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May 29, 2018 | Author: Cristiane E Alexsandro | Category: Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Immanuel Kant, Dialectic, Sociology, Civilization


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DISCIPLINA: ED 313 – MÉTODOS E TEORIAS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFESSOR RESPONSÁVEL: JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI ALUNA: ISABELA CRISTINA SALGADO (RA 080210) FICHAMENTO DO LIVRO: BOURDÉ Guy; MARTIN, Hervé (co-aut.). As escolas históricas. 2º Ed. Mem Martins: Europa-America, 2003. 220p. (Fórum da Historia; v. 4). PÁGINA ASSUNTO RESENHA 9 e 10 PREFÁCIO De uma maneira geral, a corporação dos historiadores privilegia uma prática empírica e recusa, com um certo desprezo, a reflexão teórica. CITAÇÃO Falando sobre Tucídides: “O historiador deve se empenhar na busca da verdade e para isso examinar os documentos mais seguros, os mais próximos dos fatos relatados, confrontarem os testemunhos divergentes, desconfiar dos erros veiculados pela opinião comum...” O texto se propõe a examinar os diferentes (p.10). discursos do método histórico e dos diferentes modos de escrita da história: da Alta Idade (Tucídides foi um historiador Ateniense: 460 a.C. – 400 Média aos tempos atuais (1983). a.C.) Na opinião dos autores, a prática da história e o discurso feito sobre evoluíram consideravelmente. vida e morte. A produção hagiográfica: na alta Idade Média. todas estas etapas estão claramente marcadas”. “Assim vê-se reinar o descontínuo e o inesperado no relato histórico. Já a crônica é um gênero com pretensões mais amplas. Não sem dúvida pelas suas pretensões universais. A percepção da natureza através da descontinuidade. que têm no discurso religioso um estatuto comparável ao das autoridades bíblicas”.C. meio e fim. O gênero hagiográfico predomina sobre o histórico.) Sobre as crônicas... principalmente os acontecimentos políticos e militares. (p. que o levam a começar o relato na Criação para continuar até 591 (. as primeiras sevícias da doença. Nascimento.. 14). Os fatos passados não são um dado inatingível. As biografias e autobiografias. 15 e 16 Novo espaço historiográfico a partir do Século VI.. (p. 1º Gênero. Que se avalie pelo relato da peste que assola Marselha em 588: a proveniência do mal. seguidas de uma fase de remissão.16). Narra de maneira precisa e evocadora. Período Carolíngio: (751 a 987 d.). Não se proíbe qualquer reemprego de relatos anteriores.13 e 14 A variedade de gêneros históricos da Alta Idade Média até o Século XII: apreciação contraditória dos autores. É a sucessão cronológica no estado . o autor vai dizer: “Grégoire de Tours fornece um bom exemplo na matéria (.14). “O período carolíngio é particularmente propício à floração dos relatos milagrosos. É também a época da redação da Gesta Episcoporum. Idade Média: aproximadamente do século V ao XV. 3º Gênero.) escapa ao universo mental greco-romano. o contágio.. a propagação fulminante da epidemia. os altos feitos de Deus e seus servos ocupam o primeiro lugar na cena histórica (relatos de vida de santos.”. Anais e Crônicas: os anais relatam os fatos ano a ano. produzidos pela arbitrariedade divina.. “O Arquétipo moral ou espiritual vence o vivido. as incursões dos Vikings impondo a várias comunidades monásticas fugirem com as sua relíquias. A interpretação das designações de Deus vem antes da investigação das razões humanas. O Cristianismo introduziu a linearidade na História: começo. fatosargumentos. A história é um arsenal onde se vão buscar os fatos-provas. (p. 2º Gênero. de clérigos). e padres. Na maioria das vezes estes são escritos nos mosteiros. Os acontecimentos históricos isolados uns dos outros. (p.. sem encadeamento de causas e de efeitos.16). com a história (. incendiada. mas “constitui” a verdade de fenômenos maravilhosos rodeando-os de todas as garantias desejáveis. Para os de uma ordem linear. Para o hagiógrafo. Évreux é pilhada (.16). em contrapartida. Evitando que os fatos importantes caiam no esquecimento. Beauvais e No final do capítulo. de acordo com o autor. o relato de Ermentaire Meaux são tomadas. A cidade de Ruão é invadida. (p.. resgatam à custa dos tributos aquilo que teriam devido defender de armas na mão e deixam sossobrar o reino dos cristãos”.) um número (liturgia). A crônica. nasce uma nova visão um novo sentido para a natureza: através do da história: “São numerosos os espíritos preocupados trabalho o homem transforma-se (homo faber.. Hugues de Saint-Victor). a mesma preocupação com a verdade e autenticidade dos fatos. A Teologia a serviço Na Alta Idade Média os cristãos vêem-se “Dado que a história do mundo é concebida como a de da História (século como membros da “Cidade de Deus” (Santo um progresso (aqui moral e espiritual) orientado para XII). No seu torpor. no meio das suas rivalidades recíprocas. as de Paris..). (p. puro. pretendem alcançar a paz celestial. que substituiu à ordem cíclica dos teólogos a História é a aventura humana como pensadores greco-romanos”. a seqüência dos . mal aumenta nesta região. o tempo é circular Ermentaire e a invasão da França: “(.18)..17 e 18 18 e 19 As diferenças estruturais entre a Hagiografia e a Historiografia. Agostinho). a praça forte de Melun é sobre a Invasão Normanda na França por devastada. Chartres é ocupada. O da duração. sempre com as garantias de lugar e datas. pilhada. surge também Porrée. (p. Para a história. Os dois gêneros têm em comum. e através da Igreja e da paz um determinado termo. construção progressiva da cidade de Deus.) volta de 862. “O primeiro destes dois gêneros não recolhe necessariamente fatos verdadeiros. Gilbert de La Com o novo sentido do tempo.27). pode falar-se. De acordo com os teólogos do século XII.. todos os habitantes fogem (. prevalece o sentido incalculável de navios normandos sobre o rio Sena. registra os fatos verdadeiros a par de outros mal estabelecidos”.. Por um lado.).. Mas os fios da intriga são mantidos na realidade pela vontade divina”. segundo Gilson. Schaeffer: relatos de peregrinação. Gramain e C. A guarda pessoal do rei é representada com um sentido exigente do detalhe (traje. No entanto. É insuficiente dizer que o . M. armamento). Nesta cena a reportagem coabita com a evocação do imutável. (p. pouco emotivas. 1975. Deluz. Guibert de Nogent: “Julguei em primeiro lugar dever expor os motivos e as circunstâncias que tornavam urgente uma tal expedição (trata-se da segunda cruzada)”. É o tempo do mito sempre vivo.. 1976/2..) Entre as referências mais utilizadas. (p. a tomada de um solar comemora possivelmente a libertação de Pont-Audemer pelas tropas reais. acontecimentos procedendo da economia divina da salvação. ao mesmo tempo que dão testemunhos concordantes quanto ao essencial (. Baltazar com Carlos de França. (p. Tours. Traço geral: a presentificação dos grandes acontecimentos da história santa.homo artifex).19). Em fundo. publicado nos Annales de Bretagne et des Pays de l’Ouest. 19 e 20 20 e 21 A transferência da soberania imperial (translatio imperii) e a transferência do saber (translatio studii). Testemunho Iconográfico.20). “A “qualidade da recordação” é muitas vezes deficiente. encontra-se o calendário das atividades rurais. As atas do colóquio Le temps et l’histoire.a sucessão das festas religiosas. Estas memórias preguiçosas. e curiosamente pouco históricas. Melchior. com o delfim. Luís. dão apenas um lugar débil às calamidades e só raramente citam datas e nomes próprios. continuidade articulada”.. Guillaume de Conches: “É preciso procurar a razão em todas as coisas”. a disciplina intelectual que trata destes acontecimentos. (p. sucessão organizada. as causas dos fatos são designadas pelo divino. Por outro lado.21) Sobre a pintura: “Gaspard parece que confunde o soberano. organizada segundo um fim preconcebido. Os relatos dos acontecimentos do passado são mais coerentes nos registros dos historiadores e cronistas. ou a história escrita. concebida como series narrationis. Nestes relatos o sentido do passado está pouco desenvolvido..”.20). O quadro da representação da adoração dos Magos por Jean Fouquet Estes outros dois esquemas são muito difundidos na Idade Média. Artigos de C. (p.. o santo rei foi moderado: também nunca dos Beduínos.23).”. mas dormem sempre nos acampamentos (. 21). (ver quadro em arquivo anexo).. as pernas e os pés (.. o ouvi nomear o diabo.nas Heures de Étienne Chevalier: uma série de elementos fora do tempo.).. cronista e moralista. A sua convicção é de que ninguém pode morrer a não ser no seu dia.. o Jansenismo e o quietismo. 24). e assim não querem usar armadura. o hábito e a escolta dos soberanos do seu tempo. Evocou com precisão os costumes Em palavras. depois a de lições sobre a história da religião (A Continuação da Religião).). Bossuet (1627-1704) criticou Richard Simon e Spinoza. como na Idade . Em Bousset a história é regida pela necessidade (utilitarismo). Mas é claro que se produz aqui “o encaixe de um fato de revelação e de um fato de história contemporânea”.Joinville acompanhou Luís IX em suas Joinville fala sobre o Rei Luís IX: “Este santo homem 1317): hagiógrafo. Apenas ou quase são retidos os fatos respeitantes ao mundo judeu-cristão. Providencialismo rígido: “Mas esta visão da história é ao mesmo tempo muito acanhada. Jerusalém constitui o centro do mundo. Joinville (1224. (p. pois estes quiseram submeter Deus às leis da ciência e da natureza. 23). “feitos”. “O Discurso tomou três formas sucessivas: em primeiro lugar a de um simples resumo da história universal (As Épocas). em cidades ou castelos.. Os próprios Beduínos têm grandes peliças que lhes cobrem todo o corpo. finalmente a de um curso de filosofia da história. Chefe da Igreja Galicana sujeita à Monarquia e teólogo oficial que via como ameaça o Protestantismo. (p. Sobre os Beduínos: “Não moram nas aldeias.... A história Utilitária. 22 e 23 23 a 26 pintor empresta “ingenuamente” aos reis magos a aparência. mas é conseqüência do plano que Deus tem para os homens. onde a ascensão e a decadência dos impérios eram explicados pelo estado das leis e das instituições (Os Impérios)”..” (p. não procede dos determinismos naturais ou sociais. Bossuet e seu Discurso sobre a História Universal (1681): representante da concepção providencialista da história no período moderno. missões e escreveu um livro sobre seus amou Deus com todo o coração e imitou suas obras. e finalmente uma tomada de posição a favor dos detentores da ordem aristocrática”.. como objetivo relatar a verdade dos fatos.28 a 33 Média”... método associava compilação e inquérito. breve. Sugere uma Sobre a análise dos três tempos de Bossuet: “Para análise das causas longínquas. de Bretanha para desagrado de João O Belo. (p. Jean Froissart Froissart define sua obra como crônica “Não conseguiu satisfazer-se. De tudo isto. depois das consegui-lo. Com efeito. é preciso escapar ao fascínio do tempo razões imediatas e depois dos resultados. vêm os senhores e os príncipes.31).25) Bossuet. Este relato é um tecido de inexatidão e imprecisões (. (p. estes poemas e estas canções não davam de modo algum Praticava com talento o inquérito oral. que nas suas canções de gesta fabulosas e cavalheiresca crônica e historiar ao longo da matéria. . Em seu relato sobre a Sucessão da divulgados por vários saltimbancos e cantores de da sociedade Bretanha deixa transparecer o desejo de fazer praças. Froissart não diz uma palavra. e é os fatos reais que ele tinha por missão relatar”.) vai permitir-nos distinguir no historiógrafo lacunas na informação.) Froissart faz-se eco do medo suscitado entre os nobres por esta mobilização camponesa”. insurreição camponesa de 1358 (. (p. diz-nos. com os relatos (1337-1410): arauto historiada.. em quem se um cronista retribuído pelo poder que tinha inspirava. para algumas centenas devidas ao insurrectos. remontar no passado e entregar-se ao estudo dos traços distintivos dos povos dominantes e dos homens extraordinários”. (p. Seu poemas mentirosos.. Na Baixa Idade Média depois de “O estudo detalhado do relato muito conhecido da Deus. (p. pelo menos expõe que a história não é um encadeamento de milagres.30) “A reação senhorial ou contra-insurreição organizou-se (..29) citado como um dos precursores da história imediata.) fez talvez vinte mil vítimas. tinham evocado a querela da declinante. e para seu próprio desagrado.26). o primado absoluto da narração sobre a investigação das causas. consiste em confrontar as suas apreciações sobre Luís XI. contribuir para a coesão dos Estados da Borgonha invocando antecedentes históricos (. serviços.. Chartier. (p. Monstrelet. 34) Commynes.36) da Do lado da Borgonha a encenação de um Sobre Commynes: “Nas Memórias. Ao fornecer uma versão conforme de suas origens e da sua ligação ao conjunto burguinhês. já não se realizam . Georges Chastellain.33 a 36 37 No relato de Froissart “O leitor é preparado para considerar o castigo dos revoltados como legítimo”.34). Abominável tirano de um povo admirável”. Jean de Wavrin. (p.).. o discurso historiográfico permite colocar sob o signo da necessidade as aquisições territoriais felizes operadas por Filipe O Bom. Depois. Olivier de La Marche e Jean “Esperam-se dos cronistas pelo menos dois tipos de Molinet.) igualmente revelador do fraco grau de objetividade de Commynes e de Basin. (p. em contrapartida Basin é dos mais expeditos no seu “Breve epitáfio de Luís”: Velhaco insigne conhecido daqui até aos infernos. Thomas Basin.).. “Acontecia que com este objetivo (registrar a história dos reis e príncipes contratados pelos reis e príncipes: Jean dos reis) os príncipes lhes abriam seus arquivos. Jacques du Clerq. Pode compreender-se que haja divergência sobre o balanço de conjunto de reinado: se Commynes o aprecia favoravelmente. Em primeiro lugar exaltar os feitos dos príncipes e da sua dinastia (.32) Sobre os cronistas O autor cita vários cronistas.. historiadores.. Mathieu d’Escouchy. Os cronistas Commynes e Basin. testemunhas em desacordo sobre quase tudo: “(. (p. Philippe de Carlos O Temerário a favor de Jean de Wavrin”.. como no século XV. mas XV. procedeu a uma autêntica reescrita das crônicas Aubier. que tem prazer em minimizar os feitos”. distinguindo os tipos de historiadores segundo os locais onde exercem mais do que segundo as épocas. Rousseau e KANT. muito especialmente as chancelarias. A aproximação dos anos 1500 reside na acentuação do lado literário e retórico da história”. Os Arquivos e Bibliotecas: a partir da difusão (p. (p.. “a guerra já não que tentam se destruir. personagem característico da Baixa Idade Média..) Segundo tipo distinguido: o historiador das cortes e praças (Froissart): a história para eles é um meio de existir (.. Claro que a expressão estereotipada da nacional: Século profundo. Obras marcado por mudanças profundas nas práticas sentimento subentendidas por um sentimento nacional historiográficas. as grandes batalhas.39). As Filosofias da A teleologia. contemporâneas. A História como Breves tratados e Compêndios: os futuros “Não é sem dúvida excessivo dizer que o século XV está veículo do manuais de história e geografia. é coisa alegre”.. guardião dos manuscritos dos mosteiros (. a história não passa de uma HISTÓRIA. olhares perspicazes são a partir de agora lançados para Bernard Guené e sua obra-prima: Histoire et os jogos da guerra e da diplomacia (. Do outro.) Commynes Culture historique dans l’Occident médiéval. que postula um sentido à “Na reflexão de Rousseau. (p. na segunda metade do século XV a baixa do preço das obras e a melhor “Bernard Guenée edificou uma autêntica sociologia do classificação e manutenção dos acervos. 1980.37). Reina o olhar frio do memorialista.38 a 43 44 a 47 Borgonha X sonho de reis. já não se pronunciam Commynes e Basin.45). história nasce num texto de Platão: o Fédon..) Terceira categoria: o historiador de gabinete. alegria relativa de príncipes sem escrúpulos palavras históricas em plena confusão. vida política e militar continua a ser dominante. onde se desenvolvem os serviços administrativos. saber histórico. abstração (o negativo da natureza) que é colocada ao serviço de uma demonstração moral”. da imprensa.. Leibniz fala sobre a contradição entre o Bem . Em primeiro lugar o monge. a atos loucamente heróicos. ”.46). Portanto. porque ela é obra do homem. corresponde a um “plano da natureza”. existe uma propriedade. Para Kant a filosofia da história é uma Para Kant o indivíduo está á serviço da espécie: “O parte da Moral. . a hostilidade entre os indivíduos obriga-os a saírem de um estado de beatitude mais ou menos primitiva e a empenharem-se na aplicação de tarefas mais difíceis mas grandiosas”. Kant: história real. No momento que este equilíbrio é rompido começam as “A hipótese de Kant é que. surgem as desigualdades entre finalidade. Nesta perspectiva.45) homem vive harmonia. a história da liberdade começa pelo mal. Para Rousseau. Com o surgimento da acumulação dos fatos da história empírica. o cristã e uma reflexão ética do período da plano previsto para o homem não é que atinja o estado Luzes.(o Deus criador) e o Mal (as epidemias. de natureza mas que atinja o estado de cultura (a este respeito Kant opõe-se a Rousseau)”..46). Rousseau: história fictícia. mundos possíveis da escolha divina. estado civil. nos sujeitos individuais. a natureza realiza os seus fins através dos homens. no estado de natureza.. apesar de lento.) O poder de que o homem está dotado Kant: mistura de uma teleologia da tradição para realizar os seus projetos é a razão. Chega-se ao humana a quis. Ainda Kant: “O destino do homem não é a felicidade a todo custo. (p. nenhuma sociedade sancionar as relações de força. Todavia. poderá todavia ser conhecido no Kant (A Idéia de uma História Universal sob conjunto da espécie sob o aspecto de um um ponto de vista cosmopolítico) (1784). esta finalidade. que. o (p. porque ela é obra de Deus.. nos assuntos humanos e na dificuldades.. desenvolvimento contínuo. das disposições originais”. Paradoxalmente. as Kant e as Conjecturas sobre os inícios da história guerras): para ele vivemos no melhor dos humana: “A história da natureza começa pelo bem. nos choca pela forma confusa e irregular. (. nenhuma ricos e pobres e as instituições jurídicas vem inteligência suprema a concebeu. (p. da Contemporâneos de Hegel (Kant. no mundo natural. A Lógica (1812-1817) e a tempo torna-se uma categoria da inteligibilidade”. (48) “O pensamento de Hegel afirma-se como um idealismo absoluto que supõe uma identidade entre o sujeito e o objeto.(p. “Como todo a elite intelectual alemã. Neste sentido Hegel reencontra o realismo da Antiguidade abalado num momento pelo nominalismo da Idade Média”. da a finalidade formação das categorias intelectuais. que examina a História. indivíduos julgam realizar os seus interesses.de uma força unida... 48 a 51 As filosofias HISTÓRIA. mas por mas apenas realizam um destino mais amplo um movimento dialético. Depois absoluta da da Filosofia da Natureza. entre o conhecer e o ser.. (p. Kant e as relações entre os Estados: “Dos confrontos insensatos a que os homens se entregam acabará por sair “uma comunidade civil universal”.. e por último. “Hegel introduz a dimensão da temporalidade. não toma consciência de si mesmo diretamente.Em seu empreendimento Hegel 1831): a liberdade é primeiramente trata da idéia abstrata. Filosofia do Direito (1821). admira a Revolução Francesa e espera muito da sua difusão através da Europa graças às conquistas napoleônicas”. e de um acordo de vontades”. o Espírito (1807). HEGEL (1770.49) Hegel e a idéia da “astúcia da razão”: os Para Hegel: “O Espírito é o ator principal da história. Na Somente 3 obras foram publicadas enquanto tradição medieval. o tempo era concebido como uma Hegel ainda era vivo: A Fenomenologia do degradação ontológica. difusão da Idéia fora de si. que se interessa pela tomada de consciência do espírito através da história universal. (p. Pertence ao mundo do Aufklarung (esclarecimento/iluminismo) e acredita na força da razão.47). (p. Na concepção Hegeliana.49). da Filosofia do Espírito. 47). que administrará o direito internacional de maneira que o mais pequeno Estado possa atingir a garantia da sua segurança. que comporta 3 momentos: a . Fichte e Schelling). Hegel é influenciado pelo pensamento das Luzes. Social (teoria do Progresso).que os ultrapassa. cuja científico (ou positivo). a liberdade e a razão. intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo. (p. faz corrente no século XVIII.) representa Comte e a lei dos três estados: o teológico (ou para si mesmo os fenômenos como produzidos pela fictício).. os agentes naturais são substituídos por forças abstratas (. renuncia a procurar a origem e o destino do universo.49). 51). a síntese (o devir). (p. No estado metafísico. (p. a Sociologia é o estudo positivo do conjunto das leis fundamentais próprias dos fenômenos sociais. ritmada pelos movimentos da dialética. 51 a 54 As filosofias HISTÓRIA. ser a forma última do progresso”. da Comte vai tratar da formação das ciências e da evolução das sociedades. o espírito humano (. a antítese (o não ser). COMTE (17981857) e o Estática Social (teoria da Ordem).. o espírito humano. tese (o ser). que deve incarnar a moral. “Segundo A. (p..). Finalmente no estado positivo. que respeitam à existe da sociedade. Para Hervé Comte pode ser considerado o inventor da Sociologia. o estado metafísico (ou abstrato) e o ação direta e contínua de agentes sobrenaturais. Para os autores a conclusão de Hegel é decepcionante: “a longa marcha do espírito. A dita ciência divide-se em dois ramos segundo se trata de estabelecer “leis estáticas”. Hegel não se limita a enunciar um idealismo puro. ou de determinar leis dinâmicas que se referem ao movimento da sociedade”. burocrático. inventa o movimento dialético. Dinâmica Positivismo.. suas relações de sucessão e semelhança”. culmina na criação de um Estado Moderno. que vai dominar o pensamento do século XIX”. Comte. para se empenhar em descobrir suas leis efetivas.52) .52) “No estado teológico. Comte imagina a progressão do espírito humano por etapa. 55). num sentido. da A História Universal sob o signo da descontinuidade. progressiva. segundo o ritmo igualmente ternário mas diferentes na sua essência dos três estados”. O caso não é isolado. acaba numa religiosidade exaltada.“Com efeito ao passo que Hegel encara a marcha do Espírito segundo os três tempos da dialética. Para Spengler a civilização é o destino inevitável de uma cultura. as civilizações funcionam como estruturas fechadas. linear. de Spengler: A derrota da Alemanha na uma história contínua. os homens são escravos da vontade da história. marcado inicialmente por um certo racionalismo. que não se comunicam entre si no plano das idéias racionais (. deve segmentar a humanidade em blocos absolutamente estranhos uns aos outros. a maior parte dos socialistas utópicos – H. é Guerra e a filosofia da história diretamente posta de novo em causa (. (p.54) “O. Em meados do século XIX. todos visando assegurar a felicidade dos homens”. de Saint Simon e os seus discípulos – misturam as análises concretas desvendando os mecanismos da sociedade capitalista industrial e os sonhos mais desenfreados respeitantes á organização harmoniosa de sistemas econômicos. Obra Esboço de uma morfologia da História Universal (1918): O Oswald Declínio do Ocidente. O seu postulado inicial é que a ciência não é universal.) Para Spengler “pessimista”. “A visão que dominava o pensamento do século XIX. Os Romanos conquistaram a Grécia e levaram os modelos helênicos para todo o mundo mediterrânico... 54 a 57 As filosofias HISTÓRIA. (p.) mas todas as criações culturais e materiais tem afinidades entre si”. os . Spengler anuncia. políticos e religiosos. Para fazer a demonstração... SPENGLER (18801936). o estruturalismo. “O pensamento de Comte. Dentro desta perspectiva. da A Study of History: Obra de 12 volumes que vai de 1934 a 1961. (p. 58). (p. a evolução das sociedades deixa de ser contínua. A “orgânica spengleriana” pertence a este universo mental”. a mais ampla no espaço. De acordo com Toynbee o conhecimento é muitas vezes determinado pela importância da fonte. encontra uma ampla audiência junto de um público alemão ávido de justificar a sua própria catástrofe por uma teoria geral das catástrofes”. uma civilização . De acordo com Raimond Aron: a obra mais célebre e mais TOYNBEE – Fim controversa da historiografia do séc.56). ilustrada por Schopenhauer. dos positivistas tradicionais aos inovadores dos Annales. a mais longa no tempo. O que conta é a visão do conjunto. (p. “Ao passo que. O ensaísta britânico considera que a hierarquização das tarefas no plano intelectual reflete lamentavelmente a divisão do trabalho na sociedade industrial”.órgãos auxiliares executivos de um destino orgânico”. tende para edificar sistemas filosóficos inspirando-se nos resultados das ciências naturais.57) “Em a Study of History. Toynbee só se interessa pela unidade histórica. (p. “No final do século XIX e início do século XX. Bergson e outros. XIX – contemporânea. (p.55). Crítica de Toynbee: “Com efeito. Toynbee pratica uma história comparatista. a saber “a civilização”. que noutros tempos teria podido dormir à sombra das bibliotecas. 57 a 59 As filosofias HISTÓRIA. uma corrente do pensamento influente. segundo Spengler. Prefigura o estruturalismo nas ciências humanas. os historiadores freqüentemente se contentam com visões parciais. “O livro de Spengler. linear orientada. Inglaterra. Toynbee contesta francamente a atitude seguida pelos historiadores franceses.57). no jogo que Deus joga neste xadrez dos dias e das noites.60). renunciaram a defender-se porque já só pensavam na sua glória passada”. que faz mover em todos os sentidos.. uma civilização declina (desafios e respostas). . (p.. um a um. segundo Toynbee. na sua casa”. e que volta a colocar. porque se deixa ir. reduzidos à impotência. Atenas. porque o quer. Veneza ou Constantinopla enterraram-se.O modelo mais original de Toynbee: o enfraquece porque é vítima de um envelhecimento mecanismo do “challenge and response” biológico. Segundo Toynbee: “O sentido da história é fazer do mundo uma província do reino de Deus. Os homens não passam de peões. (p.59). imobiliza e retira.
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