A AVALIAÇÃO QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO

March 27, 2018 | Author: Vasco Silva | Category: Methodology, Science, Knowledge, Information, Design


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Página | 1UNIVERSIDADE DO MINHO Instituto da Educação VASCO NUNO DA SILVA OLIVEIRA (P G 17023) A AVALIAÇÃO QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO a partir da análise da tese de doutoramento de Natércio Afonso, ³A reforma da administração escolar. A abordagem política em análise organizacional´ (1994) METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL Doutor JOSÉ AUGUSTO PALHARES Fevereiro de 2011 Página | 2 ÍNDICE INT DUÇÃO 3 APRE ENTAÇÃO DA OBRA 4 E TRUTRA DA OBRA 4 AS ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO 7 A INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA E 9 EDUCAÇÃO Caracterí ticas da i vesti ação qualitativa Questões mais frequentes relativas à metodologia qualitativa A investigação na/da Escola 10 11 13 CONCLUSÃO 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15 . nomeadamente em educação. e a exaustão a que se dedicou relativamente às questões quantitativas. como adiante veremos. aqui e agora. ¢   ¡ . Não nos ã deteremos exaustivamente nessa análise. ao introduzir simultaneamente o método quantitativo. se terá detido demasiadamente aí. Ao longo deste trabalho. apesar de ter realizado uma opção metodológica pela investigação qualitativa. desviando as atenções para aquilo que é menos importante quando investigamos em educação. gostaríamos de nos focalizar quanto ao método utilizado e reflectir um pouco sobre qual o tipo de investigação mais adequada quando realizamos investigação em ciências sociais. debruçar-nos-emos sobre a importância da investigação qualitativa em educação.INTRODUÇÃO Página | 3 A análi e que pretendemos da Tese de Doutoramento do professor Nat rcio Afonso ³A reforma da Administração Escolar ± Abordagem política em análise organizacional´ será breve. e a propósito da referida Tese. Sem sermos capazes de. porque. socorrer-nos-emos da obra de Bodan (1994) para a síntese que gostaríamos de propor. Parece-nos que este é um aspecto que o autor. o fazermos de forma aprofundada e com o rigor que tal assunto nos mereceria. quanto às suas etapas do procedimento e quanto à sua estrutura uma vez que elas foram já explanadas noutra apresentaç o. poderia ter posto em causa as conclusões do estudo. Como dissemos esta reflexão sobre a investigação qualitativa parte da análise metodológica da Tese e é sobre ela que falaremos na primeira parte deste pequeno trabalho. baseando -se nas imagens organizacionais de G. Ao fazê-lo. na Universidade de Boston. subtítulo. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS ELEMENTO CAPA FOL A DE ROSTO FICHA CATALOGRÁFICA DEDICATÓRIA Observação Título. em 1993. no Ministério da Educação. Falta o nome da Instituição Igual à capa. acarretando consigo um conjunto de disfunções e problemas organi acionais. uma Tese de Doutoramento do professor Natércio Afonso. onde se jogam diferentes interesses. parte da consideração da Escola como um sistema político. Este é um trabalho de investigação e realizado pelo autor. da Reforma. Na abordagem do problema. o autor. que parte da formulação de um problema base que servirá de linha condutora da própria investigação. editor. imediatamente antes da implementação de uma Reforma da administração Escolar. é a coexistência de um sistema de eleição democrática dos gestores escolares eleitos pelos pares com uma centrali ação. Assim. que originam conflitos resultantes da utilização do poder na gestão dos conflitos. Falta área da tese de doutoramento. Partindo daqui. Rapidamente o autor passa para a delimitação do estudo que pretende desenvolver que foi a de investigar a organização escolar à época e o funcionamento diário de uma escola secundária pública.APRESENTAÇÃO DA OBRA O ponto de partida para este nosso trabalho é ³A reforma da Administração Escolar ± Abordagem política Página | 4 em análise organi acional . logo no início da obra. Adopta o modelo político como lente de análise e leitura do contexto escolar para fundamentar a sua investigação. de todo o poder de decisão. apresentaremos. esclarecendo o leitor da sua intencionalidade e da racionalidade subjacente ao seu trabalho. orientador e ano Catalogada --- . colecção. Morgan. com trabalho desenvolvido no ano l ctivo de 91/92. recorrendo ao gráfico utilizado na apresentação do trabalho de grupo para esta unidade curricular. O problema que o autor identifica. ESTRUTRA DA OBRA De seguida. para experimentar o novo modelo de direcção e gestão escolar. muitas vezes antagónicos. o autor define já as lentes com as quais vai para o terreno. O objectivo do estudo foi a pesquisa de dados no sentido de caracterizar os principais problemas organizacionais resultantes do modelo em vigor de funcionamento e as disfunções organizacionais fundamentais. autor. o objectivo do estudo é a análise da estrutura e funcionamento da organização esco antes da implementação lar. por nos parecer sintético e esclarecedor da forma como a obra está estruturada. coloca a questão da articulação entre estes problemas organizacionais e as expectativas conflituantes da aplicação da Reforma do Ensino Secundário a implementar a partir de 92/93. sucintamente a estrutura da obra. --Colocação do problema Expectativa da investigação. ----Página | 5 Pág. administrativo das ELEMENTO DESCRIÇÃO DE INTRODUÇÃO --- CAPÍTULO I: O PROBLEMA ‡ ‡ 32 (13-44) CAPÍTULO II: REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA ‡ ‡ 45 (45-89) CAPÍTULO III: O CONTEXTO DO ESTUDO ‡ ‡ 45 (91-135) escolas Secundárias . 5-9 ----Ao longo do texto (algumas) ----- CORPO DA TESE Nº PÁG. justificação e significado do problema Escola como sistema político Estudos portugueses Breve visão geral da história do país Evolução do S.AGRADECIMENTOS EPÍGRAFE RESUMO ÍNDICE GERAL OUTROS ÍNDICES ADVERTÊNCIAS LISTA DE ABREVIATURAS PREFÁCIO PREÂMBULO Nota prévia. Pág. centrandose nos elementos estruturais do sistema CAPÍTULO V: ANÁLISE DOS DADOS E CONCLUSÕES ‡ 104 (179-283) político e nas suas clientelas ‡ ---Breve conclusão CONCLUSÃO ---3 (285-287) EPÍLOGO ‡ Breves considerações sobre o futuro da reforma em curso ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS ELEMENTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Observação Referências citadas ao longo do texto. Portarias.. ANEXOS dados obtidos (resultados dos questionários) e lista de documentos oficiais (DL.) (pág. (Autor) (pág.291. POSFÁCIO GLOSSÁRIO ----- Instrumentos construídos (questionários) para a investigação. 292. 309-400) APÊNDICES Quadros e figuras referidos no texto. 401-409) BIBLIOGRAFIA Ordenada alfabeticamente pelo apelido do primeiro autor. 299305) .CAPÍTULO IV: METODOLOGIA INVESTIGAÇÃO DA ‡ Justifica as opções metodológicas no contexto teórico 41 (137-177) Página | 6 ‡ Concepção da investigação.. técnicas de recolha de dados e instrumentos) Apresenta e analisa os dados. ao contexto histórico e à intencionalidade da compreensão dos fenómenos estudados. ¨ § 1 . Pretendendo dar resposta ao problema que identificou logo no início da obra. Exequíveis e significativas : ‡As duas primeiras questões que orientam o estudo são perfeitamente concretizáveis e são significativas na medida em que vão fornecer dados para caracterizar os principais problemas organizativos resultantes do actual modelo. Manual de investigação em ci ncias sociais. o autor vai identificar as seguintes quest es como fundamentais para o desenvolvimento do estudo: i) Quais são os principais problemas e disfunções no modo de funcionamento das escolas secundárias sob o modelo actual de administração escolar? ii) Quais são as origens destes problemas e disfunções? iii) O que é que os principais inter enientes crêem que serão os efeitos da reforma que se aproxima. na ida organizacional da escola? A identificação das perguntas de partida é clara e objectiva. Quanto as tr s características (clare a e exequibilidade) que as perguntas de partida devem conter.V. bali ando os dados a observar.ÍNDICES* ERRATA* --- --- Página | 7 AS ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO 1 Apesar de o autor não ter seguido a obra de Quivy. uma ve mais. R. R. 2 Quivy. Uma introdução à teoria dos métodos Porto: Porto Editora. abertas. Esta é a fase em que o autor enuncia o projecto revelando o que se quer compreender. Sari (1994)2 Seguindo. Clareza ¤ £ ¥ ¤ £ £ ¥ ¤ ¤ ¥ ¦ ¤ ¥ ¤ £ ‡Embora claras. pelo que o autor teve a necessidade de colocar outras questões que as especificassem e orientassem o trabalho de campo. manifestam-se amplas. & Biklen. Pertinência ‡ As questões são pertinentes. ‡A terceira questão revela dificuldades quanto à sua exequibilidade. então. . Quivy (2008). R. As duas primeiras quest es parecem-nos directas. começaríamos por analisar as perguntas de partida. R. (2008). O autor evita qualquer ambiguidade na definição destas quest es e apresenta-as sem que o leitor ten a de andar à procura ou a interpretar as quest es para as quais pretende respostas. Bogdan. na medida em que poderá fornecer meros juízos de valor sobre uma realidade inexistente. correndo o risco da criação de cenários antecipados de eventualidade ou de mera clarividência futurista. utili aremos. Sari (1994). & Biklen. & Campen oudt (2008) parece-nos que a utili ação do esquema relativo às etapas do procedimento poderá ser um guia útil para a análise da estrutura desta obra. Investigação qualitativa em educação. o esquema utili ado na apresentação do trabal o de grupo. & Campen oudt. A metodologia seguida pelo autor foi a de Bogdan. no que diz respeito à abordagem da temática. Lisboa: Gradiva. partem da definição de conceitos e orientam o trabal o de campo. e colocada logo no início da obra. L. Para além dos autores há uma forte exploração dos normativos jurídicoformais. como anotações feitas durante as observações no local. o autor elabora um design assente no modelo de análise utilizado. acerca da investigação qualitativa em educação. O recurso à abordagem político-sistémica ajustado à realidade que pretende investigar foi correcto e a diversidade de análises e interpretações recorrendo a diferentes autores: i) Easton: abordagem micropolítica da escola. apenas. a exaustão de dados recolhidos. conseguido na realidade. muitas vezes fictício ou formal mas poucas vezes . de seguida. tendo em conta os seus interesses e estratégias específicas. aqui. o autor recorre. 3 Idem . não apenas as expectativas de cada um. o autor parte a construção do modelo de análise. em busca de um equilíbrio. numa lógica micropolítica. Na elaboração do seu design. ii) Baldridge: abordagem sistémica da escola. O auto clarifica os pontos de referência r teóricos com que pretende sustentar a sua investigação. Portanto. o autor procura relacionar o objectivo do estudo. no âmbito da sua investigação qualitativa. transcrições de entrevistas e documentos. o autor definiu o caminho que pretendeu percorrer. Hoyle. muitas vezes. Passando. Na recolha de análise de dados. a existência dos tais grupos de interesse que interagem na escola. etc. e o método utilizado. Identificou. com maior cuidado no capítulo que dedicaremos. entre outros: na articulação dos Página | 8 diferentes conceitos nucleares de abordagem política. Tendo decidido optar por este modelo de análise. dando fundamento ao próprio modelo. as suas clientel s e as suas relações a múltiplas. a existência dos conflitos resultantes dessas interacções e dos modos de resolução desenvolvidos para a sua resolução. a leituras exploratórias. um estudo organizacional. desenhando aquilo que. é identificado como o Design da Investigação. Parece-nos ter havido uma adequação das leituras às questões de partida. no âmbito do modelo político de análise. em primeiro lugar. falaremos. claramente. que. Morgan.Passando à Fase da Exploração. normalmente. visando: i) explicitar o quadro teórico. No que à terceira etapa diz respeito. ii) precisar conceitos teóricos. em si mesmo. vulgarmente. o que poderemos dizer que. pois o autor articula e integra no desenvolvimento do seu trabalho as diferentes perspectivas das diversas abordagens. o autor vai deitar mão de técnicas tradicionais. O design que o autor vai trabalhar centra-se na descrição e análise da escola como organização e sistema político. o autor conseguiu. a fase da Problemática. analisando as convicções e expectativas das clientelas face à reforma. o autor acabou por correr. à Fase da Observação. . para olhar a escola e obter respostas para a problemática que identificou. N esta etapa o autor vai recorrer à recolha de informações e de dados que permitem este confronto. mas também as interrelações desenvolvidas no sentido da pressão e dos jogos de poder sobre os decisores. a atenção do leitor do essencial. Daqui. O autor vai olhar o funcionamento diário da escola que é descrito como um processo político em curso. à frente. em parte. que é o facto de o método acabar por ter maior projecção e atenção que aquilo que o autor pretendia estudar inicialmente. Mas disto. os conceitos apreendidos das leituras e os diferentes pontos de vista teóricos e tenta afinar o ângulo sob o qual quer abordar a sua investigação. sem deixar de introduzir uma metodologia quantitativa. demonstrar que o contexto escolar contém. Estas três dimensões são conseguidas pelo autor na abordagem do modelo teórico de análise e a partir daí define os conceitos fundamentais para a abordagem empírica que vai realizar. A partir daqui. acabou por tomar uma importância muito grande numa arte considerável do estudo desviando. O autor vai optar por uma metodologia qualitativa. iii) definir estrutura conceptual da investigação. com a sua estrutura de governo. o autor vai deitar mão de sondagens quantitativas. O autor. também chamada de ³investigação descritiva´3. Ball. Lima. uma vez que ambas se baseiam em pressupostos diferentes e com um risco muito grande. as perguntas de partida que formulou. com características históricas e de observação. vai recorrer ao Estudo de Caso. E de facto. o autor recorre a uma metodologia mista o que pode trazer alguns problemas ao estudo em educação. nela o autor define o conjunto de operações através das quais se colo em confronto o modelo teórico de análise com os dados observáveis. interrogando os fenómenos estudados. O recurso a um conjunto variado de autores não foi meramente formal. No confronto que esta etapa prevê. identificando com as -os diferentes classes e catalogando. que são relevados para segundo plano. os seus agentes e as relações que se estabelecem no âmago da sua existência. Foi um método próprio que o autor desenvolveu. mas que nos parece a mais ilustrativa do que acabamos de dizer. a eficiência do sistema e a nomeação de um director executivo com preparação específica. O investigador recolhe os dados em função de um contacto bastante próximo. não serão atingidos com facilidade. nomeadamente: identificando quatro i) disfunções fundamentais. uma observação e análise comportamental dos agentes do ponto de vista do investigador. aprofundado. fugindo do cerne da investigação que deveria ser uma avaliação qualitativa da problemática enunciada pelo autor no início do trabalho. porque nos parece que este é um ponto sensível e decisivo para o sucesso de qualquer trabalho realizado nesta área. fazendo deslocar a atenção do leitor para as questões de ordem metodológica. Na última fase do procedimento é-nos sugerido que se cheguem a conclusões acerca dos resultados obtidos para as questões colocadas em ordem a responder à problemática inicial colocada pelo autor. o autor retoma a intenção do estudo: investigar a organização actual e o funcionamento diário de uma escola secundária pública imediatamente antes da implementação de uma reforma da administração escolar aprovada pelo governo. comportou alguns riscos que se concretizaram. De seguida. de siglas e de letras que ³nunca mais acabam´. essencialmente. Na análise de dados. Nela. o autor conclui que o novo modelo de administração escolar foi criado para alargar a participação de novos parceiros. com a sua complexidade. mas que se torna demasiado complexo para o leitor que se perde na imensidão de referências. condicionada pela análise da obra em questão. o autor vai alongar-se extensamente numa análise Página | 9 quantitativa dos dados e vai ³perder-se´ na elaboração de um esquema conceptual de estatísticas da criação de um método de arquivo e referência de documentos que nos confunde e baralha. por parte do autor. ao máximo. interferindo o menos possível com rotinas. A opção por esta temática da investigação foi. Daí que a metodologia qualitativa seja a mais adequada. Sinteticamente. e de naturalidade organizacional. em detrimento de factores externos e causas exteriores. a naturalidade desses contextos. Aqui o autor vai confrontar a imensidade de dados recolhidos com uma análise que o autor pretende desenvolver. Em contexto educativo. as suas clientelas políticas e as suas atitudes e expectativas sobre a reforma a implementar. É o momento de tratar as informações recolhidas. a sua diversidade e a forma como se posicionam sobre determinada questão. A grande conclusão sintomática deste estudo é que ³alguma coisa deve mudar para que tudo possa ficar na mesma. a estrutura administrativa. com o devido perdão para a expressão mais popular. tentando manter. provavelmente. chegamos à Fase da Análise das Informações ou dos dados. na medida em que procura uma análise descritiva e significativa da dimensão humana.´ A INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO Gostaríamos de dedicar uma parte do nosso trabalho à reflexão acerca do tipo de investigação que deve ser realizada em contexto educativo. pois não necessitavam de habilitações administrativas específicas. . Privilegia. porque nos parece que a opção por uma abordagem mista. Segundo Bogdan (199 as 4). clarificando as iii) motivações para as exigências das clientelas e indicando algumas iv) consequências da hiper-regulamentação e do controlo manipulado por parte da burocracia ministerial. comparando-as com os resultados observados e os esperados na formulação das perguntas de partida. a grande maioria das investigações pretende olhar sobre a Escola. igualmente. Portanto. quase íntimo com os actores e os locais a investigar. do que se trata é de olhar as pessoas que compõem a teia inter-relacional que se estabelece na Escola. hábitos e costumes. Estes objectivos. analisando as c aracterísticas organizacionais da escola em consideração. simbólica.Aproximando-nos do termina do processo de investigação. uma vez que: i) os representantes dos professores controlam a maioria nos novos conselhos de escola e ii) quase todos os novos directores executivos nomeados pelo conselho de escola tinham sido presidentes dos antigos CE. o autor apresenta qual o conhecimento produzido com a investigação. A opção por uma abordagem dessa natureza corre o risco de fazer da metodologia quantitativa o centro do trabalho. caracterizando o ii) poder das clientelas. não significa que todas as investigações sejam exemplares no cumprimento de todas estas características. não há a preocupação de sínteses ou recensões das inúmeras narrativas recolhidas ao longo da investigação. é a partir da análise dos dados que vão construindo caminho. que vai condicionar a recolha e leitura dos dados. torna ³num deles´. com questões genéricas. analisar o número das características utilizado. mas pelo contrário. nada é trivial. estuda o modo como se evolui de uma situação anterior para a posterior. ver 5 características fundamentais que Bogdan (1994) desenvolve na sua obra. e outros locais tentando esclarecer e estudar questões educativas. descritiva. porque cada investigação é diferente da outra. Na investigação qualitativa deverá evitar-se o recurso a questionários. chegando. baseada na análise e reflexão sobre as informações e os dados que vão sendo recolhidos. tenta e conhecê-los e dar-se a conhecer para poder ganhar a sua confiança e minimizar o efeito ³intruso´ no campo que pretende observar. deve anotar tudo o que observa. Este introduz-se e vive grande parte do tempo em escolas. ao máximo. ou até mesmo um investigador. o que acontece e os pensamentos que cada situação lhe sugere. Na primeira situação. o investigador ³aterra´ no mundo que pretende observar. flexíveis nas respostas. Tenta-se analisar os dados na sua riqueza complexa e diversa. o Página | 10 investigador não só penetra no mundo que pretende observar. condicionando as suas respostas. até que se prove que o é. actores. ue progressivamente. Mas. Numa análise minuciosa. mas acompanha esta vivência da elaboração de entrevistas abertas. Quando tentamos esta síntese. procedimentos. para uma melhor compreensão do que se pretende observar. Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos. famílias. Avalia o ³valor acrescentado´. uma janela de oportunidade. pois cada pormenor pode conter em sim uma pista. na linha de Bogdan. como acontece com a investigação quantitativa mas . Assim. tentando respeitar. Na sua busca pelo conhecimento. estaríamos perante uma tarefa difícil. Um dos materiais fundamentais é o ³diário de campo´. uma vez que contextos. as podemos encontrar igualmente outras investigações de referência que incluam outras características que aqui não mencionaremos. inserido no seu meio -se natural. Os dados são recolhidos em situação e complementados pela informação que se obtém através do contacto directo e em ambiente natural. porque estes podem colocar em causa a liberdade e naturalidade dos sujeitos. Os investigadores qualitativos tendem a analisar os dados de forma indutiva. Bogdan (1194) cita Glasser & Straus (1967) para designar esta técnica de teoria fundamentada. Os investigadores ³aterram´ nos locais de estudo porque valorizam a sua importância e se preocupam com o contexto. eminentemente. viv com os agentes. constituindo o investigador o instrumento principal. nas conclusões a q vão. Os dados recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não de números ou gráficos. tentaremos uma síntese de algumas características mais comuns em contexto educativo. eventualmente. o que foi registado ou transcrito. O significado ganha uma relevância e importância fundamentais em investigação qualitativa Aquilo . Características da investigação qualitativa Se quisermos caracterizar a investigação qualitativa. no seu conjunto. i) Na investigação qualitativa a fonte directa de dados é o ambiente natural. explorando as estratégias. No caso da entrevista em profundidade. A abordagem qualitativa da realidade exige que tudo seja examinado e que nenhum pormenor seja considerado irrelevante.estratégias mais utilizadas pelos investigadores no sentido de garantirem o que atrás dissemos são: i) a observação participante e ii) e a entrevista em profundidade. interacções. É uma técnica indutiva e não dedutiva. dando ao sujeito da investigação total liberdade na resposta que a questão lhe sugere. etc utilizadas . Não partem de um ponto de partida previamente construído. Poderemos. para se alcançar determinado fim. iremos sucintamente. A investigação qualitativa é. A ênfase qualitativa no processo tem sido particularmente útil pois não se reduz a uma mera análise estatística de resultados. actividades. poderão recorrer a estratégias e procedimentos diferentes. diferentes num mesmo contexto. que os investigadores qualitativos procuram conhecer e compreender é a forma como as pessoas ii) iii) iv) v) . bairros. habitualmente. A noção que a contemporaneidade advoga de ciência. Ora. Será a abordagem qualitativa verdadeiramente científica? Até há pouco tempo. Deve concentrar-se na observação e encaminhá-la para a investigação que pretende realizar. Aliás. a este propósito. tanto mais que. a investigação faz luz sobre a dinâmica interna das situações. a investigação qualitativa preenche esses requisitos. e às quais. nos diferentes cenários em que se movem ou nos diferentes papéis que desempenham. já atrás o referimos. a obra em análise é a prova de que conciliar as duas metodologias. só que tem algumas diferenças. Ao apreender estas perspectivas dos participantes. é. Porém. i) Será possível a utilização conjunta das abordagens qualitativa e quantitativa? Ser possível. Isto de alguma forma é um dos princípios da investigação qualitativa. Claro que esta definição de cientificidade dos resultados. nos diversos palcos que fazem parte da sua ³tournée´. alguns autores entendiam cientifico tudo o que era mensurável e tudo aquilo que fugia dessa unidade de medida era visto e olhado com grande suspeição e desconfiança. ainda que seja possível. daquilo que Erickson (1986). e. citado. Em que é que a investigação qualitativa difere daquilo que pessoas como os professores. criticamente. limitar-nos-emos à comparação com os professores. chama de perspectivas participantes. qualquer investigação só consegue ter credibilidade no mundo académico quando é explícita no rigor metodológico utilizado e na sistematização da análise criteriosa de dados. Primeiro porque a obrigação do observador é conduzir a investigação sem ter que se preocupar com outros aspectos relevantes da actividade lectiva. enquanto que o professor o faz de forma natural e sem ii) iii) . tentando perceber a sua mundividência. o seu modo de sentir perante determinadas situações. normalmente bons observadores do mundo que os rodeia e das relações que estabelecem. Aliás. por Bogdan (1994). acerca desta metodologia. são. as suas expectativas. Aquilo que se pretendem é tentar entrar no Página | 11 âmago dos sujeitos. Sendo que falamos de duas abordagens com pressupostos distintos. fora da análise do observador exterior. Bogdan (1994) apresenta-nos nove questões cuja pertinência merecem que desenvolvamos um pouco. que são recorrentes. também. nos ajuda a responder e a eliminar eventuais ³sombras cinzentas. uma vez que o presente trabalho se desenvolve numa área das ciências da educação. na abordagem mista. que a designação de ³investigação qualitativa. os seus valores. uma vez mais. Outra diferença é que o investigador toma nota de tudo quanto observa. não sendo uma tarefa fácil. era uma noção que nem entre a classe científica era consensual e. tentar desenvolver uma investigação mista. surgem algumas questões. e estão constantemente a questionar e a questionar-se. convém lembrar. Bogdan. é possível. porque há quem tenha alguma hesitação ou desconfiança acerca da eficácia ou cientificidade da investigação qualitativa. portanto. sistematiza e organiza a observação. Os bons professores. pretende-se perceber quem é aquele sujeito que o investigador tem pela frente. não foi usada até finais dos anos sessenta. implica uma mente aberta no que concerne aos métodos e às provas científicas. implicando um constante escrutínio empírico baseado na análise de dados. no fundo. é muito diminuto. tentando chegar a conclusões que os permitam evoluir e crescer. jornalistas ou artistas fazem? Na resposta a esta questão. No fundo. sobre a metodologia usada pelo Professor Natércio Afonso na obra em estudo. o crédito desta perspectiva sobre o que é ou não científico. quando tentamos reflectir.constroem sentido e significado à sua existência. dinâmica essa que está. Questões mais frequentes relativas à metodologia qualitativa Pelas características enunciadas anteriormente. ou dúvidas. Aliás. em que se pretende desenvolver com cuidado e rigor uma abordagem quantitativa e um estudo qualitativo aprofundado pode causar alguns problemas. e por muito difícil que possa parecer. para utilizar uma metáfora artística. Trata-se. há um forte e sério risco de que os estudos se centrem mais sobre o método do que sobre o tópico da investigação. Outros investigadores não pensam na questão da generalização em termos convencionais. No entanto é possível compreender e. complementares. serem credíveis e consistentes. E a garantia advém da seriedade do trabalho e não tanto da coincidência dos resultados. num conjunto de métodos. Define-a como dependente do rigor e da abrangência do tratamento dos dados e da correspondência que é o tratamento de dados e aquilo que a realidade que pretende retratar é. Por isso se pode concluir que dois investigadores que estudem o mesmo local podem. apesar disso. Para os qualitativos. A isto se chama de efeito do observador. Em contraste com os investigadores que utilizam as metodologias quantitativas. Será que dois investigadores que estudem independentemente o mesmo lo ou os mesmos cal sujeitos.iv) v) vi) vii) viii) ix) preocupação de recolher informação para ser tratada posteriormente. sob pena de se colocar a questão da seriedade da abordagem desenvolvida por um deles. Será que a presença do investigador não vai modificar o comportamento dos sujeitos que pretende observar? Obviamente que a presença de um elemento estranho ao quotidiano de alguém condiciona o comportamento natural e provoca outros que habitualmente não ocorrem. Página | 12 Será que os resultados qualitativos são generalizáveis? Entendemos aqui generalização como a aplicação de um estudo particular a outros contextos e estudos diferentes. o seu trabalho reside na compreensão da complexidade humana. Por último. normalmente baseiam-se noutros estudos para determinarem a representatividade do que encontraram ou então conduzir um maior número de trabalhos mais reduzidos para demonstrar o carácter não idiossincrático da sua investigação. o investigador. muitas vezes. tentando interpretar o modo através do qual as pessoas constroem significados para a sua vida e tentar descrever o mais objectivamente possível o que é e como se manifestam esses mesmos significados. A principal diferença reside sobre o olhar e os métodos utilizados na investigação. preconceitos e outros enviesamentos do investigador? O investigador qualitativo não trabalha dimensões subjectivas. Esta não é uma questão que seja pertinente para todos os investigadores. A utilidade de determinado estudo é a sua capacidade de construir uma análise teórica de compreensão fundamentada e rigorosa. Os que se interessam e preocupam com ela. Aquilo que procura fazer é estudar objectivamente as dimensões subjectivas dos sujeitos. podemos afirmar que nem todos os investigadores têm os mesmos objectivos quando partem para o terreno e realizam o seu trabalho. esta questão. efectivamente. A problemática que serve de base à investigação. diferentes. Reside no resultado que se pretende alcançar e qual a realidade que se pretende observar. Claro que. ela mesma . há diferentes modos de olhar as duas: antagónicas. estratégias e técnicas de recolha e tratamento de dados de forma científica e rigorosa. E os efeitos nos dados das opiniões. gerando novos movimentos teórico em torno da sua investigação. Qual é o objectivo da investigação qualitativa? Dada a variedade e complexidade dos trabalhos desenvolvidos em investigação qualitativa. Em que é que diferem as investigações qualitativa e quantitativa? Já ao longo de várias achegas fomos contrapondo as metodologias qualitativas e as quantitativas. O objectivo principal do investigador é o de construir conhecimento e não o de dar opiniões sobre determinadas realidades ou sent mentos dos i sujeitos. efectivamente. ao contrário do professor no desempenho da sua actividade lectiva. Estão mais preocupados e concentrados em processos inovadores e geradores de conhecimento do que em pontos comuns com outras investigações. anteriormente. os ³qualitativos´ não vêem o seu trabalho como uma mera recolha de dados e factos sobre os comportamentos humanos. chegarão às mesmas conclusões? Já aqui afloramos. daí que não possa perder-se em subjectividades ou estados de alma acerca de determinado sujeito. identificar os efeitos que a presença do investigador provoca nos sujeitos e as transformações que condiciona no meio. e. Pois a esta pergunta. chegar a conclusões diferentes. baseia-se em teorias e resultados anteriores de investigação que funcionam como base de sustentação e de orientação que permite contextualizar a observação e fundamentação dos resultados obtidos. O que não podem é chegar a resultados incompatíveis ou antagónicos. Nunca é possível anular todos os efeitos que se produz nos sujeitos ou obter uma correspondência completa entre aquilo que se pretende observar e o efectiva mente observado. Bogdan (1994) responde com o conceito de garantia. Uma outra diferença é que o investigador foi treinado. mas nunca ser a opção base de abordagem ao contexto escolar. perspectivas diferentes de cidadania e de educação. sugere -se a leitura do gráfico comparativo que Bogdan (1994) apresenta nas páginas 72 a 74. A abordagem quantitativa poderá ser um excelente auxiliar no sentido de ilustrar e tratar dados observáveis. . dos dados recolhidos. Há claras diferenças ao nível da linguagem. dos conceitos-chave. Um contexto que se pretende ser educativo.4 A investigação na/da Escola Página | 13 A investigação em contexto escolar deve. é a Escola. essencialmente. pais. tentando uma aproximação às realidades dos actores. adultos e jovens. apostar na metodologia qualitativa. alunos.condiciona a opção por uma ou outra metodologia. 4 Para uma comparação exaustiva sobre estas diferenças. das propostas de investigação. das técnicas e. Onde se jogam valores. socializante e transformador da sociedade com tudo o que de aparentemente subjectivo pode trazer essa afirmação. do tipo de relação que o investigador estabelece com os sujeitos e com o campo de trabalho. aos estados de alma. social. funcionários. étnica e religiosa coabitam. Haverá contexto social mais rico e profundo onde a investigação qualitativa pode mergulhar? Pensamos que não e que para entrarmos no âmago de toda esta complexidade só uma abordagem qualitativa o poderá fazer de forma minimamente competente. por tudo o que foi dito anteriormente. um contexto onde a diversidade cultural. às vivências. dos objectivos. professores. Se há contexto onde a dimensão humana interage de forma absolutamente profunda e enriquecedora. Diferentes pessoas. económica. mundividências. numa teia complexa de relações onde coexistem diferentes interesses. sem nunca negar a possibilidade da existência de outras dimensões no ambiente escolar. que pode ser encarada como uma incoerência. Dizíamos que o autor parte para esta análise do Model Político e com ele tenta analisar e destacar as o dimensões escolares onde ele se reflecte. de forma contínua e persistente. que são vistos como disfunções que precisam ser rápida e eficazmente ser eliminados. colocar o problema na linha do que queria explorar e. na metodologia seguida. intencionalmente. se articulam poderes e influências. em primeiro lugar. esquecer. claramente. O autor da obra. normalmente. de Natércio Afonso. Isto provocava uma causalidade sistémica que contribuía para o prolongamento do mesmo conflito ou para a criação de nov conflitos. sem. parece trazer à Escola uma autonomia de eleição e gestão. a existência dos conflitos resultantes dessas interacções e dos modos de resolução desenvolvidos para a sua resolução. . dessa forma. na sua formulação. ainda. que o autor não nega a existência de outras dimensões na escola. menos legitimamente. muitas vezes fictício ou formal. Conseguiu. as suas partes individualmente descritas. mas ignorando-as. Claro que isto transforma o contexto escolar numa autêntica arena onde se jogam interesses. numa lógica micropolítica. mas poucas vezes conseguido na realidade. conflitos. se por vezes parecem ser complementares. tanto quanto possível com o menor número de custos possível para as partes envolvidas. responder às questões de partida para este trabalho. argumentativa de que dispõem. avalia. Dizíamos. não apenas as expectativas de cada um. com interesses próprios e que. demonstrar que o contexto escolar contém. E refere-o logo no subtítulo da obra: ³abordagem política em análise organizacional´.Página | 14 CONCLUSÃO A obra em análise. Identificou. em busca de um equilíbrio. tentando deitar mão do poder de influência política. em si mesmo. intelectual. aparentemente. mas também as inter -relações desenvolvidas no sentido da pressão e dos jogos de poder sobre os decisores. é uma abordagem política à organização escolar na qual se pretende descodificar a grande questão da conciliação entre uma estrutura altamente centralizada no ME com uma normatividade que. originando. destacando o fenómeno global de análise. Parece-nos que o autor conseguiu. a escola deste prisma político. legitimamente. na maioria das vezes se apresentam antagónicos. A existência destes interesses leva a que cada um destes actores pretenda. no entanto. ver satisfeitos os seus interesses. a existência dos tais grupos de interesse que interagem na escola. recorrem a métodos menos claros no sentido da pressão sobre os decisores para que a decisão possa ir ao encontro dos seus anseios. parte para a análise socorrendo do Modelo Político. no sentido em que -se reconhece a existência de um conjunto diversificado de actores escolares. identificando com as -os diferentes classes e catalogando. Outras vezes. Este olhar sistémico pretende a os generalização de uma dada realidade. Lisboa: Gradiva. as lentes de que se socorreu para o desenvolvimento do seu trabalho. A reforma da administração escolar. (1993). não passaram de isso mesmo. Manual de investigação em ciências sociais.Página | 15 se e faz perder o leitor a atenção no essencial do trabalho. Ao optar por uma metodologia mista. Quivy.V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bogdan. A mudança enquanto factor de esperança e de optimismo no futuro. A mudança que é um factor primordial de análise e de investigação em educação. expectativas. o autor decide correr um risco. Afonso. Investigação qualitativa em educação. Pensamos. fazem com que a dimensão das relações inter-pessoais na arena escolar passe para segundo plano. que o trabalho poderia ter sido muito mais enriquecido se a aposta numa investigação mais qualitativa e menos jurídico-formal da escola tivesse sido mais clara. que fazia falta um estudo à posterior para perceber quais foram as reais implicações da Reforma e qual a percepção da sua implementação por parte dos actores. que tendo em conta os objectivos a que o autor se propôs. Pensamos. Ela é a fonte de desenvolvimento. Porto: Porto Editora. A abordagem política em análise organizacional. Uma introdução à teoria dos métodos. ainda. A dada altura da investigação. O estudo ficou em aberto porque tentou identificar crenças e expectativas. numérico. o autor perde. (2008). foram adequadas. Trabalho de grupo apresentado na unidade curricular de Metodologia da Investigação em Administração Educacional . de símbolo de análise. Sari (1994). Lisboa: Instituto da Inovação Edcuacional. pois.N. receios e acima de tudo resistência à mudança. O olhar sobre a escola através do Modelo Político e das lentes subjacentes e este mesmo modelo. & Biklen. & Campenhoudt. foram preciosas para o autor fundamentar a sua investigação. L. no entanto. Um emaranhado de questões de carácter quantitativo. ou se pelo contrário.Parece-nos. R. sem ter conseguido evitá-lo. R. de criação de conhecimento. Era importante perceber se elas se concretizaram. de estatísticas e dados.
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