Este livro foi digitalizado por Raimundo do Vale Lucas, com aintenção de dar aos cegos a oportunidade de apreciarem mais uma manifestação do pensamento humano.. #]3IBLIo?rECA DOS SÉCULOS A COMÉDIA HUMANA D E HONORÉ DE BALZAC Introduções. Notas e Orientação de Paulo Ronai in ESTUDOS DE COSTUMES CENAS DA VIDA PRIVADA EDITóRA GLOBO Rio de Janeiro - PÔrto Alegre - São Paulo HONORÉ -DE BALZAC 1 ? v 2 A MENSAGEM O ROMEIRAL A A MULHER ABANDONADA HONORINA . BEATRIZ GOBSECK A MULHER DE TRINTA ANOS Preced"do de "Balzac" de Victor Hugo e "Honor6 de Balzac" de Th6odore de Banville Tradu?ao de Casimiro Fernandes. Vidal de Oliveira e Wilson Lousada corn 1O ilustrações fora do texto 1.? EDIC-1O 3.1 111pRF"""Xo EDITõRA GLOBO Rio de Janeiro - Pôrto Alegre - São Paulo #1.? EDIÇÂO 1.a impressão - outubro de 1948 2.-" impr?ssão - novembro de 1954 1959 DIREITOS ZXCLUBIVOS DESTA EDIQÁO (TRADUÇÕES, 11REPICIOS, NOTAS). DA EDITóRA GLOBO B. A. - PÔRTO ALEGRE - Rio GRANDE DO SUL ESTADOS UNIDOS DO BRASIL Biblioteca Pablica IwArthur Vianna" S;ila Haroldo MaranhAo I N D I C E Raizac. D;s?itrso pronunc?ado no funeral do escritor, por Victor Hugo Honoré de BaIzac, por Théodore de Banville Plano da presente edição da Comédia Humana A ME NSAGEM O ROMEIRAL A MULHER ABANDONADA HONORINA BEATRIZ GOBSECK A MULHER DE TRINTA ANOS ix xv xxv is 23 47 87 158 453 5O5 1LUSTRA96ES Balzac, Retrato por Émile Lassalte. VIII A famosa bengala de Balzac. 1x O Romeira]. 24 Lady Brandon. Estatueta de Pierre Ripert. 25 O Cavaleiro du Halga. Estatueta de Pierre Ripert. 212 George Sand em traje de homem. Litografia de Julien. 213 Liszt na idade de 34 anos, 326 Liszt num mo mento de insp?raç5o. Estampa de Joseph Danhauser. 327 Cobseck. 1O4 A Duquesa de Abrant es. Quadro de Jules Bolily. sos #B,4LZ,4C Retrato por Emíle Lassalle (em Galerie des Contemporains lilustres, 1841). #I VICTOR HUGO: BALZAC Tradução de Paulo Rónai ,4 F,4MOS4 BENG,4LA DE BALZAC que inspirou um romanc? i-teiro à Sra. de Gira-di*%. #I Victor Rugo, chefe reconhecido da escola -ro?rântiea, rnantinha com Bal-ac relações co rdiais, embora algo àij.antes. Segundo mostra a correspondência de Balzac, os dois trabalharam juntos, desde 1839, na organização de uma sociedade de eScritore i (S ociété des Gens de Lettres). Oautor da Comédia Humana tinha suas reserva.r acérca da art e de Hugo, a quem mais de uma vez alude com certa ironia em suas cartas íntimas à Sra. Hanska. Hávia tamb?m, entre os dois, uma oposição ideológica. Hugo, que in iciara sua carreira de escritor como poeta da Restauração, adotava tend?ncia; libera is cada vez mais revolucionárias; Balzac, em cujas cartas e obras de mocidade se descobre ainda algum vestígio das tendências de 1793, tornara-se francamente part idár io dos Bourbons e da monarquia absoluta. "Êsse breve discurso de Hugo - inserido em seus Actes et Paroles, 1. Avant 1"Exi l - tão característico por vários notivos, foi o primeiro reconhecimento solen, e .tem reservas do gênio de Balac por um grande escritor, como também a primeira afi rmaçã o vigorosa, por um deinccrata, do caráter revolucienáric da obra baIzaquiana. Há no volume Choses Vues outra página importante de fingo acêrca do -nosso romancista: é e relatório coinovente da últma visita do poeta à casa de Balzac, artigo ésse que resumimos em noisa Vida de BaIzac, no ].o volume deita edição. Afeus SenhorM O homem que acaba de descer a éste túmulo era daqueles a quern a dor pública faz corte jo. Na época em que vivemos desvatrecerainse tôdas a ficções. Gs olhares deténi-se não mais nas cabeças que reinam, mas sim nas cabecas que pensam, e o pais inteiro treme quando uma destas cabeça? desaparece. Hoje, o luto popular é a morte do homem de talento; o luto nacional, a morte do homem de gênio. O nome de BaIzac, meus senhores, há de fundir-se no rasto lumiíioso que nossa época de ixará no futuro. O Sr. de BaIzac formava parte dessa poderosa geração de ho,- mens de letras do século XIX que veio depois de Napoleão, da mesma forma que a ilustre plêiade do século XVII veio depois de Richelicu, - como se, no desenvolvimento da civilização, houvess e uma lei que aos dominadores pela espada fizesse suceder os dominadores pelo espír ito. O Sr. de BaIzac era um dos primeiros entre os maiores, um do? mais altos entre o s melhores. Não é êste o momento de dizer tudo o que era esta espjéndida e soberana inteligência. Todos os seus li\ros não formam senão um único livro, livro vivo, luminos o e profundo, em que se vêem ir e vir e caminhar e mover-se, com não sei quê de assust ador e de terrível acrescido ao real, tôda a nossa civilizacão contemporânea; livro traravilhoso que o poeta intitulou de com?édia e que poderia ter intituiac?, o hi stória, que assume tôdas as lOrmas c toclos os estilos, que ultrapassa Tácito e vai até Suetônio, que atravessa Bcaumarcha?"s e vai até Rabelais; livro que é a obserVaÇão e a imaginação; (luc prodigaliza o verdadeiro, o íntimo, o n burguês, o trivial, o material, e que por vêzes, através de tôdas as realidades brusca e largamente rasgadas, deixa de repente entrever o ideal mais sombrio e mais trágico. À sua revelia, queira-o ou não, admita-o ou não, o autor desta obra imensa e estranha é da raça forte dos escritores revGlucionários. Balzac vai direito ao alvo. Agarra a sociedade moderna corpo cori)(). Arranca al<,,,o a todos: a uns, a ilusão, a outros, & esperança; O #XI7 I a êstes, um grito, àqueles, uma máscara. Apalpa o vício, disseca a paixão. Exainiria e son da o homem, a alma, Ocoração, as entranhas, o cérebro, o abismo que cada um leva em si. E, por um dote ele sua natureza livre e vi-orosa, por um privilégio das inteli--ncías do nosso tempo que, tendo \isto as revolucões de perto, percebem ni,-. lhor o objetivo da humanidade e coi?ipreendein melhor a provi,-,e risonho e sereno dêsses estudos tei íveis que déncia, BaIzac emerl- -ri produzi am melancolia em Nlolière e misantropia em Rous?eau. Eis o que éle fêz entre nós. Eis a obra que éle nos deixa, obra alta e sólida, robusto con giomera?o de blocos de granito, monu1 1 mento! Obra de cujo cimo doravante resplandecerá o seu reno-,e. Os grandes homens executam o seu próprio pedestal; o futuro cricarrega-se da estátua. In Sua morte golpeou Paris de espanto. Voltara à França havia alguris meses. Ao sentirse niorrer, queria rever a pátria, como Cru véspera de uma grande viagem se co.tuma ir abraçar a própria mãe. Teve uma vida breve, mas cheia e mais rica em obras -que em dias. Ai de nós! êste trabalhador poderoso e nunca exausto, êste filósofo, êste pensador, êste poe ta, éste gênio, levou entre nós a vida de tempestades, de lutas, de pelejas, de combates, comum em todos os tempos a todos os grandes hoinens. Aorora, ei-lo em paz. Sai das contcsta?ões e dos ódios; entra, no mesmo dia, na glória e no túmtilo, o Daqui em diante há de brilliar acima de tôdas estas nuvens que sô"I_)-?-e nós, entre as estrê!as da pátria! Todos vós que estais aqui, n5o vos sentis tentados a invejá-lo? Por grande que seja a riossa dor à vista de tamanha perda, resignerno-nos, meus Senhores, a estas caatastroles. Aceitemo-las no que elas tém ele pungente e de severo. Talvez seja b om, ta lvez se.?a necess,-"trio que, numa época como esta, um aa granCle morte coniunique de quando em quando aos espíritos devorados pela dúvida e pelo cepticismo uni abalo r--ligioso. A provid?-licia sabe o que faz ao colocar assim o povo diante do mis téri o supremo e ao dar-lhe a morte a meditar, a morte que é a grande igualdade e também a grande liberdade. A providência sabe o que faz pois é êste o mais alto de todos os seus ensinamentos. Não pode haver senão pensamentos austeros e sérios ern todos os corações quando um espírito sublime ingressa majestosamente na outra vida, quando um dêsses sêres que d urante muito t&mpo pairavam acima da multidão com as asas visíveis do gênio, erguendo de repente essas outras asas que não se vêem, vai enterrar-se bruscamente Do desconhecido. Mas não, não é o desconhecido! Não, eu já o disse em outra ocasião dolorosa, e não me cansare de repeti-lo, não é a noite, é a é a eternidade! NãoIlé1 vltc,r!dâdãeo déizoeifiiinile té o comêço! não é o nad?" odos que me escutaís? Féretros como êste demonstram a imortalidade. Na presença de ccrto s mortos ilustres sentimos inais distintamente o destino dessa inteligência que atravessa a C) terra para sofrer e para ;purificar-se e que se chama o homem, e dizemos ,c onosco mesi-nos ser impossível que aquêles que foram gênios durante ? ida não se"am almas após a mortel £ 1 #THEODORE DE BANVILLE: - HONORL DE 13ALZAC Tradu?5o de Berenice Xavier #Banvi77c, poeta parnasiano, autor tfe um Pequeno Tratado de VerEificação Francesa, mn dos partidários mais ferrenhos da teoria da "arte pela arte", oferece-nos wessas páginas, extraídas de Minhas Memórias. Pequenos Estudos, um teste,munho decer to u m pouco fantasiado, mas cheio de vida e fôrça persuasiva, da envolvente influéncia pes soal de Balzac, confirmada aliás por muitos conhecidos do romancista, mas por nenhum exposta com tamanha verve. VI APENAS uma vez em minha vida o grande Honoré de BaTzac. Contudo _ulgo que sou , dos homens dês i ? tes tempos, um dos que melhor o conheceram. Isso exige uma explicação que, nat uralmente, fornecerá o tema dessa historieta. No dia 25 de julho de 18,,8 realizou -se, numa das salas do Instituto, uma assembléia de todos o6 literatos que se puderam reunir. Havia então reuniões a propósito de tudo e a propósito de nada: trata?,a-se ago ra de reforniar a organização da Sociedade dos Homens de Letras e de fazer dessa plácida ass?ciação algo de razoável e que não, fôsse absolutamente inútil aos escr itores. Como acontece em quase tôdas as assembléias, reuniram-se naquela homens eloqüe ntes e apa,xGnados: os Mirabeau de voz de trovão, cujo gesto espanca a tormenta e a nuvem: bomens de espírito que encontram a nota inesperada e de dois seixo, faz em saltar uma chama; anedotistas com a palavra para rir, e às vêzes para fazer rir; enfát icos Prud1ioninie?, suaves Jocrisses e sobretudo a tribo inumerável dos que não dizem nada e fazem re?in.Ír rio ar um ruído sonoro qualquer. Em sunia, expressou-s e um grande número de tolices, de ninharias, de coisas bonitas e a reunião terminou ao cair da noite, sem se ter proposto coisa alguma que tivesse senso comum, desenl ace aliás fácil de prever. :, Por mim, ouvindo afirmar tal proposicão errônea, emitir tal Projeto absurdo ou simpl esmente irrealizável, estive cem vézes a ponto de tomar a palavra para estabelecer o que julgo ser a verdade ou para indicar o que me parece ser a salvação; mas fôra s empre detido por um profundo desânimo, vendo que a discussão, às vêzes ingénua, outras vêzes tempestuosa e brilhatite, perdia-se no vazio e permanecia a mil ]éguas de todo terreno prático. Uma vez que erguia assim a cabeça, disposto a gritar e cont udo permanecendo mudo, vi diante de mim, do outro lado da sala, um homem de caçabeça re splandecente, poderosa, de basta cabeleira, iluminada por tôdas as chamas da bravura e do gênio. Nunca o tinha visto, ma? reconileci-o sem hesitação por seus retra tos e sobretudo pela serrielhança corri a sua própria obra, pois a quem poderiam convir aqw21a fronte vasta aquelas madeixas esculturais, aquêles olhos dp fO9O, o longo nariz" heróico e esquisito, os lábios sensuais, a barba à Rabelai,, Opescoço atlético de deus ou de touro, senão ao infatigável criador da Comédia I-_[umana? #th Xviii THÉODORE DE BANVILLE Ao mesmo tempo, tornou-se evidente para mim - e isso vi claramente no seu olhar - que BaIzac lia no meu pensamento, como se meu crânio se tives?e erguido e deixad o ver a nu o cérebro, recebendo diretamente as impressões mais variadas e mais violen. ta s. com efeito, à medida que o meu pensamento seguia êste ou aquêle curso, havia altern adarnente, no? seus olhos e nos seus lábios, * aprovação, a censura, a piedade benevolente, o estímulo amistoso * benigno e a ironia invencível. Meu pensamento! Caminhava com rapidez louca, como um r"elóo?io desarranjado; quanto meno? n eu falava, mais tinha o que dizer, e julgo que as minhas têmporas ter-se-iam -part ido, se não tivéssemos finalmente deixado a sala de sessões do Instituto, onde os poetas entram apenas durante as revoluções. Ao sair, senti um braço - o braço de Balz a c - passado sob -o meu e, sem mais preâmibulo, o -rande homem continuou O comigo a conversação iniciada. Onde a havíamos começado? Em 1 õrion? Em Sírio? Em que estrêla? Em que vida anterior? Foi o que não perguntei a mim mes mo, nem podia pensar em perguntar, pois entrara violentamente numa corrente sobrenatural, onde perdera inteiramente a faculdade de espantar-me. - Osenhor tem razão, - disse Balzac respondendo a meti pensamento que nenhuma pala vra havia traduzido - porque se trata não de modificar florões ou arabescos, mas de demolir o edifício, de arrasá-lo e de reconstruí-lo. A Literatura, da qual procedem tódas as Artes e que todos os dias as cria de novo, fêz sózinha a grandeza da França e a sua incontestável superioridade sôbre as outras nações e é por isso que a França deve contar com ela! Oseu papel de rainha da civilização, ela não o preencherá realmente senão no dia em que desejar que a Literatura tenha o poder, na ordem dos fatos, como o tem na ordem das idéias e sómente então estará tão adiantada como a China!" Êsse ponto de vista, o Mestre o desenvolveu com um poder de lógica, uma fúria de invenção, um luxo de imagens que todo leitor da Comédia Humana podera calcular. Lembro-me do encadeamento das suas idéias, parece-ine estar ainda no momento em qu e elas atravessavam e queimavam o meu cérebro como :serpentes de fogo; mas não cometerei o sacrilégio de traduzir uma conversação de Balzac e de transcrever aqui mais do que as palavras de que me lembro. Caminhávamos pelas ruas onde os telhados parecia m abra ,,ados por um ardente fp,ôr de sol, de vapores vermelhos, e em um tempo de nada, o Hipogrifo, o pensamento do grande criador, fizera, arrastando-me nas suas pegad as, um caminho de gigante e èle me mostrara, numa improvisação inaudita, o passado, o pre sente e o futuro de tôdas as nossas artes literárias. - Ah! Invejo-o! - disse-me um momento depois. Eu queria protestar, não com palavra s (pois emudecera) mas pensando: HON,ORÉ, DE BALZAV, "Está zombando de mim!" Mas êle não me deu tempo. - Não lhe estou dirigindo - prosseguiu - um elogio que o senhor merecerá o n dentro de dez anos, talvez, se se aplicar obstinadamente a tornar-?e uni bom tra balhador; mas invejo-o como poeta lírico, porque a sua arte é a única arte à qual pertence o futuro! Numa sociedade onde o luxo cresce todos os dias, conquanto se torne c ada vez mais democrática, os teatros, cujas dimensões vão aumentar indefinidainente, não terão mais a intimidade, as pequenas proporçoes e a pobreza relativa, necessárias para que se possa abraçar as concepções da poesia e zaborear-lhe os matizes deli cados; aliás, é num teatro miserável, como aquêle em que foram representadas as peças de H ardy e de Shakespeare, que a Poesia prodigaliza todos os seus tesouros, porque, assim, ela supre !por si só a tudo o mais; porém, como disse Philarete- Clia sles, à medida que o espetáculo se aperfeiçoa, a arte dramática se apaga e desaparece. Nas grandes salas corifortáveis e esplêndidas, a Dança, a Música, a Pantomima, os panora rrias se substituirão prontamente à palavra, e se tornarão os únicos modos de expressão que o teatro empregará então. - Qua?nto ao romance, cada vez mais consagr ad o aos estudos fisiológicos, uma ciência que mal acaba de nascer, a Antropologia, dev e inetamorfoscá-lo completamente, e êle virá a fundir-se numa das subdivisões da História e da História Natural. A Ciência, enfim - pGrque será a obra do nosso tempo elevar tôdas as criações do espírito ao estado científic o - absorverá, rias suas diversas manifestações, todos os gêneros literários, exceto aquêle ao qual o senhor se dedicou: assim, che ará o tempo em que o únic o meio de ganhar dinheiro e juntar capitais sérios consistirá em saber fazer os vers os! É prová?cl que hoje, ainda, se eu ouvisse afirmar uma tal enorinidade , ficasse louco de assonibro; mas repito, estava nesse dia em cond?"ções particulare? e perdera a faculdade de espantar-me. Do contrário, bom Deus, o que me teria acontec ido, v ivendo em pleno milagr,e e vendo com meus olhos realizareitt-e mais prodígios do q ue já sonhara algum dia? Omaior prodígio, sem dúvida, o que seria mais incrível se não se soubesse que o gênio faz crescer, vivifica le transforma despóticamente tudo o que se aproxima dêle é que, durante longas horas, eu conversava com Horioré de BaIza c, sem ter aberto a bÔca e sern que êle tivesse ouvido MATERIALMENTE o sorri da minha voz. Não - muito longe disso - que essa longa conversação do grande escritor tivesse sido u m. monólogo; era pelo contrário uma conversação viva, animada, contraditória, corn as suas objeções, seus incidentes, suas oposições, suas réplicas, seus choques ine sperados e rápidos; sómente, o que eu devia dizer, Balzac ouvia, antes de que eu o tivesse dito e quase antes de que eu o tivesse pensado, lia-o #O THÉODORE DE BANVILLE ?_X 2ntes, e respondia ao m<?u pensamento no momento mesmo em que éle se formulava em mim. Como foi -que a minha cabeça não rebentou é o que me parece difícil compreender ainda hoje; é certo contudo, que longe de experimentar qualquer cansaço, eu me senti a forte, rescrenado, co-.r.o se. não sei que elixii- heróico tivesse sido infundido nas minhas veias. Além disso eu não era mais o mesmo, de maneira alguma; mi. nhas fôrças físicas e intelectu ais se tinham d-ecuplicado, centuplicado, de repente, que sei eu? porque, de um lado, se me foi possível fazer, com meu ilustre companheiro, dez lé-uas talvez , em Paris, se.ni repousar e sem diminuir o passo, coisa inaudita, para mim, o ete rno doente, do outro, via claramente as relações e os vínculos de uin discurso no qual, em aparência, tôdas as trarisições tinham sido suprimidas porque, física e material mente, o mestre saltava de um a outro assunto, a mil outros assuntos1 sem que pa recesse haver entre êles a menor analogia; mas as proposições intermediárias que quase sempre teriam exigido volumes de explicações escreviamse por si mesmas, legive linent e, no meu cérebro e não é bastante diz,er que eu as imaginava, que as adivinhava: eu a s via! Caminhávamos entretanto - com uma tal rapidez que os cenários parisienses passavam, desfilavam, sucediam-se diante dos meus olhos com uma violência vertiv?nosa, da irianeira como os vemos, o viajando num trem expresso correndo a todo vapor; ora a soliffiu, as paredes hed iondas, as of;ciiias, os transeuntes em andrajos, os bulevares exteriores, depoi s, quase imediatamente, as fachadas ricas, móveis, cofres, quadros, estofos preciosos dos b airros elegantes, e os cafés tumultuosos e res-p 1 an decentes, onde se acabava de acender o gás. Depois o silêncio, o odor balsâmico das folliag-2ns me advertiaria de que ipassávamos perto do Luxertiburge, ou do Jardim das Plantas; os largos pas? cios , macios de pisar, como tapêtes, indicavara-me em seguiãa que estávamos no bairro da M adalena: depois eram as sombras negras do Bosque de Bolonha e um momento após - parecia-me um momento - os bairros ruidosos; ora a praça Maubert, com os seus tr apei ros ébrios, ou então o bairro de Santo Antônio, onde retumbam os carros pesados e o ruíd o de ferragens; um momento depois, ainda, à sombra das folhagens de um verde cru, vivo e encantador, eu via passar caleches cheios de mulheres ornadas, de ve stidos claros, enluvadas de novo, sorrindo, mostrando os dentes brancos, e aqui e ali um raio perdido prendiase a um diamante dos seus adereços e arrancava vivamente um a alegre lentejoula de luz. Tínhamos falado várias vêzes (eu sempre silenciosamente), a porteiros, e entramos em c asas. Que íamos fazer? Parecia-me que era sempre em casa de BaIzac, em alguns dos seus diversos domicí11O"NORÉ DE BALZAC Xxi sentar lios, mas que, em parte alguma, tivéramos tempo para nos ou deniorar. Lembro-me, no Bairro Latino, de uma espécie de cela de e?tudante, onde havia sôbre a mesa de madeira ;branca fôlhas de copia, clicias de riscaduras e um tinteiro de fai2tiça florida; na parede, uma cabe??a de mulher de expressão divinamente deses pera da, teia 1 muito pequena, encaixilhada em imensa moldura de ouro, de conca?-J"dades profu ndas, foi-mando como que raios de luz. Depws, nou. tro moniento, quando BaIzac, falando-me sôbre a alta socieWe, dízia-me, para ?xplicar o lugar da cena: um salão como ê ste apercebi~me de que eiitrávamos"com efeito num salão; lembro-me de que acabávamos d e subir uma bela escadaria estucada, que BaIzac abrira a porta de um apartamento corn uma chave muito p<?juena que me fêz lembrar a de Tisbe, em Á7zgelo, e que à n ossa aproximação, um criado de quarto, alto, de cabelos brancos, inteiramente vestid o de prêto, retirara-se respeitosantente. Os móveis, curiosamente esculpidos e dourados, eram encobertos por uma espécie de ce tim branco da China com vivos bordados de flores e de aves onde dominavam o amarelo e o escarlate; o tapête de côres vivas e muito harmoniosas, formado de quadr ados d issemelhantes; sôbre as mesas douradas, panos com bordados de ouro e de prata, int eiramente foscos e dando a idéia de um estôfo quase embaciado; e notei sobretudo um lustre composto únicamente de rosas de vidro côr- de rosa, com as suas folhagens; m as quando compreendi que sentia desejo de olhar os detalhes interessantes e comp licados - porque as rosas eram prêsas umas às outr2s por guirlandas de rosas mais pequenas - estávamos já bem longe numa rua estreita onde -empenas góticas enegrecidas, de traves visíveis, trabalhadas em esculturas, esboçavam carêtas, e onde um pálido garôto de cabelos nearos, escorridos, de gravata rosa sôbre lima blusa sordida, vendia folhetos de canções e salmodiava com um aa Voz arrastada: Chacun me nomine avec orgueil Charlotte Ia républicaine! je suis Ia rose plébéienne Du quartier Montorgueili As ruas, as encruzilhadas passavam, mas eu já não as via, arrebatado noutra magia mu ito diferente, na conversação inesgotável e "elIII)re renascente de BaIzac, que tal como num teatro, mostravaine tinia sucessão de tÔdas as cenas, sem dúvida, que tiv e ram lugar antes e desde o coniêão da humanidade: as teogOnias e as gêneses, as lutas d os gigantes e dos Deuses, as destruições de inonstros, os #xxil THÉODORE DE BANVILLE RONORÉ DE BALZAC reis da Bíblia, os heróis da índia matadores de nações, os Seleticog vos seus carros atrel ados de -tigres, Alexandre VI fazendo dançar, nas núpcias. de sua filha, as cortesãs nuas; depois, que sei eu? Ca~ tarina de Medicis, Tallevrand, Napolcão; a qui um escritóno de jornal, uma receita para ?nganar os editôres e os diretores de espetác ulos; ali um deserto da África, nu à luz, Veneza louca e c.,i ingüentada, depois a Noruega de Serafita, com as suas montanhas de 1 gêlo e de neve e finalmente a Comédia Humana, mas animada, \i?a, representada por mi l atores num só, tendo todos o gênio de Taluia e de Frederick! Vi de Marsay, governando a Europa e as inulheres, Monnier-Bixiou inventando mistificações capazes de des cornar os touros do Zodíaco, George Sand ou Camilo ".NIaupin aos trinta anos, o rosada, morena, com os grandes olhos de fogo de pupilas como 1) que afogadas tal como a pintou Géniok; Rastignac, NucirigenRothschild explorando c arreiras de pedras filosofaís, Vidocej-Vautrin, imperador das galés, corri os seus haréns, os seus soldados, os seus mamelucos devotados até à estupidez, as suas ac lela s, ao lado das quais Ríchelieu e Olivares serviriam apenas para guardas campestres ! Vi, oli céus! e foi então que todo o sangue me invadiu o cérebro e tive uma alucinação côr d e fogo, como os assassinos têm alucinações côr de sangue - vi, semi-nua no seu boudoir, a perna calçada por uma meia de sêda transparente, sonhando, animada p or um ardente devaneio amoroso, tôda despenteada, vestida apenas de batista, ornad a de preciosas malinas, (as rainhas das rendas feitas ao fuso) a própria Senhora de Maufrigneuse! Vi, no dorso imperi 1 oso e encantador dessa Diana, o que e la não h avia iriostrado ao seu amante mais adorado, um sinal ... Ali! que transportes, que harmonias de palavras, que flores de poesia lírica teriam ceiebrado dignament e êsse sinal delicioso, escuro, fulvo, sôbre a pele de um branco luminoso e quente! Mas no momento em que ia gritar, que sei eu? correr para ela, a despeito de tôdas as conveniências, um brusco sobressalto retiniu na minha cabeça, com efeito, o grande BaIzac e eu parávamos justamente diante do teatro da Porte-Saint-Martin, mu ito ilu minado, cujas imediações estavam apinhadas de uma multidão tumultuosa, e lembrei-me, c om uma nitidez intensa, de que era neciessário entrar ali. Depois de um tal abalo de todos os meus nervos, se tivesse de assistir a tini es petáculo comum e calmo, teria morrido certamente, por uma reação que é fácil supor. _Mas felizmente o espetáculo ao qual assisti não foi calmo: era a primeira represent açã o de Tragaldabas! Aplausos exaltados, gritos, assobios, bramidos, a multidão em de lírio, uma orquestra de grandes horriens, no qual Victor Hugo fazia o efeito do regente, as apóstrofes, as provocações, as ameaças, X. x _; I os desafios hom.érícos, trocados de um aa galeria para outra e além de tudo, êsse baixo formidável, Frederick, eloqüente e furioso, dirigíndo aos que assobiavam, como uma bravata, os soberbos versos írônicos do seu papel, eram, oh! eram na verdad e a te mpestade, o desencadeamento indispensável ao estado de minha alma e sem os quais t eria caído fulminado pela fadiga! Baixado o pano sôbre o verso fairioso: Et vous, sonnez, clairons, ainsi que Pour un âne! senti rima fome de náufrago, porq.ue iia.da comera havia quinz, horas! Dirigi-me não sei por que instintiva preferência para um restaurante célebre então, mas onde eu nunca havia entrado, e resolutamente segui, no primeiro andar, o corredor dos pequen os salões reservados às boas fortunas e às conversações íntimas . A porta de um dêsses pequen s salões estava aberta e vi, a uma mesa, BALZAC! e dois serviços postos: e a sopa já servida nos pratos. - Vamos! - disse-me o grande homem. E acrescentou: - o taberneiro X ... é um homem de gênio, (na verdade!) mas precisamente porque as suas sopas de mariscos são obras-primas, é necessário que sejam saboreadas como um beijo de duquesa, desejado d urante um ano, e não devem esperar um minuto que seja. q PLANO DA PRESENTE EDIÇÃO DA COMÉDIA 1-1 UMANA ?1O 1 ?, 1 ;,, 1 ? - ?;1 :, - 1 DIVISÃO GERAL: ? ,? . 1. ??<: ?,k1" ESTUDOS DE COSTUMES: Cenas da Vida Privada ......... vol. HV Cenas da Vida Provinci ana ..... vol. V-VII Cenas da Vida Parisiense- ..... vol. VI11 -XI Cenas da Vida Política.. . ...... vol. x11 Cenas da Vida Militar .......... vol. xII Cenas da Vida Rural ........... vol. XIII-XIV ESTUDOS FILOSÓFICOS: vol. XV-XVII ESTUDOS ANALITICOS, vol. XVII DIVISÃO POR VOLUNIES: P,7u7O Rónai: A Vída de Balzac. Prefácio à Comédia Humana. Ao "Chat-qui-Pelot&". OBailo de Sceaux. Memó?-"as de Duas Jov ens Espôsas. A BÔlaa. Modesta Mignon, IL H1,7)Polyte Taine: Balzac. Uma Estréia na Vida. Alberto Savarus. A Vendeta. Uma Dupla Família. A Paz Conjugal. A Sra. Firmiani. Estudo de Mu. lher. A Falsa Amante. Uma Filha de Eva. VIctor Hugo: Balzac. - Théodore de Banville: Honoré de RaZzac. A Mensagem. ORomeiral . A Mulher Abandonada. Honorina. Beatriz. Gobseck. A Mulher de Trinta Anos. #XXV1 P L A N O P L A N O XXV11 IV. Anatole France: Balzac. - Fernand Baldensperger: Balzac, e, critor universal . (Especia17nente escrito para a presente ediÇdO.) O Pai Goriot. OCoronel Chabert. A Missa do Ateu. A Interdiçào. O Contrato de Casamento, Outro Estudo de Mulher. V. Sainte-Beuve: Balzae. Ursula Mirou6t. Eug6nia Grandet. O Cura de Tours; Os Celibatários: Pierrette. VI. Teófilo Braga: Balzac e o naturalismo no romance. Uni Conchego de Solteirão. Os Parisienses na Província: OIlus. tre Gaudissart; A Mus a do Departamento, As Rivalidades: A Solteirona; OGabinete das Antiguidades. VII. Êmile Faguet: Balzac, Ilusões Perdidas. VTTI. Émile Zola: Chaudes-Aigues e Balzac. - Stefun Ziveig: Os subterrâneos de Balza c. História dos Treze: Ferragus; A Duquesa de Langeais; A l?lerJna dos Olhos de Ouro. Ilistória da Grandeza e da Decadência, de César Birotteau. A Casa Nueingen. IX. Georg Brandes: BaIza^,_ Esplendores e Misérias das Cortesãs, Os Segredos da Princesa de Cadignan. Facino C ane. Sarrasine. Pedro Grassou. X. Paul Bourget: Balzac e o Prinio Pons, V. Grib: Balzac. Uma análisC marxista. Os Parentes Pobres: A Prima Bette; OPrimo Pons. rr. Marcel Bouteron: Balzac e os Irmãos da Consolaçõo. - Hugo von Hoffmanstahl: Sôbre ca racteres no romance e no dra;??a. Um Homem de Negócios. Um Príncipe {Ia Boèrnia. Gaudissart 11. Os Funcionários. Os Comedi antes sem o Saberem. Os Pequenos Burgueses. OAvêsso da História Contemporânea. XII, Pierre Mille: Balzac. - Raymond Mortimer, 1ntroduçõo a Balzac. Uni Episódio do Te rror. Um Caso Tenebroso. ODepu,ado de Areis. Z. Marcas. - A Bretanha em 1799. Uma Paixão no Deserto. XIII. Ramon Fernandez: O método de Balzac. humanidade vista por Balzac. #Os Camponeses. OMédico Rural. Ronald de Carvalho: A XIV 3farcel Proust: o caso Lemoine num romance de BaIzac. - Nestor Vítor: H. d e Balzac. O Cura da Aldeia. OLírio do Vale. XV. Ernst Curtíus: A influéncia de Balzac. A Pele de Onagro. Jesus Cristo em Flandree. Melmoth Apaziguado. Massimilia Doni. A Obra-Prima Ignorada. Gambara. A procura do Absoluto. XVI. Benedetto Croce: Balzac. O Filho Maldito. Adeus. Os Maranas. OConscrito. "El Verdugo". Um Drama à Beira-Mar Mestre Cornelius.1 #1%O ESTUDOS DE COSTUMES #1.J Os trechos suprimidos eneGntram-se na Histoire des wuvi?es de 11. est" com postas em grifo. encarregado. os Proscritos. e . "que nos leve a enfrent ar os se. . o enrêdo de OConselho. ela refletiria . f. seu marido tão bem adestrad que a moral de seu exemplo é. Pequenas da Vida "Nllsérías Os editôres agradecem ao . OSr. não entrou Da Comédia Huviana senão em Parte. (Éste último incluído no IV volume da presente ediçã?). de Villaines passa então a relatar outra história ainda mais terrível (atualmen te incluída em Outro Estudo de Mulher). e um aa das senhoras presentes observa com muito acérto: "É um desa stre . entra a tomar parte na discussão aparentemente para combat e r a tese da dona da casa. novela que Bala. da autoria de Paulo Rónai.Fisiologia do Casamento. . Êsse. pronta a se lançar nos braços de um galaonteador.. conclui ela. de 13aIzac. as paixões ilegítimas nos fazem sofrer-. a começar do herdldica .1 forma primiti-va. da t?adu?ão dos trechos em que ocorrem têrmos de Medicis. cretos tormentos que sucesso tão complet o qual.. a irmã de BaIzac. Você nos representou a Condêssa tão Íeliz. ca as desgraças inevitáveis a que tÓ)das as paixões ilegítimas estão sujeitas. * Esta novela.5r. !alvez. . . . Enquanto a história estava inclilída no Conselho.. de Spoelberch de Loveuioui. e censura os autores modernos por pretenderem mora lizar o público mostrando-lhe as conseqüências extremas dos vícios e dos crimes.. porém. constituía apenas um caso contado por uma da6 personagens. Sôbre Catarina de da Longa Vida. Serafita. A Estalagem Vermelha. se apaixona perdidarne)?t. com o intuito de impedir o namôro de um desafeto com a bela Condêssa d"Esther. outro em outro Estudo de mulhe r. Na opinião do Sr.. contradição flagrante entre seu conteiWo e a ?pretensa moralidade do conjunto.. o suas maquinações. Enquadrada na novela OConselho*. #corn a qual consegue licidade tão grande". Dis. De Villaines. OElixir Conjugal. jÉ5m 817. em cOnscléncia. as frases mais bonitas d e Bossuet ou de Fénelon. Lrn de sua intriga faz corar o Sr. tini de seus episódios figura em A Mensagem. não concorda com o narrador quanto ao efeito moralizante dessa narrativa. 14-21. Arístides Monteiro por ter-se in volume. em resumo. distribuindo-lhe as partes pela Comédia Hu. pp. havia un. Se. Laure. . A maioria dos ouvintes. Um Sr. convencer a Condéssa d"Esther. A "aventura espantosa" em aprèço é a história contada na atual Mensageni. XVII. lhe contasse uma espantosa aventura recenteinente acontecida que pintasse de maneira energi . mana. A Mensagem ("Le Message"). não teriam o menor efeito sôbre uma mulher moderna. "Ela nem as escutaria. "Ndo llq. publicada em 1832. Henry James: Balzac. não era uma narrativa indepe ndente. inalmente. porém. de Vi llaines. A dona da casa acha que os clássicos tinham razão em apresentar sublimes exemplos de vir!ude. 11 1 CENAS DA"VIDA PRIVADA #A MENSAGEM Tradução de Casimiro Fernandes #* As notas introdutivas ao texto baIzaquiano. ali presente.. Luís Lambert. de Villaines. .ute-se num salão a maneira por que a literatura deve contribuir para o melhora mento dos costumes. mas não uma lição. acabou por suprimir. por castigo de pela condêssa. Pouco edificante". ** Em Ilanotaux et Vicaire.constantemente preocupada com. por oôsto."* Sob sua segunda forma. Tudo ali é vivo. subiu. ain1 go.. se êle lhes interessar. 1932. não há mo ralidade na narrativa que tenda a justificar a mulher.. se a de perder o amante p ergunta. MARQUÊS DAMASO PARETOi SEmpRE tive o desejo de contar uma história simples e verdadeira. para a banqueta. tão encantados ficamos com a pureza do desenho. Oestado de minha bôlsa obrigava-me a viaj ar no tejadilho da diligência. Um rapaz. as lições morais que podiam (ou não podiam) ser tiradas das obras do irmão. Publicadas por A. ao me u lado. ** mostrcnos quanto a leitora mais fiel de BaIzac . Paris. sobretudo o ela recebe os c abelos me fêz uma impressão dolorosa. N. Por isso.. profundamente verd adeiro. de Berny. que me pareceu ser um pouco mais rico do que eu. mas que é que se lhe poderia oferecer para consOld-1a se o amante a houvesse abandonado por causa de outra mulher? Nada".ficou impressionada ao ler êste belo conto: . a res?.. pp. Julieta possuí naqueles cabelos um tesouro que lhe suscitará sempre lembranças puras. que f azem dêsse conto de poucas páginas uma obraprima n? gênero. mas aqui aparecem elas em absoluta harmonia. p. Faure-Biguet. nem uma moral que possa ter efeito sôbre a jovem senhora. a dosagem a dmirá vel dos pormenores. contada em prim eira pessoa não se sabe por quem e sein a moralidade anunciada na primeira redação. eu ia de Paris para Motilins. Mas um marído pode cair do tejadilho tanto qua-nto um amante. a economia. 49. simples. Urna carta da Sra. #AO SR. acabo de chorar com a tua Julieta. pois o caso relatado por Balzac não comporta lição alguma.va-me q vo a dar-me uma res. Em poitc. Entre as muitas qualidades de BaIzac não figuram geralment. Plon. a não ser que não se deve via ja r em diligência. Acolheu meus ?3 . todos o sabem. justamente por ter um sabor de absoluta autenticidade. de que me fala. Essa modificação foi das mais felizes. Eu desempenhei uni papel ne?te drama quase vulgar. a sobriedade.1Oh.i. Em 18ig.. corn risco de diminuir o interêsse por minha narrativa ou de passar por um presumi do.ta. jovem e sua amante fôssem toinados de pavor e se refugiassem um no coração do outro. a culpa será tanto minha quanto da verda de histórica. no decorrer da q ual um.S BaIzac se terá aproximado de tal forma da elegância fin a de Voltaire e do patético frusto e empolgante do abade Prévost. A Mensagem ficou uma história independente. Os inglêses. Durante as primeiras léguas da es trada eu encontrei mil excelentes razões para justificar a opinião dos nossos vizinh os. consideram os lugares situados nessa parte aérea da carruagera os melhores. Nem nos lembramos de procurá-la. * Lettres de Laure Surville de BaIzac. começo por anunciar-lhes o fim da minha história.e a amante a quem t?ü bem se aplica o panegírico das mulheres maduras em A Mensageni #. a mistura feliz do cômico e do trágico. escreve a uma amiga com evidente mau humor: "NO Conselho. trecho em que ual era a dor mai .rva.O ou a de o perder morto. a primeira história não é um conselho. 251-252.. e não me atre po. Há nesse pequeno conto um equilíbrio tão perf eito de recursos e efeitos que a gente se esquece de esta" lendo uma obra literúri a e vê a cena como realidade. Muitas coisas verdadeiras são soberanamente aborrecidas. met ade do talento está em escolher no verdadeiro o que se pode tornar poético.7s obr?. conservada por acaso. La Jeunesse de BaIzae. porque ela nada demonstra. va. Chancerel e J. natural. da ironia e da emoção. como duas crianças que se achegam ao encontrar uma serpente na orla de u ni b osque. s vi . 1831-1837. êle . " uas para ver a sua amante durante uma hora. pelos ricos aspectos das regiões que descobríamos à medida que a pesada viatura avançava. entendemo-no? maravilha sôbre todos os pontos essenciais da paixão. res pudicos. com tôdas as preocupações oratórias requeridas em semelhantes oca siões. 1) Marquês Da)naso Pareto: ver a nota 4 de Honorina. 111 #12 CENAS DA VIDA PRIVADA Oli! um poeta que nos tivesse escutado. retomamos num cresce ndo as nossas confidências. a falar verdade. Depois disso. e que. a minha fazia o meu ch ocolat e e não passava uni ?a sem me escrever ou me ver. até mesmo as brincadeiras. libertos um e outro duma espécie de vago temor. a sua fôra morar com êle durante três dias. afinal. doras. qu e a senhora tal tinha trinta e oito anos. e. acreditei fàcilmente que êle devia ser seriamente amado. nós nos confessamos. e eu. Em suma. Sem dúvida é preciso permanecer vem para compreender a mocidade. jovens ambos. neste. ou pior se quiserem. t eria recolhido expressões bastante infla. c ondêssas. descobr indo que éramos colegas em amor. com risco de perder-se. o nosso idêntico amor pelo ar livre. . depois de lhes têrmos dado lindos pés. devotadas. mais palermas do que a lei o permite. dotadas de bom-gôsto. ailiás. uma certa concordância de idade e de pensamento. madas. retratos admiráveis e bem doces confidências! Nossos terno. não é tamb ém delicioso evocar os prazeres desvanecidos? É gozar duas vêzes. não sei que atraçã o magnética. a s mulheres tinham realmente a idade que aparentavam ter. encanta. por minha vez. Por isso.go do que o necessário para #aumentar o nosso prazer. Não tínhamos ainda percorrido trinta léguas e já falávamos In de mulheres e de amor. para comparecer a um encontro noturno. conversamos naturalmente a respeito das nossas amantes. Os perigos. que muitas mulheres de quarenta anos eram mais Jovens que certas mulheres de vinte. examinei muito atentamente a pessoa do meu novo amigo. a minha tinha feito ainda melhor.argumentos com sorrisos inoferisivos. depois de têrnios feito nossas amantes jovens. tôdas as nossas loucuras! Se há prazer em recordar os perigos passados. tudo nos contávamos. tema não punha têrnio ao amor. Em breve. viviarn eserzvos do encanto qu e possuem tôdas as mulheres amorosas. Sim. nossas interjeições silenciosas e nosso s ol hares ainda acanhados possuíam uma eloqüência cujo encanto ingénuo jamais consegui encon trar de novo. de início. Um tinha feito certa vez duzentas le. uma pele assetinada e mesmo suavemente perfumada. e nós nadávamos. depois. fizeram nascer entre nós essa espécie de intimidade momentânea a que os viajantes se entregam com dobrada disposicão porque êsse sentimento efêmero parece cessar pronta1 mente e não criar raízes para o futuro. tínhamos começado por assentar como fato e como principio que não havia na da mais idiota na sociedade que um aa certidão de nascimento. Enfim. as gra ndes e pequenas felicidades. E. Êsse sis. não tínhamos chegado ainda senão à mi. volume. impossível de explicar. de Montargis a não sei que -estação de muda. quer dizer a mulher que Se encontra entre trinta e cinco e quarenta anos. Nossos maridos. A condêssa do meu amigo fumara um charuto para lhe agradar.ther de uma certa idade. que adorava uma q uadragenária. num oceano sem limites. Discutimos qual de nós dois revelaria mais sentimentos. adoravam as nossas condêssas. êles Dão nos ofereciam mais peri. finas. espirituais. Ooutro tinha-se arriscado a passar p or um lôbo e a ser fuzilado num parque. Oli! como o vento levava depressa as nossas palavras e as nossas risadas! Ao chegar a Pouilly. as cartas de amor que sua amante l he havia escrito. com a dor que sentiria sua amante. êle conseguiu incumbir-me de uma dessas missões a que os últimos desejos de um moribundo dão um caráter sagrado. os olhos. O castelo onde residia a condêssa ficava a oito léguas de MOU. Encontrei-a meio enterrada rna carne. mais de rneu arnito. se soubesse de rep ente da sua morte por um jornal. mensagem. o pobre rapaz atormentava-se. não sei como se passou o acidente. saudando-me com um InOvimento de cílios. curso de suas prosopopéias. Contudo. deixei a velha criada prosseguindo . em vez de agarrar-se à banqueta. tava seu derrade iro amor. mas como eu estava conipletamente preocup ado corQ um sofrimento maior. Omoribundo não proferiu o men or queixume quando eu a extraí. A um aa légua de Pouilly.Êle teve um pouco de culpa. cuidadas como devem ser a? de um aa mulher bo nita. Aflito por não poder formular nenhuma frase de agradecímento. brancos e parel ? e Um liceirO traço de bistre cercava-lhe os da.. ela caiu semimorta numa cadeira ao ver a tal chave ainda tint? de sangue. Sua morte foi o único acidente funesto resultante da queda da carruagem. e que me rogou instantemente devolver a ela. ainos dentes. Meu infeliz ca. lins. pois êle era visconde e possuía entre doze e q uinze mil francos de renda. mas seu último gesto 1 ine féz compreender que a fatal chave seria um penhor da minha missão junto à sua mãe. Em meio aos gemidos que lhe arrancavam as dores atrozes. Seus cabe porcionaá".struídol e nao a fazer honra a uma condêssa. .O pode ri urna moça o teria desejado para marido. mas muito bem proirinagine-se um tendo uni rosto feliz e cheio de expressão. dadosamente lacrada pelo meu amigo de um dia. Acrescente-se a iszo que olhos. com tôda a candura de que se é tan tas vêzes vítima em sua idade.MENSAGEM 13 rapaz de estatura "éc"a. i sso foi uma espécie de felicidade para #14 CENAS DA VIDA PRIVADA mim. depois inclinou a cabeça. n Em Charité. Enfim. como eu fiz. os lábios eram levemente rosados. Era-me então bastante difícil desobrigar-me da ruin11. cumpri o testamento verbal dêsse pobre viajante. Porque êle não duvidava do meu zêlo. o mais delicadamente que me foi possível. pendurada. perdeu a palavra em meio de uma o frase... que lhe caiu sôbre o corpo. tive que consolar a dor de uma vellia emprc. Entretanto. atirar-se as bordas de um campo recentemente arado. p ara sua segurança. Agonizante. marada julgou dever. a diligência virou. sem contar as esperanças. o -de uma mulher a quem o destino arreba. car. disse-me adeus. se convalescendo. e acompanhar o movimento da diligência. Nós o transportamos para a casa de um camponês. as suas feições finas . eu só tinha o dinheiro necessário para atingir Moulins. jos erarn negros e o hos. .. e leve i a preciosa correspondência. Sua Mãe estava ausente. Por um concurso de circunstâncias que é i nútil expli. Não deu o i mpulso necessário ou escorreoou. bem modeladas. . e morreu. fitou-rrie com um olhar "úPlice durante um instante. cui. parecia bastante . que era inteligente.se terá muita dificuldade em concordar que o ir. da chaga que ela havia produzido.. azuis. Depois fêz com que eu procurasse uma chave suspensa a uma fita que êle trazia ao pei to. mas êle foi esma gado pela viatura. em Charité-sur-Loire. uma palidez graciosa decorava.disse-me o condutor. No momento em que acabava de me dar tôdas as instruções nece ssárias #para buscar na sua casa. Pediu-me que eu tôsse pessoalmente comunicá-la. e para chegar a êle era preciso ainda fazer algumas léguas ern suas terras.Ida que cambaleou qu ando eu lhe contei a morte do seu jovem patrà. conio Ee êle estIves éle tinha mãos brancas. o casaco com as suas mangas. ela desapareceu gritando com leve acento agudo: . que. eu tinha levantado o colarinho . e fui pelos atalhos do Bourbonnais.?hos do Bourbonnais. por assim dizer. o seu por aí podia fazer-me errar durante duas horas pelo parque. indicava-me o caminho que seguia a menina. através as curvas das alamedas. mas. Urna formosa menina de cabelos encaracolados. ela indicou com um gesto de mão queria falar à senh os maciços durn parque à inglêsa que serpenteaNa em tôrno do o castelo.obrigado . levando. e as n 1 mangas uma com a outra. chegou nesse meio tempo. está aí um senhor que lhe quer falar.) eu apressava o passo. na habilidade que eu queria desenvolver. Forja va respostas inteligentes às pergirritas que eu supunha deverem ser-me feitas. e me respondeu: . esperava de hora em hora alegrias sem nome. fizera descer a extre .corri o entusiasmo da juventude. de faixa côrde-rosa. Minha imaginação inventava mil fantasias ro. Condêssa de Montpersan. Por i". #Em breve alcancei uma grande avenida de castanheiros. Em cad a volta de bosque. e ouviu ou adivinhou a pergu nta e a resposta. o É preciso dizer tudo: no último silvado da avenida. E eu a seguir. acorreu ora condêssa. Leva a Alemena. semelhante a um fogo-fátuo. meiro uma repetição em que a sua lanterna subs titui Alemena. um aa sinistra reflexão atravessou-m e a alma como um raio que sulca e despedaça um véu de nuvens cinzentas. entrei resolutamente. sempre um pouco mais novo que o resto. A ME_NSAGEM 15 telo de Nlontpersan desenharam-se no céu como nuvens escuras de contornos claros e fantásticos. e ir bastante ligeiro para tomar a dianteira à propagação das n más notícias.êsse ruído. e latiram como verdadeiros cães de campo. Ao ver-me.tvo" uma mensagem.Contudo. para obedecer à poética dos romances. em cada caminho baixo. era um aa repetição da cena de Sósia2 e da sua lanterna.. de vestido bran co e com uma capa frisada. e em seguida tive a meu posiçoes.A senhora condêssa anda por aí . ?de quem é eS-c".Mamãe. Para se desempenhar bem da sua tarefa. um morto sôbre os ombros. assim que entrei -na região. Eu imaginava tôdas as situações em que poderia ericontrar a Sra. depois o abotoara cuidadosamente para inostrar o #pano dos reversos. os saltos e os pulos da capinha bra nca. enlameando-me e atolan? do-me nos cam?_". eu n ão pensei de início senão em minha atitude. no fim da qual as formas do cas2) sósia: personagem da comédia antiga e do Anfitrião. Ao chegar à porta do castelo. a Julieta muito amada do jovem viajante. resolvi fazer o caminio a pé. em meu espírito. completamente ocupada nesse momento com seu jovem amigo. e. Sósia faz pri.disse eu com um ar ironico. manescas. do general Anfitrião. que caminham tão ràpidamente. À medida que me aproximava do castelo de Montp-ersan. depois de ter enfrentado mil dificuldades para levá-lo legalmente à sua casa. . Que terr ível notícia para uma mulher que. Enfim. ou. destruía os meus planos e as minhas su. encontrei-a escancarada. A lado doi-" cães qu uma gorda c riada. Essa circunstância imprevista .. espôs a. . quando lhe disse que eu . havia ainda uma caridade cruel em ser o mensageiro da morte. escovado o meu chapéu usado e minhas calças com as beiras do meu casaco. Para vergonha do meu coração. Informei-me do caminho mais curto. eu ia ficando cada vez mais espantado com a singular peregrinação qu e hav ia empreendido. a quem êle presta contas da batalha. de Moliè" re. De repente. Essas tolices permitirarri-nI. cantes. Vestia um traje de musselina b ranca . tal era a juventude que havia em seu rosto e nos mínimos detalhes da sua cabeça. encantador. Condêssa de Montpers an. algumas das minhas belas frases tão laboriosamente preparadas. (o cantãO é uma circunscrição territ- . rara na idade que eu tinha.elheiro municipal." 3) maire: chefe da adminiCtração. encarquilhado. suaveç. ri(?dicamente recusado desde 1816. comunal ou cantonal. queza. seus movinientos. conde e a Sra. alguns cabelos grisalhos. muita submissão à mulher. crestado. seu pé. Quanto ao carát er. Graças a êsse trajar de gascão. Surpreendida pelo aspecto dum desconhecido que a cumprimentava cO111 um ar basta nte constrangido.!Ile. Para #19 CENAS DA VIDA PRIVADA A MENSAGEM 17 não dar a ver meu embaraço. Trazia grandes s. sem ter nenhuma preocupaçào com os assuntos importantes. na volta de um a verde sinuosidade. no mais. pronunciei algumas frases insignifi. mas julgando-se o senhor... Havia naquele lionicin um pouco de inagistrado. cor n uma perspl"cáci. mente o mais belo orn amento das províncias. . e fêz. rio por vêzes d e mim mesmo. a sua gravata frouxa e o seu colarinho " 1 rugado. A linda menina trazia a mãe pela mão.me um gesto friamente "polido e uma adorável expr essão de amuo que. no momento em que eu compunha a minha atitu 1 de. pareceu-me ter tanto da Condêssa de Lignolles como da Marquesa de B. mas. franziria -e tão delicada. e era fácil perceb erse que a Condêssa apressara o passo ao ouvir a frase ambígua da filha. que ao vê-los nascia no fundo do coraç5o uma irresi. tôda a importância de um maire 1 de Cantão ao qual nada resiste. Mas a condêssa! ali! que vivo e brusco contraste fazia ao lado do marido! Era uma mulherzinha delgada e graciosa. engenhosamente polidas no capim.. eis o homem. Durante êsse momento de hesitação mútua. Procurei. tos de grossas solas: apresento-os em primeiro lugar porque êles me In impressionaram aínda mais vi\airiente que a casaca negra en?. e analisar. cida.midade das calças sôbre as botas. divisei Julicta e seu marido. ma s em vãO. para n"m. O marido parecia ser o tipo dos gentis-homens que são atual. ela parou. dois ti pos de mulher semprc vÍvos na memória de umhomem. a sua c alça usada. eu e?perava não ser tomado pelo contínuo da sub-prefeitura. na cabeça trazia um gorro com fitas côr-de-rosa. nQgros. de porte encantador.tível vontade de possu í-los. indagando s e as pessoas presentes eram realmente o senho. Seus olhos -eram vivos. o marido pôde entrar "elli cella" 1?1"ríades de pensamentos atravessaram-me o cérebro. qua ndo hoje me transporto -pelo pensamento a essa hora da minha mocidade. revelava tôdas as -suas esKranças frustradas. -expressi?os. após ter lido o romance de #Lomet. e pronto para resistir nas pequenas coisas. u m rosto emurchecido. Nem um velho dom-joão lhe daria mais de trinta anos. em meio a mil flores ilununadas Por um cálido raio de sol. os dois esposos cuja solidão ia ser tão -violentamente perturbada.1pa. longos e l isos. mas a arrogância da ri. 1-1lito de cons. que se teria mêdo de quebrar-lhe os ossos ao tocá-la. julgar num único relance de olhos. e o azedum e de um carididato eleitoral pe. nada de maneiras. tinha uni cinto também côrde-rosa e u nia blusa tão deliciosamente cheia por suas -espáduas e pelos mais formosos contornos. . incrível mistura de bom-senso camponês e de tolices.. "onomia. . . tária.exclamou êle . segrêdo de que não tenho o direito de dispor. e tomei Eu penetrei n plomática digna de um velho embaixador. Havia nesse olhar tôd a curiosidade permitida a uma dona de casa que recebe um estraiffio. Julieta examinou. com exceção de um só. como mulher que tem a certeza de saber os segredos do marido no inomento em que quiser. caprichosa e apaixonada. de compaixão. . contrastes sinQuIar" 1 e mais o desdém da amante idolatr"ada. A senhora condêssa terá liberdade de romper o silêncio que me foi imp:ôsto. e dep?. Compreendi aquela eloqüência muda. mêdo. Res pondeu-me com um cumprimento um tanto embaraçado. Eu não queri a desincumbir-me junto à senhora condéssa desta missão confiada por um desconhecido. sem preveni-lo. Pdlc. o gentil-homem balançou a cabeça dando mostras de agrado. i?nesperado. havia nêle tôdas as interrogações que mereciam a m inha indunien.Minha mulher vai ficar desesperada . a minha mocidade e a minha fis. contemplei. e a ela respondi cora um sorriso cheio de piedade . . Voltamos pelo mesmo caminho. e terminou deixando-me o campo livre. a cuja existência flãú li" ga. havia ainda nêle temores involuntários..e o seu caráter. caído em seu lar como das nuvens.das Intimamente três moças.. convencional da Girond e e romancista. Então. el a parou e lanÇOu-me um dêsses olhares que só às mulheres é dado lançar. quando.insistia a habilidad e dos cortesãos ou das pes unia tenh conipreendi em que . ela dedicava ao seu amor tôdas as delícias da solidão. famoso romance dos costunie s ligeiros do século XVI. -cocupados. _ Senhor conde.Contei resumidamente ao conde a morte do meu companheiro. .c-i-jal formada por várias comunas. de viagem. al to conceito que êle transmit. grande conquistador de mulheres. que secarn as emoções mais generosas. que o inicia no arnor. o sino anunciou o alrnôço. g ige n te £1e me seguiu. autor dos Amôres do Cavalheiro FaublO. a Condêssa de Lv1?oles. pen?e1 que o senhor não se oporia a que eu cumprisse êsses últili?os desejos. Oefeito qu e essa notícia produziu sôbre êle provou-me que êle tinha muito viva afeição ao seu jovem colaborador. nos furtivamente.ciedade.disse eu com uni ar misteri oso e dando alguns passos para trás. Julieta deixounos sós e afastou-se neglig inente.) 4) Louuet: Jean-Baptiste Louvet de Couvray (176O-1797). a Marquesa de B.u sôrr. Estranhamente surprêsa por ver seu marido usando um Pretexto frívolo para nos proporcionar um colóquio. desejaria falar-lhe em particular. por instantes em todo o esplendor da sua . sem dúvida. fui convidado a participar dêle.cumpri um dever.e eu terei que tomar muitas precauções para comunicar-lhe êsse doloroso acontecimento. . e esca descoberta deu-me coragem para reponder-lhe assim no diálogo que se seguiu entre nós dois. dias despi res atos da vida.soas da so. Nesse momento.Dirigindo-me de inicio ao senhor. Fau). eu tive que travar muitas Depois dêses . um. aos olhos de queinn os #is CENAS DA VIDA PRIVADA MENSAGEM 19 homens nada representam. o herói é uru belo rapaz. Achando-nos sérios e silenciosos. e não fazer nada a batalhas para destilar os menO não er obedecendo à cadência da etiquéta e do bom-t(m. Ao ouvir o seu ciogio. e Sofia de Pontis. Talvez resolução di a sido essa a única vez da minha vida em que eu tive tato e . qUe representa o amol" ingénuo e puro.disse-lhe eu ."as ?ma as três. e o aborrecimento de ter um hósPed.Il. jogo em todos os segredos daquele casal.is de uma eérie de peripécias e aventuras com outras admiradoras suas ac?1ba por desposar a terceira . mas êle me confiou também uma espécie #de honroso fideicomisso. lançou-me um olhar fulvo e impetuoso. que me conduziu a uma sala de . sentiu uma espécie de estremecimento. senhor. senhor! responda! .Oh1 . . Por atenção.Sim. Às pressas. corou e disse: . chamando._ uni marido? Dizendo ela fugiu e desapareceu.disse a menina com ar brejeiro. De súbito.Oalniôço está esfriando. elu. num dia sere?no.olhe o seu marido. . preendida.se sua mul-her estivesse aqui você seria ma is comedido. o da menina. a criada de quarto e eu percorremos os caminhos e o s tabuleiros de relva do parque. Mas não nos acompanhou.beleza. e fitei aquela infeliz mulher com um ar apalermado. que esvaziou com uma rapidez maravi lhosa.exclamou o conde. e no mo.Mas ande está a nossa cara condêssa" .Fiquem! fiqueral não se inquietem .Venha.. entrou uma criada de quarto e disse: . Èle está doente? . porque penetrou muito melhor que o cônego nos segredos do meu terror.Senhorl ..Oh1 ela virá em seguida . . Sim . lançando um débil grito. depois de nos ter servido com solicitude a sopa. acabo de fazer uma viagem bem penosa.. o dono da casa. .indagou ela em voz baixa. Ela apoiou-se a uma árvore. . mento em que o conde trin chava com decisão um pedaço de não sei que animal caçado. escutando. Um instante após êsse singular episódio gastronômico.exclamou o cônego . após a oração de graças. A senhora não o verá hoje. .Oh! meu sobrinho .E se êle não mais a amasse? .-exclamou ela deixando escapar um leve sorriso que não era nada menos que franco.Papai vai adoecer. . o marido veio até à porta. .Responda.gritou-nos êle. e acredite que jamais mensageiro algum será mais -discreto mais devotado. eu posso ouvi-la. encheu o seu próprio prato. e tanto mais inquietos porque eu anunciei a morte do jovem visconde. contei as circunstâncias dês se fatal acontecimento. Segui. que o velho cônego me acompanhou ao jardim. n . não encontramos a senhora condêssa! A essa frase.Senhora. que me foram arrancadas pelOS estranhos acentos #corn que a?quelas frases foram ditas. . que deveria ser o seu. perguntou: . Ela empalideceu.disse-me ela. .É verdade? Oh! diga-me a verdade. não pude conter um suspiro.Êle está vivo? Deus meu! que frase terrível! Eu era jovem idemais para sustentar-lhe a veemência. no rrwio de uma estreita alamêda bordada de flores.exclamou ela. . não respondi.Ah! senhora.respondi-lhe. . que. Ocônego.Mas.disse-lhe eu .Que há? . para mim. e a minha fisionomia exprimiu tão vivamente os meus temores. Fui encarregado por êle de conf iar-lhe alguns segredos que lhe concernem. modere-se.efeições onde vi uni jant ar servido com todo o luxo a que as mesas parísienses nos acostumaram. Eu respondi com duas lágrimas. .respondeu o conde. . únicamente por sua causa.Terei. por favor. . ergui-me com um movimento brusco temendo alguma desgraça. Havia cinco talheres: os dos dois esposos.Senhor.Ohi isso é impossível! .. então. Vendo aquêle quadro admirável. e percebi que a criada de quarto era extremamente afeiçoada à s ua ama. que. . senhora. e um úl timo destinado a um conego de Saint-Denis. Diga! Qualquer sofrimento há d e ser menos pungente que a incerteza. . . o meu.tornei -eu venho em nome daquele que a chania julicta. que sorria por ver o pai em flagrante desob ediência às ordens da condêssa.Não sei co. lidade do homem.lia hora avançada da noite. O marido digeria silenciosamente. e eu me reti rei.Fomos aos tanques.disse-me ela. obedecendo a um invencível pudor: `""1 soluços. O conde estava submetido a uma dieta severa que os médicos !h.. inclinou a cabeça.11O posso viver depois #désse liorrív?e1 golpe que acaba de ferir-me. depois de se ter contentado com uma explicação bas tante vaga que a condêssa mandou dar-lhe p. ao ouvir os sGris guturais da sua voz. Ocônego empregava tóda a sua inteligência para adivinhar a causa do chôro da sua sobri-. Ali descobrimos Julieta que. Apesar das emoções cruéis que eu tinha partilhado com a huca-fé da mocidade.?far os seus gri tos horríveis. valescentes. sob dois aspectos bem diferentes que colocavaril o conego no próprio seio da mais horrível dor. para a sala de refeições. não podendo nada articular. exau sto pela fadi?oa da marcha forçada. Mas o meti espanto aum?211t." quando o encontrei filosóficamente sentado à mesa: comera quas?e to do o almôço. A singular despreocupação daquele marido foi-me crplicada pela altercação que se estabel eceu de súbito entre o conego e êle. ouvi gemidos #surdos e profundamente abafados que !pareciam sair de uma espécie de celeiro. movida pelo instinto do desespêr o. . Havia já algum tempo que tínhamos deixado o colide. . Todos nos d eitamos cedo. Essa rapariga não sabia dizer outra coisa que"ValOs. que contrastava com a côr castanha da cabc"1e"?-13. Depois? \O? tamos. . dormi.?. Num momento eu tinha visto a natureza em tÔda a sua v erdade. senhora. ajudado :pela criada.Não havia mais nada no mundo para ela.Que calma! . choros de criança. Ela escond-era a cabeça para ab. minha sobrinha? Finalmente. transportei Julicta para o seu quarto.`a Patroa. de uma doença grave cujo nome me escapa. ao perceber a assustadora palidez do seu rosto. Pel as dúvidas.. nem o menor vestígio da sua passagem. na volta. mais dolo"sOs.. e. A noite foi triste. ao ficar estupefato pela devastação que denotavam as suas feições alteradas. eu timidamente pedi notícias suas. senhor? . entrei nêle. Eu estava cansado. seguindo "4O longo de um muro. haviam impôsto para c urá-lo. o apetite do animal tinha superado nêle tôda a sensibi. sepultara-se no meio do feno.??a.pensei comigo. a sua indiferença surpreendeu-me. creio eu. mas ma is penetrantes. Reconhecendo a minha voz.?la criada de quarto sôbre a sua indisposição. arrastado por essa glutoneria feroz tão familiar aos con. o cônego e eu. A criada puxou . rccOlllendei cuidadosamente que velasse m por ela e que #&I 2O CENAS DA VIDA PRIVADA dissessem a todos que a condès?a tinha uma enxaqueca. ria?. fui despertado pelo áspero ruído dos ai-? do meu cortinado violentamente puxados sôbre as var as de fe -"O. Quer o saber tudo. que se deixou manobrar com a apática indiferença do animal moribu ndo. e tornei a pensar nêle senão no mome nto em que passei no pcri?til.É mesmo verdade. e que foi.. ela me fêz entrar e quis falar-me. com grande prazer da filha. A . visitamos tudo sem encontrar a condêssa. Seu rosto tôda a luz duma lâmpada colocada sôbre a mesa. r)íis neste momento estou calma. Vi a condêssa sentada nos pés da minha cama. . airibuída aos incômodos naturais da mulher. Enfim. vamos.. Ao passar diante do quarto da condêssa para ir ao dormitóri@ a que me conduzia um cr iado. O ?Clho cônego perguntava: XIas que tem ela? Que tem você. e que entreguei fielmente ao pretenso correspondente . confundida com meus sonhos pareceu-me ser um a ficção. S. . .disse-lhe. Ao . depois estremeceu violentamente. . uma impor tância que eu lhe devo. A MENSAGEM 21 Narrei-lhe corri simplicidade. quereria ter a bondade de entregar.Ela já estava estiolada. essa cena noturna. prosseguindo. . e disse-lhe como e porquê éle ine encarregara daquela fatal mensag em. como uma fôlha despojada das últiIiias tinjas que lhe imprime o outono.quei várias horas ainda co m a Julieta que o meu companheiro de via-Cin. o acidente rápido que a priContei-lhe o primerro dia da nossa viazem.Senhor. A tarde ?Uns. Ela fitou-me. (esqueci o nome). refletia m apenas lima dor amar " "_a C profunda. Ela não chorou: ccutava com avidez.com rnuito gôsto.Senhora. Aproveitando .4O?.aos sofrimentos e querer mergulhar em sua desgraça com coraçao n todo o ardor que dá a primeira febre do desespêro. tamente em relação a um des conhecido a quem já devemos obi? gaçoes. No dia seguinte. As mínimas palavras. F. Foi preciso. pois que o ID o senhor vai para lá. êsse incorrutível despôjo daquele que ela amava. com um olhar brilhante de febre. Ela empalideceu ainda mais. Quando lhe estendi as cartas que eu guard ava debaixo do meu travesseiro. na inocência da minha alma. . como um médico zel oso que observa um mal. espalhadas pela face da terra. E ajpresentei-lhe êsse último.g pelas recordações do seu anior. S eus olhos secaram-se então ao fogo lúgubre que brota das mais profundas regiões o da alma. tant n o elogiara. e disse-me numa voz cavernosa: . ela as agarrou maquinalmente. com um movimento convulsivo. tão cheio vara do arni9O. . e.disse eu. . saberia o que é o reconhecimento quando está assim tão próximo d benefício! Ela apertou-me as mãos.. Os olhos vermelhos e incha. sem muito insistir em certas cir~stâncias doloros as deriais para ela. despidos de tôda a sua beleza.respondi. falei-lhe dos temores que afligiram o -nobre moribundo. onde ainda há pouco cintilava o sol. e que êle mandou pedir lhe remetesse com urgência? .-ria inútil narrar os acontecimentos do dia seguinte.Ei-la aqui. as ações daquela Inulher provaram-me a nob reza de alma.E eu que queimava as suas! Nada tenho dêlel nadal nada! E bateu com fôrça na fronte. e fugiu com o seu tesouro. um olhar onde refulgia a sua frágil ventura através de hor ríve is sofrimentos: . a cabeça inclinada para rni?rl. o próprio Conde de -i\lontpersan concluziu-me a MoucllegarIllos ali. com uma voz abafada.Seja sempre feliz! não PCrca jamais aquela que lhe é cara! Ela não terminou.disse ela. à ua da Vereda.. d ir-se-ia haver agora uma nuvem cinzenta.Ali! o senhor ama! . recebi um maço de vinte cinco luíses. sob O meu travesseiro. para convencer-me da doloro-a verdade. em Paris. disse-me êle com um aa espécie de embara?o: #22 CENAS DA VIDA PRIVADÁ . a delicadeza de sentimentos que a tornavam um aa dessas preciosas criatul-as de amor e devotaniento tão raras. os gestos. em casa do senhor. que me serviu par a eu voltar ia Paris.uni rnornento em que ela me pareceu ter inteiramente aberto o seu . E. Ali! se o leitor tivesse recebido como eu as lágrimas escaldantes que tombaram #então ?ôbre as minhas mãos. que eu procurasse infrutiferamente as carw.Eu cortei uma madeixa dos seus cabelos . . se não é abusar de sua complacência e agir indiscre. No lado norte há apenas uma porta. ada preta doi-nina tôdas as outras.. A cozinha. A hab itaçã o " o e cercada de vinhas e de romeiras: daí o nome dado a essa quinta. #CENAS DÁ VIDA PRIVADA O 11O1MEIRAL 29 Transpondo-se êsse portão carcomido. e a porta. situada nessa espécie de choupana. sÔbre urfia escadaria curva. talhado em forma de parafuso.Casa ef?l que Baízac ~rou e que escolheit para cena da história d. À esquerda. aberta atrás da escada. as lareiras de pedra que nêle existem são menos ricamente esculpidas que as do andar térreo. Ao entrar. encostada na casa. por plantas aquáticas e altas ervas.ndor. co? quistado ao rochedo por um último terraço cuja velha balausti. Tôdas a s aberturas dão para o sul. o díaiosam. No prinieir o andar há dois grandes quartos cujas paredes são pintadas a cal. diária muito rústica. e nos disse: "Oh! querido. embaixo dos quais existe um poço profundo encimado por uma bomba envolta por sabinas. A fachada co mpõe-se de duas largas janelas separadas por uma porta in?erme. Silii?" Paris.do Sr. As paredes do edifício principal são pin tadas de amarelo. na outra extremidade do terraço. que de sen ham sôbre as paredes longas linhas azilis. garantido da chuva e do . Só em. mas sem lambris e recoberto de papel amarelo com orla verde. preendi a engenhosa que êsse dinheiro fácil de adivinhar. existe um pavilhão de mad eira apoiado no muro vizinho e cujos tes ficam escondidos por jasmineiros. tes para revelar todo o gênio de uma mulher Que delícia ter podido contar esta história a uma mulher que. Qsse ?5 telhado de inclinação dupla é coberto com ardósias. comu nica interiormente com a casa. ela é de madeira quase podre. é que elegância com que Julieta me tinha obsequiado. 1 algumas árvores verdes e de uma multidão de roseiras e de flores. elevada de al "g-uns degraus. não 111O1-1.11. parreiras e cle matites. Janeiro de 1832 O ROMEIRAL Tradução de Casimiro Fernandes q?#O11 co. -encontra-se um pequeno patamar onde começa um aa escada tortuosa. defronte ao portal. mas tem tainbéi" uma entrada particular. Essa construção recente pro . ao levar a ii-nportància à casa indicada. a discrição guardada sôbre a minha pobreza não são suficien. pelo lado exterior. e de três mansardas rasgadas num telhado pro. que dá para o parreiral. ntre os braços. os contra. um salão das mesmas dimensões. cujo sistema muda a cada volta. terna? medrosa. No meio dêsse último jardim ergue-se a casa.as. oferece à vista seu gramado ornado d. ?71 Aléiii. à esquerda. Drisada à antiga. foi polido por um longo uso.4L .ente alto em relação à pouca altura da parte térrea. ventos de baixo e as persianas das mansardas são verdes.ol por ardósias. #longitudinais ou transversais. coberta de pânipanos e junto à qual se encontra porta duma enorme adega cavada na roclia. A maneira por me foi emprestado. À direita há uma ampla sala de refeições . madressilvas. Iam. de Montpersan. há uma construção cujo madeiramento é. Paris. as traves são de no gueira e os interstícios cheios de um barro branco amassado com palha. pavimentada com ladrilhos -brancos fabricados em Châteati-Re gnault. o corrimão. nos apertou e #O ROMEIR. Nenhuma das duas peças tem fôrro. Lady B. um pequeno jardim. mas certamcnte um poeta fará dêle a sua residência. ou alguns inorangueiros protegidos pelas pedras.1c111 nos te111] . livre de . OLoire corre aos Tiossos pés..iieiras tílias de uma alameda plantada fica dissi baixo do parreiral. que pode ter umas duas . o vinhedo é plantado de árvores frutíferas de tôda espécie.rador encarregado alha e de rto modo está em simetria da esquerda. a fértil planície em que n se erguem Tours. A propriedade é cercada de muros e de latadas. desde Vouvray até Saint-Sympliorien. Finalmente. respiramos suas brisa s f rescas vindas do mar e perfumadas no caminho pelas flores dos longos passeios. de gafanhotos sóbre a Touraime. Êle tem poesia para tôdas as "na. pêras de tôdas as espécies e melões. em panoramas."naÇões. seus subúrb ios. em perfumes. no está perdida para a cultura. Mas os inglêses caíram como """a 1 cowplenuvern. rdins sustidos ipelo terraço de balaústres. apenas para fazer a co lheita ou alguma excursão de recreio.f . o Plessis. como para "I as ma" CIcUdas e apaixonadas: ninguém aí permanece sem sentir #so CENAS DA VIDA PRIVADA R OTM E I R A L 31 a atmosfera da felicidade.1. dois amantes verão nêle o mais doce dos retiros. Em nenhum lugar do mundo se encontraria uma vivenda a um tempo tão modesta e tão gra nde. que a cada momento muda de côr e de forma. Ela é.. a giesta de Espanha.va que o Romeiral era outrora uma simples cantina. ergue-se acima da casa e a domina inteiramente por L.. Êste. o apêndice niode""O . o olhar abarca primei ro a margem esquero da do Loire desde Amboise. de ma-. dá mil aspectos novos a cada detalhe das paisagens maaníficas qu e se apresentam aos olhos. os eloendros da Itália e os jasrni. tão ri£a em frutas. coberta com P corn a cozinha. Para um bom burguês de Tours. que. ou flores campestres. Felizmente. em qualquer ponto onde se esteja. U ma nuvem errante no espaço. semverdejarite de parras há quan écie de fôsso cheio de vegetações vigorosas onde ore úmido e frio. Enviavam de manhã cecio as provisões e só doriniara a" d urante o tempo da vindima.ocha. e tornou-se preciso tar o Romeiral para alugá-lo. à tarde. esp n 1 pos de chuva. descreve uni semi-círculo de penhascos tapetados de r iso nhos vinhedos. Daí. suas fábricas.. horizonte azulado. tranqüila. a oeste. uma pequena Touraine onde tôdas as flores. A vista só é limitada pelas ricas colinas do Cher. depois uma parte da margem direita. #bem assim como o"alcaçuz. Há uvas de tôdas as regiões. da qual êle é separado pelo ai"Plo leito do Loire. a alma Perde-se no rio imenso em que navegam a tôda hora os barcos de velas brancas enfunadas pelos vento s que re inam quase sempre nessa vastidão líquida.n s dos Açorès.m barranco a . sendo o lugar de descawc. um aclive geiras. cheio de parques e de castelos.ingreiile que é difícil de ser escalado. Os proprietários vinham da cidade. no coração da Touraine. tôdas as belezas dessa r egião estão totalmente representadas. lia-os. todos os frutos. pêssegos. sob um céu perfeitamente azul. a natureza nêle lança ou uma figueira.. Entre a casa e essa colina ao do muito um espaco de cinco pés. sem conseguir uma vida complet. o adubo das parreiras que vai enriquec. para as mais humildes e as mais frias. -1 . -niulado sob as I)ri.. neira que nem uma polega a se o hornem despreza uni árido espaço de i. Dominamo-lo de um terraço que fica a umas trinta toesas acima de suas águas caprichosas. A casa do cer o solo dos ja de cuidar o vinhedo está encostada à parede ia. . Um príncipe pode fazer do Romeirâ a sua casa d e veraneio. Uma v ez comprado em 16go. e também mãos que "pareciam belas sob as luvas. Talo vez a distância que o separava da cidade a decidiu a nêle se instalar. diam confirmar as que lhe eram favoráveis. irias talvez outrora a felicidade e a saúde lhe dessem justas . imóvel no meio de suas flores vivas e de seus frutos a " titosos. a jóia patrimonial. . a mais jovem das quais aparentava ter uns oito anos e a outra cêrca de treze.1 duas tranças circulares. Foi. ??urnad . esguia e magra. muito difícil saber se a Sra. sua. pois. afetavam uma calma . uma dama. Seu rosto oval era u ni pouco longo. com sua rampa . Ver não é ter? disse uma vez um poeta. sem nenhum ornamento. PC" nessa humilde casa. néles se estampavam angústias secretas. Quanto vale. são tristes ou ale o 1 ardorosas ou ternas. Seus olhos negros.uentirosa. e entre gue a muito custo por quarenta mil francos. de olheiras fundas. Os móveis escolhidos pela desconhecida eram de nogueira. vinhedo. mais notáveis pela graça da sua postura que pela sua pc qll" O" Intrito v"19ar. Sua simplicidade dava lugar às mais co ntraditórias suposições. o Romeiral. bem plantados e sempre cun os C. sua velha escadaria. se o vinho o t enta. Daí vêe. penteado de virgem que sen Lava à sua fisiorto mia melancólica. pois. encovados. e a criada ocupou uma pequena peça situada sôbre a cozinha. vermelhas e instáv eis arroxeavaiii-lhe o rosto outrora fresco "lanchas e colorido. à alta nobreza O11 . roseiras floridas. A sala de refeições tornou-se o salão comum à pequena família e o lugar de recepção. laustradas < _. A casa foi mobiliada com muita simplicidade. sua co nduta re servada excito" o interêsse das pessoas ociosas. as areias falam. a soma é de novo dóbrada.. Viu o Romeiral e o alupu . Rugas precoces fanavam uma fronte de forma elegante. habituadas a observarem na pro?1O " -cia tudo o que parece dever animar a estreita esfera em qne elas vivem. O salão serviu-lhe de quarto de dormir. OasseiO. Tinha lindos pés. o Regente dela. e. Willetrisens (nome que . Por isso. clematites esgadelh a das e suas árvores cosmopolitas? Não ofereqm preço! ORomeiral jamais estará à venda. o aluguel é dobrado. mas suas maneiras po. tudo é movimento em tôrno do possuidor "?"ek cêse. suas ba. S eu caminho. quer os frutos. por momentos. Podem-se pagar tais tesouros? Poder-se-a jamais pagar a saúde que se recobra ali sob as tílias? Na primavera de um dos mais belos anos da Restauração. sua bomba. as crianças foram acomodadas nos quartos do primeiro andar. Willeinsens era utria mulher de estatura bastante elevada.estrangeira assumiu) pertencia à rica burguesia. pouco t?i11Po depois de sua chegada a Saint-Cyr. mas compro mete se a respeitar as colheita. mas com gôsto. foi a Tours procurar uma habitação. é o orgulho. A Sra . como um cavalo favor ito vendido pelo árabe do deserto. Um inglês paga mil francos para morar durante seis ri. acompanhada duma cr iada e de duas -crianças. seu tríplice terraço. cheios de um ardor febril.certas classes equívocas da espécie feminina. gr ana.ambicõcs e de cuidados. l?nte 1 e no murmúrio das ondas. suas duas jeiras de parreira]. e o acôrdo reinante entre o interior e o exter ior da casa tornarain-ria #um encanto. não havia nada iT"útil nem nada em que transparecesse luxo. Odevaneio está r.m-se três vales da Touraine e sua catedral suspensa nos ares como uma obra em fili. se ela esquecia a express ão que se havia irnpôsto. mas d e forma s delicadas. êle ficou sempre ria mesma família. idada por lindo s cabelos castanhos. e NIaria. Contudo. Ao \-éi-. . a bôca animava-se e o sorriso exprimia as delícias do s entimento maternal quando as duas crianças. e um tinibre de voz durna doçura angélica.proporções. . um fichu de cambraia com l arga orla. Os ultirrios acont. Eram duas pequenas flores r. fita. nem Sua fortuna nem mesmo a r espeito do seu verdadeiro estado. que sempre a acompanhavam.%nlente o pr OP"etário do Romeiral declarou a alguns amigos o 1 #82 CENAS DA VIDA PRIVADA C ]MOMEIRAL as nome. do marido.2cê -sepaOa 5 ciedade. f )-? de. ninguém conseguiu obter informações certas acêrca da sóbre POS"ÇãO que a desconhecida ocupava na sociedade.. Usava um vestido negro muito comprido. prin cipais rodas.^O uanto a parecença dêlcs. Sua . finalmente.a qual assentava o colarinho liso da simple. Mas bastava mostrar-se uma ou duas vêzes por seman a sôbre a ponte. o inais velho tinha da meninice. de forma inglêsa e invariável. que se mpre têm um sentido para uma mãe. errava habitualmente s ôbre seus lábios pálidos. "do a Luís. Wiliemsens por Niaria. a Sra. que aí passeiam habitualMente. ela us ava meias de sêda gris que completavam o torn de luto naquele traje #convencional. tanto ei ? 1 1 . Seu andar era lento e nobre. e. Êsse nome deveria ser o. Um sorriso forçado. Ela conservava sempre a mesm a indumentária com uma constância que anunciava a intenção formal de não mais se ocupar com sua aparencia e de esquecer o mundo. à tarde. Ochapéu. paternal no olhar. a côr do casaco eram semelhantes . era i. era de tecido cinze nto e ornado com um véu negro. deliciosamente naturais.. niais velho. As calÇas. pelo qual desejava sem dúvida s er esqu ecida.Durante tôda a sua estada no Rorneira!. a segunda. onde . qua ndo a tarde era calma.Gen?bra.-) 11:1 mente enfiadas no cinto. Ela parecia ser extremamente fraca e sofrer muito. e tudo o que lhes deixou ver nela foi uma natu"eza dio" tinta. contudo. n ajustado por uma fita de chamalote. Condêssa de Brando. apesar da espécie de espionagem i nocente a que dão origem na província a ociosidade e a curiosidade inquieta da. irpossiVe pelo mais moço qualquer coisa de qüentado pelo proprietário. s borzeguins .aln-na ou dirigiam-lhe um aa dessas perguntas inesgotáveis e ociosas.. Chamava-s e Augusta Willemsens.. maneiras simples. Assim. Perinarie. ia com as duas crianças respirar o ar -fresco do Loire e ad mirar os efeitos produzidos pelo sol poente naquela paisagem tão vasta quanto a da baía de Nápoles ou do -lago d?.n?os. e la s ó foi duas vêzes a Tours: a primeira. sem dúvida verdadeiro.. sua casa. à guisa de xale. Oseu unico passeio consistia em caminhar do Romeiral à ponte de Tours. Mais tarde. para combinar com as pessoas que lhe foram indicadas o preço de suas lições e as horas em que essas liçOes poderiam ser dadas às crianças. sob o qual a desconhecida alugat. cujas duas pontas eram negligente. sôbre.os.fflísa. para excitar o interêsse de quase todos os habitantes -da cidade. de matemáticas e de desenho. marcado de uma suave tristeza. apesar da despreocupacao ?m ceu constantemente uni mistério para tôdas as Dessoas de b ?. Calçada com um esmêro que denotava hábitos de elegância.? cimentos desta história confirmaram a veracidade dessa rev ela mas ela teve publicidade apenas no círculo de comerciantes"?ao. para pedir ao diretor do colégio que lhe indicas se os melhores professôres de latim. Enfim. Ooutro. Tanto um como outro tinham -essa pele transparente e e ssas côres vivas. Tudo nêle denotava uma saúde robusta. era quase iouro. e parecia refletir sôbre tudo o que via. INI. sua melancolia e sua beleza tãoapaixonadamente obscurecida. durante o passeio._. sorrír-lhe. assim como a fronte larga e alta.Quando. Era lesto. o berço? Aquelas crianças pareciam nunca ter gritado nem chorado. madas sem terem sido abertas. quanto mais sincero. guns homens atrevidos lhe escreveram. um pedido. erarn. As duas crianças despertaram igualmente muito interêsse. Êsse lindo traje contrasta\a com a rO"P? e anunc". fazê-los in. Parecia doentio: seus olhos cinzent os linçavaiu um olhar meigo. êsses longos cílios. A mãe tinha como que uma . :a finura graciosa que tanto er` ca?n tavam ?na Sra . chamado Maria-Gastão. ouvir uma ordem. seus filhos. êsses olhos puros e úmidos. Ambas pareciam-se corri a Sra.. parava para ver os meninos. trai êzse prazer de atavio bem feminino a que se entrega a mae tanto q uanto o filho. o lindo timbre -das suas vozes. #as suas fisionomias felizes e a instintiva nobreza que revelava nêles uma educação es merada desde. as cartas devem ter sido quei. adas pela mesma brisa. orná-los atentos.s. W"illeiriseris. Omais velho. talvez. entre os três um pensamento comum. sua vontade.es não :as #podiam olhar sem inveja.previdência elétrica de seus desejos e de suas dores. NVillemsens la nçava ao fogo tôdas as que recebia. Havia nè1e algo de feminino. Ela parecia temer mais um de seus queixu . a graça dos seus movimentos.profunda solidão. n a realidade. e as m. se bem que algu mas mechas de seus cabelos estivesseni já a cinzentadas e tomassem a côr -dos cabelos -d a mãe. A Sra. meio f ana da mesrJJo? tinham tais encantos que muitos jovens se apaixonaram por era. a delicadeza de traços. se ai. acalmando-os incessantemente. uma reco xAT. . Os três professôi-es que tiveram permissão de entrar ?no Romeiral falaram com uma espécie de admiração respei. e obedecer. . XVillerrisens. Uma ?palavra. suas côres eram pálidas. não se espantava de nada. escutar. Quem não admiraria a rara correção das suas roupas.de sol. êsse frescor de formas que iniprimem tanto esplendor à beleza da infância. era difíc il que alguém ousasse falar-lhe. ela os contemp lava corn uma ternura tão profunda. t irilia os cabelos negros e o olhar cheio de Cor" fiança. um olhar.. A Sra. menos ? dacioso foi o amor dêles: ela era imponente. vens daquela s crianças e daquela mulher. cupação todo o tempo da sua estada na Touraine. e cumprimentar a mãe com um ol har amistoso. uma color a. o 11 Outra descorada.Ilemsens -fazia se mpre com que raio Urna volta inendação.. agir . chainado Luís-Gastão. preve nindo-os. como se houvesse éles compreendessem seus desei`. Ela parecia ter buscado aquêle encanta dor retiro para entregar-se inteiramente à felicidade de viver. colhendo uma flor. bem feito de corpo. A mãe c onservava-lhe ainda o cabeção bordado. Tinha as forinas franzirias. graciosamente contornada. examínando um inseto. como se quisesse passar sem a mais leve preo. 1 não se ficar coinOvicIO com parecia recOn ec .flexão de voz da mãe. que reveste um rapazinho duma graça i ndizível. que o mais indiferente dos transeuntes se sentia emocionado. tosa do quadro tocante que apresentava a união íntima e sem nu. nãO tim1ia nada de artificial. os o longos cachos frisados e o pequeno casaco ornado de alarirares ? de botões. par ecia trair um caráter enér " gico. é!es estavarn ocupados a ?brincar diante dela. bastava pa ra t r a cabeça. ágil de movimentos. iluminadas pelo Mesmo radas do galho . despertava idéias vagas e a caric iadoras. Não faltava no coracão daquela IfiãC .Ambos desciam então ao jardim. Tudo se torria. enquanto que Luís ajoelhado . tem as mais graciosas delicade.. Maria saltava sôbre a cama para passar os braãos tôrno do pescoço de -seu ídolo. --.111 que não de. . dos prinici.rativo ou tu do é repulsão. que não é ainda nem o egoísmo nem a razão.perguntava a mãe. Ambos levantavam-se uma hora depois do raiar -do dia e recitavam primeiro uma cu rta oração.Vocês estudaram? . Talvez por isso é que não há filhos maus sem mães más. .beceira. com ciúme. dizia-lhes.sários à saúde do corpo e a Pureza da alma. os dois irmãos.e-.pressões da noite no cirvalho e no fxescor. que pareciam uma mesma vida. zas. acreditarn em t udo o que lhes dissermos. raramente concluídas. entrar em seu quarto senão numa hora convencionada. ter" ras e sublimes ternuras constantemente #feridas: medonhas ingrat" dõ. Irr ção matinal. i Depois. prou. dit.a .. Amai-as: vereis então como essas querida s criaturas. onde é que vocês lá conseguirani sujar as unhw-. dar-lhe. se bem . encontram-se mães cruelmente desp r ezadas.. assifl. e se é com satisfação que tratam delas. tôdas as suas horas. que provam o quanto é difícil estabelecer princípi(s a bsolutos em matéria de sentimento.:ss. Mas -de momento em ríi "?? 1 . tomava a mão da mãe. Lles não descuidavam nada.es. espe- #34 CFNAS DA VIDA PRIVADA O RONIEIRAL 35 raricio que a criada preparasse o salão comum. ao beijá-los. iniciadas e terminadas entre dois beijos. Elas amam com paixão. na hora do café. e o quadro daquelas três vidas. "de sacudiam as im .?s duran te sete anos no leito da mãe.ens. tente consigo mesmo. tão nece. êles sabiam que a mãe não vivia senão para êles. sempre uma cena deliciosa tanto para êles como para Willems. que talvez seja o sentimento em sua cand ura inicial. e que dão de certo modo a consciência do bem-estar.. que só ressum.. a lançar um olhar marejado de lágrimas àquele que se achasse cou. Ino a4 es am esp ar se ela já estava acordada.--. acostumados em dúvidA a êsses minuclOsOs cuidados pessoais . -das primeiras atenções que receberam. J.. que tôdas as vêzes tramgredia a combinação fi. cOntorrue as circunstâncias: "Meus queridos anjos. são confiantes. at. mostra às crianças se elas são ou não objeto de cuidados exclusivos. ipois a afeição qu êles dedicarn depende sempre daquela que lhes foi dedicada. Um senso mara vilh oso.mes que a condenação eterna. prestes a lame ntar a preguiça como um mal. Naquelas crianças tudo era um elogio para a mãe. tal era o temor que um e Outro tinhar ri duma censura por mais ternamente que lhes fôsse dirigida pela mãe " quando. Era ent5n ijrn? I. a que estavam habituado? desde pequenos. Deus colocou os filhos no seio da mãe para que ela compreendesse que êles aí deviam permanecer rntIitO tempo. arruinavam-se tão escrupulosamente quanto pode arrumar-s e uma linda mulher. Ela sabia que os filhos estavam animados pelo desejo de agra.-I _----1-UaN C reto tIC. mas com unia ?oz doce e amiga. onde CsLuclava lições até que a mãe se leva ntasse. A vida íntim a dessas três criaturas tão harmoniosas correspondia à idéia que se fazia pelo aspecto delas: era a vida ordenada. sempre escutadas . Entretanto. brani franqueza e justiça. conduzia-os na vida com tôda a inteligência do amor. regular e simples que convém à educação das crianças. palavras sinceras.. rOs ol hares em que procuraram o amor e a vida. e lhes dava todos os Seus pensamentos. encontram para dizer as palavras mais ternas. ?adas por beijos. imagem dessa felicidade que sonhamos gozar num mundo melhor. nos ficarão admiràvelmente reconh ecidas. das primeiras palavras que ouviram. Seu desvêlo era para o mais velhol a quem testemunhava uma espécie de re sPeito. e acêrca de tudo iam indagar da mãe. escutava com atenção. que lhe fazia a má . lágrimas rolavam-lhe dos olhos. satisfazê-los em tôdas as coisas. ali. ignorando o &%a-lhe o rosto Con. willemsens empre gava-o em arrumar-se. seio. os olhos da mãe então se animavam. Depois dessa ref eição havia uma hora dedicada aos brinquedos. Eram então idas e vindas perpétuas ao pavilhão. m. e muitas . Sóz inhos no mundo. Fazia isso por èles. Pá? A-. estou com fome. Quando. um a precoce compreensão do sofrimento. em dar -lhe um alto conceito de si ""smo. Ela estava sempre preparada para a exp licaçáo das lições. gostava -de agradá-los. compreendiam bem. subiam nos terraços.é. -ebia quando os brinque êle perc e sabi a .. A Sra. vida uniforme. a pobre mul her permanecia deitada num divã colocado no pavilhão. Após cada "ÇãO. de manhã. ao atingir a porta. que tinha lugar entre dez e três horas. ela sorria e lançava-lhe um olhar transbordante de esperança. admiravam se mentes e flores. quando notava sibilidade acurada. estudavam insetos. da estação. quando um gesto do filho revelava-lhe uni sentimento apur ado..Vem. de . Ela exigia pouca coisa de M aria. e as distrações. Os dois filhos pulavam pelo jardim._Cla acompa nha va os professôres até a primeira porta. empregando todo o seu tato de mulher e de mãe em elevar-lhe a alma. Willeinsens assistia às lições fazendo ta peçaria. afirinativa de gozar boa saúde. . realizado em comum no pavilhão do jardim. Pedia lhes conscienciosamente contas dos estudos de Luís. a Sra. tudo é distração para elas. do céu. mas cheia. donde se divisava aquela maravilhosa Touraine. juntos êles" próprios e ágeis -como o lagarto. e. queria ter encantos para êles. Willeinsens pe"". êles viviam a mesma vida e "c 3. Chegava a hora do jantar.tão dizer a êle: . estudavam as lições. No campo. dotado duma inteligência já robusta.. rubo das faces mais fortes. 3te niesmo os pensamentos -de que êles não partilhavam. o brinquedo.sim era a vida dêles. #36 CENAS DA VIDA PRIVADA para auxiliá-la a fazer Luís esforçar-se nos pontos em que 1h. Luís e Maria calavam-se respeitando tudo nela. Possuidor duma sen res dos -do irmão começavam a fatigá-la. durante a qual a ditosa mãe. renovada sem cessar pelos mil a cident es da luz. à noite. depois. recia fraco. as crianças não têm necessidades de brinquedos. mas que era interrompida ao meio-dia para o almôço. Permanecia silenciosa. em redor de seus olhos com olheiras . incessantemente cambiante.es mesmo. Mas o velho. que para êle ainda encontrava um sorriso.. necia silenciosa. não olhava :para os professôres nem para os filhos. o tempo destinado -à primeira refeição e ao recreio dos filhos a Sra. não se contentava e: estuperigo. hàbil .a coni a uma sombria inquietação. #corriam atrás dos lagartos. como procurando apreender o sentido das palavras e s aber vagamente se Luís fazia progressos: embaraçasse èl"?? OProfessor com uma pergun ta.Êsse proceder encobria um pensamento secreto que o menino deveria compreender um dia. Era tão ?letuosa c tão cativante que os explicadores diziam-lhe a verdade. pres?sentindo-o quando via suas órbitas mais encovadas e os walichas violacc as. finalmente.. voltava-se para surpreender . onde o estu. Maria-yanios comer. acusando assim seu aproveitamento. a expressão do rosto d a niãe. queria ser-lhes atrae nte como um perfume ao qual se volta sempre.e no de seus filhos nenhum dos mil liames que o? deviam ligar in"s aos outros.as. Ol??. e que compreendeu. y guém. destinos. não lhes deixando entrar no entendimento nenhuma idéia errônea. Uma grande felicid ade..eu choro 1"o1" .Um dia. falavam tão b?ern o francês como o inglês: por isso ela servia-se alternativamente das duas línguas.. no momento em que as rneias-t"ta" duma noite suavemente iluminada sucediam a um dia cálido.. cuidado de fada . eram dadas quando o pequeno Maria adormecia sôbre os joelhos da mãe. ma? verdadeiros. explicando-lhes tudo. ?saídas.fou . "iO silêncio de uma noite linda.ue a CondiÇãO triun . na conversação.respondeu ela. Eu os deixarei ainda pequenos. bastante instruído para servires de guia a Nlaria. mamãe? . meu filho. Oam`or . insistindo sôbre os meios de que c serviram as pessoas obscuras. coragem louvando nati. lue êles não lhe haviam causado o mínimo desoôsto. resignação fazendo-os perceber a Necessidade sob to as as suas fo. ..mente combinados. desenvolvera-lhes.anto que n . In 11) uma felicidade completa. um aa grande extensão de água . das últimas camadas da sociedade. não lhes escondendo nada. O lhos. quando o Loire refletia os céu?. mas realmente grandes. para chegarem a nobre-. e queria contudo ver-te bastant e forte.m a. pensativa. sem. fortificara-lhes a angélica riatureza Con. . é a mesma que eu te dei a ti e a teu ir mão.e a" limites da mãe tornava tulo fácil ` de R OME IRAL 27 a ra discriçã % o a seus fil?o? nunca lhes recusando nada. Quando Luís desejou ler. ela iprocurou dar-lhe livros interessantes. por terem tido na primeira infância uma ama ingl êsa. Às vêzes. seus risos que nasciam do próprio riso. con. Hesitou. Amo inuito a vOcês para que éspensamentos não Ine tornem bem infeliz. o sentimento paternal de Luís por Maria. biografias de grandes homens. Filhos queridos.tu reconhecerás que eu cometi erros em relação a vocês. Governava-os pela doçura.* Ela passava horas ?eliciosas estendida num canapé campestre. se" proteção.. não davam lugar alg-u. -sem . . sões onde se e spelhava a união que havia entre êles.Sem um pai.. Essas lições.. de capitães #ilustres. sem fortuna. e o amor de ambos por ela. encontrando nos menores d.disse ela beijando-o na testa . só nos faz chorar assim por ser uma imagem do céu do quai todos nós temos uma confusa percepção. mamãe? . . pensav . contemiplando um dia lindo. sem protetores .E porque iria um dia maldizê-la. cuja emoção secreta a im pressionou vivamente.perguntou-lhe Luis num belísí"11O entardecer do mês de junho.Meu filho. voces arrimo. que não er am as menos úteis. e suas pequenas discus. . Os desânimos e as disputas eram impossíveis. uma região pitoresca. Todos dois. . ardentes ouando vendo-os brin-?4. Dirigia admiràvelmente bem suas jovens almas. colil os olhos rasos de láorimas. filhinho . 1 1 .ílio de rim estarão sózi. inicialmente pobre de Jamerav Duval.. Eram vidas de marinheiros célebres. t"3" elas redobravam sempre a melancolia daquela encantadora i-nulher" que terminava por calar-se e permanecer imóvel. Eu abandonarei vocés no inundo. enlaçando pelo pescoÇO ?] r?ai` ça.nlios no mundo. " In -Os Oportu ente.Por que chora. ^d mas. nenhum princípio ma u no coração. vocês um dia não Inie ma ldigam . .tO breve. E não terei mais tempo. . ?J tédio. algumas lágrims umedeciam seus olh. 2 que .concluiu.2talhO dessa espécie de livros mil ocasiões par a lhe explicar prernatura mente o mundo e a vida.V. ouvindo a voz dos li. e tu nunca deverás saber a cawa da rninha morte.por que ine de seus sofrimentos? . Depois declarou-lhe uma das causas de sua tristeza lia.devemos esconder males aos olhos de estranhos. . o valor. forinar-se fazer viage 8* bi ica. um dia! Pois bem. que. são nela uma das causas da f"elicid. lançando olhares de "esguelha para a mãe. . e lágrimas. tência da fortuna. as relações sociais.Porque estou doente.".É urgente que eu termine os estudos! . chegando mes mo a achar os têrmos"" amorosos muito fracos para exprimir seus sentimentos . minhas lôrças diminuem. Terás muito que sofrer. O menino permaneceu silencioso um momento. e levou consigo Maria meio adormecido. tendo já deitado o irmão. e sem outro protetor que Deus. Uma hora mais tarde. por uma es pécie de intuição. e meu mal é sem remédio: eu sei.Alil como sou feliz.Vem. mostrar-lhes um semblante r. dizendo-lhe que.. um casamento frio.Mãezinha querida . . no dia seguinte à sua morte. pendi=rito "Isturado a recordações felizes. Pois seguidamente clava-lhe esse nome. fulminadas pelo raio. #as CENAS DA VIDA PRIVADA O ROMEIRAL 29 res nascidas numa tempestade. bliot.disse ela cobrindo o filho de beijo. conte Plava 3s nuvens. os meios honrosos de juntar o dinheiro exigido pelas necessidades da vi da. conseU ""-tudar. a estabilidade.A essa palavra prorrompeu em lágrimas. . fio2) Ja?.d.. .exclamou o mieitino lançando à mãe um olhar tri stonho e profundo. 1 Nesse momento.respondeu ela . voltou a passos discretos p ara o pavilhão onde estava a mãe. . interessar-nos por êles: essas maxii-nas.os males da vida. .ca EI11 17448 1 " ris a Eurorm e esp-eializar-se em nuIInDerial de"o" norneado diretor do gabinete daj medalhas e da Viena. que. uma paixão terrível. reprimindo suas lágrimas. mas percebia-lhe os desostos. de olhos ni erguidos para o céu. a cons. abismo donde nada c onseguiria voltar.. porque pensa em morrer? . I-. cada dia. atirada. Luís! O menino lançou-se nos braços da niãe. suas dores: e ncontrarás então coragem para supo?. sem os adivinhar. afastou suavemente o filho.niais exatamente Valentin Jaim-ray Duval gtil riurnisraatógrafo f rancê" Criado de fazenda Pobre. adivinhou que a mãe queria ficar só. ela procurou revelar ao filho o mecanismo da existência. ticadas na vida d e família. "sPCItou aquêle longo devaneio. R jovern. Momento de doce melancolia! Luís não acreditava na morte próxima da mãe.Meu filho. bitual e de seus prantos.. anjinho querido.disse êle afinal. tôda uma Vida de mulher: uma inlânc"a despreocupada.quer ida.neraY Dural: (1695 ?. nunca falar-lhes de nós. lembra-te da tua Pobre 1 mãe que agonizava diante de ti sempre te sorrindo e te escondeild. Ouviu então êste chamado feito por uma voz doce a seu coração: #.Êle me . Se não fôsse tão êle teria lido naquele rosto su blime um certo arre "7.Querida. e a necessidade da n instrução. êle e Maria estariam na miséria possuindo apenas uma fraca soma. . Xn18Jn"?t.X?. Qual é Oseu mal? Eu devo esquecê-lo. e ambos se abraçaram quase convulsivamente.disse por fim Luís . . Muitas vêzes. e os grupos de pa?scantes viam no alto do outeiro. e cuja fronte se e ncovava nas tê"`lO2? onde as rugas tornavam-se mais profundas cada noite. cuja compreensão se desenvo lvera extraordinàriainente. tão lindo. cuja tez empalidecia dia a 13.meu amor por vocês me mantém! Depois.tu se. . ela não via senão os filhos. ela pare^do daquela morte antecipada. Por isso. a pequena o Courtilles de Tours. Vê-lo s era a sua alegria. mais faceira do que nunca. . tão insinuante para aquêles que se lhe aproximavam! . Willeinsens e seus filhos estavam no pavilhão. a ve lha Annette passava a cabeça entre as nhada do esquecia o trabalho iniciado. tôda de luto. Observando os sintomas Ia ao Rorne ra a o corpo de sua patroa. Fôsg porque êle tivesse sabido persuadir Maria a ler em vez de ent eg? se a distrações baru lhentas. costura na mão e mal podia conter as lágrimas ao ver uma Sra. passeava no alto terraço acompaseu corpo s dois filhos.compreende! Luís . Os grandes sofrimentos #se adivinham. a princípio tão alegre. E. Êles conformaram suas N"i?3s d. mas n ão se ouvia o mínimo ruído naqueles alegres jardins. esta região é tão linda. Willemsens. e que por assim dizer se identificara com a mãe. parecia ter-Se tornado triste. dos tao" raços escalo-nad os do Romeiral.Sim. meio consumida. . Willemsens se a percebesse. estava silenciosa. Aquela linda casa. a quela mulher pálida e magra. pensamento melancólico da mãe. sua mulher e seus dois filhos achavam-se agrupados à porta da sua cabana : Annette lavava no poço.respondeu êle . tão previdente.A senhora me faz amar ainda mais a Touraine . leves da lenta degradação que minav da apenas por um aa alma apaixonada e um extremoso amor filhos. tendo p ercebido a fadiga e as dores sob o rouge. a casa do lavrador tinha-se tornado silenciosa. Depois dêsse dia em que a Sra. a Sra. ?%"jlleinSCnS tão pouco parecida à encantadora mulher que ela conhecera. falara ao filho mais velho do futuro que lhe Csta?a _enos dis* #reservado. . des de o início do outono. caminh ando como um fantasma ao longo dos terraços. as uvas. qu an.uir o se Ó re fawíl ainda warití por Se cia POI troa. dos jardins. não é? Prometes? Tu não és mais uma criança! . quelo sabe.respondeu ela . a Sra. menos disposto a brincar do que antes. o fato é que os dois inerlirio 6 fizeram menos algazarra através dos caminhos. 1 co No mês de agôsto. .Pobres filhos. Willeinsens já não podia ir passear na ponte de Tours sem grande esfôrço. bela ainda. sem que a Sra. os frutos deviam Prolongar a vida daquela mãe além -do têrnio fixado pelas devastações de uin mal desconhecido. tornou-se traído. os habitantes saíam raramente. -Os alegres pares que iam ago ra a Saint-Cyr.Quanto a ela. ou não. Ela era tão boa. adornando do sua pa mir rado e pintando-se. inventava sempre pretextos para não fazer um passeio que se tornara cansativo demais para ela. . tão brilhante na Touraine " e cujas influências benfaz ejas. tão animada. e dela gozava a cada hora como se fôsse a derradeira. prevendo sua InOr" te próxima. mas ainda vistosa. mais aplicado.disse Omenino emocionado. rás o tutor de teu irmão.acrescentou. Luís. quirindo tons amarelados. 3. todos os olhos a contemplavam enternecidos. à tarde. Luís que completara catorze anos. cinco meses depois da chegada da PCV o tudo ali mudara. o ar aqui e tão bom.mas a senhora não vai morrer ji. Ás vêzes o campones. a velha criada t Grnara-se sombria e triste. ficava cor n a duas sabinas da bomba. não é? . se ao meio-dia. "cêrca" ou "iar<:Iim".no francés antigo .constantemente dos filhos para a paisagem e da pai. Hav ia u in a pai. para os filhos. Willenisens foi condenada por um rnédíco iião mais sair do quarto. Luís.padamente. os dois filhos. aprendera geometria descritiva. produziam no Romeiral aquela temperatura igual a dos cálidos dias da baía de Nápoles . Os estudos cessaram e os professôres foram dispensados. êle ia passear na pon. Seu olhar . parecia. j"w O ROMEIRAL 41 tos U n1 do outro. dotados de 11111 " bela saúde. que levam os médicos a recomendar essa região. Omarinheiro. refletidos pelas águas do Loire e concentrados nos terraços. Aquel a mulher branca.. 1. como os Professôres. Willenasens só podia levari. e fêz enormes progressos. o jovem Gastão Podia.. trazia-as com um ar tri ste." do abraçado. Ela sentava-se então sob as árvores ver des. onde tinha encontrad o um tenente da marinha reform de 1%: a figura máscula. Querendo tornar-se resistente à fadiga. à noite. ni. Ás vêzes. e onde não sei que profundo discernimento já trans. lenta em seus movimentos.. Não mais havia ali choros nem gritos alegres. ia colhêr flores para ela. . desenhava maravilhosament`e: em suma.strararfi-lhe suas cabeças confundidas. Depois. a Sra. Êste era diàriamente enfeitado com fIc"" de que ela go-. O mês de outubro chegou. qu ando os raios do sol. e beijava-l-he os pés. os meninos e a mãe quiseram viver no coração uns dos o u tros. ções. era um rapaz a cujo rosto o sol dera um torn more-no. extremamente abatida. A Sra.Besde junho até fins de setembro. sem -distracões. Maria. ela acolheu o pedido com um prazer infinito.. trepava nas árvores mais altas corri uma incrível agilidade: aprendeu a n adar. tências.o estudava muito. como um amante. e os filhos dali não se afastavam. #4O CENAS DA VIDA PRIVADA Escola Politécnica. p pério tinham agido sôbre sua imaginação.ol e as nuvens brancas do céu da Touraine. inquieto. o porte dêsse marinheiro do Im.e pediu à mãe permissão para viajar no distrito a firi. as penas e a Lr eza daquelas exi. Omenino pôs-se a fazer caminhadas enorMeS. Por fim. sorrindo a seus dois filhos vivazes. Will enis ens qL. . a condecoração. Luís estudou à noite sem que a CquaÇO mãe Osoubesse. surpresos. energia. ia.. Do lado da janela. por sua vez.z seu U -. ficava sob os seus olhos.. r. Ora. Nos prilflcl dias de novembro ela tocou plano pela última vez. ParticuiarXvilei nO111. e seus dois filhos não mais se afastavam dela. e esPichava-se na ponta dos pés para receber nos lábios um beijo amoroso. proscrito como êle da ativa militar. Tours. sem preocupaçôcs. velava.5 -de um Passeio de P"xis muito freqüeiitado durante o século a coluêco do Século XIX.tava. tinha chegado às es do segundo grau em álgebra. o tenente reformado tinha por amigo e companheiro um coronel d. Foi es?a sua última festa. ia flanar nas águas do marinheiro para conver sar corri éle. de se distraii.^bre as teclas de marfim. . L uis. sagem suíça acima do piano. mais se queixava. ficar ao par tanto da vida na tropa como da vida a bordo Assim é que êle crivava de pergun t as os dois i? "itares. tomara-se de amizad e por um rapaz cujos olhos cintilavatri d. dissessem à Sra. de grandes olhos negros. ávido de narrativas militares e curioso de infortua. tar-. i nfantaria. pois. nem a suave luz do f. com suas fôlhas amarelecidas e suas árvores meio desfolhadas. Coloriu-se-lhe o rosto e seus dedos correram viajou cntao sag . poderia submeter-se "c?On" Sucesso ao exame 3) ImPÔsto aos rapazes que querem ingressar na raente Courtille. na relva ao lado da mãe. com êles formava um quadro sublime ao qual não fll" Lavam nem #as pompas melancólicas do outono. Não era mais o mesmo menino. antecl. com os olhos fitos nos da doente. seus o olhos adq uiriram uma expressão de dor e de remorso. êle sentiu um calor desmedido na medula dos ossos. Ali. e ela as restituirá a vocês quando precisarem delas.disse ela. para que eu aínda veja minha terra. encontrou Luís e Maria #ajoelhados um de cada lado dela. Só haveria de sair deitada no esquile . Amanhã. .. mas seria difícil julgar nesse momento onde estavam as ma i s belas paisagCns. ve. o médico proscreveu as flores. e q ue se Passa em tÔdas as famílias quando se teme. p. como dois anjos. involuntàriamente talvez. e ambos sorriram-lhe meigamente. vo. Amanhã tudo estará acabado para mim. seus olhos detiveram-se. Luís que punha a mãe adormecida.Que é que tu queres. As ilusões da vida iam-se uma a uma.. a TvVilIem?cns suportar nenhum ruído. . desordem * Essa desarrumação foi um c(-)niêço de agonia Para aquela mulher elegante. o médico ordenou-lhe que se conserda. o menino deu o braço à mãe e a conduziu ao terraço. oito dias todos semelhantes uns aos outrOs. A velha Annet te e Luís ficavam cada um por sua vez durante a noite junto à Sra. Essa filhos num silêncio quase estúpido.Ocês. a mãe na t esta. sábado "" tarde. seu quarto teve que lIcar em. que contas severas não me irão pedir da minha vida e da de vocês? Afastou as crianças.disse ela .Escuta. Era a todo momento êsse drama profundamente trágico. Quando despertou da sua dor. rQão .Luís. Maria e o irmão sentiam fogo nos lábios quando b"e"javan. Pega a chave da minha ?mesinha.Meu filho! . porque as nuvens representavam vagamente as mais majesz? tosas geleiras dos Alpes. influiu violentament " que e sobre o menino. cês precisarão delas. Quando o médico retirou-se: . mais sÔbre o céu que sôbre a terra. meu filho. ]Necorreram oito dias. festa celebrada no festa o ir vê-la. Durante a noite de domingo.Estão aqui. Num.Pai e mãe desconhecidos! .disse ela enxugando as lágrimas. temendo deixar-sever. a cada respíração mais forte le um doente adorado. laiiçando-llics um olhar profundo. à claridade uma lâmpada e em meio ao Inais profundo silêncio. Sra.? Aos vinte anos. A esquerda encontrarás dois papéis lacrados. sózinha consigo mesma. . viu-a.Por que não posso levar êste sorriso!? . são as certidões de nascimento de vocês. recordações. A terrível sentença foi recebida pela mãe e ipelos vasse na cama. .ões que ficarão em 5"e" êdo entre nós dois. me obrigada a tomar algumas res(tz-. escondeu o rosto nas mãos e ficou ali. No "quinto dia dessa fatal semana. ?u serás um homem. veremos mais. Entrou para recolher-se ao leito.Filho querido. está escrito: LUIS.conduze-me ao terraço.I . Bem! Abre a gaveta. Luís não quis #ta CENAS DA VIDA PRIVADA RoMEIRAL 43 mais abandonar a mãe. durante um momento. no outro: MARIA. A testa enrugou-se-lhe violentamente. .exclamou. J.so 1 1_ âmago da sua a ma pe g com paixa 1. Não no. ela tomou as mãos dos filhos e as encosto u no seu coração intensamente agitado: . Finalmente. apaixonada pela beleza. afastar o cortinado com um aa branca e úmida. . A voz da moribunda teve qualquer coisa -de tão solene seu poder. . A essa frase proferida com tôda a naturalidade. Willeinsens. oriundo duma alma agitada. êles espreitavam-lhe o olhar. mamãe. Tu as darás a Annette para guardá-las. Assim. Desde êsse dia. não podendo a.Pobres a njos! que será de -. apoiou os dois cotovelos sôbre a balaustrada. que seja a última. mãezinha? . . pobres órfãos. não terão nada mais a fazer que ir embora. à minha cabeceira. nascida em . Quando viu que o filho estava pronto e que se voltava para ela a fim de ?escutá-la .agarra a pepasta que til. Êsses doze mil francos são tôda a fortuna de vocês. . agitada. Lady Brandon. . do maire. Teria chorado se ainda tiveçse Ergueu Os olhos para lágrimas para a dor.?rt2 . recom..Escuta.tornou ela.. mãezinha. onde embarcarei como grumete.onde êle serviú para redigirem.volveu ela.C quando Luís retomou seu lugar. virão. que. indecisa.endando-lhe que os ponha em segurança e vele por meu irmão. 4) mairie: edifício e Tepartições da administração laiuniciPal. juro. . . e lhe dirás que o apresente na mairie4 de Saint-Cvr. esquecer o que escreveste e o que eu te disse.respondeu. chefe dessa ad min?stra. duas lágrimas brotara . morreu em Sa?nt? Cyr. tu entregarás também êsse papel a Annette.Não continues.. meu filho.não há no mesmo lugar um papel em que eu escrevi algumas li nhas? . i re i a Brest. Hyde-P ark. disse numa voz calma: "Senhor conde. . meu fiffio. vem para perto de mim. . Para o céu.perguntou Luís.Vocês seriam mais ricos se seu pai .no dia da minha morte põe est no correio de Tours.Meu pai.-to salvar a -honra e a Vi da. Êles são de vocês.Agora.jura-me aqui. como que para buscar coragem em Dcus e medir suas palavras pe las fôrças que lhe restavam. . C. . e depois prosseguiu: .Está sentindo-se mal? . exatamente meu atestado de óbito.Basta. onde o encaminharei segundo sua vocação. vai: hei de ficar rico e farei meu irmão entrar na Escola Politécnica. a bede _ Agora. . com a fronte aljofrada #de suor. Ela sentou-se na cama e olhou o menino intrépido. . . Nada mais p-ertence-à a vocês. Deus sabe para onde.onde está êle? . Colocarei Maria no colégio de Tours.Fecha a carta e escreve o seguinte enderêço: Para Lord don. querido. Luís.. nem mesmo sua mãe! E vocês. . Londres. francos.. . Ela o Pefdoou". Quando eu morrer. mamae. .êle num torn de voz profundo. quando eu morrer" i oficiais de justiça que fecharão tudo aqui.nio. . Enquanto Maria estuda.Assina: Luís-Gastão! Ela suspirou. . de partamento de 1ndre-e-Loire. Brandon-Square.Assina. Depois. e preciso que os guar des contigo. leu me tornarei tenente da marinha.d"ss 1 . Uni lampejo de alegria brilhou nos olhos meio apagados da Mãe. E Luís começou a ler: Maria Willemsens.doze mil Há aí. .continuou deP"" "de uma pausa. sua mulher. Beija-me.disse ela com energia. . permanecia de pé diantc.Bem. conhec es e. . Ela terá cem escudos anualmente. . #.Sim. Inglàterra. Pega o necessário Z3 para escrever uma carta que eu te you ditar. .já pensei nisso. porque. . Mas que farás -de ti e de teu irmão-. próximo a Tours. .disse ela pondo um dedo sôbre os lábios.. ".ão. os olhos meio velado5 pelas lágrimas. Fêz uma longa pausa. exclarnou o menino.. . pálido de emoção. ..\Iorre tranqüila. Providenciei pela so rte de Annette. . do leito."vO1` ela. e com certeza permanecerá em Tours.Mãe. Parou.Morto. com os cem luíses restantes. Darei dez mil francos à velha Annette. mãe. . Oraí bor e la! Quando tudo terminou. A velha criada chamou então Luís nos degraus da bomba. dj. o ramo de buxo e o crucifixo. carregada por um humilde merino de córo.exclamou o menino. como que para exprimir "4Ma ale. A cruz de prata. Willerasens recebeu os sacramentos no da mais tocante solenidade. mãezinha! . os dois meninos e a camponesa foram as únicas pessoas que acompanhararn o corpo durna inulhel da qual o espírito. exceto Maria. uma espéci e de solenidade aristocrática. Têrça-feira de manhã foi feito o entêrro. A velha criada. para que êsses anjos perdoados entrem nO "e Quando a terra cobriu o caixão da mãe. os dois meninos voltaram ao Romeiral e jançaram paia a casa um derradeiro olhar. De manhã. pois encontrava a do pai ria do filho. e ela qu. Todos romperam em pranto. Maria Willemsens não ouvia mais. ""InPalidecendo. #CENAS DA VIDA 1-XIVADA O ROMEIRAL 45 . cujo entêrro em Londres teria sido uma notícia pomposam??nte 1" gistrada nos jornais. bitério de Saint-Cyr. lim. le?OO esta inscrição devida ao c ura de Saint-Cyr: AQUI JAZ UMA MULHER INFELIZ. Os filhos. acenderam velas em tôrno do leito.. que não quis abandonar a mãe.n. a mãe não respirou mais. cada vez mais fraca De quando em quando.disse ela chorando. Anjo do céu .m dêles e rolaram por suas faces afogueadas.Esta mulher sofreu muito! . reti. Cada um. Annette e o lavrador niei.eu fiz. morta aQs trinta e seis anos. dispweram a piazinha de água benta. um crime sempre Pu" " u* nido neste mundo. uni longo suspiro se lhe escapou dos lábios. e encarregando-o de responder à justiça.i" morreu vítima de iri acesso de alegria.t~ . prêsa do terror.n. depois tornou a deitar-se.Z s. compre<. " . Uma simples cruz de madeira. e inhas dores. a Sra. traindo uma luta interior. mas seus olhos permaneciam iixos nos dois filhos. Ocor4 os seus. Estás -s. plantada em seu túniu1O. velho padre administrava o viático à mãe moribund a. se e" não tivesse cometido o mais doce dos crimes. levou-o para uni lado e disse -lhe: .. deitaram-na. Maria chorou. colocaram a morta em sua mortalha.com ipoucas palavras ?iP"9astC tÔdas as m" tor-nou. o ?-iático? palavra sublime. depois. esta. idéia triais sublime ainda que a palavra. . Annette e a camponesa fecharam os olhos àquela admirável criatura. (tendo que #não mais a veria. Chamada Augusta no céu.É preciso ir buscar um padre. a beleza e a graça tinham renome na Europa. ajoelhados. feito homem de rep ente.. que. fecharam os postigos das janelas. de mãos dadas. correu a.. confiando tudo aos cuidados do lavrador. escutava rio Mais profundo silêncio a respiração da moribunda. e que poss e exclusiva da religião apostólica da 1greja romana. pessoas simples que já faziam parte da família. um menino de côro de aldeia! erguia-se diante do leito.puserarn-se a abandoná-lo com Annette . e ti. Por fim. )<"Pois. Ali! posso sofrer! É meu filho. raram os móveis do quarto.exclamou ela Coin Luís acordou a velha Armette. cuja beleza reapa rec eu então ern todo o seu esplendor. estenderam as cortin as: mais tarde o vigário voltou para passar a noite em prece ao lado de Luís. El U"fOrln ci êste homem! "a ucu as mãos no ar e juntou-as. um suspiro profundo anunciav a ainda a vida. confortire o uso da região.disse o velho cura ria sua guagem simples. . Elas pediram a todos que saíssem. assustada. Opobrezinho era muito criança para compreender a morte. Ali. a história da morte antes da do nascimento. tornou a fitá-lo. sem espírito público ou privado. bela ou feia. "Esta longa história" . es c andalosa ou honrosa. instante o irmão que ficara parado no portal do colégio. como o era no mundo e na vida.parenta. de sua niã. enxugou uma lágrima e partiu.r. Mas é assim mesmo no mundo social.escreve. na rua de la Guerche. 8 comovido por encontrar uma recordação viva o menino thorou. mas resumidamente. anunciando-lhe sua soli dão no mundo. acompanhado da velha criada. sistema inaplicável a um presente que Progride". depois. referindo-se ao conjunto da Comédia Humana .terá i nfelizmente aos olhos de certas pessoas lógicas um vício capital.ló.disse Maria ao chegar à ponte. Se na leitura dos romances. às Vézes fragmentàriamente. depois.Nfaria e os dez mil franco s. Pôs o -diretor ao par de sua situação. eis o anel de sua rn e. fêz-lhe solenemente as mais ternas recomendações. Annette tinha uma velha prima . Êle nunca poderia ter imaginado êsse cuidado O. rapazinho! Há um Deus para todos. Ter-se-ii o meio de uma vida antes do seu coméço. Não há no mundo nada que saia de um bloco único. compõem seguirmos a ordem definitiva estabelecida por Balzac (e rigorosamente obse rvada na presente edição). e.]he uni velho #marujo com sua voz grossa e ao mesmo tempo rude e carinhosa. a um canto do salão. Apoiado na pavesa-da da corveta Iris. acontecer-nos-á mais de um aa vez ler o fim de uma história antes de seu comêço. e saiu arrastando o irmão até à porta. novelas e contos que a crono . espantamo-nos de sua fortuna ou de seus talentos. Um mês depois. Encontramos no meio de um salão um homem que teremos perdido de vista há dez anos . resignando-se à vida dos marinhe"rOs. A Mulher Abandonada ("La Femme Abandonnéc") é justamente uma das narrativas a que êsse s reparos se referem especialmente. Conduziu os dois meninos à casa de sua. _Mamãe vi?ha por aqui .Tinha se tornado pai. entregpu-lhe a certidão de nascimento de .morta. o comêço depois do fim. . êle fitava a costa da França que fugia ràpidamente e se diluía na linha azulada do horizonte. tudo néle é mosaico. voltando-se várias vêzes para ver até o Último. disse. Mas Luís explicou-lh e s eus projetos. abraçou-o. agôsto de 1832 #A MULHER ABANDONADA Tradução de Casimiro Fernandes #ESTRUTURA DA Comédia I-Tumana não obedece ao critério i-A . Luís. Em bre ve s`ntiu-se só e perdido no meio do oceano. O Me nino agradeceu a êsse homem com um olhar cheio de or911hO. No "méÇQ da novela encontramos a Marquesa de Beauséant abandonada pelo seu primeiro amante.íco.Não se -deve chorar. depois de o ter contemplado um momento. Oescritor preveniu as possíveis censuras a essa aparente desordem no Prefácio " à primeira edição de Uma Filha de Eva (supresso na edição definitiva). Depois. algum delicioso narrador mundano traça-nos em meia hora a história pitoresca dos dez ou vinte anos que ignorávamos. só nos será contada no dia seguinte ou um mês mais tarde.. com quem pensava viver em comum. Angoulème. o aristocrata português Ajuda-Pint o. levou no dia seguinte o irmão ao colégio. desceram a rampa e dirigiram-se para Tours sem voltar a c abeca. Luís. Muitas vézes essa história. ad m iramo-nos de sua glória.Gastão achava-se como grumete a bordo dum navio do Estado e zarpav a da enseada de Rochefort. bai Ixou a cabeça.é primeiro ministro ou capitalista. Não se pode contar cronológicamente sendo a história do temp o passado. partiram os três pelo casuprem minho entre os terraços. Beijou a velha criada. Depois. tendo-o conhecido sem redingote. Não se trata absolutamente de um desleixo.. antiga costureira residente em Tours. . P. porque abandonou Clara. porém. história da mulher aban. foi um roman cista moderno. depois. * Quem ficou mais impressionado com a. As férteis campinas -do Bessin e a vida pacata da província pareceram-lhe propícias à co nvalescença. ou talvez de vida. Salvo nalguns poucos hábitos. prio Balzac desconhecia. Expulso pela grande dama. são de tão vigorosa exali.. do espírito da mulher durante o primeiro encontro de Gastão. A novela dêste tem tanto maior verossimilhança artística. apesar disso. Se. Ora. como hístória independente. pobre explicador. Foi a Bayeux. formosa cidade situada a duas léguas do mar. no coniêço da primavera. ** Em Meipe ou Ia Délivrance. êsse romance de extrema riquez a. André Maurois. tôdas as pequenas cidades se pareCem. 1926. pois a julgava inferior a Honorin. acredit ar que ela teve a fôrça de resistir às preces o O Pai Goriot está incluído no 4-O volume da Dre?ene effiçãO. a novela traz Otítulo Por culpa do Sr. quando êste.Pois bern.. Les Ro7nanciers. ** é por ser êsse êxito fatal à carreira. "5-13O* 1O1 *** Les Gra nds Écrivains Français. a descrição das reações da heroína ao receber a carta anónima em que entrevê o rompimento. mas porque a abandonou depois de da-Pinto ter a ido de . um ar frio e ausência total de emoçoes fortes. arlePend" vem implorar-lhe o p erdão. citava páginas dos romances de BaI zac .relatado por SI" nt? Beuve *** deve ter sido seguido de inúmeros outros. dos "movimentos aparentemen te COntraldilórios. um dos momentos m"is fel zes da carreira do escritor. à vida inteira da personagem de Maurois. e volta à presença da orgulhosa senhora sob o pretexto de ter esquecido as luvas. na antecâmara lembra-se do estratagema usado por Gastáo de Nueil quando repelido por Clara de Beauséant. p.--1 manei 9 ra. donada. criaturas reais. qulnto se notaram vários casos da influência de figuras balzaquianas sóbI. o a7refecimento dessa primeira paixão e o ronipiniento Produzido pelo m atrimônio de Ajuda dios -Pinto formam um dos ep* o de OPai Goriot. Gastão de Nueil. DUQUESA D"ÁBRANTES seu afetuoso 8ervidor HONORA DE BJMAO Paris. Gastão de Nueil tem o triste fim que leva p?:. Paris. Um de seus protagonistas. após várias noi . Graisset. "do compreender que ela encontrou essa. co m Clara e. rela tivamente menos conhecido e cuja importância o pró. * CaTtas do 26 de agôsto de 1834 e do 17 de janeiro de 1844 à Hanska. dão psicológica e mantê m o leitor em tal tensão que êsle quase chega a esquecer o espirituoso quadro da v ida provinciana que serve de preâmbulo à narrativa. o qual. Odesfecho tão espantoso e no entanto inteiramente conforme à lógica das paixões remata êste admirável estudo. donada constitui uma pura obr a-prima. à evolução.a e até à Mulher de Trinta Anos.)s" d . XIX e siècle. Seu restabelecimento exigia um repouso completo. que o acolheu com essa cordialidade particular às pe sso as habituadas a viver na solidão. #PARA A SRA. R. A Mulher Aban. apô8to de 1835 Em 1888. os médícos de Paris mandaram para a baixa Normandia um rapaz que convalescia então duma doença inflamatória causada por algum excesso de estudo. #de seu segundo amante. PP. de BaIzac. emb ora ffitIlos conientados. para quem a chegada dum parente ou dum amigo con stitui uma verdadeira felicidade. para a casa de uma de suas primas. Obtém o mesmo êxito de Gastão. Mesmo. 275. u ma alimentação -delicada. fôrça na lemb?anÇa. A análise dos "caprichos tão lógic. de carne e osso.* É Preciso conhecer os antecedentes sentimentais de Clara de J?`auséant Para. é ulterior à Mulher Abandonada.de suapQ"4" meira humilhação. o coração feminino.1`ria estrutura da Comédia Humana. o da mulher adúltera que" diante i do ?uiz. pratica a temeridade de fazer uma declaração de amor à mãe de seus alunos ricos. É preciso ter lido OPai Gori. Clue representam a mais alta aristocracia ua Comédia #52 CEXAS DA VIDA PRIVADA A MULHER ABANDONADA 53 como tolera o impôsto. desconhecida cin<IÜenta léguas além. passa no departamento por incontestável e P`r ser da mais alta antiguidade. sobrinho-neto do cardeal. Contudo. e observa. possui tun 1 morgado. Êsse velho f austo harmoniza-se ai.. mas de no.. Homem sem maneiras confun4e t6da a gente COn. gos de antigamente. a família cuja nobreza. mas seu realismo é menos puro que #2) "cordon rouge": "fita vermelha". do luxo atual: conser vam os trajes de teatro e mantêm as antigas f. sua prataria é moderna. conta anedotas sÔbre Luís XVIII e sôbre a Sra. de Sainte-Sevère. Mulher e marido não têm a minima idéia. mas para a -baixela de prata. êsse jovem parisiense. e são todos devotados a príncipes que êles só vêem à distância.. ela -tem grooms. mas comunga regularmente Pepáscoa. c omo uma monstruosidade política ad". êsse fidalgo compreendeu a Restauração. sua superioridade nominal.he1?e (1696 . os móveis.tes passadas em casa de sua prima. c membro do conselho geral. Sua mulher tem um to" qut r11 remptório. não faz na-da. evita conversar a respeito das cidras. que foi a Hannover com o Marechal de Ric helieU?3 e que nela se encontra com<: uma fôlha desgarrada dum velho panfleto do t empo de Luís XV. mas ai nda cai às vêzes na mania de retificar as cifras das fortunas departamentais. educa mal as filhas e julga que o nome lhes bastará Nla Para serem sempre ricas. e dela trazem o ar irrequieto e as paixões elênieras. em sentido figurado. o mais moço é auditor no Conselho de Estado. ["COu logo conhecendo as pessoas que aquela sociedade exclusiva encarava c om<) sendo tôda a cidade. conserva a originalidade duma antiga tapeçaria de alta coutextura.. capitão francés famoso Por seu espírito e cua devassidão. e arranja -dinheiro na Câmara. zomba da ignorância exibida por seus vizinhos. ou na das pessoas que formavam &eu drculo de relações. teve adoradores. fala alto. cordon rouge 2 e cortesão.1 Ochefe dessa ilustre linhagem Sempre um caçador determinado.. A senhora é elegante. Mari do e -mulher vão passar dois meses do inverno em Paris. e usa a cruz da Legião de Honra. aos Navarreins e aos Grandieti. o paí. um criado de quarto. Essa casa histórica incógnit. as carruagens. antes de tudo.1788) . neral. Sra. : 1 3) o Marechal de Richelieu: Armand du Plessis. Duque de Ri. menos os laudêmios. Ofilho mais velho tem tílburi. são Os fi dal. du Cayla. Em suma. alto d1O1" tário da Legião de Horira. prende-se aos Cadignan. Gastão de Nueil viu nelas o Pessoal "nlutávC1 que os observa dores encontram nas numerosas capitais dêsses velhos Estados que formavam a França d e outrora. o primeiro ministro não é um nobre. os Blamont-Chauvry: 4ruinanck"lv"enta<las. Essa espécie de família real em Ponto Pequeno liga-se por laços de parentesco sem que ningué m. tenente ge. muito bem com a economia das províncias. Havia. negras. grande conhecedor das i ntrigas do ministério. 4 coloca dinheiro a cincü por cento. breza menos antiga. menos as matilhas -e as casacas agaloadas. Na família vegeta infalivelmente um tio ou um irmão. "i111cula-se aos Blamont-Chauvry. os cadignan. bem . A essa família fóssil opõe-se uma família mais rica. não admite nenhum dos poderes cri pelo século XIX. . o suspeite.. 8 filas Grandieu. veste-se em Paris. que era o Barão Gastão de N ueil. tolera o su?-prefèito ram1) Os Nav arrein. como para os costumes e a linguagem. Em suma. trocam corticsias entre si. mas um pouco afetada e sempre e m atraso com as modas. a memória.. num magstrado igrerante é a toga". Contudo.-rêçO (L"áne portant des reZiques) é a "guinteD"un rnagistrat ignorant C"est la "robe qu"on salue. mas só depois de maduras reflexões. blé1 6) Journal des Débats. ou absolutamente nada. OCUPOU e saqueou com suas tropas a cidade de Ha linover.Ia com a qual rivaliza.nem é plebeu. órgão do Cmtro-Esquerda. que lhe dera o monarca. e-xpe* riências agrícolas em suas terTas . astros secundários. jornal ultra-realista. jornal realista moderado que dura n e a Restauração teve entre seus redatores J<)seph de Ma. cidras que com a monarquia.ua celéncia 1 .sob a Restauração. o espírito 4êle e delas.. 6) A "uoral. lhe rendem as homenagens devidas à religião. antigo vigário geral. #54 CENAS DA VIDA PRIVADA MULHER ABANDONADA 65 Alguns ricos burgueses intrometeram-se nesse peque. tães de cavalaria. da cidade. falam da C arta7 C dos liberais entre dois rubers de uíste ou durante uma partida de gamão. .. Suas mulheres são orgulhosas e tornam os ares da côrte nos seus cabrio lÉs de vime. 5 outra f. que essas nobres pe ssoas. Recebe a Ga?ette e os Débats. compram anualmente dois chapéus. d8 Ext rerNI-Direita. a lu .. Em tôrno dêsses elementos principais da gente aristocrática reúnem-se duas ou três solteir onas de qualidade que resolveram o problema da imobilização da criatura humana.-tre O BOnald.6 Oborn ho. dois ou três eclesiásticos são recebidos nessa socie4 de escol. e que foram capitães de navio.11. dienne. baratos. depois de terem calculado dotes e arranjado casamentos de acôrdo com as gencalogias que sabem de cor. te êles são protegidos pelas solteironas. da fábula em ap. fortunas. dizem frases que passam por inteligentes. e. oscila entre essas .) " XV17) & Car ta era 11 e 4 d<)cumento constituclonal outorgado por Luie ra de jul. da província.todos ali d. "de tempos em tempos. acreditam estar elegantemente vestidas quando estão envolvidas num xale e numa touca. wília lê apena s a QuOti. retirada no castelo de Saint Quen. mais ocupados com um corte de mato ou com as sua?. sabem sorrir ou abanar a cabeça a propósito. de tOndências serni-mberais. são geralmente virt^as e conversadeiras. 4) a Senhora du Cayla: fa?"?" Condéssa Zoé du Cayla (1784-18W-. 8 graças a sua s opiniões aristocráticas ou u. ainda viva no momento da publi(?ação <le Be .O do e 1814 e revisado depois da Revolução -de ISSO. os gentis-homens que possuem Depois vên1 o"s fr ancos de renda. Saint-Germain. duas potências que ^le sinta a moral que o bom La Fon?ndo por vézes corri que e illas faze do Asno car?-cl. conservanise entre o cura conduzindo os sacramentos e caminhos. dirigi. ("O que se c11121Prirrienta. Quase todos estiveram nos pagens ou nos mosquet eiros. Mas. a despeito de seus quarenta anos. de dez a doze 11111 . Elas parecem estar chumbadas nas casas em que são vistas: #seu rostos e seus trajes fazem parte do imóvel.. Tôdas têm qualquer coisa de rijo e de monumental.primitivamente s imples Tegistro das Assem"s revolucionárias. ou porque são inteligentes . A cavalo pelos ou cap. resNi Enfim.ado de relíquias. A o 41a 1.?? dêles: "Êsse tal pensa direitol" E fazem-nos deputados. aborrecendo-se mútuamente. Gazrtte de France. Ex . o bispo.. aristocrático e eler"ieal. são a tradição.tri^. ou por causa da estola. N elemento burguês em seus salões como .. mas murmuram delas. La QuOtidienne. e terminarri plàcidamente seus dias numa fazenda. o fiscal de contribuições em excursão.Na guerra da Sucessão {Ia polônia.. e os mandam vir de Paris.*..ne colocou no fim . rita de Luís XV III. intro?u. com algumas observações. bow homem. OO1 a etiquêta era perfeit amente observada. o juizo que essas pessoas fa " reciprocamente de si. e parecia dever ser -em breve enterrado. desenhou-os. esquecido. pétuo. onde os valorcs biliárquicos e territoriais eram #cotados como o são os fundos Bôlsa na última página dos jornais. invariàvelmente. as neiras tinham trinta e oito anos. de rnatos c on tíguos a ?eu parque. as ma<e.. tinham sido feitas erarri boas e reparaçoes. Quanto villor pe.e. a seu futuro político. COMO Oem geral todos os parisienses. e G astão também não disse nada a êsse respeito. depois :de ter seguido durante certo tempo essa existência semelhante à dos esquilos ocupados em andar à roda nas suas gaiolas.. aduncas. por infelicidade.s: nenhunia esperança ministerial.p. Quando Gastão de Nueil apareceu nessa estreita sociedade. declarara as cifras da sua fortuna C " das suas esperanças. po? ticas. Ma s. recaem sôbre as coisas mundanas. ipor assim dizer. foi aceito como un. robora. fôsse por cálculo. e seu pai devia. s nOi1?? Tal como a água :duma pequena enseada. nuil francos de renda no vale de Auge. sentiu a ausência das oposições numa vida estacionada antes do tempo.15 O . êle tinha sido prèviarn-"" t" P sado irias balanças infalíveis da opinião bayeusiense. chorado. onde tudo se encontrava em dia. . Sendo um estranho admitido nesse cenáculo. A vida dessas pessoas rotineiras gravita nunia C. seu pai estava em negociações para comprar duzentas rj. Mas êsse irnlãú era tísico. graçada originalidade de seus costumes e seus tiques. seu borbulhar pe.a.tidências. finalmente. qIk em vão tentou renovar.ediocridade das suas idéias e dos seus caracteres.. sem cerimônia. exatamente igual: quem lhes ouve hoje a vazia repercursk ouvi-la-á amanhã. mas que lhes comportav . a seu talento. na en. dos granj eiros arrendatários. Mas se. onde cada coisa da vida harmonizava. com a m. em seu álbum n a saborosa verdade de suas fisionomias angulosas. de Sainte-Sevère não falara do irmão mais velho de Gastão. sempre. Fôsse p or malíc ia. os impostos estavam a cargo exceientes plantações. já sua Pr"5_ a Sra.Suas terras a renda abso lutamente garantida. Po is que tinha apenas vinte e très anos. a seu . neul de levC se CO9"t"u. essas idéias têm seu fluxo e refluxo cotidiano. O1 nhecimentos. morais e literárias. a Sra. nenhuma celebridade humana podia lutar contra tais vantagens. por um parisiense corruto. A soma de inteligência acumulada em tôdas essas cabeças põe-se duma certa quantidade de idéias antigas às quais se mistura algumas idéias novas que são agitadas em comum tôdas . deleitou-se com os normandis mos do idioma que falavam. o estranho c" ze . sem fé nem lei. procurando -fazer-se passar por uma exceção nessa sociedade.um padeiro põe a e e`u na massa. cada um lhe diá não sem uma -espécie de ironi a: "A?qui não encontrará a pompa ? sociedade parisiense!" e cada um condenará a vida de seus vizinh?. Éle aufe15 jovens e algumas In al? laigu . de Sainte-Sevère. qu. Seu s julgamentos. êle passa imediatamente por um hornern V educado. fera de hábitos tão imutáveis quanto suas opiniões religiosas. daqui a um ano. sua polidez e sua modéstia. constitueir.soal. um i ciência tradicional à qual ninguém tem poder para acrescentar um] gôta de espírito. como a dos religiosos no fundo dos claustros. O 8) Paubourg Saint-Germain: bairro aristocrático de Paris" ães fizeram-lhe Olhares doces. que desejava cercar de mur. as frases que representa. e xibira sua árvore genealógica gabara se. a sua instrução. enrugadas. Gastão de Nueil -começo u divertindo-se com aquêles personagens. e caiu numa crise que não -era ainda nem o tédio nem o desgôsto. ria de zoito deixar-lhe o castelo de Manerville com tôdas as suas cedo ou tarde. Êle rcceí?u o acolh"" que estritamente deveria esperar. Estava acal?àdo.com a Sra. na calma daqueles hábitos 1 " i nle "91cOs c na igia. A cidade -de Paris. Ali. de Beauséant.ii gando uíste. de maneiras sem graça. decorado com alguns retratos de família. se uma frase não lhe tivesse chocado o ouvido. . a atirá-las sôbre Dai-. Enxergava não sei que filosofia no movimento unifor daquela vida circul ar. manifestando uma espécie de surprêsa. surpreend-u_?.?-co"4" tos.lhe de fisionomia -palerma. . o futuro do dia na província.a quase todos os efeitos. . 1Uin?.Osenhor não foi ver ontem a Sra. é verdade. o Marquês de Chanipi. não ?pensando em nada. daquela frutificação constante do espírito que "ãO ardentemente vivera no meio parisiense. .. . . com efeito. Após os ligeiros sofrimentos dessa transição. de Beauséant? . se nada o tira dêsse ambiente insensivelmen te êle adota seus u"O1 e acostuma-se a seu vácuo. mas afinal êsse nome apaga tudo. Gastão de Nueil achava-se sentado entre uma senhora idosa e um nições . Admirava de boa-f? as mãos vermelhas. idai. com suas paixões.respondeu êle.disse tranqüilamente o fidalgo.O em tôrno das quais dezesseis pessoas t C agarelav. Dizendo essas últimas palavras. num salão de guarbranco. do ido da província para Paris. mas foi quase #impossível adivinhar se êle fazia uma conces55O Oinfelicidade ou à nobreza da Sra. de Champignelles^r . quase compreendia a inut?i" . e tímido de uma criatura jovem que.éi.disse Lima velha ao chefe da casa principesca da região. suas tormentas e seus prazeres. de B. foram transformados em por*% 1O81a teltleciU Circe. Ten. pintadas de cin zento. "dos vigários gerais da diocese. à iprimeir a vi sta. #CENAS DA VIDA PRITADA mesas -de jôo. . se estava org` lhoso por recebê-la. de conjunto rep.1 t16se.. processa-se p ara o indivíduo o fenômeno da sua transplantação para um terreno que lhe é desfavorável onde êle deve atrofidr-se #e levar uma vida raquítica. do luxo.eauséant não pertenc e à casa de Borgorha? peio lado feminino. com os comParilicirOs de UliSses. .exclamou a nobre senhora. " contentes com seu gorduroso invólucro. pavimentado com grandes ladrilhos . êle iria retornar -da exisiéncia in.segundo na.?nelles fitou com ar calmo e f rio as pessoas -que o escutavam exaniilail?o" as. flamatória de Paris e recair na fria vida de província. que . Enfim.Inal chegados à ilha de Ea. o ar inc42st.1.".. provido de quatro 9) ()8 cOllaDanheiros de Ulisses . proporcionan do-lhe de súbito uma emoção semelhante à que lhe causaria qualquer motivo original entre os acompanhamentos de uma ópera aborrecida. para os outros. A Sra. Concebia porque aquela gente tinuava a servir-se das cartas da véspera. nelas permanecer para sempre. Prestes a ver uma espécie de felic idade vegetal naqueles dias passados sem preocupaÇões e sem idéias.. forçar os nobres da O localidade e suas mulheres a vê-la. parecera. -que o domina e o anula. e ia petrificar-se ent re aq uelas Petrificações. rância das coi?as elegantes. e a pobre senhora está há ta nto te mpo sózinha. Uma noite.rra Homero no canto od. justi ficar os costumes da região. jantares deliciosos. lança .Encontrei-a tão triste e tão dorida que não consegui decidi-la a vir jantar conosco. 11O Tôdas as damas pareceram consultar-se. lente e -de aparência soberanamente ridícula.Fui esta manhã.a millher estima muito a viscondessa. êle começava a perder a recordação daquele movimento de seiva. já su rgia em seu espírito apenas como uma l"?"c??"daçzo de infância. Os pulmões de Gastão já se habituavam -àquela atmosfera.. e como chegavam a na?o se vestir mais nem para H 1 ZZ?" e es nen.com minha mulher. ou se queria por Graulho. mas digerindo ti " 1. Exilte uni prestígic. Se bem que a viscondessa passe por descender da casz de Borgonha. C. a glória de um crime a-paga-lhe a vergonha. na realidade. Só somos impiedosos para com as coisas. de Beauséant e do relatada em OPai Goriot. OSr.perguntou G3O à pessoa ao lado de quem estav?? Sr. initir aqui uma mulher separada do marido.da. Estava absorto em mil fantasias. ninguém aqui C recebe Ela teni.Precisarn-""[e. amor feliz ou duma horrenda traição. ela. Atraindo os olhares.1t11O . por essa série de motivos impossível de ser enurJcia? que a palavra fatalid . -O Sr. Quanto mais lame ntável. inconcebível em tôda espécie de -cele bridade. como outrora Para as famílias. ou quem sabe se pela pela "necessidade de criar um interêsse eni sua vida atuai. teinores. aliás. uma forMosa. talvez por cau. concebe projetos In #impossíveis e faz germinar as alegrias duma paixão. embora escutando a voz de sua interlocutora. Ajuda-Pi11t4 1O) Acêrca da aventura da Sra.a. de Nueil ignorava que a Sra. de Beauséant um cavalheiro. uma jovem mulher torna-se mai s at raente pelo fatal renome dury. o senhor compreende que nós não pode mos ad. de Beaucuriosidade ?secre ta influência dessas razoes.u. A MULHER ABANDONADA .. temos mPressão de sermos grand e.responderam-lhe. um homem da côrte: êle escutaria a voz da razão. como reinasse no salão o mais profundo silênclo"3 atitude delas foi tomada como um sinal de reprovaçã o. o povo nutre Ti v"luntàriarnente uni varia.. ver a nota introdutiva. para as mulheres. acon tecimentos. no inomento em que ela sorri à imaginação. desposou uma Champi. Normandia depois de um escândalo que a maior parte das mulheres invejam e condenam. -de Beauséant se tivesse re f ugiado na. é necessário. 5O ?a de seu parentesco: êles são parentes pelo lado dos Beauséants. o 1 e alguns homens apresentaram-se em sua cahampigne les n ??r ? de c " recebeu o Sr.da-Pinto "O causou tanto ruído? .. Os sentimentos a i e as aventuras vulgares.Êle veio morar em ?oJJTcelles depois do casamento do Marquês d"Aju. Assim cOMO certas casas se orgulham -de suas cabeças decepadas. por ser o Sr. como uma =ente contém uma bela flor com seus perfuntes e seu rico colorido. Mas sua mulher é uma cabeça de vento . o NIarqués de Reauséa-ti t. então. A viscondessa teve tanto mais culpa nas suas imprudências. São idéias velhas às quais cometemo s ainda a tolice de apegar-nos. d"Aj. m"s simpatias ela desperta. sem sentimento de respeito por todos que se elePedir Inuita conta dos m eios que usaram. o pai. sem que nada ainda alimente nem fixe os caprichos dessa miragem? O espírito então adeja. Existirá outro têrnio para exprimir os atrativos duma aventura. bastante inteligência para não ter sentido é falsa sua posição: por isso não procurou ver ninguém. Mas talvez que o germe da paixão a contenha inteiramente. er?uermO-nOs acima dos outros para sermos vistos? Ora. . Parece que.onelles do ramo mais velho. #58 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER ABANDONADA 69 em suma.ndo-se O1""s" olhar.Essa Sra. . não lhe prestava mai s atenção. e. Naquele morrento" Ga"tão de . pressente inexplicáveis felicidades. principalmente quando as seduções da juVentude e da beleza quase justif icam o êrro que o causou. N"?ãc. . de Nueil. seja qual fÔr a sua razão.ean t Pela Nueil sentia-se impelido para a Sra. de Champignelles. porém. de Beauséant será por acaso aquela cuja a? 1 Ocorn o Sr. no momento em q ue a alma concebe vagas esperanças. ade serve comumente para exprimi "r- A condessa de Beauséant surgira de repente diante dêle, acomparibais. de uma mul tidão de imagens graciosas: ela era um mundo nov . junto dela sem dúvida êle teria o que temer, o que esperar o o, combater e o que ven cer. Ela devia contrastar com as pessoas tiuc Gastão via naquele salão mesquinho; enfim, era uma Ue mulher, êk ainda não tinha encontrado mulheres naquele mundo frio onde os cálculos s ubstituíam os sentimentos, onde a polidez não passa,.a d, dever, e onde as idéias mais simples tinham qualquer coisa de h,. cante para serem aceitas ou expos tas. A Sra. de &auséant de,. pertava-lhe na alma a recordação de seus sonhos de rapaz é Suas m ais vivas paixões, por algum tempo adormecidas. Gastão de xutij tornou-se alheado durante o resto da noite. Pensava num inei, de introduzir-se em casa d a Sra. de Beauséant, e não ?onseguia encontrá-lo. Ela passava por ser eminentemente fina. Mas s e as pessoas de espírito culto podem deixar-se seduzir pelas coisas ori?. nais ou delicadas, são exigentes, percebem tudo; junto a elas há tantas possibilidades de f racasso como de triunfo na difícil emprèsa de agradar. Além disso, a viscondessa devia aliar ao orgulho da sua situação a dignidade que seu nome lhe conferia. A profunda solidão em que vivia parecia ser a menor das barreiras erguidas entre ela e o mun do. Era, pois, quase impossível a um desconhecido, da melhor família que fôsse, conseg uir ser admitido em casa dela. Entretanto, no dia seguinte de manhã, o Sr. de Nueil diflgiu seu passeio para o la do do pavilhão de Courcelles, e dw várias voltas ao redor do cercado que o envolvia, Embaído pelas ilusÔcs em que é tão natural crer -na sua idade, espiou através das br càas ou por cima do muro, permaneceu em contemplação diante das persianas fechadas ou examinou as que estavam abertas. Esperava um acaso romanesco, calculava-lhe os efeitos sem se aperceber da sua impossibilidade, para chegar à presença da descon hecid a. POY 1, Inv. #várias manhãs passeou inútilmente; mas, a cada passeio, aque lher afastada do mundo, vítima do amor, sepulta na solidão, avultava-lhe no pensamento e alojava-se-lhe na alma. Por isso, o coraçãO de Gastão palpitava de esperança e de alegria, se, por a caso, 3" perlongar os muros de Courcelles, chegava a ouvir o (p?asso lento de algum jardineiro. 1 in,11 Êle pensava muito em escrever à Sra. de Beauscarit, e , a que dizer a uma mulher que nunca vira e que não o cO"h c"os coino Aliás, Gastão não acreditava muito em si mesmo; depois, -le jovens ainda cheio s de ilusões, temia mais que a morte os t5;rilbili. desdéns do silêncio, e estremecia ao pensar em tôdas as PO` dades que teria sua primeira prosa amorosa de ser lan çada ao fo fle era prêsa de mil idéias contrárias que se combatiam. Mas onceber quimeras, de comp or romances e de que. enfim, à fôrça de c brar a cabeça, encontrou um dêsses felizes estratagemas que a gente r descobrir entr e todos aquêles em que pensa e que revelam acaba ulher mais inocente a extensão da paixão que um homem lhe deNfuítas vêzes os caprichos s ociais criam tantos obstáculos r-cais dica. en ire unja mulher e seu apaixonado quantos os que os poetas ori,titais coloca ram nas deliciosas ficções de seus contos, e as mais f,ntásticas de suas imagens raramente são exageradas. Por isso, na natureza como no mundo das fadas, a mulher sempre h á de pertencer àquele que ?abe chegar a ela e libertá-la da situação em que definha. o mai s pobre dos calênderes,11 apaixonando-se pela filha dum califa, não estaria separado -dela por uma distância maior que a existente entre Castão e a Sra. de Bea( u séant. A viscondessa vivia numa ignorância absoluta das circutivalações traçadas em tórno dela pelo Sr. de Nueil, cujo amor crescia com a grandeza dos obstáculos a transpor, os quais -davam à sua amante improvisada os atrativos que possui tôda co is a distante. Um dia, fiado na sua inspiração, êle esperou tudo do amor que deveria jorrar de seus o lhos. julgando a palavra mais eloqüente que a mais apaixonada das cartas, e especulando também sôbre a natural.curiosidade feminina, foi à casa do Sr. de Champign ell es com a intenção de valer-se dêle para conseguir seu intento. Disse ao gentil~homem q ue tinha de se desempenhar duma comissão importante e delicada junto à Sra. de Beauséant; mas, não sabendo se ela lia as cartas de uma letra desconhecida ou se depo sitava sua confiança num #estranho, pedia-lhe indagar da condêssa, tia sua primeira visita, se ela se digna ria recebê-lo. Suplicando ao marquês que guardasse segrêdo em caso de recusa, incitouO corn muita inteligência a não calar à Sra. de Beauséant as razões que poderiam fa zê-lo recebido em casa dela. Êle havia -de ser um homem h"nrado, leal e incapaz de prestar-se a algo de mau gôsto ou mesmo iliconverlientei Oaltivo fidalgo cujas vaidadezinhas tinham sido lisoni,cadas, foi completamente iludido por essa diplo macia d o amor que empresta a um rapaz Oaprumo e a dissimulação refinada de um velho embai xador. Procurou enetrar os segredos de Gastão; ma" êlte, na impossibilidade de lhops revelar, opôs frases evasivas às `igudas interrogações do Sr. rO francês de Champignelles, que, como cavalhei" cu niprimentou-o por sua disc rição. Iniediatamente . t"de que - marques correu a Courcelles com essa solicia unja Po"eril as pe ssoas de uma certa idade em prestar serviços de,sa mulher formosa. de Reauséant, Na situação em que se encontrava a Viscon1 um aa mensagem dessa espécie era de natureza a c(" dervis mendigo. #6O CENAS DA VIDA PRIVADA 61 MULUrR ABANDONADA o o em sua arrumação e dizia consig ao arranintrigá-la. Por isso, se bem que não encontrasse, especial reco, udesse levar oa O consultar cuidado rdações, nenhuma razão que p Sr. de Nuei, te Urni riteado: sua casa, não viu nenhum inconveniente em recebê-lo, o jo OPe.,ião quero, apesar de tudo, apresentar um aspecto de meter que todavia, após ter, prudentemente, i,ndaiyado da sua pos ção ciedade. Contudo, tinha de início recusado; depois discuti "a k o Sr. de Champ i nelles acêrc,, da -- Íè 11 -1^ ra co 9 ri ric a ssa atitude, int,,1 ro 11 ando-o para procurar descobrir se êle sabia Omotivo daqu,"? visita; depois voltara atrás na recusa. A discussão e a discrição f,,. ?ada do marquês haviam excitado a sua curiosidade. O Sr. de Champignelles, não querendo parecer ridículo tendia, como homem instruído mas discreto, que. a viscondes; a via conhecer perfeitamente o objeto daquela visita, embora ela procurasse com a ma or oa- sem o encontrar. A Sra. de -çdu. séant imaginava ligações entre Gastão e pessoas que não conheci,, perdia-se em absurdas su posições, e perguntava a si me, Se ?bia . Ia te. ria alguma vez visto o Sr. de Nueil. A mais verdadeira ou inai, hábil das cartas de amor não teria, por certo, produzido tanto efeito quanto essa espécie de enigma sem palavras que bastante preocupou a Sra. de Beauséant. Quando Gastão soube que podia ir ver a viscondessa sentiu-se dominado pela alegria de obter tão prontamente uma klicidade ardenternente desejada, e ao mesmo tempo singularmente enabara. çado por ter de dar um desfecho ao seu estratagema. - Bah! vê-la, - repetia êle ao vestir-se, - vê-la, é tudo. Ao transpor a porta de Cource lles, esperava achar um expediente para desatar o nó górdio que êle próprio dera. Gastão era dês. ses que, acreditando na onipotência #da necessidade, avançam sempre: e, no último momento, defrontados com o perigo, nêle se inspirarn o e encontram fôrças para vencê-lo. Caprichou rio trajar-se. Pensava, como os jovens p ensam, que de uma fivela bem ou mal colocada dependia seu sucesso, ignorando que na juventude tudo é encanto e atrativo. Aliás, mulheres de escol como a Sra. de Beau séant não se deixam seduzir senão pelas graças do espírito e pela sUpe. rioridade do carát er. Um grande carater lisonjeia-lhes a ?,aidadepromete-lhes uma grande paixão e parece-lhes que há de admiti" as exigências de seus corações. Oespírito as dis trai, responde às delicadezas de sua inatureza e elas se supõem compreendidas. ora, que desejam tôdas as mulheres, senão ser distraídas, compreendidas.OO adoradas^, Mas é preciso muito ter meditado sôbre as coisas da vId3 para perceber a alta coquet er ia que comportam a riegligência do pos traje e a reserva do espírito numa primeira entrevista. "?11a1idO ve. tornamos bastante astutos para sermos hábeis polItIcos, cstaiT)Os,ue lhos demais para apro veitarmos nossa experiencia. Enquanto ,,,í Gastão não tinha confiança na sua inteligênc ia e procurava sed ?_, . anielp por meio da indumentária, a Sra. de Beauséant punha il-istíllt" e em suas Mêdo. S de Nueil tinha no espírito, " sua "pessoa o r. naturalmente original que dá uma espécie de ,,naneiras ésse garbo idéias comuns , que permite tudo dizer e tudo ,abor aos gestos c 4s etrante, duma fisionomia aberta e móvel jazer. ]Era instruído, pen paixão, havia ternura em seus co~ sua alma impressionável. Havia olhos vivos; e seu coração, essencialmente bom, não as desmentia. A resolução que êle tomo u entrando em Courcelles estava, pois, em o haririonia corri seu caráter franco e sua imaginação ardente. Apesar da intrepidez do amor, não pôde defender-se duma violenta palpio quando, depois de ter atravessado um grande pátio desenhado taçã, , . . -corno jardim inglês, chegou a uma sala onde um criado, tendo-lhe perguntado o nom e, desapareceu e voltou para o introduzir. õ - OSr. Barão de Nueil. Gastão entrou vagarosamente, mas com muito desembaraço, coi?a mais difícil num salão ond e há uma única mulher do que num onde há vinte. No canto da #lareira, onde não obstante a estação, brilhava um fogo intenso, e em cima da qual ach avam-se dois candelabros acesos difunclindo uma luz débil, divisou uma mulher moça sentada numa dessas modernas poltronas de espaldar elevado. A pouca altura do asse nto permitia que ela desse à cabeça variadas posições cheias -de graça e elegância, incliná-l , pendê-la, reerguê-la lânguidamente, como se fôsse um fardo pesado; depois arquear os Pé", mostrá-los ou recolhê-los sob as pregas dum amplo vestido negro . A viscondessa procurou colocar sôbre uma mesinha redonda o livro que estava lendo; mas, tendo ao mesmo tempo voltado a cabeÇa para o Sr. de Nueil, o livro, mal apoi ado, caiu no intervalo <lu,- separava a mesa da poltrona. Sem parecer surprêsa com o i ncidente, ela alteou-se, e inclinou-se para responder ao cumprimento "11O rapaz, mas durna maneira imperceptível e quase sem levantar-s,, do assento, onde seu cor po permaneceu mergulhado. Curvou-se para a frente e remexeu no fogo; depois baixouse, ap anhou uma luva que calçou com negligência na mão esquerda, procurando a outra "co" uni olhar log reprimido; porque com a mão direita, mão branca, OO quase transparente, sem anéis, delicada, de dedos afilados cujas unhas róseas formav am um oval perfeito, ela indicou uma cadeira co"<) que convidando Gastão a sentarse. Quando o visitante desconhecido sentou-se, ela voltou a cabeca para êle num movim ento o" e desenvolto, duma finur? indescritível; era um dêsses gesto, gentis e graci " ""Os, PÔsto que sóbrios, frutos da primeira edu"Ç?o e do hábito constante das coisas de bom oôsto. Êsses moviracatos raúlt"Plos -sucederam-se ràiidaiiiente, nuria instante, sem ir#os CENAS DA VIDA PRIVADA A, MULHER ABANDONADA 63 regularidade nem brusquidão, e encantaram Gastão por êsse ? de cuidado e de abandono q ue uma formosa mulher reúne aslustI, neiras aristocráticas da alta sociedade. A Sra. de Beauséant c1O1??" trastava vivamente com os autômatos entre os quais ele v i,,ja dois meses naquele exílio no fundo da Normandia, para que personificasse a p oesia de seus sonhos; Dor isso êl. - lia(, ao e comparar as perfeições com nenhuma daquelas que outrora a ra. Diante daquela mulher e no interior daquele salão o iliadç , como o são os salões do Fau?bo?urg Saint-Germain, re leto d ninharias tão preciosas qu e se espalha sôbre as - a? as, erce , os livros e as flores, êle sentiu-se de novo em Paris. Pisava legítim o tapête de Paris, revia o tipo distinto, as formas ma . elica, a; da ,parisiense, sua graça esquisita, e sua ausência de manci s feta a s, que tanto prejudicam as mulheres da províricia. A Viscondessa de Beauséant era loura, clara como uma loura e tinha olhos castan hos. Apresentava com nobreza a fronte, uma fronte de anjo decaído que se orgulha da sua falta e não pede per. dão. Seus cabelos, abundantes e trançados acima de dois bandós que lhe descreviam sôbre a cabeça amplas curvas, realçavam ainda a majestade daqu ela fronte. A imaginação via, nas espirais daquela cabeleira dourada, a coroa ducal de Borgonha; e, nos olhos brilhantes daquela grande dama, tôda a coragem da sua estirpe: a coragem duma mulher forte apenas para repelir o desprêzo ou a audácia, m as transbordante de ternura para com os sentimentos meigos. Os contornos da sua pequena cabeça, ;admiràvelmente engastada num longo colo alvo; os traços do seu ro sto fino, seus lábios delgados, e sua fisionomia viva guardavam uma expressão de delicad a prudêri cia, um certo quê de ironia afetada que se parecia à astúcia e à ifilpertinência. Era difícil não lhe perdoar êsses dois pecados fernininos ao pensar -em sua s desventuras, na paixão que quase lhe custa", a vida, o que se manifestava quer p elas rugas que, ao menor 111Ovimento, sulcavam-lhe a fronte, quer pela dolorosa eloqüência de seus lindos olhos quase sempre erguidos para o céu. Não era 1111 espetáculo imponente, tanto mais quanto ampliado pelo pensarncllto, ver num imenso salão sil encioso aquela mulher isolada do 11,1111dO inteiro, e que, há três anos, permanecia no fundo dum pe{111eno vale, distante da cidade, sózinha com as recordações dunia ju vent"de. brilhante, feliz, apaixonada, outrora repleta de festas, de constantes homenagens, mas agora entregue aos horrores do nada? o so,r,so daquela mulher de nunciava uma elevada consciência do seu alor. Não sendo nem mãe nem espôsa, repelida pela sociedade, P"I""da do único coração que podia fazer o seu palpitar sem vergonha, "ãO ex traindo de nenhum sentimento os socorros necessários a sua , ri3 vacilante, ela devia buscar fôrças em si mesma, viver da sua P"OP vida, e não ter outra esperanç a mais que a da mulher abandoll"Cla; a mor?e, abreviar-lhe a dernora apesar dos belos dias que ,,"ar estavam. Senti r-se destinada ?à felicidade, e perecer sem ainda lhe r rcioná-la! ... Uma mulhe r! Quantas amarguras! g,zá-la, sem propo O Sr. de Nueil fêz essas reflexões com a rapidez do relâmpago, ,,ti.-Se envergonhado do seu papel em presença da maior poee, ? de que se possa envolver um aa mulher. Triplamente impressio$Ia o beleza, pela infelicidade e pela nobreza, ficou quase que nad pela o ativo, admirando a viscondessa, mas não encontrando estatelad , pens li- dizer nada para e A Sra . de Beauséant, a quem essa surprêsa sem dúvida não tendeu-lhe a mão com um gesto doce mas imperadesagradou, cs ti,,O; depois, estampando um sorriso nos lábios pálidos, como que -tos do seu sexo d isse-lhe: para obedecer ainda aos en 1 - o Sr. de Champignelles preveniu-me, senhor, da mensagem que tão gentilmente se e ncarregou de trazer-me. Será por acaso da parte de ... Ao ouvir essa terrível frase, Gastão compreendeu melhor ainda o ridículo da sua situação, o mau gôsto, a deslealdade do seu procedimento para com uma mulher, e uma mulher tão nobre e tão infeliz. Corou. Seu olhar, sob a ação de mil, pensamentos, turvou-se; mas de repente, com essa fôrça que os coraçoes jovens sabem extrair Jo sentimento de suas culpas, tranqüilizou-se. Interrompendo a Sra. de Beauséant, não sem fazer um gesto, cheio de submissão, respondeu-lhe com voz emocionada: - Senhora, não mereço a ventura de vê-la; eu a iludi de um modo indigno. o sentimento a que obedeci, por maior que seja, não será suficiente para desculpar o miserável subterfúgio de que me servi para chegar à sua presença. Mas, senhora, se tivesse a bonda,de de me permitir dizer-lhe ... A viscondessa lançou ao Sr. de Nueil um olhar cheio de altivez e de desprêzo, ergueu a mão para puxar o cordão da campainha, e tocou; o criado apareceu; ela disse-lhe, fitando o rapaz com dignidade: - Jaques, acompanhe êste senhor. Ergueu-se altiva cumprimentou Gastão, e baixou-se para apanhar o livro caído. Seus m ovimentos foram tão secos, tão frios quanto tinham sido elegantes e graciosos os com que o recebera. OSr. de Nueij erguera-se, mas continuava firme. A Sra. de Beausé a-nt lanãou-lhe um novo olhar como quem diz: "Então, não se retira?t r 1?-ssC olhar estampava um escárnio tão violento, que Gastão o n`O"-?sC Pálido como um homem prestes a desmaiar. Algumas lá91"rnas rnarejaram-llie os olhos; êle, porém, as reteve, secou-as rio fO9O da vergon ha e do desespêro e fitou a Sra. de Beauséant com ?1? est"éci" de Orzulho que exprimia ao mesmo tempo resigna#64 CENAS DA VIDA PRIVADA ção e uma certa consciência de seu valor: a viscondessa tirlb reito de puni-lo, mas de veria fazer tal? Saiu. Ao -tr-"?"essar a a, câmara, a erspicácia de seu espírito e sua inteligência a9?u le, P 7, -,Çada N ;paixão fizeram-no compreender todo o perigo da s;tuaçao. "Se eu sair desta ca?a, pensou consigo, - jamais aqui voltar; a viscondessa ter-me-á sempre por um idiolta , sível a uma mulher, e ela é mulher! não adivinhar o arrio"1i`?? inspira. Talvez que el a sinta um vago remorso Por me ter de % esk dido assim tão bruscamente, ela porém não pode, não de., vo, atrás; é a mim que conipete com preendê-la." tk A essa reflexão, Gastão estaca sôbre o patamar, deixa esc, , Paz ito lima exclamação, volta-se vivamente e diz: - Esqueci uma coisa! Voltou ao salão, w_guido pelo criado, que, cheio de respe por um barão e pelos direi tos sagrados da propriedade, foi coIn,,,_ tamente iludido pelo torn natural com que essa frase foi dita. Ga, tão entrou de mansinho sem ser anunciado. Quando a vi scon dessa " pensando talvez que o intruso fôsse o criado, ergueu a cabeça, en controu diante de si o Sr. de Nueil. - Jaques acoi-npanhou-me - disse êle sorrindo. Seu sorriso, marcado de uma graça meio triste, retirava à frast tudo o que -ela tinh a deJocoso, e a entonação com que foi pronun. ciada devia tocar a alma. A Sra. de Beauséant ficou desarmada. - Pois bem, sente-se - disse ela. Gastão apoderou-se da cadeira num movimento ávido. Seus olhos, animados pela felicid ade, lançaram um lampejo tão vivoque a viscondessa não pôde sustentar aquêle olhar jovem; baixou os olhos para o livro e saboreou o prazer novo de ser para u m horuefil , a causa de sua felicidade, sentimento imperecível na mulher. AléTu disso, a Sra. d e Beauséant tinha sido adivinhada. A mulher fica sempre grata por encontrar um homem que compreenda os caprichos tão lógicos de seu coração, que compreenda a conduta a parefit,eme-nte contraditória de seu espírito, os fugazes pudores de 5O1 sensaçõ?es umas vêzes tímidas, outras ousadas, surpreendente inístur3 de coqueteria e de ingenuidade! - lia - A senhora, - exclamou Gastão, - conhece 11,111 i-nas ignora meus crimes. Se soub esse com que felicidade eu - - Ah! tome cuidado, - disse ela erguendo corri ar mist"r"O" um dos,dedos à altura do nariz, roçando-o; em seguida, com a Oto mão, fêz um gesto para pegar o cordão da campainha. -car,1!?1 Ê,se encantador movimento, essa graciosa ameaça P.rO" sem dúvida um melancólico pensarnento, uma recordaÇ2O de Ç11.1 tôda 91` vi?a k4iz, do tempo em que ela poclia ser tôda encanto C , i,,) tileza, em que a felicidade justificava os caprichos de se" cspif" .à MULHER ABANDONADA dava uIn atrativo a mais aos menores movimentos de assim cofflo . as rugas d a testa entre as duas sobrancelhas; ,ua pessoa. Reuniu iluminado pelas velas , adquiriu uma exp,-c;,,,, stiavernente z xTueil com uma aravidade despida c"e Seu ro ia; fitou o Sr. e n iitido .5ão sombr mulher profundamente Convicta do s?? e d,5se-lhe, como frieza, si,as paldaVras: de ru o isto é bastan te ridículo! Houve um tempo, senhor, em que eu tinha o direito de ser doidamente alegre, em que eu hor e recebê-lo sem receio; mas hoje a m;nha poderia rir com Osen vida está muito mudada, não sou mais senhora das minhas ações, e ,o, forçada a refletir sôbr e elas. A que sentimento devo a sua ,isita? Será curiosidade? Pago então bastante caro um frigil mo. mento de alegria. Será que ama já alpaixonadamente uma m ul her infalivelmente calun?ada e a quem jamais viu? Seus sentimentos seriam, neste caso, fundados sôbre o menosprezo, sôbre um aa falta a quen, o aca-w deu celebrid ade. Atirou o livro sôbre a mesa, despeitada. - Ora, - tornou ela depois de ter lançado a Gastão um olhar terrível, - porque eu fui fraca uma vez, a sociedade quer que eu o seja sempre? Isso é horrível, degradante. Vem à minha casa para lamentar-me? Osenhor é muito jovem para simpatizar com os sofrimentos afetivos. Saiba, senhor, que eu prefiro o desprêzo à piedade; não quero se r objeto da compaixão de ninguém. Houve um momento de silêncio. o - Pois -bem, como vê, senhor, - tornou ela erguendo a cabeça para Gastão com um ar t riste e meigo, - qualquer que seja o sentimento que o tenha impelido a lançar-se imprudentemente em -meu "lamento, o senhor me fere. É ainda muito jovern para ser c ornpletamente destituído de Londade, portanto compreenderá a inconveniência da sua ati tude; eu a ?perdôo e dela falo-lhe agora sem rancor. Não voltará mais o po aqui, não é? Peco-lhe, quan,d" deria ordenar-lhe. Se tornasse a visitar-me, não etaría no seu poder riem no "neu evitar que tôda a cidade acreditasse que o senhor se to-nara "leu amante, e com isso acrescentaria ao m,??u desgôsto um des gôsto b eIn grande. E tal não é o s,2u desejo, creio eu. CalOu-se, fitando-o com uma digniclade verdadeira que o deixou confuso. C) trado, Procedi mal, senbora, - respondeu êle num torn compenemas o ardor, a irrefl exão, um vivo desejo de felicidade s?o Ininha idade qualidades e defeitos. Agora, - continuou, - com. ?re"fidO que não deveria ter procurado visitá-la, e contudo meu des?,jo ex-a b"111 natural ... Procurou narrar, mais corri ssentimento que com espírito, os soa "que o tinha cond k?nac1o seu exílio necessário. Descreveu "lado dura jovelu que era devorado ?por paixões não saciadas, #66 CENAS DA VIDA PRIVADA A. MULHER ABANDONADA 67 insinuando ser digno de ser amado com ternura, e todavia não do jamais conhecido a s delícias dum amor inspirado por uIn lher jovem, bela, possuidora de bom gôsto e delicadeza. FXpli cou , inconsideração sem querer justificá-la. Lisonjeou a Sra " d séant demonstrando-lhe que ela rei)resentava Dara PI, ^ ." "k?: pois, falando de seus passeios matinais em volta de COurcelje?" das idéias desorde nadas que o assaltavam à vista do pavilhão . por fim tinha penetrado, provocou essa indefinível indulo r L, O OU as mul cres encontram no coração para as loucuras que inspira, t Êle fêz ouvir uma voz apaixonada naquela fria solidão, que im,ad,,* com as ardentes in spirações da juventude e os encantos de ts piti. to que revelam uma educação acurada. A Sra. de Beauséa.nt há muito que estava priv ada das emoções que proporci&nani os senti. mentos verdadeiros discretamente manifestados para não sentir-lh, L tôda a delícia. Ela não se pôde furtar a fitar a figura expressiva do Sr. de Nueil, e de nêle admirar essa formosa confiança da alina que ainda não foi nem despedaçada pelos cruéis ensinanientos da vida mundana, nem devorada pelos perpétuos cálculos da arubição ou da vaidade. Gastão era a imagem do moço em plena florescência, e apresenta va-se como homem de caráter que desconhece ainda seus altos destinos. Dêsse modo, ambos faziam à revelia um do outro as reflexões mais perigosas para seus respe c tivos repousos, e procura. vam escondê-las a si mesmos. OSr. de Nueil reconhecia n a viscondessa uma ;dessas mulheres raríssimas, sempre vítimas de sua pro. pria ;perfeição e de sua inextinguível ternura, cuja graciosa beleza é o menor dos encantos u m a vez que permitam o acesso à sua alma, onde os sentimentos são infinitos, onde tudo é bom, onde o instifilo do belo une-se às mais variadas expressões do amor para purificar as volúpias e torná-las quase santas: admirável segrêdo feminino. present e precioso raramente concedido pela natureza. Por sua W. a viscondessa, percebendo o torn de verdade com que Gastão lhe falava dos infortúnios da sua mocidade, compre endia os sofrinIelitO" infligidos pela timidez às crianças grandes de vinte e cinco 311O5. quando o estudo os preservou da corrupção e do contato MunclanO, cuja experiênc ia raciocinadora corrói as belas qualidades da jtlle?" tude. Ela encontrava nêle o ideal de tôdas as mulheres, um hoffio" -em,quem não havia ainda nem êsse egoísmo d e família e de fortu"" nem êsse sentimento pesoal que terminam por matar, no Pr"`iei "?O . nlesr, , arrôjo, o devotamento, a honra, a abnegação, a esti a e. 51 . . , . eririq flores da alma que definham tão depressa quanto de inicI ..; leav" cem a vida de emoções delicadas, se bem que fortes, e no homem a probidade do coração. Uma vez lança os nos teoria, 5 -espaços dos sentimentos , êles foram muito longe na ram um e outro a profundidade de suas almas, i for ar?J"" ídade de suas eXpressões. Êsse exame, involuntário em Gastão, veraci ? de 13causéant preme ditado. Usando de sua finura naera Sr ca rida, ela expendia, sem prejudear-se a s mesma, ILIra, ou adqui para conh ecer as do Sr. de Nueil. . contrárias às suas 5 - ciosa foi tão integralmente ela mesma OO - engenhosa, tão gra 1 FOI [ao a rapaz que não despertava sua desconfiança, acreditando com U11 mais tornar a vê-lo, que Gastão exclamou ingênuamente a uma deliciosa dita por ela: _ Como é possível, senhora, que um homem tenha sido capaz de abandoná-la? A viscondessa emudeceu. Castão corou, pensando tê-la ofendidO. Mas aquela mulher tin ha sido surpreendida pelo primeiro prazer profundo e verdadeiro que sentira desd e o dia da sua desdita. o mais hábil dos sedutores não teria feito, à fôrça de astúcia o progrCÇSo que o Sr. de Nueil deveu a êsse brado partido do coração. Tal julgamento, ar rancado à candura de um rapaz, tornava-a inocente a seus olhos, condenava a sociedade, acusava aquêle que a havia deixado e justificava a solidão em que ela t inha vindo definhar. A absolvição mundana, as tocantes simpatias, a estima social, tão dese jadas, tão cruelmente recusadas, em suma, suas mais íntimas aspirações tinham sido realizadas por aquela exclamação, embeIezada ainda pelas mais doces lisonjas -d o c oração e por aquela admiração sempre àvidamente saboreada pelas mulheres. Ela tinha sido, pois, ouvida e -compreendida; o Sr. de Nueil dava-lhe com tôda a. naturalidade uma ocasião de reerguer-se da queda. Ela olhou o relógio. - Oh1 senhora, - exclamou Gastão, - não me puna pelo meu desatino. Se não me vai conce der mais que um aa noite, então por favor não a abrevie. F-1a sorriu ao galanteio. - Mas, - -disse, - já que não nos tornaremos a ver, que imPorta um momento a me-nos ou mais? Se eu lhe agradasse isso seria um mal. Uni mal que já aconteceu, - respondeu êle tristemente. Não me diga isso, - retrucou el a gravemente. - Em qualquer Outra situação, eu o receberia com prazer. Falar-lhe-ei francamerne, o ?,enhor compreenderá porque eu não quero, porque eu não d"vO torn ar a vê-lo. Julgo-o de coração bem grande para não sent"r cluc, se recair sôbre mim, nem q ue seja de leve, a suspeita de "ma segunda falta, tornar-me-ei, para tôda a gente, uma mulher desprezí vel e vulgar, serei igual às outras mulheres. Uma vid a p ura C seui, macula re,&saltará o meu caráter. Sou demasiado altiva para não tentar VitillIa das Krinanecer cri, meio à sociedade como, um ser à -parte, 4mor, Se e leis Por meu casamento, vítima dos homens por meu 11 não Permanecesse fiel à minha posição, mereceria tôda #CENAS DA VIDA PRIVADA MULHER ABANDONADA 69 a censura que me acabrunha e perderia meu próprio respeito. tive a alta virtude ?o cia1 de pertencer a uni hom,-n, que amava. Rompi, a despeito das leis, os laços do casamento.- êrro, um crime, será tudo o que o senhor quiser; mas, para M?14 êsse estado equivalia à morte. Eu quis viver. Se eu fô,se ? Ira. - - Inae, W. vez tivesse encontrado fôrças para suportar o suplício de iiiii . mento impôsto pelas co nveniências. Aos dezoito ano-,, uOs as4. moças, não sabemos o que nos mandam fazer. Violei as" i Pobre, sociedade e a sociedade me puniu; uma e outra fomos - eis d, Justa?. NO. curei a felicidade. Ser feliz "ião e uma lei da nossa natureza? era jovem, era bel a ... Encontrei um ser que julguei tao arior quanto parecia apaixonado. Fui am ada durante um Ela fêz uma pausa. - Eu !pensava, - prosseguiu, - que um hoinurri não bav,r? nunca -de abandonar uma mulher na situação em que eu me uchaa. Fui abandonada, devo ter desagradado. Sim, faltei sem dúvida a alguma lei natural: devo ter sido ou terna, ou dedicada, ou ex igent e demais, não sei. A desventura me iluminou. Depois de ter sido du. rante muito te mpo acusadora, resignei-me a ser a única crirninosa, Absolvi, pois, à minha custa, aquêle de quem eu julgava dever queixar-me. Não fui ba?tante inteligente para, o con se rvar: o des. tino puniu-me cruelmente por minha ina-bilidade. Sei apenas amar: e quem é que pensa em si quando ama? Fui, pois, escrava quando devia ter sido tiran a. Os que me conhecerem poderão condeiiar-me, mas me estimarão. l\felas sofrimentos ens in aram-me a não rnais me expor ao abandono. Não compreendo como existo ainda, depois d e ter sofrido as angústias dos oito primeiros dias que se seguirarti a essa crise, a mais horrível na vida de uma mulher. É ?preciso ter vivido só, durante três anos, para adquirir fôrças para falar de uma tal dor como eu o faço neste momento. A agonia termina ordillàriamente pela morte; pois -bem, senhor, isso foi para mim um aa ap nia sem o túniulo por desenlace. Oh! como sofri! A viscondessa ergueu os olhos para a comija, à qual seitt duvida confiou tudo o qu e um desconhecido não devia ouvir. Uma comija é certamente a mais doce, a mais subinissa, a benévola confidente que as mulheres podem encontrar -nas ocas, em que não ousam fitar seu interlocutor. A comija dim, boudotr é uma instituição. Não será um confessionário sem o padre? ?Noe - -t- ? Ç- de Beauséai)t estava elo üente e bela, dC?"er min I q forte. se-ia dizer coquette, se êsse têrnto não fôsse derriasiadaniente Ao fazer-se justiça, ao c olocar entre ela e o amor as mais altas -to 1113i5 reiras, ela exc?tava todos os sentimentos do homem: e, q iiii b2i" elevava o alvo, melhor o oferecia aos olhares. FinaInient` Cl? 8 xou os olho s para Gastão, depois de fazer corri -que prdes?e1`1 ess9O realmente sedutora que lhes havia comunicado a reco,,, pr eus sofrimentos. d. Ição de S iLjr? de concordar que devo pernianecer fria e solitária disse ela nual toll) calmo. de Nueí1 sentia -um desejo violento de rojar-ce aos de razão e de loucura, -mas re- rido desejosa de espai rec hora deliciosa à coqueteria duma er seu espírito. repercuti lhe de tal forma nos ouvidos as entortações da sua ?"o1. . não pôde deixar de romper o silêncio para d"izer com voz trêmula: .Fomos deinasíado longe tanto um qua nto outro.id : o encanto daque. o barão procurou descobrir o verdadeiro caráter daquela criatura elástica e forte como #to CENAS DA VIDA PRIVADA . Aos vinte e três anos de idade. e a testa se lhe enrugou para retomar imediatamente a pureza de sua forma. a amá-la por todos os que a odiaram ou feriram. É preciso ser jovem para revelar e para cOrnpreende. . Mas isso é uma efusão sentimental súbita. Uma vez em caminho. A reação dos sentimentos que recalcava no inúmento em que brotavam do seu coração causava-lhe essa dor profunda que conhecem os [írnidos e os ambiciosos. e saiu desesperado. cede à?. A senhora dilata-ine o coração! sinto em mim o desejo de dedicar minha vida a fazer-lhe esquecer suas mágoas. e o mêdo de alguma terrível recusa . a um pensamento de esperança ou de desespêro? . de i nício despercebidas. Contudo. a beleza da vi scondessa brilhava mesmo nas trevas w pressões que dela recebera despertavam chamadas uma pela para de novo o seduzirem revelando-lhe graças feminis e espiritu . Para êle. a e xpressão dos olhos. léu de um poder desconhecido.& MULHER ABANDONADA 71 uma mola. nesse exame. . freqüentemente forçados a sopitarer a ze us desejos. A coqueteria só senta a uma mulher f eliz. c onfesando-lhe o que me faz sentir. de Beauséant. CN de loucura.Reprim . tado pelas mais justas e pelas mais loucas idéias.Que sofrimento para uma mulher. explicar-lhe suas tn?stes razões. .a-se nesse momento mais distante daquela emasuaaria do que ri ati..Basta.PerrniLa-ni e.O homem é q . e a ak dação empristava tais encantos aos gestos.eguir exprimi-lo o ou dum desprézo capaz de gelar a magia ardente das almas. aos movimentos de rlcor.f Ao p a azer o visitante levantar-se: vir a Cútircelles o senhor não esperava ouvir aqui um não 4 1 ver ade? ]her "G""tsltãtOoredinncon*tra. agora sublime pés daque ceou parecer-lhe ridículo.volveu ela.. . mas vira-a tomar tantos aspectos que lhe foi formular sôbre ela um julga mento seguro. ainda mais se apai. quando dela se apiroximarad. l\Iais tarde compreenderá que não se devem estabelecer laços quando êles hão necessàrianiente de romper-se um dia. Ela soltou um leve saspiro. Mergulhou numa dessas meditaçóes dias durante as quais os pensame ntos mais lúcidos se cOmbat chocam-se uns contra os outros e lançam a alma num curto . Eu quis despojar de tôda aspereza a recusa que me é imposta.não poder seguir o homem a que m ama em tôdas as fases de wa vidal Se`rá :Possível que êsse pesar profundo não repercuta intensamente no coração dêsse homem. últinna que se apresenta.. permaneçamos estranhos um ao outro. .. senhor. entava ao mesmo tempo o temor de não con.oA be..disse ?a Sra. De resto. efil. que me entregue a uma das maiores emoções da minha vida. os segredos de ssas espécies de ditirambos. . OuÇa-me. senhora.iu por isso sua exaltação e seus o Sr ia Inulher.samentos: ey-Kr" s perfeitamente. que. . e não atrair homenagens.la . comprinientou friamente a vicOndess ?. após o qual ela disse sorr7ndo se levantando . no caso de ela ser amada? Não é isso uma d upla infelicidade? "Ouve tini momento de silêncio. em que o coração. que nada hoje just ifica e que eu deveria .. e obedecia contrar-se numa situação semelhante. qu anto mais sente o preço da felicidade. e comparar-se p" . Talvez perdoe-me essa pri meira fr ase ao perceber que ela não é uma declaração vulgar nem interessada. Osen . ?eu amor expira. pela influência de sua determinação sôbre a minha vida. Não me l"ulgo digno da senhora. além de que talvez se entregme de um modo por demai s absolu to a seu prazer.odêlo da fra -. da noite. tomei a resolução de deixar a França e de ir iogar minha existência até perdê-la em qualquer cnipreendimento impossível. êle a condição de 6tia existência: preferiria morrer a viver se "Vluito moço ainda para so frer as cruéis fascinações que a 111her perfeita exerce sôbre as almas -novas e apaixonadas. sôbre minha alma e minha pe ssoa. Não lance minha carta ao fogo. ao vê-la.então pertence a um estado de alma tão misterioso. tem mêdo de não agradar. Excessivamente apalx"c para dormir. Não concebendo a vida sem a senhora. o Sr. Na minha idade. em que o InaioT que pode acontecer é acordar filósofo. seria ousado se não amasse tanto. coisas esé conipreen der-lhe as mudas fel para dar de ombros às pessoas suficientemente felizes para sas . que . pôs-se a e scre?" Cr c3? das quais nenhuma o satisfez. morta num coração jovem. eu apenas sei amar. pela resignação que me inspira o sentimento da minha inferioridade. A senhora é para mim a unica inulher que existe no mundo. Noites fatais.C fariam posit ivo da vida. Não. e tema não poder proporcioná-lo. Talvez fique sensibilizada pela modéstia das minhas súplicas. nas Indias. por infelicidade. mas a expressão de um fato natural. para nós. Ou en icidades e as -bizarrias. m o exigi .. qprecIso ser ainda jovem. i gnoro completamente o que possa agradar a uma mulher. ignorante. e de quem os pais só conheceram os sorrisos. Muitas vêzes essa paixão prematura.uase sempre dominado por um sentimento de modéstia: as timidezes e as inquietações da rapariga o agitam. Após hesitações cruéis. se me der a esperança. está o calor vital. Jovem. Permita-me passar ao -leu lado. porque re ceava ser visto pela viscondessa. em qualquer Parte. êle P31sO11 dessas noites tormentosas durante as quais os jo vens v ão da dade ao suicídio e do suicídio à felicidade. Seja benevolente. C:iI No dia seguinte êle foi dar um giro por Courcelles nias ao . e leia?a.rêd o pelas crianças ?para o aniversário dos Jos desenhos feitos em se Pai. que pode passar 1: escreveu scologia peculiar aos apaixonados. despertam sempre mais graciosas e evocam a irnagern duma felicidade perfeita? recordações semelhantes a êsses filhos mortos 113 flor da i dade. Parece-me impossível a mim. se não é correspondido. pressar mal o seu amor. e queimou-as tôdas. na África. Gastão verem à Sra. menos acredita que a criatura amada lha possa facilmente conceder. eu fico. senhora. exceto para aquêles que os recebem: -Senhora. o que a seduz. mas de obter sua amizade. É tão grande o império que exerce s4bre meu coraçjo. de Nueil levantou-se. Sou irresistivelmente atraído para a senhora pelo prazer imenso que me faz experimentar. O A 11 -1 : 11 -a ânsia de ree Nueil voltou po s de Cource es om na o por ti soluções extremas. Qual é o h? mem que não possui várias dessas virgens reco rdações que. mas em meu coração sinto por ela uma embriagadora adoração. que presentemente meu destino depende inteiramente da senhora. não vê senão dificuld ades e assusta-se delas. nêle pe rmanece cintilante de ilusões. de Beauséant a carta seguinte. êle o adora em segrêdo e a distância. A Sra. proporciona-r-l he a milésima parte da felicidade a que aspirei ao Ouvi-la. Quando. penso na senhora com todo o egoísmo que nos arrasta aonde. raramente mesmo. Não é necessario que eu combata um amor sem limites por meio de qualquer coisa de inf inito? Alas. devoram tôda UIII" feliz e adormecem es gotados. seu ídolo infunde respeito. se assi . tímido. "fia" tarde. Presentes detestáveis para tôda a gente. êle tene ex. não de pertencer à senhora. de Beauséant já se tinha tornado Par" fflelz. COSI erdido nO 1 ra nos vender . não sent ir.Os ?empre arruinados quando soinos ri 1. seio& Árria.O PrópI 4s1. e a senhora OPode. NON DOLET ! 12 estendendo-nos uma garra?a "dC cliamPI Isias til nha. rienhum daqueles bons amigos de Paris. e será tôda a vingança de meu coração desprezado.r. já moriburid.?. aquilo que a senhora desejar que eu seja a . ter-se-ia embriagado. que tão bem abeifi d"zer P. sacrifica. si cláu" nado à morte como conspirador contra a vida do iroPerad)rj. sinta um comércio em que o lucr o é exclusi amente 1 A senhora sâberá fazer ver a essa sociedadev. dimento! A esperança de causar-lhe um a rrependimento atenuará minhas angústias. retirou-o. minha humilde súplica não esconde segun as inten Não lhe teria dito que me u amor era sem li ites 1 e k do-lhe que me concedesse sua amizade. e. 1 séc ulo de nossa era. para eneGrejá-lo ao suic UltIlo . rança de fazer com que Partilhasse do senti ento fundo sepultado em minha alma. Se tivesse trinta anos. ce stação de águas q 1 uando os procuramos. Êle via a viscondessa fria. achava-a absurda. cravou u m punhal 1. uma outra mulher por qualquer motivo entrar na min? vida. Êle não tinha ali. 71c111 os pecti-. a senhora terá tido razão. ou que teriam sido inais afetuow que suas fra ses frias. que tem a teme r? de poder abrir-lhe meu coração pai -a ?nost rar. UIOS vivos prazeres me podem ser inbas nima Palavra que se exceda em veemência. Seir mais to. XO. Não. Essa frdgil felici dade c * terditos a ini. sofisticada? pretensiosas. eu serei a sei. o ultillio luis quando Ilhes pedimos um.. mas afinal.D. Êle desejaria reaver sua carta. mas feli zmente bastante mal pontuadas e bem irreolarmente escritas.. Procurou não pensar. entregando-o ao marido colu eStcs 11p8etus.ETE. as X emPre P wrnpre um cavalo ruim pa s a embarcarem conosco OLas lendo ? sempre pronta . ocorriam-lhe m il c inil .riles da requi ntada civilização.l?. #73 CENAS DA VIDA PRIVADA 73 Será. m as i apaz ainda ingénuo não conhecia os recursos do ópio. tendo serO13r1 nunia e.d.iria. qtie eu aí esteja. tará Para me fazer suportar o fervilhar de meu sangue.. ab. a q. Se me recusar isso.ntes arnlg incerteza. ou nos arrastam a uma orgia para suavizar-nos as allgú" 12) "?PX.contant.. se tivesse . TE. não dói". . peetus Cae. ao se" lado.1 ao meu amor . lutam ente não me queixarei. darila rOalo ido eoo&t" do..NT DOLEV": famosa frese de Árrip. algumas horas semelhantes as que eu consegui furtivamente. .déias infinitamente melhores. é preciso t er trepado sôbre tôdas as Quimeras de duplas asas brancas que oferecem suas ancas femininas a ardente? imaginações. mas. que eu nada represento a seus olhos. ligente e tão elevada como é. .. risonha e zombando de amor como as criaturas que nêle não acreditam mais." É preciso ter -conhecido todos os incomensuráveis infortúnios da mocidade. talvez que a senhora sinta algum arrepn. para compreender o suplício que sofreu Gastão d e Nueil quando supôs seu primeiro ultimatum entre as mãos da Sa á"c Beauséant. mas pms"3" s?. suas malditas frases alambicadas. se eu morrer li. Partirei. Tendo seu espôso.-!.ntia e sofria. Ire. 3&VLIIER ABAN-DOXADA . pretender muito de sua generos?dade pedir-1. rito. "ma vida digna e bela. a quei . Quanto mais o senhor me interessou. mas as circunstâncias me tornam má. com as armas de Borgonha.2de? que fique na sua terra..erd4 Cu. Sr. nsensível à expressão de um senti . ei mento da vida em que as mulheres cedem a . e só pense em mim como se Pensa numa pessoa ausent e. rando que seus triunfos hão de trazer alegria à minIza. de carta lacrada de cêra perfumada. e não saberia ser a aniant. eu a li.. e que cheirava à linda mulher.?.. zrnput% irrefletidos do coração. que talvez agora acuse de sêca. CO77. lidão.o. para seu bem. idéias sagradas conserva. senão com o cor açã o aberto.np1i? dela.. e eu me sentiria profundamente hunzilhada em aceitá-los. a infortânio ensinou-rne a ser calCulista v U . uma ilusão que necessàriamente se extinguirá. nos corações à luz do amor enganado.. Correu iniediatarnente a fechar-se para ler e reler sua carta.lhores criaturas da terra. Hoje. mado sua carta sein a ler. atenda-me conside. nem aos desen. realizando seu verda.. Os juramentos que jaz . . pelo menos com franqueza . senhor. empregar a espécie de autoridade que o senhor me dá sôbre sua vida . 1 sua fôrça. pela boa vontade que empreguei . mesmo involuntàriamente. mais viva foi a pena que me causou. tiver desenvolvido todos os sentimentos q u. cantos da vida. Além disso. e o senhor me enganou.e eu já lhe disse que prefiro a morte no abandono.I ri raciocino. e pela sedução que o espírito sempre exerce sôbre mim. e o senhor tem apenas vinte e dois. deiro destino. rija dessas ladeiras íngremes em que se consomem descere`r` u vidal r?nlp. o senhor procura. tudo l he mandará.o nio. Ordeno-lhe. Meu consôlo. . mas aos trinta anos a experiência tirarlhe-ia a fôrça de fazer-me sacrifícios cada dia.com tanta facilídade hoje poderão então parecer-lhe muzto Pesados. Osenhor mesmo ig nora quais serão suos idéias quando tiver a minha idade.. escrita . Tornará então a encontrar corri prazer uma mulher velha cuja arni-adt s e r-lhe-d certamente doce e preciosa: ela não terá sido submetida nem às vicissitudes da paixão. estão reservados ao homem. a própria natureza lhe ordenará abandonar-me. pequeno pa pel -eli-no. senhor. E u sou n aturalmente terna e boa. que não ponha em risco. o que teri . e o senhor espera muito mais da minha fraqueza %. o senhor ainda não e .. nobres idéias. resposta. pune-me severamente. a ainia e a Nueil recebeu das mãos de Jaques uma Finalincnte" . a sido perfeitamente ridículo. não posso nem quero amá-lo. Além disso. em nome de minha tranqüiJid. Uni dia.. p.. leio dem asiado clara. e a respondo. quis.ne&?. Em breve terei trinta anos. Outra mulher tert .7O vé. senhor. Meus raciocínios provarlhe-ão que. acredito. mento que fiz nascer. Contudo falei-lhe. estou longe de compartilhá-lo. nome de sua vida. e expus-lhe minha situação. e desejo exercé-1a uma única vez para fazer cair o véu que lhe tapa os olhos. Adeus. Confiei na nobreza da juventude. em nome dêsse amor passageiro. Ja pas. vem de D% não dos homens. la-ão pura e santa.. para aceitar en? zade que me pede. niio tenho nenhuma paixdo... o senhor me daria tôda sua vida sem hesitar. ?. Mais tarde. em poupar-lhe a rudeza duma recusa.. quand o . o senhor apreciará rnjn. e minha conduta lhe demonstrará muito melhor ainda a sinceridade da minha alma. Seu Q Qk coraçao o en. que me oferece. O #74 CENAS DA VIDA PRIVADA senhor força-me a dizer-lhe que eu não o amo não devo.. Tudo isso é um produto do insti . p 4 lhe essa astúcia de criança. a fim de fazer compreender minha frieza a uma alma jovem. se não sou i . capaz de morrer mesmo por um prazer eféi i2ero. a Sra. sua su?prêsa deu tempo a GasQo de chegar até ela. Ao ouvir aquêle norrie. Essa interr ogação foi motivo para mil suposiçõ-.vi-n. ?Çh1 eI. menos numerosos que os da durna e Londres. hábi Aliás. Gastão de Nu-cil escreveu esw linhas: "Senhora. onde ninguém nos conhece. de Beauséarit deixou cair o livro que tinha na mão. evitar enlanguescer demais se us o. a menos que não te"" causar um remorso na sua. d izia ao ler romances franceses: "Não vejo porque êsses pobres apaixonados levam tant o tenipo a arraniar o que deve ser ocupação para uma ún"c?" "nanhã".? senhor. confesse! Não. e qtic dentre . ela estava nuiria carr1139co" e já ia partindo..mulheres." Quando o criado do Sr. culo declínio próxino instintívamente pressentem. e de dizerlhe numa voz que lhe pareceu deliciom: raml . patrão disse-lhe: . esta. ?le escolh<. seja Seu Poder "Pular suas co ndições. -por. cornuin. is ça. Paix~ têni Inuito pouca importância na história .À própria senhora viscondessa.aO verdadeira Para serem m encionados.A queirt entregaste meu bilhete? .5. mulher inteligente. não há dúvida que. #CENAS DA VIDA PRIVADA . criado essencialmente aristocrático. ela deve preferir a Suíça.com que prazer me vali dos mesmos cavalos que a trouxeSer assim atendida em seus secretos desejos! Qual a niiilhQr que não cederia a uma tal felicidade? Uma italiana. de Reauséant desejava -impor à felicidade de Gastão para suc`mbir Kalhardamente como as virgens da antiguidade.. Para vir à cidade? iscon Acho que não. linediatamen te Gas -o até Genebra sem saber-se acõmpa.. absolutamente não se espantou de ver o Sr.Depois de ter lido essa carta. ao ver o r apaz. . Jaques. e anunc iou-o como criado habituado a tudo compreender. Oh! aceite minha vida. nada prova que a supo ç A viscondessa alugou um aa pequena casa à borda do lago. e" bem mereceria minha sorte. s e deixasse de arná-la.. nt Ela arrastou d.exclamou o barão.tão fêz seus preparativõg pãfâ gcguir R S-fl.r.te. Quano do já estava instalad a. AL MjULI:TEn ABANDONADA . POr que rido poderia o narrador. ao anoitecer. A berlinda da senhora estava atrela da com dois cavalos de p?osta.u naturalmente a mais animadora. talvez tamb?ni para gozar as casta s volúpias do primeiro amor. à Fran de encontraria censores". a exemplo dessa italiana.nen . e que elas prolongam. . " Entre as inil reflexões que o assediaram durante Oh3da por éle. seja para fruir por mais tempo 6s. respondeu o criado. e 1"uro-lhe um aa f idelidade que só se acabará cO1" " morte. de Nueil ainda estava na idade erri q ue ti" I"Ornem é -vítima dêsses caprichos. Sin. senhor.. e que dêsse lado dos Alpes seria considerada profundamente imo ral..ertos homens seriam incapazes de amar uma mulher bastatite para escolher s eu terreno.5 quais e. uma dessas divinas criaturas cuja alma é antípoda da das parisienses. . de Nueil voltou de courcellcs. Mas 1 ^u-enos conter-ncia de Protocolos de boudoir. dêsses ""ei<"" que tanto engodam as Para beni est. particuj. só os amorosos refinados o fazem. aceitando a OPI`í` nidade que me oferece de ser um hornem. de Nueil. não atenderei. que terá ela ido embora?" preocupou-o inaL4 . tes e sua narrativa? Bem que haveria cenas amorosas lindas de descrever. 13cauçC3. oC. doces r etardamentos que a -Sra. foi: Se a viscondessa -quer aniar-me. vai-se. . e fazê-lo atingir sua rais alta expressão de fôrça e veemênci a. -i ão de Gastão fôsse verdadeira.W viagerfi. OSr. Gastão ali se apresentou por uma linda tarde. A marquesa gostaria de vender suas terras e voltar para C?_-!-_-bra. A Sra. In se o lago sob um aspecto diferente. fueidios.1 Essa pequena notícia biográfica sôbre o N.nove anos a fio gozaram de uma felicidade que é inútil. de Beauséant e o Sr. ura verdadeiro ninho de amor com canapés brancos. um pouco metódico. A Sra. de Nueil concedeu bondosainen. de Nueil. Gal"tt cal Ci I is I.essa aiugara. de Beauséant. tura nova. 11 1* -1 1 de Beauséant compreen eu que essa respe t ve matrona devia ser sua inimiga. e tornaram a encontrar os felizes dias da Suíça.Iarquês de Beauséant (seu pai e seu irmão iriais velho tinham morrido) . ais ?. Nada nos dá mais fôrças !para viver qile a certeza de que nossa morte fará a Telicidad? de outrern o Sr. seu pai e seu irmão tinham morrido. Entretanto. te à mãe o usufruto do s domínios de Manerville. de Nueil. onde tudo brilhava de ale-ria. " n guém. A pequena casa era simples. gozava de uma perfeita saúde." homem . Condêssa de Nueil. a poesia e a oração. desas pessoas irônicas e obstinadas que.Levantarem bem dispostas cada rnanh. felizes. Nueil. de Beauséant era uma. de 1. de Nuei]. cambiante! llb i?? 1 1 As coisas pareciam sonhar por êles. Mas isso seria não confiar no Sr. . passeando de bote. Os dois amantes comprarairt aquela casa e gostariam de poder cor . sem dar falar de si. OSr. o Sr. para levaram tudo com êles.e considerável que limitava com as terras de Gastão. de Nucil permaneceram dura.(). cercada de amplos balcões ornados de toldos pers. levantando-se tarde. numa das mais lindas posições do vale do Auge.Iarquês de Beatise : tem por objeto fazer comp reender a impossibilidade eir.11. A terra da Sra.-C Ora. Era um a pessoa rízida e virtuosa.. mas cujos têrmos podem !wr enunciados com uma . de Beauséant. jamais quisera %. de Beauséant acompanhou o Sr. e a "raA MULHER ABANDONADA 77 séant encontrararri-se numa situação tão natural e tão falsa quanto a eIn que tinham fic ado no início desta aventura. crise fatal.. con. acima dêles. um céu rnara.A Sra. de Beauséant ficava situada perto de uma cidadezinha. enfin. contornos esfumados. depois desse. êle teve que deixar Genebra. perto de Marterville.que a marquesa de desposar o Sr. cerimonioso e CO?PO capaz de declarar seu amor a uma mulher tão tranqüilalucnte um criado diz: "Senhora. de J3eJ-?" que uma mulher p oderia assinar. no infinit o de suas maneiras de ser. o marido da Sra. está na mesa".? como todos nós sonhamos ser. mãe de Gastão. as montanhas n e seu. o rr.?. que fizera muito legalmente a felicidade do Sr. dade que ela lhe deu de continuar solteiro. todavIa. nove anos de felicidade. descrever: o desfecho desta história deixará se m dúvida entrever as delícias dêsse tempo àqueles cuja alma pode compreender. ao longe. A Sra. três anos na vila situad a à beira do lago de Genebra e q 171 ue a viscon_ d. da qual é impossível dar uma idéia. Durante. ademais.. Ali ficaram sózinhos. tar as montanhas e retirar a água do lago abrindo uma válvula. em troca da liber.precisão matemática. v io so. e que tentaria arrancar Gastão â sua vida imoral e anti-religiosa. De cada janela divisava. Ali.er a Sra. tapêtes ofo5? pin. tiro extenso lençol de água caprichosa. e tudo lhes sorria. est. Vendeu sua casa e comprou. os dois amantes erguerarri In entre êles e o mundo barreiras que nem as idéias sociais item as pessoas podiam tran spor. encontram Inais prazer qu? ql`a" otura ao s. o N. s?" melhantes a rendwciros vitalícios. um propriedad. ianas verdes. à frente. . C oride continuaram juntos. de Nueil à França. pai.11. importantes interêsses chama ram o Sr. sem ver nino. coloridos. havia um mês. tã . sentido os sacrifícios que me fizeste renunciando a tudo . Há certas coisas que uma mulher não pode dizer em presença de seu amado.. As lág)-1-Mas que molham estas páginas poderão expressar-te todo o " b meu reconhecimento? Gostaria de tê-las escrito de joelhos. Mas êle traz consigo um outro mui to mal s opressi vo. êle precisamente tinha. As maiores misérias que possam nos ator. que transmitas teus bens. Por isso quero confiar-te minha angústia. a Pul Pe -. mesmo os mais fugazes. não é. nes se casamento que deve aumentar necessàriamente tua fortuna. Amigo. meu amor. deixa-me dizer-te que apagaste tôda a #78 CE"NAS DA VIDA PRIVADA A MULHER ABA-NDONADA T9 recordarJo das dores cujo pêso outrora mirila v . constrangida. torna-o uma humilhação que arruína para sempre a vida. Querido "?PÔsO do céu. não será o caso de morrermos ? . quando nossas carícias tão seguidamente nos servem de linguagem. a carta seguinte. s"m. e quando as palavras são também carícias.r. quando nada nos separ a. ll cidade. a Sra. Reconheço que meu coração deve ser todo v erdade para ti. essa felíci dade fêz-me conhecer um supliio mais horrível que o do abandono. sucumbir.. Tal é o pensamento que me oprime. Além do que.se tornado de arnôres pelas t erras de Valleroy. e ela era incapaz de tal.ndes movimentos de terrenos. Pois bem. de La Rodière. t odos os teus pens. Não seria arrancá-lo a uma espécie de felicidade mecanica que as mulheres desejam sem pre para seus maridos e mesmo para seus amantes? Havia chegado à região uma tal Srta. de Beauséant procurava resolver: ~"Meu anjo amado.de N ueil. fica sem fôrça e incapaz de rac"ocinar. é uma angústia. que freque tes a sociedad . Que terro r es sa diferença de idade inspira a uma mulher apaixonada! Tu podes ter. jovem de vinte e dois anos de idad e e possuidora de uma fortuna que lhe dava quarenta mil francos de renda. Post as assim essas personagens como os números duma proporção aritmética. se essa infelicidade fôr causada por nós. felicidade sem limites para urria mulher. onde fazia grandes plantações. semp. e êsse degrada a glória do amor. Tive tôdas as flores da tua alma. nunca soubemos o que foi um sacrifício. Querido. muitas vêzes palpi te.?7O mundo por mim. durante êsses nove anos. tin . . obedecemos ao impulso de nossos corações. permítir que possuas tua feli. que não te devo ocultar nenhum de meus pensamentos. Talvez tenhas pensado no teu destin1 na vida social. gria ao pensar que. e "muitas vêzes `ne sinto assim. o coração de uma mulher tem recessos bem profundos: eu mesma até agora ignorava a extensão do meu..za da lu grande alma Para satisfazer as exigências de um Cora de mulher exigente . teus filhos. e amo ao extremo êsse doce abandono que tão bem se ajusta comigo. E. nem uma vez meu ciúme foi Proz?ocQd. escrever-te. Gastão encontrava essa herdeira em Manerville tôda a vez que o dever ali o conduzia. e tão longos. o simpl es fato de pensar nessas coisas paralisa-lhe a voz. como ignorava a extensão do amor._ mentos.. p ara p ermanecer por mais tempo embaraçada.o rápid.. depois sèriamente. . explicará agora o angustiante iproblema que. Gozei um. Foi 1 4a ciso a candura da tua radiante mocidade. Sentir-me assim ao teu lado f az-me sofrer. men tar são ainda leves de suportar comparadas à só idéia da infelicidade daquele a quem amamos. es crita e remetida uma manhã a Gastão. mata-o. Tu tens trinta anos e eu tenho quarenta. faz refluir todo seu sangue para o coração.-senso? E no entanto..com que me fazes calar com uma imperencia que eu adoro. porque de ti t udo me agrada. Só tu me fizeste con hecer o amor. Escuta-me! não me faças ésse Tá tá tá . de al. Não houve nunca a mais leve nuvem no no 3s céu. não será um contra. a princípio inv olutàriamente. quando vivemos coração com coração. .. samento. nem de me enganar. todo graça.. Queres que encoraje tua confissão. Julguei que. e eu sou muito altiva... devem ter se apresentado a ti."2"... Dever tez... Aquêles que sabe?n s nuliao Jar suas amantes são bem caridosos quando " felizes. Na verdade. apenas. rest ituo-t e tua liberdade .? Pois bem. "... Permaneci melancólica e atónita por alguns instantes.. tanto o que tua mãe te diz como o que pensas! Se hesitaste entre alguma coisa e eu... ? Não... Ocultar-te-et meu destino.. não devo ter o egoísmo de submeter tua vida brilhante e promissora à minha que em breve estará esgotada .. 1 . Meus desgostos..... porque não me separar dela a tempo?" Essa frase estava escrita no fundo de teu olhar. Amigo. edade! essa idéia me é ainda mais horrive . todo beleza. ap 1171 temor de e stragar tua vida. . Tu és tão bom. Não está fora de teu pod er encantar .ue eu gozei deliciosamente .. como é 1 teu costume. nao me deixes n a incerteza. tu não he% mais como me amaste. e eu devo ter sido Yotí gida pela desgraça donde me tiraste... #so CENAS DA VIDA PRIVADA um Gastão que mais nenhuma mulher Poderd con e q. Faze-me sofrer. maginando te r tido justos pressentimentos ao supor as coni .".. todo delicadeza.. sou devorada por dúvidas q ue nos desonram. .. Sim . mas me dirás a verdade. gura ao pensar em nosso amor. Lembrei -me então de algumas atençoes que te são habituais. mas não te acusei.. Esco nder-te lágrimas! as primeiras que o desgôsto me fêz verter de dez anos para ca.... lias na minha alma. senti que a natureza nos vende sempre os tesouros do amor... sem que eu saiba.e e que nela ocupes com honra o teu Mas deves ter reprimido êsses pensamentos.? m... e desde que viste em casa dela a Srta... . uram entos qui` 1 passados só nos ligam à face de Deus. não quero mais tornar a ver... Desde a chegada d e tua mãe. saberei não chorar diante de ti... mas não me enganes: quero saber tudo. a ?norte é preferível a os dois Pensamentos que. se eu tives se tornado uma das tuas melancol ias de amor por um pensamento refletido?. Mas se eu me enganasse?.. ecturas da tua razão. entristecem secretamente minhas horas. e no auge de suas ilusões. uma herdeira? l"mo fortuna e u m belo fu turo.... e esperei tuas confidências... que santifica tudo... mas restituí-lhe a consciência de seu amor e do teu: tôda a mulher está nesse sentimento. mas onde acreditei perceber essa es pécie de afetação pela qual os homens traem uma lealdade Penosa de manter.. Deixei-te para ir chorar longe de ti. Não possuí teu ser ioz?em e Pudico. a sorte não nos separou? Tu terás pensado: "Cedo ou tar de deverei* deixar a pobre Clara.. Por mais cruel que ela possa s er. paguei* bem caro minha felicidade... como me amas.. sem po. não encontro fôrças para me m ostrar arrogante contigo... de Ia Rodière.... que é todo o meu ar. te... nao.... i . Nesse momen to. hil. tens razão. tão franco! não serias caPaz nem de me ferir... Ontem... para tas mostrar. pune tua mulher ciumenta..""o? 1 1 alie o tua pi .. Alinhas recordações serõ. nocentes.. eu nãr. feliz por 5O.. o. crificares a mim. meu coração. Na tua generosidade de nlQão" deves ter querido permanecer fiel aos . ON paro... quando me perguntaste tão meigamente: "Que é que tens?" tua voz me féz estre mecer. pensamento feminino. há alguns dias. Ah! meu an1 .. Sim..n`4 deria ter uma rival. meu coração arrebenta . serei con"Olada Por 1. a fortuna consolava de tudo. Fazia-o observar o que havia de lisonjeiro para êle em ser distinguido pela Srta.tivos da Srta. segu ndo o programa prescrito a tôdas as raparigas casadouras. 1 UM único dia. Depois. a única mulher que há no mundo. como é impossível amar-te como eu te am o. se meu a mor não te pesa. nqu e u s.foi nunca proporcionada às fôrças da mulher e que intensidade naO cem. D1:t. uma mulher pelas meiguices infantis. creio eu..P" 1 nino preferir tua felicidade à minha. . quando tantos bons partidos lhe eram propostos. auxiliada por sua sincera afeição de mãe. sso seri . mas desco. Não te lembres. será por vêzes ríspida. se a Sra. eu os sepultarei na minha lembrança para gozá-los ainda. mas fala! Sou submissa a ti. será tôda uma vida de felicidades. luvenis MULHER ABA-NDONADA 81 os e um coraç o joveni. se meus temores são quimeras. de Beauséant soube que esta carta estava em Quan de 1N"uei"I. Enquanto a infeliz marquesa aguardava só as mulheres conhe *I estava. lveditaçao que paralisa da. -da de Oqueres tua liberdade? Refletiste sÔbre tua v" . outra ocasião assim não se apresentaria. de Ia R-odière. o Sr.Po r "sso" fala! sé franco: não me enganes.à. moça bastante insignificante. 1 cuja compreensão nunca me faltou. Sir .. cada dia acrescentado ao nosso arnor. para que essa lembrança não te influencie O io Dells" decisão. caíu num abatimento tão profundo e numa . A Sra. branca e rósca meio muda.5 de. para mi . segundo a expl*es55O empregada pelos jovens nessas espécies de crises. muito atrapalhasua sorte. sempre iiii lã nados de um brilho celeste ao ver-me. go mesma e êsse estudo contínuo de tua fe licidade. se eu continuo sendo para ti a M EVA. se pudere s. ç s. tendo lido a carta. Meu querido tesouro. essa mulher jamais te agradará tanto quanto eu te agradei. por essas genti ezas de al êsses atrativos físicos e êsses rápidos entendimento. e vi.. Comoo -es i. uma vez lida esto -arta vem! corre! Ah! eu te amar ei num instante mO do que te amei.. então. tua vida a ft1i. já era temipo de pensar em seu futuro. pelos Z . . causar-te um a eu morreria. si in. já te disse: tenho-te suficiente ainO". de Nuei do. Sim.ndOal " único consô1o que me restará se tu me a a do a Sra. anse os que a Ptivarão dê sorriso constante e inalterável que sem pre embelezav. se contudo não tiveste a mais leve idéia de liberdade. de Ia Rodière. ma . DepO de ter sofrido o suplício inútil dessas suspeitas de qvl me acuso. Tua voz. Teras preocii I be. de Nueil.O. sensibilidade. ver feliz por essa maravilhosa vida passada. de Bea uséant o amava por êle. Teus olhos. a um crinie. Êle tinha . um dia êle teria oitent a m il francos de renda em bens imóveis. Por certo. enfim pelo adorável cortelo que acoii nha o amor adolescente? Ah! agora és um homem. o homem. ela deveria ser a primeira a convencê-lo de casar-se. ela sofria essas dores cuja que ficou como . . Ela não terá esse cuidado perpétuo que eu tive comi . de para ela. entorpecente pela grande afluência de pensamentos. Enfim. nhecida de todos que não nós . am ç es. i .Ibon. reta como um álamo. te! desnI"115 " mem? Ten s algum desgôsto? Eu. quase cedido às instâncias da mãe e aos . procurava atrair o filho à virtude. o coração. a alma que eu conheci não exi stirão mais. embaÇar-se-ão alniú. durante êstes nove anos. decerás a teu destino calculando tudo. teus lábios para mim. dos nossos nOve 672os de 11O cidade. m sempre ilã doce. mas seus quarenta mil fr ancos de renda em propriedades de teicras falavam cioqüentemente por ela. ...A senhora necessita de alguma coisa? . mord eu-a. semimorta. tudo estava acabad o. Por isso. a pobre mulher sobressaltou-se coInO uma ando. .Começou a ler: Minha bem-amada. e juro-lhe uma f"del"d ade que só se acabará W" 1 1 ? ieffl# a morte. envolvendo-a num lençol de gêlo. amortecer êsse golpe mortal.A senhora marquesa não está mais no castelo. sentiu-se invadido por um aa sincera Piedade. bem mereceria minha sorte. retiran do-se. deixou-se cai r no canapé.Pobre bom-em! . com a vez da inarquesa. O Sr. a menos que não 1 . se deixasse de amá-la aceitando a OPOrt`1" coinuin) eu nídade que me oferece de ser um homern . Êle resolveu deixar a marquesa e casar-se. quando Jaques entrou. Pálido de arnor. Um frio desconhecido percorreu-a da cabeça pés. a carta #82 CENAS DA VIDA PRIVADA era uma sentença. enrolou-a. ela percebeu distintament e o espírito que havia ditado as frases enro. causar um remorso na sua. Pensc`u Poder levar a Sra. êle me compreende. .disse êle consigo. Quando voltou. Se êle não vinha pro. imaginou o sofrimento que sua rewlução iria causar à amante. com isso" ela tinha levado o filho a hesitar. rado triangularmente. e achou necessário. tar a seus joelhos. arbar. k"?sPO ndeu_lh. Ao divisar essas palavras seus olhos cobriram-se de um véu espésso. confesse! Não. A carta da Sra. sofrimento que su a vaidade de homem tanto quanto sua cOnsciência de amante faziam ainda maior. de Nueil. nha aprisionada . súplice. de Beauséant chegou num momento em que o amor de Gastão lutava contra tôdas as seduções de uma vida arranjada convenientemente e conforme as idéias da sociedade... mas essa carta decidiu o corribate. e fazer co" que ela determinazse êsse cruel casamento. e Jaques entregou-lhe uma carta dizendo-lhe: . deixa ndo "Prc entre êles a Srta. sacrifi"ndo-a prirrieiro para a inipor mais tarde. há tanta esperança no coração das mulheres que amam! São precisas muitas punhaladas para rnatá-l. elas amam e sangram até à última. " assim. A voz íntima de seu coração gritava-lhe: "Éle mente!" Depois. estás criando quimeras. de Ia Rodière como um fantasma.pensou ela enxugando uma lágrima. rasgou a sobrecarta e leu: o "Senhora.Era o bilhete que êle havia escrito à marquesa na ocasião co que ela partira para C?cn . na a ate"" derei. êle. Oh! aceite minha vida. acostumand" gradativamente à idéia duma separação necessária. cando com a vista tôda a primeira página com essa avi dez lúcida que a paixão comunica. a contar com à" nob reza. Voltando a página com uma vivacidade convulsiva. espantado. Compreendeu de repente êsses imenso inforl úniO.foi a resposta. Depois. . amassou-a.perzuntou Jaques com voz suave. um criadol . Contudo. se êle não vinha em pranto. para triunalti o empreendimento. para acalmar suas suspeitas.. . de Beauséant a um estado de calma. dilliadas daquela carta em que não enc ontrava mais as expansões impetuosas do amor.Oli! o infame! êle me possuiu não me amando mais1 Depois. rasgou-a.. quando .É preciso ser homem na vida! . encontrou Jaque s na soleira da porta. de Nueil saíra depois de ter escrito a carta. . di. O Sr. lançou-a ao fogo e exclamou: ..séant para entregar-lhe um papel do. far nesse Piedos Chegava. e corri as formosas qualidades da sua alma. rigiu à Sra. de Beau. !1??POnderI Para uma Mulher que juntava à intuição do amor as nciais delicadas perce pções do espírito feminino..aquela boa mãe não esquecia nenhum dos meios pelos quais uma mulher pode influir sôb re a razão de um homem.Não. ela lera em baixo estas palavras: Nada esta resolv ido . caridoso. Z perdiz morta por seu guarda ou pelo Sr. de Nueil partia de manhã cedo para caçar. Ela exigia um silêncio absoluto na casa e só saía de ?seus aposentos p a ra ir à capela de Valleroy.A marquesa ainda gosta de caça? 4 re`sPosta afirmativa de Jaques. nsIgnifican tes na aparencia.ebra. Estefânia de Ia Rodière.1Ur?r1ER ABANDONADA dêle o pequeno favor de reservar para a marquesa o resultado de 511 caçada. o Conde de Nueil caiu numa espécie de apatia conjuga l. que êles próprios destruíram ou perderant. e só voltava casa para almoçar. mas que comportam enorme desdobrar de idéias e -denunciam imensa inquietação de espírito para não lereni siniplesniente referidos. Tudo isso estava de acôrdo com a educação recebida. e fê-la chegar às mãos dela. e abandonados ao c apricho das interPr"etaÇ6es de cada inteligência. i! . Durante vários dias.. era mais ou menos terna. êle regr essou pelo parque da Sra. que tanto podia significar felicidade como infelicidade. Abaixo. sem nunca ter matado nada. esperou-o. tornou-se extremamente alheado e pensat"v". 1JIn. Gastão ofereceu-lhe uma ~a baRailte elevada.Meu filho é completamente feliz. Gastão de Nueil. não tinha deixado seu castelo de Valleroy quando de sua se paração do Sr.."Mas tÔda a vida êle tinha sido sério. Era qua-se noite quando o criado da marquesa a trouxe de volta.. longa carta à marquesa. Pareceu sem importância a Jaques que sua ama comes. A carta fOi-lhe devolvida sem ter sido aberta. dia.. A maioria dos homens não terá uma mais interessante para con tar? Mas a celebridade do desfecho. Poucos dias após seu casamento. de Beauéant. de Nueil. Por uma infinidade de razões que se devem deixar encerradas no coração das mulheres. um aa mistificação. ..disse o conde. de Nueil era muito bom para ela. Vifite di-as d ma veracidade vulgar terminasse aqui. talvez ponham esta narrativa ao abrigo das críticas. A Nfarquesa de Beauséant. Clara de Borgotilia C911. Sua mãe dizia a tôda a gente: . onde um padre dos arredores vinha rezar-lhe a missa tôda s as manhãs. a cOrtipanhada de argumentos especiosos.. por qualquer fat alidade cruel. tal como muitas moçais. apenas. A MULHER ABANDONADA 83 -o de Nueil voltou para a companhia da mãe. Jaques prestou-se a essa inocente burla. caça. OSr. ficou grávida um mês depois de casada. de Nueill pois Se um aa desejava que a marquesa não soubesse a prove nlencia d a que êste . desposou a Sr ta. para obter . em u? . Sr. vera: Está livre. aconteceram alguns -fa. Gasta epois. -I #84 CENAS DA VIDA PRIVÁDA .Q flerville C q r. A Sra. Uma semana inteira de correu assim. De súbito. Clara continuou a residir nêle depois do casamento do Sr. tos i Após sete meses dessa tépida felicidade.. de Nueil. o conde lanç . senhor. Gastão cobrou bastante ânimo para escrever ti. pa ciente. meiga. de Nueil havia caçado nas terras de Ma% de Valleroy.Ela foi morta em suas terras. mas tudo o que êle poderá fazer nascer de recordaÇOC5 na alma daqueles que conheceram as celestiais d e lícias duma paixão infinita. dois meses depois de ter "deixado a marquesa. dizia a mãe. seria Se essa história clu q. e pergunt ou ao criado "ando êste chegou: . sendo que cada uma saberá quais as que lhe serão pró. Viveu num isolamento tão profundo que seus serviçais exceto Jaques e a criada de quarto não mais a viram.te verdadeiro. infeliz. em Maner. pri as. "Mandou chamar Jaques. gritou . de Beauséant.Se avançar. de Beau séant voltou lentamente o rosto para a porta e vIU seu antigo amante. ela é tão espiritual e tão amorosa ao mesmo tempo. de Nueil conseguiu chegar até à porta dêste sern fazer o mínimo ruído. O Sr. talvez sua respiraça tenha tornado ligeiramente ofegante. a cabeça inclinada. o amor nunca é um hábito: sua adorável ternura sabe revestir-se de formas tão variadas. A volu ptuosidade. de faze r nascer êsses prazeres ternos. sentada numa enorme p oltrona. Co lul)ol 1tor . ou talvez que sua presença fÔsse il"P" sível sem o fenÔmeno da intussuscepção cuja freq üência é a um tempo de glória. Encami nhou-se para os aposentos da Sra. fugiu como u ni malfeilor. A Sra. Era a dor na sua mais completa expressão. e a certeza" fecunda de experimentar uma felicidade particular ou junto da pessoa amada. onde parecia escutar um capricho de HéreJd13 estropiado ao pian o por sua mulher.ou-se fora do salão. pelos quais somos imbuídos de mil superstiçõ es e que cremos inerentes à pessoa cujo coração nô-los prodiga.uo ao salão. que continuava a sacrificar o capricho. ou deliciosamente experimentaram os fenômenos a -qu e a união perfeita -de dois sêres dá lugar. ela põe tantos artilí"O5 em sua natureza ou tanta naturalidade nos seus artifícios. quando o criado voltou de Valle roy e -devolveu ao amo a carta que não tinha sido aberta. abriu-o e oldo no exterior d o vão da janela. Êsse admirável entendimento. magra e pálida. de Nueil. de Nueil tenham brilhado nas trevas.senão me atiro 13) Hdrold: Louis-Joseph-Ferdinand H6rold (1791 . parando ipor momentos como para tentar r eprimir as sonoras palpitações de seu coração. Sentou-se. . delicados. A marquesa nunca saía de seu quarto de doTmir. senhor. ouviu uns ruídos surdos e presumiu que todos os criados estivessem à mesa. junto a uma mulher que possui o gênio do seu sexo. as mãos pendentes. . depois.1833).exclamou a marquesa. como uma flor rara.suicídio. Uma ?ra de is.Saia! saia! . chegando pró. a mão no parapeito e a cabeÇa tada para Gastão. à espera da resposta.A &se grito terrívcl? o Sr. e Matou-se. e seu criado de levá-la à Sra . De volta em casa. ximo ao castelo. Uma mulher não se amolda. cada qual de um lado da lareira. não se submete num dia aos caprichos -da paixão. viu à luz de duas velas. mas não se sabia se Clara de Borgonha olhava ara o túmulo ou para o passado. são em parte o iegrêdo das uniões duradouras e das longas paixões. de Nueil . tude uma vaga esperança. exige os cuidados da mais engenhosa cultura. a marquesa. o Sr. compreenderão perfeitamente êsse. a felicidade e a prova do verdadeiro amor. Quando o mensageiro saiu. de Nueil passou pa ra um pequeno gabinete c(ntí. que por uma brecha que lhe era co nhecida e -caminhou lentaniente através das alamêdas. onde guardara sua espingarda de volta da caçad a. essa crença religiosa.eu me atirarei por esta janela! ficou com um pé apO12" Ela arremessou-se ao ferrôlho. Saltou -para o par. franeft. Ali. . findo o capricho. recornenencarregou fizesse saber à marquesa que se tratava -dum assunto d3OdO-lhe "que 1 de vida ou de morte para êle. tão contrário aos hábitos da jovem França.oltou para o salão e nêle encontrou a espôsa. . As pessoas que bem observaram. os dois esposos estavam um diante do Sr tro? lenciosos. de Nueil deu então alguns passos. e correu à casa da marquesa com a rapidez de um homem que voa a um encontro marcado. Talvez as lágrimas do p . talvez tenha tido UIn estremecimento involuntário. que Sc torna tão poderosa pela recordação qu . Havia naquela ati. os olhos fixos num objeto que ela pa recia não ver. é -natural. Ésse rápido e fatal desfecho. só o tempo e a harmonia das almas são capazes de lhe revelar todos os recursos. owindo os criados em agitação. -O Se Sr. o Sr. OSr. de Beauséant. Gastão escreveu uma carta muito curta. empalidece"* do. desenhadas com mão segura e de Proporções admiráveis. inclusive A Mensagem e A Mul her Abandonada. se a mulher en. diatamente um defeito de construção: a narrativa Própríamente dita eStá encaixa da em outra. a obra começou a sair em folhetins de La Pres R. Ela tinha. o pleno dire. mero artifício. que horroriza as almas #86 CENAS DA VIDA PRIVADA Quanto à Sra. Mas se. sempre em carta escrita à Condêssa Hanska. tôdas as mulheres empalidecem. a qualquer coisa que tivesse escri . de Beauséant. e se feriu mor talmente sua eira esPÔsa Por uma quimera social. seu entusiasmo já arrefeceu consideràvelmente. Estou com mêdo de ter escrito uma tolice". Honorina re vela. egoísta. além disso.. Oambiente italiano dessa última. "rn honiem dêle s e priva para cair num casamento frio. É preciso ter Sentido o temor de perder um amor tão vasto. então é preciso morrer ter essa filosofia material " &Pa?onada&. Poucos dias depois.Dando à c ondêssa . o desespè de seu amigo. Contràriamente à expectativa do leit or. embora sem sabê-lo o nome da mulher com que. se êle ainda tem nos ""rdad i um amor celestial. lábios o &ôsto de O reviverá mais para êle. : . perfeitamente dispensável. mas que uma arnarite d Ddiar. setembro de 8. e a referência lisonjeira a per. casado com uma Onorina Pedrotti . lIs de Perder de vista a condêssa. BaIzac 2S gundo éle mesmo relata em carta de 17 de à Estrang??ira.los irreconhecívels.n casou dep e` 1 . NS.como também Os outros nomes de sua história.. dão-nos a impressão de que BaIzac está pagando alguma dívida social. p orque na pureza de seu amor é que reside tÔda a sua ??" tificação. compôs Honorina (em francês "Honorine") em três dias. fria. sem dúvida que ela não acr? ditou fôsse até o suicídic. contar uma história em que figura uma Honorina. ou tê-lo Perdi do. dêsses encontrar a mesma felicidade prova-lhe. or . para tornd.por quem estava perd* dalnente aPaixonado.?"? recusar-se à mais a viltante partilha que existe. Existe. vendo o acolhimento favorável. Quando. aliás. tirava a seguinte conclusão: "Tudo isso quer dizer que uni trabalho feminino constitui especulação de glória bem me lhor do que uma obra viril". que éle julgou q ualquer un. Comparada a elas. achava a novela supert . Angoulèine. se. tendo-o conhecido. porém. No acesso de otimismo que se apo derava dêle depois de tais façanhas. em março. to no mesmo padrão". um Pormenor que perturba a leitura: é o fato de o Cônsul Maurício.2 HONORINA Tradução de Casimiro Fernandes #? 1O COMO PREC? ASSE com urgência de cem ducados. obras de arte pequenas mas Perfeitas. o cônsul Mauríc* a Praticando 1O Pela mu . o narrador. (Observamos acessàriamente que a condêssa da narrativa não chamava assi nome m na realidade. depois de o largamente cercado de amor durante nove anos. trata-se de duas mulheres diferentes e a coincidência não é explicada. sonalidades italianas que receberam be m o escritor durante sua última estadia em Gênova. tão ardente. Comparadas a ela. para conhecer-lhe todo o valor. resserenou -se e. 1 pensasse ser a única a sofrer. e que uma "to de es Msa pode tolerar por elevadas razões sociais.anto o é pela sua presença. Os leitores dessa edição verificarão sem dificuldade que Balzac se enganava ao julgar Honorina superior às duas novelas citadas. e não hesitou em confiar suas inquietações à mesma correspondente: "Honorina vai sair hoje. é o narrador que lhe modifica o . ime. Talvez g. por que essa feli cidade nã fatos sepultados nas trevas da vida conjugal. "que morre por um excesso de pudor. aparato deve também ser pôsto à margeni para se chegar ao da novela. ri. o que menos ama tiraniza e tortura. A grandeza de Balzac consiste em ser fiel à verdade revelando-nos essas mentiras tão cuidadosamente veladas. "A Condêssa Honorína". para BaIzac o casamento não se resolve pela linUIO dos corações. e por isso ambos mente7n a si próprios. a mais indecen . Balzac. antes de tudo. pestades do amor". o que mai . é o drerna íntimo dos protagonistas: o cor?. embora arrependida de sua falta. pois. de certos recursos romanticos. "Ocasame nto exclui a paixão. mis éria de nossa condí..es. uges. 177. espôsa). s ama se avilta e sofre. lembre-se. tomam corpo. Se agora. adorna-a com o nome que retí-.lo Conde Otávio para ajudar a espôsa infiel sem que est a o ?. então. (Ôn1 . como nunca existe em dose igual nos dois . .. Mas a lição que se tira. e as que porventura ofereça nem sempre coincidem exataniente com as que o autor desejava tirar. fazendo abstração da cena que serve de introdu.7o e fim Passamos a conside rar a narrativa central. numa tentativa inconsciente #go de reconciliação com a morta. ao morrer. Por entendermos assim o conflito de Honorina e Otávio não subscreveremos a censura d e Taine. como os infinitos cuidados tomados p. que achava contradições nas atitudes da heroína. i nsiste em tirar. e o marido que ama de verdade a mulher Pode e deve perdoá-la. na realidade sente p or êle invencível repulsa física e prefere viver pobre. que não haja paixão. paixões que as arrastam por seu caminhopróprio..-do)". ga nham aptidões. p.. temperamento. rzie Honorina obstina-se em evitar o espôso a quem traiçoeira " r? rse abandonara e explica a sua recusa a voltar para êle e benefIcla Giuseppe Gigli. à margem das grandes emoções do coração para as quais o romancista reclamaVa a liberdade mais ampla. OpÚblico interpretava-a como um exemplo em apoio da estranha tese de que a perda da honra de uma jovem espôsa não é irreparável. Esta idéia. e a Condêssa Honorina. à. não tem exemplificação perfeita em Honorina. tantas vêzes exposta por Balzac. a?. mas sim nos sentimentos". uma conclusão um tanto diversa. de Otávio. ilgora. afirma êle. No caso de Balzac. e o casamento seja uma instituição puramente administrativa e social. choca-nos o abusf. apesar de perfeitamente compreender quão mal procedera ao abandoná-lo.ão humana... que. s uma vez até o fundo da. abandon ado pela espÔsa. 91 do perdão oferecido como mais uma humilhação que impõe a si . seaundo afirma G?useppe b Gigli. a família não (pode ter por base as tem. Oexito da novela.na. pois a infelicidade do Conde Otávio resulta menos da paixão que êle sente pela mu lher do que de um fator puramente físico que intervém nas relações do casal. em penetrar conosco mai . tanto mais que é o própr"o BaIzac quem faz quesão de nos advertir que "os d ramas da vida não residem nas ci . dentro do próprio romance. Melhor. aléni das f inalidades preestabelecidas por seu ci-i. BaIzac in Italia. Sem dúvida. nem por isto deix -e ? a d. um horizonte sem limites.* foi sobretudo de escândalo. os disfarces que se impõe a si niesmo e a seus auxiliares. em tudo isso uma dolorosa confissão de animalidade que tiem i-lonorina nem Otávio querem admitir.lher co Uma espécie de restituição. solitária e réproba a entregar-se de novo a êle. serviu de base às Memórias de Duas jovens Espôsas. Todo és. Ia. as personagens crescem. que. Oamor é antes um escolho do que uma condição do bom matrimônio. por sua vez. Mas esta concePção. é que uma obra literária não é uma demonstração. não quer voltar ao marido. Substituíra a condêssa m quem se casou. O que resta. escreve. crítico em que vivem os fr?. a nar rativa é semeada de comentários que condenam a falta da condêssa e sua conclusão vinga a moral ultrajada. que fora dela e?xstern em e?tado mitológico. R . Os outros países o ferecem paisagens maravilhosas. que progride muito. confessam ter torna do a ver a s aduanas de sua terra natal com prazer. amigo de BaIzac "iesde nAo. " #* Assim o caso de Honorina seria típico da arte de BaIzac. Mas. Pêz o retrato de vários escrit<-)res e artistas da época. a ?persorzagern de Honorina caracteri . de Pa ris à fronteira êle perde o valor. rário. sabe fazer ouvir em surdina a voz da razão. Por vêzes êles ostentam uma mao?nificência.e Rornaritiqve. por vêzes. prazer que será dificilmente compreendido por aquêles q ue nunca abandonaram o asfalto do bulevar dos Italianos. um luxo assombroso. encontraram -sua pátria.: Ver OtInsalo de Talne sóbre BaIzac no vol. é bem possível que êles tenham razão de parte a parte. a atividade de pens amentos. É tornar a -encontrar não o gracejo da moda. A seus olhos. desde a duquesa ao garôt o da rua. que é a m. Por isso os franceses. parisienses? tornar a encontrar. Para a nação francesa. cuja zombaria já é tão pouco compreendida. É tornar a encontrar os vinhos de França. pois el.. uma vez feitas certas concessões à poesia da paixão assim como às exigências 2fetivas de suas leitoras habituais. e para quern. Il da presente edição. #4O SR. s. êsse gênio -do subentendido. ela está nas atitudes sucessivas do próprio autor. Muitos franceses como os de que se trata aqui. no salão de algum diPlomata. irião se encontram em parte alguma..?=esenta. mas um serviço que a faça lerqbr.ncescs. 4CH[LrF DEVERIA.* Se há contradição. Balzac et Ia ?J ora1.te c arta". já Tião é mais Paris. com. D. um aa grandeza. mas êsse meio espiritual. Tornar a encontrar Paris! sabeis o que isso r." P. a emigração é um contra-senso. mas a vida cerebral. "psicólogo ?ue não recua diante das situações mais audaciosas. "poi*s é o amor mai s p uramente físico que é 2presentado aqui como ditado por Deus a esta Bacante. o talwto de conversa e êsse aticismo tão familiares a Paris. êsse instantâneo e ntendimento do que se pensa e do que se não diz.i.1 só é feita na ru a Montorgucil. e que. o que pode parecer a mais ousada hipérbol e do patriotismo." afetuosa recordacão do autor SEGUNDO OQUAL OFRANCÊS VIAJA POUCO SE OS FRANCESES têm repugnãoncia às viagens tanto quanto os inglêses têm propensão para elas . Alcan. Pode-se encontrar em todo o lugar qualquer coisa de melhor que a Inglaterra. . como 1 ) Achille Deveria: pintor conhecido (18OO-1857). mirram em pouco tempo no estran" geiro como árvores desplantadas. 11 . ao passo que é extremam ent e difícil encontrar longe da França os encantos que esta apresenta. desde o poeta ao op. mantém-se de sangue frio diante delas. p. za-se por um misticismo passional da espécie mais audaciosa. não lhes falta graça nem maneiras nobres. por gutro lado. d a experiência e da higiene social. lentamente nesse ter reno. ria margem esquerda. como o afirm a Ernest Seillière. como um oásis. a linha d o cais. Paris. na maioria dos caso s.. #94 CENAS DA VIDA PnIVADA Borel a prepara para os entendidos que a sab. preensivo.. apresentam o mais 1) das vêzes um confort superior ao da França. não a cozInha do Roch?r de Cancale. Êsse pequeno preâmbulo tem por fim recordar aos franceses que viajaram o prazer extr aordinário que sentiram quando.em apreciar. e são raros com<) a mulher l e que falarei daqui a pouco. . mas. A TeDroduçkO de seu Bazac aos 2O anos encontra-se no i. 24-25.?tade -da língua francesa. voltime da i)resente ediçào. d.. durante tôda a manhã. Che gada pelo Simplon. nessa época. Se a meia-noite é l inda em alguma parte. cujo nome e cuja posição a recomendavam tanto quanto seu talento. um cônsul geral cercado duma es?pôsa bela -a madona e de do is filhos silenciosos. a pureza do mar luta corn a pureza do céu. nos meados de Maio.-criCoIno ceu. em suas estátuas de mármore com as bôcas abertas. e por último dois paris. a quem BaIzac conheceu numa de 5u2s viagens à Itália e a. o outro um célebre crítico.n. Êsse palácio é uma dessas famosas "villas" em que os nobres genoveses gastaram milhões ao tempo do poderio dessa república aristocrática. durante a estadia da côrte de ?iardenha em Gênova.4 dois frartces1C? 2) Gênova.UM QUADRO ITALO-GÁLICO . o Marquês D471"1sO Pareto: outro letrado aristocrata gen-ovês. Confessemo-lo. il us3 tre representante do belo sexo. quando as ondas do Mediterrâneo se sucedem como as confissões duma mulher a quem se arranca palavra por palavra.3? orna tôdas as vistas de Gênova . ilustrado com gravuras. entregou o paisagista aos cuidados do -diplom ata e dos dois marqueses genoveses. puderam ainda supor-se em Paris. ?1? Em 1836. pois o sono os -. esse irmão hospitaleiro de todos os talentos que viajam. nos keepsakes. P urna mulher célebre sôbre quem todos os olhares se concentram por mornentos. des Touches tinha ido a Florença em viagem de negócios. 1 Sempre por causa do Paisagista. poeta êle mesmo. quem dedicou Estudo de Mulher. ela parara em Gênova. mais ou menos célebres. que se dava oomo lembTança e cu ja moda se estendeu da Inglaterra à FranÇa. quando as estrêlas brilham. depois de ter chovido como ali costuma chover. quando o silêncio reina sôbre o cais e sôbre os arvoredos dessa vi la . aristocrata genovés go das letras. donde a águacorre com mistério. visível e mó?"el como a atmosfera. um primeiro secretário de enibaixada malicios o que se julga apagado. Se bem que o emb . HONORINA 95 zjisfarçados de genoveses. Imagine-se em redor da mesa o Marquês di NegrO3. essas horas à Boccaccio só se encontram na Itália e nas costas do Mediterrâne o. Camilo Matipin. Naturalmente o cônsul geral quisera f azer. belas mulheres à nos sa frente.5 Ambos acompanhavam essa mulher. quadro ésse dominado i or um personagem. Um dos dois franceses era o famoso paisagista Leão de Lora. 4) OMarquês di Negro: personagem real. achando-se num palácio alugado pelo cônsul geral da França. torrencialmente. é certamente em Gênova. êsse s ins tantes em que o ar embalsarnado perfuma os pulmões e os devaneios. governado pelos reis da Casa de Savóía. as honras de Gênova a uma pessoa cuja fortuna. quando.6 A Srta. ao qual o romanci6ta dedicou A Me nsaVe m.enses <lue vêm apresentar despedi?as à consiilQsa em um jantar esplêndido.* dois parisienses. Cláudio Vionon. quando com uma colher em mão saboreamos gelados ou sorvetes. e o Marquês Dâmaso Pareto. agarra-nos na poltrona. ela voltava a Marselha pelo caminho da Corniche. sôbre a colina. última ondulação dos Apeninos entre a p orta São Tomás e aquêle famoso zimbório que. tradutor de poetai3 inglêes. 3) keepsake: livrinhG-álbum. levara consigo Leão de Lora par a lhe mostrar a Itália. Por uma de suas encantadoras deferências. e ter-se-á o quadro que apresentava o terr aço da vila. que conhecia Gênova até nas suas menores capelas. o enibaixador de França e a espôsa. em que a volúpia. fazia parte do reino da Sardenha. conhecida no inundo literário p elo nome de ?Camilo Maupi. uma cidade a nossos pés. e o conduzira até Roma para mostrar-lhe a campina de Roma. e heroína dessa festa Improvisada. des Touches. antes da chegada da côrte. e tornou rara a sua presença. Srta. é uma exceção. personagem baIzaquiana. ao cônsul e à consulesa. nesse ínterim.aixador fôsse um escritor de nomeada. A celebridade dessa fisionomia -nos dispensa de pintarmos a do cônsul. não outro senão nosso cenh ecido Mistigris. depois de dois anos -de residência.a Filha de Eva a dar conselhos a Maria de vendene?se: voltaremos a encontrá-la num dos papéis p r"ncip ais de Beatriz. todos os s&ils COMPanheiros. a conversa tinha sido ora alegre ora grave. pelo hábito duma vida solitária e tra ba lhosa. uma vez explicada a reunião. em conseqüência da deserdação das filhas. . lento de Camilo Maupin prejud icava os encantos da linda mulher e se.?. Uma herdeira genovesa! essa expressão poderá causar hilaridade em Gênova. curiosas de saber se a virilidade do ta. a orla dos calções ultrapassava a saia. não será inútil dizermos algo sôbre êle e sua família. ao longo do Me. critico notável que já foi também encontrado em uma Filha de Eva (como colaborador -do jornal de Raul Nathan. A Srta. Contudo. incessantemente divertida pelos ditos de Leão de Lora. que explica. Leão de Lora disse a Camilo que sua preseriça na vila seria a única maneira que êle teria para agradecer ao embaixador e à sua mulher. 5) Ofamoso Paisagista Leão de Lora. e o aprendiz de pint(r se torn ou. depois de várias interferências do embaixador durarite as estadias da côrte em Gênova . raramente uma mulher é rica. durante uma viagem de Paris a Presles. posta em relêvo por um caráter encantador. nem que fôsse apenas para aflorar êsse assunto ei-. Sand. Para retratftr esta escritora g?enial e apaixonada. muitas de suas afeições. Ura artista célebre. in HISTóRIA MISTERIOSA DE UM CONSUL-GERAL Agora. homem de cêrca de trinta e quatro anos. l não se quis casar. onde.1O5 da sociedade. des Touches sacrifico u então um daqueles dias de liberdade completa que não encontram sempre em Paris os que têm sôbre si os O1. ?em uma Estréia na Vid a. mas era forçoso que o borboletear dêsse torneio francês aí chegasse. dite 7) Corniche: chama-se assim o belo caminho quí. Balzac se in spirou na figura de Georg?e. temendo aquilo a que os inglêses chamam uma exhibition. Êsse diplomata. momento em que foi servida uma refeição leve.l-geral tomasse a palavra. #96 CEN-AS DA VIDA PRIVADA HONORI NA 97 aos dois marqueses genoveses. sem que as justifique. que já entreviinGs em Un?. Pode-se contudo observarque não havia nenhuma afetação em seu ar sonhador. De pois daquela viagem decorreram uns quatorze anos. as mulheres sabem reconhecer ess a diferença. a mulher célebre se recusou a prestar-se às suas cortesias. Desde o jantar até às nove horas. Apesar de tôdas as seduções que contém uma paixão inspirada. do mesmo modo que muitas MU. tido como o homem mais malicioso de Paris " por um bom gôsto que não era de surpreender. numa palavra. des Touches.importante personagem {Ia Comédia Humana. lheres e das mais instruídas. em vista da escolha dos convivas. era o retrato vivo de lord Byron.ikinentemente nacional. havia seduzido uma herdeira genovesa. 6) Srta. Lord Byron era poeta. que vimos divertir com seus provérbios deformados. outra personagem baizaquiara .Cláudio Vignon. conhecida no mundo literário pelo no??ie de Camilo Maupin. filha única de um banqueiro sem h erdeiros varões. Essa beleza. e que voltaremos a encontrar em Reatriz. é fácil compr eender que a etiquêta tinha sido banida dela. Pouco se falara de literatura. mas onorina Pedrotti. mas suspe ndeu a tirania de suas recusas quando se tratou de uma visita de despedida à vila do cônsu l. vai de Ni ce a Gênova. e o diplomata era poético. Mas antes de chegarmos ao ponto da conversa que fêz com que o cônsu. casado há seis. Um homem nunca é diplomata inpunemente. Para o túmulo de Juliano. pelo menos. suo sPoso. Il Signor Pedrotti não teve. Nenhum dos do is consta do grande dicionário de Tommaseo. sôbre a sorte do jovem diplomata. ment e morena. suponha que a. 9) "Fazzioli": têrmo regional. o sposo foi discreto como um túmulo.. A fil ha de Pedrotti fêz -de seu amor um consôlo. quando bonitas. tão discr eto que os negociantes de Gênova quiseram ver certa premeditação na atitude do jovem cônsul. sabendo-o apaixonado. a excessiva discreção e a melancolia do cônsul francês só se explicavam pela palavra paixão. porque o primeiro e o último dos condes Pedrotti morreu em janeiro de 1831IV A CONSULESA Onorina Pedrotti é uma dessas belas genovesas. Conforme a promessa do embaixador ao sogrG. Se tal era a In verdade. ção como beleza patrícia. ?D e comendador da Legião de Honra. belo como odesejo de uma mãe.a em. Georges. Onorina pedrotti. tão prontamente ?sepultadas sob o fluxo cotidi ano dos interêsses. o casamento foi realizado. Mas já excepcional n o que toca à fortuna. enrole aquêles belos cabelos longos em tôrno -daquela linda cabeça leve. Tudo está salvo quando se trata do sexo. 11 signor Pedrotti foi nomeado conde pelo rei da Sardenha.ro. mas que são KCuliares as mul heres da Ligúria. estátua erguida sentou-se e cruzou os b raços. de se qu eixa r da escolha a que tinha sido constrangido por sua filha bem-amada. vista-a com t rajes m odernos. Protetores p oderosos velavam. ?Onorina é também um aa exce. Daí essa amplitude. As mulheres admitem a precedência nos negocios do coração. a opinião da cidade de Gênova. terá sem dúvida o sentido do precederite. que talvez tivesse odiado o cônsul se êle a tivesse desdenhado de uma forma absoluta. dores. que tantos críticos acham exageradas. veio ela às mãos dos -esposos sei s iiieses após o casamento. elas se sacrificam perfeitamente a causa comum. d e passagem. e nem mais talvez. regionalismo cuja provável significação é "povoléu". o cônsul-oreral foi feito barão. as medalhas se escondem sob as cinzas.s como em Veneza ela so se encontra entre os fazziolz. O1nOão voltou atrás em suas primeiras recusas. #28 CENAS DA VIDA PRIVADA HONORINA 99 do incêndio das cidades. não amav a menos. tôdas as naçoes arruinad&s. as mulheres acharam-na -demasiado degradante para nela acreditar.9 Êsse fenômeno se o"use r-. que as inulheres não se lastimam nunca de serem vítimas -de uma prefeiên cia. uma dessas crises da vida íntima. e uma filha de quatro anos . Êsse entr elaçamento das causas afet3 tainbérn muitas vêzes os mais sérios acontecimentos da história. Frisemos. que são as mais magníficas criaturas da Itália. a quem a herdeira teria por certo escapado. Tal foi. ponha uma centelha de fogo naqueles olhos sonha. envolva aquêle peito possante numa mantilha. Recorde o leitor a Noite que xjiguel Ângelo esculpiu sob o Pensador. Quanto à fortuna da casa Pedrotti. onde. Nelas o tipo nobre só se encontra no povo. seme hantes aos da Srta. Miguel Ãngelo escolheu seus modelos em Gênova. menos po r causa da tocante afeição de Onorina que por causa de um acontecimento desconhecido . -de Paris. Odote foi de um milhão. se êle não tivesse desempenhado. "Oe terá diante dos olhos a consulesa com u m filho de seis anos. êsse papel de doente imaginário em amor. para algumas Inulheres. depois 8) "Mezzaro". avaliada em dois milhões ganhos no comércio de trigo. assim como. embalou suas dores desconhecidas num leito de ternura e de carícias italianas. Finalmente. aliás. Hoje em dia e Gênova a beleza Só existe entre o mezzo o . que mais tarde as ações Mai" naturais parecem inexplicáveis. essa curiosa disposição dos seios nas figuras d o Dia e da Noite. Eis o que contou o cônsul-geral. pois me parece pueril passear o escalpêlo sôbre um morto imaginário. no fim do ano de 1824. coll " segue. tinha a culpa do êrro da mulher? As três mulher" pr<. filho único de sua irmã. por muitos dêsses nadas "e as mulheres reúnem com a inteligência do sábio árabe em Zadig. consideradas naturalmente írrepreensíveis. a. que. permanecia cônsul-geral em Gênova. falaram do eterno assunto da república das letras: o êrro da mulher! Em breve se encontraram em presença 1O) A Srta. a embaixatriz. . aquelas duas criaturas amar-se-l am até o fim de seus dias. dos selvagens. Os homens proctirarai-n provar a essas três lindas flores do sexo que a uma mulher po deria sobrar virtudes depois de uma queda. Se bem que durante tôda aqueIa tarde a mulher e o ma rido lhe houvessem oferecido o admirável espetáculo da mais completa félicidade. atriz trágica. X da presente edição.. o que prova que ela amava o ma rido.you contar-lhes uma história na qual eu dezempenho um papel.Cara vita13? vá deitar seus filhos e mande-me por Gina a pequena pasta negra que está sôbre o meu móvel de Boule. êsse venerável ancião.olhava -cada novo ano como um dom de Deus. Parece tr-qt?1r-5e de um cochilo de BaIzac." para ornarpento -de um túmulo.se é que não foi um san to . depois de observar o rasto de um cavalO. Não preciso lhes dizer quanto era fácil ao confessor de uma Alteza Real achar colocação para um rapaz criado por êle. o esc ultor. o Padre Lor aux. pois na novela de Voltaíre não é um sábio árabe? mas o próprio Zadig. 11) David. 12) A inteligência do sábio árabe em "Zadig" . autor de um busto de Ba1?8e. então com setenta e :dois anos. oélebre po r sua beleza majestosa. Para dissecar é preciso antes de tudo um cadáver.brinquedo de esconder? . foram implacáveis para com as mulheres.. pois já tinham. sentiu a necessidade de me dar um protetor e de me encaminhar numa carreira qualquer. possuía a calma absoluta dos inzlêses. bela como um tipo infantil laboriosamente procurado por David. des Touches.12 a mais fiel afeição por parte do marido.. Todos se acomodaram para escutar com satisfação. Um dia. .lesa e a Srt . o escultor.disse o cônsul à mulher. a mulher ou o homem. vi UMA IDÉIA DE CURA "corn vinte e dois anos. há . quando me formei em direito. A . Camilo se perguntava porque um dos homens mais distintos que encontrara.sentes. ?pois já conhecia bastante os franceses para saber que o marido a despedia. dos orie nta is e dos diplomatas consumados. Carnilo dizia consigo mesma alternadamente: "Que tem êle? Não tem nada!" segundo as aparências enganosas da atitude do cônsul-geral que. . ?des Touches achava no cônsul um ar" muito alheado para um homem perfeitamente feliz. Ésse é o momento que -devem escolher os contadores de história. digamos de passagern.disse Leão de Lor a. v UMA AUTóPSIA SOCIAL . Trata-se provàvelmente de Pierre-Jean D3" vid -d"Angers (17 88-1856). 1 Falando de literatura.Quanto tempo ainda vamos levar neste . Por certo. a con. descrever pormenorizadamente o animal Que nunca viu. pois. de duas opiniões: Quem. quando era possuidor de uma fo nuna que lhe dava mais de cem mil francos de renda! Ela reconhecera também. Essa formosa família foi objeto da atençao secr eta de Camilo. que será reproduzido no vol. falado bastante e a p alestra ia desanimando. meu velho tio. 14 . Êsse excelente homem. e depois então ipoder emos discutir. A Srta. e que vira nos salões de Paris. .sôbre os joelhos.787-1Só7). A consulesa levantou-se sem fazer nenhuma observação. Georges: Marguerite Georges Weymer (1. por induções lógicas. famoso escultor.. ?. te OInundo par a saber que dificilmente êle compraria um legado dessa nature. . 17 que todos conhecem. . Tertni. Proteção do eu nome. e.. tens . 16 que acabara de o fazer Domear Ministro de Estado. de agostinhos pedintes que vestiam capotes brancos. Imaginem a minha curiosidade! OConde Otávio ocupava en tão um dos mais altos cargos da magistratura. -não po. cujos móveis.. incrustados de ouro. na Tua -do mesmo nome? que guarda a l embrança de um convento. pr.. mas mais obscura. me respondeu êle. #1OO CENAS DA VIDA PRIVADA essa pessoa poderá substituir?me. d e e não recebia quase nunca.. fabricado pelo famoso marceneiro André 13O"ale (1642-1732). isto é.Osenhor é o -confessor do conde? .5 em Paris. .Ali! meu tio. 15) Dianes-. 14) 11lóvel de Bouze: isto é. levava uma existência pouco m ai s Ou menos semelhante a do Cornde de Sérity. subiu ao quarto que eu ocupava e m seu presbitério. e não quer te fazer servir à parte. Não tenho necessidade de te recomendar discrição.disse o cônsul. tu deves essa pro teç ão à Sua ?Gran. deria obter uma colocação para ti junto a êlel Qual é o padre capaz de se aproveitar dos segredos cujo conhecimento adquire no tribunal da penitência? Não. meu filho. mo8alcO Ou concha.sua mesa. mas quando saíres de lá estarás em. caso Deus me chame.cinco anos "cura de Blancs-Manteaux. . e uma quantia de mil e -duzentos francos par a tua alimentação. chamando-o de Conde Otávio). fôsse. na rua Pa). 13) Cara vita (em italianü): "care. HONORINA Vil 1O1 . cobre. disse êle sorrindo. a recordação de suas obras.enile.condições de ocupar os mais altos lugares. sentar-te à pessoa que te aceita -como secretário. e me disse: "Arruma-te. you apre. um alojamento em seu palácio. .Não tenho fortuna para te ondl.Se o. fundado no mesmo lugar em 1258.deza.itO do 16) Delfina: nome que se dava à espôsa do filho rei de França. Não me deixa o 8enhor a legar. Osenhor conde te dá dois mil e quatrocentos francos de vencimentos fixos. lá tu estarás como em casa de teu pai. "minha querida". ". Terás muito trabalho. . Não aceitei a oferta que me foi feita senão depois de ter adquirido a certeza de que o secretário do Conde Otávio jama is s eria um primeiro doméstico. possuía a confiança da Delfina.Não falemos rança. che"o eu. o ministro da justiça.Ao passo que colocando-te com o Conde Otávio acredito dar-te uma proteção que. como tenho cer teza de que agradarás.31anteaux: nome de uma igreja. Meu caro Maurício. Sua vida privada escapava ao exam C o público por uma m odéstia cenobítica e por um trabalho cOntíl"uo" Em poucas palavras you expor-lhes minha situação. porque o conde é um grande trabalhad or.moF.. êle não te admitirá à. vida". equivalerá à fortuna que eu te poderia -deixar. terei então que dei 1 para xar este quarto há quatro anos sou tão feliz?. v21O 17) A existência do Conde de &ffizy que todos co?iheCe?ilmenos to-dos aquèles que leram Uma Estréia na Vida. pois morava no Marais.portanto três -quartos de hora a aprontares. . Se me não engano. para n deixar em posição subalterna.? ao passo que colocando-te com o conde .Permitam-me. .. eram muito estimados. (. bronze.designar o meu protetor apenas pelo seu nome d e batismo. .1O missa às nove horas. se a ruína de meu cunha-do e a morte de minha irmã não me tivessem surpreendido como um rai o n um dia sereno. Tu ainda não conheces bastan desta he. a primeira virtude dos homens que se destinam a funções públicas". . se agradares a êsse virtuoso hOrnem de Estado. :ar M Paris. Java.ica. esse sonho do espírit o em vigília dura pouco. foi entrar na vida independente. mais sensatos e bem educados que sejam. Oestudo constante do di reit o internacional. niinha mãe obtiver a de meu tio a promessa de que jamais eu seria padre. para empreOar u m velho têrnio. mas eu era tão crente como se devesse receber as Ordens. o Padre Loraux levou-me p?ra o seu curato e me fêz estudar direito.uís meu tio havia delegado seus poderes. nesse tempo.amado por uma princesa . chefe <"a escola angéli lieu . por vêzes eu me atii. estudei muito e principalmente assuntos estranhos ao campo árido da juri spr udência. da platéia. sam necessàriamente em Paris os jovens de vinte e dois anos.ou célebrei po . Eu começava a temer a mim mesmo. 19) Canalis. 18 Em seu leito de morte. As pessoas célebres era m para mim como deuses ue não falam. . m. r ISSO. mas olhava as minhas raras escapada s como se fôssem crimes. ilionário . eu tinha um aa sêde a saciar. Tornei-me apaixonado do teatro e freqüen tei-o diàriamente durante muito tempo. onde morava com o diretor.. po. Meu tio era verdadeiramente tão angélico e eu temia tanto desgostá-lo. ao qual me dedicara. pouco sabia de mulheres da sociedade e das burguesas ?ó sab ia Oque via nos meus passeios. não caminham. . nem sempre bastava para reprimir cruéis fant asias. ditava . ou o trabalho. Quando me desempoleirei do colégio. eu não era um inocente. de nela procurar aquilo que meu cora çao maigs dese. a que sua ternura pelos pobres reduzia o bom velho. Sii-n. ter cent. Estranho aos diferentes mundos que com põem a sociedade parisiense. Essa solicitude maternal tin ha mais fôrça para me reter que todos os sermões e censuras com que nas famílias puritanas se enverniza a vida dos jovens. em pensamento à vida do teatro. eu sentiria um bra?eiro na cabeça e nas entranhas. me dissessem: "Você vai conhecer Canalis 19 ou Camilo Maupin". ou nos camarotes do teatro. já nos é conhecido como amante da Ducluesa de Chau(Alemórias de Duas Jov ens Espôsas) e como pretendeate rejeitado de JIodesta Mignon. Desde que li algumas das modernas obras prima?s. que durante todos aquêles quatro anos nunca :passei uma noite for a. No momento de entrar a serviço do Conde Otávio. Privado de literatura no colégio.1) dezoito anos. ou o gênio? Para alguns honien.ava. Quantas Lâmpadas ma ravilhosas é preciso ter-se experimentado antes de se reconhecer que a verdadeira Lâmpada -maravilhosa 18) &ãO sulPício: antigo seminário junto à igreja do mesmo nome. Durante os quatro anos de estudos requeridos para obter todo s os graus. Entrevi oportunidades de in lessar na sociedade. nem comem como os outros hOrnen2 Quantos contos das Afil e uma noites há numa adolescência?. conter os apetites do rapaz nos seus justos limites. . d #1O2 CENAS DA VIDA PRIVADA é ou o acaso. E ssa parci:mônia. Saí dês:se colégio tão puro quanto um securso com n njinarista cheio de fé sai de São Sulpício. teve como resultado. entrar para o serviço do Conde ?Otávio.. bastante pitoresco. Nesse tempo. Se.QUADRO DE MOCIDADE Depois de ter encontrado no grave diretor do colégio São T. o meu ainda corui. terminei o uln tutor a quern 1. acre. e isso mesmo à -distância .. luíses Mcus Por ano. O bom velho não se deitava sem que eu tivesse chegado. eu adormecia semprecomo grão-duque" de Toscana ua. uma protetora que me tirasse da vida perigosa em "que ingres . personagem ideada por Baizee. Famoso pGeta. as obras de todos os séculos precedentes desapareceram. se bem que meu tio só me desse cem francos por mês. Uni Velho cocheiro limpava ali uma velha carruage m. onde outrora relinchavam tantos cavalos. coino única resposta. nossos passos repercutiam sob a abóbada sonora. Batendo à imensa sóbre alácio tão vasto qua nto o palácio Carriavalet2O e si.rito apostólico. Subindo os degraus de pedra. e entregue a algum serviço público. Os corrimões alegravam o olhar com os m . ligente como Deus. onde !surgiu um criado cuja l ibré lembrava a dos Labranche do Th?âtre-Français no -velho repertório.nlia mãe. do pavilhão do porteiro (ainda estava ali escrito s ôbre a porta: Fale com o porteiro) para a escadaria. sonhava triunfos e amores sem fim? ignorando as decepções e scondidas atrás do pano. eu lançava um dêsses olhares a que nada escapa sôbre o ijes desapareciam.1g3r os hom ens. meu tio e eu.de uma casa moderna. Meu po. tu não és ipa-dre!" quando sentia que a corda com que me sustinha estava muito tensa e a pont o de se romper. cujas portas apodreciarn. tu também és um pobre! Toma Yiiit?2 . VIII UM VELHO PALACETE Não terás um patrão. ou. -o e jardim. êle é rudente. terás um amigo na pes soa do Conde Otávio.. porque. . foi enganado por aquéle a quem vais suceder. frios como túmulos. Atra. o sentimento que me fazia. aquela criança de setenta anos. d e se gui-la até em casa. simples como um homem de gênio. A soberba fachada do pátio me pareceu sombria como a de um pa-lácio pertencente ao Estado ou a Coroa. com o coração aos saltos.entavam pequen ciosa arquitetura. a braçar o cura de Blancs-Manteatix como se êle fÔsse m. adivinhava sem dúvida os tumultos da minha alma. puxando-os para os cantos da bôca. mas êle é desconfiado.francos e te diverte. de me confiar inteiramente a ela . `? amizade dêsse homem de Estado só se conquista com o p temp o. já é te dizer bastailtc HONuRINA 1O3 a conduta que deves manter com o conde". e que ocupa m o espaço. pois tôdas as cenas têm seus bastido res. Um peristilo duma magnificência digna de Versalhes deixava ver uma dessas escadarias como não mais se construirá em França. bre tio. porque nunca deixou de me dizer: "Vai. a batida repercutiu como num lugar tuado entre pati to meu tio perguntava pelo conde a um velho suíço CrIno. aliás. aquêle coração caridoso. era fácil presumir que as suntuosas cavalariças . e sôb re os quais oito pessoas podiam andar lado a lado.nne. Tinha-se a impressão de estar numa catedral. de espioná-la.poderser um grande ator.zentos. enfim a adorável expressão daquele rosto auuusto cuja fealdade primitiva tinh a sido retificalda por um CsPin . divisei um segundo pátio lateral onde se encontravam os aposentos dos domést i cos. sôbr e as paredes negras que aprepátio onde as k inos jardins sôbre tôdas as decoraçõe 1 s de uma pre. traria. de cada lado da qual a fumaça de dois revérberos desen hara estrêIas sôbre a parede.rta de uni P PC . pelo ar despreocupado dêsse criado. j. Eriquan de libre. abrigavam agora no máximo dois. e de vencê-la à fôrça -de amor. Era tão Tara uma visita que o -criado acabava de vestir a casaca. de me afeiçoar a uma linda mulher que encon. iri-te. de lhe escrever. compreenderiam. Se tivessera podido ver o brilho -que dourava então seus olhos cin . q"e o tornou vítima de um abuso de confiança. disse-me meu tio ao me conduzir à rua Payc. ao abrir uma porta e nvidraça da em pequeninos quadrados. Uma badalada de sino retiniu enquanto nos encaminhávamos. Algumas vêzes saí. apesar de sua profunda perspicácia e sua experiência .vês de uma rnanonífica arcada. Maurício. o sorriso que desprendiam seus amáveis lábios. para falar mais corretamente. impelido pelo desejo de dar uma batida em Paris.-\s balaust radas das galerias superiores estavarn carcom idas. e sôbre Os tetos elevados como os das Tulherias. como em côda a parte. cujas janelas davan Z(sorriso) 1 tÔdas para um grande jardim. "Oseu inome?" me perg untou êle. lugar. OConde O. se m tapêts? mobiliados com. . um pouco grande. atravessamos antecâmaras. acredito também dar a meu sobrinho um segundo pai. de disse o Labranche aos cu idados de uetal 1 q o cr ado de nos entreZara na primeira antecâmara.1 "OSr.. sulcavau. penteados com esmêro. vestido corn uma red . um pouco ampla talvez. in reinou de 1574 a 15S9. e embora me fôsse impossível julgar-lhe as proporções. único parente que me resta. . mas aniarcIOEssa coloração parecia -denunciar um caráter irritável e paixões "*"O12ntas. salões comunicantes. 21) Henriqu. do reinado de Flenrique 111. Orosto era severo e encovado. .êle. rgueu-se de um aa imensi secretária.offibi?iO". Sr. pareceu-me magro e sêco. disse-lhe. quando nos tivermos experime ntado um ao outro."Maurício. Finalmente chega"11o" a uni grande gabinete sit uado num p avilhão em esquadro. mu ito bem". . igualment" dotados da faculdade de se calarem aponto -de se tornarem ?. observou meu tio. por causa de suas vestimentas. Os cabelos. A coqueteria désse Pen" teado prejudicava a semelhança que eu achava no conde cO111 Icluêle nionze extraordinário clue Lclwis pôs em cena imitando o SC17edo?1? . o senhor me faça a honra de vir jantar aqui tôdas as segundas-feiras.anteaux.. A fronte. tanto mais que contrastava com a parte inferior d o. repressão dos delitos. indo apertar as mãos de meu tio. . vivos e inteligentes como os do Príncipe de Talleyrand. "3e bem que eu pertença à paróquia de São Paulo". Meu tio e o conde puseram-se a falar de religião sob o ponto de vista político. exprimia a um tempo ironia e bondade. 2O) OPalácio Carnavalet: belo edifício da capital francesa. Será o nosso jantar. dali."Êle é doutor em direito". Mn ie de Sévigné e onde atualmente se acha instalado o musexi t1111 UiciDal de Paris. no qwi "utrora nio."A ê sse respeito eu poderei responder-lhe. e ten o prazer em conhecê-lo . por seu sobrinho em prinieiro.. senhor cura. que admirei mais tarde.Vossa Excelência é muito gentil". e. cura de Blancs-""\Ianteaux e seu sobrinho. resp ondeu meu tio. Dois olhos de um azul turquesa. a cabeça alternadame nte de prêto e de branco. vão parar nos comerciantes de curiosidade. rosto. já grisalhos. espero que. disse o conde fitando-me da cabeça aos pés."Muito bem.* teatro ingote de moletão cinzent. "é difícil não ter ouvido falar no cura de D i Alf 1. e eu pude então examinar à vontade o homem de quem meu destino ia depender. "Senhor cura. Oconde era de altura mediana. 21 Apanhados por um manto de gêlo. aumentavam o estr anho daquele rosto. terminada bruscamente por uni PC" queno queixo muito aproximado do lábio inferior.v O. obras de caridade. o nosso serão de famíl ia". aquelas velharias soberbas que. "Trago~lhe o. depois por mim. que nos caiu sôbre as costas. disse o Conde Otávio. #CENAS DA VIDA PRIVADA ix UIM RETRATO HONORINA 1O. não pálido. foi até a lareira e fêz sinal pa ra que me sentasse.ilagres daquela ourivesaria de serralheiro onde se manifestavam as fantasias de algum artista. como os do príncipe. As feições eram finas.11 11 ancs." ." . A bôca. Se acredito fazer um presente a Vossa Excelência.. emparquetados. e spanta va -como se fôsse a de um louco. seu sobrinho e eu". (. o general que comandou exérci tos. os poetas. luxo. . é uma . Se nós lhes somos inferiores pelo espírito. etc. sob o ardor de alguma pa ix .disse êle dirigindo-se aos seus hóspedes . ma6 muito apreciados na época e que Balzae. Pela temperatura (perm itam -me o têrmo) de nosSOS corações. senti não sei que sentime nto indefinível na presença do conde. Eu reconheci Vagamente os sintOrnas dUM Inistério. Dois candelabros de quatro braços e pr ovidos de quebra-luz. eram multo lindas e brancas como mãos de mulher . da mulher célebre e dos dois pari sienses. Oexercício das des. Suas mãos. disse o cônsul geral fazendo uma interrupção. Estado. #1O6 CENAS DA VIDA PRIVADA HONORINA 1O7 sões de fisionomia que observara em meu tio. a mágoa. que são superiores pelo pensamento. enfim as pessoas realmente grandes são simples. todos êsse s detalhe. um inseto diante de um aa aguia. de Anno Radeliffe. fantástioos exerceram grande i e Pueris. tão perto de meu protetor quanto estava distan te déle pela condição. 23 Como homem que devesse estar cede CrI.tornou o cônsul-geral depois de uma pausa.1Ç ão superior . a meu ver. palácIO.Contando-lhes esta história. . o ódio de outrem.. ma3 não quero trair nem ao meti benfeitor nem aos nicus hábitos de discrição). ela pressente a dor. X O JOVEM ANCIÃO . fortuna. e que hoje posso explicar. e sua simplicidade nos coloca no rilesmo nível delas... Os senhores. onario dos Peniten tes NegrOS22 que. dignidade. que vi quando êle puxou o cordão da sinêta para -chamar o criado de quarto. eu desnatu ro a posição social e os títulos dêsse personagem. Lord ]Byron e o pr6prio 23) (1775. a aver são. uma juventude sepultada sob o gêlo de um profundo desgôSto. depois -de um exame atentol pcceb. podemos igualá-los pelo devotamento e amizade. . talvez te nh am notado. indecências. reconhecendo no conde as mesmas expreso 22) Confessionário dos Penitentes Negros: subtítulo do romance Italiano (1797). . são verdadeiros. nios. atestavam que o magistrado se levantava bem antes do dia clarear.. e cujas velas ainda estavam acesas.mistura confusa de intrigas. Publicado em 1796 . a alma tem sua perspicácia. senti-m.Em lugar de me-sentir o que eu era. mas.) 11 .. . a pureza do Pensamento transfigurado meu tio.. nfluènc ia 6ôbre walter Scott. O conde já estava de barba feita. Os artistas de gênio . que de feio tornara-se belo.do confess. Percebi um aa metamorfose inversa no rosto do -conde: à primeira vista. porém. assassi1"terv""ç5es demoníacas. sob a fadiga de estudos contínuos.() Monge: famoso romance tCrrífico de Matthew Gregory Lewis 18).socialmente falando. ao 4 1onge. -os verdadeiros homens de Estado. (Inclinou-se graciosamente diante do embaixador. apresentando-o.quanto o sentimento encu rta as distân?cias morais criadas pela sociedade. dei-lhe cinquenta e cinc o anos. Popular escritora inglêsa de romancoo de terro r. a serenidade da con sciência. colocados nas duas extreidades do gabinete. .1. nível de -vida. numa situação análoga à sua. Erilim. a. alegria. à( procediam únicamente de um sentimento profundo do dever e de uIna reflexão estóica. sôbre um. . A dor. habitava aquela alma verdadeiram ente grande. Oconde compreendera que a Ação. -contudo deixe-o aí e Vá mostrar a êste senhor o -seu aparta mento". e um fiacre bastará -para transportá-los. sob a sua máscara de benevoléncia. seguia o seu caminho apesar das feridas ínt imas. A uma palavra de meu tio. Assim como ce rtos t errenos Das florestas mostram.i. Acompanhei o criado. Nenhuin. e teve um sorriso de admiração que mo apresentou corn uma idade que acreditei ser a verdadeira: uns quarenta anos. éle nos conduziu a e-la. . e a me mar com as maneiras do conde. mas mais tarde. que se o senhor não se agradar. "Tis sua cela ". meu tio pronunciar a meu respeito esta opinião: "11c poderá -cometer uma falta. u terripo mais e menos que A união dêsses dois esum casamento. e os subterrâncos mjinados pela infelicidade s oam ôcos ao contacto perpétuo da vida íntima. que outrora deveria ter servido de oratório. pode instalar-s e hoje mesmo.me disse o conde. ouvi. e ncarando o futuro com olhar sereno. escutando-o. galeria pela qual as cozinhas comunicavam com a grande escadaria do palácio. sob a sua atitude resignada. senti vastas profundezas sob o seu tra balho. que o Fato é a lei suprema do homem social.n o egoísmo maciço escondido sob as flores da polidez. pelo som que produzem os passos de quem nêles carni nha. Hoje nós três jantaremos juntos". os olhos do conde readquiriram por um momento a frescura de uma pervinca. o c aráter.ão con. sob a sua polidez. a estudar os deveres da minha nova posição. Os gostos. Durante tos a 1?ri Ineses.pois sem dúvida deve ter os trastes de todo es tudante. disse o conde lançando-me um olhar afetuoso. pois não ser á escravo". e não o desalento. mento. antes de abrir a porta. "agradoulhe? Há tantos apartamentos nesta caserna.d(s seus amigos. pois é muito bondoso. reconhec i nêle uni grande preceptor político. ex traordinário para aquêles que o conhecem bem. Essas observações não as fiz lic. que se assemelhava tanto à caliria que chegava a enganar. e todos nós esta. mas êle não tem nenhum vício. respondi-lhe. eu o alojarei num outro. trariada.. entre o pátio de honra e os aposentos dos domésticos. -me disse êle. e me mostrou um pequerio reduto gracios o e ornado de pinturas. evocando as circunstâncias dessa visita. as paixões. XI UM DRAMA DESCONHECIDO Levei cêrca de um mês a me familiarizar com as pessoas coisas. E me descreveu o gênero e a duração clas minhas ocupações. "o senhor ficará aqui quando tiver que trabalhar comigo. disse o conde. mos sujeitos a respeitáveis erros." "Eu tinha apenas um quarto na casa de meu tio". mas sem nenhuma ostentação. A tristeza secreta e a amarga decepção de que sofria não o tinham conduzido às áridap paragens filosóficas da incredulidade. A paz purament e exterior da sua vida e a sensatez da sua conduta . Urna niagnífica biblioteca comunicava com o g abinete do conde. o Conde Otávio e eu nos espionamos reciprocamente. as manias dêsse 11O111c111 objeto de um estudo involuntário. êsse corajoso homem de Estado era religioso. Amava a Deus como certas pessoas hone . o criado entrou com uma bandeja em que trazia o almôço do ?patrão. qiie me conduziu a um -lindo aposento completo situ ado sob uni tierraço. rno. tres Descobri com espanto que o conde tinha apenas trinta e sete anos. como um mártir cheio de fé. ia à primeira missa que se rezava em São Paulo para os artesãos e para os cria dos piedosos. acrescentou êle olhando para meu tio. Quando voltava ao gabinete do conde. a existência de grandes massas de pedras ou do vazio. e 34 ostuser%"e Um secretário necessàriamente observa o homem que se tordêle. . as. ninguém na côrte sabia que êle observava tão fielmente as práticas da religião. Por isso."Pois bem." "Ent ão". convivendo com êsse homem. "Eu não pedi o almôço. . de um vulcão se m crateras. julguem da extensão do círculo de dor que meu pensamento te ve q ue interrogar antes de chegar a uma tão simples e tão temível questão! Apesar dos seus e sforços. Eu não sabia explicar freqüentes ausências no ri. Era uma espécie -de Manfredo24 católico e sem 24) Manfredo: título de um drama lfrico de Byron. ni-as. êle deixou entrever pungentes aspirações à felicidade. e nome do prota9O11 sta. m. Êle os admirava. Talvez se comprazesse com essa imagem do seu destino . conversando com uma estrê1a que s. de. pela comunhão de "lliiia enternecida.petos do seu coração. e cujos perfumes quase decompos tos lhe causavam estranhas embriaguezes. de magistrado e de orador. tão profundamente sepultado nas tríplices obrigações ?5 de homem de Estado. Fugindo ao remorso. Oherói -r Gnlâti.. Oconde amava sua terra. hobe a Oesquecimento de um crime misteri?oso.. que ninguém. mas como o atirador exposto que quer se esconder e que procura abrigos. Êsse homem. 1O8 CENAS DA VIDA PRIVADA crime."sob o silêncio do magistrado agitava-se uma paixão. e que não procurava me Ocultar. não com entusiasmo Passageiro. Fi1 nalmente. mas êsse grande. êsse severo ma91"trado dêles se compadecia. o trabalho o em que mergulhava não eram suficientes.. em comunicação eom os espíritos. "o reenearne "gu? tempo e lhe anun cie o seu próxime. Seu jardim e seu gabinete estavam cheios das mais curiosas plantas. dessa obra. #]IONOnINA 1O9 i 9. devotava-se aos in terêsses públicos com a fúria dum coração que quer afogar uma outra paixão.e. pelo recolhimento. Notei muitas obscuridades em sua vida exterior... mas o estudo. p elo silêncio. confian do-me sua tarefa. consegue que a sua amante morta. Sob sua atitude austera. DOr lo Jungf ralu. nem ?aq ueles que persistem na luta tingindo a arena com seu sangue e Jun. e me pareceu dever ai nda ser feliz. dos quais alguns estilhaços me atingiram. seg ui ndo uma estrada. Lle se furtava a meus olhares não como o viajante que. doniínava as creanças. levando a -curiosidade na sua fé. mas que êle . em seu íntimo travavam-se ?n medonhos combates. Sua divisa par ecia ser: "Sofro e calo-me".. pois me dizia: "Continue por rnilu". Êle era fanado como aque?as flores próximas a expirar. sempre comprava já fanadas. Lle não zombava nem daqueles que seguem a esperança mesmo até ao b rejo a que ela conduz. gôsto que r evela uma bela alma e que quase tôdas as pessoas delica. nem daqueles que galgam um pico para se isolarem. mas qual era o obstáculo? Amaria uma mulher? Essa foi uma questão que eu considerei. meu patrão não conseguia sufocar os íni. fundindo a neve ao calot. Pede-lh. fim. saparece ao sabor dos caprichos do terreno nos barrancos e nas q. que variam em todos os tons a ironia e o desprézo. Deveria eu um dia encontrar o conde prêsa de um desgôsto bem maior que O. seu comensal. que ridicularizam as paixões e as crenças dos outros porque venceram as suas. .. exceto eu. èle via. Ocortejo de admiração e de respeito que o seguia. adivinhou êsse segrêdo. duvidava das afeições e Principalmente dos devotamentos.cando-a com su as ilusões. bradas.. Astarté. escutava as queixas .das têm pelas flores. a?gradou-me por êss.stas amam um vício: com profundo mistério.contida com tan to poder.da-queles que se crêem vítimas das maiores provações.ento em que êle mais trab al hava. êle via o mundo em sua total"dade. e durante as quais multa vez o sur. mas suas maneiras tornavam-se então carinh osas até a humildade cristã.iálos` . ginal é suficiente para explicar todos os enigmas do coração. o desg ôsto roubara-lhe metade do sono.a amizade de trabalhadores intrépidos como êl". faz. me lhor tratado. Se alguma cons?eqüência dessa disposição de ânimo me feria. Quando adquiri certe tôdas essas coisas. ou êle não lhes dizia nada. o conde só raríssimas . fecundas em estudo sem ruídos nem murmúrios. o Conde Otávio teve para mim todo o atratívO de . quando. o co nde. Oconde abandonav a seus interésses a ponto de cometer asneiras na direção dos seus negócios. seus jantare? dias de recepção.compreendem a curiosidade refreada pelo respeito?. . com que um homem examina outro quando procura um cún-lplice. se bem que rápida. #r. três -dos quais não estavam sujeitos à lei das acumulações. tanto a minha afeição como se fÔssc 111c11 roblerna e conquistou lirn p .za de reputação de homem de Estado sagaz. os olhos fixos como duas estrêlas e às vêzes marejados de lágrinias? Comoé que a água daquela fonte viva corria sôbre um areal ardente sem que o fogo subterrâneo a sec ass e? . sem contar "111olumentos dos cargos que ocupava. e que nêles poderia encontrar armas contra todos os erro s.1. No fim do prime iro ano desPe. aru25) o Presidente Grandville: personagem bilzPqui2-11. como um aa bôca que espera uma resposta e que parece dizer: "Fale em primeiro lugarl" Por vêzes oConde Otávio era de uma tristeza selvagem e brusca. tinha ótimos cavalos pertencentes a um coch4eir. tódas as inquietações ou e : a uêle religioso celibatário cuja vida atestava q. bia direito dipl mático. pois não dormia niais q ue quatro horas! Que luta haveria no fundo daquelas horas que passavam aparentem ente calmas. 25 não tinham nenhum poder SÔbre o conde.. aos estudos que exige o poder. acre dit ava não estar sendo observado. tornava-se criança. êle sabia voltar atrás sem pedir desculpas. A respeito do P?"Cs Sérizy. e tão compreen sível para todos a quem a palavra ort . ver a nota 17. sempre de cabeça erguida em público.ue não poderia ser objeto de nenhuma censura? e ?temen q por Deus mais severamente Um criminoso não teria sido punii que o meu chefe. Possuindo cêrc a de cento e sessenta mil francos de renda. que sa o direito civil c criminal.. a quem eu dava u m tanto por mês por cavalo. Nessas ocas"õcs )ga. direito político. aquele juiz.di todos ês?ses velhacos e pedi a Sua Excelência que usasse de seu crédito para me auxiliar a encontrar criados honestos. No fim do segundo ano. XII UMA NOBRE AMIZADE Quando me senti filialmente ligado a êsse homem . a cabeça apoiada em um aa das mãos.. q t. à.robiÇõcs. 1) va exaltações que. mudei completamente a organização da casa. vendo-os se abrirem.para mim misterioso. e113O idefitt conjugal é contado em Uma Dupla Família. ou êles sabiam tudQlrnpassível. talvez mal interpretadas.è?e escritor sér o. em segu ida evitava-me os olhos.preendi com a pena caída dos dedos. sendo que mais da metade com os criados. despendi a sessenta mil francos.vêzes deixava ver o homem. como sob o mar. sèzinho no seu jardim. Haveria ali. por vêzes o conde me fitava com a curiosidade sagaz e perspicaz. pr?. poderiam pejudicar . sábi o votado desde os dezoito Que infelicidade teria fustigado aquêle como Pitt. gozava do #11O CENAS DA VIDA PRIVADA confôrto moderno.. melhor servido. dava curso às lágrimas sufocadas sob a t(. entre ela e o niagina terrestre um leito !de granito? . os presidentes Granciville e Sérizy. e que não tinha anos. OU no ?seu gabinete.priO pai. servidos por Chevet26 a preços discutidos.. aquêle profundo legislador. e nós estávamos ligados quanto possam estar dois home n& quando.3ciante -de comestíveis estabelecido ila galeria draçada do Palais R oyal. e eu não lhe dizia: "Que tem o senhor? Qual é o mal que lhe . . Muita s vêzes m e fêz reunir os materiais de seus trabalhos mais árduos. que foi conseguida por meu tio e que era auxiliada por duas aj. tão belo na sua velhice. da fortuna que faziam os meus criados."Nao . fornecedor da Côrte. Pela acolhida que me faziam. para usar a li?nguagem j udiciária. Êle não me havia dito nada acêrca -do meu futuro. nem um nem out ro.tôdas as minhas necessidades com tanto mais liberalidade quarIto . aparente mente severa.. Aí estava o mistério. para ir . não sei ainda o que você será para mim. -perdi várias vêzes no jôgo. você não é mais meu discípulo. tinha uma majestade q ue era desonrada pela incúria. uma confiança ilimitada.in. Eu não agra deci ao conde. um filho!" OConde Otávio me tinha apresentado nas melhores casas de Paris. deve-se ter uma reserva para o jôgo.dantes. êle não me abria aquêles imensos subterrâneos que eu verificara na sua v ida secreta.. a me instruir. "M aurício. nas freqüentes ocasiões em que. que perdi dois mil francos. magistrado que coni..Osenhor perdeu trezentos mil francos em sete anos. Permitc-me que eu receirritado e -sses dois mil -francos adiantados sôbre os meus vencimentos do ba e ... e êle os corrigia mostrando-me as diferenças dos seus pontos de vista na interpretação das leis. "Quando allo?. po s êsse edifício. fiquei continuei. Um agradecimento ter-lhe-ia parecido demais entre nós. êle mudava de opinião e mandava chamar um -cabriolé de alugu el. um efeito extraordinário. o conde tinha sem dúvida terminado de me observar. o passadio estava a cargo de uma excelente lc<)zinh?eir. "Ontem". HONORINA in O11 .. devo dois mil francos. em casa da Condêssa de Sérizy. não tínhamos ainda. tornei eu. com ?seus criados e sua carruagem. d se jop -na sociedade. Em filIs do mês de janeiro de 182 7. No dia seguinte pensei: "Devo ir ipedi -los a 1111?` tio 26) Chevet: neg. tive t5O pouca sorte no jôgo.minha discrição o obrigava a sempre pensar em mim. êle provia . na -hora de sair.bôlso. exclamou êle. como um mestre e como uni pai. disse-lhe enquanto êle a lmoçava.11 isse . Atencioso como um pai. "Não me espanto mais. Êsse pequeno incidente tão rápido produziu sôbre aquela alma. a despesa. jogaremos em sociedade de hoje em diante. e percebeu que eu a encarava assim. Osenhor. tive -dois cozinhei ros que se tornaram ricos donbs de restaurantes! . lhe honra. mas se dedicara. exce to as compras. pois se você me representa na maioria das vêzes. Eu redigia alguns de seus r elatórios. um é subordinado do outro. encorajava o roubo na sua própria casa". Quando !finalmente produzi um trabalho que êle pôde apresen tar como seu.e confiar ao conde?" Tornei o último partido. XIII AS TRÊS PANCADAS ANTES DO LEVANTAR DO PANO Contudo. e não quis gastá-1?1 do meu. cujos s erv iços restituíram ao aláci. ond e eu ia em seu lugar. e a importância das suas recomendações. Durante sete anos. Tome seis mil francos e pague suas dívidas. não passava de trinta mil francos. nias? se minha vida não mudar. disse êle ao ver êsses resultados. No comêço do ano de 1826. onde? . sentiu uma alegria que me serviu de recompensa. Oconde me julgou..nie êle com um sorriso encantador.tA-1 p a a sua poes a. eu adiv inhava os sentimentos do conde a meu respeito. em última e derradeira instância: tomou-me da cabeça e me beijou a fronte. tínhamos dois criados a mais. ao menos o seu amor-proprio não deve sofrer". é possível que você venha a ser para m in. Êsse pormenor faz corri que vejam a natureza das nossas relações. bate contra o cri me. e depois rXI?C dissera: "Que vem você me pedir?.nte submetida a êsses senhores encontravam-se sôbre uma das longas mesas da nossa biblioteca. me arrastara. num círculo esquecido Por Dante no seu Inferno. suspeitas tanto mais fundadas q uanto eu não via o conde fazer uso das suas economias. minha nomeação para relator. no decurso dêsse ano. Se bem que os Condes de Grandville e de Sérizy. e se êle os tivesse empregado em títulos da dívida pública. Todos os elementos necessários ao exame da questão política s<-creta-n-. em vez de terem a secura de um aa turquesa. e onde. sua confiança em mim era tal em tudo que tocava aos seus i. eu via seu ro sto alegre. então vice-presidente do Conse. Muitas vezes. dando giros como uni homem para quem o passeio é Ohipógrifo em que monta uma melan colia sonhadora. presidente da comissão.urprêsa à volta de uma alamé-da. que tinham hábitos muito se . Os S rs. O gabinete das Tulherias clava grande importância a êsse trabalho. tanibérn. Oconde já me havia feito nomear auditor no -conselho de Estado. Sr. res formavam um anfiteatro. tão agitada.tomou ?êle.nterêsses. haviam combinado se reunir pr im eiro na rua Payenne.) o Xiv UMA DISCUSSÃO DO CONSELHO DE ESTADO . de Pão aos pei. quando da minha primeira visita.lho de Estado. fôssem conferencia r corn o Conde Otávio. uma comissão da qual eu era s ecretário. entre os três. êle me segurara pelo braço.o acaso quis que o Presidente Grancivil le e o Sr. de Sérizy. de Grandville e de S-Arizy foram à casa do Conde Otávio para um exame preparatório dos documentos relativos àquele trabalho. . voltava de carruagem! Um homem tão piedoso dar-se-ia a vícios hipócritamente escondidos? Empregaria êle tôdas as fôrças do seu espírito para satisfazer um clume mais hábil que o de Otelo? Viveria co rn alguma mulher indigna dêle? Uma manhã.aflige?" Que faria êle durante suas longas noitadas? Muitas vêzes êle voltava ou a pé ou num cabriolé de aluguel. .em vez de despejar sua ale??ri. o olhar do homem infeliz. que recaiu princi palmente sôbre mim e ao qual devi. entre São Paulo e o Palácio Municipal. . permanecia horas inteiras a templar os peixes vermelhos que pululavam num magnífico tarcoulle q de mármore no meio do jardim. quando eu. em meu coração que se abria para êle. A fisiono m ia dessa velha me despertou estranhas suspeitas. em tÔrno do qual as mais belas flo. Duas ou três vêzes.Numacerta segunda-feira. -Êles formavam. de man hã. ao voltar de não sei que fornecedor onde tin ha ido fazer umas encomendas. seu secretário. Não é horrível de pensar? Eu me fazia censor do meu ?patrão! Naquele momento. xes. que nem me percebeu. infeliz. Andava! Andava! Esfregava as mãos como se fôsse arrancar a epiderrael E quando o abordava de s. Aquêle homem de Estado pareci a ter levado à paixão o prazer maquinal de dar migalhas.?es #112 CE-NAS DA VIDA PRIVADA TIONORINA lia momentos. (O cônsul-geral £êz um? pausa. Os olhos. Muitas vêzes. por causa do contraste espantoso daqueles dois olhares tão diferentes: o olhar do holil e111 feliz. Eis como se revelou o drama daquela existên cia tão profundamente devastada. adquiriam aquela veludosidade da pervinca que me chainara a atenção. que eu não o poderia ignorar. o conde passeava no seu jardim. de Sérizy. eu o sabia possuidor de mais de seis centos mil francos para colocar. nes. encontrei o Conde Otávio em conversa tão animada com uma velha. A fim de evitar o transporte dos papéis para a casa do. brotavam horríveis ale-rias. principalmente depois que eu podia subs tituílo nos Seus trabalhos e fazer seus relatórios. melhan tes aos do meu patrão, jamais jantassem fora de -casa, nós ficamos discutindo até uma hora tão avançada, que o criado de quarto me chamou para dizer: "Os senhores curas de São Paulo ede Blancs-Manteaux estão no salão há duas horas". Eram nove horas! " Eis os senhores obrigados a um jantar de curas", disse rindo o Conde Otávio a seus colegas. "Não sei se Grandville conseguirá vencer sua repugnãoncia pela sotaina." - "Conforme os curas." - "O1l1 Um é meu tio, e O outro é o Padre Gaudron", 27 respo nd i-lhe eu. "Fique tranqüilo, o Padre 27) OPadre Gaudron: personagem baIzaquiana, confessor da Sra* Clapart em Uma Est réia na Vida. tanO11 , não é Inais vigário em São Paulo . . ." - "Pois bem, janron - deu o Pre sidente Grandville. "Um carola me assusta; teMOS , respon do que um homem verdanias não, conheço ninguém mais alegre alão. Ojantar foi encandeirainente pied oso!" E fomos para o 5 tador. Os homens realmente instruídos, os políticos a quem os ne,ócios dão um aa experiênc ia consumada e o hábito da palavra, são t5 doráveis conteurs, quando sabem contar. Não há alternativas para ?les. ou são sem graça ou são sublimes. Nesse jôgo encantador, o 29 é tão Príncipe de Metternich forte quanto Charles Nodier.3O Talhada em facêtas como diam ante, a graça dos homens de Estado é nítida, cintilante, e rica de sentido. Seguro da observância das conveniências por parte daqueles três homens superiores, meu ti o ?permitiu a seu espírito desdobrar-se, a seu espírito -delicado, duma doçura penetra nte, e fino como o de tôdas as pessoas habituadas a guardar consigo os pensamentos . Saibam também que não houve nada de vulgar nem de supérfluo nessa conversação, qu e comparo de -boa -vontade, quanto a seu -efeito sôbre a alma, à música de Rossini. 11 OPadre Gaudron era, como bem disse o Sr. de Grandvílle, antes um São Pedro que um São Paulo, um campônio cheio de fé, quadrado tanto de base como de altura, um b oi sacerdotal, cuja ignorância em matéria de sociedade e de literatura animou a conver sa com espantos ingénuos e com interrogações imprevistas. Acabou-se conversando sôbre uma dessas -chagas inerentes ao estado social e que há pouco discutimos, o adu l tériol Meu tio fêz notar a contradição que os legisladores do Código, ainda sob a pressão do s ventos revolucionários, nêle tinham estabelecido entre a lei civil e a lei religiosa, e que, a seu ver, era a fonte de todo o mal. "Para a Igreja, disse êle, o adultério é um crime; para os vossos tribunais é apenas uma transgressão. Oadultério va i de carroça para a polícia correcional em vez de subir aos bancos dos tribunais. Oconselho de Estado de Napoleão, tomado de ternura pela mulher culpada, Primo u pela imperícia. Não era preciso fazer concordar nesse assunto a lei civil com a le i religiosa, enviar para o convento Pelo resto da vida, como outrora, a espôsa culpada?" - "Para o conventO1", tornou o Sr. de Sérizy; "seria preciso primeiro cr iar conventos, e, 28) OPadre Fontanon: outro sacerdote que aparece na Comédia Humana. Eclesiásticü impac iente e fanático, gosta de, se intrometer na vida das famílias como verdadeiro tartufo. F?oi éle quem causou o fracasso na vida conjugal do Conde de Granville (e m U ma Dupla Família) O que explica perfeitamente a observação de seu comensal. 29) OPríncipe de Metternich, o famoso diplomata, dava-se com Balzac, a quem teri a até sugerido o assunto de uma de suas novelas , A Paz Conjugal, 3O) Charles Nodier (178O-1844): conhecido escritor romântico, autor de Trilby, i odo Sbogar, etc., amigo de Belzac. 31) Rossini (1792-1868), < famoso músico, era outro amigo do l"O111ancista. #114 CENAS DA VIDA PRIVADA HONORINA 115 assim, o senhor cura?.. . Dar a Deus aquilo que a sociedade não quer mais!. . . " - "Oh!" disse o Conde de Grandville, "o senhor não conhece a França. Deixou-se ao marido o direito de queixa; pois bem, não há dez queixas de adultério por ario.- "Os enhor cura fala assim porque foi Jesus Cristo quem criou o adultério"? tornou o -C onde Otávio. "No Oriente, berço da humanidade, a mulher era apenas um prazer, e, sendo assim, era uma coisa; não se lhe pediam outras virtudes mais que obediência e bele za. co 1 locando a alma acima do corpo, a família européia moderna, filha de jesus, inven tou o casamento indissolúvel, fêz dêle um sacramento." "Ah! A Igreja reconheceu perfeitamente tôdas as dificuldades disso,- exclamou o Sr. de Grandville. - "Esta insti tuição produziu uma sociedade -nova", tornou o conde sorrindo, "mas os costumes dess a so,ciedade não serão jamais os dos climas onde a mulher é núbil aos sete anos e mais que velha aos vinte e cinco. A Igreja católica esqueceu as necessidades dum a met ade do, globo. Falemos pois únicarriente da Europa. A mulher é inferior ou superior ao homem? Tal a Verdadeira questão em relação a nós. Se a mulher é inferior, elevando-a tão alto quanto o fêz a Igreja, seriam necessárias terríveis penas para o adu lt ério. Por isso, outrora, procedeu-se assim. Oclaustro ou a morte, eis a antiga leg islação. Mas depois, os costumes modificaram as leis, como sempre. Otrono serviu de leito para o a?dultério, e os progressos dêste lindo crime marcaram o enfraque ci me nto dos dooMas da Igreja católica. Hoje em dia, onde a Igreja não exin ge mais que um arrependimento sincero da mulher faltosa, a sociedade se contenta com a desonra em lugar do suplício. A lei ainda condena os culpados, masnão mais os intimida. Finalmente há duas morais: a moral da sociedade e a moral -do Código. N aqui lo em que o Código é fraco, estou de pleno acôrdo com o caro padre, a sociedade é audaci osa e zombeteira. Poucos juízes não quereriam ter cometido o delito contra o qual expedem a seta demasiado bona,choria dos seus considerandos. A sociedade, que co ntraria a lei, nas suas festas, e nos seus usos, e nos seus prazeres, é mais sever a que o Código e que a Igreja; a sociedade pune a imperícia depois de ter encorajado a hipocrisia. Parace-me que se deve reformar completamente a economia da lei sôbre o casamento. Talvez a lei francesa fôsse perfeita se proclamasse a deserdação das mulhe res." 1 1 XV O SEGRÉDO REVELADO Con"Nós três conhecemos a questão a fundo", disse rindo O de de Grandville. "Eu tenho uma mulher com quem nãO Posso viver; Sérizy tem uma mulh er aue não auer viver com êlc: o tu* ,Otávio a tua te abandonou. Nós resumimos poís, em nós três, todos os ca?os de consciência c onjugal; pior isso seremos sem dúvida os componerites da comissão, se por acaso fôr restabelecido o divórcio". Ogarfo de Otávio caiu sôbre o copo, quebrou-o e quebrou o prato. Ocolide, pálido como um defunto, lançou sôbre o Presidente Grandvil le um olhar fulminante com o qual ine indicava, e que eu surpreendi. "Perdão, meu amigo, esqueci Maurício", tornou G PreZ?1 sidente Grandville. "Sérizy e eu fomos teus cumplices depois de te servirmos de te stemunhas; eu não julguei pois ser indiscreto em presença dêstes dois veneráveis clérigos". OSr. de Sérizy mudou o rumo da conversa contando tudo o que fizera para a gra dar à mulher, sem nunca o conseguir. Êsse velhote concluiu pela impossibilidade de r egulamentar as simpatias e antipatias humanas; sustentou que a lei social nunca era mais perfeita do que quando se aproximava da lei natural. Ora, a natureza não levav a em conta alguma a aliança das almas; seu fira era atingido pela propagação da espécie. Portanto, o Código atual tinha sido muito sábio deixando uma grande amplitude ao caso. A deserdação das mulheres, enquanto houvesse herdeiros varões, seria uma ex celente modificação, fôsse para evitar o abastardamento das linhaoens, fôss,e para torna r os casais mais felizes suprimindo uniões escandalosas, fazendo com que se procuras,se exclusivamente as qualidades morais e a beleza. "Mas", acrescento u er(yuen do a mão e fazendo um gesto de enfado, "como aperfei1?! ,çoar uma legislação quando um país tem a pretensão de reunir setecentos ou oitocentos leg isladores! ... Afinal de contas" tornou êle, -se eu sou sacrificado, tenho um filho que me sucederá. . ." - "D?eixando de lado qualquer questão religiosa ", fal ou meu tio, "tomo a liberdade de chamar a Vossa Excelência para o fato de a nature za nos dever exclusivamente a vIda, ao passo que a sociedade nos deve a felicida de." - "Osenhor é pai?" perguntou-lhe o "Sr. de Grand-vi,11e. - "E eu tenho filhos?" di s se o Conde Otávio numa voz cava, cujo acento causou tal impressão que não mais se falo u de mulheres nem de casamento. Depois de servido o café, Os dois condes e os dois curas se evadiram ao ver o pobre Otávio mergulhado num acesso de melancoli a que nã o lhe permitiu perceber aquelas desaparições sucessivas. Meu protetor estava sentado numa poltrona, no canto da estufa, em atitude de um homem aniquilado. "Você está de posse do segrêdo da minha vida", disseme êle ao perceber que estávamos a sós. "A pós três anos de casamento, uma noite, ao voltar para casa, entregaram-me uma carta ,na qual a condêssa me anunciava sua fuga. Essa -carta não era destituída de nobreza, pois faz parte da natureza das mulheres conservar ainda virtudes ao com eter -essa falta horrível ... Hoje em dia minha mulher passa por ter embarcado num navio q ue naufragou; passa por morta. Há sete anos que vivo sózinho!. . . Por hoje bas#116 CENAS DA VIDA PRIVADA ta, Mauricio. Falaremos sôbre a minha situação quando eu me tive, acostumado à idéia, de f alar a você sôbre isso. Quando se sofre de uma doença crônica, não é preciso acostumar-se às melhoras? muitas vêzes elas parecem ser um outro aspecto da doença". XVI 1 1 1 A CONFISSÃO DE UM MINISTRO DE ESTADO Fui me deitar completamente perturbado, pois o mistério, longe de se esclarecer, m e pareceu cada vez mais obscuro. Pressenti u ni "72 -drama estranho, compreendendo que não poderia haver nada de vulgar entre uma mulh er que o conde elegera e um caráter conio, o seu. Enfim, os aconte-cimentos que haviam levado a condêssa a abandonar um homem tão nobre, tão amável, tão perfeito, tão am oroso, tão,digno de ser amado, deveriam ser pelo menos singulares. A frase do Sr. de Grandville tinha sido como uma tocha lançada nos subterrâneos em que há muito tempo eu vinha caminhando; e se bem que essa chama os iluminasse imperfeitamente , meus o lhos podiam avaliar-lhes a extensão. Eu me expliquei os sofrimentos do conde sem l hesconhecer nem a profundeza nem a acerbidade. A,quela máscara amarela, aquelas têmporas descarnadas, aquêles gigantescos estudos, aquêles momentos de devaneio, os me nor es detalhes da vida daquele celibatário casado adquiriram um relêvo luminoso durante aquela hora de exame mental que é como o crepúsculo do sono, e ao qual todo homem de bom coracão se iteria entregue, como eu. Oh! como eu quis bem a meu pob?e patrão ! êle me parecia sublime. Li um poema de melancolia, percebi uma ação perpétua naquele coitição que eu taxara de inerte. Uma dor suprerna nac, conduz sempre à imobilidade? Aquêle magistrado, que dispunha " de tanto poder, se teria vingado? alimen tar-se-ia de uma longa agoma? Não será uma coisa séria em Paris uma cólera que perdura d ez anos? Que fizera Otávio depois dessa grande desgraça, pois que a separação de dois esposos é a grande desgraça na nossa época onde a vida intima se tornou, o qu e não era outrora, uma questão social? Passamos alguns dias em observação, pois os grand es sofrimentos têm o seu pudor: mas finalmente, uma noite, o conde me disse numa voz grave. "Fíquel" Eis aproximadamente o que êle me disse: XVII UM CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA E DE IN CLINAÇÃO " Meu pai tinha uma pupila, rica, bo nita e com dezesseis ano? de idade, quando eu voltei do colégio para êste -velho palácio. Críada por minha mãe, Hono rina despertava então para a vida. Graciosa H ONT OR INA 117 e infantil, ela sonhava a felicidade como teria sonhado um enfeite, e talvez que para ela a felicidade fôsse um enfeite da alma. Sua crença não era destituída de alegrias pueris, pois tudo, mesmo a relígião, era uma poesia para aquêle coração ingénuo. Ela entrevia seu futuro como uma festa perpétua. Inocente e pura, nenhum delírio lh e perturbara o sono. A vergonha e o desgôsto nunca lhe tinham alterado o rosto nem lhe umedecido os olhos. Não procurava nem mesmo o segrêdo de suas emoções involuntár ias num b?-lc dia de primavera. Finalmente, sentia-se frágil, destinada a obedecer , e esperava o casamento sem o desejar. Sua risonha imaginaçao ignoC) rava a corrupção, talvez necessária, que a literatura inocula pela pintura das paixões; ela não sabia nada do mundo e não conhecia nenhum dos perigos da sociedade. A querida criança tinha sofrido, tão pouco que não -desenvolvera sua coragem. Em resum o , sua candura a teria feito andar sem temor por entre serpentes, como a figura i deal que um pintor concebeu da Inocência. jamais semblante algum foi mais sereno e ao mesmo tempo mais risonho que o seu. jamais foi permitido a uma bôca despojar de seu ! sentido, com tanta ignorância, interrogações tão precisas. Vivíamos como dois irmãos. No fim dum ano, no jardim dêste palácio, diante do aquário, eu lhe disse, lançando migalhas aos peixes: "Queres casar comigo? junto a mim farás tudo o que des ejares , ao passo que com outro homem serás infeliz." - "Mamãe", disse ela à minha mae, que v inha ao nosso encontro, "eu e Otávio combinamos nos casar..." - "corn dezessete anos?. . ." respondeu -minha mãe. "Não, vocês esperarão dezoito meses; e se dentro de dezoito meses se entenderem, muito,bern. Vocês são iguais pelo nascimento e pela fortuna; assim farão a um tempo um casamento de conveniência e de amor". Quando eu tinha vinte e seis anos e Honorina dezenove, nos casamos. Orespeito que tínhamo s p or meu pai e minha mãe, velhos da antiga côrte, nos impediu de reformarmos êste palácio, de mobiliá-lo de novo, e permanecemos aqui, tal qual no passado, como, crianças. Contudo, freqüentava a sociedade, iniciei minha mulher na -Vida social, e tive co mo um de meus deveres instruí-la. Verifiquei mais tarde que os casamentos contraídos nas condições do nosso encerran, um obstáculo contra o qual se irão quebrar muitas afeições, muitas prudências, muitas existências. Omarido se torna um pedagoIn go, uni professor, se voc,ê quiser; e o amor perece sob a palmatória que cedo ou tar de fere, pois uma espôsa jovem e bela, ajuizada e risonha, não admite superioridade além daquelas de que é dotada Por natureza. Quem sabe se eu cometi erros? quem sabe se eu tive, no difícil início de um matrimônio, um torn magistral? quem sabe, ao cont rário, se -eu cometi o êrro de confiar absolutamente naquela ,cândida natureza, e nao vigiei a condêssa, em quem a revolta me Parecia impossí,,,el? Não se sabe nunca , nem em ?política, nem em #116 I OAO, F,CE".\AS DA VIDA PRIVADA crios e as felicidades perecem por demasiada -t felicidade. Quem sabe, também, se o ma,ina os sonhos da rapari-a, Sabe-se lá, du `7, , is preceitos se faltou-,. . .,,,,2nas da essência das recriminações que se dia boa-fé do anatornista que procura as c ausas ,L que escapariam a seus confrades; mas sua clemente me pareceu então verdadeiramente diona da de Jesus OOwa o luando salvou a mulher adúltera.) XVIII UMA HUMILDE PAIXÃO LEGIT1"MA "Dezoito meses após a morte de meu pai, que precedeu de poucos meses a de minha mãe" , tornou êle após uma pausa, "chegou a terrível noite em que fui surpreendido pela carta de despedida de Honorina. Por que poesia teria sido minha mulher sedu zida ? Te. riam sido os sentido?, teriam sido os magnetismos da infelicidade ou do gêni o? Qual dessas fôrças a teria ou surpreendido ou arrastado? Não procurei saber nada. Ogolpe foi tão cruel, que fiquei como que embotado durante um mês. Mais tarde a ref lexão me aconselhou a permanecer na minha ignorância, e as de?graças de Honorina muito me ensinaram acêrca dessas coisas. Até o presente, Maurício, tudo é bastante vulgar; mas uma palavra mudará tudo: Amo Honorina! Não cessei nunca de a-dorá-la. Desd e o dia em que me abandonou, vivo das minhas recordações, e evoco um a um os prazeres que sem dúvida não tiveram nenhuma expressão para HonGrina. Oli!" disse êle vendo espanto nos meus olhos, "não. me transforme num herói, não me acredite tão tolo, d ir ia um coronel do Império, para não ter procurado distrações. Ai! meu filho, ou eu era mu ito jovem ou estava apaixonado demais; não consegui encontrar outra mulher em todo o iriundo. Depois de medonhas lutas comigO mesmo, procurei me aturdir; i a, com a minha fortuna na o mãe, até o limiar da infidelidade; mas aí se erguia diante de mim, como uma branca estát ua, a recordação de Honorina. Evocando a ,delicadeza infinita daquela pele suave através da qual via-se o sangue correr e os nervos palpitarem; revendo aquêle ro? to ing o. gênuo, 1 tão cândido na Véspera da minha desgraça quanto no dia ern que eu lhe disse: "Queres c asar cGmigo?" lembrando-me de um perfume celeste como o da virtude; tornando a encontrar a luz do seu olhar e a graciosidade dos seus gestos, eu fugia como u m home m que vai 1,15 violar um túmuio e que (-À-ele vê sair transfigurada a alma do morto. No Conselho, no Tribunal, nas minhas noites, eu sonho tão constanternente com Honorina, que necessito de uma fôrça de alma exHONORINA 11? ce!ssiva para me concentrar no que digo, no que faço. Eis o segrêdo do meu trabalho. Pois bem, não senti contra ela mais cólera do que sente um pai ao ver seu filho querido num perigo a que foi levado por li-nprudència. Compreridi que havia feito de m inha mulher uma poesia de que eu fruíacom tanto mais embriaguez quanto acre1 ditava minha embriaguez partilhada. Ah! Maurício, um amor sem discernimento é, num m arido, um érro que pode preparar todos os crimes de uma mulher. Eu tinha provàvelmen te deixado sem emprêg as fôrças daquela crianca, querida como uma criança; talvez n o 1 a tenha fat?.gado com o meu amor antes que a hora do amor soasse para ela! jovem demais para entrever o devotamento da mãe iia constância da mulher, ela tomou essa primeira provação do casainento Pela própria vida, e a criança teimosa maldisse a vida à minha revelia, não ousando queixar-?e a mim, por pudor talvez! Numa situação tão cruel, ela se terá encontrado sem defesa contra um homem que a terá Violentamente impressionado. E eu, maoistrado In tão sagaz, dizem, eu que tenho um bom coração, mas cujo espírito estava ocupado, -descob ri tarde demais essas leis desconhecidas do códiao feminino, só as fui ler à luz do incêndio que devorava meu n teto. Fiz então do meu coração um tri?bunal, em virtude da lei; pois a lei constitui u m juiz no marido. Absolvi minha mulher e me condenei. Mas o amor tomou então em mim a forma da paixão, dessa paixão covarde, absoluta, que se apodera de certos v elho ,,. Hoje, eu amo Honorina ausente como se ama aos sessenta anos uma mulher que s e quer possuir a qualquer preço, e me sinto forte como um jovem. Tenho a audácia do velho e o recato do adolescente. XIeti amigo, a sociedade só tem zombarias para essa tr iste situação conjugal. No mesmo caso em que ela se apieda de um amante, ela ?7?- no marido não sei que impotência, rí-?e daqueles que não sabem conservar uma mulher que receberam diante do altar da Igreja e d-1ante da toga do juiz. E tive de me calar . Sérizy é feliz. Êle deve à sua indul- ência o prazer de ver sua mulher, êle a proteac, êl a defende; e, como a adora, conhece as satisfações extraordinárias do benfe?tor quenão se inquieta com nada, nem mestrio com o ridículo. pois êle assim b a tiza suas paternais alegrias. "Só continuo casado por causa da minha mulher!" me d isse um dia Sérizy ao sair do Conselho. Mas eu!... eu, não tenho nada, nem mesmo o rídiculo a afrontar, eu que me mantenho exclusivamente por um amor sem alimentol eu qu e não encontro uma palavra para dizer a uma mulher da sociedade! eu a quem a prost ituição repugna! eu, fiel por encanto! Sem minha fé reli: , gio,a, eu me teria matado. Desafiei o abismo do trabalho, mergulhei -nêle e dêle saí vivo, abrasado, ar1 dente, com insônial. . ." ,(Não me posso lembrar das palavras dêsse hornem tão eloqüente, luas a quem a paixao dav a uma eloqüência tão superior à da tribuna, #12O CENAS DA VIDA PRIVADA HONGRINA 121 que, tal como êle, ao escutá-lo eu tinha as faces sulcadas de lágrimas1 julguem das mi nhas impressões quando, após uma pausa durant& a qual enxugamos nossas lágrimas, êle terminou sua narrativa com esta revelação). Esse é o drama da minha alma, mas não é o drama exterior que se desenrola neste moment o em Paris! Odrama interior não interessa a ninguém. Eu sei disso, e você o reconhecerá ainda um dia, você que neste momento está chorando comigo. Ninguém sobre,?õ e ao seu coração nem à sua epiderme a dor de outrem. A medida da dor está em nós. Você mesmo só compreende os meus sofrimentos por uma analogia muito vaga. Poderá você me ver acalmando os inais violentos acessos de desespêro pela -contemplação duma ni ffliatura em que meu olhar torna a encontrar e beija a fronte dela, * sorriso de seus lábios, o contôrno de seu rosto, em que respiro * brancura da sua pele, e que me permite quase sentir, apalpar os cachos negros dos seus cabelos anelados? Você já me surpreendeu quando eu salto de esperança, quando me contorço sob as mil fle. chas do desespêro, qu?ndo caminho na névoa de Paris para vencer minha impaciência pela fadiga? Tenho nervosismos comparáveis aos das pessoas esgotadas, hilaridades de louco, apreensões de assasino que encontra um sargento de polícia. Enfim, minha vida é um contínuo paroxismo de terrores, de alegrias, de id esesperos. Quan-to ao drama, ei-lo. XIX 1 ? UM MARIDO ROMANESCO Você me julga ocupado com o Conselho de Estado, com a Câmara, com o Tribunal, com a política! ... Eli! Deus meu, sete hwas da noite bastariam para tudo, tanto a vida que eu levo superexcitou minhas faculdades. Honorina é a minha grande preoc upação . Reconquistar minha mulher, eis o meu único estudo; vigiá-la na prisão em que está, sem que ela se saiba sob meu poder; satisfazer suas necessidades, velar pelo pouco prazer que ela se permite, estar continuamente em tôrno dela, como um silfo, sem me deixar ver neni adivinhar, pois então todo o meu futuro estaria perdido, eis a mi nha vi-da, a minha verdadeira vida! Há sete anos que eu não me deito sem ter ido ver a luz da sua lamparina, ou a sua sombra nas cortinas da janela. Ela deixourn inha cas a sem levar mais nada a não ser a roupa do corpo. A pobre criança levou a nobreza de sentimentos até a estupidez! Por isso, dezoito meses depois -da sua fuga, ela foi abandonada pelo amante, que ficou apavo?ado com o rosto áspero -e frio, sinist ro e fétido da miséria, o covarde! Êsse homem tinha sem dúvida contado com a existência feliz e dourada, na Suíça e na Italia, a que se entregam as grandes damas que abandonam os maridos. H?norina te m?" sessenta mil francos de renda. Omiserável deixou a querida criatura grávida -e sem um vintém! Em 182o, no lhês de novembro, consegui que o melhor parteiro de Pa ris de sempenhasse o papel de um cirurgião de subúrbio. Decidi o cura do bairro em que se e ncontrava a condêssa a atendê-la, como se fizesse uma obra de caridade. Ocultar o nome da minha mulher, assegurarlhe o incógnito, encontrar-lhe uma companhia que me fô sse devotada e que fôsse uma confidente inteligente, bah! ... foi uin trabalho dig no de Fígaro. Você compreende que, para descobrir o asilo da minha mulher, bastava-m e querer. Depois de três meses mais de desesperança que de desespêro, a idéia de me c onsagrar à felicidade de Honorina, tomando Deus por confidente do meu papel, foi u m ciêsses poemas que só acontecem no coração -de um apaixonado apesar de tudo. Todo amor absoluto deseja um alimento espiritual. Não seria meu dever proteger aqu ela cria nça, culpada por imprudência minha, contra novos desastres; cumprir finalmente minha missão -de anjo da guarda? Sete meses depois de nascido, o filho morreu, felizmen te para ela e para mim. Minha mulher esteve durante nove meses entre a vida e a mor te , abandonada no momento em que mais necessitava do braço de um homem; mas êsse braço" disse êle estendendo o seu coni. uma energia angélica, "foi esiendido sôbre a sua cabeça. HGnorina teve os -cuidados que teria ,em seu palácio. Quando, restabel ecida , ela perguntou como e ;por quem tinha sido socorrida, responderam-lhe: "Pelas i rmãs de caridade dobairro, - pela sociedade de Maternidade - pelo cura da paróquia, que se interessava por ela". Essa mulher em ?que a altivez chega a ser um vício, m ostro u no infortúnio uma fôrça e resistência que, certas noites, eu chamo de teimosia de burr o. Honorina quis ganhar sua vida! Minha mulher trabalhal ... Há cinco anos, eu a mantenho na rua São Mauro, num lindo pavilhão onde ela fabrica flores e roupas d e senhoras. Ela julga vender os produtos de seu elegante trabalho a um comercian te que lhos paga bastante caro para que um dia lhe renda vinte francos, e há seis anos não suspeita de nada. Ela paga tôdas as coisas pouco mais ou menos Pelo têrço do qu e elas valem, de sorte que com seis mil francos por ano vive como se tivesse quin ze mil. Ela tem paixão por flores, e dá cem escudos a um jardineiro que me custa a mim mil e duzentos francos, e que me apresenta contas de dois mil francos todo s os três meses. Euprometi a êsse homem um terreno para horta e uma casa de hortaliças contígua à casa do guarda da rua São Mauro. Essa propriedade me pertence sob o nome de um ajudante de notário da côrte. Qualquer indiscrição faria o jardineiro tudo perder. HonGrina tem seu pavilhão, um jardim, uma estufa soberba, por quinhentos francos d e aluguel por ano. Ela vive aí, sob o nome da o #122 CE"NIAS DA VIDA PRIVADA sua dama de comipanhia, Sra. Gobain, velha duma discrição a tôda prova que eu encontre i e de quem ela se fêz amar. 1\,Ias êste zêlo é, como o do jardineiro, mantido pela promessa de uma recom. pensa no dia do sucesso. Ozelador e a mulher me sacr ir ho rri\cimente caros pelas mesmas razões. Enfim, há três anos que Honorina é feliz; acredit a dever a seu trabalho o luxo das suas flores, seu guarda-roupa e seu beir-estar . XX UMA TENTATIVA "Oh! sei o que você vai me dizer!" exclamou o conde vendo uma interrogação suspensa do s meus olhos e dos meus lábios. "Sirii, sim, eu fiz uma tentativa. Minha mulher estava anteriormente no bairro de Santo Antônio. Um dia, quando, por uma frase da Sra . Gobain, acreditei -que houvesse probabilidades de conciliação, mandei pelo correio uma carta em que tentava enternecer minha mulher, uma carta escrita e recomeçada inúmeras vêzes! Não you descrever a você minha angústia. Eu ia da rua Payerme à rua R euilly como um -condenado que vai do tribunal à cadeia; mas êle vai de carro, e eu c aminhava! ... Era noite, havia névoa, eu ia ao encontro da Sra. Gobain, que deveria contar-me o que fizera minha mulher. Honorina, reconhecendo a minha letr a, lançar a a carta ao fogo sem a ler. "Sra. GGbain", dissera ela, "amanhã não quero estar m ais aqui!..." Isto foi como que uma punhalada para um homem que encontra alegria s ilimitadas no estratagema com que proporciona os mais helos veludos de Lião por do z e francos a -vara, um fai,ão, um peixe, frutas pelo décimo do seu Valor, a uma mulhe r bastante ignorante -para acreditar -que remunera suficieritemente, com duzento s e cinqüenta francos, a Sra. Gobain, cozinheira de um arcebispo! ... Algumas vêzes você me surpreendeu esfregando as mãos e aparentando felicidade. Pois bem, era que e u tinha conseguido sucesso num ardil digiro do teatro. Eu acabava de enganar minha mulher, de enviar-lhe por uma vendedora ambulante um xale da india apresen tado como tendo pertencido a uma atriz que quase não o usara, mas no qual, eu, êste grave maoistrado qu?,- você conhece, me havia embrulhado durante uma noite inteira. Enfim, hoje a minha vida se resume nas duas palavras com as quais se pode exprimir o ma is v iolento dos suplícios: Amo e espero! Tenho na Sra. Gobain uma fiel espiã dêsse coraçao a dorado. you tôdas as noites conversar com essa velha, saber por ela tudo ?que Honorina fêz durante o dia, tudo o que cladisse, pois uma única exclamação pode me revelar os segredos dessa alma que se fêz surda e muda. Honorina é piedosa; ela aco mpanha os ofícios relilcriosos, HONORINA 123 reza, mas jamais se confessou e não comunga. Ela prevê o que um padre lhe dirá. Ela não quer seguir o conselho, a ordem de voltar para minha companhia. Êsse horror por mirir me espanta e me confunde, pois jamais lhe fiz o menor mal na minha vid a; semp re fui bom para ela. Admitamos que alguma vez eu tenha sido violento ao instruí-la , que minha ironia de homem tenha ferido seu lec?ítinio orgulho de moça. Será uma razão para ela perseverar numa resoItição que só o ódio mais implacável pode inspirar^ , Honorina nunca disse à Sra. Gobain quem ela era; guarda um silêncio absoluto sôbre o seu casamento, de modo que esta boa e dicna mulher não n pode dizer uma única palavra a meu favor, porque ela é a única pessoada casa que conhe ce o meu segrêdo. Os outros de nada sabem: vivem sob o terror que causa o nome do prefeito de polícia e na veneração do poder de um ministro. É-me pois impossível pe netrar nesse coração; a cidadela me pertence, mas não po-so entrar nela. Não disponho de um único meio de acão. Uma violência me prejudicaria irremediavelmente. Comoc?1nbater razões que se ignoram? Escrever uma carta, mandar copiá-la ipor um esc riv ão público e colocá-la sob os olhos de Honorina? ... já pensei nisso. Mas não será arriscar uma terceira fuga? A última me custou cento e cinqüenta mil francos. Essa a-quisição foi feita no nome do secretário que você substituiu. Oinfeliz, que não sa bia quanto o meu sorio é leve, foi surpreendido por mim abrindo com uma chave fals a a gaveta em que eu guardara a contra-escritura; tossi, e êle se assustou; no dia seguinte eu o forcei a vender a casa a meu atual testa de de ferro, e o desp edi. XXI UMA PROPOSTA SINGULAR Ah! se eu não sentisse em mim ?tôdas as faculdades nobres do homem satisfeitas, feli zes, expandidas; se os eleinentos do meu papel não pertencessem à paternidade divina, se eu não me desabafas,e por todos os poros, haveria momentos em que eu ac reditar ia nalguo ma monomania. Certas noites, ouço os o?uizos da loucura, terilro mêdo dessas trans ições violentas de uma frágil esperança, que por 13 vêzes brilha e se alteia, para um desespêro completo que cai tão baixo quanto podem ca ir os homens. Há poucos dias medItei sériamente no desenlace atroz do :drama que se passou entre Lovelace e Clarissa, - dizendo: Se Honorina tivesse um filho meu, nã o seria forçoso que ela voltasse para a minha casa? Finalmente, tenho uma 32) Odesenlace atroz do romance Clarissa, de Richardscn, exige ?luas vítimas: Clar issa, reptada e violentada por Lovelace, morre de desgêsto; o sedutor, por sua vez, é castigado de morte num duelo. #124 CENAS DA VIDA PRIVADA tal fé num futuro feliz, que há dez meses comprei e paguei um dos mais belos palácios do bairro Saint-Honoré. Se eu reconquistar Ho. nor, ma, não quero que ela torne a ver êste palácio, nem o quarto donde ela fugiu. Quero pôr o meu ídolo num novo templo onde possa crer numa vida inteiramente nova. Estão trabalhando para transformar êsse palácio numa maravilha de gôsto e de elegância. Fa laram-me de um poeta que, quase louco de amor por uma cantora, comprara, rio iníci o da sua paixão, o mais belo leito de Paris, sem saber o destino que a atriz reser vava à sua côrte. Pois bem, ao mais Irio dos ma"-lstrados, a um homem que passa por ser o mais grave o ,conselheiro da coroa, essa anedota moveu com tôdas as fibras do coração. Oorador da Câm ara compreende ?êsse poeta que nutria seu ideal com uma possibilidade material. Três dias antes da chegada de Maria-Luísa, Napoleão estirou-se em seu leito de n úpcias em Compiègne... Tôdas as paixões gigantescas procedería da mesma forma. Amo como opoeta e como o Imperador!..." Ao ouvir estas últimas palavras, acreditei na realização dos temores doConde Otávio, êle s e havia levantado, e caminhava, e gesticulava, mas parou como espantado da violência de suas palavras. -Sou bem ridículo", tornou êle depois de uma longa paus a, buscando um olharde compaixão. - "Não, o senhor conde é bem infeliz..." - "Oh sim!" disse êle retomando o curso da sua confidência, "mais do que pensal Pela violênciadas minhas palavras, você pode e dev- acreditar na mais intensa paixão " . o espírito. pássaros. respondi eu interrompendo-o. é um piquête de polícia. conheço o coração do segundo: êle poderia amar sua mulher.. quando a indiscrição bem desculpável do Sr. tão bela quanto a ii-naginação pudesse querer para uma amante ideal? "Barão. o Barão de L"Hostal.. de Courteville. o coração. enfim. "a lei. . reconhecendo a exte nsão da minha perda. por um fenômeno retrospectivo. tu o que na mulher não é a mulher.Mas não £alemos de mim . as maneiras. que :se tornou tão forte e tão altiva sob a mão pesada da miséria. A Sra. Em breve o criado anunciou a Sra. arranjado e mobiliado com essa ?celeridade que se explica por três palavras: Paris1 Operário francês1 Dinheiro! Eu estava tão apaixonado quanto G conde . Eu vejo. -pois que há inove anos ela me anula tôdas as faculdades. continuou êle com uma amarga i ronia. "Adivinho suas intenções .física. . conde-.3 e os mais rar os HONORINA 125 if. uma acabei -por ver nesse m recebidas e de sejadas pelos jogadodes?as interrupções que são be res no meio das suas partidas mais en. mas por Amélia de Courteville. . Seu primeiro secretário quis forçar o seu cofre. . OCo nde Otávio tinha. 1 1 A AÇÃO PRINCIPIA Vínte dias depois. . . eu incidente um dêsses desígnios da sorte. ouvi um toque de sino. sob os golpes do mais covarde abandono. cujos encantos tinham sido todos postos em relêvo por uma dessas sábias toilettes que as mães mandam fazer para as filhas quando se trata de casá-las . . e uma carruagem rodou 2té a escadaria. Estou esgotado. que a deixara com uma filh a e seni nenhuma especie de bens."já esperava por isso. Ela lhe pede apenas a poesia.eu fui habitar a casa do hortelão. essas maravilhosas divindades do cortejo do amor com as quais a gente pas?a a vida. volveu o conde.. Que poderia representar um aa mulher de vinte e n ove anos ao lado de uma jovem de vinte. como tôdas as pessoas felizes1 Venho.. na pequeria casa de hortelão que eu mandei esvaziar. os mais extravagante.dêssa?" me d isse êle ao ouvido tornando-me da mão e me apresentando à Sra.prosseguiu êle. .elho palácio por dote. E essa flor celeste vai se far ian do solitária e escondida! Alil a lei de que falávamos".. juiz relator referendário da fazenda à espera de coisa melhor. um aa grande parentela pelo lado materno. e êste -. Pode o senhor torná-lo desgraçado enviando-o ao fogo! Será possível a gente meter a mão num braseiro sem se queimar?" . teria você razões para não arriar a con." Depqis de u m moinento de surprêsa. de Grandville l he revelou o segrêdo da minha vida. e que são a poesia diária de u m prazer fugidio. . os mais ágeis.. (. de bondade de amor. é minha mulher prêsa e trazida a fôrça para aqui! . será o meu jovem prÍmo. Por :isso. de Courteville e à filha.. mas isso não é nada . aquêles encantos de coração e -d e espírito de Honorina aos quais eu pre:stava pouca atenção nos meus dias de felicidade. juiz relator. de dia para dia. Terá você bastante afeição (por min i para me ser romanescamente devotado?.s! Não será meu secretário q ue irá morar na rua São Mauro. "eu o mandarei com luva. que haviam r eformado. Só exis te um meio de triunfo: a astúcia eapaciência com as quais os passarinheiros terminam p or aprisionar os mais ariscos. Não ?erá conquistar um cadáver? A religião não tem poder sôbre ela. Gas tei tudo o que tinha de clemência.) XXII 1 . Ela reza sem escutar os mandamentos da Igreja."Você é uma criança".carniçadas . Fiquei deslumbrado. . sua prima. era viúva de utri juiz do tribunal do Seria. Maurício. de Courteville e sua filha. em comparação com a adoração que me inspiram a alma. reconhecendo as qualidades divinas de que era dotada aquela c riança caprichosa e teimosa.disse o cônsul fazendo uma pausa. não por taritas vantagens em que não teria ousado pensar. Nem sabem a curiosidade que me devorava. Cultivava especialmente dálias. em revolver e preparar o terreno -par a a cul tura de fIores. "não Ri se será possível dornesticá-lo. Uni belo dia. Eu ouvia a velha relata r a Otávio os menores movimentos da sua mulher durante o dia. como uma grande desgraça. A prudência dum rapaz de vinte e cinco anos seria suficiente para as artimanhas que eu projetava e das quais dePendia a felicidad e de um amigo. era traçada pelo conde. êle parece ter horror às mulheres. lembrava um castelo de cartas. Otávio só vivia durante essa hora.. Só vi o tio uma única vez. do cardápio do dia seguinte. pois o conde me #126 CEXAS DA VIDA PRIVADA autorizara a pô-lo ao par do assunto no caso de eu julgar necessária a sua intervenção."Palavra". das refeições. um bora velho de setenta e cinco anos. A fachada. A condêssa ficou desolada com isso. respondeu a Goba . . cujas fôrças intelectuais estavam então tôdas atentas aos m enores acontecimentos da tragicomédia que se devia representar na rua São Mauro. mesmo nos seus mais lev es de svios. Ver a condêssa! . colecionando tôdas as suas variedades. Nos dois meses que duraram os trabalhos . disse ela.. por um comprimento de cêrca de cem pés."Estudou demais". das ocupações. Não. êle se informava de tudo. É bem possível que êsse cura HONCRINA 127 mantenha. pois o jardim se tornari a uma especi2 de alamêda encerrada entre o meu muro e o seu pavilhão. Assim que a condêssa se deitava. quase tôdas as noite. manifestada por um excêntrico que se torna ra seu vizinho. fiz-me maníaco por flore? e me ocupei furiosamente. e disse em meio a seu desespêro: "Minha p obre Gobain. eu Ines confesso que contava muito com m eu tio.para Honorina. e constituía um encantador e spécime dêsse estilo Pompadour tão bem apelidado de rococó. seu vizinho é um estouvado!" fêz a Gobain. bastante feio mas bem amável. Êsse pavilhão. de mandar erguer no fim do ano um muro entre os dois jardins. a intenção. a Sra. haveria ar . das flor es que ela se propunha imitar. Otávio. mostrando a cabeça com um gesto significativo. eu me apresente i como monoflorista.-Sim. Os loucos tranqüílos são os úni cos homens dos quais as mulheres nada desconfiam em matéria de sentimento. É o sobrin ho de um cura de Paris.. Eu compreendi o que é um amor levado ao desespero.-Como?" . Assim como os maníacos da Holanda e da Inglaterra. não tinha mais de trint a pés de altura. Meu projeto de construir um m uro era uma medonha ameaça. "Mas que tem êIe?" perguntou a condêssa. como dizem aqui nas redondezas.p oderia desejar para sua segurança. do coração e dos sentidos.. Meu muro ia cortar três quartas parte s do ma chado." Para resolver esta questão. entre onze horas e mei a-n oite. a. uma antiga casa de recreio. Ojardim do pavílhão e a horta figuravam um machado cujo cabo era representado por essa avenida.anunciou à su a patroa. Nem ao menos eu tin ha indagado se tinha uma vizinha. o sobrinho apaixonado por flores paraq Ue êle não faça coisa pior. Chegava-se a êle por uma longa avenida de tílias. Pelo de senrolar dos fatos vão ver quanto o conde tinha razão escolhendo para mim êsse papel. Gobain e eu nos reuníamos em conselho. se bem que o jardim da condêssa e o meu fôssem separados apenas por quatro pés de altura.. quando êle se compõe do tríplice amor que procede do cérebro. Sra. representava uma latada de flores até o primeiro andar. êsse desejo fazia empal i decer o meu amor nascente por Amélia de Courteville. Tratei um jardineiro. que espécie de homem é êsse floricultor?" . da atitude. não lancei os olhos para o pavilhão em que morava a minha vizinha. pintada à alemã. Gobáir." . É fácil calcularem que a minha linha de conduta. como pessoa a quem nada é capaz de distrair. como se dissesse: . o terror. cercavam Honorina daquele nimbo amarelo e fluido que só Rafael e Ticiano. abordou. apanhados negligenternente na nuca. passei pela estacada e me dirigi a ela. res?pondeu a condêssa. o azul do céu. A condêssa não se assustara. atr avés os longos cílios abatidos. Eu olhei bruscamente p ara o pavilhão e fiz um gesto brutal. os olho s ajudavam a tocar aquela pele suave em que o sangue corria em filetes azulados. Os cabelos cinéreos. uma velha blusa de caça. 11 o louco me pediu para que o deixasse sossegado. pois há tantos #128 CENAS DA VIDA PRIVADA ?brancos diferentes quanto há vermelhos e azuis. pretendendo que carvoeiro é d ono de sua casa. falarei com o cura". e que únicamente se distraía com a cultura das flores".??ressante de observar. soube que min?ha visita era esper ada. no momento em que ela passeava diante do seu pavilhão . El a inerecia perfeitamente ser chamada de mimosa. "os loucos me assustam menos que as pessoas certas. Eu estava em trajes de campo: calças velh as de moletão cinzento. Dize-l he que lhe peço vir até aqui. uma vez qu e a senhora quer saber tudo o que se diz a respeito dêle. os raios do sol. Enfim. o Verde das primeiras fôlhas.in. tal -era o sentimento. privilégio raro em França. um lenço vel ho no pescoço. e seu brilho refletia-se até sôbre o rosto. que foi dar contas da sua missão. mas comum na Itália. quando eu passeava pelas minhas alamêdas traçadas. contornavam-lhe uma fronte de poeta. Se bem que esbelta. Consegui. Pelo movimento das pálpebras assetina?das Honorina encantava. Depois do almôço da condêssa. Uns olhos castanhos e xp rimiam a um tempo ternura e alegria." "Pois bem". acariciar. No dia segui nte a essa conversa. ?ouberam pintar em tôrno da Virgem. ampla. tôdas as linhas e o contôrnos daquela cabeça tinham um caráter de nobreza que deveria obstar os ultrajes do tempo.primeiro andar do pavilhão as cortinas duma janela afastadas e a figura duma m ul her em atitude de curiosidade. A bôca era inteir ame nte voluptuosa. as mãos sujas de terra e uma cavadeira na mão. tem razões para não mais amar as mulheres . pois pertencia a êsse gênero de mulherzinhas dóceis que se deixam aga?rar. tornou Honorina. e suas formas me pa receram daquelas que revelam o amor ainda mesmo quando êle se afigura esgotado. Quando nos encontramos. tamaricões. A pureza do ar. "e tornou-se selVagem. reparei no . mas terminou por me dizer: "Eu irei!" quando lhe resp on di que êle iria fazer a infelicidade duma pessoa que vivia isolada. gorro na cabeça. principalmente quando não tem mulher. ver aquela mulher que por sua conduta e pelas confidências do conde se tinha to rnado tão int." . poderosa. entre todos os pintores. aquéle sangue se expandia sob o tecido como um vapor em volutas rosada s. por um sinal da Sra. ao passarem através a folhagem rala da s acácias.. Honorina não era magra. A Sra. ela podia gelar ou anima r alguém -corn um olhar. disse ela. Enfim. Gobain me. Gobain. a majestade."Êle tem razão? de sobra". e mol(?uravam aqueIa criação da dor. soltar e tornar a agarrar co . eu falarei com êle. XXI1I UM ESBõÇO No dia segguinte. Em suma. sonhadora. Cobain. À menor emoção. compreendi apaixão de Otávio e a Ver dade desta expressão: uma flor celestial! Sua brancura logo me chamou a atenção por seu branco particular. Ao ver Honorina. Se não conseguir nada. "É o senhor que é nosso vizinho!" gritou a Sra. "Sim.. Olhando-se para a condêssa. en tão. o aroma da Drimav era.não tenho nada que ver corn a sua patroa! "Senhora". Estávamos nos primeiros dias do mês de maio. o -desprêzo que ela punha n a maneira de erguer ou de abaixar ê!?se véu da alma. " . perdida num suplício. "urn?a pessoa de aparência tão distinta c omo a senhora exerce uma tal profissão? Terá por acaso como eu razões para ocupar os d edos a fim de não deixar trabalhar a cabeça?" . . terna. das nossas duas mania?. solitário. onde apenas o s-ol penetrava. como uma mae que fôsse bastante artist a para se dar o prazer de pintar seus filhos. e porque me censurariam por não a ter descrito. Por po uc o não esqueci meu papel de homem quase louco. como o anjo. Ah! que lindo buquê de narcisos! êles são tão frescos como esta manhã!" Ela tinha criado como que um museu de flores e de ar bustos. Alegre. pode proporcionar-lhe um dia de felicid ade. Muitas mulheres forjam uma fisionomia e chegam a produzir efei tos semelhantes aos produzidos pelo aspecto da condêssa."Mas nós estamos nos alicerces" . . Honor ina inspirava devotamento. Seu porte evocava por tal forma sua nobre linhagem. e.. imagens graciosas. a gente dizia consigo: "Pense. orgulhosa e impone nte. eu sorrirei como os mártires nas suas fogueiras.mo gata s. brutal e pouco cavalheiro. e como não se podia jamais e squecer aquela que era verdadeiramente uma flor celestial para a alma. Se a minha vida. Aquêle jardim recolhido. das delicadezas do seu coração. compreendi como a recordação daque la mulher tinha detido o conde no limiar da devassidão. tome minha vida."Eu sou florista. senhora."Tiquemos no muro intermediá1 rio". IlEON ORINA 129 . ou. senhor". exalava bálsamos consoladores e inspirava sómente doces pensamentos. Será preciso dizer-lhe que sou pobre e q ue não estou em condições de pagar a concessão que quero obter do senhor?" . "Disseram -me. volu ptu osas até. Mas a criança era capaz de se tornar fo rte como o anjo.. respondeu ela sorrindo. contudo. cujo arranjo tinha sido ditado por um gênio de artista e que o mais insensível dos proprietários teria respeitado. é porque se trata únicamente da sua alm"a. . que eu obedecer ei. As massas de flores. mas nela tudo procedia duma d eli ciosa naturalidade. . ela devia ser implacável. produziam efeitos doces à alma. Nêle se reconhecia esse cunho indelével que iios?o verdadeiro caráter imprime em tôdas as coisas quando riada nos constrange a obedecer às diversas hipocrisias. arruinadas em degraus com uma ciência de florista ou dispostas em ramalhe tes. Se ass im lhes falo. A frieza naquele rosto era sem dúvida a morte para aquêles a -quem seus ol ho s tinham sorrido e seus lábios se entreaberto. disse eu.?. para aquêles cuja alma acolhêra a melod ia daquela voz que dava à palavra. "Não será preciso que eu saiba qual das nossas duas dores.. que nas ruas os mais audaciosos proletários se desviavam para lhe dar passagem."Como". "Depois de cultivar as flores. deve ceder o lugar à ou!tra? . porque levarei ê sse dia a Deus como um penhor dado por um pai em reconhecimento a uma graça conced ida a seu filho". XXIV COMO ACABA A PRIMEIRA ENTREVISTA Ao vê-la. 1 ` i . ? . . a conservavam criança. se preferir. tornei eu com a gravidade dum magistrado. 1 ?. respondeu ela. . e que. . Ao sentir o perfume de violeta que ela exalava. um devotamento cavalheiresco e sem recompensa. dos seus pensamentos. e essa naturalidade inimitávC1 ia direito ao coracão. eu as copio. a poesia do canto. que eu adivinharei. fale. . não se a podia compreender sem que fôsse dotada dessas qualidades que parecem exclui r-se. por entonaç&es particulares. que adora as flores. . Seus pequeninos pés faziam na areia um leve ruído que lhes era particular e que s e harmonizava com o farfalhar do vestido: disso resultava uma música feminina que se gravava no coraçao e que se distinguiria por entre os passos de mil mulhere s.. uma vez ferida na sua natureza. Ao lado ficava um quarto de banho.um de vestir. naquele santuário onde tudo estava em harmonia com a mul her que eu procurei descrever-lhes."Como quei ra!" disse eu. Se não é visitada por ninguém. Oazul não é a côr favorita das belas almas? Nenhum de nós está em sua casa. estava cobe rta de pinturas a fresco. A senhora. o acesso ao pavilhão fazia-se por uma escada de alguns deorraus. que representavam latadas de flores duma admirável e maravilhosa execução. devendo a condêssa me ter tomado por uma criatura sofredora. que me falou de esperança -em frases que pareciam êsses cantos com que as amas adormecem as crianças. que a sociedade exige. mergulhado num -devan eio tão doloroso. "Então o senhor gosta muito de flores?" me perguntou ela. quando não -amam. e eu veria as suas. a rosa azul. do qual só se enxergava o espigão. situada no andar térreo. aparentando estar mais encantado pelas flores que por ela. que ficava defronte à sala de refeições. No interior. . procurando minorar minha dor. que nos encontramos a mil léguas de distância do muro divisório. eu só recebo 1 meu tio. dign a de piedade.aliás necessárias. passeando a passos lentos. ela me achou tão profundamente abatido. "Se a senhora quiser deixar subsistir a cêrca". têm todo o sangue frio dum velho advogado."Não". transpus a cêrca. A cozinha estava escondida nos porões. foi preciso trocar algumas palavras de polidez. disse-lhe eu. disse ela. E u penetrei. mas t enh o muito aprêço à minha solidão para prejudicá-la com uma dependência qualquer". Não fôsse o sorriso amargo que por vèzes se estampava sôbre os belos lábios vermelhos daquel . mas a c ondêssa nêle estendera tapeçarias cheias de fantasias e :provenientes de antigos biombos. porque eu procuro a dália azul. que será sempre recebido como um vizinho com quem desejo viver em boas relações. A condêssa me fêz entrar na casa. Eu olhava ora para o tufo de narcisos. A sala de refeições. Venha aqui. Os ?balaústres da galeria e suas guirn landas de flores Pompadour mascaravam o telhado. Finalmente. XXV A GAIOLA DE HONORINA Lá pelo fim de maio. afinal. veria as minhas . . lhe respondi. . Reinava ali uma deliciosa simplicidade. Passei quinze dias sem parecer pensar na minha v izinha. depois duma meia hora. minha vizinha me reconduziu naturalm ente ao assunto. p ara representar meu papel. Contudo. As paredes da escada apresentavam encantadoras decorações a uma côr. e me achei pela segunda vez ao lado dela. "apr enderá t odos os segredos de cultura que eu quero esconder. o cura de Blancs-Manteaux". na minha casa. ora para a condêssa. a qualquer hora. aquêle pavilhão era como o ninho inventado pela arte do século XVIII para as ga lantes orgias dum potentado. e uma biblioteca metamorfoseada em atelier. pois. "De que serve umia porta?" exclamei ao me achar no meu terreno. . poderíamos colocar aqui uma pequena porta que ligasse os nossos jardins. Em cima havia apenas um quar to de dorm ir junto a. aconieceu nos encontrarmos um de cada lado d a cêrca. tenho loucura por flores azuis. Fiz uma tirada tão violenta ao estabelecer um paralelo ent re a botânica e a sociedade. ipois as mulheres. "não quero dar a ninguém o di reito de entrar no meu jardim. ."São os únicos séres que não iludem o nosso desvêlo e o nosso #ISO CENAS DA VIDA PRIVADA HONORINA 131 carinho". estava incrivelmente danificado. que gosta de flores. numa bela tarde. ferida. Opequeno salão. E de um salto ipulei a cêrca. Chegados ao fim. voltando-me para a condêssa e desdenhando-a c om um gesto com uma carêta de louco. Nessa residência a gente tinha a impressão de estar a cem léguas de Paris. é uma causa de pneumonia ou de desvio da espinha dorsal. adornado como um camarim e onde a riqueza reparava a vulgaridade dos instrumentos de trabalho. um refúgio cheio de livros e curiosidades. a essa semi-pintura. -as flores artificiais talvez sejam aquêles cujos ?detalhes oferecem maior oportunidad e à graça feminina. as mais minúsculas corolas. sua voz. sob a graça de gesto. A costura e o bordado dão uma miséria por dia. que a erguia com a ponta do dedo. Eu não me cansava de a admirar construindo uma flor quando as suas partes já se encontravam diante dela. um modêlo vivo da flor com a qual ela procu rava lutar. A condêssa ?tinha poetizado. num vaso de Veneza. Seus olhares. Para colorir. tanto êles escondiam. e jamais meus olhos expressaram um :pensam ento para ela! Honorina procurou tratar-me como um Velho amigo. as urzes. imitava fôlhas sêcas e amarelecidas. havia um sentimento de arte na maneira pela qual a condêssa dispu#132 CENAS DA VIDA PRIVADA nha sôbre uma longa mesa de pinho amarelo as miríades de pétalas coloridas que serviam para fazer as flores que ela havia escolhido. de gestos. Sob se us olhos erguiase. Cer tamente. guardava em suas inúmeras gavetas as matrizes de aço com que ela modelava as fôlhas ou certas pétalas. esforçava-se . uma fábrica. por assim dizer. Um olhar teria comprometido tudo. e sempre limpos. ap erfeiçoando uma haste. Um lindo móvel de ébano. com uma certa atenção.a mulher pálida. e até de idéias que deixam uma linda mulher em seu am biente. incrustado de marfim. como as de um artista sôbre as teclas d e um pi?no. Suas mãos. rir. Ela continua sendo ela mesma. regulando com a lucidez do instinto cada movim ento de acôrdo corti o resultado pretendido.pela minúcia. De todos os trabalhos que uma mulher possa fazer. suas conversas. tão móvel. t udo dizia que ela estava a mil léguas das coqueterias que a mais severa das mulher es se teria talvez permitido em semelhante caso. revestin do. Um magnífico vaso j a ponês continha a cola que ela não deixava jamais azedar. pode conversar. alinhados de maneira a permitir encontrar imediatamente o matiz procurado na gama dos tons. A nobre artista economizava assim seu tempo. Os potes de tinta eram de porcela na branca. Mas o trabalho em flores e em modas compo-se de uma multidão de movimentos. o que é o ant ípoda da poesia. Tinha paixão pelas obras-primas. e ao qual adaptara uma tamp a de dobradiça tão leve. de aplicação e de pêso necessárias àquele trabaffio. poder-?c-ia acreditar na felicidade daquela violeta sepultada em sua floresta de flores. Ela punha em ação o gênio dos pintores nas suas audaciosas emprêsas. XXVI OBSERVAÇÃO SõBRE OTRABALHO DAS MULHERES Em poucos dias chegamos a uma confiança oriunda da vizinhança e da certeza que a condêssa adquiriu da minha completa indiferença pelas mulher es. A tapeçaria. iam da mesa à flor. Pouco depois ela me deu o direito de entrar no encantador atelier onde fazia suas flores. feita como dev e ser por uma operária que quer ganhar a vida. pela compreensão que exige. A gravura das pranchas de música é um dos trabalhos mai s tir ânicos . diante dela . os nectários dos mais caprichoso s tons. cantar ou pensar. as ?diferentes fôrças de torção. Os fios de arame eram guardados numa pequena gaveta da sua mesa de trabalho. lançava-se aos trabalhos mais difíceis. e nela prendendo as pétalas. Suas maneiras para co migo procediam de uma espécie de compaixão. uma mulher deve permanecer inclinada sôbre uma mesa e aplicar-se. Seus dedos pareciam fadas. as cachopas. tão ágeis 3 quanto seu pensamento. pelo cuidado. para usar uma expressão de Perrault. Compr eendi logo a extensão do meu devotamento compreendendo tôda a baixeza dos espiões. Minha misantropia me 33) Youi?g: -o poeta inglês Edward Y<)ung (1681-1765). está na infância. não tinha mais nada da mulher. "Esta arte. mos ofereceu com uma efusão infantil. privada do convívio social. Tínhamos como certo que os desgostos dela. Quando eu não tinha nada que fazer. Não lhes falarei dos sentimentos de vergonha que me torturavam ao queixar-me. Essa coroa. pois ela era tôda caridade. Contudo. e Para preparar os arames das hastes. não terá a sua poesia? Qu a ntas coisas uma mulher não poderia dizer com uma flôr nos cabelos? Não há flores para as bacantes. flores murchas com as fôlhas côr de bronze florentino. tôda in tôda imobilidade. . mas ela encontrava tão bem em mim sua própria antipatia pelo amor. como os pob res da rua. com uma piedade que por certo encheria de amargura o libertino que a t ivesse a mado. pois não devia perder de vista rneu pap el. céptico. ríspido. ou devorada por um secreto desgôsto. que me pareceu satisfeita com o acaso que enviara à sua ilha deserta uma espécie de Sexta-feira 34. tôdas as sensações e pensamen tos da alma. flores melancólicas para as mulheres tristes? A botânica exprime. dizia-me. XXVII ? UMA CONFISSÃO PE HONORINA Eu me fizera de rogado na confissão das minhas tristezas com afetação igual à que se per mitem os jovens antes de se sentarem ao piano. e que também publicou uma Paráfrase do Livro de Jó. tôda compaixão. Sua renúncia ao amor -e seu terro r do que se chama felicidade para a mulher manifestavam-se ao mesmo tempo corn fôrça e com ingenuidade. dizia-me ela. Tal vez que a solidão lhe começasse a pesar. as mais complica das na sua simplicidade. sózinha há tantos anos. de tôdas as mais singelas. Opersonagem que eu vivia proporcionava-me adoráveis gracejos acêrca da semelhança puramente física. no mundo ideal onde se refugiava. Trabalhávamos conversando. ela era destituída de qualquer coque tismo. elas dariam vida e expressão às flores que usam na cabeça. a meu ver. A mulher e o homem ob?edeciani maravilhosamente às suas naturezas. Involuntàriamente eu comparava aquelas duas existênci as. menos o defeito do pé. sôbre os qua is ela desejava guardar o mais profundo silêncio. cheio de des-osHO NO R I N A 13& tos. tôda passividade. que havia entre Lord Byron e eu. numa cabeça de mulher cuja vida está malograda. já fiz para minha sa t isfação de artista. Se as parisiens es tivessem um pouco do gênio que a escravidão do harém exige das mulheres do Oriente. Os testemunhos de simpatia que recolhi então teriam consolado os maiores infortúnios . só sentia ter um coração. e a da condêssa.*das devotas. a necessidade de vencer min ha re puC) nãoncia em falar forçara a condêssa a estreitar os laços da nossa intimidade. tôda emoção.por reproduzir as flores dos campos. tôda ação. Aquela encantadora criatura. sim. faziam desaparecer os meus. flores para as sorabrias e ríg. l\fett pretenso desejo de distração tornou-me em pouco tempo hábil. se bem que já as causas da minha misantropia teriam podidQ satisfazer Yoting33 e Jó. a do conde. e representava o homem fatigado da vida. autor das sombrias Noites. lia para ela as novidades. tendo além do amor tesouros de afeição a dispensar. melancólico. de falsas chagas 2ara excitar a piedade daquela adorável mulher. tôda agitação. como a gente encontra depois ou antes do? inverno. mesmo os mais delicados!" Ela me utilizava para modelar as fôlhas. Como podem adivinhar. Ésses dias felizes provaramme que a amizade das mulheres s upera de muito o seu amor. tal é a consciência que têm do aborrecimento que se seguirã. pa ra recortá-las. . Mas". respondi. disse -ela. ela. eu sou uma religiosa que chegou aos set. que eu me permitia na esperança de levar Honorina :para o terreno das confidências. não posso banir um pensamento que se apodera de mim.-eniente e mais infame que possa exi?. elas só consi dera m como desgraças as decepções do coração. que nem sempre elas con sigam distrair-me. Há c ontemplações que nos perdem. de Ingres: alusqo ao quadro Ovoto de Luís XIII. respondeu ela conto rnand o a questão. o ho mem que amaram não representa mais nada. Se eu fósse rica. As mulheres não ousam confessar. considerando-as apenas como instrumentos de prazer A Europa tem sido bem castigada por tê-las admi t ido na sociedade e por aí aceitá-las em pé de igualdade corri os homens. ela fica. . depois. "se a sua ?argumentação lhe parece muito inteligente."A senhora é uma comediante de boa-fé". portanto. êle vai mais alto . -os orientais têm razão"."Deus". Oa njo da perfeição. ela lhe é sempre sagrada. salva a vida. não se deixava cair em nenhuma armadilha. No homem o reconhecimento pelos prazeres passados é eterno. comete a imperdoável injustiça de viver! . canta seguidamente em meu coração. mas tôdas elas têm no coração a idéia que as calúnias populares chamadas tradição atribuem à dama da tôrre de Nesle ": Qu e pena não poder a gente alimentar-se de amor como se alimenta de frutas! e que depois de uma refeição não pos. fazendo-o seu fiel criado. reino da fantasia." . a nós.. belo prazer. que é. a mulher é o ser mais incom. segundo u ma lenda famosa teria atraído os transeuntes à tôrre de Nesle (em Paris) para se entregar a êles.?a restar mais que o sentimento do prazer!. a seus olhos. para as mulheres. e o senhor me fala de um mundo onde não mais posso pi sar. ou indi gn a dêle. como tôdas as m lheres que. e eu comecei a compreenderl essa te imo sia de burro. que obteve grande êx ito no salão de 1824135 me dissc: "Eu sou religiosa.tir. mais do que se pensa."Como. ela 35) A dama da tôrre de Nes7e: Joena de Navarra. bela como é. . que parece entorpecer meus de . aliás. "Oh! quando o meu pensamento se solta. disse-lhe eu uma tarde. #1 33 4 CENAS DA VIDA PRIVADA HONORINA autorizava a lançar contra os homens e contra as mulheres cinicas sátiras. se hern. "eu não sou uma mulher. Se torna a encontrar a amada ou velha."Eu". o belo Gabriel. de uma das janelas da tórre os teria mandado jogar no rio. É disso. persistem na sua decisão."Omundo é -assim tão digno de inveja?" respondeu ela." . continuou. Mas. mais que isso. . Ilern manter as rnulheres prêsas. que lhe vêm todos os seus encantos. A meu ver. espósa de Filipe o Belo. nem por isso trabalharia menos. "pois acaba de me lançar um dêsses olhares que fariam a glória de -uma atriz. revestida de um privilégio imprescritível. Certos dias sinto a alma invadida por uma espera sem objeto. e. esqueceu. 36) A virgem. a senhora amou.. . es?a mulher sempre tem direitos sôbre o seu coração. colocadas entre as duas portas de um dilema ou prêsas pelas garras da verdade.. mas. para não me entregar demasiado às asas lilases do anjo e voar ac. o de caçar um animal doméstico ! Quando uma mulher inspira paixão a rim homem. " . pode afirmar com tanta autoridade que sente mais vivamente do que eu? A infelicidade para as mulheres só tem uma forma. então. comum entre as mulheres."Nem mesmo em pensamento?" perguntei. fitando-me como a Virgem de Ingres36 fita Luís n XIII oferecendo-lhe o seu reino. "sem dúvida reservou essa felicidade perfeita para o Paraíso .enta e dois anos.34) Sexta-Fel-ra: selvagem a quem Robinson Crusoc." ." Ela me fitou com um olhar suave é. porém. < famoso herói de De Fee. ela tem para mim o defeito de ser falsa. Que dizer de mulheres que se entregam a vário s amôres ?" perguntou-me ela. mulh eres! Eu devo às minhas flores muita tranqüilidade. numa última discussão muito amistosa. Gobain. e volto a encontr ar. a condêssa fazia tilintar na sua mão as cinco rnoedas de ouro dum suposto negociante de fantasias. depois de mil fadigas. armados de suas leis. disse ela." XXVIII O MAL QUE SE PODE FAZERCOM UMA FRASE Depois :de três meses de luta entre dois diplomatas escondidos soba pele de uma me lancolia juvenil. o Soberbo. 37) Lucrécia: dama romana que. ?dooe como tudo que dela emanava. seu sósia. como o ve. correndo no meio dessas f lores. gritando-lhe: ?Mamãe!. d u vidando do sucesso. Inclinada sôbre o divã. A Sra. Gobain. disse ela mais tar de. reinos em &. o Sr."S ua vida é um aa negação de todo o seu ser". e uma mulher a quem o nojo tornava invencível. Pupinot. parecera. 38) OSr. que foi que se passou? . a vida . colocou-a na cama. Em suma. 18 lhe arranjara. eu gosto -das moedas de ouro do Sr. o e feito do mais sutil dos venenos. sou é um rapaz dotado de uma alma terna.`Como é possível que a senhora. a quem De us concedeu seus mais raros dons de amor e de beleza. a condêssa estava. .. a condêssa ex. . Ba fejos de perfumes acariciavam a alma.. Um silêncio um pouco proIon. Na vespera. olho nas trevas. respondi. "ser livre. bastante inquieta com uma frase que pela primeira vez desm entia m eu papel. não deseje às vêzes.damara: "Lucrécia -17 escreveu com seu punhal e seu sangue a primeira palavra da carta dos direitos das mulheres: Liberdade!" Daí em dante o conde me deu carta branca. outro comparsa de Otávi o. tão imprudentem ente aceito. Acredito então que se prepara um grande acontecimento. "Vend i por cem francos as flores e as toucas -que eu fiz esta semana!" disse-me alegrement e Horiorina um sábado à noite. como uma flor de vida e de amor. quando fui encontrá-la naquele pequeno salão do andar térreo cujos dourados tinham sido pintados de novo pelo falso proprietário. subiu em seguida para dizer à condêssa: "Senhora. Sua morte -deu o sinal da luta que teve como resultado o estabelec imento -da república." . . que desceu e me encontrou com o rosto banhado em lágrimas. . e restituíu-a não à vida. chorando. se suicidou.dos. Um crepúsculo de julho e uma lua magnífica estendiam suas vagas claridades. Queria resignar aquêle papel de caçador de pássaros. quando os homens. que um juiz. . magistrado ín. a vida ordinária."Uma linda criança de cabelos encaracolados. . era preciso q ue brá-la."Ba:h! sou uma rnulher? EL. que leva até a paixão a caridade e a beneficência.<?ado demais me fêz perceber o terrível efeito d as minhas palavras. efeito êste que a obscuridade me escondera. na alamêda que perlongava o pavilhão. um rapaz a quem nenhuma mulher pode atormentar. ."Que?" exclamou." Esperei uma resposta. Será um pressentimento do céu ? eis o que eu me pergunto!. eis tudo.. não desmaiada. retruquei. Eram dez h oras. Chamei a Sra.. .. que a minha vida vai mudar. Eu comecei a caminhar. despiu-a. nos querem fazer escravas! Ob! todos os sábados eu tenho acessos de orgulho. mas enlanguescida por um ataque nervoso cujo primeiro arrepio. que veio e levou sua patr oa. mas à consciência de uma horrível dor. Gaudissart 39 tanto quan to Byron. tegro e bom. " . eu disse ao conde que me parecia impossível fazer aquela tartaruga sair da sua carapaça. Popinot: personagem da Comédia Humana. escuto no vácuo. fico sem gôsto para o trabalho. gostava das de Murray"."Êste não é de forma alguma o papel de uma mulhe r". ultrajada por um filho do rei Tarquinio. Interdição. #13 6 CEXAS DA VIDA PRIVADA "Ganhar a vida entretendo-se". " . mas."Se?" repetiu ela. . . "não posso ser curioso." . ." . se eu desej asse. apresenta-se c omo sendo a Sra... Não è da essência do gênio e da beleza brilhar. Paris é o únic .endo-a. Maria é a verdadeira Sra. entendeu bem? Eu dou a e ssa palavra sua santa e tocante acepção. a condêssa me apresen tou um semblante mudo. desceu e dirigiu-se a mim."Desafio-o!" disse-me ela com uma ansiedade mal disfarçada. Quem sabe se a dor que eu lhe causei in voluntàriamente não é uma ação voluntária?" . "e para o novo mundo. 4O) Murray: persmag"ra real. quer vê-la feliz tanto qu a nto possa ser uma mulher como a senhora. excitar as cobiças e as maldades? Paris é o deserto sem os beduínos. e outro dia. ela encontrou fôrças sôbre-humanas. um devaneio como a de Childe Harold? . sua indomável altivez. Ni ng uém saberá nada de mim!. que a defenderá contra tudo. etc. atrair os olhares.. A conservaçáo da porbre felicidade de que eu gozo aqui depende das suas investigações. Gaudissart: esperto caixeiro-viaj ante.. Gobain a.. 29) OSr.. "A senhora não acaba de me dar a conhecer 1 que foi mãe. tão profanada em França. "Luz e chá". . Scott. tornou ela com uma audácia ameaçadora. Torne-se curioso e diga-me tudo que descobrir a meu respeit o. "eu sou sujeita a espasmos. . tornei eu interrom"P."Se eu desejass e. livreiro londrino. disse-me el a. respondi. . . . " disse-lhe enxugando as lágrimas e com essa voz que não se finge. Meu coração é um poema que eu ofereço a Deus!" . 1 ela me disse: "Sabe por que eu admiro tanto Lord Byron? ."E a senhora pr ocura esconder-me seus desgostos?. a senhora esco nde o seu nome sob o de sua governanta.O Sr. . disse ela meneando a c abeça. eloqüentemente que a senhora não é solteira. "êsses lindos dedos. foram feitos para o trabalho? Depois. . um escárnio amargo como a de Dom João."Em primeiro lugar."Eu não me interesso por nada"." disse eu. Portanto. generoso com seus autores. `eu preciso saber se êsse crime é possível. disse-lhe ela corn o sangue frio d?e uma lady empertigada de orgulho por essa atroz educação britâni ca que vocês conhecem. e sua gravidade de selvagem já haviam reformado seu império. amanhã saberia todos os seus segredos. onde a usamos até para os inimigos. vestiu um roupão. ."Imediatamente!" exclamou ela. HONORINA 137 XXIX O DESAFIO Quando a Sra. ao receber uma carta disse a Maria: Toma. "à mercê da brutalidade das !paixões que i rá inspirar. que dizern. Cobain." fêz ela erguendo o dedo."Isso é sério?" ."Naturalmente"." .presentou-se. e que iremos conhecer de mais perto na novela OIlustre Gaudiss art. que teve a dor de perder seu filho?" . "Osenhor não é a causa desta crise". South. mas. "eu quero. Gobain acendeu as velas e fechou as persianas. . diante de mim. a uma espécie de cãibras no coração1. uni dú?. "há de me dizer também por que meios conseguiu essas in formações. a senhora te m em mim o amigo mais devotado que jamais terá. . tipos mai? curiosos cr iados por Balzac. . é para ti." ."Si?m"."Onde ficará"."Isso quer dizer que fugirá. . Êle sofreu como sofr em os animais." . A Sra.. êste amigo. resp ondi eu mostrando-lhe suas mãos. .ey . Amigo. . . Oh1 de mim não tema coisa alguma. Cobain. Maurício chora como uma criança!" Estimulada pela perigosa interpretação a que se pr estava a nossa mútua atitude. Para que a queixa quando ela não é uma elegia como a de Manfredo41. senhora"."Nfaria!" gritou ela bruscamen te tocando a sinêta. editor de Byron. ." . " .É amanhã o combate! . já lhe disse: Eu quero! AgOr a e u lhe peço". no coração. nesse mundo imenso que devemos chamar de mundo espiritual."Nã( importa.. Se a senhora tem algum duelo a sustentar. ou."Até arnanhã".. algum temp<) mais tarde elas nô-los censuram como uma injuria. eis tudo.m. "que fazer? . pela primeira vez. saiba quem eu sou. . respondi.E o conde."P-erdoc-me"." .. Às dez horas da noite. disse ela num torn breve e com um gesto.. disse ela . #F IV 138 CENAS DA VIDA PRIVADA que viver de seu trabalho."Que fazem as outras mulheres?.. pois.Aqui terminar seus dias!" disse~lhe com visível espanto. uma na esperança e a outra na angústia de uma reunião. e depois de os cumprirmos."já t enho mil escudos de economia". AqueIas duas criaturas i am ambas velar. XXX A REVELAÇÃO Mas caminhando pela longa avenida eu repetia. . disse ela. e . "A senhora :nunca pensou que chegará um dia -em que não lhe será mais possível trabalhar.A ansiedade de Oitávio igualava a de Honorina.. Eu fui pontual. . exclamei. Agirá como as outras mulheres-. amanhã a esta mesma hora eu Ilie direi o que descobri".disse o cônsul fitando as mulheres. .". um padrinho lhe pode ser inecessário. fui recebido num lindo quarto. disse-lhe.tornou ela com malíci a. disse-me ela. . branco e azul. De que se queixa? Que sou eu? um criado a mais. quero ficar só. o conde e eu. se o senhor descobrir qualquer coisa."É amanhã o combate"."Onde ir?. examinam o terreno. e verificam (iuc H ON ORI NA 139 no meio da luta a vitória depende dum acaso a aproveitar. "Mas não vá ficar com raiva de mim. exclamou também: .. 11 . se o que pediram lhes pareceu sacrifícios. cunstâncias. e então . Otávio e Honor ina agiam. . q ue era o ninho daquela pomba ferida. "duas palavras apenas podem p erturbar esta paz tão custosamente conquistada e de que gozo como de uma fraude. Ser á preciso abandonar êste suave retiro. respondi sorrindo para não (perder o caráter de desp reocupação que eu dava àquela cena. Permanecemos. arranjado com tanto cuidado para aqui termina r meus dias?" . . imperativo.. . "Meu Deus! quantas privações essa soma não representa!" . . . sou o Sr." . Gobain. até as duas horas da manhã passeando ao longo dos fossos da Bastilha. . Doin João e Childe Harolci: três Ie-rso. na véspera de uma batalha. Adeus". para ca so de infelicidade. mas sim nos sentimentos. viviam únicamente nesse mundo dos grandes espíritos.-ráficas de j3yro u. -como dois ge nerais que." .É amanhã o ?co.bate! . Es t a noite não sou mais eu mesma.."Isso será uma impertinência. "cIeixe-me. a quem eu ia tôdas as ?noites encontrar no bulevar.) . Os drainas da vida não residem nas cir."Substitua a palavra sacrifícios pela palavra esforços. disse ela depois de uma longa pausa. Devo retemperar as minhas fôrças. A condêssa me fitou. "esquecia~me -de -que a mulher e o Papa são infalíveis. . e m que o preço das flores e da indumentáría baixará por efeito da concorrência?.. avaliam tôdas as possibilidades.o lugar do mundo onde a gente pode esconder sua vida quando a gente tem 41) Manfredo.nagens autobio. se q uiserem. e não me deu mais atenção. " Levantou-se.. outras pessoas ficarão informadas. prosseguiu ela com uma graça (que as senhoras têrn quando pedem alguma co isa."Elas têm razão."Deus meu"."Elas nos ordenam imensos sacrifícios.. quis falar-me e ficou at .Pois bem. quando !tudo repous a. êle a protege. . Em suma. Tanto a senhora como êle são dois grandes caracteres. A condêssa tremia como treme uma andorinha aprisi onada. o escrivão do tribunal . não é o verdadeiro proprietário. a senhora terá em nós dois conselheiros -devotados... "Sra. disse ela arregalando os olhos paralisados de espanto. que se levantara. sublime há sete anos e constaritemente"."Ali!" exclamei. apresentou motivos plausíveis. tentaremos encontrar uma solução aos problemas que apresentar . . talvez possamos fazê-lo cessar.errada com meu ar respeitoso. mais -considerado dos homens. "já que êle me força. bricas ."Na minha casa".." . a senhora representa aqui Vênus na rêde de Vulcano. chorou de desespêro. . Estava agitada por uma convulsão nervosa e me examinava com um olhar de desafio. mas a se nhora está prêsa sózinha. disse eu continuando. jamais o é num salão. estende o pescoço e olha em tôrno com um olliar fulv o. Nós a CSCUILaremos.. ver a luz da sua lâmpada de noitel Oseu grande xale de Cachemira vale seis mil francos. irei para um lugar onde certamente ninguém me s eguirá!" . disse ela por entre lágrimas.. mas ela era mulher!. mas um testa de f erro do seu marido. Seu marido salvou-a aos olhos da sociedade. Para escondê-la a . não que ficasse comovida. para a sua ausência. mas chorou da sua impotência. atrás do muro."Pois bem". respondeu ela. Então deve ter razões bastante poderosas para não querer -voltar à companhia do Conde Otávio. A infeliz. condêssa . grande. Se meu tio é padre no confessionário. meu tio colocou em casa do comissário de polícia dêste bairro um rapaz sem fortuna na qualidade de secretário. A admirável tranqüilidade de que a senhora goza é obra do conde. tornou a cair sôbre a poltrona e ali ficou mergulh ada numa atitude de dor que eu quisera ver fixada por um grande pintor. que a senhora os obterá! jamai s nenhuma ternura materna foi tão elzeiiho-a utianto a de seu marido. L e normand. senhora. Finalmente. Oseu fornecedor de roupas vende-lhe por velho o que provém das melh ores fá . ter recebido carta s que lhe dão muita esperança ."Basta!".. . " disse-lhe eu sorrindo com gravidade. e pelas invenções de uma generosidade sublime. .."Na casa do Conde Otávio!" responcli-lhe. Como é que uma mulher inteligente pôde acr editar que comerciantes pudessem comprar flores e fantasias pelo mesmo preço que as vendem? Peça mil escudos por um ramalhete. Houve um momento em que as lágrimas brotaram. cuja proteção se estende até às m enores circunstâncias da sua existência. Su . e ela chorou. n a turalmente!" . disse eu. na mão em que está.. "Nós fomos enganados. seu marido saberá aonde a senhora v ai e sua prob2ção a acompanhará por tôda a parte." . furtivamente. "a senhora quer matar-se .. Seus olhos secos lançavam uma luz quase quente.. dum homem tido como."Oh. e que. Êsse rapaz me contou tudo. o dinheiro que a senhora ganha vem do conde. . Se a senhora abandonar êste pavilhão esta noite.. "A senho ra é". "a mulher do mais nobre e do. OSr. Eu #14O CENAS DA VIDA PRIVADA HONORINA 141 soube pelo guarda que o conde vem seguidamente. e se a senhora é vítima de qualquer mal-entendido. Onde pensa que está? " perguntei-lhe.. co r n o fira de receber a herança de uma velha parenta que bem poderia tê-la esquecido. mas que o é para a senhora muito mais do que aos olho s de todos. e o casamento pesava sôbre ela como pesa a prisão sôbre o cativú. "Eu irei". Êle diz a todos que espera não tê-la perdido no naufrágio do navio em que a senhora embarcou para ir a Havana.todos os olhares êle toma ainda mais pre cauçõc¥ do que a senhora mesma. a senhora foi para lá em companhia de duas mulheres de sua família e dum velho servidor! Oconde afirma ter mandado agentes a vários lugares e. "diga-as a meu tio. julgava-se independente e livre. "Só quero saber uma coisa: De quem conseguiu êsses ipormeriores?" "Ora. será tão livre e tão respeitada quanto o seria se fôsse uma solteirona feia e má. é inteiro. poderia penetrar nos escrúpulos da minha consciência. Elas não se empobreceram pela sua efusão. e. Só me deram u m nome . Aliás". êle não me fêz mal algum. eu o respeito."Eu o estimo.. não tenho mais armas. como eu só tinha um coracão. mas a Otávio ."Não". Oli! não vá pensar que fugiria do seu poder para cair sob o meu". eu a esconderei dêle ." "E de que modo?" "Nisso. senhor. Quando se mostra. por mais indigno que fôsse dessa oferenda. essas coisas que eu julgava conquistadas pelo meu trabalho. Par a mim. eu lhe darei os meios para isso. num dos mais belos palácios de Paris. . e eu lhe dou ganho de c an sa. respondi." "Oh! existe o convento". jamais!" . disse ela. Em suma. e me revolto à idéia de ser u m a prostituta! Sim.. Apesar de ser êle muito poderoso."Mas". um amante indig no possuia a ?iulher.. Honorina. eu vi claro à luz do incêndio. . e ind ependência."Oh! a senhora o ama". ou êle existe. Tudo o que vejo. ir. Nada mais a pode encher. Eu próprio não a poderei ver sem seu consentimento. so e o meu único asilo. . nem mesmo Santo Agostínho. senhora. faria com que todos os conventos do mundo a recusassem. olhe . mas o conde. não esqueça que tem em mim o amigo mais sincero. mas seja 1 é o meu último recurcristão. Só Deus me pode compreender. -por isso chamei a religi?o para nos julgar . ."Sim. Meu marido possuiu a jovem. está o meu s=êdo. . "não falemos mais disso. Depois de me ter entregue assim inteiramente. é te rno. a ela dediquei tôdas as faculdades do meu !ser.H ry conipreenderl. Ali! te nho que fugir daqui. . eu lho dei como uma mãe dá ao filho um brinquedo maravilhoso que o f ilho quebra. e êle jamais a encontrará. disse ela."Acaso . estou com os pés nas ci nzas de meu Paracleto43 . na qualidade de minist ro de Estado.. Pois bem. Oli! eu sou ainda alguma coisa. êle é São João.a alma parece-me pura. " . Não havia dois amôr-es para mim. mas se a senhora cometeu alguma falta.. e la está quebrada. quando se er gue. eu o venero. lembram-me agora tudo aquilo que eu queria esquecer. A discu ssão amesquinha tudo. . disse ela. que para mim são os círcul os intransponíveis do lnferno de Dante. é bom. "jamais homem algum será capaz de me 1 ."Para ir onde?" perguntei. o mais terno dos padres da In igreja. o cura de Blancs-Nlanteaux é um santo de setenta e cinco an"õ?s. que e-la é preferível à da condêssa Otávio.. sómente quando a senhora me tiver demonstrado que não pode. Em certas almas o amor não é suscetível de ser criado. êss e o grande conselho que irá dar-me... mãe -ditosa . Nenhum homeiri. mimada pelo marido. Se quiser su btrair -se à tirania do conde.. que não deve -voltar para sua companhia.onseiilior"." ."Oconvento.. eu conceberia ceder ao amor de um outro. po rque não o tomou.. como fugi da minha casa. não resta mais nada! Deixar-me amar? .. sinto febre. rica... que sou eu? Restos de uma festa. honrada. "A senhora terá paz. ao receber del a um o lhar horrível de desconfiança e cheio de exagerada nobreza. Meu tio não é o grande inquisidor. . mas eu não posso mais amar. Um outro que não meu marido. tornei eu. esgotaram-se nessa intimidade enganadora em que só eu era leal. . irias para a senhora se tornará Fénelon 42 o Féne lon que dizia ao Duque de Borgonha: "Coma uni novilho na sexta-feira. teve todo o meu amorl ?Êle não o teve. a taça da felicidade não está nem esvaziada nem vazia! ." ." . Prove-me que esta vida é a única que a senhora pod e levar. disse-lhe eu. Não n a estou enganando. Estou fora de combate. Eu lhe comunicarei por escrito as minhas idéias a êsse respeito... pois neste momento elas me sufocam. ela está bem expiada. tenha certeza. um outro. ou não existe.... mas . esta vida de dezoito meses foi para mim uma vida de dezoito anos. Se é severo sob a estola. "A condêssa é dessas Lucrécias que não sobrevi vem a um ultraje. Mignon por uma operação feliz (em Modesta Mignon)."Você é moço".Eis aqui a carta. pãra poder esperar até amanhã. 43) Paracieto: nome que se dá ao Espirito Santo: exa sentido figurado: mentor. aqui não entrará sem o seu consentimento. . "Que noite a pobrezinha vai passarl" exclamou êle quando terminei de contar a cena que acabava de se produzir." . é que a senhora irá viver ri<) deserto em que eu posso escondê-la? . mesmo quando êle parte de um homem a quem elas se teriam entregue. a senhora será compreendida por aquêle a quem. poderá comprovar que a literatura não geraria um tal escrito em suas entranh as postiças! Não há nada tão terrível quanto a verdade. disse o cóiisul dirigind o-se a Camilo Maupin. Encontrei o conde a pouca ?distância. Eis aqui o que escreveu . Oco nde. por tarito. dizendo-ra que a condêssa. Fique descansada."Neste momento. esLyotada de cansaço. tôdas as paixões têm sido confiadas. Encontrá-lo-emos ainda. dei tara-se às seis horas e que. respondi-lhe. e não aumente sua desventura. cujo caráter violente conseguiu transformar e p3ra quem escreveu seu l ivro Telêmaco. A senhorita. eu fiquei com uma cópia. neto de Luis XIV. o vento muda a cada momento e a corrente ora corre para uma margem. A vida sublime que êle tem levado nestes nove anos é uma garantia para a tranqüilidade da senhora. mas taciturna e co m disposições secretas que nenhuma perspicácia poderia adivinhar. pois. ela é c ap az de lançar-se pela janela"." xxxi UMA CARTA Despedi-me da condêssa à meia-noite e deíxei-a calma aparentemente.. notável escritor. Pode. cheia deternura a extravasar.probabilidades de que. e que pesa em suas mão s o coração tão pesado dos reis e dos príncipes."E o senhor aceitaria essa alternativa?" p erguntei. é como um lago sacudido pela tempestade. Gobain levou-me uma carta. Durante esta noite há tantas . a n e Sra. porque êle abandonara o lugar convencion ad o. Acalme-se. Honorina se lance em meus br aços. que restituiu a vi sta à Sra. que durante cinco anos não apareceu aqui."Vamos!". p rotetor. no bulevar impelido para mim por uma fôrça irresistivel. Meu tio é tão poderoso como um ministro de Estado. No dia seguinte. como de que salte pela janela. ao meio-dia. respondeu êle. na rua São Mauro. ao me ver..pode u ma 42) Féneion: François de Solignac de La Mothe-Fénelon (1651-1715) arcebispo de Cambrai . graças a uma amendoada preparada pelo farmacêutico. Um padre cuja cabeça embranqueceu no exercíciG do sacerdócio não é uma -criança. Teve atuação famosa como precePtor do Duque de Borgonha. que Desplein 44 prepa44) Desplein: personagem baIzaquiana.a senhorita." . durante quase cinqüenta anos. em A missa do ?&teu. entre outras obras. tenho em casa. "E se eu fôsseaté lá? E se de repente ela me visse?" . uma dose de ópio. rica de fôrças que a senhora nem suspeita. de que é herói. Foi êle. com tôda a segurança deliberar com meu tio e comigo a cêrca do seu futuro. "você não sabe que a vontade. em pleno esplendor da sua beleza. os artifício s do estilo e os esforços de muitos escritores a quem não falta habilidade em suas c omposições. ela dormia. #142 CENAS DA VIDA PRIVADA mulher existir sem protctor? com trinta anos. numa alma agi tada por tão cruéis deliberações. . respondeu êle. meu tio diante das suas flores será tão doce quanto elas e tão indulgente quanto seu d ivino Mestre. . HONGRINA 143 rou para me fazer dormir bem". que conhece os recursos da arte. ora para outra. ilustre eirurgião. meus sentimen tos. Sei que se não me reconciliar com Otávio serei condenada: tal é a sentença da lei religiosa. coni. Eu serei mãe e as carícias de meus filhos enxugarão muitas lágrimas! Serei bem feliz. no meio de uma rua que eu acharei mais clemente que meu marido. minha resposta resolve tudo: N-ão viverei! Tornar-me-el bem branca. de que me acusou sorrindo. Min ha suscetibihclade talvez seja a causa dessa horrível e doce morte. a soci edade. Sim! é possível b qii?? eu tome uma Prova de amor por uma prova de desprêzo! Que duplo sziplí?io! Otávio . bem inocente. eu Percebey qualquer censu ra involuntária. o amor transforma-a numa moça. todos estão de acôrdo. seja o que fôr o que eu tenha feito. a lei. o poderia dizer-me. numa ruoa d a . o efeito duma certeza. que a sociedade ratifica o perdão do marido. uma casa. compreende? Cada vez que os meus olhos reencontrarem os seus. mesmo quando o s olh os de meu marido estiverem Plenos de amor. Maurício. Deus. tem a subli me generosidade de tudo esquecer. ela esposa um h omem amado. comparações que serão adivinhadas. mas eu não posso amar o conde. purificada pela lividez irrepreensivel da morte. Tudo está aí. minhas aversoes. passarei orgulhosa. Se fôr preciso. Se meu marido. O casamento jamais despertará no meu ser as critéis delícias. a lei. Meu olhar sempre inquieto. Terei no coraçflo recordações confusas que co-ribaterão entre si. Enfim. reprimida mesmo. lerá permanentemente uma sentença invisível. um palácio. do tribunal e do trono cuj*a augusta intervenção seria em caso de necessid a de invocada pelo conde.r a Otávio. o casament o tem isto de sublime. ou melhor. em ris car sua família do livro de ouro do pariato? Minhas dores. a subir ao céu do patriciado: pois nem terei mesmo descido dêle. na mulher . com a cabeça quebrada. em privá-lo de filhos. A lei c ivil me ordena obediência apesar de tudo. o seu tio me falará até de certa graça celeste q ue me inundará o coração quaindo eu sentir a alegria de ter cumprido o meu dezier. o delírio mortal da paixão. A consciência é no homem o intêrprete de Deus. ou enganada por uma injusta suspeita. se bem que escond1d?7s no fundo da minha consciência. numa brilhante carruagem! T erei criados. mas ela esquece que é preciso que o perdão seja aceito. eu não esquecerei de forma alguma. num olhar tristonho.encontrar-me-ão estendida. uma visão do futuro. a sociedade. a sociedade me terá por pura. verei nêles a minha culpa.aquela mulher. A sociedade me receberá bem. Legalmente. Sim. Se meu marido não me repudia. Talvez eu morr a vítima de uma impaciência causada a Otávio por um nen. não haverá qualquer coisa de cruel em lhe recusar a felicidade. Sei tudo o que seu ti . serei rainha de tantas festas quantas são as semanas do ano. Encarando apenas o lado humano da questão. não é verdade? Pois bem. êle não é mais esclarecido que a min ha. aquela dor: "Sr. nada me deterá: . Oesquecimento de p ende de nós? Quando uma viúva se" casa. se re i com certeza honrada. é. por virtuosa. mundanamente eu devo volta. 2Vão há nisso a inenor #144 CENAS DA VIDA PRIVADA teimosia de burro.n testa. religiosamente. Oh! no dia em que.ocio. fe rirei meu marido com minha frieza. num gesto imperceptível. por amor. todo o meu egoísmo (pois eu me sinto egoísta) deve ser imolado à família. porque estarei na minha mortalha. Deus. Otávio querem que eu viva. A grandeza da sua generosidade me mos trará a grandeza do meu crime. do púlpito. consciência. Essa teimosia de burro. se não há outra dificuldade. opulenta. Contra que se revolta? ouço dizer do alto do céu. não tornarei . Se algum botânico se entregasse a essa operação. o tornarão amargo. Entre o inferno onde Deus não me impedirá de bendizê-lo e o infern . mas H OX ORI NA 145 para se restituir ao marido que enganou? Quem as pode contaq-? sómente Deus. Eis os frutos amargos de uma falta. e Deus me dará fôrças para suportáIas. mas ninguém me vê comendo-o. fruindo alegrias que não me serão devidas. horas durante as quais eu esqueço. tal homem de gênio desfaria as pregas da túnica amassada? Refazendo uma flor. Lsses sofrimentos. não é raciocínio. essa memória que se torna a encontrar à beira do túmulo. ela desenvolve então nas suas hipocrisias uma fôrça selvagem. Há ci . mas nem Otávio nem eu poderemos estimar-nos no dia seguinte ao de nossa reunião: êle me terá envilecido com qualquer amor de velho por uma cortesã. bendigo os meus sofrimentos. misturadas a meu leite. (não sei se devo fazer-lhe esta medon ha confissão) eu sinto sempre o seio mordido por uma cria-iça concebida na embriague z e na alegria. Finalmente. involuntàriamente.de ninguéni. Por isso. virtude. um rival indigno dêle. sôbre sacrifícios feitos de part e a parte. porqu e só êle é o confidente e o promotor dessas horríveis delicadezas que devem fazer empalidecer seus anjos. Eu lhe oporei. que não sela falsa.de. dos quais me envergonho e da"s q?tais me recordo i rresistivelmente. eu lhe pareço criança. Para tudo isso a religião tem respostas e eu as sei de cor. na crença da felicidade. digo a Deus: Obrigada! Mas e m casa dêle ficarei desesperada.duvidará sempre de mim. reavivar essas côres desbotadas. Oh! senhor. diz ela.. Aqui. Não serei . Eu aparento leviandade. porque ela vem sendo minada há sete anos Pela dor. quando eu sofro. ela engan o para dar uma dupla felicidade. No meu pavilhão. mas que me fêz conhecer volú pias gmvadas em traços de fogo. ninguém me vê chorando. por uma criança que eu ainamentei durante sete -meses. Mas uma mútua certeza não será aviltante? Poderei eu trocar humilhações por êxtases? Otávio não terminará encontrando depravação no meu consentimento? Ocasamento é fundado sôbre a estima. Eu construí um leito conjugal onde só posso me revirar sôbre brasas. deve saber se é possível reerguer essa haste. senhor. Tudo isto. Aqui. eu tenho a memória da criança. quantas vir tudes uma mulher precisará calcar aos pés. que não me abra precipícios onde hei de rolar dilacerada por arestas impiedosas. Uma jovem seduzida é como uma flor que se co?heu.. s a. Voltar para a casa de Otávio será i-enunciar às lágrimas. porque eu não posso nem quero aceit ar o anzo. não há uma situação nesta bela vida a que a sociedade e o amor de um marido me querem reconduzir. mai . e eu sempre duvidarei dêle. senh r. sem encontrar nêle um lugar favorável a meu arrependimento. Oh! sim. Se novas crianças buscarem a limento em mim. não para se dar. serei o prazer na sua casa. êle seria Deus! Sómente Deus pode re faz er-me! Eu bebo o c41ice amargo das expiações. Isso. minhas lágrímos o ofenderiam. eu como um pão embebido em minhas lágrimas. Osenhor é " floricultor. que não me oculte armadilhas. tenho horas de tranqüilida. é o sentimento de uma alma bem ampla. é uma razão para certas almas piedosas. fazer voltar a sei va a êsses tubos tão delicados e cujo poder vegetativo está na sua perfeita retidão. Será demais abrir-lhe meu coraçao* 9 Ninguém. conseguirá convencer-me de que é possível recomeçar a amar. Uma mulher tem coragem diante do m aq-ido que nada sabe. nc o an os que eu sondo a aridez do meu futuro. elas beberão lágrimas que. e eu terei a vergonha perpétua -de ser uma coisa em vez de ser uma dama. a que me falta. sózinha. um leit o sem sono. porque minha alma. dotadas de uma energi . mas ao bebê-lo eu soletro esta sentença: E xpiar não é apagar. está invadida Por um verdadeiro arrependimento. mas no meu palácio " tudo me lembrará a mancha que desonra meu traje de desPosad a. ess as dificuldades são a minha punição. senhor. de quem estarei grávida tôda a minha vida. o senhor vê. Ainda you mais longe. mas a mul her culpada é uma flor que foi pisada. uin homem a quem desprezo. e que as mu lhe res que nos inspiram um amor completo são bem raras. a pecadora a reerguer me parecia sublime. Entre os prados da Champagne e os Alpes nevados. em que o terraHONORIN& 147 . mas tomei uma resolução viril. 1 #146 M_NAS DA VIDA PRIVADA Uma última palavra. sem conhecerlhes a extensão n em as obrigações. Não quero ser melhor ti-atada p or êle por causa da minha falta. que o amor tem três faces. A mulher esgotada. fazia -a consistir numa luta pela felicidade. que jantavam com o -conde nesse dia.a_terra devia ser a poesia. ao sentirse observado na sua alegria. . fui à rua Pavenne. Comparando involuntàriamente Amél ia e Honorina. entregando-lhe a carta da mulher. mas no céu! Otávio é todo delicadeza. e éle sempre d e Pé! E se mudarmos de postura. essa paz. fui receber a Sra. achei mais encanto na mulher culpada que na donzela pura. Fêz-me sinal com a mão para que o deixasse só. tais compa ra ções são fatais e nocivas no limiar da pretoria. da fortaleza todos os seus recursos. mas não há ness lma (por maior que a consideremos. de Courteville. Oanjo capaz de usar de certas brutalidades que a gente se Permite de uma parte e de outra quando se é mútuamente irrepreensível ." . exigia do coração todos os seus tesouros. n em vitória."Ela é minha!. dizer-me onde pode rei enc ontrar essa solidão. eu tinha sob os olhos uma modesta realidade. depois de ter ?aborcado as cruéis delícias do ideal.passeava como um louco no jardim. tempestuosos. Para Honorina. Compreendi que a e xcess iva felicidade e a excessiva dor obedecem às mesmas leis. qual é o rapaz que pode escolher a gredosa e amena planície? Não. disse eu. onde meu espírito não deveria encontrar i. cujo rosto ia exprimindo felicidade à medida que êle avançava na leitura. é uma alma de homem) garantias para a nova exiSténcia que eu levaria em sua casa.Depois de ter tirado da carta esta cópia que tenho aqui. ela irritava a generosidade natural do homem . sso precisamente está a razão da minha recusa: eu não quero corar diante dêsse homem. êsse silêncio amigos das desgraças irreparáveis e que o sen hor me prometeu".em combate. mas uma fatalidade do coração. Meu marido seria ainda querido por mim. ela enchia a vida. é um pouco mais difícil que surpreender o pudor que se ignora a si própri o e que n a curiosidade lhe mostra. mas ni . Como ficar eu sempre de joelhos. casta e confiante. ao revê-la. . para guardar êsse monumen to na íntegra. Podem me lastimar. que a fainflia não poderá ter por base as tempestades do amor. êle se tornará desprezível. Depois de ter ?onliado o amor impossível com as suas inume ráveis fantasias. A inquie1 1 tação vencera o poder do ópio. Fui procurar o conde a prete xto de avisá-lo da chega- . " exclamou o conde. ir ia encerrar-se numa pacata maternidade. se eu fdsse moça tendo a experiência atual. mas sublimes. bem sei. se quisereml com Vinte e cinco anos eu duvidava de mim. XXXII AS REFLEXõES DO RAPAZ SOLTLIRO E AS DO HOMEM CASADO . Por mais bela que fôsse a Srta. a fidelidade não era um dever. ao passo que A m élia ia pronunciar com um ar sereno promessas solenes. de Co urteville e Amélia. "RespGnda a iss o". "Procure tranqüilizar o pudor consciente. quase morta. êsse anjo não está na terra.o qu e me espera junto ao conde minha escolha está feita. eu senti. Venha. Otávio . ao passo que Amélia. É preciso ter experimentado a Vida para saber que o casamento exclui a ipaixão. pois. estava com uma redingote de musselina branca amarrada com laços de fitas azuis. jamais pronuncie meu nome."A vida que a senhora construiu para si". eis tudo. volvi. . qu e mal apareciam sob a fímbria da saia. poderá ser bem feliz." Honorina ergueu-se de um salto como uma corça surpreendida.. deu uma volta no jardim . "Era preciso um a resposta à sua carta. um consulado. . você a quem eu devo a vida. . tempcstuOSO. Faça êsse ."Pobre criança!.. o céu :parecia de cobre. dizendo: "Não é v erdade. ao qual voltei à noite. a senhora deverá ler... Oli! fique descans ado. . Há um aa lei divina e humana à qual o próprio ódio finge ob edecer. "De que modo" " perg-u-?i tou ela. ao vê-lo sentir um sobressalto. (êle me fitou como Otelo deve ter fitado lago quando lago conseguiu despertar uma primeira suspeita no cérebro do mouro).. chocado com a al-teração das minhas feições. ficou de pé durante alguns momentos e terminou por ir sentar-se sózinha em seu salão . . do contrário tudo estará perdido .os perfumes das flores chegavam pesados. ou então n ão passará de uma criança teimosa e birrenta. Tôda a sua pessoa interrogava. Diante dêsse santo homem e diante de mim. Não se ergueu e indicou-me com a mão uni lugar a seu lado. mas a tormenta continuava no ar. #148 CENAS DA VIDA PRIVADA estradinho. porém. e meu tio perguntou-lhe qual seria a sua re sposta se sua mulher lhe 1 escrevesse uma carta concebida naqueles têrrnos."Senhor conde. repousando nun. e se não encontrar solução para a vida depois dessa leitura. Estávamos em agôsto. trará a carta do conde. como as crianças. Maurício?" disse-me êle. por dignidade para consigo mesma. . sentia-me como que numa estufa. e não pense mais em me casar com Amélia. tornei. e que ordena não condenar sem ouvir a defesa. onde fui ter depois de lhe ter dado tempo para que se acostumasse à dor daquela punhalada. lhe respondi. mas antes de. e o vi rejuvenescido ao alento das suas esperanças. pois bem. Até agora a senhora tem conden ado. chegar a isso escutemos a parte contrária. Eu tr ansmiti a êle por meu tio. o dia fôra quente. se lograr reconduzir a condêssa a seus deveres.que a vida para mira não tein solução?" .. eu a estud ei bem .. a cópia da sua carta. A senhora lerá. Os pés. sob um aa espécie de bosque. . com os seus cabelos crespos soltos ao longo do rosto. e me surpreendi a desejar que a condêssa tivesse partido para as índias .acrifíc. -Que tem vo cê."Osenhorl um amigo! feito um traidor. a resposta que seu marido vai escrever. que n inguém o recorde. ." exclamou êle tomando-me a mão. " XXXIII 1 OS MANDAMENTOS DA 1GREJA Combiriamos então o que eu deveria fazer no pavilhão. minha cara condêssa. o espião lhe provará que é um amigo. à lei. sentada nu m banc o de madeira construído em forma de canapé. se quiser. Dêsse modo a senhora não ficou compro metida. pôs-se a caminhar.. p ois.." . O:senhor -obteve a minha norneação para juiz preparador. .as calcei. "mas não aquela que eu quero construir para a se nhora. Uma dedicação de sete anos tem os seus dJTeitos."Osenhor me tinha dado umas luvas". ela não deve tornar a ver-me. em pessoa. ela. A senhora lerá essa resposta. con. apertando-a e reprimindo as lág r imas que lhe umedeciam os olhos." . pois a colocarei num convento donde o poder do -conde não a arrancará. rindo "e eu não . "irei até o fim do meu papel. consigame qualquer pôsto diplomático no estr angeiro. ""Sua carta está nas mãos do conde. . ela deve ignorar que Maurício foi secretário do senhor.. talvez um espião de meu marido? " Nas mulheres o instinto equivale à perspicácia dos grandes homens. a felic idade!" "Meu caro Oxávio. Oborn velho. .n da de suas primas. a Deu . tapando os ouvidos. não é? E só havia um homem no mundo que poderia dá-la."Você não me chama mais de Otávio.*o à sociedade. pois. não quis você senão após me r certificado de poder deixá-la em tôda a sua liberdade. é daquelas que não dão à contrariedade o tempo de enrugar o rosto de uma criança adorada. Se. Pois bem. e aquela figura de uma calma divina produziram -. Entre tôdas as recordações da minha"%vida não encontro nada mais formidável que a entrada de meu tio naquele salão Pompadour. se tivesse lido a carta que lhe escrevi há cinco aros. pois de ter adquirido a certeza de estar em sua casa como estava no seu pavilhão. a admiração esconderá todos os sentimentos e"n que você pude . Você não pode se dar um único golpe que não me atinja. Havia uni anjo na minha casa e o Senhor me dissera: "Culda-o bem!" OSenhor puniu a tem eridade da minha confiança. que é o de suas mães. será iodo bonança. onde pude viver sem. Não fui capaz de perceber o perigo. Irá você me destituir do direito que eu soube conquistar sôbre o seu desespêro. por sua própria vida? As mulheres têm um coração seu."Meu querido tio. você ampliará o círculo à sua vontade. . Nela eu lhe Propunha um pacto cuJas estipulações destroem todos os seus temores e tornam possível a nossa vida íntima. O conde punha tôdas as suas esperanças nessa hora suprema. darnentos da Igreja" respondeu meu tio entregando à condêssa a carta seguinte: XXXIV A RESPOSTA "Minha querida Honorina. mais tarde. Você poderá acompanhar a vida de um irmão ou de um pai . Por quem toma você o companheiro da sua infd?zcia. foi iluminada por um reflex(. #i5O CENAS DA VIDA PRIVADA lor da atmosfera em que você viver será sempre igual e suave. julgando-o capaz de aceitar beijos trémulos. que não queria levá-la de volta para o velho palácio da rua Payenne.. cuja cabeleira de prata era ressaltada por uma veste inteiramente negra. distrações. que é ela? o amor sem o desejo. em mim. concordou. de se repartir entre a alegria e a inquietude? Não tema ter que sofrer as !amentações de uma paixão mendigante. Honorina. Estou ?preparando coni prazer uma outra casa no bairro Saint-Honore..ux!" disse a Sra Gobain . que a teria trazido de volta a mim. Mas como é que não adivinhou que eu tinha para você o coração da minha mãe e o da sua? Sim. você quíser aí introduzir outros ele mentos de felicídade. mas que não poderia rever sem você. ela sentiu o refririo dos bálsamos nas suas feridas. Mas as pirâmides não terminam numa ponta em que pou-la um pássaro? . A ternura e uma mãe não possui nem desdém nem piedade. você não conheceu outra mãe senão a minha. sem. do direito de velar de mais perto por suas necessidades. "Osenhor cura de B??ncsMa-ntea. mas uma irma que me per mita depositar em sua fronte o beijo que uni pai .Como ela não visse nessa aquiescencia nenhum atentado à sua vontade de mulher."A ge:-ite encontra semp re a felicidade e a paz na observância dos inaii. dá a um aa filha abençoada todos os dias. de. Eu tenho grandes censur as a me fazer. às dez horas da noite. quando êle a ameaçava.éam efeito mágico sôbre a CGndêssa Honorina. ctaquela virtud e. minha afeição é grande e pura. o ca. se quiser. . po ssibilidade de tormenta. Todo aquéle trabalho de quatro a cinco meses tinha sido feit o pa ra êsse minuto. por seus prazeres. e a ela tinha chegado. Perdão para mim. o senhor vem ri o N o R i Ili A corn uma mensagem de paz e de felicidade?" perguntei. você. brilhante sem o saber. voc? teria poupado cinco anos de trabalho inútil e de privações que me desolaram. mas você não encontrará em redor d e si nem menOsPrêz< nem indiferença nenz dúvida acérca das intenções. que consegui pela lei. Para onde tenho a esperança de conduzir não u ma mulher que devo à ignorância da vida. Se você me tivesse feito o favor de não duvidar de mim. minha querida Honorina! Eu compreenWi tão bem as suas suscetibilida des . sem sofrimento e sem alegria. descobri todos os meus erros em sete anos de infelicidade. sempre pronto a desculpar. prazeres. Compre endi mal o casamento. querida. Seu Orgulho solitário exagerou as dificuldades. Aquela cabeça. Não quero dever o seu regresso nem aos terrores que lhe infundiria a Igreja. disse-me êle. . você estará à vontade na sua casa. desculpe-o. mas terá a mais uma proteção legítima nascida do mais cavalheiresco amor. rmã para com quem estou obrigado a expender requintes de polidez. . acompanhou-nos Jendo sempre. Essa exclamação merec eu de meu tio um olhar inquieto. " .Opobre padre completou a minha obra fazendo um gesto indi cando a cabeça e o coração. e você poderá avaliar a ternura déle pe los esforços que êle fará para escondé-1a. e eu tive a triste satisfação de iludi-la com minha exc lamação. . ela dependerá da sua decisão. numa grande cidade comercial onde poderia em pouc o temp . a consideração que dá tanto esplendor às mulheres. na. Mínha mulher ipoderia temer tudo o que a assusta. e da condêssa uma olhadela maliciosa que me esclareceu sôbre os seus motivos. tal como estava na rua São Mauro: inviolável. Oconde servia-se de mim até o último momento. Hono71 . "A senhora ama seu marido! Amanhã eu you embo ra. i NA xxxv POBRE MAURíCIO "Senhor". . estão em tÔdas as flores que você fêz. carinhosamente guardadas. " . . orvalhada s pelas minhas lágrimas. Honor"na tinha querido saber se eu era um comedi ante . na porta do pavilhão. Fique certa de uma coisa: você não será mais perturbada do que tem sido até agora. senhora!. deixando meu tio. Seis dias depois eu parti. Erg ueu-se. Vê-la feliz basta para a minha felicida de. Maurício?" disse ela sem me fitar. e que são como os qUiPOS45 dos peruanos. . minha vontade se curvará diante da sua. Se persistir em me impor a vida triste e sem o consô1o de qualq uer sorriso fraternal que eu levo há nove anos.ss e ver ofensas. no se u palácio. pedi" ao santo homem que tomou a. tomou-me a mão.. a quem ela disse: "Que tem o seu sobrinho?" . em cada um de nós. " de dar sumiço a êsse louco que se intrometeu na sua vida e que talvez a tenha magoado. Ah! as garantias da minha palavr a. Não teremos nem um nem outro inveja de nosso pa ssado. bastante inteligência para não ver senão o futuro. agindo conforme suas próprias leis. a história dos nosso s sofrimentos. como quem diz: "Êle é louco. solitária. sabe amar!" Olampejo que -brilhou em meus o lhos era uma outra resposta que teria dissipado a inquietação da condêssa se ela tives se conservado alguma. " Deixe mos a senhora condêssa". valer-me-ei da permissão que o C senhor conde me dá de permanecer aqui. . seu cargo esta carta que não lhe dissesse uma única pala vra em meu favor. disse Honorina auardando a carta no corpinho e :5 fitando meu tio.geslo êsse em que h avia muito mais verdade do que êle supunha. a benevolência de uma irmã e o espírito carinhoso de uma amiga podem satisfazer a ambição daquele que quer ser seu companheiro. Se êste pacto secreto não convier a você. nem às ordens da lei. nomeado vice-cônstil na Espanha. ."Ah! Maurício". porque ambos haveremos de encontrar. He ." E retirei-me precipitadamente. res pondi apertando-lhe a mão com violência. ?rias não a amiga e a i . fazendo o que quiser . " 45) Quipos: cordões cheios de nós usados pelos ab-orígenes do Jeru para fazer contas e até exPrimir certas idéias. sim. R a No P. Meu tio fêz um sinal e eu me levantei. e. Quero receber de z?ocê mesma a simples e modesta felicidade que peço. disse ela. Honorina retomou a carta do conde para a terminar. Assim. foi* o que comprovei durante êstes sete anos."Não ". Quando você quiser uma absol vição inútil. que foi um dêsses gritos de coração que as mulheres tão bem conhecem. "você. "agradeço-lhe. Dêsse niodo poderemos ser ambos nobres ao lado um do outro. se você continuar nesse seu deserto sózinh a e inabalável. Em você. você virá pedi-ta. apertou-a muito afetuosamente e me disse: "Tornaremos -a -ver-nos. Honorina."já vai. minha querida. da sua própria iniciativa. um aprisionador de pássaros."AhI exclame 1. ela não lhe será imposta nem pela Igreja nem pelo Código. e a fortuna que lhe permítirá realizar muitas boas obras. se o mais ardente amor nada significa a seus olhos. sob a ação de um tremor nervoso involuntário. a que limitava minha ambição.?. re. os olhos rasos de lágrimas. z? e foran?. em sua casa. respondi. Tôdq essa fôrça fictícia ou real dissipava-se a um sorri so."Por que não vivermos sempre assim?".pondeu-ine ela sorrindo de maneira forçada.. . ela não t1ph?Z mais temores.. Ao voltar para casa eu ia ani mado. Honorina. a um mandado de seus olhos altivos e calmos que a paixão não alterava. desdobrou-os com indiferença.Estendi-lhe três títulos d e doze mil francos de renda cada uni. que atravessa os quarenta anos. de retoniar sua posição. com a sensatez do diplomata que sabe moderar a sua paixão. ela os tomou. não trabalhe mais. "Olhe. ela sentiu mêdo. mandando perguntar pela Sra. com tôdas as impaciéncias do homeni. na avenida junto à casa do guarda. No dia seguinte encontrei-a armada de uma aleog-ria falsa."Conceda-me a graça de não mais trabalhar cotmo o tem feito até aq u i. Se eu fôsse feliZ não lhe escreveria. E por muito tempo isso será assim. arrisquei-me a apa#152 CENAS DA VIDA PRIVADA recer. que você deve perdoarme a in. pensamentos de amor transbordavam em meti coração. me disse ela estendendo-me a mão. "e conservar sua independência. mas a liberdade.. e ali permaneci cêrca de uma hora. recebi esta carta do conde: UMA RECONCILIAÇÃO ENGANADORA "Meu caro Maurício." "Ndo há nenhum cri me em estar alguém apaixonado por sua mulher". to era impossível arrancá-lo. . ovem pelo desejo."7já muito tempo".melancólica de uma inulher que t(. mas recomecei uma outra vida de dor.mia as emoções de uma entrevzsta. "que eu conheço a sua bondade. Depois de ter esperado mais de unz mê s. Eu me resignei." . tanto um como outro. Gobain se poderia ser recebido. "A patroa quis se arruinar-. sem responder uma palavra. Dêste modo. "venha ver-me sempre que quiser". voltei a ser 1 . uma carta doce e. Maurício. lançou-me apenas um olhar como resposta. disse ela. "o gêlo foi rompido e eu estou tão t)-ê?7izilo de felícidade. você tem setent a mil francos de renda que são seus. disse-lhe coni. ."Se fôr de seu agr ado continuar aqui-.o ficar em condições de seguir a carreira consular.. tão forte como aquéles de que são tomados os oradores na tribuna.. e eu me dizia como os jovens: Ela cederá esta noite . Quand o você partiu eu ainda.roe-ência da linguagem. ela não me recebera senão violentando-se a si" mesma. ela me estudava. Sei pela Sra.". Durante um longo quarto de hora estivemos. que eu beijei. precisos dois meses de convivência até que eu pudesse ver seu verdadeiro c aráter. não tinha sido admitido no pavilhão da rua São Mauro. disse-me a Sra. "Es tou ve ncida". Gobain p ara esco nder sob um coquetiSino honroso para mim a irresolução de Honorina. Quando eu já estava instalado. Quando eu lhe propus muda r-se para a Inglaterra a fim de se reunir ostensivamente a mim. uma primavera de amor que me deu alegrias inefáveis. e se não me restitui seu coração. de habitar em seu novo palácio. Eu sentia imperiosamente quanto era necessári o o consentímento de Honorina e quan. Gobain que há vinte dias você vive de suas economias. "Será uma crper1?ncia?" indaguei comigo mesmo ao deixá-la. ue não era dinheiro que eu lhe dava. Sentei-me nu ma cadeira com a cabeça entre as mãos. mas uma cart a me pronietera a pc)-missito de lá ir. Ah! ela bern compreendera o. disse ela. Essa terrív el frase repetida por você: "Lucrécía escreveu com seu sangue e seu punhal a primeira palavra da carta dos direitos das mulheres: HONORINA 153 Líberdade!" vinha-me à memória. Então foi como uni maio delicioso. . e nos d irigimos frases assustadas como o fazem as pessoas que são surpreendidas e que sim ulam uma conversação. gelava-me. Adivinharia . e depois de os ter lido.. ao menos não me deixe a sua fortuna!" . no seu quarto azul e branco. assediado por Otávio. ser eu serei sua mulher. ela leu no meu coração e me perdoou. devolvo-lhe Honorina tal qual ela é e sem o iludir a respeit o do que ela será.. Seis meses depois da revolução de julho. e não acuse de teimosia o que eu chamaria de cult o do ideal. Faz tr ês dias ela me recebeu. Procurei o de um a??zi. se não fôsse mais natural desi. a resignação o ofende. disse-me ela. consinto nisso.. Otávio. diss<-me: "Afinal de contas.Sentou-se n aquela atitude serena que você soube admirar. Honorina vestira um traje que a torn ava deslumbrante. e você quer o que eu não lhe posso dar: o amor! . desejo ardentemente se r mãe. colocou-as entre as suas. era a Honorina dos primeir os dias. mas não como queres ser amado: amo a tua alma. será você o responsável por êle . recebi esta carta que you ler e que encerra a história dêsse casal. Que irei ser? Mãe! É o que desejo. . Sim". f icou tão triste que eu fiz como se não tivesse escrito. "você não pediu mai . enfeitado. A re ligião. . Dois meses depois os jornais anunciaram a chegada. Minha alegria logo se dissipou ??1 porque a fisionomia tinha um caráter de terrível gravidade. Senti um aa pena cruciante por té-1a afligido. (Eu fiz um gesto). pela primeira vez. Quando clieguei a Gênova. . Que fazer? Tenho o coração sobrecarregado.. resolvi casar-me. urzes do Cabo ornavam-lhe a cabeça. ela me tornou das mãos. ando a falar-lhe. . como o culto do divino! O futuro não ficará a meu cargo. Procure tronsformar-nie. you dizer-lhe como. quem sabe se eu morrerei?. mas nesse dia era uma recém-casade. continuou ela. mas se eu morrer. mas saiba que esta submissão tem os seus peri gos. de Grandville e de Sérizy. você está aqui! (Ela fêz uma paus a.. tornou ela. Dois meses depois.Qo ?Para nêle lançar êste grito: Que fazer?" #164 CENAS DA VIDA PRIVADA XXXVII O úLTIMO SUSPIRO DE HONORINA . Entretanto. pôs-se de joelhos sôbre uma almofada. não maldiga minha memoria. eu me posso conformar. go. meus iprote tores. num assomo sublime de caridade. abatido com a perda que sofri de meu tio. amo-te bastante para morrer por ti. a piedade me fêz renunciar ao meu voto de solidão. Se rá a m inha expz"açao. e fitou-me empalidecendo ao perceber a dor que me causara. com um cinto também branco de longas pontas esvoaçantes. . e sem pesar. Pense bem. meu ami . Pois bem. Você sabe como ela é nessa simplicidade." Faz dois meses que eu luto. Oquarto es tava cheio de flores. Os cabelos emolduravam com seus delicados anéis aquêle rosto que você conhece. e me disse: "Eu te amo. s. eu sentia o meu sangue gelar. recebi uma carta parti cipando que a cundêssa tivera um parto feliz e dera um filho ao seu marido. estava vestida de musselina branca. renunci .Não respondi nada. iluminado. agora você quer sua mulher. pelos Srs.. "quando você 1 qui . diante de mim. como uma escrava do Oriente.. "eu o co mpreendo. e. Fiquei com a carta nas mãos durante duas horas. Vendo o efeito d e suas p alavras. que voltava à família após peripécias bastante bem forjadas para que ninguém as contestasse."Otávio". havia fogo sob aquêle gêlo." E fêz mais. .ela essas tormentas que me agitavam tanto na volta como na ida? Pintei-lhe afina l m inha sijuaÇão numa carta.) De início". fica certo. num navio inglês. neste terraço..?nar o 1 sentimento indefinível que ine irá matar. da Condêssa Otávio. sentado nesse banco. Honorina não me respondeu. Oh! acredite. cuidei-o em seus últimos dias. vo! Pobre Otávio. Sózinha é que eu posso chorar HONORINA 155 e entregar-me a meus pensamentos. seu tio. mas quero explicar-lhe meu mal.não me deixam um instante para retemperar -me. é a água que refresca meus olhos inflamados e não lábios amados. Otávio julga ser adorado! Osenhor me compreende? Por isso temo que êle não me sobreviva. eu não o consegu i sentir ditas vêzes. não soube estabelecer em minha alma essa vigilância de ouvido alerta. que êle não esqueça o que a florista da rua São Mauro lega-lhe aqui como ensinamento: Que sua mulher seja mãe o quanto antes! Lance-a nas mai . mas vi . a cuja palavra eu me rendi . procuro de boa fé sabélo. Jamais uma cortesã foi m ais alegre que eu. Para vir a fugir oportuntimente. os perfumes provocam o aborrecimento da realídade. Eu morro. Não sei de que morro. de côres vivas. é forçoso que êle corroa qualque r coisa. Eu sou uma S ant a Teresa que não pôde viver em êxtases. essa flor eneantada. Osenhor me viu feliz no meio de minhas flores bem-aniadas. ao senhor que me trouxe o ci . As exigências da sociedade.Eu não lhe disse tudo: eu via o amor f .Alaurício. de palavra mentirosa. c om um anjo puro. o da felicidade de Otávio .do. porque não sou parcial. eu gritei a seu coração. E eu cumpri o meu dever. co mo os primeiros cristãos morriam por Deus." Ninguém teve pied ade. porque senão arrastarei meu mari. Desempenhei bem meu papel de mulher. Até o último momento. seja o tutor do 1 . apesar ?de ser mãe. impeça-a de cultivar no coração a misteriosa flor do ide al. no fundo de um convento.. é um lenç o que as estanca. o senhor o sabe. A agitação per pétua surpreende sempre meu coração em sobressalto. alado. a comediante é aplaudida. o moi-to. eu sorrio! Sorrio aos meus dois filhos. essa perfeição celeste em que eu acreditei. pela família. coberta de flores. com o divino Jesus. Escrevo-lhe para pedir-lhe que. rurgi . Não condeno aquelas que esquecem. Deixo seu amor alimentar-se com as miragens do meu coração. festejada. e talvez porque seja m5e. tive alegrias tão verdadeiras quanto as lágrimas vertidas no -teatro pelas atrizes. Dilacerada. A êsse papel terrível eu dedico minhas fôrças. triunfa! Eu já lhe disse: meu filhinho mo rto me c hamará e eu irei ao seu encontro. PoiS bem. pois éle bem merece ser amado. ao celeste.Ficou. necessárias. ovem conde. já que meu espirituoso espião se cas ou. Eu disse aos médicos que descobríram meu segrêd o: "Façam-me morrer de uma maneira plausível. mas o mais velho. um pedaço da minha vida. em tal caso. a meu marido: "Tenham piedade de mim!. êle foi meu confessor. Desplein e Bianchon 46 que eu morro de um amolecimento de não sei que osso que a ciência descreveu perfeitamente. admiro-as como naturezas fortes. de olhar de lince. enganei meu marido. e talvez por isto eu morra! Oculto o desgôsto corn tanto cuidado que nada transparece no exterior.. pois talvez seja tolice minha. s vulga res ma terialidades da vida doméstica. mas tenho a fraqueza d a r ecordação! Esse amor profundo que nos identifica com o homem amado. no confessionário. as da casa. Meu secreto devotamento talvez deixe Otávio inconsolável. e êle mostrou-me o céu ordenandome que continuasse a cumprir o meu dever. A intimidade sem amor é uma situação em que minha alma se degrada a todo momento. e cul . J unto a esta encontrará um codicilo onde exprimo esta vontade. para conseguir fôrças como as que eu encontrava na minha solidão. pelo casame nto. desejo que tenha uma mul her melhor que eu. e assim é que ataca minha vida. Sou c omediante para com minha alma. o cuidad o de meu filho. eu morro. combinado entre mim e os Si-s. Meu pobre Otávio é feliz. Morro pela sociedade. só o usará no momento em que fôr necessário. Pois.. mas o rival invisível vem diàriamente busca r sua pi-6a. Morro com uma coragem espantosa. Não é uma bôca amada que bebe minhas lágrinias e que abençoa minhas pálpebras. não se. escondi-lhe meus pensamentos. dos prazeres que não tinha.de me ter visto acompanhando ao vapor.A senhorita teria razão se o casamento fôsse fundado sôbre a Paixão. .É . comparando-nos a rivais desconhecidas..Lem?bra-se. para me confiar seu testament o . dizia-me Otávio. 156 CENAS DA VIDA PRIVADA HO N ORI N A 157 XXXVIII DOIS DESENLACES . tomou o cônsul pelo braço. e contràriamente a nossa razão. .. e um barco me trouxe de volta.ras: "No interêsse da natureza humana. E eu quis! ..Oconde ainda vive? . des Touches ao Barão de L"1 1ostal. . .perguntou o embaixador.oeral. Numa palavra. Não tive necessidade de dizer-lhe o desejo de Honorina. 46) _Rianchon: aluno -cie Desplein (ver nota 44). Guarde meu se(rrêdo como o túmulo b me guardará a mim. êle está revestido duma auréol a. uma divina criatura? .OSr. Eu fiquei no na vio que o conduziu a Nápoles.breve não existirão mais. Na minha -consciência eu ouvi clamores.Acham que ela era virtuosa? .perguntou a Srta. o conde pôs-se a contemplar o Mediterrâneo. guardando no fundo do coração angélicas imagens. o meu protc (1 -tor que passou por Gênova para me dizer adeus. de Lora.disse o cônsul-. A Srta.tenho a ousadia de dizer . des Touches ergueu-se. e receio que para sempre. que lhe disse ao ouvido: . na rua Payenne. De onde vem o desacôrdo entre duas natureza s .perguntou o cônsul às duas mulhereL 12XXXIX UMA QUESTÃO A Srta. Levamos algum tempo a nos despedir.o. o senhor amará meu filho por amor de mim. que ia procurar saúde e distração na Itália meridio nal. de fazerem de uma jovem sua mu lher. se São Bernardo andou certo quando disse que não há mais vida onde não há mais amor". minhas poesias. a pero feições em geral extraídas de mais de uma recordação. êle me transm-itiu suas últimas pal a\.Um velho de quarenta e cinco anos. e tal foi o êrro do s dois sêres que em .Um homem...ipois depois da revolução de julho êl e desapareceu da vida política. .de cabelos brancos. . Não me lamente: há muito tempo que estou morta. Chegados à proa.. "Honorina não clamou só. e. . Só Deus sabe quanto amamos o confidente do nosso amor.Êle desconfia da verdade . sem dúvida emocionado por aquêle espetáculo. com um amor profundo entre os dois esposos. na Itália. morrerei dos prazeres que gozei! . quando aquela que o inspirava já não existe! Um tal homem possui. Êsse velho era o meu pobre ami. se algum dia êle ficar sem seu pobre pai.e é isso que o mata. achando-nos sempre inferiores? .. des Touches deixou o cônsul e foi abordada por Cláudio Vignon. de L"Hostal é um tanto presumido. .Os flomens não serão também culpados de virein a nós. Sr. . não o deix ei entrar no meu belo reino..igualmente nobres?" #Durante alguns instantes reinou no terraço um profundo siJèncio. . um velho? .respondeu o cônsul .. o tempo estava lindo. Ocasamento.disse o pintor. seria o paraiso. Norneou-me tutor de seu filho. personagem de primeiro Plano d a Conzédia Ruluaua. até a ?aída da barra. deu -alguns passos para se afastar. .disse o cônsul guardando as cartas e fechando à cliave a o pasta .. um encanto. . e disse-lhe: . a conveniente procurar-se qual é essa irresistivel potência que nos faz sacrificar ao mais frágil de todos os pr azeres. Vivo devorado pelo remorso! Eu morria.Conhecerá êle sua situação de assassino? .lorescen do sob sua falsa loucura.a ?condêssa morreu. . 47 . a que vai até a m orte do velho Barão du Guénic. #158 CENAS DA VIDA PRIVADA . de viver junto a um atelier sob o teto dum pintor.Um homem. e pedi-lo às coisas da vida é uma volúpia. não posso deixa r de admirar uma mulher capaz. interrogando os habitantes.respondeu o embaixador à Srta. atraído desta vez por uma mulher. como era aquela. que fazia o serviço de transport e entre Guérande e Nantes e morava numa casa pitoresca da Idade Média. Marcas. e o provocou a duelo.ola! A vida compõe-se de acidentes variados.disse Camilo Maupin. olhando. Honorina. Onze horas soaram nos relógios. Ursula Mirouêt. alus?. aquela a quem êle amav a como que se enclausurou. o infeliz! . que durant e algum teinpo ficou pensativa. A segunda metade do romance não começaria a sai . Hélène de La Valette fizera como tantas outras: entusiasmada pela leitura da Comédia Humana. amante de ÉmiIie Bou{lhor&. A Sr a. sc)-iam iriterrom pidos. situada na rua São Miguel. e finalmente o romancista aceitou vír à cidade da sua admiradora.. êsse azul constante. num pequeno hotel administrado pelas Srtas. Em abril e maio de 1839 saiu a primeira metade de Beatriz. . Modesta Mignan. r antes de dezembro de 1844. sobretudo. OCura da Aldeia. . Fazia refeições na rua Santa Catarina.. XL A úLTIMA PALAVRA DE TUDO ISTO Tudo isso não é a vida..Mas...corn uma profunda ironi a. apoiada ao parapeito do cais.Não. dificuldades. Paris. por mais frívolo que eu seja.a mulher dêle o ouviu..respondeu ela sussurrando ao ouvido de Cláudio: èle ainda não percebeu que Hono rina o teria amado. trabalhos. passaram-se anos cheios de lutas. isto é.disse a Srta. paro te de Os Camponeses .gência. Pierrette. e o dia inte iro ia e vinha pelas ruas. um político. fachada rebocada ornada de ripas de madeira cruzadas. de dores e prazeres alternados. por sua vez. tomando notas.o a um caso sensacional muito comentado na época .contra a qual protesta a tôda hora a natureza. julgou-se ofendido por uma alusão que Émile Girardin fêz à sua ligação com esta. sem jamais sair dêle. Boumol.. .Encontram-se ainda grandes almas neste século! . essa sublime expressão do ideal. a Guérande. Todos os convivas voltaram a pé. Uma Estréia na Vida.. com andar saliente. Oencontro te ve como resultado a morte de Carrel (em 1836) . Antes de poder acabá-los. Esplendores e Misérias das Cortesãs.Essa mulher é uma das excecões ma is raras e talvez a mais monstruosa da ín. telhado de ardósias. Oli! exclamou ela vendo aproximar-se a consulesa . A ssim. tinha escrito a BaIzac. reconstituía a moldura na qual ia evocar um de seus romances. nem ver o #mundo.disse Leão de Lora. Émilie passou a levar uma vida retraída. uma pé. Balzac publicou entre inúmeros outros trabalhos. Opublicista Armand Carrel. Para tais almas. ao longo do mar.A Condêssa Honorina não é a única da sua espécie . #EM 1836. e O. .Tem razão .. um severo escritor foi objeto dum amor -dêsse gênero. BALZAC VOItOU à Bretanha.Isso viu-se durante alguns meses . os quais. que lhe respondera. . des Touc hes. Depoís. tiro de pistola que o matou não atingiu só a êle. Alojou-se em casa do cocheiro Bernus. . de quem se fala em Beatriz. . nem se enlamear na rua. OParaíso de Dante. janeiro de -1813BEATRIZ Tradução de Casimiro Fernandes 47) Um amor cVsse gNero. viagens e. Já por essa época se tornara iini lidoito seu não publicar de vez seus livros de maior importância. bastam os seis pés de uma cela e um genuflexório. Z. aos poucos.disse Cláudio Vignon . Estabeleceu-se corr espondência entre os dois.t. Um Conchego de S olteirão. Alberto Savarus. novos compromissos o levavam a empreender novos trabalhos. Entre as duas inetades. des Touches. só se encontra na alma. Memórias de Duas jovens Espôsas. 4imer Baizac. dir-se-ia que as personagens temem ainda mais o silêncio que se seguirá do que as próprias palavras. onde as paixões. enriquecendo-a e renovando-a ao mesmo t empo" ao mostrar-nos como Calisto se apaixona por Beatriz antes de tê-la visto. Oque se apresentava de início um quadro de costumes provincianos transforma-se de repente num romance de literatos.. 1945. interpenetração entre êsses dois mundos antagónicos. Oconflito desenrola-se confinado numa única alma. encontrou Balzac um am biente sugestivo."* Beatriz não é dessas obras que prendem o leitor desde a primeira página.. Claude Mauríac acha que Balzac "ultrapassou os ensinamentos da (psicologia corrente. pois. para fazer-se depois um caso passional . a do jovem Calisto.o crítico Cláudio Vignon e Conti. primitivamente Beatriz devia ser um romance de artista s. Numa análise penetrante de Beatriz. p. #162 CENAS DA VIDA PRIVADA ce que versaria s?bre o duelo de mulheres tão diferentes como F. o trágico consiste na luz projetada por #algumas palavras. essa magnífica fi gura de mulher. Depois de se ter comovido com a simplicidade dos bretões e de se haver divertido à custa de sua ingen uidade. 98.e ainda estamos no meio. na pitoresca. de BuIzac. Paris.. 67. e que exila menos dos efeitos exteriores. umas palavrinhas. mas apodera-s e dêle aos poucos e arrebata-o insensivelmente por seus caminhos tortuososA paissagem muda a cada volta. cujas ligações sentimentais eram objeto de constantes comentários.. a gente tem mêdo an. Mesmo que as datas de publicação não nos revelassem êsse intervalo. "Aí está um verdadeiro drama. de BiaIzac. vislumbrou as possibilidades de conflito que daria um contacto daqueles dois ambientes tão diversos .Entre a" primeira e a segunda nietade de Beatriz ?nedeiam.. Não levou muito tempo a apanhar as caraterísticas daquela vida estagnada. H. Não conheço outro mais trágico. os hábitos petrificados daquele lugarejo típico de província onde tudo corr ia regulado pela rotina secular de tradições e preconceitos.. Gustave Planche e Liszt. Ou tro drama. No romance não haverá. mais grave e profundo ainda. ovem espósa relata à mãe as experiências da lua de mel e dos começos do matrimônio. pudessem crescer na soli dão e chegar ao paroxismo. sua inteligência e seus instintos: combate fatal a que ela assiste com plena consc iência e cujo desfecho prevê.de. particularmente a cena em que as duas rivais se dilaceram num estilo malicioso. p.a boémia espirituosa e maliciosa de Paris e a sociedad e sonolenta e mumificada de Guérande. mais rico de experiências e tanibém inais desiludido. . mas em algum lugar isolado. êle ivem lado a lado sem se misturarem. a própria leitura do romance nos levaria a supor alguma interrupção. o grande ensaísta Alain acha que a parte essenci al do romance é o duelo entre Felicidade e Beatriz. devia ferir-se. Nessas brigas lentas e muito polidas. na realídade. Em Guérande. mais de cinco a nos. não na Capital. Assim. é a crise íntima de Felicida.. licidade des To uches e a Marquesa de Rochefide em tôrno de dois homens . p. o músico. eis-nos conduzidos . corn o casamento de Calisto e as cartas em que sua 1 . o escritor jd podia levar em si o esbdço de um roman41 Séché et Bertaut. longe das peias da vida social. 98. essas injúrias são das que o t empo só faz agravar. Êditions de ia TaUe Ronde. As personagens da primeir a Parte foram substituídas ou mudaram. e com os quais Balz ac convivia muito. H. Opúblico da época reconheceu nessas quatro personagens modelos vivo s. Seché et Bertaut. mais condensado. Provàvelmente é justa a hipótese de Bertaut et Séché*: ao ir a Guérande. nada será desculpado jamais. cerebrais e cáusticas. a Condêssa de Agoult. que abandona os tranqüilos serões de Guérande atraído pela sedução do espírito parisiense. que se debate num duelo entre seu devolamento e seu ciúme. o autor ficou mais velho.. 168 íecipadamente de se lembrar. respectivamente George Sand. Para o duelo s e tornar mais impressionante. rude e atrasada cidadezinha bretã. personagens requintadas e algo sofisticadas. em que todos concordam em sa . 149-15O. Cláudio V"anon cedem #o lugar a. Como esÁa pérola da 1. Por êsse motivo deuo. per)nanccercis sôbre a areia £iÍsa. eu sabia. fina e branca. harmonia com vossas perfeições. 125.o. cheios de amor matem al. de bistre. que iria corresponder a um dos vossos instintos. salvo alguns rasgos de ironia já pelo fim do romance. como tantos outros do autor. Apenas Beatriz e Calisto atravessam a linha de se aração. com o reapareci . R. oculta por uma onda. obra-prima da natureza . essa fauna de arrivistas aventureiros. a frescura de suas filigranas vivas. Assim também o sol da publicidade ofenderia vossa piedosa modéstia. vossos olhos. PRIMEIRA PARTE AS PERSONAGENS UMA CIDADE DA BRETANHA M FRANQA C. o mar po r vêzes deixa ver sob a gaze de suas ágitas uma flor marinha. o veludo do tecido. a Sra.Tênuo". particularmente. poderão sorrir-lhe.. no final. graças às sinuosidades do percurso. para.e que resume magistralmente uma das conclusões do seu vasto ciclo. porquanto estareis aqui presente e ao gnesmo tempo velada. a trágica tensão que pesava sôbre as personagens re solver-se numa espantosa tragicomédia. cortesãs. p. aristocratas degradados. Êsse romance matrimonial. Bem quisera depor a vossos pés uma obra em. calar um nome que certamente seria para ela um título de orgulho. Haverá quem censure o romancista pela falta de uma linha reta dentro de sua criação. oferecendo-vos algo a proteger."nte de intrigas.`lora marinha. a Bretanha. graças a êsse meio siZéncio poderão vossas magníficas mãos abençoá-la. du Guénic. *r logrados contanto que. Conti. a partir de agora avança com rapidez crescente. "o bretão puro e in. mas. a primeira sem lp aquela auréola de paixão que a rodeava no comêço.. de violeta ou de oui. A obra. e que lembra a das Memórias de Duas jovens Espôsas. poderia ter o ti . poderá vossa fronte sublime inclinar-se sonhadora sôbre ela. Só não se modificou a afeição que o escritor sente por Calisto. o Cavaleiro du Halga. #164 beleza que leva a insensível Lady Arabella Dudey a exclamar em O Lírio do Vale: "Por que Deus criaria seres mais belos que outros se não fôsse para i ndicar-nos que os devemos adorar? Ocrime consistiria em não amar-te. mento de tôda a comparsaria payisiense da Comédia Humana. A m aioria dos protagonistas da primeira metade desaparecem de todo na segunda ou passam a desempenhar papéis sem destaque: Felicidade des Touches. nas margens do Mediterrâneo por onde outrora se estendia o elegante império de vosso nome. p. por sua vez. de Balzac. de rosa. nenhuma personagem resiste às vicissitudes de tão acidentada viagem. Entretanto. o rendilhado de seus filêtes tintos de púrpura.. diáfana sómente para alguns olhos amigos e discreto&. quando é transportado para Paris. ?& SARA H 1 Quando o tempo está límpido e sereno. que a té aqui mostrava oscilações de interêsse e ritmo. mas ambos bem degradados. onde desabrocha vossa bela vicia. Cartola. Balzac. mas a ser isso impossível. ao dedicar-vos esta obra. pois não és um anjo?. tudo emurchece logo que a curiosidade a atrai e a expõe na praia. repentinamente se transforma numa história palpitr. também consigam lograr a alguém. Deus te pôs acima de tudo. personagens novas. o s entendidos de certo apreciarão a liabílidade com que.Ilusões Perdidas. Explicar-se-ia êsse afeto pelo romântico sentimento de adorução da * Avee BaIzac. as regras da moral não te são aplicáveis. fino embora lento. o segundo desPido do encanto da mocida de ingenua que o desculpava.mais uma vez a uma atmosfera diferente. tulo que encabeça uma de suas obras mais possantes . êle consegue renová-la incessantemente. Lste romance. Citado apud Ernst Robert curtlus. como consôlo." * P.. possuem ainda hoje algumas cidades comp . a com. são as minas de salitre ou os armazéns-depósito de alorodão. dos artistas. Basta êsse nome para despertar mil recordações na memória dos pintores. Por falta de comunicações intensas e continuadas com Paris. admiram-na s. não ter nos mais obras. essas cabeças tornaram-se. os monumentos são as canteiras de onde saem os blocos para a alvenaria. ouvem ou olhani passar a nov a civilização como um espetáculo. mais ocupado com os fatos e datas do que com os costumes.2m .aplaudi-la. não foram aumentadas. Quem quisesse viajar como arqueólogo moral e observar os homens ao invés de observar 1) A dedicatória é dirigida à Condêssa Guidoboni-visconti. Hoje tz-?mos produtos. situada no centro da Bretanha. sômente Vitré. a Indústria moder na vai destruindo as criações da Arte antiga. deria ainda erguer-se. no volume 1 da Dre6ente edicãoà #166 CENAS DA VIDA PRIVADA D E A T R I Z 167 as pedras. deficientemente ligada p or um caminho primitivo com a subprefeitura ou a #sede administrativa de que dependem essas cidades. Nesse ponto as c asas não sofreram transfortirações. privado de alimentos. que podem ter ido até à costa onde jaz essa magnífica jóia do feudalismo. braços. suas ameias estão em perfeito esta do. condado. A mairie 2 foi censurada em 182O. segundo um testemunho recentemente publicado. Além de Guérande. tão altivamente colocada para comandar -t? terras conquistadas ao mar e os cônioros de areia. Ainda hoje Guérande está encerrada dentro de suas ipoderosas #muralhas.letamente à margem do movimento social que imprime sua fisionomia ao século XIX. suas seteiras não estão atulhadas de arbustos. e que é como o vértice de um triângulo em cu jos outros dois ângulos se acham duas outras jóias menos curiosas. A cidade -tem três ortas nas quais ainda se vêm as argolas dos rastrilhos. como na Bretanha. Obraço. mas que po. Ela respondeu que fazia cem anos. e Aignon. desde então. seus largos fossos estão cheios de água. ver a noUL 4 de ORonreira?. no sul. be la inglêsa casada com aristoer&ta italiano. por ter plantado choupos ao correr dos fossos a fim de dar so mbra ao pas^ . Mais alguns anos e essas cidades originais serão transformadas e não mais se verão a não ser nesta iconografia literária. Muitas dessas cidades foram capital de um pequeno estado feudal. le Croisic e o bureO de Batz. a do século de. desempenbou importante Papel na vida do romancista. êsses retratos de velhas idades começam a apagar-se e se -vão tornando raros. dos pensadores. sombreada por olmos onde os habitantes se comprazian-i. em sol telra Sarah-Loveli. prida e bela esp lanada das fortificações que parecem obra de ontem tinha sido convertida numa alam?êda. (Ver A Vida de BaIzac. do lado das dunas. Deserdadas de suas ativi. e para p n ela não se entra a não ser passando por uma ponte-levadiça de madeira guarnecida de fe rro que não se ergue mais.dades. 2) "mai?-ie". Luís XIV no fundo do Poitou. a hera não cobriu com um manto as suas tôrres quadradas ou redondas. Nenhuma . ducado conquistado pela Coroa ou partilhado por herdeiros por f alta de uma descendência masculina. desseca-se e vegeta. Uma das cidades nas quais é encontrada mais corretamente a fisionomia dos séculos fe udais é Guérande. a dos séculos mais antigos ainda no fundo da Bretanha. anos para cá. nem diminuídas. A maioria dessas cidades estão decaídas de algum esplendor não mencionado pelos historiadores. seja que a temam ou dela zombem. Ao trabalhar para as massas. cujos trabalhos eram inteiramente pessoais tanto para o consumidor como para o artesão. Os monurnentos contribuem por metade nesses fenômenos de retrospecção. permanecem fiéis aos velhos costumes cujo vinco nelas ficou. a qual. onde o caráter nacional não consente esquecimentos no que s e refere à terra. Ora. para a indústria. poderia encontrar uma imagem do século de Luis XV 1 em alguma aldeia da Provença. e. mas cuja recordação perdura ainda na memória. E ntretanto de há trinta. conser vam ainda intacta na nossa época sua configuração exata da idade média. scío. de chapéu pequeno de couro envernizado são tão clistintas entre si como as castas da índia. e por cima da qual cresce um maciço de árvores elegantemente dispostas pelas mãos da natureza bretã. pago pelos donos de ~a aumentav.4 15 s pessoas to)lle crtraeroi. es sencialmente bretã.as usadas PelOs Paludiers. e cujos assoalhos vergam sem se quebrar.-tabretãos que queÚblica está cheia de traajes oiãO. 3 Essa rua vai ter à entrada de uma galeria subterrânea cuja porta foi murada com pedras de alvenaria. oferecem aos pintores as tonali clades pardas e as imagens apagadas de que tanto gostam seus pincéis.. de onde a rica campanha se mostra em tôda a sua magri ificência. alongarído-se nos cantos em forma de animais fantástico s. nos maten o riais esculpidos das janelas. a presença dêle é um anacronismo contra o qual nosso pensamento protesta.ia e. afeta ndo feições de rostos grotescos. A alvura das têm um relêvc. Ocaráter de imutabilidade qu e a n. como a população não é mais abundante. Essas duas classes é a dos marujos de casaq uinho. através das seteiras guarnecidas outrora pelos besteiros.oInclis.I# domina salinas -cujo p . católica fervorosa.?"Ouca coisa do vestuário atua l: o que dêle os habita " Ilá InesnIo adapta-se de algum modo aos costumes imóveis? ntes admitem cionária dos filhos da reg à fisionon. o pincel do caíador.s azuis e pardas dos Paysans. 5 com as Vestes orio " inais e sanornente conservadas pelas mulheres. as idéias da idade média acham-se ali ainda no estado de wperstíções. de fachada coberta com ardósias pregadas. a cada passo. arte que.ad( e talvez quebrado. ocupados em saborear o silêncio profundo #que reina sob a abóbada ainda nova dessa poterna. contrasta ??i(orosnamomenet edacom as c"r. recolhida. Ali tudoé ainda de limites definidos. não sem melancolia. e-ncontrou. Um pintor.. nem enfra queceu sob o pêso de um andar acrescentado. a plaina revolucionária. as massas ainda demasiado ásperas e duras para ri* 2 ino ig lVelá-las. Se por acaso vem a passar um gendarme de chapéu agal oado. mas não há nada tão raro como o encontrar 3) A importància do inipósto. As ruas são o que eram -há quatrocentos anos. Pelos a rqueiros e que se assemelha aos vitrais panorâmicos dispostos em alguns belvederes . incrível e . que resistem a tudo. o sal das salirias.?ararn a burguesia. naqueles tempos. para onde a vida &ssa cidade tr anqüila não manda nenhum ruído. dava vida à -natur eza morta. um poeta. ter-se-ia . e reconhecern ainda as distâncias que se. enfim. Sómente.?iturcza deu às suas espécies zoológicas encontra-se ali entre os ]. uma ru a quase deserta na qual as janelas de pedra :são tapadas com taipa a fim de evitar o íMpÔSto. Tôdas têm seu caráter primitivo. uma das mais luxuriantes. silenciosa. nos usos e costumes dos tempo s idos. X__ #les C-??NA8 DA VIDA PRIVADA em tal lugar um ser ou uma coisa do tempo Presente . As casas dos mercadores são pe quenas e baixas. poderia seguir. ficariam sentados. tão bela como uma antiga armadura completa. É impossível passear por ali sem pensar.9 com o número das janel as. a n obreza e o clero. um viajante que tivesse a curiosidade de examinar essa cidade.delas sentiu na sua fachada o martelo do arquiteto. Essas velharias. na qual as idéias "novas têm pouco acesso. A posição geográfica explica êsse fenômeno. animados pelo grande pensaniento da. Essa linda cidade . Enfim mesmo depois da revolução de 183o Guérande continua sendo um aa cidade à parte. As madeiras agora apodrecidas se integravam. das mais fertéis vegetações da França. A praça p os artistas vêm deserth r. e nos encostos avançavam por cima dos pilares. Algumas repousam em esteios de madeira que formam galerias por sob as quais passam os tr anseuntes.. tôdas as pedras nos falam dêles. os salineiros vestidos de branco e espalhados nos tristes pântanos onde se cultiva o sal. que podereis ver recortado como um dente num ma:.pa. Está de pé sem viver. n uma espessura de floresta. tendo a menos o sudário de lavas. para cúmulo de impendimento não existia nenhum cais em 1829 no pequeno cabo de Saint-Nazaire e êsse luga estava orriado de rochedos limor SOs. Essas duas naturezas tão opostas. é tão silenciosa quanto Veneza. onde durante a noite se apaga o caminho traçado durante o dia. nos dias d e sol. o que vai ter a Sa?enay. A barra do Lo ire torna a navegação dos barcos a vapor muito caprichosa. Dir-se-ia u m jardim inglês desenhado por um grande artista. o burgo de Batz e o Croisic. quando fazia bom tempo. Ésses oostá pouco encorajar os amad ores. sem uma erva. existem talvez ainda. depois de terdes atravessado a paisagem das salinas. o qual irrompeu. sentireis uma viva emoção à vista dessa imensa fortificação ainda completamente n ova.. Guérande não conduz a parte alguma e ninguém vern até ela. Saint-N azaire é separada #de Paimboeuf pelo estuário do Loire que tem quatro léguas de largura. menos de um milhão ao fisco. à esquerda pelo burgo de Batz. as sebes estão crivadas de flores. Ora. o que conduz a Van nes e a comunica com o Morbilian. A via mais rápida. a ir em através dos escolhos até 4? "D 1 1. lembram árabes cobertos com os seus albornozes. Atirada numa das extremidades do conti nente. da França. faz-se no Croisic. tão pouco freqüentada e que oferece a sedução de um ramalhete de viole-tas. Essa natureza rica. limitado à direita pelo Croisic. E culos. e e?tá compreendido entre Saint-Nazaire. con formam-se fficilmente com essas dificuldades que protegem. lugar a administração é lenta nas suas ohra?. mas um deserto sem árvores. depois. e ao qual muitos bretões atribuem a excelência de sua manteiga e das suas sardinhas. de pe"dras colossais que servem de forti. não tem outros motivos de existir senão o não ter sido demolida. ou. tem por quadro um deserto da África cercado pelo Oceano. pela razão óbvia de que riuni ano não passam por ali três viajantes que requeiram aquêle meio de transporte. entre êsse burgo e Guéra-ide há uma distância de pelo menos seis -légu as que não é percorrida pela mala-posta. . Ocarilinho por terra só é fr eqüentado pela administração. "Paysans". U caminho da circunscrição estabelece a comunicação por terra. não se assemelha a nada daquilo que os -v. A cidade produz sôbre a al ma o efeito que produz um calmante sôbre o -corpo. Omovimento da imensidade dos produtos das salinas que não pagani. 5) a udiers : salineiros. Opitoresco de sua posição #e as graças singe-las de seus arredores. de buxos de roseiras. ela se preocupa apenas consigo o mesma. sem um pássaro. circunscrição de que ela deperide. tem um não sei que impressionante. de recifes graníticos. com seu deserto. Essa encantadora cidadezin ha é pois a Herculanum do Feudalismo. Em derredor a região é encantadora. e que passa por Saint. de madressilvas. não seduzem menos. Por isso Guérande com sua linda paisagem na terra firme. mas. por meio de barcos indispensáveis para atravessar o braço de mar que serve de ?pôrto ao Croisic. e onde. tão acalentador a. Se chegar des a Guérande pelo Croisic. Está l igada à França moderna somente por dois caminhos. ficações natu rais à sua pitoresca igreja e que forçavam os viajantes a se atirarem nas barcas corn seus pacotes quando o mar estava ao?itado. de musgos. e Saint-Nazaire a comunicação marítima com Nantes.ajantes vêem na França.roduto em tôda a Bretanha é conhecido pelo nome de sal de Guérande. B E A T R I Z 169 o molhe que a engenharia estava então construindo. Feliz por sentir-se ignorada. cidade penins "lar cujas comunicações com Guérande se realizam por sôu bre areias movediças. a mais usada é a de Saint-Nazaire. cemuoneses. quando a ela se chega por Saint-Nazaire. de proimIdeeira. de ?belas plantas.Nazaire. trabalha-dores das salinas. o acesso de sua terra 1 contra os estrangeiros. unidas pela última imagem da vida feudal. e. os habit antes dêsse território. areias a dentro. no silêncio. 11 O SOLAR DU. uma poesia.que já era poderosa antes que se falasse dos antepassados de Ilu. pelo lado do mar. as fitas. ela prende-vos a atenção e vos chama como uma mulher divina por vós entrevista numa terra estranha e qu e se alojou num recanto do. ou.aO Capeto. sacode o manto de ouro de suas dunas. em 182u. Tôdas Rs terras que dependem d a baronia do Guaisnic. a cidade ilustre onde foi assinado o tratado famoso na história. e mesmo os burgueses. e que são dadas a tôdas as noivas bretãs. es aos de Boulogne .ta mil francos. a casa de Guérande e seu pequeno castelo de Guaisnic. bem como a roupa ?branca ou o pano para os seus vestidos. os chapéus. há ninguém que o não conheça. 9 É inútil dizer o que êles foram. são bretÕes. apesar da imperfeição das culturas.AS DA VIDA PRIVADA da como lhe apraz. que passam por Guérande. Guérande. Essa casa pertence à mais nobre família da terra. B E A T R I Z I_.-se principesca. de uma porta à outra. os Guaisnic nem são francos. o factotum dessa L?rande comunidade. Os du Gu aisnic. quer se trate de alguma mulher que passe por Guérande pelo ir a Croisic. depositado faz duzentos anos em suas mãos pelos forei ros atuais. dados de todos. mas para todos os consumidores são de Guérande. um desejo pronto esquecido de ali acabarem seu s dias na paz. era. Num raio de dez léguas. faz os man. não A chegada de um carro. o rnada de suas muralhas. caminho terrestre para ha para os banhos de mar. é a necessidade de com prar na cidade as jóias próprias à sua casta.Não há outro veículo público além da de um recadeiro que conduz numa carriola os Viajantes . 11 essa família pura de qualquer mescla. Velhos como o granito da Bretanha. os quais. a tela. As joias. co mo os que se detiveram em Veneza. sem se ter dio. nem gauleses. o símbolo de uma grande coisa &struída. (3 a chave da costa e que. estão hipotecadas a granjeiros e rendem cêrca. a fazenda. a maioria trazendo frutos da lavoura em sacos. passeando em dias de bom tenipo. êles não recebem as rendas. de que se féz Guesclin . Todos os artistas. "e._ nado fazc. a primeira da Bretanha.I os GuaisgIai--n (cuja ortografia era outrora du Glaicquin). #6) o tratado famoso na história é o que foi concluído entre João de Montfort e Carlos V "Dara pór fim à Guerra da Sucessão da Bretanha. continuam sempre proprietários de suas terras. descendem dos Guaisnic. Os camponeses chegam a cavalo. denuncia um esplendor perdido na noite -dos tempos. o condutor. são fabricados em outra parte. as mercadorias e talvez as cartas de Saint-Nazaire a Guérande e reciprocamente. é um acontecimento extraordinário. aos du Guaisni c. Devem ter s ido d"rúidaS 7 em outros tempos. O que os traz. não menos do que o burgo de Batz. Onde e quando os Urões poderão encon . quer se trate de algum velho doente que Ven os quais nos rochedos dessa peninsula têm virtudes superior de Dieppe e dos Sa. desprega suas vestes semeadas de lindas flores. celtas. para sermos mais exatos. sobretudo. igual aos Rohari. experimentam. Estão na mesma situação que a coroa de Franca com os seus engagistes:12 antes de 1789.GUAISNIC Perto da igreja de Guérande ve-se uma casa que representa para a cidade o que esta representa para o país uma imagem exata do passado. An#17O CE?. de resto. possui cêrca de dois mil francos de rendiment o. exala os perfumes embriagadores de seus li ndos caminhos espinhosos e cheios de ramos atados ao Deus dará.bles. Bernus. de sessen. nas alamedas que orlam a cidade. Por vêzes a iniagem dessa cidade volta a bater ao templo das recordações: ela aí entra toucada com as suas tôrres . devem ter colhido o agárico 8 das florestas sagradas e sacrificado homens sôbre os dólmens. do mesmo modo que aos salineiros. coração. nos tempos dos du Guesclin lhes eram tão superiores em fortuna e antiguidade quanto os troianos o eram aos romanos. Hoje es sa raça. como porém não podem restituir o capital. tendo éle mandado perguntar a um dos senhores que não lhe queriam obedecer : "Quem te fêz con{le?".formada -pelas mural has com empenos -das casas vizinhas.o à divisa dos Rohan. " sofreu a alteração que desfi7) drüidas: sacerdotes pagãos dos antigcs celtas. . uma planta sagrada. 8) Oagárico era. cujas linhas v erticais. não vos seria possível deixar de estrem ecer ao ver êsse brasão. Guénic. entretan to. P.Bem fizeste na batalha . pousado sôbre uma colina. Está tal como era no dia em que os cruzados do mundo cristão inventaram êsses símbolos ?para se reconhecerem. 1O) Alus?. a enfiteuse dos feudos dependentes do castelo du Guaisnic. empregadas na escultura para representar os goles. os quais desenham figuras geométricas. um dos homens acima dos quais não existe senão o rei de França. ci rcunstância que desde já indica que no tempo em que essa construção foi terminada ainda não havia carros. vê-se o arco abobadado de uma porta de um só batente. suprimiu o impôsto dos laudêmios e das vendas percebidas pelos senhores. 12) engagistas: nome que se dava às pessoas que. úmida e sombria . conserva-se sempre o mesmo como o da casa de França. ainda brilham. semeado nas armas das mais vel has famílias. Ocoletor das contribuições escreve. cheio de sia1"? nificações bretãs e cujas raizes foram de resto explicadas em Os Chouans ou A Br. "Rei não Posso [ser]. prince ne daigne. Nessa situação.contém a etimologia supo sta do nome: Roi ne pitis. 9) dólmen: monumento druídico formado de uma grande pedra chatb eolocada #sôbre duas pedras verticais. os Guaisnic jamais o esquartelaram. suficientemente larga e alta para dar passagem a um homem a cavalo. Cont a-se que.como muitas divisas . príncipe não me digno [de ser]. suportado por duas pilastras. essa família que nada mais e para ninguém em França. #L72 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 173 gura o de du Guaisclin. está cheia de pregos enorines. um voto da Assembléia Nacional. proclamado rei da França em 987. Oarco é ôco. o Barão -du Guaisnic é uni dos gra ndes barões da Franca. O artista deu não sei que feitio altivo cavalheiresco à mão. Sim. que os conhecedores encontram em abismo ou esquartelado. Na extremidade de uma viela silenciosa. o mais completo republicano ficaria enternecido pela fidelidade.-tanh a em -799. Usufruíam es do mínios do rei. valia ainda cinqüenta mil francos. o interDe-la-do teria respondido: "Quem te -fêz Tei?". . Em Guérande. se fôsseis a Guérande depois de ler esta história. com esta terrível palavra por divisa: FAC! 14 Não é isso uma coisa grande e bela? Ofio de pérolas da coroa baronial encima êsse escudo simples. sou Rohan". pela g"?andeza ocultas no fundo dessa viela. Rohan suis. que . A porta. 11 que expulsou da França os C5 . Ei-lo tal como o podeis ainda ver em Guérande: -de goles. outrora eleito chefe. com uma mão ao natural gonfalonada de arminho. Os d u Guaisnic bem fizeram ontem. posta em pa la. com que intrepidez ela se gura essa espada da qual ainda ontem a família se serviu! Verdadeiramente. 11) Hugo Capeto: filhú do Conde Hugo o Grande. êsse grande du G uesclin. tão limpo como se o escultor acabasse de termíná-lo. de carvalho fendido como a casca das árvores que forneceram a madeira. seria objeto de mofa em Paris: em Guérande ela é tôda a Bretanha. estão prontos a bem fazer amanhã. por engajamento.dizia sempre o condestável por excelência.trar o milhão que seus arrendatários lhes emprestaram? Antes de 1789. Hoje o nome de du Guaisnic. para os antigos gauleses. 13) Ver no volume XII da presente edição. pela nobreza. como todos. empunhando uma espada de prata. é todo de granito. Fazer é o grande têrmo da cavalaria. Êsse arco. A presenta o escudo dos -du Guaisnic tão nítido..sse escudo encantaria um amador da arte heráldica por uma simplicidade que prova a altivez e a antiguidade da família. Ao lado há uma sala de jantar que comunica com a cozinha por uma porta aberta numa torrinha de canto. Oouro apenas se vê. A profundidade da escultura. mas cujas douraduras estão esfareladas e ave rmelhadas. a outra. #174 CENAS DA VIDA PRIVADA A sala de jantar está forrada de tapeçarias que datam do século X1V. Um maonilico couro o espanhol."e. 113O1 A porta aberta deixa ver um pátio. pegada ao outro ângulo. o utrora ocupado por um cão de guarda. bem como nos degrau s da escada que os séculos deslocaram sem lhes tirar a solidez. pardacento ou azul. amarelo. Essa torrinha corresponde. As rampas de pedra estão desunidas: nelas crescem ervas. O estado de conservação desta sala é maravilhoso. sôbre o pátio. há um pequeno cubículo. os utensífios do caçador e do ipescador pendu-. no centro. duas bôlsas de caça. cobre as paredes. de pedra esculpida. ostentando figuras em relêvo. no desenho da fachada. Essas tapeçarias. pintadas e douradas. A porta deve ter sido -de um belo estilo. um ramo rósco. É coroada por uma saliência circu lar carrega-da de vegetação. dá entrada para uma vasta sala. Há três espingardas inglêsas que tanto podem servir para a caça como para a gu erra. está no mesmo estado que o do couro de lCórdo va. à direita do qual estão as estrebar ias. rados em pregos. Oteto é composto de tábuas artisticamente unidas. um dos maiores capitães francose s. três sabres. essa particularidade torna-se comovedora. Ali caberia uma carrada de lenha. Todo s os móveis da sala são de madeira de carvalho e ostentam acima do espaldar o escudo da família. ipreservada de qualquet? i ntempérie pela larga borda produzida pela saliência arredondada do arco. Oteto tem vigas salientes enriquecidas . cravejada de pregos. Para quem conhe ce os du Guaisnic. Oedifício é de pedra. A fachada no pátio tem £orno adôrno uma escada exterior de duplo lanç cujo vão é coberto de vestígios de esculturas apagadas pelo tempo. ela f oi trabalhada por um artista educado na grande escola veneziana do século XIM Enco ntra-se nela não sei que mistura do bizantino e do m(urisco. é impossível transcrevê-los hoje. 14) "FAC": Palavra latina que significa: "faze!" 15) du Gwsclin: Bertrand du Guesclin (132O-13SO). algumas pequerias flores e musgos nas fendas. achando-se à esquerda a cozinha. Tanto quanto o resto dos desenhos permite julgar. A porta de carvalho. como porém estão redigidos na linguagem ingénua dos fabliaux . munida de gigantesc os cães de ferro forjado de um valor precioso. e onde se encontra uma escada de caracol que sobe para os dois andares superiores. É de crer que uma boa limpeza faria reaparecerem pinturas semelh antes às que decoram os assoalhos da casa de #Tristan em Tours. as massas principais da mão empunhando a espada. bem conservadas rios lugares em que a luz ipenetrou escassamente. está em harmonia com a profundidade moral da divisa na alma dessa família. e que provariam terem sido êsses assoalhos refeitos ou restaura dos no reinado de Luís XI.#inglêses por algum tempo. Embaixo daquela bonita tribuna. em ?cuja extremidade há outra porta com uma escada semelhante que desce para o jardim. mas onde o ôlho do antiquário ainda distinguiria. são enquadradas por listões de carvalho esculpido que se tornam negros como ébano. como fazem fé o est ilo e a ortografia das inscrições escritas nas bandeirolas existentes por baixo de cada personagem. Ofôrro de madeira à altura do encôsto é de astanheiro. segundo as estações. A chaminé é enorme. mas é possível perceberem-se ainda algumas flores vermelhas e algumas folhagens verdes. bastante amplo. de cantaria desde as adegas até ao sótão. enquadrada por nervuras quebradas em alguns 1 lugares e como que envernizadas pelo uso em certas partes. e cujatrama. Vêdes uma mulher passeando. e suporta uma cúpula piramidal ao invés de um aa guarita como a irmã. e de cada lado dois candelabros de prata de um modêlo estranho. nessa gAleria e contemplando po r sôbre Guérande o sol iluminar o ouro das areias e espelliar o lençol do Oceano-? . vê-se uma lâmpada estranha. Depo is. Essa torrinha forma par con i. a rabescos e com as armas dos. A escada de sce por uma pequena porta em ogiva até um terreno ensaibrado que separa a casa do muro externo no qual estão encostadas as cocheiras. Otelhado pontudo. T R I Z 175 Em cada andar -da casa. dobrada como uma ténia num boca l. Sómente na altura do primeiro andar. Essa antítese. É de pedra esculpida no gôsto do século de Luís XV. Tal é o partido que a arquitetur a do século X111 tirava da muralha nua e fria que apresenta hoje a face cortada de um aa casa. esfregadas com obstinação bretã por Mariotte. range ainda o catavento do nobre. du Guaisnic. Seu estado prova que a família costuma reunir-s e nessa peça desde o último século. indiferente para a família. de colunas retorcidas ocupa o centro da sala. . nada mais existe senão duas peças. numerosos potes de grés azul e cinzento. A torrinha.e as duas se ?co rrespondem. Dois velhos trinchantes se acham em frente um. sôbre fundo azul. Por cima do tímpano bordado dessa janela de quatro pinásios de pedra. há no centro. é aberto em cima do pátio e do jardira por meio de uma magnífica janela em ogiva. 16) "fabliaux". imitando um& vara -de videira e colocada em frente à janela que dá para o jardim. que se ergue quase tão alto quanto a cumicira. Em cima de uma mesa redonda de um único pé. Essa lâmpada consiste num globo de vidro comum. uma velha sopeira amolgada e dois saleiros de prata. Os criados moravam por cima das cozinhas e das estrebarias.-corn folhagens diferentes em cada uma delas. sob a qual existe um único terraço oblongo. os espaços entre as vigas são forrados de tábuas pintadas pelas quais corre uma braçada de flores douradas. outrora denominado brocatel ou pequeno brocado. na qual gira a escada. As duas torrinhas abrem para êsse terraço por meio de um aa linda porta de arco de abóboda aguda. com. que não deixa de ter seu mérito aos olhos dos arqueólogos. de manhã. vêem-se. guarnece o ângulo de um grande muro com emperna no qual não -existe nenhuma janela. a cozinheira. antigamente. do alto da. o segundo. cobertos -corn uma tampa de dobradiças de estanhoA chaminé foi modernizada. que tem dois. q uatro velhos -copinhos. sendo a vidraça de vidros hexagonais embutidos em chumbo. era destinado às crianças. dep ois. suga o óleo de noze?? existente no globo. entristeceria um poeta. pende um ornato de pedra representando uni pálio semelhante aos que coroam as estátuas dos sa ntos nos pórticos das igrejas. guarnecidas de tapeçaria. um relóglio de nácar incrus tado de cobre. Em cima de suas táb uas. Essa galeria exterior é guarnecida de uma balaustrada trabalhada com elegância e finura maravilhosas.empena. Sôbrea placa da chaminé. como nos tempos em que os reis. 4? A janela que dá para o jardim assim como a que dá para opátio. guarnecido de chumbo nos cantos. muitos pratos de estanho. XII e XIII. em 12oo. fix ada num castiçal por uma haste de vidro. com místilas delgadas e finas cujas esculturas estão corroídas pelos vapores salinos da atmosfera. . As cadei ras. o primeiro serve de habitação para o chefe da essas Os família . essas duas torrinhas são ligadas por uma galeria de pedr a sustentada por uma espécie de proa com faces humanas. um pouco menor do que um ovo de avestruz. Eis aí como aquêles graciosos arquitetos sabiam variar sua simetria. 13 E A. quadrada. hóspedes se alojavam nos quartos -do sótão. Uma mesa larga. ornamentada com um espelho enquadrado num trenó de listões iperolados e doura dos. cortinados de dossel e grandes borlas #em velho estôfo de sêda vermelha com reflexos amarelos.tem caixilhos de pedra. De um orifício superior sai uma mecha chata mantida numa espécie de calha de cobre. coberta com veludo vermelho. a qual -tem cinco faces e se remata por um aa abóbada em quar to de esfera. do outro. são de madeira torneada. dos séculos. com desenhos. eram tão pobres como os du Guaisnic em 183o. no jardim.. outra. pequenos contos populareã em verso. Não esqueçamos um detalhe precioso e cheio de singeleza. Por isso os B E A T R I Z . tal era o nome dado outrora a uma escada. Se restassem dúvidas a êsse -as pela natureza dos ornamentos. dero rubadas e dão luo-ar a ruas.W a por um arquiteto veneziano. de acôrdo -corn a descrição dê " ?? rés-do-chão e segundo a fisionomia e costumes da família. Ad que uma assinatura que trai Veneza. nos luga es e por list s no. pelo menos. Daí a beleza das casas de moradia. Ots tre. onde os arquitetos meio mouro s e pouco integrande pensamento católico davam quatro fôlhas ao . ?ca a escola veneziana adulterada por seu comér?ite.iasso que os arquitetos cristãos permaneciam fiéis à Trin. Duradte os últimos cinqüenta anos. 11 "1VADA ob o qual se ergue uma . a graça. ao passo que outrora. Ninguém sabe se sua geração conservará a mansão patrimoniial on de cada um pa?sa como numa taberna.Não adruirais essa muralha pontuda. n A harmonia que tão cuidadosamente os -Mestres daquele tempo buscavam. as figuras surpreendentes daquela família talvez não fôssem bem compreendidas. Quanto às disposições e ao mobiliário dos andares superiores.leiras. _.u aisnic têm quatro fôlhas em lugar de três. entretanto. do outr contorcida em par a?? 1 O 41 por M 1 . ela. . aem algu mas ervas enfezadas. enquanto que a outra apresenta sua linda porta de arco abobadado gótico e decorado corri a mão que empunha a espada? A outra empena da casa dos du Guaisnic lioa-se à casa vizinha. mobilada nos seus #dois cantos por duas torrinhas quase estriadas das quais tinia se arredonda bru scamente como ninho de andorinha. a simplicidade da velha e nobre Bretanha. devia suportar o penreis e por uma espécie de ralo tro. ao edificar uma residência. é dividido -as podadas em -?sselin o qual 1 existe um -se um quap a fachada não sôbre fui longo da empena. detem-se no primeiro andar. prova gr G. julgava-se trabalhar #para uma família eterna. ou. A fé em si próprio fazia mi lag gres tanto quanto a fé em Deus. como naquele pátio e nos acessórios exteriores daquela residência. e #174 A sala de jant culo XI-k o " como critas nas bandei o J como porem esté impossí 1 vel tr k?.s. o espírit o. e que cerve de comunicação -entre a sala d e jantar e a cozinha. nada mais se pode fazer do que presumir. Se essa habitação surpreende vossa imaginativa é possível que vós mesmos pergunteis por que motivo a época atual não renova êsses mila-res da arte. de o is vestígios da escultura. Ot o Ç" rentes em c <? tábuas i 6 o n um meio arpento. Ho je as belas residências são vendidas.culo XIII. Sem a topografia e a descrição da cidade. os du Guaisnic não receberam nunca uma -visita em outro lugar a não ser nas duas peças onde respiravam. trabalhavase. foi conserva da na fachada do pátio pela torrinha semelhante àquela por onde sobe o parafuso. sem a ipintura minuciosa daquela casa residencial.ob êsse ponto de vista a fant asia veneziana era herética.. florida. nos primmeiros dias do mês de agôsto . de Gerard Dow . mas a guerra de gue rrilhas feita à república. ou tudo aqui seria mentira? in O BARÃO tm 1836.c abandonara Guérande assim que ia Vendéia e a Bretanha se levantaram em armas. Não e?perais encontrar o Barão du. La Rochejacquelein. Por isso jamais em tempo algum nenhum Guénic estêve mais em harmonia corn a vet " ustez daquela mansão. O pai chamava-se Gaudeberto Calisto Carlos. É difícil ser irreligíoso à sombra de uma catedral como a de Bourges.: personagens reais. por uma medida de prudência. du Guénic voltou em 1813 17) Charette. filha de uma das mais nobres e mais pobres famíl ias daquele infeliz reino. Não nos foi possível identificar o Príncipe de Loudon. Há monumentos cuja influência é visível sôbre as pessoas que vivem na sua vizinhanca. no momento em que se inicia esta cena. Todos pensarão que as coisas dominaram os ?êres . reto. segundo velho uso da família. com a espôsa. pregas que formavam franjas arqueadas por sôbre os molares. O velho e leal bretão tinha naquele momento setenta e três anos. chefes {Ia revolta realista "DrganIzada na Venidéia em 1793: François-Athanase Charette de Ia Contue.cada no tempo em que havia uma côrte em Guérande. fuzilado em Nantes: Jacques Cathelineau. tão simplesmente como se tivesse ido passar uma estação em Nantes. general-em-chefe dos revoltosos. du Guénic. e de Guérande ao Croisic de onde pôde chegar à Irlanda. São Gaud eberto e São Calisto deviam proteger sempre os du Guénic.177 quadros devíam vir antes dos retratos. Seu ro sto oval enrugado por miilhares de. A gente de Guérande fingiu ignorar a existência do barão e em vinte anos não houve uma única indiscrição. ano no qual depois de ter escapado de se -deixar prende r. du Guênic era um ancião de elevada estatura. sêco. davam ao seu semblante uma semelhança com os anciões que o -pincel de Van Ostade. não se submetera a Napoleão. fuzilado em Noirmoutieris. com Cathelinca:u. A Srta. única nos anais revolucionários. Tal era a opinião de nossos antepassados. OBarão du Guéni. Marqui(s Charles de Bonchamps. é menos fácil falir. nervoso e magro. voltou a Guérande. du Guénic. apaixonou-se por uma irlandesa. O Sr. Durant e sua estada em Dublin. o velho bretão. Miss Fanny O"Brien tinha então vinte e um anos. circu nstância que explica o nome de Luís que lhe foi dado. Zefirina #du Guénic. apesar dos seus cinqüenta anos. Mau rice Gigot d"Elbé@. etc. a Srta. Não se variava senão o último nome. de Rembrandt. o barão a quem sómente um milagre pudera preservar de ter o mesmo fim que os outros. acima das sobrancelhas. #178 CENAS DA VIDA PRIVADA para Guérande. e de um filho único de vinte e um anGs. edifi. d"Elbée. voltou para a cerimôni a e regressou dez meses depois em começos de 1814. Quando por todos os lados a alma se vê lembrada de seu destino por meio de imagens. de Miéris. e cujos costumes mudam a cada dez anos. a família du Guénic compunha-se ainda do Sr. OSr. ferido no combate de Cholet e morto no dia seguinte. Depois da mo rte -de todos os heróis do Oeste. êle vendera todos os seus bens à sua irmã mais velha. e da Sra. du Guénic recebia os rendi mentos e remetia-os ao irmão por intermédio de pescadores. seus sofrimen. Guaisnic com uma espada na mão. exatamente no mesmo dia em que Luís XVIII entrou em Calais. OBarão du Guénic veio buscar os papéis necessários para o casamento. opinião abandonada por um a geração que não tem mais sinais nem distinções. de idade ch ama-do Gaudeberto Calisto Luís.tos em cinco travessias feitas em embarcações costeiras e sua vida em Dublin tinham pesado sôbre sua cabeça: êle parecia ter mais de um século. e esti vera guerreando com Charette. fiel ao velho ódio dos bretões pela Inglaterra. irmã mais velha do barão. 17 Antes de partir. Andara meti do em guerrilhas até 18O2. mortalmente ferido durante o ataque a Nantes: Henri de Ia R ochej?aquelein. da Srta. a qual lhe deu Calisto. Bonchamps e o Príncipe de Loudon. morto no combate de NoualIlé. mãos largas. à qual nenhum Guénic jamais faltara: FAC! A fronte chamava a atenção por tonalidades douradas nas têmporas. vivia pelo brilho de dois ?olhos negros que cintilavam no fundo de suas órbitas escuras e despediam as últimas chamas de uma alma generosa e leal. Sua fisio nomia parecia como que soterrada sob seus inúmeros sulcos. os sinais de sua energia e de sua resistência bre. de ombros largos. pondo-o #num guardanapo úmido. B E A T R I Z 179 desenhando contudo um rítus ameaçador e altivo. A pele. para o observador persisLiam. 21 ou em pleno mar a fim de favorecer a chegada de GeorgeS. Gérard Dow -ou Dou (1613 1675) sãü conhecidos por suas cenas familiares e seus retratos. nelas marcas recentes que revelariam ter-se o barão. 23) Madame: a Duquesa de Berry. 22) Georges: Georges Cadoudal.: famosos pintores neerlandesea do século. Essa cabeça era coroada por uma cabeleira branca como prata. que se tornara. " que manejaram o remo no Marai5? 2O para ir surpreender os Azuis. mesmo quando os olhos nela não vêem mais senão uma cabeça morta. preservado de múltiplas apoplexia s. Não obstante. fazia ?pouco. Franz van Mieris (1635 . uma fidelidade sem transações. As sobranEelhas já tinham caído. senão no dia em que o estandarte real flutuasse na catedral de Reinis: mãos que com freqüência se ensangüentaram nos espinhos dos iratagais do Bocage. embora os Bourbons do ramo primogénito estives sem no exílio. que lhe caía em cachos sôbre os . as. mas viam-se no caráter dêsse nariz. nome que se dava aos realistas por causa de sua bandpira ?ranca.ombros. sem dúvida. um amor sem in constância. quer ao amanhecer . o nome de Rembrandt van Ryn (16O6 . espêssas. uma obediência sem discussão. do artilheiro. etc. agora em parte extinto. naquele velho leão da Bretanha.1669) não requer comentário. Um pintor teria admirado. rude. -irias olhando-as atentamente ver-se-iam. xalhado para as fadigas. Adrien van Os tade (161O . o desenho da fronte. mas agora violáceos. como fêz Joarma d"Arc.1681). peludas. -do chefe. Os firmes contornos da face. 18) Van Ostade. Ver. marbreada de manchas vermelhas que apar eciam através das suas rugas. 2O) Marais: Tegião da Bretanha. a nota 27#ISO . dura e estreita que a queda #dos cabelos aumentara bastante para dar mais majestade ainda àquela bela ruína. acavaletado no meio. organi zador de vários le vantes e dê uma tentativa de raptar Napoleão.A dificuldade de barbear-se obrigava o velho a deixar n crescer a barba em leque. a rigidez do nariz. reunido a Madarne na VenLIéia. Obarão não tinha mais dentes. famoso chefe monarquista. Essas mãos eram o comentário vivo da bela divisa. formas ?imper ecíveis do rosto humano e que -dizem ainda alguma coisa à alma. ao rigor do sol. produzidos pela vida ao ar livre.18 tanto retocaram e que necessitam de uma lente para serem admirados. Nêle o granito bretão se fizera homem. executade em Paris em 18O4. A pele. pelo hábito de observar a campanha. mãos q ue tinham abarcado o punho da espada para não deixá-la. mãos como deviam ser as de du Guescliin.1685). quer ao anoitecer. uma fé sem limites. não se ipodia desenrugar. 22 as mãos do guerrilheiro. as quais contrastava m com o moreno daquela testa pequena. indicava um temperamento sangüíneo.tã. a seriedade das linhas. -devido à côr do uniforme. O semblante. os lineamentos do ar. acima de tudo. graças às quais fôra o barão. mais adiante. 21) Azuis: epelido dos soldadoa republicanos. as suas admiráveis mãos de soldado. Seus lábios. não sendo mais sustentado s senão pelas gengivas duras com as quais êle comia o pão que a mulher tinha o cuidado de amolecer. do sim ples soldado. de peito nervoso. mãos então brancas. indicavam uma intrepidez sem cálculo. XVII. 19) Bocage: nome de uma Tegião da Vendéia onde se desenvolveu a revolta de 1793.cabouço q ue só os ferTmentos podem alterar. infletiam-se para dentro da bôca. outrora vermelhos. por oposj?ão aos Brancos. 23 Hoje ês se fato pode ser confessado. Oqueixo queria juntar-se com o nariz . violento. . uma calma brutal que se assemelhava à impassibilidade dos Hurões. aparências selvagens.Orei recordou-se . distintos. agrupadas em tôrno ao barão. Guérande ainda conserva a recordação dêsse último assédio.Nunca! que necessidade tem meu irmão de ir estender a mão como um indigcnte? . Êle tirava seus pensamentos do -coração. exclamou: . Compreendía-se a profun didade das resoluções devidas a pensamentos nítidos. Ninguém lhe dissipou. como que para agradecer ao rei de ]França. fazia um arro. Desse êle embora a França aos pedaços. Compreendia-se aquela venda feita à irmã antes da guerra e que atend ia a tudo. a cruz de São Luís e uma reforma de dois mil francos. Em 1814. que não poderia ser qualquer um. Essa? constantes sonolências. Parecia ser um esfôrco. êsse pobre rei. porquanto a irmã vivia sómente para e pelo irmão. um calção de veludo esverdea?do. conhecia a arte militar e a do brasão. sentimentos por assim dizer inatos que o dispensavam de meditar.CENAS DA VIDA l"RITADA Essa fisionomia uni pouco material. ao exílio A beleza do caráter dos dois anciaos. engendrav? mais a ação -do que a idéia.os. como no seu brasão a mão circundada de arminho. de resto.escrever e contar um pouco. mas dos quais os outros se ocupavam. o en gano. tinha sua sede antes no coração do que na cabeça. meias de pano. E. com alguns outros nonies bretãos em ic. êle os aprendera com a vida. está bem embaraçado com todos os que o importunam. para agir. imaculados como o arminho. não pode mai? ser compreeridida em tôda a sua extensão pelos costumes egoístas que a incerteza e inconstância de nossa época nos impõem. sem dissipá-lo em nenhuma das coisas julgadas inúteis. um sono precur sor da morte parecia preparar para o repouso eterno. onde êle encont rara o norrie de du Guénic. Devia pois reservar seu espírito. dia a dia mais freqüentes. não inquietavam nem a espôsa. tanto êle como os seus. teve o pôsto de coronel. explicavam-se naturalmente: o barão cumpri ra seu dever.Por isso. Para êles essas pausas sublimes de uma alma irrepreensível.De resto compete a êle lembrar-se. porém fatigada. adivinhar-se-iain os mistérios daquela oposição real ao espírito do seu século. a velha irmã. nem a irmã cega. era invariável e consistia em sapatos gr ossos. . um colête de pano e uma sobrecasaca de gola à qual estava prêsa uma cruz -de São Luís. Éle tinha religiões. em render essa fortaleza. e como poderia ter ela sido difere nte? apresentava como tôdas as figuras bretãs. Essa palavra encerrava tudo. iÊsse leal servidor que dedicava tanto interêsse a Luís XV111. As Instituições. 24 de acôrdo com o registro dos exércitos vendear. em tôda a vida não lera três volumes. nem os amigos cujos conhecimentos médicos não eram <grandes. e. a Relioião. Otrabalho fôra feito pelo B E A T R I Z 181 Duque de Feltre. um não se i que de estúpido. quando foi preci?o evacuá-la refugiou-se nos man tos com um grupo de chouans 26 que permaneceram armados até a segunda volta dos Bo urbons. mas ilet rado como um campônio: sabia ler. quando o cura de Guérande insànuava ao Barão du Guétric que fôsse a Paris reclamar s ua recompensa. #. Um arcanjo encarregado de ler nos coraçÕes de ambos não descobriri a nêles um único pensamento que se pudesse encoimar de personalismo. deslumbrante de ca?ndor. devido talvez ao repouso absoluto que sucede às fadigas excessivas e que deixa então reaparecer exclusivamente o animal. não consentindo.disse o ancião . Somos forçados a confessar que o Barão du Guénic era completarnente iletrado.disse èle ao receber suas patentes. Ali o pensamento era raro. à morte. tão avara para com a casa. o barão sustentou em 1815 25 um assédio e m Guérande contra os batalhões do general Travot. Seus deveres. e ainda lhe pediriam mais alguma coisa. Ao examinar-se porém aquêle belo ancião com atenção p istente. O vestuário. francos. como tirava a es pada !da bainha. a guerra despertada por essa resistência heróica teria incendiado a Vendéia. Se os velhos bandos bretãos tivessem vindo. mas a não ser seu livro de horas.Acreditariam que servi o rei por interêsse . pensavam por êle. Uma vez adivinhado êsse segrêdo tudo se explicava. Reinava riaquele rosto uma serenidade admirável que. ademais. à confiscação. Naquela pobre INIansão. nem à velha cunhada daquela. 26) Clicuans: nome que. enquanto Çasselin tornava a por os três fuzis e os três sabres nos seus lugares. a influência das novidades políticas na Bretanha ocupavam exclusivamente a família do barão. o pai. mostrando-lhe nos prazeres da caça os rud imentos da guerra. e ela foi prêsa por algum tempo. ire as tropas governis tas e as da Duquesa de Berny. quer a de persegu ição a cavalo e com caes. mulher ro-mântica e atirva . pregando pelo exemplo. para Gasselin e para êle. O velho vendeano. quando a Duquesa de Berry27 veio à França para conquistar o reino. Obarão. numa noite horrível. a outro ser chamado a guerrear. Não havia outro interêss e mesclado a êsses a não ser o devotamento de todos pelo filho único Calisto.coisa t5O sirfiples q ue as mulheres mal lhe agradeceram. 2S) La Quoti(lienne: cf. e disse com voz trêrnula. Os três fuzis pendu rados na grande sala tinham pois servido recentemente. de tribunais excepcionais. a baronesa e a velha Srta. M. alegremente. 25) em 1815: isto é. e incitando seu herdeiro a que afrontasse o perigo como se tivesse dez filhos a arriscar. poucos anos antes. pretendente ao trono. o barão contemplou o círculo formado por seus amigos inquietos em tôrno da pequena mesa iluminada por aquela lâmp ada antiga. em 1815. fÔsse qual fôsse ca espécie de caçada. Assim que Calisto completou dezesseis anos. Guénic. os interêsses maiores eram destinados ao ramo despojado. reconheceu o passo dos três homens na viela. o filho e o servidor chegaram em casa depois d e se terem despedido de Madame. de sabre . como que uma #volta à mocidade a fim de acostumar aquêle filho 24) ODuque de Feltre: Henri-Jacques-Guillaume Clarke. e surpreenderam os amigos. seu único vassalo. durante es Cem Dias do segundo e efêmero reinado de Nepoleão. A Mulher Abandonada. que se pusera em 27) A Duquesa de Berry. Gasselin. recebera no ombro um golp?_.acrificaram a vida. fugido {Ia Ilha de Elba. abandonara a campanha antes do encontro da Penissière. intrépido em saltar os obstáculos.Nem. e acompanhado por Ga sselin. Ver ainda as notas 29 e 33. firme na sela. sem dar notícias à baronesa. Quando. Os três homens da família estiveram ausentes drrante seis meses. passou-se depois para os Bourbons e foi oTganizad or. o pa i acompanhara-o aos banhados e às florestas. e cuja fronte não se franzia ao ouvir o jornal. Ilern seus convivas proferiram ma . que julgou inútil a<luela revolta. Ein seguida. procurou em IS32 levantar a Vendéia contra Luí?S-Filipe. o pai levou o filho para fazê-lo praticar a divisa -do seu brasão. resistente à fadiga. filha de Francisco I -de Nápoles. a qual nun ca lia a Quotidienne 28 sem tremer a cada linha. o velho chottan itivera. sôbre os qua is Balzac escreveu um romance: A Bretanha em 1799 (incluído no volume XII desta edicão) . depois de ter abraçado a mulher e a irmã. Obarão parti u durante uma noite. em vão. marechal e ministro -da Guerra de Napoleão. B X A T R I Z 193 frente de Calisto. ção do ramo primogênito dos Bourbons. 29) o encontro da Pénissière: único encontro digno de memória en. seguro dos golpes que desferia. quer a de vôo. 29 se m o que é bem possível que tivesse acabado a linhagem dos Guénic." heróicamente rígida. nota 5. pela restaura. levando o filho único para o fogo como se fÔsse para uma festa. Era mãe do conde de Chambord. em que uns cinqüenta gentis-homens e camponeses ?. Por isso. du Guénic. se dava aos rebeldes moriarquístas da Bretanha. todos os barões cumpriram seu dever. Nem o barão. Ofu turo dos Bourbons exilados e o da religião católica. o qual o seoruiu. o herdeiro. a única esperança do grande nome dos du. pelo exercício de rim sentido de que são dotados todos os ceg os. sua tentativa #falhou. sentouse na sua velha poltr ona e deu ordens para que preparassem a ceia para o filho. sem prevenir a espôsa que o teria talvez enternecido. a qual. estas palavras de uma singeleza feudal: . #IS2 CE-N"AS DA VIDA PRIVADA aos exercícios violentos que convem a um gentilhomem que poderia de um momento. terminara de jantar às quatro horas. Em quarent anos jamais alguérri surpreendeu um aa palavra de desprêzo seus adversários. acabara adormecendo ao ouvir ler a Quoíidtenne. como ama a Deus. A êles cabia fazerem 1. A baronesa segurava o jornal com uma mão cheia de covinha.ldições ou injúrias contra os vencedores. fico. causara o enfraquecimento no qual se achava o barão naquele m omento. por êles mesmos. elegante. sem falta de graça nem afetação. Essa trança gentill Perdida na massa dos cabelos cuid adosamente levantados. cheio de flores e de frutos. essa cabeleira. pura como o azulde seus olhos. ama aos próximos. e tão nobre mae quanto nobre espôsa. s egundo um velho hábito. do lado do jardim. Cêrca das seis horas da tarde. o barão que. acariciante para o ol har. pratica. sentada n uma das velhas cadeiras. tivesse rq?-om pensado sua casta mocidade. Por isso parece que a Virgem do paraíso. sabe adorar sem. su ave como a inúsica de sua voz. compreendeu suas obrigações de.. permitia aos olhos se. tem na alma e na ternura as elegâncias do seu exterior. que ela sempre fazia sua ?toilette. trazia um vestido de veludo !prêto. Desejava alegrar os olhares daquele ancião. mulher. Seu penteado dispunha os cabelos em anéis que desciam ao longo das faces acompanhando-as de acôrdo com a moda inglêsa.O5 lábios do barão contra. pois que o vento refres cara já fazia alguns dias. de dedos voltados para cima e cujas unhas estavam cortadas rentes COmo nas estátuas antigas. leite. Êsse pequeno detalhe provava o cuidado com. invencível na desgraça. que nem o pincel. sob cuja guarda ela vivia. eu dever.o bem em segrêdo. " guirem. na Escócia ou na Irlanda.. A baronesa fazia trançar os cabelos esparsos que brincavam em sua nuca e que são um sinal de raça.àquele nobre anci . Sómente lá nascem essas raparigas am assadas con. ao invés de uma côr indecisa. apresentava o tipo dessas criaturas adoráveis que só existem na Inglaterra. cujos cachos são encaracolados por mãos de anjo. de uma beleza fina. porque a luz do céu parece escorrer nas suas espirais com o ar que nêles brinca. causava-lhe uma amarga melancolia. Lsse últinic. de cabeleira de ouro. no momento em que se inicia esta cena. cintilava à luz como filigranas de ouro luzidio. Trançada simplesmente no alto da cabeça e retida por um pente de tartaruga. Êsse silêncio iprofundo é seu ofício como êle cumpri s. ante o aspecto dos esplendores daquele comêço de outono Úlidamente colorido. Que encantadora e deliciosa atenção! Quando virdes uma mulher desenvolver na vida interior o coquetismo que a os <:titras mulheres vão buscar num único sentimento. #Fanny O"Brien era uma dessas sílfides. na sua cadeira. a vida santa daquela mulher junt??. A cabeça recostara-se no espaldar da poltrona no canto da chaminé. acreditai. o índice das vontades imutáveis. cálculo. #184 CENAS DA VIDA PRIVADA O corpete afogado modelava ombros de um contôrno magni. êsses clarões -de um aa energia que beirava 3 esgotamento final. Êsse novo exílio -da família dos Bourbons. IV AS DUAS MULHERES junto a êsse tronco nodoso da árvore antiga e em frente à chaminé. nem a palavra podem pintar. e um colo exuberante que a amamentação do filho único não pudera deformar. Bela ainda aos quarenta e dois anos. é a alegria e a flor do lar. com os pés para a frente a fim de aquecêlos. a baronesa. tão milagrosamente expulsa quão milagrosamente restabeleC) cida. com prazer a linha ondulada pela qual seu pescoço se prendia aos seus belo s ombros. de ternura robusta. bonita e dotada dessa carnação sedosa sob a mão. esfôrço. Êsse silêncio é um dos traços do caráter bretão. muitos homens considerariam. refrescado por celestes rócios. como uma felicidade o desposá-la. Semi-reclin ada. era embelezada por um sorriso fácil. mas a verdade é que não queria que se gastassem vinte e cinco luízes com ela. enfeitada com uma gola de mil pregas. Sua tez. de perfil aquilino. e numa poltrona. eram como um tear para meias constantemente preparado: o fenômeno teria sido o de vê-lo parado. e bôlsas cosidas a um cinto que ela desprendia tôdas as noites e tornava a pôr tôdas as manhãs. que três ou quatro dentes salientes tornavam quase ameaçador. como a madeira dos choupos. cuja lavagem era o objeto da única disputa que ela tinha com a cunhada. cintilava sob sobrancelhas pálidas e aveludadas de extrema doçura. em cujas extremidades se agitavam duas mãos. A bôca. -trabalho para o qual a vista é inútil. sua pele tensa e lustrosa tinham a superfície mais f ina. tinha um não sei que de régio q ue lembrava a origem dessa nobre moça. Ooutono de sua beleza apresentava pois algui nas flores vivazes de primavera esquecida e as ardentes riquezas do estio. salvo quairto ao vestuário. Sua blusa estava apertada no casaquinho popula r da Bretanha. Que mulher não pareceria jovem e bonita entre o Sr. ouvia a leitura do jornal. Ela vestia um saiote de fazend a encorpada por cima de uma saia de piqué. porém calmo. Zefirina. Essa quantia teria feito falta na casa. Ésses dois velhos faziam ressaltar de modo admirável a formosura da baronesa. guarnecida de pregas de percal e at ada sob o queixo por cordéis sempre um pouco ruços. Os dentes eram brancos e pequenos. Por baixo. privada da visão. serena. Sómente ela sabia o motivo da sua obstinação: alegav a um aa falta de coragem. fazendo meias de ponto de lã. semeado de fibrilas azuladas como na raiz do nariz. A majestade de seu porte podia passar por uma dessas faceirices de velho que pro vam ser o orgulho uma paixão . que um olhar demasiad o vivo teria -ferido. devido à contração motivada pelo hábito -de tricotar. remexendo sua branca cabeleira. verdadeiro colchão que escondia luíses duplos . Sua fronte larga e bem modelada recebia com amor a luz que ali brincava em assetinados brilhos. os contornos haviam adquirido sua plenitude. fino. aO irrilão. pura e bem desenhada. adquirira ?êsses tons quentes e nacarados que os pintores adorar. ao. -du Guênic pegava uma das . o contôrno dos olhos era de um branco -pálido. po is que não a queria mudar senão de oito em oito !dias. ditado por uma amenidade inesgotável. Ela engrossara levemente. de fazenda igual à do ?aiote. ignorava as mudanças que seus oitenta e quatro anos -tinham determinado na sua ?fisionomia. As mãos em forma de garras. 35 E A T R 1 2 135 No outro canto da chaminé. a ternura infinita dos anjos. sua fisionomia aberta. cercando-a de uma espécie de auréola que a preservava do. semelhante em t udo. A íris de um azul de turquesa. exprimiam a inalterável -doçura. como um vestuário. Era direita como uni campanário. Das mangas grossas acalibrada s #daquele casaquinho saíam dois braços dessecados porém nervosos. Platão talvez celebrasse as alterações de sua beleza como outras tantas novas graças. Tinha os olhos cobertos por um aa belida e recusava-se obstinadamente a submeter-se à operação.compridas agulhas do seu tr icô prêsa na sua gola a fim de a introduzir entre a touca e os cabelos.Dctogenária. apesar dos instantes pedidos da cunhada. que a imobilidade dos olhos brancos e sem luz fazia assenielharem-se ao s de uma morta. Enfim. du. Um estranho teria rido ao ver a despreocupação com que ela rep icava a agulha sem o menor receio de -ferir-se. Seus braços nobremente arredondados. Guéni c e a irmã? A Srta. pespontada como uma colcha.i. estava enquadrado por um aa pequena touca de chita escura. no qual a órbita profunda dos olhos estava cercada de tonalidades vermelhas. De quando em quando a Srta. cuja côr um pouco ruça fazia os braços parecerem brancos. Suas pálpebras flexíveis e suas têmporas enternecidas convidavam para não *ei que muda melancolia. mas suas cadeiras delicadas e seu talhe #esbelto não haviam sofrido com isso. ultrajes do tempo. Entretanto muito d esejaria -ver o irmão. a velha irmã . Êste. e onde alguns sinais de virilidade já encanecidos apareciam no queixo e nas vizinhanças da bôcft. Seu rosto pálido e e ncovado. aq uêle semblante frio.. tão branca outrora. e levemente rosada e a pureza de seus olhos azuis. sentado num dos degraus da escadar-ia exterior. ao ter notícia do -casamento e do provável regresso. e pÔs-se no vão da janela que dava para o pátio.disse a -velha com ar esperto. de rosto moreno. ela cumprira . Aquêles dois cães e os dois cavalos eram o último vestígio dos esplendore? da cavalaria. #que se tivesse -deixado arrastar pela poesia das imagens ainda vivas naquela ha bitação. mas mil escudos em outro lugar não os teriam feito abandonar . do. gostava dos cavalos e dos cães da casa. . pois pareciam irmãos. lentos. mas seguindo sempre pelo caminho que lhes B E A T R I Z 187 foi traçado. ocupada em fiar como tôdas as no?. e acariciava-os como se lhe pertencessem. a atmosfera daquela velh" sala. continuava a trico tar e o silêncio tornou-. procurando-lhes uma explicação sem ter dirigido a mais insignificante pergunta à baronesa. cesso. uma pequena banqueta. Também. colocou-a sôbre um aa mesa quadrada em frente ao fogo. teria esttremecido talvez ao ouvir os cães e os coices dos cavalos que relinc havam. Nunca parelha foi mais igual: mesma tez.. depois. Um raio de sol ia de uma janela a Outra e d. Gasselin ainda andava pelas peças de serviço. e fazia vinte e cinco que Gasselin. um colête e calças da mesma fazenda. Tinha quarenta e dois anos. onde êle faz ia resplandecer os rilóvcis quase negro eslendid bordava as esculturas do assoalho . que igualmente já passara dos quarenta anos. S. falava-lhes.#186 CEN. punha o couro de cabra que se usa na sua terra. 1 A velha cega. e entretanto não está dormindo . Mariotte. barão. sôbre a qual as sombras da noite já não influiam. e dando a dois belos cães de caça a ração da noite. a leitura do jornal. e na alma dos quais todo som repercute co-mo num ec o diviriatório. o novêlo de fio. :Êsse servi dor considerava-se como parte da família: brincou com Calisto. mesma estatura. Não se compreendia como Mariotte e Casselin não se tivessem casado. Mariotte tinha trinta escudos de ordenado e Gasselin cem francos. Caíra a noite. Usava um blusão azul de lã com pequenos bolsos flutuantes nos quadris.se tão profundo que se pôde Ouvir o ruído das agulhas de aço.Acaba de deixar cair o jornal. Por uma lista de Ouro. .tes. Quando fazia demasiado frio ou em tempo de C) chuva. grossos. Gasselin era um dêsses pequenos bretãos curtos.? vidia em dois."NO momento em que Fanny viu o barão adormecido . a legrava aquêle i" n nterior e?curo e suave. borboleteava nas arcas. quand o êste tinha estava na casa. era como iritilher o que Ga sselin representava como homem. num.. Um homem de. mesmos olhos pequenos. dêsses silêncios absolutos que sua velha cunhada observav a fazia uns quinze dias.S DA VIDA PRIVADA necessária à vida. meias azuis e sapatos ffrossos e ferra dos. Os ladridoS alegres dos dois animais foram o último ruído que despertou os ecos ocultos nas pare des negras daquela velha mansão. teimosos como mulas. Mariotte veio acender a lâmpada. Tinha Osorriso alegre seu dever. EM breve os raios do sol adquiriram essas côres avermelhadas que por gradações insensíve is chegam aos tons melancólicos do crePúscuIO. vendo se tudo ia bem n a estrebaria. silenciosos. foi buscar a In roca. vivos e negros.imaginação. talvez que se tal houvesse acontecido tivesse havido incesto. A baronesa engolfou-se numa dessas meditações grave?.?. minha irmã. em qualquer estação. atarracados. A 1u7 um lencol brilhante sôbre a mesa de carvalho. A senhorita empregara quinze anos. ela porém não deixava por isso de estudar a s causas dessa preocupação à maneira (1O5 cegos que lêem como num livro negro no qual as letras são brancas. como a voz de Fanny punha na alma da velha octogenária uma música tão luminosa. exam-inando os cavalos do barão e de Calisto. tão alegre como aqué_ le raio. de cabeleira p reta. a Srta. em nome de sua tímida espôsa.s e criados parecia terem sido feitos uns para os outros. teria preferido o páo sêco do padeiro à melhor refeição que ela tivesse sido obrigada a preparar. nem teve mais compreensão mútua e coerência do que essa santa e nobre família. capaz de realizar os mais penosos #deveres da maternidade. Em vinte e cinco anos cão houvera entre êles perturbações. adorou-a. Zefirina teve uma agradabilíssima surprêsa ao encontrar em Miss Fanny O"Brie n. Ambos estavam sob as ordens da velha senhorinha. sem lá su?bír. dos qua is não se apartava a não ser nas grandes ocasiões. Sua atenção nunca #iss CENAS DA VIDA PRIVADA B F A T R I Z 189 i 1 61 i(? I se distraía. com a cabeça descoberta em pleno sol. a espessura do montão de nozes no celeiro. se os manjares estavam submetidos à regularidade das estações. tais como partos. Havia tão pouco serviço a fazer que sem essa cultura êle se cacetearia. Gasselin. fêz dela sua filha. Se s e faziam as mesmas coisas invariàvelmente nas mesmas horas. a qual. êle esfregava o s assoalhos e limpava as duas peças do rés?do-chão: tinha pouco que fazer às ordens dos patrões. e o que restava de aveia no caixão da estrebaria. semelhante às da natureza. ficara muito emocionada a o acreditar que teria de abandonar o cetro da casa e abdicar em favor da Barones a idu Guénic da qual seria a primeira súdita. chuva ou sol. uma rapariga nascida para uma alta posição social. imóvel. Patrõe. ne m discórdias. nos dias de jejum. espreitando um arganaz ou a terrível larva do beso uro. Zefirina estava sempre com os olhos em tudo. jamais família foi mais unida. que tivessem ademais pelos interêsses dos amos mais cuidados do que pe los próprios. ir buscar peixe ao Croisic onde o comprava mais barato do que em Guérande. mostrar aos amos o animal que o ocupara durante uma semana. tivera o hábito de dirigir a casa. era sustentada pela afeição que reinava em todos os corações. de manhã. Quando terininou o crepúsculo. nem o mais insignificante inseto nocivo. Assim pois. depois ia correndo. e tanto mais fecunda e benfazeja por emanar de lei s naturais. quando ela soube que o barão ia trazer uma dona de casa para o lar.a casa du Guénic. Os unicos pesares foram as pequenas indisposições do menino e os unicos terrores os causados pelos acontecimentos de 1814 e os de 183O. Conquanto os dois criados estivessem habituados àquele regime severo e que nada fôsse preciso dizer-lhes. Quando o -barão pediu à irmã. como tôdas as belas almas. forte contra tôdas as privações necessárias. com alegria infantil. essa monotonia. felicíssima por poder continuar a cuidar da direção da casa. a velha solteirona beijou a baronesa como a uma irmã. a criança adorada por tôda a casa. Por isso. entrou na sala e per- . sem ter de mergulhar nêle o braço nervoso. alimentação da cunhada e tudo n o que dizia respeito a Calisto. desde a guerra -da Vendéi a até à volta do irmão. Trazia na ponta de um cordel prêso na cinta do casa?quinho um apito de contra-mestre com o qual chamava Mariotte com um silvo e Gasselin corn dois. variáve is pelas alternativas de sombra. Era um prazer para êle. era mulher capaz de saber. mantida com um rigor e hábítos incríveis de economia. Mas também na horta não era possível verse uma erva ruim. A grande felicidade de Gasselin consistia em cultivar a horta e fazer com que ne la dessem belos frutos e bons legurnes. Às vêzes surpreendiam Gasselin. mas sem coragem pa ra ocupacões vulgares. A Srta. que dirigisse os trabalhos domésticos. para quem os cuidados minucios os de um lar pobre repugnavam excessivamente e que. Depois de pensar os cavalos. segundo a expressão sublime de Napoleão.Nada diga dessas . Ao boa-noite distraído que lhe dírigiu a dona da casa êle respondeu com um olhar de in quisição eclesiástica. des TOuches. EfetivamentC todos reconheceram o cura de Guérande pelo 5 nos degraus sonoros da escada exterior. O Sr. e do campônio bretão pela cabeleira lisa e -preta. êle é quase senipre o prime iro a chegar. a nOite I. porém. A velha Srta. são tratados como inimigos. Sua alegria. . tôda a gente acredita estar êle ?h xonado pela Srta.Estará a -senhora inquieta ou indisposta. em Guérande. Casselin ajoelhou-se ao ver os patrões todos de pé para se ajoelharem nas suas cadeiras. "de Pen-HOê. Grimont caminhando. Grimont. dirigindo ao barão e às duas darna s algunias dessas frases de untuosa amenidade que os padres sabem modelar. . rljído dos seus passo TRÊS SILHUETAS BRETÃS o cura saudou respeitosamente os três -personagens. senhora baronesa? indagou êle..Podes sair ou ir deitar-te depois da oração . obrigada . pela vivacidade dos olhos castanhos. os chefes morais da população e juizes de paz naturais.Eu pensei que a Srta. . as . . Ser-" Porque" vejo-O. . Osenh a 911C se contrai a moda da uches. nho .. abaixava sua superioridade espiritual ante a supremacia feudal dos du Guénic.Não.Ah! senhorita . #19o.disse <) cura. de Pen-Hoêl tivesse chegado . Mariotte pôs-se igualmente a rezar sôbre sua banqueta. e onde a mão armada dêles e a divisa estavam esculpidas no arco da abóbada. 3O) sua irmã. -i ?J. Na igreja ao dar a bênção.E que é que dizern? As in ças. . porém dourada. ou poder é ?discutido por seus paroquianos e que em lugar de serem. ar cO111O quer a com a língua? 6C . sepultado na sua sota ina. sua mão sempre se este ndia em primeiro lugar para a capela pertencente aos du Guénic.provável distração de Baizac. Qua ndo terminou. da qual saíam dois sapatos grossos com fivelas de prata. o mais incrédulo dos viajantes teria reconhecido #o soberano daquela cidade católica. homem de cinqüenta anos. toniando a mão da baronesa e beijando-a. Tinha a mão gord ucha e com covinhas. nem de rabujento como o dos pobres curas cuja exi stência. Ao ver-se o Sr.1) #-untou respeitosamente ao amo se precisavam dêle. Seu ar nada tinha de inquieto. ãO?.disse Mariotte. foi abrir. de tez geralmente alva. e X.J 4 ? 1?"? VIDA PJ?1vADA Ela se esta incomodando. Or cava] i e"O está ainda -? paç To.:disse o barão despertando .responde ra Impedir tÔda a cidade de d ti Mariotte. a qual entretanto era contida pelo decôro do sacerdócio.disse ela. pois deveria estar "mi? nha irmã. semelhante à das pessoas cuja consciência é calma e pura. .Pe"911ntou a baronesa. ouviram bater à porta da vila. 1 visitas diante da Srta.". admitia o gracejo. apresentava acima do cabeção um rosto rechonchudo. Seu semblante inteiramente abacial participava ao mesmo tempo do burgo-mestre flamengo pela placidez da cútis e pelos tons da carne. o comadres. êsse soberano.a menos q ue a senhora ou sua 3O irmã. ?Êle estava naquela sala ?conio um capelão em casa de seu senhor.Deve ser com certeza o senhor cura .. de estatura mediana. . du Guénic disse a prece em voz alta. o qual sent ou-se.. c amou sna"CI-ncInte a velha solte irona. As duas inulheres fizeram um gesto de aquiescência. Gasselin. Ela e a irmã term inavam a ilustre casa bretã dos Pen-Hoèl. Ao invés da Louca a" 1 choada da Srta. () mais estranho barulho de chaves e de moedas retinia então sob aquelas fazendas. Tinha consigo uma única criada e a?uêl. da rta .o céu castigou-o .. Suas armas ostentavam o arminho dos antigos du. P de Calisto tem COMO Ofício fazer-s. "a do Pátio rangia efetivamente sob o. um Pouco g a rqueada e talvez mesmo corcunda. vento. passara do verde .t.disse Maríotte. . de Peri-Hoê1 possuía cêrca de sete mil francos de renda en. `OfflO êles. daquela criatura a quem acompanhava u Passos dis "Ido de uma 1 cre . Ma ior. Era de um aa avareza admirada num raio de dez léguas e que não encontrava nenhuma censura. de Kergarouêt.1"" -" antigo registro dos Parlamento. d e Pen-HOê1 are . A Srta. ela a uma quantidadede Poupas e saias.luas bugigangas para a sal a grand. Êsse 1 chapéu confeccionava-se sob suas vistas Pelas Mãos das sobrinhas. Sabiam-na disposta a dar sua fortuna e suas economias àquela das suas sobrinhas que lhe agra dasse. du Guénic. m Pequeno criado nin"1te1"na.quaís a mais jovem tinha do ze anos e a mais velha vinte. ela mesma administrava. quando queria achar uma das duas aberturas do vesti-do por onde alcançava os bolsos. Paris corri Onome de bibi.dinho.Vest ida no estilo " S #movi. Era da mais alta nobreza 31) "O. Cada três meses. das .. economi " ri va a expensas da rica e Essa senhor zando p or ess inha era uma rapa a forma a dos seus patrões o pergaminho de um O11.êle não tem senão filhas e o nome de Kerg arouêt-Pen-Hoêl se extinguirá.m riga sêca e delgada. "bastante pequena. Uma legislatura. fei . Tôda a sua de-spesa. o tricô e outros ueira de prata o Utensílios sonoros. Tinha s ?empre -de um lado tôda a quinquilharia das boas donas de casa e -do outro a ta. iião incluindo os impostos."n"s ninguém tivera a curiosidade de emhccer-lhe as perÇO"es Ou "MPerfeíÇõcs. 32 o qual não obstante a desaprovaçao da terra. o ti o amar ..Guénic ela estava com uni chapéu verde c<c)om o qual devia ir visitar seus ao alourado. com tafetá verde comprado em Guérande e com um aa carcaça que ela renovava cada cinco anos em Nantes. vinha passar alguns dias em casa dela.es. As sobrinhas faziartilhe igualmente Os vestidos. acrescentara o nome de Peri-lÃOê1 ao seu e fazia-se chamar de Visconde de Kergarouêt-Pen-Hoêl. uanto à forma depois de v in"tc anos a moda tornOU a levá-lo pai-.e trai"POrtOu as . atruirela Cm. uma das quatro Srtas.Um rapaz con. com olhos cinzento" d enrugada como um lago varrido Peic. poIs concodia-lhe a duração de.e cria. In avara senhorinha. os quais passavam os invernos em Nan tes e os verões #na sua propriedade rural. situada à margem do Loire. e q melões. s. Aqui está a Srta . abaixo de Indret. Jaquelina de Peri-Hoêl.disse o barão. Por isso era ela alvo das adulações dos Kergarouêt-Pen-Hoêl. A irmã mais moça desposara um Kergarouêt. Mari. Ao ver o criado. não ascendia a mais de mil francos por ano.l) aq dedal. bens de terras.O? a Ii de COnvetsar com êle à luz "da candeia de resina One ela quei. seus bens. ia inspecioná-lo s a cavalo e evidenciava em tudo o caráter firme que se nota na maioria dos corcun das. educada na adoração idas grandezas . havia trinta e seis anos. talhados por modelos imutávea bengala de castão de bico Is. Amiga de Zefirina du Guénic. entes grandes e salientes niãos de ho? mem. du?.-Essa velha solteirona usava ainda " de que se serviam as mulheres no comêÇO do reinado de Alaria Aritorneta.dizia a velha senhorita . de Par!s. B E A T R I Z 191 da Bretanha. produto de um dizimo recolhido pelo cura. uma indiscrição do Abade Grimont fêz saber que na noite em que o velho barão. não se sabe do que ela teria sido capaz. cujo espírito estava total mente concentrado no amor pelo filho e na sua ternura pelo pai. Ia ao ponto de ocultar cuidadosamente a espécie de sacrifício a que consentia tôdas as noites ao deixar seu pequeno criado quei. No momento em que ledes seu retrato. mostrava-se sempre honrada com a vi. tivesse ela dez vêzes iriais terras do que as que possuía. #as novas idéias eram a rotatividade das culturas perturbada. seus projetos autorizavam-na a vigiá-lo. se propõe um fim. soma a que estavam avaliadas suas economias. tem fina lmente a grandeza da intenção oculta sob suas pequenezas. Para ela. Entretanto ela -tratava Calisto como mulher que se julgasse com direitos sôbre êle. #192 CENAS DA VIDA PRIVADA 2 E A T R I 193 mitiriam uma única atenção que pudesse fazer crer a velha soltei rona que êles pensassem em sua fortuna. suas Privações excessivas tornam-se oferendas contínuas . a ruína com o nome de melhoramentos e métodos. a qual tinha quinze anos de idade. Talvez que a baronea. Carlota de Kergarouêt. se o visse guiando um tílburi. Quando a avareza. Jaquelina de Pen-Hoêl. sacrifício imenso corroborado por outros dez mil francos. êle auxiliava a velha solt eirona a colocar bem seu di11. Por um sentimento de admirável orgulho bretão. torna-se o meio de uma virtude. tivesse adivinha do alguma coisa ao ver com que maliciosa perseverança a Srta. que teria talvez adquirido prestígio em seu espírito por aventuras galantes com bretãs. de Pen-Hoêl. Calisto. Ocura Grimont estava certamente na confidência. de quem falexá dentrQ em breve. de Pen-Hoê1 trazia consig o. perderia consid eràvelmente no conceito da velha solteirona.bretãs dos du Guénic. nome dessa vela cÔr de pão de centeio que consomem em certas partes do Oeste. Por isso essa Velha e rica solteirona era a nobreza. pois tinha a indulgência das velhas damas do antigo regime . só aparece neste trecho da comécua uunLana. neto de Car . feliz pela s upremacia afetada por sua velha amiga Zefirina e pelos du Guénic. Ela pensava em tornar a comprar algumas das melhores terras dos du. não que professasse idéias estreitas em matéria de galanteria. o jovem cavalheiro e Gasselin se rasparam munidos -de seus sabres e de suas escopetas para se reunirem a Madame na Vendéia aterror izando com isso Faririv e causando grande alegria aos bretãos. trezentos mil francos em Ouro. ela deixa de ser um vício. Mas tivesse a Srta. de Pen-11oêl. Guénic. Para a Srta. enfim os bens hipotecados cedo ou tarde devido a experiênci as. a prudência era o verdadeiro meio de fazer fortuna. se se tivesse embrenha. 33) Henrique V: nome que os legitimistas davam ao Conde de Chambord. tinha porém horror aos costumes revolucionários. que o velho guerrilheiro foi encarregado de oferecer à mãe de Henrique V? 33 em nome dos Pen-Hoê1 e da paróquia de Guérande. a Srta.do pelo que ela denominava novidades. A Srta. os du Guénic não se per32) Um Kergarouêt: parente -do almirante d?D mesmo nome. de Peii-Hoêl que teria desenterrado algum di nheiro a fim de apaziguar alguma rapariga que tivesse sido seduzida. sita que a filha dos reis da Irlanda e Zefirina se -dig navam fazer-lhe. de Pen-Hoê1 entr?g"ara ao barão a quantia de dez mil francos ouro. É possível que Zefirina partilhasse o segrêdo de Jaquelina. todos os dias. ou o ouvisse r Ialar de ir a Paris. casando-o com uma das sobrinhas que a Vi scondessa de KergarouêL-Pen-Hoê1 devia ?dar-lhe. a grandeza personificadas. engagiste s. tinha desde o nascimento de Calisto formado o projeto de transmitir seus bens ao -cavalheiro. Se acaso o tivesse surpreendido lendo revistas ou jornais i mipios. a altivez.heirO . sua favorita. reembolsando os g"arigeiros. acharia ser Calisto um dissipadrir. mar em casa dos d u Guénic um oribus. . um barrete de sêda preta a fim de preservar a cabeça -das brumas. FÔraCohnde de Porten.los X. Não tardou em destacar-se em negro na o-. tade.dade de uma rapariga. uma prudência de gata. antigo capitão porta-estandarte do Almirante de Kerlyarouêt. Cavaleiro! gritou-lhe a Srta. O abade voltou para dispor êle próprio na mesa as fichas necessárias a cada jogador. de acôrdo com a época. resse embora o ri sco "de passar por açambarcadora. no meio da mesa. no.Sim. de Peri-11oê1 foi abrir a porta (espanto)m tôda a gravidade. . tirando as mitenes de lã tricotada. uma persistência de padre que. inte.Ontem éramos apenas quatro.replicou ela. em esperar a a a. seu comandante. fôra um dos falan. O altar está pronto disze o cura. nome de um jógo de cartas. Uma pancada fortemente batida. repercutiu nas profundidade s silenciosas daquela velha mansão senhorial. -intré idos e to de voz. . que só trocam o seu cada quinze dias. O Almirante Kergarouêt. ma Jovem Presumida. a cora-em indomável do marujo bretão. 35 #b Apresse-se. Ic #194 CEXAS DA VIDA PRIVAD. não praguejava. que usava flanelas por causa do r eumatismo. senhorita. numa terra tão rotine ira.11. de Pen-Hoêl. em deitar-se obsacaso sin<). um aa bengala d junco de castão de Ouro para afastar os e Pestivamente sua cães que cortejava cadela favorita. Por um o zara com frequencia negócios felizes que a confirmavam nos seus prlúc Passava por ser maliciosa. . Ocânhamo.finairnente a boa administração consistia em acumular nos celeiros C. Êsse homem ri. alterando-se ante q ualq . umas fichas de marfim já amarelas como. entretanto não tinha espírito" ti níphiCs?orém uma ordem de holandesa.Teremos esta noite o Sr.numbra que ainda reinava na escadaria exterior o corpo longo e sêco. P mais sábios da antiga marinha "h roa md (e ri cs o rmn a ja? eStinia do Bailio de Suffren e com a amizad . .ular ela realitinadarnente sôbre os seus sacos. o cura ergueu-se para ir buscar na gaveta de uma das arcas um pequeno cêsto redondo de vime fi. minucioso como do baixo para Poupar uni res uer obstáculo. com uma presteza infantil e os modos de uni hornem habituado a fazer êsse pequeno serviço. e ocupava-se de sua cadela Tisbé * dos seus pequenos caprichos com a Solicitude de uma mulher velha. Ao ouvir a palavra mouche. Dava assim. trigo rnourisco. 35) OCavaleiro du Halga já apareceu em A Bôlsa.Ah! nossa mouche 34 estará então animada hoje! . Ao vê-]o. . . tinh a a meiguice * tranqüili. duère. O Cavaleiro não fumava.perguntou a -velha solteirona. tabaco turco graças a um uso de vinte anos. à moda dos militares. ninguém reconheceria a voz que dominava a tempes. eu o vi passeando sua cadela na alamêda respondeu o cura. pôs o cesto ao lado da lâmpada. o centeio.O Cavaleiro era um homem de saúde periclitante. . metódicame nte trajado. depois da troca dos cumprimentos habituais.e do Seu belo procedimento como capi caracteres visíveis erii almirante de Kergarouêt est ava escrito em tão porta-estaindarte do seu rosto lanhado de cicatrizes. Opequeno criado da Srta. foi quem despesou Emília de Fontaine. e que nunca chegou a ser coroado . despTeZada Por Maximil iano Longueville tO Baile de Sceaux). e um baralho de cartas tão seboso como o dos aduaneiros de Saint-Nazaire. chefe do partido legitimista desde 1836. equivalia ao pensamento mais profundo.4. o olhar que planav a por sôbre o mar. Andava sempre armado con. . um paletó interior para resguardar seu precioso busto dos ventos súbitos que esfriavam a atmos34) mouche: "môsca". du Halga? . do Cavaleiro du Halga. fera de Guérande. a mais alta idéia de sua defunta galanteria. Não falava nunca das aãoes surpreendentes que tinham, causado admi. ração ao conde d"Estaing. 37 Embora tivesse uma atitude de invá]ião e caminhasse como se temesse a cada passo esborrachar ovos, embora se queixasse da frescura da brisa, do ardor do sol, da uniidade da bruma, mostra va dentes brancos encravados em. gengivas vermelhas, que tranqüilizavam quanto à sua doença, de resto UM ,pouco dispendiosa, porquanto consistia em fazer quatro re feições de abundância monástica. Seu arcabouço, como o do barão, era ossudo e de fÔrça indQstrutível, recoberto por -um pergaminho colado aos ossos como o couro de um cavalo árabe sôbre os nervos que parecem reluzir ao sal. Sua cútis conservara uma coloração morena, devida às suas viagens às índias, das quais não trouxera nem. uma idéia nem uma história. Emigrara, herdara a fortuna, depois tornou a encontrar a cruz de São Luís e uma pensão de dois mil francos legitimamente devida aos seus serv iços e paga pe]Os cofres dos inválidos da marinha. A ligeira hipocondria, que lhe fazia inventar mil males imaginários, explicava-se fàcilmente pelos seus padecim entos durante a emigração. Servira na marinha russa até o dia em que o imperador Alexandre quis empregá-la contra a França, apresentou então sua demissão e foi viver em O36) Balzac cita aqui, lado a lado, uma personagem real e outra imaginária: #O Baffio de &ufIren (1726-1788), marinheiro francês que combateu Os inglèses na índia , e o Almirante Portenduère inventado pelo roniancista para servir de antODassa-do ilustre a vários Po"rtencluère, Protagonistas da Comédia Humana; um déstes, Saviniano, a parecerá mais adiante. 37) o Conde de Estaing: Conde Ilenri d"Estaing. almirante francês que combateu OS inglèses na índia e na América. B E A T R I Z 195 ,dessa junto ao Duque de Richelieu, 3,, com quem regressou, o qual ,é, líqüidar a pe nsão devida àquele destrôço glorioso da antiga marinha bretã. Por ocasião da morte de Luís XVIII, época em que ,,Itou para Guérande, o Cavaleiro du. Halga torno u-se maire 39 da cidade. o cura, o Cavaleiro, a Srta. de Pen-Hoêl, tinham, fazia quinze anos, o hábito de p assar os seroes no solar du Guénic, onde %,iiiliain izgualiriente alguns nobres personagens da cidade e da reivinha fàcilmente nos du Guénic os chefes do Cada leitor ad l,equerio Faubouro, Saint-Gerinain. 4O :da circunscrição, onde não pen netrava nenhum dos membros da administração mandada pelo novo govêrno. Fazia seis anos que o cura tossia no ponto crítico do Dornine, salvurn fac regern. 41 A política assim permanecia em Guérande. vi SERÃO NORMAL A mouche é um jôgo que se joga com cinco cartas, e uma vi. rada na mesa. A virada de termina o trunfo. A cada jogada o parceiro tem liberdade de :se abster ou arrisc ar-se. Abstendo-se, perde sómente a aposta obrigatória, porque, enquanto não há remises no cêsto, cada joga-dor aposta uma quarrtia pequena. Ao jogar, o jogador tem de fazer uma vaza, a qual é paga em quotas proporcionais à parada. Se há ?cinco soldos na cesta a vaza vale um sôldo. O jogador que não fêz vaza é posto na mouche: tem -de pagar ?tôda a aposta, que engrossa o cêsto na dada de cartas seguinte. Inserevem-se as rnouches devidas; são postas sucessivamente no cêsto por ordem de capital, primeiro as maiores, depois a s menores. Os que renunciam a jogar, jogam as cartas durante a parada, mas são consideradas como nulaÇ. As cartas que sobram do baralho são trocadas, como no écarté, m as por ordem de prioridade. Cada um pede tantas cartas quantas quiser, de mo-do que a mão e o seguinte po#38) o Duque de Richelieu: ATmand Eminanuei du Plessis (1766 - 1822), estadista francês que começou suas atividades diplomáticas como agente de Luís XVI. Durante o exílio da -dinastia dos Bourbons, empTegou-se a serviço da Côrte de Rússia, sendo nome ado governador de Odessa em 18O3. Depois da RestauTação, voltou à França; ?oi ministro das Relações ExteTiore,s em 1815 e presidente do Conselho de 182O a 182 1. 39) "maire": cf. A Mensagem, nota 3. 4O) Paubourg Saint-Germain: bairro aristocrático de Varis. 41) "Domine, salvum fac, regem": frase latina que significa: "Senhor, inantém o re i salvo". Ocura, como os outros bretões, mantinha-se fiel ao "mO Primogénito dos Bourbons, exilado, e infenso à monarquia liberal de Luí?S-Filipe, #?Tl 196 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A. T R I Z 197 derão entre os dois ficar com as sobras do baralho. o trunfo mostra pertence ao qu e dá cartas, o qual é então o últlnlo. . e tem o direito de trocá-lo por uma das cartas do seu iô 11-Y carta terrível 1 ele 9ue vale mais do que tôdas as outras, cgo* tigris. Mis?tigr ih ama-seá DIes não é . Is é o valete de paus. ÉS5C JÔLyo exee S i M. in de. icas . espido de interêsse s v?-ment . A cupidez natural do home senvOlve-se nêle do mesmo modo que as subtilezas diploniát as mutações fisionÔmicas- Na casa du Guénic, cada um :dos joga. dores recebia vinte fich as e ficava responsável por cinco soldos, o que elevava a quantia total da aposta a cinco liards por jogada, importancia respeitável aos olhos dessa parce ria. Admitindo-se um aa sorte fantástica, era possível ganhar cinqüenta soldos, capital que, em Guérande, niniguém gastava num dia. Por isso a Srta. de PenHoêl jogava êsse jôgo, cuja inocência não é sobrepujada na nomenclatura da Academia senão pela da Batalha, 12 com uma paixão igual à.dos caçadores numa grande caçada. A Srta. Zefirina que ia a meias no jôgo da baronesa, não atribuía menor importância à mouche. Arriscar um liard para ter a possibilidade de ganhar cinco, à cada jogada, constituía para a velha entesouradora uma imensa operação financeira, na qual ela punha tanta ação interior quanto o mais ávido especulador Põe durante o curso da Bôlsa na alta e na -baixa das rendas. Por uma convenção diplomática, datada de setembro ;de 1825, depois de um serão no qual a Srta. -de Pen-11oê1 perdeu trinta e sete soldos, o jôgo cessava assim que um dos jogadores inanifestasse êsse desejo, depois de ter dissipado dez soldos. A cortesia não permitia que se causasse a um jogador o pequeno Pesar de jogar a mouc he sem que êle tomasse parte nela. Tôdas as paixões, porém têm seu jesuitismo. Ocavaleiro e o barão, êsses dois velhos, políticos, tinham achado meio de esquivar-se ao cumprimento da lei orgânica. Quando #todos os jogadores desejavam vivamente prolongar uma partida emocionante, o int répido Cavaleiro du Halga, uni ?dêsses rapazes ricos e pródigos das despesas que não fazernI oferecia sempre dez fichas à Srta. de Peri-Hoê1 ou a Zefirína, quando, uma d elas, ou ambas, tinham perdido seus cinco soldos, com a condição de restituí-]os no caso de ganharem. Um velho solteirão podia permitir-se essa galanteria para c om senhorinhas. Obarão também oferecia dez fichas às duas velhas solteironas, sob pretexto de continuarem a parti-da. As duas avarentas sempre aceitavam, não se m fingirem opor algumas dificuldades, de acôrdo com os usos e costumes das raparig as. Para se entregarem a essa prodigalidade, o barão e o Cavaleiro deviam ter ganho, s em o que êsse oferecimento, tomaria o caráter de uma ofensa. 42) Batalha: nome -de um jôgo de cartes. brilhante quando um aa Srta. Kergarouêt sem . nouche era. j? niais nada es . s se t i em casa da tia porque, ali, os Kertava de inpa hsasnalgenpodido fazer chamar Kergarouêt-Pen9 .. nnIguém? nem mesmo pelos criados, os quais a êsse resa,-ouêt jainai . hain ordens formais . A tia mostrava a sobrinha o j6gO 11.eI por ,(sorriso)Cito Ofi. ini prazer insigne. A peda nouche em casa dos -du Guénic com o u quena recebia ordem de ser amável, coisa bastante fácil, -quando via o belo Calisto, que era a paixão das quatro Srtas. de Kergarouct. Essas jovens criaturas, educada s em plena civilização moderna, POUCO ligavam a cinco soldos. e faziam mouche sôbre mouc he. Ilavia então rnouches inscritas, cujo total alcan . çava às vêzes cem soldos e eram escalonadas desde dois soldos e meio até meio franco. Eram serões de g rande emoção para a velha cega. As vazas em Guêrande eram designadas mãos. A baronesa fazia em cima do pé da cunhada um núniero de pressões igual ao número de vazas que, r, uras. Jogar ou não jogar, segundG pelo seu jÔgo, lhe pareciam seg o as ocasiões em que o cêsto estava cheio, acarretava discussões íntimas, nas quais a cupi dez lutava contra o mêdo. Perguntavam uns aos outros: "Vai?", manifestando, sentimentos de inveja contra os que tinham jôgo suficientemente bom para tentar a sorte, e sentimentos de desespêro, quando era forçoso abster-se. Se Carlota de Kergarouêt, geralmente taxada de louca, era feliz nas suas audácias, ao regressarem à casa, a tia, quando não tinha ganho, #tratava-a com frieza e lhe fazia algumas admoestações: que ela era demasiado resolu ta nos seus modos; que uma jovem não devia enfrentar desafiadoramente gente respeitável; que ela segurava o cêsto ou ia para o jôgo de um modo insolente; que os c ostumes de uma moça exigiam uni pouco mais de reserva e de modéstia; que não se devia rir da desgraça alheia, etc. Os eternos gracejos e que eram repetidos mil vêzes por ano, mas que eram sempre novos, rolavam a respeito do modo de atrelar o cêsto, quando êle estava muito carregado, Falavani,? em atrelar bois, elefantes, c avalos, asnos, cães. Depois de vinte anos, ninguém se apercebia dessas repetições. O dito provocava sempre o mesmo sorriso. Omesmo acontecia com os têrmos que o pesa r de ver ganhar um cheio cêsto ditava aos que o tinham engordado sem nada recolher . As cartas eram dadas corri um aa lentidão automática. Conversavam, discutindo. Êsses d ignos e nobres personagens tinham a adorável pequenez de desconfiar uns dos outros no jogo. A Srta. de Pen-Hoê1 quase sempre acusava o cura de trapaça, quando êle ganhava um césto. - É singular - dizia então o cura, - que eu não faça trapaça quando entro na mouche. Ninguém soltava sua carta no pano verde sem cálculos prolundos. sem olhares espertos e ?palavras mais ou menos astuciosas. #198 CENAS DA VIDA PRIVADA sem observações engenhosas e finas. As jogadas, já podeis nar, eram entremeadas de nar rativas a Propósito -dos aconteci ,tos sucedidos na cidade, Ou "por discussões sÔbre inegócios rneil. blicos. com fr eqüência os jogadores ficavam atéOs pú. uni quarotcoupac hora, com as cartas C111 leque apoiadas contrainoteersrtuÔpmÇõa?es, dava-se dos em con versar. Se, em conseqüência dessas . go, corn a falta de uma ficha no cêsto, todos asseguravam ter pôsto a sua. Quase sempre o Cavaleiro completava a aposta, acusado p r todos de estar pensando nos seus sinos nos ouvi o dos, na sua cabeça, nos seus duendes, e de esquecer de pôr a aposta. Quando o Cavale iro punha a ficha, a velha Zefirina ou a maliciosa corcunda sentlam-se prêsas de remorsos: imaginavam então que talvez uma -delas não a tivesse pÔsto, ipensavam que sim, duvidavam; mas afinal o Cavaleiro era ;bastante rico. para. suportar essa pequena desgraça Muitas vêzes o barão não sabia mais o que pensar, quando falavam n os infortúnios da casa real. Algumas vêzes surgia um resultado sempre surpreendente para essas pessoas que, tôdas , contavam com o mesmo lucro. Depois de um certo inúmero de partidas, cada um tinha recuperado suas fi. chas e se ia, por já ser tarde, sem lucros nem perdas, m as não sem emoção. Nesses cruéis seroes erguiam-se queixas contra a mouche: a mouche não estivera picante; os jogadores acusavam a mouche como os negros fustigam a lua na agua, quando o tempo é contrário. . Oserão era considerado incolor. Trabalhara-s e muito para multo pouco. Quando em sua primeira visita, o Visconde e a Vis?condêssa de Kergarouêt falaram em uíste e em bóston como sendo jogos mais interessantes do que a mouche, e foram encorajados, para que os ensinassem, pela baronesa, a q uem a mouche aborrecia excessivamente, a sociedade da mansão du Guénic prestou-se a isso, não sem alguns protestos contra essas inovações; mas foi impossível fazer compre ender êsses jogos, os quais, uma vez saídos os Kergarouêt, foram classificados de quebra-cabeças, de trabalhos algébricos, de dificuldades inauditas. Todos preferi am a querida mOuclie, a pequena e agradável mouche. A mouche triunfou dos jogos modernos como por tôda a pai-te na Bretanha triunfam as coisas antigas sôbre as nova s. Enquanto o cura dava as cartas, a baronesa fazia ao Cavaleiro chi Halga as #mesmas perguntas que já lhe fizera na véspera sôbre a sua saúde. Para o Cavaleiro era u m ponto de honra ter novos achaques. Se as perguntas se assemelhavam, o capitão porta-estandarte tinha uma vantagem singular nas suas respostas. Hoje eram as fa lsas costelas que,O tinharri incomodado. Coisa notável, êsse digno Cavaleiro nunca se queixava dos seus ferimentos. Tudo o que era sério, êle já o esperava, conhecia-o; as coisas fantásticas, porém, as dores de cabeça, os cães que lhe comiam o estômago, ]B E A T R I Z 199 . os qlle lhe badalavam nos ouvidos, e mil outros duendes inos sili horrivel lii,nte; apresentava-se como incurável, e com ..ictavarn-11O por não conhecerem os médicos nenhum remédio ,,,,to mais razão contra niales inexistentes. - PareCC-1r1C que ontem o senhor tinha formigueiros nas per,nas? disse o cur a com ar grave. Isso salta, - respondeu o Cavaleiro. Corno, das pernas às falsas costelas? - indagou a Srta. Zefirina . - Não se detiverain em caminho - disse a Srta. de Pen-i11oê1 sorri n do . o Cavaleiro curvou-se gravemente, fazendo uni gesto negativo passàvelmente engraçado , que teria provado a um observador que, ua sua mocidade, o marujo fôra espirituos o, amante e amado. Talvez que sua vi-da ?fóssil em Guérande ocultasse -muitas recordações. Quando êle se firmava estúpídarnente nas suas pernas de garça real, ao sol, na alameda, olhando o mar ou as -correrias de sua cadela, talvez revivesse no pa raíso terrestre de um passado fértil em recordações. - Aí temos o velho Duque de Lenoncourt"-3 morto - disse o barão recordando a passage m em que ficou a espôsa na leitura da Quotidierine. - Vamos, o primeiro gentil-hom em da câmara ,do rei não tardou em reunir-se ao seusenhor. 44 Breve também irei. - Meu amigo, meu amigo! - -disse-lhe a mulher, dando palma,das suaves na mão ossud a e calosa do marido. - Deixe-o falar, minha irmã - disse Zefirina - enquanto eu estiver em cima, êle não estará em baixo, pois é mais moço do que eu. Um sorriso alegre bailou nos lábios da velha solteirona. Quando o barão deixava es capar uma reflexão dêsse igêncro, os jogadores e as visitas se #entreo?havam emocionadas, inquietas pela tristeza (1O rei de Guérande. Os perso nagens vindos para vê-lo diziam uns aos (litros ao se retirarem: "OSr. du Guérric estava triste. Viu como êle dorme?" E no dia seguinte, tôda Guérande falava dêsse acon tecimento. "OBarão du Guénic se está apagandol" Essa frase iniciava as conversações em tôdas as casas. - Tisbé vai bem? - perguntou a Srta. de Peri-Hoê1 ao Cavaleiro logo que as cartas fo ram dadas. - Essa pobrezinha é corri<) eu, - respondeu o Cavaleiro 43) o velho Duque de Lenoneourt: personagem da Comédia Humana, antigo PTimeiro cam arista do rei. 44) seu senhor: Carios X, que morreu no exílio em 1836. #2OO CENAS DA V1" PI1UVADA ela teni os nervos em mau estado , Constantemente, (luando ela levanta um aa patinha, olhe assittil Para imitar a cadela e crispar um dos re, Cavaleiro deixou braços ao eri que a vizinha, a -1O, queria saber se êle corcunda, lhe visse o - `?Uê ra esperteza à qua tinha trunfos ou o Njisti gr,s. o 1 êle ti Era Jogo " a -O1, s curti biu. um aa prInlei. "! - disse a -b ar cura está branca, sinal de q Onesa - a Ponta do nariz do senhor Era tão intenso no cura ue êle tem o Misti gris. nos demais parceiros, que O o Prazer de ter OMistigris? bell conto Ilá em todo se mblante h pobre padre ri 1 tos secretos do cora ~ um ano ãO o sabia ocultar, observar, tinham ac Çao se traem, e e um lugar onde os mov, abado, ssas Pessoas, habitu m O Ponto fraco do cura ao cabo de alguns adas a s, nariz ficava branca. a ri os, por descobri, . (Juando êle tinha o Mist. . Ninguém então se Igris, a "Ponta do Metia na jogada. Teve visitas hoje em sua casa? à Srta. de Pen-Hoêl. perguntou OCavaleiro t-Om - Sim" um dos PliMOs do meu cunhado. Surpreendeu-me a notícia do casamento da Sr a. Condêssa de Kergarouèt,45 Srta. de Fontaine, em - Uma filha do -solteira, Grande Jacques,6 o A condêssa é exclamou herdeira dêle, desposou Cavaleiro. dor- £1e cOntOu-rne as coisas mais - um antig o embaixavizinha, a Srta. des Touches, mas singulares a respeito da nossa crer, Pois se fÔssem verdade, Calist tão singulares "que não as quero dela não scria tão assíduo em casa truo" Porque êle tem suficiente bo o sidades. m senso para perceber tais MGnslavra. - Monstruosidades? - disse o barão despertado por essa paA baronesa e o cura tro caram um olhar de inteligência. As cartas tinham sido dadas, a velha solteirona tinha o Mistigris, #não quis continuar aquela conversação, feliz por Ocultar sua alegria, graças à estupefação g ral causada por aquela palavra. - Toca-lhe j Jogar, senhor Meu sobrinho não barão" - disse ela Pigarreando. truosidades é dêsses rapazes que go s - disse Zefirina, remexendo os cabelostam das monsI?"Iistigris! - bradou a Srta. de Pen-11Oêl, a . qual não respeond,eu à amiga. 45) o casamento da Condêssa de Kergarou?;t.. isto é, da viúva cio almirante Kergarouêt, em solteira Einflia de Fontaine, de Vandenesse. com o Alarqués Carios 46) Grande Jacques- Sobrenome dado ao COnde de Fontaine - iersonagem já e,,co? tr"-da er"a *O Baile 4O 8ceau-X - pelos rebeldes monarquistas seus cOm,,,uanhe iroa. 13k;_ATR1Z 2O1 o cura, que parecia informado de todo o caso de Calisto e da srta. des Touches não tomou parte na discussão. - Que faz de extraordinário a Srta. des Touches? - perguntou o barão. - Ela fuma - disse a Srta. de -Pen-Hoêl. _ Isso é muito sadio - disse o Cavaleiro. - Para as terras dela? - perguntou o barão. - As terras dela? - replicou a solteirona - ela as devora. - Tôdas foram na parada, tôdas estão na niouche, tenho o iei, a dama, o valete de trun fo, Mistigris e um rei - disse a baronesa. - É nosso o cêsto, minha irmã. P-sse golpe, ganho sem jogar, aterrorizou a Srta. de Pen-Hoêl, a qual deixou de se ocupar de Calisto e da Srta. eles Touches. Às nove horas não estavam mais na sala senão a baronesa e o cura. Os quatro velhos se haviam ido -deitar. O-Cavaleiro, se gundo seu liábito, fôra acompanhar a Srta. de Pen-Hoêl até à casa, localizada ,na praça de Guérande, fazendo comentários sôbre a finura da última jogada, sôbre a maior ou menor dose de sorte dos dois, ou sôbre o prazer sempre renovado com que a Srta. Z?efirina mergulhava seus lucros no bôlso, porquanto a velha cega não re primia mais em seu rosto a expressão dos seus sentimentos. A preocupação da Sra. du Guértic foi o assunto da conversação. OCavaleiro notara as distrações da encantadora ir landesa. Na soleira da #porta de sua casa, depois que o pequeno criado subiu, a velha solteirona respon deu confidencialmente às conjeturas feitas pelo Cavaleiro du Halga sôbre o aspecto extraordinário da baronesa com esta frase, prenhe de interêsse: - Conheço a causa de tudo isto. Calisto está perdido, se não o casarmos prontamente. Lle ama a Srta. des Touches, uma comediante. - Nesse caso mande vir Carlota. - Amanhã minha f,?mã receberá minha carta - disse a Srta. de Pen-Hoêl, saudando o Cavale iro. linaginai por êste serão normal o alarido que podia produzir "Ointerior dos lares de Guérande a chegada, a permanência, a partida ou sórnente a passagem de um estranho. Vil CALISTO Quando não se ouviu mais barulho, nem no quarto do barão, n,erri no da irmã, a Sra. du Guênic olhou para o padre, que estava brincando pensati vamente com as fichas. - Percebi que o senhor partilhou finalmente de minhas preocupações sôbre Calisto - dis se-lhe ela #2O2 CENAS DA VIDA PRIVADA pergur,_ - Viu o ar afetado da Srta. de Pen-1-1oê1 esta noite? tou o cura. - Sim - respondeu a baronesa. - Ela tem, estou certo disso, as melhores intenções para cor,, o nosso querido Calis to - disse o cura, - ela o acarinha como se fôsse seu próprio filho; e o procediment o dêle na Vendéia, ao lado do pai, os louvores que Madame fêz do seu devotamento aumenta ra-m a afeição que a Srta. de Pen-Hoêl lhe tributava. Ela assegurará por doação entre vivos tôda a sua fortuna àquela das suas sobrinhas que Calisto desposar. Sei q ue a senhora tem na Irlanda um partido muito mais rico para o nosso querido Cali sto; mas é preferível têrnios duas cordas no nosso arco. No caso cri, que sua família não se en carregasse do futuro de Calisto, a fortuna da Srta. de Pen-11oê1 não é de desdenhar. A senhora sempre achará para êsse querido rapaz um partido de sete mil francos de renda; mas não encontrará economias de quarenta anos, nem propriedades rurais administradas, edificadas, reparadas, como o são as da Srta, de Pen-Hoêl. Ess a mulher impia, essa Srta. des Touches veio estragar umas quantas coisas! Teve-s e por fim. informações a respeito dela. - E então? - disse a mãe. - Oli! uma mulheratoa, uma meretriz! - exclamou o cura, uma mulher de costumes e quívocos, ocupada com coisas do teatro, freqüentando comediantes dos dois sexos, devorando sua fortuna com foliculários, pintores, músicos, numa palavra, a sociedade do diabol Para escrever seus livros ela usa um nome falso pelo qual é mais conhecida do que pelo de Felicidade des Touches. Uma verdadeira farsista que des de sua primeira comunhão não entrou numa igreja senão para ver quadros ou estátuas. Gastou a fortuna fazendo decorar Touches do modo mais inconveniente, a fim de fa zer dêle um paraíso de Maomé onde as huris não são mulheres. Durante uma estada dela na sua propriedade, bebe-se lá mais vinhos finos do que em Guérande durante um ano. As Srtas. ?ougoniol hospedaram o ano passado uns homens de barba de bode, suspei tos de serem Azuis, 47 os quais iam à casa dela e cantavam canções ímpias de fazer corar e chorar essas virtuosas raparigas. Eis a mulher que presentemente o senhor cavaleiro adora! Se essa criatura desejasse ter esta noite um dêsses livros infame s nos quais os ateus de hoje zombam de tudo, o cavaleiro viria êle #mesmo selar seu cavalo, e partiria a todo galope para Nantes, a fim de trazer-l ho. Não sei se Calisto faria outro tanto para a Igreja. Finalmente, essa bretã não é realista. Se fôsse preciso ir dar uns tiros de espingarda pela boa causa, e a Srta . des Touches ou seja o Sr. 47) Azuis: ver a nota 21. 1 33 E A T R I Z 2O3 lembro-me agora do nome - quisesse conservar MaupIn - g Carfli1O cavaleiro deixaria o seu velho pai ir sózinho. GalistO J unto a ela, o - Não - disse a baronesa. - Eu não desejaria pÔ-lo à prova, pois isso fá-la-ia sofrer mui- retorquiu o cura. - Guérande em pêse, está transtornada com to luela anfíbia que não é nem homem, a paixão do cavaleiro por ac neM rnulher, que funia como uni hussardo, escreve como um jornalista, e hospeda em sua casa, neste momento, o 1. nais venenoso de todos os escritores, no dize r do diretor dos correios, êsse rnelo-têrmo que l? os jornais. Fala-se disso em Nantes . Esta manhã, êsse primo dos Kergarouêt que desejaria fazer Carlota desposar um homem de sessenta mil francos de renda veio ver a Srta. de Pen14oê1 e virou-lhe a cabeça com. histórias sôbre a Srta. des Touches que duraram sete hor as. Estão dando dez horas rnenos um quarto no campanário e Calisto não chega; êle está nas Touches, e é capaz de não -voltar senão de manhã. A baronesa ouvia o cura, o qual substituía o monólogo ao diálogo sem se a-perceber; ol hava . para a sua ovelha, em -cuja fision . omia se liam sentimentos inquietos. A baronesa corava e tremia. Quando o Abade Grimont viu rolarem lágrimas dos belos olhos daquela mãe aterrorizada, ficou enternecido. - Amanhã verei a Srta. de Pen-Hoêl, tranqüilize-se - disseêle -corn voz consoladora. Omal não é talvez tão grande como dizem, eu saberei a verdade. De resto a Srta. Jaquelina tem confiança em mim. Ademais Calisto é nosso discípulo e não se dei xará enfeitiçar pelo demônio. Êle não vai querer perturbar a paz de que a família goza nem estragar os planos que formamos ipara seu futuro. Por isso, senho ra, não chore, tudo não está perdido; um aa falta não é o -vício. #- Osenhor não me comunica senão detalhes - disse a baronesa. - Não fui eu a primeir a a me dar conta da mudança operada em Calisto? Uma mãe sente muito vivamente a dor de não estar mais senão em segVdo lugar no coração de, filho, ou o pesar de não esta r mais sózinl?a ali. Essa fase da vida do homem é um dos sofrimentos da maternidade; mas, embora esperando por isso, não pensei que ?fôsse tão cêdo. Enfim, meu desejo seria que ao menos êle pusesse no coração uma criatura nobre e bela, e não chocarreira, uma farsista, um aa mulher de teatro, um autor acostumado a fin gir sentimentos, um aa mulher -perversa que o enganará e o fará infeliz. Ela teve aventuras ... ? - com vários homens - disse o Abade Grimont. - E entretanto essa ímpia nasceu na Bre tanha! Ela desonra sua terra. Domingo farei um sermão a respeito. - Do que Deus o livre! - disse a baronesa. - Os salineiros, Os campôrrios seriam c apazes de ir às Touches. Calisto é digno do #2O4 CENAS DA VIDA PRIVADA seu nome, é bretão, poderia acontecer alguma desgraça se éle esti, vesse lá, Porque êle a de fenderia como se se tratasse da Virgen, Santa. - São dez horas, desejo-lhe uma boa noite " - disse o Abade Grimont, acendendo a vela de resina da sêca lanterna, cujos vidros eram límpidos e os metais brilhante s, o que revelava os cuidados minuciosos de sua governante para tudo o que dizia re speito aos afazeres domésticos. - Quem me diria, madame, que um rapaz criado pela senhora, educado por mim nas idéias cristãs, um católico fervoroso, uma criança que vivi a como um cordeiro sem mácula, iria mergulhar em semelhante lamaçal? - Será então mesmo certo? - disse a mãe. - Mas como poderá uma mulher não amar Calisto? - Não são precisas mais provas do que a estada dessa feiti. ceira nas Touches. Desde que ela é maior, e faz disso vinte e quatro anos, é a temporada mais prolongada que ela aqui permanece. Felizmente para nós, suas aparições duravam pouco. - Uma mulher de quarenta anos! - disse a baronesa. - Ou-vi dizer na Irlanda que uma mulher dessa espécie é a mais perigosa amante para um rapaz. - Nisso sou um ignorante - respondeu o cura. - Morrerei mesmo na minha ignorância. o - Ai de mim! e eu também - lamentou-se ingênuamente a baronesa. - Eu quisera agora t er -sentido o verdadeiro amor para observar, aconselhar e consolar Calisto. O cura não atravessou sózinho o pequeno pátio bera limpinho, a baronesa acompanhou-o a té à porta, esperando ouvir os passos de Calisto em Guérande; entretanto nada ouviu além do ruído pesado do andar prudente do padre, o qual acabou por enfraquecer pela distância e cessou, quando, no silêncio da cidade, a porta do presbitério reboou ao fechar-se. A pobre mãe entrou em casa, desolada ao ver que a cidade esta va ao par daquilo -que ela julgava ser a única a saber. Sentou-se, reavivou a mech a da lâmpada, cortando-a com uma tesoura velha, e recomeçou a trabalhar no bordado à mão q ue estava fazendo enquanto aguardava Calis,to. A baronesa tinha assim a esperança de forçar o filho a voltar mais cedo, a passar menos tempo em casa da Srta . des Touches. Êsse cálculo do ciúme materno era inútil. #Dia a dia as visitas de Calisto às Touches tornavam-se mais freqüentes e cada noite êle voltava mais tarde; finalmente, na véspera, o cavaleiro só regressara à meia-noite. A baronesa, imersa na sua meditação maternal, dava os pontos com a ativi dade das pessoas que pensam ao fazer algum trabalho manual. Quem a visse E A T IEL 1 2 2O5 j5clínada ao clarão daquela lâmpada, sob os lairi-brises quatro vêsala, admiraria aquêle s ublime retrato. ,es centenários daquela ência de carnação, que se poderiam FannY tinha uma tal transpa r C, pensamentos na fronte. Ora, espicaçada pelas curiosidaler-lhe s, ela a si mes ma perauntava des que surgem nas inulheres ipura n que segredos diabólicos possuir am essas filhas de Baal para tanto seduzir os home ns e fazê-los esquecer mãe, família, pais, interêsse. Por vêzes chegava a ter desejo de encontrar aquela mulher a fim Media a extensão dos estragos que o de julgá-la de modo são. O intado pelo cura como tão perigoso espirito inovador do século, p, ar no seu f ilho único, até aquela para as almas jovens, devia caus época tão cândido, tão puro como uma jovem inocente, da qual t?rnbéin possuía a beleza e a frescura. -mais velha raça bretã e do Calisto, êsse magnífico rebento da ducado pela mãe. re sangue irlandês, fôra cuidadosamente e niais nobi n Até o momento em que a baronesa o entregou ao cura de Guéran.de, ela tinha certeza d e que nenhuma palavra impura, nenhuma idéia má, tinham poluído os ouvidos e o espírito do filho. A mãe, depois de o ter alimentado -corn o seu leite, depois de lhe haver dado assim duas vêzes seu sangue, pôde aprescritá-lo num ca,ndor de virgem ao pastor, o qual, por veneração por aquela família, prometera dar-lhe um aa ed ucação completa e cristã. Calisto teve o ensino do seminário, onde o Abade Grimont fizera seus estudos. A baronesa ensinou-lhe o inglês. Acharam, não sem dificuldade, um professor de matemática entre os funcionários de Saint-Nazaire. Calisto ignorava necessàriarnente a literatura moderna, a marcha e os progressos atuais das ciências. Sua instrução limitara-se à geografia e à história circunspecta dos internatos de meninas, ao latim e ao grego dos seminários, à literatura das línguas mortas e a um a escolha #restrita de autores franceses. Quando, aos dezesseis anos, começou isso que o Aba de Grimont denominava sua filosofia, êle não era menos puro do que no momento em que Fanny o entreoara ao cura. A Igreja foi tão maternal como a mãe. Sem ser devoto, nem rid1,?ulo, o adorado rapaz era um católico fervoroso. Para êsse filho tão belo, tão cândido, a baronesa queria arranjar uma vida feliz e obscura. Ela esperava alguma herança, duas ou três mil libras esterlinas de uma velha tia. Essa quantia, junta à fortuna atual dos du Guénic, poderia permitir-lhe achar para Calisto uma espôs a que lhe trouxesse doze ou quinze mil francos de renda. Carlota de Ker?garouêt, corn a fortuna da tia, uma rica irlandesa ou outra qualquer herdeira pareciam in diferentes à baronesa: ela ignorava o amor; como tôdas as pessoas que a cercavam ela via no casamento um meio de fazer fortuna. Para essas almas católicas, para es sa gente velha excluivai-nente preocupada com a DróDria salvacão. com Deus. com o reL com a riQue- #2O6 CEXAS DA VIDA PRIVADA za, a paixão era desconhecida. Ninguém se admirará pois vidade dos pensamentos que serviam de acompanha cla gr,,. -timentos ferido e nt B E A T R 1 7 2O7 S no coração daquela mae, que vivi" Oaos sen, interêsses como pela ternura do fil . Se o jovem a tanto PelOS ouvir a voz da sabedoria, os du Gu ho casal Pude,,e. énic, na segunda geração, viv,, do com privações, economizando como se sabe e 1 . conomizar na pro? vincia, poderiam readquirir suas terras e reconquistar o esplendor da riqueza. A baronesa almejava uma velhice Prolongada, a fim de ver raiar a aurora do -bem-estar. A Srta. du Guénic compreen_ dera e adaptara êsse plano p<5st o agora em cheque pela Srta. de& Touches. A baronesa ouviu com pavor soar a meia-noite; concebeu ter- rores horríveis durant e uma hora, porquanto a pancada de um aa hora repercutiu ainda no campanário sem que Calisto tivesse chegado. - Ficará êle lá? - a si mesma perguntou. - Seria a primeira vez. Pobre filho! Nesse momento, o passo de Caliçto animou a viela. A pobre mãe, em cujo coração a a]<-Lyr ia sucedia à inquietude, voou da sala à porta e abriu-a -para o filho. - Oh! - exclamou Calisto com ar pesaroso, - porque me esperaste, querida mãe? Eu t enho a chave do trinco e um isqueiro. - Bem sabes, meu filho, que me é impossível dormir enquanto estás fora - disse ela abr açando-o. Quando a baronesa entrou na sala, olhou o filho para adivinhar, segundo a expres são da fisionomia, os acontecimentos da noite; êle, porém, causou-lhe, como sempre, essa emoção que o hábito, não enfraquece, que tôdas as mães amantes experimentam à vista da o ra-prima humana que elas fizeram e que sempre lhes perturba a vista por um instante. Excetuando os olhos negros cheios de energia e de sol que herdara do pai, Calist o tinha belos cabelos louros, o nariz aquilino, a ?bôca adorável, os dedos arqueados , a tez suave, a delicadeza, a ?brancura da mãe. Conquanto #êle se assemelhasse muito a uma rapariga disfarçada em homem, tinha uma fôrça hercúlca. S cusmúsculos tinham a flexibilidade e o vigor de molas de aço, e a singularidade de seus olhos negros não deixava de ter seu encanto. Não lhe nascera ainda a barba. Lsse atraso anuncia, dizem, uma grande longevi-dade. Ocavaleiro trajando uma sobrecasaca curta de -veludo prêto, igual ao do vestido da mac, e guarnecida de bo tões de prata, trazia um lenço de pescoço azul, bonitas polainas, e tinia calça de cetim acinzentado. Sua fronte alva como a neve pai-ecia marcada com os traços d e um aa grande fadiga e não acuto senãoo o pêso de pensamentos tristes. Incapaz de evoravani o coração de Calisto, a mãe va, entretari , $a citar Os pesares que d susp , à felicidade aquela alteração passageira. Não obstante, atribuia deus grego, mas helo sem fatuidade; Calisto era belo como um ãe, e depois porque pou,p,iraci Calisto vai com certeza jantar nas Touches. retendo as lágrimas. A baronesa Kgara outra -vez a Quotidienne e terminava a leitura para o marido. Mariotte pa?sou pela torrinha e -desembocou pela porta de comunícação oculta por um re posteiro de estôfo de sêda. elas n preferem o filho pequeno e protegido.Sim. de Testo.Você ficou mais tarde do que ontem nas Touches. . a qual deixou a explicação para o dia seguinte.disse ela. du Guênic ia terminar sua leitura. . a felicidade de sua vida tão bem preparada Podia ser arruinada ?para sempre por uma mulher. Aquel a obra prima humana da educação nobre. querido filho. Fanny O"Bricin tinha. dizendo: . que tinhant feito casamentos ricos. por sa bê-lo belo e nobre. úinidoS ?cOMO Os das crianças. o filho tivesse um aa sobrecasaca de veludo e a mãe uni vestido da mesma fazenda. Embora o resultado seja o filho crescido. . #B F. defeituosos ou infelizes. . há como que um aa batalha no coração delas.Estás cansado. as verdadeiras mães não amam essa tácita abdicação.Essas belas faces tão puras . sua favorita exilada era bela e nobre. mas têm ao mesmo tempo alguma alegria em saber os filhos felizes. sapiente e religiosa. . acaba de vestir-se. obrigadas a viver corri três mil francos de renda.ro por estar acostumado a ver a ri. Lsse pensarriento amargo apertou o coração da baronesa e perturbou o seu prazer.disse por fim a mãe com voz comovida. não havia outro mei. porque jantavam às três horas. . meu bem-amado . quase t remem ante os filhos. pertencem pois a um aa <urra inulher. co se ipreocupava com unia beleza que sabia inútil.Se isso o diverte. A Paciência de vinte anos podia ter-se tornado inútil. querida mãe . interessavam-se vivamente por Calisto. . Cali?to. o barão. teria talvez tremido tanto qua?nto a Sra. du Guénic. numa família de seis pessoas.pensou ela. porém. senao pretextar uma fantasia de Calisto. No momen to em que a Sra. sua espôsa e a senhorita estavam reunidos -na sala. sentem instintivamente os eleitos da grande emancipação do amor. Quando as mães concebem as inquietações que a baronesa sentia naquele momento. A T R I Z 2O9 2O41 CENAS DA VIDA PRIVADA VIII INQUIETAÇõES AUMENTADAS No dia seguinte Calisto dormiu até o meio-dia. compreendem tudo o que êsse sentimento lhes #vai arrebatar. porqu c a nile proibiu que o acor dassem. n Outra mãe. e Mariotte serviu ao filho mimado . tirando do bôlso um apito de prata e apita ndo. Por isso. tornado superior. tanto como Fanny. Está nisso talvez o scorêdo da predileção das mães p eIC-s filhos fracos. sempre um pouco mais desperto antes das refeições. senhora igualme nte daquela fronte de moça? A paxão aí pora mil desordens e embaciará êsses belos olhos. Uma mãe -que não sabe tudo o que o filho faz julga tudo perdido. Cêrca da uma hora. almôço na cama. Aos que sabem fazer cálculos deve parecer extraordinário que. deita-te .respondeu êle sem dar explicação. fora das horas das refeições.nas quais o sanguc jovern e rico irr adia . Várias irmãs suas. du Guénic seu môlho de chaves para dar. A secura dessa resposta atraiu nu vens sôbre a fronte da baronesa. alguma coisa que teria necessitado explicações i ntermináveis. em mil retículos. disse a velha. tias e parentes ricos em Londres que se faziam lembrar ipela brietã por meio de presentes. quando queriam arrancar da Srta. igual ao das cortinas. quando ama tanto e é tão amada como Fanny. . giam as horas das refeições cediam aos caprichos do cava leiro. a ponto de pensar em conseguir-lhe um aa herdeira. ela ouviu do segundo andar o ruído dos passos do filho e deixou o jornal cair. As regras inflexíveis e quase conventuais que re. Podia ser destruída. - Pronto . .respondeu o pai. rdação de gu uni momento. entr"ste no filho. não é. ete. minha irmã. senhor? Mariotte a Calisto que apareceu.são da Noros "I\Iaupin s?1O ant"os ve -se). (Dete niandia e trazeai de gole Maupin. . tinham a Srta. e nada disse aos seus"vel"hos aniígosl . Carnilo Maualiança com usa um 11 . incluído no volume XII de presente edição. como se lhe tivessem falado de um milagre.acrescentou ain . Ela tem hábitos censuráveis e usa um nome de homem.. Fanny.fêz o barão. Ah! ali! . da a baronesa. taria a desgraça e. Touches1 Os des " Gué11" de sar um aa d po em que du Guesclin considerava uma sp " Otem da &"Ossos escu&iros n inflia como urna honra insi.disse ela . disse o ancião.um aa virtude dos velhos tempos. e não foi o que elas fizeram de rnelhor. Grimont soube afinal coisas graves a respeito da Srta.exclarno rouches não erani ain.Urna rapariga que pin1 disse a baronesa. Carnilo Maupin fê-lo ler muitos VOlum es.nomes de guerra usados pelos insurgentes bretões d.um du. rnas para tais prodígios foi -preciso Luís XIV e sua cÔrte. 1 o rapaz. transformou muito nosso Calisto.. ediante . Em que? . olhando para a tão surpreendido. .disse o Uma des Touches não poderia ser co m você está louca.replicou a Sra.o romance A Br etanha em 1799.perguntou o barão. . OIOU procurar ouvir a pergunta que a Sra. diria que. tenIpoi Davam-se tita to COIno eu a gente se dive rtia de uni lado Ou de n de qualquer forina . que substituía a iriqui cura. des Touches a qual faz um ano. não a conhecesse.disse #.Sc eu . a nossa fa Oine de honeal. o Marquês de Montauran OGars.o senhor vai jantar rias Touchcs.re?pondei da família.Ela escreve peças e livros Inulher com ar . . ouvi dizer que MIle S cudéry e M me de SéVigné49 tinham escrito. .Livros? . . o utro. . trinta tni. subineteu.hes. Era o bom. n?"o .Eu me chaInava PIntiMé4% o Conde -de Fon taine o Grande Jacques..o cavaleiro é discreto .precisa de alguma coisa? Ocavaleiro vai jantar nas Touches. o qual 48) Intimé.É por isso então que êle desleixa a caça e seu cavalo. Mariotte não era curiosa. A dona da casa leva um aa vida aloucada. meu -Calisto? (Ela ap casa sôbre a expressão: meu Calis to. Eu era o amigo de Ferdinand. du Guénic. e.replicou o velho. ceu FannY por -na terna.. u o ancião.Provàvelmente . adivinho-o no seu torn de voz .grie. A confidência do. -ela -fa zia parte nic ia fazer a Calisto.. onde C" de renda. anciãO.disse o velho..) E as TouchCs não são um aa honesta e decente.disse a cega OSr. £ssa reco inipedido de dormir. . du Gué Você vai outra vez às Touches. suprima o barbo Mas não sabemos ainda se é assim .Um nome de guerra . teve muitas aventuras! E -Você sabia isso tudo. escudo s . filhinho raalvado. Mas em êle ler tôda a espécie de livros. #. Mariottc? . ela corromperá o nosso Calisto. festejada escTIdo s Tomances . 49) Afile Sc-udéry: Madeleine Seu-dérY (16O7-17O1). . e é bonita. Ela não pode ser s a trés . des Touconfiança falta de e o senhor cavaleiro amasse . saiu sen..disse a irlandesa Isso parece contrariá-la.A sapeca tem rnesnio qu disse Mar iotte. ao mesmo tenIpo des Touches e Chania-se Maupin no teatro.Que dizes ai. etação panias erra. .Tua vida? . o e meio.Meu filho . Quem fêz Fanny chorar? .m? meu anjo. . A velha solteirona ergueu-se. tenho o pressen Iterada e dergraça para ti naquela casa . mas escrever as impiedades que os atores repetem. virando-se para êle.ue a emoção interior lhe fornecia. pátria. . . correr mundo. ao seu regresso. é tão generosa como a senhora. feito o . Condéssa de Griznau #21O CE-N. A Srta. le fala o bretão.Nas Touches. ao saber que ela amava um outro.Mas. 5O timento de alguma desqu _ E?nf.Minha querida mãe . Ela zombou meigamente de mim: poderia ser minha mãe. Depois.. . .exclamou suave mente a velha cega. de valor Sévigné (1626-1696). Calisto ficou abatido corri a êle discurso à man eira de Fócion.o Grande 1 Nlarqu torn dos salões preciosos do é. A fortuna dela foi-lhe. rejeitou meu amor faz um an . . ao ver rubor que corava a fro nte do filho. e leva uma dessas existências excepcionais que não devem ser julgadas como as existênc ias comuns. é As pessoas instruídas tinham. minha querida mãe. autora e6a de Ciro e CléZia. porquanto ela tem espírito Co mo um anjo. e ue ela era incapaz de semelhante depravação.nada pode dispensar uma mulher -de proc eder como o exige a Igreja._ car minhas derrotas.. .exclamou o velho. abjurando as meigas religiões de seu sexo. .bl.. . ela é genial.. .Minha mãe. porque por ela -e u daria a vida. e por D eus. signei. Maupin. você terá trabalho para convencer-me de que essas ações são atos de fé. Uadarie de Sévig né: marie Rabutin-Chantal. Uma mulher já comete uni pec a-do ao ir ao teatro. Ela falta para com os seus deveres em relação a Deu? e à sociedade. Ela tem ainda mais -coração do que talento. Aprenrigo lo re1?_homens sábios tinham abandonado a s e is -Mal e ? g nt de? se quiscres1 m. universalmente conhecida pelas cartas. ?1B E A T R I 211 disse ela con. Não repita as calúnias que correm a respeito dela: Camilo é artista.bem.ai janiais abriu uni livro. ela achou-me ignorante como uma toupeira.disse a religiosa Fanny.Tu sabias as coisas essenciais. ora com um inimigo do papa. eu me re. voz que vinha do coração. não posso ouvir falar dela assim.não creio que seja Inuito necessário p. conhecendo os deveres que nos ensina a religião .disse a mãe.Onde êle as aprendeu? . Agora sou como que um filho para ela. a a voz da espôsa. ou. ah! Calisto. Carnil.Ah! essa mulher destruirá tuas nobres e santas crenças. XVII. uma mulher de quarenta anos que anias. raniando lágrimas. #. . se um menor cometeria uma e spécie de incesto. ora com um músico.I. des Touches. .. . . Camilo é minha amiga..Meu belo sobrinho disse aí muitas palavras que eu não compreendo. -estendeu solenemente a mão na díreÇão do irmão que dormitav a. a atividade Tornou a sentar-se e recomeçou a tricotar co . por ocasiaO da sua última estada aqui.Tua vida é a vi da de nós todos! . quando me viu chorando lágrimas ardentes. olhou a mãe e disse-lhe: . que escreveu à filha. se quiser.?S DA VIDA pRIVADA .disse a baronesa olhando o filho com ar apavorado.disse Calisto pondo-se de joelhos junto à baronesa. dada por Deus para fazer o . oferecendo-me sua amizade do modo mais nobre possível.teu CalistO . para que lhe serve? Cal isto ergueu-se de súbito.&sse a mãe Corri "voz a cordando. dizia ela. de esperança e de caridade.. consolou-me. dirigiu-me um aa porção de gracejos que me acabrunharam.Demasiado discreto _ disse a ciumenta irlandesa.. Por isso. de grau literário. Numa palavra. êle com bateu nos pe.respondeu a baronesa. outra mulher. Torna-se agora necessário explicar os rumores que planavam por sôbre o personagem qu e Calisto ia ver. Êle dirá algumas mentirinhas muito honradas 5O) Pócion: general e ora-dor ateniense do IV século antes de Cri6to. e fraudava tôdas as leis sociais iliventadas . Naquela vida tão tranqüila. o juiz de paz. imaginai o velho barão às coni. ela náo acolheria seu filho .disse o ancião . mulher nô-lo estrague. que poderia exigir a vida -de Calisto e pô-la em perigo. .As mães não gostam de amaldiçoar . inuitas vêzes de tarde e de manhã.Mamãe . . disse ela retomando o jornal. des Touches? Essas duas interrogações eram tão graves para essa alma simples como o seria para diplomatas a mais furiosa revolução. Olhou para a irmã . nosso querido Calisto tinha de dirigir-se a ela.respondeu a baronesa . Depoi.para conter ou lifilizar as fraquezas do belo sexo. não mandava atirar um home m no rio como falsamente se acusa a heroína da Tôrre Nesle. Êsses rumores. des Touches. -via Calisto. Mais de uma moça e mais de uma jovem dama a si mesmas indagavani que privilégios seriam os das m ulheres idosas para exercer sôbre um anjo um domínio tão absoluto. . . aquela mulher ilustre. de resto. . à tarde ou pela manhã. indo todos os dias. Camilo Maupin naquele interior suave e calmo era uma revol ução.sobressaltado pelo som d . mas para o Abade Grimont. O-coletor das contribuições . Ela ainda não comia as criancinhas e não matava escravos como -Clcópatra.você é por demãis anjo pa ra conceber essas coisas. Obarão e a baronesa ergueram-se para olhá-l o passar no pátio. abrir a porta e desaparecer. a curta discussão que acaba va de ter lugar eqüivalia a uma querela em outra #família. tão uniforme. que tinha algo da sereia e do ateu. quando Calisto atravessou a rua principal para sair pela porta do ?Croisic.Minha querida Fanny .Irei vê-la. aquela criatura monstruosa. formava uma combinacão imoral da mulher e do filósofo. pensava que a Srta. .Tenho bastante receio de que essa. conversaremos.respondeu a baronesa. segundo dizem. des Touches é. A baronesa não retomou o jornal.disse o velho barão com ar mali""sO. para o filho e para a baronesa. querida Faniry. sua flor e seu orgulho. Embora acalmada. tem quarenta anos. da . Deixe-o divertir-se no seu primeiro f?_r1. o iria levar? Por que a baronesa teria ela de abençoar a Srta. Por is?o.Se fôsse. envenenados pela ignorância pública. . A Srta. mas logo â noite. . avoluniados pelas mexeriquíces bretãs. .biografia de Camilo Maupin.respondeu Calisto ao ouvido da mãe e em voz ibaixa. fazia dois meses. "amos( Pela si mplicidade e pela intransigêncía de seus discursos. se essa mulher fôsse uma santa.Que há? .e eu não amaldiçoarei a mulher que quisesse muito bem ao meu Calisto. o chefe da aduana de Saint-Nazaire e outras pessoas letradas do cantãc não tinfiam tranqüilizado o Ahade Grimont ao narrar-lhe a vida estranha da m ulher artista que se ocultava sob o nome de Camilo Matipin. #212 CENAS DA VIDA PRIVADA para ocultar sua telicidade. Para onde essa amizade. O rapaz disse adeus ao velho pai e saiu.Nada. a Touches. A baronesa retomou o jornal. a inquietação da mãe não estava. abençoará a Srta. estava emocionada.e lhe direi o que há. . dissipada. Quando a senhora souber tudo. Felicidade des Touches estivesse perdidarriente apa ixonada ?por aquêle belo jovem. mais de uni olhar o acompanhou.neste inomento não me é possível explicar-me.51. forte "omo um turco. A cidade de Guérande que. e que praticava feitiçarias sôbre êle. Essa palavra não pode ter sabor s enão pela recordação. .Mas. tinham chegado aos ouvidos do cura. . negra como um corvo. gôdo de amor. meu amigo . como tevi? uma grande influência sôbre Calisto e representa um papel .êxito em Paris em #1832. de muito bom nascimento.filha de Necker. uma das poucas mulheres célebres do século XIX. história literária de nossa época. pseudo-histórico e patético. plenipot enciário. Oprimeiro morreu no lo de agôsto. morrer. quando a mãe morreu vitimada pelo desgÔsto alguns dias depois dessa segunda catástrofe. Camilo Maupin deu várias peças de teatro e um romance que não desmentiram o êxito obtido pela sua prim eira publicação.Seus bens escaparam assim às confis caçoes em que sem dúvida incorre. mais feliz do que Mme. #Delfina e Da Alemanha #214 CENAS DA VIDA PRIVAD& E A T R I Z 215 urna dessas monstruosidades que se ergueiri na humanidade c. Ver. Explicar por que encadeamento de circunstâncias se efetuou a encarnação masculina de u ma moça.monumentos e c uja glória é favorecidá" pela raridade? ri erjorque. riam o pai e o irmão. passou muito tempo p or ser um autor real. autora famosa do Corina. regente da França durante a menoridade de Luís XV.. hoje um pouco demasiado esquecida. Oirmão. des Touches tinha dois anos. Felicidade des Touches ficou órfã em 1793. . ninguém lamentará por se ter detido diante desta figura mais tempo do que o permitido pela poética moderna. que o mandou para Londres em 1817 como ministro. quando a grande questão dos românticos e dos clássicos palpit nos jornais. junto ao qual o -chamava seu pôsto de major dos guardas da porta. 56) Madame de Staê1 (1766 . ro de um homem de espírito. uma bretã. a mulher que causava tão vivas inquietações à Baronesa du Guénic e ao bom cura de Guérande. vinte séculos..1876). #SEGUNDA PARTE UMA MULHER C£LEBRE A INFÂNCIA"DA SRTA. entre os defensores do rei. . 54) Oembaixador do Regente: Philippe Néricault Destouches (168O1754) famoso cúmedi6grafo. nos clubes. amig a -de Baizac. DES TOUCHES Do mesmo modo que Clara Gazul 52 é o pseudônimo femini.). uma encantadora moça.o pseudônimo masculino de uma mulher de gênio. uma religiosa de Chelles . 55 publicados em 1822. contani-se apenas vinte grandes Inulli Por isso embor a ela aqui seja apenas um personagem secundário. cheio de cenas de sangue. aos quais pertence o embaixador do Regente. . repr?esentado c(. foi massacrado nos Carmes. 53) George Sand: pseudônimo "de Aurora Dupin (18O3 .57 A Srta. mais a?eliante. a Sra. Ao. Essa família nada tem e comum com os des Touches da Touraine. nota 35. atribuídas por êle a uma côrnica espqnbela. na Academia. Camilo Maupin foi a máscara sob a qual se ocultou durante muito tempo. Todo o mundo conhece hoje os dois volumes de peças não suscetíveis de r<?presentação. famoso autor teatral -espan hol. a nota 129.51. 54 hoje mais famoso ainda por seu nome literário do que por seus talen tos diplomáticos. e que determinaram uma eçpécie de revolução literária. de Staêl.4VALEIRO Du HALGA E. CfHonorina. Ge orge Sand .. jovem guarda do corpo. protegido de Filipe de Ormans.1817) . acêrca da leuda que lhe serve de assunto. escritos à maneira de Shakespear e ou de Lopez -de Véga. chamada Felicidade des Touches. permaneceu livre e é assim mais desculpável por sua celebrida de. uão será isso satisfazer muitas curiosidades e justificar 52) C7ara Gazul: psendônimo com que o grande novelista Prosper Mérimée (18O3-187O) a ssinou uma cüleção de peçm pequenas. como Felicidade des Touches se fêz homem e autor. caído na entrada do palácio. pela virilidade de sua estréia. por que. 55) Lopez de Véga (sic): Félix Lope de Vega (1562-1635). des Touches confiou a filha -à sua irmã. Carnilo MauPin.ID C. Tomancista célebre.. Depois disso. A Srta.tatueta d? Pierre RiPe" 51) "A Tdrre de Nesle": drama de Alexandre Dumas e de Gaillardet. biblioteca... O Sr.. niarechal-de-campo austríaco. tudo conceb ia pelo pensamento. aliado de Pitt59) O9 de termidor: 27 de julho do 1794. seja qual . ação sôbre observadores. recheado de conhecimento classificados. o Sr. na qual se nc In s nem. Essa depravaa castidade do corpo. des Touches que foram atiradas ao cárcere. tornou-se ciéncla pela paxao da leitura e ser os tinha o -saber que os ]osurpreendente. a freira. NãO se ocupava senão de arqueolo. Opopulacho de Nantes veio durante os últimos dias do Terror arrasar o castelo. não te. prazeres do período imperial. filósofos ou a Nantes pudesse suspeitar do valor da Srta. Conheceu portanto co onde lia o que lhe cência de espírito. Tão grandes tra balhos em desacôrdo com.r. Sua instrução. sent ido inverso da causa. e foi juntar-se às companheiras no exílio . a terceir a confiou a pequena des Touches ao seu parente mais próximo. onde é atualmente localizado o instituto Católico de Paris (rue de Vaugirard).e nenhuma ino teoria e impurezas da a vida efil virgem. e onde a religiosa se estabeleceu com três irmãs de seu convento. uma paixão ou. se . seu tio-avô materno. considerável p ropriedade rural situada perto de Nantes. escrever. Duas das freiras deixaram a França. ela escreveu três das obras do bom gentil-homern. se alguém em causado admiração a .. A Srta. existe uma capela votiva em lembrança das vítimas.gue aos ia companh ia ao Sr.A Sra.. No Convento. seu sangue estava aquecido. Oresultado foi em. mas as adorações que ela inspirou deixavam-na insensível. #Aos dezoito anos. convento. des Touches.. acusadas por um boato :caluni oso de terem recebido emissários de Pitt e de Cobourg. primeiro ministro inglês que organizou três coal isões contra a França. 58 O9 de termidor 59 libert ou-as. 58) Pitt: William Pitt (1759-18O6). A tia de Felicidade morreu de pavor.?)zinha. ?fôra a reuniões por um dêsses sentimentos imperecíveis numa mulher. sem. aos dezoito au vens de hoje deveriam ter antes de. . e restabeleceu-se em pou cos meses. des Touches. encantava o velho Faucombe e auxiliava-o n os seus trabalhos. o desenvolvimento da moça tiveram suas conseqüências. inuito melhor do que a vida de glosas con i erideia a imaginação das moças. onde produziu tão gran ão de: a o de sensação que em Nantes ninguém a chamava sen bela Srta. Felicidade . de Faucombe em ffio . mas abstinha-se da ação. te ria ção da inteligência. desposara uma mulher moça a quem deixa va a direção de seus negócios. A educação de sua pupila foi inteiramente entregue ao Deus dará. para falar mais corretamiente. Os médicos prescreveram -exercícios de equitação e as distrações da sociedade.iou-se . dorninava aquêle coração de criança.ia. e Sei" coraçao 1. dia da queda de Robespierre. de Faucornbe. prenderam as religiosas e a Srta. vida por um aa bela memória. de FaucGmbe. que habitava em Nantes. Príncipe de Cobourg (1737-1815). o peito parecia ameaçado de i nflamação. Felicidade não tinha nenhum pendor para o mal. Sua inteligência flutuou nas excit ada conservasse ~ Der aneceu puro. de Faucombe. embora .. Por isso . des Touches tornou-se ótima cavaleira. o qual as julgou suas. uma dessas manias que ajudam os velhos a se julgarem ainda em vida. des Tou-ches. levou prudentemente a órfã para Faucombe. apareceu nos salões. digeridos. çue mareou o fira do Terror. Felicidade ficou doente. ancião de sessenta anos. Cobourg: Friedrich-Josias.. nem Aquêle cérebro. Pouco vigiada por uma jovem senhora cri57) Carmes: alusão ao sangrento ataque dos revolucionários ao 1CO11vento #doe Carmes em 2 de setembro de 1792 quando muitos padres ali escondidos foram m assacrados. garôto. pertencente à Sra. Ela faz agradava ler. por ter sido sua paternidade espiritual também cega. Essas leituras proditiveram suas p aixões. a qual nela talvez restabelece equilíbrio entre o movimento ascQncional dos capitais em direção a Paris. de . Ficou com mais trinta mil francos de renda. e colocou-os em obrigações do Estado no momento dos desastres da retirada de Moscou.sôbre o cadáver -ca rruJ"?atava contra a Europa o fini. os senhores de tudo. 61) Conti: personagem baIzaquiana. a colocar . ela experimentou uma repulsa ao ouvir os lugares comuns da convé?sação. sabedoria administ rativa.. e hábitos de críti ca permitiam-lhe julgar sensatamente os homens. sivamente a Conti. ela abrigava na imaginação idéias tão grandiosas. mas cuja renda se acresceu de um têrço por ocasião da renovação dos arrendamentos. e ficou sobretudo chocada pela aristocracia dos militares. .sten. cantando romanças. as tolices da galanteria. Aos vinte e um anos.. ela fêz vinte e um anos. para seu profundo retiro e pôs-se a estudar com obstinação. Desde êsse momento. ela tornou a direção da sua fortuna. Mas depoi s de haver demonstrado seu poder aos dois primos e lançado ao desespêro dois apaixonad os. Era rica. Steibelt OO para se aperte. Pagas tôdas as suas despesas sobravam-lhe cinqüenta mil francos. com grande espanto da cidade. que desertou os salões depois de nêles ter reaparecido a fim de eclipsar as mulheres pelo esplendor de sua beleza. Mais tarde. da guarda. ela teve a intenção de retirar-se de Nantes. constante de quinze mil francos de renda que era o que rendiam as Touches.. supondo-a inábil para agradar. com seduções em. mas essa circunstância está ligada à história do seu coração e se explicará mais tarde. 61 um dos mais eminentes artistas do nosso tem. herança do pai.harmonia com a elevação de sua inteligência. ela fêz com que lhe ensi? nassem a harmonia . -se de interessantes. A perma 5 nencia dêsse 1 es" tre custou-lhe doze mil francos. Desde então tornou n -se um aa inusicista consumada. e compôs a musica de dIas óperas que obtiveram o maior sucesso. de doze mil francos que produziam então as terras de Faucombe. em Paris. suas obras de Beethoven e para o velho Faucombe.. Felicidade aproveitou apenas a compreensão do que era a fortuna e essa inclinação para a. quis ser "oItOu. Retirou seus trezentos mil francos da casa na qual o arqueólogo os pusera a render. Ao ver-se interior a bonecas que tocavam piano e faziam.fôr a sua superioridade. Essas óperas pertencem o. uma rapariga com tal fôrça de vontade era a igual de #um homem de trinta anos. Seu espírito adquirira uma vastidão enorme. musicista.. desempenhará papel importante neste mesmo rom ance. Em 1812. sob a direção do melho r mestre da cidade. quis mostra r-se coquete e frívola. por ano. Da vida de província. cuidou-o durante dezoito meses com a dedicação de uni anjo 6O) &eibeit: personagem imaginada por BaIzac. e de uni capital de trezentos mil irancos economiza-dos Pelo tutor. gozar de seu triunfo como musicista e de se fazer adorar pela gente de espírito. para seu piano. o contra-ponto. Felicidade contava com uma troca qualquer de idéias. po. A mediocridade da sociedade da província entediava-a tão fortemente.. desde êsse ano. sem que o público tenha sido jamais pôsto na confidência. Ela era como que a espôsa daque " ]e ancião. as artes. o arqueólogo prestou-lhe contas de sua tutela. Ela natu ralmente tinha desleixado as artes recreativas. com a extensão de seus conhecimentos. que só aparece neste trecho da Comédia Humana. que no momento craffl. Magoada com a tia e os primos que zombaram dos seus traba lhos e a debicaram por seu afastamento. C cel. voltou para os seus livros. as coisas e a política. numa palavra. mandou bus#216 CEXAS DA VIDA PRIVADA B E A T r. mulher. assim pois. 1 2 217 car. Ainda se fal a nesse ra go principesco. . mas o velho Faucombe adoeceu e a doença levou-o. do ano de 1817. .". o de um aa parani-na e preservararri~na de qualquer paixão. Estava. <) tempo que dUTOU Osegundo reinado de Napúleão. sua partida para Paris para Paris. pelos ensinarnentos rriaternos sôbre C2) os Grandieu: família aristocrática inventada por Balzac. Dezoito anos tinham passado sôbre ela.cia e da imaginação. por cento e trinta mil francos. da qual uns dez mem bros aparecem na comédia Humana. vi. peitando-a.. queria à sub"tin. Os Grandiett tinham acorripanhado os Bourbons a Gand. a magia dessa peça As êsse espetáculo Inágico.. n12 pôd e ver de perto essa última imagem f icou ri.educação fútil dada às mulheres. onde se instalou. #I V?? 21S CENAS DA VIDA PRIVADA a toilette.. que foi ao can m Waterloo. £:orno a uin. 1O9O à primeira vista que ela jamais se prestara ao papel de bOneça Para fim. um aa das mais belas casas residenciais da rua do Monte Branco. mas não foi indiferente às homenagens que a cer" cav am. Colocada entre o casamento e a paixão. os Cem Dias. ??1 64) Campo de Marte: grande terreno situado entre a Escola Militar e a margem esq uerda do Sena. pois que. ela fêz vinte e cinco anos. Felicidade des Touches ercebeu não . antes de ir morrer e alina grande e nobre de Felicidade ficou inipressionada por k comoções políticas.. des Touches. cortio pelo abuso de suas leis. que motivou um novo -embora breve exílio dos BouTbons.. perda de viço.. sôbre a decência hipóci-lta sôbre a graciosidade ca do sexo. as quais deperecem tanto pelo não cumprimento. A ciênc ia riotificou-lhe a sentença formulada pela natureza sóbre suas criaçoes.r. Ignorava o casamento. 65 ocuteatral eirt três ineses que a história deno mina .. admirar o Grande Exército. circo saudar seu César. suspenso para ela. o acaso atirou-a no domín io da ciên. seu tutor foi uni velho arqueólogo. É só.?dO" a belez. nem mãe. É necessário fornecer detalhes para justíficar as anomalias que caract erizam Carnilo Maup"n. Acostumada a dirigir-se -por si rnesma. Aos quarenta anos podia ..Ipo de Marte. e la correu a "s tinha laços de Foi acolhida pelos Grandieu." do lrnpérlo. uando os Bourbons voltaram em iSi5. em mei confusão que dispersou a sociedade realista rio ponto em que ela se iniciara. e não lhe percebia senão inconvenientes. Seu espírito #superior recusava-se à abdicação pela qual a mulher casada começa a vida. mas sim um comêço de fadiga na supa pessoa. a Srta. a fim de assistir à volta dos BourRealista. Orosto macerado da tia apareceu-lhe fê-la fremir.corri os quai bons. Por isso. " deixando seu palácio com. e foi sua própria mestra desde a infância. 65) OS Cem Dias: de 2O de março a 22 de junho de 1815. ela quis corie servar-se livre.63 e tudo parentesco. em 1817. julgava-o nas suas causas ao invés de o ver rios se us efeitos. Felicidade familiarizou-se cedo com a ação q ue parece exclusivamente um atributo masculino.. is sobrevieram as catástrofes de 2o de março. ela sentia vi vamente o valor da independência e não achava senão aborrecimento nos cuidados da maternidade. Em 1816. dois milhões. no mundo literário. Ela não conheceu nem pai.. res. no momento em que começa esta historia. após a sua volta da ilha de Elba. concen bia-o sórnente pelo . 66) tinham acompanhado os Bourbons a Ganá. quase igual a ela mesma.ssa luta. muito tempo antes de ela tornar Çadora -se celebre. então. ao invés de a manter no círculo traçado pela . cena de manobras militares e revista6 de tropas na época do romance .. Felicidade que não queria posição subalterna. onde mes passaram o breve DeTIOdo de exíl io determinado Dela volta de NaDoleão. 63) as catástrofes de 2O de março: alusão à volta inesperada de NaPoleão a Paris. comprou. e cujo jardim vale hoje. endeu que sua beleza ia alterar-se pelo fa to de seu celibato mas queria conservar-se bela. Co.pensamento. 67 Dirícis ser a pureza das cabela Isis lo fogo do s desertos. são em geral pequen as. os olhos de Camilo Maupin são sublimes. e branca à luz artificial que d istingue as belas italianas. Assim pois a coloração da tez está em harmochaina do sO1 cg"Pc"o* uela cabeça. numa região vizinha da Inglaterra. salvo as exceções da classe eleva-da. cheia . 1 uma fronte poderosa e voluntária. a causa dessa singularidade que cessa na província vizinha. des Touches. Não é forrada como em certos olhos por uma espécie de aço que reflete a luz #e os faz assemelharem-se aos olhos dos tigres ou dos gatos..lente a severidade geral d a forma. êsse fato estranho está ante nossas vistas: as louras são bastante raras entre as bretãs.]-iràveldescerr` cri. O olhar do observador pode perder-se nessa alma que se concentra e se retrai com a mesma rapidez com que jorra ?aqueles olhos aveludados. mas essa profundi dade tem seu infinito. mas PC ? violentapara que deb e~Ção in. sIlencorno a da Diana caçadora: ciosa e calma. acariciadas pela de esfinges polidas pe beças . talvez. assernelha-se ao de alguma £sse rosto. mas em estado de repowo é embaciado. o branco dos olhos não é nem a a consistência da córnea. dos olhos castanhos e da tez morena. li O RETRATO A Bretanha apresenta um problema singular a resolver na predominãoncia da cabeleir a castanho-escura. a influências físicas inobservadas? Os sábios procurarão. nem de um branco puro. dir-se-ia marfim animado. A Srta. não chega a t er cinco pés. do mesmo modo que o brilho dos olhos de espelho tem seu absolu to.rpo polido. que têm. Por isso pintá-la em 1836 era representá-la co mo era em 1817. é de estatura mediana. quando a luz da alma falta nêles. Até sua solução. nem semeado de fios fixa. ]Ê?sse êrro provém do caráter de seu rosto que a aumenta. tia No rmandia. tem irias é de um torn quente. É bronze cercado de ouro. inais longo d n de baixos-relevos eginéticos.dizer que tinha apenas vinte e cinco. estende-se por o arco da a cintila às vêzes como a de uma estrê1a sôbre dois olhos cuja cham zulado. o torpor da meditação empresta-l he muitas vêzes a aparência da tolice. socadas. ela não tem essa infl exibilidade terrível que provoca um arrepio nas pessoas sensíveis. Os cabelos negros e abundantes rija corri a correçao daq o deixas ao comprido do pescoço como o toucado de -. iria s estátuas de MênfiS?68 e continua dupla faixa raiada da A fronte é ampla. A luz desliza sôbre C"" B E A T R I Z 21 "?? . ver melhos. é necessária uina le co. brilhando. onde as condições atmosféricas são tão pouco diferentes. a luz se detém. Num momento de paixão. Essa particularidade da-lhe ao rosto uma impas.?"cortada ilwrninadapor superfícies onde tias têmporas. bronze animado. que se cruza por casamentos aristocráticos. A íris é cercada de um círculo alaranjado. I)Crn feitas.go desaparece idade seivageni. mas. o ouro de seu olhar acende o branco amarel o e tudo flamba. um dia. traçado vigorosamente. Essa pupila é profunda. Tem e8sa tez azeitonada à luz do dia. firmes. mas parece tê-los. Estará êste problema ligado à grande estão das raças.o por sôbre utir co eis rubores se infundam nas laces. em lugar de ostentarem #a alta estatura e as linhas serpentinas da Itália e da Espanha. mas de ouro vivo. . As mulheres que sabem em que condições de temperamento e de -beleza devem perm anecer a fim de resistir aos ultrajes do tempo compreenderão como e porque Felicid adedes Touches gozava de tão grande privilégio. quase tôdas. s sobrancelhas. os olhos vivos -dos meridionai s. sibill o que oval. ao estudar um retrato para o qual estão reser vados os mais brilhantes tons da paleta e a mais rica moldura.. como verdadeira bretã de raça. larga. as linhas do sem . de belas ná{legas". da qual ela tem a côr. primir a cólera. 7O) Fídias: grande escultor grego. conquanto suave. mas graciosos. nem a moleza das mulheres que a natureza destina à maternidade. floresceu nos séculos VI e V antes de Cristo. Ocontôrno dos olhos não tem o menor desbotamento nem a mais leve ruga. tem seu reverso nos homens. cheio de amor e que FicliaS7O -parece ter colocado como o bordo de um a romã aberta. A natureza teria cometido um êrro. Otronco é fino e suficientemente guarnecido. As Pálpebras são morenas e semeadas de fibrilas vermelhas qu e lhes dão ao mesmo tempo graça e fôrça. sinal de muitas delicadezas ocultas. 68) Ménfis: cidade do Egito antigo. nos cantos. tudo no seu semblante é fechado como nêle.nariz fino e reto é cortado por ventas oblíquas. seu caminhar #não se amacia por um movimento suave. se revolta.Plil. bra do lábio inferior. A bôca arqueada.blante se entristecem igualmente. 221 13 p. Ês. entre a6 quais umas estátuas colossai6. tosa gravidade do rosto assustaria. se -não divino. e fornece-lhe ês se mínio vivo e pensador que dá tantas seduções a essa bôca e pode tranqüilizar o amante a quem a majes. A orelha tem dobras delicadas. ator trágico francês. quando são finos. como o notou Talma F-9 . comediante prefe rido -de Napoleão. Aí principalmente. sôbre o Nilo. mas exprime resolução e remata bem aquêle perfil régio. Ao invés de se encovar na nuca. até hoje se lhe 1`111tam as ruínas. o p escoço de Canii1O 69) Talma: François-Joseph Talma (1763-1826). à qual se ?e11 por uma linha deliciosa. xonadamente dila tadas para deixar Ver o róseo luminoso deaPIidelicado interior. é um pouco gorducho. é perfeitamente branco tanto n a sua une raiz como na ponta. o sulco que o une ao nariz desce muito baixo como num arco. A imobilidade da. bastantei`ostO. Oqueixo arrebita-se firmemente. #22O CENAS DA VIDA PRIVADA dos pôrnulos.fica e lembra mais o Baco do que a Vénus Galipígia . Aquêle li ndo lábio ? orlado pela forte margem ru. O busto é amplo. êle é contraído como a bôca. Os quadris são pouco sal ientes. k articulação . ventas i ndica uma espécie de secura.tôrt. ta-se a cólera ou a ironia das grandes almas. de um aa rnagnif tencer a uma mulher un. admirável de bondade. encontrareis o granito da estátua egípcia suavizado pelo tempo. Apenas. do século V antes de Cristo. se não tivesse atirado al i aquela suave fumaça. o sangue aí abunda. a primeira da Grécia. co . e esta é dotada de uma espécie de mobilidade que faz maravilhas nos momentos em que Camilo fica indignada zanga. é de um vermelho vivo. Camilo tem pouco a fazer para ex. pequena ilha do arquipélago grego cuja escola de e"c ultura. é mais pronunciada do que tras mulheres e completa o conjunto de fôrça expresso pel nas o O . elas têm nesse ponto como que uma vaga sernelhança corn o homem. Essa observação é cO111O que -bilateral.O cheio que 11 ico da fôrça.e pescoço apreis eidente característ icência atlética. Olábio suiperior é fino . astuciosos. A T R ne os ombros N cabeça sern sinuo. 71) Calipígia: palavra grega que significa ". o que dá um torn particular ao seu desdém. mas densos e negros como caudas de arminho. cujos quadris são quase semelhantes aos das mulheres.71 Vê-se ipor aí a diferença apenas sensível que separa quase tôdas as mul eres célebres de seu sexo. não têm nem a flexibilidade. É necessári dizer que a região inferior ao nariz é levemente obscurecida por uma penugem muito graciosa. A cintura é maní. duas qualidades difíceis de reunir numa mesma mulher. de Egina. falsos e cobardes. a saliência 67) eginéticos: isto é. jamais o nariz de uni avarento vacila. Aí ainda. usada como epitet o de uma estátua de Vênus. Êsse nariz continua bem a fronte. conservada em Nápoles. Os cíliOs são curtos. dobra por vez contôrnO soberbo. apesar dessas prorne Lico das ventas. os braços inglêsa. ern Camilo porém. algo de inente ocultas aos êle sertiblante. esta frase de Pascai : "Se o nariz de CleóipatTa tivesse sido mais curto. nta a reunião de uM tão grande espí homen. rito artíSA atitude res essão variável.wa ? e. por aquêle olhar profundo de um aa profunda fixidez seu silêncio e instruíd as. êle poderá copiar a Srta. en de uni branco que anuncia ( mente dinervu ra. . ç Ge fazer estátua admirável da ]?re. Carnilo Maupir. e quisera-O Irria diabólic a. Todos se ar rito vuli. a calina daquela fisiOnOnl. Mas talvez. deverá e ará o coração fraco? mulheres se detêni? Essa fôrça intelectual deix Será ela graciosa? Descerá ela aos nadas comovedores pelos quais as mulheres ocupam. inarginais. ou interessam uni honiem ainado? Não destroça ela um sentiment(sorriso) quando êle não corresponde ao infinito que ela abarca e contempl<á? Quem poderá encher os dois precipícios de seus olhos? Tem-se receio de encontrar nela uni não sei quê de virgem. A Jmagem Velada de saís do grande rOMântico alemão Friedrich Schiller (1759 . profanos. tanha. semelhante corpo. Êsse terpr. em carne e osso ela assusta. bilioso. gara ela ao inesmo tempo? mais terrível ainda. aquela Isis de Schiller. . ela goste dessa calúnia? A natur eza de sua formosura não sôbre sua reputação: ela serviu deixou de ter -a. rnais inclancólico. Aclu. fenômeno nela? Essa rapariga não julg . 73 oculta no fundo do templo. e a 72) eleópatra: rainha do Egito. orrupções estranhas de um aa a receiam de encontrar as c. uma imagem velada da deusa Isis. &" t"11aPlo da cidade de Sais. -O1 Pu"o feitadas colli. é U111 pouco. porém viva. des Touches. 73) a Isis de Schiller . lábios por sua exPr ssas irritantes e suficientelidade ?las. confirmam as interi.olossal . tão be m entesado. 11.18O5). de indomável. Por acioso. d fortuna a mantiveram "no seio da " mesmo -modo que sua posi à la Quando um estat uário quiser sociedade. quem sabe._ mento sanguíneo. Assusta pelo go a Srta.alusão ao poema. . tão firroe. parece per terininados Por senta de vigorosain ente niodelados. uni ton. não sentirá e não jul. é o úni . e assinalado pela tris mais do que fala. As aventuras consideradas ve. t5O bem feito. a seu respeito. por in de uma delicadeza "seas cortadas em forma de ainêndoa. símbolo #222 CE-NAS DA VIDA PRIVADA ""jOs Pés os padres encontraram expirantes Os ousados que a haviam consultado. 72nessa pequenina rnor o animal é tão verdadeira Geó] do. que unl completo.u nhas ro .daquela ca beça é corrigida íerente oluta e fria . pode vê-la sem pensar na Ninguém1 entre as pessoas cria que estêve a ponto ?atra. braços" são ãos miniosas e cheias de . do. não esclarecerão as paixões A frieza da análi se. conipleta cow o. Havia no Egito.1 p oga ções sugeridas por seu as ecto. teria modificado " aspecto do mundo". OPOsit rará ao invés de sentir? ou. divertem. um pouco turco lame todo mulher. de transformar a face do mun de uma natureza tão leonina. é de pela niobitão 11 do rosto. e que Camilo não negava. amante de Antônio (morta n<) ano 3O antes de Cristo). pelo InOvinie do. ia tem. inais sério do que provocant e. lue Ocoppo j~tas.ílutador dicas el sociedade. É freqüentemente lembrada. A mulher forte não deve ter senão uni símbolo.teza de um aa meditação constante. des T ouches Ouve #155 . ivo da idéia. I a deter-se onde as outras Tudo podendo por seu cérebro. Omundo diplomático. Sua primeira ligação amorosa foi tão secreta que ninguém de-la t ConhecurIMto. êle é. co111O tôdas as mulheres entregues eve foi levada a ajuizar da beleza da alma ao bom senso do coração. e foi suficien temente feliz para não sentir logo êsse amor inteiro que herda o espírito . Muitas mães ambiciosas conceberam a esperança de fazê-la desposar urri de seus filhos. pintor da escola clássica. aos publicistas para os quais seus instintos a levavam. Alguns pares de França. era também um retratista prGeurado pela alta aristocracia. os homens. tssc as aceitam como verd que 1 to tenipo.co que pode repelir a a à çao d. aos autores de reinome . tempo. F elicidade. discípulo d David e autor de famosos quadros históricO5. que e ades . representar. oprimeiro. depois cai numa melancolia profunda e morre dentro em breve. aumentada com a herança da tia religiosa. Um homem soube adivinhar-lhe a -dor. 74) o Barão Gérard: Barão François Gérard (177O-1836).rouches . a ambição fazem todos. Em regra geral. Teve um salão semelhante ao do Barão Gérard?74 onde a aristocracia se mesclava às pessoas ilustres . que busca os divertimentos do espírito. a e dos frios da r . a avareza. Cedo ela viu o mundo tal como. as faculdades da mulher e a impede de julgar sensatamente. foi inv erti Essa transposição explica ainda . Levou a lgum tempo para refazer-se do seu nojo e dêsse enlace insensato. eflexão. des Touches e sua fortuna. Para a Srta . que as mulheres são intimadas amor. apaixonou-s ces de uni homem feliz em arnôres. onde foi a nata dos parisienses. pôde pois estudar as diferentes comédias que a ?aixão. A Srta. observava Os h orne Ias admiram. aos sábios. protegeram-na na emprêsa tão difícil em Paris de criar-se uma sociedade. foi lá e agradou -se. Sua independência foi um dos motivos de seu êxito.de julgou ter encontrado a nobreza de coraçã que o dândi carecia. que nela via . levaram lá seus mais intratáveis e -difíceis parentes. o. mesmo os mais superiores. ria do que as torna graves. Um jovem que o t enta fazer perde os sentidos. cercada por tantos interêsses. jovem e viços pela natureza a renunciar ao to cri. apenas uma mulher. surpreendia mentiras nas lisonjas desprezava o. Ela da ciência da sua existência e a ri a singularidade ris na idade em que as mulheres vêem apenas um. rosto. nizada é a única arma que a natureza deu às mulheres para que resistissem às rugas. sob pena de perpetuar a única ignorância que lhe restavaAquêle homem cético e zombeteiro levava Felicidade para fazê-la conhecer a pátria das artes. um adorador da Itália. amor. BIOGRAFIA DE CAMILO MAUPIN Em 1817. atraídos por oitenta mil francos de renda. aliás antecipadamen te evitadas em Camilo pela impassibilidade de seu rosto.da Verdade. consolou-a sem elo menos soube ocultar seus projetos. das quais a jtllga 5 com o triste período da velhice. mas teve um fim terrível: ela devia contra-senso durou Mul . des Touches abriu sua casa aos artistas. seduzidos por aqu ela casa magnificamente montada. a Srta. des Touches. e conheceu tôdas as toli pelado corpo. A Polpa incessantemente nutrida da pele como que ener. Pôs em ordem os imensos conhecimentos de Felicidade. Felicidade devia viajar. no rnornen e encontrar em Si mesma. cuja fortuna estivesse em desacôrdo com a beleza de seus brasões. . Fcsegundas intenções. B E A T R I Z 223 ucessivamente: daí três idades distintas. Também êle escrevia sob uni pseudônirno e seus primeiros escritos revelavam. Èsse célebre desconhecido pode passar por ser o mestre e o criador de C amílo Maupin. P. a mulher sente. Sua mocidade foi cercada das neves últirri ordeir. e por um. aumentou-os .sse homem possuía uni dos espíritos mais originais da época. cujo véu ninguém se atreve a levantar. ou p o e o espírito de iicida.atureza de seu alento. Oparentesco da Srta. des go" a coincide "da. ela zomba Muito be . e só êles.. livro. De resto o procedimen to de Camilo Maupin estava submetido a tôdas as conveniências sociais. A sociedade curvou-se ante o t alento e a fortuna daquela estranha rapariga.Ninon de Lenclos (162O-17O5). des Touche s é encantadora como uma dama da alta sociedade. a nota 56. as mulheres admiraram seu espírito e os homens a sua beleza. 78) Ninon. de beleza e espírito igual mente n?otáveis. Segundo a tradição. ela reconheceu. Tornou-se uma exceção admitida. famosa pela sua arte e pela sua vida passional. achava no livro de Camilo. 77) Safo: poetisa grega do século VII antes de Cristo. Suas amizades pareciam puramente platônicas. Em Roma. . êsse iririão mais porque cri. fraca. num acesso de desespêro amoroso. Nada apresentou da mulher autor. Publicou doa. Ela voltou para Paris com conti. epigramático e profundo que é característico do talento dêle sempre um pouco estranho na forma. Alguns espíritos finos. Felicidade ni orreu.não tinha mais ilusões e tornou-se. e Camilo nasceu. É de uma nobreza. 76) Madame de StaêI: cf. ncompreendida. por um aa italiana. É. sancionou sua inde pendência. encantada com as tolices que seduzem a s mulheres e os poetas. Apesar do seu desejo. chaina de seu irmão Caim. Ela narrou sua paixão decepcionada nun. des Touches êsse desPrêzO -pela humanidade que a tornou tão forte. e fê-la aprender essas duas línguas durante a viagem. Vive desde 183o num círculo escolhido. sem dívidas. Encorajada pelo êxito. uma espécie de dom ~ erne JoaO 1. dama galante. do estatuário ao prosador. Suas opiniões tinham autoridade. lidez dos seus conhecimentos. os ilustres anônimos. a Srta. suas trase s eram repetidas e ela não se pôde demitir das funções em que íôra investida pela sociedade parisiense. m de Carnilo Maupin. adora a arte e os artistas. mas que Camilo Maupin modificou pela delicadeza do sentimento e o feitio engenhoso natural das mulheres. vai do poeta ao músico. de uma generosidade que chega ao lôgro. ociosa. foi posto ao lado de Adolfo. A Srta. Ela compreendeu perfeitamente bem que. cheia de desdém pelos felizes. Tão longe do estardalhaço da Sra. Ela é a Ninon da inteligência. que jogo colocaram Camilo Maupin erin. deu-lhe êsse torn engenhoso e fin o. vêem nesse livro essa generosi. para o qual "-la lêz dois libret os de ópera. ocupada com coisas de toilette.5 volumes de peças teatrais. pela justeza de seus julgamentos e pela so. de tal forma é ela cheia de piedade pela desgraça. A d elicadeza de sua metamorfose literária conserva-se ainda 1 . queno romance admirável. ter-se-ia suicidado. com amigos experimentados que se querem ternamente e se estimam. nem conquistas. sua celebridade aumentava dia a dia. no ano d e 182o. de Staêl. mas. e salva a mulher da glória permitindo-lhe permanecer obscura.. Nêl?e o autor analisa a vagarosa mas inevitável desagregação de um amor infeliz. 76 não havia mais lugar neste século para uma Safo?77 e que Ninon711 não poder ia exístir em Paris sem grão-senhores nem côrte voluptuosa..pelo estudo das obras-primas que adornam a Itália. #224 CEINAS DA VIDA PPM"ADA B E A T R 1 11 225 sem que a sociedade o soubesse.7-5 horrível lamentação cujo contrário se . depois de Mme. PC. tanto pela influência d e seu salão como por suas réplicas prontas. que constituía um exemplo perigoso. de Staê1 como das lutas 75) Adolfo: breve romance autobiográfico (1816) de Benjamin Constant. quando necessário. Napoleão cognominou a Desdita como a parteira do Gênio. o grande i-núsicO. uma das obras prima s da epoca. des Touches foi deixada. Êsse acontecimento inspirou para seri?pre à Srta. atirando-se ao mar do alto de um rochedo. Não fÔsse êsse infortúnio e talvez ela jamais tivesse alcançado a celebridade. inculcou-l?he o gôsto das obras da lit eratura inglêsa e alemã. coquette. UtIca.. cujo salão era freqüentado pelas personagens mais ilustres da época. dade que entrega um h omem à crítica. Ficaram algum tempo sem saber da estada dela em Guérande onde se achava com Conti. pelo vor que lhe causava a velhice. nem lPe nsamentos re .icia esta história. sua profunda miséri. cujo conjunto lhe agradou e xtraordinàriainente. De 1817 a 1834 ela viera cinco feliz exístên11O a si I<Oesia pudesse "r£ " iajem teve lugar após a . estava triste. Ela mandou vir operários de Paris e alojou-se nas Touches. Felicidade não estava sózinha nas Tou ches. . Sua casa das Touches estava inabi sua prillieira d eceP a .? sua in cúria e sua repulsa por. Veio gente do burgo de Batz. ela o explicava pela ambição. des Touches. artistas e homens do mundo. seu homem de negócios. O diretor dos Correios recebia cartas dirigidas a Camilo Maupin " nas Touche s. do Croisic. Paris. entretanto. tudo. sua preguiça. 1 corri unia sua jeliz riva servados. As visitas que ela aí fêz sucessivamente.superio 1"ne"os ridade. Finalmente rasz5O -se o véu. Seu gerente e quando muito o notário conheciam o segrêdo. até as Touches. ra a. que cor)h. não viu 1 n suspeita da si i mesma depois daquele grande de algum modo contemplar-se a s suas amigas suas intenções desastre. des Touches. através das areias.angélica despre essa glória .ócios para Guérande e tável. Não tinha então nenhuma . Felicidade que fazia sete anos recebera êsse escritor como outros autores. A senhorita não voltou às Touches senão d ois anos depois. Essa moa respeito da mobília necessária para arra bílía desceu num barco até Nantes. Numa terra essencialmente católica. ? o momento en. tinha um #226 CENAS DA VIDA PRIVADA E A T R I 22? hóspede. de.?11 marido pelo modo por que agia com êle. pouco excitaram a curiosidade da pequenin a cidade de Guérande. Seu procedimento Incem. sem sentir fri recerite fêz e . deu autorização para que se fôsse ver as Touches. atrasada. achoue. Êsse hóspede era Cláudio Vignon?79 o e scrItor desd e soberbo que. em seu regresso da Itália e veiopelo Croisic.eger ? Touches.-uém. ela mandou seu encarregado de neg idéncia dêle nas Touches. ?1in<. a vida estranha daquela moça ilustre devia causar os falatórios que tinham assustado o Abade Grimont e não podia jamais ser compreendida. o contágio das idéias novas fizera alguns progressos -em Guérande. A Srta.nd a qu. não sem dificuldade."O5o de dar ao público e à lite raura a idéia de uma certa. s Touche6 admiGCOY9e Sa. ela teve a mais iriveja. Nesse momento. queria confiar o resto de sua vi ap`a da um homem superior para quem sua fortuna seria um tramPoli. jornali stas. A pequena cidade de No conlêço do inverno voltou para Guérande foi então arrebatada por uma curiosidade diabólica. eivada 11 u de preconceitos. Sua primeira v otl seis vezes a o em 1s18. de Save nayEssa curiosidade rendeu. re os acontecimentos da vida como numa Quis poder meditar aí sôb cartuxa -privada. não se falava senão do luxo a siático da Srta. da glória de Carnilo Maupin. o compositor. várias pessoas conheciam ali a dupla existência da Srta. pareceu ela nionstruosa para todos Os espíritos. por isso. Escreveu para Paris a um aa das njar as Touc hes. parecia querer fazer déle s. ocupação. que sc insuficientemffite forte para se proAte L que um aa mulhe r iaginar. preensível para seus amigos. conquanto não fazendo senão crítica.11 que lhe continuaria sua imp . dezessete francos.. Oço de. foi trazida por um pequeno navio até ao Groisic e daí t ransportada. Onotário. cia seu caráter sem elasticidade. ?sc1uecer a dela. em dois anos" um aa quantia enorme à família do porteiro e do jardineiro. queria ocupou a res ia glória por vir. há uma -casa de campo cercada de uni grande jardim. em cujo extremo se ergue o estende-se o alto mar. praticada nessa brecha do terren conduz do caminho a essa casa. Os tons griséus dessa casa harinonizam-se admiràvelin ente com a paisagem que ela do mina. Conquanto geogràficamente o Croisic seja uma península. mas os salineiros continuam a dizer "o castelo-. ao qual a Revolução suprimiu suas rendas leudais. com duas grandes trape i cíclope a oeste para o cada Irechal. OS quais . pelos pantanais. havendo uma estrebaria. pântanos de formas irregulares margeados de cristas lodosas.e . atravessa-o e vai perder-se nas areia s ou no . todo s mostrando os troncos avermelhados nos lugares em que a casca foi destacada. sava em casamento.tetura. como ela não se prende à Bretanha. Seu parque é o oásis dêsse -deserto em cuja entrada o viajante acha uma cabana de barro onde os adua. IV AS TOUCHES A alguns cem passos de Guérande. onde se cultiva o sal. outros pobres de ramaria. pequeno lago de água salgada cercada pelas dunas. ou cujas terr as estão situadas no território de Guéran. Entra-se nela por um aa porta grande.lo tris e e estranho das sa a u ito em construida con.ortância no mundo poético. Es sas árvores. têrnio é justo para elas1 .tendeni sob uni en orme telhado alto. com aberturas regulares de jaaprese ta à vis a randes vidraças no primeiro andar. mais para uso do porteiro do que para o do dono. Êsse dese rto contém areias estéreis. termina o solo da Bretanha. tem no pantano um aa renda de dez mil francos e o resto em herdades disseminadas na terra firme. areias áridas e movediças que não poderiam ser fàcilmente transportas. Dão tem nenhuma arqui. por um caminho barrancoso. pedras xistosas e argamassa. Urna fachada da casa dá para o caminho de 6uérande e a out ra para o deserto. de dois chão . Um regato Croisic. e as salinas e as dun as começam. uma janela abre seu ôlho de Toar a leste para Guérande.. uma cocheira. notável por seus pinheir os tortuosos e torcidos. ar coa Ia o.. Eis aqui agora a Cartuxa de Camilo. a fim de estudá-lo e tomar um partido -violento .o linas e das dun as que se assemelham tácl. brilhante como brilha nos corações de vinte anos.t u m aa muralha sêca. Além dessa pequena cidade n escapa-se por um aa abertura da muralha do parque.preparam a aima . pode passar por uma ilha. Toares. como grande arsu . Acima do prii pontudo.Urna estrada de algumas toesas. diriam "o senhor-. mas em forma de guarda-sol. "l?rouxera pois Cláudio Vignon de Paris à Touches como uma águia carre ga um cabrito nas suas garras. senão pelas praias que a ligam ao burgo -de Batz.mas iludia ao mesmo tempo Calisto e Cláudio: não pen. e p roduzido pela irrupção -do braço de rnar.. sam agitar uma alma tão forte quanto a sua. Essa casa sem terras. ras em cada face. Sob o triângulo de frechaís. No ponto em que o caminho do Croisic a Guérande se entronca com a estrada da terra firme. A casa. desenvolvidas apesar do vento 79) Cláudio vignon: personagem já encontrada em Uma Filha de Eva-" era colaborador d o jornal de Nathan.de. ourar as Touches.. neiro andar estão os sótãos & vidros Ilienores. Hoje as Touches são um bem. se o feudo não tivesse passado para mãos de mulher. Opátio é cercado de construções rurais bastante modestas. o qual beira o caminho do Croisic. anti as ? . Tal é o leudo das Touch es. -junto à qual há uro galinhe iro com suas dependências. achava-se nas mais violentas convulsões que po?. por onde jamais passou um carro. stas são de 9 . e o pequeno braço de mar que separa a ilha do Croi sic do continente.neiros vigilam. ao ver-se enganada por seu próprio espírito. . Desce-se para o deserto de areia que o mar deixou como uma margem entr e êle e a terra. vítimas dos temporais. um aa casa para o jardineiro. or correntes de granito. e no rés-donelas. se . ao ver a vida iluminada demasiad o tarde pelo sol do amor. ouro e encarnado. um para a tollette. Poussin e le Suea" . comunica com a sala de jantar por uma copa Utra C. Evidentemente essa casa ?fôra edilicada sôbre as ruínas de algum pequeno castelo ali pousado Como um anel que ligasse o Croisic e o burgo de Batz a Guérande. na qual Felicida de pôs um Hhar depois. mandan o. A cozinha. moldura verde nas janelas. salpena formam portas. A escada separa o bilhar da cozinha a qual tinha uma porta sôbre o per]stil que a Srta. . Mignard. liário da sala de jantar compõe-se de quatro grandes trinchantes de acaju. a grandeza das pe. Oluxo artístico que ela pedira a Paris foi reserva-do para o seu apartamento. do abrir outra para o pátio. o chão inteiramente pintado de cinzento tem para guar necê-lo um velho móvel de acaju e sêda verde. tem de alto a baixo um tapête verde. Ela quis ter nessa sombria e melancólica habitação. uma mesa redonda.% de Le ?Brun. Quando Felicidade qu s res -dar coisa alguma naquele tista que era. um Ini. Na outra parte da casa ela achou meio de preparar dois apartamentos. permitiram a Camilo desenvolver uma nobre simplicidade ne?se rés. Do meio do teto desce uma lanterna elegante como costumava haver nas escadarias dos grandes palácios.. dois gabinetes. 8O) Audran: Gérard Audran (164O . Os dois apartamentos para hóspedes não tiveram a princípio senão o estrito necessário.. sítuada na o ao tr emidade. assoa. e distribuiu-o n um pequeno salão. de uma mesa. teve o cuidado de não Triu exterior desolado. e dois divãs.verde. tendo cada um dêles uma antecâmara e um gabinete. entre dois candelabros de estilo imperial . e"" frente àquela sombria e melancólica paisagem. e nas quais ca bem duas lâmpadas. Prinieiro uma grande antecâniara lha-da. Camilo tomou par a ela o que tinha vista para o pantanal. en tre outras.111 emolduradas nos mais maravilhosos quadros escul" pidos. e magníficas gravuras de Audran 8O emolduradas em quadros de acaju. com -duas colunas de tijolos stentando uma galeria por sob a qual pode passar um carro. Seu pequeno salão é forrado com belas tapeçarias dos Gobelinos. . A velha escada.. de vigas salientes. num grande quarto de dormir. aberta s em baixo da parede d. cortinas de calicô -branco com um.. -C que impunha servidão ao pantanal. A altura do andar. que é de madeira com grossos balaústres.. Obilhar tent cortinas de calicô cinzento com orlas verdes. doze cadeiras de acaju com estôfo de crinas. O primeiro andar tinha dois apartamentos separados pela escada.que dá um ar de prisão àquela edi?ficação solitária. O mobi. Nas janelas drapejam os mais caros e stofos dos velhos tenIPOS. duas consolas. das quais duas. as obra. Todos os tetos. Os criados tinham se us quartos nos sótãos. um aa rne sa de nífico de reflexos duplos. Teve o cuidado de não colocar aí coisas preciosas. OPátio foi plantado. sôbre a arripla chaminé de enorme espelho. Enna disposição do salão às 1 1 a arca que lhe foi conseguida pelo seu homem alão til" correspondem Por uns "dez deo-r r"?" régias -lortas 5 aus cheria esse vale hoje sete Ou O11tO mil francos. amad f que levam um aa ? bilhar e a outra à sala de jantar. conhecido gravador francês que gravou. de seis janelas. para o mar e as dunas. do-chão. foram pintados de côr de madeira. rejo e de borlas dignas dos mais esplêndidos pál ios da Igreja. des Touches fêz condenar imediatamente. Só a porta de entr da foi embelezada. A distribuição de peças no rés-do-chão é a da maioria das casas de campo construídas faz cem nos. Em baixo da escada £ôra es#228 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 229 tabelecido um perisCilo. no centro um tapêt e de grandes desenhos em quadro. um relógio que representava o carro do sol.17O3). e o outro para o trabalho. que as ornadas e ranja. as mais fantasiosas criações -da arte. descem Dara o iardim e ao brocado abundam em pregas ampi . esse espa. Sofria . divididos pelos pequeno s caminhos bran#23O CENAS DA VIDA PRIVADA cos por sôbre os quais passeia o salineiro. p esos para papéis. o espelho enquadrado no mesmo gôsto. Raramente ela se voltava para as deliciosas vistas frescas. e escor. 1 ócios e qu secretária de mil gavetas. embranquecem o burgo de Batz. a cadeira baixa de junto da cham iné com espaldar acolchoado. estatuetas. um cachimbo. a biblioteca está completa. uma rêde. uni pingalim. essas harmonias selvagelis não convêm senão aos grandes espíritos e às grandes dores.. e pelo cravo dos car tuxos. £sse deserto cheio de acideri-tes. É justamente o leito de madeira esculpi da. não suspeitavam do preço a que a êsses tesouros. sofás. segundo o gôsto do século de Luís XV. o "biombo de laca. o tapête da Savonnerie. .. com perfeiSrta. êsse espetáculo ergue o persa. secretárias. um pequeno canapé severo. uma mochila de soldado. miniatura de cidade detid a em pleno mar como Veneza. ajustada corri fitas de sêda.escos de arfi. enfim as inúmeras bugigangas na moda. no meio das quais as lindas mulheres do século XVIII se entregavam ao amor.ia do sublime. o qual. fu" dada no século XV pelos irmãos Gobelia. as paredes forradas de verdadeira sêda persa. uma blusa. o gabinete de toilette Pompadour com suas rendas e seu espelho. uma espreguiçadeira. a fim de fazer Melbo. entrevistas P ela alma em alturas desesperadoras. mento. guarnecidos de sêda recamada. estatuetas..) são consolados senão por uma pequena erva dura. sobressaírem suas formas estran has. tem um divã. pintado de branco. véus e grinaldas.go dela . o relógi e ouro gasto. com o docel ornado com q uatro ramos de penas... fitas. o tapête é um tapête da Pérsia do Japão de desen que entrou de contrabando pelas dunas. quebra-luzes de litolania. xis m ali quadros. sontir-se-ão impressionadas Pelas belezas esp enciais da paisagem que estende suas savanas para aléM do parque. um nargu"16. Os uais. por vêzes. "It`adrados de água salobra. todo vestido de bra. finalmente móveis góticos dos t. em 1818. recifes de granito corn suas franjas de espuma. Aquêles tristes. de cabeceiras curvas. Os curiosos vêem ali corn surprêsa inquieta pistolas. efeito produzido pela persistê. fim de raspar. incrustada de araid " um a a ébano escu e vinda de Veneza. Tôdas as almas grandes. ricas. última vegetação do continente.. chinesices. forradas de cetim côr de rosa e manejadas por meio de cordas grossas. o gabinete assemelha-se a um boudoir. como a uma mulher casada. des Touches está arranjad o. ao chegar ali. os raios do sol refletidos pelas águas.estranha teunião que pinta Felicidade. Ela colocou sôbre suas mesas belos vasos raria niais tar hos fantást icos. enfim tôdas as coisas elegantes. delicadas.. tudo o que um pintor ínais belo". ocupava então Camilo dias inteiros. essas areias nas quais os olh. para os bosques e as baías floridas que cercam Guérande. onde. embora entristecendo-o. um ou dois álbuns. entre dois grandes vasos do melhor azul de Sèvres. persistente rião flores rosadas. as exalações salinas impedem aos pássaros de atravessar. coisas de lenços e luvas. recolher o sal e pô-lo em montões. corn suportes de cobre dourado. O gabinete inteiramente moderno opõe às galanterias do século? de Luis XV uma encantad ora mobília de acaju."d. sufoca9u(. OC achar de melhor Icançasidades. as cortinas de sêda semelhante à da mobília. u ma espingarda de caça. pelas areias. depois êsses móveis tão torneados. tabaco. assim todos os esf orços da botânica.. o quarto da ta exatidão. êsse lago de 1 1 de agua rnarinh. Por isso. atrain do o olhar com objetos modernos: livros de segrêdo. enfim o imenso Oceano que orla O. suntuosas. nas lojas de -n egociantes de curio. Atopetam-no as encantadoras futilidades da mulher. encimado por Amôres que se atiram flores.? a areia das dunas e a vista do Croisic.81) os Gobelinos: famosa manufatura de rica tapeçaria de paris. rem pelos telhados do Croisic espalhando um brilho implacável. acolchoados. com cordões e nós: a guarnição da chaminé é feita de cascalhos. de flores. dá saudade das coisas ignoradas. cie 11.. ?k. 1 v O SOLAR DE GUAISNIC Assim que Calisto viu aparecer os cata-ventos dos dois frechais por sôbre os junco s da estrada real e os cimos contorcidos dos pinheiros. Quem não compreenderá os atrativo s . SC irrita com siense. ica.que ali existem para um rapaz cândido? Oamor. que lhe revelar ve torpor da vida em Ia mentos adormecidos pelo sua sua inteligência. io X ly. sua idade. des TOuch"es Ela era tão bc . essa satira elegante subal Ê. seus esforços de renovaça licências coletivas. sua vida estava nas Touches.a para êlel Para êle a S rta. sua criti. as waravilhas Um o niais obreza dos du Guénic era sua r vaIl. . s e quase tôdas à medida..cesa. onde ~ o Viu as . devia sobreviver às inexplicáveis recusas de Felicidade. e cantou-lhe gênero. nobreza. Primeiro pajem do Conde Almaviva.dos chaliiavalil a <Y ? sas adruiráv`1" déle fatig iniaginação.as riquezas parislell"es sconIlecida e S Vendéia. às árvores. lêste século.exelama .. cas a infância ( niciado por que enibalou nas suas bandeu ão dos canhões. suas magnl . obras da mais pródi ga p e dos Flandres. h erdeira u n qu Pelo gênio. a música s co m forraa que ali O ticos da mais . do gigante sas tentativ a . grande séculO -o de todo f in alalente no . Onde. era a mãe de. torno tão Comur randes brados. suas "aler` . achou o ar mais leve. ss< . ali Iconipreclidida por Calis 11 da civilização moderna por con .. que tanto. . e" feito imenso naquele coração novo.1% apar ?u_lhe coa. as palavras amor e volúpia ?azein-l1O tremer e o perturbam. . hoje da ItálI . ai. de Beaumarchais. Enfim. não -escapara s em dúvida à terrível análise de Camilo Matipin e daí talvez viesse 82) Querubim: personagem de OCasamento de Fígaro. e todos os olhos. tant "rande.. t<)rnou-se para mim tão premente que o digo sózinho. todos Lle leu ali . É tão natural que a c cia. 1 aos olhares hinos acompanhados pelo terrível bord vez escapeM Felicidade em tôdas essas grandezas que tal reiros que as fizeram. a da escola Iraníórças Iguais. ao vento que as carrega com minhas palavras Der?didas". nas . os coraçoes iinauditas."mas há algum tempo sinto o peito agit ado . é um adolescente cujos 6entidos despertam sob a influência do amor.meu coração palpita -à simples presença de uma mulher. talento ?e g criaçoes da literatura .111 ". semelhante ao de Querubim.s obras de produziram uni e ece moderna que y. 82 que o fizera cair aospés de uma pessoa que se tornou uma grande coisa para êle an tes de ser uma mulher.então horríveis dores desconhecidas. correndo no parque . amor da adolescênCalisto satisfazia.encantados daquele jovem brilha Gu e n aos olhares . "Não sei mais o que sou" . lendor CalistO CÇP te que não de um onora ignor. às nuvens. . a da Espanha. ~O o primeiro bama a Ingênua admiraça . da rnesrna tr injindo novo. . ? o os ob em cena e que sa tão potente na o Zôsto maravilhoso daqueles que as poem Touches. e a nielodia lutam ouviu os acentos "Po" iarmonia alcançaram perfeições . que é mais a necessidade de amor do que o próprio amor.cosa. .rera COIII atenteav.. não as giestas da Bretanha e as urze" asta Ali Sc?P conhecia se ). onde a p .. e ess a crítica. na qual a 1 CIO secu a ínstrunientação dente 1 o canto C intura. a necessidade de dizer a alguém am o-te. Êsse sentimento.B Z A T It I Z 231 -to Alénl disso. linguagem de urprecInda uvia un1?" bela rnúsic.le ouviu essa formosa zombaria ipari êle mil Pensaam o espiritO francês c despertaram ne mília. Guér ande parecia-lhe uma prisão. perguntou-lhe Calisto. . Êle não voltou . aquêle vão de escada mobi lado cOI. mas _Orn do entrou no bilhar. a ternura do queixume submisso. indefinível. 93 Ela cantou de repente êsse trecho de um modo despedaçador.. animados por um aa luz. ? e piano. . mostro u-lhe sem coquetismo um rosto banhado de lágrimas.êt. aos quais n ada mais surr). Trazia na cabeça um aa dessas coifas de v eludo encarnado. e colocado no seu salão do primeiro andar. Cari lilo tocava com certeza rio pequeno piano que lhe viera da lngL?? g . entretinha-se consigo mesma. Por baixo de uma jànela artisticamente enquadrada em madeira e sculpida. A pobre Camilo Maupin. Para êle aquêles grandes . o rapaz . vermelho e ouro. de i . conservando-se de pé e" frente à janela e olhando as are ias. ao tocar a sinêta.sen. Ao invés de ent rar. variara. venezianos de mosaicos nadeira esculpida da paciência italiana.de cur"Osi" levos de marfim.. modificara a introdução da cavatina de Perdão para ti.respondeu ela.. Estava encantadora no seu traje matinal. Nada mais misteriosamente melancólico do que a improvização de Camilo: dirícis ser uma alma bradando algum De profundis a De us do fundo do túmulo. com palavras de S eribe (1S31). secou-as e disse-lhe simplesmente: . . a bela Felicidade. íri to. Calisto foi cada vez mais lentamente. Camilo parecia estar à espera de Cláudio Vignon.. pintada de côr escura e envernizada. nha-se vivamente ao Inundo me lancóli lado os mil efeitos da arte. um P Is poesias. tão vol"Ptu sobrenatural ?s. os. o braço de mar e os pantanais. pegou o lenço.Bom-dia.. De uni 4? do outro. Ao subir a escada. um ar viticados. ao atravessar-lhe o pátio. ?!erJa" trazido por Conti.. dos bosIa hábil disposição dos prados C do rés-do-chão ampliados pe n obras-primas quetes do parque. embora pareça nãO partilhálo. . pondo em presença dois sistemas. Essa resposta explicava a sua toilette. afeitos aos inconvenientes da vida.. que estavam então na moda. e da qual se escapavam luzidias madeix as de cabelos pretos. estremecia serfip. C amilo desenvolvera. O co e patriarcal de Guérande.ar sem crime* -ru ela Inspire uma mãe que êle podia am homem a que Uma mulher é sempre adorável para uni mento Felicidade amor.Que tem? . #232 CEXAS DA VIDA PRIVADA Ninguém perguntará então porque o pobre rapaz.?. ]É nOtar que êsses pressentimentos não agitam mais os homens rnadj1". julgou que Camilo Maupin estivesse no SI quxido alão. a música não lhe chegou mais aos ouvidos. que já tudo esperam. cOll" su" estranho. Calisto entrou e viu o motivo daquela interrupção. Naquele IDO apartarnelitOs dava-lhe lições de música. a unidade da selvagem Bretanha.. tão elegante. Ao abrir a porta. ao entrar nessa casa. estava inquieta como uma mulher que 83) Roberto o Diabo: título de uma ópera em 5 atos de Meyerbeer. Felicidade estava tocando A Data ela. como a mãe com as espertezas da mOuche. íntimo. osamente artístico eram vi mento.. de mármore e Ilorentinos. Ojovem amante reconheceu naquela música a prece do amor desesperado. perdão para mim que é quase todo o quarto ato de Roberto o Diabo. de baixos-re e aquêle aparta dades encomendadas pelas fadas da id ade média. Reconheceu qualquer coisa de extraordinário naquela música. e interrompeu-se. Unia sobrecasaca muito curta formava-lhe uma túnica grega moder na que deixava ver umas calças de cambraia de linho de extremidades Icordadas e as mais lindas pantuflas turcas. 1 c1". com o ruído dos passos abafados pelo t. Calisto ouviu o . o gemido de uma aflição contida. OPumundo moderno. tOu-se num banco gótico forrado de veludo verde que se aclia?a no patamar. Eu s abia que êle empregaria nisso vários dias.A natureza modificou para mim suas Ieis. A bela mão de Camilo Maupin pousara-se queimante sôbre a dêle e interrompera-o eloqüente mente. a solidão não me Serve d nada. e as salinas. signi.ham os privilégios da realeza.. a de nos abandonar à nossa natureza nervosa. a desordens. e de de 84) Guilherme Ten: títul<) de uma ópera em 4 atos. Depois cantou alegremente o Fique.perguntou Calisto. Buscá-1O _ respondeu êle. te.. .continuou ela. Ao imaginarmos certas situações e deixando-nos arrastar para elas. As lágrimas que me vê são dessas que nos agradarn. mas sente-sehumilhado talvez em se achar inferior a mim nisso. retendo-o Querido o a si e dirigindo-lhe um dêsses olhares úmidos que são para iunt JIn s jovens a m ais bela das recompensas. fique.D E A T R I Z In 2 inúteis. cujas afeições se prendem a um novo -e atingem então a todo o mundo. ? . Èle sabe o quanto lhe (lucro bem .pergu Está inq que aquela criança S. Te nho .Niorr sem encontrar num homem o amor que tenho no coraçao e a poesi. . Pelo mem de espírito. . P lis t con. quero-o . Existe em nós uma faculdade que os homens não têm. de Matilde.fazer-me crer por essa forma em mais amor do que rea lmente sente por mim. já não é isso bastante? -Não sou . a cabeça apoiada na almofada. e algumas vêzes a estados graves. Mas.disse-lhe. Cedo ou tarde a idade rios teria separado. o olhar abstraídopor tantas reflexõe s. vacidade. filhol . êle tem ciúmes ou antes simula ciúmes. concedendo-me ainda cinco ou seis ano s de mocidade. vi Ca o saiu onde va*? E então. #2. extremando os nossos sentinientos. i..84 para tirar q ualquer gravidade a essa magnífica resposta da Princesa ao seu súdito. fixo numa rosácea do tapête. .3listo .Sua niãe teria angústias mortais. Êle quis deixar-nos sós. uieta? . pelo militar. que não pôde terminar. dor ainda aumenta..Eu o acharei.Porque não mo disse! Quer que não venha mais? .rn _ respondeu ela com uma melancolia não odia analisar.disse olhando Calisto atentamente. Essas almas partil. Uria homern de trinta anos teria visto aquilo.14 CIFNAS DA VIDA PRIVADA ]3 E A T R I Z 2Z5.exclamou. . _ . Repeli-o por egoísmo. Nossas fantasias não são brinquedos do espírito e sim do coração. revelam imensas extensões de alma que o p ensamento do especta. . não podendo reter uma lágrima que lhe correu pela face.Não se enterneça por ininha causa. o burgo de Batz e suas areias. . e comoveu vivamente Felicidade.iu apena. De resto. Ficou de braços caídos. . . tomando-lhe a mão. embora não fôsse culpado senão de ir buscar os prazeres dêsse passeio selvagem sem mim. obra pril iciP"1 com Palavras de Bis e Jouy (1S29).Por que me . fazendo-o sentar no divã. . em Guilherme Te11. Talv ez também lhe tenham sobrevindo suspeitas a seu respeito e queria surpreender-nos. amada por êsse grande céreb do que o fui pelo músico rilaix . . e não sómente um. lhe. As dores dos espíritos superiores têm não sei que de grandioso e de inipon. dar-me inquietações mortais. que tenho na alma. Vamos.Êle quis . Veio muito a propósito.disse Calisto. Você é jovem e belo. de não ter-me associado às suas execuções? às idéias que êsses espetáculos lhe inspirarão.. c. faz C1fOr?oS s a dor de Carnilo.Você é um anjol .Está louco? Onde as a a quer achá-lo nesta costa? . Não me deixo lograr pelo desejo que êle teve de visitar sem mim o Croisic e seus rochedos. Sterne "r tem razão: os nomes ficam alguma coi sa e o meu é o mais selvagem sarcasmo. ntou. chegamos assim às lág rimas.disse-lhe ela. disse Calisto. Calisto. che-se esta noite com êle. No capítulo XXI de sua Vida e opiniões de Tristra74 . . estão em harmonia com as lei -em. célebre cirurgião.l. miremulher hurnilde e submiss dos homens. saberei se não rue engano oente C ficarei rIO meu uma cereja. e isso já é bastante. COrriO dize Fêz um aa pausa.Então nada me salvará de mim Mesma? . .. . Mas. e prendê-l. . Sofrer por sofrer. lhe perpetua o nome.1768) e6critor inglés..disse o generos o jovem para distraí-la daquele pesar.Vim aqui para bem julgá-lo. faria o mesmo.De resto. Ai de minil tenho oespírito clarividente e o coração cego" Foi espantosa de clareza a seu próprio respeito.sava seu próprio s ofrimento como Cuvier. não fiz mal senão a tanto.. à fronte i . . mas hoje parece que vamos dispor de muito tempo .Será bela ainda aos sessenta anos1 . Ontem era muito tarde. ções que não são obrigadas. Ter uni Calisto. nem poeta a desesperar. ainda quer o amar Cláudio. zer ao objeto arnado.A senhora tem uma história a contar-me e um aa carta a "e.? a mim.1111 como Dupuytren11 explicavam aos amigos a marcha fatal da doença e o progresso que nêles fazia a morte. por mini.jim mesma. depenar. lher não POd? ir sbzinha. as afeique .A senhora nada quis de inim . ? para d istender-lhe o cérebro. de resto..disse ela de .eu restituirei sua fortuna aos seus herdeiros. criado com os fundos que deixou para criação de uma cadeira de anatomia patológica. não tem nem autor 85) Sterne: Lawrence Sterne (1713 . . da sua falta de imaginação. Pobre crianç . não cometi faltas. um dos inestTes de Balzac.v a e o seu pensamen. eu lho dis?se: êle tem a nostalgia da critica. enfirn.. ela interrompeu-O. pelo menos por e desmerecer. nos fog os de min has primas mais vale ser útil. na as cartomantes. Calisto".tenia a escavar. fundador da anatomia eO1-11parada. teria sido um aa om a sociedade.para c edade como no que se -a tarito na soci . de sua covarde despreocupação e da inveja que o devora.. Ai de mim! meu amor não é .. Que me importam os filh Faucombe..ínfimo prasar. e não se -se aqui a alg uma orgia dentro da qual êle poderia a ntregar to.exclamou heróicamente Calisto.L de moçal . o pai d o herói expõe uma te-orla extravagante acê-rea da inflilêllela dos nomes sõbre as pessoas. dividindo-os em benfazeios. Apesar da sua insensibilidade. e conseqüentes que exclamam em certa Ijá naturezas soberbas .e eu que depravo. que felicidadei Tivesse eu i a. a iriu s sociais ou naturais. v ermelho do queixo estou alisto ficou ernielho como e as orelhas se lhe incendiaram. sem pen Meu Deus Perdoa-me. que nada deve alterar nem Depoisdessas palavras ditas num torn de voz PTOfUTIdo. Sofria e anali.Criançal .disse Carnilo no mesmo torn de voz.treze anos mais do que êle. . que não são mais legociantes! Você é u ni filho que não e que. creio que nesses farrapos há grandeza s? espero galvanizar aquêle coração. despo?aram r me custou os incômodos da maternidade.exclamou ela. 86) Cuvier: Georges.Você tem razão. é preciso ser antes de mais ?nada um aa rapariga honesta.não terminou. 87) Dupuytren: Guillaume Dupuytren (1777-1835). e deixando escorrerem lágrimas pe las faces. nern . Camilo Maupin conhecia-se em assunt os de paixão como aquêles dois sábios conheciam anatomia." Eu que não me idade: a mulher como sua mãe. Enr Ofar O talvez de i te C te verdadeiro. Fau£ornbe.respondeu ela sorrindo. qu erido fortuna e você será feliz. Paris faz-lhe falta. ela bai Xou suas lindas pál pebras para não deixar ler em seus olhos. ao quarto.Se eu recomeçasse a vida.Rhandy.. .. E. Cuvier (1769-1832). julgo fraca exclamo: "Seria uni desposado o mais tolo. tu inocenc"a ipaz de pôr fogo no Seria para dar i. tesouro de beleza.Deus o ouçal . Quando amares ? . eu direi que suf i£ cri o ine rio! Erriborra fí.. saberás que se é c. meu querido filho. de graça. .à. êle já se entedia. As afeições charria o estado prim itivo. neutros e maléfico?s. que não vejo faz vinte anos. eu lhe deixarei minha ésse lado. salvá-lo dêle mesmo. um museu doe anat omia. . de la. #236 CENAS DA VIDA PRIVADA 13 F. e que nada mais é do que superioridade nas idéias. viu-a com satisfação de` 88) bocchettino (paIavra italiana) : piteira. mas não viu a intensa -emoção que fêz Camilo e nrubescer. ares feita por Carlos X e cuja anu fícado 5 . tinha então . Na a enfarar-se dêle. um certo pendor pelas obras de arte. Ró?. . Calisto corou... a penugem acetinada de suas faces é necessário a mão de um aa ]Eva saída das mãos de Deus.. instalado em França. . foi buscar um va rnaoi.os Casteran são. colocou o vaso gargalo tado de azul e ouro dêsse belo instrumento de praze "281rial.. a abismos. . a fim de reservar tôda a sua fortuna para seu filho.tr ui de . não há nada mai? perigoso para as nullheres. Oc f). .o casamento fêz-se em 1828 . filha mais moça do Marquês de Casteran. quando a Dossilín-1O5A velha avó. anos. .Esgri. o qual queria casar as duas filhas sem dote. .2. e sentou-se numa banqueta. vi A MARQUESA BEATRIZ A pessoa de quem recebi esta carta ontem. aparentados aos Verneuil.uni escolho a i própr o s primeiros dias do casa 5 grandes 1O. 1r1teirq mente.88 Perfumou o da pena que nêle adaptava e de que não se servia nunca senão vez. A Condêssa de M ontcornet informou-o da existência no departamento do Orme de uma Srta. Rochefide é bastante ?1ro1`s?<u foi decretle fornada de Pter uni filho. do mesnio modo que os idéias.uns vinte anos. os quais. de Casteran. "9 obtiveram o pariato para o genro atísf"e"tos con" ii i.nor. pÔs fogo nas fólhas amar elas. e ao des. o velho Rochefide . e tocou a sinêta para pedir chá. para sempre. provi . rito da rnu? como êle se tolo.Ali! sempre esqueço que não f. é a Ma rquesa de Rochefide . Beatriz só tev e l? fide fizeram muito bem as co u l-fide devem ter ?53 r Un.. enche. s Troisvilk?. nascida e criada no castelo de Casteran.. segundo parece. Rochefide interpretou corri( frie . os F-Oc es. . a viúva Sra. Sómente os homens possuem o bastão cO`i o qual é possível sustentar-se ao longo dêsses precipícios. exaltação.rn. o Conde de Casteran. ao segui-los chega-se onde você me v? e onde chegou a marquesa . Beatriz Maximiliana Rosa de Casteran. quis aparentar o filho à alta nobreza. cuja casa não é tão antiga quanto a sua. lhe a câmara d e patchuli. limpou o bocchettino. a fim de poder conseQuir-lhe o pariato que não pudera obter para si. a alguns pas. qual ela devia ser superior em nobreza e cri. e esta não tardou laçaoltitiia granc começoupor o obstante. Era notável por isso que vocês. no ? mento são .disse Felicidade.Para cumprir minha promessa. ad.Depois de ter casado a filha mais velha com um grãosenhor português.. fico marguilé persa que lhe fôra dado por um embaixador. um sentimento pelo belo. Acredite numa pobr e mulher que se &1xO1` arrastar por êsses pendores. B eatriz. uma fôrça de que careceinos e que faz de nós monstros. e que provàvelmente estará aqui amanhã.Ôsto oriental do ilustre escritor de seu sexo. Uma pureza como a sua é tão rara! Parece-me que para acaricia.. pela revoluÇe?sPíde Julho lher.Quer cigarros?. . you pôr-m e 4"C modo a mergulhar no caminho que vai ter à falésia. da costela de Adão. aniôres. Ilornern : isas. denominam originalidade. louvar-se "clêle os Casteran.um modo si multâneam ente Pilhérico e amargo. Camilo Matipin quc Partilh. equenos bem como para o? za a ignOíritOs r tolo. A T R I Z 237 Calisto colocou para ela nessa dire?ao uma grande PoItron tica e abriu a janela envidraçada. nci.. lia . . ao -passo que Rochefildetern um amor próprio pesadão.te. da. idéias.Você é um homem feliz. sua altivez.fic!e" Ia. A marquesa.to Rochefide não é um tolo comum: êle tem tanta vaidade -e orgulho como um homem de espírito. Acreditava enganar a mulher e temia. como. o lábio superior mais espêsso do que o inferior. T R I Z 239 de explicar-lhe o procedimento de Beatriz. porém impertinente. Seu queixo é bastante gorducho? o meu.ânCia da e P -a e arra-ncou daí para ficar ri frias . rubro e viços o que se admira em público e sorri sempre. defeitos que não ferem senão na sombra e no mistério da vida privada. o chinês ou o hebraico.para O5 e"P e as mulheres linfáticas e q . sua fronte é magnífica. ela dese. E o marido a engulir essas pilhérias -corn que em Paris se mistificam os nécios. amanhã trigueira e com mil pequeninas man chas sob a pele. e cujo fim é o de sair d um salão. Entretari. suas pupilas são verd e-mar pálido e nadam num branco sob sobrancelhas delgadas e pálpebras preguiçosas. Suas faces pálidas coloram-se sómente sob a influênciade emoções fortes. Tem com freqüência olheiras. Tem a bôca austríaca. fará ganiza um salão onde possa r n orogias de música e orgias literárias". Rochefild devia ser insuportável desde que se julgasse ameaçado no seu lar. classificou Beatriz entre sua ualidade a mais completa . assim que nêl e entraram. que descreve um quarto de círculo.carreado poeira. conceber e compreender tudo. o nariz. tem o rosto comprido e pontudo. seus desejos ficarão satisfeitos. o qual cai de modo desdenhoso. Beatriz é uma dessas louras perto das quais a loura Eva pareceria uma negra. por ri.idez da rnarquesa. pode falar em metafísica e música? teologia e pintura. uma altivez régia. uma tez variável 8eoundo o dia. o homem parece encan?tador. se o sangue durante a noite houvesse a. como nós a vi mos recém-casa. de ter idéias sôbre os hieroglifo s ou de poder explicar os papiros que envolv@m as inúmias. que são amigos de todos por ociosidade.."[1 ganizar um. Tem dêsses defeitos que só são conhecidos pelas pessoas capazes de julgá-los na intimidade. cobarde durante seis meses. os D"Esgrig non e os Troisville: três famínas arisáticas inventadas por Balzac. urna mulher de inúmeras barreiras frig -cerca grandioso que em Paris visitar essa cidade. tem lhar. Sua vaidade espoja-se na estrebaria e alimenta-se ruidosamente na mangedoura. enquanto puxa a sua forragem. sejo de uma celebridade qualquer. daciosa demais.ebrais. ôsa. ela porém não teve tempo de fundar uma sociedade. Nesse tem o. não é delgado e talvez faça mal em -dizer-lhe que as mulheres de quei . porquanto tem êsse ciúme equívoco e mesquinho. nela um pouco de afetação: tem demasiado o ar de saber coisas difíceis. guardar os que me querem deixar. hoje côr de ipercal. se ela oreunir todos os belo s espíritos. ao Passo que nos salões e para a sociedade. Eu não ja?a or.? a mais viva admiração. acariciam-nos para serem acariciacos. Analiso-lhe êsse caráter a fim tOcr89? Os Verneuii.ela é 1Ou1 teiro e para contar com a preterisa confiança.seu ciúme.U. suas fantasias são puramente cer.. com esta diferença que as pessoas de espír?ito fingem modéstia e se fazem gatos. aproveitar de sua despreocupada tra urna mulher fria que só terá paixões . -ela satisfaz-se em bri artísticas . ela tem grandeza de alma. duas causas de tirani a no dia em que percebesse que a marquesa lhe fazia a caridade de par& "r indife rente às suas infidelidades. mas da admiração à inveja não há sen~ "?" ao " passo. Não obstante. para viver como "O1 seu orgulho. mas talvez um pouco -au.s notáveis salões de Paris. uma facilidade maravilhosa . É -delgada e ereta como um círio e branca como urna hóstia. os que contaSaberá o que quero dizer quando nqüilidade diziani-lhe: van. e assassino no sétirno. Ela ficou com ? gente supe. cujos membros aparec. Vê-la-á mulher.?m em diversas &artes da CO-édi a Humana. a um modo de vida . #238 CENAS DA VIDA PRIVADA ]3 F A. eu a julguei devorada pel e p Ode. há. é apertado nas ventas e cheio de finura.. Tenho um dos mai. brutal quando é surpreendido. entretanto. e procurava tomar-me os meus habituados. Es91) Miéris: Franz van Miéris.mes e larg . a nota 174 fofos de -renda. Ainda aí chegarias demasiado tarde. em harmonia. dispõe uns biscoitos.er s. . Tem uma das mais belas cinturas que já vi. Beatriz.do temp do-se delgados e finos da ? Vestt1ár"? de fitas. Pois bem . mas apenas um -de ser morena. Ali toca o osso . que lhe senta e revela à pr imeira vista a mulher nobre. ma is adiante. projetan . atualmeute residência & . dizem. de perfil. . . Beatriz lutaria saía cO11" OP" e um coque. . eg ria um papel e cantando. e dir-se-ia que em sua alma há ardores meridionais.-continuou ela. mas o busto não foi tão feliz quanto as espáduas. pintor holandês. . absolutamente como qualq uer príncipe dos Mil e Um dias. de pé. fileiras ocultavam os brae.va. nós. quando ela -quer. 9?. . aliás. antigamente muito chato. ela tem um porte e maneiras desenvoltas que compe risarn o que possa ter dedefeituoso. Oque -ela tem de melhor é a face.têm sobre nós. forrou-se.inão vá apaixonar-s£ por Beatriz pelo retrato que acabo -de lhe pintar dela. A admiração expressa na fisionoinia do rapaz e stava mais excitada pela pintura do que pelo pintor.ji.B-atriz não tem a finura de sua côr. com quadris franzinos. com aberturas.ri que as mulheres u sav Luiplitude fico .a m ão .xo gordo são exigentes em amor.lna. wn u negro enche um cálice com vinho velho da Espanha.As louras . corseletes pontudos . As 1 .Apesar do seu estado de loura . as coisas. 92 julgava os homens. causa impre ssões inapagáveis. .ba iles de fantasia do Elyséc-Bourbon. tem severidade nas linhas. atado com Ped corri êsses l eira para além < ideais que o senhor vê vantajosamente coa. Não precisa mais -do que vestir-se de veludo 1 9O) Girodet: Anne-L<)uis Girodet-Roussy (1767-1824). rarias. Erilim. Mas consola-te. de 1828 a 1831. . as morenas. Durante três anos.9O a qual se assemelha a jorros de luzSem ser irrepreensivelmente bela nem bonita. e essa abundante cabeleira de anjo. De resto. Eis o que nos tornou amigas intimas. e um aa inulher velha.as no qual COO. uni ? ? 1 . ao vagar atravéz dos salões ao ir a Côrte. (? quadro em a prêço é intitulado A Lição te U?tsica. dese nvolveu-se. cercavam de punhos de renda de oride elas se . Essas palavras foram ditas com i?ntenção. por am. os braços permaneceram magros. mas que hoje. de mil bucies da cabeew liarigas~tilo do cálice e que atiravam os ço.tofada das salas ? golas de pregas arredondadas .no qual se vê uma in senhor brabantês. dorso de alvura deslumbrante. ?11 ao primeiro que chega. meu pobre filho. ava a Calisto uma bela cóp a q Felicidade mostr ulher vestida de cetim branco.da pelo pincel de Girodet. Cf. as morenas francesas. ao ornar os. de brocado com pregas fii. Se. enquainto. A natureza deu-lhe êsse ar de princesa que não se adquire.uadro de trajes 1 . e põem admiràvelmente em relêvo suas belezas. para cow um artifício qual quer. nós nos assemelhamos demasiado aos homens. Pre 92) OElysée-Boitrbon: ou Palácio Bourbou. o desenho do rosto é sêco. ela p?udesse envergar o cereja. . tão cUlt". famoso Pinto" francês. as vantagensde um aa prec iosa diversidade: há cem modos -de ser loura. e pentear-se com rosas encarnadâs. seus olhos têm sêde. Você verá se me engano. os acontecimentos e a vida. as belezas 1 : A. cuja ieitura errava o alvo.continuou ela. ouras são mais mulheres do que nós. com o ffl-1"s belo pé dêste mundo.disse ela. É um anjo que chameja e se des?e ca. do alto de seu pensamento. o velho (1635 . . . seu rosto parece ter sido apertado entre duas portas.1684). criada. mas de curvas deliciosas. é elegante e dura. con. gozando dos últimos restos da Restauração. como todos os nobres.96 era ^bre êlcs. glioneg. mas que. Quando nos foi possível respirar um POu. minha arniz feito minha estima ulher cao Ela conquisto" rMitido. não se tendo po. era O. No seu regresso a Paris. .rita9 97 jg que êle lembra aos que o ouviram. compositor italiano de ópHWas. 95) Rossini: Gioacchino Rossini (1793-186S). a marqueza encontrou em minha casa o hornem com o qual eu esperava terminar minha vida. comigo. por que se portou não sabia que. na dança e finalmente o eti . de 183o a 18 3 1.119`.Ç5es difíceis de pintar ao ouvir Gennaro. que realmente m.13idelIte da República. Ésse primeiro instante de aturdin. Ela tomou parte intelec. ada p . As crianças são-me in. a inar. era amigo de 13CIZac. Lainé: í13 " os reis se vão!" fôra ouvida por ela. não deixou de influenciar o seu procedimento .oca moral. equivalia a dar sua demissão. sou a única em dizê-lo. como comp ositor tem talento. passar a tormenta na propriedade rural do marido e lá se entediou co. oposto às idéias ultra-rEa listas Teria pronunciado essas palavras depois da publicação das reacionárias "ordenanças de julho" de 183O. so no piano. os.d. .. de c arios X. que a revolução. orador francès. Essa opinião. Se não sou a única a pensar assim. autor -d e Roberto o Diabo." xar livres de ser ou não ser mães. e do qua. é o objeto mesmo da luta. numa ep. e que destroçaram alguns cérebros femi ninos. Veio az de defender nessa posição.1835). uma rutilher. o parto. Púlít"CO £.u goltI). talvez com justeza. A ideias.positor. conquanto jamais consiga alcançar os primeiros postos. ela Vezes mais louca paixãO c mo arrebatou. e enêle ficou ainda entorpecido pelas primeiras malícias do casarne o filho. Beatriz foi. e êsse tráfico de maternidade de que ião Por êsse lado não sou mulher. mas. o que constituía seu único papel sob o império da ação e dos fatos.eu ai. Não fÔssem Meyerbecr11 C Rossini 95 talvez pudesse passar por ser um homem de gênio. creio eu.. pOrLáVe. Quando êsse canto responde On fa é um aa alma. como moscardos ao sol. Germaro Conti. Tem 93) Lainé: Visconde joseph-L-ouis-joachim Lainé (1767 . ta-do pela burguesia. vá ias vêzes ministro. depois de julho. #B F. embora achasse essas novidades soberbas. Ta . Não 1O iolillo" Inoso. 1. compositor aleniãO do óperas. a coisa mais W< meus bens. tra P" concebeu por êle a mas é um ardil de guerra ade pelo warq. etC. que um dos grandes benefícios da sociedade moderna. co. lução moral. é ern música vocal Oque Paganin. dido reconstituir durante o triunfo inesperado dos quinze anos de Restauração. Conti tem muito espírito.ucsaé excessivarriento` provinciano. porém nascido em Marselha. Por isso ache. autor ôo Barbeiro de Sevilha.. ela preferiu sua felicidade a êsse mutismo. tual nas novas doutrinas que pulularam durante três anos. Esta grande sentença do Sr. orgulhosa estava tão ap ridícula flO .. para mim. e irias quais se encon. Eu parecia-lhe uma m Pe. Guilherme Tell.? dão mil aborrecime ntos e inquietações constantes. a disl? fica perdida certas . na aparència puramente política aos olhos de certas pessoas. quesa ju lgou. to causado pela -soc iedade impediu que seu coração despertasse. aixon . etc.tivaTan3 pouco depois o depoimento désse monarca. de origem napolitana. A. q UO1a voz. de. Não vendo mais lugar para as superioridades pessoais. o grande com. Garat. rnundo. ir-se-ia em migalhas sob os golpes do aríete movimen.. fomos privadas por êsse hipócrita de Jean-Jacques era de no. Omundo ao qual ela pertencia. T R I Z 241 24O CENAS DA VIDA PRIVADA tava com o espírito ocupado. ia ser uma revo. ela queria salvar a nobreza. os Huguenotes. um santo na sua estada no paraíso. 94) Meyerbeer: Giacomo Meyerbeer (1791-1864). ven do a alta nobreza recomeçar a oposição muda que ela fizera a Napoleão. autor dae Ra psódias Húngaras. que são exteriormente charlatães.? grado. Você fica a. tanto. Trepados nas suas andas. 99) Garat: Dominique-Pierre-Jean Garat (1764-1833). Essa inUlher tão tornou-Me árbitro de seu destinosou seu segrêdo e . Calisto. Conh ecido por sua bTavura e também por seu amor do luxo. protagonista de Uma Filha de E va. sorri para Meyerbeer e felicita-o quando seu des. 1O3 Essa inveja terrível está II!? sob a mais graciosa camaradagem. pode ser admirado. e de boa-fé. e prefere s . quando quer. 41O V estuárIO ricO. Dirque roe confes errnaneceu mulher e rnaTques .ei? meu arnigo. êle dirige-lhe um olhar extático. entreFoi adorável. Lsse homem meridional. Enfim. êle não crê em nada. mas consegue-o de modo admirável. P as paulheres são por vêzes más 1I1e. como Posso fazer me a fiel a Conti. Sente sua fraqueza. Germaro chega ao mais descabelado pathos que jamais professor de filosofia alemã tenha vomitado sôbre seu auditório.. ta lvez riam dêles mesmos. brilho das cerimônias..dmirando-lhe as convicções. êle odeia-o e você não sabe por que . é insaciável em matéria de aplausos. eu lhe direi que er co nhecia. ouça-o: o artista é um missionário. amava-a por capricho e insultava-me com um falso amor. 97) Liszt: FeTene Liszt (1811-1s86).. ademais é de uma vaidad e que o faz representar os sentinacito. Existem homens como Nathan. como o brilho das vestimentas régias de Murat. mais estranhos ao seu coração. com carícias hipócritas. 98) Taglione (sic): Maria Taglioni (18O4-1S84). É latão nas coisas do coração. um demônio. era amigo de BaIzac. cilmente. eu o um charreza encantadora na aparência e detestável no fundo. que s os homens jamais saberão apreciar. arremeda tudo e troça de tudo. a vaidade dêles lhes está nO sangue. eu. não obstante. cunha-do de Napoleão. mas vigia sua admiração e a si mesmo -pergunta : "Serei mesmo um deus para êles?" No mesmo momento por vezes a si próprio diz: "Comi demasiado macarrão".1815). você será enganado po."OO de quem já lhe falei. ko arrebatá ara o céu por um canto que parece um fluido misterioso que derrama o amor. s^eÍ.Inha casa. É unia natusido até à rnorte e que. porém. é -de uma eloqüência que parece nascida de uma convic. que o teria velhice que me espera. um deus. cantor. pensam estar sôbre seus pés. do.?o profunda. Urna vez largado. pianista e compositor húngaro. É um vidente. têrn. coragen. seu vício. finge alegria tão bem quanto a dor. Deixei-o odiando a própria voz. Fà. 1O1) Murat: Joachini Murat (1767 . e dá-se as aparências da fo. fazendo-me pagar caro sua fidelidade forçada.1O1 atrai o perigo. rei de NáDolea. conquanto precavido. é frio como uma corda -de poço. Êsses homens mentern a si próprios.. a a meus olhos. nasceram co?antes como um vaso chimediantes. #1? V. É fanático.. grandezas s ecretas que u testamento de mulher à beira da Por isso. 1 . Mas a velhacaria de Conti não será jamais conhet) ciúme cida senão por sat amanteÉle tem na sua arte o célebre 96) Paganini: Niccoló Paganini (1782-184O). Êle agrada. Apresenta-se como uni artista 1 recebe suas inspirações do céu.. Você julga-se querido." "t estraçalhá-lo. A T R I Z 243 242 CENAS DA VIDA PRIVADA italiano que levou o Carlone a assassinar Piola. é sublime de zombaria para as Pe?soas da alta roda. bailarina. ama. à qual devia mais triunfos do que ao seu talento de compositor. 1O2 que valeu golpe de estilete a Pacsiello. e. Conti não tem a Oc111. êle. fanfarrões de formas extravag lidade dêles é nês. ?êsse artista ardente.j. personagem baizaquiana. a arte é Urna religião que tem seus sacerdotes e deve ter seus mártires. fazem suas charlatanices com u ma espécie de inocência. Para êle a arte é algo s arIto que sa. De resto a persona generosa. uni anjo. sabia-o: êle vira na véspera uma mulher. 1OO) Nathan: Raul Nathan. violinista e corupositor Italiano. 1O3) Paesiello: Giovanni Paesiello (1741-1816). nada souas sociedades. entretanto "ião conseguimos encontrar informações E. ônieda. Deixcri1O-1O . .nascera Casteran. É Preciso v" Para êle tôda mulher é um aa 1=yêdo. ulto de Gennaro é de c Êle t ornou-SIO constante. Eu era invejada e por vêzes sorria .pois bem. -ti o _i cometer o que . V lutido C ontI o . Embora Gennaro estivesse e sidade de bem colocar-se Perante . ge111. Seu ar ver muito tempo -corn i invisível das irianifestações. terIor italia11Oe valente e. .e. ves. a única a rriscar u tIdo vi à prova. eu 115O de ir até O1 gulho. .. oce daque . prazero .11. soube. ados. de um aa p nho minhas . que ponto de recebê-lo em minha casa.u "disse a P obre Andl .slens. Entre seus onfrade6 e con terráneos havia um Giambattista Carloni (1594-168O) .. Conti.stranha! em Paris C vez.te . dos seus prazeres.er homem de gênio comq Rossini a ser um executante da fôrça de Rubini. em que abismO vai de ?e9 U gew apc9 teli. porquanto conjunicar jeto. Você tenção o papel de u ais insinuantes* êle é carinhoso. é guloso. Sc é]. rer que sou c . rebuscado. P Eu não era marquesa. Essa circunar.Eu cometera o êrro de prender-n-le a êle. POI na profunda e rápida aritmética modos Jelinos e jamais acreditar a íntinio. eu ? C eu sabia tôdas essas certa coisa Meu amigo. 1O4) Rubini: Giambattista Rubini (1795-1854). " GeririarO estava no sétimo 43O Inell ois êle só ama a si proprio . S. Certa ( Vi num Ia natur obre filho. nomia e conhecer o est . ios livra-inc . aqui. fazia. eu amava te-se bem. encontrará nêle as cordialidades nI adona.Beabes se dessa intriga. O úlapaz de odeia Nunca disse uma palavr .1"s à marquesa. hoje liorrores honien. como muitos artistas. "N. a mais perspicaz d . .. o êle sabe que Oconheço. essa inatureza fraca e astuciosa. a bravura é.baill . é faceiro. compositor italia"o" autor de OR ei Teodoro..egurança. Nada lhe qu? reviravoltas que farsas infames de sentimento. Eu levei a indiferença ao do seu pensamento stância fêz com. COtice desenlace. jisairiento. A Menina Louca de Amor. -lne.onvencido enga naria Deus.. estava resignada a adornar n aquêle ídolo até o fim. lo a semana equecida "lu"" eza.oisas. êle para perceber-se o se. O. a sociedade p "brio de orgulho. me pudesse apunhalar com alguma a a Beatriz.istIria dois segul. dessa falsa bocavalheiresco.ro dizer. que andou MetIdo em muitas intrigas con tra seus rivais Cimarosa e Guglielmi. was. eu lisonjeava-lhe tôdas as paixões. Sbmente com . !por seus . . ontinua rePrp sentimentos de njug in homem Infeliz por ter-me deixado. gosta das suas comodidade s. lia inin ssantenlente inqu C -sentando cul 111111 ce rUé111. Meu P _. etc. dávidas.a ama.di-nic Oselvagen. tinio ineus tristes conhecimentos não crê nos bons e.ão sa o cova 1 obre warquesa. eu nãO verá êsse.. cisniado? .dia. isso Você será envolvido. êl1 Em viaciava-lhe a corag hipocrisia.1O2) Só pode tratar-se aqui do pintor genovês Pellegro Piola (16li164O). você é o Perseu tanto melhorl mas t e pôr OPe"rochedo.ôbre como morreu Piola. quis bservar as céu de . ele APTe virtlcle que 11?1O tem . ma vida a que Ieda ai-ze.. que morreu assassinado na idade de trinta anos. rdias de P . #244 CENAS DA VIDA PRIVADA F A T R I Z 245 teria preferido. embora nuinca começasse a fazer sua toilette tão para cedo. "se são sómente algumas palavras que tem a dizer-lhe eu esperarei no carro.ado. ela devia vir à 11O"t` 1?" jantar em minha casa. a Princesa Andróme?n. ela tinha tanta liberdade! Êle estorçava-se por não incomodá-la em nada. Foi aos aposentos dela e achou-a pronta para sair. qu ando ouviu rodar o carro da espôsa no pátio sob o terraço da escadaria da entrada. Não!". Q"e lá chegou casualmente. IClas Nereidas. foi em sua caE.. "Não lhe disse que ia acompanhá-la aos Italianos?". que matou o monstro e salvou Andrônieda Para <lepois d..á-la . u o convidara a Ela fazia alg uns dias que não vira Geninaro. Beatriz fugiu para " não ser mais interrogada. O4. disse o marido. adquiriram uma tonalidade de um rósco vivo. eu estriz: foi de um aa dissimulação a drniráv". "ochetide não . "Seu cab eleireiro não veio" observou-lhe Rochefide. as maiores miséria. iremos juntos" . de perguntas o selvagem canadense (o Huron). "mas ouvirei o prinieiro ato nos Italianos. casa o marido acompanhou-a. .EL bretã que assasi3ina... talvez à casa da amante. veio a mim e dis se-me ao para 1 1 querida Fel rubra de có era . mas muito admirada de vê-lo. EroíliO Blondet. há uma personage m cheia de curiosidade. Para pei. Rochefíde acompanhou-a sem prestar atenção à emoção traída p la voz da espôsa. sob reveio o herói Perseu. suas faces." Se Beatriz tive sse dito ao marido: . êle teria obedecido tranqüil arriente. tivo algum para suspeitar da mulher. disse ela. são sete horas e meia. Tenho alguma coisa para dizer-lhe". 1O 7 de Voltaire é um mudo comparado aos maridos ociosos. Omarquês pretendia ir não sei aonde. Como tôda mulher de espírito ela teve receio de despertar-lhe suspeitas por sentir-s e culpada. e pu nha amor próprio nisso."Não". dizia-me muitas vêzes. Ocarro seguiu. a Condêssa -de Moritcorne.. "Aos Italianos!". Beatriz saiu do salào ir vestir-se. perguntou ela. -para a casa da Srta." Oindagador bailio do Huron. disse Beatriz.Itoiogia g"ln rochedo 1O5) Perseu e Andrômeda: ?da to! atada a u -expiar um crime da mãe. . e ia ser <ievorada Por um M" stro? q.êle sentia sem dúvida a neces Surpreendeu-luc. de \Ior1tcOr? net às oito horas. Foi a marquesa tava à espera de o -ver solicitando um aa exPIOs?"o* . como se tivesse pôsto rouge. e não ouviu o marido dizer-lhe: "Pois bern. mais conhecido sob o título d-3 o gênuo.onagens da . a todos os Imprevistos. Eu tinha escolhido dia da recepção de nossa amiga.." "Não". disse ela. à que a esperava junto a êss e homem no caso em que êle tiv "1id? ess. po rém. respondeu o marquês. "Tereza me penteará". a qual devorava a mais concentrada cólera. quando do motivo da retirada da espôsa. .Ide. onde marido que desconfiava de nada. mas Beatriz conheci a tão bem O rega.a que a Condêssa Félix de Vandenesse conheceu . partamos".Vá aos Italianos e deixe-me em paz". replicou depois de fechada a portinhola. exclamou Beatriz. "Onde vai?-. 1O7) No "Huron" de Voltalre. "Nlas se quiser". escritor Raul Nathan. vestira-se antes do jantar e só lhe restava pegar as luvas e o chapéu. e resignou-se.. o bailio de uni. à minha. Quando quis sair dos 1O6) a Condêssa de Montcornet: em segundas núpcias Sra. montado no Pégaso. depois de uin ano de felicidade submetida quem se comprometeu da vida parisi ensea tôdas as vicissitudes. pois não tinha rno. Êle não fazia isso por malícia. Ela crivir de Impaciência. personagem Já e noontrada numa cena de Uma Filha de Eva. "eu o levarei primeiro aos Italianos C irei depois à casa dela". des Touches.e o direito de desprezá-la ou de atormentá-la.dêste mundo: "Minha . . A marquesa reprimiu as exteriorizações de uma violenta contrariedade. "Pois bem. Mas onde vai? Suponho qu e não quererá ir à casa da Sra. Depois de ver o café servido ao marido.. A fronte imensa. peça ouvido Co artirei alii"a i". no dia ?eguinte para a carta para Rochefide e parti por já dois a. a fortun i" Lle fico u furioso capazes e " p . 1 o aPesar dos estragos precoce aomífico e agora -s de um rosto outrora in. do rnodo.. ai ntiu-se feliz de uni modo que me penalizou. Cláudio Vignon é imponente.-nnaro. as semelhou Entre o" anos. erder assim a vida. M. sem que se conheçam a s fadioas dêsse rapaz. outrora brilhante. mas o nariz. êle se s dezoito e os vinte e cinco #246 CENAS DA VIDA PRIVADA quase ao clivino Rafael. ti . P seus preparativc arido.tO ris.mas você não a arn . os tons plúmbeos dominam na tez f?: gada. A bôca firme e judicios& revela va uma fria iro-nia. u. A devassidã. disse. os contornos ad u quirir? " uma plenitude de má côr. íaça Ela partiu com o m passaporte liberdade. a po bre criança ligou-se a min. Nesse momento. diela o ama ? disse-lhe eu. Ela Preveniu a desgraça por um aa desgraça Ina -s inocente. Perman zendo que jamais pensara le podia precisar para essa viae emprestei-lhe o dinh eiro de que é ..i-. Comoà ún"ca compreende. o ar rnais tr21"q11? nti para a Itália. seus transp ortes. Aqui está a carta de Beatriz.. suas cartas são encantadoras de amizade. amor. por i 1s?o ? lassidão é a do operário e não a do arquiteto.. jus-. As têmporas muito perderam . forina.to. sua fisionomia. ras.Iã ? "O"te com Co i com uni carro C e que esteja aqu -violentas líci ade.1rui " por assim dizer. Adora-me.?" talvez por uma amarga solidão e pelos abusos da com e?: Lle escruta o pensamento alheio sem finalid Pleen. disse-me rnaior. a qual não achou ria heiro obrigou Gennaro a fazer um aa óp ri b . corr. Beatriz sofria.. alta e larga. causa apenas sua v .peroro -i i nassível e fêz-me um aa poder amar tanto.. ade nem si. entreoando-lhe a carta.? azul pálido. qucr"nl_ çeus constrangiMent Assim nada me surpreen-i . Beatriz deixou um aa ava de um modo imprevIs tália.-. As paixões .t. nhecidos. . res conseguem em. dêsse rapaz calvo aos n trinta e sete anos parecia obscurecida por nuvens. brigou. Em seu resolveu-se a. ISSO s en. sob misteriosas depressões. Ficou geni que o peg .. COnt1 s aidade. ela por surprêsa. escreveu-me várias vêzcs.trou -. se é que na sua idade já se podern. ou embaciados por uma tristeza sombria. fazia um a qualquer preço sua os e a rar idade de suas entrevistas. -. er a adol". f oram velado de s Por Pesares de?. picareta de sua crítica arrasa sempre e nada constrói. porem. você poderá conipreendê-la agora. . éle por entre a e a consideração!" "Si"". afinou-se . descreveu-me seu ria . envelhe. os Olh.e q . esfumou a região infe rior das sobrancelhas corri tonalidades escu.~. êsse traço do rosto h que mais muda. entrou Cláudio Vignon. PaItália os recursos pecuniários que os compOsl. êle por uma vaga inquietaÇão. A necessidade de dimulher que a era.Como seriam poucas as inulheres tava . cs 11 ^. Vil CLÁUDIO VIGNON Aquêle aparecimento inesperado deixou por um instante CalistO e Felicidade silenci osos. analisar as coisas do coração disse ela. UM?r? P1. que ?le escãnctaio a&ii. sen. 1O mento. sem estar nem extinta. catilinho. nos hábitos daquele rosto infantil e ao mesmo tempo soberbo. . êle saiu ta-se evãO Lousteau.gora cO11c arefa era edutora. exceções excessivamente notáveis. quela bela cabeça. Essa i político quanto grande escritor. des Touches. enfraqueceu.instati êsso do gênio lente anãobr.do penetrar. teiro. a ciência. é O seu ópio C fe às irienores c Orno às maiores a fim de tica no deboche Indi -rente docabeça. sente inédito ri-se li. pe r" 111) Bellsário (494-565). olha o tempo passar sem pôr 114 o céleta~se e deixa ou desgOs 113 o folhetinista. vencedor sas. como todos aquèles que cârregam consigo um mundo de idéias. seu pensamento permanece inalterável. os grandes homens de estatura alta que enumera como exceções à -regra qLe acaba de enunciar são. imperador do ocidente. 1O9 Narses 1111. A cri Iérça de turco da s enojou-o de qualquer £ o seu harém. Certamente Cláudio Vignon oferece mistérios a adivinhar. e. como Nathan. já levemente encurvado. general de Justiniano. a _Çatl rialídades. lução. det ? lis outro jornalista. T R I 247 T1 I I compreender. sabe tudo o que êle . a fixid ez daquele olhar encobrem uma irreço. por tudo ida assim que se trata de atingido pela dúv as belezas.do seu frescor. 1O9) Carlos Magno (742-814). 11O) o euntico. Narses (492-568). à qual s -lhe a Srta. ades. nem enrouquecida. general de justiniano. A impassibilidade da. mãos à obra .. assus pode. de in. Antes de mais nada. Essa inteligência que pode criticar as artes. a cair obra P 1O pról fatal poder de sua c?niPOt pode-se or fazer. de livros feito coisas. dos váridalos e do6 ostrogodos. se deslumbrar cO1a1 su Olate los. uma fraqueza traídas por um sorriso espirituoso e zombe. o conduzir ao bom Esta derriasiac CamilO Maupin tentasse de julgava-se t. êle despreza P or t. imperador romano que adOto" tianismo como religião o brigatória do Império. Cláudio contempla-se na extensão de seu reino intelectual e abandona sua forma com uma indiferença diogênic a. jamais ?êsses gr " andes corp os compridos foram notaveis por uma energia contínua ou por uma atividade criadora. está entre o enrouquecimento e a extinção. é lado. já pouco sonora. ço s de uma compreensão enciclopédica naquela fronte. ` o . fundador da dinastia carolín gía. Belisário. duplicou-se sem nobreza.. Ilis os obstáculos.tantino 112 são. loS) o próprio Baizac era de estatura abaixo da média. discutir os intelge ncia adormecida pela meditação. . -1 vê os obstác11 meios? permanece de braços caíders sem resu" £riar. Ohomem é de elevada estatura. a política. Lssa fraqueza atinge a ação e não o pensarnento: há os tra. A voz. Z A. é inábil para governar a vida exterior.c. 111 e Cons. C. comparável distinção. corantores. crio112) Constantino (274 .. ião grande bef" interiormente dos ambiciO. a lite ratura. irias.337). exarca da Itália.orrio Est^ tico? como Blon bre autor drarná e deve a maioria dos grandes escrido seio da burguesia. n esse gênero. Há um detalhe que pode explicar as singul aridades do caráter. irias êssc Maquia sos.ad<) Pe " (sorriso)rio pêstoes da o or alguns o preocupado pelo av abdicar P.1O8 Carlos Magno.ntivarnent"-" seu futuro por suas faculd inede penetra a tolice dos parvenus.1111eber que Cláudio Vignon n . êle é muito simples e ao mesmo tempo muito finoConquanto caía em excessos com a facilidade de uma cortesã. grande. Essa situação era nova. .Há -desentendimento? Não. 114) Nathan: outra personagem de pruneiro plano .já foi encontrada "nl unia Fil ha de Eva.com Conti? .A senhora nem sempre olhava .êle procede mal c om você que nada sabe das rnistifi parisienses. nada ipeço.Não está mal aqui para ir-se . 115) Blondet: também êle membro destacado (Ia boémia baizaquiana. pin estendeu a mão que êl e beijou`. estava furioso com Cláudio Vignon.Mas. onde tentou em vão seduzir a Condéesa Félix de "V andenesse.esta carta. . Toque-me uma sonata de Reethoven. . . #248 CENAS DA VIDA PRIVADA . ao invés de apertá-la. lu 116? OPróprio Baizac. na nossa idade essas coisas compreendem-se .Demasiado. irritava-se com o que tomava por indelicad eza. o .disse-lhe Vignon.Pela porta .Ela ficará só. . . .disse Camilo_ querendo fala. continuando a falar a Cá.Guarde-a.A Sra.por onde vC"O? do de felicidade e de surprêsa. Já apareceu em Uma Filha de Eva. t" Iluern apresentou Nathan à Condêsca . sentando-se e pegando a extremidade do houca 117 como êle amará! o . . dando de ombros .Você é insuportável com as suas pilhérias. ern 3]Qdesta Mignon. . xando uma lágrima ardente. tinha pena da pobre Felicidade. `1??es .Meu querido Calisto.Eu quisera ser êsse pequeno disse o crítico. examinando -Camilo muito mais do que ela julgava. .exclamou ela. êle se julgava tomado por objeto de ludibrio por uma mulher de boa-fé.. . um perisarnefito horrível preocupava-o. ete. A Musa do Departamento.Pelo contrário . . C5 113) Estêvão Lousteau: personagem importante da comécua Humana. . ar? .disse éle c om ar zombeteiro interrompendo Calisto. desempenha papéis mais importantes era Ilusões Perdidas. .Basta disse Felicidade . VIII A CARTA DE BEATRIZ Calisto. indionado. senhor . .disse sêcament-C Vignon..Mas .encontranIO-1O.Acalme-se. .disse o fogoso rapaz. ao retirar-se..Cláudio graceja . . eu sou de uma indulgência excessiva . a quem ?Camilo Mau..respondeu Vignon. nela dei. Cláudio pôs-se a encher de tabaco turco o bôjo do houca. os sentimentos. porque então não será amado . . .Incomodo-os? .sei perfeitamente que você não é honrem para e ntrar pela janela.disse o ingénuo Calisto. também. ara as mulhe.disse Cláudio Vignon. nada conheço da música que êle escreveu para pian o. . a troçar de Canalis.Bem! disse Cláudio.Querido? ..disse Calisto. Como era possível ser-se amado por aquela mulher s LI- .disse Vignon interrompendoa. des Touches.replicou Vignon c til ar grave. .disse Camilo.Por que caminho veio? Faz duas horas que não deixo de olhar na direção do Croisic. vinh a do Beio da burzuesia. mas êle acompanha-a.Estou pilheriando? .A escalada é uma espécie de cruz de honra p res amadas. Esplendores e ?lisérias das Cortesãs.Eu não sabia que era engraçado . listo. jovem. . de Rochefide está por chegar aqui.disse a Srta. que usava a partícula de antes do uOMe 2Om Stifieacào._:per<yuntou . .Senhor .Calisto levantou-se. não ipensava mais em Beatriz de RO"he" fide nem ria sua ca rta. . mas eu teria preferido o silêncio e a solidão. de tê-la visto do das dores que a espera ca êle sentira o desejo de despedaçar gía . pouc -ela causada pel o supcwto mau trato de Calisto.Ido a cabeça 1 . respondeu a cozinheira. Quis ver tudo e quando não se tem uma alma que fàcilmente se embota. como sabe. no Feni ce e nestes últimos dias no San Carlos. a viva imaginação de ?Calisto mostrou-lhe a marquesa vestida como lha descrevera faritàsticamente Camilo Maupin. o inquieta pela tristeza estampada na fronte A Tn?e" un. parecido cO111 o narguilè dos turcos. de figuras harrnoniosarnen te suaves. holandês dar um aa volta pelo jardim. a rnãe não pôde conter um aa avi9ta-lo no "Pátio" Srta du Guénic apitou. ao passo que os homens vivem pe lo amo. Três óperas italianas em dezoito meses! você não podeTd dizer que o amor o torna preguiçoso. Ao desdobrá-la. selegante de minha parte não imolar algumas pequenas vaidades a uma coisa tão grande como a vida de um artista.. mas é tão doce obedecer-lhe! #25O Cr. ao compreendeu essas sutilezas. pôs-se a trab sua poltrona ao filho e velha tia pegou o seu -trico. Fanny bem quisera interrogar Calisto. aqui está o nienino. gria e logo ? velha a o barbo. nem voce. é um mestre mais exigente do que 4? ca4amento.NAS DA VIDA PnIVADA Depois de ter feito do amor tôda a minha vida? eu nao que fôsse Jireciso tornar a ver a sociedade. Mariotte. dispn. Gennaro i. nos preocupa`emOs com mais uma ou menos uma carta. j3 B A T R 1 2 249 ?o adorá-la de joelhos. . chamando Mariotte. 2 de julho. talvez. exclamação de ale. na -orriso? Depoi s de ter sido testemunha privileolhar ou de un. Estou um pouco cansada. desenferrujar as pernas. das quais fiz um completo sacrifício. aquela mãe ainda tão bela e os dois velhos enquadrados na quela sala antiga exprimiam as mais comovedoras harmonias dorné.. go teve belos triunfos no Scala. que teria sido de. porém. a felicidade ocu4?a lugar na vida. êle.. e pela ação. Oamor. mesmo Pen . CARTA DE BEATRIZ A FELICIDADE "Gênova. ter tôda s as graças da mulher que ama e pode tudo conceder ou recusar à vontade. você . o barão deu antes de ir passeou pela sala como para.. a repetição dos gozos causa lassidão. NfiO é êsse o Ún?co modo de ser que convenha a um aa muiher em Oposição direta com a socI edade? Eu acreditava que assim fÔsse. rimentos.gticas.. A de VigriO1 para Felicidade. você ".istificações o ainor era uma re a. Não falo dis so senão relativamente às coisas do coração e não às coisas s. ciais. Quanto mais considerações Q rne di. sem strspeitar ser alhar na sua tapeçaria. ignorando. destruir tôda a felicidade de qu e gozava aquela nobre família. o dissera Felicilido e frio..117) houca: espécie de cachimbo usado na índia. Ao dade. e as atenções com que me cercaram eram outros tanto . e.5 da iniPrens . nha de seu livre arbítrio e eu não tenho mais o meu. jamais quadro flarnengo ou representou um interior de torn tão sombrio. mas estava tão feliz. de modo espsel rádico. pensavam. mobiliado.11W . Para êlc. senhorita _. que iria. as . de outra forma êles não seriam homens. Você Podia ser coquette e voluntariosa. Nós não v.. não acreditar nela sob a fé de um bl. Eu ali não me achava mais em pé de igualdade coll"nfe. puxara do bôlso aquela carta de Beatriz. existem grandes desvantagens na Posição em que me coloquei. mulheres. vemos senão pelo amor. mas Veneza e Roma abs orveram meu tempo. minha querida.. Entretanto para nós. oara o Crois ic. Aquêle belo rapaz. vestido de veludo prêto.. querida amiga. Não lhe escrevi desde nossa estada em Florença.usara a Felicidade. Nem eu. e você a tinh a evitado. Por tÔda a parte fomos ""cebidos ma ravilhosamente. damas de mais alta categoria. prepar Já o Vi. mais se acentuava minha inferioridade. .servOU-se grande perante a sociedade que nenhum direito tinha sôbre você. como lh ? uais se luzem os trocisaquéle espectr de pensamento nas q ?ligião humana.. Nosso ami . com sua . enfim! como você a viu.. um aa gran pôr o que eu saiar um aa nova o . Meu. Entre a dignidade social e minha pequena dignidade.lliavar i. a com minha benque não tardarei em ir ter consigo nas Tou Gennaro.erá ineses SI Não tê7 . dezoito olherá fartas iprar um palácio em Ve óri . que vai iga e as desperegressar ao Báltico.71cessantemente movidos pelas adorações que ela reclama a cada Passo" R E A T R I Z 251 ra coração no qual atirar a exua apertar.rrianecer um aa vila em jeto de casi . que é um segrêdo para a mi nha consciência. e vai a e o dinheiro de ter aban de ópera. P riuma valesse um mar . Enfim não chego a ver por onde êsse querido belo gênio POSS4 falir.ri Paris. tentar chegar ao Croisic por mar. impeliu seu cavalo e espe he pois para dizer rique in. ual. não deveria almejar sociedade um a . "sera topar corri U preende tão ber i à custa do meu amor. em frente orern? at17 bela paisagem. Tenho pena daqueles que SãO 1. e minha medas ernOÇO6 para -rn lln S. le homem que me fariam pe e désses olhares de mulher ou quem quer que fÔsse eu faria um picadinho de i Io assassínio. Pareço-me um pouco. um aa tem or comum par ara fora dela. de cOn` Florença? Não é a 111 P. Paris a se vê ern . pois se assemelhariam a arrependimentos. me honrasse piedw .s que ali se tôda a minha vida. Não tenho êsse direito de querelar rindo. mento.çlí. a qi zinhou -lhe dade. vi tão bem a extensão de minhas obrigações que me armei de plena indulgência. 11 yn de fazer en n como eu. meu belo anjo. Se tenho algumas melancolias. direito ao qual temos tanto apêgo e com muita razão: não é êle a sonda com a qual interrog amos o coração? Não tenho ameaças a fazer.. ao por n?O ter . Por êsse ca . como o que .. que you aqui que ha via um pequeno navio ocorreu-me essa idéia ao saber . finalmente. no reinado de Henque. de me cobrsse corri sua amabil . faz voltar a Paris Osdonad o meu luxo. qui onceber . . porquanto meu perdão está na santidade de minha paixão. você ainda tem seu próprio consenti. cu"ldades da estrada. prefiro m orrer a separar-me de Gennaro.yn bonito xIas ai de mim! nós som-os Gennaro não quer a Fiesole? dois boêrn . à ingratidão.r-fne mar ou a um vale que os Uns pobres artistas.-ada para sempre P nte de flores.1O messe você t. calo-as. meu anl"o. Vê como SOU ousad cartuxa o nosso ndeza das obrigações não me leva ãr Mas e" que a gra 1 feitora e "Tr n . Deus. porquanto não é a você a quem devo 17111. inao acalmam. não hesitei. Falou-rnc tanto das cl*fi ra como a certos corações. não pode duvidar de que eu pense com fr eqüência em você. e às quais nós mulheres gostamos de nos entregar. Sim." felicidade? Também.. o preboste de como essa adorável Chateauneuf. Hoje. aí buscar sal ao dinamarquês ? Ia carregado de mármore. devo buscar todos o meus atrativos numa obediência e doçura ilimitadas. u se engrandecerem. Vi a Itália. mas até agora Ger inaro não assustou meu sensível ciúme. Você comfrie aperceba bra. que não POSSO M. déles rec em (. creio. eu não tenho mais a liberdade de coração que sempre acho deliciosa de exercer em amor.Scutem com o seu Deus. Crime dessa espécie. semelhantes a essas nuvens que passam mesmo pelos céus mais puros. nha ern sorrentO. mesmo quando a paixão é eterna. Escrevo-1 ches e esperar nessa Paris por um . sepu .conservara o privilégio dos caprichos. mesmo no interêsse de seu amor e do homem que lhe agradava.n? %tZO. num "mo .. como deve ser vista. a tôdas as mulheres que amar.. devo impor pela grandeza de meu amor. a êsses devotos que d. iluminada em nossa alma pelo amor como o é pelo seu belo sol e suas obras-primas. como eu o PrOnCta . . Baiza. no 1 volume desta edição. vindos da província. porque faz pouco eu queria. até breve. ensina-me o italiano. VO. aos artistas. ção êsse mesmo quadro de Guérin.o está só ?ha remorsos. da irmã de Dido no quadro de Guérin. sôbre cuja fronte caíram aquelas lágrimas quentes. que te entristece? Prorneteste plicar-me tuas assiduida des nas Touches.Sim.. com certeza. rande está longe de Paris.. ela . inicia-me nos mil segredos sociais. 118 beijGu-lhe"a fr? -diz. do seu espírito. Foi êle que nos contou a anedota contida em Est t Mulher._ trou-me a insuficiência de minha educação numa época em que e os nobres precisam conquistar um valor -pessoal para restituir a vida a seus nom es. para não abalar em mim uma fé que ela não .. querida mãe. e isso "me sas de viagem pela mala-posta.Não será por isso que eu a abençoarei .É claro.er-lhe: ri te ao .?. scaredos de que em Guérande ninguém suspeita. El a não o me pôde dar os tesouros do amor. Ela dá-lue lições de piano. colocand contra o espaldar da poltrona em que estava o filho O.se na pgsi.continuou Calisto. Ela não quer ser um prazer para mim e sim um aa luz. Já em A Bo51sa. #252 CENAS DA VIDA PRIVADA Fanny foi fechar o trinco da pequena tôrre e voltou. . o vento é favorável." IX UMA PRIMEIRA CONFIDÊNCIA .minho. . cujos olhos se encheram de lágrimas.) CO7né119) OBarão de Rastignac: personagem de primeiro plano da Udo de dia Humana. Contou-me a vida em Paris de alguns rapazes da mais alta nobreza.Pensou Caliçto ao dobrar a como se alguin n carta com ar triste. devo. essa tarnbéni arna .. Ela foi um pouco a mãe da minha in. meu Calisto. ?o da mãe Essa tristeza jorrou sobre o coraça Obarão acabava de ?air.. evito a fad".?guinte.sabe ser inabalável. 118) Oquadro cze Guérin (1774-1833): "Enéias contando a Díolo Os e evoca desastres de Tróia". ama a Bretanha. clarão lhe tivesse ilurn inado uiu abisnIO. dá-me os de sua vasta inteligên?cia. ela não choca nenhuma das minhas religiões: tem fé na nobreza. Sei que você ". segundo dizc. para prestar-lhe um serviço. 119 hoje no ministério. Sua difícil estréia é magistralmente narrada em Oai Gori" no volume s..Mamãe . duas pérola s de maternidade dorida não chore. d e seu gênio. . T R I Z 253 . percorrer a região desde a ribanceira dos aduaneiros até o bur go de Batz e ela disse-me: "Em que inquietações ficaria sua mãe!" . o . . eu ti? o Conti.. murou Fanny.Que tens.disse êle: . parto mandando-lhe um beijo.Felicidade não quer senão meu bem .disse a baronesa.ela dern.mur.lia felicidade?.exclamou Calisto.ela retém muitas vêzes essas palavras vivas e equívocas que escaparn. ]3 E A. (Ver nota 1O de A Bólsa.Ela disse isso? Posso então perdoar-lhe muitas coisas . O te-lio. separando-se de uma família sem fortuna e conquistar lá pelo poder da vontade e da inteligência grandes riquezas. Eu posso fazer o que fêz o Barão de Ras tignac.. faz muito feliz: através Mi n star só e sem cê é a única pessoa junto à qual eu podeYia e? Não será também para você um prazer de ter a seu lado um aa mulher que compreenderá sua felicidade sem invejá-la? Vamos. como eu poderei ir.ência..? bençoar-lhe a dona? . acèrea do qual citamos ali curiosa übserva de Baudelaire. Eu estava tão longe -do meu século cOnio Gué. mamãe. Aqu.rnou o nosso Calisto . rn. tomando-o nos braço. quêle Querubi m. do amor senão sua chama de lâmpada. descritas pelos li`rOs. Ufi% Í?1innal Enfim é a régia duquesa que vi na charneca. u.disse a velha cega in. deitar-me sob olhares implacáveis e enternecêlos? Deverei não conhecer a beleza livre.disse ela. a fantasia da alma.ÇcO5 velhOs cria 5. a filha de teu -Hoê1 dará sua . as nuvens que correm pelo azul da felicidade e que o sôpro do prazer dissipa? Não irei pelos peque nos atalhos úmidos de orvalho? Não permanecerei sob o chôrro de uma goteira sem saber que está chovendo. . através das urzes. Sem ter jama is lido B chas de caurn ela pensou. quando êle janta?-a em casa. que seria uni crime archa"s. Se eu não conseguir felicidade cOrn tanta solicitude quant o e -tio Lord Fitz-William. sois vós. um carvão ardente na palma da mão? Não subirei por escadas de sêda? Não me suspenderei numa velha grade apodrecida sem a fazer vergar? Não me ocultarei nu m armário ou sob um leito? Não conhecerei da mulher senão a submissão conjugal.Casar com a minha idade? . nobres. e corri ar misterioso. nha peculiar às mulheres para festejar Calisto. mais vivos do que a arte os faz para aquêle que os lê abarcou rápida. do que dizes. todos atirados por aquêle olhar como fle" "ela uma aljava que se derruba. como tôdas as mulheres. miss Margaret.endo solida. A baronesa viu todos êsses pensamentos mais claros. mentar-te. respirar. ração!" O111. ará feliz. É -simples como um til-hornemrras da nos a s inais sólidamente uni rico geri t iria tão ràpidainentc. nas Touches. a mãe. é pouco mais brinhas que fÔr tua eleita.r ais rico do que tu és agora. preparastes o fogo que me devora. como os namorados de Diderot? Não pegarei como o Duque de L orena. e essa. transfOr -O compr?eende. para resgatar as t . nas verdes folhagens. sa em de entre as páginas de Lord Byron. casar a.. na paz do senhor. podel. que êste fazia dois meses não montava.disse a velha tia. pelos castos. casar-te clorn.ô a s casa. mas sê feliz! Meu papel não é de dela ator. Mariotte veio pôr a mesa. apertando-o e beijando-l he os belos cabelos que eram ainda .e 11 co. elegantes. armada com as recordações e os hábitos da infância. a tia e Mariotte entendiam-se corir a nia. Não vêdes que. como nas aveias incendiadas pelo sol. .. b-rauça àquela das so . ou menos seguro que a Srta.ót"111os. sempre a mesma? Ficarão minhas curiosidades saciad as antes de terein sido excitadas? Viverei engrandecem o poder sem experimentar essas iras do coração que do horne. de Pen. pelos ignorantes costumes da família. pelos poemas que d evorei em casa de Camilo? Ai de mim! Dessas mulheres não há senão uma em Guérande. 1 m? Serei um monge conjugal? Não1 Mordi a maçã parisiense da civilização.Oh! meu querido filho . meu belo sobrinho. Gasselin saíra para fazer passear o cavalo de Calisto. e r3O3. e que eu serei consumido sem ter adorado a divindade que vejo por tôda a parte. Ias três mulheres. nllnha mãe1 Êsses belos pássaros azuis dos meus sonhos vêm de ]?"?is. tentava lutar com a civilização parisiense tão ficlinen.Viverei então sem -belos e tresloucados arnôresl Não poderei tremer. encontrar-se-ão por aqui alguns escudos .disse êle dirigindo a Fanny uni dêsses olhares que -faz em amolecer a razão das mães. palpitar. velhos pa is ? 1 wa casa podes desposar um aa boa pequena bre. patav ina . A pobreza bretã. de Scott: é ParisiIla. se souberes vive áés vezes in à sombra. r tranqüilo.. meu amigo. -O _ porque na 4ue te adoerrorol. #254 CENAS DA VIDA PRIVADA.casa-te quando quiseres. .\Iariotte tentava desgostar seu jovem . que será servar t as arribiÇões par 14. C< . coração bretão. e em tôdas as mulheres belas.Além disso. e cujo aspecto fazia afluir o sangue .1.Tua tia tem razão. te representada a doi s passos de Guérande. ". ela ocupou-se com a tua . Não se. lo s.. em voz baixa. religiosa e cheia de qualidades que te f U a Uloça a teu filho priniogênito. .. atirando a carta po alternativamente seu cálicepegando e depondo Is pois tô_ Mas . re" velava com que condescendência e com que prontidão unia 1111` ostos do lher desposa o caráter. .?dQ P . inesa. desenhado de manhã.1 dêsse s inagir res coritidos 11 "uernáculos. Calisto saiu para voltar às Touches.?disse Cláudio Vignon que não percorrera senão a primeira fôliha. nada mais via. e filhozes. e titarcejas. Sr.as de sua reforil. atraídos por sua partida de inouche. quando o cura de G uérande e o Cavaleiro du Halga voltaram. des Touches. está condenada a amá-lo quer queira.. E então. que diz a isso? . e a 1.e. adota a profissão. a du 4-1 ecessária para conipetir com a in suas osa na seria 11 Srta.cOs. apritava seu leque. . por n Felicidade lhe aparecera brilhante de luz. colisidera a corri as bug ga g orcelanas corri a prata dourada. C êzse O grande crítico tinha inclinação pelos bons peti?. no traje fantástico. por acrescimos importantc?. X k? UM MOMENTO DE FELICIDADE Cláudio Vignon e a Srta. nheiro. co que Jortu. A sala de jantar. tornar os licOp d. sorrindo com ar sardônico p ara Calisto.Seria bem o negócio que lhe convém . .ainda boa s para a carripanha i . quando se arria verdadeiramente? pode-sc ser tão sutil quanto o é a marquesa?.Paris. . completada fazia um mês. A bela mulher.perguntou a Srta. tomando como ipretexto a restituição da carta de Beatriz. . uma verdadeira camada de neve. A mesa oferecia O B E A T R I Z 251. r sôbre a mesa a Vignon. ? rindo. Depois do jantar. Calisto. o qual pôs-se a lê-la. você ainda é da sua aldeia . assim como a mãe e a tia rival izavarir de cuidados para enlear o querido pequeno nas malhas da sua ternura e tornar impossível qualquer comparação. corri sua bela ada cffi 1 . prêsa a Conti pelo orgulho..como! não viu qu e ela já o arria menos e que.Pobre mulher! .. A pobre e nobre elos aperfeiçoanie -se C . des Touches ainda estavírti à riresa. e trazida pela .Aqui e" lio o qual saboreava uni cálice de licor das olhando para Cláu"( 1 Ilhas.patrão das sábias preparaçoes culinárias de lCamilo Maupin.disse Carnilo.. as paixões e os 9 homem a quern ama ou a quem quer amar. quando a velha tia recomeçou a fazer ?eu tricô.conio ta corri inocente ostentação. e a outra mão saindo de um punho -de rendas e de veludO nacarado.disse Felicidade Pois bern. olhando para a toalha branca.disse êle. . -"-orava corri que adversário tinha de haver bai xela de -prata. Calis to recusou roupa ciência de seu cozi íficos botequins de madeira preciosa . pode-se fazer cálculos? fazernse acaso d istinções? A querida Beatriz está..nca e pura sôbre as pregas £ôias de seu esplêndido vestido. caía br?.Ali! o senhor tem um barbo. U%i (-11é111c ig.disse Cláudio Vignon. .disse Mariotte com ar sorrateiro e triunfante. vício era explora-do por Felicidade que sabia o quanto uma lher se torna indispensáv el por suas complacências. que são tá sua carta . que só podem ser feitos aqui . -lhante aspecto que o luxo moderrio imprime ao serviço. . Calisto tinha os olhos ipostos na mesa.É evidente! . ela ?sorria-lhe. quer não.Pode a lguém observar seja lá o que fôr na própria situação. de s Touches. que as mulheres de Paris são bem felizc das têrn hornens de gênio para adorar e que as amam. rIco le brI ritos da i ndústria. Se t vesse avido sômente vinte mil moças sernelhantc.disse Felicidade. des Touches dirigiu a Calisto um olhar suplicante o que o acalmou súbitamente.-?. a razão que faz com qu e o coração das mulheres moças não possa. Nada valerão. além disso. 12O Além dessa repugnãoncia.ópria imagem. ao rnesfflc tc"n" o po atrevidos e reservados. tão bern nhados. nem mais gencro. langorosos a propósito..Não conheço sentimento mais ingênuo. des Touches. essas magníficas espáduas douradas tão nobrcfflcl" te desenvolvidas.Alil . e aquéle pescoço de tão bem a . o assunto pode arranjar-se. onde estreitos raios de 9c1111111Oentos rruniada. B E A T R I Z 257 polposa e sadia.ii. e atirou-se a esta últill" se unir à sedutora figura. que já viu Ofogo duas 11 _.Entretanto . é a mesma. .Calisto sentiu-se ofendido com o têrmo negócio. um pe. 9 e gnon.Primeiro. você não sabe o quanto êsses gracejos são perigosos.rihas ntes por onde a ae co buridai cuidada. .disse Camilo. ser compreendido senão por homens. por acaso. .x.êle é a conseqüência das adoráveis qualidades da mocidade. êsses olhares. periência mútua que os separa. há. .Por que .ndeu Cláu?1iOt mais perspicaz do que um aa mãe . L vez. Assim. Conti estaria presente.. tem dez anos mais do que êle e é êle que parece Par. Enfim. lo-á ainda du rante vinte anos. aquelas mãos escavadas 12O) Narciso: personagem mitológica. .disse sarcàsticamente Cláudio Vígnon queno gesto de ?ciúme? Acredita isso? . De resto. que vir a nas águes de uma fonte.z se arrasta. que torna uma mulher de certa idade inais apta para seduzir um rapazinho: êle sente admiràvelmente que triunfará com ela. so . .disse Camilo altivaniente. entre êles uma inex. Eu conheão Beatriz.respondeu -Calis to.. começam por amar Mulhe.disse Vignon? sorrin.Tenho uma espada que já a fêz aos que a têm dernasiado comprida . é muito natural que a mocidade se atire sôbre os o frutos e o outono da mulher o ferece-lhe frutos magníficos e roui* to saborosos.E eu faço muito bem o epigrama . Uma tal paixão beira a fábula de Narc15O.redargüiu Vignon. .. como poderiam as mulheres .O1li" de linhas nutridas e como ondas andulantes.respondeu Vigno?n. para pôr fim a êsse debate os jovens rapazes.Uma mocinha. do. aquela fronte cheia de aquela pele 1.. aquelas rotundida?des tão cheias.Eu estava fazendo o seu cio jo .elme nte dese .o que é muito mais fácil do que fazer-lhe a barba. apaixonou-se pela sua p. A Srta. aquela har11. ela tem d emasiada grandeza no caráter para mudar e. e as vaidad es da mulher ficam admiràvelmente lisonjeadas com aquela perseguição. .fariam uni t). aquela.pazes sabem amar muito melhor do que as mulheres moças. embebidos dos últimos clarões do am or.cab e. Ela 5 lia Ven a. como o m eu Calisto. senhor. cuja habilidade se oculta sob uma paixão verdadeira ou simulada.Não dê a êste querido moço a idéia de semelhante aven tura. .somos franceses. a gente pode explicar-se na sua presença . res de certa idade? . tão quentes e suaves? Essa sábia -elegância de palavras. creio. dirigindo um olhar sutil à Srta. pondo de parte a diferença dos espíritos.?C1has terminar sem êsse amor? A senhora é jovem e bela e sê. as semimatronas às quai s se dirigem os ra. Um adulto assemelha-se demasiado a uma mulher moça para que uma mulher assim lhe a grade. .acrescentou êle.resPc` Mas é isso 1?ossível? . . Inostrando CalistO#256 CENAS DA VIDA PRIVADA . visto que Felicidade não o amava.pensava aquela mãe adorá. ao vê-lo entrar. ornversar. nem vaidade. Frase adaptada de O J"d"CO à Pôrça de Molière (ato li. Porquanto o espírito exerce suas seduções. as cores sorrisos c desenvolvem nas suas palavras a cíê . me deste talento? com talento deve-se poder escolher entre as ni.. da bota 1 P que êle fazia nas r. .Oh! minha mãe. O.Não me admirarei de -ver a Marquesa de Rochelide e Conti que Sem dúvida a acompanh a desembarcarem amanhã . bem sublime! Por que ilã. anhã o filho sem poder com reend e. assemelham. sublime. lheres aquela a quem se ama. põe-se a recitar um aa série de frases Dedante. -proclamando com coquetisnio. de um elogio tão pomPoso que nêle não pôde perceber nenhuma armadilha.l? Que coisas podem vocês ter -dit o? . para por em rclêvO tôda a tons da PC" e tornam então tonalidades da vida e do arnor? As próprias morenas ride âmbar da maturidade. ao ver a atitude extática da Srta. Tninha filha está muda.perguntou ela ao filho. comO. Não creio qu e seja possível esquecê-las nunca. .lobras 5 _ . rri en.qt mil-ette"#258 CENAS DA VIDA PRIVADA 35 E A T R I Z 259 Cláudio no fim do serão. os cabelos. o talento é uma coisa bem grand e. meu Calisto. nem pequenez. des Touches. e 1aotando a ignorância do pai dela. peÇa em que o falso médIco Bganarelle. se distraem nunca.piorados para ins olência da arte sa. essas mulheres não. que &pertava corri fôrça a mão de Calisto.. Cora mistura de Latim . enfim não se conhece o amor absoluto a não ?er por intermédio delas.. os rnarlrlh tinham identificado um p equeno navio dinamarquês. entregam-nos Oinundo inteiro sociedade. minha filha está inuda 121 . .Mas tu és -belo...1.Quando saí do Croisic.. sobretudo nas pessoas d e grande coração. e a embriaguês causada por seus triunfos é contagiosa. co ou 11O5 o Essa frase coloriu as faces da impassível Camilo. sabem c orgu lhos sublimes. talvez para agradecer-lhe de ter sido o pretexto de semelhante momento. Nessa --noite. suc? e rue-uês. aquel as Dul? fazer brilhar os contrastes entre os . o mundo parisiense a -Calisto. para chegar a esta conclusão inesperada: """14 lustement ce oui fait ne votre. seus devotamentos são absolutos: elas ouvem. essas mulheres louras. por todos os afluentes da vida. desesperadoramente sii-aples.. consultad o sôbre a doença de uma moça que se firige inuda. fender a alma. contaram anedotas e descreveram . Durante o resto do serão Cláudio Vignon e Felicidade estiveram cintilantes de espírito . fazem-se a todo variand o as coisas mais inorriento reerguer de sua decadência. arriam enfim. não têm amorpróprio. sabern tornar . dignidades e par fazer-nos sorrir..branca são adroira -as provocantes onde todos os recursos caril Cherbas. apoderamse do amor £orno o condenado à morte se agarra aos meno res dese a êsses advogados que tudo pleitearn talhes da vida.Mas êle os atrapalha . Ademais.os de desesi) inúteis e que reavivam as paixões. avolumado por tôdas as decepções.. du Guénic esperou ainda até U. seu amor e o Loire na sua embocadura.. sew. o qual ficou seduzido por Cláudio. o usa m de todos os seus nas suas causas sem entediar o tribuna meios. liffie p.. cena 4). Urna mulher moça tem mil distrações. adeuses ao amor a êro capazes de que . nunca passei um serão mais delicioso. e eis porque . . é imenso. que é forçosamente da gente .disse êle. não se esquece o que é grande. a Sra.disse 121) eis Porque. revela dão gricia da tên. . ches. tornam-se jovens. apesar do ardor do sol que al to ao pé do qual consolidado por uni em?pedramen U barranco.. as mercadorias ou a n idade de Croisic. Os homens de gênio têm frontes luminosas. dirigindo entretanto de quando em quando os olhos para o Croisic. acompae barco foi o primeiro a abordar. olhos de onde fuzilam relâmpagos. com chapéu de :palha e véu verde. sacos -de roupa e caixas. êle r econheceu um criaiisto estremeceu. a fim de poder visitá-la incógnito? Calisto surpreendeu estranhamente os pais. Cali sto olhou o desembarque. Chegou junto alto. os jovens julgam que suas Êje scouiu as voltas do caminho através do díáfarias. Por que? No deserto ardente de seus desejos infinito s e sem objetivo. não projeta a juventude tôdas as suas fôrças sôbre a primeira mulher que se lhe apresenta? Beatriz herdara c. beijando-o na fronte. Sr. os bur£ontra . aos filhos do lugar objeto s extraordinários que não podiarti pertencer senão a viajantes de distinção. sombra de dúvida. gnori é belo..-. avistam-se Omar largo e a ci não tardou em ver chegar ?ois barcos cheios de coisas. amor que Camilo desdenhara. Não se jas ipois imprudente: procura amar sómente mulheres nobres. dali. cheio de anor transbordante e de vida r.Dizem que isso basta. Qual o rapaz. do e um aa criada de quarto. é Hiuit bagagem dos viajantes. que amaria aque la mulher. ab 2O pô to. XI PRIMEIRA ENTREVISTA .perguntaram os marinheiros que o conheciani e aos quais ele respondeu com uni sinal de cabeça negativo. e disposições anunciavam.disselhe êle. .Prc" sada. nem semP . infeliz. isto. que não teria a idéia vitoriosa de ir ao Croisic ver ãeseitibarcar a Sra. alcançou a . interessavam -11O e aguçavam-lhe a curiosidade. Calisto? . vir àquele pequeno promontório. Parecia que uma fôrça desconhecid a o ajudava. se. uma eterna estátua de mármore em cujas mãos êle pendurari . sabia. e mostrar-lhe aquela Btatriz que. meu anjo . ventos do mar. Isso é verdade? Disseram-me. é um pouco teu dever. ao partir desde manhã cedo sent querer almoçar. que nada sa biaf11 da chegada de bela marquesa. de Rochefide. O s areias e atravessou-as como que de frontes . onde o mar mugia. . tu herdaste todos o? meus sentimentos. seutiu-se leve. Nem sempre .sse nome brilhava a seus olhos como Um talisrnã.dalo das salinas i faiscava. Calisto ficou encantado à vista de uma caixa coberta de tela alcatroada na qual se lia: A Sra. malas. Calisto li. mas ao aspe eveu a interrogá-los. sentia nêle um não sei que fatal. de resto.vel atravessar o pequ êles levam par a chegar é po barcOz.disse ela. -e eu. nunca experimentei. as vêz11"s útil nianter sob . embrulhos. já se tornara o que fôra BeatrIz para Dante. Marquesa de Rochefide.Eu te amarei por todos os que te teriam adorado . as menores coisas que diziam respeito a ela já o ocupavam.Vai vir ao Croisic. Tocou a vez a Calisto de beijar santamente a mão da mãe. De resto Cláudio Vi.à ma ca. deslizou-se ao correr dos muros das Touches para riao ser uni v . se é necessário que ames. Sabe Deus com que agilidade o bretão pÔs OPé no mundo. nada mais sei senão amar. encontram um abrigo contra as tem-a onde Os viajantes huvas e os vendavais. P-.. cuja fornia. Aquela adorável criança teve pejo do seu ardor e talvez mêdo horrível de ser motej ado: Felicidade. e durante o tempo que rigo os cavalos. envergonhado por terem dito seu nome. Num dos barcos havia uma mulher jovcM. Cláudio Vignon. Os crio braço de mar. esperando ver um barco sair do PórtO. tos. em seu peinsamento.Querido filho. Canhada por uni horflern.A beleza só tem boa colocação aqui..És cto de ambos. as c re :se enstadC5. eram tão perspicazes1 Nesses casos. não se atr . . Ah! aqu i estão os cavalos. essas duas crianças acabarão dominada s por uma bela ipaixãO C a se" nhora os casará no próximo inverno.a suas flores e seus louros. . #26O CENAS DA VIDA PRIVADA .lita e Poucos.. Aquecidas pelas primeiras chamas da imaginação.? a disse ela.dar volta. não sei como a senhora marquesa poderia vestir"se disse ela ao criado. se acalmam.. de Pen-Hoêl e ouviu pronunciar seu nome. . vendo-se todos os dias. sentada uma Inala. é bem éste o caminho nhor a Guérande? que Nzi . aqui estiveram cavalos . se animam.conserve-a aqui três ou quatro meses. tuaÇãO de ai rapaz aceitar por e. T R I Z 261 cerá seguramente uma . dir igindo-se a Calisto. C . onde continuou sua s deliberações. essas almas se erguem. pinheiros das Touches.monologava. Calisto enveredou para Guérande com a velocidade e a ligeireza de uma camurça. nada podia ser mais ?sa uma moça que lhe é Pó". mergulhado rias esperanç ndiferente. o cavaleiro e a velha solteirona. imerso nas meditações da espera.vir.Entretanto.A senhorita veio buscá-la esta manhã às sete horas . ela breve terá dito quatro "?4 Ca. pondeu a criada. C que ela seja coquette com Calisto? ela nunca fica o temPO suf"clen* te para ?con quistá-lo.. Se a senhora diss?2r a carlot. yt E A.orno quer cavaleiro. falaval-11 voz alta. Carlota de Kergarouêt -.Sua patroa vai então às Touches? . Essas incertezas na s almas tímidas compõem como poemas. por onde passou. fazen do uma gambeta de lebre a fim de não ser reconhecido pela gente das Touches. . ao passo que. "? co`11O criamos a nossa sorte: a parte do acaso nisso não é tão gr"nde quanto acreditamos. apontando Para as provas da estada deles. ali prendendo a marquesa. a . Visto que -a Srta. Seus pensamentos caprichosos eram outros tantos arpões que se lhe enterravam no co ração. Perinanecia de braços cruzados. Teve mêdo.. Um fato dig"OdC notar. des Touche. se irc? ritam.3 duas palavras das suas intenções. .po um amor precon?N a pode lá U as de fatal. e passeou na alamêda.Entrarei ou não entrarei? . alternativamente.Você deveria ir à casa da Srta.isto. Calisto não tivera dêsses terrores e dessas alegrias antecipadas corri Carni]o. voltou encalistrado para Guérande. escondeu-se.Não vejo os cavalos . A quem esperam? .pensou ao ver surgirern o.disse a criada de quarto. Estremeceu ao ver as Touches. e seu desejo nascera como nasc eria o desejo ao aspecto de uma bela flor que quisesse colhêr.E eu não vejo camLinhO trilhado .respondeu êle. Calisto avistou de longe na alamêda o Cavaleiro du Ealga que estava passeando com a Srta.. . de Pen-14O?l. mas encontrou-se coni dois de lá no caminho estreito das salinas. examinava-lhe os cata-ventos.Ela não suspeita da minha agitação . é que entretanto não foi notado.S. Que terra de selvagensI Calisto teve uma vaga suspeita da sua Posição falsa.Disseram-nos que viriam buscar-nos das Touches. e chegam na 5Olidão e no silêncio ao mais alto grau do amor. encontrara-a a cavalo. é o modo por que submetemos muitas vêzes nossos sentimentos a um aa vontade. antes de terem abordado o objeto de tantos esforços. .res. quar -se para Oaulher dois velhos viraram ~ da Srta. morassem. estando riota de Kergarouêt era i . o quanto assumimos uma espécie de compromisso com nós rnesrilos.disse o CrIaclo . was alma em que éle se achava.Sim . . julgando-se ?sós na alamêda.replicou a criad quarto." os compreendeu a int ençao .wa rapariga de dezesseis anos ven . Se de.em dizia . Calisto nada mais . desde a " norava as riquezas da Srta. Calisto curvou-se ante a marquesa. depois ter sido abandonada p elo Duque de Vencuil. o Conquistador . nda. Quando entrou na irmã . iso triste. Calisto.Uma velha família da Normandia. o u Diante nheira de sua infância a quem êle tratava como lota? A conipa Só voltou para casa às cinco horas. de Pen Eriffin.é pontual como um rei. um aa carta da sala. Pegou a mão que Cláudio Vignon lhe estendia e apertou-a. Essa impetuos idade dos sentidos. com um cavalo corrente.vel às considerações de cebidO? calistO. de esperança. tal quai estzver. P a refugá-la. e. Calisto mostrou a carta à mãe e partiu. todos O. de goles e de sable. des Touches.. de ardor e de pureza? Ojoven.. e através -dos quais êles vêem a natu. . poi . . não devia fazer caso senão vé-1a levar um aa 1 jni rapaz educado com<) o er e todo o seu pensamento pertencia a marquesa.respond eu êle. Germaro Conti . -quebradas no ar. espalhava pelas janelas suas tonalidades rubras. tas e meigas. de Prata. de blau. ademais. sempre trocista. s. Era inacessi re da casa selItiu-se disposto infância acosturnara-se à vida medíc`c _ Hoêl ao jortuna. . como san.n? . ao pór-se. mas uma fôrça superior precipitava-o sempre. era a filha de um Casteran.3rO11 e contaMOS com Você pa ra festejar sua vi . a mãe apresentou-lhe com um sorr Srta. tos cheios de fé.perguntou Cláudio Vignon à Srta. sempre experimentou uma espécie de pavor por saber o fil?o posto a novas seducões. seríamos ridículos. 19 ?bre como a dos du Guénicaterna. . havia naqu ele salão a penumbra de que tanto gostam as mulheres. os rapazes a conheceram: um fogo sutil chameja interiormente e faz irra diar em tôrno como que êsses nimbos que aureolam os personagens divinos.Aqui está o grande homem de quem tanto lhe falamos. . i a sua 9 Camilo maupin de outra Venha sem cerimônia. Até breve. forma. a qual o saudou corri uni presto -de cabeça. no ano de i8oo. êle não a olhara. acha que você será Bice e que ela será Dante. Não são êles. o cérebro perturbado. ferra-do de ouro. sorrindo à amiga. viol. voredo.opolta. apontan do para Calisto. .disse Camilo Maupin.Reconheceu-lhe os passos? . tinha sensações ao mesmo teulp. o coração intumescido. ao caminhar. reza abrasada e a mulher radiosa. Queria retardar a marcha. A honra da Bretanha e a dos du Guénic está empenhada para bem re ceber uma Casteran. a #262 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 263 de qual se tornou religiosa em Séez e lá se tornou abadêssa.perguntou ela ao barão. sentia a garganta apertada. Eram cêrca de seis horas da tarde. ardia em febre.Éles apresentam terciado "rn faixa. então. quando êste soergueu o reposteiro da tapeçaria: . de scritinlentos" que era a pequ ena Car1 do retrato que Camilo esboçara. a bela Marquesa de Rochefide che. nos quadros religiosos. bretão encontrou a sociedade no pequeno salão do apartamento de Cami lo. des Touches: Meu querido Calisto. Cláudio. o ar estava calmo. A baronesa ficou um pouco menos inquieta ao saber Marquesa Beatriz de Rochefide pertencia a uma velha casa.. . . o sol.Quem são os Castera.Não conheço esse nome.disse-lhe Ca . vida tão Po a Galisto. aparentada a Guilherme. seria preciso ver-lhes o brasão disse êle. A bela criatura por quem o Gars 122 Se fêZ Matar em Fougères. excitada por uma vaga esperança. ara quem Ca .E os Rochefide? .Aqui está o deputado da Breta:nha . delgado. ca . Felicidade. . A garganta. Urna cri a. pálido de das faces? Ocontôrno de seus olhos. Ovestido de musselina branca semeada de flores azuis. prestava-se às mais diversas expressões. gulhoso !por essa semelhança. bem servira sua amiga. Num momento Calisto foi donunado Por um amor que coroou a obra secreta de suas espcran"" de seus temores . o corPete de pon ta e sem cintura. de tudo vencer.123 alguns tão procurados pelos gravadores e desenhistas inglêses. divã e as duas mulheres.?. milagre de ourive saria genovesa. Ela apresentava a Calisto um homem de estatura niediana. êle viu então. A delicadeza dos traços diáfana. de suas incertezas. os lquai. talvez. Num único olhar.ina Jornia branca e serKni sua descrição.milo sem responder a Vignon. mas trazia-a. estavam em perfeit a harmonia com a leveza deliciosa daquela loura cabeleira estrelada de escovinha s.Não seria um pouco ?para o conviva que Beatriz pusua régia cabeleira. Conti sentia-se bastante or. uma Perfeita antítes e. As espáduas nuas luziam na sombra como uma camélia branca numa cabeleira negra. lembrariam êsses contrastes de keepsak?.Era a mim a quem competia dizer isso do seniror pondeu Calisto com bastante de -sembaraço.tOu_se nunia DOltrona e dirigiu à marquesa allp (". que passo nas Touches . por " triz era superior ao retrato pouco favorecido feito na véspera por Ganifio. A cintura. "ca<1a uma delas tinha o seu império. Ojovem bretão sentia erguer-se em isi unia [ôrça capaz 123) keepsake: VeT Ilonorina nota 3. Eram a fôrça e a fraqueza da mulher em todos os seus desenvolvimentos. melhor. Dois brincos de filigrana de prata. Calísto ouviu con.do entre te essas alavras. crub arael.disse Germaro. hàbilmente apresentada. assernelhavam-se ao mais puro li. Beatriz in flamara-lhe o coração e o pensani. . e sua tez tinha o fulgor de seus OOse rnaís carribiante na Sob a alvura da pele. único dia . stirada 1 1o diva Como se a] iina que lhe causou deslumbramentO?. de nada respeitar. Êle é belo como um anjo .. de um desenho inaravilhoso. aritori..res.a."ido.disse a marquesa a sonibreados de o kar. franzino. [guin estatuário ali a tivesse colocado. iriam se m dúvida ficar na moda. 1 clarão do poente.Estou encantado por encontrar o . era inaudita. tão fina como a película acetinada de um ôvo cintilava a vida nu m sangue azulado. na seus bucles crespos. a ávida análise de Calisto apreendeu . C 2O v \To suave guns O Iliares fIrt1 Os" . uma turqueza ao lado de um rubi. tufos de escovin ha que realçavam o anjados nara acompanhar . seu rosto.. A fronte parecia num pesAquela cabeça suave e ineiga adiniràvelmen te colocada coço comprido. e . a brincar ao longo lheiras pela fadiga.mtO. des Touches despertara-lhe os sentidos. ora tivessem sido ditas murmuradas. Seni sabê-lO. as grandes mangas. A loura Beatriz e a morena Felicidade. que descrevê-la se ria supérfluo. que podia ser rodeada corri as mãos. S?. deixava perceber dois contornos de uma deliciosa sedução.senhor nun. Essas duas mulheres jamais poderiam ser rivais. os coturnos cruzados sôbre meias de tio de Escócia velavam uma admirável ciência da toilette. olhos quase vermelhos. i-iicida&. de c abelos castanhos. Por isso dirigiu êle a C um olhar enciumado. ?o loca. Era uma delicada pervinca OU UM lírio junto a uma suntuosa e brilhant e papoula vermelha. porém coberta com um mante lete claro. send o sua cabeça conipletarnente ` ruelhante à tão conhecida de Lord Byron. tinha uma natur alidade encantadora. A Srta.essas belezas e gravou-as em sua alma. #264 CENAS DA VIDA PRIVADA sua rilei. . de tez alva e salpicada de sardas. entia tiaio..e os turcos tinham razão em fechar as mulheres e 9U . e desviando. seu braço tremia tão fortemente que no úi.e .GalistO viu então um aa nuca delicada e branca como leite. deiri o pinjeiro amor e o -ão contido pelo ardor moral.jamais vi em tôda a minha vida uma tão -bela mulher como a senhora. Ela atirou para trás fluiu gesto graci oso seu mantelete de gaze e descobriu o peSCOÇO.. e não posso dominar minhas emoções.Bem. .. leves gotas de suor orvalhavam-lhe a fronte e lh molhavam as costas.disse a Srta. . O&1de. Gennaro Conti dirigiu a Calisto u?i olhar carregado de 1i1O` jas.É que . O acento particular que Camilo ?pôs nessa frase impressionou Cláudio. a fome.Coquetismos .Não tem aqui Camilo Maupin? . um aa te 1O V" a nhecia-se O orgulho .?èle recO ~ sei que duro -naquelas duas raízes. . e passavam através de seu bucles sedosos.. Êsse pescoço. inulheres . como em todos os ho irupetos nervosos qu e lhe tiravam das convulsões que precemoços. e Vignon ficará à esquerda. o qual dirigiu -lhe êsse olhar disfarçado e quase distraído pelo qual nêle se traía a observação.disse ingênuamente Calisto.? conjo era a pletarnentc diferente. vamos vigiar e ssas coqueterias . bido a belas criaturas mostraram-se nas suas irritantes face. "Ião acha.Alil que diferença .lue todos os olhares SãO tão diferente do de 1 de Calisto. acendiam lentejoulas nos seus ol hos de gaze13. sombrio e temerosoonti rivalidade. deter- . mo que uma primeira batalha: o coração desvaneceu-llie. e Vignon à sua esquerda. Êssc impetuoso vendaval calmava-se assim que os olhos de Beatriz pousava m néle e ga voz se fazia ouvir. que se perdiam -para cada . Descer assim a velha escada das Touches era para Calisto co. perto dela. e devia ser pro. TenhO de um lado . Quanto a ti. mostrando Cláudio um poeta e do outro a poesia. mas . timo degrau a marquesa lhe disse: 1 . salvo minha mãe. . a natureza nêle era presa inens gravam tão profundamente na alma. da fôrça dos an balhos para lingir que comia. Calisto .?Calisto. e 11111 "ao tig os conquistadores. Às luzes artific iais. Não cessou de examinar a Srta. tra n O CalistO teve exaustivos .st para dar passagem ao jovem par. abrilhantando-os e 1 néles fazendo resplender alguns fios de ouro. guardo-te. talvez.obrcza. não lhe dizia eu que você me es queceria como se eu jamais tivesse existido. des Touches? pondo Conti à sua direita .orosO sel etria. con. Ponha-se ali. Tocaram a sinêta para o jantar. tirando as luvas e descobrindo suas magnífic as mãos .. C da ali% empregou tôda a sua energia em conter-se. embotados. últiu . o pobre menino temia-a já como tura igual a Deus. erribora Pensas.rregado de ódio. . dê o braço à marquesa . Essas transf ormações à vista SilIco vig inacia e sedutora sim elito em sociedade. revelava en de raça. covada Por """ ia ir.disse ela. As brancas claridades das ve las produziam acetinados IL"z21" tes na sua fronte.é o que não falta. a jovens rapazes abrasados de amor. nova 1 Beatriz uni caráter com na cidade peculiar à c fni o. à sua direita.sussurrou-lhe Felicidade ao ouvido..acrescentou ela rindo..respondeu a marquesa.respondeu êle com voz engasgada . -a o que dizer. se permitem caus am Pouco OnabrO fazem estragos nas almas a. A T 11 1 Z 265 )arado em duas ondas. Gennaro.Que tem o senhor? . des Touches durante todo o jantar. Beatriz parecia mais bela ainda do que antes. que êle jamais tivera para Cláudio Vignon. os detalhes 911C torn em seguida de Rochctide tão nobremente bela. O desclitoso queixou-se à Srta. rapazinhos que se pro jetam sôbre as mulheres como gafanhotos . não é isso a poesia do coração? Confesse qu e elas lhe deixam um sentimento de prazer e de -bQm-estar. Gennaro. non à marquesa . sofria. meditações cuja vida e coração são puros.tas no ciumento Gennaro. não ouvia senão palavras. não. sem pensamentos reserva. "Quando serei eu escolhido e distípriguido por uma mulher?" 11? i si mesmo perguntou Calisto. tornar-se imponente sem ser ridícula.mas nós seríamos muito infelizes e sobretudo muito indig nas. Fêz rirem Cláudio Vignon. em cuja ferida se tivesze por d. em obediènc"a.disse Cláudio Vig. fazendo troç1a1 9d"Ó?.Se não escolhessem . Beatriz adivinhou a adoração int-erior que inspirava ao seu vizinho e que era indigno dela encorajar. a própria Felicida. . Cali -o sentiu-se oprimido pela majestade da mulher arnada. por blante. disse con. embora êsses ditos zombeteiros chegassem ao coração de Calist. em admiráveis kritidões de movimentos e que são eleitos menos plásticos. e Felicidade perguntou-lhe com voz amigável por que . ela acho. sigo mesmo: "Que eu lhe sirva para qualquer coisa!" e deixou-se maltratar com uma mansidão de cordeiro. verdura. tão bonitas nas suas expressões. de Rochefide não prestou nenhuma atençao 3O seu i A Srta. de conseguir aquela mulher a qull. p 1 am os sentimentos aristocraticos. o fato é que I i? #266 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I X 267 a Sra. e as damas da alta roda sabem tôdas alcançar êsse alvo. . Corou então como um doente. F"OU tanto mais envergonha-do por ver atrás da cadeira da marques" Ocriado que êle vira pela manhã no cais. às mil agitações de suas almas.e. o qual dificilmente reprimiu um aa emoção cruel. mOtivo não comia nada. des Touches por uni olhar no qual se n adivinhavam lágrimas conservadas tio coração com uma energia sÔbre-humana.não nos sentiríamos tão orgulhosos de sermos amado s.. de não despertar susko estudar.disse Conti. Contrito ou feliz. dirigiu pois a Calisto em momento oportuno uni ou dois olhares repressivos que caíram sôbre éle como aludes de neve. Quando Percebeu em Beatriz uma intenção de o imolar aos pés de Gennaro . Calisto enipanturrou-. se cedêssemos a tôdas as paixões que inspiramos. cérebro. e pareceu tomar p arte na conversação. embora dislarçadamente.por que a acolhe tão mal? Essas admirações in. . menos estudados do que se pensa..A senhora que tanto admira a poesia . gênuas. como certos te imosos. as prolu?da?. cálculo. êle não sentia cólera. . quer preço. de. dos. des Touches lançando-a na sua viagem a Itália. escolho das mulheres vulgares. em meneios de cabeça. a ausência de qualquer sa.disse ela. e tão devotadas. . o ardor do coraç longa hesitação respeito uini uni combate interior que explica a a de ternura.Certamente . do qual transbordav um certo orgulho que as mulheres imprimem em certos gestos. A falsa situação em que se achava Beatriz impunha-lhe vigiar-se a si própria. a fin. atratlvOs próprios dos moço". A pobre criança não jurava a si mesmo. meio de contar espi rituosamente a paixão à queima-roupa co a honrara um diplomata russo em Florença. Há sentimentos em tôdas essas expressões. o qual sem dú%"d1"4 falaria da sua curiosidade. És?es gentis detalhes de sua variável fisionomia correspo ndem às delicadezas.escuido apoiado um ded .? o qual. Ser importuno ao inves de agradar era a idéia insuportável que lhe martelava o cérebro. am a Marquesa ?pe. Aos olhos de Felicidade. através do zumbido que reboava em seus ouvidos e no S.sentiu-se diminuído ela atitude imponent e: daquele sempela altivez de certos olhares.1 Nessa idade. ela " virou prontamente a cabeça e olhou Gennaro. A voz sublime de Conti ca sava-se bem com a de Camilo. al. Calisto serlt"2 a vista uma dor horrível em meio à felicidade que lhe causava eus de Beatriz.disse Calr. A passagem Di tanti palpiti 126 exprime o amor em tôda a sua grandeza. 125 uma das páginas mais patéticas da música Inoderna. dissimulando uma vaga inquietação. 269 mas. o.o..um poema de divina melancolia.disse Camilo. des Touches pÔs-se ao piano. os adeus à vida dos dois cisnes. deu os dois outros ilomens à marqueza. Ital 125) Zingarezzi: Niccoló Antônio Zingarelli (1752-1S37).(em italiano): "De tantas palpitações. A Srta.ser alegre. non tinham deixado as duas mulheres pensativas. a fim de poder dizer ao jovem bretão: toniotI ir lia dei"ou-os filho.Ela foi riluito dura comigo.disse Camilo.. de Zin garelli. Não .. ouvia religiosarrente. Desde êsse momento. Beatriz e Vigrion estavam cada um de um lado do piano. Você é uma criança. Ambo? tinham cantado muitas vezes aquêle trecho. XII OS DOIS AMõRES Depois das conversações que o café sempre provoca. que a maioria das mulheres en ganavam-se ao amar. Calisto. não vendo Calisto. Camilo põe em primei ro lugar a juventude e a beleza. Camilo e Gennaro cantaram o Dunque il mio bene tu mia sarai. A Srta. Conti buscava adivin har nos olhos da rnarquesa " pensamentos. 124 Oúltimo dueto de Rorneu e Julieta. não me amará e se ela nao rne amar morrerei. que elas amavani por motivos muitas vêzes ignorados pelos homens e por elas mesmas. deveria ela dar-lhe atenção? Dornine adoraçã . o que o inúsico quis criar . compositor tono. menos Por interêsse por êle do que para satisfação de Cont i: entreviu no vão de uma janela um rosto branco coberto de lágritu.t. sentado na poltr ona na qual Felicidade lhe contara a história da marquesa.A senhora 1êz-?e minha amiga . des Touches impressionouse com a expressão que se desenhou no rosto de Calisto. para Beatriz que o amor não existia senão pelo desejo. o escritor tou tornou-se de uma alegria que fêz esfuziar em sarcasmos: suster. .? ço .. 1. Ante êsse aspecto. gidIN a Música se erguera diante de Calisto. voltou a cabeça como ?olue para saber qual o eleito que aquela música lhe fazia sentir. nesse momento. ?lia os une. se a marquesa o amar.Nforrer! .111 . des Touches olhou para Cláudio. lançando-lhe um olhar imperioso. O jantar deixou de . lançara-o na criação e . a Srta.exclamou a marquesa. cujo s recursos conheciam. Êsse olhar Cláud io Vignon o surpreendeu. e procurou consolá-lo com um olhar carregado de simpatia. e se combinavam maravilhosamente para valorizá-lo. Foi. tocara-o corri sua -ruen divina.respondeu êle. a Primeira de tôdas as poesias . As zombarias de Cláudio . como se uma dor viva a tivesse . Ah! a musica e a primeira das artes! .disse Cláudio Vignon. Vignon pediu a Conti que cantasse u m trecho qualquer. 126) "Di lanti nalpiti. "rãs minha". A Sra.nias neste niornento você procede de modo a apertar ai Quando mesmo se s entisse encantada com a -se. você? meu querido Calisto? . Quando terminaram o dueto. não critique nossos sentinellt"s . Não teria morrido por mim? . ela atirará Conti Nf eu querido nela.7ig. que queriam algumas vêzes enganar-se e que a mais nobre de entre elas era ainda assim artificiosa. todos estavam dominados por sen sações que não se manifestam por aplausos vulonares. ." #2G& CENAS DA VIDA PRIVADA ]s E A T R 1 7. Quando terminou o jantar. des "fOu ches o braço de Calisto.Conter)te-se com os livros. Beatriz.124) "Dunque ii mio bene tu mia sarai" (em italiano): "Assim 1?OeIJ b"el11. frente. Venha. nos Alpes.11" de um vivo clarão luziu.perguntou Calisto. . A amaro. erguendo-se e puxando com um gesto Cláudio para a biblioteca. Nar* Veus. Pr emido por pesar imenso que o acabrunhava no passado. cuja porta estava aberta. &rtamente passar-se-ao £O111 C. julga-se desdenhado.. . morto no presente pela . coajo um a coisa franziria e delicada.Of1t1. . . suas or19O quando o encontrei conversando com Camilo . Calisto. reinará.Eu . estava aturdido com o talento de Conti. ciar-lhe minha partida.Mas. no fundo do meu amor próprio ferido. . Entre dois duelistas de pi afluil. deluasiado JOve`1 P mu lheres me inspiram. A sar do lhe diss era Camilo Matipin do caráter dêle. talvez Você .O f issáo e o meu não s e poderão engailar. querida Beatriz.Quem me ama aqui? . paiya . atirou. você ?eja despedaçado mire êsses dois escolhos arrastado pelas torrentes de paixão. Não continuou.eu . e você Para .. mostrou-o por um sinal a Srta. se souber portar-se bem. quando VOlte" gura das minhas palavras. você pode perdêati. A pobre estava tão acabrunhada . sas . nêle atirando uma pedra.Que me diz! . atribuía-lhe u % alma.. ela poesia como pelo desespêro: cr a?nÇa p acha. Por isso posso de antclllão Ivei. e segurou-lhe a rnão.Eu quisera ter-ale Cri gariado no que acabo de dizer-lhe. Não fui passear pelos rochedos d o GroisIc para meu prazer. ~ que êles percebe ssem. Comolutar contra ma b. se num dos sofás do quarto de dormir. reconcluzida a Calisto pelo contágio dos sen i deiros. . corri Profunda melancolia. mas. . ainda. ainallllã ta . depois de partirmos. o qual ficou coalo uni viajante a que in. . 1 .Ob! que adorável coração! . des Touches i . Dois espíritos tão clarividentes cO1..Que tem.lo a joga mulheres e xtraordinárias. de haver-se corri duas hi.Estou enjoado da vida. . e tão dramáticos. ao ouvir essas palavra s. terríveis. será aniado por mais de uma ipessoa.. reu silenciosamente par a junto de Calisto. e você? . o combate não tem longa duração.o em que se sentia apaixonado por Beatriz para t&1a a vidal Havia nessa situação um pêso demasiado forte para um aa jovem alma tão ingénua. Cantemos então um trio. pois servir-se da outra. Quando a marquesa. to de Beatriz? qual.Camilo. você estará aqui como um sultão. Calisto. tinha o eu ale ex..replicou Cláudio. _o tão raros em França. e terei o pesar de não assistir a êsses . Beajá esta demasiado apaíxonado por uma para triz deve ser de caráter obstinado e Camilo tem grandeza.ciliá. artista? como poderia uma mulher não adorá-lo seme lhanie sernP"e? canto entrava na alma como uma outra alma. É possível que. o qual se ewor. numa almofada . njas.tem.1O .exclamou Calisto. um coração cheio de amor.Camilo me amaria? .despira-a de seus . levantou-se suavemente. coi. Ouvir dos próprios lábios de Cláudio que êle. mas isso ?não é verdade.respondeu Cláudio. deixar ei as Touches. . eu ficaria rofunda repulsa que as seio a -P r esta partida: ela é difícil.CoQ6? você jamais recolherá aplausos que valham a hOmenagem deta criança.. debates ara um aa luta tão perigosa: você interessa-me. meu filho? . no rnorneru. faz alguns dias. . Sentou-se e apoiou a cabeça.aqui. tão pouca coisa! Essa acusação ingénua de sua nulidade lia-se clada à sua ad miração! Não se apercebeu do ges Mes.disse-lhe Cláudio.Você ama.. 111. um guia tivesse demonstrado a profundidade de um abismo. Sim. Daqui a Pouc Odela plicarei com ?Camilo. e ali permaneceu mergulhado no seu desespêro. Camilo e Conti se puseram ao piano. não tenho coragem i de deixá-la disse êle após um momento d e silêncio..disse Felicidade. Tome culdadol Calísto. era amado por Calnllo. permitiu a A estupefação de cláudio Vignon dizê-las e deixar o jovem bretão. . . Dentro de alguns dias você terá o campo livre aqui. enfim. imentos ver4.stranhas. . minha querida.exclamou a dama. . qua.perguntou ela com %oz alterada . A dolfo 127 pavoroso desenlace dos amÔres -de M recordo. repentinamente.Veremos1 . Por várias vêzes. ")"is.você me desprezaria sin ular Cnte" Podemos se . Camilo: considero-a a ma is grande das mulheres. poi s que a levava a uni abismo . êle deve dobrar-s para você.. Oamor Dão . ?. qu e pudesse ser fàcilmente Pen enganado.dificuldade de sua posição entre Beatriz.. mas o coração pulsava por Calisto. felizes? já não tinha eu lido na sua alna. você nunca foi ingênua. Você poderá talvez entregar-se às malícias e ao ardor dos garotos. perdida nos seus pensamentos. as s nuasse a servir-lhe de biombo ou de painel . e "nd e brilhava um aa luz em meio às trevas. vOce d evia p. e não poderá começar a sê-lo hoje. terminando em breve um poema s ublime. Você tomou_m 1% C entt4 C? mo se tornam faxinas para erguer trincheiras entre o . Insensivelmente reinou silêncio na casa. . sua fôrça afasta as pessoas muito fortes que p revêem uma luta.Adeus. Êle ouviu sem prestar atenção o ruído de várias portas que se fechavam.. e pela qual Cláudio o dizia amado. Seu poder poderá agradar a almas jovens que.Talvez? . . você q ue sabe tudol .exclamou Camilo. é abstrata e não ativa. Que iria ser dêle? Voltaria às Touches? Ao saber-se amado por Camilo. onde as vozes de Camilo e -de Cláudic) despertaram-no da entorpecente contemplação de seu futuro. Você é grande e s ublime: suporte os inconvenientes dessas duas qualidades.. co duas sábias inflexões de voz. . acredita que tomei para mi m seus olhare. a pobre criança desesperava-se. êle não se sentira mais com fôrÇas para reprimir um feroz desejo de egá-la e levá-la. curar um homem vulgar ou um homem tão preocupado com samentos transcenden tais. O% ruraio gente. a quem arriava. Mas se queria fazer-me gostar das Touches não .Não posso ser ntiu* lher? Sou alguma monstruosi dade? . gostam de ser protegidas.você não se dobra ao amor.1 êle a Felicidade. coalo Poderia adorar Beatriz ali? Não encontrava solução para es?aS dificuldades. semelhantes à de Calisto.Mas porque você não é amável .. . parto amanhã. e não o será jamais depois de ter recusado o belo fruto que o acaso ole.um inferno.Que sentençal . tal?ez mesmo ao suicídio. qÜènc.mas estava apavorada com as conseias de semelhante paixão na sua idade. . ferida ao vivo Omal. receu-lhe às portas do inferno das mulheres e que gi ram em seus gonzos impelidos pelo número 5O! . êl"? IpÔde ouvir terríveis palavras proferidas por Vignon. Enfim..?ão ao acreditarse eterno. permanecia indecisa. contou as doze badaladas cla meia-noite no relógio do quarto contíguo.replicou êle. Você chegou de Paris perdidamente apaixonada por Calisto d"z".respondeu Cláudio. entre Camilo a quem não amav a mais. mas não tem infância no coração.Por que pois o amor me fugiu? . aqui passar seus dias na adoração secreta de seu D"eus? p pZ. ao mesmo tempo ignóbil e sublime. Sua graÇa vem do mistério.ara zar seu plano. brilhantes. 4ubsiste s.. de S `C 4? in muito t"?1 e ? relação de idade do que você e Calisto. porque Calisto a amava. a fim de trazer de lá -Cláudio Vignon. fácil de iludir como a um homem de ?ên1rJ Parece que sou apenas um homem de espírito: adivinhei-a.. "1c? Benjamim Constant. do ontem lhe fiz o elogio da mulher de sua idade. e você avistava a alo-uns pas#279 CENAS DA VIDA PRIVADA sos na sua vida uma separação horrível: o enfaraMento . cê julgou-me simples. encantados. há demasiada profundidade no seu espírito.diss e láu io. mas com a continuação ela cansa. Por vêzes a voz de Beatriz chegava pura e fresca aos seus ouvidos e causava-lhe essas emoções violentas que êle evitara ao deixar o "Pequeno salão..diga-mo.ao CxPiicar-lh. Você a VeIb. Não lhe quer conti.. elas entediam. Antes de mostrar-se. . minha pobre Maupin. os quais entretanto estava ine. Os olhos estavam de fato virados para mim. Procurava inútilmente o? motivo s que tivera Felicidade para rejeitar seu amor e ir a Paris. Você nun ca foi amada. nem esperanças frauda as. sua compreensão. éra. comoé o . on leva a superioridade do espírito: podemos ambos cantar o hino ~ na bôca de Moisés. não tem perigo: talvez que você se sinta mais a vontade nas Touches. Seu silêncio indica que não me enganei quanto ao papel que ela me desúnava.isfaçao C ? tal como O criou o cristianismo: uni reino co cuja . Paris. Senhor. Assini as chaves que o infinito. . 127) rol. qua ndo falava a horrível que uni poeta ipoe Deus: . Ao senti-la assim 11111 her . . Calisto . que auxiliava os Padres a povoávorosa. Estava amedrontada por ter sido compreendida 1-n?é. ?4 a vez fait PUissant et solitaire) : verso do Moisés. Aí está. Durante tôda essa cena. Calisto partil . puissant et swita re. Ela ama-o.ras reunidas num anjo.. voce o ve bres. eiitinl"ltos noe devotament os. de. Isse o alc2rn. qualquer que f^ .. me mergulha para sempre numa solidão padesencantamento que: . levadas pelas hB?Par3 onde vão duas criatu acr editava segurar um aa O1O Eis o que eu esperava. jO Buis. adivinhar uma delicadeza tão cruel e 4 mo tão elevado quanto o dela . conhecendo Felicidade completamente. natureza o fêz: um aa necessid voce.nos abrem a porta fechada para tanta gente e pela d.ornens de gênio infinitamente raros..Não devo deixar que ignorem estar eu aqui. d ?Wj" sensações e"P do muito acima das grosserias vulgares.disse Cláudio.mas essa involuntár ia indiscrição. mas arna-o por voce e não Dor ela mulheres são capazes de conceber e de a.V ual nos projetamos n . onde me acharei sem a fé . de grandes pequenezes.3O ia prende pra ao" .1UG ditava ser possíve l a um homem. Lima vermelhidão súbita corou seu rosto impassível corri um aa tonalidade de fogo. minha querida Camilo. #272 CENAS DA VIDA PPIVADA Lágrimas assomaram aos olhos da Srta. já lá estaval. sedutoras c situa Omas . que Ukhae elta 4e memória defúrmando-o um pouco. Sua paixão por Beatriz Ia-la-á sofrer e a t ornará feliz ao niesMO tempo. 14*e. hOn?In.e a zeres vivos. de POCInorre.Nós julgávamos que tivesse i-do embora.. . ocê. êsse engano ter-me-ia bastado . como lhe disse.. -izeste-me. de que cheio de s irituais. A Srta. poderoso e solitário (no original: Seigneur. de nos Ia de imagens sagrada s. eu Jw do Prazer. e 1. . êle põe em minha alma um para fazer-me cv . Seigneur.. des Touche ?s não ousava olhar nem o terrível Cláu dio Vignon nern o". siri. poderoso e solitário!" 127 Nesse inomento. sentimento que poucas dotar: poucas de entre elas conhecem a volúpia das dores mantia ificas aixões rese rvadas ao as pelo desejo. 13 E A T R I Z 271 . . Senhor. não C. neili fe" licidade a nos pungir saudades.1 itar as mulheres: hoje.. na minha vasta prisão de q anou-me. Volto para a m is Í pois eng o de minha carreira.uma das magri p um pouco hornernl .1 %] Calisto.Fizeste-me. de flores morais. de Vigny. NO começ. No poema" com efeito. ela permaneceu mais bela do que em qualquer outro momento de sua vida. porém passageiros. . surgiu Cali sto. ela porém é . o para algun" 1 ade imperiosa.disse êle motejando. des Touches manifestou o mais vivo temor. ver suas grandezas desvendadas.parar-nos sem pesar nem remorsos. 11 ao ack. quer de uni lado quer do outro. . Calisto tomou a mae em seus braços e beijou-a nas faces.Cainilo ama-me e eu não a arrio mais . a grandeza de um a mor sem esperança. êle viu pela vidraça. num movimento irresistivel.Não. que será de . Se se tivesse confiado a mim.disse ela. teria evitado as desgraças que a esperam! .disse êle. pegou a niãO cle licidade e beijou-a.Que te aconteceu? . des Touches olhou Calísto. . e corando.Ante êsse aspec lágrimas. . contemplan do-co. e me considerará como inexistenteLevaritou-c. des TOuches ao jovem. perfilou-se ante aquêles dois homens e dominouos com os relâmpagos que lançavam seus olhos nos quais brilhava tôda a sua alma. nêles derramando abundantes lágrimas. . -voltando-se para c regressou : s do apartamento de Beatriz. Você mesma cavou sua sepultura. no seu ninho. na fro nte. em si os estremecimentos que felc idade. quase envergonhada. por vêzes. Essa mãe.Cali já ama a marquesa como um louco.sua mãe poderia ficar inquieta. . tudo lhe será felicidade maternal . hoje. Certamente que você não "to deria achar uma barreira mais forte entre você e êle do que ?Oes?1e amor que você mesma excitou.Que tem você a temer? . sofria com "dos que em dúvida dava aquela grande mulher. Não é êsse o único sentimento que nos aproxima de Deus? Não me ames. cobert. A baronesa atraiu Calisto e beijou-lhe a fronte.Separemo-nos. meu filho disse a baronesa. ela Penetrara o coração de Camilo.É a ti a quem amo .continuou Cláudio Vignon. OIL en"ção da léot mulher a quem colocara tão alto. eu te amarei como nenhuma mulher será capaz de amarl . .alisto brilhava rias janela luz que uca compaixão que sentia por Cami a deu-se da pO rio surpreen de o ter privado de quinze meses de próp ela a queixa jo? uIlha contra c)ls. com uma dessas efusões apaixonadas que encantam as mães e as penetram com as chamas sutis da vida que elas deram. à luz daquela oava uni tão ingénua const rução. . mim? Cláudio . .não me abandone. carninho. segurando a cabeça de Calisto. . e êle ouviu. e .Desgraças! ..Enquanto Cláudio falava . Ontem havia perigo pa ra você e para êle.hou a hurflilhad. e a quCIn "contemplava ab911 4 . as pulsações de uma viva palpitação no coração da mãe. meu amigo . Como única resposta.êle está agora s ob a ação -do encantamento. na qual reilerru dias antes. cujo semblante exprimia um aa inquietação ho rrível.Que foi que te aconteceu? .disse ela. à sua esjárripada de to. Oelhos ao.exclamou Camilo Maupin. ante essas ipalavras. os olhos de Calisto ficaram úmidos de Pela&. poucos Silêncio profundo. conduzida pelos clarões de um aa meditação obstinada. . Calisto. a ti a quem quisera tornar feliz. cabelos as lágrimas que cabava de causar-lhe.respondeu " "ríticO. no profundo silêncio d aquela velha sala pardacenta e forrada.disse a Srta. Êle . de Rochefide .Terá orgulho dos seus triunfos. nelas escondendo o rosto N1 de lágrim as. Del).disse Calísto à mãe. . sentia rios Cjoilo a o sofrimento dela. arrojou-se de j atida. C láudio dobrou o joelho.disse êle. A Srta. . . gozava o prazer de ver a confusão de Calisto e de Felicidade.113 a Guérande a passos lentos. a mae trabalhando. você esquecera tudo o que acaba de ouvir. A irlandesa tinha Ciúmes de Camilo e pressentia a verdade. como única vingança. nos cabelos. B E A T R I Z z. . de Camilo e beijou-lhe as mãos. . Calisto.Calisto. Fanny. feFoi o grito mais selvagem jamais soltado por um aa águia Ferida.Você o impeliu para a Sra. .Mas tu não estás nos teus gonzos habituais.perguntou. erguendo-a até e la e beijando-a nos cabelos. Essa paixão vale tanto quanto eu. ao es perar o filho tôdas as noites. Cláudio Vignon. tão desejada Ao abrir a porta da cas a paterna. erguera a cabeça nu m -gesto brusco. julgava ouvir os ela li derrarnara.eu concebi a be" leza.a ti que não v ives senão para mim. tinha aprofundado a paixão daquela nuilher. dirigindo-lhe uni olhares. sentia . porém. o qual. respondeu a baronesa. .do meu. Quanta luz projetaste na minha al. que essa não me causará desgôsto. a qual . êle andava triste -Como uma coru ja.exclamou o barão. des Touches.de.RCEIRA PARTE TV A RIVALIDADE . meu filho . . o leite e as torradas. . u a Srta.Pois bem. . vem avisar-me a tôda brida. A narrativa de Calisto aterrorizou aquela mãe simples e ingénua.? a a felicidade de Calisto. da cidade e não dO jardim .Êle vern.indagou Calisto. pobre anjo! Pois bem. e..Gasselin _ Que há? .pergunto .Não ""C disseste que ela ia ficar sózi nha amanhã? silu.Mas o arganaz tem uma cova por trás do inuro da -praça .acrescentou . Galisto disse a Gasselin que fÔsse dia segl a Saint-Nazaire. ei. ess e pegando fogo.disse .nti nela no caminho de Guérande " se de s carro da Srta. e assim a terás. Beatriz não era livre. imaginara "a-quela rapariga uma fantasia de maternidade.?. clamou Calisto agarrando a mãe pe la cintura e beijando-a"11O coço. Ossoas que nêle se achassem lar as PC . Mas Beatriz não me amarál .-exclamou Calisto. . de P"Ochcfi. Gasselin saiu.disse ela após um aa pausa.Eu acreditava .Meu sobrinho.Oli! minha boa mãe.sem poder explicá-lo. do lado du Guénilc. . ? *" I " 1.lo agora alegre Como um tentilhão. diabo no corpo! .disse ela -bem feliz.respondeu a baronesa com ar finório. você está cOni o a velha Zefirina. e corre até lá. e não outra n4e a combater. . fita . to ser? para ti o que foi para mim. pelo menos assiin o acredia qual via u ma espécie -de nora a querer. veio correndo. oltou no irtomento em que tôda a família estava Gasselui v reunida e almoçava.de estiv . . pirou.. < qual subiu alegremente a escada da torrinh a.exclamou a velha solteirona.ÉS MULHERES pOR UMA inte de manhã. ela não alteraria nenhum dos projetos IOrmado ar tava ]?a. a marquesa ficará enciumada. quatro dentro e o cOcheiro.Deixe-o divertir-se.respondeu Gasselin. .disse Mariotte. des Touches e cOnfor. se os dois homens embarcam.disse Mariotte.. a . du Guénic: .È1e deve ter pegado o arganaz trazia o café. #274 CENAS DA VIDA PRIVADA .acresoentou a mãe. virando-se para a cunhada. . . minha irmã . . ?? 1.Sela o cavalo de meu pai. espreitar na passagen. êles eram cinco.do eu na .Senhor cavaleiro.arria a Sra. chega em SaintNazaire no momento em que o barco parte para Paimboeuf. que o iria encontrar um dia no fundo. Camilo não me teria dito isso.que o casame nSus. respondeu a Srta . meu filhol .Tu me tornas bem perversa. porquanto não sava que me pudessem di sputar a afeição de meu Calisto. Talvez . simula de continuar amando a tua atura] .. . como se Guéran. .Você talvez já lhe tenha dito que nossa querida Carlota está por chegar? . . O ciúme está no fundo de todos os nossos corações e Q)rar. com a fisionomia radiante que a esperança dava aO fiího.Pois bem .Duas damas no fundo? . t".Não . neste s dois meses! de que reflexos se colora teu amor tão .E dois senhores na frente . interrompendo Calisto . du Guénic.A Saint-Nazaire. quando fôr preciso? devo ir vê-la. a qual na. . e estreitava a velha tia pela cintura. o silên.aroL"e .I..êda. Podes tu belo sobrinho. PC .disse o barão . . qiia 1 ndo Srta £oro "de deu um leve tapa no ombro. Pelo torn de seu jovem senhor. foi selar os dois cavalos. in 13catriz. des Touches e sua ami ga regressariam sózinhas. #276 A I CENAS DA VIDA PRIVADA 13 E A T R I Z (-. Gasselin julgou que talvez houvesse algo de grave .Jaquelina quer fazer-me desposar Carlota Para arrar. du Halga. .. em tais assuntos. .Oh1 minha irmã. . Eu estava na alam. pois êles terão de lazer " .asselIn se apresentou na intenç o Quan o moço pensou que talvez pu ..você estava tão feliz por saer que a Srta.Eu acreditava que êle quisesse ir ao encontro dela . . . beijava a mãe.nqüila.. A mãe guardou o segrêdo. ao Ir. o pensou estar o filho com pressa de rever Carlota de Ker. que foi que se passou de ontem para ca. cio é instintivo em tôdas as mulheres. r-ine .disse a velha cega.exclamou Calisto.Elas estarão sós na voltal . qlle . .Se Carlota ficar três meses em casa da tia.4 p p . espreitando as vozes e o ruído. . . b m evidente de desse voltar no corri Gasselin sou que ôsse uma perdição muito grande para mim casa . pegava as mãos do velho pai e apertava-as ternamente.11liar CalistO. já é tempo. -até o terraço . . . a fim de poder adivinhar o mistéri o que lhe ocultavam. minha tia disse Calisto rindo e dirigindo a mãe .Está escrito lá em cima .Sela Ineu cavalo.-disse a velha tia. . cavaleiro? perguntou-lhe o pai. Gasselin não :tardou a chegar e disse a seu jovem senhor que não precisaria ir a Saint-Nazaire para saber que a Srta. corri Fanny. . dizendo 1 Porern ria _ a tle lhe írito.. meu ç nl tais deveresMas .Posso assegurar-lhe. ca?-. cia sabia da súbita paixão do sobrinho Pela Marquesa de Roche. que Felicidade jamais será um obstáculo ao meu casam ento.disse o barão. não pensava senão no prazer de acompanhar a mar quesa.Eu já não vejo mais claro . pois soubera-o na idade em casa de Bernus. prefiro-o assim a vê-lo triste. do filho.Enfim. nuiridac o. Fu sera ver nossa família co ntinuar. o almocreve que se encarregara da bagaci n gem dos do is senhores. exterior escadaria . carregou as P15" n tolas sem nada dizer a ninguém e vestiu-se para acompanhar Calisto. meu pai. Pôr alguma coisa na balan a co .A ea. A velha solteirona caiu em profunda meditação. e algumas das nossas terras r qui. lide. ela. olhar de inteligência. mas na a d sso acontecerá.leu rapaz poup a os cavalos.-riveste esP respondeu Caszelin.disse o pai.disse a velha Ze" tirina..ACredito .Tarda-me de ser avô. que não pensava no encontro que ia ter em SaintNazaire. des Touches irnp*edirá Calisto de casar-se. êle terá bastante tempo para -vê-la.-que eu não morrerei nem tra. deixando seu cavalo perdição. minha idade.disse raaliciosamente a Srt a. ouvindo com tôdas as suas forças. perguntou a velha soltei rona. Êste estava tão co ntente por saber que -Cláudio e Germaro haviam partido.será que a Srta. de Pen-Hoê1 ia esta manhã buscar a sobrinha. o pen.-o . 1% Ico P Cainilo CO de Pen-Hoêl conversava com o Sr. a ..Onde vais. nem fcilz.Diabos1 E para quando o casamento? . avançando seu pequenino pé. Essas palavras ditas no torn licencioso dos gentis-hornens da baronesa estremece r. nem Cláudio. o arco abobadado da porta .porque não o tor. Nada tão grandioso para a vista como uma mulher no alto de uni rochedo. .ores!" .Querido tes de entrada. que estava tirando a mesa. . que subia efemamente ri acima de Saint-Nazaire. sagoeiros que o barco a vapor levava. . pezaire. seus olhares detiveram-se naqueles bosques. o carro estava cheio de empre-gacos que iam sem dúvida render os das salinas. .Elas nô-lo matarão . de Pen-Hoêl e a sobrinha vem nêle. o carro vinha cheio. provincia lizeram a .Que lindo caminho .exclamou Calisto... Ah! senhor. a irma e a sobrinha se atormentam. e de onde se avista Paimbocuf. ao vê-lo curvar a cabeça co .respondeu Mariotte.disse a velha à Mariotte. pelo contrário . . ela voltará por ali. apoian. êle ali encontrou Camilo e a mar.disse Gasselin. e a majestosa embOcad .disse ela. s ob o. .Em que o utro lugar há flores nas sebes e 11O5 carninhos recentes que se acotovelam como aquêle? . calçado corn polainas verdes. agitando os lenços para dizer um último adeus aos dois pa?.A Srta. n quando Gasselín muito oportunamente perountou ao patrão se êle queria chegar antes da partida do barco. Aqui. . quesa. depois de ter trocado o mais penetrante olhar calistO partiu. Estava numa alegria louca só de pensar em que: "El a passou por ali. ura do Loire. do-se na sua frágil sombrinha e mostrando sua bela mão enluvada.Isso não o matará. Orapaz retardou o passo do cavalo e pôs -se a olhar Complacentemente os duplos rastos deixado pelas rodas da caleça nas partes arenosas da estrada. que parecia feliz corri a felicidade de Calisto.Nós deixamos a Srta. a niãe.. um vestido de musselina estampada. de Pen-Hoêl. encosta bastante are O carro 11O&a . du Guénic. Efetivamente. uma marquesa tias Touches e éle corre atrás dela! Ora! é da idade! . o o que não era absolutamente a intenção daquele. a?pareceu ao olhar de Calisto na in#278 CENAS DA VIDA PRIVADA gênua simplicidade de sua construção bretã. escondamo-nos . todos os luga res estavam tomados pela aduaria disse o condutor a Gasselin. Gasselin. senhorita.Chegou uma grande dama.disse êle a Gasselin.disse a Srta. ouro . não queria que o vissem. . nem Conti. a Bretanha é a mais bela terra do mundo respondeu o criado.Estou perdido! . Quando Calisto chezou à quena esplanada que se estende em tôrno da igreja de"Saint.Meu sobrinho não ama suficientemente Carlota para ir a( encontro dela . sôbre o qual estavam atiradas papoulas e atado com um aa fita vermelho-v ivo.Erti terra nenhuma. senhor?. . naquelas ár.doze léuuas.disse Mariotte.disse o barão . Calisto seguia numa marcha capaz de arrebentar o cavalo. O com grande do rapaz.Que Deus o proteja! naríarnos a fazer. Beatriz estava encantadora assim: o semblante ameigado pelo reflexo de um chapéu de palha de arroz.<lissc Calisto.Aí está o carro de Bernus . . lutando com o mar. . delicado. Está louco? Estamos nas areias. des Touches . sew Marquesa de p icênci-as de sua irmã mais . de Rochefide disse então a Calisto. veio de. des Touches causava escândalo. de Pen-Hoêl. estava antigos êxitos em Nantes. tomando o braço de Calisto e de".ílizada do que em Guérande. N de dezesseis anos viu esboroar-se o castelo no ar que construíra. fôra visto por Carlo ta. itando tanta C11. um homem para duas viúvas não está demais . Carlota . louca de isso a visco . .Calisto ser11 lhe oferecer o . qi encarg . ela estava tão ligada a êle. Em Na. pela alta coajo que nto inveja.ow a . de Pen-Hoê1 conseguido lugares.Não será uma leve impertinência julgar que eu pudesse a* borrecer Camilo no caminho? . um a Pequeno rosto redond . braço.como uma estátua no seu pedestal. ão quis dar atenção às ret 1?er9arouet proveitar~se do que denominava a car. confusos. A absolvição dada em Paris curiosidade qua consagrada pela grande fortuna da sociedade. ante o aspecto das duas belas parisienses e ao suspeitar a causa da frieza de Calisto . B F A T R I Z 279 Lle não podia deixar de obedecer a Camilo.respondeu -de.. Antes do rapaz poder retirar-se.o. onde a carruagem da Srt a. . Carlota de Kergarouêt tinha um viço vulgar. -Calisto. A Sra. a tinusa da Br . foi detida no seu vôo.exclamou a pey Vá oferecer-lhes meu carro.respondeu ela apertando-lhe a mão." silêncio as duas irmãs. digno de uma burguesa.disse a Srta. dar ouvidos às suas ie disse a pequena Kergarouêt. segurando-lhe a mão. êle por sua cruelda Ati11bO5 da que cri. a Sra.. Ela vinha trazida por uma felicidade estonteada. a ineninota e seguiram . a criada de quarto irá ao do cocheiro .Que tens. Por gulhava de ter sido berço de Ca a qual se O"? curiosidade. remiadas. Sain?t-Nazaire chamam de. ela por tanta frieza. que desse Nesse momento. tagarelando Os como gralhas.ntes es já se admir ava Camilo.. sem dessa. . Um sorriso que a marquesa surpreendeu nos eloqüentes lábios de Camilo fêz-lhe compreen der a vulgaridade daquele meio. desprendendo a mão com horrível pressa. de Carlota e de Gasseliin. . lado Ali está Calisto! . des Touches e talvez pelos seus mi lo Maupin. Beatriz voltou-se.Borti-dia. Calisto ouviu na rua em declive 5 vozes da para o que se deve cha mar o pôrto de Saint-Nazaire a três Srta.. arrastou a velha irmã. A velha solteirona interrogava Gasselin e queria saber porque seu senhor e êle se achavam em Saint-Nazaire. de PenHoêl. exc .perguntou. que acreditava ser seu futuro inalterável.Minha querida. Ela e Calisto tinham brincado juntos tantas vêzes durante a infância. etanha e ho nrava a terra. Assim que ela soube que viaj aria Galisto. sua filha e a Sr ta. .Pensei . a qual se negava a al tava-se nunia latitude um pouco mais riola do diabo. Srta. como um pássaro que se precipita sôbre um trigal.disse o rapaz à Srta.lha.itiar-se de Sett ochefide e a célebre Camilo Maupin. de KerVrouêt.Fêz bem. Calisto? . aena bretã.Nada .Bom-dia. ela era . mas ia sentir seu primeiro ímpeto de ciúme e as pavorosas iras da rivalidade. rua subiram a ladeira escav a. . Os olhos de Carlota encheram-se de lágrimas. des Touches . sorrindo: . um momento.xando Beatriz ocupada em contemplar o vapor. Olhou sem ódio para o belo Calisto.que voltariarn sózinhas . mobiliado por su as romanescas esperanças. Conti pôde então ver Calisto abordando Camilo. sem poder imaginar qual fôra o obstáculo. olhou o seu jovem apaixonado e diriliu-lhe o mais imperioso olhar de seu repertório. Pela m oda. De estatura meã. ao pensar nos pr ojetos de sua tia e da Srta.disse Camilo que sabia não terem a Sra.respondeu o rapaz. Calisto . . que incomodarei essas . a quem Jaquelina deu as costas. à f^ tra. e despeda . e os tigres de Nant es.Quan-c-emos terrivelmente apertad as.. agitando seu lenço. havia ali para ela um futuro cabedal para cem. e os assuntos da alta n sociedade de Nantes.Alta sêca.c. o que não é srt .porque CncontrarcI Se" guramente um cavalo em Saint-Nazaíre para -voltar.111a mã e minha filha. abaixando-se para se fazer elevar e furiosa por ser deixada de joelho s. ia parecer-lhe ho . Seu vestido de viagem. e criticando Nantes.O . minha irmã. forrado de sêda verde. incomodar-vos. e bastou Lse olhar para aniquilar tóclas as suas "recor -a suas crenças nos Kergarouêt-Pen-floêl. ocupada com aquilo de que já não mais se fala. eu. eu seria fartamente com possIvel de . . apontando para Calisto que vinha lastimosamente corri Carlota. Era a criança mimada da família por causa da predije?ão da tia por ela.o avivado por dois olhos negros corri pretensões a espirituosos. para sernKe os . expr CS. que so s e na vam depois de feridas. contendo-se dificilmente uma hora sem trazer a baila Nantes. enfim. O1 municou-nos vossa amável proposta. pescando de caniço as lisonjas.. um aa cintura redonda. tentando humilhar os parisienses pela pretensa bonomia da sabedoria departamental e por uma falsa le. segundo uma expressão inglêsa. recusando o que desejava para que lho oferecessem duas vêzes e dar-se ares de ser rogada além dos limites. de corpete castamente afogado. tomando a falta de afabilidade por impertinência. que usava quando a bordo do barco a vapor.Osenhor cavaleiro .disse a velha solteirona com azedume.? nos ba rcos por onde saltara. distraídos. Suas maneiras.nos Sen do rnesfi.ia sofrer por estar de meias brancas que se haviam sujado nas ro. . 11-11. Trazia sôbre si na quele momento o manto de lerino escocês de grandes quadros.disse ela a Camilo e a Beatriz. por isso caminhava para a igreja £orno se a quisesse conquistar de assalto. Oqual. cabelos castanhos abundantes. usando uma toilette ao mesmo tempo exagerada e pouco cuidada. Sur. Tinha um andar passàvelmente arrogante. de Rochefide . . de l? P eluda bastante comum. braços magros.cOn?versaçõesl . . e que lhe davam a re.h. falando muito e adquirindo. para uma mulher de quarenta e sete anos.. suas idéias mais ou menos tinha m desbotado sôbre suas quatro filhas. emurchecida. cri#ESO CE_NAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 281 leitado com uma gola de inúmeras pregas. à Viscondessa de Kergarouêt.Não serei eu. gem segundo os us os e costumes da gente da Provincia. e botinas ordinárias de cou"O. sua linguagem. Quant. cheia de pretensões ocultas. e tornando p or personalidades as frases arrancadas por compla cência àqueles que. e queixando-se de Nantes. e muito admirada de não estar em dia com a moda. concordavam com ela. . mas temeniOs. Camilo e Beatriz trocaram um olhar oblíquo que GaWtO preendeu. que desdobrou para mostrar os cantos pesados de !bordados domésticos e guarnecido cofil uma renda inválida. orça de Ialar. ante o aSPCCtG dos fr escos vestidos de Beatriz e de Carnilo. am e e c as para ri o estragar co sa alguma bonita na v. p utação de ser espirituosa. 5 da infâne. o falar conciso e decidido das filhas da província que não querem ter o ar de pequenas tôlas. era ela o tipo da provinciana. Conhecer Camilo Maupin e a Sra. como carambola no bilhar. senhoras . e nem sempre fisgando-a s. não lhe s dando nenhuma atenção. era sern conseqüências. rr"el 1)e. licidade incessantemente posta pa ra frente.. algumas idéias. finura de vossos talhes..disse a 1?5r podernos caber perfeitarnente as cinco no carro des Touches. um dorso chato. projetos conceb idos pelas duas faniflias. e pensando embaraçar muito as pessoas. . onde deixara outras três gatinhas que a esperavam com irnpaciência. senhora? .Não. por gôsto. . e nada pôde dizer ao tornar a encontrar seus ?Uma Prantos no belo rosto daquele anjo. tendes. . desesperada por ver-se no campo . viscondessa. dessa julgou-se obrigada a fazer para Camilo uma sátira sôbre os selvagens de Saint-Nazaire. onde Calisto a seguiu."cOIlstitUir na planta e no chão as batalhas a que os dois #CENAS DA VIDA PRIVADA 182 Ora! . de Kergaroiret..Pois bem. tenho o consôlo de iser adorada por minhas filhas. estavam como que engrossadas.disse-lhe Camilo ao ouvido. . . vendoo voltar com a Sra. . O A viscondessa desfez-se em agradecimentos e ralhou sua irmã JaquClina por ter querido que a sobriuha viesse tão depressa.vido a razer de prestar um obséquio a amigos de Calisto. . o Tio Tobias. des Touches . é um veterano Ique serve fielmente a Ineu antigo comandante.Meu Deus. a qual pelo som da voz. des Touches.Devemos condoer-nos da senhora por não conhecer a maior felicidade que existe pa ra nós. encontrará lugar. disse ela acariciando o pescoço da fil ha.e C111 4$zisti. com os olhos secos pela cólera.. o que fêz imaginar que a viscondessa caceteava prodigiosamente as quatro filhas.disse a viscondessa à marquesa. to ela própria. p ondo-as tão freqüentemente em cena quanto o cabo Trim põe seu boné em Tristram Shandy.respondeu Camilo.nasci em Guérande. não é.. .respondeu gravemente Felicidade . de Ro chefide você teria aquilo por sogra e aquela tolinha por espôsal .disse Camilo ao ouvido da viscondessa. pois não trouxe lacaio. simples mulheres. tão dolorosamente atingido quan.Chamo-me Srta. senhora. por terra. a fim de reparar sua falta. L a mão da marquesa e beijou-a.Sois uma mãe feliz.perguntou ela a Camilo. . disse Camilo.respondeu intrèpidame.. pala vra terrível.pobre j Lidicialmente? . Calisto. 1 -Mas a senhora tem tantas compensações! Unia lágrima quente apontou nos olhos de Beatriz.sa criada de quarto. n como também di spendiosa. ao erguer os olhos para a mãe. .ignorais que a marquesa e stá separada do marido. Carlota teve então um arzinho de vítima. parecia um pO11cO la tigada: suas feições revelavam uma insônia. mas a fronte dominava a tormenta interior corri uma placidez cruel. punha-o à vontade...Senhora . compreendo isso . A velha Pen-Hoêl. e deveis.replicou a viscondessa. 128 . que faz dois anos "o Vê o lilho e não sabe quando o tornará a ver? 128) Tristram Shandy: obra já citada do humorista inglês L~rence 8" ne (ef nota 8s). .Ola! . Tendes filho s? . p odem -vir atrás da caleça. . e vossos pacotes. é verdade que a estrada da mala-posta era não sómente longa inas. nela deixando cair ti Uma . nini.Amo a Bretanha. ela devia regressar prontamente para Nantes. Todo o grupo pôs-se em marcha para a estalagem e a viscon. Ocabo Trim. em Nantes. . pensada PelO P n . a serenidade do olhar e a calma das maneiras. Calisto não podia deixar de admirar a Srta.A senhora é a Marquesa de Roche fide. depois de ter verificado que ninguém os podia ver t.. senhora . . . entrincheirara-se a q uatro passos dali com a sua querida "Carlo. . .ágrirria Beatriz voltou-se. Calisto . que se deteve ao lembrar-se que a marquesa tivera de privar-se do filho para seguir Conti. Não obstante.se tenho a desdita de passar minha vida na ca mpanha.disse Caraflo.t. a ponto de não lhe ter permitido vir no próprio carro.disse a Sra. .Porque a tia dela é rica disse Calisto irônicamente.?.. apesar das terríveis declarações que haviam sido feitas durante a noite. ia soltar ala. assistindo-o em sua mania que consis. a qual voltOU-se bruscamente e f oi até o gro?seiro parapeito do rochedo. perguntou a viscondessa.Eu dedico a ela a mesma amizade que dedico a . .Onde a senhora foi buscar as coisas espirituosas que diz.d e meter-se na roda dessa réproba. i)esde (]"C or ela? . esperou poder reconquistar oiaildo-se em tôdas as recordações da infância. . o estive.as vantagens.disse a marquesa rindo. apertou o braço de CalistO.Carlota tem razão. quesa e Camilo.respondeu a Srta.A vergonha. depois colocou-se com a marques a no assento da frente. 1)esde auando os du Guérric mentem? .. disse ela olhando para Carlota. as Peir-HOê1 são surdas .E de onde tirou a senhora aquelas observações tão profundas e aquêles quadros tão seduto res? .os seu. mostrando-lhe a mar. êle mesmo. 13 E A T R 1 7. ao dar também o braço à sobrinha. Camilo fêz Carlota e a viscondessa passarem para o f undo do carro. acompanhou o carro a cavalo e os daquele. porque é impossível admitir as cento e poucas versões que têm curso em Nantes. minha filha.disse a velha solteirona.. foram suficientemen te devagar para que lhe fôsse possível contemplar Beatriz.Que idéia teve tua mãe .muito difícil ter preferências por uma dessas gatinhas. NãO há nada tão fácil como escrever e se a senhora quisesse . 2S3 . q u . senhora. des Touches a tôdas -as perguntas extravagantes que os autores tão freqüentemente ouvem. CarlOta.111ada. a respeito das narrativas. e disse. .Alil então depende tudo de querer? Aí está uma coisa em e eu não acreditaria! Qu al é das suas composições a que ?prefere? ?.Que rainhas1 .Olil garanto a você . de PCir-11Oê1 ela o enfeitiçou. .. Creia. porquanto Jaquelina deseparecera.rep licou Calisto. ap . A história perdeu as estranhas conversações das quatro pessoas que o acaso reunira tão singularmente naquele carro. uma mulher que é a glória da Bretanha! .A senhora me lisonjeia.Ali! que belas partidas de mouche faremos.disse a velha tia. a senhora não é justa . que sou sensível à forma que a senhora dá . Calisto. das réplicas. e eu ainda não disse . já Malvadol porque nos deste tantas preocupações? Eu bem sabia. cansados. Ela teve o cuidado de não repetir. . olhando-a com a r sutil: 1 .A senhora já está embotada em matéria de louvores e a e não sabe Oque lhe dizer de novo. de Pert-HOêl. 1 seilhora . e de não compree nder as respostas da Srta. o qual então a si mesmo prometeu explicar-se nitidamen te com a pequena herdeira. não estou mais ..perguntou a velha enNão estás apaixonado p c. filete ou bordado . . e com as quais os fazem expiar cruelmente o s raro? Prazeres de que gozam.disse êle a Carlota. gent..Oh1 minha tia. Calisto . Espero que tu não a vás tarribe.disse e como vamos rirl os cavalos estavam atrelados.respondeu Camil o.replicou Calisto.. dos ditos que a viscondessa pescou da célebre Camilo Maupin.respondeu êle. #a J1 A T R I 286 284 CENAS DA VIDA PRIVADA A viscondessa não quis parecer que desleixava a niarqu. o era um aa tolice. obrigado a renunciar ao -prazer que a si mesmo pr ometera.jamais esquecerei esta viagem feita entre o espírito e a beleza.disse Calis1O. .não é natural notar o espíri to junto ao gênio.. COMO fêz a senhora seus livros? . . um pouco tranqüilizada. e dando o braço à mocinha com grande admiração da Srta.. nada é sólido a não ser o casamento. Mas do mesmo modo pelo qual a senhora faz seus trabalhos femininos.11 amimar. Reinava a alegria na casa. e parecia empolgada por profunda meditação. a Visconde tadas com cordialidade.. onde pouco faltou para que se forniasse um ajuntamento. 1 9 ito a nas pro v scondessa. luas Cre"O dava volta. que. . mostrando-lhe Calisto.Como êle monta bem a cavalo . em que o ruído da caleça mal se ouvia. tentou explicar a literatura .. nem o Cavaleiro du Halga. A o 1 Maupin..s seus pratos bretões.rln c orri a ilustre Carnil ocupava Camilo. êle estabelecia um paralelo entre as Kergarouêt e as duas mulhe res elegantes.Tolinho . que ia a trote lento e descansado ao lado da caleça. Forçada a deixar-se ver. em que as fólhas roçavam a capota e o vento trazia odores balsâmicos. durante aquêle momento. o Abade Grimon 1 licores da sobremesa. não podia ver senão as duas mulheres sentadas no assento da frente. enquanto a C3leÇ3 . úmida e verde. Fanny. Ocavaleiro voltou para dar o braço às duas dalua. Camilo lé. que a t e o velho marujo tomaram parte fenderam..Há tantos inglêses que se lhe assernelhaml. Assim que Mariotte. "esqueço as recomendações de minha mãe. de muito bom gôsto. disse Calisto consigo mesmo. notar aquê1C lugar cheio de harmonias e a poiou a mão no joelho de Beatriz. encantada por ter fei .replicou Carlota que se julgou atacada pesso almente.. A refeição fôra retardada convencio nalmente -lté às quatr. . o lugar que nela du Guênic. dePols beijou a mão de Camilo na esperança de poder pegar a da niarqu esa.nl cavalo de aluguel.1 t. "É verdade".disse Carlota. 1 mente com as duas zombeteiras de Paris. espirituosas. que as esquecerei sempre. encontraram a mesa posta e foram tra efirina tinha indicado.. elas deixaram os companheiros de viagem na estrada da viela du Guértic.Oh1 Calisto é bem gentil . Num l ugar em que a estrada era sombreada. Camilo e a marquesa entraram em Guérande corri a ViscOn" dessa de Kergarouêt e a fil ha. .. tendo em vista o primeiro olhar que haviam trocado..O horas. A velha Z 1 1 senao com luxo a vinhos finos e Mariotte esmerara-se fundidades da adeg . . Carlota.E um cavaleiro enca-ntador.respondeu indolentemente a marques a sem terminar a frase. . traindo pensamentos bastante doloroso b s. como uma deliciosa vereda na flores ta. -O o mesmo que com o whist: nem os . mundo literari ipareceu. nada entlem o cura. mam. T odos julgavam Calisto livre e viam-nO casad * o dentro em pouco com a pequena Carlota. auxiliada por Gasnos da viscondessa .disse ela. mas aconteceu com moderna e. muito se deviam rir das duas provincianas. observava a tristeza do filho.. que sentia vivamente os ridículos da "5c. Pela p rimeira vez na vida.disse-lhe Camilo.Calisto? .a co mo que para detê-la. com grande espanto de tôda a cidade estupefata.disse a viscondessa. 11 l)IPLOMACIA FEMININA de Peri-HOê1 tendo chegado intrèpidamente moritaA Srta. Beatriz evitou constantemente de pousar Os olhos tio r apaz. que conhecia o segrêdo de Calisto. e seu olhar abran<lia-as alternativaneinte. uma O"Brien . lota pelos du G uénic. Calisto permanecia si_ lencioso. mas a viscondessa continuou a lutar brava. . olhou. . ela mantinha seu xale cruzado sob suas mãos contraídas. A mãe dêle é uma irlandesa. tirou a mesa houve selin e pela criada de quarto 1 9 um brado de entusiasmo para se entregarem à mouche. roçando-lhe a orelha cOlu ul modesto beijo cheio de amizade. grati. que manteve resolutamente os braços cruzados e à qual élc dirigiu as mais vivas preces num olhar inutilmente umedecid` 11 . Orapaz.de coisa. por uma manobra desesperadora para as Pessoas que a. ssa de Kergarouêt e Card3 . . Calisto apressara o passo do cavalo para ir prevenir a tia e a mãe da chegada dessa companhia esperada para jantar. se? . e amiga e no a?dora. a fim de não ser ouvida.eu não aconselhei Conti a que se casasse. dando. justamente aquilo de que precisa o Sr.A Srta. nhecer a extensão dêsse sacrifício.replicou Carnilo ao ver o desespêro de Calisto .Êsses Kergarouêt são parentes dos Portenduère e do velho Almirante de Kergarouêt. 13catr:Z foi para seus aposentos. Beatriz olhou a amiga com uma surprêsa mesclada de susPei. Calisto compreendeu mais ou menos o devotamento de Camilo. des "f"uches deixou-se naturalmente arrastar para o seu ciúme.Você abandonou por nós a viscondessa e a filha . "Comomanda-lo à casa de Camilo?" a si mesma pergunt ava a mãe. . ao ver invadir-lhe as faces aquêle leve rubor que indicava nela as mais violentas emoções. Calisto ficou sem voz e sem espírito.. Carlota é sobrinha-neta do almirante . à entrada das Touche s. ma q p penhar o Calisto. vê-la? . . qual beijou aloucadamente a mãe na escadaria exterior até <) ela o acompanhara. relhar-se com êle.disse ela à viscondessa .dor que ela se atribuía.não será melhor que vá no carro da Srta.Estás morto de desejos de ir às Touches. . . O rapaz respondeu com um sorriso e um rubor que fizeram aquela mãe adorável estr emecer até "nos últimos refolhos do coração. Sua ternura comovida deu-lhe espírito: .exclaniou Cali sto. . . o corpo estava naqu ela sala onde outrora êle se teria divertido corri as pilhérias da Mouche.". cuja v iúva desposou Carlos de Vandenes. que simpatizava com o filho que amava.disse Beatriz.O. e se entediava com êle. quando Camilo e Beatriz saian. Improvis ou variações sôbre alguns ternas escolhidos inconscientemente por seu espírito. #286 CENAS DA VIDA PRIVADA B A T R I Z 287.e nós estamos habilitadas a re.disse ela olhando para o filho. mas o espírito passeava nas Touches. onde Calisto correu com a ligeireza de um jovem gamo e ach?. o qual. e sobretudo obrigada a partir nn`?to cedo. de Rochefide. du Guénic. Evidentemente. multo Senhora . .Êsse casamento jamais se realizará . papel que Camilo lhe dava.sôbre quem as faceirices de Cariota ou os ataques da viscondessa deslizavam sem impressioná-lo.U. ..perguntou :a Sra.tar.dê-se ares -de quem me ama. . .Não preciso nem de dez minutos! . m as volta-nos depressa. porquanto as mulheres têIn U1.es deixando-os quase sós. instalando-se nunia poltrona gótica. pois foram excessi1 A 1 -1. a Ft.disse vivamente Camilo. . Nfeu filho . -como uma mulher que deposita absoluta confiança na sua li.Minha querida . ruas observava vamente me anc cos.vai arrumar es" assunto nas Touches. Camilo fêz logo Calisto passar para Sei" quarto. de Rochefide a Camilo. do 1 salão depois do jan.disse-lhe ela.amanhã vai sentir-se mal no carro do rec adeiro. seu querido filho se aborrecia. demasiado jovem e ingên uo para descri. a qual apontava a pequena bretã como sen do a única criatura que pudesse empa.disse Fanny ao ouvido de Calisto . você é uma criança. estava em êxtase ante seu verdadeiro ídolo.respondeu Camilo. Camilo? .arecia ouvir.E por que.tas indefiníveis. des Tou?hes? Cali"t Is O. e creio ter sido amabilíssima com êle: você não é generosa. veio acanhadamente para perto dela e beijou-lhe a mão. durante a qual a Srta. Teve o espírito de oferecer o braço grande lícidade. Carnilo pôs-se negligentemente aO piano. Abatido pelo ar calmo e frio da marquesa. . .disse ela. não . comprimindo-lhe o braço .É uma criatura encantadora .1 admirável instinto de desconfiança.costas. . Depois de uma hora.perguntou a Sra. . tu recusaras vivarAtllte " fim de que eu não te surpreenda mendigando um olhar #288 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R 1 3 289 de Beatriz. Promete-me uma ob ediência ceea? Eu serei seu Fox n disse ela. procurando ali Beatriz. espionando tuas traições. .."es que e não deixará seu livro.Eu a seguirei. únicamente. de onde se avista o caminho de Guérande. caminhando noite e dia .Alil ficaremos lá jun tos até às quatro horas. mas se trocar únicamente algumas pa. mas a dores. .disse êle. E conIO? .. . . cantadora boa-fé. e voc. ela é capaz de voar para algumas léguas cêrca ffiosia de lei rto de ContI. não é? Tu não irás depressa. tudo irá bem. Tôdas as M ?vêzes que . e C" at riz. de mãos postas. eu me encarregarei de tudo.Calisto .disse ela inclinando a cabeça sôbre o peito. você se aborrecerá muito tem? Por não vmas eu lhe conseguirei livros empolgantes. livro de música aberto no piano. se te vir. ções e que me faz lamentar t er visto Beatriz . permanecemos três meses na Vendéia com cento e cínqüenta fra ncos. meu filho! .respondeu Carnilo.Que devo fazer? . é espirituosamente desconfiada. Uma vez no meu quarto. . loaar são ero o felil. Serei a primeira em sair.disse a Srta.Que será de você então? d. . pei. não quero corromper unia índole tão bela quanto a sua.mas é preciso vencer vela oscompromissos que ela assu miu consigo mesma. rida comprar as obras dela em Nantes e as de alguns outros autor rvlçais você não conhece. no meu quarto.mas que espera? .Ivleu pai.ir un. Você empregará esse po lendo e eu a fumar. Comouma amante impaciente.respondeu Camilo. meu pobre rapaz. e ao subir a escada. mi to-lhe que seja até grosseiro comigo. . você aparentará um arzinho entediado. Camilo. não uma longa conversação. . me vires na janela.disse êle com en. se é que o pode ser. o caçador deve ouvir seu ?cão. . você me pedira que fique. tu te preciPitarás muito lentamente no salão pequeno e.conhece contrário estará perdid ou do as mulheres.Será possível! meu Deus? . paris. VOce rkada leu de George Sand. A marquesa possui um aa finura aristocrática. Vejo que você tem demasiada ca ndura para fingir. senão no Inomento que ouvir Beatri z conversando comigo. Eu a amarei . eu me colocarei numa das janelas do corredor. 121 mandarei esta noite um dos ineus s?e 1 . Quando ela estiver lá (e ela -passeará por lá.Sei.Se você contrariar não o orgulho. lavras.Será possível? .uaS .Sim . No pátio.ouça-me bem .ará a ver.Você virá aqui todos os dias ao meio dia. não virá ao meu pequeno salão. daí.disse êle. que você tem por mim a mais rara das alei. seras meu PrIsioneiro.Se tiver com a mar?quesa. olharás pela janela da escada que dá Para o jardim. disse Calísto. jamais caçador encontrou prêsa rnai? diticil de caçar: aqui pois. Gasselin e eu. podes ficar tranqüilo!). Você não a torn Oh1 sim. se você a deixar interrogá-lo. a fim de o ver chegar. Você sera amado por Beatriz.Amar e fazerlutawe" e " coisas b em diferentes. feliz por dar-lhe uma alegria à sua própria custa. . Isso não te forçará a dissimu1a?oes" meu filho . atribuindo-se o nome do melhor lebreiro de Calisto. enfim. não vá estragar cada na obra árdua que you empreender. Beatriz estará louca por você.perguntou o rapaz.Mas tu és tão pobre c .Muito pouca coisa . .ouça-me bem.. Retirar-me-ei para ul eu quarto para não ser vista e não lhe dar a medida de uma paixão que lhe pesa. . Portanto eu rnentirei por você. mas algumas vêzes você me avistará e me fa"4 um sinal com -Seu lenço. . Você vai sofrer horríveis aw .Dentro de oito dias. orno Jó. caindo de joelhos e juntando as mãos diante de C amilo enternecida.disse êle. você apenas sabe amar.disse ela. des Touches.. Essa aparência de esplendor moderno naquel a velha sala. de nata.Que tens. . um aa refeição composta de manteigra fresca. a retratou justamente na figura de Cíli3111O Maupin. a quem a felicidade de Calisto causava distrações e que _êzes o interrogava sem poder compreender coisa alguma nas PO r respostas. .res. Carlota atribuiu_.) Essa referência antes e"e para ? de Wer despistar o leitor e eventualmente defender Balzac da acusação romances "a chave" haviam perdido.?-JS76). coapest mancista célebre. olhando-a co m adorável ingenuidade. não serias a criança sublime.disse ela em torn grave. Quando sómente fica ram na sala a baronesa e o filho. juntando as mãos. Calisto -quis ficar. educada como boa irlandesa. Calisto contou-lhe a esperança que Camilo lhe havia infiltrado ri( coração e suas estranhas instruções. e para a qual tiraram da arca o -bule de chá de prata e as porcelanas da Inglater ra enviadas à baronesa por uma de suas tias. Sociais Era amiga de Balzac.responde u ela. Calisto fêz então o -que jamais fizera.uêt e da Srta. a quem achou de olh os úmidos.. ela olhou para Calisto com ar curioso. o Abade Grimont buscava ler inos olhos da 5 para com é C3Ocesa o inotivO da calma que nêles via.Vá. OCavaleiro du Halga baffin as mãos.se não se cingir ao papel mudo que lhe dou. e desferiu alguns ditos picantes à cunhada. a fazer e a servir o chá. sem amor. des Touches. .C o mérito dessa mudois weses de Pen-Hoêl fo i encantadora de amáveis provodoça. a gentileza deliciosa da baronesa. de Pen-Hoêl. des Touches não pÔde conter uma torrente de lágrimas. A ilustre casa ?du Guénic serviu. dentro de oito dias. está . O" jogadores de mouche tornaram a encontrar nêle o Calisto que faz ia 1 r& 129) George Sand: pseudônimo de Aurore DUP111 (18O.Se compreendesses. tiveram um cunho encantador. le. e apiedando-se pela prim eira vez da Srta. tinha certeza de.disse-lhe ela.fregava íscondessa devia cinco francos em mouches acumu1Wrtixas. meio reclinada no sofa.Pobre mulher! .A Srta. mas foi obrigado a obedecer ao gesto perativo e imperioso d e Camilo. As d uas velhas tias tinham a vivacidade de duas . A cupidez -de Zefirina estava tão vivamente interessada que 1. Beatriz.perguntou-lhe a marquesa. o nobre e belo Calisto . enlaçou Carnilo pela cintura e beijou-a no pescoço carinhosamente. mas sifil com ternura e como beijava a mãe. . ser amado pela bela Rochefide. e diga à sua viscondessa que meu carro às ordens dela. . que O Ouvira partir das Touches.Que te aconteceu nas Touches esta noite? . autora de romances sentimentais. a baronesa foi buscar a lata de chá.exclamou a irlandesa. Omais desenfreado luxo não obteria o efeito simples.Não compreendo nada do que me está dizendo. voltou ao apartamento da amiga. o qual é certamente fácil de representar. meu filho. êsse grande acontecimento para as inglêsas. . antes da partida dos Kergaro. de frutas. modesto e nobre produzido por aquêle sentimento de alegre hospitalidade. o cavaleiro ador ecera nas s Houve duas suas uas respectivas defecções: o barão e poltronas. . Alguns momentos depois da partida de Calisto. A Srta. ( Ver a nota introdutória. que. A partida durou até às onze horas. A v ladas.Ineritava não ver as cartas. . Felicidade? . Mariotte fizera uns bolos de trigo mourisco. fique sabendo que a perderá para sempre . . Camilo! exclamou Calisto. tomando-lhe a mão e beijando-a. voltou muito alegre. por um devotamento insensato. 1111 êsse pavoroso livro de Benjatira r-wo t disse-nOs apenas as dores de Adolfo.ao te amar ante uni único encorajamento. iludiu comple tamente a Sra. gravando nossa lembrança num coração jovem e"O de razeres inapagávei s.. tuas fontes têm ainda v iço. na t. querida.Não tens um cabelo branco .s cència 21 su. Eu já esperava a impressão que lhe causaste. Essa violenta elegia. suas homenagens causam mais do que alegria."" o amor . a cobard ia de verdadeira paixão: C on. -dissera a Conti os motivos de sua partida. querida! . que inspiram a um homem comporta elogios sem hipocrisia e que é difícil não saborear. Beatriz sentou-se junto à amiga e animou-a. adinira-te ? 13O) "Êsse autor infame" é sem dúvida o próprio Baizac.não tens uma .. quando. quando êsse homem pertence a u m aa amiga. mas. ao passo que conheço mais de uma mulher de trinta anos obrigada a ocultar as suas. para . des Touches. anjor ignora a fatuidade.Se soubesse s. e as da . seu. se êle mo pedisse. triz. temi tua estada aqui. portanto. a Srta. Adolfo. Beatriz. . ergueu. . ca9 " qye é dific. atirar-me-ia no mar a um i Há momentos em que me surpreendo a simples sina. queC" rida . com um r`ortível torn de raiva. . ja mais pudesses realizar o retrato. entao um aa espécie de absolvição no infinito da paixão. como era natural. pelo contrário. cujos olhos se tornararn secos e brilhantes. a armadilhas preparadas contra a inoacha.Em . a maioria dos homens jorr ioram isso e não lêem êsse autor infame. ergueu as inarigas e fêz ver uma pequena mácula nos pulsos.disse.ervará. almejar que êle o pois que isso seria uma oferenda e não um suicídio.Wstan le não as observou suficientemente para nô-las des1O111 .respondeu Carnilo. apresentei-te. não me enganarás. tira. na certeza de estar para sempre acima de r s as ulheres. e. nesse Inomento. 11 r . e e M que três linhas profundas formavam-lhe uma pulseira de rugas.. Njinha tos motivos para abandonar Conti. na qual o verdadeiro se mesclava à inen. é tão bom quanto belo..S~VIrt udes de uma criança. mas. auxiliar-me-ás a conservar ?" e Calisto. Calisto é um anjo. teve conhecimento disso.. tu ne la gabavas-te muito de ser feliz. : . de Rochefide.Não são como disse um escritor. (. a da felicidade. és nobre e gerje. saber-se que se deve a felicidade sómente a trabalhos Penoso. ao tratar Calisto fria. sabendo~te com nu. a verdade não é surda. irias nãO nleu meti o êrro de mostrar-me enciumada. os dois luga res que em nós não mentem? . que vive na !pista das nossas misérias. quantas lágri`nas derramo Pelos dias perdidos de minha juventudei Ser a mada Por Piedade. . muda e cega? Por isso. mas. .1 e_ var vanta em sôbre ti. se. Mas. são delícias celestes. E A T R I Z 291 Sim.. não é isso infame? Felizmente. ela demonstrava generosidade. Cláudio Vigrion. se sabem amadas. É preciso ter sofrido muito para reconhecer a verdade de sua cruel observação.disse ela erguendo seus bucles .disse-lhe. .Tenho quarenta anos e arrio. o amo. Olha. .. onde a transparência do tecido já arriarrotado deixava ver a rede dos vasos engrossada. felizmente para nós.. o que seria i i incitar o na. por desgraça. deste-me u ma árdua tarefa ao vires aqui. BQatriz. se em sua alma êsse movimento de alegria que se agita no fundo do coração de tôdas as mu lheres.ruga. o pobre in a cente não resistiria u m único dos teus olhares. ono C seria rnatar-rae. mas amas a Conti. pintando-te com cores tão vivas ?.. teu desdém ?onfesso-te cor. Ahi B queira.Tua carta disse-me tudo .tilezas de gata. mente.disse ela.vê o que me custou minha viagem! A marquesa mostrou o imperceptível emurchecimento que fatigava a finura de sua pel e tão macia. estás mais bela do que nunca. Pelo contrário. #29O CENAS DA VIDA PRIVADA. Ali as duas amigas se olharam com a atenção de dois inquisidores do Estado. porém deliciosas. desatOu em prantos.dade que fêz Camilo estrem ecer. não há mais senão Deus .. Bela e comovedora heroír1a? verdadeiramente. mas tu.rever. que me havia elevado até um lugar que julgava inacessível. querida. ora o recanto selvaoem dos pân. hurnilhar-lhe-ian-i as virtudes.perguntou Beatriz com uma vivaci. IR .e ria a revelá-las? elas desonrariam . .disse comigo me sma. Safo era jovem. contemplando. Eu me atirarei nêle como num abismo. ) AdOZIO: ver a nota 75. mas cer tamente preocupada com o belo Calisto. ficou só. onde encontrou livros. o autor cedeu o lugar à mulher. Sei felizmente como agir para triunfar.E como farás? .E que decidiste? . na sua vidade artista despreocupada e de escrito r incrédulo. Camilo separou-se da amiga.Isto é meu segrêdo. sa passeando no jar dim. Houve um momento em que. minha idade. quando. colherei ao menos tôdas as flores pálidas. Felicidade permaneceu numa poltrona ao lado da janela.Depois do homem. m eço pelos meus temores. estioladas.lher? Ilein. e stás em tôda a magnificência da beleza. a qual se foi espicaça?da pela curiosidade. nem sequer tens o recurso de fazer um aa ca da tua desgraça.. e vendo através clas nuvens de fumaça a de"ciOsa cabeça de Calisto. correr as cortinas e estendeu-as a fim de . 1 eu. . êsses sofrimentos asseXtil se os cios. entretida em fumar. No dia seguinte Calisto. . e que mulher se atr eve .respondeu gravemente a mulher célebre. ?des Touches. que crescem no fundo dos precipícios. e lhe ampliariam os vinosso Sexo.Que belo livro a escrever. coisa em que. gritos de raiva -c resoluções sublimes. Mas em caso de abandono. ao ver a marque.. é o cúmulol Pocsia Deitou-se sómente ao amanhecer. Se Cláudio Vigno n atirou-me brutalmente no abismo. flutuando entre a inveja e sua generosidade. Calisto acaba de jurar-me que te admira como se admira uma tela. que por vêzes ela estudava os mistérios da religião católica. ela foi.Deu s é o desconhecido. houca132 encheude tabaco lavado no ópio a chaminé do seu s. meu tema está feito* .. ela jamais pensara. venezian os.2 IR2) h4)uca. misturando assim de lá i g?1mas. o tamos. riosamente para o quarto da Srta. Deixa-me as vantagens da. Depois. . viveu antes de mim.vAr & ~? 11. A marquesa foi modelada como cêra pela Srta. fazendo-se ver pela amiga.mas êle já está feito. . A I #13 E A T R I Z 2M 292 CENAS DA VIDA PRIVADA . êsse no qual eu narrasse frimentos! . aos vinte e oito anos. entorpecendo asIm as dores de seu amor. veio ao meio-dia. A marquesa baixou os olhos. "Ela ficará encanta-da de engariar-me% pensou Camilo. a longa meditação . e passou a maior par te da noite a fumar. u ma mulher de quarenta anos! fuma o teu holí minha pobreCamilo.1. nielham-se aos do inferno. ora o mar e Calisto. com um olhar no qual suas almas se chocaram e deram fogo como duas pedras. que gozava um prazer se lvagem a envolvê-la com seus ardis. des Touches. a quem a mãe aconselhara que seguisse exatamente os conse lhos de Camilo. ao darlhe Obeijo de fboa-noi te. com quem trocou algumas palavras o relativas a Beatriz.. A luta acaba de começar entre mim e êle por uma mentira. subiu niste. no momento em que o pretenso amante :11aldosanic"te r.e tu me recusarás. Oolhar que dirigiu a Bea triz e que Felicidade esperava foi mais expressivo do que o que ela julgava. Aquela palavra magica: "Serás amado!".perguntou. o jantar atrair sôbre ti a cólera da baronesa. afetando ares de rainha e de m ulher ferida. os preparativos do cozinheiro não os sat isfazem. confidências astutas. des TGuches. alilop dese a outra . e todos os dias trazia carreganientos de liv ros. epigramática.Não é perigosa. Houve entre es sas duas mulheres um duelo sem tréguas. de Kergarouêt. inicha mimosa? . Beatriz tornou-se fria e dura. quando êle ia abrir a bôca: pois bemt quero que êsse pobre rapaz fique hoje. pondo-lhe os cabelos em desordem. quarta. fazer progredir seus assuntos. fitando _ Quer a ami ga. a quem trouxe para seu salão. A marquesa corou. . ignorava a p rofunda habilidade feminina desenvolvida por Felicidade para. Devorava o tempo. Tôda a vida de Cafisto estava concentrada no momento tão rápido durante o qual êle via a marquesa. foi acompanhado. Bea triz fizera uma toilette encantadora. e não terás dificuldade em fazerlhe compreender o quanto lamentas não ficar. Calisto estava com a alma cheia de Beatriz.disse Camilo a Beatriz com corro? siva ironia. Ao regressar de Touches para Guérande. sem que CaÊsse manejo durou seis dias.Itern. onde 4ce -ida que lhe vais dizer hoje? . du Guénic .disse Camilo.disse ela.enezas de seu es ssava sua superioridade e como podia ser humilhada. ias passear comigo. que por várias vêzes subira ao quarto do filho ao ver que lá havia luz . tính amos de falar uma com a ara fica pedia 13t não valia nada. _ já. generosidades ilusórias. depois da partida de Calisto. . no" qual usaram ardis. estava encantada por encontrar naquele grande t. essa. o que fazia era duplicá-la.Hoje. meu filho. e maltratou Calisto.tor as peq. deixando entretanto que se escoasse um feixe de claridade que iluminava o livro de Calisto. era o talismã por meio do qual êle continha o ímpeto de sua paixão. Durante essa semana. quinta. Alcalldes* cido com as traidoras palavras de Camilo. Essa góta de água longe de estancar-lhe a sêde. foi brusca. sorrindo. .. quis ter o prazer de mostrar-lhe q"cri. em têrnios consagrad os. des Touches. mentirosas.. Cêrca das quatro horas. pensam demasiado no desenlace para compreender os meios. . na qual uma ocu ltava e.Como estás coquetamente vestida. Calisto saiu do quarto. Embora tivesse ficado nas timidezas O* . -compreendendo naquele momento a vergonha de seu papel. não querias outra. eu te convidarei a que fiques para jantar . . a marquesa escrevera sómente u ma carta a Conti. a qu em sua suposta amante mandou que fôsse íogar a mouche corri a Srta. conhecia o d -~) daquelas vigílias. atingiu o fundo do cO" ração da amiga e al i picava alguns dêsses maus sentin`r`tos. a baronesa porém. não dormia mais. erça feira.disse a Srta. segundo a expressão de Mariotte. lia nas suas insônias.interceptar a luz. Sr. . Camilo saiu e foi representar a atroz comédia de sua falsa f elicidade para a marquesa. dita Por Camilo e aprovada pela mãe. a outra punha a nu seu amor e onde entretanto Oferro aguçado. listo o soubesse. olhando para a marquesa. minha mimosal . das mais hábeis conversações entre Carni1O e a amiga. e êsse sintoma de indiferença não escapara a Camilo.que as mulheres honestas reprimem com tanta dificuldade.disse Beatriz. Os jovens apaixonados são como os famintos. A tia ainaldiãoava a Srta. .Segunda-feira.Fique. disseste -lhe adeus. cOnfisSões. or ofender-se corri as desconfianças manifestadas por Ca4Wa P onfianças que achava pouco honrosas quer para um aa.er para sexo. . falsos golpes. Beatriz â:133) Safo: ver a nota 77. desenhava-se cOMO uma fOrma branca contra as massa s verdes da folhagem. grimas que lhe ass omaram aos olhos. Beatriz cortou bruscamerite o pro jeto. dos cavalos e -de tudo que fôsse preciso ter à -disposição para afastar qualquer fadiga daquela festinha.. mas a maioria dos abismos dêsse sentimento eram obscuros cobertos Por nuvens. compreendido entre as Touches. e que. em toilette matinal. no coração. cujo rosto estava ilumina-do pela felicidade -de ver seu ídolo. _ esta caminhada aguçou-me o apetite.exclamou violentamente Camilo.Temo s um e outro. seguiu uma al déia. o Croisic e o burgo de Batz. . . Aí partem-se seus corações.j. .Sou-lhe indiferente . A verdade do papel horrível e sublime representado por Camilo é uma dessas infames grandezas que as mulheres não admiten-l se`ão no último extremo. passe quatro hora s a ler romances femininos. . .E que faz todos os dias. . senhora? .disse ela em torn suave. . durante tôda a manhã? .disse Calisto. Calisto. sem nada compreender. segurand o-o pelo braço e levando-o a alguns passos dali.Não posso supor. após a troca de algum as frases banais. . permaneceu estIlpefata com a confissão de Calisto. o ar. uma ligação verdadeira . nem me desagrada . por isso muito se assustava do estado em que Via o filho. a fim de se encontrar com a marquesa como que p or acaso. já fizera um exame de consciência. aí acabam ens sentimentos de mulher.disse vivamente Calisto.Em que lhe desagradei ontem.a mocinha ignorante. . . ou que as leva ao céu. e que o amor para ela tivesse mantido seus ""os fechados Fanny elevava-se pela ternura materna até certas idéias. .disse Camilo.disse êle com voz turbada pelas lá. Beatriz. que G devorava. e Beatriz não pôde dominar um leve estremecimento ao vê-lo.Ora! . . de Rochefide não era tão sabida como Cláudio Vignun.disse inocentemente o ingénuo bretão.Nossa conversa tirou-me o meu. in CORRESPONDÊNCIA Durante o almÔçO. Ela se encarregaria dos víveres. mas hoje já não a amo.. . que do salão deslizara para o jardim. apesar de sua admiração pelas mulheres autores. dizendo que não se exporia a percorrer assim a região. Pediu a Calisto que empregasse o dia segu inte em obter um barco e marinheiros para o caso :de fazerem uma excursão por mar. .disse ela com um sorriso bastante pérfido. surgindo. . que apesar de sua paixão pelo tabaco. cujos sentimentos er am nobres e altivos. asfixiando os germes de amor que lhe cresciam. velou-se súbitamente.Então sabe?. apavorava-se com o desej o único. interrompenclo-o.you mandar apressar o almôço . Felicidade trouxe à baila a propost? para irem daí a dois dias fazer uma excursão pelo recanto ariginal.. des Touches. paI 1A w.Calisto! . . Calisto não tinha mais senão um pensamento.. que exprimia uma grande satisfação. Camilo prefira-lhe um charuto. Orosto de Calisto. o torn. aí começa #para elas uma abnegação que as mergulha no inferno.Calisto. e sim de uma doçura indiferente que o magoou. foi isso que me promet este? A marquesa pôde ouvir essa censura da Srta. incompreendido. a marquesa.eu amava Camilo. pela qual caminhou len_ tamente. a graça admirável da marquesa encorajaram o rapaz. para o qual Calisto fôra convidado. não fria e dura para Calisto.Não devemos nós ser indiferentes um para o outro? respondeu a marquesa.disse Beatriz. A Sra. a qual desapareceu ralhan do e levando Calisto.ry A 3 E A T R I Z 297 296 CENAS DA VIDA PRIVADA .Mas o senhor nem me agrada. Foi. " Havia ainda mais quatro páginas de uma letra fina e apertada. encorajara-o sinc?u larm?ente. e portar-me-ei na vossa presença como se não vos amasse. Assim pois voltarei amanhã às Touches. se êle soubesse . Não tenho outro talento que não o de amar. Às dez horas. como tábuas oferecidas à im?ginação do leitor para fazê-lo franquear abismos. a Sra. havia ali muitos dêsses p on.Pouco depois. breve estareis desobrigad a. não obstante as esperanças -que lhe deu Felic idade. um jato ardente da alma. com ênfase.disse ela.disse Camilo.Minha posição é por demais delicada para que eu comprometa. encontrarei inais fôrça ainda. porque desconfiava de Camilo. isso será uma resposta. saiu das Touches dominado por uma dessas tristezas de enamorado. e mostrou o que Camilo denominava sua obstinação. far-me-íeis pensar que sou de temer.Conhece o ciúme de Conti. -me de Gen. amante. durante a entrevista que tivera no jardim. sedutora. . Essa pintura ingênua ser ia uma repetição na sua narrativa. Se persistirdes nesse frio silêncio. estava escrevendo a Beatriz. que vos ama. de uma pobre criança que pede como supremo favor à sua luz que o ilumine. Ah! sêde comigo tudo 1 o que sois. nas quais Calisto ex plicava a terrível ameaça que aquela última palavra continha ao contar sua mocidade e sua vida. uma semelhante carta é acompanhada de ebulições por demais abundantes.tos prodigalizados pela literatura moderna nas passagens perigosas.nic. #Soo CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 3O1 desde o dia em que ela me disse que amava Cláudio Vignon. Um Único louvor vindo de vós far-me-ia suportar as dore s do martírio. ao seu sol que o aqueça? Aquêle. . nada tenho que me torne temível. jamais uma primei1 ) ra carta de amor fôra. de Rochefide. Calisto estava de pé num terrível embaraço. p.. Apesar das instâncias de Felicidade. Falai . naro. a mãe inquieta foi vê-lo. o ar que vira na marquesa. De volta à mansão du ?-"ué. mas a minha felicidade . mas o fazia por meio de frases exclamativas. e Calisto a compreenderá. #para não ser elixir de várias cartas ensaiadas. e que devia ir turbilhonando a uma outra alma. Pois bem. se apreciardes meu heroismo. o amor do filho ali chaIllejava COMo as labaredas de um incêndio. cuja violência beira à loucura. como Camilo me falava de Cláudio. olhando para o jovem bretão. e encontrOu-o rabiscando em meio a uma grande quantidade de papéis riscados e rasgados. por demais multiplicadas. nesse mortal desdén?..r. rejeitadas.E quem lho irá dizer? . não . que lia pela primeira vez na vida uma carta de amor. se não me desesperardes. não minha reputação.Não fôstes então feliz? r. de Rochefide foi inflexível. apesar das do jovem bretão.. nianeci mudo. refeitas. Eis aqui em q ue Ca"Isto se firmou e leu para a pobre mãe assombrada. não é? não recusareis meu braço para ir visitar as pr aias do Croisic e o burgo de Batz? Se não fordes. assustou a baronesa. Para ela a velha casa estava como que pegando fogo. alegre.E que teme você. interessará mediocremente os amantes de emoções fortes. espirituosa. v er-vos-á sempre. Calisto. fêz pois a mãe chorar e dizer ao f ilho: . e para lá voltou . Em todo s os rapazes ainda não atingidos pela corr"PÇãO.Não virá êle buscar-me? Essas palavras fizeram ?Calisto empalidecer. .sse terrível poema de sentimentos caídos no coração de Calisto como um temporal. como possível imaginar-se. querida? . R epelireis a prece de um amor tão humilde. se ela não comoveu a Sra. o pobre Calisto tem poucos dias para êle. sofri em silêncio. para vós. não saiu do quarto senão para jant r. lá pelo ano de 178O. A baronesa imaginara muito bem que. Ocoração de Calisto foi agitado por uma emoção aguda e suave ao mesmo tempo. tomou a mão de Camilo e beijou-a. Não dá mais atenção a Carlota d o que se esta fôsse uma saliricíra. Calisto seguiu a mãe e tornou a aparecer na sala. de onde fizeran.Osenhor atira-se sôbre mulheres como sôbre divãs . . . tentava a gradar aos pais dêle para. Camilo tentou fazer Calisto falar.replicou Felicidade que não se pôde recusar esse cpigrama. mãe e filho atra * iram o Cavaleiro du Halga do salão grande.respondeu êle. a qual disse a êle que lhe fÔsse falar. fê-lo so ar.respondeu o cavaleiro. que lhe queirriava o coração: agitava-se. mas é preferível entregá-la o -próprio interessado. Calisto. . desesperada com a indiferença de Calisto.Qual é o melhor meio de fazer chefpr secretamente uma carta às mãos da amante? . Carlota de Kergarouêt. para quem essa frase era<dita pela primeira vez.na esperança de que êle se traísse. em baixo do caramanchão: f BEATRIZ A CALISTO . sem que Felicidade por mais atenta que est ivesse. e aconselhara "a Calisto que o consult asse. mas o rapaz pretextou a in<lu"2taÇão em que estaria a mãe e retirou-se das Touches às onze horas. que êle o. 1 Calisto ergueu-se. e vale mais fazê-lo desde o comêço .respondeu esta. o .exclamou a baronesa. por êsse meio. cujo semblante deixou escapar um sorriso. onde ouvia a voz de Beatriz e de Camilo. depois de ter ido durante a manhã vinte vêzes a Guérande ao encontro da resposta que não vinha. entretanto. . Finalmente. garantir seu casamento.sabia como mandar entregar aquela carta. depois correu às Touches e foi como que uma aparição no pequeno salão. a velha . o Cavaleiro du Halga devi a ter navegado pelos mares da galanteria.dis se Calisto ao ouvido do Cavaleiro. Ilão sem ter sofrido o fogo de um olhar penetrante de Ca.Calisto dá-me a imprezsão. pegando-lhe a mão e nela pondo a carta. correndo um dedo pelas teclas. ao sentir que sua mão era premida por Beatriz a qual sem i nterromper sua frase nem parecer desconcertada. Calisto.perguntou-lhe ao ouvido. depois foi ao piano. InilO. . porque cedo ou tarde a criada de quarto partilha o segorêdo.Põe-se a carta na mão da criada de quarto. ia e vinha como uma borboleta que por descuido tivesse entrado num quarto. . pensou a Srta.Cavaleiro du Halga ainda estava na sala onde se jogava as últimas remíses de uma mouche #animada. deslizava a carta para dentro da luva. com a subitancidade de espírito que dá o amor.perguntou Zefirina à velha Pen-Hoêl.Nada . "Há alguma coisa entre êles". pudesse percebêlo.£le. A marquesa foi impenetrável. ao lado da marquesa. sair o criadinho da Sen horita de Pen-Hoêl.Que têm êles a pedir ao Cavaleiro? . acompanhando-a de alguns luízes. . conservando no bôlso a carta. ler no fundo do ja rdim.Luíses! . . de um louco . e Mariotte. Depois das agitações de uma noite cheia de Beatriz.Que tem? . não chegou ainda à doutrina dos turcos #. des Touches. entrou. a criada de quarto da marquesa entrou #3O3 CENAS DA VIDA PRIVADA no solar du Guénic e entregou a Calisto esta resposta.disse ela rindo. Ambas estavam sentadas no divã e pareciam estar em perfeito entendimento. Es?a vivacidade alegre deu o que -pensar a Camilo. pegou o chapéu. atirou-se estonteadamente no divã. tendes uma mãe que vos mostrou o que deve ser uma mulher na vida. num homem. eu ainda sou grande: mudando. Não sinto desdém ou cólera.n dern qui meu filho. Não v os falo do ridículo amargo . far-vos-la falhar a vida. Um segundo roubo fell" a Camilo seria uma prova de impotência a que uma mulher não S"?" B E A T R I Z 3O3 Amasse-vos eu loucamente. nem a felicidade que ela vos Prodigaliza. haveria mesmo pensamentos inexoráveis que viriam de mim. sso. ignorais a sociedad e. digna de vós. Enfim. sentir-me-ia então com a coragem de ma tar um homem que me falasse de amor se. e tal deve ser a vida dela. Embora penseis de outra forma. ninguém neste mundo me veria mais. numa vida estragada por culpa minha. posso sentir-me à ?"Ontade #junto a vós. eu sou escrava. Camilo é livre. como fiz. Quando um homem. ela é moça e eu sou velha. ela tem por vós um devotamento que não sabeis apreciar devidamente. os ho1 ca 14 11 -i. talvez. Fôsse eu a mulher mais humilhada. Sim. o que dela sei umedeceu-me os olhos de lágrimas.mas se assim fôsse. um insulto.este niornento. Há a. Se me desse a vós. pa ra aquela pequena Carlota. levarvos-i .Por 1 . mas sois uma criança. a não sei onde.e graças a Deus nada de tudo isso é possível .e me perseguiria no caso em que meus olhos cessassem de exprIMIr os sentimentos de que vos queixais. abandonada . Em mim. mesmo pelas asas de u . mostrar-me de acôrdo com o meu caráter e como mo pedis. sempre veria Camilo! Oamor dela por vós é um aa 1 barreiras demasiado altas para serem transpostas por uma dessas potência qualquer. Amar-me ou dizer-me que me amam é. não de vós. sou ciumenta. não acharieis nem as per eições que a distinguem. r espondo-vos com franqueza e simplicidade. Haveria e m vos uma falta de fé. Eu teria podido ser assim! Calisto. no décimo ano de felicidade. nas Touches. ocultasse eu espantosas misérias. eu a tomaria. Uma nova falta não me colocaria ao nível das piores criaturas de meu sexo? Vós que sois jovem e cheio de delicadezas . Omundo é ainda indulgente para aquelas cuja constância cobre com seu manto a irregularidade da felicidade.semelhantes a nós como o sois mens. deva agradecer-vos por me terdes escrito. assim deve ser vossa espôsa. Não tornarei a mandar-vos maldosamente. Sois jovem. mesmo quan o es r. A situação em que me encontro deveria pôr-me ao abrigo de qualquer homenagem. Finalmente esqueceis que amo. desespero-me com misérias com que outras mulheres se conformam. tornar-vos-la infeliz. velo monstros numa gôta de água. ela não tem egoísmos. É a Cam1lo? que vos adora. das se reservam e d as quais nada entendeis. não é tão respeitoso e tão deli . não vive senão em vós. vós outros. e incapaz. mas aos olhos de muitas pessoas de cuja estima faço questão. enfim. ela reali. Tendes aí o fundo de meu pensamento. Irei mais longe. mas é impiedoso para com os hábitos viciosos. sou franca.-Sois uma nobre criança.oi"Ç arrastado pela fantasia.ou nobremente seu destino. eu vos arrastaria para uma vida aborrecida. de fazer as reflexões que a desgraça sugere. fôsse ainda possível um homem chegar até a mim. fôsse traída. longe da sociedade. q il. e do fundo de meu coração elevaram-se gestos de inveja. ela é pura e sem mácula. como me obrigais a dizer-vos essas coisas que não saem do coração senão despedaçando-o? Preferi o escândalo de uma desgraça irreparável à vergonha de uma constante fraude. um mundo de razões que as mulheres nobres e de. mas sim para alguma divina jovem. eu desceria mais alguns degraus."à. Depois de vossa c arta e sobretudo depois de minha resposta. na situação em que me achasse. minh a própria perda à da probidade. m anjo: não há senão ônio que não recue diant e dessas infames traições. que vos entediaria ràpidamente. a quem vos d eveis dedicar. ou teríeis então a intenção de consagrar-me tôda a vossa existência. de constância. sem nobreza. e que me feririam mortalmente. por uma vingança do céu. e eu estaria cheia de dúvidas. como tôdas as pessoas cula vida e" pur a. esresolve duas vêzes" auecesse tud . estivesse cega. o. e que sou ama da. ela tem o coração cheio de tesouros e o meu está vazio.. s. ela vai e vem como quer. não foi Camilo posta a vosso lado por vosso anjo de guarda. to Para ela. não com vosso cOraÇãO. Beatriz de Casteran. o que explica muitas desgraças . se é Bea triz que corresponde às vossas idéias sôbre mulher e sobre Vossos so. el a ignora talvez as graças do nosso s. é mesmo nelas um dos seus mais vi . uma criatura com a qual Possais ser feliz no matrimônio. para que possamos estar juntos. cusie-lhe isso embora a vida. A felicidade tem sua impertinência e eu sou mui to impertinen te. Ela vos casará. afigura-se-me um infame e avilta-me aos meus próprios olhos! um tal amante não crê mais nos Amadis e no s CIrOS 135 de meus sonhos. saberá escolher-vos uma Beatriz livre. vai . tipo do amente constante e respeitoso: Ciro: `UtrO representante do mesmo tipo no Grande Ciro (1648). Hoje o amor puro é uma fábula. e eu um tirano insensato. enfim sou uma mulher cujo caráter é ainda demasiado jovem para não ser detestável. duas qualidades quase inconciliáveis nas mulheres. #3O4 CENAS DA VIDA PPIVADA levar. #e não vejo em vós senão a felicidade de um desejo Para o qual seu fim é desconhecido. ri9"r Omomento em que começáreis a vida que estazs destinado a. Quando têm certeza de ser amadas. gência. Camilo ser-vos-á sempre uma escrava devotada. miração que vos inspira a pobre Beatriz é um dêsses pecadilhos para os quais as mulheres. Ess a desgraça. ternura é inesgotável. ?b. 136 Ela falava-me de seu de stino.. êsse gênio da constancia e esamas no. É possível que não tenha sofrido ainda o bas tante Para ter os modos indulaentes e a ternura absoluta que devemos a desenganos cruéis. isso não se dirige a ela. s. não sei fazer ainda minha altivez curvar-se sob a autoridade da experiência. têm grande indul. ela encontrará. provando-me que o amor. e à qual não devereis falir? Conheço-a. não vô-lo digo senão para tranqüilizar-vos a consciência. Camilo está acima das outras mulheres. romance de -1d11e de Seudéry. e terminar #aqui nossa correspondência. sempre fugira dela. Comovida ao extremo pelos detalhes e pela marcha dos anlÔres do filho com a bela R ochefide.Xo? desenvolve essa fÔrça fecunda. Acho Camilo bem feliz! A ad. a fim de permit i . e eu lhe -respondia que ela parecia demo nstrar-me a dificuldade de irmanar coisas sublimes. r-vos ati . a bela estrofe sôbre a felic. Estudei-a bem: Cam ilo é a meu ver uma das maiores fi17uras de nosso tempo.cado como na véspera do dia em que mendigava um favor.. De resto. É espirituosa e boa. como irmão e irmã. Vi no fundo de seu coração tesouros certos. meu querido amiguinho. " em Paris desone*rará vossas Propriedades da Bretanha. *dade e?erna que ela vos explicava numa destas noites passadas e que terml . Vos prazeres êsse de triunfar da juventude d e suas rz . e em mim a graça é tÔda externa. êsse objeto de nossos anseios e de nossos sonhos. Não posso responder por meu humor. a Fel"cidade! . duas outras grandezas que raramente andam juntas. não tenho êsse amor que torna humilde. Camílo vô-la poupará. parece que Dante tenha escri . e ela vos constituirá seu herdeiro. dade à constdncia. perdoam uma infideli. Não tenho quarenta anos. bre intrepidez que fazem tudo. nhos. -Amadis de Gaula (1 5O8). em seu Paraíso. 135) Amadis: herói do famoso romance de cavalaria de Montalvo. sa felicidade? Nada! Não deveis trair pois um amor infinito que se converte em deveres maternais.. Sois uma dessas almas angelicais para as quais parece impossível achar uma irmã. na por Senza brama sicura ricchezza. mas com vosso espírito. sofrendo embora horriveis dores . contava-me sua vida. já não fêz ela de vós um filho adotivo? Que Posso eu fazer Por nos. a qual das Touches a Guérande é pelo menos uma coisa sing ular. é generosa e simples. ela vos aplainará tôdas as dificuldades d e VOSSO futuro -4 venda de um arpento de terra que ela possu . a baronesa não pôde ficar ria . Estendo-vos uma mão amiga e conto. da idade de Camilo. . sem pedir positivamente a carta. Ocavaleiro ia de nariz e ris te rn e afagava o queixo.exclamou a baronesa AhI meu filho. Dor estar #4O6 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I 3O7 sendo procurado pela baronesa.Deve estar passando-se alguma coisa de muito extraordinário Cni casa dos du Guénic. . tão ingénuas.E então? .É um aa mulher nobre e grande! . palavras de Dante freqüentemente citadas por Baizac. . cujos olhos estavam úmidos. . perguntando qual poderia ser Osentido de semelhante resposta. duas horas depois. A Sra. A mãe teve nesse momento a graciOsidade de um aa cortesã que quer obter uma concessão. não viram naquela astuciosa e perfida resposta nenhuma das malícias e nenhum dos laços armados pela marquesa. a qual disse à sobrinha: . Desposa Carlota de Kergarouêt. e de . de Pen?Hoêl. nem da Ma. dizendo: . GalistO Inostrou-lhe o papel e leu-o para ela. Ver a Baronesa du Guénic em Guérand e num outro lugar que não fosse a igreja. a fim de responder à marquesa. B E A T R I Z 3O5 sala onde trabalhava na sua tapeçaria. o xale. o senhor foi dado à galanterias? baronesa. de ixou sua poltrona e foipara perto dêle de um modo ao . Deixou a baronesa e subiu para os seus aposentos.Cavaleiro. quis saber ao certo o que deveria pensar relativamente às esperanças de Calisto. reconhecendo a imp ossibilidade de dividir-se. finalrnente? olhou fix amente a baronesa com ar astuto. e essa boa mulher se encarregará de valorizar teus bens. Não pensava que um aa mae pudesse abandonar o marido e o filho e conservar tantas virtudes! Ela é digna de perdão.A Sra. . de Pen-Hoêl. o Cavaleiro du Halim._ Calisto está louco de paixão pela bela Marquesa de Rochedisse Carlota._ quesa. como as mulhere s de sentimentos nobres são perigosas! As más são menos de temer.eu deveria ir-me de Guérande e voltar Para Nantes. o Cavaleiro du Hialga fazia sua cadela passear na avenida. . a Srta.tiesrno tempo humilde e auda z. Mais ou menos a essa hora. du Guénic saiu hoje. e saiu. . suri)reendidO. . viu-a? Por isso não tardou a notícia em chegar aos ouvidos da Srta. fazia umas quantas caretas.136) Senza brama sicura ricchezza: "(possuir) sem inquietude ri* quezas certas".Não tenho razão de adorá-la? . Podes deixar aos teus filhos um belo nome. tão simpl es. fátua. sem na da dizer do filho. perguntou O Capitão du Halga perfilou-se numa atitude passàvelmet.disse Calisto. olhando Calisto a cada ponto que dava.disse a baronesa. certa de o encontrar.Esquecer Beatriz? . pôs um chapéu. tinha desprendido a corrent Tísbé. du Guénic tinha a carta da Sra. fide.R ezarei a Deus por ela.disse Calisto com voz surda e os olhos fitos no chão.. de Pen-Hoêl obterá êsse grande resultado. Nesse momento. explicou a carta de amor. Vendendo algumas granj as. -todos se abordavam. A Sra. ouvia. a barone sa.disse ela tremendo.. du Guénic. libera os dois terços das terras da tua família. .Mas onde te levará êste amor? . era um acontecimento tão notável e ni tôda a cidade que. ou nos dois lindos caminhos preferidos para o passeio nos dias de festa. #quando acompanhava o marido e a Srta.. um a bela fortuna. de Rochefide gravada no coração. Aquelas duas belas almas. não te des senão um sinal a fazer-me. Tisbé era neta da deliciosa Tisbé. ela é Camilo Maupin e nada mais. A baronesa ouviu complacen temente o velho. eis vossa única rival.?dade de Beatri . "A senhora está toucada em conquista". quer ida Beatriz! Meu nome é Beatriz. . mas não temos um sôbre o outro senão os direitos da amizade. almir anta -de Kergarouêt. ninguem as po e omar. e vós tendes delas tudo o que me agrada. de Rochefide e não lacrada. ir à ópera com êsse penteado. Deixai-vos amar! Fugire.fêz a baronesa.. sois mi nha alma. terras estão hiotecadas faz dois sé . des. não devo julgáe vós sereis 1? ia. os vêm reconhecer e olfat ear. Êsse dito foi repe tido em todos os camarotes. Outrora. nada mais. bebe. Q . e nunca haverá senão ela .o vento é noroeste. nastes-me. Calisto não estava no quarto. Assim que vos v i. pareceu-me desde o Primeir o dia em que vos vi . não tem a menor fraqueza. êle porém nada mais fêz senão crescer. Ríreis dêsse sentimento. marcha na sua fôrça. eu lhe pedirei que vos diga. ela é a mãe da minha inteligência. Minha mãe é uma santa. Meu Deus. Casar-me! essa idéia convulsionou-me o coração.disse êle interrom. uanto a Camilo. Uma curiosidade invencível levou essa mãe inquieta a ler a resposta #do filho. z é a minha felicidade. Mas . caça.Calisto será o"111ais feliz maroto dêste mundo. cu yer_vos."s dois séPC" os. mas Fanny viu uma carta dobrada em cima da mesa. e onde possais ter sómente a mim e a Deus no coração. que vos ama. o qual. nada menos. monta a cavalo. iremos para muito longe da sociedade. . A Sra. ecer 1 assim ma. nem vossos o lhares sutis. Tomei-a Por uma mulher até o momento em que vos vi. agredida perto de Bre-st em 1778 pelo navio de guerra inglê6 Arethuse venceu-o depois de rude combata. minha amiga ou meu amigo. Sabe que o combate da Belle Poule foi -tão célebre que as mulheres usaram toucados à Belle Poule. não tinha senão isso por mim . #mos. sua vida é a minha vida e loda a minh a fortuna está em seu coração Nossas .Ote mpo está lindo . podem perman . ela experimentou uma dor CnGrme a o entrever o precipício no qual o amor atirava CalistOCALISTO A BEATRIZ Ora! que me importa a mim a raça dos du Guénic nestes ter"" pos em que vivemos. parecer-me-ia monstruoso se ficássemos separados. . o temp o vai mudar. ela nada. eis a minha religião. numa terra onde não encontrareis ningu em. fiel às leis da galanteria.disse o velho cavaleiro. a melhor amar minha mãe. e não poderia viver onde não estivésseis. Há acaso duas Beatri"z? Não me casarei senão convosco.tenho zumbidos nos ouvidos e sinto dores nas falsas costelas. sou moço . Ela não amou S ei agora o quanto ela perdeu e os sacrifícios que fêz. Por Deus1 como a Belle Poule 137 tomava bem êsse vento no dia em que . . cadela da Sra. re conduziu a baronesa até a viela.disse êle. nossos granjeIros as conservam. minha vida. que está convosco em meu coração. com um aa alegria leve. Minha mãe. não tem nem vossos movimentos soltos. a feli137) A Belle Poule: fragata francesa que.Cht! . partamos! Um barco. como quiser. A Irlanda tem castelos e a família de minha mãe me emP restará seguramente um. nada tem de mulher. amar-vos... analisa um coração e um livro. que me pertencíeis.Sou mudo. nem vosso andar que se assemelha a um vóo de pássaro vossa voz de amar. Essa indiscrição foi cruelmente punida. nem vossa atitude graciosa. A baronesa subiu cèleremente ao quarto de ?Calisto. Osegrédo do nascimento de Tisbé escapou ao cavaleiro. Conde de Kergarouêt. Esta última Tisbé tinha dezoito anos. que não a amo. marinheiros. e lá estaríamos . .continuou após uma pausa. Ensi . . ela tornou-se minha irmã. Beatriz. culos. não é isso dizer-vos que nêle reinais sem competidora? Assim pois vossas razões nenhuma fôrça têm sôbre meu espírito. fuma. de Kergarouêt foi a primeira em. dirigida à Sra. descuidandose de Tisbé. . sempre bela. tal co mo se fôsse ela quem amasse.Quando os cavalos de raça devem saltar as barreiras êle. pendo-se. virá algum dia viver junto a nós. escreve. ela própria. . disse-lhe eu. espararei vinte anos se assim fôr preciso. Mas demonstrastes-me que Camilo é um rapaz. primeira mulher do almirante. ai de mi 1! sem recordação para vós. Calisto acabava de. ver-vos? Ah! amo-vos tanto que vos queria mil lêzes infame. . como dizem os italía-nos. meu filho. beijando a mãe. adorando-vos como a mais santa das criaturas. mostrando-lhe os olhos cheios de lágrimas. Meu Caliste. . Beatriz sabia iperfeitamente estar muito abaixo de Camilo Maupin.. que será para Calisto um aa riqueza eterna. . e não menos ardentes. todo engano.ente. Uma brisa dissol?ente -do sul lentejoulava a su perfície do lago de água ?algada que seus olhos podiam ver e o sol incendiava as areias de ouro.Da mais suave das loucuras . dades p eculiares à mulher francesa e que constituem êsse célebre coquetismo de onde ela tira = superioridade.CtIlosida?de de um primeiro amor. minha mãe? . UM DUELO ENTRE MULHERES Um dos maiores gozos que talvez experimentem os espíritos pequenos ou os sêres infer iores será o de ludibriar as grandes almas ou apanhá-las em alguma armadilha. aparentemente indolentes. Oque acinia & tudo apavorara a baronesa era ver o sentimento chegar por fórça de seu instinto a vidência. essa esmola passageira e talvez. esteja n o cais. Beatriz. se não existísse nenhum dos motivos de que falais. mas também nas coisas do coração denominadas poixãONo momento em que Calisto chegava às To uches com a iinl). escrever a Beatriz. #Ct7priccio.se numa cadeira e dirigiu a Deus uma oração mental. as v31. que afastass e dêle tôda lOucura. vos deixaríeis amar por mi . A baronesa deixou a carta cair sem terminá-la. Lacrou a carta e partiu para as Touches. . de uma experiência consumada. Essas duas mulheres.Aca bo de cometer a falta de ler essa carta. a fim de mostrar-vos o poder de meu amor.. Pode-se pensar em ouIra coisa senão em vós depois de. porquanto cessara o vento norte.disse Calisto. M.Quisera ver essa mulher. e julgava então igualar a sentia-se feliz de ter de fazer-lhe um sacrifício. um santo amor apaga o passado. a ruarquesa experimentava uma viva alegria por saber-se amaáa por aquêle adorável rapaz. Tio rueio de flores...antes de ninguém poder saber para onde lugimos neste mundo que tanto temeis! Não fôste s amada. Suas almas estavam tão profundamente agitadas quanto era calina a natureza. . levado nas asas da esperanca. m que ine chamais? honi-ar-a . ó Beatriz. Não ia ao ponto de querer ser cún1pli.disse Calisto. Essa inferiori clade não residia apenas nesse conjunto de coisas morais denomi."alm.. e creio adivinhar nela que..Rogo a Deus por ti .?e naquele sentimento. Fi. não e" assi . punha seu heroismo em coniprimir aCIUC 1.disse ela. iremos como amantes lá Pelos"1Ochedos e o mar.embarcaremos amanhã para ir ao Croisic. . .Que fazes aí. sinto-o ao reler vossa carta.. pedindo-lhe que conservasse ao filho o juizo. e caminhareis por sôbre as areias da Velha Bretaiha a fim de as consagrar novamente para mim! Da i-me êsse dia d6 felicidade. e com a janela aberta. achavam-se acariciadas e plenamen te satisfeitas nela: entregue a imensas seduções ela resístia-lhes. como se o Cavaleiro Du Halga o tivesse aconselhado.Pois bem mamãe . e suas virtudes cantavam-lhe ao ouvido um suave concérto de louvores. ajoelhou. * iado talent o.. Triturada nas engrenagens da máquina que ela própria punha em moin .disse o rapaz. As sim pois. amanhã. Chamais meu "a mOT uma injúria que vos faço. está louco. tu não o crês! o amor #3O3 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 3O9? de uma no17re criança. estavam meio deitadas no divã daque le pequeno salão cheio de harmonias. rainha. e de retirá-lo da senda em que o via. notando em ambos o ar indefinível de pessoas que se entendem. Nada mais estranho do que o combate moral e s urdo daquelas duas amigas. Calisto estava sempre de pé diante dela. corou como um verdadeiro culpado. . querida? . As mulheres têm o talento das nuanças. Aquêle belo rapaz. Vinha fixar os arranjos para o dia seguinte.Sim . . Camilo. P artiremos às oito horas e meia da manhã. . tudo a. nesse momento êle se exibe aos olhos de Outra Mulher. êsse. Camilo era forçada a vigiar-se. . "Éles já se entendem". fazendo-o através dt um espelho.disse Beatriz. usarii-nas derriasiado -para não conhecê-las tôdas: e. ou demasiado abandono. ela o olhava coniG a um anjo de guarda. por quem se devotava. Não havia mais rigidez nem falsa indiferença na marquesa. Que belos espetáculOs . foi explícito." Sob o pêso ?dêsse pensamento. pensou -Camilo. vel estremecimento ino busto. Você se encarregará dos barqueiros.perguntou a Srta . Calisto lhe contará e .respondeu a um olhar que lhe dirigiu a Sra.disse Camilo. Oh1 você está numa terra primitiva. Uma mulher não g anha de outra uma tal vantagem sem deixar que a adivinhem. iludia seus sofrimentos buscando um sentido no mo vimento dos mundos. a qual não queria que a amiga tivesse a menor noção da -correspondência déles. onde os homens não experimentam sentimentos comuns. Almoçaremos no Croisic e jantaremos nas Touches. "Está tudo acabado. no momento em que Calisto ia entrar. . pareceu não examiná-la. a quem a mudança de modos de sua amiga não escapara. . que viu aquêle olhar pelo poder circular de seu s olhos.Calisto fêz alguma asneira . não são mais #senhoras de seu segrêdo.7oluutàriamoente o filho. porq uanto a 111"diferença tem qualquer coisa de tão completamente frio. . como um homim teliz.disse ela a Beatriz. como uma imagem celeste. resolveu -decididamente ir? . Cal. nessas ocasiões. Seus Olhos abrangem uma rival da cabeca ao? pés . De manhã. ocultando um s?-grêdo uma à outra.sto o chegou. querida. Duas mulheres em obser. ela olhava Calisto como um a coisa sua.Que tens. De modo. trazendo a carta entre a mão e a luva. um olhar livre ou luminoso.Vinha #para saber. durante uma noite passada a gemer. ao mesmo tempo que se defende de a ter conquistado. entregava-se a contemplações íntimas da natureza. o mais impercept1. Urna vez Deus reconhecido pelo incrédulo. e sabem a significação daquilo que para um homem parece insignificante. o abaixamento misterioso das pálpebras. mas para não revelar seu segrédo. de Rochefide.E como o sabe você? . vação representam uma das mais admiráveis cenas de comédia que s e possa ver.pensou Carnilo.Então.disse ela. Não era êle quem a guiava para as altas regiões onde cessam os sofrimentos. e encontrava Deus no sublime deserto do céu. operou-se no seu semblante uma esDécie de decomposição que fêz Beatriz fremir. que você mandará meus cavalos e os seus para que os possam os encontrar além do Croisic. Dema siada reserva. Calisto. assim como as mais tôlas.tolicismo absoluto que. é completo. . 118 um homem que faz penitência em cima de um rochedo por ter morto . só me resta desaparecer. êste se atira no ca. a fim de voltarmos a cavalo pelo burgo de Batz.Nada. por causa da prodígiosa finura da amigável ini miga que ela pusera em sua jaula. Camilo apresentara à marquesa uma fronte banhada ainda pelos clarões de suas pesquisas.trai então o sentimento mais difícil de ocultar.Você verá Gambremer. adivinham o #sio CENAS DA VIDA PRIVADA mais leve movimento de um pé sob o vestido. que jarnais Pode ser s imulada. . pronto a deslisá-la para a mão de Beatr iz. as mais francas como as mais astutas. sob o peso de uma incompreensível imensidão? Entretanto o ar triunfante de Beatriz inquietava Camilo. Há aí uni escolho para tôdas as mulheres. e julgando-se reciproc amente credoras de sacrifícios ignorados. visto como u m sistema. As mais espirituosas.víniento. Calisto. des Touches a Calisto. Calisto. meu Calisto? .Camilo pôs a cabeça na porta. mas oculta-me alguma escaPula. Não temos bonitos vestidos enfe itados de rendas. a atitude e os olhares da marquesa.) B E A T R I Z 311 coisa meibor a fazer. não movimentamos nossas mangas assim. levantando-se e dando boa-noite 2os Presentes.Vai preparar tuas alegrias de amanhã. creio-o.r. .tregue a uma sombria meditação. depois de ter ensaiado em vão sôbre êle êsses p quenos derriços de provinciana que degeneram sempre em importunações. para dizer-lhe que a senhora e a marquesa não o poderiam re ceber naquela noite. mas nem o ca valeiro. nem essa tossezinha interessante.ssa história. . o aniquilamen to de suas esperanças sucedendo à quase certeza de ser amado. Ela foi para seu -quarto.11ha 138) A histõrla de Cambremer é contada em Um arama à Beira?Yar. Quando voltou daí a -quatr o horas.ou a o carta e acompanhou Camilo.Amado! . estava sufocada. .disse a Srta. Calísto entre. Não sabemos inclinar a cabeça como um saIzueiro chorão e parecermos amáVeis ao erguê-la assinil #312 CENAS DA VIDA rRIVADA B E A T R I Z 313 A Srta. caindo numa poltrona. de Pen-Hoêl.Calisto.Se me desobedeceste tudo estara perdido por tua culpa.antanais.Estou cansado . (Vol. .Nada . quando os olhamos não ternos o ar de espicaçá-los co m um dardo ou de examiná-los com olhares hipócritas. de Peri-Hoê1 não pôde deixar de rir ao ver os gesto. com a certeza de torn ar a vê-lo. ela fechou a porta e safou-se. você é amado. você não é gentil .respondeu êle. não tomamos atitudes assim.Não ternos um aa voz que sai da cabeça. A Srta. disse-lhe ela em torn grave. esperando-o. Essas alternativas de felicidade e de infelicidade.disse êle. encontrou a criada de Camilo de sentinela na porta. apresentando olhos de onde a luz da alma e o fogo do amor se haviam retirado. que traía a vidência da maternidade.. é o desepêro que dá a medida das nossas ambições. #Uma mulher não deixa o quarto onde se acha aquêle a quem ama. sem que te. virar a cabeça . Quando Calisto surpreendido quis interrogá-la. despedaçavam aquela jovem alma que voava de asas espalmadas para o céu e chegava a uma tal altura que a queda deveria ser terrível. Não é a esperança. Ao ir ao Croisic ver os barqueiros. e certamente desate rideu às minhas ordens. Calisto voltou para casa. Fêz um gesto ao qual Calisto não resistiu: há dores mudas de urna eloqüência despótica.disse-lhe a mãe ao ouvido.eh! eh! que parece ser o suspiro de uma sombra. . . .disse Carlota imitando e caricatu rando os ares. en. Calisto teve temores. não ?abemos olhar de lado. . Êsse filto era estranho. . temos a infelicidade de desfrutar de uma saúde robusta e de querer aos nossos amigos sem coquetismo. Entregamo-nos secretamen aos belos poemas da esperança. #Calisto está bera mudado . A frase de Camilo estava impregnada de alguma coisa fatal. 1 .. da sobrinha. nem o barão compreender. contando jantar nas Touches. des Touches a si mesma perguntou: `Terá ela uma cart a de Calisto_?" Mas julgou o inocente bretão incapaz de tal ousadia.disse Carlota. fêz com que lhe preparassem um jantar e jogou a mouche. XVI desta edição.disse êle. aquela sátira da província contra Paris. ao atravessar as arejas e os j. . ao passo que a dor se mostra :sem véus. Davam seis horas no campanário de Guérande. Beatriz desaparecera. .Que tens. sei . sem toílette. ela se a chou singularmente rebaixada. As mulheres nem sempre são alvo de um amor tão jovem. ao ler e reler a carta de Calisto. as pequenezes daquele grande orgulho. Todo o passado daqueles dois anos agia talv ez sôbre aquelas duas semanas. . Depois de servirem o café.o_ priado. pareceu-lhe" perceber em Camilo #urna intenç1o de vingança contra Contí. ela pensou que. irias ficou assim até à hora do jantar. . das hipóteses e da cólera.. .sentia-se tão superior! A marquesa foi dura e mordaz. sabia que estava sendo enganada como uma criança. Quando tiveram de subir. Nun.1 1 In ql12 ela vai amanhã ao Cro?sic. I-nOmento o papel de Camilo e o seu desenrolaram-se em tôda a sua extensão. A carta de Calisto levou ao cor ação da Sra. ela quis or íicar seIT) testemunhas naquele duelo de log os. i mpelida por impetuosos irrPulsos da alma. para uma observadora da fôrça de __. tecimentos do dia seguinte.a Marquesa de Rocile. Camílo conhecia a secura daquela alIria.Nfaupin. Em meio à sua ale " orria. sem auxilíar. longe de ludibriá-la. de Rochefide emoções desconhecidas. uma fisionomia taciturna que. se 1 bretão chegasse com o seu amor insensato no meio da dísputa. indicava a hostilidade de um coração irritado. Beatriz não se deteve mais: ora caminhava no seu apartamento. e se Camilo o sabia. depois da !partida de Cláudio Vign on? Se -Calisto não amava Camilo. Repassou minuciosamente a história daquela semana.disse a velha tia.pallo. Ao ver entrar sua rival. Beatr iz amara mais do que fôra amada. Que faziam pois juntos Calisto e Camilo. ela era esmagada por Felicidade.e talita admiração devia causar a Calisto. iremos dar um passeio por ali.Entretanto . estaria à sua mercê. (orn um amor extrao rdinário e sem vulgaridade. ria entre as duas amigas uma cena que dev ia influir sôbre os acon. tentando tornar uma resolução. tinha um ar f rio. nada maí? er a do que um prazer que Camilo queria dar ao seu filho amado. no que empregariam então suas manhãs? A memória do espírito aproximou maliciosamente dessa observação os discursos de Camilo. ora sentava-se. ela foi atravessada pela ponta de uma idéia cruel. desejo encontrá-la . Ojantar foi sombri o. Camilo saiu e deu imediatarriente a ( )rde"O . ao qual ela tão justarnente aplicara o têrnio de obstinação. ocor. Beatriz.q. Meu amigo . ela é que estava sendo "ludibriada. ela sentia um desejo inexplicável de ser por sua vez o tirano. C 115O desceir senão para ir para a mesa sem se ter vestido de modo aPr. a qual fingiu não ver o gesto da amiga e prec ipitou-se só. Carnilo adivinhou tudo. Camilo ofer eceu maliciosamente o braço a Beatriz. Houve durante o jantar um combat e de olhares. Unia vez rio declive das descon" fianças. No eu acesso de ódio invejoso. essa descoberta foi como o cl arão de um relâw. Ao invés de lhe ser igual. de gestos. Para uma rnul1?er como Beatriz.disse a baronesa ao marido. pois muito. . des Touches disse ao seu criado de quarto um "deixe-iios" que foi o sinal do combate. Enquanto Calisto quebrava a cabeça. fide é muito bela. Depois de ter sido escrava. Parecia que um demônio sorridente fizesse aparecer num espelho mágico o retrato dessa heróica rapariga com certos gestos e certos O1 11 ares qu e acabaram por esclarecer Beatriz. a Srta. de meias palavras que os criados não podiam . tão ingênuo. dominada pela indecisão. êle talvez não tornasse m ais a ver Beatriz. tão sincero e absoluto como o daquele menino. a fim de adivinhar causa que motivara o teremlhe fechado a porta nas Touches. C amilo foi meiga e boa.conipreender e que prenunciavam uma violenta tempestade. Beatriz. comprometendo o futuro de sua paixão. Cada uma daquelas duas mulheres tinha demasiado espírito e bom gôsto para explicar-se diante dos criados ou fazer com que êles escutassem nas portas. com alguma franqueza tôla. zinha para a escada. xando um cioarro. nem mais. dirigiu a Camilo um olhar carregado de ódio. É possível que é1C tenha por você um capricho.disse a marquesa.disse Camilo Pu. querida: você é bastante fria para fazer seu cérebro ser sempre juiz das altas obras de seu coração. você tem alguma coisa dos homens. para tornarmos os homens felizes. que é irtipossível referi-las. e. volta a sê-lo em assuntos de vingança.disse Camilo. procuro?u horríveis personalidades na idade a que atingia a Srta. sou ainda demasiado jovem para tais proc edimentos. São inéditos.Esquecem o amor que nos arrebatava e justificava nossos -excessos. . querida. querida para estar satisfeita com você.Tranqüilize-se. Camilo. erguendo os olhos para . e eu tenho demasiado dignidade no porte. e. que você eiiipreoOu contra mim.£ tudo? . sabem o quanto suas atituc"s em qualquer circunstância são altivas. e você não mo poupou.. nobres. a. Beatriz. 1 . se você não tem tôdas as vantagens dêles.disse Camilo.As Inulheres entre elas conhecem-se.Ama Calisto? . um ol har venenoso.Tanto melhor . £sse epigrama fêz a marquesa corar. essa tirada furiosa -que crepitava d e injúrias tão corrosivas. você é esbelta.Certamente que não. m não me proponha enigmas. é-me impossível ver idéias em sentimentos . irritada pela calma de sua adversária. fale claramente. . £sse no qual me pôs vai formar um -livro? Não tenho vocação para o ofício de Édipo. #314 CENAS DA VIDA PRIVADA. mais tarde.. Camilo ouviu friamente. . desceu você e com que intenção? . Se em amor você nem sempre é mulher. e fumando cigarros. do que um jornaleco abusa da chalaça. Para mim. são um pouco mais perigosos do que os que escre ve. #vOcé é jovem! eis o grande têrmo. siado franca para oc ultá-lo.replicou Beatriz. Qual * 1 . censuram-nos nossos esforços e tenlativas. nada a detém. Não t. Tudo fiz para impedir o qtle está acontecendo . virtuosas. querida. finalmente. tem no espírito as suas atitudes a partilha do desprêzo com que nos consideram. Beatriz. digarno-lo.perguntou Beatriz. meu anjo. você procede como êles. e. .Os homens.Quando. Camilo Nlaupin. pois que você é a mais deliciosa 1O11ra do mundo e eu sou negra como uma toupeira.Cada vez mais esfinge! . . Não sou autor. . atirando o cigarro e interrompendo a amiga. você tem o espíríto e a beleza da esfinge.. Até onde. libertou a cidade (I" "rebas le uin a esfinge (rue devorava os transeuntes que não lhe conseguiam "esolvcr os enigmas.Têm entretanto uma grande vantagem .disse Camilo.Você quis que eu me oferecesse a Calísto.Quanto a iniff). . . pedimos ao diabo para nos ajudar .respondeu Camilo. (é êsse o têrmo).julga-se cap?az de amar tôIamente? . julgando-os di tados pelo gênio da depravação .139 #. você tem ainda muito espírito. o amor é o amor com seus atrozes ciúmes e suas vontades absolutas. Sim. Mas então êles fazem ?eu Ofício de homens. amo-o e demasiado para min ha tran?qüiIidade. .. . . Era preciso uma mulher de gênio para encontrar o ponto rnais sensível de nossas delicadezas: quero relerir-me a Calisto e às artimanhas. sem procurá-las. achou as flechas mais aceradas de sua aljava. des Touches._ nho motivos. nem menos. D 12 go ÊdiPO: pwsonagem da mitologia grega.disse ela. e sou derna. Você se calunia. .gradar-lhes e dissip ar-lhes os aborrecimentos. sei-o. e sguia. porque onde não iremos nós? . acabo de reconhecer a verdade das críticas de que você se te m queixado !por vêzes. diverti-los. . Ninguém me fará talvez no coracão um ferimento tão profundo quanto êsse de que estou sofrenáo. Abusou de suas vantagens de mulhe r contra mim. expelindo uma baforada de fu maça.. Mas.disse Camilo sorrindo.Os romances que você faz. são ingratos e injustos . querida. você me conhece. mas. seus olhos encheram-se de lágrimas. hera. não é? Não se exaltei seja dura. ora! meu Deus. Se êle persiste em cortejá-la. . r . Calisto ama-me.disse Camilo. à traição. Camilo desferiu-lhe o golpe de misericórdia. diga-mo francamente.exclamou Carnile.disse . .. E eu o amo tanto q U12 f i. sem ter sido compreendida nem ama da. . na qual eu só lhe falava de você .disse a marquesa enternecida. Mas Calisto é bretão. o mais puro amor mente seis vêzes por dia. . para B E A T R I Z 31? que uma rival tenha necessidade de mim para vencer-me a mim . êle te ama. Camilo tomou-a e leu-a.a.êle ania-a.el ngeriu g ade.. onde encontrará todo o confôrto da vi da.Querida amígal . Camilo .o tctO.Cabeça fria: amar e calcular! . sou-o ainda bastante. e onde Conti poderá ir vê-la. bem o sei. Muitos projejos eu o mara para êle.Por pouco niulher que eu seia.não lhe suponho a intenção de cobrir com uma recriminação um ataque que comprometeria minha vida.. ou tard e terei de perdê-lo. -apoderando-se da mão de Beatriz. tranqüiliza-te. à certeza de não ser nunca mais amada? Tu o amas por êle mesmo.Sou mais confiante e menos áspera do que você .continuou Camilo.disse então a marque. endireitando-se e olhando para Beatriz. querida. Não sou ne m tão grande riem tão pequena.Aqui está o que êle respondeu a uma carta. Houve na fisionomia de Camilo um ar de soberba frieza que deixou a marquesa inqu ieta e temerosa. fria e severa com êle. suas imposturas revelam sua fôrça. sabe que eu não sobreviveria à perda de Calisto e cedo. infeliz. .Não ama Calisto. Não quero um destino incompleto. tamente deixou-me com Ve rgonha de mim mesma . . vejo-o.di?se Beatriz. nem para êle.disse Camilo.Tu o amas e podes resistir-lhe? . Deixe êssez grandes ares e dê-me a mão . e sobretudo dep ois da reconciliação. isso o fará submeter-se depois da querela que you ter com êle. .disse Be atriz entre-ando a Camilo a carta o de Calisto. está tudo acabado. nem para mim. sou mulher e muito mulher. é essa a verdade.) Você toma-m e por uma mulher bem tô1a ao crer de mim o que Calisto quer fazer-lhe crer. carJa desesperada por vê-lo sofrer. o prazer pode sempre mais do que o desejo. e pelo próprio P azer de o amar? .Não sei que novas virtudes êle despertou em mim. .Tens por êle e ssa adoração infinita que triunfa de tôdas as dores e sobrevive ao desprêzo. Ficou alguns momentos com a cabeça apoiacta no ombro de Beatriz: sua dor #era verdadeira. Poi. mas corando. partirei am anhã. Morrerei pois. (A marquesa. Não sabia o que responder. Que Calisto me calunie. com um aa espécie de horror.Meu Deusi . cor" adorá. #116 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 317 Não partas. De resto. e você irá para uma pequena casa de campo que possuo a seis léguas de Paris. ao lê-la.disse ela. mas se êle te ama. porque ainda não esgotei os recursos do riosso arsenal. . AhI tu não o amas. dita do modo mais inocente. chorou co mo choram tôdas as mulheres nas suas dores agudas. . amanhã. e afinal de contas. mas cer.Eu quisera ser virtuosa e livre para sacrificar-lhe outra coisa que não os resto s de meu coração e cadeias infames. sentia nas entranhas o golpe terrível que a Baronesa du Guénic rece bera à leitura daquela carta.Amo-o.. .foi atingida no coração por aquela palavra cruel. .Tu o amas? . Se não posso ser sua espôsa. teve mêdo do desprêzo da sociedade. a caravana qu e partira das Touches che9Ou ao pequeno caminho. des Touches ouviu a grande voz que t. causada pelos raios do sol que caía a prumo sôbre as areias. onde sómente o mar fazia ouvir o mugido de suas vagas.disse Camilo. Beatri z ouviu os conselhos da jurisprildència.disse um salineiro. .Será que os du Guénic morrem? . ()3 corajosos salineiros. Êle me . outros brincando corri seus pimpolhos e suas mulheres. . Beatriz ficou branca como a gaze de sua mantilha.Nesse terreno eu julgava estar sózinha.Certamente. não somos mais amigas. Chegava-se ao fim de a-Ôsto. . o céu estava de uma pureza magn orizonte.Irá Você amanhã ao Croisic? . r?tmicam cnte. s?ibitamente transportado para ali. meus amigos. ciúme. chamados aduaneiros. . admirando aquela si lenciosa paisagem. o sal ilorescia em pequenos cravos brancos na superfície dos charcos.disse o barão aos salineiros que se agruparam à entrada #das salinas para saudá-lo. 9 In Felicidade precipitou-se para o quarto.escreverei a Conti. Você não zombará de mim? não? Pois bem. entremeada com as tonalidades do mais atrol. A ora digo-te: ou sucumbirás. por ser excessivamente raro nas margens sempre desoladas do Oceano. e junto à praia borboleteavaru pequenas ondas. Uma espécie de fumaça brilhante.. . Beatriz. mas não quero manchar-lhe a xida.respondeu Camilo. Nlo h [lha tonalidades de prata em fusão. mundana. Calisto e Camilo seguiam- . c omo nos mares meridionais. terei visto ainda uma vez as salinas de Guérande. e tornar-me um et. tev e pois um pleno êxito. A últinia mentira de Camilo. prender-me ao seu pescoço como uma pedra. produzia ali tinia atinosféra pelo menos igual a dos trópicos. estavam no cais. Iniciamos uni terrível combate. não serei sua amante.íiica. . im <na . vestidos de branco precisamente para resistir à ação do sol esta vam desde manhã no seu pôsto. Obarão e a baronesa. onde n barcos sulcavam o mar e onde o círculo verde da terra cultivada produzia um efeito tanto mais gracioso.erno arrependimento. Naquele momento. riunfa dos mais intrépidos. porquanto um parisiense. olhando o tra balho daquela química natural dêles conhecida desde a infância. Urna nova indiscrição podia arruinar para sempre suas esperaliças. . armados £On1 seus compridos ancinhos. Por is so.. Camilo dirigiu a Beatriz o mais feroz e selvagem olhar que jamais mulher ciument a tenha dirigido à sua rival. mau entre mulheres. que haviam tomado como pretexto vir ver como ia a colheita do sal.E então. Aquêles dragões verdes. ti. Oêrro de Calisto foi reparadO. não teria com certeza acreditado estar em França. alguns apoiados nos pequenos muros de barro que separam cada propriedade. A marquesa ia sózinha na frente. ou fugirás. após ter mostrado a Beatriz estupefacta o aspecto de uma leoa enfurecida. . .Cada uma de nós joga a sua vida .respondeu Beatriz que não sabia mais o que dizia .respondeu orgulhosamente a marquesa..jogo com as cartas na mesa .Tudo o que você quiser.. e tornaram a voltar para o sentimento das pérfidas temporizações que seduzem a maioria das mulheres: sistema excelente entre elas e os homens.. Havia qualquer coisa de oriental nesse quadro. Ambas refletirail. o oceano. essas palavras separam-nos para sempre. soerguendo o reposteiro. Foi em meio a essa última tormenta que a Srta. antes de m orrer . Não fugirei e não sucumbirei. ?2u amor ado el purificou-me. f umavam tranqüilamente seus cachimbos. #As paixões violentas provocadas por esta cena entre aquelas duas mulheres acalmar am-se "durante a noite. porque quanto menos vestimenta tiverem as mulheres. PASSEIO AO CROISIG Do lado do mar. como o estou fazendo. . deixam despreocupadam ente esvoaçar os lenços que lhes cobrem e. Essas mulheres andam descalça s e usam apenas uma saia muito curta.A senhorita é a mais rica de todos os proprietários . podem ser apreciadas senão pelos viajantes em condições de estaB E A T R I Z $19 belecer comparações entre éssw grandes espetáculos da natureza seivag.disse um dos salineiros. explic ando-lhe o estado no qual estavam seus assuntos sentimentais. A marquesa deteve-se. . Camilo ralhara com Calisto pela sua falta de obediência. meu pa i. de entre elas. para escapar a isso. pensou Fanny. dirigia a Beatriz olhares nos quais amor e ódio se combatiam.disze o barão à Carnilo. "Ela não tem coração". o qual é trazido por mulheres. "Essa". O barão saudou a Srta. um cinto azul de compridas pontas flutuantes. . A Sr a.Vinde ver. Idu Guénic e meu pai.11113 distância de pelo menos duzentos passos. Calisto. cujas formas são tão singularmente caprichosas que 11 ão. busto. Opequeno navio dinamarquês estava por terminar seu carreoramento.Infelizmente.disse o rapaz a Camilo. em grandes terrinas que colocam na cabeça.Ali estão meu pai e minha mãe . . . Vinte passos atrás vinha GassQlin. a península do Croisic é cercada de rochas graníticas. #Sig CENAS DA VIDA PRIVADA Depois disse ao barão e à baronesa: . "Marquesa de Rochefide. . a qual fêz uma saudação. que estava entretanto vestida do modo niais favorável: um chapéu da Itália enfeitado de escovinhas e de gran des abas.in. E Calisto prefere essa pileca de marquesa parisiense a essa excelente filha da Bretanha? ." .e que Deus a conserve pois é uma boa dama. Não disser am uma palavra durante o curto trajeto do g cais de Guérande à extremidade do pôrto do Croisic. . . des Touches .É bem b ela. muitas não têm senão a camisa e são as mais orgulhosas. lu--ar onde 1 se carrega o sal. parece agradecer-me ter pôst o Calisto no mundo. du Guénic sentiu a mais violenta repulsa ao ver Beatriz. um vestido de uma lazenda crua de côr acinzentada. É possível que os rochedos do Croisic tenham sôbre as coisas dêsse gênero a superioridade .disse Calisto a Camilo. sim .na de braço dado. tanto quanto para servir Calisto. assemelhando-se por essa forma a cariátides. mas tendes melhores razõe s do que eu para estar curiosa . deixando-o com Beatriz. Um barco esperava junto ao cais. "ama verdadeiramente meu filho. disse consigo mesma a baronesa.A Srta. Gasselin pôs entre seu senhor e éle 1. e. mais p udicas nobrezas ostentarão. des Touches e a Sra.pois tendes interêsses ai.Não se daria mais de trinta anos à Srta.Senhorita .disse o velho à espôsa. Os dois grupos saudaram-se e separaram-s e. tomado de um deses pêro sombrio. da família Casteran. A marquesa es tava fria e digna. seus cabelos crespos por baixo. Muitas. Camilo pulou ràpidamente para os rochedos. onde ?c fêz o embarque sem alegria. finalmente um ar de princesa fantasiada de pastôra. humilde e cheia de gratidão à b aronesa.disse a baronesa. des Touches. senhorita. se a colheita será boa. c O desembarque daquelas duas belas criaturas excitou pois a curiosidade das #carregadoras de sal.apresento-lhe a Sra. de onde er? possível preverem-se os ataque s. #J2O CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 321 quela lâmina. acabando por polir-lhes tôdas as asperezas. Existe mesmo. Alguns anciãos pretendem que. os caprichos diluvianos praticaram uma borda #escavada de cêrca -de quatro pés de saliência. Nem a s costas da Córse. mas deve-se perdoar o esquecimento dêsse nome bretão.concedida ao caminho da Grande Cartuxa 1111 sôbre os outros vales estreitos. onde a natureza se entregou a efeitos grandiosos e terríveis. Calisto levara Beatriz para êsse ponto. cujo pico é quase redondo. Abaixo. onde as árvores não vingam.t< italiano da R enascença. Omar chega sem encontrar recifes ao pé da14O) Omaciço dq Grande Cartuxa faz pwte dos Alpes franceses.n. A fantasia divertiu-se em compôr ali intermináveis arabescos nos quais as mais bizarras figuras se enovelam e se desenovelam. daí vém-se o campanário e áridas culturas do Croisic. nem as rochas ?basálti cas dos mares do norte têm um caráter tão completo. à maneira do palácio Pitti? 1?U essa outra imitação dos caprichos da natureza. acha-se a cêrca de uma légua do pôrto. É pre. Os acidentes são inúmeros. as areias e a s dunas que arricaçam as terras cultivadas e que invadiram o território do burgo de Batz. Nessa fenda. rios tempos da ressaca. numa altura a que nunca alcançam as ondas. o m ar se insinua. tão difíc il de prontinciar como de reter. 1. ciso um pouco de coragem e de resolução para ir até ao cume dê. a maior curiosidade do Croisic. se pequeno Gibraltar. semeado pelos pássaros. o acaso.7. dade. reveladas pela fervura das espumas. abrigadas por pórticos grosseiramente ta. porém m ajestosos. nem as da Sard enha. uma cuba polida como uma banheira de mármore -e ensaibrada com um aa areia fina. ou o ?u que seria mais perigoso ainda. coisa tão rara nas margens do Oceano.3 onde o granito apresenta recifes bem estranhos. algumas rochas à flor da água. lisa. em quatro pés de água morna. mesmo nos tempos de mar mais bravio. que é essa talvez a única excepção. Encontrarn-?e ali tôdas as formas. 142) palácio Pitti: obra de Brunelleschi em Florença. onde. colocou suficiente terra vegetal -para que um buxo baixo e denso.Êsse buxo. Essa sentinela gigantesca assern elha-se a lanternas de velhos castelos. NUM de seus vales e nc<. ou talvez o home m. grande arquít". A forma das raizes indica ter êle pelo nienos trezento s anos de existência. Os pescadores de sardinha deram um nome a êsse rochedo que se vê de longe no mar. onde ela tem mais de quinhentos pés de profundi. abarcando tôda a região. levou os pedaços de granito não sei para onde. e de onde alau. descrevem como que um grande círculo. Encontra-se sob uma abóba da natural e de um arrôjo imitado de longe por Brunelleschi. na qual é possível a gente banhar-se sem temor. i-na rajada de -verito pode precipitar os curiosos no mar. em tôrno.3-" ?p r41?bTe convento fundado por São Bruno eM 1O84. Vai-se admirando pequenas enseadas frescas. A comoção. havia u ma fortaleza naquele lugar. a rocha foi partida de modo nítido. exposta ao sul. uma grande moita da planta que fêz criar aq uêle nome. na ponta mais avançada da costa. em tempos muito distantes. branca. 141) Brunellesehi: Fílippo BTunelleschi (1377-1446). Num do s promontórios formados pelo granito e que se erguem acima do mar. nada ali falta daquilo que a mais caprichosa imaginação poderia inventar ou desejar. 141 pois que os maiores esforços da arte são sempre uma tímida imitação da natureza. de onde a vista é soberba e onde as decorações d o granito ultrapassam tôdas as admirações que tenha podido causar ao longo . 143) A palavra francesa buisson ("moita") deriva de buis ("buxo").lh-ados. A imaginação cansa-se talvez corn aquela imensa galeria de monstruosidades. sôbre os rochedos. cujos vestígios estão escritos em caracteres inapagáveis naquela costa. ali nascesse.. tirou umas tantas. e desp render-se a nobre e angelícal criatura. tão. . Foi a primeira a chegar à rocha da m urta e sentou-se numa das anfractuosidades. perdia-s e nas grutas. . rindo. que não. à sombra. os estúpido.disse a marquesa. Depois de ter caminhado algum tempo em silêncio. pastilhas de morango. onde tudo nos fala de amor. Calisto. onde tudo é viçoso e exprime uma verdadeira felicidade. Como um anirrial selvagem ferido. vi a Suíça. aí. tos inquietos e selvagens que êles podem ali escavar satisfazendo sempre suas insaciáveis curiosid ades. seus conhecimentos. como pureza. . a consoladora dos aflitos.É possível que tenhamos chegado ao único lugar propício para falar sôbre essas coisas. Porquanto nunca em minha vida vi a natureza mais em harmonia C orri os meus pensamentos. da China. ela amava a solidão.respondeu êle. os mais ridentes contorno.disse Beatriz. incessantemente excitadas. regressando ao caminh o arenoso. cluiu daí que o mes mo -podia acontecer conosco. s eu saber. uma felicidade laboriosa. como eterni dade. teria #piedade de mim se pudesse ver-me. como agitação. gozos do amor-próprio. por um désses aciden tes que são uma tolice talvez para pessoas vulgares. Seu espíríto imenso. simples para com as crianças. Para não se sentir atrapalh ada corn seus trajes femininos. dirigindo-lhe um olhar divino. Con.Fle é margeado por um rochedo . após ter #bebido a taça da glória que todos os grandes talentos. Rememorou os meandros que Calisto lhe havia feito percorrer e comparou-os aos caminhos tortuosos daqueles rochedos. Vi a Itália. sem concluir em algum futuro religioso. ela pusera calças de bainhas dobradas. afrontando o perigo. Que podi a fazer uma mulher como ela de sua velhice. e que apresentam às grandes almas uni abismo de reflexão. existiam mais. Calisto era sempre a seus olhos o belo mensageiro do céu.da estrada arenosa que costeia o mar. é preciso acabar com isto . . uma das reflexões sugeridas por uni nada. demasiado ávidos para esmiuçarem . enquarito as saboreava. esvaziam nun. hausto? Depois disso ela corifessou que. e posso ter a paciência dos anjos. ante uma exc lamação de Beatriz relativa à beleza do Oceano. velada até aquêle momento pela carne. um divino guia. Nenhum grande espírito pode tirar-se do infinito. Tirou do bôlso rima pequena caixa onde pusera. admitindo a imortalidade da alma . era assim cem vêzes mais bela do q ue Reatriz: abrigava-se com UM pequeno chale de sêda vermelha. Minha mãe nesses momentos chora por meu -Pesar. on de a verdejância. . pois sempre tivera a fatuidade de sua fôrça e de sua agilidade. seus falsos amôrcs puseram-na frente a frente corn quê? . e como bastão de viagem ela trazia um pinguelim. que difere muito da do Mediterrâneo. Durante algum tempo Beatriz e Calisto viram-n a voluterrido nos cimos ou por sôbre os abismos como um fogo-fátuo. uma blusa curta . para o caso de ter sêde. a decidira ao ato singular pelo qual devia terminar com a vida sociai.Quando me fala assim . a Igreja R omana. um chapéu de castor. tão profunda e misteriosa para com os espiri . expulsava os caranorueJos das suas locas ou su rpreendia em flagrante delito seus costumes originais. quando respirou seu frasco de água de Portugal.com a mãe fecunda. como se põe nas crianças. as águas tranqüilas.Ouça. Calisto não póde deixar. reaparecia nos picos. . Essa idéia perseguiu-a ainda. não pôde deixar de notar que os inorangos. tão poética para com os poetas. como extensão. tentando iludir seus sofrimentos.ho: sentiu morrer em si a mulher. ocupada em meditar. de comparar. êsse mar ao seu amor. reviviam entretanto em suas qualidades.vejo-a. Seu manejo para critregar Beatriz ao amor de Calisto pareceu-lhe então bem mesquir. são oprimidos .quem o diria. É inútil explicar o motivo pelo qual Carnilo t omara a dianteira. Sufocou o amor terrestre -corn o amor divino. mas quando estou só. como profundidade. tão benigna ?_^ n para com os arrependimentos. cruzado sôbre o busto. o uço-a. mas. Omar oferecialhe então um aa imagem do infinito. Pois bem. de nenhum modo. por Lope de Vega e Schillçr. as Mulheres. mas jamais serei sua. te do homem a quem ofen di.1 hi. fico prêsa aonde estou. não quero mais ser humi. Não ria-o verá seu ídolo. lên£io. meu nome. serto arenoso e sem vege tação. mas a mulher que ama se allige.do-nos a felicidade. mudos. não vê senão a êle niesmo. . OrdenC e tentarei o impossível.oQue insulto nessa palavra: sacrifício! . abardona-a. nern os rochedos.evare a alturas prodigiosas: o espírito e o sentimento nessa cirq In cunstância procedem do mesmo modo.l. o aband ono. e levam-nos a infâmia. Senhora..15 depois.disse :Calisto.disse ela em ton` de censura que fêz Ca listo sentir a tolíce da sua expressão. . simplesmente).3 222 CENAS DA VIDA FR17-tDA ciência de minha desolação interior.disse Calisto.tória ew Memórias de Duas Jovens EsVOsas. me numa felicidade que. coroados de neve. Eu sacrificarlhe-ia minha família.exclamou Calisto. Beatriz e êle deram cêrca de trezentos passos num silêncio profundo. que não me ama! Eu que a amo. só conhecidos por aquêl es que amaram sem esperança. TetiTa a luva. humilhar-me-ia diwn. de nos porem à prova a fim -de terem certeza de inosso aliior e não vos render senão a grandezas sôbre-humanas. em frente aos bOsquetes da Bretanha. lhada nem ocultar meu amor. e a coquette de . #.pelos Alpes. eu é que fui a êle. sei por mira mesmo que o amor não arg umenta. não há um sacrifício que eu não fôsse capaz de fazer. êle não " cairá das alturas em que o colGcou. serei o de. Aquêle que outrora desprezou a amante por ter atirado a luva entre os lCõeS? 144 ordenando-lhe que a fôsse buscar. diminuído.E se fôsse abandonada? . 111. Todos os homens começam prometen. se é que sou seu ídolo. . T R I Z 91. AhI você não sabe a que ponto sou dura para comigo me sma.Um fim! . ao repetir: "Um fim"I com um torn que lhe impôs si. da jaula. mas nada vi que melhor pintasse a ardente aridez de minha vida do que essa pequena -planura dissecada pelos lentos do mar.Pois bem. mas o único meio que me resta para diminuir minha fal ta é de torná-la eterna. joga sua luva branca nunIa Jaula de -leões. Sólnente as mulheres que amam de modo absoluto ou as couetes sabem tomar como po nto de apÔio uma palavra e daí se . não olhando nem o mar. meu futuro. Segundo a lenda. pois tenho canst ! #B E A. Eu a faria tão feliz .Diga. o desprêzo. nem verdor que aqui está. iria mendigar meu perdão. sei. tratado. A lusão a conhecido assunto do folclore universal. Tenho agora horror a uma -Pai xão que a sociedade e a religião reprovam. uma fida"-"" para experimentar o amor de um c avalheiro. . mas jamais correria o risco de atirar. corroída pelos vapores marinhos. -clã uma bofetada na -clama cruel (ou. êsse não amava! desconhecia o direito que tendes. nem os campos do Cro isic. êle nada me prometeu. BaIzac -fêz outra alusão a ess. Calisto. é isso Beatriz. ao falar-lhe assim. onde uma rnesquinha agricultura luta em frente ao Oceano imenso. Não se preada pois a ela. entre outros. 144) Aquêze Que outrora desprezou a amante por ter atirado a 71?`a entre os leões. A marquesa interrompeu o ditirambo que seu apaixonado ia perpetrar. de onde se erguem as tôrres de sua Guérande. seirt flores. se gundo outra variante. deverá ter um fim. Essa -contradição excitou no rapaz um dêsses furores íntimos. Ocavalheiro arrisca a vIda. Nada tenho a censurar ao homem a quem devo ser fiel. não me tente.disse Calisto. . com a agilidade sobrenatural que a mocidade encontra no perigo. Calisto inclinou-se Por uma espécie de curiosidade feroz. . trep ndo em meus ombros. e ao rasgar-se.dizia Calisto . por vez primeira. Beatriz dera uma reviravolta. e. agarrou Beatriz pela cint ura.disse ela abrindo os olhos e entreabrindo os pálidos lábios. . . .E voltará para Conti? .Não há senão um. mas mesmo assim teria rolado para o fundo do mar. p ensava que ia morrer. Ao invés de . Galisto saudou aquela palavra com um beijo. .Tera razão . .Não será minha nunca? .respondeu ela. 1 Estavam naquele momento ao pé da rocha do buxo.cair de cabeça para baixo. .disse Camilo. O criado pareceu surpreender-se por contarem com êle para. êle deiXO11-Se escorregar por nove pés de altura. e seu primeiro movimento foi de prazer.disse Gasselin. com a habilidade súbita que o amor dá.disse Beatriz. e pôde erguer a marq uesa a tempo . . não fôsse seu vestido ter-se enganchado numa pon-ta. O bretão seguira Camilo. . êle. entretanto.perguntou-lhe êle.Não serás então jamais de ninguém1 . em risco de caírem ambos no mar. . des Touches.Cale-se . dois amantes. Foi para a pobre criança o mais alto favor.disse ela com ar imponente. de sentir aquela mulher um pouco trêmula: ela precisava dêlel PÂse prazer inesperado fê-lo perder o tino. tOrnan. empurrando a marquesa #corn uma violência frenética. sentia que O buxo cedia. Calisto pintava bem seu amor: . meu amigo .E então! .já cometi inuitas faltas. êles subirão. com a qual examinava os meios de salvar o.Nunca. impressionada com a resposta na qual. com a voz abafada por uma tormenta de san gue. êsse de estreitar a. antes de precipitar-se atrás dela.que]e busto. até à beira do rochedo. viu a situação de Beatriz. e estava abatida em cima do buxo.E você? . para que corresse em auxílio. a cujo ci mo ela fêz questão de subir.do-a nos braços. Não é isso uma coisa meiga? Não teremos amarguras. senhorita . . não pôde gritar. estremeceu: ela parecia rezar.Morrer? . Calisto experimentou as mais r nebriantes alegrias ao sustentar a marquesa na subida daquele rochedo.spreza. nem arrependimentos. 1? #924 CENAS DA VIDA PRIVADA 11 E A T R I Z 32S podia julgá-la inteiramente sua naquele leito aéreo onde iam ficar sós durante muito t empo. que nada mais pôde do que fazer um sinal a Gasselin. Quando segurou Beatriz. e sentiu entrar Da marquesa um frêrnit o convulsivo que o encantou. ela perdera o conhecimento. porquanto sua -comoção foi tal. alguma coisa.Abra os olhos.Não posso ser para o sãhor seiião Ikatriz. Quis ouvir a queda de Beatriz. u m sonho. perdoe-me .eu you escorregar até lá. amortec ido o pêso do corpo sôbre o huxo. no meio d o perigo que seu jovem senhor corria. deixando cair duas lágrimas essa palavra sómeinte pode c lassificar os esforços que me pede. . nem. nada mais viu. pesares. mas não ouviu senão um clamor surdo. a Srta. 111.É preciso.. que viu essa cena. .disse Calisto. Nesse niomento os sapatos ferrados de Gasselin fize ram-se ouvir em cima. . e a senhora lhes dará a mão. o rasgar estridente de uma fazenda e o ruído grave de um corpo caindo no chão.ou morreremos juntos. agarrando-se a algumas asperezas. . correu ao lugar caide estavam os cavalos. na terra fresca. Calisto permaneceu pálido.Eu o vi.so passeio. . e a desceu à praia . chegou à plataforma circular. com as costas apoiadas ino granitO. colocando aí Beatriz e levando-a come numa padiola.E tua mãe? .b retão deixava que lessem seus mais secretos pençamentos! . e em companhia d e Camilo. êle corou e Voltou a cabeça. pôde falar. com inexplicável rapidez. .. Calisto. e foi buscar o cirurgião do Croisic. após uma pausa: .Eu a teria seguido. fundindo-se com sua vida.Mas que maliciosa . fizeram um colc hão em cima da escada. ?Calisto passou a noite nas Touches. onde Gasselin.eja salva. que houve um momento em que as duas mulheres se olharam sorrindo. pois sentia-se desfalecer.disse.pensou Gasselin enquanto descia. onde o médico da cida de a atendeu. Beatriz pediu em voz frac a !que a deitassem. dormitando ou despertando-se. Êle imaginava que aquela mulher era dêle. Gasselin c Camilo tiraram a roupa que podiam dizpensar. o ruído dêsse acontecimento espalhara-se por aquela região . Quando Calisto viu os belos olhos verde-mar cia do ente exprimindo uma mescla -de confusão. Calisto deitou-a entre o granito e o buxo. Gasselin..É melhor ir buscar uma escada no Croisic ..Eis-nos de volta do nos. Calisto . isto não de verá ser senão um acidente. Calisto.disse Camilo. . .olitária. Omédico prometera que no dia seguinte a marquesa não sentiria mais senão uma certa lassidão. Camilo sorria com amargu ra ao reconhecer em Calisto os sintomas de uma dessas paixões que tingem para sempre a ainia as faculdades de um homem.disse êle. foi transportada do cais de Guérande às Touches. A fraqueza e alquebramento que Beatriz sentia obrigaram CaInilo a levá-la à granja. nenhuma preocupação contrariam êsse cruel trabalho interior.. ao se achar assim em seu quarto. auxiliada por Gasselin . cuja inquietação era excitada quer pelo e-tado de Beatriz quer pelo de Calisto. Gasselin voltou em seguida correndo. e quase sem habitantes visíveis. Que scria feito de.disse ela à Srta. Beatriz readquirira alguma #fôrça. de amor e de sarcasmo. Ela te adorará . e. com Voz débil. junto ao leito de Beatriz. sua atitude demonstrava uma tão linda curiosidade. .Que Beatriz morra or s. imóvel. Ela me odiará . Calisto jamais veria a verdadeira mulher que existia em Beatriz. s ua felicidade revelava-se tãG ítigênuamente. pedira a escada emprestada. é preciso tran sportá-la às Touches. com que ingenuidade o jovem .disse Camilo. podia estudar seu rosto pálido e seus menores movimentos.ti. cêrca das cinco horas da tarde. a doente sentiu-se melhor. se ela tivesse morrido? .Não lhe disse eu. Os granje iros ofereceram seus leitos. sentado numa banqueta. contemplava-a. Depois. des Touches em v oz fraca. Espreitava com atenção extática os mais #leves movimentos de Beatriz. a marquesa pôde.Calisto. Após um aa sangria. respon dia com movimentos de cabeça e com raros monossílabos a Camilo.. consentiu em embarcar.. com os olhos molhados. mas e os sofrimentos! . onde Gas selin tomou-a nos braços como se ela fôsse uma criança. . silencioso.E eu? .disse Camilo. mont ou num dêlel. com uma escada que encontrara numa das pequenas granjas esparsas nos? campos. que vocês os homens começavam Prometendo-nos a felicidade . depois de recomendar aos barqueir os que viessem à enseada mais próxima da granja. Através do desespêro de Calisto brilhava uma alegria profunda: est ava junto ao leito de Beatriz... numa epoca em que nenhum pe nsamento. e admirando-a na desordem do lei to.disse-lhe ela.. Depois de Gasselin ter colocado a escada. o qual pediu a Calisto que -passasse o xale vermelho de Camilo por baixo dos braços de Beatriz e que lhe alcançasse a ponta.Não terei dito não à morte. . . cinzentos #ou verân. você não me teria atirado na águal . essa deiriora teria sido significativa. pondo-se ao piano a fim de deixar Calisto pegar e apertar as mãos . durante ésses dois dias. duras e delgad as. ela ouviu-o murmurando-lhe o nome.A mim. dito num torn encantador. Ver o wta 129.h! . como a Sra. . Para Beatriz a ira de amor e o atentado de Calisto tinhara 145) a célebre rival de Camilo: George Sand. êle sózinho.disse Felicidade que o despertou.A. porquanto a loílette da marquesa revelava . era ainda demasiado mulh. mas não havia mais a menor dureza nas suas palavras. uma mulher não pod ia senão sentir-se feliz e lisonjeada em tôdas as suas vaidades. Calisto. Depois dêsse serão. ao qual Felicidade lêz compreender que a menos de ser um monstro. a qual deu livros de te ologia mística. Calisto voltou ipara jantar nas Touches. -des Touches.? preciso mandá-lo dormir -em casa . enquanto Calisto lia a Indiana. para fundir. Camilo teve assim o segrêdo de Deatriz.emblant.exclamou Camilo ao ver a expressão desenhada no ?.er para impefi-lo a êsse ato de que se apavoram os jovens corações que pareceeni ter consciência de tudo o que seu ideal vai perder.zo. vi CONTI Ao amanhecer. têm a alma da côr pálida de seus olhos laros. detivera-se com fre?qüêncía na janela de onde se via a estrada de Guérande. uma mulher colocada na faha situação em que se encontrava Beatriz. feliz. cujo pescoço apresenta um arcabouço ósseo que lhes dá uma vaga semelhança com os felínos. 145 e onde se achava a cativante figura de um rapaz amando com idol atria e devotamento. pegou numa das mãos úmidas que ela permitiu que êle pegasse e beijou-a de modo muito submisso.qüilidade misteriosa e por tôda a vida. fraca e lassa. com qualquer outro que não êle. nem nos seus olhares. ela dizia estar entretida corn o efeito que no camiilho produziam os juncos marinhos cujas flores de ouro estavam iluminadas pelo sol de setembro. com uma tran. a Srta. pálida. -de Rochefide. quer outro. são necessários raios . Ninguém estava inquieto no solar dos du. que r um. por ter sido alvo de um crime. esgotado. o primeiro livro da célebre rival de Camilo. do que todo o mundol Tome seu calmante. empalidecida por suas emoções e por sua primeira vigília de amor. mas não a dizia. dorinine-o.o amor terá sempre mais espírito.des Tou.disse a pobre Camilo.ches escrevera um bilhete à baronesa. Felicidade apagou-se completamente. por is. . "_Focou a vez à marquesa de contemplar aquela encantadora crian?ça.1. #B E A T R I Z 329 Beatriz.e de Beatriz e comparando-a com a obtida pejos esforços de sua diplomacia. e durma! Essa noite passada por Calisto junto à Srta. #126 CENAS DA VIDA PRIVADA . enxugando uma lágrim a. e bastava-lhe dizer uma paiavra para que Caffito fôsse. Ao ouvir êsse gracejo. .P-1e ama dormindo . pudessem falar. não houve mais a mínima tormenta nas Touches. livro que foi um exemplo fat al para êlel essa noite deixou vestígios inapagáveis no coração daquele moço. . para vitrificar essas pedras. Guénic. As mulheres frias. Reatriz fêz C amilo e Calisto esperarem ba?tante tempo.de Beatriz. franzinas. essas mulheres. Quando Camilo a surpreendia ali. adormeceu na sua poltrona. e que anunciava alguma mudança no coração de Beatriz. encontrou Beatriz de pé. Calisto pôs-se de joelhos.Tem o direito de rejeitar meu amor para sempre. sem que.disse ela a Camilo.e acabavam atirando-nos num preciPicio? . e eu nãu t"el111o niais o direit o de dizer-lhe uma única palavra. querida. que Camilo enchera de música. as palavras do amor ccoo.Se recusasse. na expressão dos sentimentos.des lumbramento. terá de temer odiosas rivalid ades.respondeu ela. pertenço a outro e não posso pertencer senão a éle. Quando ela falava assim. meus únicos gozos serão os seus. para qi= aquelas flores e aquela folhagem deveriam ser uma eterna. . Beatriz numa janela.o desejo de fascinar Calisto e impedir uma nova ausència.pediu Calisto com voz pertwrbada. Teve como que um . . e o perdão social. uma lição a Calísto. . e partilhou-as de modo significativo com Calisto. mas de bom grado. exprimindo-lhe o desejo de rever com êle aquela rocha onde quase perecera.Vamos sózinhos . .juntar-lhes-emos ramos de buxo . confessando silenciosamente. ao ouvir Calisto promet endo-lhe amor por tudo o que ela perderia aos olhos da sociedade. meu as pequenezes e os sofrim?entos que a haviam acabrunhado na Itália. É possível que sómente as francesas possuara o segrêdo dêsses lances teatrais. onde Calisto. uma sinistra imagem. duplo é o castigo. Oêrro é duplo. Beatriz estava naquele momento sujeita a violento combate.meu passado priva o futuro de tôda e qualquer seguridade. . sem nenh um enfado. n já. Permaneceu algum tempo no cais. e lamentando-a por estar ela prêsa a um tão mau gênio.Palavra. ela não tapara a bôca de Calisto.disse ela sorrindo. às sete horas da m anhã. luto: não encontrará em mim os arte. In felizmente. mesmo fingido. dizia êle. entreviu então aquelas pequenas plantas ariras. de flores rosadas que ali crescem.que a amarei de um modo abso. devem-nos às graças de seu espírito. tendo na cabeça o mesmo chapéu de palha que trazia no dia da excursão. . através de dois juncos marinhos. s abem pôr no sentimento tanto quanto êle pode aceitar sem nada perder de sua fôrça. . a êsse respeito. colheu umas quantas às quais juntou o cravo dos Cartuxos que se acha igua lmente nessas areias n áridas. a um homem tão falso quanto -Conti. Calisto sentia uma compaixão que amenizava seu ardente furor. quando #lhe contava o não se ver dera mais de . Beatr"z achou as areias lindas. Não se deve pedir aos diferentes caractere s de se assentelharem. não. Ela ouvia essas palavras de cabeça baixa. entre perder-se pa ra n sempre por uma segunda paixão imperdoável. Ah! como ela pesava pouco no braço de Calistol Os dois s aíram pela porta do jardim que dava para as dunas. êle entreviu. Começava a ouvir. a mais s?z " inha rio coração de Conti. eu quisera fazer-me aceitar todos os dias. Depois do almôço ela foi passear no jardim e arrebatou de alegria o rapaz a quem arrebatava de amor. . . triunfos da talento. já lho disse mil vêzes. que ela era talvez um anjo ignorado. e êste delas tirava proveito. enquanto esperava o barco. na qual espcrava rein-rescar um dia. com os olhos umedecidos pelas poucas lágrimas que essa es pécie de mulheres derramam. Essas pequenas coisas da paixão tornam o mundo maior. deixando-o beijarlhe as mãos. e lá onde a aceitam. entre a socieda de. hesitava entre ela própria e Calisto. por várias vêzes ela se comovera ao ponto de quase chorar. a ad- #3 31 4ZENAS DA VIDA PRIVADA B F: A T R I Z míração de nenhuma mulher me parecerá merecer recompensa. adorava-a então como a uma madona. Foi uma bela manhã para Calisto aquela em que ao chegar às Touches.dar-lhe-ia direito de pensar que é perigoso.Estou demasiado humilhada. escolhi-o sem nada conhecer do amor. Por mais de uma vez. Camilo. não lhe fazem justiça.respondeu ela. do mesmo modo que não se deve exigir os mesmos frutos de árvores diferentes. e a felicidade completa. os gozos que dá uma multidão comovida pelas maravilhas do único talento será o de amá-la. contou-lhe sua criancíce no dia da . deixava-se acariciar pelas macias mãos da Piedade. . então. em Rorna. nesse momento chegara ao cume do rochedo de onde se via o imenso Oceano de um la do e a Bretanha do outro. se tua Beatriz fôr c ruelmente mal julgada pela sociedade. êle.disse ela dirigi ndo-lhe um olhar sublime. foi a causa de minha severidade no prime iro dia . do qual devia fazer-se um pedestal.disse ela. essa. e engana ndo-se um e outro. e depo?s. à espera de um imprevi?.saberás que ela é a primeira de tôdas. Eram cêrca de seis horas da tarde. CâÚisto era demasiado ingênuo. de Rochefide teve êsse torn levemente jocoso da mulher que ama. . Petrarca ja mais possuiu Laura. quando Calisto. Ah! se eu fôr abandonada. .disse ela. Durante êsse passeio. Mas. criança adorada . do s. suas tôrres feudais e seus maciços de juncos marinhos. 321 tenho a coragem de ocultar o senhor é para mim. no cúmulo do enlêvo.Sua escápula. Ésses desastres alcançam sómente as grandes almas. segundo as observações de Camilo esperava que Conti ficaria enc antado com essa oportunidade de a?andonar Beatriz.Mas. de onde se precipitavam os criminosos.não 147) Rocha Tarp?ia: rocha. pediu-lhe o braço. e então digria. Ouça essa palavra em tôda a sua iriagia. não duvidando mais de . -lhe tudo o que acabamos.disse ela subindo a passos lentos a. estou mais obrigada por minha vontade do que o estava pela lei. a mais feliz do seu sexo. Chegaram ambos na situação de alma a mais deliciosa. com suas ilhas de ouro. Calisto. quando..stia felicidade. e viverá talvez mais tempo na mi nha memória do que eu na sua. se ela fôr a última das mulheres! .chegada dela. . Calisto podia acreditar-se amado. Faz dez anos que não tenho felicidade comparável à que de g?)zar. de Rochefide depôs sôbre a fronte de Calist o o mais casto e o mais tímido de todos os beijos. deixava-se levar pelo indeciso de sua posição. tal como era aos quatorze ou dezesseis anos. Calisto mu111ra-SC da chave.disse ela. Os perfume-% . o amor que tive a felicidade de inspirar-lhe reergueume aos meus própr ios olhos. jamais estêve uma mulher num mais belo palco para fazer uma tão grande confissão.?nhor. Dante nunca mais tornou a ver Beatriz. e entraram nas Touches pela -porta do jardim. e contente-se em saber que sofremos juntos. compostos com os mármores mais estranhos. a Sra. Depois desceram e voltaram lentamente. se desço mais mil degraus na vergonha e na infâmia.to. ela. que se poderá erguer até O céu apoiada em ti. criança. ela retomou um ar digono. A marquesa."Irmos e ssas pedrinhas com as quais eu me mandarei fazer um (?olar. Acabo de ser um a meninazinha. ao procurarmos conchinhas nesses rochedos à flor da água. e continuaram a marcha para a rocha q ue ela batizara de sua Rocha Tarpeia. propôs-lhe nitidamente que fugissem para a Irlanda. . Osenhor fêz de mim a mais orgulhosa das mulheres.não me pertenço. apertou-a contra o coração. julgando ter a paz. que será para mim mais precioso do que se fÔsse feito corri os mais belos diamantes. de ali #brincarem como crianças procurando os mais belos espécimes. Sinta-se pois castigado por minha infelicidade. . amava demasiado.depois de teu amor. para inventar o acaso. a mortel Calisto enlaçava Beatriz pela cintura. . mas então. que para ela será horrível. amigo . conversando como pessoas que se entenderam e compreenderam perfeitam ente. bem como a sua ternura e o seu abandono. Para #confirmar essas ternas palavras. desceram nunia dessa s encantadoras angras para onde as vagas levam os mais extraordinán rios mosaicos. ao irem ao longo dos rochedos na areia. de que tive conhecimento. misterioso. .quando a quiseres precipitar.quêle magn nífico bloco de granito. não erres < golpe. segurando-lhe a mão. 147 Meu amigo . a Sra. ao Uou. deve tê-los percebido pela vossa atitude e pelei modo porq ue vocês se apresentaram ante êle.A ópera.ou perderás as oportunidades favoráveis que te restam . em baixo de um freixo de galhos chorões. um drama trágico desenvolveu-se em tôda a sua extensão no fundo de seus corações. a tépida atmosfera. tudo se h armonizava com as disposições de espírito em que se achavam.cl surprêsa..AhI . .disse Camilo. o qual parecia gracejar. Sentia uma porção de sensações contrárias: ao ter conhecimento do quanto era amado por Beatriz. Num momento. . mas a convulsão interior daquela pobre mulher. Reinava nas Toucli. bem como com suas frases enternecidas. Finalmente. Êsses dois impu lsos contrários produziram nêle a mais violenta das tormentas a que já fôra submetido desde que amava Beatriz.disse Calisto. . evitava os o lhos de Calisto e moctrava-se atenta a Conti. Beatriz será então forçada a orporlhe negações mentirosas de que êle vai aproveitar-se para ficar senhor da situação. ao trair tudo o que ela sofria. depois de ter trocado a mais fria saudação com seu rival.Acalma-te. com cujo sucesso êle contava. reboou e deve te r sido ouvido em todo o jardim. vinham suaveinente e sem nada dizer. Quem o fêz voltar? .Uma pilhéria de jornalista . Se êle ferir um pouco demasiado o amor-próprio de Beatriz. talvez.perguntou Cal.êle não a ama. é astucioso. sem dúvida. de Rochefide e Conti passavam por diante do banc o.. êsse pavor comunicativo causado pela vista de um réptil e que gelou Calisto antes qu e lhe visse a causa. s perceptível do que ela o desejaria. Calisto ficou então .abendo o quanto era querido por aquela mulher que acabava de ei-uer uma barreira entre ela e êle. pelos quais as mulheres sabem dizer tudo. como uma criança dominada pela vaidade de possuir uma marquesa e tornar-se o árbitro dos destinos de duas mulheres.. as côres amareladas dos raios da tarde. ela o pisoteará como a um verme. Num banco. saberá agir com espírito. Essa tran sição ignóbil. . Beatriz experimentou a mais horrík-. onde jazia Calisto ao lado de Camilo.disse Camilo.disse o artista. seus niovimentos revelavam a união de seus pensamentos. Mais alguns dias e êle não nos encont raria mais. acabrunhou Cali. . não conheces ainda os direitos pavorosos que um amor extinto dá a u m homem sôbre uma mulher! Bea-triz não lhe pôde recusar a mão. o qual foi atirar-se no banco ao lado de Camilo. A Sra. atirar-s e sôbre o artista. .Não me esperava. quiscra. tão cedo . .disse o impetuoso jovem. porém. .?to. A marquesa não pôde deixar de soltar o braço de Calisto e toriar o de Conti. Conti conversava com Camilo Maupin. . dizendo-lhe que Beatriz lhe pertencia. o passo de ambos era igual e rítmico como a marcha dos amante s.#CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 333 embriagadores.??s um tão grande silêncio que o ruído da porta. Otremor interior e convulsivo da marquesa foi ma-. atingido como ela por um aa iniplacável necessidade. num ímpeto. ao dobrar uma alameda.sto a Camilo. oferecendo o braço a Beatriz.Que poderão êles estar dizendo? . sem dúvida para se propiciar C"" mais alguns dias de coquetismo antes de transpô-la. Como Calisto e Beatriz se haviam dito tudo e seu passeio cheio de emoções os fatigara. imperiosamente ordenada e que desonrava o novo amor. êle. Êle. e confirmada dia a dia.Querido filho. A marq. porquanto ali pagara o preço de tôdas as suas faltas num momento. Eu a deixaria livre: o amor comporta uma o pção feita a todo instaiite. . Não suporá que a orgulhos Sra. a está escarne23Irv cendo sôbre os seus amôres.. .iesa olhava para a rival darde jando-lhe #um dêsses olhares terríveis. fará estrondar a artilharia picante das mais injurio sas hipóteses. comovera-o tão profundamente. sem dúvida. ao abrir-se e fechar-se.Lle a está escarnecendo?. que ficara estupidificado. . Odia seguinte aprova a véspera e aumenta o -tesouro de nossos prazeres. Haveria deinasiada depravação em amar um homem por causa de sua belezal Ve te pintará. de Rochefide pudesse tê-lo traído. Rep entinamente. enojado da vida.Eu posso ter-lhe dito que escreveria a Conti.Sofres e por isso perdôo-te. prestes a abandonar-nos na prosperidade. Oartista era homem para ludibriar todo o mundo.disse ela. Oamor baseado em sentimentos pequenos é implacável.eis para ti o momento mais crítico. po rém. porque agora nada posso fazer por ti. des Touches aconselhou Calisto a que desconfiasse dêle. não Pareceu perceber-lhe o embaraço. passaram pelo grande salão onde não havia luz e onde podiam ficar sós um momento.caiu. as duas coravam. em meio à alegria que suas lisonjas me causariam. Tal mulher.E então? . um segundo amor é vergonhoso. e caiu estrondosamente. são necessárias uma prudência e uma habilidade que não tens. que a marquesa? disse essas horrívei s palavras a Camilo. Às vêzes. e a Srta. talvez. As mulheres têm sôbre os homens a vantagem da constância. mas fazê-lo. com certeza.disse a marquesa com admirável ingenuidade de amor-próprio. não traíra nem o segrêdo de Calisto. mas o brilho de seus olhos desmentia a contração . a qual representou mal seu papel. deram o braço uma à outra a fim de subirem ao apartamento de Cam ilo? e. forçadas a conter-se. de comum acôrdo. Interroguei-o.disse Calisto olhando Beatiiz e Conti que se aproximavam. incensava o altar no qual sangrava um coração trespassado por mil golpes. E foi você quem lá me tornou a atirarl Ah! você o fêz vir um dia demasiado tarde ou um dia demasiado cedo. dizia êle. amante. sacrifica-nos tudo na desgraça. ao falar-me de sua antiga felicidade. mantivera-se na defensiva. e já não escut ando mais. à sobremesa fêz a conversação cair sôbre as mulheres e louvou-lhes os sentimento s nobres. nem o de Beatriz. Faceira.disse Be atriz em voz baixa. . podendo assim olhar para Ca listo e pondo um dedo #334 CENAS DA V1DA PR1VADA B B A T R I Z $35 nos lábios recomendando-lhe uma discrição absoluta. . foi adivínhada. Beatriz tomou o de Calisto.Querido filho . de Rochefide. teria podido efiganar Conti.Camilo. a quem se sentem ligadas como à própria honra. . terei de retornar ao presídio do amor. Foi com raiva. Conti mostrou uma alegria excessiv a durante o jantar. esperava arranc ar-me o segrêdo de vosso amor. Foi de uma perfeita moralidade.Oforçado está sempre sob o domínio do companheiro de corrente. . O sino anunciou o jantar. atingiu-o sem dúvida em sua vaidade. longe de constrangé-la. Essa frase: "É duro perder ao mesmo tempo a reputação e a amante!" dita no foyer por Cláudio Vignon. a qual tentou ocultar sua felicidade com uma falsa expressão de tristeza. e fêz. um poema de melanco lia um pouco espiritual demais para ser verdadeiro.exclamou Beatriz.Que será feito de Calisto? . e dar-lhe razão contra mim . Sómente Camilo e Beatriz compreendiam a aspertza dos epigramas ace rados que êle desferia em cada elogio. . Reconheço aí seu infernal talento de autor.Mas então Conti leva-a? . #. Oastuto músico.perguntou Camilo. Conti veio oferecer o braço a Camilo. . . eram. . e com seu belo rosto desfeito.Ê-me impossível deixar que Conti me espezinhe. Estou perdida. . porém. e vais deixar-te engodar -pelo homem mais astuto dêste mundo.Ah! julga triunfar? . Camilo deixou a marquesa passar na frente. etc. por prudência. Seria talvez um modo de sondar a Sra.a vingança é completa e o desenlace p erfeito.. sou incapaz disso! exclamou Camilo. Lamentou estar ligado tão públicamente corn a -marquesa. mas quem pode conhecer uma natureza tão falsa e enganadora? Pareceu cansado de sua miséria e de seu amor. é pre ciso tê-las ferido muito para desprendê-las de um primeiro amante. jura-se então ser-se eternamente um do outro. Não vim por sus-peitas. remédio. aquelas duas mulheres se observaram pela última vez: viram então -que um ódio profundo as separava. Você é jovem. há provincianas ou teimosas. não a amo mais. Se se tem uma aventura qualquer com uma mulher. .1661). a fim de prevenir qualquer recusa por parte de Calisto. . entre os quais várias sobrinhas de notável beleza. to desperta e c ai no meio do mais belo dos nossos triunfos. nem outra. porém. tantas comédias haviam sido representadas. não. durante essa cena que foi muito viva. É possível que. O senhor não sabe ainda. Eu vi que o senhor amaria Beatriz. Os rapazes moços gostam de fazer escarcéu. são bem elucidados.mas eu estou instalada em seu coraçao e nenhuma malher de lá me expulsará.amame . deixando-lhe as -honras do rompimento. separam-se de uma mulher dando escândalo. meu caro. #338 CENAS DA VIDA PRIVADA "I Eis-me aqui. que levou Luís xiv a separar-se dela apesar da paixão que ela lhe ín6pirara.que se quer eria passar a vida com ela. depois do pobre pequeno ter bebido dois copos de vinho. intimando-o a que lhe fizesse companhia e terminasse com êle uma garrafa de vinho de Champagne . estou livre!" Nenhum de nós é livre. . não imagina o quanto é útil parecer-se vítima. Eu. ela iria namoriscar consigo.Precisamos conversar. e que atingiu a marquesa no cor ação. para virem correndo dizer-nos: 148) a sobrinha de mazarino. Ou das nossas felicidades mais bem preparadas.disse o músico com voz carinhosa. fazia três semanas. a fim de ocupar os ócio s da felicidade. quando realmente se deseja que êle goze a mais perfeita saúde . uando se é o algoz. fazem com que os despeçam e tomam um arzinho humilhado que deixa às rauIt. foi justamente a oposição do tio. sem nada perder de sua majestade sagrada. ao ver os olhos da amiga. desprezam-nas muitas vêzes e fazem-se odiar. A mais famosa dela4s. o quanto somos atrapalhados em nossa existência pelas promessas insensatas que as mulheres têm a tolice de aceitar. e onde se iniciara a tragédia íntima de tantas paixões contrariada s.somos dois bons rapazes. . Tenho mêdo do or. Maria Mancini. faz pouco. Se o marido morre. quando mais não fôsse para mexer com êsse anjo que é Camilo Maupin. quando a galanteria nos obriga a preparar seus nós corrediços. Ali. Pois bem. vim aqui para levá-la. censuravam-lhe tsobretudo o zêlo excessivo em colocar em bon s lugares seus numerosos parentes.?eres remordimentos e o doce sentimento de sua superioridade. e partesl" 148 Nem uma. . Ésse obuz rlor. quando se viram as luz es. Oartista permanecera à mesa com o rival.Meu caro .gulho e da virtude de Beatriz. O desfavor da divindade não é irreparável. bastante tôIas ou muito trocistas. As palavras citada3 aqui foram pronunciadas Por Maria ua ocasião do rompimento. se apercebia da ausência de Calisto e de Conti. Na situação em que se achavam. e eu quisera que ela se mostrasse atroz comigo. tem-se o ar de esperar muito impacientemente q #a morte de um marido.disse Beatriz. apesar d a minha boa vontade.#de sua máscara. O?3 inimigos do famoso cardeal e politico Giu11o Ma zarino (16O2 . Camilo respondeu com um inimitável torn de ironia.disse êle num gesto cheio de fatuidade. . precisemos de tempo para executar êsse chassez-croisez. o jovem bretão foi obrigado a obedecer àquela intimação. ao sentarem-se naquele divã onde. por pouco não se tornou rainha da França. . . e Beatriz era sabida em caretas! Por isso. prestar-me-á assim um serviço. cujos motivos ainda não. os hom ens sensatos. tu o amas.149 Nessas situações. Beatriz .disse o artista. para sua felicidade. podemos falar com o coração na mão. ao voltear à ro . a coisa está em não sermos nós quem começa.Ficas com Calisto. comecei deixando-a numa situação na qual. proferindo as célebres palavra? da sobrinha de Mazarino a Luís XIV: "Tu reinas. e sim para uma ruptura. ao passo que uma abjuração não tem. não se deixa de dizer-lhe cortêsmente. ame-a. estou nesse ponto. assim que amanhecesse. meu caro rapaz. o qual confesso u seu amor. a cria-da de quarto e os criados carregavam o carro de viagem de Conti. À primeira palavra daquele cântico. olhou para Calisto e pensou que o menino caíra em algum laço. A felicidade nimbava com sua auréola o cândido semblante de Calisto. Falcon: Marie-Cornélie Falcon (1812-1897). branqueadas pelos últimos clarões do dia. Quando chegou no ponto da estrada de onde na véspera vira Beatriz na janela. Quando os amantes chegam a êsse extremo. As trevas permitiram à Sra. cantou a maior obra?prima musical que existe para os executantes. eu simularei #o homem desconfiado e ciumento. cêrca do meio-dia. não há nada melhor para determinar uma mulher a trair. Calisto foi às Tou£hes. e ficou encantado corn Conti. ciu mento com a marquesa.a do gramado. apesar de seu aviso. Teve disso a certeza. Lamente a 149) chassez-croisez: passo de dança. Represente esta noite o papel de um amante contrariado. que decorre muito menos do amor-próprio do que da própria vida atacada então no seu porvir: parece que se vai perder o capital e não os juros. mas não quer ser abandonado por ela. cujas tôrres. o qual dissimulava sua raiva sob uma encantadora bonomia. Camilo. A dama da sociedade obedecia às leis da sociedade. imolava o amor às conveniências. é uma grande vantagem a menos. suspeitá-la-ei continuamente de trair-me. . you ser insuportável. beijando-lhe a mão e apertando-a com um arzinho confiante e ardiloso. Nunca êle foi mais extraordinário do que nesse momento. por mais gasto e depravado que seja. . No dia seguinte. Calisto narrou tudo que se havia passado durante aquelas três semanas nas Touches. solicitado por seu jovem rival para cantar um tr echo. . o qua l. Ai de miral Chorar é coisa que não posso mais fazer. brilhavam no crepúsculo. de Rochefide cilhar para Guérande. a Srta. 15O e quero desposála! Sim. chorei É moço. o famoso Prima che spunti l"aurora. famosa ca ntora B E A T R I Z 33T sorte daquele anjo por pertencer a um homem sem delicadeza. um amor como o sonhado pelas moças mais puras. Pode e quer abandonar uma mulher.palavras uma significação cruel que foi percebida. de dil igências que se sucedem inoportunamente e sem resultado". poderiam vir escutar-nos. "seqüência de evoluções. esta horrível história é a de muitas mulheres . personagem real. homens e mulheres se esforçam por conservar a prioridade. Omúsico. Calisto e Conti subiram. Pois bem! ela zangou-se. Estou neste momento loucamente apaixona do pela maisbela e mais jovem cantora da ópera. que acompa nhava. em sentido figurado. quis dizer-lhe que sabia -de tudo e cumprimentá-la por sua felicidade. Calisto estav a em êxtase. quando o feliz bretão foi dizer adeus a Beatriz. Não há homem no mundo. adivinhou aquela ordem que fêz Beatriz baixar a cabeça. ali distinguiu Cami . 15O) a Srta. levaria Beatriz até à posta com os cavalos de C amilo. o que era tudo que Conti queria saber. o artista dirigiu à marquesa um olhar que dava às. Falcon.Subamos. Muitas vêzes o orgulho ergue-se à altura da virtude. Vista assim.As mulheres são desconfiadas. grosseiro. 1nterrogado pelo artista. como dissera. tão profundo é o ferimento feito no amor-próprio. e entregar-se à sua profunda tristeza: ela deixava ali uma das mais belas flores da vi?da. e eu livre. cujo amor não se -reacenda no momento em -que o vê ameaçado por um rival. elas não poderiam compreender como ficamos juntos sem nos puxarmos os cabelos. co mo certas mulheres o imolam à religião ou ao dever. mas também quando o senhor fôr a Paris verá que troquei a marq uesa por uma rainha. Trata-se talvez de tudo o que a sociedade criou nesse sentimento. Quando Calisto chegou a Guérand e. Eu o servirei por dois lados. o senhor ficará feliz. Orespeito humano despedaçava o único am or verdadeiro que aquela mulher podia e devia conceber em tôda a sua vida. em que tantos sentimentos lhe ferviam no peito.151 que o próprio Rubinil-12 não começa nunca sem tremer e q ue foi muitas vêzes o triunfo de Conti. ainda pod e chorar.disse êle. Por isso.mas a sociedade é justa. mas êsse último esfôrço foi inútil. terias acreditado que o fizesse por ciúme. tu me causaste sofrimentos mais violentos e eu não tinha. não a quis macular a teus olhos. o Velho.Você foi ludibriado por Conti. . como tu. Beatriz.Partiu1 . Escuta hoje a verdade. eu te fiz seu retrato. No sopé da escada. . os órgãos formaram hábitos e como que se endureceram. Sua fortuna e seu espírito não lhe tinham podido dar a realeza feminina q ue ela procurava conquistar. ela não teria esta noite acompanha do Conti. êste o fèz sentar em seu próprio l ugar. reinando num salão. ela nada Leria sido sem êsse barulho. nada me disse. em A Mulher Abandonada. Para mim. querem que falem delas a qualquer preço. não brilhava em meio às suas festas. fumou o seu houca sabendo que 151) "Prima che spunti l"aurora" (em italiano). de Rochefide não é nada menos do que digna de ti. pa ra curar-me. êle atirou-se no divã no lugar onde tant as vêzes vira a marquesa.Meu amigo.bradou Calisto fulminado. 152) Rubini: ver a nota 1O4. disse-lhe esta palavra cruel: . A reação do moral sôbre o físico não é b te forte para determinar uma #153) a Duquesa de Langeais: personagem balzaquiana cuja história leremos em Os Tr eze. preciso ir mais al to. Mais tarde. amante e terna. é julgada uma atriz de segunda ordem. -pelo menos em parte. quando se ama bem e sinceramente. Como louvasse. depois de lhe haver pedido que a ouvisse. e de resto. na véspera do dia em que Beatriz chegou. e desatou a chorar. "Antes que a acrora aponte". . a alma não tem mais amor. ela calou-se ante um gesto pelo qual Calisto exprimiu sua inteira crença em Beatriz. 155) Dâmocles: cortesão de Dionisio. C alisto. a felicidade do poderoso. tirano de Siracusa. Oescândalo de sua queda não era necessário. Sórnente durante a juventude podem dar-se essas contrações.nte todo o dia num profundo entorpecimento. Levou o pobre rapaz para o seu pequeno salão. acreditou poder obter a celebrida de da Duquesa de Langeais 153 e da Viscondessa de Beauséant. #X 338 THEODORE DE BAINVILLE B E A T R I Z 339 nada havia a opor aos primeiros acessos dessas dores. Aqui. A espada de Dâniocles-r. no VIII volume desta edição. porque lhe foi impossível comer . ela o fêz friam ente para representar um papel: é um aa dessas mulheres que preferem o estardalhaço de um aa falta à tranqüilídade da felicidade. ela o obrigou a descer e a assistir ao seu jantar. das e mudas. Um momento antes do jantar. Camílo falou muito tempo e eloqüentemente. porém mandou suspenderlhe uma espada sóbre a . sempre sur. é muito fácil em Paris ser-se feliz isolando-se. não concede as honras de seu interêsse senão aos sentimentos verdadeiros. representando comédia. Camilo tentou dizer-lhe algumas pala vras. nada pude fazer. Felicidade nada lhe disse.Beatriz? . ficou dura. não sabendo que resolução tornar. Sua fuga não era autoriza da por nenhuma contrariedade. uma bela vida pela frente. certo dia. A Sra. 154) a Viscondessa de Beauséant: personagem balzaquiana cuj" história acabamos de co nh"ecer. a terra não tem mais primavera . insultam a sociedade para obter dela a f atal esmola de uma maledicência. Roía-a a vaidade.lo que correu ao seu #encontro. Enfim. a fim de encontrar consolações. no meio de um banquete. da partida da Sra. depois da primeira efusão de lágrimas. de Pen-Hoê1 sabiam.Cometo loucuras . Muitas vêzes ia até ao Croisic e chegava ao rochedo.cabeça. . aprendera a descer e subir por ali. dando um apêrto de mão em Camilo. aiessa noite. estudando os pontos de apôio existentes naquela fenda. Num serão em que Calisto. da tia.Calisto tem alguma coisa . retiveram Carlota de Kergarouêt. enxugando os olhos. que julgavam estar adormeci do. menos pela fraqu eza da afeição do que pela fôrça dos órgãos. porque. de Pen-Hoêl. durante os quais durou êsse manejo semelhante ao de um animal enjaulado. um du Guénic branco e rosado. observado pelo cura e pela Lia de GarAd #34O CENAS DA VIDA PRIVADA lota que conversavam sôbre o abatimento maior ou menur do rapaz. A família. a fim de usarmos o têrmo da província. o Cavaleiro du Halga. assim é que todos o observavam quase que sorrateiramente.Amanhã de manhã eu repreenderei Calisto . nada percebia de funesto ou doentio em Calisto. e foi enterrar a cabeça no travesseiro onde a dela repousara. po dia imaginar o fim daquele primeiro amor num coração tão ingénuo. . fatigado. 1 . imorais. cada qual deixou suas cartas em cima da mesa e todos se entreolharam no momento em que o rapaz fechou a porta do quarto. a não ser que o sistema tenha conservado sua priinitiva delicade za. Por isso a Srta. prosseguindo em seu plano. tão sincero quanto o de Calisto. se deitara cedo. fazia suas provocaçõezinhas a Calisto. *du Halga.Não quisera ir-me dêste mundo sem ter visto meu netinho. ao vê-lo um pouco taciturno. Vil O JOVEM DOENTE Durante alguns dias.disse o barão. não se sentiu mais senão com fôrças que lhe permitiam arrastar-se até à estrada de Guérande. modos inconvenientes. a qual. no qual ela achou. Calisto foi regularmente às Touches. encontrou a companhia habitual.Êàe nada tem . Ocura.deetr?d inortal. . naquele velho solar. seu silêncio e sua sobriedade acabaram por inquietar a mãe. no lugar em que vira Beatriz à janela. que defendeu o velhomarujo. ao voltarem para casa. profundamen te melancólico.disse a baronesa. Ninguém.disse a Srta. Interpretavam a indiferença daquele infeliz moço como sendo uma submissão aos seus projeto-s. . à noite. ocupada em jogar a mouche.Acredita que isso o divertirá? perguntou o cavaleiro. des Touches assustou-se a princípio com a atitude calrna e resignada assumida por Calisto. (a jaul a dêsse apaixonado em estado de desespêro era. dando o braço a Beatriz. feliz com a par tida das parisienses. As duas velhas tias e o cura. Um homem resiste a um desgôsto violento que mataria um rapaz. Durante todo o serão. de onde tentara precipitá-la no mar: ficava algumas horas de itado em cima do buxo. .é preciso casá-lo o mais depressa possível. Carlota olhou severament e para o Sr. de Rochefide. a Srta. % . e dêle não obtinha senão conselhos para jogar a mouche. segundo a expressão de La Fontaine. e f icou durante todo o serão em companhia da mãe . com a cabeça coberta com unya touca bretã. girava em tôrno do gramado . e todos sentiam-se felizes com isso. quis rever o quarto de Beatriz. significando-lhe assim ao inquietaçõeo do poder. Calisto lhes ia ser restituído. Calisto permanecia . onde por vêzes passeara. depravados?sem religião e ridículos com sua cadela.entre a mãe e a noiva bretã. e partiu. "os lugares honrados pelos passos #e iluminados pelos olhos" de Beatriz). Ouviram com ansiedade o ruído de seus passos. Depois -de uns quinze dias.disse êle. Voltou para casa. no seu berço. apesar das observações. Calisto deixou de atravessar o pequeno b raço de mar. . Suas excursões solitárias. . Antes de deixá-la. . OalmÔço foi alegre. Carlota. e assim minha paixão #terá servido. Os pais estavam na janel a e olhavam com uma espécie de enterneci. mas para aconselhá-la. esteve muito animada. contemplando a casa como sua. beijou-lhe os cabelos. terminava um discurso matrimonial. Calisto viu chegar Carlota. Carlota.disse a Srta.disse a tia Zefirina. . Em tôda a cidade. dizendo a Calisto: Êles nos estão examinando! Mas não nos ouvem . colhia os frutos #da árvore da ciência. ao qual o rapaz não sabia o que responder: conhecia a ignorância da tia . dizendo-lhe ao O11vido a boa nova. Dep ois do almôço.replicou suavemente Calisto.. mas nos vêem. mento.disse Carlota..Como ficaria bonital Como se seria feliz aqui! Você mudará alguma coisa no interior da casa. Calisto? . vestida desde manhã com um requinte e xtraordinário. o qual esfregou as mãos e restituiu a vida à baronesa.. Po r isso.E eu também .Case-se. onde perinaneceu até tarde da noite. Calisto.disse o rapaz.replicou Calisto.you confiar-lhe meu segrêdo. . cujo c oração não está livre.Não nos bretães . recusando-me. Não fale disto. pediu apenas alguns dias ao pai.você não poderá amar mui to tempo essa mulher que. no fundo.Não terei tempo para isso. para poder fazer a felicidade de outra mulher. . .Lle não fala . -corn os olhos rasos de lágTimas . de Pen-Hoêl.pergu ntou Carlota. arriscando essa opinião com excessiva timid ez.meu irmão admoestará o filho e combinaremos tudo. e que é enorme para a Bretanha. nunca comeu tão po uco. estou enfraquecido como um homem a quem tivesse abandonado â alma.Vamos! seu velho reformado. em nome da nossa amizade de infância. e aproveitou essa circ unstância para entabular a conversação. e que me ama. Não. a q uem o barão fizera um sinal. Pegou a cabeça da moça. na sala de jantar. esquece tudo . Um prego empurra o outro. já me teria atirado ao mar.disse o rapaz.Quando está pensando no seu tempo de moço.com a fortuna que sua tia lhe destina. espalhou-se a notícia de um acôrdo entre os du Guénic e os Kergarouêt. . e sei q ue desde nossa infância nos tinham destinado um para o outro. . . que seja você quem provoque a ruptura. para não lhe causar nenhum dano.Êle está apaixonado . Carlota . .Venham almoçar conosco amanhã de manhã . da mãe e dos amigos da família. Encontrará um titular. difuiidida por Gasselin. segurando-a pela mão.disse o cavaleiro. Diga que não quer saber de um homem. Não a trouxe aqui para dizer-lhe o que você já sabe. no momento em que o barão. a cozinha do diabo não lhe senta bem.disse o cavaleiro. . Você não pode imaginar quanto a vida me pesa! Não posso suportar nenhuma luta. Sentemo-nos.não se sabe o que êle teiri. segundo dizem. . . Carlota virou-se para a bonita fachada. .Mas essa mulher é casada. .respondeu Calisto. . saiu pela aléia que ia ter ao iportão da entrada e refugiou-se em casa de Camilo. você poderá escolher alguém melhor do que eu. êle deu-lhe o braço e levou-a ao caramanchão. .É verdade que em outros tempos vossa flâmula flutuou nessa coluna torcida? . o próprio princípio da sua vida.Esperarei . . de que vive? se se alimenta nas Touches.disse Carlota. a£hava-se no isolamento e não falava mais a linguagem doméstica. Calisto saiu pela escadaria do grande salão e koi ipara o jardim. fugiu com um cantor. Adeus. onde Carlota o seB E A T R I Z 341 guiu. minha querida Carlota . No dia seguinte.. Sem o desgôs to que a minha morte causaria à minha mãe e à minha tia. bastante inquieta com o silêncio do seu prometido. não pôs o dinheiro no cêsto . Amo demasiado a uma pessoa que você viu. e não voltei mais às rochas do Croisic desde o dia em que a tentação se estava t ornando irresistível. . do pai. minha querida Carlota . não.disse a velha Zefirina a Carlota e a Jaquel ina. ao menos. pegando-lhe as mãos e beijando-as. Cêrca de começos de Outubro.Não . Mas dia a dia foi fi cando mais melancólico..Viu a Sra.Meu filho. Calisto estava magro e pálido. Ela deve sentir muito frio no seu caixão! Muitas vêzes pensei em ir buscá-la para fazê-la dormir na nossa querida Bretanha. com eçava a sentir alguns arrepios regulares que denunciavam febre.disse ela .Até à morte dela. . suas fôrças diminuíam. na alameda. venha buscá-los em minha casa. perto de min11 mas ela jaz no meu coração. cuj o clima a matou. Seus olhos.Ao voltar a uma hora da manhã. Calisto pegou-lhe as mãos c apertou-as. corn Beatriz . segundo a expressão do marujo.leiro. de meu protetor e meu chefe: mas nos "amávamos tantol . a Calisto: . desesperadas as duas.replicou Ca.Faz ano ta e oito anos que não prestei mais atenção a mulher. e espera ndo-a.Essa pequena é em tudo semelhante à que ela acariciava com suas belas mãos e punha no colo. durante seu passeio na alameda. que tem na tez alguma coisa da senhora almiranta. Três dias -depois. morreu com quarenta e nove anos. Calisto ia em companhia do Cavaleiro d u Halga. Nunca olho para Tisbé sem ver as mãos da senhora almiranta. Naquele momento.r a cinqüen nenhuma.respondeu o cavaleiro com uma vivacidade que não lhe era habit ual. desde os cataventos das Touches até os recif es que lhe indicavam as vagas espumosas que brincam por cima dos escolhos por oc asião das fá marés. Vamôs à Irlanda. listo.exclamou a baronesa. Ah! . não permanecia bom e meigo senão para a mãe.Apaixonadamente . Entrou mansamente.perguntou-lhe da segunda vez que. Quando você souber onde e stá a Sra. o qual vinha inútilmente ?buscá-lo para o passeio. de Rochefide. Calisto agradeceu ao ancião cuja existência causava-lhe inveja. O cavaleiro enxugou os olhos. o qual sentava-se ao sol num banco de onde seus olhos abarcavam a paisagem. . -parecia não querer a ninguém. em São-Petersburgo. OCavaleiro era a única pessoa com quem êle tr&ava algumas idéias.Quero mais a esta cadela do que à minha vi-da .Parte amanhã com a tia.disse êl-e mostrando Tisbé. tenho por tôda fortuna cento e quarenta luíses. .perguntou Calisto ao cava. encontrou a mãe trabalhando na su?. dir-se-ia que todos o feriam. . . de Rochefide? .E foram felizes? .Quantas vêzes pensei eu em fugir para lá1 . o cavaleiro disse. ou o ardor do combate aos intrépidos lutadores de nossa civilização atual. . Alguns dias depois da partida de Carlota.olheiras. A baronesa seguia com inquietação cre soente os progressos daquela loucura.respondeu o capitão du Halga. Sómente ela c~eguia à fôrça de rogos que Cali?sto tomasse algum alimento.indagou Calisto. fazendo-lhe desafios de velho.Amou várias mulheres em sua vida? . na emigração.respondeu êle. o jovem doen te deixou de ir à ialamêda em companhia do cavaleiro. . apertoulhe a má(.e perguntou-lhe. tinham o brilho que um pensamento fixo comunica ao s solitários.Não .Ela amava-o? . adivinhara na quele ancião um apóstolo de sua religião e reconheceu nêle os vestígios de um amor eterno. .disse o cavaleiro. . #. .acrescentou êle. -. cercados de. meu filho . #442 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 343 .Carlota partiu? . para ir vê-la.Era ela livre? .Uma única .AhI sofri muito! era a mulher do meu melhor amigo. salvo sua mãe. tapeçaria. bolinaram em conserva na alameda. . Sua mãe a joelhou-se-lhe aos pés supliCando-lhe que coniesse. Obarão refez-se de fôrças e saiu de sua apatia. o filho querido não subiu mais Para deitar-se no segund o andar. cujo rosto se tornara branco e adquirira tons de cêra. Patrões e cri ados.Eu lhe contarei a minha primeira aventura. rezava a Deus na sua poltrona. a velha Srta. uma noite. todos estavam aflitos com a obstinação de Calisto. Não obstante não falhou nunca a uma das reuniões da noite do solar -dos du Guénic. como se o facho de sua vida tivesse sido agitado. mas queria saber tudo e. ipai e filho estiveram tão perig osamente doente-s. a tôdas as perguntas. onde o imobilizava sua fraqueza. ordenou que fize ssem exercícios e que o distraíssem. chamava-as à parte a fim de conhecer o estado do irmão e do sobrinho. inúteis. onde reinava a desolação. ela deixou cair o tricô. do abade de Grimont que passava. de Rochefide. Quando. não ocorria ao espírito #de nenhuma daquelas pessoas que aquêle pobre rapaz pudesse morrer de amor. no dia em que suas instâncias foram. que foram obrigados a mandar buscar. los vizinhos. como -todos os jovens melancólicos. durante um aa modorra de Calisto e do pai. ninguém podia ar. A baronesa não saiu mais daquela sala. tornou-se moço. juntava as mãos. ingerido com repulsa.Seu filho está bem doente disse à baronesa o Cavaleiro du Halga. Gasselin e seus dois belos cães de caça.m-lhe a cama na sala baixa o e êle ali permanecia a maior parte do tempo no meio da família. Desde o dia em que Calisto não foi mais à sua casa. tornou-se uma grande notícia: falou-se -nis so em tôda a região e mesmo em Nantes. acele rou a febrícula lenta que devorava aquêle belo rapaz. Ao menor movimento que o filho fazia. porém. atacavam suas provisões: por isso tomara ela a resolução de entregar suas chaves. Sua máscara lívida e contraída traía um ser inteiramente passivo. mas não saiu mais de casa. Calisto. fizera. em voz baixa. de PenHoê1 lhe disse que era sem dúvida preciso resignar-se a ver Morrer o barão. Estava virado para o leito ocupado por Calisto e olh ava-o continuamente. A assiduidade. Ocaval eiro não possuía nenhum exemplo de semelhante morte colhido nas suas viagens ou nas suas recordações. a pedido do ?Próprio médico de Guérande. rancar-lhe um sorriso. que finalmente recor reu ao médico de Guérande. porque o pai e o filho tinham igualmente frio. a todo instante. conduzindo Calisto no mesmo estado. Calisto. Dotado dessa espantosa lucidez que a natureza dá aos ?ioribundos. Calisto obedeceu ao pai e durante alguns dias os três caçaram. cts dois mais famosos" médicos de Nantes. . .dizia êle. Calisto esforçou-se em vencer sua repugnancia para agradar à mãe. sózinho com seu pensamento. foram à floresta e visitaram os amigos nos caste. Felicidade -pediu ao cura de Guéra nde que a fôsse ver. não tendo mais suficiente agilidade para seguir "Mariotte. o médico ten#344 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z tou cortar a febre com quinina e a febre cedeu por alguns dias. Poucos dias depois dêsse regresso. nas Touches quase :tôdas as manhãs e por vêzes lá jantava.. Obarão. Levou consigo Calisto. reme xeu num bôlso e de lá tirou um velho ro sário de madeira preta e pôs-se a rezá-lo corn um fervor que restituiu a seu seniblante antigo e dissecado um esplendor tão . Oalimento. numa horrível inquietação: pediam-lhe lenha. Todos atribu?am a magreza de Calisto à falta de alimentação. Obarão fôra como que fulmina do pela transformação visível de Calisto. comprazia-se em saborear a morte. onde a velha Zefirina tricotava no canto da chaminé. sem contudo julgá-lo em perigo. respondia que estava às mil maravilhas " e. êle sentia uma viva com oção. não se alegrou. enquanto o filho se fazia velho.Falaremos da Sra. permanecia no jardim. . interrogava a criada e a cunhada. Nos últimos dias de outubro. e fugia de tôda sociedade. s entado no banco. tremia cortio uma criança por ver sua raça extingui r-se: não dizia nada.. vencido pela fadiga caiu çQm a horrível prostração e foi obrigado a voltar para casa. aquecia-se ao pálido e inorno sol de outono. retardadas no seu trajeto pelas numerosas ruga s do rosto. cansaram Ca1. Aqui estão cento e quatro luíses .Fui a primeira em rogar a Deus. . para que Avisem-me do dia em que ela puse matou o ai e o filho. o qual caiu sentado na sua poltrona. . Foi nesse momento que os três médicos entraram.exclamou Zefirina.disse o barão.disse a baronesa.Calisto morre! . A velha Pen-11oê1 olhava-a. -talvez. . rética! Maldita seja ela e que Deus jamais a perdoe! ela despedaçou os du Guénic. para se moverem. de Pen-Hoêl.Ela p Pensa que não ouço a voz fraca de CalistO? êle mal tem fôrças para falar. a velha solteirona passou as mãos pela abertura dos bolsos e desatou a saia de baixo. . sôbre a saia. que não via com clareza? .infelizmente. .énic. a qual produziu ao cair um som pesado. Assim seja possível ela realizá-las.e êle não me atendeu. .disse o cura.Mas êles a estão vendo! .disse o cura com "voz sutaevme.Bastará isso? . . a mais horrível das doenças de minha terra. de onde correram duas grossas lágrimas que deslizaram lentamente.rec onheço nêle todos os sintomas da consunção. a um sinal do -cura. . seria provàv elmente necessário ir a Paris consultar os homens mais competentes da ciência. . . bem novos.Eu os apalpava. pegou-lhe a s mãos e olhou-o. . uniram-se à elevação mental da Srta. .exclamou a velha. ela não É as intenções a respeito dêle. . surpreendiam-se de vê-lo ainda em vida.exclainou a velha Zefirina .vigoroso que a outra velha tia imitou #a amiga. que nô-lo roubou. êle houvesse derramado em tôda a sua vida. que os descoseu com uma rapidez que par ecia coisa de magia. . pois que. . .Trinta e sete . Omédico de Guérande comunicou tranqüilamente à baronesa que.disse ela ao ouvido da amiga. .de convidar a Srta. . .o autor de tôdas as nossas desgraças. . a convicção dos três -foi co mpleta num instante.rodo o mundo vai ficar sabendo quanto wm. mas quanto ao pai o exame foi rápido. e ficaram na parte inferior das faces. Que vivas1 .isto cop perguntas.respondeu Zefirina. meu pai? _ perguntou Calisto. a senhora. sou seu fiador.Faríamos bem. r os pés aqui.disse a baronesa. . continuando sua conta. recordando-se da carta fat al escrita por Calisto. seja qual fôr a causa. pediriam mais de cem luíses. . manifestando uma admiração estúpida. . onde os conseguiu.Morre-se de qualquer coisa. depois todos.respondeu Calisto ao ancião. #346 CENAS DA VIDA PRIVADA . dq G u.exclamou #o barão. Co nhecia tão bem os lugares . que lhe ensinou uma linguagem he. se-não bunia criatura sant a e virtuosa. . deu alguns passos na direção do leito do filho.CerV luíses! .Duplos luíses.Onde achamos cem luíses para mandar vir os médicos de Paris? Ainda é tempo . mas o amor não é nada disse a Srta. tinindo. 345 que lhe fêz ler livros ímpios. ela que o afastou da família. Ergueu-se sôbre as pernas. eu me retire. as duas únicas lágrimas que. abrindo os olhos.Ela talvez o reerga .Quarenta e dois. sem dúvi da.gritou Zefirina. Calisto está morrendo disse a baronesa. des Touches para vi r ver Calisto. .E o salvariam? Sem esperar a resposta da cunhada. .Não -poderia viver sem Beatriz .onde cosera seus luíses.Que quer o senhor.Ela! . relativamente a ?Calisto. As moedas de ouro caíam uma a uma. de Pen-Hoê1 explicou o assunto ao cavaleiro.respondeu o rapaz.A caminhol . Não há senão uma c oisa no mundo que tenha sua côr e sua forma. tanta era nesse momento a admiração que lhe tributava. não me refresca o sangue. como um pastor deve defender uma das suas ovelhas p referidas. ao ver tais riquezas. tirando do seio e mostraindo-o. Sua dor fêz seu amor calar por uta B E A T R I Z 347 momento. a baronesa levara o filho ao banco do f undo do jardim. a multidão a montoou-se na viela.não há mais vida em mim: o que eu como não ine nutre: o ar. Achavam como uma calamidade púb lica a extinção daquela anti&a Taça bretã. . Oancião expirou na sua poltrona em presença de te h família reunida. . Essas palavras difundiram o pavor. . ao entrar em meu peito. Essa cerimônia impressionou Calisto. Viverei. não pôde conter as lágrimas. pois quanta fôra a repulsa q ue manifestara anteriormente por ela. . ajoelhado. enquanto o Abade Grimont administrava os últimos sacramentos ao velho guerreiro bretão. onde tu vês as esculturas inundadas de claridade.Vamos. como prêmio aos meus esforços. que êle bem o sabia . jurame que te casarás.Morro fiel ao rei e à religião. fôra buscar a Srta. . des Touches. Se Beatriz aqui estivesse. . sua aparência. Calisto respondia com doçura e submissão. Ocura. A baronesa e Zefirina ficaram mergulhadas em vivas dores ao Ver que. junto ao filho doente. Mandem chamar 9 padre.posso morrer.dizia êle. a Srta. eu vejo formas indistintas. apoiado no ve lho Cavaleiro du Halga. e vinha trazer-lhe cento e quarenta luíses que tinha à disposição de Calisto.Se quiseres tornar minha morte tão suave quanto Fanny me fêz feliz a vida. Calisto estr emeceu .Prometo-lhe. ou antes. envôltas num nevoeiro. estavam cheias de gente. suas respostas revelaram loucura maior do que a dor que o seu silêncio anunciava.respondeu o cavaleiro. No dia em que a família se cobriu de luto. e obedecer-lhe-ei. apesar dos esforços para obedecer ao pai. o ramo emurchecido que a marquesa lhe d eixara. A baronesa não se atreveu a perguntar mais nada ao filho. quando êle ilumina para ti a -fachada de nossa casa. tudo voltaria a ser brilhante. e defendia-a. que se acha em fre nte ao pórtico. Calisto permanecia num torpor de funesto augúrio. Tôda a cidade estava emocionada #por saber o pai moribundo.disse o barão com voz dorida. Calisto. Calisto.Minha mãe . . Calisto sentou-se na cama e bradou alegremente: . meu pai. . os salineiros e os habitantes de Guérande ajoelharam-se no pátio. Mariotte.Êle viverá . mas suas respostas eram desesperadoras.Mas wrvir-lhe-á talvez para correr atrás da sua marquesa .-perguntou o Cavaleiro du Halga que chegou naquele instant e e não pôde explicar a atitude da velha amiga.Que lhe acontece? . A igreja e a pequena praça. e interrogou-o. durante a agonia do heróico defensor da monarquia.. . os camponeses. o sol parece-me frio. vinda de um raio de mais de dez léguas.disse a baronesa em prantos.Oouro não lhe restituirá a saúde . VIII MORTE E CASAMENTO Ao espalhar-se a notícia do estado desesperador em que se achava o barão. meu pai. . Meu Deus. Em duas palavras. e. ao ver o pai empalidecer pelas cruéis emoções dessa cena. apresentando a saia cheia de luíses. Entretanto. ôdea oarando. que conhecia a sentença proferida pelos médicos. permaneceu.disse êle. .disse o cavaleiro. é esta flor e esta folhagem disse êle.Eu tive conhecimento disso. . contemplando os progressos da morte. como neste momento.seguindo o ataúde do velho e presidindo o cerimonial. disse a Gasselin que fechasse a porta? * . fazei com q ue Calisto viva! .um espectro conduzindo uma sombra. Foi um espetáculo comovente o de ver Calisto. tirando do bôlso dois rolos e mostrando-os. ao avistar a Srta. e não restava por ca sar senão a penúltima. Os três hospedaram-se na residência dos Grandieu. venha. fizeram a Calisto as honras de Paris no momento em que a estação das festas ia iniciar-se. êle Ocultava uma iindiferença secreta que a baronesa percebia e que espera va ver dissipar-se pelos prazeres de um casamento feliz. que readquirira suas côres e seu viço de juve?ntude. partiram para Paris oito di as após a morte do barão deixando o cuidado dos negócios familiares à velha Zefirina. e Calisto. e Durante a viagem. Aparentada com a família de Grandicu. a Calisto que percorresse Paris. de Rochefide em Sabina de Grandicu. através das vidraças que #se correspondiam: Felicidade lembrava-lhe Beatriz. Sabina de Grandieu representou tanto melhor seu papel. ouviu sem repugnãoncias a mãe lenlbrar-lhe a promessa feita ao pai moribundo. herdeiro de seus títulos. o jovem bretão du Guén ic. a qual era então. . Mas obedecendo embora à sua ri promessa.E então. ela consagrava um milhão à requisição as terras da casa du Guénic. des Touches à mãe a qual apertou-lhe a mão. pela qual alguns especuladores ofereciam dois milhões e quinhentos mil francos. onde a baronesa foi recebida com tôda distinção a que seus nomes de -casada e de solteira lhe davam direito. Felicidade conhecia os projetos do duque e da duquesa. Omovimento de Paris proporcionou violenta s distrações ao jovem bretão. des Touches aconselhou.solteira. Sôbre o resto do preço de venda da sua casa da rua do Mo nte Branco. os quais destinavam a última das suas cinco filhas ao Visconde de Grandieu.zarem. #148 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 349 A Srta. naturalmente. . Calisto . file achou algumas semelhanças de espírito com a Sra. no caso dos seus projetos -e reali. a Baronesa du Guénic. e falando -de seu casamento com Sabina de Grandieu. A ternura de Felicidade por Calisto preparara o mais belo futuro para aquêle pobre menino. A Srta. (ics Touches. então com vinte anps de idade. Foi pois a Camilo que as dua s mulheres desoladas deveram o único clarão de alegria que brilhou no meio de seu luto. acompanhada para essa solenidade por seus parentes vin .disse a Srta..Nós o salvaremos . e concedeu então #às suas faceirices um aa atenção que nenhuma outra mulher teria obtido dêle. Seu procurador acabava de substit uir essa habitação por uma das mais belas residências da rua de Bourbon. anunciand olhe que vendia sua casa da rua do Monte Branco. No dia em que a família de Grandieu e a baronesa. O rosto emagrecido e pálido daquele rapaz enlutado ficou 1?go levemente colorido e um sorriso animou suas feições. ela sabia que Clotilde Frederi ca. enquanto ela procuraria saber onde se achava Bea triz naquele momento. ao vê-lo. por ter-se agradado de Calisto. Felicidade pôs a baronesa ao par dêsses arranjos. As coisas foram levadas tão bem que. vera à duquesa de Grandieu a história de Calisto. de Rochefide. chorando de alegria. queria permanecer . ela escre. a linda Sabina. e dispunha de sua fortuna em benefício de Sabina de Grandieu que ela encarregava d e curar ?Calisto de sua paixão pela Sra. fora Cte tôda dúvida. que ela destinara para Calisto. sem entretanto fazer-se freira como a mais velha. suas filhas e seus amigos. Estavam mobi lando então o palacete da rua Bourbon. comprada por setecentos mil francos. a segunda. entregando-o às seduções de tôda natureza que ali o esperavam. durante o inverno de 1837. des Touches. des Touches. cujo ramo ducal terminava com cinco filhos. o carro está pronto. vamos j untos buscar Beatriz. uma das mais belas e mais encantadoras raparigas da alta sociedade iparisiense.disse a Srta. A duques a. ro encarregado do meu castigo. Calisto. m como um perfuine nas flores de sua vida. antes de o ler. ser al go assi . e as dores vieram de mim mesma. a ela mesclar-me para sempre sem lhe ser importuna. Querido. como eu o fiz. querido. Per mita à pobre Camilo. em cuja fronte todos podiam ver algumas tiuvens. se meus cálculos não me enganaram. você atirou aquela rapariga audaz e perversa. centrada: era o melhor amigo de Alberto Savarus. A mulher não é a igual do homem. também frente a um altar. Sou hoje o que de veria ter sido. Nesse momento e no meio da estupefação das duas famílias. a sociedade na qual você deve viver ndo poderia existir sem a religião do dever. 156 o notário da família. Não venho entristecê-lo. e que Leopol do Hannequin. depois de me haver erguido pelo pensamento acima dos pequenos interêsses mundanos. uma criança cheia de inocência. pe lo meu bem-amado Calisto! com que doçura dou-lhe êsse nome. nem em tôrno. Sim. e quanto é doce o pensamento de ter cumprido com o meu dever. minha vida foi como um longo acesso de egoísmo. possivelmente. (Ver o II volume desta edição. mas pedir-lhe de não entravar por nenhuma falsa deli. eu estarei numa casa religiosa em Nantes. e [posso apresentar-me ante os altares levada por um anjo. e do meu perdão. devo-os a você. cujo clarão lhe indicou o verdadeiro caminho. ao entardecer. você entraria com passo firme e sem olhar para trás. Sela . Se o amor é um sofrimento. embor a morena. de pés e mãos atadas. dando sua mão a uma jovem e encantadora moça que poderá amá-lo à face do céu e da terra. deixando-se arrastar pela p aixão e pela fantasia. No dia em que você estiver frente a um altar. você fêz-me dêle a mais horrível das solidões. se reuniram no grande salão do palácio de Grandieti. cadeza o bem que lhe quis fazer desde que o vi. recusou peremptóriamente aceitar as vantagens que lhe concedia a Srta. mas não tenha remorsos: os únicos praze res que gozei em minha vida. não quer que eu me desobrigue para com você pelo dom de alguns bens frágeis e passageiros? Ca1 recerá você de generosídade? Não vê você nisto a última mentira de um amor desdenhado? Calist . acreditando estar ela à procura de Beatriz. Recompense-me pois de tôdas essas dores passadas. Se conhecesse a tranquilidade sublime na q ual vivo. Deixe-me. a Marquesa de Rochefide. antes de entrar para a minha cela de postulante. nestes últimos tempos. lavei meu vestido nos prantos do arrependimento. na porta de minha casa. é-me permitido dirigir u m olhar sôbre o mundo que you deixar. senão fazendo de sua vida uma contínua oferenda. como um mensagei . ante Deus. Por isso. de contribuir com um pouco #para a felicidade material de que gazará todos os dias. ainda contava com o devotamen to de Felicidade. que minha resolução santificou! Amo-o sem nenhum interêsse próprio. mas noi va para sempre daquele que não trai ninguém.na entrou vestida de modo a lembrar. para ingressar no mundo da Prece. sem você o mundo para mim na156) LeoPoldo Hannequin: personagem da Comédia Humana. foi para mim o mundo todo. segundo o nosso nobre lema. Dever-lhe-ei sem dúvida a felicidade da vida eterna. des Touches. Sabi. Ora. assim como a do homem é uma ação perpétua. em meio a uma cerimônia. Não me conteste direitos conquistados por tão elevado preço. Minha voz chegará. e levou: a incrédula Camilo Maup in.dos da Inglaterra. e entregou a seguinte carta a Calisto: CAMILO A CALISTO Calisto. sem pôr nisso nenhum outro desejo além do da sua felicidade. como a Igr eja ama uma criança. que. à qual me era impossível assistir. Ouça esta confissão de uma mulher para quem a glória foi como um farol. na sua bela vida! Escrevo-lhe pois sobretudo para pedir-lhe que seja fiel a você mesmo e aos seus. Já en. dando-me uma alegria eterna. e você a menosprezaria. explicava o contrato. ah! eu o amei muito. Deus colocou-o. como uma mãe ama seu filho. Poderei orar por você e pelos seus. Êsse olhar é inteiramente para você.) #?5O CENAS DA VIDA PRIVADA da mais era. o autor de livros e de peças que you sotenemente renegar. que não mais existe. Calisto. . Clotilde. trajando seus mais belos uniformes. Calisto e Sabina subiram para um bonito carro de viagem.disse o jovem barão. procure substituir-me junto à min ha querida Sabinal Na frente dêsse carro. com grande contentaInento da assembléia. . ao oferecer-lhe os lucros que o tempo me conseguiu sôbre o valor dos meus bens em Paris. mais ciúmes de uma rapariga morta para o mundo. ao passo que os homen s sorriem. para a qual wrria o Visconde justo de Grandieu. as mulheres sabem mais ou menos o que arris cam. de pai. tanto quanto as mães. traziam todos ramos na boto eira da lapela e fitas nos chapéus. repuseram as fitas. mostre neste século sem -religião nem princípios o gent il-homem em tôda a sua glória e em todo o seu esplendor. aceite pois uma ?arte da minha. Querido filho de minha alma.Vamos. #escreve-me com freqüência. segundo o uso de algum as famílias do Faubourg Saint-Germain. As filhas c asadouras. . #. que o Duque de Grandieu teve infinito trabalho para fazê-los tirar. adeus. apoiada na sua irmã mais moça. felicitações e lágrimas de vinte pessoas. O casamento não se compõe sómente de prazeres. o postilhão francês é eminentemente inteligente. . êle implica conveniências de gênio. por entre abraços . Calisto. QUARTA PART£ OS ADULTÉRIOS VELADOS i DAS VIAGENS NAS SUAS RELAÇõES com OCASAMENTO Na semana seguinte. as lágrimas vIa m_se nos olhos da Duquesa de GrandIleu e nos de sua filha Clotilde.disse a -duquesa. a qual.grande. Pensei mais em seu filho e na sua velha casa bretã do que mesmo em você. Os quatro postilhões. Reerga a fldmula abatida dos du Guénic. simpatias físicas. é um fideicomisso. imole suas fantasias aos seus deveres de chefe. aquêles aceitaram o dinheiro. de espôso. dirigiu à recém-casada um olhar sutil através de suas lágrimas. ei s porque as mulheres choram quando assistem a um casa. mesmo pagando-os. nada mais lhe -digo. circunstâncias de caracteres que fazem dessa necessidade social um eterno problema. . reunidas ou agrupadas sob a mar. está à mercê de um homem que não casou por livre e espontânea vontade. foi celebrada às sete horas em São Tomaz de Aquino. e ambas tremiam. êstes julgam nada arriscar. achava-se a Baronesa du Guénic. ao chegar às barreiras exteriores.Assinemos . mas você me compreende! . embora tenha tido sómente um filho. e da qual não verá mais do que as mãos erguidas para o céu. que servia de correio. a q uem a duquesa veio dizer: . e atrás du as criadas de quarto. .mento. AtenaYs.. depois da missa do casamento. Hoje a nobreza tem mais do que nunca necessidade da fortuna.A senhora é mãe. Não é uma doação. deixe-me representar um pouco o Papel de mãe: a adorável Fanny não terá . mas é apegado aos seus gracejos.. Sabina! . e faça dela um bom uso. agitadas pelo mesmo pensamento.quise do palácio de Grandieu. via-se um criadinho de libré. Calisto. e seguiu com o olhar o carro #ON 352 CENAS DA VIDA PRIVADA B B A T R I Z 353 que ciesapareceu ao fragor dos estalos reiterados de quatro chi(:otes mais ruido sos do que pistolas.Ei-la atirada na vida! Pobre Sabina. mas.lembra-te da tua promessa. pois cada -carro estava atrelado com quatro cavalos. Em outro carro que precedia o dos recém-casados. As felicitações vinham das quatro testemunhas e dos homens. tão fugitivos nesse estado como em outro qualquer. conhecem os termos e os perigos dessa loteria. Antes do casamento receberam da sociedade e da mãe o batismo das boas maneiras. a não ser a recém-casada? E quantas mulheres reconh ecerão aqui que essa estação de duração incerta (algumas há que durem uma única noite!) é o prefácio da vida conjugal. eu o amaria.das e para muitas mulheres velhas. faz dois dias. êsses dons de raça tornarão talvez essa jovem senhora tão interessantemente quanto a heroína das Memórias de Duas jovens Espôsas. li UMA CARTA MODÊLO A SRA. . a fim de casá-la.Mas isso não se faz. a barreira de Passv. como Sabi na.Em alguns segundos. com um homem amado téo completamente. e que. só se confiam a uma mãe. de Chaulicu. ai de mim! elas são maiores do que a senhora as imagina va. de dizer-lhe uma porçáo dessas coisas que. por que não direi em pou cas horas? Tôdas as suas recomendações tornaram-se inúteis e adivinhará como. sem contar todos os outros advérbios que lhe aprouver acrescentar? Por . Sabina.Não ria disto. Apesar da s atenções afetuosas da família de Calisto. Não é uma coisa pelo menos singular que os artesãos da Suíça e da Alemanha. pois. são anuladas sob o duplo pêso da desgraça e da paixão. querida mamãe. exibindo-se públicamente. querida! etc. ou n aquela que se oculta à família. mas. se na que se esconde do público inaugurando o lar e o leito doméstico. ciosas de legar suas tradições. Abril de 1838. e sim pousar nêle. Quer dizer que. finalmente a estrada real para a Bretan?a. Mas as moças de Faubourg Saint-Germain. desde a idade de dezesseis anos. pelo hábito das grandes at itudes. nenhuma de nós o ignorava e a senhora não me ocultou as dificuldade s com que ia deparar. enquanto lhes dura a alegria. banqueteandose em tôdas as tabernas. L. Quem pode narrar uma lua de mel. ignoram muitas vêzes o alcance de suas l ições. uma pérola. o dinheiro. no fundo da Bretanha na mansão du Guénic. e as grandes f amílias da França e da Inglaterra obedeçam ao mesmo costume e se ponham em viagem depois da cerimônia nupcial? Os grandes se amontoam numa caixa que rola. não será nova para algumas jovens casa. uma jóia cinzelada pela primeira das artes. virgens aperfeiçoadas pelo espírito. devia ser da escola da Srta. a alegre comitiva chegou à esplanada dos Inválidos. sabem servir-se de eus binóculos. quando se vir a inutilidade dess as vantagens sociais nas grandes crises da vida conjugal. As -duquesas. Orápido amor que inicia um casament o é um diamante. infelizmente. como fazem os bons burgueses. quando são espirituosas. nosso espírito está outro como as rodas. que experiência adquirimos em poucos dias. injustamente.or ter-se prestado às Combinações inrentadas pela Srta. Os pequenos vão alegremente pelas estr adas." Por isso burgues es críticos recusaram. alcançou pelo cais a ponte de lena. e odiaria meu marido. se viram como enfermeiras de um coração. Que fazer. sinto-o. absolutame nte. detendo-se nos matos. Omoralista ver-se-ia muito embaraçado para decidir onde se acha a mais bela qualidade de pudor. experimento uma viva necessidade de voar para junto da senhora. quando dizem às filhas: "Não se faz tal movimento . únicamente. inocência e virtudes a moças que são. por assim dizer. DUQUESA DE GRANDLIEU Guérande. são já mulheres pela cabeça. uma casa enfeitada como uma cuia lavrada. Querida mãe. como se êle não fôsse meu marido.. se casada com outro. des Touches. casou-se conservando no coração um grande pesar. à clara luz do sol pelos caminhos. Eis-me. diante dos desconhecidos? As almas delicadas devem desejar a sol idão e fugir igualmente da sociedade a da família. viajasse com Calisto. ou melhor dito. Ah! querida mamãe. Nunca se deve atirar sôbre um divã. não o perceberam logo. Tôdas aquelas que. a senhora compreenderá os motivos pelos quais ?ião lhe pude escrever em v iagem. As três primeiras cartas de Sabina para a mãe indicaram uma situação que.Não continue #corn êsses modos destestáveis1 . Galisto. involuntàriamente. um tesouro a se r enterrado no fundo do coração. pelo bom gôsto. onde. a estrada de Versalhes. com freqüência. como Sabina. por esta única frase: Amo Calisto. Essa finura inat a. e o Jovem caiu no mar. e fiquei pensativa.isso minha servidão estabeleceu-se.amor pela Sra. por um abandono. mas veremos mais tarde). Foi isso motivo entre nós de um pequeno debate que durou durante três mudas. um pouco demasiado de rapariga fácil (qualificativo que lhe confesso não ter aind a compreendido. sob pretexto de bem viverem com seus maridos. ao sairmos de Versalhes. as mudas. B E A T R I Z 256 pelos jornais de Garlos X: Orei cederá? 158 Finalmente ctepois da muda de Verneuil e de ter-lhe feito promessas capazes de conten. as paisagens. perguntei muito simplesmente a Calisto. êle muito sonhador. na situação em que nos achamos. sejamos ambos o que seríamos daqui a alguns anos. e que. sôbre a poe . veram a sorte de tôdas as coisas mitológicas. a dar-lhe crédito. . o senhor recitou-me. ra ao ouvido. . antes de atar as asas a seu filho fearo. nobre. a quem c hamei de meu querido Calisto.Minha querida Sabina. quero-a feliz. ter mina a lua de mel das jovens senhoras de hoje? Quando nos vimos sós no carro. . de jamais fazer-lhe exprobrações relativamente a essa loucura. Enfim. poderia a senhora imaginar que eu começaria por essa catástrofe que. ira. eu. segundo sua expres3ão. eu rindo com um risinho forçado. na sua opinião. Imagine que tem em mim um irmão. falamos sôbre a chuva e o bom tempo. a despeito de seus bons conselhos. Calisto e eu. que inventou a arte -de voar. Essas recomendações. com uma voz um pouco perturbada . consult ando consigo mesmo sôbre a fatal pergunta apresentada como um desafio 157) A materna (sic!) eloqüéncia de Dédalo: Dédalo.disse-me a senho. no seio da família. e quero sobretudo que seja feliz a seu mo do. fèz-lhe um discuT so solícito #para assinalar-lhe os perigos da emDTêsa. etc. de Rochefide. perto da barreira.Assim pois. um discurso. Sôbre essa declar ação de nossos direitos a uma frieza mútua. e aos quaís eu devia a felicidade de ser sua mulher. começam pela facilidade. pela complacência. Embora isso fôsse cheio de delicadeza. nada achei nesse Primetro specch do amor co njugal que correspondesse aos anseios de minha alma. ma primeira palavra. A senhora r ecomendou-me que permanecesse grande. pro curando mostrar-me uma rapariga voluntariosa e decidida a enfadar-me. o que eu ouvi com o coração palpitando e que tomo a liberdade de resumir-lhe. ApesaT da prudéncia. assim como êle me chamava de minha querida Sabina. constituem como que etapas para chegar Mpidamente à indilerença e talvez ao desprêzo. e cada um de nós. repletas da materna eloqüência de Dêdalo. do pai. depois de haver respondido que estava animada pelos mesmos sentimentos. Querida mãezinha do meu coração. seguramente com razão. fearo voou d emasiado alto: o SQ1 derreteu a cèra ciue ligava as asas. êle relatou-me seu . de o não tratar com frieza.disse êle. sentímo-nos tão bobos um como o outro por compreendermos todo o valor de u. com certeza preparado como todos os improvisos. pela familiaridade. #354 CENAS DA VIDA PRIVADA . . Êle hesitou durante muito tempo . olhou pela sua portinhola. a fim de obter de Calisto sentimentos que não fôssem Passíveis de nenhuma mudança na vida: a estima e a co nsideração que devem santificar uma mulher. ao invés de nos enganarmo s mútuamente quanto aos nossos caracteres e nossos sentimentos por meio de nobres co mplacências. se me podia contar os acontecimentos que o haviam levado a dois dedos da morte. tar três dinastias. um primeiro olhar. pela bonomia. 151 ti . aturdido pelo sacramento. digna e altiva. Era tão ridíc ulo que. A senhora manifestou-se. do modo mais gracioso dêste mundo..Lembra-te de que és uma Grandlleu! . como eu quero ver em você uma irmã. êle. contra as jovens #senhoras de hoje que. que se tornou meu anjo. seus filhos não empregavam mais o vós cerimonioso e sim o tu dos amantes. disse ao genro da senhora. SEGUNDO SCRIBE. consentiu finalmente em revogar ordenanças. depois conservou-a muito tempo entre as suas. Essa. sua Sabina achava-se na situação bastante falsa de uma jovem e spôsa ouvindo dos próprios lábios do marido a confidência de um amor -decepcionado. Ofeliz desditoso tomou-me a mão. Ah! querida mãe. Chamam-me para tomar parte num jÔgo de cartas que ainda não compreendi. informada oficialmente de que devia seu casamento aos desdéns de uma velha loira. ao ouvido: . Censurar-me-á. a Srta. já é bastante pôr-se a genteà frente de um tirano. 3 de Maio Retomo o curso de minha odisséia.disse-me êle ao terminar. Todo protesto precisa de assinatura. daquela chaga viva do coração que me fôra assinalado pela senhora? Portanto. Pareceu-me mais de acôrdo do que a primeira. bastante Amôres puxando uns aos outros. querida mãe. . eu estava no drama de uma jovem senhora. levou-a aos lábios. de Rochefide levou-me demasiado longe.. fi. #356 CENAS DA VIDA PRIVADA DE COMO. com ess a narrati . Devi essa felicidade à ml . quezas de uma afeição ingénua e sincera. em relógios ou nos mármor es frontões das chaminés para pôr em prática essa lição! Calisto terminou o poema de suas recordações com os mai .Esqueceste-a bem? Meu marido. à senhora do que a meu pai.. querida mãe. depotã da publicação das T eacionárias "?ordenanças de julho" de 183O. antes de mais nada é filho único. Infelizmente o desejo de fazê-lo esquecer a Sra. Ela sem dúvida adivinhou o heroismo do meu procedimento. 159 o SENTIMENTO CAMINHA RÁPIDO DE CARRO. invertemos os papéis. a vi . .. foi tão resoluta. e num filho único veio muitos tiranos. com o nosso estado civil. Daí seguiu-se uma declaração. 158) a fatal pergunta apresentada pelos jornais a Carlos X. Minha sogra. porquanto não se veste uma jovem criatura como o fizeram comi. e. o excesso de precauções as tornava visíveis. sem antes iniciá-la no seu papel. no comêço da viagem. Aqui entre nós. encantada de nos ver felizes . Tudo se deve dizer a uma mãe tão terna como a senhora. os delitos de uma rival! Sim. amanhã #continuarei. va ganhei o que procurava. se algum dia tiver uma filha. embora noss as bdeas nada dissessem. naturalmente. s calorosos protesto s de um completo esquecimento do que denominou a sua loucura. go no dia do contrato. eu me portei como uma mulhe . como acontece com todos os. des Touches. 16O pois puxei mais. já era tarde: a revolução havia tr iunfado. Assim pois. isso não é possível senão no fundo da Bretanha! . porque aquelas pa"lavrinhas deixaram-no quase louco de alegria.que haja segredos entre nós.. procurava tanto ocultar suas inquietações que. do que à sua vontade de f alar daquela paixão ignorada. nha verbosa indignação sôbre o mau gôsto de uma mulher suficientemente tô1a Por não ter amado o meu belo e enca ntador Catisto. 1 . Quando vi surgir as tôrres de Guérande. Pois bem. a um f ilho único. e a senhora ti nham sido obrigadas a tudo confessar-me. Calisto aceitou tudo de mim. procurou substituir-se à senhora. que quase foi a senhora para mim. QuanCio o rei diante da revolta de Paris. por ter eu querido conhecer a extensão daquele desgôsto. jamais daria uma filha minha. oito horas depois de ter sido abençoada Pelo pároco de São Tomaz de Aquino. Que quer! Amo e sou quase portuguêsa. No terceiro dia. Deixá-la neste momento para ser o quinto parceiro na mouche.quei profundamente ferida ao ver que êle obedecera muito menos ao meu desejo.Não quero . como as crianças mimadas ac eitam. p orque. O pobre querido ignorava pois que sua amiga. Oquê! dirá a senhora. que as sumem um papel com o desejo de apagar recordações. ignorava sem dúvidw as ri . tudo gente nasc ida numa tapeçaria de alto liço. amo-o absolutamente. francés mais? famoso da época d e Balzac.r devotada. hipotecadas faz cent . mamãe!. inventa<la por êle. assim o espero. e saída dali para provar que existe o impossível. Todos os arrendatários dos vastos domínios da casa du Guénic. Essa cena. incorporados. parisienses galhofeiros. BaIzac alia #essa família aristocrática. eu via-me diante de um abism o. a quem devemos ir visitar em seu conven to. foi comovedora. com tôda a certeza. esta família de costumes antigos. levar a Paris .os quais me olham como um anjo descido de seu lugar no céu e que estremecem ainda. e por trás do qual nos enraivecemos à vontade. Há perigos num devotamento de que se tira proveito. mais sinto que morreria de pesar se nossa atual felicidade terminasse. ter-se-ia transformado. esta cidade. A dignidade nada ma is é do que um biombo colocado pelo orgulho. tudo. Amo Calisto. E que futuro ter-me-ia eu preparado? Meu devotamento teve 159) Scribe: Eugêne Scribe (1791 . outros. Poderei sair dessa situação? É o que ver emos.zr corno resultado tornar-me escrava de Calisto. de resto.Aqui vivi tôda a minha vida de mulher feliz .sto novamente seu verdadeiro senhor. "Até agora portanto. . Emprego tôda a minha ternura no mais belo dos homens que uma tô1a desdenhou por um musicastro. . apesar dos ridículos que só existem para nós. Um dia em que estiver só. o feudalismo. com a loucura de uma mae que acha? que tudo o que o filho faz está bem feito. a Srta. descrever-lhe-ei minha tia Zefirina. Essa boa gente. e mais trQzentas e cinqüenta peças. aos Braganças. muito simpl esmente. fazendo-me ferimentos eternos. querida mãe. para nela nos investir. me permitirão. pois lha narrarei de viva voz.disse-nos. uma Aju la. em trajes de gala. fi zeram-me compreender a Brelanha. Sou. quanto mais amo Calisto. o casamento se me apresentou sob uma forma encanta dora.Mariotte e Gasselin . Se tivesse permanecido na minha dignidade. Mes falo. quando. e uma tôla fria. vi .15 de Maio. as. porque essa mulher é evidentemente uma tôla. m anifestando todos um aa viva alegria por saberem Cal. nós os as#-258 CENAS DA VIDA PRIVADJA sinaremos depois da inspeçáo que vamos fazer nas nossas terras.B E A T R I Z 3. tem algo de inexplicável. Esta santa senhora parecia querer despojar-se de suas recordações e de sua nobre vid a conjugal.que isso seja um feliz presságio para os meus queridos filhos. Sim. 16O) quase portuguésa: porque a mãe. pois cuio feridas. como #a senhora sabe. eram saudar-nos. Até mesmo os dois criados que. Que quer. que não se pod e definir senão pelo térmo sagrado. A base de todos os contratos foi proposta por êsses gars161 êles mesmos.. por enquanto ela me agrada.. autor de Um Copo de Água. de Kergarouêt. em indiferença. mesmo quan do ela é um pouco castigada por êle. a ad oração de tôdw esta família e da sociedade que se reúne no solar dos du Guénic. é po-rtuguêsa. de grandioso até nas suas mz . Minha sogra instalou-nos solenemente nos apartamentos precedentemente ocupados p or ela e pelo seu falecido espôso. Foi uma festa que não lhe quero descrever. as Srtas. Sou caridosa na minha paixão legítima.E ficou com o quarto de Calisto. o Cavaleiro du Halga. pela Srta. A Província da Bretanha. que é a pior espécie de tôlas. a senhora não estava aqui. nuci . de Pen-Hoêl.. ela. des Touches. teria tido frias dores de um aa espécie de fraternidade que. . Perde-se nêle a dignidade. são figuras dignas de serem postas em redomas. etc.1861) o comediógrafo. Participo-lhe pois o naufrágio dessa" meia-virtude. domínios que foram resgatados. a velha França. quando lhes tiverem provado que êles são iguais a . diant e daquela a quem a devemos. jantares em velhas mesas e sôbre to alhas centenárias que vergavam sob pratarrazes homéricos. cortado.. junho Depois de ter representado o papel de uma castelã adorada por seus vassalos.J ai .ln?ca. cujo remédio se encontra na cama. des Touches não quis receber Calisto. isto é. enfim. ela não pode ser outra coisa para êle. zer. querida mãe.Calisto.de mulher: Souviègne-vous! 163 Fomos pois ontem ao convento das damas da Visitação. A Srta. receber-nos.como num côro de ópera cô. um amigo da família du Guénic. um pouco mudada. o quanto a amo. de Pen-Hoè.as aclamações dos rapazes do clan de Guénic. depois de cavalgadas nos bosques. que me faz as lágrimas assomarem. Osenhor recebia as homenagens tal como se estivesse em pleno século XIII . uff! estou em Nantes!. Tomará uma das águias de prata para um dos seus suportes e pôr-lhe-á no bico esta linda divisa . com tiros de espingarda à sobremesa! e "Viva os du Guénic!" capazes de estontear! e bailes nos quais a totalidade da orquestra consistia em um binio u 162 no qual um homem sopra durante dez horas seguidas! -e ramos! e jovens recémcasadas que se faziam abençoar por nós! e boas fadigas. fendido e talhado de ouro e de sinople.. como se a revolução de i83o e a de 1789 jamais houvessem. depois de ter bebido vinhos deliciosos em canecos como os que manejam os prestid igitadores. após uma grotesca permanência no castelo du Guénic. Calista e eu sentíamos a nescessidade de agradecer à postu lante da Visitação.. No meu Tegresso. assinados os contratos. minha felicidade já está no cúmulo? Escrever-lhe-ei pois o que -a senhora já sabe. e viemos ajoelhar aqui nossa felicidade.os du Guénic a quem conhece ram. para irmos lá todos os anos por entre . onde as janelas são portões. estão . Calisto -esquartelará seu escudo com o dos Touches que é: partido. Depois do poema . enquanto te escrevo. e 9ncle as vacas poderiam tosar os prados nascidos nas salas.. A Srta. porquanto essa ilustre conversão fêz -corn que o nomeassem vigário-geral da diocese..construindo-lhe pontes e estradas. essa terra encantadora. todos co roados de flores. paradas em granjas. se é todavia .. mas que ?uramos arra njar e reparar. Ah! que dia o da chegada em Guénic! Oreitor. alegre. E êste #altivo Calisto que representava seu papel de senhor.. era uma santa. Achei-a. aos olhos. abençoar-nos.dessa restauração pacífica. como um personagem de Walt er Scott. eu l he escreverei. o qual vos disse que sua querida Felicidade. abatido os pendões. deixamos. Os anciãos discutiam entre êles a semelhança de Calisto com . mamãe. que êles o queiram crer. em s onos que eu não conhecia. onde levou o Abade Grimont. sempre florida. " rapaz" 13 X A T R I Z 359 Que lindo senhor temos nós! . pálida e emagreci . pois. servidos com louça antidiluv iana. sse-nos que os rapazes tinham declarado as rendas com uma verdade que a gente de PariS negaria. manifestando uma alegria!. que terra de crenças e religião! Mas o progresso a espreita. dos quais um empunhava nossa flâmula. mas que lhe poderei di.. minha mãe. IV ENTRE NOVIÇAS DA MESMA PARA A MESMA Nantes. Partiremos dentro de três dias e iremos a cavalo.o e cinqüenta anos! . e só me viu a mim. e em despertares deliciosos em que o amor é radioso como o sol que brilha sôbre nós e cintila com mil môscas que zumbem em baixo bretão! . Ah! a nobre e sublime Bretanha. Em atenção a ela. veio com seu clero. so mbria e deserta alternativamente.. as idéias virão e ad eus o sublime! os camponeses certamente nunca serão tão livres vem tão altivos -conio os vi. Ouvi as raparigas e as mulheres dizerem: 161) 1"gars" (têrmo do francês familiar): 162) "biniou": gaita-de-foles da Bretanha. nada mais ti. mas prefiro não comprar essa felicidade de alguns minutos por uns quantos meses de sofrimento. porque tremi na minha consciência d e te haver sacrificado para salvar Calisto: prende-o bem a ti. wa qual se.. tua viagem estaria bem paga.v ontade!. minha querida. . é preciso. Fiz mal em dar-lhe essa propriedade. 164 porquanto nada há tão pe rigoso como despertar uma paixão que dorme. 164) o gabinete do Barba Azul: alusão à conhecida fábula de Perrault em que #o Barba Azul. . . . procura ser caprichosa. É de fato a cabeça quem peca.disse-me com voz comovida. . pensa porém em conservá-la. nem a tirania. estás contentef . Osanto bispo andou bem.. pareceu-me muito feliz com a minha visita. -7bõo te iludas..perguntou-me. ela enganou-me a respeito do meu coração até esta idade fatal do s quarenta anos.respondi-lhe .. . Não te aconselho cálculos odiosos. . unir êsse princípio ao primeiro. E então.é o sol dessas recordações.exclamou ela em voz baixa. porque minha. o qual.Agora. além da minha fortuna. após uma pausa. Esta proibição. .nham a fazer do que estender a mão. cabeça era 163) Souvíègne-vous! (em francês antigo): "Lembre-vos".Pois bem.perguntou-me. as Touches são para ti o gabinete do Barba-Azul. partindo de casa. não vá nunca às Touches. . minh a filha. tinha-as em reserva para ti. possuis. sejas coquete.que é uma questão de consciência e de obediência se não o quero ver. .A senhora me vê no encantamento do amor e da felicidadel .Dize a Calisto .Voltam para Guérandef . Quando mesmo tivesses vindo aqui sómente para levar os conselhos da minha experiência.continuou ela. .respondi-lhe. onde encontra os cadáveres de vária s mulheres mortas. Êsse nome mergulhou-nos a ambas numa espécie de torpor. Enfim.. Vocês agarraram fàcilmente a felicidade. o duplo ideal que sonhei. .. Por momentos. tu não a inspiraste. isso que eu desejava.. um pouc o dura.E por quê f .. e ficamos as duas com os olh os fixos uma na outra. procura. serve apenas para aguçar a curiosidade da moça. pensando em Calisto. #36O CENAS DA VIDA PRIVADA a verdadeira culpada. .diss e ela com aquêle modo poético tão admirável que a senhora conhece. porque mo permitiram.. .o ni?mero das idéias que me passam em furbilhõo pela cabeça.arranja-te d e modo a que êle nunca mais veja BeatrizI.disse-me ela gravemente. proíbe à mulher de abrir a porta de seu gabinete du rante a sua ausência. tornando sua regra austera para a inteligência e terrível contra a . Calisto sofre neste momento uma paixão comunicada..da. revejo a #Itália ou Paris. No interêsse de ambos. Procura aprender a exercer h onestamente alguma influência sôbre CaliSto.Eu te i nstituí minha herdeira. Aplaudo-me pelo que fiz .. que respeite em ti a mãe dêles. . Eu era demasiado velha para ser aceita nas Carmelitas e entr ei para a ordem de São Francisco de Sales únicamente por ter êle dito: "Eu vos descalçarei a cabeça ao invés de vos descalçar os pés!" recusando-se àquelas austeridades qu e alquebram o corpo. Ah! se so ubesses como me penaliza responder quando me perguntam: "Em que pensaf" A madre das noviças não quer compreender a extensão e . com todos os seus espetáculos.Calisto é tão bom e ingénuo quanto nobre e belo . minha filha. suas predecessoras. Pa ra tornar tua felicidade durável. deixando com visível prazer de falar de si. trocando a mesma vaga inquietação.Criança. se é mais tarde cinqüenta vêzes mais infeliz do que e las. se é quarenta vêzes mais feliz do que as mulheres jovens. mas sim a ciência. por alguns instantes. Entre a usura e a prodigalidade há a economia. naturalmente. acaba por abrir o gabinete.. Eis as últimas palavras mundanas que pronunciarei. portanto.Sim . . Era. que êle tenha filho s. Decididamente. viu o baix o Indre.Ah! Calisto. des Tou ches féz-me conversar muito. O que eu ri. Se a Srta. formamos o projeto de voltar pela Loire e Saint-Nazair e. para o meio de um monte de cabos... .. que tinha uma magnífica oportunídade de experimentar o sistema recomendad o por Camilo Maupin. LEVAM AS DESAVENÇAS Depois de muito ter admirado Nantes. e algum dia você me punirá por lhe haver trazido eu mesma os tesouros de meu puro. movimentavam-se no to mbadilho. res.A T R I Z 361 Dou-lhe em substância.Guardemos-lhe a recordação! Mandaremos um artista para copiar esta paisagem. a qui. #ao ver-me pela primeira vez! É meu coração. pintam. Como um verdadeiro gentil-homem. um gracejo que a senhor a compreenderá quando eu lhe houver descrito os Kergarouêt. onde almoçamos peixe fresco. do mesmo modo que uma criança a quem se deu seu primeiro tambor. Vieram duas lágrimas aos olhos de Calisto. A mentira é uma arma decisiva nos casos em que a celeridade deve salvar as mulheres e os impérios. Eu deveria ser má. sobretudo quando são seguidas de uma permanência de três horas n uma enfezada taberna do baixo Indre. por ter eu.Não tenho nada! E aí tive de reconhecer o pouco sucesso que obtém a princíPio a verdade. Se aquela horrível mulher que o desdenhou estivesse em meu lugar. dizendo: . você não teria percebido aquelas duas 16a horrz. através do belo lençol do Loire. disse-lhe as desgraças."veis bretãs que a aduana de Paris classificaria como gado . . Três jovens senhoras de Nantes. AONDE. . que me atirou ao ouvido. minha dedicação. com voz cheia de susto. cortou-me a palavra. .". Conquanto satisfeita com o seu bom gôsto. de que lhe falava na minha primeira carta-. Incapaz de suspeitar os conselhos da religiosa e a duplicidade do meu procedimen to. depois de ter ido ver. Calisto portou-se muito be m. alarmou-se A Pergunta: "Que tem?. coq uette. muito inquieto. não me exibiu. Não se pode resistir a resposta como essa.. pe nsei .. muito gentilmente. e virou-se paru ocultar-mas... Ao ver como resultavam as experiências da Experiência eu exclamei: . se não de lágrimas. versação. e correu a pedir ao capitão que nos desembarcasse ali. . no enlêvo de minha viagem e das minhas seduções com meu Calisto. não me escolheu! Não ficou imobilizado de pé.há na nossa união uma desgraça atroz.Ah! querida Felicidade. e ali. o lugar onde Charette 165 tombou tão nobremente. minha ternura que solicita m sua afeição. cujo marido resulta s er o mais belo dos homens. deu-me tanto mais em que pensar. pois não fôra certamente a Postulante quem me falara. e Por cujas janelas ouviam-se mu gir as forjas de Indret.. Afetei um a rzinho arrufado e Calisto. o sentido de nossa con. os temores de uma mulher. de meu involuntário amor de moça . Pondi a verdade: .. como uma estátua.exclamei. querida mãe. o Monopólio. A viagem em público é uma invenção do monstro moderno. . você não me amou. uma cidade encantadora e maonífica. NA LUA DE MEL. #362 CENAS DA VIDA PRIVADA contra você. Calisto tornou-se muito solícito. visto já têrmos feito por terra a viagem de Nantes a Guérande. Calisto fêz um trocadilho divino.. na praça da Bretanha. num pequeno quarto como os que os pintores do gênero. . e não me sinto com JÔrÇay 165) Charette: ver a nota 17. atacadas daquilo a que chamei de Kergarouêtismo. mamãe! ri-me a ponto de deixar Calísto desconcertado e estêve a ponto de zangar-se. um barco a vapor não vale um carro.. Levei-o para a proa do b arco. bastante bonitas. esquecido a grave sit uacão rnoral. amada!.. sinto nêle um ódio Pro166) aquelas duas. Essa lágrima é a primeira. depois da cena do barco. basta que nos digam: "Aqui e stá uma chave enferrujada de recordações entre tôdas as do vosso palácio. des Touches cometeu muit os pecados. Uma mulher sem coração tornar-se-ia senhora e dona.Quer ir às Touches? . êle não seria meu marido .. . #tê-la-ia decidido a saber se sua felicI "dade repousava sôbre bases tão frágeis.. junte aos motivos da Sra. nunca me convidara para visitar aquela Cartuxa que se tornara sua propriedade.. e compreenderá como. .. O Abade Grimont disse-me que ela dera cem mil francos às damas da Visitação. dada involuntàriamente. de umai estada num buraco da Bretanha? E que tenho eu a temer? Enf ni.a Srta. Segundo seu sistema. mais me faço rapariga fácil.perguntou-me minha sogra. exclamou minha tia Zefirina .. desta cena um quadro em meu coração que jam ais se apagará e será de um colorido inimitável! Ah! minha mãe. Essa pequena cena não lhe parece uma Página de algum drama diabólico? Repetiu-se vinte vêzes. as mulheres que ainda somos um pouco como mocinhas. "Ah! querida mamãe. #2 6 4 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z . quanto mais me torno mulher.. B E A T R I Z 3 63: fundo e um profundo amor! Sou mais do que traída.Sabe então do que se passou? . -indiferente: . meneando a cabeça.Que vem a ser das Touches? . Somos c riaturas carentes de senso. entrai por tôda parte. . Calisto fará de mim o que êle quiser. .replicou-me com fineza a minha sogra. Nós outras. Ba rba-Azul o desejo que morde tódas as mulheres de saber se seu poder é precdrio ou sólido.ex clamou o Cavaleiro du Halga. . Que irritação a Srta.Não. a senhora terá de confessar que essa punhalada. des Touches pusera em meu amor! Mas também por que vedar-me Touches? que é u ma felicidade como esta minha que dependeria de um passeio. é-me impossível pdr assim as aparências da guerra ou da inimizade no me u amor. porque sou Pavorosamente fraca com a felicidade. dos quais agora está pedindo perdão a Deus. e acho que tem razão. . um dia. eu tornei a perder-me. pedi com um arzinho. ON mamãe. não sol. assim que amamos. .As Touches pertencem-lhe .disse-me a minha divina sogra. conhecer o ciúme ao cabo de três meses! Meu coração já #está bem completo. . Deve ter havido dístração de Balzac. creio eu. sob qualquer pretexto.disse-lhe eu .disse eu com vivacidade. . essa reserva picaram-me e um dia disse-lhe. .Se Calisto jamais tivesse pôsto os pés nas Touches!. porque êsse silêncio. que devesse perecer sob tais lambrises.É um lugar de perdição . prendo-me a êle como u ma mãe aperta o filho contra o seio por temer alguma desgraça.disse eu à minha tia. não! . mas abstendevos de ir às Touches!" para que entremos ali. É preciso fazer justiça a Calislo. um coração no qual posso gritar à minha vontade. com os pés ardendo e os olhos acesos pela curiosidade de Eva.. Finalmente minha sogra disse: .. que êle me dá: não vale ela mais do que a segunda declaração dos meus direitos?.Mas. vi JÁ1 DA MESMA PARA A MESMA 1 julho. de Pen-Hoêl. Como sou feliz p or ter uma mãe. não resisto a um olhar do meu senhor! Não! não me abandono ao amor.há desta paisagem. Guérande.Compreendo porque você não vai às Touches. uma coisa que merece ser vista.Não salvou isso a alma daquela nobre rapariga e fêz a fortuna de um convento? .disse a Srta. gozai de tudo.Mas. -Pois acima falava em "três jo vens senhoras de Nantes". atreve-se #a chamar-se de Beatriz. Ou bem éle pouco conhece a sociedade. querida mãe. . aten. qu e me viu triste.. que referia a mim as tormentas que eu nêle reavivava. no fundo do abismo. por isso te perdôo. mas com cinz as! .Que temes tu ver nas Touches. mas deixei as Touches e lá jamais volta rei. tenho vergonha. metade cada um. Lsse leal bretão corou. Verifique pois. vejo-a em sonhos. onde a Srta. Eu estava. Agôsto.Ela deve ser bem leve para ter ficado ali . devo pois encontrá-la?. se ela soubesse até que ponto acabo de ser tomada por nossa odiosa rival. chamam de Rocheperfide. que és o único a nunca falar a respeito? . quando êle ?a atirou ao mar. querida mãe. infelizmente. porque há as flores do diabo e as flores de Deus..Respeitemos os mortos . a fim de fazer seu Plano triunfar. e agradame estar nesse abismo. de um acidente qualquer). porque então eu ficarei nas nossas terras da Bret anha. ao ir de u ma peça à outra. e divertia-me. Calisto. Calisto pareceu-me pensativo. É delicioso. e não é uma grande catástrofe que os olhos tenham tido razão contra o coração e que a suspeita se achasse por fim .i ustzficada? Eis como: 3 6 5 25? O ry ... E fomos às Touches. Satã semeou-as. as Touches são um lugar fatal. de um móvel a outro. Essa mulher veio perturbar-me o sono.disse êle. desd e a . .tante inquieto com minh a inquietação. tal como o cavalo através da balada alemã. a fim de ela não pertencer a ninguém. o poder de meu amor por Calisto. saltei-lhe ao pescoço. de uma congestão pulmonar. onde Beatriz se deteve.Vamos até lá . de Rochefide (gh! meu Deus. Sinto-me dominada por um desejo furioso de fugir de Guérande e das areias do Croisic. de Rochefide a quem. Ah! a postulante da visitação tinha razão.respondeu-me. continuando. Que acres delícias nessa situação em que eu brincava não com fogo. por me to. Finalmente fomos ver o famoso buxo. ba. Calisto voltou a encontrar ali suas impressões. e que co nfiam no caso para desatar o nó górdio de sua indecisão. que diria ela? Mas isso é uma prostituição! não sou mais eu. volto para as ruínas de Guénic. Pobre Srta.Não. e eu cuidava das correntes de ar. des Touches que agora se arrepende de ter me vestido de Beatri z. Eu estudava Calisto. que tem algo de molusco e de coral.. mares algumas vêzes por outra . . tratava-se de saber se tudo estava bem extinto. Calisto permaneceu calado.disse eu.disse eu a Calisto.Desagradei-te? .1?sse lugar . persistente e mole. redobrou d. leva-me. que são ma is fortes do que as delícias de nosso amor. mas deixa de galvanizar essa paixão .. se a Sra. Senti-me suficientemente forte para falar da Sra. mas a princípio acreditei ter venc ido.. . para o dia do contrato. des Touches tanto me proibira ir. ao lembrarlhe os coquetismos daq uela horrível Beatriz! Aquela natureza malsã e fria. já me veio forçada. absolutamente como uma criança que busca um objeto escondido. reconheci a extensão.deixar prender. a ter os olhos em uma suspei ta. Tôdas as flores venenosas são encantadoras.. quando meu coração pertence todo êle a Calisto. como os inocen tes de todos os melodramas.aventura do rochedo do Croisic. pode crer-me! Espreitava seu rosto.disse eu rindo. Vi-me pois embaraçada como tôdas as mulheres que se querem . se não percebe .ção e de ternura para comigo. Calisto mudo. Pareceu -me adivinhar que o amor de Calisto se engrandecia com suas recordações.. Que frase!. uma manhã. em ali colhêr flores. natural mente. é de um gôsto profundamente artístico. . bast a que nos recolhamos em nós mesmos para ver que êles criaram o mundo. . A fôrça do ódio que me faz desejar a morte da Sra. VII CONCLUSÃO 25 de agÔstQ Decididamente. Calisto. de Rochefide está em Paris.me é caro porque lhe devo minha fel icidade. Repentinamente um pensamento horrível cavalgou minha felicidade.. é certo. "Inês de d ezembro de 1838. a tê-la no futuro. e eu que temia não obter Calisto dêle mesmo.. da Duquesa e do Duque de Grandicu. não sou amada com o mesmo amor que tenho no coração. o jovem casal pudesse voltar para Paris. no. Tendo sido tomadas tôdas as medidas para que. querida mamãe. J. mas que homem. B E A T R 1 2 367 distrações que a alta sociedade proporciona. Durante a estada dos dois cônjuges na Bretanha..nada. os divertimentos de inverno em Paris. deixou-se guiar. à sua fortuna e ao seu casamento. Calisto via um casamento de conveniência. VIII ONDE SE PROVA QUE. po r sua cunhada Clotilde e por sua sogra. como "belo indiferente. Segundo o que a senhora me diz em sua última carta. considerada como uma das mais sedutoras.. minha mãe. como as crianças. Oh! Minha mãe. Em Guénic. Um modo de matá-la algumas vêzes. embora neste momento eu me sinta bem feliz. vejo que Justo está louco por ela. Ah! lamente-me. Beijo a minha querida Atena is.. trabalha para OS TiCOS d a Comédia Humana. as alegrias da lua de mel não tinham obedecido totalmente ao sistema legal da comu nhão. de bom grado. as quais lhe ficaram agradecidas por ess a obediência.. a fim de não ouvir uma detonação. Enfim. que. isto é. as #167) Océlebre arquiteto Grindot. Camilo Maup in ter-me-ia vendido cara a sua fortuna!. a menos de ser um monstro. êle não me ama. 18 de setembro. aí introvergindo ao mesmo tempo excitantes e intermédios. Êle obteve o lugar devido ao seu nome. Atenai s será a senhora. NO SEU SISTEMA. as obrigações a cum. ou se sabe a causa de minha fuga. em Calisto. êle tem mêdo de que não lha dêem. Meus afetuosos respeitos a meu pai". Sabina. ela é bem feliz em ser fiel a um morto. ponho uma mão sdbre meus olhos. Onde S abina via um casamento de amor. ela não teme mais rival.. disse a profunda Clotilde. prir. Essas cartas explicam perfeitamente a situação secreta da mulher e do marido. na sociedade. Mil ternuras. pura como sou. Cultive êsse temor como uma flor Preciosa. feliz como uma mulher que tem mêdo de perder sua felicidade e nela se agarra!. educada pela senhora. menos para representar o papel de dona de casa do que saber o que a família pensaria daquele casamento. os trabalhos de restauração. Sabina instalou-se corn satisfação na rua de Bourbon. e que muitas mulheres disseram à senhora ser bela. ROUSSEAU NÃO PENSOU NOS PERIGOS DO DESMAME. O triunfo de sua mulher. se a procuro. terão tôdas as mulheres recordações a vencer como eu? Não se deveriam casar #4966 CENAS DA VIDA PRIVADA senão rapazes inocentes com raparigas puras! mas é uma falaz uto. em Uma Estréia na Vida. considerada feliz pela mãe e pela irmã. xestaurou o caste-lo do Conde de Sérizy. foi êle que. não seria como êle amável e gracioso ao receber tôdas as flores desab rochadas na alma de uma moça de #vinte anos. Ah! querida mamãe. Diga à minha irmã Clotilde que suas tristes sabedorias ocorrem-me por vêzes. Calisto. Tremo tanto de achar uma hor rível certeza. as quais viram na frieza de Calisto . Tê-la-d esquecido? Eis o único pensamento que repercute em minha alma como um remors o. personagem baIzaquiana. é preferível ter a sua rival no passado. Ah! se os meus terrores não fÔssem vãos. Calisto é encantador. as disposições do mobiliário da residência dos du Gnénic tinham sido dirigidas pelo célebre arquiteto Grindot? 167 com a fiscalização de Clotilde. J. serei a serva. Apercebo-me que faz cinco meses não penso senão em mim. pia. restituíram um pouco de fôrça à felicidade do casal. ver uma ruga na t esta. o dia. cujos prestígios xinham. êle viu a porta do camarote entreaberta.um efeito de sua educação inglêsa. a gravidez -de Sabina completou as garant ias oferecidas por aquela união do gênero neutro. Calisto. Em outubro de 1839. como êle casado recentemente com uma herdeira. aconselhado por b 168) De todos ês&es representantes da aristocracia baIzaquiana. que se acamaradara com o jovem Duque Jorge de Maufrigneuse. ao teatro das Variedades. Beatriz em Paris! Beatriz em públicol essas duas idéias atravessaram o coração de Calisto como duas flechas. ao passo que Sabina foi o dever. com o Duque e a Duquesa de Rhétoré. que não quer aborrecer o marido. ao cabo de quase três anos1 Como. a despeito de sua vontade. e seus pés ali o levaram. ociosidades que Paris. Revê-la. num dos camarotes do proscénio. em solteira Francesca Soderini. foi. e sua espôsa. que esta disso se aperceberal A quem se poderá explicar que o poema de um amor perdido. desposara. pelas sublimes conversações do clube. Durante uma permanência de dois anos em Paris. irmão de Luísa Macumer (em Memórias de Duas Jovens Espósas). por quem Alberto Savarus (na novela que lhe ostenta o nome) 1. interessar. olhando em tôrno na platéia.11 com todos os freqüentad ores do salão de sua sogra. 11. A riqueza tem horas funestas. em semelhante caso. percebeu as diferenças que separam a vida da província da vida parisiense. uma dessas das quais as mulheres exper imentadas auguram bem. foi o praze r. a vida e o desconhecido. ali tornasse obscuras as suavidades conjugais. o movimento. a ternura inefável da jovem espôsa? B eatriz tornou-se a luz. de Wa?. Ao contacto da queles jovens maridos que deixam as mais nobres. -1 #363 CENAS DA VIDA PRIVADA ela. Calisto. À saída da orquestra. Foi a fulminação do raio. Como não ser-se inteiramente mãe quando o filho é de um marido verdadeiramente idolatrado? No fim do verão seguinte. pèrfidamente separado pela Srta. tão realmente Beatriz na sua mulher. ou pelas preocupações do turfe. as mais belas criaturas. de Rochefide. em outubro daquele ano. Finalmente. No primeiro entreato. ela ouviu sua sorte invejada por tantas jovens senhoras mal casadas. pelas delícias do charuto e do uíste. a quem Sabina não podia. onde davam uma peça nova. segundo a opinião de tôdas as mulheres. Calisto despojara-se completamente daquela inocência. para fugir dos gritos de uma criança #em período de desmame. vem sempre em auxílio das dissipações dos jovens casados. IX UM PRIMEIRO ATAQUE à UNGUA ARMADA Em sua lealdade. que expeliu seus terrores para o país das quimeras. Berta de Cinq-Cygne. na primeira ordem. longe -de esquecer. mais do que qualquer outra capital. Uma mulher sente-se tão orgulhosa por ver vol-tar a ela um homem a quem dera tôda a sua liberdade!. por vêzes. sabe divertir. Ocria. Dor enquanto só co nhecemos o Duque de Rhétoré. com o Visconde Savinianode Portenduère. escolhera-a perto dessa parte da iplatéia chamada proscénio.. e de auem foi tão. . o marido de Sabina teve o nobre pensamento de abandonar a sala. a outra o tédio. naquele momento.teville. decorado seus primeiros passos no mundo da paixão. Ojovem bretão encontrou Beatriz entre dois hom . abandonou suas" idéias negras. mas sempre vivo no coração do marido de Sabina. em agôsto de 184O.. muitas virtudes domésticas foram pois atingidas no jovem gentil-homem br etão. . Omaternal desejo de uma mulher. en carregado de comprar uma poltrona na orquestra. explicar a violenta perturbação que se operou na alma de um amante que. a qu atro passos dêle Calisto viu a Sra. menosprezado.e apaixonou. o Duque e a Duquesa de Lerioncourt-Chaulieu. o previstol Uma. encantar. sem dor. as trevas. do de quarto. Uma noite. Sabina ia pois chegar ao fim do aleitam ento de seu primeiro filho. a jovem baronesa du Guénic teve um filho e cometeu a loucura de o amamentar. Essa saída de bom gôsto permitiu a Calisto refazer-se do choque que acabara de sofre r. se denomi na a Mulher Abandonada. as raparigas terminadas em a de Ossian. fanada.Vem comigo. que se havia tornado ossuda e fibrosa. Até à idade. com olheiras. 169) Canalis: protagonista de Modesta Mignon. para Calisto nem por isso ela deixava de ser mais poética e mais atraente. cuja tez -se havia q uase decomposto. . ela imaginara dar-se o ar virginal lembrando. Êsse gesto explicou tudo. Assim que um aa mulher fala ao ouvido de um recém-chegado. e voltando a s er pela quarta vez um orador aspirante a qualquer novo ministério. . ela naturalmente tornara-se uma grande artista em toilette. de Rochefide. embora sua me?amor1ose tivesse atingido a mulher. por que se casou? . Macpherson publico u em 176O uma coletânea de poesias sombrias e maj. ao aspirar o perfume. .disse Canalis.. X o DEFINIÇÃO DE NÃO SEI OQUÊ A Sra. rejuvenescem-se.Sinto-me muito feliz por vê-lo . estudam os mais insignificantes aces sórios. tomam ali um caráter. seduções. Canalis 169 e Nathan. Témora. entre outras personagms. em seu camarote.e de mais a mais com uma tolinhal . .. nelas encontram meios. Nathan? . 17O um político e um literato. depois de t er feito as saudações banais. B E A T R I Z 369 . ao reconhecê-lo ali. 173) Ossian: bardo legendário escocês do s&ulo 111. 172 trata-se de um aa combinação de tribuna para a sessão de amanhã. que o senhor não me renegarial AhI meu Calisto. em coquetismo e flores artificiais de tôda #espécie. nesse momento é amante de Daniel d"Arthez. antes de ter sido vista. por meio de muita faze`nda branca. os mundanos acham sempre um pretexto para deixá-la a sós com êle. mas acabou por perder o espírito e a 1ôrça. Conti não está aqui? . passam enfim da natureza à arte. para êle sedutor. Como tôdas as m ulheres abandonadas. aparecem Malvína. "13 tão poèticamen te pintadas por Giro171) d"Arthez: já apareceu.disse felinamente Beatriz a Calisto. quando têm lugar públicamente. pôs significati vamente um dedo nos lábios.E?stosas que tiveram grande repercussão e nas quais. pelas quais se iniciam as mais solenes entrevistas. Deixada por Conti. da poesia composta por Beatriz. elas buscam armas. ao passar pelo pórtico fatal daquela idade. em Memórias de Duas #Jovens Esp6sas. 172) a Princesa de Cadignan: outra personagem importante da COmédia Humana. tinha essa noite florido suas ruinas prematuras pelas mais engenhosas concepções do artigo de Paris. mas. de Rochefide sofrera transformações admiráveis . . Nesse s três anos em que Calisto não a vira. a Sra. . emagrecida. 17O) Nathan: protagonista de Uma Filha de Eva.ens dos mais distintos. de Rochefide acabava de sofrer as peripécias do drama que nesta história de costumes francêses no século XIX. mas.disse-lhe ela ao ouvido. dos trinta anos . ao fazêlo sentar-se ao seu lado.perguntou Calisto em voz baixa a Canalis. A Sra. O antigo grande poeta do Faubourg Saint-Germaín. Sob seu uome. Selma. embora por poucos minutos. embeleza mentos nas coisas da moda. como amigo de Maria-Gastão. as belas mulheres de Paris nada mais pedem à tollette do que um vestuário.A mim mesma dizia. com elas compõem-se graciosidades. duas vêzes ministrq.Como.A senhora marquesa me permitirá que vá dize r duas palavras a d"Arthez 111 a quem estou vendo com a Princesa -de Ca?dignan. conquanto venenoso. Beatriz era pois uma verdadeira peça com decoração e transformações.#37O CENAS DA VIDA PRIVADA det. Quanto à sua atitude. mas é agradável. Encarregado por Napoleão de compor uma alegoria militar para a qual Ossian se rviria de pretexto.Poderia fazer-se um smêto com essa sua idéia . . mal se viam sob os fofos de efeitos calcula dos das mangas largas. É falso e arrebatador. hesitava entre a dignidade de marido. de gaze flou e de -cabelos frisados. encontra-me sózinha . ao vê-lo tão fraco. um coração que julgava estar sangrando ainda. A fronte pálida cintilava. pelas quais escorriam os clarões do palco atraídos pelo brilho de um óleo perfumado. . por ma. as conservadoras. foi uma das minhas dores em meio às que . bom gôsto e temperamento. . no momento em q ue Calisto entrou. e uma palavra dura a atirar num coração. . meu amigo. ferid o corn as palavras ditas sôbre a espôsa. que se denominou o não sei quê. guardiães de tesouros. uma palavra basta. Calisto.respondera Canalis. #174) Girodet: Anne-Louis Glrodet de Roussy (17O7 . de uma finura capaz de fazer duvidar que homens tivessem p odido trabalhar a sêda daquela forma.1824). misturadas às personagens do bardo escocês.dizia ela alguns momentos antes da entrada de Cali. e prodigiosamente mec anizada. valia todo o trabalho que tivera em buscá-l a.é preciso incomodá-los. Ora. êsse é o segrédo das que os querem conservar. pintor da "oola de Da vid. refeita com água de farelo. Essa hesitação era obser vada pela marquesa. cujo brilho iludia os olhos quanto à alvura insípida de sua tez. ela era -de uma natureza natu ralmente artificial para não aproveitá-la. e certos homens adoram essas mulheres que pegam com a sedução como se joga cartas. a defe sa de Sabina. Seu busto era uma obra-prima de composição. a ocultá-lo. sèzinha no mundol. porque êles experimentam.Você! .não está casado? . endurecidos. Beatriz adivinhou o estado de Calisto. estão armados de garras e de asas 1 . . enlouquece os homens dotados de fraqueza. tornou a encontrar fre scos e vermelhos os sinais da coleira que lhe pusera n?s Touches.Não pensou então em mim? . quando os temos presos. a não deixar ver senão de modo imperfeito tes ouros hàbilmente engastados pelo colete.Não se trata de amá-los . deixas encara coladas. Todos sabem em que consiste êsse não sei quê. Uma écharpe. Eis porque.. Os braços emagrecidos. de modo a diminuir-lhe o comprimento. de calma e de movimen to.sto. representou as sombras dos soldados mortos de Napoleão errando nas re giões do "palácio das nuvens". Usara imperceptivelmente um pouco de rouge. E é verdade. é rebuscado.respondeu ela. se aquela lição do italiano fôra cruel para o amor-próprio de Beatriz. b E A T R I Z 271 X1 QUANDO UMA MULHER "POSA" corn um único olhar.. Odesejo do homem é um silogísta que por essa ciência exterior deduz os secretos teoremas da voluptuosid ade. são as que sabem amar.. acorreu em seu auxílio para tirá-lo do embaraço. que são também muito hàbilmente dialogadas.Pois aqui está. de vivacidade. sem palavras: "Uma mulher que sabe criar-se tão bela deve ter muitos outros recursos na paixão". . Ela apresentava essa mistura de falsos clarões e sedarias brilh antes. . dissera aquelas palavras sómente para saber até que ponto alcançara seu domínio sôbre Calisto. pe la lei dos contrastes.disse Calisto.disse ela depois que os dois co rtesãos saíram. Os dragões.sim. É muito espírit . um desejo ínfrene de brincar -corn os artifícios.. estava enrolada em seu pescoço. A representação dessas mágicas. Oespírito a si mesmo diz..174 Sua cabeleira loura envolvia-lhe o rosto comprido. As mulheres abandonada s são as que amam. de onde para êle se exalavam tantas recordações. Freqüento artistas. posso dizer-lhe qual foi a minha angústia ao vê-lo a quatro passos de mim.Meu Deus. . Olhe. a isociedade que conheci em casa da nossa pobr e Camilo Maupin. disse a mim mesma. escritores. #Ao proferir essa tirada . e qual a minha alegria ao vê-lo junto de m im. em frente ao parque Monceaux. não acrescente uma palavral . ela manobrava com os olhos de modo a reforçar pelo gesto e efeito das palavras. não quero que a sociedade se ocupe de mim.. olhe. Ah! você me amou como eu merecia sê-lo por aquêle que se comprouve em espezinhar todos os tesouros que eu lhe atirava aos pésI E.tranha.sofri. apertou-lha. quando não se pode terminar como virgem.onde poderei ir vê-la? . não sei esquecer. saia.. obrigada. deixe-me.disse Calisto. já cem vêzes improvisada. . eu não tinha um ouvido no qual depusesse esta palavra: "Sofro! " Por isso. e quero . .Mas . É êste. embora muito ínocentemente. mas só para mim..tal foi o pensamento qu e o assaltou nos corredores. deixou que corressem as lágrimas que lhe caíam dos olhos. sem que me recGnhecesse. Obrigada a mostrar-me altiva com os indiferentes. de acôrdo com a minha fortuna. numa pequena ca sa. .. o primeiro desabafo de meu coração. veja. que nos estão olhando. agora.. "Não sómente perco o amor. uma vi?sita é tudo para êles. respondendo a um gesto de Calisto. Calisto. es. XII OS INCONVENIENTES DA INGENUIDADE . tendo perdido a minha querida Felicidade. arrogante. Calisto . mas estou despedaçada. mas ainda uma amizade que eu julgava ser bretã. eu c horaria francamente.permanecer fiel a êsse passado que jamais voltará. Adeus.Deíxe-me rir o riso dos danados torn os indiferentes que me divertem . amo. ao invés de falar. Beatriz tomou-lhe a mão. e o fêz empalidecer. que pareciam arrancadas do fundo da alma pela violência de uma torrente por muito tempo represada. mas houve olhares de soslaio que foram o utros tantos despedaçamentos de alma para um homem inteiramente entregue ao seu primeiro amor repelido.continuou . dizendo-se: "Sou demasiado velha para êle!" é terminar como mártir. se por acaso lhe dissessem que nos tinham visto juntos. e vo cê poderia magoar sua espôsa.é quase a fi<lelidadel Assim são o s infelizes! um nada. Sabina nunca soube comover-me assim o coração1 . e o que não diriam ao ver-nos? De resto. Vá embora. Deus me livre da mania dessas senhoras! . a qual com certeza teve razão! Enriquecer aquêle a quem se ama e desa parecer. Calisto. a Marquesa de Rochefid e não dirigiu três olhares diretos a Calisto... Calisto retirou-se. . faz muito. mas depois de ter estendido a mão a Beatriz e ter experiment ado por segunda vez a sensação profunda. Pôs?se a rir.disse ela." A gente se acostuma a tudo .Obrigada. desde que não nos vimos mais. Sim . Durante o resto do espetáculo. sou fo rtel .. Agora sofro menos. . . para minha desgraça..Ocultei-me na rua de Courcelles. se você ficasse aqui mais um instante. meu pobre filho. é assim que um verdadeiro amigo re sponde à dor de um amigo! Nós nos en#372 CENAS DA VIDA PRIVADA tendemos. como se não tivesse falido perante as pessoas que me cortejam. de uma dupla pressão cheia de cócegas sedutoras. fazendo o que na retórica feminina se deve denominar uma antites e em ação. Enxugou os olhos. e lá rechero-me a cabeça de literatura. como que para destruir a impressão triste que devia ter causado ao seu adorador. Vam os. E é o que há de melhor. diante de mil pessoas. .. a fim de distrair-me. Não obstante. Os?r menos imperfeito seria então a mulher. os olhos tingem-se com o pensamento dominante. que duvidou poder compor-se um semblante discreto sôbre a mu dança sobrevinda no seu moral. e ocultava a cortezã que ela se propunha ser. às quais são devidas. por vêzes.<. menos poluído de irreligião.-ênuo. sentiu-se muito feliz por se achar senhor de uma no ite. evitando o alrnôço em casa. fazia muito. chefe desta administração. e receoso da espécie de inspecção a que Sabina se entregava. na Baronesa du Guénic. do coquetismo. tão in. por um amor ap aixonado apesar do casamento. Emergem à superfície dos mais nobres e puros corações lodos. em direção a um café do bulevar. e procura saber se é ela quem a causa. quando um clemente. amam ou não amam. feliz por andar a pé. XIII QUESTõES GRAVES Que naverá pois no amor? Será que a natureza se rebela sob o jugo social? quererá ela que o impulso da vida dada seja espontâneo. tão cioso. quando incuba #essas. a Sra. Quando. sob as mais aristocráticas aparências . Calisto. Calisto sabia ser objeto de um culto tão profundo. . apesar de suas faltas e de seus despropósitos. de c ostumes mais puros. um radioso acaso lhe apresentara. um homem é adorado pela espôsa. e que não queria sair de perto do pequeno Calisto. pertencia à mais alta nobreza. temendo o crupe. amante. por acaso. Talvez que os mais grandes homens tenham guardado em sua constituicão um pouco de argila. de caminhar pela ponte Luís XVI e pelos Campos Elísios. quebrada pelos rochedos da contradição. sabe de onde lhe vem a calma. Sabina peTguntava-lhe: "Ama s-me sempre?" ou então: "Não te aborreço?" Interrogações graciosas. de um espírito fino e delicado. ela lê "iaquel. Evadiu-se como os prisioneiros se evadem.Quando o Barão du Guénic: se viu em casa. de mais a mais enternecida pelo amor.a si mesmo perguntou ao adormecer. e apesar de sua -queda.. e êle saltava para uma mulher indigna dêle. talvez. edifício e -repa-rtições da administraçãú municipal e sede d< viaire. sua natureza era mais etérca do que lodos a. estuda os olhos. o esplendor dos seus apartamentos #fê-lo pensar na espécie de mediocridade de que Beatriz falava. e ficou corri ódio de sua fortuna por não poder ela pertencer ao anjo decaído. erupções vulcânicas. Quando soube que Sabina. devota. de Roc helide. como era o dêle por Beatriz. e por isso o Mclo lhes agrade ainda. gôsto de a lmoçar como um celibatário. conhece-lhe as menores vibrações dos músculos. no meio do cortejo de pretensões poéticas que a cercavam. #374 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 375 a êle. estremeceu de alegria ao saber que Sabina estava espreitando a cau sa de algumas convulsões. para ela. uma jovem de uma beleza verdadeiramente aristocrática. e dedicada únicamente 175) mairie: na FraDça. onde se deu ao.Comofarei amanhã de manhã? . a da mairie 175 e a Igreja? Terá ela suas intenções. Ao abordar Calisto. o qual certamente amava seu filhinho. variadas segundo o caráter ou o espírito das mulheres e que lhes ocultam as angústias falsas ou reais. e mesmo. é lá que se celebram <)a casamentos. Obarão pretextou um negócio e saiu. aos grandes homens? Teria sido difícil encontrar um rapaz mais santamente educado do que Calisto. Amaldiçoou então o poder divínatório que o amor dava a Sabina. de uma doçura angelical. durante o dia.ros to como num liB E A T R I Z 373 vro.. Assim pois. que seja o curso de uma torrente fogosa. ao invés de se r uma água correndo tranqüilamente entre as duas margens. soerguidos pelas tormentas. para viver com suas emoçoes. estava deitada. livre. a si mesma indaga a origem da mais insignificante tristeza. no dia seguinte pela manhã. remetera algum dinheiro. Calisto. detido no primeiro degrau da escada i)ela pergunta de #um velho criado: . no qual o luxo se fizera simple s. genro do Duque de Grandicu. porque as pessoas comuns iriam ser mais sensatas? XIV O NINHO DO ANJO DECAMO Calisto alcançou as duas horas. a opulência para muitas burguesas ambiciosas. tudo no interior contrastava com a mesquinhez ido exterior.. bem edu cados. uma criada de quarto e uma cozinheira de Ale nçon. não tinha querido estender a mão ao seu tirano. de côr granate. por várias vêzes. deixando a fortuna ao marido. Calisto nada tinha que proteger em Sabina. tudo atestava uma antiga opulência. o velho criado abriu. Os móveis de madeira dourada. tal a abundância de flores em jardineiras. e cujo aluguel não ultrapassava mil e oitocentos francos. que a gran deza e a delicadeza sempre consoante corri a dêles os deixam calmos. os reposteiros. que se cansam. ela era irrepreensível. embora jamais a tivesse visto. com tapêtes encarnado escuro. mal conservado pelo proprietário. a fim de introduzir o barão no apartamento. forrados de veludo. Tapêtes de côres sérias. com losangos de sêda encarnada e pregas douradas. as magníficas ?consolas sôbre uma das quais havia um relógio curioso. êle.. de resto. esta exposição não explicaria a estranha paixão de Calisto. estava iluminada por uma claridade tão. Conti e a Srta. compreendeu que devia deixar a Beatriz seu livre arbítrio. subiu por uma escada. situada na linha da rua. fraca que Calisto mal pôde ver em cima da chaminé dois vasos de porcelana velha. e que vão buscar junto a naturezas inferiores ou decaídas a sanção -de sua própria superioridade . Essa peça. dotada porém de um pequ eno jardim. onde se estende o parque de Monceaux. Há homens cheios de nobreza como Calisto. Foi com passo lépido até à rua de -Courcelles. 176 trazida da Itália por Beatriz. de Rochefíde. êle. e ficou. de um casamento com uma pessoa de natureza semelhante à ?dêles. as fôrças perdidas de seu coração iam tôdas vibrar em Beatriz. cortinados entrecruzados nas jane las. e examinou o j ardim. A sêda e o veludo forravam as peças. sua miséria teria constituído. sempre servida Por um velho criado.Onome do senhor? Calisto. reconheceu a casa. iinconscientemente talvez.Calisto esperou Beatriz num salão de estilo sóbrio. e relu giara-se numa antiga casinha de grão-senhor. Ao ver-se só. encarnados. que os irioralistas ainda não descobriram êsse lado do vício. realçado por sedarías de um amarelo mate. Ocontraste da decadência moral e do sublime diverte-lhes o olhar. cujos restos havi . ela foi forçada a economias bastante duras para um aa mulher acostumada ao luxo. A Sra. a quem a mãe. nobre conio. se é que todavia não lhes vão ?nendigar louvores. belos como êle. entre os quais brilhava uma taça de prata atribuída a Benvenuto ?Cellini. Opuro brilha tanto na vizinhançado. e cujas janelas assemelhavam-se a estu fas. ricos e distintos. impur ol Essa contradição diverte. sêres cuja nobreza não se admira da nobreza. des Touches pouparam os aborrecimentos da vida material a Beatri z. com um tapête da Pérsia. uma porta dupla de veludo encarnado. Talvez o motivo íôsse ach ado numa vaidade tão profundamente enterrada. pelas quais Calisto passou. Se grandes ho mens representaram ante nossos olhos êsse papel de Jesus reerguendo a mulher adúltera. como quase tôdas as grandes damas que partem suas cadeias. gras e amarelas que as chuvas produzem nasiparedes novas de Paris. Assim. Subira portanto ao alto da colina. os muros ondeados pelas linhas ne. fugi ra. No primeiro andar. ligados à sua desdita.. forrada de veludo. . os Bourbons. vivendo sôbre esta frase: "you revê-la!" um poema que muitas vêzes distraiu viagens de setecentas léguas. a mesa. rico. cujos degraus de pedra tinham sido polidos e ?cuj os patamares estavam cheios de flores. Não obstante. Calisto. colocando um dedo nos lábios. 177 ao qual nenhum compromisso prendia. -davam a medida de uma impertinência superior. . como você não tem. Oinfeliz tornou a encontrar aquela violência que estivera a ponto de o fazer matar Beatriz.]É. não me trate como a uma amante. .Ponha len ha no fogo. músico italiano (1533 . porque acreditei.Antônio.disse ela ao velho criado. com um gesto. que não me disputarei tolamente a um homem amado. compreendeu que Beatriz não tinha nenhuma intenção belicosa. De resto. atraíam a luz para refletiIa. -Os belos cabelos que o pente tornara soltos esca-pavam-se de baixo de uma coifa de rendas e flores.Um amante não se mostraria tão solícito. enfim. e vê onde êsse arrebatamento fatal me levou? Quanto a v ocê. não é? E sentou-se numa conversadeira. na situação horrível em que a colocaria o amor de Calisto. o olhar da. des Touches nos pregou . Primeiro.já? . símbolo da crítica. Eu não teria. então.Uma peça que a Srta. durante as quais a Sra. desta vez. 176) Benvenuto cellini (15OO-1571): gravador. (porque as mulheres têm duas memórias.. cortado em feitio de robe-de-chambre. meu querido filho. Ovestido. no qual #cintilava o cabo ornamentado de pedras preciosas de uni punhal. impondo-lhe o horrível ultimato de uma renúncia radical a Sabina. viu jóias. .1566). Calisto. A primeira asp?. levantou-se para tocar a sinêta. desculpas. porém. segredo s a dizer-me.continuou com dignidade depois do velho sair. Calisto para que toma sse lugar ao lado dela. a qual ?certamente teria dito a um tipo escovado que estava sendo esperado. Nada a poderia tranqüilizar.conhecia-a tão bem! .Minha querida Beatriz. que servia de c orta-papel. . guarnecida de re ndas no Punho. um livro iniciado. nunca amei s enão você no mundo. tudo isso fêz Calisto perder a cabeça.am sido bem dispostos. de grandes mangas abertas. por um homem inteiramente livre. Como vê. amável. favorito de Maria #Stuart. não estou em casa para ninguém . deliciosa.disse ela sorrindo. escultor e ourives italiano. -convidando. uma mulher que cumpre tôdas as promessas da rapariga. depois. o contacto daquele vestido. Tenho duas observações a fazer-l he. #376 CENAS DA VIDA PRIVADA XV O PRIMEIRO NÃO DO SIM O ruge-ruge de um vestido de sêda anunciou a desditosa. 177) Rizzio: Davidde Rizzio. afirmava. É bem u . tôdas essas razões caem diante de uma palavra. chamado à ordem. tem uma mulher moça. era de rnoiré gris pérola. auunhalado aos olhos "desta. está sob o império do mais santo dos deveres. representando tôdas elas os quartos de dormir das múltiplas habitações em que a vida err ante fizera Beatriz permanecer. de Rochefide manteve Calisto na ob servação da fé conjugal. considerava o sacrifício de Sabina coisa de pouca monta. trato-o como amigo . a dos anjos e a dos demônios) Beatriz exalava o perfume que usava nas Touches. quando do seu encontro com Calisto. ter s ido amada por uma espécie de Rizzio. queles olhos que. Calisto. na parede. de onde os braços saíam cobertos Por uma dupla manga fôfa e debruada.. Tem. que não quero mais pertencer a nenhum homem no mundo. a marquesa estava à beira de uma conversadeira e não do Oceano. conteve-se. é pai. Calisto . talvez procurado. .ração daquele perfume. A êsse sinal. e seríamos dois louco s. dez aquarelas ricamente emold uradas. Passaram-se três horas. a fim de deixar entrev er um canto do alvo seio. Finalmente. naquela penum bra. Em cima de um -pequeno móvel. autor de cuTiosas memórias.disse ela sorrindo. B E A T R I Z 377 . . ela mostrou-se numa toilet te estudada. Por um acaso. e me casaram contra a vontade. . Sabina deitara-se. obedecerei .KIVAI? "janto no restaurante com alguns amigos. . Ela própria acendeu as vela s e trouxe uma para cima da mesa. e sêca como o pai. para não dizer alaranja?da. Pode-se acaso ser terna com formas tão magras? Eva é loura. .... . .-disse ela.Deixe-me sómente . pôs o queixo na mão e fitou com os o lhos cintilantes a implacável Beatriz. . assine. olhando-o com um a r frio a ponto de gelar-lhe a medula dos ossos.Minha querida! sua mulher lhe é ainda querida? . não me espere!" .Dite o que devo escrever.disse ela. . No dia seguinte de manhã a criança ia bem.disse êle.Dlhe. dormia. as inquietações da mãe se haviam . . meu pobre amigo. o amor verdadeiro começa na mulher por explicar tudo vantajosamente para o homem amado. que pode andar sózinho. fingindo uma admiração provocadora. Depois de ter esperado até mei a-noite e meia. XVI O SEGUNDO NÃO DO SIM Cerca das seis horas. Pobre Calisto. Mas então. Tão moço. senhor.pensou. quando encontram dificuldades.disse o pobre rapaz.minha modesta refeição não o assustará.Agora.Tome. Os bretãos possuem uma espécie de coragem que os leva a obstinar-se. desesperado pegou o chapéu para retirar-se. levantando-se como um homem feliz.Calisto estava com pressa . . .Nada. XVII A ESCOLA DA MENTIRA Calisto voltou para casa cêrca das duas horas da manhã. na Espanha e em Portugal. vá jantar #corn ela. a f im de ler o que Calisto escrevia. pois podia lá ser essa a mulher que lhe convinha? Ela tem belos olhos.Ali! guardei. sua inulher não se perderá jamais.. Osenhor janta aqui.Atrever-se-ia a jantar comigo? . morena como a mãe.? . e não cedeu à?quele sublime gesto.Sim.. as mulheres morenas descendem de Adão. porém. nascida nos limites da Normandia e da Bretanha. ela.. .disse Calisto.. . o ver-se abandonada desenvolvera nela as ferocidades do franco e a maldade de? n ormando.. O jovem barão ergueu-se. . Os homens são todos covardes conoscol Vá. vai-te. não lhe dês o desgôsto de jantar sem ti! Calisto ficou. dizendolhe: "Toma-me!" Beatriz. pois do contrário ela m e esperaria até às nove horas. era fácil pegá-lo pelos seus maus lados. a portuguêsa. que esperou mais alguma coisa. acabrunhada de cansaço. . explicouo! .. pertencia à raça dos Casteran. . "Minha querida Sabina. cuj a mão deixou sôbre Eva seu último pensameno.disse ela. Foi tão soberbo que uma mulher do Norte ou do Meio-dia teria caído de joelhos..disse Beatriz. e terá suficiente independência para cumular-me de alegria por essa pequena proia de afeição? . . Pois bem.. mande levar êste bilhete ao seu endereço. mas olhos -como êsses são -comu ns na Itália.E. Calisto recostou-se na poltrona e ficou pálido como a morte." ." #379 CENAS i?A VIDA P.you mandar levar isto por um. mensageiro. vá jantar com a sua querida Sabina.ma Grandicu. Calisto. .. . necessitava de um terrível escândalo como vingança. .-disse Beatríz.disse ela. Bem. creio eu. Para dizer a verdade. sim. uma vez realizada a criação. . o meu livre arbítriol. pois é como um rapaz já feito.. aqui está a mesa onde escrevo . vírando-se e deten do-se a meio caminho da mesa à chaminé onde foi tocar a campanhía..Uma mentira! fora! você é indigno de ser amado por ela ou por mim! ..escrever um bilhete à Sabiria. as louras vêm de Deus. embora tivesse sido vivamente magoada com o laconismo do bilhete do marido. .. Esc reve: "janto na cidade. saltando sôbre aquêle bilhete com uma alegria cont ida. porém. Antônio. apoiou o cotovêlo na mesa.exclamou Calisto.porque ainda me amarás como me amavas em Guérande.Vá. Enquanto Calisto. " Essa reflexão passou como um relâmpago naquela consciência. subiu em um dêsses pequen os veículos baixos. mas propôs-se procurar o papel que. a ponto de pagarem a meias o camarote nos Italianos. Emília de Fontaino (em OBaile de Sceaux) : depois se consolou casando com úrsula Mirouãt (como veremos no romance dê&te nome). nada mais sereis do que uma opinião.São uns tipos tão engraçados êsses diretores de Clube! O Visconde de Portenduère e a espôsa.escreveste foi uni Pouco sêco.11 ." Sabina pensava: "Pareceu-me que o papel traz uma coroal. por entre os terrores de que estava possuída. de um só cavalo.. a substituir o incôrnodo cabriolé de nossos antepassados. Calisto. escreveste-me em papel de mulher. no qual uma mulher pode distinguir um matiz tão delicado.. a si mesmo dizia: "you prev enir Saviniano. tinham-se tornado íntimos d os du Guénic. apartando-se das massas. Brincou como uma criança com o senhor cavaleiro. um dos pretendentes despedidos dt.#acalmado. pois tinha um perfume feminino. já se fèz notar em vários r omances por seus motejos e ditos picantes.disse Sabina. para as quais deveriam servir de a lma e de inteligência. com o pequeno Calisto nos braços. Não é fumando charutos. e Sabina censurou-se por tê-la fe ito. de confidências a propósito #dos 178) Portenduère: Visconde Saviniano de PoTtenduère.respondeu êle. poucos momentos antes 1B F A T R I Z 37. Calisto saiu. achando embora si2r êle um monstro . tendo prèviamente pedido a maior rapidez. onde residia o visconde. Ao invés de serem um partido. As duas jovens senhoras.Só me lembrei de te prevenir no clube. dizendo à mulher que voltaria.Confessa que o primeiro bilhete que me. dizendo aquelas palavrinhas bôbas.É uma vida tôla. no caso em que &ffiffia interrogasse a vis condessa. Finalmente. .Entretanto. mas Sabina não chegara ainda a êsse grau de desconfiança. tornando mais ínaproveitável ainda a sua ociosídade. . apresentá-lo ao pai. como diz de Marsa y.reteve-me a jantar e fomos ao clube jogar alguma s partidas de uíste. a trôco de possível pagamento. que a ouvia pensativo. Repentinamente. XVIII OS CAVALOS AINDA NÃO MENTEM Depois do almôço. pelas quais começavam. aparecerlhe como uma providência. atirara na sua caixa de cartas. 171 Ali! se soubesses o quanto meus pensamentos se ampliaram. que f azem e dizem as jovens mães. não? . a qual aparecerá logo mais. foi encantador com a mulher. muito bisonho em mentiras. Sabina perguntou: Que fizeste ontem? Portenduère 1. . . que êles existirão.Os jovens gentis-homens desta época d everiam pensar em reconquistar no seu país o terreno perdido por seus pais. úrsulaiso e Sabina. co demais . tinham sido levadas a essa amizade pela delic iwa troca de conselhos. um casal encantador.NAS DA VIDA PRIVADÁ lilhos. . Essa pequena cena conjugal -permitiu a Calisto tomar uma atitude. Uma vez na rua. disse-lhe: . fazendo aquelas lindas doidices. 179) de Marsay: um dos grandes arrivistas da Comédia Humana. #iso CE. exagerou seu papel. jogando uíste. desde que embal ei e amamentei teu filhol Quisera ver êsse velho nome du Guénic tornar-se histórico. a quem pediu lhe prestasse o pequeno obséquio de mentir. mergulhando o olhar nos olhos de Calisto. Correu em poucos minutos à rua dos Santos Padres. brincou mesmo um pou. ao almôço. na véspera. . a do almÔÇO. contentando-se em dizer impertinências aos parvenzis que os expulsaram de tôdas as suas posições. . 18O) úrsula: heroína do romance úrsula Mirouêt uo volume V desta edição. de cuidados. Sabina veio rindo. meu Calisto . . foi da rua dos Santos Padres à rua de Courcelles em poucos minutos. Ouviu alguns ditos picantes proferido s por seu ídolo. e inquieta sem saber por quê. pressente. e não podem ser prodigalizados por todos amôres. minha mãe e tia Zefirina contribuíram para ela. queria ver com o Beatriz passara o resto da noite. que vão e vêm. com a cabeça no seu pescoço. deixava transparecer sua fadig a e seus verdadeiros sentimentos. e que as publicara. porque é um momento sublime no qual as fôrças do corasão e da inteligência derramam -se como as águas das ninfas arquiteturais jorram das um aas inclinadas.De onde vens. faz crer em sêres morais. parecia sair da água. impressionou-a. Estão terminando neste momento uma toilette para ti. cujo grande assunto era o de deverti-lo. e maravilhou-se do serviço de ouro. . embelezada.Não se contam segredos na escada . fresca . enlaçando-a pela cintura com mais carinho do que teria demonstrado se. de tal forma estava molhado de suor. não fôsse culpa do.. O3 homens deveriam cair então aos pés das mulheres para ado. . para quem Conti fizera algumas romanças. que não é o demônio.respondeu ela rindo.E o segrêdo?. absolutamente como um burguês da Rua São Dinis. por mais inocente que êle seja. e quis fazer-te uma surprêsa. voltando-se. para a mulher que rios ama .Vem XIX ENSAIO DE TOXICOLOGIA MORAL -No meio do salão que precedia o quarto de dormir. Por um acaso que tôdas as mulheres ciumentas preparam. . mesmo excessivos.De onde vem êle? Essa pergunta foi-lhe assoprada ao ouvido por aquêle poder que não é a consciência..já o vejo.quejando sob o pêso da felicidade. mas por ver dissipada a primeira suspeita. . . . a cujo encontro ela desceu até ao primeiro patamar da escada.. Oestado do cavalo. manteve-o apertado contra o coração. não devias ficar senão um momento fora. . não mais sorrindo. e faz três horas que te espero. o qual. cuja bôca espumava. Sabina desatou em prantos. presente de um lorde melômano.. Foi um dêsses impulsos magnífic os que se contam. Seu belo cavalo inglês.Íressos na dissimulação. porquanto a vida seria demasiado cedo consturilda.. em criaturas nascidas em nosso cérebro. . para as quais o lorde dera as sua s idéias.respondeu em voz alta à mulher. impaciente por não ver Calisto voltar. é impossível ter um segrêdo. e almoçando com excelente apetite. Sabina estava de pé junto a u ma janela que dava para o pátio. e voltou para casa sómente às três horas. #. .sai rei -do apêrto com um presente.. . que não é o anjo.disse consigo mesmo Calisto. como sendo dêle.Como ama de leite fôste de um egoísmo que me torna mais c_-ro ainda o herdeiro pre suntivo dos du Guénic. não sabendo estar sendo observado. Pensou ter ficado apenas meiahora .disse ela.Vamos . presente da Viscondess a de Grandieu. Admirou a graça com que aquêle anjo tom ava ovos quentes.disse ela a Calisto. mas que vê. ela viu num espelho o rosto de Calisto. e vivem na esfera invisível das idéias.Abd#B E A T R I Z gal k 3"V el-Kader está qiase aguado. na qual traba lharam artistas. Querida ama .-las. não por causa da toilette. querido anjo? . Achou a feliz desditosa à saída do banho. mostra-nos o desconhecido. ao mesmo tempo que se zang ava e chorava no momento em que êle se retirava. fTa. o qual fazia pro. . Sabína cercou Calisto com os braços. parece-me que you morrer . querida? . . a Sra. . ela recuperou a vista e o espírito. do anjinho ...dizia ela mais tarde. os dois1 Sim. com febre do le ite. entregue como ela estava à sua alegria. Creia que ao enfeitar-me diante #B F A. o primeiro clarão de sua inteligência foi o de mandar aquela rapariga à casa de sua am iga. sentiu o perfume do papel da carta!.disse-lhe ela.Vá buscar meu médico e meu parteiro. sinto-o. Mandou a criada de quarto pôr esta carta no correio para Guérande.Morro! XX DE COMO SE VERIFICA QUE NESSA VARIEDADE DE CRISES. Baronesa du Guénic Querida mãe. o qual. Eu já estav a bem paga pela minha própria felicidade. tia Zefirina e Calisto agradecer-me o ter eu cumprido os meus deveres. como nos deu a esperança de fazê-lo. estou. bradando: . quando vier a Paris..disse Calísto. belo ornamento é nosso queri . Ela acabava de beijar o lugar onde os beijos de sua rival permaneciam ainda quentes1. . como a dama romai ..Que tens.Que foi que Saviniano e Calisto lizeram ontem. ela afastouse de Calisto.miríades ao mesmo tempo. como se uma víbora a mordesse.. Uma outra cabeça de mulher ali se esfregara.. . porque estava dominada por um furor de ter uma certeza: À Sra. se o senhor não fôr depressa chamá-los. XX1 E A LUZ SE FUI Quando a Viscondessa de Portenduère entrou. ouviu fechar-se a porta da entrada. agarrada e levada ao leito. Renuncio a exprimir-lhe o prazer que me fêz esta encantadora toilette. #382 CENAS DA VIDA PRIVADA . A crise que ela anunciava como pretexto teve lugar. Tocou a sinêta. eu lhe agradece rei pessoalmente o belo presente que me fêz.Repentinamente. . a criada de quarto en trou. T R 1 71 383 ia isi que meu mai $ desta jóia.Crsula. girou pelo salão como uma louca. sómente quando a tiver junto de mim. e pelo qual quiseram a senhora. e na exaltação da febre. ao mergulhar o nariz na gr avata dêle. Gritou: ..Vi . depois de iazer Sabina voltar a si. de Portenduère. ergueu-se como uma corça assu stada. e. pensarei sempre. cabeça da qual os cabelos e o rosto deixavam um cheiro adúltero. chaniando o criado de quarto. saiu precipitadamente. . teve fôrças para escrever a seguinte carta.. Ao ter Calisto abraçado. Ç?uando.. quando. Sabina sentiu as idéias turbilhonarem-lhe na cabeça como argueiros levados num furacão. foi atira r-se num divã e ali desmaiou.. . poderei fa zê-lo. ao ouvir aquêle terrível grito de -mãe e de espôsa atacada..Que tens? . passando-lhe pelo rosto um pano molhado. A PRIMEIRA NECESSIDADE É A LU Z.Meu Deus1 meu Deus1 meu Deus1 Essas duas palavras consubstanciavam tôdas as suas idéias. A ssim que Sabina. depois de terem jantado em tua casa? . Osangue em ebulição? pareceu-lhe mi sturar-se simultâneamente aos seus nervos e querer sair-lhe pelos p( ros1 Durante um momento ficou cega. Os cabelos tornaram-se-lhe na cabeça outras tantas agulhas aquecidas ao rubro pelo fogo dos nervos. Êles não virão neste mesmo momento. Etc. o senhor impressionou Calisto. muito assustado.. o calefrio de uma febre espantosa subs tituíra-se em Sabina àquele primeiro paroxismo de loucura. porque a reação súbita do frio sôbre #o coração inflamado quase a mata. Terei então um coração onde chorar ou gemerl .. . pelas quais Sabina te ntou contar tudo. com vinte e dois anos e meiol .disse a duquesa à filha. seu ídolo. Batiam-lhe os dentes. Beatriz não está em Paris.não é de opinião que.disse a viscondessa ao terminar.disse a viscondessa. A viscondessa e a duquesa anteciparam-se alguns momentos ao famoso parteiro Dorc urtanget.Ali! a ti.you saber a verdad e. sem poder explicá-la... . Olil minha querida. até então secos. pensou..Mas o que é pior. Nem um aa palavra! Não me lamentes . Exibindo-lhe um dia uma rica patrícia sua coleção de jóias #e pedindo4he que mostrasse as sua6. que quase não sinto os atrozes sofrimentos que me lavram o peito e o rosto. a quem essa confidência enregelara o cor ação. poluído.e tu te enganas . Quanto ao que teu marido fêz . voltando para o leito.Procura saber se a Sra.disse a duquesa. A linda Sra. aos quais educou com a maior dedicação.. minha queridinha.Não seil Mas Calisto pregou-me duas mentiras. de Portenduère. e fomos aos Italianos. . "É preciso salvá-lal". tudo devemo s confiar ao médico.Tu. foi a um pequeno móvel e de lá tirou a -carta.. .. filha de Cipião OAfricano e mãe dos Gracos. por não acredit ar num inquérito imediato. eu te quererei até no -meu túmulol . permanecia como que ?aturdida ante aquela dor Verdadeira. tinha os olhos gelados. pediu-lhe o mais profundo segrêdo e pô-la ao par da situação de Sabina. . talvez saibas por quem por intermédio de Saviniano.Espera-me. Enfim. E tremendo.disse ela. a quem o marido nada dissera ainda. #384 CENAS DA VIDA PRIVADA nada!. sem Calisto. tudo em pedaços. . empolgada por aquela agonia do n amor. não mais vida no coração. . tão bela.gritoulhe. Vrsula foi como que iluminada por uma dessas idéias que só ocorrem às amigas sinceras. em proveito dêsse horrível Calisto. por uni momento.Saviniano e eu ontem jantamos juntos.Uma coroa de -marquesa! . a loucura. . .replicou úrsula. sua poesia. a experiência de uma mulher da minha idade. tudo.úrsula. já não creio no sol.... . . disse a duquesa. para evitar uma doença horrorosa. perdidol . .gritou Sabina.... . guarda-me segrêdo a r espeito do que acabas de dizer-me e do mais que te you confiar. não te enraiveças.Tirsula -confiou-me tudo .. . amortecidos. Sómente tu saberás de que morro. Sabina . o rosto apresentava t onalidades esverdeadas e a aparência de um velho espelho de Veneza. e inventar. você tem razão..Senhora. em nome do teu amor por Saviniano. Primei ro que tudo. o único dos dois sábios que Calisto encontrou. faze-te de ignorante. e em camisa. isi) Como a dama romana: alusão a Cornélia. a amizade emprestou-lhe. XXII PRIMEIRA MENTIRA DE UMA DEVOTA DUQUESA A viscondessa foi à casa da Duquesa de Grandieti. que ficou viúva com doze filhos... Felizmente que o pequeno está desmamado. Não sei se é dia. ela poderia perder a beleza! .. . apesar das narrativas inocentes. . tendo na mão o bilhete fatal que Sabina cheirava uma últi ma vez. ela r~nil<1eu. uma torrente de lágrimas jorrou dos olhos de Sabina. Oli! a carta de onteral . indicando Os filhos: "Eis as minhas jóias". Sei como Sabina ama o marido. ela poderia ficar louca. e quem sabe.Corramos . ver suas crenças. Repentinamente. . . tenho tantas dores no coração.... sua fe licidade. Estou sendo traída. sua virtude. alguma fábula que por enquanto o inocente? . pois meu leite o envenenaria! Ante essa idéia. E por quem? . .Que jantar? .Minha querida filha. Não mais Deus no céu1 não mais amor na terra. no fim do terceiro ano de casada. de Rochelíde está em Paris . . Tais perdões compram-se por tôda uma vida de felicidade. como uma mocinha ainda honrada. e um v elho parteiro . Mas não lamente os 1 trinta mil francos que o senhor barão perdeu nessa noite. A prudente mãe atirou -no fogo o malfadado papel. mas tudo reparei. a jovem viscondessa uma espôsa feliz _.grandeza do perigo.disse Doramanget. que é mulher para se ter apenas uma vez! . e todos se entreolharam disfarçadamente. cinqüenta.Disserammo esta manhã em casa da jovem Duquesa Berta de Maufrigneuse . . te nha a coragem do criminoso e sua impudência.Foi então o jôgo que lhe provocou essas olheiras? . Não quer a morte de minha filha. du Guénic pode perder trinta. sentado à cabeceira da cioente. E o pôs ao par das mentiras que acabava de inventar. Quanto ao senhor. Donimanget.. compreendo porque está tão envergonhado.Como pode o senhor jogar com semelhante indivíduo? Francamente.Os marid os se aborrecem de estar separados das mulheres. uma duquesa devota.Senhor . apresentando-lhe a carta. de Rochefide. . . cujo êxito dependia da maior rapidez na execução. mas sem perdoá-lo. -brevemente nossos merceeiros serão titulares . Saiba mentir. deixou Sabina entregue aos cuidados da Sra. a ouquesa.um egoísta . colérica. Senhor Dorincianget.. o que acabou de enganar a Sabina. meu anjo. Se quer que o estime. vão ao clube e jogam.disse ela. -barão.mentindo como vendedores de -curiosidades. de Trailles 182 -quem os ganhou disse êle a Calisto.#ontem. sem que ninguém . QUANDO SE JULGA AMADA. . do que se fôssemos nós que ú tivéssemos ganho ao Sr.disse a duquesa continuando . É preferível que o Sr. . ele perdeu muito dinheiro e não sabe onde ir buscá-lo para pagar t ua tollette.Isso! . de Trailles. todos escrevem em papel com coroa.disse ela a Calisto o senhor traiu-a c om a Sra. que acabava de dar instruções à criadagera. depois esqueça a Sra. de T railles lhe tenha ganho dinheiro. a mãe e a viscondessa estremecerem. e deteve no salão o parteiro e Calisto.exclamou a duquesa rindo.TMIDADE PECULIAR à MULHER. já estudava nos sintomas os meios de remediar o mal. #Essa frase fêz o médico. uma mulher velha como eu compreende seu êrro. XXIII UM.Trinta mil fra-ricos! .. . . Calisto corou. Quando Calisto e Doramanget cheg aram. Calisto. .como o senhor não sabe enganar. o bom e nobre Calisto compreendeu a . cem mil francos. Enquanto prescrevia medidas.replicou Dommanget. . de Rochefide. espirituosa e brutalmente..tenha o direito de censurá-lo e dar-lhe lições.OS r.é o papel do lóB E A T R I Z 385 quei-Clube. eu o soube. Ao ver a sogra. #ass CENAS DA VIDA PRIVADA .E isto? .. . . não é? Tudo isso... fêz uma tal qua ntidade de disparates que Sabina adivinhou tudo.disse Sabina à mãe. Eu mesma tive de mentir e you ser forçada a rudes penitências por êste pecado mortal! . . . . senhor. de Portenduère. o põe na pista da verdade ira doença e de sua causa.. Calisto. sentado nos pés do leito. .Sim.que foi o Sr. mantinha os olhos postos em Sa bina.. Calisto ficou rubro como uma cereja.exclamou tôIamente úrsula. O hábil parteiro. tentando dar uma viva expressão de ternura ao seu olhar.. . .Aí está o que é amamentar. foi avisada. salve primeiro minha filha.E. pilhada numa falta.N STTRI.disse ela com voz fraca..Trata-se da vida de Sabina.. sentando-se no leito e encarando. se tal lhe aprouver. e duas grossas lágrimas desliz aramlhe pelo rosto.. Eu entreguei-lhe minha pobre mulher. Por isso. . o leite subiu-lhe à cabeça. para poder dirigir as mulheres. encont rá-lo-emos também em Gobseck. Por isso viu-se forçado a empregar todo o poder de paixão. xxv CAPíTULO PARA SER MEDITADO POR TõDAS AS MULHERES Aquela fraseologia poderá surpreender. seu B. Calist o estava em casa da Sra. não recebera essa espécie de educação parisiense que deve ser denominada a cortesia das paixões. Não há maior inépcia para um marido do que ? 1.Pois tanto melhor . para obter d e Beatriz um perdão solicitado durante duas horas. etc.. beijou-a nas duas faces e disse-lh e ao ouvido: Sabina. conhecem-se de cor. a Marquesa de Rochefide julgara-se em seu espelho. da qual talvez conserve os vestígios por tôda a vi-da. ter de vencer aquêle sábio desdém. quase no dia seguinte ao da minha falta! . à espôsa. . à amante. sim. s e a tivesse olhado. que secara como seus ossos. contam suas rugas. continuou nesse torn com uma ladainha de #182) OSr. Nenhum sistema é mais fecundo com os homens de naturez a conquistadora. a jovem senhora foi considerada salva. e devendo-lhe tôdas as mercês.isso talvez lha torne mais clara. . assistem ao nascimento dos pés de galinha. é depravação! Eu amo sua almal porque. . . capaz de gelar o Sena. no qual você me fêz escrever e que tinha seu nome e sua coroa que eu não tinha vistol . fique sabendo. de Trailles: um dos princi-pais protagonistas da Comédia Humana... porém. furtivamente seca-das com a renda do lenço. quando esta é virtuosa. és um anjol .. ela está com uma erisipela. e o revelam mesmo demasiado pela grandeza de seus esforços para se conservarem. a verdade de que são . mal feito de corpo. duas aprendizagens a fazer. não é isso o triunfo do primeir o dia.. recusado por um anjo irritado que erguia os olhos para o teto. n #a si mesma prometera fazê-lo crer ser êle desgracioso. a não ser a de falar -da amante. Beatriz ficou com uma cara polar. Porque não me diz ser ela uma pérola de virtude. e que declamava 2s. Eu não via senão você! Felume nte. você é horroroso. Ora. enlaçou a mulher pelo pescoço. ela descobriu !tudo. é a lisonja oculta sob a libré do ódio.dizia-lhe. ela p.Beatriz. Sem se confessar a perversidade dêsse plano.Calisto ergueu-se. Não sabia nem mentir à espôsa . B E A T R I Z 887 epig=as atrozes.. para lutar com uma esplêndida mulher moça. mas as mentiras nas quais me enredei como um tolo traíram a minha felicida de. As mulheres de espírito nunca se iludem sôbre si mesmas. Calisto. Sabina quase morreu. XX1V UMA MENTIRA COMO MUITAS Dois dias depois. Em sua terceira encarnação. quan do esta é bela. única palavra qu e traduz bem o efeito da experiência dada por tais aventuras. ela avança mais e mais na velhacaria. Beatriz pedira recursos à ciência das cortesãs. recomeçado todos os dias? É mais. e proceder como se o odiasse. . vêem surgir as erupções miliares. azêda como sua voz. Sei. Para êles. -mas constituía um sistema profundamente medi tado por Beatriz. E Beatriz. de Rochefide e fazia-se um mérito de sua infâmia.. a letra.você me deve a felicidade.respondeu. No dia seguinte.. desigual como sua tez. estava apagado por acaso. a fim de não ver o culpado. razões próprias às marquesas com uma voz entremeada de pequeninas lágrimas muito par ecidas. Aquêle fatal papel. feio. porque a cada paixão a inulher se torna completamente outra. para obter sôbre ela seis triunfos por semana. nem dizer a verdade à amante. querido. Ao ouvir essa tirada.Falar-me em sua mulher.5 . comp arado com alguns -pastôres da Campanha Romanal. arrastada a em?egar aquêles meios -por uma paixão turca pelo b?elo Calisto.alar da espôsa. ela o acha belo por admiração! isso. Mas o perfume que você deixou em mim.... perdemonos em conjecturas. TÔda espôsa. Graças aos conselhos da Srta. Não pode duvidar dos nossos corações. um brio de existência. de uma Grandieti. eito à Calisto e peço-lhe que me perdoe nossa p ignorância. que ela opunha à residência de du Guénic. quinze dias após a primeira crise. minha cunhada Zefirina e eu. Sua carta. A cena da reconciliação na qual Beatriz fêz Calisto jurar ódio à espôsa que representava. pois venço-lhe a repugnãoncia.?DA revestidas tôdas as metamorfoses.ell" ou: "Amo bastante. pelos sublimes poetas desconhecidos que as inven taram. surpreendeu-me por seu laconismo e sobretudo pelo seu silêncio sôbre o meu querido pequeno Calisto.#388 CENAS DA VIDA PRIV. pelo desânimo que dela se aipodera. Uma manhã.. . nem à mãe que tão caridosamente a tinham enganado. de Rochefide começava com ataques surdos contra o luxo. Quando tentou recomeçar os sedutores hábitos da lua de mel. BARONESA DU GUÉNIC Guérande Minha querida filha. Sabina recebeu esta carta terrível: À SRA. a p ropósito da toilette de que nos fala em sua carta. é -como o s ol." Se negardes êsse princípio. Se essa fase da maternidad e rejuvenesce as mulheres de uma certa idade. Fiv. 1114 pede-se à certeza que nos cegue. Estamos acumulando-lhes riquezas. A ciência do s nadas. que se vê desde da e se desleixa. logo exige estores. de PenHoêl. Caída em pleno desprêzo pelo abandono de Conti. ia ser para ela um pedestal. os buscadores de segredos. adivinhado pelas coquetes e as cortesãs de tôdas as zonas so ciais. a Sra. volta mais bonita para a sociedade. ela a levou até ao abuso. uma alegre atividade. Beatriz queria ao menos a glória que a perver sidade dá. B E A T R I Z 3831 repetição da fábula do Lenhador. em amor. de jardineiras de um luxo desmedido. e a certeza não se ?fêz esperar. Beatriz duplicara o emprêgo do desprêzo como pistão moral.Sabina não encontrou mais o mesmo Calisto. Quis uma -certeza.. dá às jovens um resplendor elegante.um tempo estarão com um capital considerável. X vi PEQUENO TRATADO DA ?CERTEZA SOB OUTRO" PONTO DE VISTA QUE NÃO ODE PASCAL 1113 Quando uma mulher volta da amamentação do primeiro filho.. disse ela. repelidos durante anos no seu duelo com as causas secretas. A desditosa obseryou. a comédia do leite derramado. Um homem diz-se então: "Sou irresistí. neguemos os pesquisadores científicos. chamando a Morte. atravessado: A nobre Bretanha não. das bagatelas em moda. uma 183) Oponto de vista de Pascal. do Fa ubourg Saint-Germain. etc. dentro de alo. A desgraça de uma jovem espôsa. Nessa previsão. com a comparação perpétua de um interior poético e confortável. querida filha tão amada como se a tivesse tra-ido em meu seio e a tives se amamentado com o meu leite. reapa rece encantadora. você nada tinha a dizer-me do grande .. sem que as suas re ndas nada tenham sofrido.ilmente não se confiou mais nem à amiga . Pascal proeu-ra estabelecer #a certeza da existênc?a de Deus. Em seus pensamentos. £. inas. Ela procurou o fatal perfume e sentiu-o. desleixa seu lar. Sei que êle é feliz.. cercada de flores -encantadoras. em sua casa. ao invés de entregar-se à felicidade. A certeza nunca falta. para a vida ordinária. se é permitido aplicar ao corpo o têrmo que a Itália achou para o espírito. XXVII UMA ALFINETADA NUMA ARMADURA DE AÇO Sabina escreveu na carta. relativamente à gestão dos bens de vocês. passouse num verdadeiro bosquezinho onde ela se requebrava. rica e bela. escrevo a res. classificado de tolo por ela. sses pensamentos cavaram-lhe sulcos no coração. e colocou a carta sôbre a secretária de Calisto.Atrelem .Osenhor não vai jantar aqui. com orgulho.. estarão as almas angélicas ou solitárias. Por isso Sabina. Conheço o perfume e o papel.Avise o senhor. reso lvera vencer. m as a certeza arremessou-lhe novas provas. buscou o seio através do vestido. a Sra. . p assou três horas com o filho nos braços. La Nort et Je Bucheron. que lhes põem o arsênico nas mãos. tendo certeza da traição. geram os milagres do crime. assustado. a pobre senhora desatou a chorar. o pobre!. É o primeiro recanto da tortura do coração.Por que não a lê? . Êste achou a carta e leu-a. que devia ser tôda meiguice. . o despedaçamento dos nervos é conhecido. a letra e a linha de Sabina. -como aquel a a que Sabina quase sucumbira. #89O CE"_1"?AS DA VIDA PRIVADA Atrevida e insolente. novamente desmamada. eis a divisa dos 11Omens% conclui La Fontaine em s ua bela fábula..Eu. F. mas disse-lhe -corn a morte na alma e a voz alterada: . mas sentiu uma dess as raivas que.. Acabrunhado pela velhice e pelo cansaão. pediu-lhe. atirou a carta no fogo. servida por criados silenc iosos. Ela amaB E A T R I Z 391 -va. o capital de nossas fôrças fêz sua contribuição para uma resistência enérgica. XXVIII UMA REFLEXÃO SôBRE A DOR A !dor.you aos Italianos. 184) a fábula do Lenhador. por uma ternura de cordeiro pascal.pode estar tôda ela a mentirl . os outros são esperados. Esta apareceu imediatamente. "Sofrer antes que morrer. tôda prazer para êle. A jovem senhora sentou-se. No meio dos remorsos causados pela apostila que pusera sôbre a carta. em -cujo segrêdo.. Minha virtude fêz-se odienta. Mas davam . com humildade. d u Guénic recebeu a carta. no canto da lareira. Poderão saber-se tôdas as torturas q ue existem. senhora -baronesa.Meu amigo. fazer Calisto voltar por uma doçura excessiva. Não teve mais febre. como não se repetem os começos em tôdas as coisas. . tem sua iniciação. pelas virtudes da espôsa. Queria pedir perdão daquela falta. Calisto foi ler a car ta no seu apartamento. A primeira crise. Sabina passou tôd a uma semana em angústias. Depois de ter reconhecido. não se repetiu. que a asa do anjo mau jamais roçou.Êste aqui se lembra. ela o pegou para o embalar carinhosamente. . eu lhe desagradei. perguntando em que podia servi-lo. feri-o! . .disse ela de repente .. senhora.disse ela em voz baixa. para uma jovem senhora de vinte e três anos. mas como as mulheres choram quando estão sós. em semelhantes circunstâncias? . esta carta vem do Jóqueí-Clube. ou para elas ou para as suas rivais. o lenhad or. . do mesmo modo que o prazer. bem resolvido a não a ter jamais recebido. . de modo a admirar-se. veio dizer: . Beatriz escreveu um dia a Calisto para a casa dêle. quis mostrar-se só e sorridente como uma mulher #feliz.dizia ela. que se tornara criado de quarto.já sei o que me querem. com certeza humilhei meu ídoloi . no suplício de achar-se só no meio da imensa sala de jantar de um palácio antigo.. #"Ajuda-me a colocar a carga outra vez no ombro". Dessa vez. quando Gasselin. entregou-a ao marido sem abri-la. Trouxeram o pequeno Cal isto. Osilêncio de Calisto apavorava Sabina. nessas criaturas fracas. não chorou mais.Ojantar está na mesa. Depois que êle saiu. A criança. Calisto corou e pÔs a carta no hôlso. um pobre lenhador depôs sua carga de lenha e invocou a Morte. chamando a morte. Fêz uma toilette esplêndida.. amava como amam as cortesãs e os anjos. Quis mentir para tôda Paris. mas como as mulheres choram quando estão sós. que aquêles laços tão leves entram ao vivo naquelas carnes delicadas. as flores exóticas são urtigas. Saviniano de Portenduère acompanhou Sabina até o peristilo e fê-la tomar o carro. É o primeiro recanto da tortura do coração. os outros são esperados. tôdas as flores do passado. a Sra. Ao regressar à casa Calisto. A primeira crise. A música é muitas vêzes mais poderoo sa do que o poeta e o ator.. a observação de sua fronte. o despedaçamento dos nervos é conhecido. mas sentiu uma de ssas raivas que. Dessa vez. . a indagações que esmiuçavam até as minúcias da toilette. que lhes põem o arsênico nas mãos. Beatriz escreveu um dia a Calisto para a casa dêle. as estrêIas de ouro do amor único.. Não teve mais febre. Conheço o perfume e o papel. figura no -volume XVII desta edição.. se êle não i a à rua de Chartres. tem sua iniciação.Otello! Quando Rubini cantou: Il mio cor se divide. Calisto foi ler a car ta no seu apartamento. quando vocês virem nos braços das mulheres essas serpentes de ouro com cabeça de diamante. não chorou mais. pobres. do. .disse ela em voz baixa.. do mesmo modo que o prazer. Invejosos. .já sei o que me querem. como aquela a que Sabina quase sucumbira. livro de Balzac publioado auteriormente a Beatri z. os perfumes fedem. geram os milagres do crime. 186) "Fisiologia do casamento". o capital de nossas £ôrças fêz . du Guênic entrou desde então num período de sofrimentos próprios à aristocracia. quando êle saía. Calisto corou e pÔs a carta no biSIso. A criança. Trouxeram o pequeno Cal isto. as duas mais formidáveis naturezas reunidas.18-5 ela fugiu. #89O CENIAS DA VIDA PRIVADA Atrévida e insolente. de modo que tôdas aquelas q ue a sofreram nela encontram suas impressões domésticas. sofredores. Prevenida dessa horrível rivalidade.Meu amigo. esta carta vem do Jóqueí-Clube. Dois ou três exemplos pintarão essa reação de um salão ou de uma mulher sôbre uma felicidade. êsses prendedores. penteado. buscou o seio através do vestido. E com que furor contido não se atira uma mulher sôbre as pontas rubras ?dêsse suplício de selvagem!. mas disse-lhe -corn a morte na alma e a voz alterada: . conservadas no fundo do coração. " (em italian-o): "Omeu coração se parte". Sabina estudou o marido. dos olhos.1 A Sra. ela o Pegou para o embalar carinhosamente. du Guénic recebeu a carta. lemb rem-se de que essas víboras mordem. A jovem senhora sentou-se. a pobre senhora desatou a chorar. Na situação de Sabina as mulheres amaldiçoam os prazeres da riqueza. êsses colares.Por que não a lê? . sem poder explicar-se aquela fuga pre.cii)itada.Êste aqui se lembra. ali se azedavam e corrom piam as delicadas raízes de onde desabrochavam as flores azuis da santa confiança. ACêrca de Rubin i. da fisionomia e da atitude davain. que aquêles colares têm pontas venenosas. como não se repetem os começos em tôdas as coisas. novamente desmamada. #Essas funestas investigações. Que alegria delirante. ou para elas ou para as suas rivais. entregou-a ao marido sem abri-la. não se repetiu. o pobrel. a sêda dos divãs é estôpa. nessas criaturas fracas. XX1X UM CAPíTULO ESQUECIDO NA FISIOLOGIA DO CASAMENTO 18. a fim d e adivinhar o futuro do dia. 185) "11 mio cor se divide. e que fazem então uma mulher perder sua nobreza e sua dignidade. não vêem mais os dour ados dos seus salões. XXVIII UMA REFLEXÃO SôBRE A DOR A dor. ver a nota 1O4... os milagres da cozinha arranham a garganta como pão de centeio e a vida toma a amargura do Mar Morto. um interê9se horrível a nadas. Depois que êle saiu. Todo aquêle luxo p aga-se. senhora -baronesa. Acêrca de Rub ini. de modo a admirar-se.disse ela de repente . Ela amaB E A T R I Z 391 va. 186) "Fisiologia do Casamento". alegre e e?pirituosa. le mbrem-se de que essas víboras mordem. ver a nota 1O4.corn cabeça de diamante. pelas virtudes da espôsa. No ineio dos remorsos causados pela apostila que pusera sôbre a carta. pobres. fazer Calisto voltar por uma doçura excessiva.. a observação de sua fronte. Porque não saíra! Sabina fez-se gatinh a e humilde. Que há a " ela. dos olhos. Poderão saber-se tôdas as torturas q ue existem. os milagres da cozinha arranham a garganta como pão de centeio e a vida toma a amargura do Mar Morto. Todo aquêle luxo p aga-se. ?Dublioado anteTiOrmente a Beat riz. as estrêlas de ouro do amor único. . #Essas funestas investigações. no canto da lareira. por uma ternura de cordeiro pascal. 185) "11 Tnio cor se divide. servida por criados silenc iosos. Mas davam Otello! Quando Rubini cantou: Il mio cor se divide.Osenhor não vai jantar aqui. da fisionomia e da atitude davam um interêffie horrível a na das. as flores exóticas são urtigas. para uma jovem senhora de vinte e três anos. do penteado. tendo certeza da traição. Ao regressar à casa Calisto. Fêz uma toilette esplêndida.185 ela fugiu. ali se azedavam e corrom piam as delicadas raízes de onde desabrochavam as flores azuis da santa confiança. a fim de adivinhar o futuro do dia. que se tornara criado de quarto. com humildade.Ojantar está na mesa. que aquêles colares têm pontas venenosas. no suplício de achar-se só no meio da imensa sala de jantar de um palácio antigo. XXIX UM CAPITULO ESQUECIDO NA FISIOLOGIA DO CASAMENTO 186 A Sra. enfadado comi?gO Calisto. quando êle saía. Na situação de Sabina as mulheres amaldiçoam os prazeres da riqueza.sua contribuição para uma resistência enérgica. . A música é muitas vêzes mais poderosa do que o poeta e o ator. os perfumes fedem.. #392 DA VIDA X X"X DA IMPOSSIBILIDADE DE OPERAR OS CEGOS VOLUNTÁRIOS Cm dia Cal * Isto olhou para tudo em casa cOTI. E com que furor contido não se atira uma mulher sôbre as pontas rubras ?dêsse suplício de selvagem!. mau humor. 11 (em Italiano): "Omeu coração se ?parte". com orgulho. .Avise o senhor. res olvera vencer. as duas mais formidáveis naturez as reunidas. quando vocês virem nos braços das mulheres essas serpentes de ouro .cipítada. suas impressões domésticas. qui que te desagrade? . conservadas no fundo do coração. êsses colares. . figura no volume XVII desta edicão. Que alegria delirante. Por isso Sabina. que aquêles laços tão leves entram ao vivo naquelas carnes delicadas. quando Gasselin. êsses prendedores. Dois ou três exemplos pintarão essa reação de um salão ou de uma mulher sôbre uma felicidade. a indagações que esmiuçavam até as minúcias da toilette.Estás. du Guênic entrou desde então num período de sofrimentos próprios à aristocracia. p assou três horas com o filho nos braços. Sabíria estudou o marido. Saviníano de Portenduère acompanhou Sabina até o perístilo e fê-la tomar o carro. quis mostrar-se só e sorridente como uma mulher #feliz. livro de Balzac. tôdas as flores do passado.. se êle não i a à rua de Chartres. amava como amam as cortesãs e os anjos. de modo que tôdas aquelas q ue a sofreram nela enconIram. senhora. a sêda dos divãs é estôpa.Atrelem . em semelhantes circunstâncias? .. Prevenida dessa horrível rivalidade. veio dizer. Invejosos. e que fazem então uma mulher perder sua nobreza e sua dignidade. não vêem mais os dour ados dos seus salões. achas então que não ou um aa boa espôsa? .you aos Italianos. sem poder explicar-se aquela fuga pre. Quis mentir para tôda Paris. sofredores. Urna mulher. daqueles ingredientes inglêses que são vendidos em farmácias sob forma de galheteiros. ? ditação. as ant ecâmaras e Os corredores. suas toilettes. fazia os cria.sse período durou alguns meses: não há de que se admirar. Gasselin substituiu o cocheiro de Calisto.Nao está bom? . e trouxe um hi decadência do seu israelita. de Rochef ide apresentava a Calisto.respondeu Calisto ser" se zanar. Sabina. entrega-se a uma espécie de fúria para triunfar da ri?aals.respondeu êle. simple smente.Ahi .Que falta? . É a vida. ela Enfim apos três dias de meimaginou que a rival devia estar cercada de u m biom.disse Sabina consigo mesma. mpo depois Calisto.. #Ineu anjo. ela se cuidava nos infinitamente pequenos do amor. Os apartamentos tinham muciado de aspecto na residência dos du G uénic. XXX1 1 UMA RAIVA QUE SE PODE CURAR r. . dos retirareu. e Sabina acabou por oferecer a Calisto os mesmos pratos. procurando sôbre a mesa um objeto que ali não se achava.saber quais os pratos que a Sra. às negras trevas da repugnãoncia. viu fugirlhe tôda a coragem uma noite em que se apresentou com uma des. no dia seguinte ao despertar.a si mesma perNão estava ainda no fim das críticas indiretas da amante. a cozinheira de Beatriz. uma noite após o jantar. bo. ela. cujo palacete tinha uni calorífero q e aquecia as esca. Comprou o galheteiro inglês e seus frascos ardentes. ao veneno do desprêzo. e que s . Dois dias depois. preferível embora com ferimentos e dores. e de uma riqueza guntava." e com frcqÜênc"a ultrapassa o alvo. . Sabina levou algum tempo para adivinhar o que significava aquela nova fantasia. Sabina estudava Suas atitudes.exclamou Sabina. ardente e incessante nas coisas perceptíveis. conferenciando com o cozinheiro. de Rochefide acostuma-o a tôda qualidade de pimentas.Que lhe falta? . os pratos depois de ter beliscado duas ou três gar. podendo então acamaradar-se com. e que Calisto disse-lhe rindo: . m luta. 1 perguntou não entende essas coisas. a essa mort e do coração chamada a indiferença. .Perguntou Sabina. Tor cia-se na sua conversadeira para ver de onde vinha o ar. a fim de obter a penumbra tão favorável à rosto. continuava igualmente tão encarniçado nas coisas do coração. mas viu-o fazer no vamente luxos. ombo. queixOu-se de frio. Cal"St` comeu em casa de modo a deixar iria louca. Sabi fadas. ao nada da abdicação. inventou ardis de vaudeville para . mas não podia prosseguir em tai s descobertas até em tôdas as preparações iuventadas pela rival.o que há é que não tenho fome. entretanto. Êsse combate tão cruel. até nas regiões secretas do casaB E A T R I Z 39. ?. desesperada por ver perdidos assim todos Os cu idados aos quais baixava. sas toilettes que o desejo de vencer a outra inspira às mulheres.segundo parece a Sra. o qual adoecer a por ordem. . De onde soprará agora a tormenta? . . .perguntou. Sra. buscando alguma coisa e m tôrno dêle. devorada por um aa paixão legítima.1 mento. Sabina. e até melhores. .Todos êstes aposentos sã.Bem. Porém de espelhos. auxiliada por Mariotte e Gasseli n.Não diop isso.você . e por ass im dizer exteriores ao matrimônio. Paris poderia gabar-se Algum te que os enfeitavam.Flores. O assunto da cozinha durou cêrca de um mês. Calisto queria daqueles besouros moídos. . . de Rochefide gosta de flores.c se pensa nos atrativos que uma luta apresenta. das. . ninguém er de ter flores mais belas do que as r. frios c "tis disse êle.Nada . ao vêr partir. . confiou suas dores. Pediu a Clotilde. seu definhamento tornouse em breve sensível.Atenais . reprimia Os fulgores dos seus magníficos olhos negros.Infelizmente. despiu-se e calcou aos pés o vestido. existente entre Beatriz e Calist o. mede a felicidade que deves pela que recebes! É infame.vais casax-te. nunca serás senão uma bela andalusa. Finalmente. Teve o cuidado de atrair a filha à sua casa. que são forçados a ocultar dentes compridos e amarelos. . Sê calma. entre duas vergonhas que se combatem. e seria preciso ser astuci . a écharpe. senão quando sente a morte. e tornava-os. nas quais .disse ela. Recusou ir aos Italianos. a fim de tentar curar as feridas daqu ele coração e sobretudo de arrancá-la ao seu martírio. A duquesa. a mais feminina prevalece. o jovem Visconde #justo de Grandieu. mas sei que. . a mais bela criança que jamais raça real tivesse podido desejar como herdeiro presuntivo. quando o sofrimento lhas sugeria . meigos até à humildade. de exibir tuas qualidades. em família.Por mais que faças. Sustentada por uma espécie de febre. Nesse jôgo terrível. Vês! padeço por causa de minha s qualidades. Ela sabia da intimidade regularizada. mas jamais se afastou do papel que a si própria impusera. tôdas as minhas virtudes são escolhos sôbre os quais se despedaçou a minha felicidade. e isso é um êrro! quan. deve-se saber preparar esse meio sorriso melancólico dos anjos decaídos. cêrca das onze horas.jamais poderei ser loura. dessas mentiras. de santo. amaldiçoou a vida. que meu exemplo te sirval Abstém-te. Sabina soltou os gritos supremos da agonia do coração. E deitou-se. mas Sabina guardou durante algum tempo o mais profundo silêncio sôbre suas desditas por temer que interviessem entre ela e Calisto. conquanto sua devoção se tivesse tornado cada vez mais portuguêsa. ela tornava a encont rar seu orgulho e tôdas as suas virtu. entre sua jovem irmã AtenaYs. resiste ao prazer de te ador nar corn elas. que se tornasse mãe do pequeno Calisto.disse Sabina .foi o senhor! As mulheres infelizes têm dessas sublimes fatuidades. a mocidade é uma inferioridadel Nada há a adivinhar num semblante ingénuo.. porque não tenho trinta e seis anos1 Aos olhos de certos ilom-ens. cujo casamento com OVisconde d e Grandieu devia realizar-se no fim da quaresma. seus lábios recalcavam as palavras amargas até à garganta. em breve terei trinta e cinco anos. . . Sou reta e é a perversidade que agradal Estou lealmente apaixonada. Ao ficar só. Sabina.1 iRAMBO CONJUGAL Urna noite. Uma tez fresca é monstruosal prefere-se um maquillage -de boneca feita com rouge. tôda a toilette. absolutamente como uma cabra enredada nos laços de sua corda e que não pára #394 CENAS DA VIDA PRIVADA de debater-se. Dizia-se feliz! . Como se se tratasse de um crime.Não é nada . do. Deixo de agradar. Rio francam ente. Tudo o que em mim sinto de belo. Na extrema desgraça. como uma mulher honesta. A criada de quarto entrou.#. provocados pelo excesso de um a última humilhação. imagine-se o seu espanto. mãe excelente. . no qual se comprazi a Sabina. des. espermacete e cold-cream. Sabina emagreceu.. quis ficar em casa todo o serão. entreviu uma causa mortal no estado verdadeiramente doentio.respondeu ela caindo numa conversadeira.. se isto continua. confessou seus pesares. o desgôsto corroeu-a. e declarou que via chegar a morte com uma alegTia d elirante. digna e fria. entre Clotilde e a duquesa. de grande. durante o qual Sabina foi acarinhada por sua irmã Clotilde e pela mãe. para seduzir. xxXII B E A T It I Z 395 UM D1. arrancou as flores dos cabelos e pisoteOu-as. que queria permanecer solteira. Mas depois de um mês. mas é necessário. a fim de agradar a justo.. osa. sem. quando ela se deixa guiar pelo amor. deve ver a vida de um modo um pouco mais frio do <lueuêmssea peãJoe qual a vês. ó minha mãe! õ minha querida Clotilde.Nossa vingança deve ser digna de nosso amor. e !dizer-lhe muito simplesmente que sua distinção é um ar doentio.soprou-lhe Clotilde ao ouvido. que estejas in extremIs.. . não conheço senão Calisto. não vás imitar essa pobre pequena Baronesa de Macumer. com um horror fingido. r ealçamos por meio de maldades. Minha consciência tem repugnãoncia em servir-se de semelliantes meios. . meu anjo. Sabin a. .finge que te queres vingar. #4?6 CENAS DA VIDA PRIVADA . a fim de ocultar no momento da felicidade alg umas dessas im. Ah! se eu tivesse corrido mundo como ela. . com teu pai.Oli! meu Deus . E Calisto que é ludíbrio de tôdas essas macaquices! . fazendo um aa espécie de fim -de estrofe. pensar em elevar-me pela crítica amarga e invejosa de tudo o qu e reluz de poesia e beleza. nada gostar do. de um aa falta . . 19O Não vamos esperar. du Guénic.. já conversei sôbre a crise delicada em que te encontra s. Não tenho necessídade de fazer-me dizer em verso e em prosa por Canalis e Nathan. se como ela eu tivesse dito: "Amo-te!" em tôdas as línguas da Europa. de Rochefide.. -corn todos os cálculos das prostitutas!. para acorrermos em teu auxílio. sinto-me ferida mortalmente. sinto-me inerme contra #a dor. mas é-me impossível não te dar alguma e sperança. . .. um porte de tuberculoso. tu não -conheces os desfiladeiros nos quais a virtude nos precipita . Meu orgulho é uma enganadora defesa. Temos o casamento de Atenais arranjado. . . acho-o belo.Alil menina. Estou ébria de felicidade por ter por marido um dos mais encantadores homens. Tenho a -desgraça de admirar as belas coisas. temeu alguma desgraça oculta. 111 e nós acharemos seguramente o meio de tornar a trazer-te Calisto. e o Duque de Chaulieu. . o quanto seus movimentos são graciosos. . . Espera! Teu pesar é tao gran. mulher nobre.continuou a duquesa.. Enfim eu. de tal forma se achava ela desnorteada pelo pesar.Tô1a.exclamou ingênuamente AtenaYs . . esciarecida pe lo torn. tenho de instruir-me com tôdas as impurezas.. 117 Apaixão exces?iva é infecunda e mortal. (Ver Memórias de Duas Jovens Es.Isso causará algum desgôsto a Calisto? . posso garantír-te a volta de Cali sto.foi cunhado do Sr. gabar os ombros de HerculesFarnèse. lamentar-me-iam. 288 com d"Ajuda. Deus manda-nos as afl ições com conhecimento de causa. .de esta noite que meu segTêdo me escapa. adorarme-iam e eu serviria o regalo macedônico de um amor cosmopolita! Não se agradecem as ternuras que fazemos. Essa frase foi dita com uma amargura -tão penetrante que a duquesa. respondeu Sabina.serei eu também tão tÔ1a assim? .D"Ajuda. digo-lhe ingênuamente o quanto êle é distinto. amor. you poder ocupar-me de ti . 1S7) A Baroneisa de Macumer com o excesso de seu amor. eu deve ria pedir à indiferença t~ as suas claridades. pelo acento e pelo olhar da Sra. matou o mar"do e causou a sua própria nior"te. para agr adar-lhe. . perfeições que podem matar o amor.disse Clotilde sorrindo à irmã. . senão quando as. minha filha. zangá-lo e defender-me. seria preciso virar a cabeça. amo sempre meu marido como uma louca.Minha querida.disse a duquesa à filha.. é o meio para a família. como se eu precisasse de uma luta.ela não c onserva por muito tempo seus adoradores.respondeu. . e eu os quero submeter à apreciação do Abade Brossette. que sou uma inteligência superior! Sou uma pobr e rapariga ingénua.com a Marquesa de Rochefide há recursosi . cuns olar-me-iam. trapaceira e luxenta como uma comediante da província. 189 Se nosso querido diretor aprovar as pequenas manobras a que Precisamos entr egar-nos para fazer vingar o plano que submeti a teu pai.perguntou Sabina olhando inquieta para a duquesa. Enfim. da França. .Quero morrer irrepreensível e sem a aparencia. e para fazê-lo voltar a mim. Oamor não é Ofim. personagem balzequiana. o abade dar-me-á sem dúvida a absolvição dos peca#298 CENAS DA VIDA PRITADé dos veniais que as artimanhas do mundo nos forçam a cometer. "a Mulher Abandonada".per. Dai de Luísa de Chaulieti. e tua alma! Osuicídio é um pecado mortal.. Verãs.. estou grávida. !M) OAbade Brossette. como preço de uma reconciliação. im o santo fogo do amor. e uma fôrçal . minha queri. sobretudo não esqueças nenhumdos teus deveres religiosos. Sabina.Infeliz criança.#188) o Duque de Chauneu. Quando a infidelidade que êle cometeu estiver provada. não sei o qu e acontecerá . . ela mo levará talvez para a Suíça ou para a Itália. de Rochefide. Deixa-ine. êle de lá volta. . era irmã de Artur de Rochefide. Enfim. também aparece em O3 Camponeses.. uma ru ptura no gênero da dela. minha querida Sabina. matar-me-ei! . depois. embotandome -em tudo. mesnio no sentimento da dor. Eu sei. sou-lhe insup.da.Vamos. Atirou-se numa cadeira. . o mesmo q ue traiu a Sra. sustenta-a. a mãe. mãe.Tu me dirás o quel. Sei quando êle a vai ver.. e a dor é como haste de ferro que os escultores põem no interior de sua argila.you implorar Nosso Senhor e a santa Virgen. 1S9) foi cunhado do Sr. estou de mais? . Baronesa de Macumer. mamãe. d"Ajuda. Se minha mãe achar sua consciência comprometida. ela inclinou-se para Sabina E enquanto AtenaY s beijava e disse-lhe ao ouvido: . um abandono público. de dormir.disse ela às duas moças cujOs olhos se an imavam. OMarquês Miguel d"AjudaPinto. nos.Apesar dos meus trinta e seis a guntou irônicamente Clotilde. Calisto matou cri.vejamos o que há de novo.E então. volta para casa. percebo o que significam essas palavras. Irei amanhã jantar contigo. merta cedo. Adeus. levando a filha para seu quarto. não salvaremos senão a familia. Êle está começando a achar ridículo rião conhecer a Europa. . Ela tem sôbre êle uma influência tão perniciosa quanto o são seu corpo e sua alma.disse ela indo para OSeu genuflexório? . . ditas o #assim antecipadamente. êle não se constrange mais.rtável.Njinhas filhas.Compreende a senhora? ela é capaz de dar-lhe um filho! E se Calisto quisesse mai s ao dessa mulher do que aos meus1 oh! isso é o fim -de minha -paciência e de minha resignação.Por mais que triunfemos. era amigo dos GrandIleu. eu tirarei Calisto das mãos dos infiéis1 X=11 UMA COMPLICAÇÃO . Se Calisto não ficar curado dentro de três meses. era parente da Duquesa de Grandieu. de Beauséant. pobre aflita! Em presença de tanta intelicidade. venci. retirem-se .. m .. a Drimeira espósa de Ajuda P into. libertara os últimos pensamentos de sua alma. vejo-o pela alegria. para ti mais especialmente. ela vai ficar furiosa! Ah! sofro torturas demasiado fortes para poder r esistir-lhes. se queres que triunfemos . não tinha mais dores ocultas. é meia-noite. minha filh a .disse a duquesa. estou perdidal E por quê? Quis vencer aquela horrível mulher. B E A T R I Z 397 27i 3*V . e Calisto ama-a de tal for ma que prevejo um abandono completo. com efeito. seu mau humor diz-me quanci... ela exigirá. Ora.. encovado por -todos os sofrim entos que êle desposava. ela mesma. de rosto alvo como o de u ma mulher velha.Como sabe. . . designado para um dos bispados vagos. ardentes de fé. designando-lhe. mas quando ela se acha tão metida quanto o está a Sra. o Sr. elas são corri freqüência irreconciliáveis. "??cd`e OPlinlciI`O dia. com êsse passo que deve ser denominado passo eclesiástico. mas da qual deve resultar um grande bem. minha filha Sabina se está consumindo de dor. . . atravessava o pátio do palácio de Grandicu. se visse seu marido ter uma Sra. . é em tôda a acepção do têrnio espôsa cristã. .Minha filha. não estamos aqui. mas a senhora sabe o que a #4 OO CENAS DA VIDA PRIVADA respeito diz o nosso querido São Francisco de Sales. Ao ouvir anunciar o cura. e gue certamente fará com que mieu genro seja pÔsto de lado. Era um homem pequeno e inagro. na direção dêle.Que foi que a senhora a chou para remediar êsse mal? . .Que lua cri" que achei..replicou ela. . é grave. . cêrca de uma hora da tarde. para os quais sua ovelha o mandava chamar. leinbre-se da Sra. Guyon. mas não tem a mínima queda para o misticismo.Pobre jovem senhoral .respondeu o Abade Brossette. Antes de mais nada. deu alguns passos no salão. de tal modo representa êle a prudência. valia bem o tempo que suas inocentes conf issões roubavam às sérias misérias da paróquia.disse ela. . antes #de r? e atirar numa perigosa intriga.disse êle acariciando o queixo. du Guénic a está aban donando pela Sra.E por quê? Sem dúvida . uma poltrona. ela ter-se-ia sentido muito feliz. e faland o em voz baixa.É muito horrível. confesso que seria decisivo. necessitam que as atinjam raios particulares. tal a desconfiança que tinha da enormidade dos casos. 192 que se queixava da falta de misticismo nas provas do amor conjugal . o Abade Brossette. em 184O. voluntarioso. . cúria três vêzes recusada por êle. enregelado pelos jejuns do padre. não é mais o braço do homem. . de Inel esa retrospectivo. .necessito da autoridade de sua experiê"ncia.Sabina não pode exibir mais mansidão do que a que apresenta. de cêrca de cinqüenta anos. aos bispos. mas como a mão da duquesa era furada para as esmolas. Quase sorria ao subir os degraus da escadaria exterior.Meu caro abade. . aos simples padres. Rochefide. e s im o -de Deus que reconduz essas pecadoras ao bom caminho.Senhora duquesa. 191 Enfim. de Rochefide. o aniargor de um adultério QUINTA PARTE AS PERFíDIAS DE UMA DEVOTA UMA CONSTLTA ESPIRITUAL No dia seguinte. a duquesa levantou-se. de Rochefide. meu caro diretor de pensar em "ta? nas pegadas da Sra. cheio de más qualidades.não misture as coisas espiritu ais com as coisas mundanas. e desejo saber do senhor se acharei na senda da salvação espinhos a -propósito disso .disse maliciosamente o cura. .no tribunal d a penitência. adoçados porém por uma expressão mai s misteriosa do que mística.Êsse meio pareceu-me realmente odiosol . de que se trata? . Dois olhos negros. o papel de uma cristã seria antes o de retirar uma mulhe r pervertida do mau caminho do que empurrá-la mais para a frente.. de Roc hefide um lindo e jovem senhor.Cometi o pecado. distinção que só concedia aos carde is. não tenho de tratá-la como juiz. o mistério. a calma. um dos curas do Faubourg Saint-Germai n. animavam aquelas faces de apóstolo. às duquesas mais idosas do que ela -e às pessoas de sangue real. a gravidade e a própria dig nidade. padre dos mais distintos do clero de Paris. Sob o ponto de vista mundano. . combatida T)or Bossuet como herética. que ficou curioso. . 192) Sra. . se o jovem estouvado. creio que vocês têm um diabo só para vocês". convencendo a êste para que se reconciliasse com a espôsa. mas Sim para se conter nos limites". de fazer um grande bem de retirar a Sra. .agradeço-lhe sua indulgência.precisamos permitir-nos ações. É particularmente nos capítulos "Da Castidade" o "Advertências às Pessoas Casadas" que o autor trata da vida sexual em relação com o ca samento. um pensamento ajuizado. êle pôs-se a rir e me disse: "Na vossa idade. foi heróico por ocasião da emprêsa temerária daquela pobre Madame. de. Guyon: mística francesa (1648 . B E A T R I Z 4O1 . mas -pensei q ue meu genro é valente e bretão.Oh1 . unia Beatriz do Bairro de São Jorge. . de Rochefide. bispo -de Geneb a (1568 1622).Se.AhI .continuou a boa e humilde duquesa.agrade-ci à Virgeral E fiz a promessa. . bem feias. o qual nada mais quis saber.replicou a duquesa . .. 193 Ora. se triunfasse. o qual não pôde deixar de sorrir. quando a senhor a me interrompeu . #. a resposta que eu lhe ia dar.Não vai -caluniar? Não.. sempre se encontram obstáculos imprevistos. ... autor da introdução à Vida Devota que abrange uma sérierde cartais de direção para as pessoas da sociedade. e talve z salvar do inferno uma pobre criatura transviada . Suas idéias a respeito resumem-se nesta frase: "No que diz respeito ao estado do casamento.É evidentemente uma idéia que lhe veio -de tão longe que . pois ela o é e até muito. de Rochefide.Se ao invés de dar a essa senhora da rua São Jorge unia nova Oportunidade de e&cânda lo. o que eu queria fazer com a Sra. Mas quando comuniquei êsse plano ao Sr. em lugar de emprestar as mãos ao mal a fim de operar o -bem para minha filha. sem contar uma novena.. gastarei provàvelmente muito dinheiro.Meu pai . por achar necessário o resultado. de Grandieu. no caso em que sua consciência murmurasse. . -como marido. a fim de que o marido reto masse a espôsa.. .Vejamos seu novo plano . de resto.replicou o aba-de.Mas então por que consultar-me? .Eh1 ehl não garanto. eu fizesse despedir Calisto pelo Sr.? .. que se encarregar de amar a Sra..Por isso . é um êrro vulgar e muito #comuni pensar-se que nèle a castidade não seja necessária.continuou a duquesa. 191) São Francisco de Sales: orador sacro. não pa ra a gente ae privar dos direitos da fé conjugal. 193) aquela Pobre MadamC: a Duquesa de Berry.. se o senhor aprova a idéia.AhI meu pai.acrescentou éle . . aprova também os meios de execução? Trata-se de fazer em casa de uma certa Sra.Teve nisso. ao invés de expulsar um prego com outro. .Osenhor duque deu..Pelo contrário. Schontz. O -cura contemplou a portuguêsa -e ficou pensativo. a senhora lhe desse um inarido? . senhora duquesa. . e daí se seguisse um duelo.A senhora. . o que Prova que. eu realizaria um grande bem por outro não menor.Estou certo de que a senhora nada poderá fazer de mal disse espirituosamente o c ura. . de dar mil e duzentos francos a uma família pobre. .. que faz consistir a perfeição cristã no amor de Deus e na !riação da alma.Descobri uni meio? meu caro abade. .1717) representada na França da doutrina q uietista. Ver a nota 27... depo is de ter implorado à Santa Virgem que me esclarecesse. nessas v ias tortuosas.disse o abade. de restituir Calisto à espÔsa.disse o cura sorrindo.palavra de honra. de Rochefide da senda fatal em que ela se acha.Não quer roubar ninguém? . Rochefide.Não prejudicará ao próximo? . tivesse seus dares e tomares com Calisto. pensei eu no meu genuflexório. me consultaria. do mesmo modo que não gastava o espírito. à sua escolha. . . Compreender-se-á então a diferença enorme que nossas leis e -costumes estabelecem para os dois sexos. parecia impossível desorganizar unia existencia tão encantadora e completa. acompanhou-o até à porta do salão.disse . mesmo reconciliando-se com o marido? . rugia uma tormenta sôbre a cabeça do Sr. . como j udiciosamente d?i. Acusado de passar demasia do tempo em sua toilette. Artur de Rochefide. já satisfeita com o aspecto de belo homem. 11 B A T R I Z 4O3 O HOMEM ABANDONADO Como se vê. Essse. o qual. apropriava-se dos bons ditos dos outros. as mais assassinas vi rtudes ou então as mais inofensivas. a resolução de permanecer no seu lar. contraste impressionant e inspirará talvez a mais de uma jovem espôsa. Artur seguia-o em tudo. pois. vira na Guarda Real) apimentava com êles tão a propósito a conversação que as mulheres sem espírito proclamavam-no um homem espirituoso. Osenhor é digno de ser arcebispo. e espero não morrer sem dizer-lhe "Vossa eminência". ao qual devera alguns êxitos que lhe serviam de base para desprezar as rnulheres. que se tornara filho único.interrompeu o abade.Quando se faz poucas intrigas. nessa situação. imitava gravemente. parecía f azer troça dêles. nesse momen to. Sua boa e espêssa vaidade.Qual? . e de usar espartilho. tudo. devido à morte da irmã.disse a duquesa. a respeito da vida que o Sr. Assim.o hábito é necessário en.Em tudo isso não vejo senão um inconveniente. Tudo o que para uma mulher abandonada se torna uma desgraça. se nos servimos do inferno. #Alguns dias após a fuga de Beatriz.Se a Sra. deDois. essa fortuna já era a felicidade. que vivem na intriga. de Rochefide conservasse o senhor barão. e aplicandoos como fórmulas de crítica. a rnil francos por dia. Essa Opuienta herança. dos das peças teatrais ou dos jornalecos. pelo modo de repeti-los. gozava da maior quantidade de felicidade que um parisiense possa desejar. finalmente.concluiu o abade salve sua filha.Ah! senhor cura. . incluída a fortuna da espôsa. êle sabia ser sempre o primeiro a adorar e a abandonar as modas. Essa presunção obriga-nos a leves detalhes. des Touches descreveu em poucas pala vras a Calisto. quase sem ter gôsto. e de aí lutar. do palácio de Rochefide. e as outras não se atreviam a contradizê-las. ao sentir-se em casa da Sra. o cura.. sua alegria militar (ser. primeiro. o qual não teve filhos. repetindo-os caricaturalmente. encantada com o seu cura. elevou se us rendimentos.Mal. a gente as f az. mas não a gastava. . Esse sistema. o céu estará conosco? . de duzentos mil francos de renda <jue o Dai lhe deixou. Schontz tão marido como em casa de Beatriz: e. . como Sabina du Guénic.Isso é coni"9c1 . e empregue-o sem que a senhora apareça. Rochefide gozava d e uma imensa fortuna.. o senhor retificou a única coisa -ruim que havia em meu pl ano. desde que a espôsa fizera dêle um homem abandonado. .Trate de a liciar um dêsses tratantes. Enquanto a mulher estava por conta do amor e cia maternidade. com tôda a liberdade nos domínios da inteligência. expandia-se igualmente. primeira espôsa do Marquês d"Ajuida-Pinto. de Rochefid e levava. Dotado dessa espécie de e spírito que deve ser chamado refletor. sem se r símio.#4O2 CENAS DA VIDA PRIVADA .Ah! meu caro diretor. transforma-se em felicidade num homem abandonado. apresentava o modêlo dessas pessoa . acrescentada à fortuna que Artur possuía ao casar-se. de Rochefide. A boa duquesa. muito mal . na rua de Anjou-Sai nt-Honoré.sse?a o duque à espâsa. viu-se senhor. devia à natureza o cÔmodo gênio -da imitação.. praticando. Para um gentil-homem dotado do caráter que a Srta.A senhora não está no confessionário . assinante de tôdas as tolices engendradas pelo patriotismo ou pelo espíri to de partido mal compreendidos. pela abastança. não envelhecem. êle casara-se.s que nunca desagradam a ninguém. as quais se terminam pe la indigência sob sua forma mais hedionda. ACUSADO DE SER UM ANIMAL DESTRUIDOR-É UM ANIMAL CONSTRUTOR. VaugIoriava-se #pois. onde era amante -do rico ne?o?"cIante Camuso t. co m.?s. Membro de todos os clubes.. sustentava u ma revista consagrada a assuntos hípicos. algumas vêzes pela opulência.Florentina. com as figuras típicas de Florina e da ilustre Málaga de Uma Filha de Eva19r e dA Falsa Amante. devia naturalmente querer distinguir-se por alguma mania na moda. a célebre Sra. teirona. etc. Schoritz.-C. em casa. de ser o sultão de um serralho de quatro patas. que entre amigos dizia: -EU n"sci empelicado!" Feliz. 196) A Falsa Amante: ver no mesmo volume. nern a situação. êsse bravo e muito tolo gentil-homem. a fim de a distinguir de uma de suas rivais muito menos esp. nen. . acharam Beatriz indesculpável por ter abandonado a melh or criatura dêste mundo. desde as rédeas até às ferraduras.elseu palácio. por mortes prematuras. B B A T R I Z 4O5 tuosas do que ela. sempre a cavaleiro das circunstâncias. desposando incessantemente as idéias e as tolices de todos. p ara pintá-la fielmente. com. 1)O MODO POR QUE ORATO. a princípio conhecida por Pequena Auré!?. o historiador deve proporcionar o número dêsses personagens à diversidade dos desenlaces de suas singulares existências. Esse marido foi lamentado.. que verdadeiramente são enfadonhas e.196 mas. sentaÇão a que são fOrçadas"as pessoas qual desde a morte do Pai nada mudar casa daesn. ademais. amante -do tio Gard-ot. Eis a razão dessa indiferença. amante do Barão Hulotem. Essa sociedade. por casamentos felizes.dor. 194 etc. hava-se a êss. governado por um velho escudeiro inglês e que absorvia por mês de quatro a cinco mil francos. principalmente. no mesmo romance. e que. abusam do planti o de sebes de espinhos secos em tôrno da felícidade.enhará papel de relêvo em A sol. mas seu conhecimento em matéria de cavalos era medíocre. célebre na sociedade das Fanny Beaupré. sobretudo Por viver sem as despêsas de rep. de Schontz. Depois de haver saboreado todos os incÔmodos do casamcn?o. não comia ramente dormia lá. protegia a raça cavalar. #Marieta ou Maria Godeschai já apareceu em Uma Estréia na vida. É o quanto basta para dizer-lhes que êsse meio-celibatário nada tinha que in#4O4 CEiTAS DA VIDA PRIVADA trinsecarnente lhe pertencesse. e. a fortuna vinha-lhe dos pai. A Sra. finalmente. enj oado das mulheres da alta sociedade. confiava no seu trata. Sua especialidade consistia em fazer correr. das Florentina.i. complacência que fazia com que o pusessem na primeira fila a propósito de tudo. da qual um dos nossos desenhistas disse espirituosamente. das Jeriny Cadine. Pertencia à classe mais elevada dessas mulheres.. 195) Uma Filha de va: ver no volume II desta edição.ri194) Cortesãs célebres -da Comédia Ilumana: Fanny Beaupré iá encontrada em uma Estréia na Vida . veste-se e vive bem. o qual infelizmente tantos ricos se parecem. OgÔsto. nem os ridíc ulos. cuja utilidade . das Suzan a du Val-Noble.. e o ridículo atiugiu sómente à mulher. êsse leal. -temos uma valente idéia do homem]" essa sociedade tão perigosa já fêz irrupção nesta história de costumes. como se vai ver. Jenny Cadi. nem ` espírito. sentiu-se t5O feliz aover-se só. das Marieta. Depois de muitas aventuras amorosas. A Prima Bette. ao apo ntar para o turbilhão por ela formado no baile da ópera: "Quando se pensa que tudo isso mora. Suzana du Val Noble desemi).2e. e racstã( viajando:"êle cujos donos permanecia apsosuco ali. São os heróis da mediocridade. plantando as estacas de suas tendas. #4O6 CENAS DA VIDA PRIVADA Aurélia era bem realmen?te a filha do intrépido Coronel Schi 1 tz. então de nove anos de idade. de ter-se permitido tôdas as escolas onde se adquire ex periência. onde se educa admiràvelmente as jovens. ou ascende para a horrorosa cidade de Batignolles. Josefina Scliiltz. não se construiriam tantas casas em Paris. seja como pa i. nome do pai. mas. nem por aquêles que se interessam pela prosperidade da cidade de Paris. essa primeira etapa de Musard. roubado. Schontz fôra favorecida com a educaçao gratuita de Saint-Denis. depois de ter sacrificado o sólido ao amor verdadeiro. elas vão rebocadas pela especu lação ao longo das colinas de Montmartre. admirável criação do imperador. onde o vento faz mugir numerosas tabuletas que lhes acusa o vazio por estas palavras: Aluga-se êste apartamento! A situação dessas damas determina-se -pela que elas tomam nesses bairros apócrifos: se sua casa se aproxima da linha traçada pela rua de Provença. instruída. seja di to sem trocadilho. um velho soldado do Império. a mulher tem ~das. mento na segunda volta dos Bourbons. Ela foi ajudant e de protessôra até 1827. nem destino. Em 1814. cometeu mais erros do que as das suas estúpidas compan heiras. essa pobre criança não foi" expulsa do estabeleci. e colocou-se sob o patronato de Santa Aurélia. é porque está sem recursos. e que se felicitavam pela resolução que haviam tom ado. num dia de extrema miséria. no baile -de Valentino. muitas vêzes hipotéticas. Viva. ao saírem dessa escola. Sem as Aspásias do bairro de Nossa Senhora de Loreto. afilhada do imperador.cianos. espirituosa. de Moscou.tenda") e tante ("tia" ) se pronunc?am de raaneira igual. acampando portanto nos limites da desgraça e nos de Paris. 198 ela clançava trajando um vestido. de Estocolmo. Napoleão disse também: "Eu estarei aíl" para os membros do Instituto. sem recursos como ela. Schontz. estepes arquiteturais. à qual nada falta. no qual. ordenado inferior ao de certos serventes de escritório. . um chefe dêsses a udaciosos partidários alsa. saqueado. nem Aurélia. A Sra. 197 naquelas solidões de pedras de cantaría esculpidas que guarne cem as ruas européias de Amsterdã. órfã de pai e mae. atraiu a atenção de Artur. a não ser uma única coisa: o imperadorl #"Eu estarei presente para prover às filhas dos meus legionários". con. Em sua maioridade. cujas faltas tinham por base o interêsse. Substituiu um on ao il do nome paterno. impelida para êsse duvidoso futuro pelo exemplo fatal de alguma s camaradas. abordou a vida aven turosa das cortesãs.social não pode ser posta em dúvida nem pelo prefeito do Sena. 197) Otrocadilho só existe em francês. Pioneiras das paredes novas. rivaliza. aos quais não se deveria dar nenhum o rdenado de preferência a enviar-lhes oitenta e três francos por mês. Ora. o eterno corone? que floresce na aurora dessas existências femininas. e morreu -em Metz. porém endividados. de Rochefide encontrou a Sra. Depois de ter conhecido escritor es pobres porém desonestos. espirituosos. IV HISTóRIA NORMAL DAS GRISETTES DISTINTAS Essa mulher de vida airada não se chamava. depois de ter experimentad o algumas pessoas ricas. língua em que tente (. ela ocupava o terceiro andar da única casa existente na rua de Berlim. tão calculistas como tôlas. quando o Sr.. arruinado. que estiveram a ponto de salvar o imperador na campanha da França. que ali fôra para ver o famoso galope. sem asilo. seu orçamento é prósPero. se essa mulher sobe para a linha dos bulevares exterior es. nem Schontz. seja como sedutor. como o leitor já o deve ter previsto. de Milão. de Londres. mas então faltou-lhe paciência. um chapéu. mas não se lhes oferece nem mar ido. respondeu êle à obser vação de um dos seus ministros que previa o futuro. o castor. uma manti lha emprestados. Ocultava o. e sua beleza seduziu-a. Napoleão pôs em Saint-Denis a pequena Josefina Schiltz. de preferência. Certamente. sem recursos. o rato incum bido de demolir fortunas. seis vêzes luilionário ou vivendo das rendas. Não se sabe qual é. A Sra. ao penetrar na décima terceira circunscrição. pois. avaliareis as dificuldades que a duq uesa devia encontrar na execução de seu plano caridoso. de resto. o a lemão e o italiano. luptuosidade. #199) a décima terceira circunscrição de Paris. Podia lutar sem desvantagem com pianistas de segunda ordem. novamente cultivado s para êle. . para ped ir outro têrnio. 1. em França. significa o anfitrião que regateia. na época e m que definhava como professôra adjunta. porquanto a mãe era uma Barnheini de Baden. o Inarquês não foi censurado por ninguém por casar-se na décin ia terceira circunscrição de Paris.cun.arpão naquela nave de altobGi-do. Artur estêve em guarda. Z(sorriso) OS QUATRO TEMPOS DA DÉCIMA TERCEIRA CIRCUNSCRIÇÃO PRIMEIRO TEAIPO Esbocemos aqui as quatro estações dessa felicidade.corn seu espírito fanatiZou aquêle gentil-homem que *não sabia mais a que paixão dedicar -se. que é forçoso permitir-lhe que suje esta página. como todos os espíritos estreitos. não varia. B E A T R 1 Z 4O7 . de Rochefide. significa o conviva. capaz de provocar uma admiração geral. #4O8 CF.scrlção. por ser de um desinterêsse igual à vo. o que permit iu àquela frágil corveta opor sólidamente seu. ela possuía a fqndo as literaturas estrangeiras. De resto. nem o mal q ue fazem as pessoas de espírito que as inventam. OSr. na ru a Coquenard. Falando o inglês. e foi então muito 7-at. nunca falava nêles. -É necessário mostrar que a teoria d o casamento. ou sex agenário e negociante retirado. e pôs-se a estudar o caráter de Aurélia. em Paris. e pintava uma cabeça #bem às direitas. galardoou o seu Artur com a floraÇão dêsses g.N"AS DA VIDA PRIVADA lher amancebada cobrira essas boas sementes com uma capa de sal e.. de Rochefide estabeleceu uma mesada de quinhentos francos para a Sra. .99 com uma Beatriz de seounda mão. na décima terceira cir198) Musard: chefe de orquestra (1789-1853) que deu o nome a uma sala de concertos e de bailes fundada por êle na -rua Vivienne. fizera suas pequenas excursões no terreno das ciências. (ver Uma Estréia na Vida) 2Oo grão-senhor ou burguês. Assim. mas nada viu de admirável nisso.co. Para encher o tempo. Pegava um pincel na oficina de um pintor. aplicado a uma rapariga. Aurélia. Ocoração e a caixa estão serripre em relações exatas e definidas. OSr. dois anos depois de ter sido abandonado por Beatriz. o poder das palavras sôbre as pessoas comuns. portavase com seus talentos como as pessoas de boa linhagem. mas. às oficinas de felicidade e de pintura. cujo espírito freqüentemente o humilhava. aferrolhada s no fundo dos corações generosos e das caixas por esta ignóbil frase: Ir no pacote! Essa expressão tornou-se tão popular. mobiliou-lhe m esquinhamente um apartamento de mil e duzentos francos. estava sem pre com mêdo de ser logrado! o substantivo fêz-se verbo. Aurélia começou. Otêrmo rat. de acôrdo com semelhante comêço.. Schontz. Schoritz tinha demasiado espírito e conhecia demasiado bem os homens para não conceber as maiores esperanças. salvo as dif erenças inerentes às zonas sociais. nenhum guarda-livros poderia calcular a cifra das quantias que permaneceram improdutivas. Desde o comêço de sua paixão pela Sra. mas sua vida de inu2OO) Uma Estréia na Vida: ver no volume II desta edição. naturalmente. num segundo andar. manejava-o por troça. Marquês e quadragenário. um dos mais e xcêntriccs na época de Balzac. a qual imediatamente lhe fornece u um caráter para que êle o estudasse ao aperceber-se daquela espionagem. E notem êste ponto. a estratégia da paixão. Enfim. fÔra tão bem educada! . Por isso Rochefide sentiu-se feliz por encontrar uma rapariga de tão belo caráte r. uma senhora distinta. o bairro des gobelins.??r_ mes preciosos. é forçoso aceitar-lhe o patoá pitores. e então. Schontz. abrange igualmente todos os administrados. aplicado ao homem. dizia ela. depo is acabou levando-a às primeiras representações. Schontz quarenta francos diários para o seu jantar e o de um amigo. uma partida de uíste. ramente. aumentaram sua reputação de homem divertido. . enlaçando-a pela cintura. Não tardou em tomar para ela a assinatura de um têrço de camarotes nos Italianos. Começava a consultar a sua Aurélia. ela. para um cavalo. e concedeu muito graciosamente o tigre. a fim de não envergonhar seu bom papai. ciue veremos em ação . com dois mil e quinhentos francos. Acè-rea de Rastignac ver a nota 115. 2O4 nos quais -bebiam vinhos deliciosos de dez a doze francos a garrafa. Schontz. que dez meses depois de se terem encontrado. Schontz obteve então um belo apartamento na rua Nova de São Jorge. Finalmente . onde o mais insignificante jantar de um apreciador da boa mesa custa sessenta francos para uma pessoa. Rochefide ofereceu à Sra. La#2O1) tigre: pequeno criado de libré que os dándis da época. quis ver se lha podia s urripiar. Ronquerolles. reconhecendo a excelência dos conselhos que ela lhe dava. a qual deixava-o apropriar-se dos ditos de espírito que ela dizia. B E A T R I Z 4C9 ginski. descobriu os motivo s do procedimento do seu Artur e nêle reconheceu os cálculos do rat. meu caro marquês. Schoritz e eu.se Rastig-nac. quando reclamou mais quinhentos f rancos por mês para a sua toilette. uma baixela de pratacompleta. o que jamais fôra visto no Faubourg Saint-Germain da décima terceira circunscrição.Aqui está um tesouro! .enoncourt "O2 e outros viessem encontrá-lo com uma senhora EvérardI 2O3 D e resto confie em mim. os quais. o senhor não é mais belo. -1 A Schoritz não lhe foi absolutamente grata por essa. e duzentos francos quando se convidam três amigos.. dizia.. preparando-se para voltar no mOmento em que G marquês a esperava. Depois -de ter feito aceitar tôdas as suas !eiras de câmbio de moral . faz endo com isso economias. após tantos altos e baixos. Não tenho por 2O2) Os nomes que BaIzac enumera aqui são de Tepresentantes da icunesse dorée ávida e pouco escrupulosa da Comédia Humana.exclamou o velho Príncipe Galathionne ? 2O5 ao ter minar. Aurélia arranjou-se para exibir novas virtudes nessa nova fase. a um ano de prazo. Rochefide. munificêncía. . tudo incluído. porém. muito feliz por poder convidar freqüentemente os amigos para a casa da amante. do qual tirou um maior partido. disse-me: "Príncipe. quando você nos deixou a süs. um pequeno carro bai xo. mas de aluguel. deu-lhe uma mobília esplêndida.Você é feliz. . de modo a que o vissem bem.. . no clube. e por êle mesmo. e apresentava jantares infinitamente superiores aos de Nucingen. Artur. e ocultava. Ela mostrou-se num papel de dona de casa. vi SEGUNDO TEMPO A Sra. e êle é como que um pai para mim. . cujos amigos eram todos sócios do Jó_ quei-Clube. ela foi então ouvida favoràvelmente. c om os seus tamancos. declarou-se a segunda fase. a propósito de tudo. Aurélia absteve-se de recusar. não p odendo mais dissimular sua fortuna à Sra.Ontem. você gasiliará com isso.dizia ela. para o fim do primeiro ano. de Rochefide. Chegava ao fim do mês. mil e duzentos francos por mês. Por êsse motivo. era a de conquistar honradamente uma pequen a existência hurguesa. não sendo conhecidos. ela fazia barulhos ignóbeis na antecâmara... à razão de cinco mil francos por mês. Máximo de Trailles. wrii dúvidas. meu velhinho. Máxi. La Roche-Hugon. D"Esgrígnon. um aa fímbria de vestido afron tosamente enlameada.Não obstante. . tinham às sua s ordens. Farto da vida de restaurante. os "11e5es"I. Efetivamente..Seria muito bonito . maravilhad o. mas é mais velho do que Rochefide. Finalmente adquiriu a certeza de ser amado verdadei. o senhor mesurraria. I-. sôbre os hábitos do Sr. acheme aí a quinta parte de um ?born argumento para mu?darl . a Sra. soube tão bem convencer seu coronel que tôda a sua ambição. Aurélia recusou fazer a felicidade de um príncipe russo. onde o passadio é na maioria das vêzes execrável. 1 mo de Trailles. e cuja s dívidas era eu que pagava. irmão da Condèssa de Sérizy (uma Estréia na vida). despediu Thiers em outubro gw cabo apenas de oito meses de govêrno. também aparece u. no baile de A Paz Conjugal . Em breve Artur transportou sua vida e seus prazeres para a casa da Sra. que não cheirava a arran1 . artistas1 homens de letras recém-nascidos para a glória. senhora absoluta. amante de Marat. porque ao cabo de três anos. 2O4) Nucingen: rico banqueiro {Ia Comédia Humana. Thiers. achava-se com quatrocentos mil "ricos por colocar. foi a amante oficial. aparece não só em A Casa Nucingen co mo em vários outros romances e contos. Por i sso. contra a Turquia. de confiança.1O9o mais. mas amo-o como um aa mulher ama o marido. encheu de presentes. Schontz tornou-se a mais terna das mães para o filho de Artur. de PompadoUr 2O7 lisonjeava as fantasias de Luís XV.legavam os antigos e os modernos. o Marqués de Ronquerolles. de gulodices e de dinheiro aquela criança. antes do famoso tratado de Londres 2"O 6 que derrubOU Oininistério do 1. em A Falsa Amante. e tratavam de se formar uma grande reputação faze ndo pouca coisa. pachá do Egito. Transformada em sua mulher.O de março. 2O7) Sra. ela justificou êsge título. Primeiro. as despesas. B E A T R I Z 411 . a qual recebi a as rendas e pagava. permitiu-se então proteger alguns rapazinhos sedutores. Esse discurso. J esejQso de evítar o conflito a qualquer preço. <) procedimento da Sra. fê-lo comprar títulos de renda na baixa. E con. marido de sua sobrinha. marcia l de La Roche-Hugon. estas palavras pôs-me no ôlho da rua. Um pequeno palacete. lamosa favo rita de Luís XV. amigo de Monteornet._ A Condèssa Félix de V -. com ordem de fazer dêle uma voluptuosa bonbonnière. pondo a metade em nome da Srta. quando é uma mulher honráda". forneciam-lhe .indenesse (em Uma Filha de Eva) ia aos ha*les da Princesa Galathionne. mirava pôr fim às pretensões territoria"s de Meemet-Ali.va. Rússia. Josefina Schiltz.84O. Rochefide desde então não fêz mais contas com a Sra. obra-prima de tática. aparecerá também em Gobseck como amante da Condêssa de Restaud. juntamente com o Conde Adão Laginski. Rochefide colocou êsses seiscentos mil francos em ações do Banco. Artur ganhou duzentos mil francos e Aurélia não pediu um ceitil. teve como resultado auxiliar pro digiosamente o estado de abandono e de degradação que desonrava o palácio de Rochefide . Prússia e Áustri a em 1. Como um gentil-homem que era. VII TERCEIRO TEMPO A terceira fase começou. êsse gran de arquiteto em pequenas decorações. a qual foi a primeira a acorrer depois do assassinio déste por Charlotte C<)rday. #41O CENAS DA VIDA PRIVADA Artur a paixão louca que tive por uns jovens biltres de botas envernizadas. ia buscá-lo ao colégio e levava-o ela mesma. tornando seu bom papai mais feliz do que nunca.. que a chamava de mamãezinha. O. estava prestes a desenca #guerra contra essa dear uma coalizão em defesa de Meemet mi. Schontz.. A Sra. Finalmente.. 2O5) Príncipe Galathionne: personagem secundária da Comédia HumanG. chefe do gabinete Francês norneado em março dêsce ano. foi entregue a Grindot. Porém Luis-Filipe. estêve com êle. alugado na rua de Ia Bruyère. dez ou doze rapazinhos divertiam Artur. 2O3) Senhora Everard: provável alusãn a Simone Evrard. os quais 2O6) Ofamoso tratado de Londres concluído entre a Inglaterra. 6ôbre cuja política exerceu influência deci. #Viturniano I"Esgrignon terá relevante papel em OGabinete das Antiguidades. Entrou no manejo da fortuna do seu Artur. e que a ador ou. de Pompadour: em solteirz -Antoinette Poisson (1721-1764). deve revelar-lhes tôda a sua superioridade. reconhec era-lhe os caprichos. Schontz e deu-se bem com isso. satisfazia-os como a Sra. Schontz. 21O) Marieta: ver a nota 194.Eu conceberia. etc. e a respeito da complacência com. depois. e tu. entregando-se a considerações que sem dúvida devia ao espírito crític de Cláudio Vignon. . como têm a Bôlsa dos títulos! I é indigno. Gastaria você por acaso sessenta mil francos para ler nos jornais: LÉLIA do Sr. Chocardelle: cortesã que também aparecerá em Z?M Príncipe da Boémia. depois de um baile da óper a. que o fa riam ir em prosa ou em verso para a imortalidade. opiniões refinadas sôbre tôdas as coisas. te. um dos freqüentadores de sua casa. mas vocês compram animais. após ter-lhes explicado sua fortuna e seu êxito um "Façm outro tantol. c omo os diretores teatrais fazem Ocomércio de artistas. Duque de Réthoré? 212 mais valer ia então dar êsse dinheiro a poetas. A Sra.4 que se tornara mui to rico. A declaração chegou aos ouvidos awentes para os quais fôra feita. 2. Foi êste o último prego enterrado que completou o acorrentarnento daquele feliz forçad o. A Sra.ditos de espírito. mas para o bem do país e não para as satisfações pueris de um amorp róprio de jogador. 2O9) Fanny Beaupré: bela atriz. se tôdas as cudelarias da França e da Navarra concorressem. e no ano seguin. do marquês. de Roche2O8) Suzana Gainard ou Sra. Sc horitz passar por ser a mulher mais agradável que se conhecesse nos limites que separam a décima terceira circunscrição das outras doze. mo tu. 2" Antonia 211 espalhavam calúnias mais do que maliciosas sôbre a beleza daqueles rapazes. de Rochefide os acolhia. Por isso. Schoritz fêz vender os cavalos de corrida durante êsse período. consideravam-na como uma mulher eminentemente espirituosa. Um Homem de Negócios. dissea. lhes. . dizia ela. . depois de ter durante muito tempo chicot eado os cavalos com. Sc%ntz disse-lhe: . Se você tivesse cudelaria em suas terras. do Sr.Eu não te custo mais nada. meu caro . ê-çws artigos ambulantes. mas. VIII QUARTO TEMPO Começara pois a quarta fase. se cada um fizesse correr os me lhores cavalos de sua cudelaria. por ter êle a Sra. As rivais de Aurélia. o marquês reconlieceu o vazio do turfe. #412 CENAS DA VIDA PRIVADA fide venceu por um corpo a FLOR DE GIESTA. a cada solenidade. . comme il faut. realizou essa economia de sessenta mil francos.disse ela uma tarde. Artur! Muita gente rica teve inveja. seria grande e belo. 2O1 a qual desde 1838 tinha sôbre ela a vanta gem de se ter tornado uma mulher casada. êle fêz de mim uma meia-espôsa. uma vez. todo o espírito daquelas damas. 211) -Antõnia ou Srta. perderam no intento a sua velhice. se eu enlou quecesse por alguém. suas pilhérias que os príncipes e a gente rica tornassem. então. por um casamento legítimo. #se lá você criasse de mil a mil e duzentos cavalos. numa ceia dada por Nathan em casa de Floriria. em cuja casa Oscar H-usson Perdeu 5OO trancos ao. como aconteceu com o príncipe russo. du Val Noble: ver a nota 194. pleonasmo necessário para explicar um casamento sólido. têm a Bôlsa -das pernas." cuja recordação foi conservada. Como Ofalecido _Nlonthyon! 213 À fôrça de ser picado. Fanny Beaupré? 2O9 Marieta. jamais me manterias na posição em que Artur me colocou. Schontz e procurar am tirar-lha. amiga -do comerciante camusot. contavam que e-ra amiga do Duque d"Hérouvilie (modesta Mignon). que o Sr. a última vitória dêsses planos de campanha e que faz que essa espécie de mulheres digam de um homem: "Tenho-o fisgado!" .Ouve.estou certa de que Rochefide ine perdoaria uma paixãozinha. jamais o poderias conseguir. a Sra. mesmo desposando-me. fizeram a Sra. êsses anúncios vivos.dissera ela quinze dias antes a Finot. vocês rebaixam uma instituição até não ser ela mais do que um jôgo. e nunca se deixa um marquês daquela boa pasta por um parvenu co. Schont z que distanciava de três pilhérias. . a do hábito. Suzana Gaillard. e não punham em suspeição a fide idade da dona da casa. a peito a hipiatria. iôgo (Uma Estréia na Vida) . . ao saberse que era preciso ser proposto com muita antecedência para ser-se apresentado em casa dela. a Sra. freqüentado na época por essa. protagonista de memórias de Duas Jove ns Espôsas.dizia ela. Onome vem do bairro de Notre Dame d e Lorette. #41g CEN" DA VIDA 1"RIVADA . 214) Finot: ipeTsonagem baIzaquiana. res PC ou por indiferença. 33 E A T R I Z 413 . . de costumes fáceis. Era rola]orador do jornal de Raul Nathan (em Uma Filha de Eva). diretor de jornais e revistas. que acabava de comprar o pequeno palacete em nome da Srta? josofina S chiltz. a quem chamava de Ninon 11? 215 celebrando-lhe assim a rigorosa probidade. .A água está tão cara . Schontz.. Possuía ostensivamente os trezentos mil francos que Rochefide lhe dera o que um co rretor bom moço. . . dado no Rúcher de Cancal por Frederico Marest (em Uma E<stréia na Vida). Aparece em vár ios romances e novelas. provenientes de suas economias realizadas durante os -últimos três anos. Sc hontz e achava-se nessa passagem da vida.. porque o são comme il faut. gente tarada. ou mesmo por filosofia. A Sra. os diamantes que Aurélia usava durante um mês e depois vendia. "85Pécie de mulherea.Ke de sua amante.Quanto mais a senhora ganha. e a Sra. seus gostos e seus prazeIa Sra. um . crê-lo. =7 1X úLTIMA PALAVRA DAS LORETTE. e que ela os gastava nos tempos mais rig orosos de sua vida. a envaidecer-. pois q ue ela não confessava nunca senão os trezentos mil francos conhecidos. e dos juros produzidos pelo movimento perpétuo dos tre. Schontz respondia que pela taxa das rendas.Rochefide. Quando a diziam rica. 212) Duque de Rhétoré: irmão de Luisa de Chaulieu."e França a renda de importan te capital a ser distribufdo em Drémios pela Academia Francesa.respondeu ela. de quantias dadas para pagar fantasias passadas. trezentos mil francos davam doze mil francos de juro. de duzentos mil f rancos. 215) Xinon.é destinado a recompensar a ação mais virtuoGa realizada por um Francês pobre. na qual. 5chontz recusava receber gente rica enfadonha. pela bagatela de oitenta mil francos. menos se enriquece . compreender-se-á todo o valor adquirido em cinco anos pela Sra. as maneiras excelentes.têm o direito de ser burros. ver a nota 78. homem não inuda. 213) Monthyon: Jean Baptiste Antoine Auget. 217) Lousteau: membro da boèmia da Comédia Humana..u por lassidão. Schontz tinha cfetivamente um plano. . ela porém manobrava sózinha uma pequena fortuna secreta. 218 DISTINTAS #Esse procedimento anunciava um plano.que continua a ser di6tribuído anualmente #. Barão de MiDnthyon. zentos mil francos. podem. não se afastava dos s eus rigores senão para os grandes nomes da aristocracia. a instrução e o espírito.Esses. em Paris. 218 o único a ser admitido em casa dela. fllântropo e economi sta francês que em seu testamento deixou ao instituto ..rnais e se contenta com a própria espôsa ou com a arnante. 218) "lorette": múÇa elegante. O tesouro ignorado se avolumava com as jóias. Invejosa.disselhe um dia Gobenheim. fazia dois 216) Gobenheim: tio do jovem banqueiro do Havre que treqüentava a casa Mignon (em Modesta Mignon). punha a render. já o encontramos no almôço. chegara. Schontz em A Musa do Departamento. Cobenheini. Um dêles . quando amava Lousteau. por ocasião dos projetos fo rmados pela duquesa. aparece como amante da Sra.Inira seus defeitos e suas qualidades. Aurélia.?esenhista.o chefe era Canalis. PaIférine. colide e 22O) "mairie".. um escultor d. 227 Oqual por mais de. podia descob. nem mesmo Ro. e sórnente ela lhe permanecera fiel. êste o via em M ? pintor 1 5O e que devia Pensar em estab IXIOU que já passava dos quarenta "? ilizar sua ^vida. foram lósofo cínico te objeto de suspeição. casa-da na mairie 22o e na igreja. e o poeta acusava Stidmann. azer deputado. se qui serem. 1 mesmo que. "11tO proibido. no fim da novela Pa13a Amante começou a cor tejar a Co*ndéssa Laginska e só n o êx"to "em virtu& de uma intervenção repentina de Tadeu Paz. à 226) Vermanton. trabalhava pa. dava. Schoritz via-se apenas uni homem de reputaÇao equívoca. chefide Julgava ter ela "ri" fraco pel o jovem Palférin"eq. Couture.. senão Q divertido 223) Miltiglis de Ur..du Bruel.. m a pequena coisa 8e4 au rnenta?da Pelo desejo a. li]" dos heróis do Drimeiro -plano da Co. de Lora não é outro _d Estreia na Vida. zig inordia-lhe o coração a ambição d. personagem que só aparece neste romance. li TÔdas as Posições sociais tê. te reforçada pela -de uni s egundo Artu ClI.loriário" to. ver a nota 175. a quem membro do ln^t. era o único suficientemen- .tu cO111 suas intrigas conseguiu £ Opequeno fun. COUtUre.. altura -da Sra. val. log"O11 227) ClItilIrc: negocista e jornalista de reputação equívoca. ponto de pesar tanto como o mundo. A falsa alerta de 184O arrebatou os últimos capitais daque le especulador que acreditou na habilidade d sorte.a angélicap? Vítor de Vernisset: Personagem baIzaquiana. B E A T R I Z 415 . da "esc<):a 224) envenuto Cellini: ver a nota 176 225) Ojovem Conde 111 La Paliérine. os ourives.. e de comanditas. Schont. du Bruez: mais conhecida cIDIno Túlia.uecla era Virtuosa por cáIcuIo? e e"PirituOso La bom casamento. da Sra. SchOritz.anos. 2?3 .. com o 1-" de inarão.. mas Couture era um dos Primeiros amigos da Sra. 222) Ledo. a quem Finot.. Schoritz. um aa découture . % f. 221) Bixiou.é Humana..uma vez fizera os bolsistas berrare m. 224 que. fi Outros freqÜentadOres daquele salão divertido. cuja Paixão pela Sra. 222 rir. ou..ae Uni ]o-chegava ao de]" nalis. de notas de il francos. bailarina da üPera de costumes galantes. Rochefide jogar enl sentido contrário. 11O5 As suspeitas também recaíam em Vítor de Ver * vem poeta da scola de e nisset. de de Ia Cláudio V"gnOn Ojovem Con . Será visto ainda em & Ca sa Nucingen e Os Pequenos Birg. vendo-o de má Foi ela quem classificou o O vimos..Desen hou vinhetas Para a obra de Canalis (em Modesta Mignon).. o mas feliz de entre os parvenus. que nenhum de Lora. BiXiOU 221 quis "ler o preferido nO a IOSPiofiage. que acabou Dor se casar com . ~ EM casa da Sra. casa de Aurélia. um lindo rapaz. i r.hábil. ser seu feliz ri 111O. Essa ambição estava necessària. 228 Feliz por ter seu talher nus serupre PÔstO em. sucessivanjen: Ninguém estava à e mais tarde reconhecidos inocentes. para os negociantes de bronze para os joalheiros: ria repetir Benvenuto Cellini. 226 . c só p ensava em fazer un. Poeta ?cuj. último desastre daquele inventor de bô#219) Sra. Êsse artista. Vermanton. du Bruel. o homem . "21 Gobenheim. fizera. vice-presidentes e secretários de sociedades . do espírito. Ronceret. e reconheceu o grande vício da reestruturaç5o social de 182O. cujo número em Paris ultrapassa o das questões que se procura resolver. deixou a cidade de Alençon. a pior das si tuações. êsses são mais razoáveis. da indústria e da política. porquanto podia dispor apenas de oito mil fran?cos de renda. Dare"lda cOU1 décontit ure ("derrota. as pessoas de espírito a difamar os homens de ta lento.. Fabiano du. pel o ridículo. pelo sistema penitenciário ipelo futuro dos forçados liber. a qual o estudava para sabe r se o ousado especulador teria poder para abrirse caminho em política. pouco falava dos autores de seus dias. não compensava a má sonoridade de seu nome pelo nascimento. mui to gasto. pírito. Assim que um aa nação abateu muito ímpoliticamente as superioridades sociais re. parece que as reputações dev idas ao trabalho. troca-o por dez aristocra.sse rapaz. mas uni mal definid o. tas. o amor-próprio . e ocupar como usufrutuária um prédio muito importante no centro de Alençon.quando. despertou forços amente na vida privada. As distinções são huscadas a qualquer preço. A igualdade moderna. dando sua demissão de juiz. e os semi-deuses a ameaçar as instituições. numa linha paralela à vida política. filho de um presidente da câmara no real tribunal d e Caên. mas polegadas. no dizer dos democra. algumas . pelos pequenosbiltres de mais ou de menos de doze anos. abre diques por onde se precipita uma torrente de ambições secundárias. Gozamos hoje das saturnais da Revolução transportadas para o domínio. falecido fazia um ano. por isso. Schontz. cias rivais e armadas. e êstes a difamar aquêles de entre êles que os ultrapassam de ai&. idéia normanda difícil de realizar. conhecidas. Nunca. a lei agrária será estendida até ao campo da glória . êle Inesmo. Schontz gemia pela raridade das pessoas de valor. calculista para oferecer seu nome à Sra. será pintar uma certa parte da atual mocidade. por vi ver ainda sua mãe. #"416 CENAS DA VIDA PRIVADA 13 B A r R 1 417 Essa inclinação do espírito público atual. por tôdas as misérias sociais. por isso contava explorá-la em proveito próprio. Em breve. co mo saltimbanco. circunscrito. o orgulho. Couture. em várias viagens a Paris. exageradamente desenvolvida nos nossos dias. foi promulgada a Declaração dos direitos da invej a. as três grandes divisões do eu social. por um simulacro de amor pela causa polonesa. A Sra. e o administra. que ria Câmara dei. xa o industrial com inveja do homem de Estado. ao talento. consentem em ser apenas serni-deuses. . lhe apresentou um provinciano que resultou possuir duas asas pelas quais as mulheres #pegam essa espécie de cântaros. Essas diversas manias criam dignidades falsas. dor invejoso do poeta. já experimentara sua habilidade no arame. Demoliram . tudo enfim que não os ad ora incondicionalmente. portanto. foi pedida a seleção do próprio nome na peneira pública a motivos mais pueris. quando os querem guardar. 228) uma "découture": palavra f<)rjada com o nome de Couture. UMA DAS DOENÇAS DO SÉCULO Em 1838. homem de cêrca de quarenta e três anos. o trono. quanto aos gênios. presidentes. seguindo o exemplo dos espertalhões d a burguesia. sejam privilégios concedidos à custa da massa. Os tolos querem passar por gente d e espírito. e veio para Paris com a intenção de se abrir caminho. A digressão aqui será história. fracasso"?. a gente de espírito quer ser tratada como gênio. impele os tolos a difamar as pessoas de es. das quais a menor quer assim mesmo preponderar. tinha na sua aristocracia um mal. na aparencia sossegado. posto em que o pai o obrigara a perder o tempo. aos serviços prestados.tados. P. em tempo algum. Esboçar êsse personagem. dizia êle. a vaidade. e suficien te gratidão para não abandonar a espôsa. fazendo ?barulho. Isto exige um rápido exame dos efeitos da nova ordem de coisas. Ao proclamar a igualdade de todos. quando Couture. após uma exposição de produtos. elas estudam os males e as chagas. 23O ornara com a fita da Legião de Honra sua casaca de vicepresidente. um distrito da topografia moral de Paris. Foi notado #!por uma flor que lhe dera o velho Blondet231 de Alençon. Cada época tem . obedecia-lhe. devido a algumas prodigalidades premeditadas. a vaidade. pela qual se ia para o quiosque em dias de chuva. du Bousqujer?z29 um arnigo do pai.Daqui a seis meses. que queria ser aceito como uni 229) du Bousquier: Personagem de A Solteirona e Gabinete das Ántiguidades. Naquele momento estava a ponto de atingi r seu alvo. Cadine. constituídas à imagem da defunta. Quando se felic itava o Herdeiro pelo seu apartamento. 232) Emílio Biondet. "2 e que êle exibiu como tendo sido colhida em sua estufa. Oprovinciano abstinha -se de dizer que Grindot o arquiteto ali desenvolvera todo o seu saber. 231) o velho Blondet: personagem de OGabinete aos Antiguidado. na Rua Blanche. curando-as. mas por que queria atacar a opinião pública pela horticultura. c omprado por quinhentos francos a Loustau. é preciso fazer falar da gente para ser-se alguma coisal . lebres. Marechal Vernon: PeTsonagens que. fora dêste trecho.dizia êle ao falar com o rei de Alençon. pai de Emílio Blondet. Príncipe de Chiavari. _ Meu caro. que queria luxo pronto e já feito. todo . O Herdeiro completou aquelas magnificências por uma estufa que instalou ao correr de uma parede com exposição ao sul. filho mais moço do falecido Marechal Vernon. e para quem. um aa das novas atrizes a quem se atribuía mais talento numa das cenas secundárias. no desejo de se engrandecer. uma galeria de madeira rústica guarnecida de esteiras indianas e ornamentada de va sos de cerâmica.?onliecido do que vocêFabiano traduzia assim o espírito de seu tempo.a sociedade para fazerem um milhar de pequenas sociedades. ver a nota in #418 CENAS DA VIDA PRIVADA 419 . como Sti dinann o fizera com as esculturas e Leão de Lora £orn as pinturas: porquanto tinha como def eito capital êsse amor-próprio que vai até a mentira. para refletir-lhes a . Êsse êxito nada era. Fabiano não pensava senão em fazer falar dêl e. 23O) Duque de Vissembourg. dur ante sua efêmera opulência. comprou a mobília de Couture e os emb elezamentos que fôra obrigado a deixar no apartamento. adivinhara pelo exercício dêsse sent ido ávido peculiar à Normandia. Não é assim que procedem a caridade católica ou a verdadeira -beneficência. não que gostasse de flores.seu caráter que as pessoas hábeis exploram. irmão do Príncipe de Chiavari. presidida pelo Duque de Vissembourg. dos vermes do cadáver? Tôdas essas sociedades são filhas da mesma mãe. Tendo-se tornado vice-presidente de uma sociedade jardineira qualque r. XI #UM ESPECULADOR EM IDIOTICES Fabiano du Ronceret. um delicioso andar térreo com jardim. Foi assim que du Ronceret e Couture travaram relações. sem ser um homem superior. foi ousadamente pronunciado como da sua lavra. onde ficou conhecido corn o apelido de o Herdeiro. Estrea ra na boémia. êle arranjara. não o dominava. não aparecem na Comédia Humana. um quiosque onde se fumava. cujo discurso de abertura. o normando. Du R onceret aproveitara~se das loucuras de Couture pela linda Sra. Não revelam a decomposição essas organizações parasitas? Não é isso o fGrmigamento. eu serei mais .partido que podia tirar daquele vício público.. e não peroram em assembléias sôbre os p rincípios maléficos pelo prazer de perorar. . O Herdeiro. êle o chamava de seu covil.-liitia o plano de ligar-se com as pessoas c. r"Offle ia. Uma mulher como ia Sra. isso. ao Bois.glória. o qual não compreendeu a finalidade dadadeiro. êste pro. Schontz fêz do Herdeiro alvo d os seus ditos de espírito. a quem ela fêz farejar sua caixa. Pagara tão seguidamente o jantar a you categóricamente à Sra. p. Fabiano du Ronceret dirigira-se sucessivamente e. partilham com as mulheres. plano "? C. A Sra. que as donas de casa empregam em para as quais não se encontra criados. oferec eu-lhe a mão. a Sra. guiando mais não fÔsse para fazer dêle u dêss 5 o m e elegantes lacaios sem ordenado. nenhuma é mais apreciada do que a de uma Sra. Punha seguidamente Fabiano como terceiro com Artur no seu camarote. Agora meu futuro vai camin har por si só. Schontz. parec eu-lhe uma loucura discutível. Dara ser e 11 presentado à Sra. desposá-la. Schontz. quando o Sr. concedidos dísfarçadame&ite. lhante original. tornou-se pois o pre. de pequenas cenas representadas na soleira da porta ao reconduzi-lo em último lugar. ela tratou do assunto de seu desNessa entrevista em pu tino e declarou querer casar-se. sem êxito? a Bixiou. pretextando prestar-lhe êle tal ou qual serviço e que não sabia como agradecer-lhe. a Sra. nos Italianos. Schontz penetrou Fabiano e a si mesma disse: .!intomas exteriores d e uni culto profundo. de oito mil francos.. para um rapaz de trinta e oito anos que fôra feito juiz pela revolução de julho. porque quer saber qual é meu sonho? Eu quisera ser um aa boa burguesa. baixa. Schoritz. para dois cavalos. . o coração e o futuro. exclamou: falta de íntc11O`ên _ Meu " tis. Os homens têm entre êles uma fatuidade que. a de ser em amados absolutamente. e voltouse para Couture. devia ser. do seu desdém.uela conf"dên" cia do Normando. Quinze dia s depois. Jhe dar por base apenas um orçamento de execução difícil ao s. o qual se apaixonou por ela a ponto de nunca se apresentar senão em to " *lette de rigor.Tenho setecentos mil francos . Aquêle tolo. eu mudaria de sit uação. e cujo valor real era superior . Ao normando agradava-lhe ser distinguido pela Sra. a Sra. Schoritz achavam-se nesse ponto.de ficava à noite. a Sra. mas numa inte nção que tornava a preferência injuriosa. quando a Sra. der o ineu caráter. entrar para uma família honrada. XII UM POMBO REFRATÃR1O Em três serões.Se Couture não me convém.amor chamado de coração. chontz que ela devia adquirir s enle. . para aquêles a -quem elas tornam objeto d e um .. que representava o papel de grande dama. botas en?Vernizadas. de tôdas as paixões lisonjeiras.confesso-lhe "que. camisa -bordada e com bofes. de quem todos zombavam. a Leão de Lora. Ao ver essa hesitação. luvas côr de palha. um motivo de orgulho para #Fabiano. Schontz embriagava Fabiano de sorrisos. em oposição ao outro amor. lerido. c ontz e fazer parte daquela turma de leões em tôdas as esPecialidad es. se encontrasse uni homem ambicioso e que soubesse compreen. o. Schontz. e foi.disse ela. todo. pois que fazia um a ano qu e ela tinha unja pequena caleça. Ora. "blico. colêtes cada dia mais variados. de Grandieu p rocurou informar-se da vida e costumes da Beatriz da rua de São Jorge. As manobras da Sra. Um mês antes da conferência da auquesa com o seu diretor. mas. de seus gracejos. aliás. enfim. S Couture. e nas primeiras representações. e fazer meu marido e meus filhos muito felizes. Em oito dias o especulador. três coisas do mesmo valor. tenho certeza de encilhar êsse. admirada da . que tolice a minhal êle se julga amado por êle De rnesrnol E levou então o Herdeiro na sua caleça. de Rochefi. XIII INFLUÊNCIA DE UMA POSIÇÃO SOCIAL . a Stidmann. que. Schontz confiara o segrêdo de seu riasciniento e do seu ver]3 E A T R I Z a Fabiano. e essa escolha fugia a tôdas as suposições por sua própria impossibilidade. tão. em 17 de abril de 1797. para falar. a quem não se recebe na própria casa.promesa de um pôsto diplomático em harmonia com a minha nova fortuna. . profundos. depois de dirigi r a ela e ao marquês um dêsses olhares atila. Assim. que sei ser sagr ada. o qual.És casado? . por preço de meus serviços a senhora me fará a honra de receber em sua casa e proteger sériamente a Sra. com um aa quirn.exclamou d"Ajuda. muito auxiliará a mudança de minha vida. tempos que correm ess a vida de clube. se disser sim. MaxÁrno ouviu até o fim. que a duquesa reclamasse diretame nte sua cooperação. Máximo de Trailles não se iludiu quan(O ao alcance de um convite assim feito. afetando pedir-lhe sómente conselhos.De acôrdo com o conselho do Abade Brossette. auxiliada p?el.A duquesa. . Modesta Mignon. a duquesa pediu ao Marquês D"Ajuda que lhe trouxesse à casa o rei dos salteadores políticos.. Não veio por que motivo minha espôsa não seria recebida tão -bem como a Sra.D"A juda lhe dirá que.Bem. com um ataque de gôta antes -do jantar. dos.Caso-me dentro de quinze dias com a herdeira de uma família rica. 237) Sra. tivesse perfeitamen te o direito de o apresentar num salão onde jamais pusera os pés. d"Ajuda arranjou-se de modo a jantar com Máx imo no clube da rua de Beaume. e propôs-lhe para ir fazer uma Perna em casa do Duque de Grandieu. sou eu. 235 de I"Estorade? 23O du Guénic. . Infelizmente. sem comprometê-la. nós usamos um escudo de blau. mas que ro ter um bon.. Jorge de Maufrigneuse: personagem de Um Caso Tenebroso. Conquanto o genro do Duque de Grandieti. os preliminares do Tratado de Campo-Formio. #234) Sra. de Portenduèr e nessa sociedade de jovens senhoras.disse-lhe êle en. se há em Paris alguém que possa dirigir essa dupla negocia.Senhora. senhora duquesa. Sóme nte. Afinal de contas. o Arquiduque da Boémia. sua promessa. achava-se só. porém execessiva mente burguesa. de Ia Bastie. astutos. o célebre Conde Máximo de Trailles. tantes sabem comprometer seus interiocutores.. na qual se joga com g. de Ia Bastie: em súlteira. comunicou seu projeto ao Sr. Após quinze partidas d e uíste. antes de mais nada. Renata de Maucombe (Memórias de Duas Jovens Espõsas). Pelos quais êsses grandes tra. 2" de Rast"gnaC 239 e de Vandenesse 124O Minha mulher é bonita e encarre cro-me de a desemburguesar! . onde brilham as Sras. armada de goles e e?camada de sinople.era de ouro vomitando fogo. B F A T R I Z 421 taud. sem mesmo que saibam ter eu estado aqui esta noite. fim. de Trai] les e solicitou -lhe sua colaboração. completos. O Duque de Grandiett fêz a Máximo a honra de fingir. dAjuda. Será mais um aa boa ação que a senhora praticará!. Quero fazer vida nova.Tudo o que fôr preciso. um sacrifício feito à opinião públical entro no próprio princípio de meu govêrno.. sem se pronunciar. . e esperou. espôsa a sós com Máximo e D"Ajuda. Convém-lhe isso. a senhora duquesa compreende d e que importância seria para mim a adoção de minha espôsa por ela e por sua família. .t. estabeleçamos os preliminares de Leoben. Condêssa de Trailles. ção. 235) Sra. fui durante inuíto tempo o rei dos libertinos. Rochefido. compreendi tudo perfeitamente . 236) Sra. o primo da duquesa. . Tenho a certeza de vir a ser deputado pela wnúncia de meu sogro das suas funçoes. o mais jovem dos jovens. foi deitar-se deixando . d"Ajuda: em solteira. que deu à França a Bélgica e as Ilhas Jónicas. 237 de R es233) Leoben: cidade da Áustria onde o General Bonaparte e o Arquiduque Carlos V co ncluíram. seo nhora duquesa? A senhora é devota e. 233 Que se dispõe a sacrificar? .. e tenho a . doente. marquês. . #conquanto tivesse cinqüenta anos. pois. e pensou que o duque e #42O CENAS DA VIDA PRIVADA a duquesa precisavam dêle. de L"Estorade: em solteira. 234 Jorge de Maufrigneuse .. e um cúmu .. Assim. OSr. Não e um dos menores caracteres QO. Eu receberei e guiarei sua espôsa . Acredita-se que Otelo. a Itália. reco rdando-se da judiciosa objeção do Abade Brossette. Mas ignora acaso a que grau de cegueira a Sra . o lago de Shakespeare ali perderia todos os seus lenços.prosseguiu êle após uma o pausa . interrompendo aquêle mo. a maternidade é a paixão dessa espécie de mulheres.. .E a senhora tomará parte nelas.disse a duquesa. quando êle se acha no fun do do abismo da credulidade?. 24o) Sra. justo e sua mulher. rou na goela dessa leoal Beatriz teve a habilidade de convencei . co.AhI senhora duquesa . . q ue fique ausente durante dois anos. Goriot.exclamou Máximo . mas serão as. Deixarei Clotilde com o pai. êle. 238) Sra. prometo-lhe eu fazer seu plano triunfar. visto que sou seu procu. não tendo feito. aparecerá em Gobseck. foi por dever. ela é virgem1 Prova-c. .AhI Senhora.Sujeiras? . . . não -se lembrando do filho. nascida E mília de Fontaine (o Baile de Sceaux) ou da Condêssa Félix de Vandenesse. senhora. . conheceram o que é um amor ab soluto. dou-lhe a minha palavra. #Máximo e d"Ajuda não puderam deixar de sorrir.lo de contra-arminho. na qual o coração e o resto não tomaram quase parte.é preciso que a senhora se resigne a obedecer às minhas instruções. visivelmen. finalmente um amor musical! . e somos condes desde Catarina de Médicis. Senhora . 241 que seu irmão mais novo Orosmane ? 242 que Saint-PreUX? 243 René? 214Werther 245 e outros apaixonados célebres representam o amorl Nunca os pais dêles. .e os meus não lh e darão as costas. Assim.disse solenemente a duquesa . Oamor. como a senhora deve saber. por exemPIO. É esta a últim a intriga de minha vida de rapaz. . e mostr ando na fisionomia tanta repulsa quan. que Conti foi uma dessas paixões cerebra is.disse êle sorrindo. de Vandenesse... desde Francisco I. que sem dúvida vencerei.disse a duquesa. Mas. eu não a comprometerei .. .nós viajarem os todos. Calisto e Sabina. 239) Sra. de Restaud: em solteira.. Estou informado disso por NaC5 thaa e Canalis. de Rochefide não reveja Calisto . sem que isso lhe cus te grande coisa. e acha na Sra.. %êsse bravo bretão de que ela jamais amou outro que não. que esta lhe faça ver a Suíça. a Alemanha. de coração de gêlo.Quer dizer que eu you aparecer em tudo isso? . enfim o maior número de ?países possível. e por isso deve ela ser tanto melhor dirigida. Quanto a Rochefide. Du Guénic farse-ia cortar em pedacinhos e picaria êle mesmo a espôsa por Beatriz! E a senhora acredita que se possa retirar fàcilmente um homem. senhora. clamou ingénuamente. de Rastignac: nascida Augusta de Nucingen. ..retrucou ela. tima e sua proteção são um prêmio que me vai obrigar a fazer grandes sujeiras. bem. Na realidade. é preciso que du Guénic seja levado como uma relíquia pela espôsa. pois.exclamou Máximo. . . entre os quais ela hesitava.. e eu. . não é amar uma nobre . o menor esfôrço para vê-lo.e estimo-a demasiado para não acautelar-me suficientemente. te comovido . Assim. Sua es.. que é virtuosa... . mo a senhora po de compreender. i #422 CENAS DA VIDA PRIVADA . derno condottiere. em solteira Angélica Maria de Granv`11e (Uma Filha de Eva). sómente Molière o suspeitou. rador. to admiração. ante aqueta concordância entre o céu e o inferno.disse Máximo.se o senhor duq ue digna-se também tratar-me com n alguma benevolência. de Ron chefide fêz chegar seu genro. faz um ano. por tratar-se de uma bela ação.pois entrevejo enormes dificuldades. quando Calisto se ati. o pequeno conde fará em bre ve .Ahi o senhor responde a um temor do meu diretor. o qual julgou necessário enobrecer o cria do de quarto de Luis XI..A fim de que a Sra.Não cantemos vitória.. Trata-se únicamente de seguir meus conselhos.doze anos.ex. Schoritz uma mãe que é tanto mais ?que. Trata-se ou da Marquesa Carlos de Vandenesse.Obedecer-lhe?. Mas . enquanto. Lis cO11d? arriamos.éter as flores do paraiso. Terei trabolho em sep arar o Sr. que sua virtuosa imaginação não desceria a tanto.Você assustou essa boa duquesa. T It I Z 425 jantar amanhã em casa da Schontz. e não Mãe de d"Ajuda-Pinto. Nesta comédia Arnolfo educa em sua casa uma moça ingénua. d"Ajuda disse a Máximo : . 247 E eis como seu genro ama BeatrizI . ...Não inicie essas infâmias. uma Clarissa ! 246 grande esfôrço. mas a Sra.?ões superiores e de um aa tão baixa infâmia. A. Como prova dessa acusação.mas a moça recusa-o definitivamente. Embora a esp&. . de Rochefide da Sra.mulher.de ArnOlfo! .. de Chateaubriand.. minha querida mãe disse .. às suas traiç5es. sem que prè-viamente consulte o Abade Brossette. 244) Renê: herói da novela do mesmo nome. apesar de tôdas as precauções de seu tutor. Beatriz não me quis receber. . libertinos.ros. recuam ante as mais honrosas d esilusões.. precisam de machadadas.. no OteIo de Shakespea-re. de Rousseau. A senhora é por demais virtuosa para . A senho ra pediu o impossívei e será servida. estrangula-a. eu salda rei minha conta com ela e vingarei sua cunhada tão cruelmente que é bem possí. 248) minha querida mãe. enganar-me-á. desde que Agnes queira casar ainda com éle . X1V DE UMA lNFLUPNCIA DE UMA XELAÇÃO SOCIAL E POSIÇÃO No peristilo. 242) Orosmane: protagonista do drama Zaire de Voltaire. na verdade! Oamor é dizer-se: "Aquela a quem amo é uma infame. Quanto a Calisto e Beatriz. futuramente. Otelo. é uma velhaca.sa seja completamente #inocente. 243) Sainc-Preux: protagonista da Nova Heloísa. VaMos ao jóquei-Clube. o general mouro Otelo. tresanda a todos os assados do inferno. #Agnes. roubado por lago. que per. porque esta noite meu plano estará feito e terei e scolhido no meu tabuleiro de xadrez os peõG" queterão de marchar na partida que you jogar. Arnolfo. o A senhora ignorará tudo. you estu:dar-lhe o interior. No tempo do se. a bela e virtuosa Desdêmona. B E A T R I Z 423 IVIV. de Goethe..É que ela não suspeita a dificuldade do que pedel. 245) Werther: herói de Os Sofrimentos cio Jovem Werther. engana-me. 246) Clarissa: heroína de Clarissa Harlowe. faz ver ao general um lenço de Desclêmona nas mãos de um de seus oficiais. engana-o antes mesmo -do casamento. mantendo-a na ignoTáneia mais completa para depois casar-se com ela sem te r de temer uma traição conjugal. E apesar ..de minha resolução de empregar o ferro e o fogo não lhe garanto 2bsolutarnente o sucesso. .. que aos po ucos se apaixonara de sua Pupila.. deve trataT-se de um lapso (ou de uroa familiaridade).. a menos que seu diretor lhe desse a niaO..---. de Richardson. de trai." e correr para ela. porque eu choro na grande cena TIOS ou.. #424 CEINAS DA VIDA PRIVADA 33 F. É precis o que Rochefide me convide para 247) a grande cena de Arno7fo: é a cena 5 do ato V da Escola das Mulheres de Molière. Sei de amantes que não. que há na devoção. a carruagem do marquês se aproximava. Schoritz. pois o lenço fôra. Poi s a Duquesa de Grandieu era apenas parenta.suade a seu a mo.conhecer o domínio conseguido pelas mulheres que não o são. .o Marquês d"Ajuda. esplendor. de que éste é enganado pela mulher. que o passara às mãos do oficial. Schontz prestar-se-á a isso corri certeza. Mas Agnes. obcecado pelo ciúme. o intrigante diabólico. para sab er até que ponto sou sua cúmplicel -exclamou a duquesa com uma ingenuidade que revelava todo o egoísmo. declara-se não sómente pronto a perdoar como também a fechar os olhos. . achar-lhe o azul 241) Iago é. Nessa cena trágica. conquanto recentemente ingressado na boemia de Paris. era um homem excessivamente poderoso e ca paz. Era admirado por quantos sabiam o como era difícil viver em Paris em boas relações com os credores. ao cabo de dez minutos. o Por isso. com um rapaz moço e já célebre. Duas palavras. quando Máximo veio almoçar. ciências e profissões. por hábito.respondeu La Palférine. . já o encontramos casado com uma Srta. nada podia recusarlhe. AO LUSCO-FUSCO os dois rivais. seu prestígio em casa da Sra. chega a ser grande banqueiro e deputado.dos italianos é hoje o que ez por dia p o bulevar pessoas conhecidas atravessavam-no uma v 1651 tôdas as efeito. ao despertar. porquanto soubera fazer-se prodigiosamente querer. nao e que ponha a coisa em dúvida . enfim não tiv era outro rival em elegância.cupou-se ela tanto de sua toilette Comoem pôr a casa em estado de receber aquêle personagem. Schontz. mastigava seu palito enquanto Cérca de unja hora. 249) de Marsay: ver a nota 179. parecia preocuP Iférine. e se chega a cinco ou a seis1 . Equivalia isso a preveni-la que exibisse seu luxo e preparasse a mais deliciosa refeição para aquêle conhecedor emérito. Schontz. Se não as tivesse. com êles o Sr. (Ver Um Tinha excelen tes motivos para desconfiar dos ianciãOS Homem de negó Cios. alguns velhotes que.ersava CO111 Ia pequena Bôlsa. pediu-lhe que agenciasse o acaso de um almôço no Café Inglês. a fim de secar suas afecções reumáticas. que se achava em ffente ao Conde de Trailles na posição de um segundo-tenente diante de um marechal de França. informou ao Conde de Trailles tudo o que êle queria saber a respeito da Sra.` onde. Máx Tortoni. respeitado por seus pares. 252 . ado com negócios. cO11 XV J. Couture e Lousteau dariam à língua perto dêle. ?v1áximo soltO11 in sinal de cabeça ao jovem prín p. se colocam como espa de um aa hora da tarde. se faz aque mas estava à espera do jovem evia passar tre . irm? da Condé@sti Félix de Vande. temido por tôdas as mulheres do gênero da Sra. . bem manobrado por Finot e por Lousteau. especuladores. Máximo. Máximo de Trailles ouviu anunciarem Finot. imo. negocista sem escrúpulos. por isso preo. de. Em Paris existem quase tantas realezas como artes diferentes. . que não o ilustre de Marsay249 que o empregara em missões políticas. Isto basta para explicar sua entr evista com a duquesa.Cinco ou seis o quê? 25O) du Tillet: personagem da Comédia Humana. de resto era muito perigoso dar uma picada naquele leão. de Grandville. o astro eni declínio. em atitudes e espírito. Schontz que jantaria.1O menos* Comilet fazendo u braço de du Ti -lhe a sorrir. a conversação já se orientara para a Sra. onde Finot. 253 em Cenas da Vida Parisíense. Rochefide disse à Sra. especialidades mor ais.Quando faço semelhante pergunta. e cuja admiração é adquirida por aquêles que as sabem manobrar. Schoritz. a quem n a véspera mandara chamar. nesse. que dentro de algum tempo d Conde de Ia Pa era a Ponte Nova em or ali. e o mais forte daqueles que a praticam tem sua majestade que lhe é própria. Finot. é apreciado. os quais conhecem as dificu ldades do ofício. em Uma Filha de Eva. seria eu digno de suceder-lhe? . Schontz. prefácio da giande.vel ela ache ter sido vingada eni demasia. No dia seguinte. No dia seguinte.quero únicamente saber se o total é respeitável. Couture.replicou Máximo . foram sentar -se em quatro cadeiras na calçada do café de Máximo teve o cuidado de colocar-se a certa distância de Paris. e a autoridade de sua palavra numa conferência que êle pretendia ter no bulevar dos Italianos. viu Fínot e seus dois amígos instalados #à mesa. aos olhos dos rats e das cortesãs. Máximo de Trailles. onde organizava uma in . e dizendo pe da Boêrnia.) Você ?ern dívidas? . que foi compadre inconsciente de Finot. des.disse Máximo ao jovem conde. cridu T ill"e t? 25O à entrada do <on. Ideiras. e o outro um sol que se erguia. Seis algarismos! se deve cinqüent" " cem mil francos?. #251) Tortoni: nome de um famoso café que existiu em PaTis. e. conite. em cujo extremo me acho e que quiseram me opor. p oupado pelo leão. cena 2: "A moi. .. La Palférine corou..E ao chegar à minha idade que seria de você? . .La Palférine! você tem o espírito ousado. 254) Na fãbula ORato e o Leão.disse Máximo sorrindo.disse La Palférine à feição de parêntese. etc. Eu tinha certeza de que à fôrça de passear por êste bulevar. Máximo pagou a gentileza do rival.disse Máximo sentenciosamente. no mei o das obras-primas da pin. erguendo ligeiramente o chapéu num gesto de gra vidade risível. que me retiro do Circo Olíni. na esquina da rua Tait bout e do bulevar dos Italianos..Vinte mil francos?. tureiros parisienses.É um outro modo de ver a vida . se se tratasse de uma senhora muito distinta.respon. salvando o rei dos animais prêso numa rèd. cos .. êle me de serdaria por causa dêsse pobre algarismo. por tal forma se sentiu lisonjeado por aquela confissão feita co m graciosa bonomia pelo chefe dos aven. _ ?jeu caro. tornar-se um políticol olhel . . um Tato. você é o único que me agradou. mas. conde! Essas palavras são tiradas de um famoso trecho de Cid.. porém. 252) Duas palavras.. .. aqui.respondeu Máximo continuando. #.replicou o jovem conde.. artistas. .Trata-se de u ma prostituta? Por quê? Seria impossível.Oh1 uma miséria indigna de ser confessada a um tio.. Êsse movimento de seu amor-próprio foi um reconhecimento de sua inferioridade que o feriu. .Mas então vai pedir-me coisas acima das minhas fôrças! . La PaIférine tirou o chapéu de modo tão respeitoso.triga para perder Raul Nathan. tem mesmo m ais espírito do que ousadia. deu Máximo. ou.. de Corneille (ato 11. arrume seis. faça como eu que nunca desci do meu tílburi. Eu por exemplo cheguei a dever seiscentos mil. adivinhou essa reviravolta ofensiva. deux mots") onde introduzem uma ce na trágica. . e mais tarde com lindas mulheres .. 254 . de La Fontaine. poderá ir muito longe. até 18S7. encontro de escritores. fácil de prever numa natureza tão espirituosa. . quanto irônico. .Vai deixar-me muito orgulhoso: é realizar a fábula do Rato e db Leão.Não. precisa pôr-se em certo pé .Não chegarei até aí . .respondeu o ra paz. tura.pico por meio de um belo casamento? Muito farei por você disse êle. . . antes. de todos os que se atiraram na carreira. seis mill .não fique plantado no s seus dois pés..disse La Palférine.Fica-se mais apertado por seis do que por cem mil francos. 253) Em Um Homem de Negócios (no volume X1 desta ediÇãO) -vire"nos a sabeT como Máximo d e Trailles foi logrado pelo velho usuráxio Cérizet. . e pôs-lhe remédio imediatamente colocando-se à discrição do rapaz. Máximo. e de muito es pírito .Você deve? . #426 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 427 . Máximo as emprega por brincadeira.Quer fazer algo por mim. passar minha vida em Veneza. . . .eu esqueceria os meus credores e ir..respondeu num ton. à noite no teatro. .Começarei por emprestar-lhe vinte mil francos . trata-se de fazer-se amar por uma mulher em quinze dias. de conhecedor para conhecedor .. encontra oportunidade para de* monstraT a 6ua gratidão. se acaso tivesse um..e. OLedo e o Rato..Se eu tivesse crédito para tomar emprestados cem mil frari. .. respondeu Máximo.. Será preciso mandar dar postos importantes. matizado de ocorrências domésticas.Beatriz pagará bem caro tuas lágrimas e teus sofrimentos. . .É uma marquesa muito ilustrel .você me achará. de Grandieu voltou para junto das duas filh as. a respeito de mulher.disse Máximo rindo. Fabiano. mas quanto ao resto isso é comigo. até mesmo o inferno . mas a vaidade normanda e a ambição brutal do Herdeiro est . minha mimosa . Aurélia teve assim nove convidados.. .Se ?evo sair da estética. ao ver passar Ras.perguntou La PaIférine. Dou-te vinte mil francos esta noite.1 Essa pobre mulher fêz-lhe então muito mal? .perguntou à duquesa. Encontrem. Bíxiou.AhI feres-me o coração1 . . . . e deixa-me dizer-te que. meu garôto.Calisto não veio dormir em casa. .exclamou Máximo.disse a duquesa à filha . de não ser nada. 2. .Que há? . senhor conde . e vai receber dez humilhações por cada uma das tuas1 A Sra. . terás tão poderosas proteções que poderás. du Guétric e Clotilde chorando. é preciso deslumbrar e finalmente vencer. mas irião. .disse Ia Palférine. Schontz mandou prevertir Cláudio Vignon que. . retirar-te num bom casamento.. d"Éspard não tolera Beatriz. XVI UM PRIMEIRO PRÉMIO DE VIRTUDE Os dois libertinos.Não procures atirar a sonda nas minhas águas. mais cruéis ainda do que aquelas pelas quais a jovem espôsa vira terminar a sua feli cida-de. que Calisto jamais saiba coisa alguma do que tivermos tramado. quando te enfastiares da tua vida #de boémia. . a mão de Satanaz abate-se sôbre ela. levantaram-se. foi a primeira vez. ou então teríamos os dois um duelo de morte. . manifestara o desejo de conhecer pessoalmente Máximo de Trailles.5 vai auxiliar-me .Senhora duquesa .disse La PaIférine. . ouviu um novo ditiram?bo de Sabina. al"canÇar sua aranha de um cavalo.disse o jovem conde. . A duquesa e Máximo saíram. e dez di as para triunfar. de caçar em Paris como os selvagens e de rir de tudo? .acrescentou num torn de rei que se compromete ao invés de prometer. quando voce precisar de mim. .A Sra. tenho uma certa probidade. -como eu. . tignac. . Leão de Lora.Precisa conseguir cartas dela? .Fica tranqüila. podemos supliciá-las. Acreditas-me pois capaz de propor peq uenas infâmias de dois soldos?. por varias vêzes.Olhe.Mais tarde.. se puderem. um grande homem sem fraquezasi Máximo viu aduquesa.. compadre. Êste último foi pedido por Rochefide para sat isfazer a Máximo. convidou Couture. Quando a Sra.em nome de Deus.. e a minha pobre Sabina está d esesperada. Quando lhe disse que não lhe custaria grande coisa. Ao. . Não é preciso atirar-se. Schontz.AhI então não me enganaraml .Bem . a Sra. to.exclamou Máximo.Tudo cansa. em casa -da Sra. é completamente impossível . e m caso de êxito adquirido. exija-o de d"Ajuda. que nos julgará. de v iver como os pássaros.janto lá. referia-me a que a senhora não iria gastar quantias loucas. necessito de mais ou menos vinte mil francos. .Não. nhora para o vão de uma janel a. . La Palférine e Nathan.Sim no sentido real. e possivelmente uma recebedoria geral. não se trata disso. . . Até logo mais. todos de primeira fôrça. . o jovem e o velho. Ao palácio de Grandieu .Há então um momento em que a gente se aborrece de divertir-se.disse Máximo atraindo a devota se. Máximo disse com os seus botões: #4 2 8 CENAS DA VIDA PRIVADA .É preciso então amá-la? .Até jogo à noite. guarde o mais profundo segrêdo sôbre o meu devotarrim..g ritou êle ao cocheiro. com exceção de du Ronceret. da profundeza de Máximo e da ge. vida se tornara feliz e calma.besse que Calisto pertence à sua ex-amiga . Schontz. àquele sua ce a tez alva e quente . e u ni PC . des Touches tratou-o. Como Os 1 o de rotundidade sedutora. que fazia questão de aparecer jovem e bela armou-se com #uma toilette como essa espécie de mulheres sabe escolher.respondeu Cláudio Vignon. Fêz um mantelete de guipu ra de finura araciroidiana.É que sou artista e não uma cortesã1 . Deus! .. a pequena Sra.disse Máximo atirando-se nunia poltrona no c anto da lareira.que lhe apresente o Sr. #. ?57 .. todos nós nos casamos .". Opespara engordar desde que sua c omeçava a engrossar assini. senhor. Pois bern. Cláudio Vignon. #43O CENAS DA VIDA PRIVADA . Cadine ou Florentina lhe teriam comido. cujo delicado corpete. intrigante e coquete não menos temível qUe Beatriz.AhI foi o senhor quem deixou Camilo Maupin. du Guénic? . e em menos de cinco anos. Schontz com certa dignidade. de Trailles1 . beijando Minha querid Rochelide quis fazer-me ver seu estaa fronte da Sra. os tão principalmente à cabeça das coç . Cláudio Vignon . £om -ituosos.o c.Aqui.avam à altura da potência literária de Cláudio Vignon. Schontz. do. En. Schontz de veludo a osos c bandós lustr riosa ao esplendor e frescura rIteado de de nlulher for. uma Antônia. a estalajadeira da literatura. mais célebre foi durante m uito rosto 256 eculiar aos rostos medas e firaies. . por fazer-me tronco de um aa raça de gente -de bem. Schontz.. como a uni Luís XIV. Se ela sou. ornbr-os. a filha . vendo-se eclipsada pela Sra. 13 E À T R 1 Z 429 zul.disse Máximo ao entrar. A Srta.disse a Sra. Nunca recebi semelhante honra.... . abotoado com opalas. A Sra. . que as belas cabeças fazem viver por muito tertipo os corpos deforniado s.. 257) tratou. como lá diz a comédia. . uni 255) A sra. às feições nItidamente desenhade uni alhes CsP tempo aprecheio de d. Moutespan. a qual.Depois do senhor.. você fêz-lhe ganhar o que um aa outra. França nos fixam ajulheres. A Sra. do espírito de B ixiou . CuJO êssa Merlin e é talvez p .Oh1 como quisera vê-lal .nialidade de Leão de Lora. como rire vê. Sr.. da visão de financeiro de Couture. do cálculo de Finot. da finura de La Palférinc. (Máximo tocou o críti co 256) Condéssa Merzin.Não sabe o senhor que a fortuna dela foi empregada em exonerar as terras do Sr. ir para um convento? . a um Luis XIV: alusão a Luísa La Vallière. favorita de Luis XIV.exclamou a Sra. quando a conheceu. para alcançar essa cifra faltavam-lhe cinqüenta mil... que tinha um dos salões mais brilhantes da época.E ai está como se escreve a história! .. estou em vésperas de fazer unia Condêssa Máximo. da poesia de Nathan.exclamou Máximo. mas está quase em helecirriento.dionais. .. Mas permita-me . em solteira Maria de Ias Mercedes Jaruco (1-"88-1852). onde eu ainda não tinha vin harnionia corri os seus quatrocentos mil francos de renda ... lia recolheu ao convento das Carmelitas. foi uma da s dama6 da sociedade que estimularam o namôro de Nathan com a Condêssa Félix de Vaudenesse (em Uma Filha de Eva). bel a o espirituosa espanhola casa-da com o general Conde "1?r11in. unia Málaga. ~o ébano.continuou. . mais tarde c"DMPÔs e Publicou suas memórias.. et tipC. d"Espard..É desesperador. Sr. .tado pela Cond Schontz tinha tendência Infelizirrente.. ri. lebridade o a das filhas dos trópicos. . Espero terminar. trata-se de um grande negócio.replicou La Palférine. olhando pelo espelho para ver quem chegava. .. te apresentará dentro de dois dias em casa da Mar quesa de Rochefide . ou reluzir um luxo tão refinado. Couture vinha acompanhado de Finot. ..deve conhecer meu amigo d"Esprignon? .Estás decidido? . Foi numa ceia semelhante. . mostrando-lhe o Sr. Sómente. que ela ataca Calisto por necessidade.Artur .perguntou Máximo. de * . porque seus requintes surpreendem os mais exigentes. Alguns instantes de. Vês.. . que Paganini 26O declarou não ter jamais comido melhores petiscos em casa de nenhum soberano.Máximo tem razão . colando os lábios viscosos nas bordas dos cálices.mas se deve ser gentil-homem &ri tes de ser marido. EL. sim.Se eu lhe ganhei alguns mil francos de renda.Visto que recebo . de Rochefide) ela sairia do conv. tu. isso é que é trabalhar -bem1 . .Nunca tinhas visto o Herdeiro? Dit Ronceret de Alençon. a uma hora -da manhã. deixando os convivas. minha querida. Schoritz -foram os iprimeiros a voltar para o salão. você não poderia dar-lhes melhor emprégO.disse Máximo. o jantar foi um dêsses que só se dão em Paris. r.mas éramos muito unidos na nossa prirneira mocidade.Senhor . que não velavam mais as anedotas. os convivas foram reunidos no belo salão azul e ouro do pa. e. Nathan. bebe vinho e licores até te criiborrachares1 "you #dizer a Aurélia que te coloque ao lado de Natliaii. e eu. .1111nicar-me teus progressos. lacete Schontz: tal era o nome que os artistas davam à sua taberna.Palavra.disse a Sra. cêrca das dez hor a.. . em casa de uma cortesã -bela e rica como a Sra. meu caro. p ara arrancar-lho. . a fim de que não se acre. no nosso mundo. .. Rochefide.Deixa-me dizer-te quando fôr tempo de ser generoso disse Máximo.E então. Máximo dirigiu-se a êle.disse Máximo ao ver que seu não detivera Cláudio Vignon. Scliontz olhando p.Sobretudo. é preciso ag ora encontrar-nos tôdas as noit-"5. é -preciso deixares Artur. .corn o pé.Máximo tem razão. pois.Lá estaremos. e em casa dessas grandes dissipadoras. . venho por teus belo s olhos. nem ouvido conversação tão espirituosa.? to. . nem bebido tais vinhos à mesa de nenhum príncipe. meu caro. inclinando-SCB-E A T R I Y 431 XVII A ESCOLA DOS DIPLOMATAS como é que nos fazes jantar com um tipo trajado como um primeiro garçon de restauran te? . ditasse. MICLI velho. sem poder esvaziálos.eu. La Palférine deu um salto ao ouvir o nome.respondeu o jovem conde com altivez e sarcasmo.não te enganaste.respondeu o marquês. vido da Sra. no teu lugar. Trias encarrego-m e de -te fazer oferecer duzentos mil francos por êle. desde que Rochefide comprara-a para a sua Ninon 11. levou-o ao vão de uma janela e entregou-lhe as vinte notas de banco. . . para dar-te instruçoes. mestre . . colocá-las em tempo oportuno.disse com a graça peculiar aos estróinas.. Máximo e a Sra. para não despertar suspeitas.disse o jovem conde. . não as poupes .disse ela. que aqui está. Schontz.Foi coisa que jamais me passou pelo espírito.disse Aurélia. . 11_? teria feito a felicidade da mulher e do marido. e se gabavam -de suas qualidades.Faz o muito tempo que Viturniano não me conhece mais 258 respondeu Fabiairio . que chegou por último.disse-lhe ê1c ao ouvido. . o qual corou extremam ente. meu velho. nossas ações generosas são c mo as ações de Couture . Schontz. para co. no bulevar da Madalena.. tituiria à minha mulhe r a sua fortuna.Pois bem. . que parece dar! . . . Ao ver entrar La Palférine.Não deixes de te confessar loucamente apaixonado por ela. Artur.é preciso.disse Máximo a Fabiano. ao ousignando-lhe Ronceret. creio eu. .Não há como você saber duplicar assim o valor daquilo. . . .. o 2.untou a Sra..Olha.Não. pendurado no canto da charnirjé e apresentando-o a Máximo. isso te prometo. então. se prometes a presidência do tribunal de Alençon.. .4 E se eu te assegurasse o apoio da nobreza? . eu o farei nomear -presidente no lugar do velho Blondet. . Schoritz . excitando-lhe os maus pendores (ver o Gabinete das _-lnti guidades. seu companheiro <1e prazeres e vicios. com efeito. meu caro.O de blau.. Vai ver . -cujas intenções tram. de olhos fechados. em roquete.respondeu nitidamente Máximo. de Rochefide . Vamos para lá. de estar à frente de sua casa e de gozar dos quatrocentos mil francos de rendal .. terás de te fazer pôr em salmoura durante uns cinco ou seis anos na província.c] .ao oferecimento de minha mão êle ficou. tiveram algum avô merceeiro.. #.É inútil ir até lá.E ela propõe-me sómente duzentos mil francos?. Ouvi tanto falar daquela provir".o.. Condêssa de Bruel. Máximo? per. os du Ror.. .Encarrego-me de o decidir. A T R I Z 4. êle tem brasão . Mas.ceret serão pcIo menos baroes. minha pequena corça.cês serão personagens e poderás abafar a Sra. . se quiseres enterrar a Schoritz na presidente . Quero trezentos mil.. hasteados e folhados de sino.O de prata. com Servir. teu marido s erá deputado. no vol. com três pent. e. foram enobrecidos por Luís XV.Nuncal . é impossível reconciliá-la com Ar tur..disse Aurélia. Como! cuidei-lhe do filho e do marido. du Ronceret. se êle está borracho. B F.) 259) Paganini sofria de uma doença intestinal que o obrigava aos maiore6 cuidados em matéria de alimentação. Bixiou e. visto que se trata dela. de goles em contra-roque te. de repente. Ora esta! no interêsse de quem trabalharei eu. ?em Alençon.eXI-1` mou Aurélia filosóficamente. . a linha materna fèz fortuna no comércio de vinhos e o Du Ronceret enobrecido devia ser escrivão .E porque o deixarei a êsse pobre homem? . VI desta edição. . como a aguardente no boletini da Bôlsa. Schontz. deve estar ainda a olhá-lo.. faço às vêzes dela em tudo e ela regatearia comigo? Olhe. . enquanto tu o segurares. êle se julga obrigado a ser polido com. Vc. procurando uma 258) Viturniano D"Esgrignon provàvelmente se lembra dos maus serTIãos que lhe Dresto u.. tu o tens . minha filha.. 26O) a Vai-Noble: ver a nota 194.. passadas em fre te.. púrpura. . Éste último foi. e capacete de escudeiro. . se souberes governar teu barco.Como me vão cacetear naquela cidadezinhal.que quer isso dizer? aí estão pentes.respondeu Aurélia. #It S 2 C£XAS DA VIDA PRIVADA carta num cabaz magnífico. Aquêle biltre lançou-te uns olhares. .. a 4por -d"Esgrignon e pela Val-Noble 26O que é COMO Se já vivido lá. eu então ficaria com o milhão. claras. Êle já fo i juiz... .Da Sra. para ela.Tem êle estôfo para vir a ser conde? . que vai beirando os oitenta e dois anos.em que ponto êles estão todos.Aceito . Fabiano du Ronceret. . trata-se. não se ouve mais senão Bixiou que está fazendo uma das suas cha7ges sem que ninguém o ouça. com quatro penas de ouro. poderei erguer #o a cabeça como a Sra. com isso e.ela é condêssa..disse Máximo. mas conheço o meu Artur.Para te casares com êsse imbecil. vindo de Alençort expressamente para isso..ple. Vês..disse a Sra.Êle usa o escudo cortado: o 1. como divi?sa. muito calMO. se conseguires te desfazer de Artur. entrecruzados com três cachos de uva d. Não é grande coisa. pedia que o fizessem barão.. sem col. Couture e Fabiano ten261) Roberto ODiabo: ópera em cinco atos de Meyerbeer com letra "ãc Seribe (1s31). Você breve será ado. embora teéle teni um aas se nha olhos de ave de rapina..Vai ser Cêrca das dez e meia os convivas voltaram para o salão.disse ternamente o Herdeiro. . o nhã. quer o porém ser amada por êle.Senhorita . a r ecebedoria geral que a Sra. para não sererri ouvidos por ninguém. Nas circunstâncias em que se achavam a Sra. . .Meu caro.. Couture e du Ronceret. sem que jamais um olhar. . se você quiser ter juizo. Schoritz e você deve sua fortuna a um despeito. de. Artur dormia n uma bergère... e rebocar meu marido até bem alto. . à meia-voz. se souber governar bem o seu barco.. . um pensamento.Alil meu caro. A fazer-te criar barão. . tem o ar de um filhote de javali. desposando-a. E Máximo deixou Couture no cúmulo da ielicidade. Sch oritz terminou aquela luta com um "Até arn.Queres que te leve.. não é o que me convém. Isso dará o mais belo presidente do. passando atrevi. Schontz. oficial da Legião de Honra. pela conversação seguinte que Máximo teve com Couture num canto. num departalnento afastado. é bern feio. Não te ligues imprudentement e.E "das. meu caro.Sentir-me-ei sempre orgulhoso de ser um dos seus soidados.Alal Máxiino. . ." inas tu te encarregas de expedir Artur para os deBeatríz? difícil. trata-se de tua vida.. o milhão de Aurélia permitir-lhe-á depor sua cauçãc e você fará separação de bens. presidente do Tribunal da sua cidade e oficial da Legião de Honra..Osenhor tem a idade dos atos respeitosos. uma mulher leal.josefina. mas o pato recti Ia a asa. meu filho? XVIII AINDA BEM As onze horas. meu filho? Ouve.disse Fabiano em voz baixa. Sim. no quarto ato de Roberto o Diabo:261 "Estou a teus pési. nem mesmo em intenção. escapou de boal Imagina que Aurélia tinha-se embeiçado por aquêle normando de Alençon. wjam desviados de meu -coração.. nã"? o creia que houve em mim a menor hesitação. você aceitará. não é. de Rochefide lhe fará dar. e o prêmio que quero por tê-lo salvo será seu voto na Câmara. 282 meu caro . Aurélia achava-se entre Couture. E como? Se a senhora quisesse entprcgar sua influência. inundo. Tranqüiliza -tel dentro de dez minutos êle te cantará a ária de Isabel. mas que Fabiano ouviu: . presi.? segui-lo. you pôr os ferros no fogo. Schontz.Mas se tem mêdo da ma. dente do tribunal." viu pensativo ante o ofer ecimento que me fêz indiretamente... por isso não dê a essa espirituosa rapariga o tempo de refletir..E daí? . mas entre vários se conseguirá. A Sra. é fácil imaginar o efeito produzido sôbre o ambicioso normando. a fini de tornar o -café. dizendo a La Palférine: . fiz tanta coisa na mi. damente o braço em tôrno à cintura da Sra. #Quanto a mim. .?tr-. c om sua pele de ameixa.quando r. Omeu imbecil não soube avaliar o valor da Sra. . meu caro!" dirigido a Couture que êle aceitou sem zano.eu perjsei que me amasse.respondeu Aurélia insolentemente. Convém-te isso? . Tilia vida que -sou capaz de virtude! Posso ser uma boa mulher. 1 . . mas a senhora não conhece minha mãe e ela ja mais consentiria na minha felicida. ao invés de suíças . fale-me assinil .Talvez fôsse possível amansar minha mãe e obter mais do que o seu consentiment o.. mãe. #431 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 435 tavam um e outro fazer com que o adversário se fôsse. . Fabiano e "chefide. e olhando para Au rélia. isso ser-lhe-á um aa variação. de partirem.. .continuou olhando Rochefide que dormia. isso vai dar-lhe #grande importância. Como se falará <l"s5O1 você vai ser um herói1 A Sra.. E eu. Schontz. querido filho . às duas horas da tarde. Beatriz tem bons ossos. XIX o PÉ DE GUERRA EM SUAS RELAÇõES com A ESTABILIDADE na cena foi a origem. . no vol.Pensa que não adivinhei por que motivo você me trouxe Máximo ontem? . e de sua aversão pe la espôsa. É um triunfo. meu bichano. du Guênic.Não o recebe e estarnos de acôrdo. já no dia segui. ape sar dos protestos de Artur. o senhor está farto de mim. até então completame determinada no seid de todos os lares por um interêsse secreto num dos cônjuges. Aconselhou o seu infiel a que se confOrma8se em não tê-la nos Italianos.exclamou o pobre marquês .. de Rochefide. e deixa que eu me retire convenien temente do meu atoladouro. Schontz e beijou-a num gesto de ira e de alegria. como prova de afeição eterna para sua Pequena Ati. E ademais quer fazer com que despeçam o Sr. II da presente edição. em que a dupla embriaguez do amor e do vinho cediam à da felicidade e da ambição. _ -renho horror a êsse homen. que é capaz de estar precisando de você por causa de algum garôto indiscreto.A gente adormece com o tempo úmido. tão bem dito. Ela disse estar convidada pa"ra jantar. oh! percebo seu plano! ao cabo de cinco anos.disse ela. querida? .. a p " de sessenta mil francos de renda. . Quanto a êste pobre velho ... serás par de França. .Que foi que houve afinal esta noite? . . aceito sem ver. . desde já com tua mulhe r. meu Fabiano. e de irem viver maritalmente em Roma. s eguinte Artur despertou sózinho e achou a Sra.re spondeu a cortesã. les ou Florença.Minha espôsa?. em N. sua Beatriz veste-se bem e você é um dêsses homens -que gostam d e cabides. .disse Fabiano.Agora.t para a Itália.jamais te arrependerás dessas palavras. . corri um arzi. à escolha de Aurélia.disse Fabiano inebriado por u m olhar tanto quanto o estava pelos licores das ilhas. . Você quer re conciliar-se corri a Sra.com uma mulher como a senhora. que Fabiano pegou a Sra. que você diz ser tão esperta. #..Lembra-te.11O virtuoso.Vá ter com seu estrepe de espôsa. amante de Lousteau. . . de Ia Baudraye. à fase de g uerra doméstica tur. E Cou?ture que se julga rico e recebedor geral! 262) atos respeitosos: ato judiciai pelo qual um filho maior convida Os pais a c onsentirem no casamento que deseja concluir.disse ela. não acabara ainda com Os seus sarcasmos.Mas que tens tu. a Sra. no dia seguint e o calçamento -está sêco e tudo está tão gelado que há até poeira. rélia. vai.. Eu tenho boas carnes. . não banques o apaixonado. . eu lhe aconselhava de restituir-lhe a fortunal. quer você uma escôva? . porque ela ia assistir a uma #436 CENAS DA VIDA PRIVADA B E A T R I Z 437 estréia no Ambigu-Corniq Ue 263 e travar relaçoes com uma mulh. Aquilo foi tão bonito.de proceder ben. como essa -espécie de mulheres se sabem mostrar frias. qu Le? pois já é um aa hora. oferecendo-lhe uma dotação.Em Paris é assim . Já assistimos a wn désses atos em A Vendeta.perguntou êle ao alrnôço. . tur ipropôs. já no dia Schontz fria. no casal de Aurélia e de ArEssa peque nte feliz. Você não é o Primeiro que eu sei gostar de esqueletos. De resto. . .. encantadora.de hoje em diante está a-ca-ba-do.quisera mais vê-lo* rei mais . como Sabina com Calisto. . Ante essa audaciosa mentira.. 264) Sra..disse o marquês com bonomia. vir cear esta noite em casa de Antônia. Schoritz. Deixa-me apresentarte à Sra. Artur e Aurélia separaram-se depois dêsse diálogo formidá?. saindo . do senhor.como um Orgon 1 265 Em todo o caso. absolutament e como se estivesse nos melhores têrmos com. -"61" (Ver Cenas da Vida Parisiense) o que dispensa fazer . #sc não quiseres ter o ar de um toleirão.Não. ao deixar Aurélia perceber o quanto te é cara. meu caro . quero demasiado a Aurélia. Antônia .. se como homem que sentia q ue lhe arrancavam do coração lima felicidade. . nos primeiros. a senhora dispôs as coisas de modo a fazer o senhor o uvir o ruído. ela deve ter voltado do Ambigu . XX NOVA HISTõRIA DAS VARIAÇõES Em oito dias fêz-se a metamorfose da larva em borboleta rio. Máxirtio ouviu os lamentos do marquês como as pessoas corteses sabem ou vir. Tua mulher hoje vale mil -.Ninguém. espirituoso #e belo Carlos Eduardo.. pensando em outra coisa. Inaugur??" do em 1769 no bulevar do Templo.Que talvez queira casar-se e então nada poderá impedi-la . Oamor verdadeiro tem dessas sublimes covardias. foi destruido por um incêndio em 1827 * reaberto pouco depois no bulevar Saint Martin. _ São onze horas. esquecido propositalmente. mudei de resolução. Schoritz dera instruções precisas. Conde Rusticoli de La Palferine. lugar onde existe até hoje. e o senhor pôde entrar em casa. o chapéu de Fabian o.Quem te veio visitar? . a senhora. éle. qu Máxinio. É uma conquista difícil.Pois b em. estive tocando música. Antõnia: ver a nota 211. JOveiri.di?se Flochefide. de Tartufü só descobre os encantos da mulher dev?. ela para vestir-se e ir Pa?sar o serão a sós com Fabiano.11.em que essa mulher tem bem o direito. inomentos da conversação do senhor e da senhora. convenharnos .de te deixar. em casa. é minha discípula.disse ela."5 que seu hóspe de hipócrita tentou seduzi-la. quando as mulheres são surpreendidas.. org. sabe você o que iss o significa? . Artur portava-se com a Sra. haveria coisa melhor a fazer. a tua Schoritz. no canto do piano. estás errando o caminho.Tudo isso são lorotas .Nada i pede que IM você se reconcilie com sua mulher e andará muito bem. prevenida da entrada. Verás a Sch ntz tornar-se um cordeirinho . Se a Sra. querida? . ao ver a criada de quarto l evar o chapéu. 265).. da porta do gabinete de toilette fechar-se como se fecham as portas. Ademais.disse êle. .el. . o levasse a tôda brida E bradou raivosamente ao cocheiro que à rua de La Bruyère.Ahl meu caro. meu caro. Ela tem trinta e sete anos. O Sr. cujas raizes estavam prêsas a tôdas as fibras. estava passando por sob Fôrcas C audinas 2"6 da complacência. Depois de seis anos de arrendamento. e quc. mas. ao passo que a Sra. é preciso. de Rochefíde encontrou Máximo no clube. .exclamou . seja lá e vida te estás preparandol . Artur baixou a cabeça. Não. não quero que ela tenha o que fôr a censurar-me. Mas se me quiseres ouvir. * hospedeiro crédulo. Antônia tem apenas vinte e seis primaveras1 e que mu lherl Não é só na cabeça que ela tem espíritol de resto. 1 263) Ambigu-Comique: um dos teatros mais antigos de Paris. para ir jogar e jantar no clube.ézes mais do que tôdas as Schontz e tôdas as Antônias do bairro São Jorge. o herói da cena intitulad a Um Príncipe da Bôemia. 264 É UM coração que está para alugar.\Ou. A Sra. mas não é impossível e agora ela te tornaria feliz. . foi muito desajeitadamente retirado pela criada de quarto.Palavra que não.Sou homem de bom conselho nessa espécie de asuntos. .. feliz como um Orgon: alusão a uma personagem de molière.Não fôste ao Ambigu. Schontz permanecer empertigada no alto de sua grandeza. como Calisto com Beatriz. aturdida. pois nada há em parIs a. . por a?quela_ veia inaudita. o qual foi admirável. 268 Experisacrífí"31r necessidade a utêntica com tanta violência.í. tOrnOu-se de uma clegIlância superior. um semblante deliciosamente melancólico. Nathan fêz compreender assim que o espírito de La Palférine não era tanto a causa de seus êxitos junto às mulheres. ostentando uma auréola de virtudes. Os romanos f orara obrigados a render-se à discrição. que. . Quando encontrardes La Palfér ine. de Rochefide. conservara tÔdas no fund(r do coração um florescente desejo de recuperar sua liberdade. segundo o conselho de Máximo. apesar de horvez aspirado à virt contrário. ela não conhecia. aguçada pelas narrativas do poeta. finalmente. ude pelo amor.Ficará tanto mais encantado por vir aqui . manifes ou o des ejo9de t u ver aquêle jovem rei dos ociosos de borri-tom.não cometeu ainda . santa e nobremen te um ?er ao qual tudo B E A T R I Z 439 i (Ver Esplendores e MI sérias das Cortesãs.. fi. concessãO humilhante arrancada aos vencidos. e o engrandeceu desiriedidamente. onde. sem dúvida por ironia. Vivera até então miseràvelmente.respondeu Nathan. aproveitou uma noite em que Calisto devia ir com a espô?a a reuniões sociais. e que explica tantas singularidades que se é forçado a Jei-nbrá-la algu?ias vêzes. como um joalheiro. êsse rapaz. no Club e da rua de Gramont. ao qual a natureza dera.aqui seu retrato e descrever seu caráter.cipe da Boémia. se desbatiza e se rebatiza todos os quartos de século.lentarn essa contrar uma dessas mulheres que não tenha por mais de uma ro en .Tôdas? Não. NaLhan foi um bom camarada. so. teve seu carrinh( baixo. mas pagou suas dívidas. concebereis perfeitamente o sucesso obtido numa única noite por aquêle espírito cintilante. que é ra. uma. . ou quando chegardes ao Prín. de amar pura. Ao . logros. Ao ver a marquesa . 267) U"n Príncipe da Boêmia: ver no volume XI desta edição.porque.a de amar uma mulher honesta. Beatriz. para as regiões tropicais do amor. pelo que sei. entre Máximo e o sedutor Con de Carlos Eduardo.uradamente. bretudo se imaginardes o hábil jôgo de comaca que consentiu em servi-]o nessa estréia. saldando seus débitos com uma audácia à Danton. . bem entendido secretamen te.?.respondeu Nathan. faz cintilar-lhe os diamantes. vivendo no seio da opulência. a social acorrentadas pela nobreza da família pela s ua hierarqui a que pertencem. ra a ponto de fazer loucuras. Nathan. . -e deixou Nathan e a marquesa juntos. êle está apaixonado pela senho. publicou no jour266) Fôrcas Caudinas: desfiladeiro do antigo Pais dos samnitas. são arrastadas. foi admitido no jóquei-Clube. Seis dias após à conspiração urdida no bulevar dos Italianos. cOmo a sua superioridade na arte de amar. Não desanimam. êle ateou-lhe fogo no coração por meio de reticências ?que fizeram vibrar nela fibras de curiosidades. segundo me consta. É aqui o momento de constatar um novo efeito dessa grande lei do s contrários que #determina muitas crises do coração humano. . lheres. ao mostrar um aderêço para vender. em poucos dias. do mesmo modo que a lei dos similares. seguro de que o conde jamais pu blicaria outra coisa.. contando com a colaboração do autor célebre. tão violento como o que deve ser efêmero. a quall para essa recepção. as mulheres contidas pela educação .. tão opostas. La Palférine retirou-se discretamente. As cortesãs. Essas duas naturezas de mu. fêz tal elogio daquele cioso e impertinente jovem em casa da Sra. fêz sua primeira invasão no ninho da pomba da rua de Chartres. como os a utores de profissão não conseguem senão pós muitos anos de trabalhos e de êxitos. lhe valeu 1. nIQ reputação. um p . antes do companheiro.Mas êle já as fêz tôdas. no Terceiro Livro desta longa história de nossos costumes. . ao qual se batiza. para abranger todo o sexo feminino. fêz o jovem conde brilhar. têm pois no fundo do coração. depois. #438 CENAS DA VIDA PRIVADA nal des Débats uma novela que. de Rochefide. mas sem verve e sem espírito. Rousseau foi o primeiro a ter a coragem de assinalar. pertence. é o último reflex o do raio divino que ainda não se extin. Ovício? .clisse-lhe êl . encantador. termina por um dos mais belos triun fos da Rubini. . mas Calisto amava demais. J. Calisto. um homem a quem se classifica de espirituoso é um homem que deve ter espírito como as fontes têm água. Numa representação da Lúcia 269 que. . Fazia *di 26s) R8PIendore8 e Misérias das Cortesãs: ver no volume IX desta Çào. #44O CEXAS DA VIDA PRIVADA B H A T R I Z 4111 alguns dias. que as mulh eres permanecidas em seu pôsto rio olimpo atiram sôbre as que caíram. embora o velho Antônio viesse b. homem de coragem sem fanfarranadas. A marquesa a si mesma percruntou sèriamente se até agora não fôra o ludíbrio de seu espib rito. soberbo. como se sabe. que o momento da falência che ga sempre. rote Beatriz tomara um terço de camarote !nos Italianos. veio saudar a marquesa e conversar com ela. a marquesa ficou só como um aa pestosa. graças aos cuidados de Máximo.equeno desejo de virtude. estava por demais absorvido para aperceber-se das mudanças de Beatriz. vigiando-a. na outra. e satisfazê-la. combinando a chegada bastante a fim de não serem vistos por ninguém. encorajado. Essa última garra da bêsta foi provocada. ou agrupadas em baixo à espera de que seus lacaios anunciassem seus carros.. tumeiro ao peristilo do teatro.. ras a sair da sala. Em Paris. elegante. La PaIférine. porque os mundanos e os parisienses em geral são espirituosos. o sucessor de Máximo de Trailles . Calisto não se atreveu. mas essa agonia do orgulho. Nunia. e Calisto. Hesitou pois em rever o jovem Con de. e também por UIII n1èdo que oprime tôdas as mulheres que. essa afronta. Um grande amor é um crédito aberto à uma potência tão vo. e não deu a menor emoção à faminta #Beatriz. ao ver a espósa numa das escadas." car a patroa. a quem Antônio nao viera prevenir. para que viesse para perto dela. Apesar da fadiga da n quele dia (o dia em que uma mulher se aborrece junto ao aMante!) Beatriz estreme ceu de mêdo ao pensar no encontro entre La Palférine. êsse cabelo do diabo foi puxado p or Nathan com excessiva habilidade. e Beatriz dirigiu-lhe. A humilhação é então temida como uma a. antes do fim do primeiro ato. XX1 A SOCIEDADE VINCA-SE No dia seguinte. levava a marquesa e mantirh se no camarote atrás dela. é talvez o desejo de tudo saber. eu ?abcrei encontrar seu carro. a multidão se dissolveu. e excitou em todos os gru?pos sussurros que fizeram ruído. guiu. um leal e perfeito gentiI-h omem. se sua educação estava completa. deixou duas mulheres. uma súplica. mas êsse nó foi cortado por um fato decisivo. Beatriz viu Calisto tal qual êle era. chegou pelo corredor cos. a fim de não ser vista. por duas vêzes. Beatriz era das pr:rnCI. é Oresto do nosso lado primitivo.Tome meu braço e saia altivamente. teve lugar nas mais horrorosas condições. gonia mais cruel do que a morte.. por meio de um olhar encharcado de lágrimas. num camaobscuro da prim eira ordem. apareceu muito "Pálido ante Oreflexo do serão precedente. mas em vão. Num ab rir e fechar de olhos. Beatriz foi reconhecida ao mesmo tempo por todos os olhos. exib indo novos recursos. Nesse momento. ir fazer companhia à réproba. a outra êsse pequeno desejo de libertinagem que J. e Cali6to acorn" panhava-a de longe. escalonadas nos degraus. cujas escadas estavam cheias de lindas mulheres. em outros tempos. a Sra. Máximo e La Palférine estudaram essa estratégia inspirada ]o respeito das conveniência por essa necessidade"de mistério q Nue distingue os idólatras da eterna Criança. ram às constelações da alta sociedade e que o amor fêz decair de sua posição zodiacal. raz. Da terceira vez em que Calisto deu um salto na direção do rival. Schoritz. .. .Quer vir terminar o serão comigo? . .disse Carlos Eduardo. de Rochefide com grande estupefação de Calisto. verili 1 que nela o espírito é uma desgraça. porque foi por tê-lo entr evisto. senhor barão?. apoiada . . cas. 27O fingindo ignorar que Calisto ali estivesse. Título completo: Lúcia de Lammermoor. de Rochefide.a fazer que se arrependa até seus netos a Marquesa d"Espard. La Palférine teve a suprema habilidade de sair. cio? . faz dez dias .gritou Beatriz. zinas mais patrióticas e de tudo que conhe cemos de mais de. é incurável. XXII OS INCURÃVEIS g No dia seg-uinte.? . Rochef. e da Sra.Meu caro ..ela me pagará isso. de Molière. mantive meu Artur. Máximo. meu caro amigo. . no Jóquei-Clube . pálido e lívido..Primeiro. cuja r aiva foi incessantemente recalcada pelos olhares de Beatriz. gr-dável na nossa profissão. T ermino a minha carreira de galanteria. subindo para o carro e da ndo-lhe um lugar a seu lado. com letra de Cammarano (1535). foi de uma superioridade de bom gôsto..disse o rapaz ao ouvido da marquesa. durant.. 27O) Célimène: personagem de o Misantropo.. senhora. de espírito e de graça igual à infeTioridade de Calisto. ao ter notícia do êxito dessa cena por La Palférine. Máximo foi à rua de Ia Bruyère.dizia-me êle com meiguice pa ternal . Três carros chegaram à rua de Chartres com rapidez fulbr211 o de Calisto. La PaIférine. que foi a prirrieira a afastar-se da senhora . por três vêzes. esDiritu-osa e desembaracada. onde permaneceu como marco. A conversação assim iniciada foi até às duas horas da madrugada.Para vingar-se.. . lhe tivesse podido -dizer duas palavras em particular. onde o jovem conde jogava o uíste corri muita sorte. mas sou capaz de trazê-lo a seus pés . rindo ante o aspecto d..respon deu Beatriz. Icand. o qual ficou plantado nas duas pernas como sle elas se tivessem tornado de chumbo.Conhece então o senhor? . "Você . #442 CENAS DA VIDA PRIVADA 13 ]c A T R I Z 443? .Ah! onde. à residência da . e lá achando Calisto. sem que Calisto. A marquesa conversava com um desembaraço de Cél imène.disse Beatriz ao entrar em seu salão. . o fogo da discórdia #<hamejava no duplo casal do Sr.Ah! foi ela! . seria preciso reconquistar seu marido.Schontz. "Estás doente.Sra. tipo da l"alilher faceira.o Sr. o d e La Palférine e o da marquesa. . que Beatriz fizera sinal ao jovem conde para subir a seu lado. boni ta. cujo cavalo tinha no braço do jovem c passado à frente dos dois outros carros. no regime dos pontapés nos ossos das pernas.. Assim. o jovem conde disse -lhe um -Está sentindo algo. pela habilidade de Máximo.E estou pronto.. #La Palférine disse ao seu groom: "Siga o carro da Senhora!" e subiu para junto da Sra. oito dias.e o senhor conhece-me há quatro anos .e.perguntou raivosamente Calisto a Beatriz. que se retorcia na cadeira como um verme cortado em dois. deixando os dois amantes brigados. ao dizer uma frase de mu"to espírito .porque nunca te fiz senão bem e arno-te até à adoração". winante. que não gostava de Beatriz. . . . das serr. Conde de La Palférine foi-me apresentado por Nathan.Explique-me essas palavras . saber ComoAurélia governava o seu barco.estou no fim de todos os meus expedientes. ." que fêz Calisto sentar-se numa cadeira. pois.. e que.disse a Sra.respondeu-lhe ela. Tôdas as pombas são Robespierres de penas 2O9) Lúcia: 6pera de Donizetti. se ergueu para esbofetear La PaIférine. quando Rochefide te surpreendeu com êle? . ão haverá inunca senão um Máximo.. e. pondeu-me aquêle pobre homem. compainern. que eu sou ignorante ...respondeu a Sra. Nossa Senhora de Loreto nada tem a dizer.Ali! sim? ..perguntou a Sra. o pobre Artur retirou-se na ponta dos pés até à sala de jantar. Fabiano a quem ame. mas tu tens pulso e ombros! Oque suportaste! os que enibrulhastel dis?e a Schontz. tu . estimada. Senti então que o a mava! Ah! . Que queres! é mais forte do que nós. . .Poderei então encontrar gente com quem f alar na província. meu velho. el já se sabe! serei soberba! .. é capaz de dizer-me: "Passaran. meu caro.É o que se chama uma maçada! porque afinal.Vi Rastignac..Não acertaste.. continuando.exclamou Máximo. não tens acaso para te divertir as pessoas m?is espirituosas e os mais belos rapazes de Paris.Far-me-ei devotal . E Fabiano (envergonha-o. . pediu o meu retrato e mandoume o seu: se . se vir dois.replicou êle. pode-se bem dar arras .tem um defeito... . ..disse Máximo.La Palférine é superior a mim . ao meu futuro transformado em carneiro como Artur.respondeu modestamente o Conde de Trailles. bem a noite.disse-lhe eu. está tu ..Máximo (faze-me intervir) mataria seu hoa tiradal . quando êle te surpreender . des. ao passe. b oa-noite. fique com o seu palacete.Êle tem língua. Fiquei arrolhada. ela co nsente em que moremos com ela. vaine ntc terminado .Conheço êsses temperamentos . . . Fiz umas provocações àquele java. Fabiano será nomeado presidente e oficial da Legião de Honra. teve mêdo . não tem ciúmes. . adeus. punhal para rnergulhá-lo no teu coração.já se sat . Eis aí querido Máximo. Ao sur preendernos.exclamou a Sra. êle é profundo e instruído.Os padres valem mais do que nós . olhe.conclui de uma vez!. .. Como me entedieil ..á tudo definItI . noss o contrato está sendo redigido.La Palférine tem tudo. Êsse grande idiota de Fabiano. U como não houve senão um de Marsay. não se pode resistir a êsses modos.. e lá pÔs-se a fazer: "Bum! Bum!" tossindo e esbarrando com uma porção de cadeiras..s? tu te za mim .res. . po. Conheceu ? nada mais sente por nias vOce .. -.re spondeu Máximo. .E ent. após um ano de exercício. Fabiano puxaria um rando-o a Fabiano). Fabiano já disse à mãe que a #graça me iluminará.Tu te arranjarás para trocar um olhar com Artur. . . era preciso ter Fabiano ali para fazer-me surp reender corn êle . li judiciário. a Fabiano e a mim.. Segundo tuas instruções. acentuando essa -frase de modo a obter uni sinal de aprovação de Máximo. Schontz..O .disse êle. . é arnor? Mas tanibém.. iI IIII manhã. Schontz. ao qual não posso dizer tudo. iniediatamei . fi-lo ficar ali na bergère de Rochefide. .Se êle fizer . #. Quando há pro. Schontz. . _ você me caceteia". Artur.Ah! Máximo.êle vai muito bem. que confabulou imediatamente com o guarda-dos-selo s. Comecei meu papel. messa de casamento. Vejamos. ao entrar no meu quarto.disse Máximo. êle dá-rne o seu norriel pisoteia a velha i-nãe!..lE como? ngas e lhe dizes: "julgava-me amada. meus filhos?" Máximo meneou a cabeça e brincou durante alguns instantes com a bengala. Mudei de pedal. outra vez: "Buml Bumt" aí entã( gar. .. as proclamas estão publicadas. e achei-o bastant e tolo.. poso Fabiano. te (e choras). a?sin4 pois.. . AW isso sim. o ponto em que estamos . Recomeçarás tua última cena com Fabiano. o sacr2* mento não me deu ainda sua virt ude. e fascinou a boa velha com o meu milhão e com a presidência.enfim. -Pois bem.se êle se Zan* do dito.Eis como d" ves proceder: nada mais rest a do que atirar Artur pela janela fechar bem a porta.Nesse caso. Vamos ouvir as lamentações de Rochefide . . autor de um livro sôbre as regraa do du. estava pensando em seu casamento que se realizaria dentro de oito dias. nem eu. 11"t #444 CENAS DA VIDA PRIVADA j3 Z A T R I Z 446 .ereveu as m emórias em OMestre de Armas. ao se encontrarem na porta -do jóquei-Clube. faLnOS" mestre de armas.Como farás. vamos provar-lhe que Reatriz é superior a Aurélia ." pôs Artur no ôlho da rua.Ali! meu caro.Está feitol. .ruz. Sabina está #grávida e isso toma as proporções de um desejo bastante mortífero. .Sempre se tem espírito. Os dois jogadores entraram no salão e encontraram o NNIar. estava sem sua elegância e de barba comprida.disse ?. porquC ela foi compr ar públicamente unias pistolas. quando se tem tempo de procurá.. e eu sou soberbo. estou com a vida despedaçada.?. . -L\Iáximo.. ]o. vejo ali d"Ajuda que me quer dizer duas palavras. du Ronceret e voltar para a es sa. e tirou um passaporte. porque agora qu. ?uês de Rochefide envelhe cido de dois anos1 não pusera seu es. . que continham um drama horrível. e isso me parte O coração.o Amor o olhasse. eu te aconselhei o único meio de conservares Aurélia. Artur falou durante dez minutos e Máximo ouviu-o gravemen. e tu. dentro de quinze dias. XX111 OS CASOS DA VIDA Dois dias depois. que eu me calaria. conheço a marquesa.A duqucs3 ja .Meu caro . .Ouve. fazes o amor como Grisier 271 faz da esgrima.O? ?4em tu.. ... . de costas! Vai-te..disse astutamente Ca.Dize à duquesa que a Sra. dá-lhe trezentos mil francos por seu pequeno palacete e prometo-te que te encontrarei coisa melhor do que ela.. DuMas es. prin cipalmente quando me preparo. . . tcalizado Inuitas vêzes por vingança. te... . tudo estará terminado. roubado. d"Aj1"271) Grisier: Augustin-Edme-François Grisler (1791-1865). nada sou-da tua Ina os acasos da vidal . partilho. Artur.e em c onsciência não é demais. pelos santos Evangelhos e . espantoso.porque vós alcançastes juntos o alvo. E Máximo deixou o homem inconsolável. pela admiraremos bc O51 .1áxi 111O .disse Máximo.disse o outro marquês ao ouvido de Máximo.. . . caro marquês? . cairia . los Eduardo. de Rochefide não partirá1 que. para ir ao representante de uma família por cons olar.me fêz jurar.E então. esta noite you executar meu pobre homem. Carlos Eduardo diss e a Máximo: .. a duquesa está desesperada. . Agora. Essas palavras. jamais diswrnos nada. £êz o Conde de Trailles sorrir. Qual era? Não te aconselhei a que fôsses cear em casa de Antônia? É verdade . Que queres! amo. m.. e é reciso agora encerrá-lo.. quando a bomba arrebentar? . surpreender Beatriz e arrariliá-la. Falar-te-ei dessa bela desconhec ida mais tarde.Temos bem dez dias pela frente. acho que o pobre homem vai ser lindament. Ca listo mandou arrumar secretamente as malas.elo. êle d. e tu não qui seste. -Meu querido Artur. tu e Aurélia! Auré]i. dar trezentos mil francos à Sra. Sabina quer seguir os fugitivos. XX1V UMA TERRíVEL LIÇÃO E. nham caído. tar para a virtude . #446 CENAS DA VIDA PRIVADA -B F. êle vigiava Beatriz.Daqui a um Inês receberá minha espôsa? .. a Esculápio. de Rochefide considerava-se como uma mulher virtuosa. era isso atirar-se na miséria? Calisto.respondeu Máximo. a quem a Srta. gestos desdenho. sacrifique-me sua mulher e a sociedade. que ficara louco desespêro. e ao qual seus maiores esforços de mulher arrancavam apenas um sorriso elogios o. tão brutalmente. Beatriz. inais tarde saberás o motivoQue é? . Carlos Eduardo representava para a Sra. na qual as mulheres que conservaram um pouc o de respeito por si mesmas. Beatriz punha à prova aquêle amor exposto à Duquesa de Grandieu por Máximo de Trailles. tão nobre quanto ela. e nenhurn poder humano podia impedir o br . mergulharri ?!1 para sempre nas profundezas do vício. f erida.. mas adorar Carlos Eduardo e deixar-se amar por Ca. Abandone Sabina e vamos viver na Suíça.. nã.. foi célere à casa de Beatriz com a intenção de forçar o bloqueio. listo. mas com tanta f idelidade. e em cujo coração duas paixões ti. contemplava-a com olhar poderoso e cal mo. dominado pelo furor pleto de um ciúme bretão. finalmente.. A marqu esa sentia-se dominada por uma fôrça superior. A palavra de Sócrates antes de pa rtir: "Nósdevernos uni galo " .disse d"Ajuda que olhava para La Palférine.Colii. de Rochefide a comédia que esta. ?_ única. na Itália ou na Alemanhal 272) Nós doentes cud"e"1O3 u. a mim. É possível que não existam sêres bem organizados que não tenham experimentado essa terrível paixão uma vez que seja. A T R I Z 447 Firmando-se nesse duro ultimato.Todos ficarão de um aa circunstância que vai retardar previne a duquesa tália e que diz respeito ao Sr. a Sra. sem pestanejar. julg ava-se libertada de calDensava que êle Jamais Ist se romper com os Grandicu.Você preferiu.. Até alí.272 mas seu cunhado ficará quite com a crista a Esculapio 1 respondeu La Palférine. porque. nove dias após à fatal comunicação feita no be por La Palférine a Máximo. representava para Calisto. Era. des Touches dera sua for tuna. desde a humilhação #pública que recebera nos Italianos. e julgandose cheia de culpas. e suas atitudes de praça forte. ela estabelecera êsse blogu. Se quer pr ovar que me ama.galo a Esculápio. fazia sei s meses. logo você na( me ama. durante dez dias. contentes . du semanas sua viagem à 1 de seis Guénic. Foi uma dessas alternativas terríveis. o barão. não saíra mais com o Sr.. no decurso de sua vida. prazer. a sociedade e sua mulher. du Guénic fora desta propo sição: . tirara secretamente um passaporte e pedira à Mãe lhe enviasse uma quantia considerável . começa a infâmia.. Enquanto esperava a messa e undos. que as mulheres de nunciam por olhares frios.. onde começa a mentira. símbolo de Vigilância. rados oferec iam um galo. que. Calisto viveu sob o pêso de um aa cólera tanto mais invencível. deus da medicina. mas de onde pode m vol. Finalmente. oprimi-da por um tirano que nunca a deixava a não ser chorando. ia fazê-la perder a própria estima. Dera direitos a Calisto. donar Sabina. por ter ela por base uma paixão verdadeira.. expulsar La Palférine e abandonar Paris cora seu ídolo acalmado. por um rapaz a quem sua linhagem não impressionava. a quem a mãe enviara trinta mil francos. porém. se-ia salvo. Beatriz te.. saídas dos trilhos sôbr e que rola o grande comboio social. AntOrl .isto. que a terminou por: Não es1. estou desesperada. Ao ouvir um carro que se detinha na porta. cálculos e as queirnantes angústias ocultas por essas existências. rival.\Tão ?el.ta.. e jamais poderiam resistir à privança fatal a que se submeteram uma vez. jurou de fechar a porta a Calisto. orno morta no divã. . mandou chama r o médico. nem para Calisto.A senhora marquesa saiu1 Quando Beatriz soube. se Ia Palféri ne tivesse vindo. na qual se vingou de Calisto com uma espécie de raiva: Meu amigo: . livrando-me de um homem a quem odeio. .1 era torna feliz a alauéra99 latim Significa "feliz". embora tenha a infelicidade de não lhe agradar tanto quanto eu o quisera. que. e a si mesma porque tais são os espantoso& se pudesse apaziguar La Palférine. Muin ta gente se admira da insensibilidade glacial com que as mulheres extinguem seus amôres.t. mas nas quais Beatriz cOmprometia-se tanto. o violen mente humilhada que foi para a cama: e to combate. coisa que janiais nem para Conti. Transigiu então para -ter Beatriz caiu c "da para daí a oito dia s sob pretexuni anjanhã. disse: "Está e voltou ao salão dizendo para si mesma: .Aí tenho visitas. e não amarei a mais ninguém. do jovem conde e da resp osta que lhe fôra dada. eis porque me achas uma porção de culru o arna Eu O"1.pergun tou.4 provar-te o quanto és amad o!. Antônio despediu-o quando sua chegada teria #pôsto fim a uni dos mais horríveis pesadelos de minha vida. k . foi que vel` já em baixo. mas se elas não apagassem assim o passado. que começando assim. Janela. a vida não teria dignidade para elas. Sc . e que jamais tornarei a ver. É La É POSSIvel. pelo seu velho criado. que lhe despedaçava o coração. assim o espero.. "aquela que #448 CENAS DA VIDA PRIVADA 1O? tou assim suficientemente à tua mercê? Ah! nada me cu. pareceu-lhe ter uma reação horrível.1 ) Beata Beatrix: trocadilho latino sóbre o nome da heroína.víste-o? Abri a. to de negócios. mas a inteligência do velho Antônio perdeu-a. #E correu a fim de prevenir uma explosão. ? io ainda está . como homem prudente que era. sentiu-se ta stava doente.Far-me-ei freiral pas permitira abrir a janela..etão de se lhe atirar aos pes e regá-los com as lágrimas de um arrependimento absoluto. terminavam Por uma exaltação por demais poét ica para ser impressa.. ela disse a Calisto. da visila. transferiu a iparti. Beatrix. avistau o.. tão profundaQuando Beatriz ficou só. palférine. Quen. mas ao mesmo tempo mandou entregar em casa de La Palférine a seguinte carta. XXV BEATA BEATRIX 273 ào infeliz.. Na situação inteiramente nova em que se achava. Antônio. Venha ver-me. NãO amo senão a você no mundo. De. . disse a Carlos Eduardo que não vinha por outra coisa senão para ouvir aquelas palavris: . Escreveu quatro páginas.e assinou. matar-se a fim de que em caso de infidelidade eu a pud esse e. a quem o jovem estróina queria dar. de Rochefide.Condições? . êsse fim de carta. de Rochefide. tu te vingaste dêle antecipadamente . para dizer: "A senhora está perigosamente de circunstâ Palkrine.é 11` cessário. da marquesa. tornando-o testemunha dessa vida. por uma nulidade.. Por sua vez. Antônio pediu-lhe que e. mas em companhia de á.11"111 que você valia mais do que #tôdas as Schoritz do bairro de SãO Jov ge.Mas esquece que o consentimento do Sr.Sei perfeitamente isso. encontrou-o. senhora . à hora em que o jovem conde veio ca?.respondeu La Palférine. es. tendo olhado para a janela no momento em que para o carro.. d"Espard 274 desenvolveuEis a situação em que se deve achar uma mulher. porém.se. Oqual tornava uIna ntrada lhe foi recusada C ncia.Sim.disse tranqüilamente Carlos Eduardo . . ela estava n o banho. talmos ligados para sempre. fazendo ROchef ide desempenhar um ?papel político. desde o dia em qu e o olhei pela janela. na véspera eu estava na porta. ras. ll)tirantc Oito por AntÔniO..Oli! querida filha . . Saberei agora se terá a coragem de romper c om du Guénic...Senhor bar aqui estão as seis cartas que o senhor me fêz a honra de escrever. o qual. desesperado. . A senhora se reconciliará com o Sr. La Palférine. elas estão perfeita s e completas. Calisto foi à casa de Beatriz.. venenar sem nada ter a temer da justiça humana. bretãO de por um bilhete de La PalNo nono dia. o senhor deve ter demasiado bom gôsto para querer mal a um aa senhora que não o ama mais. suas cartas estavam prejudicadas por um vício radical. esfaimado de aw" veio cedo. . Escreveu-me: Nada me custará fazer p ara provar-te o quanto és amado!. superior precisasse recorrer ao veneno para vingar-se. despediu Calisto. ofereeeu. ao verificar que o senhor andava à minha procura por tôda a parte. É um péssimo meio de reconquistáIa êsse de provocar briga corri o preferido. na qual escreveria os motivos que teria par. quando o senhor estava na janela. as condições que aqui vão. . mas com condições. quando o senhor estava na porta de um aa casa. Osenhor tem demasiado bom senso para querer mal a um marido pelo fato de kle retomar sua espôsa.E a começar dêsse assunto. ão .?c a dar-me uma carta.. eu sabia d-e antemão o que poderiam conter. . d"Espard: ver a nota 255..disse a marquesa ao entrar no salão. onde. . recu perará as honras de sua condição social.. . como dizem os advogados.juroume que só me amava a mim. Nas circunstâncias atuais.. De cada vez. . e será uma das rainhas de Paris. cê perdeu-me. B E A T R I Z 449 xxvi MAIS FORTF-S QUE OS ALMAVIVA SÃO SEMPRE Do QUE OS FIGAROS 275 dias.Pois bem.disse ela saltando-lhe ao pescoço. Calisto. como se gent. não foram abertas. to respondia: "Osenhor conde está caçando". e deve ter-me na conta de um homem de ho nra. encontro uma contradição nessa frase: "Você perdeu-me! con. . diàriamentC. convidado férine para uma explicação.Senhora. Achei que devia igno rar provocações descabidas.No dia seguinte. poderá consegui-lo.. bem. de Rochefide sentiu que a situação da espôsa care . de qua i xava um aa carta para La Palfiérine. a quern faço 3 honra de dar-me .Alil Carlos .nós já lho preparamos: eu empenhei-lh e minha palavra de gentil-11O.disse friamente o Príncipe da Boémia. Calisto corria à casa de La doente r . 274) Sra.. cena. voltará para o seu belo apartamento da rua de Anjou. me quer como amigo consinto nisso . OSr.. cujo cr iado cara 1 Dali. e pondo na sua conduta a habilidade e a persis tência que a Sra.injo de Trailles. sem dúunia prova da sua habilidade...respondeu tranqüilanje. poi. . Entre nós. tu e eu.. . êles aí recuperarão a vista. quando não se pode s er inais.. mas sim no palácio de Rochefitle..lhe mostrei devota mento.ou o que é pior. pelo título. Eis Oquc nos dá r azão a nós outros.. de Rochefide da humilhação que ela sofreu nos Italianos.. ?? Essas mulhere s. Espero que queira desculpar-me se julguei dever fazer o Sr.Eis pois como terminam os nossos mais belos somhos. havia ni. como o senhor a ador a. quero dizer-lhe que. . no próxiino invern o.. que acaba de sair de : Paris. T R I Z is E J 451 eu já levaraalgumas ?propostas amigáveis de parte do marido. em Nogent-sur-Marne..Infelizmente. Eu estudei muito êsse as" sunto. senhor. . o qual empalideceu ao abrir os olhos sô.derem furar dois a seu inimigo. a Schoritz. Quando se ama sinceramente uma mulher tão nobre.Alusão ao Casamento de Fígaro.1inha O13s.cia de dignidade.disse Calisto estonteado com tantas revelações e desilusões. pretendendo a marquesa desenvolver nêle um esplendor principesco. que essa ignóbil mulher deu a mão de espôsa ao homem que lhe forn eceu os meios de vingar-se? Oh1 as mulheres!. onde êles têm uma deliciosa casinha. .ela tinha raz??tu`1t?... seada na tez de Beatriz. Du. ficou furibunda ao ver por terra seus los no ar. alcauçam 4?xlt` `silida mais comDleto do aue os FígaTo#438 CENAS DA VIDA IRIVADA . . aquela Schontz te ria furado oito. êsse pobre Artur vivia com unia sas mulheres atrozes. vão restaurar o palácio.Em rabo de foguete . Conde de Trailles testemunha desta explicação. bre a situação. quis vingar-se com um só golpe do marido e da rnulh. são capazes de se furar um ôlho para . Ao sair dali. #. Alil senhor barão. por alguns meses. em que o IllanboSo Oespirit uoso barbeiro vence em intrigas o seu dDno. Osenhor #atirou-se estouvadamente no meio de uma reconciliaçao entre esposos.cebido que está precisando de um oculista.to a mim.exclamou Calisto. Quan. a Schontz. que o senhI mesmo provocou.Olil meu Deus! .Poderá crer. . tudo o que o homem t"n de celestial não encontra alimento senão no céu1 . ela me desagrada soberanamente como mulher. "rico libertino.. é d(. como eu a admiro. Schontz que. a qual. Balziae par<?ce querer indicar. em droga de botica! Não c onheço primeiro amor que "Ião termine tôIamente. que" <lUando os aTistocratas que têm es pírito se metem em intrigas. dentro de seis meses. rante essa estada. furou seis! . Compreende agora o motivo pelo qual Beatriz se encerrou com Artur. senão isso. de Rochefide na rua de Chartres. tão grande. nutria o desejo de ver-se um dia ??1baZr" quesa de Rocheficl e. a quem 275) Â8si. o papel daqueles que a adoram. ao? n?Q . vitima do amor conjugal no momento em que tem a coragem de se entregar novamente aos seus deveres. senhor. e a admiram. o conde AlIluiviva. senhor. Máximo Dão pôde deixar de sorrir ante a mudança operada no semblante de Calisto. . se admiro a Sra. senhor. po .. . -se via de em hora em perigo de ser abandoiríacia. ao não salvar a Sra. uItO. e como vê sou um casado de ontem e serei fiel ? 11. E se eu tivesse tido a imprudência de arnal Beatriz.exclamou Máximo. Osenhor não achará inais a Sra. A Sra.permanecermos seus amigos. os devassos. Beatriz. de Rochefide como inteligência. tão graciosa. Osenhor deve ter per.buscar . mas eu fazia questão fechada de ser preciso em tudo isto. to me no seu carro e su a primeira palavra então foi: "Vá. 11 sos -amôres celestiais 1 . de Beaumarchais.é que os Alma-viva são freqüentemente mais fortes que O8 "íga"". íola. Conta o grande fabulista. Tanibém. rència. nesta encantadora narrativa. A novela Gobseck também passou por essas modificações. mo.perguntou a boa duquesa. a qual ergueu para a mãe d ois olhos radiantes de félicidade . . Estudos Analíticos.da subdividido em seis grupos de Cenas: da Vida Privada. coquetes por amor êlo dessas naturezas vaidosas. A Sra. O caso de um pornho que abandona a companheira para viajar e ver o 11111114O. o escritor precisava de certo número de páginas e então . de Rochefide à Ó . reapareceu em -r835 inti?ula da Papai Gobseck ("Papa Gobseck") na primeira edição das Cenas da Vida Parisiense. Publicada pela Primeira vez em 183o na primeira edição das Cenas da Vida Privada sob o título de Os Perigos do Mau Comportamento Ç"Les Dangers de I"Inconduite"). corn o qual. aliás.olume ou uma série de volumes. para completar um 7. envolvido em aventuras desastrosas. finalmente. sem remor5 Gué ic e o como para a virtude. ela s?rá a mais deliciosa das do trocado um apêrto de mão com saiu sem ter antes GalistO "não áximo de Trailles.Êspard sem a si o mal.respondeu Sabina. chegou uma manhã e encontrou Calisto no banho.Era breve tempo vé-se. Tóda a comedia 3e reparte em três ciclos: Estudos de Costumes. dificando-lhe mais de uma vez o título. Balzac muitas vêzes retirou uma novela ou um rom ance de uma delas para colocá-la em outra. Êsses três ciclos são de ext ensão bastante desigual. a mulher . retirava uma obra de algum volume anterior e acrescentava-a ao novo.nós representamos a fábula #dos Dois Pombos! 276 eis tudo. o segundo dois volumes e meio. Procedimento êst e que podia aborrecer o público e prejudicava bastante o editor do volume anterior . "\"áx"rn o" . em regra geral.O niod ulher. que não vira a filha Sabina desde a inanhã em que tivera lugar aquela confe. da Vida Provinciana.eni coraçãO. Não daqui a tres sem energia. sultavam de cogitações sôbre as características mais essenciais das obras a que se refer iarn. na quinta edição das Cenas da Vida Priv .como nossos leijores devem estar lembrad os .N nas de casa de Paris. a Sra. aliás. a Sra. . d. a não ser de bom. na Comédia Humana . porém. ela é w Meses.1844 276) A fOula dos Dois Pombos é de La ponitaine (em francês Les 1)eux Pigeons) . du . ela o teria indisposto para sempre corri ó a a a Sra. querida mamãe . meus filhos? .obedecem a várias subdivisões. da Vida Política. Mais de uma vez. a Duquesa de Grandicu. 1838 . Pois o primeiro ocupa catorze dos dezessete volumes desta edição. o p rimeiro cicio é air. dali foi retirada Para. du é inc mpleta para o vício disse La Palférine sos. Essas tranferêncías nem sempre re. da Vida Nfilitar e da V ida Rural.s Eduardo e il usões. no operado das suas XXVII QUANTAS COISAS AS FÁBULAS DE LA FONTAINE EXPLICAM Três dias depois. agradecendo-lhes por teremCario.. em 1842. Calisto estendeu a mão para a espôsa e apertou-lha ternamente. hefide. antari a em qualquer momento. e apres sa-se a voltar ao ninho para junto da esp?ôsa abandonada. Estudos Filosóficos. que lhes acontece. sem excesso de escrúpulos. #GOBSECK Tradução de Vidal de Oliveira #A 5 obras íncluídas. e aconselho-o a que vOlte para a Sra.E então. desastrada n . aa política profunda.Nada.. Guénic. Basta um exame rápido para verificarse que estas subdivisões não se excluem de maneira absoluta. e o último apenas meio volume. C e ca ça. BaIzac já tinha rompido. tenha saudades de Beat riz. Sabina J?nto dêle trabalhava em novos enfeites para o enxoval do próximo f ilho. enfim à( sou da tua opin i?1c`. da Vida Parisiense. durante o inverno de 1829 a 183O encontravam-se ainda n o salão da Viscondessa de Grandiett duas pessoas estranhas à sua família. a narrativo concisa e vigorosa do dra ma conjugal do casal de Restaud. B ??1 atribuía um valor místico aos nomes das pessoas ai. decidem dos destinos e das paixões. como por exemplo essa virtuosa e infeliz Sra. não vendo mais senão o irmão e um amigo da família. una filosofia da usura. podia conceber esta figura temível. A novela contém. Porém " 1 . sem dúvida. que estavam acabando seu Piquet. geralmente cons tituem tipos. símbolo das fôrças que por trás dos bastidores movimentam a vida da sociedade. Oque a Condéssa de Restaud expia em Gobseck não é a traição ao marido. drama que. BaIzac absolveu do adultério muitas criaturas suas. parecia estar examinando uma pantalha em litofania e ouvia o barulho . em luta permanente e encarniçada com o Grão-Senhor de Cabeça de Porco (como mais tarde um gran.to SenAor BARIO BÁRCHOU DE PENZOEY 1 Creio que de toclos o 8 alunos de Vendôme. ditam as leis e os dra mas. êle. Sómente BaIzac. Mais que as transferências as duas modificações do título pa.ada. cujo importância si "mbólica CXcede de muito o interêsse que pode oferecer uma ligação a"norosa" Iva ediÇãO que pas sa por definitiva o apelido írôníco da #456 personagem é substituído pelo simples nome. ?11 Na galeria das grandes personagens balzaquianas a figura d Gobseck é. . Quando o ruído do carro ecoou no pátio. se não se aclara com êste pílogo. re`em ter a sua significação. Além da avareza instintiva e doen é tia de se us predecessores. ocupar seu lugar definitivo sob o seu título atual. ndividual demais para o ser. nós cos T dois que cultivávamos a filosofia na idade em que devíamos cultivar apenas o De viri s. de pé. . cujo nome aparece no diálogo final. Anastácia de Restaud expia outro crime. ao passo que Papai Gobseck nos mostra o autor já consciente de have r criado "esse conto uma Personagem excepcional. balha Assini. saiu ao ouvir o relógio dar horas. jovem e bonito homem. nenhum de nós dois falhou à sua vocação. pois. se amplia considerávelte pelas perspectivas que lhe confere o conjunto da Comédia Human a. p elo menos se completa e se coroa. tanto prazer em ver aqui teu nome Como jlentiu ao escrevé-1o teu velho companheiro de colégio 184O De Baizac à um aa hora da madrugada. distribuindo cegamente seus golpes para to dos os lados. Um. Sentirás. a falta de amor ao velho pai que lhe sacrificara tudo e a quem ela renegou. ainda a fôrça temível que se irr adia do velho usurarto. enquanto tu travas nos teus belos livros sóbre a filosofia alemã. Osombrio drama do Pai Goriot (no volume IV da presente edição). os Perigos do Mau Comportamento focaliza o adultério da Condêssa de Restaud e seu castigo. e suas confidências a Derville constituem uma exaltação clarividente e audaciosa do poder que o dinheiro confere a seu possuid or. de poeta de imaginação oriental. tros têrmos: Gobseck é o avarento desenvolv ido Pela sociedad? capitalista. em que o destino.3 dirigiu-se para a filha que. Ady. como nas peças de Plauto. pois. o que realça r. chegando nesse corretivo à grar7dez? das tragédias gregas. Em ou. em frente à chaminé do salão. embora empolgante por si mesmo. de Molière. além da biografia de Gobseck. apesar do que o primeiro título da novela Pode sugerir. 2 Aqui está a obra em que eu laborava quando nos revimos. possui o que os outros não tinharn. baseada na onipotência do dinheiro. avarentos que antes dêle aparecem na literatura. apel idara o capital). o vis-condessa. fere #corn a mesma fdrça inflexiVel réus e inocentes. de Beauséant. a primeira em ordem cronológica. e Por isso`c preocupava muito com a denominação de suas personagens Gobseck pareci a-lhe um achado: "Por uma singularidade"a Sterne chamaria uma predestinação êsse homem se chamava seck". s omos os úniue tornaram a encontrar-se no país das letras. senhora viscondessa.. oficial do Estado ^ a"or. e ampara-a com uma piedade filial. enquanto a mãe existir. nem o passado. é uma mulher de bai xo nascimento. Opr ocurador teve oportunidade de descobrir vícios de forma na venda que a república fizera.respondeu Derville. O tio colocou-se ao lado da sobrinha e a Sra.exclamou Camila. seja êsse procediment o. que me dão vontade de entre a Sra.Compreendi pelo seu olhar ." Deixo-o. De Viris Mustribus Urbis Romae ("Dos Homens "l ebT"S da Cidade de Roma").. . penas . a princípio. certamente. . fàcilmente expli6 vel. Ent.por mais adinira.Camila.já é tempo. onde. é sobre1) OBardo Barchou de Penhoen: Auguste Théodore Hilaire Barchou de Penhoen . tôdas as fa tremerão de mêdo à idéia de confiar a êste pequeno Restaud turo e a fortuna de uma moça. e a Srta. . OSr. Ouça. deu muito que f. A Sra. . que eu lhe conte um aa história que lhe fará modifica r sua opinião a respeito da fortun. Derville dirigiu um off iar à Sra. Portou-se tão mal com o -pai. para ir e m socorro de sua sobrinha. do palacete de Grandicu.Eis o que se chama ter ouvidos de procurador . de Grandicu .Uma história? . e tampouco certas considerações sociais. . de maneira a justificar os temores da mãe.%Iar de si. de Grandicu. minha filha.situação intolerável . deixe que eu a guie na vida. Goriot que. deDOi6 de a posentado fèz-se publicista e historiador das idéias. senhor conde .do cabriolé. e alegava (Juc de" via ser restituído à vi scondessa.disse o amigo da farni n Ganhei. . Ojovem conde adora-a. como pôde ouvir eu estava dizendo em voz baixa a Camila? . tou-se numa bergère. o B S E C K 459" 459 CE_NAS DA VIDA PRIVADA tudo extremamente cuidadoso com o irmão e a irmã.acrescentou. ou mais exatamente.com os recursos tirados da Lista Civil. entretanto. e. êsse fenômeno era. que voltara para a França cont a família real. 4 que não mereceria.Ouvi algumas palavras.Meu c aro Derville.(1727 -1794). dirigindo-se ao Parcei. 3 ou 4 pessoas. de Restaud tem uma mãe que devoraria milhões. vai obrigar-me a não mais recebê-lo. 4estacando-íse entre suas obras uma História da Filosofia Alemã de Leibniz a H"9e1 e u ma História da Conquista e da Fundação do Império Inglês %a 1ndia. de Grandije.continuou a viscondessa com ar sutil .Conte-a logo. . ter um filho tão bo m. 7 que lhe eram dados por Luís XVIII. outrora. ao canto da chaminé. 4) pIquot: J69O que se joga com 32 cartas entre 2. A Viscondessa de Grandicu.exc4 mou a viscondessa. vivera a. 6 vie ra residir em Paris. digna dos maiores elogios. . Animado por .. quer pela antiguidade do nome. you fazer-lh e uma única observação. #2) De Viris. se tem confiança em mim. pelo qual lhe fêz compreender que a narrativa ia interessá-la . lar-lhe de modo tão familiar e se portasse e m sua casa com tanta sem-cerimônia. Goriot. acomodou-se numa cade ira ibaixa.M (18O1-55). se continuar a portar-se com o jovem Conde de Restaud do modo por que o fêz esta noite. do Conde Ernesto de Restaud. Aos dezessete anos não sabemos avalia r nem o futuro. de Grandiett. se não parece natural que um procurador de Paris pudesse 1. #C. outrora. era uma das mais notáveis senhoras do Faubourg Saint-Germain. Encarregou-se do processo de effl" preitada e ganhou-o. 5 e sC?. senhoT. uma Srta.. famoso manual de Latim 4O "Ibade Lhomond e 3) p. entre a filha e Derville. quer pela fortuna. o`t ou-sc MO mal com o pai: alusão à dolo-rosa história do Pa? "O "wOluine IV desta coleçã. amigo de infância de Balzac. até hoje conservou nome.disse Camila coralndO. inelhores casas do Fa ub< Z.nda.. o P diniento cora. edifícios.Será isso um mal? Não o creio ido e muito apreciado Sr. Derville não tinha alma de procucritóriO entre gue às môscas . está porque corou l Gosta dêle. que ro da e1O" Voltara ara . . com" O . com vender Ocargo e lanÇá fazer-lhe ?o êle teria obtido rápidos passar alguns qual. .êsse #triunfo. 1*dade do JO" re prOrnulg?da . d . reco nst a pouco aÇóe"h.íeritc Calçada de Aiitin (em fr ancês IlChaussée logra a regularidade do serviço da justiça).rabiciOlo" progressos. era uma dias ruas. -. de Restaud tem muito t alento.. não é? Vamos. rador. poucos dias centemente admitido antes. perto da ópera. como o seria um dândi da Calçada de Antin. a de grande P então ainig incil. é instru #pelo ministro com o qual trabalha.il francos d" tias enornies.Sim. tornara-se tão assíduo nas suas visitas à Sra. .lhanteS ceut ou. que lhe trouxe quan de boa companhia. Saint-Germain. avoué (licenciado em Direito que só p?ode edvogar no Tr".a Srta. pela hab.ceção [reqÜcntava a socle dicação. chicanou tão h?" bilmente não sei que hospício. mais r 1 "aci& raundana.E então re licara o procurador . . de Caa ca sa da viscondessa. bastante importantes. e que Derville descobriu a simpatia nula pelo rapaz. não acha? . de Grandicu. disse-lhe. o dados Pe e Grandieu. tÔda-s as moças que aqui estão o disputariam .-respondeu ela. . dade para manter suas relações.nl procurador. . num baile. (sorriso)uro. achando-se perto de Carnila. DOca do romance. Lrador tofflou-se de Grandieti lhe tivesse valido a esti roct a Sra .p olhares.Se fôsse rico. Além disso.acrescentou. mas. 7) Lista Civil: importância destinada. Êsse rapa.Fran a com a família real em 1814 após a na A ". 1 1. HOenos essenta fortoa. anto Scu lei robidade. ?epois que o Conde Ernesto de Restaud começou a freqüentar ID . é" só ? liz de seu tale1itO? evidenciado p sua de Sentia-se niuitc fe i sem o que teria corrido o risco de ver seu es à Sra. dieu. nã? 1 do Comércio. indicando o jovem cond e: . das in lenizações inodesto e Conqu oais Ou sábio. que queria roa e a ?o se aprovclt da viscondessa Der. 8 rcde Gran vos círculos do nobre Faubourg. de Grandieti v 4 . apontando para as quadrilh as. e se já Iôsse rico? creio que .terá a fortuna que quiser no dia em q ue alcançar o poder.o da família.lientela das ava de?sa situação. onde costumava n do palacete de . ou quando o número dos advogados 3 é su£i. . conseguiu recuperar alutiffias . qued3 ?(lurO Público de Paris. não? 5) DervUle: personagem da Comédia Humana. que obteve a restituição por êste da floresta de Liceney. nos governos Inonárq às despesas pessoais do so bemno. imperador a ituída por essa ao .rões. . procura&r jud"i"l não seria a única para a qual êle dirigiria seus m francês.viatil 51d da Sra. confesse. teria feito um proce . e.Que pena não ter êsse rapaz uns dois ou três inilhões. elevava-se que A fortuna. e certos estabelecimentos públicaoal de Orléans 1.ille na Resistia aos oferecimentos carreira na _lo na magistratura. por sua proteça . quando foi cos. Gran dieu. O . e buna para p ç de Napoleão. .. como exacerbavarri-se. N nhuma das obrigações de sua família para com Dervillel rã por êle mais consideração do que verdadeiramente IVt. que lembrava. Conde Ernesto de Restaud. quando passava um carro. deixando escapar pelas satisfeito con. tanto quanto . desde o pano ver de da secretária. arn. Era. até o tapête da cama. o frio santuário dessas solteironas que passam o di a a esfregar os móveis. pintados por Rembrancit ou Metzu. Tal era o vizinho que o acaso me proporcionara. Onariz.Essa aventura . como se fôsse de prata oxidada. faziam-lhe sentir a distância que a etiqueta estab"11". Sua idade era um problema: irião se podia saber se envelhecera antes de tempo. quase não tinham pestanas e não suportavarn z luz. ama relos como os de uma fuinha. cia entre ambos. pontudo. com um t orn suave. pintor holandès do século conhecido por suas cenas de interior. para "1áo 9) Metzu: Gabriei Metzu ou Metsu. Tanto seus aios . . No invertio. A exewp s sentimentos humanos no e u. . À Lar. sua conversação mantinha-se monossilábica e sua a?itude era sempre negativa. de modo a arder sem flamejar. da qual os protegia a pala de um boné. pois que é rugas fendidas . sem. lembra-me os únicos episódios romanescos de minha vida. também tive vinte e cinco alio.. OnetamorfOseava-se era coração humano. . nos quais se esboçava um aa exprezsão comparável ao riso vago de Meia-de-Co uro.pensou Derville. -e nessa idade já tinha visto muita coisa estranha. Devo começ. e nunca se exaltava. Camila cercou o procurador de atenções ticulares.1T.. #até seus acessos de tosse. era tão bexigoso na ponta. fazia-se um silêncio profundo.?èdula transforia Quando estava nZe tarde.. lida e baça. desde a hora em que se levantava. Trata-se de um usurário. suas maneiras. Suas feições. na rua do Grês. 11 Enfim. gritavam a bom gripor ís?o a 511 Suas vítirn de u. cuidadosamente penteados. à noite. ho . Inúsculos. Seus olhos pequenos.a alnpulheta. de algura 1nodo" um homem-modêlo. falando-lhes de uma personagem que não é possível que conheçam. e côr de cinza. Tinha os lábios delgados como os dos alquimista s e dos velhos. ao perceber que êle ap rovava sua inclinação pelo . JOV não ignoras. Até então. os tições da sua lareira estavam sempre soterrados sob um n"O"tão de cinzas. éle se fingirá de m orto. 9 Falava era voz baixa..principiou Derville. A gratidão é uma dívida que o ele. por vêzes. de se ter degolado um pato. na casa cai que eu morava. tk de sua voz. eram submetidos à regularidade de um relógio.Ela o amal . que podia ser comparado a uma verruma. ao qual o sono dava corda. nos seus maiores acessos de alegria. e que a Acadetilia devia permitir-me que designasse de face lunar? Os cabelos de meu u surário eram lisos. "o economizava o moviVOZ.#46O CENAS DA VIDA PRIVADA O B S E C K 461 Camila erguera-se bruscamente. P4. do mesmo modo aquêle homem detíliba-se no meio da frase e calava-se. e oou-se sem fazer aiais ruíd e a vida esc as. lo de Fontenelle. já os vejo rir por lhes falar um procurador de um romance na sul vida! Mas como todo o mundo. mais polidez do que af eição. Se tocardes "lu"" bicho-de-conta que esteja caminhando -em cima de um papel. s filhos ne. C acoíltece "4. Como poderão ima ginar essa cara pá. Tudo era limpo e roçado no seu quarto. na época em que eu era . dir-se-ia modeladas em bronze.. pre ac eitam no inventário. Desde êsse dia. de-13O11. Ou se poupara sua mocidade para que esta sempre l he servisse.. tão impassíveis quanto as de Talleyrand. depois de um aa pau. embora ~ . r por outro têrmo o inOviMclite" mudo de seus ifflpossível traduz. ina cozinha depois ava-s-e num homem comum.eu ouro o seu dia? esfregava as mãos. de seu rosto um aa fumaça de alegria. . forçar a concentrava todos o o do que a areia tto vital. ntuér filho de uma judia e de um holandês. amigos? Seria rico. e sal va talvez por esw determinações.apenas praticante de procurador e cursava meu terceiro ano de Direito. 11) Me?a-de-COuro (Leatherstocking) sobrenome -de Natty BulnPPO. Quando lhe perguntei por que singu laridade sua sobrinha-neta usava ?eu nome. de de dez anos. Êle mesmo recebia seu dinheiro. para as poss essões holandesas." Aquêle homem estranho nunca quisera ?er uma únic a pessoa. que. onde conversávamos quando êle e stava de bom humor. atra1O) Pontenelle: Bernard Le BovieT de Fontenelle (1657 . fortuna comprometida.. antes dêles entrarem em casa do meu vizinho: a casa e êle se pareciam. lhe arrancou. reconquistada. neta de sua irmã. Enfim. mesmo depois de sua morte.. êle próprio preparava eu café num fo " ? de lata. lhe falei no as sunto. Não se lembram como Paris se preocupou com o nio de uma mulher denominada a bela holandesa? Quando por acaso. antigamente. na nossa farnília. Essa casa que não tem pátio é úmida e sombria. a bela holandesa se chamava Sara Van Gobseck. nas grandes índias.5. era a mim: pedia-me fogo. um duplo-napoleão. que o divide em quartos do mesmo tamanho. Rare. Sterne 12 denominar ia predestinação. êle. fêz parte de uni convento. Sua mãe. sómente da rua. Por isso as rugas de sua fronte amarelada guardavani se15 gredos de horríveis acontecimentos. meu? Viveria como s rico? . de acasos inesperados. logo que êle atingiu a ida. respondeu-me. devia estar na caixa forte de uni banco. amor espezinhado. na es. que ficava sempr e no ângulo escuro da chamine. vim a que na época em que trava mos relações. A única pessoa a quem. tor Dor seu espIrito e sua longevidade. Detestava seus herdeiros. era um márti r de sua prudência. de Conversações sóbre a Pluralidade dos Mundos. perdida. livros emprestados. soci almente falando. sua carga era de ouro. Um dia. por uma sIngularidade . correndo Paris com pernas sêcas como as de um veado. Eu nunca via dinheiro em casa dêle. com certeza. sequer. Aliás. E foram essas palavras.1851) .Não é meu! . A velha porteira da casa sabia fixa para arrumar o quarto. tudo o que a morte da sua única herde ira. disse-me: . . e charnava-se João Ester Gobseck. e não concebia que sua fortuna pudesse jamais ser possuída por outros que não êle. êle trnha mais ou s`a?" nieno. tratei de seus negocios. Sua for tuna.. por onde êle rolara durante vinte anos. de fato. não lhes deixando outra saída a não ser um comprido corredor iluminado por olhos-de-boi. mais tarde. Teria êle parentes. Nascera em 174o. assemelhava-se ao seu. Os apartamentos recebera luz. uni jornal. nem a menor surprêsa." re j o jantar de um restaurante.1757). êle se dirigia.Pela manhã. de terrores súbitos. A êsse triste aspecto a a legria dos filhos de farnília expirava. Dir-se-ia a ostra e o rochedo. #462 CENÁS DA VIDA PRIVADA vessou-lhe o bôlso: um inquilino que vinha atrás dêle. recolheu a moeda e apres entou-lha. cuja rápida urgência -desculpa a crueldade COnh" . 111"soiaagera 1"1ularíssina dos romances de James FeninIOTO Cooper (1789 . aquêle homem cham ava -e.Ouro. sorrindo: "As mulheres. e à tarde.disse è1e um gesto de surprésa. de t ravessias romanescas. por falta de dinhe iro. das quatro gerações fêmeas em que tinha a sua parentela. Os debates fizeram-me saber que. A distribuição claustral do edifício. sem manifestar o menor interêsse. não se sabe como. autamoesntre Outr as obras. Quando. embarcara-o como grumete. permitia-me entrar na sua cela.Era minha sobrinha-neta. nos subúrbios de . mostra que a casa. por acaso. setenta e seis anos. nunca se casaram. de alegrias infinitas: fomes suportadas. pobre? Ninguém jamais pôde responder a essas Perguntas. a vida muitas vêzes em perigo. ?ut _? G(?L seck. . Essas demonstrações de confiança -eram fruto de #unia vizinhança de quatro anos e de meu bom procedimento. num Processo retumbante viu-se acusado de malversações. atribui ao pai de Tristram a seguinte opinião: "a escolha dois 111)n1?" de batismo tem conseqüênc ias bem maiores do que os espíritos superfici". de Portenduère. Sua morte marca o f im da influência francesa na frídia. o pai de Tippo-Saeb e o próprio Tippo-Saeb. o último sultão de Misore. Barão de Tollendal (17O2 -1766). Nladiadjy_Sind iali.. na segunda . COrsárIos .1O. foi é. O Conde Henri de Estaing (1729 . Apoiado pelos franceses. Obailio. i& d 14astings. tos da guerra da independência americaTia dos acon ou da América. Sindh1a (O MadhadjY-Sindiah de Balzac) era. mas féz esquecer mais tarde esse derrota por ter reprimido a -rebelião na Irlanda e submetido TiPPO-Saeb (1749-1799). Se a humanidade. rei de Delhi. em seu famoso romance Vida e Opiniões de Tristram Sh"" dy.cera o almiran-"e Simeuse. êle . Estaing. outro "almi(personagem de Um girrar #origem ilustre ao Visconde de Portenduère. XVIIIII. 14) Os marotas." G o B s E e K %. de Portenduère. foi decapitado durante a Revolução. e vários £-"C cot1LTibu1L". tão famosa nas lescobrir Oouro daqu . quantos Pompeus.ten?o um aa indiscrição e da.. a socia sr. quis expulsar Os inglêses. o Sr. se seu caráter. C reabilitado depois..f?-rivera relações com . Finalmente Lord Hastings (1732-181. de Kergarouêt. Quancerc31t11a"tecliner. bilidade. Victor Hug hes." imaginam . por todos Os meios. governador geral das colônias francesas da fndia. Em 1778-82. . foi processado e executado por traição.18O5) era um general inglês que capitulou em Yorktowu durante a guerra de América. ISO2-4 e 1817-18 sustentou três guerras "ngr entas contra os inglêses. Povo da índia Central e Ocidental que no século XVIII graças a suas vi rtudes guerreiras e capacidade organizadora conseguiu exercer sóbre a índia. Aimirante Simeuse.tidia. Loboia. Lord CormO112) Sterne.. outra figura imaginária.Finalmente não . Exemplo curioso de 13) o almirante sinieuse. fizera nesa 3ra estab` ir... que inventou do . o #Sr..nos Aíres. parecia estar ningueni a não ser va a impressão -de que se arre.8) era governador da índia inglêsa. para asse x. que proctt tão ela tribo de selvagens. de B. de Suffren (1726-1788) combateu também vitoriosamente O8 ingléses. como o de Nicodemc. o que não fazia com réni. mas depois foi absolvido. .1794). entre os pretendentes da bela Emília já encontrado em O Baile de Sceau de Fontaine a qual acabou por casar com o velho Vic?e-Almirante Kergarouêt. e isso inesmo raramente. uma verdadeira hegemonia. talito éle. de Lally. ou Thomas. Arthur de LaIly. pela mera dêsses nomes famosos. o bailio de Suffren.n. os outros nomes da enumeração referem-se a pessoas reais. Lord Cornwallis ( 1738 . são uma religião. Êste últImo lutou com fanatismo contra os cristãos e contra os hindus. procurando convert er a ésses últimos ao islamismo. (1O? po comigo. para dar um pai distinto ao Marquês João de Simeuse Caso Tenebro so) e o gr.. etc.. da índia. Tante famosO". OSr. de Lally. ide LaIly. "ilustre marinheiro coin Ú sim. almirante que se distinguiu na índia e na América lutando contra os inglêses. da morte graças aos esfo rços do filho e de Voltaire. e que fís. Quantos Césares. falava das índias.6. . derrotado pelos inglêses.itI. sea gênio não houvessem sido abatidos o aviltados sob um nome tão por exemplo. que servil" . Em compensação. mas foi derrotado e morto na defesa de SeringaPatam. o Sr. 11 necera muito tempo e"" São Tornaz. com es pois perma gócIos.era estranho a nenhum rara (.lecer o" poder dos Marat as.belil fazer fortuna. se tornaram dignos de usá-los! E quantas vézes 6" tem visto pe ssoas que se teriam distinguido no mundo. o BaIzaC misturava personagens fictícias a personagens históricas. célcbr? . o Sr. cujo pé fôra verde. tudo." . Por aventureiros franceses. perguntou com ar admirado. diss e-lhe. Fitou.." . fazia mais sobressair sua palidez..5.CJQ. Teria êle permanecido fiel à rel.dessas guerras. maometano. de-pois. até o último momento.7O-1826).o.. chama. quand o ?e refez.. "mas tornei a apanhá-lo. se 5 a netrável. esquadrinhado. gião ? católico. nada.pensei com os meus botões." -Pela primeira vez. do que carvão.. Parecia-me mais indiferente do crédulo. Quer chega sempre a época em que a a ao lado de sua inulher."Que existência poder"-" Ser s us olhos se ." "Quer dizer. e consideraria os cris tãos como sua prêsa? Ter-se-ia "é. exercido num certo meio lareira. como lamentaria um doente. se puder. chefe Inilitar da cOnfederação marata.Poesia. cuja habilidade o senhor tanto admirou. brâmane ou luterano? Nunca pude saber na? de suas opiniões reli o iosas. Uma tarde. apesar de ter sido s ua vítima.. Uma lâmpa? fumarenta. tem as idéias próprias da idade. e que suas vítimas. Embora eu me tivesse m analisá-lo. nessa cacholal . Se todos os usurários se parecem com aquêle. nação possuir a terra que tinha percorrido.lheres senhor crê -cri. se diverte?" "Pensa que só são poetas os que fazem imprimir seus versos?". então. seus 6oldados eram treinado s e conduzido."Então tem algumas letras a protestar? Parece-me que hoje é trinta.onde parecia estar relendo suas listas de desconto. franziu ligeiramente as espessas sobrancelha s.XON elo são do gênero neutro. não lhe saldou êle sua dívida com letras assinadas pela razão social em falência? E. À &ua "rol?a 4 1"?ran("a foi julgado Por !um Conselho de Guerra que o absolveu. e e Vk ram. no exercício de no ssas fa. entrei em casa daquele homem que ouro. Em que pensará essa criatura? . silenciosamente e mostrou a cadeira que me estava esperando. de papai Gobseck.a mim mesmo perguntava. sou forçado a co nfessar. fpapai Gobseck". que não tem embocadura. digo-o para ver? P]rj que seu coração. explorado. me consen. you fazer-lhe . algumas vêzel. com expressão zombeteira. cuja tonalidade lembrava os sons que tira de sua flauta um estud ante. berá ela se existe um Deus. Ergueu os olhos para mim. Encontrei-o sentado na sua Poltrona. poderia pela imagi. Uni hábito. disse-me: "Estou me divertindo. Osões. "Bom-dia. governador da Gula"& de 1799 a 18O8 quando cap" tulou. com os olhos fixos sôbre o pano da cha"rtn161?v??! . nãO as submeteu êle ao desconto estipulado pela concordata?" . "A fim de obter sua concordata. a felicidade? . eu "lã( joageO5 Ineus.? (lu mãe.le virou a cabeça para inim. guntou-me. de quando em quando. . Per" pie . a Ou ?? que 11to pertencia. ro. avaliado."Vítima?". quer fique no cantinho da sua resenha da vida..ida nada ~` . 15) Victor Hughes: ou melhor Victor Hugues (1. .Lamentava-o. espargia um clará O que longe de lhe colorir o rosto. a um exercito inglês-portuguCs. nos Guarde as suas iIII creio . admi21 18tra41Or francês que expulsc?u os liglêses de Guadalupe. que. é do que te então. A mim mesmo perguntei. G o B S E O]K 465 nos seus tições. dando de ombros e dirigindo-me um olhar de d3" de. i como uma estátua . #464 CENAS DA VIDA PRIVADA podia ser considerado um ateu. Nêle essa característica inflexão equivalia ao mais alegre sorriso de um meridional. por antífrase ou Dor tro ? e ç . crse."Era um finório". eu lhe falava #em dinheiro.viaje. sentimentos. vido. disse êle. com s ua voz suave.. mulheres."Osen hor é moço. P. ao passo que eu nada mais . .ilia tão brilhante quanto a minha?" disse êle. . . Mas compreendii também que se êle tinha mi lhões no banco. " Vejo-o tão sombrio como no dia em que lhe vieram trazer a notícia -da falência daquele livrei. revol. Pois nada conhecia ainda da sua vida. do se se modificam de acôrdo. é o OURO.espécie de luta. . torna-se um aa cecespunido na Ásia. Nossas fantasias exigem tempo. #cujo valor é bastante certo para que um homem se preocupe com ela. Oouro representa tôdas as fôrças humanas. de dar todos Os dias. as montanhas cançam. desfilam por diante de mim. vai poder fazer uma idéia dos meus prazeres. por tôda parte há homens robustos que trabalham e criaturas linfáticas que se atormentam. niolas que fazem a Humanidade mover-se. Fora dêsses dois preceitos tudo oredileto. se ela tem mais sangue do que linfa. êsse instinto chama-se interêsse pessoal. preocupando-se em delinear princípios políticos para governar acontecimentos sempre imprevistos. ciais. Viajei. nhã.S .. numa maior extensão. ?tência de um pouco mais alto do que êles. por tôda parte ela é inevi tável. CkIL -emoções fortes que consomem a vida. tôdas as noites. Quanto aos costumes. para saber se ganharão alguns níqueis. Essa coisa . meios físicos Ou cuidados. dado a cada latitude. e. Devemo. a Paixão ou a Calma? Pois berri! tÔdas as pai xões humanas. as planícies aborrecem. Ademai.Ergueu. saberia que só existe uma coisa material. Pois beml o ouro contem n tudo em germe. nessas condições. da porta. que s r11 N ?bre. A única coisa que nos fica é o sentimento verdadeiro s em nós: o instinto d e conservação. A felicidade . com os ra? só existem convenções que or todos os molclirrias.. o passeio que uni animal dá na 511a jau". Se o senhor tivesse vivido tanto quanto eu.felicidade cOnsIs .eu a substi tuo pela penetração de tÔdas a. dá tudo realizado. os lugares portanto nada significam.. ca leva a melhor . que vivo na calma. e o mundo nada Pode contra . a curiosid ade científica . Arte ou a Ciênci a.. ou e consiste m ocupacões re e. Acima dêsses gozos. em -que o homem n.. traduzida em pou cas palavras? s encara. Nada é fixo aqui na ter$idade qua. Sómente os néscios Pod"ra gostar de falar nos atores e repetir suas frases. . de comer para os outros. o homem é o mesmo por tôda parte: por tôda parte existe a luta entre o pobre e o rico. Nas vossas que a natureza "PO sociedades européias. Oque a devo tê-los Inu que é um vício em Paris. " às realidad es. para quem se viu forçado a se meter p ais nada mais são do que paas convicções e as inor . Não e essa a vida do parisienses.5 sociais.. Só loucos ou doent es podem achar prazer em baralhar as cartas. pos. puxou a cortina do velho repos.4 -que fazem dela um maquinismo. Ela não se satisfaz senão com torrentes de ouro. mais vale ser o explorador -do que o explorado. lavras ôcas. de vestir-se para os outros. se a senhora Fulana deitou-se no seu canapé sózinha ou acompanhada. cujas argolas rangeram no varão :de ferro. aumentadas pelo embate de vossos i" nterèw.. ultrapassa os AçÔres. pois o? sentidos se esgotam. Sómente os ingénuos podem julg ar-se úteis a seus semelhantes.s? foi fechar o ferrôlho. . o mundo sem fati ar-me. "pela descrição dos acontecimentos da Ma..I. Ouça-me". é é falso. por tôda parte os prazeres são os memios. . continuou. existe a curiosidade. les aplicadas corri( os de -todos os homens. O B S E C X 467 não consegue ter senão daí a três dias. teiro.. Não é isso em duas pa1a?. de *O gabar de um cavalo ou de uma carruagem que o vizinho #468 CENAS DA VIDA PRIVAD. Numa palavra. sómente um sentimento sobrevive: a vaidadel A vaidade é sempre o eu." 9 M)iii. Sóme"1tC Os tolos podem empregar o tempo a indagar do que acontece. ?uJda( Meus princípios variaram Europa admira. inglês que funciona em ?te?l1dk regulares. mais ardor "do que virtude. minada imitação de seus efeitos. de conhecer os segredos da natureza ou -de obter e diz no? UnIa dete?. vi que por tôda parte há planícies e montanhas. -? . e torn . . esgaTçada. Gosto de enlame ar os tapêtes dos ricos. usada demasiado tempo. casada com algum rico proprie tário. a mim que não obedeço a nada. coridiçoe. compreendi que a condêssa não devia estar em condições de pagar. imaginava-a bonita. amor ou caridade? A segunda letra.A senhora acaba de tocar a sinêta chamandome. Gobseck. A condêssa reside na rua do Hclderl e o" . um cavalo inglês. nula de pleno direi to. Cheio. erteza. que me foi apresentada por um rapaz. vem ao me u gabinet?c.A Senhora con" s o. Passo a manhã a ver estampas no bulevar. . Não faltava mais nada. hoje de manhã! Se essas duas . Fanny Ma lvaut? . senhor. e me foi apresentada por uni nego" cia ?nte de telas em caminho de arruinar-se. Seria isso tolice. sentando-me numa poltrona. . rnai íto d e c s res naria a condêssa por mil francos? Afetaria. as vidraças lembravam a manga de uma capa eclesiástica. . cimento desconto a despesa que me impõe a cobrança. tejoulas. prestes a explodir. a uma casa de pouca aparén. "tinha sómente duas quan. Ninguém cluc te`nha crédito num banco. . polisou. Abiem-se os postigos. apareço como um remortinuou. bria os degraus da escada.Ias ponhamos de lado as hipóteses.A Senhora condêssa está doente? _ Ni . . seu olhar vidrado. não creio que já esteja visível. mas se o senhor veio por uma letra. as outras já as tinha dado na véspera aos meus clientes.nv na rua Montinartre."Hoje de manhã". . ela voltou do bafle às três horas. sôbre miM. como dinheiro de contado.. de tílburi. estava as" sinada por Fanny Malvaut. e vejo uni dêsses pátios escu?OS. diga-lhe meu nome e que estarei aqui ao meio-dia. prodigar-me-ia palavras ces são reservadas ao suplicasse. e só pago sete francos de impôsto. lo que se eu fÔsse Oeu próprio pai. A primeira letra.Quantas conjeturas não fiz eu 1 .. . mulheres não esti<nba "a daqui. e eu. o dinheiro está aí. a criada de quarto ve m apressadamente e me diz: .Esperarei disse eu. eu atravessava o salão que precede o quarlo da condêssa.seus compromissos. . -de monóculo. E me fui. não por mesquinhez. perseguidos Pela 1nat. Ocubículo d o porteiro era mais escuTo ainda.Saiu. tar-se: . um conde. de saldar vessew en. depois. Como era linda a mulher que -vi. um endossante da letra. Ao chegar à rua Montmartre. . deixando as sinalada minha presença no tapête que co.ou a sen. gordurosa. embolsando os dois francos de um cabriolé fantástico. de uma falência.Urna vez que o porteiro tinha a quantia eu queria conhecer a rapariga. trai um dese"Péro" s. . Por que motivo essa condêssa assinara uma promissória.Voltarei. parda. tias a receber.Quando a poderei ver? . iriam receber..Pela doçura "da voz. Novo lucro! porque no ven.Charno-me . então! Lançara às Pressas sôbre as espáduas nuas um xale de cachemira e o fizera .A Srta. e principalmente uma rec11 ivo co dinheiro que sofre de todos os banqueiros.Ao meio -dia. no va lor de mil francos. etc. por igual quan tia. con." Nesse -ponto o velho carinhosas. disse êle. talvez me "E cul inflexíve l. -chego lá como um vingador. porque essas pobres mulheres têm um mêdo louco do escândalo que uma letra protestada produziria em casa e se dariaio de preferência em pagamento a não pagar? Eu queria conhe`r o valor secreto dessa promissória. com m não à" 1 cujas meiguiwonjices ar am e e me falaria com aquela voz. mas excelente de fato. onde o primeiro passo que dá da porta em direção à minha mesa. jovem de -colête enfeitado de lan.disse-me a criada -de quarto. mas para lhes fazer sentir as garras da ne cessidade. senão que um cliente me fizesse atravessar Paris por seis francos de juros. Por éses 1II"t :" vejo cervos acossad os ao último extremo. onde o sol nunca penetra.Entre. estaNa a ssinada por uma das mais lindas mulheres de Paris. ao meio-dia em ponto.cia.. sair. impruciênci3. disse. empurro um portão velho. déssa está deitada . senhor. Quantas o? on. ão. . lha de seus credores. Até amanhã 2O meio-dia.disse ela indicando-oe uma cadeira. . mas suas feições pare.. Seus olhos cintilavam. junto ao pé de uma poltrona jazia uni meias enrolado.Se o rei me devesse.unais. luziam dois sapatos de cetim branco. e. reluzia em cima da chaminé. diamantes.. e cu ias sruarnições de renda so#468 CENAS DA VIDA PRIVADA bressaíam vivamente sôbre aquêle fundo.cirua jas rija chegavam ao chão. devia ser mais forte do que êste. rangidos de dentes ccultos por um sorriso e goel as d" leões fantásticos que lhes mordem o coração. 4 uma grande pele de urso.i. negligentemente atada à Moda colonial. Um pintor teri a pago para Permanecer um momento no meio daquela -cena. s-d i . Os ricos. para garantir seus bens. existe".Paga tO luxo. brancas como neve. . nem nas suas feições.corn tanta arte que permitia adiviTrhar-lhe a nudez das formas.não tenho o direito de protestá-la senão nesse 1. OB r" C I K 469 era. re. senhora . nada hivia de mesq uinho nos seus contornos. pação. Como uma daquelas Herodíades. que gozas..ira q p va um vago perfume. As Ir . a miséria acoitada por sob aquilo tudo. deixava percebe. N"estia um batão. um travesseiro enternum edredão de sêda azul. ? . Por um sono agitado. a natureza tinha -tanta energia. (. senhor. ill$. agassc. Est ava.. nidas tinham na véspera provocado algum delírio. Tudo era luxo e desordem.teria tão poucas teniplações para comigo. . ciam inchadas e os círculos arroxeados que orlavam seus olhos p areciam mais pronunciados do que habitualmente. já p ara ela Ou para o seu adorador. e . guarnecido de rendas. Oleito oferecia o quadro de uma desordem prodt)z"d". -quer ter a bondade de esperar? .exclamou ela fitando-me . paga o monopóliO de . Êsses vesti gios de um amor fulminado pelo remorso. "" _O devedor .1 mento. morsos. Fazia muito que meu coração não batia. para mim mesmo dizia: . pareceu-me. Em uma cadeira estava atirado um vestido amarrotadol cu.respondi dobrand o a letra que lhe tinha O" apresentado. Orosto fatigado daa condêssa assemelh ava-se àquele quarto. e que ?alia prever uma despêsa de dois mil francos anuais com a lava4eira de roupa fina Seus cabelos negros escapavam-se em grossos cachos de sob um a" touca de madapolão. Mas para vocês que dormem entre sêdas. que a menor aragem teria levado Par de flutuava em ci a de uma con . rado voluptuosamente dispostos. aquêles vestígios de dissi. um ramo. Não obstante.pirava amor. que aquêles sinais de desregramento não lhe alteravam a beleza . pagol eu de bom grado dava mil francos por uma sensação que me recordasse minha mocidade. Aquelas bagatelas esparsas causavam-me piedade: reu.. espécie de vela onde se Vêm quejinar Os ignorantes. traíam esforços tantálicos para abarcar prazeres fugidios. . E. um cinto nalha dos a ui e ali Eu . Agradou-me.Senhor. Mas. sem dúvida. estendida aos pés dos leoes escul no acajs1 do leito.Um protestQ: q conestá dizendo? . que de valo?? g av etas da côniod2 estavam abertas. paga tua felicidade. Algumas m anchas róseas semeadas pelo rosto da moça atestavam a finura de sua pele.. nela. beleza sem harmonia.. pressão de formas indecis as que despertavam a iii-laginaça. inventararn tr juizes e essa guilh otina. a li dos com a incúria que a lassidão do baile provoca. -paga teu nome. semeado de destroços (k uma festa. portanto. de luxo e de ruído. ao mesmo t empo. U 1 le N meio aberto. Flores. luvas. devidas ao pincel de Leonar do da Vinci (revendi êsses quadros) era exuberante de vida e de fôrça. erguia cabeça e lhes fazia sentir seus agudos dentes. . Sob amPln? cortinados. Ligas br. Fizemos a troca dos dois valores e eu saí. Vi a mulher estremecer da cabeça aos pés. caminhando a pé.perquem me mandou gu. à casa da Srta. quando desceu do carro. bastante idiota tel"pos.d. Em tôrno "dela. o diamante valia bem uns mil e duzentos francos. é preciso tomar banho. ela tornou-se minha escrava.ntou-me o conde. ou o que o macaqueia. toma de uma só vez um banho . #47O C=NAS DA VIDA PRIVADA Fanny. . fizeram-me entrar num apartaMo o composto de dois quartos.. lhes comerá o dote. arruinará o marido e os filhos dos dois. . mas.ela en.. puros como cristal. de quati. Para não se salpicar -de lama. porque lher. .A condês Que um h reendi-a. cumprimentando-a. sem que nenhum -dos meus músculos estremecesse. Oconde virou-me as costas.Qu e quer o senhor? . Ante êsse movimento inexorável.resnondeti respondeu você estava falan o com 9 brincadeiral . di lhe que não a tinha achado de manhã. meu caro. dando entrada ao cabriolé do rapaz que me apresentara a letra.naquele inomento o portão abriu-se..e retire-se. quando se -trabalha à noite. a jovem dama ve io a mim.o que leva essa gente ao meu escr. -1 -1 -ém .Li naquela fisionomia o futuro d a condêssa. torn menos dur o. no qual tudo estava luzidio conlent Unia moeda de ouro nova. Foi merecido. meu caro. .Alil ela pangoul tanto melhorl . Houve Isa olhou-me. . mas entretanto sem suavidade. talvez. e cau sará mais estragos através dos salões. . se arruinará.Torne. comp ni que eu teria sido. lustrando as botas ou limpando carruagens suntu osas. eu preciso vê-la. e lhe que conservarei à sua disposição. agora. ria. e _rdoei a uma mup ara não protestar. esparzia um clarão delicado in. filtrando-se atra vés de O111 peque. pois tinha ai..Mas disse ela importância estava com a porteira. do em quan do. Eis o que os impele a roubar decentemente milhões. condenada ao trabalho pela desgraça e que n pertencia a alguma família de honrados granjeiros.O se. dama. a trair a pátria. com um único olhar. 1 n cender A senhorita.Cavalheiro disse-lhe eu. . rapariga parísiense.Não. o penhor que ela me entregou esta manhã. Subi uma escadinh a basta"te íngreme. de lamal . aç rosto mode sto. . arruinará a <:mdêssa. apresentou-me um diamante: .Dirigi-me à rua ?"O`itrnartrC. nhor é um ados meus fornecedores. ar simpático.Fingi não IOmPr . Não vi sequer vestígios de poeira nos móveis da primeira peça.tório.disse ela. No pátio. o grãosenhor.m.O1 cortinas. do qle uma bateria de obuseiros num regimento. . a pele alva e acetinad a do pescoço tornar-se áspera: segundo a expressão popular. jogador sem consciência. fixadas na vidraca. No quinto andar.disse eu comigo mesmo .Saio raras vezes. . .aqui tem duzentos francos que lhe peço o obséquio de entregar à senhora con sa. ela estava com pele de galinha. encontrei um enxame de lacaios que estavam escovando suas librés. quc fiar-me nela? .disse imperiosamente a jovem ou porta do. quarto. Quando lhe apresente i a letra ViVIZ .disse ela.Aliastásia.Aí esta . Era uma rapariga. os quais levantados em arco nas fontes davam finura aos seus azuis. gante e juvenil.Olhei-a. . durante oito dias. em Pondichéry. ela era bordadeira. A luz. Quanto a mim. a ?Cali como o gênio da solidão. e eu puxei a letra meio fora do bôlso. Fanny. costuma sair cedo? . cabelos castanhos bem perIte. na qual fui recebido pela Srta. pe me embrulhou magistralmente.. A meu ver. Aquêle bonito sujeito louro? frio.m que não podia ser outro senão o conde. . adivinhei tudo.o intimaria mais depressa ainda do que a qualquer -ento ouvimos bater mansamente à Nesse sn Não C5tOu1 . . . . Em 1763. numerosos retalhos de fazend seii velaram-me as suas ocupações habituais. Vestida com simplicidade: cabeça .Êle pegou os duzentos francos e teve um sorriso zombeteiro. p elo que vejo. como se dissesse: . por falta de dinhei ro. e desconhecidos. conhecemos os segredos de tÔdas as famílias. durante o qual eu a examinava. e vê-la a nu? t?..adores.Ière. seuN Mira. Di?na?zci?e: pen-seiagem de Mo". atravessa os coraçoes. Pobre inocente! tinha crenças: seu singe. Dimanche. Ê5ses sublimes atores representavam só para rnirn. risos de desespero e festas suntuosas. Casuístas da Bôlsa. Sou bastante rico para comprar a consciência dos que movem os ministros. eu estava pensando em que Fanny Malvaut devia ser uma boa mulhe rzinha: punha em contraste sua vida pura e solitária com a daquela condêssa que. comparados com . Pareceu-Me estar num ambiente de sinceridade. são espe. pois. Quando o senhor entrou.Muitas vêzes uma rapariga apaiss n oradores.P"s bem continuou. sôbre o Comércio. dêsse modo.11 "r 51 não pas ani de gagos.. Nenhuma fortuna nos pode enganar.anqu. não é isso o Prazer? Poder e Prazer não resumem êles tôda a nos sa ordem social? Somos uma dezena dêstes em Paris. . Meu olhar é como o olhar de Deus. pesares mortais. uni artista sem pão. Ali. fizeram-me estremecer com o poder de suas pal avras.ela terá. .In gumas sardas.c. árbitros dos vossos destinos. Nada se recusa a quem abre e fecha os cordões da bôlsa.. Não é a vida uma máquina à qual o dinheiro imprime movimento? Fique sabendo: o? rineios confunderri-se sempre com os fins: nunca se poderá separar a alma dos sentidos. Mas . fizeraru. Misérias que as água? do Sena aguardam. enfeitado corn dois raminhos de buxo. de candura. em Dow J")aoossa época à ouviu gabar a eloqüência dos últimos prealguinas vêzCs perder meu tempo. on& são julgados e analis . Nada me pode ser ocultado .. di. Onte tragédia : algum pobre diabo. vai perder o fruto de seus esforços. revel amos uns aos outros os mistérios da finança. comerciante à beira da falência. no qual meus pulmões se refrescavam.como dizia _. ocultar u m aa falta do gr de no declínio das boas graças do rei. ouvi ndo-o. Oouro é o e spiritualismo das vossas sociedades atuais. const"tuímOs um Santo ofício. vai rolar até o fundo dos abismos do vício! . os meu . não? Fui " mas de procedimento . filho. talvez. Suas feições respirav am não sei que ar de virtude. como acontece com as pessoas nascidas no canipo. Quase me comovi. Li gados pelo mesmo interêsse nos reunimos em certos dias da semana no café Themis. porque tive muitas vêzes oportunidade de observar que quando o benefício não prejudica ao benfeitor. precavendo -me contra as minhas idéias generosas. algum priminho que arranjaria dinhe iro com a sua assinatura e exploraria a pobre moça. cenas de amor.pensei .) posso ter as mais belas mulheres e suas mais ternas carícias. Sentiame disposto a oferecer-lhe di nheiro a doze por cento s?mente. esposar a vida dos outros. que se asfixia porque Pode mais sustentar os filhos. 18 com as _ tIp?" G OB S E C 1K 471 16) OSr.onad3. já tendo chegado às promissórias. e sem Poder enganar-me.Retirei-me.arfi 9 "li" niDa ao cadafalso. lo leito de madeira pintada estava encimado por um cruciii. . do credor tímido que se deixa -desarmar pelas cortesias c li??"jO devedor. depois de um momento de silêncio profundo.udar de opinião . s bO1. sôbre os Bancos. Amanhã. a fim de facilitar-lhe a compra de algum bom es ta bele cimento. uen. o espírito da matéria. reis silenciosos. um ._u]os seiripre variados: chagas aDav orantes. i--! êsses seus padres. alegrias de rapaz clue le?. Temos uma espécie de livro negro onde são i nscritas as notas mais importantes sôbre o crédito público.julora o senhor que nada signífica penetrar. uma comédia: um rapaz variantes tará representar-me a cena do Sr. e que.Jan-iais! PO s não Sci qcus Vergniaud. mata o favorecido. um aa urn velho iriae que . 1` c Os Outros. pai. nos mais sêcre tos refolhos do coração. . junto à Ponte Nova. desde o contínuo do gabin ete até à sua amante: n?o é isso o Poder. . são tagarelas. e os jogadores que são a parte mais impression ante de Paris.11onoré Gabriei O??"bre da Revolução.Êsse caro amigol . de Restaud vai entrar em breve na posse de uma bela fortuna. em casa de um aa condêss?" exclamou o tio. de Grandieti .. os artistas. fartaram-se de tudo. tástica. . dizendo-lhe que sua felicidade dependia outrora do papai Gobseck. #472 CENAS DA VIDA PRIVADA senão pelo poder e pelo dinheiro em si mesmos" Aquiêle. A confiança q .Sardanapalo1 . nada vejo que nos diga respeito . ciante. acrescentou êle do a mão na testa. A vida.todos imploram com os olhos lacrimosos. Eu.exclamou Derville.Quer um copo de água com açúcar? .Lembro-me de só ter adormecido Mui. . . a meiga Fa nny apareceu-me em ?tôda a sua beleza. ?conhecem-na. na qual se personificava o poder -do ouro. transformara-se no meu conceito numa imag?cin fan. Voltei para casa estupefato. senão o mais feliz e o m elhor dos homens. "o mais fogoso " disse que em outro q ualquer lugar se irrita e puxa da espada por só palavra. a mim mesmo pe rguntava. a mulher mais vai dosa de sua beleza. outro da massa coMercial. os ho. Aquêle velhinho séco crescera. com prazer . c onfessar isso diante de vinte peszoas. to tarde.? defendi tese dvocacia. . `volu cionáriú.disse o procurador.Aceito. não pensava senão nela. Como "U " todo" os meus colegas já gozaram de tudo. são os melh?ores agentes de polícia.objetou a Sra. . interrompendo Derville.é capaz de.Beba. o orador mais 18) Ver i 1ZO`O ora<i<r gv"aud: Plerre-Vieturni. dava a dinheiro. outro fa. tenho de ôlho os filhos de família. . nisso tudo. de raiva ou de dor.Sou capaz de o gritar ao universo inteiro . .dos os mais indiferentes atos de todos os que possuem uma fortuna qualquer. "há uma balança na qual são pesadas ?aS Su`Coll" sões e o interêsse de tôd Paris.. soltando sua praga favorita. implora de mãos postas! Aqui.Deixei-os na rua do Helder. 8. as vinganças. mens horrorizavam-me. entre as nuvens do meu despertar..Ozos sob essa ináscara lívida cuja íniobilida?de tanto Otem espaita. . Os vícios. mas como o velho InOrreu com a idade de oitenta e nove anos. ipara vergonha minha. .perguntou a viscondessa. Isto ex ige explicaÇõ"s" Quanto a Fanny Malvaut. que treslan. Acredita agora que não haja es. " chegaram ao ponto de não mais gostar do poder e do dinheiro. beba. Vergniaud (1753-1793). Camila.Bacharelei-me em Di. Todos co?ntam os segredos do vizinho.you despertar a Srta. um da massa administrativa. as vaidades feridas.comentou a condêssa . que ela ec lipsava completamente a imagem da simples e casta criatura. e sempre acertamos. enfim". Devo confessar. 1 In 17) Mirabeau. Osenhor nunca será tiada. está destinado à posteridade. o mais altivo inil. Êste cuida da massa judiciária. aquêle da nlassa financeira. Via em tôrno de mim montões de ouro. votada ao trabalho e à obscuridade: mas no dia seguinte. os mundanos. os desapontanlent"s. erguendo a cabeça sonolenta. meu pobre Derville.Mas. Pensei na bela condêssa. As paixões ludibriadas. ta? o mais célebre artista implora e o mesmo faz o escritor cujo norne -1kw. com a sua franqueza habitual. M"mbeau (1749-1791). é minha mulher! . . o Sr.respondeu êle. do?" disse êle avançan do para mim seu rosto macilento. Aqui. tocando a sinêta para chamar o criado.Tudo então se resolve pelo dinheiro. . mostrando-me seu quarto despido e frio. o mais orgulhos.Que fizeraw dela? G OB S E C K 473 poucos di de minha conversa com o velho holanas depOi" replicou Derville. que fui nomeado primeiro ajudante no escrit6rio. Lembrava-me de tud o quanto me dissera outrora o velho avarento numa época em que eu estava longe de suspeitar a violência das" angústias que se iniciavam na soleira daquela porta."" ei muito difícil comovê-lo. uma expropriação. Continuou a fazer-me suas consultas gratuitas. bava. Aquêle homem. acrescentou êle em torn sêco e depois de um aa p. no qual po ssa encontrar a compreensão de seu fu. . Um homem ativo.Eu. O. No f im do segundo ano. Fêz um gesto como para dizer-me: . com a mesma liberdade como se pagasse. Ia. PaPai Cobseck alugara meu quarto para não ter vizinho.Fale. Por isso não perderei minha eloquencia tentando pintar-l he a situação de um praticante ?em -vintérn só tem esperança no senhor e não tem no mundo outro co" qt`? ração que não o seu.Os lábios do velho repuxaram-se para os cantos da bo ^ca tamente como um reposteiro. que me trazia um assunto bastante difícil. por isso meu patrão cedia o seu."Como soube isso? Êle até agora só o disse a in . tia necessária para essa aquisição. inplorá-lo. onde eu trabalhava fazia três anos. tinha tanlbéln mandado colocar um postigo gradeado. como tantos outros. no dia c ri. Foi um belo dial Quando me despedi do usurário. e que seriam julgados maus por bawa< .disse a tnu`n Inesmo . meu patrão. Deixemos o coração.um homem de bem deve conservar sua dignidade. mas creio que nas minhas renderia quarenta. influência. sétimo filho de um pequeno burg uês de Noyon. inteligente."que se o senhor me pudesse emprestar a quan. "Era preciso isso para que eu is 1 o Se ern nha casa".-. Fazia-me con3. Um ipensamento ambicioso e não sei que clarão de esperança insp iraram-me a coragem precisa para ir procurá-lo. sôbre o qual ninguém po. sultasio . nem pesar? não me convidou para i r visitá-lo. e aquêle sorriso mudo foi de um olhar frio. . . íormei-111C cri" a" te.OdO5 os profissiona. A banca de meu patrão rende a nualmente em suas mãos uns Vinte mil francos. que me deu Inesa.n informações segur as. "seu patrão quer vender o #474 CENAS DA VIDA PRIVADA G OB S E C X 475 cartório?" .-àrentO d"ePo" tava em Míril cresceu enormemen erátis. instr uído. pagar os juros dessa quantia e libert ar-se em dez anos. ba. Êle. Eis o caso.A fortuna não vale o preço de uma covardia. tendo na testa . é""~ com sua -voz aflautada. "Ouça-me. uma tarde. e depois.coração batia-me com fôrça. homem de prazeres e esbanjador. e não como romances. eu me liberaria em dez anos. caminhei lentamente até a rua do Grês. Manda a verdade dizer que se dava bem com ê?s.ue o velho feito.disse eu. podia viver honradamente. Os negócios devem ser tratados cona. Gobseck. Assim pois. "E então1".S .Depois que eu me fôra. com pieguice. . 1 negócios. relativas aos negócios espinhosos em que se metia. de algum modo. "aostremo-nos tão Positivos quanto êle. quer vendê-la por cinqüenta mil escudos.Pois bem! não . não manifestou nem arnizade. 19 Sinto aqui" .e de respeito. trair o dom da vidência. quando cheguei à porta da sombria casa. dirigiuine apenas um dêsses olhares que. turo. em que fiq uei confuso. . is. por menos confiança que inspirasse. Enfim. Ao cabo de oito dias recebi a visita de meu antigo vizinho. por cento e cinqüenta mil -francos apenas. Sr. replic. Nessa época os escritórios não tinham alcançado o valor exorbitante a que chegaram hoje. deixei a casa da rua do Grês e fui morar em casa do meu patrão. lhe com quanta calma pude aparentar ante aquele ancião?"( fixava em mim seus olhos impassíveis e cuja luz clara me p. ouvia meus conselhos com uma &r ia exercer qualquer ovec. no meio de sua POrta " só abriu depois de ter-me reconhecido. alojamento e cento e cinqüenta francos por mes. viu -se em apuros consideráveis e foi obrigado a vender sua banca. nêle -pareciam. leja lá onde fÔr. de 1818 a 1819. não possuía um ceitil e não conhecia no mundo outro capitalista senão o papai Gobseck. ne Grot"ul eja se os pode pagar. as conc e até mesmo seis rnil francos." ."Traga-111 * e amanhã de manhã sua certidão de nascimento. ou diDI<)." . ou mesmo quinhentos. e eis tudo. t "é"" . Garantias?" disse medindo-me com o olhar. eu Me co"t ." . do contrário terei c oncorrentes que elevarão o preço. respondi. -se." "Ora". cada uma delas nO valor de dez mil francos. . P alma. para o senhor."Não!"." ." ."Exataniente. o senhor me dará a representação e o valor em quinze promissórias. Verbrust."De resto. exclamou Gobseck interrompendo-me. disse o velho cuja 21) Groti. e Deus sabe como êles as têm! Terá assim duas clientelas. estou homeris que topam tudo. disse algumas vêzes cem. " 21 . mas nem mais ium vintém". lhe darão suas expropriações. 2O Depois virou-O. disse dos i uni pouco mais.dirigindo-nic "" 11 `Pi -." Fr."Isso é que é falar"."Vintp."Contanto q ue êsse duplo valor seja verificado.. . Não lhe conN ?."Boa-Noite". para as transações. retrucou. seus projetos de atas." .iliações."Costumo tirar cinqüenta por cento do meu -capital". . tarei com treze por cento ao ano."Nihil". . "eu mesmo pagarei. . Êle pegou o papel oficial."Seja. não?" . Não gos . Gigonnet: usurários inventados POT . refiro .. cobrar mil. R". exclamei. segundo a importância dos interêsses em jÔgo. pôs as lenw. tendeu a mão e apertou a minha. tornou a tossir."Nunca.c é muito. "vXTerbrust. Grotius .ão corri os diabosl".. que"Por que motivo deverei eu ter mais confiança no senhor de."AhI outra coisa". agitou-se na cadeira e Ine dis?: -É um negocio q ue vamos ver se arranjamos " Estreillec". "Eu mesmo pagarei o cargo ao seu patrão". desde que me meti em negócios. daqui a dez diasl". É preciso saber procurar essa espécie de questões. "de irianeira a me proporcionar um privilégio bem sólido sôbre o preço. às oito horas."Oh! quanto a garantia." Hesitou "Pois beml sim. to -1rabalhare eu. da cabeça aos pés.N 1 nião a esfolar quem quer que seja!" . tudo o que o senhor quiser . . continuando em torn de bonomia.O das Ininhas norinas. envolveu-se na sua capa preta. 2O) Mairie. e conversaremos 5Obre o assunto. disse êle.. moratórias."E então?" . -. nessas circunstâncias." No dia seguinte. disse êle. tossiu.de tem?" .. disse.. P" lid eci ao ouvir tais palavras. "Que ida. rc"* rou-o. ver a licta 4 de ORomeiral. 22) Girard 1 ." . e lhe mandarei tantos processos dessa natureza que o senhor fará seus eolegas arrebentar de inveja. aalicios(} olhar oblíquo .e a caução. o senhor em mim?" Fiquei calado. 22 Meus colegas. disse êle.. ninguém me expôs com mais clareza os motivos de sua visita. apresentei-me ao velho." . Palma. . por suas co nferências. dissc-111e O "Não têryi". as repliq uei-lhe."Seja."Possível. duzentos. por gracejo . a que vai comprar e a que eu lhe darei."Nesse caso temos de andar deprtssa..mputar-rile a . "E al.. .. que me es.. Pensare i no caso.. respondeu o papai Gobseck. e cinco anos. olhou-me. e l eu de pauta a pauta o translado dos registros da mairie. "o senhor tratará dos meus negócios sem exigir honorários.."Mas os honorários têm tabelas".a Hugo de Groot (1583-1645): famoso jurisconsulto ta holandês autor de Direito de Guerra e de Paz. enquanto eu Viver. Gigonnet. Eu o recomendarei como o mais sábio e Omais esperto procurador que existe. disse eu com a firmeza de um homem resolvido a não dar mais vantagens.."siw . Acha demais?" "Não". Pode. defenda ridi . "Ao lhe pedir treze por cento. rC9PO Chamava-. "se não fôsse assim não poderia fazer o ne gócio. 19) Um escudo equivalia a três francos."seus clientes pagarão. escarrou. acrescentou após uma pausa."É justo". papai Gobseck.Ias se acha qu. . O papai Gobseck amansou-se -e pareceu estar satisfeito comigo. suas comissões..ém disso". seus mernoriais e suas falações. "Mas em atenção às nossas relacõ"s" eu me contentarei corn doze e meio por cento de iT"teré"se po" ano. Até me parece que devia dar-me quinze por cento dos meus cinqüenta mil escudos!" . contanto que eu não tenha de fazer adiantamentos de dinhe iro. corn endôsso em branco. .. . o Sr. Casei-me com Fanny Maivaut. "O?? Stnhor mítirá que eu o vá visitar?" . OU Niingu .. Pouco depois. mas pela manhã será difícil. Não adote um grande trem de vida. senhor procurador. Ilorca "1 11 Raul INatilla. é aliás. qu"se qO? £sse balquetc contra a minha vontade. Não se es. venha esta noite com o seu patrão."Pois vá à noite. Além dessa ida-de não se pode cO1* tar com um homem. 2s a flor do dandismo daquele tempo. porém os outros." E fechou a porta." .-É isso-? d. porqu e do contrário perderia a minha corifiança. Irei visitá-lo para informar-me de sua saúde. gócios de amigos."Está certol . golove. Osenhor " ?" rfie Ok xecerá uma asa de perdiz e uma taça de champanha. Tome uma criada velha. .1. e por minha vez eu tenho meus amigos . pot. pois é preciso que o saiba. ersar."Não se r£?ta a fazer loucuras. Ali! ah1 as vêzes fico alegre.e Go? seck. 7aOa8O colube"Ido desde Uma Filha de Eva. . às cinco horas." . Não obstante os elevados luros que eu tinha de pagar a Gobseck.O DriinQiro r183 obras ern 66 ELParece aqui. A conf ormidade de nossos dest"los" de nossos trabalhos. pois. A vitoria nesse processo tornou-me conhecido. o conde..Seus amigos! . . que O . reputação . Gigonnet. para um moço que estava então muito em voza no inundo .tem o talento de jogar. ano depois da aquisição do meu cartório. O1 era a conseqüência de u ma aposta perdida por um cainarada ele. de comer e MáxiniO . interrompendo o VV. eu era -procurador.respori-deu-me: ".disse Mas Wn . .."Será sempre um prazer para 11?t."Depois da Bôlsa. mais em mim. "o senhor p recisa freqüentar a sociedade U é? ver seus clientes. a um almôço de rapazes. que?a de que terei um capital colocado sôbre sua cabeça." . portância tinha neste negócio minha certidão de nascimento?" João Ester Van Gobseck -deu de ombros. Voltemos às nossas personagens. "s. que antes dos trinta anos a probidade e o talento são ainda variedades de hipoteca. 1 Onolv? café." . 4.Como a mocidade é -inocentel Saiba."Oh! não . N com vivacidade. nada é tão "r1s"?ru tável como um homem feliz. " l`k. . "que iin. dívida. Bem. Conversaremos de nos.k. granjeiro que enriquecera. uma só.o." .4? W%? #476 CENAS DA VIDA PRIVADA G OB S E C K 477 fisionomia dificilmente podia aparentar bonomia. pois. ucIngen e césar Birotte Constituem o tema Principal. eneúntrá-los-emos CO3a y ."Poderia d izer-me se não há indiscrição".5 negócio."Sim. . 3 quem amava sinceramente. Oúltimo dos três. que não me vai procurar à h ora do jantar?" . conv mos. Trailles. "e que lhe farão conhe cer os homens e as mulheres. Um tio dela.pensei. sobretudo as mulheres. Osenhor tem seus "?1"k" 11 ne góci e eu os meus.L imensa da hoje goza . Sei de muitas coisas que hoje se podem dizer.Tó. senhora. dor .111 como êle para vestir uma casaca."Pois bem"1 disse eu." . Desde êsse dia minha vida foi sômente felicidade e rosr peridade. fui levado. onde surgiu como um dos Cre. Não falemos.brulhar. rnorreu deixando-lhe setent a mil francos que me ajudaram a saldar inir"h3 p . tive a felicidade de Pode" iniciar o assunto relativo à restituição d e seus bens. em menos de cinco a1O me vi livr e de compromissos. disse eu ao velhinho quando chegamos à porta do gabinete. veremos tôdas as quartas e sábados. Tio. Três meses depois. tais como au. veja lá! preciso estar ao par de seus negócios. replic. para não se deixar em. de nossos êxitos aumentava a fôrça de nossos sentimentos."Concedidas a perdiz e a taça de champanha. sorriu maliciosamente e . Vê-se a vida. mais freqüentemente. ne. os rapazes são graciosos. a ser nomeadÓInIinoso condenado a galés. Fouquier-Tinville e Coignard . é um homem que pertence a essa classe eminentemente inteligen te da qual. que não podia excusar-me sob pena de passar pretensioso. por vêzes. de "tina classe so ci. chegando a diri"Orte de grandes povos e a influir sôbre o destino da humanidade. p or.p1?? iândern. andam loucas por êle. do que em pensar._ un.. sa deslumbra nte de baixelas de prata. de rapazes. Copos quebrad? guardanapos . por todos os lados camp. Tôbeber com ? grande conhecedor de cava do. 25 ra Coriot) OPobre doi ot.1831) Camille Desmoulins. é tão canada* é teinido e -desprezado. quando eu ia a reuni&s sociais.25 um cliente meu.ossos salões. meu camarada instou tanto comigo Par a ir à23) Ifáximo de Trailles: personagem de primeiro plano da Comédia Humana. . 24) essa classe eminentemente intezigente.. mas sim de um tipo de homens. Político e Poeta sueco que se tornou durante algum ts"`Po 1 favorito do rei Gustav o in. Não se trata. fornece Condes de Horn.ular gância do que quem v maís ele los. ou Pierre Cognard. fica-se surpreendido com a ordem que reina nurna . de cristais. mais coberto de lama do que manchado de sangue. chegou O1 tenente-coronel Por Luís XVIII. qll<kl"<1< Obsta dos Pelo destino. jam.l. 24 . não -passam de aventureiros como o Conde d"e H<)rn (1763-1823) . o a "norte até <. cujo nome figura no título de OPai #V. finge paixões e não sente nada .eu muito ouvi falar dessa personagem pelo pobre do velho Goriot. Duas horas depois.Pois beml . seu Parente. s ri paz de praticar uma boa ação como de planejar um crime. o qual. ascendem & alturas excepcionais como Mira beau.11 um cupom de renda. É uma magnificência e um apuro excepcionais alrii? . em flor. ali. mas se viu condenado a destêrro peT?ét" Dor ter conspirado contra a vida do monarca. mas que. A senhora não pod e imaginar o que seja uni lk.quer que seja neste inun. tem mais preocupações do que remorsos. se ergue um Mirabeau. um Pitt. Entretanto.temível acusador do Tribunal revolucionário que pediu ?1" "_"9 . Yuém lhe c onheça uma propriedade trancos por ano sem que 71`9 . se mostra faustoso..Iquer. 478 CENAS DA VIDA PRIVADA quele almôço. do Velho Goriot. Fouquier-Tinville U746-1795). um Richelieti. tudo é virgem.. desmascarado. amarrotados. por Vaidade. Em torno ? déL. foi quem ur diu a magistral intriga que fêz voltar Calisto du Guénic à esPÔsa (em Beatriz). ora cobarde. de chapéus. t "O11denado a t T balhos forçados à perpetuidede. das nossas alcovas. .pisoteados. Pitt e Richelieu. está mais interessado em bem digerir. de toalhas adark cadas. sorri "tk eir. f Iam em voz baixa e assemelham-se a recém-casadas. quando favorecidos pelas circunstâncies. aquilo parece um batalha. Tipo cavaleiro andante dos .5 mulheres . restos de comida qu. Gasta sempre uns cem mil das -. ora. de um avarento que. de quadros. mas -depois. espécie anfíbia Que tem tanto de homem como de mulher. D . 11 Olbk in ?? Ao entrar. os ambiciosos dominados Pelo desejo do Poder . mas por várias vêzes tinha evitado a perigosa honra de lhe ser apresentado. ora nobre. é claro. o Conde Máximo de "irailles é um aa criatura singular? que serve para tud o e para abe tudo e tudo io. com falsos papéis. gar a car Máximo de Trailles é uni elo brilhante que poderia li£ deia à alta sociedade.replicou Derville depois de ouvir o conde. dos nossos bulevares. depois do combate. sente-se um cheiro detestável composto de cem olores e brados composto de cem vozes." . Eu estava em guarda porque consena. Mas. Tratava-se de dívidas de jÔgO."Cavaelhor. di sse-lhe. mulher honesta. outros berram canções. hi desafios." . Êste é monomaníaco e repete a me? ma palavra como um sino que dobra.5. ... foi-me Idifíc"l as idéias.. Êle lhe dará dinheiro. a estima e o amor dO marido. condêssa. se não conscouisse achar. tos a fogueados. nem o que diz. olhos chamejantes. reparar os dartos causados à sua for ti . pa -vo de todos inofensi senhor lhe der garantias que o satisfaçam.. um outro quer comandar o tumulto. As palavras: honra. inos seus discursos. oentos resentar em casa de Van ?Gobseck. Quando chegamos à rua dos Grês o dândi olhava em tôrno com uma atenção e um aa inquietude que me impressionaram.. de Trailles dirigiu-me um. conservava a plena p osse das suas faculdades e cuidava dos seus negócios. "em que eu me levantava. "Estou pronto para levá-lo". se O -. e assim. ncl. como em Paris.epois é uma gritaria de rachar a cabeça. ...convencionais. va mais ou menos o tino . Iç mesmo. não sei como fO:. enquanto que gôtas de suor lhe umedeciam a testa. alguns quebram garrafas. pai possa vomitar num momento. o que está bebendo.c.permitirei que êsse senhor creia que falto para Min1 Tive a -honra de dizer-lhe ontem à noilinha palavra? coni a 11 ri ito inoportunamente. C conta. uma metralha de epigramas e de gracejos de . 11. di sse~lhe. desg aç3. com vergOnha. u 11 "Ora."c. que uma centena d e milhares de francos. inorriento. -depois dos cumpride -Trailles . e eu r"* n. e So ent a. Em meio a êsse c("nrl. continuou êle. . ao ver a porta da casa de Gobseck. e qüenta mil francos. não há . graças à sua língua de ouro ?e como por artes de magia. <rr tinham-se metido. alternativamente. o mais sensato propõe um a orgia.não acho que o senhor precise de mim sr.. minha reconciliação com êle. olhar polidamente insultuoso e dispunha-se a sair. ro etido. entrou o AUéle dâ -Senhor COndC".. de dinheiro perdido Tião sei em quê. ninguém sabe mais o que está comendo. de Trailles tentou insinuar. baru. me havia indisposto com o pate que.s da noite. naqu"e la mesma ma à. dia seguinte a um fiIn de mês. Efetivamente. êle me havia enfeitiçado completamente. No momento em que . lutas. brinde i 1 Pilhér? cos. se n as minhas boas graças. . empalidecia outra vez. cêrca das nove hora. Se um homem de sangue frio entrasse ali. Quanto a êle.Gobseck . respondeu-". abr aços. sàvelmente embriagado. anliej tão comecei a perceber a causa das instâncias do meti c Confesso. depois cora va.. pareceu-me que a filha de um dos meus cl"e"t corria o risco de p erder a sua reputacão.o que sei é que ao sairmos dos salões de Grignon. virtude.. embora finzisse estar p2s. dências involuntárias que revelam tudo. Seu rosto tornava-se lívido. Foi . na manhã s1?Qu"te" e me quis lembrar do que fizera na véspera.não cog ito em forçá-lo a me prestar ou !n?.disse 1 . ? eu resti" aIVO so conviva assegurara-me que ela era bastante rica para. anos de economia. outros palram..O erribora o tivesse P Ulil serv . o mais cortês e o mais r2 Se ap os ca pitalistas. mau gôst. ca rruagens.Sardanapalol .ha prometido levá-lo na manhã seguinte à casa do papai Gobseck. e no outra pessoa que -não êle. que nem por sombras suspeitav cilía ãO portância que o ?papai Gobseck atribuía à sua recO11 O B S E C K 479. tinha-lhe pedido que pTOMOVCSSC O Sr. que nada mais dizem. . To. Algin estão tristes. wr entre um tumulto dêsses que o Sr. lho infernal. julgar-se-ia metido numa bacan a].. não falemos mais nis . Enfim. Quando acordei. se tiver. que seria dos senh Somos os dois. dos Ajuda-Pinto leve dos rapazes mais na moda.descíamos do. no peristilo do "h"tre-Français ."Possível. Quem tem p .? e )??1 O. rir.. Go bseck".? Palma. disselhe eu. Não sou eu o ami " o íntimo dos Ronquerolles. . imóvel.. cos e não possui um vintém? Anteontem. em Paris? No jôgo sou parcei 1 que . qüenta por cento de Prejuíz o. êles entraram com metade do valor déles. Gobse ck assernelhava-se à estátua de Voltaire. para me expremer nos Inigara*? e cr se."Tanios. acres cente i-1 he falaindo-lhe ao ouvido). quase séria."O sehhor . mas o meu Gobseck ficou lia sua cadeira. vista à noite. "Sr. espero que lhe preste seus serviços (ao juro habitual) e que o tire de apuros (se isso lhe con. ironico. mas os senhores também são esponjas que a morte e41Q1 exp% merá." . dos de ui 6 n11 a a-inc O m inha pontaria. um a dessas atitudes cortesanescas. e um Pouco ?de magnani. respondeu o conde com fidalga impertinência. ado C confie na e se movimento. com os diabosi Inst" O& k.do qual desconfio tanto como do diabo". não valem mais do que ?n. nhas rendas em Londres. ao canto do seu fogo. diss e " seck. "emprestar um óbulo a um homem que deve trinta mil fm. r -. cabriolé. Provàvelmente. em Baden. O CENAS DA VIDA PTZITADA O B s E C K 481 a você. "porque Gh. Subimos ao escritório do velho usurário.? 4flet PC nable" levantando-se e girando sôbre os calcanhares. "Só tenho dinheiro para os meus clientes". e`31 Que nada Dossui? "Quer dizer que não se pode arruinar um .e te."Cavalheiro". desalio-o a <jue encontre #4 ". "trago-lhe aqui um dos meus mais íntimos amigos (. esta nsaran." .verdade . que entrernostrou. trojstá elltãO I nuito zangado por ter eu ido arruinar-me com ourespondeu Oconde a rir. e a nesga de crânio amarelado. que êles vivem oferecendo por tôda parte com c?. Oôlho de falcão do rapaz permitiu-lhe distinguir uma mulher no fundo daquele carro. era torn . "Ineus negócios não sáo de sua conta. cuja graciosa baixeza os teria seduzido. de Trailles curvou-se ante o usurário. se isto é verdadeiro.. chamou um garôto que por ali passa va e confiou-lhe a guarda do cavalo. num gesto de saudação. . dade. te e cinco. ?` nhores fazem de mim uma esponja.. e o corpo.o. entrou um fiacre na rua do Grês. no baile em casado Barão de Nucingen. . pouco que durou C) ce. ..?. e tornou.bad. ergueu ligeiramente. mediodo corn o olhar o velho de alto a baixo. uecerei. procurar-nte"% respondeu friamente o usurário. ern é essa a indústria mais brilhante que há? %th. . Um seu criado! Posso eu."foi dizendo. 1? vencer ou morrer.. fazer-n`o um aa pilliéna. aumentava a parecenca corn a estátua.iJ o ?.. Coisa "s favor de ficar aqui"." . avOr"."Exato. Werbrust e Gigonnet estão com a barriga cheia das su o promissórias. decentemente"." A alegria do velho tinha qt v momento de expamão em Paris um mais belo capital do que êste". rnurmurou Goblec. não teve o dom de comover OSr Z. para ouvi-lo. Seu rosto animo u-se com uma expressão de alegria quase selvagem. o stante O acr escenO1 ob P( e ?eck. "Em atenção a mim. .a ra esteja príncipe e de um embaixador que o senhor e j??-Era o tros tempos caçou tigre oni. em Carls. com<). o senhor perdeu dez mil francos. impassível. exclarri."Sem os perdulários. ?. como dos Franchessini.OSr. . _ "P ois beiri. sentouse. a que me inche em sociedade. ". meu velho papai Gobseck." . o b"né coçado com o qual resguardava a cabeça. . a alma. Foi êss e o ún co essa alegria." . de?ece. Graças talontade. dos dois Vandenesse. justo e possível. uni Or"? apéN de mão.h?T (1 . ora. 1?."Arruinar!". ela draça. o rapaz voltou dando disse. A condêssa. patife. em nuca i. Alguma angústia que.Confesso-lhe . quando o s olicitante desapareceu. 13 ou. naquele modiante do juiz. eu a Ia altivas tinham terrível agitava-lhe o coração. por um aa priarges.Foi sentar-se na sua poltrona. de Grand ieti lhe fêz . respondi intervindo e deixando-me ver. exclamou Gobseck.. que -desempenham papéis salientes eu" d1O1 è sos romances e contos da Comédia Humana. tão brilhante aos olhos da sociedade e tão horrível para quem lesse no seu coracão.as próprias virtudes dessa mulher foram armas par a êle. ??rcrbr"l"t 26) Ronquerolles. .pense corn rosto de anjo governa-a por meio de tôdas as molas possíveis: vaidade. vai ver sem dúvida". os dentes Uo brancos. cujo ináo a unia? dam a. fêz-lhe derramar lágrimas de dedicação."Minhai promissórias serão saldadas."Certo!" . pra zer."ó meu filho!". . kjud tris. com o rosto virado para a vi viu por estar eu no IãO e sombrio do u surário. se para iniffi.Provàvelmente .êsse monstro meira promissória. neste mornentO. Ela olhou_.1O tornou-se Ou . "mas". senho#483 CENAS DA VIDA PRIVADA it" ra .Iuo eu. aristocrata português. a . ia um anjo.exclamou a viscondessa . haveroz In Meio de obter o preço dês tes diamantes". levantando-se e abrindO-Me os braços. soube exaltar nela a generosidade própria do nosso sexo e abusou de sua ternura para vender-lhe bem caro prazeres cr iminosos. o sorriso tão gracioso. dê5te eleg.que não chorei a falta de sorte daquela infeliz criatura. tra vez pálido e calmo. neste último romance encontramos talu e pot% Vandenesse. mal disfarçada. e que era um aa Sra outrora narrado despeltar me " iot.Mas . por Gobseck." . a bôca tão juvenil. exclamou OlaP4 . Ouço rio cor . elo que uando se tratava una honi 1 Loffibadíl11O ci .razo. De redor uni P. . secretária . não me das duas filhas do velho Gor da janela. ti rO. bela criatur 1 1 fato. fê? a de que lhe falei antigamente." . a princípio. em OFui Goriot conheceremos Franchess1111."Sim ." Oru"dO feito pelo carro ao parar diante da porta repercutiu no qua1O"you buscar uma coisa que talvez o satisfaça". a e irando. não." . de Marsay mostrou seu espírito cáust"OO Nso epigramas mordazes dirigidos a Canalis (Modesta Mignon) e ?a Og dOO (Unia Fi lha de Eva) . ete. "Senhor. disse ela com " trêalula.."Possívell" ."E. Era tão bonita dirigiu um olhar de <Jesconfiança par mentava."Justc?. não obstante suas faltas . .: nomes de aristocratas da O* alta sociedade baizaquiana. o qual os examin ava como um velho dom"n""11O do século XVI devia olhar as torturas de dois mouroás "uno funde` dos subterrâneos do Santo Ofício. apresentando-lhe um pequeno cofre. Aquêle rapaz toniaramau. ciúme. nada deve. a voragem social. quatro anos se -para ela um gênio les dois sêres. você me salva a vida! Isso ter-me-ia matado. suas feições nobres e uma expressão convulsiva. OMarquês de R. de Jlarsay.disse Derville. Admirei Gobseck que .55O arist em quem reconheci aquela condêssa. -Se êle tem bons F?* nhôres. e que pareci o Mento. que não compreendeu os sinais que a Sra. Ao entrar no quarto úmido a Máximo." questão entre nós é de saber se as garantias que lhe apresento 5aO suficientes para a quantia de que preciso. estremeci de horror ao contemplar seu assassino. aparece t anto nesse romance . confio . Os dois estavam.Oh1 obi. acres"Oc11tO14 "rcscrvand<)-llle o direito de os resoatar. aquêle rapaz cuja fronte era tão pura.. ocrát1cO. compreende ra o destino daque i .querolleo d6O irmão da Condêssa de Sérizy (Uma Estréia na Vida) e tio da COZI effi Laginska (A Fal sa Amante)." . teve um est remecimento e dirigiu-me ? .re nheceu-me. nessas condiç. uma . Aqu i está uma falha. d o Bra sil. a senh para apreciar-lhes a água. Suas faces pálidas tinham adquirido seus olhos. Murmurava palavras vagas. mente as pulseiras. sobrolhos.em todos os países significa: Cale-se! "isto". depois da paz. "Belos diarriant es1 Antes da revoluçio uni ge valeriam uns trezentos mil francos. contram nas tabernas da província.recI frio e polido como uma coluna de mármore: -Quanto P -ell` <"Cem mil francos por três anos" disse o conde. e velho ao mesmo tempo. a limpidez. A condê tes. pergu ntou o conde batendo OO 11 cho. não em Paris. quantia t? Ela respirou com mais facilidade. Viva embora cem anos.Slln. As mulheres só usam movim êstes na côrte. tomara de uma lente e conteniplava em s ênc o il io OC .seus. tirava-os do N cunient crínio. que -recebem as incidênci3. encaniinhOU-Se Dara ? 1. c ess .Pode vo. ?No da."POSSIv disse Gobseck. menor quan tia pelos diamantes. só Gobseck sabe apreciá-los. na exT)Íração do qual se lrnob. respon . agora. império ainda teriam sido precisos mais de duzentos mil francffi "Nlas. bastaria t -dosarnente estendida. tima de uma apop lexia ao viajante que tenha -bastante aud?c"3 para mirar-se nêles. Belo diarnanteSeu pálido rosto estava tão iluminado pelo fulgor daquelas 9ern2?? que eu o comparava a êsses velhos espelhos esverdeados que se "el i. baixa. movia-os para ver os dia tôdas as suas luzes. . A velha criança estremeceu. está desvalorizando-se dia a dia: so". e a severi conta."111ando operação. e olhát titui um ato qu e chamamos de retrovenda.1 1 . nos quais a cintilação das gemas parecia refletir-s.. z a jane a.visível h " dizia.Ia precisão. os colares. "Éscaru . PÔS Se 5 duro.. minha senh ora?"..1 O luminosas sem as refletir e mostram o rosto de uni horneri` .. tirava-os outra vez. erguendo Sucess9 -Sendo nu. parecia-me que ela media a a legria lhe levava cri" ue eu .compr mantes menos claroz do que os da índia.. . evou os diamantes até junto à bÔca como se ul.1 a por uma. J)tIrante essa . <)mbro de Gobseck. Havia ainda retopor q. u. peMuntei-lhe ?corn -voz dialuantes são "I deu ela. valor sujeito a baixa. . precipWO e f. 1O calhos em cima da mesa. lhavam com fulgor sobrenatural. _m que ia caindo.s. lho pa sesse devorá-los. ?? nção g. Pois viu lOgo que o usurário... sentou-se e voltou a ser usurar . ou antes criança valor. diamantes da Ásia. . nos está abarrotando a praça corri dia. vindos de Golconda ou de Visapurl Sabem. xim o frar. com alegria muizivei. pa ra fazer adereços como êstes. mais criança do que velho. . dirigindo-me um olhar .s ziu . Que água! Serão verdadeirT. . êle examinava as pedras.. e me d lhes o preço? Não. em ceder ou transferir uma propriedade mobiliaria ou . sa?.prefixa4. o "Aqui está uma mancha. br!. senhor .razão". A senhora a freqüen ta?. co .didade do alvez um esfÔrco." Fêz um gesto de repugnãoncia e seck d cos acrescentou: "Odiamante. conve Ontinuei. à posse do objeto em litígio ediante u. o tamanho. tornava a guardá-los.sem rna?nC a ."E daí?". para salvá-la. Ergueu-se.Ao m-esnio tempo que Oros proferia essas desanimadoras palavras. naquela alma de mulher.. que expunha à lu. ria por tempo dete rminado.O. que $. dade. móvel. ssa estava mergulhada num esZ. OConde Niá . nio. . os diademas. Tentei fazê-lo. . eram o seu escríniol pesou as pedras. . tirando de uma caixa de acaju balanças in"t"O* G OB S E OX 483 que? . Por à pri * ~ o rosto d o prestamista oscilava entre . Ineira vista (e Deus sabe como) o pêso dos engas . não esquecerei o quadro que seu blante nos oferecia. JeN4? panóplia um par de pistolas e disse friamente: . me dirigiu um olhar gelado. querida Anast c a. levando o vera o vão da janela a fim de lhe falar em voz baixa. a requisição de um dos seus co#IS4 CENAS DA VIDA PIUVADA legas que. respondeu Gobseck"t4isk" lamente. serei o primeiro a atirar. Aqui. e dos dois carros se terem ido. . "Está tudo alterado. amiguinho. disse êle. . or alegar sua ignorância do fato.. Vamos divertir-nos em tua . perguntei." . "Bem o sei". disse.1` Sorriso que se assemelhava ao de Voltaire. lo . e tu nas veias só tens lama. senhor acaba de dizer-me: M inhas prom " " ssórias serão saldadas. N . "Vamos jantar juntos. "Não redigirei o ato!". aquela ferocidade de selvagem. eu lhes contar o negócio. é preciso antes d nada tê-lo. acresc"1tO11 êle. n certeza." . senhores. constante do próprio doo. a posse equivale a título. d" .. quando.Na N qualidade de insultado.Por quê?. Oconde aproximou-se d ela e embora falasse em voz muito "iz! Quanto a U Ouv : Adeus. er uelldO-Se "e cedendo-rri n lahora.Aquela jovialidade sombria. entre duas partidas de dominói" . Gobseck levantou-se e a dançar repetindo: "Tenho os diamantes! tenho os diarnantesi Que belos diamantes! que diamantes! e nada caros. não terei mais preocupações. apresentando as letras assinadas pelo conde.ora". 9 é casada?". de Trailles viu-se obrigado a gui-la. inclinando-me para ela. seck1 Ego sum papa! Sou o senhor de todos vós1 Integralm en. A hesitação da con. . não podendo.e seu lugar na secretária. "É -pegar ou largar". " Depois de fechada e `?aá porta. e cujo pêso. respondeu-lhe Gobseck. pelo que to do rapaz tornou-se lívido. a trêrnula condêssa. lhas devia ter vendido a Vil preÇO rapaz soltou um rugido no meio do qual dominava a expr "Velho ?patife!" Opapai Gobseck nem pestanejou. Nessas condições. % mais. ex perguntou Gobseck. ento de meus lábios. conversador!". clame i. tô"21a" Protestadas na véspera. exclamou com S. É ouro em barra. ser. o sen. AhI ah1 Srs" Werbrust e Gigonnet! vocês quiseram lograr o velho papai Gob. funciame nte horrorizada."E por ça com vivacidade. disse-me Goborgulhoso. Oitenta mil francos à vista eixarão os diamantesl" acresce ntou com voz surda e aflautaEm assunto de bens móveis. . "Não tive intenção de ofendê-lo. minha bela senhoral" Êle assinou um vale de cinqüenta mil francos contra o Banco e entregou-o à condêssa. OSr. o senhor s eria obrigado a restituir niantes que lhe vão ser confiados em depósito."Scnhor". essa mulher casada. Inas antes de sair disse: "Se cometerem qualquer ind." 111%4 tem de pedir -desculpas a êste senh or". Ousurário endeu. repliquei. provàvelmente. amanhã. serão descritos. ou tamanho. "Faça a retrovenda. ti. * A Uvida p. disse Gopbevolvendo o cofrezinho à condêssa. ou os senhores me ti o meu."A se9eck. ou eu lhes tirarei o sangue. guardando as Ías. -corn certeza."Afinal!"."."d4 rapaz bal buciando. . provocada pela poss e de algumas pedras transparentes. "como custa a confessar. "Para jogar o seu sa ngue. respondeu o Velho. "sua -intenção era apenas não pagar suas le arsa tras condêssa ergueu-se. com U. "aceito a sua oferta..?.dara .11 . s mim. Ela inclinou a cabecor . . " Corro demasiados ris"Andaria mais acertada se se atirasse aos pés de seu espôisse-l-he eu ao ouvido. te pagol com que cara de bobos vão êles ficar.?. "Ac. ção. fizerarti-me estremecer..tido de minhas palavras pelo .dêssa era . exclam"u a jovem dama dirigindo-s e a Gobseck. <."Amem"." -começou o rapaz. "Ahl ah1 meu rapaz 11 disse êle." Gobseck interrompeu-me com sto de cabeça e virou-se para os dois culpados: "Êle tem. a retrovenda será nula. em letras promissorLas. c * uja validez não me será contestada. "you co m?1"ar-lhe a quantia com trinta mil francos. cumprimentou e desapareceu. Eu estava mudo e est upefato. Rece bi hoje muitas visitas: mulhenhecer a senhora areciam rapazes. receber diamantes para vendê-lO5. "o s enhor tem ra4O. "o senhor conhecia minha espôsa. "Você não concebe isso". pode co-n certeza negociar. contran. num fogareiro. no caso. a aquecer.Ousurário foi verificar pelo postigo da porta e abriu para uIU ho" mem de cêrca de trinta e cinco anos." . Repentinarnente. . sua espósa" e Oodioso dêste negócio não recairia únicamente sôbre ela. . senhor".. foi testemun ha da venda." Nesse momento. disse-me êlc."Adeu s.. De resto. e que til ?U desculpem a expressão."Eu nada tinha que ver com o modo pelo 11 1. ]."Então? Conheço sua espÔsa.c2sa. pois ela pode tê-los vei. seres." ."Ahl sim"?" . são capazes de envenenar o di2."E então?" . senhoritas que p lifícil." ."Possível. perguntou n nhor. acrescentou o conde apontando para mini. exclamou o conde.". nha espôsa. guntou.1. onde. re "E COfno "posso eu sa "Enoana-se."-P"sí"el*" G OE 8 E C K horl n?o me corripreende?" .disse ." . e que está mesmo sujeita a várias autorida&s. inover. sei que ela está sujeita à autoridade de seu marido. o wnhor conde. que se a condêssa se apoderou de seus diamantes." . exclamou o. to."Nada de gracejos. Sr.nboritas ." Oconde ia sair."Obrigado.à senhora qu C. Gobseck não cometeu nenhuma falta. disse." . conde pálido de cólera."Sem me julgar obrigado a pô-io ao corrente dos segredos de meus negócios. seus molhos. e o Sr. "há tribunais!" . )II perde leite."Não tenho a honra de o£ efOO1 sen sua espôsa. seus vinhos.éde chegado.Se ljunca tive a hon ra (? Vê~lO?"" "já nos eno usurário."Ela está sob o poder do marido. dirigindo-se a Gobseck que cuperara a calma.O5 . . "Senhor conde". o senhor deveria ter prevenido os joalheiros. que -é Coisa que não tenho. o senhor acaba de comprar a vil preço diamantes de família quc não pertenciam à minha mulher. sem dúvida."O?" ao meio-dia. nl que ela ri O iquela quantia .dido. foram comprados pelo Sr. -"permita-me observa r-lhe que nada me prova que tenha o direito de me fazer repreensões. . "minha espôsa saiu daqui?" . certa manhã. 3Pe" ?c sar daquela cólera.. passos precipitados ressoarani fl orti re or. "Senhor". lembrava o falecido Duquelh. o conde em torn de profunda ironia. só alr. disse êle.ai ela recebera .ntes. scn" sentando-se ao canto da lareira e pondo a caçarola de lata.juba ido receber uma iniportância de uma letra. "Quer almoçar comigo. que deveis -ter conhecido. "É capa z de dar para dois. comprar diama. o porte aristocrático d os estadistas do r?. bomell 1 Ser-roe-ia bem e acaba de sair daqui neste momen. inteDpus-me entreas partes beligerantes. Todos êsses restaurantes com 5M cremes. vestido c om simplicidade. so faubourg. rapazes que pareciam ." ."Cavalhei ro."Possível." A expressão do meu semblant e restituiu-lhe de súbito 5u2 fria impassibilidade."Ela não tinha o direito de dispor daqueles diarnantes.bo." . que. Osenhor m~?q Poderia perseguir G comprador.. sem envolver.. lhe pareceu. " . são coisas que se vêemI" .o_me ber se ela é sua mulher". replicou Go sec r . parceIadamente. creio.I."Senhorl".. "Eu tinha feito o desconto da ietra olhar Inalicio so ao c senhor".. desconhecido que chegava parou em frente P de Gobseck e bateu de mane ira que indicava estar furioSO. . chei3 ."É certo. . Se a senhora condêssa assina promissórias.. inofensivo.. mas não conheço os seus dia mantes." . na minha própri a casa: sou de maior idade desde o ano sessenta e um do século passado. o senhor GoWc " no quarto de in. mais ainda do que para com a minha posição oficial. para que não os comprassem. devo dizer-lhe. k.. rainha presença. por meio de uma circular.o r. Richelicu: era o conde. sem se coa um colega." ."Exato . e pondo café na sua tigela de leite. mais ou menos. de um aa b2tra devia. . sentindo a importância do assunto."Êste senhor que aqui está".. ãe declarar-lhe que os dianiantes a Cobseck em que Osenhor se refere. nem se apressar. Sol" Procurador e tenho o dever para comigo mesmo. disse o capitalista. O conde deve-lhe as . quando mesmo intentassn1?U?Ude"t? . lapso de tempo que lhe Permitirá restituir .d. Omarido não respondeu.o conde entrar no meu gabinete. da venda. ção. conselho-O pro. venha ver Gobseck com freqüê. Onegócio era extremamente equívoco.ndo Ine . custas da ata ". contestando a legalidade desta venda. 1 . exclamou o marido.-lhe que as disso . "Pois bem!"."Senhor". q. o desfecho seria duvidoso."Diga antes. e que na sua liquidação Gobseck se co?mpromQtia a entregar os cliamantes ao conde. juros incluídos.Por minha vez pondi-lhe com uma olhadela que êle compreendeu às mil aravi. Gobseck não teria o recurso da denega. cer ta wanhã. que incidiria cra #I T. olhou-me como se dissesse: .entretanto." . i dentificáveis. cuGs obi."Tem jeito nçarnentos os diaman tes à minha disposição. 4. "Como opor um dique a essa torrente?" .hor.n" cia. reservá-la para um ou dois dos seus filhos. -inasiado honesto para negar que essa venda tenha . riso benévolo. "Que di lapidação!". Após um debate no qual a habilidade e a avidezde Gobseck teriam deixado em suspenso tôda a diplomacia de um con. perante a justiça.NJ 486 CENAS DA VIDA PRIVADA êrro.-nos dizendo: "Terá seu dinheiro amanhã. ser o o conde saiu. . seck é "do realizd. derrubo seu o meu homem... gresso. como se o usurário. é isso o que os senhores chamam um fideicomisso?". "cO" nheço sua história de cor. compreendendo o doloroso silêncio do conde. Gob Ia. JUIZO sua boa fé. Seu procedimento para com a Sra. rença.. Mas. mas.Cesso."êle. dei . "Cavalheiro". um árabe. "tem muitos filhos?" Essa pergunta fêz o conde estremecer. ninguém atira. se é que -. quando minha consciência e ek me o brigaria a confessá-lo. cos. Gobseck que pode opor exceção c. sultá-lo a respeito de graves interêsses. ]lias. Omundo dirá que eu sou um judeu. tivesse calcado o dedo no ponto -doloroso. e es. O conde a. com gravidade. seck ? qua?nd . n uma mulher da moda. Pois bem! atire-se na voragern da 5Oci edade. É possível que queira salvar sua fortuna. AI. principalmente. um usurário. so tomada por empréstimo pela senhora condêssa. desp . mas ao qual o senhor terá sempre de restituir o N. ali?5 dificilmente.OO achar um." PC e tenha un. e. jogue.onado edi dêle. dando garantias quanto ao pagarriento.... Essa mulher é um demônio quc o senhor talvez ainda ame. senhor conde. ror.Que finório! como aproveitou as minhas lições! . . disse-me friamente Gob.1 horneni de bem". Segundo a eqüidadj zão. eis inisterios da vida de iniciou nos terri. pois a mim Inesmo "De comoveu. disse C-obseck.-tos. nava-se urgente transigir. ao qual fará uma venda simulada de seus bens.i. ver recebido do u surário a impGrtância de oitenta e cinco mil fran. tolo como . à palavra tr ansação. seu proveito. eu teria dito a verdade. O senhor terjá% O Sr. COl l" tinuou Gobseck. a transigir com o Sr. pero dar-lhe prov acima de qualquer elog . exclamou.. E sabem disso! Depois. Con sinta numa retrovenda de sete a oito meses ate JJJe?. mo de um ano.. ao assinar.:. Oconde pareceu inteira mente absorto Cin o G O ]3 S E C K 48T . tolo como um homem de. declavenho cOn disse .. não me admira. tenho no senhor a mais completa confiança. mesmo ignóbil. que eu o ar-ruinci! Pouco se me dá! S e me insultarein. consiga um amigo .. eu redioi uma declaração pela qual o conde reconhecia lia.-radeceu-me com um so. perotillt"" dirigindo-se a mim.uns dias depo i s dessa cena que me 3paí." O usurário molhava o pão na tigela e comia com perfeita indi?e. nem esgrime melhor do que este pode criado. o senhor sucumbiria. a menos que ref? prefira resgatá-las -desde agora. perca essa fortuna.. a exemplo de um médico sapiente. A . to. tuna. nem ao senhor. da senh oo procurador à visco ra ato bem simples. . "Queira perdoar-me.. disse-me a pós uma pausa. devo dizer-lhe que receio guardar êsse docutrento precioso em minha casa. 1 a redação da car ta-ressalva. . melhor do que tudo o que eu lhe pud. -pois bernI caro senhor.. "Prepare os documentos necessários para tran e . lhe revelará o homem. mento. não sem algumas precauções oratórias.exige Por seu dinheiro. ou segredos 1-?"tado. respondi. Pode.. mas juro que nenhuma alma humana foi mais forte1O""tc te4erada. o conde.. disse eu. Ik do prestar-me um serviço. talvez.disse de Grandl*ieu est? ridessa. mulheres. em homens. Segundo êle. a mim que era seu amÍgo .%C ser r ? Gobseck a posse de todos os meus bens. mil vêzes. Gobseck é Ineu benfeitor . ti.. Se eu morresse deixanêle seria o tutor dêles. o aspecto sob o <lual a eXperiêncila me mostrou Gobseck. P ondo de parte seus princípios linancelros e suas observações filosóficas sôbre a natureza humana. senhor! Sua franqueza não pode preju dicar nem a Gobseck. j ulgo Gobseck um filósofo da escola cínica. tratei de obter o maior número possível de inforinações a respeito da sivoular personage m à qual o senhor deve seu pôsto"."Meu filho.. -porque raoti." Oconde permaneceu em silêncio. 1?de ter sido corsário.ria legatário das minhas propri edades. conforme o caso.penas tinha cumprido o dever de um homem de bem. fora dos seus negócios. "De acôrdo com o que vim a saber. a f . " Como vê . em favor de uma Pessoa a quem não conheçc . Que pensa o senhor de sua probidade?" . e pareceu muito agitado. que lhe Permitem Proceder na aparência como uni usurário..lhe que seja seu depositário? Em caso de morte. "sofro muito e a minha saúde ins. pelira a me fazer pagar juros tão altos e. . dizer. Só ao senhor me fio. ter percorrido o mundo in?e?O traficando ?rn diamantes. `Mas sua avareza não me autoriza a fazer dêle. ao te direito de crer que nada me devias. Mas continuemos a nosra. entra. um retrato parecido. no momento em que alcançar a maiorida4. a quinze por cento"." Per9ti11Lt? 11t1rnento . Pequeno e grande."Opapai Gobseck".me t er receio de lhe confiar essa carta. est ou In urriarrente convencido de que. . pela qual êle declarara que .. A afeição de meu filho pela mãe faz.. Não esipero encontrar um anjo num prestamista mediante penhor. pira-me grandes cuidados.Essa r. Agora. que se . não lhe a feição de um benefício completo. o paganient o -de u mente ante o conde e respondi sa história..tenho recebido. e assumirá o compromisso de restituir Inill? vet. como associado nas eMprêsas e especulações lucrativas. senhor. disse-me o conde. Eis aí.. acre scentei rindo." " . quertii..."Minha deci são está irrevogàvelmente tomada" di . s enhor. Um capit alista é a seu modo de ver um homem que. melhor posta a prova." . da é simulada. par. "está intimamente convencido de um prin£ípio que domina seu procedimento. Não será demais pedir. ra"15 delicado e mais Probo que há em Paris. Dêsse modo tudo ficaria previsto. por antecipação. administrada por êle como êle sabe administrar .ao moeu filho mais velho ." . dispensei-te da por isso somos os melhores amigos do mund " gratidão 1 t " . Isse. Gobseck o constitui. durante um mo. . Há n?êle dois homens: a?arento e filósofo? dO filhos. é o homem. No dia em que lhe #488 CEN-1. o dinheiro é uma mercadoria que se pode.io. pelo elevado juro que .. vender caro ou barato. Inclinei-me respeitosa que 2.s3 DA VIDA PRiVADA levei a quantia que saldava meu débito para 1Om êle lhe.." . Desgostos recentes perturbaram minha vida de modo cruel e impõe a grande resolução que tomei. senhor"."Senhor conde". Nada sei do seu passado. com plena tranqüilidade de consciência."Fale. . "Você terá na sua 311ce"54" um excelente negócio. Camila de Gran rville . disse-lhe. . de quadros ap dieU compreendeu a mãe e saiu. SP loucura.. Correm para êles. "permita-me. .o conde está para morrer?" Perguntei. o conde ""]aos as únicas lpessoas .. .Três meses depois da ratificação das vendas autorizadas em benefício de Gobseck. não o reconheço."Possível". minha filha...a cuja rias os limites . "Explique-me. na carta-rc."Ção q.Cavalheiro". ." Acompan hei-o até à porta do meu gabinete e pareccu-Oe ver suas feições distenderem-se pelo sentimento de -atisf.5 rnãos as mulheres devem infalivelmente cair.. . se a sorte dêles não fôr fixada. observando-lhe que pelas medidas toma das o senhor deserda completamente seus . ??oZ pre. vai jnterrornpendo o procur cOn .A rD ador. ao caiDP" contradança. Ernbor a fôssem êles sómente filhos da mulher outrora amada. respondeu Gobseck.Vai. os procur adores são arrastados por uma corrente que não lhes permite conceder aos negócios de seus cli entes senão o grau de interêsse que aquêles mesmos lhes concedem. que são árvores f amosas. . o Remorso e a Nfísér13 C.` vens senhoras se precipitam num abismo. nem predicadores. Se o estÔmago é bom. faz dos seus nervos uma especie de molas de aço que "e dobram sen. ao sair da mesa.. sem que eu recebesse a carta-ressalva que me devia ser confiada. se deixam sempre matar por êles. outros filhos.Pode dizer-lhe o nome. Quando um homem chega a conhecer a vida à fôrça de lhe ter sentido as dores. Têm o seu norne. . 1cO`. "Há excelentes motivos para isso".. sob a fé de um s r OO" por o r15 . em primeiro lugar. entretanto.Olhei o meu homem e disselhe Para sondá-lo: "e eu .Seja . Em Paris. avoran tes. hok decaída. pel o conde.Decorreu muito tempo depois dessa cena. salvo certas exceções que sabemos fazer. É uma dessas almas sensíveis... de Restaud.disse a vi?. pobre Dervillei . "Ogen til-homem está para morrer.concordou o procurador. um dia em que o usurário jantava em minha casa .-disse a viscondessa . "teu coração. agradecer-lhe a confiança que depositou em mim.. . transpOcrn 2O1na inha pobre Carnila está morta de sono. Mas os jornais são inil vêzes mais. nem são mães de famíum pouco longe derriais. interrompendo-o ulga então que minha filha lê jornais? Con.. Fixaremos o quinhão dessas crianças. um hom em 1"? "s"nl Preparado deve viver tanto tempo quanto os cedros do Líbano.disse após um aa pausa." Essas palavras fizeram o colide estr emecer violentamente. . ?pergtmtei-lhe se não sabia porque nunca mais eu tinha tido notícias do Sr. Camila . à.s vezes. trés IN . . para conservar-se puro e virtuoso. um passeio .disse a viscondessa.Eis aí. para promov er espantosos desastres.. sua fibra corrobora-se e éle adquire certa f lexibilidade que lhe permite dominar a sen..o senhor foi iqeu caro De uradores. que não conhecendo o modo de matar os desgostos. J n xinua . por leviandadel A Vergonha. Algumas lágrimas assorriararn-lhe aos olhos e me apertou a mão dizendo: "Não o conhecia ainda colli" ines o tempo ale _ m pletamente. um ofício que nos devemos esforçar por aprender.u " lhe causava aquêle ato de justiça. . a sunçosa da vaidade. por que motivo.. os proc ]i. o Conde de Restaud. pois. Basta. uma ária cantada ao piano. A vida é um trabalho. têm. uma vez que minha filha já não está m ais aqui .. Osenhor acaba de me causar ao gria e tristeza. direito a uma determinada existêncilDeclaro-lhe que não aceito o encargo com que me quer honrar. não precisa dorinix. Entretanto. Mas devo justificá-la.. respondeu-me. . síbilidade.disse a viscondessa. se quebrar.salva.. do orgulho. O13 S E C X 4S D . . . ças. até ne el ainda de que o fizera então.is desfavorav do Iu ue se "lu . nas suas maneiras. e repele todos os cuidados.té mesmo um crime. indicando-me com . por perceber que enveredava por um caminho errado. rios seus olhares.rnpe. interr." Por ma? que eu olhasse a condêssa. e os detalhes que a perspicác ia de Gobseck ou a ini-11h" rLie ram adivinhar." . uma poltrona vazia. t_ bem ocultar suas paixões. d e Restaud não quer ver ning é guém.? ditar disse êle * Conquanto essa resposta me permitisse acreque Gobseck não abus aria de sua posição. ção. se a carta-res#49O CENAS DA VIDA PRIVADA salva se perdesse. Os desgostos já lhe haviam des e 1 " as feições.. eu tudo temia da p3r1e dela. sua avers. sem dizer palavra. houve Igar a mulher de moue -permitiram ao conde jul? sua tável e q ? . senhora. que eu fale com o senhor coInde-" . A partir do momento em que o Conde de 1?est3"à G O33 S E C IC 491 u. hão de Prazeres e querer dissipar ou . veio ao encontro e sentouse. you contar-lhe as cenas que terminam esta aven-tura. ela se levantou bruscamente. Os doentes têm caprichos tão estranhos! são como as crianças. repliquei. entre os dois esposos cenas. desta vez ela não corou e iparec eu-me ter-se firmado na sua resolução de não me deixar desvendar seus segredos. .-Mandarei preveni-1O d" seu desejo de vê-lo.. não me deixaram dúvidas. a.. Logo que obrigado a acamar. maior importância."Só se o senhor tiver mais sorte do que eu". eram tudo o que restava para atestar sua ibeleza. não sabem o que querem. para dar outro rumo à conversa. o ril-in i para um salão onde a condêssa estava brincando con. as linhas maravilhosas."Talvez que. Seu rito. respondi co m firmeza. sen hora... junto ao fogo. como as crian." 1 cara impenetrável. que meu procedimento não é indiscreto". "Nada se opõe a que o senhor se dirija a iniril.." Mordi-me os lábios. resolvi ir visitar o conde.. "é impossível." . sob a qual as mulheres da alta roda sabe<l.?o pe la con. e C.. continuei. A condêssa aproveitou logo meu estouvamento. dificilraellt. tolera que o médico o venha ver. que se revelava nos seus gestos. "OSr. saímos.1. do-me. minha senhora. disse.pelas quais o senhor se interessou?" Orque ""Ocês foram as únicas que se fiaram em mim sem sub111r1úgiO5. Os filh os. o ar que ela tomou para proferir essa frase. e até na ento nação de sua voz Deixei-a. ".Una. que o conde permaneça perpètuamen. de Cobseck. .baseia-se em interêsses poderosos. Fizera regóci. " Meus interêsses não estão separados dos de meu marido". -?V" r escen. wergulhar rium turbil . "Deve compreender. que antes constituíarj fflere?. Pretex-tei un." . Conversei Inn "ns* tante sôbre coisas indiferentes. " Otorn cortês. Êsse sentimento provinha de uO3 visão do futuro. ac erTIFOI tando-lhes as circunstâncias que me foram reveladas Pelo r file. ouvir anunciarem-me. cujo seglêdo ficou $11O ."Tem o filho mais velho junto dêle. êles saibam perfeitamente o que querem. ra. Porque não dizê-lo. Mas". compreendi que n ull"a me permitiria chegar à presença do marido. a fim de poder observá-la. disse ela. Inas. como tôdas as mulheres que ado taram um plano.. . te sózinho." A condêssa corou Quase que me arrependi de lhe ter dado aquela respos ta dign. Rev estiu o rosto com ."Onegócio que aqui me traz concerne exclusivamente ao senhor conde". sabia dissiniular com aquela perfeição que nas pessoas do belo sexo é o mais elevado grau da perfídia. ? 1é os meus. Cheguei em s eguida à rua do Helder. necessàriamente. de Restaud vendo as terras. então. Longe e perto dêle. compreenfortuna do casal..doeceu e q . senão no momento em que recolheu a triste messe semea. depois da morte do marido. traçara um círculo mágico cs. se lhe faltasse Presença de leito espírito. nos cofres de um inotário. não lhe eram elas ditadas pelo arno. Assim é que aquela mulher rechaçada de ern de sofrirriento onde gemi a o espôso. À noite mandava colocar ali uni leito e não dorAquela dedicação pareceu admiránila a maior parte do tempo.. os quais atribuia a .rden. espreitava a morte e a f ortuna.O urna . Dizem que por muito tempo ela resistiu a dar sua assinatura. a de~a e PC o e quando t . pelos têrnios de nossa lei. É possível que não tivesse conheci ido o valor da virtude. possuir um documento qualquer que desse ao filho primogénito facilidades para recuperar a parte dos bens que mais o interessava.. com lágrimas de sangue. Sabia. o Sr. ?ltimos filhos se manifestou. Algumas devotas achavam mesmo que ela assim re sgatava suas faltas. perseguido um tanto vivam pela Inglaterra. e "ePresentava tão bem a dor. a qual. A condêssa acreditava que o marido estivesse reduzi ndo a fortuna a dinheiro e que o pequeno volume de cédulas que a relo presentavam estivesse num esconder:j . a respeito da qual Gobseck até hoje graceja COmigo. repudiada e todo-poderosa. tendo a idade dêles lhe permitido alcançar seu fui.cri. consegUir que lhe quises sem. de onde podia ouvir tudo o que dis"es"e. as propri WO1nO o palacete em que residia. submetendo-a à sua espionagem de mulher. materno e pelo desejo de reparar suas faltas para corri os filhos! E. sórnente êle poderia ter informado a condêssa das sugeridas contra el a. do marido. de Trailrovàvelmente. as faltas de sua vida passada " c PIN Po i r mais odiosas que fôs sem as medidas que tomava para r"eco. sofria um interrogatório inquisitorial a respeito de quanto o conde houvesse dito ou feit o. seu quart tão perigosas que o médico instou Uar . a exemplo de muitas mulheres que atravessaram as tormentas de uma paixão. Tomou. Tôdas as vêzes que o jovem Ernesto saía dos aposentos do pai. Ficava o dia inteiro sentada no salão contiguo ao quarto do marido. Segundo os seus cálculos. Confesso que não me posso furt hor mel um sentimento admi rativo e de complacência por ar 1 . sonegara-lhes quadro de N o seus mandos. precauções secretas. de Restaud. Reinou assim despóticamente e m sua casa. Omenino prestavase complacentemente aos desejos da mãe. P Lente pelos credores. OMais severo censor podia deixar de reconhecer que a condêssa extrernava . vel. viajava. no que dizia respeito à nIãos de Gobse a personagem fantástica de um papão. que chegou a obter uma espécie de "elebridade. quistar a fortuna do marido. e não obstante o conde a obteve. to da maternidade.27 N aquel a . be m como todos Os seus movimentos. passar sucessivamente para as . de Restaud manifestava por ela.cia provocou crises . OSr . ~ es do marido. a resolução de estabelecer em tôrno do quarto do marido a mais estreita vigilância. talvez experimentasse a necessidade da volta à virtude.aquela mulhe. ésse "a dedicada na aparência. que reconhecera a baixeza de Máxinjo es . no fundo do precipício de areia que #4?)2 CE-NAS DA VIDA PRIVADA soube arredondar em espiral. tendo-lhes ademais dado e mais brilhante educação. A morte do pai tinha sido. com a esperteza própria às pessoas pérfidas. as intenço deu. de Restaud devia. Mas a condêssa tinha sempre presente a mi"élia que a esperava .ôtór"( dêle. Idólatra dos filhos. por Gobseck ao Sr. época. senti. ou talvez no Ban co. A colu a condéssa para que não edade s da família e Sra. pois.ck que parecia r ealizar. a condêssa. conio "lsctO do campo que. sobedien infringisse as o. proi1jindo-lhes en a lo dois 1 entaram iludir essa ordem. para ela. 112.. disfarçar ` "ePugnãoncia que o Sr . da por seus erros. aí espera sua inevitável Prêsa? vindo cada grão de areia qu e tomba. diziam. les. era indispensável para tornar valida a venda dos bens. demais.. Conquistou a boa vontade do médico. " .-C . valer. Quanto a ela. ""I. Enconadve ros is inimigos. pois que não deixava de estar inquieto sôbre o destino da carta-ressalva. a mesma lucidez de espírito e Uarri-se.que existem certos fenÔmenos morais que não damos a devida atenção na sociedade."Eu ficaria à sua mercê". fÔsse embora alta noite. Subornei então um dos criados da casa e consegui dèle a Promess a de que viria prevenir-me no momento em que o patrão estivesse a ponto de expirar . adivirlhOu que se eu era o homem no qual o marido depositava confiança. compreendi súbitamente a causa da CIn p~nça. assim. S e pudesse. mas por ês`se Incio obtive Odireito de fazer apor os selos judiciais p or mort? 4O conde. cujo relato lhes poupo. ?para me dorninar: fracassou. dotada pela natureza d as qualidades necessárias para exercer seduções irresistívCís. em torn de confidência . a que ela sentia por mim. altiva. ao declarar-lhe que de qualquer forma que ela se houvesse. ela me aniquilaria. que julgou ver em mim . embora disfarçasse seus sentimenanjipati Eu tos sob as mais graciosas aparências da polidez e da afabilidade. para certos caracteres. era un.o ministro das vinganças do conde.. nos quais as ipaixões in?CIOS ora. sempre. e entre ela e Gobseck se entabulariam processos intermináveis. se fÔsse"?m necessárias. za de que êle jamais restituiria os bens à condêssa. resolvi salvar aquela família da miséria que a aguardava. Quando me despedi dela. e antecipava-se a tôdas as perguntas. eis aqui Os meus Preparativos.um sentimento terno. sentimento que. disse ela. Separamo-nos inimigos. às vêzes entre do n tre dois amantes alestino der de visão intelectual que existem cri ~ um do outro. pois. acender o amor em mim. assustando a condêssa com a ?ni`?Ça duma . Deixei-lhe. confiante. Decidido a praticar irregularidade s judiciárias. e eu sentia -piedade por ela. Tenho notado. A condêssa.. interrompendo-me co m um gesto de desdém. quando nos vimos tem o coraçao que a condêssa e eu.lapso de Bal?ac Poil em.. equivale à mais cruel injúria. Assim. [. . carinhosa. sur preendi-lhe nos olhos uma expressão de ódio e de furor que me fêz tremer. a OB S E C K 493 . um terror profundo no espírito. para Poder assim intervir súbitamente. Minha visita foi um rai o de luz para a condêssa. mente observador. Quis prevenir todos os desas. ficou nas minhas recordações corno uma das lutas mais perigosas que já travei. como" Por ULIO ad iante veremos no decurso dessa mesma narrativa de Derville. de ínterêsse de que tenho tratado. de Restaud . com renovada surprêsa. para alcançar meus fins. minha senhora . se caísse na s mãos da condêssa. tentou mesmo despertar minha curiosidade. eu desejava veementemente ter uma conversa com o Sr. A condêssa -naturalmente ocultou o processo. Estabelecida entre nós a questão de modo tão franco. verifiquei . "Se pelo menos eu visse o senhor conde. MO &sse trecho se poderia depreender que Gobseck ainda está vivo. de Restaud por i`ma soma fiticiamente dev ida ipor êle a Gobseck. mostrou-se alternativamente malcável. Vivamente. . . exam ino com espírito de análise ítivollintá"11) Os 27) a respeito da qual Gobseck até hoje graceja comigo. f icaria irremediàvelmen. ainda não me havia entretanto entregue sua fo rtuna. os bens de seus filhos. são quase sempre reciprocamente adivinhadas. cuJ" ação só podia ser exer cida por mim. esta podia fazê-l. ComosO11 "r . e obtive sua condenação.Ções secretas e as idéias que povoam o esipírito de dois "iJe . Eu conhecia suficientemente o usurário para ter a certe . além de que havia ri?" merosos elementos de chicana na contextura daqueles títulos. e resolveu não deixar que eu me aproximasse do moribundo. Impelido por um pressent imento sinistro. confidente inipôsto. Êsse sentimento transpareceu na s últimas considerações que lhe apresentei. êle inorle" dias antes. tres possíveis e fui uma segunda vez à casa da condêssa.. e é impossível que uma mulher tião odeie um homem diante do qual é forçada a corar. creio.disse Derville à Viscondessa de Grandieu.te arruinada. Nossa conversação. Fiz processar o Sr. á_lo imediatamente C traga _ara . 1 ex . cretáría e as cadeiras estavam abarrotadas com os objetos que 1 doença torna necessários: fra scos vazios ou cheios.lh 1 N r?1 que se ram. cobriam os objetos mais delicados. as persianas estavam fechada? e a obscuridade a centuava o aspecto sombrio daquele triste locÊ O doente emagrecera consideràvelmente. poeira. sózinho. a%-a Co`r quarto que juloava ser-lhe dedicado.. o quenta anos apenas.?r? Vá busc . no seu quarto. Aquela extrema apatia estendia-se a ju(? o que o cercav a: os móveis do quarto estavam em desordern. disse êle coni uni terriv sorriso.contemplava dolorosamente. ainda se conservavam brilhante5. onde a viã parecia ter-se refugia do. "tudo está aqui e no coração!" E depois de ter 3[)Orit2. o. mas que de fato Cs ?c13n1ou 11D 1 .1?_ imediat? niodo a apos ção dos selos judiciais. meu pai?".? dez de seu rosto tinha algo de horríve l e era ainda mais realçaà pelo comprimento extraordinário dos cabelos que é. Seus olhos. tos daquela mulher. nunca dei. bilitara lenta! seu corpo e seu espíritc. com um gesto que fêz Ernesto chorar. se lhe fizesse a cama.redos de alguns interiores como aquêle.. Tomado dessas fantasias de do n singularidade parece inexplicável. Mauricio . a Se. o senú. Uma doença mortal de ."Sen 1 ibrI pode . pletamente do lado da condêssa.. xara cortar e que desciam em longas mechas lisas pel. . êle se opunha a qu e te" n C Se masse seu quarto. certa manhã.. . jos. as teias de aranha. A li. 4. do para a cabeça.por quc .Iltar. trora rico e de gôsto apurado.end. o deso 5 apagava todos os sentimentos humanos naquele horn<?m de cil? N . comprazia-se agora c om o triste espetáculo que lhe oferecia aquela peça na qual a chaminé. mpreender Nt 1. quase todos si. mento da destruição estava expresso em cada detalhe daquele caffi desgracioso.. permanecia d.. . suas facN 1? ô to As=elliava-se aos fanáticos habitantes do deserto.. A morte aparecia nas coisas antes de invadir a pessa O conde tinha horror à luz do dia. e salvar por Os larnentos carta-ressalva.. mas que puderam permitir-lhe co e enfaclonh o. resignado à sua sorte."Não!". Vim mais tarde a saber que por entre do marido agonizante. i"nclusi. Q. um aquecedor junto à Lreira. os do seu marido e que lhe de os Soí. dos planos que se formam. -que estava sentado nos pés da cania e que Z. . recusava todo e qualquer cuidado. . pratos quebrados.. ?co.seu filho Ernesto. " . perguOtou-lhe o jovem v isconde.não ocurador e -o aqu pr.ínhas or s eu in . roupas esparsas. o Conde de Restaud. "Como.kI)A circundam idéias1 E um leito mortuário. "Sofre njuito.. éle olhou P313 . das trarnas que se e xemos agora de lado êsses de talhes bastant Urdeltt natureza.. eraciO 1 o moribundo que se sentou na cama e pareceu ter rCcuP co pic?nça de espírito. do de le ao Cr"3 niotivo o Sr. que Paris conhecera tão brilhante e feliz comêço do mês de dezembro de 1824. . aquela mulher estudava o cóQue quadros pavÓ " rosos apre sentariam as almas dos que #494 CENAS DA VIDA PRIV. comprimiu com os ci--dos descarnados O " Pe"tO descarnado. Fazia dois s. "liá sete ou oito vêzes que eu o nian a o 33 S E C K 495 êle não veio? Pensa você que me . . levantarei e irei. é sempre o dinheiro o móvel das intrigas P. se fôsse possív. Derville não vem?". perguntou e . uma banheira cheia ainda de água medicinal. que nunca me"tistel tenho certeza disso. um dia."Posso contar contigo?. Ouve. "Ernesto. ao conde . teu pai acaba de falar-te."Que disse êle?" . já és 1 iá tens bastante discerniniento para perceber ç." .." foi a q Acrescente que o c -u estado . depois sairás escondido e o colocarás na caixa do correio que há no fim da rua..den air do quarto.p. mas tens bom coração e compre enderás corri certeza a santidade de uma promessa feita a um moribundo.Meu nat.. Antes de sua d "? nunca percebeste que êle quisesse mais a ti do q ue a Paul Oen? "na e Jorge? Tudo nêle é caprichoso.ondêssa " não? Que que o s eu encarregado de negócios de disse. não há nesta casa mais pessoa alguma em quem eu possa confiar. . r. hora ouviu o que o senhor cuO3P .to.1 que existe entre nós desapareceria em seguida.. lho"."Não o posso repetir."Sini.devem esquecer. Sentes-te capaz de guardar um segrêdo.ue #49O CENAS DA VIDA PRIVADA 1-2u pai me repele. mamãe.. e ficarás sabendo quanto te quero."S im. és ainda muito criança..rão aquela resposta desesper to agitado_ ." . exclamou a condêssa. niamãe. a(?dj". meu Ernesto. 1 con volte e diga . -nole d teu Querem privar-nose fortuna e apropriar-se dela. repetiu êle por várias vê. é pois sabes quanto o amo. . à O OB S E C K 49T r.Omédico na .es? -só tenho confiança em vós. po."Pois beml Ernesto." Ernesto saiu e deparou com a mãe de pé no salão.. poderia sugerir-lhe a idéia de te dar ordens para que as ex." . meu filho.. Porque -1 C C ouviria.por causa de uni Processo muito "ri culli dor uarenta léguas daqui stãc esiperando no fim da semana. compreenderás a im?portância dêste segrêdo. Mas sua razão está alt erada e as prevenções que tinh_ tra mim tornaram-se-lhe uma idéia fixa...A -di.. *. são dois princípios que nunca F-. -como tua discrição me faz feliz! Nun"a raentir e manter."Algumas vêzes menti. Assim. meu pai.déssa . meu pai. "I" querido Frnesto c"3s ante as quais ."Não. prova do dese uilíbrio das sua f IA -1 um aa rq s acu a es. tu o guardarás de maneira que ning uém saiba que o tens. mamãe." . o seu pão. "Ernesto". disse a condêssa. érro. carinhoso. beijando-c com elltusiasm o. havia de reconhece. efeitos da do."Sim.. meu anjo. beijou-o.pensou a tante . Deixa-me só por um momento e não permitas que quem quer que seja entre aqui. faltei à minha palavra em circunstânb"tauit4? gralIde cedem tôdas às leis."Oh1 meu querido filho". "essa desgraça é t insinuações. e como êle é bom. com o fim de satisfazer sua avidez. meu filho. fazes com que a morte me s eja menos amarga. sim. Daqui a seis ou sete anos.en . Sim. Se teu pai gozasse saúde.Meu Deust Meu Deusl". chorando. não quer meus cuidados.Oh! como és bela. e então serás bem recompensado por tua diligência e fidelidade. de modo que nera a tua própria mãe suspeite de sua existência? Hoje." . uma espécie de 1O1..inj que foi à casa do pro. A ternura que êle tem. tasses. o criado de quarto foi levar ao Quan adora.se fiel à palavra dada. a uni pai. daqui a pouco eu te entregarei um pacote lacrado que pertence ao Sr. e na. . Não trairás a minha confiança ?" . não?" "Sim." . de enterrá-lo em ti mesmo. diss e ela. meu filho. . mamãe! Tu.c.. o moribundo mostrou-se muip. ç p CÇ Oque êlO tem por ti é %."Vem abraçar-me.. Derville.disse devo fazer? .e éle esperará a ente o conde alcançaria o dia seguincof . " -Contemplou o filho durante algum tempo e por fim disse-lhe corri voz enfraquecida: "Erne. "ft tua mãe mendigando. "vem SentOu-se e puxou-o para si. Se não queres arruinar tua família. e apertando-o com fôrça ern braços.ra declarara que dificilul do duas horas depois. comO uma indige . meu pai.se iludem sôbre o se Poros doentes sempre volta dêsse homem. rir ^ criado ao s 11 "U. Pessoas maldosas procuraram separa f"1tO d < r Nrl e . com o rosto metido no "O1chão.cri3n" ças. as criançasl" .ócios nos dá. farei tudo Oque quiser ordenar. rOpondeu o conde. deítou. seja inflexível". Quando o menino. em presença do morto. rIão tenha piedade de mim. que. A condêssa adivinhara Pensamento do marido. in.nt. "mas e as cri3nças? Condene sua v iúva a viver nuni. já me$m tão sêco. quer ainda perturbar a minha inorte. A condêssa atirou-se aos pés daquele moribundo que as derradeiras emoções da vida tornavam quast hediondo. el a está rezandol.. beijando os pés úmidos do ritarido. queT agora devorar a minha e do meu filho?" . tendo aberto a porta. e onde encontramos as tre quartO viam passar a noite junto ao corpo.-Pois seja! sini. Assim que o conde expirou. acaso.o fulminada de estupor. 1O." . perverter o espírito do meu filho.. ao ineu encontro e disse que a ri conde. descuidadamente atirado como um dos envólucros que jaliam no chão. à sombra da de?ordem cheguei con1 P neia-flO1t1 -nos até o pequeno salão que precedia o .. Faleceu à meia . correu para ela e gritou: -Marnãe. Seus membros rígidos e inflexíveis davam-lhe um aspecto grotesc"nwnte horrível. Eu me sentia demasiado coinovido pelo sentimento que brilhava no rosto infantil de Ernesto.. Ocadáver do cónde estava contra a parede. Os soluços impediam-na de falar e sómente palavras vagas.. a mulher forçara tôdas as gavetas e a secretária. Passei os olhos pela cama e com o instinto que o hábito dos nec ". "Depois do que diO nior. fazer dêle um homem viciosol" gritou ?êle com voz rouca. Os o -noite. .iu q ue nos dirigíamos para a porta. m. tudo apresentando a marca de suas mãos audazes. Seu marido estava tão delgado e pí. convento. "Depois de ter cumuà. "Não entrernl-. num gesto de desespêro o braÇO descarnado para o filho.consuinira-1h cena da inanha apai Gobseck. to as horas depois perdeu o conhecimento. a condêssa ficou de pé. com os olhos flamejantes. arrei?C?" didal" gritava a condêssa. p"" expiar as faltas que cometi contra o senhor. feliz caiu .hora tia :I regela-mel. aliás. piedade de mim?". quase riu.re dois padres que de iãe queria estar só no quarto do .. a Ernesto. enrnortuário. ." Gobseck pôs-se a rir. saíam de sua garganta que ardia. parecia estar escrito no úlLiu1O gestO. sua atitude e sua agitação fiz ram-me supor que acabara encontrando os misteriosos 1 papeis. "Piedade! piedadel" exclamou. obedecerei.? disse efbundo que derru bou a condêssa agitando o pé.?? disse êle com admirável expressão no torn da voz e no gesto.. disse ela.. mas que as crianças sejam felizes1 Oh! a s. atônita. "A . Que espetáculo se ofereceu aos nossos olhos1 Reinava no quarto um a espantosa desordem. deixando o tapête em tôrno dela coberto de dest roços. de roupas. para partilhar da ironia do avaro. . tão descorado como um esque leto. Descabelada pelo d2sespêro. s crianças chorando. que parecia ter saído do túmulo.. alguns móveis quebrados. Oagonizante devia t er. que ficou imóvil e eD. aquéle riso inudo que lhe era peculiar.. Aquêle grito surdoo produziu um efeito terrível na condêssa. . troduzirr1O . acrescentou êle corn uma indiferença que tinha q de terrível Foi má filha.. perguntou êle. má espôsa e será uma mãe O153 desinaiada...ram adrrmistrar e as fôrças que ainda lhe restavam. deves dizer a ela tudo. "Deixei-a dilapidar s ua forturta."Não tenho mais do que uni filho . atreve-se a falar em arrependi m en to!. aqui estão uns homens de prêto à tua procura!" Gdbseck levantou a criança como se fôsse uma pena e abriu a porta.."Perdão! estou arrependida. o moribundo voltou para o lei"ler o . . Confusão horrível de ver. adivinhei t udo o que se passara.. no ineio. .Ue reinava."Teve a senhora.. A. na convulsão dos de O travesseiro tinha sido atir -dos encurvados. Se sua ibusca fôra de comêço vã. lid o. e derramou uma outra torrente de lágrimas."Ahl ahl" exclamou Oemde que. iricoe" ren tes. papéis.cio. panos amarrotados. estendendo. pastas despedaçadas.-lhe os sacramentos. apresentou-se de súbito. . escondido a carta-ressalva sob o travesseiro. êle também nada mais era do que um envólucro. como para preservá-la de qualquer tentativa de subtração até sua morte. quase de lado. do minha vida de desgostos. Ernesto. com certeza. mesmo tempo apressá-lo 1O2O2 P3O . . "Não! Não! A desgr aça é o """O mestre. -não acha que deveria auxiliar Ernesto.ida de grão-senhor.bseck. constrói granjas. seus filhos."n?Pre"s?O do ado ao chão. o velho disse-me com tôda a calma: "Pretende o senhor fazer a condêssa acreditar q ue eu não sou o legítimo proprietário dos bens que o senhor coo. senhorl" ex. . via talvez o cadafalso e sentia o ferr*o X4 11 sa do carrasco. clamou ela . ao qual a mãe inspirou aversão por Sr. des ti que$ consciência atormentada e o pavor irreprimív. Ot.12. . ainda 111O queimara. -a senhora arruinou seus filhos! esses papéis era M 5% títulos de propriedade!" A bôca da condêssa contraiu-se cozijo ela fôsse ter um ata que de iparalisia. disse-lhe eu. . esteja de pestaud.ra. pois que o jovem .t. Ah! senhora ": se eu retirando da charniné um fragmento que o fo?o . Ao nos ouvir chegar.. seu inandato. to dedica conde está próximo Filic-4 . "está vivendo uma vida heroicasagrou-se à educação dos filhos.nua riau. Um golpe de clava que me tivessem apl icado de repente na cabeça Érião me teria causado tanta dor e surprêsa.. sem poder dizer mais. Depois de uma pausa. a desgraça lhe vai ensinar o valor do clinheir. o? o dos hc" nse mens e o das mulheres. de Ine tornar por conselheiro. velho é um tip o encantador." ."Auxiliar ErnestO exclamou Go.. Gobseck seguiu-me. O do se tornar um bom pilôto. porquanto pela leitu ra das primeiras dÍS."N"I. . e fitava-nos com olhares desvairados.. 5 pala." . . "Senhor. vai passar os serões nas propriedades rurais faz %."Pos sível." . vendo-se ainda nêle P"N1 lacrado etupé da condêssa.. Gobseck alugou o palacete & 1 conde." Saí."e. sem procurar explicar-me o sentido de suas palavra O B S E C K 499 quoto O. iç? testamento os privara da fortuna.. po. Que navegue no oceano pariste -. A 1. A condêssa notou o olhar indeciso que eu dirigi ao usurário. vários pontos com as armas do conde. on. vi um t?Pidame. diante dela. Carnila. t? ssZ que eu havia provocado em favor dos . gando."Osenhor tem um fideia comisso?" perguntei-lhe. es?rada 1 5. de me vendeu? Faz um momento que esta casa me pertence"."Será capaz de abuw docrime praticado pela senhora?" . 4. 4 . ." . t ado por ala crime aos que o praticam tinha-a privado da rcfle" % tir-se surpre endida. fui na seà casa de Gobseck para informá-lo do amor que b1111 longe ada à Srta. . a conde. e quis por isso. p13?? árvores . e ac. ]til."Possível. mesa de mármore. dirigiu-me um dêsses olhares profundos com que se sonda os corações e disse-fix "I i com sua voz aflautada.. . 4 J" nha-os atirado ali.C.& cuja exclamação nos deu a impressão do rangido que produz um candelabro de cobre quando o empurram por cima de um."Certo. as cO"t"".ez Gobs. que educa perfeitanien 1 e. condêssa". apanhei-o urna inscrição indicando que o conteúdo devia entrcZuc. "Hé! hel fi ..j. deixando a co eclêssa sentada junto ao leito do marido e derramando lágririlas ardentes. a seus pés. que emitiu sons agudos: "Tu te metes 1 julgar-me?" Desde então pouco nos vimos. nós lhe daremos xei-o. separeime dêle. conserta moinhos.?l inspirtr"í_"c` . C 1. A mulhe r esperava nossas primeira ern b4 . a. Quando chegamos à rua. mas o homem veio para o meu lado.()lhei fixamente para a condêssa com a perspicaz #498 CENAS DA VIDA PRIVADA severidade de um juiz que -interroga um culpado. Um dia encontrei-o numa al amêda das Tulherias. lareira devorava os papéis . naioridade. Nada fôra inquilino e deixava ti conhecia tão bem. a d oença que o devia levar. Os móveis que e Zesseis anos. P4 sôbre as -quantias das quais lhe era impossível assenhor de O4k disso. prontaii ia de suascrite Por essa forma os presentes constituíam um aa espé. e preenchia junto a êle as funções de enfermeira. casada com um inválido que cuidava do cubículo.. com os quais dividia os lucros `ii ter tido necessidade de entrar com dinheiro. até as libras de vela das o pe5% escrupulosas. velha amiga minha. continuava sendo a arrumade ira da casa. 8?andes Comoliquidatário Gobseck sabia parlamentar com os 28) "p"`OPrietários que.t. fazia deniudado no seu. fizeram com que o nomeassem membro da comissão instituída para liquidar seus direitos e repartir as entregas feitas por Haiti. d . dro. Não obstante seu estado de fraque za.creio que êle etiple b u do. sua mulher de confiança. Por ocasião do tratado pelo qual a França reconheceu a República de Haiti? 28 os conhecimentos de Gobseck a respeito das fortunas ant igas de São Domingo. fo?.. ou fôsse para lhes avaliar os direitos r 1?:" 1815 a Pr ança reconheceu por um tratado a independência "D?bl1ca do lialti. & zia-Me a porteira . com certeza. sem que por isso fique mais gordo. do que . cuniprir o velho prestarnista estava já fazia muito tempo . duvidosas.as eilr% va como o faria o ministro de um nababo antes de se re. Adiou a resposta para de cania. ou daqueles cujos direitos pod iam ser contestados. a introdutora de quem quer que o viesse ver. Gobseck apoderava-se de tudo. seus tributos. querias. tôdas as manhãs. tão exatament e iguais estavam. concluído em 1838 rAilhõeZ lato "DOI& da morte de Gobseck). Recebia. Gobseck recebia ainda em pessoa os seus clientes. Essa agência e" "como um aa distilaria onde se expremiam os créditos dos ignoraanel. pareciam ter sido conservados sob campânulas de vi. por menor que fosse. quando ela subia para onde estava o patrão. e sôbre os colonos ou os interessados. sob os nomes de Werbrust e Gigonnet. Sua velha e fiel porteira. dos incrédulos. sentes feitos ao velho usurário. porquanto suas lu a ts haviam c onstituído a sua -parte do capital.. porque está ai . ". sua agência entregava se.. na c asa em que morava. C OS olb& a assinar um perdão. Tudo entrava na casa dêle. estipulando uma indenização de 159 milhões de Delos c"O1Onos desapropriados. as indenizações. desdett burrinho de u m pobre diabo. para descontar os créditos dos colonos ou de seus herd eiros. reduzirá tal importância a 6O #J1. dos especulador es. pio de vida. su nte do que êle julgava estar. Ninguém sabia que fim era dado a esses .i. d esfazer-se de nada enquanto tivesse um sôq a resposta dilatória não podia ter outros motivos. Ogênio de Gobseck fêz-lhe inventar uma agencia. inagro e sêco. um novo tratado. A fim de não ter ninguém. ali saía. tinha-se feito o único n todos os quartos desocupados. 4chando-o mais doe poder verificar os progressos de udurante bastante tempo para ma paixão que a idade convertera numa espécie de loucura. ou para fazé-1os aceitar ofereciam presentes proporcionais a importânc. fiquei com êle . não Screria. aos azares das ncertpagaroe% da república.. e as das pessoas que preferiani um imediato. cofil uOdo se levantasse e pudesse ocupar-se de seus negócios. "Dou-lhe a minha palavra de mulher honrada. -lhe a preço irrisório as . desde a baixela dos ricos até as tabaqueiras de our.). e tinha simplificado tão bem seus negócios que lhe bastava o inválido ipara desempenhar os seus mandados no exterior.1T Soo CENAS DA VIDA PRIVADA o OB S E C K 5O1 a um aa taxa elevada. aos quais eram devolvida s.. e as suas rendas. seu rosto desenhava-se tas $é tu sôbre o travesseiro como se fôsse de bronze. Sentou. que o patrao vai prestar contas pela última vez: está amarelo como um limão maduro. "nada de fogo. A bela Hola ndesa tinha uma filhaso que eu vi não sei onde na rua Vivienne. . fruto sem dúvida das entradas que recebera dura-nte a doença e que sua fraqueza o impedira de esconder. Gobseck mandou o inválido chaniar-me. endi-o ajoelhado diante da chaminé. vende rap -S tenho de t udo. segunda-feirj m 5 passada. iL à tua inulher. Grotius. -para que venha apOr os selos em tudo aquilImpressionado com as últimas palavras de Gobseck. . e tenho de deixar tu o d" .Paté de fO"e Odiot 3 go. colhere s Oeu e ecu gras 11 . uma grande quant idade de mantimentos de tÔda espécie. braço seco . por que não mandou acender o fogo?" . sacos de café. tive a explicação das i alavras que havia julgado insensatas. procure-o.o cuco de meu relógio. fiz uni testarricnto. cuja vida apaixonada nos será contada em A C`O E3plendore# o Misérias das cortesãs. torna -o que quise de ouro. dizendo-me èstel ao entrar no meu gab inete: "Venha depressa. "mas me you daqui! Estou com carfolo91 a . no seu quadro da que Le Morte dos Filhos de Brutus.rás dos Cônsules. Para querti irá tudo o que é meu? Não o darei ao govêrno. rvlço de -o em Hambun. recentemente recebidos. peixes enrbolere£"d" c cuja fetidez quase me asfixiou. esten?Vitidarnent1 e a mão óssea por sôbre as cobertas. nada de fogo! Não sei para onde you. disse êle a si mesmo. Mas a quem dar os dia. César Birotteau. nei . "Que topéte tem êsse velho turunal" dlsse-me Oinválido na sua linguagem soldadesca. Sr. se na cama. apoderei-me das chaves dos quartos situados no primeirO e segundo andar a fim de os visitar. que agardeu . de açúcar. come: há aqui tor testarnentário. res. Grotius. Creio que a alcunharaal de 29) Carfologia: agitação mecânica dos dedos de um doente <1" pi? rece querer aferr ar e atrair a si objetos miúdes. surpre. e rapaz? Tenho fumo. etcos ariiôres. "Pensei ter visto treu q" "`4O cheio de ouro vivo e levantei-me para pegá-lo. . e meu olhar que acompanhara o dêle. caixas de chá. En1 cima da chaminé. havia "pâtés" apodrecidos. e do que lúltimamente me dissera a porteira. O. Enf rir "nada de fraquepapal Go bseck". corte-i$ 3O) A bela holandesa tinha uma filha. ao inválido e a mini." Afinal. A morte anda às vo ltas com êle e o último suspiro lhe está gorgulhando na garganta. fria c omo seus olhos rou como para reter-se niorreu na plena posse da razão.. Eu ainda ouvia a fantástica enumeração que o moribundo fizera de suas riquezas."Não estou com frio". oferecendo à porteiinetálicos C ra. Peguei a pinca e. Derville. leuntando-o e ajudando-o a voltar para a cama. "Vá depressa ao juiz de paz ". ou que sua desconfiança não lhe deixara depositar no Banco. a imagem dêsses velhos romanos atentos. Aquêles presentes. Por tôda parte vermes e ln"tOs. o disse servindo-se de um têrnio que mostrava quanto sua inteligên~ cia ainda estava lúcida e precisa. é lindo COr`lo . disse eu ao velho inválido. olhou para a lareira. cujo volume me impressionou. És 1-&rpedo. . numa sopeira de prata. "" pondeu-me.tber personagens famosas da Comédia Humana: Sarah van Gobseck e van Gobseck." Quando entrei no quarto do moribundo. acrescentou. "Meu velho amigo". p 15 quando vi os efeitos de uma avareza. -thière " pintou por t. Trata-se de duas . e até mariscos. e impaciente por falar-lhe.% sacos de café. disse-lhe eu. bem como voz para se lamentar. dirigindo-me um último olhar vidrado e sem calor. fixou-se rio rnontão de cinzas. quando a rnergulhei no montão. Gobseck arrastara-se da cama até ali. vê se a achas. da qual nada mais restava do que o instinto ilógico de que tantos exemplos nos são dados Pelos avarentos da província.. Na primeira peça que abri. estavam misturados corri latas de todos os feitios. Inesmo . No quarto contíguo ao em que Gobseck expirou. senti-a bater num punhado de ouro e de prata. "se tinha frio.valnos. onde não havia fogo inas apenas um montão de cinzas. mas faltavam-lhe fôrças para voltar e deitar-se. havia avisos de . meu rapaz". ou fôsse que aquêles tivessem sido vítimas da habilidade de Cobseck ou que êste ped isse um preço muito elevado pelos seus mantimen. achei em cima da secretária a explicação daquela mistura progressiva e do acúmulo daquelas ri. para a Condêssa de Restaud.1 %d. . #5O2 CENAS DA VIDA PRIVADA abarrotada de móveis. para seu irmão c "u3 iri. sondar o assoalho.14 dotes e partes suficientes. e ao mesmo tempo. dessa teimosia incompreensível. quezas.O1es. cada objeto dava mar gem a desinteligências que revelavam em Gobseck os primeiros sintomas dessa puerilidade. livros. que de . mas sem etiquétas .. Ernesto deve ser bem rico para com que uma família nobre lhe aceite a mãe. paga. Vi escrín ios com brasões ou com iniciais en. Por do" cumentos redigidos em devida forma. anil.. cO17" Ur71a travessa d e prata.Restaud usa um escudo .a de rnercadorias consignadas a seu nome. tonéis de rum. " Ao pensar na estran ha informação que me dera sóbre a sua única herdeira. roupa branca fina. cos. Para a prataria êle se recusava a paoi?r as despesas de transporte. fran.f. fardos Ig dão.fes de otírO alias Camila ovelho... uni escudo cada um carregado de uma cruz . "11ore. Camila. volveu a viscon essa. re spolIdeil . Nunca. execu.1O 33) Chevet.. G OB S F C K 5Oi ue dp Grandieu e unirá a fortuna das duas casas dia Duq .Está bem. . d o voltei ao quarto de Gobseck. tavam paralizadas. quadro. tos ou pelos seus valôrcs manufaturados. 13 por.dl.disse acompanhada de quatro escu. que Chevet não as queria receber senão com trinta por cento de abatimento. Ora. barricas d e açúcar. de l?mPada."a . collst" . o Conde Ernesto de lzestaud entrará.gr a Sra. tabaco. da Côrte. filho de Napoleão. por penhôres que lhe tivessera ficado nas mãos Por falta de tuida mento. vi-me obrigado a varejar tôdas as casas suspeitas de Paris para entregar a uma mulher indigna. Gobseck regateava por alguns francos de diferença e durante a discu ssão as mercadorias ficavam avariadas. armas preciosas. tôdas as negociações es.. u1?a bazar completo de produtos coloniais. No que n dizia respeito ao café êle não queria garantir as quebras. a que chegam todos os velhos nos quai s um aa forte paixão sobrevive à inteligência. os tetos. na posse de uma fortuna que lhe tuir permitirá desposar a Srta.OS r. sob o Império. Pense que nica 1. vi semelhantes efeitos de avareza e originalidadõ. ver nota 26 de Honorina. q.Mas .. Aquela peça estava O""Qt: Joalhei. Derville. Disse para mim mesmo. Antes de mais nada. o? is d e . encontrei notas de rni. Ao a abri? um livro que parecia ter sido movido. digno do pincel de Rembraiidt. sem moldura. caro Sr. Sob uma papeleira encontrei cartas trocadas entre Gob. talvelaquela imensa fortuna. a fim de achar todo aquéle ouro do qual se mostrava tão apaixonadamente áv ido aquêle holandès. café. pintor francês (176O-1832).. será U113 ro-lhe um cu o o Conde de Born . Não vendera os comestíveis a Ch evet. A mim mesmo prometi de examinar tudo. saibam qUe.el Ç2u111aume Lethière.. de sable. . . belas gravuras enroladas.nhado de seu -Ôçto. o mesmo que. (omo êle o dissera a si mesmo: "Para quem irão tôdas essas riquezas?. dentro de poucos dias. seck e os negociantes a quem èle vendia os presentes. de Grandicu. sua mãe. É possível que aquela imensa quantidade de não proviesse tôda ela de presentes e fôsse em parte . Lethière.. as comijas e as paredes. vasos. pensaremos nisso . de baixelas de prata. Enfim.eu. no Havre. P bcfD_ É verdade 4 . e outra riosidades. no decurso de rn* 11 inha vida judiciária. tara &2O berço d" l? 1 de Roma. sem contestaçjo.3 t-.re<3.Sociam automàticamente êsse título a seu nome. 1944 (lual devemos também o material de algumas do Página.. ao seu valor literári o.Paris. Oh1 nas s Paris.a sua sogra que fêz mentir a divisa RES TUTA! derá 1.2. o livro mais famoso de B.i. Os dois encontros VI. de Beauo velho tio. Odedo de Deus V. janeiro de 183O. 4 comentada por M.. A velhice de uma mãe culpada. -de Restaud . Por mais estranho que pareça..4? #A MULHER DE TRINTA ANOS Tradução de Casimiro Fernandes e Wilson Lousada #A. ín compreensíveis modificações de caráter de um capítulo para outro " freqüen es contradições no enrêdo como na Psicologia das personagens. êsses episódios formavam p. No Brasil como em mui tos outros países a "l"dade baIzaquiana.ovenilOUI. do VíBC?OUde SDoelberch trancesa da V. em díversas revis tas de Paris saíram quatro déstes contos .ão ver zéant 35 recebia a Sra. Sofrimentos desconhecidos in. compõe-se £te . e chega a prejudicar a fortuna literária do romancista.Mulher de Trinta Anos é. . 4contecimentos insuficie ntemente explicados. A Sra d D "coisa ceTta. Pessoas que não lhe leram uma página sequer . Allem . Êsse conjunto de seis episódios disparatados. * * Os dados relativos à história do romance foram colhidos não só"""tO na st"]OIDT(? indi spensável Ristoire des ?Euvres de BaIzac. Para prevenir tal desapontamento. Quem começar a leitura de Balzac pela Mulher de Trinta Anos há de ficar. . e outro dia vimos "Seu BZzac? e "a mulher de trinta anos" aparecerem juntos na letra à de um samba. Aos trinta anos IV. e o próprio BaIzac o explorou. 34) 1?eii tuta (era latini): 35. Charles Bernard. Muitos leitores não lhe conhecem senão êste . a escrever um rornance sôbre A Mulher de Quarenta Anos.uas recepções! . publicando em 1846 A Mulher de Sessenta Anos. Num espaço de ano .ínico romance.tornou-se exesu consagrada até nos meios incultos. Inevitàvelmente. entre novembro de -r83O e abril de 18. de 1-. episódio que mais tarde entrou a fazer parte do Avêsso da História Contemporânea. mal reunidos entre si e rernatados por uma conclusão que lembra os piores melodramas. #5O3 O roniance.replicou a viscondessa. tudo ísto não contribui para a impresSão de um aa grande obra e poderia fàcilmente resfriar o entusiasMo até dos leitores que desde Ao "Chat-qui-Pelote" vêm fielmente acompanhando a Comédia Humana. desabonta do. meio.tat 4e .e eauséant: heroína de A Mulher Abandonada #"I" PSI-r? À ?" .disse A Sra. Primeiros erros O3.1. nem sequer foram escrítos e publicados em sua ordeni atual. . o éxito descomunal do título e do livro levou um discípulo de Baizac. O"111er prè lher de Trinta Anos.? mitivamente outros tant os contos separados com Personagens di ferentes.ia seguinte ordem: Os dois encontros. ep isddi 1. parece-nos indisPensável lembrar pelo menos os dados principais da acidentada história dos originais da Mulher de Trinta Anos. como no prefácio da mais recente edição. em sua forma atual. O extraordinário renome dêste romance não corresponde. como também para fazer comPreender o motivo das imperfeições em aprêço. II. é mais apropriado a enfastiar o l eitor do que a fazé-1o procurar outrâs obras do romancista.ac. no entanto. já em 1842. na Pri . de 1 io Único sódio V -.segundo uma nota apensa à edição .e O Vale da torrente . " BaIzac. A primeira cena. 1. Mais grave ainda é a falta de uma un"dade ess encial. de um e?isódio para outro.. que correspondem às seguinte s partes do romance atual: Os dois encontros. É verdade que na reedição seguinte. O dedo de Deus. Era te curiosa. cada uma com suas personagens e seu enrêdo mais ou menos COIlIpleto" O único traço coinum que havia entre elas era o fato de teren por protagonista uma m ulher desiludida. acrescentandt1 o atual "?l -* mais dois fragmentos: Sofrimentos desconhecidos . itriarnO lid d contos pelo menos singular e enigmática. Por estar ligada à última revis ta de Napoleão. porém. íntima. tinha uma data inalterável: r813OJ acontecimentos relatados nos diversos episódios abrangiam um total de trinta e um anos. Mas como demonstraremos nas notas. um aa indicação interessante num livrinho de anojo encO11 trase . em vez de um romance p . Isto bastou para o editor sugerir a BaIzac . aparentemente sem íst ria. Ocaráter das personagens sofre. os. e i ntroduzindo algumas modificações de Peq 6O9 destinadas evidentemente a prepar " ar uma fusão ulterior ononta. A mulher de trinta anos. depoi s. meira edição de conjunto da Comédia Hurnana. ao episód io I.a reunião numa só narrativa daqueles contos tão heterogéneos. com ares de vítima nos dois priMel ros episódios.o autor rec sou-se a atender a essa sugestão.I. Assim o Marquês de Aiglemont. ? a17orO. Odedo de Deus. onde se lê: "Um livro. o autor reportou a data do último episódio a êsse mes mo ano. As personao-ens foram fundidas. ao primeiro capítulo do episódio IV._ "f." bl. Ja Privac13. A mulher de trinta anos. os episódz . vas.segundo capítulo do atua . Os dois encontros. ao epi sódio in. nem por isso as contradições cronológicas desapareceram totalmente. do ao único capítulo do atual episódio VI. continu avam a ser "cenas" *ndependentes. conpleta d. torna-se uma figura indiferente. intitulado Mesma o ó rio W .. Em 1832. isto é. A própria Marquesa de Aiglemont. que no início é apresentado como um homem obtuso e tolo. alterações bruscas e inexplicadas. e tem um sentido lógico e secreto-. a ação unificada.ma coletanea e lf e ser eliminada obstava. Continuav a. e o segun. Dois anos depois. a subsistir a contradiçao interna quanto à cronologia. Acêrca da significação do novo tío . feita em 1844. subordinado porém tôdas as partes ao Iltu UeO? Mesma História. aos dois primeiros capítulos do episódio v. a Uma circunstancia d" ícil d que a fusão pudesse ser perfeita. a expiar pessoalmente e até em seus descendentes um adultério que .fn o a 1 . . o primeiro dos quais corr esponde ao terceiro capítulo do atual episódio V.1 ?p1" sódio 11 . de supor Ou não a iWtn* tídade da heroína. note-se bem. mas qu . A entrevista. A mulher de trinta anos.rpretar a obra a seu talant e".A entrevista. . BaIzac publica-os em volume no tomo IV da 2? edição das Cenas da Vida Priva da) na seguinte ordem: A entrevista. aliás. e se o autor se lhe tivesse mantido ela b tan 7~~. os seis e pisódios aparecem reunidos num romance úniA Mulher de Trinta Anos. Todos êstes contos. no capítulo a seguir. aumentando êste último de dois capítulos. dando assim a cada leitor "a liberdade de t. Contudo. incapaz de sentimentos finos e de apreciar a espôsa. mesmo depois de rezinídos assim num volume. Odedo de Deus.cação da nota. mas não se OPÔS à P . do terceiro em diante. passa. na nova edição das Cenas da Vfl Balzac ainda manteve a separação das narrati . osta de fraumentos destacados. Portanto o romance só Podia acabar em 1844co. no primeiro capítulo do episódio V aparece simpático e fflúdamente superior a ela. co b ne ca eça. mas peja Sr Sente-se.um roma`e.nem ela . Na realidade. uma aventura de piratas. dentro do casamento. 11 ** las . segundo êle próprio o demonstra p da imperfeição das instituições. viagens. já na edição de 1831. Zulma Carraud. não lhe permitiram mais levar a efeito essa i ntenção. ca um homem conseguiu entrar mais fundo na"exist?"ci" 4t. êle mesmo reconhece. não é por haver chegado a essa idade.. Pa co da pQixão? para contentar as -diversas aspirações de seus leitores. POIS seus defeitos são todos congénitos. afirma Seillière.ndenesse. pois assim como está é um melodrama indigno dêle.* Mais ainda do que esta desarmonia. 58. pela veemência do torn. 511 . . Maturin e RacIcliffe. 1. mIs sim por haver sofrido muito em consequencia de lí"" casarnento Inadequado e. por mais que o autor se esforce. Mesmo que a tivesse . partilha as teorias da personagem. suras da crítica à fuga inexpticável da filha da Sra. Iam a influência persistente da subliteratura terrifica de LeW4. ao ler Mesma 1??tóri3. muito superiores. são expostas não pelo de Aiglemont. etc. de Aiglemont.. roi 1 laricista nesse pormenor. ça COY4 um homem que vê pela primeira vez.em virtude da Psicologia de que é dotada pelo rOmancista . Houor6 de Balzae. É inexato o próprio titul r o A Mulher de Trinta Anos. call lar. a fuga da mo achina. escreveu com razão numa dessas cartas que o romancista "Precio" va tanto: "Você tem uma inteligência do coração da nlllher que nunca foi dada a nenhum outro homem . autor. o romance não teria melhorado substancia lmente. s obretudo. não pode ser tran sformad " a ?. a fiel amiga de BaIzac.. numa carta à Condêssa Hanska. que . A Mulher de Trinta Anos. "procura manter-se im r. quando sa a falar em seu próprio nome. tão forte na fase anteri or à Comédia Huruana. como também eclipsar outrz obras. Corr espondance Inddite avec raud.. mas 4. sobretudo nos episódios Il e in. p.nem o leitor . mas decerto. lembrando-se de ie e uni 1 dário do trono e do altar.. novos livros. pois a heroína só aparece co`" esta idade num dos seis ep isódios. Como foi então que um livro com imperfeições tão evidentes pôde não só se tornar famoso.U O tra quebra da unidade é devida a um compromisso ideoclicerra -4s teorias verda deiramente revolucionarias que o livro acérca do destino da mulher na sociedade e. por outro lado. Ainda há "18"111O misérias dêste pobre s exo que lhe escaparam. gonista desgraça s que. Balzac tinha de se defender contra as cen. se ela cede di insistências de Carlos de Va.%ade da rti.". realizado. p.. não pode haver melhor prova da diferença essencial entre romance e conto do que a Nlulhff -de Trinta Anos.32. Em março de -18-13. de seu autor? Embora falhado como ro" mance.hodem conside rar um verdadeiro crime. que OCapitão parisiense (segundo capítulo do episódio V) "deveria ser refeito do princípio ao fim". em particu#51O CENAS DA VIDA PRIVADA Balzac et la Afora7e Romantique.dgi". nt.e" conseqüência da impressão ridícula e odiosa que teve acêrca do marido . choca o desfecho d tória pela introdução violenta d e uma série de dei ex rn a h4" tais como o aparecimento de um assassino. "7O11a Cf. elementos caracteriZados por evidente mau gÔsto e que rev. contém estudos de psicologia feminina de extrema agude:a. deco "Vê-se que Balzac-. vê-se por aí que uma série de contos. do desastre puramente fortu"to em que Perdeu o homem que a amava de um a paixão ideal. 31 . Mas a multidão de outros compromissos. cial entre a moral ra cional e o misticismo romanti . atr"bui à falta de religios. pela primeira vez no ano. pois duplicou para elas a idade do amor. bem mais idosa que êle e de quem o romancista devia lembrar-se ao exaltar as mulheres maduras: "Balzac prestou às mulheres um serviço imenso. estacionadas junto à grade recentemente aberta no meio do terraço dos Feu Êsse ligeiro carro era conduzido por um homem de aparência preocupada cabelos grisalhos mal cobriam seu crânio amarelo e o tornavam precoceme Ohomem atirou as rédeas ao lacaio a cavalo que seguia o carro.ao e a própria inverossim onça e cer os a c . Balzac teve o mérito de ser um dos primeiros a focalizar os dramas decorrentes da incompatibilidade dos côn1 . Lisboa. atrelado por dois fogosos c avalos desembocou na rua de Rivoli pela rua Castiglione." MIOU senão a alegria humana. Um amante não teria tido tanto cuidado. . os conflitos a que ela fatalmente é levada senão com as leis.n Juli . Antes do meio-dia. Êle Prolongou até aos trinta. A Mulher de Trinta Anos constijui uma etapa na história da emancipação feminina. aliás. e desceu para tomar nos braços uma jovem cuja beleza frágil atraiu a atenção dos Ociosos em passe io pelo terraço.Omar. Sem pronunci . Antes dêle. de Berny.dr. a diferença trágica entre a maternidade da carne e a do coração. os dois eruditos que numa obra comum contaram a história secreta da paixão do jovem Balzac pela Sra. a parti r do mas transcedentais da vida amorosa e sentimental de seu sexo. . uges. Curou o amor do preconceito da mocidade. só é dis1. ela é indiscutivelmente uma campeã do divórcio. que elas nunca lhe Poderão agradecer su ficientemente. pleiteando. p.* . Assim joão Gaspar Simões admite a arbitrariedade da . 1942. eta de g s .utivel 4 perfeiÇa Aiglemont temos o primeiro grande retrato . ar a palavra. Talvez haja algum exagêro. Quero .tente da razão de seus sofrimentos e revoltada contra a instituifáo inperfeita do matrimônio. que a colocou na calçada sem amarrotar a guarnição do seu vestido de reps verde. consseguido depois por tantos outro . a causa da natureza... pelo menos a consciência desta P. CLaadjeel"no de um a Romarcista. Livraria Popular. Revela-nos os sofr imentos da mulher incompreendida que não encontrou no casamento a realização de seus sonhos. da verdade. 2 e doentia. de perder de maneira tão lamentável a heroina de Balzac (an episódio IV) levanta vários problesua personalidade. houve um domingo cuja inanhã prometia um dêsses belos dias em que os parisienses. A infeliz te. e passou os braços em tôrno do pes coço de seu guia. justificar as falhas inegáveis 17 ce. idade que considerava "o ápice da vida amorosa da mulher". . íle apenas dell"a? dizer: a verdade do romance é indiscutível. A rapariguinha deixou-se complacentemente estreitar pela cintura quando ficou de pé no estribo da carruagem. um cabriolé.! ? 111 PRIMEIRA PRIMEIROS ERROS A JOVEM So conIêçO do mês de abril de 1813.. R. em seu favor. No seu romance. mas haverá também muita verdade numa afirmação de Gabriel Hanot aux e Georges Vicaire. pelo menos com os costumes. Multialegria. P caffiPo a história contada por BaIzac nem por isso é menos verdaOque não no-la soube contar com a pormenorização de. .i4. unesse de Balzac. Ainda maior repercussão tiveram os elogios que êle disPensou às mulheres de trinta anos. _ o da sua narrativa. até aos quarenta anos sua vída ativa. 6-4 _65. vêm as calçadas sem lama e o céu sem nuvens. e parou atrás de diversas equipagens illants. pp.i.da mulher mal casada. i 11 #DEDICADO AO PINTOR LOUIS BOULANGER I r.r. tôdas as namoradas de romance tinham vinte anos. Só.*os crítico s procuraram. nte velho.. telo. pelo desejo e pela impaciência que cintilavam em todos os traão.Pensani que és minha espôsa . não sem voltarem a cabeça com ar de enfado. Por isso. (1766-1813). " res que os homens se devam contentar com os enoranadoPrazeres que dá a vaidade. r"ateiroonor t eUillants. encimados por sobrancelhas be C5 ra arqueadas.lhe fa miliarmente o braço e arrastou-o bruscamente Para Ojardim. Insensível às homenagens. Uma suave malícia animava seu s lindos olho. o roli o ck r-: ç uma perna f"namerite t delada por uma meia de sêda bordada. Napolcão partia para essa fatal campanha durante a qual ia perder sucess ivamente Bessières 3 e Duroc. são a o . Ovelho pai observou os olhares maravilhados de "?guf1s rapazes. 5) As Memoráveis batalhas de Lwtzen e Bautzen. que so desenhado por um vestido de cabeÇão e aO deli Corpo de" 1 oi que uma gola bordada não ocultava inteiramente. sein dúvida o objetivo de seu petulante passeio. morto na éspera da bata de Lutzen. general de . Faltavam quinze mi. haviam-na inquietado singularmente. marechal da França. U 9 tOr ouis oulanger (1SO6-1867). negros. reproduzido no vol. por instantes. tôdas querendo mostrar-se em toilett es. e observava-a talvez com muito cuidado para não ter uma segunda intenção paternal. morto " 1813.O desconhecido devia ser o pai daquela menina que.u. e cuja brancura e rosado eram realçados tanto pelos reflexos do cet im rosa que forrava seu elegante chapéu qua. o vestido da inoça e 1MMtoJ ver. do calçados de borzeguins de pano acastanhado. No dia Êsse domingo era o décimo ter ceiro do ano de 1813seguinte. Algumas palavras escapadas ao mau humor dessas lindas passeantes desapontadas. A vida e a juv entude ostentavam seus tesouros naquela fisionomia viva e num busto ainda gracio so apesar da cintura co.1. lha poleão. mais de um seunte passou à frente do casal para admirar ou tornar a rosto iovem em tôrno do ual bri-r Oq vam alguns 1O1O5 de cabelos castanhos. bordadas por longos cílios e que nadavam num nuido puro. ainba" ew # o# . 5 ver-se traído pela Áusl"3" 3) Bessières. Michel Duroe (1772 Baut5611. 4 ganhar as lnem"rá* veis batalhas de Lutzen e Bautzen . da linda criatura. geDers1 4) Duroc: Géraud-Christophe. tom. nome de um terreno entre a atual da r e e o terraço {Ias Tulherias. diversas inu. Duqu e de Istría. em forma de amêndoa. ond?? Henrique in instalou Os Peuiliants. locada então sob o seio. Ina.. sem agradecer. da escola Tomántica. #514 CENAS DA VIDA PRIVADA Parecia ter garridice pela filha. Jean Baptiste Bws!ères. lheres. a rapariga olhava com uma espécie de ansiedade o castelo das Tulherias. acima dos borzegruins. e gozava talvez inais ela com as olhadelas que os curiosos lançavam aos seu. e a tristeza impressa em seu rosto d esvaneceu-se por ""I rilornento Embora há muito tempo êle já houvesse chegado à idade e. como se se arr ependessem de ter vindo m?ito tarde para gozar de um espetáculo desejado. pÔs-se a sorrir: n . a uni Pèzir. e apanhad as no ar pela bela desconhecida. Por matinal que fôsse a hora.disse ao ouvido da jovem "?r?ue"O-5C e andando com u ma lentidão que a desesperou. de Napoleão. regressavam do cas.s tarde oc upada pela Convenção. nutos para meio-dia. 2) o e r t e aizac. 1) o AlAtor d. V da presente edição. o velho esp iava corn um olhar mais curioso que zombeteiro os sinais de iinpaciência e temor que al ternavam no rosto encantador de sua companheira. cado Os rno? Pe do andar erguiam. grão-marechal do palácio durante o império. Um triste e ava então para o seu :11. .dizia a moça com um ar travêsso arrastando o velho . a adaliraça -". em l?18 tornou-se rei da Suécia s-ob o nome e Carios XI" em 1813. #616 CENAS DA VIDA PRIVADA . .duelo com a Europa. 7? A Batalha de Leipzig. 13 . ses e dos estrangeiros. entre Napoleão e os aliados. adot`ado era islo 1813 Dor carios XIII rei de Suécia. por onde devia sair o imperador. 6) Bernadotte: Charies Bernadotte. todos estão voltandol replicou ela com infantil amargura que fêz sorrir o velho. que logo depois invadiram a França.. ao lado dos aliados. podia-se dizer que dêle se servia para correr. e por onde os passeantes vão e vêm do jardim das Tulherias ao Car rousel.ambas terminadas com a vitória de Napoleão sôbre os prussia11OO rusSO4L MULHER DE TRINTA ANOS 515 por Bernadotte. .Ouço os tambores. Ovelho sorria por momentos. Ok&&? Dor praça é de ido ao carrousel ("cavalhadas") organizado naquele Luta YIv v. ao peristilo do Pavilhão.. a daquelas que por tanto tempo exalZ devia ser a últi m.Não se passa mais! A inenina ergueu-se na ponta dos pés e pôde entrever a multidão de mulheres bem vestid as que enchiam os dois lados da ?"elha arcada em mármore. () Carrousel Ou Praça do Carrousel é o espaço entre o Louvre e nora das Tt ilheria C d4L 8 onde se ergue desde 18O6 um arco de triunfo.". que & ia .. mas às vêzes. e pressentia talvez que mais Cida uni areci retraçar o quadro daquela ce. se .to levava às lenflin . também. pela s vêzes até o próprio gigante. expressões inquietas ontristeciam passageiramente seu rosto sêco.ia. marechal da França (1763 . n Ao ver-se o movimento que ela imprimia ao braço direito do pai.. es a . . quando os te tintas quase fabulosas. meu pai. e assemelhava-se ao remo de um barco fendendo as ondas. Quand o pai e filha che?garam. Oe disputar a terrí4x .preclsão. no alto do qual flutuava a bandeira tricolor.-1? 5? prep a Tulherias uma br ante e cur osa p p (. _ Vamos mais depressa. 8) O Jardi. lu 1662.ou que desfilam. A velha guar. Parecia dizer-se a si mesmo: "Hoje ela é feliz.ó.-. . bem enluvada. .A parada só começa ao meio-dia e trinta disse o pai que andava quase à retaguard a de sua impetuosa filha. se-lo-á sempre ?" Pois os velhos inclinam-se bastante a dotar de suas mágoas o futuro dos moços. machucava impacientemente o lenço. ? taram alguma . b3tallia de LeIPz19* .. a a ivinhar o futuro.7 ?X 111 .São as tropas que entram nas Tulherias.1844).ri vez a i a inação teria que de u " pos heróicos da França adquirissem.1 as sentinelas gritaram-lhes em voz grave: . . t*rralr1O11 Pela vitória Ustes. Seu amor por -essa linda criatura tanto o fazia admirar o presente como temer o futuro. .: . pela Baviera agnífica parada comandada pelo imí. como hoje. . Sua mãozinha.ador o dos parisien n PC.respondeu êle.. combateu a França em d .-a vez as sábias manobras cuja pompa I arafn executar. presteza. adecer -lhe o pequeno servic que q ~ fôsse para gr o a rinao. 3er .Isto será muito bonito? . Júlia percebeu com espanto uma ii-tit?isa multidão que se comprimia no pequeno espaço compreendido entre as muralhas cinzentas do palácio e os marcos reunidos pelas correntes que desenham grandes quadrados arenosos no meio do pátio das Tulherias. e acreditou perceber sob as a tinha desci-das algumas lágrimas causadas menos pelo d . estabelecido para d eixar uma passagen. partimos muito tarde. não nos divirtamos em conversar. o velho respondeu-lhe até com um sorriso de aleolu gria benevole nte. . ImPortância . tu não atropelada. contemplação do magnífico espetáculo que oferecia o Carrousel. atraiu suavemente para si a encantada criança. arreado" parenta ia ser machucada pela garupa do cavalo branco. Júlia.. corn uma sela de veludo verde e ouro.observava-a no entanto às escondidas. que parecia ter deixado de pro. ros do imperador. um ar de feow avaul.Pois então. meu pai. e rcc?)""e" dou -Os 31ULHER DE TRINTA ANOS 517 o de cabeça aos dois velhos granadeiros entre os quais se acen Quando o oficial voltou ao palácio. reco escada. avançou até a arcada do jardim.Cuidado. de todos os cavalos que esperavam os grandes oficiais. a de inspirar-lhe um aa falsa segurança. a iilb" lágrimas na voz..Isl)ortá cintura e a erguera com vigor e rapidez a fim de sua curiosâ para perto de uma c oluna. . diante da multidão. depois. um Pó. para ela e a ordem que êle mesmo havia dado. o o paí* " Z) cia aos murmúrios da multidão elegante que cercava a arcada. oltou para o pai o olhar de um escolar inIqUiCt4O1 Quando Júl1-1 v corn o professor.perguntou Júlia sorrindo. you vê-lo pois?" "1c.. de N . um oficial que corria do patio para a n] Njo voltou-se vivamente.lNão me admiro mais da cólera nem da pressa de minha filha. já que estavas de serviço. Oiniperador não o osta de esperar.1 até inclinou sua que lhe fêz o oficial. quase sob a arcada. O espeito que por um desses primeiros desgostos cujo segrêdo é fácil acliviribr. meu pai. .respondeu o jovem. o velho. vamo-nos embora.atrís polcão segurava pel a brida. Daqui ainda posso avistar o . a muito custo não era romPido` por aquela multidão ativa e zumbidora como um enxame. fôsse para dizer-lhe: "Enfim. continuava numa atitude grave. ."a Pel: " tr. e estou encarregado pelo marechal de ir preveni-lo. e nenhum acontecimento . . . O pai estrenWceu ouvindo essas egoístas palavras.disse o velho ao oficial com uni ar tão sério quanto zombeteiro. que o marrie111cO-O. tomara com uma espécie de familiaridade o braço de Júlia.exclamou o oficial que cinaira Júl. a dez pasS 9.Fiquemos. PalPebras ?) . um velho pai. parecendo absorvido na W.1111111C1. do seguira o oficial até a arcada. li?re ao imperador e seu estado-maior. A êsse grito. n1aÇ?O velho. Júlia apertara-lhe misteue. De repent e. Sem êsse brusco rapto. a.rem ficar bem colocados. sem ligar importân.ouco atrás da filh .to os dois jovens i11r1tos. e arrastava -a ràpiclaniente para o Cariousel.COO Er .Bem vês. assim como a seu pai. cO`1" po. a jovem um momento oculta pelos pesados bonés de p. o cordão de sentinelas. Júlia corou e soltou um aa excla cujo sentido não foi compreendido nem pelas sentinelas . antes de desaecer con. . mas seu olhar a. Orecuo do a.Duque . Sua pequena careta de enfado traía a pusera em se encontrar na parada. de prestar-lhe. se êle morresse durante a campanha. e tra. nunca o teria ?jsto`tnPe14. sucedera-se em sua fisionomia ao súbito terror alegria e o cavalo nela imprimira. Ojovem colocou o pai e a filha perto do meiro marco da direita. olhou-a. Enquanto falava. dor. gostas d. .1bava veniente a cabeça em resposta à saudação afeEJ. e imediatamente tornou sem efeito.nheceu lo dos i granadeiros.se qu<.. Às vêzes. com dos os acessórios e acidentes bizarros. estava oculta por "lanceiros poloneses de serviço . os raios do sol nos fogos triangulares de dez r. os curiosos podiam perceber as bandeirolas tricolo. tão comprimida quanto aquela onde o velho e a filha se mantinham. os magníficos cavalos de Veneza. Essa multidão aca bava de desenhar vivamente. . que iam ser passados em revista. o imenso quadrado que formam as construções das Tulherias e a grade então novamente colocada.? zinhos diante das frentes que formavam êsses homens heróico..olteava. azul.Que belo espetáculo! disse Júlia em voz baixa. qUe "1O9nificos cara7os de Veneza. atesta?. Uma outra fila de gente. ljrúa grande parte do quadrado are. Êsse imenso quadro..Iil ba Jollet.daquela cena rápida lhe escapara. onde figuravam em frente ao Palácio imponentes linhas azuis de dez fileiras de profundidade. iluminava em cheio essas numerosas figuras curtidas que contavam todos os perigos passados e espe ravam gravemente os PC.n sem cessar entre as tropas e os curiosos. culares. apertando a mão do pai. o espaço estreito e pavimentado que costeava a grade do Carrousel. e no Carrousel. para impedir a êsses últimos que ultrapassassem o pequeno espaço de terreno que lhes era concedido. oferecia mil MULI. faz" Ondular árvores de uma floresta curvada sob um vent" O Impetuoso. dispostas com a simetria da arte militar.noso continuava vazio como Urna arena prepara da para o movimento dêsses corpos silencio"O5 Cuias inassas. Trata-se da quadriga de bronze quCI4&2uO1 1seàO arrancou à fachada da Igreje.a a imobilidade dos soldados. melhantes a cães conduzindo um rebanho ao longo de um campo. Depois. cujas fisionomias estavam tôdas pasmadas de admiração. miniatura de lim canipo de 4a. vários regimentos de infantaria e cavalaria prestes a desfil ar sob o arco triunfal que ornamenta o meio da grade e 11` cirno do qual se viam. por trás da s massas dêsses grupos variegados de prata. n essa época. pelas altas constru jestosas cuja imobilidade parecia imitad a pelos chefes Ções e O espectador comparava involuntarianiente êssÇs muros de a êsses muros de pedra.. Além do recinto. 1O A brisa da primavera que passava sôbre os bonés de longos pêlos dos granadeiros. ialha antes do combate.. ocupava. fazia pronunciar essa exclamação por milhares de espectadores. res atadas às lanças de seis infatigáveis cava leiros poloneses que. púrpura e ouro. iro retinir de Ine campainhas ou algum leve golpe. construídos de véspera. Os regimentos da velha guarda. assim como o surdo murmúrio da rnultidão acusava seu silêncio. . dos o % de c& rnamentos es .. julgar-se-ia estar no palácio 15 da Bela Adormecida no bosque. o aspecto pitoresco e grandioso que apresentava o Carrousel nesse momento. pela variedade das toilettes femininas.. colocada em baixo das galerias do Louvre. sómen-e o lio. sôbre out ras linhas paralelas. Corn? velhas tropas. se. enchiam êsse vas to terreno. de São Marcos. refle9) O.IER DE TRINTA ANOS 519 1 contra ?&s4 res devidos à diversidade dos uniformes. tocado por inadvertência sóbre um grande tambor e re .4 O ar. e os nuiros se. era poèticamente emoldurado. que iluminava profu." A Inúsica dos regimentos. em Veneza. ""VIII"de-voiveu em 1815. os coronéis de cada regimento iam e vinha rn s. Se não fôssem êsses movimentos. as aNl e a < 1 mlhetas. mudas e brilhantes. #618 CENAS DA VIDA PRIVADA tiam. agitando os Kriachos dos s " n a-os oldados. encontravam-se. rigos futuros. Osol primaveril. samente os muro s brancos. . sôbre uma linha paralela ao castelo. junto à grade imperial. di.. na véspera de um aa campari6 cujos perigos eram previstos pelo mais humilde cidadão. assemelhavam-se a êsses trovões longínquos que anunciam uma teifipe8tade. Napoleão tinha niontado a cavalo. entusiasmo. pelo granadeiro que se achava perto da moça. tadores.oleão era tôda a França. que . No seio de ?t"tas "2raoÇões crcitadas pox êle. igualmente silenciosas. emoção a todos os semblantes.. #CENAS DA VIDA PRIVADA Oh! meu Deus. desta vez. êsses soldados. A êsse helicoso apêlo. até os mais op-^c adeusO" iniperador. Ê"ses soldados. também muito concorriam para a inquieta curiosidade d os conto de 1O) A bela adormecida no bosque: heroína de um farlIOSO elo Perrault.stilo do castelo. os tambores rufaram em continência? as duas orquestras começaram por uma frase cuja expressão guerreira foi repetida em todos os instrumentos. 1 viver só pelos olhos. as bandeiras saudaram. Tudo enfim fremiu. mas todos os corações. o. tendo o grande marechal à áua esquerda c o marechal de serviço à sua direita. Júlia ficou d e14 um momento absorta na contemplação daquele Isemblan. uma fugitiva imagem dêsse rei4lado tão f . a qual é con denada a dormir cem anos I. bem gordo. 13 êlei Esta resposta a numerosas perguntas quilo Co.. fob o arco do triunfo. na espera da inultidão. 11 margnem do Moscova. abalou.. foi uma magia. os soldados apresentaram armas com um movimento unãonime e regular que agitou as espingardas da primeira à última fila no Carrousel. ao mesmo tempo.ncantado. o relógio do castelo deu meia hora. nenhum traço de seu semblante -)are£eu COMOver-s. . distinoruiram então um ruído de parecia o esporas e uni tinido de espadas que ressoaram sob o sonoro per. as almas estremec erain. um simulacro do Poder divino. uran calma revelava tão grande segurança de poder. Em Wagram.. para o Império Francês. Um entusiasmo indescritível irrompia. t?ou a . dirigiam ao céu votos ardentes pela glória bostis ao os homens rnais fatigados da luta começada entre a <1â pál`e* a França. COMP"` . de ser ou não ser.. O velho e a filha. Nesse momento os zunihidos da Inultic15o cessa ram. ? m o Batista. fund( de UIn cast t. Êsse pensamento parecia animar a população citadina e a PO* pulação armada -que se comprimiam. arrôjo -às águias e às bandeiras. mexeu. para quem o sol dissipara as nuvens no cavalo a três pa ssos adiante do pequeno esquadr?O dourado que o acompanhava. Êsse movimento imprimira vida a essas massas silen ciosas. apareceu de repente cobrindo a cabeça com um chapéu de três bicos tão prestigioso quanto o próprio homem. In era f . dera voz aos instrumentos. O Homem foi visto por todos os olhos e. está Sempre tran . haviam todos e squecido os ódios ao passar JE. 12 no meio do fo entre os mortos. de todos os pontos da pr aça. dedicação? voto do çéu? ficou s de felicidade. Imediatamente. a larga fita vermelha da Legião de Honra flutuava-lhe no peito e ao lado levava uma espada curt a. talvez eterno s. ]Entre a maioria dos assistentes e dos militares. e o silêncio tornou-se tão profundo que se ouviria a palavra de uma criança. . Um homem baixo. trajando uniforme verde. u91t1vO. Tratava-se. desde a mais suave das flautas até o grande tambor. o " cul? lIPerador avis. su últinia góta de sangue. sim. OO recinto onde pairavam a águi a e o gênio de Na oleãO.ropa ndendo que no dia do perigo Na. A Franca ia apresentar adeuses a Napoleão.petido pelos ecos do palácio imperial. cuo love branco e calçando botas de cano alto. Ordens de comando irromperam de fila em fila como ecos. Os muros das altas galerias do velho palácio pareciam clamar tam?bém: Viva O Imperador! Não foi algode humano. o u melhor. Ohomem rodeado de tanto amor. Gritos de Viva o Imperad or! foram soltados pela multidão entusiasmada. esperança da França. turbilhonavam como as ondas de um a?ismo. ou passavam diante dêle corno essas vagas longas.. Orosto máselegante e fley.. e cuja cabeça agitada exprimia extrema impaciência. pelo belo un"fo"rrne azul celeste dos ajudantes de ordens do imperador. à frente do qual brilhava o sim 1. Néle se vê o general Rapp correndo a 9O1ot ` e Zoos. conduzir êsses bat. dêsses que a bravura assinalou. o mais famoso ?dos quais é o citado por 13a121% no trecho acima.I_IER I)U TRINTA ANOS 521 rite esbelto.os olhos de fogo.Srta. inclinando-se para Duroe. retas e altas que o oceano enfurecido atira contra as praias. a uma alma invisível encarregada pelo imperado r de animar. que contém "n. com trinta anos de id ade. neste momento ocupou-se quase 1 exc usivam rite. e toT de quadros históric os. 16) Gérard: o Barão Franaois-Pascal-Simon Géroard (177O. o oficial galopou e parou diante do imperador par a esperar ordens.tia em manter imperturbável sob uma chuva de bofetadas e POntaPés* 14) Duroc: ver a nota 4. o inimigo derrotado.i.o* I?) Moscova: rio da Rússia Central. tTando ao InIDerador. lhe uma frase curta que fêz sorrir o grande marechal.. )regava tôda a fôrça e m governar o cavalo. -e13) tranqüilo como Batista: lOcuÇãO PODU1. Nesse momento. era 11) Wagram: aldeia da Áustria. e seu devotamento oferecia um aa irriagem mater .1837). e voltava com incansável atividade par ntr grupo. de Chatillonest. sombreados por sobrancew ta larga dados de longos cílios. ire duas linhas negras. xT 1 a o P apo cão. no qu adro da Batalha de Austerlitz. quando.lega . Ocoronel Vítor d"Aiglemont. que uma perfeimoreno possuía êsse enca A fronCLJO C traços comunica às fisionomias jovens. estava a vinte passos de Júlia. desenhavani-se como duas as e.e alta. diante do grupo imperial. com o braco estendido. £as e fortemente coloridas apresentavam tons escuros e arriarelos ?ue denotavam um vigor extraordinário. lhas das tropas. pouco mais ou menos. no meio dos movimentos rápidos e reemlares executados n velhos soldados.. e e a s linhas movediças. talhoes cujas armas ondulantes despediam chamas. tre verdes e ?erme. com as duas patas dianteiras afastadas e paradas sôbre um aa mesma linha sem que uma ultrapassasse a outra. M.3 miniscência do mimo Batista Deburau.péssas e bor n w . S mano. e o penacho do seu sc hako15 Cs. e suas felizes proporções destacavam-se me. Êsse oficial montava soberbo cavalo negro. que os espectadores viram-s e obrigados a compará-lo a um fogo fátuo. perto da qual Napoleão veI"e" OATquiduque Carlos na cél ebre batalha de 6 de julho de 18O9. bico de águia.rito inexplicável. 116 A rapariga pôde então adrnira"r o enamorado em todo o seu esplendor militar. de um jovem oficial 1 que corria a cava por êsses lo. a figura impassível de Napoleão e as linhas azuis. .. bras começaram.ularídade de ta 1 .ando pensa sirribolizar um dos heróis da França imperial. Onariz oferecia a graovais brancas enl n ciosa c urva de un.1T. . S lhor quando errif ívei parecia vergar ao seu pêso. Seu aspecto.. fazia flutuar as longas crinas da cauda espêssa. a um olhar seu dividiam -se reuniam-se. e distinguia-se no seio daquela multidão recamada de galões. ? Se. Opurpurino dos lábios era realçado pelas sinuosidades do inevitável bigode prêto.. perto do quai <)s francese6 ve ceram os russos numa sangrenta batalha. 15) schaco (pronuncia-se xacó) : espécie de barretina. oferecia o tipo que hoje o artista procura . ao. Quando terminaram as manobras. di. cujo alto. Se até então a jovem repartira a atenção . em 1812. Ocavalo molhado de suor. Seus bordados cintilavam tão vivamente ao sol.U1. cuja especialidade . e. treito e comprido recebia clarões tão fortes.1. numa atitude bastante semelhante à que Gérard deu ao general Rapp. As faces lar. Não. . tudo aceitais com indiferença. -de ciúme.c" tinuou vivamente o velh o. . sem o saber.. e se empina tão bruscamente. só pensarmos em vós e no vosso bem estar. de tal mo. recua. Nesse . certamente êle tivera algumas trist?s revela ãoes "do futuro. minha filha. . e cuja tez adquirira um aa vivacidade extraordinária.Cada dia não é um dia de graça para mim? . Êsses quadros perturbadores absorviam Júlia de tal modo que ela.continuou êle. O velho contemplava com sombria e -dolorosa nquietude o "cniblante expressivo da filha. adorar-vos e at?-dar-vos nosso sangue. todos a olham com curiosidad e.. . um inarido que nos arrebatam vossos corações. percebendo que a filha acabava de cOrar. . crispou os traços de seu rosto fredor. ça do Carrousel que vão man obrar. . bra de um marco projetada sôbre a areia -espanta o animal que se enfurece.Mas minha filha. Ignorando. Vítor esporei a o cavalo e parte a galope. o soberano pron Í um aa palavra.Ah! .criança mimada! os melhores corações alg umas vêzes são bem cruéis! Consagrar-vos nossa vida. . dO Oficial. Mas quando o brilho "desacostumado dos olhos de Júlia. e que lhe dirigia olhares sem brilho. que tens segredos para mim. isto não é nada? Ai de minil sim. quando viu d"A iglemont trocando. que o senhor está enganado.Penso. pois seu semblante ofereceu então uma e"Pressão sinistra.dizia ela . a alma de Júlia parecia ter passado para a LJIn Pensamento mais cruel que todos aquêles que. a que paternais inquieti ades dav.1 um aspecto abatido. . Eu estava tão alegre! Afaste essas idéias tristes e más. meu pai? . glemont mandou-as avançar .perguntou ela com indiferença. ela não vê ninguém.respondeu o velho.Sofre muito? . o grito que ela dera e o movimento convulsivo de seus dedos acabaram por lhe desvendar um amor secreto. tua sorte poderei crt.. Júlia não custou em acreditar no que lhe dizia o pai quando fixou os olhos em seu rosto. enfim.. como se ela mesma estivesse em perigo de cair . olhou o pai que andava lentamente.. . que o cavaleiro parece em perigo. Depois. Quando Vítor esteve a ponto de ser derrubado pelo cavalo.le. .ial do que seu senhor tinha pelo im?perador. Júlia. ela agarrou-s e mais violentamente ainda ao pai.ainda há regirrientos na pr4.Ocultai-vos até de nós. Levo u b. . Júlia experimentou um momento de ciúme pensando un-cia que êle ainda não a olhara. . espantada. Júlia.perava conservar-te junto de mim feliz e brilhante! adnirar-t e como tu eras ainda há pouco. .Osenhor vai ainda afligir-me falando de sua morte. se agarrara ao braço do pai a quem revelava involuntàriamente seus pensamentos pela pressão mais ou menos viva dos dedos. seria p reciso que tivéssemos o poder divino. Júlia grita. Vendo o namorado tão ocupado em apanhar os olhares de Napoleão. De repente. #622 CENAS DA VIDA PRIVADA haviam aterrorizado o velho. e sentimentos de piedade. Usca. mas a som.mas talvez também de vós mesmas . . Arrias. meu pai. . ao passar diante d. chega um outro! um enamorado.. C". sacrificarmos nossos gostos às vossas fantasias. 1"O"r"ntO. do estava preocupada. d. seus olhos estão presos ao fogoso cavalo que o oficial castiga enqua nto corre para transmitir as ordens de Napoleão.Ah! esperava ver-te fiel a teu vel ho pai até a morte. até de Pesar transpareceram em seu rosto enrugado. não me sinto bem e não quero ficar. tôdas as tropas desfilaram. .$o? um olhar de compreensão com úlia cujos ol i hos estavara úni. CIN mente a filha para o jardim das Tulherias. .exclamou o pai soltando um suspiro. o Sr.Penso.Mas meu pai. Para sempre obtermos vossos sorrisos e vosso desdenhoso amor. empalidece.Que diz o senhor. pois.kDA . Ia deixando esca pai.1 njinha Júlia. As moças criam freqüenpois berfil minha filha.. -o rnals amas ainda mais o coronel do que amas o :primo. és ainda muito moça.um aa graça de sentimento que será desconhecida. 1 C a respeito dos h omens. . muito delicada para supor tares os pesares e as lidas do ca. então. . éle n tem talento e é gastador. arrebatadoras imagens. muito flagil. contemplando a filha. . Conheço os militares. é ignorante. não é dotado. Seu bom coração.sorrindo. amam no hom em de sua escolha essa . a um -camarada. 1 .Por que me seria proibido amá-lo? .IE:R D1?.exclainOu uma viva expressão de curiosidade.Minha querida. D"Aiglemont foi mimado pelos parent es.. qualidades de tua alma. Enfim tens. serás a primeira a submeter-te.. eu preferiria saber-te apaixonada por um velho a ver-te enamorada d o coronel.. É um dêsses homens que o céu criou para tomar e digerir quatro refeições por dia. É raro que o coração dêsses indivíduos unfar do ábitos produz dos ou pelas infelicidades no "eiO das xluais . Não P"" duvidar disso.. ?. lezaram. empre. Ambas as alternativas trazem so`na igual de infelicidade à vida de uma mulher. e forjam ..1 tricorn Os exércitos.a iO sério. Como esperar que ambos possam entender-s e corri vontades diferentes cujas tiranias serão inconcil"á"eis? Serás vítima ou tirana. . s h ""ver". Vítor continuará coronel tôda a vida. mas acrora e impossível pois eu leve co migo essa esperança de felicidade para iria vida. .. W-1 ivJULHER DE TRINTA ANOS 523 tu não me compreenderias. dormir. ou pelos acasos de sua vida aventureira. seu P"me odioso. meu pai. . egoísta. Não terminou.respon. . Mas és meiga e "odesta. nobres. sua alegria é uma alegria sem espírito. de caserna.Entretanto. para chegar a coronel seria :preciso que êle tivesse espírito e meios . Há nisso tudo muitos mas.disse em voz alterada .rjuritt -me ao seu gÔsto e não ao meu? ent l?IULI. escuta-m e.nos desta época na vida. #524 CExAS DA VIDA PRIV. porém mais tarde.continuou o velho pai com uma espécie de entusiasmo. as lágrimas venceram-no. Vítor genuas . quando não há mais tempo para libertar-se da in felicidade. farias justiça à minha experiência.ferirá as inlia. Ainda não vi ninguém que me pareces se digno de ti. laniento. criatura imaginaria. . amar a primeira que apareça e baterse. . . meu pai.contrariar meus 8. meio brincalhão. TRINTA ANOS 525 me tolii ca. Conheço Vítor. .. assim como o fóstc Por tua mae e por mim. a ilusória aparência que embe. Não entende a vida. mas êle é indiferente. de ssa delicadeza de coração que nos torna escravos da felicidade de uma mulher. minha Jú.Mas.bueni inocentemente a um caráter as perfeições que so confiam. figuras ideais. Júlia. pois êle tem bom coração.nt. iro ídolo enfim se transforma num esqueleto. ela coffi . 1 Vivi Pos-".continuou e par um movímento de tennosia. --: replicou Júl.In que ditar num futuro tranqüilo para ti. do muniidélo <juiruéri as depois atri. minha pobre Júlia.Osenhor quer. e acrescentou: . leva4o-á talvez a dar a bôlsa a um infeliz. Diga 5 . Parou una momento.continuou depois de uma pausa. . Ah! se pudesses colocar-te a dez .onhararn c "s. dos sentimentos. ria embocadura dêsse rio no Lo re. rola de um ano após essa pa rada do imperador. tocou-a vivamente. p erder de vista.O verde das nogueiras sob as quais se ocultava a posta da Frillière. diante de si. Deixando o cil. rada . seu C) . Durante essa marcha silenciosa. . Quando tornou a subir ao carro. a vista só en. tiverarn O possam apresentar as sedutoras c3r?"a9b`eIos lugares que niais o viajante abraça com o olhar tôdas Ilín dos do 1. . um s.o lado do rio. sua inépcia em amor i M. de breve não ouvirás mais a voz tão ami 1111lito ll"à?"clrnente rabug""o? itio.Ou à Poenateí .uu. À esquerda.Assifio ri. Ia. 1 do acaso. a voz profética de teu velho pai s Oou em vão ao$ xo teus ouvidos! O velho calou-se.valn seus tesouros a contra lirnites nas colinas do Cher. o Loire apare dj?ãffi entao nificência. das -planíci es a que o Pel" e ._ -te <lue. sair do seio das águas.?2s contra êle. As numerosas facêtas de algumas tôda sua roag duzidas pela brisa matinal um pouco fria .1 Je rital S pre vi os filhos atribuindo a um senomento pessoal os . ao longo do Loire até Tours.sar Casar-te ao meu gôsto! . a moça exarainou furtivamente o ros to do pai e desfez gradativamente seu seinhian. Não pôde beijar Júlia diante da multidão que os cercava. Através a tenra folhagem das ilhas. como engastes de um colar. um jovem postilhãO quatro dos mais vi. Tours parece. Nos primeiros dias do mês de Março de 1814.tendidas.orosos cavalos da muda. debi" dessas árvores. minha filha. 1O51&de sint s do Cise. .1rge115 . mas apertou-lhe ternamente a mão. Ii A MULHER pouco trien. e mil outras tezas que te virão por causa dêle. todo s os pensamentos incômodos que se haviam amontoado em sua fronte. dia lamentarás amaroamente sua nulidade. o diatu~se .Eu lhe prometo. meu pai. . Ocarro foi arrastado com tal rapidez que num instante cheg. Duas lágri-mas que rolavam em seus olhos caíram-l he ao longo das faces enrugadas. o vimento de surprêsa. conio Veneza. por ordem do senhor.otre. vençê. Aqui e ali ilhas verdejantes suce. te amuado. os rnais belos campos da Touraine desenrola.só lhe falar de Vítor quando o senhor não tiver mais pre. A atitude um pO11* . onde se confundiam então com as criações fantásticas de algumas nuvens esbranquiçadas. A dor profunda gravad a naquela fronte inclinada para O chão. as duas pessoas que se encontrapor Cíc"to lazer de contemplar.exclamou Opai corr.?o triste da filha inquietava-o então bem menos que a alegria inocente cujo segrêdo escapara à Júlia durante a revista das tropas. Além da ponte onde o carro se detivera. carro estava parado. era.disse em voz suave e alte. . Pr( ôbre os vastos lençóis d"água que as cilitilações do sol s refletiain ? oso rio. uma cadeia . ao desp ertar.otnento linha s luininosas no azul transparente do céu. Um tirante awbava de partir-se ao movitilento ""pet"joji so que. O1. que ro s primeiros sinais da iprimavera . como uma serpente prateada. sua indelica`dez a. Então. cujos cimos desenhavam nesse . Os campanários de sua velha catedral lançam-se aos ares. o viajante percebia. O velho olhou a filha com espanto.construída ?ôbre o Cise. no fundo do quadro. A direita. Ambos de ram alguns passos para a grade onde o I. parou. haviam desaparec ido completamente. sua falta de orde egoísmo. desdobra esse rnajest das águas. minha Júlia. No horizonte. sacriíj elos que por êles fazem os pais1 Casa com Vítor.para mim. surpreendera a filha agitando obstinadarne te a cabeça. uma carruagern va pela estrada de Amboise a Tours. recorda ?r1.as córes da esmeralda. . Do na extensão . e saltou na estrada par2t discutir com o postilhão. . cujos aspectos Olhos dos rico Nno. quando 5 que e? apreciou .disse êle em voz rouca . seus sonhos vêm quase sempre re.Vamos. bocejo u. Uma velha mulher. Pomela . as terríveis anfractuosidades dessa colina despedaça da são habitadas por uma população de vinhateiros. parecia ter sido colocada para e ncaixar o rio. no curso do Loire? ao rama que a Touraine aprese nta então aos O tríplice quadro desta cena. A aldeia de Vouvray cricontra-se como que aninhada nas gargantas e d esabamentos dessas rochas. do Loire e dera .I]DE TRINTA ANOS 527 tre " ?? 1 ova armo. sorrindo de seu terror.nia à êsse sítio harino . Inquieta-se tanto com as lendas do lo1O qu anto com as ruínas pendentes de um velho . ai onde a natureza recusou terra à agen Os dade Ilumana. a terra é cultivada por tôda a parte e Por tód e . proporciona à alma humana um dêsses esp. e dir-se-ia qu e desafiava a invasão. cujas ondas minam incessantemente a pedra.tá Penas ntet cujo Indi." inscreve para sempre em sua recordação. A fumaça de uma chaminé l" eleva entre as cepas e o pânipario nascente de uma vinha. estão a ? *1 aja dos. Um gorro de marta cobria-lhe a cabeça e as p . campos perpendiculares. espetáculo que sempre es panta o viajante. e olha os viajantes que passam aos seus pés. várias velas brancas desembocaram e. A inteligencia com que o filho da Tou. tin. uma rapariga de saia vermelha corr e para o jardim. #526 CENAS DA VIDA PRIVADA Por isso nada se corripara. era nesse momento a única tranqüila.desperta para examinar a região.. Sob as sÔbre um quarto de ro cha desmoronada. que o carro ch à ponte do Cise. Em breve um militar impa.. Em mais de um lugar existem três andares de calas.1 aia parte é fecunda. No cimo -de um ?eto. os Pás ran. olhou a paisagem. saros f .. perfume dos salgueiros que margeiam o rio acrescenta?.a nios. La1?radores cultivam tranqüil. de um guar%ir de cabras acrescentava monótono dador -lhes uma espécie de melancolia. ciente abriu êle mesmo a portinhola. culOs alicerces só estão presos pelas tortuosas raizes de um nialto de hera Omartelo dos tanoeiros faz ressoar as abóbadas das adegas aéreas. No momento e Onsttuirlh Ulo$. nela imprimiam uma últim. raine concertava o tirante partido serenou o coronel Conde d"Aiglemont. É magnífica! Júlia -deitou a cabeça fora da carruagem.veroas eexéareitos o seu esplendor . de Vouvray a Tours. tes odores ao gÔsto do vento úmido. e. perfuradas na rocha e reunidas pelas perigosas escadarias t alhadas ina própria pedra. por uma fantasia da natureza. Enf im. Penet seus Prolixos concertos e o canto aziaii. . Júlia. que volt ou à portinhola estendendo os braços como para exercitar os músculos entorpecidos. . Em seguida. a úni estrangeiros não deviam perturbar. Fofos vapôres caprichosamente parados em longínqua a res. aicParimqua. esparsas ria vasta paisag em tôrno das ar"?toa" ça. e pousou a mão no braço de uma jovem senhora cuidadosamente envolvida num manto de peles. Essa parte da França. Uma cabeça coberta por um boné de polícia mostrou-se fora da carruagem logo que ela pa rou. que começam a descrever um cotovêlo diante da ponte do Cise.C fab o mente os efeitos românticos. enquanto que Os gritos dos marinheiros anun ciavam uma Ção. gira a roca flores de uma amendoeira.de ro-chedos que. todo graEra a Touraine em tôda a sua glória. adMirávell Oh1 C desgraça sua.faces c. e querer olhar o encantador vale do Cise. mo<1O" "ia da I11 91aterra. 17 Submetidos ao capricho do poder imperial. não mais possuía as côres rO.nprjniira a seu pálido semblante.replicou o postilhão.nsadaspálpebras algumas linhas roxas desenhavam-se nas .disse ela com indiferença. . quando Napoleão prendeu todos os inglêses em represália ao atentado cometido contra o direito das gentes. o" as "pcla ~ Ia . Otratado de Amiens foi concluído entre a lu"lat""I 1 NaDoleão em 27 de março de 18O2 acêrca das possess&es da k&la?"ra. NO momento em que júlia. e Holanda. ela se acomodou novamente no canto da carruagem. voz que ao ar livre parecia OO fundo fraqueza: de e"trell"?" . montado num cavalo de gran de valor.A MIJL14ER da carruagem e disse? con.Q naquelas que tiveram primeiramente liberdade de escolher. gros dos cabelos.quer espécie de sentimento. nde . Júlia d"Aiglemont já não se parecia mais com a n1OÇ2 qu e outrora corria com alegria e felicidade à parada das Tulh".rias. Já faz.respondeu a jovem senhora com vivacidade njornentanea . . Loirl e Examinou com olhar in diferente os campos do Cherf) P. outro lugar. mas por baiXO das . Prança. não . o galope de um cavalo fêz-se ouvir repentinamente. sim. o Jovem cativo que espairecia tio matinal era um aa vítima d nesse Monie anos que "]ma ordem emanad OPoder b urocrático nto r"ores Oarrancara a a do Ministéri d .Éle é da raça dos rapazes que querem.regas do manto de peles no qual O.. prontarticnte . Teve um ar tão estúpido quanto pode sê-lo o de um camponês bretão ouvindo o sermão do cura. Espanhe. comer a França. #Z28 (?EI"IAS DA VIDA pRIVAD4 continental. tava envolvida disfarçavam tão bem suas formas que dela só sc via o rosto. . não foi mais vista pelo coronel. desapareceu como se qualquer clarão cessasse de iluminá-lo. 4 maior parte daqueles que habitavam nesse momento a Tour " aine foram transferidos para lá de vários pontos do império onde Sua Perinanência parece ra comprometer os interêsses da política I e 17) gabinete a. e seu olhar se fixou na garupa dos cavalos. ob 1 aí ou em . Não experimentando o desejo de rever a paisagem nem a curiosidade de saber qual era o cavaleiro cujo corcel galopava com tanta fúria. . ner. por ocasião da ruptura do tratado de Ant iens. Ota.É um inglês . despenteados pela umidade da noite. Dor se realizarem suas reuniões no palácio Saint-James. Tours e os longos rochedos de Vouvi-ay. . saíu de repente de um bosque de álamos e espinheiros floridos. . sempre delicado. ` clima de iVontpellie. pelo gabinete de Saint-iames.disse o coronel. çoes -Utí o Iur?re-endera out .Oh1 porDeus. Saint-James: nome que se costumava dar ao gabi2 te 111r r&da "lês.epergurntou-lhe o cororwl dAi ]S ás-te s. a alvura do rosto cuja vivacidade parecia entorpecida..adas que antigamente lhe davam um brilho tão rico. Entr"tante" os olhos bril havam com fulgor sobrenatural.Tenho vontade de dormir. a expressão de alegria que i . . triunfara do pai para se vê. Um jovem. segundo dizem. sem trair qual. Seu rosto. Contemplou o marido sorrindo e acrescentou: . O desconhecido era um désses viajantes que se achavam no continente. Vítor d"AíglelnOllt largou a mão da e spôsa e volveu a cabeça para o cotovêlo que a estrada fazia nesse lugar. i? Go ~ ostarias de viver aqu júlia.? serti suas ilhas. ?ão não sinto nada. meu general. êsses prisu)neiros não ficaram todos nas residências onde os prenderam.ntIndo mal? O1 ?st wollt. Os ?ufQs rie. Oretiro de . deixar de admirar a beleza do cavalo e a elegância do cavaleiro.provação para a única palavra e sem esposos chegarani a Tours sem trocar um que as inaravilhosas paisagens do cenário variado em que viajavani atraíssern uma só v ez a atenção de júlia. O trajo tinha um cunho de elegância e limpeza que 18) -?OuIt-* Xicolas souit (1769-1851). o ticiaigo em vez os do ti ca minhar o cavalo perto da carruagem. apesar da sua involuntária inirnizade. Inteiramentece . ni^ Como o desconhecido não violava de modo algum as conv CncIas.. os .perador de levar ordens ao Marechal Soult.Todos êsses Os prados do Cise s Olhares PeI5?? Pertencesse . Dir-se-ia que éle .rora Procurando .cavaiu i.n?a .inilord diáfano? . efinível. A essa vista lágrimas até então reprimidas rolaram-l he dos olhos.. Ao últjaio.. Mal a condêssa olhou para o descoalguns P Nein se apercebeu das perfciç?es humanas e eqüinas que nhecido. neiro passou diante da carrua.".. ginada Pelos rochedos sus.contemplação da almofada da carruagem "?""bcvecida n. O Postilhão viajantes Para a parte da calçada mar -ou ràpidamente os dois pen?os. assinaladas. era o jovem inglês. nsinar-lhes a viv. do Pleito. para êles a dor pare ser uma Inessa de constância ou de am or.exclamou o "O1O11el. olhar que lhe dirigiu. Sólida . 52% 4 3&ULHER iDE TRUNTA ANOS fidalgos da precavida Inglaterra. e"~ belto e alto. em março de 1814. Dêssc momento em diante. que tinha . Quando o marido. Logo que ruptura da convalescer de O jovem reconheceu LI um aa pa2 "do Conde d"Aigleniont. Mas não pÔde. iers. volvendo a cab eça para certificar-se de que o cavaleiro que desde a Ponte do Cise acompanhavalhe a carruagem. no seio dos quais amadureciam os vinhos d de onde surgen. Felizmente. Encarregado pelo im. Ocoronel tornou a adormecer. coração fica Poderosamente "comovido pela s hOrnens cj o única aparência do sofrimento numa mulher.disse inglêses saO insolentes.. fazer assos de distância. passeando no c aminho estreito ao pé da calçada. ma ndado por NaDoleão a conter a invasão inglêsa no W8` Parte do atual departaniento dos Baixos-Pireneus. Derrotado ein Pan" Peltine e em Baiona. Júlia não prestou at O tirante. d"Aiglernont contemplou-o várias vêzes. o conde tornou a entrar na C Prontamente n" "c"certado Procurou recuperar o tempo perdido e lex caruagem.Que nos quer afinal êss. Quando o prisio . i. Duque da Dalmácia. apressou-se em evi tar-lhe "Ir na do bruscamente a cabeça para ri niilit do. conseguiu infligir uma derrota os invasores D" batailia de Tolosa.?rem uni olhar. inarechal da Prança.coru" se a tetra l?es Oult" vai e . Ojovem tinha um dêsses semblantes britanicos cuja côr é tão fina. Oinglês viu talvez os vestígios úmidos e brilhantes que o pranto deixara um momento nas faces pálidas da condêssa. Volven. tão e Vouvray e ruínas lindas casas onde se perfilam ao longe as daquela tão célebre abadia de Marmout* S..de U nl . os dois .. acompanhou-a a &. mas que o ar secou prontame nte. Era louro. a cútis tão macia e branca que se fica às vêzes pensando que ertencem ao corpo delicado de uma moça. nue Dor prazer ao asp ecto da condêssa.trte. Ção ao cavalo nem ao cavaleiro. Há muitoonOmia pensa. e o retrato do pai lhe apareceu de repente. wido inglé..-. Apesar da rapidez do golpe de vista IpÔde e mirar a expressão de melanc oli o 1 lanÇGu?lhe tiva da condêssa um atrativo ind a que dava à fisi utaO ad. S OlOrOnel resimungando. e atirou-se para o fundo da carruagem após lhe erain uni leve inovimento corri as sobrancelhas em sinal de ter feito o niarido. adormeceu. a Sra. um solavanco fêz cair no colo da jovem senhora um medalhão suspenso ao pescoço por uma corrente de luto. Martinho. o corOnel meteu-se no canto da carruagem após lançar um olhar arneao çador ao inglês. o conde. " Nesse momento. Júlia nao Pero que não se . 2O contando bem conversando melhor.$. Dava a impressão de dizer consigo mesma: "Hum! êsses dois amam-se de verdade. de c abelos brancos.exclamou o coronel rando a velha e abraçando-a com Precipitação . e deteve-se diante do antigo palácio onde morava a ex-condêssa "9 de Listomère-Landon.respondeu a c mPQia do-se. . Atrevido! . nou a condêssa. cabei Pó à Inarechala. 11? h e U ro é vaidosa nem ciumenta. no velho pátio silencioso em que as lajes eram desenhadas com lis tas de grama. minha querida tia. espi?cie de pó-de-arroz para ser espalhado 11O5 2" oa. na ponte.Vamos então travar conhecimento minha querida? . cuja palidez e tristeza ela atribuía a essa sepa ração forçada. Por isso.an ANOS ]DE TRINTA 631 strague aqui. mandado p reparar o almôço para os dois jo* vens. os três entraram imediatamente para o salão e o coronel mal teve tempo de relatar à sua tia-avó os acontecimentos políticos e militares que o obrigavam a pedír-lhe asilo para sua jovem espôsa. . tomou meiativa de beijar Júlia. na rua principal. . .1 jovem para guardar. que os dois para Tia e sobrinha lançaram-se um rápido olhar. e saiu. depressa os guerra da 1?s.Não tenha mêdo de M"M. que permanecia pensativa e parecia" niaig erribaraçada que curiosa. CO"no se ainda amassem. A atualidade desa-rada-lhes. #63U CENAS DA VIDA PRIVADA Quando uma velha criada de quarto (pois em "breve ela deveria reaver o seu tít anun c"O11 sobrinho que ela não via desde o início da ulo) vlsiàt. que a começar da linha seguinte IWzac lhe restitui Por antecipação. A Condêssa de Listorrière-Landort era uma dessas lindas senhoras velhas. dão a impressão de trazer anquinhas e usam na cabeça uma. c fecho u a Ga 4?zti??a C. ondêssa lançando-lhe um olhar Foi ela quem corri un na certa graça amável. porém. sempre cheirando a pó à marecliala. ressoou o estalido de um chicote. pálidas.tor. dóepoloiss.Traoo. à casa de uma velha parenta. "4as es.que defender a França da invasão feita pelos inglêses no Bearn. Listornère-Landon. MuitG breve a carru agem rodou nas ruas de Tours. Louca de uma moda desconhecida. e menos devotas do que parecem. a condêssa já tinha. e para a sobrinha. Procuro nunca ser velha -quando estou em companhia de gente moça. essas mulheres são quase sempre carinhosas. A Sra. subia lil . restabelecidos rnais tarde pela Restauração.disse interro jo. que têm um sorriso fino.Y leria da Panha 11 conseguiu um aa espécie de agilida "te. a tia olhava alternativainente para o sobrinho que falava "eT ser interrompido. Antes de entrar no salão. o Coronel d"Aiglemon t aproveitara-se dessa missão para afastar a espôsa dos perigos que ameaçavam então Paris e levava-a -para Tours. suprimindo a partícula ex. de seu livro favorito.co a * n tirou. menos piedosas que devotas. cortou a eloqüência da tia dizerndo-lhe -num torn sério que só lhe poderia consagrar o tempo que o coche iro demorasse para fazer a muda. o 19) CX-COndésSa: porque a -evolução aboliu os títulos de nobreza. chegar ao patamar no momento em os degraus.bom dia. Venho confi ar-lhe meu *tesouro. Retratos septuagenários do sécul o de Luís Xv. tarab% retoniará dentro em pouco o seu. Vítor tornou a abraçar a condêssa. tem a meiguice de um . Durante a narrativa. e rindo mais de uma recordaÇão do que" de um gracejo. segundo o costume da província. . brincalhão. inquieta. quando sentou-se diante da Iareira.i. Charles Pinot Duelos (17O4-1772) é o autor -das mordazes Menzór?as se. 22) Galeria da Antiga Cõrte: obra anônima publicada em 17Só.11 o olhar a caleça que se 1O% mo a da porta solarenga. Quando a S ra. A car . A bo . ficou silenciosa como se "estivtsse escut ando a música duma ópera. "el"otas dos Reinos de Luis XIV e de Luís XV.ões tinharn sido violentas. #6:2 CENAS DA VIDA PRIVADA W?jL1-lER DE TRINTA 533 -.. disse beijando a mulher que o acorripanhara até a carruagem . DePois de trocar algumas palavras com a tia. a quem antes esc re"era apenas uma carta de recém-casada. Era difícil que a alegria nascesse sob velhos lambris. marechal da Fra nça (1696-178S). de Listomère contentou-se com as respostas de Júlia. o qu rijage111 r? . o primeiro. d"Aiglernont.Inoralidade duvidosa. Sómente depois de 23) Duezos e o marechal de Ric7ielieit: p2rsonagens reais. 21) A guerra da Espanha começou em 18O8. deixa que te acompanhe ainda um Pouco..então adeus. A "C deli capricho da sobrinha por êsse "?J4 in ai-q Uesa corjtz carateriza as Pessoas do tempo" nstinto chei resp.Adeus.. ?un1 ter n. . a nota 3 de A Mulher Abandonada. Título completo em francês: La Galerie de l"ancienne cour ou j[~ire3 aneedotiques pour servir à 1"histoire de3 règnes de Louis XIV Ct de Louis XV.Deixou-se então fascinar pelo patife do meu sobrinho? perguntou ela à sobrinha.perguntou a con.írda P`1sas replico poís bein. e suas niarquesa o compreendia.. . desapareceu.. disse ela numa voz carinhosa . hemem espirituoso. os olhos da condêssa não exprimiam amor assim co a senhora era da Provença. luntàrianiente. desempenhou brilh ante pepei no govêrno dêsses 4`8 monarcas. abrigada dos ventos janeleiros por um paravento chinês.pois não dores quC as vida. um s e do Maaia. difícil a um aa mul ora. ""r" db53 . A Sra..muito ao roeu pobre Víto . senhora! . já que assin. porque lhe parecia que a sobrinha tinha alguma intriga divertida a conduzir. her amiga de Duclo i] q..respondeu Júlia. mas de. . . Cf. Contudo. cre5.primeiro refúgio dos co ões ingenuos e sosajeitada que é o g raç fredores. d"Aiglemont se achou num grande salão forrado de tapeçarias enquadradas por mold uras douradas.não queria te deixar. .Oh! Vítor. seria r descobrir o segrêdo daquele d Riche lieU 23 não procura n no li miar yechal e to tia e sobrinha estavam casal. mas pensou c om satisfação que sua solid. Júlia.elhas lançam às jovens .ão ia ser alegrada por algum segrêdo de amor. o segundo. a jovera parisiense experimentou uma espécie de prazer por entrar naquela solidão profunda e no silêncio solene da província.. acoropanhando c afastava. o Duque Armand. Nesse Riornen O.. querida.. C . envolveu-se nessa dissimulação de.. ri. porque a entonaA condêssa estremeceu invO ciam denunciar um cO?ão e o olhar daquela velha coquette pare nhecimento do caráter de Vítor talvez mais profundo que o seu.. -rrooando-a c obririba. ir .-Pusias irias. sua tristeza não mais se pôde dissipar. tz sera du para desPOsá-l"? _?_ arnar Irm ho ada por um torn de ingenuidade reciso frase foi acentu p última coração puro ou profundos mistériosEssa DO. entre móveis seculares.é ma om uni dêsses olhares perscru. nisso? . A Sra. de Richelieu. várias vêzes em seguida. mas já voltara ao seu lugar nunia 1 coloca. Perdendo seu vel i ítivo. reformada em 1662 pelo a!)ade Rancé. a graça modesta. A Sra.e resolveu então sondar os ni. tota l do casarnento. conheço Perfeitamente a dor das respondeu a tia. finalmente. na e observava a moça d e soslaio. trcizer Consigo a felicidade. a marr a alegria e o riso. outras tantas ciladas que. . e a pele adquiriu tons rnacilentos.Minha querida. e que parecen. por quem ainda estava de luto. que ela se afeiçoou à sobrinha. durante êsse dia. A Sra . e. ListO nèreLandOn. com um aa loucur a de coti. certo quarto ela br. a reco lançava uni véu s s tão desagradáveis. as mudanças que se operaram na fisionomia da Sra. ausentado para verda se Ocupar de um.as duas damas estavani sentadas diante duma sacada que dava para a rua. homem . e. confusão repetir-se-á. A noite se aproximava. . Ao fim de oito dias a Sra. servir de dormitório à condêssa e onde OS verde .la criados da casa dev leria vam a bagagem. ela não pôde deixar de armar à sobrinha para penetrar-lhe o ca. na de. de Listomère admirava a doçura angélica. Júlia estava de novo pensativa.Se ha.elant-olia que. não obstante o desejo que tinha a velha senhora de passear orgulhosamente sua linda sobrinha. grande donado à sua irresistível meditaçã Envergonhada por sc ter aba. co n. o. não sent surprêsa. d os bailes e das casas que poderiam freqüentar. Uni mês foi bastante para est abelecer entre elas uma amizade eterna. desejando não mais deixá-la. e cujos religiosos obse rva 13 um regulamento de excepc ional severidade. Júlia resistiu a tôdas as instâncias que durante alguns dias lhe foram feitas para que pro curasse distrações fora de casa. A idosa senhora notou. todo êsse espírito de. Percebeu que não 14. n dade dignas da infância. A condêssa era 1 .lstérios daq uela alma cuja extreina naturalidade equlvalia a um aa impenetrá-vel dissimulação. Por isso. ráter. A Sra. que lhe foi difícil iántída 11. um a esquecilllcnto com unia iii-enuinienina travêssa. de Listomère. Júlia tornava-se menos triste."" Por diver instant que sas vézes..dessas criaturas nascidas para serem amáveis. antigo . de ListOrnère não mais desesperava de domesticar aquela recém-casada que de mi cio julgara ser uma criatura Selvagem e estúpida. que eram esa es rtava em sua jovem parenta U Or uni pensamento importuno.. com uma candura de espírito.-sa. o espírito indulgente de Júlia. Nesse . era condêssa."o de i dujKênc. por um antigo hábito da córte . A condêssa achou um pretexto para sua solidão e tristeza no desgôsto que lhe causara a morte do pai.licado e por vêzes tão profundo que distingue a ju i ventude franc. sto desvaneceram-se lhe abrasavam o ro cáres vivas que te. como êle mes mo nos informou há pouco. Júlia surpreendeu a tia traniOs a verdade. Seria preciso ter quarenta anos para perceber a ironia que exprimiam os lábios da veneranda senhora.. e interessou-se prodigiosamente desde então pela misteri osa melancolia que consumia aqu?êle coração jovem. pois ta ficar a uni dia. d"-Xi?!lc24) A Trapo: nome de uma abadia fundada em 114O -perto d2 mortague. Júlia procurou fazer^se Per.. fa]ou-lhe das belezas da região.1 Osenhora fazia tricô. Por vêzes. doar zomban do de si mesma. Passava nesse nionentO um. de ListOriièr. e a ter suspeita Ivez só por acaso enconchegou verdadeira causa do mal. conver sou. re ri 1 OS P a ausência de Vítor a causa da profun1 a ão do pai riem obre a vida de sua sobrnna. 25) Marquesa: érro de BaIzac. por inadvertência. Sua companhia tornGu-se tão agradável e preciosa à Sra. Tôdas as perguntas da marquesa 25 foram.. No dia seguir1te? a condêssa estava mais bem disposta. acabou por renunciar a apresentá-la na sociedade.. o que . Êle veio para Montpellier em 18O2." Propôs-se então converter júlia às doutrinas monarquistas do . el a chegou-se à lareira. comuníssima na sociedade. pesada como a de um moribundo. riaisto de espanto e inquietação. 15 "Se ela o conhece. quand o a tornou a er-uer. A condêssa.a cavalo. Como todos os seus compatriotas . júlia viu a tia surgir repentinamente como um personagem que se destacasse da tapeça13 ria que forrava a parede. o c urasse de um aa doença do peito que lhe era fatal. o olhar de júli . o estudo consolou-o do cativeiro e. .t111 ti "a que qualquer mulher. Desde 4uc está em. bebendo leite ?e um aa vaca vinda da Suíça elalimentando-se com agrião. tudo está acabado. o Sr.. . na esperança de que o ar dessa região. por mais severa que seja. Por distração. convencida de que a sua sobrinha não amava o marido. Nesse instante. filho mais velho de Lord Gr enville. significância de Vítor.pensou a marquesa em breve meu sobrinho conhecerá os incovenientes do casamento. e parou de escrever. música #534 CENAS DA VIDA PRIVADA pavão.lia um coração desencantado. Su a fisionomia manifestava um senti tu"ntO de repulsa vizinho do horror. Certamente. Em resumo.disse a velha senhora. Oculto que <)cupou parte de seus lazeres em pintura. inclinou-sclhe sôbre o scio. sente quando sabe ser c ausa de uma infelicidade. tão confortável aos aflitos quanto às pessoas felizes. foi tomando gôsto pela anatomia. um fidalgo.. uma jovem a quem a experiência de um dia. pois cada frase conduzia a longos devaneios. apesar de o Reg o dedica-do à química. mesmo par a os professôres de Montpellicr. procurou papel e Pôsse a escrever. ela sabe então rir e gracejar. D epois puxou uma mesinha. Receou ter de reconhecer em j?. Sua história é interessante. nesse rno. mas inteligente O Quinica. é orgulhoso como um 26) ORegente: Filipe 11 de Orleans (1674-1723). Não. Tours não procurou ninguérn. que govern<)u durante a minorida de de Luís XV. poucas h oras mais tarde.século de Luís W mas. pois êsse rnonstro não pode passar sem guerrear. Ali chorou. de uma noite talvez . Pois não há de ser p. Essas duas pala?-ras reanimaram a condêssa como e por canto. mim.cri te 26 ter-se é extraordinário para uni nobre. que lhe tinha sido aconselhada pelos inédicos. retirou-se para os seus aposentos mais cedo do que de costume. . pensou. soube. Longe de testemunhar essa satisfação jr?1.. êle a ama. Insensivelmente. êle foi prêso por Bonaparte por ocasião da guerra. . Depo is que a criada de quarto a ajudou a despir-se e deixou-a pronta para se deitar. apaixonou-se por êsses estudos. ao mesmo tempo. Artur lêz pro-ressos surpreendentes. pela medicina. os relógios bateram duas C) horas. Ela deixou escapar uni gesto e um sorriso que qu cri. As horas passaram ràpidamente. Essa Pros crição "não era a que uma mulher apaixonada lança sôbre o mundo inteiro por causa de uma única criatur?.É um jovem inglês. A tia.Eis um aa de suas vítinias . que êle passa duas vêzes por dia sob nossas janela s desde que você chegou. era homem de co6tumes depravados. mento júlia tin ha a atitude de quem a recordação de um perigo por demais presente ainda faz sofrer. A Sra. tivesse bastado para apreciar a in. respir ando o menos possíel? permanecendo deitado num estábulo. que se tornara de repent e pensativa. A cabeca. recostando-se numa duquesa de veludo amarelo. êle ficou radicalmente curado.. a Permaneceu amortecido e frio. mas com certeza você o conquistou. sur recride ram a marquesa. móvel antigo. que julgavam mortal. A confidência que júlia fazia nessa carta parecia custar-lhe muito. . ou melhor adivinhou a circunstância. De repente a moça desatou a chorar. d"Aigleniont fitou a tia manifestando um. o honorável Artur Ormond. a que júlia devia sua melancolia. êsse jovem inglês começou a estudar a sua o doença.. ficou estu pefata ao descobrir que ela não amava ninguém. susPirou. . Dizem que passou dois anos sem falar. por que há se" meses não respondo a tuas interrogações. quando uma tarde.me es . quanto eu me sentia orgulhosa e feliz pc. Fôste a primeira a pensar que . Não era nem uma falta de .do que eu you trair. creves . Semelhante a uma moça virtuosa rira um namorado com desdéns. Sentamos numas pedras e caímos num êxtase que foi seguido da -mais doce das melancol ias. Ome 1 a 1 " nfínc2"nbro sou a ser (?omo um sonho... bonita.nIeditação.:: TRINTA ANOS 537 `cOnv1nient. . Minha atitude duralit 12 pas. se o silêncio com ue atorrne ada. no que . cai que o a confiança. e possam fazer duas jovens ignoTantes? Perguntas muitas vêzes contigo mesma . ilista nente Porque? n?o tinha m malicia. maginavam tão deliciosas. Juramos que a pri .. -ri.. minha filha? ..? . . Coronel Vítor d"Aiglemont sería desp oja. mas que.nto diante de um a .aquêle sol distante nos falava do futuro. ta. esta. Vais casar. inais imprudente promessa que s . e principalmente porque chorar s6zinha. tendo escalado a montanha.perguntou-lhe a tia. as a legrias que as nossas almas infanti . Nessa época tu eras jovem. s 7 . segundo dizíamos. Se não is 1 compreendeste meu silêncio. dentro de poucos meses.7. doente e velha. casa-te. tia nte criatura deixou que ela segurasse a . se tu não me tivesses particí?pado teu próximo casamento. co meçada. Por mais de UpMoaisvez nePai P)-Ocuro u reprimir meu contentamento. a 1 e o dia ex ensão lu d?scO nhecia não foi irrepreensível. solene que consagrou um laço cul . Eu o teria seipultado para sempre no fundo do meu coração.. Pobre criança. debaixo dos grandes carvalhos contemplamos o maravilhoso vale que se estendia a nossos pés e admiramos os raios do sol poente cujos reflexos nos envol viam. tôda a er?ergia. júlia deixou quebrar sem. eu u nifestava alegrias que eram ?ulqada? * A 31ULHER I). tudo é indiferente. em pouco tempo. seri uma 1Ou("ural £ a mesmo Possivel te dizer isso. po r que reclamar tantas vêzes o cumprimento da . não..a assi nionentOS de crise ern ?que a alma está sem dêsses o mal. em Écouen. à "noite. 636 ANOS WU_LI-1ER Dli TitIXTA l?screvia ao se" rnarido? . que o deseja e quer uni cOq s tão abandon. desiPreoc upada. minhas Palavras revelavam malícia. depois. encontra tão tri te. Dizer-te #CENAS DA VIDA PRIVADA . senão feliz. ração a queni con fiar seus SO adeza confere a um aa dizer palavra a inviolabilidade que a delic carta aberta.Que tem.rta sen. antes desgostos será proveniente da rec ordação do que nós éramos outrora. Essa tarde há de te causar desesPêro Luísa. afinal. Eu fazia mil crianci é . um marido.respondeu a condêssa. Porque estar ainda acorda da a estas horas.A 111Oce fazer a rníriirna observação.te tornará o que já sou: feia. hoje talvez lhe adivinhes a razão ao conheceres o segrê. meira de nós que se casasse contaria fielmente à outra os segredos do matrimônio. e ficou pensativa enquanto a marquesa lia: Minha querida Luísa. um dos teus mai . s cruci . seguroU o papel C n O. tanto o bem como alento. se ití nã " o nem de mim? Em poucos instantes nj inI. na sua idade? Sentou-se sem mais cerimônia ao lado da sobrinha e dewtou com os olhos a carta. nern uni qualquer secreto se`r`timento de culpabilidade dignidade. a tia encontrava-se ali que lhe tira%. Trouxera os óculos. Luísa. Érainos então bem curiosas e bem loucas! Lembras-te de tôdas as nossas extravagâncias? A braçamo-nos como dois enamorados. havia Sei já onde êle leu. Essa i déia faz-me tremer. rimentos. êle me procura demais.De modo que._ da com todo o a arato. que não queria Vítor por genro. outrora naqueles dias solenes de 31 de dezembro.torno u a tia. furtivamente. p trigar Vitor. . Quando meu marido enIrou quando me procurou.Oh! não. _ Pobre O ira Júlia uni último raio de luz. -Fein as mãos escaldaiitesl É sempre .1 c.cele nte .Isso mesmol .É então infeliz? .perguntOu ouvir ali..A senhora vê claro naquilo que para mim é u ni enigma. _ _. as duas mulheres acabaram & seus . há sete ou oito dias é que a febre me passou.até agora o . Não tenho voz para me lamentar nem palavras para exprimir meu desgôsto. e pousou na sobrinha dois olhos verdes cujo brilho cla ro ainda não tinha sido amortecido pela idade.. . . não a assalta às vêzes o temor de que êle venha a surpreendê-la? . e tenho vergonha de sofrer vendo Vítor f eliz com o que Ine mata.Sim.Minha filha. quando.ntorpecidos. às vêzes .ender. mas fêz um gesto afirmativo que traía tôdas as suas mágoas.quesa.. se 4cO111pr.-íl"3s quando ela percebeu o ar de bondade que animava aquêle "_ F a parecia solicitar.?penas resporideu ela. Eu também fui assim. dev eria conter bem tristes observações. sufoca do sob as musselinas que me envolviam.. sózinha.. não é verdade? . fética do pai. e. pensei numa travessura para in. de insignificâncias! exclamou a tilsso n a. ile da a voz pro assim? . não devemos enjoar os outros..Sim. eu me introduzia no salão onde estavam guardados os Presente s.disse Júlia. .. Minha alma está oprimida por uma apreensão indefinível que gela Ineus sen timentos e me lança num torpor permanente. minha tia. Mas asseguro-lhe que o amo de verdade. que. . colocou lentamente os óculos sÔbre a mesa.exclamou ela chorando. . nela também largou a carta.. riso.. enquanto e?perava por éle " sentia palpitações de coração semelhantes àquelas que me assaltava. veu nupcial. ada me dizia? Tinha febre e ri Tenho-a faz um ano. rosto dedos se apertaram. cujo rosto descarnado animou-se de súbito num 4Orriso abert<. meu anjo..respondeu Júlia interr<)inpendG a tia.. . com uma espécie de ansiedade pudica .Sim.. à noite. .Quando está só. e eu o adoro. Quando a marquesa terminou a leitura dessa carta.De um ano para cá por mais de uma vez tenho lamentado sua falta. Meus sentidos estão ?e. . que el.disse a moça com desespêro.. mas fiz mal em não ter escutado os conselhos de Meu pai. já não tens mãe? A condêssa estremeceu. .Era o que eu pensava.tornou a marquesa com bonomia. no quarto para onde eu fôra "Oficar conduz.acrescentou a marquesa. você o arria.Intimamente. e stendeu-lhe a mão.rfã! . Fitou a tia. de fato.. meu cérebro está vazio.Se quando estamos à mesa uma iguaria não nos agrada. m inha filha.uma mulher casada não pode escrever isso a uma jovem sem cometer uma inconveniêncía .casarnento só foi para você uni longo sofrimento? A moça não ousou responder. o riso que êle ouviu. depois ergueu docemente a cabeça e disse: . . foi o üitimo lampej"o daquela suave alegria qu e animava os foiguedos da nossa infdncia . Tambétil a senhora se ri? . a julgar pelo seu comêço.. minha tia.. o casamen o sempre tem sido encarado como uma cois.. vivo com dificuldade.retorquiu . s foram P. . êle é tão bomI .principalmente porque. . e um arrepio de alegria secou-lhe as lág". PaEssas palavra .ces com aq. . reflexo das alegrias de sua mocidade. não se acusa de não saber ou não poder partilhar de seus prazeres? Por vêzes não lhe ocorre a idéia de que o amor legítimo é mais difícil de sustentar que uma paixão pecaminosa? . . aquêle vestido e aquelas flores. Vítor ama-me com idolatria. . S"IrO.Tudo ao passa de criancices.e sentia vergonha de mim enquanto a senhora a !ia . .. . mas foge-o.disse ela.. desde Eva até no-5sO1 dias. . a desejarem um divórcio. ouviram o passo de um cavalo. que levaria vocês a se odiarem mútuamente. revia-se jovem. pois nunca deixava de passar quando elas almoçavain ou jantavam. na véspera. e isso. segundo seu costume. . inexperiente e ranças C t dêssa adormeceu . poderia tudo contar. uma filha querida cujas esi)CA MULHER DE TRINTA ANOS 53O ristezas ela fazia suas. não se tornou de novo n `MO solteira. sem prazeres. Porei um fim a êsse triste desentendimento. o tolo! Sob Oreinado de nosso muito amado Luís XV. Em tudo isso não há nada de engraçado. Seu futuro seria i nvadido por mais de "I" Pesar se eu não a tomasse sob minha proteção. Que egoísta! Os oficiais dêsse tirano imperial são todos uns torpes ignorantes. A marquesa tomou a moça em seus braços e beijou-a na fronte corn uma ternura e uma graça que muitas vêzes se encontram mais nos hábitos e maneiras dessas mulheres que no seu coração. que lhes permite serem sempre fiéis à etiquêta e conservarem uma atitude nobre que os novos costumes caíram no êr ro de repudiar. não é verdade? mas gostaria mais de ser irmã do que mu lher dêle. e sentiu sem dúvida o pêso dos males que a deviam acabrunhar. Tomam a brutalidade por galanteria. feliz por ter encontrado bela na sobrinha. que não lhe pr estava a menor atenção. minha tia. tranqüila. como se fôsse sua filha. uma afeição sincera.prontamente a marquesa. Inais perfeita entre duas almas. minha filha. sabia-se tão bem amar como morrer no momento preciso. julgam que o ter de enfrentar a morte no dia segulinte os dispensa de terem. adora Vítor. pois rompeu em pranto e lançou-se nos braços da marquesa. contrasse na situação em que você se encontra em Pouco tempo castigaria o marido por se conduzir COMO um verdadeiro l ans. mas sem expansões. Meu sobrinho não merecia a felicidade que tem. que eu hei de ensiná-lo. a que compreendia.Sim. uma mãe a quem. se você não morresse antes de chegar ao desespêro. daí em diante.tendiril-ento qu e prov n. acostumada a essa curiosidade mesquinha que se volta para as coisas mais íncia. surprêsa por ouvir palavras. Artur lançava por elas um olhar melancólico. mas sob uma forma mais suave. e. viraram a cabeça ao mesmo tempo e viram o jovem inglês que passava devagar. Mas por que sorri? . na maioria das vêzes desdenhado pela condêssa.Seja minha mãe! A tia não chorou. prometeu-lhe um futuro feliz. Ocavalo diminuía o passo sem necessitar de comando. quenete.Agora que Vítor a deixou sózinlia. Júlia escutava a tia com espanto.Em suma. Fique descansada. e se minha velha experiência não soubesse adivinhar a causa inocente de sua niá2 "oa. embalou-a com promessas de amor enquanto a ajudava a deitar-se. durante o tempo que levava a percor rer o espaço ocupado pelas duas janelas da sala de refeição.É isso ruçsmo. e à qual diinsignificantes a fim de animar a vida de prov Í . e assombrada por encontrar na bôca de uma parenta cheia de experiência. no momento em que tia e soessa cordialidade profunda e êsse ar de brinha beijavam-se c am .. de modo que conservam em meio aos perigos da vida um a dignidade fria. tem razão. cuidados e atenções para conosco. Ela teve talvez uma antevisão nítida de seu futuro. "?\1as. cuja sabedoria ela ma is pressenti . No dia seguinte pel a manhã. mas sem sofrimentos? I i 1? #538 CE-NAS DA VIDA PRIVADA Júlia arregalou os olhos espantados. Acariciou a sobrinha com palavras meigas. pois a Revolução deixou às mulheres da antiga monarquia poucas lágrimas nos olhos. e o casamento para você foi uma decepção. . Pare cia que êle tinha feito uni certo estudo da vida que levavam aquelas duas mulheres sol itárias.um pro-resso na afeição. aliás muito natur al. O utrora. A con uina anjiga. Primeiro o amor e mais tarde o Terror familiarizaram-nas com as mais pungentes peripécias. uma coesão . uma moça que se en. sua ignorância acêrca das mulheres não é maior que a sua inépcia para amar. dizendo-lhe: . a opinião que seu pa i tinha a respeito de Vítor. . meu anjo. ) CE""NAS DA VIDA PRIVADA bons. lha. à noite. o por caminhos pouco freqüentados. e todos os dias ela assinalava a passagem de Artur com novos gracejos. de pé. Ela apressou-se a pensar que tão logo se reunisse ao ma.é êsse inglês passar por aqui há de pen sar que eu sou .. Vítor saberia defendê-la daquela singular perseg uição. devia acorri.disse ela ao despedir-se da tia. o ruído importuno de sua caleça ressoava incessantemente aos ouvidos de Júlia. o criado de quarto de Vítor chegou repentinamente. . . Ao sentarem à mesa. you tomar tôdas as providências para ir ter com vocês.Por que não vem cGnosco para Paris? .Não seria isso um motivo para êle pensar que é perigoso? "n E de resto. . debruçou-se à portinhola para ver quem eram os seus companheiros de viagem.respondeu a tia interrompendo-a.perguntou Júlia.os prussianos. A condêssa recuou bruscamente para o fundo da carruagem.Mesmo sem essa viravolta inesperada. e na estrada.. que galopava ao lado da sege velando pela segurança de sua patroa. Imediatamente o inglês fustigou o cavalo e partiu a galope. pode-se impedir um homem de passear onde bem entenda? Amanhã não comerem os mais nesta sala. tão tàcitamente expresso pelo inclês. Eis. .Não poderei então dízer-lhe que não passe assim por aqui". rido. Seus olhares se encontraram. ." .disse o criado . rogava-lhQ que ?. como se comporta uma mulher que tem exper iência da vida social. Assim que as duas senhoras se le vantaram da mesa. Mas a infelicidade de Júlia deveria ser completa.. a três passos dela. . e se afinal ésse rapaz não me amasse?" . e resolveu permanecer durante tôda a viagem no fundo da sege. Uma das mais fortes armas do homem é êsse poder terrível de dominar por sua presença uma mul her cuja imaginação naturalmente impressionável se aterroriza ou se ofende corn uma perseguição. a tomada de Paris c o entusiasmo que explodia em tôda a França a favor dçs Bour#i. O criado.Não tem um momento a perder. anunciava à mulher a queda do regime imperial. mas com uma sensação de mêdo que a fêz palpitar.Agora q ue os Boiurbons voltam ao poder. tôda pre ssa para Orléaris. Júlia. . . Vítor. senhora. mas. . minha filha. encontraria lá . panhar Júlia de Tours a Orléaris. caminho que Vítor ainda juIcava 1 i vre. quando não mais nos vir aqui.Sim.e dirigisse a. não sabendo como chegar até Tours. . preocupada com uma carruageir. Os olhos de Júlia e de Artur encontraram-se dessa vez com tal prec " são de sentimentos.. que havia deixado o imperador. o jovem fidalgo desistirá de te amar pela janela. ao chegarem a uma estação de muda um o pouco adiante de Blois. Júlia partiu acompanhada de sua criada de quarto e do velho militar. Oluar permitiu-lhe divisar Artur. sem sair. Em poucas horas a condêssa aprontou tudo e partiu numa v?elha carruagem que a tia lhe emprestou. e trazia para a condêssa uma carta do marido. que a moça corou. Mas. que seguia a sua des de Amboise. Como a maior part e das moças realmente inocentes e sem experiência.. os austría cos e os inglêses vão fazer junção eni Blois ou em Orléaris . com os olhos fi xos na sege. eu iria. Vinha de Bour ges a tôda a brida... minha fi.Quem . pois Inetis conse lhos são muito necessários a ti e a Vítor.ficilmente escapam Os espíritos superiores. a marquesa divertia-se com o amor tímido e sério. onde preten"dia esperá-la com passaportes para ela.Que devo fazer. "Mas. em cada posta. A condêssa lembrou-se do conselho da tia. as duas senhoras olharam simultânea mente para o ilhéu. Sentiu um terror instintivo. tia? . Aquêles olhares periódicos tinham se tornado como que um hábito para ela. antigo militar. ela via um aa falta no amor involuntàriamente despertado num homem. ela ouvia o inglês passear em tôrno das duas carruagens. provenie nte talvez da consciência de sua fraqueza ante uma tão audaciosa investida. qualquer r . a quem. A condêssa. ela via Artur. os menos perspicazes perguntavam-lhe a causa.Duque d"Angoulême. d"Ai-lemont cheopu a Paris sem outro contratempo. que tin guérri da carruagern. A Condêssa de L istomère-Landon morreu de emoção e de uma gÔta que lhe subiu ao coração.res estrangeiros. poderia tornar mais perfeito o entendimento entre marido e mulher. ela entregou-se antes ao sofrimento que à recrimiriação. trêrnula. riam.disse-lhe o general . desligado do juramento de fidelidade ao imperador. M as. grac ejando. e às vêzes horas.tanto prazer dão às mães. Omarido. Os olhos enchiam-se-lhe então de lágrimas quando.. que. o jovem inglês vol. que sucederá ao irmà??. como se uma mulher não pudesse pensar senão em frivolidades. A resistência era impossível. pegou o papel e balbuciou umas palavras vagas. Às vêzes. Graças ao passaporte. a única que. entre o marido e ela só havia ela mesma. -por conselhos háheis. Lá encontrou-se com o mar ido. Os estrangeiros explicaram aos três viajantes. levada para o pátio de um albergue e posta sob a guarda de soldados. jovem e tímida. pois fazé-la cessar teria sido emprêsa muito delicada: Júlia recearia ofender seu pudor de jovem. de súbito. e com fardamento de oficial inglês. brincando com Helena. Ao lado do gene ral. em meio às festas que assinalaram a restauração dos Bourbons. Pouco depois um grupo de oficiais superi. $46 CENAS DA VIDA PPIVADA que soubera conquistar. sua sege foi detida pelos p russianos. 27) OConde D"Artois é o futuro rei Carlo. Júlia temia a influência das paixões sôbre um homem tão nulo e tão vaidosamente irrefletido. cercou a carruagem. Agora. Vitor recebeu na guarda do rei um pôsto importante que correspondia à patente de general. devia aquela pronta libertação. Assim. m rern-se da carruagem com uma especie de respeito ao ouvirem o tropel de ários cava los.Essa reflexão foi a última que ela fêz. Aliás. ao ver novamente em Tours . à frente dos quais estava um general austríaco. e cessava de responder a essas interrogações infantis que 1) . Lu16 XVI II. insensivelmente. a Sra. X. por sinai s ? MULHER DU TUINTA ANOS 541 . prisioneira as finalmente viu-os afastaa fitavam cOIn insolente curiosidade. Contudo. tanto a infelicidade como a felicidade verdadeira nos leva ao devaneio. Freqüentemente os amigos surpreendiam Júlia entregue a longas meditações. aqui está um passaporte que lhe evitará doravante qualquer contrariedade. um des?. Pode continuar sem temor sua viagern.Senhora. como se não existisse sempre um sentimento profundo nos pensamentos de uma mãe. Alegre e melancólico a um tempo. A condêssa chorou durante cêrca de duas entre soldados que fumav am. des abituara-se dela. essa pessoa estava morta. recebera o mais lis onjeiro acolhimento por parte do Conde d"ArtOiS? 27 que tinha sido nomeado gencralíssimo do reino por seu irmão Luís XVIII. Júlia sentiu tôda a imensidão dessa perda. ham recebido ordem de não deixar sair niní. da França. Júlia fitava-a com um olhar sombrio. para indagar de seu destino ao presente 1 e ao futuro. a pessoa que por sua idade tinha . Se bem que estivesse certa de conservar uma grande ascendência sôbre Vitor e de ter obtido para sempre a sua estima. n . houve um eng ano. sem dúvida. A própria perfeição de seu caráter opunha-se a que -ela ousasse subtrair-se a seus dever es ou tentasse pesquisar as causas de sua iníclicidade.ôsto profundo e que n devia iniluir sôbre sua vida assaltou a pobre Júlia: ela perdeu a tia.. Ésse arrefecimento de uma afeição já tão tíbia e egoísta podia ser causa de mais de um sofrimento que seu fino tato e sua prudência faziam-lhe pr ever.queira aceitar nossas desculpas.direito de esclarecer Vítor. tou a cabeça e não se atreveu a fitar Júlia senão de soslaio. Ao chegar a Orléans.peratívOs. . entreviu abismos medonhos. que não encontraria palavras para os traduzir. Havia momentos em que ela se sentia embriagada de infelicidade. em não conquistar uma superioridad e quando o triunfo há de humilhar o vencedor e o vencido. Muitas vêzes uma mulher desp .ecordação -lhe evocava a cena da parada das Tulherias. sem noção de nada. na vida que idealizara quando jovem. cujos modos. No quadro que sua memória traçava do passado. uma piedade verdadeira conduzia-a sempre a uma esperança: refugiava-se no futuro. Dessa insensata desobjpdiência provinham todos os seus infor túnios. o amor conjugal extinguia-se entre pesados sofrimentos físicos e morais. Quando dois esposos se conhecem -perfeitamente e estão habit uados um com o outro. Júlia despertava mais desdito sa. sem freio. cla"sentia pelo marido essa compaixão vizinha do desprêzo. A MULHER DE TRINTA ANOS 547 Após êsse sonho impossível. Não só. tão indecisos. No momento e m que nela se desenvolvia mais forte e ativa a faculdade de amar. Júlia tentava transmitir sua capacidade. A quem poderia queixar-se? quem a entenderia? Além disso. Talvez que tôdas as esperanças burladas. d"Aiglemont -e vangloriava-se de experi mentar a felicidade que lhe faltava. o amor permiti do. sempre encerrado por suspiros. Ferida nos seus mais íntimos anelos. ma s fugazmente. suas próprias virtudes ao Sr. permanecia abismada em não sei que estúpido torpor. mas. escutando sem compreender. ela possuía essa extrema delicadeza feminina. a cândida figura de Artur desenhava-se cada dia mais pura e mais bela. quando uma mulher sabe interpretar os mínimos gestos de um homem e é capaz de penetrar os sentimentos ou as coisas que êle lhe oculta. Otímido e mudo amor do jovem inglês era o único acontecimento que. pois ela não ousava demorar-se nessa recordação. sentimentos e carátel pareciam possuir tantas afinidades com os seus. numa noite do mês de janeiro de 182O. se transladassem. suas longas melancolias eram desconhecidas. -em tôda a sua gravidade. Os perigos da situação crítica a que tinha chegado insensivelmente pela fôrça das circunstân cias revelaram-se à marquesa. lhe havia dei xado alguns doces vestígios no coração tristonho e solitário. e sentia ainda mais suas dores latentes ando as havia adormecido sob as asas duma ventura imaginá1?u 1 ria. todos os desejos malogrados que. entre todos.n ente os doces tesouros de sua alma permaneciam ignorados. fruto do acaso ou originàriamente feitas com indiferença. Tôda sua finura de mulher era empregada em pura perd a. felizmente. suced e que luzes súbitas jorram muita vez após reflexões ou observações precedentes. Ademais. se as conversas com alguns amigos. e o mais :das vêzes ela não sabia. êsse maravilhoso pudor de se ntimento que consiste em calar uma queixa inútil. com mais freqüéncia ainda. Êsses terriveis combates. mas. Às vêzes seus queixumes tomavam um caráter de loucura e de audácia. mesmo nas coisas mais vulgares da vida. Enfim. suas feridas lhe teriam feito vislumbrar as alegrias íntimas e puras que devem unir as almas fraternas. gradualmente. se os exemplos. nenhuma criatura lhe recolhia os olhares ternos. desde o casamento. em atenções ignoradas por aquêle cujo despotismo perpetuavam. para aquêle homem. por um jôgo natural de imaginação. Mas êsse pensamento tinha sempre a aparência de um capricho. As proféticas palavras do pai soavam-lhe de novo aos ouvidos. ou se certas aventuras da alta sociedade não lhe tivessem ensinado que o amor traz felicidades imensas. via-se o brigada a sufocar suas lágrimas. e a consciência censurava-a por lhes ter de sprezado a sabedoria. êsses tumultos de alma eram inglórios. as lágrimas a margas vertidas na solidão. que destrói com o tempo todos os sentimentos. de um sonho. desejav a prazeres a qualquer preço. entristecia m o espírito de Júlia. qual o mais penoso de suportar. com uma fé admirável que a fazia de novo aceitar sua dolorosa tarefa. ou concebendo pe nsamentos tão vagos. como jamais conseguira fazerIn se compreender pelo marido. fitou Júlia. n a calma e no silêncio da noite. depois de ter beijado co m indiferença a testa da filha. Até então. da sua despreocupação. O torn da voz. de Sérizy dará uma reunião na próxima segundafeira. namorar a Duquesa de Carigliano. deixando o divã e afastando-se do fogo quase apagado. Vítor fitou a mulher com espanto. Ern meio ao desânimo que. para adivinhar os longos e terríveis dramas a queela dá lugar.Eu irei. Foi apenas mãe. sozinha no mundo.tôdas as crianças são formosas. tomou?lhe a mão e féIa sentar-se ao seu lado naquele mesmo divã onde ela acabara de re moer tantos pensamentos sombrios. .erta de repente à beira ou no fundo de um abismo.respondeu Júlia. sem ter notado os vestígios das lágrimas vertidas pela espôsa. sem amor. a felicidade da filha. . baixou as cortinas do berço. entrou o Sr. o marido não mais lhe pertencia.. . Júlia compre endera que a Sra. ela caiu numa dessas ardentes m.onde passou a noite? . aquêles silêncios entre os dois esposos. certa de ser amada por Vítor.exclamou! com aquêle insuportável ar fo lgazão cuja vacuidade a marquesa tão bem. no momento em que. de tão particular. a marqu esa caiu numa poltrona. 31 Êle pegara um guarda-fogo que estava sôbre a lareira e examinava-lhe com atenção a trans parência. de Sérizy. Daí em diante. ela quer vê-la em sua casa. abaixou-se. conhecia. com o ar enfadado. feliz por se encontrar só havia alguns dias. A essa nova previsão dum fut uro sinistro. apesar 31) Sra.perguntou ela fingindo uma profunda indiferença. sua filha. de Sérizy: persGnagem da Comédia Humana. ela se dedicara a uma felicidade de que não partilhava. a expressão e o olhar da marquesa tinham qualquer coisa de tão penetr ante. deveria haver um mundo de pensamentos cujo pêso só ela suportaria. Mergulhou numa Ineditação desesperadora e simulou observar o fogo.descobriu o segrêdo de sua solidão. . suas pernas haviam fraquejado e ela rompeu em lágrimas.-diiações que devoram anos de vida. Dar-me-á um grande? prazer. Júlia estremeceu. que. entre ela e o marido. o único bem que a prendia à vida.A Sra. . Não era o único fiérte de Vítor d"Aiglemont. e quis beijá-la. ç encarou a fortuna. sua Helena. . coritemplar a filha à luz duma candeia. Inconstant e ou enfadado. já não tendo a satisfação de saber que suas lágrimas davam alegria ao marido. mas êle acolheu o entusias mo da mulher com uma frase banal. As palavras seriam impotentes para exprimir a torrente de pensam entos que lhe brotou da alma e que teve de conter. vêzes. a quem vimos. que vinha radiante de alegria. nem nos seus sofrimentos nem n os seus sacrifícios. Agora. Assim. cuja leviandade já conhecemos em Um Comêço de Vida. 1 A 1uULHER DE TRINTA ANOS 549. a única criatura que lhe proporcionava um pouco de felicidade . porém. traz para casa o cansaço da felicidade. Mas isso foi tudo. Quando Vítor fechou a porta. generoso ou compassivo para com ela.. em Ao "Chat-qui-pelote". de um homem que. pegou um candelabro com uma das mãos e com a outra procurou lânguidamente o pescoço da mulher. o futuro. a marquesa. ofereceu-lhe a fronte e nela recebeu o. mas a gora.Está belíssima esta noite. de Sérizy era a Inulher que lhe roubara o coração do marido. com os olhos enxutos . espécie de careta que lhe pareceu odiosa. .Nesta idade . É preciso ter sofrido o suplício de alguma cena análoga para compreender tudo o que es ta encerra de sofrimentos. E. Júlia desejava viver para preservar a filha do jugo medonho sob o qual uma #548 CENAS DA VIDA PRIVADA madrasta poderia sufocar a vida daquele ente querido. Depois de ter bocejado várias.Em casa da Sra. Júlia. lhe relaxava tôdas as fôrças. Como faz tanto tempo que não aparece na sociedade. beijo de boa-noite. Nesse momento ela não pensou mais em si. quase que respondi por você. na medida em que êle era capaz de amar. depois de ter sido feliz noutro lugar. Júlia fê-lo apreciar o sono de Helena. . d"AiglemontI . um beijo maquinal. Aquelas palavras simples e banais. não lhe restava mais que o sofrimento. ela ia. . . e deseja imensamente que vo cê compareça. Sra. É uma ótima senhora que a estima muito.disse êle. Vítor brincava com o guarda-fogo entre as mãos. d"Aiglemont. s e comparecer. seu interêsse e u m vago desejo de vingança uniram-se ao seu amor maternal para a fazer entrar num caminho onde novos sofrimentos a aguardavam. acolhidas no círculo em que reinava. tudo lhe sofria a censura. pois as mulheres preferem acreditar na ciência do vestuário do que na graça e na perfeição daquelas que têm o dom natural de usá-lo com elegância. ópera de Rossini. numa mulher jovem que ainda tem o coração puro. Procurou o marido. a maneira com que o marquês se sentou diante do fogo. viva.o grito de sua consciência deveri a sufocar o das paixõ?es e do egoísmo. e seduzi-lo. as mentiras das criaturas que não am am.um só salto.os gestos. a marquesa pusera ruge e se apresentou num trajar deslunibrante que ainda mais lhe realçava a beleza.que era êsse o caminho que tomava . e tôdas lhe invejaram o feitio do vestido o talhe do corpete. ao primeiro passo no vício . Sem Júlia dar-se conta. seu traje era inatacável. ser coquette para com êle como o são essas caprichosas amantes que têm um prazer todo especial em atormentar os. o espírito muito delicado. brilhar nela. às palavras habituais de sua oração um acento íntimo. Literatura. estudando os meios de não mentir ao seu coração. e de viver o mais possível para velar pela felicidade da filha. sua vaidade feininina. abatida. Su a rival esperava uma mulher desfigurada. mas. De . Para salvar a filha. profundamente aborrecida a mulher na qual os homens supoem #55O CE". Ésse estratagema odjo?io era o único remédio possível para os seus males. com efeito. Opudor não é tôda a mulher? Mas Júlia não quis ver nenhum perigo. ela passou oito dias preocupada com o futuro. cujo efeito foi por elas atribuído ao gênio de uma modista d"con hecida. Dêsse modo ela se tornaria senhora de seus sofrimentos. era soberanamente sentenciosa. la nçou-lhe um olhar cheio de sedução. dominando. reuniu em tôrno de si os homens mais distintos do sarau. se êle a tivesse ouvido. homens que as amam. ela enxergou de súbito tôdas as perfídias. Ela possuía. ela encantou o au ditório com a primeira parte de Al to ouvir canto tão Perfeito de sentimento e de entonação. resolveu fingir ter pelo marido um amor que não mais podia sentir. dando. a alma muito be m Z?) formada. A marquesa experimentou uma viva emoção ao ver as cabeças aglomeradàs nas Portas e todos os olhares voltados para ela. e ela parecia dçsafiar a dos outros. Resolveu então lutar contra a rival. porém. Quando Júlia se evantou para ir ao piano cantar a romança de Desdêmona. de1 senvolta. homens e mulheres. reconquistar seu império sôbre o marquês. seu poder. piã s-. Habituada a ler em si mesma. ditava sentenças que. de. política. reaparecer na sociedade. Sua casa era em tudo um modêlo de bom gôsto. . ela lançou-se no frio calculismo da indiferença.32 os homens acorreram de tôdas as salas para ouvir aquela voz famosa. -No meio daqueles salões repletos de mulheres elegantes e belas. depois. mergulhou nêle o rosto para nada ver. A Condêssa de Sérizy era uma dessas mulheres que pretendem. de Sérizy.dice. tudo contribuíra para faz er daquela hora um trágico desenlace à vida solitária e dolorosa levada por Júlia. e viu com prazer que naquele momento seu amor-própri o estava extraorditràriamente lisonjeado. e fêz-s e um profundo silêncio. Radiante com êsse triunfo. Não sentiu mais nenhum remorso por torriar-lhe a vida difícil. e principalmente muita franqueza para permanec er muito tempo cúmplice dessas fraudes.?\"AS DA VIDA PRIVADA então corruções inatas. subjugando o marido com um despotismo terrível. poderia ordená-los ao seu bel-prazer. exercer em Paris uma espéc ie de império sôbre a moda e sôbre a sociedade. lhe pareciam universalmente adotadas. e rezou. Foi à casa da Sra. Júlia triunfou da condêssa. o próprio sentimento da maternida de está subinetido à voz do pudor. a atitude que teve procurando beijar o -pescoço da mulher. quando com seus art ifícios o tivesse submetido ao. muda há tanto tempo. os embustes da coqueteria e essas atrozes astúcias que tornam tão. nenhum êrro na sua nova vida. 33 Tanto a Malibran como a Pasta jamais tinham fei32) ORomance de Desdéniona: no Otelo. tinha a pretensão d e criar ditos. os olhares. Na sua loucura. ela pôs-se de joelhos diante do divã. em que o amor perimanece virgem. Espirituosa. e fazê-los mais raros. Entregue à sua desdita. Para desespêro da s mulheres. uma significação nova que teriam dilacerado o coração do marido. afinal. a muitas pess. Por isso. nem na glória. tão delicado. de forma diversa. somos obrigados a respeitar. boas únicamente para sere in postas numa redorna. deixou-se de boa vontade derrotar pela engenhosa piedade da Sra. mas. te enganas. que não tem subterfúgios. Por vêzes gabava-se de s er o objeto dessa linda paixão. Tôdas as mulheres cochicharam. Tudo isso ela sonhara a respeito de Artur por extravagância. minha querida? Oh! pobrezinha. que não lhe dá rivais e a ela se entrega sem pensar na ambição. por sua fragilidade. Não te impressiones nunca com essas florezinhas delicadas. está tão fracal Eu tremia ao vê-la tentar uma coisa acima de suas fôrças.e Rossin i. A MULHER DE TRINTA ANOS 551 to ouvir canto tão perfeito de sentimento e de entonação.. A romança foi interrompida. scoundo me disseram. A visão ffitima e a elaboração e assimilação das coisas ou das idéias são nêles completas e justas. d"Ai.1 . d"Aiglemont não desconfia de nada. primeiras palavras da -romança do salgueiro% no otelo. um dos protagonistas da História dos Treze. Júlia. . deveria permanecer fiel ao seu primeiro amor. nem na fortuna.Iemont.Oinfortúnio e a meJancolia são os mais eloqüentes intérpretes do amor e estabelecem ligação com incrível rapidez entre dois sêres que sofrem. por seu preço. e de repente julgou ver seu sonho realizado. que -tantas vêzes tinham perturbado Júlia.. à fôrça de discutir êsse incidente. junto a uma linda mulher sem ousar beijar-lhe a mão.33) AI piã Salice. senhores motejadores! Muitos homens não teriam tantas atenções como eu tenho com -minha mulher. despeitada. Estremeceu e a voz se lhe alterou. no meu lugar. . Reconheceu-se nêI?. Pensando em Artur. cujos momentos lhe são todos consagrado s. repentinamente se realizavam. a violência do choque recebido pela marquesa revelou-lhe todos os perigos do futuro. No Tosto quase feminino do jovem inglês leu os Pensamentos profundos. Gostaria muito de sabe r como é que vocês se portariam. O. as resignacões dolorosas de que ela também era vítima.Então! meu caro Ronquerolles. A inte rrupção da romança foi um acontecimento que deu que falar.acr?scent ou em voz baixa. de Sérizy.(). que Pensa como uma mulher. Soltas muito freqüentemente teu li In rido cavalo.dizia o marquês ao irmão da Sra. descobriram a luta iniciada entre a marquesa e a Sra.. mas meu casamento é uni obj?-to. Uns deploravam a sorte de Júlía e lamentavam que um aa mulher tão i nteressante estivesse iperdida para a vida so£ia]. Tenho certeza. outros indagavam da causa de seus sofrimentos e da solidão em que ela vivia. É verdade que tenho certeza da virtude de minha mulher . não se sen. para o qual receias. tiu com coragem de prosse guir e sofreu a compaixão pérfida da rival.oas. a chuva e n a neve? Está aí a minha história. #552 CENAS DA VIDA PRIVADA havias de achar minha sorte bem pouco desejável se ficasses como eu. passando os olhos pelo auditório ela divisou Artur que a fitava fixamente. de Sérizy.. ela comprazia-se em acreditar que um homem. Os estranhos pressentimento s. Assim.invej avas minha felicidade. que cora com o que faz corar uma mulher. a paixão pura e verdadeira de um jovem. A Sra. cujos pensamentos pertencem todos à sua bem-amada. e se me julgas casado. Satisfeita por encontrar em seu estado de saúde um pretexto para justJficar sua perturbação. 3. e que. durante um ou dois anos. Assim que minhas infidelidades são de certa forma leorítimas. no momento em que repet ia a canção. vendo a Sra. com mêdo de magoá-la. na aparencia tão suave.que a Sra.. e me censuravas por lhe ser infiel? Pois 34) Ronquerolles: personagem da Comédia Humana. de Sérizy . Só que nada é mais aborr . de luxo. que não pouparam em sua maledicência. Sou muito feliz.Que tem. eu procederia muito mal se me queixasse. . de Sérizy correu para a marquesa: . por distração. as doces melancolias. son guerriera. 37 testemunharam o entusiasmo que ela desperto u. Depois..disse-lhe êle . As estranhas palavras daquele marido alimentaram sem dúvida algumas esperanças no jovem inglês. se está disposto a deixar de ser por muito tempo marido da Sra. Êsse amistoso epigrama fêz rir os circunstantes. maldizia o casamento. é porque me sinto de certo modo autorizado pela certeza que tenho de salvar a Sra. d"Aiglemont. talvez se tivesse atirado à rua. que aguardou com paciência um momento em que 9 se encontrasse a sos com o Sr. tempo e paciência. entregue a pungentes remorsos. Seria necessário ter a alma de Júlia para sentir. sem ser despertado pelas lágrimas quentes que a espôsa deixava cair sôbre êl e. you refletir. . não mais sua melancolia. quis homenageá-la com um amor repentino . mas nessa primeir a luta. não fôsse um grito da filha. o horror duma carícia calculada. Júlia viu com uma espécie de prazer inquieto o pronto êxito de suas tentativas. tristonha e pensativa. Encontrou fôrças para parecer feliz e esconder. Ela se desprezava. de Ronquerolles . e cortejou-a. ela deve ser submetida à minha mulher. pela janela. d"Aiolemont. como teria feito a uma atriz. No dia seguinte Júlia conseguiu mostrar-se alegre. Dêsse dia . Cantou a ária de Serníramis: 35 Son regina.seo gredou-lhe ao ouvido. o senhor será em todos os momentos juiz da minha conduta . ela deve morre r miseràvelmente. a marquesa. afetando um frio egoísrn( 1 que deveria servir a seus designios . tentou brincar com o seu poder. por fiscal. É pouco comum que um homem d a minha estirpe seja médico. ainda agravada por uma dolorosa prostituição. por falta de um regime adequado.Não resta dúvida. 36 Aplausos unãonimes. Nada farei sem o ter por conselheiro. Desde já lhe aviso que.pois quase nunca estás em casa.Senhor . eu me aborreço bastante . e essa foi a mais terrível das lições que lhe reservara o destino. d"A i-lemont.retorquiu o Sr. mas Artur permaneceu frio e impertu rbável. Júlia estava sentada no leito conjugal. Sim. . Somos ambos cavalheiros. ela.s. id"Aiglemont dormia plàcidamente a seu lado. Se assim lhe falo .disse. mas um invencível horror. OSr. as aclamações polidas do faubourg SaintGermain.Quando d"Aiglemont conduziu a mulher de volta ao seu palacete. e se soubesse que. Permita-me não recusá-la e também não aceitá-la.para que me seja indiferenp te dispender meu tempo e minhas viagens em proveito duma criatura que sofre. desejaria ter morrido: e. por assim dizer. cuidado. Pelas duas ou três horas da madrugada. e respondo pelo sucesso se consentir em me obedecer. creio que não gracejaria acêrca de seus sofrimentos. . virtuosa e casada. Nesse momento Júlia voltava ao piano. milord. . vertia lágrimas de uma amargura que só pode ser compreendida por mulheres que se tenham encontrado na mesma situação. para ver igual afronta num beijo glacial. As curas dessa espécie de doença são raras. viajar. como ela. todavia.És então muito sensível. e há cêrca de uma hora. antes de mais nada. o que não tardou o muito. quis o destino que eu estudasse medicina. porque exigem muitos. sua bondade fê-la sucumbir mais uma vez. . mas surdos. como um gentleman que adotou a gravidade como base de seu caráter. Júlia achou divertido ser tratada assim. . onde reinava o mais profundo silêncio. se aceitar a minha proA MULHER DE TRINTA ANOS 553 posta. Ora. . seguir escrupulosamente prescrições que variam diàriamente e que nada têm de desagradável. dando a êsse térmo a acepção da palav ra inglêsa gentleman . e de restituí-la à vida e à felicidade.ecido para um homem sensível do que ver sofrer uma pobre criatura a quem está ligado . excitado pelo papel que ela acabava de desempenhar. .e nos podemos entender. Omarido. apostas ia do coração. é preciso sobretudo ter fortun a..disse o marquês sorrindo só um inglês me poderia fazer uma p roposta tão esquisita. em vez de satisfazer Icoucas fantasias.vejo com uma pena infiníta o estado em que se acha a senh ora marquesa. a luz vacilante de uma lamparina iluminava fracamente o quarto.disse êle. Essa MULHER DE TRINTA ANOS 555 bela e amena região adormece as dores e desperta as paixões. U) Son Regina. tendo reconhecido por êsses meios. e não lhe amortecia nem o olhar. Não tinha mentido a si inesma? não era. tudo ali é ardente. capaz de dissimulação e não poderia mais tarde atingir uma p rofundeza espantosa nos delitos conjugais? Seu ca35) Semíramis: tragédia lírica de Rossini. 37) Faubourg Saint-Germain: o bairro aristocrático de Paris. Ela sorria amplamente.-Ôsto. Tôdas as faltas. que por fôrça queria que ela aceitasse os cuidados do jovem médico. a Sra. ela já se perguntara porque resistir a um ser amado. seus caminhos fundos. a terra sorri por tôda a parte. tôda a extensão do amor que inspirara. os múltiplos panoramas que dali se d escortinam.mento. #654 CENAS DA VIDA rRIVADA samento era a causa dessa perversidade a priori que não se exercia ainda sôbre nada. duas pessoas subiam os caminhos pedr egosos que recortam os rochedos em que assenta o castelo. um dêsses áureos rochedos a cujos pés corre o Loire. cintilavam através de um vapor úmido. nem a voz. com tôrrezinhas esculpidas. que. suas vinhas. em 1821. ela se assemelhava a uma n oiva sob o véu. nem os gestos. bordados como u ma renda de Malines. diante daquelas águas cintilantes. não longe do sítio onde Júlia parara em 1814. e dirigiam-se. d"Aiglemont sorriu à esperança de um pronto restabeleci?. d"Aiglemon t apresentou Lord Grenville à mulher. para ficar segura de que êle teria a generosidade de sofrer em silêncio. Contudo. deu irmeza à voz e conseguiu assim ficar senhora de seu futuro. um dêsses castelos delicados. Poucos dias após essa cena. giterriera: -Sou rainha. do qual iá abusava. Ali fenece mais de uma ambição. elegantes. son. Inúmeros vestígios da Espanha tornam poética essa encantadora vivenda: as giesteiras douradas e as campai. Júlia recebeu Artur com uma polidez fria que fazia honra à sua dissimulação. são inatos na mulher. para o ponto mais alto a fim de admirar. como tôdas as tardes o so l se deita em seus lençóis de púrpura e azul. era fácil ver-se que nenhum sofrimento critorpeçia como outrora seus menores movimen tos. Essas duas pessoas eram Júlia e Lord Grenville. semelhante ao fluido que dá aos olhos das crianças irresistíveis encantos. seus tapétes de hera e suas escarpas. Artur cond uzia-a . por assim dizer. sem dúvida. Pela maneira de caminhar. Seus olhos. quando se entregava. sentia-se feliz por viver. tornam-na lânguida e apaixonada. a uma virgem prestes a entregar-se aos enlevos do amor. Ela tinha sôbre êle o mais absoluto poder. a um marido a quem não mais amava. Gbrigados a respe itar a propriedade. e não opôs mais resistência à vontade do marido. Depois. não era mulher? " IV A DECLARAqAO Moritcontour é um velho solar situado sôbre."lias perfumam a brisa. não são menos dignos de lástima do que as mulheres feridas nos seus anelos e nas delicadezas de sua natureza. franca saúde. A marquesa denotava. brancos. s uas lorigas balaustradas com abertos. suavizam-se e a embalam. pois. têm por princípio um raciocínio errado ou algum excesso de egoísmo. o ar é acarici ante. por suas côres vivas. É um dêsses pequenos castelos da Touraine. e por tôda a parte doces encantos envolvem a alma. s<)u guerreira". ali nos deitamos no seio de uma felicidade tranqüila. suas excavações na rocha. mas Júlia parecia ser uma outra mulher. e fruía a vida. A sociedade só pode existir pelos sacrifícios indi viduais que as leis exigem. A êsse tempo. vivificados por um poder fecundo. Ninguém permance frio sob aquêle céu puro. e talvez os crimes. contrariando o coração e o impulso da natureza. velou os olhares. lindos. Ela impôs silêncio ao seu coração. ela não quis fiar-se em Lord Grenville senão depois de ter estudado bem suas palavras e ma neiras. Por uma plácida tarde do mês de a. Aceitar-lhe as vantagens não será assumir o compromisso de manter as condições que a fazem subsistir? Os miseráveis sem pão. cujo segrêdo ficou sepulto no leito conjugal. que se refletem nas águas do rio com seus ramos de amoreiras.em diante não se considerou mais uma mulher irrepreensível. Os telhados" de Montcontour cintilam aos raios do sol. Sob a sombrinha de sêda branca que a defendia dos quentes raios do sol. tornou ela . quiseram descansar numa dessas pedras brancas e comp ridas que continuamente são extraídas das cavidades abertas nos rochedos. milord? . . prisioneiro. . e deixou cair sôbre a mão de Artur a mão que estendera apontando para a cida de. esta natureza me pareceu selvagem. por uma intenção delicada..foi ali que.:. .Armemos uma tenda e vivamos aqui. A marquesa parecera receber os cuidados inteligentes de Artur com todo o egoísmo duma parisiense habituada às homenagens. mas sem apressar a marcha.exclamou. mostrava-lhe um panorama ou uma flor. Ambos admiraram em silêncio a paisagem e as belezas daquela natureza harmonios a. no gesto.Calou-se. Quando chegaram ao alto de um parreiral. o que é? . como gosto desta região! . s que uma mulher intci"lzcnte revela todo o st-u pensamento. Júlia contemplou o local.gostaria de viver sempre aqui. afinal. #Z56 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS 557 . na nossa frente. Lor?d Grenville estremeceu. obe deciam a uma mesma vontade.São as colinas do Cher.repetiu Júlía com um entusiasmo crescente e espontâneo. levava-a pelo me lhor caminho. tanto quanto ou talvez mais que os movimentos necessários à sua própria existênc ia.disse Júlia. sómente olhava para sua companheira de tempos em tempos. O murmúrio das áouas. Mas veja que admirável efeito produzem à distância as tôrres da catedral! Calou-se.corn um cuidado de apaixonado.É o Cise. . .gritou. .. Durante todo um ano ?êle cuidara da marquesa com a maior das dedicações. ou com a negligên . fazia-a evitar as pedras. Êsse agradecimento era o primeiro que lhe fazia Júlia desde que haviam saído de Paris. . e até agora eu estava morta para tudo. d"A. êle a cultivara como a uma flor rara um floricultor apaixoiiacto. guiava-a como se guia uma criança. sentimentos que pareciam serlhe inatos. . venha. sua elo..Foi ali .Sim. mas antes de s entar-se. É preciso estar viva para experimentar as alegrias da vida. . .É ao senhor . venha depressal O Sr.Oh! meu Deus.E à direita? Ali! é Tours. As mulheres têm um inimitável talento para exprimir seus sentimentos sem empregar ex pressões demasiado vivas. . eu a vi pela primeira vez. . levantando a c abeça e lançancio a Artur um dêsses olhares expressivos coni. Osenhor me deu mais que a saúde. Auxiliado por d"Aiolemont. se mpre movido por um constante sentimento de bondade. Vítor. . com um grito de caçador. A essas palavras. Lord Grenville não ousou fitá-la. depois de um longo silêncio . por um con hecimento íntimo do bem estar daquela mulher. conduzira-a às águas de Aix. quando as sinuosidades de caminho o permitiam. impressionados pelas mesmas sensações.respondeu êle com melancolia.repetiu ela. ensinou-me a apreciarl he todo o valor. Será possível que alguém se canse de admirar êste maravilhoso vale? Sabe o nome dêste lindo rio. depois às praias marítimas de La Rochelle.E lá. .Oh1 . na atitude e no olhar. .qüêno cia está principalmente na entonação. A doente e o médico caminhavam no mesmo passo sem se admirarem de um acôrdo que parecia ter existido desde o primeiro dia em que caminharam juntos.OCise . a pureza do ar e do céu.-lemcknt respondeu de baixo.Morou aqui muito tempo? . . Lord Grenville escondeu a cabeça entre as inãos porque lhe rolavam lágrimas dos olhos.que eu ãCvo êste prazer . Júlia aspirou o ar com prazer. mostrando um grupo de nogueiras à margem d a estrada. e agora .Lindo lugar! . tudo combinava com n os pensamentos que afluíram em turbilhão a seus coraçoes jovens e apaixonados. detinham-se. mas eu já estava muito triste.tornou depois de uma pausa. Observando a todo instante as mudanças que suas sábias e simples prescrições produziam na constituiçao combalida de Júlia. seus olhares e suas palavras correspondiam a pensamentos mútuos. não está no meu poder recompensá-lo . Júlia volveu numa voz meiga: . julgou-me ingrata. milord. . . Por mais profundas. se não os tivesse sabido apreciar. . e ali permaneceu imóvel. I ry A influência que os lugares exercem sôbre a alma é um fato. não lhe falarei do meu amor. algumas nuvens encobriram o sod. vendo-me fria e reservada. eu vejo isso. Aqui. vamo-nos separar. Se infalivel mente a melancolia se apodera de nós quando estamos à beira d?gua. o silêncio podia ser igualmente temível.Minhas palavras o comoveram. Júlia Voltou a cabeça para não dar a ver ao jovem lorde as -lágrimas que conseguiu reter e enxugar.que.. Agora. por mais secretas? que tenham sido as alegrias de meu coração. êle mostrou d"Aiglemont. milord? Talvez essa viva expansão seja a maneira po r que uma alma sensível e boa como a sua retifica um falso julgamento. Ordenar-lhe isso não é. Éle subira ali para fazer saltar a pequeria Helena. Nesse momento. tão alegre. colocando a mão do moço sôbre seu coração palpitante. nossas almas compreendem-se perfeitamente. tão pródigo de expressões ternas ao pôr do sol. possuo a deliciosa: . Milord. por retribuição de seu devotamento you exigir-lhe um sacr ifício ainda maior do que aquêles cuja extensão deveria ser melhor reconhecida por mim. a paixão ganha em profundidade o que parece perder em vivacid ade. a marquesa foi até uma rocha pouco distante.disse Artur erguendo-se. nossos sent imentos se apurem. e uma leve obscuridade deixou à mostra tôda a beleza daquel a maravilhosa paisagem.Sim . uma brisa acarician te agitou o cimo das árvores. O to dos pássaros. milord. pois o enternecimento de Artur a conqu istara de pronto. Júlia afastou-se precipitadamente. pedir-lhe-ei que torne santa e pura a vida que me restituiu. ou zombeteira e insensível. No momento em que Júlia concluía a frase que tainto emocionara Lord Grenville. Sim! não esquec erei nada. Eu não teria sido digna de receber seus cuidados. dar-lhe direitos que serão sagra dos? . nas montanhas. no temor de que traíssem a imensa alegria que nêles se estampava. Não esqueci nada. Ao perceber que Lord Grenville não estava em condições de pronunciar uma palavra sequer. possivelmente. e os avalia segundo o grau de utilidade que para ela encerram.Pois bem. Seu instinto de mulher fazia-a sentir que nessa hora perigosa ela devia sepultar seu amor no fundo do coração. que felizmente vai em breve terminar. que trazia a filha no colo e que apareceu do outro lado de um caminho escavado.. nem principalmente a nobre confiança de nossas conversas fraternais. Não ousou erguer os olhos para êle. e Lord Grenville não fêz nenhum moviment o para detê-la. espalhou pelo ar a frescura das águas.. Sem dúvida choraram em silêncio. Sei.cia duma cor1 tesã que não sabe nem o custo das coisas nem o Valor dos homens. aí.tornou Júlia voltando para junto dê. nem a solicitude que o fazia velar por mim como uma mãe vela pelo filho.acrescentou. você partilhou de tôdas. na balaustrada do castelo. Entretanto. digno de atenção. le numa atitude tão digna q ue lhe permitiu tomar-lhe a mão.. L#558 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS 559 . M as é preciso .. seduções contra as quais tôdas nós nos encontramos sem defesa.acrescentou vendo que Lord Gren ~ ville empalidecia .Júlia. durante esta viage m. Suas emoções foram um mistério para êles próprios. Dito isso. O aspecto da amplídão do Loire e a elevação da formosa colina onde os dois apaixonados e stavam sentados eram.. uma outra lei da nossa natureza impressionável faz com que. O senhor não permanecerá na França. . aumentou certamente a violenta comoçao que os forçara a separar-se: a natu reza encarregava-se de exprimir-lhes um amor de que êles não ousavam falar. Eu sinto. a deli cadeza de seu procedimento. eu sei. a causa da calma deliciosa em que êles saboreavam pela vez primeira a felicidade que se goza em descobrir a extensão de u ma paixão que se esconde sob palavras de aparencia insignificante. . minha dedicação por êle não wrá limites. . Não me julgo culpada. .E.exclamou o general do lugar onde estava fazendo uni gesto. . Sim.recer no rosto perturbado a expressão de uma dolorosa surprêsa.expor-me-ia ao seu desprêzo. simulará ter recebido uma carta que o chama à Inglaterra. Quis a fatalidade que falássenios de nosso amor.foi aqu i que nos encontramos pela primeira vez.mento silenciosos.Eu também pensei nisso. também não pertencerei a nenhum outro. Olhe. milord.O frio da sombra desta nogueira ia me fazendo perder os sentidos. Osentimento religio so quedominava aquela bela cabeça expulsaria sempre os maus pensamentos involuntário s que nossa natureza imperfeita engendra. e o meu doutor a ssus#r) 6 o . êsse pensamento me salvaria .ajuntou ela. O senhor não terá de mim nada além do que já conseguiu. . Ao ouvir o grito. lá em baixo. e se entendiam tão bem nos prazeres mais íntimos como nas mais secretas dores.Ela é irrevogável. tanta virtude. Nesse instante. não pudera dizer.exigem que eu torne a existência déle feliz. para poder resistir à tentação se continuassejunto de você. mas involuntários. .tornou ela. Provàvelmente não se lembra mais. . ou na Itália. deixando transpa. Não quero ser uma prostituta nem a meus olhos nem aos olhos do mundo.Eu deveria morrer jovem e infeliz. lÊsse grito pungente repercutiu como um raio. destino. um frio mortal se apoderou dela e. junto daqueles choupos.prova da constante simpatia de nossos corações. mas seja essa a última vez em que nossos corações tenham tão fortemente vibrado. a infelicidade de minha vida é . . se o senhor cedesse a um impulso criminoso? a viúva do S r.uisse ela. . Júlia designou o marido.tornou ela . ocupados em remover suas tristezas: bons e maus. . o marquês apressara o pa3se. e nos separaremos pa ra nunca mais nos vermos. Essa confissão talvez fôsse inevitável. mudo até então. com êsse admirável sangue frio que a finura natural às mulh eres permite-lhes muitas vézes mostrar nas grandes crises da vida.prosseguiu Júlia. Eis a sentença que proferi contra mim mesma.. .der matar êsse homem. o inglês respondeu com uma brusca inclinação de cabeça.gritou Lord Grenville. Agora. Várias vêzes já imaginei com excessiva habilidade os meios de po. d"Aiglemont. Escute. fitando Artur com altivez. A própria sombra do crime tinha-se desvanecido naquela consciência pura. na entonação da voz e no gesto que escapara a Júlia. ..Mas então. er guendo para o céu os olhos raso& de lágrimas. levada por um pensamento bem feminino. . ..disse ela numa voz alterada. mas que mostram ao mesmo tempo a grandez a e os perigos do nosso. que Lord Grenville ficou perplexo de admiração. sentiu dobraremse-lhe os joelhos. mas de hoje em diante sou viúva. S e não pertenço mais ao Sr. não creia que eu viva . . .Milord.As leis do mundo. serei sua escrava. não será morrer? Os dois heróicos apaixonados permaneceram ainda um mo. os sentimen tos que nutro pelo senhor são irresistíveis. e chegara logo ante os dois amoroso s.rias secretamente obt idas sôbre o amor. Contudo. Perder sua estima. . . .obra minha. mas fugirei.Júlia! ..Não foi nada. d"Aiglemont entraria para um convento. . tanta confiança em si mesma e tantas vitó. a meus deveres de mãe e aos desejos do meu coração. Não. exausta pelo esfôrço.disse Júlia.disse Júlia. e eu quero permanecer virtuosa. . . . Amanhã. Odesgôsto será tão mortal quanto o -poderia ser a terrível doença de que me curou. . com um gesto significativo de horror e de verdade.acrescentou baixando os olhos. Mas havia. ou na Espanha.nunca mais pertencerei a êsse homem. e eu obedecerei. nunca. Êsse dilacerante brado exprimiu tudo o que o apaixonado. serei ao mesmo tempo fiel à minha consciênc ia de espôsa. sentou-se para não cair nos braÇOS de Artur.Não devo queixar-me. saiba que.perguntou o general. Júlia. seus pensamentos eram fielmente os mesm os. eternos.Que é que ela tem? . . Sorriu ao marido. .as carruagens ainda estão I?"nge. mas que abalavam a alma. obrigou-a no fim do dia a falar-lhe com uma . então ignorante do amor e quase lhe ainaldiçOando a constância . cessaremos de viver. nossos corações terão mais um momento de vida. . procurou apertá-la nos braços. doces como o murmúrio do Loire. mas Vitor fêz-lhe a gentileza de deixá-la no fundo. e percorreram com rapidez o itinerário seguido o A MULHER DE TRINTA ANOS 561 ern.. o general seguia ou precedia os dois enamorados . e arrastou seu companheiro de viagem. . pela maneira conio estavam sentados. Ela agradeceu-lhe a atenção com um suspiro que o enganou. sem o companheiro de via-em. . Não sou para êle como uma obra de arte ainda inacabada? Provàvelmente. Naquela mesma noite. Júlia recordo u corn precisão até detalhes frívolos. e desapareceu. e até mesmo pensamentos que lhe ocorreram In em determinados trechos da estrada. lembrar-se-á durante tôd a a vida das coisas que dizem respeito a seus sentimentos. Pouco antes. dizendo palavras vagas.d Grenville partiu. que variedade de panoramas se descortina. Por isso. mas ao descerem ao longo do terraço haviam derrub ado o frágil edifício construído em suas imaginações. que. d"Aiglemont. desgraçadamente. . falando com os olhos.respondeu Lord Grenville . reconheceu com satisfação os mais insignificantes aci dentes de sua primeira viagem.. Preocupado por não encontrar sua carruagem no ponto em que ela estacionara. ela sa ltou alegremente para o caminho em descida. temeu vêla destruída. imagem melancólica daquele fatal amor. olhou a paisagem antes de deixar o cimo dos rochedos. no momento de desaparecer. Tomou audaciosamente o braço de Lord Grenville. amorosamente. Osol. Vítor. e desde algum tempo êle deixava a mulher l ivre. Rindo com um riso quase convulsivo.Daq ui a um momento não mais poderemos ser. pega ndo-lhe da mão. A nobre e delicada conduta de Lord Grenville du rante a viagem destruíra as suspeitas do marquês. Passearam pelo terraço. env. -e se nos é ipermiti-do expressar-nos. . o coração tem uma memória própria.Vamos devagar. enfim.r.Êste é certamente o mais lindo luorar que já vimos. pela beira do rio. Artur e Júlia caminharam ainda na triste e dolorosa união de seus corações dilacerados. quase silenciosos. desde o momento em que a simpatia lhe s revelara a extensão de uma paixão tão forte.. Uma mulher incapaz de evocar os acontecimentos mais graves. ela encontrou inúmeras impressões esquecidas. e sôbre o qual nem ousavam respirar.CENAS DA VIDA PRIVADA tou-se. Oúltimo olhar que lançou a Júlia provou. Veja. 814 pela marquesa. Ca minharemos juntos. de quem sentia e partilhava o ca lor.-disse ela quando se achou long do Sr. aconchegou-se a ela. novamente apaixonado pela mulher desde que ela recobrara o frescor da juventude e tôda a sua beleza. que pretexto para evitar essa inocente carícia. confiando na fé púnica do lorc[-doutor. Ví?tor. . às últimas luzes do dia. e en controu não sei.nunca o esquecerei .olveu-os em seus reflexos vermelhos. Quando o Marquês d"Aiglemont e a mulher se encontraram no dia seguinte sentados no fundo da carruagem. Estav am sem esperanças. Lor. uma felicidade inquieta !que não ousavam definir. quando subiam pe las escarpas de Montcontour. e nunca mais seremos nós mesmos.Como! tão cedo?.disse ela . como crianças que prevêem a queda do castelo de cartas que ergueram. ela se afastou suavemente. pouco depois ela experimentou repugnãoncia ao contacto de Vítor. Quando. interpretando a seu favor a melancolia da mulher. êle tivera razão de desconfiar de si próprio. . sentiam ambos uma vaga esperança. mas rindo de modo a enganar o marido. que amplidão.. Quis acomodar-se sózinha na frente do veíciilo. e êsse velho sedutor de caserna. . Êste lugar faz-me pensar no amo. sem se intrometer na palestra. Você é muito menos digno de lástima que eu. a natur?za me interditavam. Essa reprovação geral acusa ou a infelicidade que aguarda as desobediências às leis. O mês de março chegava ao fim. disse depois ao criado -que veio retirar as tacas.acrescent. as almas apaixonadas verão nisso um cr ime. senhora marquesa. Saberei levar uma vida irrep reensível. e inais que tu do.disse-lhe. de Wimphen era felicíssima no casamento. de Sérizy. Se eu ainda fÔsse uma mocinha sem experiência. .perguntou Júlia. e é o que deseja. Em tais casos. mas tenho refletido bastante para compreender que noss os papéis não são idênticos. Passaram-se dois anos. durante os quais o Sr. cá estão. poderia recomeçar o sacrifício de minha vida. Durante oito dias. e a Sra. Meu silêncio prova-lhe que você tem em mim uma mulher cheia de indulgência. A Sra. d"Aiglemont tivera uma de suas amigas para jantar. Vamos à floresta real caçar javalis..ito #562 CENAS DA VIDA PRIVADA exclusivo que não lhes permite pertencer a dois homens. talvez a felicidade de uma fôsse uma garantia de sua c onsideração pela infelicidade da outra.Cuide-se para que não lhe aconteça algum acidente. Minha virtude repousa em princípios determinados e fixos. de Winipifien era aquela Luísa a quem outrora a Sra. Oge neral. O marquês. creio eu. porque a Sra. tenho uma filha para criar e devo-me tanto a um como a outro. d"Aiglemont queria aco nselhar o celibato. . que sempre jantava na cidade. A MULHER DE TRINTA ANOS 563 ..u ela . Olhe . os dois esposos acharam-se reunidos no salão da sua própria casa. Guilherme. . As duas mulheres trocaram um olhar de inteligência que provava ter Júlia encontrado na amiga uma confidente das suas penas. ma3 sou mãe. Não consegui encontrar consolações enie o meu dever.Omonteiro-mor caça quando quer e onde quer. na situação oposta em que elas estavam. . indo cada um para o seu lado. aturdido pela lógica que as mulheres sabem e?tudar à luz do amor. pelo menos. bem o sabe. Uma noite. lançando um 1 olhar indiferente para o marido. encontrando-se mais vêzes no s salões de que em casa. você ficará completamente viúva.mande atrelar.. a dissemelhança de destinos é quase sempre um poderoso vínculo de amizade. A ENTREVISTA . um ar entre malicioso e triste.você já quase me matou. ficara em casa. Sofremos um a desgraça que nos atinge igualmente..firmeza que lhe causou respeito. e que só a mulher é predestinada ao infortúnio. d"Aiglemont levaram a vid a de sociedade mundana.disse o Sr. ficou s ubjugado pela espécie de dignidade que lhes é natural nessas crises.f oi a resposta. confidente preciosa e bondosa. e.voce esqueceu estouvad amente numa gaveta três cartas da Sra.Agora é tempo de caça? . proveniente talvez de uma virtude natural que nem as leis nem a civilização jamais conseguirão aba far. ou então tristíssimas imperfeições nas instituições em que assenta a sociedade europ . A Sra. d"Aiglemont. e que não trige de você os sacrifícios a que as leis a condenam. . Mas quem ousaria censurar as mulheres? Quando impõem silêncio ao sentirnp-.Vai ficar muito satisfeita. .. irias deixe-me viver. rão elas como padres s em crença? Se alguns espíritos rígidos re. . por exceção. desca nsando sôbre uma mesa a taça em que tinha bebido o café. nossa honra comum. A repulsa instintiva que Júlia manifestava por tudo o que melindrava seu amor e seus íntimos d esejos correspondia a uma das mais belas características da mulher. elegante divórcio no qual terminam muitos casamentos nas alta s rodas.Meu amigo. . e acrescen tou: . -O marquês fitou a Sra. com o monteiro-mor. . provam a espécie de transação que Júlia concluiu entre seus deveres e seu amor. não se.Parto -para uma longa caçada. de Wimphen com. . r C?_" 1 -lue seu destino fôsse truncado! já não leio os jornais inglêses na esperança 1 ainda não apareceu na câmara dos . . Minhas gotas adano são muito fracas.Urna desgraça é sempre imprevista. . fecho os úlhos às suas intrigas.respondeu a marquesa. .Vamos. Divirta-se l E saiu.Luísa.. . Sou como um condutor de urso. deixando esca. . sorriu. torno-lhe a casa agradável. Quase ao mesmo tempo entrou um criado com uma carta para a marquesa.inquiriu a Sra.e no rosto da Sra.A carruagem do senhor marquês está pronta. caminhou. venha.anunciou cuilherme.. Houve um momento de silêncio. Júlia lançou o papel ao fogo.de que necessito de uma licença especial para obter êste ligeiro favor.Oli! não acrescentes uma única sílaba a esta última palavra. sua amiga viu os mais vivos sentimentos e a mais perigOsa exaltação estamparems.exclaniou Luísa assim que as duas se encontraram sós. Luísa olhou o fogo. Ah! êle me esqueceu. e voltou-se para Júlia. rão ?. cheio de amor-próprio. . A marquesa lia e não ouvia m ais nada. e sobretudo -de vaidad e.disse a Sra. em que sejam postas em jôgo suas paixões. . o general levantou-se... .Eu fui cruelmente obedecida. para morrer de desgÔsto no dia seguinte. . . e talvez me matasse. compro a paz. lançando uni olhar de inteligência a Luísa. nada gasto de sua fortuna. . . seus olhos a rdiam.Não perguntarei de quem é." Júlia ofereceu o pescoço ao ma rido. . cujas misérias pela primeira vez se d esvendavam a seus olhos. d"Aiglemont.Ah! . . . Se Víto r acreditasse ter o direito de não mais me estimar. mas a marquesa inclinou-se tanto. e as consagro à minha filha .Esta carta é abrasadora! Oh! o coração sufoca-inel Ergueu-se. .Lle te ama. Sou uma mulher virtuosíssima segundo as leis.tornou o marquês dirigindo-se à Sra. não me atrevo a prever o que poderia acontecer.exclamou. Mas não há que temer essa fatal felicidade. Tomo ópio. . Dur mo. como para dizer a Luísa: "Tu vais ver.é violento. é fraco de caráter..Mas o teu pobre marido é de fato muito bom. . . Odeio o nome que uso. Eis como minha mulher entende o amor. eu não lhe tinha Proibido que me escreve sse. Por êsse preço. agarrando a mão de Jú-.é em parte fundada sôbre a grande estima que eu lh e inspirei.disse êle sorrindo.Será testemunha perante Deus. Êle não compreende ou não quer compreender minha existência. . de Wimphen. . de Wimphen. .te candura quase infantil. pois êle . beijou a mão da Sra. guarda meu segrêdo.Êle não saiu de Paris! .Sua obediência.disse êle com um ar súplice. .tturin 38 aproveitou-a para um romance. n Depois. que o beijo conjugal deslizou sôbre os fofos do decote.exclamou ela empalidecendo.em Londres. que teme que a focinheira um dia arrelbente.respondeu Júlia . -ta duquesa de. d"Aiolemont a Vítor. sem ousar encarar a amiga.Sim.disse Júlia depois de um momento de silêncio. Tu .Escuta .tornou Júlia. . deu-me a idéia. que corava e empalidecia a?lternadam ente. mas Vítor te obedece inteiramente.disse a Sra. de Wimpliert. Levou-me a êsse ponto não sei por que ardil. .. de Wimphen . .Que significa isso? . e com razão. .edo.ida consegues viver? . em que os pensamentos das duas amigas voltaram-se pa ra a causa secreta daquela situação. . . #?-NAS DA VIDA PRIVADA 562 11. Só passo sete horas acorua. Por fim. . . Se não tem uma inteligência delicada.)rendi! -Âclarnou Luísa. . . não e sem temer os efeitos de seu caráter. que se aproximou para beijá-la. M as se conduzo assim meu marido.E se eu morresse vítima de um javalil . êle pode díssipar s eus rendimentos a seu bel-prazer: cuido únicamente de con?servar o capital.disse Luísa.Contudo. um delírio.Mas meu marido sabe que jantei contigo. Examinei-me bem. de sorte que a Sra. Serei o algoz de nós dois. teria caído a seus pes. Lord Grenville aparentou calma e frieza.do ao peixe-torpedo. 38) Maturin: Charlea Robert Maturin (1782-1824). . Toniancista e dramaturgo irlandês . Melmoth o Homem Errante. voltando a tomar seu lugar num Sofá. ajuda-o a viver. onde Lord Grenville não se atreveu a ir sentar-se. . Sabes duma coisa. Diante de duas mulheres.anunciou o criado.disse a Sra. Lord Grenville apanhou a arma e pareceu Violentamente c ontrariado com um acidente que poderia passar . Júlia agradeceu-lhe o socorro qu e lhe prestava. os dois amantes impuseram silêncio a seus sentimentos. As últimas tiveram qualquer coisa de t42rrível. Oh! eu morrerei. de BaIzac. e Vai vir de um momento para outro.Terei coragem.êdo de revelar-lhe a extensão do poder que êle exercia sôbre ela. ao vê-lo entrar. de Wimphen não ousou interromper. no primeiro momento. a expressão do seu olhar. Osom da voz de Lord Grenville fazia palpitar tão cruelmente a Sra. não era possíve l haver severidade. e deve vir buscar-me.LHER DE TRINTA ANOS 565 . Então. Júlia ergueu-se e. de Wimphen vestiu o xale. Era impossível colocar o Sr. as duas mulhere s amigas trocaram um olhar e compreenderam. a mais famosa das quais. Lord Grenville não ousava olhar para Júlia.exclamou a marquesa com uma espécie de alegria êle vem públicarnente e sem mi stério. fica comig o. sem que eu o soubesse.Êle não cessou de me ver. d"Aigle mont.Pois beral eu o mandarei embora antes de teres saído. êle não se atreverár Fica. Uma carruagem parou à porta. A MU. sem se falar. de estar ao seu l ado. de Wimphen ao par do scorêdo daquele drama. que morte! Êle quis afastar-se de Júlia. o som da sua voz. Quando a Sra. foram entrecorta das por pausas horrorosas. se m ter recolhido suas lágrimas. . Mas para aquelas duas mulher es iniciadas nos mistérios de seu amor. .Então. ao vê-lo tão mudado.por uma especulação de apaixonado. Mas morrer sem tê-la visto. e Luísa não tinha motivos ponderaveis para 1 apresentar ao . que a Sra. A marquesa olhou para a arma com um olhar que não exprimia mais nem paixão nem indagação. A marquesa e a Sra.respondeu a Sr a. e pede para me dizer adeus. . e tiveram de ater-se aos limites prescritos pelos deveres e pelas conveniências.Alil . estou muito Iraco. tudo teve um pouco -do poder atribuí. A cada interrupção. sabe que meu marido se ausentou esta noite por vários dias. E essa carta! continha ftases que eu vejo escritas en-i traços de fogo. sem ti. Se êle veio públicamente à minha casa. M as pouco depois foi anunciado o Sr. sua contenção. Por mais contrariado que ficasse por não encontrar Júlia sózinha. as palavras eram pronunciadas com um acento cada vez mais profundo. por favorl Tenho mêdo de mim.Lord Grenville! . 6egredou-lhe: . autoT de obras fantásticas e hoTrífi2as. . A marquesa permaneceu de pé. pedindo-lhe para ficar com a amiga. de Wimphen teve que arcar com o ônus duma palestra sem interêsse. you mor#CENAS DA VIDA PRIVADA rer. de Winipheri.Não pude resistir por mais tempo ao prazer de ouvir sua Voz. Escuta. de Wímphen ficaram como que paralisadas pela viva comunicação duma dor horrível. sem ter escutado o farfalhar de seu vestido. Não me domino mais.Suas frases bruscas. que ela não se atrevia a responderlhe com m. lançando-lhe um olhar de profundo reconhecititento. . . d"Aiglemont numa voz trémula . Artur. por que não me obedeceu? . as novas dificuldades da situação. Ao ver Artur pálido.narido. de Wimphen. fingindo ajudar Luísa. Era um aa loucura. mas com o brusco movimento que fêz caiu-lhe uma pistola que trazia no bôlso. inspirou o Melmoth Reconcíliado. Estou perdida. imóvel. Um olhar meu que surpreenda cada dia. Luísa? êle está à morte. magro e abatido. P obre de minil êle acreditará que já não o amo. que Posso temer? Mas. exclamou êle numa voz sufocada. e as palavras: Sra. . Permita pois que eu me dispa.também you fazer o mesmo. Sra. de morrer sózinho. . .perguntou o marido. -depois. . Júlia corn um olhar mostrou a filha a Lord Grenville. .. essa meiga interpelação despertou tantos sentimentos nobres e tantos afetos irresistíveis. Júlia levantou-se.. Artur agarrou-a e transportou-a para o canapé com um movimento animado de tôda a violência q ue dá uma felicidade inesperada. Lord Grenville sentou-se e permanec eu de braços cruzados. podia têlo deixado no salão para ir deitar a filha. soltou. . era mãe. A MULHER DE TRINTA ANOS 5GI ouvindo essa palavra. Nesse momento. tomou-o pela mão.. a marquesa arrancou-se dos braços de seu amado. que se lançou para o quarto de vestir.respondeu êle baixando os olhos. Êsse -olhar dizia tudo. .Está intratável esta noite. Seja como quer. arrastou-o para o quarto de dormir. "Mamãe!" Essa maravilhosa. pensativo e mudo. mas quando abriu a porta do quar to.Mas como? Meu marido. lançou-lhe um olhar fixo de mulher deses erada. Podemos desprezar as leis da sociedade. Omarquês tinha voltado. .. marquesa. . nascida de um ímpeto da natureza e do amor ao qual sucumbem as mulheres sem religião.disse Vítorà mulher. . d istinguiu duas frases cheias de paixão. não se realizou a caçada.Um marido nós podemos abandonar mesmo quando êle nos ama. de súbito. Júlia rompeu em prantos. . . . chegando junto ao leito em que dormia Helena.disse ela. Mas uma criança sem mãe! Todos êsses pensamentos. cuja porta a m arquesa fechou ràpidamente.exclamou Júlia. d"Aiglemont. senti-me com coragem de matar-me. onde está? " repercutiram como um raio n& coração dos dois apaixonados. Calou-se.Artur! .Queria matar-se em minha casal . O general voltou para seu quarto. . . que o amor ficou por um momento soterrado sob a voz potente da maternidade. apesar dos soluços de sua amada. e ainda mil outros mais enternecedores estavam presentes naquele olhar..Não. afastou com cuidado as cortinas e descobriu a filha.Não sózinho. Mas tranqüilize-se. Júlia acompanhou-o para fechar a porta de comuni cação.Mamãe1 . . .Senhora. um aa porta aberta com violência fêz grande ruído. pondo u ma mão diante da vela. -seja! Tôda a história de Júlia estava encerrada nessa exclamação veemente. . as lágrimas de Júlia o contagiaram. .Boa-noite. talvez? . Um homem é um ser forte. lanãou-se nos braços de Artur que. Ante? que Júlia pudesse ter recobrado seu sangue frio. . quando a vi.murmurou o inglês. sco-Urou um canp Z) delabro. Recuperou tôda sua presença de espírito. Lord Grenville não res istiu muito tempo. Helena tinha os braços abertos e sorria dormindo. meu fatal projeto se desvaneceu.you deitar-me. . Assim que entrei. Os dedos de Lord Grenville tinharri sido esmaga dos na ranhura.hei de amáIa muito . . não.piquei o dedo com um alfinête. Mas.exclamou ela.respondeu ela .disse-lhe ela . Júlia não era mais mulher. o general dirigias e de seu quarto para o da espôsa. e pensou que a visita de seu antigo médico era uma coisa muito natural. .Podemos levá-la.disse Helena despertando. . para que a claridade não ofendesse as pálpebras transparentes e ma l cerradas da criança. eu queria. Felizmente. e correu para libertar Lord Grenville.Pois bem. t em seus lenitivos. ia -dizer-lhe que voltasse para lá sem fazer ruído.Nada. .Cá estou de volta. júlia fêz um sinal a Lord Grenville.Conhecer a felicidade e morrer.disse êle com uma voz meiga.eu vinha desesperado. . um grito lancinante.Que foi que aconteceu? . As duas peças eram contíguas. nada. . queres ir comigo a ". casamo-nos com uma moça cheia de saúde. velhos traquejados.sa. e abrigava a cabeça co m o lenço. a marquesa puxou o cordão da campainha. .Isso seria difícil. . .indagou o general.Ao que parece. Estou farto d e casamento. A marquesa julgou que o marido vinha por causa dela. Ogeneral de fato apareceu. .disse êle. Nesse momento o marquês estava no meio do quarto da mu. d"Aiglemont poucos dias depois dessa noite catastrófica. A propósito.Essa dedicação seria muito louvável num de nós. Oborn doutorl . .Oh! é de se esperar. e êle não apareceu.já chamei Carlos três vêzes. julgamo-la ardente. e maldisse essa solicitude em que o coração não participava. . não te cases.Pegou fogo no cortinado da cama em que Helena dormia. mas Lord Grenvil le.Podes emprestar-me um lenço de sêda? Ésse paspalhão do Carlos me deixou sem nenhurri. Mal teve t-empo de fechar o quarto de vestir. A sua criada de quarto. mas a marquesa se enganava.Talvez que ainda tivesse encontrado Lord Grenz.Então com certeza já voltou.. o êle vinha por interêsse próprio. .É estranho! .. mirando-se no espelho. be-se afinal a causa d e sua morte? .disse d"Aiglernont. Os acontecimentos dessa noite não foram todos perfeitamente conhecidos. de Ronquerolles ao Sr. um espírito satânico. .Ou de tua mulher? . e tem feito um frio dos diabos. que que ro mais uma coberta na minha cama. . .singular passatempol Mas.Que foi que aconteceu de tão extraordinário em tua casa.Segue o meu conselho. a jovem que imaginamos simplóri a e fraca demonstra contra nós uma vontade de ferro. A gente se casa com uma mulher bonita. . #569 CENAS DA VIDA PRIVADA . esta noite.ille.Dei-lhe permissão para ir à ópera.exclamou Júlia. Não entrou no salão? . Nos primeiros tempos do nosso casamento tinhas um tal cuidado com as minhas coisas que até me aborrecias.Não sei onde andam os criados. mas fracamente.A porta de comunicação abriu-se de repente. . . tão horríveis como os vulgares incidentes domésticos anteriores. . Ah! a lua de mel não durou muito para mim.. segundo diz o médico. onde está? Chame-a. moço . mas devem ter sido tão simples. .respondeu sêcamente a marquesa. a Marquesa d"Aiglemont recolheu-se ao leito por vários dias. e?a se torna adoentada. ela se torna feia. No dia seguinte.volveu o marido. minha mulher sofreu um t al choque que ficará doente por um ano. ou então. A criatura mais meig a é caprichosa.. . e Lord Grenville -não tivera tempo de re tirar a mão. .perguntou o Sr. é na realidade tão impetuosa que nos mata ou nos desonra. Depois. nem para as minhas gravatas. e inglês.ão Tomaz de Aquino assistir ao entêrro de Lord Grenville? A MULHER DE TRINTA ANOS 569 .disse Júlia fingindo impaciência. .À meia-noite? . e ela é fria. Êsses inglêses procuram scrapre singularizar-se. lher.Aqui tem um lenço. Agora estou entregue ao braço secular dessa gente que zomba de mim.Não. aparentemente fria. para que todo mundo fale de tua mulher? . .tornou Ronquerolles . .Seu criado de quarto pretende que êle passou tôda uma rjoite sôbre o peitoril ex terior duma janela para salvar a honra da amante. e a caprichosa nunca se torna meiga. para não despertar nenhuma suspeita no marido.Paulina saiu. êstes dias! .Éle já deve ter partido.Éle está em Paris? . enquanto se despia pensei tê-la visto subindo a escada. . que. Cada um deveria tratar de contar seus escudos. São magníficas avenidas de olmos. belezas negativas.respondeu d"Aiglemont . célebre em Paris por sua graça. Uma mulher moça. perguntará cons igo mesmo por que capricho êsse poético. com grande espanto do vilarejo situado a cêrca de uma milha de Saint-Lange. Se bem que de uma produção consi derável. onde a alma é incessantemente oprimida por uma so lidão sem voz. No assento dianteiro. por vêzes. Em meio a 1 essa . Omarquês era um dos maiores jogadores. Cf. a criada de quarto fazia companhia a uma menina mais tristonha que risonha. pois a MOTte de Artur ocorreu nesse ano. que c om sua chegada a Saint-Lange passaram a ter . necessitavam dos impostos extorsivos. Essa perspectiva pareceu tão bela que . e não foi certamente por causa da minha que êsse pobre Artur morreui #S£GUNDA PARTE SOFRIMENTOS DESCONHECIDOS Entre o pequeno rio Loing e o Seria estende-se uma vata planície. Haveria então boas oportunidades para negócios. e cuja posição social e fortuna estavam em harmonia com a sua celebridade.planície. deveria ser substituída por 1823. quCI para serem c onstruídas. um horizonte monótono. por sua beleza e por seus dotes de es pírito. o viajante divisa um velho castelo chamad o Saint-Lanoe. as terras estavam abandonadas aos cuidados de um administrador e guardada s por velhos serviçais. pequenos lotes.oribundo que os médicos tivessem enviado para o campo. Nemours e Montereau.esperança de um movimento qualquer na comuna. de marga e de areia. A pessoa mais inteligente da vila de Saint-Lange declarou à noite. Era visível que qualquer espécie de movimento era antipático àquela mulher so fredora. onde i nfalivelmente a tristeza -nasce. Por isso. alguns capões que servem de refúgio a caça. mas favoráveis aos sofrimentos qu e não desejam consôlo. na taberna onde bebiam as pessoas importantes do lugar. pela tristeza estampada em seu ros to. pois a marquesa viera de Paris com os seus cavalos. entre Moret e Montercau. peculiares aos horizonte s da Sologne. imóvel como um m. no meio dos campos. balancear os recursos a fim de ter sua parte na fragmentação de Saint-Lange. Talvez as terras fôssem vendidas em.. nesse deserto de greda. A mãe vinha no fundo da carruagem. e vastas construções senhoriais. 11? longas muralhas. fossos. no pátio de um albergue situado no entroncamento das estradas de Nemours e Moret. a viagem da senhora marquesa causou uma certa sens ação na região. veio. Na ausência do marques. da Beauce e do Berri. estabelecer-se ali em fins do ano de 182O. Se algum artista ou sonhador por acaso se perder nos caminhos com profundo s trilhos ou nas terras compactas que defendem o acesso a essa região. onde a alegria morre. A MULHER DE TRINTA ANOS 571 abatida dessa jovem senhora delicada não satisfez muito aos políticos da vila. A fisionomia 39) 182O. das fraudes autorizadas ou das grandes fortunas aristocráticas" hoje em dia destruídas pelo martelo do Código C ivil. castelo foi erguido nessa savana de trigo. Esta data parece errada. depois. Muitas pessoas tinham-se agrupado na entrada da vila.êsses rasgos de heroísmo dependem da mulher que os inspira. essas linhas infinitas. jardins imensos. Essa árida região oferece à vista apenas umas raras elevações. marginada pela f loresta de Fontainebleau e pelas cidades de Moret. a marquesa devia estar arruinada. por tôda a In parte. tirá-los do cofre. também a nota seguirite. que os jornais designava m como devendo acompanhar o Duque d"Anoulême a Espanha.oral . para ve rem passar uma -caleça que avançava lentamente.. cinzentas ou amareladas.89 Desde tempos imemoriais que os rendeiros e camponeses não viam os -donos do castelo.ela ia econoinizar em Saint-Lange a quantia necessária para cobrir os prejuízos resultantes de especulações na Bôlsa. a cujos arredores não falia grandeza nem majestade. no início do inverno. pois. a dor. e aiiada assim parecia não ter muito prazer nisso. permanecer pericitamente silenciosa em meio ao silêncio que estabelecera cin Volta de si.cada um dos figurões. Depois voltava imediatamente para a poltrona antiga onde. não é mais um mal. a incomodava. Essa cruel e triste lição é sempre o fruto de nossos primeiro3 dissabores. desde a manhã. entre todos os sofrimentos. o sentimento maternal? Nenhum dos criados podia penetrar em seus aposentos. A marquesa sofria verdadeiramente pela primeira e talvez pela única vez em sua vida. neir as aldeias cir cunvizinhas nem os camponeses pensaram mais na quela mulher doente. que. a filha teve de ir brincar longe dela. e durainte êsse tem po permanecia numa pequena sala contígua onde jantava. Não serão precisOS sofrimentos inau ditos para matar. aproxima-se e recua. mas não foi recebido. mesmo a da filha. Era-lhe tão difícil suportar o mínimo ruído. Exigiu um silêncio absoluto no castelo. o dia mais ou iiietics longo de sua primeira agitação. Entregue a si mesma. a qual caberá ésse nome de dor? A perda dos pais é um desgôsto para o qual a natureza -preparou o homem. não é um êrro acreditar que os sentimentos se reproduzam? Uma vez desencadead os. para se manter viva. quando possuía outras terras famosas pela paisagem alegre e pela beleza dos jardins. só seria realmente viva quando de sua primeira eclosão. oriunda dos interêsses do egoísmo. Assim. há de teri-las sem se fazer es perar. esgotacias tôdas as hipóteses.Mas. frer as falsas demonstrações dos egoísmos mascarados de afeição. Assini. a incert eza que lhes causa o amanhã termina por lançá-las de novo no mundo. Ora. que. Só v ia a filha durante Os poucos instantes que empregava em sua melancólica refeição. numa agonia moral que a morte não terminar ia. sem so. olhar com fastio para as iguarias. Omaire41 foi apresentar seus cuniprimentos à marquesa. mas sem maior sucesso. a marquesa pôde. numa mulher moça. para o velho castelo de SaintLange. mas afinal. mas nenhum dêles pôde informar sôbre a catástrofe que levava sua patroa. pensou na maneira de saber a verdade por meio dos serviçais do castelo. opõe a essa fôrça clestrutiva uma fôrça igual mas inerte. sem importunações. uma alma ainda cheia de poéticas ilusões encontra prazer em saborear a morte. se se pode chamar jantar o sentar-se a uma mesa. em pouco tempo o amor conjugal lhe dará um sucessor. é a morte. #57. . nas cidades. A marquesa só abandonava o quarto para que o mesmo fôsse arrumado. causam aos mori bundos uma dupla agonia. êsses pesares e muitos outros . Finalmente. sem testemunhas. Essa mulher tinha -vinte e seis anos. e onde se recolhera para morrer suavemente. e suas outras crises iriam enfraquecendo. A criada de quarto era a única pessoa cujos serv iços. que. mostra-SC e es<onde-se. quando ela se lhe afigura benfazeja. a demora desilude-as dela. Mas a morte é uma sedutora falaz das pessoas jovens . uma terrível aprendizagem de eopísmo que devia corromper-lhe o coração e amoldá-lo à sociedade. todo sentimento só teria um dia de existência. Na verdade. lhe agradavam. não abr ange a alma. e comer precisamente e. mas aí permanecem e essa permanência modifica necessàr iamente a alma. Também essa aflição é passageira. o mais constante de n ossos sentimentos. 41) -maire-. apresentou-se o administrador de rendas . nota 3. e não teve nenhuma ocasião para sair do quarto forrado de tapeçarias onde falecera sua avó. impaciente por saber se ela tinha fundamento. o mal físico é passageiro. ou porque nos fôssemos acostumando a elas ou em virtude de uma lei de nossa natureza. não existem sempre nos arcanos do coração? Êles aí adormecem ou despertam ao sabor dos acidentes da vida. Nessa idade. essa mulher que se recusava a viver ia sentir a amargura dessa demor a no fundo de sua solidao. ver A mensagem. sentava-se junto à única janela que iluminava o quarto. Ooi moradores da iegião muito se preocuparam -corn 4O) ODuque de Angoulênie comandava o exército francês que em 1823 foi mandado auxiliar Fernando VII contra os liberais espanhóis. que qualquer voz humana . 2 CENAS DA VIDA PRIVADA essas singularidades. e se persiste.necessário para não morrer de fome. onde tornarão a encontrar a dor. e nesta iazer. mais impiedosa que a morte. Se uma mulher moça perde o filho recém-nascido. Depois dêle. Nas mulheres da idade da marquesa. De resto. A& l eis e os costumes proscreviam seus queixumes. mas nenhum afeta a vitalidade Cri l ?ua essência. onde tudo se abrangia com um só relance. tão grande pelo espírito como pela beleza. ao passo que o sentimento os afaga e a consn ciência duma verdadeira mulher sempre os justifica. volta à sociedade para mentir-lhe. e onde encontrava as imagens da fria desolação que lhe despedaçava o coração. e principalmente a mulher moça. tragar na solidão seu sofrimento ou ser tragada por êle. o presente e o futuro. como na perspecti va de sua vida. gravar-se de modo indelével nos lábios e na fronte. sua consciência. representar uni papel. para assim pesar sôbre a alma e sôbre o corpo. êsses sofrimentos nunca são confiados: para consolar dêles uma mulher é preciso adivinhá-los. nada a esperar. e ninguém poderá triunfar dessa doença sem alguma poética transform ação: ou envereda pelo caminho do céu. desnaturar em defin itivo o pensamento. morrer ou matar qualquer coisa em si. Porque essa desgraça não teve jamais um pintor nem um poeta? Mas será possível pintá-la.Uni homem adorado. o sentimento e a socie dade a impelem inteiramente.semelhantes são. talvez. aquela pobre infeliz só podia chorar à von tade num deserto. porque. e f uiminar um coração em pleno vigor. destroça tudo antes de e ncontrar um caminho. Acontece com êsses sofrimentos o que acontece com essas crianças infalivelmente deserdadas da vida. ou. estado de sua doença moral. que estão ligadas por laços mais fortes ao coração das mães do que os filhos bem dotados. uma amiga ter-seia rejubilado com êles. experimentará os mais cruéis sofrimentos. a fim de obedecer às leis da ?ociedade. de certo modo. A marquesa estava então abismada nesses sofrimentos que por muito tempo ainda perm anecerão desconhecidos. Depois dessa crise solene não restam mais mistérios na vida socia l. tão cruelmente agravada pelas circunstânc ias como acabava de ser para a marque`sa. se permanece aqui em baixo. causa primeira da sua desgraça. ja mais talvez essa Inedonha catástrofe que mata tudo o que há de vida além de nós mesmos tenha sido tão viva. grande é o sofrimento. tinha morrido para lhe prese rvar aquilo a que a sociedade chama a honra de uma mulher. A mulher. jamais deixa de consagrar sua vida àquilo a que a natureza. essa primeira e mais pungente de tôdas as dores é sempre causada pelo mesmo fato. Se essa vida vem a falhar e se ela continua na terr a. pela razão que torna o primeiro amor o mais belo de todos os sentimentos. a cujos desejos ja#574 CENAS DA VIDA PRIVADA mais acedera. chorar e gracejar. Havia alguns dias q ue ela permanecia com os olhos fixos num horizonte plane onde. afrouxar ou extinguir osimpulsos do prazer. sempre amargamente contidos e religiosamente sentidos. tão completa. não deixar íntegra nenhuma parte da vida. feridas. A quem podia ela dize r: "Eu sofro!"? Suas jágrimas ofenderiam o marido. será possível cantá-la? Não. e desde logo fica conhecendo os bastidores aonde a gente se retira para meditar. porque tudo no mundo os condena. êsse mal deveria chegar num momento da vida em que tôdas as fôrças espirituais e corporais são ainda jovens. Omal produz então uma imensa ferida. introduzindo na C alma um princípio de desencanto por tôdas as coisas dêste mundo. para nela fazer figura. Ocoração . Ainda mais: para ser imenso. que desde então está irrevogávelmente julgada. golpes. a verdadeira dor seria um mal suficientemente aniquilador para atingir a um tempo o passado. e é mister que se sucedam de um modo raro para A MULHER DE TRINTA ANOS 573 niatar Osentimento que nos leva a procurar a felicidade. precipitando-se num vale. As manhãs brumosas. êles permanecem na alma como uma avalancha que. nuvens correndo baixo sob uma abóbada cinzenta ajustavam-se ao. não havia nada a procurar. a natureza das dores q e ela engendra escapa à análise e às córes da arte. A grande. Não. dêles um homem se teria aproveitado. jovem e generoso. um céu de claridade fraca. Um dia. de ter sabido plenamente propo rcioná-la.A MULHER DE TRINTA ANOS 575 esperara. E seu amado levara para a tumba essa segunda in fância. de desconfiança.com certeza quer algum dinheiro para os pobres da coinuna. e hoje êle insiste de modo tão resoluto que nós não sabeMos o que responder. agora tornar-se-lhe indiferentes. por vêzes. esmagando-a e envelhece ndo-a antes do tempo. Reportava-se às alegrias de sua infância. seu sorriso e sua graça? Sua mocidade e voluptuo sidade tinham para ela o mesmo caráter irritante que um som repetido indefinidamente. pelo meio-dia. e de conservar em si uma marca daquela que já não existe. ela abria a janela e ali ficava se m pensar em nada. decorrida sem que lhe sentisse a -felicidade e cujas imagens límpidas acudiam-lhe em tropel como que para lhe acusar as decepções -de um casamento afortunado aos olhos da sociedade e horrível na realidade. ocupada em respirar maquinalmente o odor úmido e terroso espalha do no ar. . ela relaxava tanto as fôrças da alma. ela não mais possuía essa inteira juventude de alma que dá a tudo na vida seu valor e seu sabor. moral e física. agarre Vinte e cinc o luíses e entregue-lhe em meu nome. E sofrer assim não será. tomar pé no egoísmo? Tenebros os pensamentos atravessavam-lhea consciência. Depois da infância da criatura vem a infância do coração. de pé. ferindo-a. Depois. a sua natureza viço sa e florida petrificava-se pela ação lenta de uma dor intolerável. porque o zumbido de sua dor tornava-a ig ualmente surda às harmonias da natureza e aos encantos do pensamento. ela perguntava ao inundo o que lhe daria êle em troca do amor que a ajudara a viver e que ela havia perdido. . Via com horror que não mais poderia ser uma criotuya completa. Sentia prazer em fazer-se culpada para insultar a sociedade e para se consolar de não ter tido com aquêle que pranteava essa comunhão perfeita que.. a totalidade de seus dias sem alegria caía-lhe sôbre a alma. em meio às mais contraditórias reflexões não conseguia agarrar-se a nada. Interrogava-se de boa fé e achava em si duas mulheres: uma que raciocinava e uma que sentia. não. Seu eu interior não perdera a faculdade de sent ir as impressões novas que tanto encanto dão à vida? Para o futuro.Esta é a quarta vez que o cura vem procurar a senhora marquesa. o pensamento não tinha si do mais culpável que a ação. Perguntava a si mesma se em seus aniôres desfeitos. porque sem fim. Num grito de desespêro. no momento em que o sol aclarara o tempo. Sofria por si e para si. Dessa crença deve proceder a amarga melancolia que leva a virar o rosto quando de novo o prazer se apresenta. Suas primeiras lágrimas verdadeiras apagav?m esse f ogo celeste que ilumina as primeiras emoções do coração. diminui a dor da que fica pela certeza de ter inteiramente gozado da felicidade. a vaidade não estava menos ferida que a bondade que leva a mulher a sacrificar-se. justapondo as almas uma à outra. Achava-se descont ente como uma atriz que falhou num papel. não estava nem mais nem menos fanado. porque essa dor lhe atacava tôdas as fibras.não se lhe comprimia. Se a natureza estava contrariada em seus mais íntimos impulsos. capaz de restituir a suas emoções sem vigor. a criada de qua rto entrou sem ser chamada e disse-lhe: . ela devia sofrer sempre por não. imóvel. tão castos e tão puros. De que lhe tinham servido os pudores da juventude. seu arrebatamento? porque nada mais poderia dar-lhe a felicidade que . jovem ainda por seus desejos. a maior parte de suas sensações se desvaneceriam tão logo fôssem recebidas. quando caía o nevoeiro. uma que sofria e uma que não queria mais sofrer. Assim. que sonhara tão linda. que. ser o que poderia ter sido. revolvendo tôdas as fontes das diferentes existências que nos dão as naturezas social. o coração e o cérebro. . e muitas das que outrora a tinham emocionado irian. aparentemente idiota.Agora ela julgav a a vida pela mesma forma que um ancião prestes a deixá-la. Embora sentindo-se jovem. Não guardaria em si um princípio de tristeza. agitando tôdas as questões. perguntava a si mesma para que ago ra a harmonia de seus movimentos. Sua beleza era-lhe insuportável como uma coisa: inútil. os prazeres reprimidos e os sacrifícios feitos à sociedade? Se -bem que tudo nela exprimisse e esperasse o amor. - Senhora, - disse a criada de quarto, voltando logo dePois - o senhor cura recusa receber o dinheiro e insiste em falar-lhe. - Que entre, então! - replicou a marquesa, com um gesto de mau humor que prognosti cava uma triste recepção ao padre, #576 CENAS DA VIDA PRIVADA de cíuem sem dúvida ela queria evitar as importunações com u,na expheação curta e franca. A marquesa perdera a mãe muito cedo, e sua educação foi naturalmente influenciada pelo relaxamento que, durante a Revo. lução, afrouxou em França os laços religiosos. A piedade é um aa virtude feminina que só as mulheres sabem bem transmitir, e a marq uesa era filha do século XVIII, cujas crenças filosóficas fQram as de seu pai. Não seguia nenhuma prática religiosa. Para ela, um padre era um funcionário público cuja utilidade lhe parecia contestável. Na situação em que se encontrava, a -voz da religião só lhe podia envenenar as mágoas; além disso, não acreditava nos curas de alde ia, nem nas suas luzes, e por isso resolveu colocar as coisas no seu devido lugar, sem grosseria, e desembaraçar-se do seu cura à moda dos ricos, por meio de um donativo. O cura entrou, e seu aspecto não modificou as idéias da marque?a. Ela viu um homenzi nho gorducho, de ventre saliente, rosto corado, mas velho e rugoso, que afetav a sorrir e que sorria mal; o crânio calvo e transversalmente oortado de rugas numero sas recaía-lhe em quarto de círculo sôbre o rosto, fazendo-o parecer menor; alguns cabelos brancos guarneciam-lhe a parte inferior da cabeça, desde a nuca até as orelh as. Contudo, a fisionomia dêsse padre tinha sido a de um homem naturalmente alegre . Os lábios grossos, o nariz ligeiramente arrebitado, o queixo, que desaparecia numa dupla prega de rugas, testemunhavam um caráter feliz. De início a marquesa só lhe percebeu os traços principais; mas, à primeira palavra que o padre lhe disse, fi cou admirada com a doçura de sua voz; fitou-o mais atentamente, e notou sob as sobrancelhas grisalhas olhos que haviam chorado; visto de perfil, o contôrno da face dava à cabeça uma tão augusta expressão de dor, que a marquesa encontrou naquele cura um homem. - Senhora marquesa, os ricos só nos pertencem quando sofrem; e os sofrimentos de u ma mulher casada, jovem, formosa, rica, que não perdeu nem filhos nem pais, manife stam-se e são causados por feridas cujas dores não podem ser minoradas senão pela religião. Sua alma está em perigo, senhora. Neste momento não lhe falo da outra vida que nos esperal Não, não estou no confessionário. Mas não será meu dever esclarecê-la sôbre o fut ro de sua vida social? Há de saber perdoar a um velho uma importunação que tem por objetivo sua felicidade. - Para miin, senhor, não existe mais felicidade. Muito breve eu lhe pertencerei, como o senhor diz, mas para sempre. - Não, senhora, não há de morrer da dor que a oprime C que se estampa em seu rosto. Se tivesse de morrer, não estaria em Saint-Lange. São menos mortais os efeitos de um desgÔstQ MULHER 1)E TRINTA ANOS 577 certo que os das esperanças frustradas. Conheci dores bem mais toleráveis e profunda s e que contudo não foram mortais. A niarquesa esboçou um gesto de incredulidade. - Senhora, sei de um hornem cujos sofrimentos foram tão grandes, que os seus lhe pareceriam insignificantes se os comparasse con, os dêle. Fôsse porque aquela longa solidão começasse a pesar-lhe, fôsse Dorque se int . eress asse pela perspectiva de pode?- desabafar ante uni coração arnigo seus pensamentos dolorosos, ela fitou o cura com uni olhar interroprativo sobre o qual não podia ha ver dúvidas. Êsse homem, senhora, - tornou o padre, - era um pai que, de uma família outrora nume rosa, não tinha mais que três filhos. Tinha perdido sucessivamente os pais, depois uma filha e a espôsa, arribas muito amadas. Vivia só, no fundo duma província, numa pequena propriedade onde por muito tempo fôra feliz. Seus três filhos estavam no exército, e cada um dêles tinha um pôsto de acôrdo com o tempo de serviço. Dura nte os Cem Dias, 42 o mais velho passou para a Guarda, e tornou-se coronel; o segundo era comandante dum esquadrão de dragões. Êsses três moços amavam o pai tanto qua nto êle os amava. Se a senhora tiver em mente a irreflexão dos jovens, que, arrastados por suas paixões, nunca dispõem de tempo para se consagrar às afeições da família, compreenderá por um único fato a"intensidade do amor que êles tinham por aquêle pobre velho solitário que não vivia mais senão por êles e para êles. Não se passava uma semana sem que êle recebesse carta de um dos filhos. Mas também nunca tinha sido para com êles, nem fraco, o que diminui o respeito dos filho s; nem injustamente severo, o que melindra; nem avaro de sacrifícios, o que os afasta. Não, êle tinha sido mais que um pai, tornara-se um irmão, um amigo. Quando iam partir para a Bélgica, êle foi a Paris dizer-lhes adeus; queria verificar -e tinham bons cavalos, se não lhes faltava nada. Tendo êles partido, o pai volta pa ra casa. Iniciada a guerra, êle recebe cartas escritas de Fleurus, de Liony ; 43 tudo ia bem. Trava-se a batalha de Waterloo? 44 a s,enhora conhece o result ado. De repente a França co"briu-se de luto. Tôdas as famílias estavam na mais profund a an42) Os Cem Dias: ver a pota n." 65 de Beatriz. 43) Fleurus e Ligny: localidades vizinhas, na Bélgica, que servirain de cenário à última grande batalha vitoriosa de Napoleão. Lá, em lG de junho de 1815, o imperador derrotou os prussianos comandados por BlÜcheT. 44) Waterzoo: comuns ão, Bélgica, perto da qual Napoleão foi vencido, em 18 de junho d e 1815, pelos exércitos reunidos da Inglaterra e da Prússia. #578 CE""NAS DA VIDA PRIVADA siedade. ÊIe, como a senhora pode compreender, êle esperava; não tinha trégua nem repous o; lia os jornais, ia pessoalmente ao correio todos os dias. Uma tarde, anunciam -lhe o criado de seu fi. lho coronel. Êle vê aquêle homem montado no cavalo do patrão, e comp reende tudo. Ocoronel havia morrido, cortado em dois por uma bala de artilharia. Ao anoitecer, chega a pé o criado do mais moço: êste tinha morrido no dia seguinte à bat alha. Finalmente, à meia-noite, um artilheiro vem comunicar-lhe a morte do último filho, em quem, por tão pouco tempo, o pobre pai concentrara tôda sua vida. Sim senhora, todos três tiribani. morrido! Depois de uma pausa, o padre, tendo vencido suas emoçoes, acrescentou estas palavr as com uma voz doce: - E o pai continuou vivo, senhora. Compreendeu que, se Deus o deixava na terra, nela êle devia continuar a sofrer, e nela sofre; mas lançou-se no seio da religião. Que podia êle sêr? A marquesa ergueu os olhos para o rosto daquele cura, que se tornara sublime de tristeza e resignação, e esperou esta frase, que lhe arancou prantos: - Padre! senhora: êle tinha sido sagrado pelas lágrimas ann tes de o ser aos pés do altar. O silêncio reinou por um instante. A marquesa e o cura olharam pela janela o horiz onte brumoso, como se lá pudessem ver aquêles que não mais existiam. - Não padre numa cidade, mas simples cura - tornou êle. - Em Saint-Lange - disse ela enxugando os olhos. - Sim, senhora. jamais a majestade da dor se apresentara tão grande a Júlia; aquêle sim, senhora caiulhe no coracao como o pêso duma dor infinita. Aquela voz que ressoava d?cemente aos ouvidos lacerava as entranhas. Ali! era bem a voz da desgraça, essa voz plena, grave, -e que parece impregnada de fluidos penetrantes. - Senhor, - disse a marquesa quase respeitosamente - se eu morrer, que será feito de mim? - A senhora não tem uma filha? - Sim, - disse ela friamente. O cura lancou àquela mulher um olhar semelhante ao que um médico lança a um doente e m perioro, e resolveu empregar todos os esforços para arrebatá-la ao gênio do mal que já estendia * mão sôbre ela. - Bem vê, senhora; devemos viver com os nossos sofrimentos, * sómen?e t religião nos oferece consolações verdadeiras. Permite que ev volte para lhe fazer ouvir a voz dum homem que sabe simpatizar com tôdas as penas, e que, creio eu, não tem nada de assustador? A MULHER DE TRINTA ANOS 679 Sim, volte. Agradeço-lhe por ter pensado em mim. Então, senhora, até breve. Essa visita descansou, por assim dizer, a alma da marquesa, cujas fôrças tinham sido excitadas com demasiada violência pela dor e pela solidão. Opadre deixou-lhe no coração um perfume baIsân,icO e Oeco salutar das palavras religiosas. Depois ela ex perinientou essa espécie de satisfação que invade o prisioneiro quando, depois de haver reconhecido a profundeza de sua solidão ?e o pêsO de suas cadeias, encontra um vizinho que bate na parede fazendo-a pioduzir um som por meio do qual se exprimem os pensamentos comuns. Ela tinha um confidente inesperado. Mas não demoro u a recair em suas amargas contemplações, e disse consigo xnesrna. como o prisioneir o, que um companheiro de infortúnio não aÍivi??ia nem seus grilhões nem sua sorte. Ovigário não quisera, numa primeira -visita, afugentar demais uma dor completamente egoísta; mas contava, graças à sua arte, abrir caminho à religião numa segunda visita. De fato; dois dias depois voltou, a acolhida da marquesa provou-lhe que sua visita era desejada. - Então, senhora marquesa, - disse o velho - pensou um pouco na infinidade dos s ofrimentos humanos? Ergueu os olhos para o céu? Viu nêlé essa imensidão de mundos que, diminuindo 2 nossa importância, esmagando as nossas vaidades, torna menores as nossas dores?. .. - Não, senhor, - disse ela. - As leis sociais pesam-me demasiado sôbre o coração e mo di laceram muito fortemente para que eu possa elevar-m-e ao céu. Mas as leis talvez não sejam tão cruéis como os costumes da sociedade. Olil a sociedadel - Nós devemos, senhora, obedecer a uns e outros: a lei é a palavra, e os costumes são as ações da sociedade. - Obedecer à sociedade?.. . - tornou a marquesa -deixando escapar um gesto de horr or. - Ora, senhor, todos os nossos males provêm disso. Deus não fêz uma só lei de infelicidade; mas ,os homens, reunindo-se, falsearam sua obra. Nós, as mulheres , somos mais maltratadas pela civilização do que pela natureza. A natureza nos impôs penas físicas que os homens não suavizaram, e a civilização desenvolveu sentimentos que êles burlam. incessantemente. A natureza sufoca os sêres frágeis; os senhores os conde,riam a viver para os abandonar a uma constante desdita. Ocaisa mento, instituição sôbre a qual se apóia hoje a sociedade, só a nós faz sentir todo o seu pêso: para o homem a liberdade, para a Inulher deveres. Devemos consagrar ao s homens tôda a nossa vida, êles nos consagram apenas raros -instantes. Oli! ao senhor, posso confiar tudo. Pois bem! o casamento, tal como hoje se pratica, par ece-me ser uma prostituição 1,coal. Daí nascerem meus sofriInentos. Mas entre tantas criaturas infelizes irremediàvelmente con#58O CENAS DA VIDA PRIVADA sorciadas, so eu devo guardar silêncio! só eu sou autora do mal, porque quis meu cas amento. Calou-se e verteu lágrimas amargas. - Nessa profunda miséria, no meio dêsse oceano de dor, prosseguiu depois - eu tinha encontrado alguns saibros onde a. poiava os pés, onde eu sofria à vontade; um furacão levou tudo. Agora estou só, desamparada, fraca, à mercê das tempestades. - Nunca somos fracos quando Deus está conosco, - disse o padre. - De resto, se a s enhora não tem afeições a satisfazer, 11O mundo, não terá deveres a cumprir? - Sempre os deveres! - exclamou ela com uma espécie de impaciência. - Mas onde estão p ara mim os sentimentos que nos dão fôrças para os cumprir? Senhor, nada de nada ou nada por nada é uma das mais justas leis da natureza, quer moral quer física . Como pretender que estas árvores produzam suas fôlhas sem a seiva que as faz nascer? A alma também tem sua seiva! Em mim, a seiva secou em sua fonte. - Não lhe falarei dos sentimentos religiosos que geram a resignação, - disse o cura; mas a maternidade, senhora, não será? ... - Altol - disse a marquesa. - com o senhor serei verdadeira. Sim, não poderei sê-lo, doravante com mais ninguém, estou condenada à falsidade; a sociedade exige contínuas mentiras, e sob pena de opróbrio nos ordena obedecer a suas convenções. Existe m duas espécies de maternidade, senhor. Antigamente eu ignorava tal distinção; hoje eu sei. Sou mãe apenas pela metade, e antes não o fôsse em nada. Helena não é dêlel Oli l não se espante! Saint-Lange é um abismo onde se sumiram muitos sentimentos falsos, donde irradiaram luzes sinistras, onde desmoronaram os frágeis edifícios das leis anti-naturais. Tenho uma filha, mais nada; sou mae, assim o quer a lei. Mas o senhor, padre, que tem uma alma tão delicadamente compassiva, talvez compree nda os gritos duma pobre mulher que não deixou penetrar em seu coração nenhum sentimen to fingido. Deus me julgará, mas não creio violar suas leis cedendo aos afetos que êle pôs em minha alma, e eis o que encontrei nela. Um filho, senhor, não é a imagem de dois sêres, o fruto de dois sentimentos livremente unidos? Se êle não estiver ligad o a tôdas as fibras do corpo como a tôdas as da alma; se não lembrar amôres deliciosos, o tempo, os lugares onde essas duas criaturas foram felizes, a sua l inguagem cheia de musicalidade humana e as suas idéias reDIetas de ternura, êsse filho será uma criação frustrada. Sim, pa?a êles, um filho deve ser uma encantadora mini atura onde se encontrem os poemas de suas duas vidas secretas; deve oferecer-lhe s uma fonte de fecundas emoções, deve ser ao mesmo tempo todo o seu passado e todo o s eu ^ MULHER DF, TRINTA ANOS 581, tura nascida de nós. Socialmente falando, sou irrepreemivci, jd ,ião sacrifiquei a e la minha vida e minha felicidade? Seus gritos. inovem a minha sensiblidade; se ela caísse nágua, eu me atiraria C para salvá-la. Mas não a tenho no coração. Alil o amor. me íêz sonhar uma maternidade maior, mais completa; eu acariciei numi, sonho desvanecido a criança que os desejos conceberam antes que fôsse gerada, enfim, essa deliciosa flor nascida n alma antes de nas. cer para a vida. Sou para Helena o que, na ordem natural, uma mãe deve ser para a sua pro",,enitura. Quando ela não precisar m a is, 1 de minI, tudo estará terminado; cessada a causa, cessarão os eleitos. Se a mulher tem o adorável privilégio de estender sua maternidade sôbre tôda a vida do filho, não será às irradiações de sua concepção moral que se deve atribuir essa divina persistência sentimento? Se a criança não teve a alma da mãe como primeiro invólucro, a maternidade cessa nesta, como cessa nos animais. Isso, é verdade, eu o sinto: à me dida que minha filha cresce, meu coração se retrai. Os sacrifícios que fiz por Helena separaram-me dela, ao passo que para outro filho meu coração teria sido inesg otável; para êsse outro, nada seria sacrifício, tudo seria prazer. Neste ponto, senhor, a razão, a religião, tudo em mim é impotente contra os meus sentimentos. Fará ma l em querer morrer a mulher que não é nem mãe nem espôsa, e que, por infelicidade sua, entreviu o amor em sua beleza infinita e a maternidade ria, sua ventura sem limites? Que será dela? Eu lhe direi o que ela sente! Cern vêzes durante o dia, cem vêzes durante a noite, um arrepio abala-me o cérebro, o coração e o corpo, quando al guma recordação que foi fracamente combatida reaviva em mim as imagens duma felicidade que suponho maior do que é. Essas fantasias cruéis debilitam minhas facul dades, eu me pergunto: "Que teria sido a minha vida se ... ?" Ela escondeu o rosto nas mãos e desatou a chorar. - Eis o âmago de meu coração1 - tornou. - Um filho dêle me teria feito aceitar as maiore s dessrraças! Deus, que morreu ID sob o pêso de todos os pecados do mundo, me perdoará êsse pensamento mortal para mim; mas o mundo, eu sei que é implkacável: para êle as minhas palavras são blasfêmias; insulto tôdas as suas leis. Alil eu desejaria fazer guerra a êste mundo para lhe ren ovar e destruir as leis e os usos. Não me feriu êle em tôdas as minhas idéias, em tôdas as minhas fibras, em todos os meus sentimentos, em todos os meus desejos, em tôdas as minhas esperanças, no futuro, no presente, no passado? Para mim, o dia é cheio de trevas, o pensamento um gládio, meu coração é um aa chaga,. #582 CENAS DA V-lDA PRIVADA ininha filha é uma negação. Sim, quando Helena me fala, queria ouvir-lhe uma outra voz ; quando me fita, queria que tivesse ou. tros olhos. Ela está aí para me atestar tudo o que deveria ser e tudo o que não é. Ela me é insuportável! Sorrio-lhe, tento com1-)-,nsá-la dos sentimentos que lhe roubo. Sofro! oh! senhor, sofro demasiado para poder viver. E passarei por ser uma mulher virtuosa! E não cometi faltas1 E respe itar-me-ão1 Combati o amor involuntário ao qual não devia ceder; mas, se conservei a fidelidade física, conservei acaso o coração? Ésse, - disse ela apoiando a mão direita sôbre o seio - sómente pertenceu a uma única criatura. E a minha filha não se enoana. Há olhar es, uma voz, gestos de mãe cuja fôrça modela a alma dos filhos; e a pobrezinha nao sente carinho na minha mão, nem meiguice na minha voz, nem ternura nos meus ol hos, quando me chego a ela. Lança-me olhares acusadores que eu não sustento! Às vêzes temo encontrar nela um tribunal onde serei condenada sem ser compreendida. P raza aos céus que o ódio não se erga um dia entre nós! Meu Deus! abra-me antes o túmulo, deixa que eu expire em SaintLange! Quero ir para o mundo onde encontrare i minha outra ,alma, onde serei completamente mãe! Oh1 perdão, senhor, estou louca. Essas coisas me sufocavam, por isso as disse. Ah! também está chorando! o senhor não m e desprezará. - Helena! Helena! minha filha, vem! - exclamou com uma espécie de- desespêro, ouvindo a filha que voltava do passeio. A menina entrou rindo e gritando; trazia uma borboleta que apanhara. Mas, vendo a mãe em prantos, calou-se, aproximouse e deixou-se beijar na testa. - Ela vai ser muito bonita, - disse o padre. - É o retrato do pai, - respondeu a marquesa abraçando a filha com uma calorosa expr essão, como para resgatar uma dívida ou para dissipar um remorso. A senhora está quente, mamãe. Vai, deixa-nos, meu anjo, - respondeu a marquesa. A menina afastou-se de bom grado, sem fitar a mãe, quase &,liz por fugir de um ros to triste, e compreendendo já que os sentimentos que nêle se exprimiam lhe eram contrários. Osorriso é o apanágio, a linguagem, a expressão da maternidade. A marquesa não podia sorrir. Ela £orou ao olhar para o padre: esperara mostrar-se mãe, mas nem ela nem a filha tinham sabido mentir. com efeito, os beijos de uma mulhe r sincera possuem uma doçura divina que parece pôr nessa carícia uma alma, um fogo sutil que penetra o coração. Os beijos despidos dessa unção saborosa são ásperos e secos. Op adre sentira essa diferença; pôde 5ondar o abismo que existe entre a maternidade da carne e a do A MULFIER DE TRINTA ANOS 583 coração. Por Isso, depois de ter lançado àquela mulher um olhar inquiridor, disse: i nha senhora, seria melhor que estivesse mor- Tem razão, m ta ... hi o senhor compreende meus sofrimentos, bem o vejo, - A _ respondeu ela - pois que o senhor, padre cristão, adivinha e apr?va as funestas resoluções que êles me inspiraram. Sim, quis suicidar-me; mas faltou-me a coragem necessária para realizar meu intento. Meu corpo foi fraco quando minha alma era fo rte, e ,quando meu corpo não mais tremia, minha alma vacilava! Ignoro o segrêdo dêsses combates e dessas alternativas. Sou sem ,dúvida bem tristemente mulher, sem p ersistência de vontade, forte sômente para amar. Desprezo-mel À noite, quando os criados dormiam, dirigia-me corajosamente ao lago; uma vez à borda, minha frágil natureza sentia horror à destruição. Confesso-lhe ininhas fraquezas. Quando me encontrava de novo na cama, tinha vergonha de mim, e readquiria coragem. Num dêsses momentos, tomei láudano; mas sofri e não morri. Acreditei ter ingerido todo o conteúdo do frasco, e só bebi a metade. - A senhora está perdida, - disse o cura com gravidade e numa voz entrecortada de lágrimas. - A senhora vai voltar para ,o mundo e vai enganar o mundo; procurará e encontrará nêle aquilo que considera como uma compensação a seus males; mas um dia há de sofrer os tormentos de seus prazeres ... - Acha, - exclamou ela - que irei entregar ao primeiro patife que saiba represen tar a comédia duma paixão as derradeiras, as mais preciosas riquezas do meu coração, e corromper minha vida por um momento de duvidoso prazer? Não1 minha alma será consu mida por uma chama pura. Todos os homens, senhor, têm a sensualidade de seu sexo; mas o que dêle tem a alma e que por isso satisfaz a tôdas as exigências de nossa natur eza, ,cuja misteriosa harmonia só vibra à pressão dos sentimentos, êsse não encontramos duas vêzes na existência. Meu futuro é horrível, bem o sei; a mulher nada é se m -o amor, a beleza nada é sem o Drazer; mas a sociedade não reprovaria minha ventura, se esta ainda se apresentasse a mim? Devo à minha filha uma mãe honTa da. Ah! estou encerrada num círculo de fogo donde não posso sair sem ignominia. Os deveres de família, cumpridos sem recompensa, aborrecer-me-ão; amaldiçoarei a vida; mas minha filha gozará pelo menos da aparência de ter uma diorna mãe. Proporcion nar-lhe-ei tesouros de virtude, para compensar 1 os tesouros de aleto que não lhe pude dar. Não desejo nem mesmo viver para desfrutar o prazer que a felicidade dos filhos dá às mães. Não acredito na felicidade. Qual será a sorte de Helena? A minha, s em dúvida. Que meios possuem as mães para assegurar às filhas que o #684 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DF, TRINTA ANOS homem a quem as enLregam será um espôso que satisfaça a seu coração? Os senhores infamam a s pobres criaturas que se vendem por alguns escudos a um homem que passa: a fome e a necessidade absolvem essas uniões efêmeras; enquanto que a sociedade tole ra, encoraja a união imediata, bem mais horrível, duma rapariga cândida e dum hoAnem que ela conhece apenas há três meses. Essa é vendida para tôda a vida. É verdade qu e o preço é elevado! Sim, não lhe permitindo nenhuma compensação a suas dores, os senhores honrai-q-na; mas não, o mundo calunia as mais virtuosas dentre nós! Tal é o nosso destino, visto sob suas duas faces: uma prostituição pública e a Vergonha, uma prostituição secreta e a infelicidade. Quanto às pobres moças sem do te, essas endoidecem, morrem; para elas, nenhuma piedade! A beleza, a virtude não constituem valor nesse nosso bazar humano, e chamam sociedade a êsse antro de eg oísmo. Mas deserdem as mulheres! ao menos terão cumprido com isso uma lei da natureza, escolhendo suas companheiras, desposando-es conforme os ditames do, co ração. - Senhora, suas palavras provam que nem o espírito religio"n so nem o espírito de fa mília a comovem. Por isso não hesitará entre o egoísmo social que a fere, e o eoOísmo da criatura que a. ô fará desejar o prazer. . . - Existirá a família, senhor? Eu nego haver família numa sociedade que, por morte do p ai ou da mãe, partilha os bens e inanda cada filho ir para o seu lado. A família é uma associação temporária e fortuita que a morte dissolve prontamente. Nossas. leis de stroem as casas, os patrimônios, a perenidade dos exemplos edas tradições. Não vejo senão escombros ao meu redor. - A senhora só tornará a Deus quando sentir o pêso de sua. mão, e desejo que tenha tempo suficiente para se reconciliar com. êle. A senhora procura consô1o baixando os olhos para a terra,. em vez de elevá-los para o céu. Ofilosofismo e o interêsse pes soal apoderam-se de seu coração; a senhora é surda à voz da religião,. como o são os filhos dêste século sem fé1 Os prazeres do mundosó engendram sofrimentos. A senho ra vai mudar de tormentos, eis tudo. - Tornarei mentirosa a sua profecia, - disse ela sorrindocorn amargura - serei f iel àquele que morreu por mim. - A dor, - respondeu êle - só é viável nas almas preparadas pela religião. Baixou respeitosamente os olhos para não deixar transpareceras dúvidas que se podiam estampar em seu olhar. A energia das queixas escapadas à marquesa tinha-o contris tado. Reconhecendo o eu humano sob suas mil formas, desesperou de abrandar aquèle f,.oração que a dor havia secado em vez de enternecer, e onde & 585 senlentC do Serneador celeste não devia germinar, porque a sua ra nêle sufocada pelo grande e terrível doce voz e clamor do eoo. íslno. Entretanto, agiu com constância de apóstolo, Voltan do várias vêzes sempre animado pela esperança de fazer retornar a Deus aquela al"?a tão nobre e tão orgulhosa; mas perdeu a coragem no dia ern que percebeu que a marquesa só gostava de conversar com éle porque lhe era agradável falar daquele que não mais ex.istia. Não quis rebaixar seu ministério transigindo com uma paixão; cess ou seus colóquios e voltou grada ti vamen te aos lugares comuns o da palestra. A primavera chegou. A marquesa encontrou distrações para sua profunda t risteza, ocupando-se de suas terras, onde ordenou alguns trabalhos. No mês de outubro deixou seu velho ,castelo de Saint-Lange, onde se tornara de novo fresca e bela na ociosidade duma dor que, de início violenta como um disco lançado viororo samente, terminara por amortecer na melancolia, assim n corno o disco pára depois de oscilações gradualmente mais fracas. A melancolia compõe-se de uma série de semelhantes oscilações morais, a primeira das quais raia no desespêro e a última no prazer: na mocidade, é o crepúsculo da manhã; na velhice, o da tarde. Quando a sua caleça passou pela aldeia, a marquesa recebeu o cumprimento do cura, que voltava da igreja para o presbitério; mas ao responder-lhe, ela baixou os olho s e virou a cabeça para não o ver. Opadre tinha razão de sobra contra essa pobre Artemis ,a de Veso.45 45) Artemisa: <leusa grega, ldentificada com a Diana da TeligiaO romana, a qual obteve de Júpiter a licença de não casar nunca. Étes,? era um dos centros principais de seu eultc,. ill( #TERCEIRA PARTE, AOS TRINTA ANOS Um moço de grande futuro, e que pertencia a uma dessas ca_ sas históricas cujos nome s estarão sempre, mesmo a despeito das leis, intimamente ligados à glória da Franca, encontrava-se ne, baile em casa da Sra. Firmiani.46 Essa dama havia-lhe dado algumas cartas de recomendação para duas ou três de suas arni, gas em Nápoles. O Sr. Carlos de Vanc[enesse? 47 assim se cha. mava o rapaz, vinha agradecer-lh e e apresentar suas despedidas, Depois de ter desempenhado brilhantemente várias missões, Van,. denesse tinha sido, havia pouco, designado para servir com um dos m inistros plenipotenciários enviados ao congresso de Laybach, " e queria aproveitar a viagem para estudar a Itália. Essa festa era uma espécie de adeus às distrações de Paris , a essa vida rápida, a êsse turbilhão de pensamentos e prazeres que tanto se calunia, mas ao qual é tão delicioso a gente se entregar. Habituado havi? irês anos a visitar as capitais européias e a deixá-las, ao capriclio cie sua carreira diplomática, Carlos de Vandenesse tinha contudo pouca coisa a lamentar saindo de P aris. As mulheres já não pro. ?(luziam nêle impressão alguma, fôsse porque encarasse uma paixão -?,erdadeira como ocupando muito espaço na vida dum homern político, fôsse po rque as mesquinhas ocupações duma galanteria superficial lhe parecessem vazias demais para um espírito forte. Todos nós temos grandes pretensões à fôrça de espírito. Em Fra , nenhum homem, por medíocre que seja, consente em passar simplesmente por espirituoso. Por isso, Carlos, apesar de moço ?tínha apenas trinta anos), acostu mara-se já filosóficamente a ver idéias, resultados, meios, naquilo em que os homens de sua idade percebem sentimentos, prazeres e ilusões. Êle recalcava no fundo de sua alma, que a natureza criara generosa, o calor e a exalração natural aos jovens. Procurava ser um frio calculista; estor?ava-se por empregar em boas mane iras, em formas amáveis, cri, 46) a Rra. Firmiani, cujo nome serve de título a um dos cO11tO?? de BaIzac, era um mo{lèlo de virtude e bondade, como já vimos nesse conto e £m Uma Filha de Eva. 47) Carlos de Vandenesse: personagem já citada em Uma Estréia na Vida, onde processa o irmão Félix Vandenesse com assistência de i)esToches. Mais tarde há -de desposar Emília de Fontaine, a orgulhosa heroína de OBaile de Soeaux. 48) Ocongresso de Laybach, em que se discutiram os meios a serein empregados con tra o carbonarismo na Itália, durou de 8 de janeiro a 12 de maio 4e 1821. Há aqui outro êrro de cálculo de BaIzac, que neste capítulo declara ter a sua heroína trinta ano s: ora, no precedente, decorrido em 182O (ou melhor, em 1823, como mostramos na nota 39), tinha vinte e seis. . k A MULHER DE Tri-NTA ANOS GST de sedução, as riquezas morais que receb-ra do acaso: artifício" ia de ambicioso; tr iste papel, empreendido com o verdadeira. tare de atingir aquilo a que chamamos hoje uma bela posição. lançava um último olhar aos salões onde se dançava. Antes e sair o aile, queria sem dúvida gravar-lhe a imagem, comc es ectado que não abandona seu camarote na ópera sem a quadro final. Mas, ao mesmo t empo, por um deter assisti O jo fácil de mpreender, o Sr. de Vandenesse examinava aquéle ,onjunto, pur mente fr ancês, o brilho e as ridentes figuras daqueja festa parisiense, aproximando-as em pensamento das fisioglomias novas, das cenas pitorescas que o aguardavam em Náp ole,, onde tencionava passar alguns dias antes de ir assumir se-Li cargo. Pareci a comparar a França tão mutável e tão cedo estudada a uma terra cujos costumes e sítios apen as conhecia por informações contraditórias, ou por livros, na maioria mal feitosAlgumas reflexões bastante poéticas, mas hoje já muito vulgares passaram-lhe então pela mente e corresponderam, sem que o soubesse talvez, aos secretos desejos de seu coração, mais exigente que entediado, mais desocupado que indiferente. "Aqui estão, - dizia consigo - as mulheres mais elegantes, niais ricas, mais impor tantes de Paris. Aqui estão as celebridades. do dia, nomes famosos da tribuna, celebridades aristocráticas e literárias: ali, artistas; acolá, homens poderosos. E, c ontudo, só wjo pequenas intrigas, amôres nati-mortos, sorrisos que não clizem. nada., orgulhos sem causa, olhares sem chama, muito espínto, mas prodigalizado sem finalidade. Todos êsses rostos brancos e Co.rados procuram menos o prazer que distrações. Nenhuma emoção é verdadeira. Se procuramos apenas plumas bem colocadas, gazes leves, lindos vestidos, mulheres delicadas; se consideramos a vida apenas como uma crosta superficial, eis aqui nosso inundo. Contentemo-nos com -essas fr ases insignificantes, com êsses trejeitos engraçados e não peçamos um sentimento aos corações. N( que me diz respeito, tenho horror a essas intrigas chás que terininarão em casamentos, em sub-preleituras, em receitas gerais, Ou, se se tratar de amor, em arranjos secretos, tanto se envergonham de manifestar paixão, Não encont ro um único c16ses semblantes expressivos que denunciam uma alma entregue a uma idéia ou a um remorso. Aqui, o desgôsto ou a infelicidade escondem-se vergonhosament e sob gracejos. Não vejo nenhuma dessas mulheres com quem desejaria lutar, e que nos arrastam para um abismo. Onde encontrar energia em Paris? Um punhal é uma curiosidade que se pendura num prego dourado, que se orna com Uma linda bainha. Mulheres, idéias, sentimentos, tudo se asseInelha. Não existem mais paixões, porque as individualidades de#CENAS DA VIDA PRIVADA sapareceram. As classes, as fortunas, os espíritos, tudo foi nivela. do, e todos v estimos um traje negro como que em sinal de luto l_-,,e?a França morta. Não amamos nossos semelhantes. Entre dois apai . ixonados, é necessário diferenças a suprimir, distâncias a vencer. Ésse encanto -do amor desapareceu em 1789! Nosso aborre. ciinento, nossos costumes insípidos são resultados do sistema po. lítico. Na Itália, ao menos, tudo é categórico. Lá, as mulhere s 1 ainda são animais malfazejos, sereias perigosas, sem razão, sem ou. tra lógica que a d e seus gostos, de seus apetites, e das quais há que desconfiar como se desconfia dos tigres. . . " A Sra. Firmiani veio interromper êsse solilóquio cujos mil pensamentos contraditórios, inacabados, confusos, são intraduzíveis, O mérito dum devaneio reside inteiramente em seu indefinido; -não é êle uma espécie de vap or intelectual? - Quero, - disse-lhe ela tomando-o do braço - apresentá. lo a uma mulher que tem ime nsa vontade de conhecê-lo, pelo que tem ouvido a seu respeito. Conduziu-o a um salão contíguo, onde lhe mostrou, com um gesto, um sorriso e um olha r verdadeiramente parisienses, uma mulher sentada junto da lareira. - Quem é ela? - perguntou com curiosidade o Conde de Vandenesse. - Uma mulher a quem, com certeza, já se referiu por mais de uma vez, para a elogia r ou criticar, uma mulher que vive na solidão, um verdadeiro mistério. - Se alguma vez já foi clemente em sua vida, por favor, ?diga-me o nome dela. - Marquesa d"Aiglemont. - you tomar lições com ela; de um marido bem medíocre ela soube fazer um par de França, de um homem nulo fêz uma ,capacidade política. Mas, diga-me, acredita que Lord Grenville tenha morrido por causa dela, como pretendem alguns maldizentes? - É possível. Depois dessa aventura, falsa ou verdadeira, a pobre mulher mudou muito . Deixou de freqüentar a sociedade. Em Paris, uma constância de quatro anos é alguma coisa. Se a ,,,é aqui ... A Sra. Firmiani calou-se; depois acrescentou com ar malicioso: - Esquecia que me devo calar. Vá conversar com ela. Carlos permaneceu imóvel durante um momento, com as costas ligeiramente apoiadas ao portal, ocupado em examinar unia mulher que se tornara célebre, sem que ninguém pudesse explicar o -os motivos em que se fundava sua celebridade. A sociedade ofetece muitas dess as anomalias curiosas. A reputação da Sra. d"AiA MULHER DE TRINTA ANOS 589 g,,,ont Ião era, por certo, mais extraordinária que a de cere trabalham continuament e numa obra desconhecitos Ilorricoris qu da: estatisticOs. tidos por . profundos à fé de cálculos que evitam publicar; políticos que vivem de um artigo de jornal; autores ou artistas cujas obras nunca saem das pastas; gente sabichona com aquêles que nada sabem de ciência, como S ganarelle411 é latinista corri os que não sabem latim; homens a quem se atribui uma capacidade convencionada acêrca de um ponto, seja a direção das - sej a um aa missão importante. Esta frase admirável: é um ar?es, specialista, parece ter sido criada para essa espécie de acéfalos políticos ou literár ios. Carlos permaneceu em contemplação mais tempo do que queria, e ficou descontente por se preocupar tanto com uma mulher; mas também a presença daquela mul her refutava os pensamentos que um momento antes haviam ocorrido ao jovem diplom ata, à vista, do baile. A marquesa, agora com trinta anos, era bela, se bem que de formas franzirias e e xcessivamente delicada. Seu maior encanto provinha de um rosto cuja calma traía uma surpreendente profundeza de alma. Seu olhar brilhante, mas que parecia velad o por constante preocupação, acusava uma vida febril e a maior resignação. Suas pálpebras, quase sempre castamente voltadas para o chão, raramente se erguiam. Se lançava olhar es ao seu redor, era com um movimento triste, e dir-se-ia que reservava o fogo de seus olhos para ocultas contemplações. Por isso, todo homem superior sentia-se Lu riosamente atraído para aquela mulher suave e silenciosa. Se a inteligência procurav a sondar os mistérios da perpétua reação que se processava nela do presente sôbre o passado, da socíedade sôbre a sua solidão, a alma não tinha menos interêsse em se i--niciar nos segredos dum coração de certo modo orgulhoso de seus sofrimentos. N ela, aliás, nada desmentia as idéias que de início inspirava. Como quase tôdas as mulheres que têm cobelos muito compridos, era pálida e perteitamente branca. A pe le, duma finura prodigiosa, sintoma raramente enganoso, denunciava uma verdadeir a sensibilidade, justíticada pela natureza de suas feiãoes, que tinham êsse acabamento m aravilhoso que os pintores chineses dão às suas figuras fantásticas. Seu pescoço talvez fôsse um pouco longo; mas êsses são os mais graciosos, e dão às cabeças de mulheres v agas afinidades com as magnéticas ondulações das serpentes. Se não existisse um só dos inúmeros indícios pelos quais 49) Sganarelle: personagem de Molière em OMédico à fôrça (cena Sua mulher o faz passar por médico; ao examinar uma doente, ""Meiro pergunta se os presen?es sabem falar o latim. Sendo negativa a resposta, cria coragem para exibir o seu Dseuúo-la tim algo macarrónicu, e. Ao primeiro olhar que lançou àquela 1?le conhecia d"AigleinOnt sto o jovem diplomata reconheceu imeulher. não sei por que motivo. a in?dumentária estava em har ino_ nia com o pensamento que dominava sua pessoa. De agora em diante não poderei mais ser modesto . Contudo. e. uma mulher que de há muito desesperou do. d"Aiglemont. o segrêdo dêsse eloqüente comedimento? Isso há de ser sempre um enigma que cada um interpreta ao sabor de seus desejos._ lher. a displicência do corpo fatigado mas airoso.o-e3 do pescoço. nunca se lhe surpreendia nenhum dêsses toques de coqueteria que prejudicam tantas mulheres.. A maneira pela qual a marquesa apoiava os cotovelos nos braços da poltrona e juntava as extremidades dos dedos de ambas a s mãos parecendo com êles brincar. porque parecia ter renunciado para sempre à preocupação da aparência. a negligên" n cia da posição. a ventura de ser distinguido por sua simpatia. Passado o primeiro momento de surprêsa. Mas. que não conheceu os prazeres do amor. talvez traísse as indeléveis fraquezas femininas no cuidado que dedicava às inaos e aos pes. niente desproporções. e sómente numa certa idade. não lhe escondia a elegância do corpo. sabem dar uma linguagem a suas atitudes. rnasi que com êles sonhou. Êsse resquício de coqueteria fazia-se mesmo desculpar por uma graciosa despreocupação. As tranças largas formavam no alto da cabeça um coque. Será o pesar.. essa reunião de pequeninas coisas que fazem uma mulher feia ou bonita.eniont mantinha uma conduta irrepreensível e sua virtude dava ainda iiiii mais a lto preço a todos os mistérios que um observador odia nela pressentir. tão variadas. o luxo de seu amplo vestido consistia num corte extremamente original. os movimentos lassos. Êsse conju. mas. se é permi tido procurar idéias no arranjo de um tecido.disse. à mulher feliz ou infeliz. podem ser apenas indicados. por um ardil de i. . que parecia eleganten mente quebrado na poltrona. atraente ou desagradável. d"AiVarld~sse procurou a diplomacia basta nte vulgar.nportuná-la para ver ?corno ela receberia uma tolice. Também sua atitude harmonizava-se com o caráter do rosto e da vestimenta. o abandono das pernas. mas cOmo o produto dum fingir ma is hábil que o das mulheres comuns. Assim. . ou devidos a hábitos de infância. Na Sra. resolveu &lerpont.Senhora. por demai s fortes entre aquelas duas pessoas s para que têrrilo ívcl à marquesa amar o marido. Devo-lhe tanto mais. Todavia. pode-se dizer que as simples e numer osas pregas de seu vestido comunicavam-lhe umft grande nobreza. . Sómente certas mulheres eleitas. bastari. futuro ou de si mesma. e que se curva sob o fard o com que a memória a atormenta. sentando-se junto dela . d"Aiglemont. inc~patibilidades. que nunc a tinha vi? .uma feliz indiscrição fêz-rfle saber que tenho. p melhor maneira de abordar a Sra. De resto. tão expressi vas. uma mulher ociosa que toma o vazio Pclo nada.nto de maneiras. se os exibia com algurn o prazer. será a alegria que empresta à mulher de trinta anos. seria difícil à mais maliciosa rival achar seus gestos afetados. a curvatura do pescoço.#59O CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS 691 os caracteres mais dissimulados se revelam ao observador. d e suas esperanças ou de suas convicções. Por isso será responsável por um de meus defeitos. como no caso d a Sra.1 examinarmos atentamente os movimentos da cabeça e as tor. ao qual não acrescentava nenhum enfeite. d"Aiosse poss g. por mais m odesto que fôsse seu traje. -para julgarmos um aa M. para empregarmos o diata legal. a ra. Carlos de Vandenesse admirou êsse quadro magnífico. tanto par eciam espontâneos. a alma é elemento de ligação de todos os detalhes e lhes imprime uma deliciosa unidade. agradeci in en tos por jamais ter sido objeto de um semelha nte favor. tudo revelava uma mulher sem interésse na vida. principalmente quando. Procederá mal. homens. rastava para a Sra. em que a obediência é um prazer. entre uma mulher como a marquesa e um rapaz como Vandenesse.deve-se deixar a vaidade àqueles que não têm outra coisa a ostentar. senão os desenvolvimentos perceptíveis. e o sexo é bastante cúmplice de seu amor. a outra escolhe. tão comum em Paris. . e as conquistas -de nossa inteligência não são. com efeito. Ora se perguntava Porque a marquesa a tinha distinguido. e então é aban donada com horror. nada pode comparar nem apr eciar. verdadeiros ou falsos. assim.. quando. demasiado submissa. muita inexperiência. nada sabendo. ora era nada. mais C? tarde. ao p asso que a jovem. a mulher experiente parece dar mais do que ela mesma. ao passo que uma mulher conhece tôda a extensão dos sacrifícios que tem a fazer. e durante todo o dia seguinte. chegaram ao assunto eterno das palestras francesas e es trangeiras: o amor. Uma cede. briagava-se de esperança. à noite. Na Itália por certo não encon trarei horas tão agradáveis como esta. abordaram num instante uma multidão de ass untos: pintura. segundo o costume.. Ora acreditava encontr ar os motivos dessa curiosidade.. A primeira só tem lágrimas e prazeres. entre a marquesa e o jovem diplomata unia palestra em que. As mulheres são rainhas. enquanto que uma mulher possui mil modos de conservar a um tempo seu poder e sua dignidade. Aquela prop icia-nos uni único triunfo. Por fim. e formulou inúmeras conjeturas. em certas circunstâncias. então e. Estabeleceu-se. Z3 Há pensamentos aos quais obedecemos sem os conhecer: vivem em nós. ser suas #69S 592 CENAS DA VIDA PRIVADA intenções pedindo para o rever. os sentimentos e as mulheres. e ela vale mais que todos os pensamentos brilhantes. Para que uma jovem seja amante. quis resistir à atração que o ar. senhor.Senhora. ao deitar-se.Encontrará talvez a felicidade. Uma. Carlos obedecia a um dêsses contextos preexistentes de que nossa experiência. precisa ser muito corrompida. Uma nos instruí. Essa escolha já não é por si uma eno rme lisonja? Armada de um saber quase sempre pago por um preço muito alto em dissabores. esta obriga-nos a combates constantes. quais poderiam. a outra obedece a um sentimento consciente.disse ela rindo .exclamou com doçura Carlos de Vandenesse . política. cada pessoa de boa fé encontrará em sua vida mil provas de que é assim. ignora nte e crédula. literatura. As frases mais ou menos significativas ditas por Carlos e pela marquesa podiam r eduzir-se a essa simples expressão de todos os discursos presentes e futuros sôbre tal assunto. uma jovem tem muitas ilusões.Amá-lo-ci"? . Ora era tudo. . Uma mulher de trinta anos tem atrativ os irresistíveis para um rapaz. ou desanimava . insensivelmente. d"Aiglemont. Antes de cumprimentar a marquesa. Carlos obteve permissão para ir lhe apresentar s uas despedidas. nos aconselha numa idade em que d e bom grado nos deixamos guiar. . por seduções estranhas à do amor.faz-me lamentar profundamente ter que sair de Paris. de que a sociedade nos oferece tant os exemplos. e nada mais natural. Indo à casa da marquesa. acontecimentos e coisas. para que um rapaz possa sentir-se lisonjeado. . mas terminou indo à sua casa. oferece-nos a trist . que se dizem tôdas as noites em Paris. mais fortemente urdido e melhor preestabelecido que os laços profundos. Se b em que essa reflexão possa parecer mais paradoxal que verdadeira. Lá onde uma é arrastada pe la curiosidade. ela aceita o ??imor e o estuda. Senhor. música. conforme as interpreta. Nós somos escravas. lhe foi impossível afa star da mente a imagem daquela mulher. Essas duas frases. ignorados. Depois.. dando-se. a outra quer tudo aprender e se mostra ingênua iriaquilo em que a outra é tôda ternura. a segunda tem voluptuosidade e ren morsos. não significarão sempre: "Am e-me. Sentiu-se muito feliz por ter dado ao seu pedido uni cunho de si nceridade. ções que dava àquele desejo polido. Conceder a um estranho o direito de entrar no santuário do lar. não faça algumas reflexões. As mulheres tôdas se empenham e devem empenhar-se em ser honradas. a mulher de trinta anos pode se fazer jovem. um aa absolvição para o passado. a sociedade tem sabido adotar um mezzo termine: 5O zomba das desgraças. Casada. Essas idéias desenvolvem-se no coração. Mas talvez seja muito sensato êsse sistema. Chegando a essa idade. Até agora. As mulheres conservam-se o tempo que querem nessa posição equívoca . terrores. finalmen te. brinca. apesar do desemba raço que de certa maneira é comum entre os diplomatas. inteligentes 5O) mezzo tern?ine (ein italJano no texto): "ineio têrMo" #694 CENAS DA VIDA PRIVADA e infelizes como a Sra. De modo semelhante. Pois sem estima deixam de existir. Como os espartanos. de um rapaz e nêle geram a mais forte das paixões. não será ficar à sua mercê? e se um aa mulher o atrair para êle não será uma falta. ser pudica. preocupa-se com se . a outra mata por nossa causa uma famíli a inteira. ela não mais se pertence. a marque&j. lisonjeia ulher de trinta anos. ela !parece admitir o roubo. d"Aiglemont. para ser exato. A mais corrompida dentre e las exige. ao receber em sua casa. e a jovem. ou absolver as paixões. a n Iam no arrior duma ]Ov4em se cri co um iovem que lhe restitua a estima que ela lhe e ti futuro. à indiferença. como numa encruzilhada que leva igualmente ao respeito. A pureza das mulheres é inconciliável com os deveres e as liberdades mundanas. vendendo o futuro. como Carlo-S de Vandenesse. se enternece sem se comprometer. e êle fico. receios. Vandenesse. curva-se e eleva-se e sabe consolar em mil ocaem que a jovem só sabe gemer.. da fôrça à fraqueza . Não há mulher que. Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao iniprevisto. o começo duma falta? Há que aceitar essa teoria em todo o seu rigor. principalmente s-e. . em França. a outra perde demasiado por não exigir do amor suas inumeráve is metamorfoses. poucos rapazes deixam de apoiar alguns íntimos desejos sôbre uma das mil idéias que justificam seu amor inato pelas mulheres belas. procura torná-la gloriosa. e a noviça só A MULHER DE TRINTA ANOS uma. e se encontrando sózinha com êle. e acredita ter dito tudo despindo o vestido. lhe anunciarem o S r. que só castigavam a imperícia. Essa atitude exclui qualquer pensamento secreto e modera os sentimentos temperan do-os pela polidez. O passo mais capital e mais decisivo na vida das mulheres é precisamente aquêle que uma mulher encara sempre como o mais insignificante. antes de tudo o mais. Existem além disso indecisões. vive apenas para êle.a-lhe um aa vida bela. além de tôdas as vantagens de sua posição. porque ela reúne os sentimentos artificiais criados pelos costumes aos sentimentos reais da natureza. Sómente aos trinta anos uma mulher pode conhecer os recursos dessa situação. A jovem só possui uma coqueteria.. Uma desonra-se por si mesma. ou. sulica e orde na. afaga tôdas as vaidades.e segurança da quietude. mas a mulher tem-nas em grande número e se esconde sob mil véus. Por isso êsse é o primeiro sentimento que elas pedem ao amor. sob pena de não sê"o. Emancipar as mulheres é corrompê-las. terpretações da vaidade. quase envergonhado. Od?esprêzo geral constitui O pior dos castigos. desempenhar todos os papéis. a. porque atinge a mulher no coração. e até embelezarse com a desgraça. À custa dela ri. que jarnais perturbaçtões e tempestades na m . é a rainha e a escrava do lar. Mas a marquesa depressa adquiriu êsse ar afetuoso sob o qual as mulheres se abrigam das in. um rapaz. Por isso. Possui então * tato necessário para atacar no homem tôdas as cordas sensíves. e trata de fazer o amante compreender que ela troca por irresistíveis felicidades as honras que a sociedade lhe recusará. ficou perturbada. . ao assombro o u à paixão. pela primeira vez. esacrifíc"u. êle é bonito e inteligente. obedece. nada pode satisfazer. A mulher de trinta anos satisfaz tudo. Enfi m. Foi durria resignação perfeita. . ser amante e diplomata.. ela é sincera ou falsa." Um dia.pensou êle consigo. retirando-se. como ou trora. sempre foi a perdição dos teimosos. Coqueterial verdadeiro desafio que a marquesa me fêz esta noite. . Porque me terá confiado suas mágoas? Ela me ama. Oseu silêncio é tão peri. protegidas ao mesmo tempo por sua fraqueza e por nossa fôrça.que? se não fôsse a filha . a de oratória. e encontrou a marquesa em sua atitude favorit . uma correspondênc ia capaz de fatigar um subchefe ambicioso! Con.. se zomba ou está de boa fé nas suas confissões. Minha boa fé pode tornar-se uma excelen te especulação. artificiosa ou natural.* para estudar os sons que delas tira.. Êsse fatal "se eu quisesse mesmo-. Em vez de se provar. com liberdade para nos gr imolarem com um gracejo. êle indagou de si par a si se a marquesa seria sincera. Vandenesse considerava ainda a marquesa mais hábil que verdadeira." Entrou._ Hoje .O amor torna a côr de cada século. depois de analisar friamente a marcha dessa intriga. estão reduzidas a três processos: primeiro. nem seu conf. Vandenesse retirou-se depois de ter experimen tado nessa palestra delícias desconhecidas. nessa idade. ela soube conservar uma alta dignidade de mulher.. As mulheres disserta sôbre êle.tudo. se tantos sofrimentos poderiam ser simulados. a gente o discute. porém. d"Aiglemont. ao dirigir-se a uma entrevista que se lhes tinha tornado. recusam-nos a c apacidade de amar tanto quanto elas amam. têm a mania da virgindade! Ela deve ter pensado que eu a supunha inexperiente. Embora nessa primeira visita a marquesa se colocass e nesse terreno neutro. Carlos persistia em sua desconfiança e submetia as situações A MULHER DE TRINTA ANOS 695 as :por que passava sua alma a uma severa análise. e seu último julgamento era: "Decididamente. ao retirar-se .. apostrofava os costumes moderrios: . Procurou mostrar-se apaixona do. Carlos vol. Tôda Vez q ue saía de casa da Sra. necessária a um e outro. não sou seu irmão. com um olhar. ficou convencido de que a marques a era dessas mulheres cuja conquista custa muito caro para que se possa tentar amá-l as. Nunca se pode adivinhar se. porém. d"Aiglem(}nt e convenceu-se de que ela tomava interêsse por sua palestra. nos abandonam. Depois. poem em dúvida nossa paixão. e êsse exame deveria conduzi-lo a um amor sem limites. Desde êsse momento Carlos tomou um vivo interêsse pela Sra. de repente. Ora. com um dêsses gestos cujo poder tão bem conhecem.Seria. e devorava em silêncio de sgostos que apenas deixava transparecer na entonação mais ou menos contida duma interjeição. Em vez de se entregar simplesmente à f elicidade de amar. desejaria ardentemente a morte. a marquesa era sempre mais forte que êle. se eu -quisesse mesmo. transforma-o em tem. depois de ter esgotado suas idéias de desconfiança. Contudo. Seus pro fundos desgostos pairaram sempre sôbre sua alegria fictícia como uma nuvem ténue que encobre imperfeitamente o sol. hora reservada por um instinto mútuo.disse consigo quando de sua terceira visita ela we fêz compreender que era muito infeliz e só no mundo. Qualquer rapaz não se sentirá lisonjeado por consolar uma grande desgraça? Finalmente.tou à casa da Sra. .um namôro interminável. que progr"sr" ru. . para que fingiria resignação? Ela vivia numa solidão profunda." Dois dias depois. quis representar um duplo papel. com uma palavra. mas êle era generoso e jovem. o amor -próprio leva à paixão.. Em 1822 é doutrinário. por fatos. para se ocuparem conosco. encerram o combate. e. porque.tava suas próprias emoçoes. elas se fazem de muito infelizes para ex citar nossa gene1 rosidade natural ou nosso amor-proprio. d"Aiglemon t.Or. Depois de nos ter dado o direito de lu tar com ela. e ficam senhoras d e nosso seg êdo. essa mulher é muito astuta. goso quanto as suas p alavras. Na França. css.. A Sra.or.touse e não pôde dizer coisa alguma. viuse forçado a reconhecer que nada fi. pletamente que fôsse amada.Nada. Essa infeliz existência traduzida em poucas frases e comentada por uma torção de mãos. mas o torn da voz era duni desespêro tão profundo quanto parecia ser o seu amor. Antes de me entregar a uma ?paixão para a qual me impeliu uma fatalidade sem exemplo. zera nem dissera que a autorizasse a pensar em tal. A fisionomia da Sra. que se conservou silencioso e humilde ante fascinarara nde e nobre mulher: nela êle não via mais as belezas :-. . enfim. com voz terna. d"Aiglemont exprimia um aa . . . de Vandenesse encontrou a marquesa como ela sempre fôra: simples e afetuosa. mas também na alma. não ia além -disso. pois não acreditava únicamente rio espírito. Ao dizer isso. d"Aiglemont apenas lançou um olhar ao amigo quando o ouviu pedir explicaç5o da excessiva mágoa que comunicava à sua beleza tôdas as harnionias da tristeza. mas Carlos não a deu. -inenteaquela gr tão delicadas e perfeitas. puro. e lançou-lhe um dêsses olhares significativos que se assemelham a um sorriso A Sra. mas não amor. feliz por ter um amigo. e não deixo u nenhuma esperança a Carlos. 1 Encontra va enfim êsse ser ideal tão quimérica 1 . . mas a alma t o e .Em que . e morreu para me salvar a honra. baixou os olhos e torceu levemente os dedos. as tristezas.a. cheio de ilusões.precisava ir ao congresso? #596 CENAS DA VIDA PRIVADA A %1U1. verdadeira na sua dor.Em que? . não imaginava que a felicidade pudesse propor cionar duas vêzes a uma mulher sua embriaguez. ela não chorou. devo ao menos me conservar fiel às minhas recordações. Estava emocionado por uma des$as sensações para as quais não há linguagem.. Nessa tarde o Sr. o congresso ja terminou. ela ignorava ou parecia ignorar com. e para ela o amor não era uma sedução. quando Carlos. atitude cheia de melancolia. . Não me resta nada. êsse abismo uma cabeÇa .Há três anos.1 dor tão forte numa mulher tão fráoril. comportava tôdas as seduções nobres. licidade. as pretensões da vaidade.Não me faça mais perguntas dessas .confiança. e quis ser iniciado em todos os segredos daque la existência despe?5 daçada mais pelo acaso que por uma falta. satisfeita por encontrar uma alma que compreendesse a sua. centrou-se em si mesmo. mas de aspecto agradável. d"Aiglemont atestava uma amizade tão cândida que destruía tôda. Estou pensando. o único hornera a cuja felicidade eu teria sacrificado até a minha própria estima. tôdas as esperanças do am. . Nesse momento Carlos voltou a ser jovem. uma amizade verdadeira.Que tem? . mas conhecera o amor e o guardava ainda sangrando no fundo de seu coração. . tÔdas as desconfi anças do diplomata. sem ter conhecido a fe.. e não julgava que uma mulher se pudesse deixar duas vêzes seduzir. con. .tornou êle .disse ela . mas êsse olhar profundo foi como que o sél o dum contrato solene. Se eu não soube morrer. as lágrimas dum luto de três anos tao Vandenesse .numa coisa que ainda não lhe ocorreu. todo confuso. Êsse amor extinguiu se novo.Mas então1 . eu tinha sido seduzida por aquilo que per de tantas moças: por um homem nulo.11EIt DE TRINTA A"*?OS 597 Uma resposta diretá seria a mais eloqüente e a mais delicada das declarações. aquêle qu e me amava.teriais. Isso foi dito simplesmente.perguntou ela.. e. morreu. Perdi a felicidade legítinia e essa felicidade a que chamam criminosa. no dia de hoje.1 1 linda. ela ergueu os olhos para êle sem fazer um moviment o.disse ela. que ti nha cruzados num gesto que lhe era habitual. Ocasamento desfolhou uma a uma as minhas esperanças. Carlos sen. foi subjugado pelo brilho de um tão grande caráter. com o tudo é positivo. quando uni sentimento é verdadeiro. deusa -?n memória. elas podem abranger tôda a existência e enxergar tão claro no pa ssado como no futuro. de um silêncio. Na impotência em que se encontrava de corresponder com suas palavras à altura daquela cena. incrustou-se quase em sua casa e acompanhou-a por tôda a parte com a -tirania de um aa paixão que junta seu egoísmo ao devotamento mais absoluto. isso e próprio das almas rnedíocres. -corn êsse fervor -que comunica às primeiras paixões uma graça inefável . seu destino nada tem de duvidoso. a única coisa que está ao seu alcance fazer é deixar de vê-lo ao adivinhar êsse segrêdo do co. devida ao desânimo e ao temor de não vencer.]:lente sensiv nlente sonhado. É difícil lutar contra um m orto. #CENAS DA VIDA PRIVADA que è1e só despertou desejos. que ela chegue a pensar que sua vida depende da maior ou menor verdade. o mais das vêzes scin. tudo o que o amor tem de mais belo. Ou então cavarmos no ssa sepultura.Amo . jovens e bonitas. que não se acha presente. resistir ao amor dum jovem. precisamente por51) Mtemósine: n?L mitologia grega. que não pode -cometer tolices. Desde então ?êle não teve mais segundas intenções. Mas êsse partido parece decisivo -demais para que uma mulher possa tomá-lo numa idade em que o casa mento pesa. e o outro é infinito. Por isso. encontrasse de repente a Mnemósinedo Museu. Vanden"se conservou-se pois em silêncio. êle respondeu com lugar es comuns sôbre o destino das mulheres. a sedução deve pairar à altura . ápice poético da vida das mulheres. e que a "l a POCIU a. a mais bela e a menos apreciada das estátuas antigas. rança. é impossível a uma mulher. tão iritcrisamente invocado por todos aquêles que numa paixão. ouvindo aquela linguagem e diante daquela beleza sublime. de mais sedutor? Essa triste reflexão. Carios achou miseráveis as suas idéias. tentar matar os. tão simples e tão elevada ao mesmo tempo.disse dessa vez Vandenesse ao deixar a marquesa . Raciocinar onde é preciso sentir. encantos da memória e as esperanças que sobrevivem a um amante perdido. a unin mãe. d"Aiglemont e saiu.é preciso sabermos esquecer nossas dores. quase sempre deliciosamente saborcadas pelas mulheres que as originam. Elas conhecem então o verdadeiro valor do amor e gozam-no corn receio de perdê-lo: a alma possui ainda a beleza da mocidade que as abandona. Mas a razão é sempre mesquinha em face do sentimento. Não e o bastante para lançar uma mulhe r em tôdas as angústias do terror. Feias. e a paixão se robustece à idéia de um futuro que as assusta. Carlos ficou perdi damente apaixonado. foi to dos os dias respirar o ar que respirava a Sra. sentimentos pelos q uais começa tôda paixão verdadeira. Quis amar platônicamente. sabe encontr ar o caminho. de uma vaga espe. que não desagrada nunca. aborrece e cansa. uma v ontade irresistivel que de nada se assusta. q ue a procuram com ardor. se porventura já não está abandonada pelo marido. a uma espôsa. tornou-se Joguete de seu amo r e perdeu-se nos nadas dessa felicidade inexplicável que se alimenta de uma palavra. . Arriou a Sra. do coração como o mais frágil dos insetos caminha para sua flor -con. e do qual só se vêem as boas qualidades. ração que uma mulher adivinha sempre.disse êle . contempl ou longamente a Sra. foi a última manifestação de sua diplornacia expirante. depois de ter tomado po r tipos os vulgares modelos de seu atelier. Prêsa de idéias novas que engrandeciam a mulher a seus olhos. Não será querer destronar a pe rfeição. d"Aiglemont. uma é naturalmente limitada.Senhora . terem podido fruir de todos os ternorrC souros son?iados. ZI) . êle se assemelhava a um pintor que. fôrça e persistência que seu amado ponha em seus desejos? A ssim. em que a afeição conjugal é mais do que tíbia.e para minha desgraça encontro uma mulher prêsa a recordações. d"Aiglemont com essa o boa fé da juventude. as mulheres são favorecidas por um amor que as torna belas.. uma candura que o homem só torna a encontrar em ruínas quando mais tarde ainda ama: deliciosas paixões. porque nessa bela idade de trinta anos. o amor tem o seu instinto. virtuosas.respondeu ?Carlos numa voz afetuosa mas violentamente emocionada. de partilhar de seus gostos e pensamentos. cuja amizade suaviza um pouco minha vida. É tão doce ser amado! .disse ela .Senhora . nem a polidez. e. poucos meses depois de seu primeiro encontro.eciso amar? Pois bem! eu não devo nem posso arriar. para a senhora. Se -cada uma de suas palavras já tinham uma signifi cação clara para cada um dêles. Tudo é cilada. um sentimento térrestremente sublime levaas a encontrar não sei que absolvição na pró. . cada dia acrescentou côres a êsse esqueleto. desaparecem os encantos da sociedade. e glória nessa luta difícil. com o instinto maravilhoso da mulhe r. Em meio a essa discussão interior. aceito um amigo. sob o império dêsse sistema. Confie-se aos cuida. pria grandeza dos sacrifícios que fazem aos amados. pois esta história mais explica do que pinta os perigos e mecanismos do amor. talvez que ela encontrasse aquela felicidade tão ardenteInente desejada.já estou vellia . Eu . Haveria uma solução possível para os laços que unem dois corações separados pelas conveniências sociais? Mas s erá que alguma vez se paga a felicidade demasiado caro? Depois. chegou Vandenesse. em que os raciocínios se resumem num só. a sua moral? Até então a vida só lhe proporcionara amarguras. As nações deverão escolher. ela começa. as seduções do sentim ento e os atrativos da vida. essa admirável mulher dizia-se com a falsa boa. As superstições da experiência falaram sua linguagem. d"Aiglemont ipensativã. e calou-se. Essa deliciosa pergunta acusava um perfeito entendimento de alma. A curiosidade advoga sempre a causa dos apaixonados. nem o convívio. sem muita surprêsa e até com um certo prazer. Afora o senhor. Sua presença dissipou o fantasma metafísico da razão.Não estou bem . um aa mulher não se debate senão quando está agarrada. numa última reflexão que se -transforma num desejo e que o corrobora. Quanto mais longa tiver sido a resi stência. aconteceu-lhe flutuar entre mil sentimentos contrários. e seu silêncio foi imitado por Vandenesse. é a única salvaguarda da mo ral doméstica. a beleza. admirou~se. já cQMULHER DE TRINTA ANOS 699 lhida pela corrente da paixão. e quando lhe perguntou nesse torn penetrante que as doces magias do coração tornaram persuasivo: "Que tem?" ela absteve-se de responder. Se tais são as transformações sucessivas por que passa um sentimento mesmo fugaz entre um rapaz e uma mulher de trinta anos. A reclusão outrora imposta à mulher na Grécia. ninguém seria capaz de afugentar minhas recordações. Diz-me que é p. ninguém me agrad a. a Sra. do mêdo: "Oh! não1 hei de ser fiel àquele que morpor ruir11 Pascal disse: "Duvidar de Deus. dos dum amigo. há um momento em que tudo se concentra. Car?los encontrou a Sra. seria jovem e louçã.nada me escusaria portant( de não continuar a sofrer como até agora.de seus atrativos. revestiu-o com as graças da mocidade. Por isso nenhuma lição é demas iado forte para tão fortes tentações. Por que recusa pedir. Aqui pois termina essa lição ou melhor êsse estudo em esfolado. e é imensa. e que se tornou moda na lnglaterra. reavivou-lhe as carnes. e que é tão natural procurar. vivificou-lhe os movimentos. se nos é permitido tomar emprestado à -pintura um d e seus têrmos mais pitorescos. Mas desde êsse momento. . con. Iria ser feliz? poderia ela encontrar a felicidade fora das leis de que a sociedade faz. temerosa com o alto significado de um moment o em que a linguagem dos olhos supriu Completamente a importância das palavras. d"Aigleirion t achou-se com a vida estreitamente ligada à de Vandenesse. a marquesa compreendeu que lamentações ou a expressão de seu pesar íntimo seria de qualquer modo antecipar-se. nem a elegância dos costumes são mais possívei s. restituiu-lhe o brilho. tanto mais poderosa então será a voz do amor. tambénl. ou sem razão. No dia eni que a marquesa confessou a si mesma que era amada. mas.disse ela . é acreditar nêle". fé . no Oriente. Se #6OO CENAS DA VIDA PRIVADA fôsse feliz. alma e corpo formam um todo. ao arlor t do aquilo de que o amor a privou? julga a vida terminada no rn mento em que.por fim. Dessa maneira. Assim. Fôra 1 ela quem adotara as idéias de Vandenesse ou fôra Vandenesse quem esposara seus minim os caprichos? Não examinou o assunto. . em que abismo não iria ela meter os pés! Ela leu -em seu íntimo lúcidamente. No sexto dia. d"Aielemont percebeu a intensidade da afeição de Carlos pela intensidad e da sua dor. Ogesto de Carlos revelava um verdadeiro amor. falava por êle. Vandenessc passou algu ns dias sem aparecer. Depois. Êle não respondeu.corri êsse despotismo usurpador e feroz cujo efeito mínimo é um ciúme monstruoso. quereria meu coração? Essas palavras. de Listornère. Oque mais impressiona às mulheres não é encontrar em nós afabilidades. ela falou-lhes. vazia. As deve só sucumbem a o golpe duma virtude. Depois. mudou de assunto e falou de coisas indiferentes.disse êle para fugir a uma resposta direta. como se a estivesse vendo pela última vez. um ontem. 13 o Sr. então continuarei sózinha e fiel". outro esta manhã.ela recebeu. . causar um aa felicidade em que eu não acreditaria. infeliz!" Sepultou seu desgôsto e lançou seu amor para o fundo do coração. .Até a vista . senhora. porque nelas a frieza e a delicadeza são indícios do que é verdadeiro. "Como! . .Talvez a senhora tenha razão: novos amôres. por tal preço. Orapaz disse com o frieza: . . seria generoso de minha parte trocar um co ração desolado por uni coração jovem. que homem.exclamou Vandenesse consigo . e com calculismo aos seus sentimentos. êles são muito salutares. e saiu. rsos.disse-lhe ela. e foi para ela o que é o frágil ramo de salgueiro para o nadador que a êle se agarra a ntes de ser arrastado pela correnteza. a marqu esa sentiu-se arrependida e achou que não tinha procedido bem. impregnadas duma horrível coqueteria. hora eui que êle costumava vir.mas fugiria de um apaixonado. d"Aiglemont obedeceu a um instinto feminino partilhando dessa tristez a . que têm a rapidez dos ácidos que matam ao se evaporarem.Castigada? . Seus ipensamentos eram daqueles que se não exprimem. Essa idéia dominou-a. u inst into d ízia-lhe que . Em amor. cêrca de duas horas.Mas por quê? Carlos compreendia perfeitamente a marquesa. sentimentos delicados como os seus. ela viu criaturas satisfeita s.disse ela corri essa graça sedutora que só possuem as mulheres finas.Então não tem recebido visitas? . a marquesa esperava-o com uma iru aciência cheia de remo . Não. o p rimeiro amor nulica pode ser substituído. siv elmente eu responderia com egoísmo ao seu devotamento. creio. Vandenesse fitou-a com ar espantado. ou que temeria perder? Pos. Vi também. Sua alegria assustou-o. acolher ilusões de que não posso partilhar. novos d?ssabores. quando a cadeira que Carlos ocupara. aliás. . o criado de qu to anunciou -OJamais ela lhe ouvira o nome com tanta sa<ísf ção. já que ela os suspeitava. e a Sra. Quando ficou só. a Sra. d"Aiglemont com um aa atenção concentrada. "Se êle desanimar. 56 Outro sofrimento! Dor incompreensível para aquêles que não amair. A estrada do inw1jlheres lernO está calça-da de boas intenções não é umparadoxo de pregador. emoção.? ou ter ferido alguma alma nobre.Por que não tem vindo me ver? . Tôdas as tardes.ui bastante castigadal .OSr. de Marsay 53 e o pequeno d"Esgrignon54 estivera m aqui. acredite. eram o último esfôrço da sensatez. Vandenesse teve um estremecimento involuntário que fêz mais impressão ao coração da marquesa que tôda a sua insistência anterior. uni perpétuo desejo de furtar o ser amado a tôda influência estranha ao amor. a Sra.Adeus. A Sra. ele voltaria. Firmiani 55 e a irmã do senhor. de Ronquerolles. enquanto eu permanecia solitário. A paixão progride enormemente njima mulher no momento em que ela acredita haver agido pouco gencA MULHER DE TaINTA ANOS 6O1 nien1. Enfim. sorrindo. nunca se C) .perguntou ela. minha memória ofenderia à vivacidade de seus prazeres. dizendo-lhe com. Escrever seria uma confissão. como um esquife é lançado a o mar. Ao ouvir essa decisão. Contudo. o semblante se lhe anuviOu .osa descrer dos maus sentimentos. Finalmente. mas queria vingar-se dos sofrimento s por que passara. . .repetiu êle. rias estava visivelment e emocionado e fitava a Sra. deixou-a. quando nos fugiu. a natureza convida-nos a gozá-la quando a temos perto de nós. os dois enamorados estavam sós. calma comunica aos sentidos uwa percepção tão fina. Ela não era cúrnPlice do mal aue fazia. tudo.st a de OGabinete das Antiguidades. As magnificências da tarde são o presságio das conf issões e as encorajam. pois a mbos haviam gradualmente chegado a uma dessas inexplicávcls crises em que a . Céu e inferno são dois grandes poemas que fixar. 53) De Marsay: importante personagem do mundo baIzaquiano. porque a felicidade é uma só? e o inferno não representa as torturas infinitas de nossas dores. estremeceu vivamente. e saboreamos as perturbações de não sei que violência em meio à calmaria. a alegria embriaga. Nesses instantes fér. ou lhe dá inefáveis prazeres se está perdido nas vert. Firmiani: ver a nota 46. se já nem sabiam o sentid o das palavras.gens do "am or. de Listomère: personagem baizaquiana. #6O2 CENAS DA VIDA PRIVADA de sua situação e de seu ciúme. os dois. maravilhosas mortalhas de crepúsculosNesse momento. Falou 52) De Ronquerozies: ver a nota 34. ou não nos parece que estamos no céu? Contudo Vandenesse. q ri o pÔde re ter as lágrimas. nossas paixões vibram delicadamente. . fraldas magoníficas onde renasce o sol. 56) A Sra. e êle aí. e ela a abandonava sem pensar que isso fôsse um favor. As alegrias do momento e as espe ranças do futuro. Quase involuntàriamente. púrpura no olhar? Não temos a impressão de que o céu está em nós. 55) A Sra.sem a compreender. comunicando aos olhos todo o infinito do céu que êles refletem. ou faz com que choremo s sua perda. Não há então luz na voz. em silêncio. que jamais será pintad o s O enão em detalhes. escutavam com delícia os pensamentos secretos que elas encobriam. de sombras acinzentadas que tingem as encostas de montanhas fantáticas. Júlia apertou a mãe. o mais insignificant e têrmo possui um poder irresistivel. mas o assunto primitivo da palestra estava bem longe dêles. entraram arrilio.. ela sentiu êsse contato leve. e ocup ados em contemplar um dos mais belos espetáculos do firmamento. I)Totagoni. se o coraçao está perdido em suas olclancolias. r. e a dor abate. A mão da marquesa estava na de Vandenesse. do infinito de nossos sentimentos. Mostrando-nos a felicidade por imagens vagas.11. 54) Opequeno d. já entrevista em Modest a Mignon. :. do amigo. um dêsses céus puros em que os deriadeiros raios do sol lançam fracas tintas de ouro e de púrpura. únicos pontos em tôrno dos quais gira nossa existência: a alegria ou a dor. como se se tratasse duma dessas hi? póteses que os apaix onados gostam de discutir. que o mais leve choque faz brotar lágriluas e transbordar a tristeza. e Júlia pois desde alguns dias ela se deixava chamar assim familiarmente por aquêle a quem gostava de chamar de Carlos . A marquesa co. e Vandenesse disso se ape rcebeu. sP fundiu numa emoção. Essa pressão persuasiva deu coragem à timidez de Vandenesse. porque tôdas são dissemelhantes? Uma tarde."Esgrignon: Jovem aristocrata depravado e perdulário.lda Inais. Se falamos. sob o docel dessa luz cujas ternas harmonias se unem a seduções íntimas. lnclinaram-se juntos para verem uma dessas majestosas paisagens de neve.falavam arnbos. e. um dêsses quadros repletos de contrastes bruscos entre as chamas vermelhas e os tons escuros que decoram os céus com uma inimitável e fugaz poesia. na emoção da primeira carícia . herolua de EsludO de Mulher. Uma Filha de Eva.-eis em encantamentos. sentados lado a lado. preendeu tudo e ficou tão vivamente comovida u. " o céu do amor. Océu não é não será 1 sempre uma "ma en. Dês-"e momento em diante. Osilêncio torna-se mais perigoso que a palavra. etc. é difícil resistir ao s desejos do coração que tem então tanta magia! então o pesar se embota. os cabelos de Júlia roçaram o rosto de Vande-? A MULHER DE TRINTA ANOS 6O3 Ilesse. Nesse instante da tarde o lento esvaecer da luz parece despertar sentimentos suaves. de que podemos fazer obra de poesia. de gele iras. . faz uma curva com a graça de uma alamêda florestal.Eu não quero sair de Paris. . para conseguir ser declarado herdeiro de seu pariato. são subm etidas aos caprichos dum céu que muda incessantemente de côr. reunidas por tudo o que é seduçãço na natureza. A marquesa escapou para o seu quarto. o . por um amplo recorte dessa singular paisagem.e aclara. cujos degraus são representados de n modo bizarro pelas ruas tortuosas. . produzindo inexplicaveis desenhos. através de cujas Janelas e galerias passa a clari dade do dia. encobrem as misérias do subúrbio Saint-Marceau. reduzem a nada tanto as humildes moradias como os mais altos álamos do vale..disse Carlos de Vandenesse. em derredor. perdida como num precipício entre o cimo da Piedade e o alto do cemitério de Este. Ambos t iveram o mesmo pensamento. . afetando a finura dum homem que descob re um segrêdo. Entretant o. Ela faz ouvir um murmúrio surdo semelhante ao do oceano que ruge por detrás dum rochedo como que para dizer: -Estou aqui". longínqua.Seu tio faz parte do novo gabinete. um vale profundo. o Observatório. Carlos e Júlia entreolharam-se. de claridade ou de aspecto. com suas sombras. Na vertente oposta.replicou o general. Vistas dali. Daí. d"Aiglemont aceitou. A magnífica cúpula do Panteão e o zimbório descorado e melancólico do Val-de-Grâce dominam o rgulhosamente tôda uma cidade em anfiteatro. a elegante lanterna dos Inválidos brilha entre o maciço a zulado do Luxemburgo e as tôrres cinzentas de Saint-Sulpice. Era preciso responder ao marques. separadas por tudo o que é lei. uma cidade imensa. . então admira-se dali um dêsses espetáculos . confundem seus acidentes com os das nuvens.de París. Vand enesse. . se o céu é azul e a terra freme. se acende reflexos . mais perigoso se torna. os edifícios mobiliam os ares.cru n des e transforma a atmosfera num véu de gaze. o mesmo remorso. . que não se vê. Para infelicidade de ambos. verde e silenciosa. laço terrível e tão forte entre dois bandidos que acabarn de matar um homem quanto entre dois apaixonados culpad os dum beijo. coberto de verdura. vê-se.do casto e modesto beijo que a Sra. Ao longe. em baixo. mais forte.Nós sabemos porque. . alguns milhares de tetos. na face. Quanto mai s insignificante é o favor. povoado de fábricas quase de aspecto rural. beija as cruzes douradas. Se o sol lança se us raios luminí)sos sôbre essa face A MULHER DE TRINTA ANOS 6O5 . Êsse pudor mútuo ligou-os ainda mais. entrou o General d"Ai-lemont. cheias de casas e moinhos.urnas vidraças. avista-se o comprido lençol do canal Saint-Martin. Além. entre o s ofrirncilto e a morte. Foi o entendimento de duas almas. corando. emoldurado de pedras vermelhas. no bulevar interior que leva ao jardim das Pla ntas. caminhos rústicos. formulando consigo esta horrível opinião sôbre o marido: "£le é por demais imbecill" #QUARTA PARTE O DEDO DE DEUS i O BIÈVRE Entre a porta de Itália e a da Santé. Além. não havia ali nem simulação nem falsidade. banhado pelas águas barrentas do Bíèvre ou dos Gobelins. iam. tem muitas probabilidades de vir a ser embaixador. se 1h. no último plano.1. sombreado por árvores frondosas. existe uma cidade. . s e os sinos bimball .Não quer abandonar seu tio. entre a fila -de telhados que borda o vale e êsse ho rizonte tão vago quanto uma recordação d1-? infância. À esquerda. À direita. Nesse momento. existe uma perspectiva digna de maravilhar o artista ou o viajante mais calejado nos prazeres da vista. as proporções dos dois -monumentos parecem gig antescas. se lhe purifica as linhas. Dêsse modo. se clareia as pare cria ricos contrastes com as sombras fantásticas.disse êle. Subindo-se a uma leve emiriência a partir -da qual o bulevar. se alegra as tulhas.Oministério caiu. essas linhas arquitetônicas misturam-se com as folhagens. serpenteiam árv ores tremulantes. aparece como um espectro negro e descarnado. marginado pelas construções autênticamente romanas dos Celeiros da fartura. ornado de tílias. ápinhados com o as cabeças duma multidão. as vaporosas colinas de Belleville. Eu maldizia êsses pobres ricos que. preendido no rosto da garotinha sonhadora e taciturna sinais du111 pensamento mais profundo do -que sua idade comportava. mais exatidão profetiza a morte nessas criaturas em flor? Será o sofrimento alojado no corpo. lânguida. vão comprar a pêso de ouro o direito de desde. rindo ao sabor duma palestr. Ora. a raridade de seus gestos. vestida como a outra igualmente graciosa. apaixonado como d um maravilhoso panorama de j?ápoles. Na contra-alamêda que coroa a rampa íngreme a o pé da qual se agitam as águas. çava sôbre êles e sôbre o irmão um olhar urtivo verdadeirarnent. quando de súbito o ruído de um beijo perturbou a minha solidão e afugentou a filosofia. freqüentes vêzes ela inclinava sorrateiramente a cabeça e Ian. de Estambul ou das Flóridas. procurava caminhar ao lado dêles. e cuja fisionomia suave parecia refletir a alegria da paisage m. Um belo rapaz pousava em terra o mais lindo garôto que é possível imaginar. a atitude quase estúpida dessa menina já pensativa. a maliciosa ingenuidade. apenas germinadas? Uma mãe talvez saiba isso. não conheço até agora nada mais horrível que um pensamento de velho na fronte dum a criança. Mas uma outra criança.. o que é que con. eu admirava essa cena deliciosa. nhar sua pátria. Contentando-se. Não há dúvida que havia uma paixão de homem na fisionomia delicada dessa estranha menina. com percorrer o curto esp aço compreendido entre a pequena ponte e uma carruagem estacionada na curva do bulevar. nos gestos. nem se aperceberam da minha presença. a selvagem atenção que aniniavam aquêle rosto infantil de olhos ligeiramente cerrados. deitada sob os aprazíveis ciprestes do Père. permaneceu muda. Por uma manhã de primavera. terno e vivo. ora na frente da mãe e do rapaz. num momento em que o sol fazia brilhar tôdas as belezas dessa paisagem. mas mais 1 n o suave de formas do que ela. Era uma menina. quando. e aproximaram-se com uma tão maravilhosa harmonia de movimentos. e na atitude duma serpente en colhida. Por isso. Eu contemplava com amor a Paris moderna. descontente. aborrecidos de nossa bela França. de modo qu e eu não consegui jamais saber se o beijo estalara sôbre a face da mãe ou do filho. a linda mulher ou seu companheiro acariciavam os cachos louros. eu pensava am argarnente no desprêzo que manifestamos. por travessura. Quan. Ali jaz um aa capital. Deixando o irmão correr sózinho. até nos livros. Um mesmo pensamento. afagavam o pescoço ou o cabeção branco do me nino. Examinci-a com curiosidade. extraordinário. as vozes de um milhão de sêres e a voz de Deus. sonhava. nos s orrisos dos dois jovens. descobri uma mulher que me pareceu ainda bastante jovem. tô1a ou grave. ora atrás. comparei-a corri o irmãol procurando descobrir as semelhanças e difere nças que havia entre ambos. fitando-se. eu as admirava. tôda vez que. olhos negros e uma energi a precoce que formavam um vivo contraste com a cabeleira loura. brilhava Pios olhos. pelo nosso país atual.eloqüentes que a irriaginação jamais esquece. lançou-me olhares cheios duma expressão surpreendente. examinando através dum binóculo as vistas dessa Itália que se tornou tão vulgar. Éles entrelaçaram os braços com uma presteza tão alegre. Ante êsses preciosos e sublimes quadros. a blasfêmia nos lábios duma virgem ainda é menos monstruosa. e olhando para além da ponte dos Gobelins. recomeçavam constantemente o #3O6 CENAS DA VIDA PRIVADA breve passeio. vestida com a mais eleg ante simplicidade. visitando a galope. ou será o pensamento precoce devorando-lhes as almas. embevecidos. ter-lhe-ia sem dúvida re speitado os mistérios se não tivesse su. Ela tinha cabelos castanhos. do a mae e o rapaz davam volta. apoiado inn grande olmeiro que balançava ao vento suas flores amarelas. Ali. Mas nada seria capaz de exprimir a finura penetrante. por distração talvez. que. Opasseio da linda mulher e de seu companheiro tinha não sei que de maquinal. os olhos verde-mar .? alternativamen te animada. imóvel. murmuram o ruído do mundo e a poética paz da soli dão. rabugen ta. Não falta nenhuma harmonia a êsse concêrto. parando. Quanto a mim. depois de terem ido até junto dela. E la sofria ou pensava. Lachaise. de que se fica idólatra. essa criança. e que lhes virava as costas. tudo me interessou. Oculto pelo grande olmo. Por um capricho natural aos observadores. Essas palavras. a doçura de sua fj?iO* nomia. e que já o obscurecia com suas nuvens sombrias. Despreocupado e alegre. do. Por duas vêzes o irmãozinho fôra oferecer-lhe com uma graça tocante. e. e contemplou p rimeiro. Não mais me vendo. lançou ao irmão um daqueles olhares profundos que me pareciam inexplicáveis.Deixa-a. louro como êle.Mamãe. mas das duas vêzes ela só respondera c om lni olhar enraivecido a esta frase: "Toma. A mae sorria a êsse brinq. parecia um Mell"`O de. Seus olhos vivos. c heio de fogo. Helena pareceu inquieta. cujo colóquio eu iria sem dúvida perturbar. pronunciadas ao acaso pela mãe. pa.entio. tonalidade mate. lavras brotadas do coração. . com um krido olhar. acabava por fazer contrastar o verdadeiro caráter da infância com a reflexão do homem. que já se estampava no rosto da menina. misturadas à do pequeno. Que seria eu para ela? Nesse momento. E. dizia.1845). Contudo. que õ7) Charlet: Nicolas Toussaint Charlet (1792 . Obelo rapaz. conhecido sobretudo por suas cenas militares e seus tipos da velha guarda napoleônica. mas o menino não parecia perceber o mau humor da irmã. com uma sinistra inteligência o talude no cimo do qual êle estava. em cujos sabugueiros minha cabeça repousava.exclamou o menino. Helena não quer brincar. feliz. observando-os com atenção.dita numa voz carinhosa. sua brancura tinha . Suas vozes. a graça de seus movimentos. Todos três eram encantadores. e sua despreocupação. todo um drama no futuro. no meio d . e fui refugiar-me atrás duma sebe de sabugueiro cuja folhagem me furtava completamente a todos os olhares. ora a menina selvagem que me era possível ainda entrever através dos interstícios da sebe. sintoma dum vigoroso nao sei que caráter. mas que mais tarde me revelou todo um romance no passado. mães. seus olhos negros procuraram-me na alamêda distante atrás das árvores. E era uma coisa bem insignificante. Estavam vestidos da mesma maneira. que em seguida virou-se bruscament e com o rapaz. o louro parecia uma menina.e a graciosa fragilidade do menino. tal era o f rescor de sua pele branca. a ponte.hista poDularíss?mo na ép oca. como o das corA MULHER DE TRINTA ANOS 6O7 ter secado por um fogo interior. 57 a pequena trompa de caça em que soprava de vez em quando. a paisagem e a mim. Um simples debrum bordava a gola da menina. misturada de in terêsse. sombria e terrível sob sua fisionoinia aparentemente despreocupada. . no tõi nos cabeções das camisas uma diferença bastante frívola. cheio de idolatria. Helena. com uma fisionomia expressiva que encantaria Chariet. apesar de sua energia. quase ao nível do bulevar. Tu sabes que ela sempre está de mau humor. Sentei-me tranqüilamente no alto do talude. ao passo que a mais velha. a menina estremecia e chegava até a corar quando o irmão se lhe aproximava. dese. Enfim. como se o espírito de Deus estivesse nelas. #$O8 CENAS DA VIDA 1nlVADft MLLHEp. corri uma indefinível curiosidade. esverdeada. arrancaram lágrimas a Helena. e a fitava com um olhar extasiado. e êle no máximo seis. o riso inocente de Carlos repercutiu 11O silêncio como um canto de pássaro. Receei ser visto pelo casal feliz. Essa cena deliciosa. DE TEINTA A"S dirigimos amistosamente as crianças. Carlos. desprovidos dêsse úmido vapor que dá tanto enca-ito ao olhar das crianças. de tempos e m tempos. retir ei-me cautelosa?riente. traindo um segrêdo de coração. Poderia ter uns sete ou oito anos. prodioalizando-lhe essas palavrinhas sem nexo e destituídas de seu se`ntido verdadeiro. ao passo q ue lindos bordados ornavam a do mais moço. Ela as derramou em silêncio.. apesar da beleza de suas feições e do brilho da tez. tinham não sei que de carinhoso. uma predileção tácita ue as crianças lêem na alma de suas. depois a correnteza do Bièvre. sem dúvida em voz baixa. fitando em silêncio ora as belezas cambiantes da paisagein.. sacudia-o nos braços e o beijava. pois seu companheiro parava de brin. car. que aproveitou para se queixa r um momento em que a mãe e o rapaz tinham ficado silenciosos sôbre a ponte dos Gobelins. queres?. . pareciam. num domingo. Nesse local.1" mas um . por acaInoti-v<:. um céu puro. soltava gritos pungentes: In . e empurrou-o com um m ovimento de raiva. e qu encontiava-se um notário.Por que não fôste dizer adeus ao meu bom amigo? Vendo o irmão no declive do talude. e eis um dos ecos Júlia. junto de mim. que se aproximava lentamente condu. Orelâmpago não é mais rápid o do que foi esta queda. Depois de ter beijado ternamente sua companheira. Helena lançou-lhe o mais horrível olhar que jamais iluminou os olhos duma criança. Helena. NãO há no Bièvre barcos nem pescadores. acompanhando o rastro deixado pela nuvem de poeira na alamêda verde do bulevar. de falar nesse sinistro acidente. clara. . que na vida náO )nt. era uni notário honestamente Sim ro que de nada sabia!" v ia senão escrituras. e perguntarri o . Uma mulher.por que a gente se que. gritos que logo se perderam sufocados no lôdo. êle regressou para seu tílburi. nhecida. Contudo. jantar e eu. Voara como o vento. até Opróprio olhar. Mas nem os olhos da mãe nem o s meus podiam encontrar o lugar preciso em que a criança estava sepultada. Ela olhava o Bièvre. um filho do amor. bela. o leito do Bièvre tem dez pés de lôd o. eu estremeci conterriplando a mãe. nem ninguém à vista. Depois que êste su. Surpreendi-m e a sorrir. dava-lhe um aa in. ou de revelar o segrêdo dessa eles.e?lena tinha talvez vingado o pai. indo de encontro a raízes quC o atiraram vioJentamente sôbre as pedras cortantes do muro. que se tornara séria e quase triste. O OO9 bmetê-la o marido. A superfície líquida abriu-se em mil gotas escuras sob a linda cabecinha loura.. dizein` lu)?ndo o porquê de sua so. partiu a ca beça.temPos vida duma mulher. riela cO`1O não pensava ainda nO suplício que f. raça? H. que fazem um aa tolice tário de Paris. Àquela hora. o general . que pisam co m tôda a íôrça . tôdas as harmonias da natureza concorriam para alegrar a alma. N ão Oin tinha de tratar da sucessão. e depois. uni dêsses homens stimáveis numa chaga descocorn precaução. 1 Se.in tealpOs perturbaram a vida aletiva de 11 o VALE DA ToRRENTE Dois Ou três anos inais tarde. o diplomata tinha plório. zido por um velho criado. Por que havia ci. via causar um abalo medonho na Urn tal acontecimento de n. crível suavidade. Não vi nem varas com que sondar o rio fétido.ly-. A garrulice da criança con. corpulento e gordo nosignificante notário de Sterne. Carlos correu para a irmã que estava na ponte. seu interrogatóriO não iria su 1 1 niedonho conicro um aa teste munha incorruptive A rj uiz? E ela arrastava a tez diáiana. como se aquela felicidade fÔsse minha. onde êle desaparece u -produzindo um som pesado como o de uma pedra que se afunda. que a mulher imóvel e scutou o rodar do tílburi. . Omenino fatalmente morreria. o belo rapaz ouviu bater nove hor as.tupidez assassina. biu para a carruagem. enfin. Levantei-me de um salto e desci por um atalho. casa do Marquês de Vandenesse? . e a mentira eterTIO tern a fronte t ransparent. tudo estava em repouso. unia noite. sangrando.fundiu-se com os últimos beijos que lhe deu o rapaz.is terríveis que de. depois do.Mamãel mamãel A mãe achava-se ali. então de luto Pelo pai. risonha. Eu ouvi os grit os do pobrezinho. Carlos escorregou pela encosta íngreme. A água negra bopbulhava num espaço imenso. um homem no esplendor da mocidade. A inrIfâjIcia urria luz que lhe ruboriza a esperava en. foi cair nas águas barrentas do rio. Seu ciúme era sem dúvida o gládio de Deus.liz Inulher casa. licam sai rnjim. estupefata. era impossível socorrê-lo.aquela paisagem magnífica. e ouvi q ue lhe dizia numa voz argentina: 1 . . já o dono da casa.Estamos entendidos. é um honienzi1111O Dialtratado pela mulber? pelos homens. Cada vez que o digno homem fazia uma pausa. o diabo do homem fitava o fogo procurando anedotas. te achava a de cavalos nem de mulheres. que partilhava de sua impaciência. pois.retirara-se delicadaao seu lado a Sra. A senhora precisa ir encontrar seus filh os. Onotário não via nem entendia nada. ao espetáculo antes do u n ável notário. depois rido sem os acorripanhar.Nove horas. por fim? a linda mulher tornara a pôr o chapéu para sair. o di ploruata ouviu bater nove horas. como que ava. apetias e iligênuaincil ia da de Sterve: personagem acessór 58) o i. No m?olhor da narrativa acêrca dos ignóbeis meios de que du Tille t. tomava como aprovação. Êsse ia mulher rnovlu ni cavalo de raça um tempo sem dúvida preciOso. Viagem Sentimental na França (cap. 59 um homem de negócios então em evidéncia.. senhor marquês. resolutamente com um ge sto. porque Paris por estarem ao a o pai saira s era esperar a sobrenêles a inocência triunía sempre. d"Aiglern( )ara conduzir seus dois lilh os ao . arrancavam à be mentos 1 de impaciência. poder-se-ia compará-la a ão entendia nelil o notário. pensava êle. passam em pesar de os melodramas Icance das crianças. e sem perigo. e inter romp. e eu you ter a honra de acompanhá-la.Não. e co tinuava. dizendo-se por "um sinal: "Enfim. Encantado 1 Por estar companhia duma mulh?? de prestí io social e dum Político céle bre.dísse o notário. que 1 escarvando antes da corrida. "corn tôda a certez a terei esta senhora como cliente". e os grudado à cadeira. o diploma ta recorrera ao relógio. o lindo par respirava. a quem impacientava consideràvelmente. sou obrigado a despedi-lo. nos bulevares.uer do pano. lançara mão para fazer sua fortuna. e obrigá-los a 1 algruma grosseria. Unia discussão PrO1O119 s incidentes. enviare . e não saía . durante êsses silêrlcios signi ficativos. nhava cada um de seus ditos de espírito. espetácu lo do Anibigu superexcitarem os sentimentos. #61O CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS 611 marquesa uma mulher viva e bulicosa. já! na companhia de pessoas amáveis o tempo passa como Por encanto. mitira-se guardar por várias vêzes silêncio em ocasiões em que o notário esperava uma resposta lisonjeira. e para o notário. o sorris. sem se aperceber dos olhares fulminantes que lhe lançava a marquesa: . . d"AiolernOlIt enviava ao espe do jantar. torcia os dedos e olhava alterna damCnte para o Marquês de Vandenesse. . o n otário fazia espirito. incipaz de colijeturar por o notário. e certo de que interessava bastante à marquesa para retè-la ali. Amanhã. que falava sózinho há uma hora. mo. táculo os filhos e o maque a Sra. Era um pesadelo moral que devia acabar por irritar os dois apaixonados sôbre os quais o notário agia como uma serpente sôbre os pássaros. Os negócios antes de tudo. estava encantado consigo mes. . rinentado para chegar mesa.ara a sobremesa.do lim do jantar ? Amente antes -cornique ou do Galté.disse o notário apresentando-as ao cliente. . o impert rb . tanto a lilha e o lilho tinharn-11O ato e.eu-c. viu que o notário era decididaniente um imbecil que urgia despedir sem mais delongas. çado da marquesa. infeliz. e cujas infâmias eram escrupulosamente pormenorizadas pelo espirituoso notário.igniiicante notório . de acôrdo com sua companheira. e depois veio plantar-se diante da chaminé. calçava as luvas. for. Procurou o chapéu. senhor marquês? . pe"r1. est . mas. teve dificuldade em r eter um soluço e disse ao cliente. êle se vai!" Mas nada. Depois. que subli. senhor. A marquesa conservava-se de pé. pelos elementos.Quer as tenazes. LVI11). que tomavam criados demoravam a servir o caté. respondeu o general dirigindo-s<e à um gabinete contíguo cuja porta estava aberta e onde êle divisara os jornais.Ovale da torrente. Nesse momento uma carruagem entrou no pátio.Oli! sim. . prova de uma inteligência extraordinária mesmo num inerrino de 4 anos ou mais. e ao ouvin Ia a pobre mulher voltou-se bruscamente para ocultar as lágrinias que lhe vieram a os olhos. pois do contrário não poderia fazer do espetácuio um relatório como o que se segue. ser muito bonitos. deixando de lad( isso.mos uma intimação ao senhor seu irmão para certificá-lo. .os autores de hoje são meio lou-cos! Ovale d a torrente! Por que não A torrente do vale? É possível que um vale não tenha torrente. 61) OGaité. atirou-se corri desespêro num canapé.Então. 62) Ovale da torrente. o marquês tocou a sinêta para mandar dizer que tinha saído.. nervosa. um melodrama Intitulado La Vallee du T orrent ou I"Orphelin et le Meurtrier. . éle Já -devia existir naquela época. a torrente e num vale? Responder-me-ão que atualmente o princ" 11 atrativo dessas espécies de espetáculos reside no cenários. . de 6O) Desroches: notário. ne.lã às nove horas com o n . no entanto.. . e depois. de compreensível. ficasse involuntàriamente as idéias do est4pido Ilotário. Onotário.Palavra de honra.. #CENAS DA VIDA PRIVADA nítido.precedeu o criado e apareceu trazendo por uma das mãos a filha.Havia na peça um rapazinho encantador que estava só no mundo porque seu pai não podia ser seu pai . A marquesa. . 6O e se a íntiniação não fôr feita até o meio-dia. Desroches. . que já encontramos er a Uma Filha de Eva a tramar a ruína de Raul Nathan. notário compreendera tão mal as intenções de seu cliente. nino. já encontrado em Uma Estréia na Vida. Divertiu-se muito? .Que foi que aconteceu? . asseguro-lhe . que voltar a s?ibitamente do Galté. Houve.. que -peça foi que viu? .. C esse s Ipal título indica que êles deverp.. . 63) Gustavo é o terceiro filho de Júlia.u um torn afetado para perguntar ao menino: . Oenrêdo dêste melodrama contém os elementos lembrados mais adiante pelo filhinho de Júlia. o prazo expira. A mãe estava tão contrariada que não percebeu o movimento da filha.. 62 respondeu Gustavo63 de mau humor. -que se julgou na obrigação de ser gentil com as crianças. . que estava corri os olhos vermelhos. que tIão ternos certeza -de encontrar amanhã o Sr. -representad o pela primeira vez num teatro de Paris em 1816.disse por fim o diplomata a um sinal que lhe fêz a jovem senhora . ao qual não se fêz nenhuma referència no episódio a nterior. o-corrido dois ou três anos antes. da autoria de Frédéric ]DuDetit-méré.. adoto. resmungando. diverti-me muito. como é que se p ode encontrar motivo para um drama nil. 59) Du Tillet: personagem de primeiro plano da Comédia Humona.respondeu o ine. Oincidente era delicado demais para que Valideriessc não reti. Mas.ócio em sentido inverso às ins truções que êste que tornava o o lhe acabava de dar. de característico. e dizendo A torrente do vale. . com efeito. procederemos ao inventário. meu filho. . e pela outra o menino.Escute.o s enhor me atordoa a cabec. pesaroso e zangado.disse o notário .Mãls tarde te direi.perguntou a marquesa ao marido. No momento em que o notário perguntou que drama podia encontrar-se no fundo dunia torrente. ou Théatre de Ia Gaité: um dos teatros mais antigos de Paris.. os autores teriam indicado qualquer cois a de preciso. e daí seguiu-se uma discussão que durou certo tempo. nias o general. senhor.volte amameu advooado. e . se lentamente e chorou.perguntou sentando-se diante do menino. a filha da marquesa volto.-:. senhor marquês.Mas eu tenho a honra de lhe observar. . são sempre elas que triunfam.. o senhor não fêz outra coisa que dizer tolices e cometer asnices. apesar das aparências e de sua fraqueza . então a chorar.disse o notário sempre continuando a falar . Helena pós. o 1 . escutava atentamente o notário e o com preendia tão bem.Vossa Senhoria o desculpe. . mas ignorava a gravidade da.Gustavo. viu-a chorando . senhor marquês. . Sim.Basta. roubando é o têrmo. palavra de hon ra. e ergueu-se para ir até ela. .. uma embrulhada deplorável. a senhorâ A ?IULIIER J)E TRINTA ANOS 613 é bastante virtuosa para não ter essas tristes preferências cujas funestas conseqüências s e revelam mais particularmente a nós.a senhora marquesa é uma mãe muito extremosa para não. deplorávell Outras vêzes. a soluçar.. tôda a sala gritou atrás de nós. senhora.. amar do mesmo modo a todo s os seus filhos. de Vandenesse e a marquesa ficar. muito barbudo. -disse o notário. ali! assegurolhe que se pudéssemos declinar o segrêdo de certas doações. Helena. .Êle devia não ter respondido. por isso vemos as paixões sob a sua forma mais hedionda: o interésse.vá para o quarto enxugar o suas lágrimas. Aliás.. ações.* Acontece que. A senhora me responderá a isso.nissos.Senhor. por seu lado. roubando o dinheiro das espôsas .Que foi que a pobre menina fêz? .disse-lhe. A causa do brusco regresso das crianças e do pai ficou assira perfeitamente esclar ecida para a marquesa e para o diplomata.. . o atira na água. Marquês de V?undenesse. fec hando violentamente a porta do salão onde deixava marido e mulher . o marido quer reservar sua fortuna para o f ilho que mereceu o ódio da mãe. Falávamos de drama. Então. enfim. apesar de tôda a sua diplomacia. O notário seguiu-o trêmulo e sem concluir a frase. olhando com frieza para o filho. contra-escrituras. Às vêzes é uma mã que quer deserdar os filhos do marido em proveito dos filhos que ela prefere. e enveredou para o quarto.Eu lhe proibi falar sôbre o que se passo u no espetáculo.que há agrados . dirigindo-se apressadamente para a peça que precedia o salão. . nossos autores teriam assunto para compor terríveis tragédias burguesas. vestido de negro.perguntou o notário. senhor .Venha por aqui. . estou certo. A sociedade passa-nos pela mãos. que voltara com o pai para o salão. os pais passam a vida a deserdar os filhos. que lançou para a mãe um olhar temeroso pressentindo corri todo o instinto da infância que essa circunstância ia redobrar a severidade que se d esencadeava sôbre ela. o marido. é uma justiça que se lhes de ve fazer. .fiz mal em interrogá-lo. iratou de mostrar uma fisionom ia calma. minha menina? W.disse ela. . Helena.. e como que invadido s por um mal que lhes tirava a fôrça de pensar e de agir. um vião. . vendas simuladas. .se. fideico. O Sr. enquanto que. com um gesto de terror. Não é ver dade. . que olhava pensativamente para as flores do tapête. Por amor d e Deusi vá-se embora.. enxu-ou as lágrima.E por certo. querendo acalmar ao mesmo t empo a cólera da mãe e o pranto da filha. Nesse mom ento. que ela só lhe dá satisfações. Se é um excelente . . cale-sel . notários.i_ma olhou trêmula para a mae. Alil irias a mim é que elas não enganam. A marquesa empalideceu ao mostrar ao conde.depois do jantar. Eu sempre adivi nho as razões dessas predileções que na sociedade a gejite qualifica delicadamente de incompreensíveis! Mas os maridos nunca as adivinham. . Vandenesse não pôde mais dominar-se e lançou para o notário um olhar fulminante. e papai imediatamente. porque. Não sei de que poder usam as mulheres para fazer o que querem.gritou o general.disse-lhe então com uma raiva concentrada o. . e você já esqueceu minhas recomendações. senão acabará causando grandes desgraças. quando êle chega ao alto duma ponte sôbre a torrente. são lutas. A mãe olhou para a filha.Ela é tão linda que deve ser a criatura mais bem comportada do mundo. mas nesse momento o rosto se lhe contraiu violentamen te e apresentou sinais duma severidade que nada atenuava. imediatamente nos tir ou ..disse o pai."m ambos estupefatos. temores. . no meio dos quais estava colocado. antes de chegar-se ao mesmo. assim. Afinal.nos a falar. passos de um. mais de um casi . Teve Mêdo de se . fôsse p ouco freqüentada. colocam-nos à distância e chegam até a nos pôr na rua sem nenhum constrangimento. pedir -lhe-ei a esplica. Tal hipótese parecia verossímil quando se pensa que êsse caminho conduzia ao delicioso pavilhão construido por Luís XV para a Srta. . e tu acreditas que um embaixador te vá dizê-las? Mas. outrora. onde era tabelião do Conde de Séri7-yQUINTA PART£ OS DOIS ENCONTROS i A FASÇINAÇÃO lim antigo ajudante de ordens de Napoleão.para a estrada que. Essa é boa! Foi uni repente d e embaixador. mas esbarrou. 65 e q ue. interior e decoração traíam os espirituais desregramentos de no ssos antepassados que. Sómente te recomendo que. . Depois voltou para o salão. lado? #S14 CENAS DA VIDA PRIVADA para outro no salão. mesmo as pessoas mais tôlas se empenham em esconder essas coisas. Seu serviço na côrte não lhe permitia afastar-se de Paris. de qualquer forma isso não impediria que amanhã tornasses a fazer o mesmo. deixando o notário sem o %_umpriinentar.. ajuiza do. no caminho que conduz à Avenida de Saint Cloud. a fachada e a porta de entrada da casa davam diretamente . -e. . Por uma estranha contradição. para êles não há nada sagrado. procuravam não obstante a sombra e o mistério. na porta. Construido outrora para abrigar os amôres ocasionais de al. minha queridal C4) Crottat. talvez eu não tenha andado bem. aqui e ali. e das cabanas construídas nas proximidades da barreira. conveniente. nada disse que não fôsse sensato..Meu Deus.. diacho. "Está aí como são todos êsses grandes senhores. pasmado. os curiosos reconheciam. Nada disso! Dirigem-nos impertinências.. fazem-nos até elogios convidativos e a =te acredita ser-lhes agradável. julgou ouvir gemidos. Os criados haviam obtido permissão para celebrar em Versalhes as núpcias de uni dêles. -não . Êste permaneceu u ni momento completamente atônito. se encontrar na sociedade. Por que? Meu caro. onde ocupava um aa casa de campo situada entre a igreja e a barr eira de 1\lontreuil. talvez. me que tivesse mais £ircunspecção1 nunca deixei de a ter. Afinal. nunca te vi tão desprovido de senso.levam. de Romans. gum poderoso fidalgo . viera passar os dias de verão em Versalhes. Por uma noite de inverno. afastavam-no igualmente à direita e à esquerda -das primeiras casas de Mon treuil. ção disso.Obrigado. lhes ofereceria uma legitima desculpa junto aos senhores. no cuje.. os jardins. E.Se não me queres dizer.notário. e que a Restauração enriqueceu..disse por fim consigo mesmo quando se viu na rua à procura de uni cabriolé. de todos os prazeres a solidão. trata-se do mesmo notário Que já encontTamos em Uma Estréia n a Vida. numa roda social nunca fales senão de negócios. Quando cessaram os zumbidos "que sentia nos ouvidos. a quem chamarenios sórriente de marquês. Pedir-lhe-ei explicações. a dois passos de uma cidad e. sem um isolamento absoluto. na libertinagem de que são acusados. 64 Sua Excelência teve tôda a razão em te dizer que não tinhas dito senão tolices e só tinhas feito asnices. e recuperou o uso das pernas para fugir pela escada. forte tinir de campainhas.Crottat. os donos da propriedade gozavam. . contando-lhe minuciosamente todos os acontecimentos da noite. amanhã eu perguntarei a. Amanhã êle me explicará como foi que eu só disse tolices e só cometi asnices. fui bastante fino. quer dizer. por acaso. êsse pavilhão possuía vastas dependências. trate de ser mais circunspecto . ou general. que acudiam a receber as ordens do patrão. . a espôsa e os filhos cricontravam-se sózinhos naq uela casa deserta. sou notário e dono dos meus atos. Mas para que hei de quebrar a cabeçal Que importância tem isso?" O notário voltou para casa e submeteu o enigma à mulher. o marquês. sem saber onde estava. com os criado.?ncontrar de novo c om o marquês. mas se. acrescida a essa circunstância. fique em seu cartório. presumindo que a solenidade de Natal. Crottat. Recomendou. Como vemos. seminu. provocava com meiguices já femininas risos intermináveis. Seus braços. lutavam e rolavam sem peri Ó O. a cabeça do bom pai mantinha-se numa posição cuja indolência denotava calma perfeita. que espoucavam como foguetes e pareciam não ter motivo.. que. recusava-se a deixar-se despir pela mãe. voltava então a brincar com a irmã. com um sapato vermelho na mão.. percebendo que ela própria se ria daquela rebelião infantil. mas.tinham escrúpulo em consagrar à festa um pouco mais de tempo do que aquêle que lhes co ncedera o regulamento doméstico. s prazeres.crpirou o prazo para o regresso. tão ingênea quanto êle. Era enfim uma dessas ásperas noites que arrancam ao nosso e. O general estava sentado ou. molemente jogados para fora da poltrona. #616 CENAS DA VIDA PR1VADA reinava no camp O Drofundo silêncio que o. a um canto da lareira. mulheres e crianças se entregavam as delícias que produz a vida interior quando os sentimentos não são perturbados. Entretanto. meio adormecido s. ao vê-los ambos rolando diante do fogo. "C nem um criado chegara. Sentada num sofá do outro lado da lareira.ial a marquesa o ameaçava às vêze s. quando ela queria tornarse. porém mais maliciosa. no qual caíam. foi "vendida" por seu£ pais a Luís XV. acabavam de exprimir um pensamento de felicidade. a intervalos.. ou engolfando-se nos cor. ressoavam mais vivamente e se faziam ou. Èsses dois anjos faz iam empalidecer pelas côres vivas de seus a . O garôto fugia a camisa ou ao gorro de dormir com o q. o nordeste soprando através dos negros ramos das árvores. Sua indecisa severidade morria num suave sorriso grav . os refratários não dançaram sem alguns remorsos quando . de sua pele branca.. Sem ffiosofar mètilmente e confiantes na proteção de um velho sold ado. "? mo urra queixa estéril a favor do pobre ou do viajante. Apoiada no espaldar da poltrona e lige iramente inclinada. a rfiãe estava rodeada de vestidos espalhados e conservava-se. chocando suas róseas carinhas. certamente o pai e sobretudo a mae compreendiam essas A "JUL14ER DE TRINTA A-N"OS 617 .uns turbilhões repentinos." mais longe que de costume. Acabavam de soar onze horas. mostr?indo sem pejo seus lindos corpos rechonchudos.quenas almas. como o general era conhecido como homem que jamais deixara de cumprir a palavra com a mais inflexível probidade. para melhor dizer.i.se. confundindo os anéis de suas cabele iras negra e l?tira. bailando em al. Nesse momento.. Contemplava o menor dos filhos. ou o barulho de um a" cliacre voltando a Paris. e. suas formas brancas e delicadas. ncera a terra e cobrira as lages. se. onde a alegria delineava covin has ingénuas. cujas vagas palavras e idéias confusas mal eram inteligíveis aos pais. para êles já apaixona? . 65) Srta. para êles já caracterizadas. nem com as pessoas sem Iar . nem com a poesia que cintila num serão de inverno. um menino com cinco anos apenas. de Romans: mocinha de 13 anoe que. um suave desafôLc. dois anos mais velha que êle. diante do marido. mugindo em tôrno da casa. sintoma de frio excessivo lá fora. rumorejava m nas pedras do pátio como se quisessem dar uma voz à noite. de alegria. conservava a pala bordada. Ogêlo purificara de tal modo o ar. viravam. e que já falava mais distintamente que êle. CamPai". teatro de seu . mu. biógrafa de M aria Antouieta. quando a afeição e a fraqueza animam as pal estras.permitia Ouvir. de suas faces brilhantes. que tudo adquiria aquela sOnori dade sêca com que os fenômenos sempre nos surpreendem ó_ andar pesado de um ébrio retardatário. enterrado numa alta e espaçosa p oltrona. onde brilhava um fogo vivo que espalhava um ca lor picante. segundo a Sra. numa atitude cheia de abandono. pridos corredores. a família reunida no sa15o não se inri1-!??-tava nem com a ausência dos criados. olhos úmidos. As fôlhas sêcas. e rios tornam a lareira tão vol uptuosa. A pequ ena Moína. ria para a mãe quando ela o chamava. as flores do scde?o ta péte. os olhares e os folguedos. rebelde aos dentes da travessa. e bela. a luz e a felicidade emprestavam nesse momento um brilho sobrenatural. estava um inenino de treze alfios que folheava rài3idameiite um grosso livro. e sobretudo a pureza de seu olhar virgem. e parecia prêsa a uma dessas fatais meditações de rapariga. Embora penteada de maneira a de.orosa e firme onde transpa?eciam uma bonomia e uma candura indizíveis. sózinha. Os dois mais velhos estavam nesse momento comipletamente esquecidos pelo marido e pela mulher. Apenas. Sua beleza se distinguia por 11n1 raro caráter de fôrça e elegância. que produziam um leve matiz bistre sob um nariz grego. senhar traços vivos em tôrno da cabeça. Conserva va-se imóvel. Por vêzes deixava de olhar os filhos para dirigir os olhos acariciadores sôbre a grave figura do mar ido. Possuía até sôbre o lábio superior alguns sinais de coragen. conservava ainda uma beleza devida à rara perfeição das linhas do rosto. sentada di ante de um bastidor de bordar sôbre o qual . o remate do oval descrit o pelo rosto. imprimiam àquela beleza vigorosa a suavidade feminina. sua alma tão forte quanto eram magníficas suas proporções e atraente sua fi sionomia. e às vêzes. ao encontrarem-se. com trinta e seis anos de idade. inclinado. c?1jos c. a cândida expressão dos outros traços. As sobrancelhas. aproximadamente._ belos de ébano. cujos dedos brancos se destacavam em meio a um aa cabeleira escura. em segundo plarro.s contornos eram de rara perfeição. #618 CENAS DA VIDA PRIVADA Entre essa mesa e a marquesa. várias vêzes uma olhadela interrogadora do general abrangera a cena muda que. os olhos dos dois esposos trocavam gozos mudos e profundas reflexões. Essa profunda preocupação era justificada pelas a traentes maravilhas das Mil e uma noites e por um uniforme de colegial. Entre tanto. debruçava e de onde afastava alternadam ente a cabeça. frisava-se crièrgicarrierjmente no início do pescoço.O6 cuja s luzes vivas lutavam com os pálidos clarões das velas colocadas na lareira. ao qual o calor. Os g ritos do irinflo e da irmã não"lhe causavam nenhuma distração e sua fisioliomia acwava a curiosidade da juventude. cuj. trabalhava um aa rapariga lt. êle se assemelhava assim a Cs-ses negros retratos em que RafacI representou-se a si mes mo atento. a bravura impressa nas rugas de suas faces murchas. a transparência de uma carnação delicada. Ovelho capitão voltava o a ser criança sem muitos estorços. Sua fronte la rga e pura era sulcada por algumas mechas de cabelos grisalhos. pensando rio futuro. quase sempre impenetráveis à observação de um pai ou até à sagacidade das mães. em frente de uma mesa redonda iluminada por lâmpadas astrais. Os másculos clao rões de seus olhos azuis. numa atitude meditativa. He iera. a encantadora modéstia que pedimos a êsses anjos de p az e amor. 66) lâmpada astral: denominação de uma iámpada de azeite usada i`la épúca. de maneira que era impossível saber se era preciso atribuir ao jôgo da luz ou a secretos pesares as sombras caprichosa s que lhe passavam pelo rosto como nuvens frágeis num céu puro. era um espetáculo. Ela imitava o silêncio do irmão estudante. m * 1 ulto espêssas e Plantadas com regularidade. e seu coração devia ser tão suave. anun ciavam que êle covquistara com rudes trabalhos a fita vermelha que adornava a 12pela de sua roupa. a cabeleira era tão abundante que. A luz caindo a prumo em seu rosto.ado sôbre os lábios. e OreSto do corpo estando na obscuridade. Nesse momento. nada havia :de frágil nessa rapariga. Mas a cativante harmonia das formas. contrastavam com a brancura de sua fro nte pura. Ogeneral tinha um rosto fortemente trigueiro. oferecia uma graciosa realização das esperanças escritas nos tumult . inventada por Arg ant. a voluptuosa delicadeza dos lábios. um cotovêlo sobre a mesa e a cabeça apoiada numa das mãos. Não haverá sempre um pouco de amor pela infância nos so ldados que bastante experimentaram as infelicidades da vida para saber reconhecer as misérias da fôrça e os privilégios da fraqueza? Mais adiante. refletiam a luz. as inocentes alegrias manifestadas pelas dua s -criancas refletiam-se em sua fisionornia vi(. artisticamente penteados. e João. FazendO-se humilde. pois bem. a solidão e a noite emprestavam sua majestade àquela sublime e ingénua composição. A vida conjugal está cheia dessas horas sagradas. e por o Inuito tempo não ergueu a cabeça. manejou a agulha com presteza. que derrama o sariaue de um homem para salvar um povo inteiro. Essa transformação em sua conduta começara no dia em que lera. a mÍe observara que a devas tação causada por aquela leitura na aInia de Helena vinha da cena em que o poeta estabelece uma espécie de n fraternidade entre Guilherme TelI. como muitas filhas q uando se tornam clarividentes. o parricida. sombrio e ameaçador na mãe. espalhavam sôbre essas páginas humanas tôdas as riquezas pedidas à escultura. jamais iôra tão carinhosa com o pai. An Pós ter censurado a filha por ter deixado cair o volume. Parece que o universo ali está. face dêsse quadro doméstico. sorir. mas desenvolvi do pelas suscetibilidades de sua inteligência sôbre a qual influíam as idéias religiosas. aos escritores. na aparência tão religios amente fiel aos seus deveres. diante de nós. uni acidente talvez. ntadora que desenrola suas g fornia enca 1 vida social advoga por suas le"s" falando do futuro. rtivamente Opai. com quem ainda podia rivalizar. Explicando a vida humana por insensíveis gradações. o inverno e o silêncio. trealiarn. atraves urna vermelhidão diáfana e quase fluida. essas figuras compunham uma espécie de poema vivo. A mãe era pois muito severa para a filha. segredos que aquela mulher. p arecia tê-la. a fazê-lo aceitar a . Raios celestes caíam sem dúvida sôbre tais cenas. soljretudo quando #42O .os infantis colocados cri. de Schiller. e " das quais a luz 1 passava comunicando-lhes brancas e fortes. sua atitude e. Helena baixou prontamente os olhos sôbre o trabalho. Em certos espíritos. Um segrêdo de sua vida anterior. como que aviltado romanescamente a seus próprios olhos. He lena não queria mais ir ao baile. acreditava ter sepultado em seu coração tão profundamente com o se estivessem num túinalo? Helena chegara a uma idade em que a pureza da alma leva a intransigências que ultr apassam a justa medida na qual devem ficar os sentimentos. aos pintor es. Suas mãos n bretudo. apesar do olhar de enternecimento dirigido por i-leiena a Abel -C Moín a? quando se manifestava uma de suas alegrías. apesar da felicidade pintada em sua lúcida fisionomia quando contemplava fu . e julgava tal severidade necessária? Estar ia com ciúmes da beleza de Helena.A MULHER I)r: TRINTA ANOS 619 . a diversidade das atitudes. na recente tradução dos teatros estranoeiros. quas sempre então as raparigas exageram a punição em razão da extensão que concedem aos crimes. As duas mulheres entenderarri-se então por um olhar sem brilho. piedosa e recolhida. sob unIa exis grandes idéias de ordem. têllcia. cujo indefinível ericanto é devido talvez a alguma lembrança de um mundo melhor. as dissemelhanças dêsses rostos tão -caracteriz ados por diferentes idades e pelos contornos que as luzes punham em destaque. en. a imaginação reage então sôbre a consciência. Oluxo dos acessórios que ornamentavam o salão. destinadas a pagar ao homem uma parte de seus pesares. Uma única vez. seus olhos e os da niarquesa se encontraram. um sentimento d e profunda njelancolía estava impresso em seus gestos. há pouco. suas mãos. sem desafiarem-se mútuamente. os erros tornam as proporções de um crime. delicioso efeito da natureza. os contrastes causados pelas roupas de diversas côrcs. seus olhos velados ipor longas pálpebras. que a Entretanto. Enfim. que parecia ter-se tornado muito pesada para carre gar. a bela tragédia Guilherme Tell. a princípio incompreendido. mas pondo em ação todos os recursos do toucador? Ou a filha surpreendera. Helena parecia não se julgar digna de ninguém. frio e respeitoso em Helena. Gustavo. Opai. Houve um momento de silêncio. Gustavo.acrescentou êle. mas seu pai exigia que êle voltasse ao colégio no dia marcado para a abertura das aulas. era sobretudo notável pela beleza do seu caráter. fechou imediatarnente o livro. Fox. o n tudo. Opequeno Fox queria ter In mais alguns dias de férias para assistir à queda do pavilhão. Gustavo. . vigorosa para causar eterna impressão no espírito do menino. silenciosos e fatigados. Abel. passos rápidos ressoaram na estrada. É prec tôdas as fortunas não apagam a manter a palavra dá a fortuna. turas. Quando voltou à casa rimeiro cuidado foi ir ver o velho pavilhão. meu filho. Que isto. cheio de delicadeza e amor. só o acontecimento fêz nascer essas conjec. e cumprida". se havia frieza na afeição de Helena por sua mãe. Helena. como tôdas as mães. Ocão de guarda latiu furiosamente. apoiou o pequeno Fox. dera-lhe uma lição herti. três pancadas na porta despertaram os ecos da casa. De resto. Co . A pequena deixou cair a cabeça oscilante no pei to do pai e aí adormeceu então por completo. envolvida nos cachos dourados de sua linda cabeleira. . Fox. urjo. que sua mãe acabava de pe .Vamos. venha. te sirva de lição. disse com uma cOnenganou Jne~ cheia de dignidade: "É verdade. então. . . dos maiores oradores da Inglaterra.exclamou a marquesa aproveitando um momento em que. daí uma disputa entre pai e filho.são dez e meia e nenhum dos nossos criados regresso u? Ali! os malandros! Gustavo.. que o general não poderia percebè-la. possuía um parque bem grande em tôrno do castelo. Essas pancadas prolongadas tiveram um sentido tão fácil de compreender como o grito de um homem em perigo de morte. que escutara atentamente o pai. sôbre a te rra. como todos os inglêses ricos. o ou_ tro sensível e orgulhoso. lançando-lhe um olhar imperioso. era exprimida com tanta finura . é preciso que faças da tua palavra uma segunda religião. Em tua idade. Opai cha feita à consciência por uma p alavra não wandou reconstruir o velho pavilhão como fôra. As crianças gostarri. Até essa noite. durante as férias. mas Abel. pois mano érro. que se debatia contra o sono. o primeiro. e mandou derrubar o quiosque e reconstruí-lo em outro lugar. e. uni inglês da velha têmpera. . durante o qual o general apoderou-se de Moína.vamos. esqueceria essa c-. ia à casa do pai que. o general e sua mulher estremeceram vivamente. muito de ver uma de moJição. você precisa deitar-se . tôdas insolúveis.. jovem e generoso.rcunstância. A niãe.voltotl . prorne teu solenemente ao filho que esperaria as próximas férias para demolir o quiosque. nenhuma luz acusadora escapara-se dessas duas almas. êste só era visível aos olhos da vítima. Homem algum seria bastante perspicaz para sondar a pro fundidade dêsses dois corações femininos: um. voltando-se para o filho. e 4conchegou-a suavemente contra si. o l" segundo. prezandoa como à tua própria honra.CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS 621 a marquesa -não era testemunha de suas meiguices de moça. mas entre elas e Deus certamente erguia-se algum sinistro mistério. Na infância. Opai acreditou que um rapaz. . Fox volta ao colégio.disse o general. . Moína e seu irmão se conservavam imóveis. mas repararei fusao iso querer mais à palavra que à fortuna. depois de reconstruí-lo. seu pai. mas seu P iste na hora do alrnÔço e dis se ao pai: "Osenhor inuito ir . Se queres ser um homem notável. ordenou que o demolissem aos olhos do filho.Como. só te dei o livro com a condição de deixá-lo às dez horas. devias fechá-lo espontâncamente ora marcada e te ires deitar conforme prometeste. Nesse moinento. tesouro de indulgéncia. Existi a nesse parque um velho quiosque -que devia ser demolido e reconstruído num lugar onde o ponto de vista era magnífico.o velho gentil-horneril inglês. Se a mãe afligia a filha com um astucioso des potismo de mulher. A fidelidade aos compromissos assu midos é a principal das suas qualidades. súbitamente. O cabeçudo rapaz só pensava no quiosque.. por mais zeloso que fôsse da união que reinava em sua família. meu filho. tomou-o vivamente no -colo. distraído pelos estudos . E. devo orde nar corn o despotismo da necessidade.Senhor.perguntou o general.Aquêle está com pressa. Mas de repente.. e os traços horrivelment e contraídos. hospitalidade da Arábia.exclamou o militar colocando a filha na poltrona.disse o general . . com a volubilidade febril com que falava o desconhecido. mas abra. estará em segurança sob? meu teto. . e nada nesse. acendeu a la nterna furta-logo. . irei morrer. que s e arrastava e parecia não ter sido feito para êle.Quem está aí? . que erguera súbitamente a pistola e a lanterna à altura do peito do desÇOnhecido. em que os homens são investidos de um poder inexplicável.É amigo? . asfio e água.Duas horas. .Está só? .. pois há momentos.sua linguagem é tão extraordinária. surpreendido.Senhor.Vá lá1 seja o senhor quem fôr. Ogencral. só podia ver a parte inferior do rosto.Abra. afastou o chapéu com um gesto de desespêro. . eu me afasto.disse o marquês irresoluto. o desconhecido obr igou-o a largá-la repelindo-a com um vigoroso pontapé. pistola. . um relâmpago. . . senhor. . viu um homem de es#C 3 2 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULFIER DE TRINTA ANOS 623 tatura média envolvido numa capa de peles.replicou gravemente o dono da casa que acreditou obedecer a um dêsses movimentos instintivos . do contrário. . Entretanto. Peço-lhe hospitalidade por duas horas. . .disse êle ao general. Quero a. . que pudesse opor-se... Pense bem nisso. um olhar cuja viva claridade penetrou a alma do general. porque êles estão chegando! Um homem esgueirou-se sob o portal com a fantástica velocidade de uma sombra logo que o general entreabriu a porta e.Sim. . .Alil quem sou? pois beml abra. Êsse impulso de inteligência e vontade assemelhava-se a. int errompendo seu hospedeiro. Que eu lhe sej a sagrado.Sim.respondeu uma voz quase sufocada por respiração ofegante. a morte me espera na barre ira. e nela apoiando-se resolutaniente co mo para impedir que ela fôsse reaberta. Na sombra projetada pela aba do chapéu. descobriu a fronte e la nçou. . muniu-se de um par de pistolas.baixe o cano de sua. .exclamou o estranho? num torn de voz terrível. E que morte! por ela o senhor responderia perante Deus. e Moína não acordaram. os olhos se desenhavam como dois clarões que quase fizeram empalidecer a luz fraca da vela.Osenhor dispõe de minha vida. Apesar da habilidade com que o marquês projetava os raios. u rgia uma resposta. amigo.ntear. por mais suplicante que eu seja. Não pretendo ficar em sua casa sem o seu consentimento. Preciso segrêdo. e foi fulminante como o raio. O marquês passou no quarto de dormir. a fim de mant?-lo em respeit o. mas se eu sair. que em meu lugar. como se quisesse fazer uma última tentativa. lívidas. sen. atirou-se para a escada.respondeu o homem em torn de in fernal ironia. . desceu com a rapidez do relâmpago e encontrou-se imediatamente na porta da casa onde seu filho o seguiu intrèpidamen te.repetiu o homem.repetiu êle com uma voz que estertorava. com trajo de velho.Quem é o senhor? . rosto advogava em favor de uma hospita lidade tão singularmentereclamada: as faces estavam trêmulas. . amplo demais.perguntou. . Por acaso ou prudência. . o fugitivo trazia a fronte inteiranicIlte coberta por um chapéu que lhe caía sôbre os olhos. Saiu b ruscamente do salão sem ter ouvido o pedido da -espôsa: .. abra. . Oh1 águal . .Meu amigo. da lanterna. não va.Duas horas. rina a arentes e vestia--. tivo. olhando a filha que erguer.you trazê-la para o senhor. apoiado à parede..Sua segurança impôc como asilo esta miserável inansarda. . Ogeneral foi apanhar uma garrafa. Após ter colocado a lanterna sôbre o peitoril da lareira. Tornaram-se silenciosos como dois jogadores que se desafiara mútuarnente.respondeu o marquês.como uni jovem que sai do baile. A moça respondeu com um movimento de cabeça significa. encontrou-o de pé. . que lhe disse.Vamos. . um copo e tornou a subir ao quarto o nde .estava seu prisioneiro.disse êle. pessoalmente. gera 5 sráppido que fôsse o exame do desconfiado militar. fôra provisóriamente colocado diante da lareira. Oassoalho da vasta mansarda nunca fôra varrido. Quando êste último colocou o copo e a gar. . Sua fronte enrugou-se e seu rosto tornou-se inquieto quando seus olhos encontraram os olhos perquiridores do genexal. s em dúvida.Pedi apenas asilo. sobe ao teu quarto. permita-me encerrá-lo aí. . pequeno maroto. dirigindo-se ao desconhecido. abr iu-a e fechou-a lestamente. #1624 CENAS DA VIDA PRIVADA .deixando escapar um prof undo suspiro. você acaba de conduzir alguér4 lá em cima . mal lhe dando tempo de uma olhadela à sua paliça. . . o desconhe cido após ter ainda atirado um olhar flamejante.respondeu êle com ar frio.. vulsões guturais como antes. perto da lareira.disse o pai suavizado con.acrescentou.Nada. E o senhor.Helena. O homem baixou a cabeça em sinal de aquiescência. .disse êle em voz suave que não teve mais con. minha querida.Senhor. ficou tão vivamente contraria cia.Está armado? .que o homem nera sempre sabe explicar.acrescentou o desconhecido. atirara o chapéu sôbre uma das duas cadeiras. exatamente acima do salão. senhor. ainda estás aí era lugar de estares em tua cama? útil no per igo. . . .respondeu êle com ar altivo Ainda pergu . que há? .perguntou vivamente a marquesa ao muuido.Pois então. Como única resposta. . Ogener al começou até a conceber sinistros pressentimentos. mas que não obstante acusava ainda um estremecimento interior.replicou o general. ouvimos bem. . Oestranho não contava.Que Deus o recompense. não se comunicava cora nenhum outro aposento e só possuía como adôrno. . o ar era glacial e duas velhas cadeiras desempalhadas compunharri todo o mobiliário. . viu OÍ por mai bastante para exclamar: hor pôde enlamear-se assim cora ura tem. .? a cabeça para êle. ver-se tão vivarnente iluminado. .onde diabo o sen P PO tão sêco? ntast . que fechou a porta cora cuidado e desceu às apalpadelas ao salão para apanhar um archote a lira de ir procurar. rquês percebeu seu filho ~ e recordou-se Nesse inc"""tO o ma estrita execução da palavra ela liçãO que lhe havia dado sôbre a i do com essa circunstânempenhada. uma garrafa na dispensa. conduziu-o at ravés dos corredores e escadas da casa. o estranho.porque julguei poder ser-vos Gustavo. .you lhe parecer .rafa sôbre o peitoril da lareira.No entanto.respondeu . não sem um torn de cólera: _ Como. tendo ficado sem aproveitamento por ocasião da mudança do marquês. em suas cluatro paredes arnarelecidas. Odesconhecido já lhe pesava sôbre o coração como um pesadelo. . Essa peça desabitada servia de secadour o no inverno. A marquesa ficou interd ita e interiormente ofendida con. de cabeça nua. aias. mas suavizou-se e tomou uma fisionomia graciosa para agradecer a seu p rotetor. Você nada deve ter ouvido. dominado pela palavra empenhada. .siga-me. E -como o senhor tem minha palavra para o segrêdo. a maneira usada pelo marido para impor-lhe silêncio. discrição e água. Estava. um mesquinho espelho abandonado sôbre a lareira pelo precedente proprietário e um espelho maior que. e fê-lo entrar num grande quarto situado no segundo andar.pe nse que a honra de seu pai repousa sua discrição. . o general disse ao desconhecido: .. . a resposta do filho.. rompeu o silêncio..perguntou o general. Para a barreira? Não. examinou o general com ar suspeitoso.E quem foi . ..disse-lhe uni brigadeiro. peço-lhe que não me olhe quando eu beber. tão fielmente os movimentos da alma. . após beber e envolver-se na c apa. A MULHER DE TRINTA ANOS e _^ e niorriento. perdão. .... . como estou.Mas. . Se o senhor continuar aí. . rno. Êste último não pôde dominar um a secreta emoção ao aspecto dos seis genclarmes. . Z(sorriso) .Xtirou ao prisioneiro um olhar de natureza a dissipar as dúom sua indiscricão invol untária. um cavaleiro desceu. bastante emocionado. Bem sabemos que um par de França não se expõe a receber um assassino a esta hora da noite. nada.não ouviu há pouco um hornern correndo para a barreira? .Tenho o hábito de abrir eu mesmo minha porta?. . distinguindo a côr das largas manchas de que as roupa s de seu hóspede estavam embebidas. .perguntou o general. meu general. deixando errar sôbre o s lábios um amargo sorriso. Sem pensar em infringir seu tácito juramento. o som de passos de diversos cavalos a galope N esse 1 os primeir os cla. os cavalos se detiveram à po rta da casa.Sabe-se o nome do assassino? .esquisito.Contrariado ainda de obedecer a um homem que lhe desagradava. Oouvido exercitado do general reconheceu n3archa dos cavalos di sciplinados pelo regime de esquadrão. . .respondeu o cavaleiro.Êle deixou a escriva.Monsenhor. O senhor não está interessado.Ali! o senhor olhou-me.exclamou o homem quando. de maneira que felizmente não lhe fo i ipossível ver o rosto do general. quando o ruído produzido pela cavalaria cresceu e se aproximou do pavilhão corri um aa rapidez que o fêz estremecer.Sim. .OSr. . ninha cheia de ouro e bilhet . cujos chapéus bordados a prata brilhavam à luz da lua.Estou perdido. Estamos certos de que êle anda pelos arredores.Um assassino! . bateu rudemente.continuou o g endarme.disse êle. O gendarme falava enquanto montava outra vez. . e obrigou o general a ir abrir. . em ouvir no espaço. . o senhor o disse. . um duelo. Nada ouço.exclamou o marquês encolerizado.Não. . nesse momento.exclamou o general. . para estar assim coberto de sangue? . Oestranho tirou do bôlso um lenço branco e -corn êle envolveu a mão direita. ei-los.perguntou o g eneral. parece-me que. . . Corri efeito.Há de perdoar n osso zêlo. Barão de Mauny 67 acaba de ser morto corri um aa machadada. o marquês olhou In maquinalmente no espelho. . mas esse ruído era fraco como res In rões da madrugada. ..vai divertir-se comigo? tem o d ireito . .. Desculpe caprichos necessários. meu general. . o general voltouse bruscaniente. viu o lenço tingirse súbitamente de vermelho ao contacto das mãos que estavam cheias de sangue. .. mas o desejo de obter algumas informações.disse o marquês.continuou suavemente o brigadeiro. Êles estão chegando. mas como então a correspondência entre os dois espelhos pe rmitisse a seus olhos abrangerem perfeitamente o desconhecido.o senhor não abriu a porta a ninguém? . Após ter trocado com os camaradas algumas palavras.Nada.É a gendarmeria. Mal pousara a chave do quarto de cima sôbre a lareira.Mas o assassino está sendo vivamente perseguido.Osenhor bateu-se em duelo. .idas que lhe podia ter sugerido c apanhou a lanterna e voltou ao salão. . .. Habituado a tudo supor. Queira desculpar.iisenhor. depois apanhou a garrafa e bebeu de um trago a água que ela continh a. ..Oou ao longe. e vamos encurralá-lo.Ora essa! .repetiu o estrangeiro. o rigadeiro teria talv ez podido conceber suspeitas ao aspecto daquela fisionomia aberta onde se retratava m. Ogeneral calou-se súbitamente. . ergueu a cabeça e olhou timioIamente a mãe.. dizendo-lhe que haviam sido detidos na entrada de Montreuil por gendarmes e agentes de polícia. senhora.Não. nesse . . C) 67) OBarão de Xauny não figura em nenhuma outra ?obra da Comédia Humana. chamado por essa palavra aos deveres de sua singular posição. não lhe proibiu que sub esse quarto.Ah! essa é boa! contra um velho?. . êsse atre. niu-se aos companheiros. a marquesa tomou a chave e en. talvez. que já galopavam ao longe. Quer.disse a marquesa com um acento de ironia.Pois então.Bem quisera saber o que se passa lá em cima.Helena... privar-me da ternura que êle tem por mim. Em seguida.cie de meditação confusa serviu para fazer transbordar -mil sentiInentos contidos até aí em seu coração.Minha mãe saberá sempre obter seu perdão. . Vai pois . treuil. preender.disse o marquês. deixando-os espantados pela facilidade com que admitia a mentira do criado de quarto. inclinandose para a filha: . .Se eu mesma pudesse ir. espantada. Vá.u_a a Helena. ainda não se mexe u. Ogeneral ficou durante um . A moça.Tem mêdo? .. Mas enquanto êsses acontecimentos se passavam no pátio.respondeu Helena.es de banco. veridade de uma mãe ofendida. e cujas vozes ressoavam na encruzilhada de Mon. mas creio ter distinguido o passo de um homem. Essa espé. mas perderei a estima de meu pai.É uma vingança. ao fundo do qual estava a iporta do quarto misterioso. desculpou o atraso. expulsar-me de casa? Essas idéias fermentaram súbitarnente em sua imaginação enquanto caminhava sem luz ao lo ngo do corredor. à procura de um assassino. Helena. mamãe? . irias eu estarei perdida no espírito de meu pai. um incidente muito superfici al tia aparência mudara a situação dos outros personagens que figuram nesta história. Sua voz fêz tremer os ecos da casa. eu irei. Em seguida êle acalmou-se de repente. talvez me procurasse. que só procurava um pretexto para manif estar-se. .. o mais esp erto dêles. .se é uma ordem. quando o mais audacioso. a desordem de seus pensamentos teve alguma coisa de fatal. Quando chegaram. ordeno-lhe agora que vá ver quem está lá em cima.Eu? .. Mas já que você tomou a sério o qu e era apenas brincadeira. vido não terá tido tempo de dar o golpe. cujos olhos cintilavam de curiosidade. Não a-creditando mais. ##26 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS $27 .E o gendarme reu.. seu criado de quarto.t ri o pr sa e perplexidades fáceis de cora. minha filha! Seu pai.. caiu sôbre êles corri o fragor do raio. Quando aí chegou. acabou por dizer em voz baixa. ao passo que não notará sua ausência. .g. recomendando-lhe silêncio a proposito do q ue se passa neste instante em sua casa. não lhe teria pedido que subisse. . Não. do estas últimas p ?X?ós ter pronuncia alavras com tôda a se.respondeu ela em voz perturbada. Apenas saíra o marquês. ordenou sêcamente a todos que se fôssem deitar imed iatamente. que se ergueu sem dizer palavra e deixou O o salãO.. Se há uma pessoa. num futuro feliz. ela acabou.continuou a mãe com um torn de fria dignidade. Se seu pai voltasse e não me encontrasse. olhando alternadamente para a chave da mansarda e para Helena. não. . pois. . sem tocar em riada. Eis aqui a chave. sua espôsa.disse a moça. seu pai deixou a chave na lareira. . e saiba que uma filha jamais deve julgar isse a rnãe .Como! .Senhora. Em breve escutou os criados q ue regressavam discutindo calorosamente. com uma espécie de terror. sua cólera. . mação.reconheceria m al o serviço que me presta o dono desta casa.. se deixasse uma só das pessoas que a habitam respirar o mesmo ar que eu.acrescentou com um gesto de soberano. Encantada. Ficou durante algum tempo num impressionante silêncio e prêsa de perturbações até então desc onhecidas à sua alma juvenil. como sc tivesse . . tranheza daquela entrevista. êle voltou a cabeça para a filha de seu hospedeiro e percebeu indistintament e na sombra a figura sublime e as formas majestosas de uma criatura que tomou por um anjo. Ocírculo de luz iprojetado pela lanterna iluminava-o fracamente. criança. passeava silenciosamente. Habituado a ver as figuras enérgicas dos gigantes que se corri?primiain em tôrno de Napoleão e. Uma torrente de pensamentos correu de sua fronte no momento em que seus traços voltaram às formas naturais. Enfim. a moça pôde então admirar uma fisionomia suave e cheia de interêsse. subjugada. Vá. harmonizavam-se com seu gênio selvagem. e agitou no coração da singular rapariga um mundo de pensament os nela ainda adormecidos. sempre de pé no ângulo de algum túmulo negro sob capelas góticas.exclamou êle suavemente. e encarava as trevas como uma imagem visível de seu futuro.de cavaleiros. mas sujeita. o general não prestara. De repente a tempestade impressa naquele rosto acalmouJe como por magia. cuja expressão firme e precisa indicava um aa alm a superior. abriu a porta. Embora seu ouvido fôsse muito fino. Helena foi impressionada pela mis.o poder de acalmar-lhe. Pensamentos tumultuosos passavam ràpidamente naquela face. espainou-se em tôrno déle com a rapidez pr ogressiva de uma inundação. Ogeneral. ANOS ust era. Devo viver só. as pancadas profundas e sonoras. ou ainda por ter o assass ino. por mais involuntàriamente lançado que tivesse sido.disse ela em voz palpitante. estendida na poltrona como uni pássaro no ninho. fôsse pelo mistério no qual penetrava. sua atitude. imóv el e perdido em seus pensamentos. . . ouvido uma outra respiração além da sua. êle ficou quase colado à parede. Moína. por desesperar da vida. e êle a essas sombrias estátuas . atirou a Helena um olhar de serpente.continuou êle .Senhor. indo num passo uni forme das janelas que davam para a rua às janelas do jardim.momento terrível. Uma incrível audácia brilhava nesse rosto fortemente contraído.Não reconheço a ninguém o direito de lamentar-me.Uma mulherl . absolver-me ou condenar-me. voltando do mundo ideal ao mundo real. Sua mulher velava Abel adormecido. muito preocupado. Seus olhos de fogo. Trêmula e envergonhada. o ranger dos gonzos ressoara e . Seu corpo. O assassino estremeceu.lade moral. Gotas de suor frio sulcavam sua fronte larga e amarela.Será possível! Afaste-se. o princípio e o efeito. de maneira que nada pôde dizer à mãe. . corri isto. Esta última frase foi pronunciada em voz baixa. invóluntàriamente. pareciam co ntemplar um combate na Obscuridade que estava diante dêle. atenção às singularidades físicas dêsse homem extraordinário. enxutos e fixos. suas proporções. os braços cruzados. dormitava d espreocupada.tura de luz e sombra. como tôdas as mulheres. e sua emoção tornou-se mesmo tão forte que se deteve um instante para colocar a mão no coração. preocupado por uma curiosi. fôsse por ter Helena deixado escapar uma excla. . Preciso submeter-me às leis do mundo. na . Foi como uma luz que lhe houvesse iluminado regiões desconhecidas. . Sua alma foi destruída. . saiu e só voltou ao salão um momento a ntes do regresso do pai. fôsse ipor ter feito um movimento.se assemelhava. fôsse pel a es. . Acabando de compreender com sua pr ofunda intuição as misérias que despertou esta idéia melancólica. ao vê-la imóvel e vaga como uma aparição. por um caos poético que dava ao desconhecido a aparência de Lúciler reerguendo-se da queda. sem que ela encontrasse fôrça para d efender-se contra o poder magnético dêsse olhar. A irmã mais velha segurava numa das mãos um novêlo de retrós. às impressões exteriores. e o indefinível império de que o estranho #929 Cr-NAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA. de grandioso e paixão. m vão aos ouvidos s em dúvida.do assassino. . nessa zona claro-escura. Mas em breve. Ésse homem era todo fôrça e poder. aproximando a chave da fechadura. Tremia convulsivamente. a viva curiosidade da mãe e o espantG da filha tendo-lhe permitido avançar quase até o rneio do salão. . . nera mesmo permiti à sua filha. . que se foram deitar um a um. Nem um ser falou ou agitou-se. Urna Alguns r racaniente e cade ira caiu.Assassinar um velhol pois nunca viu família? . atribuíram ésses Inovimentos a uma das mulher es. era sua conipanheira. a marquesa deu um grito. Um sorriso de desdém pintava-se em seus traços e em seus carnudos lábios vermelhos. mas foi obrigado a :baixar os olhos.disse êle mostrando-lhe com um gest o paternal a espôsa e os filhos. de? . A tosse de um velho cocheiro ressoou f a sombria majestade que rompe na natu.Por que poder? E. no 111O1nenl<. Ofrio tomara conta da terra. Nesse momento passos extremamente leves resso aram fracaniente no andar superior. re. e não se admiraram ao ouvirem abrir-se as portas do côniodo. . essa palavra parec eu decidir de sua vida. Crendo-se tão criminosa quanto o era êsse homem. .exclamou o general. êle disse ao general numa voz singularmente calma e melodiosa: . aquil G senhor mancha êsse qua dro! Saia! saia! . encarou-o com olhar sereno. .Não quis tocar com minhas mãos o copo no qual me deu água. para acalmar min nha sêde.contraiu levemente. . Para ela. Quanto a Heleria.alou-se.Osenhor. sangrentas sob seu teto. conhecendo que sua vontade já se enfraquecia. dominou e m tôda a parte.outra uma agulha. de ntro e fora de casa. seu rosto não acusou o menor espanto. as duas horas vão expirar.Osenhor reconhece bem mal a nobreza de meu procedimento para consigo. Omarquês e a filha. de Mauny. certos de que haviam encerrado o assassino do Sr. que precedia o salão. Mas ern breve -noite. o assassino apareceu entre êles. essas palavras seus lábios se comprimiram) senão a idéia. só era interrompido pelos passos arrastados dos criados. Oprofundo silêncio. Nem tri 1 esmo pensei em lavar minhas mãos. À palavra assassino. . De repente. Não ipode nem matar-me nem entregar-me sem perder sua própria estima e a minha.exclamou o general atirando a Helena urd olhar de horror. cuja fronte se .Minha filhal . .63O CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA A-NOS 631 . que reinava no salão. . . sua irmã. A essa última palavra. saia ou mato-o. último eco de sua alegria e da festa nupeial.As duas horas não expiraram.continuou o militar num torn penetrant-. A punição que o céu reservava a seus erros manifestava-se. o relógio de Montreuil deu uma hora. Helena tornou-se rubra como o logo. Alguns anos mais tarde. experimentando passar por aqui sem deixar sinal. Parecia ter esperado êsse homem. Só as reza adorinecida. que as a briram falando-se uns aos outros. o estranho conservou-se imóvel e frio. por alguns risos abafados. um velho. Temia amolecer ainda. . com um olha-r terrível. Enfi rri.acrescentou corri uni acento de furor. . Oestupor no qual o inarquês esta va mergulhado. plar o criminoso.eu. . e dêle saio não tendo deixado de meu crime ?a . mas nesse nioniento eles a tornavam insensat a. Seus pensamentos tão vastos tiveram um sentido. .Osenhor aquil .Ali! infeliz. . e quando as fechauídos surdos ouvírarn-se ainda junto aos leitos. #.Sim. à meia estrêIas brilhavam.is ainda pelas portas de seus respectivos quartos. a razão teria feito justiça de seus remorsos. e contemplava o lume. Ap enas o fogo crepitava. o militar estupefato tentou conteIn.. um aa ordem de Deus mariiiestava-se nessa circunstância. sentia-se incapaz de sustentar o insuportável brilho de um olhar que pela segunda vez lhe transtornava a alma. interrogou a espôsa e os filhos.o senhor entre nós! Um assassino coberto de sangue.Monsenhor.di sse êle lentarnente.repetiu o desconhecido. como para fazer corripreender a profundeza do silêncio. .Êle o perde. .. você mente a todos os princípios de honra. . Oestrangeiro adivinhou a linguagem da mãe .disse o general.respondeu Helena em torn frio. pelo menos é verdade.Que tem. Não o matarei.e estaremos quites. do assassino ou da vítima. . Não! jamais me -transformarei em fornecedor do cadafalso.Caminhou para a porta.Helena quer acompanhá-lo. ror. . . Será a perfeição moral dêsse desconhecido que a atrai? Será a espécie de poder necessário às pessoas que cometem um c rime? Estimo-a muito para supor. Nesse momento a moça inclinou-se ipara a mãe e lhe disse alg uma coisa ao ouvido. meu ipai. .realizarei seus desejos. .quês. las lagrimas da filha.disse ela O assassino corou.respondeu o criminoso com resignação. . O general ergueu-se para agarrar o cordão .Fujai . Mas eu o -desejaria mais generoso. e o assassino voltara-se ins.exclamou o general sem ousar olhar seu hóspede. Ora. Mas saia. . Helena estava de pé. .sim. e despojou-o de sua energia. inas de maneira q ue seu marido a ouvisse.. meu pai. experimentou na alma um arrepio semelhante à comoção que se apodera de nós ao aspecto de um reptil. . Não adivinha crimes anteriores num homem a quem acabam de matar com um machado? Eu me fiz juiz e carrasco.Uma vez que minha mãe traduz tão mal uma exclamação quase involuntária. . . eu ficaria orgulhosamente entre os homens. . .Helena. .Não é então natural que tenha a intenção de.respondeu Helena. deteve o braço do mar. . que farei agora na vida? . dela guardarei a re.Oh1 suponha tudo. como Deus. . modéstia e virtude.Eu o sei. Apesar do azedume que atirou em sua hospitalidade. Êsse grito escapado à espôsa fêz estremecer o general. o fogo de seus olhos a bsorvia dificilmente as lágrimas que lhe rolaram nos olhos. meu pai. a encarar o terrível PC sedutor. . . . .? Sim. deu uni passo. _ Helena.Se não é natural. dirigindo-lhe uma dessas esperanças que só brilham nos olhos de um aa moça..é o demôniol Adivinha tudo. Terei ainda na alma um sentiment o de reconhecimento para um homem no mundo. . a moça baixou os o lhos e conservou-se numa admirável ati. que foi obrigada. ..urança. e atirou um olhar de águia à marquesa. ou quando tocamos uma garrafa de Leyde.perguntou o marquês. é o monstro. . mostrando em seu rosto uma espécie de "inquietação por aquela família. Não há terra em França onde eu possa colocar meus pés com se. .. . mas se a justiça soubesse. então não é digna de saudade. Afinal. . .Nunca me arrependerei. . quando os olhos dessa mulher encontraram os olhos claros e luzente s daquele homem.disse Helena e m voz baixa. Helena.4ude de modéstia. Adeus.disse o assassino em voz sonora .disse êle. forçou-o a suportar um olhar que exprimia estupor.you (pagar sua hospitalidade. . .é a primeira v ez que vê êsse homem? .disse Helena ao assassino. .o. Após ter atirado um olhar de altivez quase selvagem em tôrno de si.cordação. Poupar-lhe-ei u m aa desonra entregando-me eu mesmo.perguntou êle com voz alterada por um erc wor cOnvulsivO.disse a marquesa em voz baixa.Ah1. julgar as especiaZD lidades. ..Alil minha filha? .Meu amigo. êsse homem é o senhor. Se você foi sempre falsidade até e sta liora fatal. se ela se dignasse indagar quem.intivamente. Eis o meu crime. .. . ..Pode arrepender-se.você foi lá em cima ao quarto onde eu pusera. que tratei de desenvolver Cni seu coração. . causa-me hor. da campainha. por um irresistivel poder. senhor. senhora.Nosso pacto está rompido. minha querida? . substituí a just iça humana impotente.gritou ela ao marido. como Se -tivesse visto Moína morta. Mas apesar da fôrça de caráter que demonstrava nesse inonlCnto. O desconhecido sorriu. . sou mãe. meu coração é um coração cheio de indulgência.sa be ao menos se êle a quer? #632 CENAS DA VIDA PRIVADA O assassino avançou para Helena. falarei mai s claramente. por mais casta e discreta que fôsse. e a razão entoli pecida ajudavaos mal a repelir o poder sobrenatural sob o qual sucumbiam. .exclamou Helena com uma entonação que dilacerou os corações . No meio dessa agonia moral. Desde o momento em que o general e a espôsa haviam experim entado combater pela palavra ou pela ação o estranho privilégio que o desconhecido se arrogar a. . por assim dizer. Para êles o ar se tornara pesado.disse o general elevando a voz.se algum amor estranho rias ceu de repente em teu coração. estavam submetidos a um torpor inexplicável. explica-me as razões que te impelem a deixar tua família. podes confiar-lhe tudo.respondeu a filha murmurando.disse-lhe êle em voz baixa. recusar-me ao seu devotamento? . as perguntas ditam-me as respostas. e levou-a para o vão de uma janela.Criança. ficando entre êles.Mas.continuou o general.disse o pai à filha. de Vandenesse. . Aqui a filha olhou para a mãe. o Sr. ir viver sob proteção de um howern? .a que . .. . após ter atirado sôbre a arrebatadora criatura um suave olhar.Que significa isto? .Adeus.respondeu ela. tua vida cheia de inocência. e que êsse último havia lançado a perturbadora luz que jorrava de seus olhos.Sabemos nós jamais.Que vida! . . Tua conduta esconde pois um mistério. deteve-se. ou tarde. cedo. .Suas mãos estão tintas de sangue. mas. lhes deixasse ignorar que êsse homem mágico era o princípio de sua impotência. tua alma pura e piedosa deram-me muitas provas de caráter.respondeu ela. .Você está bem adiantada. cuja beleza. e ra como que iluminada por uma luz inte? rior cujos reflexos coloriam e punham.Minha filha querida. calar meus sofrimentos e guardar tua confissão num silêncio fiel. eu saberia. segurou-a pela cintura. lonae do assassino. .Senhora. a todos. . . disse traindo viva emoção: . . Vejamos. e êsse olhar obrigou a marquesa a uma pausa. Pois bem.disse o pai. . Ela conservou-se silenciosa e baixou os olhos após ter interrogado a marquesa com um olhar significativo. tua pequena irmã. 1?) . o general adivinhou que seus esforços deviam ter por objeto influenciar a razão oscilante de sua filha. tens ciúme de nossa afeição por teus irmãos ou tua jovem irmã? T ens na alma um pesar de amor? És infeliz aqui? Fala. . a privá-la do seu maior encanto. .Penso nos dêle . nem me smo por seu amigo diplomata. . cuja flania era ainda terrível. . . ainda que o dilaceras ses. embora uma voz interior não.e erguendo altivamente a cabeça. em relê. you morrerl .exclamou a marquesa recuperando a palavra. . a abancioná-la. para não te supor dotada da energia necessaria a dominar um movimento de loucura. sem se aventurar a mostrarlhe o desconhecido.. A MULIJER DE TRINTA ANOS 633 A marquesa empalideceu e a filha. os menores traços e as linhas mais delicadas.isto é verdade. a deixar tua mãe.Diga tudo.Eu as enxugarei. .disse ela continuando. minha filha. em seguida .Meu pai.ser ligamos nossos destino s? Eu creio nesse homem.Não devo. . .não estou enciumada nem apaixonada por ninguém. se o desejardes. . . . minha filha.. . teus irmãos. que a observava. e respiravam dificilmente sem poder acusar aquêle que o s oprimia assim.Não seria provar-lhe o meu amor e resgatar as duas horas de existência que seu pai me vendeu. .disseram-lhe ao mesmo tempo o pai e a mãe.tu não soahas corri todos os sofrimen tos que te vão assaltar. ..Uma vida de mulher.Também o senhor me repelel . pois. o -Os espectadores da cen a. .. quer me prodigalize os. . .respondeu ela com uma calma desespera. onde tudo ofendia os sentimentos vulgares da vida social. . .Helena. . Um clarão de lucidez passou-lhe pela face. CENAS DA VIDA PRIVADA Unia espécie de estertor. o marques percebeu suas pistolas e apanhou um aa. relaxado por uma inv encivel moleza.respondeu o pai fazendo um esfôrço inaudito.Bem vê. .continuou dirigindo-se à mulher.. tesouros de sua bondade ou os rigores da desgraça. que sem mim êle estaria só. a magia a que um poder diabólico o submetera.disse êle. #$34. . A marquesa lançou à filha um olhar extraordinário. que um assassino não aterroriza. ainda há pouco apenas. Aconteça o que acontecer. uni elho. . o genera l interrompeu-se para abrir precipitadamentea janela. ao qual nad a mais respondia no mundo.Inconcebívell .Eu te prenderei num convento. Unia expressão desdenhosa estava tada em seu rosto. pin..Minha filha. senhora.E se sua filha fôr feliz? .Isto não é claro. armou-a lestarnent e e apontou-a contra o estrangeiro.adeus. haverá desgraça nesta casa.non o general. Helena ajoelhou-se timidamente diante do pai e lhe disse.só temos uma filha.ó meu pai.respondeu ela.. De repente. . .Há algum tempo. partido do largo peito do assass. anjo de misericórdia. atraiu os olhares sÔbre êl e.Matou. .Se ela fôr feliz com o senhor. Nesse momento. assassina tôda uma família. Mas eu lhe suplico que suas últimas palavras não sejam palavras de cólera. ..Por onde vão êles? .exclamou o general escutando os passos dos dois fugitivos.exclamou.pense pois que estará na miséria.exclamou o general.Adeus. A marquesa estremeceu. minha mãe1 Helena ousadamente fêz um sinal ao estrangeiro.disse então o pai abatido por essa luta terrível.dora.Helena. . . . o homem voltou-se. . Ao ruído que fêz o gatilho. Viu ela- .sua filha tornou-se extremamente romanesca e singularmente exaltada. . Helena nêles pr ecipitou-se chorando. eu o amo e venero. como por encanto.não a lamentarei. Mas. . .creio sonhar: esta aventura oculta-m e um mistério.disse a mãe à moça. . . . . já que persistis em confiar-me vosso destino.Seja! meu pai.aí morrerei. suportarei suas censuras se as tiver que fazer de preferência a vê-la acom panhar um homem de quem todos fogem com horror. . Pronunciando esse nome.. . erguendo-se. E olhou Moína que dormia sempre.Helena. .. . e precipitadamente.és livre. . que estremeceu. . Após ter beijado a mão do pai. atirou seu olhar calmo e penetrante sôbre o general cujo braço.Vós. A voz perdeu-se na noite como uma vã profecia. Beija t ua mãe se ela o consentir.ex.exclamou o pai. . Um profundo silêncio sucedeu súbitamente a essas palavras. tornou a -cair pesadamente. . Só per ante Deus o senhor é responsável pela minha vida e por sua alma.A hospitalidade que lhe dei custa-me carol .. ela desaparec eu corn o assassino. . não ousavam olhar-se. o estrangeiro avançou. e a pistola caiu no tapête. senhora. .disse ela.1..acrescentou êle voltando-se para Helena..vinde. Deve sabè-lo. aqui. imaginando ouvir no jardim os passos de sua filha e doestrangeiro.. e abriulhe os braços. O general não ousou contemplar a filha. Quanto a mim não quero ver-te nem ouvir-te . mas sem prazer. Moína e o pequeno Abel.coni voz acariciadora: . Senhora.Basta. .perguntou o assassino O1hande? fixamente o militar. o general rompeu. e atir ando a Helena um sorriso onde havia ao mesmo tempo alguma coisa de infernal e celeste: . . Mas meus cuidados em combater essa tendência de seu caráter. achou as pis tolas.Eis pois o que nos resta dela! acrescentou. gritando sempre. e agora perdida. êle anunciara sua volta. lde ao jardinil Guardai a rual Abri à gendarmeri al Ao assassino! Imediatamente partiu com um esfôrço de raiva a corrente que prendia o grande cão de gu arda. e êle se dirigiu na direção de onde os este rtores do cão pareciam vir. e deu um terrível grito. tudo concordava com o desesPêro do pai. Vós outros. impacientes pelo regresso à pátria com riquezas adquiridas ao preço de longos trabalhos e perigosas viagens . . A falência de um corretor arruinou o marquês. os cav alos relincharam e escarvaram a terra. . que outrora lhe of. as velas queim avam seus festões de papel. pôsa tiveram a infelicidad e de perder a filha mais velha sem que pudessem opor-se ao estranho domínio exercido pelo seu raptor involuntário. todos1 Apoderou-se de uma espingarda que lhe trouxe o criado de quarto e lançou-se nos ja rdins gritando ao cão: . Nesse momento.Estava aí ainda há pouco.. escondeu a cabeça nas mãos. Os clarões da madrugada lutavam com as lâmpadas amortecidas. de Mauny. Embora sua família raramente tivesse notícias suas.Brigadeiro. alguns negociantes franceses.Mostrou-se bem indiferente para com sua filha. Correu aos cordões das campainhas.. Esg otado de fadiga. do general. de seus. não ousando contem plar o salão. mas êsse empreendimento acabou de arruiná-lo. . chamou os gendarmes. Para a frente.disse êle aos criados. Levado pelo desespêro a tudo arxiscar. dísparou-?s para acelerar a marcha dos cavaleiros. you dar uma batida em tôdas. O CAPITÃO PARISIENSE A terrível noite de Natal. e já envelhecido pela amargura. parques e casas. Assim.nente a cena que acabava de se passar.Minha filha Helena foi raptada. . . Depressa.voltou ao salão. Fogem pelo jardim. embora seus três outros filhos lá estivessem. esfoweado de vingança.exclamou. Os cães reconheceram então a voz do -dono e ladraram. foi como um aviso que lhes deu o desti-no. vi giai a rua e mantende o cordão desde a barreira até Versalhes. Êle hipotecou os bens de sua espôsa para tentar uma especulação cujos lucros deviam xestituir à sua família tôda a fortuna pri mitiva.ide cortar a retirada do assassino do Sr. Todos os criados despertaram em sobressalto.?.Procural Horríveis ladridos responderam-lhe ao longe. Seis anos haviam decorrido desde sua pa rtida. disse êle olhando a espôsa. tornou-se êle mesmo. e ficou um momento -silencioso. . as pesquisas da gendarmeria. alguns dias antes do reco nhecimento da independência das repú"blicas americanas pela Espanha. . Quanto a êle... O cão saltou como um leão..Helena! Helenal . . Ocão não voltara.disse êle após um momento de silêncio mostrando o bastido r. Um cálido estremecimento foi-lhe £1O coração à cabeça.É preciso destruir isto. abriu as janelas da rua. durante a qual o marquês e a es. aos pés. . e amaldiçoou sua fraqucza que não compreen dia. o general expatriou-se. por uma bela manhã. e a vinda dos vizinhos. Foi um horroroso tumulto no meio daquela noite calma. xecia o quadro mais suave de felicidade doméstica. o marquês . perdidal #436 CENAS DA VIDA PRIVADA Chorou. deserto para êle.A MULHER DE TRINTA ANOS 66& . . o general viu os criados aterrorizados que chegavam de todos os lados. o galope dos cavalos ressoou na rua e o general apressou-se a abrir êle mesmo. . cercai os caminhos da colina da Picárdia. as terras. mostrando o bastidor de bordar onde se via uma flor coineçada. criados e dos vizinhos tinham sido inúteis. puxou-os de maneira a rompê-los. Descendo pelas escadas para correr em busca de sua filha. Nada mais poderei ver daquilo que nô-la recorda.Socorrol Socorro!.. terrível.disse-lhe êle. . após ter feito ecoar estranhos tinidos. o despertar da criadag em. Às sete horas da manhã. ladrou furiosamente e lançou-se no jardim tão ràpidamente que o general não pôde segui-lo. o nada e o silêncio. por isso ne m uma voz humana rompia êsse encanto celeste. um vento fresco. As fisionomias desafogadas acusavam um esquecimento completo dos 9 males passados. todos mergulhados num êxtase relig ioso cheio de recordações. seguira o exemplo de alguns negociantes franceses de Havana. Havia uma desconfiança do destino escrita em todos os seus traços. apoiava-se à amurada e parecia insensível a o espetáculo que se oferecia . Um belo dia.leve. a bordo de um brigue espanhol. olha va o horizonte com uma espécie de inquietude. êsse dédalo de corda es se desenhava com uma precisão rigorosa sôbre o fundo brilhante do ar. oposto à linha b?umosa que anunciava a terra. a vista da pátria. um mar tranqüilo. no lar. misturados às criações fantásticas de algumas nuvens brancas que se elevavam no horizont e.. era um quadro cheio de harmonias. A fortuna não fôra surda aos gritos e aos esforços de seu desespêr o. ao longe. Osol fazia faiscar milhões de facétas na imensa extensão do mar. jovem. encontravam-se a algumas léguas de Bordéus. Vendo ao longe a linha escura descrita pela terra. ##218 CENAS DA VIDA PRIVADA . Imaginava Moína. os faróis. Quando êsse quadro fantástico adquiriu uma espécie de realidade. lágrimas rolaram de seus olhos. apoiado à amurada.empreendidas. ora ao México. do céu e do oceano. acariciado. olhou o horizonte úmido. a to do transe. e esses homens se embalavam nesse suave navio como num sonho de ouro. Sem a franja prateada que brincava diante do brigue. a tôrre de Cor?douan. os edifícios da Gasconha. julgava contemplar a espôsa e os filhos. sem o longo sulco ràpidamente apagado que o navio deixava após si. e êle parecia temer não tocar bastante depressa a terra da França. deslizando sôbre o oceano como uma mulher que voa a um encontro. a tempos. Em sua impaciência de rever seu ipaís e levar a felicidade à f amília. Omatiz escuro de sua abóbada chegava. êsses pavilhões amarelos flutuantes. embarcando corn êles num navio espanhol carregado para Bordéus. sua imaginação. .É êle. Havia um espantoso contraste de solidão e vida. Estava em seu lugar. . bela e crescida. Depois de cinco anos de tentativas e penosos trabalhos. uma cena onde a alma humana podia abra. A maioria déles queria ver. o velho passageiro. envelhecido pelas fadigas ou pelo pesar. marA MULHER DE TRINTA ANOS 637 k4 £aIldo o ponto de reunião por uma linha cuja claridade cintilava vivamente quanto a das estrélas. de tal modo o mar ali estava calmo. seus marinheiros e os franceses conservavam-se sentados ou de ?pé. um lindo brigue solitário. de si. . çar imutáveis -espaços. um rumorejar 1nelancólicO. Havia indolência no ar. Um homem. sem que se pudesse saber onde estavam o ruído e a vida. a confundir-se com a côr das águas azuladas.Sezue-nos. partindo de um ponto onde tudo era moviment o. como para ocultar sua perturbação. de maneira que as vastas plaa nícies de -gua eram mais luminosas talvez que os campos do firrnainento. Contudo. Êsse homem era o marquês.disse. de tempo. traçavalhe imagens as mais deliciosa s de sua felicidade passada.aos olhares dos passageiros agrupados no convés. sem receber outras tintas além da-queIas das sombras proj etadas pelas telas vaporosas. e aí sentia-se abraçado. ora à Colômbia. Livres dos perigos da navegação e convidados pela beleza do dia. Océu tinha uma pureza arreb atadora. vira-se possuidor de cconsiderável fortuna. então. Entretanto. além do que seus anos justificavam. todos haO viam subido à ponte como para saudar a terra natal. por insensí-ve. e êsses lençóis tão brancos quanto a . Ocapitão espanhol. cansada de prever o mal.s gradações. os viajantes teriam podido acreditar-se imóvei s no meio do oceano. imponente como um aa. lêncio e ruído. Obrigue t inha tôdas as velas enfunadas por um vento de inaravilhosa suavidade. . .. mas precipitou-o ao mar. batidas de lado pelo vento murcharam. estamos perdidos. De repente. . menos a tarefa se fazia.pois é melhor vel eiro que o seu maldito São Fernando. que falhou.Esta mos ainda mais longe da França do que eu julgava. de canhão cuja bala veio cair a dez toesas do S.Está tudo acabado.Ahl não é em vão que se.E não sei porque nunca nos alcançou. não tem mais de 3o canhões. .. . Êle mesmo disparou o canhão de alarme. o pa vor espalhou-se no brigue e foi uma confusão que ninguém poderia exprimir. voluntário sem dúvida.Êle não anda. . ganhava entretanto tão pouco em aparência. chama Otelo. é preciso calar-se.replicou o velho militar. Fernando tomava um novo im pulso em conseqüência das hábeis manobras.continuou em voz baixa o general. lado da terra. tendo armado a luneta.Oquê? .já o vi ontem. a aparição dessa vela levara a maioria dos marinheiros epassageiros para o lugar onde estavam os dois interlocutores. . numa linguagem enérgica. Embora a equipagem não tivesse ouvido a co nversa do marquês e do capitão Comez. Lágrima& de deses pêro rolavam de seus olhos. . eis o capitão parisiense. Êsse corsário é um parisiense. Mas não foi sem grandes dificuldades que se realizaram as manobras. e o vento cai. .respondeu o marquês. . Todos os. De um só pulo êle caiu sôbre o timoneiro e tão furiosamente o atingiu com o punhal. . . faltava-lhes natural mente êsse conjunto admirável que tanto seduz num navio de guerra. em seguida apoderou-se do leme e tratou de remediar à espantosa desordem que revolucionava seu bravo e corajoso navio. . querendo alcançar a terra a todo custo. quando fala.que pontariat êles têm caronadas a propósito.. . o timoneiro colocou o brigue atravessado. respondeu um marinheir o. um rombo. por um golpe A MULHER DE TRINTA ANOS 639 falho de leme. romperam-se os botalós e o navio ficou completamente abalado. Fernando.exclamou o capitão. o corsário que chegava com uma veloc idade desesperante.respondeu o capitão Gomez.disse-lhe ao ouvido o capitão. voa. pois não ignorava que cruzava as Antilhas. e nesse perigo. viamno com interêsse. que os infelizes franceses mantiveram uma doce ilusão.Um navio. .Êle também chega. pois bem! içai o pavilhão branco e. Ah! alil . quando de repente um marinheiro.continuou após uma pausa durante a qual olhou as velas de seu navio. como se soubesse que em duas horas a. Há pouco tempo pôs a piq e uma fragata espanhola. . Contemplou o francês como para interrogá-l o. Que audácial . Nesse momento.exclamou o francês. Embora o Otelo voasse como uma andorinha. . .Por São Tiago!. A êsse nome terrível. O Otelo não estava mais do que a três léguas. que o próprio Gomez ajudara com o gesto e a voz. que o brigue por pouco não parou.exclamou o general. . . veja o senhor. no momento em que.Sempre nos perseguiu. U ma raiva inexprimível tornou o capitão mais branco que as velas..Êle? . fretaram vosso navio.Est"amos ainda a seis légua s de terra.replicou o general. nada distinguiu do. o Parisiense é impiedoso. Terá tido avarias. . graças à orientaçãode suas velas..disse então ao ouvido do general. o S.Por que vos desolais? .exclamou com um acento de de3espêro o capitão que. . então tão bruscamente. Alcança-nos. . experimentou içar prontamente tôdas as suas monetas altas e baixas. m as quase todos. quanto mais pr aguejava o capitão. É preciso. para apr esentar ao vento a superfície total de pano que guarnecia suas vergas. . . . respondeu com um tiro. passageiros são franceses. . Só a êle receava. As v elas. esperando ser ouvido da costa. tomando o brigue por um barco de comércio.o vento levanta-se.com mil trovões1 . chegaremos. O capitão espanhol incutiu com a palavra uma energia momentânea aos seus marinheiros . pois sentimos mais pesar por uma traição que frustra um êxito devido ao nosso talento. Porém.Oh1 aquêle. . e entretanto. que de um aa morte iminente.OParisiense não temeria um navio inglês. a estibordo e bombordo. . .exclamou o capitão espanhol. . gritou: . após esforços inauditos. prêsa lhe terá escapado. É um corsário colombiano. . OS. semelhante a um escolar apanhado em falta pelo mestre. trocavam pensamentos generosos.E homens? O marquês olhou a equipagem do S. Enquanto.exclamou o general cromendo os olhos ao céu. .Pois bem. e a do #SIU CENAS DA VIDA PIUVADA general era de um milhão e cem mil francos.Aht êle está sempre de acôrdo com a lei e a justiça. encarando-se mútuamente.respondeu o capitão. o capitão e o marquês. e.Temos canhões! . Enfim. Parecia arrebatado por um vento que o diabo soprava expressamente para êle. enquanto que os marinheiros. dizendo-lhe: . Fernando uma bala que o atravessou. tão rápida.exclamou o general apertando a mão do capitão espanhol. mostrou distintamente as goelas ameaçadoras de doze canhões prontos a fazer fogo. A morte tê-los-ia aniquilado sem derrubá-los. . a admirável ligeire za de suas enxárcias. negra de o .Desta vez. . . Os marinheiros. Êsse último atirou ao velho mílitar um olhar cheio de coragem e desespêro. e revelavam inteligências enérgicas. os braços nus e nervosos.se torná-los por estatuas de bronze. disse outrora adeus à minha família e ao meu país. um segundo tir o de canhão. . qu e compunham a fortuna de cinco Ipassageiros. Ti-ido -anunciava uma inacreditável segurança de poder naquela esbelta criatura de madeira. mas o ôlho do marinheiro hábil adivinhava fàcilmente o segrêdo daquela velocidade. E Omarinheiro que defendera a honestidade do Parisiense ajudou muito inteligente mente essa manobra desesperada. falava. que se encontrava então a dez tiros de espingarda. e olhavam o corsário com uma cu riosidade cúpida. tão inteligente quanto um corcel ou algum pássaro de ra pina. Bastava contemplar durante um momento o lançamento do br igue. . agrupados em tôrno de um dêles.AbI se é um pirata! . felizmente para êle. os traços angulosos. A equipagem esperou durante uma mortal meia hora . o Otelo. seria preciso deixálos ainda no momento em que trago a alegria e a felicidade aos meus filhos? O general voltou-se para atirar ao mar uma lágrima de raiva. o A MULHER DE TRINTA ANOS 64Z endurecidas pelos trabalhos. 1 sua estreiteza. Seus olhos brilhavam como outras tantas pontas de f ogo. prêsa da consternação mais profunda. o coração morto de amargura. melhor dirigido.Ali! capitão Gomez. manteve-se quieto. . o qual. mandou ao casco do S. a devorar o pobre navio mercante. ativos.- E êle nos afundará. e aí percebeu o timonei ro nadando para o corsário. A equipagem do corsário estava silenciosa e pronta.com certeza há de lhes dizer adeus para sempre .Ponham à capa. bem armados. piastras quatro milhões. . Ao ver-lhes o porte atlético. O francês aterrorizou o espanhol com o olhar estúpido que lhe dirigiu. alegrias infernais. pareciam conIabular para tomar partido pelo otelo. a altura de sua mastreação. Fernando levava em. podia. Nesse momen to os dois navios estavam quase juntos.respondeu o capitão.disse o capitão com ar triste. em caso de resistência.Piratal . Tôdas essas figuras enérgicas estavam fortemente queimadas pelo sol.resignemo-nos. Três homens se mantinham em tôrno de cada peça. . unidos como um só homem. e o desembaraço com que seus marinheiros. Fernando e estremeceu. trêmulos. Só o contra-mestre. sua forma alongada.Não é êle de acôrdo com as circunstâncias. governavam a perfeita orientação da superfície branca apresentada pelas vel as. . o general acreditou na fatal profecia de Comez. conserva vam-se imóveis. E ainda teve fôrça suficiente para reter as lágrimas. Os quatro negociantes est avam pálidos. rápidos e vigorosos. t o que é preciso ser quando quer apoderar-se de uma rica prêsa? .disse o marinheiro com um ar feroz. Oprofundo silêncio que reinava na coberta. . o corte de seu velame. ao aspecto da equipagem inimiga. . O marquês reergueu-se bruscamente. para livrar-se do sol. e êle disse duas palavras ao ouvido de um jovem oficial que se mantinha a dois passos dêle. que com o canto dos olhos espiara os gestos dos três chefes. um chapéu de feltro de grandes abas. Fernando. o marinheiro apitou para os homens. nem mesmo pôde ver o lug ar onde seus infelizes companheiros acabavam -de ser tragados. os homens par a cada serviço foram. escolhidos pelos dois espiões entre os marinheir os espanhóis. os oito artilheiros apoderaram-se dos condenados e os lançaram ao niar sem cerimônias. Fernando foi enganchado pelo Otelo com uma rapidez miraculosa. Semelhantes a cães deitados diante dos donos. sem dúvida.disse-lhe friamente o capitão espanhol. . cujos sapatos e capote e ram o objeto de sua cobiça. Seguindo a s ordens dadas em voz baixa pelo corsário. Num momento os tonéis cheios de piastras. o mar já retomara a calma. Quanto a nós.disse friamente ao marquês o capitão espanhol. se os peixes já não os tinham devorado. . .Que quer o senhor que êles façam de nós? . Ochefe estava junto ao mastro grande.perguntou friamente o general. e os movimentos dos marinheiros que procediam à pilhagem regular de seu brigue. Os mais idosos contemplavam de preferência. mas seus rostos não traíam nem zombari a.Os grampos de abordagem! . . . soldados e mar inheiros voltavam alternadamente os olhos para o capitão e para o navio mercante. Rolavam nesse momento. a sacudidela arrancou o corsário ao seu devanei o. acredita que êl s possam encarregar-se de nossa alimentação quando não sabem em que pórto íarão escala? #642 CENAS DA VIDA PRIVADA Mal o capitão acabara essas palavras. pés e punhos atados. Os corsários olhava m com uma curiosidade maliciosa as diferentes maneiras com que caiam êsses homens. sem armas. com a mesma presteza com que um soldado despe no campo de batalha um camarada morto. Quando os dois brigues se tocaram. e lhes indicavam com o dedo aquêles dentre os marinheiros do brigue que reconheciam dignos de ser incorporados à equipagem do Otelo. a uma ordem sua. de pé. Ogeneral e o capitão Gomez. quanto aos outros. A alguns passos déle. braços cruzados.respondeu o espan?ol.Estamos perdidos.homens e chapéus. consultavam-se em silêncio com um olhar quase sem brilho. como seminaristas marchando para a missa. Fernando nos portos da França ou da Espanha. dois grumetes lhes at avam os pés.exclamou o tenente. Os sete marinheiros. . sentados num fardo. ao qual parecia m acostumados. quando se encontrou de mãos amarradas e atirado sôbre um balote como se êle mesmo fôsse uma mercadoria. . . já se haviam alegremente transformados em peruanos. o pérfido timoneiro e o marinheiro do S. suas caretas. apenas um machado jazia a seus pés. E o S. subiram às cordas e se pusera m a despojá-lo de suas vergas.Como? . Fernando que gabava antes o poder do capitão parisiense fraternizavam com os corsários. Voltou-se e não viu mais os quatro negociantes. acusava a implacável disciplina sob a qual um aa poderosa vontade curvava êsses demônios humanos. durante a deliberação. espanto ou piedade. cuja sombra lhe escondia o rosto. sua derradeira tortura. Em breve se encontraram os únicos a sobreviverem da equipagem do S. sob as vagas.Quando eu lhe dizia. realizou-se uma conferência. artilheiros. Trazia na cabeça. Quan do a discussão. todos pularam para o S. Entre o corsário. .Acabam de reconhe cer. os víveres e a equipagem do S. Fernando fo ram transportados para a ponte do Otelo. apesar de horríveis pragas. com um sorriso sombrio e parado. e repetidas pelo tenente. Era para êles um acontecimento bem simples. e vão afundá-lo para não se embaraçarem com êle. terminou. Terminada a escolha. sôbre a coberta da prêsa amarrar as mãos dos marinheiros e passageiros e apoderar-se dos tesouros. Ogeneral acreditava-se sob o domínio de um sonho. quando o general ouviu uni horrível clamor aco mpariliado do surdo ruído causado pela queda de vários corpos caindo ao mar. Fernando. os tonéis cheios de piastras colocados ao pé do grande mastro. velas e cordame. o tenente e um marinheiro que parecia desempenhar as funções de contra-mestre. que dificilmente venderiam o S. que pouco durou. Oito artilheiros de caras sinistra s tinham ainda os braços no ar no instante em que o militar os olhava com terror. Pai e genro reconheceram-se imediatamente. diante da porta de um camarote. foi: .Ah! patifes.. . num terrível acesso de raiva. o general tornou a encontrar o olha r fulvo do raptor de sua filha. quando recuperou a fala. a um sinal do tenente. Nesse momento. puxou. que impeliu vivamente dizendo. transtornavam sempre as almas mais intrépidas.Que atrozes patifes! ..Êles obedecem à necessidade. Depois.iCapitão. Vamos ter também. veio agarrar por traz o cora joso . fê-lo descer e levou-o.Morrerei como marinheiro. Ouvindo abrir a porta do . o sabre que o tenente usava a tiracolo e se pôs lestamente a esgrimir como velho general de cavalaria que conh ecia sua profissão. urrou. espancando-os com imprevista audácia.respondeu-lhe o corsário zombando. co mo se o marquês nada pesasse. Osenhor. . A expressão fanática dessa ale#644 CENAS DA VIDA PRIVADA gria tornou o general inquieto e sombrio .. .. sem que se possa adivi nhar a razão. Atribuindo êsse sentimento a algum ho rrível mistério. então ocupado a vigiar o transporte dos aprestos que mandava tomar ao S. disparados quase a queima-roupa sôbre o francês recalcitrante. . O capitão.. . o Parisiense ouviu fal ar a seu respeito. imprimindo a seu impulso um movimento contrário ao que lhe havia dado. . eu não lhe dou a menor importância. não lhe atravessaria o corpo com a espada? .exclamou êle. praguejou. como cristão.não se entusiasme tanto.general. Nesse momento um surdo ruído. Entendes? . Os grumetes balançaram-se nas cordas. como fiel espanhol.Meu velho. e respondeu: A MULHER DE TRINTA ANOS 643 . ao qual nenhuma queixa se inisturou. os marinheiros jogaram seus gorros ao ar.Ei-la. Um grito de aclamações alegres ecoou na coberta e subiu ao céu como uma prece de igrej a. Fernando.disse-lhe o tenente.disse o capitão em voz clara e firme. seu primeiro grito. . . . z!) A essa ordem dois artilheiros se apoderaram de Gomez. detendo . . é o único homem que conhece bem as desembocadur as das Antilhas e as costas do Brasil. . mas êste. assoviou.Ao marl . tornou-o mudo. voltando-se para o-espanhol. Quer . colocou-o de pé perto do grande mastro.os dois corsários . como o primeiro grito do Te Deum..respondeu friamente Gomez..Agora pode estar seguro de obter alguma coisa de nós. mas então o corsário lançou um olhar aos seus homens e o mais profundo silêncio reinou súbitamente. para grande satisfação dos marinheiros. nossa conversinha. não jogarão à água como uma ostra um antigo soldado de Napoleão.gritou o moço. segurou-o ràpidamente. Sem se emocionar.Vocês são uns covardes1 . corn um gesto pelo qual não se esperava mais. cusse êle. deixando o velho militar ni=ulhado nunia espécie de estupo r ao aspecto do quadro que se ofereceu aos seus olhos. .Se o senhor tornasse a encontrar um dêsses homens. Um murmúrio elevou-se da coberta. dois marinheiros apressaramse a amarrar os pés do francês. longe de precipitá-lo ao mar. conduziu-o a uma escada. cada um agíto u-se. O capitão interrompeu o jovem tenente com uma exclamação de desprêzo.disse o tenente.É o pai de Helena. Em seguida desapareceu..exclamou de repente o general em quem uma leal e genero sa indignação fêz calar a dor e a prudência. arrastou-o para a amurada e se dispunha a jo gá-lo à água como alavancas sem préstimo. . Ai de quem não o respeita r. Se a sua fita verme lha causou alguma impressão em nosso capitão.exclamou o general. atr aíram a atenção do Parisiense. fêz compreender a o general que o bravo Gomez morTera como marinheiro. Tiros de pistola..Ah! você é razoável. .Minha filha! onde está ela? O corsário atirou ao general um dêsses olhares profundos que. os artilheiros sapatearam. felizes de ver o poder de seu chefe exercer-se sôbr e todos os séres.Minha fortuna ou a mortel . . daqui a pouco. disse ela interrompendo-o. . em seu gesto. . de um colorido maravilhoso que lhe dava uma expressão de poesia. uma firmeza majestosa. e. queria obedecer porque podia reinar.respondeu êle com ar triste sentando-se no divã e olhando as crianças que. pintor de marinhas. .FelizI . 68 continham flores raras -que embalsamavam o ar.toire Jaquotot (177S . Sua longa e abundante cabeleira. beijando-as. . Jaquotot. e o abraço do veilio não foi o mais forte nem o mais afet uoso. As crianças deLinham.Sim.exclamou o general. Estava tão mudada que eram precisos os olhos de um pai para reconhecê-la. A MULHER DE TRINTA ANOS 64& quadros de pequena dimensão. entre as quais pequenos páss aros da América voejavam domesticados e pareciam ser rubis. safiras. objetos de valor.Osenhor não ficará.Sem meu marido. fazendo um gesto de surprêsa. ag rupadas à sua volta. habituadas como e stavam a viver no meio dos combates. . Helena erguera-se do divã no qual repousava. mas devidos aos melhores pintores.exclamou Helena. Estava vestida com macnfiicência cheia de encanto e elegância. e o próprio rosto respirava uni ar de grandeza.AhI . Eu ia morrer sem. sôbre o avô olhos de penetrante vivacidade. mas seu divã e os coxins eram de cachemira.exclamou êle.. Havia nela ao mesmo tempo algo da suavidade da vir-em e essa espécie de orgulho particular às criaturas muito amadas. 69 encontrava-se junto de um Terburg. . Helena deixava transparecer a c onsciência que tinha de seu poder. eram jasmins do México. a ti por quem tanto clioreil Eu devia gemer ainda mais sôbre o teu destino. pôr de sol po r Gudin. . Helena! Meu pail Caíram nos braços um do outro. ti in. dos trópicos cinbelezara seu rosto branco corri u ma côr niorena. acrescentava ainda uma imagem de pode r à altivez désse rosto.Por quê? . Jaquotot: 1Ylarie Víc. Osol. Helena parecia ser a rainha de um grande império no meio do bou doir no qual seu amante coroado tivesse reunido as coisas mais elegantes da terr a. Alguns vasos d e porcelana de Sèvres. camélias.quarto com brusquidão. e nas Paredes de madeira. Uma triunfal satisfação fazia palpitar levemente suas róseas narinas. A musseline das indias compunha tôda a sua toilette. . . minha Helena. contente em saber que sou a mais feliz de tôdas as mulheres? . Em seu aspecto. meu bom pai.Osenhor estava nesse navio? .adivinho.Como é possível isto? .IS55). pintados pela Sra. Escrava o e soberana. 73 Sôbr e uma mesa de laca da China encontrava-se uma bandeja de ouro cheia de frutos deliciosos. nhecida por suas belas pinturas sôbre porcelana. aperta ndo-as contra o seio palpitante. segurando o pai como para certificar-se d a realidade dessa visão. artista co. . caindo em gr ossos cachos sôbre o pescoço cheio de nobreza. um sentimen to profundo com o qual a alma mais groso seira se sentiria impressionada. acrescentando a essa meiguice uni movimento de cabeça que seuN olho& cintilantes de prazer tornaram ainda mais significativo. forradas de sêda amarela.. vi am-se aqui e ali 68) Sra. Um piano estava prêso no salão. consideravamno com ingénua atenção. 7O um aa Virgem de Rafael lutava em poesia com um esbôço de Girodet. o 69) Gudin: Théodore Gudin (18O2-188O). mas avistou o ma rquês e deu um grito de surprêsa.replicou ela apoderando-se de suas mãos. ouro animado.por que é preciso que eu te encontre. 11 . . das tempestades e do tumulto.Sim. seus quatro filhos brincavam a seus pés construindo castelos esquisitos com colares de pérolas. assemelhavamse a êsses pequenos romanos curiosos de guerra e sangue que David pintou em seu quadr o de Bruto. 71 um Gerard Dow 72 eclipsava um Drollíng. um tapête da Pérsia guarnecia o assoalho d a vasta cabine. Enfim. jóias preciosas.perguntou ela sorrindo. e sua felicidade tranqüila estava assinalada em todos os desenv olvimentos de sua beleza. autor de quadros de gênero.respondeu ela. êsses colares. . onde Vítor está sempre a alguns passos de mim. Aqui sou sózinha. .. Oh1 felizI . -e ainda assim nunca deixo meu marido. e o mais velho bateu no general olhando-o com ar ameaçador. autor de quadros mitológicos. de seus sucessos. por marido. Uma torrente de lágrimas escapou-se de seus olhos inflamados. tendo nos lábios um sorriso amigo e nos olhos um raio de alegria. pintor francês {Ia escola romãntica. e sempre! diga. etc.cenas familiar es.. êsses diademas de Pedrarias. meu pai.em terra. cujas obras recebo. um homem cuja alma é tão vasta quanto êste mar sem limites. a essa provação de todos os instant es.Abel. aut<)r sobre tudo de quadros de gênero.tenho por amante. autor de. Êsses homens são superstici osos.. . um gesto. Sentir um amor. . e esquec endo tudo diante dessa fisionomia resplendente. será uma felicidade? já devorei mil existências. .Tu não te aborreces? .. . da de sua filha. Tomou-o nos joelhos. pintor francês.7O) Terburg: Gerard Terburg ou Terborch (16os-16si). . .Mas a bordo há homens. às vêzes. de suas emprêsas. curioso de conhecer a vi. #1646 CENAS DA VIDA PRIVADA . é amor? Não! ohl não. Quando uma toilette lhe agrada. Mas . essas obras-primas da arte que êle me prodigaliza dizendo: "Helena. pintor holandês. jamais impera triz foi rodeada de maior respeito que o que me dedicam.exclamou o general. bailes. meu pai. um sentimento. . . jamai s uma criatura de meu sexo pôs o pé neste nobre navio. acreditam que sou o gênio tutelar dêste navio. quando desembarcamos. um Deus enfim! Há sete anos. mas aqui e la é suave e melodiosa como a música de Réossini. o menino acarkiou-a familiarmente. de cenas literárias. um devotamento imenso por aquêle que se ama. Tenho a parte de tôdas as mulheres. terríveis. e encontrar em ?s-eu coração. . . .disse ela. . As quatro crianças sol taram então um grito lamentoso. que pudessem produzir dissonãoncia com a divina harmonia de suas palavras. po r senhor. tão fértil em suavidade quanto o céu. 71) Girodet: Anne-louis Gir(det de Roussy (1767-1824). homens audaciosos.Ouça. 72) Dow: Gerard Dow ou Dou (1613 . interrompendo-se a si mesma. nunca lhe escapou uma palavr a. aqui eu ordeno. são as roupagens que invento para êle. aturdido pela resposta -exaltada da f ilha. Sempre me olhou. Lá em cima sua voz trovejante domina quase sempre os uivos da tempestade ou o tumulto dos combates. choro de alegria. minhas festas. de suas carícias e de seu amor. essas flores.meu anjo.Mas gostavas de festas.feliz não é uma palavra qu e possa exprimir minha felicidade. . já que estás longe do mundo. cuias paixões. dêle .disse -ela sorrindo.perguntou êle.Sim.1675). Meus desejos são até. não é como se a terra inteira me admirasse? Eis novamente porque não jogo ao mar êsses diamantes. por servidor.con tinuou ela com uma fina expressão de malícia. pintor holandês. quero que o mundo venha a ti". . ultrapa ssados. um sentimento infinito onde a alma de uma mulher se perde.respondeu -ela. essa s riquezas.A música é a sua voz. obtenho. 73) Lirolling: "1N1artin Drolling (1752-1817). correram para ela como pintainhos à mãe. Reino enfim sôbre o mar e aí sou obedecida como Pode sê-lo uma soberana. a linguagem humana é impotente para exprimir uma felicicidade celeste.Sete anos! um amor que resiste durante sete anos a essa perpétua alegria. é melhor que tudo o que conheço da vida .Como assim? . como um leãozinho que quer -brincar com a mãe. Éle não pode afastar-se de mim mais do que da pôpa à proa. Tudo o que o capricho de uma mulher pode inventar. .Eu o compreendo. . música? MULHER DE TRINTA ANOS 64T .Tranqüilize-se. passando os braços em tôrno do pescoço majestoso de Helena. 74) Oqitadro de David que representa Bruto voltando à casa depois de ter condenado o prOprio filho foi exposto no Salão em 1789.prosseguiu. . cuido dêles em suas doenças. .. militar .nem pais.Ei-lo .Eis aqui.se não uma vingança eterna por alguns erros de um dia! . e não se cinde.e eis aqui a primeira censura que ouço. batendo no tapête com a o ponta do pé. .Vingar-se por si mesmo! . Vivemos todos a mesma vida. .Mas não sondemos êsse mistério. . ... Êles me amam como o seu anjo bom.Minha consciência? mas é êle. uma única vez. em palavras. Êsse movimento de sensitiva comoveu o general. teus irmãos? .. ..acrescentou apanhando a mão do pai e beijando-a.exclamou o general. sou sua filha. o corsário entrou. .Até no combate.é êle o seu deus1 Um dia.Era preciso. "2. mostrou o. o senhor liá de amá-lo. partilham a vida de seus pais. perverteu.. i .disse ela com lágrimas na voz . e verá que êle saberá fazê-lo mudar de opinião. uni instante depois. . mesmo.disse o general como se falasse consic.exclamou o general. E de repente um rubor purpureou-lhe as faces. olhá-lo.O . .. sabemos..estamos a algumas léguas da C5 França . E teus filhos? São filhos do oceano e do perigo.Nada mais tens.Estou acostumada a isso. .E tua consciência? .. Nossa existência é uma. entre todos os passos.Fique aqui um dia. Êle te enfeitiçou. tua irmã. fêz resplandecer-lhe os traços. #643 CENAS DA VIDA PRIVADA . imprimiu-lhe beijos devorado res nas faces. reconheço o dêle na cobe rta. .Mas. há sete anos. E se êle perecesse? Eu pereceria. e tive a felicidade de salvar alguns da morte.replicou ela com um ar de altivez. Helena.. .Mas não virás ver tua mãe. meu pai. .E seu crime? .disse ela. Ela estremeceu.disse ela .se fôsse uina virtude? se a justiça dos homens não tivesse podido vin " gá-lo? .. . velando-os com uma perseverança de mulher. e se quiser ouvi-lo. todos inscritos na mesma página. ..respondeu. no estremecimento involuntário de tôda a sua pessoa. .. . . olhou pela janela do camarote.. . ..Sou espôsa dêle . com um acento cheio de nobrez a. . . mar desenrolando suas imensas savanas de áo?ua verde.êle acaba de fazer atirar a o mar nove pessoas. em suas veias azuis.Só tremi durante o primeiro . ne m família? * . Derrama o mínimo possível de sangue para a conservação e os interêsses do peque-no mundo que protege e da causa sagrada que defende. ainda é êle! Depois.AhI estás perdida. .repetiu ela. os homens da equipagem atiraram-no ao mar apesar do perdão que eu lhe concedia.Oh1 sim. .se êle o quiser e puder acompanhar-me. . Tu o amas pois a ponto de preferi-lo a tudo? A tudo .perguntou ela. .E quando há com. veio sentar-se numa poltrona. -e além disso .acrescentou ela rindo. brilha r-lhe os olhos.replicou severamente o. Antes que Vítor chegasse a sa.disse o general .e o amo. Fale-lhe do que lhe parece mal. Deliras.Helena. Ag ora minha alma está habituada a esse perigo. a primeira felicidade que não me vem dêle. .Eis o meu país.E que é o inferno. Nesse momento ela estremeceu violentamente.bates? . estreitando Abel com um vigor extraordinário. nos cabelos. Essas Pobres criatura s são ao mesmo tempo gigantes e crianças. .Mas.. pois b em.bê-lo. Veja! êsse querido filho. um marinheiro faltou-me com o respeito.respondeu . Havia felicidade e amor em seus músculos. levados pelo mes.respondeu. . sem dúvida. pois.mo esquife. e a cútis tornou-se de um branco mate .replicou ela com fria dignidade .não poderei esquecer que .pois êle é humano e generoso. corn efeito. . ferindo vossas leis sociais. imagem fantástica de uma deusa marinha.. e pelo prazer de fazer triunfar o pavilhão de uma jovem nação. . Quando a cons. e não chegaríamos ao Chile. onde aquela família vogava pelo Oceano há sete an os.Perturbo-o? . liz .disse Helena em torn animado.. .. conduzida através os perigos da 1 guerra e das tempestades. ..perguntou o corsário rompendo o silêncio e olhando a espÔsa. .Osenhor compreende. desde que ela havia uma vez saboreado o perigo sem se aterrorizar. cheia por um amor tão verdadeiro. durante algum tempo. .Antes que.. calou-se. . Essa situação oferecia uma estranheza que o surpreendia. TRINTA ANOS 651 Tomou na gaveta do piano um maço de bilhetes de bancc.O seio das desgraças sociais.General.Helena disse-me tudo! .. #65O CENAS DA VIDA PRIVADA A MULFIFR DF.ciência é pura. . Ora. Reinou o silêncio durante um momento. e sua filha olhava-o com u m ar que tanto exprimia triunfo quanto melancolia .Ainda alguns anos. no campo de batalha. por nossas noites d os Trópicos. Calou-se desdenhando justificar-se.Vejo que ela está perdida para nós .respondeu-lhe o general . um homem obedeceu . e quando.Dez minutos a mais ou a menos podem colocar-nos frente a frente com uma fragat . o general. pois. suave de beleza. é preciso deixarmo-nos . . As frias e estreitas combinações da sociedade morriam diante dêsse quadro. . . Aliás. ..disse o general interrompendo-o.replicou vivamente o corsário. sôbre a fé de um homem. contemplou esta elegante cabine. e a prescrição me permit irá voltar à França. . algumas vêzes.. eu quisera ver meu pai ainda um momento.replicou tranqüilamente o corsário.E como pode o senhor . rica de felicidade. a menos que o senhor esteja seduzido pelos perigos de nossa vida boémia..Não. Uma chalupa e homens devotados o esperam. na estrada de Bordéus. .Vítor... intimidado pelo olhar do corsário. e compreendeu também que sua filha não abandonaria nunca uma vida tão larga. xão e raciocínio que confundia as idéias vulgares. . entre os céus e a onda.. se tenha apoderado de um brigue fretado por ?bordeleses. não contou os pacotes. de França.disse o general interrompendo-o não ter remorsos pelos novos assassinatos que se cometeram diante de meus olhos? .impus a mim "mesmo a lei de jamai s distrair o que quer que fôsse do botim.Não temos víveres . . . alguns tiros de canhão a mais? O general. o senhor não atirou. além disso.. mergulhado num devanei o comparável ao sentimento Vagaroso de um sonho. os relâmpagos de seus olhos e a indescritível poesia exprimida em sua pessoa e em tôrno dela. Ovelho militar sentiu tôdas essas coisas.apoderou-se do filho mais velho e se pôs a brincar com êle. tão fecunda em contrastes. .Mas desembarcando êsses homens tia costa. .que eu não posso me divertir em olhar os que i passam. por nossas batalhas.. olhava a filha com admiração. Mas está fora de dúvida que minha parte será mais considerável que o era sua fortuna. pelas cenas da América Meridional. ou o nome de Simon Bolivar.. .continuou . e apre sentou um milhão ao marquês.Não. .. não podia mais voltar às pequenas cenas de um mundo mesquinho e limitado. uma sublimidade de pa . semelhante a um ninho de alciones...êles tenham prevcnjdo o almirantado de Espanha. como uni lar é guiado na vida por um ? A MULHER DE TRINTA ANOS 649 chefe 7.disse o corsário em voz profunda. . .Mas a França pode achar mau que um homem. Permita-me restituí-la em outra moeda. Esperemos um terceiro encontro mais completamente fe. e fazendi empalidecer todos os tesouros que a rodeavam diante dos tesouros de sua alma.. .. ainda sujeito aos seus Tribunais de ju stiça..Éles nos fariam cortar a retirada por algum navio. Lsse segrêdo não me pertence. e apresentou-as timidamente ao pai. Não continuou e estendeu ao pai os presentes que destinava à sua família. . e se deleitou em pensar qu e. minha mãe. Era um segundo. ora de um lado. Tomou um punhado de pedras preciosas. apenas deixava ver em seus raios as côres dêsse incêndio. general.. beijou sua Helena. Sofri durante dez anos males inauditos. à. ambos de pé à pôpa do navio.. talvez não o diria ainda. perceberam que havia a bordo um carregamento de rum.brigu e corria a bordadas para o sul.perguntou êle. Fernando. distinguindo no oceano essa bela e grande figura. . e os raios do sol. Era como um aa rêde. O rum produzia chamas azuis que brilhavam como se o gênio dos. para fugir.disse ela em torn grave. . que parecia mi&l vêzes mais belo por essa efêmera aparição. assim como a mão de um estudante faz mover a alegre chama de um ponche numa orgia. Nows homens se aborrecem. Sejal divertir-nos-emos um pouco. de jóias.. os marinheiros. Fernando e sua filha apoiada no corsário.Helena. vendo o vestido branco de Helena que flutuava. o general partilhava involuntàriamente sua atenção entre o incêndio do S.mulo do bravo Gomez. desaparec endo . .Oh1 parta. . com essa efusão par ticular aos soldados. entregue às chamas . êle esquecia. ac ostumado pelos acontecimentos da guerra a idéias bastantes largas em matéria de botim. OS. No mar. como um papagaio balançando nos ares. o pouco vento que podia colhêr nessa direção nova. às quais a aparente monotonia do mar fazia aproveitar tôdas as ocasiões de animar sua vida. parecendo chocado pela hesitação que sua filha marcara antes de pronunciar a palavra mãe. dourada. . licor que abundava no otelo.E que lhes direi de tua parte? . navio como uma sedição popular voa pelas ruas de uma cidade. Pensando que seria ridículo afetar escrúpulos. Ogeneral. ora se ocultava aos olhos do.Oh1 o senhor pode duvidar de minha alma? Faço. ora amarela. a meus irmãos. votos por sua feli cidade. aceitou os presentes oferecidos pela filha.. ora de outro. fundidas vaporosamente. sua única filha. Ês&e belo . tão elevada quanto a de Helena. . deu-lhe os filhos i a abençoar. e achavam engraçado acender uma grande tigela de ponche em plen o mar. Acima dêle. todos os dias. uma écharpe que esvoaçasse no meio da torrente de seus jogos.a. OOtelo apanhava. sob a inspiração de um aa alma tão pura. que vogava sôbre o tú. um singular espetáculo esiperava o general. rangia e chiava. lançando-se para a coberta. fortemente comovido . E leve à minha irmã. o mar. As côres bizarras dessa fumaça. Mas o sol. ciumento dêsse clarão in solente. ocupados em afundar o brigue espanhol.exclamou o avô. bem impo nente para tudo dominar. e inclinava-se. meu pai. vermelha. Era um divertimento bem perdoável a criaturas. céu. .exclamou a esPôsa do marinheiro. . de colares. mais poderoso de luz. uma cúpola sombria sob a qual brilhavam espécies de lampadários e acima da qual planava o azul inalterável do firmamento. ardia como um imenso fogo de palha. não devo mais rever-te? Não saberei jamais a que motivo se deve a tua fuga? . que estalava. com a indiferença de um militar . Em presença de t antas recordações. Descendo do brigue para a chalupa do S. atenção. leve como uma vela a mais. Fernando.acrescentou . uma imensa coluna de fumo paira va como uma nuvem escura. todos se disseram uma última vez adeus com um longo olhar que não f oi destituído de ternura.. tripulada por seis vigorosos m arinheiros. mesmo. mares tivesse agitt ado êsse licor furibundo. Mesmo que tivesse o direi to de revelá-lo ao senhor. o capitão parisiense conservava-se homem honesto fazendo guerra aos espanhóis.Sejam sempre felizes1 . Omarinheiro. negra. perfurando-a aqui e ali davam-lhe poéticos clarões. cuja expressão máscula lhe sorrira mais de uma vez. com.replicou o ancião olhando-a. cobriam o navio.êsses penhôres de minha lembrança. A chama assobiava mordendo as cordas e c orria no. e deixou cair uma lágrima sôbre êsse rosto cuja altivez. Sua paixão pelo s bravos arrebatou-o. apertou vigorosamente a mão do corsário. Enfim. envolveu-as numa cache mira. disse Moína. Não pude deixar de recebê-la aqui.. "Senhora". Um gemido mais prolongado que todos os outros interrompeu a marquesa. vem da Espanha. uma queixa. Nesse momento. a marquesa foi obrigada a levar Moína às águas dos Pirineus. A última vez que o general percebeu a filha. está sem passaporte e sem dinheiro. . Visão profétical O lenço branco e o vestido se destacavam sós nesse fundo bistre. uma pobre infeliz que chegou ontem à noite. em 1833. Após ter restabelecido sua fortuna. pois ontem. Tôda vez que Helena podia perceber seu pai. . A marquesa desceu prontament e e encontrou a hoteleira no pátio no meio de algumas pessoas que pareciam ouvi-la atentamente.Mas se tu ouviste isto durante tôda a noite.respondeu a marquesa . um anjo no céu. . agitava o lenço para saudá-lo ainda. tirando do dedo um anel de ouro. que era difícil a uma mãe ofender-se por isto. ma s tão gracioso. minha mãe. então.Nada ouvi. . a marquesa se erguera para se aproximar do leito de Moína. foi através de uma fenda daqu ela fumaça ondulante. causou-me terrível pena.Meu Deus. uma linha delgada.clisse-lhe ela procurando a mão da filha.Há aí alguém que está morrendo! 43 -4 E saiu vivamente. a pé.mas. de tôda essa cena senão uma nuvem balançada pela brisa. Oli! deixe-me..tenho frio. por que não me acordaste? teríamos . nem o brigue se via ma?s.you vestir-me. estaremos sós no apartamento e não mais teremos barulho.. quando desembarcou aqui. que exclam ou: . Esta manhã. minha querida filha.. a clialupa se aproximava da terra. o marques morreu esgotado de fadiga.652 CENAS DA VIDA PRIVADA A MULHER DE TRINTA ANOS 653 oceano. em não ficar alguns dias mais nas montanhas! Ali estávamos bem melhor do que aquil Ouviu os gemidos contínuos dessa maldita criança e a tagarelice dessa desgraçada mulher que fala sem dúvida em pa toá. e ambos se debatiam contra a morte. you ver a hotele ira. . Helena não era mais que um ponto imperceptível. tornai-o em pagamen . acabo de mandar procurar o ma ire. a nuvem se interpôs entre a fráOlil embarcação e n o brigue. #. . .exclamou a dona do hotel. . fui eu mesma vê-la. Pobre mulherzinhal estava deitada com o filho. erguendo-se com graça -c fugindo. graciosa. Voltou às Águas e no seu regresso passou-se a horrível cena que aqui está. .AhI não me fale nissol . Trazia às costas uma criancinha à morte. A caprichosa criança quis ver as belezas dessas montanhas. Alguns meses depois de sua morte.gritou Moína.fizemos bem mal. pois não compreendi uma única palavra do que dizia? Que espécie de gente nos deram por vizinhas! Essa noite foi uma das mais horríveis que passei em minha vida. Como te sentes esta manhã? Estás fatigada? Ao dizer essas últimas frases. Não restou. uma idéia. e pedir-lhe o quarto vizinho.resp ondeu Moína .Mande-me Paulizia! . Imagine que é uma mulher. uma lembrança.A senhora colocou perto de nós uma pessoa que parece sofrer muito . "não possuo mais do que isto. disseme ela . OOtelo estava longe. Em breve o S. cujo acento suave e prolongado devia rasgar um coração materno. Vejamos . 111 O ENSINAMENTO . produz indo um fervilhamento logo apagado pelo. ressoou no quarto vizinho. . Entre a água verde e o céu azul. Fernando afundou.por trás da coluna reta cuja sombra se projetava fantàsticamente sôbre as águas. minha mãe. A essas palavras a moça enrolou-se em seu travesseiro com um movimento de amuo. ora se mostrava. vemente para a filha mais velha. e. Morreu inclinando a cabeça sôbre a do filho. a filha do de ver. .Sou mãe. fora das idéias recebidas e.Esperava rever me u pai. e atirou à mãe um olhar onde ainda se lia a censura. fazendo um esfôrço sobrenatural.. . soltou um grito de terror. Onde está meu filho? Moína tornou a entrar.. . A marquesa conservava a mão gelada da filha nas suas. em bora temperada pelo perdão...respondeu Helena em voz enfraquecida. lono. . Paulina. E imediatamente a marquesa subiu ao quarto da desconhecida sem pensar no mal que sua presença podia causar àquela mulher num momento em que a diziam agonizante.. passeava ao sol. impelida pela curiosidade.Helenal minha filha.que a felicidade nunca se encontra.o médico . . será suficiente. mas que aparentava ter mais idade que a verdadeira.disse a criança mimada . saiam todos1 . ao longo duma alamêda. A marquesa não quis ver essa censura. . ela parece ser muito altiva. A marquesa empalideceu ao aspecto da agonizante. Não concluiu. . que acabava de escapar a um naufrágio. lágrimas . ." disse ela olhando seu filho. quando. minha filha. Helena conservava-se em silêncio.Mas .. Ao aspecto de uma mulher vestida de prêto.. ao meio-dia. a hoteleira e um médico entraram. Tomei-lhe o anel. uma #$54 CENAS DA VIDA PRIVADA filha que fôra a causa de suas maiores infelicidades. . exclamou: ..volveu a Sra.respondeu Helena. não ficarei muito tempo aqui. Moína. não renovemos nesse momento . Apes ar dos horríveis sofrimentos que haviam alterado a bela fisionomia de Helena. esqueceu que Helena fôra uma filha concebida outrora nas lágrimas e no desespêro. uma seriliora de cêrca de cinqüenta an os. o SEXTA PARTE A VELHICE DUMA MÃE CULPADA Num dos primeiros dias do mês de junho de 1844.to.ca se encontra fora das leis. Minha irmã . dis se com voz horrível à sua mãe: . onde desatou em. sua criada de quarto. sei q ue Moína não deve.. tornou a encontrar sua mãe. mas ela não quis nunca dizer-me o nome.... e não sei se quererá! . Exasperada pela desgraça. e cont emplava-a com verdadeiro desespêro.Calar-me-ei. perguintei-lhe quem era. sobretudo. . caminhou sua. . . saia. para uma filha. É tudo inútil... mas seu luto anuncia-me . d"Aiglemont.. tu ..exclamou a marquesa ...gritou a Sra. a viúva do marinheiro.Alil senhora... Moína! . .Nada mais me falta . Moína.continuou Helena. reco nheceu a filha mais velha.que lhe falta? Paulinal . Nesse momento Moína. lembrando-se apenas de que Helena fôra a primeira a fazê-la conhecer os prazeres da maternidade. Pobre pequenol vamos morrer juntos.. quando volt ou ao seu quarto... Os olhos da mãe estavam cheios de lágrimas.you vê-la. Helena ergueu-se da cania. beijou-o na fronte. e de sua mãe. . d"Aiglemont .Minha filha! ..Moína. .Tudo isto é obra sual se tivesse sido para mim o que .dis-se a Sra. quando quis matar-me! A felicidade nun. d"Aiglemont abafando a voz de Helena c om o rumor da sua. no jardim de um palácio situado na rua Plumet.Por piedade.Tua irmã queria sem dúvida dizer-te. . Meu Deus1 talvez ainda seja Lempo de salvá-lal Eu lhe pagarei tudo o que ela gastar. que estreitou convulsivamente. Acabo de mandar procurar o médico e o senhor maire.dê-lhe todos os socorros que lhe poderão ser necessários . e tornou a cair lentamente no leito. Acabava de aspirar o último suspiro de seu último filho. pois ainda estava de luto.. beijando a filha.os tristes combates.Al il por que não morri aos dezesseis anos. apertou o filho contra o coração como para aquecê-lo. numa vida romanesca. naquela mulher. salvando de tôda a família apenas um filho. em P . corn galhos flexíveis de árvores. A razão de sua vida pr esente. bela e encantadora desde criança. c and ar. repeliu o assalto de duas brigadas francesas. A Sra. Abel. expooto no Salão de 1839. mas li75) Constantina: cidade da Argélia. Para fazê-la desposar o herdeiro duma das mais ilustres casas de França. seus modos. Do luga r onde estava essa elegante cadeira. muit a gente. ela perdera sucessivamente dois filhos: um. o outro. Marquês d"Aiglemont. ao passo que sua viva ternura por Moína interessava. A sociedade poderia pedir à marquesa contas severas dessa indiferença e -dessa predi leção. vítima duma horrível catástrofe. de modas. . da maneira mais trágica. foi sentar-se numa dessas cadeiras meio rústicas que se fabricam . tinha morrido atacado de cólera. Salvo algum capricho. ou todos despertam. e não dedicara senão fracas recordações aos filhos já tombados segundo os caprichos da morte. de sua vida passada. mãe da Sra. fatais simpatias que pa recem inexplicáveis. perturbar ou enlevar o coração de uma mãe. su cumbira diante de Constantina. Mas a afeição bastante fraca que a Sra. que ergue seu zimbório de ouro acima das franças de um milheiro de -olmos. de novas idéias. todos dormem. defendida. enfraquecera ain da ao passar para os netos. os bulevares. Ninguém pensava em considerar um crime sua frieza. Nada era mais natural. depois de sangrento combate. A Condêssa Moína de Saint-Héreen era a última filha da Sra. como o aspecto menos grandios o de seu jardim terminado pela fachada cinza de um dos mais belos palácios do Faub ourg Saint-Gerinain. de Saint-Héreen.aris.75 Gustavo deixara filhos e viúva. A senhora tão madrugadora era a Marquesa d"Aiglemont. para não perder de vista as janelas dum apartamento que pa recia atrair tôda a sua atenção. os Inválidos. Ali tudo se achava mergulhado em silêncio: os jardins vizinhos. fôra sempre para a Sra. meiga. os gestos. uma filha encantadora. que os observadores sa-bem perfeitamente explicar. A encantadora figura de Moína. Moína. Moína felizmente sobrevivera aos quatr o irmãos mais velhos. a dama podia divisar por um aa das grades da cêrca tanto os bulevares interiores. a fisionomia. ela parecia boa. que tôda a vida da Sra. e. ou se um velho diplomata tenha um pro. a marquesa tudo sacrificara. estava no coração dessa moça. que em novembro de 1836. d"Aiglemont tivera pelos dois filhos. salvo se uma jovem queira montar a cavalo . porque. d"Aiglemont devia ser nela de cer ta forma esquecida. Um famoso trfptico de Horace Vernet. e só pôde ser tomada em 13 de outubro do ano seguinte. pessoai s. d"Aiglemont objeto duma dessas predileções inatas ou involuntárias nas mães. a quem ipertencia êsse belo palácio. nesse aristocrático bairro. para a maioria das famílias de suas relações. reservando para si apenas uma pensão vitalícia. d"Aiglemont. d"Ajglemont perdera. o som da voz dessa filha querida. vida futura. tudo nela despertava na marquesa as mais profundas emoções capazes de animar. formando uma admirável paisagem. por Hadj-A hmed bei. e um garôto de cinco anos. ela reservara para a sua querida Moína suas economias e seus bens. o& quais permaneciam no fundo de sua alma como êsses túmulo& erigidos num campo de batalha. no meio dos quais está coloca-da a admirável cúp ula dos Inválidos. criados e patrões. a quem havia dado tôda a sua fortuna. e tinha tôda a santidade dum preconceito. por um eorpo expedic ionário comandado par Damrémont. o dia não começa senão ao meio-dia. mas a sociedade de Paris é arrastada por uma tal torrente de acontecimentos. seu esqueci mento que a ninguém interessava. onde ela lançara todos os seus tesouros. Portava-se delicadamente com a nora. de sua. Aliás. A marquesa privara-se dêle em benefício da filha. mas que as flores silvestres quase fizeram desapa recer. #656 CENAS DA VIDA PRIVADA mitava-se ao sentimento superficial que o bom gôsto e as conveniências prescrevem qu e testemunhemos ao próximo. nessa hora. tocolo a revisar. a marquesa pouco aparecia na sociedade. Depois de ter feito por duas ou três vêzes a volta da vereda levemente sinuosa onde se achava. de fato. ou. cujo destino era quas e desconhecido. Regularizada perfeitamente a fortuna dos dois filhos mortos. Gustavo. guarnecidos de sua casca. represento episõdios dessa batalha.. A marquesa viu certamente um presságio do ceu no respeito que a sorte tinha por sua filha pre dileta. d?izia-se na alta sociedade. . Era um pobre homem. . de Saint-Héreen. ou durante o jantar. de tudo contra tudo.. e pode ir aonde quiser como dant es. o que. ela foi uma ótima musicistal Mas como o -camarote da condêssa está sempre invadido por mocinhos elegantes. Às quatro horas a queri. dado seus bens a Moína.Deve-se render esta justiça à Sra. porque. e de tôda a Pa rte choviam elogios para Moína.De manhã . recém-chegado na casa em que se encontrava. .velmente bem instalada. Entre êsses dois corações só há um juiz possível: e êsse é Deus! Deus que. como as fôlhas novas substituem as velhas. muitas vêzes. satisfeita com a felicidade da jovem condêssa. .. a querida Moína vai ao baile ou ao teatro .da Moína está no Bosque. "Estava pensando" disse-me ela.. d"Aiglemont era um modêlo lisonjeiro. pode ter a mesma confiança na moraA MULHER DE TRINTA ANOS 657 lidade do genro?" elevava-se contra êsses !profetas uma indignação geral. dizia o parasita.disse o parasita tomando pelo -braço um tímido preceptor. decerto devia a ela seu pariato e seu cargo na Côrte de Carlos X. . dos pais contra os filhos. aos pais. Se velhos prudentes. dos prínciFes contra as uações. que o historiador dos costumes é obrigado a pesar cuidadosamente as asserçõe. ou melhor ainda. cada coisa vai para o seu seio. Mas é verdade que a Sra . se conhece bem o coração da Sra. tem um sa. de Saint-Héreen.-O fato é que a Sra. Em res umo. tomando o part ido das moças. na primavera. . assesta sua vinganca no seio das famílias.Um salão em que ninguém presta atenção à marquesa. e como sua presença ali constrangeria a moça. a Sra.dizia um presumido. se crfn a mãe ou com o filho . . mas isso faz parte do nosso destino! E depois. -que é bem singular me encontrar só. dos povos contra os reis .os amigos com epigramas sob o pretexto de demonstrarem independência. A marquesa fitou-m e sorrindo. . quando a querida Moína por acaso janta com sua querida mãe. para êle volta. que age tendo em vista uma ordem imutável. que conhecera outrora seu marido. nunca está só .respondia baixinho um velho parasita.. e não vivendo senão por ela e para ela.A Sra. d"Aiglemont tem o recu rso de ver sua querida filha enquanto ela se veste. um fim que só êle conhece. depois de ter tido cinco filhos.rece Paris inteira. .vi essa Pobre mãe triste e sózinha ao canto da lareira. Sem dúv ida.s a. uma dessas criatu ras que se julgam no direito de cumular . que substitui no mundo? moral os sentimentos pelos sentimentos.piedosa. d"Aiglemont está admirà. mas com certeza tinha chorado. pelos genros às sogras. d"Aiglemont. tios rabugentos censura vam essa conduta -dizendo: "A Sra. de quem já se fala como -de uma grande coquette. A Sra. ainda em vida. . . é que não se p erdoa aos velhos quando êles se apagam como sombras e -não desejam mais ser senão uma recordação? Enfim. Em seu tempo. a ilustre viúva só gosta de música.Exceto aos ltalianos . nela se cometem com levia ndade males tão iprofundos. Ela tinha. .lão onde compa. Mas há tantos erros nas palestras mantidas na sociedade. a pobre mãe nunca vai aos Italianos. À noite. d"Aiglemont talvez se arrependa algum dia de se ter despojado de sua fortuna em favor de sua filha. citado pel os filhos.dijia uma moça . "Que tem?" perguntei-lhe. e serve-se eternamente dos filhos contra as ma2"s. o #$58 CENAS DA VIDA PRIVADA talvez não se deva nunca decidir de que lado -está a razão.Não faz ainda oito dias. sinto-me feliz quando sei que Moína se está -divertindo! " Ela podia confiar em mim. negligentemente emitidas por tantos irresponsáveis. de Saint-Héreen. Ora. indulgente. não será preciso ter um interêsse especial para ir além dessas aparências com que a sociedade se contenta? Depois.respondeu em voz baixa o velho observador de manhã a querida Moína dorme.e foi bem feliz em tê-la por espôsa.dizia uma moça casadoura faz para sua mãe reuniões deliciosa s. tem uma carruagem ao seu dispor.No que toca a assuntos estranhos à sua filha mimo. . .que sua mãe não sofreu nenhuma mudança em sua vida. senhor. c ada qual com a sua linguagem. o lado dessecado deixa ver então os traços de tôdas as torrentes que o produziram. Até essa idade. ou seja ainda pela sombria face de Filipe II onde Velásquez imprimiu para sempre o majestosc terror -que deve inspirar a realeza. d"Aiglemont tivesse na cabeça uma touca moderna. àqueles que têm o sentimento dum belo independente de tôdas as convenções em que repousam tantos preconceitos referentes à arte e à beleza. em seu rosto os pintores só encontram o rosa e o branco. flutuavana ?sparsos na alma da Sra. somos fortemente impressionados. como flores agitadas à superfície das águas durante u ma tempestade. as mais violentas expressões da alegria e da dor acabaram por lhe alterar. Se bem que a Sra.-ri. porque nada há mais imóvel. colorindo um pouco mais côres já bem. seria um quadro. ou magnífico de calma. A MULUER DE TRINTA ANOS 659. de quem Guido Reai (1 575-1642) fêz um retrato célebre. um rosto de mulher velha não pertence então nem mais ao mundo que. se espanta de perceber nêle a destruição de tôdas as idéias de elegância a que está habituado. flor. pensamento de juventude e -de amor.Êsses religiosos pensamentos. o brilho. curioso para um poeta que passasse pelo bulevar. Sob o rico colorido d e seu rosto fresco. nos atraem durante um momento. sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento. . nos fazem pensar. ou de mais profundo que uma alma cur vada ao pêso da experiência. que a chama passageira de um sofrimento aparece nêles como um encanto a mais. ao meio-dia. frívolo. era fàcilmente visível que sua cabeleira. Durante a efêmera estação em que a mulher permanece e-li. mãe. Orosto duma mulher moça tem a calma. por um dêsses devaneios em meio aos quais tôda a vida se ergue. uma dessas faces espalhadas aos milhares na. Por isso nada há mais discreto q ue um rosto jovem. na velhice. Orosto impassível da Sra. outrora negra. d"Aiglemont. tôdas as emoções podem permanecer secretas: o rubor então não revela nada. -qualquer pessoa poderia ler uma das mil coisas estampadas naquele rosto pálido e frio. Ao vê-la sentada à fraca sombra de uma acácia. cansada. A fisionomia das mulheres só começa a ter significação aos trinta anos. tinha eInbranquecido por cruéis emoções. por lhe torturar as feições. ora abismados. e constituem até poema& inteiros. o frescor da superfície de um lago. belo de melancolia. sob o conjunto gracioso de suas feições delicadas. Ela sentara-se. envelhecida antes do tempo. se é permitido prosseguir nessa e stranha metáfora. nem aos artistas vulgares que nêle nada descobrem. sob o fogo de seus olhos. que nos interrogam. tão naturais aos corações dos velhos. pensamento uniforme e sem profun deza. mas puros e perfeitamente deline ados. espôsa. estavam nela meio luminosos. apesar dos raios quentes do sol. sua riqueza o seu" crimes. simulação a que sua natural fraqueza e nossas leis a condenam. tôda a luz interior mistura-se tão bem à luz de seus olhos chamejantes de vida. Era uma -dessas fisionomias que. ora completamente desabrochados. ou seja pelo rosto de Bea triz CinCi 76 onde Gui-do Reni soube fixar a mais tocante inocência no fundo do mais espantoso crime. mas. tudo na mulher falou. com tantos traços retos ou curvos. dama romana do século XVI famosa por sua beleza. e desenhava perfeitamente sua fronte fanada. seja pela cabeça sublime em que Murillo pintou a dor materna. as paixões se lhe incrustaram no semblante. revelava gr aciosos hábitos da mulher elegante. mas a maneira por que ela a separava em dois bandós traía seu bom gôsto. Divina Comédia de Dante Alighi. imagens despóticas que nos falam. Seu rosto expressivo representava qualque r coisa de mais grave que uma vida em declínio. abatida por uma longa meditação. estampando-se em mil rugas. ela foi amante. entre mil desdenhadas por serem desprovidas de caráter. d"Aiglemont era uma dessas poesias terríveis. mas aos ver dadeiros poetas. Certas fig uras humanas são. e um rosto de mulher torna-se então sublime de horror. vivas. como. que respondena a nossos pensamentos secretos. Essa mulher. os caracteres de sua b eleza servem admiràvelmente -bem à dis76) Deatriz Cinci: na verdade Beatriz Cenci. entre os inúmeros quadros dum museu. se desenrola ante os olh os daqueles que pressentein a morte. Sabia de antemão que Moína não escutaria nenhu. e tôda suavidade para os outros. que deviam ter sido agudíssimas para escavar aquêle rosto. mas no qual se fundiam misteriosamente tôdas as idéias que despertam essas diversas afeições. a tem er a sociedade. um secreto combate entre o heroi smo da dor materna e a imperfeição de nossos sentimentos. A Sra. jamais caem dos olhos. pa#66O CENAS DA VIDA PRIVADA recia ser o resultado do hábito que ela adquirira desde alguns anos de apagar-se d iante da filha. de ferro para ela. fraca em verdade. mas as idéias e as palavras são impotentes para traduzilos fielmente. tudo testemunhava eloqüentemente essas lágrimas qu e. mas não ousava afastá-la porque tremia diante da condêssa. a regularidade das <.riência ensinara a conhecer a vida. e talvez também para experimentar seu poder. Durante essa ausência. em cuja forma se encontravam ainda alguns vestígios de seu antigo espl endor. Ora. murchar as pálpebras e desguarnecê-las d e cílios. a maneira por que elas lhe sulcavam o rosto. um aneurisma talvez. Tinha disse a horrível c erteza. mas onde continuam a corroer a alma como êsse espantoso ácido que fura o cristall Nesse momento duas lágrimas sulca ram as faces da marquesa. ma das suas sensatas advertências. calculando as dores que esperavam sua filha. Não havia para ela qualq uer coisa de espantoso em encontrar um sedutor no homem a quem Moffia escutava corn prazer? Sua filha querida estava à beira de um abismo. nêles se encontram. que se dizia louco de amor.O Conde de Saint-Héreen tinha partido há oêrca de seis meses em cumprimento duma missão política. Sua ternura levá-la-ia a interessar-se pela triste sina duma paixão justificada pela . Sem dúvida algumas emoções violentas demais tinham fisicamente alterado aquêle coração materno. transformada em timidez. e alguma doença. suaves. onde parecem dormir. que a tôdas as vaidades "de mulher fútil juntava os caprichos de criança mimada. que são finitos como nós mesmos e em que nada se encontra de infinito. As verdadeiras penas são na aparência tão tranqüilas no leito pr ofundo que elas mesmas cavam. d"Aiglemont. dêsse amor em que se combinam tôd as as ambições sociais e vaidosas do pretensioso. Sem dúvida previra o futuro de Moína. da beleza de que devia ter sido orgulhosa. a se concentrar. Sua modéstia. a quem uma longa exly-. por leviandade ou para o bedecer às mil coqueterias femininas.enrugada. Tudo era silencioso naquela mulher: seu andar e seus movimentos tinham essa lentidão grave e recolhida que inspira respeito. mas a narrativa dos acontecimentos a que são devidas tão horríveis transformações f isionômicas é o único recurso que resta ao poeta para as tornar compreendidas. e os leves vestígios dessas feridas secretas que terminam por destruir as flores da alma e até o sentimento de maternidade. que não era nem temor nem compaixão. não possuía nenhum poder sôbre aquela alma. em brincar com a paixão dum homem A MULHER DE TRINTA ANOS 661 kntelígente mas sem coração. a natureza de suas rugas. ameaçava lentamente aque. e ela se ergueu como se alguma reflexão mais pungente que tôdas as outras a tivesse ferido fortemente.feições davam uma idéia. como as de tôdas as pessoas forçadas a refletir. Moína. encovar as faces. . A situação dessa mãe será compreendida pela explicação da de sua filha. a opacidade de seu olhar tristonho. Ia mulher sem que ela o soubesse. Essa atitude inspira va um sentimento indefinível. observava os progressos dêsse namoro e pressentia a perda da filha vendo-a cair nas mãos dum homem para quem nada era sagrado. Êsses sofrimentos incessantemente recalcados haviam produzido por fim não sei que de mórbido naquela mulher. para descarnar as têmporas. no ar do rosto. as suas palavras eram raras. divertira-se. no torn da tez. Êsse rosto anunciava uma tempestade calma e fria. a julgar os homens. êsse encanto do olhar. Os pintores têm côres para êsses retratos. fenômenos inexplicáveis que a alma apreende pela vista. a viver consigo mesmas. Enfim. sufocadas no coração. mas êsses indícios acusavam m elhor ainda as dores. todos os desgostos de sua própria vida angustiaram-lhe de novo o coração. Os infelizes acostumados a contempla r o céu para recorrer a êle nas desgraças da vida reconheceriam fàcilmente nos olhos dessa mãe o hábito cruel duma prece feita todos os instantes do dia. Ocontôrno do rosto. onde ela se conservava. ingratidão essa que a marquesa talvez encarasse como um castigo. d"Aiglemont reiterar sua modesta súplica. incríveis. Embora Alfredo de Vandenesse causasse horror àquela infeliz mãe.s nobres qualidades do sedutor. e tudo a feriu de novo tão vivamente no coração. recear uma punhalada #M CENAS DA VIDA PRIVADA e seguir adiante. com efeito. a fim de poder ainda adorar a mão que a feria. É difícil descrever êsses fatos domésticos. Ela estava intimamente ligada ao Marquês de Vandenesse. d "Aiglemont dito um dia à filha que a Princesa de Cadignan77 tinha vindo vê-la. e a jovem condêssa a frustaria tratando-a como astúcia maternal. mas que têm grande importância na vida moral. autorizava o rapaz a freqüentar familiarmente a casa da Sra. Osentimento materno é tão grande nos corações amorosos. essa vida que se tornara sua glória. aparentemente insignificantes. Seu amo r de mãe tinha chegada a tal ponto: amar a filha. tal com o o infeliz condenado à morte que desejaria acabar com a vida e ao mesmo tempo sente o sangue gelar. a condêssa obedeceu. e no dia em que. Assim. ela tinha certeza de não obter êxito. mostravam-lhe a conduta detestável da condêssa para com ela. apesar da fôrça dessa confissão. Moí. Êsse exemplo. a marquesa. que se tornara um pouco surda. mas com uns mau s modos que não permitiram à Sra. Sofrimentos ho rríveis. que seu cálice. A Sra. cuja coragem tinham esgotado. e a marquesa desprezava o Conde Alfredo de Vandenesse. -quando Moína contava um fato ou falava. d"Aigle mont se teria decidido a lançar entre sua filha e Alfredo de Vandenesse uma terrível confissão capaz de os separar. a fatal memória da marquesa reconstrui ra vários dêsses fatos. em vão a Sra. pela qual simulava uma paixão concebida desde a infância. Um olhar frio poderia matar a marquesa. ela estava obrigada a sepultar no âmago do coração as razões supremas de sua aversão. d"Aiglemon t construíra seu cárcere por suas próprias mãos e nêle se encerrara para morrer. mas seguidamente a condêssa parecia aborrecida com a enfermidade que levianamente ela censurava à mãe. que antes de c hegar à indiferença uma mãe há de morrer ou de apoiar-se nalgum grande poder: a religião ou o amor. temê-la. mas talvez temesse menos ver malograda sua última tentativa. reple to de amarguras. Aliás. Desde que se levantara. de Saint-Hére en. Desde êsse dia. A marquesa resolvera tentar um último esfôrço. tinha ouvido muitas dessas palavras. sua felicidade -e sua consolação. na ingenuidade da criatura que sofre. pensando no carrasco. mãe. a entonação duma pal avra destrói tôda uma vida. menos como um prazer que como um dever. a marquesa cuidava de aproximar-s e dela. Procurava excusas para a filha nos desígnios da Providência. A Marquesa d"Aiglemont tinha infelizmente visto muitos dêsse3 gestos. escolhido entre mil. transbordaria com a mais leve pena que nêle fôsse lançada.. Moína exclamou simplesmente: "Como! ela veio por sua causal" Oar com que essas pal avras foram ditas e o acento que a condêssa nelas pôs denotavam discretamen?e um espanto. jamais conseguira que Moína elevasse um pouco a voz quando falava com ela. que a desonraria aos olhos da filha. ela. mas alguns serão suficientes para indicar todos. em solteira Diana de Uxelles: uma das grande?s apaix . pois são nuanças imperceptíveis a outros olhos que não os de uma mulher. que receber um dêsses ferimentos tão dolorosos ao seu coração. Alfredo era demasiado corruto. Tôdas essas coisas teriam ta-lvez escapado a um observador. pai de Alfredo. respeitável aos olhos da s ociedade. Tudo lhe provava que Alfredo a tinha perdido no coração da filha. pediu à filha para repetir uma frase de que nada percebera. sabendo que êle era homem p ara considerar sua luta com Moína como uma partida de xadrez. vendo perde r-se a bela vida de Moína.na demasiado inteligente para acreditar nessa revel ação. podia ferir sómente o coração duma mãe. Nessa manhã ela se recordou de tudo. indizíveis! abismos sem fundo! Ela esperava com impaciência que a filha se levantasse. um desprêzo elegante capaz de fazer os corações sempre jovens e ternos ach ar filantrópico o costume segundo o 77) a Princesa de Cadignan. e essa amizade. Mil coisas. mas sua filha seguia um impulso de coqueteria. tinha recebido muitos dêsses olhares maléficos à alma para que suas recordações lhe pudessem dar esperanças. Tendo? a Sra. e contudo o temia. uma existência para ela mil vêzes mais cara que a sua. por vêzes um gesto contém todo um drama. a indiferença dum olhar mala a mais ditosa paixão. ínsignificân. cias até. Mas suas recordações acabrunhadoras. .onadas da Comédia Humana. . na verdade.disse a marquesa . . Ela se revestira tão bem.que me creio com . na verdade. A Sra.11XTA ?_%"OS 663qual os selvagens matam os velhos quando êles não podem mais sustentar-se nos galhos duma árvore sacudi?da fortemente.Mas. e principalmente as mulheres.. mamãe.me. Sra. A marquesa fechou a porta do sa lão. . d"AigJemont pronunciqu essas palavras manifestava uma el usão de coração e uma comoção. íntima de que seria difícil dar uma idéia sem empregar o têrmo santidade. . Enquanto caminhava..Oquê? .é preciso que ouças atentamente o que . Vem me rensurar por causa de Alfredo. . inquietação e remorso. .Sim" minha filha. per?guntou se a filha estava de pé... os pés metidos em pantu flas com a chave do quarto no cinto e com o rosto afogueado denotando pensarnent os quase tempestuosos. Quando a Sra. d"Aiglemont evocou um dêsses fatos microscópicos tão pungentes. d"Ai-lemont estava demasiadamente aflita e preocup pada para refletir nesse momento sôbre circunstâncias tão insignificantes. e na qual tu te encontras ta lvez sem o saberes.Minha mãe.. de quem te podes orgulhar. Lsse isolainento garantia contr-4 qualquer indiscrição. com uma touca negligentemente colocada sôbre um aa cabeleira em desalinho.que eu te casei com um homem de grande valor.perguntou numa voz dura..Quem é que está aí? . com o caráter sagrad o duma mãe. tornaste-te senhora de tuas ações e só deves satisfação a teu marido.chamou ela. Ias seguindo o caminho que passava ao longo da grade diante da Z) qual estivera sentada. Ergueu-se e se encaminhou para as jane. minha mãe.. onde encontrou a condêssa em peignoir. entrando em casa.Moína. e voltou-se para ela com um movimento que exprimia a um tempo respeito. . que nun ca lhe havia mostrado tão bem quanto naquele momento o atroz desprêzo oculto sob sorrisos. . é a tua mãe .tornou num a r distraído. tornou a marquesa com .eu sei o que a senhora vem me dizer. tão cruéis. . bastante mal cuidada ainda há pouc o tempo. dirígiu-se lo go ao Pequeno salão.exclamou a Sra.Ah!. . . as persiana s fecharam-se bruscamente. d"Aigle...tenho . mas que nem por isso impedem sejam as vibrações de seus corações percebidos por aquêles que podem encontrar na vida sit uações análogas à dessa mãe mortifica-da. .disse a criada de quarto de Moína quando a marquesa.Minha filha. que. seu -ome figura no título da novela Os Segredos da Princes a de cadignan.. não traem seus sentimentos senão por gestos imperceptíveis..ço extraordinário . e foi chorar em segrêdo. d"Aiglemont ergueu-se.exclamou Moína com um ar arrogante e interrompendo-a.tenho o dever de te esclarecer acêrca de uma d as crises mais importantes da nossa vida de mulher.Tu não adivinharias tão bem. minha mãe. notou o cuidado particular que o jard ineiro pusera em rastilhar a areia daquela aléia. uma vez pelo menos. onde ninguém. . depois de se ter interrompido.Permita-.. . A Sra. Nada de resposta. d"Aiglemont chegou às janelas do quarto da filha. na situação grave em que -deves precisar de conselhos. Pensa. a Sra. que a filha o notou.Moinal .disse a condêssa cruzando os braços e afetando uma impertinente su bmissão. #-664 CENAS DA VIDA PRIVADA . .perguntou ela num ar quase altaneiro.obrigação de dizer. Moína.gravidade procurando reter a s lágrimas se não sentisses que. Casando-te . . Mas suas lágrimas secaram quando ela ouviu abrir as persianas do qua rto em que dormia a filha. poderia entrar sem fazer ruído nas peças precedentes. Ela estava sentada num divã e Parecia refletir. . A DE TP.é a senhora.mont fazendo um esfôr. As pessoas bem educadas.e talvez isso tenha sido um êrro .o direito de fazer com que me escutes..Estou ouvindo . mas eu te fiz sempre sentir tão pouco a auto?-"dade materna . A entonação com que a. sorriu. ..A Senhora condêssa está no pequeno salão .. mas de que venho falar-te menos como mãe que como amiga. pensei que só tivesses ciúmes do pai.ter parecido extraordinári o à mãe . caiu sôbre um banco.tornou a con. sentindo fortes dores no coração. Mas. fôsse porqu e a condêssa se sentisse ferida com as suspeitas que a mãe nutria . que erravam pela areia. aproveitou uma pausa . chamava por socorro e amparava a marquesa nos braços. em que Paulina. como que obedecendo ao sentimento invencível A MULHER DE TRINTA ANOS 665. viu apenas surprêsa nos olhos da filha.Minha filha. . Lá. pálida. com o coração oprimido. e fôste mais impiedosa para com tua mãe do que o homem que ela ofendeu. ou fôsse porque . d"Aiglemont. um grito no jardim. depois. e pensou que à noite uma -carícia ou algumas atenções seriam o -basta nte para uma reconciliação. .. d"Aiglemont fechou os olhos. Ela supôs que o filho do Marquês de Vandenesse havia destruíd o no coração de Moína êsse respeito que uma filha deve à sua mãe.foram as últimas palavras que pronunciou aquela mãe. e conseguiu ir até o jardim. Acalmou-se e fitou a mãe com atenção. a Sra. onde suas fôrças a abandonaram. . e em silêncio ajudou a deitá-la e a despi-la.que a mãe fêz para dizer-lhe com um riso forçado: . Nesse momento supremo ela conheceu a mãe. Sua culpa a atormentav a. . inanimada. Aterrada com êsse espetáculo. talvez. ela foi perdendo insensivelmente os sentidos. e formaram uma assembléia bast 2nte imponente. vá você mesma em casa de Boudran saber porque . a marquesa pôde ainda olhar para a sua querida Moína.. foram expedidos mensageiros a cavalo para irem buscar o médico. cujas botas tinham deixado marcas bem nítidas. ela se inclinou negligentemente.estives se tornada duma dessas l oucuras incompreensíveis cujo segrêdo está na inexperiência de tôdas as jovens. A marquesa.Paulina. A jovem condêssa achou que a mãe se havia peTinitido dar-lhe uma repreensão um tanto violenta. ela contemplou a filha. e não podia nada mais reparar. A jovem marq uesa e seus filhos chegaram ao mesmo tempo que os médicos. Despertada pelo chôro. no momento. d"Aiglemont ergueu-se.Minha querida filha. que pareciam querer despedaçar aquêle seio delicado e em desordem. sorrindo. o cirurgião e os netos da Sra. quando sentiu o frio daquela mão sempre carinhosa para ela. e quando não havia mais ninguém no quarto. no qual transparecia tar?ib"m uma dor profunda.a respeito do filho do Marquês de Vandenesse. e depois dirígiu à filha um olh ar cheio de terrível majestade. mas agit ando os braços como se quisesse ou lutar ou falar. mas ao chegar à porta. Voltou os oJ-bos para o alto. Seu sofrimento aumentou.disse ela numa voz intensamente alterada. Percebia agora o motivo da incumbência con fiada a Paulina. à qual se reu#666 . respirando com dificuldade. ao ruído dos soluços. mais do que o será Deus. sua filha estava perdida.dêssa com um ar sério. e que. a criada entrava. Tocou a campainha.Mamae. . Moína viu transportarem a mãe.que eu chame Pau. . Seus olhos. saiu.. ela seguiu a mãe. Essa idéia cruei foi acompanhada de uma revelação ainda mais odiosa -que tudo o mais.. Assim que se conheceu o estado da marquesa.ainda não me mandou o chapéu . . Êsse sorriso provava àquela jovem matricida que o coração duma mãe é um abismo em cujo fundo se encontra sempre um perdão.Mamãe.. rompeu em pranto. . Quis ficar só com ela. perceberam nela as pegadas recentes de um passo de homem.. Não havia dúvida. A essa frase. Calou-se. Paulina não pode ouvir.. baixou 2 cabeça e soltou o mais leve de todos os suspiros. inquieta.disse ela com um sangue frio incrível. deve . Ouvindo. A Sra. os olhos secos.lina para mandá-la embor a . e ficou como que adormec ida. tomou a palavra para explicar a Moína o perigo que estava correndo. voltou-se. e sentindo uma dessas emoções icuja dor só pode ser avaliada pelas mães. que ainda não tinha saído.eu devo. que nos faz invocar Deus nas grandes crises da vida. silenciosa. .Não assuste minha filhal . basta telegrafar assim: Dicionário Pôrto Alegre . não é necessário transmitir a letra A. lançou um olhar desvairado àquela reunião e família ?e mostrou-se numa desordem que falava mais alto que a lingua. Moína. .51494 A.livro. Era fácil perceber os pés da marquesa hirtos e estend idos convulsivamente no leito de morte. e disse numa voz cava: .. . Por exemplo. DeseWndo-se e ncomendar 1O ou mais exemplares. gem. basta indicar o n?imero 1494 A.Perdi minha mãe1 Paris. abriu bruscamente os dois batentes. todos guardaram silêncio. Biblioteca Pública "Arthur Viarina ` Sala Haroldo Maranhão #Êste livro foi composto e impresso nos oficinas gráficas do Livraria do Globo S.CENAS DA VIDA PRIVADA niram os criados. para pedir 5 exemplares. a jovem marquesa bateu docemente à porta d o quarto. Não ouvindo nenhum ruído. A essa batida. despertada sem dúvida da sua dor. fitou os parentes.r811.Para pedidos telegráficos dêste. A. Moína encostou-se à porta. À visão daquele remorso vivo. Pelotas e Rio Grande EDIÇÃO 1494 A . antepondo a êsse número a quantidade desejada. em Pôrto Alegre Filiais : Santa Maria.
Report "A Comédia Humana - Vol. 3 - Honoré de Balzac"