38883967 Manual de Oftalmologia Veterinaria

April 2, 2018 | Author: Shemina Romano Diniz Fonseca | Category: Human Eye, Visual System, Eye, Cornea, Lens (Optics)


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PALOTINA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA OFTALMOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIAMANUAL DE OFTALMOLOGIA VETERINÁRIA Olicies da Cunha Palotina 2008 COLABORADORES ANA CAROLINA CARRARO Médica Veterinária ANDERSON L. CARVALHO Médico Veterinário GILSON FENTZLAFF Médico Veterinário ANTÔNIO HENRIQUE CEREDA Acadêmico TIAGO MACHADO DOS SANTOS Acadêmico RAFAEL STEFFENS Acadêmico _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina II SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. IV MÓDULO I - Princípios .................................................................................. - 1 Capítulo 1 - Estruturas anatômicas e implicações clínico-cirúrgicas ............. - 1 Capítulo 2 - Exame clínico oftalmológico ..................................................... - 13 MÓDULO II - Cílios, pálpebras, aparelho lacrimal e conjuntivas ................. - 26 Capítulo 3 - Doenças clínicas e cirúrgicas dos cílios ................................... - 26 Capítulo 4 - Doenças congênitas, estruturais e inflamatórias das pálpebras- 29 Capítulo 5 - Doenças traumáticas e neoplasias das pálpebras ................... - 39 Capítulo 6 - Terceira pálpebra e ducto nasolacrimal ................................... - 42 Capítulo 7 - Conjuntiva ................................................................................ - 47 MÓDULO III - Afecções da córnea .............................................................. - 51 Capítulo 8 - Ceratites ulcerativas................................................................. - 51 Capítulo 9 - Outras ceratopatias .................................................................. - 61 MÓDULO IV - Generalidades ...................................................................... - 65 Capítulo 10 - Uveíte ..................................................................................... - 65 Capítulo 11 - Glaucoma ............................................................................... - 68 Capítulo 12 - Afecções da lente................................................................... - 71 Capítulo 12 - Técnicas diversas................................................................... - 78 - _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina III LISTA DE ABREVIATURAS BID FH FV kg mL mg PIO QID SID SRD TID a cada 12 horas (Bis in die) farmacopéia humana farmacopéia veterinária Quilograma Mililitro Miligrama Pressão intra-ocular a cada 6 horas (Quarter in die) a cada 24 horas (Semel in die) Sem Raça Definida a cada 8 horas (Ter in die) _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina IV mesaticéfalo (comprimento e altura médios) e braquicéfalo (focinho curto). Os olhos são órgãos sensitivos complexos que evoluíram de primitivas áreas sensíveis à luz. um sistema de lente para focalização da luz e um sistema de nervos para condução dos impulsos dos receptores para o cérebro. formada por tecido conjuntivo e situada junto às paredes ósseas. na superfície dos invertebrados. A parede dorsolateral da órbita não se compõe de osso.MÓDULO I. muscular e cutânea. _____________________________________________________________________________________ Prof. um conhecimento amplo da anatomia e fisiologia ocular para desempenhar com segurança e efetividade a oftalmologia. sobretudo os que se dedicam à clínica e cirurgia. A órbita é o arcabouço ósseo que circunda o olho. MSc. Vasos sangüíneos e nervos que servem as estruturas orbitárias transitam através de numerosos forames nas paredes orbitárias ósseas. mas é formada pelo colagenoso ligamento orbitário entre o processo zigomático do osso frontal e processo frontal do osso zigomático. Protegidos por uma estrutura óssea. É nítida a necessidade do estudante de Medicina Veterinária. esfenóide. lacrimal.Princípios Capítulo 1 . Órbita Os crânios das diferentes raças de cães podem ser divididos de acordo com o seu formato em: dolicocéfalo (alongado). Os tecidos moles contidos na órbita estão envoltos pela periórbita. como os Pequineses. zigomático. e é formada pelos ossos: frontal.Estruturas anatômicas e implicações clínico-cirúrgicas As afecções que envolvem o bulbo do olho e seus anexos são várias e distintas. os olhos possuem uma camada de receptores. Olicies da Cunha. MV. Esta variação tem algum efeito na formação da órbita e podem ser fatores predisponentes para certas afecções como a proptose do bulbo do olho em cães braquicefálicos. UFPR – Campus Palotina -1- . palatino e maxilar (Figura 1). Olicies da Cunha. esta deverá ser ligada e em casos que a ligadura esteja impossibilitada. Nestes procedimentos deve se evitar cuidadosamente a artéria maxilar. MV. superior e inferior. Elas convergem e se unem. MSc. músculo orbicular do olho. glândulas tarsais e conjuntiva palpebral. O espaço entre as pálpebras é chamado de rima palpebral. Órgãos oculares acessórios Pálpebras e conjuntivas As pálpebras. e procedimentos manipulativos são freqüentemente utilizados no diagnóstico das afecções orbitárias. os ângulos (medial e lateral). a oclusão temporária da artéria carótida ipsilateral deverá ser procedida. que reveste a pálpebra interiormente (Figura 2). que pode ser procedida por várias técnicas. Em corte sagital.FIGURA 1 Representação esquemática dos ossos que formam a órbita. _____________________________________________________________________________________ Prof. se ocorrer secção acidental. as pálpebras são compostas de superfície epidérmica externa. com ressecção do arco zigomático e dissecação do ligamento orbitário a que prove exposição orbitária mais ampla. formando assim. sendo a completa. placa tarsiana. Muitos distúrbios orbitários são tratados cirurgicamente. UFPR – Campus Palotina -2- . são projeções móveis e delgadas de pele que normalmente cobrem os olhos. A orbitotomia é a exposição cirúrgica da órbita. MSc.a) superfície epidérmica b) m. _____________________________________________________________________________________ Prof. enquanto os felinos. As glândulas tarsais produzem a camada lipídica da película lacrimal. circunda a fissura palpebral e está fixado medialmente à órbita pela fáscia e lateralmente pelo músculo afastador do ângulo. A placa tarsiana é um folheto fibroso pouco definido que dá sustentação às pálpebras. orbicular do olhor c) glândula tarsal d) conjuntiva palpebral FIGURA 2 Secção sagital da pálpebra canina em desenho esquemático. junto a este. Olicies da Cunha. As margens palpebrais são demarcadas a partir da pele por uma borda mucocutânea. MV. Observe as estruturas identificadas. não os possuem. O músculo elevador da pálpebra superior é inervado pelo oculomotor (nervo craniano III). O músculo orbicular do bulbo encontra-se oralmente à placa tarsiana. de Müller) que mantém a pálpebra superior elevada sem esforço algum (Figura 3). UFPR – Campus Palotina -3- . Os caninos possuem cílios apenas na pálpebra superior. existe um delgado músculo (m. a terceira pálpebra e as pálpebras. UFPR – Campus Palotina -4- . isentos de fricção. responsáveis pela produção da fase mucosa do filme lacrimal. A conjuntiva é a membrana mucosa ocular que reveste as porções mais internas das pálpebras superior e inferior. _____________________________________________________________________________________ Prof. constituindo uma barreira física e imunológica protetora. excetuando a córnea. Olicies da Cunha. permite movimentos suaves. palpebral ou tarsiana e da terceira pálpebra (Figura 4). MSc. Principalmente nos fórnices conjuntivais localizam-se grande quantidade de células caliciformes. É dividida nas partes bulbar. MV. A mucosa conjuntival.a) contrai a fissura palpebral b) afasta o ângulo lateral c) deprime a pálpebra inferior d) eleva a pálpebra superior FIGURA 3 Secção frontal da pálpebra evidenciando a musculatura regional. abundantemente vascularizada. ambos os lados da terceira pálpebra. do fórnix. e a parte anterior do bulbo. entre o bulbo do olho. d) Conjuntiva anterior e posterior da terceira pálpebra. A terceira pálpebra protege o globo. e) Conjuntiva do fórnix ventral posterior FIGURA 4 Representação esquemática da conjuntiva e suas partes. Na base da terceira pálpebra localiza-se a glândula _____________________________________________________________________________________ Prof. A inversão da borda da pálpebra (entrópio) pode ocorrer em certos cães. resultando em exposição da conjuntiva. A ressecção de tumores palpebrais pode provocar grandes defeitos e exigem procedimentos corretivos. Reveste-se de importância. A eversão das pálpebras também poderá ocorrer. O músculo orbitário (m. onde os pêlos da face externa da pálpebra poderão irritar a conjuntiva ou córnea. b) Conjuntiva do fórnix dorsal e fórnix ventral anterior. Terceira pálpebra A terceira pálpebra é uma estrutura triangular com origem na porção ventromedial oral da órbita. Olicies da Cunha. não comprometendo assim sua dinâmica. Cães da raça Shar Pei podem apresentar entrópio com menos de três semanas de idade e freqüentemente necessitam de intervenção cirúrgica para evitar afecção corneal grave. Uma cartilagem em forma de “T” dá sustentação ao conjunto e um retináculo fixa esta estrutura à parte ventromedial da órbita (Figura 5). c) Conjuntiva bulbar. UFPR – Campus Palotina -5- . MV.a) Conjuntiva palpebral. a preservação da musculatura palpebral. liso) é o responsável pela movimentação desta estrutura. secreta e distribui a lágrima. MSc. A. invisíveis a olho desarmado e se abrem através da conjuntiva no fórnix temporal. UFPR – Campus Palotina -6- . Aparelho lacrimal O aparelho lacrimal tem como função produzir e remover as lágrimas. A remoção desta estrutura cria espaço entre a pálpebra e o bulbo que pode abrigar restos teciduais. que danificam a integridade corneal. MSc. Olicies da Cunha. Secção sagital. As glândulas lacrimais. que será abordada a seguir. A glândula da terceira pálpebra é glândula lacrimal acessória e circunda a haste da _____________________________________________________________________________________ Prof. é importante o cuidadoso reparo e preservação da terceira pálpebra. estão localizadas na região da órbita entre o globo nasalmente e o ligamento orbital e o processo zigomático do osso frontal temporalmente (Figura 6). Portanto. A margem afilada e rígida da terceira pálpebra resulta em mecanismo efetivo na remoção de restos teciduais e corpos estranhos presentes entre a córnea e a conjuntiva palpebral. microrganismos e corpos estranhos. devemos envidar todos os esforços possíveis para que sua integridade seja preservada. responsáveis pela produção da maior parte da lágrima. MV. Secção frontal. Os ductos destas glândulas são em número de 20 a 30. Devido à contribuição da terceira pálpebra para produção e distribuição do filme lacrimal. FIGURA 5 Representação esquemática da terceira pálpebra.da terceira pálpebra. B. A pressão de seleção imposta pelo homem aos animais alterou muito o perfil frontonasal. Olicies da Cunha. o ponto lacrimal. o oftalmologista se depara com obstruções do ducto nasolacrimal e precisa lançar mão de procedimentos desobstrutivos ou criação de novo canal de eliminação. aproximadamente 1 cm da abertura das narinas externas (Figura 7). C. Freqüentemente. UFPR – Campus Palotina -7- . ou a extirpação da glândula da terceira pálpebra podem levar a afecções por diminuição da produção lacrimal como a ceratoconjuntivite seca. B. Canto lateral _____________________________________________________________________________________ Prof. Cada pálpebra. MV. FIGURA 6 Representação esquemática das glândulas lacrimais. e contribui com uma parte importante do filme lacrimal. Os pontos têm continuidade com os canais lacrimais que possuem um comprimento de 4 a 7 mm e convergem para o saco lacrimal. MSc. O ducto nasolacrimal tem início no saco lacrimal. Canto medial. o ducto nasolacrimal sofreu alterações importantes. com isso. que é a terminação caudal do ducto nasolacrimal. continua rostralmente e se abre no assoalho da cavidade nasal. têm pequena abertura. o que torna imprescindível o conhecimento anátomo-cirúrgico. Glândulas lacrimais principais. que é o início do sistema de drenagem lacrimal e que situam-se entre 2 e 5 mm do canto nasal. superior e inferior.cartilagem da terceira pálpebra. Abordagens cirúrgicas oculares que atuam agressivamente na glândula lacrimal. A. sobretudo as tortuosidades que podem levar a obstrução. A córnea possui 5 camadas. Túnica fibrosa Córnea e esclera A córnea é a janela transparente no revestimento fibroso do olho.67 ± 0. A córnea. A média é a túnica vascular e a mais interna é a túnica nervosa. a membrana de Descemet (lâmina limitante posterior) e o _____________________________________________________________________________________ Prof. Afecções como proptose do bulbo do olho podem causar rupturas musculares e conseqüentemente estrabismo. tem aproximadamente 0. lateral. o epitélio anterior e sua membrana basal. Músculos do bulbo A musculatura extra-ocular é composta por quatro músculos retos (medial. a película lacrimal pré-corneal. a esclera é a parte posterior opaca e o limbo é a zona de transição entre estas duas estruturas.01 mm de espessura central e 0. em cães. A esclerótica tem cerca de 1 mm na região ciliar. 0. Bulbo do olho O bulbo do olho é formado por três camadas ou túnicas.FIGURA 7 Ducto nasolacrimal e a representação de seu trajeto.01 mm de espessura periférica. UFPR – Campus Palotina -8- . MV. dois oblíquos (dorsal e ventral) e os retratores do bulbo. MSc.61 ± 0. e compreende a córnea e a esclera. A mais externa é a fibrosa. o estroma (substância própria).55 nas proximidades do disco óptico. dorsal e ventral). que se inserem na esclera posteriormente ao limbo.3 mm na região equatorial e 0. Olicies da Cunha. A córnea possui características peculiares com importância cirúrgica prática. fibras musculares e nervos. As principais características da córnea que garantem refração e transparência são: ausência de vasos sangüíneos. passam através da esclera em um ponto posterior ao equador do bulbo. corpo ciliar e coróide A íris é formada por uma delicada rede de vasos sangüíneos. Olicies da Cunha. As suturas são aplicadas profundamente. A sutura da córnea necessita aplicação e direcionamento precisos da agulha. posteriormente ao limbo. MV. ausência de pigmentos. em número de quatro. A manipulação de suas camadas exige o conhecimento das características. tem a mesma curvatura que sua superfície anterior. mas não totalmente através do estroma. e as veias do vórtice. UFPR – Campus Palotina -9- . A preensão da córnea depende do uso de pinças dentadas que fixam com firmeza as bordas da córnea e em hipótese alguma pode tocar o endotélio. Por estar em contato direto com a lente. Os vasos ciliares anteriores passam através da esclera. Seu epitélio é intensamente pigmentado com melanina. proporcionada pela película lacrimal pré-corneal. A parte basilar da camada anterior está constituída por musculatura lisa. MSc. que _____________________________________________________________________________________ Prof.endotélio (epitélio posterior) (Figura 8). e disposição extremamente arranjada das fibrilas de colágeno. As dissecções superficiais da córnea exigem tensão tecidual difusa e baixa pressão intra-ocular. superfície óptica lisa. Túnica vascular Íris. tecido conjuntivo. a) filme lacrimal b) epitélio c) estroma d) Descemet e) endotélio FIGURA 8 Representação esquemática das camadas da córnea incluindo o filme lacrimal. A coróide é a parte da camada vascular compreendida entre o corpo ciliar e a retina. e consiste dos músculos ciliares e processos ciliares. A papila óptica é formada pela confluência das fibras nervosas da retina. As fibras zonulares (Figura 9). Túnica nervosa Retina A retina. redonda a quadrangular. UFPR – Campus Palotina . Localiza-se na extremidade posterior do olho e mede aproximadamente 1 mm de diâmetro. MV. a porção posterior é a parte plana (pars plana). Uma excisão cirúrgica acima de 25% do corpo ciliar pode prejudicar a dinâmica do humor aquoso.forma o músculo dilatador da íris. Seu formato varia de oval. nas diferentes espécies domésticas. controla a passagem da luz através da pupila. que se estende posteriormente até a coróide. que sustentam a lente. Este mecanismo. triangular. juntamente com as pálpebras. A porção anterior do corpo ciliar é a parte pregueada (pars plicata). originam na parte plana. de constituição semelhante. Apresenta fibras musculares indistintas no cão. é formada por células nervosas distribuídas em 10 camadas. Olicies da Cunha. Possui como função acomodação da lente e constitui-se no local de maior produção do humor aquoso. que possuem pouca capacidade de acomodação. camada mais interna do bulbo do olho. _____________________________________________________________________________________ Prof. a) íris b) corpos ciliares c) coróide FIGURA 9 Representação da túnica vascular e lente sustentada pelas fibras zonulares. MSc.10 - . O corpo ciliar é estrutura caudal a íris. Câmaras do olho Clinicamente o bulbo do olho pode ser dividido em dois segmentos. O anterior. A câmara posterior é um pequeno espaço limitado anteriormente pela íris e posteriormente pela lente e seus ligamentos. Quando a drenagem do humor aquoso está dificultada e a produção continua. A câmara vítrea do bulbo está situada entre a lente e a retina e contém o corpo vítreo. caudal a lente. MV. cranial a lente e o posterior. de 30 a 45 µm. onde é de aproximadamente 5 µm.11 - . As câmaras são preenchidas pelo humor aquoso. As proteínas da lente são seqüestradas e _____________________________________________________________________________________ Prof. formada por lâminas celulares concêntricas. Anteriormente a lente. A câmara anterior do bulbo está circundada anteriormente pela córnea e posteriormente pela íris. Olicies da Cunha. o olho é dividido em duas câmaras (anterior e posterior). ocorre uma situação chamada clinicamente de glaucoma (Figura 10). A cápsula da lente é muito mais espessa na superfície anterior. O diâmetro da lente do cão é de aproximadamente 10 mm e a espessura ântero-posterior é de aproximadamente 7 mm. Meios de refração Lente A lente é uma estrutura biconvexa composta de células e seus processos. do que na superfície posterior. Ela se comunica com a câmara posterior através da pupila. MSc. UFPR – Campus Palotina . FIGURA 10 Ilustração representativa das câmaras do bulbo. O sangue é drenado através das veias oftálmicas dorsal e ventral.12 - . devido às seguintes razões: a cápsula da lente forma-se antes do sistema imune. que apresenta um ramo importante. Vasos e nervos O principal suprimento sangüíneo para o bulbo do olho origina-se da artéria maxilar. a artéria oftálmica externa. que passa sobre a face dorsal do nervo óptico e anastomosa-se com a artéria oftálmica interna. _____________________________________________________________________________________ Prof. O nervo maxilar é parte do nervo trigêmio. A anastomose produz as artérias ciliares posteriores. circundado pelo músculo retratator do bulbo. MSc. O controle da glândula lacrimal também é da responsabilidade deste nervo. que passa através do canal óptico. O principal nervo sensorial para o olho é o oftálmico. o reconhecimento e a preservação da musculatura extra-ocular são importantes para o preenchimento orbital por ocasião da sutura. A condição clínica onde há opacidade lenticular é chamada de catarata e sua remoção cirúrgica exige conhecimento anatômico e fisiológico para não provocar alterações irreversíveis. a lente é avascular e a cápsula é impermeável a células e grandes moléculas. Olicies da Cunha. UFPR – Campus Palotina . O nervo óptico. Em situações cirúrgicas como enucleação. O extravasamento de proteínas lenticulares provoca uveíte faco induzida e esta condição deve ser evitada nas cirurgias de catarata ou luxação de lente. O nervo troclear inerva apenas o músculo oblíquo dorsal. importante para mímica facial incluindo movimento das pálpebras. O outro nervo sensorial para a retina é o trigêmio.potencialmente antigênicas. menor divisão do trigêmio. O nervo oculomotor supre o maior número de músculos extra-oculares. O nervo abducente supre o músculo reto lateral e retrator do bulbo. MV. e seus ramos participam da inervação das pálpebras. tanto para preservação quanto para se evitar lesões acidentais em segmentos importantes. A cápsula posterior da lente é extremamente delgada e sua ruptura pode levar ao deslocamento do vítreo. é o nervo sensorial da retina. Importância fundamental deve ser dada ao reconhecimento das estruturas anatômicas. O nervo facial fornece apenas uma quantidade limitada da inervação do olho. 13 - . MSc. _____________________________________________________________________________________ Prof. UFPR – Campus Palotina . FIGURA 11 Modelo de ficha usada no Hospital Veterinário – Campus Palotina. órbita e anexos oculares. A Figura 11 representa o modelo de ficha usado no Hospital Veterinário – Campus Palotina. MV.Capítulo 2 .Exame clínico oftalmológico O objetivo deste tema é descrever o exame clínico dos olhos. Olicies da Cunha. Os instrumentos necessários para se fazer um exame oftálmico são: .testes lacrimais de Schirmer. 1. Olicies da Cunha.midriáticos tópicos. Swabs estéreis para cultura e lâmina de microscopia são necessários para obter amostras para cultura e citologia. A visão é limitada no neonato.tonômetro.corante de fluoresceína. o entrópio em cães Shar-Pei e luxação primária da lente em cães Terriers.anestesia ocular tópica.sedativos. MSc. Idade . .a idade é fator predisponente para certas doenças oculares como a nictalopatia e comprometimento visual em filhotes de cães e gatos com displasia dos fotorreceptores. anamnese e exame oftalmológico). UFPR – Campus Palotina . por exemplo.muitas raças têm predisposição para doenças oculares como. Resenha A raça. MV. pois o desenvolvimento das vias visuais e do olho prossegue _____________________________________________________________________________________ Prof. Formulários ajudam a fazer um exame oftálmico completo sem correr o risco de pular etapas. . . mas facilitam o veterinário no sentido de completar o exame ocular. Filhotes de cães e gatos têm as pálpebras fundidas (anciloblefaro) nos primeiros sete a 14 dias de vida o que impede o exame ocular.Instalação e equipamentos para o diagnóstico É fundamental que a sala para se realizar o exame oftálmico seja calma e com luminosidade controlada com a possibilidade de fornecer escuridão completa. . Raça .14 - . Os instrumentos requerem prática e paciência para serem manipulados corretamente. A iluminação controlada permite avaliar a simetria pupilar e fazer testes como o do labirinto em ambiente iluminado (condições fotópicas) e de pouca luminosiodade (condições escotópica). A esclerose nuclear da lente ocorre com mais freqüências em cães com mais de seis a oito anos de idade.oftalmoscópico. . . idade e sexo trazem informações importantes para o diagnóstico e o prognóstico. didaticamente dividiremos o exame em três partes (resenha.lanterna. . Com estas informações o clínico chega a uma lista de problemas provisórios e obtém uma anamnese ocular abrangente e específica. .doença sistêmica associada e medicamentos que já foram ou estão sendo usados. Sexo . MV. é uma doença ocular relacionado ao sexo. portanto deve-se seguir a cronologia dos gestos diagnósticos. no Husky Siberiano macho.durante os primeiros meses de vida. . O reflexo de ameaça é aprendido e em geral não está presente até o animal completar três meses. Instilação de midriáticos e oftalmoscopia. É importante determinar: . UFPR – Campus Palotina . Teste lacrimal de Schirmer.duração dos sinais clínicos e velocidade da evolução. Exame dos reflexos.15 - . 2. de forma ordenada e minuciosa. 3. _____________________________________________________________________________________ Prof. Exame oftalmológico O exame oftálmico segue uma ordem cronológica. olho congestionado. ligada ao cromossomo X. A descrição detalhada dos testes diagnósticos será abordada após a seqüência do exame dos componentes oftálmicos.a atrofia progressiva da retina.comprometimento uni ou bilateral. Anestesia tópica e tonometria. tamanho ou forma do globo ocular ou das pupilas e cegueira são as queixas mais comuns. . O exame dos componentes é feito sistematicamente na seqüência dos tecidos oculares superficiais para os profundos. .corrimento ou alteração de cor com o tempo. alteração da cor. MSc. Obtenção de amostras para citologia e cultura.antecedentes familiares de doenças oculares. Alguns procedimentos (testes) interferem no resultado de outros. Anamnese É um dos passos mais importante para chegar ao diagnóstico. Corrimento ocular. Corantes (fluoresceína e rosa bengala). Olicies da Cunha. dor no olho. a retina e a coróide nos cães e gatos se completa aos três meses de idade. Para avaliação do comprometimento visual. Câmara anterior.Deambulação Procura-se observar a reação do paciente perante o ambiente. músculos extra-oculares. O fato de o animal esbarrar nos objetos em um ambiente novo é indicativo de comprometimento da visão. 5. pálpebras e cílios Inicia-se com a observação da simetria bilateral.Órbita. Forma de andar. pálpebras e cílios. humor aquoso e íris. Deambulação. Retina. atentando à movimentação da mandíbula.Inspeção da simetria Observe atentamente a simetria da face. lesão de córnea por atrito e ceratoconjuntivite seca por atuarem como sifões removendo lágrima do olho. 3. MSc. MV. como segue: 1. 7. 3 . 1 . Olicies da Cunha. 4. 9. dor ou resistência. 2 . músculos extra-oculares. Lente. UFPR – Campus Palotina .16 - . Observe também se há presença de pêlos faciais irritando a córnea.3. Conjuntivas. Órbita. A seguir palpa-se a borda óssea e procede-se retropulsão do globo ocular para avaliação de aumento de volume. isso pode causar dois problemas graves. Córnea. Drenagem e terceira pálpebra. 2. movimentação da cabeça. 6. Inspecione a simetria dos músculos da mastigação. Podem ser _____________________________________________________________________________________ Prof. possíveis alterações no posicionamento da cabeça e alterações na configuração física podem ser detectados. que podem indicar presença de massas retrobulbares. Inspeção da simetria. Exame dos componentes oftálmicos Neste tópico discute-se a realização do exame oftálmico (principalmente os componentes oftálmicos) em sua seqüência lógica. indica-se o teste do labirinto onde objetos são distribuídos no ambulatório e o animal transita entre eles em condições fotópicas e escotópicas.1. 8. MV. pode-se solicitar exames complementares como cultura e antibiograma. Doenças palpebrais como introversão ou eversão do tarso palpebral e posicionamento ciliar devem ser observados.necessários procedimentos adicionais como radiografias (contrastadas ou não) e ultrasonografias. UFPR – Campus Palotina . enquanto a diminuição pode levar ao “olho-seco”. 6 . A fluoresceína é um teste diagnóstico de rotina e coloração com corante rosa bengala é particularmete útil em diagnóstico de úlceras dendríticas causada por herpesvírus felino em gatos. A membrana nictitante pode ser retraída com uma pinça após anestesia tópica. falhas na integridade corneal (úlceras) e corpos estranhos. Deve ser inspecionada em ambas as superfícies palpebral e bulbar e respectivos fórnices. citologia e/ou biópsia conjuntival. presença de corpos estranhos.Córnea Esta estrutura deve ser inspecionada quanto à perda de transparência. folículos e corpos estranhos. A terceira pálpebra pode ser avaliada mediante pressão no canto dorso-medial. Devemos nos atentar ainda às secreções e protusão da glândula da terceira pálpebra. neoformações. por sobre a pálpebra. secreção.Conjuntiva A conjuntiva deve ser avaliada quanto à congestão capilar. secreções e alteração folicular. quemose. A obstrução dos ductos nasolacrimais pode ser avaliada mediante o teste de Robert Jones (que será descrito a seguir). trauma e/ou hemorragias. Em casos de secreção ou massas. Epífora refere-se ao transbordamento de lágrima pela face. Recomenda-se avaliar quanto a presença de inflamação. 5 . Os músculos extra-oculares são avaliados pela posição ocular. MSc. Olicies da Cunha. 4 -Sistema de drenagem e terceira pálpebra O sistema de drenagem é avaliado principalmente pelo teste lacrimal de Shirmer.17 - . _____________________________________________________________________________________ Prof. 3. mas não deve-se manipular o olho. Valores baixos são indicativos de déficit na produção lacrimal. observa-se o quanto a fita umedeceu (Figura 12). A tira é colocada no fórnix conjuntival ventral deixando-a durante um minuto e. a retina.Câmara anterior. humor aquoso e íris A câmara anterior é avaliada quanto à profundidade. _____________________________________________________________________________________ Prof. edema. que deve ser observada quanto ao diâmetro. Valores de referência: entre 15 e 25 mm/min (cães) e 10 a 20 mm/min (gatos). Esta estrutura intra-ocular deve ser observada quanto à perda da transparência. coloração. simetria. MV. Este exame inclui a avaliação da íris.Teste lacrimal de Schirmer Avalia a produção lacrimal em milímetros de umidade (fase aquosa do filme lacrimal). descreve-se sucintamente a formas mais apropriadas e a seqüência de realização das manobras e testes. MSc. Bovinos. colobomas. Seqüência dos testes e procedimentos diagnósticos A seguir. deve ser analisada mediante oftalmoscopia (direta ou indireta) quanto a presença de atrofias.Retina Finalmente. UFPR – Campus Palotina . Durante o exame a cabeça do paciente é contida. O teste pode ser comprado no comércio (fitas de Schirmer). 8 . inflamação intra-ocular e perfurações oculares. qualidade do humor aquoso (límpido e claro). ovinos. hemorragias e descolamentos. 1 . hemorragia e presença de vasos visíveis.Lente A alteração mais comum em lente é a catarata.2. transudato ou exsudato. presença de sinéquias (anteriores ou posteriores) e mudanças posicionais (luxação anterior ou posterior).7 .18 - . posteriormente. caprinos e eqüinos em geral produzem quantidades abundantes de lágrima ultrapassando 20 a 30mm de umidade em 60 segundos. 9 . Olicies da Cunha. Completa-se o exame antes de se administrar sedativos ou tranqüilizantes. Para tanto utiliza-se swabs umedecidos em solução salina 0. crônicas ou não responsivas ao tratamento. 2 .ameaça e o teste da “bolinha de algodão” . com espátula de aço inoxidável (Kimura) ou aspiração com agulha fina. Recomenda-se a cultura em infecções severas. Olicies da Cunha. MV. O reflexo de ameaça avalia a acuidade visual (nervo óptico e córtex cerebral). UFPR – Campus Palotina .19 - . 3 . A citologia é indicada em presença de nódulos ou massas.FIGURA 12 Desenho representativo da forma correta de utilizar as fitas de Schirmer. Reflexo de ameaça e o teste da “bolinha de algodão”.palpebral. . pois podem alterar o resultado do exame. midriáticos e bloqueios nervosos regionais. pois eles impedem ou interferem na interpretação dos reflexos.luminoso pupilar fotomotor direto e consensual.Exame dos reflexos Este exame tem como objetivo avaliar os reflexos que seguem: . e pode ser feita mediante raspado. anestésicos tópicos. MSc. após anestesia tópica.Obtenção de amostras para citologia e cultura A obtenção de amostras da córnea e da conjuntiva para citologia ou cultura deve ser realizada antes da instilação de colírios e corantes.9%. Faz se um movimento direto e súbito com a mão no campo visual do olho ipsilateral enquanto _____________________________________________________________________________________ Prof. ativação de fotorreceptores. Esses animais devem ser avaliados deixando cair uma bola de algodão de cima do olho ipsilateral enquanto o contralateral estiver coberto. também ocorre quando a doença é retiniana ou do nervo óptico em que permanecem poucos fotorreceptores e axônios do nervo óptico funcionais. O olho com visão normal irá acompanhar o trajeto da bolinha de algodão. Quando se suspeita de cegueira unilateral é necessário repetir o exame do labirinto com um olho coberto com uma venda temporária. deve-se tomar cuidado para não deslocar corrente de ar que ativará o reflexo corneano. . A resposta esperada é o piscar do olho.nervo óptico ipsolateral como uma via aferente. MV. O nervo óptico é a via aferente e o nervo facial é a via eferente desse reflexo. Reflexo pupilar fotomotor direto e consensual. . Pode ocorrer reflexo de ameaça falso negativo em um animal dócil com a visão normal.olho contralateral está coberto. Este exame requer: . Pode ocorrer em animais cegos que apresentam lesão central. . O RPFMc ocorre devido a decussação de algumas fibras do nervo óptico no quiasma óptico e na região pré-tectal. Tanto o _____________________________________________________________________________________ Prof. ou seja. MSc. Este processo requer: . A eletrorretinografia é um exame funcional sofisticado. Um animal cego irá piscar com o contato da mão nos pêlos faciais. . Todos os procedimentos citados proporcionam uma avaliação grosseira da visão. O reflexo pupilar fotomotor consensual (RPFMc) é provocado observando-se a pupila contralateral enquanto se dirige um foco luminoso brilhante através da pupila ipsolateral.via parassimpática contralateral no nervo oculomotor ipsolateral como uma via eferente. estamos testando o nervo óptico e o nervo facial.20 - . UFPR – Campus Palotina .músculo constritor da íris contralateral funcional. O reflexo pupilar fotomotor direto (RPFMd) é obtido incidindo-se uma luz brilhante através da pupila observando-se uma imediata miose daquele olho. Olicies da Cunha.via parassimpática no nervo oculomotor ipsilateral como uma via eferente e o músculo constritor da íris funcional.ativação dos fotorreceptores. . Também é necessário que o músculo orbicular do olho esteja funcional.nervo óptico ipsilateral como uma via aferente. O tonômetro de edentação (Shiötz) é indicado para a mensuração da pressão intraocular em pequenos animais. UFPR – Campus Palotina . estima a pressão pelo achatamento da córnea. a partir do canto nasal.anestesia da córnea e integridade da córnea. Olicies da Cunha. também é necessário que o músculo orbicular do olho esteja funcional. e a falha em piscar indica uma lesão na via nervosa ou no músculo encarregado desse reflexo. anestesia-se a córnea com uma a duas gotas de anestésico tópico e posiciona-se o tonômetro na região central da córnea. O tonômetro é posicionado perpendicularmente à superfície encurvada da córnea onde ocorre uma leve pressão. O nervo eferente é o ramo auriculopalpebral do nervo facial. Os ramos aferentes para esse reflexo incluem o ramo oftálmico do nervo trigêmeo. . MSc. A tonometria é o exame para mensuração da pressão intra-ocular (PIO).21 - . O aparelho é caro (Figura 14). Para uma boa mensuração é necessário: .boa contenção da cabeça do animal tomando o cuidado para não fazer pressão sobre as jugulares. Para isto.consensual como o direto necessitam poucos fotorreceptores funcionais enquanto a visão necessita de um grande número de fotorreceptores funcionais. MV. _____________________________________________________________________________________ Prof. Para uma estimativa acurada das pressões intra-ocular calcula-se a média de três leituras em cada olho. A força desse achatamento é automaticamente convertida em mmHg. . Faz-se esse movimento durante três vezes e o próprio tonômetro lhe dá a média da pressão com um erro de apenas 5%. pois estes permitem o posicionamento vertical da cabeça. A resposta normal é uma piscadela. que pode estar alterada em algumas doenças oculares. enquanto contem-se as pálpebras.Tonometria. Reflexo palpebral Este reflexo é desencadeado quando ocorre um toque no canto temporal e nasal do olho. A média destas leituras é convertida em milímetros de mercúrio (mmHg) em uma tabela que foi elaborada para cães e gatos e que normalmente vem anexada ao tonômetro (Figura 13). e o ramo maxilar do nervo trigêmeo no canto temporal. A tonometria de aplanação (Tonopem®).posicionamento cuidadoso do tonômetro e do animal (posicionamento vertical ou horizontal da cabeça). 4 . 22 - . _____________________________________________________________________________________ Prof. FIGURA 14 Tonômetro de Tonopen e forma de utilização. MV. Olicies da Cunha. UFPR – Campus Palotina . MSc.FIGURA 13 Tonômetro de Shiötz e forma de utilização. MV. A câmara anterior e a íris são examinadas da mesma forma. MSc. Por exemplo. cães e gatos os vasos dividem o fundo de olho em quadrantes. De início o disco óptico deve ser localizado.5 . Observa-se seu contorno. porém o ângulo do feixe de luz é agudo e obtuso com olho. Ao iniciar o exame de fundo de olho com o oftalmoscópio direto. UFPR – Campus Palotina . transiluminador ou oftalmoscópio indireto e lentes convergentes com dilatação pupilar (midríase). nessa espécie os quadrantes são estabelecidos de forma arbitrária. vasos sanguíneos retinianos. já uma lesão na córnea altera a visão das duas estruturas subseqüentes (cápsula anterior e posterior da lente). o que significa que os vasos estão limitados a periferia do disco óptico. em um ambiente escuro é possível observar três reflexões: (córnea. Para a avaliação da lente e da câmara posterior é necessário um oftalmoscópio direto. A sala para esse exame deve ser completamente escura. a primeira estrutura a ser observada é a retina em dioptria zero.23 - . Um foco luminoso é direcionado para a córnea para avaliar a transparência e a curvatura. Exame das estruturas do olho com oftalmoscópio direto. A dilatação permite o exame das estruturas mais profundas do globo. As estruturas a serem examinadas são: retina (normalmente translúcida). Instila-se uma gota na córnea e repete-se após 10 minutos. cápsula anterior da lente e cápsula posterior da lente). Para examinar o fundo de olho. uma lesão na cápsula anterior da lente pode alterar a terceira imagem. _____________________________________________________________________________________ Prof. caprinos. ovinos. curta duração e ausência da cicloplegia (paresia do músculo ciliar). Essas três reflexões permitem ao examinador localizar a posição aproximada da lesão. região tapetal e extra tapetal. A tropicamida 5% é o midriático mais indicado por ter início rápido. bem como os vasos retinianos à medida que cruzam o disco. começando no disco óptico e prosseguindo para fora dos orifícios ciliares da retina. A retina dos eqüinos é paurangiótica. Em espécies cuja retina é holangiótica (completamente vascularizada). Examina-se cada quadrante. Em 20 minutos as pupilas estarão dilatadas e ficam assim por cerca de 4 horas. suínos. Quando é incidido um feixe de luz em direção ao olho midriático. Olicies da Cunha.Midriáticos (oftalmoscopia) A midríase é obtida com a administração tópica de um midriático na córnea. devemos dividi-lo em quadrantes. como bovinos. é meio de cultura para bactérias produtoras de colagenase. A fluoresceína é utilizada da seguinte forma: 1 . Instila-se o colírio na córnea e.Quando o fundo de olho for albino é possível observar os vasos da coróide e partes da esclerótica. _____________________________________________________________________________________ Prof. A fluoresceína cora primeiramente a película lacrimal. Após completar o exame fúndico é necessário alterar a dioptria tornando-a mais positiva. tomando o cuidado de manter a mesma distância entre o oftalmoscópio e o animal.aguarde quinze segundos. O colírio. confirmando assim a presença de ceratite e tendo a possibilidade de avaliar a profundidade da lesão (o estroma é hidrofílico e tem afinidade pelo corante de fluoresceína). Este teste tem como objetivo: . .detectar úlceras.determinar a qualidade da película lacrimal. 3 . onde qualquer alteração observada deve ser anotada em um prontuário. observa-se o corante na narina ipsilateral ou na língua dentro de três a cinco minutos.remova o excesso do corante com solução fisiológica.avaliar a patência do ducto nasolacrimal.instile uma gota do corante ou coloque a tira de papel na córnea do olho a ser testado. UFPR – Campus Palotina . após aberto. MV. possibilitando a visualização das estruturas anteriores (corpo vítreo e lente). 4 . 2 . . Quando o epitélio estiver lesado (úlcera de córnea) a fluoresceína irá se ligar ao estroma (segunda camada da córnea).avaliar a integridade da córnea. Olicies da Cunha. Onde o corante estiver presente é o local da lesão. se o ducto estiver patente.observa-se em sala com pouca luminosidade (escotópica) com a luz azul cobalto ou ultravioleta (lâmpada de Wood). Com o mesmo corante procede-se o teste de Robert Jones. estroma (quando houver lesão) e a conjuntiva bulbar. Faz se a aplicação da fluoresceína através de um tira de papel ou colírio de fluoresceína. MSc. .24 - . 6 – Corantes Coloração com fluoresceína. pois cora células epiteliais desvitalizadas. Olicies da Cunha. Faz-se necessário anestesiar as conjuntivas. os canalículos e o ducto nasolacrimal com solução tópica anestésica. e na seqüência o ducto propriamente dito. luxações de lentes. Quando o corante impregna na córnea é porque existe lesão. Quando o animal apresenta epífora crônica é necessário a canulação e irrigação deste ducto. UFPR – Campus Palotina . _____________________________________________________________________________________ Prof. deve-se injetar. solução fisiológica ou colírio até que o líquido saia na narina. íris. descolamento de retina. MSc.25 - . obtendo-se uma imagem aumentada da córnea. O corante de rosa bengala. A gravidade e uma certa pressão negativa exercida pelo músculo orbicular do olho faz com que a lágrima flua do saco lacrimal até o ponto nasal. que é vendido em colírio ou tiras.Coloração com rosa bengala.3. Sondagem do ducto nasolacrimal. O corante causa grande desconforto ocular. A irrigação pode ser normógrada (pequenos animais) ou retrógrada (grandes animais). biomicroscopia com lâmpada de fenda (permite um exame abrangente do segmento anterior. Após a adaptação da sonda. com auxílio de uma seringa. 3. principalmente a citologia). eletrorretinografia (para avaliar a função da retina) e ultra-sonografia (útil no diagnóstico de neoplasias. O sistema de drenagem da lágrima do olho é composto por dois pontos (inferior e superior) localizados no canto medial de cada olho. entre outros). hemorragias. é um corante supravital utilizado para corar tecidos necróticos ou células epiteliais em degeneração. Em pequenos animais pode se utilizar uma cânula lacrimal curva ou um cateter intravenoso de calibre 20 a 24 sem o mandril. paracentese da câmara anterior (obtenção de humor aquoso para exames. câmara anterior e posterior da lente e do vítreo anterior). Ele é mais sensível que o teste de fluoresceína. Procedimentos específicos Dentre eles podemos citar a gonioscopia (para avaliação direta e indireta do ângulo iridocorneal). O colírio é aplicado sobre a córnea e logo em seguida o olho é lavado exaustivamente. MV. Olicies da Cunha. MSc.26 - .MÓDULO II . FIGURA 15 Representação esquemática de cílio ectópico. MV.Doenças clínicas e cirúrgicas dos cílios Os cílios são estruturas que promovem a defesa ocular. uma vez que atritam diretamente com a córnea. e que estão diretamente associados na promoção da integridade visual. Cílio ectópico: cílio adicional emergindo através da conjuntiva a partir das glândulas de meibômio (Figura 15). FIGURA 16 Representação esquemática de distiquíase. aparelho lacrimal e conjuntivas Capítulo 3 . UFPR – Campus Palotina . As três principais afecções observadas nos cílios são anormalidades congênitas. pálpebras. Distiquíase: cílios adicionais emergindo das aberturas das glândulas de meibômio (Figura 16).Cílios. _____________________________________________________________________________________ Prof. As alterações que envolvem os cílios causam desconforto ocular. Através do exame oftálmico detalhado é possível encontrar sinais clínicos como epífora e blefarospasmo. Para distiquíase. como a lupa de pala. UFPR – Campus Palotina . Doenças perioculares. Na anamnese é importante estar atento ao que se relata como desconforto visual.Triquíase: cílios e/ou pêlos faciais (localização normal) direcionados à córnea e conjuntiva (Figura 17). Os cílios são melhores observados com uso de magnificação. Obrigatoriamente o folículo piloso também deverá estar incluso nesta ressecção. e a correção pode ser feita através de procedimentos clínicos e/ou cirúrgicos. vascularização. recomenda-se realizar procedimentos como epilação mecânica. _____________________________________________________________________________________ Prof. microcrioepilação ou ressecção parcial da placa tarsal. secreção. MSc. FIGURA 17 Representação esquemática de triquíase.27 - . o procedimento escolhido dependerá da severidade do caso (Figura 18). movimentos e conformação ocular devem ser avaliados. que pode causar danos irreversíveis às estruturas oculares. Para identificar essas afecções ciliares é recomendado um criterioso exame oftálmico. Os cílios ectópicos deverão ser removidos cirurgicamente. posição. O diagnóstico é clínico e baseia-se nos achados na anamnese e exame físico. A microcrioterapia é feita com equipamento específico. Olicies da Cunha. edema. MV. vermelhidão e prurido. pigmentação e úlcera córnea. O tratamento está intimamente ligado ao grau de dano nas estruturas oculares. a técnica de Stades.FIGURA 18 Microcrioepilação para triquíase e distiquíase em desenho esquemático.28 - . que consiste em remover um segmento de pele envolvendo os pêlos faciais que tocam a córnea. MSc. Ressecção cutânea sutura. A incisão é suturada parcialmente (Figura 19). FIGURA 19 Técnica de Stades em desenho esquemático. MV. além da microcrioepilação. Para a correção da triquíase indica-se. UFPR – Campus Palotina . Olicies da Cunha. _____________________________________________________________________________________ Prof. ceratite e outras afecções congênitas. UFPR – Campus Palotina . Esta afecção é de origem hereditária. músculo orbicular e placa tarsal). visto que anormalidades nessas estruturas podem determinar a ocorrência de doenças na superfície ocular. é importante estar atento as afecções existentes. Normalmente esta afecção é decorrente de infecções intra-uterinas. No tratamento do coloboma é indicada a utilização da técnica da Robert e Bistner (pedículo de pele. anquiloblefaro. MSc. entrópio. Considera-se de 10 a 14 dias o tempo normal de abertura das pálpebras em cães e gatos. As pálpebras assumem aspecto edemaciado e pode haver pequena quantidade de material purulento saindo pelo canto nasal. ectrópio e blefarites. desenvolvem-se infecções no saco conjuntival antes das pálpebras abrirem (oftalmia neonatal). conjuntivite.Doenças congênitas. estruturais e inflamatórias como: coloboma. Esta condição deve ser tratada através de abertura das pálpebras ao longo da linha de fusão utilizando pressão digital ou uma tesoura oftálmica. durante sete _____________________________________________________________________________________ Prof. que consiste basicamente em desenvolver um pedículo de pele e transferi-lo para região que não foi formada completamente. são anquilobléfaros fisiológicos até esta idade.29 - . Neste primeiro trataremos das desordens que se referem a alterações congênitas. Portanto. As afecções palpebrais serão abordadas em dois capítulos. MV. Coloboma palpebral É o desenvolvimento incompleto da margem palpebral. Algumas vezes. evitando assim o ressecamento da córnea.Capítulo 4 . É recomendado colírio ou pomada de antibióticos como a gentamicina ou tobramicina. dentre elas a defesa contra agentes externos e o espalhamento do filme lacrimal. BID ou QID. estruturais e inflamatórias das pálpebras As pálpebras e seus anexos realizam várias funções. Anquilobléfaro (oftalmia neonatal) Refere-se à união entre as margens palpebrais superior e inferior. Olicies da Cunha. Devido a essas propriedades funcionais das pálpebras e anexos (cílios). A partir da anamnese e do exame físico é possível encontrar os seguintes sinais clínicos: dor. MSc.30 - . Entrópio Esta afecção ocorre quando as pálpebras.Congênito (primário ou anatômico): quando a origem é hereditária. O excesso de movimento palpebral (blefarospasmo) causa espasmo do músculo orbicular. Observe a introversão da pálpebra inferior. Olicies da Cunha.Espástico: relacionados a processos dolorosos (úlceras de córnea). Chow-chow. MV. e Dobermann. isso ocorre devido o entrópio possuir diferentes origens. comum em gatos Persas e cães das raças Shar Pei. Os Shar Peis podem desenvolver entrópio logo após a abertura das pálpebras e esta condição pode ser revertida com eversão temporária “suturas de alinhavamento”. _____________________________________________________________________________________ Prof. Podem ser dividido nas seguintes classes.9% várias vezes ao dia. É comum em cães e provavelmente hereditária em algumas raças.dias. Algumas raças como Retrievers. superior ou inferior. de acordo com a origem: . desenvolvem entrópio em idade posterior. A afecção pode ser estudada em categorias. Em uveítes associadas recomenda-se atropina colírio BID por três dias e antiinflamatório sistêmico por 10 dias. São Bernardo. . como mostra a Figura 20. e limpeza com cloreto de sódio 0. Labrador. FIGURA 20 Entrópio em desenho esquemático. Este tipo de entrópio pode ser diagnosticado com reversão. O início do aparecimento difere entre as raças. apresentam introversão (viradas para dentro). através do uso de colírio anestésico. Sabe-se que existem raças mais predispostas a entropia congênita. UFPR – Campus Palotina . não esquecendo alguns passos importantes que devem ser seguidos. Olicies da Cunha. desconforto. Muitas vezes o entrópio espástico pode ser um componente parcial da inversão palpebral. e. fotofobia. cicatrizes de conjuntiva ou pálpebras. secção da pele e músculo orbicular do olho e para finalizar a sutura deve ser iniciada no centro da ferida.31 - . causando dor. deve-se evitar a ressecção cutânea inicialmente. blefarospasmo. Após a administração do anestésico. O proprietário deve ser conscientizado em relação a recidivas. como epífora. FIGURA 21 Representação esquemática da ressecção músculo cutânea (Hotz-Celsus). promover leve hipocorreção (durante a cicatrização ocorre contração da pálpebra). em algumas vezes podem solucionar o problema (Figura 22). como: incisão inicial a 3 mm do tarso palpebral. UFPR – Campus Palotina . restará apenas o componente anatômico (primário). Para entrópio espástico.. sobretudo os Shar Peis. que. nas situações onde o entrópio congênito ou adquirido cause dor. o mais indicado é a ressecção músculo cutânea (Hotz-Celsus). No pósoperatório tratam-se distúrbios relacionados. _____________________________________________________________________________________ Prof. Para o congênito e adquirido.Adquirido (cicatricial): seqüela de enoftalmo. e uso de colar protetor (Figura 21). MSc. blefarospasmo e até ceratite. A técnica consiste na retirada de pele em meia-lua abaixo ou acima do entrópio. Recomendam-se “suturas de alinhavamento”. secreção e alterações corneais. pomada antibiótica TID durante sete dias (Epitezan® ou Regenon®). Os sinais clínicos aparecem em decorrência do contato dos pêlos palpebrais e cílios com a córnea. A sutura inicia-se no centro da incisão para melhor acabamento. MV. lacrimejamento. Em cães jovens. Recomenda-se fio seda ou monáilon 4-0. caso não existam. No exame físico são encontrados sinais clínicos que sugerem a doença. O diagnóstico é clínico e baseia-se nos achados da anamnese e exame oftálmico. É importante avaliar o olho sem e com anestesia tópica. basta tratar a causa. FIGURA 23 Correção do entrópio da prega nasal. O tratamento recomendado é a remoção parcial ou total da prega (Figura 23) nasal. Empregam-se suturas de Wolff ou interrompida simples com ou sem captons e fios de mononáilon.FIGURA 22 Representação esquemática da técnica do pregueamento cutâneo para filhotes. a técnica varia de acordo com a severidade do entrópio. UFPR – Campus Palotina . Ressecção das dobras nasais e sutura _____________________________________________________________________________________ Prof. Esta técnica é indicada quando os cães ainda não atingiram a maturidade facial. Pug.32 - . Olicies da Cunha. Pode ocorrer em determinadas raças o entrópio da prega nasal. A sutura deverá ser refeita aproximadamente a cada 30 ou 45 dias até se decidir pelo procedimento definitivo ou até mesmo avaliar como não necessário a técnica de Hotz-Celsus. sendo mais comum o aparecimento da afecção em Pequinês. Bulldog e demais braquicefálicas. MSc. MV. Os sinais clínicos são idênticos aos cães acometidos com entrópio palpebral. iniciando a cerca de 3 mm da margem palpebral. Ectrópio Ectrópio refere-se à eversão das margens palpebrais e acontece principalmente na pálpebra inferior (Figura 24). É comum nas raças São Bernardo, Cocker, Buldogue, Basset Hound, entre outras. Em geral é congênito, mas pode ocorrer em resposta a formação de tecido cicatricial. Na maioria dos casos não necessita de tratamento cirúrgico, exceto naqueles pacientes que apresentam ceratite e/ou conjuntivite crônica que não respondem a tratamento médico. FIGURA 24 Ectrópio em representação esquemática. Note a eversão da pálpebra inferior. Os sinais clínicos encontrados no exame oftálmico são epífora, conjuntivite, secreção e alterações corneais. Pelo fato da afecção apresentar sinais clínicos muito parecidos com outras doenças palpebrais o diagnóstico torna-se clínico, baseado na anamnese e exame físico. A técnica de Kuhnt-Hembolt (V-plastia) é simples e opção eficiente para tratamento de ectrópio. Consiste em remoção de um triângulo de pele lateral ou medial a área afetada em espessura total. A base do triangulo ficará voltada para o tarso palpebral. Sutura-se a conjuntiva com poligalactina 910 5-0 e para pele recomenda-se fio seda ou monáilon 4-0 (Figura 25). _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina - 33 - FIGURA 25 Procedimento de Kuhnt-Hembolt modificado ou V-plastia para ectrópio. Diamond eye A expressão “Olhos de Diamante” ou em inglês Diamond eye refere-se a duas afecções associadas, entrópio combinado com ectrópio. As causas podem ser variadas, porém as causas mais comuns são: tamanho reduzido do bulbo do olho, enoftalmia, fraqueza do músculo retrator lateral, pregas faciais e pavilhão auricular pendular. A cantoplastia lateral de Wyman é técnica indicada para o tratamento do Diamond eye (Figura 26). Consiste na ressecção de um fragmento de pele do canto nasal incluindo parte da pálpebra. Após a ressecção da pele, as pálpebras são unidas com um ponto de sutura, o tecido subcutâneo é suturado com fio Cat gut 2.0, por último, completa-se a dermorrafia com fio mononáilon 3.0 _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina - 34 - FIGURA 26 Representação esquemática da técnica de correção o Diamond eye. A - Incisão e remoção da pele. B – Sutura. Blefarites Blefarites referem-se às várias condições inflamatórias das pálpebras. As causas variam de acordo com o agente patogênico, estando geralmente relacionados a doenças infecciosas, parasitárias, seborreicas, alérgicas e imunomediadas. Estas afecções são clinicamente caracterizadas por prurido, secreção ocular, desconforto, hiperemia e muitas vezes com aparecimento de edema. O diagnóstico consiste na identificação do fator gênico que está promovendo o aparecimento da afecção O tratamento varia de acordo o agente causador, basicamente as blefarites são tratadas com o uso de pomadas oftálmicas (neomicina, bacitracina e polimixina B, cloranfenicol), xampus neutros infantis diluídos (5 a 10 vezes em NaCl 0,9%), antibióticos e antiinflamatórios sistêmicos e caso necessário antiinflamatório tópico. Devido a essas variações as blefarites podem ser classificadas em classes de acordo com o agente. - Blefarite alérgica: normalmente esta condição é uma manifestação clínica de atopia. Observa-se edema palpebral pruriginoso e raramente doloroso. O tratamento recomendado baseia-se no uso de compressas frias, antihistamínicos como a difenidramina (Benadril® - FH), 2 a 4 mg/kg, VO, BID a QID), e glicocorticóides sistêmicos como prednisona, 0,5 a 1,0 mg/Kg, VO, SID a BID) e tópicos como prednisona (Pred fort® - FH), 1 gota/TID. A terapia deve ser descontinuada _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina - 35 - gradativamente, pesquisando a menor dose efetiva para manutenção. Tratar a causa primária é fundamental, para tanto, o tratamento da atopia é fundamental. - Blefarite bacteriana: esta condição é causada pela infestação de bactérias patológicas, que podem diferir entre os animais jovens e adultos. Em filhotes, blefarite purulenta ocorre como parte da piodermite juvenil. Há dor considerável e secreção purulenta. Staphylococcus e Streptococcus sp. são os mais envolvidos nas blefarites bacterianas entre os adultos. Nos casos agudos pode se observar hiperemia, crostas e secreção, já nos crônicos, é comum fibrose, alopecia e ulceração. Para o tratamento, são recomendados antibióticos sistêmicos com base em cultura e antibiograma. Pode-se iniciar o tratamento com cefalexina por no mínimo 21 dias. Orienta-se fazer uma limpeza cuidadosa das margens palpebral e remoção de exsudatos purulentos. Casos agudos podem ser tratados com antibióticos tópicos (ciprofloxacina ou tobramicina colírio), e os crônicos, além da tópica, recomenda-se terapia sistêmica. Preconiza-se ainda o uso de colar protetor devido à afecção ser altamente pruriginosa, podendo ocorrer automutilação. - Blefarite micótica: é a infecção palpebral por Microsporum e Tricophyton sp. ocorre como parte de problema dermatológico. A alopecia em expansão, descamação e hiperemia são os aspectos clínicos, e o diagnóstico é baseado em fluorescência por lâmpada de Wood e / ou cultura. O tratamento é feito com pomadas de miconazol ou clotrimazol, evitando o contato com a córnea. Infecções persistentes e/ou profundas podem ser tratadas com griseofulvina ou cetoconazol sistêmicos em doses convencionais. - Blefarite parasitária: tanto a demodiciose quanto a escabiose, causadas respectivamente por Demodex canis e Sarcoptes scabiei, podem afetar as pálpebras. As lesões caracterizam-se por hiperemia e prurido (escabiose), complicadas por infecções bacterianas e autotraumatismo. A demodiciose localizada tende a ser restrita a face, com envolvimento palpebral, e é mais comum em cães jovens. A regressão espontânea pode ocorrer, mas retenona tópica e ungüento oftálmico de isoflurofato podem ser usados. O peróxido de benzoíla em gel (Benzac ® - FH) pode ser friccionado nas pálpebras a cada 12h evitando o contato com a córnea. Em casos generalizados pode-se associar banhos de amitraz a cada três _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha, MV, MSc. UFPR – Campus Palotina - 36 - Calázio Esta afecção é resultado da inflamação das glândulas tarsais. Recomendam-se antibióticos e antiinflamatórios tópicos como gentamicina e dexametasona por um período de 7 a 10 dias. Diferencia do hordéolo pela consistência e ausência de sensibilidade dolorosa. A infecção é contida profundamente na placa tarsal. Após a incisão.37 - . O tratamento é feito juntamente com a terapia cutânea.5mg/Kg/VO a cada 72h até a obtenção de dois raspados cutâneos negativos.dias ou moxidectin (Cydectin 1%) na dose de 0. Acontece principalmente em animais jovens. MSc. MV. A escabiose causa prurido intenso. Pratica-se imobilização da área com pinça de Calázio. Para o diagnóstico observa-se durante a inspeção uma massa amarelo-acizentada. UFPR – Campus Palotina . O tratamento é cirúrgico (Figura 27). sendo os banhos com amitraz e moxidectina bastante eficientes. incisa-se com bisturi. FIGURA 27 Representação da remoção do calázio. com várias partes do corpo envolvidas além das pálpebras. firme e não dolorosa à palpação. O termo calázio denota a formação granulomatosa como resultado de secreções tarsais retidas nas glândulas. e procede-se curetagem do tecido com material apropriado (cureta). Olicies da Cunha. o tecido é removido com cureta _____________________________________________________________________________________ Prof. e o aumento de volume é visto distendendo à conjuntiva palpebral. MSc.Hordéolo Refere-se à inflamação. drenagem do abscesso e possível pressão manual das lesões sob anestesia tópica e antibióticos tópicos. e não forma uma massa tão evidente como aquela formada no calázio. Olicies da Cunha. O tratamento envolve o uso de compressas quentes. _____________________________________________________________________________________ Prof. Existe sensibilidade dolorosa à palpação. UFPR – Campus Palotina . infecção e abscesso das glândulas de Zeis ou de Moll (hordéolo interno) ou das glândulas tarsais (hordéolo externo). MV.38 - . É possível observar conjuntiva hiperêmica e discreto aumento de volume palpebral. mordidas. _____________________________________________________________________________________ Prof. mas geralmente a correção torna-se cirúrgica devido a uma grande perda de tecido local. O conhecimento da anatomia e fisiologia palpebral é fundamental para preservar a funcionalidade destes anexos. Ocorrem por diferentes causas. Em alguns casos a correção é clínica. estando atento entre a relação da margem palpebral e superfície ocular quando realizar a sutura para evitar a ocorrência de ectrópio ou entrópio cicatricial. Olicies da Cunha.9%. principalmente em cães.0 são os mais recomendados para suturar a conjuntiva. arranhões ou em acidentes automobilísticos. Para pele o mononáilon 4. No tratamento é recomendada a limpeza abundante com solução de cloreto de sódio 0.0 é apropriado. MV. O primeiro ponto de sutura proximal ao tarso e deve ser executado de forma que as pontas do fio não atritem a córnea conforme a Figura 28.Capítulo 5 – Doenças traumáticas e neoplasias das pálpebras As condições traumáticas e neoplásicas exigem porcedimentos reconstrutivos. determinar o grau de infecção e se possível determinar o tempo ocorrido do acidente. Caso seja necessária a reconstrução cirúrgica. FIGURA 28 Representação da disposição da sutura em lacerações palpebrais (sutura em “8”).39 - . Laceração palpebral As afecções traumáticas são relativamente comuns.0 a 6. MSc. UFPR – Campus Palotina . esta deve ser realizada o mais rapidamente possível. É importante nesses casos avaliar as extensões das lacerações. É indicado o uso de antibioticoterapia tópica e sistêmica associado a analgésicos. principalmente em brigas. depilação da área afetada deixando no mínimo uma margem de três centímetros. freqüentemente é devido a brigas. Fio de poliglactina 910 diâmetro 4. podem ser excisados e suturados por primeira intenção (Figura 30). As causas são desconhecidas. A técnica usada é a blefaroplastia. A maioria das neoplasias palpebrais na espécie canina é benigna. Em felinos. _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha.40 - . a neoplasia mais comum. MSc. O diagnóstico é baseado na localização e aparência da massa e a confirmação é feita mediante citopatologia. devido o surgimento de massas nas pálpebras. a neoplasia palpebral mais freqüente é o carcinoma de células escamosas. UFPR – Campus Palotina . adenocarcinoma sebáceo. histiocitoma e papiloma. A identificação pode ser feita através da visibilização. Já na espécie felina as neoplasias em geral costumam ser malignas.Neoplasias palpebrais A pálpebra é local comum de formação neoplásica em cães idosos não havendo uma típica predisposição racial. Tumores que envolvam mais que um terço da extensão palpebral necessita procedimentos de reconstrução palpebral (Figura 29). As neoplasias mais comuns na espécie canina são: adenoma sebáceo. sendo o adenoma sebáceo. já os menores. MV. Para o tratamento de tumores é indicado à ressecção cirúrgica associada quimioterapia em alguns tipos de neoplasias como mastocitomas. O material pode ser colhido através de aspiração com agulha fina ou encaminhamento de toda a massa após excisão completa. os tumores palpebrais devem ser removidos antes de alcançarem tamanhos consideráveis. necessitando procedimentos de blefaropoiese. que consiste na remoção da massa e reconstrução da pálpebra. Contudo. Os sinais oftálmicos podem ser variáveis. melanoma. o que exigiria uma remoção radical. o que irá depender muito do tamanho do tumor. carcinoma de células basais e também podem ocorrer fibrossarcoma e mastocitoma. A técnica é indicada em pequenos tumores palpebrais como demonstra a figura. Olicies da Cunha.8 – 8% Histiocitoma 1.5% Carcinoma basocelular 1 – 2. A Quadro 01 fornece a classificação histogênica das principais neoplasias oculares que acometem cães e gatos (BEDFORD. UFPR – Campus Palotina .5% Mastocitoma 1 – 2. FIGURA 30 Desenho esquemático ilustrando ressecção palpebral. 2000). QUADRO 01: Classificação histogênica das neoplasias.5% Carcinoma epidermóide 1 – 2% Outros 1 – 5% _____________________________________________________________________________________ Prof. CLASSIFICAÇÃO HISTOGÊNIA Adenoma 29 – 60% Melanoma benigno 13 – 18% Papiloma escamoso 11 – 17% Adenocarcinoma 2 – 15% Melanoma maligno 2.6 – 3.FIGURA 29 Retalho de avanço/adiantamento para lesões de espessura facial.41 - . MSc. MV. UFPR – Campus Palotina . MV. O tratamento é feito mediante a remoção de um fragmento do braço vertical do “T” cartilaginoso (Figura 31). FIGURA 31 Cirurgia para eversão da cartilagem mostrada em desenho esquemático. refere-se ao enrolamento da margem da membrana em decorrência da curvatura anormal da porção vertical de “T” cartilaginoso é um distúrbio congênito que ocorre devido a uma má formação da cartilagem da terceira pálpebra. A principal complicação clínica é a conjuntivite crônica com secreção ocular devido à exposição da mucosa conjuntival. a conjuntiva é aberta com pequena incisão e um fragmento de 2mm do braço vertical T é removido. As duas afecções mais comuns da terceira pálpebra e sua glândula são a eversão da cartilagem e a hiperplasia/hipertrofia da glândula da terceira pálpebra. Não é necessário suturar a conjuntiva. na porção nasal do saco conjuntival inferior. isso permite a terceira pálpebra se acomodar em sua posição anatômica. Pode ocorrer ceratite e ulceração corneal. Eversão da cartilagem A eversão da terceira pálpebra. O Pointer é uma raça predisposta. Nesta técnica. mas pode ocorrer em qualquer raça. Além de proteção.Capítulo 6 – Terceira pálpebra e ducto nasolacrimal Terceira pálpebra A terceira pálpebra é uma estrutura de proteção móvel. _____________________________________________________________________________________ Prof. Olicies da Cunha.42 - . MSc. localizada entre a córnea e a pálpebra inferior. a glândula localizada na sua base produz lágrima e ainda participa da atividade imunológica do olho. hipertrofia glandular. MV. continuando por sete dias no pós-operatório. onde normalmente a glândula reduz bastante. Em gatos a doença é rara. contra-indica-se sua remoção. O Cocker Spaniel. Quando não há úlcera de córnea. Olicies da Cunha. hiperplasia e hipertrofia. Bulldog Inglês. prejuízo à produção lacrimal. pode causar a ceratoconjuntivite seca (CCS) em indivíduos predispostos. mas dificilmente fica imperceptível. O tratamento cirúrgico consiste na reposição da glândula através de várias técnicas.Protrusão da glândula da terceira pálpebra (Cherry eye) A protrusão ocorre geralmente por hiperplasia/hipertrofia da glândula. Os sinais mais observados são massa avermelhada no canto medial. As Figuras 33 e 34 demonstram o procedimento. A sutura é empregada com fio poligalactina 910 em padrão contínuo simples. Antibioticoterapia tópica fica na dependência do desenvolvimento de infecções. Shar Pei e Mastiff são raças predispostas. A remoção da glândula. As principais envolvem o sepultamento da glândula.43 - . e ancoragem da glândula no periósteo da órbita. A corticoterapia prévia reduz a inflamação e facilita o procedimento. O tratamento pode ser médico ou cirúrgico. O tratamento médico é feito à base de antibiótico e antiinflamatório. procedimento muitas vezes executado. conjuntivite crônica e secreção ocular. recomenda-se corticoterapia com prednisona colírio (uma gota a cada 8h) cinco dias antes do procedimento cirúrgico. Como esta glândula contribui com cerca de 30 a 40% do filme lacrimal. Esta afecção pode ser unilateral ou bilateral e ocorre com maior freqüência em cães com até dois anos 2 anos de idade (entre três e seis meses é mais comum). através de suturas. UFPR – Campus Palotina . MSc. A deficiência do tecido conectivo na periórbita pode levar a exposição da glândula lacrimal. preconiza-se colar elisabetano e antiinflamatório não esteroidal sistêmico por cinco dias. apresenta uma aparência não atrativa e pode causar irritações e inflamações oculares (Figura 32). A técnica usada rotineiramente no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná – Campus Palotina é o reposicionamento da glândula em um “bolso” criado pela conjuntiva da 3ª pálpebra descrita por MORGAN (1993). _____________________________________________________________________________________ Prof. inflamação. Olicies da Cunha. FIGURA 33 Técnica da bolsa de fumo de Moore para protusão da glândula da terceira pálpebra em corte sagital.44 - .FIGURA 32 Paciente felino apresentando protrusão da glândula da terceira pálpebra. FIGURA 34 Técnica da bolsa de fumo de Moore para protusão da glândula da terceira pálpebra em vista frontal _____________________________________________________________________________________ Prof. UFPR – Campus Palotina . MSc. MV. Nestes casos. O diagnóstico é feito mediante observação dos sinais clínicos (secreção e pêlos faciais manchados. Pode-se adaptar um cateter número 20 ou 24 que deve ser inserido em um dos pontos lacrimais. Olicies da Cunha. MSc. FIGURA 35 Desobstrução do ducto em desenho esquemático.9% com uma seringa de 5 a 10 mL. indica-se a desobstrução do ducto nasolacrimal. UFPR – Campus Palotina . Dacriocistite É a inflamação e obstrução do ducto nasolacrimal. _____________________________________________________________________________________ Prof.Ducto nasolacrimal As alterações do ducto nasolacrimal produzem freqüentemente epífora (fluxo exagerado de lágrima) por deficiência de drenagem. Enquanto injeta-se NaCl 0. O procedimento é feito sob anestesia tópica ou geral. faz pressão simultânea no ponto lacrimal não canulado. Recomenda-se a administração de antibiótico pela via sistêmica como espiramicina e metronidazol por 7 a 10 dias ou tilosina na dose de 15 mg/Kg a cada 15 dias (quatro doses). e através do teste de Schirmer (aumentado) e teste de Robert Jones com fluoresceína (o corante não sai pela narina num período de 3 a 5 minutos). Pode ocorrer devido obstrução por corpos estranhos principalmente em ductos tortuosos em pacientes braquicefálicos.45 - . Isso pode ser decorrente de dacriocistite. forçando a saída da solução pela narina (Figura 35). tortuosidades ou não-perfuração do ponto lacrimal. acúmulo de material purulento no canto medial e dor). A desobstrução deve ser procedida com fio de náilon ou sondas apropriadas para lavagem do ducto. MV. Prossegue-se com associação de corticóide e antibiótico em forma de colírio por sete a dez dias. comentada anteriormente. Dentre as causas mais comuns. Nestes casos. Como as causas são variadas. Clinicamente observa-se secreção lacrimal e coloração marrom dos pêlos na região. Ocorre por deficiência na drenagem do filme lacrimal e extravazamento de lágrima pelo canto nasal. O uso de ácido acetilsalisílico (10 a 20 mg/Kg a cada 8h para cães e 10 mg/Kg a cada 48 horas para gatos) por um período de até 21 dias. entrópio inferior de canto medial e triquíase. manter pêlos curtos e fazer limpeza freqüente. Shih Tzu. O tratamento está relacionado à correção da causa. _____________________________________________________________________________________ Prof.46 - . Em ambas as situações deverão ser usados colírios de antibióticos e antiinflamatórios no pós-operatório. Esta sonda pode ser adaptada com uma sonda tipo Tom cat para gatos e uretral número 6 para cães. dificilmente obtem-se cura completa. Lhasa Apso entre outros). o teste de Jones tem valor excludente. reduz a estenose cicatricial e mantém a patência do neoducto. Pode-se. MSc. As várias técnicas descritas consistem basicamente na criação de um trajeto óculo-nasal usando uma sonda para leito de cicatrização. UFPR – Campus Palotina . A obstrução do ducto. Olicies da Cunha. agenesia de puncta e estenose de pontos lacrimais também podem estar relacionados à epífora. pode-se proceder a técnicas de neoductos. Para agenesia de ducto. relacionam–se o lago lacrimal raso. MV.Epífora (dacriocistocromorréia) É uma afecção comum principalmente em cães braquicefálicos (Poodle. alternativamente. A resposta é desencadeada por vários tipos de antígenos como pólen. A seguir. as conjuntivites são normalmente secundárias. adjacente ao limbo. antibióticos para infecção _____________________________________________________________________________________ Prof. crostas e folículos conjuntivais. Torna-se imprescindível a avaliação da córnea em busca de lesões. toxinas bacterianas. III e IV Em razão da posição exposta do saco conjuntival e conteúdo do tecido linfóide. MSc. e pode ocorrer em todas as espécies. prurido. exame físico. quemose. e o tratamento.9%.Capítulo 7 – Conjuntiva A conjuntiva é a membrana mucosa móvel que recobre as superfícies internas das pálpebras. superfícies interna e externa da terceira pálpebra e a porção anterior do globo ocular. listam-se algumas situações que podem desenvolver conjuntivite secundária: Substâncias químicas irritantes Neste grupo é comum o contato com produtos de limpezas e conservantes de alguns colírios. Olicies da Cunha. A principal afecção da conjuntiva é a conjuntivite. O tratamento consiste na administração de corticosteróides tópicos e sistêmicos. Presença de Folículos linfóides hiperplásicos e espessamento de conjuntiva são sinais mais comuns nas conjuntivites crônicas. Reações de hipersensibilidade do tipo I. colírios de antiinflamatórios esteroidais por 7 a 10 dias e antibiótico (colírio ou pomada) em casos de infecção bacteriana secundária.47 - . lacrimejamento e presença de exsudato. citologia e biópsia. anti-histamínicos tópicos. II. Conjuntivite em cães O termo conjuntivite descreve a inflamação inespecífica da conjuntiva bulbar e ou palpebral e pode ser desencadeada por vários agentes. O diagnóstico pode ser formulado com o histórico do animal. picadas por insetos. poeira. Os principais sinais observados em conjuntivites agudas são hiperemia conjuntival. testes intradémicos. quemose. O diagnóstico é firmado pelo histórico e sinais clínicos. UFPR – Campus Palotina . a conjuntivite alérgica freqüentemente ocorre após a entrada de antígenos para o interior do saco conjuntival. é baseado em limpeza exaustiva do olho com NaCl 0. Geralmente não há uma doença primária de conjuntiva que determine o processo. Em cães. Os sinais clínicos são: hiperemia. MV. neomicina e polimixina B (para as bactérias Gram-positivas). Irritação mecânica Anormalidades palpebrais. antibioticoterapia sistêmica em casos graves ou crônicos ou se a conjuntivite for secundária a piodermite ou seborréia. extravasar as glândulas tarsais em casos crônicos. e cloranfenicol. Recomenda-se colar elisabetano para prevenção da automutilação. São frequentemente associados a atopia. anorexia e linfopenia. pênfigo foliáceo ou eritematoso e outras dermatopatias alérgicas. pirexia. Causa eritema grave.48 - . Os agentes causadores do complexo _____________________________________________________________________________________ Prof. Conjuntivite em gatos Diferente do que ocorre em cães a conjuntivite em gatos geralmente é desencadeada por causas primárias (vírus ou bactérias). avaliação das pálpebras. déficit lacrimal.) e viral.2 a 1%. bacitracina. fatores irritantes e dermatopatias. O tratamento baseia-se na correção da causa determinante e administração de colírio de glicocorticóide. principalmente em filhotes. realização do teste de Schirmer e teste de Robert Jones. secreção serosa combinada com tonsilite. MSc. causada pelo vírus da cinomose. o antígeno viral pode ser detectado por métodos imunológicos ou reação em cadeia da polimerase (PCR). Na cinomose. gentamicina e tobramicina (para as bactérias Gram-negativas). tratamento dos sinais clínicos e evitar um novo contato com os alérgenos. O diagnóstico é baseado pelo exame ocular. Dentre as conjuntivites de causas primárias as bacterianas (Staphylococcus sp. UFPR – Campus Palotina . remoção das crostas e terapia para doenças sistêmicas. MV. são as mais comuns. sendo assim. do sistema nasolacrimal. Olicies da Cunha. faringite.bacteriana secundária. a conjuntivite está quase sempre presente nos estágios iniciais. o uso de glicocorticóides geralmente é contra indicado. soluções repositórias de lágrima. deve-se também remover as crostas e exsudatos com algodão úmido embebido em solução salina ou com materiais comerciais para a limpeza do olho. O tratamento é embasado na administração de antibióticos tópicos e sistêmicos. estado imune. Em longo prazo pode-se utilizar colírio de ciclosporina de 0. e Streptococcus sp. Para o tratamento das conjuntivites bacterianas recomenda-se antibióticos de amplo espectro. Esta doença inicialmente unilateral pode atingir o olho contra lateral em até sete dias. sendo mais grave em filhotes que sofrem uma infecção primária. raspado de células epiteliais e a demonstração de corpos elementares intracitoplasmáticos. Em animais adultos ocorre mais comumente a manifestação unilateral da doença não sendo obrigatória a presença concomitante de sinais de replicação viral no trato respiratório superior. a conjuntivite pode desenvolver simbléfaro. MSc. e há um potencial zoonótico. trifluridina ou aciclovir (a cada 12h por 21 dias) e tratamento convencional para úlcera de córnea (de preferência para antibióticos a base de cloranfenicol ou tetraciclina). UFPR – Campus Palotina . cultura e teste de PCR. O dano ao tecido ocorre devido à lise celular quando o vírus deixa a célula. Nos gatos jovens a infecção manifesta-se geralmente de forma bilateral. que são observadas com colírio de rosa bengala. Estudos demonstram bons resultados com interferon alfa _____________________________________________________________________________________ Prof. O tratamento consiste na administração de pomadas de antivirais como idoxuridina. epífora purulenta. Olicies da Cunha. Também é possível o desenvolvimento de úlceras dendríticas. pela fluorescência indireta e pelo teste de PCR. Chlamydia psittaci A Chlamydia psittaci (bactéria) causa conjuntivite significativa em gatos. MV. sendo comum a infecção concomitante do trato respiratório superior. com sinais de espirros e secreção serosa nasal. Em filhotes a replicação viral é intensa e pode determinar o desenvolvimento da oftalmia neonatal (a Clamídia também pode estar presente). A manifestação clínica depende da idade do animal e de sua competência imunológica. O diagnóstico dessa doença se dá pelo isolamento do antígeno viral. Nos casos mais crônicos. hiperplasia conjuntival e formação dos folículos linfóides. deve-se associar a doxiciclina na dose de 5 mg/Kg a cada 12 h por 30 dias. O diagnóstico é formulado pelos sinais clínicos. Herpes vírus felino 1 (HVF-1) É a causa mais comum de conjuntivite em gatos. clamídia e micoplasma) são frequentemente associados à conjuntivite felina. Os principais sinais oculares dessa doença são conjuntiva rosa-acinzentada.49 - . histórico do animal. A doença responde bem ao tratamento com cloranfenicol ou tetraciclina (colírio ou pomada a cada 8h por 21 a 30 dias) e em casos severos ou para eliminar o estado de portador.respiratório superior felino (herpes vírus. a quemose é marcante e pode estar associada a rinite. a cada 12h por 30 dias. Mycoplasma felis É uma bactéria da microbiota conjuntival dos gatos e pode ocorrer de forma oportunista ou secundária a outras conjuntivites como as anteriormente citadas.000 UI/mL. MV. O diagnóstico definitivo necessita de cultura. _____________________________________________________________________________________ Prof.10. MSc. por via oral. a cada 8h tópico e L-lisina. Conjuntivites secundária em gatos estão mais associadas a alterações palbebrais ou deficiências do filme lacrimal. A cronicidade resulta em espessamento da conjuntiva e formação de pseudomembrana. Olicies da Cunha.50 - . cloranfenicol ou gentamicina a cada 6h por 21 a 30 dias. UFPR – Campus Palotina . O Tratamento pode ser feito com pomadas ou colírios de tetraciclina. 230 a 500 mg. MÓDULO III . Intervenção cirúrgica é indicada nas progressivas e descemetoceles. que não está aderido ao estroma corneal. infecções. A úlcera de córnea pode ser classificada de acordo com vários quesitos. conforme a Tabela 01. Úlceras superficiais não complicadas cicatrizam rapidamente. ao passo que. úlceras profundas complicadas podem prejudicar a visão devido à cicatrização corneal. Olicies da Cunha. Úlceras em geral A ulceração corneal consiste na perda de uma ou mais camadas da córnea. anormalidades nos cílios. grau de infecção e causa. MV. lisa e avascular. na estrutura e função palpebral e ceratoconjuntivite seca. ceratoconjuntivite seca e processos degenerativos _____________________________________________________________________________________ Prof. sendo que as não progressivas são manejadas medicamentosamente. perfuração e Phthisis bulbi secundários. o que inclui ser transparente. A ceratite ulcerativa é uma das mais comuns e que será estudada nesse capitulo. glaucoma. que são causadas geralmente por traumas. irritação mecânica. TABELA 01. As estromais profundas podem ser divididas em progressivas e não progressivas. A ceratite ulcerativa grave pode levar a perda do olho devido à endoftalmite. como borda elevada circundando o epitélio.Afecções da córnea Capítulo 8 – Ceratites ulcerativas A córnea possui características peculiares com importância cirúrgica prática. Classificação das ceratites conforme o agente. Agente Profundidade Grau de infecção Causa Bacteriana Superficial Simples Traumática Fúngica Profunda ou estromal Complicada Química Viral Descemetocele Indolente Perfuração As úlceras corneais superficiais não complicadas geralmente ocorrem secundárias a um trauma menor. e com mínima formação de cicatriz. São reconhecidas pelas suas características. UFPR – Campus Palotina .51 - . É uma das doenças oculares mais comuns no cão. profundidade. MSc. Já as complicadas cicatrizam lentamente. brilhante. e são chamadas também de persistentes ou indolentes. xampus. autotraumatismo. tendendo a recidivar. pois nesta parte da córnea as terminações nociceptivas são mais numerosas. MSc. diferenciação celular e mitose. Estes aspectos tornam as reações patológicas corneais lentas. MV. pela presença de pregas cutâneas nasais. qualquer solução de _____________________________________________________________________________________ Prof. a inflamação celular é mais extensa e há invasão da área por vasos sanguíneos originados pelo plexo límbico. uveíte reflexa. com propriedade hidrofílica. Nas injúrias complicadas ou com grande perda de tecido estromal. Desta forma. A produção exacerbada pela combinação da produção endógena e de bactérias pode levar a progressão da úlcera. conseqüente perfuração corneal e perda da função visual. ocorre cicatrização vascularizada. o corante. hiperemia conjuntival. e pela lagoftalmia. envolvendo mecanismos de migração. causando perda parcial da transparência. fibroblastos. Células epiteliais corneais.52 - . O estroma cicatriza mais lentamente por estar em um estado relativo de inatividade metabólica. A penetração de neovasos e de imunoglobulinas na córnea é impedida pelo compacto tecido estromal. O exame oftálmico de rotina é suficiente para estabelecer o diagnóstico e severidade da lesão. miose e por fim neovascularização corneal. tornando-a refratária. opacidades brancoazuladas (edema). auxiliando na remoção das células desvitalizadas e detritos da córnea. A primeira manifestação clínica do animal é dor e fotofobia. crônicas e de difícil tratamento. UFPR – Campus Palotina . secreção mucosa a mucopurulenta. Um exame complementar como a biomicroscopia com lâmpada de fenda é apropriado para avaliação precisa da profundidade da lesão e condição da córnea respectivamente. Alterações que seriam brandas em outros tecidos são significativas na córnea. até exposição da membrana da Descemet. seguidas por blefarospasmo. lacrimejamento (exceto na ceratoconjuntivite seca). Olicies da Cunha. Durante a cicatrização corneal normal. Durante a reepitelização pode ocorrer deposição de pigmentos de melanina em resposta não específica da córnea a uma reação inflamatória. Estas características tornam os olhos mais expostos a traumas acidentais. A regeneração do epitélio ocorre por reepitelização. não adere ao epitélio que é lipofílico. A dor é mais acentuada nas úlceras superficiais.A córnea normal é avascular. Raças braquicefálicas são mais pré-dispostas a ulcerações corneais pela maior exposição ocular. leucócitos polimorfonucleares e algumas bactérias produzem colagenases e proteases. A neovascularização denota uma ulceração complicada. Na realização do teste de fluoresceína. proteases e colagenases são produzidas. Observe que o fundo da úlcera não retém o corante. A córnea. UFPR – Campus Palotina . Olicies da Cunha. _____________________________________________________________________________________ Prof. FIGURA 37 Representação esquemática do corante de fluoresceína em úlceras que ultrapassaram os limites do estroma e atingiram a membrana de Descemet. não fixando o corante a exemplo do epitélio (Figura 37). A . contornando todo o diâmetro da lesão. A .corte frontal. Se a úlcera ultrapassar os limites do estroma e atingir as camadas mais profundas como a membrana de Descemet ou o endotélio.53 - . vai promover a fixação do corante nesta camada (Figura 36). em geral. observada após o teste de fluoresceína apresenta-se corada em tom verde e as bordas edemaciadas. a lesão aparecerá como um halo.corte frontal. B – corte sagital. MV.descontinuidade do epitélio que exponha o estroma naturalmente hidrofílico. pois as camadas inferiores ao estroma também são lipofílicas. A lesão profunda. pode apresentar-se com uma névoa azulada dificultando a visualização da câmara anterior devido ao edema. FIGURA 36 Representação esquemática do corante de fluoresceína em úlceras de córnea superficial e estromal. MSc. B – corte sagital. A primeira etapa consiste na determinação da etiologia e conseqüente correção ou eliminação. O estroma foi totalmente danificado e a lesão apresenta a membrana de Descemet ao centro. “Flórida spots”. Após o diagnóstico. Olicies da Cunha. MSc. MV.Se a lesão não corar o centro. A “Flórida spots” apresenta-se como pequenos pontos circulares de opacidades estromal. lipídeos e colesterol se depositam na córnea. Se a membrana se tornar afilada ou aumentar a pressão intra-ocular pode formar uma “hérnia”. o tratamento pode ser dividido em três etapas conforme a necessidade e evolução. UFPR – Campus Palotina . Distrofia corneal. através de inibidores de proteases. inclusive de infecção bacteriana. A . A perfuração corneal geralmente é diagnosticada erroneamente como descemetocele. Esta patogênese não cora com fluoresceína e não é tratável. e perfuração corneal são comumente diagnosticadas erroneamente como ceratite ulcerativa ou descemetocele. transposição córneo-escleral. gerando uma aparência esbranquiçada e abaulada característica da membrana de Descemet. conjuntivais. Observase então uma área edematosa na córnea com centro claro. seja através de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos como a realização de flaps de terceira pálpebra. onde precipitados de cálcio. a causa é desconhecida e a lesão é negativa para fluoresceína.corte frontal. FIGURA 38 Esquema representativo da descemetocele. pois o humor aquoso tende a coagular e tamponar a perfuração. aplicação de membranas biológicas _____________________________________________________________________________________ Prof. A distrofia corneal é causada por distúrbios metabólicos. e a terceira consiste em promover condições ótimas para a sua cicatrização. condição denominada descemetocele (Figura 38). B – corte sagital.54 - . uma descemetocele se estabeleceu. Em injúrias maiores a íris prolapsa em direção ao local da perfuração. A segunda etapa consiste na prevenção de sua progressão. pode-se usar substitutos da lágrima (Lacrima®) e aceticilsteína (Fluimucil® . Atropina tópica a cada 08 ou 12 horas é indicada. porém. MV. a terapia deve ser agressiva. pois espasmos na musculatura ciliar seguido de miose potencializam o reflexo de dor. o transporte de células inflamatórias e a atividade fibroblástica. porém quando a úlcera for progressiva. O sulfato de condroitina (Dunason colírio® .FV). promovendo alívio da dor.solução para inalação) até atingir a concentração apropriada. Olicies da Cunha. é indicado a cada seis horas e a solução estéril precisa ser mantida em geladeira. A regeneração da córnea somente continua otimizada se a alimentação com nutrientes completos for providenciada. sendo os mais utilizados a acetilcisteína tópica. e diminuem o mecanismo de resistência contra infecções. pois a superfície desta estrutura é rica em terminações nociceptivas. algumas medicações como corticóides e anestésicos tópicos. ou 1-2 horas em úlceras progressivas.ou de adesivos cirúrgicos e suturas. com aplicações a cada 1-2 horas. Inibidores de proteases e colagenases (enzimas que destroem colágeno) são bons coadjuvantes no tratamento. diminuem a vascularização e. Entre outros fatores. Alguns fatores podem retardar a cicatrização como. pois eliminam as enzimas que podem retardar o processo cicatricial. microrganismos. as vitaminas A e C têm papéis importantes no crescimento de ceratócitos. e podem ser usados em casos mais graves. EDTA. soro e heparina. Os corticóides potencializam em até 14 vezes a colagenase. materiais com pH não fisiológico. Recomenda-se a preparação de solução a 5% de acetilcisteína. _____________________________________________________________________________________ (Bandvet® . Seu uso é recomendado por um período de cinco dias.10 ou 20 % . UFPR – Campus Palotina .FH) a cada 8 horas fornece substrato para regeneração corneal e é medicamento apropriado para úlceras mais graves. Estudos recentes demonstraram que o Triticum vulgare excelentes resultados. 3-4 vezes ao dia. irritantes mecânicos (pêlos e exsudatos). tensão osmótica. A antibioticoterapia deve ser realizada com antibióticos de largo espectro como tobramicina ou ciprofloxacina. a cada 12 horas produz Prof. tem-se usado o soro sanguíneo com bons resultados. a cada 6-8 horas. Na rotina do Hospital Veterinário – UFPR – Campus Palotina. A atropina relaxa a musculatura. inibindo a formação de cicatrizes hipertrofiadas. É necessário também promover analgesia corneal. enzimas líticas. O soro sanguíneo tem promovido bons resultados. auxiliando no processo de cicatrização e remodelação da ferida. MSc. portanto.55 - . além de prevenir a formação de sinéquias anteriores devido à uveíte secundária ou reflexa. sendo substituída a cada quatro dias. para isso. a total cicatrização da córnea.56 - . fornecendo boa proteção mecânica. Rigorosos critérios devem ser adotados para o início da terapia com corticóides. porém não deve perfurar a conjuntiva para não expor o fio de sutura à córnea. porém são irritantes aos tecidos. A aplicação de membranas biológicas como cápsula renal e membranas amnióticas conferem apenas proteção mecânica à úlcera. TABELA 2 – Resumo das abordagens terapêuticas nos diversos tipos de úlceras. aplicação de membranas biológicas. Os fios são passados na pálbebra superior e protegidos com cáptons para não lesar a pele (Figura 39). estimulam a migração de fibroblastos para o local da ferida. A Tabela 2 apresenta abordagens terapêuticas para os diferentes estágios de desenvolvimento das úlceras corneais. Os adesivos sintéticos como o cianoacrilato. A sutura na membrana nictitante deve passar abaixo da cartilagem. como as colas de fibrina que possuem afinidade pelo colágeno. As suturas podem deformar a córnea por repuxá-la. os flaps de terceira pálpebra. inibem a regeneração do estroma corneal. Já os adesivos cirúrgicos.quelóide e edema. utilizando-se dois ou três pontos sob padrão Wolff. mesmo em pequenas amplitudes. O recobrimento com a membrana nictitante exige suturas ancoradas na pálpebra superior ou na conjuntiva bulbar dorsolateral. entre elas os flaps conjuntivais. fixando a membrana nictitante na conjuntiva bulbar dorsolateral. Outra técnica consiste em ancorar a sutura na conjuntiva. subsídios tróficos e elementos de defesa para a córnea injuriada. similarmente ao esteroidal tópico. se forem de origem biológica. suturas e aplicação de adesivos cirúrgicos. sendo o principal. Inúmeras são as técnicas utilizadas. Úlcera Superficial Bordas desprendidas Em evolução Descemetocele Antibiótico + + ++ +++ Midriático + + ++ ++ Anticolagenolíticos + + +++ +++ Debridamento + +++ --Recobrimento +/+++ +++ A terapia cirúrgica consiste basicamente em recobrir a úlcera. MSc. UFPR – Campus Palotina . possuem ação bactericida. MV. Medicamentos antiinflamatórios não esteróides. _____________________________________________________________________________________ Prof. quando administrado topicamente. Olicies da Cunha. transposições córneo-esclerais. Nas duas técnicas o fio de sutura utilizado é o náilon 4-0 ou 5-0.57 - . O pedículo é preparado a partir da conjuntiva bulbar dorsolateral ou dorsomedial. UFPR – Campus Palotina . A conjuntiva _____________________________________________________________________________________ Prof. B – sutura. carreando nutrientes. A dissecção tem início com pequena incisão conjuntival perpendicular ao limbo. já que pela conjuntiva. Existem várias técnicas de recobrimento. um grande número de vasos sanguíneos atinge a córnea.FIGURA 39 Representação esquemática da técnica do flap de terceira pálpebra. células de defesa e imunoglobulinas. As suturas são removidas 10-14 dias após. uma delas consiste em um flap pedicular (Figura 40). A – preparo. MSc. MV. FIGURA 40 Representação esquemática da técnica de flap de conjuntiva. Enxertos conjuntivais proporcionam maior vantagem diante do recobrimento com membrana nictitante. Olicies da Cunha. Para recobrimento 360º. MSc.58 - . UFPR – Campus Palotina . Geralmente. a área afetada é de 3 a 4 mm e tem contorno irregular. que provocam uma proliferação anormal de estroma. Nesta técnica. A – sutura pré-aplicada. MV. Se a córnea estiver negativa para fluoresceína. úlcera indolente. esta é uma doença com predisposição racial. reduzindo a neovascularização e formação de cicatrizes. ou “úlcera dos Boxers”. B – sutura concluída. necessita dissecção perilimbar em 360º tração da conjuntiva e sutura em bolsa de fumo. Úlcera refratária (indolente) Também conhecida como Síndrome da erosão corneana superficial. a córnea fica completamente recoberta (Figura 41). por meio de suturas simples interrompidas de náilon 8-0.é divulsionada na direção da posição 12 horas. causando edema das células basais. Olicies da Cunha. O olho deve ser medicado com colírio antibiótico de amplo expectro. por dois dias antes da cirurgia e dez dias após. Após três semanas. que acomete cães das raças Boxer. terapia com corticóide tópico pode ser acrescentada. A lesão é decorrente da separação do epitélio corneano do estroma. A úlcera é ocluída com o enxerto suturado firmemente ao estroma da córnea em torno do leito receptor. Poodle. e está associada a hemidesmossomos defeituosos. que é um procedimento tecnicamente mais fácil que o flap conjuntival. Samoieda e Golden Retriever. Seu uso deve ser combinado com _____________________________________________________________________________________ Prof. Corgi. causa dor e se coram com fluoresceína. quatro vezes ao dia. FIGURA 41 Representação esquemática Do recobrimento em 360º. o pedículo conjuntival é seccionaddo. MSc. Neste procedimento. com uma agulha 13x0. como forma de reduzir vascularização posterior e eventual fibrose corneana.59 - . O tratamento clínico isolado não confere bons resultados. UFPR – Campus Palotina . Olicies da Cunha. B – corte frontal. O epitélio é removido até que o epitélio normalmente aderente seja alcançado na borda da lesão (Figura 42).colírio de atropina 1%. FIGURA 42 Representação esquemática da remoção do epitélio com cotonete estéril. três vezes ao dia pelo mesmo período.4 e não excedendo 25% da profundidade do estroma (Figura 43). devendo ser mantida por 21 dias juntamente com a medicação tópica. _____________________________________________________________________________________ Prof. A – corte sagital. MV. seguidas de outras perpendiculares. o epitélio corneano é removido com auxílio de uma espátula para remoção de corpo estranho ou cotonete estéril. Recomenda-se procedimento cirúrgico conforme a técnica de ceratotomia em grade. FIGURA 43 Representação esquemática da técnica de ceratotomia em grade para úlcera indolente. São feitas incisões paralelas no estroma. O recobrimento de terceira pálpebra é recomendado logo após a ceratotomia em grade. B – póscirúrgico imediato após transplante de dois fragmentos de limbo do olho contralateral. na UFPR – Campus Palotina. cora-se completamente Queimaduras químicas na córnea provocam destruição limbal e impedem a reepitelização. Estudos experimentais recentes revelaram que o transplante limbal (usando o olho contra lateral como doador) fornece vascularização a córnea e impedem a perfuração ou conjuntivalização quando for associado à terapia tópica adequada para úlcera de córnea. Nestas situações ocorre perfuração ou conjuntivalização e perda permanente da visão.60 - . Clinicamente observa-se a córnea azulada. Olicies da Cunha. blefarospasmos e fotofobia. FIGURA 44 A . _____________________________________________________________________________________ Prof. transplante limbal em um caso clínico de queimadura química na córnea de um cão com resultados excelentes. Preconiza-se limpeza copiosa do olho.paciente canino com úlcera de córnea por queimadura química. antibioticoterapia a cada 2 horas (colírio de tobramicina ou ciprofloxacina) e atropina colírio 1% a cada 12 horas. quando submetida ao teste da fluoresceína. No pós operatório mantem-se colar elisabetano por cerca de 10 dias.Ulceras por álcali As úlceras causadas por álcali são mais comuns em filhotes pelo comportamento curioso. A Figura 44 mostra a técnica de transplante de limbo em um paciente com queimadura química. C e D – observe neovascularização após 15 dias. A córnea. MV. MSc. Freqüentemente os agentes envolvidos são produtos de limpeza. UFPR – Campus Palotina . Foi realizado. Já a distrofia endotelial. embora não esteja presente necessariamente no nascimento. Com auxílio de um cautério. Greyhound e o Husk Siberiano. O tratamento é basicamente cirúrgico. estroma. também chamado de elevador corneano de Martinez. mas fatores como exposição excessiva a raios ultravioleta da luz solar e poluentes do ar podem deflagrar este tipo de reação. Afetam o epitélio. Pode ser observada opacidade branco-acinzentada. Em casos mais graves e com invasão estromal. de coloração rósea e pigmentação escura. Distrofia corneal O termo distrofia corresponde a uma condição de hereditariedade. as raças Boxer. A distrofia corneana é incomum e ocorre em diversas raças.Pannus É caracterizada pelo crescimento de um tecido fibrovascular. Os fatores agravantes também deverão ser evitados. Geralmente a lesão é bilateral.61 - . A incisão deve ser realizada no limbo. que pode ser parcial ou completa. através da ceratectomia. membrana de Descemet e endotélio e podem ser progressivas e bilaterais. O diagnóstico é baseado nas características das lesões e análise citopatológica (infiltrado difuso de linfócitos e plasmócitos). prateada ou cristalina no estroma corneano. semelhante a tecido de granulação. sobre a conjuntiva. O tratamento é contínuo. Geralmente pode-se reduzir freqüência de ambos num período de um a três meses. preconiza-se a ceratectomia superficial associada a técnicas de proteção e suporte. A causa é imunomediada. acometendo sobretudo. em sua maioria. limbo e córnea na região ventrotemporal. Recomenda-se o tratamento com imunomoduladores como a ciclosporina a cada 8h associado à glicocorticóide tópico a cada 8h. Separam-se as lamelas corneanas com um intrumento para dissecção. Olicies da Cunha. Dachshund e Poodle. O estroma deve ser removido em uma única porção em direção ao limbo. As raças mais predispostas a esta afecção são o Pastor Alemão.Capítulo 9 – Outras ceratopatias Ceratite superficial crônica . é progressiva e permanente. contem-se a hemorragia decorrente da alta vascularização. MV. e a profundidade da mesma é obtida com uso de um bisturi adequado. com idade média entre 3 e 5 anos de idade. MSc. UFPR – Campus Palotina . que é incisado _____________________________________________________________________________________ Prof. observa-se falta de brilho na córnea. neovascularização. como já descrito anteriormente. A mais externa é a lipídica. Considera-se valores acima de 25 mm como excesso de produção. _____________________________________________________________________________________ Prof. os pêlos que tocam a córnea podem agir como sifões removendo lágrima da córnea e predispondo à doença. A deficiência da fase aquosa provoca irritação mecânica contínua e predispõe a infecção bacteriana secundária. Geralmente a secreção ocular é espessa. MSc. A causa mais comum é a imunomediada. pigmentação. são mais predispostas.com uma tesoura. A lágrima é composta por três fases. Bulldog inglês. Os sinais clínicos dependem da gravidade do caso. entre outras. A fase média é a mucosa. Shih tzu. secreção. Seguem as causas iatrogênicas por remoção da glândula da terceira pálpebra ou aplicações de medicamentos que podem causar toxicidade ao tecido glandular (sulfas por longos períodos). Como terapia de suporte recomenda-se o recobrimento de terceira pálpebra e uso de antibióticos e atropina. UFPR – Campus Palotina . aplasia. blefarospasmo com ou sem úlcera de córnea. hipoplasia ou atrofia da glândula. representando cerca de 80% de todos os casos. entre 05 e 15 mm estão os animais com suspeitas de olho seco. As raças Pinscher. Nos casos agudos. Lhasa apso.62 - . produzida pelas glândulas tarsais e tem como função impedir a evaporação da fase aquosa. secreção e úlcera de córnea. Ceratoconjuntivite seca (CCS) É a inflamação da córnea e conjuntivas causada pela baixa produção da fase aquosa da lágrima. doenças sistêmicas como cinomose e causas neurogênicas como lesões nas vias aferentes para o estímulo à produção de lágrima. Em casos mais crônicos. entre 01 e 05 mm confirma-se a afecção e 0 mm é considerado ceratoconjuntivite seca absoluta. provenientes do excesso de dobras nasais. Olicies da Cunha. O diagnóstico é baseado no histórico e sinais clínicos e pela realização do exame oftalmológico completo incluindo teste de Shirmer. produzida pelas células caliciformes tem como função promover a aderência entre as duas outras fases. como ocorre nos Pequineses e Shih tzu. MV. superfície corneal irregular. entre 15 e 25 mm como normal. Animais com triquiase. observa-se opacidade. Cocker. A aquosa é a que está em contato direto com a córnea e é produzida pelas glândulas lacrimais principais (60 a 70%) e glândula da terceira pálpebra (30 a 40%). Colírios com glicocorticóides. Atualmente os medicamentos mais usados para o tratamento desta afecção são a ciclosporina (imunomodulador e lacrimomimético). MV. esta freqüência pode ser reduzida para doses de manutenção em até uma vez a cada 24 horas. Técnicas cirúrgicas como transposição do ducto parotídeo podem ser executadas em casos onde o paciente não responde à terapia convencional. o que. tem seu uso garantido nas CCS. o medicamento tem ação lacrimomimética. antibióticos e substitutos da lágrima. por ser imunomodulador. O Lácrima plus®. Não deve ser usado como terapia de manutenção. devem ser prescritos a cada 6 horas até a cicatrização da lesão. aderem melhor à superfície ocular e pode ser usado a cada 8h. o que pode levar até 30 dias. Todos estes medicamentos são usados topicamente.Inicialmente recomenda-se tratar a causa gênica quando esta for identificada. além de inibir a colagenase produzida por algumas cepas de bactérias. em caso de infecção como úlceras de córnea. Este fármaco. A tobramicina ou ciprofloxacina promovem bons resultados. A técnica está associada a complicações a longo prazo como blefarite. Colírios de antibióticos. na proporção 3:1 respectivamente. UFPR – Campus Palotina .FH. pode ser usado em associação com a ciclosporina baseado na sua função imunossupressora. na CCS costuma ser bastante espessa. Substitutos da lágrima (demulcentes oftálmicos) podem ser usados até a ciclosporina promover incremento na produção lacrimal. Dermóide Esta afecção caracteriza-se por um fragmento de pele. auxilia na dissolução da secreção purulenta. na ausência de úlceras de córnea. Olicies da Cunha. A ciclosporina (pomada ou colírio) de 1 a 2% deve ser prescrita de 2 a 3 vezes por dia. desconforto. sobre a conjuntiva e podendo estender-se para as pálpebras. Seu uso isolado não estimula a produção lacrimal e exige administração muito freqüente (a cada 2 horas). Dependendo da severidade do caso. presente sobre a córnea. histologicamente normal. antiinflamatórios esteroidais. quando associado à acetilcisteína (Flui mucil® ampola 20%). Demulcentes como o Refresh gel® . pois sua absorção pode causar efeitos colaterais importante.63 - . deposição de sais de cálcio na córnea e alteração da microbiota. A _____________________________________________________________________________________ Prof. Alem desta função. MSc. pois a grande maioria é de causas imunomediadas. Esta redução é baseada em consultas periódicas e avaliação da produção lacrimal. condição é mais freqüente nas raças Pastor Alemão. Os principais sinais clínicos são lesão corneana focal e preto-amarronzada. Herpesvirus felis pode ser uma causa freqüente de ceratite inicial e passos apropriados são tomados para tratar essa infecção previamente ao tratamento do processo necrótico. Não causa dor ou desconforto. O tratamento é essencialmente cirúrgico. vascularização corneana. porém ela tem ocorrido. São Bernardo. Em casos onde a profundidade do dermóide exigir remoção de pelo menos um terço da espessura corneal. em geral após doença inflamatória ou ulcerativa crônica. MV. O tratamento indicado é a remoção cirúrgica do tecido necrótico através de ceratectomia superficial associada a enxerto conjuntival pediculado ou recobrimento com terceira pálpebra em casos onde a remoção não envolveu camadas mais profundas da córnea. através de ceratectomia superficial. É comum deposição de pigmentos e neovascularização acentuada. O diagnóstico é feito através da observação da lesão que é característica.64 - . epífora e blefarospasmo. No pós operatório devese prescrever tratamento para úlcera de córnea e incentivar o uso de colar elisabetano. Sequestro corneal (cornea nigrum) Também conhecida como necrose corneana felina. é uma doença que não tem a etiologia conhecida. Dálmata e Dachshund. Olicies da Cunha. recomenda-se flap de conjuntiva. mas pode predispor a infecção da córnea e conjuntiva. Neste procedimento o dermóide e as camadas superficiais da córnea e conjuntiva são removidos. _____________________________________________________________________________________ Prof. O procedimento deve ser feito com boas fontes de iluminação e magnificação. UFPR – Campus Palotina . córnea necrosada e não pigmentada. MSc. turbidez do humor aquoso. Ao exame físico observa-se desconforto. MSc. congestão ciliar. Após isto. Uveíte posterior ou coroidite é a inflamação da coróide. serotonina. urinálise e radiografia torácica. congestão iridiana. turbidez de humor aquoso. vermelhidão. neoplásicas. _____________________________________________________________________________________ Prof. Na anamnese. fortemente relacionada com doenças sistêmicas. possui íntima relação com a lente. precipitados ceráticos e edema corneal. proteínas plasmáticas e células. Alterações bilaterais sugerem doenças sistêmicas. blefaroespasmo e epífora. relata-se a ocorrência de dor (caracterizada pela fotofobia). miose. córnea azul ou branca e déficit visual. hipópio. recomendando-se a realização de hemograma. pressão intra-ocular baixa. retina e nervo óptico e as afecções são críticas para a manutenção da visão. Os sinais crônicos mais comuns são catarata e glaucoma secundários e hiperpigmentação de íris. hiperemia. Pode-se realizar ainda paracentese ocular. bioquímica sérica. hifema. hipópio e precipitados ceráticos. ocorre um aumento da permeabilidade vascular. MV. A uveíte inicia-se com destruição tecidual secundária à ruptura da barreira hematoaquosa. Pode ocorrer sinéquias. É uma estrutura altamente irrigada. Olicies da Cunha. prostaglandinas e leucotrienos. Logo ocorre infiltração celular. Uveíte refere-se à inflamação da úvea. mediado por histamina. corpo ciliar e coróide. UFPR – Campus Palotina . edema iridiano.MÓDULO IV . cultura em suspeitas de infecções bacterianas e dosagens dos níveis de imunoglobulinas (leptospirose ou toxoplasmose). exames citológicos (em casos de neoplasias). As causas podem ser exógenas (traumas e úlceras de córnea) ou endógenas (infecciosas. A pressão intra-ocular abaixo de 10mmHg ou diferença de pressão entre os olhos igual ou maior que 5mmHg são indicativos de uveíte. exsudação fibrinosa. Este fato está relacionado a diminuição da produção e aumento na drenagem do humor aquoso. resultando no extravasamento de fluidos. edema corneal.Generalidades Capítulo 10 – Uveíte O termo úvea é usado clinicamente para se referir às estruturas: íris. imuno-sensível. sendo denominada uveíte anterior ou iridociclite a inflamação da íris e corpo ciliar. Panuveíte denota inflamação de íris. corpo ciliar e coróide. O diagnóstico baseia-se nos achados de anamnese e exame físico. metabólicas e auto-imunes).65 - . A prednisona na dose de 1-2 mg/kg por via sistêmica a cada 12h. para o cão e 10 mg/kg a cada 48h.1% tópica a cada 4 ou 6 horas . Os AINES são contra-indicados em casos de uveíte com tendência a sangramento ou hifema. ou o flurbiprofeno 0. Os antiinflamatórios não esteroidais (AINES) são utilizados quando os corticosteróides forem contra-indicados. diminuindo a dose gradativamente é medicamento eficaz. É midriática. Os corticosteróides são contra-indicados quando a uveíte está associada a úlceras corneais e ceratites micóticas. Associa-se ao tratamento sistêmico a prednisolona ou dexametasona 0. Quando não for possível a utilização da via sistêmica (casos em que está contra-indicada a medicação sistêmica por tempo prolongado) sugere-se a via subconjuntival. porém é contra-indicada em casos de glaucoma. episclerite ou esclerite. a cada 24 horas. para o gato. Os fármacos midriáticos são eficientes para ocasionar midríase e diminuir a permeabilidade dos vasos inflamados da barreira aquo-sanguínea. glaucoma. Outro AINE utilizado é o flunixin meglumine. recomenda-se o uso de antiinflamatórios esteróides e não esteróides para inibir a inflamação e a resposta imunomediada. a cada 12h. por 7 dias. MSc. Utiliza-se atropina a 1% em intervalos de 2 a 3 horas até a pupila dilatar.03%. Porém. seguindo administrações BID a TID.5 a 10 mg ou a dexametasona na dose de 0. Olicies da Cunha.0 mg é uma excelente escolha nesta ocasião. reduzindo o extravasamento de humor aquoso.Dentre os diagnósticos diferenciais estão conjuntivite. Os corticosteróides são preferidos para casos mais agudos e graves da doença. uma gota em intervalos de 6 horas.66 - . estes fármacos podem atrasar a cicatrização de feridas corneais. até recuperação do quadro. como o diclofenaco sódico 0. Os imunossupressores são prescritos para pacientes não responsivos a uma terapia convencional e recomenda-se o uso da azatioprina (Imuran®) na dose de 1-2 mg/kg/dia. O tratamento deve ser realizado precocemente para se evitar o comprometimento permanente da visão. lembrando que a causa gênica deve ser tratada apropriadamente.5 a 1. UFPR – Campus Palotina .0 mg/kg pela via intravenosa. ceratite não ulcerativa e Síndrome de Horner. Drogas _____________________________________________________________________________________ Prof. cicloplégica e descongestiona a íris. A prednisolona na dose de 2. Para a uveíte propriamente dita. MV. reduzir a congestão dos vasos e fazer com que os capilares tornem-se impermeáveis às moléculas protéicas e às hemácias. 4 vezes ao dia. mas não potencializam a ação da colagenase como os corticosteróides. Recomenda-se o uso de agentes antiprostaglandina de ação tópica.5 a 1. na dose de 0.1%. A aspirina pode ser prescrita em uveítes crônicas na dose de 10 mg/kg. glaucoma secundário. ou como profiláticos. realizar exame ocular completo a cada 5-7 dias e avaliar pressão intra-ocular periodicamente fazem parte do tratamento. como o Ativador do Plasminogênio Tecidual – Activase (tPA). MSc. Leucoma. na dose de 25µg intracâmara. como manter o animal em sala escura. usar compressas mornas. Outros cuidados. Os antibióticos deverão ser usados em casos de infecção secundária devido às doses altas e duradouras de imunossupressores.67 - . _____________________________________________________________________________________ Prof. descolamento de retina. Olicies da Cunha. UFPR – Campus Palotina . e prioriza-se o uso da epinefrina 1-2% ou fenilefrina 2. Recomenda-se o uso do cloranfenicol por sua eficiente penetração na córnea. sinéquias. catarata. MV.5-10%.adrenérgicas são indicadas quando houver risco de glaucoma secundário. Quando houver significativa formação de coágulos ou fibrina na câmara anterior utiliza-se agentes fibrinolíticos. endoftalmite e Phthisis bulbi podem ocorrer como complicações das uveítes. íris bombé. dilatação pupilar e hiperemia conjuntival. O ângulo Irido-trabéculo-corneal drena 85% do humor aquoso em cães e 97% em gatos.Basset Hound Displasia do ligamento pectíneo Outras alterações do segmento anterior Os primeiros sinais clínicos incluem dor.Beagle. A incidência é 200:1 em cães e é considerado uma das maiores causas de perda de visão em oftalmologia veterinária. Também é observado injeção ciliar “vasos em medusa”. Olicies da Cunha. secreção serosa a seromucóide. pode se notar olhos turvos e. MSc. pois o paciente pode estar apresentando aumento da pressão intra-ocular.Capítulo 11 – Glaucoma Conjunto de alterações que tendem à elevação da PIO associadas à neuropatia óptica. enquanto a via uveoescleral drena o restante. nos casos bilaterais. reflexo pupilar fotomotor (RPFM) diminuído é sinal de alerta. MV. Poodle Ângulo Fechado – Husky Associado à lente Uveíte: sinéquia. Este quadro leva a alterações degenerativas no nervo óptico e retina com perda visual subseqüente. Primário Secundário Ângulo Aberto . Algumas vezes observa-se luxação lenticular e aumento do tamanho do bulbo ocular (bulftalmia). fechado ou estreito). Ao exame oftálmico. Produzido nos corpos ciliares. hifema Traumático: corpo estranho e hifema Tumores intra-oculares Congênito Goniodisgenesia . podendo ter evolução aguda ou crônica (Tabela 3). sensibilidade peri ocular. Pode ser classificado quanto à etiologia (primário. _____________________________________________________________________________________ Prof.68 - . déficit visual. A dor é caracterizada por blefarospasmos. UFPR – Campus Palotina . Em cães e gatos os valores de referência estão entre 15 e 25 mmHg. secundário ou congênito) e quanto ao ângulo de drenagem (aberto. TABELA 3: Classificação do glaucoma em cães. O glaucoma desenvolve-se quando o escoamento normal do humor aquoso é prejudicado. pigmentação peripapilar. Ao exame de fundo de olho com oftalmoscópio é comum observar hiperreflexia do tapetum. o humor aquoso é um ultra-filtrado do plasma que ocupa o segmento anterior do olho. Análogos de prostaglandinas – latanoprost – Xalatan® . maleato de timolol .atenuação dos vasos retinianos e escavação do disco óptico. A gonioscopia. e a drenagem do humor aquoso mediante a implantação cirúrgica de drenos na câmara anterior também podem ser usados. procedida com Gonioscópio®. sendo importante para diagnóstico de glaucomas por ângulos estreitos ou obstrução por precipitados.Timoptol ® (a cada 12h). após tratamento emergencial. Olicies da Cunha. O tratamento medicamentoso é feito com associações de dois ou mais fármacos pertencentes às seguintes classes terapêuticas. e estabilização. O diagnóstico é firmado através da aferição da pressão intra-ocular com tonômetro digital de aplanação (Tonopen®) ou de identação (Schiötz®). -agentes hiperosmóticos: manitol (1 a 1.para tratamento emergencial.Timoptol® (a cada 12h). MV. _____________________________________________________________________________________ Prof. têm sido prescritos a medicação tópica com dorsolamida (a cada 8h) . -inibidores da anidrase carbônica (sistêmico) – Acetazolamida (pouco usado) -inibidores da anidrase carbônica (tópico): dorsolamida (a cada 8h) . MSc.5g/Kg/IV) . Em casos de pressões incontroláveis ou quando o proprietário é refratário ao tratamento clínico pode ser indicada a atrofia do bulbo do olho com gentamicina intravítrea (nos corpos ciliares) ou enucleação com ou sem adaptação de prótese.69 - . Na rotina clínica do Hospital Veterinário.a cada 12 ou 24 h. mas estão associados a baixo índice de sucesso. sendo considerados os valores entre 15 e 25 mmHg normais.Trusopt®. quando necessário. Pode ser necessária duas a três aplicações até obter-se atrofia (Figura 45 e 46). Os medicamentos anteriormente citados são da farmacopéia humana. A agulha (insulina) deverá ser inserida a 3 mm do limbo devendo ser direcionada aos corpos ciliares.4 a 0. A atrofia produz resultados satisfatórios sendo executada com a administração intra-vítrea de 0. .Trusopt® ou brinzolamida (a cada 8h) (Azopt®) (tratamento de manutenção). UFPR – Campus Palotina . avalia o ângulo iridocorneal. -agentes autonômicos tópicos: maleato de timolol .8 mL de gentamicina parenteral 4%. A ciclocrioterapia é cauterização do corpo ciliar com intuito de diminuir a produção do humor aquoso. pilocarpina a 2% (a cada 8 ou 12h) (tratamento tópico para manutenção). Classificados dentro dos procedimentos cirúrgicos a descompressão do humor aquoso através de paracentese de câmara anterior é procedimento emergencial. MSc. MV. Olicies da Cunha.70 - .FIGURA 45 Representação esquemática da técnica de atrofia ocular com gentamicina. FIGURA 46 Aspecto do olho atrofiado 11 meses após a administração intra-vítrea de gentamicina. UFPR – Campus Palotina . _____________________________________________________________________________________ Prof. UFPR – Campus Palotina . que constituem o ligamento hialóideo capsular. Causas . As luxações/subluxações e as cataratas são as principais afecções. totalmente transparente. Quando anterior exige facectomia intracapsular (FIC). que focaliza o feixe luminoso na retina.25% na dose de 1 gota a cada 12 ou 24h) ou pilocarpina – 1 gota a cada 8h. O tratamento depende do tipo de luxação. uveíte. MV. biconvexa. A transparência normal da lente é resultante de uma alta organização protéica das células fibrosas lenticulares e da organização das próprias células lenticulares.Capítulo 12 – Afecções da lente A função básica da lente é a acomodação visual. persistência da membrana pupilar. Posterior a íris. Na prática. ruptura ou degeneração das fibras zonulares) ou se secundárias (glaucoma.71 - . o que leva a opacificação. localização. Porém é apropriada a utilização de vários esquemas de classificação concomitantes para descrever com exatidão o tipo específico da catarata. catarata e traumas). Porém a acomodação visual é pouco desenvolvida em animais domésticos. Luxações / Subluxações As causas podem ser primárias (anormalidades. A embebição por água causa um desarranjo arquitetônico dessas células fibrosas. anterior ao humor vítreo e suspenso por zônulas. MSc. _____________________________________________________________________________________ Prof.primária. As cataratas podem ser classificadas de acordo com a causa. a lente possui uma cápsula de colágeno com interstícios de mucopolissacarídeos e com propriedades elásticas que permitem alteração da forma graças ao efeito do músculo ciliar exercendo tração sobre a cápsula através das fibras zonulares. o tempo e estágio de desenvolvimento são os critérios mais importantes. caracterizando a catarata. Catarata A lente é uma estrutura intra-ocular. Estão presentes ainda aderências vitreolenticulares firmes na cápsula posterior. tempo e estágio de desenvolvimento. Olicies da Cunha. hereditária ou congênita – persistência da artéria hialóidea. e na posterior ou subluxação o tratamento é conservativo com agentes míoticos tópicos (brometo de demecarium manipulado – 0. _____________________________________________________________________________________ Prof. MSc. . agentes químicos. . trauma. a catarata é a manifestação ocular mais freqüente.imatura . áreas de densidade variável. luxação de lente. A transparência normal da lente é resultante de uma alta organização das proteínas das células fibrosas lenticulares e da própria organização das células lenticulares. Esse excedente de glicose é convertido a sorbitol permanecendo dentro da lente e produzindo um gradiente osmótico.. chegando a 68% dos casos. axial e nas linhas de sutura) Tempo de desenvolvimento (congênita. diabetes mellitus.secundária . Com os níveis de glicose sanguíneos elevados.72 - . displasia de retina.matura – opacidade densa e total da lente. maior entrada de água na lente. zonular. radiação. senil e adquirida) Estágio de desenvolvimento (maturação) . cortical. elevando o nível de glicose sanguíneo e conseqüentemente de concentração de glicose na lente. uveítes. hipercupremia.opacidade mais difusa.hipermatura . dermodespigmentação e atrofia progressiva da retina. com irregularidades na lente. reflexo de fundo ausente e nenhuma acuidade visual.incipiente . equatorial. Localização (nuclear. Qualquer embranquecimento não fisiológico ou opacidade das fibras da lente e ou da cápsula é chamada catarata. As fibras e células epiteliais da lente dependem quase exclusivamente do metabolismo de glicose para a produção de energia. reflexo de fundo presente e algum comprometimento visual. que causa edema em um primeiro momento. geralmente é causada por entrada reduzida de oxigênio e. juvenil. induzindo a uveíte.em estágio de reabsorção. a glicose do humor aquoso entra na lente por simples difusão. MV. portanto. UFPR – Campus Palotina . Olicies da Cunha.opacidade focal. subcapsular. eletricidade. e. posteriormente desidratação. boa acuidade visual e reflexo de fundo de olho visível à oftalmoscopia.nutrição. hipocalcemia. Em cães diabéticos. os níveis de glicose na lente aumentam. capsular. onde a proteína da lente sofre liquefação e extravasa através da cápsula. Cataratas secundárias a diabetes mellitus apresentam-se bilateralmente simétricas e de desenvolvimento rápido em cães. . Na diabetes mellitus ocorre um desequilíbrio no metabolismo de carboidratos. aparece opaca. um álcool hidrofílico. a maioria dos cães diabéticos irá desenvolver catarata e muitos terão rápida progressão da doença até cegueira completa. à oftalmoscopia. MV. Alguns proprietários relatam maior dificuldade visual durante o dia. A embebição por água causa desarranjo arquitetônico. Portanto. MSc. A catarata diabética no cão pode desenvolver-se muito rapidamente e o proprietário pode notar que o animal. Olicies da Cunha. avalia-se o vítreo e o fundo de olho pela _____________________________________________________________________________________ Prof. proporcionando um campo de visão periférico. precipitados ceratíticos. inflamação. as cataratas causam reflexão. Dependendo de sua estrutura específica. poderá ser obtida a história de nictalopia (cegueira noturna) inicial. A hiperglicemia causa um aumento do uso desta via. descolamento de retina e glaucoma caso a exposição persista. Além da opacificação da lente na diabetes mellitus. usualmente observa-se uveíte concomitante e conseqüentemente diminuição da pressão intra-ocular. já que a lente apresenta-se opaca. começa a bater a cabeça em obstáculos. subitamente. isto porque o diâmetro pupilar na ausência da luz torna-se maior. Porém o excesso de glicose percorre outro caminho. e seus produtos metabólicos acumulam-se dentro das células lenticulares. Isso pode gerar hipotonia. miose. e não há passagem de luz para o fundo de olho. A lente canina com catarata. UFPR – Campus Palotina . É convertida até ácido láctico.O metabolismo da glicose normalmente segue a glicólise anaeróbica. sendo esta. via enzima hexocinase. Normalmente a via do sorbitol é responsável por apenas 5% do metabolismo de glicose. refração ou dispersão da luz. a principal rota metabólica devido à relativa baixa tensão de oxigênio e a pouca quantidade de mitocôndrias nas fibras epiteliais da lente.73 - . formação de vacúolos e catarata clinicamente evidente. Caso esteja presente degeneração hereditária da retina. A uveíte facolítica é particularmente prevalente em catarata diabética. Em cataratas incipiente e imatura. O vítreo e o fundo de olho geralmente não são avaliados pela oftalmoscopia. A exposição de uma quantidade excessiva de proteínas lenticulares resulta em uma reação chamada de uveíte facolítica ou induzida pela lente. esbranquiçada e opalescente. não se difunde através das membranas celulares. Este é um fator importante no diagnóstico clínico para a identificação de retinopatia concomitante. devido a um aumento de volume e ruptura das fibras. sinéquia. A glicose é convertida a sorbitol via enzima aldose redutase. causando um gradiente osmótico. o do sorbitol ou poliol. que leva a entrada de água nas células fibrosas da lente. pois o sorbitol. O mais evidente é seu rápido desenvolvimento. aumentanda de tamanho (intumescência). MV. UFPR – Campus Palotina . Em cataratas unilaterais. Porém na catarata hipermatura ocorre extravasamento protéico e reabsorção. uma gota pela manhã). resultando em esclerose nuclear. bem definida e bilateralmente simétrica no centro da lente observada em animais com mais de seis anos de idade. Porém um midriático (atropina 0. quanto anatômicos e de interfaces como a ecografia ou ultra-sonografia. os resultados da fundoscopia do olho contralateral podem ser extrapolados para o olho acometido. Em animais diabéticos a cirurgia deve ser precedida da estabilização _____________________________________________________________________________________ Prof. e o diagnóstico é confirmado pela bioquímica.1%. A catarata diabética exibe aspectos clínicos diferenciadores.74 - . dentro de poucos dias. As propriedades ópticas da alteração da compressão das fibras da lente causam dispersão da luz. e podendo causar glaucoma secundário. MSc. Olicies da Cunha. Terapias tópicas ou sistêmicas com selênio-vitamina E. A esclerose nuclear ou lenticular comumente é diagnosticada erroneamente como catarata. é a principal afecção a ser diferenciada. superóxido desmutase. nem obstrui um exame dilatado de fundo ocular ou causa prejuízo visual clinicamente importante. Em cataratas maturas a lente torna-se hidratada. tanto funcionais como a eletrorretinografia. promovendo uma cápsula enrugada e irregular. Não constitui uma opacidade verdadeira. carnosina ou citrato de zinco são indicadas para cataratas caninas. A seleção apropriada do paciente e avaliação pré-operatória é crucial para um bom resultado cirúrgico. Os problemas com a visualização da oftalmoscopia direta e indireta iniciam-se quando existe uma barreira à penetração da luz no olho. pode oferecer maior conforto. em alguns casos.5% . A formação progressiva de fibras no núcleo adulto da lente (em constante divisão celular). embora nenhuma tenha provado ser eficaz em estudos controlados. Consiste em uma névoa homogênea.periferia da lente. assim conferido a aparência branco-azulada ou cinza clinicamente visível com iluminação difusa do núcleo da lente. As manifestações clínicas são intensamente sugestivas de catarata diabética. por aumentar o campo de visão. Outro aspecto é a intumescência da lente. Tentativas de prevenir ou retardar o desenvolvimento de catarata por meios clínicos têm sido sem sucesso. causa compressão interna das fibras mais antigas e conseqüentemente desidratação das fibras compactadas. Faz-se necessária a utilização de métodos de exame indiretos. resultando no rasamento da câmara anterior. e três dias antes administrar colírio de dexametasona 0. que é elevada minimamente e em seguida realizam-se cuidadosos movimentos de rotação. Alguns autores defendem o uso de colírio de atropina 1%. O objetivo da cirurgia da catarata é a restauração da visão funcional. A extração extracapsular é a técnica mais utilizada. Existem quatro abordagens gerais para extração da lente com opacidade. além de manter a arquitetura da câmara anterior. o comportamento do animal quanto à dificuldade do tratamento pós-operatório. intracapsular. Deve-se adaptar o animal ao uso de colar elisabetano antes da cirurgia. O córtex e o núcleo da lente são mobilizados por irrigação intracapsular com solução salina. A diabetes mellitus propicia o desenvolvimento de uveíte facogênica. As duas primeiras técnicas são pouco usadas. porém causa hemorragia e é menos eficiente. diminui-se o risco de extravasamento de vítreo. A cantotomia lateral é rotineiramente realizada e a incisão deve ser feita dorsalmente entre 10-02 horas do relógio. são indicadas para prevenir lesões endoteliais e uveítes pós-cirúrgicas. Substâncias viscoelásticas. UFPR – Campus Palotina . vantagens e desvantagens a serem analisadas para cada paciente. extracapsular e facoemulsificação. quatro vezes por dia.1% com antibiótico profilático quatro vezes ao dia. A capsulerrexia pode ser realizada através de delimitação com uma agulha encurvada ou através de uma pinça. MV. MSc. pelo custo mais baixo em relação à facoemulsificação e pela segurança maior que a intracapsular em relação às complicações no pós-operatório. e posteriormente uma contra pressão com um instrumento rombo na _____________________________________________________________________________________ Prof. A incisão córneo-escleral cicatriza mais rapidamente que a incisão direta na córnea. pois graças ao resistente ligamento hialoideocapsular na cápsula posterior remanescente. sendo assim existe a necessidade de tratamento prévio do olho e o conhecimento de que no pós-operatório haverá intenso processo inflamatório. discisão com aspiração. Cada uma com indicação diferente. a deficiência visual e a motivação do proprietário. Olicies da Cunha. até a completa remoção da cápsula anterior. bem como a administração de antibiótico tópico como tobramicina ou cloranfenicol também quatro vezes ao dia e prednisolona sistêmico (1mg/Kg) em animais não diabéticos. Deve-se avaliar a condição do olho quanto à uveíte e retinopatias. A preparação pré-operatória adequada minimiza as complicações intra e pós-operatórias.da glicemia do animal. pois apresenta menor exposição. injetadas na câmara anterior.75 - . três dias antes da cirurgia. os instrumentos específicos são de alto custo. que é simultaneamente aspirada.esclera ventral. para ruptura e liquefação da catarata. após oclusão parcial da incisão. A extração da lente pela facoemulsificação ou facofragmentação ocorre através da energia ultra-sônica. porém. O material residual da lente é removido suavemente. IV) são utilizados para esses propósitos durante a manutenção anestésica. também é recomendado por 3 a 6 semanas. promovendo relaxamento da musculatura extra-ocular e centralização do globo. IV e vecurônio 0. geralmente associados a corticóides sistêmicos (prednisona oral por três a quatros _____________________________________________________________________________________ Prof. FIGURA 47 Extração extracapsular da catarata via incisão direta da córnea. Para restabelecer a câmara anterior. Os cuidados pós-operatórios são críticos e visam reduzir a inflamação e manter o diâmetro pupilar.76 - . o globo ocular rotaciona medial e ventralmente na órbita e ocorre protrusão da terceira pálpebra. A atropina 1% é usada para promover midríase por 3 a 6 semanas. Olicies da Cunha. Requer incisão menor. A anestesia em cirurgias intra-oculares deve promover um campo imóvel e não congesto. Em planos anestésicos cirúrgicos. realiza-se o preenchimento lento desta com solução salina (Figura 47).1mg/Kg. Colírio a base de corticóide é prescrito logo após a cirurgia e mantêm por seis semanas. evitando-se o uso de planos anestésicos muito aprofundados.06mg/Kg. UFPR – Campus Palotina . antibiótico tópico 4 a 6 vezes por dia. Os bloqueadores neuromusculares (pancurônio 0. através de irrigação e aspiração. para facilitar a liberação da lente. MV. A sutura da córnea é realizada com material absorvível 8-0 a 10-0 em padrão simples interrompido. MSc. da pré-disposição para glaucoma.semanas). Complicações como glaucoma e phthisis bulbi são mais raras. MSc. do estágio da catarata. Complicações freqüentes são aderências (sinéquias). apesar de controversos. Os redutores de pressão como inibidores da anidrase carbônica podem ser usados. do procedimento cirúrgico realizado e da habilidade do cirurgião. A taxa de êxito para facoemulsificação é de 90% a 95% e para extração extracapsular é de 80% caso não exista retinopatia concomitante. _____________________________________________________________________________________ Prof.77 - . As taxas de êxito para cirurgia de catarata variam dependendo da uveíte préexistente. cataratas secundárias na cápsula posterior e descolamento de retina. UFPR – Campus Palotina . MV. Olicies da Cunha. . _____________________________________________________________________________________ Prof. colírio de antibiótico por 10 dias e atropina durante cinco dias.RPFM (o consensual presente é sinal favorável). Lava-se o olho copiosamente com solução fisiológica gelada. Ao surpreender uma proptose.midríase (mau prognóstico. Trata-se de uma emergência oftálmica. O olho deve ser umedecido e protegido para evitar automutilação. Utiliza-se. Olicies da Cunha. Caso a manobra seja infrutífera opta-se por cirurgia através de cantotomia e tarsorrafia temporária (Figura 48). A sutura é removida dentro de 7 a 10 dias. . O tratamento inicia-se imediatamente após o diagnóstico. o globo deve ser imediatamente umedecido e examinado quanto a viabilidade. avaliada de acordo com os seguintes aspectos: . Utiliza-se anestesia de curta duração como o propofol. UFPR – Campus Palotina . em casos de rupturas extensas da musculatura. antiinflamatório e antibiótico sistêmicos como flunixin meglumine e enrofloxacina.hifema. MV. Quando o olho for inviável.78 - . É comum em cães braquicefálicos e gatos (em casos de brigas). pois é a resposta normal de um olho irritado). MSc. lubrifica-se o olho com pomada de antibiótico e antiinflamatório e devolve-se o olho a órbita aplicando pressão. .miose (bom prognóstico. do nervo óptico ou evisceração. pois indica ruptura do segundo e/ou terceiro par de nervos cranianos). .Capítulo 12 – Técnicas diversas Proptose (exoftalmia traumática) Também conhecida como proptose do bulbo do olho. Estas orientações podem ser dadas inclusive ao proprietário antes do atendimento inicial. . a exoftalmia traumática é a saída do globo ocular do interior da órbita.rompimento de músculos. respectivamente.necrose. recomenda-se a remoção cirúrgica do bulbo (enucleação). no pós-operatório. sutura da conjuntiva e sutura da pele. A técnica rotineiramente empregada é transconjuntival. evisceração e exenteração) Enucleação É a retirada somente do globo ocular (Figura 49). incisão da conjuntiva perilimbar. UFPR – Campus Palotina .FIGURA 48 Cão apresentando proptose do bulbo e procedimento para a reposição ao lado. secção do nervo óptico. Olicies da Cunha. Tipos de remoção do olho (enucleação. panoftalmite. dissecção junto ao globo. FIGURA 49 Desenho esquemático ilustrando as estruturas a serem removidas na enucleação. hemostasia. protrusões crônicas com laceração muscular ou de túnica fibrosa. O procedimento inicia-se com cantotomia lateral. exoftalmite. secção dos músculos junto ao bulbo. ruptura de nervo óptico e glaucoma crônico com olho muito aumentado em que o animal já perdeu a visão e tem muita dor. MV. Remove-se a terceira pálpebra e o tarso palpebral antes da sutura (Figura 50). _____________________________________________________________________________________ Prof. MSc. tração.79 - . e indicada em casos de neoformações intra-oculares. corpo ciliar. MV. UFPR – Campus Palotina . Evisceração É a retirada somente do conteúdo ocular (úvea. Mantém-se córnea e esclera para adaptação de próteses.FIGURA 50 Representação esquemática da técnica de enucleação transconjuntival.80 - . lente e corpo vítreo) com indicado na Figura 51. FIGURA 51 Esquema representativo das estruturas a serem removidas na evisceração. _____________________________________________________________________________________ Prof. MSc. Faz-se tarsorrafia protetora com a terceira pálpebra. Olicies da Cunha. É mais comum em animais de grande porte. músculos e tecido adiposo (Figura 52). FIGURA 53 Representação esquemática da técnica de exenteração ou enucleação transpalpebral. divulsão até atingir o nervo óptico.Exenteração É a remoção do bulbo e todo o conteúdo da órbita (pálpebra. MSc. terceira pálpebra. Indicada em casos de tumores invasivos da órbita. incisão. _____________________________________________________________________________________ Prof. Faz-se sutura contínua das pálpebras. UFPR – Campus Palotina . MV. A tração exagerada do bulbo deve ser evitada prevenindo assim lesões no quiasma óptico (Figura 53). Olicies da Cunha. FIGURA 52 Desenho esquemático ilustrando as estruturas a serem removidas na exenteração. incisão da pele até encontrar a conjuntiva e a musculatura. ligadura e sutura.81 - . Comumente a dacriocistite é secundária à obstrução prolongada do saco nasolacrimal.82 - . Ceratocone: protusão cônica do centro da córnea sem inflamação. Blefarite: inflamação ulcerativa ou não ulcerativa das margens palpebrais. Cicloplegia: paralisia do músculo ciliar. Blefaroplastia: cirurgia plástica das pálpebras. especialmente a margem da pálpebra inferior. Blefarospasmo: olhos piscam constantemente. habitualmente associada a uma diminuição da acuidade visual.Glossário Acomodação: capadidade que a lente possui de acomodar os feixes luminosos na retina. MSc. UFPR – Campus Palotina . Entrópio: inversão ou giro de uma margem. pode ser congênita ou associada a aneurismas. envolvendo os folículos pilosos e glândulas que se abrem para a superfície. lesão cerebral. Descemetocele: protusão da membrana de Descemet. paresia ou ataxia locomotora. Conjuntivite: inflamação da conjuntiva. Olicies da Cunha. Evisceração: remoção de todo conteúdo intra-ocular mantendo apenas a túnica fibrosa (esclera e córnea). MV. Anquilobléfaro: pálpebra fechada. Enucleação: remoção do globo ocular. Exoftalmo: protusão anormal do globo ocular. Anoftalmia: ausência congênita de um ou ambos os olhos. Dacriocistite: inflamação do saco lacrimal. Anisocoria: desigualdade no ângulo das pupilas. traumatismo craniano. Exenteração: remoção de todo o conteúdo da órbita. Preserva musculatura e tecido adiposo. Ângulo iridiocorneano: ângulo entre íris e córnea (drenagem do humor aquoso). _____________________________________________________________________________________ Prof. Demulcentes lacrimais: substitutos lacrimais Dermóide: presença de pele e pêlos dentro do olho. doenças do sistema nervoso. Ceratite: inflamação da córnea. Ceratoconjuntivite: inflamação da córnea e da conjuntiva. Pálpebra virada para dentro. Catarata: opacidade do cristalino e/ou de sua cápsula. Fórnix conjuntival: ângulo formado entre as conjuntivas bulbar e palpebral. Olicies da Cunha. Hordéolo: inflamação das glândulas tarsais.Fotofobia: intolerância incomum à luz. Limbo: transição entre esclera e córnea. Irís bombé: condição observada na sinéquia posterior anular. Panoftalmia: inflamação de todo olho (todas as estruturas). A íris se adere na lente anterior causando dilatação da íris para frente. Midríase: dilatação pronunciada da pupila.83 - . Não consegue fechar a pálpebra totalmente. Hifema: sangue na câmara anterior do olho. Lagoftalmia: incapacidade de fechar as pálpebras completamente. Gonioscopia: avaliação do ângulo da câmara anterior do olho. Sinéquia: aderências de partes. Proptose do globo: deslocamento anterior do globo ocular. Hifema: sangue fibrina na câmara anterior. Simbléfaro: aderência entre as membranas conjuntivas ou entre conjuntivas e a córnea. Miose: contração da pupila. ao ser feita a tentativa de cerrar as pálpebras. MV. que não pode chegar até a câmara anterior. Hipópio: pus na câmara anterior do olho. Quemose: edema da conjuntiva. Microftalmia: tamanho anormalmente pequeno de um ou ambos os olhos. Lagoftalmo: oclusão incompleta da fissura palpebral. MSc. Tarsorrafia: cirurgia que consiste em unir as margens palpebrais com suturas. A íris está saliente anteriormente. sobretudo a aderência da íris ao cristalino e/ou córnea. _____________________________________________________________________________________ Prof. UFPR – Campus Palotina . Luxação de lente: deslocamento da lente. em decorrência da pressão do humor aquoso. à frente da íris. Medo da luz. Cap. Manole: São Paulo – SP..L. N. Cirurgia do vítreo e da retina. p. D.L. 82. D. 58.G. Fundamentos de oftalmologia veterinária. Íris e corpo ciliar. 1998. 2 ed. p. Cap. E. 2002. 1506 – 21. A.E. MSc. Manole: São Paulo – SP. V 2. 84. 1998. 1436 – 61. Uveíte anterior. 2 ed. In: SLATTER. Cristalino. WALDE. Clínica Veterinária. 2 ed.39. Manole: São Paulo – SP. In: ___________Miller´s guide to the dissection of the dog.P. 2 ed. C. n.. MARTIM. 360p. p. D. Órbita. E. Saunders: Philadelphia. C. V 2. H. PEIFFER JR. Manual de cirurgia de pequenos animais. 1998. Manual de cirurgia de Manual de cirurgia de pequenos animais.. SLATTER. ORIÁ. Glaucoma. V 2. In: SLATTER. Manole: São Paulo – SP.P. Olicies da Cunha. 1986. 1998. In: SLATTER.. _____________________________________________________________________________________ Prof. D. F. 1468 – 79. J. V 2. Manual de cirurgia de pequenos animais. In: SLATTER. p. Cap.H. Cap. V 2. Cap. D. SLATTER. Conjuntiva. 1998. V 2. p. MAZZANTI. In: SLATTER. Manual de cirurgia de pequenos animais. Manual de cirurgia de pequenos animais. p.C. In: SLATTER. Terceira pálpebra. 1428 – 35. Manole: São Paulo – SP. W. Pálpebras.24-30. Sistema lacrimal. 85. DIESEM. R. Manual de cirurgia de pequenos animais. D. MV.S. 2 ed.16-20. C. D. N. 2 ed. A. V 2. 83. p.21. V 2. V 2. p. M. LAUS. R. R. 1998. Manole: São Paulo – SP. In: SLATTER. The head.. R. 2 ed. J. 2 ed. Cap. 86. MOORE. 88. I. Manole: São Paulo – SP. Órgãos dos sentidos do carnívoro e tegumento comum. In: SLATTER.S. 2 ed. Cap. 2 ed. 1407 . 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