a R e fo rm a ............. (b) Diferentes tipos da teoria da influência m o r a l......................................... 3.......................................................................................... 199 (a)A ntinom iana...................... 195 A ordem luterana da salvação .... 3.................... (b) R itsc h l. 214 ........2........ 212 (è jA id é ia a n a b a tis ta . SOTERIOLOGIA DO PERÍODO PATRÍSTICO ............ 205 1... 205 2....................................... 209 3............... ..222 (a)D esenvolvim ento da doutrina antes da R eform a ................ 249 in/In < • tlr tissuntos ...................................239 O juízo final e os galardões f in a is ...... 1....... A D O U T R IN A DAS Ú L T IM A S C O ISA S 30....................245 fiitlii r <lr n o n ifs ............................................................. 225 (a) O desenvolvimento da doutrina antes da R eform a........................236 A ressu rreição ................................ 33.................... 227 2................. 31.................... A DO U TRIN A DOS S A C R A M E N T O S.......................................... O estado interm ediário...... 217 (b) Doutrina dos reform adores e da teologia p o st B a tism o ...225 (b) A doutrina dos reform adores e da teologia posterior ............................... 32.. 3............................ 252 .............. 241 IfihlioKni/hi ........... 222 (è)D outrina dos reform adores e da teologia p o ste rio r.................................................................................233 A segunda vinda e a esperança m ile n ia l............29...............223 A Ceia do S e n h o r ..13 - ........................................................................................................................................................... 217 Os sacram entos em g e r a l ..................... 217 (a)D esenvolvim ento da doutrina antes da R e fo rm a ....................................................... INTRODUÇÃO GERAL .15 - . 2:13. pois foi injunção positiva e dotada de sanção eclesiástica. 2:1. Trata prí mariamente dos dogmas. Luc. que originou seu significado posterior na teologia. a convicções filosóficas que são lidas como válidas. sendo praticam ente sinônim o de "doutrina”. e só em sentido secundário aborda as doutrinas que ainda não receberam a sanção eclesiástica. Dan. ocorre que seu uso em At 16:4 indica pontos de semelhança com seu uso posterior na teologia. 2:15. 6:8. 17:7). o qual. sem embargo. ttinM fttinhi^in "delerminei definidam ente algo de modo que para mim é luto i'Ntnlieleeidi>". 1 únbora a palavra “dogm a” algum as vezes seja usada na religião e na teologia com sentido amplo. Apesar de que não foi o uso blhlico do termo. a decretos governam entais e a doutrinas religiosas olii ialmente formuladas. especialm ente de forma pública.1 O ASSUNTO DA HISTÓRIA DO DOGMA A história do dogma não se preocupa com a teologia em geral. Col. na exprPNNilo(lokri/t /mu significava não só “parece-m e” ou “agrada-m e”. At. teve vínculos doutrinários e não serviu ape­ nas de aviso. de ordenanças do Velho Testam ento (Ef. sua decisão foi m otivada por um a controvérsia doutrinária. É verdade que a assem bléia de Jerusalém não form ulou doutrina. SIGN IFICADO DA PA LAV RA “D O G M A ” A palavra ’’domina” se deriva do termo grego dokein. Doutrina é a expressão direta. geralmente tem um sentido mais restrito. porém o filosófico. 2:14) e das decisões da assembléia de Jerusalém (At. no estrito sentido do term o.17 - . às vezes ingênua. Era term o aplicado a vevilmles indiscutíveis tia ciência. "Domina" chegou a designar uma firm e resolução i um «Irereii i. I. 3:9. m as regulam entou a vida ética da Igreja. A Híblia usa o vocábulo como designação de decretos govem am enliiín na Septuaginta (Est. de um a verdade religiosa. 16:4). Não é mi . Hauck. e mesmo quando o é. A lguns dos prim eiros Pais da Igreja usaram -na para descrever a substância da doutrina. pode ser m eram ente a form ulação de um a só pessoa. diz Spirago-C larke em The C atechism Explained: “U m a verdade que a igreja nos expõe com o revelada por Deus é cham ada verdade de fé. dentro do qual sem pre denota um decreto. form ula a doutrina ensinada nas Escrituras ou pela tradição. cânones IV 3. como o corpo dos crentes. o clero. da reflexão da Igreja. por sua vez. a igreja docente. Cf. Sempre que surge um a nova form a ou erro. substituindo-a pelos estudos da igreja docente ou seja. como . Diz W ilm ers. Os prim eiros reduzem ao m ínimo.18 - . por conseguinte. um a verdade assim proposta não só é autoritária. ORIG EM E CA RÁ TER DOS DOGM AS Há doutrinas religiosas nas Escrituras. mas por semelhante modo é irrevogável e imutável. pág. que agora tem um porta-voz infalível no papa. Segundo eles. a despeito de suas sim ilaridades. todos os autênticos dogm as religiosos derivam seu conteúdo material das Escrituras. Art. pág. após cuidadoso exame. seja dado às doutrinas propostas pela igreja um sentido diferente daquilo que ela tem entendido ou entende. E visto que a igreja é infalível em questões de doutrina. 84. Não reconhecem a palavra oral. que seja anátem a” . contudo dogmas no sentido corrente do term o não se acham ali. m andam ento ou regra de vida prática. Realencyclopaedie. declarando-a verdade revelada e im pondo sua aceitação por parte de todos os fiéis. em seu H andbook o f the Christian Religion. History o f D octrines I. é um a verdade religiosa baseada sobre autorida­ de. Os católicos romanos e os protestantes divergem um tanto em sua descrição da origem dos dogmas. pág. se não chegam a excluir. oficialm ente form ulada por qualquer assem bléia eclesiástica. Sim ilarm ente. Dogmatik. nem a tradição. e exclusiva­ m ente delas. 151: “U m dogma. E que estes últim os são fruto da reflexão hum ana. Esse sentido do term o não é determinado por seu uso bíblico. a reflexão da Igreja. embora não em form a elaborada. 2 s. Hagenbach. “Se alguém asseverar ser possível que algumas vezes. e ao m esm o tem po proposta pela Igreja para nossa crença” . ou dogm a ”. 2. diverge do m esm o em pontos importantes.necessariam ente form ulada com precisão científica. U m dogm a religioso. com freqüência m otivados ou intensificados pelas controvérsi­ as teológicas. Os reform adores substituíram esse ponto de vista católico-rom ano por um outro que.. a hierarquia. Dogmatic Decrees o f the First Vatican Council. mas está m ais em harm onia com o uso filosófico da palavra. isto é. denotando proposição ou princípio. conform e o progres­ so da ciência. é um a verdade revelada por Deus. finalm ente. Os dogmas da Igreja seriam iipeiiiiN formulações intelectuais de suas experiências. em bora se revistam de alto tfrau de estabilidade. mediante algum corpo competente. Lobstein. lhes dá um a expressão intelectual loi inale assim transforma-as em dogmas. A comunidade religiosa reflete sobre essas experiências e. (|ue foi prontam ente aceito em muitos círculos protestantes. Todavia. de acordo com esses escritores. Vinet e outros. porém os apresenta como IVuto da reflexão da Igreja. a form ulação de dogm as não é obra de um teólogo | mi t ieular. Em sua obra nu inumenlal. Is. as form u­ lações a que os Concílios ou os Sínodos da Igreja são finalm ente levados por orientação do Espírito Santo freqüentem ente trazem sinais dos conflitos passados. bein como o outro. a experiência. Kaftan. ele busca lançar no descredito o . desenvol veu se um conceito radicalm ente diferente da origem dos dogmas. Visto que a reflexão da Igreja com freqüência é determ inada e aprofundada pelas controvérsias doutrinárias. quer sejaalgreja (Schleiermacher). Representn ii consciência. e como form ulações oficiais de corpos represen­ tativos competentes. e reputa isso como algo m ais em harmonia com os princípios da Reforma. que ela não descreve o m odo com o os dogm as existentes realmente se originaram nas igrejas protestantes. Ao m esm o tem po. in i pav.um latui objetivo. por serem dem asiadam ente intelectuais e por não exprim irem adequa­ dam ente a vida da Igreja. Ritschl. Sabatier. Essa concepção da origem dos dogm as é defendida por Schleierm acher. Kil-. ns quais. Não são infalíveis. são autoritárias.oqiie Uiischl e sua escola asseveram que são m ediadas por itlp. os dogmas deveriam vir à existência. I levei se ia notar. A opinião de H am ack m erece m enção especial aqui. de ncordo com alguns. The History o f Dogma. que a le honra como revelação de Deus. Vinet. Segundo esse ponto de vista. sentim entos e eronçiiN. Sob a influência de Schleierm acher. acerca das verdades reveladas. entretanto. não m eram ente porque são propostas pela Igreja. e assim requerem novos dogm as que vibrem com a vida da comunidade religiosa. não consideram os dogm as com o declarações extraídas diretam ente da Bíblia. no qunl a piedade reconhece uma revelação divina. e sim de uma comunidade. seriam despertados por um Iwliil' oltjtMivo.19 - . mas somente como. com o corpo dos crentes. Ne lilolei imicliei eonteiule pela imediação dessas experiências religioNiri. quer seja o Estado de mãos dadas com a Igreja (Lobstein). Van D ijk e outros. a fé ou a vida cristã com o fonte do conteúdo material dos dogmas. Eles reputam antiquados os velhos dogmas.lonte de dogmas.i hl. mas porque são form alm ente definidas pela Igreja e porque estão materialmente alicerçadas sobre a Palavra de Deus. derivada da Bíblia.ensino inteiro (isto é. para que assim ganhasse o devido respeito de pessoas educadas. Na história do dogma. dentro da qual o ingrediente filosófico estranho é o elem ento preponderante. à qual H am ack pertence. vemos a Igreja tom ando-se mais e m ais cônscia das riquezas da verdade divina. pois transm ite as preciosas possessões da Igreja para gerações futuras. Um dogm a pode ser definido como um a doutrina. Diz ele: “O dogma. oficialm ente definida pela Igreja e declarada firm ada sobre a autoridade divina. um equívoco que continuou a ser feito na formulação posterior de dogmas. e isso ter-se-ia tom ado o eixo real da história da Igreja. eliminar toda m etafísica da teologia. o complexo total de dogmas) da Igreja Primitiva. m as é fruto da reflexão dogmática. e assim a história inteira do dogm a na realidade é a história de um erro colossal. sendo declarado ter base na autoridade divina. -20- . e não loucura. Não é mera repetição do que se encontra nas Escrituras. Tem significação social por ser a expressão de um a comunida­ de. em um dogma. A Igreja teria cedido ante à tentação de apresentar sua mensagem em form a que a fizesse parecer sabedoria. E reveste-se de valor tradicional. sob a orientação do Espírito Santo. atenta às suas elevadas prerrogativas como coluna e fundam ento da verdade. representando-o como um a m istura desnaturai da filosofia grega e da verdade cristã. Seu assunto se deriva da Palavra de Deus. É grande ambição da escola de Ritschl. Teria sido grande equívoco. A fé prática da Igreja teria sido transmutada em um conceito intelectual. pelo que é autoritário. e não de um só indivíduo. Essa definição em parte dá nome e em parte sugere suas características. é obra do espírito grego no solo do evangelho”. em sua concepção e desenvolvim ento. atarefada na defesa da fé que de um a vez por todas foi entregue aos santos. E é oficialmente definido por um corpo eclesiástico competente. d o seu conteúdo geral e do ponto de vista do qual foi escrito esta história. ou. posto que caracterizado por alto grau de estabilidade. em descrever a origem histórica do dogma da Igreja e de seguir o curso de suas alterações e desenvolvim entos subseqüentes. consiste em “m ostrar como o dogm a na sua totalidade e os dogmas em separado têm surgido.87. a situação é um tanto diferente no caso da teologia eatólica-rom ana. A teologia protestante sem pre m anteve a posição de que o dogm a da Igreja.N enhum artigo de fé (pois quanto a artigos doutrinários há . D iz ele que o credo da igreja “é atualmente idêntico ao que era no passado” . Os católicos rom anos ufanam -se no fato de possuí­ rem um dogm a imutável e se sentem muito superiores aos protestantes. As o b s e r v a ç õ e s gerais que se seguem podem ser feitas acerca de suas pressuposições. S1JAS 1’KlíSSlIPOSK/ÒHS A ('laiule pressuposição tia história do dogm a parece ser que o (lo)'. Faith ofourF athers. 11.2 A TAREFA DA HISTÓRIA DO DOGMA A tarefa da história do dogm a consiste. e até certas transform ações. “apelam para um a Bíblia imutável em apoio às suas doutrinas em constante m utação”.21 - . portanto. págs.nia da Igreja é mutável e d e fato tem passado por m uitas m odifica­ ções duiaiite seu desenvolvimento histórico. com a idéia de um a história do ilogma. recebendo form ulação mais cuidadosa. W ilmers fala em tom sim ilar. os quais. em poucas palavras. quando diz: “A religião cristã é imutável em todas as suas doutrinas reveladas — em todos aqueles preceitos e instituições que visam a todos os lioinenS. Todavia. e indicar o curso de desenvolvim ento pelo qual foram conduzidos até chegarem à form a e in te rp re ta ç ã o que prevalecem nas igrejas em qualquer época” . Ela não encontra dificuldades. nas palavras do cardeal Gibbons. I. O que é im utável não é pa ss íve I de desen vo Ivi mento e nem tem história. está sujeito a m odificações e no curso da história vem sendo enriquecido por novos elem entos. conform e as palavras de Seeberg. gradualm ente foram ganhando terreno e se foram tom ando populares. devido à m udança de desenvolvimento que ela pressupõe. 2. M oehler. Handbook o fth e Christian Religion. ficando assim determinado o conceito católico -rom ano da história do dogma. embora não universal. e sobretudo N ew m an. prenhes de insuspeitadas possibilidades e. advogaram um a teoria de desenvolvimento que obteve considerável favor. e nem pode qualquer dogm a receber significação diversa da que foi dada por C risto”. não tem história. e tam bém que a apreensão subjetiva e a expressão externa delas admitem progresso”. Nenhum dogma jam ais foi adicionado ao depósito sagrado. mas sua obra não foi bem acolhida. 67.” The H istory o f Christian Dogm as. Vol. Petavius foi o primeiro dos católicos romanos a sugerir algo parecido com um a doutrina de desenvolvimento.J. no curso do tem po. a -22- . assim dissipando incertezas e aumentando o conhecimento positivo dos fiéis. m ilita contra a igreja católica. N eander diz que um “moderno teólogo. autor católico-rom ano à&A M anual ofthe History o f Dogmas (3â edição): “Ela (a história dos dogmas) pressupõe que as verdades reveladas são objetivam ente perm anentes e imutáveis. Finalm ente. Por repetidas vezes os autores católicos-rom anos afirmam que a igreja não pode fazer novos dogmas. na fé “um a vez por todas entregue aos santos”. I. só há desenvolvimento na apreensão subjetiva do mesmo. se são verdadeiras as reiteradas afirm ações de que a igreja não pode adicionar novos dogmas. o próprio dogma não se desenvolve e. Assim ela fez no passado e continuará fazendo.principalm ente dúvidas) pode ser adicionado ou subtraído. Herm es de Bonn. Diz B. A teoria deste últim o em efeito dizia que m uitas das doutrinas da igreja estavam presentes no depósito original em form a apenas germinal. Otten. e ele foi obrigado a qualificar suas afirmações. pág. Só a igreja tem o poder de declarar um a verdade como algo revelado por Deus. a qual está contida nas Escrituras e na tradição apostólica. Embora as novas expressões doutrinárias com freqüência encontrassem oposição. M ais tarde. assim sendo. Portanto. I. 28. Todavia. e por essa razão ele tinha escrúpulos em fazer preleções a respeito. conferindo-lhe um a interpretação infalível. desdobradas em doutrinas amadurecidas. asseverou que tratar a história dos dogmas como um ramo especial de estudo. então segue-se que os dogm as já haviam sido dados no depósito original. pág. sempre que as oportunidades históricas o exijam. Por longo tempo os católicos romanos olharam de soslaio para a história do dogma. podendo apenas transm itir a outros o depósito sagrado que lhe foi confiado. pág. Seriam como sementes im plantadas na m ente da igreja. e nenhum dogm a ali contido foi alterado em qualquer ocasião. que é o Espírito da verdade e. a história d e um crescim ento orgânico. apondo o selo de sua infalível aprovação quanto a alguns deles. A revelação especial de D eus é o desdobra­ m ento gradual do conhecim ento estereotipado de D eus e da idéia remidora ligada a Cristo Jesus. algum as vezes errou na sua formulação da verdade. e de que cada época deve lorm ular seu próprio dogma.a Igreja do passado houvesse agido sobre a pressuposição. sim ples­ mente tenta pensar os mesm os pensam entos que D eus pensa. A Igreja. Sc. a expressão com pleta do pensam ento divino. a despeito do fato que os líderes eclesiásticos. Ela faz íhso . registrando a história externa dos vários dogm as da Ijíivjii. nos seus esforços de apreender a verdade. agora advogada por muitos. não Hf]ii inem r m n l i i i . os reformadores buscaram apoio para seus pontos de vista nos País da Igreja Prim itiva. então teria sido perfeitam ente impossível escrever um a história do dogm a no sentido orgânico do termo. É um todo orgânico no qual as partes estão toda interrelacionadas. talvez. não hesitando m esm o .23 - . perse­ guindo fogos-fátuos e brincando com elem entos estranhos. interveio a fim de testar os resultados desse novo desenvolvim ento. I'1 . Um a segunda pressuposição da história do dogm a é a de que o desenvolvim ento do dogma da Igreja se deu ao longo de linhas orgânicas. gitntnle que ela irá vendo crescentem ente a verdade como um oruntilNitio Internamente estruturado. entretanto não se im põe diante de todos. s o b a direção do Espírito Santo. e isso pela declaração que eram verdades divinam ente reveladas. a hierarquia. Essa teoria foi favorecida por m uitos católicos romanos. no seu todo ou em parte. com freqüência se desviaram para becos sem saída. de que as condições m utáveis da vida religiosa tie vez em quando requerem um novo dogma. Terem os de prosse­ guir baseados na pressuposição de que a Igreja. pelo que tam bém pressupõe um desenvolvim ento contínuo do dogma eclesiástico. A história do dogm a. e nunca recebeu aprovação oficial. e que a própria Igreja. bem como das o p e r a ç õ e s internas da mente. como InI. em suas tentativas para apreender a verdade. Apesar de que m uitos erros foram desm ascarados e corrigidos. desfazendo-se do velho e substituindo-o por outro que m elhor se harm onize com a condição espiritual do momento. da Igreja. mesm o assim vai gradu­ alm ente avançando em sua apreensão e form ulação da verdade. Tere­ mos de supor que nem m esm o um a trem enda reviravolta religiosa como foi a Reform a constituiu rompimento completo com o desenvol­ vimento doutrinário do passado.igreja docente. apesar das m elancóli­ cas aberrações que caracterizam sua busca da verdade e que com freqüência a têm levado a cam inhos errados. pelo que foi sobretudo um crescim ento contínuo. Houve continuidade de pensam ento até nisso. ele é absolutam ente essencial à compreensão apropriada da gênese de dogm as eclesiásti­ cos. até mesmo tais desvios da linha principal de pensam ento são im portantes na história do dogma. mas tam bém deve considerar os estágios interm ediários com sua promessa de frutos ainda m elhores e mais ricos. tendo surgido form ulações doutrinárias que não com binavam com a consciência unida da Igreja em geral ou de alguma denom inação específica. embora não tenham gozado do selo oficial da Igreja. Segue-se disso que. o ponto inicial dela tem que ser o fim do período de revelação especial no estudo dos Pais Apostólicos. 2. Já que o dogm a da Igreja não é fruto de construção mecânica. M as se a história do dogm a não pode ignorar qualquer dos fatos -24- . o estudo da história dele não pode pensar em lim itar sua atenção aos resultados claram ente definidos que foram obtidos em diferentes épocas. assim como aquelas verdades periféricas que necessariam ente se derivaram do dogma central e controlador. visto que com freqüência levaram a m ais clara e aguda form ulação da verdade. em alguns casos.em adotar algumas das posições que foram moldadas durante a Idade M édia. no que concerne à história externa. Em bora esse estudo nem sempre seja edificante. Entretanto. e sim de um crescim ento orgânico. Seria equívoco supor que poderia começar com o Concílio de Nicéia e term inar com a adoção da últim a das confissões históricas. isso deu origem a diferentes linhas de desenvolvimento. as quais foram as dores de parto de novos dogm as e que com freqüência exerceram influência determinadora sobre sua formulação. A fim de descrever a gênese dos m ais antigos dogmas da Igreja. Ela terá de levar em conta aquelas form ações prévias dos dogm as da Igreja que resultaram das discussões teológicas da época e que receberam aprovação quase geral. a história do dogm a não pode negligenciar as grandes controvérsias doutrinárias da Igreja. embora não tivessem recebido sanção eclesiástica especial. SEU ASSUNTO O fato que a história do dogma aborda prim ariam ente os dogm as da Igreja não quer dizer que ela não deva interessar-se por aqueles desenvolvim entos doutrinários que ainda não tinham sido incorpora­ dos nos credos oficiais e que talvez nunca seriam. Nessas controvérsias tom aram -se patentes as diferenças de opi­ nião e. e finalmente aqueles desenvol­ vim entos posteriores da verdade doutrinária que prevêem e preparam o caminho para form ulações adicionais de dogm as teológicos. se reflete mais ou m enos na história do dogma. usualm ente seguida no estudo da dogm ática. embora o princípio interpretativo deles não se recom ende ao pensa­ m ento cristão. jam ais deveria perder de vista o fato que ela se importa.25 - . com o desenvolvim ento do pensam ento teológico na consciência da Igreja. . razão por que deveria acompanhar o desenvolvimento da idéia inerente à revelação feita pelo próprio Deus. pode-se dizer que a ordem lógica.externos que estão vinculados ao desenvolvim ento do dogm a. Podem os discernir certa necessidade lógica nos estágios sucessivos do desenvolvimento de cada dogma. De modo geral. Hegel e B aur prestaram bom serviço à história do dogma quando cham aram a atenção para o fato de que o desenvolvim ento do dogm a é controlado por um a lei interna. prim ariam ente. bem com o na ordem em que se apresentaram os vários problem as dogm áticos. por um lado. e a m aioria das histórias anteriores. -26- . Essa é um a das notáveis diferenças entre as palavras de H am ack. e assim por diante. a história especial traça a gênese e o desenvolvimento dos dogmas separados. Os escritores posteriores. Isso se chama o lokal-methode. embora não totalm ente acordes quanto à divisão a ser aplicada no estudo da história do dogma. antropologia. A grande objeção à divisão da história do dogm a em geral e especial é que ela separa o que pertence a um a coisa só. e não um m étodo orgânico de exame. nos quais a história geral esboça o pano de fundo filosófico geral. 1. Sem elhantem ente. Loofs. Do mesmo modo a objeção ao lokal-methode é que ele é artificial. De modo resum ido apresentam os algumas dessas diferenças. os principais tem as de discussão e a direção geral do estudo doutrinário em cada período sob discussão. Ritschl rejeitou ambas as partes desse m étodo de divisão. Os dogm as especiais são geralm ente discutidos sob os títulos costumeiros de dogmática: teolo­ gia. não fazendo justiça à diferença de ênfase nos vários períodos.3 O MÉTODO E AS DIVISÕES DA HISTÓRIA DO DOGMA Tem havido consideráveis diferenças na divisão do assunto da história do dogm a e no método seguido em seu tratamento. e nas obras posteriores sobre a história do dogm a são abando­ nados tanto as suas divisões em história geral e história especial como o lokal-methode. cristologia. por outro lado. DIVISÕES DA HISTÓ RIA DO DOGM A A divisão comum da m aior parte das obras mais antigas sobre a história do dogm a tem sido história geral e história especial do dogma. e nem àquilo que é distintivo nas discussões sobre cada período. seguido por Hagenbach. Sheldon e outros. ao invés de histórico. sob a alegação que representam um método anatôm ico. especialm ente aqueles que são centrais e exercem influência controladora sobre a form ação dos dogmas m ais periféricos. Seeberg e Fisher. Essa divisão é seguida em cada um dos períodos sucessivos. Neander. por Thom asius. Os que adotam o prim eiro consideram a história do desenvolvim ento doutrinário como um todo. Formulação da Doutrina na Igreja Primitiva. sendo sucedido pela consideração do desenvolvi­ mento gradual das doutrinas antropológicas do pecado e da graça ao longo do m esm o período. o pecado. Transformação e Desenvolvim ento da Doutrina na Igreja da Idade Média. ao estudarem a história do dogma. enquanto que as de Seeberg seguem de perto essas linhas. Cada m étodo tem suas vantagens e desvanta­ gens. daí é abandonado. Assim. são estudadas em seus vários estágios de crescim ento até atingirem sua form a oficial e definitiva. Loofs e Seeberg. (a) A distinção entre o método horizontal e o vertical. sendo seguido pelo estudo do desenvolvimento da doutrina sobre Cristo até aquela altura. Shedd e Cunningham. capacitando-nos a seguir seu desenvolvimento do começo ao . por ter sido a prim eira que m ereceu a atenção da Igreja. tais como a sobre Cristo. Neander. O prim eiro inétodo é seguido por Hagenback. parece melhor seguir o segundo inétodo. e seu desenvolvi­ mento é acom panhado até ao tem po de sua form ulação final nos credos históricos do período posterior à Reforma. embora com certas diferenças.27 - . as doutrinas centrais restantes. o desdobram ento da doutrina sobre Deus é estudada até ao início da Idade Media. novamente isso é interrom pido. e Cristalização Opositora de Doutrina pelo Catolicismo Romano. Em nossa breve discussão. A doutrina acerca de Deus é a prim eira a ser ventilada. Sheldon. porquanto mantém os dogmas separados em alto relevo diante da mente. 2. deixando-os no estágio em que são encontrados no fim do período. III. a graça. e então os retom am nesse ponto a fim de seguir seu posterior desenvolvimento. II. em períodos. a expiação. os que seguem o m étodo vertical consideram o estudo dos dogm as separados na ordem em que se tom aram o centro da atenção da Igreja. Desenvolvim ento do Sistema Doutrinário durante a Reforma. e assim por diante.esforçam -se todos por expor um ponto de vista m ais unificado sobre a gênese e o desenvolvim ento do dogm a da Igreja. H am ack. M ÉTO DO D E TRATA M ENTO Sob este título geral duas distinções exigem consideração. A s divisões usadas por H am ack e Loofs revelam grandes sim ilaridades. e assim por diante até o fim em todas as matérias: Por outro lado. Ele divide da seguinte maneira: I. Preserva­ ção. Alguns seguem o m étodo horizontal e outros o vertical. De modo sem elhante. e traçam a gênese de todos os vários dogmas em cada período específico. o segundo. seguindo seu desenvolvimento até atingirem sua forma final. buscando dar um a explicação genética . Lutero. como Tertuliano. sempre que o curso geral do desenvolvi­ mento doutrinária se divide em várias correntes. Tom ás de Aquino. pois ninguém poderia escrever como um espectador desinteressado. esse perigo é afastado até certo ponto pelo fato que as doutrinas centrais da Igreja. Assim. com a passagem do tempo. por exemplo. visto que. Enquan­ to seguirmos esse método. Haverá de preferir o m étodo confessional. e sem de m aneira algum a julgar a veracidade ou falsidade das várias form ulações doutrinárias. Assim tam bém o historiador. Naturalm ente. o qual tenha convicções doutrinárias definidas e concorde com certo credo.fim. (b) A distinção entre um método puram ente objetivo e um método confessional. Dizem-nos que tal juízo não cabe na história do dogma. achará difícil. A gos­ tinho. Acham que a tarefa do historiador é descrever o início e o desenvolvimento do dogma da Igreja sem quaisquer preconceitos. sem desviarmos a atenção do fluxo regular de pensam ento devido a um a divisão m ais ou m enos mecânica. há sempre o perigo — o qual deve ser evitado tanto quanto possível —de que as doutrinas sob consideração pareçam mais ou menos desligadas do seu fundo histórico e da sua conexão lógica com os sistem as de pensam en­ to dos grandes teólogos da Igreja. ajudará a eliminar essa desvantagem. Calvino e outros. católica romana. sem m anifestar sim patia ou antipatia. luterana e reformada. não ocuparam o foco de atenção simultaneamente. Alguns opinam que o único modo apropriado e científico de tratar da história do dogm a é empregar um m étodo puram ente objetivo. como. o historiador deveria simplesmente descrever as mesmas. ou ao escrever a biografia de um am igo. a leitura de outra obra sobre a história do dogma. que produzem doutri­ nas diversificadas e até mesmo antitéticas. tal como a de Seeberg. Anselmo. escrever um a história dos dogmas sem quaisquer precon­ ceitos e sem deixar entrever seu ponto de vista eclesiástico. não terminaremos nossa discussão histórica de cada um dos dogmas no ponto em que foram incorporados no últim o dos grandes credos históricos. nas igrejas grega. uma após outra. e sim somente na própria dogmática. Contudo. Feliz­ mente. sem testá-las e sem expressar quaisquer preferências. a de Sheldon ou a de Fischer. segundo o qual terá com o ponto de partida a sua própria confissão. com as quais nos ocupamos principalm ente. m as consideraremos as m udanças ou desenvolvimentos sugeridos pela literatura teológica posterior. Kuyper corretam ente chama atenção para o fato que ninguém poderia usar esse método ao descrever a história do seu país. se não mesmo impossível. Ademais. Orígenes. mais claras ou mais completas. dr. poderiam levar a form ulações dogm áticas m ais sadias.28 - . segundo o qual deveriam ser julgadas todas as verdades religiosas e.de seu conteúdo. e a confissão dele como resultado bem considerado e cuidadosam ente form ulado de investigações anteriores que. todavia julgá-los-á prim ariam ente pelo padrão das Escrituras. A história assim escrita não será descolorida. . Esse é o m étodo que preferim os seguir no nosso estudo da história do dogma. por um critério eclesiástico predeterm inado. embora não sejam infalíveis. m as tam bém o critério de sua própria confissão — a Palavra como padrão absoluto da verdade religiosa. ainda assim deveriam ser consideradas um a verdadeira apresentação da verdade escriturística até ser com provado o contrário. Não perverterá conscientem ente os fatos da história. ele em pregará não só o padrão da Palavra de Deus.29 - . Ao avaliar os vários desenvolvim entos doutrinários. porém naturalm ente refletirá a perspectiva do autor quase em cada página. secundariam ente. Levantou muitas indagações sobre a natureza da Igreja e seus ensinamentos. abriu caminho para um exame crítico da história do dogma. 24. sendo constatadas na experiência. Outrossim. Contudo. Perm anece de pé o fato. e procurou respondê-las não só à luz da Bíblia. segundo diz Harnack. Posto que a igreja católica romana agia sobre a suposição de que o dogm a é imutável. contribuiu m aravilhosam ente para dar um incentivo especial a tal estudo. essas doutrinas integravam suas próprias vidas. porém tam bém apelando aos Pais da Igreja Primitiva. o que forneceu motivo direto e poderoso para um estudo histórico do dogma.4 O DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA DO DOGMA 1. os reform adores e teólogos da época da Reform a não deram início a essa investigação. que as igrejas católica romana e protestante se acusavam m utuamente de terem -se afastado da fé -30- . M aterial valioso para tal estudo foi recolhi­ do nos séculos anteriores à Reform a. em sua própria natureza. porém. mas. Além disso. pág. pode ser dito que. FATORES QUE ORIGINARAM A HISTÓRIA DO DOGM A COM O DISCIPLIN A SEPARADA O estudo da história do dogm a como disciplina separada é de data comparativam ente recente. Não abrigaram dúvidas quanto ao caráter escriturístico das doutrinas em que criam. foi um m ovim ento que. History o f Dogma I. não sentiram a necessidade de fazer inquirição cuidadosa e crítica sobre a gênese histórica de todo aquele corpo de doutrina que constituía o conteúdo de sua fé. E a sua robusta fé não só prescindia dessa investigação histórica. e ainda m antém essa posição. “dificilm ente prepararam o caminho e menos ainda produziram um a perspectiva histórica da tradição dogm ática”. Embora tenham apelado aos Pais dos prim eiros séculos para consubstanciarem suas opiniões. tendo a Reform a rompido com esse ponto de vista. mas tam bém os interesses dogm áticos e polêmicos que ocupavam a mente deles pouco tempo lhes deixavam para estudos históricos. No cam po da história eclesiástica o fruto desse novo espírito foi visto pela prim eira vez na grande obra de M oshein. em bora distintos e até antagônicos entre si em alguns pontos. devido aos interesses polêm icos e dogm áticos. Esses dois movimentos. Apesar de ter ficado inoperante por longo tem po esse m otivo. Outro fator que deve ser levado em conta é o despertar do espírito histórico. M ediante um estudo sem preconceitos ele tentou respon­ der à pergunta: como e por que a doutrina do cristianismo gradualmente fo i Iom ando sua presente forma? Sua obra foi m aculada pela influência do racionalism o. am eaçando assim as verdades vivas da Reforma. O racionalismo estava interessado em mostrar que os dogmas eclesiásticos vinham se modificando repetidam ente. e somente um cuidadoso estudo da história poderia dar solução a essa disputa. suprido por m ovim entos inam istosos para com o dogm a eclesiástico. OBRAS AN TERIORES SOBRE A HISTÓ RIA DO DO GM A As verdadeiras origens do estudo da história do dogm a se enconliam nas obras de S. mas nunca foi terminada. sob a influência de Sem ler e outros. E o racionalism o se m ostrou hostil ao dogma eclesiástico por estar este baseado sobre a autoridade. Lange e M uenscher. Foi ele que pela prim eira vez fez a divisão do esiudo em estudo geral e estudo especial do dogma. M uenscher escreveu um a obra em quatro volumes. e não sobre a razão humana.G. e deixou de esclarecer se o objetivo próprio do estudo é a doutrina ou o dogma. o que se acha em . e com sua alegada estabilidade servia esse dogma de entrave à livre perscrutação da mente humana. só se fez operante quando reforçado por outros motivos. Reagia contra o que era tido como o intelectualismo estéril do século XVII. trabalho pioneiro no qual se explicava o valor prático do m étodo histórico. achava-se ele presente e fatalm ente exerceria algum a influência na ocasião oportuna. mesmo assim deu grande ímpeto a esse estudo.31 - . A obra de Lange foi planejada em larga escala. Todavia. em 1797. 2. Sem ler deu início ao moderno estudo histórico das Escrituras e escreveu a obra intitulada^« Experiment o fa Freer M ethod ofTeaching. e portanto não podiam reivindicar a per­ manência e a estabilidade comum ente lhes atribuídas. uniram suas forças em oposição ao dogm a e com eçaram a estudar sua história com o desejo oculto de solapá-lo. O pietism o nascera da convicção que o escolasticism o protestante exercera influência petrificadora.histórica cristã. Apesar de não tratar da história do dogma. Im portantes elem entos favoráveis a isso são vistos nas obras de Lessing e Semler. e nisso via um afastam ento para longe da fé dos reformadores. e posteriorm ente um compêndio. cada época produz seu próprio ciclo de verdades dogmáticas. As obras m ais antigas baseiam -se na suposição de que a Igreja Prim itiva possuia o dogma completo do cristianismo. em que os prim eiros seriam as grandes doutrinas fundam entais sobre Deus. Todavia. desenvolvidas sobre a base das doutrinas centrais. Por muito tempo. Ela é pressuposta nas produções da escola teológica de Schleiermacher. eles falham na aplicação do princípio histórico no ponto em que continuaram usando a antiga divisão em história geral e história especial. A idéia de desenvolvimento. Conforme esse escritor. Ele escreveu sua obra do ponto de vista confessional da igreja luterana. A erudição católico-rom ana demorou em interessar-se pelo estudo da história do dogma. e quando a essa igualmente aplicam o chamado lokal-methode. Tam bém foi aplicada por escritores medianeiros como N eander e Hagenbach. sobre Cristo. Na obra do prim eiro desses emerge a idéia do dogma em distinção à idéia de doutrina. que foi fortemente imposta sobre esse estudo. corporificada na fam iliar criada hegeliana. C. e a prim eira se torna o obejto mesmo desse estudo. Sob a influência de Hegel teve início um m elhor m étodo histórico. e os últimos seriam doutrinas derivadas. sobre o pecado e sobre a graça. Deve ser incorpora­ do como um todo no desenvolvimento seguinte. Baur. Passou a ser reputado como o objetivo da história do dogm a a fim de: (a) determ inar os fatos em sua situação real. como se não houvesse possibilidade algum a -32- . pai da escola de Tuebingen de crítica neo-testamentária. Quando o fez. foi um a idéia puram ente especulativa de desenvolvimento. que ultrapassam os hegelianos em sua estimativa do cristianism o como religião e do valor religioso da doutrina. e (b) interpretá-los de acordo com um a exata lei de desdobram ento interno. Sua aplicação ao estudo da história se vê sobretudo na obra de F. no entanto. Isso transparece mais claram ente na obra de Baur.muitas obras posteriores. deixando-o como um tesouro a ser preservado. conform e testem unhas credenciadas. Outras m odificações se acham nos escritos de confessionalistas como Kliefoth e Thomasius. Thom asius distinguia bem entre dogmas centrais e periféricos. contudo. O princípio hegeliano de evolução foi introduzido para salientar um a ordem e um progresso definidos no surgim ento dos dogm as eclesiás­ ticos. e não como m aterial a ser refeito ou m esm o cancelado (Baur). Os manuais que surgiram depois da obra de M uenscher não assinalaram qualquer avanço especial no estudo do assunto. gradualmente foi adquirindo outras aplicações além da hegeliana. teve seu ponto inicial na concep­ ção distinta do dogma como declaração autoritária da igreja sobre as doutrinas fundam entais da religião cristã. as proposições de lé foram erroneam ente transform adas em conceitos intelectuais. Isso ainda por ser visto.surgimento e desenvolvimento dos dogm as. dentro da qual esta última predomina.. com o distin­ tos di' doutrinas. desdobrando-se apenas gra­ dualmente sob o estímulo de condições externas. de fato. O processo de desenvolvim ento. mas. particularm ente em conexão com o desenvolvim ento geral da cultura.sclu\ todavia vai muito além da posição deles. com o desenvolvim ento da doutrina do Logos.de alteração com a passagem das gerações.clcsiãstico e () Desenvolvimento do Dogma 11 leMilMii o. Divisào similiir aparece em Ham ack. De acordo com ele essa corrupção começou. OBRAS POSTERIORES SOBRE A HISTÓ RIA DO DO GM A Obras posteriores sobre a história do dogm a revelam a tendência de descontinuar o arranjo mecânico das obras mais antigas. ate ao tempo do primeiro Concílio do Vaticano. pois et insiilei a va-o. que dividiam o lema em história geral e história especial e que aplicavam o lokal methode. é absolutam ente controlado pela igreja infalível. os «piais foram endossados por provas históricas e científicas.C. N ietzsche adotou um uitanjo genético. nem m esm o essa teoria. sob os seguintes títulos:/! Promulgação da Doutrina tl(lAntlx<i lateja ( 'iitólica e o Desenvolvimento da Doutrina da Antiga Itfltju ('tifiUlt ii. que fala de O Siuülniriilti do Ihiviiiii i. segundo asseveram escritores pos­ teriores. Segundo ele o original depósito da verdade revelada na B íblia é principalmente implícito e embrionário. na obra de Sheldon.33 - . Conforme ele. Contudo. A firm am elas não ter havido qualquer adição ao depósito original. ele tinha um a idéia errônea do dogma. e parcialm ente também na de Shedd. m as som ente interpreta­ ções do mesmo. entretanto. Contudo. e sim nos séculos II e III d. New m an introduziu a teoria de desenvolvimento. Há uma crescente convicção de que a história do domina deveria ser tratada mais organicam ente. ao passo que o . e teve prosseguim ento na igreja católica romana. por meio desse mesmo processo perderam seu valor norm ativo e sua autoridade dogmática. mescla da religião cristã e da cultura helenista. e leva em conta os aspectos constantem ente m utáveis do cristianism o como um todo. foi bem aceita de modo geralnos círculos católicos-romanos. mas sua ausência é patente em oul rns obras recentes. E le lim ita a sua discussão ao. obra do espírito grego sobre o solo do evangelho. em bora cuidadosam ente colocada. nao no próprio Novo Testam ento. 3. em sua origem e estrutura. Sua obra rompe radicalm ente com o lokal niethode. Iliiiniu k mostra afinidade tanto com Thom asius com o com Níet/. não há lugar para verdades fixas. Hay e publicado em 1905 sob o título Textbook ofthe History ofD octrine. deve ser escrita de m aneira puram ente objetiva? -34- . S eeberg tam bém escreveu um manual em dois volumes. Seus dogmas estão constantem ente sujei­ tos a revisão. E em bora ele não concorde totalm ente com o conceito de dogm a de H am ack. Perguntas para Estudo Posterior Em que diferem os católicos romanos e os protestantes em suas idéias sobre o dogma? Como a teoria de New m an alterou o ponto de vista católico-rom ano sobre a história do dogma? Quais as objeções que existem à idéia de H am ack sobre o dogma? Suas idéias foram geralm ente aceitas entre os seguidores de Ritschl? Os católicos rom a­ nos e os protestantes concordam quanto à tarefa que cabe à história do dogma? O elem ento m utável do dogma. para ser verda­ deiram ente científica. porém somente para um Glaubenslehre. Loofs mostra m aior afinidade com ele do que o fez Seeberg em sua obra monumental. B aur fez justiça aos fatos históricos externos? Acaso. Essa obra serve bastante como fonte de inform ação. H am ack assu­ m e um ponto de vista por demais limitado sobre o dogma. em seu conteúdo ou em ambas essas coisas? O que se pode dizer a favor e contra o m étodo hegeliano. para dogm as. Loofs e Seeberg não seguem a divisão de H am ack. mas parecem sentir que a segunda divisão de sua grande obra na realidade abarca praticam ente o total da história do dogma. Charles E. a história do dogma. está em sua form a. pois contém num erosas citações de autores cujos pontos de vista doutrinários são examinados. pressuposto em sua história. não fazendo justiça à aversão dos prim eiros Pais da Igreja à influência pagã e pensando que a inteira história do dogma é um erro imenso. quando aplicado à história do dogma? Ao aplicar o método hegeliano. É obra de considerável valor para o estudante.Protestantism o no tem po da Reform a rejeitou em princípio o conceito dogm ático de cristianismo. traduzido para o inglês pelo dr. A semelhança de H am ack. embora o prim eiro exiba ainda um capítulo separado sobre a gênese do dogma entre os cristãos. Estritam ente falando. DESENVOLVIMENTO DOUTRINÁRIO PREPARATÓRIO .35 - . I i. ( ’Jementc (kvRoiiia. Foi discípulo de João e escreveu um a breve epístola ai i.s I' i Ii| >enses. e talvez tenha sido tam bém discípulo . a qual consiste principalmente de exortações práticas na linguagem das Escrituras.í seis nomes especiais que chegaram até luto. É provavel­ mente o mais antigo dos genuínos rem anescentes da antiga literatura crista. g e m ias. 16:14. li Hitltct’. apenas um Inlliieiile pastor ali. chamado de “bispo de H ierápolis”.jin11 judaieade genuinidade incerta. A obra Pastor de Hermas. I(> i contem porâneo de Policarpo. sobre os quais se diz que alguns foram dUe (pulos (.5 OS PAIS APOSTÓLICOS E SUAS PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS I. ( ’leniente de Roma pode ter sido colega de trabalho de 1'imlo. embora sem boas razões. que lhe é atribuída. referido em Fil. o Itu^tuo 1luruitlu* que se toniou conhecido com o compaiiliellii i|e 1'niiln. KSCRITOS A ELES ATRIBUÍDOS ( ). Policarpo. mas líusébio alude a ele mais corretam ente como “aquele bendito e apos­ tólico presbítero”. 4:3.tos apóstolos. ullpitsliiuieule. C) pl lllii'llo (. É trabalho de iiiitenlie idade questionável. lileé lido com o autor de um a i<|i|Mo|ti 111111■ 1111■ 1111. ÇapiâS Vllirtoln. contém uma série de visões. Umiiahé. embora lhe dessem grande valor na Igreja 1'ilmitiva. H erm asseria.37 - . embora com evidência tlwvTtlimu. É comum ente apresentado como bispo de Komii. e ti quem são agora atribuídos os m ais antigos tw i IIon (. Alguns tam bém duvidam (In autenticidade dessa epístola. em Atos dos Apóstolos. a pessoa mencionada ein Rom. Policarpo usualm ente é designado “bispo de E sm im a”. gonilmenle considerado.s Puis Apostólicos «ão os Pais que se supõem ter vivido antes da morte do último dos apóstolos. embora possa ter sido.TiNlrtoN existentes. Papias. m otivadas por discórdias dentro da igreja em Corinto. em bora com IviiNeri insiilieientes. que contém injimções morais em geral e exortações especiais. Foi autor de uma epístola aos Coríntios. e m ais provavelm ente o foi. m andam entos e símiles. e liga essas coisas à doutrina cristã. comum ente conhecido como “bispo de Antioquia”. e m esm o dessas alguns duvidam. profun­ didade e clareza. descoberto em 1873. enquanto que a segunda parte fornece orientações pertinentes ao culto e ao governo eclesiástico.de João. mas pouco acrescentam à guisa de explicação e nunca são sistematizados. porquanto ele escreveu um a Apologia a Diogneto. dotadas de treinam ento especial para inquirir pela verdade -38- . Geralm ente concordam no todo com os ensinos das Escrituras. além de serem de tipo primitivo. também viveu nos dias do último dos apóstolos. e com freqüência são redigidos nas próprias palavras da Bíblia. Quinze cartas lhe foram atribuídas. Inácio. da qual apenas alguns doutrinariamente insignificantes fragm entos foram preservados por Eusébio. em face de evidências internas.C. ocupando-se com princípios elem entares da fé. Às vezes o prim eiro é atribuído a Justino M ártir. 2. O cânon do Novo Testam ento ainda não estava fixado. e não com as verdades m ais profundas da religião. tem -se consciência de trem enda mudança. a Epístola a D iogneto e o Didache. Foi o autor de um a “Exposição dos Oráculos do Senhor ”. E não é para admirar. descreve as principais características do caráter e da conduta dos cristãos. o da vida e o da morte. pois pouco tempo houvera para que os hom ens refletissem sobre as verdades das Escrituras e para que assim ilassem a grande m assa de m aterial contido na Bíblia. A prim eira parte contém preceitos morais sob o esquem a dos “dois cam inhos”. a saber. No entanto. A esses escritos devemos adicionar dois de autoria desconhecida. entrem eadas com declarações acerca das últim as coisas. Suas reproduções tendem por escorar-se pesadamente sobre as Escrituras. pois indica a transição das verdades dadas por inspiração infalível para a verdade reproduzida por pioneiros falíveis. da qual faz um admirável sumário. Seus ensinos se caracterizavam por certa pobreza. O escritor explica os m otivos pelos quais muitos cristãos haviam deixado o paganism o e o judaísm o. CARACTERÍSTICAS FORM AIS DE SEUS ENSINOS Com freqüência se tem observado que ao passarmos do estudo do Novo Testam ento para os Pais Apostólicos. O Didache. porém só sete são agora consideradas genuínas. Não há o mesmo frescor e originalidade. provavelm ente foi escrito cerca do ano 100 d. ao invés da Palavra escrita. e isso explica por que os Prim i­ tivos Pais tão freqüentem ente citam a tradição oral. Outrossim. devemos lem brar que não havia m entes filosóficas entre eles. E ninguém precisa adm irar-se com isso. tal autoria é extremam ente improvável. finalmente. Apesar de usarem a designação bíblica de Deus como Pai.C.c nem da grande capacidade necessária para uma apresentação sistem á­ tica. pode parecer surpreendem ente que os Pais A | Kistólicos. Oulrossim. Aqueles prim eiros Pais viveram perto demais dos apóstolos para captarem os pontos distintivos dos seus próprios ensinos. M esm o estando wAtlM UlitH tio vnlor normativo das palavras de Jesus e da kerugma NIHMliSIlon. nflo loliliiriuii defínir as verdades da revelação. formando um elo doutrinário entre o Novo Testam ento e os escritos mais especulativos dos apologetas. Testificam so breum afé comum em D eus como Criador e G overnador <lo u n i verso. ('< )NTi :Ú l)0 REAL DE SEUS ENSIN AM EN TOS I caso de observação comum que os escritos dos Pais Apostólicos eoiilem pouquíssima substância que seja doutrinariam ente importante. com o qual estavam mais fam iliarizados. não se vincularam de modo definido a qualquer desses tipos. N o Novo Testam ento há vários tipo de Kerugma (pregação) apostólica: a petrina. para eles o cristianism o não era. um conhecimento que se deve adquirir. A despeito de sua com parativa pobreza. as condições (triiilu i que vl vlí1111 influenciadas como eram pela filosofia pagã ptipiilin 'l. o qual esteve ativo na criação e por toda a ve Iha dispensação. e em Jesus Cristo.1. os quais surgiram no século II d. Uma segunda característica dos ensinos dos Pais A postólicos é sua falta de precisão. m i . e sim o plllieliilo ile li11ui liovii obediência ao Senhor Deus. Finalmente. e com freqüência são vasados na pura linguagem das liseriluras. diversas modalidades da kerugma apostólica. até haver. várias considerações podem NtT oferecidas como explicação. em bora representem ênfase di ferentes da verdade. e exatamente por essa razão não se pode dizer que aum en­ ta ii i ou a profundam nosso discernim ento da verdade ou que lançam luz sobre os interrelacionam entos dos ensinos doutrinários da Bíblia. Os três tipos concordam fundam entalm ente entre si.i rpm a e pela piedade paga e judaico-helénica — não eram invomveis a uma compreensão nítida das diferenças características elitie a*. Filho e Espírito Santo. Considerável raciocínio é requerido pn rn d ist ing u i r entre esses tipos. pois prestam testemunho à canonicidade e integridade dos livros neotestam entários. entretanto. a obra dos Pais A postó­ licos. além de falarem de Cristo como Deus e hom em . a paulina e a joanina. mas apenas M ‘iU*hilMlli m i>< III/ tln seu riilrndim enlo. Ora. aparecido em carne. em prim eiro lugar.39 - . Todavia. Seus ensinos estão em harm onia geral com a verdade revelada na I * la vra de Deus. apesar de mostrarem alguma preferência pelo tipo joanino. eles não ii . se reveste de considerável im portância. e tam bém como um a bênção puram ente futura.evidenciam ter consciência dos problem as e das questões implícitas envolvidas. recebido o perdão de pecados. O que aparece em prim eiro plano não é a graça de Deus. Eles insinuam estar bem próxim o o final de todas as coisas. as boas obras. no fato relacionado. e as descrições do fim do m undo atual são derivadas da profecia do Velho Testamento. ou seja. às vezes. Todavia. num princípio secundário e independente. Relacionava-se ao moralismo existente no m undo pagão da época. em seguida o hom em m erece tal bênção por suas boas obras. de confiança nEle e de auto-entrega a Ele. Nesses escritos há um vívido sentim ento do caráter transitório do m undo atual. que conduz a um a nova obediência. a qual ainda se regozija na possessão dos dons carismáticos. no batismo. Com isso tom a-se m anifesta uma tendência legalista anti-paulina. toma o lugar principal. a vida eterna. sua forma final será antecedida -40- . O cristão se apossa de Deus pela fé. mas não é claram ente entendida a relação entre a fé e a justificação. O reino de Deus é tido como o bem suprem o. a morte de Cristo é apresentada como algo que ganhou para os hom ens a graça do arrependim ento e que abriu o caminho para um a nova obediência. A fé é apenas o prim eiro passo no cam inho da vida. o ponto mais fraco dos ensinam entos dos Pais Apostólicos. Papias). as quais se tomam. do qual cam inho depende o desenvolvim ento moral dó indivíduo. libertou a hum anidade do pecado e da morte. obtido pela fé. e não tanto como a base da justificação do homem. entre a fé e a nova vida. a qual consiste de verdadeiro conhecim ento de Deus. que Ele revelou o Pai e ensinou a nova lei moral. Em alguns casos. As ordenanças são expostas como meios m ediante os quais as bênçãos da salvação são comunicadas aos homens. a Igreja. que caracterizava o homem natural como tal. A obra de Cristo como Redentor não é sempre exposta da m esm a forma. mas não correlacionado. e sim. ou dos pecados passados somente (Hermas e II Clemente). Às vezes Sua grande significação é vista no fato que Ele. Hermas. e tendia por servir aos interesses do legalismo. talvez. O crente é apresentado como quem vive numa com unidade cristã. por Sua paixão e morte. m as que tam bém mostra crescente respeito pelos ofícios eclesiásticos m encionados no Novo Testam ento. Essa ênfase m oralista é. paralelo à fé. bem como da glória eterna do m undo vindouro. É dito que o hom em é justificado pela fé. e noutras vezes. e o amor. então. e a Ceia do Senhor é o m eio de transm itir aos hom ens a bendita im ortalidade. O cristianismo é muitas vezes apresentado como a nova lex. O batismo gera a nova vida e obtem o perdão de todos os pecados. De acordo com alguns (Bamabé. Em alguns casos o bispo é desta­ cado com o superior aos presbíteros. e os ímpios serão condenados à perdição eterna.41 - . seja qual for a atenção dada ao milênio. há m uito m aior ênfase sobre o julgam ento futuro. em parte. Entretanto. Perguntas para estudo posterior Como se explica o caráter indefinido dos ensinos dos Pais A p o S tó licos? Em quais pontos esses ensinos são deficientes? Quais s e m e iite s das doutrinas peculiares dos catolicism o rom ano já estão p r e s e f lte s nesses escritos? Como se explica suas diferentes apresentações da obra de Cristo? Em que pontos particulares surgem o m oralism o cu o legalismo dos prim eiros Pais? O que se pode dizer à guisa de explípaçáo desse fenômeno? Poderia ter sido m otivado em qualquer sentido pelns afirm ações bíblicas? H arnack estaria certo quando diz qtfe a ei'islolt)j>ia dos Pais A postólicos é. a “cristoltfgia iidopcionisla”? .por um reino milenar. quando o povo de D eus receberá os galardões dos céus. ao tom ar-se patente que o cristianism o reivin­ dicava ter caráter universal. M as. por grandes que fossem essas ameaças vindas de fora. Estas últimas consistiam de diferen­ tes m odalidades de perversão do evangelho. A própria existência da Igreja viu-se am eaçada pelas perseguições do Estado. Usavam somente o Evangelho de M ateus -42- . a qual se revelou na organização da Igreja. considerava os seguidores de Cristo um a seita judaica. Ao m esm o tem po. e com freqüên­ cia nos fazem lembrar de argum entos em pregados pelos filósofos racionalistas e pela alta crítica da atualidade. que am eaçavam internamente a Igreja. como Luciano. Porfírio e Celso. Teve de defender-se de perigos externos e internos. Traços deles se acham até mesmo no Novo Testamento. Estes eram judeus cristãos que haviam aceito as doutrinas da religião cristã. e que os cristãos quase todos desconsideravam os negócios do estado e se recusavam a participar do culto idólatra dos romanos — especial­ m ente do culto ao im perador — então o govem o rom ano lançou um a série de perseguições que ameaçaram a própria existência da Igreja. 1. homens de mentes filosóficas. teve de lutar pela sua própria existência. e portanto julgava a sua religião um a religio licita. pondo assim em perigo a religião oficial. o cristianism o sofreu muitíssimo devido os ataques por escrito de algumas das mentes mais argutas da época. devido a Igreja estar m orm ente confinada à Palestina e que o governo romano. Todavia. Os argumentos deles são típicos da oposição filosófica ao cristianismo através dos séculos. por algum tem po. (a) Os Nazarenos. A s prim eiras perseguições foram de origem inteiram ente judaica. de justificar sua existência e de conservar sua pureza de doutrina diante de erros sutis. havia perigos ainda m aiores.6 PERVERSÕES DO EVANGELHO No segundo século a religião cristã. PERVERSÕES JUDAICAS Houve três grupos de cristãos judeus que revelaram tendências judaizantes. como nova força no mundo. que lançaram suas invectivas contra a religião cristã. E apesar de se obrigarem na prática a uma estrita observância da lei. 2. Nrtm il riiuiiie. ao passo que os dois outros grupos foram apenas judeus cristãos”. lendo sido escolhido como M essias por causa de Sua piedade Irjtnl. iiléin de eliama IO o mais elevado arcanjo. Seus adeptos se recusavam a reconhecer o apostolado de Paulo. Sua idéia de Cristo cni sim ilar à de Cerinto. Em comum com as seitas judaicas. Com toda ii probabi lidade se referem a essas heresias a Epístola aos Colossenses e ii I Timóteo. Tinham suas doutrinas M-eretas acerca da observância da lei. distinguia de outros somente por um a estrita observân­ cia da U*i. provavel­ mente. Em distinção a outras seitas judaicas eles criam na divindade e no nascim ento virginal de Jesus. tentativa de ganhar o reconhecim ento geral para um cristianis111 o j11d iiic o.le nascido como outros homens. Relutavam em pensar nEle (H)tttU NlgUttm Nlljello ao solí imenlo e à morte. por continuadores dos oponentes judaizantes do apóstolo Paulo. havia repetidas lavagens.43 - . N egavam tanto n divindade de Cristo como o Seu nascim ento virginal. A circuncisão e o sábado emiti grandemente honrados. 'ieii'i ineiiiliM imc jeilarem o nascimento virginal de Cristo e til/ciem lei l'. Conforme diz Seeberg. concebia com o um a oposição as relações entre o Velho Testam ento e o N ovo e suas respectivas religiões.cm hebraico. qiiimdo recebeu o Espírito. 1 * 1W VERSÕES GENTÍLICAS: GNOSIS GENTÍLICO-CRISTÃ No gnosticism o deparamos com um a segunda perversão do cristi­ anismo. eles julgaram -nO oNpliitooii anjo superior. . reputavam Paulo um autêntico apóstolo. não exigiam isso da parte dos cristãos gentios. a da ptando-o às tendências sincretistas da época. sendo-lhes iilril)iiidos poderes mágicos de purificação e reconciliação. e era farisaica em sua natureza. Esta seita era formada. lÍNley. (b) Os Ebionitas. ao m esm o tem po. o que provavelmente se devia ao desejo que tinham de manter o monoteísmo do Velho Testamento. ( 'onsideraram-nO encarnação do Adão ideal. Jesus Se. além de exigirem de todos os cristãos que se submetessem ao rito da circuncisão. realmente. Na opinião ildes. foram cristãos da raça judia. e a mágica e a astrologia eram praticadas entre eles. Esse m ovim ento foi. Sua forma original estava arraigada no judaísmo. a quem reputavam apóstata da lei.mpo representava um tipo de cristianismo fOililli1 !! ii&hImiiIiiiIo poi rspeeulaçoes teosóíicas e ascetism o estrito. “Na realidade. luto i't a obiii de um profeta e mestre. Ter Se iu tornado cônscio de tal coisa por ocasião de Seu linllNino. mas. o que O capacitou a realizar Sua Inifln. 1 5 . pela comunhão m ística com Deus e pela esperança de garantir um a vereda segura para a alma.C. esses erros assum iram um a form a m ais desenvolvida. gnostikoi. já naqueles dias. Tito 1:10-16. Esse elemento especulativo.15. 1 João2:22. 4. Jud. 1:37.m as por fim evoluiu em estranha m escla de elem entos judaicos. (b) Caráter essencial do gnosticismo. Não é para adm irar que essa tendência se tenha juntado ao cristianism o. Ver João 1:14. adotado por alguns de seus adeptos. de que o gnosticism o já aparecera em form a incipiente nos dias dos apóstolos.. Havia. e o que fazia com notável sucesso. (a) Origem do gnosticismo. O seu alvo era satisfazer a sede por um conhecim ento mais profundo. Antes de tudo. 6:3ss. diligentemente propagados por pregadores itinerantes. encontra­ va apoio na reivindicação cristã de ser a religião absoluta e universal. 4:2. 2:1-4. tendo sido publicamente proclam ados. 20:31. que parecia prestar-se à m esm a tarefa.16 e Apoc 2 :6 . que redundava em ascetism o. que se destacavam sobretudo na heresia de Cerinto. Ver Col. e de pronto tiveram notável divulgação. estava sempre em primeiro plano. Tam bém havia tendência em prol das especula­ ções religiosas filosóficas.e libertinagem im oral. D esde a prim eira parte do século II d. o gnosticism o era um movimento especulador. Esses espiritualizavam a ressurreição e faziam da esperança da Igreja o objeto de derisão. por um lado. no Novo Testamento. e as seitas orientais. Pode ser dito que o gnosticism o equivocadamente buscava elevar o cristianism o à sua legítima posição de religião universal. Isso só podemos entender à luz do sincretism o geral existente nesse período. 2:14-18. mestres heréticos que derivavam seu im pulso imediato do judaísm o. 2:18 ss. A s religiões do Ocidente não mais satisfaziam . e que se caracterizavam por um falso dualism o. em sua subida a m undo superior por ocasião da morte. I Tim. que seria um espírito superior que descera sobre ele quando de Seu batismo e que tê-lO-ia deixado antes da crucificação. João combate indireta­ m ente essa heresia nos seus escritos. 5-6 e 2 João 7. de doutrinas cristãs e de idéias pagãs especulativas. indica que se arrogavam possuir um conheci­ mento mais profundo das coisas divinas do que aquilo que se poderia -44- . fo­ ram abraçados avidamente.. adaptando-o às necessidades de todos e interpretando-o em consonância com a sabedoria do mundo. O próprio nome. ocupando-se em especulações acerca de anjos e espíritos. 5:1. por outro lado. 2 Tim. 4:1-3. Havia um generalizado desassossego religioso e um a surpreendente avidez por absorver todas as idéias religiosas possíveis. Outrossim.20ss. o qual fazia distinção entre um Jesus hum ano e um Cristo. 2 Ped. generalizando-as e harm onizando-as entre si. Há indicações. através de ritos simbólicos. Portanto. Nn realidade.. quando se refere ao gnosticism o como “uma etnicização do cristianism o”. houve tentativas. precisava ser algo mais do que m era especulação.oi leas de Jesus. o gnosticism o tam bém foi um movimento popular. um m estre de verdade absoluta. Segundo Seeberg afirma. porém aproxim avam -se dos m esm os de modo errado e sugeriam soluções totalm ente divergentes das verdades reveladas por Deus. Os gnósticos se envolveram com alguns dos m ais profundos problem as da filosofia e da religião. Não podemos ventilar os . Essas coisas eram tidas como proteção supostamente necessária e eficaz contra o poder do ptu mlo e da morte. A fim de influenciar as massas. Apesar de seu caráter especulativo. O professor W alther é m ais correto ao dizer que o gnosticismo é o ". ele apelava para as declarações alej.obter entre os crentes comuns.45 - . e para uma tradição secreta. Aparentem ente dava grande valor a Jesus Cristo.'. Ele propunha dar solução aos problem as que se originaram no pensam ento religioso do inundo pagão. de cerimônicas m ísticas e do ensino de fórm ulas mágicas. Isso corresponde à descrição de Seeberg. furto de alguns trapos cristãos para cobrir a nudez do paganism o”. fazendo largos empréstimos das especulações orientais. e m eram ente dava às suas discussões um colorido um tanto cristão. assim cham ada. Seus dois maiores problem as eram o do ser absoluto e o da origem do mal. e com o que tentavam combinar as verdades do evangelho. Indubitávelm ente eram sérios nessa tentativa de tom ar o evangelho aceitável para as classes educadas e cultas de seus dias. o f>noslocismo era pagão. além de serem meios de acesso à bem -aventurança tio mundo por vir. para popularizar a teoria cósmica geral.i|nc era possível. dentro da esfera do cristianismo. em associ­ ações especiais. que teria sido transmitida desde os tempos dos apóstolos. O gnosticism o também era um movimento sincretista. Desenvolveram um a fantástica cosm ogonia. E m uitos acolhi­ am seus ensinam entos como se fossem genuínas verdades cristãs. (c) Ensinos principais do gnosticismo.a introdução delas foi uma tentativa de lINtlNloiiiuir o rvim yflho numa filosofia religiosa e numa sabedoria mlnllrii No entanto. tom an­ do O um ponto decisivo na história humana. Continua sendo debatido se os gnósticos eram cristãos em qualquer sentido do termo. problemas esses derivados do pensam ento religioso pagão. e não cristão gentílico. e não do cristianismo. o gnosticismo reivindicava ser cristão em seu i /iiiilri Srmpn.. A iniciação nessas associações constava de fórm ulas e de ritos estra­ nhos que desem penhavam importante papel. H am ackcham a isso d e “helenização aguda do cristianism o”. e apoda os gnósticos de “prim eiros teólogos cristãos”. fonte da bondade. que se oporiam um ao outro como superior e inferior. ou vitória sobre o mundo. esse espírito superior não podia ter um corpo hum ano ordinário. Um meio de livramento foi provido pelo envio de um emissário especial do reino da luz a este m undo de trevas. -46- . Encontram-se no m esmo. a saber. O m undo não foi criado pelo deus bom. Sua libertação só pode ser obtida m ediante algum a intervenção do deus bom. cheio de paixões e vinga­ tivo. como os de Valentino e de Basilides. de nom es m ágicos e de um a unção especial. com que um poder ou espírito superior se associou tem pora­ riamente. A iniciação nos m istérios de casamento com Cristo. A participação na redenção. ou como um ser terrestre. de um peculiar batism o. de modo inexplicável. m as prova­ velm ente foi o resultado de um a queda no “plerom a”. é essencialmente mau. esse emissário é regularm ente identi­ ficado com Cristo. seres intermediários. tom ou-se a vereda da redenção. Os homens são divididos em três classes: os “pneumáticos”. os “psíquicos” . da virtude e da verdade. A essa altura o gnosticismo se fez mais e mais um sistema de mistérios religiosos. em anações do divino que em seu conjunto constituem a “plerom a” ou plenitude da essência divina. Esse deus subordinado se chama Dem iurgo. mas podemos apenas indicar de passagem os ensinos gnósticos em geral. rem a­ nescentes do mundo-espírito. U m traço dualista percorre o sistema todo e se m anifesta na posição que diz haver dois princípios originais ou deuses. mediante a qual foi obtido o conhecim ento secreto do Ser. que constituem os m em bros comuns da Igreja. Só a prim eira dessas classes é relamente capaz de obter o conhecimento superior (epignosis). o qual Se revelou em Cristo. limitado. O deus suprem o ou bom é um abismo insondável. A segunda classe. ou gentios. por ser produto de um deus inferior. sendo obra de um a divindade subordinada. ou como um ser celestial que apareceu em corpo fantasmagórico. talvez m au. viuse enredado na m atéria má. que constituem a elite da Igreja. Ele intercala entre si m esm o e as criaturas finitas uma longa cadeia de “aeons”. Já que a matéria é má em si m esm a. Somente através desses seres interm edi­ ários é que esse deus mais alto poderia entrar em várias relações com os seres criados. só foi obtida através dos ritos secretos da associações gnósticas. sendo identificado com o Deus do Velho Testam en­ to. um a fagulha de luz vinda do mundo superior de pureza que. a alma humana.vários sistem as gnósticos. É contrastado com o Deus supremo. Ele é variegadam ente representado. conseguindo assim um a mais elevada bem-aventurança. descrito como um ser inferior. por sua vez. ou m esm o como bom e mau. e os “hílicos”. talvez hostil. porém. No gnosticismo cristão . O m undo da matéria. pode ser salva pela fé e pelas obras. e sua ênfase sabre o ascetismo. Os da terceira classe estão irrem ediavelm ente perdidos. por outro lado.47 - . (d) Significação histórica do gnosticism o. Quando a iiIma finalmente fosse libertada da m atéria. anjusuu Maria). pela preparação n ulruulaçAo de breves declarações dos fatos fundamentais da religião 1'HhIR ( ivhiiin de l't4). A idéia cristã sobre Deus foi salva das . Não obstante. o gnosticism o foi de pouca duração. sua filosofia de um D eus eseuiulido. Foi frisado o elem ento intelec­ tual da religião cristã. retom aria ao “plerom a”. mio deixou de imprimir uma duradoura impressão sobre a Igreja. A doutrina da ressurreição dos m ortos não era reconhecida. Realmente. era dom inada por um a falsa estim ativa da sensualidade. resultando ou em rígida abstinência ascética ou em vil cam alidade. porém só de modo indireto. baseadas em fórmulas batismais correntes. Pela prim eira vez o cristianism o foi concebido como uma “doutrina” e como um “m istério” . e pela mais racional interpretação do Novo 'l'e«ltimenlo. que poderiam servir como padrões de interpretação (regras de fé). e isso m arcou o real ponto de partida do desenvolvim ento doutrinário. iluminou o finnam enlo por um instante. Aprendeu a determ inar claram ente os limites da revelação divina e as relações entre Velho e Novo Testamento. A Igreja tam bém derivou proveito real do aparecim ento do m ovi­ m ento gnóstico.entretanto só pode obter um a bem -aventurança inferior. f<>rmidá vel inim igo da verdade que ele foi. Por um lado havia ascetism o e. por algum lempo. rum a limilaçao do seu cânon. muitos foram arrastados. Outrossim. pelas suas ousadas especulações ou pelos seus ritos místicos. De fato. que só pode ser abordado m ediante interm ediários (santos. Com o m eteoro. libertinagem . Algumas de suas peculiaridades foram absorvidas pela Igreja. com exclusão de todos os litlrioNeviingellioN. e no decorrer do lempo vieram a dar fruto na igreja católica romana. mas a grande m aioria dos crentes não foi enganada pelas suas fantásI icas sim ulações ou por suas atrativas prom essas de felicidade secreta. não pôde entravar a m archa (le n va nço do cristianismo. A escatologia sustentada pela Igreja não tinha lugar nesse sistema. tom ou-se agudam ente consciente da necessidade de traçar breves declarações da verdade. A ética ou filosofia m oral que acom panhava essas idéias acerca da redenção. e isso seria o fim. O próprio gnosticism o. e subitamente desapareceu. sua dmsaõcTos hom ens em ordens superior e inferior. gerada da certeza que nada realmente poderia atrapalhar os favorecidos pelo céu. Tam bém houve um avanço doutrinário muito evidente. com suas peculiares idéias sobre os sacramentos. atose epistolas que então circulavam. l'ol vencido pelas refulações diretas dos Pais da Igreja. a doutrina da redenção por m eio da obra expiatória de Cristo foi posta em primeiro plano. foram todos conservados e postos em luz m ais clara. suas especulações ou sua religião esotérica? Por que dificilm ente se justifica o dito de H am ack de que foram os gnósticos os “prim eiros teólogos cristãos”? . milagres. certa ou erradamente? Quais as fontes usadas pelo gnosticismo? De onde surgiu o caráter anti-judaico do m ovimento. em confronto com as fantasias especulativas dos gnósticos. o Seu caráter inigualável como Filho de Deus foi enfatizado. A Igreja entrou na posse consciente da verdade de que Deus é o Ser Supremo.48 - .especulações mitológicas dos gnósticos. Além disso. no ensino do Novo Testam ento. entre o bem e o mal? Existe algo noutros sistemas que corresponda à doutrina gnóstica de um Deus inabordável e de seres intermediários? O que deu ao gnosticism o sua tem porária popularida­ de. sofrimentos. morte e ressurreição. ao fundam entarem seu sistem a sobre as Escrituras? Que distinção faziam os gnósticos entre pistis e gnostis ? São de natureza ética as distinções gnósticas entre o mundo e o reino de Deus. que tom ava a m atéria essenci­ alm ente má. ao mesmo tempo que Sua autêntica humanidade era defendida contra todas as formas de negações docéticas. em sua form a final? Por que a sua cristologia é chamada “docética”? Qual m étodo de interpretação os gnósticos adotaram. dos quais o gnosticism o poderia valer-se. Os grandes fatos de Sua vida. Criador e Sustentador do universo. e a aceitação universal do evangelho de Jesus Cristo pelos homens foi salientada em resposta ao exclusivism o e orgulho dós gnósticos. e foi ultrapassado o dualismo dos gnósticos. Em contraposição à tendência gnóstica de considerar Jesus Cristo meramente como um dos “aeons”. Foi posta de lado a doutrina do Dem iurgo e sua criadora atividade. o Seu nascim ento virginal. Perguntas para estudo posterior Existem quaisquer traços dos nazerenos. ebionitas e elquesaítas no Novo Testam ento? Como se deriva do judaísm o a negação ebionita da divindade de Cristo? O Novo Testamento contém quaisquer indica­ ções de um gnosticism o incipiente? Onde se acham elas? Há elem en­ tos. o mesmo no Velho e no Novo Testamentos. em consonância com o autêntico evangelho paulino. ele não desenvolveu m itos orientais c *nem problem as filosóficos gregos. contudo a precisão dessa classificação é atualmente posta em dúvida. Com freqüência tem sido classificado com o gnóstico. que labutava no espírito de um iv formador.7 MOVIMENTOS REFORMADORES NA IGREJA I . (2) desse m<ulo. É-nos apresentado com o hom em de zelo profundo e de grande habilidade. por motivo de adultério. I . segundo pensava ele. bus­ cando aceitação universal para seus pontos de vista através de ativa propagando. form ou um a igreja só mia” . as quais. a fé. M árcion era nativo do Ponto (Sinope) c foi expulso de casa. porquanto ele tinha um propósito Nolcriológico. vai ao âmago da questão. sentiu-se constrangido a organizar seus seguidores numa igreja separada. Seeberg tam bém destaca M árcion para estudo em separado. Fracassando nisso. negavam a graça livre. mas apenas reform ar. Isso concorda em linhas gerais com a afirm ativa de I liirnack.C. (I>) Seus ensinamentos principais. e não cosmológico.49 - . além de excluir as interpretações alegóricas”. e sim por interesses puram ente soteriológicos. A princípio procurou sujeitar a Igreja à sua m aneira de pensar. m as não conseguindo êxito em sua obra reform ista. “M árcion perperam gnosticus vocatur. não o conhecim ento.oofs diz que a declaração de Hahn. o qual diz que não se deveria classificar M árcion junto com pnósticos com o Basilides e Valentino. ocupava lugar de destaque em seu sistema. as igrejas cujo cristi­ anism o ele cria ser legalista (judaizante). (3) não em pregava a filosofia — pelo menos c<>mo um princípio principal — em sua concepção do cristianism o. toda a sua ênfase recaía sobre o evangelho puro e sobre a fé (não Nobre o conhecim ento). tendo ido para rom a cerca de 139 d. dando os seguintes m otivos para sua opinião: “(1) Não era guiado por interesses m etafísicos ou apologéticos. o grande proble­ . Para M árcion. aparentemente. M ÁRCION E SEU M OV IM EN TO DE REFORM A (a) Seu caráter epropósito. (4) nno procurou fundar escolas de filósofos. Ele governa com rigor e justiça. que a m aioria da hum anidade pereceria. todavia afirmava que Ele não podia ser idêntico ao Deus do Novo Testamento. ele lim itava o cânon do Novo Testam ento ao Evangelho de Lucas e a dez epístolas do grande apóstolo dos gentios. Revogou a lei e todas as obras do Dem iurgo. atirou-se à tarefa de separar da lei o evangelho. entretanto. REFO RM A DOS M ONTANISTAS (a) Sua origem. a crucificação em nada prejudicou ao Cristo. Esse é o Seu julgam ento contra os ímpios. se anunciaram profetas. em bora um Deus longe de ser perfeito. cerca do ano 150 d. ele m esm o se caracterizou por tendência inovadoras. não faz oposição ao Deus do Novo Testam ento como se fosse o princípio do mal. Visto que M árcion acreditatava que Paulo foi o único dos apóstolos que realmente entendeu o evangelho de Jesus Cristo. por outro lado. Em bora possam os considerar o m ontanism o como reação contra as inovações do gnosticismo. Ficou subentendido.. é bom e m isericordi­ oso. estando consignada ao fogo do Dem iurgo. Contudo. 2. E ra desconhecido até ao décimo-quinto ano de Tibério. Ficou convencido de que o evangelho fora corrom pido ao m esclar-se com a lei. o Deus bom não os pune. criando sua teoria acerca de opostos ou antíteses. É o Criador do mundo. não Se maculando com um corpo real. Prisca e M aximila. Cristo não deve ser identificado com o M essias do Velho Testam ento. razão por que seu ensinam ento geralmente é denom inado heresia frigia. sim plesm ente não os aceita. e baseou-se na suposição de que os demais apóstolos com partilharam disso. Ele e duas mulheres. é cheio de ira e nada conhece da graça. abrindo assim um caminho de salvação para todos os que crêem. que fala da oposição dos judaizantes a Paulo. motivo por que ocasionou Sua execução na cruz pelos príncipes deste mundo. quando Se revelou em Cristo. O D eus do Novo Testam ento. m as tão-som ente como um Deus inferior. -50- . m as meramente assum iu um corpo aparente.C. Aceitava o Velho Testam ento como genuína revelação do Deus dos judeus. e até dos ímpios do outro mundo. Assim. M as. pois nada queria tomar dentre o reino do Dem iurgo. a fim de fazer-se inteligível. o qual é freqüentem ente m encionado como o próprio Deus bom. Descobriu a chave do problem a na Epístola aos Gálatas. Ele veio como m anifestação do Deus bom. Ele proclamou o evangelho de am or e libertação da lei do Deus do Velho Testamento. posto que não corresponde ao delineam ento profé­ tico acerca do Redentor vindouro. visto ser irreal o Seu corpo.m a era como relacionar entre si o Velho Testam ento e o Novo. M ontano surgiu na Frigia. que se fugisse das perseguiV *»es. Chegara a era do hiracleto. D isso se pode depreender que o elem ento mais essencial do m ontanism o era o iiscelismo legalista. Por otili o lado. Os m ontanistas. quando muito. ela sustenIIIva a | >osição ortodoxa em contraste com as especulações dos gnósticos. Enquanto M íirc ion se apoiava mais especialmente nos escritos de Paulo. especificam ente a profecia. de m aneira absoluta. como o celibato (ou. em seu todo.c ia que as Escrituras não eram suficientem ente ascéticas.51 - . o jejum e um a rígida disciplina moral. E em face da ênfase escriturística fã > 1ire a proxim idade do fim do mundo. eram ortodo­ xas e aceitavam a re gra da fé. (c) Seu acolhimento pela Igreja. De acordo com o m ontanism o. Monlano e seus colaboradores eram tidos como os últim os profetas. As revelações dadas por m ediação de Monano giravam principalm ente em tom o de coisas segunda as quais Imre. agora que o fim d<> mundo estava próximo. IVi Hiinliis para estudo posterior I *or c|ue M árcion por muitas vezes é classificado como um gnóstico? Nu que ele diferia dos gnósticos? Que contrastes dom inavam todo o neti ensino? Que objeções ele fazia à m aioria dos escritos do Novo Te nla men 1 o? A quais livros do Novo Testam ento se lim itava o “cânon” . Portanto. afirm avam que o últim o e m ais elevado estágio da revelação já fora atingido. um único m atrim ônio). em face do que insistiam sobre estritas exigências morais. a era presente se caracteriza pelos dons espirituais. i ne recendo assim devida apreciação. (I) )Seus ensinos principais. e o Paracleto falava por m eio de M ontano. Outrossim.( um base no Evangelho de João. o últim o período da revelação começou com a vinda do Paracleto. a Igreja seguiu um instinto autêntico ao rejeitá-lo. e sobre a necessidade i !i is ci entes se m anterem isentos das m anchas m undanas — não é difícil eonipreender que muitos tenham sido favoráveis ao m ovim ento. Salientavam fortem ente a proxim idade do lim do mundo. A Igreja se viu em situação um (unto embaraçosa por causa do montanismo. Exaltavam indevidam ente o mnrl íri o e proibiam. sobretudo a profecia. especinlmeiile por causa do fanatism o que nele havia e das suas reivindicayòes de possuir revelações mais altas do que aquelas contidas no Novo Teslamento. revelaram a tendência de exaltar os carism as especiii is da Igreja às expensas dos ofícios e dos oficiais regulares. Por um lado. sobre a grande im portância dos dons carismáticos. IIíi/eiido novas revelações. M ontano Imsca va firmeza mais particularm ente no Evangelho e nas Epístolas de Juno. bem como sua ênfase sobre dons carism áticos especiais? Com o deveríam os julgar sua reivindicação de um novo derram am ento do Espírito e de dons proféticos? Justificava-se a sua disciplina rígida? -52- .de M árcion? Como a Igreja tirou proveito indireto da controvérsia m arcionita? Quais fatores deram origem ao montanism o? Com o se explica seu ascetismo. desm ascararam o . Seu objetivo imediato era suavizar a ui ilude das autoridades e do povo em geral para com o cristianismo. M ostravam -se particular­ mente solícitos em tom ar a religião cristã aceitável diante das classes educadas frisando sua racionalidade. Taciano. o qual era assim o cum prim ento da lei Além disso. em seu assalto contra o paganism o. chamados “apologetas”.53 - . Com isso em m ira. Atenágora e ' leófildde Antioquia. isto é. ( )s mais im portantes entre eles foram: Justino. eles tam bém atacaram seus oponentes. Náo satisfeitos com a m era defesa. defensivo. Os primeiros Pais que assum iram íi defesa da verdade são.8 OS APOLOGETAS E O COMEÇO DA TEOLOGIA DA IGREJA I. que perdia de vista o ciiniter típico e simbólico de m uitas coisas contidas na lei e que representava como sendo perm anentes os seus elem entos tem porários e isso com um a cegueira que impediu-lhes de ver que Jesus era o Mcssi as prometido pelos profetas. e isso deu origem à teologia. a virtude e a imortalidade c se referiam à religião cristã com o cumprimento de toda a verdade que se acha no judaísm o e no helenismo. Essa tarefa assum iu um tríplice caráter. Dirigiam suas apologias em parte aos governantes e ein parte ao público inteligente. por essa mesma razão. que a ci mduta ofensiva que lhes era atribuída era totalm ente incoerente com o espírito e os preceitos do evangelho. 1 li iscavam conseguir isso exibindo o seu verdadeiro caráter e refutando iis acusações assacadas contra os cristãos. davam especial ênfase às Hra 11des verdades da religião natural — Deus. e que o caráter e as vidas ilm|iie!es que professavam a fé cristã eram assinalados pela pureza moral. Acusaram os judeus de um legalismo. Eles defendiam o cristianism o m ostrando que não havia provas em prol das acusações feitas contra seus adeptos. ofensivo e construtivo. expunham-na como a m ais elevada e segura filosofia. TA REFA DOS APOLOGETAS Pressões externas e internas requeriam definições claras e defesa da verdade. 2. um conceito que se -54- . existência absoluta e destituída de atributos. porém. Taciano percebia pouco ou nenhum bem na filosofia grega. de Sua providência universal. A o dem onstrarem a realidade dessa revelação. Apresentavam Deus como o Auto-existente. e da vida futura. principalm ente sua doutrina da existência de muitos deuses. Ao m esm o tem po. o que atraía as classes cultas. absurdo e imoral da religião pagã. superior a toda as demais filosofias por estar baseada sobre a revelação. ou seja. Consideraram -no uma filosofia. dependeram prim ariam ente do argumento extraído da profecia. Diz Hamack: “O cristianism o é filosofia e religião. Isso se deve ao fato de que concebiam exageradam ente o cristianismo como um a filosofia. do argumento baseado nos milagres. que ele atribuía ao Logos. devido à Sua singularidade e perfeição. porém tam bém consideraram -no antítese direta da filosofia. e não sobre Jesus. seu uso m ostra que a atenção da Igreja estava focalizada sobre o Cristo divino e exaltado. o Imutável. é melhor descrito em termos negativos. sem dúvida porque se tratava de um term o com um em filosofia. Os apologetas não exibiram o conceito bíblico do Logos. Ao se referirem ao Filho. de Aristides a M inucius Féliz”. ao passo que Justino reconhecia na m esm a um elem en­ to verdadeiro. de Seu governo m oral. o qual é a causa primária do mundo. Essa é a tese de todo apologeta. bem como às vidas e ao caráter transform ados de seus adeptos. mas tam bém. e com freqüência deixaram de discrim inar cuidado­ sam ente entre o que é produto da mente hum ana e o que foi revelado so b ren atu ralm en te. os apologetas nem sempre distinguiram claram ente entre a revelação geral e a especial. porque contém um elem ento racional e responde satisfatoriam ente às indagações em que todos os verdadeiros filósofos se têm ocupado. Apelaram repetidas vezes ao alastramento notável da religião cristã a despeito de toda resistência. ainda que a única filosofia verdadeira. preferiam o uso do term o “Logos”. Um a característica comum em seus escritos é certa m istura de revelação geral e especial. o homem. em confronto com a doutrina da unidade de Deus. por ter-se originado de um a revelação sobrenatural.caráter indigno. SUA CONSTRUÇÃO POSITIVA DA V ERDA DE A o exporem o conteúdo doutrinário da revelação divina. os apologetas tam bém sentiram a incum bência de estabelecer o caráter do cristianismo como um a positiva revelação de Deus. em ­ bora em m enor grau. porquanto é livre de todas as meras noções e opiniões. o Eterno. Dificilm ente ultrapassaram a idéia do Ser divino como ho on. Finalm ente. mas antes. os apologetas insistiam sobre a realidade e a grande significação desses sofrimentos. Para eles o Logos. amor santo e prontidão para sofrer com regozijo. da nova lei que requer vida virtuosa. em bora Sua divindade estivesse oculta.ogos do Seu próprio Ser. Portanto. C rís fó é a razão divinãTTmãhènte em Deus. entretanto.oração sumo-sacerdotal de Deus. e parece que Justino com partilhava . não foi um m ero homem. caracterizada por estrita moralidade. em distinção ao Logos filosófico. O Logos tom ou-Se hom em ao assum ir real natureza humana. tal como já se m ostrara ser antes da encarnação. e outras vezes parece inteira­ mente dependente da livre graça de Deus.55 - . dando-Lhe assim existência pessoal. Ele não era hom em com um e sim Deus e hom em . Ta c ia no e Teófilo consideravam a imortalidade como um galardão dos justos e um castigo para os ímpios. O conteúdo principal de Seu ensinam ento gira em tom o das idéias de um único Deus. A Igreja consiste do povo de Deus. consistente de corpo e alma. mas também nos sábios do m undo pagão” . que obtiveram para os hom ens o perdão dos pecados e o livramento do pecado e do diabo. conform e existia eterna­ mente em Deus. ou no Velho Testam ento. Os sofrim en­ tos de Cristo quase não figuram como necessários. assinalando o começo da vida nova. Com vistas à criação do m undo. Visto que foi criado por Deus com o um ser livre. Em poucas palavras. da im ortalidade — particularmente o seu aspecto da ressurreição. E le não Se m ostrou operante somente na criação do mundo. e por meio da qual Ele Se revelou a Si mesmo. tinha personalidade independente. Às vezes é vista como completam ente dependente do livre-arbítrio do hom em . à qual Deus conferiu existência separada.assem elhava ao de Filo.a Iardões e castigos. O batismo aparece dotado da II ia is íntima relação com o novo nascim ento. embora houvesse certa dife­ rença de opinião entre eles no tocante à imortalidade essencial da alma. Os apologetas criam firmemente na ressurreição dos m ortos. o Logos perm aneceu idêntico a Deus. sem existência pessoal. exceto como cumprimento da profecia do Velho Testamento. Toda ênfase recai sobre o fato que Ele tom ou-Se o mestre da raça. Essencia 1 mente. a y. A ^raça consiste somente na revelação da doutrina e da lei. o homem tem a capacidade de guardar os m andam entos de Deus. N o entanto. no entanto. T odavia. que traz consigo seus )’ . o verdadeiro Israel. Deve-se notar particularm ente que o Logos dos apologetas. era tão-som ente a razão divina. Afirm a Seeberg: “Sendo razão divina. D eus gerou o I . em face de Sua origem como pessoa. Os apologetas expunham a origem da nova vida com o algo de natureza um tanto dualista. mas o próprio Filho de D eus que morreu encravado na cruz. poderia ser chamado de criatura. e (c) seus escritos tam bém contêm muitos elem entos cristãos positivos. ainda que haja algum vestígio de verdade em suas exposições. já que possui conteúdo intelectual e é um a religião razoável. embora nem sempre tenham obtido êxito. buscando dem onstrar sua racionalidade. pois isso não consiste exclusivamente de experiências religiosas. m eram ente como se isso confir­ m asse as verdades da revelação natural. particularm ente no caso da doutrina do Logos. tem os de adm itir que expuseram o cristianism o principalm ente em termos da filosofia. (b) as verdades que ressaltaram também constituem parte bem essencial dos sistem a de doutrinas cristãs. deixando de ser tomados em consideração todos os fatos. Nas suas descrições sobre a bem -aventurança. M as. sobretudo mediante sua doutrina do Logos. que não servem m eram ente de m uletas para as verdades fundam entais da razão. É perfeitam ente claro. deve-se ter em m ente que: (a) estavam escrevendo apologias. além de darem ao cristianismo um caráter intelectual. Isso é visto especialm en­ te na doutrina do Logos e na doutrina do caminho da salvação -56- . e não tratados doutrinários. Afirm am que aqueles prim eiros Pais buscaram a substância do cristianism o unicam ente no seu conteúdo racional. pois não distinguiam claram en­ te entre a filosofia e a teologia. N o entanto. D eve-se adm itir que aqueles prim eiros Pais deram grande prom inência às verdades racionais. e que sua apresentação das verdades da revelação. que suas idéias do cristianism o continuavam sofrendo os mesm os defeitos e lim itações que se vêem nos Pais Apostólicos. eviden­ tem ente tiveram o intuito de apresentar a interpretação correta das verdades da revelação. algumas vezes faziam m enção ao reino m ilenar (Justino). isso claram ente resultou de um a contem plação unilateral de alguns dos ensinam entos dos apologetas.dessa opinião. 3. conform e os seguidores de Ritschl às vezes parecem pensar. Um a vez mais. SIG N IFICA ÇÃ O DOS APOLO GETA S N A H ISTÓ RIA DO DO GM A H am ack e Loofs opinam que os apologetas fracassaram com pleta­ m ente na correta apreensão do evangelho cristão. nos escritos dos apologetas. avaliaram os fatos objetivos da revelação. tais com o a encarnação e a ressurreição. e helenizaram o evangelho transform ado fé em doutrina. e que a natureza das apologias sem pre é mais ou menos determinada pela oposição. sofreu por causa da m istura com o pensam ento filosófico grego. Todavia. O fato de que buscavam dar um a interpretação racional do cristianism o não pode ser lançado contra eles. (inoralismo). aos Seus ensinam entos. e não como o Redentor. um a perversão do cristianism o? . e não à Sua m orte? Conseguiram harm onizar a obra de Cristo como Logos com Sua obra como Redentor? Com o se compara o m oralism o deles com o m oralism o dos Pais Apostólicos? O que pensa você da idéia de que o cristianism o é um a nova lexl Qual era o elemento proem inente da fé. por conseguinte. Ao m esm o tempo.57 - . embora isso fosse forçado para dentro de um a arcabouço filosófico. conform e o entendiam os apologetas? Como concebiam o perdão de pecados após o batismo? O que pensa você da convicção dos apologetas de que gentios com o Sócrates e Platão foram salvos? A doutrina do Logos dos apologetas era doutrina dos gregos e. ao Cristo como Logos. a obra deles assinalou os prim órdios da teologia cristã. Perguntas para estudo posterior Como você explica que os prim eiros apologetas davam tanta ênfase à teologia natural. Tertuliano foi o terceiro e m aior do famoso trio. mostrando-se sim ples. Ele nasceu no Oriente. razão por que se tom ou ardente opositor da filosofia. Três deles se destacam com m aior proem inência. É obra que se salienta por sua habilidade.9 OS PAIS ANTI-GNÓSTICOS Dos apologetas passamos. naturalmente. Contra Heresias. Sendo advogado. ©istinguia-se pela sua acuidade e grande erudição. além de um a vívida im agi­ nação. onde tom ou-se discípulo de Policarpo. ele se atira principalmente contra os gnósticos. Ele via a raiz de todas as perversões doutrinárias nas especulações dos filósofos. hom em dotado de intelecto profundo e intensos sentimentos. a quem se atribui ter sido discípulo de Irineu e m uitíssim o se assem elhava em sua form ação m ental com seu mestre. Em sua obra principal. mas passou a m aior parte de sua vida no Ocidente. Após labutar nas circunvizinhanças de Roma. Evidência um prático espírito cristão nos seus escritos e representa um tipo joanino das doutrinas cristãs. PAIS ANTI-GNÓSTICOS Irineu é o primeiro que vem para o foco de nossa atenção. Tal como Hipólito. Como presbítero de Cartago. para os Pais anti-gnósticos. ele representa o tipo de teologia do N orte da África. ele tendia a deduzir que todas as heresias provinham da filosofia grega. A princípio foi presbítero. Sua principal obra se intitula Refutação de Todas as Heresias. que os sucederam. M enos dotado que Irineu. era naturalm ente apaixonado em sua apresentação do cristianismo e um tanto inclinado a declarações extremadas. m oderação e pureza em sua apresentação do cristianismo. parece ter sofrido o m artírio naquela cidade. m oderado e prático. em bora não sem alguns traços de um a concepção m ais sensorial. Devido ao seu gênio explosivo. Seu fervor nativo reagiu fortemente contra o espírito de -58- . e mais tarde tom ou-se bispo de Lyons. 1. ** Hipólito é o segundo desses Pais. ele demonstra que gostava muito mais das idéias filosóficas do que seu mentor. estava fam iliarizado com as leis rom a­ nas e introduziu conceitos e vocábulos legais nas discussões teológi­ cas. tal como a obediência produz a imortalidade. SUAS DOUTRINAS SOBRE DEUS. A conexão entre nosso pecado e o de Adão não era ainda bem exposta. preferindo frisar o fato que há um único Deus. por assim dizer. então foi dado o .59 - . Todavia. não se explicam através de diferentes dotes naturais. portanto. suscetível de núm ero sem divisão. tom ou-se um elem ento natural no hom em . A lei. um a única essência que subsiste em três pessoas. que é tanto Criador quanto Redentor. Quando desapareceu o conhecimento dessa lei. não chegou à verdadeira declaração trinitariana. porém com a capacidade de recebê-la no caminho da obediência. Se o mal é inerente à matéria. a raça inteira ficou sujeita à morte. Irineu tinha algo de especial quanto à história da redenção. no homem. Deus deu a lei e revelou igualmente o evangelho. Em oposição aos monarquianos ele enfatizava o fato que as três Pessoas são um a só substância. e isso induziu-o a unir-se ao m ontanism o.lassidão da época. Quanto à doutrina do homem. Influenciou bem mais que os outros a teologia ocidental. opunham-se tam bém aos gnósticos I risando o fato que o bem e o mal. Os patriarcas eram juslos diante de Deus porque obedeciam aos requisitos dessa lei. Tertuliano foi o prim eiro a asseverar a tripersonalidade de Deus e a usar o term o “Trindade”. então ele não pode mais ser considerado um agente m oral livre. Ele diz que o mal. a fim lie que o prejuízo sofrido não perm anecesse para sempre. buscando conquistá-la por meio de três alianças. O H O M EM E A H ISTÓ RIA DA REDENÇÃO Eles consideravam que o erro fundam ental dos gnósticos era que separavam o verdadeiro Deus do Criador. presente desde o nascimento. no hom em como tal. Desde o início Deus estava profundam ente interessado na salvação da raça. O pecado é desobediência e produz a m orte. porque concebia que um a Pessoa estaria subordinada às outras. Convencido da inutilidade de debater com os hereges. (isto é. 2. escrita no coração do homem. Esse Deus é triúno. Disse que Deus expulsou o hom em do paraíso e lhe perm itiu a m orte. O hom em foi criado à imagem de Deus. e que essa condição passa de geração a geração. Em Adão. representaria o primeiro pacto. e. disse que era mais conveniente enfrentá-los com um a sim ples objeção. sem imortalidade. abarcando toda a raça humana. e tinham isso com o idéia blasfema e sugerida pelo diabo. Esse é o primeiro indício da doutrina do pecado original. nos úlliinos anos de vida. sem perfeição). embora Tertuliano faça a Igumas declarações sugestivas sobre o assunto. como tam bém no Filho. Cristo restaurou a lei original. 3. porque ele dava grande significação à união de Deus com a natureza humana.Decálogo. A esses três períodos. M ediante a encarnação. é universal em seu escopo. em Cristo. Os cristãos receberam um a lei m ais severa que a dos judeus. o Logos se fêz o Jesus histórico. é um a vez m ais unificada a Deus. SUAS DOUTRINAS SOBRE A PESSOA E OBRA DE CRISTO Irineu e Tertuliano diferem consideravelmente em sua doutrina da pessoa de Cristo. A raça humana. gerada por Deus e. Por causa das inclina­ ções pecam inosas de Israel. dotada de subsistência real. A cristologia de Irineu é superior à de Tertuliano e a de Hipólito. Ele frisa o fato que o Logos dos cristãos é um a Pessoa independente. levavam a conjecturas prováveis. e influenciou muitíssim o a esse último. enquanto ainda adepto do m ontanism o. N o terceiro pacto. dEle proce-60- . A morte de Cristo como nosso substituto é m encionada. requerendo fé não somente no Pai. sendo instrumental na revelação do Pai. Os fariseus. Esse é o âmago m esm o do ensino cristológico de Irineu. Tertuliano acrescentava também a era do Espírito. Em Cristo há um a recapitu­ lação da humanidade. com o que foi cancelada a desobediência de Adão. portanto. pois. a fim de preparar o povo para seguir a Cristo e para fazer-se amigo de Deus. quando muito. Irineu rejeitava a heresia gnóstica que dizia que. (b) Tertuliano. o transitório Jesus se separou do Cristo não-transitório. o que tanto retrocede quanto avança (para o passado e para o futuro). (a) Irineu. e daí por diante foi. furtando-lhe seu principal elem ento. Irineu tinha aversão às especulações sobre o Logos. tendo-a desenvolvido de tal modo que se tom ou historicam ente significativa. mas também receberam m aior porção da graça. historica­ m ente revelado. Esse pacto não é como o anterior. antes. Tertuliano partia da doutrina do Logos. O elemento central da obra de Cristo teria sido Sua obediência. foi adicionada a lei cerimonial. e então assum iu seu real ponto de partida no Filho de Deus. o que representaria o segundo pacto. a lei do amor. ao mesmo tempo. que se lim itava a Israel. verdadeiro Deus e verdadeiro homem. em Seus sofrimentos e m orte. o amor. m as não ressaltada. o qual agora Se manifestara. e há mais coisas nas quais devem acreditar. entretanto. Esse pacto relaciona-se ao anterior tal como a liberdade está ligada à escravidão. como o segundo Adão. Ele m eramente afirmava que o Logos existira desde toda a eternidade. anularam essa lei. e em face do que a humanidade reverte o curso em que entrara por ocasião da Queda. pelo que convém considerá-los em separado. dente. e sim por autodesdobramento. tendo-Se tom ado pessoal por ocasião da criação. ao fazer justiça pa ra com a perfeita humanidade de Cristo.61 - . Ele ultrapassa a todos os outros Pais. pois não frisa a necessidade de satisfação penal. seu ensino é perm eado por certo legalismo. no entanto não foi m uito claro sobre esse particular. não por emanação. No tocante ao Deus-homem e Suas duas naturezas. m as o Filho é somente parte dela. M ostrou-se muito enfático sobre a importância da morte de Cristo. além de fazer clara distinção entre as duas naturezas. sua obra tem significação duradoura devido ao seu vínculo com a introdução dos conceitos de “substância” e “pessoa” dentro da teologia. Irineu é o que fom ece a descrição mais com pleta da obra de redenção. ele sublinhou o fato que as três pessoas da Deidade são um a só substância. não houve fusão. e sim. Ele fala de satisfação pelos pecados com etidos após o batismo. e sim a conjunção do divino e do hum ano em Cristo. ele exalta a m isericórdia de Deus. A despeito disso. porém. ele não atingiu a plena declaração trinitariana. A pesar de reco­ nhecer um elem ento punitivo na justiça. De acordo com ele. E a idéia de subordinação de uma pessoa à outra é i“xposta sob a form a crua de m aior ou m enor participação na substância divina. Em oposição à teoria m õnarquiana. por auto-projeção. N o entan­ to. Percebe-se que Tertuliano não conse­ guiu desvencilhar-se inteiramente da idéia de subordinação. por ter sido gerado. por parte da prim eira e da segunda pessoa. Ao m esm o tem po. embora difira do Pai quanto ao modo de existir como um a Pessoa distinta dEle. um a delas m oralista e a outra um tanto mística. tal com o um a raiz projeta um a árvore. Dentre os Pais anti-gnósticos. Cristo não veio à existência por divisão. Por m eio de jejum e < )ii tras formas de mortificação. excetuando M elito. D e acordo com a prim eira o hom em recuperaria seu . razão impessoal em Deus. m as sua apresentação nãç é inteiramente coerente. Em bora fosse considerado um dos mais ortodox (>s dos prim eiros Pais da Igreja. O Pai é a substância inteira. Houve um tem po quando essa Pessoa não existia. suscetível de número. idéias essas utilizadas quando da form ação do Credo Niceno. m ediante arrependimento ou confissão. Tertuliano se expressou de m odo bem parecido com a escola da Ásia M enor. há duas linhas de pensam ento em seus rscri tos que dificilmente são bíblicas. cada um a das quais reteve os seus próprios atributos. por parte do pecador. mas somente a de arrependim ento. o pecador é capaz de escapar da punição eterna. Pode-se dizer que ele ampliou a idéia do Logos na doutrina da Trindade. contudo sem divisão. Prosseguindo ele enfatiza o fato que o Logos é da m esm a substância do Pai. t >riginalmente. Irineu também concebia o Logos com o sendo. pagando nossa dívida e oferecendo propiciação ao Pai. e a de que Ele nos rem iu do poder de Satanás. mas também incluiria a rendição da alma. sendo ela suficiente para tom ar um homem justo diante de Deus. A IGREJA E AS ÚLTIM AS COISAS Irineu não foi totalm ente claro em sua soteriologia. Em Si mesmo Cristo. A ênfase dessa idéia.destino ao escolher voluntariam ente o bem. A obra de Tertuliano não assinalou nenhum progresso particular na doutrina da aplicação da obra de Cristo. tom ando-Se o instrumento que eleva a hum anidade a um nível superior. Ele enfatizou a necessidade de fé como pré-requisito para o batismo. Cristo transm ite à humanidade o germe de uma vida nova e imortal. entre­ tanto. A real significação da obra de Cristo jaz no fato de que Ele trouxe o seguro conhecimento de Deus. Se ele enfatiza fortemente a necessidade de um a união viva com Cristo. e freqüentem ente tem sido interpretado como o ensino da expiação por meio de um processo místico iniciado na encarnação. pois apresenta de modo diferente a relação entre a fé e a justificação. O Logos identificou-Se com a hum a­ nidade em Seus sofrimentos e na morte. santificando-a e imortalizando-a. que Irineu não queria ensinar uma redenção puram ente mística ou hiper-física. nos escritos de Irineu. com o a de que Ele prestou em nosso lugar a obediência requerida por Deus. na form a de boas obras. seus pecados seriam lavados e um a nova vida com eçaria dentro dele. dessa m aneira estabelecendo novo relacionam ento entre Deus e o homem. A fé necessariam ente levaria à observância dos m andam entos de Cristo. O Espírito de Deus dotaria o crente de nova vida. O hom em seria regenerado pelo batismo. Facilm en­ te pode ser. de acordo com a segunda linha de idéia. o que fez de Cristo o germe de um a nova vida na humanidade. e a característica fundamental da nova vida é que produz o fruto da justiça. 4. resultando numa vida santa. Cristo recapitula em Si m esm o a raça humana inteira. pelo qual ainda é capaci­ tado. E. Essa fé não seria m era aceitação intelectual da verdade. é talvez devida ao fato de que ele era mais influenciado pelos livros joaninos do que pelas epístolas paulinas. Evidentem ente ele não tinha um claro entendimento sobre a doutrina paulina da justificação pela fé. SUAS DOUTRINAS SOBRE A SALVAÇÃO. É bem patente.recapitula a raça hum ana inteira e reverte o curso que deriva seu ímpeto da queda do prim eiro Adão. o qual resulta na deificação do homem. a de que Ele sofreu em nosso lugar. Reaparece o m oralism o no -62- . por parte dos rem idos — algo que Anselmo deixou de fazer — por outra parte ele associa isso a outras idéias. assim fortalecendo a liberdade do homem. De fato. Chegará o final quando o dia 1)0 conseguir entregar à massa apostatada inteira um a nova cabeça. "culpa”. Em seus ensinos atinentes à Igreja. assim exigindo satisfação. esses Pais revelam a tendência tle ceder terreno ao judaísm o. Na verdade. a Igreja. na pessoa do anticristo. tam bém passou para prim eiro plano a idéia de um especial sacerdócio medianeiro. Em sua exposição pode-se antever a base do sacram ento católicoromano da penitência. impõe punição. o qual considera o pecado como transgressão e culpa.63 - . com isso tam bém renunciavam a Cristo. IVrguntas para estudo posterior Os Pais anti-gnósticos fizeram algum avanço quanto à doutrina de Deus? Com o se deve entender a idéia da recapitulação. Os term os legais empregados. A queles que se separassem da comunhão externa com a Igreja. Em seguida Cristo reaparecerá. substituindo o conceito judaico de um a comunidade externa pela idéia de um a fraternidade espiritual. Sem ea­ ram sem entes que frutificaram no conceito de Cipriano ou da igreja católica rom ana sobre a Igreja. fazendo com que a participação nas bênçãos da salvação dependesse de ser m embro da Igreja visível. retinham ainda a idéia de que a Igreja é um a comunidade espiritual formada por crentes. Devido à influência do Velho Testamento. Cum prida esta. Sua exposição da doutrina de penitência se reveste de interesse especial. e ps seis mil anos do m undo serão sucedidos pela prim eira ressurreição e pelo descanso sabático do milênio. Na Palestina. Os Pais anti-gnósticos em linhas gerais foram os cam peões da doutrina da ressurreição da carne. que é de origem apostólica. apresentam a organização visível. obtém a salvação m ediante o batismo. na teologia posterior. Após o milênio haverá novos céus e nova terra. porém expunham-na como se ela coincidisse com algum a com unidade exter­ na. Os pecados com etidos após o batismo requerem satisfação m ediante penitência. Para ele Deus é Legislador e Juiz. fica cancelada a puni­ ção. “punição” e “satisfação” foram transferidos para a obra de C'l isto dentro da teologia da igreja.ponlo de vista de que o pecador. devido ele usar aqui term os legais que. com o o canal da graça divina. nas m ansões para eles preparadas. entretanto. na cristologia . com o “Juiz”. pelo arrependim ento. com base na ressurreição de Jesus ('i isto e na presença habitadora do Espírito. e que tinha como seu cabeça a cham ada sedes apostolicae . os crentes desfrutarão das riquezas da terra. e os In-m-aventurados viverão em gradações de ordem. em lugar de satisfação. foram aplicados à obra rem idora de Cristo. provendo um a redenção pessoal? Acreditava ele na deificação do homem? Na sua soteriologia.de Irineu? Concorda isso com a teoria mística da expiação. aventada por Schleiermacher? Quais outras idéias da obra de Cristo se acham nos escritos de Irineu? A teoria da recapitulação leva em conta o pecado como culpa individual. como são relaciona­ dos a graça divina e o mérito humano? Em que ponto ele alterou a idéia corrente da Igreja? Qual era seu conceito sobre as últim as coisas? Em quais particulares era defeituosa a doutrina de Tertuliano sobre a Trindade? O que caracterizava sua doutrina do Logos? Que efeito exerceu o m ontanism o sobre seus pontos de vista? Quais term os legais Tertuliano introduziu na teologia? Foram esses vocábulos aplicados à obra de Cristo? Esse elemento legal constitui deterioração do evange­ lho puro? - 64- . 1. e desde a infância praticava rigoroso ascetismo. As verdades da religião cristã foram transform adas numa ciência que se exprim ia na forma literária. A . D i feria de Tertuliano por ser simpático à filosofia e por insistir que com esta o teólogo cristão deveria construir um a ponte entre o evangelho e a erudição helénica. Sucedeu ao seu mestre. Clemente. por parte de alguns dos teólogos liderantes. para dar origem à m odalidade alexandrina de teologia. PAIS ALEXANDRINOS C lem ente e O rígenes representam a teologia oriental. Orígenes nasceu em lar cristão e recebeu educação cristã. Am bos foram m estres influentes na escola de catequese de Alexandria. Clemente não era cristão ortodoxo do mesmo porte de Irineu e Tertuliano. m ais especulativa que a do Ocidente. à tradição cristã e. tal como a entendia. às vezes. Foi feita a tentativa. porque procurava entretecer a filosofia da época. com sua interpretação alegórica escancarou a porta para a entrada de todas as variedades de especulação humana.C. assim tam bém nos séculos II e III d. de m aneira bastante extravagante. praticam ente substituía esta por aquela. eles apelaram para a interpretação alegórica da Bíblia. de utilizar as m ais profundas especulações gnósticas na form ação da fé cristã. exaltava esta última indevidam ente e. Não subscrevia à Regra de Fé tanto quanto eles. Ao fazer isso. As vezes atribuía-lhe um a revelação parcial. e em outras a estigm atizava como plágio dos profetas hebreus.65 - . N em sempre foi coerente na sua estimativa da filosofia grega. mas seguia os passos dos apologetas. a erudição grega i' as verdades do evangelho foram com binadas. como catequista de Alexandria.10 OS PAIS ALEXANDRINOS Tal como anteriormente a erudição religiosa judaica e a filosofia lielênica se com binaram para produzir o tipo de pensam ento represenlado por Filo. Tinha como m ananciais do conhecim ento das coisas divinas tanto as Escrituras quanto a razão hum ana. Era menino precoce. Os principais representantes desse tipo de erudição cristã foram Clemente de Alexandria e Orígenes. estam pando a sabedoria divina sobre a obra da criação. sobretudo o gnosticismo. é o prim ei­ ro exemplo de um sistema teológico positivo e completo. Orígenes atribuía causalidade absoluta a Deus.fim de preparar-se para a obra. Seus ensinos eram de natureza assaz especulativa. tal como os Pais anti-gnósticos. e. bem como dos sistemas heréticos principais. e grandes multidões vinham ouvir suas preleções. inestimável e impassível. SUAS DOUTRINAS SOBRE DEUS E O HOM EM Tal como os apologetas. conferindo aos hom ens a luz da razão. Clemente de Alexandria sob hipótese alguma foi claro na exposição do Logos. M as tudo isso foi apenas incidental ao seu propósito principal. o mesmo no Velho Testam ento e no Novo. subordinada ao Pai. fazendo desvendamentos especiais da verdade e encam andoSe em Jesus Cristo. intitulada De Principiis. que de nada necessita. ele rejeita a distinção gnóstica entre o Deus bom e o Demiurgo ou Criador deste mundo. fez um completo estudo do neo­ platonism o. o qual . Deus é Uno. Parte de seus ensinos posteriorm ente foi declarada herética. Sua fam a não demorou a espalhar-se. ensinou tam bém a doutrina da criação eterna. Sua obra principal. Orígenes alude a Deus em term os absolu­ tos. como seus padrões de interpretação. Orígenes diz que o Deus único é prim ariam ente o Pai. Distingue ele entre o verdadeiro Logos de D eus e o Logos-Filho. entretanto ele exerceu enorm e influência sobre o desenvolvimento da doutrina cristã. mas também O representa com o a razão divina. Foi o mais erudito e um dos mais profundos pensadores da Igreja Primitiva. e mantinha a posição que nada pode ser recebido que seja contrário às Escrituras ou contrário a um a legítima dedução delas. o qual era o de form ar um corpo sistem ático da doutrina cristã. Frisou a subsistência pessoal do Logos. como o Ser incompreensível. e no fim da vida foi condenado por heresia. Com batia os gnósticos e desferiu golpe deci­ sivo contra o monarquianismo. Parece que ele desejava ser um cristão ortodoxo: apoiava-se honestam ente sobre a Palavra de Deus e a Regra de fé. A luz do Logos serve aos gentios de degrau a um a m ais plena luz do evangelho. que Se m anifestou em carne. sem falarm os que sua interpretação alegórica abriu caminho para todas as form as de especulação e de interpretação arbitrária. No entanto. Sua unidade com o Pai e Sua geração eterna. 2.66 - . porém Se revela e opera através do Logos. D esde o princípio o Logos teria sido m ediador da revelação divina. que então era muito valorizado. e já que só podia idealizar atributos como a onipotência e a justiça como algo ativo desde a eternidade. a sua teologia trazia sinais identificadores do neo-platonismo. As vezes chama o Filho de The os Deuteros(H a encarnação. porém apenas para que Sua hum ani­ dade não fosse negada.c pessoal e co-etem o com D eus Pai. e a posição de O rígenes sobre a terceira Pessoa se afasta ainda m ais da doutrina bíblica do que sua idéia sobre a segunda Pessoa. Dizia que Cristo comia. pois a criação original consistiu exclusivam ente de espíritos racionais. como tam bém subordinação essencial do Filho ao Pai. corpo e alma. 0 Logos uniu-Se a uma alma humana. um hom em real. A m atéria veio à existência com o propósito precípuo de suprir um a habitação e ser m eio de disciplina e expurgo desses espíritos caídos. gerado por Ele por um ato eterno. o Espírito não opera na criação como um todo. co-iguais e co-etem os. O Espírito possui bondade por natureza. embora Clem ente não conseguisse evitar totalmente o docetismo. em bora reconheça a plena divindade do Filho. A preexistência do homem está envolvida em sua teoria da criação eterna. na encarnação. Enquanto fala de eterna geração. M as. o que deu azo à criação deste m undo material. contudo é sustentado que o Logos. A relação do Espírito para com o Pai não seria tão íntima quanto a do Filho. Em conexão com a geração do Filho é rejeitada toda idéia de em anação e divisão. dessa m aneira. De fato. renova e santifica aos pecadores. Orígenes afirma que a alma de Cristo era preexistente. pela Sua ressurreição e ascensão. Os ensinos de Orígenes acerca do hom em são bastante incomuns. antes m esm o da encarnação houve 1ugar para total interpenetração entre o Logos e essa alma. e é objeto de adoração divina. que em sua preexistência se mantivera pura. ele define a frase de tal modo que ensina não só subordinação econômica. Além disso. além de ser incapaz das emoções de alegria e tristeza.67 - . 3. deificou a Sua natureza humana. A s naturezas de Cristo são conservadas distintas. o Deus-homem . por m eio do Filho. A atual condição do hom em pressu­ põe um a queda preexistente da santidade para o pecado. ele usa algumas expressões que subentendem haver subordinação. o Logos tom ou a natureza hum ana em sua inteireza. A alma cheia . e sim somente nos santos. tendo-Se tom ado. Clem ente não tenta explicar a relação entre o Espírito Santo e as demais Pessoas da Trindade. à sem elhança de todas as outras almas. e mesmo nessa preexistência já estava unida ao Logos. Os espíritos caídos agora se tom am almas e são revestidos de corpos. não porque precisasse de alimentos. SUAS DO UTRIN AS SOBRE AS PESSO A E OBRA D E CRISTO Am bos esses Pais ensinam que. Ele fala do Espírito Santo como prim eira criatura feita pelo Pai. Foi m édico para os pecadores. isso representaria apenas uma aceitação inicial da revelação divina. de elevar o homem a um estado ainda mais alto do que o do hom em antes da Queda. Orígenes reconhe­ ce o fato que a salvação dos crentes depende dos sofrimentos e da morte de Cristo. não obstante Orígenes dizer que a fé é ato do homem. Não somente os que tivessem vivido sobre a terra e morrido. H ouve tal m escla do divino e do hum ano em Cristo que. A influência rem idora do Logos se estenderia além desta vida. 4. daí prosseguindo para a prática de - 68 - . um legislador e um exemplo. capacitando-o a voltar-se para o bem e a aceitar a salvação oferecida em Jesus Cristo. legislador para Seu povo. Em todas essas capacidades Cristo tom a os pecadores. e Satanás aceita o resgate sem perceber que não pode subjugar a Cristo. e tam bém como o caminho para a imortalidade. como um a oferta pelo pecado. A m orte de Cristo é apresentada como vicária. porém. precisando ser ainda elevado ao conhecim ento e ao entendimento. N o entanto. M as. Houve diferentes exposições da obra de Cristo. e perfeito exemplo de vida virtuosa para Seus seguidores. m estre para os que já foram purificados. Oferece-Se a Satanás como um a resgate. AS IGREJAS E AS ÚLTIM AS COISAS Os Pais alexandrinos reconheciam o livre-arbítrio do homem. Cristo os livra do poder do diabo. Deu muito m aior ênfase a Cristo como Legislador e M estre. o Impecável. inclusive Satanás e seus anjos maus. SUAS DOUTRINAS SOBRE A SALVAÇÃO. exigindo a obediência a Deus e a fé em Cristo. estariam sujeitos às influências remidoras. O pensamento dominante de Orígenes é que Cristo foi um médico. todos os espíritos caídos. tam bém alude à mesm a como efeito da graça divina. pela Sua glorificação. e realiza isso enganando a Satanás. e sim. Ele Se tom ou virtualm ente ubíquo. A redenção não consistiria tanto em desfazer o passado. e até esse corpo foi então penetrado e divinizado pelo Logos. e o hom em tem a capacidade de aceitá-la. um mestre. que não foram devidam ente integradas. tanto quanto possível. mas não reforça a idéia que Ele foi propiciação pelo pecado da humanidade. e como um a expiação necessária. Deus oferece a salvação. Orígenes quase não pôde m anter a integridade da idéia das duas naturezas em Cristo.do Logos tomou corpo. pelo que se poderia dizer que a salvação depende disso. Ao mesmo tempo. igualmente. Seria um passo prelim inar necessário à salvação. participantes da natureza divina. Clemente alude à auto-rendição de Cristo com o se fosse um resgate. Haverá um a restauração de todas as coisas. O arrependim ento seria m uito m ais necessário. Clemente afirm ava que os pagãos tinham oportunidade de arrepender-se no hades. bem como inclui o perdão de pecados. os bons entram no paraíso.boas obras. Clemente e Orígenes. ou num 1 ugar onde recebem m aior elucidação. enquanto os ímpios experim en­ tam as chamas do juízo. não se deve ter como punição perm anente. Orígenes considerava a Igreja como congregação dos crentes. o qual consistiria da confissão de nossos pecados diante de Deus. Am bos esses Pais eram avessos à doutrina de um milênio. A eucaristia daria participação na imortalidade. também dizia haver um sacerdócio separado e dotado de prerrogativas especiais. prossegue após a morte. sob a influência do tem or e da esperança.69 - . Ele discrim inava entre a Igreja propria­ mente dita e a Igreja empírica. mas Orígenes dizia que a obra rem idora de Deus não cessaria enquanto Iodas as coisas não viessem a ser restauradas à sua prim itiva beleza. ao passo que no últim o seria eliminado o tem or pelo am or perfeito. O rígenes salienta o fato que a fé não é a única condição da salvação. fora da qual não haveria salvação. Parece que ele considerava como ideal . Apenas poucas pessoas entram im ediatam ente na plena bem -aventurança da visão de Deus. Ele atribuía ao arrependim ento um caráter m ais íntimo e m enos legal que o faziam os Pais ocidentais. Esses Pais certam ente não tinham a concepção paulina da fé e da justificação. O castigo seria a grande agência purificadora e a cura para o pecado. e outro pelo conhecim ento (esotérico). o qual. Essas coisas são as que realmente importam. Seriam sím bolos das divinas influências. Orígenes m ostrou tendência por espiritualizar a ressurreição. Orígenes espiritualizava os sacramentos. um m ediante a fé (exotérico). E enquanto reconhecia como sacerdotes todos os crentes. porém como um meio de purificação. embora tam bém apresentem operações graci­ osas do Espírito Santo. e tam bém que a provação deles só term inaria no dia do juízo. desfrutada por aquele a quem fossem revelados m isté­ rios. o processo de purificação iniciado na vida do pecador na terra. Orígenes fala de dois m odos de salvação. Conform e ambos. A restauração de todas as coisas haveria de incluir o próprio Satanás e seus demônios. A fé salvaria porque estão sempre em vista as obras. Orígenes ensina que. a grande m aioria precisa passar por um processo de purificação após a morte. Ele e Clemente ensinavam que o batism o assinala o com eço da nova vida na Igreja. por ocasião da morte. o hom em chegaria à santidade. sobretudo Tertuliano. Outrossim. No primeiro. Clem ente fazia distinção entre um estado inferior e outro superior de vida cristã. entretanto. Essa seria a vida de real conhecimento. pois por m eio dela 0 com ungante entraria em companheirism o com Cristo e com o divino Espírito. quer bom ou mau. TheNicene Theology. Con­ form e o que ele diz. Como concebiam eles a obra de Cristo? Os sofrim entos de Cristo desem penhavam papel essencial nos seus ensinos? Em que sentido ensinavam a deificação da natureza hum ana? Quais os pontos de contato entre a teologia de Orígenes e o arianismo? Em que se compara a sua escatologia com a da igreja católica romana? Allen estaria com a razão ao pensar que a teologia grega. m oldado segundo a natureza da alma particular à qual ele pertence. em que? Como se compara a doutrina deles sobre a Trindade com a de Tertuliano? Lançam algum a luz sobre a relação do Espírito Santo com o Pai e com o Filho? Como apresentavam eles a origem principal do pecado e seu remédio? Orígenes m ostrou-se auto-coerente na teoria da origem do pecado? Em que rumo desenvolveram a doutrina do livre-arbítrio? (cf. é que reflete a fé cristã? Quais pontos de sem elhança se podem notar entre a teologia grega e o m odernism o dos nossos dias? - 70 - . no que a teologia Oriental diferia da teologia Ocidental? Com o você explica essa diferença? Que papel teve a interpretação alegórica das Escrituras na teologia dos Pais alexandrinos? A doutrina do Logos desses Pais diferia da dos apologetas? N esse caso. Scott.pág. embora cresse numa ressurreição corporal. e não a latina. resta um germ e do corpo. Perguntas para estudo posterior Em geral.o estado incorpóreo. o que dá origem então a um organismo espiritual. 212). não provia satisfação geral. pois parecia infringir os seus interesses teológicos ou cristológicos. intitulada Pequeno Labirinto. a m ais destacada heresia do século III d. poderia ser aplicado com justeza somente àquele tipo no qual predom inava o interesse teológico. Todavia. sírio de nascim ento. estando perfeitam ente alinhado com a heresia ebionita existente na Igreja Primitiva e com o unitarianismo de nossos dias. Isso deu origem a dois tipos de pensam ento. bispo de Roma. por outro lado.11 O MONARQUIANISMO Se a grande heresia do século II d. Com toda a probabilidade. dos Pais anti-gnósticos e dos Pais alexandrinos sobre 0 Logos. No que predom inava o interesse teológico. Artem ão.C. Passado o tem po. A seita aos poucos foi-se dissolvendo. a idéia de que o Logos era subordinado ao Pai parecia com prom eter a deidade de Cristo. embora estritam ente falando. M ON ARQUIAN ISM O DINÂM ICO Esse é o tipo de m onarquianismo que estava interessado principal­ mente em m anter a unidade de Deus. e. a doutrina do Logos como Pessoa divina distinguida parecia ameaçar a unidade de Deus ou o monoteísm o. ambos os quais receberam o nome de monarquianismo (Tertuliano foi o prim eiro a darlhe tal designativo). . seu mais rem oto representante foi Teodoto de Bizâncio. por um lado. Depois disso. que foi excom ungado por Vítor.C. 1. foi o monarquianismo.71 - . Apesar de sua parcial impropriedade. homens eruditos notaram o receio do povo e tentaram então salvaguar­ dar a unidade de Deus. Alguns descobrem as mais antigas m anifestações dele na seita bastante obscura dos “alogi”. e a deidade de Cristo. Aparentem ente m uitos entre o povo comum a recebia com receio. mas Seeberg põe em dúvida a veracidade dessa opinião. A doutrina dos apologetas. seus argum entos foram eficazm ente refutados na publicação de um autor desconhecido. 1o111 ou provar os pontos de vista peculiares desse tipo de monarquianismo pelas Escrituras e pela tradição. trazido ao prim eiro plano o interesse cristológico. até hoje o nom e é geralmente empregado como designação de ambos os tipos. foi o gnosticism o. Segundo ele. M cGiffert assevera que este últim o aspecto era o interesse prim ária de Paulo de Samosata. Praxeas parece ter evitado afirm ar que o Pai havia sofrido. o Logos era realmente homoousios. m as não era Pessoa distinguida da Deidade. embora não possa ser considerado Deus no sentido estrito da palavra. E por ter sido deificado assim o homem Jesus. por conseguinte. Seja isso como for. No Ocidente era chamado patripassianismo. Paulo de Samosata. tam bém sofrera com Ele. ou seja. o qual é descrito como pessoa imperiosa e de mentalidade secular. Tertuliano vincula a origem dessa seita a um certo Praxeas. ao passo que Hipólito diz que ela se originou dos ensinos de Noeto de Esm im a. ficando implícitas a unidade de pessoa e a unidade de natureza. e era intitulado sabelianismo no Oriente. entretanto. ser identificado com Deus. Ele era apenas um poder impessoal. embora particularm ente ativo no homem Jesus. pois dizia que o próprio Pai Se encarnara em Cristo e. porque existia nEle tal como a razão humana existe no homem. bispo de Antioquia. Todavia. Reconstituindo desse modo a doutrina do Logos. presente em todos os homens. e assim tom ou-se o precursor duma nova geração de socinianos e unitarianos. a conservação da plena deidade de Cristo. embora Noeto não hesitasse nesse particular. Ao penetrar gradualmente na hum anidade de Jesus. Tam bém queria m anter a unidade de Deus. Ele é digno de honras divinas. Poderia. M ON ARQUIAN ISM O M ODALISTA Houve um a segunda form a de monarquianismo que se tom ou bem m ais influente. ambos evidentem ente foram seus instrumentos propagandistas.porém reviveu através dos esforços do hom em que se tom ou seu mais notório exponente. se interessava em defender a unidade de Deus e a real hum anidade de Jesus. esse poder divino pouco a pouco a foi deificando. segundo o nome de seu mais famosos arauto. Paulo de Samosata conservava a unidade de Deus. a saber. diante do que o Logos e o Espírito Santo seriam meros atributos impessoais da Deidade. Chamava-se m onarquianism o m odalista porque concebia as três Pessoas da Deidade como tantos m odos pelos quais Deus Se manifestava. embora seu interesse prim ário pareça ter sido cristológico. Citando Hipólito: “Ele dizia que o Cristo é o próprio -7 2 - . A grande diferença entre esse m onarquianismo e o dinâm ico é que este m antinha a deidade verdadeira de Cristo. Tal como eles. Tertuliano diz acerca dele: “Ele expulsou o Paracleto e crucificou ao Pai”. como não fizera no caso de nenhum outro homem. Praxeas era absolutamente avesso a distinções pessoais em Deus. de quem pouco se sabe. 2. co-substancial com o Pai. e que seu interesse principal era cristológico? A quais outras heresias antigas se relacionava o m onarquianismo? Existem contrapartes m odernas? O que tinham em comum as duas m odalidades'de m onarquianism o? O sabelianismo tem alguma contra-parte atual? Quais Pais da Igreja combateram esse tipo de heresia? Estava relacio­ nada com essa heresia. com justiça era chamado Pai. Sabélio às vezes falava em três pessoas divinas.73 - . as quais eram por ele expostas como as porções consecutivas de um drama. O m aior representante dessa seita foi Sabélio. a posição dos “alogi”? Pode-se justificar a sim patia de H am ack com o m onarquianismo? . m as então usava o vocábulo “pessoa” no sentido original do termo. tendo nascido. Realmente. como Filho na encarnação. Segundo ele. Deus ter-Se-ia revelado como Pai na criação e quando da outorga da lei. Filho e Espírito Santo seriam apenas nomes dados a três fases diferentes em que a una essência divina se m anifestaria. m odificando Seu modo de ser. quando então significa um papel teatral ou um modo de m anifestação. e como Espírito Santo na regeneração e na santificação. diz o seguinte: “Quando o Pai ainda não nascera. A declaração de Noeto a que se referia Hipólito.Pai. que o m onarquianism o tinha preocupação apenas m oderada. com a unidade de Deus. Noeto teria asseverado atrevidamente que o Pai. e não de outro” . de alguma m aneira. tom ou-Se literalm ente o Seu próprio Filho. mas. as designações Pai. É perfeitam ente claro. com M cGiffert. Perguntas para estudo posterior O que explica o surgimento do m onarquianismo? Em quais nações apareceu? E correto dizer. filho de Si m esm o. que ele distinguia entre a unidade da essência divina e a pluralidade de suas m anifestações. tom ou-Se Filho. todavia. Visto que existem hoje em dia m eros fragm entos de seus escritos. é difícil determ inar com detalhes o que ele ensinava. e que o próprio Pai sofreu e m orreu”. se é que a tinha. Conforme esse m esm o Pai da Igreja. quando Lhe agradou subm eter-Se a nascim ento. A DOUTRINA DA TRINDADE .75 - . outros. definiu tal coisa como se ela envolvesse a subordinação da Ni'í'unda Pessoa à prim eira no atinente à essência. Aludiam a Ele prim ariam ente em conexão com a obra de redenção aplicada aos corações e à vida dos crentes. em bora Lhe atribu­ íssem certa subordinação ao Pai. que se tom ara pessoal quando da criação. conforme ela é expressa no Credo dos A pósto­ los. O Pai teria transmilido ao Filho somente um a espécie secundária de divindade. teve suas raízes no passado.12 A CONTROVÉRSIA TRINITARIANA I. nem mesmo a fraseologia de Orígenes acerca da doutrina da Trindade se mostrou inteiram ente satisfatória.77 - . no Oriente. participante da essência divina. Defendiam esses três a posição trinitariana. porém não teve pleno êxito ao tentar fazer um a exposição bíblica sobre a relação das três Pessoas para com a essência mia da Deidade. reputavam -nO pessoal e coL-terno com o Pai. ficando assim negada a Trindade no sentido m ais próprio do termo. Orígenes desferiu contra eles um golpe decisivo. porém. Apesar de ter sido o prim eiro a explicar o relaciona­ mento entre o Pai e o Filho m ediante o emprego da idéia da geração i-k-rna. Os Pais da Igreja Primitiva. Tertuliano e I lipólito com bateram tais pontos de vista no Ocidente e. Entrem entes. M as não chegou a exprim ir de form a clara a doutrina da Trindade. Entretanto. Alguns consideravam -nO subordinado. PANO D E FUNDO A controvérsia trinitariana. Ele se aferrou à idéia de que o Pai e o Filho são ambos hipóstases divinas ou substâncias pessoas. Tertuliano foi o prim eiro a declarar claram ente a tri-personalidade de Deus e a m anter a unidade substancial das três Pessoas. O Espírito Santo não ocupava lugar importante nas discussões deles. que chegou ao clímax no conflito entre Ário e Atanásio. conform e vimos. podendo . entrou em cena o m onarquianismo com sua ênfase sobre a unidade de Deus e a verdadeira deidade de Cristo. Alguns deles concebiam o Logos como razão impessoal. não tinham idéias claras sobre a Trindade. não som ente ao Pai. e sim tam bém ao Filho. o qual sabia debater com m aestria. fosse criado o mundo. e o Filho ou Logos que finalmente Se encarnara. Alexandre. seu real oponente m ostrou-se ser o arqui-diácono de Alexandria. Sua idéia dom inante era o princípio m onoteísta do m onarquianismo. que Ele fora criado. que só existe um Deus não-gerado. 14:28. N ão só subordinava o Espírito Santo ao Filho. entretanto. ao mesmo tempo que m antinha o ensino da filiação eterna por geração. procedeu da Sua vontade soberana. de não trazer ao quadro a idéia de sucessão temporal. um único Ser não-originado. em virtude de Sua adoção como Filho. antes de haver m undo. cabe-Lhe o direito de ser venerado pelos homens.ela ser cham ada Theos. um presbítero de Alexandria. No decorrer do tempo. e isso forneceu um ponto de apoio para Ário. Fazia a distinção entre o Logos. embora não fosse um espírito profundo. embora tivesse sido divina­ m ente escolhido por causa de Seus m éritos pré-conhecidos. que contendia pela verdadeira e devida deidade do Filho. Jo. razão exata pela qual não seria Ele eterno e nem teria a essência divina. como também o contava entre as coisas criadas pelo Filho. mas não Ho Theos. que seria im anente em Deus e consistiria apenas de um a energia divina. por meio dEle. 15:28. 13:32. Em sua doutrina do Espírito Santo ele se afastou ainda m ais do que ensinam as Escrituras. Teria sido criado do nada. 2. 18:19.M ar.Luc. Esse era o mais radical defeito da doutrina da Trindade em Orígenes. tam bém seria um ser mutável. por ter sido m otivada pelas idéias antitrinitarianas de Ário. Uma de suas declarações parece m esm o subenten­ der que o Espírito Santo era m era criatura. a saber. e isso queria dizer. 1 Cor. sem qualquer começo de existência.28:18. o grande -7 8 - . porém. Este últim o tivera começo: foi gerado pelo Pai.M at.Prov. prim eiram ente pelo seu próprio bispo. no vocabulário de Ário. Portanto. Ainda. sendo intitulado Filho de Deus em vista de Sua glória futura.). Ário buscava apoio escriturístico para isso naquelas passagens que parecem apresentar o Filho como inferior ao Pai. 8:22(Sept. O grande conflito trinitariano geralmente se chama de controvérsia ariana. teria sido trazido à existência para que. Outro defeito menos fatal se acha em sua alegação de que a geração do Filho não foi um ato necessário do Pai. Ário foi contestado. NA TU R EZA DA CONTROVÉRSIA (a)Ario e o arianismo. mas antes. E algumas vezes ele chama o Filho de Theos Deuteros. (b) Oposição ao arianismo. Ele teve a cautela. 5:19. isto é. Tendo sido o m aior e primeiro de todos os seres criados. Segundo ele dizia. é conform e diz Seeberg: “Somente se Cristo é Deus. embora também subentenda que os dois podem diferir noutros aspectos. I. como. a verdade de Deus. . A o m esm o tempo. Se o Pai e o Filho são da m esm a essência divina.Atanásio. lile se recusava a crer no Filho criado antes do tem po que Ário postulava. da parte de Deus.79 - . Sua posição fundam ental era que a união com Deus é imprescindível à salvação. descrevia essa geração como um ato interno e. que figura nas páginas da história como um poderoso. de form a clara e inequí­ voca. é que D eus entrou na hum anidade. (2) o firm e alicerce sobre o qual ele se firm ava quanto ao conceito da unidade de Deus. ofD oct. Portanto. no sentido m ais pleno da palavra. necessário e eterno. o perdão dos pecados. e. naturalm ente. o que o isentava da idéia de subordinação que era tão comum em seus dias. pág. 211. Sentia ele que considerar Cristo um a criatura era negar que a fé nEle leva os seres humanos à união salvadora com Deus. Isso exprime. e não como ato que sim plesm ente dependia de Sua soberana vontade. tanto a unidade de Deus como as distinções em Seu Ser poderiam ser melhor expressas pelos termos “unidade de essência”. e sem qualquer qualificativo. por outro lado não há divisão ou separação no Ser essencial de Deus. e assim é errôneo falar de um Theos Deuteros. três substâncias em Deus. Hist. ele lem brava que as três hipóstases em Deus não podem ser tidas como separadas sob hipótese algum a. e que nenhum criatura. (3) o tato infalível com que ensinava os homens a reconhecerem a natureza e a significação da Pessoa de Cristo. e a im ortalidade” . senão quem de Si mesmo é Deus tem 0 poder de unir-nos a Deus. pois isso levaria ao politeísmo. Não foi apenas a necessidade de coerência lógica que inspirara a Atanásio e determ inara sua posição teológica. No entanto. mas. inflexível e resoluto campeão da verdade. geraram suas doutrinas teológicas. a idéia de que o Filho é da m esm a substância que o Pai. Seeberg atribui sua grande força a três coisas: (1) a notável estabilidade e genuinidade de seu caráter. O fator controlador em sua argum entação da verdade foi de caráter religioso. Tal como Orígenes. ao frisar a unidade de Deus. ele ensinava que o Filho fora gerado por geração. diferente daquele. na subsistência pessoal. Atanásio salientava bem a unidade de Deus e insistia em verbalizar a doutrina da Trindade de um modo que não pusesse em perigo essa unidade. I >or exemplo. e somente então foram trazidos com certeza ao homem o com panheirism o com 1 )eus. e defendia a existência independente e eternam ente pessoal do Filho. As suas convic­ ções soteriológicas. também reconhecia três hipóstases distintas. por conseguinte. A decisão do concílio não pôs fim à controvérsia. pois opunha-se à doutrina que o Filho é da mesma substância com o Pai (homoousios). com a única exceção da doutrina acima nomeada. Não se poderia torcer o vocábulo homoousios para que significasse outra coisa qualquer do que o fato de que a essência do Filho é idêntica à do Pai. sendo da m esm a substância (homoousios ) com o Pai”. para que ensinasse ser o Filho de substância sim ilar à do Pai. Os arianos asseveravam que o Filho fora criado do não-existente. Os arianos m antinham que o Filho não era da mesm a substância do Pai. sendo que aquele partido tam bém era conhecido como partido origenístico. foi seu começo. sob a liderança de Eusébio de Cesaréia. 4. finalmente o Imperador lançou o peso de sua autoridade na balança. Uma solução imposta à Igreja pela forte m ão imperial não poderia satisfazer — posto que foi de duração incerta — pois fez com que a determinação da fé cristã dependesse do capricho do Imperador e m esmo das intrigas da corte. pois se fundam entava sobre os princípios de Orígenes. Esse partido tendia em favor de Ário. eterna. Criador das coisas visíveis e invisíveis. que concordava em tudo com o partido de Alexandre e Atanásio. ficou insatisfeito com tal m aneira de solucionar as disputas eclesiásticas. e reconhecia-O como autotheos. para solucionar a disputa. o historiador da Igreja. CONSEQÜÊNCIAS (a) Natureza insatisfatória da decisão. etc. o Pai Todo-Poderoso. O concílio adotou a seguinte declaração a respeito da questão em pauta: “Crem os em um Deus. redigida previamente por Eusébio. Os arianos repudiavam a idéia de um a geração não-temporal. não criado. conform e se verá em breve narrativa. ao passo que Atanásio assim afirmava. Após considerável debate. O -8 0 - . A questão era nítida. mas Atanásio dizia ser Ele homoousios com o Pai. O próprio Atanásio. com o um Ser incriado. Situava o Filho no mesm o nível com o Pai. Além das partes contendoras. antes. dando a vitória ao partido de Atanásio.3. enquanto que Atanásio sustentava que Ele fora gerado da essência do Pai. Foi um a declaração inequívoca. gerado. Ele propusera uma declaração. e sugeria que a palavra homoousios fosse substituída pelo term o homoiousios. havia um grande partido interm ediá­ rio. embora vitorioso. Ele teria preferido convencer ao outro partido com a força de seus argum entos.C. E em um Senhor Jesus Cristo. que realmente constituía a m aioria. CO NCÍLIO D E N ICÉIA O Concílio de Nicéia foi convocado em 325 d. tendo desenvolvido um tipo de teologia m aisem consonância com o ponto de vista de Atanásio. foi acolhido com braços abertos no Ocidente. E os im peradores geral­ mente se puseram ao lado da m aioria. que geralm ente eram considerados semi-arianos. ou m esm o um subor­ no. O Ocidente. mostrando-se leal ao Concílio de Nicéia. diferente do Pai. de igual substância com o Pai. dotado de caráter forte. tomou um a posição diferente sobre a questão. embora algumas vezes declarassem aduzir outras objeções contra seu uso” (. predominantemente. contudo. E foi exatam ente isso que sucedeu repetidam ente na história subseqüente. que se revelara como energia divina na . Em muito ele foi o m aior hom em de sua época. admitiam ser Ele homoiousios. porquanto se opunhão à doutrina nicena da a utêntica e apropriada divindade do Filho. que foram um a desgraça para a IgreJaA oposição ao Credo Niceno estava dividido em diferentes partidos. recusavam -se a aceitar a fraseologia nicena.Historical Theology I. Por cinco vezes esse digno servo de Deus foi m andado ao exílio. A grande figura central na controvérsia trinitariana pós-nicena foi Atanásio. porém. todavia todos eles. e alguns. (b) Ascendência temporária do semi-arianismo na Igreja Oriental. Ele recuou para a velha distinção entre o Logos eterno e 1 m | lessoal. 290). um a 111 udança no Imperador. O semi-arianism o prevaleceu no segmento oriental da Igreja.81 - . outros diziam que Ele era anomoios. um erudito agudo. e os concílios de Rom a (341) e Sárdica (343) endossaram incondicional­ mente a sua doutrina. imamente em Deus. A causa de Atanásio foi enfraquecida no Ocidente. deve-se levar em conta as rivalidades entre Roma e Constantinopla. semi-ariana. mas. vendo e sentindo que aquela fraseologia a expressava de m aneira acurada e inequívoca. sem embargo. corajoso à altura das suas convicções e pronto a sofrer pela verdade. de substância diferente da do Pai. Em adição a isso. Quando Atanásio foi banido do Oriente. 0 Ocidente era prim ariam ente influenciado por Tertuliano. em comum. conform e andavam as coisas. Isso pode ser explicado principalmente pelo fato que.resultado provou claram ente que. pág. um a atitude m odificada. poderiam alterar o aspecto todo da controvérsia. com a ascensão de M arcelo de Ancira à fileira dos defensores da teologia nicena. Diz Cunningham: “Os arianos mais ousados e honestos diziam que o Filho era heteroousios. O partido em ascendência subitamente poderia sofrer eclipse. sendo substitu­ ído no ofício por infam es sicofantas. se o C3ri ente era dominado pela idéia de subordinação postulada por Orígenes. a ponto de ter-se dito: “Unus Athanasius contra orbem ” (um A tanásio contra o m undo). A Igreja gradualmente se foi tom ando ariana. Concílios foram convocados em Atioquia que aceitaram as definições nicenas. Vários esforços foram feitos para sanar a separação. Os arianos e semi-arianos não concordavam entre si. Os m aiores entre eles foram os três capadócios. Segui­ ram -se novos sínodos e concílios. e assim lim itaram seu uso à designação da subsistência pessoal do Pai e . o qual. composto de discípulos da escola origenista. Sua teoria aparentem ente justificava os origenistas ou eusebianos. e ainda afirmava que. Por ocasião do Concílio de Sirmium (357). por ocasião dos concílios de Aries e M ilão (355).obra da criação. surgira um segundo partido niceno. Os elementos heterogêneos que o compunham se tinham unificado em sua oposição ao partido niceno. não podia satisfazer ao Ocidente. homens. M as isso. foi o sinal para a dissolução do partido antiniceno.82- . no fim de Sua vida encarnada. Nesse interim. m anobrando astutamente e pela força. a falta de unidade intem a deles tom ou-se cada vez m ais evidente. e assim lançaram a m aior parte dos conservadores semi-arianos para o cam po niceno. e o Logos personalizado quando da encarnação. De fato. Todavia tudo foi em vão. e tam bém negava que o term o “geração” pudesse ser aplicado ao Logos preexistente. Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno. No entanto as coisas já tinham ido longe demais para se chegasse a um acordo. o Logos teria retom ado à Sua relação pré-terrena com o Pai. A sseveravam que o homoiousios e a geração do Filho decorreram de um ato da vontade do Pai. por ser sinônim o tanto de ousia (essência) quanto de proposon (pessoa). homoousios e homoiousios. restringindo assim o nome “Filho de D eus” ao Logos encarnado. e estes últim os não eram unidos. Contudo. foi feita a tentativa de unir todas as divisões. Basílio o Grande. naturalm ente. lançando a pecha de sabelianismo sobre os oponentes destes. Esses viam como fonte de confusão o uso do vocábulo hypostasis. em bora com duas im portantes exceções. e assim foi instru­ m ento que abriu mais ainda a brecha entre o Oriente e o Ocidente. Os autênticos arianos por essa altura mostravam sua legítima bandeira. conseguiu alinhar os bispos ocidentais com os eusebianos. até que Constâncio se tom ou único imperador. ao ser dim inu­ ído a pressão extem a. por pertencerem a questões fora do conhecimento humano. Uma vez mais a vitória m ostrou-se perigosa para um a causa má. em débito para com Atanásio e o Credo Niceno quanto a um a mais perfeita interpre­ tação da verdade. elim inan­ do-se o emprego de termos como ousia. entretanto. nos quais os eusebianos inutilmente buscaram o reconhecim ento ocidental para a deposição de Atanásio e esboçaram outros credos de tendências reconciliadoras. (c) M udança da maré. Ao invés de terem como ponto de partida a única ousia divina.83 - . porém sua opinião era geralm ente reputada herética. o qual afirm ava que o Espírito Santo é criatura subordinada ao Filho. e (2) a iviação entre o Espírito Santo e as outras duas Pessoas não foi definida. não poderia ser estranho à essência divina. Dizer que o Espírito Santo procede somente do Pai parece negar a unidade essencial do Filho com o Pai. de modo que a consubstancialidade do Espírito Santo com o Pai não foi diretam ente asseverada. espírito. em 381 d .do Filho. afirmava que o Espírito Santo. Os capadócios seguiram as pisadas de Atanásio e defendiam vigorosamente o homoousios do Espírito Santo. contudo não loi negado nem afirmado que Ele também procede do Filho. que procede do Pai. E Ibi exatamente com a ênfase que deram às três hipóstases do Ser divino que livraram a doutrina nicena das m anchas do sabelianism o aos olhos dos eusebianos. conforme fizera Atanásio. Ao m esm o tem po. I. visto que perscru­ tava as profundezas de Deus. e que a personalidade do Logos pareceu estar sufici­ entemente salvaguardada.C. Até esse tem po não se linham feito intensas considerações sobre o Espírito Santo. procurando sujeitá-las ao conceito da divina o u sia . hispo de Constantinopla. ele declarou sua aprovação ao credo Niceno e. aceitou a seguinte fórm ula concernente ao Espírito Santo: “E cremos no Espírito Santo. Os dois Gregórios com pararam a relação das Pessoas da deidade do Ser divino com a relação de três homens para com a sua comum hum anidade. o Senhor. Opinião inteiram ente diversa era expressa por M acedônio. sob a orientação de Gregório Nazianzeno. r. Ário afirmara que o Espírito Santo fora o primeiro ser criado pelo Filho. (d) A disputa em torno do Espírito Santo. Não houve total unanim idade nesse ponto. m antiveram incansavel­ mente a unidade dessas três Pessoas na Deidade. partiram das três hipóstases pessoas — no Ser divino. embora houvessem sido expressadas opiniões discordantes sobre o assunto. A tanásio dizia tl Lie o Espírito Santo é da mesm a essência que o Pai. (e) Complementação da doutrina da Trindade. m as o Credo Niceno contém apenas um a declaração indefinida: “E (eu creio) no Espírito Santo”. que será glorificado com o Pai e com o Filho. Hilário de Poitiers. que fala através dos profetas”. Quando se reuniu o Concílio de Constantinopla. A declaração do ( ’oncílio de Constantinopla m ostrou-se insatisfatória em dois pontos: ( I) não se usou o termo homoousios. e seus seguidores receberam o apelido de “pneumatomaquianos” (de pneum a. o D oador da vida. opinião que se harm onizava bem com o a de Orígenes.. no Ocidente. falar mal contra). e machomai. . ilustrando-a de várias maneiras.oi feita a declaração que o Espírito Santo procede do Pai. porém a fim de não ficar calado”. e sim tam bém do Filho. acrèscentado quando do sínodo de Toledo. -8 4 - . Foi a rocha contra a qual se partiram em dois o Oriente e o Ocidente. Epifânio e M arcelo de Ancira afirmavam positivam ente esta doutrina. gerado. e no sínodo de Toledo. A concepção ocidental da Trindade chegou à sua declaração final na grande obra de Agostinho. foi adicionado o fam oso “filioque” ao sím bolo constantinopolitano. Basílio e Gregório de N issa assevera­ vam que o Espírito Santo procede do Pai. Segundo ele. De Trinitate. do Filho. Os teólogos ocidentais geralmente diziam que o Espírito Santo procedia tanto do Pai quanto do Filho.C . sem oporem de modo algum a doutrina que Ele procede. conforme diz. Atanásio. e o Espírito Santo por “procedência”. embora não relacionadas um as às outras como o estão três homens. No Oriente. Nessa concepção da Trindade o Espírito Santo é naturalm ente concebido como quem procede. sem co-mistura. Apesar de rejeitar de modo abso­ luto a idéia de subordinação. através do Logos. O relacio­ nam ento entre as Pessoas é descrito como “interpenetração m útua” ou “circum incessão”. O Pais Se caracterizaria por “não-geração” . o Filho por “geração”. além de infringir contra Sua deidade. mas três pessoas ou hipóstases. m enos em seu modo de existência. uma nunca está e nunca pode estar sem a outra. não somente do Pai. Cada um a dessas três Pessoas possui a essência inteira. Ele tam bém ressaltou a unidade de essência e a trindade de Pessoas. Todavia. Outrossim. O vocábulo “pessoa” não satisfaz a Agostinho como desig­ nação do relacionam ento em que existem os três entre si. isso constitui um a relíquia do subordinacionismo grego. a relação de dependência entre elas é mútua. e nessa proporção é idêntica a cada um a das outras duas Pessoas. no ano de 589 d. O Oriente jam ais aceitou o “filioque”. São um em todos os aspectos. apresentando o Espírito como procedente do Pai. Devem elas ser reputadas como realidades no Ser divino. Não se assemelham a três pessoas hum anas.e dizer que Ele também procede do Filho parece sujeitar o Espírito Santo a um a posição m ais dependente que o Filho. ele continua a empregá-lo. ainda assim João Dam asceno referia-se ao Pai como a fonte da Deidade. “não a fim de expressá-lo (o relacionamento). como gerador. Contudo. ou existente por meio de inspiração. há apenas um a essência divina. cada um a das quais possui somente um a parte da natureza hum ana genérica. igualmente. A essência divina pertence a cada um a delas de conformidade com um diferente ponto de vista.. Entre as três hipóstases há um a relação de m útua interpenetração e interhabitação. a form ulação final da doutrina foi dada por João Damasceno. Ora. feita por João Dam asceno.85 - .Perguntas para estudo posterior Quais pontos de vista diferentes do Logos e de Seu relacionam ento com o Pai prevaleciam antes do Concílio de Nicéia? Em que a doutrina de Orígenes sobre a Trindade se com para com a de Tertuliano? Em quais pontos sua doutrina era defeituosa? Que idéia form ava Á rio de Deus? Como derivou daí a sua idéia de Cristo? A quais passagens das Escrituras ele apelava? Qual foi o verdadeiro ponto a ser debatido no Concílio de Nicéia? Qual era o verdadeiro interesse de A tanásio sobre a questão? Qual o seu conceito da redenção do hom em ? Por que era mister usar o term o homoousios. em lugar de hom oiousiosl Por que os semi-arianos se opunham a seu uso? No que detectavam nele o sabelianismo? Que contribuição valiosa fizeram os capadócios à discussão? Como devemos julgar o anátema aposto à parte final do Credo Niceno? Como foi resolvida a questão do relacionam ento entre o Espírito Santo e as outras Pessoas no Ocidente e no Oriente? Por que o Oriente se m ostrou inalteravelm ente oposto ao fam oso term o “fílioque”? A declaração final da doutrina da Trindade. difere muito da de Agostinho? . Gilberto de Poitiers a interpretava do ângulo do realism o moderado do tipo aristotélico. aquilo que faz uma coisa ser o que é) é comum às três Pessoas. que afirma que os universais têm sua existência nos particulares. sabedoria e bondade. Apesar de que igualmente utilizou expres­ sões que parecem subentender que as distinções existentes na Deidade são distinções pessoais reais. e apenas de nome. Distinguia ele entre a essência divina e Deus. reafirm ações da verdade.13 A DOUTRINA DA TRINDADE NA TEOLOGIA POSTERIOR 1. Anselmo corretam ente frisou que essa posição logicamente conduz ao triteísmo. os quais só poderiam ser declarados um de modo genérico. e o do Espírito Santo à bondade. Sua unidade seria unidade m eram ente de poder e de vontade. O nom e do Pai equivaleria ao poder. o do Filho à sabedoria. e é nisso que elas são um a só. com parando a relação entre eles com aquilo que se vê entre a hum anidade e hom ens concretos. ele emprega ilustrações que apontam com clareza na direção do modalismo. ou seja. form a. DO U TRIN A DA TRIN DAD E NA TEO LOG IA LATIN A A teologia posterior nada acrescentou de importante à doutrina da Trindade. e assim procurou evitar a dificuldade de combinar a unidade num érica com a distinção de Pessoas em Deus. foi acusado de ensinar tetrateísmo. m as é a form a de Deus. -8 6 - . Abelardo aludia à doutrina da Trindade de tal modo que isso o levou a ser acusado de sabelianismo. m as houve desvios e. em conseqüência. Ele considerava as três Pessoas da Deidade como três indivíduos essencialmente diferentes. Em resultado dessa distinção. Roscelino aplicou a teoria nom inalista de que os “universais” são apenas concepções subjetivas da Trindade. ou aquilo que faz Ele ser Deus. A essência divina não seria Deus. e ressaltou o fato que conceitos universais expõem verdade e realidade. Se Roscelino atribuía um a interpretação nom inalista à doutrina da Trindade. Aparentemente ele identificava as três Pessoas no Ser divino com os atributos de poder. Essa essência ou form a (no latim. No século XVI. pág. e que “o Filho. pois ele ensina isso explicitam ente em algumas outras passagens.22). No entanto iam além dos arianos.13. negando a preexistência do Filho e dizendo que Cristo. A s Instituías I. sempre com pleto e.29. razão porque. a qual também era o ponto de vista prevalecente da Igreja na época. DO UTRIN A D A TRIN DAD E NO PERÍO DO D A R EFO R M A Calvino ventila a doutrina da Trindade am plam ente em sua obra. A s Institutos 1. Diz W arfield: “Parece que Calvino achava difícil esse conceito. procuran­ do refutá-la com base nas passagens citadas pelos arianos (cf. No todo. 2.25. 247 s. no entanto. m as.13. nunca term inado. ele defende o uso desses term os e critica aqueles que os repeliam. a Sua essência não foi originada. Essa assertiva se fundam enta na seguinte passagem: “De que se aproveita debater se o Pai sempre gera. Calvino defendia a absoluta igualdade entre as Pessoas da Deidade. porém sem qualquer fundamento. os socinianos declararam que a doutrina de três Pessoas dotadas de um a essência comum é contrária à razão. Caroli acusou-o de arianism o. E m ais provável que isso seja uma sim ples afirmação de desacordo com a especulação nicena acerca da geração eterna como um m ovim ento perpétuo. ele até evitava o uso dos term os “pessoa” e “trindade” . dizemos que Ele é do Pai. M as dificilmente se pode entender essa afirmação como tencionai negação da geração eterna do Filho. A doutrina da Trindade. ele preferia não ultrapassar as sim ples declarações das Escrituras sobre a questão. Assim. Tem sido dito algum as vezes que Calvino negava a geração eterna do Filho. na prim eira estada em Genebra. As Instituías. não foi gerada”. tanto do Filho como do Espírito. 13. todavia a origem de Sua pessoa é o próprio D eus”. Calvin and Calvinism.Em Tom ás de Aquino vemos a apresentação usual da doutrina da Trindade. A s Institutos 1. entretanto. mais com pleta­ mente e com m aior precisão no capítulo III da Segunda Confissão 1Ielvética. se não mesmo sem sentido”.87 - .13. acha expressão em todas as Confissões Reform adas. quanto à Sua natureza . com o Filho. Diz ele que “a essência. visto que é insensatez im aginar um contínuo ato generativo quando é patente que as três Pessoas têm subsistido em um Deus desde a eternidade? A s Instituías 1. e sim Sua subsistência pessoal que foi gerada. assim dando a entender que não foi a essência do Filho. conform e foi form ulada pela Igreja. independente­ mente da consideração de pessoa. como D eus. defendendo a doutrina form ulada pela Igreja Prim itiva. e até mantinha a auto-existência do Filho. é auto-existente. Em sua obra. não por mera necessidade de natureza. nos últim os quarenta anos. embora possuidor de um a peculiar plenitude do Espírito. era apenas um hom em . pregador da corte da rainha Ana. tanto por natureza como pela vontade do Pai. contudo. apesar de acreditarem que todas as três Pessoas participam da natureza divina. com o tam bém que seus mais distinguidos teólogos. desde o princípio teria existido um a segunda Pessoa divina. ou somente antes de todos os mundos. ou se foi feito do nada. Em sua concepção de Deus. em 1712. e M oses Stuart declarou que tal expressão era um a palpável contradição lingüís­ tica. Alguns arm inianos (Episcopius. Definiam o Espírito Santo como “virtude ou energia que emana de D eus para os hom ens”. contudo atribuíam certa proem inência do Pai sobre as outras Pessoas quanto à ordem. chamada Filho. publicou uma obra sobre a Trindade. Parece que as palavras abaixo exprim em o seu ponto de vista: “Pai. e sim p o r um ato da vontade opcional do Pai. M enciona ele o Pai como o Deus suprem o e único. conform e elas se nos m anifestam na economia da redenção. E m a lg u n s círcu lo s. que derivaria Sua essência do Pai através do Filho. foram os precursores dos unitarianos e m odernistas dos nossos dias. Filho e Espírito Santo são palavra que designam as distinções da Deidade. Samuel Clarke. ele era avesso a essa doutrina. Pessoalm ente. Estaria subordinado ao Filho. a crença na igualdade de graduação conduziria quase certam ente ao triteísmo. a responder à pergunta se o Filho foi gerado da essência do Pai.essencial. tivesse um conhecimento especial de Deus e. não tendo o intuito de assinalar as relações eternas da Deidade. por reputá-la contrária à devida igualdade entre o Pai e o Filho. que derivaria Seu ser e todos os Seus atributos do Pai. à dignidade e ao poder de domínio. Paralelam ente a Ele. houvesse recebido domínio sobre todas as coisas. Ele se recusa. quando de Sua ascenção. poder e autoridade. na qual se aproxim ava da posição ariana da subordinação. Alguns teólogos da Nova Inglaterra criticaram a doutrina da gera­ ção eterna. como tam bém se existira desde toda a eternidade. conforme elas são em si mesmas Interpretações sabelianas da Trindade podem ser vistas em Em anuel -8 8 - . Curcellaeus e Lim borch). o único originador de todo ser. Segundo pensavam . 3. Em m ons chegou a cham á-la de eterno absurdo. Paralelam ente a essas Pessoas há um a terceira Pessoa. D O U T R IN A D A T R IN D A D E A P Ó S O P E R ÍO D O D A REFORM A N a Inglaterra. veio n o v am en te à p rim e ira plana o subordinacionismo. se haviam pronunciado contra ela. Filho e Espírito Santo são sim plesm ente distinções no eterno Deus-homem . Outro tanto se vê em Hegel. o qual diz que D eus em Si mesmo. é o Espírito Santo. que negava a Trindade essencial e dizia que aquilo que chamamos de Pai. Deus. é Deus como vida do Cristo ressurreto. Reaparece em Ritschl e em muitos modernistas do presente o ponto de vista defendido por Paulo de Samosata. na Trindade. Tam bém se vê isso nos escritos de Schleiermachaer. ao assum ir carne no Filho.Swedenborg. Perguntas para estudo posterior Em que sentido os escolásticos reputavam a doutrina da Trindade um mistério? Por que Roscelino negava a unidade num érica de essência em Deus? Como a Igreja julgou seu ensino? Por que Gilberto de Poiters foi acusado de tetrateísm o? Qual era a natureza do sabelianismo de Abelardo? Qual foi a reação da Igreja para com o seu ensino? Qual era a definição geralm ente aceita de um a pessoa. isto é. os quais adotam posição um tanto similar.89 - . ou a Sua subsistência pessoal como o objeto da geração? Como distinguiam entre a geração do Filho e a procedência do Espírito Santo? Exprim iam eles qual relação com o termo circumincessio ”? Como definiu Calvino uma pessoa na Trindade? Qual era sua concepção da geração do Filho? Onde encontram os o desenvolvimento da doutrina da Trindade de acordo com m oldes arianos? E onde de acordo com as linhas do sabelianismo? E onde de conform idade com as linhas de um a Trindade puramente econômica? . conform e Boécio? Quais críticas foram feitas contra isso? Os escolásticos reputavam a essência divina do Filho. é o Pai. D om er e outros. no seio da Igreja. em Jesus Cristo. sobretudo. ao operar por intermédio do Espírito Santo. é o Filho. com o unidade desconhecida que subjaz a todas as coisas. ao penetrar na personalidade consciente do hom em e. 91 - .A DOUTRINA DE CRISTO . (c) união da Deidade e da hum anidade num a só . O Espírito Santo guiava a Igreja. Alguns dizem que a Igreja se aventurou dem ais ao tentar definir um m istério que. foi apenas natural que se tivessem aproxim ado do estudo de Cristo pelo lado da própria teologia. Respirando o ar das controvérsias trinitarianas. pela natureza mesma do caso. não deram relevo a isso nas suas principais discussões. fazendo-a penetrar na clara atm osfera da verdade. e nem tinha a pretensão de dar solução ao problem a da encarnação dentro da fórmula de Calcedônia. que a Igreja Prim itiva não asseverava ser capaz de penetrar nas profundezas dessa grandiosa doutrina. (b) Suaautêntica f própria hum anidade. A Igreja inquiria por uma concepção de Cristo que reconhecesse os pontos seguintes: (a) Sua autêntica e própria Deidade. As paixões se destacavam em demasia.14 AS CONTROVÉRSIAS CRISTOLÓGICAS O problem a cristológico pode ser abordado do ponto de vista da teologia propriam ente dita ou do ponto de vista da soteriologia. a indigna intriga com freqüência desem penhava papel preponderante e a própria violência ocasionalm ente transparecia. As prim eiras controvérsias cristológicas não retratam um espetácu­ lo muito edificante. A decisão a que levava a controvérsia trinitariana — Cristo. como Filho de Deus. é vero Deus — im ediatam ente originou a questão da relação entre a natureza divina e a natureza humana de Cristo. Deve-se ter em mente. Embora os Prim itivos Pais da Igreja não tivessem perdido de vista o rumo soteriológico dentro da doutrina de Cristo. oferecendo um a fórm ula da m esm a que neutralizasse diversificadas e palpavelm ente antibíblicas interpretações da verdade. por conseguinte. é da mesm a substância do Pai e. no entanto aquelas controvérsias conduzi­ ram à form ulação da doutrina da Pessoa de Cristo que continua sendo considerada padrão até nossos próprios dias. porém. por muitas vezes entre a ignomínia e a confusão. transcende a toda definição.93 - . Poderia parecer que tal atm os­ fera só daria lugar ao erro. Buscava m eram ente resguardar a verdade dos erros dos teorizadores. ou só em parte. Em sua opinião. “se a parte racional do hom em for subtraída. Havia outros. pois julgava ser aquele a sede do pecado. I . Ele concebia o homem como ser constituído de corpo. no todo ou em parte. contanto que o Logos fosse tido apenas como substituto do mais elevado princípio racional do hom em X ontrapondo-se a Ário. seria mais fácil m anter a unidade da Pessoa de Cristo. e buscava solução para o problem a das duas naturezas de Cristo na teoria de que o Logos teria tomado o lugar do pneum a (espírito) humano. a autêntica e própria deidade de Jesus Cristo. ele advogava a autêntica divindade de Cristo. como arquétipo do homem. alogi e monarquianos dinâmicos tinham negado a deidade de Cristo. Sentia-se que enquanto não fossem atendidos esses requisitos. a Sua autêntica e própria hum anidade. Apolinário. a solução dada por Apolinário não poderia satisfazer. Esses sim plesm ente elim inavam um dos term os do problema. Essa controvérsia também tinha raízes no passado.pessoa. ao passo que outros contestavam. Entretanto. no todo ou em parte. bispo de Laodicéia (falecido em cerca de 390). enquanto que docéticos. e tentava proteger Sua impecabilidade substituindo o pneum a hum ano pelo Logos. PRIM EIRO ESTÁGIO DA CONTROVÉRSIA (a) Pano de fundo. (d) a distinção devida entre a Deidade e hum anidade nessa única pessoa. que negavam ou a plena Deidade ou a perfeita hum anidade de C risto/O s arianos negavam que o Logos-Filho. Ebionitas. seria defeituosa a concepção sobre Cristo. Alguns frisavam a unidade da Pessoa às expensas das duas naturezas distintas. que Se encarnara em Cristo. e outros salientavam o caráter distinto das duas naturezas de Cristo a prejuízo da unidade da Pessoa. De acordo com ele. gnósticos e modalistas haviam rejeitado Sua humanidade. por sua vez. um a completa natureza hum ana envolveria natural­ mente a pecaminosidade. Houve considerável oposição à solução oferecida por Apolinário ao -9 4 - . m enos radicais. Outrossim. porque. buscava ele tom ar inteligível a encarnação m ediante a suposição de haver um a eterna tendência para o humano no próprio Logos. tivesse sido possuidor de Deidade absoluta. conform e diz Shedd. seu propósito era digno de encómios. Todas as heresias cristológicas que apareceram na Igreja Prim itiva tiveram origem na falha de não se haver combinado todos esses elem entos na declaração doutrinária da verdade. Todavia. pois procurava salvaguardar tanto a unidade da Pessoa como a impecabilidade do Cristo. Alguns negavam . ele se tom ará ou um idiota ou um bruto”. alma e espírito. E. negava a própria e autêntica humanidade de Jesus Cristo. tal como marido e mulher podem ser tidos como um a só carne. conceden­ do somente a residência moral. Por sua vez. atravessou genuíno conflito com a tentação. entre a residência de Deus em Cristo e nos crentes.problema. postulando uma única natureza. e não só em suas partes menos importantes. Posto que o pecador inteiro tem de ser renovado. Desse ponto de vista é que M aria era com freqüên­ cia chamada theotokos. Cristo teve de assum ir integralm ente a natureza hum ana. não pode ter havido real provação e nem real avanço em Sua humanidade. Foi particularm ente a escola de Alexandria que revelou essa tendência. Não via diferença essencial. Os três capadócios e Hilário de Poitiers asseveravam que. o qual Apolinário chamava pneum a ou nous. Tam bém frisavam haver um elem ento docético nos ensinos de Apolinário. M as até m esm o os oponentes de Apolinário. se o Logos não tivesse assumido natureza hum ana integral. não poderia ser nosso perfeito Redentor. porém apenas um a diferença quanto a grau. m ãe de Deus. Segundo ele. ao mesmo tempo que ressaltavam a hum anidade com pleta de Cristo. Um dos resultados desses conflitos preliminares foi que o Sínodo de Alexandria. Alguns dos prim eiros Pais da Igreja usaram expressões que aparentem ente negavam a existência de duas naturezas em Cristo. em 362. Se não houve real volição hum ana em Cristo. . Gregório de N issa chegou a dizer que a carne de Cristo fora transform ada e perdera todas as suas propriedades originais quando se uniu ao divino. e (b) á união entre Sua varonilidade e o Logos divino. Ele partia da completa hum anidade de Cristo e da perfeita realidade das Suas experiências humanas. “a encarnada e adorável Palavra”. duas pessoas entre as quais existiria um a união moral. a de que haveria dupla personalidade em Cristo.95 - . Isso transparece m orm ente nos ensinos de Teodoro de Mopsuéstia. Teodoro retrocedia da conclusão a que sua opinião parecia levar inevitavelmente. Não obstante. Afirm ava ele ser tão íntima essa união que as duas poderiam ser referidas como um a só pessoa. concebiam-na como eclipsada pela Sua divindade. propendeu para o outro extremo a escola de Antioquia. Cristo realmente teve de lutar contra paixões hum anas. (b) Os partidos da controvérsia (1) O partido nestoriano. afirmou a existência de um a alm a hum ana em Cristo. O vocábulo “alm a” foi empregado pelo Sínodo para incluir o elem ento racional. Teodoro negava a residência essencial do Logos em Cristo. Essa posição realmente substituía a encarnação pela residência moral do Logos no hom em Jesus. tendo-Se saído vitorioso. Deveu o poder de conservar-Se livre de pecado (a) ao Seu nascim ento impecável. graça e salvação. é descartada inteira­ mente. Entretanto. como um a subsistência relativamente independente daquela natureza. mas não são elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade. é que procura­ va fazer justiça plena à humanidade de Cristo. Salientava ele que (a) se M aria não é theotokos. porém. Em bora Nestor não extraísse a conclusão inevitável que deri­ vava dessa posição. a fim de redimi-la. theophoros. Seguindo os passos de Teodoro. Segundo ele. ao m esm o tem po. sem outro liame além de m era união moral e sim pática entre elas. como substância possuída em comum. o nestorianismo as situava lado a lado. e (b) se M aria não é theotokos. O nestorianismo é deficiente. a sua term inologia nem sempre foi clara. o Logos tomou a natureza humana em sua inteireza. mas somente portador de Deus. todavia. de tal m aneira que existem duas naturezas em Cristo. Contudo. Deixava a Igreja com um exaltado exemplo de piedade e moralidade verdadeiras na pessoa hum ana de Jesus. ou seja. O hom em Cristo não seria Deus. parecia ensinar sim plesm ente que o Logos assumira natureza humana. considerava-o responsável por aquela conclusão. as quais encontram união indissolúvel na Pessoa única do Logos. Por um lado. então a encarnação de Deus fica substituída pela suposição de que um mero ser hum ano estava associado ao Logos. e sim quando à da Pessoa una. Cirilo. (ii) O partido ciriliano. a mãe de uma pessoa. fica alterada a relação entre Cristo e a hum anidade. Ao invés de m esclar as duas naturezas num a única auto­ consciência. não obstante furtava-lhe seu Redentor divino-humano. Os seguidores da idéia de N estor não hesitaram em tirar essa conclusão.O desenvolvimento lógico dessa posição antioquiana é visto no nestiorianism o. sem qualquer m odificação nas próprias duas naturezas. fonte de todo poder espiritual. não quanto à doutrina das duas naturezas de Cristo. e pessoa divina. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. e pessoa. usou expressões nas quais salientou a unidade das duas naturezas em Cristo através de mútua -9 6 - . O mais proeminente opositor do nestorianismo foi Cirilo de Alexandria. agia em contrário a todas as provas escriturísticas em prol da unidade da Pessoa no M ediador. Concorda com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade. Nestor negava que o term o theotokos pudesse ser devidamente aplicado à M aria porque ela sim plesm ente dera à luz a um homem que era acompanhado pelo Logos. Por outro lado. possuidor da Deidade nEle. ao mesmo tempo. O ponto forte do nestorianismo. e Ele não é mais o eficiente Redentor da humanidade. nem a constituírem uma única pessoa. seu oponente. form ou o único sujeito pessoal no Deus-homem. A importante distinção entre natureza. ressalta a unidade da Pessoa de Cristo. (b) Essas duas naturezas oslão unidas em um a Pessoa.comunicação de atributos. e (c) a unidade e continuidade da Pessoa em Cristo. a saber: (a) a conjunção inseparável das duas naturezas. Sua grande significação reside no fato que. tendo sido convidado a expressar sua opi­ nião. assim como havia uma única Pessoa. bispo de Roma. Condenado pelo Concílio de C'onstantinopla. Eutíquio. ou a absorção da natureza humana pela divina. que o Logos usa como Seu instrumento. por igual m aneira havia um a única natureza no M ediador. que são perm anentemente distintas. bispo de Constantinopla. assim usando-o com o sinônim o de hypostasis. Depois que Leão recebeu completo relatório do caso. esposou a causa da teologia alexandrina em Constantinopla. em 448. por outro lado. que era verdadeira a doutrina das duas naturezas distintas de Cristo. que o term o theotokos seria aplicável à M aria. tendo aludido à Pessoa de Cristo com o se fosse um a unidade resultante. (d) A obra de . Não aceitavam de bom grado a doutrina de duas naturezas distintas. ao contrário do nestorianismo. convém notarm os sons pontos principais. cada um a das quais realizou sua própria fui ição apropriada na vida encarnada. acima. ou um a fusão das duas naturezas. Continuaram a cvocá-lo a despeito de suas perem ptórias negações de haver qualquer mistura das duas naturezas. (iii) O partido eutiquiano. dirigiu a Flaviano o seu célebre Tome Porquanto esse Tome influenciou profundam ente a fórm ula calcedônica. quando queriam dem onstrar que. Era ele de opinião que os atributos humanos haviam sido assimilados pelo divino em Cristo. estavam todos em perfeita harm onia com a doutrina católica da época. mas. após a encarnação. o que resultava numa espécie de tertium quid. ocasio­ nalmente ele usou expressões que parecem justificar o posterior erro de Eutíquio. (b) a im personalidade e dependência da varonilidade.97 - . ele apelou para Leão. pelo que Seu corpo não seria consubstanciai com o nosso e Ele m esm o não seria humana no sentido restrito da palavra. por um lado. O Concílio de Éfeso chegou a um a espécie de transigência ao manter. Isso deu algum motivo para vincular a ele a doutrina que. houve um a única natureza divino-hum ana em Cristo. ele m antinha. A plicava ele o term o phusis (natureza) som ente ao Logos. Os três pontos por ele enfatizados. um idoso monge de convicções bastante desequi­ libradas e dotado de fortes prevenções anti-nestorianas. os quais são: (a) Existem duas naturezas em ( 'l isto. de fato. e dessa m aneira os m onofisitas puderam apoiar-se nele. (c) Da unidade da Pessoa segueso a com unicação de (communicatio idiomatum). e não à hum anidade de Cristo. De conform idade com Teodoreto. Todavia. M uitos dos aderentes de Cirilo ficaram i nsatisfeitos. da parte de Flaviano. ensi­ namos aos hom ens a confessarem um e o mesmo Filho. perfeito na deidade e tam bém perfeito na varonilidade. todos de comum acordo. nosso Senhor Jesus Cristo. porém um só e o m esmo Filho. o Senhor Jesus Cristo. ao mesmo tempo que a natureza divina não é passível de sofrimento. Não houve prim eiro um hom em já existente com quem se teria associado a Segundo Pessoa da Deidade. o qual publicou sua fam osa declaração da doutrina da Pessoa de Cristo. em todas as coisas semelhante a nós m as sem pecado. onisciência e conhecimento limitado. foi convocado o Concílio ecumênico de Calcedônia. (2) Os sofrim entos do Deus-homem podem ser reputados com o real e verdadeiram ente infinitos. consubstanciai com o Pai segundo a Deidade. por exemplo. tem porário e não-temporário. porém. Trata-se. (c) Decisão do Concílio de Calcedônia. moral e imortal. A união foi efetuada com a substância da -9 8 - . mas antes. nascido da virgem M aria. inconfundivelm ente (asuggutos ). a propriedade de cada natureza foi preservada. devendo ser reconhecido em duas naturezas. Senhor. Filho. A form a servi não depreciava a fo rm a dei. con­ form e o próprio Senhor Jesus Cristo nos ensinou. de alma racional e corpo. realmente. como. As mais importantes implicações dessa declaração são as seguintes: (1) As propriedades de ambas as naturezas podem ser atribuídas a um a só Pessoa. Deus a Palavra. um só e o mesmo Cristo. alguns dos quais favoreceram a Eutíquio. e sim à natureza hum ana. in se p a ra v e lm e n te (achoristos ). e. em 451. o Unigénito. (e) A varonilidade de Cristo é permanente. vero D eus e tam bém vero hom em . e sua negação implica na negação docética da realidade dos sofrimentos de Cristo. in d iv isiv e lm e n te (a d ia ire to s). Após terem -se reunidos diversos concílios locais. nestes últim os dias. a mãe de Deus. em que a distinção de naturezas sob hipótese algum a foi eliminada pela união. seguindo os santos Pais. segundo a varonilidade. Essa diz o seguinte: “Portanto. Unigénito. conform e os profetas desde o princípio declararam acerca dEle. no Logos não deixou de ser vero Deus. e conform e o Credo dos santos Pais no-lo transm itiu”. (3) É a divindade. e consubstanciai conosco segundo a varonilidade. para nós e para nossa redenção. gerado antes de todas as eras da parte do Pai segundo a deidade. concorrendo juntam ente em uma Pessoa e em um a subsis­ tência. de um compêndio da cristologia ocidental. não partida ou dividida em duas pessoas. A encarnação foi um ato de condescendência da parte de Deus. que constitui a raiz e a base da personalidade de Cristo. im utavelm ente (a tre p to s ). e não a hum anidade.redenção requeria um M ediador ao mesmo tempo hum ano e divino. (4) O Logos não se uniu a um indivíduo humano distinto. enquanto que outros o condenaram. Conforme viam as coisas. Este adicionou um elem ento à form ação do dogina da doutrina de Cristo. tal como o Concílio de N icéia não pusera fim à controvérsia trinitariana. SEGUNDO ESTÁGIO DA CO NTROV ÉRSIA (a) Confusão após a decisão do Concílio. I)e fato. tal como a nossa. cujos nomes. diz Orr. "bastam para nós fazer sentir calafrios”. i ístavam divididos em diversas seitas. porquanto concedi­ am que após a união Cristo possuía natureza composta.i‘óncio de Bizâncio. os adeptos de ( 'irilo e Eutíquio foram chamados “m onofisitas”. O ponto é o seguinte: a rejeição ao nestorianism o poderia conduzir à idéia de um a existência im pessoal independente dentro da natureza hum ana de Cristo. e havia os íiftartodocetistas . ou seja. Havia os teopasquitistas. o qual foi m elhor elaborado por João I Jamasceno. O mais hábil e proem inente defensor da teologia calcedônica foi I . O Egito. porém estava dotada de atributos divinos. pelo que seria impecável. Houve um longo e indecoroso conflito entre os diferentes partidos. não impessoal. Isso tendia a ser fom entado pelo uso dos temos anupostasis e anupostasia. Leôncio salientou o fato que a natureza hum ana de Cristo é enupostasia. Portanto. havia os fitartolatristas. contudo desfavorável aos monofisitas porque anatematizou aqueles que declarassem que o ( ’< incílio de Calcedônia tolerara os próprios erros que havia condena­ . Nem os próprios m onofisitas m ostravam consenso entre si. 2. ao passo que Rom a ia se tom ando cada vez mais um centro de ortodoxia. Hm 553. que m ais se aproximavam da fórm ula calcedônica e salientavam o fato que a natureza humana de Cristo. a Síria e a Palestina abrigavam muitos monges fanáticos de convicções eutiquianas. e pelo que eram acusados de adorar o que é corruptível. Após o Concílio de Calcedônia. e sim in pessoal. que apresentavam a posição diam etralm ente oposta. que I risavam o fato que Deus sofreu.99 - . que se mostrou favorável aos monofisitas »«> condenar os escritos de Teodoro. mas negavam que Ele tivesse duas naturezas distintas.humanidade no ventre da virgem. O Concílio de Calcedônia não pôs fim às disputas cristológicas. por si sós. o im perador Justianiano convocou o quinto Concílio em mêni co de Constantinopla. o processo do desenvolvimento do dogma estava passando do ( )riente para o Ocidente. pois teria sua subsistência pessoal na Pessoa do Filho de I >i'us desde o prim eiro momento da encarnação. era passível de sofrim en­ to. que a natureza humana de Cristo não era co-substancial com a nossa. duas naturezas distintas envolveria dualidade de pessoas necessaria­ mente. im perecível e incorruptível. Não somente o como das duas naturezas de Cristo ficou sem resposta. durante essa controvérsia. entretanto tam bém decidiu que sempre se deveria conceber a vontade hum ana como subordinada à divina. de modo que esta últim a era a única ativa. mas. Os monofisitas acusavam-nos de destruir a unidade da vida pessoal de Cristo. bem ao contrário. Por outro lado. m as antes.do. mas tam bém surgiu a indagação adicional: quanto está incluído na pessoa. em preferência a thelema (vontade). que a palavra “vontade” era usada em sentido lato. fora aprim orada e . incluindo os instintos. adotou a doutrina de duas vontades. pois. ou a vontade era tida como composta. porém . eles partiam da unidade da Pessoa e asseveravam que só existe um a vontade em Cristo.100- . todavia não dem o­ rou a prevalecer este último. com prejuízo da integridade de Sua humanidade. O sexto Concílio ecumênico de Constantinopla (680). Por algum tempo foi usado o temo energeia (energia). Essa doutrina também se revestiu de duas formas: ou a vontade humana era considerada imersa na divina. e quanto na natureza? Nessa conexão. por essa união à divina. pelo que isso incluía a pergunta se Cristo era capaz de ter m edo e horror do sofrimento e da morte. Dizer que há apenas um a vontade parece furtar Cristo de autêntica volição humana. conferia à Sua hum anidade um certo caráter docético. como posição ortodoxa. O resultado é que surgiu uma nova seita entre os monofisitas. chamada de “m onotelitas”. Tudo isso estava envolvido no termo “vontade” na antiga controvérsia. resultante da fusão do divino com o humano. por ser mais definido. não restaurara a harmonia. Estes se firmavam sobre a idéia da dualidade de natureza e asseveravam a presença de duas vontades em Cristo. com freqüência o vocábulo é usado em sentido mais amplo. os apetites. A opinião oficial foi que a vontade humana. No entanto. de auto­ determinação. A negação da vontade humana de Cristo. Estritam ente falando. (b) A controvérsia monotelita. de escolha. e suas aversões correspondentes. selou sua separação da Igreja imperial. com a cooperação do bispo de Rom a. de duas energias. Várias questões vitais continua­ ram sem resposta. Isso não satisfez aos m onofisitas. Deve-se ter em mente. as afeições. Conforme o nome o indica. não se tom ara menos humana. dizer que há duas vontades parece levar diretam ente ao campo nestoriano. foi levantada a importantíssim a questão: seria a vontade pertencente à pessoa ou à natureza? Isso equivale a indagar se haveria um a só ou duas vontades em Cristo. Logo se tom ou evidente que a solução procurada para a controvérsia monofisita. os desejos. por parte do citado Concílio. “vontade” seria a faculdade de volição. Os opositores dos monotelitas eram chamados duotelitas. é objeto de adoração por parte da Igreja. A pesar de que a natureza hum ana de Cristo não teria personalidade própria e independente. Só a natureza hum ana teria sido assim afetada. O verdadeiro campeão da doutrina adopcionista foi Félix. não podendo assim participar ativamente da discussão de 11uestões tão sutis e profundas como as que di vidi am a Igreja Ocidental. e que as duas sem pre agiam em perfeita harmonia. Parece que. de 675. que se chamou controvérsia adopcionista. nem a natureza humana em geral. o Logos assum iu natureza hum ana. O term o “adoção” já era fam iliar na Espanha desde o ( 'oncílio de Toledo. Há um a interpenetração do divino e do hum ano em Cristo. nos séculos VII e VIII. O Filho de Deus. em Cristo. A teologia da Igreja grega atingiu seu m aior desenvolvim ento em João Dam asceno. A Igreja Ocidental perm aneceu com parativam ente intocada pelas controvérsias que rugiam no Orienle. e não por adoção. Um novo movimento de pensamento cristológico surgiu na Espanha. pelo que ela seria puram ente receptiva e passiva. O Logos não assum ira um indivíduo humano. garantindo a unidade das duas naturezas. Isso significa que o Logos foi o agente form ador e controlador. no qual fora declarado que Cristo era o I . de tal m aneira que esta últim a foi deificada. pela união. Ele ilustra a união das duas naturezas em Cristo com a união de corpo e alma no homem. e sim um indivíduo hum ano em potencial. m as enliipostática. não foi o hom em Jesus que recebera o Logos. Considera-se a vontade como pertencente à natureza. podendo nós tam bém dizer que Deus sofreu na carne. (d) Cristologia da Igreja Ocidental. adm ite-se que há a cooperação entre as duas naturezas. entretanto. Em bora haja a tendência de reduzir a natureza hum ana de Jesus à posição de mero órgão ou instrum ento do Logos. pelo que convém notar sua estruturação da doutrina da Pessoa de Cristo. m as afirm a-se que.101 - . não obstante teria existência pessoal em e através do Logos. agora incluindo Sua com pleta hum anidade. (c) Estruturação da doutrina p o r João Damasceno. uma com unicação dos atributos divinos à natureza humana. bispo de Urgela. Através da união entre o Logos e esse hom em em potencial. como lambém que um a única Pessoa age e determ ina em cada natureza. De acordo com ele. Não seria não-hipostática. a m ente ocidental não estava suficiente­ mente fam iliariazada com todas as form as de refinadas distinções filosóficas. no seu todo. Ele reputava .ilho de Deus por natureza.aperfeiçoada. no ventre de M aria. um a natureza hum ana ainda sem o desenvolvim ento em uma pessoa ou hipóstase. ou seja. e não vice-versa. é que este último adquirira existência individual. a vontade hum ana se tom ou a vontade do Deus encarnado. em 794. Esse nascimento espiritual é que teria feito de Cristo o Filho adotivo de Deus. Perguntas para estudo posterior A posição de Apolinário tinha algum ponto de contato com o arianismo? Quais interesses ele procurava salvaguardar? Quais vestí­ gios da influência platônica e m aniqueana se acham em sua teoria? Qual era sua idéia peculiar do Logos.Cristo. traça distinção entre um a filiação natural e outra adotiva. E a fim de m elhor explicarem sua idéia. isso implica na distinção entre dois modos de filiação. E (3) o fato que os crentes são filhos de Deus por adoção.102- . desde o m omento de Sua concepção o Filho do Hom em fora envolvido na unidade da Pessoa do Filho de Deus. com o hom em . como o unigénito Filho de D eus no sentido natural. e um nascimento espiritual. quanto à Sua natureza humana. seria Filho de Deus por adoção. pois segundo diziam. sendo tam bém denominados irmãos de Cristo. opôs-se a Félix e acusou-o de dividir Cristo em dois filhos. até que veio a participar da filiação divina por m eio de um ato especial de adoção. Alcuíno. asseveravam que esse era o resultado lógico de um a dupla filiação. ele buscava preservar a unidade da Pessoa ressaltando o fato que. que teria tido início por ocasião de Seu batismo. o famoso sábio dos dias de Carlos M agno. a prim eira predicada à divindade. o Logos. era um filho de Deus nesse m esm o sentido. tendo-se consumado na ressurreição. por conseguinte. isto é. como arquétipo da hum anidade? Quais eram as principais objeções a essa teoria? Em qual sentido o nestorianism o foi reação ao apolinarianismo? Quantos tipos de resi­ dência divina Teodoro distinguia? O que provocou o uso do termo theotokos a M aria? Cirilo realmente confundia as duas naturezas? . em relação ao Pai. Essa teoria. Ao m esm o tem po. (2) Passagens bíblicas que aludem à inferioridade de Cristo. Isso parece subentender que Cristo. Félix e seus seguidores baseavam suas opiniões sobre: (1) A distinção de naturezas em Cristo. distinguiam entre o nascim ento natural de Cristo. em Belém. E fora de dúvida que os adopcionistas laboravam em erro quando atribuíam à natureza hum ana de Cristo um a espécie de posição alienada. ao passo que Cristo. Esse erro foi condenado pelo Sínodo de Frankfurt. e a últim a à hum anidade de Cristo. Apesar de que os adversários desse ponto de vista não acusavam os adopcionistas do erro explícito de ensinar dupla personalidade em Cristo. quanto à Sua natureza divina. por Seu lado hum ano. M antinha Alcuíno que nenhum pai pode ter um filho ao mesmo tempo por natureza e por adoção. em seu Tome.103 - .Como se pode explicar a grande confusão corrente sobre o ponto? Qual cra o ponto forte do nestorianismo? Como a Igreja enfrentou tal erro? Qual era a idéia de Cirilo sobre a unidade da Pessoa e sobre a relação entre as duas naturezas em Cristo? Qual era o interesse particular do eutiquianismo? Em quais pontos errava ele? Como foi que Leão. e como foi solucionada? Sobre o que se alicerçava a teoria adopcionista? Os adopcionistas eram realmente nestorianos em seu ponto de vista? . estruturou a doutrina de Cristo? Qual o elem ento com que Leôncio de Bizâncio contribuiu para a estruturação da doutrina de Cristo? Como surgiu a controvérsia m onotelita? O que estava envolvi­ do na m esm a. tinham-se tom ado o centro das atenções. Ele podia saber tudo que pode ser conhecido através das faculdades intelectuais. sustentando a natureza hum ana na sua relação com Deus. ou seja.15 AS DISCUSSÕES CRISTOLÓGIC AS POSTERIORES 1. de modo que a natureza humana também se tom ou objeto de adoração. a saber. a dignidade resultante da união das naturezas hum ana e divina. Em virtude da primeira. A natureza hum ana de Cristo não seria onipotente. Outros problemas.104- . Tom ás de Aquino aderia à teologia aceita. O conhecimento humano de Cristo seria duplo. Dupla graça se derram ara sobre a natureza hum ana de Cristo. um conhecimento perfeito em sua espécie. a saber: (a) a gr atia unionis. em virtude de sua união com o Logos. como aqueles ligados às doutrinas do pecado e da graça e à doutrina da obra de redenção. e essa união “impedira” a varonilidade de chegar a um a personalidade independente. Não haveria comunicação de atributos entre as naturezas em sentido abstrato. e (b) a gratia habitualis. Ele podia saber todas as coisas que podem ser conhecidas pelos homens e todas as coisas que podem ser-lhes trans­ mitidas por revelação. Breve indicação dos pontos mais salientes da estrutura de Tom ás de Aquino sobre a doutrina de Cristo será suficiente para m ostrar como se achava essa questão ao tem po da Reforma. que fora conferida a Ele como homem. Quanto à união hipostática em Cristo. E em virtude da segunda. A Pessoa do Logos ter-se-ia tom ado com posta após a união. na encarnação. a graça da santificação. NA IDAD E M ÉDIA Durante a Idade M édia a doutrina da Pessoa de Cristo não ocupava o primeiro plano. porém seria sujeita às afeições hum ana. como . mas atributos tanto hum anos quanto divinos poderiam ser atribuídos à Pessoa. contudo sujeito às limitações próprias da criatura. a scientia infusa e a scientia acquisita. torna-se m era potencialidade. Entre os luteranos de nossos dias há um a notável . no sentido “que cada uma das naturezas de Cristo perm eia a outra (peridhoresis). se não mesmo incoerente com suas declarações. e Brenz da última. Na obra de Quenstedt. a onipresença e a onipotência eram atribuídos à natureza humana. A doutrina da comunicação de atributos conduziu a um a controvér­ sia na Igreja Luterana. a natureza divina insufla seus atributos à natureza hum ana. ou então usara-os só ocasionalmente. e com o tempo esse aspecto da questão foi inteiram ente abandonado. que não concordem entre si os próprios teólogos luteranos sobre o assunto. pois. Os teólogos luteranos evidentem ente se deram conta de que a lógica do caso requeria com unicação de atributos na ocasião m esm a da união das duas naturezas. mas o exercício dos m esm os está na dependência da vontade do Filho de Deus. como a onisciência. Chem nitz é o mais notório represen­ tante da prim eira posição. Lutero se aferrou à doutrina das duas naturezas e sua inseparável união na Pessoa do Logos. ante essa suposição logo tiveram de enfrentar a questão de como explicar a vida de humilhação retratada nas páginas dos Evangelhos. na varonilidade de Cristo. se certos atributos divinos. e os últimos. M as. medo. Schmid. em cujas mãos n i lout rina recebeu sua forma final. que a Fórmula é muito ambígua. 2. Foi isso que provo­ cou a disputa entre os teólogos de G iessen e os de Tubingen. que Ele sempre possuíra os m esmós. e que Sua hum anidade participa dos atributos de Sua divindade”. D U RA NTE A REFORM A Há um a peculiaridade na cristologia luterana que m erece especial atenção. havia considerável hesitação em atribuir atributos hum anos à natureza divina. Neve. Deve-se notar. No entanto. pesar. M as sua doutrina da real presença na Ceia do Senhor exigia a idéia que. em bora a causalidade final pertença à vontade divina. 340). todavia ocultou-os ou usou-os apenas secretamente.tristeza. Os primeiras diziam que Cristo pusera de lado os divinos atributos recebidos quando da encarnação. A Fórmula de Concórdia i ne li ira-se no seu todo para a prim eira idéia. A vontade hum ana estaria sempre subordinada à divina. 132. pág. entretanto. Não admira. admiração e ira. (Cf.105 - . a natureza hum ana de Cristo se tornou onipresente. D octrinal Theology. Lutheran Symbolics. pág. após a ascenção. Haveria duas vontades em ('risto. Segundo a Fórmula de Concórdia. ensina-se que a presença de poderes estritam ente divinos. E a mesma foi gradualm en­ te prevalecendo no luteranismo. Isso levou ao ponto de vista luterano do communicatio idiomatum. . que fazia dois Cristos de um só e dissolvia a unidade da pessoa. Outrossim. Citamos algumas das mais pertinentes afirmações: “Portanto. e não dois. ou que Cristo. 458).. foram unidas em uma pessoa (as propriedades de cada pessoa inatingidas e permanentes). nem carne sem alma.. em alguns deles. não por meio de qualquer homem. ou por favor especial. por isso não perm itimos nem recebemos as sutilezas inconscientes. como Ebião afirmava. no que tange à sua divindade. que existem duas naturezas em um só e mesmo Jesus Cristo. verdadeiro Deus. confun­ didas ou misturadas. mas na substância e na natureza..tendência. preparada em 1566. assim. pág. A mais completa declaração oficial sobre a posição Reform ada acerca da doutrina de Cristo se acha na Segunda Confissão Helvética.. de eliminar seus pontos de vista peculiares sobre o communicatio idomatum. no tocante a corpo e alma. Reconhecem os. e deificado de tal maneira que se despiu das propriedades. assim como detestam os a heresia de Nestor. LecturesontheAugsburgConfession.. 91 s. da descendência de Abraão e de Davi. pois. que subvertiam a proprie­ dade da natureza humana. porém que ele foi purissimamente concebido pelo Espírito Santo e nasceu de uma virgem. e tam bém não somos seguidores de Schwenkfeldt”. pois. não ensinam os que a natureza divina em Cristo sofreu. tam bém Sprecher. o Filho de Deus é co-igual e consubstanciai com o Pai. o nosso Senhor Jesus Cristo não tinha alma sem sentidos ou sem razão. e as disputas intrincadas. antes. Ele tinha alma com sua razão e carne com sentidos. Por conseguinte.. Abom inam os. G roundw orkofa System o f Evangelical Lutheran Theology. e não de nom e apenas. nosso Senhor. e dizemos que essas duas estão de tal modo conjugadas ou unidas que não foram eliminadas. M aria. - 106 - . m oldando-se à posição Reform ada de que as propriedades de cada um a das naturezas de Cristo podem ser atribuídas à Pessoa de Cristo. (Cf. sobre esse assunto. de acordo com Sua natureza hum ana. ainda está no mundo e. conform e Apolinário ensinava. obscuras e incoerentes de Schwenkfeldt e de outros altercadores vãos. ou que o mesmo foi deificado. pág. de tal modo que adoram os um Cristo.. como Eunôm io ensinava. e se tornou total natureza divina e começou a ser um a única substância. nosso Senhor — a divina e a humana. em toda parte. Tam bém ensinamos e cremos que o eterno Filho do eterno Deus foi feito Filho do Homem. tam bém abominamos a loucura de Eutíquio e a dos monotelitas e monofisitas... Portanto. Pois nem pensam os nem ensinamos que o corpo de Cristo deixou de ser um verdadeiro corpo após Sua glorificação. ou por adoção. mas.. a qual foi proferida contra o Filho de Deus. a blasfema doutrina de Ário. porquanto “antropocêntrico não precisa ser confundido com hum anitário” .3. a declaração de M ackintosh pode ser verdadeira. fruto da im aginação fértil dos pensadores teológicos dos dias de Paulo em diante. Não obstante. Ora. cuja i magem agora se refletiria nos credos da Igreja. Os eruditos atare­ fados na estruturação da doutrina de Cristo com eçavam com o Logos. Na c risto lo g ia de . entretanto. Sua aplicação se fez aliada a forte aversão para com a autoridade e o sobrenatural. a saber. o fato é que o novo método foi empregado de tal modo que produziu resultados destrutivos. Lim itam o-nos a um a breve indicação de alguns dos pontos de vista mais notáveis referentes a Cristo. Até então o ponto de partida fora predom inantem ente teológico. (a) P onto de vista de S chleierm acher. Por mais de um século a atenção foi focalizada sobre o quadro do Salvador que é apresentado nos Evangelhos. NO SÉCULO XIX Durante o século XVIII houve notável m udança no estudo acerca da Pessoa de Cristo. Seu ponto de vista era antropológico. a Segunda Pessoa da Trindade. m as também à integridade e veracidade de ambas as naturezas. e que resultados m ais satisfatórios poderiam ser obtidos se se começasse m ais no centro. que “esses adjetivos não precisam im plicar em séria diferença de opinião quanto às conclusões finais”. a saber. com o estudo do Jesus histórico. O fator determinante na form ação de um conceito apropri­ ado de Jesus não era o que a Bíblia ensina a respeito de Cristo. e o Cristo teológico. delineado pelos escritores dos Evangelhos. mas nossos próprios descobrimentos e investigações dos fenôm enos de Sua vida e de nossas experiências com Ele. e a cristologia resultante era teocêntrica. no decorrer do século X V III houve crescente convicção de que esse não era o m elhor método. Teve início um novo período cristológico. ao m esm o tempo que havia concepções sobre Ele que se amoldavam ao espírito da época.107 - . E Aquele quem a Igreja sempre tivera como objeto de adoração divina. e em seguida buscavam interpretar a encarnação para fazer justiça à unidade da Pessoa do Salvador. Um a distinção perniciosa e de reverberações distantes se fez entre o Jesus histórico. e o resultado foi antropocêntrico. agora Se tom ou mero m estre de moralidade. e não construtivos. e muitos têm ficado tão satisfeitos com os resultados de tal estudo que se referem ao m esm o como redescobrim ento de Jesus. e para com insistente apelo à razão e à experiência. para reter algo da significação religiosa de Cristo Jesus. Não faltaram tentativas. O Senhor da G lória foi despido de tudo quanto é sobrenatural — ou quase — e a doutrina concernente a Cristo cedeu lugar aos ensinos de Jesus. entretanto. a fonte de toda verdadeira religião. Antes de tudo. (ii) O Cristo de Hegel. Se for isso verdadeira­ m ente apropriado. tendo perm anecido isento de pecado e perfeito na obediência. que pairava diante da mente de Deus desde o princípio e que pode ser chamado de Filho de Deus. em Sua suprem a consciência de Deus. Esse ponto de vista elimina o evangelho do Novo Testam ento. o ideal da perfeição ética. e mediante a fé viva nEle todos os hom ens podem tom ar-se perfeitamente religiosos. as crenças da Igreja referentes à Pessoa de Cristo são m eramente afirmativas gaguejadas dos hom ens acerca de idéias ontológicas — símbolos que expressam verdades metafísicas. e não em Jesus como uma Pessoa. Para Hegel. porém posto em circunstâncias mais favoráveis. encontrando nelas grande depósito de verdades racionais. na m edida em que se m aterializou na terra num a hum anidade perfeita. O racionalism o especulativo da Alem anha tam bém dizia ter sim pática apreciação por doutrinas espe­ cificam ente cristãs. que Ele m eramente simbolizava. (i) O Cristo de Kant. furta-nos nosso Senhor divino. além do que Ele cumpriu plenamente o destino do homem em Seu caráter de impecável perfeição. Isso se revela nas verdades da razão. Não é necessário postular o nascim ento virginal. Ele é o novo cabeça espiritual da raça. o auto-desdobramento da razão sob condições do tem po e do espaço. salvará os hom ens sem importar qualquer relação de caráter pessoal com Cristo. desceu do céu e se encarnou. porquanto não houve influências hereditárias sobre Ele que Lhe desse tendências pecam ino­ sas. Sua Pessoa foi constituída por um ato criador que elevou a natureza hum ana à plana de perfeição natural. homem verdadeiro como o prim eiro. Esse ideal ético. o Cristo kantiano meramente era um ideal abstrato. O que salva é a fé nesse ideal. Esse é o único sentido em que o Verbo Se fez carne e habitou . sendo o conteúdo da fé racional. O extraordinário caráter de Cristo frisa o fato que Ele teve origem incomum. A singularidade de Sua Pessoa consiste de possuir Ele um perfeito e ininterrupto senso de união com o divino.108 - . Ele é o hom em perfeitamente religioso. Ele reputa a história humana como o processo de form ação de Deus. capaz de anim ar e sustentar a vida mais elevada de toda a humanidade. da qual Jesus foi o m ais eminente pregoeiro e pioneiro. Sua dignidade transcendental acha explicação na presença especial de Deus em Sua vida.Schleierm acher dificilmente se pode dizer que Jesus Se elevou acima do nível humano. A Igreja ter-se-ia equivocado quando aplicou a Ele epítetos e concepções que por direito pertencem somente ao ideal ético. Ele foi o segundo Adão. e deixa-nos apenas com um pregador moralista. (b) Concepção de Kant e de Hegel. Se desfez de Sua divindade. O Senhor da glória tornou-Se sem valor. quando de Sua encarnação. Tudo quanto Ele realiza se tom a um a revelação de Deus. por fim. que é “lom ar-se sem estim a” (ver Christology and Criticism . que confinou a transcendência de Deus. No entanto. onde se lê que Cristo “se esvaziou a si m esmo. O termo grego aqui traduzido por “esvaziou” é ekenosen. e sim Seu estado de igualmente com Deus. ao fazer-Se servo. a Igreja expressa essa idéia somente de m aneira sim bólica e imperfeita.109 - . (c) A teoria Kenótica. até às di mensões de um mero lioinem. Contudo. a m anifestação histórica de Deus em Cristo é encarada de dois ângulos diferentes. NEle o próprio Deus Se aproxima de nós. que nos trouxe a doutrina do reino de Deus e um supremo código de m oralidade. encarnação essa expres­ siva da unidade entre Deus e o homem. sem importância. Em bora os estudiosos de Hegel difiram quanto à questão se ele concebia a encarnação com o algo puramente racial ou se considerava a encarnação singular de Jesus Cristo como seu ponto culminante. U m a errônea interpretação desse trecho se tom ou a base bíblica da doutrina kenótica. tomando a form a de servo” . Essa teoria evidentem ente resultou de um duplo motivo. pág. A hum anidade em geral reputa Jesus como um m estre hum ano. Os crentes. Foi feita notável tentativa. D e acordo com Hegel. ou no todo ou em parte. para então aumentar em sabedoria e poder. . recuperou a natureza divina. e (2) 0 objeto im plícito da ação expressa não é a divindade de Cristo. até que. Essas passagens foram interpretadas como se ensinassem que Cristo. porém. há sérias objeções a essa interpretação: (1) conform e mostrou W arfield. em poder e glória. form a aorista de kenoo. os kenoticistas baseiam sobre essa passagem e sobre 2 Coríntios 8:9 a sua doutrina de que o Logos literalm ente Se tornou ou foi transform ado em homem. a filosofia é que nos daria um a expressão mais perfeita. para melhorar a estruturação teológica da doutrina da Pessoa de Cristo. 375). Aqui encaramos uma identificação panteísta do humano e do divino na doutrina de Cristo. ao reduzir-Se a Si mesmo (perdendo 1 >ot encialidades). O termo kenosis figura em Filipenses 2:7. parece estar correta esta últim a interpretação.entre nós. toca em nós e assim nos eleva para a consciência divina. Naturalm ente. conform e nos dizem. Deus encam ou-Se na hum anidade. têm um ponto de vista bem superior a isso. e que nos deu um exemplo ao viver de conform idade com seus ensinam entos até à morte. na cham ada “doutrina kenótica”. juntam ente com 2 Coríntios 8:9. a tradução “se esvaziou” é contrária ao sentido usual do term o. A fé reconhece Jesus como ser divino. a saber: (1) (>desejo de m anter a realidade e a integridade da varonilidade de Cristo. Ele também reteve a exercia as Suas perfeições divinas na vida trinitariana. santidade. a encarnação foi algo necessário. Em face desse fato. um a vida dupla procedente de dois centros sem comunicação entre si. (d) Concepção de Dorner da encarnação. Na qualidade de Filho de D eus. De acordo com Tom ásio o Logos divino. Isso se parece m uito com a idéia de Apolinário. e não concorda com aquelas passagens das Escrituras que outorgam atributos divinos ao Jesus histórico. por parte do humano. mostrando-se infinita e finita por igual modo. na qual a receptividade do divino. e teria acontecido m esm o que não houvesse entrado no mundo o pecado. Ele continuava em Sua funções cósmicas trinitarianas. Ela subverte a doutrina da Trindade. na encarnação. fez-Se pobre por nossa causa. A hum anidade de Cristo foi um a nova hum anidade. literalm ente cessou em Suas funções cósmicas e em Sua consciência eterna. Ele frisa o fato que Deus e o homem se parecem . D om er pode ser consi­ derado o principal representante da escola medianeira sobre a doutrina de Cristo. foi aumentada até ao ponto máximo. tendo-Se reduzido de modo absoluto às condições e aos limites da natureza humana. defendida até hoje por alguns. como também mais popular. ao mesmo tempo.e (2) o desej ode ressaltar fortemente a grandiosidade da hum ilhação de Cristo. sendo rico. veracidade e amor. apesar de reter Seus atributos imanentes ou m orais de poder absoluto ou liberdade. na form a eterna e na form a tem poral. supunha um a vida dupla no Logos. Por um lado. E em sua form a m ais absoluta e coerente ensina o que La Touche denomina “encarnação por suicídio divino”. durante o tempo de Sua humilhação. Essa teoria. mas. E M artensen postula no Logos. pois Ele. por outro lado. e só Se reconhecia ser Deus no sentido em que tal conhecimento é possível às faculdades humanas. de tal maneira que Sua consciência tom ou-se pura consciência de um a alma humana. transcendental e historicamente. o Logos ter-Se-ia reduzido às dimensões de um homem. O m esm o “ego” existiria. Isso era necessário em face do fato que Cristo estava destinado a ser o Cabeça da raça . todavia na forma de Logos despotencializado Ele nada sabia dessas funções. despiu-Se tem porariam ente de Seus atributos de onisciência. que vivia no seio do Pai. Ela assum iu várias form as.110- . dizia que o Logos. a qual era mais absoluta e coerente. é contrária à imutabilidade de Deus. A teoria de Gess. e que na natureza essencial de Deus há o impulso de com unicar-Se com o homem. um erudito Reformado. Ebrard. antes muito popular sob uma forma ou outra. onipresença e onipotência. sem sofrer qualquer solução de continuidade. já perdeu grande parte de sua força de atração. tomando-Se dono de um a mera consciência humana. ainda que os tenha retom ado após a ressurreição. A cada estágio. porque isso não teria ponto de contato com a experiência da fé na comunidade cristã. que gradualmente se teria tom ado D eus-hom em em Sua concepção e nascimento. para o hom em Icm o valor de Deus. Com a exceção única de Schleierm acher. em Sua palavra e obra. tendo assim o direito de receber honras divinas. Então o Logos. ninguém tem exercido m aior influência sobre a teologia atual do que A lbrecht Ritschl. entretanto. tom a isso ainda menos inteligível do que se não assim dissesse. a encarnação e o nascim ento virginal de Cristo. M as a outorga do Logos à nova hum anidade não se com pletou de chofre. Cristo. sua m edida era deter­ minada pela crescente receptividade do divino por parte da natureza humana. Cristo seria mero homem. m as a sua idéia fundamental geralm ente é a mesm a — a da unidade essencial entre Deus e o homem. Outrossim. A obra de Cristo é que teria determ inado a dignidade de Sua Pessoa.redimida. Com base na m oderna idéia da imanência de D eus. uniu-Se a essa hum anidade. razão porque Cristo seria a mais elevada revelação do Ser Supremo. o princípio pré-criacional da revelação e da auto-outorga em Deus. Essas apresentações variam. é apenas um a contra-parte m oderna da interpretação de Paulo de Sam osata acerca do Jesus histórico. Ter-se-ia Ele destacado apenas por causa de Sua h ia ior receptividade pelo divino e devido à Sua superior consciência de I >t'US. trata-se de um a nova e sutil forma da velha heresia nestoriana. a doutrina da Pessoa <le Cristo com freqüência é apresentada hoje em dia em moldes totalmente naturalísticos. ao revelar Deus em Sua graça. visto que faz a união em Cristo consistir da união de duas pessoas. (f) Cristo na teologia moderna. verdade e poder remidor. só tendo atingido o estágio final na ressurreição. (e) Posição de Ritschl sobre a Pessoa de Cristo. enfatizando m uito mais a prim eira do que a segunda. a encarnação teria tido natureza progressiva. que segue linhas panteístas. . e não de Sua Pessoa. Essa teoria subverte as Escrituras. Ritschl não fala sobre a preexistência. Em sua cristologia ele parte da obra de Cristo. Aquele que realiza obras de Deus pode ser apropriadam ente descrito em term os de Deus. Sua perspectiva de Cristo. N a realidade. atribuim os-Lhe com justiça o predicado de Deidade. na realidade. e são diferentes dEle apenas quanto ao grau. face à obra por Ele realizada e ao serviço por Ele prestado. já que Deus está i ina nente em todos e que todos são filhos de Deus. Cristo teria diferido dos demais hom ens somente por ler maior consciência de Deus nEle imanente.111 - . Todos os hom ens seriam essencialmente divinos. pois retrata a encarnação como o nascim ento de um m ero hom em . e de Schleierm acher e Ritschl. por outro lado? Quais objeções existem à doutrina kenótica? Quais são as características censuráveis da cristologia do m odernismo? .112- .Perguntas para estudo posterior Quais erros antigos foram virtualm ente revividos por Roscelino e Abelardo? Qual era o niilismo cristológico em voga entre os discípulos de Abelardo? De que m aneira Pedro Lombardo via a Cristo? Os escolásticos trouxeram à prim eira plana quaisquer pontos de vista novos? Qual era a definição de personalidade. por um lado. geralm ente aceita pelos escolásticos? Foi Lutero o ocasionador do ponto de vista caracteristicam ente luterano do Com m unicatio idiom atum l Onde se pode encontrar a cristologia luterana oficial? Como se pode explicar as apresentações aparentemente contraditórias da Fórm ula de Concórdia? Quais diferenças cristológicas houve na Igreja Luterana? Quais objeções existem ao ponto de vista iuterano de que se podem predicar atributos divinos à natureza humana? Em que os luteranos e os reformados diferem quanto à interpretação sobre Filipenses 2:5-11? Em que se diferenciam a cristologia reform ada e a luterana? Qual é a principal diferença entre as discussões cristológicas dos dois últimos séculos e aquelas dos séculos anteriores? Quais as diferenças entre as cristologias de Kant e Hegel. postulada por Boécio. DOUTRINA DO PECADO E DA GRAÇA E DOUTRINAS AFINS .113 - . Por outro lado. e m esm o quando abordavam questões antropológicas. 321. pág. m uita evidência de verdadeira religião pessoal sempre que a divindade do Filho de D eus tem sido negada. estava vindo à tona no Ocidente. 2. outros problemas. de há muito m antida. Cunningham declara: “N unca houve. m as com freqüência tem havido profissão de sã doutrina sobre essa questão. resultando em apresentações bastante confusas. não só nunca houve m uita religião genuína onde não tem havido profissão de (louírina substancialm entehígida em relação aos pontos envolvidos na controvérsia pelagiana.115 - .16 ANTROPOLOGIA DO PERÍODO PATRÍSTICO 1. com ênfase preponderante sobre doutrinas que . em grande m edida. faziam-no superficialm ente. IM PORTÂN CIA DOS PROBLEM AS AN TRO PO LÓG ICOS Enquanto as controvérsias cristológicas agitavam o Oriente. pelo erro doutrinário sobre esses tem as. Sua relação com a obra da redenção ainda é m ais diretam ente evidente do que no caso das questões cristológicas. No pensam ento deles havia um certo dualismo acerca do pecado e da graça. Nesse cam po é que se acham as principais linhas dem arcatórias entre as grandes divisões do cristianism o. onde (cm havido pouca religião verdadeira. a ação t* a reação de um a coisa sobre a outra é algo imediato e m anifesto”. Sua im portância di ficilmente pode ser superestim ada do ponto de vista do cristianism o prático. entretanto tam bém — e esse é o ponto de contraste — a decadência da religião autêntica sempre foi acom panha­ da. Ilistorical Theology I. do livre-arbítrio e da divina predestinação. como os do pecado e da graça. de fato. AN TRO PO LO G IA DOS PAIS GREGOS O interesse principal dos Pais gregos jazia no campo da teologia e da cristologia. O poder de Deus coopera com a vontade hum ana. No entanto. Essa ligação. e chegou bem perto da doutrina do pecado original. influen­ ciado em grande parte por sua oposição ao gnosticismo. que houve alguns desvios desse ponto de vista geral. embora ela mesma não seja pecado e nem tenha envolvido a humanidade na culpa. Seu ponto de vista do pecado foi. Em nossa breve discussão deve ser suficiente a mera indicação das principais idéias que prevaleciam entre eles. contudo. Orígenes. a doutrina da graça divina que prevalecia nos ensinos dos Pais gregos foi profundamente influenciada e determ inada sobre­ tudo por sua concepção do pecado. Pode-se dizer. entretanto. Não há pecado original no sentido estrito do termo. até certo ponto. em cada caso. e sim somente a perfeição m oral de sua natureza. embora admitindo que certa polução hereditária se apega a cada um desde o nascimento. a m aior ênfase recaía sobre o livre-arbítrio do homem. da morte e da corrupção pecaminosa. Não negam a solidariedade da raça humana. . Naturalmente. todavia não com o lado superior e racional da natureza humana. ele não pode com pletá-la sem a ajuda divina. através do intelecto. e assim é que ficou sob o poder de Satanás. Não exerce nenhum efeito imediato sobre a vontade. Conseqüentem ente. mas o libre-arbítrio humano que tom a a iniciativa na obra da regeneração. que eles prepararam o caminho para o pelagianismo. e não com os de Agostinho. Frisavam o fato que a criação de Adão à imagem de Deus não envolveu sua perfeição ética. No entanto. Esses Pais nem sempre fizeram clara distinção entre o bem que o hom em natural é capaz de fazer e aquele bem espiritual que requer a força capacitadora do Espírito Santo. sobretudo no princípio. não se pode considerar culpados aos infantes. porém afeta a m esm a apenas de modo m ediato. o qual. Não é graça de Deus. sendo resultado da fraqueza e da ignorância. Deve-se notar. apesar de com eçar a obra. mas adm item seu liame físico com Adão. Essa corrupção física se propagou à raça humana. E Gregório de Nissa chegou ainda m ais perto de ensinar essa doutrina. capacitando-a a abandonar o mal e a fazer aquilo que é agradável aos olhos de Deus. que se propaga de pai para filho. porquanto herdaram somente a corrupção física. No todo. pensava residir a explicação disso na queda pré-natal ou pré-temporal da alma. Adão podia pecar. O pecado sempre se origina no livre-arbitrío do homem. é uma direta criação de Deus. até m esm o o grande Atanásio e Crisóstomo evitavam-na escrupulosamente. e pecou. se relaciona só com a natureza corporal e sensual. com ênfase sobre a necessidade física do mal e sua negação da liberdade da vontade.exibem m anifesta afinidade com os ensinamentos posteriores de Pelágio.116- . e não sobre as operações da graça divina. em todas as existências individuais dessa natureza. a teoria de que Deus e o hom em operam juntos na regeneração.C. algum as vezes ele usava linguagem que soa como a teoria sinérgica da regeneração. racional e voluntária em todos os pontos e em cada um a de suas individualizações. e algum as de suas expressões lem bram -nos ainda de alguns dos ensinos dos Pais gregos. porém. e isso m ostrou ser o caminho para a idéia do pecado inato. Tertuliano representa apenas o começo da antropologia latina. A doutrina de um a natureza pecam inosa.117 - . sobretudo nas obras de Tertuliano. isto é. mas continua sendo inteligente.C. encontra­ mos neles gradual preparação para o ponto de vista de A gostinho sobre o pecado e a graça. a propagação da alm a envolve a propagação do pecado. Parece que ele defendia que a culpa do pecado original não é tão grande quanto a de pecados fatuais. a natureza não perde suas qualidades distintivas.. m as nos séculos III e IV d. segundo a qual Deus teria sido criador da natureza hum ana genérica. . Ele alude à inocência dos infantes. em distinção a um a natureza corrupta. embora pareçam m ais incertos e contraditórios nessa questão do que o foram nlguns dos prim eiros Pais. bem como da renova­ ção m onenergética da alma. H ilário e Ambrósio. individualizandoa por m eio da procriação. tanto corpo quanto alma. Sua fam osa m áxim a era Traduz animae. ia-se manifestando gradualm ente o germ e da doutrina que se destinava a t ornar-se prevalecente no Ocidente. em distinção do m al inato. em conse­ qüência do que aderiam à teoria sinérgica da regeneração. porém provavelm ente supõe tal coisa somente no sentido relativo que estão livres de pecados vigentes. pelo que nascem em pecado. Ele casava sua doutrina de traducionism o a uma teoria de realism o. O pecado da natureza hum ana original continua sendo pecado. ou seja. O traducionism o de Tertuliano substituiu o criacionism o que foi postulado pela teologia grega. S U R G IM E N T O G R A D U A L D E O U T R A P O S IÇ Ã O N O OCIDENTE Essa antropologia grega tam bém influenciou m ais ou m enos o Ocidente nos séculos II e III d. e não nega inteiram ente a liberdade da vontade. tradux peccati. N os escritos de Cipriano há a tendência crescente na direção da doutrina da pecam inosidade original do homem.3. Ao m esm o tem po. ainda é mais claramente asseverada do que nos escritos de Ambrósio e Hilário. não postulam a total corrupção da vontade humana. Nesse processo. Considerando todos os pontos. Cipriano. E embora ele reduzisse a eficiência hum ana a um mínimo. Eles ensinam com clareza que todos os hom ens pecaram em Adão. de tal modo que suas atividades não cessam de ser atividades racionais c responsáveis. e não tanto como culpa? Como concebiam eles a propagação do pecado? Quais foram os principais representantes da teologia latina no princípio? Qual era a diferença entre a antropologia deles e a do Oriente? De que m aneira se pode explicar essa diferença? Como diferem um do outro criacionismo e traducionismo? .Perguntas para estudo posterior Quais foram os principais representantes da teologia grega no princípio? Em que sua oposição ao gnosticismo influiu sobre sua antropologia? O platonismo exerceu qualquer efeito sobre isso? Qual era a concepção deles sobre a condição original do homem? A Queda recebe a devida ênfase nos ensinamentos deles? Como você justifica a concepção de pecado que tinham como corrupção.118 - . e insistindo sobre certa medida de liberdade. AG O STIN H O E PELÁGIO As idéias de Agostinho sobre o pecado e a graça foram m oldadas. sustentando que a natureza hum ana não era original e necessariam ente má. após profunda agitação. Fazendo um a com paração entre os dois. durante as quais passou por grandes conflitos espirituais. Todavia. lágrimas e oração. Sua conversão ocorreu num jardim de M ilão. Nunca esteve realm ente sossegado durante os anos de seus desvios. e Am brósio foi o instrumento usado para conquistálo de volta para a fé. em certa medida. é mais provável que foi exatam ente seu senso de maldade inerente e de servidão espiritual que o levou a voltar-se para o maniqueísm o por algum tem po.17 DOUTRINAS PELAGIANA E AGO STINIANA DO PECADO E DA GRAÇA 1. por suas profundas experiências religiosas. até em ergir finalm en­ te na plena luz do evangelho. e quanto a isso. porquanto ele com bate os m aniqueanos exatamente nesses pontos. buscou refúgio no m aniqueísm o e quase caiu vítima de seus laços. Alguns percebem traços de influência m aniqueísta em seus m elancólicos pontos de vista da natureza hum ana como algo fundam entalm ente mau. Pelágio era hom em tranqüilo. até que por fim se voltou para Cristo. tão livre de misticism o com o de aspirações ambiciosas. Pelágio era hom em de tipo inteiram ente diverso.119 - . bem com o em sua negação da liberdade da vontade. sua . e tom ouse bispo de Hipona no ano de 395. Foi batizado em 387. Em suas Confissões ele nos conta que se afastou da vereda da moralidade e da religião. diz W iggers: “O caráter dos dois era diam etralm ente oposto. como base da responsabi­ lidade humana. não fora dotado de santidade positiva. Algumas vezes faz-se a pergunta se o agostinianismo não foi apenas um a reação contra o pelagianismo e.120- . Sua condição original era neutra. de vida austera. Está isento não só de culpa. no entanto. pois fora criado mortal no sentido que já estava sujeito à lei da morte. como também de polução. antes de seus autores terem conhecido os ensinamentos um do outro. que em suas form as originais os dois pontos de vista foram desenvolvidos indepen­ dentem ente. Portanto. o que o capacitava a escolher com igual facilidade qualquer dessas alternativas. Pode-se dizer. de caráter impoluto. Adão. daquelas lutas contra o pecado. Sua queda no pecado prejudicou exclusi­ vamente a ele mesmo. segundo a sua fisionomia espiritual totalm ente diferente. O ho­ m em continua nascendo na mesm a condição em que Adão estava antes da Queda. Podia pecar ou refrear-se do pecado. Am bos expunham elementos que já esta­ vam presentes nos escritos dos Prim itivos Pais da Igreja. que tiveram profunda influência no m oldar do pensam ento de Agostinho. inexiste tal coisa como o pecado original. assim que surgisse um a ocasião externa para tanto”. que de qualquer m aneira pudesse determinar o curso de sua vida. mas com capacidade tanto para bem como para o mal. conforme lhe conviesse.. fatalm ente entrariam em choque. a declaração fundam ental do agostinianism o foi determinada. pelo pelagianismo. 2. Teria um a vontade livre e inteiramente indeterm inada. daquelas profundos experiências com um a graça todo-renovadora. nem santa nem pecaminosa. e talvez por essas exatas razões fosse desconhecedor daqueles conflitos da alma. Pelágio era um monge britânico. Sua m ortalidade não dependia de sua escolha. inevitavel­ . e não tolheu a natureza humana para o bem. ambos pensavam de modo diverso. ele escolheu o pecado. portanto. PO SIÇÃO DE PELÁGIO SOBRE O PECADO E A GRAÇA As mais importantes questões que foram debatidas entre Pelágio e Agostinho envolveram o livre-arbítrio e o pecado original. ao ser criado por Deus. Conforme Pelágio. conseqüentem ente.. Não existem tendências e desejos maus em sua natureza que. não se pode negar o fato que quando os dois se ocuparam em combate mortal. Sem qualquer mau antecedente em sua natureza. Augustinianism and Pelegianism. pág. em alguns dos seus detalhes. além disso. Não existe transm issão hereditária de natureza pecaminosa ou de culpa e. de tem peram ento equilibrado. e vice-versa.m aneira de pensar e de agir deve ter sido totalm ente diferente da de Agostinho. em grande parte deter­ minado pelo seu antípoda. e ambos. Ao mesmo tempo. 47. Ao voltar-se do mal para o bem . ainda que reputasse tal batismo como mero rito de consagra­ ção ou como antecipação do perdão futuro. Pelágio opinava que eles deveriam ser batizados. o pecado é universal — e Pelágio adm itia que assim é — isso se deve somente a um a educação errada. ou noutras palavras. ajudando-o a conquistar o mal em sua vida. Ao mesmo tempo. embora não estejam excluídas de um estado inferior de bem-aventurança. da influência do Espírito Santo. (a) Sua idéia do pecado.mente. E o próprio fato que Deus ordena ao hom em praticar o bem é prova positiva de que ele é capaz de cumpri-lo. o qual se cham a de vida eterna. embora a operação desta seja uma decisiva vantagem . a despeito disso. O pecado não consiste de afeições ou desejos errôneos. o hom em não depende da graça de Deus. resultem em pecado.121 - . Não obstante. cria que o ato de pecado pelo qual a alma perdeu contato com . e do exem plo de Jesus Cristo. porém tão-somente de dons externos e de dotações naturais. por exemplo. mesmo em seu estado antes da Queda. ele é dotado de perfeita liberdade de vontade. Em oposição aos m aniqueanos Agostinho destacava fortem ente o caráter voluntário do pecado. o hom em não precisa pecar. de tal modo que. De fato. m as foi determ inada prim ariam ente pelo seu cuidadoso estudo da Epístola aos Rom anos e pela sua concepção geral da alma em suas relações com Deus. a qualquer instante ele pode escolher o bem ou o mal. mas somente de atos separa­ dos da vontade. De modo bastante ilógico. A única diferença entre um hom em e Adão é que aquele conta com o mau exemplo à sua frente. E em cada caso depende da escolha voluntária do indivíduo. Tal como Adão. Se. 3. como é o caso. com capacidade de escolha ou de indiferença. a um hábito de pecar desde há m uito estabelecido. da natureza racional do homem. como absolutam ente dependente de Deus para que pudesse concretizar seu destino. a graça da qual Pelágio fala nessa conexão não consiste de uma operação interna da energia divina. ele tomava a posição que as crianças estão excluídas do reino dos céus. Ele considerava o homem. PO SIÇÃO DE AGOSTINHO SOBRE O PECADO E A GRAÇA A posição de Agostinho sobre o pecado e a graça sem dúvida foi influenciada um tanto por suas prim eiras experiências religiosas e pelos ensinos errôneos do sistema de Pelágio. Em bora houvesse pouquíssimo lugar para o batism o de infantes dentro de tal sistema. ao mau exemplo. das revelações divinas nas Escrituras. Sua responsa­ bilidade está na medida de sua capacidade. que inclina a vontade e capacita o hom em para praticar aquilo que é bom. pelo que tam bém ela realmente pecou em Adão. e sob o domínio do m al. não pode querer aquilo que é bom aos olhos de Deus. mas de um privatio boni. e em conseqüência entrou no estado de non posse non peccare et mori (incapacidade de não pecar e m orrer). o pecado da n atu reza hum ana foi o pecado de to d as as suas individualizações. Toda a raça hum ana estava germ inalmente presente no primeiro homem. Agostinho não nega que a vontade continua dotada de certa liberdade natural. vai afundando cada vez m ais em servidão. no poder desordenado dos desejos sensuais. o hom em não pode mais querer o verdadeiro bem.Deus subjugou-a ao mal necessário. Ao m esm o tem po ele m antém que o homem. Pecou.122 - . pois na verdade continha a aspirar por Deus. que são porções orgânicas daquela natureza hum a­ na genérica que se achava presente em Adão. A m orte resultou do pecado e da perturbação por ele introduzida. só é bom aos olhos de Deus aquilo que se origina do m otivo de amor a Deus. em opo­ sição à lei da razão. Isso não significa. sobrecarregado como está de pecado. . nem pode concretizar o seu verdadeiro destino. Do estado da posse non peccare et mori (capacidade de não pecar e m orrer). e sim. entretanto. de grande número de individualizações. Para ele. a raiz básica do pecado está naquele amor-próprio que tomou o lugar do amor a Deus. Ela ainda é capaz de atos que são civilm ente bons. Agostinho não considera o pecado como algo positivo. e sim como negação ou privação. Em resultado da entrada do pecado no m undo. teria sido confirmado na santidade. isto é. Em resultado do pecado. Agostinho concebe a unidade da raça hum ana não de modo federal. que é da alma. o qual está alicerçado sobre o am or de Deus. O resultado geral da deserção do hom em se vê na concupiscência. porém que tinha a capacidade de imortalidade corpórea. m as é organicam ente constituída. isto é. porém. de grande número de indivíduos relativamente independen­ tes. teria passado para o estado de non posse peccare et mori (incapacidade de pecar e m orrer). mas antes. Por conseguinte. o hom em ficou totalm ente depravado e incapaz de qualquer bem espiritual. Segundo ele vê as coisas. A raça não é individualmente constitu­ ída. Através do vínculo orgânico entre Adão e seus descendentes é que aquele transmite a eles a sua natureza caída. e de um ângulo inferior são até dignos de louvor. realista. separado de Deus. que perdeu todo o senso de Deus. privação do que é bom. Não se trata de um mal substancial adicionado ao homem. o que não significa que estava fora do alcance da m orte. O homem fora criado como ser imortal. Se ele se tivesse m ostrado obediente. juntam ente com a culpa e a corrupção que lhe segue o rastro. porém para a completa renovação da íntima disposição do homem. E necessária a operação do Espírito Santo. apresentando Deus como Aquele que elegera aqueles que Ele sabia que haveriam de crer. que se prolonga pela vida inteira. É m ister nos resguardarm os de possíveis mal entendidos aqui. o Espírito de Deus emprega a lei para produzir o senso de culpa e de pecado. Dessa m aneira. conduziu à sua doutrina da predestinação. se volta para a virtude e para a santidade.(b) Sua idéia da graça. não meramente com o propósito de suprir um a deficiência. mas para que creia. No primeiro estágio. isso faz a predestinação depender da prevista livre ação do homem. A vontade do hom em precisa ser renovada. A princípio. aos quais ele denomina de “graça preveniente”. contrária à natureza do homem como agente livre. A vontade do hom em é renovada. e nessa conexão fala de “graça irresistível”. Diz Shedd: “A graça é conferida ao hom em pecaminoso não porque ele crê. Inclusas na obra da graça estão a inteira renovação do hom em à imagem de Deus e a transform ação espiritual do pecador num santo.123 - . do começo ao fim — um a operação da graça divina. M as logo . Dificilmente ele se atém à linha m estra de seu pensam ento quando ensina que a Igreja é um a despenseira mais ou menos independente da graça divina. que ela de tal maneira altera a vontade do hom em que este escolhe voluntariam ente aquilo que é bom. O que Deus faz no tem po. na qual se pode dizer que o homem coopera. Quando Agostinho atribui a renovação do hom em exclusivamen­ te à graça. Pelo que já foi dito. é o que Ele determ inou fazer em Seu plano eterno. Ele usa o evangelho para produzir aquela fé em Cristo e na Sua obra expiatória que floresce na justificação e na paz com Deus. “graça operante” e. para que ele seja levado à conform idade espiritual com a lei. Agostinho distingue vários estágios na obra da graça divina. em prol da graciosa renovação do pecador. “graça cooperadora”. segue-se que a doutrina de regeneração ensinada por Agostinho é inteiram ente m onenergética. A exposição de Agostinho sobre a graça de Deus como causa eficiente da salvação. de sua livre escolha. a graça de Deus tom a-se a fonte de todo o bem no homem. a vontade renovada do hom em coopera com Ele na obra de santificação. Deus pode operar e realmente opera sobre a vontade do hom em de tal maneira que este. finalmente. e no terceiro. não queria dar a entender que a graça divina se impõe à vontade. Na realidade. e assim lhe é restaurada sua autêntica liberdade. no segundo. A eficiência divina na regeneração resulta na conversão do pecador. pois a própria fé é um dom de D eus” . ou quando fala em regeneração batismal. mas antes. e isso é obra exclusiva de Deus. pois. Agostinho manifestou a tendência de considerar a predestinação como contingen­ te à presciência divina. No tocante aos não-eleitos. represen­ tada por Pelágio. Usualmente ele via a predestinação em conexão com a salvação do pecador. foi perfeitamente natural que a posição de Agostinho. Não é de adm irar que seus pontos de vista tivessem sido contrariados. como outros tantos efeitos da graça divina. nos seus ensinamentos também há um elem ento estra­ nho ao seu pensam ento principal. por seu discípulo. a idéia de que a graça da regeneração pode vir a ser perdida novamente. e assim modificou. é que são finalm ente salvos. incluindo o livrearbítrio. a graça da regeneração é restaurada. que derivava tudo da graça divina. Celéstio foi declarado herege em Cartago. em oposição à idéia pagã da sorte ou destino. Os dois sistemas eram antípodas absolutos. Adm itia-se que a natureza hum ana é corrupta. Ele dizia que somente aqueles que são regenerados eperseveram . de acordo com isso. A Igreja Oriental ressaltava preferencialm ente o elem ento de liberdade na natureza humana. Celéstio. se Agostinho foi um estrito defensor da predestinação. A questão do seu desvio dos ensinos geralmente aceitos pela Igreja foi ventilada em vários concílios. de 409 a 411 d. os Pais gregos se contentavam em colocar a graça de Deus e o livre-arbítrio lado a lado. No cômputo geral. ele concebia o decreto de Deus como m era omissão. 4. Em 412. a sua doutrina da predestinação. e chegou a afirm ar que essa poderia ser chamada: salvação vista subspecie aeternitatis (do ponto de vista da eternidade). Em face de tudo isso. Seu sistem a foi introduzido na Igreja da África do Norte. Pelágio expôs seus pontos de vista prim eiram ente em Roma.124 - . CONTROVÉRSIAS PELAGIANAS E SEM I-PELAGIANAS N a controvérsia pelagiana. tendo sido escomungado ao negar-se ao retratamente. Ao mesmo tempo. após a perda. e que a nova vida era comunicada quando do batismo. pois os problem as envolvidos nunca haviam ainda sido discutidos de modo completo. A reprovação diferiria da eleição no fato que aquela não é acom panhada por qualquer eficiência divina para garantir o resultado tencionado. Entretanto. foram submetidos a teste as idéias de Agostinho sobre o pecado e a graça. Pelágio se dirigiu à Palestina para propalar suas idéias. O próprio Pelágio foi acusado de heresia .C. ou em quem. Contudo.percebeu que a coerência e uma justa interpretação das passagens relevantes das Escrituras exigiam que ele considerasse a escolha hum ana do bem e a sua fé em Cristo. às tentações sensuais e à morte. tivesse entrado em colisão com a tendência oposta. a saber. tendo ficado sujeita a Satanás. há uma características equilibradora na sua assertiva de que os eleitos jam ais morrem em condição não-regenerada. com sua forte coerência lógica. e alicerçando a predestinação sobre a fé e a obediência previstas. apareceu um m ovim ento intermediário.perante os sínodos de Jerusalém e Dióspolis (também na Palestina). e não fatalm ente prejudicada pela Queda. No ano de 416. que antes havia entregue a Pelágio um certificado de ortodo­ xia. A regeneração é o produto conjunto de ambos os fatores. Finalm ente. Bede e Alcuíno. O sistema semi-pelagiano foi condenado por ocasião do importante Concílio de Orange. quem dá começo à obra. Faltava-lhes. que vindicou um agostinianism o moderado. em virtude do que pode cooperar com a graça divina. em 431. Não negava a corrupção hum ana. O seu principal representante era Cassiano. Zózimo. que condenou o nestorianism o. conseguiu satisfazer aos seus juizes. que na história ficou conhecido como Semi-Pelagianismo. como Leão e Gregório. A natureza hum ana caída retém certo elemento de liberdade. aderiram à mesma. o Concílio de Éfeso. Pode ser dito que os mais importantes líderes da . contudo. Entre os extrem os do agostinianism o e do pelagianism o. mas por m eio de explanações plausíveis e por haver qualificado diversas de suas declarações. tam bém baixou sentença condenatória contra o pelagianismo. abade de M assília (atual M arsel­ ha). m esm o ali. posto nunca terem sido tão positivos e iiiflexíveis quanto Agostinho.125 - . e não Deus. pelos sínodos de M ileve e Cartago. As idéias semi-pelagianas se espalharam sobretudo na Gália. O semi-pelagianism o fez a fútil tentativa de evitar todas as dificuldades dando lugar tanto à graça divina como ao livre-arbítrio hum ano como fatores coordenados da renovação do hom em . bem como sobre a absoluta necessidade da graça divina na renovação. Tam bém encontraram hábeis defensores em Fausto de Régio e Genádio de M assília. Para dizer a verdade. Punham grande ênfase sobre a escravização da vontade hum ana. mas considerava que a natureza do hom em fora enfraquecida ou enfermada. embora sua aceitação jam ais tenha sido geral. ao asseverarem a preterição e reprova­ ção dos perdidos. poderia manter-se firme contra os assaltos de Pelágio. A doutrina agostiniana do pecado e da graça foi adotada como antropologia do Ocidente. em 418. e essa decisão foi finalm ente endossada pelo vacilante bispo de Roma. não podendo eles sustentar-se em debate contra um sistema tão compacto e bem estruturado como era o agostinianismo. coerência interna. todavia seria realm ente o iiomem. o pelagianism o foi condenado com o um a hereisa. essa posição interm ediária serviu para frisar claram ente — como nenhum a outra coisa poderia ter feito — que som ente um sistema como o de Agostinho. tendo sido inocentado (414-416). Hom ens influentes. a Igreja latina adotou a antropologia da Igreja grega. de que m aneira? De que modo sua doutrina do pecado e da graça o levou à sua doutrina da predestinação? Que idéia fazia ele do decreto de reprovação? . No decorrer do tem po. durante os dois ou três séculos que se seguiram a Agosti­ nho. E o Sínodo de Orange adotou um agostinianismo moderado. E a doutrina da predestinação dupla — predestinação também para o mal — foi abandonada em 529. Tanto o pelagianismo como o sem i-pelagianism o foram condenados como contrários à fé ortodoxa. Gradu­ almente. mas a doutrina da graça irresistível da predestinação foi suplantada pela idéia da graça sacram ental do batismo.Igreja perm aneceram leais à porção m ais prática da antropologia agostiniana. A doutrina agostiniana da salvação unicam ente pela graça foi vitoriosa. antes e depois da Queda? Ele atribuía um caráter voluntário ao pecado ou não? Ele reputava ou não a concupiscência como um pecado? Como você justifica sua ênfase sobre o pecado como uma privação? Sua doutrina do pecado original ultrapassava à dos mais antigos Pais? Nesse caso. que desde há muito garantira base segura no Oriente. Perguntas para estudo posterior No que diferia a antropologia do Oriente da do Ocidente? As doutrinas de Pelágio e Agostinho eram novas na Igreja? Qual era o erro fundam ental de Pelágio? Em que a doutrina do livre-arbítrio afeta as doutrinas do pecado e da graça? Por que ele frisava o livre-arbítrio humano? A doutrina do livre-arbítrio é psicologicamente exequível? Por que é insuficiente a sua explicação da universalidade do pecado? Qual era sua concepção da graça de Deus? E que valor ele lhe dava? Ele negava totalm ente a graça como um a energia espiritual interna? Que base bíblica ele tinha para a sua doutrina? Qual a concepção de Agostinho sobre a liberdade da vontade. como doutrina da Igreja. tendo aderido à mesma desde então. o declínio geral que houve na igreja católica rom ana a conduziu na direção descendente do semi-pelagianism o.126 - . Suas inclinações religi­ osas levaram -no a renunciar ao mundo. Através do pecado do prim eiro hom em . A obra da redenção tem início com a graça de Deus.18 ANTROPOLOGIA DA IDADE MÉDIA 1.127 - . De fato. Por essa razão. durante a Idade M édia. tom ou-se autor de grande reputação e muito fez por dissem inar a sã doutrina. em 590. Tendo sido eleito papa por unanim idade. m as Gregório nunca levou essas idéias à sua conclusão lógica. Em bora não fosse pensador original. Ele explica a entrada do pecado no mundo através da fraqueza humana. O prim eiro pecado de Adão foi um ato livre. todavia. Jerônimo e Ambrósio. e após o falecim ento de seu pai ele devotou suas riquezas a boas obras. Isso soa como Agostinho. só aceitou a posição com grande relutância. O agostinianism o de Gregório era um tanto atenuado. e assim o homem é capacitado a m erecer algo da parte de Deus. era estudante diligente de Agostinho. todos os hom ens se tom aram pecadores e. e ensinava que o hom em não perdera a liberdade. IDÉIAS D E GREGÓRIO O GRANDE Gregório o Grande. A transform ação do hom em começa no batismo. foi a autoridade de m aior influência na Igreja. nascido em Rom a cerca de 540. Gregório só reteve a doutrina da predestinação sob form a modifi. no qual desistiu do seu am or a Deus e tom ou-se sujeito à cegueira e à m orte espirituais. sujeitos à condenação. para a promoção de um a vida puram ente contemplativa. particularm ente à ereção de mosteiros. Paralelam ente a isso. ele frisava que sem a graça não pode haver nem salvação e nem quaisquer méritos luimanos. e a graça subseqüente capacitam -nos a pô-lo em prática. Ele considerava o pecado m ais como um a fraqueza ou doença do que com o culpa. a história da doutrina na Idade M édia forçosam ente começa com ele. A vontade é renovada e o coração se replena do amor de Deus. Depois de Agostinho. como (ais. A graça preveniente faz os hom ens quererem o bem. Agostinho era entendido som ente confor­ me interpretado por Gregório. porém som ente a bondade da vontade. o que cria fé e cancela a culpa dos pecados passados. Retramno. pois isso tom aria um decreto divino dependente dos atos humanos. a um a dupla predestinação. . e no ano seguinte ele foi açoitado e sentenciado ao aprisionam ento perpétuo. enquanto que os últim os aplicavam o termo “predestinação” somente à eleição para a vida. Am bos subscreviam à idéia da graça sacramental. Sofreu ele muita oposição sem base. Entretan­ to. defen­ deram a doutrina da dupla predestinação como agostiniana. pois saberia que eles iriam aceitar o evangelho. e Isidoro de Sevilha continuou escrevendo como se ela fosse dupla. isso só se daria como algo alicerçado sobre a presciência de Deus. Ele se mostrou cauteloso. concernente ao número certo e definido de eleitos. Os prim eiros aludiam. Seus oponentes não o com pre­ enderam. Deus designaria um certo número definido para a salvação. contendendo vigorosamente pelo dupla predestinação. e em considerar o pecado m eram ente como objeto de um decreto perm issivo que. como Prudêncio. A presciência m eramente acompanha a predestinação e confirma a sua justiça. Surgiu então Gottschalk.128 - . Ele rejeitava explicitamente a idéia de uma predestinação baseada sobre a presciência.cada. que só achava descanso e paz para a sua alma na doutrina agostiniana da eleição. Seguiu-se um debate. em 848. M as muitos dos seguidores de Agostinho dos séculos VII. não obstante. 2. furtando-lhes o valor espiritual e reduzindo-os a m eras form alida­ des. Se ele fala da graça irresistível e da predestinação com o um conselho secreto de Deus. ou seja. tom ou-o certo. ou a de qualquer outra pessoa. Rem ígio e outros. com Agostinho. tem en­ do que a teoria estrita da predestinação viesse a depreciar os sacram en­ tos. assacando contra ele a acusação comum de que seus ensinos tom avam Deus autor do pecado. ninguém poderia ter certeza de sua próprio eleição. Sua doutrina foi condenada em M aience. Tanto os defensores como os atacantes eram sem i-pelagianos de coração. em limitar a eficiência divina à porção rem idora e à produção da santidade. porém baseavam a reprovação sobre a presciência. Expressavam a mesma idéia de ângulos diferentes. no qual vários teólo­ gos influentes. e igualmente alicerçavam a reprovação sobre a presciência. A CO NTROV ÉRSIA GOTTSCHALKIANA Ocasionalmente Agostinho aludira a um a dupla predestinação. enquanto que especialm ente Rabano e H incm ar de Rheims a atacaram. Contudo. interpre­ tando-a conform e Gregório fizera. V III e IX já haviam perdido de vista esse duplo caráter da predestinação. no fim essa controvérsia m ostrou ser pouco mais do que um debate em tom o de palavras. entretanto. tanto dos salvos quanto dos perdidos. ao passo que na condenação dos que perecerão os m aus m éritos antecedem o justo juízo de Deus. ficou o homem culpado e poluído. e por qual m otivo os infantes deveriam ser batizados para a rem issão do mesmo. 33. A CO NTRIBUIÇÃ O DE ANSELM O Houve um grande pensador. ao passo que os pecados factuais posteriores têm caráter inteiramente individual. tem sua origem em um pecado da natureza. . Na predestinação. a m isericórdia de Deus antecede os bons méritos. Ele encontra a explicação disso no fato que a natureza hum ana apostatou após a criação. e não a predestina. Ele frisava a doutrina do pecado original. II. Em sua opinião o pecado original poderia ser chamado peccatum naturale (pecado natural). a natureza hum ana não teria apostatado. (a) Sua doutrina do pecado. Deus determinou somente aquelas coisas que Ele m esm o faria. e sim ao indivíduo na atual condição das coisas. entretanto. 3. m as que. ou com base na m isericórdia gratuita ou com base cm juízo justo. No atual estado de coisas. pág. A declaração do Concílio de V alência reza: “C onfessam os a predestinação dos eleitos para a vida. Não tivesse Adão caído. e um a natureza santa teria sido transmitida de pai para filho. durante a Idade M édia. embora não pertencente à natureza hum ana como tal. e no últim o as dos defensores. Anselm o de Canterbury. que não só reproduziu a antropologia agostiniana. e tanto a culpa quanto a polução são agora transm itidas de pai para filho.. Todo pecado. ele levanta a questão de como o pecado pode ser atribuído aos infantes. pois. bem como a predestinação dos ímpios para a morte. posto não proceder dEle”.As decisões dos Concílios de Quierci e Valência concordaram inteiram ente com aqueles pontos de vista. History ofD octrines. sem embargo. a saber.129 - . no prim eiro foram reproduzidas as posições dos atacantes. Visto que o pecado pressupõe o exercício do livre-arbítrio. propaga-se um a natureza pecaminosa. m as destacava o fato que o term o “original” não se refere à origem da raça hum ana. lornando-se assim culpada e poluída. quer o original ou o factual. na eleição dos salvos. Por causa da Queda. de tal modo que ela também pecara em Adão. À semelhança de Agostinho ele tinha cada criança como um a porção individualizada daquela natureza hum ana geral que A dão possuía. Citado por Seeberg. O pecado original. antes represente uma condição para a qual ela foi trazida desde a criação. constitui-se em culpa.. Esses Concílios ocorreram em 853 (Quierci) e 855 (Valência). M as que nos ímpios Ele teve presciência da iniqüidade porque procede deles. como também fez contribuição positiva à m esm a. repousa sobre a culpa do indivíduo. em virtude da possibilitas peccandi (possibilidade de pecar). ou seja a possibilitas utriusque partis. Ele assevera a definição popular de liberdade como o poder de pecar ou de não pecar. embora individualizada. A isso Anselmo responde que o ato de nossos prim eiros pais certam ente foi um a ação espontânea. a culpa da natureza. se isso é assim realmente. ou de que . e também porque não responde à indagação por que somente o prim eiro pecado de Adão foi imputado à sua posteridade. de pura vontade própria. nada adicionaria à liberdade deles. em Adão. e nada mais. Possuem eles perfeita liberdade moral e. já que todos os pecados que se seguiram são cometidos pela mesma natureza hum ana. por si m esm a e sem compulsão externa. isto é. Sem dúvida esse é um ponto débil no sistema de Anselmo. (b) Sua doutrina da liberdade da vontade. ao passo que. como um a definição inadequada. e sim a despeito dela. A isso Anselmo responde que o ato de nossos prim eiros pais. A verdadeira finalidade e o destino da vontade não é escolher ou o bem ou o mal. Isso não funciona no caso dos santos anjos. Nesse particular. Sua verdadeira liberdade consiste de sua auto-determinação de seguir a santidade. Todavia. Ele também chama atenção para o fato que. Pecaram. em sua posteridade. poderíamos perguntar se podemos tachar de ato livre a apostasia dos anjos e dos nossos prim eiros pais. Na pessoa de Adão foi testada a raça hum ana em sua inteireza. Anselmo distingue entre a verdadeira liberdade e a própria faculdade voluntária. Isso significa a rejeição da idéia de que liberdade é capricho. porquanto eram voluntariam ente santos sem isso. nunca houve segundo igual a ele. é mais livre do que a vontade tão debilmente inclinada para o direito que é capaz de afastar-se do caminho da justiça. não devido à sua liberdade. e sim é escolher o bem. por ser transgressão de um indivíduo que em si mesmo incluía a hum anidade inteira. fazendo algumas sugestões valiosas. Anselm o também discutiu a idéia problemática da liberdade da vontade. Sua resposta é negativa. o pecado original. O pecado de Adão foi singular. O poder de agir diversamente do que fizeram . A faculdade voluntária foi tencionada pelo Criador para que quisesse o bem. no entanto. Anselmo chega perto da idéia posterior do pacto. Ele afirmava que a vontade que. não são capazes de pecar. embora não um ato de liberdade genuína. m as não a última. e não tam bém seus outros pecados.130- . está firm em ente inclinada para o direito a ponto de não poder abandonar a vereda da retidão. a culpa do indivíduo jaz sobre a culpa da natureza.Anselmo levanta a questão se os pecados dos ancestrais imediatos são imputados à posteridade do mesmo modo que o pecado daquele prim eiro progenitor. A prim eira se perdera. porque tais pecados não foram cometidos pela natureza comum em Adão. porém em face da constituição m esm a de sua natureza ficou sujeito ao conflito entre a carne e o espírito. um donurn superadditum. todos pecaram nele. a santidade. PECULIARIDADES D A AN TRO PO LO G IA CA TÓ LICO ROMANA A igreja católica romana abrigava claram ente duas tendências. A suprem acia do elem ento superior sobre o inferior. do homem. Prevalecia gradualmente a idéia de que a retidão original não era um dote natural. quando dada com o propósito de provação. porque a expõe aos azares de um a escolha ilegítima. O hom em . A pesar de que o s escolásticos m uito diferem quanto à natureza do pecado original. a saber. e dessas propensões diversas e contrárias surge um conflito (concupiscência). naturalmente consiste de carne e espírito. mas apenas a perda de um dom sobrenatural. foi constituído representante de todos os seus descendentes. que serviria de entrave que m antém a porção inferior do hom em na devida subordinação à porção superior. afirm avam . a . e esta última a Deus. o hom em retrocedeu à condição de um irrestrito conflito entre a carne e o espírito. Não podemos acom panhar aqui todas as discussões dos escolásticos. a saber. das quais a últim a gradual­ mente foi assum indo a preponderância. o cabeça da raça humana. e não por compulsão externa. Isso quer dizer que a apostasia do hom em não envolveu a perda de qualquer dote natural do hom em .131 - . O hom em foi reconduzido a um a condição de neutralidade.a vontade foi criada com a liberdade de ser indiferente. em sua natureza. que fora criado sem retidão positiva. Perdida a retidão original. o qual geralm ente dificulta a ação reta. um a semi-agostiniana e outra sem i-pelagiana. Essa retidão original seria um dom sobrenatural. Para contrabalançar as desvantagens dessa origi­ nal debilidade da natureza. Deus adicionou ao homem um dom notável. 4. foi fatalm ente debilitada. na qual não é pecaminoso e nem santo. estranha à natureza essencial do hom em . Em vista de que Adão. dim inui a perfeição da liberdade real. e sim sobrenatural. Com a entrada do pecado no m undo o hom em perdeu essa retidão original. A capacidade de escolher o erro. a retidão original. Em virtude da criação. algo acrescentado à natureza do hom em . mas tam bém sem injustiça positiva. No entanto a aceitação dessa finalidade precisa ser um a auto-determinação. tendo c hegado ao m undo carregados com o pecado original. pelo que sim plesm ente afirmaremos os ensinam entos característicos que gradualm ente foram surgindo. a vontade foi confinada à escolha de um único objeto. O hom em se prepara e dispõe para a graça da justificação. que supostam ente seria a retidão infundida no homem. Esse pecado é universal e voluntário.opinião prevalecente entre eles é que não se trata de algo positivo. o pendor para o mal. o monenergism o dos reformadores era contradito pelos católicos romanos com m aior veemência do que o faziam contra qualquer outra doutrina. mas que idéia prevaleceu por fim? Em que os pontos de vista de Gregório o Grande eram diferentes dos de Agostinho? Gottschalk afirmava que Deus predestinou os réprobos para com eterem pecado? Quais interesses práticos estariam sendo am eaçados por seu ensino? No que a concepção de A nselm o sobre o pecado original se mostrava defeituosa? Ele ofereceu algum a explana­ ção adequada para a transmissão do pecado? Em que diferia da de Pelágio a sua concepção da liberdade da vontade? Quais diferentes pontos de vista do pecado original se m ostravam correntes entre os escolásticos? Os católicos romanos acreditam que a queda do hom em afetou a sua natureza constitucional? De que modo definem eles o pecado original? No que isso difere da concupiscência? Eles atribuem liberdade da vontade mesmo após a Queda? Em que sentido? . Os católicos romanos repudiam a idéia da impotência espiritual do hom em e sua total dependência da graça de Deus para que experimente renovação. Alguns deles entendem que a retidão original significa que a justiça original foi superposta ao homem. a despeito do fato que alguns deles adicionam um elemento positivo. Adotam a teoria do sinergismo na regeneração. a saber. Perguntas para estudo posterior Por que a Igreja hesitou em aceitar o agostinianismo estrito? Em que direção a Igreja pendeu a princípio. além do que outros ainda acrescentam a isso a justitia naturalis. particularm ente a privação da justiça original. por ser deriva­ do do nosso progenitor original. o que quer dizer que o hom em coopera com Deus na renovação espiritual da alma.132 - . Não deveria ser identificado com a concupiscência. antes seria a ausência de algo que deveria estar presente. porquanto essas coisas não são pecaminosas. Durante os dias da Reform a. com os maus desejos e com a sensualidade presentes no hom em . no mais estrito significado do vocábulo. m as tam bém é total corrupção da natureza hum ana.19 ANTROPOLOGIA DO PERÍODO DA REFORMA 1. embora com algum as m odifica­ ções. De acordo com Calvino e os reform adores em geral. e sim também seu representante federal. são pecados reais. E se Agostinho buscava essa corrupção prim ariam ente nos apetites sensu­ ais. São pecados no íntimo. que tom am o indivíduo culpado e m erecedor de condenação. tanto quanto nas inferiores da alma. Agostinho e Anselmo pela idéia do pacto. não obstante. utilizaram -na ao definir a relação entre Adão e seus descendentes. inerentes. Expuseram um a definição m ais exata da relação entre o pecado de Adão e o de seus descendentes. Calvino salientava que ela tinha sede nas faculdades superiores. o que tom a o hom em detestável para a ira divina e produz nele as obras cia carne. E devido serem todos culpados em Adão. em conseqüên­ cia disso é que seu primeiro pecado foi imputado como culpa a todos os seus descendentes. e . antes mesmo da vontade consentir com eles. enfatizou o fato que Adão não foi somente o cabeça natural da raça hum ana. Em oposição aos católicos rom anos. que tendem na direção do pecado. especial­ mente. os reform adores m antinham que o pecado original é algo m ais que a mera ausência de justiça original. igualmente nasceram com condição de polução. operando por meio dessas na form a de m aldade positiva. não sendo esses m ovim entos apenas fo m e s ou combustíveis do pecado. o pecado original é uma depravação hereditária. e tam bém que os prim eiros m ovim entos dos desejos. É verdade que não desenvolveram plenamente essa idéia. AN TRO PO LO G IA DOS REFORM ADORES Os reform adores seguiram Agostinho e Anselmo na sua interpreta­ ção da doutrina do pecado e da graça. Beza. Por natureza somos culpados e corrompidos em Adão.133 - . substituindo a teoria realista de Tertuliano. um a corrupção da natureza hum ana. Calvino ressaltou o fato que o pecado original não é apenas privação. Cloppenburgo e Coceio. razão porque está im pos­ sibilitado de fazer qualquer avanço no campo de sua recuperação. não se tendo m ostrado tão cauteloso quanto Calvino ao descrever a relação entre a agência divina e o pecado. sob a pressão da oposição à doutrina da escravidão da vontade. Zwínglio também ensinava essa dotrina em term os inequívocos. hesitou sobre esse ponto.estamos condenados com justiça à vista de Deus. G om aro. M elancton foi mais além que Lutero. a qual capacita os hom ens a cumprirem atos de retidão cívica. o hom em está totalm ente depravado e é incapaz de realizar qualquer bem espiritual. mas posteriormente modificou sua opinião. O próprio Lutero. Em vista de tudo quanto foi exposto. O correlativo natural da doutrina da depravação total é o ensino da total dependência do hom em da graça divina quanto à renovação.134- . m as M elancton. pois insiste em que a reprovação se dá por decreto eficiente. O próprio M elancton aderiu a esse ponto de vista a princípio. que lançou mão de fortíssimas expressões acerca da inaptidão espiritual do homem. Lutero. Evitava o tema da predestinação tanto quanto possível. Lutero e Calvino criam ambos na dupla predestinação. e Zwínglio concordou em linhas gerais com eles aqui. apesar de que concordara a princípio com Lutero. Após o período da Reform a foi m elhor desenvolvida a idéia do pacto. ensinando assim uma teoria sinergista da regeneração. em resultado da Queda. A posição que prevaleceu de modo geral entre os reformadores foi que. Contudo. atribuiu certa m edida de liberdade material ou de poder espiritual à vontade. e Calvino fez mais do que qualquer outra pessoa para dirigir atenção para o fato que existe um a graça comum de Deus. embora aparen­ tem ente reputasse o pecado original como uma enfermidade e condi­ ção. Calvino e Zwínglio apresentaram frente unida quanto a isso. naturalmente. um a retidão aprovada por Deus dentro das relações sociais dos homens. P olano. e não como um pecado no sentido estrito da palavra. sobretudo nos escritos de B ullinger. depois. os reformadores também asseveravam que os nãoregenerados ainda assim podem realizar atos de retidão cívica. foi apenas natural para os reformadores mostrarem-se partidários estritos da predestinação. enquanto m antinham essa doutrina da total depravação. claram ente reconheceu sua habilidade em praticar o bem quanto à vida secular. ou de tom á-la dependente da presciência divina. Lutero e Calvino expressaram-se energicam ente sobre esse particular. embora o primeiro não dê tanto destaque à doutrina como o último e algumas vezes chegue a m ostrar tendência de negar a doutrina da reprovação. tal como fez em seu ensino acerca do pecado e da reprovação. M elancton. Tom ou-se patente que Adão não foi sim ples­ . não por causa do pecado de Adão. mesmo agora os hom ens são como Adão. mesmo que caiam em pecado e desse modo se tom em culpados de transgressão. na qual o hom em foi formado. quando se aproxim am dEle com corações penitentes. porquanto guiam -nos na direção certa. não poderia tê-la perdido em resultado do pecado. Por natureza. sua natureza m oral teria perm anecido intacta. POSIÇÃO DE SOCÍNIO O socinianism o representa um a reação contra a doutrina da Refor­ ma. sendo transmitida sem em pecilhos à sua posteri­ dade. 2. Não obstante. Como resultado disso. nem por isso incorrem na ira divina. .m ente o cabeça natural da hum anidade. Entretanto. como representante legal de todos os seus descendentes. consistiu m eramente do dom ínio do hom em sobre a criação inferior. em conseqüência. a culpa de seu pecado lhes foi imputada e. e não de qualquer perfeição m oral ou excelência de natureza. embora sejam postos em circunstâncias um tanto mais desfavoráveis por causa dos exemplos de pecado existentes naquilo que vêem e ouvem. e nunca se fez provisão para efetuar tal transform ação. e sim por haver sido criado um ser mortal. O indivíduo morre. A inda que tivesse pecado e incorrido no desprazer divino. a imagem de Deus. Não se faz m ister transform ação alguma na natureza moral deles. estando sempre pronto a perdoá-los. A teoria realista foi descartada. os ensinamentos e os exemplos deixados por Cristo são úteis.135 - . A pesar de que isso aumenta suas possibilidades de cair em pecado. podem evitar totalm ente o pecado. Segundo ele. Deus é um Pai bondoso e compassivo. e alguns deles realmente assim fazem. por não terem pendor e nem tendência para o pecado. a fim de explicar a transm issão do pecado. Visto que o prim eiro ho­ m em pecou. que conhece a fragilida­ de dos hom ens. Posto que Adão não teve justiça ou retidão positiva. tam bém nascem corruptos. No tocante às doutrinas do pecado e da graça é sim ples ressurgi­ mento da antiga heresia de Pelágio. Não necesitam de Salvador e nem de qualquer extraordinária intervenção de Deus que garante a salvação deles. a idéia de que todos os hom ens pecaram literal e realisticam ente em Adão foi cedendo terreno ao pensam ento que pecaram nele apenas representativamente. e a idéia do pacto foi utilizada em lugar daquela. de modo m ais geral nos círculos reform ados do que nos luteranos. o representante m oral e legal de todos os seus descendentes. mas tam bém seu cabeça federal. bandeou-se para a doutrina da graça universal e do livre-arbítrio. a saber. em Leiden. e (c) graça da perseverança. que teve por centro a grande controvérsia arminiana. Seu sucessor. Não impõe ao hom em sentença condenatória. capacitadora. embora ocasionalm ente se expressem como se assim cres­ sem. Alegadam ente essa teoria da graça suficiente salvaguarda a doutri. Não têm essa polução como pecado. (b) graça da obediência evangélica. embora sua polução se transm ita de pai para filho. quer descobrindo por si mesmo um caminho da salvação. Não crêem na total depravação da natureza humana. afastaram-se ainda m ais da doutrina aceita pela Igreja e. Armínio. Grótio. como Uitem bogaert. A posição tomada pelos arminianos é praticam ente idêntica à do semi-pelagianismo. discípulo de Beza. Se crêem que a transgressão de Adão teve um mau efeito sobre a condição espiritual de todos os seus descendentes. finalmente. no caminho da obediência. deram corpo a suas idéias num protesto que consistia de cinco artigos. Aquele que faz uso apropriado dessa graça suficiente. que no princípio foi calvinista estrito. sendo distinguidos três graus diferentes de graça. no sentido apropri­ ado do termo. Afirmam que a culpa do pecado de Adão não é imputada a seus descendentes.3. contudo dão lugar ao livre-arbítrio humano no sentido m aterial da palavra. tom a-se objeto da graça eficiente de Deus. (a) graça preveniente ou comum. mas debilita a sua natureza. de tal modo que se tom a ele incapaz de alcançar a vida etem a. por outra parte rejeita a doutrina do pecado original conform e era ensinada pelas igrejas da Reforma. Episcópio. A N TRO PO LOG IA ARM INIANA Nos prim órdios do século XVII a doutrina calvinista do pecado e da graça sofreu resoluta oposição na Holanda. Recebe a superior graça da obediência evangélica e. e seus outros seguidores. Se alguns não são regenerados. de tal maneira que até certo ponto ele pode preparar-se para retornar a Deus e fazer a Sua vontade. O Espírito Santo confere a todos os hom ens a graça suficiente para contrabalançar o efeito da depravação herdada. como um poder ou habilidade natural que capacita o hom em para o bem espiritual.136- . Limborch e outros. quer firmando-se de novo no favor de Deus. pode tom ar-se participante da graça ainda m aior da perseverança. porém apenas como enfermidade ou fraqueza. Tam bém propõem uma teoria da graça que difere essencialmente da que figura nas Confissões. isso deve ser porque a vontade hum ana não cooperou com a divina. Ele negava o decreto de reprovação e suavizava a doutrina do pecado original. permitindo-lhes cooperar com o Espírito de Deus na regeneração. isto é. mas baseiam a eleição sobre a fé prevista. foi realmente uma augusta assembléia. se Ele confere ao hom em a graça. sobre a obediência e a perseverança. 4. naturalm ente tom a-se responsável pelo fato de não ser regenerado. pois estes viam claram ente que. Em consonância com essas idéias. Nassau. tam bém tinham de rejeitar a presciência divina. Os arm inianos não participaram como m embros. M as. Foi asseverada a doutrina do pecado original no estrito sentido do termo. aparecem como absolutas. Quanto a isso. no ano de 1618. com base no beneplácito de Deus. relativas àqueles pontos disputados. Tanto a eleição quanto a reprovação. O sínodo afirmou a doutrina da dupla predestinação. Desde que Adão foi o representante legal de todos os seus . os arm inianos se m ostravam muito menos coerentes do que os socínianos. Endem e a Suíça. POSIÇÃO DO SÍNODO DE DORT Esse sínodo foi convocado pelos Estados Gerais da Holanda. A eleição é feita dentre a raça caída e sujeita à condenação por causa do pecado de Adão. porém apenas como acusados. conform e faz. Foi o grupo mais representativo que já se reunira. e não sobre fé ou incredulidade previstas. m orm ente as de Calvino. e a reprovação consiste de preterição. Hesse. Os delegados da França e de Brandenburgo não com pareceram . nos quais as doutrinas da Reform a. Desses. se rejeitassem a predestinação. e grande núm ero de conferências. a Escócia. o Palatinado. e os demais estrangeiros que representavam a Inglaterra. em que certo núm ero dentre a raça caída é deixado na sua ruína e condenação por causa de seu pecado. e adotou cinco cânons decididam ente calvinistas.na da responsabilidade humana. foram definidas com clareza e precisão. constituída por 84 mem bros e 18 delegados políticos. pois. Se o hom em resistir à graça de Deus e se recusa a cooperar com ela. Bremem . ficando assim desm ascarados e repelidos os erros arminianos. a qual remove a incapacidade espiritual humana. Já que o pecado original não pode ser atribuído ao hom em como uma falta. sobre a desobediência e a persistência no pecado. os arm inianos naturalm ente não crêem em eleição ou reprovação absolutas. quarenta e oito eram holandeses. O sínodo m ostrou-se intransigente quanto às questões doutrinárias que foram ventiladas: rejeitou os cinco artigos do Protesto. então tam bém tem o perfeito direito de exigir fé. enquanto que a reprovação se basearia sobre a incredulidade prevista. Deus não pode exigir a fé nEle sem que outorgue a graça capacitadora. Houve cento e quarenta e quatro sessões.137 - . e outro limitado e incondicional. Não obstante. (c) Puseram fim à incerteza que prevalecera nas igrejas da Holanda. Am iraldo distinguia entre um decreto universal e condicional. As decisões do Sínodo de Dort se revestiram de grande importância. é-lhes imputada a culpa do prim erio pecado dele. incerteza essa sentida tam bém em outras nações. em conseqüência do que passa a eles a corrupção da natureza humana. da diferença entre o bem e o mal. por outro lado. e que até então não tinham recebido consideração cuidadosa. (b) Para todos os efeitos foram pronunciamentos de um concílio ecumênico. mesmo quanto às questões naturais e cívicas” . e no último. III e IV. por um lado. art. que se alicerça sobre a eleição. na boa ordem da sociedade e na m anutenção de um a conduta externa ordeira. porém. 5. (d) Exerceram influência determinadora sobre a composição da posterior Confissão de W estminster. só poderão culpar a si mesmos. Aqueles que se perderem.138 - . Deus decretou que proveria salvação universal. Todavia essa luz da natureza está tão longe de ser suficiente para dar-lhes conhecimento salvador de Deus. escolheu alguns para a . por causa do que eles retêm algum conhecimento de Deus. diz tam bém o canôn: “Desde a Queda. No primeiro. isto é. o corpo mais representativo que já se reunira. que os hom ens são incapazes de usá-la corretamente. das coisas naturais. Ao mesmo tempo. Os hom ens são totalm ente corruptos. pela mediação de Jesus Cristo. PO SIÇÃO DA ESCOLA DE SAUM UR A escola de Saumur fez a tentativa de suavizar o calvinism o do Sínodo de Dort. a salvação é oferecida com toda a seriedade a todos quantos ouvem o evangelho. e sob hipó­ tese alguma como obra de Deus e do homem. sob a condição de fé e arrependi­ mento. perm anecem nos homens vislumbres de luz natural. 4. e isso por várias razões: (a) Foram pronunciamentos sobre alguns dos pontos m ais capitais da teologia reformada.descendentes. A regeneração é reputada estritamente m onenergética. do qual participaram os mais hábeis teólogos da época. especialmente em dois pontos. e ninguém pode aceitar a oferta de salvação à parte de um ato eficiente de Deus. Sem a graça regeneradora ninguém pode voltar-se para Deus. vendo que por si m esm o nenhum hom em jam ais creria. Deus. tendo assim neutralizado um grande perigo que ameaçava a fé reformada. que seria oferecida a todos sob a condição de fé. descobrindo ainda algum valor na virtude. corrompidos em cada parte de seu ser e de tal m aneira que não podem cumprir nenhum bem espiritual e nem envidar um único esforço para a restauração do relacionamento quebrado com Deus. 473. History o f Doctrine. Em oposição a ambos esses indivíduos foi traçada a Formula Consensus Helvética. o Sínodo de Charenton. e nem nasceriam corruptos. 472. E Placeu. Por algum tempo essa declaração foi honrada como padrão oficial na Suíça. embora achassem necessário evitar as concepções errô­ neas a que seu ponto de vista poderia levar. e cujos autores foram Heidegger. negou a imputação im ediata do pecado de Adão à sua posteridade. II.vida etem a e resolveu dar-lhes a necessária graça da fé e do arrependi­ mento. os quais não o condenaram. mas derivariam dele a corrupção de natureza. o que agora lhes seria imputado como culpa. Os artigos que estão vinculados à posição de Am iraldo e Placeu são citados na obra de Shedd. P e rg u n ta s p a r a estudo p o ste rio r Qual a diferença entre Lutero e Calvino no tocante à doutrina da predestinação? Qual a vantagem da idéia do pacto na explicação do pecado original? A depravação total ensinada pelos reform adores equivale à depravação absoluta? Qual é o ponto de vista arm iniano do pecado e da graça? Difere ele em alguma coisa do sem i-pelagianism o? Em que os arm inianos wesleyanos diferem dos arm inianos originais quanto a essas doutrinas? A posição do Sínodo de D ort diferiu da posição do Catecismo de Heidelberg sobre tais particularidades? Quais são as objeções feitas à posição esposada por Am iraldo? Qual é a diferença entre a imputação mediata e a imputação imediata? . os quais apresentaram um a clara exposição da Reforma. outro exponente dessa escola. No entanto. Não seriam tidos por culpados os hom ens em Adão. Placeu chamava isso de imediata e conseqüente imputação.139 - . págs. O caso de Am iraldo foi examinado em três sínodos. em 1644. rejeitou a teoria de Placeu. Turretin e Geneler. 20 IDÉIAS ANTROPOLÓGICAS DOS TEMPOS POS-REFORMADOS Não é preciso discutir longamente sobre a antropologia do período pos-reformado. II. History o f Christian Doctrine. Não tem havido controvérsias que contribuíssem para trazer à prim eira plana novos elementos. todavia. e nem houve sínodos e concílios que formulassem novos dogmas. pág. A culpa do pecado de Adão foi realmente imputada a seus descenden­ tes. porém. 263. Ora. o que tom a o homem culpado aos olhos de Deus. o arm inianism o wesleyano. Ao mesmo tempo. 1. notar duas divergências diante dos ensinos da Reforma.140- . reivindica ter sido iniciado pelo próprio Arm ínio. PONTOS DE VISTAS DIVERGENTES Existem sobretudo dois que m erecem consideração. e traz os sinais. E fato bem conhecido que o próprio Armínio não se afastou tanto da verdade bíblica e dos ensinos dos reformadores como fizeram seus seguidores por ocasião do Sínodo de Dort. além de se fazer breve descrição das mais importantes teorias de pecado que foram expostas por teólogos individuais durante os dois últimos séculos. M oses Stuart chegou até a pensar que poderia provar que Armínio não era arminiano. afirma que sua culpa original foi . (a) M odificação da posição arminiana para o arminianismo wesleyano. que se originou nos m eados do século XVIII. embora divirja de Armínio em certos aspectos. Diz Sheldon: “Sua teologia foi m oldada por ardente piedade evangé­ lica. de profundo senso de dependên­ cia a Deus e de intensa e prática consideração pela liberdade e responsabilidade hum anas”. e não pelos arminianos posteriores. mas é real e autêntico pecado. Difere da doutrina do pecado e da graça dos prim eiros arm inianos quanto aos seguintes pontos: (1) Frisa o fato que o pecado original não é m eram ente um a enfermidade ou polução de natureza. que não possa ser denom inada pecado no sentido mais estrito da palavra. ao m esm o tempo. Convém. (b) M odificação da posição reformada na Nova Inglaterra. não se mostraram tão cuidadosos. Isso equiva­ le a dizer que a idéia do pecado original ocupa lugar apenas teórico nesse sistema. são: (i) No tocante à relação entre a vontade de Deus e a queda do homem. de tal modo que possa voltar-se para D eus em fé e arrependimento. ao enfatizar que a liberdade . pois não poderiam ser tidos por responsáveis sem algum a capacidade espiritual. tornando assim o pecado possível. entretanto. Hopkins parece dar a entender isso em algum as afirmações suas. Ao m esm o tempo. salientou um tanto em demasia o caráter determinativo da vontade. nota-se forte tendência por reduzir a conexão divina com a entrada do pecado no m undo até ao ponto mais baixo possível. contudo. ou teologia de New Haven. Difere em alguns aspectos a antropologia dos teólogos da Nova Inglaterra daquela dos reformadores e das igrejas reformadas em geral. embora dificilm ente certo. que consistiria de um a providência que a tudo abarca. conform e ele é por natureza. O ponto de vista geral parece ser que a determinação divina em criar um universo moral naturalm ente incluiu a criação de agentes morais livres. (2) Nega que o hom em . Os arminianos originais diziam que é apenas justo que Deus assim capacite os homens a terem fé e se arrependerem . Jônatas Edwards descontinuou a categoria de eficiência dentre a conexão divina com a queda do homem. Taylor. dotados do poder de preferência contrária. Na teologia posterior da Nova Inglaterra. representada por hom ens como Timothy Dwight e N. (ii) Em conexão com o livre-arbítrio humano. o pecado também é reputado algo “necessariam ente incidental ao m elhor sistem a” . porém. Os arminianos wesleyanos. consideram que isso é um a questão de graça gratuita da parte de Deus. além de admitir sua inteira depravação m oral. As m ais importantes dentre essas divergências. Tinha toda a razão.cancelada pela justificação de todos os hom ens em Cristo. de tal m aneira que depende absolutamente da graça de Deus para ser salvo. tenha qualquer habilidade para cooperar com a graça de Deus. usando fraseologia calvinista ordinária. porém. uma vez mais. assevera que ninguém existe de fator naquele estado de incapacidade.141 - .W . Sim ultanea­ mente. porquanto seu cancelam ento é um dos benefícios universais da expiação. e deixaram implícito ou declararam expli­ citamente que existe um a eficiência divina em conexão com a produção do mal. e Em mons o ensina explicitamente. Deus outorga graciosam ente a todo hom em graça capacitadora suficiente. Em vista das conseqüências universais da redenção por meio de Cristo. e assim tom ou-se passível da acusação de advogar o determinism o. Alguns de seus seguidores. Jônatas Edwards. e também a idéia de herança física do pecado. o pecado é algo que desafia explanação. Kant soou um a nota dissonante em seus dias ao postular um mal radical no homem. e não ético. sucessão de conseqüentes baseados em antecentes. o hom em herda a depravação moral. ALGUM AS M ODERNAS TEORIAS DO PECADO (a) Filosóficas. porquanto rejeitava a narrativa histórica da origem do pecado. ela é perfeitamente coerente com a certeza. Smith e W. em conseqüência. por sua vez. Para ele. diante desse fato. possuía liberdade moral. Alguns teólogos da Nova Inglaterra. como W oods é Tyler. reputando-a simples e natural resultado das limitações necessárias da criatura. conform e foi criado por Deus.tem suas leis. pelo que envolve culpa. Ele não identificou esse “mau radical” com aquilo que geralmente é chamado de pecado original. G. No entanto. Essa teoria não lhe é peculiar. tam bém era dono de verdadeira liberdade. m as está arraigada num a vontade autônoma. (iii) No atinente à transmissão do pecado. O homem. que o poder de variar o resultado jam ais é empregado. considerava o pecado como passo necessário na evolução do hom em como espírito . defenderam a teoria de Placeu da imputação mediata. e que a presciência divina depende dessa sucessão variável. Teólogos posteriores da Nova Inglaterra ressaltaram o fato de que o poder de preferência contrária deve ser predicado de todo ser moral responsável e livre. e que. B. Estam os ligados a Adão como os ramos estão à árvore e. um a fundamental inclinação para o mal que não pode ser erradicada pelo homem. T. porém. A ntecede todos os atos empíricos. tom andoo digno da condenação. Edw ards adotou a teoria realista. e isso lhe é atribuído como culpa. sendo igualmente difundida por eruditos reform a­ dos como H. Por m eio de seu conexão natural a Adão. da santidade pela constituição original de sua natureza. Alguns filósofos proeminentes dos séculos X V III e XIX se expressaram acerca da natureza e da origem do pecado. 2.142 - . Leibnitz encarava a maldade do mundo como algo metafísico. Essa liberdade verdadeira foi perdida pelo hom em por causa do pecado. e continua a possuí-la. conhecidas por Deus. sendo-nos atribuído como tal. E m uito favorecida entre os luteranos. isto é. Esses se aproxim avam do ponto de vista arminiano. e em certa medida influenciaram o pensamento teológico. porém desneces­ sária. embora continuassem subscrevendo à teoria que dados antecedentes são seguidos por dados conseqüentes. o pecado dele tam bém é o nosso. Hegel. sua vontade era determinada na direção da bondade. e foi no exercício dessa liberdade que ele trouxe o pecado ao mundo. Shedd. Com o despertar da vida auto-consciente. A luta contra esse egoísm o é a vereda da virtude. m esm o após ter sido despertado para a consciência que deve elevar-se acim a disso. não era o ideal. Todavia. ele considera o pecado como existente apenas em nossa consciência.auto-consciente. enquanto predominar sua natureza sensual. A pesar desse egoísm o ser pecam inoso. tom ando-se assim egoísta e. Entretanto foi além de K ant na tentativa de explicar a origem do pecado. portan­ to.143 - . Esse senso de pecado. e lhe atribui mera existência subjetiva. Ele nega a realidade objetivo do pecado. O filósofo de Koenigsberg achou im possível projetar qualquer luz sobre isso. Esse estado. A original condição do hom em seria de ingênua inocência — um estado que quase se assem elhava ao de um bruto — na qual ele nada saberia do bem ou do mal. mau. involuntariam ente o hom em começou a seguir seus desejos naturais. O com er da árvore do conhecimento do bem e do mal levou o hom em a descair de sua condição de bem -aventurança paradisíaca. (b) Teológicas. gradualmente form ado. não porque realmente seja pecado. porém. até que ele o escolha voluntariamente. M ueller opinava que o “mal radical” de que Kant falava estaria presente na natureza . não pode ser realmente atribuído ao hom em como culpa. mas a fim de que haja ocasião para a redenção. e que agora se tornou a origem de todo o pecado efetivo. O hom em estaria destinado a separar-se desse estado. Acha-se onde os apetites do corpo im pedem o poder determinante do espírito de cum prir sua devida função. tom ando-se espírito dotado de auto-consciência. ou seja. Júlio Mueller. esse é um estágio pelo qual necessariam ente o hom em deve atravessar em seu auto-desenvolvim ento. Schleierm acher reputa o pecado como o produto necessário da natureza sensual do hom em — resultado da conexão do hom em com um organismo físico. ao entender que o hom em egoísta não é o que deveria ser. Deus determ i­ nou as coisas de tal modo que o hom em deveria atribuir culpa ao seu sentimento de deficiência. passando a natureza sensual a exercer influência preponderan­ te. escreveu im portante m onografia sobre a doutrina do pecado. portanto. não era natural para o hom em . discípulo de Kant e representante da escola medianeira. Ele concorda com K ant ao considerar o pecado como um livre ato da vontade. posto que natural para os irracionais. O “pecado original” seria apenas um hábito adquirido. A transição do estado natural para o estado m oral foi efetuado pelo conhecimento. e m eram ente existiria em unidade com a natureza. o começo do senso do “ego”. e fez do “ego” recémdescoberto o centro dos mesmos. em desobediência à lei moral. a consciência de conflito no íntimo se deve ao fato que sua consciência de Deus é inadequada. procurou-a dentro de uma determinação não-temporal ou pré-temporal da vontade. O hom em deve inquirir pelo reino de Deus como o sumo bem. Em vista de não poder ele encontrar a origem do pecado dentro do tempo. em sua ignorância. The Christian View o f God and the World. e também como estágio necessário no desenvolvimento moral do homem. A escolha teria sido feita em alguma existência prévia. O pecado factual — e esse é o único pecado reconhecido por Ritschl — se põe em oposição ao reino de Deus. por motivo da ignorância em que agora vivemos. feita no evangelho. Na m edida em que a raça se vai desenvolvendo os padrões éticos também se vão tom ando mais severos. o hom em gradualm ente se tom ou um ser ético. N o curso de seu desenvolvimento. Reconhece Tennant a universalidade do pecado. e aum enta a hediondez do pecado. em suas preleções hulseanas sobre “A Origem e a Propa­ gação do Pecado”. Esses constituem apenas o material do pecado. e essa vontade é a causa exclusiva do pecado. Seria algo puram ente imaginário pensar que Ele está irado contra o pecador. é tão totalmente fora da possibilidade de averigua­ ção. desenvolve a doutrina do pecado do ângulo da teoria da evolução. que o separa de Deus. desejos e qualidades que o hom em herdou do bruto possam ser chamados pecam inosos. O pecado é definido como “uma atividade da vontade que se expressa na forma de pensamento.hum ana desde o nascimento. Ritschl concorda com Hegel ao reputar o pecado como um a espécie de ignorância. à parte da qual o pecado não existiria. ao seu conhecimento da lei moral e da vontade de D eus” . ele afirm a que o hom em conhece o pecado só do ponto de vista da consciência religiosa. e admite que a nossa natureza e o nosso meio am biente são de tal - 144 - . e não se tom am pecado real até que o hom em ceda aos mesmos de modo contrário aos ditames da ética. Essa teoria é tão extrem a­ mente especulativa. antes de qualquer decisão consciente da vontade. pág. entretanto. 179. Deus não imputaria o pecado como culpa. Nega ele que os impulsos. O conhecimento crescente do ideal é seguido pela consciência de pecado. contudo. às suas noções do que é bom e direito. Tennant. Na realidade. “A culpa que é vinculada a esses atos é apenas um sentimento na consciência do pecador. conform e diz Orr. capacita-o a dom inar”. ele pratica o contrário. palavra ou ação contrários à consciência do indivíduo. pelo menos. que tem encontrado pouquíssima aceitação. não conhecendo o bem perfeito. Tal como Schleiermacher. pelo que o hom em já nasce culpado e depravado. ou. que o hom em atribui a si próprio como culpa. com um a vontade indeterm inada (Tennant não explica como tal vontade é possível em um ser sujeito à lei da evolução). porém que a revelação do am or paternal de Deus. Perguntas para estudo posterior Quais teorias foram expostas acerca da origem da alm a hum ana? Em quais círculos se favorece o traducianismo? Por que o criacionism o é favorecido nas igrejas reformadas? A idéia de pacto era geralm ente utilizada para explicar a transmissão do pecado? Onde se pode achar a explicação realista? Que extremismo se acha na Nova Inglaterra acerca da conexão de Deus com a Queda? Pode-se idealizar o pecado como uma necessidade na vida humana.145 - .qualidade que tom am a realização de nosso lado m elhor um a “tarefa trem endam ente difícil”. ao m esm o tempo que afirm am os a responsabilidade do homem? Quais objeções existem ao ponto de vista de que o pecado é m era questão de nossa consciência subjetiva? A doutrina da evolução abre lugar para a queda do homem? Acaso ela pode encontrar lugar coerente para o pecado como culpa? . A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO OU DA OBRA DE CRISTO .147 - . de Deus que deu Seu Filho como resgate pelo pecado. embora não a reputasse um a satisfação devida a Satanás. A mais significativa afirm ação se acha na Epístola a Diogneto. a morte de Cristo figura como o preço pelo qual o Deus am oroso comprou homens do criador do mundo. e da resultante cobertura do pecado pela justiça de Cristo. Na escola alexandrina há várias exposições. a idéia que “Cristo recapitula em Si m esm o todos os estágios da vida hum ana e todas as experiências desses estágios. (Orr).149 - . M ediante a Sua encarnação e vida hum ana Ele reverteu assim o curso no qual Adão lançou a hum anidade com o seu pecado. À m edida que Cristo é apresentado como o Redentor. tendo com pensado a desobediência adâmica com Sua própria obediência. Ela trata das idéias de pecado hum ano que m erece punição. Irineu. que se posiciona a meio caminho entre o Oriente e o Ocidente.21 A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO ANTES DE ANSELMO 1. do m undo material. NA TEO LO G IA DOS PAIS GREGOS Os Pais Apostólicos aludem à obra de Cristo. ele dá grande valor à teoria da recapitulação. concorda com os apologetas ao contem plar o hom em escra­ vizado aos poderes das trevas. incluindo aqueles que pertencem ao nosso estado de pecadores”. geralm ente Ele aparece como quem redim e do poder de Satanás. Sua idéia era mais que a m orte de Cristo satisfizera à justiça de Deus. Clemente de Alexandria apresenta a morte de Cristo como . de m odo geral. isto é. e assim liberara o homem. Ele transmite a imortalidade àqueles que forem unidos a Ele pela fé. Os apologetas escreveram m uito pouco que seja importante sobre esse assunto. realizando um a m etam orfose ética em suas vidas. Em um a de suas obras m enores. Nos sistemas gnósticos. com term os bíblicos. Paralelam ente a isso. e vê a redenção parcialm ente como livramento do poder de Satanás. a redenção efetuada por Cristo é um livramento do reino das trevas. e assim Ele Se tom a um novo ferm ento na vida da hum anidade. Em M árcion. e (b) o próprio Satanás será beneficiado no fim. Basílio pouco contribuiu para a doutrina da expiação. A necessidade dessa satisfação se basearia sobre a veracidade de Deus. Essa obra também encerra diversas idéias diferentes. a saber. conferindo-lhe o supremo exemplo de auto-sacrifício. e este aceitou o resgate sem perceber que não seria capaz de manter seu domínio sobre Cristo. Cristo ofereceu-Se a Si mesmo como resgate a Satanás. por causa do poder divino e da santidade dEle. Gregório de Nissa. e (b) ela faz a ênfase recair sobre o aspecto ético. o Grande Catecismo. justificando o ato de dois modos: (a) o enganador recebeu o que m erecia ao ser enganado. emprestada de Atanásio. no processo salvatício. e foi apanhado no anzol de Sua divindade. pois disso teria resultado a sua salvação. Orígenes expõe vários pontos de vista sem combiná-los num todo sintético. Seu irmão m ais jovem . Dessa maneira. Ao m esm o tem po. é muito mais importante por haver sido o autor do segundo grande estudo sistemático sobre a obra de Cristo. nos corações dos homens. O pensam ento subjacente do Grande Catecismo é a idéia. assim inspirando outros a sacrifício similar. ele dá m aior proeminência à idéia de Cristo com o um M estre que salva os hom ens por dar-lhes verdadeiro conhecimento e por inspirá-los a uma vida de am or e autêntica retidão. De Incarnatione. a exposição de Atanásio difere da de Irineu quanto a duas particularidades: (a) a encarnação é vinculada m ais diretam ente à morte e à ressurreição de Cristo. o qual se perdera por motivo do pecado. O Logos encarnado tam bém é retratado como substituto do homem. de que na . e redim indo os homens do poder de Satanás. as almas de todos os homens. é particularm ente destacada. em suas obras im portan­ tes. porém. O prim eiro tratado sistemático sobre a obra da expiação foi o de Atanásio. A idéia de Irineu de que o Logos tomara carne a fim de deificá-la e imortalizá-la. Satanás engoliu a isca da hum anidade de Cristo. que Satanás foi iludido nessa transação. e não sobre o aspecto físico desse processo. Em conexão com a idéia da redenção humana do poder do diabo. e não tanto sobre a Sua justiça. incluindo aquelas que se acham no hades. como quem pagou sua dívida ao sofrer a pena imposta ao pecado. Os verdadeiros sucessores de Atanásio foram os três capadócios. Ele reitera a idéia do engodo pespegado a Satanás.150- .pagam ento da dívida humana e como resgate. Cristo salva deificando a natureza humana através da encarnação. foram libertadas do poder de Satanás. Orígenes introduziu um a nova idéia. Não diz ele que o preço foi pago a Satanás. entretanto. dando Sua vida como sacrifício expiatório pelo pecado. O Logos ter-se-ia encarnado a fim de restaurar ao hom em o verdadeiro conhecimento de Deus. Cristo opera por meio de Sua Palavra e de Seu exemplo. O tipo distintivam ente latino de teologia começa com Tertuliano. É salientado. que foi pago um resgate ao diabo. No entanto. João Crisóstomo e Cirilo de A lexandria frisam o imenso valor da m orte de Cristo. embora não adicionasse qualquer contribuição distintivam ente sua. mas concebia a encarnação como algo que afetou a hum anidade principal­ m ente através de preceito e exemplo. para todos os efeitos práticos. e tam bém o que ele apoda de “a teoria esotérica do recapitulatio". ou então como com unicação de vida nova à hum anidade (juntamente com a m orte e a ressurreição de Cristo). ela é vista como cum prim ento de certas condições objetivas. Sua significação real jaz no fato que ele . podemos dizer que a doutrina da obra de Cristo figura sob dois aspectos fundam entais na teologia grega: (a) Por um lado. (b) Por outra parte. porém igualmente repele a idéia de que Deus Pai requeria resgate. ele repete virtualm ente os ensinos de Atanásio.151 - . A principal contribuição deste último é a sua ênfase sobre o valor infinito da morte de Cristo. como um a nova revelação divina outorgada ao hom em . a salvação é contem plada como resultado direto da encarnação. como a de um a satisfação dada à justiça divina. N A TEO LO G IA DOS PAIS LATINOS Em bora a doutrina da obra de Cristo na teologia patrística latina tenha vários pontos em comum com a da antiga teologia grega. todavia. Ele compendiou os pensam entos anteriores sobre a obra de Cristo. m esm o assim nesse período inicial surgem algumas diferenças importantes. A té certo ponto ele adota a teoria da recapitulação esposada por Irineu. ou como um resgate pago ao diabo. ou seja. salientaríam os o que M ackintosh chama de “a grande doutrina exotérica da expiação na Igreja grega”. com excessão da expressa atribuição da m esm a a Deus e à divina justiça. Baur pensa que em Cirilo se acha todo o conceito de satisfação.encarnação Deus uniu-Se à nossa natureza. Quanto ao resto. Gregório Nazianzeno repudia com escárnio e indignação a idéia de um resgate pago a Satanás. Não se pode dizer que ele foi muito adiante de Irineu na form ulação definida da doutrina da m orte de Cristo. Ele ressalta muito m ais que Irineu a significação central da morte de Cristo na cruz. A teologia patrística grega culm ina com João Dam asceno. Ao sum a­ riar o desenvolvim ento até este ponto. a fim de livrá-la da morte. que não só a m orte mas tam bém o pecado foi destruído. como a de um sacrifício a Deus. toda essa idéia retrocede um tanto para o segundo plano. 2. por haver sido a m orte de um a Pessoa divina. Se tivéssem os de nom ear quaisquer teorias que caracterizaram o período patrístico grego. considerandoa ponto culm inante da missão de Cristo e sua real finalidade. ainda que isso fosse complementado pela inferência que a reivindicação de Satanás fora anulada pela morte de Cristo. e não da justiça de Deus. muito tenha adicionado. e pouco a pouco nos vamos acercando do círculo de idéias paulinas. m aterial e form alm ente. que proferira a morte contra a humanidade pecaminosa. e sim ao arrependim ento e às boas obras que se deveriam seguir aos pecados cometidos após o batismo. ao passo que o sacrifício de Cristo começa a ser encarado como algo que . os quais estavam destinados a desem penhar profundo papel no desenvolvimento teoló­ gico da doutrina da obra de Cristo. ele infere a necessidade dessa satisfação da veracidade. mais que qualquer outro. e isso como engodo. ensinada pela igreja católica romana. Contudo. e a da reconciliação através do sacrifício de Cristo. Suas idéias centrais são a do pecado original. Todavia. a fim de satisfazer um a obriga­ ção penal. entretanto. Entretanto. Tanto suas pressuposições quanto suas conclusões são diferentes.introduziu o emprego de vários term os legais na teologia. em adição a isso.152 - . o m aior Pai da Igreja ocidental. os quais interpretaram para o Ocidente o pensam ento teológico grego. ele chega a vê-la como satisfação dada a Deus. que ele não aplicava ainda esses vocábulos à obra sacrificial de Cristo. ele não explica por qual motivo era necessário esse sacrifício. O novo tipo ocidental de pensam ento já se impunha. a da justificação mediante a graça. tendo considerado esse sacrifício como uma satisfação da sentença divina. suas principais realizações acham -se noutras areas. à doutrina da obra de Cristo. e tam bém figura a noção de que Satanás tinha direitos sobre o homem. como “culpa”. O prim eiro advoga. além de outros. pois sumariava o desenvolvi­ m ento anterior. repete a idéia de Orígenes de que Cristo teria pago um resgate para Satanás. naquilo que se pode ter como sua principal linha de pensamento Agostinho se m ostra muito distanciado da teologia grega. D e Tertuliano passam os para Hilário de Poitiers e para Ambrósio. Concom itantem ente. Ambrósio igualmente com par­ tilha da idéia de Irineu e. O hom em passa a ser visto como sujeito à ira de Deus. a concepção grega da restauração da humanidade mediante a encarnação. Cristo m orreu voluntariamente. Isso lançou o alicerce para o desenvolvi­ m ento da doutrina da penitência. Deve-se observar. M as isso não o impede de conferir significado bastante definido à morte de Cristo. “satisfação” e “m érito”. Apresen­ ta ele certa variedade de pontos de vista. Tal como Atanásio. não sucedeu dessa maneira. ele frisa com muito vigor o fato de que a morte de Cristo foi um sacrifício oferecido a Deus. Transparece a idéia da deificação da natureza hum ana por m eio da encarnação. embora somente num a form a ética. Diversam ente de Tertuliano. Sentimo-nos naturalm ente inclinados a esperar que Agostinho. que o poder divino poderia ter-se m anifestado em contrário à sabedoria de Deus. e sim sobre a influência santificadora do Espírito Santo. onde se poderia encontrar tal sacrifício? Um anim al não poderia servir a esse propósito. e que podia purificar. porém não a nossa pecam inosidade. nenhum hom em podia ser achado isento de pecado. Acresça-se a isso que algumas vezes ele ensina que. seus pronunciamentos ficam muito aquém da bem articulada teoria de Anselmo sobre a expiação. P e rg u n ta s p a r a estudo p o ste rio r Em quais pontos a filosofia da época afetava a doutrina da obra de Cristo? Em que sentido os primeiros Pais da Igreja aludiam à deificação da natureza humana? De modo se deve entender que o hom em se tom a imortal através da obra de Cristo? Existe alguma base bíblica para a teoria da recapitulação postulada por Irineu? É fundam entalm ente joanina a idéia de que a encarnação salva o homem? Orígenes expres­ sou a m esm a idéia de deificação como a tinha Irineu? Como se pode explicar a origem da idéia de que havia necessidade de pagar um resgate a Satanás? Todos os Pais Prim itivos concebiam de um a mesma . em bora a expiação de Cristo fosse o m ais adequado m eio de salvação. Ele pagou por nós uma dívida de m orte que Ele m esm o não m erecia. Gregório o Grande. Seu pensam ento discorre como segue: voluntariamente o hom em caiu sob o dom ínio do pecado e da m orte. um a vítima que podia m orrer em virtude de Sua hum anidade. O Impecável Se fez sacrifício por nós. a fim de que a m orte que era nossa porção não viesse a nos danificar. e somente um sacrifício poderia apagar tal pecado. Esse pronunciamento de Gregório pode ser reputado com o um avanço marcante no desenvolvimento da doutrina da expiação. D entre os teólogos que sofreram o impacto da influência de A gos­ tinho somente um merece m enção especial. só um hom em serviria. realmente. Os seus escritos contêm um trecho que já foi chamado de “a mais completa síntese da antiga teologia latina sobre a expiação”.aplaca essa ira e reconcilia o hom em com Deus. em virtude de Sua retidão. D eus poderia ter salvado aos pecadores de algum a outra maneira. Não distingue claram ente entre o lado judicial e o lado renovador da redenção. o Filho de Deus Se encarnou. assumindo a nossa natureza. não sobre a remoção da culpa do pecado por parte de Jesus Cristo.153 - . A lgum as vezes a justificação repousa. Não obstante. Por conseguinte. dando assim à expiação um a necessidade apenas relativa. Isso significa. M as. Agostinho não desdobra esses pensam entos até form ar um sistem a com pleto. 154- .maneira a salvação por meio da encarnação de Cristo? Tinham eles clara concepção da morte de Cristo como aquilo que prestara satisfação à justiça de Deus? De que modo Tertuliano aplicava os conceitos de culpa. satisfação e m érito? Nos escritos de Agostinho acham os quais idéias paulinas? De que modo Gregório o Grande concebia a expiação? . Ele rejeita deliberadamente. o Deus da misericórdia. e com a mesm a facilidade com que criou o mundo? Não poderia Ele. era consensual que só podia ser explicada a m esm a por m eio de alguma estupenda exigência. O seu Cur Deus Homo é um livro que m arcou época. bem como a teoria do resgate pago ao diabo e a idéia de que a morte de Cristo foi m era . ao invés de algum outro ser racional? Uma vez admitida a encarnação. tais como: não poderia Deus ter salvo a muitos. 1. Com Anselmo teve com eço o estudo sistemático da doutrina da expiação. como insatisfatória. Essa questão relativa à encarnação justifica o título dado por Anselmo à sua obra. ter sim plesm ente perdoado o pecado hum ano. muitas mentes estavam ocupadas com as questões da natureza e da necessidade da expiação.22 A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO DESDE ANSELMO À REFORMA As discussões teológicas dos cinco séculos entre Gregório o Grande e Anselmo foram de natureza tal que não contribuíram muito para o desenvolvimento da doutrina da expiação. D O UTRIN A DA EXPIAÇÃO CO NFO RM E ANSELM O Anselmo de Canterbury fez a prim eira tentativa de expor a doutrina da expiação de m odo harmonioso e coerente. com o um a questão referente à necessidade da encarnação. Ele abriu nova era na história dessa doutrina. na época de sua produção. por m ero ato de Sua onipotência. a teoria de recapitulação. por que Ele selecionou o Seu Filho unigénito para essa obra de mediação. Tam bém indica que o problema da expiação geralmente era abordado do ângulo cristológico. Diversas indaga­ ções foram levantadas na época. sem exigir satisfação? E se era m ister um medidor. O alfa e o ôm ega da posição de Anselmo é a absoluta necessidade de expiação para redenção do homem. A porção inicial da obra testifica do fato que. uma obra-prim a de erudição teológica na qual o autor combina profundezas m etafísicas com limpidez de apre­ sentação.155 - . também teria de ser homem. a saber. mas um hom em sem pecado. fazendo assim justiça à honra de Deus. por ser cometido contra um Deus infinito. em atitude de revolta. pesa mais que o mundo inteiro e tudo quanto não é Deus. Um dom — e Anselm o vê a satisfação como um a dádiva. Como criatura de Deus o hom em está sob a obrigação de sujeitar sua vontade absoluta e inteiramente à vontade divina. A sua opinião era que a absoluta necessidade do sacrifício expiatório de Jesus Cristo deve fundam entar-se sobre um atributo imanente e necessário da natureza divina. Isso foi uma obra de supererrogação. e (b) o hom em deveria corrigir seu insulto a Deus e Sua honra pagando algo acima e além da dívida real. porquanto isso seria um a irregularidade e um a injustiça. por punição ou por satisfação. a qual precisa ser restaurada de alguma maneira. no fiel desencargo de Seu dever para com Seu Pai. ao assim fazer. quando se recusou a isso. na qualidade de ser impecável Ele não estava sob a obrigação de sofrer e morrer. e ao submeter-Se a amargos sofrimentos e a uma morte ignominiosa. e somente duas pelas quais a honra divina poderia ser reivindicada. que incluía duas coisas: (a) o homem deveria prestar a Deus a voluntária obediência que Lhe era devida. que . pertencente à raça humana que contraíra a dívida pelo pecado. e não como um a punição — que ultrapassasse a tudo quanto não é Deus só poderia ser o próprio Deus. segue-se que isso está fora do alcance do homem. No entanto. porquanto isso teria decretado a ruína da raça hum ana e teria frustrado o Seu próprio propósito. e isso não poderia constituir m érito de Sua parte. Não bastava que aquele que prestasse satisfação fosse Deus. visto que até o m enor pecado. Somente o Deus-hom em poderia satisfazer a esses requisitos. e assim contraiu um a dívida. Ele via sua base cardeal e suprem a na honra de Deus. Ele trouxe glória infinita a Deus. Entretanto. Isso foi algo inteiram ente voluntário de Sua parte.156- . e que a correção deve ser proporci­ onal.m anifestação do amor de Deus ao homem. pois. A m isericórdia divina não podia sim plesm ente negligenciar o pecado. ele desonrou a Deus. Todavia isso não era bastante para m anter a honra de Deus. Preferiu o caminho da satisfação. Deus viuSe furtado de Sua honra. Deus não aplicou o método da punição. e a Sua misericórdia O impeliu a fazê-la por meio do dom de Seu Filho. Só Deus poderia fazer verdadeira reparação. Havia duas m aneiras. o qual não estivesse endividado. Foi m ister que o Deus-homem prestasse a obediência que o hom em deixara de prestar a Deus. Ele nada mais faria do que Seu dever como homem. A exata posição de Anselmo só pode ser entendida à luz das idéias do pecado e da satisfação que ele sustentava. porquanto essas coisas não explicam adequadam ente a necessidade da expiação. poderia redundar em benefício da hum anidade, tendo m ais do que contrabalançado os deméritos do pecado. A justiça requeria que fosse galardoada essa dádiva gratuita. M as nada existe que o Pai pudesse dar ao Filho, pois este de nada precisa. Portanto, o galardão redunda em benefício do hom em e assume a form a de perdão de pecados e de futura bem -aventurança para todo quantos vivem de conform idade com os mandam entos do evangelho. A teoria de Anselmo assinala importante avanço no desenvolvi­ m ento da doutrina da expiação. Seu real valor reside no fato que estabelece o caráter objetivo da expiação, baseando sua necessidade sobre a natureza imutável de Deus, o que im possibilita que Ele viesse a perm itir a violação de Sua honra sem castigo. No entanto, sua exposição é defeituosa quando com parada à posterior doutrina penal substitucionária, em diversos pontos, a saber: (a) Erroneam ente apre­ senta a punição e a satisfação como alternativas, dentre as quais D eus poderia escolher, (b) Não deixa lugar para a idéia que, em Seus sofrimentos, Cristo suportou a penalidade devida ao pecado, pois reputa os sofrim entos de Cristo como um tributo voluntário à honra de Deus, um m érito supérfluo que teria servido para com pensar pelos deméritos alheios. Na realidade, essa é a idéia católico-rom ana da penitência, aplicada à obra de Cristo, (c) É ela incoerente porque parte do princípio ou costume da “lei privada”, segundo o qual o lado prejudicado podia exigir qualquer satisfação que achasse por bem, e então, a fim de estabelecer a absoluta necessidade da expiação, dá um salto para o ponto de vista da lei pública, (d) E exposição unilateral, pois baseia a redenção exclusivam ente sobre a m orte de Cristo, negando a significação expiatória de Sua vida. (e) Apresenta a aplicação dos m éritos de Cristo ao pecador como se fora transação m eram ente externa. Não há qualquer indício da união mística entre Cristo e os crentes. 2. TEO RIA DA EXPIAÇÃO CONFORM E ABELARDO A teoria de Abelardo tinha pouco em comum com a de Anselmo, excetuando a idéia de que nenhum preço fora pago a Satanás. M as a morte de Cristo não é considerada como um resgate, nem m esm o um resgate oferecido a Deus. Abelardo rejeita a idéia anselm iana de que Deus foi reconciliado com os hom ens m ediante a morte de Seu Filho. Deus não poderia ter-Se agradado tanto na morte de Seu Filho unigénito a ponto de tom á-la o respaldo para o perdão dos pecados. Outrossim, não era necessária tal base, visto que Deus é am or e está sem pre pronto a perdoar, independentem ente de qualquer satisfação. Tudo quanto Ele - 157 - requer é a penitência da parte do pecador; e está pronto e até m esm o anelante por perdoar ao penitente. Ao m esm o tempo, pode ser dito que fomos justificados e reconciliados com Deus pelo sangue de Cristo. Cristo revelou o amor de Deus ao assum ir nossa natureza e ao perseverar como nossos mestre e exemplo até à morte. Esse grande am or evoca e desperta o amor responsivo no coração do pecador, sendo esse o fundam ento para o perdão dos pecados. (Ver Lucas 7:47). O am or recém -despertado nos redime, liberando-nos das garras do peca­ do e conduzindo-nos à liberdade dos filhos de Deus, de tal modo que obedecemos livremente a Deus, escudados no motivo do amor. Portan­ to, o perdão dos pecados é resultado direto do amor acendido em nossos corações, e só indiretamente é fruto da expiação de Cristo. Essa teoria pôs Abelardo em dificuldades, em conexão com a comum doutrina do perdão dos pecados através do batismo. Se o amor aceso em nossos corações, pela morte de Cristo, é que nos justifica, por que o batismo continuaria sendo necessário à salvação? A essa pergun­ ta Abelardo respondia que, a menos que o batismo ou o m artírio se sigam a esse amor, deve-se concluir que estava ausente a perseverança. Isso significa que a remissão dos pecados só ocorre, realmente, quando é administrado o batismo, embora o am or tivesse sido aceso antes. Particularm ente no caso de crianças, Abelardo teve de adm itir que a rem issão de pecados independe do amor despertado no coração. Loofs observou corretam ente que as novas idéias de Abelardo não poderiam m anter-se de pé sem maiores modificações do que ele estava preparado a fazer. Provavelm ente é por causa desse fato que algum as vezes Abelardo alude a Cristo como quem levou nossos pecados, e à Sua morte como um sacrifício pelo pecado. Em distinção ao ensino de Anselmo sobre a expiação, a teoria de Abelardo é totalm ente subjetiva. Lam entavelm ente falta-lhe aquela profundeza moral e aquela coerência interna tão características do ponto de vista de Anselmo. Tem os nela um exem plar do que é atualmente chamado de M oral ou de Influência Moral como teoria da expiação. Alicerça-se sobre a falsa prem issa de que o amor é o atributo central e todo-controlador de Deus, e ignora os requisitos de Sua justiça e de Sua santidade. Outrossim, não fornece razão adequada para os sofrim entos de Cristo. Se Deus podia ter perdoado os pecados sem exigir satisfação, por que entregou Seu Filho a amargos sofrim entos e a um a morte vergonhosa? Não seria isso um a bem dúbia m anifestação de amor, posto que Deus poderia ter despertado o am or do pecador de muitas outras m aneiras? Essa teoria furta os sofrimentos de Cristo de sua significação rem idora e O reduz a m ero m estre de m oral, que influencia os hom ens por meio de Seus ensinos e de Seu exemplo. - 158- 3. R E A Ç Ã O D E B E R N A R D O D E C L A IR V A U X C O N T R A ABELARDO Bernardo de Clairvaux criticou a teoria de Abelardo, em bora não apresentasse um a idéia própria. E tam bém não aceitava a opinião de Anselmo. Atacava Abelardo por causa de sua interpretação racionalista do cristianism o, dizendo que o exemplo de Cristo tom a-nos santos na mesm a proporção em que o exemplo de Adão nos tom ou pecadores. Estava disposto a adm itir a grandeza e importância do exem plo do amor de Cristo, m as somente naquilo em que isso se fundam entava sobre Sua obra remidora. De fato, pode-se afirm ar que, em comum com Abelardo, ele frisava o amor de Cristo que se m anifestara em Sua vida hum ana e em Sua paixão; porém via nisso não m era m anifestação do amor de Deus, e sim a m anifestação salvadora da própria divindade de Cristo. Essa idéia de Bernardo pode ser encarada como a contra-parte ocidental da doutrina de Irineu e Atanásio, de que a encarnação foi a transform adora entrada de Deus na humanidade. Dever-se-ia observar, porém, que ele não destacava o resultado físico da encarnação, como algo que trouxe vida e imortalidade, mas ressaltava seu efeito psicoló­ gico, como algo que inspira um a paciência e um am or sim ilares aos de Cristo. Ao m esm o tempo, ele não quedava satisfeito com essa idéia puram ente subjetiva, mas cria firm em ente numa redenção objetiva como base do aspecto subjetivo. O Pai não teria exigido a m orte de Seu Filho, entretanto aceitou-a como um a oblação; e agora ela serve para redim ir-nos do pecado, da morte, do diabo, e para reconciliar-nos com Deus. 4. VISÕES SINCRETISTAS DA EXPIAÇÃO Em escolásticos como Pedro Lom bardo, Boaventura e Tom ás de Aquino acham os vestígios da influência de Anselmo e Abelardo. A dotaram elementos de ambos, todavia não tiveram êxito em combinálos para form ar unidade interna. (a) Pedro Lombardo. Pedro Lom bardo partia dos méritos de Jesus Cristo. Com Sua vida piedosa, Cristo teria m erecido para Si mesm o a liberação dos sofrimentos e a glorificação, e quando entrou em paixão e m orte, fê-lo voluntariamente, não por Sua causa própria, e sim por causa dos pecadores. Assim sendo, Ele obteve para eles o m érito da redenção do pecado, da punição e do diabo, além de haver-lhes conquistado o acesso ao paraíso. Até esse ponto, a linha de seu pensam ento é anselmiana. M as, quando se indaga como a m orte de - 159 - Cristo efetua esse livramento, a sua resposta era que ela revela para nós o amor de Deus. Ante tão grande prova de amor por nós, somos im pelidos e ficam os comovidos pelo amor divino, e assim somos libertados do pecado e redimidos. E quando somos libertados do pecado, tam bém ficamos livres do diabo. (b) Boaventura. De acordo com Boa ventura, foi a satisfação exigida que tom ou necessária a encarnação. Uma simples criatura não seria capaz de apresentar satisfação pela raça hum ana inteira, e não era apropriada que um a criatura de outra ordem fosse tomada com essa finalidade. Portanto, era m ister que a pessoa que viesse a fazer satisfação fosse ao mesmo tempo Deus e homem. Essa satisfação foi prestada pelos méritos de Cristo, os quais Ele conseguiu agindo e sofrendo. Prestar satisfação é honrar a Deus conform e isso Lhe é devido; e isso foi realizado pelos sofrimentos de Cristo como o mais apropriado m eio de aplacar a Deus. Assim, foram exibidas tanto a justiça quanto a misericórdia de Deus. Todavia, essa idéia anselm iana era combinada com aquela outra, de Abelardo, no sentido de que a paixão de Cristo foi tam bém o meio mais apropriado, por ser o m elhor método para despertar no hom em o reflexo do amor de Deus. D esen­ volvendo o pensam ento da relação entre Cristo e a Igreja como a Cabeça e os membros de um corpo, Boaventura explicava m uitíssim o m elhor do que Anselmo, como as bênções de Cristo foram transferidas aos crentes. (c) Tomás de Aquino. O m aior de todos os escolásticos foi Tom ás de Aquino. Absorveu as idéias de seus antecessores mais com pleta­ m ente que qualquer outro teólogo medieval. À luz disso não nos surpreendem os que nele se vêem traços das idéias de Anselmo e de Abelardo, e que não há unidade na exposição que Aquino faz da obra de Cristo. Há um a exposição que nos lembra tanto de Irineu quanto de Abelardo. A plenitude de toda graça habita na natureza hum ana de Cristo e, por ser Ele agora o Cabeça da raça humana, Sua perfeição e virtude extravasam para os mem bros do corpo até onde queiram pertencer à cabeça. Cristo, na qualidade de novo homem, é o princípio e o ferm ento da nova humanidade. A obra remidora é assim encarada do ângulo que faz Cristo aparecer como o m estre e o padrão da raça humana, m ediante Seus ensinamentos, atos e sofrimentos. Esses sofrimentos revelam mais particularmente o amor de D eus e despertam um amor responsivo nos corações dos homens. Contudo, há um a linha m ais anselmiana de pensam ento, a qual é geralm ente seguida pela igreja católica romana. Aquino afirm ava que a redenção não era absolutamente necessária, pois Deus poderia ter - 160 - oferecendo-nos forte motivo para nos refrearm os do pecado. porém com igual propriedade poderia ter apagado o pecado sem requerer satisfação alguma. A morte de Cristo revela o grande am or de Deus. cujos benefícios são transmitidos aos fiéis em virtude da união mística. de constância. A paixão e a morte de Cristo. no corpo místico de Jesus Cristo. isso era tudo quanto se fazia necessário para prestar a Deus um a condigna satisfação. Ele admitia que um juiz hum ano não pode sim plesm ente deixar passar em branco a violação da lei. ele opinava que Deus poderia ter rem ido os hom ens sem exigir qualquer satisfação adequada. a saber. ele a considerava m uito apropriada. e isso tom ou necessária a encarnação do Filho de Deus. ao m esm o tempo que ficava assim assegurado o m ais profundo efeito possível. Entretanto Deus preferiu exigir reparação. Não obstante. em alguns pontos são inferiores e . Além disso. (b) como um a superabundante satisfação agradável a Deus. havia razões congruentes especiais por que D eus queria que houvesse plena redenção. Não obstante. A paixão de Cristo efetua a salvação dos pecadores de quatro m aneiras diversas: (a) m erecendo as bênçãos da salvação. pois um mero homem jam ais poderia expiar o pecado cometido contra um Deus infinito. de hum ildade. Em bora o hom em tivesse sido reduzido à escravidão espiri­ tual pelo diabo. e assim por diante. este não tinha sobre aquele direitos legítimos. Os mérito de Cristo se estenderam por todo o tem po de Sua existência terrena. mediante a paixão e a m orte de Cristo. Ele determ inou o que é justo nesse caso. m as asseverava que Deus poderia ter agido desse modo quanto à hum ani­ dade pecam inosa. a superabundante satisfação feita por Cristo não salvaria os homens. Se os pontos de vista de Tom ás de Aquino m ostram -se considera­ velm ente sim ilares aos de Anselmo. por ser Ele m esm o a fonte da justiça e a parte prejudicada. por um ato de Sua vontade. e o motivo disso jaz na “configuração” necessária dos m em bros em relação à Cabeça. como tam bém m erece a graça da justificação e a bem -aventurança eterna. não foram necessárias. Entretanto. todavia.permitido que a hum anidade perecesse em seus pecados. e (d) remindo os pecadores da servidão e da punição. (c) como um ato sacrificial voluntário. diante de todos os atributos divinos. no caso sob consideração. E realm ente. que isso estava de conform idade com a Sua m isericórdia e justiça. pelo que não recebeu o resgate. de tal modo que cada ato de Sua vida contribuiu para a expiação do pecado humano. as quais são transm itidas aos pecadores. com o qual Deus Se deleitou. apresenta ao hom em um exemplo de obediência. pois isso não teria danificado a ninguém.161 - . estritamente falando. e não somente liberta do pecado. à parte do batismo e da penitência. em outros lhes são superiores. São inferiores por não exibirem a mesm a coerência lógica e por não alicerçarem a necessidade da expiação sobre a natureza divina, tom ando-a dependente sim plesm ente da vontade de Deus, quem poderia ter escolhido outro método, o qual tom aria inteiramente desnecessária a satisfação. Esse elemento de arbitrarieda­ de tom ou-se ponte fácil para a teoria de aceptilação postulada por Duns Scoto. São superiores, porém, na sua abordagem da idéia da satisfação penal, isto é, satisfação m ediante castigo; em sua m aior ênfase sobre os m éritos de Cristo, onde está prevista a posterior distinção entre a obediência ativa e a obediência passiva de Cristo; e na introdução da idéia da união mística como explanação para a transmissão dos méritos de Cristo ao crente. 5. DUNS SCOTO SOBRE A EXPIAÇÃO Se Tom ás de Aquino representa a teologia dominicana, que é a teologia oficial da igreja católica romana, Duns Scoto pode ser consi­ derado o fundador da teologia franciscana. Sua obra é prim ariam ente crítica e negativa. Ele não escreveu alguma Summa como o fez Aquino, mas incorporou suas idéias acerca da obra expiatória de Cristo no seu Comentários sobre as Sentenças de Lombardo. Podem os prosseguir na suposição de que ele compartilha dos pontos de vista de Lom bardo desde que não os corrige. Desse modo é possível obter-se reconstituição um tanto mais positiva de sua oposição do que sê-lo-oa exeqüível de qualquer outra maneira. Em alguns pontos ele se diferencia de seus predecessores. Ele faz a própria expiação, o caráter que ela assume e o seu efeito dependerem totalm ente da vontade arbitrária de Deus. Afirm a não haver necessidade inerente de prestação de satisfação. Esta tom ou-se necessária só porque Deus assim quis; porém não era necessário que Ele assim quisesse; foi um ato inteiram ente contingente de Deus. Outrossim, assegura ele que embora admitam os a necessidade de satisfação, disso não se seguiria que ela tinha de assum ir a form a exata que realmente tomou. Não era m ister que aquele que a prestasse fosse Deus, ou que fosse m aior que a criação toda. Um ato piedoso de Adão teria servido como expiação pelo seu primeiro pecado. Acresça-se que ele não considerava ser passível de prova que a satisfação teria de ser prestada por um homem. Deus poderia ter aceito a realização de um anjo como expiação suficiente. Tudo dependeu da vontade arbitrária de Deus. Não obstante, Deus teria predeterm inado desde a eternidade a paixão de Cristo como m eio de salvação dos predestinados. A paixão - 162 - tem um valor peculiar e um a eficácia especial só por ter sido predeter­ minada como meio de salvação e porque Deus quis aceitá-la como eficaz. Scoto nega o valor infinito dos m éritos de Cristo, por terem sido méritos da natureza humana, a qual, afinal de contas, é finita. Por um ato da Sua vontade, entretanto, Deus resolveu aceitá-los com o sufici­ entes. Um mérito que está longe de ser comensurável à dívida foi aceita por Deus de bom grado. Essa teoria é geralm ente intitulada teoria da aceptilação, mas de acordó com o que escreveu M ackintosh (Historie Theories ofAtonem ent, pág. 110s.), ela deveria ser cham ada de teoria da aceitação da expiação. Perguntas para estudo posterior A igreja católica romana segue Anselm o ao m anter a necessidade absoluta da expiação? Como você explica que Anselm o tivesse apre­ sentado a honra, e não a justiça penal de Deus, como o que exigia satisfação? Que conceito fazia ele do pecado? Onde obteve a idéia que o pecado precisa ser seguido pela punição ou pela satisfação? Com o se pode explicar que ele focaliza sua idéia do mérito exclusivamente sobre a morte de Cristo? Por que algumas vezes essa teoria é cham ada de “teoria com ercial”? Em que sentido Abelardo reputava necessária a expiação? Por que sua teoria é tida como subjetiva? É próprio falar das chamadas teorias subjetivas como se fossem teorias de expiação ? Abelardo expôs explanação suficiente dos sofrim entos e da m orte de Cristo? Qual é a grande objeção à posição de Duns Scoto? O que resta dos m éritos de Cristo conforme seu ponto de vista? Qual é a diferença entre aceptilação e aceitação ? Em que sentido a posição de Tom ás de Aquino é um passo adiante da de Anselmo? - 163 - 23 A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO NO PERÍODO DA REFORMA A doutrina da expiação não constituiu um dos temas de debate entre os reformadores e a igreja católica romana. Ambos aceitavam a morte de Cristo como satisfação em lugar do pecado, e satisfação de valor infinito. Suas divergências diziam respeito, primariamente, à aplicação subjetiva da obra de Cristo. Não obstante, havia certa diferença mesmo em conexão com a expiação, quanto à ênfase. Os reformadores seguiam linhas definidas em acordo fundam ental com Anselmo, ainda que com pontos difersos nos detalhes, ao passo que a igreja católica rom ana refletia as incertezas e indeterminações da era escolástica, embora concordasse no corpo principal do seu ensino com Tom ás de Aquino. 1. OS REFO R M A D O RES A PRIM O RA M A D O U T R IN A DE ANSELM O H á substancial acordo entre os reformadores e Anselmo. Ambos m antêm a natureza objetiva da expiação, e ambos a consideram necessária. Contudo, diferem quanto à natureza dessa necessidade. Anselmo a considerava absoluta, enquanto alguns reform adores ti­ nham-na como relativa ou hipotética. Falando sobre a exigência que o M ediador fosse tanto Deus quanto homem, diz Calvino: “Se exam inar­ mos o âmago da necessidade” (a questão mesma de Anselmo) “então não era que ela fosse simples ou absoluta, segundo comum ente se diz; ela fluiu, porém, do decreto divino do qual dependia a salvação da hum anidade. O que era m elhor para nós foi o que nosso Pai misericordiosíssim o determinou”. A s Instituías II, 12.1.Todos concor­ davam, entretanto, que a expiação mediante os sofrimentos e a morte de Cristo está em plena harm onia com a sabedoria divina e foi algo altam ente apropriado. E certam ente é injusto dizer que Calvino, à - 164- semelhança de Duns Scoto, faz a expiação depender da vontade arbitrária de Deus. Calvino desconhece vontade indeterm inada em Deus, mas som ente um a vontade que é determinada pelo com plexo integral dos Seus atributos, enfatizando devidam ente o fato de que a expiação feita por Cristo satisfez am plam ente a justiça de Deus. Em diversos pontos a doutrina da expiação, segundo foi desenvol­ vida pelos reformadores, m ostra-se superior à sua form a anselm iana. Se Anselmo reputa o pecado prim ariam ente como infração contra a honra de Deus, os reformadores o encaram antes de tudo como transgressão contra a lei de Deus, sendo, pois, um a culpa, não apenas um insulto. E se o prim eiro via a expiação na morte de Jesus com o um a dádiva superabundante de Deus, em vindicação à Sua honra, os últimos pensam nela como um sacrifício penal cuja finalidade era satisfazer à justiça de Deus. Assim, a expiação é elevada da esfera de direitos privados para a esfera da lei pública. Isso equivale a dizer que os reform adores tam bém rejeitavam a alternativa anselm iana de “satisfação ou punição”, frisando que um a coisa não exclui a outra, mas que a satisfação prestada pelo sacrifício de Cristo foi satisfação por meio de punição. Noutras palavras, ressal­ tavam o fato que os sofrimentos de Cristo foram , ao m esm o tem po, penais e vicários. Novamente, foram além de Anselmo ao distinguir com clareza entre a obediência ativa e a obediência passiva, dentro da realização medianeira de Cristo, e ao reconhecer que tanto aquela como esta parte são porções com ponentes da obra expiatória de Cristo. O Deus-hom em satisfez aos requisitos da justiça divina, não m eram ente por Seus sofrim entos e por Sua m orte, m as igualm ente por intermédio de Sua obediência à lei, em seu aspecto federal. Sua expiação consistiu não somente em fazer reparo por transgressões do passado, e sim tam bém em cum prir a lei com o condição do pacto de obras. Na qualidade de segundo A dão Ele fez o que o prim eiro Adão não conseguiu fazer. Finalm ente, eles tam bém ultrapassaram Anselmo na idéia que faziam sobre o modo como os m éritos de Cristo são transferidos para os pecadores. A opinião de Anselmo sobre isso tinha certo aspecto externo e comercial. Aquino melhorou isso destacando a significação da união m ística como meio de transferir as bênçãos da salvação àqueles que estivessem em vivo relacionam ento com Jesus Cristo. No entanto, ele falhou ao não dar a devida proem inência à atividade receptadora da fé. Os reformadores com partilhavam da sua opinião acerca da grande importância da união mística, porém em acréscim o cham aram a atenção para aquele ato consciente do hom em através do qual ele se apropria da justiça de Cristo — o ato de fé. Tiveram o grande - 165 - No entanto. visto ser pesso­ al a culpa. Aquela perpétua e constante justiça pela qual Deus Se caracteriza seria apenas Sua eqüidade e retidão m orais. conforme era entendida por Anselm o e os reformadores. É possível m anter apenas um a dentre duas coisas: ou que Deus perdoa gratuitamente ou que Ele perdoa por causa de Cristo. Ele nem ao m enos sofreu um a morte interminável. e isso mesmo sem que as reivindicações dessa justiça sejam satisfeitas. Socínio nunca se cansava de dizer que o perdão de pecados é um ato de pura m isericórdia. As únicas condições são a contrição pelo pecado e o . é impossível haver substituição em questões penais. todavia apenas um efeito de Sua livre escolha. Tal m isericórdia não O impede de punir a qualquer transgressor. e nem tal justiça O impede de perdoar a quem Ele quiser. a idéia da justiça de Deus. A justiça comumente assim chamada e que se opõe à m isericór­ dia não seria um atributo imamente de Deus. porquanto isso significaria que Ele m orreu tantas mortes eternas quantos são os pecadores. e que. Isso também se dá no caso da m isericórdia de Deus. Dizia igualmente que. Ele começou pela tentativa de rem over o fundam ento mesmo sobre o qual ela estava alicerçada. Outrossim. entretanto. Negava ele a presença de qualquer tipo de justiça em Deus que “requeresse absoluta e inexoravelm ente que o pecado fosse punido”. O peso m aior da crítica de Socínio assevera que é um a incoerência combinar a graça de Deus com os méritos de Cristo para servir isso de base ao perdão e à reconciliação. É incoeren­ te fazer o aprazim ento de seus frutos depender da imputação divina e da fé humana. Dentre as duas alternativas ele prefere a prim eira.166 - . 2. Socínio afirmava que a idéia de satisfação e a idéia de imputação são auto-contraditórias. contudo apenas dor finita. que é oposta à justiça. porque elas são m utuamente exclusivas. Se Cristo prestou completa satisfa­ ção. a questão fica resolvida.cuidado. a saber. em virtude das quais não há qualquer depravação ou iniqüidade em qualquer de Suas obras. m esm o que isso fosse perm issível. mas não as duas coisas. mas tão-som ente o efeito de Sua vontade. de não exibir a fé como causa m eritória da justificação. com base simplesmente no arrependim ento e na obediência. a saber. que Deus perdoa gratuitamente. pois o mundo ficou libertado. não se poderia dizer que Cristo sofreu a pena exata da lei. Não seria uma qualidade interna de Deus. CONCEPÇÃO SOCINIANA DA EXPIAÇÃO U m form idável ataque contra a doutrina dos reform adores foi desfechado por Socínio. 167 - . Essa teoria não estabelece qualquer liame direto entre a m orte de Cristo e a salvação dos pecadores. M as. com sua crença na bondade inerente do homem e em sua capacidade espiritual. em um a obediência até à m orte. imediatamente após a Sua morte. o que pode inspirá-los a um a vida similar. não contesta aquela crítica mais importante de Socínio à doutrina dos reformadores. O perdão de pecados depende exclusivam ente da m isericórdia de Deus. Ao m esm o tempo. A doutrina de Socínio na realidade não passa de um a m istura de diversas heresias condenadas pela Igreja Prim itiva. e outorgando a vida eterna. seguida pela ressurreição. TEO RIA GROTIAN A DA EXPIAÇÃO Essa teoria representa realmente um a posição m édia entre a doutri­ na dos reform adores e as idéias de Socínio. em vista de Cristo ter recebido o poder de dar vida eterna aos crentes. face ao fato que é completam ente racionalista. E não é para admirar. um reavivam ento da antiga idéia de Pelágio. m ero jogo abstrato da lógica humana. no entanto. à qual Socínio havia apelado. Socínio considerava possível m anter que essa morte expiou por nossos pecados. pois intitulou sua obra de Defesa da F é Católica Concernente à Satisfação de Cristo Contra Fausto Socínio de Siena. em virtude do poder recebido quando da ressurreição. A morte de Cristo não teria feitos expiação por nosso pecado. conferindo-lhes um exemplo de verdadeira obediência em Sua vida e em Sua m orte. Dizia que Cristo salva os pecadores revelando-lhes o caminho da fé e da obediência. cuja obra salvadora era realmente excluída no seu sistema. que faz de Cristo. Todavia. ele percebeu que tinha de dar algum a explicação para a singular significação de Jesus. como caminho para a vida eterna. Deus ter-Lhe-ia dado esse poder como galardão por Sua obediência. Entretanto o próprio Grótio evidentem ente não a tinha como tal. com base na lei romana. ou seja. frisa certas falhas no argum ento deste. um Filho de Deus por adoção. da velha doutrina adopcionista. 3. da teoria da Influência Moral da expiação com sua ênfase sobre a vida exem plar de Cristo. quanto à sua natureza humana. a todos que se apegarem a Ele pela fé. que fracassa fragorosam ente em fazer justiça aos fatos revelados pela Palavra de Deus e experim entados nas vidas dos remidos. e nem impeliu Deus a perdoar-nos o pecado. É obra de um jurista habilidoso que. que Cristo . e da doutrina de Scoto acerca de um a suposta vontade arbitrária de Deus. Teve pequena acolhida até entre os que se opunham à doutrina penal substitucionária da expiação.intenso desejo de obedecer à lei. proporcionando-lhes um a exposição concreta de obedi­ ência como o caminho da vida. pois os crentes estão livres da condenação. como Governador do universo. m as. De fato. “no que tange à lei é relaxamento. se assim Lhe parecesse melhor.não levou nem poderia ter levado sobre Si mesmo a pena da lei que forra imposta aos pecadores." De confor­ m idade com a doutrina ensinada pelos reformadores existe tal relaxa­ mento por parte do Supremo Juiz. segundo ele. por alguma razão importante. A lei que envolve o pecador não seria um fac-sím ile da retidão inerente de Deus. de algum modo. tom e imperativa a completa satisfação por m eio da punição. “Esse ato do Pai”. abandonou pessoalmente essa teoria e arquitetou um a nova. um produto da vontade divina. Grótio extendeu esse princí­ pio a ambos esses aspectos. que Cristo sofresse? Por que a penalida­ de não foi anulada pura e simplesmente? Grótio replica dizendo que Deus. podendo Ele alterá-la ou abrogá-la conforme quiser. Apesar de que Deus certam ente tencionou que essa lei fosse válida e obrigatória. esta foi real. e não m eram ente um equivalente nominal. pelo qual Deus não está de modo algum obrigado. na adoção do princípio da substitui­ ção vicária. algo que Deus Se agrada em aceitar como tal. Tanto a próprio lei como sua penalidade poderiam ser m odificadas ou m esm o abolidas totalm ente pelo Governador do universo. até m esm o a m orte eterna. Grótio diz que Cristo prestou satisfação. denota um ato pelo qual um credor anula de modo absoluto um a dívida. Essa é a idéia central que Grótio aplica à sua teoria da expiação. e isso sem satisfação rigorosa. na verdade. a natureza inviolável da lei e o Seu santo desprazer ante .168 - . visto que isso estava ao Seu alcance? Por que foi necessário. porquanto isso. e que. Seria apenas um equivalente nominal. reservou-Se o direito de relaxá-la . e sim um a lei positiva (em oposição à lei natural). m as não na própria substituição efetuada. Os sofrim entos de Cristo teriam sido apenas um equivalente nominal em lugar dos sofrimentos m erecidos pela raça humana. Ele afirma não haver qualidade dom inante na justiça distributiva de Deus que exija que os requisitos da lei sejam satisfeitos em cada particular. diz Grótio. N ão Lhe seria seguro fazer tal anulação sem revelar. afinal. Tem lugar um relaxamente: a pena é eximida. porém não se deveria entender isso no sentido estrito de um exato equivalente da pena que foi imposta ao homem. essa sentença não é estritamente executada. então. levanta-se naturalm ente a pergunta: por que Deus não abrogou sim plesm ente a lei. A seguir. sem com pensação de qualquer espécie. Grótio negava que sua teoria fosse um a teoria de aceptilação. mas no que tange ao crim inoso é remissão. Em virtude de um a estrita justiça o pecador merece a m orte. De fato. tinha de m anter a ordem em Seu imenso reino. no caso de transgressão. E finalmente. Por um lado. afirmando que a expiação era necessá­ ria a fim de salvaguardar o governo moral do universo. consideração essa que ocupa lugar secundário dentro da doutrina dos reformadores. Por outro lado.169 - . Tanto no Velho Testam ento como no Novo Deus Se apraz em vincular a manifestação de Sua graça perdoadora à m orte antecedente de um sacrifício. e tenha sido equivalente pleno da penalidade do pecado. ao passo que os reformadores asseveram que foi ambas as coisas. a m orte de Cristo foi um m ero exemplo. de conform ida­ de com Grótio. baseavam a necessidade da expiação sobre a natureza divina. a despeito do que deixaram de levar essa idéia à sua últim a conseqüência lógica. poderia ter sido anulada sem aquela exibição”.o pecado. É bem característico à posição arm iniana que a morte de Cristo é apresentada como uma oferta sacrificial. tem por igual modo afinidades com a teoria de Socínio. e nem como completa satisfação prestada à justiça. se alicerçaria sobre os interesses do governo m oral do universo. é m antido que esse sacrifício não deve ser tido como pagam ento de um a dívida. pois ambas negam que a satisfação prestada por Cristo fosse requerida pela natureza e pelos atributos de Deus. mas. em conexão com o que seria seguro e prudente rem itir aquela penalidade. e sob hipótese alguma foi retributiva. a teoria de Grótio m ostra algum as inclinações para a doutrina dos reformadores. a qual. É perfeitamente patente que. Não adotaram o esquema de Grótio. os sofrim entos de Cristo serviram tão-som ente ao propósito de refrear pecados futuros. e os dois teólogos que m ais ativos se m ostraram em sua estruturação foram Curcelaeus e Limborch. conform e essa teoria. ao mesmo tem po. embora se tivessem aliado a ele na tentativa de velejar entre a m onstruosa Cila dos socinianos e a Caríbdea da doutrina da Igreja. Pelo menos tem algum a aparência de ensinar uma expiação objetiva. 4. A o invés disso. Por essa razão é que essa teoria se denomina de teoria governam ental da expiação. portanto. Concordando com os reformadores. não tendo realizado real expiação pelos pecados passados. por conseguinte. é mais um fator concomitante ou um a conditio sine qua non do perdão de pecados. Diz Shedd: “Os sofrimentos e a m orte do Filho de D eus são um a exibição exem plar da indignação divina contra o m al m oral. Os sofrim entos e a morte de Cristo são reputados de natureza penal e judicial e. IDÉIA A RM IN IA NA DA EXPIAÇÃO Esta tomou form a depois que Grótio publicara sua obra. pertencentes . A necessidade da expiação. e não sobre os interesses da ordem moral. no tocante a Deus e aos atributos divinos. à natureza de punição. Deus não tem o direito de requerer fé e obediência. e nem de punir ao pecador se este deixar de obedecer. Aludese a ela como um a satisfação por benevolência. m as como um a substituição por um a penalidade que pode ser de valor inferior. os arm inianos estão em perfeita consonância com Grótio. nada resta à graça divina para ser realizado. e Cristo Se ofereceu a Si próprio voluntariamente. o qual pode neutralizar. Outrossim. da decisão do pecador. o Sínodo de Dort assum iu a posição de que a expiação de Cristo. E (c) se Cristo apresentou plena satisfação. que Ele tenha suportado o que o hom em m erecia suportar. Isso não quer dizer. manteve que a aplicação eficaz da expiação não depende. o propósito m esm o de Deus. Cristo foi enviado por Deus ao mundo. os eleitos. quer quanto ao tempo ou quer quanto ao grau. e em m uitos casos neutraliza. se a expiação é universal na intenção divina. da vontade do pecador. Não houve sofrimento interminável no Seu caso. ou seja. em última análise. embora perfeitamente suficiente para a salvação de todos os homens. em última análise. porquan­ to não sofreu morte eterna. Todavia. N esse particular. Os arm inianos têm várias objeções à doutrina oficialmente adotada da expiação. o que significa que Ele “fez expiação pelos pecados da hum anidade em geral. Através do poder do Espírito Santo se tom a eficaz a expiação de Cristo nos corações e nas vidas de . eles consideram a expiação de Cristo como geral e universal. obtendo para este o perdão dos pecados. porquanto muitos se perdem. (b) Se Cristo fez completa expiação pelo pecado. e sim da determinação divina de que será exercida uma graça especial. a rem issão de pecados não mais pode ser questão dependente da com paixão divina. as mais importantes dentre as quais podem ser expressas como segue: (a) Cristo não sofreu a pena completa do pecado. Isso significa que a m orte de Cristo não é contada como uma penalidade substituta e estritamente equivalente (posição dos reformadores). como tal. que se recusa a aceitar a expiação oferecida. não é universal­ m ente eficaz. mas apenas que por determinação divina a Sua morte sacrificial tomou o lugar de um a penalidade e.170- . porquanto é injusto cobrar dupla punição por um só e m esm o pecado. ficando assim frustrada a divina intenção. entretanto. redundou na reconciliação de Deus com o homem. A aplicação eficaz da expiação depende. Em oposição a esse erro arminiano. Outrossim. e nem houve desespero absoluto. Se a justiça ficou satisfeita. e por cada indivíduo em particular”. com o fito de salvar a cada indivíduo da raça humana. apesar disso o seu intuito foi beneficiar somente aqueles a quem ela é aplicada. Esse fracasso parcial é lançado na conta da obstinação do pecador. Os pontos de vista da escola de Saumur foram com partilhados de modo prático por Davenant. Todos esses chegam à salvação. que todos os hom ens fossem salvos sob a condi­ ção de arrependim ento e de fé em Jesus Cristo. através de um decreto subseqüente elegeu a alguns como objetos da operação salvadora de Sua graça. alguns ressaltaram o prim eiro decreto e a universal oferta de salvação baseada sobre aquele decreto. e outros sublinha­ ram o segundo decreto e a necessidade da graça eficaz. é que chegam de fato à salvação.todos aqueles por quem Cristo verteu Seu sangue. disso resultando que passaram para o campo arminiano. Deus enviou Cristo ao mundo. na qual são combatidas tais idéias. TRANSIG ÊNCIA NA ESCOLA DE SAUM UR A escola de Saumur representa uma tentativa de abrandar o calvinismo rigoroso do Sínodo de Dort e. e somente esses. m ediante decreto antecedente. percebendo que por si mesm os nenhum deles jam ais se arrependeria e creria. Suas opiniões peculiares deram ocasião à estruturação da Formula Consensus Helvetica. e especialm ente Richard Baxter. Por esse m otivo.171 - . O resultado mostrou ser essa uma posição insustentável. D entre os seguidores dessa escola. evitar os erros do arminianismo. para que m orresse em prol de todos os homens. Deus quis. e devem sua salvação exclusivam ente à graça de Deus. Perguntas para estudo posterior Os reform adores concordaram com Anselmo sobre a absoluta necessidade da expiação? Qual era a posição de Calvino quanto a esse particular? Os teólogos reformados do século XVII concordam com ele? Alicerçam a necessidade da expiação sobre a honra ou sobre a justiça de Deus? Os teólogos luteranos e os reformados concordam acerca da extensão da expiação? Estão acordes em sua idéia da ativa obediência de Cristo? Que crítica pode fazer você ao sistem a de Socínio? Socínio considerava Cristo como um sacerdote durante a Sua vida terrena? Em que sentido Ele reputava a m orte de Cristo como um meio de redenção? De que modo Grótio tentou escapar da posição de Socínio? Qual crítica você pode fazer à chamada “teoria governam en­ tal”? O universalismo dos arminianos implica em que é universalmente . M as. 5. retornando assim à posição calvinista. Calamy. o qual ensinava ousadam ente um hipotético universalism o que equivalia realmente a um a form a de expiação universal. Isso se vê m ormente na obra de Am iraldo. na Inglaterra. por Turretin e Heidegger. ao m esm o tempo. Esses. eficaz a expiação de Cristo? Por que o caráter limitado da expiação foi frisado insistentem ente pelo Sínodo de Dort? Com que base Piscator nega que a obediência ativa de Cristo fez parte de Sua satisfação? Em que ponto j az a fraqueza da posição amiraldiana? .172- . e após certo espaço de tem po foram acusados de antinomianism o (o que não era verdade. publicado em 1645. CO NTROV ÉRSIA DA M EDU LA NA ESCÓCIA Uma interessante controvérsia surgiu na Escócia no com eço do século X V III. a lei do evangelho.173 - . tendo obtido ardentes admiradores em Thom as Boston e os dois Erskines. Assim. Esse nom e respalda-se sobre o fato que o movimento praticam ente transform ou o evangelho numa nova lei. essa obra foi republicada ali sob a tutela de James Hogg. no sentido que tornou a salvação possível para todos. Ao aparecer o neo-nom ianism o na Escócia. de tal modo que Sua obra pode ser denominada de nossa justiça legal. Cristo fez expiação por todos os hom ens. logo passaram a ser cham a­ dos de “hom ens-da-m edula”. Ele então introduziu um a nova lei. é a base da justificação do crente. a qual. Ele satisfez todas as condições do pacto de obras.24 A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO APÓS A REFORMA 1. Esses hom ens. Em bora essa acusação não houvesse sido justa. eles eram antineo-nom ianos) como também de patrocinarem um a doutrina de expi­ ação universal e de perdão universal. pois. junto com Hogg. contudo devemos dizer que o desejo que tinham de estabelecer firmem ente a garantia do oferecim ento universal . a qual requer fé e conversão. Tendo satisfeito a todas as condições do pacto de obras. levando-os assim a um estado salvável. e não a im putada justiça de Jesus Cristo. em 1718. Trata-se apenas do arm inianism o com um novo rótulo. ainda que im perfeita. A posição neo-nom iniana foi combatida na Inglaterra pelo livro de Fisher. o pacto da graça foi m udado num pacto de obras. O neo-nomianismo. M arrow o f M odem Divinity (“M edula da Divindade M oder­ na”). Essas coisas constituem a justiça evangélica do crente. tam bém fez seu aparecim ento na Escócia. Segundo essa idéia. e desse modo abrogou a antiga lei daquele pacto. muito prevalecente na Inglaterra no século XVII. tom ando-se passíveis daquela acusação. só os eleitos são objetos do am or elegível de Deus. embora com ênfase levem ente diversa. para salvar a todos. A posição que eles tomaram foi condenada em 1720. e através da fé viva nEle. 2. Ao mesmo tempo. foi renovada a ideia de que a encarnação era o fato central da redenção. Todavia. cuja singularidade consistiu do fato que era possuidor de perfeito e inquebrantável senso de união com Deus. e isso foi adotado por Schleiermacher. insisitiam em que a expiação tem um a referência geral.174- . mas posto em condições mais favoráveis e tendo perm anecido em obediência perfeita e impecável. no entanto está em disponibilidade para todos. Ele rejeitava totalmente a doutrina da satisfação penal. ainda que certam ente não compartilhassem das noções panteístas dele. capaz de vitalizar e suster a vida superior de toda a hum anidade. Sob a influência de Hegel. sem elhante ao primeiro. hom em verdadeiro. o homem perfeitamente religioso e a fonte da religião autêntica. querendo que agora fossem reivindicados sob a condição de fé. além de haver concretizado plenamente o destino do homem em seu caráter de perfeição impecável. exceto quando. isto é. O dadivoso amor de Deus transform ou em dádiva a pessoa de Cristo e os benefícios remidores para a hum anidade inteira. ela faz lem brar das idéias apresentadas por Abelardo. Nisso se basearia o oferecim ento universal da salvação. e somente eles obtêm a salvação.salvatício levou-os a usar linguagem dúbia. Ele foi o segundo Adão. para garantir a salvação dos eleitos. SCHLEIERM A CH ER E RITSCHL SOBRE A EXPIAÇÃO (a) Schleiermacher. se ao menos O recebessem . Schleierm acher considera Cristo o hom em arquétipo. Foi Ele o Cabeça espiritual da hum anidade. e isso deu azo à separação em 1733. ao demorar-se acerca dos sofrimentos simpáticos de Cristo e seus efeitos sobre os homens. ao m esmo tem po. Diziam que apesar de Cristo não ter m orrido por todos. morreu por todos. Endossavam de coração o hígido princípio calvinista de que Cristo morreu. Pode-se dizer que sua principal linha de pensam ento ecoa até certo ponto os pensam entos daqueles Pais Prim itivos da Igreja que ressalta­ ram a encarnação como a grande realização remidora de Cristo. Sua construtiva obra sobre a doutrina da expiação revela pouca semelhança com as teorias anteriores. na prossecução do pacto de redenção. o protótipo perfeito da hum anidade. Achamos em Schleierm acher um a linha com ­ parativam ente nova de pensamento. outros tam bém podem to rn a r-se p e rfe ita m e n te religiosos! E ssa d ig n id id ad e transcendental acha explicação numa peculiar presença de D eus em . Ele atribui a influência de Cristo prim ariam ente à vida e ao espírito coletivos que fluem do Senhor . Sua atividade foi de natureza criativa. um a influência inspirador e vivificadora de espírito sobre espírito. Ele nega o fato e m esm o a possibilidade de uma expiação vicária. D e acordo com ele. além de intensificar a influência que ele exerce sobre as alm as que estavam antes alienadas de Deus. tam bém não esclarece com o se salvaram os santos do Velho Testamento. estritamente falando. Entretanto. tom ando aqueles que entram em contato com Ele m ais acolhedores das coisas mais elevadas e transm itindo-lhes um a íntima experiência de consciência do divino. essa morte não teve qualquer significação como propiciação pelo pecado. sim ilar à que Ele tinha. Finalm ente. E Ele entrou na existência da hum anidade com o um novo ferm ento. não é real pecado. pelo que. D eus perdoa o pecado com base na obra de Cristo como fundador do reino. Cristo fundou a com unidade cristã vivendo uma vida de confiança e obediência perfeitas. e m esm o assim só na proporção em que se tornarem m em bros da com unidade remida. a quem o predicado divino pode ser atribuído. porém só aparentemente. mas busca tãosom ente explicar como o homem é libertado de sua polução. ou por causa desse reino. Cristo operou a redenção por ter sido o portador da perfeita e final revelação de Deus. Contudo.Cristo. Trata-se de algo totalm ente subjetivo. Seu valor reside no fato que se trata de um poder que continua a despertar fé constante no am or de Deus. nem é uma teoria de expiação. pois. postula Ritschl um alicerce objetivo para o perdão de pecados. compartilhando dessa form a de seus benefícios. um espírito de obediência até à morte. (b) Ritschl. N ão leva em conta a culpa do pecado. Também m anteve que a obra de redenção pertence prim ariam ente à comunidade. e só em segundo lugar aos indivíduos. por causa de Sua obra. por ter sido o fundador e sustentador da comunidade cristã — o reino de Deus. Algumas vezes ele parece considerar Cristo um m ero exem plo.175 - . m ostrando seu efeito até sobre o pensam ento teológico de nossos dias. e um senso de vitória sobre o mundo. e tam bém exibindo essas mesmas qualidades quando a fidelidade à Sua vocação tom ou-Lhe necessário suportar sofrimentos e morte. Em distinção à teoria da “influência m oral” . de acordo com essa teoria. Esse ponto de vista se cham a “teoria mística” da expiação. A influência de Ritschl na teologia m oderna só ocupa segundo lugar em relação à de Schleiermacher. declarando que a reconciliação consiste exclusivamente da m udança de atitude do pecador para com Deus. a qual. Ritschl via em Cristo um hom em que para nós tem o valor de Deus. Seus sofrim entos e Sua m orte voluntários serviram para revelar o Seu am or à hum anidade e a Sua dedicação à Sua incumbência. (b) Diferentes tipos da teoria da influência moral (i) Bushnell. saiu em campo para salvar ao homem. A princípio. Abaixo damos as mais importantes: (a) Teoria governam ental da teologia de Nova Inglaterra. A história da teologia da Nova Inglaterra revela tendência descendente quanto à doutrina da expiação. ativado pelo amor. Horácio Bushnell rejeitava ambas as teorias penal e governam ental. Emmons procurou m elhorá-la com a introdução do elemento moral. a qual. um leigo proeminente. Não entendia com o um espetáculo que revelou o quanto Deus abomina o pecado poderia redundar no perdão de pecados. não fazendo justiça ao elemento ético da expiação. somente os sofrim en­ tos dEle eram reputados revestidos de significação remidora. Hopkins concordava com ele. Entretanto. em Cristo. em sua essência era sim ples reprodução da “teoria governam ental” de Grótio. TEORIAS M AIS RECENTES DA EXPIAÇÃO Nos países de língua inglesa vêem-se reproduções da m aioria daquelas teorias típicas consideradas acima. No seu livro. ao introduzir a teoria da “influência m oral”. e sim algo que lhe serviu de substituição. a doutrina substitucionária penal da expiação encontrou solo fértil ali. e sustentava que Cristo não sofrera a pena exata do pecado. por­ quanto não perde de vista a justiça de Deus. 3. A teoria governam ental se tom ou a idéia dom inante sobre a expiação na teologia da Nova Inglaterra. Além disso. Bellam y introduziu o que posteriormente veio a ser conhecido como doutrina da expiação conforme a Nova Inglaterra. bem como a doutrina da imputação. negava-se de modo geral que Cristo m ereces­ se qualquer coisa devido à Sua obediência ativa. ele rejeita a idéia que Deus precisava ser propiciado. oriunda daquela. mas asseverava um desígnio unviersal da expiação. fazia objeção a am bas as teorias sob a alegação de serem por demais legais e externas. de Norton. e m antém que o único requisito era que o hom em fosse reconciliado com D eus e m anifestasse um a nova atitude de am or e obediência. E Horácio Bushnell foi ainda m ais avante.para a comunidade fundada por ele. atacou a doutrina que Cristo sofreu os próprios tormentos dos perdidos. mas considerava a prim eira superior à última. Ele frisava o fato que o governo de Deus é um governo m oral. O próprio Deus. Sacrifício Vicário. Em 1653 houve a réplica. embora freqüentem ente com variações. M as desde tão cedo como 1650 W illiam Pynchon. Tam bém negava um desígnio limitado. e chegou m esm o a - 176 - . substituindo-a pela idéia de auto-propiciação mediante auto-sacrifício. sim patizado com ele em suas tribulações. Ele quebrantou o antagonism o do hom em e conquistou seu afeto. Cristo veio para levar os hom ens ao arrependim ento e assim reconciliá-los com Deus. Posteriorm ente Bushnell recebeu nova luz. em Cristo. Pode ser intitulada de teoria de influência moral porque afirma que a oferta de obediência da parte de Cristo nos serviu de exemplo a ser seguido. Quando um hom em pensa em perdoar a alguém que lhe fez um mal. A fim de realizar isso. Em conseqüência. revelado Deus para ele em toda a Sua santidade e amor sofredor. M aurice toma como ponto de partida. o Cristo como Logos. enfim. em seu “Perdão e A m or” ele se retratou da últim a parte de sua anterior publicação. Ao assim fazer. mas tam bém um poder retificador na vida do homem. Portanto. Portanto.177 - . Ele veio à terra e participou realmente da condição humana. sente um ressentim ento que o tolhe. Cristo Se acha num a relação singular e original para com a raça — um eterno segundo Adão. sem im portar sua fé. e sim um representante da raça humana. curado suas doenças. e dessa hum anidade Ele é a Raiz e a Cabeça. os quais com freqüência perdoam gratuitam ente e com alegria. e viu que Deus precisa­ va ser propiciado. à moda verdadeiramente alexandrina. tendo sofrido da inim izade e do pecado do hom em . A base dessa teoria é um a realista união de Cristo com a humanidade. porém. sem apelarem para métodos tão extraordinários.sofrer no Filho de Seu amor. todos os hom ens são rem idos. . levando este à união com Deus. Disso consistiu a expiação. Postulou o princí­ pio que nem Deus nem o homem podem perdoar um pecador enquanto não lhe tiver feito o bem e sofrido sua repulsa. Evidentem ente Bushnell não viu que fizera Deus inferior a certos hom ens bons. considerando-O o arquétipo ou raiz da humanidade. (ii) Frederico Denison M aurice. Não seria Cristo um substituto. mediante comunhão com Ele mesmo. Seus sofrimentos e Seu sacrifício foram aqueles que a hum anidade devia a Deus. tendo-o servido de toda m aneira. É patente que a idéia de M aurice está igualm en­ te relacionada à de Schleiermacher. Assim tam bém é que Deus conseguiu dom inar Seu ressentim ento em perdoar. Na encarnação Ele Se tornou o M ediador entre Deus e o homem. Cristo teve de revelar Deus ao hom em e adquirir sobre ele um a nova autoridade. pois basta que sejam levados à consciência dessa redenção. por meio da qual pudesse conduzi-lo para fora do pecado. e os sofrim entos e o sacrifício de Cristo foram aceitos por Deus como perfeita satisfação. Como tal. pode vencer esse ressentim ento se sacrificar algo ou se sofrer pelo culpado. realizando um a expiação objetiva. Cristo seria não somente m odelo exem plar do hom em . Essa purificação da natureza humana. em seu desenvol­ vimento posterior. A ssevera ele que Cristo ofereceu a Deus. em favor do homem. ou de Sua natureza divina. fica lamentavelmente aquém da marca quanto à sua con­ cepção da seriedade do pecado. Outrossim. purificou gradualmente a mesm a através de Seus sofrim en­ tos. como “teoria de redenção pelo exem plo”. na pessoa de Jesus Cristo. a saber. De acordo com ele. e mostrou grande respeito por esse tipo de teologia. em prol da humanidade. através do poder do Espírito Santo. Se colocou debaixo da condenação imposta pelo Pai contra o pecado. No entanto. porque seria por demais legal e não refletiria bastante o amor de Deus. Campbell examinou a doutrina da expiação segundo era ensinada por Ow en e Edwards. e dessa m aneira satisfez às condições para o perdão. Cristo assumiu a natureza hum ana segundo ela estava em Adão após sua queda. Tam bém se conhece por “teoria irvingita” ou “teoria da gradual extirpação da depravação”. e assim reunificou-a a Deus. extirpou completam ente a depravação original por interm édio da morte. (c) Teoria mística da expiação. os hom ens são salvos. Com Seus sofrim entos e Sua morte Cristo. Naturalmente levanta-se a questão sobre como a morte de Cristo estaria relacionada a essa confissão vicária. ele considerava defeituoso o ponto de vista daqueles. o arrependim ento que se fazia mister. Essa condenação do pecado é tenciona­ da a produzir no homem aquela santidade que Deus requer da hum a­ nidade pecaminosa. A obra de Cristo realmente consistira da confissão vicária de pecados. a teoria mística. a natureza hum ana com sua corrupção inerente e suas predisposições para a maldade moral. é a Sua expiação. o grande pregador escocês contem porâneo de Tom ás Chalmers. A grande dificuldade com essa teoria é estar totalm ente destituída de base escriturística. por sim patia. Não obstante. além de ser difícil conceber o arrependim ento vicário num impecável (como é Jesus Cristo). Existe um a outra teoria. expôs a hediondez do pecado e condenou o mesmo. que foi pela prim eira vez ensinada por Schleiermacher. não por alguma expiação objetiva.(iii) M cLeod Campbell. e isso foi visto pelo Pai como perfeita confissão dos nossos pecados. Bruce alude à mesma. Conseqüente­ mente. mas . Terminamos nosso esboço chamando a atenção para as opiniões de Edw ard Irivng. Na admissão de Edw ards de que um perfeito arrependimento seria equivalente a uma expiação. popular em certos círculos.178 - . ou seja. contanto que o hom em fosse capaz de um arrependim ento adequado. conseguiu impedir que essa corrupta natureza humana se m anifestasse por meio de qualquer pecado factual ou pessoal. A teoria de Cam pbell tem sido descrita como teoria do arrependimento vicário. Campbell entreviu um indício da verdadeira teoria da expiação. 179 - .antes. ou está disponível a todos? Que tipo de teoria era advogada por Schleiermacher? Ele concebia o pecado como um a realidade? A teoria da expiação ocupa lugar lógico dentro de seu sistema? A teologia de Ritschl faz mais justiça ã doutrina da expiação? Esses sistem as fazem justiça à morte de Cristo na obra remidora? Jônatas Edw ards de algum modo foi o responsável pela introdução da teoria governam ental na Nova Inglaterra? Qual é a vantagem dessa teoria sobre as teorias de influência moral? Por que motivo é incorreto. por se tom arem participantes da nova hum anidade de Cristo. estritam ente falando. denom inar de teorias de expiação a essas últim as teorias? Por que essas teorias são muito mais populares do que a teoria da expiação vicária? A teoria de Irving faz justiça à santidade de Cristo? Os seguidores dele continuam a ensiná-la segundo sua forma original? . Perguntas para estudo posterior De que modo os “hom ens-da-m edula” se expuseram à acusação de universalismo? É correto dizer que Cristo m orreu a favor de todos os homens. m ediante a fé. 181 - .A DOUTRINA DA APLICAÇÃO E APROPRIAÇÃO DA GRAÇA DIVINA . 25 SOTERIOLOGIA DO PERÍODO PATRÍSTICO É natural passar da doutrina da expiação, ou seja, da obra objetiva da redenção por m eio de Cristo, para a discussão do método pelo qual os crentes vêm a participar de seus benefícios, isto é, para a aplicação subjetiva dos m éritos de Cristo através da operação do Espírito Santo. 1. SOTERIOLOGIA DOS TRÊS PRIM EIROS SÉCULOS Não seria razoável esperar um ponto de vista comum, definido, bem integrado e am plam ente desenvolvido sobre a aplicação da obra de redenção, nos escritos dos primeiros Pais da Igreja. São naturalm ente exposições um tanto indefinidas, imperfeitas, incompletas e, algum as vezes, até mesm o errôneas e auto-contraditórias. Escreve Kahnis: “É fato seguro, que desconhece exceções, reconhecido por todos quantos são versados na questão, que todos os Pais pré-agostinianos ensinavam que na apropriação da salvação há cooperação entre a liberdade hum ana e a graça divina”. - Em harm onia com o ensino do Novo Testamento, de que o hom em obtém as bênçãos da salvação pelo “arrependimento para com D eus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo”, os Pais Primitivos ressaltaram tais requisitos. Isso não significa, porém, que de pronto tivessem plena e apropriada concepção da fé e do arrependimento. A fé era usualm ente tida como o notável instrumento para o recebimento dos m éritos de Cristo, e com freqüência era reputada de único m eio da salvação. Com preendia-se que a fé consistia de verdadeiro conhecim ento de Deus, confiança nEle e entrega pessoal a Ele, tendo como objeto especial a Jesus Cristo e o Seu sangue expiatório. Essa fé, e não as obras da lei, era prezada como o meio da justificação. E essas idéias são reiteradam ente expressas pelos Pais Apostólicos, reaparecendo nos apologetas paralelam ente à idéia de que o novo conhecim ento da sabedoria, revelado pelo Logos, contém um significado salvatício. Pais - 183 - posteriores, como Irineu e Orígenes, compartilham da idéia que o hom em pode ser salvo pela fé, ao passo que os Pais latinos, Tertuliano, Cipriano e Am brósio chegam a ultrapassá-los ao frisarem a total depravação do homem e a necessidade de justificação pela fé. Não se pode dizer, todavia, que no pensam ento dos três prim eiros séculos tenha vindo à luz um a clara concepção da fé. Em sua ênfase sobre a fé, os Pais sim plesm ente repetiam o que achavam na Bíblia. Não se tom a bem claro o que pretendiam dizer quando falavam da fé. Parece que a idéia prevalecente era m eramente a de anuência intelectual à verdade, mas, em alguns casos, isso aparentem ente incluía a idéia de autorendição. Não obstante, geralmente ela ficava bem aquém da plena e rica concepção da fé como confiança salvadora em Jesus Cristo. Os alexandrinos algum as vezes contrastavam a fé e o conhecimento, e apresentavam a prim eira como um estágio inicial, como aceitação da verdade de m aneira geral, enquanto que o últim o seria o estágio mais aperfeiçoado, no qual as relações e vinculações seriam plenam ente entendidos. Outrossim, a despeito de toda a ênfase que davam à graça de Deus e à fé como órgão apropriador da salvação, os prim eiros Pais da Igreja revelam um m oralismo que não se coaduna com a doutrina paulina da salvação. O evangelho é freqüentem ente descrito como a nova lei {nova lex ). A fé e o arrependim ento algumas vezes são expostos como meros dependentes da vontade do homem. A salvação figura ora como dependente da graça de Deus, ora da cooperação voluntária do homem. Lado a lado com a fé, o arrependim ento também era tido como condição prelim inar da salvação. Há certa dúvida quanto ao sentido exato do termo “arrependim ento", conform e era usado pelos Pais Primitivos. É incerto se o concebiam meramente como um ato ou um a condição da mente, ou então consideravam-no como algo que consistia em correção de vida. Ao mesmo tempo, é bem evidente que, quando falavam do mesm o naquele prim eira sentido, ligavam grande im por­ tância às suas m anifestações externas na form a de atos penitenciais. Esses atos chegam a ser reputados dotados de valor expiatório no caso de pecados cometidos após o batismo. Há a tendência de enfatizar a necessidade das boas obras, sobretudo obras de abnegação, a saber, liberalidade na doação de esmolas, abstinência do matrimónio, e assim por diante, tudo o que se revestiria de m éritos especiais, que eram coordenados com a fé como meios de garantir o favor divino. A posição tom ada quanto às boas obras era mais legal do que evangélica. Essa perversão moralista do cristianismo neo-testamentário achava explica­ ção na natural justiça própria do coração hum ano, ficando assim aberta um a porta para a penetração do legalismo judaizante na Igreja. - 184 - Há um outro particular que m erece menção. Os Pais da Igreja dos três prim eiros séculos já revelam um deslize inicial na direção do ritualismo. Prevalecia largamente entre eles a idéia que o batism o tem o dom de perdoar os pecados passados, e que o perdão para os pecados cometidos após o batismo pode ser obtido peia penitência. A lém disso, ia ganhando terreno, gradativam ente, o pensam ento que as boas obras de alguns, sobretudo os sofrimentos dos mártires, podem servir para expiar pelos pecados de outros. Aproxim ando-se o fim desse período, um valor excessivo passou a ser conferido à intercessão dos confesso­ res e m ártires, em bora alguns dos Pais da Igreja houvessem desencorajado tal idéia. Sohm descobre a explicação para esse desvio dos ensinam entos das Escrituras no fato que “o hom em natural é um católico nato”. Era inevitável que, na passagem do tem po, esses dois tipos fundam entalm ente diferentes de pensam ento entrassem em con­ flito um com o outro. 2. SOTERIOLOGIA DOS SÉCULOS RESTANTES DO PERÍO DO PATRÍSTICO Pelágio se afastou muito mais do ensino bíblico quanto à aplicação da redenção do que qualquer outro dos prim eiros Pais da Igreja. Podem os m esm o afirm ar que ele abandonou os fundam entos escriturísticos que lhes eram sagrados, e reafirm ou o princípio de autosuficiência da filosofia pagã. Sua concepção do pecado e seus resulta­ dos levaram -no a negar a absoluta necessidade da graça de D eus em Cristo para a salvação, e a considerar ser perfeitam ente possível a um hom em atingir a salvação mediante a guarda da lei. Não desprezava ele inteiramente a “ajuda da graça” ou “assistência divina”, mas conside­ rava isso desejável “a fim de que aquilo que é ordenado por Deus possa ser mais facilm ente cum prido”. Entretanto, a graça da qual ele falava não é a gratia interna , a graça regeneradora de Deus m ediante a qual a m ente é ilum inada e a vontade pende para a bondade e a santidade. Consiste somente destes fatores: (a) “o bem da natureza”, isto é, o livrearbítrio de que o hom em é dotado, de tal modo que possa fazer o bem ou o mal; e (b) a pregação do evangelho e o exemplo de Cristo, fatores esses que são dirigidos à mente do hom em e lhe ensinam o caminho da salvação. A graça da natureza é universal e tam bém absolutam ente essencial ou necessária, mas a graça do evangelho não era nem universal e nem necessária, embora facilitem ao hom em a obtenção da salvação. Ela é conferida somente àqueles que fazem o uso apropriado de seus poderes naturais. Essa graça não opera direta e imediatamente sobre a vontade do homem, e sim somente sobre o seu entendimento, - 185 - ao qual ilum ina e, por meio dele, a vontade. Outrossim, é bem possível que o hom em resista à sua operação. O cristianismo é reputado como um a nova lei e, em confronto com o Velho Testam ento, como um a lei expandida. O verdadeiro cristão é aquele que conhece a Deus, é aceito por Deus, obedece aos preceitos do evangelho, imita a santidade de Cristo e não o pecado de Adão. Agostinho parte de uma visão inteiramente diversa da condição natural do homem. Ele reputa o hom em natural como totalm ente depravado, totalm ente incapaz de realizar o bem espiritual. Tam bém alude à graça no sentido objetivo, que consistiria do evangelho, do batismo, do perdão dos pecados, e assim por diante, embora perceben­ do que isso não é suficiente, pois o homem pecaminoso precisa de um a graça interna, espiritual, de uma sobrenatural influência do Espírito de Deus m ediante a qual a mente é iluminada e a vontade é inclinada para a santidade. Essa graça, fruto da predestinação, é gratuitamente distribuída de acordo com o soberano beneplácito de Deus, e não segundo quaisquer méritos do homem. É um dom de Deus que precede quaisquer m éritos humanos. Ela renova o coração, ilumina a mente, inclina a vontade, produz a fé e capacita o homem a realizar o bem espirituaH A té ãõ tem poTiãT eM hom eífi, sua operação q) <g5trtfámente monenergética!\Houve época ém q'ucfAgostinho pensava que oirom em tinha a capacidade de crer por si mesmo, mas aprendeu de outro modo, de Paulo, em 1 Coríntios 4:7. Distinguia ele entre a gratia operans e a gratia cooperans. A prim eira “vai adiante do homem, estando este indisposto, para que ele venha querer”; a últim a “segue ao homem, quando este está disposto, para que não queira em vão”. Essa graça é irresistível, não no sentido que constrange o homem contra sua vontade, porém no sentido que inevitavelmente renova o seu coração, a fim de que a vontade escolha espontaneam ente o direito. O hom em receberia, pelo batismo, as primeiras bênçãos da graça, a saber, a regeneração ou renovação inicial do coração e o perdão dos pecados. Ambas essas bênçãos poderiam ser perdidas; de fato, nem um nem outra poderia ser retida, a menos que a graça da perseverança fosse igualmente recebida. Grande significação é emprestada à fé, pois m arcaria o com eço da vida cristã, sendo fonte de toda boa obra. Agostinho concebia a fé primariamente como uma anuência intelectual à verdade, ainda que em algumas passagens ele se alce a um a concepção evidentem ente supe­ rior. Ele distinguia entre a fé em geral e a fé cristã, entre crer no que Cristo diz e crer em Cristo. A pessoa só crê realmente em Cristo quando O ama e fixa nEle a sua esperança. A fé cristã é de natureza tal que atua pelo amor. A concepção de Agostinho sobre a fé não dava ainda a - 186- devida proem inência àquela confiança singela em Cristo que é o elem ento coroador da fé salvadora. Entretanto, ele considerava a fé como operante na justificação do pecador, pois diz que o hom em é justificado pela fé, isto é, pela fé obtém a justificação. Contudo, não concebia a justificação nem sentido puram ente forense. A pesar de incluir o perdão de pecados, não seria esse o seu principal elemento. Na justificação Deus não m eramente declara m as torna o pecador justo, transform ando sua natureza íntima. Agostinho não distinguiu clara­ m ente entre a justificação e a santificação, e na realidade incorpora a últim a na primeira. A mais notável característica do sistem a doutriná­ rio de Agostinho é que ele atribui tudo à graça de Deus. Os sem i-pelagianos tomavam posição interm ediária, negando a total incapacidade do homem para realizar o bem espiritual, m as ao m esm o tem po admitindo sua incapacidade em cum prir reais obras salvadoras sem a assistência da graça divina. A graça de Deus ilumina a mente e dá apoio à vontade, porém sempre de tal modo que jam ais é comprom etido o livre-arbítrio do homem. Como questão de fato, esses dois fatores cooperam na obra da redenção. Apesar de universal e visar a todos, a graça de Deus se mostra eficaz som ente nas vidas daqueles que põem em devido uso o seu livre-arbítrio. Estritam ente falando, é realmente a vontade do homem que determina o resultado. Ao hom em compete crer e continuar na fé, e a graça se faz m ister apenas para fortalecer a fé. Não haveria tal coisa como graça irresistível. O pelagianism o foi condenado pelo Sínodo de Cartago, pelo Sínodo de Éfeso, e novam ente pelo sínodo de Orange, tendo este últim o repelido tam bém o semi-pelagianism o; e, de certa m aneira, o agostinianism o brilhou triunfante na Igreja. Isso não significa, porém, que a doutrina de Agostinho não tivesse sofrido certas modificações. Os ensinos desse grande Pai da Igreja continham alguns elementos em conflito com a idéia da absoluta dependência do hom em à graça de Deus, apontando na direção do cerim onialism o e da justiça pelas obras. Poder-se-iam m encionar os pontos seguintes: (a) Algumas vezes a participação na graça divina aparece como dependente da Igreja e seus sacramentos, (b) A regene­ ração poderia vir a ser perdida, (c) A doutrina da justificação pela fé, tão vital à legítima concepção do caminho da salvação, é exposta de tal modo que dificilm ente pode ser reconciliada com a doutrina da graça gratuita. A graça de Deus, conferida gratuitamente, não consistiria prim ariam ente do perdão dos pecados — o que, de fato, é coisa de pequena im portância no sistema de Agostinho — mas da regeneração, na infusão de um a graça que capacita o hom em a fazer boas obras e a m erecer a vida eterna. A fé justifica, não porque se aposse da retidão - 187 - de Jesus Cristo, e sim porque opera pelo amor. É verdade que o hom em não tem mérito antecedente à operação da graça e ao dom da fé; porém, um a vez atuante no coração a graça da renovação e da fé, as obras do indivíduo se tom am verdadeiramente meritórias. Fundam entalm ente, por conseguinte, a graça m eramente serve ao propósito de possibilitar ao homem, uma vez mais, m erecer a salvação. Ora, esses elementos são certam ente alheios à linha principal do pensam ento de Agostinho, todavia alguns se aferraram avidam ente a eles, dentro da Igreja, dando respaldo a ensinos que são bem mais semipelagianos do que agostinianos. Houve um prolongado conflito entre o agostinianism o e semi-pelagianismo; e este últim o revelou forte oposição às doutrinas da predestinação, da total incapacidade do hom em em realizar o bem espiritual, e da graça irresistível. E a posição que finalm ente foi sancionada pela Igreja foi um agostinianism o moderado. Seeberg diz que “saiu-se vitoriosa a doutrina da graça som ente ; mas a doutrina da predestinação foi abandonada. A graça irresistível da predestinação foi expulsa de campo pela graça sacra­ m ental do batismo. Desse modo, a doutrina da graça foi posta em relação mais próxima com o catolicismo popular, como também o foi pela exaltação das boas obras como propósito da dádiva divina da graça”. History o f Doctrines, I, pág. 382. Operavam na Igreja influências contrárias à doutrina da graça como fonte de todas as bênçãos espirituais, e a fé como princípio do qual procedem as boas obras; influências essas que induziram muitos a exaltar as obras externas, a insistir sobre seu caráter m eritório, e a enfatizá-las às expensas das grandes condições subjetivas da salvação. Deveríam os notar em particular os seguintes pontos: (a) H avia a tendência de confundir a fé com a ortodoxia, pois supunha-se que crer era apenas defender um credo ortodoxo. A atenção se focalizava sobre um a lista de doutrinas que precisavam ser subscritas, ao mesmo tempo que se afastava da fé como atitude da alma para com Deus, o que produz os frutos da justiça, (b) Obras de m isericórdia e de auto-disciplina eram altamente recomendadas, e com freqüência eram descritas com o o modo certo de apresentar reparação pelos pecados dos crentes, (c) M uitos dentre os Pais da Igreja distinguiam entre m andam entos divinos e conselhos evangélicos, dentro os quais os prim eiros eram absolutamente obrigatórios para os cristãos todos, ao passo que o cumprimento dos últimos era questão de livre escolha, embora redun­ dasse isso em maiores galardões para os que os observassem. Essa distinção era feita em favor do monasticismo, e tendia por fazer a santidade eminente tornar-se prerrogativa de uma classe que se m os­ trava diligente na consecução de certas externalidades. (d) A crescente - 188 - prática da veneração aos santos e a dependência à intercessão dos santos, especialm ente da virgem M aria, m ostraram -se fatores prejudi­ ciais aos conceitos espirituais da salvação. Isso conduziu ao extemalismo e à subalternidade das realidades espirituais às obras hum anas. A idéia subjacente era que os santos teriam um excesso de boas obras, podendo sim plesm ente transferir parte delas a outrem, (e) Havia crescente tendência de fazer a salvação ficar dependente do batismo, rito esse que assinalava a entrada do indivíduo naquela Igreja fora da qual não existiria salvação. No Oriente se duvidava da possibilidade de alguém ser salvo sem o batismo, e no Ocidente isso era negado perem ptoria­ mente. O próprio Agostinho ensinou que as crianças que m orrem sem ser batizadas se perdem eternamente. P e rg u n ta s p a ra estudo p o sterio r O que explica a ênfase sobre a fé, desde o começo? As Escrituras justificam a proeminência especial dado ao arrependimento? O concei­ to patrístico do arrependim ento concorda com a idéia bíblica sobre o mesmo? Em que a penitência difere do arrependim ento? O que levou à idéia do cristianism o como uma nova lei? Como se explica que a fé foi prim ariam ente entendida como anuência intelectual à verdade? Os Pais Prim itivos vinculam a fé à justificação? Possuíam eles um conceito apropriado dessa relação? Consideravam as boas obras como m eros frutos da fé, ou como realizações m eritórias? Como concebiam o perdão de pecados feitos após o batismo? Que quis dizer Cipriano, quando escreveu: “Não pode haver salvação para ninguém, exceto na Igreja”? Até que ponto Agostinho reputava a graça divina como operação de caráter puramente m onenergético? Ele considerava a regeneração como sinal seguro da eleição? Pensava ele ser possível que alguns dos eleitos, finalmente, viessem a perder-se? - 189 - e distinguia entre a gratia operans.26 SOTERIOLOGIA DO PERÍODO ESCOLÁSTICO Quando chegamos ao período escolástico. Ele considerava difícil definir a natureza exata da graça. é outorgada ao hom em sem qualquer ação de sua parte. Consideraremos de passagem alguns dos conceitos principais. Somente a primeira. N o todo. CONCEPÇÃO ESCOLÁSTICA DA GRAÇA Havia um ponto em tom o do qual o opinião prevalecente entre os escolásticos se harmonizava com o agostinianismo. foram largamente aceitos. Enquanto os adeptos do último diziam que j az no poder do hom em natural originar e aum entar a fé. Todas as demais comunicações da graça ao hom em dependem do ativo consentimento e cooperação da vontade. 1. os escolásticos de modo geral afirmavam que o hom em não pode fazer isso sem a ajuda de graça suficiente. todavia a graça divina o ajuda como . a posição da Igreja pendia para um brando agostinianism o. a fé. e mesm o assim quando insuflada inicialmente no hom em . E mesmo nesse caso o acordo não era perfeito. O livre-arbítrio do hom em opera. a justificação. Tam bém não havia concenso geral sobre a questão da graça entre os escolásticos. e não com o pelagianismo ou com o semi-pelaginaismo. que exibem inequívoca afinidade com os de Agostinho. embora pareça que nos escolásticos havia certa inclinação para o semipelagianismo. M as sua concordância com Agostinho só ia até esse ponto. que capacita ao hom em voltar-se com fé para Deus. como a graça. e a gratia co-operans. sendo puro dom da gratuita misericórdia. que coopera com a vontade e se m ostra eficaz. os méritos e as boas obras. deparamos com boa variedade de opiniões atinentes aos principais elementos do processo salvatício. Os pontos de vista de Pedro Lom bardo.190- . produzindo o resultado desejado. porém preferia concebê-la como qualidade ou poder sobrenatural insuflado no ho­ mem. porque Agostinho asseverava a necessidade da graça eficien­ te. A prim eira renova a vontade. e não o do próprio beneficiário. um a gratia gratis data. CONCEPÇÃO ESCOLÁSTICA DA FÉ N o período escolástico houve a tendência geral de fazer distinção entre a fé como form a de conhecimento. aceitar como veraz aquilo que Deus diz. o termo gratia gratis data àqueles dons gratuitos que têm por escopo o bem de outros. característica da teologia escolástica. 2. restringe. m as introduzia um a outra divisão. mediante a qual entram os em comunhão com Deus. ele também distinguia entre a fé que é crida. e a últim a a ajuda em suas operações. Os dois prim eiros significam praticam ente a mesma coisa. Além disso.princípio cooperador. um a graça doada gratuita­ m ente (designando todas as graças reais e todas as virtudes insufladas). isto é. A pesar de que ele emprega o termo gratia gratum fa cie n s com o designação de todos os auxílios sobrenaturais que visam à própria santificação do beneficiário. que consistiria de m era anuência intelectual ante a verdade. Deum credere. se a fid e s informis visava às preparações para a justificação. para apegar-se a Ele. uma graça que tom a gracioso (graça como qualidade perm anente da alma. ou seja. porquanto fazia m enção de um a gratia gratis dans. para achegar-se a Ele. Pedro Lom bardo faz aqui um a tríplice distinção. ou seja. vivificada e determ inada pelo poder do amor. como m era anuência à verdade. e um a fid e s form ata (charitate ). bem diversa. para unir-se aos mem bros do corpo de Cristo. tom ou-se costum eiro distinguir entre um a fid e s informis. e assim determ inou o uso posterior que se fez dos mesmos. entretanto o terceiro denota a fé em sentido aprofundado. por conseguinte. crer nEle para amá-lO. e a fé mediante a qual alguém crê e é justificado. som ente a fidesform ata.191 - . eficaz. e a fé como afeto espiritual. e da qual. a prim eira pode ser chamada suficiente. e a últim a. E em conexão com a gratia gratum faciens ele distingue entre a graça operante ou preveniente e a graça subseqüente ou cooperadora. Deo credere e in Deum ou Christum credere. A exposição feita por Alexandre de Hales concordava de m aneira geral com a de Pedro Lombardo. a saber. porém. um a graça-doação gratuita (que aludia à graciosa atividade de Deus). o am or é o princípio formativo. o credo ou dogma. que inclui a correta disposição íntima e opera pelo amor. era enfaticam ente declarado que. e que a tom a agradável a Deus). . Após os seus dias. Tom ás de Aquino empregou esses term os de modo um tanto diferente. Dizia ele que um a coisa é dar crédito a Deus. crer no que Ele diz como veraz. é crer em Deus. uma fé expandida. e outra coisa. e um a gratia gratum faciens. e assim são obtidos os efeitos colimados. Outrossim. que produz boas obras. mas o Concílio de Trento menciona um aumento progressivo da justificação. inclui a infusão da graça santificadora e o perdão dos pecados e. Tomás de Aquino dizia não ser esse um privilégio dos crentes em geral. a saber. em seguida o volver do livre -arbítrio contra o pecado e. em primeiro lugar ocorre a infusão da graça. advogavam ordem dife­ rente. os últimos elementos não são inclusos no caso de infantes. na ordem da natureza o perdão de pecados antecede à infusão da graça. No tocante à certeza da posse da graça da justificação. implica no volver da vontade livre para Deus. Da parte de Deus. Os escolásticos concordavam em geral sobre o que está incluído na justificação. e alguns teólogos chegaram mesmo a encorajar tal noção. e nunca a conceberam como mera imputação da retidão de Cristo ao pecador. remissão ou expulsão do pecado. o perdão dos pecados e a renovação da alma por meio da graça santificadora. mediante a fé e a contrição. aquela fé que justifica.é. Duns Scoto tinha opinião totalm ente diferente. depois o volver do livre-arbítrio para Deus. com base nos sinais da graça. e o volver do livre-arbítrio para Deus. na determinação da ordem lógica dos diversos elementos da justificação. Ele concebia a justificação como form ada por duas operações diversas. Naturalmente. contrição ou abandono do pecado. entretanto. e então o pecado vem a ser expulso pela graça. Segundo afirm ava Tomás de Aquino. mas antes. e como tal abarca somente a infusão da graça e a remissão do pecado original. Alexandre de Ales e Boaventura. a contrição se tom a em arrependim ento. foi intensificada pelos escolásticos. Apesar das duas bênçãos serem simultâneas no tem po. a saber. O comum ensinamento deles é que a justificação se dá pela infusão da graça santificadora na alma por Deus. e m esm o assim por . infusão da graça. Ao mesmo tempo. de fato. Esses devem satisfazer-se com uma conjectura razoável. contudo. contudo. Os escolásticos aludiam à justificação como um ato instantâneo. ocorre a rem issão da culpa. finalmente. CONCEPÇÃO ESCOLÁSTICA DA JUSTIFICAÇÃO E DO MÉRITO A confusão em que estava Agostinho sobre a justificação e a santificação não foi retificada. No m omento em que a graça é infundida. porquanto neles a justificação se efetua por obra exclusiva de Deus. o clero considerava vantajoso salientar a idéia que a cega submissão à autoridade da Igreja era a principal característica da fé. 3. Certeza absoluta só seria dada aos que realizassem m uito ou sofressem muito por causa da religião. da parte do homem.192 - . Divergiam. As crianças nascidas sob o pálio da Igreja recebem a graça da regeneração. isto é. e “m érito de congruência”. segue-se a justificação. Os seguidores de Duns Scoto negavam isso. cham ados “tom istas”. Após essa preparação em sete fases. incluindo a infusão da graça e o perdão dos pecados. m erece ser galardoado e pertence exclusiva­ m ente a Cristo.m eio de revelação especial. e nesse sentido serve de base e de raiz da justificação. O merecim ento da virtude. pode fazer algo que lhe dê direitos sobre Deus. o qual. chegaram ao extremo de asseverar que após a justificação. A fé figura como m era anuência intelectual às doutrinas da Igreja (fid. que só chegam sob a influência do evangelho mais tarde na vida. Tom ás de A quino distinguia entre dois tipos de mérito. porém . (d) prim órdios do amor a Deus.es informis). (e) abominação do pecado. e em conexão com a da justificação. no entanto afirm avam que as boas obras feitas antes da justificação podem obter o m érito de congruidade. Essa prepara­ ção consiste dos sete seguintes elementos: (a) Anuência à verdade ensinada pela Igreja. (f) resolução de obedecer aos m andam entos de Deus. Cedendo à m esm a e cooperando com Deus. (c) esperança na m isericórdia de Deus. por meio da qual torna-se em fid e s caritate form ata. preparam -se para a graça da justificação (gratia infusa). recebem graça suficiente. Juntam ente com a doutrina da graça gratuita. m as é coordenada com as demais preparações. e que nessa base os hom ens podem receber um a graça aumentada. Seus seguidores. que pode ser galardoado e adquirido pelos homens. em justiça estrita.193 - . a saber. e adquire seu poder justificador somente através do am or que é proporcionado pela gratia infusa. finalmente. o indivíduo pode obter o m érito de condignidade. por . por ocasião do batismo. Só pode ser designada graça justificadora no sentido em que é a prim eira dentre as sete preparações. (b) discernim ento quanto à própria condição pecam inosa. Podem resistir ou podem ceder à essa divina operação. A doutrina católica-rom ana da aplicação e apropriação da graça divina assumiu. expresso sobretudo na form a de boas obras. seguindo os impulsos do Espírito. Outras pessoas. e (g) desejo de receber o batismo. isto é. entretanto. era ensinado de m odo geral na Idade M édia. veio à prim eira plana a doutrina dos m éritos. Diziam que a perfeição do caráter divino impelia a D eus a conferir ao hom em a graçà assim merecida. a form a seguinte. com a ajuda da graça divina. “mérito de condignidade”. É claríssim o que a fé não ocupa lugar central nisso tudo. a ilum inação do entendimento e o fortalecim ento da vontade por parte do Espírito Santo. e dificilm ente foi com ba­ tido por qualquer teólogo escolástico de renome. A graça de Deus. em contraste com o uso dos prim eiros escolásticos? Qúal era a concepção mais prevalecente da fé. Antes. confissão. pode ser perdido. tudo seguindo-se à graça e à vida eterna. E é preservado através da obediência aos m andam entos e da feitura de boas obras. mas as penas temporais do pecado só podem ser canceladas com base nas obras de reparação. Consiste ela da infusão da graça (as virtudes sobrenaturais). seguida do perdão de pecados. E dado livremente. Perguntas para estudo posterior Quais fatores contribuíram para a extem alização da religião na Idade Média? Os escolásticos frisavam a graça interna ou a externa? Que conceito faziam da graça divina. serve ao propósito de capacitar um a vez mais o hom em a m erecer a salvação. Tanto a culpa do pecado quanto a punição eterna podem ser rem ovidas pela absolvição. e em que isso se com para com a idéia de Agostinho a respeito? Em que diferiam suas exposições da gratia gratis dansl Em que difere o uso que Aquino fazia dos term os gratia gratis data e gratia gratum faciens. e também absolvição e obras de reparação. pode ser recuperado através do sacramento da penitência.ocasião do batismo. A medida desse perdão é equivalente ao grau em que o pecado é realm ente vencido. A despeito disso. não é certo que o dom precioso da justificação será retido.194- . e sim tam bém por causa de algum pecado mortal. não sendo merecido pelas preparações anteriores. m erecendo assim o m érito de condignidade. não somente por causa de incredulidade. N a gratia infusa o hom em recebe força sobrenatural para realizar tais obras. durante o período do escolasticismo? Concebiam eles a fé com o algo que exclui o m érito humano? Tinham-se apropriado da idéia paulina da justificação pela fé? O que incluía entre eles a justificação? Como a fé é relacionada à justificação dentro do sistem a católico-rom ano? Como você explica a posição da igreja católica romana de que os fiéis ordinários não podem ter certeza de fé? . portanto. que consiste de contrição. Contudo. como fruto da graça de D eus com exclusividade. com base em Romanos 1:17. Estava ele mesmo profundamente imerso em obras penitenciais quando. é o firme desejo de levar um a vida nova. que deu ímpeto a Lutero para iniciar sua obra de reforma.27 SOTERIOLOGIA DA REFORMA E PÓS-REFORMA 1. mas que depois posicionouo antes da fé. Os eruditos diferem em relação à ordem em que Lutero postulava o arrependim ento e a fé. as penitên­ cias expiatórias. m as o que vale é o pesar de todo coração devido ao pecado. e afirma que o grande reform ador sem pre consi. ele centralizou um a vez m ais a doutrina do pecado e da graça dentro da doutrina de salvação. com o algo provocado pela lei. diante de um “padre”. as obras de supererrogação e a doutrina dos m éritos humanos. é a graça perdoadora de Deus em Cristol Portanto. a absolvição sacerdotal da crença católica-rom ana. teologicamente falando. porém Lipsius nega ter havido tal mudança. intim am ente vinculado àquele sistema. exigido em M ateus 4:17. como as indulgências. Foi iluminado para entender que a questão realmente im portante no arrependimento não é a confissão auricular. o que não encontra fundam entação nas Escritu­ ras. declarando que a doutrina da justificação exclusivam ente pela fé é “o artigo de um a Igreja que perm anece de pé ou caP j O resultado é que a Reforma rejeitou tudo quanto era mias distintivam en­ te medieval. e ele pôde entender que o arrependim ento. A ORDEM LUTERANA DA SALVAÇÃO Foi sobretudo o sistema de penitências. nem reparação alguma prestada pelo homem. porquanto Deus perdoa gratuitam ente ao pecado. e o tráfico das indulgências. Ritschí afirma que a princípio Lutero consi­ derava o arrependim ento como fruto da fé. antes. raiou-lhe a verdade que o hom em é justificado exclusivamente pela fé.195 - . desenvolvido pela igreja católica romana. nada tem em com um com as obras de reparação postuladas pelo romanismo. o arrependim en­ to consiste de real contrição íntima do coração. que ainda não podem resistir à graça de Deus. postulada pela igreja católica romana. afirm a-se que o hom em pode frustrar eficazm ente a operação divina. e bona opera . podendo ela ser perdida. são conduzidos à contrição (penitência em sentido limitado). pode-se dizer que na prim eira fase de sua vida. Outros. são incorporados em Cristo. m as seus prim órdios ainda não asseguram que será terminado. e isso não m eramente um a vez. produzida pela lei. são renovados pelo Espírito Santo e.fides. recebem o perdão dos pecados. Se porventura não resistirem à obra do Espírito Santo na chamada. ao opor-se à justiça pelas obras. justificação.] O ordo salutis do luteranismo. isto é. ilum inando a m ente e revigorando a vontade. sem importar até que ponto a obra já tivera avançado. pesar em face do pecado) . em qualquer de seus pontos.lSem embargo. que a princípio envolvia apenas três elementos. ele sem pre concebeu que o caminho da salvação consiste de contritio (penitência no sentido limitado. um a vida consagrada a Deus.196- . porém. são regeneradas por ocasião do batismo. ele foi levado a ressaltar que o verdadeiro arrepen­ dimento é fruto da fé. são então justificados. Sempre se pode resistir à graça de Deus. que é idêntico em cada caso. renovação e glorificação^ O germe do sinergismo surgiu na teologia luterana dentro da doutrina que todos quantos vivem sob o evangelho recebem graça suficiente. são glorificados. capacita-os a não oferecer resistência à graça divina. pelo que tam bém não pressupõem a união com Ele. Tal ordem foi mantida pelos prim eiros teólogos luteranos. Tal seria o processo em todas as pessoas nas quais ele se completa. tornou-se muito mais elaborado nos livros dos grandes teólogos luteranos do século XVIIJ Foi baseado de m aneira um tanto artificial sobre Atos 26:17-18. conversão. M ediante a fé. . finalmente. além de ser a ordem que figura nos padrões confessionais da Igreja. posteriorm ente ele enfrentou o antinomianism o com a assertiva que a verdadeira fé é precedida por profundo senso de penitência. passando a incluir chamada. ilum ina­ ção. Ambas as atitudes são instrumentos que conduzem o pecador a Cristo. por meio da qual são capacitados a não resistir à graça de Deus na regeneração. e que.derou que a penitentia inclui a contrição. Ao mesmo tempo. recebendo então o dom da fé. porém diversas vezes. regeneração. e a fé como aceitação confiante de Jesus. mas que. são chamados mais tarde na vida com um vocatio sufficiens. e o processo de salvação começou a ser concebido como segue: as crianças nascidas de pais cristãos. são adotados como filhos de Deus. ou no batismo ou através da pregação da Palavra. Apesar das fortes asseverações de que o homem deve sua salvação inteiram ente a Deus. são regenerados e então recebem o dom da fé. Antes. aceita a retidão de Cristo. m as via nisso tão-som ente um tem or inicial. são bênçãos do pacto da graça. inteiram ente à parte de qualquer união com Cristo. Estritam ente falando. e vão nascendo dEle. ORDEM REFORM A DA DA SALVAÇÃO . nem sem pre isso revela tal form a na teologia luterana posterior. Um a vez tendo a fé. então o dom de Cristo à Igreja e a im putação de Sua justiça antecedem a tudo mais. em virtude dessa união. Elas estavam adredemente preparadas. já que estão todos eternam ente em Cristo. Portanto. o ordo salutis dos luteranos se centraliza em tom o da fé e da justificação. o qual já flui da união m ística e da outorga de Cristo à Igreja. pela fé. com o m em bros de Seu corpo místico. um arrependim ento legal que não conduz necessaria­ m ente à fé e nem pode ser reputado como preparação essencial e . seguem -se diversos fatos particulares. apesar de ser esse o ordo salutis. Regeneração.de tal m aneira que a decisão final repousa com o homem. no todo ou em parte. o hom em entra crescentemente na possessão das bênçãos da salvação. entretanto. sendo apropriadas por eles por meio da fé. sem ela ele as perde. Assim. segundo é geralm ente exposto. idealmente. o arrependim ento e a regeneração são passos m eramente preparatórios e servem ao fim de conduzir o pecador a Cristo. que Deus perdoa seu pecado. com as suas próprias forças. tudo depende da fé. A salvação dos eleitos não é concebida atom isticam ente. Contudo.197 - . todas as bênçãos da salvação já eram. É som ente quando ele. Na teologia reform ada o ordo salutis adquiriu form a um tanto diferente. a porção daqueles que são de Cristo. Calvino reconhecia que certo arrependim ento antecede à fé. Outrossim. E se até m esm o a prim eiríssim a das bênçãos da graça salvadora já pressupõe a união com Cristo. que é a Cabeça. liberta-o da lei. já fora firm ada a união entre Ele e aqueles que Lhe foram dados pelo Pai e. A penitência assum e lugar e caráter diferentes do que se vê na ordem luterana. pois. que tem aspectos tanto legais quanto místicos. e nem como condições que devem ser preenchidas pelo hom em . arrependim ento e fé não são tidos como meros passos preparatórios. Sua posição fundam ental era que não existe participação nas bênçãos de Cristo. Dessa posição fundamental. exceto por meio de um a viva união com o Salvador. é de m áxim a im portância reter a fé. a chamada. adotao como filho Seu e o incorpora no corpo m ístico de Jesus Cristo. 2. No Conselho da Paz. Isso se deve ao fato que Calvino consistentem ente partia da eleição etem a e da união mística estabelecida no pactum salutis. afirmando ainda que o crente pode ter certeza absoluta de haver sido transladado de um estado de ira e condenação para um estado de favor e aceitação. e não admitia que o prim eiro pudesse existir sem esta última. porém tão-som ente na imputada retidão de Jesus Cristo. Ressaltou ele o arrependim ento que flui da fé. se perseverar até ao fim. Outrossim. confiar na graça de Deus e obedecer aos m andam entos de Cristo. e que a chamada que apela ao hom em m ediante a pregação da Palavra exerce m era influência m oral sobre o seu entendimento e sobre a sua vontade. então receberá um a m edida maior da graça divina. e então. por outro lado tam bém apontou o fato que as Escrituras distinguem claramente as duas coisas. A escola de Saum ur se moveu na m esm a direção geral. na regeneração e na conversão um a eficaz ilum inação da mente é tudo quanto se requer e tudo que .absoluta para a mesma. Além disso. 3. ele não o considera como consistente de contritio e de fides.198 - . portanto. mas apenas a relação judicial na qual o hom em está para com Deus. que é possível exclusivam ente em comunhão com Cristo. concordava plenamente com ele sobre a natureza e importância da doutrina da justificação pela feTj Em sua comum oposição a Rom a. negam ambos que se trate de um a obra progressiva de Deus. ORDEM ARM IN IA NA DA SALVAÇÃO Os arm inianos ensinam que Deus outorga ao hom em um a graça universal. [No entanto. ainda que Calvino diferisse de Lutero quanto à ordem de Salvação. dentro da ordem de salvação. e da qual o pecador se apropria pela fé. Cam eron ensina que a vontade do hom em sempre segue o ditame final do entendimento. Se o homem anuir à verdade. Não acham eles a base da justificação na retidão inerente ao crente. e que. como um ato forense que não altera a vida íntima do homem. A teologia luterana nem sempre se mostrou totalm ente fiel à citada posição. ambos descreviam a justificação como um ato da livre graça. e os teólogos m edianeiros fundam entam a justificação sobre a insuflada retidão de Jesus Cristo. e desse modo atribuiu a cada um a delas uma significação mais independente. sendo justificado p o r causa de sua fé. tom ar-se-á partici­ pante da vida eterna. Ele reconheceu a íntima conexão entre o arrependim ento e a fé. e que assim prossegue pela vida inteira. a qual é suficiente para capacitar o pecador a crer no evangelho e ser-lhe obediente. Às vezes a fé é apresentada como um a obra básica para a regeneração. asseverando que ela é instan­ tânea e é completada num ápice. Esses ensinos arm inianos levaram à exposição do ordo salutis que na Inglaterra se tornou conhecida por neo-nom ianismo. e cujo exemplo os homens precisam seguir a fim de obter a salvação eterna. Não há nenhuma operação sobrenatural do Espírito Santo diretamente sobre a vontade do homem. Essa obra de Cristo pode ser chamada de retidão legal do pecador. possibilitou a salvação a todos e levou todos a um estádio salvável. por assim dizer. M uitos metodistas dizem ser necessária um a segunda m udança radical. para que se salve da condenação eterna.realmente ocorre. constitui a base da justificação do pecador. M as a justiça evangélica. dando-lhe inteira santificação. isto é. além de um a verdadeira obediência do pecador penitente — ainda que imperfeita. Eles não . CONCEPÇÃO SECUNDÁRIAS D A ORDEM DE SALVAÇÃO (a) Antinom iana. enchendo o seu coração de tem or e tremor. Essa súbita transição traz consigo a imediata certeza de ter sido salvo. É avesso à idéia de conversões graduais. O pecador que assim aceita a Cristo. tendo-a substituído por uma nova lei. por ser instrumental na satisfação e abrogação da antiga lei. que consiste da obediência à nova lei. pois a eficácia da cham ada divina depende de sua congruência com as circunstâncias externas em que ela chega ao homem. E Pajon diz ser desnecessária algum a especial operação interna da graça de Deus. que realmente ocorre no homem. Cristo expiou pelos pecados de todos os hom ens. do arm inianism o. seguidos por um lapso de tem po em que as trevas se dispersam e irrom pe a luz.. a lei da graça.199 - . o qual proclam ou a verdade de Deus e a selou com Sua própria morte. O m etodism o é outra forma. isto é. 4. arrastando-o. e da melancolia mais negra para o júbilo mais transcendental. a lei do pacto de obras. mais pietista. desconhecendo longos períodos de contrição. a qual se satisfaz com a fé e conversão. Segundo os neo-nom ianos. e por um outro período posterior no qual às dúvidas se transm utam na jubilosa certeza da salvação. Ele fez isso satisfazendo os requisitos da antiga lei. pleiteando com ele para que aceite a Jesus Cristo pela fé. Todo esforço é concentrado na pregação do evangelho sobre um só ponto: derruban­ do o pecador por terra m ediante a pregação da lei. num único instante passa da pior miséria para o mais arrebatador êxtase. fé e conversão. e logo em seguida pondo-o ante o glorioso evangelho da redenção. Os antinomianos realmente não dão lugar para algum a aplicação subjetiva da redenção efetuada por Cristo. Essa tendência racionalista finalm ente deu naquele liberalism o que reconhece em Cristo apenas grande profeta e m estre. à beira mesma do abismo. entre os hattemistas e entre certas seitas da Inglaterra e da Nova Inglaterra. nela o pecador se confia a Cristo. isto é. e m ediante muitos conflitos espirituais. Falam como se Cristo tivesse feito tudo quanto é mister. Essa fé que busca refúgio não se tom a imediatamente em fé firme. precisam ser trazidos para debaixo dos terrores da lei. têm de atravessar conflitos agonizantes. e têm contorcer-se nos espasmos de tem ível antecipação da condenação eterna. e sim pelas experiências daqueles que eram reputados “carvalhos da retidão” . não pelo ensino das Escrituras. e nisso foram guiados prim ariam ente. por - 200- . Idéias assim medraram entre alguns anabatistas. pelo que somos justificados. vão os antinomianos além desse ponto. com o se Ele tivesse tomado sobre Si não só nossa culpa. Há grande distância entre as duas. frisando o fato que a verdadeira fé consiste de experiência. Pode estar seguro de que Deus não vê nele pecado. e só depois de muito subir e descer. e sim tam bém nossa polução. é perfeito em Cristo e se gloria na graça de Deus. O ato de crer consiste apenas de pôr de lado a falsa noção de que a ira de Deus está acesa contra nós. dizendo que Cristo realmente não conquistou a salvação pelos Seus méritos. e aquela do Espírito Santo que as aplica. porém sim plesm ente nos revelou o am or de Deus. Dem oravam-se sobre o que alguém precisa experim entar antes de poder ser considerado crente verdadeiro. o único requisito é que o hom em creia. Essa fé antecede a justificação e é a condição dela. e mesmo então sua fé a princípio poderia ser apenas a fé que busca refúgio em Cristo. a fom e e a sede pela justiça. pois esta já estava eternamente preparada no conselho de Deus. é que o crente passa para a certeza da salvação — privilégio de uns poucos escolhidos. regenerados e santificados — em suma. pois está livre da lei. tome consciência desse fato. Seus supostos pecados não são verdadeiros pecados. Em vista do fato que o hom em é subjetivam ente reto e santo em Cristo. Não lhes era permitido crer sem algum a garantia especial do Espírito Santo. a fim de ser justificado. entretanto. E antes que os hom ens realmente possam crer que são filhos de Deus. Ocasionalmente. na Inglaterra e na Holanda levantou-se grande núm ero de pregadores que buscavam o fator essencial da vida cristã na experiência. entre os libertinos. Na Alemanha. ficamos perfeitos nEle. como crente. Essa certeza com freqüência vem ao crente de modo especialíssim o. têm de sentir os reclamos acusadores da consciência. (b) M ística. Diziam que a lei deveria ser pregada para todos. que o evangelho visa somente a certos pecadores “qualificados”.distinguem entre a obra de Cristo que granjeou as bênçãos da graça salvadora. após todas as formas de dúvida e incerteza. que não lhe são lançados na conta. mas m eras obras do velho homem. 201 - . os arm inianos e os wesleyanos? . ou por outros meio semelhantes. Perguntas para estudo posterior Quais eram os três estágios habituais do ordo salutis na teologia anterior à Reform a? O ordo salutis deveria frisar a aplicação ou a apropriação da obra de redenção? Em que diferem os luteranos. os reform ados e os arm inianos quanto a isso? Quais elem entos conside­ ram os luteranos como mais basilares no ordo salutis ? No que os reformados diferem deles nesse respeito? Quais eram as concepções de Schwenkfeld. Osiandro e os m enonitas holandeses quanto à fé e à justificação? Como os luteranos e anglicanos concebem a regeneração por meio do batismo? Os reform ados vinculam a graça da regeneração com o batismo de algum a maneira? Qual é a doutrina wesleyana da inteira santificação? Quais são as idéias sobre a certeza de salvação que têm os reformados. Agrícola.m eio de um a voz. de um a visão. de um a palavra da Bíblia. A DOUTRINA DA IGREJA E A DOS SACRAMENTOS . eram imperdoáveis. NO PERÍO DO PATRÍSTICO A doutrina da Igreja tam bém tem raízes na mais antiga literatura da era cristã. nos m eados do século II. o povo de D eus que Ele escolheu para Sua possessão.205 - . no começo do século IV d. N os escritos dos Pais Apostólicos e dos apologetas a Igreja é geralm ente apresentada como o communio sanctorum. m as tam bém aludiam à possibilidade de expiar pelos pecados m ortais através do martírio. porém como partes da Igreja universal com o episcopado. cometidos após o batism o. e só eram consideradas verdadeiras igrejas enquanto fossem leais e estivessem sujeitas à Igreja Católica como um todo. Isso era ensinado pelo m ontanism o. governada por um bispo que seria sucessor direto dos apósto­ los. Nas seitas. Os líderes m ontanistas investiram com autoridade profética contra a lassidão e m undanism o das igrejas. Essas seitas nasceram como reação contra a secularização gradual. C. insistindo sobre práticas ascéticas.28 A DOUTRINA DA IGREJA 1. nos m eados do século III. contudo se. fazer da santidade de seus m em bros o verdadeiro sinal da Igreja autêntica. houve perceptível m udança na concepção sobre a Igreja. O resultado é que a Igreja começou a ser concebida como um a instituição externa. As igrejas locais não eram concebidas com o outras tantas unidades distintas. Fez-se prevalecente a idéia de que a Igreja universal era o “prius” histórico de todas as igrejas locais. todavia. o crescente m undanismo e a corrupção da Igreja. a saber. Apesar de ser m encionada como o verdadeiro Israel. O aparecim ento de heresias tom ou necessário designar algum as características externas pelas quais se poderia conhecer a verdadeira Igreja Católica. possuidora da verdadeira tradição. sua relação à sua preparação histórica em Israel nem sem pre foi bem entendida. e pelo donatismo. pelo novacianism o. Eles diziam que os pecados grosseiros. M as desde o século II d. manifestou-se outra tendência.C. Os novacianos não com par­ tilhavam das reivindicações proféticas dos montanistas. tem a distinção de haver sido o primeiro a desenvolver a doutrina da Igreja episcopal. que compreenderia todos os ramos autênticos da Igreja de Cristo. discípulo de Tertuliano. nessa capacidade. pág. os bispos constituíam um colégio. Outrossim. e juntam ente ligados p o r uma unidade visível e externa. mantinha a paridade dos bispos e não atribuía qualquer primado ao bispo de Roma. rejeitavam ministros indignos e protestavam contra a interferência do Estado nas questões religiosas. e m anti­ nha. - 206- . O bispo era considerado absoluto governante da igreja. cortejavam os favores imperiais. Ao m esm o tempo. com base em M ateus 16:18. porém. Ele alicerçava a unidade da igreja sobre a unidade dos bispos. Vendo que muitos bispos readm itiam tais m embros. De conform idade com ele. e como tal representavam a unidade da igreja. Dirigia o culto da igreja como um sacerdote de D eus e. em virtude de sua obra sacrificial. que a Igreja fora fundada sobre os bispos. Insistiam numa rigorosa disciplina ecle­ siástica e numa comunidade pura. a pessoa que estava fora da Igreja evidentemente não poderia introduzir nela outras pessoas. Desse modo. eram os reais sucessores dos apóstolos. Cipriano foi o prim eiro a destacar. Cipriano. clara a distintamente. ele cria que somente os líderes que recebessem o Espírito — e Ele era recebido somente na Igreja — poderiam proporcionar o perdão de pecados. Para ele. em conseqüên­ cia a sua salvação. I.guiam o exemplo deles na busca pela pureza da Igreja. A ele competia decidir quem podia pertencer à igreja e quem podia ser restaurado à comunhão. a idéia de um a Igreja Católica. oferecia sacrifícios. Essa concepção da Igreja Cristã levou Cipriano a negar logicamente a validade do batismo administrado por hereges. A firm avam que a Igreja não tinha poder de perdoar aqueles que negaram a fé durante a perseguição de Décio e depois buscaram readmissão na igreja. 169. Isso é o que Cunningham chama de “grande contribuição de Cipriano para o progresso do erro e da corrupção na Igreja”. Qualquer pessoa que se recusasse a subm eter-se ao bispo legítimo com isso perdia sua comunhão com a igreja e. rebatizavam aqueles que se uniam a eles. Ele considerava que os bispos. Rebelar-se contra o bispo era rebelar-se contra Deus. escolhidos pelo próprio Senhor. Cipriano foi o primeiro a ensinar um sacerdócio real do clero. e que as igrejas em geral se m ostravam frouxas quanto à disciplina. ao m esm o tem po. Historical Theology. Os verdadeiros membros sempre obedecerão. Os Pais da Igreja se opuseram a todos esses sectários e realçavam cada vez mais a instituição episcopal da Igreja. sempre perm anecerão na igreja. Os donatistas demonstraram igual tendência durante a perseguição de Diocleciano. denom i­ nado episcopado. fo ra da qual não há possibilidade de salvação. entretanto. e fora dela não há salvação.207 - . Se os ímpios não podem ser externam ente excluídos. De fato. No presente essa Igreja é um corpo misto. A verdadeira Igreja é a Igreja Católica. Deus realmente perdoa os pecados no batismo. mas sua concepção da Igreja não se harm oniza perfeitam ente com sua doutrina do pecado e da graça. que possuem o Espírito de Deus e se caracterizam pelo am or autêntico. e na Ceia do Senhor se recebe real refrigério espiritual para a alma. isto é. na qual tem continuação a autoridade apostólica por sucessão episcopal. Desse modo Agostinho efetuava como ideal aquela pureza que os donatistas buscaram concretizar na vida real. pois somente sob o seu pálio é que alguém pode ser cheio de amor e pode receber o Espírito Santo. nos céus. afirm ava também que esses não se achavam ali exatam ente do mesmo modo. Seus sacramentos não são meros símbolos. Ao m esm o tem po. participando dos sacra­ mentos. com seus ofícios. por conseguinte. ele é o eclesiástico que se aferrava à posição de Cipriano sobre a Igreja. Por outra parte. Em resposta a eles. ele segue linhas de predestinação ao conceber a Igreja como a companhia dos eleitos. Em adição a isso. há um certo dualismo em sua idéia da Igreja Cristã. porém que a contem plava m ais particularm ente na instituição externa. ele afirmou que a pureza da única Igreja Católica tam bém se verifica no presente. sacra­ m entos e m inistrações. ele defendia por igual m odo certa pureza subjetiva. Foram suas lutas com os donatistas que o com peliram a refletir m ais profun­ damente sobre a essência da Igrej a. composto de membros bons e maus. pelo m enos em seus aspectos gerais. a Igreja de Cristo. como o communio sanctorum . Por um lado. e não estar na Igreja em sentido m eramente externo. pois só ali opera o Espírito e o verdadeiro am or reside.Agostinho palm ilhou pela mesm a vereda geral de idéias. Triste é dizê-lo. Outro ponto que precisamos considerar aqui é a doutrina agostiniana . Através da intercessão dessa comunidade é que os pecados são perdoados e que os dons da graça são conferidos. A coisa que realmente importa é pertencer à Igrej a assim concebida. A real unidade dos santos e. são os tumores m alignos do corpo de Cristo e seu destino é serem extirpados. a Igreja mista do presente e a Igreja pura e do futuro. da Igreja. é invisível. todavia ela está destinada a ter perfeita pureza no futuro. Conquanto ele admitisse a m istura de m em bros bons e maus na Igreja. não obstante estão internam ente apartados dos piedosos: pertencem à casa. mas não estão dentro da casa. Os donatistas criticavam Agostinho dizendo que ele dividira a Igreja em duas. Ela se dissem ina por todo o mundo. ela existe somente dentro da Igreja Cristã. mas tam ­ bém se fazem acom panhar do exercício real da energia divina. isto é. E quando Agostinho estipula que ninguém tem Deus com o Pai. acaso não fica assim provada a contenção dos donatistas de que pessoas ímpias e heréticas não podem ser nela toleradas? A cresça-se a isso que. entre os bons e os maus (anjos e demônios inclusos). Os prim eiros Pais da Igreja se utilizaram da expressão “reino de D eus” a fim de descrever o resultado e o alvo do desenvolvimento da Igreja. finalm en­ te. M as. ou seja. -208 - . e se perderão finalmente. Se o reino é essencialm ente idêntico aos piedosos e santos. ou são ambas as coisas — visto que fora delas não há salvação? Outrossim. que é o co.” Com isso ele queria dizer. naturalm ente se impõe a indagação: que dizer sobre os eleitos que nunca se unem à Igreja? Ademais. se não tiver como mãe a Igreja. entre os santos e os ímpios até mesmo dentro da igreja. levanta-se a pergunta lógica: qual é a verdadeira Igreja? É a comunhão externa dos já batizados. porém.do reino de Deus. ou (c) todos aqueles que participam ativamente dos sacramentos. O contraste entre a cidade de Deus e a cidade do m undo (ou o diabo) é reputado equivalente ao contraste entre o cristianism o e o paganism o.mmuniofidelium etsanctorum e. prim ariam ente. incluindo aqueles que ainda não se conver­ teram. entre os eleitos e os não-eleitos. se a una e visível Igreja Católica. H am ack chama atenção para o fato que. visto que a civitas Dei pode ser e é freqüentem ente concebida com o a Igreja empírica. são um a e a mesm a Igreja” . pois alguns podem pertencer ao grupo dos fiéis. é o verdadeiro corpo de Cristo. pág. 362. em Agostinho. tam bém é a Igreja episcopalm ente organizada. se a Igreja está fundam entada sobre a graça predestinadora de Deus. Agostinho dizia: “A Igreja desde agora já é o reino dos céus. O m undo ímpio jam ais é retratado como equivalente ao Estado. conform e Agostinho mantinha. é tam bém o numeruspraedestinatorum. incluindo aqueles que cairão. que os santos constituem o reino de Deus. ou (b) todos os crentes. ou é a comunhão espiritual dos eleitos e dos santos. Em conseqüência. podese dar tríplice resposta à pergunta: quem está na Igreja? Pode ser dito: (a) todos os predestinados. e bem se pode indagar se tal síntese é possível. nesse caso. Agostinho não fez verdadeira síntese de suas idéias divergentes sobre a Igreja. “a externa societas sacramentorum. embora tam bém aplicasse coletiva­ m ente o term o aos líderes da Igreja. a una e visível Igreja Católica. é possível que — conform e era dito por muitas vezes — ele pensasse que a civitas mundi encontre sua corporização concreta no estado. como se relaciona a Igreja constituída do número dos eleitos com a Igreja que é a comunhão dos fiéis? É claro que elas não são idênticas. Outlines o f the History o f Dogma. como nom e dado ao reino escatológico. porém não ao grupo dos eleitos. entre os espirituais e os carnais. No entanto. e que esse apóstolo se tom ara prim eiro bispo de Roma. foi o m esm o conferido ao seu sucessor. Duas idéias se tom aram proem inentíssim as durante a Idade M édia. poder-se-ia considerar apropriado atribuir esse poder à Igreja visível. de que Cristo dera a Pedro o prim ado oficial sobre os demais apóstolos. Gregório o Grande recusou ainda o título de “Bispo Universal”. Justiniano. e desse modo não atingirem a salvação? E. porém . podem os dizer que os pontos de vista de Agostinho sobre a predestinação impediram-no de desviar-se tanto como alguns de seus contem porâneos na direção do sacramentalism o. porque quando da queda do Império Rom ano do Ocidente ela dava a aparência de conter um a prom essa de renovação. pelo que ficou modorrenta. em bora tenha havido resistência vigorosa à idéia no Oriente. isto é. finalm ente. a Igreja como o communio sanctorum. reconheceu o prim ado do bispo de Rom a sobre os ocupantes das sedes patriarcais. Essa idéia foi não só fomentada por bispos sucessivos. A outra e mais basilar idéia do grande Pai da Igreja. No ano de 533 o im perador bizantino. NA ID A D E M ÉDIA É fato notório que se os teólogos da Idade M édia pouco têm a dizer acerca da Igreja. e a da identidade entre a Igrej a e o reino de Deus. tom ando a salvação dependente de ser m em bro daquela organização? Em conexão com esse particular. Isso assinala o começo do papado. Ademais. sob outra form a. em 607. viessem a perdê-la novam ente. isto é. toda entretecida e com pactam ente organizada. os bispos da cidade imperial. pelo que contribuíram com uns poucos elem entos para o desenvolvimento da doutrina da Igreja. A partir dessa data o primado espiritual dos sucessivos bispos de Rom a foi geralm ente honrado no Ocidente. da antiga glória de Rom a.como é possível que aqueles que receberam a graça da regeneração e do perdão de pecados no batismo. Dessa m aneira a igreja de Rom a recebeu uma cabeça externa e visível. que não mostrou escrúpulos em aceitá-lo. com os seus sacram entos. . foi inteiram ente desconsiderada. se D eus é a única fonte absoluta de toda a graça e a dispensa de modo soberano. Tom ou-se corrente a tradição nos séculos IV e V d. m as também atraía a imaginação popular. Bonifácio III. a do prim ado da igreja católica romana. 2. que em breve se tornaria m onarca absoluto. foi dito que esse prim ado havia passado para seus sucessores.C. a própria Igreja se transfor­ mou num a hierarquia absoluta.209 - . As sem entes desse desdobram ento se encontravam nos escritos de Cipriano e nos ensinos de Agostinho atinentes à igrej a como um a organização externa. O Concílio de Trento não se aventurou a discutir a própria definição da Igreja. pelo que tam bém o bispado romano era um reino terrestre. C. e renunciar a isso tom ou-se obra de piedade especial.Paralelam ente a isso desenvolveu-se a idéia de que a igreja católica rom ana era o reino de Deus sobre a terra. e tam bém porque a concepção protestante é m elhor entendida quando vista contra o pano de fundo da idéia católico-rom ana sobre a Igreja. a “D oação de Constantino” e as “Pseudo-D ecretais”. Na qualidade de reino externo. A vida nacional e social. e gradualmente passou a dar mais atenção à política do que à salvação das almas. revestiu-se de caráter unilateralm ente eclesiás­ tico. Outro resultado disso é que se deu indevida significação às ordenan­ ças externas da Igreja. a Igreja sentiu-se obrigado a definir a defender suas relações com os reinos do mundo. ambas as quais foram impingidas ao povo no século IX para provar que a autoridade então reivindicada pelo papa fora outorgada e exercida por seus antecessores desde o século III d. porque tal idéia já encontrava expressão na igreja católica romana antes mesmo da Reforma. A vida dos eremitas. O reino de Deus é exposto no Novo Testam ento não só como alvo da vida cristã. Se só a Igreja é o reino de Deus. Contudo nessa altura da exposição é m elhor chamar atenção para a forma que ela finalm ente assumiu. Essa foi a consumidora am bição de grandes papas como Gregório VII (Hildebrando). Inocente III e Bonifácio VIII. finalmente. era tida como o ideal supremo. Tudo quanto não estava sob o controle da Igreja era tido como puram ente secular. Era apenas natural que os pontífices romanos. bem como a dos monges. julgava-se que todas as bênçãos da salvação chegam aos hom ens através das ordenanças da Igreja. pois. em vista do caráter superior do reino de Deus e de seu todo-com preensivo destino. já que Cristo alude ao reino como o m aior bem e como alvo de todo esforço cristão. mas tam bém como súm ula das bem -aventuranças cristãs. pensava-se ser impossível a salvação. então todos os deveres e atividades dos cristãos devem assum ir a foram de serviços prestados à Igreja. Conseqüentemente. Essa noção foi grandem ente encorajada m ediante duas notórias contrafações. a identificação da Igreja com o reino provocou a secularização prática da Igreja. E. Sem o emprego dessas. Isso se deveu ao fato - 210 - . O mundanismo tomou o lugar do mundo espiritual. Não foi senão após a Reform a que se form ulou a concepção católica-rom ana da Igreja em caráter oficial. buscassem concretizar o ideal do reino exigindo que os im peradores se sujeitassem ao governo da Igreja. A identificação da Igreja visível e organizada com o reino de Deus teve conseqüências importantes e a longo prazo. m as apareceu como hom em entre os hom ens e. O próprio Cristo proveu para a organização da Igreja ao nom ear os apóstolos e ao colocar um deles (Pedro) à frente dos apóstolos. O cardeal Belarmino (1542-1621) ultrapassa a todos os de sua época num a clara exposição da idéia católico-rom ana da Igreja. Os prim eiros possuem autoridade direta e absoluta. a segunda (uso dos mesm os sacram entos). que nega a todas as demais o direito de existência. A natureza visível da Igreja é fortem ente enfatizada. com um a cabeça invisível. Os pontos abaixo devem ser notados em conexão com a idéia católico-rom ana da Igreja: 1. e os últim os têm apenas um a autoridade limitada. e a terceira (obediência ao pontífice romano). os catecúm enos e os excomungados. discens. derivada dos papas. O Catecism o Tridentino. define a Igreja como “o corpo de todos os fiéis que até agora viveram e vivem na terra. A prim eira cláusula dessa definição (profissão da mesm a fé cristã) exclui todos os incrédulos. Im portantíssim a distinção se faz entre a igreja instrutora (eclesia docens ) e a igreja que ouve. e os bispos. É prim ariam ente à ecclesia docens que os católicos romanos atribuem os atributos que ele (o papa) aplica à Igreja.211 - . como os cristãos ortodoxos gregos. Esse choque de pontos de vista tom ou im prudente a tentativa de form ular um a definição da Igreja. aprende ou crê (ecclesia audiens. Os papas são os sucessores de Pedro. o pontífice rom ano” . em harm onia com essa m anifestação agora efetua ainda Sua obra por meio de um a mediação hum ana visível. e um a cabeça visível.que. Segundo ele. m antinham que os bispos derivam sua autoridade diretam ente de Cristo. O Verbo não desceu sobre as alm as dos homens. dos apóstolos em geral. A prim eira consiste do clero inteiro. todos os cismáticos. Cristo. Ela é a única Igreja católica. tendo o papa como seu cabeça. contudo. infalível e perpétua. A Igreja pode ser até reputada como continuação da encarnação. sucessor de Pedro. antes. a últim a de todos os fiéis que honram a autoridade de seus legítim os pastores. ou credens). e que dele é que os bispos derivam a sua autoridade. embora os mais altos oficiais da igreja católica romana desejassem reconhecim ento para o sistema papal. A razão principal da visibilidade da Igreja se acha na encarnação do Verbo divino. grande núm ero dos bispos era totalm ente episcopal em suas idéias. Esses não se dispunham a adm itir que toda a autoridade eclesiástica pertence prim ariam ente ao papa. que ocupa a sede rom ana”. a Igreja é “a companhia de todos quantos estão unidos pela profissão da mesma fé cristã e pelo uso dos m esm os sacram entos e estão sob o governo dos legítim os pastores e principal­ m ente do vigário de Cristo sobre a terra. apostólica. assum indo assim um a atitude de . 2. em qualquer ocasião particular. 3. Mas é somente a ecclesia docens que pode fazer tudo isso. que a Igreja encaminha homens à Palavra e a Cristo. antes de ser um a coetusfidelium. essa é que constitui a Igreja. e alguns daqueles que não estão no corpo da Igreja podem estar na alma. pois. depositária e distribuidora da graça para todos os homens. como os catecúmenos. 4. A Igreja é exclusivam ente um a entidade salvatícia. D U RA NTE E APÓS A REFORM A A concepção da Igreja que se derivou da Reform a era totalm ente diversa das idéias da igreja católica romana. ela é a única m ediadora da salvação. Em conseqüência. porém é justam ente o contrário. A Igreja se compõe. A disputa de Leipsic abriu caminho para novas idéias sobre a Igreja e sua autoridade. A ecclesia docens antecede a ecclesia audiens. Somente pessoas batizadas pertencem à Igreja. Sob Cristo. e é m uito superior a ela. de corpo e alma. ou seja. quer sejam justos ou pecadores. encaminha os homens à Igreja. com o os catecúm enos que possuem as graças necessárias. 5. Lutero repeliu a idéia de um a Igreja infalível. (b) promover a santificação por meio dos sacramentos. a organização da Igreja antecede logicamente ao orga­ nism o. a única arca de segurança para a raça humana inteira. e restaurou ao seu correto lugar a idéia bíblica do sacerdócio - 212 - . (a) A idéia luterana. e nem os que estão na alma pertencem aso eleitos. a Igreja visível antecede à invisível. da “sociedade daqueles que são chamados à fé de Cristo. 3. de um sacerdócio especial e de sacramentos que atuam à m aneira de mágica. Lutero foi gradualm ente desmam ado da concepção papal. Na Igreja Cristo distribui a plenitude daquelas graças e bênçãos que Ele adquiriu para os pecadores.intolerância contra elas. por intermédio de Sua Palavra. que se encontram unidos a Cristo por dons e graças sobrenaturais”. mas algumas pessoas batizadas. O corpo de Cristo é a sociedade daqueles que possuem a verdadeira fé. e (c) governar os fiéis de acordo com a lei eclesiástica. uma arca de salvação. A ecclesia audiens é totalm ente dependente daquela. através dos oficiais legítimos da Igreja. porquanto sempre há alguns que se desviam. tal como um a pessoa hum ana. Nem todos os eleitos se acham na alma da Igreja. Estritam ente falando. Na obra da salvação a ordem não é que Deus. Ele faz isso exclusivamente através da agência do clero. Como tal ela tem três funções: (a) Propagar a verdadeira fé por m eio do m inistério da Palavra. participando dos atributos gloriosos da Igreja somente de modo derivado. A alma da Igreja consiste. ainda não perten­ cem a ela. A Igreja é a m aterfidelium . embora distinguisse entre dois aspectos da mesma.213 - . Essa mesm a Igreja. onde o evangelho é corretam ente ensinado e os sacramentos são corretam ente adm inistrados” . pois nem podem exercer fé e nem fazer profissão da mesma. Daí a necessidade de um a sociedade eclesiástica externa e que Lutero descreve com o “o núm ero ou m ultidão dos batizados. Seeberg afirma que Lutero foi o prim eiro a fazer tal distinção. mas apenas dois aspectos da mesma Igreja. não pela liderança do papa. insistindo sobre um a Igreja composta exclusivam ente de crentes. torna-se visível e pode ser conhecida. Em distinção aos luteranos e seu sistem a territorial. Ele admitia que a Igreja. Punha em realce a unidade da Igreja. um visível e outro invisível. O que realmente im porta para o hom em é que ele pertença à Igreja espiritual ou invisível. sempre abrigará certo número de membros hipócritas e ímpios. (b) A idéia anabatista. Sua insistência sobre a invisibilidade da Igreja serviu ao propósito de negar que a Igreja seja essencialmente um a sociedade externa com um cabeça visível. Lutero foi cauteloso em frisar que não são duas igrejas. nem pelo governo de cardeais e bispos. A Confis­ são de Augsburgo define a Igreja. A organiza­ ção eclesiástica romanista se baseava muito no Velho Testam ento. com o “a congregação dos santos. e alguns deles iam ao cúmulo de dizer que um cristão não pode . Em sua insistência acerca da espiritualidade e santidade da Igreja. e sim pela pura adm inistra­ ção da Palavra e dos sacramentos. mas os anabatistas negavam a identidade da congregação do Velho Testa­ m ento com a Igreja do Novo Testam ento. que não compartilham de quaisquer exercícios espirituais da Igreja. quer numa cidade. contudo ao fazê-lo atém -Se aos m eios escolhidos. todavia. No entanto. Em bora as crianças tivessem lugar na congregação do Velho Testam ento. ou no m undo todo”. mas isso está intim am ente ligado à participação na Igreja visível com o membro. não têm lugar legítim o na Igreja do Novo Testam ento. dos crentes que pertencem a um sacerdote ou bispo. muitos deles chegaram a escarnecer da Igreja visível e dos m eios da graça. Os anabatistas representam a m ais extrem a reação contra a extem alização católica-rom ana da Igreja. em seu aspecto visível. Cristo reúne a Igreja por Seu Espírito.de todos os crentes. nem por todas as form as de cerimonial externo. como seu Cabeça. quer num país inteiro. Ele considerava a Igreja como comunhão espiritual daqueles que crêem em Cristo. os anabatistas exigiam absoluta separação entre Igreja e Estado. a Palavra e os sacramentos. na comunhão com Cristo e na participação das bênçãos da salvação por meio do Espírito Santo. e tam bém de afirm ar que a essência da Igreja se encontra na esfera invisível: na fé. uma comunidade estabelecida e susten­ tada por Cristo. externam ente considerada. têm expressado a opinião de que a possibilidade de salvação se alonga para além das fronteiras da Igreja visível. de modo absoluto. A concepção reform ada da Igreja é funda­ m entalm ente idêntica à luterana. pois pode operar e salvar “quando. E os arminianos os seguiram de perto. como os ofícios. Segundo a prim eira idéia. Essa concepção alterada sobre a Igreja teve notáveis conseqüências práticas. Além disso. pois Deus. entretanto. ao dispensar a Sua graça. Além dessas coisas. os crentes falsos dos verda­ deiros. os reformados descobrem-nas m uito mais na comunhão subjetiva dos crentes. Alguns dentre os reformados. a pregação do evangelho e a adminis­ tração dos sacramentos. os reformados descobriam os verdadeiros sinais da Igreja não somente na autêntica administração da Palavra e dos sacramento. porque não somos capazes de distinguir. E as Igrejas de fora das comunidades luterana e reformada com freqüência sacrificavam a Igreja invisível às custas da visível. nem prestar juram entos. onde e como Lhe agradar” . ou vice-versa. e que o Espírito de Deus não se vê limitado de m aneira absoluta aos meios ordinários da graça. (c) A idéia reformada. as bênçãos da salvação podem ser obtidas somente na Igreja e através dela. embora divirja em alguns particulares relativam ente importantes. que só se completará e tornar-se-á visível quando da “parousia”. m as a história mostrou ser isso muito difícil.ser m agistrado. e nem participar de guerras. porém na vida real olvidavam-na totalm ente. Finalm ente. Os socinianos realmente falavam numa Igrej a invisível. (b) como coetus electorum . Os reform adores procuraram m anter a conexão devida entre a Igreja visível e a invisível. isto é. na Igreja invisível. Am bas concordam em que a essência real da Igreja se acha no communio sanctorum como uma entidade espiri­ tual. negando explicitamente que a Igreja é essencialmente a com u­ -2 1 4 - . os reform ados m encionavam a invisibilidade da Igreja em mais de um sentido: (a) Como ecclesia universalis. A uniformidade cedeu terreno à m ultiform idade. pois concebiam a religião cristã sim ples­ m ente como um a doutrina aceitável. e isso por sua vez originou várias Confissões. (d) Idéias divergentes pós-reform adas (i) Sociniana e arminiana. obrigou-Se absolu­ tam ente aos meios determinados. porque ninguém pode ver a Igreja de todos os lugares e de todos os tempos. a Palavra e os sacramentos. M as se os luteranos acham a unidade e a santidade da Igreja primariamente nas ordenanças objetivas. e (c) como coetus electorum vocatorum. havia igualmente importantes diferenças quanto ao governo da Igreja. mas tam bém na administração fiel da disciplina da Igreja. a saber. ao falar ex cathedra — isto é. em 1666. tom ava as pessoas indiferentes para com a Igreja institucional. O pietismo. M anifestou-se tam bém a tendência oposta. e sua aplicação consistente aparece no Exercito de Salvação. m as encarava o próprio m undo como organism o do pecado. Em 1791. após os dias da Reform a. Era esse igualm ente o ensino comum de grande número de m anuais católico-rom anos. de m aneira geral. Esse ponto de vista tam bém se vê em alguns círculos do m etodism o. Outrossim. (iii) Católico-romana. tom ando-a prim ariam ente um a sociedade visível. que deve ser evitado por todo cristão “despertado”. como doutrina a ser mantida pela Igreja universal. por dois séculos. com suas funções e sacramentos. ao definir doutrina . que o papa pode errar em suas decisões. A verdadeira Igreja foi sendo crescentemente reputada nesses círculos como a comunidade daqueles que com partilham de um a ilum inação especial do Espírito Santo.215 - . tam bém concordam externam ente em sua profissão de fé e em sua vida. Com batia não som ente o m undanism o. do qual Bossuet foi o líder original. em oposição aos jesu ítas e ao partido dos ultram ontanistas. em virtude da luz interna. de fid e vel moribus. A igreja católica romana extremou-se mais ainda na direção de um a hierarquia absoluta. O partido galicano. e sim um exercito perm anente de Jesus Cristo. entretanto. pronunciando-se m ais firmemente acerca da autoridade do papa. (ii) Labadista e metodista. m il e quinhentos católicos ingleses assinaram um a declaração que negava que a infalibilidade papal fosse um dogma da igreja católica romana. e à qual só crentes autênticos podiam pertencer. Entretanto. estando sem pre subordinado a um concílio ecumênico. foi sendo gradualm ente vencida a oposição do partido galicano e. insistia fortem ente sobre um a religião prática. ao desincum bir-se do ofício de pastor e m estre de todos os cristãos — em virtude de sua suprem a autoridade apostólica define um a doutrina atinente à fé e à m oral. em 1870. Jean de Labadie fundou um a “congregação evangélica” em M iddelburgo. desprezar a Igreja visível. o Concílio do Vaticano declarou que “o pontífice romano. os quais.nidade invisível dos santos. furtavam a Igreja de sua independência ao cederem ao Estado o direito de disciplina e ao resguardarem para a Igreja som ente o direito de pregar o evangelho e adm oestar os seus m embros. e seus membros se reuniam em conventículos. e então através da assistência divina que lhe foi prom etida na pessoa de São Pedro desfruta plenam ente daquela infalibilidade que o divino R edentor desejou que Sua Igreja tivesse. distinto do m undo por um uniform e distintivo e um modo especial de vida. Os convertidos não form am um a congregação. a fim de não pôr em perigo a sua alma. afirmava sempre. Ao mesmo tem po. e conseqüentem ente tais definições do pontífice romano por si mesmas são imutáveis. o que m ostra que elas estão mais separadas entre si do que muitas das denominações protestantes. Outrossim. Perguntas para estudo posterior Qual foi a significação especial de Cipriano no desenvolvimento da doutrina da Igreja? As idéias de Agostinho sobre a Igreja podem ser reduzidas a um a unidade coerente? Como se explica a dualidade de sua exposição? Como surgiu a concepção sacerdotal do ministério? Em que diferem as idéias agostiniana e católico-rom ana acerca do reino de Deus? Qual é a diferença essencial entre as idéias católico-rom anas sobre a Igreja e aquelas dos reformadores? Como os católicos romanos. Reinkens. os luteranos e os reformados concebem. o historiador e cujo prim eiro bispo foi o Dr. respectivamente. os católicos romanos continuam a vangloriar-se de sua unidade.referente à fé e à moral. pelo que se constituíram na “Antiga Igreja Católica”. cujo líder foi o Dr. freqüentem ente conducentes a rivalidades e amargas disputas. Doellinger. embora essa seja m ais aparente do que real. não podendo ser modificadas através da aprovação da Igreja”. como tam bém abriga um núm ero crescente de ordens monásticas. Em contraposição aos protestantes. O romanism o não só está dividido quanto à questão da infalibilidade papal. a Reform a. Os alemães não quiseram sujeitar-se a essa decisão. as relações entre a Igreja e o Estado? Qual o conceito do modernism o de nossos dias sobre a Igreja? -216- . a Los-von-Rom e o movimento m odernista demonstram claram ente que a jactada unidade da igreja católica romana consiste muito mais de um a uniform idade organizacional do que de um a unidade de espírito e propósito. bem como à obra do Filho encarnado. O prim eiro a nom ear os sete bem conhecidos sacramentos da igreja católica romana foi Pedro Lombardo. o exorcismo. a celebração do sábado cristão — todas essas coisas eram chamadas sacramentos. Leão o Grande. Esse mesmo emprego frouxo do vocábulo se encontra nos escritos de Agostinho. OS SACRAM ENTOS EM GERAL (a) Desenvolvim ento da doutrina antes da Reforma O termo “sacram entos” se deriva do latim sacramentum. e outros. caso viesse a ser perdida a causa. Tom ou-se designativo de tudo quanto era m isterioso e incom preensí­ vel na religião cristã e em outras religiões. incluindo atos ou coisas misteriosos. com o qual a Vulgata traduz o term o grego musterion. a qual originalmente indicava o juram ento exigido dos soldados. sendo este usado no Novo Testam ento para designar algo que não fora revelado no Velho Testa­ mento.217 - . e paga ao Estado ou aos deuses. Não havia unanim idade quanto ao número dos mesmos. Tertuliano o aplica às obras do Criador. variando este de cinco a trinta (Hugo de São Vítor). O sinal da cruz. Gregório o Grande. o nom e era aplicado predom inantem ente ao batism o e à Ceia do Senhor. Ao m esm o tempo.29 A DOUTRINA DOS SACRAMENTOS 1. Em virtude de seu Sententiae ter-se tom ado o . a ordenação de sacerdotes. Esse sentido do vocábulo tam bém foi transferido para a palavra latina sacramentum. o sal dado aos catecúmenos. o matrimônio. ou um a quantia em dinheiro depositada em garantia nos casos de litígio. N o todo pode-se dizer que os escolásticos seguiram a concepção agostiniana dos sacramentos como sinais visíveis e meios dum a graça invisível. Isso esclarece por que o termo “sacram ento” teve um a aplicação bastante ampla nos primeiros séculos cristãos. particularmente à Sua morte. em bora posteriorm ente tivesse adquirido outra significação. Hilário. Podia ser usado acerca de qualquer coisa que envolvesse a idéia de santidade. Isso não quer dizer que ela resida nos elementos visíveis como poder permanente. Paralelam ente a essa posição. embora a preparação espiritual para o recebim ento dos sacram entos certam ente traz a sua recompensa. ordens sacras. de fato. naturalm ente.comum m anual de teologia. que os sacramentos contêm apenas graça sim bolizada. eucaristia. N ão se -218 - . de qualquer modo. Esse ponto de vista se acha em Boaventura e em Durando. havia outra. desejados por aqueles que querem ser salvos. sua opinião pessoal logo se tom ou em communis opinio. fizera a operação dos sacramentos depender da fé do recipiente. a qual também. m atrim ônio e extrema unção. nem do caráter do sacerdote oficiante. dentre as quais as seguintes são as mais importantes: (a) Os sacramentos são necessários à salvação. Acerca da questão se a operação dos sacramentos depende. o qual continua residindo no mesmo até que aquele virtus tenha realizado sua finalidade”. embora Deus Se houvesse com ­ prometido a acom panhar o uso dos sacramentos com uma direta operação de Sua graça nas almas dos recebedores. Agostinho. porquanto o sacramento externo seria apenas imagem do que Deus opera na alma. que a graça realmente reside no sacramento visível. por advocacia de Duns Scoto. Essa restrição do número dos sacramentos naturalm ente conduziu à delimitação do conceito. devem ser recebidos ou. mas que “as palavra da instituição efetuam um virtus (eficácia) espiritual sobre o sinal externo. A doutrina dos sacramentos continuava sendo um desiderato: o relacionamento entre o que é sensível com o que é espiritual não fora claramente definido. foi adotado pela igreja católica romana. contudo. penitência. Hugo de São Vítor e Tom ás de Aquino defendiam esse ponto de vista. do recebimento digno ou indigno dos m esm os. o escolasticismo gravitava para o opinião que eles são eficazes ex opere operato. isto é. foi a idéia dom inante por algum tempo. nem havia clara exposição do m odo como operam os sacramentos. em virtude de sua administração objetiva. tendo-se tom ado a idéia proem inente na Idade M édia. a saber. O Concílio de Trento baixou várias decisões concernentes aos sacramentos. Isso significa. Considerava-se que a operação ex opere operato dos sacramentos era um a indicação da superioridade dos sacramentos do Novo Testamento em relação aos do V elho T estamento. que o recebim ento da graça sacram ental não depende da devoção espiritual do recipiente. ou seja. ou seja. ocasionalm ente. finalmente. em 1439: batismo. pelo m enos. o qual. e finalmente o Concílio de Florença adotou estes sete. Essa noção também se refletiu claram ente numa das idéias prevalecentes no período escolástico. confirmação. (d) Os sacram entos do batismo. pelo que não se repetem . que soergue o hom em à ordem sobrenatural e o torna partícipe da natureza divina. orde­ nação e matrim ônio. extrema unção. e o batismo. e som ente eles. porém . penitência. pode ser administrado por leigos. através da im po­ sição de m ãos do bispo. (b) A penitência é o sacram ento pelo qual é obtido o perdão para os pecados mortais pós-batism ais. como o pecado m ortal ou algum outro em peci­ lho. (b) Eles contêm a graça que simbolizam. são os administradores legítim os dos sacramentos. que sejam todos necessários a cada indivíduo. (c) A extrema unção é o sacram ento pelo qual os moribundos. Entretanto. em casos de necessidade. confessando-os com sinceridade e estando dispostos a cum prir a penitência que lhes for imposta. até à morte. (e) Os sacerdotes. Além do batismo e da Ceia do Senhor. (e) O m atrim ônio é o sacram ento pelo qual um homem e um a m ulher são unidos em santa vida conjugal. Os pontos abaixo m erecem atenção: (a) A igreja católica romana concebe a graça a ser transmitida nos sacramentos como exclusiva­ m ente um a graça santificadora infundida. sobre aqueles que não põem obstáculo à operação dos m esm os. (c) A intenção do sacerdote oficiante. . ocupa lugar relativam ente secundário no sistema da igreja católica romana. m as quanto ao resto pode estar em pecado mortal. pela unção com óleo bento e pela oração do sacerdote. fazendo aquilo que a Igreja tenciona. por aqueles que se m ostrarem realm ente pesa­ rosos por seus pecados. ou através do ato realizado. É isso reputado um dom sobrenatural que vem ao homem de fora. O perdão de pecados. Esses podem ser descritos de modo breve como segue: (a) A confirm ação é o sacram ento pelo qual. é essencial à validade do mesmo. que geralm ente é ligado ao batismo nas Escrituras. a unção e a oração. recebem a graça especial de confiar na m isericórdia de Deus e de resistir aos ataques finais e às tentações do diabo. a confirmação e a ordenação podem ser adm inistradas exclusivam ente pelo bispos. os que já foram batizados recebem a setupla graça do Espírito Santo para que professem com perseverança a sua fé. ao adm inistrar o sacram ento com toda a sinceridade. são reconhecidos os seguintes sacramentos: confirmação. (d) A ordenação ou santas ordens é a sacram ento que comunica àqueles que o recebem a plena autoridade do sacerdote. juntam ente com a graça especial de cumprirem bem os seus deveres.pode dizer. confirm ação e ordens (ordenação) im prim em um caráter indelével sobre a alma do recipiente. e conferem isso ex opere operato. e vivam fielm ente à altura da mesma. recebendo a graça necessária para cum prirem os deveres próprios de seu estado com fidelidade. Deve tencionar fazer o que a Igreja faz.219 - . (c) A fé não é requisito absoluto para recebim ento dos sacramentos. Em oposição à igreja católica romana. mas sua operação e seu fruto dependem da fé do recipiente. a qual não pode realmente salvar. isto é. realmente. por um a gratia infusa. III. N a sua opinião. (Cf. é veículo da graça divina. não os próprios sacram entos. quando muito.(b) A conexão do sacramento com a Palavra é praticamente ignorada. e não ao estado subjetivo do recipiente. como tal. a ultrapassa em valor. -220- . Calvino e Zw ínglio concordavam em sua oposição à igreja católica romana. porém posteriorm ente conferiu m aior proem inência à sua conexão íntima e essencial com a Palavra. Diferem da Palavra sobretudo no fato que não são dirigidos à Igreja em geral. Dogm. que não transmitem nenhum tipo de graça que não seja comunicado igualmente pela Palavra. antes de tudo. mas apenas preparatório. Lutero. A Palavra tem algum significado. o poder divino está presente no sacramento como a Palavra visível e. compartilhavam da convicção de que os sacramentos são sinais e selos vinculados à Palavra. estes últimos adquirem um a significação independente paralela à da Palavra e que. No entanto. exceto quando é m oldada pelo amor. corporal e loval entre o sinal e a realidade simbolizada. Heppe. que o recipiente não faça obstruções insuperáveis. A graça santificadora se faz presente como elem ento material dos sacramentos. Visto que esse amor é comunicado somente pelos sacramentos. da qual eles são sinais e selos. A mesma controvérsia levou-o a insistir sobre a conexão temporal. fazendo sua eficácia depender da instituição divina. e sim a indivíduos. (b) Doutrina dos reformadores e da teologia posterior Em cada um dos pontos que acabam os de m encionar a Reform a sujeitou a doutrina dos sacramentos a uma revisão bíblica. Em resultado de seu conflito com os anabatistas. que se relaciona à culpa do pecado e não à natureza inferior do homem deprivado do donum superadditum. 380). pelo que sempre eles pressupõem a graça salvadora. Lutero a princípio frisava o fato que a operação dos sacramentos depende da fé do recipiente. quando se demoravam sobre um desses particulares. sendo comunicada ex opere operato. E. Além disso. logo se evidenciou que diferiam quanto a pontos importantes. a graça perdoadora de Deus. depois de 1524 ele enfatizou a absoluta necessidade dos sacramentos e o seu caráter objetivo. finalmente. pág. tam bém coincidiam na opinião que. Os sacramentos tom aram -se um motivo de contenda entre eles. e que não têm valor à parte da Palavra. Uniram -se na posição que a graça proporcionada nos sacra­ mentos é. e pressupondo. pois infunde um a m era fé histórica. M as não concebia essas bênçãos espirituais como que depo­ sitadas nos elem entos visíveis. Ele acha o seu elem ento essencial na palavra da promessa. Os racionalistas reduziam os sacramentos a meros m em oriais e em blem as de confissão. e o batismo m eram ente como rito prim itivo de profissão para convertidos do judaísm o e do paganismo. D eus comunica essa graça somente aos crentes. Os socinianos reputavam a Ceia do Senhor como m em orial da m orte de Cristo. mas isso apenas como atos de confissão. Os anabatistas nega­ vam que os sacram entos sejam selos. Schleierm acher fez a tentativa de m anter-lhes o caráter objetivo. são prim ariam ente sinais e selos das promessas de Deus que dirigem a atenção para as riquezas da Sua graça. no pacto da graça e na Pessoa de Cristo. ao passo que os sacram entos são m eros instrumentos pelos quais ela é comunicada. nutrindo e revigorando a fé deles. dirigindo a fé para fora de nós m esm os e para a graça de Deus em Jesus Cristo. Haveria um a representação visível das bênçãos conferidas aos crentes. porém não querem dar a idéia de que são selos da promessa de Deus e podem transmitir graça. Para ele. que visariam à prom oção da virtude. todavia só secundariamente. Para ele os sacramentos eram mem oriais e emblemas da profissão de fé. Sem elhantem ente Calvino reputa os sacram entos como atos de confissão. Fora das igrejas luterana e reformada a concepção zwingliana dos sacramentos desfrutava de grande popularidade. Seriam sim plesm ente sinais do pacto entre Deus e o homem. elas não transm item graça. a eles inerentes. na qualidade de lem bretes das bênçãos apropriadas pela fé. No século XIX. com todas as Suas bênçãos. muitos neo-luteranos e os puseistas da Inglaterra advogavam uma doutrina dos sacramentos parecedíssim a com a concepção católico-romana. unindo todos os diferentes pontos de vista numa síntese mais elevada. sem qualquer validade perm anente. no qual o primeiro exibe Sua graça. sinais e prova da fé. Os arminianos aludem aos sacram entos como exibições e selos das bênçãos da graça. Os incrédulos podem receber o sinal externo. Zw ínglio concebia-os como. entretanto não participam da realidade simbolizada.Em vista de que os sacramentos são adm inistrados som ente aos crentes. e só secundariam ente como meios de fortalecer a fé. Para ele D eus é e continua sendo a única fonte originária da graça. . reputando-os apenas sím bolos e sinais. antes de tudo. o que os tom a m ais ou m enos independentes distribuidores da graça divina.221 - . e os últimos se com prom etem a levar um a vida santa. em bora ele também houvesse empregado expressões que parecem apontar para um a significação m ais profunda. contudo não teve êxito. Outrossim. mas viam-no como mero elem ento com plem entador do processo de renovação. O bispo finalmente se saiu vitorioso. parece que ele supunha que o sacramento é eficaz ex opere operato. em virtude do que a criança passa a pertencer a Cristo e à Sua Igreja por direito. trazia consigo a rem issão de pecados. essa afirmativa requer certas limitações: (1) Afirm avam que o batismo é eficaz no caso de adultos somente em conexão com a correta disposição e propósito internos. porque era p rito de iniciação à Igreja. a fé da Igreja. Todavia. seja como for. em diante. (2). O bispo de Rom a assevera ser válido tal batismo. O próprio A gosti­ nho promoveu tal idéia até certo ponto. entretanto. tom ando-se um princípio fixo não rebatizar aqueles que houvessem sido batizados segundo a fórm ula trinitariana. O modo do batismo não estava em questão. M esmo entre os Pais Apostólicos achamos a idéia que ele era o instrumento que efetua o perdão dos pecados e que comunica a nova vida regenerada. Foi ganhando terreno a idéia de que esse sacramente opera de modo mais ou menos mágico. por outra parte não era o único modo. A opinião geral afirm ava que sob hipótese alguma o batismo deveria ser repetido. contudo. Em certo sentido. representada pelos padrinhos.&ão consideravam eles o batismo como absolutamente essencial à iniciação da vida espiritual. imprim e sobre a criança um character indelibilis. e que no caso daquelas que são batizadas. embora o último se opusesse ao m esm o sob a alegação de não ser expediente pôr crianças pequenas sob a pesada responsabilidade do pacto batismal. apesar do que Tertuliano parecia pensar que o recebimento do rito. No caso de infantes. pode-se dizer que alguns dos prim eiros Pais ensinaram a regeneração batismal. BATISMO (a) Desenvolvimento da doutrina antes da Reforma O batismo era o mais importante entre os sacramentos. a concepção do batismo foi sendo paulatinam ente modificada. propriamente dito.C.2. Se a imersão era praticada. pois. não havia opinião unânim e sobre a validade do batismo administrado por here­ ges. e certam ente isso não era considerado como a essência do batismo. Do século II d. Dizia que as crianças que m orrem sem o batismo estão perdidas. ou à vida regenerada. O batismo infantil evidentem ente era bastante corrente na época de Orígenes e Tertuliano. embora tivesse a fé e o arrependim ento como condições necessárias para o batismo no caso de adultos. pode ser aceita em lugar da criança. m as Cipriano negava isso. Ele -222 - . asseverava que o batismo. embora a concupiscência continue como agente fom entador do pecado. o exorcismo. os padrinhos. D e fato. exceto naquilo em que este seja resultado natural do pecado. N ão seria simples água comum. porém ante o fato que as crianças dificilmente podem exercer fé. dizendo que se ele remove o pecado original como questão de culpa. (3) Renovação espiritual pela infusão da graça santificadora e das virtudes sobrenaturais da fé. porém . com seu intrínseco poder divino. e na visível Igreja dos crentes. m inim izando a importância das condições subjetivas. como o sinal da cruz. chegando a reter muitas das cerimônias vinculadas a ele.223 - . em casos de necessidade. A princípio ele fazia o efeito salutar do batismo depender da fé. os reform adores alem ães adotaram grande parte do batismo da igreja católica romana. é evidente que fosse pratricado o batismo infantil. A graça assim conferida se reveste de m áxima importância. faz a água do batism o tom ar-se a água graciosa da vida e da lavagem da regeneração. (2) Livram ento (a) da culpa do pecado original e da culpa dos pecados com etidos até ao tempo do batismo. gradualm ente. Em geral. mas “a água com preen­ dida no m andam ento de Deus e ligada à Palavra de D eus” (Smaller Catechism IV. Conteria a graça sim bolizada e a confere ex opere operato sobre todos quantos não lhe põem obstáculo. levando o indivíduo à jurisdição da Igreja. Devido a essa im portância do batismo. etc. a despeito do que o martírio se reputava como pleno equivalente da lavagem batismal. da esperança e do amor. Desse modo foi pavim entado o caminho para a concepção católico-rom ana do batismo.definia o efeito do batismo de modo m ais específico que o usual. Lutero ensinava que a Palavra de Deus. . mais tarde ele sustentava que Deus. era considerado m uito essencial que fosse administrado logo que possível e. porquanto inclui: (1 ) O character indelibilis. (b) da polução do pecado. e sim a Ceia do Senhor. I). e (c) da punição eterna e tam bém de todo castigo tem poral. com eçaram a considerar o sacramento com o eficaz ex opere operato. (b) Doutrina dos reformadores e da teologia posterior A oposição da Reform a contra a doutrina católico-rom ana dos sacram entos não enfocou o batismo. de que o batismo. não rem ove inteiram ente o pecado como corrupção da natureza. o batismo era tido como absolutamente necessário. D iante desses fatos. segundo a qual ele é o sacramento da regeneração e da iniciação à Igreja. pressupõe a fé. Os escolásticos a princípio participaram da idéia de Agostinho. podia ser administrado até por leigos ou m esm o por incrédulos. no caso de adultos. por Sua graça preveniente. (4) Incorporação na comunidade dos santos. Durante a Reform a. remove a culpa e o poder do pecado. e que não gera fé. fica naturalm ente implícito que o sacramento opera ex opere operato. na Suíça e na Holanda um a nova seita em oposição tanto a Lutero como a Zwínglio. que as crianças podem ser consideradas crentes antes do batismo e. Os sucessores dos anabatistas preferem se cham ar anti-pedobatistas. mesmo no seu estado inconsciente. Dizia-se geralmente que o batismo confere aos pais a certeza de que seu filho passou a fazer parte da aliança. Os da Igreja Reform ada procediam baseados na suposição que o batismo foi instituído para os que crêem. Seus aderentes eram cham a­ dos anabatistas pelos seus opositores. que negava a validez do batismo das crianças. como tais. pouco atenção foi prestada a este último ponto. têm direito ao sacramento. ao declarar: “Não batizamos com base nisso (a fé dos infantes). As respostas à pergunta de como considerar as crianças que recebe­ ram o batismo variaram desde o início. Segundo a estimativa deles. porque negavam que o batismo de crianças fosse um batismo legítimo. Não consideravam que se tratasse de rebatismo.infunde fé na criança inconsciente e. e m ormente à doutrina bíblica da aliança. porém a fortalece. ou como algo de imediato produzido por sua ministração. surgiu na Alemanha. Havia. retiveram a doutrina da fé de infantes. portanto. devem ser batizadas. Neste últim o caso. já que ainda não tem condições de exercer fé ativa e. opiniões diferentes quanto às im plicações deste -2 2 4 - . é um a rica fonte de consolação para a criança enquanto vai crescendo. em oposição aos anabatistas especialmente. Opera a regeneração. quando estes queriam participar do novo círculo. porque insistiam em rebatizar os que já foram batizados na infância. As crianças realmente não têm nenhuma posição oficial na Igreja. no entanto. o direito a todas as bênçãos da aliança. M uitos dentre os teólogos luteranos. e concede-lhe. finalmente ele entregou aos doutos a questão envolvida. ou como condição prévia para o batismo. De modo geral. Ao avançar na base desta suposição. no entanto. tinham que definir o benefício espiritual que a criança recebe no batismo. não pode ser fortalecida nela. todavia não rem ove inteiramente a sua polução. porém. portanto. enfrentavam um a dificuldade dupla. Tinham que comprovar. Houve acordo geral quanto ao estabelecer o direito do batismo das crianças m ediante um apelo às Escrituras. Permanece a radiz aut fo m e s peccati. mas também em oposição aos católicos romanos e aos luteranos. Os filhos dos crentes são filhos da aliança e. mas unicamente com base no m andam ento de D eus”. Além disso. não havia verdadeiro batismo se este não fosse precedido por uma voluntária profissão de fé em Jesus Cristo. e outros. João Dam asceno). thusiai (sacrifícios) e eucharistia (ações de graças). as ações de graças vieram a ser consideradas um a consagração dos elem entos na Ceia do Senhor. à medida que a idéia clerical se fortalecia.relacionam ento à aliança. O conceito simbólico ou espiritual achado em Origines. e essencialmente tam bém em Eusébio. para a qual as pessoas traziam os necessários ingredientes. Agostinho admitia que . hesitam quanto à aceitação dessa teoria. A CEIA DO SENHOR (a) O desenvolvimento da doutrina antes da Reforma. Gregório Nazianzo. por seu turno. mas levou a um desenvolvim ento perigoso. tornou-se costum e firm ado em certos círcu­ los negar que o batismo era um selo de graça divina. Basílio. procedeu até atingir a doutrina da transubstanciação.225 - . durante. ou talvez muito tempo após o batismo. Em harm onia com esta idéia. Isto. Crisóstomo. arm inianos e anabatistas. Gregório de Nissa. Alguns consideravam o batismo como sendo nada mais do que um sinal da aliança externa. nomes derivados deste costume. 3. e a própria Ceia assum iu o caráter de um sacrifício trazido pelo sacerdote (bispo). Achava-se que havia variações entre os diferentes casos e que não se conform avam a um a regra geral. afetava a representação da união sacramental. por sua vez. tendo a profunda consciên­ cia de que tais crianças crescem sem m ostrar sinais de vida espiritual. tais como prosphorai (oblações). o desenvolvimento da doutrina da Ceia do Senhor era m ais lenta. e isto. Então. porém levou ao mesmo resultado. e eram abençoadas pelo bispo com uma oração de ações de graças. foi suplantado pela doutrina de que a carne e o sangue de Cristo estavam de certo modo combinados com o pão e o vinho no sacramento (Cirilo. a Ceia do Senhor era acom panhada por um a refeição comum . De acordo com alguns. considerando-o um m ero ato de profissão da parte dos homens. Reconheciam que a regenera­ ção antes do batismo fosse bem possível. No Ocidente. No decorrer do tempo. m as preferiam deixar como questão em aberto se as crianças eleitas foram regeneradas antes de. Sob a influência do socinianos. e o bispo se tom ava sacerdote. até que o contrário transpareça na doutrina ou na vida. Nada havia de mal nisso por si só. Estas contribuições eram chamadas oblações e sacrifícios. Outros. dá base à suposição que os filhos dos pais crentes são regenerados. o efeito espiritual do batismo com o m eio de graça não era limitado à ocasião da administração do sacramento. foram aplicados à própria Ceia do Senhor. No início. conform e Agostinho a ensinava. fazia clara distinção entre o sinal e a coisa significada. como também a fé por parte do recipiente. a adoração da hóstia. O fato dEle ser assentado à m ão direita -2 2 6 - . Ele enfatizava o aspecto comem orativo do rito. Pascásio Radbert form alm ente propôs a doutrina de que os elem entos no sacramento. literalmente se transformavam no próprio corpo que nasceu de M aria. e não muito depois disso ficou m atéria de violenta controvérsia. que indica que o novo ensino confunde o sinal com a coisa significada. ainda que participem dos elem en­ tos. na linguagem das Escrituras. era necessária não somente a consagração. defendida por Gerbet (1003). real e substancialm ente presente no santo sacramento. que fez a declaração crassa que “o próprio corpo de Cristo era verdadeiramente seguro na mão do sacerdote.e designado como sendo a doutrina da transubstanciação.C. não em essência. que os elementos são mudados. um m ero véu que ilude os sentidos. a aparência externa do pão e do vinho sendo. e asseverava que os ímpios. o modo da presença de Cristo em ambos os elementos e em cada parte deles.o sacramento era. e que. Ao mesmo tempo. Durante a Idade M édia a doutrina. Esta doutrina propôs muitos problem as aos escolásticos. Esta doutrina recebeu a oposição dos teólogos mais destaca­ dos daqueles tempos. e coloca grosso m aterialismo no lugar da fé. a relação entre substância e acidentes. depois da consagração. não participam do corpo. Seus pontos de vista foram fortemente opostos por Lanfranc (1089) e Hum berto (1059). porém. Cerca do ano 1050 Berenger de Tours afirmou que o corpo de Cristo era de fato presente na eucaristia. todavia não quanto à sua substância. Este ponto de vista foi finalmente definido por Hildeberto deT ours(1133). m ormente por Rabano M auro e Ratram no. mas em poder. Até protestou contra a reverência supersticiosa que muitos prestavam à ordenança nos dias dele. a fim de ser operada esta mudança. quebrado e mastigado pelos dentes dos fiéis”. os pontos de vista de Agostinho retardaram o pleno desenvolvimento da teoria realística por muito tempo. Veio a ser um artigo de fé ao ser form alm ente adotado pelo quarto Concílio Laterano em 1215. A nova doutrina foi. em certo senso. e asseverou que a substância do pão e do vinho perm anece inalterada. O Concílio de Trento tratou do assunto da eucaristia conform e registrado em Sessão XIII dos seus Decretos e Cânones. Em 818 d. cedeu lugar à doutrina da igreja católica romana. o corpo de Cristo e. Um resum o do que se contém em oito Capítulos e onze Cânones pode ser declarado como segue: Jesus Cristo está verdadeira. De fato. mediante o poder divino. e assim por diante. tais como a dura­ ção da m udança efetada. muitas vezes falou do pão e do vinho como sendo o corpo e o sangue de Cristo. Ao m esm o tem po. Os reform adores na sua totalidade rejeitaram a teoria sacrificial da Ceia do Senhor e a doutrina medieval da transubstanciação. são instituídos e dados para nós cristãos a serem comidos e bebidos em e sob o pão e o vinho”. de tal forma que quem recebe um a partícula da hóstia recebe o Cristo inteiro. no entanto posteriorm ente adotou outro ponto de vista m ediante o que se opunha à interpretação figurativa das palavras da instituição. o corpo é recebido tam bém pelos incrédulos que participam do sacra­ m ento. co lo c a n d o no seu lu g a r a d o u trin a de consubstanciação. . graças especiais e reais. porém até antes que os elem entos são recebidos pelo comungante. rejeitava a doutrina católica da tra n s u s b s ta n c ia ç ã o . A sseverava a necessidade de tom ar literalm ente estas pala­ vras e entendeu que havia um a presença corporal real de Cristo na Ceia do Senhor.de D eus de acordo com o modo natural de existência não exclui a possibilidade dEle estar presente em vários outros lugares ao m esm o tem po segundo um modo de existência m ais alto. a adoração da hóstia e a festa do Corpus Cristi são naturais. a substância inteira do pão e do vinho é transform ada no corpo e no sangue de Cristo. m as podemos conceber da possibilidade da Sua substancial e sacram ental presença em vários lugares sim ultaneam ente. preservação de pecado grave (mortal) e a confiante esperança da salvação eterna”. segundo a palavra de Cristo. e negava de modo absoluto a presença do corpo de Cristo na Ceia do Senhor. havia separação de caminhos entre eles. O Cristo inteiro está presente em ambas as espécies e em cada partícula de cada espécie. (b) A doutrina dos reformadores e da teologia posterior. M as o acordo entre eles não foi muito além disso. longamente defendida por Ockham em De Sacra­ mento Altaris. Pelas palavras da consagração. Quando se dedicaram à tarefa positiva de form ular um a doutrina bíblica da Ceia do Senhor. Zw ínglio se opôs especialm ente à idolatria da missão. Lutero ensinava de início que o pão e o vinho eram sinais e selos do perdão dos pecados. espiritual e sobrena­ tural. Segundo ele.227 - . Lutero se expressa conform e segue: “O próprio corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. sendo que o Senhor chamou o Seu corpo de pão mesmo antes de Seus discípulos o terem recebido. rem issão de pecados veniais. No seu Catecismo M aior. Ele está presente não som ente no m om ento da administração. porém só para a condenação deles. Em vista desta presença de Cristo na eucaristia. apoiada por Zwínglio. Podem os não saber explicar como. Os efeitos principais do sacram ento são: “aumento da graça santificadora. M esm o assim. p. que este último (1) ressalta a atividade dos crentes mais do que o gracioso dom de Deus no sacram ento e. Em bora diga: “Nada há na eucaristia senão com em oração”. Em bora negasse a presença corporal e local de Cristo na Ceia do Senhor. “está presente à contem plação da fé. e não havendo questão de uma m astigação oral”. e no próprio sacram ento via um ato de comemoração. disse ele. considera a Ceia do Senhor unilateralm ente como um ato de profissão. que viam na Ceia do Senhor um ato comem orativo apenas. Calvino tinha um a posição intermediária. entendendo que “é” representa “significa”. em súmula.15:1. Este ponto de vista foi incorporado nas Confissões Reform adas. Concordava com Zwínglio em rejeitar totalm ente a presença corporal. History o f Christian Doctrine. Sob a influência de Schleiermacher. sendo que os incrédulos não têm participação nela. que esta eficácia é m ediada pelo Espírito Santo para o receptor crente dos elementos eucarísticos. e veio a ser patrimônio comum de toda a teologia reformada. Os 39 Artigos da Igreja Anglicana não são muito claros no assunto. portanto. duas objeções em especial ao ponto de vista do reform ador suíço. assim sendo. 41:26. não negava a presença espiritual de Cristo. que o comer do corpo de Cristo é inteiramente espiritual. ressaltava-se outra vez a -228 - . Às vezes era considerado um sacram ento de um a aliança puram ente externa. Tinha. através da fé. o conceito zwingliano da Ceia do Senhor achou favor em certos círculos. que adotava os pontos de vista dos socinianos. constantem ente asseveramos ser um erro repugnante à Palavra de D eus”. porém. Sua posição não é completam ente clara. João 10:9. Assim foi preparado o caminho para o racionalism o. ou comido com a nossa boca. tam bém emprega expressões que parecem indicar um significado mais profundo. e os que não davam motivo de ofensa tinham o direito de participar dele.. e um meio para m elhoria moral. local e substancial de Cristo na Ceia do Senhor. Seu ponto de vista é sucinto e corretam ente expresso por Sheldon ao dizer: “Sua teoria. “O verdadeiro corpo de Cristo”. 207. e (2) não vê nada mais no com er do corpo de Cristo do que um a expressão de crença no Seu nome e confiança na Sua morte. Depois da Reforma. concordou com Lutero em dizer que Cristo é real e essencialmente presente na Sua Pessoa inteira. real e verdadeiram ente presente na Ceia. mas quanto a ser Seu corpo natural. N o pão e no vinho via símbolos apenas. era que a hum anidade glorificada de Cristo é fonte de especial virtude ou eficácia. o corpo de Cristo é presente na eucaristia em virtude da sua eficácia. dos arminianos e dos menonitas. como em G en. a saber.. e é recebido como tal pelos que crêem. II. que. um ato de profissão.Interpretava figurativam ente as palavras da instituição. tais como Scheibel. o corpo e o sangue de Cristo.229 - . M uitos dos teó lo g o s m ed ia d o re s (V e rm ittelu n g ste o lo g e n ) re je ita v a m a consubstanciação de Lutero e manducatio oralis. Outros. Na Inglaterra. M uitos no partido da Igreja Alta ensinam que os elem entos consagrados na Ceia do Senhor são realmente. Perguntas para estudo posterior Quais são as m arcas de um sacramento? Os sacram entos são necessários à salvação? Os católicos romanos defendem a posição de que os seus sacram entos foram instituídos por Jesus? Quais bases bíblicas aduzem para seus vários sacramentos? Como surgiu a idéia da regeneração batismal? Qual é a diferença do conceito anabatista do batism o e o dos reformadores? Em que base negam o batism o das crianças? Como surgiu a idéia sacrificial da Ceia do Senhor? Por que os católicos rom anos não deixam os leigos participar do cálice? Com o concebeu Calvino da presença de Cristo na Ceia do Senhor? .característica objetiva do sacramento como m eio da graça. Rudelbach e Philippi reafirm avam a antiga posição luterana. e se aproxim avam da doutrina de Calvino. o M ovim ento de Oxford mostra um retom o à posição da igreja católica romana. embora m isticam ente. ensinando que Cristo está espiritualm ente presen­ te na Ceia do Senhor e através do sacram ento dá-Se a Si m esm o e Suas bênçãos espirituais aos crentes. A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS .231 - . De acordo com a opinião comum dos seus dias. e as dos injustos num lugar pior. onde perm anecem até ao dia de juízo. eram imediatamente aceitos na glória. é um a das doutrinas m enos desenvolvidas. ficou sempre mais difícil conceber o hades como habitação meramente tem porária e provisória dos mortos. Hilário. um lugar com várias divisões. A opinião geral dos Pais posteriores. Seus elementos principais têm sido m ais ou m enos constantes. e os ímpios passariam imediatamente para os sofrim entos do inferno. Tertuliano. segundo Agostinho. D enunciava como hereges os que diziam que. os piedosos. ao m orrerem . Logo foi providenciada um a exceção para os m ártires que.30 O ESTADO INTERMEDIÁRIO A doutrina das últim as coisas nunca ficou no centro da atenção. e estes constituem praticamente o dogma inteira da Igreja com respeito às coisas futuras. e portanto não exige discus­ são elaborada. Foi só quando ficou aparente que Cristo não voltaria im edia­ tam ente que os Pais da Igreja começaram a refletir sobre o estado entre a m orte e a ressurreição. aguardando o tem po do juízo”. até que são suficientem ente purificados. Na m edida em que veio a ser aparente que a parousia de Cristo era um evento distante. suas almas eram levadas ao céu. pontos de vista dife­ rentes ocupavam um a posição importante nas discussões teológicas. Pode ser. conform e conjectura o Dr. im ediatam ente herdariam a glória celestial preparada para eles. Os Pais Apostólicos ainda não refletiram sobre o estado interm edi­ ário. segundo Tertuliano. mas nunca foram incorporados nas Confissões da Igreja. ou. tais como Ireneu. Am brósio. Ocasionalmente. Orr. era que os mortos descem até hades. quando morriam. A descida de Cristo ao hades foi interpretado como tendo efetuado a libertação dos santos . que já chegam os àquele ponto na história do dogm a em que a doutrina das últim as coisas receberá m aior atenção e será levada a maior desenvolvimento. e mesmo Agostinho. Um dos primeiros foi Justínio. que disse: “As alm as dos piedosos estão num lugar melhor.233 - . Cirilo. e começou a ser consi­ derado um lugar de punição. Origines tinha o conceito de hades. Origines ensinou explicitam ente que Cristo transportou todos os justos de épocas anteriores do hades para o paraíso. e a conflagração final no fim do mundo. Foi tam bém o prim eiro que claram ente expôs a idéia. começou a ser corrente a convicção de que os tais são sujeitos a um processo de purificação além-túmulo. A Igreja grega nunca aceitou bem os conceitos grosseiros correntes no Ocidente. m as muitas vezes pensavam num teste ou disciplina espiritu­ al. e a m aioria deles o concebiam como sendo um fogo material. Agostinho e outros.do Velho Testam ento do Umbuspatrum. E quando a doutrina do m érito das boas obras assum iu proeminência. Disse ele: “Deve ser crido que existe. Nem sempre tinham em m ente um fogo literal ou material. tais como os três capadocianos. Ém conexão com a idéia de que muitos cristãos não estão suficien­ tem ente santos na ocasião da sua morte para entrar na região da bem-aventurança eterna. da libertação deste fogo m ediante orações intercessórias e oblações. também chamado “paraíso” ou “seio de A braão”. um fogo purgatorial antes do juízo” . Ainda m ais longe do inferno era o suposto limbus patrum . segundo se pensava. Daí ele é usualm ente chamado “o inventor do purgatório” . Ambrósio. Hades gradualmente estava sendo despojado dos seus habitantes virtuosos. o lugar onde. Os Pais Primitivos da Igreja já tinham falado de um fogo purificador. gregos e latinos. Os escolásticos e místicos medievais eram muito explícitos na sua descrição do purgatório. Finalm ente. às vezes identificado com geena. os heróis da fé do Velho Testa­ mento foram guardados antes da descida de Cristo ao hades. Foi especialm ente no Ocidente que se desenvolveu a idéia de um fogo purgatorial especial. Gregório o Grande já enfatizou-o como m atéria de crença sem dúvidas. Vários dos Pais posteriores da Igreja. como sendo fogo purificador. contudo perpetuam ente conservadas fora do céu. A localização do purgatório tam bém era assunto de debate. de acordo com os escolásticos. ensinava-se que os que eram diligentes nesta prática eram dignos de passar imediatamente ao céu. A doutrina -2 3 4 - . inclusive geena. o qual a partir de então era considerado o destino de todos os santos que morriam. que alguns deles localizavam no paraíso e outros associavam com a conflagração final. A pouca distância de lá havia o limbus infantum. por causa dalgum as pequenas falhas. tinham a idéia de um fogo purgatorial no estado intermediário. sem sofrer nenhuma dor positiva. onde. e era geralmente considerado que se tratava da parte do hades m ais perto do inferno. só sobraram os ímpios. Efraim. vagamente crida por outros muito tempo antes dele. as crianças que m orreram sem ser batizadas eram confinadas. sem funda­ m ento em nenhum a prova das Escrituras”. Houve oposição à idéia do purgatória perto do fim da Idade M édia por tais precursores da Reforma como ‘Wy clif e Huss. Foi em conexão com esta doutrina que a perversa prática da venda de indulgências surgiu na igreja católica romana. E os 39 Artigos da Igreja da Inglaterra declaram que “a doutrina católico-rom ana concernente ao purgatório.235 - .. Os Artigos de Sm alcald dizem que o purgatório pertence “à geração pestilenta da idolatria. gerada pela cauda do dragão” . é um a coisa imaginária futilm ente inventada. Lutero fulminava as práticas perniciosas que cresciam na igreja em conexão com esta doutrina. e todos os reformadores sem exceção rejeitavam a doutrina inteira do purgatório como sendo contrária às Escrituras.do purgatório foi solenem ente afirmado pelo Concílio de Trento em 1546.. . embora ensinassem a doutrina. introduzida pela escola da Alexandria. Teófilo. A verdade do assunto é que os aderentes desta doutrina eram de núm ero algo limitado. mesmo no Novo Testamento. Dionísio.31 A SEGUNDA VINDA E A ESPERANÇA MILENIAL A os cristãos prim itivos ensinava-se que deviam aguardar a volta de Jesus Cristo. Ignácio. quando as perseguições cessavam. e prom ovida especialm ente por Orígenes. a poderosa influência de Agostinho foi o instrumento que tom ava as esperanças da Igreja do futuro para o presente m ediante a sua identificação da Igreja e o reino de Deus. Taciano. o anseio pela volta de Jesus muito naturalm ente cedeu lugar para a adaptação da Igreja para suas tarefas atuais. e quando o cristianismo recebeu um a posição firme no Império Rom ano. porém. A interpretação alegórica das Escrituras. Orígenes. Não há nenhum traço da doutrina em Clemente de Rom a. e a crerem num reino m ilenar interveniente. e é evidente. A interpretação literal de Apoc. 20:1-6 levava alguns dos mais antigos Pais da Igreja a distingui­ rem entre um a prim eira e uma segunda ressurreição. que foi geralmente aceita durante os três prim eiros séculos. os ebionitas e os montanistas. Policarpo. chegando até a ser a religião do Estado. Enquanto os séculos passavam sem a volta de Jesus Cristo. correto dizer como dizem os prem ilenistas. Justínio. -236 - . No Ocidente. Não é. esfriava as esperanças milenistas. e imaginavam os prazeres da época futura em form as crassamente materialistas. A doutrina milenial também achou favor com Cerinto. Alguns deles pensavam com muito prazer nestas esperanças milenares. Isto se diz especialm ente de Papias e Ireneu. O m ilenism o da Igreja Prim itiva gradualmente foi ultrapassado. Atenágoras. e outros Pais importantes da Igreja. e Tertuliano. Clemente da Alexandria. que alguns deles esperavam um a vinda sem demora. Ele ensinava o povo a procurar o m ilênio na atual dispensação cristã. evitavam as suas extrava­ gâncias. Hermas. tais como Bam abé. Outros. que com grande confiança é declarada iminente. mas estas não exerceram influên­ cia profunda. tendo entre os seus aderentes hom ens tais como Hofm ann. O reino de Jesus Cristo então se destacaria como um reino de paz e retidão. sendo seus maldosos inim igos pisoteados debaixo dos seus pés” (Cáp. antes do fim do m undo e da volta de Jesus Cristo. segundo estes pré-milenistas. enquanto Dante deu um a vívida descrição do inferno na sua Divina Comédia. Rothe. porém. É verdade que houve. Cumming. embora fosse associada com a idéia da vinda em breve do anticristo. e os ímpios serão suprim idos em todas as partes”. Art. os Bonar. A Confissão de Augsburgo condena os “que agora espalham opiniões judaicas. XVII. XI). A Segunda Confissão Helvética diz: “Outrossim. haveria um período durante o qual a presença espiritual de Cristo na Igreja seria experimentada em medida fora do comum. Repetidas tentativas têm sido feitas para fixar a data da volta de Cristo. Durante os séculos XVIII e XIX a doutrina do milênio mais um a vez foi favorecida em certo círculos. A arte cristã freqüentemente escolhia seus tem as da escatologia. Uma certa form a de milenismo surgiu. divulgavam um conceito mais espiritual do milênio. O hino D ieslrae soava os terrores do julgam ento vindou­ ro. de que antes do dia do juízo haverá um período dourado na terra. Esta foi a form a prim itiva de pós-m ilenism o que se distinguia do pré-milenismo. Zahn. condenamos os sonhos judaicos.237 - . o milenismo foi geralmente considerado herético. o brotar esporádico da esperança m ilenial em certas seitas. e que se seguiria um despertam ento religioso universal. Delitzsch. Foi defendida pela escola de Bengel e m ais recentem ente pela escola de Erlangen. e outros. Lutero rejeitou com desprezo “o sonho” de que haveria um reino de Cristo na terra antes do dia do juízo. Bickersteth. O conceito que tinham do assunto era que. H avia vários teólogos luteranos e reformados que. aqui e ali. de que antes da ressurreição dos m ortos os piedosos ocuparão o império deste mundo. todavia reviveu em algumas seitas. mas até agora os . Alford. embora rejeitassem a idéia de um reino visível de Cristo na terra por mil anos. Elliott. Auberlen. e os pintores representavam o fim do m undo nas suas telas. tais como entre os anabatistas mais fanáticos e os da Quinta M onarquia. No século X houve um a expectativa geral de que o fim do mundo se aproximava. No tem po da Reform a. Há grande diversidade de opinião quanto à ordem dos eventos finais e à real condição das coisas durante o milênio. e que os piedosos possuirão os reinos deste mundo. no século XVII.D urante a Idade M édia. a doutrina do m ilênio foi rejeitada pelas Igrejas Protestantes. entretanto não foi acom panhada com espe­ ranças quiliastas. Até aos dias atuais. -238 - . a doutrina do m ilenism o ainda não foi incorporado em qualquer Confis­ são.224. e portanto ainda não pode ser considerado um dogma da Igreja. Há um crença espalhada hoje em dia que a volta de Cristo será seguida por um reino visível tem porário de Cristo na terra. porém . O reino esperado será uma nova ordem social “em que prevalecerá a lei de Cristo.cálculos têm falhado. Nos círculos liberais tem surgido um a nova form a de pós-milenismo. p. contudo o peso da opinião teológica é contra isso. A Theology fo r the Social Gospel. justiça e o glorioso desabrochar das atuais forças espirituais.” É o que Rauschenbusch tem em mente quando diz: “Precisam os de uma restauração da esperança m ilenial”. e nesta situação haverá paz. Em obediência ao impulso da alma m ovim entar-se-á rápida e facilmente. a dos piedosos no começo e a dos ímpios no fim do reino milenar. m as finalm ente aceitava o ponto de vista prevalecente. serão feios e deform ados e capazes .32 A RESSURREIÇÃO A m aior parte dos Pais Primitivos da Igreja acreditava na ressurrei­ ção do corpo. sem considerar necessário supor que as atuais diferenças de tam anho e estatura continuariam na vida do porvif. ou seja. acreditava que na ressurreição todos teriam a estatura da pessoa completam ente adulta. O corpo será tangível. Tomás de A quino parecia ter inform ações especiais quanto ao assunto. no entanto. no entanto a m aioria deles ficava com a opinião que o corpo da ressurreição seria em todos os aspectos idêntico com o corpo form ado na vida presente. A substância que ressuscitará será aquela que existia no m om ento da morte. insistia na identidade dos próprios cabelos e dentes. Suas especulações eram fantasiosas e tinham pouco valor permanente. m as é claro que Orígenes. Cristôstomo e Sinésio concordavam em grande m edida com Orígenes. pode-se dizer que o Oriente m anifestava um a tendência de adotar um ponto de vista mais espiritual da ressurreição do que o Ocidente. Alguns dos Pais da Igreja com partilhavam da idéia dele. quanto ao corpo da ressurreição. De m odo geral. D escreveu o corpo da ressurreição como um corpo refinado e espiritualizado. e não sujeito ao crescimento. Os que acreditavam num milênio falavam numa ressurreição dupla. Os dois Gregórios. A ressurreição acontecerá perto do entardecer. De fato. Jerônim o. na identidade do corpo futuro com o presente. enquanto defendia a doutrina da Igreja contra Celso. Agostinho concordava com Orígenes no começo. Todos estarão no frescor da juventude. rejeitava a idéia que um corpo idêntico seria ressuscitado. m as se satisfez com aquele ponto de vista de identidade que é sugerido pela analogia da semente e da planta. por outro lado. João Dam asceno afirmava a restituição do m esm o corpo. Os corpos dos ímpios. Os pontos de vista de Clemente da Alexandria não são bem claras. Informa-nos que os que estão com vida à vinda de Cristo prim eiram ente m orrerão. Os escolásticos especulavam segundo sua m aneira comum.239 - . mas fino e leve. e depois serão ressuscitados com os restantes dos mortos. de muitos sofrim entos. Esta doutrina tam bém está registrada nas declarações confissionais das Igrejas da Reforma. embora incorruptíveis. -2 4 0 - . Com o avanço das ciências físicas. Este ponto de vista é popular entre muitas pessoas no presente. Os teólogos do período da Reform a estavam de acordo que o corpo da ressurreição seria idêntico com o corpo presente. o liberalismo religioso moderno declaradam ente nega a ressurreição ou explica as representações bíblicas dela como sendo um a representarão figurativa do conceito que a personalidade hum ana com todos os seus poderes continuará a existir após a morte. como resultado disso. foram acentuadas algu­ mas das dificuldades envolvidas na doutrina da ressurreição e. libertação das limitações do corpo. Agostinho procede na suposição que as representações bíblicas dele são figurativas. Os Pais posteriores ficaram firmes na sua convicção de que haveria um juízo final no fim do mundo. contudo sem transm itir inform ações definidas. sendo que Orígenes era um a exceção. M as falavam disso m orm ente em linguagem altamente retórica. embora ambos eram considerados eternos. A m aioria deles são da opinião que os santos no céu desfrutarão vários graus de bem -aventurança. embora alguns supunham que a punição dos ímpios consistiria principalmente em separação de Deus e um a consciência da . É verdade que nos seus discursos populares fala em castigo eterno. Um conhecimento mais desenvolvido. comunhão com santos. A m aioria dos Pais da Igreja pensava em term os de um fogo m aterial. Não houve opinião unânime quanto ao que com poria a bemaventurança do céu. e expressa a sua crença na restauração final de todas as coisas. mas declara que as Escrituras não dão certeza quanto à duração deste período. Alguns acreditavam em graus de felicidade e de tormentos. Entretanto. assim como faziam com os demais acontecim entos escatológicos. A punição dos ímpios geralm ente era consi­ derada eterna. Expressa a convicção de que Cristo virá julgar os vivos e os mortos. porém no seu livro De Principiis tende a repudiá-lo totalmente. de modo geral. Realm ente resolve tudo no conceito de castigo desciplinar ao oferecer um a esperança aos ímpios. com paráveis com as virtudes que os adornavam na terra. Os escritos de Orígenes.33 O JUÍZO FINAL E OS GALARDÕES FINAIS Os m ais antigos Pais da Igreja pouca coisa dizem sobre o juízo final. m as geralmente ressaltam a sua certeza. Alguns dos seus escritos abundam com representações sensuais dos prazeres do m undo futuro. no entanto. refletem um conceito mais espiritual. m esm o ele não considera a punição eterna como algo puram ente espiritual.241 - . Os sofrimentos dos condenados eram considerados o exato oposto das felicidades do céu. e verdadeira liberdade — estes são alguns dos elementos mais destacados que eram m encio­ nados. das quais existem três: (a) o purgatório perto do inferno. Perguntas para estudo posterior E verdade que o quiliasmo era a doutrina universalm ente aceita na Igreja no segundo e terceiro séculos? Qual é a explicação da sua existência na Igreja Primitiva? M esm o então. e (2) regiões que podem ser chamadas intermediárias entre o céu e o inferno. Só os universalistas radicais — e são poucos — crêem na salvação universal e na restauração de todas as coisas no sentido absoluto da palavra. logo o quiliasm o era do mesmo tipo? Qual foi o ponto de vista de Agostinho sobre o milênio? O que pode ser dito em favor dele? O que explica as repetidas reocorrências do quiliasmo? As Confissões históricas das Igrejas lhe eram favoráveis ou desfavoráveis? Os reformadores encorajavam esperanças quiliastas? O pré-m ilenismo dos nossos dias é o mesmo -2 4 2 - . que Cristo voltará para julgar o mundo. Alguns anabatistasensinavam o restauracionismo. A doutrina dos galardões e punições futuros. conform e ensinada pela Reform a. onde os bem-aventurados desfrutam da visão direta de Deus. a doutrina da imortalidade condicional tenha desfrutado grande popularidade em certos círculos. Os reformadores se contentaram com a afirmação da simples doutrina das Escrituras. embora. moradia dos santos do Velho Testamento. O propósito do juízo geral era entendido como a pública vindicação da justiça divina em executar as sentenças finais. moradia dos diabos e dos condenados. o céu se divide em três partes. Alguns teólogos protestantes pensavam que o fogo m aterial fará parte da punição eterna dos ímpios. e ainda outros interpretavam que tudo quanto a Bíblia diz acerca do fogo é figurativo. (2) o céu espiritual. m oradia dos santos e dos anjos. (c) o limbuspatrum.sua própria maldade. onde ficam as crianças não batizadas. que é secreto e individual. Concebiam do m undo inferior como sendo dividido em departam entos diferentes. (b) o Umbus infantum. e alguns socinianos ensinavam o aniquilamento dos ímpios. Segundo eles. Participa­ vam da crença comum na eterna felicidade do céu e os eternos tormentos do inferno. permanece a doutrina oficial das Igrejas até aos dias atuais. a partir do meio do século anterior (XV). e (3) o céu intelectual. outros não se entregavam a declarações no assunto. Tom avam o cuidado de distinguir entre o juízo geral no fim do m undo e o julgam ento que ocorre na morte de cada indivíduo. Os escolásticos prestavam especial atenção à localização do céu e do inferno. a saber: (1) os céus visíveis (o firmamento). a saber: (1) o inferno propria­ m ente dito. e em que base? Quais são as doutrinas da imortalidade condicional e da segunda probação? Quais seitas crêem na aniquilação dos ímpios? A doutrina da restauração universal acha favor considerável? .243 - .quiliasm o dos prim eiros séculos? Como os escolásticos procuravam com provar a idéia do purgatório pelas Escrituras? As Escrituras favorecem a idéia de que os mortos estão nalgum lugar interm ediário. entre o céu e o inferno? Quem ensinava o sono da alma. New York. London. 1902. Life Beyond Death. Klotsche. 1922. Seeberg. Boardm an. Groningen. . 1928. 1936. History o f Doctrines. Foster. Boston. A History o f New England Theology. Edinburgh. H am ack. Edinburgh. Fisher. 1901. N ew York. New York. E S P E C IA L Addison. 1883. Chicago. Bruce. History o f Christian Thought. Roeping en Wedergeboorte. The Assurance o f Faith. 1884 Case. M anual o f the History o f Dogmas. 1885. 1886. Philadelphia. Orr. 1905. A n Outline o f the History o f Doctrines. 1913. Erlangen. Dee. 1870. History o f Christian Dogmas. History o f Dogma. New York. 1907. Burlington. Kam pen. Neander. 1897-1905. Grand Rapids. Historical Theology. New York. A History o f New England Theology. Louis. 1918. Boston. Chicago. 1893. 1858. New York. The M illennial Hope. Edinburgh. Edinburgh. Outlines o f the History o f Dogma. Vicarious A tonem ent Through Christ. 1932-33. The Hum iliation o f Christ. H am ack. 1913. Crippen. Grand Rapids. 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Clarke. sobre o pecado. 191. sobre a justificação. 222s. sobre a expiação. sobre o pecado. 136. 133s. . sobre a Trindade. 186-7. sobre a expiação. 191. 110s. sobre a capacidade representativa de Adão. sobre a Igreja. sobre a Ceia do Senhor. M cLeod. sobre a necessidade da expiação. 171. 225- 6. 206s. l59s. na renovação. sobre a ordem da salvação. sobre o pecado. Calvino. João. sobre o m érito e a certeza da salvação. sobre os decretos divinos. 192. 160s. Atanásio. 79. 157-9. 192. sobre a expiação. 155-6. 178s. 198-9. sobre a união entre as naturezas de Cristo. Cirilo sobre as naturezas de Cristo. 207. 193. 150. sobre o reino de Deus. sobre a Trindade. Ário. Anselm o. sobre a operação do Espírito Santo. Beza. 65. sobre a graça. 123-4. sobre a Trindade. Clem ente da Alexandria. sobre a graça. sua atitude para com a filosofia. sobre a expiação. sobre o Logos. Dam asceno. Boaventura. sobre o alcance da expiação. 88s. Am iraldo. 121-3. sobre a Pessoa de Cristo. sobre a expiação. 129-130. sobre a Trindade. Cam eron. Bernardo da Clairvaux. Campbell. Apolinário. Cipriano. 87s. 1523.ÍNDICE DE NO M ES Abelardo. sobre a Ceia do Senhor. sobre o Logos. sobre a predestinação. sobre o batismo. 123-4. 208. 164. sobre o pecado. sobre a graça. Belarm ino. 96s. sobre o pecado. 150-1'. 128. sobre o pecado. 223s. 109-110. sobre a expiação. sobre a expiação. seu adopcionismo. 56. 195s. Pedro. Leibnitz. 127. 60. 99-100. sobre a expiação. sobre o pecado. sobre as naturezas de Cristo. Hegel. sobre o dogma. Jonathan. 141-2. 142-3. sobre o pecado e a graça. sobre a expiação. seus ensinos. Félix de Urgela. sobre o arrependimento e a fé. 49.250- . sobre a Pessoa de Cristo. 108-9. Ireneu. 134. sobre a redenção. sobre a predestinação. Gregório de Nazianza. sobre a história da redenção. sobre a expiação. 108. 19-20. 60s. M elanchthon. sobre a predestinação.. 128s. sobre a aplicação da obra da redenção. M aurice. sobre a encarnação. Gottschalk. sobre a expiação. sua doutrina sobre kenosis. sobre o livre-arbítrio do homem. Gess. 49. 134s. sobre a Trindade. 177. 220. sobre a eficácia divina e o pecado. 190s. 86. sobre a natureza hum ana de Cristo. sobre a graça. Ebrard. sua doutrina sobre kenosis. sobre o batismo. 88s. 153s. Gregório o Grande. 158. sobre os sacramentos. Leão M agno. 141-2. Irving. sobre o Espírito Santo. 167s. 33-34s. sobre a Ceia do Senhor. 191. M arcelo. sobre a expiação. 178-9. 61s. sobre a expiação. sobre a transmissão do pecado. sobre o pecado. Grótio. Gilberto de Poitiers. 133s. sobre o pecado. sobre a expiação. sobre a Igreja. 102s. sua posição. 142-3. Hilário de Poitiers. 227. M acedônio. 134. Leôncio de Bizâncio. Kant.Domer. 97-8. sobre o Logos. 159-60. D. 149. Lutero. sobre a fé. Lom bardo. 83. sobre a predestinação. 2 12s. sobre a Pessoa de Cristo. 142-3. sobre Cristo.109-110. M árcion. sobre a predestinação. 150-1. Gregório de Nissa. Ham ack. . F. 142. Edw ard. Edwards. sobre os apologetas. 62. 110s. 86. Pelágio. sobre a expiação. sobre a Trindade. Tom ásio. sobre o pecado. 60s. 95. Paulo de Samosata. sobre a Pessoa de Cristo. 199. sobre o pecado. sobre a Trindade. 175. sobre a Pessoa de Cristo. 143s. 73. sobre a purificação depois da morte. Socínio. 116. sobre o pecado. sobre a Trindade. sobre a expiação. sobre a Igreja. 166s. Tertuliano. sobre a imputação mediada. 139. 65-6. 59-60. seu m onarquianismo. Stuart. sua doutrina de Deus. sobre as naturezas de Cristo. sobre a eficácia do chamamento. N ew m an. 15 ls. Schleierm acher. sobre o pecado e a graça. sobre a expiação. M ueller. sobre a justificação. seus ensinos. sobre o pecado. 77s. 150. 89. 88. 111. 68s. sobre a ordem da salvação. sobre a obra de Cristo. Swedenborg. 185-6. sobre a aplicação da obra de Cristo. 144. Julius. sobre o Logos. 59. 144-5. 108s.251 - . 162s. 62s. 69s. 22. 221. suas reivindicações 50. sobre a origem e a propagação do pecado. 134s. Pajon. sobre a Trindade. Teodoro. sobre as naturezas de Cristo. condenado. 68s. 134.M ontano. 110. 174s. sobre a expiação. sobre os sacram entos. Tennant. Sabélio. caráter de. sua teoria do desenvolvimento. M oses. 51s. 192. sobre a Ceia do Senhor. 120s. 33. 227-28. sobre a Pessoa de Cristo. 124-5. sobre a expiação. sobre o cam inho da salvação. 143-4. Ritschl. sua doutrina sobre kenosis. Roscelino. 96-7. 68. Orígenes. 119s. sobre o batismo de crianças. Scoto. sobre a Trindade. sobre o pecado. sobre a predestinação. Nestório. 72. . Placeu. Zw ínglio. sobre o pecado. Duns. 222-3. sobre a expiação. sobre a ordem da salvação. 226s. sobre o batismo. 227. sobre a expiação. 225s. Calcedônia. 54. sobre a Pessoa e a obra de Cristo 68s. no período patrístico. 221. sobre o relacionamento entre Cristo e Deus 10ls. Concílio da. 222s. na teologia luterana. 214s. Lutero sobre o. Anabatistas. sobre as últim as coisas. 241. 213.169. Arrependim ento. 55. reformadores sobre o. Antinom ianos. sobre a ordem da salvação. 223. 54s. 197. Aquino sobre a segurança. os reform adores sobre a. 198s. os arm inianos wesleyanos sobre a. 242. 66s. 199. sobre dogma. os reform adores sobre. sobre as naturezas de Cristo. 68s. 193s. anabatistas sobre o. sobre a filosofia e a revelação. 22s. Pais Alexandrinos. sobre a salvação. sobre os sacramentos. e m enonitas sobre a. C eia do Senhor. sobre o homem. 132. Batismo. 56s. sobre o pecado e a graça. no período patrístico. 228. Lutero e o luteranos sobre o. sobre o batism o. 227s. Zwínglio sobre a. sobre Deus e o Logos. sobre a ordo salutis. sobre a Igreja. arm inianos. 242. socinianos. 67. 228. em João Dam asceno 101s. 105s. 228. Concílio de Trento sobre a. os primeiros Pais sobre. durante a Idade M édia. conceito católico-rom ano do. 224. 210s. 221. 199s. Calvino sobre o. os escolásticos sobre. 56s. escolásticos sobre a. Católicos romanos. 54-5. 224. 224. Concupiscência. sobre o purgatório. sobre o pecado e graça. sobre Deus. a relevância deles para a história do dogma. 130s. sobre a vida nova. 192. sobre a Ceia do Senhor. 193. Arm inianos. sobre a história do dogma. 21s.ÍN D IC E DE ASSUNTOS Adopcionism o. 98. 136s. Céu e inferno. 69s. os pietistas sobre a. 225. sobre a Igreja. sobre os sacramentos. 68s. sobre os sacramentos. sobre a Igreja. sobre o batismo. opinião de Harnack sobre os. católicos romanos sobre o. sobre a Igreja. 226s. no período patrístico. 200. 18s. 226s. Calvino sobre a. sobre a Ceia do Senhor. 221s. 184s. sobre o Logos. 197. 234. 223. 223s. Communicatio idiomatum. Lutero sobre a. 218s. Apologetas. -2 5 2 - . 223. sobre a Igreja. sobre o céu e o inferno.fé. 155-163. 109. e M acedônio sobre o. 99. 122. 210s. 21s. Lutero e luteranos sobre a. 83-4. 86s. 136. 150. em relação às outras Pessoas. Ebionitas. Pedro Lombardo sobre a. teoria governam ental da.justificação em érito. teoria da aceptilação na. 83. significado da palavra. Hilário de Poitiers. sobre o estado intermédio. Confissão H elvética sobre a. 96s. 95. 150. 10ls. Cirilo sobre a. 150s. Bernardo de Clairvaux sobre a. Depravação total. teoria da recapitulação. sobre a Trindade.K antsobrea. João Dam asceno sobre a.H egelsobrea. sobre a Pessoa de Cristo. Agostinho sobre a. tarefa da história do. 17s. 176s. I57s. 192s. sobre a ressurreição. 149s. Ário. origem e caráter do. reformadores sobre a. 97s. Agostinho sobre a. 108s. 78s. Boaventura sobre a.23. Eutiquianism o. 130s. Aquino sobre a. 19s. m onofisitas sobre a. 217s. Ireneu e Tertuliano sobre a. Apolinário sobre a. Gregório de Nissa sobre a. e Ebrard. 152-53. 151 s. 175s. 94-5. 18s.253 - . 155s. conceito arm iniano da. 73. 239s. 189. 43s. 104. 169s. sobre a Pessoa de Cristo. 110-11. Concílios de Constantinopla e Toledo sobre o. 54s. teoria do resgate pago a Satanás. 67. Gess. na teologia patrística grega. Ário sobre a. 43. Espírito Santo. 151 -52. 223. objeções à. 109s. segundo é ensinada por Tom ásio. 106s. Sínodo de D ort sobre a. Doutrina sobre kenosis. Dorner sobre a. 104. 105s. Clemente da Alexandria e Orígenes sobre a. 110. 97s. os capadocianos sobre a. 109s. João Dam asceno sobre a. sobre as naturezas de Cristo. 141. arm inianos w esleyanos sobre a. 108. gnosticism o sobre a. 22. Estado interm ediário. sobre a ordem da salvação: graça. 169s. 242. Expiação. Eutíquio sobre a. conceito de H am ack do. sobre os sacramentos. Nestório e Teodoro sobre a. sobre o pecado e a graça. 60s. Sínodo de Dort sobre a. 108s. 96-7.Confissão Helvética. apologetas sobre a. 134. 19 ls. na teologia patrística latina. teoria de N ew ton do desenvolvim ento do. sua base bíblica. 149. sobre o batism o. Escolasticism o. Encarnação. Gregório o Grande sobre a. Schleierm achersobrea. 190s. escola de . Elquesaítas. sabelianism o sobre a. 106s. 176. kenoticism o sobre a. teoria da influência moral da. 151. Atanásio sobre a. 137. Tertuliano sobre a. 234. Dogm a. teoria da satisfação na. 168s. sobre a expiação. arm inianos sobre a. 153. 46. obras publicadas sobre a. 183s. 173. conceitos sociniano e arminiano da. 209. sobre a Igreja. Justificação e fé. 213. tarefa da. reform adores sobre a. seu m étodo de tratamento. arm inianos sobre a. arm inianos wesleyanos sobre a. 32. Limbus infantum. Calvino sobre a. Bushnell sobre a. Orígenes sobre a. 214s. 214s. Ário sobre a. 199s. 46s. 207s. 234. 177. no arminianismo. Lim bus patrum. 195s. 88. em Agostinho. Pais gregos sobre a. A. sobre a Igreja. Luteranos. Ritschl sobre a. os escolásticos sobre a. 206s. M arcelo sobre a. 26s. no período patrístico. sobre a Pessoa de Cristo. 223s. 77s. 178s. 21. sobre a ordo salutis. 216. sobre o batismo. 190s. Igreja Católica Velha. Em mons e Stuart sobre a. 187s. 199. os reformadores sobre a. seu conteúdo. 87s. 186s. 27s. conceito católico da. conceitos católicos-rom anos da. Igreja. 174. 173s. 195s. 44s. princípio hegeliano do desenvolvimento aplicado a. 33s. 190. 2 12s. 195s. 79. seus ensinos principais. 185s. 234. 175s. 191s.215s. Calvino sobre a. 193s. Pelágio sobre a. 186. Fé. 183s.na ordem da salvação católica-romana.227. “hom ens-dam eduIa”sobre a universalidade da. Atanásio sobre a. 176s. seu caráter essencial. Infalibilidade papal. Labadistas. antinomianismo sobre a.na ordem luterana. 198. história da 30s. 186-87. católicos romanos sobre a. sua relevância histórica. 43s. 205s. nos primeiro Pais. na Idade M étida. teoria m ística da. na teologia da Nova Inglaterra. 187s. 178. 176s. 77s. 215-16. Agostinho sobre a. História do Dogm a. Gnoticismo. 193s. Lutero e os luteranos sobre a. Cipriano sobre a. arminianos sobre a. 81s. 105s. 215. 24s. 19ls. conceitos anabatista e labadista da. Geração eterna. Agostinho sobre a. Sem i-pelagianismo sobre a. 198s. 47s. conceito neonomiano da. 198. sua origem. Graça. 198. 183s. sobre a Ceia do Senhor.Saum ur sobre a. M aurice sobre a. Cam pbell sobre a. na Igreja Prim itiva.em sem iagostinianismo. 195s.215. Agostinho sobre a. -2 5 4 - . 209s. conceito escolástico da. suas divisões. 95. durante a Idade M édia. oposição ao. conceito reformado da. luteranos sobre a. no período da Reform a. Concílio de. conteúdo m aterial dos ensinos deles. 100. 115s. m onotelistas sobre a. 60s. sobre o homem. 13 ls. sua recepção. 51. 3 8s. 96s.noescolasticism o. conceito católico-rom ano da. 59s. 39s. Natureza de Cristo — Ário e Apolinário sobre a. Gregório o Grande sobre o. seus ensinos principais. Concílio de Calcedônia sobre a. 198. 63. 145. 190s. 14ls. Montanismo. o kenotismo sobre a. Pais gregos sobre o. 96s. 120s. Eutiquianism o sobre a. 142. 61s. 142s. 101s. 143s. 237-38. características formais dos seus ensinos. Sínodo de Dort sobre o. socinianos sobre o. 72s. 186s. os capadocianos e Hilário de Poitiers sobre a. Agostinho sobre o. Ritschl sobre a. nestorianism o sobre a. 117s. 140s. 143. 193. Leôncio de Bizâncio sobre a. conceito escolástico do. M onotelistas. Hegel sobre o. sobre a expiação. 98. 59. dinâmico. sobre a redenção. 117s. Aquino sobre a. 109s. arminianos wesleyanos sobre o. 129. sobre o Logos. católicos romanos sobre o. 106s. Pais Apostólicos. Teodoro sobre a. sobre a história da redenção. 105s. O rdem da salvação.M érito. 196s. 173. 127s. 5Os. modalístico. nos primeiros Pais. 94s. sobre o relacionamento entre o Pai e o Filho. Cirilo sobre a. 7 ls.Cipriano sobre o. 99s. Schleierm acher sobre o. conceito arminiano de. os reform adores sobre o. Nestorianism o. 96s. 51. 133s. sua origem. teologia da Nova Inglaterra sobre o.255 - . conceito luterano da. 193. 63. 144s. 197s. Pelágio sobre o. 237. Nazarenos. 110s. 80s. conceito m ístico da. 62s. Pais anti-gnósticos. adopcionistas sobre a. semipelagianism o sobre o. João D am asceno sobre a. 236s. durante os últim os dois séculos. 135. 100. sobre a Igreja. 95. sobre a vontade de Cristo. 136s. 111. arm inianos sobre o. M ilênio. 97s. Confissão H elvética sobre a. 183s. M onarquismo. Dorner sobre a. sobre as naturezas de Cristo. sobre Deus. 104. . 108s. Anselmo sobre o. M ueller sobre o. 137s. 101s. sobre a salvação. 42-3 Neonom ianos. 199s. N icéia. 96. conceito de Agostinho da. conceito antinomiano de. 126s. Tennant sobre o. 59s. Schleierm acher sobre a. sobre as últim as coisas. 195.T ertualianosobreo. 121s. 200. Pecado. K ant sobre o. reformadores sobre o. 237. Ritschl sobre o. na Igreja Prim itiva. 166s. 823.83-4. 67. 84. -2 5 6 - . 132s. 170. Pré-milenismO. sobre a expiação. Sacramentos. 217. Regeneração batism al. na Igreja Primitiva. 222. 125s. 221. Agostinho sobre a. sobre a Igreja. 79s. sobre a Igreja. 198s. na igreja Primitiva. Ário e o arianism o sobre a. socinianos e arm inianos sobre a. 171 sobre o ordo salutis. arm inianos sobre a. Concílio de Trento sobre os. 87s. arm inianos sobre o. Tertuliano sobre a. sobre a ordem da salvação. 221. 224s. 13 8s. 81. semi-pelagianism o sobre a. 60-1. 217s.77s. 80. 106s. Tertuliano sobre o. 135. 139. católicos romanos sobre o. 134. durante os dois últim os séculos. Reform ados. escola de Saum ur sobre a. 137s. desenvolvimento da doutrina do. 137. Pais gregos sobre o. conceitos sociniano. 239-40. Orígenes sobre a. escola de. Clarke sobre a. 2 12s. G regório o Grande sobre a.234. sobre a Ceia do Senhor. localização do. Orígenes sobre a. 237. Ressurreição. Trindade. Socinianos. 8 ls. Am brósio e Hilário sobre o. Constantinopla. 240. Agostinho sobre a. 222s. sobre a predestinação. 128s. 87s. sobre o batismo. na Igreja Primitiva. 239. sobre a Pessoa de Cristo. Aquino sobre a. Calvino sobre a. G ottschalk sobre a. 125s. 236s. 83. 138. Roscelino. 128s. 234s. M oses Stuart sobre a. reformadores sobre os. 86. 237s. 223s. 228. a depravação total e a regeneração. 116s. Agostinho sobre a. católicos romanos sobre a. 214s. M acedônío sobre a. semi-pelagianos sobre o. 134s. Gilberto de Poitiers. luteranos sobre a. e racionalista dos. sobre a imputação mediada. 237. 197s. na Igreja Primitiva. 222s. 127s. sobre a expiação. 137. 227. Sínodo de Dort sobre a. Concílios de Nicéia. arminiano. Atanásio sobre a. Saumur. o pecado original. e Abelardo sobre a. M arcelo de Ancira sobre a. sobre o milênio. 220s. 237. sem i-arianism o sobre a. 78s. 87-8. 88. 88. Purgatório. sobre os sacramentos. escolasticismo sobre os. 136-37. os reformadores sobre a. ll7 s . nos tempos da Reform a. 123. 224s. 218s. sobre a Trindade. 117. sobre a expiação. 239.. depois da Reforma. sobre a Ceia do Senhor.Pós-m ilenisno. os capadocianos sobre a. sobre os decretos. Predestinação. sobre o pecado e a graça. e Toledo sobre a. durante a Idade M édia. M elanchthon sobre o. Swedenborg sobre a 89. doutrina Reform ada sobre a. Sinergismo na regeneração. sobre o batismo. semi-agostinianismo sobre a. 237. M elanchton sobre a. Agostinho sobre a. sem i-pelagianism o sobre a. 141s. Pelágio sobre a. 137. 141-42. 171. . arminianos sobre a. 116.U niversalism o hipotético. 121. teologia da Nova Inglaterra sobre a. 130s. 134. 125. A nselm o sobre a. na teologia grega. 123. Sinodo de Dort sobre a. Liberdade da (Livre-arbítrio). Vontade. 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