A Alegoria Do Amor - C. S. LWIS

March 24, 2018 | Author: Edson Miguel | Category: C. S. Lewis, The Chronicles Of Narnia, Imagination, Philosophical Science, Science


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LEWIS O imaginário na obra de C.C. S. S. Lewis Traduzido por: Glauco Barreira Magalhães Filho Editora Mundo Cristão São Paulo . Espiritualidade 2.com. com uma tiragem de 2. Signos e símbolos 5. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro.O IMAGINÁRIO EM AS CRÔNICAS DE NÁRNIA CATEGORIA: LITERATURA / ENSAIO Copyright © 2005 por Glauco Barreira Magalhães Filho Coordenação editorial: Silvia Justino Colaboração: Rodolfo Ortiz Preparação de texto: Vernáculo Ass. Lewis. Editorial Revisão: Renata Bonin Supervisão de produção: Lilian Melo Projeto gráfico: Sonia Peticov Capa: Douglas Lucas Imagem da capa: Foto de Phil Bray © Buena Vista Internacional Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada. 2005.mundocristao. 1898-1963 .9 CDD 820. (Sociedade Bíblica do Brasil). 79 — CEP 04810-020 — São Paulo — SP — Brasil Telefone: (11) 5668-1700 — Home page: www. Impresso no Brasil 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 05 06 07 08 09 10 11 12 .br Editora associada a: • Associação Brasileira de Editores Cristãos • Câmara Brasileira do Livro • Evangelical Christian Publishers Association A 1ª edição foi publicada em dezembro de 2005. Glauco Barreira O imaginário em As crônicas de Nárnia / Glauco Barreira Magalhães Filho — São Paulo : Mundo Cristão. Valores (Ética) I. Este livro foi produzido com o apoio da Tyndale House Foundation. Imaginação 3. Clive Staples. 05-8161 Índice para catálogo sistemático 1.000 exemplares. Brasil) Magalhães Filho. Título.9 Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela: Associação Religiosa Editora Mundo Cristão Rua Antônio Carlos Tacconi. 2ª ed. SP.Crítica e interpretação 4. salvo indicação específica. Bibliografia 85-7325-421-1 ISBN 1. Literatura inglesa : Autores irlandeses : História e crítica 820. de quem colhi preciosas lições sobre o imaginário Carolina Campos e Antonino Fontenele de Carvalho. com os quais entretenho inspiradores diálogos literários .A Júlia Miranda. socióloga. . S. A simbologia do imaginário em As crônicas de Nárnia Conclusão APÊNDICE — Sinopse de O leão. O imaginário como elemento intrínseco ao ser humano: importância e perigos 3. a feiticeira e o guarda-roupa Bibliografia Sobre o autor 81 119 133 159 165 171 175 . O imaginário e sua relação com a realidade Segunda Parte: O IMAGINÁRIO NA LITERATURA DE 25 37 59 C. Lewis 6.Sumário Prefácio Introdução 9 15 Primeira Parte: O IMAGINÁRIO E O PENSAMENTO RELIGIOSO CRISTÃO — IMPORTÂNCIA E PERIGOS DA SIMBOLOGIA 1. A simbologia celestial em C. LEWIS — IDENTIDADE COM A SIMBOLOGIA BÍBLICA 4.S. O símbolo e a linguagem religiosa 2. O imaginário e o cristianismo 5. . se enriquece ao mesmo passo que enriquece a língua. O ser torna-se palavra. e não subiram ao coração do homem são as coisas que Deus preparou para os que o amam. a literatura são promovidos à categoria da imaginação criadora. .Prefácio Mas. O ar e os sonhos1 As imagens míticas expressam a necessidade de transcender os contrários. de abolir a polaridade que caracteriza a condição humana. 1Coríntios 2:9 As imagens desempenham um papel em nossa vida. Gaston Bachelard. o verbo. A palavra se revela como devir imediato do psiquismo humano. A palavra aparece no cimo psíquico do ser. O imaginário em As crônicas de Nárnia 1 Ensaio sobre a imaginação do movimento. para alcançar a realidade última.” Apóstolo Paulo. Por elas a palavra. exprimindo-se numa linguagem nova. Vitalizam-nos. e o ouvido não ouviu. Glauco Barreira Magalhães Filho. O pensamento. como está escrito: “As coisas que o olho não viu. apologista cristão. S. decorrente em certa medida do primeiro. esta merecida posição de destaque alcançada por Lewis. por dois motivos pelo menos. filósofo. tão afeito à literatura fantástica. Embora Lewis dispense longas apresentações. é preciso mencionar suas credenciais como poeta.10 O imaginário em As crônicas de Nárnia Sinto-me bastante lisonjeado. ao analisar a obra do escritor irlandês C. que a editora Mundo Cristão publica. Já há algum tempo. principalmente em países de língua inglesa. tão caro às ciências sociais atualmente. C. A obra de Glauco Filho vem reforçar. Partindo de uma discussão bem amparada teoricamente. o autor lhe dá um tratamento arguto. O primeiro deles diz respeito ao valor do tema imaginário. portanto. está relacionado à grandeza da obra e do escritor analisado. O segundo motivo. escritor. ele ultrapassa seus limites. de Glauco Barreira Magalhães Filho. Lewis goza de grande popularidade. Ainda que o livro aborde com maior força a construção do imaginário na esfera do cristianismo e avente hipóteses de natureza teológica para explicar os mais diferentes aspectos que envolvem a questão. S. corajoso e original. mais especificamente para O leão. a feiticeira e o guarda-roupa. vem ganhando notoriedade em especial por sua literatura cristã. professor e crítico literário. O alcance teórico pode interessar a outros campos do saber graças ao diálogo travado com uma plêiade de pensadores que Glauco . este trabalho analisa o imaginário como elemento constituidor da literatura ficcional do autor norte-irlandês. Lewis. À luz do cristianismo bíblico. da incumbência de “preparar os caminhos” da obra “O imaginário em As crônicas de Nárnia”. Entre nós. com maior atenção para As crônicas de Nárnia. o livro assume um tom multifacetado. Dado seu caráter polifônico. Descartes. debate esse pontuado de exemplos extraídos sobretudo da obra As crônicas de Nárnia. um anseio por uma espécie de lugar de “onde emana leite e mel”. Nessa direção. explícita e diretamente. Feurbach.Prefácio 11 Filho toma como seus interlocutores. Este trabalho pode interessar também. Influenciado pelas idéias de Bachelard. Glauco Filho aposta na idéia de que há uma espécie de sentimento saudosista. essa imagem está bem representada pelo mundo de Nárnia. Como jusfilósofo que é. Uma reflexão de caráter epistemológico perpassa todo o livro. inerente à raça humana de um lugar em que reina a paz e a felicidade. Trata-se de nomes como Heráclito. pode assumir seu valor pela referência apropriada a autores consagrados. Se uma obra. seja numa relação de aliança ou conflito. Marx e chegando a Castoriadis e Durand. ancorado por . consciente ou inconscientemente. “O imaginário em As crônicas de Nárnia” possui grande relevância. constituindo um debate fecundo sobre o imaginário. Tal pensamento foi alegorizado na literatura pela idéia do Paraíso e ganhou força no imaginário cristão com a figura do céu. Ao remontar aos místicos medievais. aos estudiosos de teologia que se concentrarem no que chamo de “Teologia da Nostalgia”. Bachelard. Na literatura lewisiana. Santo Agostinho. Kant. seria preciso desfalcar a idéia de que o conhecimento mítico — no sentido abordado pelo autor. o autor investe numa concepção teórica do imaginário que solapa a visão positivista da percepção da realidade fundada exclusivamente no conhecimento empírico. portanto. questões dessa natureza não lhe poderiam ser estranhas. passando por Jung. Assim. Do ponto de vista fenomenológico. Glauco Filho conhece bem o assunto. portanto. Ora. o símbolo seria a maneira de expressar o imaginário. Glauco. escolheu bem seu . a via de acesso ao real se dá pelo simbólico. De acordo com o autor. pelo qual é possível falar de algo por associação a outro. não se pode esquecer que o imaginário deita raízes no simbólico. pois tem a função transcendental de permitir extrapolar o mundo material objetivo.12 O imaginário em As crônicas de Nárnia sua vez nas idéias de “Jack” — é fruto de mente enfraquecida e inculta. resultado de ilusões e deformações cultivadas por uma imaginação baseada em enganos e erros. se concordamos com Cassirer. disciplinas em que a discussão com os elementos da linguagem é imprescindível. Como professor de Hermenêutica e de Lógica e Argumentação. o autor resvalou no debate sobre a ficcionalização da realidade através do conceito de alegoria. Para Durand. teórico contemplado pelo autor na discussão sobre o imaginário. não pela inteligibilidade da razão objetiva. Por conseguinte. do contrário a esquizofrenia ganharia grande espaço no cenário social. no alegórico. ao discutir sobre o imaginário. Na verdade o trato com a questão do imaginário não pode desprezar o aspecto lingüístico. haveria uma espécie de consciência imaginário-imaginativa que percebe a realidade. envolvidos no imaginário. A precariedade inerente à linguagem pode ser minimizada pelo simbólico. a racionalidade se alimenta do imaginário. pois o imaginário contribui também para mostrar os limites de linguagem a que estamos submetidos. Contribuição séria a obra tem a oferecer sobre aspectos concernentes à linguagem. mas pelas representações mentais fomentadas pelo imaginário. “preparou os caminhos” para que o autor de “O imaginário em As crônicas de Nárnia” conhecesse o . O leitor mais arguto. uma das fontes principais em que o imaginário se manifesta é a literatura. à idéia de Deus criada pelo cristianismo bíblico. existem “arquétipos universais” da imagem divina semelhantes. a Pedagogia. por sua vez. Como quer Le Goff. considerada. nas mais diversificadas culturas. que o tempo e o espaço nos impedem de considerar mais longamente. por exemplo. portanto. Apesar disso e embora a obra revele a grande formação intelectual de seu autor. como o Leão Aslam para Jesus. para a Sociologia da Religião. porém. Existem ainda. Se nos alongássemos. está para o céu. uma das fontes privilegiadas para o estudo do imaginário. “O imaginário em As crônicas de Nárnia” exige uma leitura mais acurada. Esta. a História etc. em que. em vários pontos. poderíamos ainda dizer que “O imaginário em As crônicas de Nárnia” traz discussões que interessam à antropologia ao mostrar que. O leitor interessado na obra de C. neste livro. descobrirá à medida que for se encaminhando pelas entrâncias da obra. questões relevantes para as ciências do Direito e da Psicologia (pelo menos para uma certa psicologia). Tudo isso “prepara os caminhos” para o entendimento de uma obra literária que indubitavelmente se constitui num grande exemplar da literatura universal: As crônicas de Nárnia. Lewis vai deparar com discussões que o conduzirão a um enfrentamento intelectual. por efeito associativo Nárnia. Por seu perfil. S. A obra de Glauco Filho vem reforçar essa premissa. a acessibilidade é garantida graças à clareza das argumentações e à didática com que Glauco Filho constrói o texto.Prefácio 13 objeto de análise: uma narrativa literária de fundo alegorizante. e por elas chegasse a conhecer — no sentido bíblico do termo — aquele que lhe dá sentido e para o qual todo o texto bíblico aponta: Jesus Cristo. JOÃO BATISTA COSTA GONÇALVES Mestre e doutorando em Lingüística pela Universidade Federal do Ceará (UFC) Professor da Universidade Estadual do Ceará e da Faculdade da Grande Fortaleza (FGF) .14 O imaginário em As crônicas de Nárnia livro maior: as Escrituras Sagradas. na época de Natal. por ser o único menino da casa. entretanto. depois. Acredito que a mensagem cristã subliminar ali presente entrou-me no inconsciente e passou a integrar o conjunto de fatores implícitos que contribuíram para conduzir-me a Cristo. então. deparei com aqueles que procuravam refutar as doutrinas cristãs com argumentos que presumiam ser racionais. . Certa vez. Meus companheiros de brincadeiras eram criados pela imaginação. que acabou entrando em minhas aventuras imaginárias. Aos quatorze anos.Introdução Quando criança. costumava brincar sozinho. para o estudo da apologética cristã e descobri que poderia argumentar de dois modos. Eu ainda não era cristão evangélico. tive a oportunidade de assistir pela televisão ao desenho O leão. nem muito menos sabia que o autor da obra em que o desenho se baseara era cristão. Aquela história. converti-me ao evangelho. Muitos eram personagens bíblicos. Ao ingressar mais tarde na Universidade como aluno e. pois comecei a ler a Bíblia aos oito anos de idade. a feiticeira e o guardaroupa. Voltei-me. como professor. ficou-me tão profundamente gravada na memória. Nesse escopo. foi o próprio Jesus quem disse que aquele que não compreender seu Reino como uma criança o faz. dele não poderá participar. Assim. é necessário que mostremos o valor da imaginação como meio para expressar nossos anseios superiores e para interpretar o suprimento que preencherá o vácuo existente em nosso ser. . A realidade é que as necessidades mais profundas do ser humano não podem ser traduzidas em linguagem científica. Mostrou-me ainda que pregar o evangelho envolve também a tentativa de despertar a criança adormecida em cada pessoa. O segundo. As respostas que estão ao alcance da razão não são satisfatórias. Lucas 18:17. ou seja. a razoabilidade de verdades evangélicas. a pregação precisa ser acompanhada mais pela imaginação do ouvinte que pela razão. Afinal. portanto.16 O imaginário em As crônicas de Nárnia O primeiro consistia em apontar as contradições dos argumentos levantados contra o cristianismo para demonstrar. em seguida. A Bíblia traz promessas que devem ser recebidas por fé. A descoberta que fiz da importância do imaginário me trouxe à lembrança meus dias de infância. seria mostrar que aqueles anseios existenciais que passaram a integrar o ser humano após a queda encontram resposta na mensagem cristã.1 Logo percebi que combater argumentos “racionais” contra o evangelho não era o bastante. Elas falam de um suprimento espiritual que só pode ser comunicado por figuras e metáforas. Tanto as figuras como as metáforas podem ser vistas nas mensagens de Jesus e nas descrições que a Escritura faz do céu. pela transposição do sentido literal de uma palavra para o sentido figurado. Era preciso combater o 1 V. o mito revela o não dito pelo dito. um movimento que tratou com muito desprezo a imaginação humana em nome de uma razão técnica. acidente geográfico. É tentando mostrar isso que Lewis. S. O verdadeiro sabor da carne será restituído ao ser inserido em uma história. Lewis explica que o valor do mito2 — tomado no sentido de construir uma representação mental do inefável — restaura o significado mais profundo do conhecimento que se manteve despercebido por excesso de familiaridade. o qual transcende as categorias da razão e pode ser desvendado apenas por intuição emocional pura. por sua vez. a feiticeira e o guarda-roupa. instituição. fria e mórbida. podemos chamar de “mito” o relato da Criação. ser vivo.”.Introdução 17 racionalismo. 2 . No entanto. Entre as definições de “mito”. S. passado de geração em geração entre o povo judeu primitivo.4 refere-se a um guarda-roupa mágico cujo lado interno é maior que o externo. ao lembrar que se trata de um búfalo morto em uma caçada. LEWIS.3 Assim. É nesse momento que percebemos a utilidade da imaginação para o conhecimento da verdade. On stories. O cerne da realidade que a intuição atinge. 90. 3 C. 4 A coleção é publicada no Brasil pela editora Martins Fontes. costume social etc. passado de geração em geração dentro de um grupo. essa razão mostrou-se incapaz de captar o âmago da realidade. o Dicionário Houaiss menciona: “Relato simbólico. p. por exemplo. C. A criança que reencontra gosto por um frio pedaço de carne. Nesta acepção. mostra-se sábia. em seu livro O leão. que narra e explica a origem de determinado fenômeno. só pode ser anunciado por metáforas. pertencente a uma de suas obras mais famosas denominada As crônicas de Nárnia. apologista cristão. em 1939.18 O imaginário em As crônicas de Nárnia C. o evangelho pôde ser apresentado às crianças. aventurar-me como poeta. K. Embora polígrafo — escreveu sobre filosofia. Foi ele que. nos últimos . Ele é que. adaptada também para o cinema. nesse sentido. poesia. ao qual Lewis também se associou. foi sua produção no campo da literatura fantástica que mais ganhou destaque. após a minha conversão. literatura fantástica e ficção científica —. e dos contos de fadas. filósofo. mais continuamente ativo e. Tolkien. e G. tornou-me um crítico e. mais fundamental que qualquer um dos outros. Utilizando-se de imagens oriundas da mitologia grega e nórdica. pela primeira vez. R. que destacou a influência moral positiva dos contos de fada. Foi grandemente influenciado pelas obras de George MacDonald. Tolkien pertencia aos Inklings. professor e crítico literário. Lewis foi ainda amigo pessoal de J. em defesa a essa réplica. Tanto MacDonald como Chesterton sempre professaram a fé cristã em suas obras. o religioso e o crítico. R. autor da conhecida obra O senhor dos anéis. Através de figuras tradicionais dos contos infantis. Chesterton. levou-me a encarnar a fé religiosa do modo simbólico ou mitopoético de um screwtape. S. Lewis foi poeta. Ele me fez. numa réplica à poesia dos outros. Também é claro que foi ele quem me levou. um grupo de catedráticos que discutia filosofia. Ele costumava confessar que seu lado “imaginativo” era o mais amadurecido: O homem imaginativo em mim é mais velho. literatura e mitologia. tornou-me muitas vezes um crítico paradoxal. Lewis sempre procurou transmitir os valores cristãos em seus escritos. que escreveu sobre a importância da fantasia. até um tipo de ficção científica teológica. escritor. crítica literária. Letters of C. o que o conduziu de volta a Deus. Tornou-se popular pelas palestras transmitidas pela BBC de Londres. 6 5 . S.5 Clive Staples Lewis ou Jack. Ao tornar-se adulto. a leitura de livros clássicos obtidos na seleta biblioteca da família. sentiu dificuldade em crer num Deus pessoal e na encarnação de Cristo. Tal busca levou-o a aprofundar-se no estudo de várias filosofias. HOOPER..]. como gostava de ser chamado pelos amigos. compartilhando com o irmão. numa família protestante (presbiteriana). Cresceu em meio a uma atmosfera de fértil imaginação e criatividade. Para mais detalhes sobre sua autobiografia. como A alegoria do amor e A última batalha. No início.Introdução 19 anos. Lewis. p. o que o levou a um relativo isolamento — estimulado pelas muitas dificuldades do pai para recuperar-se do trauma advindo da prematura viuvez — e a buscar refúgio nas histórias infantis. ou que me comprometeria a fazer adaptações [. Lewis perdeu a mãe aos dez anos de idade. 444. em 29 de novembro 1898. Muitos de seus trabalhos foram significativamente premiados. nasceu em Belfast. mas acabou vencido pelo cristianismo e vinculou-se à igreja anglicana. perdeu a fé em Deus e viu-se à procura da alegria que usufruíra na infância. destinados às crianças. não porque eu estivesse preocupado com o que elas queriam ouvir. Warren. mas porque o conto de fadas foi o melhor gênero literário que encontrei para expressar o que pretendia dizer. a escrever a série de contos narnianos. W. de 1925 a 1954..6 Lewis ensinou no Magdalen College. ver o livro Surpreendido pela alegria. também foi professor de Literatura Medieval e Renascentista na Universidade de Cambridge. Irlanda do Norte. Aldous Leonard HUXLEY (1894-1963). A segunda parte ressalta a relevância do imaginário na religiosidade. a princípio. mas. particularmente em seu livro O leão. 486.8 mas deixou um grande legado. é autor de Admirável mundo novo (1932) e A ilha (1962). até onde consigo recordar. É claro que compreendi isso. ano em que foi assassinado. a feiticeira e o guarda-roupa. tão celebrado na obra de “Jack”. intencional. S. Lewis. Sua vida também foi tema de outro filme intitulado The life of C.7 no mesmo dia de John Kennedy e Aldous Huxley. quando comecei O leão.9 7 A vida de C. Acredito que ele apenas insistiu em comportar-se de seu próprio jeito.20 O imaginário em As crônicas de Nárnia Este famoso escritor irlandês morreu em 23 de novembro de 1963. em Dallas. venderam mais de duzentos milhões de exemplares. Texas. O imaginário. . nem mesmo foi. p. à figura de Cristo. Sobre a associação de Aslam. Lewis: through joy and beyond. traduzidos para mais de trinta idiomas. é também objeto de análise neste livro. cit. Isto é. op. a feiticeira e o guardaroupa. o leão. 9 HOOPER. a verdade e os valores ético-políticos. como Jesus. não creio que tenha previsto o que Aslam iria fazer ou sofrer. S. hoje em decadência — e o elo existente entre ela.. e toda a série de crônicas [Nárnia] tornou-se cristã. Lewis comenta: Não é claro que não foi inconsciente. Lewis com sua esposa Joy Gresham foi retratada no filme Shadowlands. 8 John Fitzgerald KENNEDY foi presidente dos Estados Unidos de 1961 a 1963. escritor e ensaísta inglês. no qual o escritor é representado por Anthony Hopkins. e a manifestação do pensamento cristão através da criação literária de C. entre outros. A primeira parte examina a importância da imaginação humana — confrontando-a com o desprezo injusto que lhe concedeu o racionalismo. Seus trinta e oito livros. em especial no cristianismo. S. só podemos dela nos aproximar por representações e figuras. cingir os lombos com a verdade. agora. isto é. Enquanto Deus cria do nada. afinal ela consiste num dos traços da imagem e semelhança que temos com aquele que fez o céu e a terra. Na Bíblia a palavra lombo simboliza a fertilidade e. nessa citação. mas que. então terei alcançado meu objetivo. elementos que lhe permitam compreender melhor a argumentação desenvolvida. Há uma dimensão da realidade que será revelada na visão beatífica. . a imaginação criativa no campo religioso. Devemos. Deus não condena. pois. portanto.Introdução 21 Um breve resumo desse conto de Lewis integra o anexo da obra. comprometida com o evangelho. Se você que lê este livro compreender que a importância da imaginação transcende o prazer dos momentos de diversão e lazer. O importante é que nossa imaginação esteja cingida com a verdade. A imaginação é. portanto. uma faculdade que faz parte do tudo que há em nós que deve glorificar e bendizer ao Senhor. ela remete à fertilidade da mente. visando a oferecer. nós criamos a partir das imagens armazenadas na mente. àquele que ainda não teve oportunidade de lê-lo.
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