A Era Do Capital Hobsbawm Aldo

March 29, 2018 | Author: Mayara Araujo | Category: Sociology, Europe, State (Polity), Liberalism, Prussia


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MAYARA ROBERTA DA SILVA ARAUJOTrabalho apresentado para avaliação da disciplina História Contemporânea, ministrada pelo Prof. Msc. Aldo Sampaio, no semestre 2/2012, na Faculdade Integrada Brasil Amazônia – FIBRA. Belém – Pará 2012 quando efetivamente começou a se estruturar a vida política contemporânea. Capítulos: 1. 1982. Essas revoluções de 1848 na Europa ocorreram em regiões diferentes e com povos diferentes. 5 e 14. em sua maioria totalmente. Foram vitoriosas.que teria mais dois anos e meio. reduzidos a sua impotência. tinham como porta-vozes e líderes os intelectuais especialmente jovens e marginalizados.em 1849 todos os antigos comandos foram restaurados no poder e com mais força que antes . Rio de Janeiro. A Era do Capital se inicia com a "Primavera dos Povos" povoada pelas barricadas de 1848. estavam preparados para fazer concessões ao liberalismo econômico. Império Austríaco.Resenha: HOBSBAWM. das ideologias. mas derrotadas rapidamente. A Era do Capital: 1848-1875. dos partidos. Paz e Terra. Os que fizeram as revoluções eram inquestionavelmente trabalhadores pobres e foram eles também que morreram nas barricadas. Restaurados os regimes conservadores. distribuído em diversos idiomas pelo continente e que disseminaram aos trabalhadores de diversas regiões – França. O Manifesto Comunista de Marx e Engels. Itália – a consciência de si enquanto classe no panorama político global. com eles a esperança de mudanças institucionais e sonhos políticos e sociais da primavera de 1848. Eric. As contradições que marcaram o período deram origem à modernidade do século XX. Seus governos entraram em colapso e recuaram sem resistência. Ao lado dela surgiram as primeiras modalidades das organizações sindicais. Com exceção da França . porém tinham muito em comum. Porem uma mudança fora irreversível e muito importante: a abolição da escravatura no Império dos Habsburgos. pequenos proprietários. Confederação Alemã. agricultores. como expressões da consciência organizada das classes sociais. foram financiadas pela fome. O grande corpo de radicais da baixa classe média. a deixar a indefinida categoria de plebe. desde que isso não significasse um recuo . 4. ocorreram quase simultaneamente e portanto seus destinos estavam cruzados de alguma forma. 3 ed. a partir das melhores páginas da história do humanismo e da luta pela justiça social. Um proletariado embrionário começava a se autonomizar. Porem dizer que foi “a revolução dos intelectuais” é errôneo. Tradução de Luciano Costa Neto. artesãos descontentes. Hungria. para dar início à classe operária.como foi o caso do Império dos Habsburgos – e os revolucionários foram exilados. Havia a necessidade de determinar concessões às novas forças sem ameaçar o sistema social. Pag 46) Liberalismo e democracia radical ou pelo menos o desejo por direito a e representação não podiam ser separados. Em 1860 a política era a seguinte: os dirigentes não podiam controlar a situação de mudança política e econômica mas sabiam que precisavam se adaptar à ela. 1977. liberalismo. mas precisamente depois da derrota de Napoleão.político. durante um período de 12 anos: França. nacionalismo e mesmo as classes trabalhadoras eram. Com isso o mapa político . onde houveram guerras e instabilidade. Destaque para os chefes de estado desse período que conseguiram combinar controle político com diplomacia e controle da máquina do governo. Savóia e Itália contra a Áustria (1858-59). a Europa passou por mais quatro guerras relativamente breves e pouco custosas. como o conservador Otto Von Bismarck na Prússia e o moderado Camilo Cavour em Piedmont. daquele momento em diante. determinavam as ações mesmo daqueles estadistas que tinham menos simpatias por eles. O que poderia produzir conflitos internacionais. A derrota das revoluções poderia temporariamente tirá-los do cenário. mas quando reapareciam. mas ainda assim importantes.” (HOBSBAWM. O capitulo “Conflitos e Guerra” remete a um período conturbado politicamente. os governantes das grandes potências temiam e por isso preferiam evitar os conflitos entre si. Prússia e os estados germânicos contra a França (1871). das ambições por autonomia nacional. Porém isso não impediu a guerra da Criméia (1854-56) que foi uma carnificina internacional envolvendo a Rússia de um lado e do outro Inglaterra. No tempo das revoluções. França e Turquia. Fora a Criméia. “As revoluções de 1848 deixaram claro que a classe média. Os moderados liberais fizeram então duas importantes descobertas na Europa ocidental: que revoluções eram perigosas e que algumas de suas mais substanciais exigências poderiam vir a ser atingidas sem elas. independência ou unificação. Prússia e Áustria contra a Dinamarca (1864). na Alemanha ou Itália. no Império dos Habsburgos ou mesmo no Império Otomano e no Império Russo. E por vezes tinham a opção de poder tomar ambas as decisões. presenças permanentes no panorama político. Prússia e Itália contra a Áustria (1866). democracia política. Esses dois políticos eram profundamente anti-revolucionários e tiveram o cuidado de separar unidade nacional de influência popular. já que a experiência havia mostrado que grandes guerras e revoluções caminham juntas. Além disso os estado-nação era entendido como “progressista” precisando ser territorialmente grande por questões econômicas. como a burguesia. “Certamente os ingleses sabiam o que era ser inglês. com crescente importância. “A Construção das Nações” traça o processo de criação das nações-estados na Europa. com um território coerente. A fase de nacionalismo de massa. que por sua vez era definida por sua história. 1977.do resto da Europa viria a ser transformado. Pag 103) A identidade era o critério histórico de “nacionalidade”. todas as grandes “potências” europeias – em alguns casos até territorialmente foram modificadas entre 1856 e 1871. Na década de 1860 as fundações da nova estrutura de poder foram estabelecidas. Mas o argumento ideológico para o nacionalismo era bem diferente e muito mais radical. Portanto algumas nações estavam destinadas pela história a prevalecer a serem vitoriosas na luta pela existência: e outras não. e um novo grande estado tinha sido fundado: a Itália. composição ética e. militar e de organização. incluído o medo de uma guerra geral. definido pela área ocupada pelos membros da “nação”. O proletariado. os franceses. Na era da construção de nações. que vinha normalmente sob influência de organizações da camada média de nacionalistas leberais-democratas estava de alguma forma relacionada com desenvolvimento econômico e político. A política internacional tornouse política mundial com o surgimento de duas potências não-européias: Estados Unidos e Japão. na medida em que “estado” e “nação” coincidiam na ideologia . acreditava-se que isso implicava a transformação desejada. Com exceção da Inglaterra . O conceito “nação” não veio do fato da organização em estados territoriais do tipo do século XIX. É necessária a separação entre “nações” e “nacionalismo”. cultura comum. democrático e revolucionário: nenhum povo deveria ser explorado por outro. alemães ou russos certamente não tinham dúvidas do que fosse sua identidade coletiva. lógica e necessária de “nações” em estado-nações soberanos. a língua. O argumento ao qual nações-estados se identificavam com o progresso era negar o caráter de “nações reais” aos povos pequenos e atrasados. existia apenas conceitualmente. tecnológicas.” (HOBSBAWM. Segundo Hobsbawm (1977). Napoleão III foi o primeiro dirigente de um grande país – com exceção dos Estados Unidos – a chegar ao poder através de sufrágio (masculino) universal. com objetivos e interesses certamente diferentes. e um mundo liberal seria feito de nações. A maior parte do movimento trabalhista na Europa surgiu durante o período da Internacional – fundada em Londres e encabeçada por Karl Marx. política em termos de estado implicava em política em termos de nação. 1977. O futuro viria a mostrar que a relação entre os dois não era tão simples assim. Essa “nação” não seria algo espontâneo. O que era novo em política de “classes” durante esse período era sobretudo a emergência da burguesia liberal como uma força no contexto de uma política mais ou menos constitucionalista. O movimento trabalhista se identificou politicamente sob influência dos socialistas ao marxismo. uma nacionalidade. os pertencentes as classes altas e médias seriam as “classes” e os pobres as “massas”. Ideologia”. impunham também um cultura. Os avanços em direção a governos representativos levantavam dois problemas em política: os das “classes” e “massas”. Na França. Ou seja. “As Forças da Democracia” o autor discute que tão importante como o nacionalismo era a participação do homem comum nas ações do estado. portanto. Religião.daqueles que estabeleciam instituições e dominavam a sociedade civil. Um mundo de nações viria a ser. acreditava-se.” (HOBSBAWM. onde três revoluções já haviam começado. um mundo liberal. Os países desenvolvidos e industrializados logo perceberam que mais cedo ou mais tarde teriam de abrir espaço para as forças populares. com o declínio do absolutismo. a exclusão das massas da política era utópica. onde uma sociedade acreditou que o crescimento econômico repousava na competição da livre . pois escolas e instituições ao imporem uma língua de instrução. Hobsbawm aborda a influência da “Ciência. parecia manejável na estrutura do liberalismo burguês e compatível com ele. Essa construção através da educação estava refletida na criação de novas universidades e melhorias na educação primária e secundária. Logo o “estado” seria materialização de “nação”. O liberalismo que formava a ideologia básica do mundo burguês não tinha defesa teórica contra tal contingência. restava então as “dirigir” da forma mais adequada. Pag 116) Em. O objetivo era impor valores da sociedade moral e patriotismo – e uma “língua nacional”. “O nacionalismo. mas um “produto”. entendida como “democracia”. E como tal os estados europeus se valeram da educação como instrumento para reforçar a ideia de “nação”. inclusive mão . a competição. A religião estava sem dúvida em declínio. já que refletiam os conceitos mais familiares da economia liberal. mas nas grandes cidades. de separar a analise econômica de seus contextos históricos. não meramente entre intelectuais. Augusto Comte filósofo francês fundador da sociologia e do positivismo. da ordem social que o representa nas ideias e credos que pareciam legitimá-lo e ratificá-lo. 1977.de -obra barata e vender tudo no mais caro. e o século XIX a possuía. bem aquém da população. e produzindo “leis” uniformes e invariantes além de qualquer possível modificação. provenha de um só principio. Foi um grande avanço para esta sociedade que estava surgindo. progresso e liberalismo. especialmente se fosse um intelectual. A teoria darwinista da evolução impressionava não porque o conceito de evolução fosse novo. O único pensador do período que desenvolveu uma teoria compreensível da estrutura e mudança social que ainda impõe respeito foi o revolucionário Karl Marx. “Ciência “positiva”. passa a abandonar as causas dos fenômenos “Deus ou natureza”. mas porque fornecia. nega que a explicação dos fenômenos naturais. pela primeira vez. O indivíduo com fé tinha dúvidas. assim como a sanitarização. Através da linha de pensamento de Hobsbawm podemos concluir que o capitalismo se consolidou e a ciência positiva teve um progresso muito rápido. O darwinismo social e a antropologia ou biologia racista pertenciam a ciência da suas próprias políticas. A “filosofia positiva” de Augusto era a imutabilidade das leis da natureza e a impossibilidade de qualquer conhecimento infinito ou absoluto.” (HOBSBAWM. A antropologia física automaticamente levava ao conceito raça. Ele resistiu à tendência. onde a provisão para adoração religiosa estava. e onde a pressão comunitária para a prática religiosa e a moralidade era pouco sentida. Pag 278) .iniciativa privada no sucesso de comprar tudo no mercado mais barato. ciência. ligados rigidamente por causa e efeito. na razão. Essa sociedade que começa surgir e de maciço avanço da economia do capitalismo industrial da escola mundial. que em outros lugares cresceu com força sempre maior. era a chave-mestra do universo. assim como sociais. e o fez em termos que eram inteiramente conhecidos até para nãocientistas. negros eram inegáveis. um modelo de explanação satisfatório para a origem das espécies. amarelos ou pretos. já que as diferenças entre povos brancos. operando com fatos objetivos e precisos. da razão. o capitalista. e por forte espírito nacionalista e concorrencial entre as nações. operações militares cuja superioridade organizacional e tecnológica não tinham precedentes na História. da ciência e do progresso. obteve-se de um lado o avanço maciço da economia do capitalismo industrial. marcado por acentuado liberalismo econômico do capital privado e da livre iniciativa. que possibilitou o extraordinário aumento da velocidade das comunicações mundiais. impulsionada pela noção de "progresso". o mundo todo passava a fazer parte desse novo sistema. . da moral e do conhecimento. além das descobertas química e elétrica. As contradições que marcaram o período deram origem à modernidade do século XX. a contar da estrutura férrea financiada na Europa e nos EUA pelo capital privado e na qual operavam as máquinas a vapor. Em suma. Surgia assim a sociedade de massas. Como resultado.1875” possibilita uma análise comparativa entre o liberalismo do passado e o neoliberalismo do presente. Tão importante foi a descoberta do telégrafo. uma vez que tenham sido de suma importância para o progresso no tempo das viagens longas de pessoas e mercadorias. o que levou à ocorrência de guerras civis que deixaram milhares de mortos e também ao surgimento dos estado-nações. “A Era do Capital 1848 . É a história do triunfo global do capitalismo e de uma sociedade que acreditava encontrar o sucesso na livre iniciativa privada e na criação de um mundo de distribuição plena do material. de outro.Coube às descobertas tecnológicas a responsabilidade pelo acentuado aumento do volume e valor das trocas internacionais no período.
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