A Gestao Da Informacao e Do Conhecimento



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Ísis Paim (org.) A Gestão da Informação e do Conhecimento Paim, Ísis (org.) A gestão da informação e do conhecimento / Ísis Paim (org.) – Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação / UFMG, 2003. Bibliografia em cada capítulo Autores deste livro: Beatriz Valadares Cendón; Cláudio Terra; Helena Maria Tarchi Crivellari; Ísis Paim; Jorge Tadeu de Ramos Neves; Marcelo Peixoto Bax; Maria Cezarina Vitor de Sousa; Maria da Graça Eulálio de Souza Bertucci; Marlene de Oliveira; Marta Araújo Tavares Ferreira; Marta Pinheiro Aun; Mônica Nassif Borges; Ricardo Rodrigues Barbosa; Rosa Maria Quadros Nehmy. Como referenciar os capítulos do livro? Autor(es) do capítulo. Título do capítulo. In: PAIM, Ísis (org.). A gestão da informação e do conhecimento. Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação/UFMG, 2003. Cap. Número do capítulo, p. Página inicial-Página final. OBS.: preencha todos os campos (basta dar um clique em cima de cada um) com os dados necessários e copie depois todo o modelo de referência acima e cole no local desejado. Páginas inicial e final de cada capítulo no livro original impresso de onde se extraiu o texto Divisões Parte 1 A gestão da informação e do conhecimento Parte 2 Gestão da informação e do conhecimento nas empresas Parte 3 Gestão do conhecimento na nova sociedade, controvérsias e perspectivas Cap. Título Autor(es) Página Inicial Página Final 1 Da GRI à gestão do conhecimento Ricardo Rodrigues Barbosa Ísis Paim 7 32 2 Portais corporativos: instrumento de gestão de informação e de conhecimento Marcelo Peixoto Bax Cláudio Terra 33 54 3 Políticas públicas de informação e desenvolvimento Marta Pinheiro Aun 55 91 4 Informação, conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovação: reflexões a partir da experiência canadense Marta Araújo Tavares Ferreira Jorge Tadeu de Ramos Neves 93 124 5 Bases de dados para negócios Beatriz Valadares Cendón 125 156 6 Bases de dados para negócios no Brasil Beatriz Valadares Cendón 157 198 7 Serviços e produtos para empresas: um desafio estratégico para os profissionais de informação Mônica E. Nassif Borges Maria Cezarina Vitor de Souza 199 218 8 As pequenas e médias empresas e a gestão da informação Marlene de Oliveira Maria da Graça Eulálio de Souza Berlucci 219 238 9 Gestão do conhecimento e codificação de saberes: novas ferramentas para velhas concepções Helena Maria Tarchi Crivellari 241 266 10 Gestão do conhecimento, a “doce barbárie” Rosa Maria Quadros Nehmy Ísis Paim 267 306 2 Sumário Parte I - A gestão da informação e do conhecimento 1 - Da gerência de recursos informacionais à gestão do conhecimento ................................................... 4 Ricardo Rodrigues Barbosa Ísis Paim 2 - Portais corporativos: instrumento de gestão de informação e de conhecimento .................................13 Cláudio Terra Marcelo Peixoto Bax 3 - Políticas públicas de informação e desenvolvimento .........................................................................21 Marta Pinheiro Aun Parte II - Gestão da informação e do conhecimento nas empresas 4 - Informação, conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovação: reflexões a partir da experiência canadense .........................................................................................................................................35 Marta Araújo Tavares Ferreira Jorge Tadeu de Ramos Neves 5 - Bases de dados para negócios ........................................................................................................47 Beatriz Valadares Cendón 6 - Bases de dados para negócios no Brasil ..........................................................................................59 Beatriz Valadares Cendón 7 - Serviços e produtos de informação para empresas: um desafio estratégico para os profissionais de informação .........................................................................................................................................77 Mônica Erichsen Nassif Borges Maria Cezarina Vítor de Sousa 8 - As pequenas e médias empresas e a gestão da informação .............................................................84 Marlene Oliveira Maria da Graça Eulálio de Souza Bertucci Parte III - Gestão do conhecimento na nova sociedade, controvérsias e perspectivas 9 - Gestão do conhecimento e codificação dos saberes: novas ferramentas para velhas concepções ........92 Helena Maria Tarchi Crivellari 10 - Gestão do conhecimento, “doce barbárie”? ................................................................................. 102 Rosa Maria Quadros Nehmy Isis Paim 3 além de meios de comunicação em massa. visões e enunciados da missão organizacional. Em primeiro lugar devemos reconhecer que existem diversos tipos de conhecimento. 1). as organizações em geral. tanto de ordem econômica. têm adquirido grande impulso nas últimas décadas e vêm afetando. Tais transformações. Como resultado. princípios e modelos a respeito do funcionamento das organizações. metáforas.Da gerência de recursos informacionais à gestão do conhecimento Ricardo Rodrigues Barbosa 1 Ísis Paim 2 Introdução A transição de uma sociedade industrial para uma sociedade de informação tem resultado em mudança do foco dos recursos econômicos convencionais (terra. No campo acadêmico ou profissional. têm sofrido intensas transformações em suas estruturas e processos internos. Por outro lado.A GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 1 . De um lado. É bem verdade que poucas são as idéias verdadeiramente inovadoras. informação e conhecimento costumam parecer enfadonhas e. Estas. Columbia University. no entender dos autores deste capítulo. voláteis e. da interação entre as inovações tecnológicas. elas constituem variações de conceitos introduzidos há anos ou mesmo décadas atrás. 1998) argumenta que uma organização opera com três tipos de conhecimento. as instituições sentem-se pressionadas a atender às crescentes demandas de serviços por parte dos cidadãos. Em decorrência das mudanças no seu ambiente externo. as organizações devem ser capazes de fazer leituras corretas dos ambientes nos quais elas se inserem. especialmente no campo da tecnologia da informação e das telecomunicações. social. O conhecimento tácito é inerente às pessoas e. Os consultores. nesse conjunto de publicações. combinam esses conhecimentos com sua própria experiência e os aplicam em suas atividades de assessoria. ganham notoriedade para depois desaparecerem ou então ressurgirem mais tarde com outras denominações. sejam elas empresas ou entidades do setor público. a vida das organizações. consultores e pesquisadores. As editoras lançam. garantindo. de difícil formalização e articulação. É importante. É esse tipo de conhecimento que permite aos membros da organização interpretarem suas realidades interna e externa (FIG. salientar que dado. Professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UEMG 4 . (Choo. de forma a acompanhar a evolução das preferências de seus clientes. nesse ambiente cada vez mais exigente. capital) para a ênfase na informação e .PARTE I . uma das características da sociedade contemporânea é a existência de dinâmico mercado de conhecimento. as empresas precisam promover inovações. trabalho. em um ritmo que se intensifica a cada dia. também constituem importante elo nesse ciclo de geração e consumo de informações. surpreendentes. de artigos publicados em periódicos profissionais e científicos. Professor do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG 2 Doutora em Educação Superior-Vanderbilt University/USA. Naturalmente. Alguns temas emergem. Os pesquisadores. por isso. que operavam. Figura 1 . no entanto. idéias surgem a partir da publicação de um artigo ou de um livro e são disseminadas por intermédio de palestras realizadas em congressos. De fato. O conhecimento baseado em regras é explicito e forma a base dos regulamentos e procedimentos operacionais. atualmente se deparam com ambientes cada vez mais complexos e voláteis. por vezes. grande e diversificado volume de títulos destinados a gerentes.Já na esfera do setor público. e as transformações de natureza socio-econômica pelas quais vêm passando as sociedades humanas. desenvolvidas com experiência prática. pouco proveitosas. respostas para os dilemas inerentes à sua prática profissional. informação e conhecimento constituem diferentes patamares em um continuum. O conhecimento de background é parte da cultura organizacional. O resultado desse conjunto de transformações requer. em sua maioria.Três tipos de conhecimento 1 Doutor pela Graduate School of Business. heurística e intuição. assim como os produtos e serviços oferecidos no mercado. O mercado de idéias no campo da administração é particularmente vibrante. Essas mudanças resultam. É constituído de certas habilidades especiais. por sua vez. capacidade cada vez maior de adaptação a situações complexas. no conhecimento. Os gerentes procuram encontrar. para o objetivo deste trabalho. as influências exercidas pelo ambiente externo se manifestam no interior das organizações. assim. política quanto de natureza tecnológica.mais recentemente. e de se adaptarem constantemente a situações novas. por parte das organizações. ao buscarem temas para investigação. As discussões a respeito do que constituem dado. certo nível de eficiência e controle operacionais. Nesse sentido. em contextos relativamente simples e estáveis. de agir com prontidão uma vez detectadas necessidades de mudança. até certo ponto. sendo transmitido por intermédio de histórias. até há pouco tempo. de maneira profunda. É no contexto de intensa produção de novas idéias a respeito da vida organizacional que surge a gestão do conhecimento (GC). as idéias no campo das ciências sociais também têm o seu ciclo de vida. em sua quase totalidade. Diferentes atitudes em face da gestão do conhecimento Aos olhos de muitos. 2001. da gestão de recursos humanos. a transferência do conhecimento individual para a esfera institucional. uma vez emitidas. naturalmente. discutir a GC sob várias perspectivas.. As pessoas que se enquadram nesse grupo acreditam que.” Nesse sentido. também. uma vez esgotadas as possibilidades de exploração do trabalho manual. ao estimular. acredita que o conhecimento. O que há de novo é a recente convergência de interesses e perspectivas originadas nos campos da tecnologia da informação. como Wilson (2002). escritas. da gestão da informação.muitas vezes mediante a utilização de incentivos e punições-. Por um lado. 1995 Uso garante eficácia na execução das tarefas permite eficiência e controle operacionais instila o compromisso por intermédio de significados compartilhados Feitas essas observações preliminares. 5 . As reações à GC podem ser classificadas em três categorias de pessoas: os adeptos. existem questões de natureza epistemológica. por profissionais ligados à tecnologia da informação (TI). Seja esse conhecimento explicito. 1 A ferramenta de busca Google. arrastam atrás de si grande número de seguidores. se fazem refletir nas concepções a respeito do que constitui gestão do conhecimento. em outubro de 2003. na verdade.. por ser tácito. 2001) Os questionadores tendem a denunciar a gestão do conhecimento como a forma mais “moderna” de exploração do trabalho pelo capital. na verdade. O reconhecimento da importância do conhecimento e da informação no contexto organizacional. “. Os céticos vêm a GC como mais um modismo dentre aqueles que. ao longo deste capítulo. . administração e ciência da informação. De qualquer forma. colocadas no papel. periodicamente. uma vez que a introdução de projetos de GC envolve. Cabe ressaltar. em grande parte. Pretendemos. com restrições de natureza conceitual. Ou seja. uma impassibilidade e o que normalmente se chama de GC é. as mensagens orais. formuladas em orações e períodos ou expressas por meio de desenhos” (Von Krogh et al. o capital volta-se para a exploração das mentes dos trabalhadores. Para outros autores. não constitui idéia nova. apenas capacita-se para o conhecimento” (Von Krogh et al. o conhecimento pode manifestar-se de forma diferenciada e tanto pode ser tácito quanto explícito. Acredita-se que esse grupo seja formado. mas simplesmente estimulado (Von Krogh et. Adeptos são os que saúdam a gestão do conhecimento como solução verdadeira e legítima para os problemas das organizações na chamada sociedade da informação. aquelas relacionadas com a própria natureza do conhecimento. al. que existem divergências a respeito do que seja conhecimento e essas divergências. surgem na literatura administrativa. gestão do conhecimento é um oximoro. torna o trabalhador mais suscetível de ser descartado. 2001) Gestão do conhecimento se apresenta. os céticos e os questionadores.. gráficas ou gestuais não contêm conhecimento e sim informação. dentre outras. como conceito controverso e multifacetado. p15). a GC seja substituída por um novo modismo. gestão da informação (Wilson. apontou a existência de mais de 43000 páginas que atendem à expressão Knowledge management software. Para Nonaka e Takeuchi (1997).. como suas origens e seus relacionamentos com outras disciplinas dos campos de computação. não se discute a relevância de determinada gestão fundamentada no conhecimento. 2002). Para uns. a implantação de sistemas automatizados de informação. Para esse grupo a GC. registrado na forma de documentos dos mais diversos tipos ou tácito. conhecimento é “crença verdadeira e justificada. 2002). periodicamente. a gestão do conhecimento é mais um dentre os diversos modismos que. explorar as controvérsias que cercam a GC. não é passível de ser gerenciado (Wilson. Outra vertente de pensamento. eventualmente. não se questiona a sua importância para o funcionamento de empresas ou de órgãos públicos na atualidade. assim. não obstante o debate a respeito de sua essência e viabilidade. As diferentes visões da gestão do conhecimento refletem as formas diversas de se enxergarem o conhecimento e a organização. de acordo com essa perspectiva. ao mesmo tempo em que provocam intensos debates no meio dos pensadores e dos praticantes da administração.Tipo Conhecimento tácito Forma Procedimentos embutidos na ação Conhecimento baseado em regras declarativo codificado em programas Conhecimento de background contextual expresso em textos Exemplos know-how Heurística intuição Rotinas procedimentos operacionais estruturas de bases de dados histórias/metáforas esquemas mentais/ visões de mundo visões/cenários Fonte traduzido e adaptado de CHOO. da estratégia empresarial. procuraremos.. não se gerencia o conhecimento. Para outros. ou seja. bem como procurar antever seu futuro desenvolvimento. à medida que essas formas possam ser “. Corrobora essa idéia o grande número de ferramentas desenvolvidas até hoje com esse propósito 1. 1990). em todos os níveis de governo e em diversos países. Mas. Esse reconhecimento deve-se. compartilhados. importante recurso organizacional. ao lado dos demais recursos econômicos. existe a visão tecnológica. A segunda perspectiva. um dos temas preferidos dos meios acadêmico e profissional no campo da administração. O surgimento de expressões como capital intelectual. análise transacional. Ponzi & Koenig (2002) argumentam que a gestão do conhecimento já sobreviveu por mais tempo do que sobrevivem os modismos. A GRI preconiza o manuseio eficiente e eficaz de recursos de informação (dados brutos) e os ativos informacionais resultantes (conhecimento)” (Cronin. à gestão no setor público. têm despertado enorme interesse por parte de profissionais das áreas de administração. ativos intangíveis. produzidos. bem como da gestão da informação e da documentação organizacionais. já no início da década de 1970. Para De Long & Seeman (2000). grade gerencial. por intermédio do Paperwork Reduction Act. Finalmente. A gerência de recursos informacionais Não é nova a idéia de que a informação represente. existe a perspectiva estratégica. As organizações sempre foram ambientes nos quais a informação e o conhecimento são continuamente adquiridos. normalmente considerada por gerentes de linha. computação e ciência da informação. do Governo Americano. às suas manifestações organizacionais. têm-se interessado por essas questões. Mesmo as organizações do setor público. na estrutura e na cultura organizacionais. associada à proliferação do papel e ao desenvolvimento das tecnologias da informação e das telecomunicações (Savic. Sob uma perspectiva temporal. liderança situacional. conhecimento empresarial. Ambos são equivalentes a management. Forest Woody Horton Jr. consiste de 1 Os termos gestão e gerência são considerados como sinônimos neste contexto.Gestão do conhecimento — última moda no campo da administração? Independentemente das controvérsias que a cercam. humanos e naturais. conforme descrevemos a seguir. Esses dados confirmam que a GC é. principalmente. observa-se um crescimento de mais de dez vezes em apenas três anos. será que ela veio para durar ou seu destino é o mesmo da administração por objetivos. como conseqüência. à explosão bibliográfica ou informacional. atualmente. a perspectiva de gestão de mudanças é geralmente enfatizada por profissionais da área de recursos humanos. Ou seja. Essa legislação determinou às agências do governo americano o desenvolvimento e a implementação do conceito de GRI que. constatou um crescimento exponencial de publicações com a expressão knowledge management em seus títulos. fato é que a preocupação com o fenômeno informação/ conhecimento no contexto organizacional não é recente. A pa1aa administration se aplica. ao consultar as bases de dados da Web of Science no período de 1981 até novembro de 2002. ativos intelectuais. administration diz respeito a níveis hierárquicos inferiores à alta gerência. registrados e utilizados. de utilização de ferramentas de tecnologia da informação. sob esse aspecto. Como ponto de partida. para a Comissão. os autores defendem a noção de que a GC não seja uma idéia efêmera como as demais. originalmente referendado em 1980. Esta disciplina. Deixando-se de lado a controvérsia a respeito da permanência da GC como enfoque gerencial. Primeiramente. de acordo com a qual a alta administração enxerga o conhecimento como um ativo intangível que pode potencializar os objetivos estratégicos do negócio. Embora as bases da GRI já estivessem presentes no ambiente organizacional. nos países anglo-saxônicos. dentre outros. 1992). o grande impulso para o seu desenvolvimento foi dado pelas iniciativas da Federal Paperwork Comission. Esse fenômeno é também documentado por Wilson (2002). a gestão do conhecimento abrange uma grande diversidade de perspectivas sobre o funcionamento das organizações. É uma abordagem que envolve questões de natureza estratégica. e a ciência da informação. que. é considerado um dos pioneiros da GRI. Em terceiro lugar. reengenharia e tantos outros modelos de administração? Essa é uma questão que suscita debates. existem pelo menos quatro diferentes perspectivas a respeito da GC no contexto organizacional. A seguir nos propomos a discutir os fundamentos conceituais da GC. desde o início da década de 1990. Portanto. para quem a GRI é “uma disciplina gerencial que considera a informação como um recurso assim com os recursos financeiros. O que tem mudado ao longo do tempo é a importância que se tem atribuído à informação e ao conhecimento nos planos social e econômico e. Buscas no serviço ABI Inform revelaram que o número de artigos sobre gestão do conhecimento salta de cerca de cinqüenta em 1996 para mais de seiscentos em 1999. Quando referente ao setor privado. destaca conteúdos de conhecimento e como esses devem ser aplicados em situações práticas. reflete essa mudança de ênfase na pauta de preocupações das empresas contemporâneas. do inglês. os quais priorizam inovações no contexto do trabalho. a gestão do conhecimento (GC) é um dos temas que. a qual considera a GC como o resultado do uso da tecnologia da informação e da comunicação no contexto organizacional. a ciência da computação. Como se pode ver. físicos. 6 . procurava projetar e implementar modelos de gestão com base na integração entre a administração. considera-se que a GC constitua uma evolução da gerência 1 de recursos informacionais ou GRI. de recursos humanos. Observa-se o crescimento explosivo de publicações sobre GC nos últimos anos. que é de aproximadamente cinco anos. teoria da organização e aprendizagem organizacional. distribuição e armazenamento da informação. A ciência da informação contribui com a GRI no que se refere a armazenamento. previsão orçamentária. outras disciplinas vieram integrar-se ao que hoje se denomina gestão do conhecimento. recuperação e utilização de documentos e administração de dados. controle. F. Essas novas adesões. A partir da iniciativa do Governo Americano. pesquisa relatada por Synnott (1987). 5) citam Scown a respeito dessa distinção: “Dados podem ser vistos como quaisquer valores passíveis de serem processados por um sistema. no campo da ciência da computação. Marchand.“. localizadas principalmente nos Estados Unidos e na Grã Bretanha.” 7 . Figura 2 – Bases conceituais da gestão do conhecimento Ciência da computação Os conceitos de dado. que. da administração. quanto recursos relacionados. funções e cargos de Chief Information Officer (CIO). D. organização. Pilares conceituais da gestão do conhecimento Como já foi indicado. 2 representa os relacionamentos entre as diversas abordagens que constituem os pilares conceituais da GC. política de informação e desenvolvimento organizacional e administração. bem como da ciência da informação. Informação pode ser descrita como dados que foram selecionados e organizados para um propósito específico. ciência da computação. direcionamento. em suas estruturas organizacionais.. De fato. o Paperwork Reduction Act cobre as áreas de: redução do volume de papéis. O termo abrange tanto a informação propriamente dita. que envolveu 130 empresas de grande porte. W. no campo da inteligência artificial. p.). informação e conhecimento.. processamento de dados e telecomunicações. ela incorpora aspectos relacionados com a organização. Por exemplo. é informação estruturada de maneira a salientar e explorar os relacionamentos entre conjuntos de dados. estatísticas. em 1979. apud Cronin (1990) Em especial. tais como pessoal. (Eds. 5% das empresas possuíam cargos de CIO que se reportava diretamente ao seu nível hierárquico mais alto. A FIG. Desde o surgimento da GRI.” (Horton. essa proporção era de aproximadamente um terço. (a GRI constitui campo interdisciplinar de conhecimento. embora suas origens remontem aos primórdios da ciência da computação. Bielawski & Lewand (1991. treinamento e controle associados com informação governamental. compartilhamento e disponibilização. planejamento. Do lado da ciência da computação. A despeito da popularidade alcançada pela GRI no seio da comunidade empresarial. coincidem apenas em parte com os dos demais campos envolvidos com a gestão do conhecimento. gerenciamento. orçamento no que se refere aos recursos informacionais. a GC tem uma história relativamente curta.. organização.. serão discutidas a seguir. Cinco anos depois. recursos financeiros e tecnologia. Como se pode observar. registrou. passaram a incorporar. permaneceu um grande debate a respeito de que a informação seja um recurso como os demais recursos utilizados nas atividades econômicas. Do campo da administração ela incorpora as noções de planejamento. inúmeras empresas particulares. A. Conhecimento. gestão de documentos (records management). Borges. mas também entre a empresas e seus clientes. conforme Morgan (1996). E. de Nonaka e Takeuchi. Birkinshaw (2001) considera a aprendizagem organizacional como precursora da gestão do conhecimento. e Galbraith. alto grau de formalização na definição de cargos e tarefas. As organizações mecânicas possuem estruturas hierarquizadas. fluxos de informação laterais e maior fluidez nas definições de tarefas. em especial à inteligência artificial. Além das diversas perspectivas apresentadas. Dentre os autores que destacam o aspecto informacional das organizações. nesse contexto. a questão da aprendizagem organizacional era tratada de forma implícita. Teoria da organização As organizações contemporâneas tendem a ser consideradas como estruturas caracterizadas por elevados graus de complexidade. foram criados inúmeros sistemas que são capazes. fornecedores e instituições financeiras. torna-se visível. De fato. a informação constitui a própria essência de qualquer organização. as quais desempenham funções especializadas nos campos de produção ou operações. motivações e competências sintetizam o olhar da área de recursos humanos sobre a realidade organizacional. Aprendizagem organizacional As idéias e modelos que prevaleceram durante a introdução e o crescimento da literatura sobre OH não tornavam explícitas as questões relacionadas com a aprendizagem organizacional. dentre outros. os quais resultam em formas diferentes de se olharem os mais diversos aspectos da vida organizacional. Em decorrência dessa diversidade. A ótica estrutural salienta os relacionamentos hierárquicos. uma organização pode ser vista. que sucedeu à invenção do computador eletrônico. Taylor. Os estudos pioneiros de Burns e Stalker inspiraram outros pesquisadores. Sob o ponto de vista financeiro ou contábil. à produção acadêmica e técnica da ciência da computação. Esse é o paradoxo da visão informacional das organizações: é exatamente por ser ubíqua que a informação se torna mais difícil de ser enxergada. por sua vez. a GC deve seu nome. as empresas orgânicas possuem maior flexibilidade em seus fluxos internos de informação do que as organizações mecanísticas. levou à criação do conceito de Inteligência Artificial (IA). a organização pode ser vista sob os pontos de vista financeiro. dentre os quais destacam-se Lawrence e Lorsch. No bojo desse desenvolvimento. com seus diversos processos e estoques informacionais. as organizações são visualizadas por uma grande variedade de perspectivas ou metáforas. funcionais e de comunicação entre os diversos setores de uma organização. Sob esse ângulo. sob o ponto de vista da informação. apenas quando iluminada por um facho de luz. De fato. Cada uma dessas visões ou perspectivas salienta determinados aspectos da organização. parceiros. de processar o conhecimento. No entanto. Por outro lado. esses autores desenvolveram os conceitos de organizações mecanísticas (mechanistic) e orgânicas (Burns. a informação é como poeira em suspensão em um cômodo escuro que. defendia a idéia de que o trabalho intelectual devesse ser removido do nível operacional da fábrica para os setores de planejamento ou projetos. ganhou espaço nas literaturas acadêmica e profissional no campo da administração e.). maior o volume de informação que precisa ser processada no contexto decisório associado com a realização dessa tarefa. estão Tom Burns e Graham Stalker. 1961). dentre outras. setores. No entanto. a ciência da computação foi e continuará sendo esteio fundamental da evolução da gestão do conhecimento.A evolução tecnológica no campo da microeletrônica. no contexto da literatura sobre inovação tecnológica. Para Galbraith (1977). a questão da aprendizagem organizacional ganhou corpo teórico. Por isso. de Peter Senge e A empresa criadora de conhecimento. A ubiqüidade dos computadores nas organizações modernas torna a tecnologia da informação elemento indispensável para a ocorrência da gestão do conhecimento. a informação permeia todos os contextos. A partir de determinado porte. sejam eles individuais ou organizacionais. de uma forma ou de outra. possuem diversos tipos de formação profissional. em grande parte. em 1941. a aprendizagem era considerada o processo que resultava no desenvolvimento e na introdução de novos produtos ou de novos processos. conhecido como o precursor da administração científica. Na verdade. de recursos humanos. administração contábil e financeira. quanto maior o grau de incerteza envolvido na execução de uma tarefa. É bem verdade que. Os membros individuais de tais organizações complexas. dentre outras características. No contexto organizacional. elas tendem a ser formadas por subunidades (departamentos. pode-se considerar que todo o corpo de conhecimento sobre organizações tem a ver. também. Em síntese. a partir do surgimento dos livros A quinta disciplina. 1999). Stalker. No contexto do estudo desses autores. as organizações orgânicas possuem estruturas na forma de redes. Sob perspectiva bastante elementar. as organizações orgânicas possuíam melhores condições de adaptabilidade a ambientes instáveis do que as organizações mecanísticas. Com base em seus estudos a respeito de empresas escocesas. na opinião destes autores. As pessoas e suas características. etc. conforme as definições acima. estrutural. ela se encontra embutida em quase todos os aspectos da estrutura e do funcionamento organizacionais.se à problemática da gestão da informação e do conhecimento no campo organizacional (Bemfica. fluxos verticais de comunicação interna. ganha destaque o ângulo dos recursos monetários que fluem não apenas internamente. integrou. de maneira especial. gestão de pessoas. e deve 8 . já no início do século passado. fala-se em conhecimento organizacional. Segundo Senge (1998). Gestão do conhecimento Um dos mais importantes autores na área de gestão da informação e do conhecimento. Edvinson e Malone (1998) propõem a idéia de indicadores que perpassem as áreas estratégica. o domínio pessoal. acima mencionado. formatação e síntese. observa-se ainda certa confusão relativa à terminologia utilizada. Figura 3 . O termo ativo intangível pode ser usado como sinônimo de capital intelectual e se divide em capital humano (competência. Dentre esses autores cabe ressaltar Bell (1973). 6. O acesso ao conhecimento é apenas o inicio 9.. 5. citado por Klein. Gestão do conhecimento é altamente política. os intangíveis chegam a promover a “crescente substituição da força física pela cerebral em nossas organizações e nossas vidas sociais. Se nenhuma atividade política surge ao redor de uma iniciativa de gestão do conhecimento. desenvolvimento de infra-estrutura computacional e de redes e. integra autores que “revelam condições de produção de uma estratégia de gerência com foco no conhecimento”. objetivo comum e aprendizado em grupo.) capital estrutural e capital do cliente (Stewart. agregação de valor por intermédio de edição. de produção e de inovação. modelos mentais. pois. os ativos intangíveis compõem o capital intelectual de uma organização. (Davenport. Gestão do conhecimento efetiva requer soluções que combinem pessoas e tecnologia. Em primeiro lugar de acordo com esse autor. capital intelectual.” O fato é que o “programa” de gestão do conhecimento. 2. Os princípios da gestão do conhecimento de Davenport estão enumerados na FIG. experiência. Nesse sentido. Stewart (1998) aborda o tema GG através do conceito de capital intelectual. Sveiby (1998). “Quanto custa para uma organização esquecer o que seus funcionários conhecem. 3. 4. Segundo Davenport. Apresentando características distintas dos ativos tangíveis. Para ele. Drucker (1994).. mais de mercados que de hierarquias. elaborar o conceito ‘capital intelectual’ acima descrito. Gestão do conhecimento custa caro (mas a ignorância também custa!). como denomina Nehmy (2001). mencioná-lo e na construção de indicadores universais para sua codificação e contabilização. Se. isso é um bom indicador de que a organização percebe que nada de importante está acontecendo. Nonaka e Takeuchi (1997) e Stewart (1998).. é importante reconhecer que a implantação do processo de gestão do conhecimento em uma organização pode desencadear conflitos de interesse e disputas por território. Conforme Rezende (2002). enfatizada na organização do conhecimento. físico e financeiro —. 1998). então ele também está relacionado com tobay. a gestão do conhecimento é cara.seu surgimento ao livro de Senge. Capital intelectual Acompanhando as tendências contemporâneas. Gestão do conhecimento requer gestores do conhecimento. de clientes. intriga e acordos particulares (back-room deals). Gestão do conhecimento requer um contrato de conhecimento Fonte Davenport. por um lado. 1998). apesar da importância atribuída aos ativos intangíveis. op. perícia. financeira. as organizações têm ampliado o seu conceito de capital. ou tomar decisões incorretas por falta de conhecimento?” (Davenport. Edvinson e Malone (1997). como o conhecimento tácito dos 9 . Gestão do conhecimento significa aprimorar os processas de trabalho relacionados com o conhecimento.. Gestão do conhecimento nunca tem fim 10. Nesse sentido. Dentre essas. Conhecimento passa a ter correlação funcional. a gestão do conhecimento requer investimentos financeiros consideráveis. ou mesmo deixar de respondê-las por completo. Thomas Davenport desenvolveu um elenco de dez princípios da gestão do conhecimento (Davenport. humana. Para esses autores o conhecimento assume papel de recurso econômico e é o foco principal da gestão. ser incapaz de responder com rapidez as questões apresentadas pelos clientes.Dez princípios para a gestão do conhecimento 1. Em primeiro lugar. encontram-se a criação e transferência de documentos em sistemas computacionais. educação dos empregados na criação. compartilhamento e uso do conhecimento. — tradicionalmente restrito a ativos tangíveis. dinheiro e sucesso. a sua ausência é mais onerosa ainda. 3. as organizações de aprendizagem fundamentam-se no que ele chama de cinco “disciplinas” que são o pensamento sistêmico. A dificuldade de gerenciamento desse capital reside na forma de categorizá-lo. “se o conhecimento está associado com pode. a GC ocorreria por intermédio de aprendizagem coletiva. alguns merecem ser comentados. para incluir também o capital intangível. 1998 Embora muitos dos princípios acima sejam esclarecedores por si mesmos. sobretudo. Para definir esses indicadores. conhecimento. Cabe. 1998) Entretanto. aprendizagem organizacional. 8. cit). se deve reconhecer que diversas atividades relacionadas com a gestão do conhecimento demandam aportes . O compartilhamento e uso do conhecimento são frequentemente comportamentos anti-naturais. competência. 7. Gestão do conhecimento se beneficia mais de mapas que de modelos.” (Prusak. Sob esse aspecto. 1998). Hoje. A produção e o uso isolado de conhecimento em organizações constituem algo extremamente enraizado em nossa cultura profissional. o conhecimento que esse autor discute refere-se ao conhecimento dos trabalhadores e da empresa. Nessa empresa. Davenport e Prusak (1998) e Stewart (1998). os autores em geral utilizam ambos os termos em seus textos e mesmo às vezes transitam “de um contexto para outro.trabalhadores da empresa. Os antigos departamentos de processamento de dados e também a 10 . Nessa linha. Essas mudanças se fazem refletir nos próprios organogramas. Entretanto. E propuseram a adoção de modelo universal de administração de empresas e maior flexibilidade de estrutura organizacional. incluindo a contribuição de autores como Nonaka e Takeuchi (1997). (Sveiby 2000. Sabe-se que Stewart seja o representante da linha do capital intelectual e Nonaka o da abordagem da gestão do conhecimento. Vencer as relutâncias e deficiências naturais das pessoas no trato com o conhecimento requer muito investimento na criação de estruturas e de cultura condizente com o efetivo compartilhamento de informações entre as pessoas. em decorrência da importância que passaram a assumir.. possivelmente as abordagens se tornem mais claramente definidas.. as empresas eram enxergadas principalmente a partir das perspectivas de finanças. Sveiby e Edvinson foram precursores da GC. Perspectivas da gestão do conhecimento Gestão do conhecimento é processo extremamente ambicioso. A noção de que as pessoas possam ser consideradas “documentos vivos” não implica o abandono da idéia de que os repositórios do conhecimento possam ser sistematizados e armazenados em bases de dados e compartilhados por intermédio de redes de computadores. visando ao aumento da produção. no seu desenvolvimento no ocidente.. 2001). Também Sveiby (1995) tinha preocupações semelhantes e realizou pesquisas e trabalhos sobre a administração de organizações do conhecimento. Um dos autores deste capítulo coordenou experiência de criação de sistema de informações gerenciais para uma organização. geralmente. as informações corporativas encontram-se reunidas em uma única base de dados e seu acesso é aberto a qualquer pessoal independentemente de seu cargo ou nível (Nonaka. Drucker. Apresentando características pragmáticas. patentes. não se consegue desenvolver o processo de gestão do conhecimento. com o passar do tempo. Define-se. utilizando apenas um ou mesmo os dois. os sistemas computadorizados devem mesclar-se com a teia de conhecimento vivo da organização. Ou seja. citado por Nehmy). um dos primeiros autores a realizar pesquisa sobre o assunto foi Terra (1999). primeiro diretor de capital intelectual da empresa Skandia. por T. adotam políticas para evitar o acesso desigual à informação por parte de seus funcionários. Por outro lado. As duas abordagens ainda não estão completamente definidas no campo em questão. 2001). a responsabilidade de controlar os trabalhadores transforma-se em responsabilidade pela geração do conhecimento “operacional gerencial” produtivo. tendo tido divulgação restrita.” (Nehmy. Drucker desempenhou papel de reconhecida importância. com o desenvolvimento do campo. com a realidade japonesa. como a japonesa Kao. na definição de procedimentos para se obterem informações sobre o ambiente externo. seus trabalhos. Os autores utilizaram. comparando-a. Entretanto. o termo gestão do conhecimento. bem como os de Edvinson (1997). o autor escutou o seguinte comentário: “Você acha mesmo que as pessoas vão ‘abrir seus arquivos’ para você?” O ensinamento que ficou desse incidente é que sem o desenvolvimento de uma atmosfera de confiança entre a organização e seus funcionários. refere-se à gerência do conhecimento dos trabalhadores. Analisaram ainda a gestão do conhecimento empresarial os autores Nonaka e Takeuchi (1997). Ao discutir essas idéias com um colega. Com características pragmáticas. Algumas organizações. Na década de 1990. também amplamente usado pelos autores. 1997). Por outro lado os feudos de conhecimento constituem ainda característica marcante da maioria de nossas organizações. como já afirmamos. as de tornar explícitos e de codificar processos individuais e coletivos de conhecimento e comunicação presentes no ambiente organizacional” Bel. vendas.) e aspecto dinâmico (gestão do conhecimento como atividade). por intermédio de entrevistas com pessoas que tivessem tido contato com profissionais. o conhecimento “pode ser diretamente aplicado à produção ou ao processo de trabalho a fim de intensificar o lucro e aumentar a competitividade no mercado” (Nehmy.se dos conceitos de conhecimento tácito e conhecimento explícito desenvolvidos por Polanyi. Stewart sobre capital intelectual. como marco no desenvolvimento do “programa de gestão do conhecimento”. que trata da gestão dos bens intangíveis na empresa. No Brasil. o programa de gestão do conhecimento se consolida.. Assim. o setor de vendas evoluiu para marketing e o de pessoal evoluiu para recursos humanos. com clientes atuais ou em potencial. por problemas de língua. foram publicados na Suécia na década de 1980. estrutura organizacional e produção. que facilitam acesso generalizado à informação. iniciados pela organização. Segundo Drucker. Até há poucas décadas. Bell (1973) já anunciava uma nova sociedade com ênfase na informação e destacava o conhecimento teórico e científico. ressaltem-se também algumas organizações brasileiras como o Banco do Nordeste e o SERPRO. Reportando-se historicamente a Taylor. Entretanto. A diferença entre os dois enfoques residiria em dois aspectos: estático (capital intelectual englobando idéias. gerando complexidade. pessoal. o marketing (antigamente vendas) e administração de recursos humanos (antigamente pessoal) ganharam status de diretoria na maioria das organizações de porte médio ou superior. programas de computador. É ainda Nehmy que sintetiza as proposições básicas do programa como “. o artigo publicado na Fortune em 1994. Focalizam-se principalmente os aspectos relativos à melhoria do acesso à informação corporativa e à minimização do problema de excesso de informações. conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovação: reflexões a partir da experiência canadense. Embora alguma confusão ainda persista sobre o significado exato do conceito “portal corporativo”. atendendo a urgências. um grupo de professores do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da ECI/ UFMG se debruçaram sobre o tema. Assim. em particular a importância do processo de personalização e o papel dos mecanismos de busca nos portais corporativos. ao mesmo tempo. destaca os benefícios. na gestão da informação e do conhecimento. Nesse sentido. Os capítulos 5 e 6. onde os professores realizaram estágio pós-doutoral. visando ao desenvolvimento de conteúdos nacionais. na organização. Os portais de informação empresarial ou portais corporativos assumem importância cada vez maior para os negócios. e as estruturas. o conhecimento e os sistemas de inovação.estrutura organizacional se modificaram. este capítulo introdutório não pretendeu esgotar o tema proposto. vantagens e potencialidades. desde 1990. muitas empresas estão implementando ou planejam implementar tais soluções. Este capítulo. o fenômeno informacional será analisado sob outra denominação. A professora Marta Pinheiro Aun desenvolveu o capítulo 3. introduzimos breve conteúdo dos capítulos. As políticas públicas de informação vivem um complexo processo de transição pela dificuldade dos estados nacionais em coordenarem espaços verdadeiramente de interesse de suas sociedades. discutiram uma série de questões com ele relacionadas e reuniram um conjunto de idéias consolidadas neste trabalho que constitui texto extremamente atual e relevante para a área de Ciência da Informação. para assim agir-se mais livremente em resposta à esfera econômica. profissionais oriundos de diversas áreas. de autoria da professora Beatriz Valadares Cendón. Pela primeira vez. em especial através da criação e do desenvolvimento de novos empreendimentos de base tecnológica. com a sobrecarga de informações. Informação/ conhecimento constituem o objeto de pesquisa. na seleção. Os professores Marta Araújo Tavares Ferreira e Jorge Tadeu Neves enfocam. conforme se segue. O mais importante para a discussão central proposta nesse texto é que — dentro do conjunto das demais transformações — a mudança de papel do Estado também exerce influência importante na definição e implementação das novas políticas (ou programas) para informação como observado nos modelos de países da Europa e nas preocupações da União Européia. a existência dessas dificuldades não significa que não se possa gerenciar o conhecimento. além de colaborar para esclarecer o conceito. De fato. De fato. No entanto essa demanda vem sendo atendida através do estabelecimento de programas para instalação de infra-estruturas de informação e de comunicação e mais recentemente. no capítulo 4. assim como outros “fenômenos editoriais” do campo da administração. O capítulo 5 inclui o conjunto de informações usadas por administradores para a tomada de decisão. Além disso. decorrentes da implantação de um portal corporativo. Bases de dados para negócios e Bases de dados para negócios no Brasil. o qual tem sido chamado de “informação para 11 . denominado Informação. analisam-se. o portal corporativo tornou-se importante ferramenta para as empresas que competem em mercados onde o acesso eficiente a informações seja requisito básico. considerando-o como instrumento de gestão de informação. o capítulo Novos instrumentos de gestão da informação e do conhecimento: portais corporativos. fundamentais para a organização da informação espalhada por toda a empresa. tendo apenas apresentado marcos substantivos e autores mais importantes no desenvolvimento da GRI e da GC. Entretanto. o crescimento das publicações em GC deverá. Diante do exposto. Os seguintes conteúdos são objeto de discussão: aspectos conceituais da gestão da informação. As iniciativas aqui discutidas originaram-se em estudos de caso e experiências na província do Quebec. Embora impressionante por seu vigor. a gestão da informação e do conhecimento nas interações interorganizacionais no interior de sistemas de inovação e suas decorrências. e de estudos da ciência da informação. ou seja. trabalho sobre portais de informação empresarial. ao acesso às redes e aos estudos contemplando a regulação desses conteúdos. sem dúvida. o receio de ter nosso conhecimento desapropriado por máquina ou por pessoa mais jovem freqüentemente povoa nosso imaginário. uma direção apontada normalmente pelas políticas de longo prazo. como os portais corporativos lidam com as dificuldades de acesso à informação e. entre o contexto e o conteúdo. Políticas públicas de informação e desenvolvimento. no Canadá. enquanto essas atitudes não forem manifestadas plenamente elas não poderão ser efetivamente discutidas e — eventualmente — modificadas. tático e operacional. Descrevem-se ainda problemas envolvidos nos processos de categorização e taxonomia. no manejo. podem-se ressaltar a importância e a pertinência do presente livro. serviços e sistemas de apoio à transferência de informação e conhecimento no interior do sistema de inovação quebequense. Há então maior necessidade de valor crítico no processo de construção de política de informação para melhor equilíbrio entre os campos tecnológico e sócio-cultural. tratam de fontes de informação. Tendo em vista as idéias expostas neste capítulo. Assim estabelecem-se planos de curto prazo. Eventualmente. Certamente. A demanda por políticas de informação tem crescido nos países industrializados. ou seja. O professor Marcello Bax desenvolveu. A Escola de Ciência da Informação vem qualificando. ser reduzido. juntamente com o professor Cláudio Cirineu Terra. A insegurança em sua implementação se estabelece. ou seja. traduzindo todo o manancial de conteúdo informacional proveniente das mais variadas fontes da empresa em informação útil para a tomada de decisão nos três níveis de qualquer organização: estratégico. podemos discutir a relevância do presente trabalho. quando não há “norte” determinado. do conhecimento e da inovação nas organizações. o que. não diminui sua atual importância. . LEWAND. No Brasil. as autoras desenvolvem questionamentos em relação à gestão do conhecimento. (8) pesquisas de mercado. sobre empresas e produtos e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social.11-18.” e inclui informações mercadológicas. um breve histórico do provimento de informação para empresas em âmbitos internacional e nacional.12. BORGES. analisa as características das pequenas e médias empresas (PMEs) e suas relações com a gestão da informação à partir da introdução da tecnologia. (9) informações jurídicas e (10) informações estatísticas. Serviços e produtos de informação para empresas: um desafio estratégico para os profissionais da informação. Intelligent systems design: integrating expert systems. torna-se necessário que a organização adote “boas” relações de trabalho. 1991 BIRKINSHAW. na prática essas categorias se sobrepõem e muitas bases de dados se enquadram em mais de uma categoria desta classificação.em si. O capítulo oito. entre outras. n. 233-240.no caso. O capítulo privilegia o enfoque sobre a noção de relações de trabalho. hypermedia.. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas fontes identificando. 6) estão dispersas.br/cendon/pesquisa. essas bases (cap. Referências BELI. o novo ciclo econômico e o papel da comunicação na produção de bens e serviços. and database technologies./dez. o programa propriamente dito da GC. Com base nos principais autores que escrevem sobre o tema. é de autoria das professoras Rosa Maria Quadros Nehmy e Isis Paim. oportunidades de negócios. descreve a metodologia utilizada para seu levantamento e descrição. E. As descrições das bases de dados identificadas no projeto estão disponibilizadas no URL: http://www. estatísticas e indicadores econômicos. as de gestão do conhecimento .eci. remuneração. 1999 BIELAWSKI. (2) informações sobre empresas e setores industriais. traduzidas em termos de políticas de emprego.J. financeiras. A revisão da literatura aborda a importância da gestão da informação para as PMEs e os fatores culturais relacionados ao seu impactos na organizações. Ao final. R. Pequena e média empresas e a gestão da informação. v. New York: John Wiley & Sons. C. incluindo os modelos de gestão do conhecimento e a posição dos trabalhadores detentores desse conhecimento em face do processo. a professora Helena Maria Tarchi Criveilari discute a tensão entre as práticas gerenciais de codificação dos saberes produtivos. D. Gestão do conhecimento: a “doce barbárie”. evidenciando que as técnicas . descrevendo. as professoras analisam e discutem os seguintes aspectos relacionados com a GC: origens do tema. a empresa do conhecimento. M. L. Aprendizagem organizacional e informação. 3. do planejamento. uma vez que a infra-estrutura tecnológica e a difusão das tecnologias de informação por si só não garantem aumentos na capacidade competitiva da pequena e média empresa. o capital intelectual. O último capítulo. os limites da GC e o regime de acumulação flexível aliado às novas tecnologias. (3) diretórios de empresas. não são suficientes para fazer alavancar mudanças profundas nas organizações que as adotam. jurídicas. (5) informações biográficas. Ciência da informação. O capitulo 6 apresenta uma visão geral das bases identificadas.negócios. Nassif Borges e pela bibliotecária Maria Cezarina Vitor de Sousa. a noção do saber tácito. As conclusões do estudo indicam a necessidade de as tecnologias estarem integradas às relações sócio-culturais da organização. o perfil esperado do profissional da informação. Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize as fontes brasileiras de informação para negócios. Why is knowledge management so difficult? Business Strategy Review. (6) informações financeiras. financeiras. desde o ponto de vista das empresas. mostrando o universo de informações que elas disponibilizam em forma eletrônica. O capítulo 7. Na medida em que o sucesso das novas técnicas dependa do envolvimento do trabalhador. analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e de seus produtores. p.ufmg. (7) informações para investimento. marketing e avaliação dos serviços/produtos de informação. O capitulo revê também algumas das principais empresas produtoras e distribuidoras de bases de dados sobre informação para negócios e as tendências da indústria de informação eletrônica. de autoria da professora Marlene de Oliveira e da mestra pelo PPGCI Maria da Graça Eulálio de Souza Bertucci. econômico e financeiro nos quais operam organizações empresariais. Além disso. estatísticas. Em seguida. Gestão do conhecimento e codificação dos saberes: novas ferramentas para velhas concepções. vocabulário. biográficas bem como bases de dados bibliográficas cm temas como administração e economia. p. é apresentado com base em discussões atuais registradas na literatura. pela professora Mônica E. (4) informações sobre produtos. são discutidas questões primordiais acerca do cliente da informação. 2001 12 . inicialmente. investimento. No capítulo 9. selecionando. The coming of post-industrial society: a venture in social forecasting. v. características. Agrupadas dessa forma para fins didáticos. set.htm. 28.1. trata dos aspectos básicos relativos ao planejamento e à implementação de serviços e produtos de informação para empresas. Apresenta. n. capacitação. 1973 BEMFICA. New York: Basic Books. Categorizam-se e descrevem-se algumas das principais bases de dados estrangeiras sobre informação para negócios. Nos últimos dois capítulos. compilando e avaliando bases de dados brasileiras nas áreas de informações jurídicas. sobre empresas e produtos. as bases foram agrupadas em 10 categorias: (1) noticias em geral. N. J. Para fins de discussão. London: Tavistock. 1961 CHOO. STARKEY (Ed. W. set. The management of innovation./Feb. A quinta disciplina. analisam-se.. O. como os portais corporativos lidam com as dificuldades de acesso à informação e. L. 19. TAKEUCHI. Medford: Information Today. 1 Professor MBA em Gestão do Conhecimento — FEA/USP e PUC/PR . com a sobrecarga de informações. M. n. Imagens da organização. p. Focalizam-se principalmente os aspectos relativos à melhoria do acesso à informação corporativa e a minimização do problema de excesso de informações. C. Descrevem-se ainda problemas envolvidos no processo de categorização e taxonomia. 1998 STEWART. principalmente as grandes. vantagens e potencialidades. SYNNOTT. 2 . I. n.33-44. Information management for the intelligent organization. Rio de janeiro: Campus.24. Como as organizações aprendem.ufmg. T. Evolution of information resource management. Harvard Business Review. A gestão estratégica do capital intelectual. DRUCKER. p.com Doutor em Engenharia de Software . October 2002. n. I. SEEMANN. Intellectual capital.br 2 13 . n.. 1995 _______. Capital intelectual a nova vantagem competitiva das empresas. Conhecimento empresarial. São Paulo: Atlas. New York: John Wiley & Sons. Rio de Janeiro: Qualitymark. n. Rio de Janeiro: Campus. 1998 SVEIBY K. D. NONAKA. Professor do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG – [email protected]. Rio de Janeiro: Campus. E. decorrentes da implantação de um portal corporativo. R. PRUSAK. v. 1995 EDVJNSSON. Reading. S.Portais corporativos: instrumento de gestão de informação e de conhecimento Cláudio Terra 1 Marcelo Peixoto Bax 2 Introdução Os portais de informação empresarial ou portais corporativos assumem importância cada vez maior para os negócios. considerando-o como um novo instrumento de gestão de informação. O portal corporativo tornou-se importante ferramenta para as empresas. tático e operacional. Journal of Librarianship and Information Science. The knowing organization: how organizations use information to construct meaning create knowledge. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG. MALONE. 1998 CRONIN. 2001. em particular. Massachusetts: Addison-Wesley. 1987 VON KROGH. O ideal do conhecimento codificado na ‘era da informação’: o programa da gestão do conhecimento.1.. SENGE. 1998 DE WNG. G. 2. traduzindo todo o manancial de conteúdo informacional proveniente das variadas fontes da empresa em informação útil para a tomada de decisões nos três níveis: estratégico. 1997. 1995. New York: HarperCoilins. 1998 MORGAN. fundamentais para a organização da informação espalhada por toda a empresa. R. W. 1990 DAVENPORT. T A. v. Confronting conceptual confusion and conflict in knowledge management. Rio de Janeiro: Campus. A nova riqueza das organizações. 1977 KLEIN. Q. muitas empresas estão implementando ou planejam implementar tais soluções. Jan. 54-62. L. destaca os beneficios. Embora alguma confusão ainda persista sobre o significado exato do conceito “portal corporativo”. In: K. The information executives truly need. L..). Organization design.3. Facilitando a criação de conhecimento. ICHIJO. 159-220. São Paulo: Bestseller. G. and make decisions. Esquemas conceituais e estratégicos para a gerência da informação. September 1992. J. Information Research.127-138. p.8. H. A empresa criadora de conhecimento.. 1997 GALBRAITH. G. O. The nonsense of knowledge management. ao mesmo tempo. M. ou seja. D. (tese de doutorado) NONAKA. 2000.BURNS.Universite de Montpellier II/França. v. P. K. que competem em mercados globais onde o acesso eficiente a informações é requisito básico.. a importância do processo de personalização e o papel dos mecanismos de busca nos portais corporativos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais. v. New York: Oxford University Press. Organizational Dynamics. além de colaborar para esclarecer o conceito. B. p27-43 SAVIC. STALKER.. E. F. 2001 WILSON. 1996 NEHMY.jcterra@yahoo. P. p. Além disso.1. v. The information weapon: winning customers and markets with technology. São Paulo: Futura.. T. Este capítulo. sobrecarga de informação. são aplicações visualmente similares aos portais encontrados na Internet. em geral. etc. As soluções de EIP orientam-se pelo fato de estarem as organizações atuais desafiadas a se tornarem mais ágeis. A capacidade dos portais corporativos em capturar. muitos outros poderiam ser citados para ilustrar o nível de complexidade da gerência de informação em um ambiente corporativo. • Dificuldade para as pessoas publicarem informações acessíveis à empresa como um todo. essenciais para a tomada de decisões nos níveis estratégico (de negócio). e. Com efeito. • Usuários “não técnicos” excessivamente dependentes do departamento de TI para gerar. Esses desafios incluem. Ponto único de acesso generalizado e personalizado Outra vantagem percebida com a instalação do portal corporativo reside no fato de proporcionar. • Redundância e duplicação de informações através das redes. em geral. Diante de vasta quantidade de fontes de informação para gerenciar. Os portais corporativos são instrumentos essenciais ao esforço. que lhe confere o signo de “portal”. em tempo-real. métodos e técnicas diferentes para buscar e acessar a informação. também chamados de EIP’s (Enterprise Information Portais). etc). disponibiliza aplicações e informação personalizadas. • Informações e documentos publicados de modo desorganizado. as empresas estão sob imensa pressão dos desafios e oportunidades da economia atual. expectativas crescentes dos clientes. um recurso único centralizado onde os usuários podem encontrar. A idéia por trás desses portais é a de desbloquear a informação armazenada na empresa. sejam tecnológicos ou gerencias. em média) dos dados. • Dificuldade de acesso ágil à informação atualizada. • Dificuldade de definição ou ausência de políticas de segurança. • Diversidade de caminhos. B2B. ou em formatos de áudio e vídeo.Definindo portais corporativos Os portais corporativos. disponibilizando-a aos utilizadores através de um único ponto de acesso. Esse ponto de acesso único. sem controle de fluxo de aprovação. para citar apenas alguns: • Presença de sistemas não integrados e formatos de arquivos proprietários incompatíveis. relatórios. porém regredindo às vezes até ao estado anterior à implantação das redes locais. procurando fugir do problema. os colaboradores precisam ter acesso à informação relevante e personalizada—em seu contexto apropriado — para a tomada de decisão bem embasada.) e utiliza metadados XML para integrar dados estruturados e não estruturados espalhados pela empresa. às estratégias e aos objetivos da organização e colaboram para a criação e o gerenciamento de um modelo sustentável de negócios. Minimizando a dificuldade de acesso às informações Integrando dados estruturados e não estruturados Um portal corporativo provê um ponto central de acesso aos recursos de informação de uma empresa (bases de dados e sistemas de informação. equipes cada vez mais multidisciplinares. o que representa mudança substancial no modo de como será apresentada a informação e em como os muitos sistemas de back-end precisarão comunicar entre si. Embora. gráficos e imagens. Outro risco que vale a pena ser mencionado é que tal complexidade dificulta a definição de políticas de segurança. Os portais corporativos utilizam metadados XML para integrar ambas as categorias de dados (estruturados e não estruturados) para possibilitar o acesso integrado a todas as fontes de informação. em se compartilhar informação e conhecimento no seio das organizações. Isso leva algumas organizações a simplesmente bloquearem diversos canais de comunicação. a organização pode não sobreviver à concorrência. sejam aplicações mais complexas que encontram justificativa no apoio à missão. Tais fontes de dados não estruturados não são facilmente acessíveis aos sistemas de informação que utilizam banco de dados relacionais. divulgar e obter informação. como já mencionado. ao mesmo tempo. cada vez mais importante. • Arquiteturas proprietárias e caras dificultam a integração de diferentes tipos de informação. podendo também prover a integração. que evolui em ritmo acelerado. hábeis e inteligentes para obterem sucesso. extrair e analisar toda a 14 . apenas uma pequena parte (algo em torno de 10°/o. documentos. organizar e compartilhar informação e conhecimento explícito é interessante especialmente para empresas intensivas em conhecimento. o problema é dificilmente suportável no médio prazo. Dados estruturados estão presentes em banco de dados e arquivos usados por sistemas transacionais recentes e legados e constituem. Seu objetivo primário é promover eficiência e vantagens competitivas para a organização que o implementa. Sem os instrumentos de apoio. Representam mudança necessária no sentido de se estabelecer uma plataforma única para o e-Business (B2C. de diversos sistemas de informação. o restante é composto por dados não estruturados presentes em documentos. O Portai Corporativo deve permitir a superação de alguns desafios relacionados ao gerenciamento estratégico de informação presentes no ambiente corporativo pré-Web e pré-Portal. tático e operacional. informações e conhecimentos relativos aos negócios de uma organização. podendo levar a organização a sofrer ataques tanto externos quanto internos. e-mails. Além dos pontos acima. Dessa maneira ele provê um ponto central de acesso via navegador Internet a todos os sistemas que cada colaborador da empresa precisa operar e consultar no seu dia-adia. possam ser tanto empregados. 1 Organização de pesquisa e consultoria econômica. os usuários da informação corporativa se beneficiarão de dados e informações. Nessa época. Quase a metade acreditava que decisões importantes tinham sido atrasadas e afetadas de forma adversa pelo excesso de informação. que consomem a informação. gerenciam. 15 .informação que prolifera no ambiente corporativo. como clientes ou fornecedores. Lidando com o excesso de informações Definindo o problema Segundo Bawden (2001). Como resultado tem-se trabalho ineficiente e eventualmente até risco para a saúde. Um desafio para a implementação bem sucedida de um portal é a relativa pobre organização das informações corporativas. arquivar. armazenamento e recuperação de informação de múltiplas fontes. Além dos dados e informações: processos Enquanto os armazéns de dados focalizam sobre dados e informação. Esses sistemas incluem funcionalidades de processamento analítico (On-Line Analytical Processing. poderão configurar cada usuário do portai de acordo com níveis de segurança e autorizações de acesso individuais. As empresas. Nesse contexto. para dois terços deles. são ambientes que proporcionam uma visão de todo. Porém. trata-se de um problema importante para indivíduos e organizações e as técnicas usadas no passado não são mais efetivas hoje. Várias aplicações acessíveis de um único sistema Segundo artigo da companhia Merrill Lynch 1. “Armazéns de dados (Data Warehouses)” e “Inteligência de Negócios (Business Intelligence)”. indexar e distribuir informação externa e interna para a criação de um repositório de informação corporativo. palms. chats e Web. existem registros na literatura que atestam referência ao problema em 1852 (Rada 1991). Por outro lado. com a influência cada vez maior de novas tecnologias de informação e comunicação: celulares. ao invés de aplicações isoladas que operacionalizam assuntos isolados. Muitos usuários já estão familiarizados com a personalização oferecida atualmente pela maior parte dos portais Internet. Nos anos 90 torna-se um problema grave. Pesquisa da Reuters (Bird 1997) junto a gerentes revelou que a sobrecarga informacional. Os usuários têm a possibilidade de personalizar seus portais para encontrar. de novembro de 1998. por sua vez. num estudo exaustivo sobre esse assunto elaborado em 1998. Segundo alguns autores. aceder e pesquisar mais facilmente os recursos disponíveis na empresa. particularmente no mundo dos negócios. o artigo descritivo do estudo previa que esses segmentos de software convergiriam para uma única aplicação de informação empresarial. e particularmente a Internet provendo correio eletrônico. Os sistemas de Data Warehouse ou Data Marts criam um ambiente de armazenamento onde os dados são orientados a diversas análises de desempenho corporativo. Atualmente o problema afeta diretamente a eficiência do trabalho e a produtividade das organizações. A mesma consultoria. os portais corporativos. tinha causado perda de satisfação no trabalho e comprometido suas relações pessoais. minerando-os e reutilizando-os em diferentes cenários e aplicações. os portais são constituídos de amálgamas de ferramentas de software que analisam. Capacitados para apoiar a identificação e captura. São usados para suportar soluções de BI corporativas complexas. etc. Aos sistemas de gestão de conteúdo cabe a tarefa de capturar. transferindo-os. O excesso de informação está associado à perda de controle sobre a informação e à inabilidade em usar efetivamente a informação. muitas vezes geograficamente distribuído. sobrecarga informacional (“information overload”) é um estado no qual a informação disponível e potencialmente útil torna-se um obstáculo (ou atraso) ao invés de uma ajuda. dividia os EIPs em três segmentos de produtos: sistemas de “Gestão de Conteúdo”. as aplicações de Business Intellingence (BI) potencializam as fontes de bases de dados empresariais de forma a que toda a empresa tenha disponível informação precisa e direcionada. Como indica Shenk (1997). consolidam. e distribuem informação no seio das empresas e para o mundo exterior. Ao incluir softwares de análise de informação estruturada e permitir o acesso mais rápido à informação não/semi-estruturada relevante e precisa. a partir de um ponto de acesso único. ele expande o âmbito atual da informação corporativa para um cenário em que os usuários finais. fundamental para as definições em nível estratégico de qualquer negócio. o portal apóia o processo de tomada de decisão na empresa. o portal corporativo deve também apoiar os processos e fluxos de trabalho (workflows). mineração de dados (Data Mining) etc. Além disso. apenas ao final dos anos 50 e início dos anos 60 do século XX é que o estado de sobrecarga informacional é compreendido como um problema real. A questão não é nova. por volta dos anos 50 do século XX a própria ciência corria risco. o que atrapalha o trabalho eficiente em conjunto. ou OLAP). A Forrester Research realizou estudos atestando que a capacidade média de armazenamento está crescendo ao ritmo de 50% ao ano. o que faz com que a simples transferência de informação não aumente o conhecimento ou a competência (Nevis et al. Como visto. Nonaka. etc. cartas. Stewart (1998) cita o trabalho dos sociólogos Sara Keisler e Lee Sproull publicado em seu livro Connections (Sproull. provendo níveis sofisticados de personalização. 1995. Tentativas de quantificar o problema Segundo estudo realizado pelo Institute of the Future. Na grande maioria dos casos as Intranets cresceram tão rapidamente a ponto de se tornarem difíceis de gerenciar e ineficientes. Entrevista do Gartner Group mostrou que os executivos de empresas norte americanas estão gastando em média cerca de 108 minutos/dia apenas lidando com mensagens de e-mail. Sveiby. 1993). tinha 4. também distinguem conhecimento de informação. de padronização e racionalização. por exemplo. e não propriamente como obter novas informações. Assim. Nas “organizações que aprendem”. Existiam mais de um milhão de URL’s na Intranet da Intel nos primeiros meses do ano de 2001.700 URL’s em sua Intranet. superados em tempos de globalização intensa. mostrando que. Segundo Bawden (2001). livros. antes de implementar um EIP. Retomar o controle. funcionários já recebem em média 192 mensagens/dia nas seguintes formas: e-mail. revistas. Por exemplo. essa gestão deve envolver mudanças nos indicadores utilizados para medir o desempenho dos funcionários. suas maiores conseqüências são recentes. Esses métodos são. as informações e os sistemas de informação têm que ser precisos. Nesse mesmo sentido. os EIP possibilitam aos funcionários predefinir as aplicações que serão abertas simultaneamente a cada momento. refletindo alterações mais profundas na cultura organizacional e nas práticas gerenciais. As soluções propostas aparentemente caem em duas categorias: gerencial e tecnológica. a maneira de se lidar com o problema no passado estada ligada à forma de estruturação da organização. Conhecimento é informação interpretada. aos poucos. imediatamente disponíveis no tempo e espaço. Takeuchi. Outras pesquisas apontam. mecanismos de busca e categorização. voice mail. entre outros). podendo ser encontrado deforma recorrente ao longo da história. mas de alinhamento a um padrão que implique o progresso em direção a um objetivo planejado e pré-determinado. a perda de controle sobre a informação é o principal sintoma da sobrecarga.O relatório da Reuters.. 1998. por sua vez. com as organizações menos fortemente estruturadas utilizando novas tecnologias de armazenagem e comunicação. Controle não no sentido coercitivo. Os EIP’s vêm representando uma tentativa de se reduzir o excesso de informações que foi exacerbado pela generalização do uso de aplicações desktop nos últimos tempos. citado por Bawden (2001). que e traduziria mais apropriadamente em habilidades superiores de interpretação dos fatos e de tomada de decisão. por um lado parece que o grande desafio para as empresas hoje é como gerenciar as informações de que dispõem. Sobrecarga de informação e os portais corporativos Na tentativa de lidar com o problema do excesso de informações os EIPs focalizam suas funcionalidades em três aspectos particularmente relevantes: personalização. por exemplo. a partir de uma pesquisa com 22 mil funcionários. Do ponto de vista gerenciai trata-se de retomar o controle. Personalização significa aqui melhor adaptação das ferramentas às necessidades dos usuários em acessar rapidamente a informação mais relevante para a execução das atividades profissionais do seu dia-a-dia. Na prática. particularmente a organização hierárquica. Pelo contrário. se mal organizadas. formulários padronizados etc. as várias aplicações mais freqüentemente usadas ficam acessíveis com um clique. Dessa forma. 1997. duas questões ajudam as empresas a desenharem seus sistemas de informação: Como determinada informação agrega valor a determinado processo de decisão? Como ela pode chegar às pessoas que precisam dela? Embora o problema da sobrecarga informacional não seja novo. pode ser parte importante do remédio. Outros autores. Arquivos e gavetas para papel. para o crescimento de 6 vezes no uso do e-mail em corporações americanas nos últimos 5 anos. Isso não quer dizer que as empresas não devam ter uma gestão pró-ativa do conhecimento. A HP. Davenport. parece não existir uma técnica ou ferramenta que poderá resolver o problema como um todo. Com efeito. que se traduz em uma preocupação excessiva com a informação por parte das pessoas. paradoxalmente. Algumas empresas estariam tratando o conhecimento como “commodity” e não como um processo de melhoria da inteligência empresarial como um todo. e têm que estar disponíveis em um formato que facilite o uso. Prusak. atrapalham o conhecimento. 16 . o desejo de parecer racional tem levado a um comportamento não racional. reconhece o problema e argumenta que muitas informações. 1995. Ao invés de ter que abrir várias janelas diferentes e lançar as diversas aplicações cada vez que acessam suas estações de trabalho. tanto no nível individual quanto no organizacional. Personalização Os EIPs procuram responder ao desafio crescente da sobrecarga informacional e da escassez de tempo. a Johnson Controls implantou um EIP e concluiu que a solução tenha ajudado a economizar pelo menos uma hora por dia de cada funcionário. principalmente de programas de e-mail e web. dispositivos usados para o acesso. posição geográfica atual do usuário e a largura de banda disponível. as empresas devem decidir previamente que conteúdos devem ser permanentes para um grupo específico de usuários e que conteúdos podem ou devem ser personalizados. • Nível de conhecimento prévio em um domínio ou assunto específico. 17 . relataram em média 100 milhões de buscas realizadas por dia. realizadas em tempo real. dos EIPs é auxiliar os funcionários a encontrarem facilmente as fontes de informações corporativas mais relevantes no momento exato em que mais necessitam delas. cada funcionário deveria ter um “papel” associado ao uso que faz do EIP. mesmo estando geograficamente muito distantes uns dos outros. 1 Ou acesso de resultados. o que pode gerar resultados com baixa precisão 1. Estatísticas mostram que centenas de milhões de pessoas usam mecanismos de busca diariamente. Dentre as mais avançadas. fontes. A abordagem pull é dependente de escolhas feitas pelos usuários. poucos resultados ou irrelevantes. Mecanismos de busca Os mecanismos de buscas são ferramentas familiares a todos os que usam a Internet. Considerando tais informações. Com o passar do tempo os funcionários desenvolvem uma experiência verdadeiramente personalizada com o portal. Idealmente. a largura de banda disponível etc. • Compartilhar perfis de funcionários por várias aplicações no portal. sua localização. filtragem colaborativa. líderes de mercado. etc). adaptando e adequando o conteúdo e/ou a experiência individual com base em informações implícitas e explícitas. no menor tempo. conforme vários fatores. os mecanismos Google e Altavista. com a rapidez que seria desejável. colaboração. mostrando conteúdos com base em seus papeis. e seu comportamento durante visitas ao portal. quais descritores usar? Como usar a pesquisa avançada? Além disso. As mais sofisticadas abordagens de personalização “push” são dinâmicas. Entretanto. na maioria dos casos os usuários ainda precisam de assistência para a definição mais precisa do que desejam procurar. As abordagens push mais simples consistem em personalizar o site de acordo com os perfis dos funcionários (seu papel na organização. na qual vários elementos das páginas adaptados em moldes (ou templates) podem ser alterados: layout. • Criação de novos templates de páginas com o auxílio de assistentes e sem necessidade de programação. A associação de papéis também permite às empresas fazerem melhor avaliação de que níveis e áreas de personalização. Além disso. configuradas com facilidade quando novos funcionários integram-se à empresa. os resultados mais relevantes para uma dada consulta. A abordagem push pode variar de muito simples a muito sofisticada. mas também um número variado de fontes de informação. seus direitos de acesso. • Permissão aos usuários para arrastar e modificar o tamanho das janelas. etc. Baseiam-se no número de fontes de informações consultadas e acumuladas ao longo do tempo. • Personalização considerando uma combinação de atributos: papéis. Um dos objetivos centrais da gestão do conhecimento e. precisam procurar não apenas páginas web. Os sites mais avançados combinam abordagens de personalização de dois tipos: pull (puxar) e push (empurrar). com freqüência documentos referem-se a assuntos ou conceitos similares usando diferentes termos e níveis de profundidade variados. Segundo o Nielsen/NetRatings o Google obteve 341 milhões de visitas/dia em 2002. Eles devem prover. documentos word. Em meados de 2001. os mecanismos de personalização predizem de forma independente as preferências dos usuários. essa prática permite que novos funcionários iniciem suas atividades acessando informações e links que são relevantes à realização de suas tarefas iniciais e responsabilidades. No contexto corporativo onde realizam suas atividades profissionais. padrões de navegação. isso não implica que as pessoas estejam encontrando as informações de que necessitam.Os EIP são particularmente interessantes para pessoas que trabalham em múltiplos projetos simultaneamente e lidam com situações complexas que requerem variadas fontes de informação e opiniões. Como a personalização pode ter níveis de sofisticação diversos (e variados orçamentos). sua localização física. cor. Obviamente. por conseguinte. eles próprios comandam a personalização. devido às ambigüidades inerentes às línguas naturais. Portais sofisticados apresentam possibilidades interessantes de personalização. uso de informações e fontes de conhecimentos terão maior impacto no desempenho dos funcionários. os funcionários não têm tempo para “navegar” na web. e incorporando-as a caminhos de navegação regulares que minimizam o esforço do usuário. podem-se citar: • Personalização da apresentação. regras de negócios. A personalização deve acontecer de forma transparente. tais como: • Nível de experiência com mecanismos de busca. e Intranet. incluindo informações estruturadas (em geral presentes nos bancos de dados) e não ou semi-estruturadas (aplicações de desktop como e-mail. etc. Nesse contexto fica claro que os mecanismos de busca são ferramentas extremamente úteis. Além disso. incluindo os caminhos de navegação. etc). Os portais facilitam o compartilhamento e a visualização das mesmas aplicações simultaneamente por vários usuários. o dispositivo de acesso utilizado. Isso permite personalizações pré-definidas. É também importante notar que pessoas diferentes procurarão por informações de maneiras diferentes. . • Buscas com filtros colaborativos. • Buscas com mapeamento visual permitem aos usuários visualizar os resultados de suas buscas de forma gráfica. e • Preferência por navegação ou busca direta.Mecanismos de busca de 2ª geração: • Buscas baseadas em popularidade nas quais se altera o ranking dos link. este tipo de mecanismo cria automaticamente uma base estruturada de casos que permitem ao usuário obter respostas prévias a perguntas semelhantes. Isso é muito útil quando as palavras possuem significados bastante diferentes dependendo do contexto em que são usadas (e. Claro que este último não pode ser considerado de 3 geração por apresentar apenas essa funcionalidade. tais como AND. Documentos são ajuntados e relacionados formando clusters de informações relacionadas. OR e NOT. • Busca booleana retorna resultados com base na aplicação de operadores lógicos. título. em três gerações: . esse tipo de busca leva à idéia de associar pessoas e documentos às últimas conseqüências. segundo (Broader. de acordo com algoritmos de categorização que permitem navegação facilitada. ocorreram vários avanços interessantes em tais mecanismos nos últimos anos. funcionalidades muito comuns nos mecanismos de buscas que listam os resultados com base na ocorrência da palavra ou frase. Mansa Brãscher (Brãschei 2002) apresenta um estudo aprofundado sobre esses fenômenos lingüísticos no português e como eles podem ser tratados pelos mecanismos de busca para que estes aumentem sua eficácia. aplicando-se vários algoritmos que avaliam a perspectiva dos usuários em relação aos documentos ou aos sites retornados. Muitas opções de busca. 1994). então ele é direcionado automaticamente pelo programa para falar com uma pessoa que tenta responder-lhe (este tipo de busca vem sendo muito usado em Call Centers). Pode ser particularmente útil para grandes organizações para relacionar pessoas com interesses e competências similares. autores. Pesquisadores descobriram a existência de relação entre estilos de aprendizagem (cérebro direito ou esquerdo) e abordagens no uso do hipermídia. Podem-se também apresentar os documentos baseando-se em uma avaliação pró-ativa do usuário com relação ao documento ou site.Mecanismos de busca de 3ª geração: • Buscas contextualizadas: certos mecanismos de busca consideram o contexto em que se apresenta a necessidade informacional do usuário. tipos de dados e fontes de conhecimento. Em resposta a essas variadas circunstâncias individuais e também ao crescimento exponencial da quantidade de informações. Se o usuário não obtém a resposta apropriada. O módulo de sugestão de livros da livraria Amazon é um exemplo desse tipo de mecanismo. Este tipo de mecanismo foi bastante usado em bibliotecas e permitem aos usuários focar suas pesquisas por áreas específicas dos documentos tais como. 2002). O mecanismo aprende a cada vez que uma sessão de interação tipo Pergunta/Resposta ocorre. por exemplo. funcionalidades e níveis de sofisticação estão hoje disponíveis. existem diversos outros tipos de ambigüidades inerentes às línguas naturais. • Buscas em bases de conhecimento: Muito semelhante às buscas em linguagem natural. A esse fenômeno lingüístico específico dá-se o nome de polissemia. 1 Tem sido discutido que a Web e outros sistemas hipermídia possuem modelo semelhante ao modo como o cérebro processa informação (Small e Ferreira. 18 . visual ou textual. Isso ocorre porque o mecanismo procura por palavras correlacionadas com base em um thesaurus. leitores e mantenedores dos documentos. palavras-chave e autor. considerar o número de vezes que usuários prévios visitaram o link ou quantos estabeleceram links para o site específico (o Google e muitos outros usam tal tecnologia). a palavra “leão” pode representar uma bebida ou um animal). • Buscas em linguagem natural: permitem aos usuários fazerem consultas em linguagem natural.s que serão mostrados. Essa funcionalidade representa uma evolução dos mecanismos de busca considerados de 3 geração. Essas funcionalidades são representativas da evolução dos mecanismos de buscas e podem ser organizadas. Muitos níveis de similaridade baseados nas pessoas.• Tipo de personalidade: cérebro-esquerdo ou cérebro-direito 1. Entretanto. Um exemplo é o mecanismo Askjeeves.g.Mecanismos de busca de 1ª geração: • Busca por palavra chave ou frase exata. baseados na idéia de que indivíduos que compartilham interesses comuns considerarão documentos similares relevantes. • Busca por conceitos retornam resultados que podem não conter as palavras da busca. Pode-se. . • Busca por afinidade são similares aos filtros colaborativos. 2003). para que estes sejam organizados de acordo com uma taxonomia e facilmente encontráveis mais tarde. A formação de taxonomias se beneficia da marcação (tagging) dos documentos. etc). Metadados também desempenham o importante papel de permitir que diferentes documentos sejam agrupados mais facilmente. Taxonomias são regras de alto nível para organizar e classificar. base das linguagens de marcação como HTML e XML. etc). organizações precisam desenvolver estruturas de informação e categorias que sejam facilmente compreendidas pelos usuários da comunidade que utilizará o sistema.Integração do mecanismo de busca com aplicações de business intelligence. Isso vem sendo facilitado graças ao uso de ferramentas semi-automáticas de apoio. ao mesmo tempo.Permite busca multi-línguas. A disciplina não é nova e embora tenha sido evidenciada pelo desenvolvimento da Web. que realizam uma combinação de processos de extração automáticos (tipicamente. . o usuário pode definir onde ser notificado (e-mail. de documentos marcados com significados mais livres. como também para a disseminação dos documentos com base em regras de personalização. Isso pode fazer variar muito o custo do projeto. papel níveis de acesso dos usuários.Resultados podem ser personalizados de acordo. base de dados. considerado o inventor da Web. Os metadados provêm os contextos de significados necessários à informação e torna os documentos mais facilmente localizáveis por mecanismos de busca. hardware. não só para garantir que mecanismos de busca encontrarão os documentos mais facilmente. na concepção de seu portal toda organização deve lidar com a questão da categorização da informação. etc). page. XFath. A integração de mecanismos de busca com a solução de EIP proporciona funcionalidades interessantes relacionadas à gestão de conhecimentos: Notificação . A captura de metadados deveria ocorrer de preferência logo após a criação do conteúdo. Por outro lado. etc) vem possibilitando a criação de hiper-espaços de informação muito mais sofisticados. A criação dos diversos padrões de representação XML (XLink.Mecanismo de categorização automática. tanto em sua parte pública quanto na corporativa. A categorização adiciona informação fundamental para a classificação aos documentos.Agrupa resultados de pesquisa. O conceito de metadados. Desempenho do mecanismo e backend . . além dos custos de consultoria e desenvolvimento. e os organizarão em classes. Essa idéia de marcação semântica com o uso de identificadores universais (URI) está na base da concepção do que vem sendo denominado “Web Semântica” e é atribuída a Tim Bernes-Lee. sempre foi o núcleo dos estudos de tratamento de informação em biblioteconomia. . soluções completas e sofisticadas para grandes empresas podem significar milhares de reais em licenças de software. XSI. por software.Notificação baseada em eventos de exceção (vendas caíram 20%). Atualmente novas ferramentas de software para categorização automática emergem e se aperfeiçoam rapidamente. universais (Berners-Lee. nome. . e. etc) e manuais (palavraschave. Soluções padronizadas de indexação e busca podem ser bastante baratas. . categorias. .O mecanismo permite ao usuário escolher em que fontes realizar pesquisas (diretórios. XQuery. Independentemente do poder do mecanismo de busca empregado.Mecanismo de busca considera sinônimos. .O processo de seleção do mecanismo de busca específico depende das necessidades de cada organização e da complexidade e tamanho das fontes de informação que devem ser pesquisadas. 19 . Processo de busca e Interface . ou dados que descrevem dados.Usuários e/ou administradores podem programar rotinas de spiders e crawlers.O mecanismo de busca corrige erros ortográficos automaticamente.Salvar os resultados de busca e compartilha-los com outras pessoas na organização. é central para a evolução da Internet. . Desenvolvendo Categorizações e Taxonomias Buscando simplificar a procura e a navegação. web. o mecanismo de busca pode ser programado para vasculhar fontes de informação e gerar resultados para grupos específicos. com semânticas mais específicas. Espaços que permitem o tratamento. A marcação é um passo importante.Usuários são notificados quando novos documentos são adicionados à base de conhecimentos criados por outra pessoa na organização. . auxiliando-os a resolver diversas ambigüidades das línguas naturais que trazem ruídos ao processo de busca. . data.Procura por tags XML. autor. v. a construção de uma taxonomia deveria iniciar-se com algumas entradas desenvolvidas conjuntamente pelos geradores de conteúdo e os arquitetos de informação.dgz. M.acm. ACM SIGIR Forum. fev. Brãscher. • A marcação é uma tarefa intensiva e requer cooperação entre os criadores de conteúdo. Elas provêem soluções que se adeqüam às necessidades diárias de informação e de colaboração de cada funcionário e/ou parceiros de negocio: personalizam o acesso à informação.html>. • Quem ou qual grupo irá manter a integridade da taxonomia à medida que ela evolui no tempo? Embora. 2002.000 feet.Revista de Ciência da Informação.org/10. sem desperdício de tempo? Alguns dos desafios encontrados na criação e manutenção de uma taxonomia advêm dos seguintes fatores: • É preciso estar ciente de que a ambigüidade é parte do processo e estará sempre presente. o portal corporativo assume o papel. às necessidades de funcionários no que tange ao compartilhamento de informações e conhecimentos. Considerações finais Os portais corporativos já causam e continuarão a causar mudanças cada vez mais fundamentais nos processos gerenciais e no modo como as empresas funcionam. são geralmente responsáveis pela criação das taxonomias a serem utilizadas na organização. v. D. Aqui também novas ferramentas de extração automática ajudam a minimizar as entradas manuais. Library & Information Briefings. Com a vantagem de prover um único ponto de contato para todas as fontes de informação. Disponível em: <http://doi. n. etc. • Categorizações automatizadas baseadas na freqüência de palavras podem não gerar bons resultados. Dessa forma.1. palavras-chave. algumas novas ferramentas de software permitem hoje recategorizações semi-automatizadas baseadas em feedbacks dos usuários. Web Architecture from 50. 36.w3. A taxonomy of web search. 2003.htm>.org. 20 .br/fev02/Art_05. A Ambigüidade na recuperação da informação. Bird. Disponível em: <http://www. sem precedente. 2003. v.org/Design Issues/Architecture. Entretanto. Acesso em: 5 jun. O leitor poderá consultar websites tais como: Antártica. • O certo ou errado universal não existem: assim pessoas diferentes irão desenvolver taxonomias diferentes. n. os portais corporativos constituem novos instrumentos de gestão de informação e conhecimento nas organizações. J. principalmente. Acesso em: 5 jun.3. Por esse e muitos outros motivos comentados no decorrer deste texto. Referências Bawden.ac. Berners-Lee. Tim. Acesso em: 5 jun. Information Overload. tais com autores. 1997. com o auxílio dos geradores ou extratores semi-automáticos de conteúdos. de integrador universal dentro das organizações. Conseqüentemente. na maioria dos casos. 2001.792552>. automatizam e melhoram os ciclos de decisão complexos de trabalhadores do conhecimento e podem incentivar níveis mais profundos de colaboração entre empregados. Broder.Taxonomias e categorizações assumem geralmente formas hierárquicas.sbu. 2002. ou seja. ajuda muito criar múltiplos caminhos para se encontrar a mesma informação. Andrei. A implementação de portais corporativos deve ser considerada para servi. 2003. Disponível em: <http://litc. novas formas “mais visuais” como grafos ou árvores hiperbólicas se tornam comuns.uk/publications/libs/libs92. The Reuters guide to good information strategy. as plataformas de portais corporativos mais avançadas vão além do acesso à informação estruturada e não (ou semi) estruturada. Jan. 2. Como vimos. DataGramaZero . O verdadeiro teste para qualquer taxonomia é o grau de eficiência que esta proporciona ao grupo de usuários para quem ela foi desenhada: os usuários estão sendo capazes de encontrar informação relevantes de forma eficiente. claramente a manutenção de um esforço perene relativo à arquitetura informacional exigirá novas funções além do uso de ferramentas sofisticadas para automatizar grande parte do esforço de classificação. TheBrain ou InXight. automatizando a geração de marcas padronizadas que descrevem os documentos. 2003. Preferencialmente. data de criação.pdf>. Disponível em: <http://www. Ferramentas de classificação automática simplificam e agilizam o processo. Acesso em: 10 jun. 92.1145/792550. filiação. integradores de sistemas externos ou firmas de desenvolvimento web sejam responsáveis pelo desenvolvimento de uma taxonomia inicial. London: Reuters. Arquitetos de informação. podendo no máximo ser minimizada. ACM Press. As redes corporativas e as comunidades de práticas que extrapolam as paredes físicas das organizações também são beneficiadas. Washington. p. 2 Força econômica localizada entre as principais empresas e governos dos EUA. Chesnais (1996) e Boyer (1998) alertam para a dificuldade dos estados em coordenar espaços verdadeiramente de interesse de suas sociedades. possibilitou uma realidade inegável. É como se pensar e agir politicamente se tornasse “atrasado” em relação a medir e disputar reputação e credibilidade junto às altas esferas financeiras da Tríade 2.M. Para o autor. motivation. o que não se pode aceitar seria a fatalidade de um pensamento único. 1995. 1998. sem processo de princípio. Para o autor. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. O mundo abandona o construído. minando as possibilidades das perspectivas sociais e culturais. H. Th. Rio de Janeiro: Campus. 1998. and Takeuchi. Small. 1994. Para ele não são as nações ou estados a desaparecer. O importante nesse ambiente do “novo”. Assim o “inventário” deveria iniciar-se pelos estados determinando seus objetivos em relação à sociedade da informação e as estratégias políticas em busca das oportunidades que afastam os fantasmas da desigualdade e o mais temido. principalmente em relação à informação. Nonaka. Japão e União Européia. Nevis. continua tendo na figura do seu governo. Understanding Organizations as Leaning Systems. de uma única forma de se colocar no mundo e assim. E assim ele fala da França: “Mesmo que isto venha a nos custar muito saibamos perder o que é acessório para se conservar o que é essencial”. and Gould. Stewart. Karl E. 2. como também para Lojkine (1998) e Serfati (1999). S. 7 3-85. v. Rio de Janeiro: Campus.Políticas públicas de informação e desenvolvimento Marta Pinheiro Aun 1 Estado Inteligente: base para construção de políticas No ambiente da “sociedade em redes”. Para tanto é necessário ao 1 Doutora em Ciência da Informação — ECO/IBTCT/UFRJ. Proceedings of the 16th National Convention of the Association for Educational Com.gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. A nova riqueza das organizações . a revolução informacional constituída pelo “trio mágico. informáticatelecomunicação-eletrônica” potencializado pela multimídia. Professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG. consideram como primordial o estabelecimento de estratégias que permitam a cada país estabelecer a sua margem de manobra nesse contexto tendendo ao perfilamento ideológico. D. Multimedia vs. Mass.: MIT Press 1993. Winter. Inventariar: quem somos e o que podemos vir a ser no contexto mundializado também denominado de sociedade da informação. mas o pensamento único que as pasteuriza.. o mercado como coordenador. Sveiby. Quais seriam então as iniciativas para a preservação dos territórios.C. 1998. Observando-se os Estados Unidos como nação soberana. DiBeila. Rio de Janeiro: Campus. economias. tornando-as irreconhecíveis. Bourguinat (1998) propõe aos estados uma economia que ele denomina de “moral” para que a esfera econômica não venha afetar as aquisições institucionais obtidas pelas diferentes sociedades. Lee. A visão do que seja essencial é que parece rarefeita.. sociedades. ed. ao contrário do que é pregado peio sistema neoliberal. 1991.J. O discurso da urgência substitui os pianos de longo prazo. Cambridge. New York: HarperEdge. 3 . Esses autores. Ferreira. o da exclusão informacional. E. competitividade e curto prazo. I. a do processo de globalização. R. reconhecendo a realidade da atual fragilidade dos estados em se auto conduzirem e às suas sociedades. Sloan Management Review. culturas. 21 . L. da elaboração de conteúdos regionalizados. meio e fim é que os estados não percam a consciência da realidade.. é como se todos estivessem atrasados para um “grande acontecimento”.como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. a representação da força de poder e de decisão. print information resources: information location and use. Criação de conhecimento na empresa como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Conhecimento empresarial . and Sara Keisler.. Na prática dessa economia ao invés de negar através de críticas a globalização. um novo que parece ter que vir pronto. and Tech. and learning patterns for children and adults. 1997. Data smog: surviving the information glut. global. 36. que exigem políticas de longo prazo. Prusak. identidades? Bourguinat (1998) considera que para se conservarem estas identidades seria necessário que os estados aceitassem o dever de um inventário. como já foi apontado por Cassiolato (1997). a quem ele beneficia e a quem ele prejudica. Devem discernir no processo da economia global o que o determina e o que é determinado por ele. Rada. A perspectiva internacional direciona para a equação do lucro imediato. J. Rio de Janeiro: Campus. A. esta deve ser encarada na forma como tem afetado cada estado em sua individualidade e não de maneira única. Thomas A.Davenport. R. Sproull.. Connect tons: new ways of working in the networked organization. McGraw Hill. 1997. aquilo por que se lutou para se institucionalizar. Hypertext from text to expertext. Shenk. O poder foi definido por Heródoto. pois sempre foi através de conquistas e tratados que os estados ganharam suas extensões territoriais. Segundo eles. sendo rotulado de ter se tornado máquina pesada e “inchada” até mesmo por seus próprios governantes. d) Uma língua. em princípio para garantir a subsistência da população e como forma de poder. Conforme apontado por Maille (1995). Ao estado cabe a decisão do sabei. sobretudo de informação. O poder parece ser dado aos que correm contra o tempo. O fim da bipolaridade política mundial e todas as transformações econômicas mundiais foram substituídas pela penetração de um capitalismo comum de contenção de gastos sociais e de equilíbrio pela esfera econômica. principalmente o de condensador de forças dos coletivos. o estado existindo há mais de dez séculos é produto do encontro da política e da história. o poder de atender à urgência. Nos conceitos gramscianos. estabelece então. estas mudanças podem ser vistas como um mudar histórico. Já o estado forte tem seu campo de poder na legitimidade ativa das classes. Este seria o estado forte ou poderíamos nomeá-lo na ambiência informacional de estado inteligente. Uma definição mais simples e elucidativa citada por Maille (1995) é a capacidade de agir de um indivíduo ou de um grupo. a cidade grega. planas e objetivos governamentais são tomados por políticas ou como ações de interesses políticos. delimitado geograficamente. de regrar as relações entre os indivíduos e os grupos ou dito de outra forma. Programas. O autor 22 . não perdendo sua representatividade junto à sociedade que eles devem governar. Koenig (1995) e Ianni (1996) assim afirmam e ainda consideram que as formas de poder e os espaços de politização se transformam em um espaço crescentemente despolitizado pelo enfraquecimento dos estados-nação e este poder hoje não está mais atrelado à figura do estado mas ao papel desempenhado pela informação e o conhecimento pela emergência da sociedade da informação. a polis. aparelhos de coerção (policias. a arte de governar. envolvido pela gama de movimentos imprevisíveis da esfera econômica. O poder do estado legitimado pela sociedade civil transforma-o numa sociedade política forte. política e poder? A política constitui conceito claro e bem definido. as organizações as dos seus funcionários e as escolas a de seus alunos. tendo um papel essencial no seio da superestrutura mundial. política e de poder. Sua origem. 1996). fala-se de força econômica mundial determinada em um espaço restrito pela competência científico-tecnológica e pela força oligopólica financeira. a. como sendo a modalidade de exercício da autoridade. significa a comunidade organizada de homens livres e o termo tem em Aristóteles uma definição precisa: a arte e a maneira de conduzir os trabalhos públicos. normas. O poder não é mais nomeado e até a tecnologia passa a ser detentora desse poder e responsabilizada por todas as transformações. Se o conhecimento e a competência estão sendo desenvolvidos interativamente em redes. f) Uma economia. Alguns autores como Foray e Lundvall (1996) afirmam que a tradicional dicotomia entre conhecimento público e conhecimento privado tem se tornado portanto menos relevante.. e) Uma cultura que se liga à língua. c) Uma população. pelo consentimento ativo dado pela sociedade civil “elos formados por interesses comuns através da informação” (Gómez. política e o conhecimento transparente da distinção entre espaço público e espaço privado que ajudava na assimilação conceitual verdadeira de estado. política e poder são conceitos que vão-se tornando peças de um jogo de adivinhação. a informação como realização da racionalidade. Na ambiência do mundo atual. (Anderson. Uma aparente homogeneização política acabou por camuflar a clareza do emprego dos conceitos de estado. é a instituição das instituições e seu desenvolvimento advém de certo número de elementos imprescindíveis: a) Um território. Sua penetração encontrou no desenvolvimento das redes tecnológicas instrumento possibilitador do processo de globalização.c. opostos à construção hegemônica. formas híbridas de conhecimento têm sido colocadas social e politicamente não sendo nem completamente públicas nem completamente privadas. O conhecimento do que era público em distinção ao conhecimento do espaço privado torna-se cada vez menos perceptível no mundo contemporâneo idealizado como sendo uno e desregulamentado pela ideologia político-econômica vigente. Contemporaneamente em lugar de força ou poder do estado. “regras de mercado”). b) Um meio militar e diplomático. Como se encontram então estas peças institucionais tão importantes: estado. sobre outro individuo ou grupo. tribunais. A construção do conceito de conhecimento se faz então à luz do poder do estado que representa o próprio conhecimento. um processo de transformação social onde começamos a perguntar sobre velhos atores com papéis e pontos definidos anteriormente no bloco histórico para que possamos dimensionar o espaço da informação e do conhecimento nesse novo tempo e sua relação com as atuais transformações do estado e suas políticas. muitas vezes parece que o estado. 1997). “o saber prudente”. Foucault (1995) relata o poder como uma realidade plural não podendo portanto vir a ser classificado pela sua natureza ou essência e portanto ser caracterizado universalmente (não hegemônico portanto). o est1do enfraquecido assumido representativamente por uma classe dominante quando não consegue cumprir todos os papéis.estado conhecer as necessidades de saber do seu povo. O estado parece ter-se tornado figura fragilizada. muito mais que de estratégias. Defendemos a presença forte de um estado que. em constantes transformações. onde o estado se deve fazer representar com políticas dos coletivos. sanções normalizadoras e colocação à prova constante de veracidade. Acredita em uma forma funcional de troca de informações estabelecendo-se hierarquias e valores. do mundo social. para Latour. O que existe para ele é uma articulação com diferentes poderes locais. A informação passa a ser então o dispositivo dos dispositivos. onde múltiplas formas de poder estão nela representadas. passar por processos através de cadeias de associações: um trabalho de rede. Propõe-se a visão de um estado que não se resuma em representar a única forma de poder ou que apóie uma forma de poder anônimo que considere natural. o conhecimento reconstitui as relações sociais. Sócio-técnicas. Para Diniz (1996) os estados são permeados por um sistema de intermediação de interesses oligopolísticos que não lhes garantem auto governabilidade. a da instituição. em paradoxo. aumentando a força do associar-se a esta ou aquela forma de representação. pertencentes a uma única área de ação. tecnologia que Latour vê como integrante da sociedade dando-lhe estabilidade e durabilidade. estabelecendo seu vínculo através do estabelecimento de políticas. se difunde pela sociedade em formas moleculares caracterizada. ora como “urgência” ou como “ser competitivo ou concorrencial”. integrado à sociedade que ele governa. repartindo as competências. A questão para ele reside no fato de a constituição moderna inventar uma separação entre o poder científico encarregado de representar as coisas. criando gargalos nas políticas. deslocando. diferenciadas. Mais englobante que o capital cultural. A centralização do poder informacional. Estados sempre sofreram pressões externas e internas interferindo em seu processo de construção política. A competência da representação do sujeito fica com o estado.o técnico e a natureza. a desintegração dos coletivos. Já Janni (1996) de forma menos otimista. os estados fragilizados. às vezes. ora a sociedade ou a ambos. O problema é que essas forças não podem ser aceitas pacificamente como “incontroláveis” ou “naturais”. saindo de sua clandestinidade representarão governos. O conhecimento deve ser mutável. a represente em uma rede mundializada.. Para Latour. são o reflexo claro dos problemas. sendo portanto imprevisível.. a natureza e o poder político encarregado de representar os sujeitos. 23 . a instituição das instituições. O autor visualiza a possibilidade de um metamercado integrado. As redes estabelecem diferentes pontos de integração permitindo passar do local para o global e vice-versa. anônimos. A natureza fica como “estrangeira e até hostil”. “A informação enquanto conhecimento propõe a costura do corte a refazer a ruptura”. Neste super sistema o estado se localiza como subsistema em relação ao sistema social enquanto sistema político. atua num processo de tradução das redes vê no estado uma “criatura artificial”. mesmo que essas estejam em transformação. O poder para Foucault é uma relação social e por isto constituído historicamente representando a ação sobre a ação. sobretudo em relação à comunicação. as técnicas. Ligados ao estado aparecem o campo do poder e o capital político e dentro do campo de poder está o capital da informação. Assim o autor argumenta que o estado não pode ser considerado como aparelho central e exclusivo de poder. instrumento de uma avaliação cooperativa distribuído à sociedade por ela mesma. Assim os governos convivem hoje com mudanças que não advêm somente do seu interior. as redes para ele são a representação que engloba também o científico e o político.estabelece que o poder não é único. políticas sempre elaboradas em consonância com estes desafios. Hoje. o que para ele distancia a ambos. Para ele a mecânica do poder se expande. modificando. divulga um estado legitimado pela sociedade civil e em constante transformação. por micro ou subpoderes. A rede como “representação dos coletivos”. estes coletivos. Os erros causados são então colocados na tecnologia. parece inviável 1. Os estados se subdividem em micro-estados ou se aglutinam em blocos atendendo ora a técnica. Já Latour (1994). Estado como coordenador Segundo Levy (1996) o poder da inteligência coletiva. as redes. Du Castel (1995) afirma que os governos têm cada vez mais dificuldade de rivalizar com as potências transnacionais que desafiam toda a forma de controle por parte dos estados no exercício de sua soberania nacional. vivendo um clima de incertezas. sociedade e tecnologia devem funcionar num programa de ação e relação com momentos de separação e de ligação em associações e desassociações contingenciais. específicos. composta de cidadãos que estão unidos na aparência por uma autorização dada por alguém que representa a todos tendo o poder da representação. A dificuldade maior é a de lidar com forças imprevisíveis que ora se rotulam como “atraso tecnológico”. acoplando a inteligência individual à memória dinâmica dos coletivos. cria e modifica as representações e a linguagem. diz que um poder anônimo instala-se na forma de um super sistema. Transforma e cria valores. Segundo Latour. Castells (1997) e Gómez (1997) vêem a sociedade da informação como uma sociedade em rede. a sociedade. padronizador de formas de pensar e de agir sem a consciência “inteligente” dos coletivos. tornando-os limitados em seu desempenho de consecução das metas coletivas Diniz (1996). onde cabe o trabalho de tradução evitando a separação do mundo das coisas . 1 Lasour aqui entra em oposição às idéias de diferentes autores sobre a centralização das informações nos EUA (80%). globalizado e que na verdade ele pode ser percebido em formas heterogêneas. criando associações em ações heterogêneas e desassociações em relações contingenciais próprios de uma sociedade em transformação despertada pela informação e o conhecimento. atendendo à urgência. A importância de um estado é conquistada pelas suas práticas sociais. Influência da urgência A questão da urgência está normalmente associada às TIs e é vista por determinados autores com reserva. empresas e instituições de ensino. fala-se de atraso e sempre do atraso técnico (gestão da técnica) ou de domínio da técnica (gestão técnica do sócio-cultural). tendo ainda o respaldo social para as suas ações externas (Diniz. em redes deixam em insegurança quem não tem seu “norte” determinado. Refere-se ao conjunto dos mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade. (Aubert. satisfatório e coerente”. assim definida: “A capacidade governativa no sentido amplo. Isto é o que o coloca em rede com os sistemas que o geram e o sustentam. seguindo a mão única do tecnomemado. colocadas em paradoxo ao discurso político de um desenvolvimento sustentável. Monnoyer-Smith (1998) argumenta que a urgência vem para preencher um vazio conceitual. Dentre os autores que não acreditam na falência dos estado citamos Diniz (1996) que. 1996) A eficácia da ação do estado não depende apenas da capacidade de tomar decisões mas de adequar as suas políticas a partir de arenas de discussão e de negociação. cria-se a necessidade de ações urgentes apresentadas dentro dos programas governamentais. Porém. ampliando o “universo dos atores participantes” sem que o estado tenha que abrir mão de seus instrumentos de coordenação. Assim são estabelecidos planos de curto prazo. próprio à transição e assim cita Aubert 1: “A urgência se presta a dissimular a perda de significado que afeta nossas sociedades e se traduz. influenciando sociedades e seus governos a darem uma conotação obsessiva ao fator tempo. menos rotineiros. envolvendo a capacidade de ação estatal na implementação das políticas e na consecução das metas coletivas. comunicação feita no colóquio: Urgence. acelerada pelas técnicas. o que implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e administração do jogo de interesses”. citado por Monnoyer-Smith. As cotas com a educação. a garantia do desenvolvimento sustentável torna. O autor argumenta que a urgência se coloca de forma obrigatória dentro do discurso político. 15. uma direção apontada normalmente pelas políticas de longo prazo. 1998) Uma ilustração da evolução de urgência. a lógica das ações rápidas e planos de curto prazo vem justificar a substituição das políticas de longo prazo. pela impossibilidade de se estabelecer uma representação de um futuro significação. um selecionar único para municípios. vê o fortalecimento do mesmo no uso da governance ou coordenação como forma política dos novos tempos. Agindo dessa maneira. para assim o governo agir mais livremente em resposta à esfera econômica. As redes podem tornar isto possível se os objetivos forem claros e os interesses nacionalizados. controle e de supervisão. vão realizando altos investimentos tecnolágicos sem uma seleção prévia das tecnologias mais apropriadas às necessidades da sua sociedade.16 de maio de 1997. mesmo nos países desenvolvidos têm-se tornado mais modestos em suas atuações sociais. da questão da temporalidade na esfera política fica clara nos discursos dos primeiros ministros das maiores potências da Europa. Para Monnoyer-Smith. Os estados.se imprevisível. Os estados procuram mudar internamente através de serviços públicos mais transparentes. como tantos outros. ao se descentralizarem funções e transferirem responsabilidades a parceiros sociais. De forma já generalizada. entre outras coisas. emergência. apontam que a representação do tempo. mais eficazes. mais que em outras épocas o papel de coordenador e implementador. Diante das pressões internacionais que todos os estados têm sofrido. Da crise ao vazio social. assiste-se à emergência da temática da urgência como garantia de legitimidade da ação política e explica esse fenômeno. O autor atribui essa particularidade à invasão da lógica de mercado em todas as esferas da economia e da sociedade. Por outro lado. Tarbes. Giddens (1991) e Monnoyer-Smith (1998). as inúmeras possibilidades dos fluxo. gestion de crises et décision. implementando uma gestão articulada. a situação de “começo” é então apresentada como ruim. seja uma das conseqüências da modernidade. Numa situação colocada de urgência permanente. vem gerando ao modelo ocidental de cultura temporal duas características (i) o tempo agora é tomado como termo de eficácia e por eficiência.Sofrendo cobranças e pressões externas e internas cabe ao estado. (Diniz. dramatizada pelo discurso do atraso. 24 . A participação social exige hoje uma comunicação direta. em diálogo aberto com a sociedade. Idéologie de l’urgence et perte de tens. a governance surge como forma de governar com maior flexibilidade. por exemplo. para Monnoyer-Smith. de forma dominante e necessária. 1996). Isso. Como conseqüência desta supervalorização do tempo surge a ideologia da urgência que aparece claramente em nível político como uma forma de ação-resposta às crises crônicas enfrentadas pelos governos. N. saúde e 1 AUBERT. (ii) a rapidez é encorajada e valorizada. A rapidez de respostas e de ações passa a ser elemento chave da competitividade das empresas. Quando não se fala nos discursos em urgência. incentivadas pelos estados que passam a promover a importância da ciência como modernizadora da estrutura produtiva (Silva. as culturas nacionais. Evidentemente que o ritmo e a orientação do desenvolvimento tecnológico. Ao contrário deve-se pensar e compreender sua nova formatação ao tentar acompanhar as ondas de transformações da nova era da informação. aciona ou conduz a inovação técnica) exerce um papel decisivo neste mecanismo. os Estados Unidos iniciam uma política de informação científica e tecnológica de aspecto mais abrangente. Gera exprimindo e organizando as forças sociais e culturais que prevalecem em determinado momenta e lugar A técnica revela em grande parte a capacidade de uma sociedade de se lançar no domínio tecnológico através das instituições sociais que compreendem o estado. dos formatos. responsável pelo desenvolvimento técnico-produtivo fica dividido entre os estados e a ciência ou a comunidade científica. dependem de decisões políticas tanto públicas como privadas. a construção de políticas nacionais que atendam aos interesses sociais e cada vez mais. Castells (1998) salienta particularmente o papel do estado: “O estado (bloqueia. que passam. exige-se. observa-se um grande esforço de desenvolvimento das telecomunicações. Movidos pela sensação de carência e ineficácia. sem o patrocínio institucional. Políticas de informação. acima de tudo. surpreende os países de pesquisa científica mais avançada.segurança têm sido menores. tecnológica e industrial. junto a seus governos. Populariza-se então a expressão ‘sociedade da informação’ e o mundo assiste ao movimento de uma nova forma de comunicação social onde a informação passa a ser disseminada através de redes que se expandem vindo a afetar diretamente as esferas econômicas. Mas sempre é o institucional. Até a década de 90. Para Cacaly (1990) e Browne (1997) esse inesperado evento faz o governo dos Estados Unidos concluir que a informação científica circulava mal mundialmente. a estabelecer políticas de informação denominadas de caráter científico e tecnológico nas quais o poder do controle da informação. graves problemas devido à total incompatibilidade dos sistemas colocados. na tentativa de melhorar a eficácia na transferência de informações na Europa. uma pequena empresa navegarão sem rumo pelas redes. políticas e sociais. Para a construção deste novo quadro político. a Alemanha e o Reino Unido. Seus governos encaram com naturalidade a fragilidade dos sindicatos e sua perda do adquirido (Lojkine. estabeleceram. que para participar da sociedade da informação de forma mais positiva. Integrarse então a esse processo novo vem requerer. embora tenham adotado políticas nacionais diferentes. O processo histórico pelo qual se produzo desenvolvimento das forças produtivas define as características das técnicas e a maneira pela qual estas tecem as relações sociais” (1998). fazem-nos acreditar em possíveis vivências e experiências positivas observadas na Alemanha. num desenvolvimento originado nos estados mais desenvolvidos do ocidente. Esse relatório faz um alerta às principais comunidades científicas mundiais. O processo de transformações tecnológicas e econômicas modifica a sociedade mundial. instrumentos e serviços orientados a propiciar melhor disseminação da informação. além de outros recursos. a centralização das ações para a elaboração dessas políticas em um só órgão. Argumenta-se. 1 Estes órgãos enfrentaram em vários países. aplicada. 25 . e bibliotecas brasileiras começam a sua automação. gerando as fontes para o desenvolvimento de bases de dados referenciais 1. thesaurus (Lista alfabética de descritores que demonstram o relacionamento de termos) e da própria concepção dos sistemas quanto à difusão das informações. 1993) O advento do Sputnik. tem início a construção de políticas de informação voltadas para o desenvolvimento científico e tecnológico. como ponto comum. o político é que determina o técnico. de governance fica então comprometida. que a URSS lança em 1957. a França. Experiências analisadas nos países da Europa ocidental para a concretização dessa nova sociedade informacional. ao mesmo tempo que serviam de insumo à construção de indicadores de modernidade. A emergência da nova era se acelera com a rápida difusão dos computadores pessoais e com a expansão e desenvolvimento da interface das áreas de informática. A esses órgãos cabia a responsabilidade do mapeamento da produção científica nacional. Nesse documento a comunidade científica e o governo são responsabilizados pela transferência de informações e uma proximidade informacional das pesquisas fundamental. Sozinho. No período que cobre as décadas de 70 e 80 do século XX. eletrônica e telecomunicações. mas acompanhando o movimento da sociedade mundial. os estados parecem encontrar importantes desafios. a construção de suas políticas de informação obrigando-as a se reestruturarem. Esta política é explicitada através do documento Weinberg (nome do relator do projeto) dando início a este novo formato de construção política que é divulgada pelo presidente Kennedy em 1963. As intervenções institucionais sobre a técnica não vêm mais só do estado mas de centros de decisão públicos e privados. da informática e da eletrônica através de políticas implementadas que privilegiam essas áreas. Sua capacidade de coordenação. Sem sentido é pensar e aceitar o fim de estados. políticas emergentes na sociedade da informação A partir da década de 50. um cidadão. França e Reino Unido. portanto. 1998). numa operacionalização de estabelecimento de metas. O plano possui um horizonte temporal mais curto por estar ligado diretamente à operacionalização. Burgei Braman. não precisa ser legitimado ou explicitado legalmente não implicando a obrigatoriedade da participação dos poderes legislativo e executivo. economias e sociedades muito têm a ganhar se souberem aproveitar essas oportunidades. se bem utilizadas empregando as novas tecnologias informacionais. mas que se torna fundamental a todos os países a consciência de que o processo de integração à essa era dependerá de uma série de fatores. b) a atual visão de que as políticas de informação acarretam um potencial de contribuição positiva ao bem estar social e econômico no aproveitamento da potencialidade transformadora em ganhos de produtividade e na melhoria da qualidade de vida. ao lazer e ao emprego. entretanto alertam para o fato de que todos os ganhos são dependentes da possibilidade de acesso a um novo sistema mundializado que exige tecnologia de redes. tecnologias e serviços. Para ele. As condições de elaboração e agentes responsáveis são direcionados pelas organizações ou instituições e não têm a obrigatoriedade de uma explicitação legal. o mais importante é o estabelecimento de mecanismos que garantam todo o processo de transferência de informação. as políticas de informação referem-se ao processo de transferência da informação. Para estes autores é importante a explicitação de diferentes conceitos sobre a abrangência da política de informação. para eles o conceito de política tem que ser diferido do conceito de plano. 1984). Esses trabalhos. O processo de construção política deve hoje considerar que o novo cenário repleto de impactos e incertezas tem dificultado o estabelecimento dos objetivos das políticas de informação redimensionando os processos políticos através de variáveis que podem ser conceitualizadas como dependentes e independentes. poderá permitir melhor nível de prestação de serviços sociais. obrigando a um processo de transição. Segundo estudos de Weingarten (1989) hoje. linhas de ação. com a emergência da nova era informacional. 1990). o controle dos fluxos de informação e conhecimento representa crescentemente fonte importante de poder. O cenário de construção de políticas de informação tem refletido o processo de transformações em vigor. garantindo ao final da cadeia a assimilação da informação por usuário individualizado. identificando os valores que as conduzem em sua especialidade. no progressivo estabelecimento dessa nova era.dos diferentes países. Para Orna 2 política é o termo mais empregado para descrição de estratégias ou metas governamentais. Cabe lembrar que. Para Harnon. sendo também usado em referência às estratégias usadas pelo setor público e privado e pelo setor das organizações em geral. maior acesso à cultura. Kristiansson e Orna atualizam seus conceitos à ambiência do processo global da sociedade da informação. como forma de intervenção de sua administração (Moore. mas ainda dependente de um processo prolongado de aprendizagem. E. dependentes e contingenciais. (conduzindo a mudanças no estabelecimento de políticas e sistemas de regulação). Argumenta-se então que a política de informação atual tem que ser flexível. são explicitadas através de leis. Em primeiro lugar. O plano se traduz por um programa 1 de atividades (informacionais no nosso tema) dirigidas à construção das culturas de organizações. assegurando o acesso ao conhecimento. 1997). argumentam ser necessário que se clareem os conceitos básicos de política de informação e a abrangência dessas políticas. 2 Pratical information policies (Gower. reunidos em projetos. Cacaly (1990) e Du Castel (1997). a questão fundamental é equacionar efetivos compromissos com interesses competitivos. Políticas são bem mais complexas. aliada ao domínio dessas tecnologias. 1 O programa estabelece as linhas de ação do plano e à semelhança deste. Trabalhos da OCDE (1997) e do governo francês PAGSI (1999) explicitam que. há maior complexidade envolvida na construção dessas políticas. de natureza bastante específica. Já Moore. pois a informação “não é somente um bem econômico ou um serviço. Política de informação: movimento de transição Rowlands (1996) afirma que grande parte do interesse atual pela política de informação advem da ampla discussão sobre a necessidade do desenvolvimento das infovias de informação. sejam públicas ou privadas. É também de valor estratégico social e cultural aos quais acarreta uma dimensão agregada” (Rosendaal. Destacam então a importância da educação com novas possibilidades e técnicas que. sugerindo as políticas de informação como uma resposta às influências externas sendo. domínio das tecnologias de informação. Meyriat. 26 . dinâmica. Aldershot. dentro de um contexto social que gere o ciclo de vida da informação. dois fatores são responsáveis pelas novas visões e experimentos em política de informação: a) a convergência de mídias. Moore (1997). Segundo ele. Como os planos são ligados a grupos de agentes sociais ou organizacionais específicos. respondendo às circunstâncias de mudanças que ocorrem em maior velocidade. a necessidade de estabelecerem programas ou políticas nacionais de informação que contemplem o estabelecimento de conteúdos regionalizados aliados ao desenvolvimento de tecnologias informacionais e o estabelecimento de infra-estrutura tecnológica como condição básica. corporativos e sua implementação não exige como as políticas. a complexidade maior será sempre em relação ao acesso aos conteúdos pertinentes. Diversos autores dentre os quais destacam-se Bowne (1997). decretos ou documentos aprovados por um governo em exercício. Abrangendo uma temporalidade de longo prazo. E dentro desses conceitos as TIs ganham maior importância pela necessária conecção em redes. Rowlands (1997). Para Eisenschitz (apud Bowne. 1998). consultas públicas. portanto de figuração preventiva. dando um enfoque mais industrial ao processo. orientados politicamente para um mundo com maior visão social. destaca ainda que as políticas devem trabalhar com quatro níveis de recursos: (tecnologia de informação. Sem a precisão de modelos que os auxiliem a acompanhar tantas transformações de forma positiva. Busca-se então disponibilizar toda a informação em redes. concessões e políticas de educação. como sociais. processamento. Burger (1993) nos apresenta três níveis hierarquizados de políticas de informação: a) Política de infra-estrutura: estabelecem as cotas de emprego. se houver mau uso ou um mau emprego da informação. Portanto as demandas de construção política em seus múltiplos aspectos agora são outras e muito mais complexas. tomada de decisão. desenvolvimento de coleções. A subordinação à ciranda financeira e à criação de infra-estrutura. o que lhes acarreta a característica de aparente emergencialidada. Exigem dos indivíduos. Boyer (1998) assinala que os governos estão excessivamente preocupados com as transações financeiras. O desafio reside então no equilíbrio e na vontade explícita dos governos em formar cidadãos conscientes para participarem mais ativamente da sociedade da informação. Há então maior necessidade de valor crítico no processo de construção de política de informação para melhor equilíbrio entre os campos tecnológico e sócio-cultural. entre o continente e o conteúdo. Ainda 27 . negócios. desde a sua criação e produção a distribuição e uso. de saúde e segurança. ao buscarem espaço na nova era da informação. Esses autores consideram que o campo de estudo nessa área ainda é “novo” em relação às reorientações internacionais a serem submetidas às especificidades socioculturais dos diferentes países. aplicadas à sociedade e todo o seu contexto. b) Política de informação horizontal: aplicação específica e impactos sobre o setor de informação. “informações são vendidas antes mesmo de existem”. pesquisa). pondo em risco a formação de um povo determinado politicamente pelo seu nível de conhecimento. Para satisfazer o mercado financeiro. programas de inovação. educação. muitos países estão voltando atrás com programas intensos e fundamentais nas áreas de educação. empresas e instituições governamentais uma nova capacitação de busca e criação de conteúdos pertinentes e a definição do instrumental necessário ao atendimento dessa exigência é que mais desencadeia a complexidade na sua elaboração. os países. de educação. produção e invenção. como provisão estatutária de serviços de bibliotecas. em toda a sua complexidade. informação econômica. principalmente em relação à regulação e ao tratamento dos conteúdos para que não reflitam meras reações de emergência à entrada na sociedade da informação. pode estar nos conduzindo a uma nova forma de autoritarismo e despotismo divergente das antigas formas de dominação. respeitando principalmente a vocação da sociedade e das empresas de cada país. visando somente às transações econômicas do comércio eletrônico e à corrida às bolsas. indústrias de informação. distribuição e comercialização. não se limitando hoje às fronteiras nacionais. econômicos. respeitando as especificidades. correm o risco ao elaborarem programas emergenciais. privilegiava o desenvolvimento científico e tecnológico através da sua sustentação informacional no desenvolvimento de coleções e na criação de bases de dados especializadas incluindo os conteúdos por áreas de conhecimento. administração de risco. com segurança de qualidade. excluindo a maior força política de um país: um povo educado. Hill (1995) então adverte que os países devem ter consciência que o mais importante das políticas de informação é que elas podem vir a minimizar barreiras se proporcionarem o bom uso da informação ou penalizarem as sociedades. autenticidade e proteção dos direitos e das próprias informações. c) Política de informação vertical: aplicações para setores específicos de geração e uso da informação. nas quais. o processo de construção de políticas de informação é. O auto. atividades governamentais. ou seja. assegurados por programas intensivos de informação (ensino. saudável e seguro. Assim é muito importante a seleção de conteúdos sócio-culturais que garantam qualidade da informação e não só a quantidade. “Estar disponível” ou produzido não garante a sua transformação em conhecimentos tácitos. Considerando como variáveis dependentes sofrem as contingências da ambientação mundial. educacionais. Moore (1996) e Browne (1997) alertam para o fato de que as políticas de informação tenham-se realizado sem fortes bases intelectuais que venham dar suporte aos seus elaboradores. tal como a comunidade geográfica de informação. administração. esquecendo-se de que se as políticas são bem estruturadas podem garantir as finanças e não o contrário. de saúde. nesse processo de transição. coordenação. É a lógica do sistema capitalista. quando seguindo um modelo pós-fordista. Para Bowne (1997). serviços comerciais. controle de informação. A diferença é que agora a orientação dessas políticas volta-se para empresas. Complementando. Hoje. além de programa que acoberte todo o ciclo de vida da informação. bastante diferente do que o foi até o início da década de 70. necessitam de modelos que os ajudem a analisar de forma mais ampla os fenômenos influenciados pelas mudanças no ambiente tecnoeconômico-social global. domiciliares. contribuindo para que o crescimento das atuais múltiplas formas de pobreza não conduzam o mundo a incontroláveis formas de barbárie. como argumenta Chesnais (1996). Os pesos e medidas nesse processo passam a ser outros. formação de coleções.Considerando políticas de informação como variáveis independentes podem-se analisar o seu impacto e êxito sobre outros planos e dimensões de processos políticos mais amplos. assim como pela revolução das tecnologias de informação. sistemas de informação e recursos humanos). leis de proteção de dados. Como segundo ponto. mudanças sociais e culturais) . Para tanto. selecionarem. os Estados Unidos. O programa objetiva sensibilizar as diferentes competências da ciência. d) trabalho e emprego.se faz portanto necessária a sua integração aos estudos de ciências políticas e de política internacional. sua idade. a sociedade da informação deve conduzir a uma sociedade democrática. ou a disseminação e a utilização do conhecimento e da informação devem ser feitos através da construção e da extensão das redes de transmissão de informações e da promoção do uso amigável da interface homem/máquina na indústria de produção e no setor de serviços. o programa prevê. com sucesso na competição cultural e na economia internacional. considera-se a importância dada pelo país ao seu desenvolvimento industrial. associadas à educação. o armazenamento. 1991). Aí incluem-se todas as possibilidades de desenvolvimento técnico inerentes à comunicação interativa. O programa em primeiro lugar considera que as sociedades modernas estejam fundadas na revolução tecnológica informacional. através de uma economia industrial associada ao desenvolvimento de tecnologias de informação e de comunicação para a produção de computadores e a produção de softwares de conteúdo genuinamente alemão. equilibrar o desenvolvimento tecnológico e econômico com o desenvolvimento cultural e assim emergir. c) desenvolvimento de habilidades para se alcançar o domínio de manipulação e independência no uso e na exploração das TIs. privilegiando as pequenas e médias empresas. Refere-se a uma sociedade na qual a aquisição. um lugar de destaque. b) eliminação das barreiras ao uso de tecnologia. da educação ao longo da vida. como desafio. A pesquisa e a tecnologia. Para a Alemanha. h) reestruturação e reorganização das empresas alemãs e o relacionamento com os empregados. considerando-se individualmente o cidadão. A produção e a comunicação da informação sempre tiveram o controle do estado (Moore. A partir daí. como pelo cultural. do ponto de vista político. e) combate à passividade dos cidadãos diante das mudanças. Assim considera-se necessário . Exemplos de políticas nacionais de informação A Alemanha lançou seu programa oficial como uma política de informação no outono de 1995 (outubro e novembro). que influenciam todas as esferas da vida. estão sendo estruturadas visando ao desenvolvimento de habilidades para se produzirem. como pré-requisito ao acesso do maior número de pessoas a um “computador baseado na cultura”. f) garantia dos direitos de propriedade intelectual. Assume então. qualificações e recursos financeiros. A política de informação do Reino Unido tem evoluído de forma particular principalmente por sua vantajosa posição de grande produtor de literatura técnica e pela igualdade de idioma com outro grande produtor e editor. tornandose interdisciplinar para que não se percam as orientações e o embasamento oriundos de outros processos anteriores de construção política. 28 . almejando uma posição privilegiada e segura para a Alemanha no espaço da nova economia mundial. contribuindo para assegurar à Alemanha. Ao mesmo tempo que o programa prioriza ao máximo a tecnologia. legislação e regulação. o processamento. c) políticas públicas (as de regulação como segurança cultural do país). atendimento aos novos requerimentos da sociedade da informação através da educação formal. só mudando o enfoque para a entrada da Alemanha na sociedade da informação. Como desenvolvimento da tecnologia inicia-se uma reinterpretação da legislação para se criarem novos meios de regulação e padronização para maior participação do setor privado. É então definida a sociedade da informação à qual a Alemanha quer pertencer. g) participação dos cidadãos nas decisões políticas.reunir 4 elementos a) educação. na criação de novos serviços ou simplesmente no uso amigável da tecnologia. b) legislação ou regulação. seja na produção de bens de informação como softwares de conteúdo. b) disseminação e armazenamento de conhecimentos (em parceria com editores e bibliotecas). tecnologia e aplicações. indústria e governo para que juntos assumam a provisão e os meios de capacitação na esfera de educação. da capacitação técnica e empresarial. o que envolve assumir os riscos do investimento à inovação como também conduzir a uma expansão e intensificação de cooperação entre ciência e indústria na área da informação. da ciência básica. visando atender aos seguintes requisitos: a) treinamento técnico para uso de equipamentos e softwares (escolas e empresas). d) igualdade de oportunidades de acesso às novas mídias. alerta para os riscos do desenvolvimento incontrolável da mesma. O estudo para a construção desse programa político foi trabalhado e subdividido em três grandes áreas: a) pesquisa. a transmissão. no campo de mudanças sociais e culturais. da indústria e da política como também as esferas de comunicação e as esferas sociais. avaliarem contextos informacionais relevantes. tendo tido como suporte estrutural o programa do período anterior: “Federal Support Programme for Profissional Information”. possibilitada pelas TIs. c) mudanças sociais e culturais.para se atender aos três grandes grupos de áreas prioritárias propostas pelo programa (pesquisa e tecnologia. acoplado ao seu plano de desenvolvimento econômico. foi associado o plano visando à entrada na sociedade da informação. tanto pelo prisma econômico. que na Europa representam anualmente uma soma em torno de 150 bilhões de Euros (MOORE. sobretudo em relação ao atendimento sócio-cultural. não existia propriamente política de informação para o Reino Unido. Dois programas são responsáveis pelo avanço da infra-estrutura: INFORMATION SOCIETY INICIATIVE e IT FOR ALL (Tecnologia da Informação ao Alcance de Todos). entretanto. Nesses três níveis quatro cruzamentos são considerados: a) Tecnologia da informação . Para Moore (1998) a legislação vem sendo usada para reduzir o envolvimento do governo no desenvolvimento da infraestrutura tecnológica. b) Mercado de informação . Em nível nacional. em seqüência ao projeto neoliberal de Tatcher iniciado nos anos 80. Segundo esses mesmos autores. Aponta-se que em meados dos anos 90. Aqui a responsabilidade é dividida entre setor público e privado. tendo sido sempre desenvolvida através de atos. mas sim programas de curto prazo. Buchwald (1995). sobretudo às telecomunicações e aos instrumentos de navegação para uma utilização eficaz dessas tecnologias. ou como preferem chamar no Reino Unido. por parte de seus usuários. uma provisão básica desse serviço de uso da rede vem sendo construída com bom desenvolvimento. O próprio governo tomou a iniciativa vendendo informações de pesquisas governamentais para um grupo de 12 empresas. o governo tem despertado para a necessidade de se promover e regular o uso da informação através de novas legislações e políticas. Hill (1994). desde a década de 80.implica a compra e a venda de informações.é hoje sinônimo de desenvolvimento em todos os níveis. o que não foi possível integralmente. governo e mercado. a tendência governamental inglesa tem sido. Seu ponto fundamental consiste na questão do acesso universal à tecnologia. criticam o posicionamento do estado inglês de se ausentar cada vez mais da implementação de uma política informacional mais ampla. Uma questão de se estabelecerem limites ou fronteiras na troca de informações comercializadas. Torna-se problemático. Assim hardwares estão sendo reavaliados. sem explicitação legal. Conscientiza-se que o investimento mais importante a ser feito é no capital humano do país: uma força de trabalho educada como pré-requisito essencial para se sustentar o crescimento econômico e garantir a inserção do país na nova ordem mundial. cada vez mais. Organizações públicas e privadas inglesas têm forçado o desenvolvimento de políticas informacionais e clamado por uma revisão das suas estruturas organizacionais. a de favorecer o setor privado e particularmente o empresariado. privilegiando o processo de desregulação e de privatizações dos setores relacionados ao desenvolvimento das TIs. Os autores citados acima. Não possuindo o país uma política instituída e prescrita na constituição nacional. informação para o mercado. 1998). no início dos anos 90. (iii) seguia o exemplo tanto de países desenvolvidos como USA e Japão ou Singapura e Luxemburgo. a política de informação inglesa (i) representava uma resposta direta ao desenvolvimento das TIs visando a sua transição para uma sociedade intensiva em informação. pois o governo considera esse espaço de responsabilidade do setor privado. organizado em grupos interdepartamentais e formado por servidores civis e ministros tendo no 1° Ministro a direção e presidência. Dessa maneira. recursos humanos e legislação e regulação. sempre obrigando o reinício das negociações. Austrália e Suécia. (ii) ainda privilegiava fortemente a desregulação e a privatização dos setores de telecomunicações. 1 O discurso oficial aponta que a infra-estrutura de telecomunicações tornou-se robusta a partir da privatização da British Telecom e o investimento das empresas a cabo. tem intermediado a barganha entre grandes companhias e associações de negócios com associações ou representações profissionais. O foco é na educação e no treinamento para uso dos sistemas tecnológicos. A política inglesa visa aqui principalmente a dois aspectos: dar suporte às empresas e encorajar novos empreendedores a partir do interesse dos consumidores. começam a se deparar com problemas gerados pela necessidade de maior domínio na manipulação dos novos sistemas informacionais. como de países em desenvolvimento como Tailândia e Malásia (Moore. c) Recursos humanos — representa o sucesso ou o fracasso da sociedade da informação através de sua capacitação e domínio dos novos requerimentos exigidos. o Britzsh Educatie Comunicatives and Technology Agency iniciou o programa de distribuição de computadores às escolas. 1998). o consenso na elaboração dessas políticas tendo várias propostas vindas do setor público e do setor privado sido recusadas. tentando uma coordenação com parceiros e competidores. Apesar do alto custo da Internet. O governo pretende dois grandes acertos: criar infra-estrutura tecnológica 1 e assegurar que essa tecnologia seja usada pelo maior número de usuários. autores como Malley (1994). Moore (1998) apontam que.A partir do desenvolvimento tecnológico. Os currículos da educação formal serão mudados para que a nova geração que chega às escolas tenha familiaridade com a tecnologia e domine o processo de busca de informação eletrônica. Através de órgão governamental em parceria com o setor privado. com quatro temas interligados: informação tecnológica. organizacional e social. 29 . A coordenação é feita através do setor executivo do governo. softwares estão sendo incrementados e transformados em commodities. Os programas ingleses têm tido como matriz o enquadramento em três níveis: industrial. na República Federal da Alemanha e que a CEE coloca em ação um plano prioritário para o desenvolvimento de um mercado de serviços de informação (o Programa IMPACT). Resulta então na ausência de uma linha política e de uma coordenação em escala nacional. Sobre a política de informação inglesa Moore e Malley concluem que. 131) quem o descreve: “Agora que o setor de informação se reforça nos Estados Unidos. e) Modernizando o governo: assegurar que o governo use novas tecnologias para deliberar melhor e oferecer serviços mais convenientes. para ajudar o país a crescer na sociedade da informação. A França enfrenta o problema do idioma para melhor difusão dos conteúdos e serviços franceses. o Euro Priorizamse também dois grandes vetores de emprego que podem vir a estar intrinsecamente ligados: as pequenas e médias empresas e o comércio eletrônico.Para o governo a batalha da inteligência começa nas escolas. A sexta prioridade é o estabelecimento emergente de uma regulação eficaz e um quadro protetor para as novas redes de informação. visando encorajar a inovação no selo numa participação ativa da política européia no que diz respeito à inovação industrial e tecnológica. DBMIST desaparecem e a MIDIST passa a ser DIST uma delegacia de informação integra4a ao Ministério da Pesquisa e da Tecnologia”. E é Cacaly (1990. O Primeiro Ministro Lionel Jospin assume a direção de um programa de ação que ele mesmo considera como a atual política de informação francesa. para ele. criando-se uma nova legislação adaptada à nova sociedade da informação. de 1986 a 1989. o discurso do vice-presidente Ai Gore dos Estados Unidos sobre a sociedade da informação. O objetivo que dá nome ao programa é “Preparar a Entrada da França para a Sociedade da Informação”. o documento britânico para a sociedade da informação. A França tem-se tornado grande consumidora de tecnologias de informação e está perdendo economicamente com isso e culturalmente também tornando-se obrigada a consumir conteúdos de programas não nacionais. destacando a importância ao atendimento de cinco aspectos fundamentais ao desenvolvimento social: a) Transformação da educação: para ganhar novos conhecimentos exigidos pelas TIs e pela sociedade da informação.d) Legislação e regulação — também representa uma das preocupações de todos os países sobre a maneira como estruturar o sistema de redes para se operar em igualdade de condições. Moore também considera a urgência de se estabelecerem políticas que venham a regular a difusão por satélites. o mais relevante seria apresentar um projeto realmente britânico e não somente seguir o modelo americano. Este é um dos grandes desafios dos governos. Considera-se necessário transformar a legislação existente adaptando-a às mudanças da era eletrônica. onde o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação responde a um duplo objetivo: dar aos cidadãos a capacidade de usar instrumentos de comunicação que lhe serão indispensáveis e colocar todas as possibilidades de multimeios a serviço da modernização pedagógica: “ensinar através das TIs”. no Japão. Considera-se necessária a informatização da economia inclusive por causa da adoção da moeda única européia. a França começa o caminho inversa Em três anos. A quinta prioridade refere-se ao desafio da inovação industrial e tecnológica. racionalizando os financiamentos públicos para a P&D das empresas. e o torna público em Hourtin em 25 de agosto de 1997. b) Amplo acesso: garantir que os benefícios da era da informação sejam abertos a todos numa constante seleção de conteúdos pertinentes à sociedade. na sociedade da informação. Moore (1998) acredita em mudanças e nas atuais transformações do setor informacional. A partir de 1985-1990 a França inicia um período que os autores Cacaly. ADI. CNIC. apresenta-se um tanto inflexível pela sua rigidez e excesso descritivo. Entretanto. A quarta prioridade é a de disponibilizar as tecnologias de informação como instrumento essencial à melhoria da produtividade das empresas. Apresenta seis campos prioritários: Primeira prioridade: As novas tecnologias de informação e de comunicação no ensino . A segunda prioridade é a construção de uma política cultural ambiciosa para a construção de novas redes. Nesse quadro de mudanças. faltando-lhe um pouco mais de pragmatismo que possibilite respostas às questões fundamentais como: . p. d) Proteção da qualidade: assegurar que o conteúdo dos novos serviços sejam melhores e melhor avaliados. Rauzier e Tirésias consideram como o período do desmantelamento do setor público ligado à informação. tanto quanto o advento do sputinik na década de 50.para onde estamos nos dirigindo (ou indo)? — como nos faremos identificar na Sociedade da Informação? Apesar de considerar que o governo inglês se encontre “por demais pressionado pelo mercado”. Para isso toma consciência da necessidade de estabelecer uma política voluntarista em matéria de pesquisa pública e privada. profissões e a economia de forma mais ampla. mesmo para a França que tem os sistemas de regulação mais avançados (Ou 30 . A terceira prioridade refere-se à colocação das tecnologias de informação a serviço da reforma do estado na modernização dos serviços públicos. pouco expressivos na Internet e isto torna-se paradoxal diante do volume de conteúdo e riqueza cultural que a rede pode vir a disseminar para c3 país. CESTA. vem alarmar o governo francês em relação ao setor informacional do país. c) Promoção da competição e da competitividade: ajudar a prosperar os negócios para beneficio de consumidores. Próximas das políticas econômicas encontram-se cooperação e alianças em integração ao cenário global para o desenvolvimento de políticas ou programas de informação. Foram os Estados Unidos e o Japão os primeiros. É primordial visualizar a sociedade da informação como cognitiva na qual a educação passa a ocorrer ao longo da vida. interferindo no trabalho e domesticamente. Sem esse tratamento as informações não constituem vantagem em nível de solidez e não representarão um “novo valor”. A globalização da economia induz a um grande potencial mas também acarreta riscos para o desenvolvimento sustentável e a forma de transição para a sociedade do conhecimento irá ser decisiva para esse desenvolvimento. Como já foi dito. A noção de tecnologia como fator exterior ao qual sociedade e indivíduos deveriam adaptar-se seja no trabalho ou em casa. através do estabelecimento de programas para instalação de infraestruturas de informação e de comunicação e mais recentemente. permitindo a obtenção de novos conhecimentos. a entrada da França na Sociedade da Informação já se faz a passos largos. imagem. A França como quarta potência mundial. • inovação na área do comportamento e de procedimentos: as TIs representam uma das maiores ajudas a nível de educação. grafismos. os mais industrializados. No entanto essa demanda vem sendo atendida de forma mais ampla. cujo objetivo seria a entrada desses países na sociedade da informação. esses países adotaram programas que mais se aproximam de planos de informação que de políticas de informação. pois entre as três potências é o país com menor uso e domínio das redes eletrônicas. 1995). fixando os numerosos aspectos sociais esquecidos e muitas vezes incompreendidos na sociedade da informação e não suficientemente contemplados pelo debate político. Esses dois estados tiveram sobre os europeus duas vantagens decisivas favorecendo o seu desenvolvimento: já possuir um sistema de normas harmonizadas e uma única língua de integração nacional. O debate entra então na terceira fase. Políticas de informação nos níveis macro e micro das PMEs. nenhum país hoje é completamente independente na sociedade global de informação. Em numerosos domínios. Ao contrário. particularmente quanto a educação permanente. Para fazer parte desse mundo global a França luta com questões lingüísticas e culturais. ao acesso às redes e aos estudos contemplando a regulação desses conteúdos. As contribuições para o desenvolvimento sustentável podem ser feitas em torno de 3 direções da inovação e mudança: • inovação na área de tecnologia: as TIs exercem um papel central e representam as tecnologias que mais têm impactado as áreas sociais. Os programas europeus destacam que a obtenção em nível mundial de informações só será acessível a partir do tratamento analítico eficaz para um acesso seletivo a grandes quantidades de dados. 31 . O bloco regional europeu. (Gehn. deve ser rejeitada. Alcançar o desenvolvimento sustentável é a mudança crucial para este século. Esse programa vem recebendo críticas. começando antes da idade de escolaridade obrigatória. têm-se preocupado com os aspectos informacionais de forma diferenciada de outras décadas. a tecnologia é vista como processo social que satisfazendo a necessidades reais ou imaginárias. Faltam trabalhadores com qualificação para as novas formas de tratamento e organização de informações apresentadas hoje nos mais diversos formatos e de forma integrada: texto. enfrenta dificuldades de implantação de uma política nacional de informação. as TIs ainda têm muito a evoluir. preocupa-se com o crescimento.Castel. treinamento de pessoas em todas as partes do mundo. Mundialmente criam-se novas formas de trabalho. porém o seu programa é ainda bastante criticado por ser considerado excessivamente técnico e sem planos de desenvolvimento de conteúdo. por não ser considerado uma política de informação nacional. visando ao desenvolvimento de conteúdos nacionais. O programa de ação governamental para a entrada da França na sociedade da informação (PAGSI — Programme d’action gouvernemental pour la société de l’information) começou a ser implantado em janeiro de 1998. 1997). antes dos europeus. Assim é que diferentes países. pela ausência de visão de longo prazo e por não determinar como se dará o processo de transferência de conteúdos informacionais. ligadas ao avanço das TIs mas há carência de mão-de-obra especializada para essas novas funções criadas. Pelos discursos governamentais. a competitividade e o emprego diante da emergência da sociedade da informação e o apoio às pequenas e médias empresas. Ao final dos anos 90. As discussões sobre a necessidade de desregulamentar (la fase) e a liberação das telecomunicações (2a fase) estão quase terminadas. mais que a Inglaterra e a Alemanha. som. as modifica. A demanda por políticas de informação tem crescido nos países industrializados. nos moldes estipulados pelos conceitos adotados. a encorajar as TIs e a expandi-las tornando-as indispensáveis. Portanto o maior desafio não se trata somente ou mais necessariamente de se criar infra-estrutura e sim se desenvolverem as competências e os conhecimentos necessários a uma utilização eficaz da informação tendo nas TJs um instrumento essencial ao investimento nos recursos e competências humanas. crescentemente reconhece-se a premente necessidade do desenvolvimento de conteúdos sócio-culturais nacionais e regionais e da necessidade de 32 . Além da recessão enfrentada pela economia mundial. É necessário então uma vontade política mais determinada.. A importância então dada à infra-estrutura tecnológica conduziu a que se considerasse o estabelecimento da infraestrutura. Assim. Recomenda-se portanto incluir o maior número possível de cidadãos respeitando os pluralismos. custos sociais e dificuldades de ajustamentos . • a prioridade conferida às questões de viabilidade e lucratividade econômica. o espaço que irão ocupar na sociedade e no mundo. e mesmo sem se constituir objeto central da discussão travada. . etc. geopolítica. destacam-se as pressões que os estados vêm sofrendo para alterar suas formas de ser e atuar. observando as vocações locais. atendendo às pressões econômicas mais imediatas. “. Por outro lado. • a própria dificuldade de identificar novos formatos institucionais e entidades chave para coordenar os novos programas e.. reconhecer a necessidade de uma cooperação mundial. Hoje. Se tomarmos a economia globalizada de hoje. com maior atenção para os países menos desenvolvidos. Mas podem ser negativas se expressarem uma dependência ou uma submissão e não uma coordenação efetiva. o interesse econômico no desenvolvimento da infraestrutura mundial de informação é visando criar atividades econômicas e empregos através do comércio eletrônico.essa mudança de papel do estado também exerce influência importante na definição e implementação das novas políticas (ou programas) para informação. São portanto necessárias políticas globais alicerçadas em regulamentações e implementações locais. aquelas para a área de informação. econômica. sobretudo para salvaguardar os interesses das futuras gerações. Uma conclusão maior aqui é que cenário de construção de políticas de informação reflete e reproduz o processo de transformações em vigor. Essas podem inclusive vir a ser positivas se representarem a expressão da vontade coletiva da sua sociedade ou de sociedades integradas regionalmente. a verdadeira realização dessa sociedade. • o imediatismo das soluções buscadas. definir um sistema de regulação evolutivo. a maneira como as pessoas adquirem. pode também a acarretar risco principalmente o da aparição de uma sociedade dupla: uma... como forma de desenvolvimento a serviço dos objetivos e aspirações da coletividade. objetivos de ação e uma regulação efetiva. em torno da sustentabilidade.. em todos os níveis. imprevisibilidade. toda mudança estrutural toca certos braços ou planos profundos da economiza O que implica em acirramentos econômicos. em suas tentativas de construção de políticas de informação. Atualmente já incorporam em seus programas preocupações mais amplas contemplando o desenvolvimento social e cultural em seus países.• inovação na área do sistema social: especial atenção tem que ser dada aos projetos político-sociais. garantir o comprometimento com sua implementação. ao mesmo tempo. percebe-se que os governos nacionais vêm rumando em direção a novas formas de governabilidade e coordenação que se encontram ainda em gestação. portanto. em grande medida. Mostra-se igualmente importante salientar que os governos europeus.caracterizado por grande incerteza.. Assim é que propomos entender as seguintes conclusões extraídas da discussão acima: • a ausência de políticas de informação nos moldes conhecidos até a década de 70. volatilidade e. pode-se compreender o fato de programas contingenciais predominarem às formulações de políticas de prazo mais longo e que envolvam os poderes legislativo e executivo. acima daquelas mais amplas sócio-culturais. para a importância do momento de intensa transição . utilizam e emitem informação determina.” OCDE (1997) Há também a dificuldade de se compreender a verdadeira abrangência do conceito dessa sociedade. Durante as três últimas décadas foram significativos os desafios colocados à construção de políticas de todo o tipo e. garantir a universalidade da oferta e o acesso aos serviços. O mais importante para a discussão central proposta é que — dentro do conjunto das demais transformações ... dos bem informados e uma dos subinformados.. oriundas de necessárias regulações e políticas nacionais e regionais. como anteriormente.. Fica clara a dificuldade de instituições ou agências governamentais assumirem o compromisso de responsável central pela sua formulação e implementação. principalmente da França e Alemanha até o início da década vinham. encorajar o investimento privado. informacional. Algumas notas conclusivas. o desenvolvimento sustentável não pode ser adquirido ou mantido por uma parte isolada do mundo. as principais conclusões apontam por um lado. Da mesma forma. Assim. em particular.envolvendo dimensões tecnológica. assegurar um acesso aberto às redes. Para maior desenvolvimento das pequenas e médias empresas a política de informação da União Européia estabelece importantes princípios: promover uma concorrência dinâmica. ampliando a chance de abertura de novos negócios que se iniciam sem grandes capitais. promover a igualdade de oportunidades entre os cidadãos e empresas. 4. _____. p.html 33 . Manuel. 1993. 1996.4.html _____. Brussels. coât et enjeux.Ispo. 1998. UFRJ. 2001. 1997. avril-mai-juin.Ispo. Paris: La Découverte (Les dossiers de l’État du monde). Introduction générale. 1995. Eli. n. Rio de Janeiro. 1998. Mairéad. 1997. governance e reforma do estado: considerações sobre o novo paradigma. Final policy report of the high-level expert group. Cap.cec. M. p. _____. Journal of Information Science.5. v. p. p. Les mots et les réalités. v. Guy. 1997. Journal of Information and Library Science. José Eduardo. Information Policy: a framework for evaluation and policy research. Brighton. (coord. Ablex: Norwood. 1996. 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O conhecimento e os sistemas de produção O conhecimento é. como o conhecimento científico. não são suficientes: elas devem ser acompanhadas por esforços sistêmicos no sentido de dinamizar os processos de criação. verdadeiros vetores de difusão de novo conhecimento na atividade empresarial. a gestão da informação e do conhecimento nas interações interorganizacionais que se dão no interior dos sistemas de inovação. no nível operacional das organizações individuais. no nível das interações entre organizações. com uma tendência à extensão dos direitos de propriedade sobre o conhecimento a todas as suas formas. e a agilização do acesso à informação e da tomada de decisão devido à Internet e às redes internas às organizações. qual seja. mesmo aquelas historicamente consideradas de caráter público. a produção. como. Constatou-se o esforço para o desenvolvimento de fontes. e a correlação entre investimentos em criação e adoção de tecnologia e bom desempenho empresarial/competitividade/capacidade de atuação global. O presente capítulo relata resultados parciais de pesquisa realizada no Canadá. aliás. organismos públicos de pesquisa. Neste capítulo. dentre as quais podemos citar: • a velocidade do lançamento de inovações tecnológicas na forma de processos de produção. que são os que se expandem mais rapidamente.4 . produtos e serviços que apresentam novas funcionalidades. o notável crescimento dos investimentos empresariais em pesquisa e. serviços e sistemas de informação adaptados às necessidades empresariais. a variedade de iniciativas que são hoje desenvolvidas para apoiar a transferência e o compartilhamento de informação e conhecimento no interior dos sistemas de inovação dos países desenvolvidos será ilustrada a partir da experiência canadense. da implantação de sistemas de informação avançados e da conexão a redes. • a importância crescente assumida pelas questões relativas à propriedade intelectual. Mas algumas características atuais distinguem as últimas duas décadas no que diz respeito à relação entre o conhecimento. 1 Doutora em Engenharia Industriai e Gestão da Inovação Tecnológica . compartilhamento e registro do conhecimento no interior dos sistemas de inovação. o bom desempenho econômico. 3. Buscar-se-á. essencial à atividade de produção.Ecole Centrale des Arts et Manufactures de Paris. o desenvolvimento de redes de cooperação científico. Professora do Departamento de Organização e Tratamento da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG. embora de grande importância. • a alta velocidade de virtualização e conseqüente agilização das transações econômicas devido à adoção generalizada de uma inovação tecnológica. apresentando especial desempenho em setores intensivos em conhecimento. a Internet. o registro e o compartilhamento do conhecimento e a criação de pequenas empresas de base tecnológica. a gestão do conhecimento nos processos de cada organização. de forma mais geral. seja ele de países ou de organizações.tecnológica entre empresas. Professor do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG. • o rápido crescimento dos investimentos empresariais em aprendizagem. a tecnologia. a todas as atividades humanas. desempenho superior ou custos sensivelmente menores. durante estágio pós-doutoral dos autores na École de Bibliothéconomie et des Sciences de l’Information de l’Université de Montréal. 35 . a proximidade no tempo entre os avanços da ciência e os avanços da tecnologia nos setores chamados de ponta.Informação. Grande parte das preocupações atuais em matéria de gestão da informação e do conhecimento dizem respeito à primeira dessas três dimensões. Buscou-se demonstrar que as iniciativas em matéria de gestão da informação e do conhecimento das organizações individuais. serviços e estruturas que buscam apoiar a inteligência econômica.Ecole Centrale de Paris/França. universidades. no entanto. O Canadá é hoje um país exemplar em matéria de desenvolvimento social e econômico. seja através da formação do pessoal. enfatizando sua contribuição para o bom desempenho das empresas e dos sistemas econômicos nacionais. Deu-se especial atenção aos programas. a monitoração e a prospecção do ambiente de negócios e da tecnologia. no nível estratégico de cada organização. conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovação: reflexões a partir da experiência canadense Marta Araújo Tavares Ferreira 1 Jorge Tadeu de Ramos Neves 2 Introdução O conhecimento organizacional pode e deve ser gerenciado em três diferentes níveis: 1. e sempre foi. em tecnologia. Aos poucos compreendeu-se que os processos de adoção. relatos de pesquisa. a inovação e o desempenho das organizações iniciou-se nos anos 1960. O conceito de aprendizagem tecnológica veio enfatizar que a criação. de forma explícita (enunciada) ou tácita. a partir do estudo de projetos de desenvolvimento de produtos em empresas japonesas. processos de produção de bens e serviços. qualificações e horizontes temporais muito diferentes. sendo realizados por pessoas que se distinguem por linguagens. só recentemente ela passou a ser objeto de atenção sistemática no campo da gestão das organizações. técnicas e regras fundamentais que entram tanto na concepção dos produtos. A evolução do ambiente econômico. todas as ciências. à informatização e à conexão a redes informatizadas. faz com que o conhecimento. de formas de organização do trabalho na empresa. relatórios. do sistema de produção mundial. Nas definições de Mansfield e Morin. conceituou a tecnologia como o reservatório de conhecimentos de uma sociedade sobre as artes industriais. Pesquisas buscaram desvendar o processo de criação do conhecimento em projetos de inovação. na educação. para fazer negócios em um dado ambiente empresarial. o conhecimento. documentos. aliás de toda atividade humana. Mansfield (1968). especialmente ao novo. no qual quatro fases se sucedem (internalização. um denominador comum: a tecnologia como conhecimento. por exemplo. muitas vezes. nas pessoas. mesmo que apenas para fins de facilitar seu estudo. produzir. nos métodos de gestão e no sistema de informação.• a importância assumida por medidas de apoio à criação e disseminação do conhecimento no setor empresarial no âmbito das políticas públicas de desenvolvimento econômico. Embora a capacidade de conhece. maquetes. experimentação. quanto nos processos de fabricação. a aplicação desses princípios à produção e as operações cotidianas de produção (o know-how). na qual foram detalhadamente estudadas as atividades geradoras de conhecimento que levam a organização a inovar. onde o acesso à informação e ao conhecimento. • como resultante de todas essas mudanças. transferência e criação de conhecimento se encontram disseminados por toda a organização e. da interação entre organizações e ambiente. socialização. como indicam as tendências apontadas anteriormente. equipamentos. ao estabelecimento de parcerias pesquisa/indústria. combinação). seja na forma de apoio à criação de empresas. mais especificamente. e o conhecimento gerencial. aquele relativo ao como interagir com o mundo físico para criar. dentre outras tantas tentativas. como sociedade da informação e economia do conhecimento. assim como no da formulação de políticas públicas de apoio à atividade empresarial. operar produtos. como composto por dois grandes conjuntos: o conhecimento tecnológico (ou tecnologia). à pesquisa. a informação. como a de Nonaka e Takeuchi (1997) que. bem como alvo privilegiado das políticas de desenvolvimento. batizados. protótipos. caracterizadas pela incessante transformação do conhecimento tácito em explícito e vice-versa. compreendendo os conhecimentos utilizados pela indústria sobre os princípios dos fenômenos físicos e sociais. mas também registrado em comunicados internos. E a criação de novo conhecimento é fruto da ação dos membros de cada organização. Ou a de Leonard-Barton (1999).) que levam à aprendizagem e à inovação. enraizado nas ações e decisões de cada um. informação e conhecimento nas organizações O conhecimento que está na base do funcionamento de uma organização pode ser entendido. o crescimento da distância em matéria de desenvolvimento entre os países desenvolvidos e os outros. A reflexão sobre a interação entre a tecnologia. à formação de recursos humanos. Inovação. Mas para Mansfield. enunciaram o modelo que é hoje mais utilizado para representar a criação de conhecimento na organização: a espiral do conhecimento. equipamentos. como. ele se define no nível da organização. aquele relativo à interação com os diversos atores da produção. publicações. à industrialização de inovações. Já Morin (1985) definiu a tecnologia como a arte de utiliza. aprender. programas. enquanto que para Morin. passa a explicar em grande parte a evolução de práticas sociais. culturas. à formação de redes de cooperação. esse conhecimento é característico de uma sociedade. a adoção e a transferência de tecnologia se baseiam em um conjunto amplo de atividades (pesquisa e desenvolvimento. redes. acarretando dificuldades de interação e comunicação. O conhecimento está disseminado por toda a organização. 36 . na medicina. e as diferenças de desempenho econômico constatadas entre empresas e países. resolução de problemas. utilizar. patentes.. a informação e a inovação estejam se tornando objetos de gestão sistemática pelas organizações. num contexto local e com um objetivo preciso. e pela alternância de momentos de troca de conhecimento entre os membros da organização e de reflexão individual. criar tenha sido sempre a base de toda atividade econômica. no interior de uma organização ou através de suas fronteiras. por diversas organizações. externalização. de redes interorganizacionais. Essas características têm sido apontadas isoladamente ou em conjunto como definidoras de um novo regime de funcionamento das sociedades e. Entendendo os conceitos Conhecimento Éo conjunto de princípios. • A internalização de conhecimento explícito. ignorando a natureza complexa e dinâmica dos processos envolvidos. do trabalho. 1998). modelos mentais e memórias no qual a ação humana está. Esses enfoques não dão a devida atenção ao processo integrador das dinâmicas da informação. No campo das políticas públicas. que ele tanto pode ser gerado através de atividades sistemáticas de busca. Da mesma forma. a qual ocorre por ação de seus membros. as reflexões respectivas sobre as dinâmicas da inovação. com implicações importantes em termos de políticas públicas e conduta empresarial. Como nos demonstra Foray (2000). • A socialização de conhecimento tácito. como na rotina do trabalho e na reflexão de todos os membros da organização. foram desenvolvidos os conceitos e as práticas nos campos da aprendizagem organizacional (Choo. por exemplo. a tácita e a cultural. O modelo de conversão do conhecimento. a estrutura. os conceitos de política de inovação e sistema nacional de inovação (Lundvall. para a qual esperamos contribuir. centros de pesquisa e empresas. do conhecimento e da inovação na organização. E que é a base tão necessária aos enfoques sistêmico e cognitivo da inovação. podendo ser estimulada. analisam como a relativa confusão envolvendo os conceitos de informação e conhecimento. da gestão do conhecimento organizacional (Davenport e Prusak. a transferência de conhecimentos entre universidades. ou espiral do conhecimento. • A combinação de conhecimento explícito. por exemplo. resultando em melhor compreensão da natureza do conhecimento e de sua relação com o conceito de informação. a gestão de recursos humanos. facilmente registrada e comunicada. que é a aprendizagem. 1992) tornaram-se a base e a explicação para grande número de iniciativas dos governos dos países desenvolvidos que buscam apoiar a geração e a capitalização de pequenas empresas de alta tecnologia. e as dimensões da vida organizacional como a cultura. rotinas. 1999). imagens que não deram origem a enunciados claros na mente e são assim dificilmente comunicados.As semelhanças e diferenças entre criação de novo conhecimento tecnológico em oposição à criação de conhecimento científico são exploradas por Nightingale (1998). do conhecimento e da inovação nas organizações. Já o conhecimento cultural (Choo. a integração com a estratégia e os sistemas de informação têm sua importância para a aprendizagem e a inovação reconhecida. durante muito tempo esta foi confundida com a atividade de pesquisa e a questão maior permaneceu em como “transferir” a tecnologia “pronta” da pesquisa para a produção ou “absorver” a informação. 1998). que reduz processos complexos de aprendizagem e decisão às questões de acesso e ‘absorção” de informação. é a abordagem sistêmica do conhecimento organizacional que nos leva a perceber sua complexidade e compreender. O conhecimento explícito e a parte mais estruturada do conhecimento. Brown e Duguid (2000). a partir de paradigmas científicos e lideradas por disciplinas diferentes. da sociedade. resultando em imprecisão de conceitos e confusão. o desafio atual está em conseguir-se a integração das diferentes contribuições disciplinares ao estudo da informação. No entanto. no campo do estudo da inovação. A espiral do conhecimento de Nonaka et Takeuchi nos permitiu compreender melhor: 37 . composta de sensações. e seguindo-se à adoção da qualidade total e às mudanças organizacionais introduzidas pela reengenharia. A ênfase é colocada no gerenciamento do conhecimento e da informação relativos ao negócio da empresa. das bases de dados e dos softwares de tratamento associados. quando se tenta abordar esses fenômenos de forma sistêmica. por sua vez. Os resultados dessas iniciativas mostram-se em muitos casos espetaculares. que é a parte menos estruturada. gerando novo conhecimento tácito. 1966). 1998) e da gestão do capital intelectual (Edvinsson e Malone. experiências. a comunicação. da informação e do conhecimento nas organizações se desenvolveram em épocas e contextos. E na gestão do conhecimento em sua versão mais difundida. em oposição ao conhecimento tácito (Polanyi. à distância da produção. a preocupação está muitas vezes centrada em como se “captar” e “apropriar o conhecimento” do trabalhador através da tecnologia da informação a fim de se enriquecer o “conhecimento da organização”. a criação de programas e redes estáveis de trocas de informação e conhecimento. concomitantemente ao desenvolvimento dos sistemas de informação gerenciais e das redes de informação. 1995) nos explica a criação do conhecimento através de quatro processos cognitivos complementares e ininterruptos: A externalização (explicitação) do conhecimento tácito. enraizada. regras. tem gerado expectativas desmedidas relativas à evolução das empresas. Portanto. incentivada e amplificada por práticas organizacionais e por políticas governamentais. Considera-se que o conhecimento humano seja constituído de três dimensões: a explícita. (Nonaka e Takeuchi. é formado por suposições e crenças que são utilizadas para descrever e explicar a realidade e para dar valor e importância a cada nova informação. Em meados dos anos 1990. de pesquisa e desenvolvimento. . • Por conseguinte... A gestão do conhecimento e a inovação Por tudo o que foi dito. Atualmente. O governo da província do Quebec. através da oferta de diversos programas de apoio à criação e ao desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica. Ela pode criar estruturas.. a tecnologia Internet construíram um sistema técnico adaptado às iniciativas de gestão do conhecimento. harmonizar e coordenar os processos de conhecimento. Sistemas de inovação. o know-how. Esses recursos se encontram distribuídos em diferentes tipos de organizações (empresas. Hoje se reconhece que a inovação é antes de tudo o resultado de um processo de aprendizagem organizacional e que os principais recursos utilizados nesse processo são: a informação (sobre o avanço da C&T.• O processo de criação de conhecimento a partir da interação contínua entre as dimensões tácita e explicita do conhecimento e entre o indivíduo e o grupo. os concorrentes. notadamente. ainda mal percebido e pouco explorado em alguns aspectos. dezembro de 2000). Informação. conhecimento e apoio à criação de empresas de base tecnológica Os mecanismos de política industrial e tecnológica mais comumente utilizados pelos países desenvolvidos têm buscado contrabalançar o grau elevado de abertura exterior com a mobilização e o desenvolvimento de ampla gama de instrumentos que visam a melhorar a competitividade do setor empresarial. a gestão do conhecimento apresenta um grande potencial. a inovação é um fenômeno tão antigo quanto a humanidade. as regulamentações. 38 . facilitem o compartilhamento e incitem a criação de novo conhecimento e a inovação. sistemas que simplifiquem o registro. seja no desenvolvimento de estruturas-interface pesquisa/empresa. Para aumentar a conectividade dos sistemas de inovação. procedimentos. a gestão do conhecimento se alimenta de inovação. Assim sendo. Inovação Embora seja atualmente objeto de grande atenção por parte das comunidades acadêmica. A organização pode facilita. em um ambiente organizacional favorável. Por outro lado. a codificação (registro) e o compartilhamento (transferência) do conhecimento. serviços. que necessitam recuperar seu atraso em matéria de competitividade e inovação. tanto mais o sistema é desenvolvido e eficaz. as redes.) e o conhecimento (as competências. quanto mais essas características se verificam. seja na formação dos novos empreendedores. conhecimento A complexidade crescente das tecnologias torna necessária uma grande diversidade de conhecimentos e informações para inovar.. Conhecimento organizacional Embora só os indivíduos conheçam. e à intensificação das relações universidade / empresa.).8°!). que são atividades de gestão do conhecimento no interior dos sistemas de inovação. Ela pode gerenciar os seus registros (bases. a P&D. governo.. Os desenvolvimentos na informática. Toda atividade de produção no mundo das organizações pode ser analisada sob a ótica dos processos de conhecimento e inovação.). Esses instrumentos incluem. política e empresarial. O sistema de inovação é formado por esses organismos e caracterizado pelas relações estabelecidas entre eles com o objetivo de promover a inovação. redes e estruturas-interface são criados. a gestão do conhecimento representa uma grande oportunidade para as organizações. A inovação foi tradicionalmente abordada como resultado das atividades de P&D e identificada com o avanço da ciência. em especial as brasileiras. políticas. a importância do grupo (a dimensão social) na criação (individual) do conhecimento. pois busca sustentar os processos de criação. universidades. a sinergia entre os processos de criação e transferência de conhecimento. há uma notória preferência dos especialistas por aqueles relativos à inteligência econômica e à transferência de conhecimentos (87. tem-se mostrado particularmente hábil na tarefa de harmonizar desenvolvimento social e crescimento econômico. • Portanto. entre 9 principais tipos de programas destinados a sustentar o desenvolvimento. Os sistemas de inovação são caracterizados pelo desenvolvimento de ambientes ricos em informações e conhecimentos e por seus fluxos (transferências) entre organizações.. que contam com ampla participação de empresas e de universidades e centros de pesquisa. centros de pesquisa. no interior das organizações acontecem os três processos de conhecimento que estão na base de sua atividade: a aquisição (criação).). informação. a inovação está no centro das estratégias das empresas mais competitivas e das políticas econômicas dos países mais desenvolvidos: segundo uma pesquisa sobre o papel do Estado no desenvolvimento econômico (Développement Économique Canada. amplifica. no Canadá. intensificando as transferências de informação e conhecimento.2°/o de respostas “pertinente”) e à construção de redes de interação (82. repertórios. para reforçar a inovação nas organizações. o apoio à criação e ao desenvolvimento de pequenas empresas de base tecnológica. transferência e registro de seu conhecimento. documentos.. sobre os mercados. de forma sistemática ou não. mercados. p. além de estimular o crescimento regional. de uma maneira geral. Associada a tais mudanças observa-se. sejam tais estratégias baseadas em superioridade tecnológica. a capacidade de inovação das empresas de base tecnológica. • de uma boa articulação no desenvolvimento de produtos ou serviços de base tecnológica. busca de maior competitividade. pois será essa estrutura que lhe permitirá fazer face ao ritmo de crescimento do negócio. todos confrontados com os mesmos desafios: diminuição de custos. Bounois. flexíveis e computadorizadas”. torna-se cada vez mais relevante devido à importância estratégica que tais empresas representam para o crescimento econômico dos países e a modernização de seus sistemas produtivos. responsabilidades e sistema de controle bem definidos. Segundo os autores. fornecedores e fontes de financiamento. o que pressupõe uma avaliação e utilização judiciosas dos diferentes recursos tecnológicos da empresa. pois a experiência tem mostrado que a capacidade de reter profissionais altamente especializados e motivá-los é uma das razões do sucesso dessas empresas. • da otimização dos diferentes recursos tecnológicos disponíveis. formada por uma série de instituições governamentais e privadas. para se entenderem as estratégias de crescimento dessas PME de base tecnológica. de comercialização. • a existência de uma eficiente infra-estrutura de apoio. 164). científica ou ainda mista. diversas políticas de apoio às atividades dessas empresas de base tecnológica vêm sendo implementadas nos países desenvolvidos. Marion. nos dias atuais. dentre outros aspectos. até mesmo pelo fato de muitas dessas empresas terem sua origem em pesquisas acadêmicas aplicadas. brasileiros. Já ACS e Audrestch (1992) afirmam que as pequenas e médias empresas de base tecnológica (PME) têm outra vantagem em termos de potencial de inovação: elas podem se desenvolver mais facilmente do que as grandes empresas em certos nichos com potencial de inovação muito elevado. Empresa de base tecnológica. o tema da inovação. criação de novos empregos mais bem qualificados. dentre as quais destacam-se: • ter acesso às informações sobre fontes de financiamento que garantirão a implementação daquelas estratégias. é de grande interesse para nós. pelo fato de aceitarem melhor os riscos. evidencia-se uma mudança de paradigma das tecnologias intensivas em capital e energia e de produção inflexível e de massa (. através. • as suas estruturas organizacionais mais flexíveis.. conhecido como A Economia da Informação e do Conhecimento. Para Rothwell e Dodgson (1992). nos quais elas estão inseridas. estudar experiências bem sucedidas como da província do Quebec. uma intensificação da competição entre empresas e países. • e de gerenciar adequadamente as relações com seus diversos parceiros. especialmente nos países desenvolvidos. • ter especial habilidade ao recrutar e motivar seus colaboradores. local ou regional. “paralelamente à difusão de uma grande variedade de inovações por toda a economia. clientes. dentre os quais podem-se citar: • a facilidade de acesso às mais diversificadas fontes de informação sobre tecnologias. • e a sua capacidade de buscar novas competências e de realizar trocas constantes de informações e conhecimento com universidades e centros de pesquisa. que lhes permitem maior capacidade de adaptação às mudanças. concorrentes. com papéis. motor da inovação O ambiente tecnológico internacional tem evoluído muito rapidamente desde início dos anos 1980. da criação de novos empregos altamente qualificados. Segundo Cassiolato (1999. especialmente no contexto da criação e do desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica. devido ao reconhecimento de que elas podem-se tornar difusoras de inovações. é preciso que elas estejam associadas à construção de certas vantagens competitivas. • a forma inovadora como certos setores de atividade. que dependem: • da implementação de práticas regulares de inteligência tecnológica e científica de modo a enriquecer e proteger continuamente seu patrimônio tecnológico. Noel e Toulouse (1993) argumentam que. são organizados. assim como a necessidade de se criarem e.. gerenciarem novos conhecimentos de toda natureza. à inovação. competências e habilidades para implementar tais estratégias de crescimento. Do ponto de vista do gerenciamento estratégico. os mesmos autores afirmam que é igualmente importante que o empreendedor que está à frente de uma dessas PME de base tecnológica disponha dos meios. Com relação ao comportamento e às habilidades dos empreendedores. À medida que se consolida esse novo paradigma global.Dada a importância da pequena empresa de base de tecnológica para a dinamização da economia e a criação de oportunidades de trabalho qualificado. sobretudo. está relacionada a uma série de fatores. • constituir uma sólida estrutura organizacional.) para tecnologias intensivas em informação. melhoria da qualidade e produtividade de seus produtos e serviços. 39 . como sugere Cassiolato (1996). empresas de capital de risco e o próprio Estado.como Universidades. tanto no que se refere às exportações quanto em relação aos mercados internos. em contrapartida ao papel central das PME de base tecnológica no processo de inovação. • custos operacionais em média 6. • infra-estrutura de redes de telecomunicações e de transmissão de dados disponível a custo extremamente competitivo. seja através da criação de estruturas de apoio à inovação e à transferência de tecnologia. diante da importância da pequena empresa de base de tecnológica para a dinamização da economia. seja no desenvolvimento de estruturas interface e programas inovadores de pré-incubação de empresas. é de grande interesse estudar-se esse fenômeno. o compartilhamento e a disseminação da informação e do conhecimento no tecido empresarial. Centros de Pesquisa. sistemas de informação e procedimentos de gestão criados para favorecer esses processos. A pesquisa aqui relatada teve por objetivo investigar a transferência de informação e do conhecimento no interior do sistema quebequense de inovação através do estudo dos programas. assim como o papel e as características de seus criadores. • e uma excelente qualidade de vida. o de medicamentos. o papel dos seus parceiros tradicionais. Finalmente deve ser ressaltado. Transferência de informação e conhecimento no interior dos sistemas de inovação: a experiência do Quebec. • um conjunto de parceiros financeiros e de capital de risco muito bem estruturado. 2000). seja através do apoio à atividade de prospectiva econômica e tecnológica. em outras palavras. com ênfase em programas de apoio à criação e ao desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica. com grande participação de Universidades e Centros de Pesquisa. seja na formação de novos empreendedores. É notável a elevada participação de empresas de alta tecnologia na economia quebequense. quanto pela da criação de novas empresas. procurando incrementar as relações universidade / empresa e adaptar os sistemas de financiamento tradicionais para esse tipo de empresa. Assim.7°/a menores do que nos Estados Unidos. foi antes de tudo o resultado de ação voluntarista e concertada entre o governo e a indústria. No que toca ao Quebec. o Quebec passou à liderança em matéria de nova economia e qualidade de vida. é importante. maior poder político. o Canadá tem-se mostrado particularmente hábil na difícil tarefa de harmonizar desenvolvimento social e crescimento econômico. do capital de risco. entre outros. de acordo com Julien. em particular maior facilidade na obtenção de informações tecnológicas. • um dos regimes fiscais para criação de novas empresas mais favoráveis do continente americano. Cabe ressaltar que a criação de novas empresas de base tecnológica é a forma mais direta e eficaz de transferência de informação e conhecimento para a esfera da produção. em grande parte pequenas empresas intensivas em conhecimento. sendo que uma boa parte do dinamismo da província se deve hoje às jovens empresas de alta tecnologia. O “milagre” quebequense (ou a “revolução industrial tranqüila”. o de biotecnologia e o de tecnologias da informação. de abril de 1/997. aquela província se caracteriza por: • mão de obra altamente qualificada. através das suas políticas de fomento e inovação.Entretanto. A esse respeito. seus desafios estratégicos. diversos desses instrumentos têm apoiado diretamente a criação e o desenvolvimento de pequenas empresas de base tecnológica. acesso facilitado às linhas de financiamento. grandes empresas apresentam certas vantagens no que diz respeito à capacidade de inovação. além de maiores chances de desenvolver e implementar o que se tornará o design dominante de um determinado setor. Canadá No Canadá. observa-se que em praticamente todos eles os respectivos governos consideram imperativo equilibrar um elevado nível de abertura ao exterior. que permitiu à província passar de uma situação de (relativo) subdesenvolvimento industrial em relação a outras províncias à vanguarda canadense em matéria de alta tecnologia. aprofundar a compreensão sobre a dinâmica do processo de criação e inovação nas pequenas empresas de base tecnológica. • o regime fiscal específico para as atividades de P&D mais vantajoso do mundo. do Comércio da Ciência e da Tecnologia do governo provincial. 40 . serviços. estruturas. de expansão dos sistemas de inovação. que em relação aos mecanismos de política industrial e tecnológica mais comumente utilizados pelos países desenvolvidos. vivida nos anos 1970. Nesse sentido. como o aeroespacial. • alguns setores de atividade considerados de excelência mundial. com a mobilização e o desenvolvimento de ampla gama de instrumentos visando melhorar a competitividade de suas empresas. De uma situação de atraso em relação a outras províncias canadenses. Tal ação buscou apoiar a criação. economia de escala nas atividades de P&D. numerosas políticas apóiam os processos de criação e disseminação da informação e do conhecimento no tecido empresarial. suas vantagens competitivas. tanto entre as empresas já existentes. ou seja. através do desenvolvimento de formas adequadas de financiamento e apoio à inovação. de acordo com dados contidos em relatório do Ministério da Indústria. redes. tais o CEFRIO (Centro de Estudos Francofones sobre a Informatização das Organizações.cefrio.qc. os Centros de Ligação e de Transferência (ex: CEFRIO. Finalmente.canarie.ulaval. a segui!.ca). Centros de Excelência.ceim. www. nesse campo. wwwmtltv.Partiu-se da premissa de que a conectividade dos sistemas de inovação não é sempre espontânea. Por outro lado.fcar.conferenceboard. criados com o apoio do governo nos anos 1990.ca/rqsi) ou o do Observatório das Ciências e das Técnicas (www. tais como o serviço “Janela canadense para a transferência de tecnologia” do sistema Strategis (www. CEIM (www. sobressai. as grandes empresas criam atualmente estruturas (departamentos. como as “Cités” setoriais de apoio à criação de empresas (Cité Multimídia. como a Sociedade Univalor da Universidade de Montreal.ca/kuuc. redes) de inteligência empresarial e de pesquisa estratégica de informação.qc.ca) desenvolvem importante atividade de monitoração ambiental em campos específicos. Constatou-se ainda o desenvolvimento de um setor de serviços de inteligência e pesquisa de informações para PME. tanto na gestão de consórcios de pesquisa quanto na transferência de conhecimento propriamente dita. www. batizados «trousses de informações» (ex: Netmetal. que conta atualmente com cerca de 30 pequenas empresas especializadas e 30 profissionais autônomos atuando só na província de Quebec.cirano.ca/repertoire). Por outro lado.org).org).ca). www.hecca/entrepreneurship). Estão também sendo implantados portais setoriais especializados como o da indústria farmacêutica (www. • Apoio desenvolvimento da presença canadense na internet nessa categoria. como a rede PDG implantada pelo INREPME da Universidade do Québec em Trois Riviêres. serviços. apoiados e administrados por consórcios de atores da inovação. Agroclic (www.com)).ca).citebiotech.ceveil. como os escritórios de ligação e as sociedades de valorização (comercialização) da pesquisa criadas com o apoio de programa governamental específico (www. Rede Canadense de Tecnologia (RCT)) e mesmo uma rede das redes.fss. grande parte das Universidades têm programas de apoio ao empreendedorismo implantados (www.qc. como o Repertório da Pesquisa Pública do Quebec (www. Por outro lado. foi detectada a criação pelo CEFRIO de portais setoriais especializados para as PME. do Ministério da Indústria canadense. existem em atuação diferentes tipos de incubadoras empresariais (CQIB (wwwcqib. Por outro lado. Apresentar-se-á. são desenvolvidos produtos de inteligência econômica como o boletim semanal da Rede Quebequense de Sistemas de Inovação (www.agrodlic. Innocentre (www.qc. Por outro lado. programas que visam intensificar a transferência de informação e conhecimento.ulaval. uma tipologia das iniciativas observadas no sistema de inovação quebequense.com) e outros agrupamentos (associações) de atores da inovação (Montreal TechnoVision. Ótica ou das Biotecnologias.ca) e o Canadian Conference Board (www.ost. Gespro). 41 .qc. estão sendo implantadas redes de estruturas de transferência (PARI. Iniciativas sistêmicas de apoio à transferência de informação e conhecimento • Iniciativas governamentais em matéria de serviços de informação especializados disponibilizados pela Internet foram encontradas diversas dessas iniciativas de informação para empresas. enquanto projetos de gestão do conhecimento são implantados. • Iniciativas em matéria de redes e estruturas para a transferência.com).qc. diversos organismos trabalham no campo da sensibilização aos desafios da sociedade da informação.org).ca). • Iniciativas em informação para as PME: foram implantados serviços especializados tal o InfoEntrepreneur. a Rede dos Parceiros Federais em Transferência de Tecnologia (PFTT).innocentre. (www.se o programa “Canarie: aplicações avançadas” (www. • Iniciativas em informação setorial. CIRANO) e os Centros Técnicos de Transferência (ex: CEPROCQ) atuam também na interface universidade / empresa. atuam os Centros de Inteligência Competitiva setoriais (por exemplo.ca). No que toca às iniciativas das organizações individuais. os Centros de Interação e Transferência (por exemplo.vrq. • Macro-iniciativas: são atualmente desenvolvidos diversos tipos de agrupamentos de atores locais da inovação. • Iniciativas universitários em matéria de transferência de conhecimentos: têm sido criadas cátedras de pesquisa em áreas relativas à transferência (ex: www.ca). como o da informatização das organizações. No meio universitário. Outras iniciativas compreendem a criação de redes de benchmarking.strategis. site da cátedra sobre disseminação do conhecimento na área médica da Universidade de Laval) e estruturas e programas de apoio às relações universidade/empresa. que se ocupam de inteligência genérica e de prospectiva. redes. sendo em parte resultado de uma variedade de iniciativas em matéria de criação de estruturas. sobretudo no nível dos processos organizacionais. ou o “Centro de serviços às empresas do Canadá”. presente também na Internet.biopharmacom) e portais governamentais. Além deles. o prazo desejável de graduação das empresas é de 3 anos. No CEIM. Por causa dessas incertezas. na avaliação do indivíduo (empreendedor) e da factibilidade (faisabiliti) do projeto. no que diz respeito ao gerenciamento do Centro. mas não desprezíveis ara o desenvolvimento por essas empresas do “approche affaires”. são necessários pelo menos 5 anos de incubação. sobretudo em aspectos ligados à gestão de novos negócios de base tecnológica. que são beneficiados por uma série de medidas fiscais provinciais de apoio a essas novas tecnologias. desenvolvedores de software multimídia. o ensino e a pesquisa em empreendedorismo. Sherbrooke. como produtores de cinema. a principal atividade do presidente do CEIM é fazer lobbying 42 . gráficas. desde então. neste ponto. a maior dificuldade é estar à mercê das mudanças de regras pelo governo. Quase todas as empresas incubadas recebem investimentos de empresas de capital de risco. ou seja. Esses consultores recebem salário mais bônus em função do desempenho das empresas. No que se refere ao financiamento do Centro. As empresas incubadas se beneficiam de medidas fiscais específicas para Cité do Multimédia. que não tem uma política clara nem programa específicos de apoio a incubadoras. formas de funcionamento e relacionamento com o setor de capital de risco. Os custos mensais para as empresas são subvencionados. O Centro recebe anualmente cerca de 12 a 15 novos projetos. as redes de transferência de tecnologia. empresas ligadas à Internet. geralmente associadas a escolas técnicas (CEGEP) e Universidades. tendo evoluído da seguinte forma: • 1998/1999: 48% • 1999/2000: 44% • 2000/2001: 42% • 2001/2002: 37% • 2002/2003: 42% A queda da taxa de autofinanciamento a partir de 2000 foi atribuída ao fim da atividade de apoio a trabalhadores autônomos. A taxa de autofinanciamento do centro se situa em torno de 40°/a (dados compilados em 31 de março de 2001). que era anteriormente desenvolvida pelo Centro. A seleção de novos projetos consiste. que se distinguem em termos de arranjos institucionais. essencialmente ligados às tecnologias digitais. as principais dificuldades das empresas incubadas são: ter acesso ao capital de que necessitam (sub-financiamento) e adquirir competências nas áreas de marketing e vendas. As incubadoras de empresas Existem atualmente dez incubadoras em toda a província do Quebec. as universidades qüebequenses estão presentes nos conselhos de administração das incubadoras. encontram-se em funcionamento atualmente no Quebec diversas pré-incubadoras. estratégia e marketing. há dois funcionários administrativos. empresas recém-criadas. Outra parte é coberta pela prefeitura de Montreal. a cultura de negócio). Drummondville. era de apenas 300 000 dólares canadenses). O CEIM foi criado em 1986. Por outro lado. só teve dois presidentes (o primeiro até 1993 e o atual). Québec. de incentivo à criação de empregos qualificados. pois os jovens empreendedores são geralmente inexperientes e tem uma formação de base técnico-científica. através de programas de financiamento de iniciativas de desenvolvimento local. e. O orçamento operacional do CEIM é da ordem de 2 milhões de dólares canadenses (em 1993. constituindo-se cada uma como um determinado modelo específico. recentemente renovada para abrigar empresas e uma série de outras instituições ligadas ao setor de multimídia. o que é considerado adequado para esse setor de atividade (esse prazo deve estar diretamente relacionado às características setoriais: em biotecnologia. distribuídas nas regiões metropolitanas de Hull. Gaspésie e Ile de la Madeleine.Iniciativas de apoio à criação de empresas de base tecnológica Buscar-se-á. Tal como acontece no Brasil. o que tem permitido maior continuidade em sua atuação. Atualmente o CEIM abriga 46 empresas nascentes. por exemplo. rádios. a partir do relato de alguns tipos de iniciativas das inúmeras instituições que compõem o sistema de inovação quebequense: as incubadoras de empresas. os governos provincial e federal cobrem aproximadamente 6O0/o de seus custos. das quais 20 em incubação residencial (14 instaladas na Cité des Multimédias e 6 no Parc Industriet de Ville St Laurent — região metropolitana de Montreal) e 26 em incubação virtual. a disseminação da informação especializada para criação de empresas e o financiamento adaptado a esse tipo de empreendimento. basicamente. O CEIM trabalha com consultores internos (quatro consultores em tempo integral) para dar apoio às empresas incubadas. Apresentar-se-á a experiência da incubadora Centre d’Entrepreneurship ei d ‘Innovation de Montrial (CEIM). Segundo o presidente do centro. o que acarreta certas dificuldades de financiamento das “start-ups”. localizado na chamada Cité des Multimédias antiga região portuária de Montreal. com alto potencial de crescimento). como forma de implicá-los diretamente no sucesso dos empreendimentos. Ainda segundo o presidente do CEIM. analisar o fenômeno da criação de pequenas empresas de base tecnológica na província do Quebec. O CEIM está instalado em prédio moderno de 3 pavimentos. etc. • conhecimentos em gestão. As redes de transferência de tecnologia O Canadá conta com diversas redes de transferência de tecnologia. órgãos públicos. especialistas dos governos federal e provincial. dentre as quais a Rede Canadense de Tecnologia. clube que reúne profissionais internacionais em estratégia e inteligência competitiva. realizando uma hora de pesquisa de informação por dossiês para embasar a decisão de aprovação do candidato. por exemplo. faltavam recursos para a sua implantação. Segundo a profissional de informação. as principais competências e habilidades exigidas de um profissional de informação trabalhando no ambiente de uma incubadora de empresas de base tecnológica são: • comunicação-inter-pessoal. Ao contrário do que acontece em outras incubadoras canadenses. as empresas incubadas têm seus próprios sítios na Internet. fazem comércio eletrônico em sua maioria e utilizam muito o correio eletrônico. ou seja. Os membros-especialistas podem ser chamados a contribuir a qualquer momento. Ela é uma iniciativa do governo federal canadense (Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá e Ministério da Indústria). não existe um esquema de apadrinhamento dos incubados por empresários experientes. ou ainda. • capacidade de facilitação do uso dos diferentes recursos informacionais. para validar uma informação. o centro patrocina eventos de “réseaulage” (networking). Integram também a rede. são usados motores de busca do tipo de Copernic. Finalmente. frequentemente. As empresas incubadas demandam. que trabalha em tempo integral. mas. O centro de documentação contrata também serviços externos de pesquisa de informação. bem como perceber novas oportunidades para o crescimento das empresas incubadas. fazer com que os diversos parceiros se conheçam melhor e trabalhem de forma coordenada. cujo objetivo é reunir todos os organismos que se ocupam do apoio às PME de base tecnológica. Nessa atividade de inteligência competitiva ou tecnológica. no Quebec. etc. • bom nível de conhecimentos gerais (cultura geral). sendo responsável pelo centro de documentação. Para se tornar membro especialista da RCT é preciso ter atuado em pelo menos três empresas que se considerem satisfeitas. Pensava-se desenvolver um portal de informação interno com o acervo de documentos eletrônicos. os empreendedores consultam muito pouco a documentação impressa. desenvolvido pela responsável pelo centro de documentação. organismos governamentais etc. • curiosidade. devem ter 10 ou 15 anos de 43 . Por outro lado. tarefa faturada por hora trabalhada. escolas técnicas e universidades. Os conselheiros. A RCT reúne especialistas em diversos aspectos do processo de inovação tecnológica. até certo ponto. por exemplo. Esse apadrinhamento é feito. configurados para buscarem informação com uma freqüência pré-determinada (uma vez por semana ou dia). • Responder a demandas pontuais. incubadoras. segundo ela. tendo sido criada em 1994. a incubadora conta com um repertório das competências de seus conselheiros. • Participar do processo de avaliação de novas candidaturas de empresas a serem incubadas. sediado no Canadá. Uma particularidade interessante é que o CEIM é a única incubadora do Canadá a ter uma profissional da informação. ela conta com ampla participação do setor privado. Fazem parte da RCT: associações setoriais e profissionais. Os conselheiros estão permanentemente ligados por uma intranet e se reúnem anualmente para troca de experiências. ela é membro da SLA (Special Libraries Association). que será aqui apresentada. o Centro assina bases de dados do tipo “pay as you go” (faturadas por tempo de acesso). universidades. A Rede Canadense de Tecnologia (RCT) é composta por sete (7) redes regionais. encontros regulares dos incubados com possíveis parceiros de negócio. Em cada região do país a rede apresenta características distintas. organismos de financiamento públicos e privados. cuidadosamente selecionados. Para gerir seu próprio conhecimento. • conhecimentos em informática (ferramentas). • Monitorar o ambiente sistematicamente para algumas empresas incubadas.. Para tanto. • rede de contatos na profissão. A profissional em questão é encarregada de: • Monitorar e disseminar informação estratégica junto a conselheiros e consultores. Para cumprir sua missão de inteligência. publicações governamentais e newsletters (boletins) de empresas e consultores. pelos membros do Conselho de Administração do Centro. centros de pesquisa federais. informações relativas a mercados. e pela prestação de numerosos serviços de informação.permanentemente para obter novos recursos. na época da pesquisa. apenas raramente a imprensa especializada. que conta com um acervo importante de obras de referência. organismos sem fins lucrativos. e do COMPETIA CIRCLE. Além disso. associação que reúne os profissionais de informação responsáveis por centros de informação e documentação de empresas. que a dirige a um fornecedor de serviços. O objetivo dessas iniciativas é o de sensibilizar os universitários para a importância do empreendedorismo em suas vidas profissionais como uma possível opção de carreira.hec. composto por um grupo de cerca de 10 (dez) disciplinas que pode ser cursado por alunos de qualquer uma das ênfases oferecidas dentro do curso de graduação em Administração. devem-se ressaltar as atividades de pesquisa realizadas pela Cátedra de Empreendedorismo MacLean Hunter da HEC que oferece programas de Mestrado e Doutorado em empreendedorismo. Developpement Economique Canada (Ministério do Desenvolvimento do Canadá) se tornou o parceiro financeiro da RCT a partir de 2000. • em 93% dessas 513 operações conseguiu-se pelo menos uma informação útil à PME cliente. por exemplo. desenvolvida para estruturar um método de ação para situações complexas e difíceis. • estratégias de crescimento e parcerias estratégicas.ca/entrepreneurship).usherb.ca/dept/entreprl/intro. também da Universidade do Quebec em Trois-Riviêres. São considerados indicadores do sucesso da RCT (dados de 2Q00 em relação a 1999): • 41% de aumento de atividades de “contato” (liaison) entre 1999 e 2000 (ao todo foram respondidas 513 demandas de “maillage”). O. • houve ainda um aumento de 52°k nos serviços de aconselhamento às PME documentados. Na École des Herdes Études Commerciales de Montréal (HEC). Os temas de pesquisa atualmente estudados pela Cátedra utilizam a metodologia desenvolvida pelo inglês Peter Checkland e conhecida como SSM (Soft Sistems Methodology). Ainda em Montreal. uma rede de fornecedores de serviços profissionais privados.htlm). Recentemente foi criada a Quorum. dentre os quais destacam-se: • empreendedorismo e PME nos países em desenvolvimento. existe um programa específico de empreendedorismo.fsa. para trabalhar junto à RCT.ca/adm/autres/insentre.ca/chaire. o Centro de Empreendedorismo da Universidade de Montreal (Centre d‘Entrepreneurship HEC / POLY / Université de Montreal) oferece uma série de cursos de curta duração para a comunidade universitária 44 .experiência. como a rede Transtech. todos antigos funcionários do Centro de Pesquisa Industrial do Quebec (CRIQ). bem como um programa do tipo MBA em Empreendedorismo Tecnológico. • a Fundação de Empreendedorismo da Universidade do Quebec em Trois Rivières (www. ou os chamados “Centros de Ligação e de Transferência (“centres de liaison et de transfert”). Esses fornecedores podem ser públicos ou para-públicos.uquebec. • redes. e concebida como um sistema de auto-aprendizado que pretende dar resposta a perguntas tais como: • Como pensa o empreendedor que organiza seu sistema de atividades? • Como se estrutura seu pensamento para definir um sistema de atividades empreendedoras? Por sua vez. sendo que a facilidade em desenvolver redes de contatos é condição essencial para o sucesso nessa atividade. • políticas governamentais e criação de empresas. Estes centros representam um apoio útil para aqueles universitários que desejam lançar-se nos negócios.ca/dsge). • o Instituto de Empreendedorismo da Faculdade de Administração da Universidade de Sherbrooke (www. • criação e desenvolvimento de empresas. • o Centro de Empreendedorismo HEC/ POLY/ Université de Montréal (UdeM) (www.entrepreneurship). • empresas de alta tecnologia. sem contar os diversos cursos de curta duração abertos a profissionais de empresas (MBA). A rede funciona da seguinte forma: a PME se dirige a um conselheiro para orientação gratuita.hec. • incubadoras e sistemas de apoio ao empreendedorismo.uqtr.ulaval. • o Centro de Empreendedorismo e das PME da Universidade de Lavai na cidade de Quebec (www. que reúne os setores de transferência das escolas técnicas. • capital de risco e financiamento das PME.html). Na província do Quebec merecem ser destacadas as seguintes iniciativas: • a Cátedra de Empreendedorismo MacLean Hunter da Escola de Altos Estudos Comerciais (HEC) (www. • o Instituto de Pesquisa sobre as PME. ensino e a pesquisa em empreendedorismo Filion (1997) apresenta uma extensa lista de temas ligados a empreendedorismo desenvolvidos por pesquisadores em diversas universidades canadenses. Também destacam-se as atividades de ensino e promoção do empreendedorismo: existem atualmente 33 centros de empreendedorismo em universidades canadenses. para possibilitar a contratação de novas competências. micst. estima-se que a sensibilização para o tema do empreendedorismo através da realização de conferências. e se reúnem periodicamente para trocar experiências sobre suas atividades. Por outro lado. através dos chamados Clubes do Empreendedorismo. que presta serviços de benchmarking para as PME associadas a esse programa. é preciso citar que os membros desses organismos ligados às universidades quebequenses formam redes em permanente contato. a RISP.qc. serviços e estruturas-interface (de informação. Também o já citado Serviço de Apoio aos Jovens Empreendedores (www. Sua pequena participação nos mercados globais de alta tecnologia. que oferece empréstimos de até CAN$50. palestras e debates. ao menos em parte. e depoimentos de profissionais de sucesso. vale registrar a existência de diversas instituições públicas que atuam no financiamento à criação de novos negócios de base tecnológica. As redes. sua pouca atividade em matéria de criação de tecnologia e sua freqüente dependência de tecnologia importada explicariam. o financiamento privado da criação de novas empresas de base tecnológica é extremamente importante no Quebec: há cerca de 60 fundos de capital de risco (privados) operando.criq. Apoio ao financiamento de empreendimentos de base tecnológica Finalmente.000. e provinciais. Os fluxos de informação e de conhecimento estabelecidos entre eles são débeis. cuja missão é tornar mais competitivas as novas empresas quebequenses do setor do plástico. 45 . órgãos governamentais). formada pelo Centro de Materiais Compostos de Saint Jerôme (CMC). Finalmente. relatórios sobre empresas analisando a posição delas em função de uma metodologia desenvolvida por eles sobre o desempenho da empresa no seu setor de atividade.org).ca). na Escola Politécnica e na Escola de Altos Estudos Comerciais.saje. as nossas organizações se caracterizam por baixa atividade de inovação tecnológica. muitas vezes das matrizes no exterior. periodicamente. Nesse respeito. dentre os quais destacam-se o Fundo de Solidariedade do Quebec (www.qc. disponibilizando.gouv.ca).invest-quebec. o Banque de Développement du Canadá (www. vale registrar a atuação de uma das inúmeras redes de informação setorial.ca) apóia financeiramente iniciativas de jovens de 18 a 35 anos que desejam começar novas empresas. pela fragilidade dos fluxos de informação e de conhecimento no seu interior. a baixa interconectividade do sistema de inovação brasileiro. o pouco interesse que a gestão da informação. a maior parte deles especializada no financiamento de empresas de base tecnológica.com) e da sociedade Innovatech du Grand Montréal. Informação para a criação de empresas Um importante mecanismo de apoio à criação de empresas é representado pela facilitação do acesso à informação pertinente. Outra iniciativa interessante é a do Instituto de Pesquisa sobre as PME da Universidade do Quebec em TroisRivières. favorecendo a construção e a animação de relações de negócio entre os profissionais que atuam nesse setor. pelo Ministério da Indústria do Quebec (MICST).ca) atua no campo da informação especializada para novos empreendedores. de transferência) são precárias. do conhecimento e da inovação tecnológica recebem até recentemente em nosso pais.ca) e a Caisse de Dépôt et de Placement dii Qyébec (www. além de promover. está relacionada à baixa atividade de criação tecnológica de nossas organizações. Assim.fondsftq.cdp. como o Industrie Canada e o seu programa Small Business Loans Administration. Conclusão De forma geral. atinja cerca de 10% dos estudantes.infoentrepreneur. nas empresas brasileiras. Em oposição aos progressos na criação (produção) científica. pelo Instituto Canadense do Plástico.000 a 50.qc. Rede de Informação Estratégica do Setor do Plástico (www. sessões de informação e outras iniciativas similares.000.relacionados como processo de abertura de novos negócios. na Universidade de Montreal. a preocupação com as questões relativas à informação e à inovação são em grande parte importadas.saje. Pode-se imaginar o potencial empreendedor que isso representa numa instituição que acolhe 50. pelo Centro de Pesquisa Industrial do Quebec (CRIOJ.qc. da Caisse Desjardins (www. Esses empréstimos podem variar de CAN$10. que é um centro de informações de negócios. Em suma. dentre as quais alguns ministérios federais. nascido da colaboração entre o governo do Canadá.000 alunos! Finalmente. ou ainda organismos especializados como o Investissement Québec (www.ca). destaca-se a ação do INFO-ENTREPRENEUR (www. o governo da província do Quebec e a Câmara de Comércio de Montreal.com). sendo obtidos a taxas de juros muito especiais. periodicamente. Há falta de sistematização e continuidade das relações entre os atores da inovação no Brasil (universidades. sobre os serviços públicos e particulares. empresas. através de seu programa PDG. programas e demais iniciativas oferecidas às empresas.bdc. como o Ministério da Indústria e do Comércio do Quebec (www. como o “Dia do Empreendedor” ou a “Semana do Empreendedor”.desjardins. Também o Serviço de Apoio aos Jovens Empreendedores (www.ca/index). o processo de globalização. BROWN. redes internas e software são dimensões importantes a serem consideradas nos programas de gestão do conhecimento. Elsevier Science. 1992. sistemas e estruturas de apoio à transferência e ao registro do conhecimento se multiplicam e se especializam nos países desenvolvidos. D. Louis Jacques.M. Lyon: Centr eJacques Cartier. apresentaram-se algumas iniciativas públicas e privadas desenvolvidas na província do Quebec. TOULOUSE. Canadá. Brasília: CNI. GOUVERNEMENT DU CANADA. MANSFIELD. 10(1997). a internacionalização do capital das empresas e a extensão dos direitos de propriedade intelectual tendem a modificar esse comportamento. S. Fontes do saber: criando e sustentando as fontes de inovação. apoiados nas novas possibilidades abertas pelo avanço da tecnologia. CASSIOLATO. Leif e MÁLONE. L’excellence technologique. Por outro lado. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas Editora.129-172. 27 (1998) 689-709. 46 . Z. Os serviços. J. Investissements Étrangers. Le centre nord-américain de créativité et de haute technologie à coûts concurrentiels. Gouvernement du Québec. B. JULIEN. Dorothy. Pierre-André. L’innovation. J. mas não devem encobrir a complexidade e variedade das ações necessárias. AUDRESTCH. EDVINSSON. 1999. Pierrette. In Informação e conhecimento na era da globalização. 2000 (coflection Repêres). Rio de Janeiro: Campus. L’économie de la connaissance.. The economics of technological change. a natureza sistêmica desses processos e a importância das iniciativas governamentais e inter-organizacionais nesse campo. e Albagli S. as iniciativas das organizações individuais em matéria de infra-estrutura. E. 1998. create knowledge and take decisions. a noção de conhecimento organizacional. MORIN. London: Longmans. E. LUNDVALL. Paris: La Découverte. Recue Internationale FME. 367. John S. não restrita à tecnologia. MARION. Os processos de conhecimento das organizações sofrem influência não só das iniciativas de gestão do conhecimento de cada organização. quando se tem por objetivo dinamizar os processos de conhecimento nas organizações. 1999. O empreendedorismo como tema de estudos superiores. Ministêre de l’Industrie. 1985 NIGHTINGALE. FILION.) National systems of innovation towards a theory of innovation and interactive learning. em grande parte. 1968. neste campo. Acreditamos que. A cognitive model of innovation. Noel A.No entanto. Referências ACS. DAVENPORT. BERGERON. transferência e inovação tecnológica.. 2: P. n. A economia do conhecimento e as novas políticas industriais e tecnológicas. Montréal: Les Éditions Transcontinental mc. 1997. J. FILION. 1998. resultado de uma variedade de programas e de uma sólida rede de iniciativas e pessoas. 1998. 2000. Montréal: Gouvernement du Canada. Conhecimento empresarial como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Paris: Editions Jean Picollec. du Commerce de la Santé et de la Technologie. se preciso fosse. J. São Paulo: Makron Books. London: Pinter Publishers. Chun Wei. 1999. Texto para discussão n. 1992. Louis Jacques. 1999. O exemplo quebequense demonstra. Capital intelectual: descobrindo o valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. Thomas H. Le champ de l’entrepreneuriat: historique. CONSEIL DE LA SCIENCE EI DE LA TECHNOLOGIE (CST). Cambridge: Cambridge University Press. Dominique. DUGUID. Paul. évolution.A (ed. E. a fim de demonstrar que o sucesso dessas empresas é. Research Policy. Michael S. The social life of information. Small firms and entrepreneurship: an east-west perspective. vol. Anais do Seminário A Universidade Formando Empreendedores. As novas políticas de competitividade: a experiência de países da OCDE. 1998. Portanto. Rio de Janeiro: IE/UFRJ. Veille stratégique et PME: comparaison des politiques gouvernementales de soutien. Gouvernement du Québec. Québec. une exploration sectorielle. CHOO. E. CONSEIL DE LA SCIENCE ET DE LA TECHNOLOGIE (CST). 1996. L’entrepreneunat au Québec: pour une révolution tranquille entrepreneuriale 1980-2005. BOUNOIS. LEONARD-BARTON. organizado por Lastres H. e PRUSZAC. expande a problemática da gestão do conhecimento a todos os setores da vida empresarial e está facilitando a tomada de consciência de sua importância pelas empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus. New York: Oxford University Press. L’entreprise innovanle au Québec: les dás du succês. B.. No que diz respeito à criação de empresas de base tecnológica enquanto vetor de transferência de informação e conhecimento para a esfera da produção. Boston: Harvard Business School Press. 2000 (Collection Gestion de l’Information). The Knowing organization: how organizations use information to construct meaning. podendo vir a se tornar um forte estimulo ao investimento nos processos de criação. mas também das iniciativas sistêmicas e coletivas. ainda há muito a fazer em nosso país. Laurence. Création et développement d’entreprises technologiques et innovantes. Paul. FORAAY. 2000. tendances. 1993. Québec: Presses de l’Université du Québec. J. CASSIOLATO. 1997. bancos e bibliotecas. volume produzido) e. instituições profissionais. informações sobre empresas e produtos (tais como histórico de uma empresa. por exemplo. Hirotaka. maio/ago. e estudos de seus comportamento e estilos de vida. Figueiredo. mercado financeiro e outras informações para investimento. 1996. Montreal: McGill-Queen’s University Press. Figueiredo. A tendência atual. M. diretórios com perfis de empresas e informações sobre fusões e aquisições). 1997. com a evolução das redes de comunicação. 1996. padrões de consumo e gastos de consumidores. 1996. instituições de particular importância no fornecimento de informações para indústria e negócios incluem departamentos de ministérios públicos. 1996. 1994. forma de acesso. Na tomada de decisões empresariais.” Esta. econômico.cendon@eci. organização. taxas de câmbio. No exterior. sobre as necessidades de informação dos empresários brasileiros.). Ciurlizza. desenvolveram-se também serviços de informação de natureza comercial (Souza e Borges. tais como bolsas de valores e associações nacionais de bancos. O conjunto de informações usadas pelos administradores na redução de incertezas tem sido chamado de “informação para negócios. monitoração da concorrência. Entretanto. 1991) caracterizam a falta de conhecimento sobre os produtores das fontes. Barreto. n2. R. identificação de ameaças e oportunidades e melhoria da competitividade. a informação para negócios é usada para redução de incertezas. Fontes eletrônicas de informação para negócios Os serviços de informação mostram uma tendência para a distribuição interativa de produtos. 1996). sobre as fontes em si (sua qualidade. Technology-based SME: their role in industrial and economic change. Os poucos trabalhos publicados. p. Jorge. 1993. Souza. 1994). através de novas tecnologias da informação (Souza. Com a identificação do mercado existente para informações para negócios. sendo rotineiramente fornecida aos usuários por bibliotecas e outras organizações. engloba. Convencionalmente chamada de “business information” nos Estados Unidos e Inglaterra. sobre a informação para negócios no Brasil (por exemplo: Montalli e Campello. considerada um subconjunto da informação tecnológica 3. As novas tecnologias não só permitem maior facilidade de se obterem dados atualizados como oferecem ao usuário maior flexibilidade na busca e na manipulação dos dados.NIOSI. 1992. informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas. Montalli. 2 Doutora em Biblioteconomia e Ciência da informação . mesmo. 1994. The tacit dimension.. Canada’s national system of innovation. 1996. 47 . as fontes de informação para negócios têm sido organizadas e produzidas desde o século passado. NONAKA. 30-43. Este capítulo foi também publicado na revista Ciência da Informação.br 3 Definida com todo tipo de informação que contribui para o desenvolvimento industrial eng1obaido conhecimento técnico. Rio de Janeiro: Campus. mercadológico. Michael. 1996). 1 A autora agradece os valiosos comentários dos colegas Paulo da Terra Caldeira e Bernadete Santos Campello na versão inicial deste trabalho. 1966). TAKEUCHI. índices econômicos ou estatísticas sobre indústrias). o termo “informação para negócios” só recentemente aparece na literatura brasileira (Montalli.orig. 1983 (ed. 1993). em outros países. Gloucester: Peter Smith. POLANYI. Figueiredo.Bases de dados para negócios 1 Beatriz Valadares Cendón 2 Informação para negócios A informação é um dos principais insumos para a tomada de decisão em organizações. econômico e financeiro. nos quais operam organizações empresariais (Souza e Borges. 5 . facilitar o acesso à informação. 1996. na medida em que o seu local de armazenamento se torna irrelevante quando ela é disponibilizada através de redes. Com a internacionalização dos negócios. é de que a informação em forma eletrônica tenha sua importância e volume gradualmente ampliados. 1994). 1994.1994. gerencial e social (Souza e BORGES. a competitividade entre empresas e países pode estar vinculada à qualidade do sistema de informação de que se dispõe em relação a concorrentes. principalmente. Souza e Borges. com a globalização da economia sua importância tornou-se mais premente. 31. Criação do conhecimento na empresa. Barreto.ufmg. pesquisas de opinião. Buckinghamshire. Mas podem. Ikujiro. v. e regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social. Launo. informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de radio e televisão). custo de crédito etc. informações mercadológicas (tais como análises de fatias de mercado. informações estatísticas (tais como recenseamentos. Montalli. confederação de indústrias. Professora do Departamento de Organização e Tratamento da Informação . DODGSON. UK: Inderscience Entreprises.University of Texas At Austin. Embora a necessidade dessas informações sempre estivesse presente. ROTHWELL. (Barreto. Lavin. 1994). embaixadas. 2000. informações jurídicas (tais como leis. disponibilidade de assistência financeira. 2002. no meio acadêmico.. e pagar-se apenas pela informação obtida. Milhares de produtores de bases de dados e de serviços de informação on-line são representados por algumas dezenas de empresas on-line. na segunda metade da década de 1990 (Williams. ao invés de se comprar uma obra de referência. Lavin (1992. Para ilustrar. Hoje em dia. 1997). agronomia. que poderá ser pouco utilizada. p. 48 . p. referenciais. energia. a pesquisa em bases de dados é parte integrante em qualquer busca de informações para negócios (Lavin. o diretório The on-line manual: a practical guide to business databases lista mais de mil bases de informação para negócios. sendo esta últimas o foco deste capítulo. engenharia. mesmo. truncamento ou busca por campo e no texto completo dos registros permitem que as limitações das buscas em sistemas manuais sejam superadas e a recuperação da informação seja mais precisa. Vantagens do uso de bases de dados Fora do Brasil. Entretanto. informática. em CD-ROMs ou em fitas magnéticas para “leasing”. então. O Dialog. quando se usavam terminais ou teleimpressoras para comunicação com um sistema hospedeiro de tais bases. servem como intermediárias entre dezenas de produtores de informação e os pesquisadores que desejam acesso às bases por elas produzidas. se não todos os campos dos seus registros são indexados e. que chamaremos de empresas on-line. em CD-ROM ou via redes de computadores. como operadores booleanos. Produtores e distribuidores de bases de dados As primeiras bases de dados comerciais foram disponibilizadas on-line nos anos 70. Recursos sofisticados de busca. 10 mil. DataStar e Profound. dessa forma. um terço das bases de dados existentes podem ser classificadas como bases de dados de informação para negócios. patentes etc. O número de bases de dados vem se expandindo continuamente.). química. sendo que. aproximadamente. As especializadas focalizam-se em um assunto específico. inicialmente. na maioria das vezes. ciências sociais e as mais diversas áreas de ciências e tecnologia como agricultura. educação.) e uma variedade de assuntos (negócios. sua estrutura e os recursos de buscas pode obter vantagem dos sistemas de informação on-line (Choo. O aumento da capacidade dos meios de armazenagem magnéticos (como por exemplo os CD-ROMs) permitiu que as bases de dados passassem a se tornar também disponíveis localmente. Por exemplo. às vezes de custo elevado. já que muitos documentos produzidos por órgãos do governo ou por outras fontes de informação para negócios costumam estar disponíveis em forma eletrônica horas ou dias antes de aparecerem de forma impressa. o usuário estabelece um contrato e abre uma conta na empresa on-line que. Vendida em março de 2000 à Thompson Corporation. portanto. via redes de comunicações.com). As bases de dados são especialmente adequadas para responder a perguntas multi-facetadas porque muitos. Soma-se a essas vantagens o maior poder de recuperação de informação em uma busca informatizada. Elas permitem também a busca por outros tipos de limites como tipo de documento. Bases de dados acessíveis remotamente via rede. país e data de sua publicação e outros. notícias. possibilitando vários refinamentos que resultam em uma recuperação mais precisa. Geralmente contêm informação mais recente e atualizada. lhe dará acesso ao leque de bases que ela representa. devido à facilidade de acesso. pesquisáveis. bases de dados da área financeira. centenas de bases podem ser pesquisadas ao mesmo tempo. 1998. Entre as empresas generalistas. através dos recursos oferecidos pelos softwares de busca. pois a maioria dos vendedores de bases permite a realização simultânea de uma busca em várias bases (busca múltipla) e. a flexibilidade e a rapidez na formulação de buscas e na obtenção de respostas. Muitas das bases de dados de informação para negócios ou de notícias são atualizadas diariamente ou. tendo passado de 770 em 1982 para. p. 1992). os microcomputadores são utilizados para se acessarem e se conduzirem buscas em bases de dados. afiliação institucional do autor. oferece mais de 600 bases. eram armazenados em computadores centrais e se tornavam acessíveis aos usuários em localizações remotas. As generalistas têm uma abordagem diversificada em relação às bases que oferecem. 13) cita ainda várias outras vantagens do uso das bases de dados se comparadas com as fontes de informação impressas. que podem ser de dois tipos: as generalistas e as especializadas. administração. oferecidas. fornecendo o software e as interfaces para a busca de informação. uma pergunta do tipo “encontre todas as empresas de planos de saúde que estiveram envolvidas em atividades de fusões e aquisições nos últimos três anos” poderia levar muito tempo para ser respondida através de fontes impressas. pode-se imprimir a informação eletrônica em formatos personalizados. permitida pela expansão da Internet. a cada minuto Hoje em dia. de proximidade. essa informação poderá ser rapidamente localizada em uma base de dados. alguns tipos de informação podem até mesmo estar disponíveis apenas em forma eletrônica. são usadas para acesso à informação para negócios devido às muitas vantagens que oferecem em relação às fontes impressas. inclui os serviços Dialog. por exemplo.Entre os recursos informacionais em forma eletrônica destacam-se as páginas da Internet e as bases de dados. texto completo etc. As vantagens mais óbvias são a facilidade. na segunda metade da década de 90. cobrindo diferentes tipos (numéricas. Bases de dados são arquivos de informação que. O pesquisador que conhece as bases de dados.dialog. uma das maiores e mais diversificadas é a DIALOG Corporation (http://www. houve uma explosão nesse uso. 187). Por exemplo. Segundo Choo (1998. um dos maiores distribuidores de bases de dados no mundo. Para ter acesso às bases de dados. 187). Empresas especializadas na distribuição de bases de dados. com). relatórios financeiros.teuters. relatórios de análises sócio econômica de países. em tempo real. negócios e economia. Primark Corporation of London é outra empresa que mantém liderança como fornecedor de informação financeira e econômica para um amplo espectro de clientes no mundo. A Silverplatter (http://www. perfis de executivos. informação de crédito.com). agregando informações sobre dados financeiros de empresas. que foi adicionado a outros serviços de informação que a empresa já possuía. para a mídia e às vezes para o público.hoovers. Fornece. Gale Group.lexisnexis. 1 milhão e 600 mil empresas. relatórios de análises de mercados.dialog.com) que vende suas bases diretamente ou através de distribuidores como Dialog. sobre mais de 700 mil empresas de manufaturas americanas.htm) oferece mais de 70 bases de dados sobre tópicos de artes e humanidades. Essas bases são oferecidas diretamente pela Wilson Company ou através de outras empresas on-line. demográficos e de setores industriais. que fornece acesso às bases de dados de notícias e informações financeiras publicadas em revistas. Cobrem também cotações do mercado de ações. edita diretórios de empresas e produtos com cobertura internacional.kompass-intl. 49 . engenharia e tecnologia. 1992). newsletters e oferece a versão on-line do Wall StreetJournal. oferece bases com texto completo de cerca de dois mil títulos de periódicos nas áreas de negócios. além de um diretório com 1 milhão e 600 mil empresas. A Mergent (http://wwwmergent.com) produz várias bases de dados bibliográficas referenciais em diversas áreas de informação científica e de negócios incluindo o Business Periodical Index. A Thomas Publishing Company (http://www3.com). estatísticas de importação/exportação de dezenas de países. Muitas vezes elas as compram de empresas produtoras de conteúdos e apenas as disponibilizam. O serviço OCLC First Search (http://www. como relatórios anuais de empresas. ainda. Reuters Business Briefing e Factiva. Possui grande número de bases de dados em idiomas que não o inglês. SkyMinder (da empresa CRIBIS — http://www. Lexis-Nexis é um dos principais fornecedores de informação jurídica. O ProQuest fornece bases na área de notícias. conhecida anteriormente como Moody’s Financial Information Services.galegroup. análises econômicas de mais de 190 países. relatórios de mercado. o Dialog Information Services Division (incluindo os serviços Dialog.com) e EBSCO Publishing (http://www. administração e economia e teses e dissertações. desde 1882. Tem cobertura mundial com ênfase nos Estados Unidos. A Kompass (http://www. educação. Alguns exemplos de produtores de bases de informação para negócios são Gale Group (http://www.5 milhões de empresas e notícias de 27 newswires 1 globais. com especial ênfase para as fontes européias. jornais nacionais. corporativos e locais. Entre os vendedores especializados em informações para negócios. Lexis-Nexis (http://www. Exemplos de outros vendedores generalistas que oferecem bases de dados são ProQuest (http://www. W Wilson Company. através da fusão de empresas.com) fornece estatísticas para análise econômica e industrial e é considerada uma das lideres mundiais na produção de informação financeira e de notícias. W. em 2000. hoje tem se concentrado em oferecer acesso via Internet. Outros exemplos de empresas on-line generalistas são a OCLC e a H.factiva. e revistas.oclc. um exemplo é o Factiva (http://www. ciência e tecnologia.datastarweb. Junto com Westlaw (do West Group). A Hoover’s (http://www. publica informações sobre negócios e financeiras. Wilson Company (http://www.com) há mais de 60 anos produz informações sobre produtos de mais de 170 mil empresas de manufaturas. ciências sociais etc.profound. tecnologia. A H.dnb. geralmente eletronicamente.com) disponibiliza mais de 200 bases de informação para negócios.com) especializa-se exclusivamente em fornecer acesso a bases de relatórios de pesquisas de mercado. como Westlaw. jornais.com). fornece bases de dados. 23 milhões de produtos.Entre seus clientes estão os escritórios de advocacia. Profound). A EBSCO Publishing. indústrias e notícias.com. mais de 750 mil marcas registradas e 50 mil códigos de classificação. As bases que oferece cobrem medicina e farmácia. DataStar. A DataStar (http://www. relatórios financeiros de mais de 4.com).dowjones.thomasregister. como OCLC e Dialog. . Inicialmente forte em bases em CD-ROM. A Renters Ltd. ciências em geral. com texto completo.com) fornece acesso a bases de dados da Standard & Poor’s. que. Uma tendência entre as empresas da indústria da informação é a formação de grandes conglomerados.2 milhões de nomes de executivos. escolas de direito e empresas. com ênfase na Europa Ocidental e no Reino Unido. Cobre informação publicada em mais de três mil fontes como revistas. Suas bases de dados cobrem mais de 70 países. O Profound (http://www. jornais e outras fontes de informações através dos serviços Dow Jones Interactive. Responsive Database Services. uma empresa originada na Suíça nos anos 50. 3.sendo que dois terços delas contêm informações de aplicação direta para o setor empresarial (http://www. (http://www. que é um dos maiores compiladores mundiais de informação sobre empresas e relatórios de créditos em todos dos continentes e Dow Jones & Company (http://www. informação específica para negócios.epnet. Concentrando-se em notícias e informações jurídicas. publica informação financeira e sobre empresas desde 1990. bancos. informações técnicas etc. Information Access Company e Institute of 1 Serviço que transmite noticias.silverplatter. newswires. através do serviço Corporate Resource Net. Lavin.com).jornais diários.com) fornece acesso a mais de 350 bases de dados. Dun & Bradstreet (http://www. Hoover’s e outros. Por exemplo.skyminder. notícias.org/firstsearch/index. Nem sempre as empresas acima produzem as bases de dados que distribuem.hwwilson. ciências da saúde.il. Dun & Bradstreed. informação sobre companhias européias. a Thompson Corporation comprou.com) informa sobre mais de 10 mil empresas públicas e privadas e a Harris InfoSource International Inc. contabilidade e finanças e comércio exterior. de um grande número de publicações como newsletters.proquest.com) é outro vendedor especializado. inteligência empresarial. simplificadas e talhadas para o usuário final e não para o profissional e o acesso pode 50 . Tipos de bases de dados Há 3 tipos principais de bases de dados: bibliográficas ou referenciais.com/chadwyck). geralmente. Podem conter. de outra forma. para manipulação pelo usuário através de programas de planilhas ou processadores de texto.http://www. Esse seria o caso de uma base de descrições de empresas que listasse também citações de artigos sobre as empresas. Por exemplo.com) com sua Publications Division e. tabelas ou fotos que façam parte do arquivo. como as bases de notícias. economia. freqüentemente. uma dissertação. Entretanto o custo de acesso costuma ser mais alto. um tipo de arquivo que reproduz fielmente gráficos. A empresa Beil & Howell fundiu sua Beil & Howell Information and Learning Division (anteriormente chamada de UMI — especializada em teses e dissertações e livros de impressão esgotada — http://www. essas bases podem. Essas interfaces estão se tornando cada vez menos comuns. fornecer o resumo dos documentos.ibict.il. As interfaces baseadas em comandos são destinadas a profissionais da informação. cotações de ações e de outros títulos mobiliários. adquiriu as empresas ProQuest (forte em informação para negócios. é bastante comum que os artigos em texto completo venham em formato PDF. também. omitindo gráficos. mas requerem treinamento e prática para que sejam dominadas e para que possam ser utilizadas eficientemente. a empresa Thomson Financial torna-se um fornecedor global de serviços de informação para a comunidade financeira internacional. As primeiras versões de bases em texto completo reproduziam apenas a parte textual dos documentos. profissionais experimentados preferem as antigas linguagens de comando por possibilitarem maior rapidez e flexibilidade nas buscas. Outra vantagem das bases de texto completo é que muitas delas. Cada sistema tem suas vantagens. hoje disponíveis para pesquisa via Internet. algumas bases podem combinar informação bibliográfica com diretórios. São atualizadas com maior freqüência e permitem a forma de acesso mais rápida. que contêm o documento completo e não apenas sua citação. local. gráficas ou de menus. ao longo do dia. Atualmente. mesmo que elas não representem o seu foco principal. data de publicação e outros. uma tendência significativa é que as bases de dados tenham características dos vários tipos. um relatório de pesquisa. Na realidade. ainda. um livro. Muitas delas são numéricas. são gratuitos e podem ser de utilidade para o pesquisador. A maioria das bases de dados de informação para negócios são caras.com). as bases de dados podem estar disponíveis on-line. a Engineering Information. geralmente. Bases de dados fatuais fornecem respostas a perguntas que não visam obter como resposta uma bibliografia.br/comut) para obtê-lo. humanidades e ciências sociais — http://www. via Internet em CD-ROM ou em disquetes. Se a base não possui o texto completo (bases bibliográficas). Com o advento da Web. listas de empresas ou informação financeira. A tendência das bases mais modernas é incluir o texto completo. Quanto aos meios de acesso. de jornal. Algumas empresas (como por exemplo a OCLC) têm eliminado essas interfaces completas em favor das interfaces. caso o documento referenciado não esteja disponível localmente. não é nítida. O Lexis-Nexis foi comprado pela empresa holandesa de informação Reed Elsevier. tornando-se um gigante na produção e distribuição de informação.umi. são atualizadas continuamente. estão se tornando cada vez mais comuns as bases de dados em texto completo. Além da vantagem óbvia de acesso imediato à informação. dificilmente seria recuperada. voltadas para usuários finais. As bases de dados bibliográficas ou referenciais. Interfaces e meios de acesso As interfaces de busca oferecidas variam de sistema para sistema. como aquelas criadas e disponibilizadas por órgãos do governo. de texto completo e fatuais. que adquiriu também um grande produtor de informação tecnológica. Essa característica permite que se localize informação que. contêm registro bibliográficos que permitem ao usuário localizar determinada publicação (um artigo de periódico. As informações de bases numéricas podem. Catálogos de bibliotecas. A diferença entre os três tipos de bases.com) e a Chadwyck-Healey (especializada em humanidades e ciências sociais . newsletter. Com a aquisição da Primark. Bases on-line são disponibilizadas via redes de computadores outras que não a Internet.umi. como índices de inflação.proquest. A nova empresa resultante recebeu o nome de ProQuest Cornpany (www. tabelas ou figuras. facilitando enormemente o acesso a elas. título. como o nome indica. as organizações produtoras dessas bases passaram a oferecê-las via rede. as bases de texto completo costumam permitir a busca por palavras que apareçam em qualquer local do texto. um trabalho publicado em anais de congresso ou outras). embora existam algumas de baixo custo ou mesmo gratuitas. Os sistemas para usuários finais são mais simples de serem utilizados mas. ser descarregadas em um arquivo de computador. solucionando essa limitação. por exemplo. O oferecimento via Internet tem a mesma vantagem de atualização freqüente e oferece custos menores de acesso remoto mas as interfaces são. muitas vezes. o usuário necessitará utilizar serviços de empréstimo entre bibliotecas ou de comutação de documentos (como o COMUT http://www.proquestcompany.Scientific Information. Além de dados bibliográficos como autor. por incluir o custo de telecomunicação. Hoje. empresas. sistemas ou serviços internacionais de informação. seu histórico e para pesquisas em maior profundidade sobre setores industriais. Por exemplo. as bases oferecidas pelo Factiva. Essas bases. informações jurídicas e informações estatísticas. que devem aprender a usar uma multiplicidade de sistemas. informações biográficas. ainda. também. o Factiva ou Dow Jones Reuters Business Interactive. em 115 paises. podendo conter 1500 vezes os dados de um disquete. revistas especializadas em ramos específicos de negócios (frade magazines). indústrias. Os mais comuns são arquivos de dados econômicos. servindo a mais de 15 mil jornais. ProQuest NewsstandTM (ProQuest Information and Learning) e South American Business Information (SABI). desde revistas acadêmicas. Para fins de discussão. (ProQuest Information and Learning). são exemplos dos melhores produtos existentes na área de informação para negócios e ilustram a variedade e profundidade de informação que pode ser obtida em fontes eletrônicas de informação. que são uma importante fonte de informação sobre setores industriais e empresas. O CD-ROM. como Fortune e Forbes. por exemplo. fornecendo. As notícias são compiladas por mais de 1 100 jornalistas. informações para investimento. internacionais e de negócios. New York Times. financeiros e demográficos. vindas de bolsas de valores. na prática essas categorias se sobrepõem e muitas bases se encaixam em várias das categorias. agências governamentais. Notícias em geral Bases de dados incluídas nessa categoria caracterizam-se por trazerem (em sua maior parte) o texto completo de jornais de circulação nacional ou local. interfaces simplificadas para o usuário final com uma variedade de alertas (prompts). já que as versões atualizadas dos CD-ROMs chegam em períodos determinados (semanal. Podem conter artigos analíticos mais genéricos ou relatórios sobre empresas específicas. trimestral. Barron’s National Business e Financial Weekly e outros jornais. transcrições de programas de rádio ou TV e noticias advindas de bolsas de valores e agências governamentais. serão feitos comentários sobre cerca de 70 bases de dados. uma vez adquirido. mercados. por sua vez. pesquisas de mercado. assim. bem como notícias esportivas e financeiras. A maioria das bases descritas são em língua inglesa e o predomínio é de informação no âmbito dos Estados Unidos e Europa. pode ser pesquisado quantas vezes for necessário. por exemplo). permitindo. sem custo adicional. Os dois serviços oferecidos (Dow Jones Interactive e Reuters Business Briefings) contêm notícias em tempo real sobre política. contendo.ser demorado.produtos. em determinados horários. as bases foram agrupadas em 10 categorias de informação: bases de dados de notícias em geral. embora algumas tenham escopo mais amplo. bases de newsletters e press releases. as bases em CD-ROMS são menos atualizadas que as disponibilizadas via rede. Mantêm estruturas mundiais para captação de notícias econômicas. Recebe. Informações sobre empresas e setores industriais Uma gama de bases de dados pode ser utilizada para se obter uma visão bastante completa do que uma empresa faz. em 141 escritórios nos Estados Unidos e 83 escritórios em outros países. publicações financeiras. A ABI/INFORM. necessariamente. jornais de empresas ou publicações específicas de uma indústria. ainda. Podem-se enquadrar. Não implica em qualquer custo de acesso pois. contém citações e resumos retirados de mais de 1000 revistas profissionais e acadêmicas. mensagens de ajuda e instruções. Embora constituam apenas uma fração das bases existentes. o texto completo de artigos de 550 51 . Tem a vantagem de ser um meio de alta capacidade de armazenamento.jornais dedicados a negócios. Qualquer que seja o meio de acesso às bases. semestral ou anual. notícias compiladas por aproximadamente 1500 jornais e 6 mil estações de rádio e televisão nos Estados Unidos. Outra desvantagem do CD-ROM é a necessidade de investimento para disponibilização dos mesmos. Categorias e exemplos de bases de dados para negócios A seguir. informações sobre empresas e setores industriais. indexam uma ampla variedade de publicações. que o conteúdo retrospectivo de grandes bases seja disponibilizado localmente. em geral. relatórios especiais. As notícias estão disponíveis 24 horas após transmitidas e a base é atualizada diariamente. Por outro lado. se fundiram em uma nova empresa. seus mercados e produtos. nessa categoria. oferece. Wall Street Journal. Caso esse investimento não seja feito. informações financeiras. mensal. Dow Jones and Company e Reuters. produtos. até publicações mais gerais na área de negócios. finanças e mercados. cada disco poderá ser usado por apenas um usuário de cada vez. em rede. ou tecnologias. a base AP News (Associated Press) fornece o texto completo de notícias nacionais. newswires. Desde maio de 1999 dois’ grandes fornecedores de notícias empresariais. revistas. diretórios de empresas. Washington Post. A Associated Press é a maior fornecedora de notícias de interesse geral para a mídia no mundo. que podem ser referenciais ou de texto completo. Outros exemplos de bases de notícias são: Gale Group Newswire ASAP (The Gale Group). arquivos menores. elaborados por analistas de mercado e firmas de consultoria ou investimento. Algumas bases estão disponíveis em disquetes. Incluiram-se ainda. a falta de padrões dos softwares de busca usados causa muitas reclamações por parte dos usuários. informações sobre. nesta categoria. Agrupadas dessa forma para fins didáticos. que contêm artigos apresentando visões gerais e previsões para uma indústria. principalmente. fornecendo cobertura aprofundada de 65 setores industriais e inclui o texto completo de revistas de administração. Food Processing. sendo que esta última será descrita mais a frente. África e Oriente Médio. atualmente. federais e outras fontes. Cobre Estados Unidos e Canadá. É fraca na cobertura dos Estados Unidos. Outra base de dados interessante citada nessa categoria é a Business Dateline® (ProQuest Information and Learning). Modern Tire Dealer. Cobre indústrias e organizações americanas. Contém breves perfis de empresas públicas e privadas e referências (até 10) a artigos de revistas sobre elas publicados em cinco mil revistas e jornais. incluindo mais de 60 jornais diários europeus e 500 jornais semanais ou mensais de indústria. press releases e relatórios de empresas de investimento. jornais. economia e outras revistas profissionais. Essas listas podem ser instrumentos para gerar malas diretas. com cobertura marginal de eventos internacionais. para uma visão geral de um setor industrial e de suas perspectivas futuras. cobrindo empresas. Uma boa estratégia de busca é usar palavras como “overweiw. ambas do Gale Group. Tem escopo internacional. A PROMT fornece cobertura ampla e internacional sobre empresas. Algumas bases de dados se especializam em press releases como. A Gale Group PROMT® e a Trade & Industry Database. pelo Gale Group) é uma base de dados que combina um diretório com arquivo de notícias. Inclui o sumário e texto completo de aproximadamente 1000 revistas. aproximadamente. trazendo informações sobre suas especificações técnicas. identificar e localizar informação sobre executivos. produtos e indústrias com foco primário na Europa. por exemplo. Inc. de 550 jornais de negócios locais e regionais que retratam mercados pequenos. a seguir. encontrar a lista de produtos de uma empresa e compilar listas de empresas com determinadas características. aquisições. Bases como ABI/INFORM. Para informações sobre setores industriais. Outros exemplos são a Wilson Business Abstracts (The H. por códigos de produtos e por eventos). pesquisas de mercado e relatórios sobre setores industriais. informação 52 . vendas. A New Products Annoucements é uma base especializada no lançamento de produtos. trend forecast ou cover story” além do nome do setor industrial em questão. produtos. fornecendo informação concisa sobre empresas. de mais de 20 países. agências municipais. Nela encontram-se detalhes sobre virtualmente todos os aspectos de informação para negócios. Diretórios de empresas Outro tipo de bases de dados são os diretórios de empresas que contêm nomes das empresas. Cobre 130 mil empresas americanas e 30 mil de outros países. vendas. estados ou regiões. para identificar competidores ou empresas candidatas para fusão ou para conduzir pesquisas de mercado. É o maior distribuidor mundial de press releases: mais de 15 mil empresas os enviam para os produtores dessa base. mas dinâmicos. agências de relações públicas. canais de distribuição e preços. para classificar empresas por tamanho. nomes de executivos e seus títulos. e que não aparecem nas publicações de negócios a nível nacional. financiamentos.W Wilson Company)e a Investext (Thomson Financial Networks). tais como histórico de empresas. bem como sobre fusões. A Gale Group Company Intelligence® (antes produzida pela Information Access Company e. disponibilidade. Outra base desse tipo é a Business Wire (Business Wire) que contém o texto completo de press releases emitidos por. hospitais e outras organizações. vínculos corporativos. informação financeira. verificar ligações entre empresas. informação sobre produtos.). produtos. agora do Gale Group) contém o texto completo de newsletters de setores industriais. determinar o que uma empresa faz. Nela podem-se obter informações sobre condições econômicas de cidades específicas. assuntos em administração de empresas. a PR Newswire (PR Newswire Association. newsletters. institutos de pesquisa. endereços. Contêm notícias. mercados e tecnologias para todos os setores industriais. tendências de setores industriais e desenvolvimento de novos produtos. firmas de investimento e editoras. em texto completo. no mundo. Fornece endereço. procurar relatórios de investimento e pesquisas de mercados que cobrem a indústria. por exemplo. usos. Security Management) e outras publicações mais gerais. mercados. estaduais. tecnologias. para procurar fornecedores. associações de comércio. número de empregados. legislações e regulamentos que impactam indústrias e regiões. novos produtos e inteligência competitiva. econômico e político.). A Trade & Industry Database completa a PROMT. Podem ser utilizadas para verificar ortografia de nomes. relatórios de crédito etc. por descritores. A Gale Group GlobalbaseTM (Gale Group) é de conteúdo internacional e apresenta resumos de artigos de centenas de publicações do setor industrial. que os distribui para a imprensa. estudos de mercado. produtos etc. América Latina. estão também colocadas entre as melhores bases de dados para se ter uma visão geral sobre empresas. recomenda-se começar com uma investigação das newsletters (ver a Newsletter Database) e. 10 mil empresas. universidades. executivos de empresas.revistas publicadas após janeiro de 1991. que contém o texto completo de press releases preparados por empresas americanas. dentro de um determinado setor industrial. É forte em condensações de publicações de alto custo e na profundidade e abrangência de sua indexação (indexação por empresa. As bases de dados citadas podem ser utilizadas para obtenção de informações sobre empresas. PROMT e Trade & Industry incluem publicações de vários ramos de negócios (como. baseando-se nos ambientes social. Esse tipo de base pode conter outras informações como notícias e informações operacionais e financeiras (valor líquido. linha de negócios. A Gale Group Newsletter DatabaseTM (anteriormente da Internacional Access Company. Cobre mais de 600 publicações. com o conteúdo. Essas empresas representam o grupo mais forte de compradores da economia americana.International Dun’s Market IdentifiersTM (Dun & Bradstreet) é considerado o maior diretório de empresas no mundo. Para algumas das empresas estão também disponíveis relatórios de análise de pagamentos e de avaliação de fornecedores. 1 O Standard Industrial Classification (SIC) é o código mais utilizado nos Estados Unidos para categorizar informação para negócios por produtos ou setor Industrial. número de empregados. Uma extensa classificação de produtos e serviços permite aos usuários encontrar componentes criticos. Kompass USA. não incluídas na Corporate Affiliations. aproximadamente. valor líquido. América Latina. A D&B Global Family Linkage (Dun & Bradstreet) fornece informação sobre elos corporativos de mais de 1. telefone. número de empregados. uma fonte primária de informações sobre produtos para empresas manufatureiras americanas e canadenses. Um conjunto de bases de dados de nome TRADEMARKSCAN* é produzido pelas empresas Thompson & Thompson e Compu-Mark. número de empregados. fornece dados sobre mais de 700 mil empresas dos setores de manufaturas. é internacional. empresas matrizes. questionários enviados por mala direta e outras fontes. É atualizada semestralmente. descrição e a hierarquia da família corporativa. endereço. Inc. código SIC. A Harris Business Profiler. telefone. Outras informações para as empresas matrizes são vendas. O site da Kompass (http://www. endereços. Algumas finalidades dessa base são a identificação de possíveis clientes e fornecedores de determinados produtos. podendo conte. endereço.) corresponde ao diretório impresso Thomas Register of American Manufacturers que tem sido. além de volume de vendas e outras informações.kompass-intl. América do Norte. descrições. Oriente Médio e África. número de empregados. mas bastante forte em sua cobertura relativa aos Estados Unidos.com) permite pesquisa gratuita (com limitações) nesses diretórios. descrição. Contém informações sobre empresas públicas e privadas. contendo 20 milhões de empresas em. códigos de indústria.financeira e de mercado sobre cada empresa. Os dados são obtidos através de entrevistas conduzidas por analistas de negócios. ativos e passivos totais. também. Os registros incluem a marca registrada. por mais de 95 anos. produtores e distribuidores). privadas e governamentais. estado do registro da marca. quando disponíveis. contendo informações sobre 10 milhões de empresas públicas. Cobrem mais de 70 países na Ásia. Office of Management and Budget (OMB) como uma diretriz para relatórios de estatísticas de negócios. Informações sobre produtos Essas bases são complementares aos diretórios de empresas e focalizam mais os produtos (seus nomes comerciais. O objetivo da estrutura da classificação é englobar todo o espectro das atividades econômicas nos Estados Unidos. Foi criado pelo US.html. demandas e reivindicações etc. localizar fornecedores e rastrear nomes de marcas. As bases produzidas pela Kompass International Neuenschwander AS (Kompass Asia/Pacific. 53 . setor industrial. Contém produtos e nomes comerciais de produtos de mais de 170 mil empresas públicas e privadas. executivos e produtos. Kompass Middle East/Africa/Mediterranean. exceto Estados Unidos e Canadá. código postal. A Thomas Register Online (Thomas Publishing Company. número do registro da marca. Kompass Western Europe) têm cobertura internacional e trazem listas detalhadas de produtos e serviços de milhares de empresas. É a principal fonte de informação sobre fornecedores de mais de um milhão de produtos e fabricantes nos EUA e Canadá.thomasregional. Os registros incluem nome. gastando mais de 1. O Directory of Corporate Affiliations é produzido pelo National Register Publishing Company. Alguns registros podem incluir imagens e logotipos. incluindo informações sobre marcas registradas (trademarks) e marcas de serviço (service marks) usadas em países da Europa e Estados Unidos. marcas. A Dun’s Market Identffiers é o maior diretório de empresas nos Estados Unidos.7 trilhões de dólares por ano em produtos e serviços. executivos. tecnologia e serviços nos Estados Unidos. Os registros incluem informações como nome. códigos de classificação. Kompass Canada. Essas bases contêm nomes. ações. nomes de executivos. Kompass Central/Eastern Europa. Contém nome. Os registros incluem o nome. número de empregados. encontrar novas oportunidades de vendas ou pesquisar relações de negócios. Europa. códigos SIC (Standard Industrial Classification) 1. tipo da empresa. Inclui também informações básicas sobre 150 mil empresas americanas. endereço telefone. A informação sobre vínculos empresariais pode ser utilizada para identificar conflitos de interesse. Kompass Latin America. Cobre empresas menores. telefone.com/newtrd/index. Esse tipo de base serve como ferramenta para verificar a disponibilidade de nomes para novos produtos e serviços. da Reed Elsevier Inc. 200 países de todas as regiões do mundo. (Harris InfoSource). de fontes governamentais. Contém dados a respeito de mais de 50 mil classes de produtos e mais de 110 mil marcas registradas. Fornece os perfis e vínculos corporativos de 17 mil empresas situadas entre as maiores no mundo (com mais de 10 milhões de dólares de receita anual) sendo 15 mil dessas. encontrando-se disponível para pesquisa limitada via Internet no URL http://www. Um tipo interessante de diretórios é aquele que contém informação sobre empresas matrizes e suas filiais. A D&B . informações sobre as empresas produtoras. vendas anuais. empresa matriz e outras informações sobre as empresas. seu proprietário. categoria de produtos.5 milhões de famílias de empresas. A base é. Para algumas empresas.) demonstrativos de lucros e perdas e relatórios de créditos. identificar tendências ou comparar o desempenho e posição de várias empresas. desempenho de ações. enriquecida com informações textuais.Dun’s Financial Records Plus® (Dun & Bradstreet) que contém dados de 700 mil grandes empresas públicas e privadas nos Estados Unidos. histórico da empresa e notícias financeiras atualizadas. Fornece dados financeiros (balanços. ). Esses últimos a diferenciam da base Disclosure. como a carta do presidente aos acionistas e dados cadastrais das empresas como nome. relatórios de fornecedores e de agências do governo. Estes índices servem para comparação de empresas entre si ou com a média de seus setores industriais. monitorar carteiras de investimentos (porifolios). dívidas etc. histórico de impostos. NASDAQ e outras. 54 . Inclui histórico de pagamentos. histórico. eficiência e lucratividade. cujas ações são vendidas nos Estados Unidos. relatórios anuais das empresas.Informações biográficas Existem também bases de dados que são exclusivamente biográficas e podem ser utilizadas para se obterem dados sobre os executivos de empresas ou para identificação de especialistas. Incluem principalmente as empresas privadas e utiliza. A informação financeira inclui balanço. e ainda dados comparativos sobre o setor industrial de cerca de nove mil grandes empresas de capital aberto americanas. número de empregados. e outros. American e mais de duas mil empresas da bolsa NASDAQ A base Disclosure (Thomson Financial) contém dados financeiros sobre 12 mil grandes empresas americanas de capital aberto com mais de cinco milhões de dólares em ativos. A Disclosure fornece 32 índices financeiros. Dados sobre empresas de capital fechado são mais difíceis de se obter. New York e NASDAQ Grande parte dos dados são retirados dos relatórios financeiros anuais (10K Reports) que as empresas públicas são obrigadas a submeter ao SEC. executivos e suas biografias. 1997).e Companies House no Reino Unido). subsidiárias e linha de negócios. Contém o histórico de crédito e informações gerais sobre cerca de oito milhões de empresas nos Estados Unidos. Os dados incluem 14 índices financeiros chave dos últimos 3 anos. responder a perguntas como: a empresa tem um lucro bruto aceitável? a receita liquida é razoável para o volume de vendas? o nível de inventário é muito alto? as dívidas da empresas são muito altas? Os dados dessas bases são provenientes de uma variedade de fontes. telefone. fluxo de caixa anual. às bolsas de valores e aos seus acionistas.. tais como órgãos de registro de empresas de capital aberto. como fontes. Parágrafos textuais cobrem a história da empresa e fornecem informações de fundo sobre ela. que fornect o texto completo dos relatórios de todas as empresas das bolsas de valores de Nova York. A MG Financial/Stock Statisfics (que anteriormente tinha o nome de Media General Plus) é produzida por Media General Financial Services. dividendos. Outra base especializada em empresas de capital aberto. Permitem. Informações financeiras Um dos tipos de bases de dados de maior interesse são as que apresentam dados financeiros que revelam o desempenho de empresas. códigos SIC. declarações de renda. com vendas acima de um milhão de dólares. Esses dados são derivados de documentos submetidos ao SEC por empresas públicas.. renda líquida. negociadas nas bolsas American. falência. Os dados são coletados de documentos do SEC. dividendos. suplementados por newswires financeiros. com histórico de pagamentos. endereço. Exemplo de base de dados com informações financeiras é a D&B . Entretanto abundam informações sobre as de capital aberto. Bases de dados financeiras podem ser usadas para selecionar empresas de acordo com um determinado critério financeiro. podem estar disponíveis relatórios de avaliação de fornecedores e de análise de pagamentos. O modo mais barato de se obterem dados financeiros sobre empresas de capital aberto. americanas e de outros países. Essas empresas são obrigadas a submeter relatórios a órgãos federais encarregados do seu controle (como a Securities and Exchange Commission nos Estados Unidos — SEC .sem custo.sec. eficiência e lucratividade que permitem comparações de dados de diferentes empresas. Um exemplo dessas bases é o Standard & Poor’s Register — Biographical (Standard & Poor’s Corporation). (Montalli e Campeilo.gov/edgar. Outra fonte para obtenção desses relatórios é a base SEO Online (produzida pela Disclosure). press releases. vendas trimestrais. Contém dados financeiros e operacionais sobre mais de 12 mil empresas com ações negociadas nas bolsas de Nova York. notícias de bolsas de valores ou relatórios de análise financeira. é a Standard & Poor’s Corporate Descriptions Plus News (Standard & Poor’s Corporation). além de vários outros documentos. sendo que a Standard & Poor’s os converte em descrições detalhadas das empresas. principalmente americanas. ainda. Os registros sobre cada empresa contêm nome. as versões eletrônicas da maioria dos relatórios que o SEC exige das empresas públicas. Contêm balanços financeiros que retratam o valor de uma empresa ao final do ano fiscal (patrimônio. é a base EDGAR (http://www. com dados pessoais e profissionais de aproximadamente 70 mil executivos de empresas públicas ou privadas americanas ou de outros países. também. via Internet. A Experian Business Credit Profiles (Experian) compete com as bases da Dun & Bradstreet. desempenho de ações nos últimos cinco anos etc.shtml) que fornece. Podem fornecer também índices como taxas de solvência. histórico legal e outros dados chave como códigos SIC. preço de ações. declarações de renda e balanços anuais e trimestrais dos últimos sete anos. declaração de renda e 14 dos índices mais usados para medir solvência. As informações reunidas nesses relatórios constituem ampla fonte de informação financeira sobre as empresas e estão disponibilizadas em diversas bases de dados comerciais ou governamentais. mercados. e a Investext. do Wall StreetJournal e do Barron’s National Business e Financial Weekly. a ProQuest Information and Learning anunciou um acordo com a MarketResearch. econômicos e demográficos em um determinado mercado. como a FIND/SVP Publishing Division. 30 mil internacionais e mais de 1600 índices de mercado. Podem ser utilizadas para investimento e para análise de competitividade. que apresenta dados de negociações internas (ou seja. fundos de investimento e outros valores mobiliários. Provê uma visão geral bem organizada de informações financeiras para empresas públicas e privadas americanas e inclui as últimas manchetes. Austrália. pesquisas de opinião. A WorldScope (Thomson Primark Financial Division) tem informações financeiras de 24 mil empresas públicas de 24 setores industriais de 50 países do mundo. Informações para investimentos Informações para investidores. cotações de ações e análise financeira. países e regiões. que envolvem uma alteração de até 5% na propriedade de empresas. Outro aspecto importante para os investidores são as informações analíticas que oferecem opiniões. Inclui empresas no Reino Unido. fusões e aquisições. commoditions. abertura de capital de empresas. É o caso da Mergers & Aquisitions (M & A) Filings (Charles E. podendo incluir relatórios sobre tendências e impactos de fatores tecnológicos. que pode ser utilizado para obtenção de preços de ações. indústrias e mercados financeiros. completas. e Findex: The Worldwide Directory of Market Research Reports. além de taxas de câmbio de 150 moedas. incluindo informação sobre transações parciais.. Os dados são provenientes da agência Reuters. Pesquisas de mercado Nesta categoria estão as bases de dados de relatórios sobre empresas.Outros exemplos de bases de dados financeiras internacionais são a Moodys Company Data e Moodys International Company Data. indústrias e:produtos. Outro exemplo de serviço online interativo é o Tradeline / Tradeine International (IDD Information Services). TFSD Worldwide Mergers & Acquisitions.com. taxas de câmbio e descrições de valores mobiliários. como. comentada a seguir.marketresearch. A propriedade de valores mobiliários por mais de 200 mil acionistas majoritários (que possuem 10% das ações ou mais) em mais de dez mil empresas públicas americanas é coberta nessa base de dados. Fontes de informação com esse conteúdo vão de newsletters a relatórios sobre empresas e indústrias. Newsletter Database. são atualizadas semanalmente e fornecem dados históricos e financeiros de mais de 11 mil empresas de capital aberto americanas e 17 mil empresas internacionais. previsões e recomendações sobre investimentos. alterações no controle acionário.com). tais como mercado de capitais. A Extel Financial Cards (Primark Corporation of London) fornece informação financeira e textual sobre grandes empresas internacionais. Oriente Médio. existem diversas bases de dados. verificados através de relatórios recebidos pelo SEC. análise de estilo de vida. Japão. Outra base interessante é a lnsider Trading MonitorTM (Thomson Finançial Wealth Identification). empresas. Tailândia. Kalorama Information Publishing. demissão de diretores. sua base de dados oferece acesso a pesquisas sobre indústrias. ou apenas comentadas. incluindo análises macroeconômicas de setores industriais. 55 . mudanças de nome etc. que permitirá ao ProQuest fornecer resumo e texto completo de relatórios de pesquisa de mercado através de uma base que se chamará MarketResearch.com (http://www. falências. públicas e privadas. desde janeiro de 1984.com Academic. produzida pela Thomson Financial Securities Data. press releases e artigos sobre as empresas. cotações correntes de ações. Cotações de ações e outros dados são geralmente obtidos através de serviços interativos online (hoje em dia disponibilizados via Internet). Singapura e Malásia. Hong Kong. políticos. Simon & Company) que contém dados sobre fusões e aquisições de empresas públicas americanas submetidos à Security Exchange Commission (SEC) desde 1985. América do Norte. entre seus proprietários) de ações das empresas. Um dos principais produtores de pesquisas de mercado é o MarketResearch. de fusões e aquisições e planejamento estratégico. Recentemente. já comentado. dados sobre fatias de mercado de determinado produto. Essas bases. Algumas das bases que atendem a esse segmento são ABI/Inform. Studies and Survey. O serviço Dow Jones Interactive. É um serviço que provê informações sobre mais de 145 mil valores mobiliários americanos. produtos e tendências. cobre empresas americanas e internacionais. por exemplo. notícias financeiras em tempo real (como colunas de analistas financeiros ou comentários sobre o mercado de ações) têm merecido atenção especial por parte de alguns produtores de bases de dados. disponíveis na Web através do serviço FlSonline (Mergent). contém dados sobre mercado de ações. já descritas. A empresa MarketResearch é produto da fusão de várias outras. Com cerca de 40 mil relatórios produzidos por mais de 350 firmas de consultoria. taxas de câmbio. preparados por analistas de empresas de grande reputação (investment house reports). Para permitir que os investidores acompanhem as noticias empresariais e vários eventos que podem afetar o desempenho de corporações e suas decisões de investimentos. Cobre empresas no mundo todo e permite análises comparativas de empresas. suas atitudes e comportamento. podendo ser usada para identificar oportunidades de negócios ou de investimento no mundo. Europa. levantamentos de gastos de consumidores. investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de radio e televisão. 56 . Os dados de sua base originam-se de quatro fontes: .profound. capacidade.da Morning Meeting Notes. por exemplo. sexo e região. Datamonitor Market Research (Datamonitor). indicadores econômicos. que contém indicadores econômicos e estatísticas em economia. A estatística econômica consiste de dados como PIE. que inclui relatórios produzidos por mais de 145 editoras de pesquisa de mercado sobre todos os grandes setores industriais. vendas e lucros. custo etc. informações sobre mercados externos. É forte em grandes empresas. As estatísticas de indústria incluem dados de censo por tipo de indústria. Key Note Market Research (ICC Information Ltd. bem como de empresas públicas e privadas. estatísticas de indústria ou dados de censo. O serviço Profound (http://www. Os dados são compilados de centenas de unidades governamentais e reunidos nessa base.stat-usa. incluindo análises macroeconômicas. por exemplo. que coleta relatórios produzidos por mais de 202 associações comerciais no mundo. dados sobre setores industriais como produção. Fornece o texto completo de 1 milhão e 600 mil relatórios de pesquisa. Frost & Sullivan Market Intelligence (Frost & Sullivan). ainda não publicados. importação e exportação e taxas de câmbio.) e de suas residências (tipo e tamanho. é uma das maiores no mundo para pesquisa indústrias e empresas.). EIU (Economist Inteiligence Unit) and Euromonitor. Uma fonte básica de informação estatística é a EconBase (The WEFA Group). Essas bases facilitam o encontro de dados difíceis de serem obtidos. emprego por idade. por exemplo. que contém a versão eletrônica do Current Law Index. emprego. idade. Apresenta análise financeira de mais de 60 mil empresas. níveis de preços. Os dois principais sistemas de bases de dados jurídicas nos Estados Unidos são LEXIS (Reed Elsevier) e WESTLAW (West Group). que traz relatórios gerados nas reuniões de estratégias de investimentos de grandes bancos de investimento. produzida pelo US Department of Commerce. Espicom Business Inteiligence e The Yankee Group. para posterior manipulação. mesmo. negócios e finanças de 36 países. entre outros. com revisões e boletins a respeito da legislação mundial e americana e fornece texto completo de artigos selecionados. DataQuest. Fornece uma interface Web amigável para pesquisa na sua base de mais de 2. e costumam permitir que eles sejam descarregados. jurisprudência e doutrina. Kalorama Information Market Research (Kalorama Information. . corretoras e firmas de consultoria no mundo tais como Merrili Lynch. Contém informações sobre a indústria americana e de outros países. oportunidades de negócio etc. Morgan Stanley e outros. dados sobre rendas e preços: nacionais e per capita. como Datamonitor.Outra base de dados relevante para pesquisa de mercado é a Investext (Thompson Financial). indicando previsões de vendas. volume de vendas. que possibilita a sua pesquisa em um só local.3 milhões de relatórios produzidos por mais de 950 firmas. fatias de mercado e gastos com pesquisa e desenvolvimento. Ambos os serviços oferecem um conjunto de bases em texto completo.da Investext Investment Research. descrita acima. inventário. ambientais. que trazem revisões e boletins a respeito da legislação. entre outros.da Marklntel Market Research. renda etc. Warburg Dillon Reed. e dados sobre finanças e comércio exterior: taxas de juros. Inclui dados do National Trade Data Bank. produção e estatísticas de comércio exterior. que possui estatísticas de comércio e de exportação. balança de pagamentos. com artigos de periódicos especializados. Informações estatísticas Informações estatísticas incluem estatística econômica. Os dados de censo demográfico consistem. A STAT – USA (http://www. A Investext é uma das bases de dados fornecidas por um gigante da informação sobre pesquisas de mercado. Indexa mais de 900 títulos de periódicos especializados. ou. tendências sociais. renda per capita. Contém. Dresdner Kleinwort Benson. filhos.gov) é uma base governamental paga. Deutsche Bank. educação. dados sobre demografia e emprego: população. análise de mercado e relatórios sobre empresas e indústrias preparados por analistas de mais de 630 bancos de investimentos. que contém o texto completo de relatórios sobre empresas e indústrias na Europa e Reino Unido. Informações jurídicas Para legislação empresarial. EIU Market Research (Economist Intelligence Unit).com) do Thomson Financials Investment Banking/Capital Markets Group. taxas de inflação e previsões econômicas.). . econômicas. Um exemplo dessas bases é o LEGALTRAC (Gale Group). principalmente públicas. no número de habitantes de um país e nas características detalhadas da população (sexo. Produzida desde 1982 pela Thompson Financial. cobrindo todo o espectro das publicações jurídicas. .da Industry InsiderTM Trade Association Research. estado civil.investext. and Key Note Ltd).com) também fornece uma base de relatórios de pesquisa de mercado de empresas líderes mundiais no assunto. a ResearchRank Web (http://www. número de pessoas por unidade. Várias bases de dados sobre pesquisas de mercado são fornecidas pelo Dialog como. tais como Morgan Stanley Dean Wittet Merrili Lynch. existem bases de dados de legislação. Inc. cobrindo 53 setores industriais e 11 mil empresas. EBSCO. Pode ser usada para monitorar tendências. As empresas que têm sido mais bem sucedidas no novo ambiente vêm utilizando a Internet com um meio alternativo de acesso às suas bases de dados. 191) Considerações finais Como demonstrado acima. citamos. que produz carros de golfe e veículos utilitários. antes mesmo que sejam liberados na forma impressa. pode-se afirmar que a pesquisa em bases de dados permite descobrir dados que seria impossível ou muito difícil conseguir em fontes impressas. relacionando informações de importação e exportação de 27 países. estes dois segmentos devem ser percebidos como fontes complementares de informação. devido à limitação de seus pontos de acesso e à impossibilidade da busca por palavras. (Thomas Register Online) • Preciso de informação sobre produtos manufaturados sob a marca “Weight Watchers”. mas todo o segmento de publicações não oficiais ou quase-oficiais. o histórico de litigações em que esteve envolvida e outras notícias empresariais e financeiras. por exemplo. essas informações que. em poucos minutos. Utilizando-se das bases de dados. nos últimos cinco anos etc. mas é pontual. a quantidade que foi comercializada. (Choo.A Tradstat Plus. como séries históricas e comunicados estatistícos. que costumam aparecer online. Embora alguns vejam a gratuidade da Internet como uma ameaça à indústria de bases de dados. monitorar flutuações de preços etc. Biographical) • Informação sobre a indústria de cereais. W Wilson Company. (Trade & Industry) • Informação sobre a empresa Cushman. (Insider Trading Monitor) • Informação sobre William Gates (Standard & Poor’s Register. Cada uma dessas modalidades de fontes eletrônicas de informação tem seus pontos fortes: a Internet não tem paralelo no que diz respeito à quantidade e variedade de informação grátis e às publicações cinzentas. envolvimento em processos de fusões e aquisições de outras empresas. o ambiente legislativo e regulatório onde ela se insere. um pesquisador pode reunir. no texto completo. fornecida pela DataStar. Para ilustrar. patentes e marcas registradas possuídas. seu advento como fonte alternativa de informação eletrônica em rede impactou as empresas online. de outra forma. (Business Wire) Outro exemplo da utilização das bases de dados é a preparação de dossiês sobre empresas. projeções de crescimento. que são vistos como caros e difíceis de serem usados. um relatório por produto comercializado. a seguir. a informação na Internet pode ser de acesso demorado. Distingue-se ainda pela possibilidade da interatividade e pela facilidade de se estabelecer contatos com fontes pessoais e organizacionais de informação. Entretanto.p. A base contém os dados de exportação e importação de todos os parceiros de cada país para 60. Fornece acesso a muitos relatórios do Bureau. Exemplos de empresas que adotaram essa estratégia são H. incluindo informações sobre suas subsidiárias e escritórios no exterior. a existência de uma vasta quantidade de informação grátis na Internet trouxe questionamentos sobre os serviços comerciais de bases de dados. confiável e pode ser obtida com mais rapidez. (Promt) • Informação sobre Baush & Lomb. Além disso. no mundo. do Bureau of the Census no US Department of Commerce. que têm buscado as melhores formas de se inserirem no novo contexto. produtos e serviços. pode ser cara. precisa. (Dun’s Market Identifiers) • Preciso de informações sobre a Ameriçan Home Products. mercados estrangeiros onde a empresa está representada. obtendo proveito dele. Através dela pode-se obte. identificar potenciais parceiros comerciais. Gale Group e 57 . com informações sobre estrutura corporativa. Inc. alguns exemplos da gama de perguntas que poderiam ser respondidas através dessas bases de dados: • Qual a renda liquida e o patrimônio bruto da NIKE. as bases de dados cobrem um amplo universo de informações selcionadas e organizadas. incluindo conversações em listas e grupos de discussão. levariam dias para serem obtidas em fontes impressas ou entrando-se em contato com fontes pessoais ou organizacionais. comentários sobre o desempenho de suas ações. dessa forma. Por outro lado. que envolvem.? (Disclosure) • Qual empresa é a matriz de MacDonald’s? (Corporate Affiliations) • Preciso de informações sobre a empresa Music Time Productions. é desorganizada e caótica e pode ter sua autoridade contestada.000 commodities. em que moedas o produto está sendo comercializado. no último ano. quem fornece. não apenas a literatura efêmera que as bibliotecas tendem a não coletar. (Trade & Industry) • Informação sobre novos produtos introduzidos na indústria de cereais. informando o país de origem. (TradeMark Scan) • Informação sobre a aquisição de DIALOG pela Thompson Corporation. Apesar da informação na Internet não substituir aquela contida nas bases de dados. fatias de mercado dos seus produtos. Empresas que forneciam bases de dados principalmente em CD-ROM passaram a oferecer versões na Web. histórico financeiro. Uma base de dados de análise demográfica dos Estados Unidos é a Cendata. serem mais facilmente encontradas do que nas fontes impressas. contém estatísticas do conteúdo e do valor do comércio mundial. e fornecidas em meio eletrônico. quem comprou o que. (M&A Filings) • Informação sobre transações internas efetuadas por William Gates. podendo. enquanto que a informação em bases de dados. Inc. Ciência da Informação. v. 26. 1998. 241 p.. v. Têm estudado também outros modelos de financiamento que não as tradicionais assinaturas. v. Dec. em favor de usuários do acesso via Web. 58 . Referencias BARRETO. Mar. 321-326./dez. financial information in Latin America. 36-40. 1991. The online manual: A practical guide to business databases. p. Auta Rojas. de forma gratuita. Anais. p. 22. SOUZA. Terezinha de Fátima Carvalho de. Detroit. 4. CHOO. p. Brasília. Information management for the intelligent organization. 1993. maio/ago. 1994. 52-58. p. Informação para negócios no Brasil: reflexões. 1994. Nice. 1994. LAUNO. p. v. LAVIN. Brasília. permitindo integração de bases bibliográficas. 144-149. p. (Projeto de Dissertação) SOUZA. Phoenix. Lesley. Brasilia. WILLIAMS. Kátia. W. 150-168. CIURLIZZA.siness informatioir how tofind it. Belo Horizonte: UFMG/EB. 162-165. MONTALLI. 2000. Information vendor changing roles. 1993... In: SEMINARIO NACIONAL DE INFORMACAO PARA INDUSTRIA E COMERCIO EXTERIOR. 24. In: Maraccio. Ciência da Informação. propagandas e vendas de produtos. MONTALLI. how to use it. A informação eficaz na empresa. 165-173. Terezinha de Fátima Carvalho de. 1. 1. 1. Anais.. Auta Rojas. The state of databases today: 1997. Oxford: Blackwell Publishers. Ritva. CAMPELLO. NJ: Information Today. n. Fontes de informação sobre companhias e produtos industriais: uma revisão de literatura. Information Development. Belo Horizonte. Martha E. 1997./abr. n. 1993. Brasília v. v. bases com informação bibliográfica ou referencial. 78-81. 1996. FIGUEIREDO. As empresas online têm ainda se utilizado da Internet para ampliar o leque se seus serviços e vêm oferecendo uma variedade maior de produtos que se baseiam em acesso via Web e são mais interativos. 1992. Arizona: Oryx. Informação empresarial para o Mercosul: a expansão das fronteiras das Microempresas. Algumas têm disponibilizado.Silverplatter. 2. Ciência da Informação. A Web eliminou o problema de espaços limitados nos CD-ROMs./abr.. Mônica Erichsen Nassif. 1994. n. Com essas novas estratégias vêm fazendo face a empresas como Yahoo!. Informação para negócios: um novo desafio. Belo Horizonte. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTACAO. Gale Directory of Databases. p. Organização da área de informação para negócios no Brasil: a questão da informação financeira e suas fontes. na Internet e cobram apenas para o acesso ao texto completo que é disponibilizado através de links. Alejandra. Essas empresas relatam um decréscimo no número de usuários de bases de CD-ROM. jan. Bernadete dos Santos. n. Brasília. Michael R.276-278. COUSINS Jill... Online. Thomas./jun. ed. PACK. K. BARRETO. 1996. 2. v. New York. Amazon e outras que adotam modelos de financiamento tais como investidores. 820 p. 25. Medford. n. Têm. 1. tentado aumentar sua visibilidade. p. n./Apr. Belo Horizonte UFMG/EB. Ciência da Informação. assim. 20. 10. 1997. de diretórios e de texto completo sobre um único tópico dentro de um mesmb produto. o interesse do usuário pelos seus produtos e serviços e procurado satisfazer a um consumidor que se habituou a ter mais acesso à informação e a pagar menos por ela. Perspectivas de informação tecnológica/industrial. BORGES. Bu. jan. 2. 25 n. Ciência da Informação... por exemplo. Belo Horizonte ABMG. Kátia Maria Lemos. Y. 3. ROBINSON. jan. Sources and quality of economic. set.. IL: Gale Research. Instituições provedoras de informação tecnológica no Brasil: análise do potencial para atuação com informação para negócios. 1996. 1991) caracterizam a falta de conhecimento sobre os produtores das fontes.1994. 1994). O projeto. selecionando. Borges & Campello. oportunidades de negócios. 1996. a fundação SEADE? O que é de interesse para as empresas? Quais são as características dos produtos fabricados pelas empresas do Pó/os Tecnológicos de Santa Rita do Sapucaí. índices econômicos ou estatísticas sobre indústrias). entretanto. e estudos de seus comportamento e estilos de vida. 1999. 2003.. No Brasil. 1994. Souza & Borges. o. a metodologia para coleta de dados sobre as bases consistiu dos seguintes passos: 1. o projeto se concentrou nas bases de dados de informação para negócios já que essas. As descrições das bases de dados identificadas no projeto estão disponibilizadas no URL: http://www. o termo “informação para negócios” só recentemente aparece na literatura brasileira (Montalli. p. qual o seu conteúdo. Figueiredo. maio/ago. a consciência da necessidade da organização e do controle desse tipo de informações é recente. taxas de câmbio. informações mercadológicas (tais como análises de fatias de mercado. econômico e financeiro. Este capitulo foi também publicado como artigo na revista Ciência da Informação. Na falta de formalização desse setor de informações. padrões de consumo e gastos de consumidores. 1996. Borges & Carvalho (1998) mostram também que 3O°/ dessas instituições utilizam bases de dados próprias como fonte de informação para desenvolvimento de serviços voltados para negócios. e mesmo sobre a necessidade de informações dos empresários brasileiros. não existem meios bem definidos para responder a esse tipo de pergunta. custo de crédito etc. sobre empresas e produtos. 1992). as fontes de informação para negócios’ têm sido produzidas e organizadas desde o século passado. Os poucos trabalhos publicados respeito no meio acadêmico (Cendón.36.br/cendon/pesquisa. organização. Barbosa. identificando.?. Figueiredo.eci. 1999.br 59 . de estatísticas e indicadores econômicos. por exemplo. no Brasil. Informações estatísticas (tais como recenseamentos. Barreto. 1994). 2 Doutora em Biblioteconomia e Ciência da Informação . 1997. Engloba. por serem mais recentes. Um ponto de partida para se iniciar a organização do conhecimento sobre a área de informação para negócios no Brasil é a identificação das fontes existentes.).? Qual foi o faturamento. compilando e avaliando fontes brasileiras de informação de interesse para negócios. disponibilidade de assistência financeira. preço. são particularmente carentes de documentação. informações jurídicas (tais como leis. não se encontram compiladas.Bases de dados para negócios no Brasil 1 Beatriz Valadares Cendón 2 Introdução Em outros países. 2. 2000. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas. informações sobre empresas e produtos (tais como histórico e informações cadastrais de empresas e informações sobre fusões e aquisições). 1 O termo “informação para negócios” é usado para designar o conjunto de informações usadas pelos administradores na redução de incertezas. 1994). 32.ufmg. 1994.University of Texas At Austin. informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de radio e televisão). biográficas e bases de dados bibliográficas em área de interesse para negócios. investimento.. 1994. como administração e economia. pesquisas de opinião. forma de acesso e distribuição. Montalli. quem compõe o Staff das companhias X ou Y?” (Montalli. MONTALLI. Duarte. Este capítulo descreve a metodologia utilizada para levantamento e descrição das bases de dados e analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e de seus produtores.6 . e regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários políticosocial. empresários se valem primordialmente de fontes informais as quais às vezes não são confiáveis e podem levar à tomada de decisões inadequadas (Pinto. Souza & Borges. 17. nos quais operam organizações empresariais (SOUZA e BORGES. teve como objetivo levantar informações sobre bases de dados brasileiras nas áreas jurídica e financeira. Mais especificamente. sobre as fontes em si (sua qualidade. sendo rotineiramente fornecidas aos usuários por biblio4cas e outras organizações (Figueiredo. pesquisa na Internet para identificação dos sites das instituições listadas no passo um. informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas. Maiores informações sobre essas bases de dados. forma de acesso. volume produzido) os produtos e serviços de informação que possam suprir sua demanda. 1994. Convencionalmente chamada de “business information” nos Estados Unidos e Inglaterra. Brasília. v. 166) Segundo Montalli. quais são elas. Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize as fontes brasileiras de informação para negócios. vocabulário. descrevendo. Lavin. Barreto. Professora do Departamento de Organização e Tratamento da Informação . descrito abaixo. SOUZA. 1996. Souza & Borges. Metodologia Resumidamente. p. Januzzi & Montalli.ufmg. 1996. A citação abaixo exemplifica esse desconhecimento: “Quem produz informação sobre mercado no Brasil? O que produz a fundação IBGE. criação de uma lista inicial de potenciais produtores de bases de dados com base em revisão de literatura e outras fontes pessoais. 1994. 2002. No entanto trabalhos anteriores evidenciaram a existência e uso dessas bases: a pesquisa realizada por Souza & Borges (1996) em instituições fornecedoras de informação com potencial para negócios identificou que estas estavam dando ênfase ao desenvolvimento de bases de dados e que o acesso a elas constituía um dos serviços percentualmente mais oferecidos aos seus clientes por essas instituições.cendon@eci. mercado financeiro e outras informações para investimento.htm. 1994. então. Os valores possíveis para esses campos foram determinados ao longo da pesquisa à medida que as informações eram coletadas. Google e Todobr. acrescentados à lista de inicial de potenciais produtores para posterior visitação. varredura do site das instituições a procura de (a) bases de dados pôr elas produzidas e coleta inicial de dados sobre as bases. Nesta fase links tais como “Produtos e Serviços” eram especialmente visados. Definição da estratégia de busca e coleta de dados: Uma característica deste projeto foi ouso da Internet como principal fonte de informação. “estatísticas”. por exemplo. através dos serviços oferecidos. 7. além da estratégia descrita acima. tornando necessária a definição de um formulário padrão para coleta de dados. portanto. como caracterização do produtor. por terem sido 60 . Para fins de padronização de uma variedade de formatos de dados estabeleceu-se um vocabulário controlado para alguns campos. mostrou-se produtiva a exploração de portais jurídicos como o do Jus Navegandi e o site da OAB que contêm extensas compilações de recursos. proveriam descrições das mesmas em seus sites e que. Além dessa técnica. no campo “Forma de disponibilização” foram estabelecidos valores tais como: disquete. essa pesquisa revelou-se pouco produtiva. etc. se obteriam mais dados do que através do envio de questionários a uma lista pré-definida de instituições. o Cale Directory of Databases. campos específicos dos registros da base ou informações sobre o software utilizado para acesso à base. A estratégia final de busca e coleta de dados consistiu. serviços de informação oferecidos fundamentados na bases de dados. (2) pesquisa direta em motores de busca seguida de (3) navegação e exploração de sites. como por exemplo. com a instituição produtora. intranet. Exceto para a área de informação jurídica. Realizou-se. “financeiras”. da combinação de (1) pesquisa em fontes tradicionais de informação para identificar instituições produtoras. como será posteriormente comentado. Ao longo do desenvolvimento do projeto. Houve um processo de experimentação e de tentativa e erro até que se determinasse que estratégia de busca melhor funcionaria. Iniciava-se então a visita e a exploração desses sites à procura de bases de dados ou da indicação. adotou-se a estratégia de buscar as bases de dados através de sites de instituições que poderiam ser potenciais produtores de bases de dados. Os sites eram também explorados para a verificação de existência de links para outros prováveis produtores de informação para negócios. Para uma decisão inicial sobre as informações que seriam coletadas utilizou-se um diretório tradicional de bases de dados. Nesta fase foram utilizados principalmente os motores de busca Altavista. Entretanto.3. editoras e diversos órgãos do governo ou da iniciativa privada. 6. 4. da existência de bases de dados internas que provavelmente eram usadas para produção desses serviços. Determinou-se também que informações seriam ignoradas. Em vista desse resultado. através de pesquisas na Internet. uma pesquisa em motores de busca com palavras-chaves como “bases de dados” combinadas com termos que representavam uma área de conhecimento. A compilação dessa lista inicial de potenciais produtores foi feita através de revisão da escassa literatura sobre informação para negócios publicada nas revistas acadêmicas de ciência da informação. a mais rica em informações eletrônicas. coleta de dados sobre as bases através do preenchimento de um formulário (descrito abaixo). 5. quando um CD-ROM contivesse uma variedade de bases de dados. A exploração de diretórios nacionais como o Cadê também não se mostrou proficua para identificar bases de dados de informações para negócios. repetindo para cada uma delas os passos 2 a 6. conversas com colegas e verificação de jornais e revistas. Elaboração do formulário de descrição das bases de dados: As informações disponibilizadas na Internet sobre as bases de dados eram muito variadas em formato e conteúdo. etc. tentativa de confirmação e complementação dos dados obtidos na Internet através de contato direto. Supôs-se que as instituições que fornecem bases de dados como um produto de informação. Uma pesquisa tendo por palavra-chave com os nomes dos produtores ou das bases de dados revelava o URLs das instituições produtoras. (b) indicações de outras instituições que potencialmente poderiam estar produzindo bases de dados ou de outras bases de dados de informação para negócios. inicialmente. Já para o campo “Tempo de cobertura” estabeleceu-se que ele poderia conter as datas de início e término dos dados base ou o termo “variado”. Como resultado deste trabalho obteve-se uma lista de instituições e bases de dados que foi o ponto de partida para a pesquisa. A seguir apresenta-se uma exposição detalhada do processo de busca das informações visando o compartilhamento da experiência. criação do guia de bases de dados. fonte da informação sobre os dados e data de coleta dos dados. inclusão das outras instituições encontradas na lista de potenciais produtores de bases de dados para posterior visita aos seus sites. das decisões tomadas e das dificuldades encontradas. funcionou também a pesquisa direta nos motores de busca com palavras-chaves tais como “informação jurídica” ou “bases de dados jurídicas” ou “links jurídicos”. Por exemplo. os quais eram. Por exemplo: optou-se por não se coletarem informações sobre recursos de busca oferecidos pelo sistema. por e-mail. CD-ROM. notou-se que seria interessante a inclusão de novos campos não previstos inicialmente. Na área jurídica. algumas informações não diretamente localizadas foram inferidas dos textos descritivos das bases obtidos nos sites. Por exemplo.Serviços relacionados: Serviços fornecidos.Número de registros: Quantidade de registros na base de dados (por exemplos: número de registros bibliográficos.Observações: Dados complementares sobre a base de dados fornecidos pelo produtor ou obtidos na Internet. 15. 16. Campos. bases de noticias. não se aplicavam às bases de séries estatísticas e bases de coletâneas de textos de legislação. por exemplo. na maioria das vezes.Nome da base de dados 2. bases de séries estatísticas ou bases constituídas por um conjunto de arquivos contendo diversos textos de legislação em um mesmo CD-ROM. Ocasionalmente surgiram decisões difíceis sobre o que considerar como sendo uma base de dados já que nem sempre as fontes de informações encontradas se enquadravam perfeitamente no modelo tradicional de bases de dados estruturadas. Neste campo usou-se um vocabulário controlado com os seguintes termos: • Internet/Site do produtor — Não confirmada: Indica que as informações foram coletadas e/ou inferidas do site do produtor. 8. 6. 9-Tipo da base de dados: Tipo de informação contida na base de dados. Nem todos os itens do formulário eram válidos para todos os tipos de bases. Muitas dificuldades foram encontradas e decisões tiveram que ser tomadas para preenchimento do formulário. . exploraram-se os sites das instituições produtoras na Internet para se preencher o formulário descrito acima. 10.Produtor: Nome e endereço completo para contato. estatística. Coleta de dados e descrição das bases de dados. no nível de detalhe fornecido pelo produtor da base de dados. Outras vezes era 61 . Neste campo usou-se um vocabulário controlado que será descrito adiante. 17. por exemplo. Estadual e Municipal. a partir da base de dados como. que será descrito adiante). 7. Outro problema surgiu com o uso de um formulário padrão.Caracterização do produtor: Este campo usou um vocabulário controlado para refletir o tipo do produtor (público ou privado) e objetivo da atividade (lucrativo ou não lucrativo).Conteúdo: Breve descrição do conteúdo da base de dados incluindo seu escopo e cobertura. 3. Já o campo cobertura geográfica não fazia sentido no caso de uma base de Dicionário. 12. eram insuficientemente descritas. Neste campo usou-se um vocabulário controlado com os seguintes termos: Internacional. Optou-se por não incluir na descrição os campos que não se aplicavam. • Internet/Site do produtor — Confirmada pelo produtor: Indica que as informações foram submetidas ao produtor por e-mail. A v4são final do formulário definido continha os seguintes itens: 1.Forma de disponibilização Meio de disponibilização da base de dados por exemplo CD-ROM. Outras vezes.Aquisição: Nome e endereço da instituição que disponibiliza a base de dados (que pode ou não ser a mesma que o produtor). incluiram-se estas informações na descrição de poucas das bases. número de empresas ou produtos cadastrados). Os tipos possíveis são: • Data de início — Data de término Indica que a base de dados contém documentos datados no intervalo.Fontes das informações sobre a base de dados: De onde emanam as informações obtidas sobre a base de dados. O produtor não respondeu ao e-mail de confirmação dos dados. usou-se um asterisco para indicar o assunto principal. da forma mais completa possível.Cobertura tópica: Indica os assuntos que caracterizam o conteúdo. embora isso não estivesse claramente explicitado. relatórios ou outros tipos de publicação. sendo verificadas e confirmadas por ele.Tempo de cobertura: Período coberto pelos dados na base. No caso da base cobrir vários assuntos. Entretanto o CD-ROM tinha um titulo único. 4. Legislação Brasileira. Regional. para descrição de uma variedade de tipos de bases de dados. forma ou uso potencial da informação contida na base de dados. a partir da descrição podia-se deduzir a cobertura tópica da base.Freqüência de atualização: Freqüência com que os dados da base de dados são atualizados. As bases de dados. 14.Inicio da produção: Data do início da produção da base de dados em forma eletrônica. Internet (neste campo usou-se um vocabulário controlado. pela organização produtora.Cobertura geográfica: Indica a área geográfica para a qual a informação se aplica ou da qual foi derivada. podia-se muitas vezes deduzir-se que uma base era do tipo texto completo. Algumas bases de dados podem ter indicação de mis de uma área de cobertura geográfica (por exemplo: internacional e nacional). Tínhamos. 11. 13.definidos a posteriori. para cada base de dados. Por exemplo. • Variada Indica que o CD-ROM contém um conjunto de bases de dados com tempo de cobertura variado. Data em que as informações sobre a base de dados foram obtidas. como por exemplo. etc. Uma vez definidas as informações a serem coletadas. que será descrito adiante). 5. freqüentemente no caso de informações jurídicas havia CD-ROMs com um conjunto de arquivos de texto completo de uma variedade de fontes. Às vezes. por exemplo: bibliográfica.Data da coleta de dados. como número de registros.(neste campo usou-se um vocabulário controlado. constituídas de registros contendo campos padronizados. Nacional. um serviço ou sistema de informação. apesar da descrição do conteúdo de cada campo.br/cendon/pesquisa. de investimento. apesar de apenas 45°/a dos produtores terem respondido aos e-mails para confirmação e complementação dos dados. Confirmação dos dados. enviou-se carta a todos os produtores de bases de dados representadas no site comunicando o endereço do site e convidando-os a acrescentar ou corrigir dados sobre as bases de dados caso necessário. Assim foi necessária a definição de critérios para seleção. houve problemas para se identificar o departamento ao qual o e-mail deveria ser dirigido. Em algumas organizações de maior porte. informação financeira. Nos casos em que o questionário não foi devolvido. na fase final do projeto. Após o preenchimento inicial do formulário com os dados obtidos na Internet. acompanhado de uma carta de apresentação do projeto. entretanto. • ter conteúdo tópico dentro de informações para negócios. foi considerada uma base de dados.ufmg. Além disso. na tentativa de se obter uma taxa mais alta de confirmações. Este site está disponibilizado para consulta na Internet com acesso ilimitado no URL http://www. Resultados Um total de 134 bases de dados que se enquadram na área de informação para negócios foram identificadas. Adicionalmente. Além disso. no desenrolar da pesquisa constatou-se também que novas bases de dados aparecem com freqüência: sites de produtores revisitados após alguns poucos meses já continham outras bases não incluídas inicialmente. como mostra a TAB. Produção do guia de bases de dados de informação para negócios.htm. Exceções foram. Ao final do projeto. abertas: • no caso de bases de dados jurídicas. informação sobre empresas e produtos. veja-se a base do IBGE). As categorias iniciais foram informação jurídica. diante da atual carência de informações sobre este tópico. 1. • conter uma coleção de registros. biográficas e vocabulário. Deve-se ressaltar que.Bases de dados de informação para negócios Número de bases de dados Percentagem Dados confirmados 60 45 Dados não confirmados 74 55 Fonte: Elaborada pela autora.difícil determinar se um determinado produto deveria ser visto como uma base. espera-se que estes estejam corretos já que foram coletados diretamente nos sites dos produtores. Um dos propósitos da coleta preliminar de dados na Internet era minimizar o trabalho do produtor para preenchimento do formulário e maximizar a probabilidade de retorno dos questionários preenchidos. Os dados foram coletados no período entre 1999 a 2001. e as corrigisse ou completasse quando fosse o caso. via e-mail. ainda que os dados não tivessem uma estrutura constante. este esforço representava uma contribuição para a área e que seria válido disponibilizar todas as informações coletadas durante o projeto. para o produtor da base de dados solicitando que o mesmo confirmasse as informações coletadas sobre a base. como foco principal. 1. A partir das informações obtidas foi elaborado um site. Eliminaram-se informações que não puderam ser inferidas ou confirmadas. 62 . uniformemente estruturados em campos e pesquisáveis. conforme mostra a TAB. informações brasileiras. reenviou-se o e-mail inicial para todos os produtores que não haviam respondido ao anterior. A lista reflete as bases de dados cujos produtores tenham sido citados na literatura de biblioteconomia e ciência da informação ou que tenham sido mencionadas em sites na Internet. um conjunto de tabelas disponibilizadas via Internet ou por outro meio.eci. esse procedimento ocorreu em poucos casos. Assim. considerou-se que. o mesmo era enviado. Essa lista de categorias foi ajustada ao longo do projeto de acordo com as bases localizadas. procurou-se confirmar os dados via telefone. • no caso de bases de dados estatísticas (por exemplo. com os dados obtidos pode-se ter uma idéia inicial de algumas características gerais do conjunto das bases de dados brasileiras de informação para negócios. que serão apresentadas a seguir. Por limitações de recursos para o projeto. Tabela 1 . O conjunto de informações obtidas foi usado para elaborar uma descrição final das bases de dados. as quais poderiam servir de ponto de partida para outras iniciativas. Total 134 100 Pelas limitações da metodologia adotada não se pode afirmar que a relação de bases de dados obtida seja exaustiva e sua descrição completa. as bases de dados encontradas deveriam: • ser produzidas no Brasil e ter. uma coletânea de arquivos com texto completo de diversas obras reunidas sob um único título foi considerada uma base de dados. Assim foram posteriormente incluídas as categorias de bases de dados bibliográficas. informação estatística e oportunidades de negócios. Outro problema relativamente freqüente era o não entendimento pelo respondente das informações solicitadas. Para inclusão na lisa. contendo todas as informações coletadas na pesquisa. e micro e pequenas empresas. artigos.br Sebrae 63 . softwares e outros com ênfase na literatura sobre pequenos negócios.sebraenet. catálogos. normas técnicas. perfis de oportunidades de negócios. marketing. 2 e 3.ufmgbr/cendon). Tabela 2 . Como mostram as TAB. administração. Contém referências e texto completo em PDF de um acervo especializado sobre o tema empreendedorismo.com. A seguir apresenta-se descrição do conteúdo de cada categoria. Registraram-se 8 bases bibliográficas sendo que 4 delas são produzidas pelo Sebrae como mostra a TAB. as bases não se encontram uniformemente distribuídas entre as categorias de informação consideradas. Não é comercializada sendo utilizada apenas para consulta local. formado por livros. CD-ROM5. biográficas. Tabela 4 .Bases de dados: Por categoria de informação (exceto jurídicas) Categoria de informação Bibliográficas Empresas e produtos Financeiras Estatística e indicadores econômicos Oportunidade de negócios Biográfica Vocabulário Investimento Total Total (%) Dados confirmados 2 3 0 9 1 0 0 0 15 31 Fonte: Elaborada pela autora. Contém aproximadamente 38 mil Produtor Sebrae/MG http://www. sobre empresas e produtos. E disponibilizada grátis via internet. Informações bibliográficas: As bases de dados bibliográficas são bases de dados referenciais contendo literatura sobre temas tais como empreendedorismo. educação e qualificação profissional.bte. softwares e perfis de oportunidades de negócios. leis. Dados não confirmados 6 10 4 4 3 1 1 4 33 69 Tabela 3 . Maiores informações como endereço e URL dos produtores estão disponibilizados no site Fontes Eletrônicas de Informação para Negócios (http://wwweci.Bases de dados jurídicas: por categoria de informação Categoria de informação Doutrina Legislação Jurisprudência Tramitação Vocabulário Total Total (%) Dados confirmados 3 27 13 2 0 45 52 Dados não confirmados 6 17 13 2 3 41 48 Total 8 13 4 13 4 1 1 4 48 100 Total 9 44 26 4 3 86 100 Fonte: Elaborada pela autora. revistas. economia.Bases de dados por categoria de informação para negócios Foram coletadas informações sobre nove categorias de bases de dados que incluem bases de dados de informações bibliográficas. sobre oportunidades de negócios. comércio exterior.com. estatística e indicadores econômicos. financeiras. 4.br Sebrae /PB http://www. literatura sobre pequenos negócios. gestão e vendas.Bases de dados bibliográficas Nome Base Bibliográfica Empresarial (BBE) Biblioteca do Empreendedor Biblioteca Virtual Descrição Contém quase 41 mil referências bibliográficas de livros. fitas de vídeos. contabilidade. de vocabulário e sobre investimentos. folhetos. qualidade. administração de empresas. economia. A maioria das bases de dados estão na área jurídica (64%) e todas as demais áreas estão sub-representadas e carentes de bases de dados. endereço. Os dados incluem nome e descrição da empresa.br Sebrae http://www.com. tais corso fabricante (informação cadastral). além de documentos relacionados à história das Micro e Pequenas Empresas no Brasil.br N.sebraees.com. Está disponível tia Internet.Edição Sebrae Orientador / Adviser — índice Brasileiro de Bibliografia Econômica (IBBE) Perie Referências Bibliográficas sobre Educação e Qualificação Profissional (EQP) registros relativos a todos os documentos pertencentes ao acervo do SEBRAE nacional.Informações sobre Empresas e Produtos Nome Descrição DATAMAQ Banco de Dados em Máquinas e Equipamentos Contém informações sobre máquinas e equipamentos. contém informações sobre máquinas e equipamentos. entre outros. tais como: administração de empresas. de Registros 320.sebrae. lista e descrição de produtos e serviços. documentos. Pode ser acenada gratuitamente via internet. http://www.br 8.br 12. produzida pela ABIMAQ.org. 600 registros.cdgraf.unicamp. Dércio Carda Munhoz.br/orientador Unicamp http://www. produtos. Disponível via CDROM e internet. livros.br Brasília Computadores e Sistemas (BCS) http://www.com. É organizada pelo Prof. Tabela 5 . 100 empresas Escopo Brasil Sebrae/ES www.sebraerj. vídeos. Diretório com dados sobre mais de 12 mil empresas do Estado do Rio de Janeiro.000 produtos 3. qualidade.com. fornecedores.fcc.br/pesquisa/ biblioteca/eqp. livros e artigos de periódicos que abordam assuntos relacionados á atividade empresarial. A DATAMAQ.com. Disponibilizada grátis na Internet. Contém literatura publicada em revistas especializadas.br/bc/bases. Franquias no Brasil contém registros e 900 registros e Entidades de Apoio e Média Empresa.ht m Fundação Carlos Chagas http://www. entidades de apoio à micro e pequenas empresas. Fornecida via internet ou CD-ROM. e associações de classe. É pesquisável gratuitamente via internet.sebrae. e características técnicas por máquina e equipamentos. Informações sobre empresas e produtos: Nesta categoria foram identificadas 13 bases de dados que incluem diretórios de escopo e tamanhos variados com informações sobre empresas brasileiras. linha de produção por fabricante. Contém referências bibliográficas e resumo para obras referenciais para o segmento empresarial nos seus mais variados campos de atuação.html Fonte: Elaborada pela autora. dissertações e teses e legislação. contabilidade. diversos perfis de oportunidades de negócios editados pelo SEBRAE. tais como fabricante (informação cadastral).org. Contém cerca de nove mil referências bibliográficas de artigos de periódicos nacionais de economia. publicações seriadas e folhetos de economia.abimaq. Conjunto de bases de dados que contempla informações cadastrais de empresas do Espírito Santo. A base Fornecedores contém mais de 8 mil empresas cadastradas. monografias de graduação. relatórios de pesquisa.900 Espírito Santo Sebrae/RJ www. Disponível na Internet mediante assinatura. Contém documentos sobre qualificação profissional produzidos a partir de 1980. São fitas de vídeo. comércio exterior. linha de produção por fabricante. Base de Dados Sebrae/ES Cadastro de Empresas Produtor ABJMAQ/ SINDMAQ www.000 Rio de Janeiro 64 . e características técnicas por máquina e equipamentos. Disponível gratuitamente na Internet.900 Empresas associadas à Câmara Americana de Comércio Dun & Brastreet do Brasil Ltda.amcham. Diretório de empresas associadas à FIESP/CIESP. nome do principal executivo.amcham.com. Diretório das empresas e indivíduos associados à Câmara Americana de Comércio. Disponível gratuitamente na Internet.000 Empresas associadas à FIESP Confederação Nacional da Indústria (CNI) Empresas associadas ao CNI Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) www.com. www. O Cadastro Sindical da Indústria contém nome. é um catálogo com cerca de 3 mil fornecedores business to business brasileiros. Base de dados de empresas com potencial de internacionalização de suas operações.org.br/ oportunidades/bno. Registra 15 mil empresas cadastradas na FIESP/CIESP.br 8. Contém informações sobre as sociedades membros da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (bancos. número de empregados. lista e OESP Mídia S/A www. principais executivos.br/negócios/ cadindl.br Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESL’) www2.br 2 milhões Mercocard www.listasamarelas.bvij. endereço. faixa de CEP e porte da empresa. produtos. Contém razão social. Visa identificar fornecedores e clientes para a indústria.htm Sociedades membros da BVRJ Câmara Americana de Comércio (AMCHAM) www.htm Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP) www. Disponível via consultoria específica. um catálogo de empresas que fazem negócios com nutras empresa Os dados incluem nome e descrição da empresa.org. Contém endereço e nome dos executivos responsáveis. Cadastro de Associações de Classe da FIESP/CIESP. tamanho.quattrocom. Fornece para cada empresa razão social. Disponível gratuitamente via internet.br/negncios/ cadindl. com nome.000 Empresas Biz2Biz 65 . endereço.Database OESP Mercocard Banco de negócios e oportunidades FIESP/CIESP Cadastro das Associações de Classe FIESP/CIESP – Cadastro Industrial Cadastro empresarial BVRJ – Sociedades Membros Business Connection Duns 10000DDM Biz2Biz Directory Disponível localmente. ou seja. endereço telefone.fiesp.com. do Grupo Quattro Digital Media.com. endereço.388 São Paulo São Paulo 15. Dados são de responsabilidade das empresas cadastradas.mercocard. executivos e técnicos. ramo. produtos e serviços classificados de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul.600 Brasil Grupo Quattro Digital Media www. Biz2Biz Directory. DUNS 10000-DDM produzida pela Duns & Bradstreet do Brasil contém informações sobre cerca de 9 mil empresas e é atualizada diariamente. Registra quase 7 mil e 500 empresas em 447 ramos de atividades. e outras informações. Disponível gratuitamente na Internet.htm Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP) www. Disponível via consultoria especifica.br/ Corretoras/Soccor. produtos e serviços e seu código SIC (Standard Industrial Classification). Diretório de empresas em todos os estados brasileiros.br 1. Disponível em CD-ROM. Disponível gratuitamente na Internet.ciesp. Pode ser segmentado por setor. endereço. Consiste de doas bases de dados: O Cadastro Eletrônico de Endereços de Entidades Empresariais com informações cadastrais das empresas e sobre seus empresários. endereço e nomes de presidentes e principais executivos. número de funcionários.fiesp.org.com. Disponível via consultoria específica.htm Brasil Brasil 7. ramo.br 3. corretoras e distribuidoras). Contém nome. disquete e via consultoria especifica. Podem ser usadas para atividades de planejamento e pesquisa. bolsas de valores onde a empresa possui registros. demonstrações financeiras (Balanço Patrimonial. demonstrativo de resultados e demonstrativo de origens e aplicações de recursos). estudo de mercado ou para o conhecimento da realidade brasileira. rentabilidade e outros. É disponível gratuitamente na internet. Informações estatísticas e indicadores: Comparado com outros. demonstrativo de evolução do capital social. Essas bases contêm dados cadastrais das empresas e podem conter informações básicas sobre uma empresa como receita bruta. ações judiciais. Base de dados de acesso grátis disponível no portal Inventnews. Tabela 7 .com. cerca de 9 milhões e sobre todos os consumidores do Brasil com alguma atividade econômica. ativo fixo. Disponível da consultoria especifica. Fornece dados cadastrais rumo identificações. sobre controle acionário. Exceções são as bases produzidas pelo setor privado como as do CM (Comex e Indicadores econômicos) e do Target (Brasil em foco).com. contatos. débitos em atraso e outras informações para decisões de crédito. lucro operacional.com. passivo total. títulos de jornais onde a empresa divulga informações.descrição de produtos e serviços. bancos. contas nacionais. Fonte: Elaborada pela autora. população. contabilidade social. abrangendo protestos. contendo indicadores econômicos. câmbio e balanço de pagamentos. estrutura de capital. Disponível gratuitamente via Internes. comércio exterior. empresas e grupos econômicos contendo análises e informações sobre débitos em atraso. relatórios submetidos à CVM. Por serem. patrimônio. data de publicação de documentos como aviso aos acionistas e demonstrações financeiras. salário e renda.sabe. tipo de controle acionário. lucro operacional. juros. disponde do registro de todas empresas legalmente constituídas tio Brasil. Sistema de análise de balanços empresariais. lucro líquido. endereço. Banco de dados sobre pessoas.htm Fonte: Elaborada pela autora. falências.Informação estatística e indicadores 66 . Disponibilizada na Internet. situação financeira (operacional ou concordatária). lucro bruto. Fornece subsídios à maioria das decisões de crédito somadas no Brasil. ativo total.1000maiores. Contém informações básicas sobre uma empresa como receita bruta.br SERASA www.br Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) www. 7). São produzidas por órgãos do governo federai ou estadual. Demonstrativo de Resultados e Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos).com. consumo e vendas.br/fr_oque . moeda e crédito. cheques sem findos. são quase todas disponibilizadas gratuitamente via Internet.serasa. Contém dados de 450 companhias de capital aberto listadas nas bolsa de valores do pala Disponibiliza os seguintes recursos: informações trimestrais e anuais sobre as demonstrações financeiras (balanço patrimonial. patrimônio líquido e capital social. É o maior da América Latina. capital subscrito e alterações. passivo. Disponível gratuitamente na Internes. este setor está relativamente bem representado. etc. entre outros. com 13 bases de dados (TAR.Bases de dados financeiras Nome BOVESPA Companhias Listadas 1000 Maiores Empresas da América Latina Banco de Dados da SERASA Sabe Descrição Contém informações sobre as companhias participantes da Bolsa de Valores de São Paulo. receita liquida. produção. finanças públicas. Um instrumento de apoio às decisões de investimento em ações. características da empresa. em sua maioria. serviços.br Gazeta Mercantil www. preços. sociais. concordatas.bovespa. ativo. receita líquida. financeiros. capital. entre outros. apresentação dos valores das contas em real. institutos de pesquisa. Tabela 6 . políticos e administrativos em áreas como emprego. dólar e moeda da época corrigido para o valor presente 50 indicadores econômico-financeiros (liquidez. Informações financeiras sobre empresas: Foram identificadas 4 bases de dados com informações financeiras sobre empresas. São bases do tipo numérico ou estatístico. Produtor Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA) www.net alimentado rumas principais informações sobre as mil maiores empresas da América Latina. empresas privadas e pela Confederação Nacional da Indústria (CNJ). produzidas por instituições sem fins lucrativos. br Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Fonte: Elaborada pela autora.gov.banconordeste. agropecuária. de infra-estrutura. juros. segmentadas segundo sua principal atividade. Contém mais de 25 séries de valores obtidos através da Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) ou de outras instituições de grande credibilidade.br Fundação Getúlio Vargas (FGV) fgvdados.rj.ipardes. contas regionais. serviços.Pesquisas e Serviços de Marketing Ltda.anpei. sondagens industriais. produção.br Banco do Nordeste www.pe.br Centra Estadual de Estatística (CEE) do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). país.mte. habitação e saneamento.gov. estatísticas da agropecuária.br Target .cide.br/bde . Banco de dados de indicadores econômicos (índices de preços. BDE. emprego e renda. sócio-demográficas. consuma e vendas. contas nacionais. indústria. Focalizada no Nordeste.condepe.org. Cobre população. estatísticas econômicas e iludires de preços. Possui informações sobre a quantidade de empresas em cada município brasileiro. etc.ibge.Cadastro Geral de Empregados e Desempregados RAIS – Relação Anual de Informações Sociais COMEX .sendo 3 mil de uso público com acesso gratuito via Internet.Estatística de Comércio Exterior Barro de Dados do Nordeste Indicadores Econômicos Anuário Estatístico de Estado do Rio de Janeiro Base IPEADATA Produtor Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) www.org. Contém informações sobre os diferentes setores de atividade econômica e dados sobre aspectos físicoterritoriais. Brasil em Foco Banco de dados secundários. transporte. finanças públicas c outras.targetmark. Contém mais de 5 mil séries . Desenvolvimento & Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI) www. contém informações de caráter econômico e demográfico em níveis municipal e estadual (indicadores econômicos. Disponível em CD-ROM Movimento de admitidos e desligados do CAGED. comércio. administrativa. política. moeda e crédito. balanço de pagamentos. Disponível mediante assinatura.gov. Grátis na Internet. Contém indicadores empresariais de inovação tecnológica que possibilitam detectar tendências em inovação tecnológica entre empresas nacionais e estrangeiras. www. empresa e estada Possui mais de 140 mil registras e é disponibilizada via consultoria específica. sociais.fgv. comércio exterior e economia internacional. A origem das dados são os estabelecimentos empregadores Em CD-ROM Levanta toda a informação relativa ao mercado de trabalho formal brasileira Contém informações sobre o estoque e remuneração de emprego e sobre estabelecimentos declarantes Em CD-ROM Base de dados com informações estatísticas sobre as exportações e importações brasileiras em nível de produto.htm Associação Nacional de Pesquisa.gov.br Ministério do Trabalho e Emprego www.) do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. políticos).mte. 67 . Disponível gratuitamente na Internet. Fornece informações sobre a economia brasileira Os dados são apresentados em 5 blocos: atividade econômica. Versão Imitada disponível gratuitamente via Internet (ou completa mediante assinatura).br Instituto de Planejamento de Pernambuco (CONDEPE) www.br Ministério do Trabalho e Emprego www. abrangendo demografia.Nome Bases de dados do IBGE FGVDados BDEPE – Base de Dados do Estado (Pernambuco) Base ANPEI Descrição Divulga resultados das pesquisas feitas pelo IBGE relativas a estatísticas de âmbito social e demográfico.cni. financeiros.gov.com.cni. setor externo e dados estruturais. política monetária e fiscal. preços.org.Base de Dados do Estado (Parará) Contempla 26 milhões de itens de dados e referências das áreas econômica.br Confederação Nacional da Indústria (CNI) www. Disponível gratuitamente na Internet. Banco de dados sócio econômicos do Estado de Pernambuco. Versão limitada disponível gratuitamente na Internet.br Confederação Nacional da Indústria (CNI) www. emprego. salário e renda. educação. física e social do Paraná Grátis na Internet mediante autorização.gov. câmbio. Dados macroeconômicos sobre o Brasil.br Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (CIDE) www.gov. www. preços recebidos e pagos pelos produtores agrícolas. finanças públicas. econômicos e de finanças do Estado do Rio de Janeiro Versão limitada disponível via Internet ou completa em CD-ROM. CAGED . Disponível localmente. saúde. baseados em dados divulgados pelo IBGE e outras instituições oficiais. informática. Tabela 8 . prazo de retoma do investimento. pretensão produto e área de investimento). gratuitamente na Internet. telecomunicações). sistemas de noticias econômicas e análises e cotações (de ações. Esta base de dados não é disponibilizada para o público. serviços e/ou resíduos. destaca-se o SEBRAE. administração. As bases Bolsa de negócios. A Ponto de Partida é consultada apenas internamente para consultorias específica. avaliação das tendências de investimentos de empresas. Disponível gratuitamente via Internet Contém dados sobre o investido (nome.br Sebrae/MG http://www. as quais subsidiam seus produtos e serviços. Servem para subsidiar decisões de investimento.com. Bolsa de negócios turísticos. o SEBRAE fornece orientações sobre abertura de um negócio.Oportunidades de negócios: Nesta categoria foram incluídas bases de dados que visam auxiliar os empreendedores a identificar e desenvolver oportunidades de negócios. moedas e outras) em tempo real. apenas o produto Basto de Partida. cadastro das empresas prestadoras de serviço e fornecedores de produtos entre outras. Os dados disponíveis encontram-se sentada da seguinte forma: Cadastro de empresas – onde empresas de todo o país cadastram seus produtos.org. Oportunidades . etc.sebrae.sebraenet.onde são cadastradas oportunidades de negócios nacionais e internacionais.sebrae.cni. Entre os produtores. infra-estrutura (energia. fornecedores de maquinários e equipamentos. contém cerca de 1000 registros. Fornece informações necessárias para os empresários no desenvolvimento de seus projetos.com. concorrentes. Visa divulgar as franquias em expansão no Brasil. transporte. ação social e meio ambiente. informações mais recentes veiculadas pela Gazeta a respeito de personalidades em destaque. Efeito par cadastramento de informações em uma grande base de dados. Informação para investimento: Foram encontradas 4 bases na categoria de informação para investimento (TAB. Biográficas: Apenas uma base foi encontrada nesta categoria que contempla informações sobre perfis biográficos de personalidades ligadas ao mundo empresarial.enbratur. Possui mais de 700 registros sobre oportunidades de negócios. email. Produzida pelo SEBRAE. disponibilizando informações sobre taxas. e Franquias dependem dos próprios interessados para inclusão dos dados e estão disponibilizadas via Internet para consulta grátis. direito. Atualmente são cem de 42 mil empresas cadastradas. Elas contêm informações sócio-econômicas de municípios brasileiros. serviços e oportunidades de negócio.br Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) http://www. Vocabulário: A base de dados Tesauro (http://www.br Sebrae/CDI (Centro de Documentação e Informação) http://www. endereço.investnews. legislação pertinente. Através deste produto. Disponível gratuitamente via Internet.com.br Fonte: Elaborada pela autora. como identificar consumidores.net) é produzida pela Gazeta Mercantil e disponibiliza.Bases de Dados de Oportunidades de Negócios Nome Bolsa de Negócios Bolsa de Negócios Turísticos Franquia Ponto de partida Descrição É um serviço de proporção de negócios que visa identificar e aproximar compradores e fornecedores de produtos. capital de implantação. Produtor Sebrae http://www. Fornece subsídios para elaboração do produto “Ponto de Partida” elo serviço de Resposta Técnica do Sebrae. É disponibilizada via CD-ROM. Tabela 9 .htm) produzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) contém vocabulário controlado nas seguintes áreas: economia. Quatro bases foram identificadas. etc. etc) e sobre investimento (localidade. É produzida pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) e disponibilizada gratuitamente via Internet.gov.Bases de Dados de Informação para Investimento Nome Brazilian Competitive Sites Descrição Banco de dados on-line de informações sócio demográficas e econômico-negociais sobre os 500 Produtor Câmara Americana de Comércio 68 . praças de interesse./CDI (Centro de Documentação e Informação). sendo três delas do tipo diretório e uma em texto completo. 9). responsável por três bases.br/f-pstesauro. tecnologia industrial. Personalidades em Destaque (http://www. 135 mil produtos e 7 mil oportunidades de negócios. com notícias advindas da Agência Brasil. Os documentos são armazenados de forma a permitir a pesquisa em cada palavra do documento.). Valor Econômico.br Gazeta Mercantil http://www. Por exemplo. câmbio e de commdities. patentes. jornais. tramitação de matérias e vocabulário (bases de dados de dicionários ou tesauros jurídicos). Devido ao seu grande número. tendências globais de investimento. Vários dos elementos da cadeia de produtores de informação jurídica são potenciais produtores de bases de dados.Consultoria. Via Internet (gratuitamente para acesso limitado e mediante assinatura para acesso completo). renda fixa. avaliação das tendências do investimento de empresas nacionais e estrangeiras. jornais. livros. Devido ao PRODASEN a área já era servida por um conjunto de bases de dados muito antes que outros campos. Assessoria e Mercantil Lida http://www.Consultoria. Folha News. que descrevem os assuntos de documentos em uma determinada área. Contêm também relações entre os termos. Gazeta Mercantil entre outras. e por merecerem análise em separado. Dinheiro Vivo. 69 . Conjunto de bases de dados sobre os rumos da internacionalização da economia brasileira. maior jornal de economia e negócios do Brasil Contém serviços pagos para assinantes e serviços gratuitos com acesso limitado às informações.cma. • Tesauro A base de dados contém lista hierárquica de termos de vocabulário controlado. Parte integrante do sistema de informação da Câmara Americana de Comércio de São Paulo. mudanças na regulamentação. • Texto completo: A base de dados contém o texto completo de documentos (por exemplo: artigos de revistas.mmbr Fonte: Elaborada pela autora Informação jurídica: A área jurídica responde por 86 das 134 bases encontradas. material jurídico. Essas bases se dividem em doutrina. Serviço de informação sobre mercados financeiro e agrícola. Deve ter influenciado a área também a liderança do PRODASEN e Senado Federal.investnews. • Referência bibliográfica: A base de dados contém referências bibliográficas de documentos (por exemplo: artigos de revistas. Métodos. propriedade intelectual. relatórios. Representações de manipulações estatísticas dos dados. Provavelmente existe uma gama de fatores que poderiam explicar a concentração de bases de dados na área jurídica.br Câmara Americana de Comércio http://www. e análises setoriais. material jurídico. relatórios. existe de um considerável número de editoras de literatura jurídica. Balanços Anuais de Empresas Oferece acesso gratuitamente tia Internet. O acesso completo é mediante assinatura. Grátis na Internei Sistema de notícias e cotações em tempo real da Gazeta Mercantil. em tempo real. com verbetes explicativos. Jornais Regionais. etc. http://www. • Estatística e indicadores econômicos: A base de dados contém uma coleção de dados quantitativos e numérico-estatísticos. legislação.amchasrucom. relatórios. • Texto completo com imagens digitalizadas: A base de dados contém os documentos originais em texto completo (por exemplo: artigos de revistas. etc. extremamente atuantes como apoio ao Congresso Nacional e com facilidade de acesso a financiamento para seus projetos. Contém Banco de Notícias. Um destes fatores poderia ser o fato de a área ser intensiva em informações. mostrando medidas ao longo do tempo de determinada variável são incluídas. Pode incluir resumos. jurisprudência.BIL — Brazil Investment Link Investnews CMA .amchasrucom. Métodos.net CMA . anais de congresso.Jornalismo Setorial. Muitas das bases de dados são também produzidas por outros órgãos do governo como a extensa rede de tribunais e Assembléias Legislativas estaduais. Grátis na Internet. dissertações. particulares para uma determinada disciplina ou assunto. No âmbito internacional monitora os principais fatos e acontecimentos que movem os mercados. itens de jornais. Bases de dados: Por tipo Abaixo estão definidos os tipos de bases de dados encontrados: • Vocabulário: • Dicionário: A base de dados contém lista de termos. não serão aqui listadas. Os documentos são armazenados em forma de imagens e não permitem a pesquisa em cada palavra do documento. material jurídico). Faz cobertura completa dos mercados de ações. Fundos. Gazeta Latino-americana. muitas dessas se tornaram produtoras de bases de dados à medida que decidiram colocar suas obras impressas em formato eletrônico. Contém ainda análises e cotações.). Acessoria e Mercantil Lida maiores municípios brasileiros. razão pela qual os percentuais finais somam mais que 100%. A TAB 11 mostra como as bases de dados se distribuem entre essas categorias. 10 Tabela 10 – Bases de dados: por tipo Tipo Dicionário Tesauro Referência Bibliográfica Texto Completo Estatística Numérica Diretório Não fornecida Total Jurídica Quant. preços e outros dados numéricos. Na tabela acima deve ser observado que algumas bases de dados contêm mais de um tipo de dado. • Edições consecutivas: Indica que os dados são atualizados mas sem uma freqüência definida. Já entre os outros tipos de bases de dados. Propriedades. bases de dados que consistem do texto completo de livros ou obras de referência para os quais um novo CD-ROM é lançado apenas quando surge uma nova edição da obra. 31% são numéricas. 40% são diretórios. Observação: Os dados totalizam mais de 100% porque as bases podem conter mais de um tipo de informação. informação sobre a freqüência de atualização constava de um razoável número de sites e foi possível compilar o dado para cerca de 66% das bases pesquisadas. Normalmente. As bases de dados numéricas e estatísticas estão localizadas dentro da categorias de Informações financeiras. estatísticas e séries históricas são excluídas. empresas ou outras entidades. de Investimento e Estatísticas e indicadores econômicos. Bases de dados: Por Freqüência de atualização Apesar de muitas instituições não terem respondido ao questionário. Foram classificadas dentro de Edições Consecutivas.• Numérica: A base de dados contém coleção de dados numéricos. Observaram-se os tipos de freqüência de atualização abaixo descritos: • Tempo real: Indica que os dados são atualizados em tempo real. Total 3 2 27 % (sobre 134) 2 1 19 71 83 7 15 78 59 3 0 0 0 3 2 15 19 2 4 31 40 4 2 15 19 5 1 11 14 4 94 57 151 Fonte: Elaborada pela autora. Destaca-se que 78% das bases de dados jurídicas são em texto completo e 17% na forma de referência bibliográfica. publicações. % Total (sobre 48) 0 0 1 2 11 23 Total Quant. organizações. Tabela 11 . • Quinzenal Mensal • Bimestral • Trimestral • Semestral • Anual • Irregular: Indica que não existe um padrão regular para atualização dos dados. Estes tipos estão distribuídos entre as bases conforme mostrado na TAB.Bases de dados por freqüência de atualização 70 . As do tipo diretório encontram-se nas categorias Informação sobre empresas e produtos e Oportunidade de negócios. • Diária • Diária (via Internet): Indica que os dados são atualizados diariamente e podem ser acessados via Internet. incluindo quotações de ações. como era de se esperar. • Variada: Indica que existe mais de uma base de dados e que elas são atualizadas com freqüência diversificada. nesses casos. • Diretório: A base de dados contém lista de endereços para contato de pessoas. Geralmente são bases de dados acessíveis via Internet ou outros sistemas em rede. % Total (sobre 86) 3 3 1 1 16 19 Outras áreas Quant. existe uma base de dados correspondente em CD-ROM que é publicada com uma freqüência menor. Chama atenção o grande número de bases de dados atualizadas diariamente. A razão é que as bases podem ser disponibilizadas em mais de um suporte e cada suporte pode ter uma freqüência de atualização diferente. por exemplo. no caso das bases jurídicas. São Paulo responde pela produção de 38% das bases identificadas. o setor privado tem assumido a sua produção.Localização dos produtores de bases de dados Estado SP RJ DF MG RGS PB SC PR PA PE ES Não consta Total Número de produtores 26 12 12 4 3 2 1 1 1 1 1 4 68 % 38% 18% 18% 6% 4% 3% 1% 1% 1% 1% 1% 6% 100% Fonte Elaborada pela autora. Tabela 12 . talvez. muitas vezes com fins lucrativos. por exemplo). % Total (sobre 86) 28 33% 8 9% 1 1% 8 9% 9 10% 13 15% 2 2% 8 9% 1 1% 1 1% 0% 0% 24 28% 103 Outras áreas Quant. Outras combinações são. A TAB. à forma de coleta de dados desta pesquisa que privilegiou bases oferecidas via Internet. Consecutivas Variada Tempo real Não fornecida Total Bases Jurídicas Quant. Total Quant. ambos com l8%. A versão no CD-ROM é atualizada semestralmente. pelo menos no que tange às bases de dados de informação para negócios. enquanto que a versão na Internet é atualizada diariamente (útil no caso de diários oficiais. a soma totaliza número maior que o número total de bases. Total 41 9 1 10 9 13 2 12 1 1 1 4 45 151 % (sobre 134) 31% 7% 1% 7% 7% 10% 1% 9% 1% 1% 1% 3% 34% Observação: Os dados totalizam mais de 1000/o porque as bases podem ser fornecidas em mais de uma modalidade. Os outros estados apresentam contribuições menos significativas entre as bases levantadas nesta pesquisa. Os Produtores das bases de dados Foram identificados 68 produtores de bases de dados distribuídos pelos estados brasileiros conforme mostrado na TAB.Domínio dos produtores de bases de dados Domínio COM GOV ORG N 44 13 6 % 65% 19% 9% 71 . Tal dado deve-se. uma versão anual em CD-ROM e uma mensal em disquete. uma base pode ser oferecida em CD-ROM e via Internet.Freqüência Diária Semanal Quinzenal Mensal Bimestral Trimestral Semestral Anual Irregular Ed. seguido de Rio de Janeiro e Distrito Federal. 13 abaixo mostra que 65% dos produtores têm o domínio COM e apenas 19% tem o domínio GOV indicando que. 12. por exemplo. % Total (sobre 48) 13 27% 1 2% 0 0% 2 4% 0 0% 0 0% 0 0% 4 8% 0 0% 0 0% 1 2% 4 8% 21 44% 48 Fonte Elaborada pela autora. Como pode ser observado na tabela acima. Tabela 13 . Por exemplo. ligada ao jornal O Estado de São Paulo. As categorias de empresas especializadas em informática e informática jurídica (37%) e editoras (32%). Entretanto perfazem apenas S°/o dos produtores de bases nas demais áreas. Tabela 14 . Órgãos de apoio à empresas e indústria. SEBRAE e a Câmara Americana de Comércio (AMCHAM) produzem. instituições comerciais. como a OESP Mídia. produzem bases de dados de diretórios de empresas e serviços. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (HESP).Tipos de organizações produtoras de bases de dados Tipo de organização Empresas de informática Editoras Congresso Nacional. empresas de consultoria. Ministério do Trabalho e Emprego). contendo dados coletados para fins diversos. Embratur). antes impressos. bancos (por exemplo. os mais importante produtores de bases de dados são as confederações e federações de indústria e órgãos de apoio à empresas (38%). constituem 71% dos produtores de bases jurídicas.Tipos de organizações produtoras de bases de dados (comparação entre a área jurídica e demais áreas) 72 . as bases de dados do IBGE.BR INF NET Não consta Total 2 1 1 1 68 Fonte: Elaborada pela autora. órgãos de apoio à empresas e indústrias (15%). estão colocando livros. talvez por serem gratuitas. como a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Observou-se uma variedade de produtores: órgãos do governo. introduz algumas distorções nos números apresentados na TAB 14. A área jurídica. Editoras de páginas amarelas. dicionários e códigos. em versão eletrônica. muitas editoras jurídicas que comercializam bases de dados. tais como empreendedorismo ou educação profissional. Excetuando a área jurídica. com base no nome da organização. associações. muitas vezes com atualização via Internet. Lex Editora e Editora Saraiva. 3% 1% 1% 1% 100% Na categoria Órgãos do governo foram incluídos todos os produtores de domínio GOV Essa contém uma coleção heterogênea de organizações tais como fundações (por exemplo. etc. Federações. como a Bolsa de Negócios produzida pelo SEBRAE e Bolsa de negócios turísticos da Embratui os dados são fornecidos pelas próprias empresas que se cadastram no site o que pode resultar numa baixa qualidade devido à falta de controle na entrada. Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro — CIDE). revistas. Câmaras de Comércio) Empresas de consultoria Associações profissionais Jornais Fundações Bolsas de Valores Instituições de ensino Sem informação Total Fonte: Elaborada pela autora. Banco do Nordeste). câmaras do comércio. Destacam-se na área de informação estatística e indicadores econômicos que produzem mais de 50% das bases. por ter características próprias. Essas bases são riquíssimas fontes de informação. 15. não oferecem formas amigáveis de extração e visualização dos dados desejados. órgãos ligados a planejamento (por exemplo. Constituem 11% dos produtores na área jurídica e 18% nas demais áreas. principalmente. Assembléias Legislativas. Assim. Número 16 12 11 % 24% 18% 16% 10 15% 8 3 2 2 2 1 1 68 12% 4% 3% 3% 3% 1% 1% 100% As características dos produtores estão relacionadas com o tipo de bases de dados que produzem. A TAB 14 abaixo apresenta uma tentativa de categorização das instituições produtores. empresas de consultoria (12%) e órgãos ligados ao governo (16%). como por exemplo. Órgãos do governo muitas vezes disponibilizam as bases gratuitamente. órgãos ligados ao governo (18%) e empresas de consultoria (como Dun and Bradstreet do Brasil. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada — IPEA). diretórios de empresas. Ministérios e outros órgãos ligados ao governo Órgãos de apoio a empresas e indústrias (Confederações. como por exemplo Editora Síntese. Assembléias Legislativas ou ministérios (por exemplo. Tabela 15 . empresas de informática. autarquias ligadas a ministérios (por exemplo. Observa-se que prevalecem empresa de informática (24%). IBMEC. juntas. editoras (18%). No caso das bases de dados de oportunidades de negócios. (13%). CAGED. como é mostrado na TAB. editoras. e RAIS. bases de dados de oportunidade de negócios bem como algumas bases bibliográficas de assuntos de interesse para negócios. mas. SERASA e CMA). com fins lucrativos ou não). Ministérios e outros órgãos ligados ao governo Bolsas de valores Sem informação Total 0% 0% 11% 3% 8% 18% 0% 0% 100% 5% 3% 100% Na área de informação financeira. financeira e biográfica. Federações. os dados coletados indicam que a maior parte das bases teve início de produção dos anos 90. Câmaras de comércio) Instituições de ensino Fundações Congresso Nacional. 5O°/ das bases são produzidas por empresas da consultoria. mas como era de se esperar. através da editora OESP Mídia. a ele vinculada. dentro dessas duas grandes categorias. Bases de dados: por forma de disponibilização Inicialmente esperavam-se encontrar bases de dados disponibilizadas basicamente em CD-ROM ou via Internet. Bases de dados: por início da produção Essa informação não consta em cerca de 50% das bases de dados. O Estado de São Paulo. Uma informação que seria interessante de ser obtida é o tipo de organização que produz as bases (se órgão público ou privado. também está representado entre os produtores. Tabela 16 .Percentual Área Jurídica Demais áreas 8% 0% 37% 5% 8% 13% 32% 0% 0% 10% 5% 38% Tipo de Organização Associações profissionais Empresas de informática Empresas de consultoria Editoras Jornais Órgãos de apoio a empresas e indústrias (Confederações. como se vê abaixo: • CD-ROM (grátis com assinatura da revista): Os CD-ROMs são enviados sem custo uma vez que o usuário adquira outro produto (na maioria das vezes. Outro jornal. Esta informação normalmente não está disponível na página do produtor e os dados sobre aspecto estão incompletos devido ao grande número de instituições que não responderam ao questionário.Bases de dados: por início da produção Período 40-59 60-69 70-79 80-89 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Não fornecida Total N 0 2 2 4 0 4 5 12 5 6 5 8 0 0 0 0 33 86 Jurídica % 0% 2% 2% 5% 0% 5% 6% 14% 6% 7% 6% 9% 0% 0% 0% 0% 38% 100% Demais áreas N % 1 2% 0 0% 1 2% 4 8% 0 0% 0 0% 3 6% 0 0% 1 2% 4 8% 0 0% 0 0% 0 0% 1 2% 0 0% 1 2% 32 68% 48 100% Todas as áreas N % 1 1% 2 1% 3 2% 8 6% 0 0% 4 3% 8 6% 12 9% 6 4% 10 7% 5 4% 8 6% 0 0% 1 1% 0 0% 1 1% 65 49% 134 100% Fonte: Elaborada pela autora. 73 . Destaca-se também o jornal financeiro Gazeta Mercantil responsável pela produção de 3 importantes bases de dados nas categorias de investimentos. Coletar esse dado fica como sugestão para uma posterior atualização desta pesquisa. esse produto é a versão impressa do conteúdo do CD-ROM). Entretanto foram encontradas uma variedade de modalidades de oferecimento. Assembléia Legislativas. • Cópia demonstrativa: Existe cópia grátis para demonstração/marketing da base de dados.• CD ROM (assinatura): Os CD-ROMs são adquiridos mediante assinatura dos mesmos por um período definido (anual. porém o acesso aos dados é restrito. 74 . Surpreende a quantidade de bases (16%) fornecidas via disquete na área jurídica e o baixo fornecimento de cópias demonstrativas. • Intranet: A base de dados é disponível na Intranet da empresa produtora. 17 abaixo mostra o número de bases em cada grande grupo. não é necessário assinatura dos mesmos por um período definido. os números totalizam mais de 100% já que as bases de dados podem ser oferecidas em mais de uma modalidade. Cerca de 60% das bases de dados são disponibilizadas em CDROM e 57% via Internet. • Via consultoria específica (avulso): A base de dados não é disponibilizada diretamente para os usuários e só pode ser cessada mediante contratação de serviços de consultoria do produtor da base. jurídica investimento vocabulário Inf. ou seja. porém o acesso requer uma senha de acesso e é pago. bibliográfica Tabela 17 . • Via E-mail: A base de dados não é disponibilizada diretamente para os usuários e só pode ser acessada mediante envio de e-mail solicitando consulta. • Internet (atualizações): A base de dados é normalmente fornecida em outros meios (por exemplo. • Disponível localmente: A base de dados é disponível para os usuários apenas nos recintos da empresa produtora/disponibilizadora. financeira Inf.. • Tele-atendimento — grátis: A base de dados é disponível para consulta via solicitação por telefone. • CD-ROM (avulso): Os CD-ROMs podem ser comprados isoladamente. Conforme observado no rodapé da tabela. • Via consultoria específica (assinatura): A base de dados não é disponibilizada diretamente para os usuários e só pode ser acessada mediante contratação de serviços de consultoria do produtor da base por um período determinado. As demais modalidades de oferecimento não são expressivas. via rede que não seja Internet. podem ser disponibilizados via Internet apenas os dados do último ano. estatística Inf. A TAB. empresas Inf. CD-ROM Internet Disquete Cópia demonstrativa Consultoria Teleatendimento Online E-mail Disponível no local Intranet Impresso 3 7 1 8 1 3 60% 57% 16% 1% 2 8 2 6% 1% 2 1 1 3 3 1 6 2% 1% 4% 18 1 1 140 2 1 203 1% 1% 1 6 2 2 1 1 1 1 12 15 4 Total % (sobre 134) 80 76 22 2 1 3 1 1 Total 71 40 20 1 4 8 1 3 Inf. modalidade que deve continuar ganhando espaço. • Internet (grátis — acesso limitado): A base de dados está disponível na Internet.Bases de dados: Por tipo de disponibilização 5 1 2 6 Observação: Totalizam mais de 100% porque cada base de dados pode ser oferecida em mais de uma modalidade. semestral ou outros). • Internet (grátis — acesso total): A base de dados está disponível na Internet com acesso completo às informações. Por exemplo. biográfica oportunidades Inf. CD-ROM) e as atualizações mais recentes dos dados (em geral diárias) podem ser acessadas via Internet • Online: A base de dados pode ser acessada remotamente. • Disquete: A base de dados é fornecida em disquete. • Internet (assinatura): A base de dados está disponível na sua totalidade na Internet. Somando-se acesso total e acesso parcial. Internet (sem especificação) Internet (grátis acesso total) Internet (grátis acesso limitado) Internet (assinatura) Internet (atualizações) Cópia (demonstrativa) 7 3 1 2 Investimento Vocabulário Inf. Merecem destaque também bases com cobertura estadual (17%) e internacional (15%). Nas demais áreas essa porcentagem sobe para 59%. Estatística Inf. 33°/a do total das bases de dados são oferecidas gratuitamente via Internet sendo que.Oferecimento via Internet 3 4 1 1 Fonte: Elaborada pela autora. Tabela 18 . São responsáveis por esses altos índices as bases de dados de informação bibliográfica.Bases de dados por cobertura geográfica 75 . na área jurídica apenas 16% são grátis. Bases de dados: por cobertura geográfica Como mostrado na tabela abaixo. 20 abaixo os dados somam mais que 100% pois algumas bases são de cobertura nacional e internacional. 19 apresenta os dados detalhados para as diversas modalidades de oferecimento via Internet. A TAB. Financeira Inf. Tabela 20 . estatísticas e diretórios de empresa. Biográfica Jurídica Demais áreas Todas as áreas N 1 % 24% N 4 % 8% N 5 % 4% 2 14 1% 20 42% 34 25% 3 2 3 15% 8 17% 11 8% 1 2 18 5% 4 8% 22 16% 4 21% 0 0% 4 3% 1 5% 1 2% 2 1% 1 4 Oportunidade Inf. exceto a jurídica. Observação: Totalizam mais de 100% porque cada base de dados pode ser oferecida em mais de uma modalidade. Na TAB.Tipo de Disponibilização por categoria de informação N 71 40 20 1 2 CD ROM Internet Disquete Cópia demonstrativa Consultoria Tele-atendimento Online E-mail Disponível no local Intranet Impresso Total Jurídica Demais áreas N % 9 19% 36 75% 2 4% 1 2% 6 13% 2 4% 2 4% 1 2% 3 6% 1 2% 0 0% 63 % 83% 47% 23% 1% 2% 0% 12% 0% 3% 1% 1% 1 3 1 1 140 Todas as áreas N % 80 60% 76 57% 22 16% 2 1% 8 6% 2 1% 3 2% 1 1% 6 4% 2 1% 1 1% 203 Fonte: Elaborado pela autora. Empresas Inf. 77% das bases de dados em todas as categorias. Esse dado não foi apresentado para a área jurídica já que 76% das bases não apresentaram essa informação.Na TAR. 18 observa-se uma tendência de fornecimento via CD-ROM na área jurídica (83%) enquanto nas demais áreas 75% das bases são fornecidas via Internet. Bibliográfica Tabela 19 . possuem cobertura nacional. jan. 1. como também mais informações sobre esses. 174-181. Estatística Inf. v. Auta Rojas. Estão. tempo de atuação no mercado e faturamento. disponibilizadas de forma dispersa. Biográfica Oportunidade Inf. 1997. Financeira Inf. 1991. n. Ressalte-se também o dinamismo do setor: as informações nos sites podiam mudar rapidamente. Informação empresarial para o Mercosul: a expansão das fronteiras das Microempresas. É desejável que o diretório resultante desta pesquisa possa ser um embrião para a criação de uma obra de referência. Total N 0 8 1 37 7 1 54 % 0% 17% 2% 77% 15% 2% Observação: Totalizam mais de 100°/a porque cada base de dados pode ter mais de um enfoque. Belo Horizonte UFMG/EB. 1999. v. p. Assim como as descrições sobre as bases de dados na Internet eram. 25. BARRETO. Observou-se ainda que. insuficientes para o potencial usuário determinar sua utilidade. l44-l49. com interfaces simplificadas e pontos de acesso limitados. que existam muitas outras bases de dados não divulgadas na época da pesquisa ou que não apareçam nos sites com a designação de base de dados. de maneira genérica. é pobre ou inexistente./abr. 1. Supõe-se. Brasília. 2002) que tiveram o intuito de melhor conhecer a produção das informações para negócios por organizações privadas e governamentais. O mercado é voltado para o usuário final. 76 . p. Anais. como pode ser visto. Devido à metodologia adotada. incluindo não só um número maior de produtores e suas bases de dados. 1998. desenvolvido através desta pesquisa. novas bases de dados apareciam. p. outras vezes. Ricardo Rodrigues. Brasília. SOUZA e BORGES. jan. na maior parte das vezes sua documentação. que a maioria não era dirigida para os profissionais da informação. muitas vezes. 1994. Empresas Inf. nos sites apareciam termos e expressões como “bolsa de negócios” ou “cadastro de empresas” ao invés de base de dados de empresas. Bibliográfica Municipal Estadual Regional Nacional Internacional Não fornecido Total 4 1 1 1 4 2 5 1 1 6 Fonte: Elaborada pela autora. CENDÓN. 2000. Embora não se tenha analisado extensivamente detalhes das interfaces ou recursos de busca oferecidos. 1. 20. soma-se a outros esforços originados na Escola de Ciência da Informação da UFMG (MONTALII. o site da organização produtora não mencionava a base de dados propriamente. 1996. Seria interessante que existisse no Brasil uma empresa distribuidora de bases de dados. DUARTE. Considerações finais O diretório de bases de dados de informação para negócios. Exemplos de outros dados que seriam interessantes de serem compilados são: uma caracterização mais aprofundadas das empresas produtoras como seu tamanho. a pesquisa revelou um número relativamente expressivo de bases. o diretório não é exaustivo./jun. as disponibilizasse através de sistema unificado de acesso e busca e as divulgasse mais amplamente. _____. Ciência da Informação. pode-se afirmar. 78-81. consequentemente. sites eram re-estruturados. 1994. In: SEMINARIO NACIONAL DE INFORMACAO PARA INDÚSTRIA E COMERCIO EXTERIOR. 1993. BORGES e CARVALHO. BORGES e CAMPELLO. 1994. Informação para negócios no Brasil. Belo Horizonte. SOUZA. 1996. que comprasse as bases de dados. 1996. mas os serviços dela derivados. n. BARBOSA. Ciência da Informação.. SOUZA e BORGES. 241 p. Reflete as bases de dados mais freqüentemente referenciadas em páginas da Interna ou cujos produtores são citados em textos da literatura sobre informação para negócio. Apesar de todas essas dificuldades. nos moldes do DIALOG. saiam do ar. informação sobre as bases de dados desapareciam.. Referências BARROSA.5 6 2 1 9 9 3 1 3 1 9 1 14 4 14 Investimento Vocabulário Inf. conteúdo e forma de utilização. atualizada com periodicidade regular e abrangente. que revelaria seu escopo. A falta de padronização da terminologia na Internet contribuiu para a dificuldade de se localizarem as bases. A informação eficaz na empresa. software utilizado na produção das bases de dados e serviços e produtos de informação gerados a partir das bases de dados. permitindo assim que uma comunidade maior se beneficiasse das informações que estão sendo coletadas e organizadas. Por exemplo. Ciência da Informação. BORGES. 1. 2. 1996. 1994. 1993.. 1994. 1./ jun. p./dez 1997. 149-161. v. 820 p. 1999. Kátia Maria Lemos. Informação para negócios: discussão. Kathleen Young. Michael R. In: CONGRESSO LATINOAMERICANO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTACAO. 30-43. LAVIN. Anais. Natália Guiné de Mello. DUARTE. 7 . tratar e analisar um conjunto de dados. ou seja. o que tem trazido modificações sociais. Mônica Erichsen Nassif. 23-40./abr. Brasília. fala-se da existência do mercado de informação.. n.. 1. Virgínia Bentes. Belo Horizonte. 27. n. a informação. 241p. Produtos e serviços de informação para negócios no Brasil: características. v. p. Mônica Erichsen Nassif. econômicas e políticas. o uso de tecnologias de informação e a possibilidade de atender a vários clientes — estando eles até mesmo em diferentes organizações características estas que fazem com que os serviços de informação devam ser objeto de estudo e de discussões. Nos últimos anos. 189-203. Perspectivas em Ciência da Informação. 1994. Bases de dados de informação para negócios.. Ciência da Informação. 1993.. _____. 241 p. PINTO. A gestão da informação é considerada como um conjunto de processos distintos e inter-relacionados. Terezinha de Fátima Carvalho de. p. 165-173. Beatriz Valadares. Belo Horizonte: ABMG. 52-58. 1. n. Professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG – mnassi@eci. utilidade e adequação às necessidades do cliente. que são: a) identificação de necessidades informacionais. Gale director. 1994. of databases.. Anais. Brasília. MONTALLI. definição das fontes de informação e obtenção dos dados 1 Doutora em Ciência da Informação — ECI/UFMG. são a intangibilidade. In: SEMINARJO NACIONAL DE INFORMACAO PARA INDUSTRIA E COMERCIO EXTERIOR. p. Informação para negócios na Internet: estudo das necessidades informacionais da indústria moveleira de Minas Gerais. 5.. consiste do resultado do trabalho de obter. v. 1994. SOUZA. FIGUEIREDO. p. n. In: SEMINARIO NACIONAL DE INFORMACAO PARA INDÚSTRIA E COMERCIO EXTERIOR. 2v.. Mundorf. jan. Arizona: Oryx. Informação para a indústria: algumas considerações. A organização da informação para negócios no Brasil. Celeste Ainda Sirotheau Correa.MG .devidamente disponibilizados para conterem o essencial para tomada de decisão e implantação de mudanças. Luiz Otávio Borges. nesse contexto.cezarina@cetec. Ciência da Informação. Belo Horizonte. CENDÓN. Perspectivas em Ciência da informação. Mônica Erichsen Nassif. no qual ela deve ser considerada sob a ótica de sua utilização. Anais. Brasília. jan. 28. Terezinha de Fátima Carvalho de. Ciência da informação. constituem um subsetor do setor de serviços. Brasília. p. 1999. partilhando algumas características com outras classes de serviços.BORGES. Belo Horizonte : UFMG/EB. 2. verifica-se a intensa expansão do setor de serviços. 1994. para um cliente ou para um grupo de clientes . Nessa perspectiva. MONTALLI. n. Belo Horizonte. Belo Horizonte. 2./abr. jan. Belo Horizonte. Detroit Gale Research. Brasília. p. v./abr. Diferentemente da informação massificada. jul. 2002. n.. SOUZA. BORGES. pertinência. how to use is. os serviços de informação. sob medida. Business information: how to find it.. a volatilidade. no âmbito da gestão da informação. 1./abr. 150-168. 37-48. jan. 1994. Organização da área de informação para negócios no Brasil: a questão da informação financeira e suas fontes. Dholakia (1997). 2. de acordo com Dholakia. 28. p. Fontes de informação financeira no Brasil. p. Belo Horizonte: UFMG/EB.. 31. Phoenix. Essas características. Belo Horizonte..Serviços e produtos de informação para empresas: um desafio estratégico para os profissionais de informação Mônica Erichsen Nassif Borges 1 Maria Cezarina Vítor de Sousa 2 A informação é considerada um dos insumos importantes para o desenvolvimento empresarial quando disponibilizada com rapidez e precisão. MARCACCIO. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTACAO. (Projeto de Dissertação) SOUZA. 76-80. CAMPELLO. 1996.. Belo Horizonte: ABMG. Bernadete Santos. CARVALHO. 820 p. v.. 25. pressupondo possuir valor agregado. Ciência da Informação. v. 1998. 2.br 2 Bibliotecária da Fundação CETEC — BH . Informação tecnológica e para negócios no Brasil: introdução a uma discussão conceitual. Informação para negócios: um novo desafio. apresentadas pelos autores. BORGES. Anais. p. p.ufmg. 28-36. Mônica Erichsen Nassif. Nesse contexto. Nice. Belo Horizonte UFMG/EB. n.. 1992. 123-149. Terezinha de Fátima Carvalho de. v. refletindo o contexto atual do mercado e da economia mundial.br 77 . 1. 1. Kátia.. jan. Instituições provedoras de informação tecnológica no Brasil: analise do potencial para atuação com informação para negócios.serviços multiclientes . 2000. JANUZZI. maio/ago. Informação para negócios no Brasil: reflexões. por exemplo. Agências de pesquisas como a Toledo & Associados e Datafolha. por exemplo. No que se refere à prática da gestão da informação. associações comerciais e câmaras de comércio destacam-se como um grupo importante no fornecimento de informações para empresas. como também por empresas de consultoria e por profissionais devidamente capacitados. Ainda de acordo com Campbell (1981). através da Rede de Núcleos de Informação Tecnológica. Campbell (1981) afirma que os profissionais de informação. denominadas centros de documentação/centros de informação. o seu crescimento e o seu valor. ou empresa autônoma — que tem como objetivo gerenciar informação e disponibilizar serviços e produtos informacionais. da distribuição e do uso da informação. eles devem ser concebidos como um negócio. e em Londres. naquela época já tinham clareza de que nenhuma instituição pode conter todos os recursos informacionais necessários aos seus clientes. os institutos de pesquisa e as bibliotecas acadêmicas são também importantes instituições provedoras de serviços de informação para empresas. reunidas em um só texto. a literatura apresenta uma série de discussões e aspectos a serem considerados sobre eles. bolsas de valores e associações nacionais de bancos. a forma como os serviços e produtos de informação serão desenvolvidos tem relação intrínseca com a forma como os dados obtidos pelas fontes de informação foram analisados. criados especificamente para atender. com autonomia operacional e 1 Neste trabalho. a Bloomberg e a Dow Jones. a Reuters. ainda tem sido pouco utilizada pelos empresários. a empresa Companhia da Informação. Atualmente. alocados nas próprias organizações. ao staff de determinado órgão ou departamento de uma instituição. distribuição da informação e uso da informação. Empresas nacionais dessa categoria são também citadas por Carvalho (2001). bem como a satisfação dos seus clientes. as associações de classe e empresas especializadas em clipping de notícias impressas ou veiculadas em televisão são citadas por Carvalho (2001). uma vez que eles desconhecem as possibilidades que ela apresenta. falar de serviços de informação leva a falar do cliente e de suas necessidades de informação.a autora cita a Simba Information. organizados e armazenados. Mas. os serviços de informação para empresas são disponibilizados ainda por essas instituições.nelas disponíveis. confederações de indústrias. Panorama dos serviços e produtos de informação para empresas Embora a literatura indique a segunda metade do século XX como marco do desenvolvimento dos serviços de informação para empresas e para negócios. Além disso. têm como objetivo fornecer informações sobre a capacidade de pagamento das empresas. as filiais nacionais de empresas tais como a McKinsey & Co e a Price Waterhouse. Serviços e produtos de informação com foco no mercado Independentemente da forma como os serviços e produtos de informação são disponibilizados aos empresários. instalados em bibliotecas públicas locais. Além disso. que mantêm estruturas mundiais para a captação de notícias econômicas. organização e armazenagem de informação. muitos deles pagos e disponíveis em redes. tais como. entretanto. dimensionando-se a sua complexidade. ganham importância os serviços de informação de acesso restrito. nos anos 90. Inglaterra (1782). financiados pelo PADCT e através das parcerias com o SEBRAE e com redes nacionais e internacionais de informação. o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia — IBICT foi o articulador central das ações voltadas para a instalação de serviços de informação para o atendimento às empresas. bibliotecários. Na década de 70 do século XX. mas também como importante fonte informacional concorrente de todas as instituições que disponibilizam serviços de informação para 45 empresas. Além das instituições acima citadas. nesse conjunto de agências que disponibilizam informações para negócios. Tanto que. A respeito dos serviços de informação. consideramos como unidade de informação toda e qualquer entidade — instalada em uma organização. Os serviços de informação oferecidos por essas instituições adquiriram muitas das suas características atuais de cobrança e de atendimento personalizado graças à reunião de grupos formais de bibliotecas e agências de informação. a CMA e a Broadcast. apresentam altos índices de faturamento. Em âmbito nacional. Na área financeira. segundo o autor. ainda que vinculadas a uma organização 1. eles já existiam em Hamburgo. não se pode deixar de mencionar a Internet não só como suporte para o provimento dos serviços de informação para as empresas. mas não são encontradas. todas as questões importantes. os serviços e produtos mostram-se como o “lugar” no qual todas as questões discutidas e previstas nos demais processos são consolidadas. instituições tais como departamentos de ministérios públicos. As unidades de informação 1. que disponibilizam serviços e produtos de informação. especialmente aqueles ligados à indústria e ao comércio. Em função dessa especificidade de prestação de serviço de informação. Alemanha (1735). Segundo Fidelis (2001). devem ser vistas como uma empresa. desenvolvimento de serviços e produtos informacionais. 78 . existem unidades de informação instaladas nas empresas. SERASA e a SCI. por fim. é necessário observar aspectos relacionados à variedade. Também são encontradas unidades de informação que atendem a empresas. dadas as especificidades das demandas dos clientes — geralmente decisores que necessitam de respostas rápidas à resolução dos problemas ligados aos seus respectivos negócios. Um projeto tem como etapas básicas: 1 Experiências desta natureza são encontradas em diversas empresas. o espaço que pretendem ocupar em relação ao ambiente de negócios. Dois tipos de dificuldades são enfrentadas na realização da venda e na distribuição dos serviços e produtos de informação por parte das unidades de informação.. auxiliando-o a tomar decisões. para atender a demandas específicas dos clientes. BASTOS Jr. envolvendo desde aquelas que disseminam notícias urgentes e requerem atenção imediata por parte do cliente até aquelas que tratam sobre aspectos relacionados ao futuro da organização. a definição dos objetivos da unidade de informação evita que os serviços e produtos apresentem sobrecarga de informações. GESTÃO do conhecimento: uma experiência para o sucesso empresarial. concorrentes. Heitor José. as oportunidades e as pressões do ambiente de negócios da instituição devem ser objeto de atenção por parte das unidades de informação. Por SANTOS. das tendências de mercado e de cenários de futuro. A elaboração do projeto é interessante tanto como roteiro de execução e gestão. As unidades de informação devem ter claramente definidos o seu negócio. uma vez que o cliente da informação é o ponto de partida para a definição da missão de uma unidade de informação. possibilidades futuras. Através de planejamento adequado. quanto de conteúdos disponibilizados pelos serviços de informação. Paulo Alberto (organizadores) Curitiba: Champagnat. Ainda segundo aqueles autores. companhia Vale do Rio Doce. Ou seja. Da mesma forma. é necessário identificar as relações existentes entre a unidade de informação e a comunidade a que atende. as pesquisas de opinião e respostas técnicas. Essas questões são norteadoras da configuração de cada serviço/produto informacional. Com relação ao planejamento dos serviços e produtos definidos pelas unidades de informação.mercadológica. quando essas unidades fazem parte de uma organização: o planejamento e o marketing. 2001 79 . O importante é que cada produto disponibilizado pelas unidades de informação agregue valor às atividades do cliente. os alertas bibliográficos. quanto os específicos. ou seja. 2 Ver esta experiência em gestão do conhecimento. praticamente inexistindo. Instituto Nacional de Tecnologia — INT e outros existentes no pais. e. os clippings. os serviços e produtos de informação devem ser ofertados com valor agregado e definidos de acordo com o perfil do cliente. Esses objetivos devem ser definidos de tal forma que os serviços prestados e os produtos a serem disponibilizados aos clientes da unidade de informação apresentem características que os diferenciem de outros serviços e produtos similares — tais como preço adequado. posicionando-se com dinamismo e atualidade técnica. definindo-se os clientes reais e potenciais. os serviços de informação voltados para empresas e para negócios devem prover diferentes níveis de informação. Antônio Raimundo. tais como. No caso da unidade de informação que faz parte de uma organização. determinados no tempo. venda e rentabilidade da unidade de informação. em função das necessidades de seus clientes. os serviços de disseminação seletiva da informação 2. surpreendendo o cliente Além disso. atendimento personalizado. o que deve ser feito para manter os clientes atuais e conquistar novos. Mundorf Dholakia (1997) como algo que acontece com muita freqüência. tanto os estratégicos. Devem também estabelecer estratégias de negócios e terem à frente um gerente com responsabilidade sobre desempenho. detalhados a ponto de se tornarem operacionais. menores prazos para a sua disponibilização. entre outros. quando for o caso. detectando-se os hábitos e os costumes dos clientes com relação ao uso de informação. entre outras. as suas necessidades emergentes e preferências. quais são as competências que distinguem a unidade de informação de outras unidades. considerando os clientes. qualidade. Exemplos desses serviços são os levantamentos bibliográficos. como Fundação centro Tecnológico de Minas Gerais — CETEC/MG. quanto como instrumento de negociação e captação dos recursos necessários para a implantação de serviços e produtos de informação. podem-se definir quais são e como atingir os objetivos da unidade de informação. fornecedores. etc. PEREIRA. Natura Cosméticos. interesses. PACHECO. as análises do ambiente de negócios da organização. A variedade pode ser indesejável — se as pessoas preferem meios rápidos e rotineiros para obterem informação — mas pode ser um fator de estímulo à sua utilização por parte das pessoas. A característica que diferencia esses tipos de serviços e produtos de informação é a intenção de contemplar conteúdos relacionados ao negócio do cliente. Construtora Andrade Gutierrez. quem poderá vir a ser novo cliente. tanto de canais e de formatos. respondendo não só às suas demandas — solicitações claramente explicitadas .mas sobretudo procurando responder e antecipar-se às suas necessidades de informação. o que compra. A missão da unidade de informação deve responder a questões tais como: quem e onde está o cliente. a solucionar problemas da empresa e a formular estratégias organizacionais. Alguns serviços e produtos de informação são desenvolvidos sob encomenda. processos de trabalho e produtos da mesma. Essa questão é discutida por Dholakia. propõe-se que esse se materialize na forma de um projeto. tais como Usiminas. especialmente com serviços e produtos voltados para empresas. que devem estar prontas para redefinirem os seus serviços e produtos. em institutos de pesquisa. Fernando Flávio. Já alguns serviços e produtos visam atender às necessidades informacionais dos clientes. De acordo com CHOO (1998). que especifica como o serviço será avaliado. e que a base fundamental da abordagem seria a do valor agregado à informação. atual e futuro. No caso das unidades de informação externas ‘às organizações. como será o atendimento. Carvalho (2001) cita duas metodologias de avaliação de serviços de informação: a de Farbey e a de Taylor. apóiem financeiramente a implantação dos mesmos e dêem subsídios para a definição da estratégia de atuação da unidade de informação na organização. panfletos. observações e entrevistas. inicialmente. que resultados podem ser esperados da atuação de cada cliente a partir da utilização do produto/serviço. são os questionários. de convencer o cliente da sua adequação às suas necessidades informacionais. b) enumerar e classificar as perguntas dos usuários e os índices de respostas. e em que consiste o serviço/produto. quanto para os clientes. c) objetivo: definição do que se pretende fazer e quais os resultados esperados com o projeto. havendo acordo entre as partes interessadas. mala direta. ou seja. anúncios. a percepção dos consumidores. Os aspectos a serem observados no processo de avaliação de serviços e produtos de informação variam entre os autores que tratam sobre o assunto. mostrando erros. que são a clientela desses serviços e produtos. E a ferramenta pela qual se comunica ao cliente as vantagens em adquirir o produto é a promoção. mas há questões gerais. acertos e possibilidades de modificações para melhoria ou para substituição dos mesmos. Ela pode ser considerada como um diagnóstico do funcionamento dos serviços e produtos disponibilizados pela unidade de informação. Um outro aspecto a ser considerado com relação aos serviços e produtos de informação para empresas e negócios diz respeito à sua avaliação. a interface é onde estão disponibilizados os valores que o sistema agregou à informação. c)dar atenção às questões não respondidas. Para o autor. O modelo proposto por TAYLOR (1985) parte da premissa de que sistemas de processamento de informações de qualquer espécie (sejam humanos ou computadorizados) adicionam valor a qualquer informação que seja tratada por ele. exame do ambiente no qual o serviço se encontra. f) equipe: definição e competências das pessoas que desenvolverão o projeto. 80 . telemarketing.a) caracterização: define o posicionamento do projeto frente ao ambiente de negócios. É o momento de negociar o serviço ou produto de informação. Há. a fase de pré-proposta. um aspecto importante de decisão de compra. d) metodologia: etapa na qual são descritas as atividades a serem desenvolvidas para que os objetivos sejam atingidos. Compete a ele mostrar que benefícios os serviços e produtos trarão a cada cliente. serviços. definindo-se pelo desenvolvimento de um serviço ou produto. A articulação e o marketing interno são essenciais para integrar a unidade de informação. d) aperfeiçoar os métodos de análise de custo/beneficio. podendo ser utilizados mecanismos tais como propaganda. como também de sensibilizar os clientes potenciais. g)orçamento e custos do projeto. analise dos resultados obtidos pela sua utilização. por parte do cliente. um preço fora da realidade do mercado afasta os clientes. a interface e os processos do sistema. elaborar-se-á o projeto e. que se complementam. c) procurar saber porque alguns clientes não utilizam os serviços/produtos de informação. na qual se um esboço da idéia e do projeto. Os métodos sugeridos por Figueiredo (1992) para a avaliação de serviços de informação. considerando-se as possibilidades reais e potenciais do sistema de informação. os valores e critérios a serem considerados e o que será medido. Um aspecto importante sobre os serviços e produtos de informação para empresas e negócios diz respeito à sensibilização e à aproximação com os seus clientes. b) justificativa: etapa na qual são explicitados os argumentos de venda da idéia de prestação do serviço proposto e/ou de geração de um produto. ou é oferecido. algumas fases devem ser observadas. A avaliação tem uma ação de feedback tanto para a unidade de informação. Definidas as questões básicas para o desenvolvimento do serviço ou produto. é o preço que é definido por três características básicas: os custos. É importante ressaltar que. essa pré-proposta será objeto de negociação entre a unidade de informação e o cliente. pois. tais como: a) considerar a definição de metas e de objetivos para o serviço. O mais importante é a escolha da promoção em função das características do cliente. produtos e clientes. O seu modelo baseia-se em três aspectos: o usuário. e) cronograma de atividades: previsão do tempo a ser gasto com cada atividade descrita na etapa de metodologia. a concorrência. ou seja. É necessário que as lideranças das empresas. Uma boa divulgação é fundamental para que os clientes acreditem e utilizem os serviços e produtos informacionais e isso deve ser feito pelo profissional de informação. e contexto. processo. conforme apresentado no quadro abaixo. e os processos de sistema são as atividades que aprimoram os itens de informação que estão inseridos nele. os surveys. ocorre a contratação do mesmo. além do produto. citadas por Carvalho (2001). no âmbito das suas atividades na organização. o usuário é o agente de busca de informação. A primeira é pautada na análise de três aspectos: conteúdo — o que será avaliado. onde o usuário consegue recuperar dados relacionados a informação principal buscada por ele. A indexação e o sumário das informações. NEHMY. 1 Sobre qualidade da informação. os aspectos de objetividade utilizados nas abordagens sobre avaliação. Rosa Maria Quadros Questões sobre a avaliação da informação: uma abordagem inspirada em Giddens. cujo modelo apresenta os seguintes aspectos: a) Contexto fatores externos e internos à organização que influenciam a avaliação e lhe dão forma. jan. Isis. 1985. PAIM. Considera-se aqui também a questão da acessibilidade física à informação recuperada. A adaptabilidade significa a apresentação de dados e informações de forma clara e objetiva. são considerados aqui. ver em PAIM. que deve prover meios de selecionar a informação buscada através do estreitamento do universo de informações disponíveis. 1. b) Conteúdo — o objeto da avaliação. 3. Em virtude disso. bem como a seleção da gama de dados disponíveis. Perspectivas em Ciência da Informação.Tabela 1 — Critérios do usuário e valores agregados Critério de escolha do usuário Facilidade de uso Redução de ruído Qualidade Adaptabilidade Economia de tempo Economia de custos Fonte: TAYLOR. v. 1996. O propósito e os objetivos da avaliação são definidos pelo contexto. O material da palestra encontra-se disponível em http://www. A qualidade 1 refere-se principalmente à questão da validade das informações disponíveis no sistema. No entender de Villela (2002) 2. p. 111-1 19. trazem um ponto de vista equivocado sobre a natureza do “fenômeno” da avaliação.81-95. NEHMY Rosa Maria Quadros. a amigabilidade da interface do sistema para com o usuário e a organização da informação no sistema. Sua principal preocupação na aplicação desse modelo é a garantia de que o sistema forneça informação útil. 48 Interface (valores agregados) Browsing Formatação Interface 1 (Mediação) Interface 2 (Orientação) Ordenação Acessibilidade física Acesso 1 (identificação do item) Acesso 2 (descrição do assunto) Acesso 3 (resumo do assunto) Conexão Precisão Seletividade Exatidão Abrangência Atualidade Confiabilidade Validade Proximidade com o problema Flexibilidade Simplicidade Simulações Velocidade de resposta Economia de custos Sistema (processos de valor agregado: exemplos) Agrupamento de dados similares Evidenciação de termos importantes Instrução para sofisticação do usuário Provimento de acesso a terminal Redação de boas instruções Indexação Controle de vocabulário Redação de resumos executivos Ranking dos resultados por ordem de relevância ao assunto Edição Atualização Verificação da entrada de dados Comparação de dados similares em busca de discrepâncias Avaliação dos dados Formulação de opções de decisão Redação de discursos para executivos Ranking dos resultados por ordem de relevância ao problema Interpretação de dados Redução do tempo de processamento Preços menores por tempo de conexão A facilidade de uso refere-se intimamente à possibilidade de browsing. no sentido de confiabilidade. 1. César Geraldo Problematização do conceito “qualidade” da informação.1998. completeza e precisão. Ao basear seu modelo no usuário.eci. os critérios e a sua medição c) Processo — como a avaliação será realizada (métodos e técnicas utilizados) d) Stakeholder — o ator da avaliação (identificação da visão adotada na avaliação. posição desse stakeholder na organização e na avaliação). v. atualidade. n. A economia de tempo considera a velocidade de resposta do sistema. o autor o considera representativo para todos os tipos de sistemas de informação. GUIMARÁES. p. 1. de modo a contemplar determinados dados com as exatas características requeridas pelo usuário. jul. Isis. e a economia de custos considera o provimento de informação de qualidade de modo econômico para o usuário final./jun. porém. a autora considera a abordagem de Serafeimidis bastante importante para se avaliar serviços e produtos de informação. que é bastante complexo e subjetivo. 2 Palestra proferida por Renata Moutinho Vilela aos alunos do Curso de Especialização “Gestão Estratégica da Informação” do Núcleo de Informação Gerencial e Tecnológica da Escola de Ciência da Informação da UFMG. n. com a probabilidade de localizar por acaso informações de valor. não simplista e com flexibilidade de abordagens e combinações. 81 .ufmgbr/gei./dez. A redução de ruído está relacionada ao acesso ao sistema. p. nos quais a noção de “valor da informação” estaria no ganho obtido pelo usuário ao tomar uma decisão tendo a informação como subsídio. Perspectivas em Ciência da Informação. Os focos deixam de ser os sistemas e a tecnologia da informação. que têm necessidades ou desejos comuns. Escutar o cliente. trabalho. sendo pertinente desenvolver pesquisas de opinião e/ou de satisfação junto aos clientes para que o produto seja continuamente aperfeiçoado. O ambiente de negócios. ajuda ao cliente a descobrir a sua real necessidade. bem como tipos de informação ou de recursos informacionais que utilizam e a freqüência de uso dos mesmos. É importante definir qual é o cliente a ser atendido. processam e usam informação. A partir dessa identificação. Além disso. especialidade. de fato. atividades). possibilitando que tais serviços estejam voltados para “is necessidades. culturais e psicológicos. os contatos que estabelecem no cotidiano e como e porque eles ocorrem. motivação para utilizar os vários tipos de serviços ou produtos de informação propostos pela unidade de informação. Borges (2002) afirma ser importante também considerar as condutas (rotina de trabalho. textuais. devem buscar o levantamento de dados quanto a: perfil de interesse.2 10) Compreender o comportamento do cliente dos serviços de informação é essencial. da identificação de suas partes diferentes e significativas. como buscam informação sobre algo. dados temáticos. identificando como e quando os grupos de usuários reconhecem as suas expectativas com relação a produtos e serviços de informação. têm como objetivo saber que tipo de problemas os usuários procuram solucionar através do uso de determinada informação. estabelecendo um equilíbrio entre seus interesses e o que a unidade de informação tem condições de atender. que circunstâncias e atividades caracterizam o processo de busca pelos serviços de informação. essas questões são observadas nos estudos sobre necessidades. pois mostra ao profissional de informação como e porque esse cliente escolhe e utiliza ou não determinado produto informacional. há sempre um grupo principal. é possível definir-se o produto mais adequado a ser criado e trabalhado. interessados em seus produtos/serviços. publicações especificas). institucionais. que responderão a motivações semelhantes. utilizando-se dos métodos e das técnicas de pesquisa das ciências sociais. Assim. A identificação dos clientes de serviços e produtos de informação e das suas características de consumo é obtida pela análise e segmentação do mercado. as pré-disposições e interesses relacionados ao contexto no qual estão sendo observados (assuntos relacionados. que tipos de fontes lhes são importantes e como as utilizam. preferências e satisfações dos consumidores de informação no mercado em que atuam. que considera aspectos sociais. É parte da análise de mercado monitorar as necessidades. Os estudos que visam a identificar as necessidades de informação dos clientes. no sentido de sempre atender às necessidades dos seus clientes. É uma área importante. dentre outros aspectos. profissão. conhecendo as suas necessidades informacionais e expectativas com relação aos serviços de informação. é possível identificar 82 . de acordo com Borges (2002). não tivemos o objetivo de trazer a discussão sobre avaliação em profundidade. Entretanto. o cliente de informação deixa de ser considerado como receptor passivo de informação. possibilitando formar grupos de consumidores com características semelhantes ou relacionadas. bem como as suas necessidades particulares de informação. constitui-se dos clientes das empresas. A respeito dos indivíduos. Amaral (1996) sugere que se adote também a idéia de se conhecerem as necessidades informacionais dos clientes de serviços de informação utilizando-se as técnicas de análise do consumido. é importante compreender o ambiente de negócios no qual o cliente de informação está inserido. esses mesmos estudos preocupam-se em investigar aspectos relacionados às suas atividades. conhece-se a prática. mas apontar questões importantes e algumas abordagens sobre o assunto.Neste capítulo. demandas e uso de informação que procuram investigar como indivíduos obtêm. pouco considerada no planejamento e implantação de serviços e produtos de informação. subsídios quanto aos serviços e produtos que o mercado quer. principalmente. Para que a adequação seja possível. etc). atendam às suas necessidades. hábitos) dos indivíduos no contexto em que estão sendo observados (escola. no âmbito da Ciência da Informação. seja para toda a unidade de informação. Considerando esses aspectos abordados por Borges (2002). hábitos de busca e uso de informação. dos fornecedores. O cliente da informação Todas as questões anteriores devem ser definidas a partir do contato direto com o cliente da informação. determinando-lhes as melhorias apropriadas. entre vários.” (p. Essa prática busca novas formas de dividir ou de agrupar o mercado. dos concorrentes. Para isso. descrição da qualificação. Esses aspectos discutidos. Significa manter atendimento de excelência a esse cliente. o que é básico para a satisfação dos clientes. mas os usuários como indivíduos em continua interação com o meio e com outros indivíduos. nível educacional. com enfoque mercadológico. uma vez que. de se estudarem as necessidades de informação dos usuários. e para que usam determinada informação. Isso possibilita avaliar a adequação do serviço/produto. Consiste. bem como da organização interna da empresa. levantar as suas expectativas e traduzi-las em descrição de serviços são ações básicas para a concepção e fornecimento de serviços que. preferências. conforme a posição assumida pela organização. faixa etária. seja para cada serviço/produto a ser disponibilizado por ela. demandas e uso de fontes de informação (pessoais. percepções. passando a ativo na interação entre a estrutura de informação e a sua estrutura conceitual própria. De um modo geral. é necessário mencionar que o profissional de informação cada dia mais deve estar atento a questões relacionadas à prestação de serviços virtuais de informação. sabendo observar. em virtude da vinculação com este capítulo. Além dessas. lidando com estruturas informacionais cada vez mais flexíveis. em sua formação. devendo ser capaz de planejar e de gerenciar serviços e produtos de informação. mutáveis e ágeis e de formatos diferentes. suportes e tecnologias de tratamento e transmissão de informação. as seguintes: a) competências na aplicação de técnicas de marketing. é uma atividade essencial para todas as empresas. liderança e de relações públicas. Por outro lado. concomitantemente. todos os profissionais hoje estão sendo entendidos como profissionais de informação. o conhecimento das técnicas e procedimentos bibliotecários. Dada a variedade das atividades voltadas para o trato da informação nas organizações. Valentim (2002) acredita que as competências e habilidades do profissional de informação devem ter uma relação direta com as especificidades de cada região do país e de sua relação com as respectivas demandas sociais. considerando-se os aspectos gerenciais e técnicos. Em um rol extenso das competências e habilidades necessárias ao profissional de informação. tais como as mencionadas por Valentim (2002) e Barreto (2001): dinamismo. mas incorporando a compreensão de situações em permanente mutação no que diz respeito às fontes.as necessidades informacionais dos clientes de informação não somente considerando os aspectos levantados pelos estudos de usuários. de acordo com necessidades identificadas. d) formular e gerenciar projetos de informação. devendo também desenvolver habilidades específicas e não plenamente desenvolvidas nas profissões já existentes. verificando-se que esse mercado é bastante difuso. bem como às formas de geração e atendimento às necessidades de informação da sociedade. organizar e coordenar unidades. intuição e espírito crítico e disposição para novos desafios. Essas competências e habilidades são algumas das essenciais para o trato da informação em empresas. c) planejar e executar estudos de usuários. O preponderante disso é a personalidade do profissional. aliado a um metódico planejamento e controle de projetos de produtos ou serviços de informação. Nessa linha. De acordo com Marengo (1996). 83 . de acordo com Marengo (1996). Ele é também aquele que consegue visualizar as melhores possibilidades de produtos e serviços de informação para seus clientes. observa-se que as atividades de informação não se restringem aos profissionais tradicionalmente considerados capacitados para lidarem com elas (bibliotecários. articular e dominar tecnologias e serviços de informação. pois necessariamente precisam manipular informação para o desempenho de suas funções. como as apresentadas no parágrafo anterior. flexibilidade e capacidade de adaptação. o profissional da informação hoje. é identificado por suas características de manipular. Com toda essa bagagem de competências e habilidades. o planejamento e o provimento de serviços de informação virtuais deverão levar os profissionais de informação a mudar a maneira como os usuários acessam esses serviços (que é diferente dos mecanismos tradicionais). capacidade de relacionamento interpessoal. bem como de defender suas idéias. b) dirigir. o profissional de informação deve ter postura investigativa e crítica. estando o mercado profissional cada vez mais aberto a profissionais de diversas áreas. segundo Marchiori (1997). o profissional de informação torna-se um empreendedor e um negociador. explicitadas ou não. é necessário que o profissional de informação esteja preparado para enfrentar os desafios que se colocam a ele. mas planejar e gerenciar serviços e produtos de informação. Para isso. mensuradas e utilizadas no desenvolvimento de serviços e produtos de informação. sistemas e serviços de informação. podem ser ressaltadas. Além disso. administrar . desenvolvidos a partir de requisitos devidamente especificados. um gerente de informação em rede. mas também outras questões também importantes e provavelmente mais difíceis de serem observadas. considerando também os aspectos relacionados ao mundo virtual. ele deve desenvolver habilidades para se tornar. na forma de problemas a serem resolvidos ou em termos de solução desejada. é também necessário considerar características pessoais. capacidade de trabalhar em equipe. Smit e Barreto (2002) afirmam que o profissional da informação deve ter. De modo geral. arquivistas). criatividade. Acrescentem-se ainda a competência e a habilidade em não só elaborar. devidamente preparado por qualificação especializada e por treinamentos exigidos pelo mercado. Além desses aspectos. curiosidade e postura investigativa. Para responder a essas demandas. O profissional da informação O gerenciamento da informação que captam para permitir melhor uso dela e adicionar valor aos produtos que geram. negociar custos e prazos e divulgar os seus produtos/serviços com habilidade de um especialista em marketing. Conclui-se que o sucesso do empreendimento em atender adequadamente os clientes reside no ato de em ouvi-los e entendê-los. citadas por Valentim (2002). e) elaborar produtos de informação. Para isso é necessário que o profissional de informação desenvolva o conhecimento da teoria e da prática do planejamento. suas particularidades e seus ambientes. não estando vinculado a nenhum corpo profissional ou disciplina específica. Enfim, o profundo conhecimento do mercado, dos produtos ofertados e das formas de promovê-los é que vão fazer com que a atividade de informação ganhe importância e se instale nas empresas como necessidade estratégica. Referências AMARAL, Suely Angélica do Análise do consumidor brasileiro do setor de informação: aspectos culturais, sociais, psicológicos e políticos. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 1, n.2, p. 207-224, jul.dez./1996. BARRETO, Auta Rojas. Os trabalhadores do conhecimento — um novo profissional. In: Simpósio Internacional de Gestão do Conhecimento/Gestão de Documentos. 4. Curitiba, 13-15 de agosto de 2001. Anais... Curitiba: PUCPR/CITS, 2001. p. 199-213. BORGES, Mônica Erichsen Nassif. Informação e conhecimento na perspective da Biologia do Conhecer: novas possibilidades para a Ciência da Informação? In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação, 20. Fortaleza, 23-28 de junho de 2002. Anais... Fortaleza: UFPE, 2002 1CD _____; CARVALHO, Natália Guiné de Meilo Produtos e serviços de informação para negócios no Brasil: características. Ciência da Informação, v. 27, n.1, p26-81, jan./abr. 1998 CARVALHO, Natália Guiné de Melo. Agências de notícias na Internet como serviços de informação para negócios. Belo Horizonte: UFMG/Escola de Ciência da Informação, 2001 (Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação). CHOO, Chun Wei. Information management for the intelligent organization: the art of scanning the environment. 2. ed. Medford, NJ: Information Today, 1998. DHOLAKIA, N., MUNDORF, Norbert, DHOLAKIA, R. R. Novos serviços de informação e comunicação: um quadro de referência estratégico. Ciência da Informação, v. 26, n. 3, p. 235-242, set./dez. 1997 MARCHIORI, Patrícia Zeni. “Ciberteca” ou biblioteca virtual: uma perspectiva de gerenciamento de recursos de informação. Ciência da Informação, v. 26, n.2, 1997 ARENGO, Lúcia A sociedade de informação e o mercado de trabalho. Transinformação, v. 8, n. 1, janeiro/abril, 1996. Disponível em: http://www.puccamp.br/~biblio/mareng81.html. Acesso em 15/07/2002 MONTALLI, Kátia Maria Lemos Informação na indústria de bens de capital no Brasil. Ciência da Informação, v. 20, n.1, p. 45-50, 1991 SMIT, Johanna W; BARRETO, Aldo de Albuquerque Ciência da informação: base conceitual para a formação do profissional. In: VALENTIM, Marta Lígia. Formação do profissional da informação. São Paulo: Polis, 2002 p. 9-24. TAYLOR, Robert S. Information values in decision contexts. IMR, v. 1, n. 1, 1985, p. 47-55. VALENTIM, Marta Lígia Formação: competências e habilidades do profissional da informação. In: ___________. Formação do profissional da informação. São Paulo: Polis, 2002 p. 117-132. 8 - As pequenas e médias empresas e a gestão da informação Marlene Oliveira 1 Maria da Graça Eulálio de Souza Bertucci 2 Introdução O advento da era da informação provocou o reconhecimento da importância das pequenas e médias empresas (PMEs ) na economia mundial. Conforme La Rovere (1999, p. 145), “até meados dos anos 70, as PMEs tinham papel pequeno sobre o desenvolvimento econômico devido ao predomínio do paradigma de produção em massa”. Era a época do que se conhece por modelo fordista de produção 3 A partir dos anos 80, influenciado por uma nova conjuntura política e econômica, movido pelo movimento da globalização financeira, e associado às novas tecnologias de informação e comunicação, surge um novo modelo econômico, que permite a coexistência de diferentes sistemas de produção a produção em escala em alguns setores e, em outros, o modelo de especialização flexível, baseada na economia personificada, conforme o perfil do cliente e cujo principal capital está baseado em informação. As novas tecnologias de informação e comunicação têm papel relevante nesse novo modelo de produção e atribuem à informação um papel nunca visto anteriormente o qual segundo Albagli (1999) revoluciona as relações econômicas e socioculturais, e gera implicações de várias ordens. É nesse contexto que as PMEs passam a ter papel relevante, em virtude de sua capacidade de gerar empregos, de mobilizar o crescimento 1 Doutora em Ciência da Informação pela UnB, Professora do Departamento de Organização e Tratamento da Informação da Escola de Informação da Universidade Federal de Minas Gerais 2 Engenheira Arquiteta, Analista de sistemas, pós-graduada em Gestão de Negócios e Tecnologias da Informação pela FGV e Mestranda em Ciência da Informação na UFMG 3 Teoria da organização industrial de Henry Ford, baseado na produção em massa, estandardização dos produtos e numa nova organização do trabalho (especialização de tarefas e emprego de tecnologia), visando a maior produtividade e redução de custos. 84 regional e também do movimento de downsizing 1 e de terceirização, e da inovação em busca de uma vantagem competitiva. A definição de pequenas e médias empresas — PME — varia conforme o critério adotado pelos países ou pelas instituições. O critério mais utilizado é em função do número de empregados. Outro padrão é o faturamento. O limite máximo de empregados também varia muito conforme os sistemas estatísticos dos países. De acordo com dados da OCDE (2000) 2, o limite máximo e mais freqüente de empregados é de 250 para a União Européia e de 500 para os Estados Unidos, enquanto que para as pequenas empresas esse número não ultrapassa 50 funcionários 3. No Brasil, o porte das empresas é definido principalmente pelo número de empregados permanentes, porém algumas instituições ainda se avaliam pelo nível de faturamento (Alvim, 1998, p. 31). O conceito estabelecido em Lei 9.317, de 05/12/96, usado pelas juntas comerciais para registro de empresas é mostrado na TAB 1. Tabela 1 - Enquadramento das empresas para registro nas juntas comerciais brasileiras segundo o n° de empregados/ receita anual Enquadramento de empresas N° de empregados Receita bruta anual Indústria Comércio/ Serviços ME = microempresa Até 19 Até 9 Até R$ 120.000,00 PE = pequena empresa De 20 a 99 De 10 a 49 De R$ 120.000,00 até R$ 720.000,00 MDE = média empresa De 100 a 499 De 50 a 99 Acima de 499 Acima de 99 Acima de R$ 720.000,00 GE = grande empresa Fonte Censo cadastro IBGE/1994 - rais/1997 Acima de 95% das empresas dos países filiados à OCDE são PMEs, o que corresponde a cerca de 60 a 70% do nível de empregabilidade na maioria desses países. Segundo a OCDE (2000, p. 2) a maioria das PMEs pertencem ao setor de serviços e ao comércio varejista, o que corresponde à 2/3 das atividades econômicas e da geração de empregos nos países a ela afiliados. De acordo com os dados apontados por Carmo e Pontes (1999, p. 50) 4, elas representavam, no Brasil, 4 milhões de estabelecimentos que geravam 30% do PIB e empregavam 30 milhões de pessoas (50% da população ativa). Manter essas empresas em atividade é, porém, um desafio. Mais de 50% delas não sobrevivem a mais de 5 anos de atividades e somente uma pequena fração das sobreviventes desenvolvem atividades de inovação e possuem metodologias de alta performance. Esses dados tornam-se ainda mais agudos em economia globalizada e tecnologicamente orientada (OCDE, 2000). É fato que o universo das PMEs é bastante complexo, pois abrange desde firmas presentes em setores tradicionais, com processos artesanais, até outras ativas em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, como já se mostrou acima, o conceito do que seja uma PME pode variar de país para país (La Rovere, 1999, p. 145). Diante desse contexto de economia globalizada e tecnologicamente orientada, surge uma questão para reflexão e discussão que dá razão ao desenvolvimento deste capítulo estariam as PMEs aptas a absorver as novas tecnologias de informação, considerando-se suas particularidades culturais? Com este trabalho iniciam-se uma análise e uma reflexão sobre algumas características e relações das PMEs com a tecnologia e a gestão da informação. Para isso foi feita uma revisão da literatura sobre o tema, incluindo do Brasil e do exterior. Características das pequenas e médias empresas 5 Para Bortoli (1980) , citado por Carmo e Pontes (1999), as PMEs pertencem normalmente a um individuo, a grupos familiares ou a pequenas sociedades comerciais. Geralmente não recorrem ao mercado de capitais, possuem um tipo de administração pouco especializada e são muito ligadas às características e personalidade de seus proprietários, como talento, sensibilidade, vontade de realização, dentre outras (Carmo e Pontes, 1999, 1 Conceito surgido na década de 80, devido ao rápido desenvolvimento da tecnologia de microcomputadores. Propagou a idéia de migração dos sistemas informatizados, geralmente baseados em computadores de grande porte, para uma plataforma menor e mais simplificada (redes). O downsizing dos sistemas de informação tem sido associado ao conceito de eliminação dos excessos de burocracia da infra-estrutura nas empresas e objetiva melhorar a comunicação e o processo decisório, através da redução da estrutura organizacional e de reduzir custos e do aumento de produtividade. 2 Organização para Coordenação e Desenvolvimento Econômico — órgão que tem, como uma de suas atividades, estudos sobre assuntos econômicos, sociais, envolvendo macroeconomia, comércio, educação, desenvolvimento, ciência e tecnologia. 3 HARRISON (1994, p. 146), a OCDE, com base em Paris, quando de comparações internacionais, utiliza o número máximo de 100 funcionários cm se tratando de pequenas empresas. 4 Fonte: SEBRAE, 1995 5 BORTOLI, Adelino Neto. Tipologia de problemas das pequenas e médias empresas. 1980. Dissertação (mestrado em Economia e Administração) Faculdade de Economia e Administração. São Paulo, P. 129-140. 85 Martin, 1989). Braga (1988) expressa-se sobre a origem familiar das empresas privadas brasileiras que posições estratégicas são ocupadas primeiramente pelo quesito parentesco e não pelas qualificação e competência, o que faz com que as decisões mais importantes se restrinjam ao controle familiar. Nessa mesma idéia Coutinho e Ferraz (1994, p, 2O2) acreditam que essa característica possa ser positiva para a busca da competitividade, desde que os interesses familiares não se sobreponham aos interesses meramente do negócio. As principais características das pequenas e médias empresas foram organizadas na TAB 2. Tais características foram apontadas por vários pesquisadores no Brasil e no exterior sobre as PMEs. Verificou-se uma grande semelhança entre elas nos diferentes contextos. Tabela 2 - Características das pequenas e médias empresas Características Ambiente externo Gestão e estrutura Ambiente interno Recursos humanos Vantagens Reagem rapidamente ao mercado devido a estrutura simples e agilidade (La Rovere, 1999) Ausência de burocracia, ciclo decisório curto, estrutura Informal (La Rovere, 1999, AMn, 1998) Sistema de comunicação informal e eficiente. (Alvim, 1998) Adaptação mais rápida mudanças às externas (La Rovere, 1999, Carmo e Pontes, 1999) Fortalecimento da relação direção — propriedade, pois os proprietários assumem várias atribuições simultâneas (Cragg & Zinnatelli, 1995, Bortoli, 1980) Não mencionados Recursos financeiros Crescimento A agilidade, flexibilidade, relação próxima com os clientes são apontadas como fatores potenciais para o crescimento através da inovação e da difusão de novas tecnologias. (Coutinho e Ferrar, 1994, La Rovere, 1999) Desvantagens Falta de informações sobre o ambiente externo, oportunidades e ameaças. Dificuldade de acesso à tecnologia. Maior propensão ao risco (OCDE, 2000, Cano e Pontes, 1999) Processo de produção dá-se deforma empírica. (A.LVIN, 1998). Processo decisório dá pouca atenção ao ambiente externo (Carmo e Pontes, 1999) Pouco controle sobre recursos físicos e informacionais. Ausência de divisão e limitação de atribuições funcionais. (Carmo e Pontes, 1999) Falta pessoal especializado para atender a todas as necessidades internas (Alvim, 1998) Escassos, ausência de capital de risco. Maior sensibilidade aos ciclos econômicos detido a condições de crédito pouco favoráveis. (La Rovere, 1999, Cragg & Zinateili, 1995, Fink, 1998) Estagnado. Dificuldade de capital para expansão no Brasil. (Alvin, 1998). Lideranças com pouca experiência para lidar com situações mais complexas. (Carmo e Pontes, 1999) As pequenas e médias empresas e as tecnologias de informação e comunicação Além de se terem destacado no cenário mundial, em função dos fluxos de terceirização e dos processos de downsizing, envolvendo as grandes empresas, as PMEs vêm sendo referenciadas pelo possível papel inovador que podem representar na nova economia, principalmente nos países desenvolvidos. Grandes empresas têm vantagens materiais para criar e adotar inovações, devido às suas facilidades de captar recursos no mercado financeiro e à sua maior capacidade quanto à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D). Já as pequenas e médias empresas possuem vantagens comportamentais, relacionadas à maior capacidade de adaptação a mudanças no cenário ambiental, estrutura mais flexível e ágil, e proximidade de seus clientes (La Rovere, 1999, p. 146, OCDE, 2000). Nos países desenvolvidos já se registram políticas para dar a essas empresas condições de superar suas deficiências. Assim vislumbra-se que a convergência entre as telecomunicações e a informática possa criar novos segmentos de negócios para essas empresas (são exemplos: o comércio’eletrônico, serviços de entrega originários de solicitações online, serviços de multimídia, etc.), o que, por sua vez, pode impulsionar as atividades de P&D. As tecnologias de informação e comunicação (TICs) tanto podem colaborar com essas empresas para tornarem-se mais competitivas como facilitar e agilizar o fluxo de informações, interno e externo. Dessa maneira auxiliam as PMEs em maior interação entre clientes, fornecedores e empregados. (La Rovere, 1999, p. 147-148). A adesão às TICs pelas PMEs permite a elas combinar as vantagens de uma produção em pequena escala com a flexibilidade que possuem. O que se verifica, no entanto, é que boa parte das PMEs ainda é pouco informada sobre o potencial oferecido pelas TICs na melhoria de competitividade. Conforme La Rovere (1999, p. 148), a maioria das PMEs somente introduz inovações quando percebem com clareza as oportunidades de negócio que elas podem trazer. 86 (Blili & Raymond) Proprietários confiam mais nos canais e fontes informais e não conhecem sua reais necessidades de informação (Carmo e Pontes. v 29. são favoráveis ao uso da TI. W. pois as TICs podem reconfigurar a maneira de se fazerem negócios (veja o caso do comércio eletrônico).1. 3 resume as características das PMEs.As especificidades das PME. Dentre os percebidos está o diferencial competitivo. 2000. 1999. associações. de acordo com alguns pesquisadores. simples e informal. para que as firmas obtenham vantagens competitivas.151. ao invés de pró-ativas. La Rovere. Além disso. pouca capacitação técnica. Marfim . 1989. (Blili & Raymond. DELONE. porém as expectativas quanto ao aumento de produtividade e eficácia são baixas. fornecedores. contas a receber. (Fink. as organizações que já têm experiências anteriores com a implantação das tecnologias são mais propensas a adotar outras. A TAB. Freqüentemente são os únicos da empresa a acessar a informação necessária para identificar oportunidades.Características das PME quanto ao uso de TICs e da informação Especificidade Ambiental Organizacional Decisória Psico-social Serviços de informação Características Alto nível de incerteza quanto ao ambiente tecnológico e quanto às forças competitivas (clientes. Esses benefícios.).153). centralizado e menos dependente de informações externas. podem ser relativos ou diretos (percebidos). Determinants of success for computer usage in small business. ocorre de forma lenta em função de barreiras internas. 1993). n. Os proprietários tendem a não transmitir informações e a centralizá-las. citado por La Rovere (1999. 1993. Tabela 3 . centros de ensino e pesquisa para vencer barreiras locais. transferindo a elas suas crenças sobre a tecnologia da informação (Fïnk. de maneira geral. especialmente em áreas onde as informações são usadas tanto para fins operacionais quanto estratégicos. 2 podem causar efeitos na introdução e no uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs). 1999) O gerenciamento dos recursos informacionais é negligente. eles precisam monitorar as respostas dos empregados a essas mudanças. 188) 2 As atitudes dos empregados e proprietários. Para isso. Os Sistemas são orientados para executar atividades (ex. (OCDE. p. H. p. implementação e uso da tecnologia e pelos efeitos de longo prazo com o empirismo dos métodos gerenciais e das soluções de curto prazo praticadas por elas. (Cragg & Zinatelli. La Rovere. 161) Para Blili & Raymond (1993). geralmente baseado em atitudes reativas. 56) Os proprietários influenciam fortemente a empresa e sua cultura. competidores. Dependem de clientes ou fornecedores quando o uso da TI é imposto por eles. como também no grau de aceitação e risco de mobilização de recursos. Também foi observado que a demanda por novas tecnologias é maior entre PMEs de setores novos 1. muitas vezes. os fatores culturais e políticos dos países ou regiões em que elas estejam localizadas podem influenciar na oferta de empreendimentos. É em função disso que vários pesquisadores sugerem articulações entre empresas. 1993) Voltados geralmente para funções financeiras ou contábeis. favorece o uso das TICs . v 12. p. as encoraja a investir. Processo decisório é mais intuitivo. Para o auto. cujo serviço pode apresentar qualidade duvidosa. Estudos mostram. 1993) O ciclo & tomada de decisões é curto. 1999. Fink (1998) acredita que os benefícios prometidos pelas TICs às PME. 1995). 1993) A estrutura centralizada. porém não suficiente. que os impactos positivos das TICs sobre a competitividade dessas empresas não são imediatos e que a simples existência dessas tecnologias é condição necessária. etc. (Blili & Raymond. porém. 22. 1993) O conhecimento dos executivos ou proprietários sobre as TICs e o seu envolvimento pessoal com das estio relacionados como sucesso de sua implantação nas empresas (Martin.3. (Blili & Raymond. p. p. 146). Além disso. Carmo e Pontes. 1999. controle de estoque). Em geral são subtilizados e com pouco impacto na eficiência organizacional e decisória (Blili & Raymond. expressas na TAB. da mesma forma. (Blili & Raymond.1989). 2000. o que as fazem contratar terceiros. 51-61 87 . quanto ao uso de informações estratégicas e das tecnologias. falta de conhecimento sobre as tecnologias. os proprietários das PMEs necessitam tanto de acreditar em tais beneficios quanto de coragem para criar mudanças no clima organizacional. p. (OCDE. entretanto. ouso das TICs é importante nas PMEs porque confronta a sistematização requerida por planejamento. Contudo o 1 2 Computer Industry Report. MIS Quartely. A implantação das TICs. investimentos iniciais muito elevados e infraestrutura do ambiente externo deficiente. Normalmente não são encontradas funções gerenciais com o objetivo de organizar e direcionar o uso dos recursos informacionais. 1998) A falta de controle sobre seus recursos informacionais aumenta o nível de risco e incerteza. As necessidades de informação e uso da TIC geralmente refletem as dos proprietários. 1998. n. p. para suportar as novas tecnologias.30 de setembro de 1994. (Blili & Raymond. Patrocínio dos executivos.4. Alguns afirmam que a atuação e influência pessoal desses empresários. (1995) 1 Preparo organizacional. L.. organizational characteristics and information techsnology adoption in small business. Tabela 4 – Fatores facilidatores da adoção de TICs em pequenas empresas Fink (1998) Perfil dos executivos. A TAB 4. Benefícios percebidos. Suporte de consultores. 1983. já que os recursos humanos e financeiros são mais escassos. As empresas necessitam desenvolver estratégias de gestão da informação de forma a possibilitar o acesso às informações. A The small business chaiange to management education. 188) 4 Ver nota 11. MIS Quarterly. têm um impacto bem maior nas pequenas e medias empresas do que nas grandes corporações. Necessidade de competir no mercado. citado por Martin (1989. 19993. CEO charaaeristics. Executivos valorizam a inovação. a centralização no “chefe”. J.. e no local adequado. Recursos financeiros. Yacovou et al. Para isso as empresas precisarão da tecnologia. Mesmo após o surgimento das culturas aurífera e cafeeira. Além disso tais empresários ou executivos em geral possuem uma atuação diferente da daqueles envolvidos com as grandes empresas. a escravatura e o estabelecimento da sociedade patriarcal. Omega International Journal of Management Science. devido a sua baixa qualificação. Importância da gestão da informação para as PME3 McQee e Prusak (1995) destacam que o avanço tecnológico não conseguiu solucionar o principal problema das empresas: definir a informação correta. oct. não poderiam estar ausentes das organizações brasileiras. Disponibilidade de recursos internos. 1998). Essas observações se alinham com a análise feita por Braga (1988) sobre o processo decisório em organizações brasileiras. S. 1 IACOUVOU. apresenta uma síntese do pensamento de vários pesquisadores sobre os fatores facilitadores da adoção de TICs pelas PMEs. CL. A. Experiência em sistemas de informação. p. p. Suporte interno Benefícios percebidos. 187). p. (1992) Eficiência dos consultores. 189). o conhecimento do executivo sobre as TICs e seu envolvimento pessoal com elas. Normalmente um executivo de PME adota um estilo gerencial bastante personalizado e seleciona as atividades de que mais gosta ou para as quais julga possuir aptidão 3. (Blili & Raymond. o autoritarismo. p. Conhecimento dos executivos sobre as TICs. que incentivaram o aparecimento de comunidades urbanas. 4 As PMEs podem ser vistas como extensão da personalidade de seus proprietários. p. 443. a falta de confiança nos indivíduos situados em níveis inferiores. De acordo com as pesquisas de Delone (1988). n. Pressões externas. S. Entusiasmo dos executivos. Journal of European Industrial Training. YAP. p. p. n. 5. e por isso eles têm um papel fundamental no clima organizacional e nos processos decisórios. 88 . desde tarefas operacionais até etapas estratégicas.. v. L. C. Y. Eletronic data interchange and small organiatians: adoption and impact of technology. Os empresários das PMEs estão envolvidos em várias atividades dessas empresas. Fink. estão relacionados com o sucesso da implantação destas tecnologias neste tipo de organização. 1995 2 THONG. Yap et al. através da indústria açucareira. 35-36). na empresa. Atitudes dos executivos com relação às TICs.tempo necessário para a implementação e para a “colheita de frutos” proveniente das TICs desestimula a sua adoção. Thong & Yap (1995) 2 Tamanho da organização. v 7. baseiam-se mais na intuição do que na análise de informações ou em modelos formais de decisão e são eminentemente centralizados. 23. Cragg & King (1993) Vantagens competitivas. Suporte pósvenda. Participação dos usuários Fonte: FINK (1998. Esses processos são mais reativos do que pró-ativos. 245-246) O papel do empresário na pequena e média empresa Vários são os pesquisadores que apontam a atuação dos empresários como um dos fatores críticos de sucesso das pequenas e médias empresas (Martin 1989. Pressão competitiva. 429-442. Esses fatores se refletiram profundamente na estruturação e no funcionamento das organizações brasileiras. BENBASAT.. 467. 1995 3 GIBB. em tempo hábil. segundo Braga (1988. as características predominantes de uma cultura autoritária e escravocrata ainda se fazem presentes nas estruturas organizacionais brasileiras. A autora acredita que as características do processo decisório no Brasil estejam ainda muito arraigadas nos fatores históricos como a colonização ibérica. p. citado por MARTIN (1989. DEXTER. Assim. adaptada de Fink (1998). Suporte técnico externo. os fatores que influenciam no uso da informação são: (a) a propensão ao consumo de informação. Assim. etc. Está ligado ao hábito de compartilhar informações e ao acesso e disponibilidade das fontes internas e externas. Os fatores mais relevantes frente aos impactos que podem causar. clientes. por temor de perda de poder. A gestão estratégica da informação representa. (c) percepção estratégica. 73) também observaram que muitas empresas operam com baixo nível de organização e sistematização. p. Estratégia e informação tornam-se aliadas porque esta é instrumento da primeira. liderança ou espaço). estão identificados na TAB 5 que é uma adaptação das idéias de Horton Jr. suas expectativas e habilidades. étnicos e econômicos. vê-se que o papel dos empresários ou executivos das PMEs abarca tanto os fatores extrínsecos quanto os intrínsecos à organização e. uma função de fatores extrínsecos (produto. parte integrante e vital para o sucesso das empresas de pequeno e médio porte. justificam os diversos comportamentos informacionais. é portanto. através de melhorias no fluxo da informação. Algumas empresas resistem a atmosfera de acesso amplo a 89 . As organizações extrovertidas. as organizações ao implantarem a gestão da informação deveriam refletir sobre as outras dimensões envolvidas. 68). habilidades. entregando aos seus subordinados apenas uma parcela do ativo informacional e parecem estar menos propensos a valorizar a gestão da informação e seus preceitos. (b) receptividade ao uso de informações externas. políticas de treinamento e o valor atribuído aos recursos informacionais. portanto. portanto. Dai pode surgir a resistência à distribuição e disseminação da informação. 360-361) percebeu a gestão da informação através de duas dimensões: o gerenciamento dos processos informacionais e dos recursos informacionais. A economia da informação revolucionou o processo de produção. associados à cultura organizacional. Há uma relação direta entre o nível de adaptação das organizações an gerenciamento da informação e o estilo dos seus executivos. parecem estar mais propensos à adoção de recursos tecnológicos que favoreçam esta idéia. O uso da informação também está ligado ao comportamento informacional dos usuários e executivos. para alcançar vantagens competitivas e melhorar a eficiência operacional. as preferências individuais dos gerentes prevalecem sobre a criação de práticas informacionais.Fatores culturais relacionados aos impactos da gestão da informação nas organizações Fatores Estrutura organizacional Redistribuição de poder Imagem e personalidade da organização Estilo dos executivos Abertura à informação x barreiras Descrição A introdução do gerenciamento da informação na organização implica na reorganização de cargos. (1987). etc. Rowley (1998. parceiros.. Já os executivos centralizadores querem reter a informação. que é o que acontece nas PMEs. (c) desenvolvimento e manutenção de sistemas e serviços de informação. Os objetivos da gestão da informação: (a) promoção da eficiência organizacional de forma a organizar e suprir as demandas por informação vindas de dentro e de fora . etc. como formas de gerar riqueza provocou impactos na forma de enxergar e gerir a informação. p. (1987. Gerentes que acreditam na importância de se distribuir democraticamente a informação aos usuários. p. faço ou prestígio. do controle. baseada no capital. o gerenciamento da informação tornou-se um instrumento estratégico necessário para controlar e auxiliar decisões. Nesses casos. além da tecnologia. cultura. Nas pequenas empresas.O mercado globalizado requer que as empresas desenvolvam um conceito de estratégia. a idéia de organização e sistematização costuma vir transfigurada em práticas de trabalho ao invés de procedimentos formais e hierarquizados. caso a organização adote algum recurso tecnológico visando ao gerenciamento da informação. lançam-se por inteiras na implantação de tecnologias. 267-273). Através delas é possível perceber o valor dado pela organização aos seus recursos informacionais. especialmente as pequenas e médias. (d) otimização de fluxos de informação e (e) controle da tecnologia de informação. Os indicadores da personalidade organizacional são empreendedorismo interno. O rompimento com os paradigmas da sociedade industrial. (b) planejamento de políticas de informação. preferências. ao dar ênfase à informação como um recurso estratégico e imprescindível à sobrevivência das organizações.) e intrínsecos (atitudes. como os fatores políticos. Logo. Imagem e personalidade possuem duas dimensões interna (empregados) e externa (acionistas. concorda que o conceito de gestão envolve processamento da informação. Roberts & Wilson (1987.). análise e consolidação da informação para os usuários. Em termos de gerenciamento da informação. estrutura e funções. A grande maioria dos pesquisadores. na produção em série e no trabalho. O poder na organização pode ser formal ou informal O informal surge de quem detém a informação.). as organizações mais conservadoras movem-se com mais cautela na introdução de qualquer recurso tecnológico. A imagem pode ser introvertida ou extrovertida. A leitura dos fatores apontados por ele indica que são elementos da cultura organizacional. Conforme Horton Jr. Não encaram o compartilhamento como ameaça (perda de poder. tipo de mercado. Tabela 5 . sociais. todavia. ao contrário. De acordo com Roberts & Wilson (1987. está relacionado à forma como se realiza a gestão da informação nessas empresas. (d) crença na importância da organização e da sistematização. criatividade. com os quais novas práticas e novos recursos tecnológicos têm que se relacionar. Os seus atributos pessoais.JO. p. A informação consumida pelos usuários. (1987. atitudes dos proprietários. 1987 BARON. Conforme viu-se aqui. J.. Santa. é resultado do conhecimento adquirido. 14. pro atividade. Referências ALBAGLI. podem absorver as TICs.27. os fatores culturais relacionados à gestão da informação. nível de interdependência. A grande dificuldade reside no fato de as PMEs ainda apresentarem estruturas organizacionais conservadoras. 1999. Rio de Janeiro: Campus. O conhecimento está mesclado à cultura porque é resultado da ação (informação divulgada) das pessoas e da tecnologia. (2) o conhecimento é resultado da disseminação (transferência) de informação. etc. The course of working life organizational culture. É necessário que as tecnologias estejam integradas às relações socioculturais híbridas da organização. individual e organizacional. seja capacitada tecnologicamente”. expertise interna. 1994.). Journal of Systems management. Santa (org). chapter 9. O autoconhecimento sobre seus valores. A relação entre informação e cultura organizacional é regida por dois princípios básicos: (1) o comportamento. Conclusões A literatura consultada sobre a relação das PMEs e TICs sugere que a infra-estrutura tecnológica e a difusão das TICs. os fatores internos à organização./abr. E A survey and critique of the impacts of information technologs. etc. ALBAGLI. compartilhamento de idéias e de informação. Paulo César Rezende de Carvalho. aceitação de riscos. Conforme Coutinho e Ferraz (1994. 38. contato com a alta administração. Vê se que essas idéias estão em consonância com a de alguns pesquisadores mostrados na TAB 4. 1987 Weber & Pliskin (1996. p. as PME ainda são incipientes em termos de competitividade e seu grande desafio é “transitar de urna forma & gestão baseada na experiência para uma gestão que além da experiência. As grandes vantagens da disponibilidade de acesso à informação são o suporte nas tomadas de decisão e também a possibilidade de gerir e difundir o conhecimento organizacional. Status of information management in small business. 1. não só no estabelecimento do clima organizacional. p. O mesmo fato tampouco garante aumento na competitividade da PME apenas devido à modernização de sua infra-estrutura de telecomunicação. Novos espaços à regulação na era da informação e do conhecimento. para a organização e outras partes interessadas.. consultorias. Helena M. Jerald. O papel da informação no processo de capacitação tecnológica das micro e pequenas empresas. Explicitamente com relação à informação. Informação e Globalização na Era do Conhecimento. 4. and career development. A resposta à pergunta elaborada na introdução desse capítulo enquadra-se no contexto sociocultural exposto neste capítulo. 122-133. p. como facilitadores na adoção das tecnologias.Fusão entre conhecimento e cultura informações. Todos esses fatores.). apontados por Horton Jr. London: Allyn and Bacon. jan. v. como também na forma como a informação é gerida e utilizada internamente. As PMEs. Behavior in organizations: understanding the human sitie of work. Wayne. a adoção das TICs por si só não garante a solução de todas as questões ligadas ao seu processamento e disseminação nas PMEs.) reforçam estas afirmações. b) sobre as reformas estruturais e c) sobre treinamentos. 85). In: LASTRES. ALVIN. (cultura organizacional. muitas vezes resistentes às mudanças impostas pela sociedade da informação e avessas à participação dos trabalhadores em processos decisórios. a qual foi movida por uma nutra informação recebida previamente. de acordo com pesquisas mais recentes. respeitadas e avaliadas suas características culturais. crenças e atitudes dos proprietários das PMEs. (1987). n. v. p. Robert A. 202). 28-35. Ciência da Informação. em consonância com as idéias de Horton Jr. International Journal of information Management. 1994 BAKER. Tudo indica que os ganhos de competitividade podem ocorrer quando a adoção das TICs é inserida num processo maior em uma estratégia que envolva: a) conhecimento sobre os valores organizacionais. seus objetivos e mudanças necessárias irão permitir uma avaliação prévia de boa parte das conseqüências para os usuários. orientação à performance. Nesse sentido. identificaram algumas dimensões da cultura organizacional para serem pesquisadas. PAVRI. M. as quais podem influenciar o gerenciamento da informação: inovação. v. foram considerados mais relevantes que os externos (suporte.. por si só não garante a inserção das PMEs na economia com base na inovação tecnológica. Brasília. Fonte: Hortoa Jr. organization socialization. como abordado aqui estão diretamente relacionados aos valores. desde que sejam conhecidas. É aí que reside a importância da gestão da informação no contexto das pequenas e médias empresas.294-330 90 . 1998 ANG. GREENBERG. n. Desenvolvem papel relevante. Quando há integração entre homem e tecnologia por meio de suas relações sociais e culturais é que a organização pode garantir o melhor proveito do conhecimento de seus funcionários. autonomia em processos de decisão. p. 34-51. International Journal of Information Management. v. 1999 MACEDO. 36. 28. Cecilia C. Disponível na Internet: http://www. 33-50 COUTINHO. v. p. p. Scarecrow Press. 1. Nice. L.3. The impact of information management on corporate cultures. Estudo da competitividade da indústria brasileira. v. 1. São Paulo: UNICAMP.BERGERON. L. Information technolog organization. Peter. v. Informação tecnológica e para negócios no Brasil: introdução a uma discussão conceitual. Cap. D. jan. v. 1993 BRAGA. out. 1. jan. 1992 BLILI. B.4. 145-163. p. Redes informacionais nas organizações: a co-gestão do conhecimento. 1987 JANNUZZI. 1994 HORTON Jr. Small and mediuxn-sized enterprises: local strength. D. 267-274. 28. Brasília. 28-36. n. Tonia Marta Barbosa. Summer 1997 CHILD. 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VOLGERING. p. num avanço sucessivo. 16. Organizational Dynamics. É o que ocorre à emergente Gestão do Conhecimento. Essa questão volta a merecer a atenção dos estudiosos sempre que surge uma nova técnica ou tecnologia.Gestão do conhecimento e codificação dos saberes: novas ferramentas para velhas concepções Helena Maria Tarchi Crivellari 1 Introdução Muitos estudos já demonstraram a inexistência de um determinismo tecnológico. de ‘codificação’ dos conhecimentos produtivos. v. jan. pois. Information & Management. n. n. 7. 18. Marco. v. The management of change for information systems evaluation practice: experience from a case study. ora como um novo campo de estudos. São Paulo. p. existem diferentes ‘olhares’ sobre a produção coletiva de saberes na esfera do trabalho. Reside aí certo impasse. C. não apenas conceitual. 3. C. n. 3. Ana. Marco.329. Towards a framework of information management. K. International Journal of Management Science. n. Cultural analysis of the organizational consequences of information technolog-y. International Journal of Information Management. S. Yaakov. não havendo determinismo tecnológico. 56 ROBERTS. 7-19.5. D. os executores do trabalho e.3. 1992 PARTE III . n. SMITHSON. Omega. 1 Doutora em Rendas Sociais aplicadas à Educação. v. RAMAN. v. Uma questão particularmente delicada é a que se refere à possibilidade. ora refere-se à viva difusão e à troca dos saberes. Journal of Management Studies.GESTÃO DO CONHECIMENTO NA NOVA SOCIEDADE. n.4. 1996 VERBEKE. sob a ótica da ação comunicativa. Mas um vivo e histórico impasse nascido do permanente conflito nas relações de trabalho e do movimento que coloca. 1 D. p.. 1998 SCHNEIDER.17.4 out. entre indivíduos. 6.25. 31. 67-75. não determinam as suas aplicações ou o modo como serão utilizadas. n./abr. P. 81-90. A. 205217. 1992. em si. Management & Information Technology. International Journal of Information Management. Não existe.1. n. O. S. Creating aclirnate and culture for sustainable organizational change. O uso das técnicas vai depender das relações sociais vigentes em cada época e local. 92 . GUZZO. The effects of information systems integration and organizational culture mi a firm‘s effectiveness. É no âmago desse conflito que se vai encontrar a questão da codificação do conhecimento. 359-369. Implementation and the organizational impacts of information technology systems. 1996. PLISKIN. p. nenhum movimento determinista que direcione o progresso técnico em sentido único. 35. de um lado. p. 1998 WEBER. WJLSON. Spring 1996 SERAFEIMIDIS. 1987 ROBEY. 5. Intafaces. p. v. p. a informação tem o objetivo de apoiar as decisões e os controles administrativos. Professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação /UFMG 2 Para aprofundar este tema ver: Japiassú (1997) e DIEESE (1985). Percorrendo estudos realizados em diferentes épocas e oriundos de diversos campos das ciências humanas. Já em uma perspectiva habermasiana. 23-37. fundada sobre a cooperação do coletivo de trabalhadores. 597-609. 1987 ROBEY. AZEVEDO. inexorável e “neutro” 2. BRIEF.1. Duas modalidades sobressaem-se: a que privilegia a proteção jurídica dos interesses privados e da propriedade intelectual e. Nava. de outro. E 303. Exploring the conceptual expartsion within the held of organizational behaviour: organization climate and organization culture. p. William. percebe-se o papel da informação no contexto das relações sociais e da ação cultural. Aplicada ao uso gerencial. nas situações de trabalho. 7-11. v. p. HESSELS. P. v. N. v. Ciência da Informação. Revista de Administração. 1996 VALLE. 1996 YAP. ora reporta-se ao uso da informação computadorizada. 24. Benjamin de Medeiros. Arthur E. mais uma vez renovada. Accounting. 30. 93 . sob comando do capital. que tem em Frederick W Taylor um dos principais representantes. enormemente. eram ex-escravos. é preciso também ponderar que. Decomposto o gesto em tarefas simples. também visavam à codificação e à padronização dos procedimentos operatórios. privilegiando o enfoque sobre as relações de trabalho. consequentemente. na virada do século XJX para o XX. se os atores sociais estão construindo as bases para o uso ampliado das novas tecnologias do conhecimento. é crucial que se criem as condições propícias. cronômetros e outros mecanismos que visavam à decomposição do gesto de trabalho do operário-de-ofício. no início do século XX. nas duas primeiras décadas do século XX. Considera-se que esse processo de divisão do trabalho e dos saberes. que é a incorporação do saber humano à máquina. em O capital explica esse processo ao desenvolver a análise das formas históricas do modo capitalista de produção. 1 2 ver também Cândido Guerra Feneira (1987). manuais. 1982b). e publicada em 1982. Até mesmo a neo-taylorista O&M (Organização e Métodos). uma recodificação do conhecimento principal que passa a ser distribuído entre trabalhadores parcelares. Também o taylorismo. viria a maquinofatura. filmes. Os novos trabalhadores. Benjamin Coriat (1982a) 2 mostra que ela teve um papel crucial para a economia americana. ou seja. baseava-se no uso da fotografia. O sucesso dos métodos tayloristas é atestado pela sua difusão em muitos países. assistimos a uma outra modalidade de codificado do conhecimento. além da fixação dos postos de trabalho (o trabalhador não sai do seu lugar. a posição dos trabalhadores e detentores desse conhecimento em face do processo. no espaço e no tempo. introdução das esteiras rolantes e transportadores. sem qualificação para o trabalho industrial urbano. Na origem do modo de produção capitalista. desenvolvidos. aqui entendido como introdução das máquinas especializadas (no sistema taylorista. permitiu a ampliação da condição de emprego para amplas massas populares. daquelas que buscam privilegiar o amplo conjunto da sociedade. oriundos do sul-agrário e imigrantes europeus de origem camponesa. aguardando a peça que chegará até ele através do transportador automático). A codificação do conhecimento e a evolução histórica dos processos de trabalho A ‘codificação do conhecimento’ não é. as práticas gerenciais de codificação dos saberes produtivos. a fragmentação dos processos artesanais de trabalho já significava um processo de “expropriação do saber” do trabalhador artesão e.não constituíram novidade quanto ao que chamamos hoje codificação do conhecimento. O que coloca em questão a idéia de que o conhecimento humano produtivo seja mero recurso competitivo. a aprendizagem daquelas tarefas elementares por uma massa de trabalhadores não qualificados e. incorporando à máquina os gestos simples (e codificados). significando a reunião de grande número de trabalhadores artesãos em um mesmo local. em certo sentido.e o fordismo . tão nova. a fase seguinte é representada pela administração científica do trabalho. Ao fragmentar o conhecimento dos mestres-de-ofício em unidades procedimentais simples. Karl Marx. E mesmo antes dessas. com seus fluxogramas. A generalização do método. inclusive mulheres e crianças. por isso. Encerrando o ciclo. inclusive os modelos de gestão do conhecimento e. também operou no sentido da desqualificação dos trabalhadores e na conseqüente queda de poder dos operário-de-ofício. são um exemplo disto. se o conhecimento se produz pela interação entre sujeitos humanos. Palestra realizada no CEDEPLAR/UFMG.É preciso observar que. passou a chamarse “máquina especializada” (Coriat. pelos escritórios de métodos. O presente capítulo se propõe avançar sobre o debate. Os manuais de procedimentos. difundidas por Frederickc W Taylor. que implicou o parcelamento e a decomposição do trabalho artesanal em diversos segmentos simplificados. isso significa a existência de espaço para a escolha de modalidades socialmente mais responsáveis. de um lado. Ou seja. no quadro da crise atual. assim. O novo sistema permitiu que parte do saber operatório fosse incorporado à máquina que. nas quais o trabalho e o emprego ocupem lugar central como elemento de coesão social e força criadora. Além do mais. em 1980. Estudando a estratégia taylorista. É possível observar que a codificação do conhecimento teve o movimento histórico de possibilitar uma crescente inclusão das massas populares nos sistemas formais de emprego. as práticas da administração cientifica. Em seguida apresenta a manufatura ou divisão manufatureira do trabalho. o seu emprego na grande indústria então emergente. possibilitados pela divisão manufatureira do trabalho. o torno usado era universal). 2001). Ele parte da noção de cooperação. o trabalhador qualificado de então. aperfeiçoado pelo método fordista de organização do trabalho. O método taylorista foi. discutia-se a tensão entre. há várias décadas. O processo taylorista de codificação do saber-operário. permitindo que a indústria incorporasse mão-de-obra menos qualificada e mais barata. ao tempo em que aumentou o poder de controle sobre o coletivo operário. Em artigo anterior (Criveilari. facilitou. estudos de lay-out e quadros de divisão do trabalho. pela PUC-MG. 1 Historicamente. no fordismo como na maquinofatura. na fábrica. por outro lado. o novo procedimento era sistematizado — ou recomposto em novo código — e reintroduzido junto aos trabalhadores. Esta última etapa surgiu com a Revolução Industrial. considero fundamental salientar que houve uma mudança no sentido da co4ficação do conhecimento. segundo os autores regulacionistas. Crivellari. pois ela está imbricada no conjunto das relações sociais de trabalho vigentes em determinado local ou época. Muitos estudos. Estudos da década de 80 mostram essa outra faceta da codificação dos conhecimentos. os estudos publicados no periódico francês Sociologie du Travail. 1983). com o avanço da microeletrônica e da informática. Os padrões de qualificação vão depender da organização da produção adotada pelos administradores. somente. Sem querer alongar o significado do que foi a “relação salarial fordista”. a situação não foi a mesma. ser vista no conjunto das normas que as organizações profissionais ou políticas impõem em dado momento. chegou-se perto desse objetivo. baseado em 1 Ver Robert Boyer (1990). É nesse quadro que os trabalhadores foram. Através dessas novas técnicas foi possível a supressão de engenheiros e analistas na captação dos saberes operatórios porque é na máquina. a qualificação profissional não pode ser associada apenas à variável tecnologia. a organização do trabalho pós-fordista. muitos estudos foram publicados 2. falam sobre estes processos. Paralelamente. Mas ao mesmo tempo fica evidente que. salário e estabilidade no emprego. durante a Era de Ouro (1945-1975). “espontaneamente”. Além do mais. no Brasil. em conjunto com engenheiros e analistas do trabalho. ou seja. se constituiu alternativa à queda dos rendimentos produtivos. Recomendavam. então. pois os excedentes de mão-de-obra são maiores e. é determinante a influência do desenvolvimento do movimento sindical em uma dada sociedade. o que se pode exemplificar pelos estudos de Georges Friedrnann (1950). vão explicitar seus modos operatórios peculiares. “codificar” este conhecimento é impossível. O argumento central dessa tese de formação de um “salário confiabilidade” foi bastante divulgado na década de 80. Neste contexto dois fatores destacam-se como condicionantes da qualificação: • relações de trabalho: os sistemas de qualificação são inteiramente dependentes das relações de força entre o capital e o trabalho (Coriat. 1984. 1988). historicamente. Já nos países em desenvolvimento. com maior poder de pressão e de exigências sobre a qualificação. ampla e historicamente debatido no âmbito das ciências sociais. ‘competência’ são expressões que aparecem no discurso acadêmico e dos gestores. a partir do “pós-fordismo”. para reorganizá-los nos escritórios de métodos. muitas vezes empregadas como sinônimo do termo qua4ficaçdo dos trabalhadores. por ser “tácito”.cumpriu um histórico papel de planejamento local dos recursos humanos. Muitas vezes. particularmente na indústria química e petroquímica (Tersac e Coriat. e reunidos em grupos. e as circunstâncias em que eles se processaram. particularmente. e sua aplicação nos setores industriais e de serviços. 2 94 . a escolha de determinada alternativa vincula-se ao quadro das relações entre o capital e o trabalho e. essa participação significou apenas a explicitação do seu ‘conhecimento tácito’ ou ‘saber-fazer’ do trabalhador. Criveilari e Meio (1989). ouso industrial das tecnologias de base microeletrônica esteve constantemente associado a uma força de trabalho privilegiada. são os próprios trabalhadores que. no caso dos sistemas automatizados e integrados. significaram uma inovação na codificação dos saberes. crescentemente. Havendo alternativas possíveis. Paralelamente. ou na memória do computador. Ou quase. esses estudos a adoção das boas relações de trabalho. os procedimentos operatórios. na direção do almejado “pleno emprego” e. entre outros. na empresa. O Dicionário da educação profissional (Fidalgo e Machado. no entanto. Schmitz (1985) mostrou como. Os anos 80 caracterizam bem esse momento. Nos anos 80. Por isso. captando os saberes procedimentais dos trabalhadores. Em resposta à crise. não se podendo contar. através de estudos do PNUD/IPEA (H. Q Carvalho. automaticamente. e reintroduzí-los através dos manuais de procedimentos. Avançando sobre a taylorista O&M. Para Schmitz (1985). principalmente os círculos de controle da qualidade e o controle da qualidade total. nos países desenvolvidos. evidenciando a existência de uma dimensão tácita do conhecimento do trabalhador a sua importância para a eficiência do sistema produtivo. Essas duas formas — CCQ e CQT — amplamente utilizadas no Brasil. traduzidas em termos de bons salários. Eu enfatizo. como mecanismo de fixação. A qualificação deve. traduzindo-os em diagramas diversos ou outras formas. 2000) registra as proximidades e diferenças entre esses e outros termos correlatos. estabilidade no emprego e um sistema de carreira. Qualificação e saber-tácito Os termos se confundem: ‘conhecimento explicito’ e ‘conhecimento tácito’. por essa razão. ou escritório. é fundamental a “eficiência e a confiabilidade coletiva”. o estudo de Stephen Wood (1982). com os requisitos do trabalhador individual. decorrente da crise no regime de acumulação fordista. aponta-se que. do trabalhador e de seus saberes. que se registram. cujos analistas andavam pela fábrica. 1988). chegam ao ocidente as práticas organizacionais desenvolvidas na indústria automobilística japonesa após a segunda guerra. realizados na década de 80 e 90. segundo Hobsbawn (1995). Schmitz e R. As ferramentas da qualidade total constituem um taylorismo de “grupo”. portanto. menores as condições de resistência dos trabalhadores. Também esse debate conceitual não é novo. convocados a ‘participar’. expandiu-se o uso da microeletrônica e da informática — a chamada “automação flexível”. amplamente estudada pela Escola Francesa da Regulação 1. no sentido de controlar o processo produtivo. • conhecimento /tácito: Jones e Wood (1984) referem-se ao “conhecimento tácito” como aquele que é apreendido da experiência individual e é quase impossível de se expressar em linguagem explicita e formalizada. A qualificação tácita permite. baseados na análise da atividade real 1. Foray (2000: 34) salienta. criando novos mercados baseados na obsolescência dos modelos que vigoravam anteriormente. Trata-se de um subproduto do sistema técnico que é. foi possível corroborar esse debate. O mundo tem assistido a esse movimento. 1989) e na petroquímica (Criveltari. Em A economia do conhecimento. com o advento da Internet. entre elas encontram. ao mesmo tempo. Para Chanaron e Perrin (1986). A codificação do conhecimento ganhou particular relevância no contexto de uma economia baseada na inovação constante. um conhecimento é mais do que uma informação. antes que isso possa ocorrer de forma ampliada. naquele período ocorreu um retomo às teses favoráveis à codfficaçõo do conhecimento. Ou seja. suas sucessoras. um ‘bem’ ambivalente. visão. perifericamente. as inovações já não se difundem mais porque. no entanto. gravitam em torno dos primeiros. a gestão de zonas de incerteza nascidas das perturbações do processo produtivo. A partir dos anos 90. a eficiência dos sistemas automatizados baseia-se em relações de trabalho estáveis. prever panes. mas indispensável. à medida que a rede viabiliza o acesso remoto a determinadas informações. deixa de tomar conhecimento amplo sobre o modo como as diferentes funções são cumpridas no interior da organização. tal como se observa nos países centrais e naqueles que. que a mudança e a inovação são ‘custosas’. pois sem ele o sistema técnico não pode funcionar. mesmo que uma parte do saber-fazer seja transferida para a “lógica” de uma nova máquina. por isso os sistemas de códigos criados pelo universo de cada grupo e a partir de cada grupo são básicos para a aquisição e transferência do saber-fazer. Foray mostra que o conhecimento pode ser codificado. ao menos parcialmente. No que concerne aos usuários. mas também torna-se um ‘bem público’. pois a história 1 Analisando diferentes casos na indústria têxtil (Criveilari e Meio. particularmente no que toca aos produtos típicos da ‘Sociedade da Informação’. 95 . que possui certas propriedades da informação: torna-se coisificado. O excesso de inovações tem resultado em duas linhas de problemas: as que atingem os seus usuários e as que atingem os seus produtores diretos. desenvolvido pelo coletivo de trabalhadores. incorporado ao dispositivo técnico.se as propostas da tecnologia gerencial denominada ‘gestão do conhecimento’. também pode ser codificado e armazenado em bancos de dados facilmente acessáveis. os trabalhadores precisam criar novos saberes para fazê-la funcionar. A codificação da informação cria. Gestão do conhecimento e codificação dos saberes Os termos ‘informação’ e ‘conhecimento’ passaram a ocupar um lugar de grande destaque no discurso acadêmico e no dos gestores. como resultado da ampla difusão das tecnologias de informação e comunicação e da acumulação de saberes. o que implica a necessidade de proteção e sujeição à legislação sobre propriedade intelectual. manuseável.e convertido em mensagem para ser transmitida de um sujeito a outro. ou para ser estocada. É pela vivência que se desenvolve a capacidade de apreender esses fenômenos. Para ele. A simples memorização de uma série de instruções detalhadas será insuficiente para garantir o cumprimento da tarefa. então. condição pi4meira de sua eficácia e de seu funcionamento. Dominique Foray (2000: 10) faz uma clara distinção entre conhecimento e informação. essas são barradas pelas novas. o saber-fazer do trabalhador que. reciclam-se os conhecimentos tácitos. Por isso.diferentes estudos de caso. O modo de fazer operário é desenvolvido e repassado no processo de cooperação e convivência em equipe. o desenvolvimento das percepções captadas através dos sentidos (olfato. Essa afirmação é válida também para os conhecimentos produtivos. o que só se pode conquistar com o tempo e com estabilidade no emprego. Para Foray (2000: 29) a própria ‘mudança’ constitui atividade econômica principal: novos produtos são permanentemente ofertados aos consumidores. o que quer dizer reduzido . tato) é extremamente importante. Para Tersac e Coriat (1984)o saber-fazer é um saber complementar. pois dali se percebe o início das condições imprevistas. eles são levados a se tornarem mais atentos do que os pioneiros da ‘era das inovações’. 1988). se a direção da empresa desconhece essa dimensão da qualificação. Na percepção dos estados indesejáveis. Esse debate pouco avançou durante os anos 90. por ser capaz de extrapolar determinado conhecimento anterior e dele inferir novas informações e novos conhecimentos. pois está associado a situações de vivência muito específicas. no desempenho confiável do trabalhador coletivo. Por outro lado. audição. através de sinais informais. otimizar a realização de manobras excepcionais são procedimentos que dependem de processos mentais complexos. A construção da qualificação tácita se dá através da vivência adquirida na realização de tarefas rotineiras e da troca de experiência no trabalho cooperativo.à informação . os conteúdos informatizados tiveram renovadas as suas possibilidades de circulação. o que possibilita antecipar as panes e prever as conseqüências de um desvio de rota na produção. Em certa altura. os trabalhadores. Ao contrário. estabilizar processos. como também já se discutiu nas seções anteriores. Coerente com as políticas de inovação e com as possibilidades abertas pelas novas tecnologias da informação e comunicação. integrante da linha de sucessão do taylorismo/ fordismo. contendo o curriculum vitae e a descrição dos ‘talentos’ dos funcionários. transporte. e David. Not-worked knowledge and knowledge-based economy. A informação (conhecimento codificado) pode ser estocada e encontrada infinitamente.recente evidenciou que freqüentemente os primeiros compradores são penalisados porque. In: Foray et Lundval (eds). inclusive na região metropolitana de Belo Horizonte. que o ritmo de inovações não atinge igualmente todos os ramos produtivos. ser manipulada como uma informação. com a difusão das normas ISO e dos programas de qualidade total. a novidade seria a incorporação. reorganização destes conhecimentos de uma forma ‘ideal’ (prescrição) e imposição dos novos procedimentos aos trabalhadores. Considerando que alguns desses protocolos só serão utilizados esporadicamente. A. citados por Foray (2000). tanto na produção dos alimentos como no modo de servi-los. Conforme foi visto em seções anteriores deste capítulo. E. também o fordismo e a maquinofatura significaram a incorporação do saber operário aos maquinismo. Nunca é demais exemplificar que os sanduíches de hambúrguer mundialmente distribuídos pelas grandes empresas fast-food. Telematica Institut. baseados sobre a invenção de novas linguagens. O que ocorre. São Paulo. tais como a especialização das linhas. Paris. Tóquio. OCDE. devem ser praticamente iguais em Porto Alegre. como foi dito acima. Para Rosa Q Nehmy (2001). 2000: 34) Para o autor. O segundo ponto fundamental é que a informação. mas também leva à crise dos saberes industriais. O conhecimento tácito dificulta a realização de numerosas operações no cotidiano produtivo. Por essa razão. fortemente. a ‘gestão do conhecimento’ é uma ferramenta gerencial que refluía a concepção do taylorismo. Para os trabalhadores. O ritmo acelerado de depreciação do conhecimento cansa não apenas o consumido. entendida como o processo de conversão de um conhecimento em uma mensagem que pode. A normalização e a padronização cresceram. estoque e troca. nesse contexto de mudança acelerada. de novos modelos e de novas técnicas. como a automobilística. Além do mais. porque o conhecimento ficou separado da pessoa que o havia incorporado enquanto foi um ‘conhecimento tácito’ (Foray. a falta de aplicação constante faz com que se multipliquem os riscos de os operadores fazerem interpretações e intervenções errôneas nas linhas de produção. Fortaleza. para que isso ocorra. os sistemas de classificação e de codificação dos saberes. Um exemplo disso é a existência de uma enorme disparidade entre as indústrias caracterizadas por relativa tranqüilidade tecnológica. 1996 (citados por Foray. Para Steinmueller (1999) 1 e Abramovits e David 2 (1996). assim codificada. avançando um pouco mais sobre as possibilidades abertas com o uso da automação flexível. intangible investments and growth in the knowledge-based economy: the US historical experience. 2000) 2 Abramovitz. que possibilitaram melhorar fortemente a codificabilidade dos “saberes procedimentais”. apenas se acrescentou mais um passo à longa trajetória do progresso técnico no modo capitalista de produção. Com isso imaginou-se poder codificar uma parcela maior do ‘conhecimento tácito’ do trabalhador. M. Nas novas tecnologias de gestão. É preciso não esquecer. com eles. deve-se observar que. assim traduzido: captura dos conhecimentos do trabalhador (expropriação do saber). produto equivalente. a expropriação do conhecimento do trabalhador não é uma prática recente. Februar) c1999. Delft. permitiria a criação de estabilidades temporárias. a produtividade.já adotada em algumas organizações brasileiras. atualmente. Paris. em muitos casos. mas permite aos agentes efetuarem certo número de operações a um custo marginal muito baixo. Para Foray (2000: 56) foram os sistemas especialistas. O problema atinge não somente o ‘chão de fábrica’ já que para os gestores. W E. historicamente. o conhecimento tácito torna difícil a realização das operações de pesquisa e acesso. 2000) 96 . são as possibilidades renovadas pela explosão das tecnologias da informação e da comunicação. E. a normalização e a padronização dos procedimentos operatórios. é necessário que haja padronização dos procedimentos. Várias pesquisas também se desenvolveram na direção das ciências da cognição. no processo de globalização da economia. visando à distribuição ótima entre os postos de trabalho disponíveis e os seus ocupantes potenciais. torna-se crucial a codificação (explicitação). Vale citar a adoção dos bancos de dados. entrou em voga nas grandes empresas a ‘gestão do conhecimento’. afirma-se que o fenômeno não é novo. Technological change. Por isso. Nova Yorque e Caracas. Employment and uowth in Me knowtedge-based economy. 1 Steinmueller. é reprodutível e gera cópias. uma parcela além da que era possível no estágio imediatamente anterior das técnicas informacionais. Apenas os maquinismos se renovam progressivamente e. cada inovação vai implicar a necessidade de memorizar novos ‘protocolos’ referentes às mudanças ocorridas no processo ou no produto. a codificação é a essência da atividade econômica. Pode-se dizer que a ‘gestão do conhecimento’ constitui tecnologia de gestão do trabalho. sabendo-se que no mês seguinte o produto terá uma composição diferente?” (Foray. os rendimentos ou a capacidade de uma ‘oficina’. Nesse sentido. entretanto. melhora as condições de pesquisa e de transportabilidade. Mas. em seguida. A codificação é uma atividade de custos altos. tornam-se complexas e de valor variável: “como calcular horas de trabalho. especificada em termos de conteúdo e propriedade intelectual. transforma-se em mercadoria que pode ser descrita. as firmas produtoras os abandonam. (citado por Foray. adotados pelas grandes empresas como meio de viabilizar o alcance dos padrões internacionais de estandardização. na tentativa de traçar uma fisiologia dos processos mentais. e outras onde reina verdadeira ‘tempestade’ como é o caso das telecomunicações. 2000:48). em software do saber do trabalhador. noções que eram relativamente simples. no entanto estão sendo disponibilizadas técnicas específicas que permitem tratar desta questão)” (Piemonte. estimulam também o registro dos procedimentos adotados para a solução de problemas operacionais surgidos no cotidiano da produção. as reuniões através dos chat’s ou das ‘salas de discussão’ constata-se que ali está uma modalidade de interação interpessoal ainda pouco analisada. em entrevista a um dos grandes jornais brasileiros. As empresas também colocam em rede (Intranet) análises dos processos de negócios que a empresa executa e a avaliação dos conhecimentos necessários para cada processo” (Mello: 1998) A citação anterior sugere que. deixa clara a ânsia dos gestores em aumentar os seus controles e.. línguas. Um fabricante desse tipo de software. é um pouco acomodada. no contexto de uma economia que se baseia na ‘mudança’. Não somente a produção de elementos e componentes é externalizada. Os dois softwares definem as habilidades imprescindíveis e as desejáveis para cada processo empresarial e os conhecimentos explícitos e implícitos de cada funcionário.. principalmente os debates sobre resoluções de problemas. Mais precisamente.o software (de origem alemã). cujo principal destaque é a empresa japonesa de produção automobilística (ver Coriat. Eles são comprados. as ‘conversas’ através de Intranets ou Internets. A autora queria observar (sem ser observada) como os ‘gestores do conhecimento’ constroem o seu próprio campo do conhecimento. fala sobre os seus programas: . na medida em que ela permite a externalização da produção de conhecimentos e autoriza as firmas a comprar uma quantidade maior de ‘conhecimentos’ por um custo dado.... Assim encontram-se à venda softwares que: a) buscam racionalizar. O software alocaria as pessoas mais indicadas para cada tarefa. Não são mais necessários os conhecimentos de maneira interna. debatidas por Castells (2000). é usado para adequação homem-tarefa. a exemplo do que já ocorreu com a Contabilidade e outras áreas. que chamamos deforma explícita. É nesse contexto que se inserem iniciativas de organização industrial do tipo just-in-time. o mesmo parece estar acontecendo agora com os profissionais de Recursos Humanos. feita a partir de uma analogia com a observação dos laboratórios científicos. integra em diagramas os dos os processos de negócios de uma empresa (por exemplo.Um efeito de segunda ordem refere-se ao impacto da codificação sobre a organização espacial e a divisão do trabalho. s/d) .grifo meu Efetivamente. e na mente das pessoas. Nehmy (2001) fez das ‘salas de discussão’ na Internet seu campo de observação. classificar e organizar informações sobre as qualificações dos trabalhadores. disquetes etc. o que mostrou-se um método muito interessante de captação e análise da ‘ciência em ação’. mas a concepção pode ser igualmente comprada (Foray.. 97 . para posterior classificação e catalogação. dificilmente documentável que chamamos deforma implícito Como na sociedade atual o conhecimento é ligado ao poder existe resistência natural e dificuldade de captação do conhecimento implícito. porque contadores operam com números enquanto em RH trabalha-se com pessoas. entre os seus funcionários. memórias (de computadores). sucessão. um pedido de cliente ou outra tarefa espec (fica) e os funcionários. lida bem com clientes. fabricado na França) junta todos os processos e funcionários da empresa em um único diagrama conhecido como árvore do conhecimento. Em recente pesquisa. o estudo foi feito junto às salas internacionais de debates sobre ‘gestão do conhecimento’. Enquanto os implícitos são mais subjetivos: a pessoa é expansiva. b) há os que buscam cruzar os dois tipos de informação (qualificações X postos de trabalho) e c) há os que buscam codificar os conhecimentos expressos nas trocas de correspondência eletrônica. verificamos que ele se encontra em dois lugares diferentes: em portadores materiais tais como papel. Os consultores em ‘gestão do conhecimento’ consideram a web um espaço privilegiado de observação das expressões e trocas de informações e de conhecimentos. A citação abaixo..o desconforto a que submete aqueles cujo conhecimento é o próprio objeto desse sistema de controle: “Quando pretendemos captar conhecimento. proposta por Bruno Latour. 1991 e 1995).. O conhecimento gerenciado através de softwares Já se discutiu que a questão da codificação do conhecimento não é recente.. também ajuda a descrever exatamente qual o perfil do candidato a preencher determinada vaga.. Entretanto. na Internet.. via e-mail. 2000:49). promoção e desenvolvimento de carreiras. retirada do folder publicitário de uma softwarehouse alemã com representação no Brasil. quando se observa. bem como sobre os requisitos dos diversos postos de trabalho existentes na organização. Os conhecimentos explícitos seriam os quantificáveis: formação. Esse impacto está na base das tendências à externalização que se desenvolvem em numerosas indústrias. ou das empresas-rede. (Outro software.. por outro lado. E indica quais as habilidades desejáveis e necessárias para cada tipo de tarefa e quais as habilidades de cada funcionário da empresa. experiência profissional. que tiveram parte de suas atividades codificadas e transferidas para o trabalho computadorizado. Neste último caso as organizações estimulam. uma compra de material. Com um agravante. as softwarehouses colocam no mercado vários ‘novos produtos’.. 4 Sveiby. Inegavelmente. cadeias de serviços). na fábrica japonesa do pós Segunda Guerra.em forma de “U”. novamente. tais como a formação de consórcios. A abordagem mais dinâmica. Aprendizagem e gestão do conhecimento A aprendizagem aparece. amplamente estudado por Foulcaut (1986). Ela se apresenta como poderoso instrumento de controle . ‘organizacionais’ (sociedades. Humphrey (1994). 1998). as redes funcionam como mecanismo de controle e de captação do saber. 2001) Discutindo a mesma questão. e Prusak.estabelece uma situação de poder e controle recíproco entre os trabalhadores. enquanto a segunda abordagem contemplaria o aspecto dinâmico do conhecimento. avançam sobre a idéia de codificação do conhecimento ao afirmar que a “tecnologia da informação possibilita que o conhecimento de uma pessoa ou de um grupo seja extraído. como modalidade mais virtuosa de difusão dos conhecimentos produtivos. corrobora essa idéia ao colocar. tem atraído a atenção de muitos estudiosos. ou o “conhecimento como atividade”. a Gestão do Conhecimento se aproxima dos antigos conceitos. os atores se engajam nas operações e estas requerem mecanismos de coordenação e formalização de acordos. Nas formas explícitas de produção de conhecimentos. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. estruturado e utilizado por outros membros da organização e por seus parceiros de negócio no mundo todo”. ao centro de uma construção em anel. Nessa modalidade. (citado por Nehmy. em muitos estudos.Outro aspecto se destaca. K. o modelo significa também uma tecnologia de grupo capaz de facilitar a apreensão dos conhecimentos tácitos dos trabalhadores (Mayer. desonerando do encargo de vigiar. nos quais se baseia. patentes. é justamente no uso da sua ferramenta mais avançada: a ‘sala de discussão’ na Internet que.). Esse ponto será retomado adiante. quando os trabalhadores têm que resolver problemas não previstos anteriormente (os eventos. Ou seja. Outra modalidade refere-se aos processos formais de cooperação e aprendizagem coletiva. O mesmo autor estabelece uma diferenciação entre duas abordagens de ‘gestão do conhecimento’. Foray (2000) fala das formas de ‘aprendizagem’. baseado em Davenport e Prusak 3. Uma abordagem. Sveiby 4. como bem nos sugere Nehmy (2001). A ‘aprendizagem coletiva’ permite aos atores da empresa traduzir e reinterpretar as incertezas do ambiente externo. entre outros. nessa modalidade de observação. K. o próprio arranjo físico do just-in-time . ‘espírito de corpo’. 2001) 98 . as formas explícitas de aprendizagem efetiva delimitam espaços semi-privados de circular e de tornar comum os saberes. (Nehmy. 3 Davenport. o grupo observado à distância pode ter os seus segredos captados. programas de computador. uma torre de onde tudo se vigia e controla. etc. ‘tecnológicos’ (arquivos. A primeira modalidade refere-se aos mecanismos informais e espontâneos de troca e partilha do conhecimento e do savoir-faire. A vertente da ‘comunicação’ ou da ‘aprendizagem’ — como é também tratada — traz elementos aparentemente mais ‘virtuosos’. nas ‘salas de discussão’ de debates virtuais. tanto na divisão do trabalho como na atribuição de respaldos. Neste caso. é a figura arquitetural que tem. agora. por exemplo) e reaparece. Para o mexicano Daniel Villavicenzo (2000). privilegiaria o aspecto estático (invenções. de forma a modificar o comportamento organizacional da própria empresa e do 1 O patóptico. 72). A função de controle do panóptico. segundo Foucault (1986). pode-se incluir por exemplo. Elas se realizam através de um conjunto de dispositivos que permite realizar a integração dos conhecimentos: ‘institucionais’ (as ciências de transfert). que privilegia a comunicação no coletivo de trabalho. 2 Enquanto arranjo físico. a cooperação entre os atores aparece como um ingrediente fundamental para o seu bom andamento. Rio de Janeiro: 1998. mostra como. segundo Zarifian). já foi comparada às práticas pós-fordistas de trabalho em equipe (o modelo japonês de produção. Nas modalidades informais ou formais de aprendizagem ou ‘invenção’ coletivas. sem que se faça uso de métodos ostensivos de captação dos saberes. em geral. além da sua evidente função de comunicar.sintomático personagem de George Orwel. onde o conjunto de atores identifica e aproveita o potencial de mudança que oferece a relação de sociabilidade que vivem na empresa e desta com o entorno. como um desafio para a tecnologia da informação. A ‘invenção coletiva’ aparece para resolver os problemas oriundos da crescente divisão do trabalho e dispersão dos conhecimentos. apoiar a comunicação empresarial “e a troca de experiências” entre pessoas. Em geral menos abertas do que as redes informais. ainda. É a esse tipo de controle recíproco que nos reportamos ao comparar o panóptico do just-in-time ao panóptico virtual. ao se discutir a aprendizagem organizacional. como ocorria com a permanente vigília do Big Brother .um panóptico 1 virtual. observou que os índices de rotatividade de uma empresa constituem-se excelente mecanismo para avaliar a ‘fuga’ do conhecimento empresarial. Nesse caso. 2 Almeida (2002. em seu famoso romance 1984. que emergem do interior das situações coletivas de trabalho. a construção da competência produtiva da empresa resulta de um aprendizado coletivo. escolaridade do funcionário. T. fichário de biblioteca). a noção de ‘competência’ de Philippe Zarifian (1998). Enquanto os autores. 1998. Aliás. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus. mais próxima daquela do ‘capital intelectual’. mesmo entre aqueles que não estudam diretamente a ‘gestão do conhecimento’. em termos de relações de trabalho. Elas se desenvolvem. utilizando entre os seus indicadores: tempo de profissão. autor de origem escandinava que discute a teoria do capital do conhecimento. a estabilidade do trabalhador tem um papel essencial. encarregada de proporcionar elementos capazes de viabilizar a reprodução da força de trabalho. Faz sentido. considerar o papel das relações de trabalho e dos acordos no nível macroeconômico que favoreçam as situações de cooperação. ao se observarem as expressões ‘gestão do conhecimento’ e ‘capital intelectual’ — consideradas sinônimos — verifica-se a ausência da idéia de corpo humano. subsistir e se reproduzir por si. 2000) Apoiando-se em trabalho de Zarifian. (Heloisa Santos. Mais ainda. A gestão é do ‘conhecimento’ e não dos seus portadores (sejam eles a ‘memória do computador’ ou a ‘mente das pessoas’. completando o círculo virtuoso ohnista. e não apenas no Brasil. persistem “inclusive em simbiose com as chamadas novas formas integradas e flexíveis da organização do trabalho” (Machado: 1998). dava suporte ao funcionamento da ‘autonomação e do just-in-time’ proporcionando. de práticas e regras organizacionais tácitas e/ou implícitas que delimitam o comportamento e intervenções dos atores. salário. a ‘produtividade. grande parte da informação circulante é nascida. Por ‘aprendizagem coletiva’. o estudo sobre a produção automotiva argentina de Novick et ai. aqui entendidas como critérios de contratação e demissão. usando o instrumental sociológico: observação. estabilidade no emprego. já evidenciadas no taylorismo/fordismo. possibilitando a reprodução da força de trabalho e. sendo o conhecimento produtivo construído de forma dialógica. gerenciada. pelo engenheiro japonês Talichi Ohno. Outro estudo. este é um ‘círculo virtuoso’ não fordista (ver Boyer: 1990). Foram essas políticas que notabilizaram o fordismo. desenvolvida. baseados no ‘salário por antiguidade’ na empresa. entrevista. As equipes e os espaços de interação. A questão do desemprego ou das precárias relações de emprego. que emergiram em um momento histórico de crise da economia e do emprego. o que. salienta que. condições de trabalho. este suporte é unicamente o próprio ser humano. Para Coriat (1994). Relações de trabalho e gestão do conhecimento “Todo ato de trabalho (é) ao mesmo tempo a obra de homens concretos que mobilizam sutis capacidades na produção de objetos úteis e divercificados”. é impossível reduzir o diálogo ao monólogo. Como se o conhecimento pudesse nasce. o qual possibilitava a formação da ‘polivalência e plurifuncionalidade’ dos trabalhadores e dos ‘mercados internos’. No âmbito do welfare state. a ‘gestão do conhecimento’. são as modalidades que mais possibilitam difundir o ‘conhecimento tácito’ entre indivíduos. crucial para que se compreenda os elementos definidores dos processos informacionais. analisado por Benjamin Coriat (1991 e 1995). que renovam as práticas de expropriação do saber do trabalhador. o autor entende o conjunto de relações sociais. (Guardiola. essa preocupação parece quase ausente nos discursos políticos que apóiam a ‘Nova Economia’. consequentemente a reprodução social. alimentação do trabalhador. ainda. saúde do trabalhado. que permitem trocar as experiências e opiniões. freqüentemente. imitação e experiências empíricas. o taylorismo/ fordismo institucionalizou a gerência de ‘recursos humanos’. acarretadas pelos modelos gerenciais anteriores (reengenharia. A partir do relato da histórica experiência vivenciada na fábrica da Toyota. Mercier e Tripier. análise do discurso. sujeito trabalhador. Estranhamente. pesquisa arquivística. indivíduo. por sua vez. análise demográfica para explicitação e difusão de procedimentos coletivos. observou Coriat que o sucesso do modelo residia numa combinação de ‘investimentos em recursos humanos’. como demonstram diversos estudos. 2 1 2 Ver Teoria da Regulação. A noção de ‘relações de trabalho’ torna-se. carreira. realizado por pesquisadores franceses. Em textos apologéticos sobre a ‘gestão do conhecimento’ a idéia de uma ‘inteligência organizacional’ parece prescindir dos trabalhadores. 99 . As ferramentas gerenciais. transportada e transformada nas situações de trabalho. 1993: 12) A informação depende de suportes físicos e. Havia aí a preocupação com o ‘corpo humano’ — ao menos a palavra ‘humano’ encontrava-se ao lado da palavra ‘recursos’. O discurso sobre as vantagens da gestão do conhecimento. O que parece diferente do taylorismo/fordismo são as políticas de relações de trabalho. a crescente precariedade dos atuais padrões de relações de trabalho. É preciso. em sua dimensão macroeconômica 1.seu em torno. colônias de férias para o trabalhado. Nos novos modelos gerenciais. traduzidos em termos de salário. qualidade e diferenciação’ que viabilizavam os ‘investimentos em recursos humanos’. então. considerando o papel centrai que o trabalho assume em nossa sociedade. O estudo propõe uma démarche sociológica interacionista de resolução de problemas organizacionais. processada. downsizing) suscitam dúvidas sobre o que se pode esperar da nova ferramenta emergente. no bojo destas. assim. já que a preocupação principal concentra-se na idéia de extração do conhecimento por eles desenvolvido e neles contido. embora baseado em certa leitura da experiência japonesa. etc. através da observação. (2000) aponta que a forma como se organiza o processo de trabalho na firma é central para identificar como a tecnologia de gestão social atua no processo de geração e socialização do conhecimento. a ‘Sociedade da Informação’ e. entre outras práticas. como afirmou acima o vendedor de software). não faz referências aos elementos componentes do ‘círculo virtuoso’ da empresa japonesa. então. da ‘gestão do conhecimento’. Autêntica – CEPEAD/UFMG. É. um sucesso virtual. e CORRÊA. ainda. extraído da pesquisa de Nehmy (2001). In: Universidade Católica de Minas Gerais. apenas um cliente potencial porque. Helena M. A recomendação final dirige-se aos pesquisadores e profissionais da informação que. São Paulo: Nobel. Belo Horizonte: Ed. 1982a. 205-218. 1999. suas páginas na Internet Essas ‘salas de discussão’ funcionam como um virtual corredor de shopping center e o cliente . Salvador. 1 caderno.com’. 1. principalmente. Gestão do conhecimento: novas ferramentas para velhas concepções. Belo Horizonte. São Paulo: Paz e Terra. desempregados pelos programas de reengenharia ou qualidade total. v. cuja propriedade intelectual não foi. Notas sobre o capital intelectual: sua importância no processo de modernização do aparelho de estado. 2001. microeletrônica e trabalho na indústria petroquímica. ser mobilizados para operar as novas ferramentas. Belo Horizonte. baseada nas empresas de produtos ‘ponto. onde os consultores da área tentam atrair seus potenciais clientes. Solange M. A gerência científica e a dimensão estratégica do Taylorismo. vol. recorrem aos velhos conceitos administrativos que colocam a expropriação e a codificação do conhecimento dos trabalhadores como prática estratégica de controle e subordinação dos trabalhadores. Teoria da regulação: um balanço crítico. ainda. novas pesquisas e reflexões são necessárias para que se evite o sistemático atendimento às regras do mercado. que apresenta tal ou qual problema?) . Sociologia Aplicada à Administração. robs e a classe operária. No estudo citado. são ex-executivos em grandes organizações. à l’envers: travail et organisation dans l’entreprise japonaise. não real. n. Paris: Ed Christian Bourgois. Reside aí a verdadeira inovação. out.é.Um grande paradoxo pode ser observado ao se comparar a ilustração acima com os novos modelos brasileiros de gestão: enquanto discutem o papel inestimável da contribuição e dos saberes do trabalhador. Maurício. BOYER. São Paulo: CEBRAP. Manuel. Belo Horizonte: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. n. 1988. ao abraçarem a ‘gestão do conhecimento’ como objeto de estudos e práticas. O que esperar.que ali comparece (em geral querendo informações sobre: o que é mesmo a ‘Gestão do Conhecimento’? tem aplicações para a minha firma. 100 . v. Sociologia Aplicada à Administração. devem cuidar da dimensão estratégica. portanto. 1 semestre/ 82. Benjamin. a ‘gestão do conhecimento’ existe. CORIAT. é que essas empresas operam com a intenção de sucesso no futuro. 1995. o que é um tema importante para aprofundamento em novas pesquisas. CRIVELLARI. A um passo do futuro. que. Evidencia. portanto. _____. ou outros. 2002. Ford. a reprodução social. 1 semestre! 82. Rio de Janeiro: Ed. In: Novos Estudos CEBRAP. Perspectivas em Ciência da Informação. os chat’s de “gestão do conhecimento” são vistos como verdadeiras vitrines. 2. _____. Pense. ainda. In: Universidade Católica de Minas Gerais. _____.T. na fronteira das relações de trabalho. reenviando-os para os seus websis. Também nesse caso. as empresas operam com precárias relações de trabalho. do “novo” programa — a gestão do conhecimento? É de se indagar se esses modelos gerenciais afetam a condição de emprego até mesmo daqueles que os difundem — a exemplo dos gerentes de recursos humanos — o que esperar dos seus efeitos sobre a massa trabalhadora? Em países com altas taxas de desemprego. a carreira e o salário que levaram o trabalhador a permanecer na empresa e. UFRJ. então. 1 Uma das características da ‘nova economia’. A Sociedade em rede. A necessidade de integração de fontes heterogêneas de dados em projetos de Gestão do Conhecimento. não apenas a reprodução do capital mas. pode daí resultar uma situação complicada. trabalho e cidadãnia novas articulações. nos casos em que consegue reduzir o conhecimento do trabalhador à informação codificada. Pensar pelo avesso. no desejo de venda dos seus vendedora 1.3/4. Referências ALMEIDA. Muitos deles. que a codificação é desejável mas não viável — como diria Nehmy — e mostra. CASTELLS. é interessante mostrar um sugestivo exemplo. baseadas ou não nas novas tecnologias da informação e da comunicação. BORGES. com ele. 1982b. a informação torna-se um bem. 1 caderno. provavelmente e pelos currículos apresentados na Internei. Espaço BH. jan/jun. n. 1983. _____. a linha de montagem e a noção de produção em grande série. Robert. o seu saber? Para finalizar esta seção. Conceitos socialmente inclusivos precisam. 1990.2. que ocupa o novo modelo. Dissertação (Mestrado em Administração) — Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Estaria perdida a ‘boa’ lição japonesa? Aquela que ensinou ser a antigüidade. In: PIMENTA. Belo Horizonte. 2. Maurício Barcellos. pois é o trabalho humano que viabiliza. de fato. Gestão. 1998. Maria Letícia. principalmente. como diz Nehmy. 7. p. Autômatos. e não no presente. como utilizar essas ferramentas? Considerações finais O presente capítulo mostra que as “novas” ferramentas gerenciais. 1991. _____. suficientemente esclarecida. pois codificada. 3. In: ALAST Anais do III Congreso Latinoamericano de Sociologia del Trabajo. GUARDIOLA. 1982. division du travail et nouvelles technologies. 1995. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. MACHADO. MAYER. Micro-électmnique et travail ouvrier dans lês industries de process. MELLO. 4. JAPIASSÚ. Ruy de Q. O modelo da competência e suas conseqüências sobre as ocupações profissionais. SANTOS. Quadros. In: REDES. Estilos de vinculación. maio de 2000.1998. NOVICK. 20. ano 1. MACHADO. Stephen. São Paulo: CUT. Era dos extremos: o breve século XX. (Tese de Doutorado) NONAKA. A revolução científica moderna de Galileu a Newton. JONES. 1984. São Paulo: CEBRAP. FERREIRA. Daniel. Marlene Catarina O. Paris. FOUCAULT. John. Vers des organisaúons fiables? 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Eloisa Helena. 2000. do mercado e da força de trabalho. na medida em que focalizam não o papel desses elementos na determinação social. Harvey. Paim. Nesse novo ciclo. 1990. em cenário de crise. consideradas como novidade. o modo de produzir e distribuir bens e serviços e o modo de circulação do capital alteramse. o fordismo. na tentativa de garantir seu lugar no mercado globalizado e cada vez mais competitivo. no mercado de trabalho. 2002). em conseqüência desse postulado. privilegiam a análise do regime de acumulação (ou ciclo econômico) e da organização do processo de trabalho. tendo em vista a inovação e a competitividade. O cenário de hegemonia do fordismo modificou-se com a recessão mundial do início da década de 1970. como principal referência para a contextualização de seu programa. O capital fica livre para circular transnacionalmente. Autores identificados como pertencentes ao movimento da gestão do conhecimento justificam suas proposições.Gestão do conhecimento. denominado de pós-fordista. atitude que se tornará consensual na gestão do conhecimento. aparecem assim como prolongamento de práticas já em uso pelas empresas de ponta na economia mundial. agravada pela crise do petróleo de 1973. configurando os modos de inserção e de competição das empresas no mercado. 102 . “doce barbárie”? Rosa Maria Quadros Nehmy 1 Isis Paim 2 Introdução A gestão do conhecimento como tecnologia de gerência surge na primeira metade da década de 1990 como uma tentativa de atualização em face das exigências do novo regime de acumulação. O movimento da gestão do conhecimento elege a versão de Drucker (1994) da sociedade do conhecimento. ameaçando a hegemonia estadunidense na economia mundial. o processo de financeirização do capital chega a tal ponto que ocorre o descolamento entre o capital monetário e os bens reais da economia. do trabalhador. principalmente do especialista. o acirramento da competição. qual seja a necessidade de mudança do conceito de conhecimento na direção de uma visão pragmática e diretamente instrumental. nos produtos. assumindo a posição de que o conhecimento se transformara. 2 Doutora em Educação Superior . quando se passa da produção em massa para a produção flexível (Corriat. O novo regime emergiu em substituição ao regime anterior. em um novo recurso econômico. buscando sua valorização ali onde o lucro for maior. 1994). Essas categorias de análise permitem que nos aproximemos da compreensão do fenômeno da ‘nova’ economia. e a globalização . Estudos da linha da economia política destacam a emergência de novo regime de acumulação de capital — pós-fordista. Antecipando a exacerbação da volatividade do capital e seu desprendimento da produção real. No modo de circulação. ou de acumulação flexível —. revelada em toda nitidez nas crises dos mercados financeiros dos anos noventa em diferentes países. Muitas de suas postulações. Novos agentes econômicos entraram em cena (a recuperação da economia européia. ao conhecimento no porvir da sociedade. o conhecimento do profissional. padrões de consumo e nas bases da circulação do capital (Harvey. a dificuldade de previsão da quantidade e do tipo de produto a ser produzido. mas procuram demonstrar as condições em que a economia se desenvolve e os assimila. O autor sugere. o que já estaria a indicar o foco da gerência. Neste capítulo propomos realizar a análise do programa de gestão do conhecimento. o crescimento do Sudeste Asiático). Os mercados mundialmente diversificados.Vanderbilt University/USA. a mão de obra ou a terra. O novo ciclo econômico e o papel da comunicação na produção de bens e serviços As interpretações para a fase atual da economia. que não aquelas vindas do ponto de vista do capital. na “nova” sociedade. de maneira a transformar esse saber em capital da empresa. 1994). que hoje são ameaça 1 Doutora em Ciência da Informação — ECI/UFMG.10 . os dois aspectos mais marcantes da estrutura econômica contemporânea — a mudança no regime de acumulação no sentido da flexibilização da produção. Professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG. Essa década repercute tentativas feitas nas duas décadas anteriores de descrever o fenômeno da mutação social que já se insinuava desde a década de 1970 (Nehmy. demonstrando a impropriedade de o fordismo garantir o desenvolvimento capitalista na direção prevalecente. procurando elucidar os pressupostos e apontar as limitações dessa tecnologia de gestão. Trata-se de criar mecanismos para a apropriação da expertise do trabalhador. em contraponto às vises eufóricas em relação às tecnologias da informação.já aparecem suficientemente amadurecidos. partindo da compreensão das características da mutação econômica recente. Professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação/UFMG. mais importante do que o capital. referindo-se à eclosão da sociedade da informação ou do conhecimento. por fornecer o trampolim de passagem dos macro-discursos sobre a nova sociedade para o nível micro da administração da empresa. ampliando ainda mais o interesse especulativo que lhe é inerente. mostravam que o modelo baseado na rigidez não possuía mais a dinâmica necessária ao processo de acumulação de capital nos processos de trabalho. Na década de 1990. O trabalho não está mais centralizado. sistema de recompensa e incentivo do trabalho em equipe e hierarquia administrativa horizontal com poucos símbolos distintivos de status entre os trabalhadores (Castefis. O trabalho vivo. o capital não tem mais esteio na economia real. revelam o papel cada dia mais importante do capital financeiro e a ficção que o acompanha. 1999). manifestadas tanto na esfera monetária quanto na oscilação do valor das ações das empresas. o que se traduz em endividamento permanente (Kurz. mas a mudança na qualidade do trabalho. nem do trabalho. o capital fixo (máquinas. o trabalho ‘objetivo’. que soluções aos entraves do processo de trabalho pudessem ser incorporadas. Sendo assim. Como método de administração de empresas. Juntamente com a globalização. trabalho em equipe. tornando transparente aquilo que ficava oculto na antiga máquina (Zuboff. São os seguintes os elementos desse modelo: eliminação ou redução substancial dos estoques pela entrega de produtos necessários à produção na medida da solicitação. requerido na situação de informatização e de flexibilidade teria de assumir outra natureza. ao contrário. Além de substituir o corpo humano na produção de bens pela automatização — numa lógica muito pouco diferente daquela do sistema de máquinas do século XIX — as novas máquinas baseadas na informação geram. 1986. perde a importância (Castells. A produção deve estar preparada para mudanças rápidas no perfil do produto em função das demandas de consumo. Harvey (1994) apontava a importância do processo de financeirização até mesmo como causa e não conseqüência da flexibilização na produção de mercadorias. A possibilidade de mudança rápida do esquema de produção para atender às demandas dos clientes. mas distribuído em diferentes fragmentos do processo produtivo. significando notável ganho de produtividade. 1987). na situação de limitação máxima dos estoques e de controle da qualidade. havia sido a introdução da linha de montagem na qual o trabalho chegava ao trabalhador posicionado em lugar fixo com tempos e modos de produzir fortemente programados. capaz de atuar de forma cooperativa e inovadora. em certa medida. de tomadas flexíveis de decisão e de autonomia e cooperação até mesmo no ‘chão de fábrica’. que passava a ser distribuído entre as várias instâncias de produção e que diluía a separação entre concepção e execução. 1992 a). opera-se no novo regime de acumulação mudança de fundo na organização do processo de trabalho em face da antiga forma. no sistema flexível ele deve ser capaz de se deslocar de uma máquina ou de um setor para outro. sendo necessária estreita relação com as oscilações mínimas do mercado. Por outro lado. A empresa japonesa. ativo. as pessoas não compram mais ações das empresas levando em conta seus bens materiais. o processo produtivo é muito menos programado. Com a disseminação da “máquina lógica”. 1999). Altera-se a relação entre a produção e a distribuição de tal modo que o processo de circulação de mercadorias inicia-se no interior da fábrica e o setor de vendas torna-se a alma da empresa (Deleuze. O que se destaca não é o desaparecimento do trabalhador. e os agentes econômicos acabam apostando em lucros futuros que nunca se realizarão. o processo e o ritmo de trabalho passam a se configurar como atividades de alto desempenho. o trabalho vivo. o taylorismo/fordismo. em ação. Os níveis de autonomia e de especulação do capital financeiro chegam a atingir o nível de ficção como diz Robert Kurz. à dinâmica da máquina. Modifica-se o tipo de competência cognitiva exigida do trabalhador. devendo o trabalho interno ser organizado da maneira mais flexível possível. Concomitantemente. em descrições altamente especificas de cada tarefa e no esquema hierárquico de decisões e de planejamento centralizado pré-existentes na chamada administração científica do trabalho de Taylor. controle de qualidade total dos produtos ao longo do processo produtivo. 1999). Ao inverso do sistema fordista. 1999). e por ela viabilizado. Na acumulação flexível. equipamentos) perde a importância na construção do valor na produção. imóveis. ao mesmo tempo em que funcionam. informações sobre processos produtivos e administrativos subjacentes ao processo de trabalho. que já empregava metodologias de gestão baseadas na flexibilidade principalmente utilizadas pela indústria automobilística. 1988). Como lembra Marazzi (1997). 103 . implicando trabalho em equipe e diluição do sistema hierárquico. mas pelo “conjunto de símbolos da ‘capacidade de produzir’ riqueza”. a produção real institui a flexibilidade como a norma principal. Ali onde a produção assistida por computador prevalece. O pós-fordismo elege um perfil de trabalhador multifuncional e criativo. Com a flexibilização do processo de trabalho e a descentralização de decisões. As turbulências financeiras. já haviam sido introduzidas modificações no processo de trabalho. não é mais apenas a força física de trabalho. o fordismo baseava-se no aprofundamento da detalhada divisão de trabalho. Essa nova condição do capital deve-se ao impasse provocado pelo crescente descompasso entre o crescimento das forças produtivas técnico-científicas e o poder real de compra. 1999. Nesse cenário.constante às economias nacionais. maior autonomia na tomada de decisão nos níveis operacionais. em que o trabalhador se fixava em determinada tarefa repetitiva e em um posto de trabalho. Entretanto. envolvendo capacidades de inovação técnica. economizando movimento e energia na produção. desde finais dos anos 70 (Halal. que deve recorrer a modos complexos de pensamento para realizar operações formalizadas em ambiente de códigos e mensagens padronizadas (Levy. composto das tarefas repetitivas e rotineiras passível de ser codificado e transferido para a máquina. Castells. os limites para a criação real de valor através da produção de mercadorias que não seriam vendidas dirigem o capital para a busca de lucros fictícios em mercados monetários. e permitindo. A novidade introduzida pelo fordismo. Cocco. passa a assumir o papel de paradigma e de símbolo da administração de sucesso dessa nova etapa da acumulação. implicando capacidade técnica e domínio de linguagens codificadas complexas. iniciativa descentralizada. por mecanismo de feed-back. mesmo antes da absorção massiva das tecnologias da informação. Em tais circunstâncias a comunicação entre os diferentes tipos de trabalho e equipes tornava-se elemento essencial do processo produtivo. chamado de ‘animador’ nas reuniões é como um juiz de paz. é um símbolo dessa nova estratégia de produção. Conforme diz Castells (1999). Contudo. o trabalhador anexa o cartão a uma corda. tais como câmaras expostas em locais estratégicos. Em instalações sem divisórias. de modo a permitir que. assim. possibilitando a compreensão pelo conjunto dos trabalhadores. apesar de a organização espacial da unidade de produção sugerir diluição da divisão social do trabalho. em linguagem também formal. cabendo ao gerente o papel de arbitro. a chefia não será mais a depositária de um saber unificador e integrador como era no antigo regime.exigia exercícios de acomodação entre as equipes de produção. anunciem-se as tarefas essenciais para atingir o objetivo desejado.” É esse papel preponderante da comunicação que Marazzi (1997. anúncios luminosos. uma espécie de controle em espaço aberto como quer Deleuze (1992. (Dodier. Para o estabelecimento de hierarquia entre os postos de trabalho distribuídos e autônomos. Na aparência. Informações precisas em tempo rea4 substituem os estoques. capaz de ser entendida e apropriada rapidamente pelo conjunto do processo produtivo. O diretor de um fragmento da rede. Cada trabalhador em seu setor deve perceber os problemas e as soluções para cada fase da produção que deve ser transmitida aos demais de modo a possibilitar o funcionamento equilibrado do conjunto. o modelo de 104 . p. A dispersão em fragmentos do processo de trabalho e das tomadas de decisões é geralmente contrabalançada pela arquitetura aberta da empresa. a qual Dodier (1995) vai chamar de “hierarquia de animação”. como complemento aos outros dispositivos de comunicação. como resultado. relação que se aprofunda com a incorporação das tecnologias da informação. a informação e a comunicação fluem facilmente. a globalização e a informatização criaram as condições de existência da empresa aberta também em relação aos ambientes social e geográfico.. através da organização espacial e estética. p. assinalando ‘mais peças. etiquetas. A descrição que Stewart (1998. em que “as tecnologias utilizadas no sistema podem ser consideradas como verdadeiras ‘máquinas lingüísticas’. A técnica de administração just-in-time ou kanban. comunicante. 1995). acoplado a uma caixa de peças. O controle das informações visuais. Prevêem-se instâncias de tomadas de decisão em que se encontram os diferentes saberes. e o envia para as etapas posteriores da produção. a situação de constante mudança no processo de produção torna-se a questão primordial para a administração flexível e distribuída. ao mesmo momento em que se transmite a informação. Linguagem rápida. Criam-se ainda dispositivos de circulação da informação.” Não se separa mais a comunicação da produção. Sua experiência deve ser transferida aos demais. Computadores e redes globais combinados propiciam para toda empresa de qualquer ramo de negócios. além de oferecer visibilidade do conjunto. p125). não é outra coisa senão a tentativa de explicitação do conhecimento do trabalhador relativo à sua experiência do funcionamento de parte da rede do processo produtivo. como um varal de roupas que se move. a produção excluía a comunicação. a diminuição radical em custo e tempo na obtenção de informações a respeito de seus fornecedores e mercados para todas as empresas de qualquer setor e de qualquer parte do mundo (Kalgaard. como um cartão. agora estamos na presença de uma cadeia de produção ‘falante’. por favor’. torna-se recurso a ser utilizado para amplificar a comunicação entre os diferentes postos de trabalho. hierarquizando suas exigências caso a caso. em que os conflitos sociais seriam atenuados ou mesmo excluídos. o espaço aberto de produção e a tomada descentralizada de decisões traduzem-se em simbologia da empresa democrática. Reuniões das quais participam diferentes tipos de trabalhadores são mecanismos rotineiros.. Quando o nível de peças da caixa diminui. mediado pelo animador. objetiva agilizar a comunicação na empresa. funcional. O novo papel da ‘chefia’ é o de escutá-los “fazendo a escolha. Kanban é apenas isso — só que muitas vezes as linhas de comunicação se estendem ao máximo possíve4 chegando até a rede de fornecedores da Toyota e. há necessidade de promoção de encontros entre trabalhadores e entre equipes. criada pela empresa japonesa Toyota ainda na década de 1950. extrapolando os limites físicos da fábrica. também são utilizados mecanismos relativos à comunicação.. aquele que escuta as demandas de diferentes instâncias mobilizadas no funcionamento do conjunto da produção” (Dodier. ela permite outra modalidade de controle. Dessa maneira. O encontro de representantes de fragmentos do processo de trabalho. Tal arquitetura. abstrata. Enquanto no sistema fordista. afirmando que comunicação e produção se sobrepõem no regime pós-fordista.17) ressalta. 23) faz dessa técnica destaca o novo componente da produção: a comunicação interna entre equipes e entre os trabalhadores: “O sistema kanban consiste em um pequeno pedaço de papel. aparenta a existência de sistema mais democrático de gestão em confronto com o estilo burocrático de controle fordista. À medida em que ocorre a necessidade de adaptação entre os diferentes fragmentos do processo de trabalho. ninguém tem níveis de estoque acima do absolutamente necessário. O dispositivo de reuniões funciona. tendo por objetivo principal tornar fluido e acelerar o processo de comunicação. Por outro lado. 1995. A empresa passa a ser organizada como um banco de dados e se desenvolve uma linguagem ‘utilitária’ em seu interior.. em que se definem os parâmetros de funcionamento da rede técnica. Essa outra espécie de hierarquia. 1998). A linguagem deve ser formal. Conforme diz: “comunicação e produção são uma mesma coisa”. b). permitindo a comunicação no conjunto dos processos de trabalho em tempo hábil. a cadeia de montagem muda executava mecanicamente as instruções preparadas nos escritórios. Em face da lógica das tecnologias da informação. defende tese no mínimo apressada e polêmica. elas mesmas máquinas lingüísticas. Negri. Entra em cena ator fundamental para a definição do que produzir: o consumidor. Em razão da importância da comunicação no ambiente produtivo. sendo. sendo primordial sua incorporação ao processo produtivo. implicando “redês cada vez mais intricadas de cooperação” Negri (1996. o que em princípio não é passível de ser codificado. A necessidade da fluidez da informação torna-se uma exigência em relação a outra característica da produção flexível. portanto. não consegue captar as mudanças provocadas pelo novo regime de acumulação. E essa informação deve ser captada rapidamente e as tecnologias da informação trazem a possibilidade de a informação ser incorporada imediatamente ao processo produtivo. o conceito de trabalho. com hegemonia das máquinas lógicas. 1997. 1999. a nova máquina que comanda o trabalho vivo. típicas das relações interpessoais. citado por diversos autores do uso do código de barras demonstra essa potencialidade. Importa ao capital. 1999) e outros como comunicacional ou imaterial (Marazzi. Entretanto a questão parece mais apropriadamente tratada quando se considera que. À medida que se faz a leitura do código. baseados na inovação. Se antes na economia de escala a produção somente obtinha o retorno da venda do produto após determinado tempo. em face das condições de produção dos últimos anos. altera-se a relação homem-máquina. O conhecimento e a informação entram na empresa como elementos para a comunicação no processo de produção e distribuição das mercadorias. 1997. 1996). Ele (o processo de trabalho) se expande como um vírus em todas as formas de produção social. que constrói o trabalhador perde sua característica tradicional de instrumento de trabalho que possa ser fisicamente individualizado e situado. vai dizer o autor. portanto. na flexibilidade. A comunicação implica a interação social. tornando-os facilmente substituíveis. Dantas. a mutação do trabalho se deu no sentido da extrapolação do espaço da fábrica para a sociedade como um todo. postulando que a condição do trabalho no regime de acumulação flexível. que ajustará o processo de trabalho para atender a essa demanda. A idéia de rede corresponde bem. quer dizer as leis que regem a. a circulação da informação passa a ser muito valorizada na medida em que constitui base para as tomadas de decisão da corporação como um todo. irreduzível ao conhecimento meramente instrumental. relações de produção próprias do capitalismo estão infiltrados na sociedade interna” O trabalho tende a se tornar cada vez mais imaterial “intelectual. — com a organização das empresas em rede. em sua alma” (Marazzi. afetivo. O exemplo. Masi (2000).. Além de se exigir trabalhador criativo para o sistema produtivo. A produção de escopo depende cada vez mais da tendência do mercado de consumo. Para Marazzi não é mais possível pensar nas máquinas baseadas na informação que comandam o trabalho humano como exteriores ao trabalho vivo. Ao mesmo tempo em que a racionalidade do processo de trabalho está cada vez mais no cérebro do trabalhador. Todas essas expressões remetem às dimensões lingüística e comunicacional do trabalho. p 107). quando a introdução da máquina desqualificava os saberes dos trabalhadores. quer por uma divisão do trabalho entre unidades corporativas. podendo também exercitar sua subjetividade. e de instituição de práticas de transferência de conhecimento entre as diferentes unidades. inúmeras informações são coletadas sobre o produto em tempo real e transmitidas para a empresa. Conforme afirma Negri (1996. tal como vinha sendo concebido até agora. O desafio do ponto de vista do capital está em administrar o conhecimento especialista do trabalhador. na efemeridade e na suplantação da noção de espaço-tempo tradicional. aos interesses e valores sociais do capitalismo atual. ‘Trabalhar comunicando’ é o novo imperativo para o trabalho. No ambiente de implosão dos limites físicos da produção no interior da fábrica. quer através de processos de terceirização de diferentes produtos necessários à produção —. agora o consumidor é quem definirá as metas da produção e o tipo de produto. faz emergir nova forma de relação do trabalho com a sociedade em geral. Inverte-se a tendência do maquinismo do regime anterior. o do regime flexível está no limite do uso de sua produtividade e de certa forma liberado da força física. Cocco.1): “Não é mais possível considerar a fábrica como o lugar paradigmático da concentração do trabalho e da produção. Nesse ambiente em que a comunicação e as competências lingüísticas nela implicadas são chamadas à cena pelos imperativos da flexibilidade e da produtividade impostos pelo mercado. O regime da fábrica.organização em rede é um sistema aberto altamente dinâmico susceptível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. alguns autores denominam o trabalho próprio a esse regime econômico como informacional (Castells. Diferentemente do trabalhador fordista. a decodificação dos discursos subjetivos para se 105 . os processos de trabalho saíram dos muros das fábricas para invadir a sociedade inteira. tecnocientífico”. está também ampliado para fora da empresa. ao trabalhador: “O novo capital fixo [a má quina informática]. p. para estar tendencialmente cada vez mais dentro do traba1hador em seu cérebro. a tendência seria a diminuição cada vez maior do tempo dedicado ao trabalho que por isso perderia a importância na configuração da sociedade em relação ao tempo livre a ser desfrutado. cria-se a necessidade de desenvolvimento da solidariedade técnica e operacional. p. E ainda em condições de dispersão geográfica das unidades produtivas de pequena escala.1). a troca de significados. a confiança mútua. 1999. a produção não começa nem acaba dentro da empresa. Segundo a visão predominante. A gestão do conhecimento ganha corpo porque significa. na medida em que advoga a centralidade do conhecimento como fator de competitividade entre unidades organizacionais ou entre nações. a gestão do conhecimento pretende constituir-se num movimento. do knowhow. sem estratégias que levem em conta outros fatores. do capital. seguem-se inúmeras publicações sobre o tema. publicado na revista Fortune em outubro de 1994 (Edvinsson. 1998. Entretanto. Chega a dizer que sua importância deveria ser resgatada pelo reconhecimento social. valoriza cada vez menos a parte do capital fixo (máquinas e equipamentos) na criação de riqueza. As experiências de reengenharia. Marx e Freud. Podemos afirmar que a produtividade enquanto medida do valor econômico. ou seja. como usualmente se faz. O programa da gestão do conhecimento Partindo da ótica da importância da comunicação. a gestão do conhecimento pretende gerenciar aquilo que não pôde ser apropriado pela tecnologia. mantendo-se submerso no processo de trabalho. Altera-se a base de cálculo do valor. O assunto exerce fascínio. a proposta de interferir no ‘fator conhecimento’ de uma organização adquire sentido. transferindo-o para o patrimônio da empresa. dissolve-se. Nas condições do regime de acumulação flexível. A partir dessa data. propondo incremento do emprego das tecnologias de informação como foco da reorganização empresarial demonstrou que. o núcleo de preocupação da administração passa a ser a intercomunicação dos diferentes saberes que participam da produção de bens ou serviços.incorporarem à performance da máquina ou aos processos de trabalho. não porque. O patamar de incorporação de tecnologias pela empresa é posto entre parêntesis. no espaço discursivo de apologia das novas tecnologias da informação. Desde Drucker (1994) nota se a intenção nos diversos autores de ultrapassar os limites do terreno da empresa. 1997). em estado ainda latente. e assim técnicas de gerência que aprofundem a comunicação seriam resultantes do movimento mais amplo da esfera econômica.” Nessa economia reafirma-se o papel do trabalho vivo. Para Druker (1994) Taylor deveria adquirir o estatuto de grande personagem histórico por ter sido o antevisor da aplicação do conhecimento ao estudo do trabalho. Um dos sinais pode ser visto na atribuição de nova importância a Taylor fundador da administração científica do trabalho. Davenport. Malone. na realidade. ineficaz (Marazzi. O aparente paradoxo de se propor prioridade de investimento organizacional na força de trabalho e não na tecnologia. atribuindo-se a Taylor o estatuto da grande celebridade da modernidade em vez de outorgar tal papel à tríade Darwin. na realidade. nem sequer do emprego das novas tecnologias. Ao enfocar o aspecto humano. Assim. Trata-se agora não mais da criação de valor a partir da força física do trabalhador nem da presteza na execução de tarefas conforme exigia o taylorismo-fordismo. com mais densidade do que o de uma técnica de gerência. quando se detém nas contradições da própria economia. cujas proposições eram até então vistas como restritas ao interesse da área da administração. a simultaneidade em tempo real em lugar das fases seqüenciais. a integração em lugar da segmentação. — que pareceria ter menor importância em razão do relevo atribuído às tecnologias ‘inteligentes’ na produção de bens e serviços—. de modo a poder incorporá-lo ao processo de trabalho. Prusak 1998). mas porque as atividades produtivas estão tão integradas. Ouso das tecnologias baseadas na informação em relação ao uso do conhecimento resulta em correlação positiva no que se refere à exigência intelectual do trabalho vivo. a utilização da mais inteligente das tecnologias pode-se revelar. patrocinada em grande parte pelas máquinas digitais. que se dilui a origem da produção do bem ou do serviço: “As características fundamentais do novo paradigma de produção são a conexão em lugar da separação. maior é a necessidade de conhecimento e da expertise do trabalhador do qual 106 . como pondera de forma absolutamente pertinente Marazzi (1997. conforme ocorria nas propostas de reengenharia. expandindo seus pressupostos para a sociedade inteira. as pessoas tenham decidido repentinamente consumir bens imateriais. para além da transparência permitida pelas tecnologias da informação e pelos mecanismos já desenvolvidos de amplificação da comunicação. a ordem econômica emergente. da operação intelectual de tarefas complexas. agente que deve agregar valor ao longo das etapas do processo produtivo. p. já disseminadas entre os concorrentes. mas a partir do conhecimento. 105-106). Em outros termos. aprofundamento e complementaridade à racionalidade do novo regime de acumulação de capital pois pretende operar na brecha deixada pela relação entre o homem e a máquina em organizações já marcadas pelas características da administração flexível e distribuída. deixando de ser o centro da abordagem de desenvolvimento da empresa. Apesar de os discursos macio econômico e social considerarem a emergência de uma sociedade e de uma economia da informatização. O programa pretende atuar no sentido de transformar o conhecimento. começa bem antes de o trabalhador chegar a seu lugar de trabalho. o marco efetivo de inauguração da gestão do conhecimento foi o artigo de Thomas Stewart. Há evidências de que quanto mais ampla e profunda a incorporação da tecnologia avançada em fábricas ou escritórios. Esse é o problema que o programa de gestão do conhecimento vai enfrentar. a gestão do conhecimento aparece entrelaçada a esse mundo produtivo. em linguagem comunicativa. Também se procura construir um fluxo de comunicação dentro da empresa através da tradução. considerado um plus àquilo que a tecnologia da informação. que não se trata do conhecimento rotineiro sobre a execução da tarefa do trabalhador. contudo. As proposições básicas do programa de gestão do conhecimento são as de tornar explícitos e se possível codificar processos individuais e coletivos de conhecimento operantes no ambiente organizacional ou. conforme atestam as crises. grande parte do valor continua intangível. 41) remete aos processos de financeirização e de ficção do capital próprios do regime de acumulação flexível. Ikujiro Nonaka é o autor mais proclamado dessa vertente. propiciando sua apropriação pela empresa. Essa vertente assume como ponto de partida a empresa pós-fordista. Embora os adeptos de um ou de outro rótulo reconheçam o seu pertencimento ao mesmo campo. Autores identificados com o movimento preferem outros critérios de delimitação. de processos não manifestos de trabalho. quer dizer. explicitando. o que parece óbvio se nos remetemos às condições de circulação do capital no novo regime de acumulação. a diferença básica entre as abordagens estada menos nos rótulos e mais na ênfase atribuída ao aspecto estático (invenções. na medida em que autores particulares podem não se acomodar perfeitamente dentro de um dos dois rótulos ou possam até mesmo ser enquadrados concomitantemente em ambos. Segundo Sveiby (2000). como preferem alguns autores. Apesar de tentar essa aproximação. a distinção estaria mais na visão quantitativa ou qualitativa do conhecimento. A meta é criar novos conhecimentos a partir da explicitação daqueles conteúdos do conhecimento dos trabalhadores. Visam. em algo palpável. alavancar) a emersão do conhecimento submerso. Ressalve-se. 107 . capital intelectual ou gestão do conhecimento. oscilações e volatilidade das bolsas de valores. produzindo inovações tecnológicas de produtos e processos. tal como expressaram Edvinsson e Malone (1998. Qualquer que seja a noção utilizada. as proposições do programa assumem como meta primordial a necessidade de explicitação de algo que esteja submerso no processo de trabalho que denominam de conhecimento. centrando-se na. alega-se a necessidade de provocar (no jargão próprio. como personificação do conhecimento utilitário já codificado. chamados de intangíveis. Duas expressões são utilizadas para caracterizar o campo que privilegia o aspecto da gerência do conhecimento da empresa: “capital intelectual” e “gestão do conhecimento”. traduzido em código. através de linguagem contábil. A partir dessa premissa.se exige capacidade e disposição para decidir seqüências inteiras de trabalho (Castells. A transformação do conhecimento em elemento fundamental no mundo do trabalho vem junto com proposta de gerência de valorização de alguma coisa que estaria submersa nas outras estratégias gerenciais já em uso. é motivo de atenção para ser capturado e transformado em código de comunicação. procura-se agora gerenciar o aspecto intelectual do trabalhador de maneira sistematizada. O “capital intelectual”. o conhecimento. 1999). inspirada no modelo da empresa japonesa. interessando sim a apropriação do conhecimento qualificado. de forma que possam ser apropriados pela empresa e incorporados organicamente ao seu modo de produção. em relatório do capital intelectual. apresentando valor real e não apenas simbólico. circulante. no qual o valor das ações de uma empresa é definido por fatores intrínsecos ao modelo econômico. A posição em relação ao conhecimento que interessa ser transformado em linguagem ou códigos consiste em ponto de aglutinação ou dispersão dos discursos do programa. reconhecem que depois de o capital intelectual ser expressado na contabilidade da empresa. elementos que tradicionalmente não aparecem descritos nos balanços das empresas. programas de computador. O ideal é a possibilidade de transformação de toda essa espécie de conhecimento em código traduzível. patentes) ou ao aspecto dinâmico do conhecimento (conhecimento como atividade) ou como querem Nonaka e Takeuchi (2201). a convencer o mercado da capacidade de a empresa gerar lucros futuros. utilitário. idéias. ainda não integrados ao processo de trabalho. não se pode dizer haver consenso sobre qual deve ser seu objeto particular de estudo e ação. Em princípio. tais como qualificação do pessoal ou números de computadores da empresa. propondo gerenciar o conhecimento dos trabalhadores e da organização como um todo com o intuito de aumentar a produtividade e em conseqüência a competitividade da empresa. aproximando-o mais do valor de mercado estabelecido pelo valor das ações na bolsa de valores. criar condições para que o conhecimento aflore e seja partilhado em função do interesse da empresa. Trata-se de tentativa de ampliar o valor real da empresa. Surge como continuidade ou desdobramento das tecnologias de gestão próprias do regime flexível de produção. É possível afirmar haver consenso entre os praticantes sobre a existência de um saber oculto. p. Contudo não há consenso sobre processos e aspectos a serem explicitados. operacional e em função do objeto e da missão da organização. Extrapolando a visão tradicional de gestão de recursos humanos. mantido em estado latente no processo de trabalho e na mente dos trabalhadores. A “gestão do conhecimento” por sua vez privilegia a atividade produtiva em si. o qual pode ser conhecido e socializado para a empresa como um todo. A proposição básica desses autores é a de criar nova metodologia de gerenciamento e de contabilização capaz de traduzir — em situações de incerteza da produção e comercialização dos produtos — bens ou ativos da empresa. nem sobre a intensidade com que devam ou possam ser feitos. com as características já apontadas. em linguagem. enquanto projeto de incremento da produtividade e da inovação. Uma linha demarcatória não pode ser definida com rigor. pôde fazer até o momento na vida da empresa. dimensão interna da empresa. 2-5). mesmo em empresas que empregam grandes máquinas e fabricam bens materiais. mas ao conhecimento incorporado. fonte do capital estrutural da empresa. a linha do capital intelectual (Edvinsson. cada vez mais. a noção de capital intelectual remete ao processo de trabalho próprio do novo ciclo econômico. concentra-se em volta desse conhecimento intangível ou tácito. 41). é de propriedade do trabalhador. O investimento no desenvolvimento de software de gerência do conhecimento e a tendência crescente de sua utilização pelas empresas são citados pelo autor enquanto suporte ao argumento da importância da gerência do capital estrutural individual. tratando-se de explicitá-lo. check lists das lições aprendidas e inteligência do concorrente (Stewart. é refinado e transformado numa folha fina. Porém o capital humano.” Em conseqüência dessa posição. especialistas e expertises em uma base de dados de tempo real.” Oferece a seguinte definição de capital intelectual: “[O capital intelectual] é o conhecimento da força de trabalho: o treinamento e a intuição de uma equipe de químicos que descobre uma nova droga de bilhões de dólares ou o know-how de trabalhadores que apresentam milhares de formas diferentes para melhorar a eficácia de urna indústria. mais à superfície do iceberg do conhecimento instrumental. “é o cerne da árvore. cabendo aos gerentes ou às lideranças atuarem na busca de transformá-lo em capital estrutural ampliando-o continuamente. de modo a transformá-lo em bem da empresa. Stewart. A proposição básica é a de que o capital humano deva ser. 1998. que demonstra o tipo de conhecimento instrumental que interessa á empresa e que deveria ser expandido para toda a sociedade está contido na lata de cerveja. A linha gestão do conhecimento pretende atuar em nível mais profundo. p. capturado pela empresa. desenvolver relacionamentos. Stewart (1998) ressalta a qualidade do trabalho exigido nessa conjuntura. a parte situada mais à tona. são “tarefas essencialmente humanas: sentir. é o gás em seu interior: bolhas de dióxido de carbono em uma cerveja ou em um refrigerante. 1998) privilegia a codificação dos aspectos do processo de trabalho que compõem ou podem compor o capital estrutural da empresa. quando afirma que o trabalho rotineiro. p XIII). na produção em função da demanda do cliente. o conhecimento que ele leva para casa. propõem que se amplie cada vez mais o capital estrutural da empresa (“aquele conhecimento que não vai para a casa depois do expediente”). É a rede eletrônica que transporta a informação na empresa à velocidade da luz. ligando-se pessoas a dados. baseado no trabalho qualificado. com muita freqüência o cliente de volta. Em suma. As tecnologias da informação permitiriam a organização rápida e eficiente dos conhecimentos úteis através da conformação de bancos de dados e sua recuperação pelos funcionários em qualquer setor ou lugar de operação da empresa. Sugere-se a tentativa de ampliar o estoque de conhecimento através da atuação da liderança ou da gerência da organização. O trabalho valorizado é aquele que resulta em inovação. informação. endossados por Stewart. na distribuição de responsabilidades. O alumínio substitui o aço pelo conhecimento. O exemplo emblemático de conhecimento na ‘nova’ economia e na ‘nova’ sociedade utilizado por Stewart (1998. mas há certo ceticismo sobre a possibilidade de descoberta ou de transparência da totalidade ou de grande parte da parte submersa desse iceberg. trazendo. há menos material na produção de uma lata. p. bancos de dados úteis: páginas amarelas. capturá-lo para que ele não fique mais na posse exclusiva do trabalhador (Edvinsson. não constitui sequer capital humano. o objetivo primeiro da gerência do capital estrutural é a codificação do arcabouço existente de conhecimento e a criação de mecanismos de agilização do seu fluxo.O capital intelectual Edvinsson e Malone. naquilo que não foi expresso por linguagem. a economia do intangível. criar. 1998). julgar. Malone. dizem. A noção de saber tácito De qualquer maneira. estrutural e humano. permitindo-lhe reagir ao mercado mais rápido que suas rivais. E conclui: “Menos metal — menos energia — mantido por algo que não vemos nem sentimos: o talismã do operário da Era Industrial tornou-se um ícone da Era do Conhecimento. “Não é o metal. refrigerante ou suco “artefato da nova economia baseada no conhecimento”. Em uma frase: o capital intelectual constitui matéria intelectual— conhecimento. O capital humano. na comunicação. o núcleo da argumentação do programa como um todo (capital intelectual e gestão do conhecimento). É a cooperação — o aprendizado compartilhado — entre ama empresa e seus clientes que forja uma ligo entre eles. na consciência do trabalhador. experiência — que pode ser utilizada para gerar riqueza” (Stewart. Veja-se o desdobramento de seus argumentos: A lata contém menos material e mais ciência. e o grande segredo: a manutenção de sua firmeza que não se deve à matéria em si. O capital intelectual é o somatório desses dois tipos de capital. a “era do capital intelectual” —‘ ressaltando que as partes mais valiosas do trabalho. a fonte de sua vida”. de pouca habilidade não gera riqueza. 1998. de forma subentendida ou manifesta. 1998. Conforme se observa. Malone. A definição de capital intelectual de Stewart (1997) parece mais uma descrição das exigências do regime pós-fordista — ou para ele. Autores mais orgânicos da gestão do conhecimento tendem a 108 . um pouco de nitrogênio em uma lata de suco de tomate (os elementos responsáveis por sua firmeza)”. De modo bastante direto. próprio do trabalho imaterial. reafirma o caráter totalizador de sua visão do conhecimento e a incorporação das emoções (a subjetividade) na sua produção: “Eu mostrei que em qualquer ato de conhecer entra uma contribuição passional da pessoa que conhece o que está sendo conhecido. a capacidade. portanto. Esse componente é de natureza prática não podendo ser articulado de modo discursivo. em dimensão do conhecimento. constitui-se de conclusões. baseamo-nos na distinção estabelecida por Michael Polanyi (1966) entre conhecimento tácito e conhecimento explícito. Takeuchi. no centro. técnica. contudo capaz de ser explicitado. que se tornarão lugar comum de citação na gestão do conhecimento e de justificação da prioridade da noção de conhecimento tácito. 1962. sem fazer confronto com determinada parte explicita. Takeuchi (1998) E Sveiby (1998) justificam a consistência teórica da importância do conhecimento tácito e da possibilidade de explicitá-lo. p. a mais comum.. Polanyi cita os exemplos de nadar e de andar de bicicleta para destacar habilidades não discursivas presentes nesses atos. p. “o conhecimento tácito é o mais fundamental” (Sveiby. Para o autor. no ápice.” Procurando definir os dois termos. p. e que esse coeficiente não é mera imperfeição. A explicitação do ‘conhecimento tácito’ de maneira alguma aparece como meta u objetivo a ser alcançado. contendo uma dimensão teleológica e relativa ao contexto. por sua vez. dimensão ou componente tácito do pensamento são denominações por ele utilizadas para denotar essa faculdade compartilhada entre homens e animais. situando-as num espaço pré-linguístico. Polanyi. ao reconhecer seu caráter refratário à explicitação referindo-se a um saber prático. “é a imensa parte submersa do iceberg do conhecimento” (Nonaka. modelos mentais. Contudo a apropriação da noção de conhecimento tácito pela gestão do conhecimento distorce o seu significado original. O conhecimento tácito é pessoal. é “provavelmente o principal motivo da competitividade das empresas japonesas”. mas um componente vital desse conhecimento”. Para distinguir esse saber e para justificar ações sobre esse saber. 1998). de ser explicitado em sua totalidade. A intenção de Polanyi (1962) é a de examinar a estrutura das habilidades dos cientistas. Assume que a chave para entender a configuração do conhecimento científico passa pelo reconhecimento da existência de um conjunto de regras de comportamento humano não conhecidas como tais pelos sujeitos que as seguem. 65): “Quanto à dimensão epistemológica. quando buscamos o significado do conhecimento tácito na fonte citada pelos autores conclui-se que. p. assim. — apesar de reconhecerem dificuldades em atingir essa meta —‘ remetendo-se à obra de Michael Polanyi (1891-1976). inefável. Já o conhecimento explícito ou ‘codificado’ refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal e sistemática.. Nonaka. Distingue uma hierarquia dos conhecimentos práticos: na base.. a competência que só pode ser transmitida na prática e. (Polanyi. Ao contrário o componente tácito é um 109 . intransferível. Nonaka e Takeuchi (1998. Conforme diz: “. são conhecimentos subsidiários e instrumentais. nada sugere que se possa afirmar a existência do saber tácito autônomo. o conhecimento tácito “é mais importante”. 36) prefere tangenciar a noção de conhecimento tácito. Sempre que se refere à parte tácita do conhecimento. 49).. o conhecimento. Logo em seguida a essa afirmativa. que acaba por se tornar sinônimo de tácito. específico ao contexto e. estava preocupado em desenvolver uma teoria que denunciasse o desprezo ou a tentativa de ignorar o componente pessoal na produção do conhecimento cientifico típica da ciência moderna. 1998). não passível de ser descrita em detalhes. 1962. Na relação entre as duas espécies de conhecimento. Os adjetivos que Polanyi (1962) utiliza para caracterizar esse componente do conhecimento aludem sempre à impossibilidade de atingi-lo racionalmente: inespecífico. 1966). É uma espécie de arte.perceber o programa como alternativa e como forma totalizadora de gerenciamento. indefinível. Ao longo da argumentação. Tomemos primeiramente a definição de Nonaka e Takeuchi (1998. Opondo-se radicalmente a essa visão de ciência. a experiência pessoal do cientista e seus atos pessoais estão intrinsecamente presentes nas formulações científicas: “Uma ciência é operada pela habilidade do cientista e é através do exercício dessa habilidade que ele forma seu conhecimento científico” (Polanyi. a base de argumentação de suas formulações recai na contraposição entre conhecimento tácito e explicito. insights e até mesmo palpites subjetivos. têm o caráter de “indefinível”. crenças e percepções”. Sveiby (1998. VIII). Consideram duas dimensões para o conhecimento tácito: uma. das posições filosóficas e políticas de Polanyi (1962. desarticulado. Entretanto. difícil de ser formulado e comunicado. todo conhecimento é tácito ou tem raízes no conhecimento tácito. é “a capacidade de agir”. Inteligência. capturado e transformado em capital. O conhecimento tácito. 7) afirmam que o conhecimento explícito é aquele expresso em palavras e números. a perícia. A proposição principal é de que haja um tipo de saber depositado na mente dos empregados da organização. p. não aparente. apresentando os resultados a que chegou. Polanyi (1962) procura demonstrar que mesmo nas ciências exatas. Ao contrário. ou seja. tem raízes na prática”. “que abrange todo tipo de capacidade informal e difícil de definir ou habilidades capturadas no termo know-how” e uma dimensão cognitiva que “consiste em esquemas. impossível. Polanyi caracteriza o componente tácito do conhecimento como um aspecto da inteligência e compara esse tipo de faculdade humana com faculdades semelhantes de animais e crianças. No prefácio de seu livro Personal knowledge. Polanyi faia em componente. 1962. Essa tensão fica bastante evidente nas diferentes proposições de como atuar sobre o conhecimento nas organizações. seria incoerente com a proposta de gerenciar o conhecimento. Polanyi é categórico a esse respeito. Em Tacit diinension. não basta expressar o conhecimento em palavras — mesmo que seja por metáforas.. em outro. O aspecto contextual do conhecimento não atinge diretamente o problema que a gestão do conhecimento enfrenta que é a de definir seu locus de intervenção. no sentido de inatingível. os autores chamam a atenção para a condição de o saber tácito ser relativo ao contexto. A noção de saber tácito. Mas suponha que as formas tácitas de pensamento confirmem uma parte indispensável de todo conhecimento. Não se encontra referência também a um saber explicito da forma considerada pela gestão do conhecimento. que tem como base as tecnologias da informação. Mesmo que elementos do componente tácito possam ser expressos em linguagem discursiva. p.processo inacessível em sua natureza. e não explícitos como objetos. Saberes tácito e explícito nem sequer são complementares. ainda seriam palavras com significação aberta. A aplicação utilitária para interesses diretamente ligados ao capital. Para o auto. O ideal da ciência exata seria fundamentalmente enganoso e possivelmente a fonte de devastadoras falácias. O conhecimento desses particulares é então um processo inefável de pensamento. A declarada aspiração da ciência moderna é estabelecer um conhecimento objetivo estritamente destezado. o taxonomista e o classificador de algodão possam formular suas máximas. p20). paradoxalmente. como querem Nonaka e Takeuchi (1998) -. descrevê-lo em formato formalizado. 1966). eles sabem muito mais coisas do que eles podem dizer conhecendo-as apenas na prática. para que o conhecimento fosse apropriado pela empresa. Só assim poderia ser apropriado e reaplicado. permanece impenetrável pela linguagem: “Embora o expert em diagnósticos. tornando-se tácita. o conhecimento explícito. referindo-se à pretensa ‘objetividade’ da ciência: “Estamos abordando aqui uma questão crucial. também inspirada nos textos de Polanyi (1962. David e Foray (1999) lembram que a dimensão tácita do conhecimento já havia sido abordada na década de 1980. O mesmo conhecimento poderia ser mais tácito para algumas pessoas do que para outras. Retomando formulações de Nelson e Winters (1982). A explicitação não seda o suficiente para atingir o objetivo de incorporar o conhecimento enquanto parte do processo de trabalho das empresas. Eu penso que posso mostrar que esse processo de formalizar todo conhecimento até a exclusão de qualquer conhecimento tácito é auto-anulação” (Polanyi. o saber tácito e. Há posições na literatura econômica que expressam outra compreensão do estatuto da relação entre conhecimento tácito e explícito que não a de oposição entre os termos. A meta que se pretenderia alcançar seria a explicitação como sinônimo de codificação (transformar palavras em dígito). 88). Assumir a concepção de que todo conhecimento é passível de explicitação. 51) propõe a inversão da compreensão do que seja informação através da “noção radical”: a informação é 110 . no sentido de que não se alinham num contínuo (ou numa escala) de modo que haja conhecimento mais ou menos tácito ou implícito. Qualquer pequena falha nessa pretensão é aceita somente enquanto imperfeição temporária. Teme que a ciência tenha de submeter-se às exigências utilitárias e que se percam os valores tradicionais que delegam a ela a liberdade de existir por si mesma. Por isso a noção de saber tácito. A tensão entre conhecimento tácito e explicito permanece numa segunda linha de argumentação quando se trata de definir informação e conhecimento. em um pólo extremo. a forma desse conhecimento. como instrumentais particulares. Por isso rebela-se contra tentativas de aprisioná-la a interesses utilitaristas. Para o ideal da lógica de produção. Essa posição de Michel Polanyi choca-se frontalmente com as proposições da gestão do conhecimento. mesmo que todos os particulares sejam explicitamente especificáveis” (Polanyi. p. A codificação significa congelar o sentido das palavras. Embora o desejo de codificar os conhecimentos dos trabalhadores e de traduzi-lo em linguagem padronizada seja a meta. presente no discurso da gestão do conhecimento. o conjunto. não parece ajustar-se de modo algum às suas preocupações filosóficas e políticas. Sveiby (1998. com efeito. Não há concordância em relação ao significado dessas noções. mas há consenso sobre um ponto: há hierarquia entre as duas noções e o conhecimento é mais valioso. por seus valores estéticos. 1966. para que a gestão do conhecimento funcione como estratégia de gerência deve restar sempre conhecimento residual sobre o qual se deve intervir para fazer aflorar. a ciência é fruto de emoções e de paixões pessoais dos cientistas que fundamentam a fé nas formulações científicas. Assim o conhecimento tácito seria mais contextual do que absoluto. O tipo de argumento usado para a definição de conhecimento tácito na gestão do conhecimento é o de oposição entre. e a relação desses particulares juntos formando um todo também é inefável.. considera-se cada um dos termos da definição enquanto dois tipos absolutos de conhecimento que se definem pela própria oposição: tácito é aquilo que não é explícito e o inverso. está assim totalmente descolada do contexto filosóficoteórico em que foi trabalhada a idéia da existência do componente inefável do conhecimento. Afastando-se do significado teórico do termo em Polanyi. Cowan. permanece como horizonte da proposta e não como noção operacional. então o ideal de eliminar todos elementos pessoais do conhecimento seria. que devemos aspirar a eliminar. seria necessário. aspirar à destruição de todo o conhecimento. A paixão pela beleza da ciência é o motor para a produção do conhecimento. o gerenciamento do conhecimento dos empregados. Nesse movimento. a noção de conhecimento tácito acaba ela mesma. difusa e não está claramente definida pelos autores. 64r). implicando ainda a passagem do nível individual para o coletivo da organização. A ‘radicalidade’ da noção estaria na oposição à valorização extremada das tecnologias da informação — e em decorrência. importando a exatidão da transmissão pelo meio-transportador e não seu significado. não ser uma coincidência. partem do pressuposto de que o conhecimento seja criado por meio da interação entre o conhecimento tácito e explicito. Para o autor. Ancorados pelo sucesso da administração japonesa no regime de acumulação flexível — pelo menos até os anos 90 — descrevem mecanismos de gestão correntes desde a década de 70. a partir dessa análise de casos. e explícito para conhecimento tácito. 2000). ou combinação. ou internalização” (Nonaka. conforme Nonaka insiste em registrar em diferentes contextos. a maioria deles. Esse dilema não resolvido — saber tácito (conhecimento) versus conhecimento explícito (informação) fica sempre em suspenso na retórica do programa. destinada a resolver problemas nos projetos de desenvolvimento de um trabalho voluntário do chefe de desenvolvimento de software ou a observação de engenheiros do trabalho de um padeiro para apreender a preparar a massa de um pão especial (o modo de torcer a massa era o grande segredo a ser imitado. A externalização é exemplificada através do uso de analogias e metáforas na criação de produtos: o automóvel compacto da Honda. p 68). fica evidente. 1997. explícito em conhecimento explícito. tácito em conhecimento explícito que chamamos de externalização. mantendo.se a oposição entre conhecimento tácito e explícito. A informação expressa-se em forma de números. aproximando-se da teoria da informação de Shannon. da informação — e ao “caos de informação” existente. os argumentos a favor da informação vazia de sentido como os de Sveiby são recuperados em contexto retórico que visa a valorizar um tipo de conhecimento oculto no desempenho dos trabalhadores. Takeuchi. que é o que a informação passa a ser depois de interpretada. p. A socialização refere-se a brainstorms. Nonaka e Takeuchi (1998. Apesar de os autores não se deterem em relacionar conhecimento e informação com as noções de saber tácito e implícito. 370). a projetos de desenvolvimento de novos produtos. o da gestão do conhecimento. ou reuniões formais para discussão detalhada. Após efetuada a distinção. Takeuchi. a questão epistemológica de ruptura da dicotomia que se propuseram a enfrentar. que a linha de raciocínio desenvolvida nos dois casos seja a mesma. Segundo seu modelo. p. contudo. o que permitiria postular quatro modos de conversão do conhecimento. para esses autores. e incorporado à tecnologia da empresa). símbolos. A criação do conhecimento. em que a comunicação entre saberes é o elemento chave. Nonaka e Takeuchi (1998) inspiram-se na organização de empresas japonesas de grande porte para o desenho de seu modelo de organização do conhecimento. que se manteria como conhecimento e não se reduziria à informação. o emissor não fornece sentido. mas “porque o projeto de desenvolvimento de novos produtos é a essência da criação do novo conhecimento organizacional” (Nonaka. A exemplificação de cada um dos estágios de conversão do conhecimento é feita através da citação de casos praticados em empresas que empregam o modelo toyotista ou pós-fordista de administração. evitam definir informação porque “qualquer preocupação com a definição formal de informação levará a uma ênfase desproporcional no papel de processamento da informação. O valor não estada na informação armazenada. do qual participam de forma permanente consultores de empresas. tenha se dedicado desde o primeiro contato em 1997 a tentar compreender essas relações a partir das formulações do programa sem nunca ter conseguido chegar a determinada posição consensual (Knowledge Management Think Tank. ancorado nas crenças e nos compromissos de seu detentor. 1) 2) 3) 4) de conhecimento de conhecimento de conhecimento de conhecimento tácito em conhecimento tácito que chamamos de socialização. Têm a intenção de. os tipos de conversão também interagem em forma espiral. 1998. mas não possui significado. Os casos descritos referem-se. agrupando-as sob o rótulo de gestão do conhecimento. mas na criação do conhecimento. envolve mudanças organizacionais que privilegiem a “conversão do conhecimento”. o que os autores fazem é recolher experiências gerenciais de organizações que reforçam suas proposições teórico-metodológicas. Não é sem motivo que um fórum online sobre gestão do conhecimento. propor modelo universal de administração. para quem a informação era vista como dados transportados por rede de telefonia. A preocupação demonstrada é de pretender criar conhecimento e não meramente gerenciá-lo. resultante da interação entre os dois tipos de conhecimento.desprovida de significado e vale pouco. A “empresa do conhecimento” A noção da empresa do conhecimento é ampla. Quer dizei. fato que dizem. os componentes do cartucho da impressora Cânon inspirados no material barato 111 . tácito e explícito. a informação só adquire sentido do lado do receptor. analisando-os sob outro ângulo. De qualquer forma. que é insensível à criação de novos conhecimentos a partir do mar caótico e equívoco de informações”. fotos ou palavras exibidas em uma tela. que se inspirou na analogia entre o carro e o organismo (incluindo a idéia de evolução). A introdução das idéias de processo e de interação entre esses dois tipos não resolve. Concluem em seguida que informação constitui um fluxo de mensagens e o conhecimento é criado por esse próprio fluxo. referindo-se a fatos e comunicação de fatos. em grande parte interagem com o conhecimento tácito. entre departamentos. 1998.. Nas condições de globalização das empresas japonesas (também.. por sua vez alega que o segredo da gestão dos ativos intangíveis está em “enxergar” as organizações “como se elas consistissem de estruturas de conhecimento e não de capital”. A internalização realiza-se através da produção de manuais. capacitador para o conhecimento. A empresa imaginada e descrita por ele tem nos especialistas os principais personagens geradores de receita. Os mecanismos sugeridos vão desde a promoção de um ambiente de solicitude. do qual a atual empresa de serviços de consultoria consistiria na experiência aproximada. Alertam que as empresas japonesas não valorizam suficientemente o saber explícito. a existência de um modelo universal de criação do conhecimento na empresa: “. p. Takeuchi. 285). para atuar em profundidade.. armazenar e difundir o conhecimento explícito da empresa” (Nonaka. que exporia com clareza as características do sistema flexível. traço típico de administração do conhecimento na filosofia ocidental. e cabe ao líder motivá-los. talvez. 78). na base. que deve fluir pelos diferentes níveis da empresa. essa nova estratégia de tratar o conhecimento visa mais do que a ampliar a fluidez da informação necessária para a produção de bens ou serviços. mas claramente estruturada. Conforme diz: “tornar a empresa menos dependente dessas pessoas é uma das tarefas do executivo principal” (Sveiby. Os engenheiros do conhecimento são responsáveis pela conversão do conhecimento tácito em explícito e vice-versa. . Compreendem ‘operadores do conhecimento’. em virtude da crise da economia nipônica em anos recentes). Nonaka.da lata de cerveja. 175-6). no qual a comunicação se torna elemento fundamental. até mecanismos pontuais como o gerenciamento das conversas.O processo gerencial preconizado como o mais apropriado para a criação do conhecimento “coloca o gerente de nível médio no centro da gestão do conhecimento e redefine o papel da alta gerência e dos funcionários da linha de frente” (Nonaka. Sua concepção de organização do conhecimento inspira-se na empresa de serviços. Reconhecem que a palavra gestão implicaria urna espécie de controle sobre alguma coisa “que talvez seja incontrolável”. deve permitir e incentivar a interação social entre os profissionais.. dando mais ênfase ao controle. — ou ‘lares empresariais’—. Sua visão sobre 112 . ambos os lados (oriente e ocidente) têm pontos fortes e fracos e têm de estar dispostos a aprender um com o outro. p. Outra característica já em uso na administração flexível. No segundo momento. A combinação é entendida como a interação entre conceitos já existentes de vários níveis. Traduzindo as proposições dentro do contexto de análise do regime de acumulação flexível. recuperada pela gestão do conhecimento. Os gerentes do conhecimento são responsáveis pela gestão total do conhecimento em nível da empresa” (Nonaka. que. entre a empresa e os varejistas. Acreditam ser possível a síntese entre as duas perspectivas de administração e em conseqüência. O ambiente de solicitude. procurando interferir e fazer eclodir o saber especialista do profissional. pela liderança. os funcionários mais valiosos. Propõem. Ichijo. o pessoal de suporte. Sugerem como alternativa desenvolver na empresa um processo de capacitação para o conhecimento’ em que a gerência deveria empenhar-se em criar o clima adequado para a eclosão dos conhecimentos que resultassem em soluções criativas e inovadoras. em textos posteriores. Sveiby (1998. bancos de dados. os mesmos autores chamam a atenção para a necessidade de adaptação do modelo descrito ao contexto da cultura ocidental. 1998. centra-se na idéia de que nenhum departamento ou grupo de especialistas deva ter responsabilidade exclusiva pela criação do conhecimento. composta. dos recursos de software e dos sistemas gerenciais computadorizados para acumular. intuições e palpites altamente subjetivos obtidos através da experiência ou uso de metáforas ou imagens O inverso poderia ser dito das empresas japonesas que precisam fazer melhor uso da tecnologia da informação. p. como se segue: “Os profissionais do conhecimento são responsáveis pelo acúmulo e pela geração do conhecimento tácito e explícito. p. no topo. pelos gerentes e. clima que os autores resumem na palavra japonesa ba (Von Krogh. essa mesma vertente de pensamento mostra-se mais prudente em relação à possibilidade de se gerenciar o conhecimento. A idéia da organização do conhecimento de Sveiby (1998) revela outra hierarquia de poder que não a da administração fordista. seguida pelos trabalhadores do conhecimento (os especialistas). 21). Até se chega a afirmar que o motivo do fracasso das empresas japonesas talvez se devesse exatamente à pouca atenção dada à criação do conhecimento organizacional.. Takeuchi. não se remetendo mais à idéia de conversão do conhecimento. mas não independentes da empresa. engenheiros do conhecimento (gerentes de nível médio) e gerentes do conhecimento (altos gerentes). histórias de sucesso. formando micro.comunidades. Takeuchi. instigando troca de conhecimentos entre os profissionais. oferecendo condições para que sejam criativos. Epistemologicamente as empresas ocidentais devem prestar mais atenção ao lado menos formal e sistemático do conhecimento e começar a se concentrar mais nos insights. 1998. p. 1998. Projeta “um arquétipo da organização do futuro”. nas quais laços de confiança estabelecidos favoreçam a comunicação entre saberes e entre personalidades. 141). e ‘especialistas do conhecimento’ que interagem principalmente com o conhecimento explícito. 2001). facilitando conseqüentemente os quatro modos de conversão do conhecimento. devendo-se romper com a concepção industrial de organização. a constituição de uma equipe de criação do conhecimento composta de profissionais do conhecimento (funcionários da linha de frente e gerentes de linha).. em interesses não monetários tais como reciprocidade. Contudo. de uso comum nas empresas pós-fordistas. Deve-se buscar a geração consciente e intencional do conhecimento. 24). Os melhores mecanismos de incentivo à troca de conhecimento são. universidades corporativas e fóruns eletrônicos ou ao vivo. Os limites da gestão do conhecimento Ao assumir a importância do conhecimento e a premissa de que algo dele. Sugerem modos de robustecer esse mercado. feiras de conhecimento. A premissa para se atingir esse objetivo é a compreensão do mercado do conhecimento como qualquer outro mercado em que haja vendedores. visando ao aumento do estoque corporativo. com espírito pesquisado. devendo-se considerar as relações sociais. trazendo à tona a questão das recompensas simbólicas Prestigio ou maior grau de independência poderiam consistir em estrutura de incentivos para a explicitação do conhecimento-especialista. com compartilhamento da responsabilidade de solução de problemas e de inovação entre todos empregados — do operador de linha à alta gerência. conforme exigência das empresas de administração flexível e distribuída. A motivação para a troca baseia-se. pronto a desenvolver experimentações na procura de permanente inovação tecnológica. grande parte da discussão focaliza mecanismos de incentivo à troca de conhecimento entre as pessoas. qualquer que seja seu posto. tais como prêmios e promoções. não como perda de tempo. na visão deles. mas também instituições de saber: “são repositórios e nascentes de saber” (Leonard-Barton. Mesmo a descrição da empresa do conhecimento em Nonaka e Takeuchi está acrescida de forte componente de ‘espírito universitário’ ou científico. Para ela. Os diferentes modelos de organização do conhecimento descritos pelos autores não eliminam a existência de certo consenso em torno da percepção do que seja o ‘tipo ideal’ da empresa do conhecimento. Caberia ainda à empresa considerar a subjetividade do trabalhador no desempenho das atividades definidas pelas metas organizacionais. as que fazem a diferença no ambiente competitivo. o mercado de conhecimento 113 . talvez a maior parte seja tácita. afirmam. o mercado de conhecimento é dirigido por outros critérios que não apenas os financeiros. E por isso a organização de conhecimento deve criar mecanismos de recompensa substitutivos da remuneração financeira para incentivar a troca de conhecimentos. Em decorrência. a gestão do conhecimento dirige sua atuação para processos de comunicação. 1998. mas aquele relacionado a “aptidões estratégicas”. Davenport e Prusak (1998) assumem a posição de que a gestão do conhecimento envolve mudança na percepção da administração. reconhecem. para ser objeto de gestão. as empresas não são apenas instituições financeiras. o mercado do conhecimento é mais problemático do que o de bens tangíveis. vão dizer. O gerente assume o papel de animador de modo semelhante ao animador de reuniões. Os processos de conversão de Nonaka e Takeuchi. papel fundamental na viabilização do mercado interno de conhecimento. no caso de uma organização. Em condições pós-fordistas de flexibilidade exige-se fluidez na comunicação entre diferentes setores que devem estar em estado de mobilização constante para responder às mudanças no mercado. difícil ou impossível (dependendo de cada autor) de ser explicitada. Também está de acordo em que o conhecimento de interesse. a construção de saber ocorre combinando-se as diversas individualidades das pessoas a um conjunto específico de atividades. Leonard-Barton (1998) parte do ponto de vista comum a diferentes praticantes do programa sobre a característica das empresas atuais. definindo os valores do conhecimento e criando espaços físicos e virtuais dedicados à troca de conhecimento (a ágora grega e os fóruns romanos são os arquétipos) instituindo salas de conversa. p. p. em que o valor inovador esteja incorporado às atitudes dos trabalhadores. O modelo de trabalhador que eclode desse discurso é o do trabalhado. 11). 1998. É essa combinação que permite a inovação e é esta combinação que os gerentes administram” (Leonard-Barton. Ressalta a necessidade da constituição de espírito de corpo na empresa. além de recompensas monetárias. reputação. mas como trabalho. As atividades de pesquisa e desenvolvimento não devem mais restringir-se a um setor especial nem a um espaço instalado para a produção de conhecimento como no modelo anterior de administração. altruísmo e confiança mútua.o comportamento dos especialistas é a de competição ‘frenética” entre si. Numa perspectiva semelhante à de Sveib — embora menos enfática em termos do papel dos especialistas—. Entretanto. aqueles próprios das redes informais. Assim. seu valor e o eventual pagamento por ele são incertos. porque é difícil encontrar o vendedor certo e é também difícil julgar a qualidade do conhecimento antes de comprá-lo. A síntese entre atividade e subjetividade consiste na fonte da criação das aptidões estratégicas da empresa. A tecnologia da informação ocupa. A mentalidade própria dos pesquisadores deve fazer parte da consciência de todos aqueles que trabalham na empresa. de transferência de saberes. compradores e intermediários. não seja aquele necessário para a sobrevivência da empresa. o fordismo (a existência de setor separado de pesquisa e desenvolvimento). Para incentivar a troca de conhecimentos a empresa deve identificar os sinais do mercado do conhecimento e criar clima favorável à troca. Aludem a barreiras para a criação do mercado interno do conhecimento: falta de diretórios de conhecimento e assimetria do conhecimento entre as pessoas da empresa que inclui desde tendências individuais e coletivas ao monopólio do conhecimento até a ausência de lugares e de estruturas de transferência do conhecimento. A empresa ideal descrita pela autora possui traços característicos do modelo de administração flexível: não hierárquica. Assim sendo. mas deve expandir-se para a organização como um todo. A inovação assume o estatuto de valor mais importante. acreditam. dentre elas a conversa. de Davenport e Prusak, a atuação da liderança sobre o comportamento dos especialistas em Sveiby, a incorporação do espírito pesquisador em todos os trabalhadores, proposta por Leonard-Barton, todos esses processos têm de alguma forma a ver com a comunicação dentro da empresa, já estabelecida na prática da administração flexível. Entretanto, o primeiro obstáculo ao sucesso da tecnologia de gestão do conhecimento está na natureza do trabalho imaterial sobre o qual pretendem intervir. Embora nos discursos da gestão do conhecimento não haja referência ao padrão de relações sociais entre intelectuais, — e, quando ocorre referência à universidade, por exemplo, esta aparece sempre envolvida em atitude de reserva (a universidade não seria uma organização inteligente, apesar de ser organização do conhecimento) —, a inspiração na relação social própria do trabalho intelectual aparece de forma indireta através de proposições sobre o sistema de administração’ do conhecimento nas empresas. Estratégias de gestão do conhecimento sugeridas, tais como criação de sistemas de recompensa não monetários são típicas do que Bourdieu (1983, 1992) de economia das trocas simbólicas’ que se refere ao sistema de produção artística e científica. Quer seja por precaução de não se proporem acréscimos ao custo da força de trabalho, — o que parece ser forte razão para evitar alterar a estrutura de salários da ‘empresa baseada no conhecimento’, — aspecto não claramente explicitado nos discursos dos praticantes da gestão do conhecimento—, quer seja pelo reconhecimento da especificidade dos processos comunicativos dos saberes, a gestão do conhecimento visa a criar mecanismos de incentivo ao compartilhamento de conhecimento através de motivações extra monetárias. Criar ou incrementar mecanismos de competição interna e sistemas paralelos de recompensas simbólicas consiste em uma das alternativas sugeridas para a administração do conhecimento. A estrutura de relações sociais da comunidade científica, embora não confessada pelos autores, parece orientar as indicações feitas no sentido de ampliar a comunicação entre trabalhadores. Fica clara nas exposições de diferentes autores a não existência da transferência ‘espontânea’ do conhecimento do trabalhador nas empresas, indicando a necessidade de alavanca (um motor exterior ao cotidiano da vida da empresa) capaz de iniciar e manter o processo de criação do conhecimento. O que está implícito nos argumentos da gestão do conhecimento é o projeto de intervenção em determinado tipo de conhecimento, aquele de caráter especialista, valorizado na chamada sociedade da informação/conhecimento e o ‘espírito científico’ que o acompanha. Não é sem razão que o filósofo chamado para fonte inspiradora da gestão do conhecimento, Michael Polanyi, centre suas reflexões sobre a prática dos cientistas, pois como diz Sveiby (1998, p. 36), “as condições de trabalho dos cientistas são bastante semelhantes àquelas dos trabalhadores do conhecimento de hoje que lidam com o processamento de informações”. Contudo, há de se considerar a diferença básica entre as relações sociais propriamente acadêmicas e as que ocorrem nas empresas. Na comunidade científica a competição trava-se em torno de valores simbólicos legitimados pela própria comunidade e o capital simbólico é relativo à autoridade científica particular. Pesquisadores, ocupantes de determinadas posições reconhecidas como de maior competência, dispõem de maior autoridade (prestígio, reconhecimento, celebridade...). A competição faz-se em torno desses critérios, garantida pela existência de urna instância de legitimidade, ou seja, de normas e valores compartilhados pelo grupo. Beneficios advindos da autoridade científica são de propriedade do pesquisador que pode reverter seu capital simbólico em outros bens, como, por exemplo, em poder para impor aos membros da comunidade particular a definição de ciência que lhes convém ou em ocupação de cargos administrativos, e ainda em privilégios na obtenção de fundos para pesquisa. O sistema de competição por capital simbólico induz ainda a que os pesquisadores invistam em problemas que interessem ao campo como um todo, pois o investimento em problemas considerados relevantes pela comunidade garante maiores chances de obtenção de lucros simbólicos. Além disso, a especificidade do campo científico deve-se entre outras coisas ao fato de os concorrentes não poderem contentar-se em se distinguir de seus predecessores já reconhecidos, sendo obrigados a se superarem “sob pena de se tornarem ultrapassados e desqualificados” (Bourdieu, 1983, p. 127). Dessa maneira, a inovação faz parte intrínseca da instância de legitimação da comunidade científica (Bourdieu, 1983, 1992). Os critérios de ascensão na escala de status e poder no campo científico estão definidos por valores e normas compartilhados por seus membros. A comunicação entre pares, cujos instrumentos de maior visibilidade (além do capital inicial constituído pelo título escolar) são a publicação científica e a participação em reuniões formais da comunidade, fica garantida pela própria dinâmica instituída. A pressa em publicar os achados científicos mostra que a competição por capital simbólico não necessita de criação de mecanismos extras para motivar a comunicação do conhecimento. O compartilhamento, a divulgação e a inovação são intrínsecos ao campo científico. Esse jogo específico, com instância de legitimidade definida, realizado em campo socialmente delimitado, assegura a continuidade dos personagens e de seus representantes, ou seja, fornece estrutura de carreira. Enfim, o mercado de bens científicos possui regras claras de jogo, possui suas leis das quais os atores sociais participantes têm plena consciência e as aceitam e como valores e normas de comportamento. A transferência da cultura da troca de bens simbólicos da academia para a empresa parece no mínimo deslocada. Seria necessário que os trabalhadores (de todos os níveis hierárquicos da empresa flexível, e especialmente os trabalhadores ‘do conhecimento’) compartilhassem valores relativos ao sistema de competição e lhes fosse garantido o desempenho de seus papéis com vistas a vantagens estruturalmente reconhecidas A ideologia universitária preserva a posse do saber, a autoria e a individualidade do ‘estoque’ do conhecimento com as quais o concorrente se distingue no mercado. Nesse caso pode-se falar em capital simbólico. 114 O interesse da organização empresarial ao contrário é o de usar e se apossar desse bem simbólico de propriedade do trabalhador para transformá-lo em bem, estoque, da empresa, perdendo o valor para quem o detinha. Resultados de estudo de Lloid (2000) mostraram que muitas companhias estavam adotando táticas como entrevistas finais (exil interviews), levantamentos internos e encorajamento para comunicações mais abertas entre empregados e gerência, segundo ele, para tentar reter o conhecimento. Mas como o conhecimento especialista é de posse do trabalhador, restaria a tentativa de reter o empregado na empresa. Entretanto, reclama o autor, poucas tentaram métodos — para ele, inovadores — como nomeação de mentores para os empregados ou de educação da gerência em táticas de retenção do empregado. Quer dizer, o conhecimento do trabalhador, do ponto de vista desse ator social, não pode ser entendido como capital simbólico, afinal, como reconhecem os próprios autores da gestão do conhecimento, esse capital humano ele leva para casa. Quando expõe seu conhecimento e o socializa, o conhecimento não se acumula para ele, ao reverso, perde-se. Não é possível provocar adesões fortes a essas propostas. O comportamento racional, lógico esperado do trabalhador detentor do saber pessoal especialista teria de ser de resistência e não de predisposição favorável. Outro sério obstáculo do ponto de vista teórico-metodológico reside na própria noção de saber tácito usada como núcleo da justificação do programa de gestão do conhecimento, O significado do ‘saber tácito’, por mais que se tente adaptá-lo aos propósitos do programa, que permanece como fonte permanente de conflito e de dispersão das diferentes versões, traz em si a impossibilidade de capturá-lo. O projeto de gestão do conhecimento esbarra assim em seu próprio fundamento. Indicador desse impasse é a crescente atenuação da tentativa de explicitação e de codificação. Antes, seria possível chegar a converte-lo em explícito, agora não é mais possível; pode-se instilar o conhecimento, promover sua criação no interior da empresa, porém não tomar posse dele. Mesmo que se tente socializá-lo através do estabelecimento de climas próprios das interações sociais cotidianas, como a sugestão de instituir micro-comunidades de criação do conhecimento nas empresas, não se conseguiria reproduzir a experiência da comunicação singular ocorrida em determinado momento. Ora, a ação humana inclui um tipo de conhecimento que Shotter (1993) classifica de ‘terceiro nível’. Até o mais simples, tênue ato, — se ele é apropriado para suas circunstâncias, diz o autor, — é uma performance de competência que deve envolver alguma forma de ética, isto é, um processo de ‘gerenciar’ aquele que é responsável pela transação na negociação de um sentido. Não se trata do saber o que, nem do saber como, mas de ‘conhecer de dentro’ de determinada situação ou circunstância. É conhecimento prático, relevante para se atuar na situação. Esse conhecimento não é observável de fora, mas implica estar na situação, porque se constrói nela. A coerência da ação é assim social. Além disso, na comunicação existem ‘expectativas de validade’ que envolvem, por exemplo, a expectativa de veracidade, de compreensibilidade. São expectativas produzidas no contexto daquela ação particular e não têm validade para outros contextos comunicativos (Habermas, 1994; Freitag, Rouanet ,1980). Considerações finais Ao que tudo indica, o formato próprio da empresa do regime de acumulação flexível em si constitui a primeira garantia da possibilidade de uso e apropriação do conhecimento dos trabalhadores. As novas tecnologias da informação combinadas à estratégia de responsabilidades distribuídas individualmente e por equipe, e complementadas por estratégias de comunicação intersetoriais permitem provocar, pelo menos em parte, a transparência do conhecimento individual e coletivo no processo de trabalho. Não deve ser por outro motivo que os autores da gestão do conhecimento baseiem suas formulações em relatos de casos de sucesso (a preferência da grande maioria) e mesmo de insucessos de experiências em andamento ou mesmo já consolidadas de caracteres tipicamente pós-fordistas. A gestão do conhecimento descreve estratégias de gerência já em uso e não aquelas introduzidas pela aplicação de suas propostas e não diferem em essência da apresentada como ‘tipo ideal’ da administração no regime de acumulação flexível, O acréscimo da instância do conhecimento funciona como adendo às demandas de comunicação próprias ao tipo de produção centrada no trabalho qualificado e imaterial. Ao focar o aspecto do conhecimento do trabalhador, aumenta-se a demanda de transparência das relações sociais na organização e se constroem mais espaços para a intervenção e controle sobre a força de trabalho. Intervenção branda, dissimulada sob a forma de gestão do conhecimento, mas implicando a introdução (ou o agravamento) da contraposição dos indivíduos entre si e aguçando o atravessamento da empresa na mente de cada trabalhador em particular. Nenhuma palavra é dedicada ao ponto de vista do empregado nas exposições sobre o capital intelectual ou gestão do conhecimento. Isso parece óbvio já que se trata de discurso gerado sob a ótica do capital. Entretanto se podem deduzir, por detrás das proposições, as novas exigências em relação à força de trabalho. A máxima do regime pós-fordista prega a autonomia do trabalhador e a competência pessoal adquire importância primordial. A noção de competência indica que a atividade profissional não se mede mais somente pela posse de diploma, mas requer qualidades do saber fazer em situações de trabalho, O saber fazer mescla o saber ser, traços de personalidade que devem ser mobilizados para a empresa. O programa de gestão do conhecimento pretende que o trabalhador entregue seu saber técnico, sua experiência (o saber como, e o saber ser) além daqueles aspectos já apropriados pela administração flexível (horas de trabalho para além do horário, o trabalho em casa, participação 115 em reuniões). E nesse saber ser incluem-se atitudes e comportamentos próprios para comunicação dessas capacidades, enquanto nova exigência do modo de produção flexível. Nada se fala do crescimento pessoal do trabalhador dentro da empresa. Em nenhum momento o trabalhador é chamado a refletir sobre seu conhecimento no sentido libertador do qual fala Habermas (1982) de forma a ampliá-lo e deslocá-lo da situação particular da ação instrumental para constituir o conhecimento pleno, abstrato que poderia ser aplicado a diferentes situações. A formação do trabalhador fica sob sua própria responsabilidade, que deve estar sempre procurando aperfeiçoar se em um processo de educação continuada. Tem razão Goff (1999) ao denominar esse movimento ideológico-político de concepção da força de trabalho por “doce barbárie”, difícil de ser apreendida em suas conseqüências pelo próprio trabalhador. Difícil contestar uma política para a força de trabalho que pregue o desenvolvimento e a alavancagem do conhecimento. Só que se deve lembrar que o conhecimento é mobilizado para o capital e o interesse é o de desapropriar o trabalhador de sua competência, fator que o distingue no mercado de trabalho. Mesmo que o movimento de gestão do conhecimento se reduza à mera retórica, elementos ideológicos mobilizados pelos discursos da sociedade da informação ou do conhecimento, aos quais o programa da gestão do conhecimento adere, parecem convergir para a conformação da regulamentação apropriada para o novo regime de acumulação. O fordismo, regime anterior, significou mais do que um modo de gestão de empresas particulares, constituindo-se em modelo econômico-político de organização do processo de produção e de consumo, trazendo junto determinado modo de regulamentação (normas de comportamento para os diferentes agentes econômicos, trabalhadores, empresários, consumidores...). Nesse sentido extrapolou o estatuto de tecnologia gerencial, assumindo o caráter de ideologia própria de um regime de acumulação de capital e exercendo influência no conjunto da estrutura social. A principal característica do fordismo estava relacionada à fixidez dos comportamentos econômicos, quer se referisse ao aspecto da produção em si, — pela exigência de investimentos em capital fixo em larga escala e a longo prazo —, quer se relacionasse ao consumo que presumia crescimento estável do mercado de consumo de massa. Implicava ainda contrato de trabalho rígido, cujo cumprimento era assegurado pelo movimento das classes trabalhadoras através do movimento sindical e até mesmo pela dinâmica da relação entre produção e consumo. Interessava naquele momento a possibilidade, em face da produção fixa de produtos de massa, manter certo nível de consumo das classes trabalhadoras. Para a acumulação flexível, com as características de instabilidade do mercado, de imaterialidade do trabalho, de ficção do capital e, acrescente-se, de derrocada do sistema sindical —, o mesmo referencial ideológico não serve mais. Deverá ser substituído por discursos mais condizentes com a realidade ‘hiperreal’ e o trabalho imaterial. Discursos que foquem o valor utilitário do conhecimento para a empresa e para a sociedade poderiam estar a esse serviço. A eficácia e a persistência dos componentes ideológicos desse discurso, enquanto pedagogia social, e sua coerência com os desdobramentos do novo regime de acumulação, estão para ser verificadas no tempo. Em princípio, parecem bastante compatíveis e adequados... Referências BOURDIEU, P. Economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectivas, 1992. BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. BOURDIEU, P. O campo científico. In: Pre Bourdieu: sociologia, Ortiz, R. (org.). São Paulo: Atica, p.122-155, 1983. CASTELLS, M. A sociedade em rede. In: A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. COCCO, G. A nova qualidade do trabalho na era da informação. In: LASTRES, M., ALBAGHI, S. (org.) Informação, globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999, p. 262-289. CORIAT, B. L’atelier et le robot. Paris: Christian Bourgois Editeur 1990. DAVENPORT, T.H., PRUSAK, L. 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