INTRODUÇÃOEste trabalho tem como função desenvolver a temática Idade Média de uma forma ao mesmo tempo simples e complexa. Agora vamos entender o que foi a Idade Média. A passagem da Antiguidade para Idade Média é marcada, como todas as etapas de transição, pela convivência de elementos do período anterior e pelo estabelecimento de novas práticas culturais, sociais, políticas e econômicas. Uma construção retrospectiva tende a demonstrar essas continuidades e transformações. No entanto para os seres humanos que viveram naquele período, as mudanças não eram tão claras. Sem qualquer noção de que estavam vivenciando uma fase de transição histórica (o que só foi estabelecido depois de muitos anos pelos historiadores), os homens e as mulheres, ao final do século V e inicio do século VI, preocupavam-se mesmo com suas existências, incorporando qualquer novidade que aparecesse ou qualquer prática conhecida que lhes fosse de alguma serventia. Assim, em dez séculos, muitos dos costumes e práticas da Antiguidade ganharam outros significados; vários elementos daquela época também desapareceram para darem lugar a outros. No século XV, como se a humanidade tivesse vivido um intervalo de 1000 anos, em que nada teria acontecido, os homens auto-intitulados “modernos” passaram a chamar aquele período de Idade Média ou Idade das Trevas (fase de atraso, obscurantismo). Isto porque julgavam ter sido aquele um período de pouco desenvolvimento cultural, econômico, social. Contudo, o nosso exame cuidadoso permite compreender a importância da Idade Média para o nosso presente. Didaticamente pode-se dividir a Idade Média em Alta Idade Média e Baixa Idade Média. A Alta Idade Média se estende dos séculos V ao X. Na Europa Ocidental, as invasões bárbaras, em áreas do antigo Império Romano, aprofundou a 7 fragmentação política territorial, originado os feudos. A atividade agrária torno-se importantíssima, registrando-se a decadência das atividade comerciais e urbanas. Por sua vez, no Oriente próximo, desenvolveram-se duas grandes civilizações: a bizantina e a mulçumana. A Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XV, é caracterizada pelo crescimento urbano e comercial na Europa Ocidental, pelas Cruzadas, pela crise do feudalismo, da Igreja e do clero. Na Baixa Idade Média inicia-se a centralização monárquica, com a formação dos Estados Nacionais, a burguesia se desenvolve e mundo bizantino entra em crise. As transformações ocorridas durante a primeira parte da Alta Idade Média foram fundamentais para a integração de diferentes povos e culturas que marcaram profundamente a Europa. As causas principais daquelas transformações foram às invasões bárbaras, responsáveis por mudanças significativas na ordem sóciopolítica do antigo Império Romano, incluindo o fim da estrutura política centralizada, e o fortalecimento institucional da Igreja Católica. 8 1-Invasões Bárbaras O império Romano, gigantesco em suas extensões territoriais, tinha por vizinhos os chamados povos bárbaros, ou seja, grupos que inicialmente não possuíam os mesmos hábitos, não falavam a mesma língua, nem professavam as mesmas crenças. Ao norte do Império, por exemplo, habitavam as floretas das Germânia, do leste do rio Reno ao norte do rio Danúbio, povos germânicos seminômades com organização tribal e agrária, além de sabidamente guerreiros. Esses povos incluíam os vândalos, godos, alamanos, suecos, lombardos, francos, dentre outros. Os chefes tribais eram os senhores da guerra e as decisões eram tomadas por uma assembléia da qual participavam os homens livres e guerreiros, sendo que o seu direito era consuetudinário, ou seja, baseado nas tradições. A presença de bárbaros no Império Romano foi um processo que ocorreu gradualmente, iniciando muito antes das invasões, à medida que eles penetravam no território do Império e passavam a ser utilizados em trabalho agrícola e também a integrar o exército. Com o aprofundamento da crise do Império Romano (altos custos para sua manutenção, elevação de preços e a alteração da forma de trabalho com a gradativa substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho dos colonos), integrantes dessas tribos adentraram pacificamente as fronteiras romanas. Muitos bárbaros foram contratados como mercenários para lutar no exército romano, chegando a alguns deles ocupar lugar de destaque nas tropas romanas. Outros conseguiram tratados com Roma, entraram pacificamente no Império como aliados e viviam como agricultores, artesãos em bronze, visto serem estas suas principais ocupações. Nesse processo de crescente presença dos bárbaros dentro das fronteiras romanas eles foram incorporando costumes e tradições romanas e também deixando as suas no Império, tanto pela prática do casamento, como pela presença significativa dentro dos exércitos e por uma influência sobre a língua latina. Mas essa integralização pacifica foi radicalmente transformada pela pressão invasora dos hunos, grupo tribal guerreiro originário da Ásia central, que após dominar a China volto-se em direção a Europa do Norte. Com o crescimento da pressão dos hunos sobre os germânicos, as invasões no território romano foram se multiplicando. 9 2- Feudalismo A sociedade medieval, entre os séculos IX e XIV, foi organizada em torno dos feudos. Para compreender esse processo de organização devemos ter em vista dois movimentos contraditórios. Primeiro, que os feudos não se desenvolveram de forma uniforme em toda a Europa medieval e o segundo, é que ao falamos o poder descentralizado na estrutura feudal, não podemos imaginar que as praticas de organização da sociedade do trabalho do período fossem totalmente diversificados, pois havia elementos em comum como a forte presença da Igreja em toda aquela sociedade. Também devemos ressaltar que o sistema feudal foi gestado a partir das estruturas dos mundos romanos e germânicos, desde o processo das invasões bárbaras e do fim do Império Romano. As relações nas sociedades feudais: - Relações econômicas. A economia era baseada na produção agrícola e com características próximas da auto-suficiência. Cada unidade produtiva era chamada de senhorio e visava satisfazer as necessidades de seu próprio consumo, já que a produtividade era baixa. Porém nem todos os produtos eram produzidos nos feudos, como, por exemplo, o sal. Ou seja, havia comércio, mesmo que incipiente e irregular, de determinados produtos. A mão-de-obra mais importante era o servo, que está vinculado à terra. Em menor número o trabalho livre e o escravo. Os senhorios eram divididos em três partes e em todos eram o servo que trabalhava: Primeira parte: reservas senhorias (domínio) – parte exclusiva do senhor feudal, cultivadas pelos servos, que eram obrigados a trabalhar durante três dias da semana nas terras do senhor feudal. Esse trabalho obrigatório era chamado de corvéia. Segunda parte: manso servil – faixa de terra concedida ao servo para que ele cultivasse e obtivesse o seu sustento. Também nessa faixa de terra o servo tinha que pagar tributos como a talha (uma parte de sua produção), a mão-morta, para 10 definidas pelo critério do nascimento. eles tinham funções relativas à produção. pago pelo uso de instalações do senhor. . . Um outro tributo era chamado banalidades. e até mesmo taxa par realizar o casamento. isto é.Relações sociais e políticas As relações sociais e políticas eram caracterizadas por uma sociedade de ordens.O clero (os que rezavam) era formado pelos membros da Igreja que tinha todo o poder espiritual. com função vitalícia e hereditária. Estás áreas era utilizadas para a alimentação de animais nas pastagens e delas eram extraídas madeiras.A nobreza (os que lutam) era formada por guerreiros e donos de terras e tinha o poder político e jurídico. na qual prevalecia uma organização estamental.que os filhos pudessem receber as terras após a morte do pai. As três ordens tinham funções especificas nessa sociedade: .Servos. trabalhadores livres e escravos eram os que trabalhavam. Terceira parte: terras comunais – compostas com pastos e bosques. 11 . que era o uso comum do senhor e do servo. . ou seja. Entre o século I e o século IV alternaram-se períodos de perseguição e de indiferença ou tolerância aos seguidores do cristianismo. e Paulo. No século IV. ficaram também estabelecidas às heresias. a organização da Igreja visava apenas fortalecer a presença do cristianismo e garantir a propagação de sua fé. a Igreja cristã. que de perseguidor dos cristãos se tornou um dos grades propagadores da nova fé. Para chegar ao estabelecimento dos dogmas. iniciou-se uma aproximação entre a Igreja e o poder político. se poderia evitar a perseguição aos cristãos feita pelo próprio Império. Acreditava-se que. A Igreja no século IV procurava se sistematizar e fortalecer sua presença num mundo que passava por grandes transformações. quando o cristianismo passou a ser religião oficial do Império Romano. os princípios religiosos que deviam ser professados por seus fiéis. Entre as questões estavam à incumbência dos religiosos e a forma de praticar a religião. como eram chamadas todas as teses ou praticas que contradisseram os dogmas. Aos poucos. uma nova constituição foi se consolidando e aumentando a sua influência dentro do mundo romano. a Igreja foi consolidando os seus ensinamentos e definindo os seus dogmas.O cristianismo Enquanto o declínio do Império Romano se acentuava. Os vínculos entre os cristãos eram o batismo (aceitação da fé). A formação do clero começou a ser sistematizada a partir da doutrina pregada pelos primeiros padres da Igreja. a Igreja reuniu os bispos em encontros chamados de concílios. foram executados. morreram em defesa de suas crenças. Uma das mudanças pela qual passou a Igreja foi a afirmação do poder centralizador do bispo de Roma. o líder dos apóstolos escolhidos por Cristo. Alguns dos grupos de hereges mais conhecido foram os arianos (que negaram a divindade de Cristo) e os montanistas (que eram contrários à riqueza da Igreja e pregavam a rápida vinda de Cristo para julgar o mundo). Por outro lado. muitos fiéis foram martirizados. Neste período. momento no qual se reproduz pelo pão e vinho a última ceia de Cristo e seus apóstolos. a crença na morte e ressurreição de Cristo e a Eucaristia. Pedro. Com o passar do tempo bispo de Roma ganhou 12 . ou seja. com isso. Inicialmente. conhecida como patrística.3. prestígio suficiente para ter a primazia sobre todos os outros bispos e tornando-se o chefe da igreja. como as habitadas pelos anglo-saxões. o Grande (590-604). adotando o título de papa e considerando-se o sucessor de São Pedro. houve a ampliação do poder papal e a propagação do cristianismo para outra áreas. Durante o papado de Gregório I. 4-A divisão da Igreja 13 . além da aliança com o Império Franco. união que recebeu o nome de cesaropapismo. então. questões doutrinárias também contribuíram para o cisma e para a manutenção da separação das duas Igrejas. O papa e bispo de Constantinopla (patriarca) disputavam a condição de chefe sobre todos os cristãos. inevitável. A separação entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega tornou-se. a Igreja cristã Oriental era subordinada ao Império Bizantino. Desde o inicio da Idade Média.Com a consolidação do poder do papa aumentaram a rivalidade com a Igreja oriental. as divergências entre a Igreja do Ocidente e a Igreja Bizantina (nome dado pela sede na cidade grega de Bizâncio. 5. sobre a legitimidade ou não do uso de imagens nos templos. Se a causa da separação foi essencialmente política. sobre a importância e o tipo de culto a ser prestado à virgem Maria e interpretações em torno da ressurreição também contribuíram para a ocorrência da separação. Outro aspecto importante diz respeito às relações que se estabeleceram entre as duas Igrejas e os poderes temporais. Discordâncias acerca de interpretações sobre manifestações do Espírito Santo. Em 1054 ocorreu a divisão que ficou conhecida como Cisma do Oriente. tendo se agravado em torno do problema da liderança sobre o mundo cristão. como vimos a partir de seus vínculos com o Império Franco. já que o líder ocidental e o oriental se prendinha a autoridades supremas do Cristo. e que também deve ser incluído das causas das constantes divergências entre as duas Igrejas que culminaram no Cisma de 1054. O imperador de Bizâncio acumulava as funções de chefe da Igreja e do Estado. Enquanto a Igreja Católica Romana procurou construir sólidos mecanismos de influências sobre os líderes temporais. ao mesmo tempo em que já se consolidara com principal força espiritual no Ocidente. depois Constantinopla.O Império Bizantino 14 . inclusive em questões doutrinárias. atualmente Istambul) eram grandes. O comércio era um dos pilares da economia bizantina. o Império Romano do Oriente incorporou a tradição especulativa dos gregos e da cultura helênica. De áreas mais distantes do oriente vinham produtos como pedras preciosas.1. que contava com o apoio fundamental da Igreja. Ao se erguer a partir das tradições das sociedades da antiguidade. Egito. sedas e especiarias. Palestina. era a principal ligação entre a Ásia e a Europa. favorecendo o comércio. O poder político estava concentrado nas mãos do imperador.Império Bizantino é a denominação dada à parte oriental do Império Romano. Mesopotâmia e Ásia Menor. Entre os legados de Justiniano está à elaboração de um código adequado a organização política do Império. quando esse foi dividido em dois ao final do século IV. A produção agrícola baseava-se na grande propriedade e na mão-de-obra escrava. 5. O código (Corpus Juris Civilis) era composto de quatro partes: 15 . A localização geográfica de sua capital Constantinopla. que era vendida na Europa ocidental. Síria.O código de Justiniano e o cesaropapismo Apesar de separada do Ocidente desde 395. hoje cidade de Istambul. O domínio de Constantinopla significava o controle da passagem do mar Negro ao Mar Egeu e ao Mediterrâneo. com sede em Roma. tecidos e prata. não atingiram a porção oriental. As principais cidades bizantinas tinham uma produção artesanal de vidros. O termo bizantino refere-se a um vasto domínio sobre as regiões da Grécia. Justiniano (527-565). O grego era sua língua oficial. pelas crises decorrentes das invasões germânicas. favoreceu a interligação entre as várias áreas que compunham o Império Bizantino. o Império Bizantino só passou a ter vida própria com aquele que foi seu maior e mais importante imperador. Localizada no Estreito de Bósforo. As turbulências vividas pelo Império do Ocidente. .As antigas leis. Ainda que o patriarca. que continham a legislação de Justiniano. O Império tinha feições centralistas desde a sua origem (com Constantino) e a aproximação com a Igreja foi fundamental. o Imperador bizantino iniciou uma pratica que ficou conhecida como cesaropapismo. reunidas sobre o nome de Codex Justinianus (uma revisão de todas as leis promulgadas desde o século II).E as Institutiones. . Ao reunir os poderes temporal e espiritual em suas mãos. O imperador. a Igreja fortificou-se e enriqueceu. . independentemente das doutrinas do papa de Roma.As Novellae (Novelas). um compêndio para os estudantes que discutia os pressupostos dos pensamentos jurídicos. . nome dado ao líder da Igreja bizantina.Os comentários feitos por juristas (Digesto). 6. Justiniano também se dedicava aos estudos teológicos e buscou fortalecer seu poder como representante divino. Pela intimidade com o governo. tinha o poder de decisão mesmo na questão de fé. pó sua vez. tão cristão como ela própria.Os mosteiros e a preservação da cultura 16 . tivesse grade importância ele não podia resolver as questões do Estado. A Regra de S. os 17 . E. imperador carolíngio entre 814 e 840. o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos. Tudo o resto era secundário. os monges eram arrancados ao minguado conforto dos seus colchões de palha e ásperos cobertores pelos sineiros. estabelecida no século VI por Bento de Núrsia. O trabalho manual que a regra estipulava existia não só para fornecer aos frades alimentação e vestuário e satisfazer-lhes outras necessidades. no Inverno. a regra seguida praticamente em todos os mosteiros da Europa Ocidental inspirava-se na dos Beneditinos. como também para evitar a sua ociosidade e lhes alimentar a alma mediante a disciplina do corpo. Bento prescrevia para os monges uma vida de pobreza. Esperava-os um dia igual a todos os outros. Luís. Posteriormente. demorados ofícios de complexidade crescente. tal como muitos dos edifícios se baseavam no "modelo" delineado para o Mosteiro de St. As horas de oração e de trabalho eram entremeadas com períodos de meditação. S. por volta de 1000. sobretudo através de doações de fiéis devotos. Momentos depois. para o primeiro dos seis serviços diários na enorme igreja (havia uma em cada mosteiro). Bento. Bento foi o seu primeiro abade. ao longo dos frios corredores de pedra. a vida era totalmente comunitária. os monges deitavam-se geralmente pelas 6. Gallen. dirigiam-se apressadamente. resplandecia a luz de centenas de velas. o Piedoso. Bento. quando as abadias enriqueceram.30 horas da tarde. canonizado mais tarde. esplendoroso na sua ornamentação de ouro e prata.Nos mosteiros beneditinos de toda a Europa medieval. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino (no Sul de Itália). cujo altar. Em todos os antigos mosteiros beneditinos. outras quatro de meditação individual e seis de trabalhos braçais nos campos ou nas oficinas. Era esta a vida segundo a Regra de S. castidade e obediência. encorajou os monges a adotaram a Regra de S. sem carne. abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo. e foi ele quem estabeleceu o modelo de auto-suficiência advogado pelas primitivas regras monásticas dependência total dos próprios campos e oficinas — que orientou durante séculos os mosteiros da cristandade ocidental. cuja palavra era lei. sob a orientação monástica de um abade. na Suíça. em 820. Bento chamava "trabalho de Deus". que os despertavam às 2 horas da madrugada. A rotina diária centrava-se naquilo a que S. havia uma segunda refeição para ajudá-los a resistir ao frio. Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária. com uma rotina invariável de quatro horas de serviços religiosos. simples mias limpo. Era o abade quem deliberava sobre a faceta privilegiada do mosteiro — se este deveria primar pela santidade austera. graças ao qual a Ordem de S. de fato. os banhos. o que permitiu a muitos monges dedicarem-se a outras atividades. Eram eles que o elegiam. Bento não desejava imitar o ascetismo extremo das sociedades monásticas do Egito ou da Síria. Recomendava-se o silêncio. inventando assim o licor beneditino. No entanto. Além disso. num dado momento— ninguém sabe quando —. e foram contratados trabalhadores para cuidarem dos campos. Embora os monges fossem obrigados a levantar-se muito cedo. e não de completa mudez. onde os monges conversavam. Bento. uma vez que o fundador não as mencionara expressamente entre as vitualhas proibidas. que nenhum cristão ousaria atacar. constituídas essencialmente por pão. De acordo com a sua imutável rotina.dormitórios comunitários foram substituídos por celas individuais. mas o vinho foi sempre uma bebida permitida aos Beneditinos. Bento viria a ser tão justamente célebre. Ligava bem com as suas refeições simples. o primeiro salmo do dia devia ser recitado lentamente. 18 . os mosteiros possuíam bibliotecas nas quais se conservou intacta grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas. exceto para os doentes. No interior das suas paredes maciças. que incluía uma muda do hábito e da túnica interior. mas a partir de então a sua autoridade era total e vitalícia. Em todas as refeições. posteriormente algumas abadias adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça. mas em termos de "espírito de taciturnidade". aconselhava-os a "encorajarem-se uns aos outros com indulgência e a atenderem às desculpas dos dorminhocos" e autorizava a sesta durante o Verão. os monges cultivavam ervas medicinais. eram desaconselhados como luxo exagerado. ovos. Na realidade. os Beneditinos viviam e trabalhavam em obediência absoluta ao seu abade. S. Pode parecer estranha esta associação da vida monástica com o luxo das bebidas alcoólicas. reinava o silêncio. Igual consideração para com os monges se verificava no fornecimento do vestuário. pela cozinha ou pela erudição. existia uma sala especial. conhecia a natureza humana. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos. nomeadamente o estudo. Nos seus jardins murados. porém. a fim de permitir que os retardatários apanhassem os companheiros. obviamente. ocorreu-lhes a idéia de adicionar algumas ervas a aguardente. a segurança. queijo e peixe. com uma lareira acesa no Inverno. fundada por Frederico da Saxônia. tinham maiores probabilidades de salvação do que os camponeses ou os cavaleiros. que viviam apegados às coisas mundanas.Reformas religiosas A Reforma do século XVI foi precedida por várias manifestações contrárias ao monopólio da Igreja sobre a religiosidade e contra o comportamento imoral do clero: as heresias medievais. viveu e estudou na Inglaterra no século XIV onde desenvolveu uma "teoria da comunidade invisível dos eleitos" e defendeu também a devolução dos bens eclesiásticos ao poder temporal. trocando-o pela vida religiosa.11 foi a Roma em missão de sua ordem e visitou lugares sacros. Os principais precursores da Reforma foram John Wycliffe e Jan Huss. no fim. tanto os Beneditinos como os monges de outras ordens religiosas viveram sem temer a fome. foi queimado em 1415. E reconfortava-os sempre a idéia de que. sempre esteve atormentado por duas grandes dúvidas: o poder da salvação atribuído a lugares santos e posteriormente a venda de indulgências. a Querela das Investiduras. 7. Tornou-se monge e depois padre. ordenou-se e adquiriu grande popularidade com seus sermões.tanto econômica como física. para que uma alma se libertasse do purgatório. Professor na Universidade de Wittenberg. Suas críticas foram radicalizadas na obra De ecclesia (Sobre a Igreja). Iniciou os estudos de direito em 1505 e os abandonou no mesmo ano. aprofundou seus estudos bíblicos e passou a acreditar que a 19 . sem o apoio do pai. marcados pela influência de Wycliffe. No inverno de 1510 . o Cisma do Oriente e os movimentos reformadores. Séculos após século. a guerra ou o desamparo. teve que recitar um pai nosso em latim a cada degrau da escada sagrada. Jan Huss nasceu em 1373 na Boêmia onde estudou. que os mosteiros ofereciam às respectivas irmandades deve ter constituído um dos seus principais atrativos. Em 1381 defendeu em público a insurreição camponesa. carregados de críticas aos abusos eclesiásticos. Apesar de dedicado à Igreja. 7. Wycliffe nasceu.1-Martinho Lutero Nasceu em 1483 na cidade de Eisleben. em um deles. encarnado pelo soberano. Condenado pelo Concílio de Constança. a Igreja não era necessária. o Imperador foi obrigado a enfrentar os príncipes 20 . em Roma. a salvação não seria alcançada com esforços insignificantes mas com a fé no próprio Deus. acreditando que na eucaristia havia a presença real de cristo. ao contrário do que ocorre em Portugal e na Espanha. com a instrução e comunhão. que era rei dos Países Baixos desde 1515 e rei da Espanha desde 1516.Salvação não dependia do que as pessoas fizessem . tornando suas críticas publicas e tornando-se uma ameaça à Igreja de Roma Para Lutero a salvação era uma questão de FÉ e portanto dependia de cada fiel. peregrinações ou contribuições. a situação esta longe da existência de um poder absolutista.2-Lutero e seu Tempo Início do século XVI. O Sacro Império abrange principalmente os Estados Germânicos. mas daquilo em que acreditassem. aliás. Lutero preservou apenas dois sacramentos: o batismo e a comunhão. assumiu o trono Carlos V. ou um juiz severo a ser aplacado com boas ações. Oficialmente Tetzel estava levantando fundos para a reconstrução da Basílica de São Pedro. mas ao mesmo tempo estava a serviço do arcebispo de Mainz. o pregador Johann Tetzel era o responsável pela venda do perdão. No interior do Sacro Império. mas útil à salvação. 7. Esse foi o momento em que Lutero percebe que as críticas internas à Igreja não surtiriam efeito. Apesar do termo "Império". Pretendendo unificar seus vastos domínios e a instaurar uma monarquia universal católica. críticas que eram feitas antes de 1517. Cristo viera para salvar os pecadores. A venda de indulgências pode ser considerada como a gota d'água para o movimento reformador. o culto dos santos e de suas relíquias e a venda de Indulgências. Em seu interior predomina o trabalho servil na terra ao mesmo tempo em que algumas cidades vivem de um comércio próspero. endividado junto ao banco de Fugger. para ele não era preciso o arrependimento do comprador das indulgências para que elas fossem eficazes. porém sem transubstanciação. Em 1519. quando publicou as "95 teses". Especialmente suspeitos eram: a noção de que Deus recompensa um cristão na proporção das orações. substituindo o latim pelo alemão. Assim muitos dos princípios da Igreja pareceram irrelevantes e blasfemos à Lutero. divididos em grandes Principados. O culto foi simplificado. Já não considerava Deus como um contador com quem devia barganhar. sendo que as Escrituras Sagradas eram a única fonte de fé. que reforçava o individualismo. que atraiu os Príncipes para suas idéias reformistas. e por sua vez pretendia utilizar o apoio da Igreja Católica para reforçar sua autoridade. contrários a centralização do poder. Esta situação de disputa política foi aproveitada por Lutero. Parcela significativa da burguesia também apoiou as teorias de Lutero. 21 . na medida em que o imperador era católico. As disputas políticas envolvendo a tendência centralizadora do imperador e os interesses dos príncipes foi uma constante desde a formação do Sacro Império.germânicos. expulsando os árabes. Após a retomada de Jerusalém pelos turcos. O papa conclamou esforços para libertar a cidade de Jerusalém. Os cristãos costumavam fazer peregrinações a Jerusalém para visitar o local onde Cristo.8. viram nas Cruzadas uma possibilidade de acesso a uma rota comercial bastante promissora. que foi um duro golpe sobre o Império Bizantino. pois foi desviada (o objetivo da Cruzada não 22 . reunião de bispos realizada na França em 1095. que concediam a seus participantes supostas recompensas espirituais. Ricardo Coração de Leão (Inglaterra) e Frederico Barba-Roxa (Sacro Império Germânico). Como por exemplo. Os mulçumanos estavam dificultando as peregrinações.Cruzadas Eram expedições militares empreendidas pelos cristãos e legitimada pela Igreja. Mas. cuja presença prejudicava os negócios das cidades italianas. viram nas Cruzadas uma forma de retomar o controle total da região. Os comerciantes das cidades de Gênova e Veneza. que sempre tiveram acesso muito limitado às valiosas mercadorias do Oriente Próximo. A primeira Cruzada foi formada pela nobreza francesa e normanda e ficou conhecida como a Cruzada dos Barões (1096-1099). foi sepultado e ressuscitou. a indulgência. e a quarta Cruzada. nobres e populares começaram a organizar um movimento para “libertar” Jerusalém. o grupo abriu caminho para chegar a Jerusalém e tomá-la dos turcos. no século XII. destacam-se a terceira. que teve participação de Filipe Augusto (França). O pondo de partida para a organização das cruzadas foi o apelo feito pelo papa Urbano II durante o Concilio de Clermont. segundo a tradição cristã. comerciantes de outras regiões européias. denominada Cruzada do Reis (1189-1192). a cidade nunca mais fora recuperada pelos cristãos. Após tomar a cidade de Antioquia. Por outro lado. o perdão por todos os pecados. nas mãos dos “infiéis” que não reconheciam Jesus Cristo como salvador. A partir de um argumento religioso. Das Cruzadas realizadas posteriormente. que praticamente monopolizaram o comércio no Mediterrâneo. existiram outros grades motivos para as Cruzadas. Oito Cruzadas Oficiais partiram da Europa entre os anos de 1096 e 1270. ao lado da religião. sede da Igreja ortodoxa. -Provocou a decadência do Império Bizantino. da medicina e da astronomia. Porém. atacaram e saquearam Constantinopla. isso fez favorecer a centralização política por parte dos reis. mas alcançaram alguns resultados que alteraram os rumos da sociedade medieval. pois com a presença dos venezianos no Mediterrâneo possibilitou o Renascimento comercial e urbano. que passaram ao controle dos ocidentais. Com isso desde 1076.1-Primeira Cruzada (Cruzada dos Barões) A primeira Cruzada ficou marcada pelo simples fato de ter havido a reconquista da cidade de Jerusalém pelos cristãos. uma multidão de pobres abandonou suas regiões. 8. liderados pelos comerciantes venezianos. Após o papa fazer o apelo em Clermont. por meio de proteção militar. Resultados mais importantes conseguidos pelas Cruzadas: -Acelerou a crise do feudalismo. juntaram-se numa macha até Jerusalém. insuflados pela pregação de Pedro. O espírito cruzadista não ficou restrito a nobreza guerreira. A última Cruzada foi realizada em 1270. pois com o desaparecimento de milhares de nobres e o empobrecimento de outros. no campo da matemática. foi dizimada. 23 . -As Cruzadas possibilitaram aos os ocidentais o contato com importantes conhecimentos produzidos pelos mulçumanos. a maior parte desses conhecimentos só foi incorporado pelo Ocidente a partir da ocupação moura na península ibérica. após passar por Constantinopla e ingressar no território turco. o Eremita. mas sim tomar a Terra Santa) e os cristãos romanos. nem as rotas comerciais Mediterrâneas. -Reabertura do Mediterrâneo. De modo geral as Cruzadas fracassaram quanto aos seus objetivos. Essa Cruzada. chamada Cruzada dos Mendigos. os muçulmanos haviam conquistado a cidade sagrada e. acelerando as troca comerciais entre orientais e ocidentais.saquear Bizâncio. pelo fato de os bizantinos não terem conseguido recuperar seus antigos domínios. já que a população armênia foi massacrada ou obrigada a emigrar. os cruzados passaram por várias privações. Mas.2 – Segunda Cruzada Devemos levar em consideração a morte do rei de Jerusalém (Foulques I). com a conivência da população armênia. os participantes da Primeira Cruzada iniciaram sua batalha sitiando várias cidades até alcançar o seu destino final. tendo sido assassinado pouco tempo depois. um contingente de 10000 pessoas estava em Constantinopla. que era de fato uma colônia armênia. passou a ser uma cidade predominantemente turca. o seu filho Nur ed-Din. os cruzados conquistaram as cidades de Nicéia e Antioquia. em vias de criarem um estado forte na Síria. com isso quem assumiria seria seu filho Balduíno III. Utilizando cruzes vermelhas. Em 1097. no ano seguinte. que ocorreu em novembro de 1143. Contando com sérias dificuldades em prosseguir a jornada. Oatabaque Zangi aproveitou esta menoridade para atacar e capturar Edessa. Na continuação da luta contra os principados francos. ele foi sucedido por seu irmão. o castelo de Artésia ao príncipe de Antioquia. Zangi. Depois da conquista. retomar a cidade. e obrigar a recuar os estados francos para 24 . em 3 de Novembro de 1146. Os muçulmanos. A cidade. acorreu à frente das suas forças e conquistou definitivamente Edessa. Alguns chegaram a beber da própria urina e do sangue de animais devido à falta de água potável. Godofredo de Bulhão foi eleito chefe do Reino de Jerusalém. Dos quatro estados francos do Médio Oriente só restavam três. 8.dificultavam a peregrinação dos cristãos que queriam conhecer um dos mais importantes locais por onde Jesus Cristo passou. havia um problema ele era menor de idade com isso sua mãe Melisanda de Bolonha (1143-1152) assumiu o poder. conseguiam pela primeira vez fazer frente à conquista da Terra Santa pelos Francos. Divididos em pequenos exércitos. mas o sucessor do atabaque de Alepo. capital do condado franco deste nome em dezembro de 1144. em Outubro de 1146. Balduíno de Bolonha. em 1100. o antigo conde de Edessa. Com sua morte. O conde Jocelino conseguiu escapar. os exércitos avançaram sobre Jerusalém e provocaram um grande massacre contra os muçulmanos que ali habitavam. Jocelino II conseguiu. Nur edDin capturou. Logo depois. prontas para o avanço até Jerusalém. que sinalizariam a motivação religiosa do conflito. mas população armênia foi severamente castigada pela sua lealdade para com os francos. e dever-se-ia à participação de uma frota na conquista de Lisboa em 1147. além do imperador do Sacro Império Romano-Germânico. 8. por meio de uma Bula que dirige à nobreza francesa e a Luís VII. Em fim o que se pode entender sobre a Segunda Cruzada é que foi uma expedição bélica dos cristãos do ocidente. Isto acabaria por trazer enorme poder a líderes como Nur ad-Din e Saladino.4. sob a solicitação de D. o mesmo acontecendo com Saladino. Ricardo ganhou prestígio e respeito dos povos cristão e muçulmano. Federico Barba Ruiva (traduzido por alguns como Barba-Roxa). proclamada pelo papa Eugênio III em resposta à conquista de Edessa aos cristãos pelo governador muçulmano Zangi em 1144. Os cruzados não reconquistaram Edessa nem nenhuma outra praça e deixaram o Reino de Jerusalém em uma posição política mais fraca na região. ocorreu entre 1147 e 1149 e foi à primeira cruzada liderada por monarcas europeus: Luís VII de França. respectivamente Ricardo I (Ricardo Coração de Leão) e Filipe Augusto. detalhe muito importante é que ao atacar a cidade-estado independente islâmico de Damasco que pontualmente se aliava aos ocidentais contra outros líderes muçulmanos mais poderosos. o que a levou a ser popularmente conhecida como a Cruzada dos Reis.Quarta Cruzada 25 . transformado em herói no Oriente e em exemplo de cavalaria medieval na Europa. Leonor da Aquitânia e Conrado III da Germânia.a zona costeira. A única vitória para os guerreiros cristãos nesta cruzada faria parte do movimento da Reconquista da Península Ibérica.3-Terceira Cruzada (Cruzada dos Reis) Podemos entender a Terceira Cruzada como uma reação cristã à conquista de Jerusalém pelo líder muçulmano Saladino em 1187. ela se revelou um fracasso no seu objetivo principal. Afonso Henriques. ajudaram à unificação do mundo do Levante sob o apelo à jihad. Pregada pelo carismático São Bernardo de Claraval. Embora tenha reunido inicialmente um grande exército. Estes graves acontecimentos na Terra Santa provocaram a proclamação da Segunda Cruzada pelo Papa Eugênio III. culminando com a conquista de Jerusalém por este último em 1187. A expedição teve como principais condutores os reis da Inglaterra e da França. Apesar de não conseguir o principal objetivo da Terceira Cruzada que era a reconquista de Jerusalém. 8. que de fato não se concretizou. Em 1219. Lá. de certa forma. A tomada de Constantinopla marcou a presença do Império Latino. o papa apóia a tomada de Constantinopla para tentar uma reaproximação com a Igreja Ortodoxa. Eles estavam com algumas dificuldades de pagar a extrema quantia exigida por Veneza para a travessia dos barcos e locomoção do Exército para o Egito. que na época estava sob domínio do Império Bizantino. Além de Zara. Dandolo propôs uma incursão até a cidade de Zara. servindo de ponte entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Morto. para tomá-la dos húngaros.Quinta Cruzada Com o Quarto Concílio de Latrão o papa Inocêncio III propôs uma nova Cruzada. Depois da demorada reorganização da Cruzada novamente 26 . fazendo com que o príncipe peça auxílio aos cruzados para dominarem o território. os muçulmanos propõem a entrega de Jerusalém aos cristãos com a condição de que eles se retirem do Egito. os venezianos dominam Constantinopla e criam novos impostos. A comitiva para a Quarta Cruzada era liderada por Balduíno IX. os interesses da Igreja Católica seriam desviados pelo duque de Veneza Enrico Dandolo. Com o aval de Inocêncio III. Veneza também mantinha relações conflituosas com Constantinopla. Apesar de mostrar-se contrário às invasões em Zara. os mercadores venezianos foram massacrados graças a interesses comerciais regionais. por mais que Jerusalém fosse o alvo dos cruzados. o Imperador Isaac II fora destituído do poder por seu irmão Aleixo III. também era um ato de vingança patrocinado pela Cruzada. com um acordo de paz.A Quarta Cruzada foi pregada pelo papa Inocêncio III entre 1202 e 1204. Aproveitando-se da situação. eles decidiram atacar primeiro a cidade de Cairo. O cardeal Pelágio nega a oferta alegando que os egípcios não resistiriam ao ataque dos cruzados com a chegada de Frederico II. Em 1182. onde hoje fica a Croácia. Conde de Flandres e o Marquês de Montferrant. os venezianos invadiram Constantinopla em 1203. Dessa fez utilizou-se uma técnica inovadora. no Egito.5. 8. A invasão liderada por Dandolo. Os mercadores de Veneza tinham grande interesse pelo território porque facilitava as transições comerciais com outras nações através da liberação do Mar Mediterrâneo. que estava à frente da comitiva. deparou-se com um conflito interno entre os sultões do Egito e Damasco. Conquistaram uma pequena fortaleza e receberam reforço papal com a chegada do autoritário cardeal Pelágio. Frederico II. Para a retirada completa dos cristãos. em 1228. Frederico II. resolveu aguardá-la mesmo tendo já sua frota partida para o Oriente. Frederico II foi excomungado da Igreja pelo papa Gregório IX.até o Egito. A excomunhão traria graves consequências para a autoridade de Frederico II e principalmente para o desenrolar da Cruzada. Quando finalmente chegou ao Oriente. Entretanto Frederico II era partidário do diálogo com os muçulmanos em lugar de se resolver as questões por via de guerras. O pequeno exército que sobrou para combater no Oriente foi auxiliado pelos cavaleiros teutônicos. Frederico II agiu 27 . O Papa Gregório IX não ficou satisfeito com o comportamento de Frederico II e o atraso que causara no avanço da Cruzada e então. após a recusa das ofertas dos muçulmanos. seu propagador foi excomungado pelo Papa por duas vezes. No mesmo ano de 1227 o sultão do Egito enviou uma comitiva de paz para conversar com o imperador do Sacro Império. em 1221 os cristãos avançaram até Cairo. adepto do diálogo. Visto como o personagem central do fracasso da Quinta Cruzada. Frederico II era o herdeiro do trono de Jerusalém e desejava tomar posse de seus direitos em Chipre e Jerusalém-Acre. Esta só partiu no verão do ano seguinte. Porém.Sexta Cruzada Destacamos que a Sexta Cruzada foi lançada pelo imperador do Sacro Império. A ocorrência da excomunhão fez com que muitos integrantes da Cruzada desistissem de acompanhá-la e tivessem hostilidade com o movimento. convocou então uma Cruzada para o ano de 1227.6. Frederico II tinha a esperança de ser bem sucedido no empreendimento que liderava. mas os reis cristãos resolveram não apoiar o excomungado líder da nova Cruzada. Todavia o Papa Gregório IX resolveu convocar outra Cruzada. Sem a chegada das tropas de Frederico II. almejando livrarse da excomunhão recebida. Não obteve o êxito esperado e marcou-se por um dos fatos mais interessantes. Enquanto Frederico II avançava rumo ao Oriente seu exército diminuía gradativamente. mas desta vez o ataque cairia sobre as possessões de Frederico II na Península Itálica. o excomungou. pela primeira vez. 8. no ano de 1227. deixaria eles se retirarem com vida caso aceitassem a imposição de uma trégua por oito anos de paz. depararam com uma emboscada em que estariam completamente cercados e sem acesso à comida. os egípcios fizeram uma nova proposta. os cruzados tiveram que se retirar da cidade. A religião islâmica atraia especialmente Frederico II. Sidon. preferiu dialogar com os muçulmanos a guerrear. Utilizando da diplomacia e aproveitando-se das desavenças entre os sultões do Egito e de Damasco. o objetivo era alcançar o Egito. Enquanto isso. O Tratado de Jafa. Nazaré.de acordo com sua convicção. Tal fato foi fundamental para que realmente houvesse diálogo entre cristãos e muçulmanos e principalmente para se estabelecer um acordo. Frederico II foi finalmente coroado rei de Jerusalém. Mas o relacionamento com a Igreja Católica não estava nada bom. Jafa. foi assinado em 1229 reconhecendo a soberania dos cristãos por um vasto território que lhes concedia acesso ao mar. Enquanto isso. os muçulmanos tinham seu direito de culto respeitado na cidade sagrada. Belém e Jerusalém por um período de dez anos. trocando a guerra pelo diálogo. como ficou conhecido. herdeiro do trono de Jerusalém. Ao regressar. do qual era herdeiro. procurou retomar as ligações com Roma em 1230. todavia em 1244 foram atacados em Gaza e terminaram por perder os Santos Lugares. mas mesmo tendo conseguido estabelecer um tratado de paz que garantia soberania dos cristãos na Terra Santa por dez anos. estabelecendo a soberania cristã nos territórios de Acre. mas a prisão do líder francês fez com que tudo se perdesse. O líder nessa ocasião era Frederico II. admirava muito a cultura islâmica.7-Sétima cruzada A Sétima Cruzada foi comandada pelo rei francês Luís IX. especialmente com Malik el-Kamil do Egito. o Papa Gregório IX ficou insatisfeito por não ter combatido os muçulmanos e o excomungou. Com medo de perder o trono na Germânia e em Nápoles por conta da Cruzada convocada pelo Papa Gregório IX para atacar seus domínios. Mais uma vez o Papa reprovou a atitude do imperador e tornou a excomungá-lo. Após algumas investidas o exército de cruzados conseguiu vitórias importantes e o domínio de alguns territórios. O tratado de paz vigorou a partir de 28 . Frederico preferiu retornar à Europa para tentar mantê-los. 8. no Oriente os cristãos mantinham a soberania no território mesmo com o rei não presente. os muçulmanos o receberam em seus territórios admirados com tamanho conhecimento da cultura islâmica que o imperador cristão possuía. por duas vezes já havia sido excomungado e não tinha apoio do mundo cristão. foi firmado um tratado. Pelo seu interesse diferenciado. A Sexta Cruzada conseguiu estabelecer um tratado de paz com os muçulmanos na Terra Santa. que embora cristão. gerando fome e doenças como o escorbuto entre os cristãos. sendo que especialmente o tifo foi responsável por dizimá-lo. Em tal ano de 1254. Em tal ocasião. em 1249. A conseqüência dessa derrota foi muito negativa. o monarca francês se aproveitou da oportunidade para sair de Aigues-Mortes em 1248 e chegar até o Egito. tentou reconquistá-lo por via do combate. Sem o grandioso exército que organizara. mas foi derrotado por sua imprudência. por pouco. Luís IX preferiu bater em retirada.1229 pelo tempo que foi previsto. acompanhado por seu irmão. o irmão de Luís IX. o exército sucumbiu a várias doenças. Após a liberação de Luís IX. mas também não conseguiu o fazer da forma desejada. Luis IX. Roberto de Artois. a qual utilizaria mais tarde como base militar para promover a conquista da Palestina. Em 1250. lugar onde permaneceu por quatro anos negociando a liberação de todos os prisioneiros cristãos e de promover um grande esforço para fortificar as cidades fracas do Levante. o rei francês não conseguiu conquistar o Cairo. Enquanto os mongóis causavam perturbações no Oriente. o rei francês. entretanto Luís IX conseguiu reunir um admirável exército que contava com a força de 35. Uma fraca expedição militar cristã foi liderada por Ricardo de Cornualha e Teobaldo IV de Champanhe visando garantir a situação que havia. Ainda no mesmo ano o monarca francês foi tomado como prisioneiro em Mansurá pelos muçulmanos. Mas em 1244 os muçulmanos reconquistaram todas as terras no Oriente. No mesmo ano fez uma escala com seu exército em Chipre para por fim atacar o Egito. Luís IX regressa à Europa e só então recebe a notícia 29 . A negociação pela libertação do rei fez regredir todas as conquistas de sua expedição no Oriente foi pago um volumoso resgate no valor de 800 mil peças de ouro e o território de Damietta foi devolvido aos muçulmanos em maio de 1250. Os cristãos foram surpreendidos por uma inundação do Nilo. A nova Cruzada só partiu três anos depois. mas quando chegaram ao fim os embates retornaram. isto fez com que o Papa Inocêncio IV abrisse o Concílio de Lyon no mesmo ano para se debater novas alternativas de reforçar a presença cristã nos lugares considerados sagrados. Carlos D’Anjou. o exército de cruzados comandado por Luís IX recuperou a região de Damietta. se apresentou para liderar os cristãos em mais um Levante contra os muçulmanos. este seguiu para Palestina.000 homens. No ano seguinte. a partir da qual os muçulmanos aproveitaram para se apoderar das provisões alimentares dos cruzados. Enquanto esteve preso. fazendo com que cristãos entrassem em guerra entre eles. Filipe. na Galileia. no ano de 1270. O império repressor de Gengis-Khan. 8. como parte da Oitava Cruzada. para muitos. dando início à Oitava Cruzada. Pela falta de conhecimento do local e pelas estratégias mal traçadas na tentativa de converter os líderes muçulmanos ao Cristianismo. Tempos mais tarde. No dia 2 de julho de 1270. tratou de negociar a paz com os sultões e retornou à França. Chegaram primeiramente no Egito. que disse que iria recebê-los de mãos armadas. de religião islâmica. No Oriente Médio. na Mongólia. os cruzados chegaram a deparar-se na mesma cidade que Maomé.8-Oitava Cruzada O clima de instabilidade entre os cristãos no Oriente Médio na década de 1260 foi à grande justificativa para que o rei francês Luís IX decidisse organizar uma nova Cruzada. onde foi coroado rei em 1271. um grande fracasso empreendido pelos franceses. sem chegar a confrontar os sultões. Branca de Castela. havia pressionado os turcos a expulsarem os otomanos. Além do rei. regente em sua ausência. onde o rei francês Luís IX e grande parte de suas tropas morreram no Oriente Médio em decorrência do alastramento de uma peste. 8. na tentativa de converter os sultões ao Cristianismo para manter a hegemonia cristã em 30 . Contribuía para a situação caótica da região a invasão dos turcos ao Egito. a Oitava Cruzada foi. mal o combate entre cristãos e muçulmanos iria se reiniciar. em sua essência. inclusive chegando a matar o rei Luís IX.Nona Cruzada (Não é considerada Cruzada oficial) Pelo curto período de tempo entre elas. fazendo com que eles invadissem o território egípcio e enfrentassem os cristãos. o Audaz. Em 1271. meses após o fim da Oitava Cruzada.9.de que sua mãe. grande parte do exército francês caiu com a peste. o príncipe inglês Eduardo I mobiliza seus seguidores até a região do Acre. Entretanto. que estava dominado pelo sultão Bibars. havia falecido. incluindo um de seus filhos. as tropas francesas partem de Aigues-Mortes em direção ao Oriente Médio. O outro herdeiro. a Nona Cruzada é considerada. Com o objetivo de converter os sultões ao Cristianismo. conhecidos como mamelucos. uma peste que assolava a região do Túnis atacou o exército francês. genoveses e venezianos entravam em conflito por interesses comerciais. para reforçar o exército enviado anteriormente. o rei francês Luís IX foi canonizado como São Luís. Eduardo chegou lá e tentou amenizar o conflito entre sultões e cristãos. Para justificar as derrotas anteriores. Ela teria ocorrido provavelmente no ano de 1212 quando jovens e crianças migraram a partir da França em direção a Jerusalém. difundiu-se a lenda de que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado por crianças. sendo assim protegidas por Deus. Além de sofrerem a derrota. Vendo o domínio de Jerusalém. A população crescera bastante e havia muitos camponeses sem terras que viviam em 31 . 8. com o apoio do papa Nicolau II. o sultão enviou um contingente de 200 mil soldados muçulmanos até Jerusalém para expulsar os italianos e ingleses que dominaram a região. O termo se refere tanto a ‘homens jovens’ quanto à ‘crianças’. pois estas estariam isentas de pecados. também conhecida como Cruzada dos Inocentes é um episódio da Idade Média que mistura fantasia e realidade. fazendo com que a influência ocidental em Jerusalém fosse totalmente dissipada. pois o próprio conceito de criança era muito diferente do que é hoje. os europeus não resistiram e tiveram que se retirar do Oriente Médio. a palavra latina pueri que aparece em relatos pode ter sido mal traduzida. em 1268. Eduardo conseguiu vencê-lo em 1272. mendigos e doentes. mas milhares de camponeses. tornou-se inevitável um conflito entre as tropas de Eduardo I e Baybars. que antes era dos europeus. Acre foi o território almejado porque anos antes. irem para os ares com a invasão dos sultões. As lendas estão diretamente ligadas às migrações. o sultão egípcio Baybars reduziu o Reino de Jerusalém a um pequeno território situado entre Sidão e Acre. acontecimentos comuns no início do século XIII na Europa. Além disso. Pessoas à margem da sociedade. Com algumas alianças na região.Cruzadas das Crianças (Lenda) A Cruzada das Crianças. Poderoso. A cruzada tinha por objetivo converter muçulmanos e tomar de volta a Terra Santa. tida como Terra Santa. O sultão egípcio AL-Ashraf Jalil jurou vingança e ordenou que pegassem os cristãos de qualquer forma. Outros apontam a possibilidade de que as crianças seriam na verdade jovens homens. O evento faz parte de uma série de cruzadas ocorridas no período. Sem forças. Alguns historiadores sugerem que os cruzados de 1212 não eram apenas crianças.Jerusalém.10. os sultões ficaram irritados quando um grupo de soldados italianos cristãos chegou ao Oriente Médio e dizimou os muçulmanos. trânsito ou à beira das estradas. Os jovens que sobreviveram à viagem. porém. e acabaram aceitando a oferta de mercadores que se ofereceram para levar os cruzados de navio para a Terra Santa. entretanto. Milhares de crianças aderiram à causa. tornaram-se prisioneiros sendo vendidos como escravos aos árabes muçulmanos. não aconteceu. mas avisava que apenas os puros de coração poderiam realizar a proeza. Depois de peregrinar em direção ao sul do continente. 9-Império Bizantino 32 . Ele revelou que tivera uma visão na qual Jesus o convocava a liderar o resgate da Terra Santa. Milagres foram atribuídos ao jovem e um renovado fervor religioso se estendeu por toda a Europa. Esse público era suscetível aos pregadores messiânicos que dominavam a cena religiosa do período. o milagre. A versão mais popular começa quando um pastor francês chamado Estevão de Cloyes chega à cidade de Saint Denis e se junta a religiosos e peregrinos que voltavam do Oriente pregando a realização de uma nova cruzada. o jovem líder teria ordenado ao Mediterrâneo que lhes desse passagem. inclusive. tinha o seu lado positivo. Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Império Romano do Ocidente. incomodado com este poder. a Itália e a Espanha. a não ser a de Jesus Cristo. O cristianismo ocupava um lugar de destaque na vida dos bizantinos e podia ser observado. principalmente em função da invasão dos bárbaros (povos germânicos) através de suas fronteiras. transformando-a em uma Nova Roma. também tinham forte poder de manipulação sobre sociedade. Durante seu governo.9. fato que favoreceu enormemente a restauração da cidade. que visava reconquistar o poder que o Império Romano havia perdido no ocidente. entre o mar Negro e o mar Mármara. que passou a ser chamada de Constantinopla. Diante disso. facilitava muito o comércio na região. As catedrais e os mosaicos bizantino estão entre as obras de arte e arquitetura mais belos do mundo. Entretanto. Os monges. pois as doutrinas dirigidas a esta sociedade eram as mesmas da sociedade romana. ao mesmo tempo em que significava a queda do poder no ocidente. o governo proibiu a veneração de imagens. 9. pois a localização de Constantinopla. retomou o norte da África.1 – Introdução No século IV o Império Romano dava sinais claros da queda de seu poder no ocidente. além de ganhar muito dinheiro com a venda de ícones.4 – Crise e Tomada de Constantinopla 33 . Esta guerra contra as imagens ficou conhecida como A Questão Iconoclasta.2 – Reinado de Justiniano O auge deste império foi atingido durante o reinado do imperador Justiniano (527-565). Esta mudança. 9. nas mais diferentes manifestações artísticas. 9. Com este objetivo. e decretou pena de morte a todos aqueles que as adorassem. ele buscou uma relação pacífica com os persas. o Imperador Constantino transferiu a capital do Império Romano para a cidade oriental de Bizâncio.3 – Religião A religião foi fundamental para a manutenção do Império Bizantino. Constantinopla teve sua queda definitiva no ano de 1453.Após a morte de Justiniano. o império foi divido entre diferentes realezas feudais. Com seu enfraquecimento. o Império Bizantino ficou a mercê de diversas invasões. a partir daí. deu-se início a queda de Constantinopla. marcando assim o fim da Idade Média. e. após ser tomada pelos turcos. 10 – Reformas Religiosa e Contra-Reforma 34 . os Papas e os Imperadores envolveram-se numa contínua luta pela supremacia. O objetivo desses primeiros reformadores já era adequar o "espírito religioso". Por Contra-Reforma podemos entender como o movimento da Igreja Católica na tentativa de deter todo esse processo inovador que pretendia reavaliar sua doutrina e prática. que acabavam por contribuir para desprestigiar a Igreja aos olhos dos fiéis. 10. podem ser encontradas muitas das idéias que formarão o essencial do protestantismo na Idade Moderna A Reforma Católica junto com as grandes modificações que estavam ocorrendo nesse momento. na Europa Ocidental contribuiu decisivamente para a formação das primeiras estruturas do mundo capitalista. A expressão Reforma designa uma série de acontecimentos que romperam a unidade da Igreja Católica.. Um de seus resultados mais importantes foi a "ruptura da cristandade".10. com o início datado no século XVI. 35 .. mas criou um amargo antagonismo entre Roma e o Império Germânico.).3 – História As raízes da Reforma Protestante podem ser buscadas na Idade Média. o qual aumentou com o desenvolvimento de um sentimento nacionalista na Alemanha durante os séculos XIV e XV. Este conflito resultou geralmente em vitórias para o partido papal. dando origem ao aparecimento de outras religiões (luteranismo calvinismo. fator importante da queda do prestígio e da autoridade do papa. quando ocorreram uma série de tentativas de reformular a religião. às necessidades e aspirações da sociedade. anglicanismo. 10.1 – Introdução A Reforma Protestante e Contra-Reforma da Igreja fazem parte dos acontecimentos que marcaram o período de transição do Feudalismo para o Capitalismo ocorrido na Idade Moderna. Nesses movimentos chamados de heréticos. mas suas idéias e princípios se deram durante a Idade Média. eliminando os abusos cometidos pelos clérigos.2 – Início Desde o renascimento do Sacro Império Romano por Otão I em 962. Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Luther eram chamados luteranos.era. teve uma influência muito grande durante a Reforma Protestante. como a voz do movimento protestante. b) João Calvino – Teólogo cristão francês. uma grande senhora feudal. mas de um livre presente de Deus. Escreveu as suas 95 teses em 1517 e sua teologia desafiou a autoridade papal na Igreja Católica Romana por ensinar que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamente revelada e opôs-se ao sacerdotalismo. suprimido com dificuldade pelas forças aliadas do Sacro Império Romano e do Papa. uma influência que continua até hoje. este intelectual começou a ser visto. em 1415. Vítima das perseguições aos protestantes na França. uma violenta expressão do nacionalismo boêmio. fugiu para Genebra em 1536. Na verdade. gradualmente. foi padre e professor de teologia.4 – Reformadores A execução. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça. Lutero ensinava que a salvação não se consegue apenas com boas ações. nascido em Noyon. por considerar todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo. a) Martinho Lutero – Nasceu em 1483 na cidade de Eisleben na Alemanha. Seus membros. Depois do seu afastamento da Igreja católica. eram mais voltados a vida prática do que a espiritualidade. a ele é creditado o iníco da Reforma Protestante. de Jan Hus na fogueira acusado de heresia levou diretamente às guerras hussitas. Estas guerras foram precursoras da guerra civil religiosa na Alemanha na época de Lutero. 11 – Inquisição 11. Nunca foi ordenado sacerdote.O alto clero medieval era intimamente ligado a nobreza feudal. pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre". onde faleceu em 1564. Calvino foi inicialmente um humanista. recebida apenas pela graça através da fé em Jesus como um redentor do pecado. a Igreja Católica era um dos maiores sustentáculos do mundo medieval . em geral filhos ou parentes dos senhores feudais.1 – Introdução 36 . 10. na verdade. convertida pelas autoridades civis em execução na fogueira ou forca em praça pública.3 – Inicio Na Europa. A simples menção desta palavra traz à memória as imagens mais atrozes. os corações mais fortes e as consciências mais retas sentem-se atormentados.2 – Inquisição Tribunal da Igreja Católica Romana. A pena mais severa é a prisão perpétua. O termo "Inquisição" significa inquérito. As punições variam desde a obrigação de fazer uma retratação pública ou uma peregrinação a um santuário até o confisco de bens e a prisão em cadeia. o desenvolvimento cultural e as reflexões filosóficas e teológicas da época produzem conhecimentos que contradizem a concepção de mundo defendida até então pelo poder eclesiástico. defendendo a necessidade de a Igreja abandonar suas riquezas. Em geral. e os valdenses. Dois anos depois é criada a Inquisição. publicada em 1231. que pregam a volta do cristianismo às origens. No século IV. interrogatório. instituído no século XIII para perseguir. em geral franciscanos e dominicanos.A Inquisição.doutrinas ou práticas contrárias às definidas pela Igreja. 11. em Lyon. 37 .. já que em muitas ocasiões os bispos intercediam em favor dos hereges. 11. Paralelamente surgem movimentos cristãos. A Santa Inquisição é fundada pelo papa Gregório IX (1170?1241) em sua bula (carta pontifícia) Excommunicamus. os heréticos passam a ser perseguidos como inimigos do Estado.4 – História A responsabilidade pelo cumprimento da doutrina religiosa passa dos bispos aos inquisitores. 11. milhares de albigenses são liquidados entre 1208 e 1229.. julgar e punir os acusados de heresia . ambos na França. sob o controle do papa. em Albi. como os cátaros. quando o cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano. entre os séculos XI e XV. Em resposta a essas heresias. duas testemunhas constituem prova suficiente de culpa. Processado pela Inquisição. A condenação para os culpados é lida numa cerimônia pública no fim do processo. condenado por concepções intelectuais contrárias às aceitas pela Igreja. Aos perseguidos. em 1992. na Inglaterra. atraía os interesses políticos. e o italiano Giordano Bruno (1548-1600). o papa Inocêncio IV aprova o uso da tortura como método para obter confissão de suspeitos. Este movimento se tornava cada vez mais poderoso. Itália e Espanha. o rei e a rainha da Espanha se aproveitaram desta força para perseguirem os nobres e principalmente os judeus. Com o passar do tempo. Nos séculos XIV e XV. o erro da Igreja no caso de Galileu. não lhes era dado o direito de saberem quem os denunciara. Passam a combater os movimentos da Reforma Protestante e as "heresias" filosóficas e científicas saídas do Renascimento. O poder arbitrário da Inquisição volta-se também contra suspeitos de bruxaria e todo e qualquer grupo hostil aos interesses do papado. As "bruxas medievais" que nada mais eram do que conhecedoras do poder de cura das plantas também receberam um tratamento violento e cruel. Os inquisidores consideravam bruxaria todas as práticas que envolviam a cura através de chás ou remédios feitos de ervas ou outras substâncias. mas em contrapartida. e este fato. esta forma de julgamento foi ganhando cada vez mais força e tomando conta de países europeus como: Portugal. estes podiam dizer os nomes de todos seus inimigos para averiguação deste tribunal medieval. o papa João Paulo II reconhece. Vítimas notórias da Inquisição nesse período são a heroína francesa Joana D'Arc (14121431). 38 . Após nova investigação iniciada em 1979. executada por se declarar mensageira de Deus e usar roupas masculinas. França. considerado pai da filosofia moderna. não houve o firmamento destes tribunais. As mulheres também sofreram nesta época e foram alvos constantes. Durante o século XV. mais conhecida como Santo Ofício. o astrônomo italiano Galileu Galilei prefere negar publicamente a Teoria Heliocêntrica desenvolvida por Nicolau Copérnico e trocar a pena de morte pela de prisão perpétua. no chamado auto-de-fé.Em 1252. os tribunais da Inquisição diminuem suas atividades e são recriados sob forma de uma Congregação da Inquisição. Contudo. queimado em praça pública a mando de João Calvino. este caso ocorrido na colônia de Salem. tomando-lhes seus bens. 12-Os templários 39 . burgueses e outras importantes personalidades da sociedade da época. o caso de uma Colônia da Baía de Massachustts. os tribunais chegaram a ser instalados no período colonial. eram injustas e infundadas. já no segundo. o Grande Inquisidor chegou a desafiar reis.No primeiro caso. são casos concretos da inquisição protestante. eles reduziram o poder da nobreza. nobres. muitas vezes. que descobriu a circulação e como funcionava o sangue no corpo humano. além de perseguir alguns judeus que aqui moravam. Também houve inquisição protestante. 11. que no final de 1692 cerca de 20 pessoas haviam sido executadas sob a acusação de bruxaria por ordem da igreja protestante americana. milhares de pessoas foram torturadas ou queimadas vivas por acusações que. Foram julgados.5 – No Brasil No Brasil. Durante a esta triste época da história. porém não apresentaram muita força como na Europa. retratado no filme As Bruxas de Salem. principalmente no Nordeste. mas nas Igrejas protestantes não havia uma organização (Tribunal da Inquisição ou Santa Inquisição ) semelhante ao da igreja católica. Podemos citar o caso de João Servet. eles se aproveitaram deste poder para torturar e matar os judeus. alguns casos de heresias relacionadas ao comportamento dos brasileiros. Com um poder cada vez maior nas mãos. non nobis.O sucesso dos Templários esteve vinculado ao das Cruzadas. Senhor. o lider teria o direito de se comunicar diretamente com o papa. com o apoio de mais 8 cavaleiros e do novo rei de Jerusalém de nome Balduíno II. que mantém o nome dos Templários vivo até os dias atuais. muitos dos membros da Ordem em França foram detidos e queimados em estacas. A regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por São Bernardo. deveu-se ao grande fervor religioso e à sua incrível força militar. Oficialmente aprovada pela Igreja Católica por meio do papa Honório II em torno de 1128. Em 1312. Rumores acerca da cerimónia de iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças. e a Terra Santa dos ataques dos muçulmanos mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.1-História A Ordem foi fundada por Hugo de Payens. e erguendo muitas fortificações por toda a Europa e a Terra Santa. O seu crescimento vertiginoso. ao mesmo tempo que ganhava grande prestígio na Europa. após a Primeira Cruzada em 1118 com a finalidade de proteger os peregrinos que tentassem chegar em Jerusalém. Quando a Terra Santa foi perdida. 115. mas ao Vosso nome dai a glória".1) que significa "Não a nós. A sua divisa foi extraída do livro dos Salmos: "Non nobis Domine. O súbito desaparecimento da maior parte da infra-estrutura europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas. inovando em técnicas financeiras que constituíam o embrião de um sistema bancário. dentre estes. sed nomine Tuo ad gloriam" (Sl. 12. começou a pressionar o Papa Clemente V a tomar medidas contra eles. e cresceu rapidamente tanto em membros quanto em poder. a Ordem tornou-se uma das favoritas da caridade em toda a cristandade. porém eram vítimas de ladrões. não a nós. Os Papas guardaram a ordem acolhendo-a sob sua imediata proteção. Em 1307. o apoio à Ordem reduziu-se. ganhando insenções e privilégios. e o rei Filipe IV de França profundamente endividado com a Ordem. o Papa Clemente dissolveu a Ordem. estavam entre as mais qualificadas unidades de combate nas Cruzadas e os membros não-combatentes da Ordem geriam uma vasta infra-estrutura econômica. excluindo 40 . (1098) Jerusalém. A Quinta Cruzada (1217. A sua justificativa tinha como fundamento a recuperação da herança de Cristo. A Primeira Cruzada foi pregada pelo papa Urbano II. Não foram menos importantes também os benefícios temporais que tal Ordem recebeu dos soberanos da Europa. a suavidade para com Seus amigos". em 1095. O poder da Ordem tornou-se tão grande que. Contudo. Chipre caiu sob domínio latino. em nome de Deus. desde o princípio. restabelecer o domínio da Terra Santa e a protecção dos cristãos contra o avanço dos veneradores do Islã. o condado de Edessa e Trípoli. (1099) e estabeleceram o principado de Antioquia. atacou e saqueou Constantinopla (Bizâncio). e foram estes que se converteram na forma mais popular de cruzada. no Concílio de Clermont. em 1139 que o papa Inocêncio II emitiu um documento declarando que os templários não deviam obediência a nenhum poder secular ou eclesiástico. (1188-92) no decorrer da qual. Como exército nunca 41 . e o Reino Latino de Jerusalém. e travadas como se fossem uma iniciativa do próprio Cristo para a recuperação da propriedade cristã ou em defesa da Cristandade. sendo governada por europeus ocidentais até 1571. temidos pelos inimigos de Cristo. deram-lhes o carácter de peregrinações As cruzadas tomaram Antioquia. rudes cavaleiros no campo de batalha. As Cruzadas foram guerras proclamadas pelo papa. Esta dupla causa foi comum a todas as outras expedições contra as terras pertencentes aos reinos de Alá e. os quais sobreviveram até 1291. A esta seguiram-se a Segunda Cruzada. (1145-48) e a Terceira. Um contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os Templários como "leões de guerra e cordeiros no lar. estabelecendo domínio latino na Grécia. houve também um grande número de empreendimentos menores (1254 -91). Levando uma forma de vida austera não tinham medo de morrer para defender os cristãos que iam em peregrinação a Terra Santa.qualquer intervenção de qualquer outra jurisdição fosse ela secular ou episcopal.04) desviou-se do seu curso. monges piedosos na capela. A Quarta Cruzada (1202. apenas ao próprio papa.21) foi a primeira do rei Luís IX da França. fostes vingado!" 12. Nos demais países a riqueza da ordem ficou com a Igreja Católica. 12. De Molay teria desafiado o rei e o Papa a encontrá-lo novamente diante do julgamento de Deus antes que aquele ano terminasse . Mas acabaram acusados de bruxaria e sodomia. Esta série de eventos formam a base de "Les Rois Maudits" ("Os Reis Malditos"). Na sua pira. parou e fitou os 42 . Jacques de Molay.3-Templários: a irmandade de Cristo Eles foram os monges prediletos de santos e papas. grão-mestre da Ordem dos Templários. em posição de oração. iria para a fogueira. Joana II de Navarra. No caminho. o que o tornava senhor rei absoluto. mesmo assim foram conhecidos como o terror dos maometanos. Felipe o Belo e Clemente V de fato morreram ainda no ano de 1314.2-Considerações finais A destruição da Ordem do Templo propiciou ao rei francês não apenas os tesouros imensos da Ordem (que estabelecera o início do sistema bancário). sacudindo-a no ar e gritou: "Jacques de Molay. um homem não identificado se aproximou. na França. Afirma-se ainda que. Quando presos rechaçavam com desprezo a liberdade oferecida a preço de apostatarem (negação da Fé cristã). a sociedade secreta mais badalada e poderosa da Idade Média Por Texto Álvaro Oppermann No dia 18 de março de 1314. Luís XVI de França (executado em 1793) era um descendente de Felipe O Belo e de sua neta. mergulhou a mão no sangue do monarca. mas também a eliminação do exército da Igreja. Conheça os Cavaleiros do Templo. quando a cabeça do rei caiu na cesta da guilhotina.foram muito numerosos aproximadamente não passavam de 400 cavaleiros em Jerusalém no auge da Ordem. Paris amanheceu nervosa. uma série de livros históricos de Maurice Druon. Ironicamente.apesar de este desafio não constar em relatos modernos da sua execução. O condenado à morte pediu duas coisas: que atassem suas mãos juntas ao peito. e que estivesse voltado para a Catedral de Notre Dame. Em 1139. Igualmente. o livro da Regra – que tinha sido escrita por ninguém menos que são Bernardo de Claraval – era restrito ao alto escalão da ordem (leia mais na pág. prata. os templários não pararam mais de receber doações. uma missa na Basílica de Jerusalém. Nenhuma foi tão poderosa quanto a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão – nome completo dos templários. Porém. afirma o historiador francês Alain Demurger no livro Os Templários: Uma Cavalaria Cristã na Idade Média. 43 . Certa vez. Em 1129.dois homens que o haviam condenado: o rei Filipe. Os outros tinham de sabê-la de cor. entre risos e com uma revoada de flechas. entre cochichos. a ordem recebeu aprovação do papa no Concílio de Troyes. veio a consagração definitiva: uma nova bula papal isentava os templários da obediência às leis locais. somente ao sumo pontífice. “Apesar da bravura reconhecida. a dos Hospitalários. e entre as duas havia uma rixa histórica. Rogou-lhes uma praga: “Antes que decorra um ano. eu os convoco a comparecer perante o tribunal de Deus. se especulava que a Regra continha artigos secretos cifrados. da qual o grão-mestre foi o derradeiro símbolo: a das grandes sociedades secretas da Idade Média. como a fonte da juventude ou a transmutação de metais. o Belo. Eles ficariam submetidos. composta de peças de ouro. As chamas que consumiram De Molay também terminaram com uma época. Era uma forma de preservá-la. “Enquanto o clero e a nobreza se engalfinhavam na luta pelo poder. e em pouco tempo estavam administrando uma gigantesca fortuna espalhada por toda a Europa. os templários muitas vezes foram censurados por seu orgulho e arrogância”. Com o crescimento da ordem. Os Cavaleiros do Templo. um grupo de templários interrompeu. também. cuja interpretação dava posse de conhecimentos esotéricos. e o papa Clemente 5º. eram proibidos de se confessar a outros que não fossem os capelães templários. sem dever obediência senão ao papa. caso caísse em mãos erradas. desfrutavam de uma independência sem par”. diz o historiador britânico Malcolm Barber. 27). autor de A History of the Order of the Temple (“Uma História da Ordem do Templo”. Os Cavaleiros do Templo admitiam excomungados em suas igrejas (o que era uma senhora blasfêmia para a mentalidade religiosa da época). os templários. dali em diante. O padre era de outra ordem. calou-se e foi queimado vivo. Malditos!” Depois disso. inédito no Brasil). Nada a ver.4-Mitos e lendas As histórias mais fantásticas envolvendo os templários 12. “É tudo fantasia”. matando o papa Clemente 5º e o rei Filipe. moinhos. enquanto Filipe foi vítima de um derrame cerebral.4. diz o historiador Kenneth Zuckerman. videiras. encontrado na região do mar Morto. 44 .4. afirma o historiador italiano Massimo Introvigne. em 1956”. E ainda teriam descoberto os segredos dos primeiros maçons. Isso fez crescer o olho de muitos novos adeptos.1-Santo Graal A Ordem do Templo teria sido fundada pelo Priorado do Sião e guardou o segredo da filha bastarda de Jesus Cristo. data na qual ocorreu a prisão dos templários na França. que podia ser resgatada quando chegasse a Jerusalém. 12.5-Sexta-feira 13 A crença de que a “sexta-feira 13” é um dia de azar teria surgido em 13 de outubro de 1307.2-Arca Perdida Os templários supostamente escavaram o Templo de Salomão e encontraram a Arca da Aliança. Clemente na verdade morreu de câncer.3-Tesoura do Templo O Manuscrito Copper. o Belo. “O Templo de Londres foi chamado de precursor medieval do Banco da Inglaterra”.4.4. O grupo emitia cartas de crédito: o peregrino à Terra Santa depositava uma determinada soma na Europa. de 1898. “Isso é uma invenção do anti-semita Pierre Plantard. escreve o historiador britânico Edward Burman no livro Templários: Os Cavaleiros de Deus. “É lenda”. Segundo algumas fontes. 12.4. revelaria a localização dos tesouros do Templo de Salomão e teria sido descoberto pelos templários.4-Maldição de Molay A praga rogada por Jacques de Molay foi fulminante. garante o especialista Alain Demurger.castelos. pastos e terras aráveis. fortalezas. A primeira menção à “sexta-feira 13” é recente. 12. 12. 12. 2-Cavaleiro Geralmente de origem nobre.5-Os homens que defenderam Jerusalém em nome de Cristo. apesar de sua formação de monge.6. em 1135. foi cavaleiro antes de seguir carreira religiosa. eram quase sempre analfabetos e com pouco conhecimento de teologia ou das Escrituras. 12.6.5. treinado para combater a cavalo com armadura pesada. 12. podiam até ser cristãos de origem síria. Morreu em 1153 e virou santo 20 anos mais tarde.3-Soldado Os templários também recrutavam soldados leigos. Havia também irmãos leigos que realizavam tarefas domésticas. na Terra Santa. 12. que não eram monges e. eram casados. inclusive. 12. confissões e outras cerimônias religiosas eram presididas por padres que viviam nos estabelecimentos templários.2-Demônios 45 . quanto um monge ordenado. 12. obediência e castidade. era o membro da ordem por excelência: tanto um guerreiro experiente. Afinal. Nenhum deles era obrigado a seguir os votos de castidade dos cavaleiros – alguns. Por isso. Os cavaleiros templários nunca foram mais do que 10% dos integrantes. 12. Sobrinho de um membro da ordem. Ao publicar a defesa doutrinal do grupo. Bernardo convenceu a todos da necessidade de fazer justiça pela espada.5.1-Pader Os membros combatentes da ordem. eram muitos os que achavam que matar infiéis não era algo muito cristão.6-Entre o bem e o mal A história dos templários está associada a santos e demônios. com votos de pobreza. nos primórdios da ordem. as missas.5.1-Santos São Bernardo foi o melhor amigo dos templários.12. 46 . acusados de homossexualidade e outras práticas mundanas nos anos finais da cavalaria. em Jerusalém. Patrimônio: 9 mil propriedades espalhadas pela Europa no século 13 (US$ 160 bilhões em valores atuais*). E depois financiaram a construção de catedrais dando trabalho a muitos pedreiros. Integrantes: aproximadamente 15 mil homens no início do século 13.Um dos símbolos mais enigmáticos associados aos templários é o de Baphomet. Para outros estudiosos. contudo.7-Infância Secular A insígnia da Ordem do Templo – dois cavaleiros dividindo a mesma cela – acabou sendo usada para difamar os templários. representaria os santos dos primórdios da Igreja. Na verdade. prevaleceu a versão mais sinistra. Fundador: Hugo de Payns. o emblema simbolizava humildade: a pobreza não permitiria uma montaria para cada cavaleiro. Mas tudo não passa de uma lenda. Na idade média os Templários lutaram para proteger as grandes estradas da Europa. “O nome vem de Maomé”. Na Idade Média.8-Folha Corrida Fundação: 1119. para que os produtos pudessem novamente se deslocar e a economia pudesse renascer depois de tanta escuridão. Extinção: 3 de abril de 1312. Trabalhando e ganhando os trabalhadores puderam adquirir a propriedade das terras que até então eram somente dos grandes condes e príncipes… e ser livres da escravidão econômica. marceneiros e carpinteiros. jamais comprovada. diz o historiador Malcolm Barber. 12. Os templários empregariam a figura em seus ritos. 12. Seria a encarnação do Diabo. Nesse período.13-A crise do feudalismo O crescimento demográfico. No entanto. Em contrapartida. várias áreas florestais foram utilizadas para o aumento das regiões cultiváveis. em 1381. A falta de mão-de-obra disponível reforçou a rigidez anteriormente observada nas relações entre senhores e servos. No século XIV. Temendo perder os seus servos. O aumento das populações impulsionou o crescimento das lavouras e a dinamização das atividades comerciais. responderam ao aumento de suas obrigações com uma onda de violentos protestos acontecidos ao longo do século XIV. Entre 1323 e 1328. os senhores feudais criavam novas obrigações que reforçassem o vínculo dos camponeses com a terra. Os senhores feudais preferiam receber parte das obrigações com moedas que. a peste negra se espalhou entre as populações causando uma grande onda de mortes que ceifou. e. no ano de 1358 uma nova revolta explodia na França. Em condições tão adversas. um terço da Europa. A produção agrícola dos feudos não conseguia abastecer os centros urbanos e os centros comerciais não conseguiam escoar as mercadorias confeccionadas. o pagamento das obrigações sofreu uma notória mudança com a reintrodução de moedas na economia da época. Ao mesmo tempo. essas transformações não foram suficientes para suprir a demanda alimentar daquela época. o risco de epidemias se transformou em um grave fator de risco. Além disso. a melhoria dos índices sociais e econômicos seguiu-se de novos problemas a serem superados pelas sociedades européias. nessa época. o contingente populacional europeu atingia a casa dos 35 milhões de habitantes. As chamadas jacqueries foram uma série de revoltas camponesas que se desenvolveram em diferentes pontos da Europa. modificou o modelo auto-suficiente dos feudos. posteriormente viessem a ser utilizadas na aquisição de mercadorias e outros gêneros agrícolas comercializados em feiras. Os camponeses. A discrepância entre a capacidade produtiva e a demanda de consumo retraiu as atividades comerciais e a dieta alimentar das populações se empobreceu bastante. o contingente populacional cresceu juntamente com a produção agrícola e as atividades comerciais. aproximadamente. os camponeses da região de Flandres organizaram uma grande revolta. Entre os séculos XI e XIII a população européia mais que dobrou. Passadas as instabilidades do século XIV. observado na Europa a partir do século X. na Inglaterra. o comércio vivia grandes entraves com o 47 . No século XV. Nesse contexto. encarecendo o valor das mercadorias vindas do Oriente.monopólio exercido pelos árabes e pelas cidades italianas. As rotas comerciais e feiras por eles controladas inseriam um grande número de intermediários. 48 . Foi assim que. nos séculos XV e XVI. somente a busca de novos mercados de produção e consumo poderiam amenizar tamanhas dificuldades. a expansão marítimo-comercial se desenvolveu. Como se não bastassem os altos preços. a falta de moedas impedia a dinamização das atividades comerciais do período. a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Contudo. O Belo (1285 – 1314). os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Não por acaso. reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Por conta desse apoio. Nesse instante. vemos que esse conflito girou em torno dos territórios e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer monarquia daquela época. podemos ver que a Guerra dos Cem Anos foi um evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais inglesa e francesa. a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra. Mais do que isso. a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político. uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. Realizando a utilização de exércitos mercenários. apesar dos episódios de violência contra a nobreza. Até aquele instante. vemos que tal evento manifesta significativamente a centralização política que se desenvolveu nos fins da Idade Média. Nas últimas décadas do século XIV. A ruína causada pela guerra provocou grandes problemas aos camponeses franceses. o rei britânico Eduardo III. Nessa época. quando a Inglaterra conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns nobres franceses. Dessa forma. a França se viu obrigada a assinar o Tratado de Brétigny. Aproveitando da situação. Sendo assim. o rei Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios perdidos para a Inglaterra. Apesar da falta de guerra. A falta de recursos. o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Iniciada em 1337. neto do monarca francês Felipe. os pesados tributos e as fracas colheitas motivaram as chamadas jacqueries. principalmente da região de Flandres. os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. No ano de 1360. os exércitos da França reorganizaram suas forças militares. Pelo documento. era possível apostar na queda da monarquia francesa. As batalhas só foram retomadas em 1356. No ano de 1415. 49 . a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da França e recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses.14-A Guerra dos Cem Anos Do ponto de vista histórico. observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses. a guerra foi importante para se firmar o ideal de nação entre os franceses. os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país. 50 . Mesmo com a entrega da heroína. Por um lado. Nesse meio tempo. temendo o fortalecimento de uma liderança popular. um tratado de paz que encerrava a Guerra dos Cem Anos foi assinado. abriu caminho para que novas disputas alterassem a situação da monarquia inglesa. os nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos. então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Por outro. Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria. Foi nesse contexto de mobilização popular que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu. ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa. o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a Inglaterra. os camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação estrangeira promovida pela Inglaterra. No ano de 1430. Aproveitando do momento. Em 1453. Nesse instante. Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês.através do Tratado de Troyes. a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais. Em 1422. a morte de Carlos VI da França e de Henrique V da Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de Carlos VI. o leme. as invasões bárbaras. o astrolábio. a cavalaria. a inquisição em relação aos hereges. miséria. gatos como animais domésticos. as cidades. a imposição da Igreja. a bússola. o tarô. a prensa de tipos móveis. Assim o grande comércio e o demasiado aumento demográfico foram o motor da expansão econômica monetária. os nomes das notas musicais. as universidades. aonde generalizaram toda a civilização da Europa do século IV ao século XV como um tempo de ruína e flagelo. sendo que alguns dos itens inovadores já existiam na antiguidade. a roda d’ água. as moedas. as crises da agricultura. as guerras. o crescimento econômico do século XI e a 51 . só que não eram utilizados por falta de conhecimentos e técnicas. as cartas de jogo. a marca d’água. doenças. dentre elas estão: os moinhos. a moeda tornava-se cada vez mais necessária para efetuar pagamentos e trocas. o óculos. a pólvora. na qual não havia mobilização social. tais como. os livros. a charrua. a plaina. o relógio. Também era a sociedade estamental. o estilo gótico(. o zero. o poço artesiano. o macarrão. entre várias outras coisas.). Não havia oportunidade de o pobre mudar de classe. a sorte estava lançada conforme a família que se nascia. as epidemias. o anno domini. as feiras. as ferraduras. os algarismos arábicos. pobreza. a centralização da economia restrita aos feudos. A Idade Média foi marcado pela fome. a árvore genealógica. a anestesia.CONCLUSÃO “Idade das Trevas” foi o termo adotado pelos humanistas do século XVII. os bancos. o carnaval. dentre outros aspectos. morria pobre.. os botões. o cavalo como força motriz. a hora de sessenta minutos. os castelos. as roupas de baixo. a lareira.. as cruzadas. o garfo. o arco triangular. Esta ideologia de obscuridade das trevas é resultado de fatos e acontecimentos negativos ocorridos no longo período da Idade Média. o papai Noel. as desigualdades sociais. o purgatório. o papel. o tecido. o carrinho de mão. os vidros coloridos. As criações do medievo (de aproximadamente dez séculos) atingiram um alto número. “era pobre porque nasceu pobre. porque era à vontade” de Deus. Assim. o xadrez. sendo que esse crescimento da economia monetária destacar as relações entre as cruzadas. ou seja. quem nascia pobre. No século XIII foram criadas ferramentas de ferro para trabalhar toda essa abundância de madeira. moinhos de tecidos. Os avanços tecnológicos de maior significância no campo “industrial” foram: a criação da pólvora e das armas de fogo (XIII). Outra grande fonte de energia foi à criação anteriormente da atrelagem (XI) que pôs os animais como boi e cavalo a trabalharem nas lavouras. pois já era conhecido na antiguidade. A Europa Ocidental medieval era rica em madeira. em especial no desenvolvimento dos castelos. que permitiu um grande número de exportações de carvalho (madeira de luxo na época) para o mundo muçulmano. que foi usado na maioria das vezes para a produção de ferramentas e para o armamento militar. com a criação da enxó (enxada). trados e serras. onde era utilizado para formar os vitrais. Surge aí o descobrimento e a utilização do ferro. Os navios eram construções simplificadas e limitadas. geralmente os técnicos e os inventores da idade média foram os artesãos. O ferro foi utilizado também anteriormente para inovar na agricultura. Tudo isto demonstra que a Idade Média teve sim muita importância para o desenvolvimento do homem. O grande avanço sobre a madeira ocorreu quando foi substituída por pedras nas construções. moinhos de cerveja e moinhos de amolação. As novas fontes de energia do século XIII trouxeram um certo nível de desenvolvimento para a Europa medieval. que revolucionaram as guerras. mas não era trabalhado. Os moinhos inovaram muito. o vidro (XIII) aparece como indústria. que tornou os navios mais fáceis de serem conduzidos. como por exemplo machados. dentre eles estão: os moinhos de cânhamo (papel). a indústria têxtil surge para fabricar os vestuários.expansão das cidades. Em meados do século XIII foi introduzido o leme. trouxe o desenvolvimento para cristandade. REFERÊNCIAS 52 . a troca de moedas. existiam poucos nas frotas ocidentais. As navegações intensificaram-se no inverno devido à criação da bússola (XIII-1280). Um grande progresso comercial acontece com o surgimento do câmbio. que estão relacionadas de tal forma aonde cada fato vai surgindo e resultando de um outro. moinhos curtidores. Uma longa Idade Média (Editora: Record). G. A Filosofia na Idade Média (Editora: Wmf Martins Fontes). Os Templários . Le Goff. Alain. T. Franco Jr. Kimble.Uma Cavalaria Cristã na Idade Média (Editora: Difel). Etienne. Jacques. Marcelo Cândido.Le Goff. Demurger.A Origem dos Nobres Guerreiros da Idade Média (Editora: Madras). Flori. A Realeza Cristã na Alta Idade Média (Editora: Alameda Casa Editorial). Zumthor. Falando de Idade Média (Editora: Perspectiva).A Geografia na Idade Média (Editora: Imprensa Oficial de São Paulo). 53 . Jacques. Gilson. D'haucourt. A Idade Média: Nascimento do Ocidente (Editora: Brasiliense). Jean. Da Silva. Hilario. A Vida na Idade Média (Editora: Martins Fontes).. Em busca da Idade Média (Editora: Civilização brasileira). A Cavalaria . Paul. Genevieve. H.