2 J Sidlow Baxter Examinai as Escrituras Juizes a Ester

March 30, 2018 | Author: davibrasil123 | Category: Book Of Ruth, Samuel, Bible, Love, International Politics


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J.Sidlow B a x t e r examinai as escrituras J u í z e s a E ster escrituras * examinai as Através de um estudo sistem ático e progressivo, o Dr. Baxter "exam ina" a P a la v ra de D e u s n u m a sé rie d e lições b á sic a s e am plam ente interpretativas, abrangendo desde o Livro de Juizes até Ester. Este livro não é um com entário versículo po r versículo, nem é tam bém um a série de análises e esboços. Antes, é um com pleto panoram a dos eventos, lugares e pessoas que com põem a história narrad a de Juizes a Ester. Pastores, sem inaristas, professores e estudantes da Bíblia em g e ra l ir ã o e n c o n tr a r a q u i u m a r iq u e z a d e m a te r ia l p a r a m ensagens, lições e estudos particulares. N inguém p o d e rá term in ar esta série de lições e continuar a m esm a pessoa. Todo estudante receberá um benefício vitalício e se rá in fin ita m e n te a b e n ç o a d o com e ste s e s tu d o s p rá tic o s e envolventes. J. S idlow Baxter é um australiano de Sydney, tendo crescido n a In g la terra . Ele n ão é som ente u m p re g a d o r de h a b ilid a d e e s p a n to s a ; a n te s d e tu d o , é u m p r o f e s s o r d e c a p a c id a d e com provada por m ilhares de pessoas que já tiveram oportunidade d e o u v i-lo . R e c e b e u o g r a u d e D o u to r em T e o lo g ia p e lo Sem inário Batista Central, em Toronto, no Canadá. J. Sidlow B axter T racI NEyd ução dE SiQUEiRA SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VJDA NOVA C aixa Postal 21.486 • 04698-970 São Paul o-SP Título do original em inglês: EXPLORE THE BOOK Copyright © J. Sidlow Baxter R evisões: L ucy Y am akam i e V aléria Fontana C o o rd en a çã o editorial: R ob in son M alk om es C o o rd en a çã o d e produção: E b er C ocareli Primeira edição em português: fevereiro de 1993 Publicado no Brasil com a devida autorização e cc’m todos os direitos reservados por SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA N O V A Caixa Postal 21486 - 04698-970 São Paulo-SP ...................................................................................................... ................. Lições 28 e 29 O SEGUNDO LIVRO DE S A M U E L ........... Lições 26 e 27 O PRIM EIRO LIVRO DE S A M U E L ............................................................................................. PREFÁCIO À EDIÇÃO EM P O R T U G U Ê S ............................263 Lições 48 a 50 ..............................................231 Lições 45 a 47 O LIVRO D E E S T E R .............197 Lições 42 a 44 O LIVRO D E N E E M IA S ........................................................ O LIVRO DOS J U Í Z E S ..............................................................................CONTEÚDO PREFÁCIO DO A U T O R ........... Lições 32 a 34 O SEGUNDO LIVRO DOS R E I S ........................................................................................................................... Lições 35 a 39 7 9 1-1 29 47 67 89 12l OS LIVROS DAS C R Ô N IC A S .............................. 169 Lições 40 e 41 O LIVRO DE E S D R A S ....... Lições 24 e 25 O LIVRO DE R U T E ............................................................. Lições 30 e 31 O PRIM EIRO LIVRO DOS R E I S .......................................... obsoleto). tomei em várias partes a liberdade permitida a um pregador.PREFÁCIO todas as seções compreendidas neste curso bíblico foram aprensentadas em minhas palestras bíblicas das noites de terça-feira na Capela Charlotte de Edimburgo. e a essa incomparável obra composta. devo minha gratidão permanente e presto minha homenagem. Pierson. no todo. A. crendo que dá verdadeira honra à Bíblia como a Palavra de Deus inspirada. de tempos idos (e. para muitos. S. Entretanto. especialmente se os olhos exigentes de algum conhecedor ou diletante literário passarem sobre elas em sua forma impressa agora estabelecida. e julguei mais acertado deixá-las em seu molde original. Que Deus possa empregá-lo graciosamente em um ministério útil para muitos que vivem e trabalham na seara de seu amado Filho. mas foram palestras preparadas para serem proferidas em público. apropriando-me dos escritos de outros. A todos eles. q u a se . Todos eles foram mestres em seus dias e a seu próprio modo. justificando assim sua forma em tom de conversa. Minha gratidão jamais será excessiva para com os caros John Kitto. nosso Senhor e Salvador. Se isso aconteceu. este curso bíblico é basicamente resultado de meu estudo pessoal. Peço que sejam tolerantes neste aspecto. Sir Robert Anderson. sinto-me aliviado com a certeza de que só pode ter sido em relação a autores que não estão mais conosco. J. em certas partes. T. em vista de estes estudos terem sido preparados sem intenção de serem publicados mais tarde. Além do mais. G. Não são ensaios escritos. Campbell Morgan e outros da mesma tradição evangélica. o Pulpit Commentary (“Comentário de Púlpito”). e aceito de bom grado a responsabilidade por ele. em cada uma de suas partes. acreditando que há certas vantagens práticas nisso. mas não a um escritor. B. John Urquhart. Só espero que minha admiração não me tenha levado a aproximar-me demais da ameaçadora fronteira do plágio. O Pr. Ele apresenta uma abordagem bastante prática. Temos convicção de que a popularidade gozada por esta obra em inglês será a mesma que se verificará na sua edição em português. aparentemente confere um significado a um trecho ou história bíblica que o autor original não tinha em mente nem podia ter. na Escócia. mas não “significam” tais verdades. Baxter alegoriza o texto bíblico. em Edimburgo.PREFÁCIO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS A obra aqui intitulada E X A M IN A I A S E S C R IT U R A S é a segunda parte de uma coleção de seis volumes (dos quais já foram publicados o primeiro do Antigo Testamento e os dois do Novo). O autor teve a feliz idéia de preparar seus estudos de um modo completo para os membros daquela igreja. Em lições sempre práticas e bastante assimiláveis. Baxter escreveu estes estudos antes do Concílio Vaticano II. Neste volume. começando com Gênesis e term inando em Apocalipse.15). Naquele tempo. O autor lança um alicerce agradável e seguro para aquele que deseja apresentar-se como obreiro (ou membro da igreja) “que não tem de que se envergonhar. Esta coleção surgiu em decorrên­ cia do desejo do Pastor J. um conhecimento bíblico básico aos membros da Capela Charlotte. Muito mudou de lá para cá. o Pastor Baxter discorre sobre temas palpitantes contidos de Juizes a Ester. o prezado leitor precisa levar isto em conta. que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2. Edições Vida Nova estará colocando à disposição do . a postura da Igreja Católica Romana era de hostilidade e exclusivismo. Sidlow Baxter de oferecer. Destaque deve ser dado ao estudo dos tipos e antítipos que se encontra praticamente em todas as lições deste volume. Podem-se criar analogias e comparações entre fatos bíblicos e realidades teológicas sem ultrapassar o verdadeiro significado do texto original. lugares e pessoas que compõem a história narrada por estes livros. Dentro de pouco tempo. com várias aplicações espirituais dos eventos. sem escrever apenas mais um comentário. com lições atraentes e práticas. Nós preferiríamos que ele tivesse deixado bem claro que os textos em pauta “ilustram” verdades. Baxter oferece incontáveis informações muito iluminadoras àqueles que têm pouco mais do que uma lembrança das histórias narradas nesta porção histórica da Bíblia. isto é. Às vezes. portanto. que se relacionam com o Antigo Testamento.público leitor os últimos dois volumes desta série. Os editores . O LIVRO DOS JUÍZES (1) Lição NQ24 . desde a criação e queda do homem até o juízo final. sob sua orientação. G R A T T O N G U IN N E S S . sendo revelado o juízo de Deus sobre seu caráter. Mas.NO TA: Para este estudo. lei a Juizes por inteiro. Os eventos são mostrados em relação às suas causas e efeitos. correndo de nascentes desconhecidas para mares igualmente desconhecidos. Ela não nos apresenta apenas os acontecimentos. D R . mostrando os motivos das várias personagens da peça e o resultado de seus atos. preferivelmente de uma só vez. Sem a Bíblia. H . A Bíblia é o mapa da história. mas também seu caráter moral. Ela fornece uma visão panorâmica de todo o curso de eventos. a história seria um espetáculo de rios desconhecidos. podemos rastrear as correntes complexas até seus mananciais e distinguir o fim desde o começo. com o início dos novos céus e da nova terra. trata-se de um dos livros mais ricos das Escrituras. através do profeta Jeremias: “Eu vos introduzi numa terra fértil. o primeiro rei (o período teocrático) Desde Saul até Zedequias e o exílio (o período monárquico) cerca de 400 anos cerca de 400 anos cerca de 400 anos cerca de 400 anos . e da minha herança fizestes abominação” (Jr 2. e mesmo que a nação se arrependa amargamente. por suas lições e seus exemplos edificantes. porém. podendo ser vista por todos. muito tempo depois.7). vós a contaminastes. mas depois de terdes entrado nela. Como não podemos suprimir esse trágico registro. ainda assim sua iniqüidade permanece marcada aqui para sempre. Podemos dizer que abrange aproximadamente os primeiros 350 anos da história de Israel em Canaã. dedicado ao período dos chamados “juizes” de Israel e a alguns desses juizes em particular. para que comêsseis o seu fruto e o seu bem.O LIVRO DOS JUÍZES (1) C O M O S E R IA B O M se pudéssemos apagar dos registros da história de Israel os vários feitos sombrios e os tristes acontecimentos que formam a maior parte deste sétimo livro do cânon! Lamentavelmente. o pecado de Israel está incrustado em sua história. observemo-los: Desde o nascimento de Abrão até a morte de José no Egito (o período familiar) Desde a morte de José até o êxodo do Egito (o período tribal) Desde o Êxodo até Saul. Os períodos de 400 anos da história de Israel são dignos de nota. Este é o período do regime teocrático. pois. em que o próprio Senhor é o “Rei invisível” de Israel. O Senhor diz. aprendamos dele. o Livro dos Juizes deve seu nome ao próprio conteúdo. O nome Evidentemente. embora seja um patético anticlímax do Livro de Josué. o teocrático. A teocracia foi uma gloriosa experiência com possibilidades superlativas. a história de Jotão. a descrição exata do grande parlamento em Mispa e muitas outras porções semelhantes devem ser . Natureza e autoria É evidente que os registros que nos foram preservados neste Livro dos Juizes são verdadeiros em termos históricos. Ou seja. Sua ênfase está no significado espiritual dos eventos escolhidos e não na simples continuidade cronológica. O poder exercido por eles parece ter sido comparável ao dos sufetes de Cartago e Tiro. Esta seleção deliberada explica por que se ocupou tanto espaço com os episódios ligados a D ébora. o Rei invisível. embora a tradição judaica o atribua a Samuel. este Livro dos Juizes não se preocupa tanto em formar uma corrente histórica. eles agiam como vice-reis do Senhor. “H á pouca dúvida de que a maior parte do livro consiste dos registros contemporâneos originais das diferentes tribos. com os anciãos e princípes tendo autoridade sobre as suas próprias tribos”. e o fracasso de Israel é mais trágico ainda. A autoria do livro é desconhecida. o cântico de Débora. ou ao dos arcontes de Atenas. pois a primeira característica de uma história científica é o cuidado com a cronologia — sem dúvida algo que falta ao Livro dos Juizes. Diz o Dr. a qual será mencionada a seguir. mas sim libertadores ocasionais levantados por Deus a fim de salvar Israel da opressão e ministrar justiça. Os detalhes minuciosos e descritivos das narrativas.O período dos juizes encontra-se no terceiro desses períodos de 400 anos. Joseph Angus com relação aos juizes como uma classe: “Os juizes (shophetim ) aqui descritos não constituíram uma sucessão regular de governadores. O que temos é uma coleção de narrativas escolhidas por causa de sua relação com o objetivo principal do livro. A bim eleque e o deslize vergonhoso de Benjamin. a mensagem de Jefté ao rei de Amom. O governo do povo pode ser descrito como uma confederação republicana. mas em destacar uma lição vital. Isto explica também o estranho silêncio a respeito dos sumos sacerdotes no corpo do livro e certas outras peculiaridades. Sem assumir a condição de autoridade real. embora não pretendam manifestamente constituir uma história científica do período de que tratam. ou seja. enquanto longos períodos deixaram de ser mencionados. G ideão. ter participado em grande parte da obra que chegou até nós? A referência em 18. 19.30 a um “cativeiro do povo” levou alguns estudiosos a argumentarem que o livro não foi compilado antes da deportação das dez tribos. como descrito neste livro. Fica claro em 18. seus integrantes iam se envolvendo de tal forma no cultivo da terra e apreciando cada vez mais o conforto em lugar . 21. centenas de anos depois. Agora. torna igualmente claro que tal compilação se deu antes da ascensão de Davi ao trono (que expulsou os jebuseus de sua fortaleza — 1 Cr 11. “A geração dos contemporâneos de Josué mostrou-se corajosa. À medida que cada tribo recebia a sua parte.5). 18. Assim. o primeiro rei. que liga os períodos dos juizes e dos reis. escreve o Dr. Angus.1.31 e 20. livre da fraqueza e da obstinação que haviam desonrado seus pais (Jz 2.1. Todavia. o primeiro ardor deles havia esfriado um pouco e.21).7). ao mesmo tempo é evidente que esses documentos originais foram editados e compilados posteriormente.” Todavia. Nas palavras do Dr. mas os outros registros de tempo no livro combinam-se contra essa idéia. O retrato de Israel “O caráter moral dos israelitas. a menção dos jebuseus habitando em Jerusalém “até ao dia de hoje” (1. os docum entos originais do livro são praticam ente con­ temporâneos aos eventos registrados. na sua forma atual.6. Ellicott: “A subordinação de todos os incidentes da história à prática de inculcar lições definidas mostra que o livro. As palavras evidentemente indicam uma das primeiras servidões no período dos juizes.documentos contemporâneos.25). em grande parte. fiel e. caíram num estado de indiferença que Josué achou necessário censurar. mais de uma vez. O que poderia então ser mais provável do que a mão de Samuel. tendo sido feita — muito provavelmente — pelo grande israelita Samuel. Pela repetição da frase “naqueles dias não havia rei em Israel” (17. concluímos que a organização foi feita depois do início do reino de Saul. e sua compilação na forma atual data de algum ponto no reinado de Saul. parece ter se deteriorado muito”. ainda viva na memória do povo. foi compilado por uma única pessoa”.27 que a compilação teve lugar depois que a arca foi removida de Silo. Quando as coisas estavam razoavelmente confortáveis. Eles negligenciavam o livro da aliança e desviavam-se rapidamente. com pena de Seu povo humilhado e sofredor. essas intervenções graciosas não tinham um efeito duradouro. a licenciosidade. isso é muito para os primeiros 350 anos de Israel em Canaã! Eis um patético anticlímax para o Livro de Josué. Os antigos habitantes que não foram molestados reuniram forças para atacar a raça escolhida: as nações e tribos vizinhas. era o caminho exclusivo para a vitória e o bem-estar. praticando o que era impuro e proibido. através dos quais Deus procurou preservar em Israel a idéia de que a fé no Senhor. Todavia. cujas façanhas de livramento em resposta à fé demonstrada para com Ele — apesar das vulgaridades e imperfeições de caráter e de comportamento dos próprios juizes — eram tão manifestamente milagrosas que Israel foi forçado a reconhêce-lO novamente como o Deus verdadeiro. por um senso de dever. apro­ veitaram-se de sua degeneração para avançar sobre eles. Enquanto isso.6). a traição descarada ao Senhor era a ordem do dia. Vivendo entre idólatras. o conforto e a idolatria. o Deus de seus pais não passava de um recurso conveniente em tempos de dificuldade. Eles não passaram a amar mais ao Senhor por Sua paciência constante. O povo irritava-se sob as exigências disciplinares do chamado superior feito por Deus a Israel. os juizes. Em termos gerais. através de Abraão e Moisés. filisteus. Outra geração surgiu. o único Deus verdadeiro. Deus levantou esses homens. Lamentavelmente. moabitas e midianitas. Mas o povo só correspondia na medida em que isso servia ao propósito egoísta do momento — livrar-se do cativeiro e obter proveitos materiais. casaram-se com eles e contaminaram-se com as suas abominações (2.da guerra que cadavez menos mostravam disposição para ajudar o restante do povo. nem ao menos passaram a servi-lO num plano inferior.13. De tempos em tempos. prejudicavam seus poderes de defesa. e a obstinação inicial de Israel transformou-se em um endurecimento incurável. sendo assim encorajado a voltar à sua primeira fé e ao seu primeiro amor.” O significado geral Os juizes levantados por Deus eram lições práticas vivas. os israelitas copiaram o seu exemplo. que os hebreus estavam aceitando. tais como os sírios. 3. . Seu objetivo era expor a causa e o curso da decadência e da ruína de Israel. no segundo e terceiro capítulos. contemplamos o desen­ volvimento de outra concessão. ou seja: O FRACASSO DEVIDO À TRANSIGÊNCIA Cada página do livro contribui para enfatizar esta verdade central. a leste do Jordão. naturalmente. A seguir. Issacar e Simeão. ao preferirem se estabelecer em Gileade. justamente ao ensinar isto. E vem acontecendo com outros. todavia. não nos deixa em dúvida quanto à sua lição central. Naftali e Dá. de modo a estimular a consciência nacional a que se voltasse arrependida para o Senhor. no primeiro capítulo ficamos sabendo que. que a volta à fé verdadeira proporciona uma vitória renovada. não é difícil imaginar que aquele grande patriota. teremos constantes problemas com ele mais tarde e. acentuam a dura realidade central de que todo fracasso se deve à transigência. Gade e metade da tribo de Manassés lamentavelmente já haviam transigido. Se dominarmos o mal de maneira incompleta no início. O plano do livro. As outras duas tribos. Manassés. Depois de ter dominado apenas par­ cialmente os cananeus. As outras duas tribos e meia — Rúben. Devemos precaver-nos! Não é bom cutucar onça com vara curta! É insensato abafar o pecado com panos quentes! A ordem divina para Israel foi severa.2) — algo . em geral. permitindo que ficassem. O primeiro capítulo de Juizes oferece-nos uma lista de oito conquistas incompletas de Judá. Israel fez então uma aliança com eles (2. Benjamim. mas necessária. as nove tribos e meia que se estabeleceram em Canaã não destruíram. Como tudo começou? Bem. compilou este livro com tal fim em vista. as nações dos cananeus. acabaremos derrotados por ele no fim. nem sequer expulsaram. mas supõe-se que seu comportamento tenha sido igual ao dos outros. Aser. não foram mencionadas. como Deus ordenara. Zebulom. mencionado abaixo. Efraim. Samuel. Isso aconteceu com Israel. As proezas dos juizes ensinam. A nação acolheu o inimigo e viveu para arrepender-se disso.A lição central Qual a razão desse desvio trágico? A resposta a esta pergunta constitui o propósito maior que domina o Livro dos Juizes. Lemos em 2. 18: “P O R IS S O . etc. esquece o Senhor e serve a Baal e Astarote (2. . e os livrava das mãos dos seus inimigos. Israel passa a imitar seus costumes. misericordiosamente levantados para chamar Israel de volta e livrar a nação. Sucedia. porém. casamentos mistos. Marque bem esses estágios — domínio incompleto.13. Após os casamentos mistos. reincidiam e se tornavam piores do que seus pais. S E P A R A I-V O S . 3. N Ã O T O Q U E IS E M C O U S A S IM P U R A S . O próximo passo foi aceitar casamentos com eles (3. nem da obstinação dos seus caminhos”.17.14. se permitirmos que pecados apenas parcialmente destruídos fiquem conosco. curva-se a seus ídolos. no momento em que a sepultura silenciava a voz de cada juiz.6) — o que Deus também havia proibido. logo nos veremos de novo ligados aos desejos da carne e cairemos das alturas às quais Deus nos levantou.18.6). E E U V O S R E C E B E R E I. Fracasso devido à transigência! Se Israel pelo menos tivesse atendido à mensagem deste livro! Queira Deus que a igreja transigente de hoje jamais o desconsiderei A palavra de Deus a Seu povo hoje continua sendo a de 2 Coríntios 6. Se nos associarmos às coisas suspeitas por parecerem inocentes. idolatria e completa apostasia — seguidos do humilhante cativeiro (2. por causa dos que os apertavam e oprimiam. D I Z O S E N H O R . seguindo após outros deuses. falecendo o juiz. D I Z O S E N H O R T O D O -P O D E R O S O ”. Os juizes. Não poderemos gozar do repouso prometido por Deus durante muito tempo. nada deixavam das suas obras. impediam sua ruína por algum tempo. servindo-os. e adorando-os eles. mas esta voltava pior do que antes. alianças militares. que. E V Ó S S E R E IS P A R A M IM F IL H O S E F IL H A S .que Deus havia proibido. S E R E I V O S S O P A I.19: “Quando o Senhor lhes suscitava juizes. porquanto o Senhor se compadecia deles ante os seus gemidos.). R E T IR A I-V O S D O M E IO D E L E S . era com o juiz. Faça com que essas palavras fiquem gravadas em sua mente e destruam qualquer tolerância negligente de tudo o que for impuro ou suspeito. todos os dias daquele juiz. Esta é então a história trágica do Livro dos Juizes —fracasso devido à transigência. O LIVRO DOS JUÍZES (2) Lição NQ 25 . 1-2 NARRATIVA PRINCIPAL . 18 anos Ao rei de Canaã.12-14 4..31) Apostasia 3. marcando em sua parte principal (do capítulo 3 ao 16) as seis servidões iniciadas com as palavras: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor”.2-16. 40 anos EPÍLOGO ILUSTRATIVO .1-3 6.NOTA: Releia todo o Livro dos Juizes.3-16 Servidão Libertador Otniel (3. 18 anos Aos filisteus.31) (e Baraque) Gideão (6.1 Ao rei da Mesopotâmia.1-12. 31) Débora (4. 8 anos Ao rei de Moabe. Esta é então a estrutura básica de Juizes: O LIVRO DOS JUÍZES O LIVRO DA DECADÊNCIA O FRACASSO DEVIDO À TRANSIGÊNCIA P R Ó L O G O E X P L IC A T IV O .15-30) (e Sangar.9-11) Eúde (3.11-8.17-21 .7) Sansão (13.5-8 3. 7 anos Aos filisteus etc. 20 anos Aos midianitas.35) Jefté (11.6-18 13.4-5.1-10 10. rei dos moabitas.. Quarto: “. o S E N H O R deu poder a Eglom. Sangar. Segundo: “. não há possibilidade de engano quanto à sua disposição.2). enquanto o epílogo é uma ilustração.12). Os outros consistem de um prólogo (1-2) e um epílogo (17-21). Elom.O LIVRO DOS JUÍZES (2) A disposição o p l a n o ordenado deste livro serve por si para defender com bastante firmeza a idéia de sua compilação por apenas uma pessoa e não várias. O prólogo é uma explicação. Abdom e Sansão. As seis principais apostasias são assinaladas em cada caso pelas palavras: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor”. Eúde. Eúde. O fato de esses seis períodos de servidão de Israel serem considerados como procedentes do próprio Senhor é motivo de surpresa. rei da Mesopotâmia” (3. Jair. Ibsã. temos: Prólogo explicativo (1-2) Parte principal do livro (3-16) Epílogo ilustrativo (17-21) Com relação à parte principal do livro (3-16). Débora. O prólogo explica como surgiram as condições lamentáveis do período. Terceiro: “Entregou-os o S E N H O R nas mãos de Jabim. Os registros de Juizes vão do capítulo 3 ao 16. contra Israel” (3. Gideão.. Desse modo.. São eles: Otniel. Jefté. e ELE os entregou nas mãos de Cusã-Risataim. rei de Canaã” (4. Elas ocorrem no corpo do livro apenas essas seis vezes. Gideão. Tola. Jefté e Sansão. O epílogo ilustra as próprias condições. o S E N H O R o s entregou nas mãos dos midianitas por sete anos” ..8). Seis deles se destacam mais — pois toda a história concentra-se em seis apostasias e períodos de cativeiro de Israel e nos seis libertadores ou juizes que conseguiram libertar o povo. Doze juizes são citados sucessivamente: Otniel. Débora (com Baraque). e em cada caso sobrevêm o juízo com a conseqüente servidão. e são esses capítulos que formam o corpo do livro. Primeiro: “Então a ira do Senhor se acendeu contra Israel. Quinto: “Acendeu-se a ira do Senhor contra Israel. Uma ênfase notável é mantida A narrativa principal de Juizes é notável por causa de uma ênfase interessante.1). não entramos em contato com pessoas que. é possível que nos surpreendamos ao ver como um padrão de vida inferior podia associar-se a um chamado tão elevado. Devemos vigiar e orar. Sexto: ". mas castigos. e (o S E N H O R ) entregou-os nas mãos dos filisteus” (10.7). de quatro aspectos. servidões e libertações está disposta nesta ordem de quatro itens: PECADO S O F R IM E N T O S Ú P L IC A SALVA ÇÃO . Os que pecam contra os privilégios especiais têm maiores responsabilidades e incorrem empenas mais severas. tendo conhecimento das verdades mais profundas e elevadas da vida cristã. Lendo este Livro dos Juizes. O presidente de uma convenção disse certa vez: “É possível ter boa moral sem ser espiritual. Deus pode conferir privilégios especiais a certas pessoas e nações.. são capazes de conversar livremente num tom bastante espiritual. e esta pode ser hipocritamente ocultada com um manto exterior de aparente espiritualidade. Devemos tomar cuidado para que um sentimento de privilégio não engane nosso coração e nos leve a incorrer no pecado da presunção. apresentam um comportamento que faria o não-cristão comum se afastar com repugnância? O conhecimento pode facilmente gerar insensibilidade.(6. mesmo assim. Os cativeiros de Israel não foram simples acidentes.1). mas jamais dá o privilégio de pecar. mas que. Sim — chamado superior e vida inferior. Cada uma das seis apostasias. Este é um ponto a ser seriamente considerado. Deus talvez conceda muitos privilégios. (o S E N H O R ) os entregou nas mãos dos filisteus por quarenta anos” (13. e é até possível ser espiritual sem ter boa m oral!” Um paradoxo? Impossível? Todavia. para não cairmos também nós nesta tentação. que é mantida de ponta a ponta. mas Ele não faz acepção de pessoas no sentido de mostrar indulgência para com os favoritos.. . e foi. E o s filh o s d e Isr a e l serviram a Eglom. Os seis episódios Prim eiro 3... Para nós será valioso gravar essa seqüência quádrupla em nossas mentes. porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro.. rei dos moabitas. mas o Senhor deu poder a Eglom.. Sísera era o c o m a n d a n te d o seu exército. e por vinte anos oprimia duramente os filhos de Israel. rei dos moabitas... pois ela tem uma excelente aplicação hoje. com as palavras e a ordem da narrativa bíblica..1-5. dezoito anos..7-11 PECADO S egu n d o 3. contra Israel.” “Então a ira do Senhor se a c e n d e u c o n tr a Israel.. em relação a Israel. então.” “E n tã o o s filh o s de Isr a e l clam aram ao Senhor...12-30 “Tornaram..” T erceiro 4. porquanto fizeram o que era mau perante o S e n h o r .. e se esqueceram do Senhor seu Deus. rei da M e s o p o ta m ia : e o s filhos de Israel serviram a Cusã-R isataim oito anos. os filhos de Israel a fazer o que era mau perante o Senhor. que reinava em Hazor. e a súplica e a salvação do fim dos séculos. o longo período de pecado e sofrimento esteja agora terminando.” “Clamaram os filhos de I s r a e l ao S e n h o r . e ele os entregou nas m ãos de Cusã-Risataim. e fe r iu a Isra el.. que foram profetizadas.. estejam próximas. E possível que. a p o d e r a r a m -s e da cidade das palmeiras. E a ju n to u co n sig o os filh os de A m om e os am alequitas. rei de Canaã.” SÚPLICA “Clamaram ao Senhor os filhos de Israel.Isto pode ser visto de modo fácil e claro. d e p o is d e falecer Eúde. e renderam culto aos Baalins e ao poste-ídolo. o qual então h a b ita v a em Harosete-Hagoim.....” SOFRIM ENTO “.” “Os filh o s de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor. se dispusermos os seis episódios em colunas paralelas.” .” “Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim.31 “O s filh o s de Israel tornaram a fazer o que era m au p e r a n te o S e n h o r . que os libertou: a Otniel.” Não há registro de sú­ plica. A ssim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel” etc....1-16. e atravessando este por G ileade e M anassés.. filho de Q uenaz. estava malhando o trigo no lagar.” SALVAÇÃO “Então veio o Anjo do Senhor.. SÚPLICA “. p o r q u e d e ix a m o s a nosso Deus. julgava a Israel naquele tem po. E n tã o o A n jo do S en h or lhe apareceu (a Gideão).. te rogamos” (veja coluna anterior).7 “Tornaram os filhos de Israel a fazer o que era mau perante o Senhor.. entâo os filhos de Isra el clam avam ao Senhor.SALVAÇÃO e o S en h or lh es suscitou libertador. passou até M ispa de Gileade e de Mispa de Gileade contra os filhos d e A m o m . “D é b o r a . e assentou-se debaixo do carvalho..1-8.... e mais novo do que ele” etc. e Gideão.... por isso o Senhor os entregou nas mãos dos m id ia n ita s p or s e te anos. que era irmao de Calebe. e nas mãos dos filhos de Amom. e serviram aos Baalins. que está em Ofra. e não o serviram. e lhe disse” etc.” “Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté. e lhe disse. livra-nos a in d a e s ta v e z . Eúde... e aos de Sidom... abiezrita. e aos deuses da Síria.” (Segue-se o relato de Sansão e suas proezas..31 “T en d o o s filh o s de Israel tornado a fazer o que era mau perante o Senhor. filho de Abinoão” etc... p r o fe tis a . Tendo os filhos de Israel clam ado ao Senhor. dizendo: Con­ tra ti havemos pecado.. deixaram o S en h or. e ele (Sansão) começará a livrar a Israel do poder dos filisteus.” “Acendeu-se a ira do Senhor contra Israel.. S exto 13. Q uinto 10. Q uarto 6.6-12. te rogamos.” “e s te (o S en h or) os entregou nas mãos dos filisteus por quarenta anos. m ulher de L apidote. “Apareceu o Anjo do Senhor.. corho último recurso: “Livra-nos ainda esta vez. para o pôr a sa lv o d o s m id ia n ita s. homem canhoto... benjamita” etc. que p e r te n c ia a J o á s..” PECADO “Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor.. e entregou-os nas mãos dos filisteus. por causa dos midianitas.” “E n tão os filh o s de Isr a e l clam aram ao Senhor.. dos filhos de Amom e dos filisteus.35 ". e servimos aos Baalins. e o S en h or lhes su s c ito u lib erta d o r ... — evidentemente porq u e haviam dito.” SOFRIM ENTO ". seu filho. f ilh o de G era..) . de Moabe. M andou ela chamara Baraque. e a A sta r o te ... É isso que o torna importante para nossos dias. ferirás os midianitas como se . porventura não te enviei eu?” Essas foram palavras fortes e cheias de segurança.. mas Gideão só conseguiu gemer: “Ai. por que nos sobreveio tudo isto? e que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram. agora o Senhor nos desamparou. se o Senhor é conosco. e não aquela que chama Gideão de valente. o quinto juiz de Israel.. aprender e digerir interiormente.. Senhor meu. Ele se apresenta como um jovem furtivo e nervoso.Esta ênfase repetida irá. O prim eiro contato com G ideão m ostra um a figura patética de incredulidade (6. mas sim resultado de um a experiência espiritual transformadora. Não podem ser separados. Gideão. Existem coisas no reino moral que se acham indissoluvelmente ligadas. ele fala ofegante: “Ai. e livra a Israel da mão dos midianitas. marcar. com que livrarei a Israel?” O Senhor responde de novo: “Já que eu estou contigo. temos de compreender desde o início que seu heroísmo não era produto de um caráter natural. Seria tão bom se os corações humanos se convencessem disso! É também verdade que a súplica e a salvação igualmente estão ligadas.. dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém. por si mesma.. em lugar do Senhor (como acontece na A R A ) .. Entretanto. senhor meu. mas .E COMO ELE AINDA FALA Alguns dos personagens descritos neste Livro dos Juizes são dignos de um cuidadoso estudo.” Um a recepção desanimada: “Ai.11-23). O pecado e o sofrimento sempre andam juntos. por que? . e disse: Vai nessa tua força. Veja as reações do Gideão ainda não convertido. Deus Se enternecerá com uma súplica sincera em que o mal é abandonado.. o Senhor Todo-poderoso”.onde? . Ele mostrará então Sua salvação. Escolhem os G ideão para ser m encionado brevemente aqui. malhando trigo no lagar a fim de escondê-lo dos saqueadores midianitas. No versículo 13. a fim de mostrar como essas pessoas nos falam hoje.. Que trágicas exclamações de incredulidade escapam de seus lábios quando o Senhor aparece repentinamente em toda Sua majestade! — pois a leitura do versículo 12 é sem dúvida esta: “O Senhor é contigo. GIDEÃO . é relatado com justiça como um dos heróis de destaque na história primitiva da nação. atuar na mente do leitor.” E no versículo 14 temos: “Então se virou o Senhor para ele... Possamos ler. arriscando a própria vida. Até isto. O Gideão não convertido é uma triste representação da paralisia que sempre acompanha a falta de fé. dá-me um sinal”. ansiando pelo aparecimento de um valente batalhador que viesse em defesa da fé . porém. Gideão estava plenamente convicto quanto ao verdadeiro Deus de Israel. A ordem para “derribar o altar de Baal” faz-nos lembrar imediatamente de que Gideão vivia numa época de completa apostasia religiosa. Usamos a palavra com ponderação. sua falta de recursos. porém. saudoso do “passado”. o Senhor ép a z” . ele voltou as costas aos falsos deuses e tornou-se um adorador do Deus verdadeiro. O pai de Gideão também se converteu! O velho homem talvez tivesse suspirado secretamente. ele foi convertido. sua queixa e sua falsa humildade. Em suas exclamações e lamentos sucessivos vemos a surpresa cética da descrença. sua dúvida persistente e sua busca de sinais. Nas respostas de Gideão temos certam ente uma boa amostra do vocabulário da incredulidade. O significado do altar é vital. Em primeiro lugar. e como o resultado foi notável! Leia de novo do versículo 28 ao 32. Mas Gideão passou no teste. e lhe chamou.fossem um só homem”. Pela primeira vez em sua vida este jovem hebreu teve uma sensação de paz. Leia do versículo 25 ao 27. Gideão deu ao altar um nome significativo: “o Senhor é paz” (Jehovah-Shalom ). “Derribar o altar de Baal” era ir contra a vontade popular. Os líderes religiosos de Israel eram “modernistas” e haviam feito o povo se desviar. Quando o “Anjo do Senhor” estava para completar sua visita a ele. Quando Gideão construiu o altar para o Senhor. pois ele é sempre o lugar em que Deus e o homem se encontram. Ele se tornou consagrado. contudo. a experiência transformadora de Gideão. Gideão transformado Veja agora. Além disso. seguiu adiante. Gideão. Trata-se do símbolo externo de um pacto interno entre a alma humana e Deus. Precisamos retroceder um pouco nos acontecimentos para apreciar como essa prova foi um grande desafio à nova fé e obediência de Gideão. só desperta um trêmulo “se”: “Se agora achei mercê diante dos teus olhos. a seguir sua incerteza e sua indagação. que é sempre um primeiro produto da verdadeira conversão. Rendeu sua vontade à do Senhor. Note o versículo 24: “Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor. levando-os a Cristo. a razão pela qual temos tão pouca capacidade para influenciar os que nos rodeiam.24). Que transformação! O homem que fora primeiro convertido e depois se tom ara consagrado estava sendo agora controlado pelo Espírito Santo. Quase sempre. controlado pelo Espírito de Deus. Agora. A personalidade de Gideão. A dúvida teme adiantar-se. A fé se eleva sublime. Ele se tornou imediatamente líder e salvador de seu povo. A fé vê o dia. por assim dizer. consagrado. pela qual ele passou. Joás imediatamente aliou-se a ele. ainda fala” (Hb 11. O versículo 34 é notável. Podemos nos tornar verdadeiramente convertidos a Deus. o qual tocou a rebate. . ou seja. A dúvida murmura: “Quem crê?” A fé responde: “Eu”. quando seu filho se levantou para lutar pela fé. “mesmo depois de morto. Finalmente Gideão tornou-se controlado. Convertido. realmente consagrados à Sua vontade e controlados pelo Seu Espírito Santo. Veja o versículo 34: “Então o Espírito do Senhor revestiu a Gideão. é que não estamos preparados para assumir uma plena consagração à vontade de Deus. A fé divisa o caminho. Este reconheceu nele o poder transformador de Deus e o seguiu quando fez soar sua trombeta. tornou-se um traje com o qual Deus se movia entre os homens.4). “Fiel é o que vos chama. o qual também o fará” (1 Ts 5. controlado pelo Espírito! Deus permita que isto se aplique a nós! Precisamos desviar os olhos das circunstâncias que provocam dúvidas e fixá-los na palavra de Deus. mas em sua essência interior. Podemos aplicar isso a nós mesmos. A história registrada na Bíblia conta a maravilhosa vitória de Gideão sobre os midianítas e de como ele libertou Israel do jugo estrangeiro. que. A dúvida vê a noite sombria. e os abiezritas se ajuntaram após dele”. Uma tradução apropriada seria assim: “O Espírito do Senhor revestiu Gideão dEle mesmo”. pode ser conhecida por nós — não em seus incidentes exteriores. Deus pode nos tomar e usar como fez com Gideão. Que sermão este homem é para nós! É como Abel. A dúvida vê os obstáculos.legítima e chamasse seus compatriotas de volta ao Senhor. Esta experiência de salvação da alma e transformação da vida e do caráter. O LIVRO DE RUTE (1) Lição NQ 26 . D . leia todo o Livro de Rute de uma só vez. D . A R T H U R T. Esta é uma das maiores recompensas de se conhecer verdadeiramente as Escrituras. especialm ente seu. . é algo. É um campo para infinitos estudos e incessantes descobertas. Nenhum outro livro mostra-se uma mina de tesouros preciosos tão inesgotáveis para aqueles que se dispõem a aprofundar-se nele. N enhum a prova mais indiscutível da origem divina da Bíblia pode ser encontrada do que esta capacidade de revelar a cada leitor devoto algo absolutamente novo. então. P IE R S O N . O crente mais humilde pode encontrar um tesouro jamais desenterrado por outrem .NOTA: Para este estudo. Muitas flores raras já se abriram numa fenda rochosa. É uma história encantadora e inesperada em tal cenário. Vistas belíssim as podem aparecer num a curva de estrada pouco promissora. é tão tocante e belo que surge como um contraste redentor depois de nossa penosa leitura do Livro dos Juizes. uma rosa se abrindo gloriosamente no deserto árido. é evidente que a história pertence ao período abrangido pelo Livro dos Juizes — uma época trágica. Rute e Boaz. Trata-se de uma série de idílios pastorais ou bicos-de-pena feitos sobre um cenário rural. mostrando a nobre dedicação de uma jovem viúva m oabitapor sua sogra judia. também viúva.. centrado em Noemi.”. não podemos supor de forma lógica que representa muitos outros casos entre a decadência que reinava na época. e a recompensa que mais tarde coroou sua devoção e auto-sacrifício. Assim. Este curto trecho biográfico é apresentado em forma de história. como já vimos. Mas ele é muito mais do que isso. Ele começa com as palavras: “Nos dias em que julgavam os juizes. O Livro dos Juizes deixa-nos com a certeza indiscutível de que a condição geral da época era de deterioração moral. um pequeno mas brilhante e soberbo idílio. este episódio.O LIVRO DE RUTE (1) F R E Q Ü E N T E M E N T E encontram-se gemas de valor incalculável em lugares inusitados. mostrando que em meio à corrupção generalizada havia exemplos de amor nobre. Arco-íris artísticos iluminam repentinamente os céus mais cinzentos. os quais jamais foram relatados e sobre os quais nada sabemos? H á um fundo de verdade na seguinte declaração de Alexander Maclaren: “Os períodos mais negros não foram na realidade tão sombrios como parecem na história”. . O mesmo acontece com o Livro de Rute. mas o Livro de Rute focaliza outro aspecto do quadro. cortesia piedosa e ideais elevados. Se este exemplo de cortesia piedosa foi escolhido pelo autor anônimo e registrado por escrito (talvez por causa de sua ligação especial com Davi e o trono). encantando o viajante. Esta história é realmente uma estrela brilhante num céu escuro. um sopro de brisa perfumada em meio à esterilidade circundante. uma jóia de grande pureza faiscando entre ruínas.. Todavia. é que não se trata do amor romântico entre um rapaz e uma moça. “é a história do amor de uma mulher por outra. mas sim. O fato de haver um elo moabita na cadeia de sua genealogia deve ter sido muito conhecido pelo próprio rei. O Livro de Rute é uma história de amor. Rule_éoima jovem gentia levada p a r a v iv p j p. os dedicados admiradores do rei”. Há um grande contraste entre ambos. O notável. nas palavras do Dr. Ela estava ligada à genealogia da família real. sua falsidade seria imediatamente percebida e desmascarada. E ster é uma jovem judia levada para viver entre gentios.ntrp. porém. A existência de tal ligação constituía uma peculiaridade importante demais para ser tratada com indiferença. Jf Características especiais Este é um dos dois livros das Escrituras que levarti o nome de uma mulher. e por mais estranho que possa parecer aos ouvidos da geração moderna. é o relato do . Não podemos duvidar de que toda a história desse caso fosse narrada com freqüência e comentada tanto na corte como fora dela. Tanto Rute como Ester foram mulheres boas e importantes. Este livro fala de acontecimentos e pessoas reais. Um de seus objetivos é sem dúvida exaltar o amor virtuoso e mostrar como ele pode transpor todas as dificuldades e preconceitos. ns hphreus. A simplicidade transparente confirma sua autenticidade. destaca-se num ponto: trata-se do único caso na Bíblia em que um livro inteiro é dedicado a uma mulher.O rela to é verdadeiro. o outro é Ester. de filamentos de grande sensibilidade. Qualquer inclusão de detalhes fictícios ou romanceados teria sido rejeitada imediatamente tanto pela família real como pelo povo. James Morison: “O material da história é de tal natureza que. se não fosse autêntico. sendo que os principais personagens eram ancestrais do rei Davi. Portanto. O Livro de Rute. sabia-se também que este elo moabita não se achava muito longe na linhagem real. Diz o Dr.m rpal de Davi. Samuel Cox. que sp rasa com um judeu Ha Knhage. por assim dizer. Provavelmente. que se casa com um gentio. é naturalmente lógico que o escritor tivesse cuidado em não deturpar os fatos. cujos nomes figuram de fato em registros genealógicos. porém. A essência da história consiste. por toda sua casa e por grande parte do povo de Israel em geral. rei de um grande império. com o décimo homem em cada caso representando de forma singular alguma grande verdade relativa à vinda . Rute. Em vez de confirmar o privilégio exclusivo do povo escolhido. O fato de a graça e a virtude da bondosa filha de Moabe terem tido um reconhecimento assim tão franco é evidenciado pelo próprio autor. mostrando que. apesar de ele ter deixado a terra de seus pais para viver entre os pagãos. de alguma forma. Todos são personagens adoráveis. Para Rute. Ela é vista sobrepujando até as filhas de Israel. entretanto. mesmo não sendo israelita como Noemi e Boaz. Rute e Boaz. Rute é uma das quatro mulheres mencionadas na linhagem messiânica. de que em qualquer nação Deus aceita um amor puro e desprendido. Ele convida outra raças a se aproxim arem e depositarem sua confiança sob as asas do Senhor. A história inteira é escrita num espírito de caridade e universalidade. todavia. e que estas parecem dividir-se em seis grupos de dez. até que Noemi a dissuadiu dessa intenção. Um exame cuidadoso da genealogia a partir de Adão até o nascimento de Jesus mostra que houve cerca de 60 gerações. registra sua bondade e dedicação em pelo menos pretender ficar com a ‘m ãe’.” Da mesma forma. Raabe e Bate-Seba. os louvores se acumulam. Rute se sobressai. sim. “Ela é justa e até generosa ao falar dos que estavam fora das fronteiras israelitas. As outras três são: Tamar. sem absolutamente diminuir os outros dois. é notável encontrar esta descrição sincera de uma mulher moabita como alvo de admiração. Pelo contrário. Elas retratam uma conduta indigna. no momento em que confiam nEle. As três figuras principais do livro são Noemi. os privilégios e bênçãos de Israel passam a pertencer-lhes também. é surpreendente observar que essa jovem moabita. uma admiração merecida. mas a virtuosa Rute as redime. nem a Orfa. não só fez um casamento tão respeitável em Israel como também se tornou a bisavó de Davi (como mostram os versículos finai§]_e uma das mães na linhagem da qual o Messias viria a nascer. Quando pensamos na exclusividade zelosa dos judeus da antigüidade. O relato baseia-se na verdade de que Cristo tornou-se patrimônio comum da raça. ou seja.intenso e dedicado amor de uma jovem esposa por sua sogra!” Outro aspecto interessante da obra é a universalidade de sua perspectiva. e a cada reviravolta da história o autor enfatiza habilmente que ela é a heroína. mas disto não resulta o menor ressentimento e. Não contém qualquer censura a Elimeleque. embora tivesse deixado a Noemi. promovendo uma corrupção completa e geral da raça. porém. Deus revela-Se especialmente a ele e faz promessas incondicionais. quando toda a humanidade é destruída. Todo o poder de Satanás e todo o pecado dos homens não podem frustrar o plano do Senhor Deus. confirmadas mais tarde com um juramento. com o assassinato de Abel. nos dias de Noé. Da mesma forma como Satanás procurara fazer abortar a esperança messiânica. e justamente através dele corre a linhagem messiânica. existe um homem que anda com Deus e é íntegro entre os seus contemporâneos (Gn 6. ele tenta frustrá-la. do qual o Messias seria descendente. agora. esse homem e sua família são poupados. Examinemos agora o terceiro grupo de dez: Isaque Jacó Judá Perez Hezrom Rão Aminadabe Naassom Salmom BOAZ . Ele foi o escolhido para tornar-se o pai do povo da aliança. Em meio à depravação.do Messias. justamente no início da história da humanidade.9). Vejamos agora os próximos dez: Sem Arfaxade Salá Héber Pelegue Reú Serugue Naor Terá ABRAÃO Abraão é o décimo homem aqui. Vejamos o primeiro grupo de dez: Adão Sete Enos Cainã Maalaleel Jerede Enoque Metusalém Lameque NOÉ Noé é o décimo homem. era bisneto de Boaz. se o livro foi escrito depois dos dias de Davi? E como poderia sequer mencionar Davi se tivesse sido escrito antes de seu tempo? (4) o período do reinado de Davi seria suficientemente longo para permitir que o costume dos primeiros dias ou da metade do período dos juizes caísse em desuso (digamos 100 a 150 anos). entre os ancestrais de Davi e na linhagem messiânica. sendo interrompida nele (veja 4. (3) a genealogia no final do último capítulo vai até Davi. portanto. o livro deve ter sido escrito bem depois do período a que alude. judeus e gentios.. (2) em 4.. Mas porque parar nesse ponto. Foi Boaz quem introduziu a Rute. A data em que foi escrito É muito provável que este pequeno livro tenha sido escrito durante o reinado de Davi — como sugerem as seguintes considerações: (1) o primeiro versículo diz: “Nos dias em que julgavam os juizes.. uma gentia. veio dessa linhagem em que Rute brilha como uma delicada estrela. partilham da esperança comum na vinda daquele que seria a “luz para revelação aos gentios. e muito mais ainda aquele maravilhoso Salvador que. na plenitude dos tempos. (O outro “décimo” homem será mencionado mais tarde. O . o escritor fala de um costume que prevalecera em Israel “outrora”. de forma que agora ambos. o sétimo filho de Jessé.) Rute realmente pertence a todos nós.” Isto indica que o livro foi escrito depois do período dos juizes. de 100 a 150 anos depois dos acontecimentos descritos no Livro de Rute. ela levou consigo todos os gentios (de modo representativo). No momento em que Rute entrou nessa linhagem. O que sabemos sobre ele? É justamente isso que nosso pequeno mas precioso Livro de Rute nos conta (não estaríamos agora chegando a um dos significados mais profundos deste livro?). e para glória do teu povo de Israel”. Por outro lado. com relação a pessoas e incidentes que teriam sido esquecidos em dias posteriores aos de Davi. pois o escritor está claramente se referindo a um tempo passado. o que fica claro pelo fato de que Davi. Assim sendo. (5) o reino davídico foi uma época literária na história judaica.17-22).Boaz é o décimo homem aqui. tendo reinado. pois o costume mencionado havia caído em desuso —como é evidente pelo fato de o autor se deter para explicá-lo. o período do reinado de Davi não seria longo o suficiente para impossibilitar o conhecimento dos detalhes contidos no livro.7. A SUPLICANTE VIRTUOSA — apela para o pa­ rente bondoso. portanto. Davi também era um homem sensível e profundamente humano.próprio rei era um homem de letras e atraía outros letrados à sua volta. de fato. A ESPOSA E MÃE AMADA — alegra-se na con­ sumação abençoada. A FILHA FIEL — apega-se a Noemi em seu sofri­ mento. A alma cavalheiresca de Davi não iria. deve ter sido escrito na mesma época. ele estava muito acima da estreiteza de idéias dos judeus em geral e não se envergonharia de seu elo moabita (especialmente em vista de 1 Sm 22. orgulhar-se de sua ligação com alguém como Rute? Assim. havendo certamente se interessado pela recente ligação moabita em sua linhagem. este acréscimo seleto. referente ao mesmo período. A RESPIGADEIRA MOABITA—. Capítulo 4 — A RECOMPENSA DO AMOR: (alegrias conjugais de Rute) RUTE.responde à ne­ cessidade urgente de Noemi. Capítulo 2 — A RESPOSTA DO AMOR: (o serviço humilde de Rute) RUTE. Além do mais. Capítulo 3 — O PEDIDO DO AMOR: (o terno apelo de Rute) RUTE. Como preparo para nossa próxima lição. O LIVRO DE RUTE O amor sofredor reina no final Capítulo 1 — A DECISÃO DO AMOR: (a nobre escolha de Rute) RUTE.3. . concluímos que o Livro dos Juizes provavelmente foi escrito nos dias de Davi. 4). oferecemos abaixo um esboço simples do Livro de Rute. O LIVRO DE RUTE (2) Lição NQ27 . O amor reinará imortal Enquanto o universo permanecerá na morte. Quando os ventos esquecerem sua argúcia. leia toda a história mais duas vezes. Quando as estrelas forem apagadas como velas. Quando o último dia terminar. Quando os últimos lábios silenciarem. E a última oração for feita. E as tempestades se forem. Anônimo . E os mares se acalmarem de vez. verificando o quadro que apresentamos no final da lição anterior. Quando o último sol for enterrado Em seu sepulcro azul.NOTA: Para este novo estudo sobre o Livro de Rute. E as noites se acabarem. porém. e sem dúvida custou-lhes muito decidir ir embora e buscar sustento entre os idólatras moabitas. como aquele que circundava Belém. Rute.) e.O LIVRO DE RUTE (2) A história Capítulo 1 e m a l g u m p o n t o no período dos juizes sobreveio uma fome em Canaã que se fez sentir até mesmo nos distritos férteis. convencida com bondade. Sabemos que se tratava de uma família piedosa.). pouco mais tarde. a quem tanto ama. procurou refúgio temporário na terra de Moabe. Israel sabia que a fome só era infligida por causa do pecado (Lv 26 etc. Malom e Quiliom. mas encontraram túmulos. erraram em deixar a terra da aliança de Israel e seu lugar entre o povo eleito. Mesmo assim eles se foram e. Noemi ouve falar da fartura da terra natal e resolve voltar. deixando suas duas jovens viúvas com a mãe Noemi. pois ao buscarem a sobrevivência. senão a morte.3 etc. As duas noras haviam aprendido a amá-la e querem segui-la. Seus filhos órfãos casaram-se então com mulheres moabitas (outra coisa proibida — Dt 7. Elas ficaram conhecendo o Deus verdadeiro na casa de Noemi. Orfa decide permanecer em Moabe. um judeu que habitava em Belém. Rute confirma à sogra. O amor é mútuo. eles também se achavam enterrados no solo de Moabe. com certeza. Dez anos se passaram. Num dos pronunciamentos mais nobres já ouvidos. Em vista das dificuldades. Elimeleque morreu primeiro. Buscaram pão. levando consigo sua mulher Noemi e seus dois filhos. aprendeu a amar tanto a Noemi que está preparada para abandonar tudo por causa dela. nada. também viúva. Elimeleque. Elas partem com Noemi mas. poderia separá-las: . contudo. foram privados da própria vida. Chegaram a Moabe. não foram felizes. sua decisão de ficar com ela. ou refúgio seguro. como vós usastes com os que morreram. e me obrigue a não seguir-te. Ela era o menuchah da mulher. precisamos ter uma idéia da importância da insistência de Noemi para que as duas jovens voltassem à proteção da casa de seus próprios pais. Só isto podia garantir à m ulher proteção contra a servidão. Se continuarem em Moabe há uma boa possibilidade de encontrarem proteção na casa de um marido. No Oriente antigo. Veja os versículos 8 e 9: “Ide.16. V eja p o ré m o am or g lo rio so de R u te . Ele significa repouso. O único lugar onde podiam encontrar segurança e respeito era na casa do marido. a negligência ou a licenciosidade. porém. 17). cada uma em casa de seu marido”. ela desistiu alegremente de tudo e se dispôs a sofrer qualquer coisa por causa de Noemi! . como lhes diz com tristeza. “em casa de seu marido”. Noemi não tem mais filhos para que se casem com Orfa e Rute. porque aonde quer que fores. e comigo.“ Não me instes para que te deixe. não acontecerá se viajarem para Canaã. morrerei eu. irei eu. faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver. E m b o ra co n h e ce sse perfeitamente o preço a ser pago. o teu Deus é o meu Deus. o teu povo é o meu povo. Era este fato que Noemi tinha em mente quando insistiu na volta de Orfa e Rute. ali pousarei eu. voltai cada uma à casa de sua mãe. pois é proibido por lei aos israelitas contraírem matrimônio com estrangeiros. pois queria que buscassem segurança. A fim de apreciar o significado do amor sacrificial de Rute neste ponto. não tanto no sentido comum. Onde quer que morreres. e onde quer que pousares. e o Senhor use convosco de benevolência. Os hebreus referiam-se à casa do marido usando essa palavra. a situação das mulheres solteiras e jovens viúvas era delicada. mas no de abrigo seguro. Note a palavra “felizes” (a versão de Almeida Revista e Corrigida traz “descanso”): o termo hebraico assim traduzido é menuchah. e aí serei sepultada. Não podemos ter portanto qualquer intenção de censura a Orfa em sua decisão final de ficar em Moabe. depois. se outra cousa que não seja a morte me separar de ti” (1. Isso. Se a acompanharem de volta a Israel não há qualquer expectativa de futuro ou de segurança para elas. respeito e honra na casa de seus pais e. O Senhor vos dê que sejais felizes. Os estatutos mosaicos diziam: “Se irmãos morarem juntos. e “ao chegarem ali. Capítulo 3 No capítulo 3 chega a crise. e um deles morrer. ficando protegida de qualquer atrevim ento da p arte dos empregados mais jovens. que imediatamente percebe a mão de Deus nos acontecimentos. toda a cidade se comoveu por causa delas. e as mulheres diziam: Não é esta Noemi?” (1. devendo po rtan to ser cuidadosam ente estudado. Rute volta com o primeiro produto de seu trabalho a Noemi. Estabeleceu-se uma ligação entre Boaz e Rute. tem de permitir que Rute vá colher os restos da colheita entre respigadores rudes. ela pode comer e beber com os respigadores e juntar uma boa porção de cereal. um fato estranho para os ocidentais. Noemi. O expediente estava em perfeita conformidade com o antigo costume hebraico e os ensinamentos da lei mosaica.19).Noemi volta então para casa com a moabita Rute. mas o rico parente não tomou nenhuma providência prática. que é de uma beleza tocante. depois de fazer perguntas a seu respeito. Noemi percebe a tristeza que envolve o terno espírito de Rute e prepara um plano a fim de descobrir quais as intenções de Boaz e resolver o caso. Rute continua então a respigar nos campos de Boaz durante toda a colheita de trigo e cevada. Assim. Capítulo 2 O capítulo 2 introduz a cena 2. então a mulher do que morreu não se casará com outro estranho. fora da família. Todas as palavras e atos registrados sobre Boaz revelam sua piedade e bondade. desejosa de fazer esse hum ilhante mas honesto esforço para obter sustento. Rute vai para os campos. cheia de desprendimento. sem filhos. seu cunhado a tomará e a . um rico parente de Noemi. em sua completa pobreza. Ele fica impressionado com a graça e modéstia da respigadeira e. concede-lhe privilégios e proteção especiais durante todo o período da colheita. Os encontros diários com Boaz chegaram ao fim. Ela é providencialmente guiada a um campo pertencente a Boaz. Não há nele qualquer toque de impureza. Assim termina o primeiro capítulo e a primeira cena. a fim de levar para casa algum alimento. A colheita term inou. . como também remota. como mostraram suas nobres palavras (3.5. 7) não passava de uma reivindicação legal feita pela maneira aprovada naqueles tempos”. Note como Rute e Boaz usam a palavra “ resgatador” (parente). Além disso. devemos observar como estão distantes de nossas idéias ocidentais modernas as maneiras simples e rústicas que dão o ambiente a esta cena. como descrito neste capítulo. Havia três obrigações que o goel precisava cumprir: (1) Remir o irmão e a herança do irmão. 6). pedindo-lhe que obedecesse a esta lei israelita e também. e exercerá para com ela a obrigação de cunhado. caso a pobreza tivesse obrigado o irmão a servir como escravo ou dispor de sua terra. ela estava. mas o parente mais próximo era distintamente o goel. Voltando agora ao terceiro capítulo de Rute e tendo em mente esta lei do goel. na verdade. É com razão que o Dr. (3) Conseguir um sucessor para o irmão. Esta lei é estabelecida em Levítico 25. Boaz responde: “Ora é muito verdade que eu sou resgatador. parente próximo. Rute diz: tu és resgatador (parente próximo”. segundo sua possibilidade. (2) Vingar qualquer violência fatal cometida contra o irmão. Samuel Cox afirma: “Uma era em que o rico proprietário de um latifúndio vasto e fértil colhia cevada e dormia entre montes de grãos no chão da eira (v. mas ainda outro resgatador há mais chegado do que eu” (v. que desse abrigo marital a Rute. o fato de Rute aproximar-se de mansinho do lugar em que Boaz dormia e deitar-se sob a sua capa (v. O primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido. O propósito claro em tudo isso era preservar as famílias israelitas da extinção. 7) é com certeza bem diferente da atual. A palavra “resgatador”. 12). Cada parente era um dos goelim. para que o nome deste não se apague em Israel” (Dt 25. ao mesmo tempo. A qualificação do goel era que deveria ser um parente consanguíneo ou parente próximo. Números 35 e Deuteronômio 19 e 25. v. Boaz entendeu isto claramente. 9). honrando o nom e de Malom. Quando Rute disse: “. seu marido judeu falecido. Quando Noemi enviou Rute a Boaz.. e a lei do goel. é muito interessante. estende a tua capa sobre a tua . em hebraico.receberá por mulher. é goel. caso ele tivesse morrido sem deixar filhos.10-13). entretanto. Malom e Quiliom haviam transgredido a lei ao se casarem com estrangeiras. o que acontece: Boaz acorda e encontra Rute a seus pés. É também possível que uma terceira razão ocupasse a mente de Boaz. então. Boaz compreendeu perfeitamente o apelo da jovem viúva. justamente por ter enviado Rute. mas. Rute veio a ser mãe de um filho que. Sua resposta amável (w . Capítulo 4 O capítulo 4 é o ponto culminante da história. e as calamidades sobrevindas a eles e a Noemi eram devidas a isso. pois nos casamentos orientais da antigüidade o marido colocava seu manto sobre a cabeça da noiva. Conhecemos agora as razões pelas quais ele não propôs casamento a Rute: (1) por ser consideravelmente mais velho. As “seis medidas de cevada” que Rute levou para casa na manhã seguinte fizeram com que Noemi soubesse que o honrado Boaz não perderia tempo em tomar as providências necessárias. reconhecendo isto publicamente através do antigo costume de tirar o calçado e entregá-lo a Boaz — uma prática que tinha origem no fato de que os homens tomavam posse legal das propriedades plantando o pé ou o calçado no solo. 10-13) revela sua honradez e a de Rute. Boaz faz sem demora um contrato com o parente mais próximo na presença dos anciãos e de testemunhas à porta da cidade. ao fazer isso.serva”. pedindo sua proteção. Esse parente anônimo admite sua obrigação e está disposto a comprar a terra que fora de Elimeleque. compreende a situação e mostra simpatia. tinha mais direitos sobre ele. ou seja. como um símbolo de proteção permanente dali por diante. como era o costume. para que não prejudique a minha [herança]”.. Noemi havia desistido de seu direito a favor da nora. Rute era muito mais preciosa para Boaz do que a terra. sendo este o pai de Davi. Os anciãos e testemunhas na porta então disseram: “Somos testemunhas”. por sua vez. deve também tomar uma moabita por mulher.. e (2) por não ser o parente mais próximo. Ela se tornou sua esposa. o fato de que Noemi. ao ouvir as palavras de Rute. a esposa do falecido sogro de Rute. No início fica surpreso. mas recua quando fica sabendo que. o maior rei de Israel. O homem passou então o seu direito a Boaz. foi o pai de Jessé. Eis. e apresenta a seguinte objeção: “. . Através de Boaz. agora. Em sua opinião. ele também ficaria sujeito a elas se viesse a casar-se com uma das viúvas. o deu à luz. meleque = rei). Israel estava casado. Os nomes de seus dois filhos. que levam em sua companhia. Esta história. dizendo-nos que o amor que é “ longânimo e bondoso ’’jamais deixa de ter sua recompensa no final. este precioso Livro de Rute chama-nos do passado. cujo nome significa “Casa do Pão” (beyth — casa.. a remanescente comovente. Israel era Elimeleque — e podia dizer “meu Deus é meu rei”. doçura. Em Moabe. Se este não é um tipo surpreendente de Israel. Aspectos tipológicos Uma leitura cuidadosa deste Livro de Rute parece mostrar que existe um significado tipológico latente e oculto desenvolvendo-se de acordo com o desenrolar da história. eles se esquecem do lugar da aliança e recorrem a um expediente que envolve transigência. Israel. morte e luto. mas em vez de continuar sendo Noemi (prazer. são Malom (alegria ou canção) e Quiliom (ornamento ou perfeição). Deus era o rei de Israel. cujo nome significa “prazer” ou “favor”. favor). tua nora. com Noemi — prazer. e os filhos de Israel eram Malom e Quiliom — . e busca socorro na terra estrangeira de Móabe. deixa Belém. Noemi. A história começa em Belém. uma vez descoberta a pista. estamos muito enga­ nados. Depois de dez trágicos anos. como originalmente constituído em Canaã. Sob provação. mas a alegria veio com a manhã. volta. O choro durou uma noite. por assim dizer. sua alegria foi completa. lechem = pão). por sua própria palavra. termina com plenitude. nova vida e júbilo. Elimeleque (meu Deus é meu rei) morre. A primeira figura mencionada é Elimeleque. Com uma voz cheia de gentileza e segurança. e. As mulheres do lugar disseram a Noemi: “. por causa de fome. cujo nome significa “meu Deus é R ei” ou “meu Deus é meu Rei” (Eli = meu Deus. na terra de Israel. Este israelita. Ela cuidou do menino. podemos segui-la sem hesitar.Quanto a Noemi. que te ama. favor e bênção.. 15). que começou com fome. Os próprios nomes que ocorrem aqui nos indicam isso. era um a teocracia. o mesmo acontece com Malom (canção) e Quiliom (perfeição). e ela te é melhor do que sete filhos” (v. junto com sua mulher Noemi. ela passa a ser Mara (amargura). e jamais criança alguma teve uma ama mais terna ou mão mais amorosa. O triste início deu lugar a um fim doce e belo. e certamente Boaz. tem o direito por ser nosso verdadeiro Parente. vemos Rute que. Ao agir como resgatador. bondade e poder remidor de Boaz. (2) Rute na eira. Israel cedeu e desviou-se. une-se a ele como esposa e compartilha da vida dele. é aqui um tipo de Cristo. O nome Boaz significa “há força nele”. achegando-se a ele. deitando-se aos seus pés. o rico. Vemos primeiro a Rute que rebusca no campo da colheita: estrangeira. Elimeleque morreu. “vazia” e “amarga” como nos dias em que o remanescente de Israel voltou com Esdras e Neemias. buscando a provisão que só seu amor podia dar e descobrindo nele mais do que a esperança ousara esperar. Rute (“graciosa”) assume o lugar de destaque. o forte. e ela é um tipo da Igreja.canção e perfeição. apostando tudo. o nobre. pobre e destituída. todavia. O tipo é composto de três cenas: (1) Rute no campo da colheita. os paralelos tipológicos acham-se perfeitamente definidos no caso de Boaz. pobre e sozinha. Israel não mais podia dizer com um coração perfeito diante do Senhor “meu Deus é meu R ei”. arriscando tudo em função da honra. vemos Rute que. Mas. não tendo parte nem porção em Israel ou na promessa da aliança. ele deve manifestar as três qualificações principais e indispensáveis. ou Parente-Resgatador. Deus de Israel. Segundo. o generoso. deixando a anterior lealdade ao Senhor. enquanto Noemi. suplicando o abrigo de seu nome. Terceiro. tendo sido graciosamente recebida pelo Boaz resgatador. e (3) Rute na casa de Boaz. volta finalmente como um triste rem anescente. pedindo a proteção de seu braço. de seu lar e de toda sua riqueza e suas alegrias. a antes “favorecida” e “agradável”. e a disposição graciosa. Ela busca todavia refúgio sob a proteção do Senhor. ao ser provado. não tendo esperança em ninguém mais além de Boaz. vai para a eira. não é preciso uma percepção muito aguçada para deduzir de tudo isto uma belíssima coerência de ensino de tipos relativos a Cristo e à Igreja. o poder por ser Filho de Deus. ele deve ter o direito de resgatar o poder para resgatar e a vontade de resgatar. enquanto olha para a gentia Rute com favor benevolente e terno amor por ela. porém. C risto. Malom e Quiliom também morreram — a “canção” de louvor e o “ornam ento” de santidade piedosa também partiram de vez. mas em amor. como nosso “G o e l”. ou seja. Nosso Boaz celestial . A nosso ver. Talvez haja maior ênfase sobre Rute. A partir da volta de Noemi. crendo na bondade dele. e suplica piedade junto ao bondoso e rico Boaz. porque primeiro foi amada. Ela não pode perdoar. Não pode purificar.6 é a LEI. não dá as boas-vindas à estrangeira Rute. . nem ainda a sua décima geração entrará na assembléia do Senhor eternam ente”.4). privando-nos delas! Contudo. Ele fez de nós Sua noiva.3: “Nenhum amonita nem moabita entrará na assembléia do Senhor. quem é o parente anônimo que não quis resgatar (4. por si mesma. Gozamos nEle mais bênçãos do que as que nosso pai Adão perdeu. Graças a Deus a moabita rejeitada pela lei é admitida pela graça! Os pecadores contra quem o Monte Sinai troveja — “a alma que pecar.não remiu para nós apenas o estado perdido por Elimeleque — um bem terreno. tem a vida eterna.6)? Penso que a resposta pode ser encontrada se lermos novamente as palavras registradas em Deuteronômio 23. se isso fosse tudo que tivesse de fazer (4.20) — escutarão as palavras graciosas do Monte Calvário: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou. recusou-se. mas não acolhe. mas passou da morte para a vida” (Jo 5. O parente anônimo teria pago o preço da propriedade de Elimeleque. Seu lar. A lei. não abre espaço. Não pode renovar-nos nem dar-nos poder. mas no momento em que ouviu falar que a moabita Rute estava envolvida. A lei também não pode fazer nada por nós como pecadores e espiritualmente estranhos a Deus. a fim de compartilharmos para sempre com Ele de Sua vida. não entra em juízo.24). Esse parente não identificado e pouco disposto em Rute 4. Ela só pode condenar-nos. Sua riqueza e Suas alegrias eternas. essa morrerá” (Ez 18. é justa. O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL (1) Lição N2 28 . NOTA: Para este estudo. Afirmo que os autores bíblicos. é em todas as suas partes a própria Palavra de Deus. pelo menos duas vezes. G R E S H A M M A C H E N . O que pensar então da Bíblia? Vou lhes dizer claramente o que julgo que devemos pensar. ficando então preservados dos erros que aparecem em outros livros. depois de terem sido preparados para sua tarefa por meio da organização providencial de toda a sua vida. J. assim. receberam além disso uma orientação abençoada. a obra resultante. como também um estímulo do Espírito de Deus. inteiramente verdadeira quanto aos fatos e completamente soberana quanto aos seus mandamentos. maravilhosa e sobrenatural. a Bíblia. os primeiros sete capítulos. leia todo o Primeiro Livro de Samuel e. A Vulgata Latina — a famosa tradução da Bíblia para o latim feita por Jerônimo no quarto século A. D. C. ele marca igualmente um período definido: do nascimento de Samuel. assim como 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas. Ele não só recapitula os acontecimentos históricos. O Segundo Livro de Samuel é distintamente o livro dos quarenta anos do reinado de Davi. abrangendo um período de cerca de 150 anos. mas lhes dá o nome de Primeiro. aceita como tendo sido escrita no século terceiro a. Esses três livros duplos formam juntos uma seção completa. 1 e 2 Samuel formam apenas um livro. Segundo. o primeiro rei. o último dos juizes. embora tenha sem dúvida bastante m érito. A divisão atual em 1 e 2 Samuel foi criticada por alguns eruditos.O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL (1) d i s s e m o s adeus à gentil Rute e viramos outra página da Bíblia. Terceiro e Quarto Livros dos Reis (e não Reinos). dividindo Samuel e Reis em dois livros cada. Segundo. mas também os . 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas. O Primeiro Livro de Samuel está à nossa frente. Samuel e Reis Nos manuscritos hebraicos. como os temos agora. É muito apropriado que um reino tão memorável fosse destacado e registrado em um livro especial. Este Primeiro Livro de Samuel encabeça o que chamamos de três “livros duplos” do Antigo Testamento — 1 e 2 Samuel. teve origem com a chamada tradução Septuaginta das escrituras hebraicas para o grego. O Primeiro Livro de Samuel é insuperável no interesse que desperta. — segue a Septuaginta. Terceiro e Quarto Livros dos Reinos (o plural “Reinos” indica os dois reinos. 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados respectivamente de Primeiro. apresentando-nos a uma das figuras mais veneráveis da história de Israel e iniciando um novo e comovente capítulo na fascinante narrativa sobre o povo terreno de Deus. Quanto a este Primeiro Livro de Samuel. até a morte de Saul. Judá e Israel). Na Septuaginta. registrando a ascensão e queda da monarquia israelita. A divisão em dois livros de cada um. dificilmente iremos esquecer a mensagem espiritual central do livro. que deve ser lido com cuidado. Fixe bem na m ente (e a memória irá reter facilmente os dados) que 1 Samuel é o livro da transição da teocracia para a monarquia e também o livro de três homens notáveis — Samuel. porém. Samuel é a figura principal. os três registros se sobrepõem.SAM UEL a 15 . Nos capítulos restantes.entretece com as biografias de três personalidades brilhantes — Samuel. Mais tarde. 1 Samuel é realmente agrupado como acabamos de indicar. A decisão fatídica está registrada no capítulo 8. o maior dos reis. Se nos lembrarmos disso. queriam atribuir grande parte disso ao fato de que não tinham rei humano visível. Tratava-se na verdade de um retrocesso. com o acontecia com as nações vizinhas. Aspecto central e mensagem No caso de 1 Samuel não há realmente necessidade de nos preo­ cuparmos com uma análise detalhada. o primeiro dos reis. ditado apenas pela aparente conveniência. O povo fora castigado de tempos em tempos por causa da desobediência. o povo aproveita a oportunidade para pedir um rei humano. Os capítulos são agrupados em torno dessas três pessoas: Capítulos u íí 1 a 7 . Saul e Davi. A gora. Samuel vive bastante tempo durante o reino de Saul e vê também Davi ganhar proeminência. enquanto Saul continua a reinar até Davi chegar aos trinta anos de idade. quando Samuel envelhece e seus filhos se mostram perversos.D a v i 8 Como é natural. ficando Samuel em segundo plano. Eles preferiram o nível inferior. Saul. Todavia. Nos sete primeiros capítulos. apesar de Saul ainda estar reinando. o último dos juizes. e Davi. Deus chamara Israel para uma relação singular com Ele. não há qualquer dúvida de que a atenção principal está sobre Davi. tudo se concentra em Saul.S A U L 16 a 31 . recusando o melhor que lhes fora . e o próprio Deus era o rei invisível de Israel. Nos oito capítulos seguintes. Era a aplicação da sabedoria humana e não da fé em Deus. finalmente. Além disso.. porém. o aparecimento de Samuel assinala a instituição do cargo de profeta. mas inferior. em vez do caminho de Deus —por escolherem menos do que o melhor de Deus.32). ele é “o primeiro dos profetas”. Jz 6.concedido por Deus e aceitando a segunda escolha. a começar com Samuel. O povo achava que resolveria seus muitos problemas e que tudo seria maravilhosamente facilitado. pois novas dificuldades apareceriam exatamente através do rei que haviam exigido. Examinemos agora brevemente os três homens notáveis em torno dos quais gira a história. Mas não havia um ofício profético organizado. se apenas pudesse ter um rei humano e visível como as nações ao seu redor.8). Samuel (1-7) Poucos se igualam a Samuel em termos de caráter. “Depois disto lhes deu (Deus) juizes até o profeta Samuel” (At 13. e tal distinção está no Novo Testamento. A partir de agora veremos Israel sob o governo de reis.25. de Samuel e dos profetas” (Hb 11. e como agente no desenvolvimento inicial da nação só Moisés pode ser comparado a ele. Havia alguns homens em Israel. sobre quem o manto da profecia havia caído (Nm 11. da sabedoria humana.18). O próprio Moisés é chamado de profeta (Dt 18. O ministério de Samuel marca a instituição da monarquia. portanto.24). A diferença é bem grande.. Infelizmente. “E que mais direi ainda? Certamente me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão. conforme mostram os seguintes versículos: “E todos os profetas. O primeiro deles é Samuel.20). tiveram de ap ren d er com presteza o quanto estavam enganados. também anunciaram estes dias” (At 3. Samuel fundou as escolas de profetas e deu origem à ordem profética. Num sentido muito real. . mesmo antes do tempo de Samuel. Esta é a mensagem central de 1 Samuel para nós: aumento de problemas por escolherem o caminho aparentemente mais fácil. assim como todos quantos depois falaram. Mal Moisés e sua geração^èSapai^ceram. ajudou-a a tornar-se um ínp ordeiro e próspero e colocou-a no caminho que levava a seu destino íblime. Assim. \jlfKÍrábora simplesmente preparatória em certos aspectos civ is^ \j^ B Íistrativ o s. Seu aparecimento oportuno O preparo de Israel fora excelente. dá origem ao primeiro grande movimento educacional na nação. Mesmo íuel deteve a decadência da nação. As tribos haviam cresci dc daquela cultura mental com a qual o Egito sobrepujara o mune sob a liderança culta de Moisés. a neg ^X rf& ^v Jü d á em conquistar a costa marítima nos primeiros dias (Jz l. incluído no Pulpit Commentary. estavamVEfòq^mente reduzindo Israel a uma raça escrava. unge Davi. pois.l^T O V ^tava agora pondo em perigo a independência da nação. É preciso . mais tarde. Estas eram as necessidades mais urgentes. mas isto Sua obra educacional Samuel dedicou-se à tarefa de dar à nação cultura mental e um governo ordeiro. fortalecidos por u m J h p ^ ^ w s m te de imigrantes e a importação de armas da Grécia. uma figura marcante. o povo voltou ao barbarismo. Ele termina o período dos juizes. Sa ía. A base de toda a sua reforma foi a restauração da vida moral e religiosa do povo. 1 tó e b ia que Israel iria ser inevitavelmente esmagado. não devemos pensar que o povo se elevara artpveK am que ele mesmo se encontrava. Os filisteus. o maior de todos os reis de Israel. encabeça a ordem dos profetas. Em lugar de com pr^é^terçH w nobre ideal que seu legislador planejara para eles. até que a nação chegou ao/pqrito de quase desaparecer. Por maior que fosse a in flu ê n c ia ^ w o ^ s< 3 > o re Israel. afundavam c a d ^ g z mais (como visto em Juizes). continha um resumo dos princípios fundam entaisn^m orarque jamais foi superado. coloca o primeiro rei de Israel no trono e. Resumimos nos comentários abaixo um ótimo artigo sobre Samuel. Jamais as coisas pareceram tão desesperadoras. a fim de ensinar a humanidade sobre o Deus verdadeiro. fora feita a entrega da ld .Samuel é. jamais tentou colocar-se acima da lei de Deus ou sequer . O Livro do Reino escrito por Samuel (1 Sm 10. Nelas. falando a um povo culto. O governo que Samuel desejava estabelecer era o de um poder real nas mãos de um leigo. ao contrário de Saul. auxiliariam na adoração do Senhor. Samuel era demasiadamente sábio para confiar apenas em sua influência pessoal.25) não poderia influenciar muito um Saul que não sabia ler nem escrever. Não foi senão quando Samuel educou Davi que apareceu uma pessoa preparada para o trono. Através delas. O meio que ele empregou para este crescimento interno da nação foi a fundação de escolas. Uma monarquia limitada só é viável em meio a um povo culto. seria através de instituições que exercessem pressão contínua. ele não se mostrava favorável a isso. Apesar de suas faltas particulares. O patético fracasso do talentoso rei Saul mostra isto e prova que Samuel estava certo ao hesitar em levantar um rei. Samuel deve ter visto com freqüência que o principal obstáculo para seu trabalho como juiz de Israel era a condição mental inferior do povo. ao transmitir idéias verdadeiras sobre a natureza divina. Não havia no meio da nação homens cultos para ocupar um cargo oficial ou administrar a justiça. Essas escolas foram abertas em toda parte. conforme declarada de tempos em tempos pela voz viva da profecia. tal conjunto de homens inspirados que nos legaram as Escrituras teria sido impossível. Muitos homens de grande influência em sua época nada deixaram de duradouro. Davi foi um produto delas. Outros resultados viriam. Além do mais. Isaías e seus companheiros eram homens cultos. pois sabia que a hora não era oportuna. Se Israel tivesse de ser salvo. Até certo ponto. para um nível superior. mas agindo em obediência à lei escrita de Deus e à Sua vontade.começar sempre nesse ponto. As escolas eram prioritárias. os jovens aprendiam a ler e escrever. empurrando o povo para cima. dos quais o mundo inteiro ainda hoje obtém benefícios. Outra grande obra de Samuel foi o preparo da monarquia cons­ titucional. que apelaria para o senso moral do rei. adquirindo conhecimentos. e Saul aproximou-se muito daquilo que Samuel temia. toda a condição cultural de Israel progrediria e homens seriam preparados para exercer uma liderança de alto nível. Surgiu um sistema de educação nacional. Estas. Davi. Se não fosse por isso. assim como a maioria de seus líderes. além de elevar Israel a um nível mental mais alto. mais um fato que o colocava muito além de sua época. Tanto o Antigo como o Novo Testamento são em grande parte resultado das escolas de Samuel. Samuel é um grande homem. O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL A TRANSIÇÃO DA TEOCRACIA PARA A MONARQUIA SAMUEL: O ÚLTIMO DOS JUÍZES (1-7) S E U N A S C IM E N T O E S U A J U V E N T U D E (1.28.15-17 SAUL: O PRIM EIRO REI (7-15) S U A E S C O L H A C O M O R E I (8-10) S E U IN ÍC IO P R O M IS S O R (11-12) S U A IN S E N S A T E Z E S E U P E C A D O P O S T E R IO R E S (12-15) Rejeição — 15.1-13) S E U S E R V IÇ O D IA N T E D E S A U L (16. Ele deu início ao primeiro movimento no sentido da educação nacional e moldou a monarquia constitucional da nação. Começamos a perceber como foi grande a figura de Samuel.manipulá-la em seu próprio benefício. 35 DAVI: O SUCESSOR UNGIDO (16-31) S U A U N Ç Ã O R E A L IZ A D A P O R S A M U E L (16. Ele se manteve estritamente dentro dos limites estabelecidos. De fato.14-20) S E U S A N O S C O M O F U G IT IV O (21-30) Morte de Saul — 31 .23. 2) S E U C H A M A D O E S E U O F ÍC IO (3) S E U S T E M P O S E S E U S A T O S (4-7) Resumo — 7. O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL (2) Lição N2 29 . Ele mais tarde pode desculpar-se e dizer que não queria realmente dizer o que disse. Ele acordou com a voz de Davi. O homem não pode escapar da verdade nua sobre si mesmo enquanto continua no uso da razão. com toda probabilidade ficaremos sabendo mais verdades a respeito dele do que em todas as suas tentativas de revelar a si mesmo ou de ocultar-se.12). como acontece muitas vezes quando acordamos. . contudo. O fato é que foi surpreendido. chamando-o do monte oposto. Com toda probabilidade Saul jamais dissera isso antes e jamais repetiria. A consciência sempre presente. e em algum momento de tensão e pressão. com o espírito aguçado. pois o registro nos diz que da parte do Senhor Jhes havia caído profundo sono” (1 Sm 26. jamais ocultou-se de si mesmo. mas geralmente oculta. C A M P B E L L M O R G A N .iVOTA: Para este novo estudo sobre o Primeiro Livro de Samuel. Ele pode praticar a arte do engano tão habilmente que não só deixa de revelar-se a seus semelhantes como também em sua loucura inconcebível imagina que se escondeu de Deus. dizendo aquilo em que pensava constantemente. G. leia novamente do capítulo 8 até o fim. ficou alerta. mas ele estivera pensando nisso por muito tempo: “Fui insensato”. acaba por dizer o que estava pensando todo o tempo. Tudo se achava claro e límpido ao seu redor. Esta é toda a história do homem. Saul dormira profundamente naquela noite. relampeja nesse instante. Ao despertar. não se sentindo pesado por ter comido demais nem entorpecido pelo vinho. Q uando um hom em se desprevine por um momento. Foi então que percebeu tudo e exclamou: “Eis que tenho procedido como louco”. constitui-nos. este primeiro Livro de Samuel é o livro da transição da teocracia para a monarquia. e teus filhos não andam pelos teus caminhos. um rei sobre nós. antes de darem um passo com tanta resolução”. agora. já estás velho. Seus olhos novamente se afastavam de Deus. pois. como vemos no capítulo 8. Eles realmente deliberaram e consideraram. eles se reuniram e consideraram a questão muito bem. Não se tratava de um impulso momentâneo. mas em vista de sua idade avançada e do comportamento insatisfatório dos filhos dele. e lhe disseram: Vê. e vieram a Samuel. mas sim do resultado de deliberação e conferência prévias. Antes. pois os anciãos foram a Ramá com o propósito de apresentar o assunto ao profeta. que marca o ponto crítico. Saul e Davi. mas. é preciso observar cuidadosamente como ocorreu a mudança dos juizes para os reis. o primeiro dos reis. Vimos também que este livro concentra-se em três homens — Samuel. Eles não estavam descontentes com o profeta em si. mesmo assim. Samuel. Kitto. à medida que procuramos ter uma idéia geral dos livros da Bíblia. já foi estudado. Sua aproximação de Samuel foi marcada pelo respeito. para que nos governe. Sem dúvida alguma. “a exigência não era de uma plebe ignorante e iludida. queriam insistir para que o governo passasse a ser uma monarquia. enquanto Samuel ainda se achava entre eles e com a aprovação de sua autoridade. porém. mas o pedido solene e deliberado dos anciãos de Israel — aqueles cujos anos ou alto posto na nação lhes davam maior peso e influência. Um pedido . o último dos juizes. e agora voltamos nossos pensamentos para Saul. como o têm todas as nações”.O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL (2) COMO já dissemos. e será bom nos lembrarmos sempre disto. A TRANSIÇÃO DOS JUÍZES PARA OS REIS O pedido A mudança aconteceu devido à insistência do próprio povo. Veja os versículos 4 e 5: “Então os anciãos todos de Israel se congregaram. a Ramá. Como afirma o Dr. não tinham razão. enfatizada na resposta divina: “Pois não te rejeitaram a ti. A resposta divina foi esta: “Atende à voz do povo em tudo quanto te dizem. Devemos notar portanto três coisas sobre esta exigência de um rei.como este jamais seria produto de oração. mas teremos um rei sobre nós. Primeira. 22).. e Deus fala novamente a Samuel: “Atende à sua voz. o nosso rei poderá governar-nos. Agora. Quantas vezes a incredulidade é revestida com a sabedoria corporativa das comissões! A resposta A reação de Samuel ao pedido é dada no versículo 6: “Porém esta palavra não agradou a Samuel. porém adverte-os solenemente. A mudança da teocracia para a monarquia foi decidida por . e explica-lhes qual será o direito do rei que houver de reinar sobre eles”. para eu não reinar sobre eles”. como fez Israel ao exigir um rei humano! E como é traiçoeira a tentação de apoiar-se no que é visível e humano. sair adiante de nós. para que nos governe. O pedido transformou-se então em exigência. o significado mais profundo era que Israel rejeitara a teocracia. Terceira. e estabelece-lhe um rei” (v. quando disseram: Dá-nos um rei. sua razão externa era a depravação dos filhos de Samuel. Quantos cristãos brilhantes foram prejudicados por desejarem ser como as pessoas do mundo a seu redor. mas ceder a ela significa colher tristezas. sendo esta a questão mais séria de todas. O resultado O povo exigiu e exerceu o que hoje é chamado de “direito de livre-arbítrio”. para eu não reinar sobre eles. e disseram: Não. mas a mim. Segunda. mas sem êxito. Os anciãos realizaram uma reunião de comissão e não de oração! Agora estavam determinados a dar um passo para trás. Para que sejamos também como todas as nações. o motivo interior era que o povo fosse como as outras nações. e fazer as nossas guerras”. em vez de avançar com Deus. pois os versículos 19 e 20 dizem: “Porém o povo não atendeu à voz de Samuel. mas a M IM . Samuel tentou então dissuadi-los (10-18). atende à sua voz. em vez de repousar no Deus invisível! Todos nós nos inclinamos para essa tentação. Então Samuel orou ao Senhor”.. pois. pois não te rejeitaram a ti. Parecia que Israel havia se cansado de uma forma teocrática de governo. pode ser também compreendido. pois também dependiam diretamente de Deus. Deus lhes deu um rei e constituiu um sistema monárquico. seja pela capacidade ou pela posição. através de seu rei. O desejo de uma visível dignidade de estado. A respon­ sabilidade teocrática continuava através da monarquia. pois a mente oriental é eminentemente régia. e o povo também se tornaria responsável perante Ele. mas a teocracia absoluta cessara. Deus resguardou os interesses morais da nação. Eles talvez supusessem vagamente que um governo sob um rei humano os aliviaria um pouco dessa responsabilidade. Talvez fosse um estigma sobre Israel o fato de não haver um cabeça real da nação. Observações Podemos compreender os sentimentos dos líderes de Israel ao insistirem em ter um rei humano. declarada de tempos em tempos pela viva voz da profecia. Este não deveria ser autocrático. O profeta e o sacerdote colaboravam com o rei na qualidade de oficiais. não pretendemos dizer que todos os princípios do governo teocrático haviam sido abolidos. Ao que tudo indica. Já mencionamos antes que o governo seria de um poder real nas mãos de um leigo. constituindo um a m onarquia que preservava ao máximo os princípios do governo teocrático: o rei deveria responder diretamente a Deus. quando nos referimos à mudança da teocracia para a monarquia. devido aos privilégios teocráticos e ao chamado superior de Israel. mas teocrático. esta exigência peremptória de um rei humano constituía . É possível entender igualmente a ansiedade de Israel pelo fato de não haver ninguém destacado entre eles.12). no Ocidente. Como é natural. Assim sendo. da mesma forma como todos os demais. Todavia. no Oriente (12. porém. Ao dar-lhes um rei. para liderá-los nos conflitos que provavelmente teriam de enfrentar. sempre prontos para a guerra.eles. e por parte dos amonitas. como tinham as nações à sua volta. na qual seu bem-estar dependia de uma conduta correta. mas agindo em obediência à lei escrita de Deus e à Sua vontade. na qualidade de homens e cidadãos eles estavam sujeitos ao rei. em lugar de lhe serem subordinados. havia sinais de problemas surgindo no horizonte: por parte dos filisteus. já que seu bem-estar dependeria mais do tipo de governo e das qualidades do próprio rei. Em outras palavras. assegurando desde o início que as liberdades que o povo tão voluntariamente atirava ao fogo não fossem abolidas”. Se tivermos qualquer sensibilidade em relação aos valores supremos e questões vitais da vida humana.um erro grave. Em alguns pontos ele chamou atenção pela sua beleza. os líderes de Israel mostraram-se prontos a desistir de suas preciosas imunidades! O fato de a monarquia instituída em Israel não ser despótica como as que cercavam a nação. assim como o dízimo de suas sementes e colheitas. Samuel adverte-os solenemente da loucura que estavam cometendo e dos resultados que poderiam sobrevir. eles insistiram em ser governados ao estilo dos povos que os rodeavam. Em certos aspectos ele foi grande. de modo que se lamentariam por sua causa. Ele faria ainda mais. sem temer coisa alguma. mas em breve decaiu. Saul começou a reinar com grande firmeza. deveu-se “ao cuidado perspicaz e previdente de Samuel. mostrou-se definitivamente feio. em outros.11-20.14-20. Um rei desse tipo iria tomar seus filhos e filhas para servi-lo. Saul. Sem dúvida. Não obstante. mesmo assim. agindo sob a orientação divina. o primeiro rei de Israel Saul. O pedido do povo por um rei fora previsto na palavra de Deus através de Moisés. insignificante. Kitto. Veja 8. e terminou de maneira tão lamentável que o processo de decadência que o . Tomaria seus campos e vinhas. insistiram em desistir de seu governo brando em favor de uma soberania humana despótica. a história de Saul representará um desafio para nós. dos rebanhos e de outros bens. Talvez os anciãos de Israel deduzissem disso que era desejo de Deus estabelecer um governo monárquico entre eles — e talvez tivessem razão. em outros. o mínimo que deveriam ter feito seria buscar o conselho de seu rei divino a respeito disso. Note ainda que. diz o Dr. decepcionando a todos. Veja Deuteronômio 17. o primeiro rei de Israel. é uma das figuras mais notáveis e trágicas do Antigo Testamento. Todavia. em vez de ficarem reconhecidamente ansiosos por preservar a liberdade e o direito público que possuíam sob a teocracia. trabalhar para ele e guerrear por ele. as palavras de Samuel descreviam corretamente os governos monárquicos que existiam naquela época nas redondezas de Israel. 26).5). 11). ele recebeu “uma tropa de homens cujos corações Deus tocara” (10. o inspirado Samuel. Essas expressões indicam que Saul sofreu uma renovação interior e se achava sob a orientação especial do Espírito Santo. O chamado para ser rei foi uma oportunidade ímpar. Este era o jovem e promissor Saul. Saul é descrito como “moço. O início promissor (9-12) Jamais um jovem mostrou-se tão promissor ou teve possibilidades tão brilhantes em sua juventude. Deus marcou o início do reinado de Saul.10). Para coroar tudo isso. Em segundo lugar. sua oposição enérgica a males como o espiritismo (28.12). sua valentia e bravura (11. um físico tão esplêndido como o de Saul representava um bem maravilhoso. seu futuro parecia de fato brilhante. Lemos sobre sua modéstia (9.2). Lemos: “Deus lhe mudou o coração”. discrição (10. Havia tam bém outras excelentes qualidades — o respeito pelo pai (9. “o Espírito de Deus se apossou de Saul. sendo sua realeza apoiada pela constituição. desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo” (9. altura e beleza.13). Tinha saúde. o jovem Saul demonstrava certas qualidades de caráter altamente recomendáveis.6.27) e espírito generoso (11. 9). que conquistou a confiança do povo para o novo rei (11.21).21. sua capacidade para amar intensamente (16. e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele. dando-lhe a vantagem inicial de mostrar-se imediatamente cativante. Embora o aspecto físico não seja a parte mais importante do homem. e ele profetizou” (10. ele se distinguia por uma superioridade física surpreendente. Para começar.6. Outrossim. 10. Chamaram-no para reinar. dada a um homem em um milhão. . e (3) o fracasso final. Notemos as três fases principais de sua carreira: (1) o início promissor.22). de modo que passou a ser “outro homem” (10. Saul tinha também um conselheiro de confiança junto de si. Deus lhe dera instrumentos especiais quando ele se tornou rei. (2) a decadência posterior. concedendo uma vitória militar retumbante. Em terceiro lugar. Isso não é tudo. Extraordinariamente rico em talentos naturais e preparado de modo especial por meio de dons sobrenaturais.arruinou se torna monumental para todos que prestam atenção.3) e sua evidente pureza moral nas relações sociais. Os sentinelas de Israel relatam o que viram. 32). espalhando confusão entre os filisteus. . 45). A decadência posterior A promessa inicial de Saul infelizmente provou ser uma alvorada logo encoberta por nuvens sombrias. degeneração. 27. Foi um ato de obstinação temerária. pecaram comendo carne com sangue (v. A prim eira apostasia ocorreu logo no início. Também impõe sem refletir uma sentença de morte sobre qualquer homem que se alimentasse naquele dia (v. até que este herói-gigante morre de modo ignóbil. D eus usa a Jônatas como seu instrum ento. mas impacienta-se insensatamente e. Os filisteus estavam prontos para pelejar contra Israel. Samuel re­ preendeu-o: “Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou”. Saul. 24). sendo salvo apenas pela intervenção do povo (w. que era um a condição básica da soberania teocrática. impaciente. Apostasia. Todavia. Quando parecia que o profeta não viria antes de expirar o prazo combinado. Veja o capítulo 14. por causa da fome extrema. Como resultado. Podemos aceitar a impaciência de Saul. Q uanta chance p ara um a gloriosa colaboração com Deus! Que oportunidade para abençoar os homens! Ele não demonstrou qualquer dos sintomas de vanglória que outros. violou a prerrogativa do sacerdote e insensatamente ousou oferecer ao Senhor. desastre — esta é a escala funesta e decrescente que logo se estabelece. Veja o capítulo 13. cometendo suicídio devido à sua perturbação mental. e Deus o qualificou so b ren atu ralm en te p ara isso. 30) e. ele violou aquela obediência à voz de Deus através do profeta. envia seus homens para a peleja. A próxima falha vem a seguir.Ele foi chamado para a soberania teocrática. decadência. Saul chama o sacerdote para pedir a orientação de Deus. menos talentosos. Saul recebeu ordens para aguardar Samuel em Gilgal. Sua ascensão ao trono de Israel sem dúvida foi uma manhã de promessas. Jônatas recebe sentença de morte por ignorância. com suas próprias mãos. sem esperar resposta. teriam deixado entrever ao galgarem de súbito uma posição superior. ficaram muito fracos para consolidar a vitória (v. os sacrifícios pré-estabelecidos. Tratava-se de um ato de orgulho irreverente. Como os poderosos caem! Como esse filho da manhã foi levado à ruina! Sim. o mergulho final — feitiçaria e suicídio! Saul não existe mais. A seguir mente a Samuel.20). mesmo depois disso.” A humildade fora infelizmente substituída pela arrogância. culpando o povo pelos despojos. Três vezes tenta matá-lo e. rejeitaste a palavra do Senhor”. que antes gozara do conselho direto do céu. Basta conhecer os fatos reais. Não precisamos nos demorar no assunto da consulta noturna nem no suicídio de Saul no campo de batalha no dia seguinte. sendo tu pequeno aos teus olhos. A reprovação de Samuel começa assim: “Porventura.21).. mas poupa o rei e a melhor parte do gado. um “espírito maligno o atormentava”. É uma mistura de desobediência e engano. Saul entrega-se à parte mais vil de sua natureza. trata agora com o submundo. “Tendo-se retirado de Saul o Espírito do Senhor” (16. como “uma perdiz nas montanhas”. e este promete abandonar sua caçada sangrenta. Duas vezes Davi poupa a vida do rei.14). Ele cede a um ciúme mesquinho. não atentaste à voz do Senhor? . depois. Este destroço de homem. Samuel percebe o fingimento: “Por que. ao esforçar-se para matar Davi. Todavia. Ele sabe que. Chega até a afirmar que estes seriam sacrificados ao Senhor. pois. que se transforma em maldade cruel contra Davi. pois. Saul — você que teve um início promissor. será que não perguntamos o que estava por trás de sua temível frustração? Foi a obstinação. Sua carreira em declínio finalmente o leva à feiticeira de En-Dor. Saul diz com razão a respeito de si mesmo: “ Eis que tenho procedido como louco” (26. A partir deste ponto a decadência se acelera. como um amargurado e aflito fugitivo da condenação.. juntamente com o bondoso Jônatas. a vontade . tenho certeza de que serás rei” (24. Jaz morto. ele está na verdade lutando contra Deus. mas depois veio a decair e se destruiu.. O fracasso final O último ato trágico no lamentável drama deste homem é descrito do capítulo 28 ao 31. e chega a admitir: “Agora. Não há necessidade de pesquisar detalhes neste ponto. ele retoma sua perseguição covarde.No capítulo 15 surge uma falha ainda mais grave. persegue-o durante longos meses.. Saul recebe uma ordem para destruir com­ pletamente os amalequitas. você procedeu definitivamente “como louco”! Quando vemos Saul descer tanto. a voz de Saul ainda fala. Ele só podia governar verda­ deiramente sobre os súditos enquanto obedecesse ao rei supremo que estava acima dele. Em primeiro lugar. e fazemos bem em atendê-la. indisciplinada. Somos destinados a governar para Deus. Nós tam bém tem os de fazer isso. vontade p ró p ria. poderes e possibilidades. Saul recebeu a unção de Deus. Quando governamos obsti­ nadamente à parte de Deus. até que embote sua percepção íntima para aquilo que é realmente verdadeiro e divino. egocentrismo. auto-afirmação. resultando inevitavelmente em autodestruição. Cada personalidade humana foi criada para a soberania teocrática. agimos como loucos. Por trás de ambas jazia a vontade própria impulsiva. “ Mesmo depois de morto. e perdemos o significado real e o propósito da vida. em vez de preferirem a vontade de Deus são “como lWicos”. Nunca se pretendeu que a última palavra fosse dele.própria. Devemos guardar isto muito bem — Saul foi chamado para exercer um reinado teocrático. depois. está procedendo “como louco”. a fim de executar uma vontade superior à sua. Saul nos ensina também esta verdade semelhante: permitir que o “eu”se sobreponha em nossa vida é perder o melhor e ficar com o pior. de modo que nossas vidas e personalidades possam cumprir a vontade dEle e realizar Seu propósito. Ele mesmo foi seu pior inimigo. o Senhor. Saul jamais foi destinado a exercer um governo absolutista. em seguida.4) Em tons tristes e intimidantes. mas nosso governo deve ser teocrático e não uma monarquia independente. Os dois pecados principais de Saul foram a arrogância e a desobediência a Deus. Não somos proprietários independentes de nossa vida. autogerida. Os filisteus não eram os piores inimigos de Saul. O processo de deca­ . Num grau maior ou menor. nossa verdadeira soberania é destruída. Podemos traçar os quatro estágios progressivos deste culto ao “e u ” po r p a rte de Saul: prim eiro. Somos propriedade de Deus. Ele nos fez reis e rainhas sobre nossas personalidades com dons. ainda fala” (Hb 11. Todo homem que permite que o “eu” encha seu campo de visão. Todos os^que vivem para si. Ele deveria ser o vice-regente humano e visível do Rei divino e invisível de Israel. e o mesmo acontece conosco. ele nos ensina que a única condição vital para a verdadeira plenitude de vida é a obediência à vontade de Deus. e nossa corrupção final é tão certa quanto a dele. como também aconteceu com Saul. mas estamos procedendo como loucos do mesmo modo. como Saul desprezou a Samuel. como fez Saul. Descobrimos que as vantagens não são. mas mesmo assim falhou de modo inglório. ou quando tenta ocultar a desobediência com uma desculpa religiosa. tu és o Autor. ou quando ele avança para realizar em­ preendimentos para Deus antes de ser enviado por Ele. por si mesmas. .dência em nossa vida talvez não seja tão observável exteriormente como aconteceu com Saul. Segundo as normas do Teu querer. ou quando permite que a inveja e o ódio o dominem e escravizem. Como este rei pronuncia advertências para nós! Deus ajude cada um de nós a dizer com sinceridade: Tua vontade. Saul tinha muitas. nem os equipamentos espirituais especiais nos imunizam contra a possibilidade de sair da vontade de Deus e proceder “como loucos”. Molda e refaze todo o meu ser. Não ousamos apoiar-nos nelas. garantias de sucesso. como fez Saul a princípio e depois prosseguiu cometendo desobediências maiores. faze ó Senhor. Eu sou feitura. ou quando desobedece a Deus em pequenas coisas. simplesmente porque não ocupamos uma posição tão destacada. O homem também procede insensatamente quando negligencia seus melhores amigos. Observamos também que oportunidades maravilhosas nem sem pre proporcionam um a coroa real aos hom ens. Existem várias outras lições de caráter mais incidental. O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL (1) Lição Ne 30 . . T.NOTA: Leia para este estudo 2 Samuel inteiro e duas vezes os seis primeiros capítulos. ensinando a verdade pelo exemplo. onde são ensinadas lições que impressionam até mesmo os que têm mais dificuldade em entender. P IE R S O N . A . as partes profética e histórica encontram-se tão próximas que a história parece outra forma de profecia. Portanto. D . D . A Bíblia transforma-se numa galeria de quadros e fotografias. As narrativas das Escrituras estão de tal forma impregnadas de um elemento didático e ético que todas as suas seções biográficas e históricas parecem dignificadas por um propósito moral. Cada linha e cada contorno estão cheios de significado. transmitindo instrução para o presente e prevendo tipologicamente o futuro. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses. seriam obra de dois profetas. merecendo um estudo especial. pois começa com o governo de Davi em Judá. o rei e poeta de seu povo. o herói proeminente. pois foi essa a duração do reinado de Davi. Apesar dos que argumentam que a separação de um livro em dois “não tem razão nem necessidade de ser”. Veja 1 Crônicas 29.29. 5 temos: “Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar. quando ele era “já velho e entrado em dias” (1 Rs 1. embora as indicações mais prováveis ainda favoreçam o ponto de vista mais antigo de que o próprio Samuel é responsável pelos 24 capítulos do primeiro desses dois livros que levam seu nome. e termina pouco antes da morte de Davi. O S E G U N D O L IV R O D E Autoria composta A autoria de 2 Samuel é bastante incerta. Uma vez que Davi foi o verdadeiro fundador da monarquia.4. O livro cobre. e reinou quarenta anos. logo após a morte de Saul. o reorganizador da adoração religiosa de Israel. isto sempre nos ajudará a nos lembrarmos de 2 Samuel: é o livro dos quarenta anos do reinado de Davi. assim como o Messias prometido deveria ser da linhagem davídica. 1 e 2 Samuel eram originalmente um único livro.30. em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá”.O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL (1) O LIVRO DO REINADO D E DAVI Samuel é distintivamente o livro do reinado de Davi. Assim.1). os remanescentes. Natã e Gade. tendo sido a atual divisão estabelecida na Septuaginta. . um período de cerca de 40 anos. existe uma vantagem definida: o reinado memorável de Davi é destacado e apresentado como objeto de grande relevância. e como sua dinastia continuou no trono de Judá até o cativeiro. até o final de 2 Samuel. Em 5. Como já foi mencionado. portanto. não é surpreendente que lhe fosse conferida tanta relevância. pertencendo de direito a ela. Os capítulos 11 e 12. como bem observa Matthew Henry. OS TRIUNFOS DE DAVI (1-12) 1-4 5-12 REI D E JU D Á APENAS. O grande pecado de Davi. devem ser incluídos na primeira parte. Até esse ponto. Foi por causa da prosperidade obtida através de vastas conquistas que Davi ficou exposto à tentação de não se precaver e ceder aos seus desejos. depois. Eis. que registram o pecado e o arrependimento de Davi. tudo é triunfo para Davi. EM HEBROM (Período da Guerra Civil — 7 anos) R E I D E T O D O IS R A E L . OS PROBLEMAS D E DAVI (13-24) 13-18 19-24 P R O B L E M A S F A M IL IA R E S D E D A V I (Do Pecado deAm nom à Revolta deAbsalão) PROBLEM AS D E D A V I N A NAÇÃO (Revolta de Seba até a Peste) . Note bem que o Segundo Livro de Samuel foi dividido exatamente em duas metades com doze capítulos cada. na segunda. a cidade real de Amom. No final desse capítulo 12. seu esboço: O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL O LIVRO DOS QUARENTA ANOS DO REINADO DE DAVI TRIUNFOS TRANSFORMADOS EM PROBLEMAS DEVIDO AO PECADO I. Na prim eira parte cantamos as vitórias de Davi e. registrado no capítulo 11. marca a triste divisão. mas. portanto. está dividido em duas partes principais. golpes dolorosos e provações trágicas. bem na metade do livro e dos 40 anos do reinado de Davi. lemos o relato da conquista de Rabá. há problemas e dificuldades sombrias. Não é possível deixar de notá-las. lamentamos os males que o acometem. Este episódio assinala o término dos triunfos desse tipo registrados no livro.A divisão trágica Este Segundo Livro de Samuel. E M J E R U S A L É M (Período da Conquista — 13 anos) II. dos piedosos ou dos incrédulos. que foi a razão da ruína de Davi. triunfo mediante a fé e problemas devidos ao pecado. porém. Instigados por Abner. produz certamente fruto amargo. À semelhança de Jó. Esta rejeição de Davi. O livro de 2 Samuel enfatiza que todo pecado. Devemos fugir dessas coisas como o faríamos de uma víbora. para não colocá-los naquilo que pode seduzir-nos. Isto se aplica especialmente à concupiscência dos olhos e ao pecado sexual. É possível dizer também que nas duas partes do livro temos. sem dúvida ela irá quebrar e cair ou. então. era um grande erro. Is-Bosete. respectivamente. e Israel estava . As outras tribos.A mensagem espiritual central A m ensagem espiritual central deste livro. acumulando assim espinhos agudos em nosso peito. uniram-se a Is-Bosete. exceto Judá. Quase sempre um pecado leva a outro pior. poderíamos ceder ao pecado. Davi em Hebrom Davi reinou em Hebrom durante sete anos e seis meses. sendo mais fracos do que supomos. Veja também como o pecado de Davi levou a um pecado ainda maior: o assassinato. Não existe pecado sem sofrimento. dos hom ens de posição superior ou inferior. façamos aliança com nossos olhos (Jó 31. destaca-se claramente: T R IU N F O S T R A N S F O R M A D O S E M P R O B L E M A S D E V ID O A O P E C A D O . do rei ou do indivíduo comum. se a podridão está roendo o tronco.1). líder de grande influência e renome. mas gostaríamos de chamar atenção para certos fatos e eventos-chave que devem ser notados cuidadosamente. Fatos importantes a serem notados Não há necessidade de acompanharmos o estudo capítulo a capítulo em 2 Samuel. porque as outras tribos não quiseram aceitá-lo como sucessor de Saul. O pecado é o destruidor da prosperidade. filho do rei morto. mas apenas sobre Judá. pois. sem dúvida devido à pressão de Abner. foi proclamado rei em oposição a Davi. portanto. tornar-se uma carcaça de árvore desfolhada. capitão do exército de Saul. Por mais que uma árvore esteja cheia de folhas e pareça bela. É louvável o comportamento adotado por Davi perante a delicada situação criada pela rejeição de Israel. as tribos admitiram a Davi: “. e sua experiência com Ele durante a disciplina dos anos precedentes lhe ensinara a esperar pelo tempo de Deus. O Senhor não havia falhado. Pouco mais tarde. Davi não agiria sem a orientação divina (2. O povo de Israel não podia deixar de ver. Fazei-o. Algum tempo depois. Abner e os líderes de Israel foram assim condenados por suas próprias palavras. “Davi se ia fortalecendo. A sucessão hereditária ao trono não era um princípio da constituição da monarquia judaica. Ouça as palavras de Abner. dizendo: Por intermédio de Davi. receoso de não conseguir manter sua posição de suprema liderança sob um rei como Davi. Ele foi guiado até Hebrom. transferindo o reino da casa de Saul e estabelecendo o trono de Davi sobre Israel e sobre Judá. Mesmo que fosse. também o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel. filho de Jônatas. o sucesso que coroava todos os seus projetos.porque o Senhorfalou a Davi.1). se. quando discute com Is-Bosete: “Assim faça Deus segundo lhe parecer a Abner. Ele não tentou subir ao trono mediante o poder de seu exército.17. Nos meses que se seguiram. Mas pode ter havido outra razão para Israel rejeitar o novo rei: a confiança em Davi tinha se abalado por causa de sua recente estadia entre os principais inimigos da nação. cidade antiga onde morou Abraão e que era a capital de Judá. A culpa de Abner e Israel é ainda maior porque em seu coração eles sabiam muito bem que Davi era o sucessor de Saul nomeado por Deus. 10). Judá o acolheu e Davi reinou em Hebrom. como jurou o Senhor a Davi.. não fizer eu. com seu governo firme e benevolente. livrarei o meu povo das mãos dos filisteus e das mãos de todos os seus inimigos” (3.. os filisteus. o legítimo herdeiro de Saul seria Mefibosete. desde Dã até Berseba” (3.1).cometendo uma falta grave.12-32) e o afeto . meu servo. Perguntamos: por que Abner e Israel a princípio rejeitaram Davi? Uma razão pode ter sido um temor ciumento da parte de Abner. mas este renunciara a todos os direitos pessoais e familiares em favor de Davi.2). pois. com autocensura. agora . que já tinha os seus próprios “valentes” de renome ao seu redor. porém os da casa de Saul se iam enfraquecendo” (3. Abner diz aos anciãos das tribos: “Outrora procuráveis que Davi reinasse sobre vós.9. Davi sabia que Deus o indicara para o trono. as vitórias em quaisquer conflitos entre Israel e Judá (2. o contraste entre o caráter fraco de Is-Bosete e as brilhantes qualidades de Davi. e serás chefe sobre Israel” (5.18). a fim de escapar de Saul. o príncipe e Senhor de Seu povo. sendo um local naturalmente protegido. no ponto máximo onde ousaria situar-se uma capital israelita. são tocantes e impressionantes. ao oferecerem a Davi o reino. O capítulo 5 tem enorme importância. e ele transfere a sede de seu governo para Jerusalém. 2). da qual ele era membro.4).6). Mesmo Jerusalém ficava bastante ao sul. cujo mérito já foi com­ provado. O novo centro Ao se tornar rei de um Israel unido. Jerusalém era chamada Jebus naquela época (1 Cr 11. Davi é finalmente aclamado rei de todo Israel. Será que cada um de nós pode dizer: “O governo de minha vida está sobre os ombros dEle”? . ou seja. e serás chefe sobre Israel” (5. também o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel. Vemos que o reconhecimento do direito de Davi ao trono apoiava-se numa base tríplice: 1. falando do direito de Cristo de reinar sobre nossas vidas? Ele é nosso parente — “osso de nossos ossos e carne de nossa carne”. eras tu que fazias entradas e saídas militares com Israel. Seu parentesco humano — “ Somos do mesmo povo de que tu és” 2. embora uma capital adequada enquanto o reino de Davi se limitava a Judá. e talvez a escolha de Davi tenha sido parcialmente ditada por uma relutância de sua parte em distanciar-se demasiado da tribo de sua inteira confiança. Seu mérito comprovado — “Tu fazias entradas e saídas militares com Israel” 3.do povo por ele. Sem dúvida Davi tinha esse fato em mente . Ele é nosso Salvador. “Somos do mesmo povo de que tu és. achava-se muito ao sul para tornar-se a metrópole de um reino que unia todas as tribos. tra­ zendo-nos libertação da culpa e tirania do pecado. Davi transferiu a sede do governo para Jerusalém. Outrora. serás chefe sobre Israel” Não é este um sermão em si mesmo. Sua autorização divina — “O Senhor te disse:..1. sendo Saul ainda rei sobre nós. que esposou nossa causa e lutou contra nosso inimigo. Hebrom. a tribo de Judá. As palavras dos líderes de Israel. Ele é também rei por permissão divina.. “O governo está sobre os seus ombros” (Is 9. aquele a quem foi entregue toda autoridade no céu e na terra. O nome Jebus derivava dos jebuseus que continuavam na posse da terra. Mas ele tomou a cidadela. Estes desafiaram a Davi. Esta fortaleza era tão temível e estava por tanto tempo nas mãos dos jebuseus que todos a consideravam inexpugnável. a quem a alma de Davi aborrece” (5. ou pelo menos da porção superior e fortificada que conhecemos como Monte Sião. isto é.6). dizendo que ele não entraria em Sião. entrando para a história como a cidade mais sagrada e magnífica do mundo. Os jebuseus desafiaram Davi a conquistar o Monte Sião. como seria estranho ter uma fortaleza guarnecida por aleijados! Os coxos e cegos aqui mencionados eram os deuses dos jebuseus. nunca entraria em Sião. jebuseus e benjamitas convivessem normalmente. pois Davi não aborreceria os fisicamente defeituosos. Foi Joabe quem subiu primeiro até a fortaleza (1 Cr 11. Sião tornou-se “a Cidade de Davi”. Eles disseram isso pensando: “Davi não entrará neste lugar”. E quem eram esses coxos e cegos odiados pela alma de Davi? Não eram pessoas coxas e cegas. A guarnição de soldados jebuseus zombou de Davi. Além do mais. na cidade (e não na cidadela). Jerusalém passou assim a ser a principal cidade de Israel. portanto. uma cidade. A partir desse dia. era por demais generoso para isso.8). a não ser que removesse os seus deuses. com um futuro ainda mais esplêndido do que todo o seu glorioso e trágico passado! . dando a entender que ele jamais teria condições de retirá-los e. desafiando-o: “Não entrarás aqui.quando decidiu estabelecer-se ali. porque os cegos e os coxos te repelirão” (5. além disso. E provável que na parte inferior de Jebus.6). Lemos que ele afirmou: “Todo o que está disposto a ferir os jebuseus suba pelo canal subterrâneo e fira os cegos e os coxos. O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL (2) Lição N2 31 . a profundidade de sua contrição.14. 2). Davi mostrou-se preocupado em se certificar de que todos os passos dados no sentido de tomar posse do reino fossem dirigidos pelo Senhor (1 Sm 23. dando especial atenção aos capítulos 7. a grandeza e calor de seu coração. 4. quando observamos a piedade de sua juventude. “B IB L E H A N D B O O K ” . que deveria fazer “toda a minha (de Deus) vontade”. Como rei.1). sua justiça e sabedoria como rei. o fervor de sua devoção. e seu apego à adoração e vontade de Deus. leia do capítulo 7 até o fim novamente. como representante visível do Senhor. podemos muito bem considerá-lo um modelo de autoridade real e obediência espiritual.22). e quando estabeleceu o reino. 2 Sm 2. veja também At 13. Para este estudo em 2 Samuel.2. Ele sempre se conduziu como “Seu servo”. ele procurou a prosperidade do Estado e. Os reinados de Davi e Salomão constituem o período áureo do Estado judeu. a superioridade e variedade de seus talentos. seu valor proeminente numa época de guerreiros. a força de sua fé. Desde o princípio. 7. Todavia.NOTA.1-5. 11 e 12. sua principal preocupação foi promover a honra divina e o bem-estar religioso do povo (2 Sm 6. É impossível justificar todos os seus atos ou considerá-lo um indivíduo perfeito. conformou-se estritamente ao espírito teocrático.1. A N G U S . Provavelm ente foi mais pelo caráter de sua administração do que por suas virtudes particulares que ele foi chamado de “homem segundo o coração de Deus” (1 Sm 13. Até então.25. teu trono será estabelecido para sempre” (2 Sm 7.1. e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. ele remará para sempre sobre a casa de Jacó. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti. em especial aquelaparte que ainda viria. seu pai. que procederá de ti. Quando teus dias se cumprirem. Os profetas confirmaram tal fato mais tarde. como a retirei de Saul. Deus. além de afetar imensamente tudo o que se segue nas Escrituras. .. A partir da época em que esta aliança foi anunciada. sendo uma das principais chaves para a compreensão do plano divino para a história. Eu lhe serei por pai.11-16). Mas a minha misericórdia se não apartará dele. O primeiro significado importante dessas palavras é que temos aqui a confirmação divina do trono em Israel. em passagens como Isaías 11. este havia sido estabelecido por homens (veja 1 Sm 8). e ele me será por filho. 33). Foi de acordo com tais profecias que o anjo Gabriel anunciou Jesus a Maria: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo. Este edificará uma casa ao meu nome. e o seu reinado não terá fim” (Lc 1. então farei levantar depois de ti o teu descendente. e descansares com teus pais. o Senhor. e estabelecerei o seu reino. se vier a transgredir. como vimos. Não podemos deixar de avaliar devidamente esta aliança e suas condições.5 e Ezequiel 37. lhe dará o trono de Davi. onde passamos a conhecer a aliança davídica. ela influencia toda a história da humanidade. castigá-lo-ei com varas de homens. a quem tirei de diante de ti. Jeremias 23. Eles criam nisso nos dias do Senhor e continuam crendo hoje. por causa do clamor do povo.. também o Senhor te fez saber que ele mesmo te fará casa. e com açoites de filhos de homens.O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL (2) A aliança davídica V A M O S agora para o capítulo 7. A aliança davídica foi pronunciada como segue: “.32. pois. os judeus sempre creram que o Messias procederia da linhagem davídica. Trata-se de uma passagem bíblica de suprema importância. (2) um “trono” ou autoridade real. a aliança é selada com um juramento. foi o homem escolhido pelo povo. a partir dessa época até o final dos tempos. A expressão “para sempre”. o trono de Davi também repousara sobre a escolha do povo — primeiro dos homens de Judá e depois das outras tribos. Até então. portanto. Nas palavras ditas a Davi. Três coisas são asseguradas a Davi: (1) um a “casa” ou posteridade. Ele será estabelecido para sempre como a lua”. sinônimos da igreja cristã. a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti. A repetição tripla e enfática da promessa de estabelecer o reino de Davi para sempre só poderia ser cumprida no Messias vindouro. O segundo fato importante aqui é a previsão da perpetuidade da dinastia davídica. Esta aliança refere-se a uma posteridade literal.35: “Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?)”. e sempre foi entendida. o primeiro rei. a escolha final foi do próprio povo. 37: “A sua posteridade durará para sempre.. através deste para toda a raça. Essa interpretação é descartada por outras passagens da Bíblia. Querer “espiritualizá-la” para significar uma posteridade celestial e um reino espiritual.Saul. Veja o versículo 29: “Farei durar para sempre a sua descendência. Esta linguagem é enfática. onde encontramos referências ou alusões a tal expressão. e o seu trono como os dias do céu”. e o seu trono como o sol perante mim. que é tanto uma confirmação como uma exposição da aliança davídica. Embora tivesse sido escolhido.30. um trono literal e um reino literal — isso deve ficar definitivamente estabelecido. Mas agora o trono de Davi é confirmado por indicação divina. Ele é declaradamente incorporado ao plano de Deus para Israel e. Para coroar esta ênfase solene. E os versículos 36. e (3) um “reino” ou esfera de governo. Todas lhe são garantidas “para sempre”: “.. Salomão . isto é. como tendo nEle o seu cumprimento final. Veja o Salmo 89. Veja também Atos 2. Não há possibilidade de erro em palavras como essas. não deve ser tomada no sentido popular. significando que os descendentes de Salomão iriam manter a posse do reino por muitos séculos. que ocorre três vezes. teu trono será estabelecido para sempre” (v. ungido e apresentado ao povo por Deus. 16). é violar justamente o primeiro princípio da interpretação bíblica. O terceiro fato importante a ser compreendido com relação a esta aliança davídica é a sua implicação messiânica. notavelmente o Salmo 89. o princípio de que as palavras ditas claramente devem ser pelo menos aceitas como significando o que dizem. Ficamos assim preparados para a palavra final que Isaías acrescentaria mais tarde ainda. e esse reino será “sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino. Essa cláusula foi colocada na aliança para resguardar Salomão e seus descendentes humanos desviados. em 2 Samuel 7. Isto se deve ao fato de ambas encontrarem seu cum­ primento final em Cristo. Primeiro. pois o versículo seguinte imediatamente diz: “Mas a minha misericórdia se não apartará dele. no caso de Adão. para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça. pois sabemos que não pode haver falhas por parte dEle. até que venha Siló”.18: ".. castigá-lo-ei com varas de homens.. se vier a transgredir.. no caso de Jacó. A primeira grande profecia foi feita a Adão. no caso de Davi. como a retirei de Saul. é para uma família dessa tribo — a família de Davi. Nota-se muito bem que as duas alianças. em Gênesis 49. porém. no caso de Abraão. e com açoites de filhos de homens”.7). nela (a descendência de Abraão) serão benditas todas as nações da terra”. Em seguida.. que .10: “O cetro não se arredará de Judá. Esta aliança davídica é incondicional. em Gênesis 22.16). desde agora e para sempre” (Is 9.. a promessa é para a raça em geral. e Cristo no sentido final (G1 3. porque no fim encontra Cristo. e Cristo no sentido final. num sentido imediato. Veja então o desenvolvimento.15. ou seja. Esta aliança davídica marca igualmente um quarto desenvolvimento principal na profecia messiânica. A quarta é feita agora a Davi. é para uma nação da raça — a nação de Israel. são incondicionais. o Rei dos reis e Senhor dos senhores. já tendo vindo à terra como Profeta e havendo ministrado agora no santuário celestial como Sacerdote. A seguir. no sentido imediato. a abrâmica e a davídica. nas palavras do versículo 14: “. assim também. voltará um dia na glória como o maior Filho de Davi. onde nos é dito que o descendente da mulher feriria a cabeça da serpente. é para uma tribo dessa nação — a tribo de Judá. A segunda foi feita a Abraão. Esta. É certo que existe na aliança uma provisão para a possibilidade de pecado e falhas nos filhos de Davi que viriam a reinar. na aliança davídica..é sem dúvida o primeiro em vista. em Gênesis 3. até que o verdadeiro e perfeito rei pudesse vir. Depois. para culminar nEle que. Da mesma forma como na aliança abrâmica o “descendente” prometido era Isaque. A terceira foi feita através de Jacó. não é uma condição de que dependa o cumprimento da aliança. a quem tirei de diante de ti”. o “filho” prometido é Salomão. mas a promessa abrange a longa sucessão de reis humanos e a longa dispersão presente. os amonitas e moabitas ao leste. o registro tem o propósito de evidenciar a generosidade dele. enquanto a razão para a consolidação interna de Israel é dada no versículo 15. Aqui.13). para os deixar com vida” (v.o futuro Descendente da mulher. o fato de ele vencer os filisteus foi ainda mais notável. quando quase toda a terra estava sob o jugo deles. os edomitas e amalequitas ao sul. Davi “julgava e fazia justiça a todo o seu povo”. Leão de Judá e Herdeiro de Davi. 14 encontram os uma lista dos povos poderosos subjugados por Davi — os filisteus no ocidente. A seguir. Como Davi. 2). O segredo por trás das sucessivas conquistas de Davi é encontrado no versículo 14: “. mas. por ser homem de guerra. quase sempre sem levar em conta idade ou sexo. Israel torna-se assim o poder central e supremo entre os povos. Basta uma leitura superficial desses capítulos para perceber que Davi era um general hábil e um governante virtuoso. Note o que Deus diz sobre o filho de Davi: edificará uma casa ao meu nom e” (2 Sm 7. e o Senhor dava vitórias a Davi por onde quer que ia”. Em 8. Para onde quer que se volte é um guerreiro vitorioso. Ele reinará em paz eterna. ou seja. Ele conquistará todos os inimigos e estabelecerá o reino na terra. porém. Filho de Abraão. O pro­ cedimento normal naqueles dias era matar todos os prisioneiros de guerra. vemos um . Davi estabeleceu o reino sobre o qual Salomão reinou. Lembre-se de que Davi subiu ao trono imediatamente após a esmagadora derrota de Saul perante os filisteus. Davi. os sírios e Hadadezer ao norte. e os sujeitou”. Portanto..12. Têm havido muitas críticas contra o procedimento bárbaro de Davi nesta ocasião. uma vez um cordel. na verdade. Israel jamais tivera tal poder entre as nações. que é o rei da Paz: esta glória foi reservada a Salomão. mas Cristo será tanto Davi quando Salomão.. como Salomão. ficamos sabendo que ele também “derrotou os moabitas. Possa Ele vir logo! O completo estabelecimento de Davi Do capítulo 8 ao 10 vemos o reinado de Davi em seu apogeu. para os matar. fê-los deitar em terra e os mediu: duas vezes um cordel. nasceria de uma virgem. O capítulo 8 começa dizendo que “feriu Davi os filisteus. enquanto em casa é um administrador reto e engenhoso. não poderia tipificar Cristo como Melquisedeque. pelo menos reconhecendo que. mas vamos interrom per aqui. Se tivesse poupado a todos. Diz-se muito bem que “jamais houve esforço mais sincero para conduzir os assuntos de uma nação de acordo com os princípios religiosos”. talvez com resultados desastrosos. 3-6). na sua morte. devemos compreender que. antes de criticarmos Davi e os israelitas. e o metralhar deliberado de homens e mulheres se afogando no mar? Será que já houve tortura pior do que a dos campos de concentração da Alemanha e da Rússia? Além disso. Poderíamos continuar. Um terço seria poupado. apesar de toda a nossa tão falada civilização. era inevitável que lutassem de acordo com os princípios reconhecidos pelos povos com quem entravam em conflito. Eles estão repletos de atrativos e informações. mesmo assim. . o processo era brutal.toque de bondade. o desenvolvimento religioso de Israel foi acelerado mediante a piedade de seu amado rei e a influência de sua poesia sagrada. aqueles inimigos que procurava subjugar teriam imediatamente abusado de sua clemência. os serviços foram organizados sistematicamente e os cânticos sagrados receberam proeminência. Lemos em seguida como Davi esmagou o rei de Zobá e tirou dele seus carros e cavaleiros. mas a guerra sempre foi dessa forma e hoje mais do que nunca. só com homens a pé. A derrota infligida por Davi. com um acréscimo de clemência no sentido de que. No santuário. Que grande conquista! Além disso. o que indica que era maior do que os outros dois. Os capítulos devem ser lidos com a ajuda de bons comentários. O reinado de Davi foi verdadeiramente uma época nobre na história dos hebreus. o que deveria marcar o terço a ser poupado era um “cordel inteiro” ( A R C ) . sobre um exército equipado com uma poderosa força de carros e cavalaria (w. indica sua perícia militar. ele entregou a Salomão um império unido que se estendia desde o “rio do Egito” até o Eufrates e do Mar Vermelho até o Líbano. Será que existiu em qualquer guerra do passado algo mais medonho que o moderno bombardeio aéreo contra mulheres e crianças inocentes. e a captura deles mostra ainda mais claramente seu hábil comando. Concordamos que. Façamos justiça a Davi. Pense na condição precária de Israel quando Davi subiu ao trono e lembre-se de que. ele estava mostrando uma atitude humanitária estranha às guerras de sua época. dos três cordéis usados para medir os dois terços a serem mortos e um terço a ser poupado. ao poupar nessa ocasião um grande número de moabitas. a não ser que guerreassem com grande desvantagem e mãos amarradas. exclamam eles. O evangelho cristão e a ética do Novo Testamento não haviam ainda sido entregues aos homens naquele tempo. Devemos levar em consideração o arrependimerito de Davi. 2. Quem pode ler então esse salmo de soluços sem compreender que o pecado de Davi era uma exceção e não uma expressão de seus objetivos e desejos habituais? O pecado foi cometido num acesso de fraqueza. marca uma triste reviravolta. É bom enfatizar algumas considerações que devem ser mantidas em mente toda vez que pensamos nele. Jamais houve alguém mais abatido e envergonhado pela auto condenação e arrependimento santo do que Davi depois de seu pecado. Não é justo nem honesto enfatizar esta mancha no registro de Davi a fim de fazê-la parecer o maior fato na vida dele. Os críticos apontam-no como evidência da corrupção moral de alguém que a Bíblia apresenta como herói. Devemos ver sua fé e obediência para com Deus por vários anos. se não fosse pela honestidade da própria Bíblia. devemos julgar Davi de acordo com o relato bíblico inteiro. com toda impar­ cialidade. Devemos julgar o caráter de Davi de acordo com sua época. 3. “Acima de qualquer dúvida”. sua conduta baseada em princípios elevados e aspirações espirituais ardentes. Os críticos devem lembrar que.22). A contrição mostra a verdadeira atitude do homem para com tal pecado — e foi a atitude de Deus. sua retidão geral e generosidade.14. Vejamos: 1. A indulgência sensual . A resposta a tais críticas e indagações é que devemos levar em consideração todos os fatos com honestidade e imparcialidade. diz Ellicott. qualidades que o caracte­ rizaram quase sempre em toda sua carreira. Julgado pelos padrões morais de seus dias. o grande pecado de Davi. ele se agiganta. Assim sendo. “o Salmo 51 é a expressão de sua penitência depois da visita de Natã” para repreendê-lo. “eis o grande herói bíblico! Que grande caráter ele tem!” Também se perguntou várias vezes como podemos harmonizar essa vergonhosa queda de Davi com a declaração bíblica de que Deus mesmo o considerou um “homem segundo o meu coração” (1 Sm 13. “Vejam!”. registrado no capítulo 11. e nada saberíamos sobre ele. este negro episódio poderia muito bem ter sido ocultado de nós. especialmente quando o comparamos com os reis da época. Davi sobressai entre seus companheiros.O grande pecado de Davi Como já foi dito. Devemos observar a vida de Davi como um todo. At 13. qualquer das considerações acima é suficiente para justificar a avaliação bíblica de Davi e. quanto a nós. concordamos plenamente com o veredicto de que temos em Davi um dos homens mais santos de toda a era pré-cristã. 4. Embora uma ou mais batalhas possam ser perdidas. elas se tornam conclusivas. Como disse Agostinho. Esses salmos. a queda de Davi deveria pôr em guarda todos os que não caíram e salvar do desespero todos os que caíram. Veja também a nota sobre Davi no início deste estudo. nenhuma apreciação de Davi poderia exigir que limitássemos as palavras à sua juventude.extravagante dos reis orientais da antigüidade é notória. O poder deles sobre a vida e as propriedades dos súditos era com freqüência absoluto. o resultado final veio a justificar o pronunci amento de que ele era um homem que agradava a Deus. fornecem uma prova positiva de que Davi era um homem bom —de que ele de fato era. tocantes em sua sinceridade evidente. só podemos chegar a uma conclusão honesta. Com todos os fatos à nossa frente. quando Davi foi declarado um homem segundo o coração de Deus. apesar de algumas derrotas e de uma queda notória e triste. quando tomadas em conjunto. Eles se apossavam das mulheres conforme seus desejos. o resultado da campanha inteira pode ser a vitória. Compare Davi com esses reis e isto revelará o contraste. Um general pode perder uma batalha e mesmo assim vencer a guerra. como diz a Escritura. mostra decididamente que. Devemos observar a vida interior de Davi revelada nos salmos davídicos. ao vê-lo desse modo. poderemos nos apoiar no fato de que. apoiada pelo nobre testemunho de seus salmos. porém. não faremos isso. A nosso ver. porém. com pouca consideração pelos crimes que pudessem cometer para consegui-las. Muitos dos que criticam Davi e a Bíblia se alegrariam se seus corações pudessem ser expostos em termos tão santos. Nos livros de Samuel e Crônicas vemos a vida exterior de Davi. Isto se aplica aos homens num sentido moral. a história de sua vida em seu todo. Se os críticos continuarem objetando. no caso de Davi. Seu coração é completamente exposto e. Nos salmos davídicos vemos sua vida interior. . Com certeza. um homem segundo o coração de Deus. ele se achava apenas na casa dos vinte anos. até vergonhosamente. Davi cedera lugar à carne. convivendo com muitas mulheres (2 Sm 5. Ele achava que não valia a pena seguir pessoalmente com os exércitos a fim de conquistar a última fortaleza dos amonitas. então enviara Joabe como comandante (veja 11. em contraste com as histórias fictícias que procuram diminuir as falhas dos personagens bíblicos ou até mesmo negar sua culpa. Se a tarefa de escrever a Bíblia tivesse sido deixada simplesmente em mãos humanas. Note ainda que o pecado de Davifoi o clímax de um processo. das quais desejamos livrar-nos. Por ser um homem de paixões fortes.15. Davi dera lugar à sensualidade. O Talmude nega o adultério de Davi com base na idéia de que todo guerreiro tinha de se divorciar da mulher antes de partir para o campo de batalha. Vemos novamente como o pecado de Davi levou a outra falha ainda pior. e então veio a tragédia. Bate-Seba seria então livre”. Ele procurou inutilmente ocultar seu crime. Como precisamos nos guardar contra os primeiros golpes do pecado! Veja Tiago 1. Edersheim: “Não é necessário salientar que estes relatos autênticos dos pecados dos heróis bíblicos provam a veracidade e credibilidade das narrativas bíblicas. como vemos em Deuteronômio 17. Todos os seus inimigos haviam sido esmagados. Existe uma autenticidade severa na maneira como a Bíblia lida com os personagens humanos.17. este era um comportamento expressamente proibido aos reis de Israel. observe a honestidade e a fidelidade das Escrituras ao registrarem um incidente tão negativo. Não imaginamos quanto devemos a essas circunstâncias aparentem ente difíceis. ela não conteria um capítulo desse tipo. Observe igualmente que a queda de Davi ocorreu quando ele se achava em conforto e ociosidade.13). as quedas violentas como a de Davi não ocorrem sem serem precedidas por um processo de enfraquecimento. o marido traído de . segundo sua própria natureza. Diz o Dr. e jamais ficamos tão expostos à tentação do que quando estamos inativos.14. A prosperidade e o conforto são sempre perigosos. A pressão dos perigos que o mantiveram em espírito de oração havia desaparecido. mas que são o meio usado por Deus para nos manter orando.Lições notáveis Observe agora algumas lições notáveis ligadas ao pecado de Davi. Como regra geral. Urias. Em primeiro lugar.1). A culpa de Davi é exposta sem o menor esforço para atenuá-la e muito menos retirá-la. sabe que o praticou e que a culpa será sua para sempre. Observe de novo que o pecado de Davi resultou em anos de sofrimento. foi induzido a beber para que. guerra civil. pudesse ser dito mais tarde que o filho de Bate-Seba era seu (2 Sm 11). . fratricídio.11: — “Assim diz o Senhor: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti. algo final e irrevogável. Em um artigo sobre o pecado de Judas. tão conturbada e infeliz quanto fora feliz e bem-sucedido o começo de seu reinado. assim. sob a ação da bebida. não pode ver-se ali e. revolta — todas essas coisas estão ligadas ao pecado de Davi. a única medida segura é a confissão e a restituição. Em geral. Depois disso. somos lembrados das palavras escritas há muitos anos por Studdart Kennedy. Algo feito que não pode ser desfeito. Incesto. Mas este estratagema vergonhoso falhou pelo comportamento nobre de Urias que. seu remorso e aba­ timento e sua aflição comovente que lhe proporcionaram absolvição da culpa do pecado mas não puderam eliminar as conseqüências.39). ele diz: “Por que fiz isso? Como pude agir desse modo? Essas podem ser as perguntas mais amargas e trágicas que homens e mulheres fazem a si mesmos. A sentença divina sobre Davi.Bate-Seba. mas suas conseqüências não foram eliminadas. intriga. Deixemos que o aluno faça um estudo independente dos capítulos finais de 2 Samuel. e o homem olha para aquilo e não pode acreditar que o tenha cometido. Quando pensamos no terrível pecado de Davi. além de ser um dos “valentes” de Davi (2 Sm 23. se tornasse suficientemente irresponsável e. rebelião. mas contêm toques de beleza e estímulo aqui e ali. em 12. um renomado padre inglês da Segunda Guerra Mundial. são tristes. Davi (que ficara chocado quando Joabe matou Abner) tornou Joabe seu cúmplice no pecado e mandou matar Urias! Como um único pecado pode forjar uma terrível cadeia de iniqüidades! Se cairmos no pecado. foi um de seus mais retos e leais defensores. sendo também repletos de lições proveitosas. — fornece a explicação para o restante da história de Davi. no entanto. Que triste colheita o pecado produz! O erro de Davi foi perdoado. a não ser que se renda completamente e sem reservas ao serviço do Altíssimo. Todavia O vendi. Todavia. O arrependimento e o remorso são fatos humanos. Já as ouvi. a única liberdade que possui é a de enforcar-se. Como isso pode acontecer? O que sou — traidor — admirador — amigo Ou o diabo encarnado? Estou louco? Sim. Jamais — Senhor. Os verdadeiros tiranos que restringem e limitam o ser humano são os seus próprios desejos indisciplinados e desorganizados. tentei confortá-las. por mais corda que lhe seja dada. Esta cena não poderia aplicar-se a qualquer outra criatura que não o homem. louco — completamente alucinado — minha razão vacila. misericórdia! A morte — Devo buscar a morte.Judas deve ter olhado assim para Cristo. Se uma pessoa tiver esse alvo ou propósito e seus desejos forem organizados e disciplinados em relação a ele. a não ser que tenha algum grande objetivo e propósito que dê significado e unidade à sua vida. murmurando repetidam ente: Como pude fazer isso? Como pude fazer isso? Um homem não pode ser verdadeiramente livre. Por que fiz isso? Como pude fazê-lo? Eu O amava. Eu não sou eu. Quentes como o inferno. Algemado e com o sangue ainda úmido em suas costas. Sangrentas. Coisa medonha vomitada pelo inferno. exceto através d a organização interior de suas paixões. Ele não pode ser livre. fatos peculiarmente humanos. e realmente se sentem. Já as vi. sem isso. Jesus! Não queria praticar esse ato. Essas moedas estão manchadas de sangue — Ajuda-me. Não posso viver — ela deve voltar Para o inferno — devo — não vê-lO jamais. Sou uma coisa condenada. Quando este saiu do tribunal de condenação. Poderia ser verdadeira em relação a você ou a mim. quando agir então contra esse objetivo. Úmidas e sangrentas — elas queimam — estão quentes. sentei-me com elas. Eu sou — e devo matá-la — agora. . Não posso suportar. é exatamente para isso que irá usá-la no final. Pessoas comuns podem sentir-se assim. ” . passará a perceber seu pecado. É um pecado contra seu Deus. um erro. Ela saberá que há alguma coisa terrível. Não se trata apenas de uma tolice. mortal. um pecado contra si mesmo ou seu próximo.quando esquecê-lo e seguir alguma paixão desviada e rebelde. mas de uma negação de todo o significado do mundo. em sua palavra ou ato. O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (D Lição N2 32 . 29 etc. porém. Juntos. os redatores teriam feito contribuições menores para o a­ perfeiçoamento final da obra. depois. ele é queimado. e esta divisão foi seguida em todas as versões posteriores. No final. Esta tradição não pode ser aceita como conclusiva nem pode ser refutada com facilidade. No começo.41. Eles foram divididos em dois pela primeira vez pelos tradutores da Septuaginta. o templo é construído. B. Quem então os escreveu? A tradição judaica diz que foi o profeta Jeremias. Quando à sua autoria. os dois livros cobrem um período de cerca de quatrocentos anos. Na verdade. provavelmente Jeremias. leia todo o Primeiro Livro dos Reis e duas vezes os oito primeiros capítulos.NOTA: Para este estudo. os dois Livros dos Reis eram originalmente um só (veja nossa introdução a 1 Samuel). 14. o trabalho é de um autor único. os estudiosos não têm dúvida de que “a linguagem dos dois livros” e sua “unidade de propósito” indicam um “único autor”. J. há muito a seu favor. substancialmente. C. Os livros têm início com a ascensão de Salomão ao trono e terminam com a destruição de Jerusalém. ..) e. Como foi mencionado. quando idoso. no século terceiro a. É claro que Jeremias teria usado documentos já existentes (1 Rs 11. S. Examinemos agora o primeiro desses dois livros dos Reis. este é o aspecto central de 1 Reis: a divisão do reino unido em dois. Os versículos finais do capítulo 11 registram a morte de Salomão. Jerusalém permanece como capital. Ajudará.O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (1) q u a n t a glória e quanta tragédia se encontram na história que se estende à nossa frente nos livros dos Reis! Que verdades intensamente espirituais e prognósticos proféticos também podem ser discernidos nesses registros! O esplendor do reino de Salomão e a construção do templo prefiguram a glória e a adoração do reino vindouro de Cristo sobre a terra. enquanto o de Judá. O reino de Israel. Davi e Salomão governaram — que serão daqui por diante conhecidos como Israel e Judá. No reino do sul (Judá). como base para outros estudos. mas nosso propósito aqui é simplesmente apresentar a idéia geral e a essência desses registros. Portanto. a capital passa a ser Samaria. Nos onze primeiros capítulos temos o reino unido. abrangendo Judá e Benjamim. Os últimos onze capítulos cobrem aproximadamente os primeiros 80 anos dos reinos de Israel e Judá depois da separação. Há 22 capítulos. será útil nos lembrarmos de cada um deles por seus aspectos distintos. portanto. com­ preendendo dez tribos. e nos onze capítulos seguintes . No reino do norte (Israel). O livro da ruptura Ao gravar mentalmente os livros da Bíblia. Os ministérios de Elias e Eliseu contêm grande riqueza de significados espirituais e valores tipológicos latentes. Este Primeiro Livro dos Reis divide-se em duas partes principais tão evidentes que não precisariam ser indicadas. marcando assim as duas divisões do livro. torna-se o reino do norte. Depois disso vem a divisão ou separação. Os onze primeiros são dedicados a Salomão e seu esplêndido reinado de 40 anos. Seria fácil estender-nos sobre temas tão férteis. se nos lem­ brarmos sempre deste Primeiro Livro dos Reis como sendo o livro da ruptura. torna-se o reino do sul. indicando com isso que ele registra a divisão em dois do reino unido — sobre o qual Saul. tirarei de ti este reino. Isto se vê no capítulo 11. que escolhi” (11. e por amor de Jerusalém. darei uma tribo a teu filho. O G R A N D E REIN A D O D E Q U ARENTA ANOS DO R E I SALOMÃO (1-11) A S C E N S Ã O D E S A L O M Ã O E P R IM E IR O S A T O S (1-4) C O N S T R U Ç Ã O D O T E M P L O E D O P A L Á C IO D E S A L O M Ã O (5-8) A U G E D A F A M A E D A G L Ó R IA D E S A L O M Ã O (9-10) D E C L ÍN IO E M O R T E D E S A L O M Ã O (11. Contudo não o farei nos teus dias.vemos o que acontece com as duas linhagens de reis. seu interesse especial está no fato de ele re­ . O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS O LIVRO DA RUPTURA INTERRUPÇÃO POR CAUSA D A DESOBEDIÊNCIA I. nem os meus estatutos que te mandei. A mensagem espiritual básica de 1 Reis é indiscutível: IN T E R R U P Ç Ã O P O R C A U S A D A D E S O B E D IÊ N C IA . pessoal e tipológico. da mão de teu filho o tirarei. que marca o trágico ponto crítico e prediz a ruptura iminente. por amor de Davi. por amor de Davi. e o darei a teu servo. teu pai.1-33) R E IS D E J U D Á R O B O Ã O A JO S A F Á (13-22) J E R O B O Ã O A A C A Z IA S (13-22) R E IS D E IS R A E L - M IN IS T É R IO D O P R O F E T A E L IA S E M IS R A E L (17-22) O rei Salomão A figura de Salomão é surpreendente em três aspectos: histórico. Numa visão histórica. meu servo. tornando-se assim a explicação de toda a história: “Por isso disse o Senhor a Salomão: Visto que assim procedeste e não guardaste a minha aliança.1-43) II. OS PRIM EIROS OITENTA ANOS DOS DOIS REINOS (12-22) A S C E N S Ã O D E R O B O Ã O : A R U P T U R A (12.11-13). Todavia não tirarei o reino todo. Salomão é de interesse histórico por ser o último a governar sobre o reino unido. foi por causa da desobediência do próprio Salomão que se deu a ruptura. da parte de Deus”. Salomão é sem dúvida uma figura notável. Da mesma forma como Davi. Sua administração bem-sucedida no governo mostra sua habilidade mental superior.presentar o período de maior prosperidade de Israel como reino. Mas o interesse histórico e pessoal de Salomão é ultrapassado pelo seu significado tipológico. . sobre a casa de Israel restaurada e reunida. Seu reinado de mil anos sobre a terra como o Filho maior de Davi. Como já vimos. Sentimos que não existe aquele esplendor de paixão altruísta que caracterizava a piedade de Davi. ele não demonstrou também uma devoção fervorosa a Deus como Davi demonstrara. e não haverá jamais um rei sobre o reino judeu unido até que Cristo volte como Filho e Senhor de Davi. “Salomão em toda a sua glória” veio a ser o símbolo clássico da opulência real. Seu reinado marca a época mais esplêndida e rica da história dos hebreus.v-milenar de Cristo. No que se refere à santidade pessoal. quando Cristo irá reinar naquela “nova Jerusalém” que descerá “do céu. tipifica Cristo em Seu reino ainda futuro sobre a terra. uma falta de vigor moral. Não iremos tratar desse assunto aqui (mas veja a nota que precede a próxima lição). Sua sabedoria acima do normal fez dele um prodígio para todos os povos vizinhos. Apesar de Salomão jamais ter cedido à desobediência impetuosa e arrogante como fez Saul. que Paulo chama de “dispensação da plenitude dos tempos”. porém. Alguns vêem uma diferença interessante na maneira como Davi e Salomão tipificam o reino vindouro de Cristo. há certa hesitação. ou seja. Além disso. como Davi. Sua oração quando o templo foi dedicado revela uma elevada capacidade espiritual. Salomão é o tipo do reino /ra. Davi é o tipo do reino milenar de Cristo. Não resta qualquer dúvida: mesmo uma leitura superficial dos capítulos 9 e 10 mostra-nos que as riquezas de Salomão e a abundância em Israel naqueles dias eram tamanhas que se tornaram verdadeiras maravilhas. ele é um dos maiores tipos de Cristo no Antigo Testamento e. Se escapa parcialmente da condenação de Saul. porém. não chega a receber a aprovação concedida a Davi. embora não seja fácil avaliar realmente seu caráter. No aspecto pessoal. suas gloriosas palavras: “Eis que estou para edificar a casa ao nome do Senhor meu Deus. e Hirão deve responder por escrito a um pedido desse tipo.3) para a construção de sua casa real. e os onze capítulos restantes cobrem os primeiros 80 anos dos dois reinos. rei de Tiro. A madeira nativa em Israel era o sicômoro (10.. No segundo. Observemos aqui certos aspectos relativos ao templo.2). Havia cortesia de ambos os lados. Capítulo 5 O capítulo 5 apresenta os preparativos para o templo.4-6. de tipo mais duro e compacto. temos a construção do maravilhoso templo de Jerusalém. Queremos destacar agora que cada um desses dois períodos torna-se notável por causa de um fenômeno importante. envia um mensageiro especial para transmitir oralmente a mensagem. enviara alguns anos antes cedros a Davi (2 Cr 2. que faz o pedido.O templo (5-8) Mostramos que este Primeiro Livro dos Reis tem duas partes: os onze primeiros capítulos referem-se inteiramente aos 40 anos do reinado de Salomão. era grosseiro e muito inferior ao cedro do Líbano. Salomão pede a Hirão. A superioridade do cedro do Líbano. Salomão. porém. e as casas construídas com esse tipo de madeira eram consideradas mais “finas”. que lhe envie cedros do Líbano. Hirão. embora útil.27) que. Este é também um exemplo de comunicação escrita da antigüidade. encontramos o ministério maravilhoso do profeta Elias no reino do norte. unida às despesas de mandar buscá-lo tão longe. No primeiro. mencionando apenas os detalhes comerciais de seu pedido. rei de Tiro. A comunicação entre Salomão e o rei de Tiro é dada com mais detalhes e pontos de grande interesse em 2 Crônicas 2. Salomão “ enviou” sua mensagem a Hirão. fez dele uma espécie de luxo em Israel. selando a resposta com o selo real e provavelmente devolvendo-a pelo próprio mensageiro de Salomão. e este “respondeu por escrito”. Veja em Crônicas 2.. A casa que . Precisamos lembrar que Hirão era um idólatra e que Salomão poderia facilmente pensar que seria mais conveniente omitir referências ao seu próprio Deus. e Davi sentia-se constrangido por viver em “casa de cedro” enquanto a arca de Deus permanecia numa simples tenda (2 Sm 7. A mensagem de Salomão a Hirão surpreende pelo testemunho que dá do Senhor. 18). O país dos fenícios. empregando-os em turmas de dez mil por mês no Líbano. Além desses. Esses trabalhadores braçais não eram israelitas. em bronze. com folga de dois meses em casa entre os turnos — uma proporção bem razoável. pois. de modo que cada homem trabalhava quatro meses em doze. porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.edificarei há de ser grande. Ainda mais notável é a resposta de H irão que. e seus habitantes eram mercadores com pouco tempo para a agricultura. Mas o reino de Salomão. era rico em frutas e cereais diversos. em ferro. em prata. e um grande suprimento de vários tipos de madeira. podendo suprir perfeitamente outros povos além do seu. que edifique casa ao Senhor. onde reinava o rei Hirão.12). ciprestes e sândalo do Líbano. e havia 3. 8). Salomão pediu então um especialista em arquitetura e projetos. Salomão tinha setenta mil transportadores e oitenta mil cortadores nas montanhas. que náo deixa espaço para quaisquer outras supostas divindades. Manda-me também madeira de cedros. situado no interior. que fez os céus e a terra\ que deu ao rei Davi um filho sábio. Eis que os meus servos estarão com os teus” (2 Cr 2. O pagamento seria feito com produtos agrícolas. como descrito em 2 Crônicas 2.7.10.000 pessoas! Podem os com eçar a perceber assim a magnitude do em ­ . agora um homem que saiba trabalhar em ouro. de carmesim e de azul. Tudo isto concorda com o que sabemos sobre a Fenícia e Israel naqueles tempos. porque bem sei que os teus servos sabem cortar madeira no Líbano. os quais Davi meu pai empregou. O território era limitado e inadequado para suprir as necessidades de suas grandes e populosas cidades. que saiba fazer obras de entalhe juntamente com os peritos que estão comigo em Judá e em Jerusalém. Esses números perfazem um enorme total de mais de 183. hábeis entalhadores e cortadores.300 chefes sobre eles. estendia-se ao longo da costa do Mediterrâneo. e para o seu próprio reino” (2 Cr 2. longe de ofender-se. em obras de púrpura. mas cananeus (veja 2 Cr 2. Estas foram as exigências feitas por Salomão ao rei de Tiro: “Manda-me. todavia. No entanto quem seria capaz de lhe edificar a casa.17. Os últimos versículos do capítulo 5 dizem-nos que Salomão formou um grupo de trinta mil homens. reconheceu o Senhor nestas palavras: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel. a mensagem é de real cortesia. visto que os céus e até os céus dos céus o não podem conter?” Este é um nobre testemunho da supremacia e infinitude do Senhor. dotado de discrição e entendimento. Sobre elas foi edificada a Mesquita de Omar. do lado de fora. Uma delas chega a ter 11. Não pode haver dúvida de que esses blocos imensos datam da época de Salomão. firme e segura”. pois trata-se da pedra angular principal da parede maciça do templo. por meio de carros puxados por bois. O plano básico. e refletimos que elas tiveram de ser transportadas de muito longe até Jerusalém. e de 90 centímetros a 1. Eles eram construídos ao longo das paredes. outras têm mais de 7 metros de comprimento e 2. porém. com que o comprimento do templo chegasse a 70 côvados (excluindo a espessura das paredes). é muito claro. portanto. embora exatas e detalhadas.5 metros de comprimento. não permitem que os estudiosos concordem quanto à aparência e arquitetura externa do edifício. Nos dois lados do tem plo e em sua parte posterior. com 40 côvados.. O capítulo 5 termina com estas palavras: “Mandou o rei que trouxessem pedras grandes e pedras preciosas.” Essas grandes pedras de alicerce existem até hoje. sendo agora conhecidas como “H aram -esh-Sheref”. As informações com respeito a cada parte descrita.5 metros de comprimento! Certo relatório diz: “Esta grande pedra é uma das mais interessantes do mundo. para uso dos sacerdotes. Decifradores verificaram recentem ente que os sinais dos artesãos sobre elas são dos fenícios — dos quais. Este tinha 60 côvados de comprimento por 20 de largura. sendo uma o Lugar Santo. em três andares sobrepostos de tal modo que as vigas de madeira desses cômodqá .. Capítulos 6-8 No capítulo 6 vemos as dimensões. havia pequenos compartimentos construídos contra as paredes. O comprimento dividia-se em duas partes. e a outra o Santo dos Santos. e suas medidas são exatamente o dobro das do tabernáculo. e pedras lavradas para fundarem a casa. os materiais e a construção do templo. Fixada em sua posição permanente há três mil anos. ela continua ali. Salomão pediu e recebeu material desse tipo para o templo.5 metros de largura. Algumas dessas “pedras grandes” têm de 5 a 5. Este pórtico fazia. Quando consideramos o tamanho e o peso dessas “grandes pedras”. Havia na frente do edifício um pórtico com a mesma largura do prédio (20 côvados) e 10 côvados de profundidade. só podemos nos maravilhar.preendimento. como a Escritura nos diz. com 20 côvados.2 metros de espessura. que nos dias de Salomão o ouro não representava .não precisassem ser fixadas nas paredes do edifício sagrado. grandiosidade e enorme trabalho de alvenaria dos pátios. dispendiosa e altamente decorativa de todo seu interior e mobiliário. ele se assemelhava aos templos egípcios e outros templos da antigüidade. O côvado mede cerca de 45 cm. Nas palavras do Dr. Visto sob este aspecto. Ao contrário de nossas igrejas modernas. de cuja arte ainda nos restam exemplares abundantes preservados desde aqueles tempos. mas de verdadeira cobertura. câmaras. E bom lembrar. mas adorava voltando-se em direção a ele. formando a base do enfeite que aparecia na superfície de ouro. o templo não foi construído para reunir pessoas. Devemos porém lem brar que. formando o anel em que a gema preciosa do templo se achava engastada. Não é de fato demais supor que essas construções externas. mas queremos simplesmente chamar atenção para o fato notável de que todo ele era “ coberto de ouro puro” (v. Não podemos falar aqui da primorosa ornamentação do interior. 21). que fomos levados a considerar como uma das maravilhas do mundo antigo. extensão. mas na natureza complexa. não consistia em seu tamanho. Neste sentido. no entanto. Isto indica que o templo de Salomão era bem pequeno comparado com algumas de nossas igrejas. jam ais foi pretendido que seu tamanho fosse imponente. Vemos então que o templo de Salomão não era muito grande. também no número. tivessem custado tanto quanto o edifício sagrado em si. acrescida da espessura das paredes. Os entalhes decorativos foram primeiro feitos em madeira de cedro. Kitto: “A importância do templo de Salomão. de maneira que o comprimento total é de 80 côvados e a largura 40 côvados. A congregação não se reunia dentro dele. este fato pode surpreender-nos e até decepcionar-nos. paredes e torres que havia nele. qualquer surpresa quanto à aparente insignificância de seu tamanho desaparece. como sendo a casa de Deus. A quantidade de ouro gasta no interior e no mobiliário do templo deve ter sido enorme. as paredes do templo foram feitas com saliências sobre as quais as vigas ou tábuas podiam repousar. A largura desses cômodos. soma dez côvados a cada lado do templo e à parte de trás. Não se tratava de uma simples douração. em vista do propósito do tem plo. Era o lugar da presença divina e dos sacerdotes que ministravam perante ela e para mais ninguém. de maneira que um prédio de 80 côvados de comprimento por 40 de largura teria 36 por 18 metros. feitas para acomodar congregações. pela imensa quantidade de ouro aplicada”. Os prédios do palácio eram muito maiores e o empreendimento.4). o primeiro versículo do capítulo 7 diz: “Edificou Salomão os seus palácios. Uma vez que o templo só levou sete anos. enquanto o templo tinha 30 côvados de altura (6. mas a quantidade real do metal empregado.5 metros de altura).dinheiro. não houvera também qualquer preparo de materiais para esses edifícios como acontecera com o templo. A resposta é que esses três andares juntos tinham apenas 15 côvados de altura (6. candelabros. Não existe idéia de contraste entre as últimas palavras do capítulo 6 (que declaram ter Salomão levado sete anos para construir o templo) e as primeiras do capítulo 7. Além disso. elas não eram envidraçadas. mas não como dinheiro. nas colunas de bronze (cada uma com 8 metros de altura). iremos. de acordo com observações já feitas. Não podemos nos deter aqui com os dois belíssimos querubins de ouro (cada um com 4. poderia parecer egoísmo por parte de Salomão o fato de ele levar mais seis anos para construir sua própria casa. no pórtico dianteiro (que era mais alto que o restante do edifício). mas cobertas de treliças adornadas. Terceiro. que era então a maneira comum de vedar tais janelas. o fato de Salomão ter completado a casa do Senhor antes de começar a sua é um ponto a seu favor. Assim sendo. A prata era o padrão de valor. Embora não . na parte de cima. se havia três andares de cômodos construídos contra o exterior das janelas do templo. um padrão de valor. utensílios e outros equipamentos interessantes do templo. Tudo isto deve ser estudado cuidadosamente com a ajuda de um bom comentário. assim. o ouro utilizado no templo de Salomão não representa o custo monetário envolvido. no mar de fundição. mais vasto. mencionar três pontos. não devemos esquecer aparte de Davi no templo. Devemos entender claramente que o ouro era usado para trabalhos ornamentais. e pode-se ficar indagando como tais janelas seriam possíveis. fazer injustiça a ele se pensarmos desse modo. Não era um meio de troca. Segundo. havia um amplo lugar para as janelas. levando treze anos para os concluir”. mesas. nas pias. como acontece hoje. Queremos. e provavelmente um número m enor de trabalhadores foi em pregado.10).2). mesmo acrescentando espaço para o assoalho e teto desses três andares de cômodos. Naturalmente. Primeiro. porém. no entanto. lemos que Salomão fez janelas estreitas para o templo (6. sendo bastante provável que Salomão tivesse comprado ouro com prata. 19).2-5 lemos: “Deu ordem Davi para que fossem ajuntados os estrangeiros que estavam na terra de Israel. “sempre fora amigo de Davi” (1 Rs 5. Pois dizia Davi: Salomão. 12. Madeira de cedro sem conta. providenciarei. para nome e glória em todas as terras. afirmando tê-los recebido de Deus (w. Existe algo de nobre e tocante. numa passagem notável (1 Cr 28. nos preparativos entusiásticos de Davi para o templo que jamais teria oportunidade de ver. ainda é moço e tenro. como também bronze em abundância. assim o preparou Davi em abundância antes de sua m o rte ” . pois. e para as junturas. Um deles foi Hirão. Além disso. que nem foi pesado. e encarregou pedreiros que preparassem pedras de cantaria para se edificar a casa de Deus. rei de Tiro. Com o esta linguagem e com portam ento generosos são característicos de Davi! No versículo 14 do mesmo capítulo observamos que ele também deixou para o templo “cem mil talentos de ouro e um milhão de talentos de prata e bronze e ferro em tal abundância que nem foram pesados”. que. por sua generosidade característica começou a fazer os preparativos necessários. Em 1 Crônicas 22. porque os sidônios e tírios a traziam a Davi em grande quantidade. para os pregos das folhas das portas.10-19). descobrimos que Davi igualmente deixou para Salomão plantas e modelos para o templo. Ele parece ter-se encarrregado dessa tarefa com tanto zelo quanto teria se lhe coubesse edificar o templo. Aparelhou Davi ferro em abundância.1) e ajudou Salomão por causa de Davi. e a casa que se há de edificar para o Senhor deve ser sobremodo magnificente. meu filho. para ela o necessário. segundo lemos. Também deixou para Salomão bons amigos que se dispuseram a ajudá-lo. Possamos nós ser assim tão pouco egoístas para com aqueles que virão depois de nós! Que Deus nos ajude a deixar para nossos filhos o material moral para a construção de suas vidas como templos vivos! Possamos deixar para nossos filhos os padrões que recebemos de Deus e também bons amigos que possam ajudá-los com sabedoria quando já tivermos partido! .tivesse tido permissão para construí-lo e apesar de saber que morreria antes de sua construção. assim como de trágico. O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (2 ) Lição N2 33 . Os únicos dois que alcançaram um número de três algarismos baseiam-se na Bíblia. Essas obras são: “O Peregrino”. releia do capítulo 1 ao 4 e do 9 ao 11. Homero foi traduzido para cerca de vinte idiomas. e “Imitação de Cristo”. Eles têm origem na Bíblia. foi traduzida para pouco mais de mil línguas faladas. G. ou parte dela.. pelo que sei existem dois livros que passaram de cem traduções. de Thomas à Kempis. Deixando de lado os demais. de John Bunyan. CAM PBELL M O R G A N .. A Bíblia inteira. nasceram dela. Shakespeare foi traduzido para cerca de quarenta.NOTA: Para este novo estudo em 1 Reis. A culpa de Adonias é vista em sua confissão.O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (2) SALOMÃO: SUA ASCENSÃO. de que ele sabia que o reino era de Salomão. não surtiu efeito devido às providências imediatas tomadas pelo profeta Natã. Josefo diz que tinha 15. não permitas que suas cãs desçam à sepultura em paz” (2.9). SABEDORIA.. Zadoque.. Ele trata das instruções dadas a Salomão por Davi. no sentido de indicar Salomão como seu sucessor. da parte “ do Senhor” (2.6). Ele foi apoiado por Joabe. Enquanto a primeira parte é bastante nobre e profunda. e por Abiatar. Davi falou a respeito de Joabe: “. Sua ascensão precoce foi precipitada por uma conspiração de Adonias. Ele próprio disse: “Não passo de uma criança” (3. e que aspirava ao trono. se essas palavras do moribundo Davi forem interpretadas como expressão de um espírito vingativo. A . Veja o capítulo 2. há muito engano nessa opinião. e sua própria qualificação como filho favorito de Davi e dono de uma personalidade atraente (1. por causa da idade. Eusébio declara que ele tinha 12 anos.15). em vista de sua imaturidade. o filho mais velho de Davi. e Abiatar para expulsar seu rival.6). Podemos afirmar com segurança que não passava dos 20. Adonias aparentemente julgou poder aplicar seu golpe de estado com base em três coisas: o enfraquecimento de Davi. pouco antes da morte deste. ocorrida logo depois. porém . a outra contém certos aspectos medonhos que podem parecer estranhos a um leitor moderno. O estratagem a. a desqualificação de Salomão. comandante do exército. GLÓRIA E FRACASSO A ascensão de Salomão (1-2) S A L O M Ã O era muito jovem quando subiu ao trono. chefe dos sacerdotes. ainda vivo. ambos provavelmente procurando servir a seus próprios interesses — Joabe para m anter seu comando como acontecera no reinado de Davi. que obteve e depois proclamou o voto solene do idoso Davi.7). Mas. Suas palavras sobre Simei foram: as suas cãs desçam à sepultura com sangue” (2. porque o sangue profana a terra. embora um tanto tardia”. Não há qualquer idéia de ‘vingança a sangue \ N A ja^/nas sim de rigorosa justiça. No caso de Simei. mas j© / ^êi^ts nessa ocasião Davi estivera com certeza pensando nas pafawáã x ^ w jâ jv in a de Israel. filho de Ner^Caia)aste sangue sobre a cabeça de Joabe e sobre toda a casa de-^eu(g^ir''(2 Sm 3.. antes exterminarás de Israel a culpa/tíf^aiígije inocente. Davi visava a segurança do reino . O pior de tudo é que Davi havia usado justamente esse homem. e é isto que está por trás de sua < Jem a Salí não. tolerando a Joabe. porém. Joabe. L. do sangue de Abner. J. para sempre. 29). Suas palavras no leito de m orte a respeito deles foram pronunciadas do ponto de vista do dever público e não por vingança pessoal. à beira da morte.3. como seu cúmplice na morte de Urias! E de lamentar que Davi tivesse descido à sepultura com tal peso em sua consciência.13). Joabe assassinara^kWgíjk frio tanto Abner como Amasa.28. quando disse: “Inocente sou eu. senão com o sangue daquele que o derramou” (Nm 35. ComBVvvesfe n . e o meu remosN^Vcom o Senhor. estando portanto sob cu 1 p a v i a agora mais de 30 anos desde que matara Abner.V ^òu pelo sangue de Abner só muito mais tarde. Conforme afirmou o Dr. Assim não profanareis a terra em que estais. Veja as obrigações de Israel: “Não aceitareis resgate pela vida do homicida.ante do Legislador e Juiz divino. nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que nelaxfor derramado. para que te vá bem” (Dt 19. A vingança divina pendia s o b r ^ le y C \V \ estava muito fraco para executar a lei. Como rei teocrático. Simei era perigoso e não estava acima de suspeitas. e já perdoara a maldição de Simei. que é culpado de morte: antes será ele morto. houve traição acrescida de blasfêmia — ele havia lançado uma maldição sobre o “Ungido do Senhor”. Q ÍV e^^rC ontrava-se em perigo. Porter: “No final de sua vijqâTwavi percebeu que havia negligenciado este dever imperioso.atitude pessoal de Davi para com Joabe e Simei já fora demonstrada. Ele havia sido generoso por anos. Salomão não deveria considerá-lo completamente purificado desse crime duplo. ele pronuncjejíi 1 í^Mnça sobre os criminosos e ordenou a seu herdeiro e sucess5r^\ |^executasse. N O m a is triste em relação à sentença dada por Davi a Joabe é que este .. Davi era responsável$e4a\nanutenção da lei divina. í f è í '^ “não olharás com piedade. sendo punido por aqueles a quem servira com tanta lealdade e sucesso. Em nenhuma outra coisa sua sabedoria precoce é vista mais claramente do que em sua decisão de pedir mais sabedoria. Compôs três mil provérbios. Era a sabedoria de Salomão maior do que a de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios. sem diminuir nossa apreciação da nobre escolha feita aqui por Salomão. grandíssimo entendimento e larga inteligência como a areia que está na praia do mar. e correu a sua fam a por todas as nações em redor. além disso. A sabedoria de Salomão (3-4) A oração de Salomão pedindo sabedoria. conhecimento intelectual. poder e longevidade. Todavia. Não. acharemos difícil con­ ciliar sua sabedoria com a insensatez posterior. pois.29-34: “ Deu também Deus a Salomão sabedoria. ou aquela sabedoria de que Paulo fala no Novo Testamento. A sabedoria buscada por Salomão — e que lhe foi concedida sobrenaturalmente — foi critério administrativo. aptidão para adquirir tal conhe­ cimento. suas palavras devem ser lidas tendo em vista o que ocorreu depois entre Salomão e Simei. Ela revela que o jovem rei já possuía um bom grau de maturidade. em vez de riqueza.de seu filho e. julgamento perspicaz. e do que Hemã. ele não queria dizer sabedoria espiritual — aquele discernimento das coisas divinas que só vem através da regeneração e santificação e de uma comunhão íntima com Deus. ele ultrapassou até mesmo os renomados filósofos de sua época. Salomão está bem abaixo de seu pai Davi. a não ser que compreendamos isto. Discorreu sobre . pois o fato de ter pedido sabedoria acima de tudo já era um sinal de sabedoria. sabedoria prática no controle dos assuntos do reino. é importante entender claramente o tipo de sabedoria que ele buscou e com a qual veio a ser sobrenaturalmente dotado. e foram os seus cânticos mil e cinco. Este. As próprias palavras de Salomão indicam que. e a clemência de Davi para com ele deveria ter despertado lealdade — o que não aconteceu. filhos de Maol. nesse tipo de sabedoria. é uma passagem belíssima (3. Era mais sábio do que todos os homens. Neste tipo de sabedoria. como lemos em 4. na verdade. ezraíta. ao pedir sabedoria.5-15). Calcol e Darda. deveria ter sido morto anos antes. mais sábio do que Etã. 14-29) é um parágrafo assombroso. Sua descrição eloqüente quase não exige comentário aqui. porém. e também enviados de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria” . Sem dúvida. mas também . afora tudo o que lhe deu por sua generosidade real”.16-28). O povo reconheceu nele uma sabedoria que superava em muito sua pouca idade. Salomão recebeu a confiança e veneração de todo seu povo. Em 10. e a generosidade de Salomão para com ela se torna uma belíssima ilustração da liberalidade do Rei celestial para conosco. era o dinheiro naqueles dias! A visita da rainha de Sabá (10. é bom lembrar que a prata. A glória de Salomão (9-10) O final da construção do templo e do palácio marcam os primeiros vinte anos do reinado de Salomão (veja 9. De todos os povos vinha gente a ouvir a sabedoria de Salomão. a primeira evidência da profunda percepção do jovem rei foi sua decisão no caso das duas jovens mães que queriam reclamar seus direitos sobre a mesma criança (3. dos répteis e dos peixes. sem poder cometer a indelicadeza de continuar pedindo! Salomão.todas as plantas. a sabedoria de Deus estava nele. desde o cedro que estã no Líbano até ao hissopo que brota do muro. Os últimos vinte são tratados brevemente nos capítulos 9-11.1-13) causa um interesse específico. até que finalmente se encontrou no dilema de ver muito mais coisas que queria. Com típica apreciação feminina. Eles não deixam qualquer dúvida quanto ao esplendor material da época. Os capítulos 9 e 10 marcam o período do apogeu. A partir de então. Maravilhada. leu seu coração e deu-lhe não só tudo o que pediu.10). e quando lemos que Salomão fez com que a prata se tornasse tão comum quanto as pedras de Jerusalém.13 lemos: “O rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo quanto ela desejou e pediu. Para o povo em geral. As dúvidas com relação à sua im aturidade foram desse modo dissipadas. ela simplesmente não conseguiu resistir ao desejo de pedir isto e aquilo. A maneira como Salomão tratou desse caso é de fato surpreendente. e não o ouro. O relato das riquezas e opulência de Salomão (10. também falou dos animais e das aves. a rainha rendeu-se aos tesouros desejáveis que contemplou. há de suprir em Cristo Jesus cada uma de vossas necessidades”.. segundo a S U A riqueza em glória. 2). 6). e (3) “ para fazer infinitamente mais”. Pense no que significa esse “segundo”.. “pelo que o Senhor se indignou contra Salomão” (v. onde é dito que Salomão deu à rainha de Sabá “por sua generosidade real”. 11).42). contam a história de seu fracasso: “. Com isto em mente. 1). leia Efésios 3. àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos. amou Salomão muitas mulheres estrangeiras” (v. O sol da glória de Salomão ocultou-se em nuvens escuras. “a estas se apegou Salomão pelo amor” (v. Esta infidelidade de Salomão precipitou a divisão do reino em dois.tudo o que pensou.. O fracasso de Salomão (11) Infelizmente. (2) “tudo quanto pensamos" . Logo os filhos de Israel passariam a lamentar: “Como o ouro se foi!” A culpa foi só de Salomão. Vejamos então as três medidas da liberalidade de Salomão aqui: (1) tudo o que ela P E D IU . a glória do período salomônico foi curta. “. 9). conforme o seu poder que opera em nós”. suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses” (v. acrescentando ainda a isso sua “generosidade real”. 4). (2) tudo o que ela P E N S O U (desejou). e o reter não O enriquece. e (3) a G E N E R O S ID A D E real de Salomão. Nem todas as vestes suntuosas de seu dispendioso guarda-roupa . As seguintes frases.. encontradas no capítulo 11.. o texto hebraico diz literalmente “ segundo a mão do rei Salomão”.. tirarei de ti este reino” (v. Salomão era o rei mais rico de toda a terra e ele dava de acordo com sua posição! Que prodigalidade encontra-se nesse “segundo”! Ele nos faz lembrar de Filipenses 4.. Possa o Espírito Santo nos ensinar o significado desse “segundo” e enriqueça nossas vidas com essa generosidade real que procede daquele que disse: “. “por isso disse o Senhor a Salomão: .19: “E o meu Deus.. É interessante notar que no versículo citado acima. ou pensamos. e eis aqui está quem é maior do que Salomão” (Mt 12. Temos aqui a mesma medida de doação em três partes: (1) “tudo quanto pedimos”'. Deus nos conceda fé para pedirmos grandes coisas e termos amplos desejos em relação a Ele! — pois o dar não O empobrece.20: “Ora. “assim fez Salomão o que era mau perante o Senhor” (v. o privilégio e a promessa.22-53). botânico. certamente caracterizou seu reino. Seu registro tem aspectos brilhantes. “o temor do Senhor é início da sabedoria”.14-20). mas Salomão não seguiu os passos deles. Observamos em Salomão que a mais elevada dose de sabedoria humana é inferior à verdadeira piedade. com certeza. A paz. Se essas coisas fossem removidas de seu registro. Amom. como indica seu nome. assim. O capítulo 11 termina com a morte de Salomão. um reino estabelecido na justiça e um exército vitorioso em todas as frentes. não era provável que o povo logo fizesse o mesmo? Salomão perdera o direito ao favor divino. sim. zoólogo. mesmo depois de o Senhor lhe ter aparecido duas vezes. mas Salomão fez tudo isso. sua escolha sábia de um dom. que era amado pelo seu Deus. Se. 8. então. mas. um homem a quem estranhamente faltava força de caráter. 9. fechando. poeta e filósofo moral. Se o rei se comportava desse modo.podem esconder a feia mancha em seu caráter. que permaneceria por causa de Davi. como acontecera com seu pai. como se vê em sua humildade inicial. Moisés havia dito que os futuros reis de Israel não deveriam acumular riquezas. O reino seria tomado de sua família. arquiteto. Edom e outras. não tanto por si mesmo. ele chegara até a edificar “lugares altos” para suas divindades abomináveis.26). devemos nos lembrar de seus privilégios e oportunidades. exceto Judá. poderemos pensar. ‘Amado do Senhor’. valores que não foram dados nessa medida a ninguém mais em toda a terra. um homem ‘segundo o coração de Deus’. a primeira parte do livro. mas por causa de Davi. Tinha também para guiá-lo a experiência dos dois reis que o precederam. mas é duvidoso que tenha merecido seu outro nome: Jededias. o que ficaria para lhe ser creditado? Ele era um homem de extraordinária habilidade. O mais sábio dos homens tornara-se o maior dos insensatos. a maior sabedoria é obedecer a Deus em todas as coisas e andar diante dEle com um coração perfeito. Ele não recebeu um reino destruído e um exército desmoralizado. todavia. mas também enchera seu grande harém com mulheres daquelas nações contra as quais Israel recebera repetidamente a proibição divina — Moabe. como diz o salmista. Tomou para si setecentas mulheres e justamente . sua construção do templo e sua belíssima oração quando este foi dedicado (1 Rs 3. A seguinte citação contém uma crítica justa a Salomão: “Ao avaliá-lo. cavalos ou mulheres (Dt 17. deixou-se desviar por ‘mulheres estrangeiras’ (Ne 13.7. Ele. era. pois pecara contra a luz. Salomão não só abusara dos casamentos. Abraão era o ‘amigo de Deus’ e Davi. todos os dias de Salomão”. e os israelitas eram honrados por todos os povos.9). Se alguém poderia sentir-se satisfeito por ter obtido tudo quanto desejava. Veja também o versículo 20. gravar. nem aprenderão mais a guerra” (Is 2. havia liqueza e glória • — superando tudo o que existira antes. reinos). e debaixo da sua figueira.4). estes são os sinais preditos daquele reino que Cristo ainda estabelecerá entre as nações. sabedoria. Haverá ainda riqueza e glória como nunca antes. fama e prazer. e um império tal como rei algum jamais conheceu antes. reino) da casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes (i. glória e fracasso. Haverá também sabedoria e conhecimento sem precedentes. Terceira. Existe alguém de caráter mais enigmático? Existe em toda a história uma ironia que nos faça refletir mais do que esta: o mais sábio dos homens transformando-se no maior insensato. havia fama e honra: o nome de Salomão era o maior entre todas as nações ao redor de Israel.6). dando motivo para o Senhor pronunciar-se contra ele. É isso então que temos a dizer sobre o rei Salomão — sua ascensão. como vemos em 1 Reis 4 e 10. acima de todos os outros. em todo o curso de seu reinado houvepaz e descanso. desde Dã até Berseba. ele deixou escrito que tudo sob o sol é vaidade e aflição de espírito (Eclesiastes).dentre aquelas nações contra as quais Israel fora advertido (1 Rs 11. pois “a terra se encherá do conhecimento do Senhor. em 1 Reis 4.2). como as águas cobrem o mar” (Is 11. A vida de Salomão é a vida do ‘eu’ em sua plenitude. o bezerro. o homem que possuía riqueza. e o leopardo se deitará junto ao cabrito. Isto levou à introdução de falsos deuses e de falsa adoração. o leão novo e o animal cevado andarão juntos. e um pequenino os guiará” (Is 11. esse alguém era Salomão. havia alegria e segurança. que acaba se tornando triste e saturada de tudo”.25 lemos: “Judá e Israel habitavam confiados. e. Quais eram então as características distintas do reinado de Salomão? Primeira. havia insuperáveis sabedoria e conhecimento. 2). e. Quinta. “o lobo habitará com o cordeiro. cada um debaixo da sua videira. Nenhuma guerra ou conflito interno quebrou a serenidade daqueles quarenta anos. Com certeza. Quarta. Haverá igualmente fama e honra. pois “o monte (i. vindo a escrever no final: “Vaidade das vaidades! — tudo é vaidade!”? Possamos nós ler. e para ele afluirão todos os povos” (Is 2. aprender e digerir tudo isso interiormente! APÊNDICE AO REINO DE SALOMÃO Dissemos que o reinado de Salomão tipifica o futuro reinado de Cristo na terra. e se elevará sobre os outeiros. todavia. Haverá paz e descanso: “Uma nação não levantará a espada contra outra nação. Segunda.1. pois . todas as nações o sirvam” (SI 72. que descrevem o esplendor deste reino davídico e salomônico de Cristo que ainda está para vir sobre a terra. porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse”. Não existe estudo mais envolvente na Escritura do que o de tais trechos gloriosos dos profetas. e não haverá quem os espante. E todos os reis se prostrem perante elè. 11). pois em Miquéias 4. e desde o rio até aos confins da terra.“domine ele (Cristo) de mar a mar. e debaixo da sua figueira.S.B. Nossa oração diária deve ser esta: “Venha o teu reino!” J.8...4 lemos: “Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira. . Haverá do mesmo modo alegria e segurança para todos os súditos privilegiados nesse reino final. O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (3) Lição N° 34 . Seus últimos dias foram. ele foi desviado por suas mulheres. ou Baal-Peor. acima de tudo. obtidos e acumulados por seu pai com o propósito de construir um templo ao Senhor. embora isso possivelmente fosse ditado por uma política mundana. Mil e cinco canções colocaram-no entre os primeiros dos poetas hebreus. enquanto seu conhecimento de história natural foi demonstrado por escritos que vieram a ser muito admirados. por ter quebrado a aliança mediante a qual mantinha sua coroa. Três mil provérbios deram prova de suas virtudes e sagacidade. Damasco declarou sua independência sob Rezom. o reino lhe seria tirado. portanto. como continuavam governados por seus próprios príncipes. O tamanho de seu harém ultrapassava até mesmo os limites dos costumes orientais. Os cananeus que permaneceram na Palestina tornaram-se súditos pacíficos ou servos úteis. compostos em grande parte dos despojos das diversas nações. “B IB L E H A N D B O O K ” . a Moloque.NOTA: Para este estudo final no Prim eiro Livro dos Reis. Hadade “fez mal” em Edom. Ele tinha tesouros imensos. leia novamente do capítulo 12 ao 22. A sabedoria de Salomão é exaltada tanto nas Escrituras como na história oriental. perturbados por “adversários” que instigaram uma revolta dos povos vassalos. Salomão continuou a política de seu pai e compartilhou de sua bênção. Sua própria grandeza o traiu. o ídolo obsceno de Moabe. e uma parte seria dada a seu servo (1 Rs 11.). construindo templos a Camos. 17). deusa dos sidônios.16.21 etc. Salomão era literalmente “rei dos reis”. Seus domínios estenderam-se do Mediterrâneo até o Eufrates. e do Mar Vermelho e da Arábia até o termo do Líbano (1 Rs 4. As arrecadações exageradas desagradaram o povo e.31). mulheres e carros eram todos contrários ao espírito e preceitos da lei (Dt 17. o deus de Amom. Os tesouros. e a Astarote. A N G U S . e Aias recebeu instruções para anunciar a Salomão que. Salomão acrescentou a isso os rendimentos de pesados impostos. Os povos que pagavam tributos eram mantidos em completa sujeição e. A tribo de Efraim tornou-se um foco de inimizade. A ruptura acontece logo após a morte de Salomão. desde Josué até 2 Samuel. forneceram instrução e orientação abundantes. Israel veio a ser exaltado à mais alta dignidade de sua história. tentaremos focalizar os pontos importantes da ruptura e o curso dos acontecimentos subseqüentes. A ruptura A tragédia de Israel Em primeiro lugar. Como vimos no Livro dos Juizes. Nas palavras do R eitor Baylee: “A teologia dos salmos. embora Deus possa conferir muitos privilégios. e a partir deste ponto seguimos a história dos dois reinos e das duas linhagens de reis. Todavia. Ele jamais concede o privilégio de . a ruptura foi uma tragédia. e só podemos exclamar: “Oh.O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (3) OS DOIS REINOS c h e g a m o s agora à segunda metade do livro. é bom compreender que as Escrituras atribuem a culpa da ruptura a Salomão. a sugestão mística de Cantares. a arqueologia de Gênesis e a manifestação de Deus na história. como teria sido se a ruptura não desferisse um golpe tão mortal contra a nação?!” A culpa de Salomão Em segundo lugar. a sabedoria prática de Provérbios. os ensinos patriarcais de Jó. Os elevados propósitos de Deus para Israel estavam se desenvolvendo com evidência cada vez maior. Não é necessário tratar separadamente desses reis para nosso esquema de estudo. No final do reinado de Salomão. a adoração. a religião e o ensino público alcançaram um ponto jamais conhecido antes. Sob as provisões feitas por Davi e Salomão. destinadas a fazer de Israel o centro de luz e bênção para toda a terra”. o declínio gradual do poder e influência. a ruptura causou graves inovações no reino das dez tribos. O pedido parece ter sido razoável: “Teu pai fez pesado o nosso jugo. A culpa de Salomão era grande. As dez tribos renunciaram a toda e qualquer lealdade à casa de Davi. e Jeroboão tornou-se seu rei. com a morte de Salomão e a ascensão de Roboão ao trono.5-15) e dem onstram uma inferioridade m ental que contrasta penosamente com a mente superior de seu notável pai. e nós te serviremos” (12. Nos últimos anos do reinado de Salomão. revelam sua completa incapacidade para avaliar uma situação desse tipo (12. o povo. através de uma redução nos impostos.4). porém. Assim sendo. a não ser que medidas drásticas fossem tomadas para evitar isso. procurou diminuir o mal que lhes fora causado. O templo e a arca da aliança. em certos períodos. pois. agora. sob a liderança de Jeroboão. a corrupção moral e até o esquecimento completo de Deus. Jeroboão era tão sagaz e inescrupuloso quanto enérgico e violento. É uma acusação terrível mas verdadeira dizer que “toda a história posterior da ruptura. Ele logo percebeu que. A ameaça insensata de agravar ainda mais o jugo do pai foi “a gota d’água”. assim como tudo o que era sagrado na . nem mesmo para alguém tão especial como Salomão. no capítulo 12 é explicada a ruptura conforme sua ocorrência. A insensatez de Roboão Em terceiro lugar. Desse modo. alivia tua dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs. foram apenas desdobram entos necessários dos princípios e práticas perniciosos introduzidos por Salomão”. as despesas extravagantes da corte do rei tornaram-se tão grandes que exigiram o aumento de tributos a um ponto tal que o povo mal podia pagar. O comportamento imprudente e a resposta presunçosa de Roboão. embora Siquém tivesse sido fortificada como sua capital. A s inovações de Jeroboão Em quarto lugar.pecar — não. Jerusalém continuaria a ser considerada o centro unificador de todas as tribos. a ruptura foi permitida. por mais que isso pudesse ter entristecido o Deus da aliança davídica. 13). Se o povo continuasse a comparecer às festas religiosas naquela cidade. mais cedo ou mais tarde o resultado se mostraria fatal ao trono do reino das dez tribos. Além disso. que te fizeram subir da terra do Egito”.30). e outro em Betei. além da ruptura política que separava Israel de Judá. Jeroboão estabeleceu assim dois novos centros de adoração para o reino das dez tribos — um em Dã. Jeroboão. que te fizeram subir da terra do Egito!” Israel foi assim levado a pecar gravemente. ao norte. Em cada um dos novos centros ele colocou um bezerro de ouro e proclamou: “Vês aqui teus deuses. além de saber que a representação do Deus de Israel na forma de ídolo era proibida. Contudo. ao sul. Não seria justo dizer que Jeroboão. achavam-se em Jerusalém. ó Israel. em vez de participar das inovações ilícitas de Jeroboão (veja 2 Crônicas 11. Ele se afundou cada vez mais no pecado e arrastou . ele elegeu uma nova ordem de sacerdotes dentre as camadas mais inferiores do povo. era um homem astuto e enérgico. pois os bezerros eram claramente considerados pelo povo como figuras simbólicas consagradas ao Senhor. Parece também que os sacerdotes e levitas que se retiraram foram acompanhados por outros fiéis de Israel (2 Cr 11. Ele também superaria as contingências que viessem a ameaçar seu trono. ao fazer os bezerros de ouro. estivesse pensando em introduzir a adoração de outros deuses além do Senhor.religião de Israel. instituiu sacrifícios e estabeleceu uma festa correspondente à Festa dos Taber­ náculos. pois ele sem dúvida recordou o episódio do bezerro de Arão. Esta medida foi tom ada porque os verdadeiros sacerdotes e levitas aparentem ente preferiram (sendo este um fato a seu favor) perder seu sustento e voltar a Jerusalém. Dessa forma. surgiu uma separação religiosa. se Deus o colocara no trono. ao usar as mesmas palavras deste: “Vês aqui teus deuses. as dez tribos como um todo rapidamente aceitaram os novos ajustes (1 Rs 12. mas faltava-lhe o discernimento espiritual para perceber que. apesar de fazer com que fosse observada um mês mais tarde do que a festa na Judéia. como já dissemos. Todavia. a culpa de Jeroboão permanece.28). ó Israel. Jeroboão conhecia muito bem a ira de Deus e de Moisés por ocasião desse pecado.16). Jeroboão também construiu “lugares altos” para o novo culto. declaradamente baseado na idéia de que era demais exigir que o povo continuasse percorrendo toda a distância até Jerusalém (12. Além disso. a sede principal do saber. o reinado d e Jeorão n ão co m eço u sen ã o dep o is d e A c a z ia s ......... Nesse período.....3........ m au A s a .......41 .........25 N a d a b e ........29 etc..... 2 cerca d e 86 anos _ _ (E m b o ra m en cio n a d o em 22.. m au A b i a s ........... Mas........... que fez pecar a Israel” (1 Rs 22. todos eles foram perversos — um registro .......consigo o povo.... indo rapidamente de mal a pior....... Os fatos por si mesmos contam a história com toda clareza. Seus nomes... m au A c a z i a s .......... são os seguintes: JU D Á R o b o ã o .. O reino das dez tribos teve assim um triste início. m au E lá ...50. dos oito reis que reinaram sobre Israel... m au B a a s a ..... m au cerca de 86 anos ..... .... As duas linhagens de reis Compare agora as duas linhagens de reis... m au Zinri ........... a partir da ruptura.... mau .............................. quatro reis reinaram em Judá e oito em Israel.12 ....... ........... muito pior ainda é o fato de que. Oito reis em aproximadamente 80 anos não é bom para nação alguma................. juntamente com o número de anos que reinaram e a sentença das Escrituras sobre eles..53.. m au O nri . .... 2 Rs 3....... 10. 2 ........ Não há necessidade de entrar em muito detalhes........)....... m o stra d o na co lu n a d e Israel) Esses números mostram que Israel teve duas vezes mais reis do que Judá no mesmo período... a segunda metade de 1 Reis abrange aproximadamente os primeiros 80 anos dos dois reinos..... filho de Nebate.... 2 ...... m au A cabe ...22 ......... Seu epitáfio característico é: “Jeroboão.(1 sem an a) ........ 3 .. até o ponto onde este Primeiro Livro dos Reis termina....... bom IS R A E L J ero b o ã o ............ b om J o s a f á ......... Como já dissemos..............24 .. com trovões na voz e tempestades no olhar. Elias aparece repentinamente em cena como um profeta da crise. os dois que per­ maneceram mais tempo (abrangendo 66 dos 86 anos) foram reis bons. devemos imaginar um xeque barbudo. de olhos penetrantes. Um dos personagens mais surpreendentes e fantásticos de Israel. apreciando os esconderijos dos montes e vales. o reino das dez tribos. percorrendo as vastas pastagens desabitadas de Basã. Dos quatro reis que reinaram sobre Judá. de cabelos longos e pele queimada pelo sol. Ele é uma das figuras mais notáveis em toda a história de Israel. Ademais. Ele desaparece também de modo súbito.trágico. vestido com peles de ovelha. Sua aparência austera e sóbria sem dúvida teria atraído imediatamente a atenção do homem da cidade. Este espetacular homem de Deus chama nossa atenção para um bom propósito. Entre a primeira e a última aparição. Chamaremos atenção aqui para três coisas: seu caráter. mas do campo. D e fato. Ele parece ter sido notável até mesmo fisicamente. vestido de forma mais agradável. quando o profeta anunciou a aproximação de um período de seca. ou um daroês magro. entrando ousadamente na presença do rei e levantando um braço rijo para o céu ao acusá-lo de pusilânime em tons que soavam como os . Não era homem da cidade. Sua proeminência é vista na reforma religiosa que executou e no fato de que o Novo Testamento fala mais dele do que de qualquer outro profeta do Antigo Testamento. Ao lermos sobre o confronto entre Elias e Acabe. é a partir deste ponto que o ministério dos profetas nos dois reinos judaicos se torna mais enfático. seu ministério e seu significado. Mesmo os críticos que puseram em dúvida seus milagres concordam com ela. Seu caráter A grandeza do caráter de Elias é reconhecida por todos. levado para o céu num carro de fogo. estende-se uma seqüência de milagres espantosos. Além disso. parece ter sido um verdadeiro beduíno. ele foi o escolhido para aparecer com Moisés na transfiguração do Senhor. O profeta Elias (17-22) Os seis últimos capítulos de 1 Reis ocupam-se do ministério do profeta Elias no reino do norte. mas isto não nos surpreeende. Este é o Martinho Lutero do antigo Israel. Entre os primeiros. por si só. Este é. queimado pelo sol e inculto. o primeiro fato sobre o ministério de Elias: ele era um profeta de ação. Kitto comenta: “Havia dois tipos de profeta: os de ação e os de palavras. pode nos ensinar sobre o zelo pela honra divina. Eram homens de ação e não de discurso. portanto. O ministério de Elias incluiu igualmente reforma. o maior é. Todavia.1)! A natureza. Sempre há necessidade de homens assim. ele não escreveu nada. Ela reforça a coragem. ao afirmar: “Tenho sido zeloso pelo Senhor. Em vista disso. sem dúvida. A todo momento encontram os milagres. a narrativa é tão sóbria e detalhada que. Deus dos Exércitos” (1 Rs 19. Mas Elias surpreende também no que diz respeito à sua formação moral. Observe agora o zelo de Elias. se não fossem pelos milagres. até por alguns meses. em casos bem raros.. pode fazer o orvalho e a chuva faltarem por dias ou semanas e. O ministério de Elias foi também de milagres. jamais houve alguém maior do que Elias”. alguns recentes “eruditos” descartaram sumariamente esta seção das Escrituras como sendo mítica. Era necessário ter muita fé para apresentar-se a Acabe e dizer: “. Três qualidades destacam-se em especial: coragem. Ele não deu origem . Veja também sua fé.ecos temíveis das montanhas. Muitos dos mais entusiasta e enérgicos reformadores não tinham absolutamente qualquer dom como escritores. Veja a coragem. fé e zelo. Ele verdadeiramente expressou sua principal paixão. o crítico mais destrutivo jamais questionaria sua veracidade. nem orvalho nem chuva haverá nestes anos segundo a minha palavra” (1 Rs 17. mas para que o orvalho e a chuva sejam retidos durante anos é necessário que haja uma intervenção sobrenatural. Uma impetuosidade e um dinamismo como os de Elias dificilmente se unem à paciência de um escritor. Isaías. sobre a indignação ardente diante da transigência religiosa e sobre a lealdade veemente à palavra de Deus! Seu ministério O Dr. Dentre estes últimos. Segundo nos consta. que sozinho desafiou todos os sacerdotes da religião do Estado e todos os cidadãos do reino para um teste decisivo no Monte Carmelo. Quanto este filho do deserto.10).. sua mulher. Quando a luz da verdade evangélica parece estar a ponto de extinguir-se da cristandade. o instigava” (1 Rs 21. William Tyndales. mas . mas ele logo as tornou cem vezes piores. o Senhor intervém com milagres reais. Deus a confronta com medidas extraordinárias. que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor. Hoje. Este foi o período mais medonho de toda a história de Israel. Elias é importante para nossos dias em outras formas. quando uma situação extraordinária começa a desenvolver-se. suspendendo a chuva e o orvalho por três anos e seis meses. há necessidade de denúncias assim diretas. quando a perversidade atinge proporções extraordinárias. Outro aspecto que Elias ilustra é que. Assim sendo. Sob a liderança real foi feito um esforço determinado para eliminar a religião do Senhor. Deus está enfrentando uma situação extraordinária com medidas extraordinárias. como Acabe. Está escrito: “Ninguém houve. justamente na hora crítica surge o herói de Deus. Eis a razão pela qual o ministério de Elias é de milagres. Whitefields e Wesleys. a religião e a moral se tornam tão degenerativas na Inglaterra que a própria essência da nação é prejudicada. Seu significado Em primeiro lugar. Quando a política. Astarote e Aserá. Os deuses fenícios que Jezabel e Acabe ensinaram Israel a adorar representavam essencialmente os elementos materiais que produzem o orvalho e a chuva — Baal. chamando os homens de volta aos bons e antigos caminhos que o Deus de Israel havia lhes designado através de Moisés. protestou contra a apostasia religiosa e a degradação resultante de seu povo. Contudo. Acredito que também hoje. Deus tem seus Luteros e Calvinos para chamar o continente de volta àquela fé entregue de uma vez por todas aos santos. A mesma coisa repete-se continuamente na história. Todavia. o Deus verdadeiro mostra sua superioridade sobre todos os poderes da natureza. e o papado sufoca milhares de europeus sob seu manto perverso.a nada. Em oposição aos milagres fictícios da falsa religião. Elias demonstra a verdade de que Deus tem sempre um hom em que se apresenta na hora exata. pois. Deus tem os seus John Wycliffes. também. As coisas já estavam suficientemente negras quando Acabe começou a reinar.25). porque Jezabel. podemos esperar que Deus enfrente mais uma vez o desafio com medidas extraordinárias. pouco antes do fim do presente sistema mundial e da volta de Cristo (como o perfil deixa claro).11). há muito tempo atrás. Alguns zombam dessa idéia. Outros afirmam que as profecias de Isaías e Malaquias com relação à vinda de Elias foram cumpridas em João Batista. ele não era o próprio Elias. as coisas começaram a se transformar rapidamente e. e o Senhor disse (depois da morte de João) que o verdadeiro Elias “virá” (Mt 17. descobriremos que Elias é uma das duas testemunhas que deverão vir a este mundo.5-6).vamos mencionar apenas mais uma: Elias voltará de novo a esta terra! De modo bastante surpreendente. Quando ele entrou em cena.12). somos informados disso nas últimas palavras do Antigo Testamento (Ml 4. Se nos voltarmos para aquele estranho capítulo 11 de Apocalipse. sobre quem o Senhor disse: “Elias já veio” (Mt 17. Elias é com certeza uma figura importante. num futuro próximo. da mesma forma como negam uma volta visível do Senhor Jesus. coisas ainda maiores acontecerão! A volta do Senhor também estará próxima! . quando voltar. Mas embora João fosse um cumprimento provisório. O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (D Lição Ne 35 . o crítico tem de retirar-se confuso e envergonhado. JOHN URQUHART . e. Uma das melhores surpresas destes últimos tempos é que.. As confirmações são tão numerosas e conclusivas que os críticos tiveram de confessar que.NOTA: Para este estudo. a Bíblia deve ser reconhecida como história. Todos eles exerceram grande influência sobre o destino do antigo Israel. a partir de 2 Reis). entre os documentos recuperados desses grandes reinos mundiais. foi encontrado um contínuo e esplêndido comentário acerca desse longo período da história de Israel. Os grandes impérios do Oriente — Assíria. Isto foi acompanhado pela aniquilação de algumas de suas conclusões mais antigas e certas. pelo menos aqui. leia todo 2 Reis uma ou duas vezes. Babilônia e Pérsia — irão agora ocupar quase toda nossa atenção (i. Onde quer que o explorador e o descobridor nos tragam de volta o passado a que a Bíblia se refere. O povo eleito. que deve ser sempre lembrado como o livro da dispersão. vemos o reino das dez tribos do norte (Israel) seguir para o cativeiro na Assíria. Inimigos impiedosos des­ carregam sua vingança sobre esses homens. Já vimos como em cada um dos livros históricos.23) — são demonstradas aqui em escala nacional e claramente proclamadas em termos de justiça poética. No capítulo 25. os dois cativeiros são juntamente chamados de dispersão..O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (1) ESTE SEGUNDO Livro dos Reis. Um erro indesculpável chama uma ira inescapável. Não podemos ler 2 Reis sem pensar naquele provérbio de Salomão: “O caminho dos perversos é como a escuridão” (Pv 4. que se inicia com o traslado de Elias para o céu e termina com a ida dos judeus cativos para a Babilônia. é mais trágico do que todos os que o precederam. Agora 2 Reis. 2 Samuel é o livro do reinado de Davi. 1 Reis é o livro da ruptura — divisão de um reino em dois. do qual nunca mais retornou. até que a medida de sua iniqüidade finalmente atinge o limite. vemos Jerusalém saqueada. para todos verem e atentarem. O abuso do privilégio resulta em aumento de castigo. até este ponto. . afunda-se cada vez mais na infidelidade e degradação moral. arrastando-os de sua terra para um humilhante cativeiro. o salário do pecado é a m orte” (Rm 6. apesar das advertências. O livro da dispersão No capítulo 17. Além disso.19). traz ruína sem salvação. As palavras de Paulo — “. e o juízo vem. Cometer pecados. 1 Samuel é o livro da transição — da teocracia para a monarquia. Será útil gravar bem isso na memória. destaca-se uma linha mestra. do qual apenas um remanescente voltou.. é o mais trágico documento nacional jamais escrito. Embora Judá não tivesse ido para o cativeiro senão um século depois de ter se separado de Israel. através do qual os propósitos graciosos de Deus deveriam ter se desenvolvido para o esclarecimento e regeneração de toda a raça. o templo queimado e o reino do sul (Judá) seguindo para o cativeiro na Babilônia. Por último. encontra-se agora disperso no cativeiro). e a segunda cobrindo os primeiros 80 anos dos dois reinos. pois aquilo que o homem semear.” (Hb 2. podendo ser memorizadas sem dificuldade. “.. Para nós.3). Vimos como em 1 Samuel as três partes se unem em torno de Saul. como escaparemos nós. Israel (sendo as únicas referências a Judá puramente acidentais: para mencionar como dois reis de Judá se uniram a Israel em duas ações militares e devido à sua ligação com a casa de Acabe através do casamento). das dez tribos.. isso também ceifará” (G1 6. ao lermos 2 Reis. porém. Samuel e Davi. de Deus não se zomba. Ao contemplar as tribos de Israel derrotadas e humilhadas. Nesses dez primeiros capítulos. mas a retribuição não pode ser impedida. A fim de tornar isto bem claro.. apresentamos o seguinte esboço: . “. porque as histórias de Judá e Israel se sobrepõem repetidamente e se fundem numa só narrativa. o ministério de Eliseu no reino do norte é o assunto predominante. A correção talvez encontre resistência. sendo arrastadas atrás dos carros de seus conquistadores pagãos. certamente não podemos deixar de notar a mensagem central deste livro: o pecado voluntário traz um fim lamentável.Quanto maior a culpa. e este terceiro grupo de capítulos finaliza com a ida de Judá para o exílio na Babilônia.7). terminando com a ida de Israel para ò\ cativeiro na Assíria. tanto mais pesado o golpe. A seguir. no grupo subseqüente — capítulos 11 a 17 —temos os registros alternados de ambos os reinos.. A estrutura Os que escrevem sobre os livros dos Reis parecem achar difícil fazer uma análise adequada de seu conteúdo.. se negligenciarmos. Veremos agora que neste Segundo Livro dos Reis as divisões principais são facilmente discerníveis. V erificarem os que os dez prim eiros capítulos ocupam-se quase totalmente do reino do norte. e como em 2 Samuel temos os triunfos e depois os problemas de Davi.. Todos esses pensamentos enchem nossa mente. do capítulo 18 ao 25 temos apenas a história de Judá (uma vez que o reino do norte. Observamos também que em 1 Reis o livro indiscutivelmente divide-se em duas partes principais: a primeira dedicada totalmente ao reinado de 40 anos de Salomão. as linhas gerais destacam-se claramente. não há necessidade de uma análise mais detalhada. porém. JOEL. é de fracasso e tragédia. as quais serão consideradas mais tarde no decorrer de nosso estudo. marca historicamente o fim dos dois reinos hebreus. HABACUQUE.O SEGUNDO LIVRO DOS REIS O LIVRO DA DISPERSÃO O PECADO VOLUNTÁRIO TRAZ UM FIM LAMENTÁVEL I. em bora eles continuem sendo objetos de grandes profecias. III. SOFONIAS E JEREMIAS HAVIAM PROFETIZADO EM JUDÁ. a fím de tornar mais fácil a memorização do livro inteiro. O REINO DO NORTE (1-10) ESTA PARTE CONTÉM O MINISTÉRIO DE ELISEU E CONCLUI COM A MORTE DE JEÚ. (Para o presente propósito. como mostra este Segundo Livro dos Reis. ISAÍAS. dilacerando nosso coração. DÉCIMO REI DE ISRAEL. então. JONAS. Os três movimentos principais acima devem ser fixados muito bem em nossa mente. O REINO DO SUL (18-25) ESTA PARTE TERMINA COM O CATIVEIRO DE JUDÁ NA BABILÔNIA. REGISTROS ALTERNADOS DOS DOIS REINOS (11-17) ESTA PARTE VAI ATÉ O CATIVEIRO DE ISRAEL NA ASSÍRIA (NESSE PERÍODO. PERÍODO NO QUAL OBADIAS. MIQUÉIAS. Com o cumprimento dessas profecias será completado o triunfo final de Deus na raça hebraica e através dela.) O Segundo Livro dos Reis. REGISTROS DE JUDÁ. REGISTROS D E ISRAEL. AMÓS E OSÉIAS PROFETIZARAM EM ISRAEL). a narrativa sobre o povo de Deus. II. Sob o ponto de vista histórico. NAUM. . enquanto Judá. quando um usurpador apossou-se da cidade real. e assim por diante. “.As duas linhagens reais completas Como 2 Reis registra a dispersão e a ruína dos dois reinos hebreus (o reino do norte.19). tu não foste como Davi. que teve vinte reis desde a ruptura. Foi ameaçada por ocasião da revolta das dez tribos. e a sobrevivência da linhagem davídica através de Salomão dependia da . é interessante observar que. Isto nos leva a fazer duas observações. Davi é o padrão pelo qual o caráter deles é avaliado. seu coração não era de todo fiel para com o Senhor seu Deus. meu servo” (14. e o reino do sul.11). “. enquanto os 20 reis de Judá eram de uma única dinastia — a davídica. será proveitoso examinar as duas linhagens de reis em sua totalidade. sim. como fora o de Davi.33. seu pai” (veja 1 Rs 11. Primeira. Este é um grande tributo a Davi. sua confiança em Deus. Lemos repetidamente palavras como: “. em 721 a. a casa real de Davi parecia correr o risco de ser aniquilada... fica claro que um dos principais propósitos da história da Bíblia neste ponto é mostrar a fidelidade de Deus à aliança davídica (2 Sm 7) na preservação da linhagem de Davi (veja.6.. ou seja. C. em 975 a. Lembre-se: os 19 reis de Israel procederam de nada menos do que sete dinastias diferentes. Mais tarde. para o exílio na Babilônia.). É digno de nota o fato de 19 reis ao todo terem reinado sobre as dez tribos. seu pai” (15.4. considerados como reis e não homens. Apesar dos pecados pessoais que mancharam sua vida. sendo que este reino durou apenas cerca de 250 anos.8). continuou existindo durante aproximadamente 390 anos a partir dessa época. para o cativeiro na Assíria. C. “Asa fez o que era reto perante o Senhor. 2 Rs 8. suficientes para fazer dele um modelo para todos seus sucessores no trono. em 587 a..3).38). seu zelo pela honra divina e seu re ­ conhecimento reverente da responsabilidade que lhe cabia como rei teocrático foram tais que justificaram o nome de “homem segundo o coração de Deus”. Segunda. pelo menos a partir da época em que as dez tribos se separaram na “ruptura” a fim de formarem seu próprio reino.. embora os sucessivos reis não sejam tratados em detalhes. por exemplo. de Israel. no caso dos reis de Judá. mas. seu coração não foi perfeito para com o Senhor seu Deus como o coração de Davi. de Judá. depois da morte de Acazias. C... como Davi. seu pai” (15. Muitas vezes. sua integridade geral. Filho e Senhor de Davi. Ele. e a linhagem continuou. quando o reino de Judá caiu por causa de seus pecados. e a linhagem pôde então continuar. com eçaram a surgir indagações e certas suposições foram feitas com a idéia de estabelecer um elo atual com o trono davídico. Mas Deus interveio. A partir dele. Tempos depois. e sob sua liderança o templo foi reconstruído. Jeoseba. o Senhor Jesus Cristo. que não tinha herdeiros. Apesar de Deus ter dito a respeito do perverso rei Jeconias: “Registrai este como se não tivera filhos” (Jr 22. pois desde seu nascimento em Belém. Mesmo após o cativeiro na Babilônia.30). em Seu segundo advento. . o registro genealógico é preservado até o nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo. só Ele é o verdadeiro herdeiro. vemos Jerusalém sitiada pelos assírios. e tudo indicava que a linhagem davídica corria perigo tanto pela espada como pela doença. em cumprimento àquela aliança feita com Davi muito tempo atrás. em vista de Israel ter se constituído e reconhecido como um estado independente na Palestina. Ainda mais tarde. adoeceu e estava aparentemente prestes a morrer. a linhagem continua em Zorobabel. mas uma coisa é certa: Israel jamais será um reino independente outra vez. até que o próprio Rei volte. o trono de Davi será estabelecido novamente na terra. Não sabemos se existe verdade nisso. e por Ele. uma linha suplementar de Davi foi preservada através de Natã. a fidelidade de Deus permaneceu e assim também a linhagem. e assim continuou a sucessão.preservação do menino Joás. NEle. Ouvimos dizer que. na cidade de Jerusalém. e só Ele. a linhagem davídica é perpetuada para sempre. quando o rei Zedequias. irá restabelecer o trono davídico. segundo as Escrituras do Antigo e Novo Testamentos. este foi salvo da espada do usurpador por uma mulher. e a linhagem de Davi através de Salomão ter cessado. ............................. 2 J o s i a s ............. 41 Interregno-........................ 20 Oséias .......................................................................... ....... 52 Jotão .............................. 1 mês Menaém ...........................................................................................16 Ezequias .......................................... 41 ISRAEL J e r o b o ã o .........................16 Acaz ................................... 17 A b i a s .............................. 31 J e o a c a z ........ 16 Jeroboão I I ................3 meses J e o a q u im ......................................... 2 Jorão ......... 55 Amom ...................................... 29 Azarias (Uzias) ........................................... 2 P e c a .......................................................... 9 .........................................................................................................................11 J e o a c a z ............................. 24 Elá .3 meses Zedequias .......... JUDA R o b o ã o ....... 6 J o á s ...... 1 semana O n r i ....... 22 Nadabe .......................................................................................1 A t a l i a ............................................................ 10 P e c a ía s ...11 Joaquim ......................... 2 Zinri .... 8 A c a z ia s ................................................................... 12 Zacarias .................................... 22 A c a z ia s ... 25 Jeorão ................................................................................................................REIS DE JU D Á E ISRAEL A PARTIR DA RUPTURA Quadro com o número de anos de reinado de cada um e um paralelo aproximado das cronologias dos dois reinos e suas linhagens............. 12 Jeú ....... 12 A c a b e .................................... 3 Asa ...40 Amazias ......... 29 M a n a ssé s........... 28 J o s a f á .... 1/2 S a lu m .................................................................................17 Jeoás ................................. 2 B a a s a ................................................................... O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (2) Lição V 36 . e não as do presente. SIR CHARLES MARSTON . eles estão enfatizando a ignorância humana. Pelo contrário. ou que tiveram sua importância negligenciada. indo em direção a uma cosmovisão muito mais harmonizada com as Sagradas Escrituras. reconhecidos. pelo contrário. estamos sofrendo hoje por causa desses erros de cálculo. tornou-se claro que os líderes da ciência da geração passada superestimaram e enfatizaram demasiadamente o limitado conhecimento de sua época. os cientistas da atualidade deixaram de supervalorizar o conhecimento humano. Além disso.NOTA: Para este novo estudo em 2 Reis. sim. Mas. Não se pode dizer que os conhecimentos mais recentes estejam nos afastando da Bíblia. à luz dos fatos que não foram então observados. não se aprofundando nele. estão nos levando de volta a ela. releia os dez primeiros capítulos e o capítulo 13. Os chamados “milagres” não mais estão sendo ridicularizados. Uma vez que a educação reflete as crenças das mentes que predominaram na geração anterior. Nossos cientistas mais renomados estão tateando e abrindo caminho através de um vasto emaranhado de fatores materialistas. mas. Em nosso penúltimo estudo. seus serviços eram de caráter bem humilde. mas a maneira como o fez demonstra afeição pela família. e então te seguirei” (1 Rs 19. embora isso certamente pudesse ser escolhido. Notamos igualmente afeição filial: “Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe. Observamos a seguir a humildade de Eliseu. Destacamos os seguintes traços da formação moral de Eliseu. Não existe paralelo aqui com aquele candidato a discípulo em Lucas 9. os que combinam afeto pelos seus com supremo amor a Cristo são os que se tornam mais sinceros e adequados servos do Senhor.9). em alguns detalhes tipológicos. por serem percebidos de imediato. Ao que parece. Quando Elias disse: “Pede-me o que queres que eu te faça”. Geralmente. que se ofereceu antes de ser chamado. Eliseu cortou os laços familiares imediatamente. Vemos primeiro um desejo espiritual. o pedido de Eliseu foi: “Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito” (2.20).O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (2) O PROFETA ELISEU (1-10) O TEMA PREDOMINANTE nos dez primeiros capítulos de 2 Reis é o ministério do profeta Eliseu. O melhor que podemos fazer talvez seja usar esses três títulos também para Eliseu. Não houve interesse por vantagens terrenas. ainda mais singular.11) — uma alusão ao . que deitava água sobre as mãos de Elias” (2 Rs 3. Seu caráter pessoal É sempre bom considerar o caráter pessoal dos servos importantes de Deus. para o qual queremos pedir cuidadosa atenção. mas cuja vocação o Senhor sabia ser apenas superficial. pois assim podemos conhecer o tipo de pessoa que Deus escolhe e usa de modo marcante. ministério e significado. falamos de Elias sob três aspectos — caráter. Ele é chamado de “filho de Safate. dando ênfase ao último deles: seu significado amplo e peculiar. O ministério de Eliseu é tão notável quanto o de Elias e. e com os que foram enviados pelo rei Ben-Hadade (8. vemos sua fé se intensificando de experiência em experiência.13. O princípio de seleção e exclusão deliberadas. a fim de lavá-las. incluindo o estranho milagre junto à sepultura de Eliseu. seja pela sua importância na ocasião. Como ele poderia ter ficado rico com os presentes sugeridos por Naamã. Talvez muitos. Nesses dez primeiros capítulos de 2 Reis. Nesta viagem de dez capítulos com Eliseu. encontramos registrados nada menos do que dezessete desses fenômenos. por exemplo. o sírio (5. regularmente observado pelos escritores bíblicos guiados pelo Espírito e sobre o qual comentamos antes. Ao contrário das bajulações mentirosas dos adivinhos que rodeavam Jorão. que possam ser comparados em número e variedade com os prodígios realizados por Eliseu. seja pelos seus significados es­ . crendo que elas iriam obedecer-lhe como havia ocorrido com ele. devemos ainda observar sua fé poderosa. Notamos igualmente o desprendimento de Eliseu. Também nos impressiona a coragem de Eliseu. Desde o momento em que tocou as águas do Jordão com o manto de Elias.14). as palavras de acusação proferidas por Eliseu foram cortantes. Seu ministério foi ainda mais entremeado de milagres do que o de Elias. Foi essa fé que fez arder o fogo de sua coragem. Quantos outros milagres foram operados através de Eliseu. A verdadeira fé em Deus sempre torna o homem destemido. leva-nos a concluir que os milagres registrados de Eliseu são especialmente dignos de nota. Possa o Espírito de Deus reproduzir essas qualidades em nossos corações e em nossas vidas! Seu ministério profético O ministério de Eliseu é extraordinário.antigo costume oriental de o servo derramar água de um jarro sobre as mãos de seu senhor.5 etc. sem terem sido registrados? Não sabemos. Só um mensageiro de Deus cora­ joso e sincero poderia tê-las dito. A lista completa. Ele só vivia para uma coisa — a vontade e a honra do Senhor. O sobrenatural surge nele a todo momento das formas mais surpreendentes.). seu primeiro encontro com o rei Jorão (3. Já foi observado que não existem milagres no Antigo Testamento. é composta de vinte. exceto os de Moisés. Veja.9)! Mas os olhos do profeta não se fixaram em tais recompensas. Quanto mais pesados os juízos. tanto mais ousados os pecados do homem. Todos os que têm olhos podem ver. quanto maiores os sinais de Deus. devemos lembrar. Por exemplo. de quem a nação havia se afastado afrontosamente. não atendendo aos apelos e advertências dos profetas do Senhor. tanto mais cegas e obstinadas contra Deus e Seu Cristo se mostram as nações. evitando assim a catástrofe culminante da dispersão.15). tanto mais surdo e cego o obstinado povo se torna! “Porque o coração deste povo está endurecido” (Mt 13. Reis e líderes. Deus procurará fazer com que Seu povo. Infelizmente. eram evidências indiscutíveis e irrefutáveis da realidade e do poder soberano do Senhor. moço do homem de Deus. Nem mesmo o ministério de profetas como Elias.pirituais latentes. à semelhança de Elias.4 lemos: “Ora o rei falava a Geazi. O mal já não pode ser contido por qualquer m edida suave. se quiserem. O ministério de Eliseu ocorreu num período que se compara de modo sinistro com o atual. Até o último momento. Deus está resolvendo uma situação crítica através de medidas extraordinárias. que de outra forma lhes sobrevirá. juntamente com o cada vez mais perigoso conhecimento científico. o Deus verdadeiro de Israel. mas. quanto mais alto o aviso e mais claro o sinal. Eliseu e Jonas conseguiram fazer a nação desviar-se de seu curso des­ cendente. deixe suas corrupções. nada escreveu. e eles já estão avançando em . à medida que a presente era avança para o Armagedom. seduzido pela idolatria. O mesmo estado de coisas desenvolve-se hoje. peço. em sua maioria. A apostasia acentuada e os sentimentos contra Deus. Eliseu. em 2 Reis 8. Sem dúvida havia um remanescente santo. tanto dentro como fora de Israel. O juízo e a destruição são de novo necessários. Apesar de a nação ter se tornado apóstata e degenerada. O próprio fato de os ministérios de Elias e Eliseu serem tão cheios de prodígios sobrenaturais tem por si mesmo um significado intenso. Todos os atos poderosos de Eliseu. os líderes e o povo estavam envolvidos em suas idolatrias e costumes imorais. exigem uma intervenção divina decisiva. Grandes sinais e juízos se fazem sentir na atualidade. um último apelo será feito por meio de mensageiros especiais e sinais milagrosos surpreendentes. dizendo: Conta-me. Ao que sabemos. a fim de que o povo volte ao Senhor e à verdadeira fé em Israel. foram obrigados a dar-lhe atenção. Todavia. mas seus milagres devem ter causado grande agitação. todas as grandes obras que Eliseu tem feito”. como mensageiro do Senhor. Vemos uma sugestão disto no contraste entre Elias e Eliseu. portanto. porém. “não comia. Seu significado peculiar Não é possível analisar o ministério e os milagres de Eliseu sem perceber que existe um significado místico e tipológico latente em torno dele e de seus atos.. Nos repetidos ministérios de Eliseu além das fronteiras de Israel. O anjo Gabriel anunciou que João. E o que descobrimos? Bem. ' Certos aspectos especiais do ministério de Eliseu também lhe dão aparência semelhante ao do Senhor. “comia e bebia” como o Senhor Jesus e misturava-se livremente com o povo. e esteve nos desertos. solitário e distante dos homens.. Existe um elo tipológico especificamente declarado entre os dois. que surgisse a pergunta quanto à existência de uma ligação tipológica semelhante entre Eliseu e o Senhor Jesus. deveria ir “adiante dele no espírito epoder de Elias” (Lc 1. Não admira. tempestade. o próprio Senhor disse mais tarde a respeito do profeta: ". de presença amável e sociável. nem bebia”. Parecemos descobrir repetidamente que o Espírito Santo o investiu com antecipações sutis do ministério do próprio Senhor. que estava para vir” (Mt 11. não existe uma declaração definida em ponto algum nesse sentido. veja também 17. Deus está reunindo Seu “pequeno rebanho” a quem se “compraz” em “entregar o reino”. Descobrimos que o tipo de diferença entre Elias e Eliseu é o mesmo existente entre João Batista e o Senhor Jesus. Sabemos que a correspondência entre Elias e João Batista é mais do que simples coincidência. parece que vemos uma sugestão daquele que viria a ser “a glória do seu povo. Eliseu.17). Em lugar de fogo. Isto é muito claro para passar despercebido. nem alimentação por meio de corvos na caverna solitária de Querite. Israel” e também “luzpara os gentios”.10-12). era um homem calçado e vestido normalmente. severidade e juízo. O milagre de Eliseu com os vinte pães de cevada e o fato de ele multiplicar o azeite da viúva lembram-nos facilmente daquele que tomou de cinco . houve atos de cura e palavras mais brandas. como João Batista. Não se viram no caso de Eliseu cabelos compridos e manto de peles. Elias. por outro lado.direção ao atual sistema. tendo uma importância maior do que se pensa a princípio. ele mesmo é Elias. mas os indícios são por demais evidentes para serem acidentais. tendo sua própria casa em Samaria.14. Enquanto isso. pãezinhos para alimentar a multidão faminta nos tempos do Novo Testamento. O milagre da cura de Naamã, que ficou livre da lepra através das palavras ditas por Eliseu, é um dos maiores exemplos do evangelho da salvação no Antigo Testamento. Não podemos deixar de acrescentar que o choro de Eliseu, ao prever os males que cairiam sobre a nação, mas os quais ele não tinha poder para evitar (8.11, 12), é praticamente a única cena no Antigo Testamento que se compara ao choro de Jesus sobre Jerusalém, conforme relatado por Lucas. O mesmo paralelo é sugerido pela ênfase principal do ministério de Eliseu. A ênfase que distingue o ministério de Elias, assim como a pregação de João Batista, é com certeza o chamado severo para o arrependimento, acompanhado pela advertência acerca do juízo iminente. Mas a ênfase principal de todo o ministério de Eliseu está na ressurreição e na esperança de uma nova vida, que dependem apenas da resposta do povo. A nação chegou agora a um estado tal que dificilmente poderá recuperar-se, exceto por alguma coisa que se iguale à ressurreição. Assim sendo, através do ministério de Eliseu, o povo pode ver, numa sucessão de milagres simbólicos, o poder da ressurreição em atividade e a esperança da nova vida que lhes pertence no Senhor, se apenas voltarem para ele. Medite um pouco em alguns milagres de Eliseu. Veja como é ca­ racterística esta sugestão da vida procedendo da morte. Seu primeiro milagre é o da cura das águas mortais de Jericó, de maneira que aquilo que antes provocara morte agora dava vida (capítulo 2). A seguir, os exércitos são salvos da morte por meio da água suprida de forma milagrosa (capítulo 3). No capítulo seguinte, lemos a respeito da ressurreição do filho da sunamita, que voltou da morte para uma nova vida (capítulo 4). Logo depois vem a história do cozido venenoso: “a m orte na panela” transforma-se em vida e saúde. Lemos aqui também sobre a multiplicação dos pães de cevada. Em seguida, temos a cura de Naamã, pelo batismo simbólico no Jordão que eliminou a morte e o fez levantar-se das águas para uma nova vida (capítulo 5). O milagre do machado recuperado representa o mesmo de maneira diversa. “Fez flutuar o ferro” — um novo poder vital, superando o peso da morte. Finalmente, sem mencionar outros milagres, temos o estranho milagre em que um homem é trazido de volta à vida junto à sepultura de Eliseu, mediante contato acidental com os ossos do profeta morto! A ênfase na ressurreição e na nova esperança que percorre esses milagres é certamente muito clara. Mas este significado tipológico latente que se liga a Eliseu alcança sua mais surpreendente expressão quando observamos Elias, Eliseu e Jonas em conjunto. Esses três profetas vieram em rápida sucessão durante o último período antes da dispersão do reino do norte — Jonas pro­ vavelmente viveu até quase o final do reinado de Jeroboão II, depois do qual o reino das dez tribos só sobreviveu cerca de 60 anos. Os sinais dados através desses três profetas jamais haviam sido vistos antes e tiveram o propósito de prender a atenção do povo. A nação infelizmente não atendeu, mas os “sinais” permanecem, fazendo desses três profetas uma espécie de trio tipológico. Deve ser notado que a idéia de ressurreição é expressa e ilustrada com força singular mediante o ministério desses três. No caso de Elias, temos a ressurreição do filho da viúva de Sarepta para uma nova vida. Jamais um m ilagre assim havia ocorrido em Israel. M ilagres aconteciam re ­ petidamente desde os dias de Moisés, mas nunca um morto voltara à vida. O inconcebível acontecera. Não é de admirar que esse homem que podia levantar os mortos tivesse poder para persuadir seus conterrâneos a irem ao Monte Carmelo! Todavia, esse milagre dos milagres foi repetido no ministério de Eliseu, com a ressurreição do filho da sunamita. Na verdade, aconteceu mais de uma vez. E uma coisa ainda mais estranha ocorreu: um morto recuperou a vida ao entrar em contato com o cadáver de Eliseu! O mais espantoso de tudo é a experiência de Jonas que vem a seguir, algo mais inusitado ainda do que recobrar a vida — uma ressurreição não apenas da morte física, mas do “ventre do abismo (inferno)”! Examinemos esses três profetas em conjunto. Eliseu morreu e foi sepultado — como Cristo morreu e foi sepultado. Jonas, num sinal miraculoso, fez mais do que morrer e ser sepultado; ele desceu até a própria morte, assim como Cristo. Elias triunfantemente feriu e dividiu as águas do Jordão (eis um tipo da morte), passou por elas e então foi elevado ao céu — da mesma forma como Cristo também derrotou a morte e depois subiu ao céu. Agora observe-os de novo. Eliseu morre e é sepultado; todavia, em sua morte, ele dá vida a outro — do mesmo modo como Cristo, através de Sua morte, dá vida aos que entram em comunhão com Ele. Jonas vai ao próprio “inferno”, mas é tirado de lá, a fim de não ver a corrupção — como Cristo não foi deixado na morte, nem sofreu para ver a corrupção (At 2.21). Elias, ao subir, lançou seu manto e “uma porção dobrada de seu espírito”, para que seu seguidor na terra pudesse fazer “maiores obras” do que ele mesmo fizera — assim como Cristo, ao subir ao céu, derramou o Espírito para que Seus seguidores pudessem fazer as “obras maiores” de que Ele falara. Essas correspondências são fortuitas? Ou teriam sido planejadas — com muita clareza, mas ao mesmo tempo com muita sutileza — para que as almas piedosas, dispostas a serem ensinadas pelo Espírito de Deus, pudessem discernir as verdades divinas que jamais seriam buscadas pelos sábios e prudentes deste mundo? Quando estudarmos o pequeno livro que leva o nome de Jonas, falaremos mais detalhadamente sobre os ensinos peculiares ocultos, mas ainda assim visíveis, na história desse profeta. Enquanto isso, apreciemos devidamente o significado de Elias, Eliseu e Jonas como um trio. Como Deus preparou maravilhosamente seu povo terreno, através das obras e experiências sobrenaturais desses três profetas, para aquele supermilagre que estava ainda por acontecer: a ressurreição do Senhor Jesus, o Cristo de Israel e o Salvador do mundo! Em 1 Coríntios 15.4, Paulo diz que Cristo “ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Mas a quais Escrituras do Antigo Testamento ele estava se referindo? Talvez tivesse em mente o Salmo 2.7 (citado por ele na mesma situação em Antioquia da Pisídia — veja Atos 13.33); ou talvez estivesse pensando no Salmo 16.10, 11 (versículos que Pedro citou como profecias da ressurreição no dia de Pentecoste — veja Atos 2.25-36). Temos plena certeza, porém, de que também tinha em mente esses três homens, Elias, Eliseu e Jonas; pois durante aqueles três anos “de silêncio” que Paulo passou na Arábia (G1 1.17, 18), quando o Espírito o ensinou a respeito de “todas as Escrituras” nas coisas referentes a Cristo, ele deve ter passado a ver nesses três maravilhosos profetas vislumbres que jamais pudera sequer imaginar! Todos os aspectos mais proem inentes da ressurreição de Cristo são manifestados previamente por esses três profetas, até mesmo os três dias e noites no Hades e a saída no terceiro dia; de modo que Paulo pôde dizer que a ressurreição do Senhor no “terceiro dia” deu-se verdadeiramente “SEGUNDO AS ESCRITURAS”! O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (3) Lição Ne 37 NOTA: Para este terceiro estudo de 2 Reis, releia do capítulo 9 ao 12 duas vezes. M ediante recentes pesquisas, o Segundo Livro dos Reis tem sido confirmado e ilustrado de modo muito mais amplo do que qualquer outro livro do Antigo Testamento. Isto se deve ao fato de os registros da Assíria e da Babilônia, abrangendo o mesmo período de 2 Reis, terem sido em grande parte recuperados. Os monumentos desses dois grandes impérios lançaram uma luz, e por meio dela notamos com gratidão e surpresa a absoluta fidelidade e a exatidão minuciosa da história sagrada, devido a sucessivas e inesperadas confirmações. A lição ensinada através disso deve ser considerada e lembrada. Temos menos provas de outras partes da história do Antigo Testamento, por termos menos informações relativas aos países e épocas de que trata a narrativa bíblica. Mas onde quer que a cortina se levante, observamos exatamente o que foi relatado na Bíblia. Pode haver prova mais completa de sua confiabilidade? JOHN URQUHART Amazias (2 Rs 14. tanto que as palavras quase se transformam num refrão.3). 3. o primeiro que ocupou o trono do reino do norte depois da separação das dez tribos de Judá. QUE FEZ PECAR A ISRAEL”. seguindo o exemplo de “Jeroboão.31. não se trata de um exemplo nobre como o de Davi — é justamente o inverso. 13. É o que ocorre no caso de Salomão (1 Rs 11. Josafá (2 Cr 17. Lamentavelmente. Este é um fato interessante e vale a pena examiná-lo. Que registro! E quão ruinoso o resultado! Pense nessa triste linhagem de reis em paralelo com a linhagem davídica que reinou sobre Judá.18. e o epitáfio que distingue Jeroboão. 14. Já observamos nos registros dos reis de Judá que o padrão segundo o qual cada rei é avaliado é o exemplo de Davi.6).3.2. FILHO DE NEBATE. 10.24. Davi lançou assim uma sombra positiva sobre seus sucessores reais. filho de Nebate. 15. encontramos um padrão comparativo ainda mais enfático. Inúmeras vezes ele é mencionado nos registros dos reis com essa horrível designação. durante um período de cerca de 370 anos.32. que fez pecar a Israel”.3). 28.O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (3) Os reis perversos do reino do norte COMO JÁ notamos (veja a lição 34). Acaz (16. Abias (15.3) e Josias (22. Não existe ninguém nesta linhagem para estabelecer uma norma de verdadeira santidade ou lançar sobre o trono qualquer brilho duradouro. é: “JEROBOÃO.2.2). O que dizer dos outros onze que figuram neste Segundo Livro dos Reis? A resposta é tanto reveladora quanto lamentável. Eis aqui um fato surpreendente e trágico: acerca de quinze dos dezoito reis que sucederam a Jeroboão no trono do reino das dez tribos afirma-se que eles fizeram “o que era mau”.3). e ele reinou apenas um mês! Eis as referências: 3. no Primeiro Livro dos Reis os oito homens que governaram no reino do norte foram perversos. 11. este atrevido ofensor. O registro diz que cada um deles “fez o que era mau” — com exceção de Salum.2.24. Estas são as . 17. Ezequias (18.9.2). Voltando agora para esta sucessão contínua de homens “perversos” que reinaram sobre o reino das dez tribos do norte. O padrão pelo qual esses reis de Israel são julgados é o reinado vergonhoso de Jeroboão. Zinri (16. lançamos a sombra de nossa influência moral e espiritual sobre outras vidas. 3). Jeroboão II (14. Acazias (22. Zacarias (15. com a plenitude de Cristo. suscetíveis à sombra da influência exercida por outra personalidade. ele foi arrasado pelo dra­ gão assírio. Moody e Spurgeon? As sombras desses evangelistas seráficos. mesmo sem qualquer pronunciamento dos lábios. Estariam mortos Voltaire. devastado e deportado. A sombra vil de Adolph Hitler inclui em si todos os . Jeoacaz (13. Davi e Jeroboão. 26).24) e Peca (15. encontram-se numa disposição mental sensível. Calvino. Assim como nossos corpos projetam suas sombras invo­ luntariamente. Ingersol e Huxley.referências: Nadabe (1 Rs 15.2). Pecaías (15. murmurando suas velhas blasfêmias em nova fraseologia entre as paredes de nossas escolas e faculdades? Por outro lado. Será bom refletirmos sobre as sombras lançadas por esses dois homens.34). Jorão (2 Rs 3.18). sendo que o mesmo não se aplica aos menos notáveis. Se pensamos assim .26). da mesma forma como nossos coipos não podem se livrar de suas próprias sombras. há sempre aqueles que. até que. assim como outros céticos religiosos que os seguiram? As sombras deles não continuam caminhando sobre a terra. Nossa influência. como aconteceu com Davi e Jeroboão. Menaém (15. nós também. Onri (16. Deus nos guarde de projetarmos uma sombra como a de Jeroboão! Entre os jovens e os velhos que nos rodeiam. Jeú (10. pode contribuir tanto para a salvação como para a condenação eterna de outras almas.28).2. Não podemos separar-nos desta influência involuntária e quase sempre inconsciente projetada sobre os outros. degradado. mesmo depois de termos ido embora. É muito sério refletir sobre o fato de que a sombra de nossa influência silenciosa pode ter resultados que cheguem até a eternidade. O que podemos determinar é o tipo de sombra que lançamos. não continuam caindo como bênção duradoura sobre nossa vida? Pode-se objetar que esses homens escolhidos por nós são todos famosos. Todos nós lançamos sombras enquanto atravessamos esta vida. Wesley. Paine.19).9). de modo contínuo e involuntário.24). Jeoás (13.52).11). estamos errados. O perverso Jeroboão projetou assim sua sombra mortal sobre o trono e a agonia do reino das dez tribos durante um período de 250 anos. Whitefield.31). por uma ou outra razão. finalmente. Baasa (15.31).25. estariam mortos Lutero. E bom lembrar também que nossa sombra muitas vezes continua aqui. Acabe (16. para o historiador. que curava os doentes sobre os quais caía! A dispersão do reino do norte Encontramos registrado em 2 Reis 17 um dos mais trágicos anticlímax da história. a sombra celestial dessa época gloriosa não passa da influência combinada daqueles milhares de obscuros mas consagrados homens e mulheres que. na verdade.outros homens cujos nomes jamais serão publicados. encontramos a condenação final do reino das dez tribos e a deportação de seu povo abatido e derrotado para o cativeiro. Com quanta esperança de um destino superior os hebreus haviam entrado em Canaã sob a liderança de Josué! Em que miséria as tribos do reino do norte são agora levadas para longe e dispersas! Neste capítulo 17. Leia de novo do versículo 7 ao 23. mas que influen­ ciaram os primeiros anos de Hitler e fizeram dele o que se tornou mais tarde. nossa influência permanecerá depois de nós. Aqui. Ou quem sabe alguém que leia estas linhas sofra e chore por causa de uma sombra escura lançada sobre sua vida por antepassados de outro tipo. Os pecados que originaram essa m onstruosa calamidade que os esmagou estão escritos aqui indelevelmente. muito tempo atrás em Jerusalém. Que espécie de sombra nós vamos lançar hoje e deixar amanhã? Sem dúvida. mas cuja sombra ainda perdura. Whitefield e outros gênios santificados do reavivamento metodista. constituem simplesmente uma multidão anônima. cai novamente a sombra medonha desse homem perverso. Que lista de violações da aliança entre Deus e Israel! Que idolatria insaciável! Que impiedade arrogante! Que profundidade de degradação! Note especialmente do versículo 20 ao 23. encerrando para sempre sua existência como reino autônomo. como ocorreu com a sombra de Pedro. incrustados para sempre. Falamos de Wesley. a fim de que todos os que vierem depois possam conhecer a verdadeira causa daqueles acontecimentos e justificar os tratos de Deus com os homens. bem no final da acusação divina e no momento crítico da mina. o primeiro rei que . Deus nos mantenha perto de Cristo e nos ajude a projetar a sombra de uma influência santificada que permaneça para curar e abençoar. Talvez alguns leitores estejam agora agradecendo a Deus a vida de um pai ou de uma mãe fiel que partiu ou ainda de outro ente querido cristão que faleceu. mas lembre-se de que. continua sendo o Deus que reina e julga as nações. e tão certo como Deus puniu os pecados das nações. devemos notar que a dispersão das dez tribos ocorreu em dois . e Sua natureza continua a mesma. “ Pelo que o Senhor rejeitou a toda descendência de Israel. se este capítulo é uma explicação inspirada. O Deus que derrubou o reino de Israel. castigando-o com a dispersão.20.. ou seja. Da mesma forma como Deus manteve o controle das revoluções da história nos dias do Egito. escrita em linhas nítidas e terríveis. e os afligiu e os entregou nas mãos dos despojadores. do mesmo modo como uma linha de poesia responde a outra. os que dizem não identificar qualquer evidência de controle sobrenatural sobre as estranhas anomalias da última guerra e em suas conseqüências estão com uma cegueira anormal. aplicando então o juízo. 23) Há certos fatos de grande importância que devemos notar agora quanto à eliminação do reino das dez tribos. Se a Bíblia realmente é a Palavra de Deus. vemos aqui. ” (2 Rs 17. Ele não abdicou. Ele é o Senhor que diz: “Eu não mudo”. vemos o juízo divino caindo sobre uma nação em correspondência direta ao seu pecado. Com toda segurança. estão inclinados a desprezar a idéia de que Deus castiga os pecados das nações de modo assim direto. este capítulo atribui a dispersão à mão vingadora do próprio Deus. hoje. caso não reconheça a mão soberana de Deus controlando todos os eventos e desenvolvimentos. a operação da “ justiçapoética” . Babilônia e Israel. até que o Senhor afastou a Israel da sua presença. Segundo. Estados Unidos e Inglaterra. Ele continua fazehdo isso agora. Primeiro. Assíria. na história das atuais Rússia e Alemanha. fazendo-as pagar por eles. nenhuma filosofia da história será verdadeira.ocupou o trono do reino das dez tribos — “Jeroboão. até que os expulsou da sua presença. A nosso ver. nunca se apartaram deles. que fez pecar a Israel”. 22. Aqueles que crêem na Bíblia como a Palavra de Deus têm condições de entender pelo menos um pouco do significado implícito do que ocorreu com os países da Europa nos últimos anos de guerras e conflitos.. Ele repete hoje a mesma fórmula. Assim andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha cometido. Seu poder não diminuiu... filho de Nebate. Assim. Alguns homens. Só existe um Deus verdadeiro. essas pessoas estão erradas. Pinches entre as placas do Museu Britânico. Alguns anos antes da destruição final do reino. sendo as primeiras a cair nas mãos dos assírios. 26: “Porém com eteram transgressões contra o Deus de seus pais e se prostituíram seguindo os deuses dos povos da terra. onde permanecem até ao dia de hoje”. que ficava a nordeste. Eles logo se curvaram diante dos deuses dos povos vizinhos. O rei assírio que levou essas tribos é chamado Tiglate-Pileser. duas tribos e meia já haviam sido levadas cativas: Rúben.29. Habor e Hara. contentando-se com uma porção fora do lugar da bênção prometida. e o espírito de Tilgate-Pilneser. e agora são os primeiros a serem levados cativos. que os levou cativos. C. e também Pul. por volta de 721 a. em 2 Reis 15. ou seja. os quais Deus destruíra de diante deles. em lugar de cruzar o Jordão como ordenado por Deus. os gaditas e a meio tribo de Manassés. Pelo que o Deus de Israel suscitou o espírito de Pul. que ocupavam o território a leste do Jordão. e para o rio Gozã. Houve muita controvérsia com relação a esses nomes. sendo sucedido por Salma- . como acontece com a maioria dos argumentos que desculpam a transigência. de acordo com a vontade de Deus. O verdadeiro lugar deles era com as outras tribos. em nosso estudo do Livro de Números. embora a Bíblia pareça referir-se a uma só. Alguns estudiosos julgavam que se tratava de duas pessoas diferentes. no lugar da bênção da aliança. a saber: os rubenitas. Vemos as conseqüências de sua escolha. Tiglate-Pileser já morrera. Aprendemos em 2 Reis 15. Sua deportação é narrada em 1 Crônicas 5. Mas eles escolheram pelo que viram (Nm 32. notamos que as tribos de Rúben e Gade e a meia tribo de Manassés. A transigência normalmente parece um meio fácil de fugir às dificuldades. além do Jordão.26. A deportação das outras tribos do reino do norte aconteceu mais ou menos 13 anos depois das duas tribos e meia. Gade e a meia tribo de Manassés. em 1 Crônicas 5.25. também sofreu com eles. Eles representam os chamados cristãos “m undanos” de hoje. rei da Assíria. rei da Assíria. Anteriormente. descoberta há alguns anos pelo Dr. O pedido parecia justo. acabou com a incerteza. mas ainda assim era uma transigência. Nessa ocasião. e os trouxe para Haia. Mas uma “crônica babilónica” antiga. mas depois ela sempre custa caro e muitas vezes é fatal.33) e não pela fé. pediram permissão para ocupar a região de Gileade a leste do Jordão.estágios. A Bíblia é assim novamente confirmada em outro detalhe histórico.29 que a tribo de Naftali. pois ela se refere a Tiglate-Pileser pelo nome de Pull ou Pulu. e o ajuntamento de seu povo mandei para a Assíria”. Foram encontradas inscrições feitas por Sargão que falam da deportação dos israelitas de Samaria a seu mandado (27. 5). A medida de Tiglate-Pileser foi seguida pelos seus sucessores. o que mais se destacou na aplicação de torturas.. sem laços em comum e sem uma pátria a defender. que sitiou Samaria. E a cidade finalmente caiu. John Urquhart diz: “Um aspecto que se destaca nas campanhas de Tiglate-Pileser III é a remoção da população de um país conquistado em cativeiro para a Assíria. Salmaneser. Terceiro. assim que os exércitos assírios se retiravam. Ao que parece. sob a supervisão de oficiais assírios. agora desenterradas e interpretadas por a rq u e ó lo g o s . Aqueles países acrescentei às fronteiras da Assíria. pois resolveu o problema que até então desnorteava todo conquistador: como manter os povos no cultivo da terra. Eles também esperavam diariamente ajuda do Egito (v. Esta medida foi eficaz em acabar com as conspirações e alianças que costumavam surgir nos distritos conquistados. seu sucessor. colocando-se em seu lugar povos de terras também distantes. entre todos os opressores. Todo o povo foi levado embora. As referências a ela se repetem.290 é o número dado por ele) e do estabelecimento de estrangeiros na terra. no entanto. que. sem que eles desenvolvessem espírito ou meios para uma revolta. 4). m o stra m -n o s q u e e s ta p r á tic a fo i e x e c u ta d a implacavelmente. não voltando nunca mais a ver Samaria. Pode-se dizer que este plano foi inventado pelo próprio Tiglate-Pileser”.3-6. Não havia resistência a temer da parte de homens vencidos. como barro os esmaguei. Quarto. Provisões e munição devem ter sido acumuladas antecipadamente.. não houve retomo desta dispersão. exceto uma como exemplo: “Tirei deles 155. morreu no ano da queda da cidade.neser IV. não podendo sequer contar seu número. jamais chegou. anexando desse modo tais terras à Assíria.000 pessoas e crianças. Os descendentes desses . para assim enriquecer o império. um povo notoriamente cruel e que parece ter sido. Levei embora seus cavalos e gado. Podemos imaginar a condição de seus habitantes e o tratamento que receberam dos assírios. Não temos espaço aqui para citá-las. É notável que Samaria tenha conseguido resistir aos soldados experientes da Assíria durante três anos (v. Veja de novo 17. Inscrições assírias há muito sepultadas. esta dispersão das dez tribos concorda plenamente com o que sabemos dos costumes assírios daquela época. e a conquista foi reivindicada por Sargão. 15). “.. é atraente. quanto mais nos aprofundamos nesse argumento. porém.37).. porém.. aquelas palavras de Jesus enquanto chorava sobre Jerusalém. Ele diz: “. Entre os muitos documentos assírios agora recuperados. foram sugeridos. assim. Os índios americanos e os armênios. O “caminho dos pérfidos” é verdadeiramente “intransitável” (Pv 13. tanto mais difícil achamos aceitá-lo. foram feitas tentativas para identificar essas tribos de Israel. Ele deve agora sofrer e chorar na servidão degradante aos homens. e vós não o quisestes!” (Mt 23. não houve retorno algum. Esta condição de escravatura perpétua deve ter sido o destino de milhares de pessoas. sendo uma tragédia terrível que ainda hoje provoca lágrimas. Israel recusara-se a aceitar os serviços nobres de Deus.exilados podem ter voltado à Judéia duzentos anos depois. sendo que o reino das dez tribos desapareceu por completo. há um contrato de venda (feito cerca de 14 anos após a dispersão de Israel) em que dois homens e uma mulher israelitas são vendidos por um fenício a um egípcio por três minas de prata (cerca de 27 libras esterlinas). .” (Mt 23. Isso aconteceu realmente. A teoria do israelismo britânico.. séculos mais tarde. Devemos nos lim itar ao fato histórico da dispersão dessas tribos. quis eu . na ocasião em que o “remanescente” judeu retornou com Esdras e Neemias. além disso... que as identifica com os povos britânicos e americanos em todo o mundo. Mas não podemos discutir isso aqui. Recentemente. entre outros.. têm uma aplicação duradoura e ampla..39). já não me vereis. Realmente. O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (4) Lição NQ38 . resolvesse devolver na mesma moeda. leia outra vez do capítulo 18 até o final do livro. por exemplo. se hoje alguma pessoa cética. Esses 18 capítulos são importantíssimos.NOTA: Para este estudo de 2 Reis. ou de os habiru serem. afinal os hebreus e os israelitas no tempo de Josué. colocando ao lado de cada falha os fatos reais que recentemente vieram à tona. Eles devem ser lidos com cuidado e reflexão. passando a compilar uma enciclopédia dos erros cometidos pelos críticos e comentaristas do Antigo. Testamento. De fato. Os que estão familiarizados com os comentários críticos sobre o Antigo Testamento verão até que ponto seu conteúdo é rejeitado por esta nova evidência (i. e. da arqueologia) — tal como. essa obra certamente ocuparia muitos volumes. SIR CHARLES MARSTON . ou simplesmente franca.. o fato de o monoteísmo ter sido a religião original e o politeísmo um subproduto dele. pois levam ao ponto culminante do juízo divino que caiu sobre Judá na forma do exílio na Babilônia. Amom. Israel abusara de sua aliança com o Senhor. Examinemos esses oito capítulos restantes de 2 Reis. portanto. Em primeiro lugar destaca-se o rei Ezequias. o fato é que esta terrível demonstração da vingança divina teve pouco efeito profundo ou duradouro sobre Judá. C. doze sucessores de Davi ocuparam o trono de Judá.O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (4) A trajetória e queda de Judá O r e i n o d a s d e z t r i b o s não existe mais. dos quais três exigem um comentário especial. Suas cidades foram saqueadas. sua capital aniquilada. e Ele agora o rejeitara completamente. repete-se a mesma história de apostasia e degradação. Oito ainda surgirão antes da queda de Jerusalém: Ezequias. . Desde a época da separação das dez tribos de Judá (1 Rs 12) até o ponto onde começa este capítulo 18 de 2 Reis. Joaquim e Zedequias. enchendo-os de singular apreensão. Exceto pelo rem ado de Ezequias. enfim caíra. há muito prenunciado. Manassés.). e num grau menor pelo de Josias. As advertências pronunciadas pelos fiéis profetas do Senhor se haviam materializado com trágica exatidão. um período de cerca de 130 anos. com a história do reino das dez tribos encerrada para sempre. sua casa real varrida e de sua terra agradável foram literalmente jogados fora os habitantes israelitas. desde a queda de Samaria (721 a. a última série de capítulos neste Segundo Livro dos Reis (18-25) trata unicamente da trajetória final e da queda de Judá. Jeoacaz. Jeoaquim.) até o saque de Jerusalém (587 a. Agora. mas misericordiosamente adiado. até que Jerusalém paga o castigo agonizante deplorado por Jeremias em suas “lamentações”. Esses oito últimos capítulos do livro vão. trazida de longe pelo dominador assírio. sendo repovoada por uma mistura híbrida de raças. Josias. Poderia algo dar ao reino irmão motivo mais grave para reflexão penitente e vontade de regenerar-se do que aquilo que acontecera às dez tribos? O juízo. As notícias sobre esse acontecimento devem ter despertado muitos corações e consciências em Jerusalém. C. Todavia. devemos ler também o relato paralelo em 2 Crônicas 29-32. porque desde os dias de Salomão. 2 .26). estadista. reis e nações andam nos caminhos do Deus verdadeiro! Começam a materializar-se as esperanças douradas que a política. 20-36). Destacamos seu zelo pela casa do Senhor (2 Cr 29. a legislação e a educação por si mesmas jamais conseguem cumprir. santo — ele foi tudo isso. Ezequias e as Escrituras Contudo. Ezequias destruiu ídolos. nem entre os que foram antes dele” (2 Rs 18. além de sua estrita obediência ao padrão davídico (w. Logo depois de subir ao trono. santuários e altares falsos em todo o reino. Enquanto examinamos os três capítulos que falam a seu respeito (18-20). Seu reinado foi o maior desde os dias de Davi e Salomão.27. Afirma-se que ele “confiou no Senhor Deus de Israel.Ezequias O bom rei Ezequias foi de fato um homem notável. a economia. reorganizando o sacerdócio e os serviços dos levitas. guiando-os através de seu próprio exemplo ilustre. 25. sobre a qual está escrito: “. e as repercussões de seus esforços durarão até o fim dos séculos. Ele é realmente um dos homens muito importantes da história. Soldado. filho de Davi. Chamou seus súditos de volta à adoração do Deus verdadeiro.23).3-19) e pela adoração do Senhor (w. poeta. Ele também esmagou os inimigos de Israel e ampliou as fronteiras. tendo sido “enaltecido à vista de todas as nações” (2 Cr 32. Além disso. 30). arquiteto. de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá. seu impacto continua sendo sentido em nosso mundo moderno. É um registro nobre. não houve cousa semelhante em Jerusalém” (2 Cr 30. a importância de Ezequias não está limitada ao seu reinado e ao seu tem po. Reuniu o povo numa grande observância nacional da Páscoa. rei de Israel. Note algumas das evidências de que Ezequias agiu de acordo com as Escrituras. Seu prazer estava claramente na palavra do Senhor. Em bora poucos possam compreender. ele reabriu e reparou a casa do Senhor... Parece claro que devemos bastante a Ezequias no que se refere à organização e transmissão das Escrituras do Antigo Testamento.5) Quantos benefícios sólidos resultam sempre que homens. Pense no que isso significa para as nações e para a história. na época de Ezequias. Z. aqueles quinze anos a mais e seus esforços com relação às Escrituras. .18. E isso não é tudo. e. No final de muitos livros do Antigo Testamento. H á mais significado nisso do que parece a princípio. que. ele formou ainda uma sociedade de homens para esse trabalho literário piedoso. dentre eles. 19. Ezequias tenha colocado neles sua própria assinatura como confirmação real. quatro iriam mostrar-se ímpios fracassos. nos originais hebraicos. antes de começarem as deportações para a Babilônia. K. É muito provável. Sebna e Joá foram líderes entre esses “homens de Ezequias” (2 Rs 18. Uma referência a Provérbios 25. O trabalho dificilmente se limitaria a esse único livro! Já foi dito. que. disse J. “Israel alcançou seu apogeu literário”. sendo o próprio rei. na forma de uma peculiaridade que talvez poucas pessoas conheçam.2). as três primeiras do nome Ezequias.Crônicas 31. W.21 fala da “obra" que começou “ na lei e nos mandamentos”. e quem seria o hom em de Deus para isso? Quem mais adequado e disposto que Ezequias? Temos bons motivos para agradecer a Deus a vida de Ezequias. Foi durante esses anos a mais que as atividades literárias de Ezequias chegaram ao auge. Com certeza. Os dias de Judá estavam contados. Quando chegarmos ao estudo do Livro dos Salmos veremos que Ezequias não só teve muito a ver com a organização dessa compilação.1 m ostrará que esses “homens de Ezequias” tiveram uma boa participação no preparo do Livro dos Provérbios em sua forma atual. Só mais cinco reis deveriam reinar. chegara o momento de reunir e editar as Escrituras inspiradas. após os “homens de Ezequias” terem completado seu trabalho de transcrição dos vários livros. o patrono real da piedade e das letras. que iriam significar tanto para a posteridade. São as três letras hebraicas correspondentes a H. Isaías. Parece haver uma curiosa confirmação do trabalho de Ezequias nas Escrituras. ainda que seu significado tenha se perdido. O reino de Ezequias ganhou destaque pelo fato de quinze anos terem sido acrescentados à sua vida (2 Rs 20. Is 38). com razão. Thirtle. a fim de preservá-las e transmiti-las. como também foi o autor de alguns salmos e canções. Ezequias é realmente uma grande figura. ocorrem três letras maiúsculas que nenhum escriba ousou omitir. pois sabíamos como o bom homem orara por seus filhos. disse uma para a outra. Se homens como Samuel e Ezequias tiveram filhos como Joel. em sua oferta de sacrifícios humanos. e o pior dos pais o melhor dos filhos? Eis um ótimo tema de estudo para os psicólogos! Não tentaremos resolver esse problema. conhecido por sua habilidade em ganhar almas para o Salvador. no fato de ter feito correr sangue inocente pelas ruas de Jerusalém (incluindo o do profeta Isaías. Não precisamos nos demorar aqui em seus extremos de idolatria e espiritismo. como tivera uma vida íntegra diante deles. “Seria muito melhor. Mas existem três aspectos notáveis peculiares a Manassés que devemos . mas procuraremos nos precaver em vista dele. Há pouco tempo atrás. “O comportamento òe seus filhos condena seu cristianismo em casa”. tenhamos cuidado antes de permitir que hoje nossos lábios censurem pais piedosos que têm filhos e filhas mundanos. Ficamos tristes ao ouvir essas palavras sarcásticas. D u ran te mais de meio século. Diz-se até que ele praticou males maiores do que os dos próprios amorreus. Abias e Manassés. se ele começasse em casa com seu filho não-convertido e sua filha mundana”. Como a língua de alguns cristãos às vezes é uma espada cortante! Como eles ferem o coração de Jesus cada vez que degradam o bom nome de algum outro cristão! Faremos bem em pedir ao Espírito Santo que “coloque um sentinela” à “porta de nossos lábios”! É fácil magoar cruelmente corações santos que já estão cheios de tristeza por causa de filhos e filhas desviados. a quem Deus removeu diante do povo escolhido. M anassés praticou atos quase im~ publicáveis. ouvimos duas mulheres cristãs criticando severamente um cristão idoso e santo. como lhes suplicara e chorara por causa deles em nossa presença apenas uns dias antes. Vejamos agora Manassés: que personagem! É também um enigma sombrio o fato de o mais perverso de todos os reis de Judá ter tido o reinado mais longo! Cinqüenta e cinco anos é um período extenso. martirizado) e assim por diante.Manassés Vamos falar de “estudo de contrastes”! Haveria um contraste tão extremo entre pai e filho como houve entre Ezequias e Manassés? Como é possível que algumas vezes o melhor dos pais tenha o pior dos filhos. Não é preciso muita imaginação para perceber os efeitos que tudo isto teria sobre a nação. que ficava 500 km ao sul. todo o mal que praticara. Este versículo tem sido o “pomo de discórdia” entre os críticos bíblicos. do outro lado do Rio Tigre. a Bíblia mostra estar certa e os críticos. porém. cuja capital era Nínive.examinar de modo especial. junto ao Eufrates — bem. filho de Manassés. que reinou durante parte do reinado de Manassés. O versículo 11 diz: “Pelo que o Senhor trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria. pois assim como o juízo caiu sobre ele em retribuição direta pelos males praticados. amarraram-no com cadeias.19-26). Em primeiro lugar. e o levaram a Babilônia”. Ele é uma das advertências mais graves a todos os perversos. Manassés converteu-se realmente! Terceiro. Josias Deixamos de lado o reinado perverso de Amom. os quais prenderam a Manassés com ganchos. Este foi um intervalo . o mesmo acontecerá a outros como ele. mas um rei da Assíria. Manassés arrependeu-se e foi perdoado por Deus. na medida do possível. Leia do versículo 14 ao 20. Recentes descobertas feitas por estudiosos da Assíria mostram que. pois ele nos mostra que. Ele se torna assim um dos casos mais surpreendentes do amor divino perdoando os maiores pecadores. errados. 2 Cr 32). Ezequias. Se tivesse sido um rei babilónico a levar Manassés cativo para a Babilônia. apesar de termos ofendido a Deus. este Esardom fo i o único que construiu um palácio na Babilônia e viveu ali! Segundo. Manassés foi devolvido a Jerusalém e corrigiu. Depois de dois anos ele foi morto por seus próprios servos (2 Rs 21. Chegamos assim ao nobre reinado de Josias. isto com certeza é um erro! Novamente. levando Manassés cativo para a Babilônia. Manassés é também um dos mais maravilhosos incentivos a todos os que se arrependem verdadeiramente. Sabemos que o rei da Assíria que reinou na mesma época do pai de Manassés. Para isso. e que o filho deste. somos informados de qu e. leiamos o relato paralelo em 2 Crônicas 33. tudo seria normal. o amor dEle é tal que Se agrada em mostrar misericórdia ao pior pecador. no cativeiro. foi Esardom (2 Rs 18. Manassés foi levado cativo para a Babilônia. de todos os reis da Assíria. Veja os versículos 12 e 13. Todavia. foi Senaqueribe.19. entre a morte do rei Ezequias. a leitura da lei para o povo reunido em seu reino. por aquele processo mortal que sempre opera na natureza humana.. em 698 a. Com dezesseis anos. O senso moral do povo tornara-se tão insensível que não tinham mais capacidade de responder genuinamente à direção do rei. Vejamos. a rainha-mãe.. chegara ao ponto onde não podia. e o saque de Jerusalém pelos babilônios.3). seu pai” (2 Cr 34. Profeta após profeta e providência após providência. A percepção do trono terreno em Judá desaparecera. O povo perdera a comunhão com o Senhor.luminoso durante os últimos cem anos do reino de Judá. Não nos demoraremos aqui no nobre progresso de seu reino. era um esforço desnorteado para preencher o vácuo criado pela perda da comunhão com o Senhor. A luminosidade do reino de Josias infelizmente compara-se à do ocaso — um brilho final da glória evanescente. A apostasia e a idolatria passaram a fazer parte integrante do caráter nacional. a renovação da aliança com o Senhor por causa do povo. A sensibilidade moral do . Josias subiu ao trono por volta de 641 a. dois eventos importantes que desejamos comentar em especial. e aquilo que prometia desde os primeiros anos foi esplendidamente cumprido. portanto. suas medidas firmes contra os males morais e a organização de uma observância nacional da Páscoa como jamais “houvera desde o dia dos juizes” — todas essas coisas estão incluídas nos registros e falam por si mesmas. Existem. a estranha descoberta do Pentateuco perdido. A liderança do rei foi respeitada. Houve muita reforma exterior. cada vez mais depravando a nação. era quem praticamente dirigia o governo. \ Primeiro. quando a maior parte do povo de Judá foi levada para o exílio. mas este havia mostrado que não queria. C. até que. quando tinha apenas oito anos de idade. C. “sendo ainda moço. O aparente “reavivamento” consistiu mais em medidas externas tomadas pelo próprio rei do que em um desejo sincero por parte do povo em geral. assessorada por conselheiros de confiança. C. A persistente estupidez da idolatria. O fato de ter reparado o templo. ogovemo de Josias não impediu realmente o declínio moral da nação. Judá fora longe demais.. no entanto. pouco antes de o trono de Davi ser transformado em pó. em 587 a. isto é. mas não houve um verdadeiro arre­ pendimento em relação ao Deus tão descaradamente desobedecido. Nos primeiros anos de seu reinado. por terem perdido a visão do trono no céu. começou a buscar o Deus de Davi. Deus suplicara a Seu povo. mas nenhum retorno interior. pois o povo estava pronto para voltar à idolatria e à infidelidade logo depois de seu reinado. através do famoso “decreto de Ciro”. É bom. À medida que as coisas pioravam. (2) o surgimento do novo império babilónico com Nabopolassar e seu filho Nabucodonosor. Eventos da maior importância achavam-se em andamento: (1) a queda do império assírio. quando o império babilónico foi vencido por Ciro e o império persa tomou seu lugar.. através de quem a mais antiga senhora das nações colocou novamente sua mão no cetro dos reinos. Veja em Jerem ias 3. As centenas de milhares de judeus dispersos — tanto os do reino das dez tribos (Israel). deveria vencer a Babilônia e. É evidente que as mudanças nos dias de Josias foram superficiais. somente vinte anos depois da morte de Josias. como os do reino do sul (Judá). todavia. C. e desde então Judá nunca mais veio a existir como reino independente). Segundo.. e (4) a dissolução do reino de Judá como reino independente (a destruição de Jerusalém e a deportação final dos judeus para a Babilônia aconteceu em 587 a. o reinado de Josias ocorreu num dos pontos críticos mais lamentáveis da história.1). e o juízo já se achava à porta.1-3). porém. Os primeiros capítulos de Jeremias referem-se ao reinado de Josias. levado pela Assíria em 721 a. que. C.povo degenerara em sério endurecimento. pouco mais tarde. como império medo-persa. que existia há centenas de anos e havia mantido completo domínio sobre as outras nações por um período de aproximadamente duzentos anos. (3) a formação do império medo. C. Tudo isto é tristemente confirmado nas profecias de Jeremias. Houve o mesmo tipo de transição quando o império persa foi dominado . grandes profetas eram levantados. em 536 a. as várias regiões dominadas pela Babilônia passaram para o governo persa. como conta o Livro de Esdras. Este profeta corajoso começou seu ministério no décimo-terceiro ano de Josias e continuou até depois da queda de Jerusalém (Jr 1. promover a reconstrução de Jerusalém e a restauração do “remanescente” judeu.. os mais vigorosos e os mais brandos dentre eles acabaram dizendo: “Quem creu em nossa pregação?” (Is 53. levado cativo mais tarde pela Babilônia — também passaram a ser dominados pelos persas. Talvez Josias não tivesse sido o que foi sem a ajuda de Jeremias. Mais tarde. Pessoas que tinham coragem de rejeitar mensagens como as de Isaías e Jeremias certamente mereciam castigo. perceber a nobre influência de Jeremias sobre o próprio rei durante todo seu reinado.10 a superficialidade do “reavivamento” na época de Josias. Capadócia. os judeus mesmo assim per­ maneceram um povo distinto. aos eleitos que são forasteiros da Dispersão. porém. Só cerca de 50.. em 536 a. Tiago dirigiu sua epístola às “doze tribos que se encontram na Dispersão”. Judá nunca mais existiu como reino independente. Dispersos entre as nações. Como mencionado acima. e Bitínia”. Galácia. . Segundo o Antigo e o Novo Testamentos. Em maio de 1947. nosso Senhor Jesus Cristo. dispersos por todo o mundo romano nos dias de Cristo e dos apóstolos. e Pedro começa escrevendo da mesma maneira: “Pedro. no Ponto. desde o período do exílio babilónico até hoje. depois por impérios menores e finalmente pelo romano. mas segundo observamos num estudo anterior. eles foram preservados de conturbações por sucessivas épocas e cresceram muito em número.. Israel mais uma vez se tornou constituído (e mais tarde reconhecido) como um estado independente.000 voltaram à Judéia quando Ciro lhes deu permissão. Ásia.por Alexandre. Nós os encontramos aos milhares. a nação jamais se tornará de novo um reino independente até que volte o próprio Rei. somente Ele é o verdadeiro herdeiro. C. O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (5) Lição NQ39 . As reformas foram superficiais. foram necessários 16 dias para que os sacerdotes e levitas tirassem todo o entulho do templo. G. Antes que qualquer outra coisa pudesse ser feita. ele não tinha conhecimento algum dela. Imediatamente após a m orte de Ezequias. releia cuidadosamente do capítulo 18 até o fim do livro. Note bem o que isto significa: ele teve de ser descoberto! Além do mais. isto é. CAMPBELL MORGAN . Quando Ezequias deu início à sua reforma. ao encontrá-la. o livro da lei foi encontrado.30. O povo havia se esquecido tanto da lei de seu Deus que. concentrando-se na última parte. o povo voltou aos seus costumes perversos. os ensinamentos surpreenderam Josias de tal forma que ele interrompeu seu trabalho para consultar a profetisa Hulda.31 a 25. Nos dias em que Josias efetuou sua reforma. de 23. isto significa que o templo simplesmente se tornara um depósito de lixo. ele começou com o templo.NOTA: Para este estudo final em 2 Reis. Acreditamos que Deus ordena as coisas na história segundo o comportamento das nações. Os babilônios.16. Nós ficamos com as Escrituras. vingadores de Jeová cujo advento fora anunciado por Isaías mais de cem anos antes. Primeiro. de um lado. O exílio babilónico aproximava-se. Limitemo-nos. muitos pontos incidentais atraem nossa atenção. os juízos que lhes sobrevieram tornaram-se a suprema lição objetiva da história quanto à maneira como Deus governa as nações. mas Ele tem o .. porém. C. 21). e contra a Babilônia. Finalmente seria desferido o golpe fatal sobre Judá. isto sucedeu a Judá. a fim de que os homens e as nações sejam plenamente responsáveis por seus atos. conforme revelados nas Escrituras e exemplificados na nação de Israel. e com isso desapareceu também a esperança terrena de Judá de proteção contra o Egito. escolhendo apenas certos fatos importantes. de outro. O juízo que caiu sobre o reino das dez tribos repete-se agora em Judá — vemos nele a operação da “justiça poética”. Por terem uma relação única com Deus. veja também 2 Cr 36. No relato bíblico desta temível desforra que caiu sobre Jerusalém e Judá. “Com efeito.3.. tinham agora surgido. Os que quiserem podem sorrir. por serem o povo escolhido para personificar uma revelação especial de Deus para as nações e porque os tratos de Deus com eles são per­ manentemente transmitidos às nações através das Escrituras inspiradas.” (2 Rs 24. chamamos atenção para o fato de a destruição de Jerusalém e o cativeiro de Judá serem enfaticamente atribuídos à mão soberana do Senhor. São bem-vindos à sua tolice culta que faz da história uma questão de acaso cego.O SEGUNDO LIVRO DOS REIS (5) A QUEDA DE JERUSALÉM E JU D Á NO ANO da morte do rei Josias. Os estadistas de hoje não poderiam fazer nada mais proveitoso do que estudar os princípios das disposições de Deus entre os povos da terra. Não considerar isto é perder nove décimos de seu significado. por mandado do Senhor. Quanto sofrimento poderia ser assim poupado! Mas os nossos políticos modernos são sábios demais para se tornarem realmente sábios. ao nosso objetivo presente. 17. Ele concede ampla liberdade à vontade humana.). o império assírio também morreu (608 a. 4). C..5-7). seus palácios vazios e suas casas agora desertas. precipitada por uma inútil rebelião de Zedequias. A segunda deportação ocorreu cerca de oito anos mais tarde. A última deportação aconteceu em 587 a. Quem pode descrever o que o povo sofreu durante e depois do cerco? Um pouco do que eles suportaram pode ser visto em Lamentações. é bom notar que a deportação do povo de Judá deu-se em três etapas. com seu templo profanado. Segundo.1). Nesta segunda deportação. tanto para recompensar os bons como para castigar os maus. o templo totalmente desmantelado e todos seus utensílios levados embora. A primeira delas aconteceu no terceiro ano do rei Jeoaquim. Jerusalém foi completamente saqueada de todos os seus tesouros e valores. A seguir. Tudo isto se acha registrado em 2 Reis 25 e 2 Crônicas 36. Nabucodonosor decidiu então destruir aquela cidade judaica e o reino de uma vez por todas. os muros da cidade foram derrubados. as crianças morreram ou foram comidas pelos pais (Lm . 2 Cr 36. Os filhos de Zedequias foram assassinados diante de seus olhos. mas foram alcançados. Ezequiel e Josefo.1-4 com 2 Rs 24. Depois de um cerco de dezoito meses “a cidade foi arrombada” (2 Rs 25. Isto é tão verdadeiro hoje quanto o era quando Jerusalém caiu sob os golpes de Nabucodonosor.8-6). pouco depois da morte de Jeoaquim e da ascensão de Joaquim. quando se deu a destruição de Jerusalém. ataram-no com cadeias de bronze e o levaram para a Babilônia (todo este procedimento encontra seu paralelo nos registros dos conquistadores orientais desse período). e sua pele enrugou e secou. foi incendiada. e depois a cidade inteira. ele já se encontrava na Babilônia há dez anos (Ez 40. Entre eles se achava o sacerdote (e mais tarde profeta) Ezequiel — pois ele próprio nos conta que. As mulheres nobres buscavam restos de comida nos monturos. Nabucodonosor depôs Joaquim após um curto reinado de três meses. colocando em seu lugar Zedequias. deve ter ocorrido onze anos antes da destruição de Jerusalém.1. escolhendo dentre todos os habitantes de Jerusalém os mais úteis e os das classes mais altas (2 Rs 24. O rei Zedequias e seus guerreiros fugiram durante a noite. Uma vez que isto coincidiu com o início do reinado de Zedequias.controle supremo de todos os demais poderes e cumpre Sua vontade soberana entre os povos da terra. Entre os cativos então levados de Jerusalém para a Babilônia estava o jovem Daniel (Dn 1. Nabucodonosor levou dez mil cativos. cegaram o rei Zedequias. 2. O rosto dos homens ficou escuro por causa da fome. mas para entender perfeitamente esses versículos precisamos ler Jeremias 40-43. e levantaram contra ela tranqueiras em redor”. de acordo com os pronunciamentos proféticos de Jeremias (veja Jr 44. Gedalias fez de Mispa. 4. Outras atrocidades se seguiram. e a terra tornou-se absolutamente desolada. Joanã e os outros líderes dos refugiados se armaram. indo da Judéia para o Egito. Terceiro. mas. depois de os babilônios se retirarem de Jerusalém. Seu conselho foi aceito e. Isto está registrado em 2 Reis 25.12). por Gedalias não ter tomado as devidas precauções. resultando em nova fuga de judeus da Judéiapara o Egito.2-28). um terço dos habitantes morreu de fome ou da praga que ela provocou (Ez 5. seguido. forçaram Ismael a fugir para junto dos amonitas e. sua residência. e Ismael. Nabucodonosor nomeou como governador da Judéia um certo Gedalias. “Ao levar Zedequias para a Babilônia.20.” Assim sendo. E logo. filho de Careá. o assassinato foi consumado. Em 2 Reis 25. mas que não pertencia à família real.o nono ano do reinado de Zedequias. e logo se juntaram a ele vários judeus importantes que haviam fugido de Jerusalém e se escondido até a partida dos babilônios. aos dez dias do décimo mês. Quarto. Joanã avisou a Gedalias que Ismael pretendia destruí-lo. perto de Jerusalém. mas. 26) sem mencionar as calamidades que lhes aconteceram ali. algum tempo depois. deixados como vinheiros e lavradores (2 Rs 25. Nabucodonosor. e se acamparam contra ela. a princípio. ele e todo o seu exército. houve uma conspiração entre os judeus deixados na terra. só ficando os mais pobres. rei de Babilônia.2. Esta é a primeira vez . membro da casa real de Davi. (Jeremias preferiu ficar com os que haviam sido deixados na terra. veio contra Jerusalém. após algum tempo. até os judeus deixados por Nabucodonosor foram dispersos a partir da Judéia. temendo então que Nabucodonosor os responsabilizasse pelo crime de Ismael. Nosso escritor os abandona nesse ponto (v. fugiram (contrariando os conselhos de Jeremias) com a grande multidão de judeus que fora deixada na terra.3-10). Gedalias recomendou aos refugiados que se submetessem ao rei da Babilônia e cultivassem a terra. em.1 temos essa data com notável precisão: “Sucedeu que.) A seguinte citação dá uma idéia do que aconteceu.11. Os mais eminentes deles eram Joanã. judeu de boa posição. Quase toda a população restante foi levada então para o exílio.12). a data em que começou o cerco de Jerusalém é de grande significado e deve ser cuidadosamente observada.22-26. o profeta Ezequiel achava-se muito distante na Babilônia. Esse período de 70 anos começa a partir daquele dia.4. onde estivera exilado por mais de nove anos. o fato foi revelado por Deus a Ezequiel. ou melhor. C. Se contarmos então setenta anos de 360 dias cada a partir do décimo dia do mês de Tebete em 589 a. a data cuidadosamente apresentada iria chamar nossa atenção. mas o fato é que este mesmo evento é referido com uma precisão igualmente impressionante em outras partes da Escritura. Mais tarde. Assim. mesmo sem considerar o restante. o profeta Jeremias marca a data com o mesmo tipo de peculiaridade. Desde então esse dia passou a ser observado pelos judeus com um jejum anual. No dia em que começou o cerco de Jerusalém. 2. a centenas de quilômetros de distância. e. Não pode haver dúvidas de que o ano profético na Escritura é de 360 dias (veja nosso artigo sobre a profecia das “setenta semanas” de Daniel). . NO DÉCIMO MÊS. O capítulo 25 de Jeremias prediz um período de setenta anos de “desolação” em Jerusalém. Além disso. quando começou o cerco de Jerusalém. E porque tanta atenção é fixada nesse dia? A resposta a essa pergunta também é encontrada em Jeremias.nesses livros históricos que um evento é datado com tamanha exatidão. C. 2) e mencionado de novo por Zacarias (Zc 1. DESTE MESMO DIA. Em Ezequiel 25. encontramos isto ocupando a mente de Daniel (Dn 9. CERCOU) CONTRA JERUSALÉM NESTE DIA”. cuidadosamente enfatizado. AOS DEZ DIAS DO MÊS. lemos: “VEIO A MIMA PALAVRA DO SENHOR. em 589 a. Na época em que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém.1. Deus concedeu uma mensagem especial a Ezequiel sobre aquilo. PORQUE O REI DE BABILÔNIA SE ATIRA (i. Ezequiel recebeu ordens para escrever enfaticamente essa datada fim de que fosse observada e preservada — no décimo dia do mês de Tebete.1. Veja Jeremias 52. Isso não é surpreendente? No mesmo instante em que os exércitos babilónicos estavam chegando para cercar a capital judaica.. ESCREVE O NOME DESTE DIA. em uma comparação de Jeremias com Ageu e Daniel. DIZENDO: FILHO DO HOMEM. EM O NONO ANO. em que o exército babilônio sitiou Jerusalém — e este fato nos ajudará posterior­ mente a interpretar muitas coisas em nossos estudos..12). devemos também esclarecer bem esta questão: o juízo não caiu sobre o povo escolhido apenas por terem cometido abominações como os outros povos. CONSIDERAI. Veja a notável ligação entre Jeremias 25.2. (2) Israel não deveria fazer qualquer aliança com as nações vizinhas. e leia o que ele diz aos exilados que voltaram depois de seu cativeiro na Babilônia. leia depois Levítico 26. Jz 2. Quase não há necessidade de referências.11 e 2 Crônicas 36. CONSIDERAI TUDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO DESDE AQUELE DIA. Por enquanto. Depois falaremos disso mais detalhadam ente.15-20.17-23. ANTES DE PORDES PEDRA SOBRE PEDRA NO TEMPLO DO SENHOR. MAS DESDE ESTE DIA VOS ABENÇOAREI. Deve ser claramente entendido que todos os juízos que recaíram sobre o . C. O registro é vergonhoso. Todavia. Quinto. quando todos os escravos seriam libertados e todas as dívidas canceladas. mas sim manter-se separado (Êx 34. DESDE O DIA EM QUE SE FUNDOU O TEMPLO DO SENHOR.” O pronunciamento de Ageu marcou o final daquele período de setenta anos. mas principalmente por terem quebrado uma aliança sagrada.).8-22. como a falta de dízimos e a não-observância da Páscoa. EU VOS ROGO.. Aconteceu alguma coisa de especial nesta segunda data? Veja o pequeno livro do profeta Ageu. Veja Levítico 25. Mas veja 2 Reis 17.32-35 como uma explicação para ambas as passagens. Foi dessa maneira que Israel burlou a aliança e mereceu o juízo de forma especial. o mês e o dia em que Jerusalém foi cercada. e (3) Israel deveria rejeitar a idolatria e o uso de imagens religiosas. DESDE O VIGÉSIMO-QUARTO DIA DO MÊS NONO.. Onde está escrito que Israel guardou esses sábados? Veja Jeremias 34. e muitas outras referências)..14-16. CONSIDERAI NESTAS COISAS . Por causa dessa infidelidade vieram os setenta anos de “assolação” como um longo sábado de juízo.21. em 2. desde o princípio Israel falhou (Js 9. Outros exemplos poderiam ser dados. POIS..chegamos ao vigésimo-quarto dia do mês de Quisleu de 502 a. devemos marcar bem essa ênfase significativa sobre o ano. Note o destaque deliberado do profeta nas palavras.12-17 etc. DESDE ESTE DIA EM DIANTE. além de nossa ênfase com o uso de negritos: “AGORA. Note alguns exemplos principais: (1) Israel deveria guardar um ano sabático a cada sete anos e o ano do jubileu sagrado a cada cinqüenta anos. O aspecto duplo deve ser sempre mantido em mente — o humano e o divino.14-39). mas. e a consumação prescrita é contemplada através dos olhos dos profetas. que “onde não há visão. conforme vimos nos profetas e em suas mensagens — pois devemos lembrar que todos os grandes profetas. O exílio na Babilônia. vemos. Campbell Morgan. incapacidade de discernir a mão de Deus. consciências adormecidas. vemos o quadro do triunfo final. que veio como juízo sobre os judeus. alianças ruinosas. Ao deixarem o culto sincero e simples do Senhor. e são os escritos desses homens que finalmente interpretam para nós tanto o tempo presente como o futuro da história de Israel. o trono no céu controla as tempestades. surgem inevitavelmente. O povo escolhido pode falhar na terra. acha-se o triunfo divino. quando a aliança foi proclamada pela primeira vez (veja Levítico 26.4). Agora. cativa. Do lado divino. Sim. e perda do verdadeiro ideal de vida nacional. lançada fora” — assim termina a história de Judá como reino independente. Esta lição aplica-se também às nações de hoje. os valores morais foram menosprezados e a consciência chegou a um tal ponto de insensibilidade que até as mensagens dos profetas inspirados deixaram de fazer efeito. eles tiveram a sensação de que perderam Sua presença. lancemos um olhar retrospectivo sobre 2 Reis para obter nossas impressões principais.povo escolhido estavam estritamente de acordo com o que fora anunciado para essas circunstâncias de negligência. profetizaram no período abrangido por 2 Reis. mesmo quando ela castiga. acha-se a falha humana vista nos reis e na multidão. Quando se perde a visão de Deus. porém. o povo perece”. propósitos derrotados”. Quando o trono na terra desmorona. “ideais degradados. como pano de fundo e no sentido definitivo. e houve crescente idolatria. curou-os para sempre de sua idolatria e . acima de tudo. esta é a mensagem do lado humano. Impressões finais “Conquistada. mas o propósito escolhido atravessa os séculos. Do lado humano. cujos escritos chegaram até nós. como diz o Dr. como aconteceu com Judá e Israel muito tempo atrás. Em primeiro plano e no sentido imediato. O maior profeta daquela época escreve a respeito do Senhor: ELE “não desanimará nem se quebrará” (Is 42. quando o Filho maior de Davi. sendo preservado até hoje. sempre perseguidos. e o verdadeiro ideal de sua nação voltou a ser discernido.recuperou-os notavelmente da sensação de perda de Deus. os assírios e babilônios). continuam preservados. porém sempre preservados. o Senhor Jesus. eles. por exemplo. Eles continuam sendo o povo escolhido. sentar-se no trono em Jerusalém e reinar sobre o império mundial. e serão preservados até que toda falha humana seja completamente eclipsada no triunfo divino. . segundo a promessa da aliança. mesclados com todas as raças. os filhos de Abraão. Que exemplo para nós! Espalhados sobre a superfície da terra. Outros povos de dimensões muito maiores do que eles passaram e desapareceram (como. A lei do Senhor tornou-se extremamente preciosa para eles. Sua história é um mistério. no entanto. mesmo à parte das explicações dadas nas Escrituras. todavia o povo mais exclusivo do mundo. OS LIVROS DAS CRÔNICAS (1) Lição N2 40 . possuía promessas esplêndidas que alcançavam as gerações ainda por nascer. Milhares de famílias haviam sido desarraigadas. A preservação do tronco e dos principais ramos da árvore genealógica de Israel torna-se especialmente vital depois do exílio babilónico (quando as Crônicas foram escritas). que na verdade deveria ser o último do capítulo precedente. vemos o retorno à Judéia após o exílio. B. O próprio cronista sabia muito bem que essas genealogias revelam o processo seletivo da eleição divina desde Adão e que a linhagem da aliança de propósito redentor deveria culminar no Messias.2-34. Muitos registros se perderam (veja por exemplo Esdras 2. Tais linhas de descendência eram de importância sagrada para todos os judeus piedosos. AS GENEALOGIAS Nove capítulos de listas genealógicas! Que perda de espaço! Pelo contrário. e com razão. S. além de ser o repositório de uma revelação divina especial. O Bible Handbook. Os elos se partiram. que cegueira pensar assim! Nenhuma parte das Crônicas é mais importante. J. A interrupção é marcada pelo primeiro versículo desse capítulo. e grande parte dos arquivos de Judá deve ter se desintegrado. pois eles sabiam que sua nação. se não foi com pletam ente destruída. A lista de nosso cronista liga o período pré-exílio ao páv-exílio. em 9.59). fato este incomparável na história da raça humana”. .NOTA: Leia duas vezes 1 Crônicas por inteiro. comenta: “Essas listas dão a linhagem sagrada através da qual a promessa foi transmitida durante quase 3.500 anos. de Angus. pois (note bem). ou misturar-nos a seus príncipes cativos na capital da Babilônia. Nesta repetição. 2) A cidade foi saqueada.. como são agora reputados por objetos de barro!” (Lm 1. e lamentar em meio às ruínas: “Como jaz solitária a cidade! . como fez Ezequiel. sob a liderança de Esdras e Zorobabel. com novas ênfases e novos aspectos. O templo queimado. Pode parecer que não passam de repetição. Como analisamos cuidadosamente os livros de Samuel e dos Reis.. comparáveis a puro ouro. como fez Daniel. fornecendo interpretações que completam seu sentido. Queremos seguir os milhares de homens de Judá para a terra do exílio. Pelo contrário. Como se escureceu o ouro! . mas não se trata de “vã” repetição. sentar-nos e chorar com eles junto aos bancos de Quebar. Todavia. Contudo. De fato é assim. voltaremos a Jerusalém e à Judéia com o “remanescente”.1. essas crônicas não só estão vivas em cada página — até mesmo nas listas iniciais de genealogias! — mas têm grande significado para uma compreensão correta do sentido divino que percorre a história da nação israelita.. antes de podermos fazer isso. A nação deportada. A história já contada nos livros de Samuel e Reis é esboçada novamente.. sobre sacos de pano e cinzas. eles nos fornecem as principais genealogias da nação israelita e os acontecimentos mais importantes do reino davídico até a época do exílio na Babilônia. porém de um ponto de vista diverso.1. com acréscimos e omissões significativos. A única razão pela qual tratamos 1 e 2 Crônicas com brevidade é o fato de cobrirem praticamente o mesmo terreno de 2 Samuel e dos dois livros dos Reis. com seus acréscimos e omissões características. é que o ponto de vista e significado particulares de Crônicas são realmente percebidos. a seguir. O campo assolado.OS LIVROS DAS CRÔNICAS (1) o s e g u n d o Livro dos Reis deixou uma estranha e sombria tristeza oprimindo nossa mente. transpondo as décadas. os dois livros de Crônicas estão à nossa frente e devemos ser gratos por eles. Indo rapidamente de Adão a Neemias. Tornou-se como viúva! .. não precisaremos fazer mais do que um breve estudo de 1 e 2 Crônicas. A Bíblia com certeza ficaria mais pobre sem eles. Temos vontade de nos sentar com Jeremias.. 4. a brevidade de nosso tratamento não deve sugerir falta de importância. Os nobres filhos de Sião. pois se . começando pelo capítulo 11. Pierson: “Embora grande parte do conteúdo dos Livros dos Reis seja repetido ou reafirmado em Crônicas. Qual é então a idéia unificadora impregnada nesses acréscimos e omissões? E qual o propósito central de Crônicas? A idéia unificadora Primeiro. como sugerimos no início do presente estudo. sua preservação e restauração. são alguns dos principais acréscimos). Por exemplo. os seguintes assuntos que não são mencionados em Samuel e Reis aparecem agora detalhadamente — a reserva antecipada de material para o templo feita por Davi (22). Se tivermos lido cuidadosamente o primeiro desses dois livros de Crônicas. músicos e porteiros (25-26) — tudo na expectativa do templo (essas. seu reinado em Hebrom. seu pecado contra Bate-Seba e Urias ou a revolta de Absalão (essas. a contagem e distribuição prévia dos levitas e sacerdotes (23-24). Entre muitas outras. para não mencionar outras. à pureza de seu culto. isto é. à regularidade e ordem de seus serviços. exemplos desta ênfase sobre o templo e os tópicos a ele associados virãoiacilmente à tona. O relato do reinado de Salomão é muito mais curto aqui do que em 1 Reis. logo iremos notar que os acréscimos e omissões parecem ser todos do mesmo tipo. Mas tudo o que está ligado ao templo. a indicação e organização dos cantores. todos dão a impressão de se conformar a um propósito central. todos os que estudaram ou escreveram sobre esses dois livros de Crônicas são unânimes em observar a proeminência dada ao templo e aos assuntos relacionados a ele. são algumas das principais omissões). vejamos a citação do Dr. Esta característica persiste até o Segundo Livro das Crônicas. T. Esses capítulos não repetem a conhecida história das aventuras românticas de Davi. quanto à idéia unificadora ou ênfase. por ser estranho ao propósito do autor. A. todo o restante dos dezenove capítulos de 1 Crônicas ocupa-se do reinado de Davi. para não mencionar outras. é aqui enfatizado”. mas. sua tristeza com a morte de Saul e Jônatas. tudo o que torna odiosos os ritos ou relíquias idólatras ou eleva Deus ao Seu verdadeiro trono no coração do povo. por outro lado. muito é omitido. não menos de seis dentre os nove capítulos reservados a ele em 2 Crônicas . todavia.lermos essas “crônicas” lado a lado com os relatos anteriores em Samuel e Reis. tão grande que a sucessão continuou na família só por causa de Davi. como as gentes das outras terras? Qualquer . Ezequias e Josias. os reinos de Asa. H. contra três capítulos em Crônicas. militares e pessoais aos interesses dessa religião santa da qual o templo era o grande símbolo. que está na mão dosfilhos de Davi. a partir do capítulo 10. homens malignos. os filhos de Arão. Daremos apenas um exemplo disto. O cronista relata essas guerras com detalhes. apenas três versículos mencionam as reformas de Ezequias. que marca a divisão da nação em dois reinos. mas limitam-se igualmente ao ponto de vista que subordina todos os fatos políticos. filho de Nebate. Também é feita uma menção das guerras entre Israel e Judá. oferecendo especialmente um ótimo discurso de Abias dirigido ao inimigo. Josafá. Em qualquer parte de Crônicas. o de Reis) é uma breve nota sobre a perversidade do rei. servo de Salomão. por serem estes o reino e a cidade que abrigam o templo. por uma aliança de sal? Contudo se levantou Jeroboão. Joás. J. O relato profético (/. Todos esses capítulos restantes (10-36) não se restringem apenas a Judá. e os levitas. a ele e a seus filhos. Agora pensais que podeis resistirão reino do Senhor. Diz o Dr. em que se concentra todo o espírito de Crônicas”: “ Não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania de Israel. por exemplo. recebem destaque por causa das reformas religiosas e restaurações do templo associadas a eles. bem sois vós uma grande multidão. e não fizestes para vós outros sacerdotes. e. e tendes convosco os bezerros de ouro que Jeroboão vos fez para deuses. o templo é enfatizado como o centro fundamental da verdadeira vida nacional. não lhes pôde resistir. Assim. Também é importante o fato de que.referem-se ao templo. filho de Salomão. e se rebelou contra seu senhor. fortificaram-se contra Roboão. sendo Roboão ainda jovem e indeciso. Em Reis. As Crônicas reportam-se apenas a Judá e Jerusalém. por ter sido fundado sobre a apostasia da verdadeira adoração da nação e à parte da casa de Davi. Ajuntou-se a ele gente vadia. Moulton: “Nenhum incidente particular salienta melhor o contraste entre as duas versões do que o reinado de Abias. e mesmo onde ele não é mencionado especificamente. Não lançastes fora os sacerdotes do Senhor. o reino das dez tribos do norte é completamente deixado de lado. filho de Davi. fica claro que a ênfase está sempre na religião por ele representada. que vem a consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses. Porém, quanto a nós, o Senhor é nosso Deus, e nunca o deixamos; temos sacerdotes, que ministram ao Senhor, a saber, os filhos deArão, e os levitas na sua obra. Cada dia, de manhã e à tarde oferecem holocaustos e queimam incenso aromático, dispondo os pães da proposição sobre a mesa puríssima, e o candeeiro de ouro e as suas lâmpadas para se acenderem cada tarde, porque nós guardamos o preceito do Senhor nosso Deus; porém vós o deixastes. Eis que Deus está conosco, à nossa frente, como também os seus sacerdotes, tocando com as trombetas, para rebate contra vós outros, ó filhos de Israel, não pelejeis contra o Senhor Deus de vossos pais; porque não sereis bem sucedidos” (2 Cr 13.5-12). Até mesmo as genealogias nos nove primeiros capítulos levam ao estabelecimento em Jerusalém e na Judéia do “remanescente” que voltou (depois do exílio), necessário como base para o serviço do templo e subsídio através do qual esse serviço seria sustentado (pois deve ficar perfeitam ente claro que, em 9.2-34, a referência é ao novo estabe­ lecimento depois do exílio. O versículo 1 marca a interrupção). Assim sendo, sem necessidade de mais ilustrações, vemos a ênfase unificadora que percorre Crônicas. Não se trata de simples repetição. Tam bém não são apenas suplem entos fornecendo inúm eros itens omitidos em Samuel e Reis. Elas relatam a história do povo eleito de uma forma nova e sob outra perspectiva. O propósito central Continuamos, porém, nos perguntando: “Por que esta nova ênfase unificadora? Qual o propósito por trás dela? Aqui, até certo ponto, devemos afastar-nos dos comentaristas. A razão comum dada para a ênfase religiosa peculiar em Crônicas é que o escritor, ou melhor, o compilador, era um sacerdote, uma pessoa com uma perspectiva bastante eclesiástica para quem, muito compreensivelmente, todos os assuntos relativos à adoração organizada e, em especial, ao templo eram de inigualável importância. Por exemplo, no Bible Handbook (“Manual Bíblico”), de Angus, lemos: “Deve ser sempre lembrado que os livros de Crônicas são essencialmente levíticos. Portanto, é dada proeminência especial a tudo que se refere à casa e ao serviço do Senhor”. Lemos na Modem Reader’ s Bible (“A Bíblia para os Leitores de Hoje”), de Moulton: “Toda a série de crônicas é movida pelo espírito eclesiástico consciente”. Ellicott afirma: “Com base em todo o caráter e espírito do trabalho, a maioria dos críticos infere com razão que se trata da obra de um levita ligado ao templo”. Muitos outros parecem ser da mesma opinião. Bem, as crônicas podem ter sido ou não compiladas por um sacerdote ou levita; mas dizer, como fazem muitos, que sua ênfase peculiar deve-se simplesmente ao fato de o compilador ter sido um sacerdote ou levita preocupado em exaltar sua própria linha de pensamento é perder de vista o desígnio divino predominante nesta parte das Escrituras e reduzir a importância de Crônicas à perspectiva limitada de um eclesiástico que não era maior do que posto por ele ocupado. Se realmente quisermos apreciar o propósito central de Crônicas, devemos ter em mente a época e as circunstâncias em que os livros foram publicados. As crônicas passaram a ser compiladas após o exílio na Babilônia, quando o “remanescente” tinha voltado da Babilônia para a Judéia, sob a liderança de Esdras e Zorobabel. Isto é confirmado com toda clareza mediante declarações e referências das próprias crônicas, como mos­ traremos no próximo estudo. Elas foram especialmente escritas para esses judeus repatriados e seus descendentes, que deveriam reconstituir a vida judaica nacional na terra, e foi por causa de certas novas circunstâncias que confrontavam agora o povo judeu que elas foram compiladas com uma ênfase unificadora, como já notamos, e em vista de um propósito especial que passaremos a mencionar. Se nos imaginarmos na Judéia com aquele “rem anescente”, logo perceberemos que há uma grande ausência a ser compreendida pela nossa mente: não há rei. Esse é o fato crucial a ser compreendido e o primeiro indicador do propósito de Crônicas: O TRONO D E DAVI DESAPARECEU! Não é preciso muita imaginação para perceber o que isto significava para todos os judeus que viviam com seriedade. O trono de Davi era único na terra, pois havia sido fundado sob uma aliança divina. Já tratamos disso num estudo anterior, assim não precisamos mais demorar-nos no assunto aqui. Deve ter sido um problema grave para os judeus zelosos o fato de não haver mais um trono de Davi. O que salientamos, porém, é que o povo não estava voltando para reconstruir um trono e, sim, um templo. Na verdade, a reconstrução do templo foi o principal motivo de o imperador persa, Ciro, ter expedido um edito precipitando a volta do “remanescente” judeu a Jerusalém e Judéia (Ed 1.1-4). Talvez haja aqui uma lição oportuna e vital para nossos dias. Note bem: mesmo antes de Neemias ser enviado para reconstruir a cidade, Esdras e Zorobabel são enviados com o “remanescente” para reconstruir o TEMPLO. Em qualquer reconstrução nacional, temos de começar assim — com o templo, isto é, com DEUS! Nossos políticos e reconstrutores do atual período pós-guerra não querem aprender. Eles persistem na idéia mundana de que a cidade precisa ser construída antes do templo, mas estão errados. Agora, no entanto, com preendendo perfeitam ente que o trono desapareceu, vejamos o que resta. Haviam permanecido três coisas que significavam mais do que todas as outras: 1. Primeira, havia o ensino do passado, um passado como nenhum outro povo jamais tivera, e com uma importância nunca associada à história de qualquer outra nação. Os ensinamentos desse passado haviam se completado no exílio do qual o “remanescente” acabara de voltar; isto é, certos processos no passado da nação haviam se cumprido exatamente, até ao último detalhe, chegando ao seu amargo fim. Fazendo um retrospecto, o povo da aliança podia ver agora, em linhas severamente definidas, o ponto exato para onde esses processos de apostasia os haviam levado, percebendo que era vital aprender para sempre a lição do passado de sua nação. 2. Segunda, havia a promessa profética para o futuro. Embora o trono de Davi não mais se achasse entre eles, a linhagem davídica continuava segundo a promessa e aliança divinas, deveria vir o Messias que elevaria o trono davídico a um esplendor sem precedentes e consum aria o propósito do Senhor em Israel e através dele, introduzindo um reino mundial esplêndido, com seu centro em Jerusalém. Tornava-se vital que mantivessem esta grande esperança sempre em mente, enquanto se reinstalavam em Jerusalém e na terra da aliança. 3. Terceira, havia a presença do Senhor com eles naquele momento. Essa presença fora surpreendentemente garantida a eles por meio do decreto de Ciro, o imperador persa, ordenando aos judeus que voltassem à sua terra natal e reconstruíssem o templo do Senhor, em Jerusalém (Ed 1.1-4). Quais teriam sido os sentimentos dos judeus durante os últimos anos de seu exílio na Babilônia, quando a fama de Ciro, o Persa, começou a espalhar-se — quando a Babilônia caiu e o novo imperador, Ciro, que na verdade havia sido mencionado por Isaías duzentos anos atrás, publicou esse decreto para a reconstrução do templo em Jerusalém, exatamente como previsto por Isaías? (Veja Is 45 e também nosso artigo sobre a data de Isaías). Isto, somado à proclamação de Nabucodonosor sobre sua conversão ao Senhor (Dn 4.1-3, 34-37) e às profecias de Jeremias quanto à duração exata da servidão à Babilônia (veja Jr 29.10 e o comentário feito em nosso estudo de Ageu), deve ter mostrado aos judeus, sem sombra de dúvida, que o Senhor estava com eles em seu retorno à Judéia. Esses eram então os três fatores transcendentes que permaneceram: o ensino do passado nacional, a promessa profética do futuro e a presença de Jeová naquele momento. O que faltava ainda? Era necessário, acima de tudo, que a nação interpretasse seu passado, presente e futuro do modo certo, isto é, a partir do ponto de vista divino; efoi exatamente com isto em mente — satisfazer esta necessidade e alcançar este fim — que as crônicas foram compiladas. Três coisas eram naturalmente muito importantes neste sentido: (1) em vista do chamado peculiar da nação e da aliança davídica, tornava-se essencial manter intactas as principais genealogias da nação, sendo assim apresentadas cuidadosamente nos nove primeiros capítulos; (2) em vista das catástrofes ocorridas, era importante reformular a história da nação de um ponto de vista exclusivamente religioso, pelo menos desde o início do reino de Davi. Encontramos isto a partir do capítulo 10 de 1 Crônicas; (3) devido ao fato de o templo representar a religião santa que fora dada a Israel mediante revelação especial, cuja desconsideração acarretara tantos males à nação, e como o templo era o supremo elo sobrevivente entre o grande passado da nação e seu futuro previsto ainda mais esplêndido, tornava-se da maior importância enfatizar o templo e suas observâncias aos olhos do povo. Conforme já notamos, esta importância do templo pode ser vista em Crônicas. O templo era agora, acima de todas as coisas: (a) o símbolo da unidade da nação, muito mais nessa época em que o trono terreno desaparecera; (b) a lembrança do elevado chamado da nação e sua função; (c) o sinal de que o Senhor continuava com Seu povo escolhido; (d) o centro da verdadeira ênfase na vida nacional. À luz desse templo, todo o passado deveria ser interpretado, o presente reconstruído e o futuro previsto. Daí, portanto, a compilação de Crônicas, com sua ênfase contínua no templo e nos aspectos religiosos das coisas. Eis também o propósito central de Crônicas, ou seja, apresentar novamente ao povo da aliança a verdadeira ênfase da vida nacional de Israel, convencê-los de seu primeiro dever e sua única e verdadeira segurança, desafiando assim a raça eleitja a uma consagração renovada como sacerdote nomeado por Deus paradas nações. Talvez não haj a melhor forma de concluir o presente estudo do que citar algumas palavras de John Urquhart: “Esses livros de Crônicas... não são meras repetições de informações fornecidas por livros já existentes; nem são compostos de restos deixados por antigos escritores. A história de Israel é contada outra vez com uma intenção clara e definida. Essa intenção é tão evidente no silêncio dos livros como em suas palavras. A história das dez tribos é omitida, e eles só tratam de Judá. À luz do propósito distinto de Crônicas, a razão fica clara. Apenas Judá preservou as ordenanças divinas. Para os israelitas que voltaram, não era isto — quer o chamem de ‘caráter eclesiástico’ ou de qualquer outro nome — a única coisa que o povo restabelecido tinha de manter constantemente diante de si? Israel, ao contrário das outras nações, não possui um destino à parte do ofício de Deus. Isto ficou provado por mais de dezoito séculos do que pode ser denominado existência nacional, mas não vida nacional. No futuro, isto será manifestado de modo mais glorioso no dia da consagração renovada de Israel. Mas há o suficiente, mesmo agora, para ensinar à alta crítica, e também a um racionalismo modificado, que os livros de Crônicas viram claram ente o que está se tornando hoje aparente como fenômeno histórico: Israel não existiu e não pode existir por si mesmo. Ele é o sacerdote nomeado por Deus para as nações. Quando reconheceu sua missão, impressionou e liderou as nações. Quando a negligenciou, afundou na insignificância. Quando renunciou a ela, Israel ficou privado de sua terra natal e de sua percepção e poder espirituais. Hoje, em sua cegueira, ele peregrina entre as nações, deserdado e despido, mas, ainda assim, levando as marcas indeléveis de seu destino sacerdotal. O livro que proclamou esse destino ao Israel restaurado, há 24 séculos atrás não só lhes deu a lição número um de seu passado, mas também trouxe para os israelitas a história de seu futuro. Este único fato é suficiente para mostrar que o livro é profético e divino”. OS LIVROS DAS CRÔNICAS (2) Lição \" 41 . Crônicas é mais um resumo retrospectivo e interpretativo do que simples registros. que traduziu as Escrituras hebraicas para o latim. em cerca de 385-405 A. O título que conhecemos data da época de Jerônimo. D. “Livro das Crônicas”. mas o título “Coisas Omitidas” não é muito apropriado: ele torna Crônicas um simples suplemento. S. D. sob o título Dibrê Hayyâmím (“Acontecimentos dos Dias”). comum).\A divisão ocorre de fato no ponto mais adequado. que chamou as duas partes de primeiro e segundo livros das “Coisas Omitidas”. na verdade. pois. Como aconteceu com 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. como o temos agora em nossa versão.) e com a confirmação do Concílio de Trento (1562 A. . ou seja.). D. leia 2 Crônicas duas vezes. Esta conhecida tradução é chamada “Vulgata Latina” por ter sido aceita como o texto geralmente autêntico e exato (vulgatis = geral. B.) Em algumas das edições da Vulgata Latina encontramos o título Chronicorum Liber. A divisão em duas partes remonta à Versão Septuaginta (século terceiro a. C. deixando de lado seu intento especial. J. desde os dias de Gregório I (540-604 A.NOTA: Para este novo estudo. esses dois livros de Crônicas formavam uma obra contínua no original hebraico. Mesmo este título não é muito louvável. nosso estudo de Crônicas preocupou-se com sua ênfase unificadora e seu propósito.OS LIVROS DAS CRÔNICAS (2) A T É a q u i . 2.19) Essas fontes de compilação são mais reveladoras do que parecem à primeira vista. (c) que muitos escritos de eruditos competentes haviam se acumulado durante a história da nação.29) (<2 í f% -5 ^ A profecia de Aias. provando a natureza idônea de sua obra. 4. 3.29) Livros de história do profeta Semaías (2 Cr 12. do profeta Ido (2 Cr 12. 2 Cr 33. 14.34) Atos de Uzias. 13. como segue: 1. 8. alguns dos quais parecem ser citados literalmente (veja “até ao dia de hoje”. 10. 9.22) A visão do profeta Isaías (2 Cr 32.10. Desejamos agora considerar seu conteúdo. 12.15) Registros de genealogias. em 2 Crônicas 5.7) Um midrash (comentário) sobre o item acima (2 Cr 24.29) As visões do vidente Ido (2 Cr 9. 7. mas antes existem alguns assuntos preliminares que chamam nossa atenção. o que nos .8). Os originais da compilação Crônicas com certeza é uma compilação de documentos anteriores. (b) que ele fazia uso de documentos bem conhecidos. Elas indicam: (a) que o autor estava bem informado para sua tarefa. filho de Hanani (2 Cr 20.29) Crônicas do vidente Gade (1 Cr 29.15) Um midrash (comentário) do profeta Ido (2 Cr 12. 5. 8. Cerca de quatorze deles são citados. Livro dos reis de Israel e de Judá (2 Cr 27.27) Crônicas do vidente Samuel (1 Cr 29.32) História de Hozai (ou os videntes. 6. 11.29) Livro da história do profeta Natã Cr 9.15) Crônicas de Jeú. o silonita (2 Cr 9. registrados pelo profeta Isaías (2 Cr 26. 25.42). podemos crer que tanto Reis como Crônicas em nossa Bíblia citam a mesma obra. Em 16. concordam no fato de que a linguagem e a ortografia de Crônicas . Isto é evidente.7.1.confirma ainda mais a confiabilidade dos registros que temos na Bíblia. 36. A genealogia em 3.45. Ed 2. Os estudiosos de hebraico. 32. Data e autoria A não ser que aceitemos a suposição de certos modernistas de que os livros de Crônicas estão cheios de interpolações.8). quando o cronista se refere a este “livro dos reis”. pois de qualquer maneira que ele ocorra. 26. A não ser que rotulemos gratuitamente todo o texto de 1 Crônicas 9 como acréscimo posterior. mas sim um conjunto literário cuidadosamente com­ posto. que encerrou ofi­ cialmente o exílio. e (d) que os arquivos de Israel não eram de modo algum o produto falsificado.27. conforme supunham alguns de nossos “eruditos”.26. Encontramos três vezes este título (2 Cr 27. Os dois títulos referem-se à mesma obra. em 3. 28. leva-nos pelo menos a um ponto bem remoto na vida de Esdras ou Neemias. ele não está indicando o outro livro em nossa Bíblia que chamamos hoje por esse nome. Ademais. 12. grosseiro e quase embolorado. podemos acres­ centar. como coisa do passado. a referência é a um rei de Judá.7). As últimas palavras de 2 Crônicas referem-se até ao decreto de Ciro. E bom compreender que. Pelo contrário.17-24. Quatro vezes vemos o título parcialmente invertido: o “livro dos reis de Judá e de Israel” (2 Cr 16. Note o primeiro livro em nossa lista: o “livro dos reis de Israel e de Judá”. não demoraremos em encontrar versículos estabelecendo a data aproximada de sua compilação. a genealogia de Zorobabel. fica claro que foram coligidos depois da ida para a Babilônia.11. Isto é indicado pelo fato de os livros que hoje chamamos de Reis não conterem aqueles temas para os quais o cronista chama atenção no livro que ele conhecia assim.15 e 9. O livro parece conter um repertório notável de dados históricos e biográficos (2 Cr 27. a conclusão é de que a obra pode ser atribuída diretamente ao período posterior à volta do “remanescente” e seu estabelecimento parcial “nas cidades” e “em Jerusalém” (como esclarece a comparação deste capítulo com Ne 11.26.32).3-32.25. 35. 7. comparado e compilado.16-24 mostra o mesmo. coligido. a partir da criação de Adão até o . embora em sua maior parte os livros de Crônicas tratem do mesmo assunto abordado por Samuel e Reis. os livros de Samuel e Reis são uma condenação da nação. os livros de Crônicas passam a apresentar apenas a história de Judá. e (3) ninguém era mais adequado do que Esdras. incentivando a uma nova lealdade. têm uma perspectiva mais profética. Em Samuel e Reis. desde Gênesis até 2 Reis. a ênfase está no trono. não exclui acréscimos por parte de algum editor subseqüente para completá-la. Nossa convicção de ter sido ele o compilador da maior parte da obra. seguiram uma seqüência cronológica de eventos. porém . Os. e todos concordam ser a de Esdras. Esdras e Neemias. A relação com os livros precedentes Como já notamos. mas mencionaremos três pontos que a nosso ver favorecem a tradição de Esdras: (1) não encontramos ainda qualquer razão plausível contra ela. A identidade do compilador continua desconhecida. por sua vez. Em seu efeito total. Crônicas é mais oficial.também se ajustam ao período pós-exílio. Os primeiros dão a história tanto do reino do norte (Israel) como do reino do sul (Judá) depois da divisão da nação em dois reinos. Crônicas tem um ponto de vista mais sacerdotal. elas foram escritas numa data posterior. enquanto Crônicas tem como intuito servir de estímulo à nação. a ênfase está no templo. Em Crônicas. Os primeiros são mais pessoais. com uma ênfase especial e tendo um propósito particular. pelo menos em grande parte do livro que leva seu nome.aramaísmos marcam a corrupção do hebraico puro pela linguagem caldéia aprendida pelos judeus cativos na Babilônia. Samuel e Reis. Não podemos entrar aqui na discussão em torno desse assunto. (2) os eruditos parecem unânimes em identificar uma única mão nos três livros agora chamados Crônicas. Crônicas é mais estatístico. Todos os livros da Bíblia vistos até aqui. Os livros de Samuel e Reis são registros simples e fiéis de coisas que aconteceram. sob uma perspectiva diferente. Podemos condensar agora os aspectos contrastantes entre Crônicas e os livros históricos precedentes: Samuel e Reis são mais biográficos'. O Talmude diz ser Esdras. expondo sua culpa. a partir da ruptura. enquanto Crônicas uma sucessão de trechos propositalmente escolhidos para enfatizar uma idéia central. Esdras e Neemias tem certos valores para nós. Isto talvez seja confirmado pelo estranho encerramento de Crônicas num trecho aparentemente interrompido que os primeiros versículos de Esdras completam. descrições de ritos e festas religiosas. relatos detalhados das classes sacerdotais e suas várias funções. Isto é obviamente verdade. a lei sagrada citada explicitamente e. mas também no ponto de vista geral. Há muito tempo. quando os judeus formaram seu cânon de escritos sagrados. a fim de deduzir e aplicar uma lição vital: a resposta da nação a Deus é o fator decisivo em sua história e destino. e encontramos certos professores bíblicos hoje que gostariam de fazer-nos pensar que os livros de Crônicas ainda deveriam estar no final do Antigo Testamento. e estes são o elo real entre os períodos pré-exílio e pós-exílio. tais como registros genealógicos e estatísticos. Crônicas não deve ser separado de Esdras e Neemias. . ela retrocede e recapitula toda a história. Eles fazem um retrospecto. Existem outros fatos que podem ser acrescentados a estes para provar que Crônicas. Mas não. O lugar certo é justamente onde aparece em nossa Bíblia. que são da última era da escrita hebraica. chegamos a uma obra que não nos faz avançar (exceto em pequenos toques esporádicos que revelam sua compilação pós-exílio). eles pertencem aos livros históricos. na clara preferência por certos tópicos. com Crônicas. existe também uma parte de uma versão grega desses três livros que não mostra divisão alguma entre eles. acima de tudo. Esdras e Neemias logo revela que os três assemelham-se muito. Esta grande afinidade entre Crônicas. eles colocaram Crônicas bem no final. Mas agora.cativeiro de Judá. resumindo o período do trono e associando-o ao novo período sem trono. de modo a mostrar mais facilmente a ligação de suas genealogias com as contidas em Mateus.. Esdras e Neemias constituíam originalmente uma grande história única”. A relação com os livros seguintes Ellicott declara: “Um exame do texto hebraico de Crônicas. notas sobre a música do templo e assuntos ligados à organização da adoração pública.. na maneira como as autoridades originais são tratadas. Podemos acrescentar que esta lição é tão verdadeira em relação às nações de hoje como foi para Israel e Judá antigamente. não só no estilo e na linguagem. 18-25). Judá e Davi. Neemias e Ester. Finalmente. assumem um novo significado. A seguir. o mais velho é posto de lado. nesses primeiros capítulos temos . Eles fazem parte do esquema total de nosso cronista e. é o escolhido. com Isaque. chegando assim a Davi. Esdras.Não devemos de forma alguma separar os quatro livros pós-exílio — Crônicas. e Sem. mas no capítulo 3 ele retoma a linhagem davídica — até o último rei de Judá. de Cão e de Sem. em preferência a Esaú. o mais novo. Talvez “interessante” não seja a melhor palavra. O que deve­ mos observar principalmente é a árvore genealógica de certo povo — o povo do Senhor. Vejamos a primeira divisão de 1 Crônicas (1-9). Jacó. a saber: Crônicas Esdras Neemias Ester — Retrospecção — Restauração — Reconstrução — Preservação Conteúdo e estrutura Agora. O mesmo acontece com Abrão. se com um pouco de imaginação pudermos apreender o pensamento do autor-compilador e perceber o propósito por trás de sua pena ganhando a forma cuidadosamente escolhida. depois de mostrar o processo seletivo de Adão até Abraão. à medida que as divisões se sucedem. no capítulo 2. No propósito seletivo de Deus. a linha redentora e o progresso seletivo vão de Jacó a Judá e depois a Jessé. essas crônicas são fascinantes. Os descendentes de Adão projetam três grandes ramos: os filhos de Jafé. e com Jacó. o mais interessante de tudo é o exame rápido do conteúdo de Crônicas. ele recapitula as genealogias das tribos de Israel em geral e suas partes em Canaã (4-8). Tudo isto se acha no capítulo 1. quando vistos desse modo. mas isto seria colocá-los em uma posição quase inexpressiva. Isaque. o filho mais novo de Terá. O cronista faz uma interrupção aqui. Assim sendo. nem devemos deixar de ver como seus temas distintos se reúnem para formar um grupo progressivo. a fim de preservar a genealogia de Calebe. É correto dizer que esses capítulos são genealogias. pois todas participam das promessas da aliança. preferido em lugar de Ismael. Zedequias. esse herói da fé que também descendia de Judá (2. Veja isto no capítulo 17.3). ela foi finalmente levada com a devida reverência a Jerusalém. num salmo inspirado (16. Depois de uma dificuldade (13. mostrando que Saul não merecia ser rei. Este é o registro do primeiro ato público notável do rei Davi — a arca do Senhor é levada a Jerusalém. o homem de fé. vemos a aliança de Jeová. Aqui começa o reinado de Davi.28 . e Davi. representava um desprezo pelo direito de primogenitura de Israel. e fez com ela uma maravilhosa aliança. A seguir. símbolo de Emanuel (“Deus conosco”) permanecesse abandonada (13. Sua casa foi assim posta de lado. Ele de imediato planeja colocar a arca do Senhor como centro da vida de Seu povo. todavia não tinha uma fé verdadeira e não podia agradar a Deus (10. Deus agra­ dou-Se em escolher uma nação dentre a raça humana — Israel — e dentre essa nação. Embora a filha de Saul não visse glória nesse ato de fé e talvez desprezasse o homem de Deus por isso (15. temos o cumprimento imediato dessa aliança no pleno estabelecimento de Davi e em sua sublime prosperidade. e isto. Nesta terceira divisão. pôde ensinar o povo a ver a misericórdia da aliança nesse símbolo sagrado da promessa. O capítulo 10 (que evidentemente é apenas uma transição) relata a morte de Saul (tudo o mais sobre ele é deliberadamente omitido) e como Deus passou ou “transferiu o reino a Davi”.29). em sua essência. o ungido do Senhor.14). Os capítulos 11 e 12 contam como Davi tornou-se rei. Observemos então do capítulo 13 ao 16. mesmo este lapso foi administrado em favor do plano de Deus. Vejamos agora do capítulo 10 ao 12. como fez de Jerusalém a capital.7-36). vemos assim a A R C A do Senhor.9-13). Davi sentiu profundamente que o segredo da bênção da nação era a presença do Senhor entre eles. quem eram seus valentes e como todas as tribos concordaram em torná-lo rei. do capítulo 17 ao 21. Tudo muda com Davi.13). Saul possuía qualidades naturais excelentes. uma família — a casa de Davi. Saul jamais tivera essa compreensão. Do capítulo 18 ao 20. Saul foi rei mais por escolha humana. Temos então aqui o U N G I D O do Senhor.distintamente o p o v o do Senhor. Ele permitira que a arca do Senhor. e 0 trono foi dado ao homem escolhido por Deus (10. Deus abençoou esse homem de todas as formas (14). pois ocasionou a determinação do lugar onde o futuro templo seria edificado (21. Embora Davi tenha mais tarde sido presa de um estratagema de Satanás (21). uma tribo — Judá — e da tribo. Davi foi rei por escolha divina. O reino alcança um esplendor sem precedentes.1).. Não foi permitido que Davi o construísse. O assunto aqui é claramente o T E M P L O do Senhor. A lição principal pode ser expressa pelas palavras de 1 Samuel 2. O quadro a seguir irá fixar a estrutura para nós. . essa casa é toda a nação de Israel. Ao homem que queria construir uma casa para Deus. Não é igualmente necessário discorrer de novo sobre a pessoa de Salomão nem sobre os aspectos tipológicos de seu reino. é a casa de Davi. e (3) sujeitar-se à disciplina. que tratam do templo do Senhor.10). Os capítulos restantes (10-36) dão a história de Judá até o exílio. no sentido central. aos que me honram. o templo glorioso é construído e.com 2 Cr 3. é o templo. infelizmente. em 1 Crônicas temos: o P O V O do Senhor (1-9) o U N G I D O do Senhor (10-12) a A R C A do Senhor (13-16) a a l i a n ç a do Senhor (17-21) o T E M P L O do Senhor (22-29) ' O tema de 1 Crônicas é a casa do Senhor. ele pode ser resumido com toda brevidade. levitas (23). Não há necessidade de uma análise detalhada. Isto nos leva ao último grupo de capítulos (22-29). Quanto ao reinado de Salomão. Chegamos ao Segundo Livro das Crônicas. e uma incumbência final em antecipação para Salomão e a nação (28-29). uma vez que já fizemos isso em nosso estudo de 1 Reis. porteiros e outros trabalhadores (25-27). A aliança davídica afirmara que a descendência de Davi iria: (1) herdar um reino sólido. temos nesses capítulos a A L I A N Ç A do Senhor.. Assim sendo. (2) construir o templo. Assim. Os nove primeiros capítulos mostram-nos os quarenta anos do reinado de Salomão. o Senhor diz: “ . sacerdotes (24). mas ele fez grandes preparativos — materiais (22). a maior parte do relato é associada ao templo. Tentaremos apreender os significados nacionais e morais do esboço do cronista. Essas três provisões começam a ser cumpridas no reinado de Salomão. o S E N H O R te edificaria uma casa” (1 Cr 17. com uma abertura gloriosa e um fim terrível..30: “. Para o nosso propósito aqui. Num sentido mais amplo.. Não precisamos falar aqui sobre o templo como um edifício. a disciplina precisa ser aplicada. num sentido mais restrito. músicos. As promessas de Deus relativas às questões/znaõ' jamais contêm uma oração condicional (“se”). honrarei”. Trata-se de um livro trágico. foi-lhe prom etido ‘prolongam ento de dias’ se perseverasse em seu andar com Deus (1 Rs 3.14) — ele perdeu este último dom e morreu aos 59 anos”. O trono e o templo têm como propósito apoiar e glorificar um ao outro. como já foi observado. O PRIMEIRO LIVRO DAS CRÔNICAS A CASA DO SENHOR A RESPOSTA A DEUS: O FATOR DETERMINANTE I. Conhecemos a história. e ele os recebeu. mas as promessas relativas aos processos intermediários em direção a essas questões finais com freqüência incluem um “se”. AS PRINCIPAIS GENEALOGIAS D E ISRAEL (1-9) D E A D Ã O A J A C Ó (T A M B É M A L IN H A G E M D E E S A Ú ) (1) D E J A C Ó A D A V I (T A M B É M A L IN H A G E M D E C A L E B E ) (2) D E D A V I A Z E D E Q U I A S (E O P Ó S -E X ÍL IO ) (3) A S G E N E A L O G IA S D A S T R IB O S E S U A S T E R R A S (4-8) Nova localização pós-exílio (9) II. sendo que o trono . observemos de novo o ponto central de interesse. Já lemos o relato do cronista.26-30) Que história depois da morte de Salomão — a começar com Roboão e a “ruptura” até Zedequias e a “dispersão”! Não há necessidade de mencionar separadamente aqui cada um dos vinte reis. apesar de interrupções ocasionais. mas desenvolve-se uma apostasia que se agrava cada vez mais. Nas crônicas precedentes levantaram-se diante de nós um T R O N O estabelecido numa aliança divina e um t e m p l o que se tornou glorioso pela presença divina nele. riqueza e poder. “prometeram-se a Salomão sabedoria. O REINADO DE D AVI EM JERUSALÉM (10-29) O U N G I D O D O S E N H O R (10-12) A A R C A D O S E N H O R (13-16) A A L IA N Ç A D O S E N H O R (17-21) O T E M P L O D O S E N H O R (22-29) A morte do rei Davi (29.porque encontram seu objetivo final em Cristo (veja nossa nota sobre 2 Sm 7). Todavia. Assim sendo. e não a política e a economia — como parece ser a idéia de governo que hoje prevalece. nos dias em que (Uzias) buscou ao Senhor.7).se torna o pior inimigo do templo. Daí o exílio e a suspensão do trono davídico. O lugar que reservamos a D E U S é aquilo que determina nossa prosperidade ou adversidade. O Israel de outrora — reis. O abuso do chamado superior mediante . pelos altos e baixos da história da nação. mas devemos captar a verdade moral e espiritual do livro. Ele suporta. líderes. Deus o fez prosperar” (26. mas não irá ignorar um persistente abuso de privilégios. No novo período sem trono. com suas reformas ocasionais e recaídas cada vez piores. é preciso que seja o trono. Jotão se foi tornando mais poderoso. porém. que sempre que o rei e o povo honravam a Deus havia pros­ peridade. pois achava que. nos dois livros de Crônicas temos uma visão histórica completa da monarquia davídica e vemos nela um chamado superior.. Os princípios morais e as convicções espirituais são as coisas mais importantes com relação ao progresso ou declínio nacional. É também permitido que o templo seja queimado. quando agiam com infidelidade para com Deus surgiam as adversidades. uma grande bênção. Isto se aplicou especialmente a Israel. nossa história e nosso destino. vital e urgente: a resposta de uma nação a Deus é o fator realmente determinante áe sua história e âestino. Como não pode ser o templo. até chegar o ponto em que um deles deve desaparecer. mas é universalmente verdadeiro com respeito aos povos da terra hoje: “. Página após página esta verdade é confirmada: a resposta da nação a Deus é o fator realmente decisivo em sua história e destino. “.. desde que o Senhor não podia ser visto.6) — esta é a ênfase em todo o livro de 2 Crônicas. descobrimos que ela ainda existe. O propósito é que percebamos. Por toda a história desses reis. um novo templo deve ser construído. há uma verdade solene. pois já fora mais profanado pelo pecado dos judeus do que poderia ter sido pelo incêndio babilónico. porque dirigia os seus caminhos segundo a vontade do Senhor seu Deus” (27. Quando obser­ vamos os acontecimentos durante certo período.. Este é o significado central para a nação. mas eles não enganaram a Deus. e nós também não podemos fazê-lo: “. Ele também não podia ver.. Esta verdade talvez não seja percebida de modo tão imediato em nosso mundo moderno com sua complexidade internacional. julgando que podia pecar com impunidade. povo — enganou a si mesmo.. Ele reina. Ele escolhe.5). de Deus não se zomba” (G1 6. erros e um triste final. Tomados em conjunto.. depois do exílio. Como seria bom se as nações. Apenas como um exemplo em 2 Crônicas. A HISTÓRIA DE JUD Á ATÉ O EXÍLIO (10-36) A “D I V IS Ã O ” D O R E IN O (10) O S V IN T E R E IS D E J U D Á (11-36) A D E P O R T A Ç Ã O P A R A A B A B IL Ô N IA (36. ou leia os capítulos notando os dois persistentes perigos para o templo e para a verdadeira adoração: (1) negligência e (2) cor- . (3) sob Josafá contra os moabitas. e (4) sob Ezequias contra os assírios. (2) sob Asa contra os etíopes. veja os quatro livramentos concedidos a Judá: (1) sob Abias contra Jeroboão. OS QUARENTA ANOS DO REINADO DE SALOMÀO (1-9) O S P R IM Ó R D IO S do R E I N A D O D E S A L O M Ã O (1) S A L O M Ã O E D IF IC A O T E M P L O (2-7) S A L O M Ã O E M T O D A S U A G L Ó R IA (8-9) Morte de Salomão (9.29-31) II. Note como em cada caso a vitória é atribuída ao fato de Deus ter lutado por Judá (veja os capítulos 13.15-21) Decreto de Ciro (36.22. 20 e 32). 23) Reflexões finais Em nossa curta pesquisa de Crônicas tivemos de deixar de lado vários pontos interessantes. 14.um padrão de vida inferior sempre termina em desastre. os líderes e os povos pudessem compreender isso hoje! O seguinte esboço irá ajudar a fixar os pontos principais em nossa mente: O SEGUNDO LIVRO DAS CRÔNICAS O TEMPLO E O TRONO A RESPOSTA A DEUS: O FATOR DETERMINANTE I. Cada parte está repleta de sugestões espirituais. Talvez algumas sugestões possam ser úteis ao term i­ narmos. Os livros de Crônicas são um terreno fértil para os pregadores. 10-47 21.1-9 24.1-11 6.12-23 7 8 10 11.1 6 17 18 19 6 .8-39 24.1-3 11. em qualquer reconstrução nacional.2 4 21.1-5 5.1-3 31 2 Sm 5. tanto negativa como positivamente.10-12 2.11-16 5. A fim de ajudar nisto.2 3 . Nas palavras do Dr.1-4 20.1-14.10-17 24.1-7 12. de Reis e certos capítulos de Isaías é necessária no estudo de Crônicas. H. 1 Sm 27 29.9 6 .1-3 11.29-31 23.6-10 5. Damos a seguir uma lista das passagens paralelas.1 1.1-27 12.1 2.7-17 21.19-22 10 11.18-22.1-6 2 7 . Também as reformas sob Ezequias constituem um excelente estudo.1-7 14.rupção.18-24 1 R s 2.1 28.1 20.20. damos abaixo uma lista completa das passagens paralelas com as quais as pas­ sagens de Crônicas devem ser analisadas. mostrando os primeiros passos a serem dados.46 3. 4.4-15 5 2 3. 21 29.2-13 2 .23-30 2 Cr 1.4-9 14. J.1 23.1-9 24. PASSAGENS PARALELAS Uma comparação com os livros de Samuel.17-25 1 Cr 12. Moulton: “Poucos exercícios serão melhores no estudo da literatura histórica do que comparar essas duas divisões da história bíblica (Crônicas com Samuel e Reis) em seu tratam ento do mesmo incidente”.8-17 13 1 5 . 21.7.1-3 .10. 13. . . 20.16-19 .1-19 12. .24 24.5-12 11. 5 8.1.1-6 . .10-12 23 24.4-14 24.23. . 9. .2.1 12.13-15 15.19-21 . 20. 16.11-14 . .1 8 12. 21. 7.9 .31-33 .4.10-28 10.2 4 8.16-22 1 5 .18-22 5. .38-46 7.2 3 . .25-28 1 4 .50 2 R s 1. .2 1 . 21.17 4. . .25-27 . .1 2 Cr 20. . 22. . . .10 7.6. . . 21. 15.1-4 . .1 7 .2 3 . 8.2-12 8 . . . . 22. 16.1-3 . .45 22.2 4 2 2 . . 22.1-3 . . 17. . 3.2-31 . . .35-37 .22. . . .1 15. 8 9. .4 4 22. 3.6-16 1 2 .16-18 .2-7 .4-20 .11-22 8 9. .23-26 7.1-28 10.7 .41-43 22.25-28. . .1 . 20.8-15 . . 29.8 22. .1. . .2 .13-16 . . .1-5 . 12.6 1 5 . . .14-17 9.26-31 14.22-24 14.28.1 1 .25 12. 20-22 8 .1.1-3 24.2 9 -3 1 15.1-12 9. .26-29 11.15-21 7.8 1 5 . . 12.14-25 10.5-7.18-20 .1-9 9. . 1. .51 .21. 13. .34 .21-24 12.47-49 22. .1 -4 0 . 11. .29-31 10 11.47-50 7. 13.13-24 9.11-14 .14.25-27 .2-5 4. .1-4 11.13-17 12. .1 2 15. 11. .1 5. 18 .1-13 10. . 14. 12. .15-17 4. . 11. . . .41-43 12. . .11-16 25. 16. .27.8-19 19.8-18 . 18. 25.12-19 18.21-25 .20 Is 37.1-3 23. .7 .1-5 19. 15. .7 19. .7. 7 2 Cr 32.13 .19 .20-37 20. .1 1 . .1 2 20.1-3 3 6 .29-32 35.8-20 2 Cr 32. 14. 16. . 15.1-4 Is 37.28.1.9 36.17.1-11 .1-4 25.30-33 23.32.1-8 2 Cr 32.2 Is 3 6 .2 7 .1-9 33.17-37 19. .18-20 33. .1-4 15.1 2 Cr 32.1-6 . .2 .34-37 24. . 20 . . 2 8 .1-7 34.21. . . . 33 .20 .21-25 34. . .17-20 . 14.1 . . 16.14. .1 . 18. .2 28.1. 31. . . .9 2 8 .19-26 22.38 . 16.21 21.9-19 Is 36.18 21. .32-35 .21-38 2 Cr 32.29 .22.4 . 15. .2 6 .3.8.24-26 23.21-23 23.5 36.3-8 28. . 28.2 3 27.10 3 6 .6.15-17 24.1-8 27.8-14 . . 14. .25-28 26. 14.3-20 23.8-28 34. .1-15 2 6 . .21 Is 37. 16. . 2 9 . .1-19 34. . .14-16 .20 .9 24. .6.16-19 28. .20-27 36. .19.2-8 2 Cr 32.4.20.6 . 18. . .1-16 21. .6. . .2 22.24 Is 38 Is 39.2 2 .7 .18.33 35.17-24 25.28-30 23.1-3 .2-22 2 Cr 32. 15. . .17 Is 37. Quando Deus é honrado. Acima de tudo. é para que “suba” e R E C O N S T R U A O T E M P L O . O chamado para nossa nação hoje. Nossos líderes nacionais deveriam refletir sobre esse fato. . por mais sagaz que seja a política.18-21 E sta lista d e p assa g en s paralelas foi extraída d e The A n n o ta te d B ible ( “A B íb lia com N o ta s”). . É aplicável na antigüidade e hoje. . Mas quando Deus é desonrado. possa a mensagem central de Crônicas gravar-se em nossa mente: a resposta a Deus é o fator realmente decisivo. É bom saber que recentes descobertas arqueológicas confirmaram Crô­ nicas com exatidão.13-16 . d e A .24. . G aeb elein . G . ela não pode evitar o desastre final. O primeiro dever e a única e verdadeira segurança do trono está em sua relação com o templo. Isto é verdade tanto para uma nação como para um indivíduo. o governo é bom e a nação prospera. 36.8-21 . 36. .20 25. tão claro quanto no decreto de Ciro (mencionado no final de 2 Crônicas). O LIVRO DE ESDRAS (1) Lição NQ42 . Alguns acreditam que esse compilador tenha sido Esdras. segundo opinião de muitos críticos. como em Tucídides e em Daniel. G E O R G E R A W L IN S O N .27-9. B. enquanto outros crêem tratar-se de um judeu desconhecido contemporâneo a ele. M . Esta última teoria baseia-se no fato de haver curiosas transições da terceira para a primeira pessoa e vice-versa. veja nota no apêndice ao nosso próximo estudo sobre Esdras.. sem alternância (7.. a tradição atribui o livro inteiro a Esdras. então este será mais um argumento a favor da autoria de Esdras. E M “P U L P IT C O M M E N T A R Y ” Nota: A citação acima refere-se a “curiosas transições” (plural) da terceira para a primeira pessoa e vice-versa. Tome nota dos pontos ou referências problemáticos. ..15). Supõe-se que estilos diferentes podem ser identificados no começo do livro.28. Mencionamos isto por parecer que fortalece ainda mais a probabilidade de Esdras ter sido o autor-compilador e não um “judeu desconhecido contemporâneo a ele”. o que ocorre em trechos finais (7. Muitos afirmam que o Livro de Esdras é obra de vários escritores e que sua unidade lhe foi dada por um compilador. Admite-se que Esdras tenha escrito pelo menos uma parte. usando palavras suas na maior parte e inserindo documentos em certos pontos. Pelo menos alguns deles serão tratados nas duas lições seguintes. A .NOTA: Leia duas vezes o Livro de Esdras para este estudo.. e se este escreveu Crônicas. A harmonia geral do livro inteiro e a real uniformidade de seu estilo favorecem esta opinião. S. Além disso. Quanto aos “meses” judaicos. A objeção quanto à mudança de pessoa não tem grande importância. é tão plausível quanto qualquer outra hipótese.1). A verdade é que existe uma divisão inteira em que a mudança para a primeira pessoa é mantida. como se ocorressem várias vezes.. 10. J. R E V . pois modificações deste tipo ocorrem com freqüência em obras admitidas como tendo sido produzidas por um único autor. mas a crença mais simples de que ele realmente compôs o todo. Neemias e Ester — completam o grupo de dezessete livros históricos que formam a primeira parte do Antigo Testamento. Zacarias e Malaquias. como também por escrito. para que se cumprisse a palavra do Senhor.10. C. e o Livro de Esdras reconhece isto em suas primeiras palavras: “No primeiro ano de Ciro. rei da Pérsia.11).11. Esses três formam um conjunto que registra as relações de Deus com os judeus depois do cativeiro. isto é. Este fato aconteceu por volta do ano 536 a. Esdras e Neemias tratam do “remanescente” que voltou a Jerusalém e à Judéia. R E I D A P É R S IA : O S E N H O R D E U S D O S C É U S M E D E U T O D O S O S R E IN O S D A T E R R A .12 e 29. Tanto o exílio como a volta foram previstos muito antes do início do exílio (veja Jr 25. dizendo: A S S IM D I Z C IR O .O LIVRO DE ESDRAS (1) OS T R Ê S pequenos livros que estão agora à nossa frente — Esdras. rei da Pérsia. enquanto o Livro de Ester está ligado àqueles que ficaram na terra do cativeiro. E S U B A A JE R U SA L É M D E J U D Á . pois foram esses os três profetas que Deus levantou dentre Seu povo no período pós-exílio. por boca de Jeremias.. devemos ler também os três profetas no fim dos dezessete livros proféticos. E M E E N C A R R E G O U D E L H E E D IF IC A R U M A C A SA EM JE R U SA L É M D E JU D Á . no final dos setenta anos de escravidão à Babilônia. a saber. A volta do remanescente O assunto abordado por este Livro de Esdras é um dos mais importantes na história judaica: a volta do remanescente. SEJA SE U D E U S COM EL E. Q U E M D E N T R E V Ó S É D E T O D O O S E U PO V O . D E U S D E IS R A E L . Ageu. E E D I F I Q U E A C A S A D O S E N H O R . À medida que lemos essas três obras do final dos dezessete livros históricos. . despertou o Senhor o espírito de Ciro. E L E É O D E U S Q U E H A B IT A E M J E R U S A L É M ”. o qual fez passar pregão por todo o seu reino. quem expediu o decreto que precipitou a volta do remanescente judeu a Jerusalém). Este total. preferiu a vida tolerável e talvez até lucrativa sob o governo persa. O poder da Babilônia desmoronara e perecera diante da força irresistível do império persa (o que justifica o fato de ter sido um rei persa. três grupos de famílias são enu­ merados no segundo capítulo de Esdras. totalizando 4. Assim sendo. Esse número. parece ser apenas o conjunto de homens. quando surgiu a oportunidade providencial para a repatriação. Mudanças históricas também haviam acontecido durante esses anos de exílio dos judeus.289. grande parte da velha geração morrera e a nova geração de judeus que crescera em meio ao ambiente estrangeiro não tinha aquela sensação penosa de estranheza.Assim. devemos notar esses dois fatos desde o início — primeiro. para sua vergonha. a maior parte da nação. humilhação e ressentimento que seus pais haviam sentido. Durante os anos de cativeiro na Babilônia. porém.818. Esses três totais juntos dão a soma de 29. o total geral de homens. que foram sete mil trezentos e trinta e sete”. não passava de um “ remanescente”.385. podemos.000. portanto. perfazendo um total de 24. Ciro. era bem pequeno. considerar o tamanho do remanescente como sendo um número redondo — 50. Assim sendo. que a volta foi anunciada como profecia.144 pessoas.697. mulheres e servos é de 49. o Grande. . pois lemos nos versículos 64 e 65: “Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta. afora os seus servos e as suas servas. que o decreto de Ciro fez com que ela começasse. Portanto. em comparação com o total da nação. e segundo. De fato. Depois vêm os grupos de levitas e outros. Os totais do remanescente Quanto ao remanescente que voltou. à qual se adaptara muito bem. somando 1. Seguem-se quatro grupos de sacerdotes. é compreensível — mas não desculpável — que a atração da terra natal não fosse tão forte sobre eles como havia sido para os pais exilados. e os judeus não parecem ter sido muito maltratados sob o governo persa. C. sob a liderança de Zorobabel (veja 2. juntamente com os netinins (os servidores do templo — 8. dividindo este livro de Esdras em suas duas partes principais: parte I — a volta sob Zorobabel (1-6). Ela foi ocasionada por um decreto de Artaxerxes. somaram cerca de 2. podemos dizer que a volta do re­ manescente à pátria deu-se em dois estágios: começou com Zorobabel. há razões para crer que 1 e 2 Crônicas. que afirma discernir vários estilos diferentes no original. apesar de ser dito que este era somente o número de homens (8. no primeiro ano de Ciro (536 a. Com este outro grupo de Esdras em vista. (2) os estudiosos concordam que uma única mão pode ser rastreada através de Crônicas.000 pessoas. o sacerdote e escriba. houve uma nova volta. O ponto de vista judaico e dos primeiros cristãos é de que Esdras foi o autor-compilador desse original. C. em 536 a. três pontos a favor da tradição de Esdras: (1) não encontramos ainda qualquer razão forte contra ela. Esdras e Neemias. feitos por uma mão competente pouco tempo depois. o rei persa que ocupava nessa época o trono.20). basta responder que o fato de Esdras ser o autor-compilador da m aior p arte da obra não exclui necessariam ente os toques com­ plementares guiados por Deus aqui e ali.) e completou-se oitenta anos mais tarde. O novo retorno sob Esdras é descrito nos capítulos 7 e 8. Talvez possamos mencionar novamente aqui. parte II — a volta sob Esdras (7-10). para nosso proveito. nem exclui que as partes autobiográficas no Livro de .3 etc). com Esdras. descendente direto dos reis de Judá.Uma volta posterior Houve então essa volta de cinqüenta mil pessoas em resposta ao decreto de Ciro.2). embora de um número bem menor. sob o comando de Esdras. em 456 a. C.. Esdras e Neemias eram originalmente uma só obra. O “Livro” de Esdras Como indicamos em nosso estudo de Crônicas.. no sétimo ano de Artaxerxes (456 a. e (3) é difícil encontrar outra alternativa. Quem era mais adequado ou mais provável? Quando à perícia crítica “super-especializada”.). C. e os doze grupos dos que compunham todo o conjunto. Mas cerca de oitenta anos mais tarde. e que ela é certamente a de Esdras em parte do livro que leva seu nome. Em ambas as partes é apresentada uma lista cuidadosa das pessoas que voltaram e dos utensílios sagrados. Na parte 1 a figura central é Zorobabel. Quando à data do livro.. especialmente quando os pecados dos homens trazem enormes calamidades sobre o mundo.. porém.Neemias tenham sido escritas pelo próprio Neemias. pois o juízo se tornara necessário e a dor era bastante merecida. C. na 2.. No final da parte 1. ainda que entristeça a alguém. pois. foi escrito alguns anos depois desse evento.32: “. Deve-se compreender bem que entre essas duas partes (i. Talvez o significado espiritual básico do livro possa ser mais bem expresso nas palavras de Lamentações 3. A parte 1 começa com o decreto de Ciro. A volta sob Zorobabel ocorreu no primeiro ano de Ciro (1. Existe um paralelismo notável entre as duas partes principais deste Livro de Esdras. Os seis primeiros capítulos do livro cobrem os primeiros vinte anos (aproximadamente) depois da volta com Zorobabel.. Em lugar de uma análise comum. C. e uma restauração compassiva tornou-se possível. temos a nova volta com Esdras e os acontecimentos subseqüentes. agora. Essa verdade é mais que maravilhosa — o Deus de Israel e do universo é um D eus compassivol Não devemos nos esquecer disso. entre o final do capítulo 6 e o começo do 7) existe um intervalo de sessenta anos. devemos ter em mente um quadro do livro nesta forma paralela. ou seja. o principal resultado é a recons- . evidentemente ele foi escrito depois do último evento registrado.1).. Deus não Se esquecera de ser gracioso. a parte 2 começa como o decreto de Artaxerxes. usará de compaixão.1. o período de exílio havia passado. Como já mencionado. Provavelmente. 8). é Esdras. ocorrida no ano após sua chegada a Jerusalém (456 a. em 536 a. na parte 2 temos o ministério do sacerdote-escriba Esdras. Durante a primeira parte desse intervalo. isto é. do capítulo 7 ao 10. e. oitenta anos depois.. a reforma sob Esdras. parágrafo por pa­ rágrafo. em 456 a. aconteceram os eventos críticos narrados no Livro de Ester.” Deus certamente entristecera Seu povo eleito. A estrutura do livro é simples e interessante. isto é. Na parte 1 temos o ministério dos profetas Ageu e Zacarias. há uma clara divisão em duas partes.). o que deixa cerca d esessenta anos entre o final do capítulo 6 e o começo do 7. O retorno sob Esdras deu-se no sétimo ano de Artaxerxes (7. depois disso. C. Do capítulo 1 ao 6 temos a volta com Zorobabel e o que se seguiu a ela. 24-35) A ch egad a a Jeru salém (8. ele seria o “Livro do Remanescente”. 2. em lugar de “Esdras”. e não apenas Esdras. usará de compaixão.15-22... o escrib a (7.1-10) N o m es e núm ero d e acom p anh an tes (8.1) M in istério p rofético: A g eu .14) R esu lta d o principaí — recon strução d o tem p lo (6. no final da parte 2.1 1 -2 6 ) Os dois líderes Se este livro recebesse o título de acordo com seu tema e não pelo autor. Esdras foi. seria “O Livro de Zorobabel e Esdras”.3-65) U te n sílio s sa grad os e p resen tes (1. pois. Se fosse intitulado conforme suas partes ou personagens principais.6-11.15-22) O líder E sdras. na verdade. 8.1-44) A VOLTA COM ESD R A S (7-10) O d ecreto d e A rtaxerxes (7 . não venhamos a pensar no próprio Esdras como o personagem principal da história.1-4) O líd er Z o ro b a b el (1.1-20) U ten sílio s sagrados e p resen tes (7.1-15) R esu lta d o p rincipal — nova sep aração en tre o p ovo e o s estran geiros (10. ” A V O L T A COM ZOROBABEL (1-6) O d ecreto d e C iro (1.. para que.8..68-70) A ch eg a d a a Jerusalém (3.1 .2) N o m e s e n ú m ero d o rem a n escen te (2. Vale a pena mencionar isto.1-6. “Livro da Restauração” ou “Livro da Repatriação”. ainda que entristeça a alguém.O L IV R O D E E S D R A S (1) trução do templo. o principal resultado é a nova separação entre o povo e os estrangeiros. Z acarias (5. em vista da repetida referência como “Livro de Esdras”.32) M in istério in tercessório d e E sd ras (9. O LIVRO DE ESDRAS O LIVRO DA RESTAURAÇÃO “. 2. o chefe do grupo dos que regressavam e quem conduziu a nova . O profeta contemporâneo Ageu dirige-se sempre a ele como “Zorobabel. e isto é mostrado definitivamente em 1 Crônicas 3. exceto por inferência de dados muito escassos. Zorobabel é também chamado por dois outros nomes — “Sesbazar” (1. Zorobabel descendia diretamente da linhagem real de Davi. foi Zorobabel. a viagem com o remanescente de 50. indicando que era um filho do exílio. mas sua primeira ida. De fato. e o administrador-chefe dos assuntos do remanescente. ele pertencia à geração nascida no cativeiro. A R C ) . Seu zelo religioso está implícito. Quando chegamos ao Novo Testamento. Sua linhagem torna mais notável o fato de ele ter liderado o remanescente.11.63. Nada sugere que ele já tivesse visto Jerusalém ou a Judéia antes. A última referência histórica a Zorobabel encontra-se em 5. . Zorobabel Neste Livro de Esdras.2. descobrimos imediatamente que Mateus completa os elos. Esses dois líderes são figuras de grande importância na história de Israel. O cronista considera tão importante a linhagem de Zorobabel que. Ele é chamado “Zorobabel. segundo a carne. filho de Pedaías”. “Zorobabel”. nascido na terra da Babilônia ou provavelmente na própria cidade da Babilônia.17-19. até que. sendo o neto do rei Jeconias (que começou a reinar com a idade de dezoito anos. Esdras ou Neemias. Como ele devia ser adulto quando guiou o remanescente de volta à Judéia. depois de ligá-la em retrospecto à de Davi. supomos que já havia morrido há bastante tempo quando Esdras chegou a Jerusalém. mas o verdadeiro chefe do remanescente.000 a Jerusalém não era uma “volta”. ele a segue até várias gerações depois de Zorobabel — ou seja. o último é um título persa. oitenta anos antes da expedição de Esdras. da linhagem de Davi e Zorobabel. governador de Judá”. significa “descendente da Babilônia ” .8-16).14-16) e “Tirsata” (2. Sua linhagem completa é dada em 1 Crônicas 3. O primeiro é seu nome babilônio ou caldeu. oitenta anos depois do remanescente. Nada sabemos sobre o caráter pessoal de Zorobabel. depois de seu restabelecimento na Judéia. nasce C R IS T O . Seu nome pessoal. a algum ponto mais avançado no tempo em Crônicas. significando governador (como em ARA). mas foi levado cativo para a Babilônia três meses mais tarde.separação (7-10).8. Isto também sugere que no caso pessoal de Zorobabel. 5. veja 2 Rs 24. Ele nos mostra como Deus pode usar alguém que estuda visando ter uma compreensão profunda da palavra escrita de Deus. Notamos seu cui­ dado em conformar a adoração restaurada à palavra de Deus (Ed 3. é verdade que esses grandes desenvolvimentos aconteceram durante ou logo depois do período da liderança moral e literária de Esdras. devemos observar Esdras pessoalmente. também nasceu. temos razão em considerá-lo uma figura notável. Entretanto. (2) o estabelecimento do “cânon” sagrado. (3) a mudança das Escrituras hebraicas da língua hebraica antiga para a nova. com seus caracteres assírios de forma quadrada. Ag 1. e do Livro de Neemias. e sua influência não foi pequena. Esdras jamais se tornaria o líder que foi. Se não fosse assim. juntamente com o livro que traz agora seu nome. e (3) completou a edificação do novo templo (compare 3.1. Ele nos revela que ter um conhecimento completo e cuidadoso das Escrituras é uma qualificação nobre e vital para uma . mas será que todas realmente procedem dele? Inves­ tigadores de grande conhecimento nessas tradições judaicas consi­ deram-nas em grande parte lendárias. (4) a compilação de Crônicas. via Talmude.8 e 6. e sua organização em três partes: a lei. Portanto.naturalmente. quase com certeza. Esdras A tradição judaica. Ele era um dos cativos na Babilônia. Mas a glória tríplice que o imortaliza é que ele: (1) comandou o remanescente de volta à Judéia.15 com Zc 4. Arão. na própria liderança do remanescente. então sua figura é certamente digna de ser observada com admiração. todos os elos da árvore genealógica são dados em 7. os profetas e os escritos. Esdras era então sacerdote e também “ escriba” — “escriba versado na lei de Moisés” (7.9). tornou Esdras um dos personagens mais ilustres em toda a história de seu povo.6).12).2-5. No entanto. Era descendente direto do primeiro sumo sacerdote de Israel. o que significa que ele era um instrutor perito nas Escrituras. e (5) a instituição de sinagogas locais. 11) e sua resposta aos dois profetas (5. onde.2. Cinco grandes obras são atribuídas a ele: (1) a fundação da chamada “Grande Sinagoga” ou sínodo de eruditos judeus (veja a nota em nosso próximo estudo). (2) lançou os fundamentos do novo templo.1-5. ou lista autorizada das Escrituras hebraicas oficiais. Se essas grandes realizações tiveram origem em Esdras de maneirà comprovada e direta. 10). 4). sua atitude pronta e destemida contra tudo o que era errado (10). sua profunda humildade diante de Deus (w .3.liderança superior. sua dependência de Deus em espírito de oração (8.27. Em seu caráter pessoal. sua grande tristeza pelo pecado do povo (9. Veja seu propósito piedoso (7.21-23). 5-15). Esses aspectos do caráter de Esdras merecem reflexão e podem muito bem levar-nos a orar de joelhos para que as mesmas qualidades sejam reproduzidas em nós. Esdras dá igualmente um ótimo exemplo. . sua gratidão piedosa pelo sucesso (7. 28). mediante o ministério santificador do Espírito Santo. O LIVRO DE ESDRAS (2) Lição NQ43 . NOTA: Para esta lição. Alexis Carrel. por registrar eventos singulares ocorridos há milhares de anos. de outra forma. releia o Livro de Esdras de uma só vez. mas só agora eles estão sendo reconhecidos. Esta autoridade na pesquisa médica chega a aceitar os milagres de cura através da oração. S IR C H A R L E S M A R S T O N . Aqueles dentre o nosso clero que se denominam “modernistas” devem familiarizar-se com este avanço do conhecimento. Evidências de acontecimentos inusitados na vida humana sempre existiram. tornar-se-ão “modernistas antigos”. Um dos mais brilhantes cientistas franceses da atualidade — o Dr. registrados e documentados pela ciência. eviden­ temente. segue-se que as pessoas bem informadas e não preconceituosas não podem daqui por diante rejeitar a narrativa bíblica. incluindo até mesmo moléstias orgânicas como o câncer. Uma vez que isto está sendo feito. do Instituto Rockefeller de Nova Iorque — afirmou que a atitude negativa em relação aos milagres não pode mais ser sustentada em face dos fatos observados pela ciência durante os últimos cinqüenta anos. caso desejem manter seu título. as palavras são “para Babilônia”. praticamente nenhim Q p\ adultos que tomaram parte dele poderia estar vivo ou ser fisiraffnOTte-capaz de se juntar ao “remanescente” que voltou. com base em J e r e m i^ ^ . e terminou com ícreto de Ciro em 536 a. . pois o exílio durou i*51 anos e não setenta. Antes disso.10. foram valentes e zelosos em viajar mil e cem quilômetros da Babilônia até Jerusalém. Mas um leitor cuidadoso irá per irim í iatpmente que. A história do livro torna-se bem mais interessante quando i partes obscuras que aparecem aqui e ali são esclarecidas e c . que viram a primeira casa (o templo de Salonc p^$^V.Xü>am em voz alta quando à sua vista foram lançados os rxasa” (a nova). algumas das quais desejamos mencionar.O LIVRO DE ESDRAS (2) E S T E L IV R O de Esdras contém liçoes espirituais notáveis. Mesmo assim. suplementar incide sobre elas. veja nossa nota sobre isto no estudo de Ageu). Esses homens mais velhos que voltaram a Jerusalém com o “remanescente” não tinham necessariamente mais de 70 anos.21. Tod^ay^é5^3H^ lemos: “Porém muitos dos sacerdotes e levitas e cabeças deàím m ks'já idosos. Deus não diss ie Sei vo ficaria na Babilônia 70 anc ias que haveria um domínio de setenta anos para a Babilônia (que se cumpriu exatamente. se o exílio durou setenta anos. Em Jeremias 29. Ele começou em 587 a. -Á Q Notas explicativas e informações^e A duração do exílio O exílio dos judeus na BabilcpiS é irímtas vezes referido como o exílio dos setenta anos. C. devemos tratar de vários pojiloj (jg narrativa cjuc íalvcz não cstcjarn muito claros para alguns leitores. C. porém. Devemos então pensar que esses “muitos” 'hom ens de noventa anos ou mais? Não.1 0 e 2 Crônicas 36. uma jornada que significava cinco meses de caminhada diária. 2 Cr 28. C. Isto é ainda mais necessário porque neste pequeno livro são mencionados nada menos do sete reis diferentes.7. nem devemos pensar que o Artaxerxes do capítulo 4 é o mesmo do capítulo 7.2 Rs 18. chegamos a um ponto em nosso estudo bíblico em que deveríamos ter pelo menos um esboço deste contexto em nossa mente.29. assim. O terceiro período é o que está mais ligado a Israel'. Ed 4.12. representando os três impérios mun­ diais. Is 36.11. Is 20.Assíria. 2 Cr 32.2 Rs 17. Em 625 a...10. A história do reino da Assíria tem seu início num passado muito remoto e abrange três períodos.. de cerca de 1430 a 1000 a. 16.3. Portanto.9 Sargom (722-705) .10 (“Asnapar”?) Com a morte de Assurbanípal. 2 Cr 33. que reinou até 606 a.20 Salmaneser IV (727-722) . tem como pano de fundo três impérios mundiais — Assíria. e o segundo. Com o Livro de Esdras diante de nós. C. quando a Babilônia passou a dominar. continuando até que Nínive foi finalmente destruída. Em primeiro lugar temos o IM P É R IO A S S ÍR IO . a Babilônia recuperou a independência com Nabopolassar (pai de Nabucodonosor). este período maior da Assíria entrou em declínio.. a Assíria tornou-se senhora do mundo. Babilônia e Média-Pérsia serão úteis. Babilônia..2 Rs 18-19. 28-34 Senaqueribe (705-681) . Este período começou em 745 a.2 Rs 15. C. assim como em Esdras. nessa época. Média-Pérsia A história de Israel registrada nas últimas partes de Reis e Crônicas. não devemos pensar que o imperador Dario aqui é o mesmo rei Dario do livro de Daniel. 18.19. que assumiu o nome real de Tiglate-Pileser III. de cerca de 880 a 745 a.2 Rs 19. a história é muito mais significativa quando essas referências são distinguidas com clareza. O primeiro.11. 37 Esar-Hadom (681-668) . O reino . algumas palavras sobre a Assíria.37. Neemias e Ester. C. tendo havido em ambos um período de ascensão ao poder seguido de longo declínio. com o hábil e cruel general-usurpador Pul. por volta de 612-608 a. Estes são os imperadores assírios e sua ligação com a história bíblica: Tiglate-Pileser III (745-727) . C.2 Assurbanípal (668-626) — Ed 4. Babilônia e Média-Pérsia. C. 10. Por exemplo. Uma revolta destronou o último rei meda em 559 a. Eles se asse­ melhavam muito e seguiam os mesmos costumes e religião. Depois de conquistar a Babilônia.” Este é o Ciro cujo decreto para o retorno dos judeus para a Judéia abre o Livro de Esdras.3. apossou-se novamente do cetro das nações. Já mencionamos como o reino dos medas recuperou a independência e fez aliança com a Babilônia para derrubar a Assíria. a cidade da Babilônia. Sua nova soberania começou em 606 a. C. “Em apenas doze anos. destruindo para sempre o império assírio (veja mais sobre isto em nosso estudo de Naum). Ciro teve uma carreira de esplêndidas conquistas. talvez o império tivesse tido um destino melhor! Damos abaixo a relação deles: Nabucodonosor (606-562) Evil-Meiodaque ou Amil-Mai duque (562-559) — 2 Reis 25. cumprindo assim exatamente o que está em Jeremias 29.. conquistou toda a Ásia e garantiu para sua raça durante dois séculos o domínio do mundo. os judeus encontravam-se cativos na Babilônia. todavia. 553-536) O IM P É R IO M E D O -P E R S A substituiu então a Babilônia. com seu punhado de persas.dos medas também reconquistou a independência. C. e a tomada do trono por Ciro transferiu a supremacia aos persas. ou Neriglissar (559-555) — Jeremias 39. isto durou só até 536 a.13 Labashi-Marduque. os medas e os babilônios se aliaram e conquistaram Nínive. Com a queda de Nínive. os medas e os persas tornaram-se um só império. C. com o jovem e brilhante Nabucodonosor. Dois ou três anos mais tarde.27 Nergal-Sarezer.. por volta de 608 a. Ciro colocou ali um certo Gobrias para ser vice-rei. sob Ciro. ou Laborisoarchod (555. a Lídia e a Babilônia.10. Se os reis que se seguiram a Nabucodonosor fossem tão majestosos quanto seus nomes. 9 meses) Nabonido ou Nabunahid (cujo vice-rei foi o “Belsazar” de Daniel 5. Durante os últimos cinqüenta anos desse período. Este Gobrias aparentemente é o “Dario” do Livro de Daniel. Mais tarde.. Essa aliança terminou com o fim do reinado de Nabucodonosor. A seguir vem o IM P É R IO B A B IL Ó N IC O . o Persa. ele destruiu para sempre três grandes impérios — a Média. Ciro também inverteu a prática de deportações que os assírios e . ainda mais antiga. C. Sua idéia era ligá-los a seu governo pela gratidão. Existem intervenções divinas. A seguir damos o nome de seus reis. Não podemos perder de vista que. mas quase sempre invisíveis. Neemias e E ster sem se surpreender com a maneira maravilhosa através da qual Deus reina nos períodos de perturbação e crise. des­ pertou o S E N H O R o espírito de Ciro. e Deus lhes permite.14 Xerxes II (424) Dario II (Nothus. sem violar o livre-arbítrio do homem. asseguram o cumprimento dos propósitos . 465-24) — Ed 7. 336-30) .1. O império persa durou de 536 a.. mas jamais a ponto de fugir ao Seu controle supremo. C. à parte de seus títulos monárquicos.. e deu lugar ao império grego. o qual fez passar pregão. rei da Pérsia. que. Ciro. o Grande. dentro de amplos limites.Ne 12. 404-359) Artaxerxes III (Ochus.1.22(?) Artaxerxes II (Mnemon.6 Gaumata (pseudo-Esmerdis) (7 meses) — Artaxerxes...” Os homens e as nações são agentes livres. Os nomes entre parênteses são os nomes pessoais ou sinetes desses reis. a “proclamação” de Ciro que ocasionou a volta do re­ manescente é diretamente atribuída a uma imposição divina: “. em Esdras 1.babilônios haviam empregado desde a época de Tiglate-Pileser e permitiu que os povos vassalos voltassem aos seus países de origem e restaurassem suas religiões e instituições.7 Dario I (Histaspis) (521-486) — restauração do templo: Ed 5. de Ed 4. 6 Xerxes I (485-464) — Assuero. Ne 2. embora ainda permanecesse sujeito à Pérsia..22(?) O decreto de Ciro Não é possível ler livros como Esdras. C. Foi assim que o Estado judeu teve condições de ser ressuscitado na Judéia.. 359-338) Dario III (Codomano. (primeiro ano de Ciro) até 330 a. quando foi derrubado por Alexandre. de Ester Artaxerxes I (Longânimo. com exceção de dois ou três usurpadores menores em seus últimos anos. em vez de medo. Is 45 Cambises (529-521) — Assuero. que tracem sua própria história. o Grande (536-529) — Ed 1 etc.1. 5. de Ed 4. 424-404) — Ne 12. algumas vezes visíveis. O historiador judeu Josefo conta-nos como isso aconteceu. Não pode haver. mas talvez não necessitemos aceitar tudo. É no mínimo compreensível que a profecia de Isaías tivesse criado na mente de Ciro um desejo ardente de conhecer mais a respeito das Escrituras . que jamais será derrotada. Ele afirma que. Contudo. por que Ciro teria publicado esta proclamação de seu favor para com os judeus? Certamente. e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá” (Ed 1. tendo visto a predição de Isaías. sua transcrição bíblica. qualquer dúvida sobre o fato de o edito.2). Josefo conta-nos muito mais sobre Ciro e seu edito. que a liberdade humana não exclui o domínio divino. e isto implica naturalmente que Ciro (como Josefo declara) passara a reconhecer o Senhor como o Deus supremo. insinuam que os escritores bíblicos recorrem a distorções e interpretações erradas. Os críticos modernistas acham que a única possibilidade de escapar do problema desse palavreado surpreendente é depreciá-lo como sendo “uma paráfrase judaizante do original”. Bem acima da vontade permissiva de Deus está Sua vontade diretiva. Ciro tinha sido influenciado pelos ensinamentos da religião judaica. ao contrário dos babilônios e de outros povos conquistados por Ciro. foi m ostrada ao im perador a notável profecia de Isaías 44. Mais uma vez. As palavras do decreto de Ciro são certamente notáveis: “O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra. Como seria possível a esse imperador persa ser tão reverente e ter tal conhecimento e orientação do D eus de Israel? Note especialm ente suas últim as palavras na proclamação: “Senhor. Nesses últimos tempos da era presente é bom manter esta verdade sempre diante de nós. na qual Ciro é nomeado ante­ cipadamente como o restaurador predestinado dos judeus e reconstrutor do templo. não tinham absolutamente poder para ajudar ou prejudicar o novo governo. ele é o D eus”. Isso tem um efeito estabilizador quando ocorrências más e perturbadoras parecem surgir sem qualquer controle. depois de Ciro ter conquistado a Babilônia. ser literalmente exata. não havia razão política para isso.divinos finais. porém. O fato é que. pois os judeus.24-45. o problema desses críticos passa a ser: se este edito de Ciro não era redigido como se encontra na transcrição das Escrituras. ou seja.6. foi imediatamente tomado de “um desejo e uma ambição sinceros de cumprir o que fora assim escrito”. Deus de Israel. Josefo nos diz que Ciro. escrita duzentos anos antes. ou melhor. de alguma forma. vejamos o que o Livro de Esdras diz sobre a composição do remanescente. mas existem certos aspectos do Livro de Esdras que tratam diretamente do assunto e que devem ser notados. 5). Lemos . mas. Afirma-se que só a tribo de Judá voltou à Palestina sob o decreto de Ciro. é transformada na conversão de Nabucodonosor. preparou a vinda do evangelho do Senhor e Salvador Jesus Cristo. e de Ciro. desse modo. todas as tribos encontravam-se agora em seu império. o imperador persa.inspiradas de Israel. mas com eles estavam “todos aqueles cujo espírito Deus despertou” (v. vemos em 1. A posição do israelismo britânico é de que os judeus são apenas uma tribo (Judá). Este não é o lugar certo para discutirmos o caso do israelismo britânico separadamente. Não só Jerusalém mas também todas as outras cidades da Judéia (veja 2. por que então doze? A seguir.1) foram novamente ocupadas. o exílio dos judeus na Babilônia. e as outras (dez além da tribo dos levitas) se “perderam ”.70. Compare com Neemias 7. Não é perfeitamente lógico supor que esses doze fossem os chefes das doze tribos? Caso negativo. Havia doze líderes. Os chefes de Judá e Benjamim compreensivelmente responderam.7. vejamos Esdras 2. Veja agora Esdras 2. Aqui ficamos conhecendo os chefes do remanescente. Como é de fato esplêndido o controle de Deus! Até mesmo aquela negra calamidade. que por sua vez veio a tornar-se parte do dom ínio de Ciro.2. tomando apenas um aspecto. E as “ dez tribos”? Se lermos cuidadosamente o Livro de Esdras. ao difundir o conhecimento do Deus único e verdadeiro pelas nação do mundo antigo. Primeiro. veremos novamente que ele vai contra aquela teoria fantasiosa de que as chamadas “dez tribos perdidas” são a Inglaterra e os Estados Unidos. sendo as outras os povos ingleses e norte-americanos. já que o remanescente voltaria a Jerusalém e Judá. o imperador babilônio. Devemos lembrar que a Assíria (que levou o reino das dez tribos para o cativeiro) foi mais tarde absorvida pelo império babilónico. A teoria inteira mostra-se cheia de dificuldades. Ele igualmente curou de uma vez por todas a idolatria do povo da aliança e.3 que o edito de Ciro é para todo Israel. 17. elas se haviam infiltrado em grandes proporções em Judá (2 Cr 11. assim como aconteceu com as outras tribos. ele se dirige a um povo disperso conhecido por inteiro como de “judeus”.então que “habitaram nas suas cidades. Não é significativo que. Esdras 4.9. na dedicação do novo templo. como entender a frase “os cabeças de famílias de Israel”. Através de hábeis intrigas.8. os adversários provocam a suspensão das obras de reconstrução do templo. O primeiro deles é que antes de as dez tribos terem sido removidas. desde a índia até a Etiópia (Et 1. Quando o apóstolo Tiago. do mesmo modo.4-24 Esta passagem apresenta um problema que vale a pena notar. 3. 14)? O Livro de Ester não faz distinção entre judeu e israelita. H á razão suficiente para dizer que a maior parte de Judá “perdeu”.29. Além disso. essas indicações de que o remanescente era composto de todas as doze tribos são fortalecidas por dois fatos importantes fora do Livro de Esdras. aqueles povos que são conhecidos por nós hoje como judeus são a posteridade de todas as tribos de Israel e não apenas de Judá. o número de cabritos oferecidos como oferta pelo pecado fosse doze. foi apenas uma pequena parte que voltou à Judéia. Poderia isto significar outra coisa senão que todas as tribos participaram do retorno? Passe para 6. cinco séculos e meio depois. mesmo no caso da tribo de Judá. quando o Livro de Ester fala dos “judeus” como espalhados entre as 127 províncias persas.1). 34.1.13-17.12. de um retorno dos habitantes de Judá. nem o Senhor Jesus nem os escritores do Novo Testamento.6-9). se todas as tribos não estivessem representadas? É mais do que claro que todas as tribos participaram do remanescente. Vemos no versículo 5 que eles “alugaram . Quem pode duvidar disso.35 haja de novo doze novilhos e doze bodes oferecidos por “todo o Israel”? Em 8. Não se tratou simplesmente. por “todo o Israel”? Não é igualmente sugestivo o fato de que em 8. 15. Lembre-se. como também todo o Israel”. como dizem os profetas do israelismo britânico. embora Judá e Benjamim tivessem com preensivelm ente tom ado a liderança. O segundo é o fato de os nomes “judeu” e “israelita” terem se tornado sinônimos durante o exílio. escreveu às “doze tribos que se encontram na Dispersão” (Tg 1. Os dois reis assim conhecidos só governaram depois de Dario. então os versículos 6-23 constituem um longo parênteses contando o que ocorreu trinta anos mais tarde e também os acontecimentos ocorridos vinte anos (ou mais) depois disso. rei da Pérsia.. com a embaraçosa questão dos dois nomes reais nos versículos 6 e 7.6. Não existe realmente nada que a favoreça além da seqüência de nomes reais. Quem eram. a qual estava em Jerusalém. lhe escreveram ” etc.24). Quem eram os “ netinins”? Lemos dezessete vezes em Esdras e Neemias a respeito dos netinins (servidores do templo). 7. a obra da casa de Deus. Não são poucos os que adotaram esta idéia do parênteses. Assim sendo. que neste caso deixam muito lugar para dúvida. Não precisamos nos preocupar. Mas o que é claramente determinante para a idéia é o sentido dos versículos 23 e 24. em cujo segundo ano terminou a interrupção das obras de reconstrução. que reinaram entre Ciro e Dario. até ao reinado de Dario”. todos os dias de Ciro. mas a nosso ver ela é errada e desnecessária. que se refere também ao novo estabelecimento pós-exílio). rei da Pérsia”. A frustração durou do segundo ano de Ciro (3. Esse “ pois” com certeza faz a ligação com o texto imediatamente anterior. se esses são os dois realmente indicados em Esdras 4. portanto. e isso até ao ano segundo do reinado de Dario. A seguir.8) até o segundo ano de Dario (4. No último versículo do capítulo lemos: “Cessou. Além disso. ou os dois nomes podem se referir apenas a Cambises. pois muitas vezes os reis persas tinham mais que um nome. Assuero e Artaxerxes. cerca de quatorze anos. Veja novamente nossa lista de reis persas. esses “ne- .conselheiros” contra os judeus. “para frustrarem o seu plano. Eles podem ter sido Cambises e Gautama. pois o final “im” designa o plural em hebraico. Bislão. rei da Pérsia. O problem a começa no versículo 6: “No princípio do reinado de Assuero escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém ”. Esses dois nomes. uma digressão desse tipo parece bastante estranha e sem nexo aqui. Releia a lista de reis persas. pois. pois. o versículo 7 diz: “E nos dias de Artaxerxes. constituem o problema. Este Dario foi o terceiro depois de Ciro. O “s” no final da palavra não é estritamente necessário.2.. Eles são mencionados apenas uma vez em outras passagens (1 Crônicas 9. . tinins”? O termo hebraico significa “aqueles que foram dados”. Esdras 8.20 chama-os de “netinins, que Davi e os príncipes tinham dado para o serviço dos levitas” (IB B ; a r c , “netineus”). Essa parece ser uma indicação suficiente. Tanto em Esdras como em Neemias eles estão intimamente ligados a outra ordem — “os servos de Salomão”, que parecem ter sido descendentes dos cananeus que Salomão empregou em seu templo (2 Cr 2.17), cujos deveres eram talvez ainda mais humildes do que os dos netinins. É possível que os netinins tenham sido originalmente estran­ geiros cativos que, de tempos em tempos, eram dados pelos reis para o trabalho servil do templo. Os nomes de alguns deles parecem indicar uma diversidade de origem não-israelita. O nome “netinim” parece ter sido aplicado definitivamente a essa classe de serviçais apenas na época do retorno — provavelmente porque o serviço deles tornou-se então muito mais necessário. Neemias 11.21 indica que eles foram organizados em uma espécie de grupo, tendo seu próprio chefe. Além desses lugares, não são mais mencionados nas Escrituras. É possível que, juntamente com outros grupos, tenham sido gradualmente incorporados ao grupo maior dos levitas. APÊNDICES A “GRANDE SINAGOGA” Segundo a tradição rabínica, um grande concílio foi realizado algum tempo depois da volta do remanescente judeu da Babilônia, a fim de reorganizar a vida religiosa do povo. Smith dá o seguinte resumo: “Ele consistiu de 120 membros, conhecidos como os homens da Grande Sinagoga, os sucessores dos profetas, por sua vez sucedidos pelos escribas que tinham proeminência individual como professores. Esdras foi admitido como presidente. O objetivo deles era restaurar novamente a coroa ou glóiia de Israel. Com este fim, eles reuniram todos os escritos sagrados das eras antigas e da deles, completando dessa forma o cânon do Antigo Testamento. Instituíram a festa do Purim. Organizaram o ritual da sinagoga e deram sua aprovação para o Shemôneh Esrêh, as dezoito bênçãos solenes. Grande parte disso evidentemente é incerta. A ausência de qualquer menção histórica de um grupo assim, não só no Antigo Testamento e nos apócrifos, como também em Josefo, Filo e em Seder Olam, de modo que o primeiro registro é encontrado em Pirke Aboth, por volta do segundo século A D., levou alguns críticos a rejeitarem toda a declaração como sendo uma invenção rabínica”. É verdade que muitos eruditos contemporâneos rejeitaram esta tradição; todavia, como diz o Dr. James Orr: “É difícil crer que declarações tão detalhadas e definidas não tenham qualquer fundamento na história verídica”. O excessivo ceticismo de certas escolas modernas em tais questões é antes um modismo intelectual do que produto de precaução erudita. OS MESES JUDAICOS EM ESDRAS, NEEMIAS E ESTER Em Esdras, Neemias e Ester, os “meses” judaicos são mencionados 35 vezes. Devemos familiarizar-nos com o calendário judaico. Havia na verdade dois “anos” judaicos — o sagrado e o civil. O ano novo começava originalmente no outono (Ex 23.16), mas, a partir do êxodo, o sétimo mês (Nisã) tornou-se o primeiro (Ex 12.2). Josefo diz: “Moisés designou Nisã como primeiro mês de suas festas, porque ele os tirou do Egito nesse mês, de modo que aí começava o ano para todas as solenidades por eles observadas para honrar a Deus. Contudo, ele preservou a ordem original dos meses quanto a comprar, vender e outras questões comuns”. Nas Escrituras, os meses são praticamente aqueles do ano sagrado. Em sua maioria, os nomes pré-exílio não chegaram até nós, mas parecem ter sido baseados nas estações, Abibe significando o cereal na espiga e Zive a beleza das flores da primavera. Os doze meses eram lunares; portanto, a cada três anos, mais ou menos, era acrescentado um décimo-terceiro mês intercalado, a fim de reajustar o ano de acordo com o sol. Mês Abibe ou Nisã Zive Sivã Tamuz Abe Elul Etenim ou Tisri Bul Chisleu Tebete Sebate Adar Sagrado 1° 2° 35 42 52 62 72 Civil 72 82 92 Português março-abril abril-maio maio-junho junho-julho julho-ag ag-set set-out out-nov nov-dez dez-jan jan-fev fev-março 8-°92 102 112 122 12 22 102 112 122 40 52 62 32 O LIVRO DE ESDRAS (3) Lição Ns 44 NOTA: Para este estudo, leia novamente o Livro de Esdras, notando o rumo que as coisas tomaram do capítulo 2 ao 6. Quando as pessoas dizem que a doutrina da inspiração plenária ou completa da Bíblia deixa de fazer justiça à individualidade dos escritores bíblicos, elas simplesmente mostram que não sabem do que estão falando. Na verdade, a Bíblia contém um a enorme diversificação. Temos a simplicidade rudim entar de Marcos, a eloqüência inconsciente mas esplêndida de Paulo, a arte literária consciente do autor da Epístola aos Hebreus, a beleza incomparável das narrativas do Antigo Testamento, a elevada poesia dos profetas e dos salmos. Com certeza, perderíamos muito se a Bíblia fosse escrita por inteiro em um só estilo! Nós, que cremos na inspiração plenária da Bíblia, não apenas admitimos isso, mas insistimos nesse ponto. A doutrina da inspiração plenária não afirma que todas as partes da Bíblia são iguais nem afirma que todas são igualmente belas ou mesmo igualmente valiosas, mas declara que todas são igualmente verdadeiras e que cada parte tem seu lugar. J. G R E S H A M M A C H E N O LIVRO DE ESDRAS (3) N Ã O e r a N O S S A intenção fazer com que os estudos de Esdras chegassem a uma terceira parte. Sendo, porém, um tratado importante das Escrituras, pois marca um ponto crítico significativo, o livro merece perfeitamente esta nova consideração. Neste estudo final, iremos rever o livro de um ponto de vista exclusivamente espiritual. Ele está repleto de lições espirituais de relevância sempre nova, mas nos limitamos aqui à maior lição espiritual, que se desenvolve à medida que a própria história do livro acontece. APLICAÇÕES ESPIRITUAIS IMPORTANTES O assunto do livro, como já vimos, é a repatriação dos judeus, sob o decreto de Ciro. Este é o livro da restauração. O que não devemos perder de vista é que esta restauração histórica dos judeus exemplifica surpreendentemente as leis e os fatores que operam em toda verdadeira restauração espiritual Em prim eiro lugar, o próprio fato da restauração judaica é espi­ ritualm ente significativo. Ele fala do profundo consolo relativo à restauração dos cristãos que foram “seduzidos” por este “mundo perverso” ou enredados pelas “astúcias” de Satanás e se “desviaram”. Deus perm itira que grande tristeza envolvesse o povo da aliança, chegando ao expediente extremo de dispersar as doze tribos nas terras dos conquistadores pagãos. O fato de serem o povo da aliança não os tornou imunes ao castigo do pecado. A bsolutam ente não. Seu privilégio aumentou a responsabilidade. Sua apostasia e presunção tiveram como resposta um castigo inclemente. Mesmo sob os açoites, porém, eles continuavam sendo o povo do Senhor. A aliança se mantinha. Deus não a abandonou. Ele os lançou fora, mas não os esqueceu, e propiciava agora um caminho de volta e restauração para todos os que quisessem aproveitar. Assim como isto se aplicou à nação de Israel, tam bém se aplica individualmente ao povo de Deus em Cristo. Podemos nos afastar do lugar da bênção. Podemos perder nosso primeiro amor e nos tornar frios ele pode permitir que poderes malignos nos guiem. num sentido especial.5). ou seja. Podemos escorregar de volta ao mundanismo e dei­ xar-nos seduzir por sua atração enganosa. e o Senhor aguarda para ofertar Sua graça. Como Deus tem paciência e terna graça para conosco. se pertencermos realmente ao Senhor mediante uma conversão genuína. mas sente o desejo de ser restaurado? Que isto fique então bem entendido: o caminho da restauração está aberto. O Senhor poderia mantê-los distintos mesmo na dispersão. Para a nação de Israel. (1-6) encontramos seis pontos específicos com respeito à restauração dos judeus. A volta à terra O primeiro ponto na restauração de Israel foi a volta à terra (1. porém. então Deus jamais nos lançará fora de todo nem permitirá que finalmente venhamos a “cair da graça”. Portanto. enquanto estivessem fora da terra. Deus não só abriu o caminho de volta. no caso dos judeus. Isso também acontece com a restauração da alma. Desse mesmo modo. Canaã era o lugar da bênção.3). Até certo ponto. Todavia. Por mais que tenhamos nos afastado. mas não haveria cumprimento das promessas e propósitos da aliança. se tivermos verdadeiramente nascido do Espírito e sido aspergidos com o sangue da aliança do Calvário. Ela era sua herança prometida. prosseguir. mas primeiro precisamos voltar ao lugar onde Ele pode abençoar-nos. Há. o Espírito Santo ainda ministra no coração e na consciência dos cristãos apóstatas. O Espírito de Deus entristecido pode nos privar de toda consciência de Sua presença. por amor de Jesus! Jamais ousemos abusar dela em ingratidão! Vamos. algum leitor destas linhas que tenha perdido a primeira alegria. Na primeira metade do Livro de Esdras. por acaso. há sempre um caminho de volta e restauração. O próprio desejo de voltar é obra Sua em nosso íntimo e evidência de nossa eleição. Deus talvez venha a permitir um castigo severo para nos advertir. o primeiro passo na restauração consistia na volta ao lugar da bênção. e o pleno gozo das bênçãos da aliança abrâmica estava associado com sua ocupação. e a restauração dos judeus a ilustra.espiritualmente. De fato. por ter retornado ao mundo. Deus tornou clara essa verdade em Sua Palavra. correspondendo aos principais fatores na restauração espiritual 1. . a chama outrora brilhante. a primeira visão. ma foi Ele também quem “despertou” os corações daqueles que responderam dentre Seu povo (1. Mas o que isto significava para aqueles judeus que voltaram? O altar. Precisamos nos reafirmar naquela antiga base. É justamente isso que precisamos fazer se quisermos ser restaurados de nossa apostasia. Você notará que. Devemos voltar para lá e retom ar a antiga posição de arrependimento para com Deus. O que Canaã foi para o israelita. o altar sem dúvida tipifica o grande altar do Calvário. Devemos reconstruir em nosso coração o altar de dedicação a Cristo. Esse é o único lugar em que Deus lida conosco com graça restauradora. Deve haver uma completa rendição de nossa vida a Ele. 2. Não podemos expô-la aqui. que é a promessa de Deus no evangelho. Não haverá alívio até que fixemos a mente em alguma promessa desse tipo contida na Palavra de Deus. Assim sendo. firmarmos nossos pensamentos em algumas dessas preciosas promessas da Palavra. Mas que promessa é esta? Vejamos a conhecida promessa de 1 João 1. A reconstrução do altar A segunda coisa em relação ao remanescente judeu foi a reconstrução do altar (3. com suas ofertas voluntárias. o evangelho é para o cristão. a de que a salvação só se dá pela graça de Deus e pela nossa fé. mas alguns minutos de reflexão irão mostrar a qualquer apóstata arrependido como é magnífica sua provisão. mantendo-se firme nela. A primeira coisa para qualquer apóstata aflito é voltar à palavra de Deus manifestada no evangelho. com todas suas provisões materiais. o Espírito Santo terá oportunidade de testemunhar dentro de nós quanto à realidade de nossa restauração. devemos esquecer o que ocasionou nossa contaminação e voltar à velha terra da aceitação e bênção. Aqui. como em muitos outros lugares. Ele foi erguido justamente no lugar em que o anterior estivera.devemos voltar as costas à Babilônia deste mundo que nos manteve cativos. representava a consagração a Deus\ pois simbo­ licamente o ofertante oferecia a si mesmo com sua oferta. Com freqüência vemos apóstatas restaurados chorarem de alívio jubiloso quando a fé os faz aceitar essa promessa. quando. fé para com o Senhor Jesus e obediência para com a Palavra escrita. poderemos obter a promessa e começar a nos alegrar na restauração.9. com suas várias ofertas e. com todas suas provisões espirituais. como nós mesmos podemos ver agora com nossa luz mais intensa. especialmente. juntamente com a reedificação do altar em Jeru­ . quando estivermos ali. porém.1-6). Foi justamente isso que aconteceu naquele tempo na Palestina. que chegaram a um estágio no qual todas suas dificuldades terminaram. como fazem muitos convertidos. 3). Em toda história humana. Nossas vidas devem manifestar um serviço restaurado e um testemunho de Cristo.2. O começo do novo templo Os judeus que voltaram tinham uma incumbência vinda não só de Ciro. um novo templo para Ele (1. Assim. Isto demonstra serviço e testemunho. O mesmo acontece conosco quando o altar é reedificado e nos rendemos novamente ao nosso verdadeiro Senhor. e isso realmente acontecerá. alguns dos que foram restaurados ficam de tal forma enlevados com o sentimento de aceitação e comunhão com Deus que tendem a imaginar. ela se transforma em franca obstrução. também nós devemos erigir uma casa espiritual de louvor e de testemunho do Senhor — em nossas vidas. tendo reconstruído o altar da consagração e restaurado a antiga comunhão. 3. caso a sutileza falhe. e estes procuraram impedir a reconstrução do templo de três maneiras: (1) tentanto enganar os judeus para levá-los . Sem dúvida. seus propósitos e serviços especiais eram le­ vantar a nova casa para dar testemunho do Senhor entre as nações vizinhas — “casa de oração para todos os povos” (Is 56. O encontro dos “adversários” Às vezes. A oposição geralmente começa de maneira sutil. Mas logo descobrem seu erro — como aconteceu com o remanescente judeu há muito tempo atrás. Apa­ receram os “adversários” (4. jamais houve uma obra autêntica de Deus sem que surgisse a oposição do diabo. isto é. iniciou-se o trabalho no novo templo. se estivermos de volta à terra da promessa do evangelho. quando começaram a reconstruir o templo. Depois de o altar ter sido reedificado e a verdadeira adoração restaurada. em cada comunidade e em todos os países do mundo. com toda espécie de medida desonesta.7). 4. a antiga comunhão foi restaurada.1).salém. depois. em cada igreja cristã local. mas do próprio Deus: construir. foi restabelecida a antiga adoração. no antigo local. porém. e (3) pelo embuste: ". já se foram.a uma união irreal: “Deixai-nos edificar convosco” (4. Nosso lema sempre deve ser: “nenhuma concessão”.2). Devemos preparar-nos para os “adver­ sários” e para contrariedades estranhas e decepcionantes. Os profetas do Antigo Testamento. Os profetas Ageu e Zacarias aparecem. e é interessante notar como o Senhor levantou tais homens em épocas de grande necessidade. O cânon completo das Escrituras divinamente inspiradas está em nossas mãos. (2) pela franca obstrução: ".. Em todo nosso serviço para Deus. Precisamos também preparar de antemão nossas mentes contra as decepções.5).. mesmo quando estamos trabalhando fielmente para Deus. Conseguiram que o trabalho fosse suspenso e o remanescente ficasse desanimado. O levantamento de profetas Novas vozes são agora ouvidas em meio ao remanescente. mas não teve êxito. as provações são um elemento necessário ao progresso espiritual. 5. sob a atual situação na terra. exercendo um ministério profético em nossos corações semelhante ao de Ageu e Zacarias em tempos passados. alugaram contra eles conselheiros” (4. Essas Escrituras são a palavra viva e vigorosa de Deus para nós. Suas palavras são como uma brisa forte vinda das colinas. desanimaram o povo de Judá.. pois de alguma forma. um daqueles aparentes enigmas que ocorrem na obra de Deus: embora o remanescente permanecesse firme. Eles eram a voz viva de Deus dirigida ao povo da aliança. Este é . Zorobabel e seus ajudantes sentem que Deus realmente está de novo entre eles e retomam a construção com resolução renovada. não só como indivíduos mas como uma ordem que se tomou agora desnecessária. A primeira foi a mais perigosa. exortando e encorajando a todos com uma palavra especial de Deus. desânimo e aparente fracasso. “equipando-nos perfeitamente” para todas as exigências da vida e do serviço cristão. precisamos viver bem perto da Palavra escrita. É preciso compreender muito bem que os profetas hebreus eram homens sob uma inspiração sobrenatural perfeitamente definida (veja nosso primeiro estudo sobre os profetas). especialmente quando há oposição. da mesma forma como os apóstolos do Novo.4). Vemos aqui. os adversários obtiveram vitória por algum tempo. Isso acentua um pouco mais o notável paralelo entre a história do remanescente e a experiência espiritual dos cristãos de hoje.. inquietando-o no edificar” (4. 14) — necessidade da Palavra de Deus 6 . Este sexto ponto no paralelo entre aqueles reconstrutores do antigo templo e a experiência do povo do Senhor de hoje corresponde aos fatos. ela não pode ser destruída.1-6) — renovação da dedicação 3 .0 encontro dos “adversários” (4) — a fé sendo provada 5. A fé e o trabalho triunfam em nome do Senhor. “acabou-se esta casa” (Ed 6. A dedicação foi um acontecimento de grande alegria (w . uma surpreendente lição histórica. apesar dos obstáculos. mostrando as leis e os fatores que atuam em toda restauração espiritual verdadeira e em todo serviço cristão autêntico. A volta à terra (1 e 2) — de volta à base certa 2. Que Deus nos ajude a aprendê-lo! 6. celebrou-se a Festa da Páscoa e dos Pães Asmos. Assim sendo. Este. Vemos então. com certeza. Não precisamos duvidar. um acontecimento que fala figuradamente de salvação e comunhão. um exemplo disso é a obra completada pelos reconstrutores do templo. é o resultado da obra que pertence verdadeiramente a Deus e que é feita para Ele na obediência da fé. resultando em vitória. Note de novo os pontos do paralelo: 1.8-13) — serviço e testemunho 4 . A exortação pelos profetas (5. a tarefa é completada.0 templo é completado (6. 16. alegria e comunhão.15). A reconstrução do altar (3. no sexto ano de Dario.15-22) — a fé vitoriosa . A seguir. desenvolvendo-se em seis aspectos na primeira metade do Livro de Esdras. como já foi observado anteriormente. No terceiro dia do mês de adar.1-6.0 começo do novo templo (3.22). Esta é uma das inspirações para o serviço cristão.um dos segredos citais da perseverança e do sucesso final. como foi visto em nossos estudos de Levítico. A obra é completada Quando um a obra é verdadeiramente de Deus. Encontramos aqui. Isto nos leva a Jeremias 25 e 29. assim. não precisamos estudar novamente a segunda metade do livro que fala dele e de sua expedição. Veja do versículo 21 ao 23. rei da Pérsia. uma grande riqueza de valores espirituais que queremos esboçar rapidamemte... “separai-vos”. Recurso autêntico: “Estendi as mãos para o Senhor”. porém. e (3) para “ensinar”. 2. porém. Note também o cuidado de Esdras com os detalhes. ”A restauração dos judeus foi. O PREPARO DE ESDRAS PARA A TAREFA (7) O verdadeiro preparo — “Esdras tinha disposto o coração”: (1) para “buscar”. Os quatro capítulos que falam de Esdras e sua missão marcam um progresso em quatro sentidos.7. reuniremos em alguns parágrafos o significado divino. ESDRAS EXECUTA A TAREFA (8) A verdadeira dependência de Deus. portanto. 1. “Para buscar o caminho certo”.ESDRAS (7-10) Já falamos sobre o caráter de Esdras. 4. Agora. Esdras é um modelo de serviço e liderança. Aqui. ESDRAS RESTAURA A SEPARAÇÁO (10) O verdadeiro curso de ação — acertar o que está errado. 3. de onde extraímos os seguintes trechos: . “Assim se misturou a linhagem santa”. o cumprimento de uma profecia feita setenta anos antes. Veja os versículos 6. ainda que não possamos abrir espaço para um estudo mais completo. (2) para “fazer”. por boca de Jeremias. A CONSTERNAÇÃO D E ESDRAS COM A TRANSIGÊNCIA (9) Veja os versículos 2. para que se cumprisse a palavra do Senhor. Voltemos ao primeiro versículo do livro: “No primeiro ano de Ciro. Este é profundo e rico em consolo.PARTE 2 .10: “Fazei confissão”. O ASPECTO DIVINO Até aqui nos ocupamos com o aspecto humano dos ensinos espirituais neste Livro de Esdras.4 etc. que. segundo bem lhe pareceu. “Tomou afazer” — apegue-se a isso! É algo maravilhoso — porque nos fala do ponto máximo da soberania divina. Como o vaso. Chegara a hora em que Deus passaria a moldar um novo vaso com o mesmo barro. que diz respeito à soberania de Jeová. “ Logo que se cumprirem para Babilônia setenta anos atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra. Então veio a mim a palavra do Senhor: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro. ” Veja estes fatos impressionantes.1-6. quando se cumprirem os setenta anos. “O vaso se estragou” — esta é a história de Israel desde o êxodo até o exílio. e lá ouvirás as minhas palavras. Israel é o barro. tomou afazer dele outro vaso. eis que. que veio a Jeremias. e não de mal. que o oleiro fazia de barro. para vos dar o fim que desejais. Essa é a palavra final na soberania divina. se lhe estragou na mão.farei deles ruínas perpétuas” (25. ó casa de Israel? diz o Senhor. diz o Senhor. como o barro na mão do oleiro.10-14). Como ela contrasta com a idéia e prática humana da .12).“Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto. estas mesmas palavras devem ser observadas segundo outro grande pronunciamento. pensamentos de paz.11. como também a da terra dos caldeus. A história é a roda.. dizendo: Dispõe-te. Essas profecias foram pronunciadas antes da queda de Jerusalém. porém. Deus é o oleiro. diz o Senhor. tomando a trazer-vos para este lugar. castigarei a iniqüidade do rei de Babilônia e a desta nação. mas que foi “feito de novo”. ó casa de Israel. e desce à casa do oleiro. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito. “Tornou a fazer dele outro vaso” — esta é a história em Esdras e Neemias. estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. “ Palavra do Senhor. e tomarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio” (29.. e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. assim sois vós na minha mão. Acontecerá. e Jeremias foi maltratado por ter dito que o rei da Babilônia seria vencedor. em Jeremias 18. Desci à casa do oleiro. Mas assim como a restauração dos judes por Ciro deve ser lida de acordo com essas profecias. O fato final não é que o vaso se “estragou”. Não alcancei sequer meu próprio ideal. Será que alguém diz: É muito tarde agora! Tenho 60 anos. com o mesmo barro Deus fez ainda outro vaso. feia. O barro desonrado pode ser limpo na fonte do Calvário. “estragada”. isso poderia estar certo. mas o fato final é que Deus irá “fazê-lo de novo”. tornar-se-á o caráter mais belo em toda terra. Deus fez outro vaso com o mesmo barro. quanto menos o de Deus para mim. irá demonstrar o ideal divino de nacionalidade em integridade moral irrepreensível e prosperi­ dade material. O judeu. mas “a sepultura não é nosso alvo”. moldando-o com tanta beleza e perfeição que surpreenderá os homens e resultará em glória a Deus. se fôssemos feitos simplesmente para viver 70 anos. a soberania o esmaga e o rejeita. Quanto conforto encontramos nisso — “tornou a fazer”! Reflita.21). que poderia ter sido um vaso de beleza. O vaso continua quebrado. porém. D. pois o mesmo se aplica a nós como indivíduos. Começando outra vez na restauração sob Zorobabel e Esdras. O endurecim ento obstinado pode dar lugar à flexibilidade mediante a influência renovadora do Espírito do Pentecoste. Ele pode fazer de cada um de nós um “utensílio para honra” (2 Tm 2. que hoje é motivo de aborrecim ento para todos os povos. se você teve uma oportunidade e falhou. Se nos colocarmos sem reservas na mão do oleiro-mestre. . Permiti que esta minha vida. mas esse vaso teve de ser quebrado no Egito. Começando com Abraão. mais do que todas as outras. o remanescente que voltou. em 70 A. Existe diante de nós um destino eterno. a nação escolhida. Começando novamente no Sinai. se tornasse corrupta. Deus fez um novo vaso àafamília escolhida. mas este teve de ser destruído pela dispersão sob os romanos. O elemento vital é colocar-nos deliberadamente nas mãos de Deus. Eu sou esse vaso estragado. A nação que hoje está esmagada e partida. “Tornou a fazer dele” — este é também o último ato da história de Israel. Não posso voltar atrás no tempo e viver de novo?” Bem. mas este teve de ser quebrado no exílio na Assíria e Babilônia. é “tornou a fazer”. fracassada. A palavra da soberania divina é: “tornarei a fazer”.soberania! De acordo com esta. A última palavra na soberania de Deus. O LIVRO DE NEEMIAS (1) Lição N2 45 . O hebraico antigo tomou'se um idioma literário e sagrado. Todavia.NOTA: Para este estudo. o aramaico passou a ser a língua de uso corrente. E M “IN T E R N A T IO N A L S T A N D A R D B IB L E E N C Y C L O P A E D I A ” . fica provado que o povo daquela época tinha extrema dificuldade em compreender o hebraico clássico quando ouvia sua Jeitura. Qualquer que seja o sentido exato de Neemias 8. provavelmente. o antigo idioma continuou a ser empregado durante vários séculos. O exílio na Babilônia parecia ter sido o toque fúnebre da língua he­ braica.8. e os que ficaram logo adotaram a língua usada pelos seus conquistadores. W E IR . T . H . As classes mais elevadas foram deportadas para a Babilônia ou fugiram para o Egito. leia duas vezes o Livro de Neemias. no campo da religião. nossos comentários sobre este Livro de Neemias são breves. ilustrando as verdades centrais de todo verdadeiro serviço para Deus. Ele narra como os muros de Jerusalém foram reconstruídos pelo remanescente que voltou sob o comando de Neemias e como o povo foi instruído de novo na lei que Deus havia dado à Sua nação muito antes. não há dúvida de que o próprio Neemias é o autor das partes que se encontram na primeira pessoa. pois certos fatos se evidenciam logo numa primeira leitura. encerrando o capítulo 7.1-12. Aquele que considerar os ensinamentos tão vividamente descritos aqui será um construtor sábio e bem-sucedido nas coisas espirituais. Primeiro. São os capítulos de 1 a 7 e de 12. evidentemente baseou-se numa lista oficial preparada antes. Isaías. Por enquanto. ainda que o estilo possa sugerir um autor diferente. nos versículos 11 e 22. onde termina o livro . o Grande). a lista genealógica do remanescente que voltou. Esta reconstrução do muro da cidade é como uma lição muito clara.26) foi provavelmente incorporado por Neemias a seu próprio registro. Segundo. Alguns sugerem Esdras para esta parte. Terceiro. porém. precisamos ter pelo menos uma idéia da autoria. Podemos .31. não desejando sobrecarregar-nos com questões técnicas ou eruditas. Quem escreveu? Quanto à data e à autoria. Embora no decorrer deste estudo tenhamos de nos manter mais ou menos restritos às idéias e aos significados principais de cada Jivro das Escrituras. leva-nos ao tempo de Alexandre. o trecho intermediário (8. data e contexto de cada livro. enquanto a lista no capítulo 12 provavelmente foi iniciada pelo próprio Neemias e acrescentada numa data posterior (pois o nome Jadua. Este aspecto irá acentuar-se quando nos referirmos a livros como Jó. através de Moisés.27 a 13. Daniel e Jonas.O LIVRO DE NEEMIAS (1) N E E M IA S é um livro precioso quanto às lições espirituais por ele ensinadas. como alguns eruditos parecem afirmar. temos praticamente a obrigação de considerá-las em alguns pontos. ou seja. mas refere-se somente aos homens).1). devemos concluir definitivamente que o livro não poderia ter sido completado antes de 432 a. embora o prédio em si levasse apenas quatro anos. no ano vigésimo do rei Artaxerxes” (2.dizer então que Neemias é certamente o verdadeiro autor de grande parte do livro. C. mas. C. O decreto real autorizando a primeira viagem de Neemias a Jerusalém foi no “mês de nisã. pois os eventos se acham ainda bastante vivos na mente do escritor (13. como em 12. 29).15 com Ed 6.12. dando espaço às atividades registradas nos últimos parágrafos do livro. C. o que nos leva a 432 a. Assim sendo. portanto doze ou treze anos mais tarde. As condições morais e espirituais na Judéia estavam longe de ser satisfatórias. 7). governadores. logo após sua volta a Jerusalém. naturalmente.000.. muito inferior ao original. Príncipes. sacerdotes. e provavelmente o compilador do todo (dando margem a toques suplementares. ocorreu “no ano trinta e dois de Artaxerxes” (13. Sir Robert Anderson demonstrou que esta data corresponde a 14 de março de 445 a. Qual o contexto? Como vimos. e foi provavelmente escrito pouco depois dessa data. Esdras viajara da Babilônia para Jerusalém com seu grupo de duas ou três mil pessoas (Ed 7 diz 2.6). Zorobabel e seus contemporâneos haviam morrido e outra geração os substituíra..22. C.23). o remanescente já tinha voltado há 21 anos quando ele foi completado! Cerca de 60 anos depois disso. depois de ter sido chamado pelo rei para ir temporariamente à Babilônia (13. levitas e todo o povo haviam assumido muitos . C. O remanescente judeu restaurado encontrava-se de volta à Judéia há mais de noventa anos. O que aconteceu durante esses noventa anos? O novo templo fora construído. depois de sua breve visita à Babilônia.15). Neemias chegou a Jerusalém em 445 a. A segunda viagem de Neemias a Jerusalém.6. cinco meses e dez dias para ser construído (Ag 1.11. Quando foi escrito? A data em que Neemias completou a obra deve ter sido por volta de 430 a. desanimando os olhos e o coração. ocupamo-nos da reconstrução do templo. entre a morte de Zorobabel e o advento de Esdras. como mostra a aliança no capítulo 10.casamentos mistos com as nações idólatras que os cercavam e. neste trio de livros ao final dos dezessete livros históricos do Antigo Testamento temos: . A falha. sob a liderança de Zorobabel. Na primeira. Assim sendo.3). Na primeira. Este é o contexto do livro. mesmo assim se mostravam coniventes com a idolatria. Este Livro de Neemias. dos muros e do povo.5). isso teria significado completa absorção e obliteração dos judeus como um povo separado. embora não estivessem adorando ídolos. e Neemias. e o povo estava em grande “miséria e desprezo” (1. Assim. Quando chegarmos à epopéia de Ester. foi drasticamente corrigida por Esdras. Talvez a permissividade tivesse surgido durante o período de debilidade do governo. 5. as circunstâncias estavam longe de ser confortáveis. em Esdras e Neemias temos a restauração do templo.3. Observamos que Esdras é distintamente o livro da restauração. descobriremos que aquele é decididamente o livro da preservação.3-15). estudamos a reconstrução dos muros (1-6). Se essa fusão do remanescente com os gentios que habitavam a Palestina não fosse detida. Alguns dos mais pobres tinham hipotecado seus bens aos judeus em melhor situação (5. Assim. Assunto e estrutura O objetivo especial de Neemias era a reconstrução dos muros da cidade. da adoração. que é uma seqüência natural do Livro de Esdras. Na segunda. quando Neemias chegou a Jerusalém. ocupamo-nos da restauração da adoração. podemos compreender perfeitamente a consternação de Esdras ao descobrir esse estado de coisas (Ed 9. a repetição das instruções ao povo (7-13). cujas providências oportunas foram acompanhadas de arre­ pendimento geral (Ed 10). doze anos depois de Esdras. permitindo sua infiltração e colocando em risco a geração seguinte. Vimos como o livro de Esdras divide-se em duas partes principais. Os muros e as portas de Jerusalém continuavam em ruínas. Na segunda. divide-se também em duas partes. Agora. porém. guiados por Esdras. O sábado e outras obrigações não estavam sendo obser­ vados. o da R E C O N S T R U Ç Ã O . 1-32) O O B S T Á C U L O À R E C O N S T R U Ç Ã O (4-6. co­ mandando resolutamente a reconstrução na primeira parte do livro. presta-se a uma análise mais detalhada.1-16) A E X O R T A Ç Ã O D E N E E M IA S (2. este herói forte.ESDRAS N E E M IA S ESTER R ESTAURAÇAO R EC O N ST R U Ç Ã O PRESER V A Ç Ã O O LIVRO DE NEEMIAS O LIVRO DA RECONSTRUÇÃO A RECONSTRUÇÃO DO M URO (1-6) A IN T E R C E S S Ã O D E N E E M IA S (1. O livro.15-19) A REPETIÇÃO DAS INSTRUÇÕES AO POVO (7-13) O N O V O R E G IS T R O D O R E M A N E S C E N T E (7 ) O N O V O E N S IN O D A L E I (8) A N O V A C O N S A G R A Ç Ã O D O P O V O (9-10) O N O V O P O V O A M E N T O D A C I D A D E (11) A N O V A D E D IC A Ç Ã O D O S M U R O S (12) A N O V A E L IM IN A Ç Ã O D O S A B U S O S (13) Este esboço será muito útil para nossos propósitos neste ponto.1-11) A E X P E D IÇ Ã O D E N E E M IA S (2.17-20) A T E N T A T IV A D E R E C O N S T R U Ç Ã O (3. descobrimos a mensagem espiritual do . porém. sincero e santo.14) O T É R M IN O D A R E C O N S T R U Ç Ã O (6. Â mensagem espiritual Quando observamos Neemias. e alguns dos sub-itens são bastante instrutivos quando analisados e recebem uma aplicação espiritual. e depois resistindo sem vacilar às tentações de ceder à permissividade e à intriga na segunda parte do livro. conforme mostraremos. Ele apresenta o objetivo e a forma do conteúdo de relance. usou certa vez as seguintes palavras.9). Em cada coração humano. e ambos foram singularmente reconhecidos por Deus como construtores e soldados espirituais. Quando nos lembramos dessa oração. o homem e a história estão inseparavelmente unidos um ao outro. Senhor. não podemos deixar de pensar em como Neemias ilustra essas três expressões — intensamente espiritual. Devemos acrescentar também que o próprio Neemias é um caráter de prim eira grandeza. faze com que sejamos intensamente espirituais. Não há triunfo sem dificuldades. coragem e ação. numa oração em um culto que estava dirigindo em Manchester. Eles são uma inspiração à leitura e à reflexão. Não há “porta aberta” à nossa frente sem que haja muitos “adversários” para impedir nossa entrada (1 Co 16. . amado por todos os metodistas fiéis. ou algo parecido. No livro inteiro há lições e analogias. E le se destaca como um homem de oração.livro inteiro chegando a nós com grande força. Tanto Neemias como Samuel Chadwick preenchiam com perfeição as condições dessa oração. o inimigo exclama: “Levantemo-nos e impeçamos”. devem-se erigir as muralhas de uma cidade de Deus. Não há vitória sem vigilância. Devemos atender à sua voz. Toda vez que os santos dizem: “Levantemo-nos e construamos”. completamente prático. Possa o Senhor levantar numerosos sucessores deles em meio às necessitadas igrejas de nossos dias! O HOM EM E A HISTÓRIA Neste Livro de Neemias. Neemias exemplifica os princípios vitais envolvidos em qualquer cons­ trução verdadeiramente bem-sucedida. O Reverendo Samuel Chadwick. Não há oportunidade sem oposição. H á uma cruz no caminho de cada coroa digna de se usar. Não há vitória sem trabalho e sem luta. mas mantém-nos perfeitam ente naturais e completamente práticos”. fé. na Inglaterra: “Ó. devem-se construir os muros de uma cidade de Deus. perfeitamente natural. Entre todas as nações da terra. A história da reconstrução de Jerusalém teria sido muito diferente se aquela tarefa enorme e arriscada tivesse defrontado um homem de calibre inferior ao de Neemias! Jamais alguém enfrentou tão bem uma hora de crise como Neemias no episódio da reconstrução da cidade. Verifique os versículos e os incidentes que indicam essas qualidades. Taylor. e para citar o Dr. 140 anos antes. Os perigos e problemas do empreendimento trazem à tona tudo o que é de melhor no indivíduo. que tiveram permissão para nos provar! As coisas que julgamos estar nos esmagando estavam na verdade nos edificando — como vemos agora em retrospecto.1-2. Certo dia. Angus. Nas palavras do Dr. esse cargo pode parecer sem importância. e (3) o governador. vemos Neemias em três funções: (1) o copeiro. na residência real em Susã. Sem dúvida. “ Nesse tempo eu era copeiro do rei”. onde alcançou a lucrativa posição de copeiro real diante de Artaxerxes Longânimo e da rainha Damaspia.10) Neemias era “filho de Hacalias” (1. leitores ocidentais e modernos.11). Sabemos da grande influência que o mordomo do Faraó exerceu a favor de José e vemos a elevada posição que o infame Rabsaqué (ou chefe dos copeiros) ocupava no império da Assíria (2 Rs 18). Neemias. (2) o construtor do muro.1) e aparentemente da tribo de Judá (2. Contaram-lhe que seus conterrâneos na distante terra natal estavam em grande dificuldade. É quase igualmente verdadeiro que a história faz o homem. era um cargo “mencionado pelos escritores da antigüidade como sendo de grande influência”. sigamos este homem desde o começo de sua história até o momento em que os muros de Jerusalém foram reconstruídos. os muros da cidade continuavam em ruínas e as portas permaneciam do mesmo jeito como quando haviam sido queimadas e destroçadas pelos babilônios. quando ainda bem jovem. ele foi criado no exílio e. porque.3). Assim. quando Neemias servia na corte do rei. seu irmão Hanani e um grupo de judeus deram-lhe um relatório tão lamentável sobre as condições de Jerusalém e da comunidade restaurada na Judéia que ele se entristeceu muitíssimo. diz ele a respeito de si mesmo (1. W. tratava-se de “um dos cargos mais honrados e de confiança na corte”. Para nós. não é só o homem que faz a história. semelhante ao de um mordomo da atual classe alta.Todavia. No pequeno livro que leva seu nome. entre outras coisas. Mas estamos errados em pensar assim. M. Quantas vezes isso acontece! Quanto devemos às dificuldades e con­ trariedades. o copeiro (1. às obstruções e oposições. passou a servir na corte persa. Muros e portas nada significam para as cidades . o copeiro. em nove dentre dez casos. Os “Neemias” da atualidade são o sal no mundo dos negócios. abatido pela dor. significavam quase tudo. Esses muros e portas derrubados faziam com que os habitantes ficassem à mercê de ataques e roubos por parte dos vizinhos perversos. Neemias. a tristeza e o jejum de Neemias alteraram de tal forma sua aparência em quatro meses que Artaxerxes perguntou-lhe o que havia de errado. mas. mas orando sinceramente para que Deus predominasse. Não obstante. quando alguém conseguia um cargo ali.2-11). manter uma boa consciência nos levará em direção ao êxito tanto material quanto espiritual e nos conservará firmes quando realmente chegar a hora do sucesso. no Oriente. decidir por si mesmo. não ousando fazer qualquer pedido. Ele não podia. como comenta o Dr. Se Neemias pôde m anter a sensibilidade de sua consciência em meio às intrigas da corte persa. mas a observação nos convence de que o caráter e os princípios cristãos verdadeiros. O resultado foi a permissão generosa para empreender o projeto que tinha em seu coração. É certo que temos de pagar um preço e talvez haja algumas perdas. era ainda mais difícil sair. Estamos cansados de ouvir falar que é impossível ser um verdadeiro cristão no mundo dos negócios de hoje e que aplicar princípios santos nas transações comerciais modernas é um convite à falência. De fato. porém. É bem provável que o relatório de Hanani tenha sido ainda mais doloroso pelo fato de naquele momento os cidadãos de Jerusalém estarem sofrendo justamente às mãos dos povos mentirosos e traiçoeiros que os rodeavam. Durante este processo. Termina assim a primeira cena — Neemias. acontece muitas vezes que a santidade vem a ser fator importante para promover e possibilitar o sucesso. cresceu nele a certeza de que deveria dedicar-se à imensa tarefa de reconstrução. Kitto.2). Por mais difícil que fosse entrar no palácio persa. Poderíamos dar muitos exemplos em contrário.hoje em dia. entregou-se em seguida ao jejum. Neemias tin h a razão suficiente p ara “temer sobremaneira” (2. . aliados a uma habilidade normal para os negócios. no passado. à la­ mentação e à oração (1. podemos também juntar a retidão com o sucesso nas transações de hoje. contribuem definitivamente para o sucesso. Neemias respondeu com amabilidade humilde. No entanto. As palavras do imperador parecem indicar que ele realmente se afeiçoara ao servo. Observe isto: a verdadeira santidade não é incompatível com o êxito terreno. É melhor perder o emprego do que vender nossa consciência! Mas. po is e ra considerado ofensa capital apresentar-se triste ao rei (veja também Ester 4.2). O LIVRO DE NEEMIAS (2) Lição N° 46 . O que mais vale é o fervor do espírito. releia do capítulo 2 ao 6. por mais ordenadas que sejam — o que importa para Deus. nem sua geometria. por mais numerosas que sejam. por mais longas que sejam. marcando os versículos que revelam as virtudes ou traços especiais do caráter de Neemias. por mais doce que seja nossa voz.NOTA: Para este estudo. nem sua música. por mais convincentes qüè sejam. por mais eloqüentes que sejam. nem seu método. W IL L IA M L A W . nem sua lógica. nem sua retórica. Não é a aritmética de nossas orações. Durante o cam inho. apesar da oposição. e completa sua viagem em cerca de três meses. foram colocadas nas entradas sólidas portas de dois batentes (7. fazendo as devidas entregas (v. Havia igualmente um certo “Tobias. 9). segundo Josefo. Assim. mas consciente dos perigos envolvidos em seu empreen­ dimento. tem de passar pelas províncias de certos sátrapas e governadores persas. Vemos que esses dois se aborreceram muitíssimo com o fato de alguém vir a “procurar o bem dos filhos de Israel” (v. acompanhado de uma escolta de soldados persas. O plano teve tanto sucesso que. 8). a fim de escapar à observação dos espiões inimigos de Samaria. o muro foi completam ente reconstruído em pouco mais de sete semanas (6.12-18). o servo”. com maior probabilidade. Neemias está prestes a enfrentar grandes problemas com esses homens. Entre tais governadores achava-se um certo Sambalá que. uma espécie de secretário de Sambalá. guardas foram designados e regras estabelecidas para que se fechassem as portas ao cair da noite.15). sendo reabertas pela manhã (7. Ele não divulga sua missão aos líderes de Jerusalém até ter feito pianos para assegurar que toda a obra seria iniciada e terminada em poucas semanas (2. todos agindo simultaneamente e cada um responsável por sua própria parte do muro (capítulo 3).11-6. o construtor do muro (2. 10).1). faz uma visita secreta às ruínas durante a noite. o objetivo principal de Neemias realizou-se — num prazo de seis meses. que talvez fosse um governador subalterno ou. emocionado por sentir a graça soberana do Senhor. Neemias chega a salvo em Jerusalém e.(continuação) Neemias. era “sátrapa de Samaria”.3). Para aqueles “dalém do Eufrates” ele leva cartas (2. a partir da ordem recebida de Artaxerxes! .O LIVRO DE NEEMIAS (2) O HOM EM E A HISTÓRIA . Depois disso. Neemias parte para Jerusalém.7. depois de um intervalo de três dias.19) De posse da autorização real. Seu plano (claramente implícito no relato) era dividir a reconstrução entre diversos grupos de trabalho. sobre o vigor no serviço religioso. mas na verdade poucos parecem te r um a v erd ad eira preocupação espiritual.10. Neemias jamais permitiu que a presunção substituísse a precaução. 23. Isto lhes deu um interesse especial pelo trabalho. Nossa primeira obrigação com Cristo sempre é nossa própria vizinhança. força (4. por exemplo. À medida que observamos Neemias.Veja aqui também a fusão de um senso prático com uma intensa espiritualidade. como proteção. O lado prático sobrepujou o espiritual e. A organização está abarrotada. Todavia. mas cada vez menos unção. O cristianismo organizado de hoje está organizado demais. um estudo em si que corresponde surpreendentemente ao que enfrentamos hoje num sentido espiritual.1-6).. A tarefa foi dividida e sistem aticam ente realizada. o que é prático torna-se absolutamente impraticável.7-23) e astúcia (6. Houve igualmente três formas de obstáculo interno — escombros (4.1-13). Cada um a delas é um a lição. Encontramos esta mistura de senso prático e espiritualidade em toda a história de Neemias. lembramo-nos cada vez mais das famosas palavras de Cromwell: “Confie em Deus e mantenha seca sua pólvora”. nós oramos ao nosso Deus e. e complicamos nosso avanço por causa da m áquina excessivamente complexa. 29. H á cada vez mais movimento.1-19). São os Neemias que Deus usa — os homens e mulheres que misturam a prática e a espiritualidade.9. o problema real não está tanto no mecanismo em si. H á muito trabalho perante os homens e pouco serviço diante de Deus. Talvez as lições mais instrutivas desta história de Neemias ocorram em relação às obstruções e reveses que ele teve de superar naqueles meses de reconstrução. . pusemos guarda contra eles (os adversários).11-14) e cobiça (5.10). quando isso acontece. em agonia. Em 4. 30). Mais do que nunca lutamos contra problemas sociais em comissões e conferências e cada vez menos lutamos de joelhos contra os poderes espirituais do mal que estão por trás dos problemas sociais da atualidade. vemos um brilhante mas frustrante excesso de ênfase sobre o lado humano. de dia e de noite”. Falando em termos gerais sobre os dias de hoje.. Quase todos nas comissões possuem um bom program a. Houve três formas de oposição externa — desprezo (4. medo (4. mas sim no fato de a força-motriz vital por trás dele ter falhado em grande parte. Neemias colocou cada um dos 42 grupos de trabalho para construir naquela parte do muro que ficava mais perto de onde seus integrantes moravam (3. lemos: “. sem revidar! O sarcasmo de Sambalá e Tobias logo começou a parecer tolo. Ele apenas continuou a orar e a construir. “Ouve. como Neemias enfrentou o desprezo de Sambalá e Tobias? Temos a resposta em 4. educacionais.. veio em forma de desprezo. e temo que atinja seu alvo com demasiada freqüência. legislativos. porque o povo tinha ânimo para trabalhar”. se comparada com programas científicos. Essa é a maneira de enfrentar o desprezo. diz ele. Veja 4.4-6. acrescenta: “Assim edificamos o muro. Depois da oração.7-23) Examine de novo a oposição externa enfrentada por Neemias. “O que fazem essas pessoas fracas?” perguntam desdenhosamente. O diabo obtém grande vitória toda vez que consegue tirar-nos de alguma causa nobre para Cristo através do sarcasmo.A OPOSIÇÃO EXTERNA Desprezo (4. O desprezo deu lugar à força. uma mudança revolucionária para um governo socialista ou uma conferência da ONU? O que significa essa idéia tola de converter pessoas uma a uma. Deus sempre honra a oração e o esforço sinceros. O que umas poucas reuniões de oração representam quando comparadas com um pacto europeu. Quando as provocações e zombarias falharam. Nossa melhor resposta ao desprezo do mundo é continuar sempre orando a Deus. econômicos e socio­ lógicos que podem afetar milhões de pessoas ao mesmo tempo? Bem. É bom aprendermos essa lição de Neemias! Força (6. ela tomou um a forma mais am eaçadora. pois estamos sendo desprezados”. ó nosso Deus. pedindo a bênção do Espírito Santo e mantendo nossos esforços para ganhar almas para Cristo. à medida que os muros de Jerusalém subiam cada vez mais.1-3. Jamais houve sarcasmo mais escarnecedor do que o contido na pergunta de Sambalá: “Que fazem estes fracos judeus?” Esta é exatamente a primeira reação da sociedade mundana para com a minoria espiritual espalhada nas igrejas.1-6) Vejamos a oposição encontrada externamente por Neemias.. Primeiro. As provocações trans­ . quando ©^inimigos do Senhor recorrem à força. 17). Então. a partir do versículo 7.formaram-se em ameaças. de dia e de noite” (v. como Neemias foi obrigado a fazer. amonitas. como devemos agir? O que Neemias e seus companheiros fizeram? Continuaram como antes — orando e trabalhando. a falsidade e o pecado daqueles que se opõem à verdade encontrada em Cristo Jesus. e as zombarias. tiveram de acrescentar vigilância à oração e luta ao trabalho. árabes. Suas flechas de sarcasmo mais agudas não atingiram a alma devota de Neemias. e com a outra segurava a arma” (v. qualquer que seja o risco ou custo. Dessa luta não devemos fugir. o engano. O romanismo e o paganismo deram-se as mãos contra a verdadeira fé protestante. lutar! Como tudo isso se relaciona a nós hoje! Não estamos sugerindo de modo algum que os cristãos devam recorrer a armas reais quando a força física é usada contra eles. trabalhar. vigiar. 9). Se isto acontecer. Existem ocasiões apropriadas para resistir. todavia. Orar. “ . Tobias. cada um com uma das mãos fazia a obra. Inimigos como Sambalá e Tobias não eram do tipo que se contenta em descarregar sua raiva em vão escárnio. asdoditas! É notável (será mesmo?) como inimigos mútuos freqüentemente se tornam amigos para lutarem juntos contra o povo de Deus.12). mas existe uma aplicação espiritual. Veja os seguintes versículos do capítulo 4: “ Porém nós oramos ao nosso Deus e.. As coisas pareciam realmente muito sérias. .. o escárnio deu lugar à força. A Rússia comunista e a Alemanha nazista uniram-se num propósito comum contra o cristianismo! Não nos devemos surpreender hoje. em conspirações. Isto quer dizer que a oração não era suficiente? Por que a proteção e as aimas se confiavam no Senhor? Porque Neemias não era um fanático para cair no erro de pensar que fé é arrogância. Leia de novo o capítulo quatro. como proteção. pusemos guarda contra eles. Pilatos e Herodes acabaram com as brigas e se tornaram “amigos” em sua condenação e injúria conjunta a Jesus (Lc 23. atacar e expor o erro. A oposição havia se tornado uma aliança poderosa — Sambalá. Parece terrível dizer. Na presença dele. os quintas-colunas de Satanás. ficam felizes em passar adiante a notícia entre os irmãos ou contar para todos quantos puderem. 10-14). dava a mesma resposta: “Estou fazendo grande obra.1-4). Como esses irmãos desleais fazem sofrer os ministros. porém. prova­ velmente com a sugestão de que deveria ser feita uma aliança entre Neemias e eles. no vale de Ono”. através de sua corajosa sinceridade e da oração (w. dedicados e santos. Este era um engodo para uma conferência supostamente amigável em terreno neutro. recusou-se a agir de modo covarde e pecaminoso. encontremo-nos nas aldeias.14). A perfídia daqueles “Judas” em meio a seus próprios seguidores foi uma grande tristeza para Neemias. no sentido de que eles estavam se preparando para uma rebelião. “Vem. Tobias e seus aliados recorreram à astúcia. 2) e cada vez que repetiam o convite. mesmo quando aconselhado por um profeta. os traidores.Havia também outro tipo de oposição dos inimigos externos que Neemias precisou enfrentar. Primeiro. Neemias. mas. eles conseguiram convencer alguns dos próprios companheiros de Neemias. se notam um deslize ou queda. eles tentaram o fingimento (6. que participam da comunhão e dos trabalhos dos santos. mas por trás não passam de criadores de intrigas. 11. de modo que não poderei descer” (v. Isto foi feito em quatro estágios. usando assim de traição contra ele (w. Sambalá. 3). mas ele superou tudo. 5-9). Depois disso. A resposta de Neemias foi uma franca negativa. 10-14) na maioria das atuais congregações cristãs — hom ens e m ulheres que professaram conversão a Cristo. uma oração renovada e a completa separação. sendo que a única saída para Neemias seria aconselhar-se com eles. mas não obstante parecem sentir um prazer cruel na queda de um líder cristão. Disseram que seria feita junto ao rei uma acusação contra Neemias e os judeus. Eles professam lealdade e interesse. Mas Neemias percebeu a hipocrisia deles (v. superintendentes e líderes cristãos! Eles são os “Tobias”. pastores. Esta sempre é a única resposta segura a tal fingimento — a separação sem concessões. A seguir eles tentaram o blefe (w. e pior que tudo. mas a verdade é que existem traidores como Semaías e Noadia (w . são amigáveis. Quando o desprezo e a força falharam. Tudo que o líder cristão pode fazer ao lidar com tais pessoas é continuar . Até mesmo alguns dos profetas foram subornados. 10). Eles procuraram aborrecer e desanimar Neemias mediante grupos de irmãos que com eles pactuavam (w .8). Nasceu assim um grupo em Jerusalém que permitia que seus laços familiares com T obias superassem seu dever moral e espiritual. recusando corajosamente todos os expedientes suspeitos e entregando-se conti­ nuamente a Deus através da oração. Deve ter sido um trabalho triste e . pouco a pouco. a fim de acomodar as coisas. e os escombros são muitos. de maneira que não podemos edificar o muro”. Sambalá havia se referido sarcasticamente aos “montões de pó”. Vejamos agora os obstáculos que ele encontrou no lado de dentro. Todavia. É fácil compreender tal desânimo.10) Em primeiro lugar. Não é fácil manter a posição de Neemias. Bem no início da reconstrução. pelo fato de tanto ele como seu filho terem se casado com israelitas. no fim.construindo para Deus “por infâmia e por boa fama” (2 Co 6. Como a transigência torna as coisas complicadas! Neemias com certeza teve grandes problemas ao descobrir que muitos dos principais líderes de Judá mantinham laços estreitos com Tobias e que vários deles “lhe eram ajuramentados”. Escombros (4. 17-19). ele é o único que usa a coroa da aprovação divina e do verdadeiro sucesso. porém. mas deixam então de ser um verdadeiro Neemias. houve o problema dos escombros. medo (4. não cessaram suas atividades malignas nem mesmo quando falhou este ato de traição especial. e Tobias passou a ser tanto genro como tio para os israelitas. O astuto Tobias havia se tornado genro de um líder de Israel que tinha muitos seguidores. O mesmo tipo de situação não aflige nossas congregações hoje? Quantas vezes ela amarra as mãos.1-13). paralisa os lábios e parte o coração de ministros sinceros do evangelho! Muitos homens no ministério cedem. OS OBSTÁCULOS INTERNOS Observamos a oposição enfrentada por Neemias vinda de fora de Jerusalém. “Então disse Judá: Já desfaleceram as forças dos carregadores. Os inimigos de Neemias. Seu filho também desposara uma judia.11-14) e cobiça (5. Eram três: escombros (4. cansativo remover tudo aquilo antes que cada parte do muro fosse reconstruída. 11. Desse modo. Mas este não é o único tipo de “escombro”. os trabalhadores que restaram para remover os escombros estavam próximos da exaustão. Os homens de Neemias ficaram amedrontados pela superioridade numérica das forças de Sambalá. reuniões sociais e dançantes etc. Isto tem um paralelo patético com o serviço cristão de hoje.”. os “montões de pó” se acumulam! Medo (4. periodicamente. Eles se ressentem disso. Durante anos eles vêm se concentrando em programas que incluem jogos de cartas. Nada paralisa mais do que o medo. obter qualquer avanço espiritual por causa dos “montões de pó”. Existem paralelos no m undo contem porâneo. Na União Soviética e na Alemanha de Hitler. É de surpreender que o medo tenha . É impossível. e como ele costuma retardar o trabalho evangélico hoje! O temor surge principalmente quando se olha para as circunstâncias e conse­ qüências e não para Deus.12). Os ministros que o precederam eram modernistas. disse ele. Numa carta de outro ministro da Inglaterra li: “O povo daqui não quer dar ouvidos a qualquer desafio espiritual. vimos o próprio Estado solidamente contra Ele — sendo a fidelidade a Cristo castigada pelo exílio na Sibéria ou pela prisão nos campos de concentração nazistas. de modo que as referências dele às Escrituras eram em grande parte desacreditadas. notícias de que um ataque de surpresa estava sendo planejado pelos inimigos de Neemias (w. Como há “montões de pó” em muitas de nossas igrejas! Uma vez recebi uma carta de um ministro do sul da Inglaterra.11-14) Do lado de dentro surgiu um novo elemento de desânimo: o medo. H á inúmeros cristãos piedosos que não podem levar adiante o serviço do muro que Deus lhes deu para construir. pedindo conselho sobre se deveria ficar ou sair de certa igreja. Eles colocaram toda espécie de dúvida e descrença sobre a Bíblia na mente das pessoas. M uitas vezes os inimigos do cristianismo evangélico pareceram enormes e mortais. É verdade. Judeus de regiões adjacentes traziam. por causa do obstáculo dos “montões de pó”. Isto espalhou medo entre os obreiros. 9). e agora havia necessidade de reduzir os obreiros para escolher uma guarda contra o ataque externo (v. e suas mensagens acabavam sendo deturpadas. . E as conseqüências são incornensuravelmente mais graves do que aquelas do episódio de Neemias. Em terceiro lugar. e (3) a ação do Espírito Santo. Almas estão em jogo! Os destinos eternos pendem na balança! Terceiro. “.. Tudo corria perigo! Nenhuma misericórdia poderia ser esperada de seu impiedoso inimigo. que pode ser usada para opor-se ao erro. Em segundo lugar. lembrai-vos do Senhor. Cobiça (5. pois. vossas filhas. 14). Não existe melhor remédio para o medo do que uma viva consciência de Deus. eles deveriam olhar para Deus. Em primeiro lugar. grande e temível”. ao sangue derramado no Calvário e à mensagem do evangelho são realmente autênticas. não devemos esquecer nossa necessidade de portar armas para a luta. vossos filhos.feito empalidecer muitas fisionomias e sufocado muitos testemunhos? É edificante ver como Neemias aniquilou o medo que havia tomado conta de seus homens. 14). Nossas armas são: (1) a Bíblia. Segundo. o flagelo da cobiça. Nem a batalha deve impedir a construção! Essas três coisas têm grande aplicação para os tempos de hoje! Devemos nos “ lembrar do Senhor”. mais do que todos os estratagemas de Sambalá e Tobias. eles deveriam estar de prontidão (w.1-13) Havia infelizmente o terceiro obstáculo interno. é necessário manter os fatos em mente. vossas mulheres e vossas casas” (v. pois ameaçava um conflito mortal entre os homens do próprio Neemias. As circunstâncias eram muito perturbadoras. Dali por diante segurariam uma ferramenta com uma das mãos e uma arma com a outra.. enchendo-nos continuamente e renovando-nos.. clama Neemias (v. o muro reconstruído seria por si mesmo a defesa suprema. Muitos . Se as doutrinas que distinguem a fé evangélica no que se refere à Bíblia. eles deveriam refletir sobre a situação: “. que é a “espada do Espírito”. a longo prazo. à pessoa de Cristo. Isto quase fez ruir o projeto de Neemias. pelejai pelos vossos irmãos. então as doutrinas próprias dos modernistas e romanistas estão erradas. e não para as circunstâncias. 16-23). (2) a oração. Quanta sabedoria nessa união de espada e colher de pedreiro! Nem mesmo a m açante m anobra de preparar-se para a invasão deveria interromper a construção. assim como para salvar almas. Como é bom ter prontidão. os ofensores admitiram sua culpa e fizeram restituição (w. e seu lamentável sucesso é conhecido na terra e no céu! Como Neemias deve ter se sentido desanimado! E quantos ministros piedosos se desanimam hoje. Os judeus mais ricos. Não é de admirar que toda a congregação tenha respondido “Amém! E louvaram ao Senhor” (v. admitiram sua culpa e se arrependeram. quando Satanás não pode prejudicar uma obra para Cristo por meio de “escombros” ou pelo “medo” de um tipo ou de outro.1-13). até que. Recapitule mais uma vez os problemas que o corajoso Neemias encontrou e superou: externamente. até a entregar seus filhos e filhas como escravos. apesar de todas as orações e do trabalho. Em segundo lugar.1-19). os escombros (4. A dificuldade na época de Neemias foi superada porque os ofensores. 8-11). Hoje. em alguns casos. o medo (4. a força (4. Como seria bom se a má vontade. franqueza e ousadia nessas questões! Neemias é um exemplo vigoroso para todos os líderes no trabalho cristão. O atraso devido à cobiça.1-6). O reavivamento espiritual ficaria muito mais próximo.10). Em cada caso a dificuldade se torna mais aguda e mortal. pedra sobre pedra. em vez de contribuir para aliviar a grande necessidade pública. mesmo entre seus mais fervorosos e hábeis obreiros. e a construção do muro continuou. haviam explorado egoisticamente a situação até o ponto em que houve um clamor. apelou a eles com seu próprio exemplo (w . ele desafiou os ofensores através de ação imediata e até mesmo drástica (v. ele tenta fazê-lo mediante interesses egoístas e outros motivos errados entre cristão e cristão. dia após dia. 12. 13). 3) ou pagar tributos (v. mas também a vitória mostra-se sempre mais visível. existem motivos e sentimentos errados a impedir a bênção e frustrar o reavivamento. Veja como Neemias enfrentou essa dificuldade. Em primeiro lugar. 13). corrigindo o erro. 7). o desprezo (4. o muro foi reedi­ ficado! . sendo abertamente acusados. Ele se aproveita de qualquer circunstância possível para provocar isso. Em terceiro lugar. 4). quando descobrem que. foi vencido.israelitas.7-23) e a astúcia (6. apesar de toda a oposição externa e todos os obstáculos internos. a fim de obter dinheiro para comprar trigo (v. os ressentimentos e as animosidades entre os cristãos de hoje fossem tratados com tanto destemor e fidelidade. assim como as demais dificuldades.11-14) e a cobiça (5. internamente. foram obrigados a hipotecar seus bens e. aprender e agir de acordo com elas! Os dias em que vivemos são tão intensos e complexos que ofuscam todos os anteriorès. O tempo é curto. O muro precisa ser construído. . E le será um a inspiração para nós. Devemos ler. vigiando e aguardando. mesmo em “tempos conturbados”. hoje. Deus nos ajude a continuar lutando e trabalhando. no final. observar.24).Portanto. sob condições adversas. com certeza nós também veremos os muros da “nova Jerusalém” de Deus. Deus está construindo conosco e. batalhando e construindo! A tentem os para este homem. Neem ias. As questões são terríveis. com­ pletamente edificados na terra. m antendo-o em nossa m ente enquanto tra­ balham os para Deus. aquele que reconstruiu Jerusalém . e as nações andarão mediante a sua luz” (Ap 21. estas são algumas lições que chegam até nós através da reconstrução do muro da cidade sob a liderança de Neemias. A necessidade é enorme. O LIVRO DE NEEMIAS (3) Lição N° 47 . A teoria da evolução tem dominado a mente crítica em completa desconsideração dos fatos históricos. leia do capítulo 7 s/o 13 novamente. a civilização destrói a si mesma. postulando algo excessivamente primitivo. eles possuíam recursos para a expressão literária superiores aos de seus contemporâneos. baseado na idéia de um progresso firme e consistente. desde o barbarismo até os dias de hoje. a história nos ensina que. por exemplo. Assim. mas vê-se agora (i. destacando os versículos que revelam as qualidades especiais do caráter de Neemias. os israelitas devem ter sido analfabetos. como um dogma. De acordo com essa idéia.NOTA: Para este estudo final em Neemias. Quando seus fatores morais e espirituais declinam. SIR C H A R L E S M A R S T O N . Seja o que for que se diga a favor da evolução do universo material. ela é também regressiva. subestimou o conhecimento e a cultura dos tempos do Antigo Testamento. pouco se pode dizer sobre a evolução do homem.. e. embora a civilização seja progressiva. desde os dias de Moisés. Mas o conceito de evolução. pela evidência de recentes descobertas arqueológicas) que. mas nossos comentários devem limitar-se apenas ao destaque das principais linhas e lições. seu motivo é sempre claro como o dia e perfei' tamente cristalino. ele nomeia dois oficiais da cidade . Visão clara 2. Tratamento firme 4.1-3. Isso não aconteceu com Neemias. repassemos rapidamente os capítulos. mas precisamos nos lembrar de que. Palavras sinceras 3. A seguir. A retidão e a franqueza de Neemias surpreendem-nos em toda a história. 1) pode parecer estranho. isto é. Medidas de segurança (7.O LIVRO DE NEEMIAS (3) Neemias» o governador (7-13) Finalmente. Não existe nenhuma dissimulação em seu caráter ou conduta. observamos Neemias como governador. vemos Neemias preparando os regulamentos necessários para a segurança do que se tornara então uma fortaleza de primeira categoria. Quer aprovemos ou não seu método de tratar desta ou daquela irregularidade. Nós o vemos nesta posição na segunda metade do livro. os sa' cerdotes constituíam quase metade da escassa população (compare o ca­ pítulo 11 com 1 Cr 9. do capítulo 7 ao 13. Muitos homens que se mostram geniais numa crise fracassam no processo que se segue. sob os persas. O fato de ter designado levitas para guardar as portas (v. Há muita coisa aqui que nos chama a atenção e impressiona nossa mente. Note suas quatro principais qualidades: 1.1-3) Em 7. como governador da cidade de Jerusalém reconstruída e da província da Judéia.10-19). Honra a Deus Agora. salientando-se ainda mais nesses últimos capítulos que falam dele como governador. em nosso rápido exame deste homem e sua história. naquela época. como se pode observar nesses capítulos. 33. A seguir encontramos um relato notável. e estando os filhos de Israel nas suas cidades. O movimento “de volta à Bíblia” (8-10) O capítulo 8 começa assim: “Em chegando o sétimo mês (i. Para isto. na praça. Esdras e seus auxiliares explicam de .13. o mês especialmente sagrado).13. 9 e 10. 4). 90 anos antes com Zorobabel). Zc 6. e disseram a Esdras.11. que restauraria perfeitamente o templo. Note no versículo 5 que a preservação cuidadosa desses registros de nascimento em Israel foi feita de acordo com a mente de Deus (“Deus me pôs no coração”). a fim de trazer um entre cada dez indivíduos da população da Judéia que estava fora de Jerusalém para viver dentro da capital agora reconstruída (veja o capítulo 11. diante da Porta das Águas. o Neemias supremo. que já era “maioral do castelo” ou torre do templo (v. e. que o Senhor tinha prescrito a Israel”. e. do que chamaríamos hoje de um grande “movimento de volta à Bíblia”.4-73. Is 60). A falta de população é corrigida pelo lançamento de sortes. e o restante deste sétimo capítulo reproduz esse registro (que já vimos antes. ele verifica a “genealogia dos que subiram prim eiro” (/. 5). o escriba.1). todo o povo se ajuntou como um só homem. que escreveria a lei no coração do povo escolhido. 11) A seguir. que trouxesse o livro da lei de Moisés. SI 48. o Esdras supremo. decidindo de início fazer um censo (v.12. nos capítulo 8. Houve uma extraordinária convenção religiosa e o próprio povo pediu que lhe fossem explicadas as Escrituras (8.. que se reporta ao 7). O problema da população (7. o Filho mais importante de Davi que surgiria dessa linhagem de Zorobabel e finalmente “desfaria o cativeiro” de Judá.12. Jr 31.para cuidar de todos os outros assuntos — seu irmão Hanani e um certo Hananias. Neemias trata do problema da população diminuta (v.12.. Era im portante determ inar quais os verdadeiros descendentes de Israel. em Esdras 2). 2). especialmente porque a nação esperava Aquele que daria glória imperecível às suas genealogias. o Zorobabel supremo. que reconstruiria para sempre os muros de Sião (Is 54. com certeza. Um leitor descuidado poderia pensar que esta passagem segue imediatamente e sem qualquer interrupção o que vem . Foi também observado um dia de grande humilhação. embora. estabeleceram um a aliança auto-imposta. vemos o “restante” nas outras cidades da Judéia. O novo censo (11) O capítulo 11 dá os principais resultados do novo censo feito por Neemias. Esses eram os homens.novo a lei. praticamente não havendo necessidade de algum comentário detalhado. nenhuma compensação fosse oferecida a eles. ordenar seus caminhos conforme a vontade de Deus revelada nas Escrituras (10). pois a transferência significaria em muitos casos o abandono de bens.) O censo da cidade neste capítulo 11 é o da população assim aumentada. A observância da Festa dos Tabernáculos é renovada. é útil uma explicação quando chegamos à passagem que narra a dedicação dos muros. Depois disso. deixar uma casa confortável por outra quase em ruínas ou desistir da vida como um pequeno proprietário de terras. Note no versículo 2 que o “povo bendisse a todos os homens que voluntariamente se ofereciam ainda para habitar em Jerusalém”. com o profundo objetivo moral de. trocando-a pela de um artesão ou trab alh ad o r contratado. sobre os quais foram lançadas sortes para que fossem morar na capital. a troca da riqueza pela pobreza.27-47) Até agora os capítulos puderam ser lidos de forma direta. quando o povo confessou suas tristes falhas e reconhecer a maravilhosa misericórdia de seu Deus longânimo (9). Do 20 ao 36. As palavras indicam que aceitaram de bom grado a “sorte” e se subm eteram patrioticam ente. um em cada dez. aparentem ente. daí para a frente. Do versículo 3 ao 19 lemos sobre os habitantes de Jerusalém. mas. (C asualm ente. Não é de surpreender que o povo os tivesse aclamado. A dedicação dos muros (12. quando a força dos Estados dependia muito do tamanho e predominância da capital. podem os m encionar que expansões forçadas de uma capital mediante transferências deste tipo não eram incomuns no mundo antigo. significando que aquilo se deu antes do incidente registrado do versículo 1 ao 3...6). Primeira.44 que isto coincidiu com a dedicação dos muros. quando o sacerdote Eliasibe deu às escondidas um aposento a Tobias nos pátios do templo.. o povo parece ter participado com prazer e reverência.antes. com gratidão no coração! Verdadeiramente não existe triunfo sem trabalho. o próprio Neemias apresenta-nos certas datas que fecham a questão. com uma grande cerimônia e solenidade religiosa. pois fora ter com o imperador persa. em que o povo redescobriu o que a lei de Moisés dizia sobre os amonitas e moabitas (lembre-se de que Tobias era um amonita: veja 2. A festa ocorreu em três partes: .6.. é pouco provável que o narrador teria separado os dois eventos por cinco capítulos e meio. Quantas dificuldades Neemias enfrentou antes de ver aqueles muros reconstruídos! E como teve de continuar lutando. até que pudesse ver um povo espiritualmente reanimado dedicando aqueles muros a Deus.” (13. O comportamento traiçoeiro de Eliasibe durante a ausência de Neemias é precedido pelas palavras: “Ora antes disto. se a dedicação dos7muros tivesse ocorrido imediatamente após a reconstrução. Segunda. incluindo a dedicação do muro. ele diz que.1).” (13. indicando também que a ausência de Neemias e a traição de Eliasibe precederam os três incidentes relatados anteriormente. O único serviço que realmente conta é aquele que realmente custa. Três circunstâncias indicam isto. Como a breve ausência de Neemias ocorreu doze anos depois de sua primeira viagem a Jerusalém para construir o muro (compare 2. havendo aqui. significando que coincidiu com a restauração dos serviços do templo. Mas o incidente em si começa com as palavras: “ Naquele dia. um intervalo na narrativa. Em 13.10).1 com 13. entre o final do capítulo 11 e 12. enquanto a verdade é que há um intervalo de cerca de doze anos entre o final do capítulo 11 e esta dedicação dos muros. ele (Neemias) “não estava em Jerusalém”. Vemos em 12.4). Terceira. isto significa que a dedicação do muro realizou-se cerca de doze anos depois de terminada a reconstrução.44-47). Parece haver uma cruz no caminho de cada coroa digna de se usar! A dedicação dos muros foi realizada com toda pompa e formalidade. descritos pouco antes dele (12.27 foi inserida (provavelmente por outra mão que não a de Neemias) uma lista de sumos sacerdotes a partir de Jesua (noventa anos antes de Neemias) até Jadua (cerca de noventa anos depois de Neemias). portanto. (A propósito. Existem toques de humor sombrio em algumas das medidas drásticas tomadas por esse homem de olhos chamejantes e indignação santa. ela é na verdade o ponto alto do livro. foi feita a leitura da lei. uma vez que o traiçoeiro sumo sacerdote Eliasibe. Compreensivelmente. A prontidão e a firmeza representam mais que a diplomacia! Não podemos deixar de sorrir. 4-9). De fato. Veja como concessões malignas ra­ pidamente surgiram durante o curto período em que Neemias esteve fora de Jerusalém e observe como ele as atacou firmemente ao voltar. Não tolerará nem mais um minuto a invasão dos “móveis” de Tobias no aposento destinado aos utensílios da casa de Deus (w. 8) ou “espancando” e “arrancando os cabelos” dos judeus que haviam se casado . Não aceitará a auto-indulgência às custas do serviço de Deus (w . existe outra evidência de que este capítulo 13 na verdade precede o 12 em termos cronológicos. de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe" (12. 10-14). como a dedicação (12. no relato da dedicação dos muros. que se une aqui a Tobias. Os últimos vislumbres de Neemias (13) Olhe outra vez o capítulo 13.43). vemos o zelo de Neemias por Deus permanecendo forte até o fim. e se alegraram. houve duas procissões de cantores que louvavam a Deus.primeiro. segundo. ao ver Neemias realmente atirando para fora os móveis de Tobias (v. Cronologicamente. Ele possui a mão firme e o passo confiante de alguém cujos propósito e consciência são absolutamente sinceros diante de Deus. não é mencionado uma vez sequer no capítulo 12. Não permitirá a inobservância do sábado nem que negócios sejam colocados acima da religião (w. é um belo clímax: “No mesmo dia ofereceram grandes sacrifícios. Ele não deixa o tempo escapar enquanto pondera se uma atitude é “comum” ou respeitável. Tais homens jamais hesitam ao lidar com o pecado. e terceiro. Ele volta a Jerusalém e imediatamente luta contra os novos males que surgiram.27-47) veio após os acontecimentos registrados no capítulo 13. a separação entre a multidão mista e o verdadeiro Israel. 15-22). Não admitirá que se façam casamentos mistos.. ele se achava desacreditado. o que prejudicaria a distinção do povo de Israel (w. Aquele deve ter sido um dia realmente de júbilo para Neemias e Esdras. 23-28)..) Neste décimo-terceiro capítulo. com mulheres que não eram de Israel (v. Aumento da população de Jerusalém (11. (13. Correção e proibição das profanações do templo (13. Resgate dos judeus vendidos como escravos entre os pagãos (5. ou “afugentando” o jovem judeu que se tornara genro de Sambalá (v.32) 6. 13. porém. Na verdade. Volte os olhos para esses capítulos e note as várias reformas efetuadas por ele. suas orações fervorosas. na .19-22) Neemias é realmente um grande exemplo para todos nós.1) 2.4-9) 8. Reiteração da lei acerca do dízimo (10. 25). Resumo do govemo de Neemias Veja como este homem era realmente admirável. adeptos de casamentos mistos com os povos gentios da circunvizinhança e. Tudo isto. das quais três ocorrem nesses parágrafos. Instituição do tributo anual da terça parte de um siclo para os serviços e manutenção do templo (10.31. Sua visão clara. deve ter custado muito a Neemias. Não podemos também nos esquecer de que todos seus esforços para efetuar as várias reformas mencionadas acima sofreram resistência por parte de um grupo influente entre os sacerdotes e a nobreza. como regulamentos referentes às portas da cidade etc.8) 3. sua coragem ao lidar com as pessoas e seus motivos que honram a Deus em todo momento — tudo isso é tanto um desafio como uma inspiração. homens inclinados ao secularismo. É um conjunto impressionante. mostram com clareza que ele sentiu profundamente todas essas coisas em seu próprio espírito.34) 7. em especial para todos os obreiros e líderes cristãos que têm contato com o público. Restauração da observância rigorosa do sábado e do ano sabático (10. 23-28) 10. Abolição de empréstimos por hipotecas e de levantamentos de fundos por meio da venda de filhos (5) 4. sua franqueza no falar. 1.10-13) 9. Outras reformas. 28).37. Criação de sistema de suprimento de madeira para os sacrifícios do templo (10. D ivórcio de todas as m ulheres estrangeiras e renovação da separação do povo (13.15-22) 5.1-3. 13. E importante cultivarmos o hábito da oração fervorosa ao nosso maravilhoso “Deus dos céus” (2.11) e os “nobres” (v. porém. Queremos. Ela nos conservará calmos e firmes. Manterá nossas mentes num nível superior. neste hábito de oração fervorosa está a principal resposta para o admirável temperamento. terceira. que aparecem em número de oito (2.15). Neemias. 6.4. 4.4.14. o muro” (6. extremamente favoráveis a um a união com eles. 13. cada oração invocando orientação. 17) sobre esses assuntos urgentes e delicados. cada sussurro de adoração. Sem dúvida. . 5. dispôs-se a “contender com os magistrados” (13.19. que Ele realmente ouve e responde a cada chamado repentino. 4. mediante esta esplêndida “linha de comunicação” da oração fervorosa. que Ele está presente em todo lugar. porém. cada súplica pedindo forças. pacientes e animados.29).9. e ele adorna com brilho permanente a grande verdade de que um homem consagrado e Deus são capazes de vencer todos os poderes e subterfúgios do mal.4). 13.22. apoiado pelo próprio sumo sacerdote e pelos príncipes vizinhos.14. pois. 13. chamar atenção especial para as orações fervorosas de Neemias. que Deus é soberano em cada minuto. Existem muitas outras lições neste Livro de Neemias que não podemos analisar aqui. o santo impulso e as proezas que glorificam a Deus da parte de um dos maiores personagens de Israel. cuja vontade é soberana sobre imperadores e reinos e cuja presença está sempre conosco em todo lugar. Trará às nossas vidas rios de bênçãos correndo das montanhas de Deus. cada pronunciamento secreto do coração! Devemos manter contato com Ele todos os dias. cada suspiro desejoso de santidade. segunda. Mostramos que este Livro de Neemias divide-se em duas partes: 1 — a reconstrução do muro (1-6) 2 — a reforma do povo (7-13) Cada parte tem seu clímax. Qualquer homem comum teria temido opor-se à vontade de um grupo tão forte.verdade. 5. Irá enriquecer-nos e santi­ ficar-nos. O da primeira parte é o término do muro: “Acabou-se. cada pedido de ajuda. Uma palavra de despedida. O da segunda é a dedicação do muro. Ele ouve instantaneamente cada clamor de socorro da alma. As orações fervorosas de Neemias pressupõem três coisas: primeira. haverá o clímax de todos os clímax.43). Então. Os sinais de nossos tempos mostram que o retorno do antítipo celestial de Neemias está se aproximando rapidamente.quando “o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe” (12. e “o júbilo de Jerusalém” se ouvirá novamente “até de longe”! . Os muros de Sião serão reconstruídos para sempre. O LIVRO DE ESTER (1) Lição Ns 48 . leia todo o Livro de Ester duas ou três vezes. este Livro não vacila. CAM PBELL M O RG AN . nacional ou internacional. Não importa se é uma situação pessoal. social. Há muitas coisas que ele não revela. E sobre o futuro. Não existe situação na vida ou experiência humana para a qual não se possa encontrar uma mensagem de Deus em Seu Livro. Os grandes fatos fundamentais que precisamos conhecer nesta vida de preparação estão todos contidos neste Livro. G. mas sua realidade é enfatizada do início ao fim.NOTA: Para esta lição. o rei persa. Neemias e Ester registram as relações de Deus com os judeus depois que estes passaram setenta anos no cativeiro na Babilônia. Como. Hamã. O fato básico é a preseivação pro­ videncial — “providencial”. a rainha deposta. mas um fato genuíno. porém. a moça judia que se tornou rainha. pois aqui está o significado vivo e o valor permanente do livro. portanto. O livro. a capital persa e os vários milhares de judeus espalhados por todos os domínios do imperador. Ele descreve eventos que ocorreram em Susã.O LIVRO DE ESTER (1) O S t r ê s pequenos livros de Esdras. Ester é a figura crucial nesse drama. Em termos restritos. A palavra “providência” tem origem no latim provideo. Mordecai. só Ele . em distinção àquilo que chamamos de “m ilagroso”. providência adquire o sentido de atividade que procede da previsão. É importantíssimo perceber isso. leva adequadamente seu nome. e Ester. como fora predito. e cobre um período de cerca de doze anos. Cinco figuras movimentam-se diante de nós: Assuero. Mas enquanto Esdras e Neemias ocupam-se do remanescente do povo que voltou à Judéia. assim. a principal capital persa. Como pano de fundo temos o palácio real. Precisam os distinguir en tre controle p ro v id e n c ia l e intervenção sobrenatural. aquele que odiava os judeus. Ester. Vasti. Trata-se de um drama — não uma ficção. O drama da providência O propósito do livro é demonstrar o cuidado providencial de Deus com Seu povo. só existe um Ser com conhecimento prévio e. significando “eu vejo uma coisa antecipadamente” (pro = antes. Ester é um livro de crise. pois tudo gira ao redor de sua ascensão ao trono e sua influência como rainha. video = vejo). o líder judeu. uma previsão sempre ocasiona atividade em relação ao que é previsto. o Livro de Ester concentra-se naqueles que ficaram na terra do cativeiro (um número bem maior). portanto. É encenado no palco da história real e reúne personagens verdadeiros. o significado original de providência é previsão. Martinho Lutero. é um poderoso milagre — um prodígio através do qual um Deus soberano manipula todos os eventos não-miraculosos de maneira a produzirem um efeito predeterminado. a força . se fosse explicado que era Ele quem estava provocando todos os eventos registrados.tem capacidade para agir com base na previsão. aqueles resultados previamente determinados pela divindade — esse é o maior de todos os milagres. Todos os acontecimentos registrados são resultados das circunstâncias em sua seqüência natural. todo o episódio. que se Deus fosse mencionado especificamente na história ou. Esta ausência tem sido um problema para muitos. Não é empregada qualquer intervenção milagrosa. descobrir um problema no fato de Deus não ser mencionado é perder de vista aquilo que devemos ver acima de tudo! Dizemos com reverência. Todavia. a providência é a previsão de Deus e a atividade divina que resulta disso. pois provoca tal efeito sem necessidade de fazer uso de fatos extraordinários! Esta realidade m isteriosa que chamamos providência. mais ainda. embora não seja registrado qualquer milagre. Em seu sentido absoluto. embora sem hesitação. Isto implica que Deus exeTce poder absoluto sobre todas as obras feitas por Suas mãos. Todavia. Deus não é mencionado Isto explica a razão pela qual o nome de Deus não ocorre no Livro de Ester. Isto é surpreendentemente confirmado neste Livro de Ester. chegou ao ponto de dizer que preferia que este livro não existisse! Outros contestaram seu direito a um lugar no cânon. A demonstração da providência É isto que vemos demonstrado no Livro de Ester. A crise à qual o livro se refere é providencialmente prevista e depois providencialmente vencida no momento crucial. esta manipulação soberana de todos feitos comuns e não-miraculosos que formam o cotidiano da humanidade e produzem. em uma de suas ocasionais impetuosidades. então. mediante processos naturais. em sua essência. Isso é ainda mais miraculoso. simbolizam a operação secreta de Deus através de toda a história”. No primeiro e no terceiro acrósticos.13. Em vários manuscritos antigos. o nome do Senhor é evitado para ser coerente com esta ruptura na comunhão. como um poder oculto controla todas as coisas de maneira insuspeita mas infalível. o nome de Deus ocorre neste Livro de Ester de maneira bastante notável. o autor nos diz: “A fim de que não pensem que Deus ficou fora de consideração. e pode existir também. como. O nome “Jeová” acha-se oculto em forma de acróstico quatro vezes no original hebraico.dramática e o impacto moral do relato ficariam reduzidos. Deus realmente Se .5. que. 5. vejam o reconhecimento dEle nestes cinco acrósticos. acima de tudo. pois. em vista de os judeus estarem longe de sua terra. sem violar o livre-arbítrio humano e sem interromper o desenvolvimento normal dos assuntos humanos. No segundo e no quarto. que o livro tenha sido dirigido tanto aos persas como aos judeus. e os que falam são gentios. Nos quatro acrósticos que formam o nome de Jeová. Com efeito. É verdade. a razão mais profunda de que. Podem existir outras razões para o autor anônimo ter omitido qualquer referência direta a Deus. isto é. enfatizar a atividade invisível de Deus na providência. as quatro palavras que formam JH V H são consecutivas em cada caso. Na verdade. Existem ainda outros pontos de interesse que não precisamos mostrar aqui. depois da ruptura de seu relacionamento especial com Deus. as consoantes do acróstico que representam o nome são escritas em letras maiores a fim de destacá-las. no entan­ to.4. a intenção é que vejamos na seqüência natural dos acontecimentos. Cada uma delas é pronunciada por uma pessoa diferente. uma vez. e o nome Ehyeh (“Eu sou o que sou”). que uma das razões principais seja aquela que citamos. o acróstico é formado pelas letras iniciais das palavras. 7. de modo que as intenções desses cinco são claras. por exemplo.20.7 e 7. as letras grafam o nome de trás para a frente. como nós poderíamos fazê-lo em nossa língua — JeoVá. e os que falam são hebreus. as letras grafam o nome de frente para trás. O ponto que desejamos salientar é que o nome de Jeová realmente consta do Livro de Ester desta forma secreta — como se o autor anônimo quisesse antecipar-se àquele que poderia tropeçar por causa da falta de menção de Deus em sua história. como já foi sugerido. Nos dois primeiros casos. Acreditamos. Nos outros dois. é formado pelas letras finais das palavras. Os cinco pontos onde ocorrem são 1. Não existem outros acrósticos no livro. 5. por estarem secretamente ocultos nos escritos. éAkhashverosh. ficou tão embevecido com tanta lealdade que devolveu o dinheiro junto com um belíssimo presente. Quem era Assuero? Quem era esse rei Assuero? Devemos perguntar isto antes de continuar. ou seja. O mérito pertence a Georg Friedrich Grotefend.encontra neste Livro de Ester. que. E sobre Xerxes? Este foi o rei que comandou a construção de uma ponte sobre o Helesponto e que. praticamente letra por letra. não tanto nas sílabas. quando o mesmo Pítio lhe pediu. Também mandou que os infelizes construtores da ponte fossem decapitados. e descobertas posteriores corroboraram a teoria de Grotefend. sua identidade permaneceu obscura como um enigma. Depois disso. C. definitivamente identificado. é dito que ele reinou sobre um império de 127 províncias que se estendiam da índia à Etiópia. Ele é conhecido na história não-bíblica como Xerxes. Este foi o rei que. mas como o poder oculto que prevalece sobre tudo. Este Xerxes reinou sobre o império persa de 485 a 465 a. é Xerxes e. ficou de tal maneira irritado que ordenou que infligissem ao mar trezentas chicotadas e atirassem nele um par de algemas. mas nos aconte­ cimentos. a oferta de uma soma equivalente a cinco milhões e meio de libras esterlinas. não em comunicação direta. um . O nome do filho de Dario foi decifrado como Khshayarsha. Assuero. Podemos considerá-lo uma figura histórica real? No versículo inicial do livro. forma grega de seu nome persa. ficou estabelecida a identidade de Assuero. o lídio. ao ficar sabendo que esta fora destruída por uma tempestade logo após sua construção. Quando estudava na Universidade de Gõttingen em sua juventude. o m istério foi esclarecido e Assuero. para cobrir as despesas de uma expedição militar. dedicou-se pacientemente à decifração dos curiosos caracteres persas em forma de cunha encontrados nas inscrições em meio às ruínas da antiga cidade persa de Persépolis. Tão logo o nome foi lido em persa. traduzido para o grego. ao receber de Pítio. graças a escavadores e decifradores. para o hebraico. por ter sido o primeiro a identificar Assuero como Xerxes. mas dirigindo as rodas da providência. não em intervenções milagrosas. A té recentem ente. Mas agora. ela é narrada em dez curtos capítulos. As nuvens negras se afastam. não podemos deixar de perceber que nos cinco primeiros tudo leva em direção ao ponto crítico do drama. notamos que este drama da preservação providencial de­ senrola-se em dois movimentos principais. Do capítulo 1 ao 5 temos a crise prevista. enquanto do capítulo 6 ao 10 temos a crise superada. a história sofre uma súbita reviravolta. Heródoto conta-nos que entre os milhares reunidos para a expedição contra a Grécia. Era um homem que permitiria que um povo como os judeus fosse massacrado. Em nossa versão. Portanto. no capítulo 6. Moralmente.pouco mais tarde. Foi o rei que cortou um canal através do istmo de Atos para sua frota — um empreendimento prodigioso. aprovaria a vingança dos judeus sobre milhares de seus outros súditos. A ameaça de tragédia dá lugar ao triunfo e à bênção. a terra volta a ser verdejante e ouve-se uma canção de prosperidade. ele era um misto de paixões desenfreadas. A seguir. idéias arrojadas e temperamento ditatorial fizeram com que a Pérsia fosse um nome temido no mundo antigo. até que. ele ordenou furioso que o filho fosse cortado em dois pedaços e que o exército marchasse entre eles. porém. e parece que nada poderá evitar a tragédia iminente. mas que. mudando depois para o extremo oposto. que poupasse da expedição pelo menos um de seus filhos — o mais velho — o único apoio de sua velhice. Assuero era o que mais se destacava pela beleza pessoal e porte majestoso. o sol aparece através delas. A crise foi providencialmente prevista e agora é superada. Dois movimentos principais Vejamos agora a história propriamente dita. Quando os lemos. Foi justamente ele o déspota que depôs a rainha Vasti por recusar-se a comparecer diante de seus hóspedes embriagados. Neste episódio histórico. vemos assim a união entre a previsão e a provisão . Foi este o rei que desonrou os restos de Leônidas. A situação se modifica. a própria forca é preparada para Mordecai. O povo de Deus é salvo e vingado. Os acontecimentos movimentam-se rapidamente em direção ao temido desastre. e que afogou a humilhação de sua derrota inglória em tamanha orgia de sensualidade que ofereceu publicamente um prêmio pela invenção de alguma nova prática. no final do capítulo 5. o herói espartano. Foi o rei cujos vastos recursos. coloquemos tudo isto no quadro seguinte: O LIVRO DE ESTER O LIVRO DA PRESERVAÇÃO PROVIDENCIAL DEUS VIGIA NA SOMBRA OS QUE LHE PERTENCEM A C R IS E P R E V IS T A (1-5) A R A I N H A V A S T I É D E P O S T A (1) E S T E R T O R N A -S E R A IN H A (2) H A M Ã P L A N E J A O M A S S A C R E (3) M O R D E C A I P E D E A J U D A (4) E S T E R C O N S E G U E A J U D A (5) A C R IS E S U P E R A D A (6-10) M O R D E C A I É H O N R A D O (6) H A M Ã É E X E C U T A D O (7) O S J U D E U S S Ã O V I N G A D O S (8) O P U R IM É IN S T IT U ÍD O (9) M ORDECAI É NOM EADO P R IM E IR O -M IN IS T R O (10) Tudo o mais que pudermos ver do capítulo 1 ao 5 perderá seu significado supremo. vigiando os que Lhe pertencem. Vemos. mas é infalível. onipresente e onipotente. Ele pode estar fora da vista deles. ou seja. No entanto. Ele pode ser invisível. já que este não havia obtido eminência até então. que Deus Se encontra nas sombras. Deus esconde um rosto sorridente. mas continua ativamente soberano. Ele vê.divinas que constituem a providência. Observamos também que este Livro de Ester preenche um lugar único e essencial no cânon das Escrituras inspiradas. a mensagem espiritual do livro. A festa de Assuero para todos os príncipes e sátrapas. se deixarmos de observar que todos os fatores decisivos foram preparados de forma notavelmente providencial. mas eles jamais ficam fora de Sua vista. sua alegria de embriaguez e seu pedido imoral. mas no fim é frustrado. O mal pode ser temporariamente permitido. além disso. mas que deveria surgir. Por trás de uma providência carrancuda. mas é onisciente. por ser distintamente o livro da preservação providencial. em antecipação a uma crise prevista. Pode não ser percebido. por causa do ódio de Hamã contra eles. Agora.4). “É certo que não dormita nem dorme o guarda de Israel” (SI 121. sabe e cuida dos Seus. a valorosa recusa de Vasti e sua deposição do trono — essas coisas parecem ter pouca ligação com o perigo ainda nem sequer imaginado pelos judeus. tudo estava sendo completamente . Pode parecer estranhamente silencioso. Ele guia e guarda. ao ver tal pro­ vidência claramente demonstrada neste episódio notável. podendo assim evitar o desastre aparentemente inevitável. quando o mal. para que. e vencer os perversos inimigos de Israel. de modo a encontrar-se em lugar de influência quando surgisse o momento crítico. possamos crer na realidade de sua operação em todas as vicissitudes de nossa vida e em toda a história da raça humana. ao ser concedida uma beleza feminina extraordinária à prima de Mordecai. a incomparável Ester é escolhida como rainha. de modo a servir de preparo divino insuspeito para aquilo que viria mais tarde. De fato. .controlado. parece ter arrancado das mãos de um controle superior as rédeas do governo. especialmente nestes tempos difíceis. a crise fora prevista anos antes da festa de Assuero. furioso. como resultado da deposição de Vasti. Agora. Como é maravilhosa essa providência que planeja tudo com ante­ cedência! Observamos isso com perfeição aqui. O LIVRO DE ESTER (2) Lição Ns 49 . o método adotado é o racionalismo e o naturalismo. Ele estava no campo da alta crítica. ela se torna destrutiva e perniciosa. porém. Quando Jesus atribuiu o Salmo 110 a Davi. sem jamais estudar a Bíblia. mas pode-se passar a vida inteira tentando descobrir quantos homens escreveram Isaías. Trata-se da discussão de datas e de autoria. releia do capítulo 6 ao 10 . quem foi o autor do Pentateuco ou quem escreveu a Carta aos Hebreus. G.NOTA: Para este novo estudo no Livro de Ester. CAM PBELL M O R G A N . É perfeitamente apropriado discutir datas e autores. Quando. A alta crítica não é um mal em si mesma. Sem dúvida. Não é também de admirar que os sábios do alto conselho do rei. Uma festa e um aparato tão extravagantes como os descritos aqui estariam muito de acordo com a vanglória e a ostentação de Assuero. mas também um ultraje cruel que teria desgraçado para sempre aquela que. que o motivo dessa imensa reunião festiva era a convocação de todos os principais homens do reino.O LIVRO DE ESTER (2) NOTAS SOBRE A HISTÓRIA B A N Q U E T E S reais prolongados. A realeza parece ter alcançado seu maior esplendor no grande império persa. Referências contidas em autores gregos da antigüidade não deixam dúvidas quanto a isso. A ordem do rei para que Vasti (cujo nome significa “mulher bela”) se apresentasse e se exibisse sem modéstia diante de um grande grupo de libertinos embriagados não era só uma grave violação da etiqueta persa. Sabe-se agora. Assuero fez sua incursão contra a Grécia e voltou vergonhosamente derrotado. concluíssem que Vasti deveria perder sua coroa real. pois compreendemos muito bem que tal rejeição pública a um monarca absoluto e extremamente presunçoso deve ter sido tão humilhante e exasperadora quanto bem merecida. a fim de decidirem sobre a possível incursão contra a Grécia. devia ser protegida pelo rei.3. ao serem consultados sobre o assunto. especialmente dos sátrapas. e banquetes suntuosos constituíam um aspecto proem inente da vida na corte. Durante esse período. . isso deve ter causado sobriedade imediata sobre o rei e os nobres do reino.12. 16) entre o final do capítulo 1 e a escolha de Ester como rainha — que é o principal acontecimento registrado no segundo capítulo. em uma proporção enorme como a descrita no primeiro capítulo de Ester. quase indubitavelmente. ou “príncipes das províncias”. Cerca de quatro anos se passam (compare 1. não era incomuns entre os persas. Talvez isso o tivesse levado a desviar seus pensamentos da guerra inglória para os prazeres do harém. 4 com 2. acima de todas as outras. A recusa de Vasti foi corajosa e plenamente justificada. 10). Em 2. segundo Plutarco. que lhe foi dado. Se Mordecai não participasse do serviço real. observamos que o próprio rei o conhecia como “o judeu Mordecai.2 ele é contado entre “os servos do rei” que estavam à sua porta.19. significa estrela. Em 3. Mordecai não prestaria a homem algum a reverência que pertence apenas ao Deus único e verdadeiro em quem ele cria. Hamã Outros cinco anos se passaram quando chegamos à metade do terceiro capítulo (veja o versículo 7). Em 6. ficamos sabendo que residia na cidadela de Susã (não apenas na cidade. A leitura dos versículos 9 e 15 também sugere um temperamento cativante. Os versículos 7. que ficava bem distante do palácio. assim como Daniel não rendeu .4 vemos que tal preconceito poderia ter surgido por causa de seus parentes judeus. é agora escolhida para ser a rainha. enquanto o nome persa “Ester”. pois em 2. Hamã. A tradição judaica diz que Mordecai tentou esconder Ester para que não fosse levada pelos agentes reais.Ester. Ninguém que não tivesse alguma ligação com o serviço real teria tido permissão para residir nesses recintos zelosamente guardados.5. os guardas do palácio o teriam matado sumariamente quando se recusou a obedecer o decreto relativo a Hamã. que está assentado à porta do rei”. que significa murta.10. nós o vemos cumprindo uma tarefa regular “à porta do rei”. Mas. como os arqueólogos já mostraram claramente). e em 3. onde ele é mencionado pela primeira vez. Com certeza. o próprio Mordecai achava-se empregado no serviço da corte real. Um novo personagem. a moça judia. viam no rei a própria imagem de Deus. O nome hebraico de Ester era Hadassa. órfã de seu pai Abiail e prima de Mor decai. O rei chegou a ordenar que todos se inclinassem perante ele. houve alguém que se recusou — “o judeu Mordecai”. 21. entra em cena. O processo pelo qual foi feita a escolha estava de pleno acordo com o costume persa e oriental. Ao contrário dos persas que. Este homem alcançou tanto prestígio aos olhos do rei que veio a tornar-se o grão-vizir do reino. Mordecai também lhe deu instruções para não tornar conhecida sua descendência judaica (2. provavelmente para não prejudicá-la ou gerar intrigas contra ela. enquanto os outros obedeciam a essa exigência.9 e 15 do capítulo 2 não deixam dúvidas de que Ester deve ter sido uma jovem belíssima. m ulheres e crianças para serem friam ente assassinados. A maneira leviana e descuidada com que Assuero entregou a Ham ã a vida de dez mil de seus trabalhadores e súditos úteis é merecidamente considerada como “talvez o mais chocante exemplo de despotismo oriental já registrado”. Na ocasião.12-15). A democracia talvez enfrente dificuldades variadas e complexas. O risco estava na terrível lei persa de que quem entrasse no pátio interior do rei sem ser chamado era condenado à morte (4. quando soube da nacionalidade de Mordecai. esta raiva não se deveu ao fato de Hamã tê-lo enganado a fim de cometer um crime selvagem. fazia um mês que Ester não era chamada (4. ele presenteou Hamã com os dez mil talentos de prata que este oferecera como pagamento ao tesouro real a fim de compensar financeiramente o imperador pela destruição dos judeus (3.11). Ela se compara à notícia desumana dada pelo nazista Hitler de que estava preparado para sacrificar a vida de um milhão de alemães a fim de invadir a Grã-Bretanha.1. e a corajosa decisão de Ester de arriscar sua vida numa petição ao rei. 9. 24).homenagem divina ao rei Dario. mas é infinitamente preferível ao despotismo ou à ditadura. Um indivíduo realmente íntegro e bom se recusaria a assumir tal responsabilidade sozinho.11).10.11)! Mesmo quando os verdadeiros motivos de Hamã foram mais tarde expostos por Ester e a ira do rei acendeu-se contra seu favorito culpado. Do fato de Hamã ser chamado de “inimigo dos judeus” (8.5). além de entregar sem piedade um número incontável de homens. é que inferimos que Hamã já odiava os judeus muito antes de ter o orgulho ferido pela recusa de Mordecai em homenageá-lo. Um homem perverso só pode abusar dela. no décimo terceiro dia do décimo segundo mês. de suas palavras ao rei com relação aos judeus como uma raça e do fato de ter decidido fazer de sua vingança a oportunidade para um massacre geral contra os judeus. O terrível decreto para a aniquilação dos judeus foi devidamente promulgado (3. o que . um dos camareiros do rei. O capítulo 4 registra a tristeza e o sofrimento de Mordecai e dos judeus. A consciência e o bom senso protestam juntos contra o erro de colocar tão grande poder nas mãos de um só homem. mas porque o crime seria cometido contra o povo a que pertencia a rainha (7. A furia de Hamã por causa disso resultou no decreto para a matança de todos os judeus do império persa. o apelo de Mordecai a Ester através de Hatá. A presunção de Assuero era tamanha que. Com tal banquete. se de todo te calares agora. o rei. mais tarde. as palavras: “Porque. Não poderia negar a verdade da acusação. o jejum é uma forma simbólica de oração. Seu cetro imediatamente estendido assegura a Ester que qualquer quebra de etiqueta era perdoável. No terceiro dia. porém. olhando para baixo. quem sabe se para tal conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?” são realmente a chave para todo o episódio e revelam sua percepção repentina da previsão providencial por trás da estranha ascensão de Ester ao trono. Ester queria assegurar-se do seu favor e. . Mas afinal resolveu aceitar o perigo. rainha Ester. Este se acha sentado no trono real. Também não poderia aproveitar a oportunidade para deturpar as coisas na ausência da rainha. o sádico Hamã fez com que fosse preparada uma forca para Mordecai.. onde avista. mas prometeu revelar seu pedido durante outro banquete. através da porta aberta. no dia seguinte. uma Mente superior à de Ester atuando neste adiamento. naquela noite.. de modo que o risco que corria era muito grande. o reconhecim ento implícito de D eus é indiscutível. Durante aquele dia. Compreendendo então que somente um assunto grave teria levado Ester até ali. ele generosamente a anima com as palavras: “Que é o que tens.podia indicar um esfriamento do soberano para com ela. Havia.. Além disso. decidiu que o mesmo Mordecai fosse exaltado diante de todo o povo! Estava preparado o momento crucial para as palavras de Ester. ou qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará”. Hamã teria então de calar-se. dizendo: ".16). naquele mesmo dia. Ester pede que o rei e Hamã compareçam a um banquete preparado para eles. com certa surpresa. que ela sabia ser do agrado do rei. As palavras urgentes de Mordecai: ". nem ousaria contradizer a rainha na presença do rei. Ester aparentemente não achou que a hora fosse adequada. garantir a presença de Hamã quando expusesse o plano perverso dele. Ester entra no pátio interno e fica de pé defronte à porta da sala do trono. a figura graciosa de sua jovem e bela esposa. Neste ponto da história. de modo a atrair a atenção do rei. O pedido de Ester a Mordecai para que os judeus jejuassem durante três dias a favor dela é na verdade um pedido de oração. No Antigo Testamento.. sem poder dormir. Quando se realizou a festa. e ela se entrega à misericórdia de Deus nesta questão. de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento” revelam sua fé inabalável no Senhor e na indestrutibilidade de Seu povo. se perecer. ao mesmo tempo. pereci” (4. Seu coração bate mais forte quando se imagina sendo levado dessa forma em meio à adulação de seus semelhantes. Já está quase amanhecendo. Por alguns segundos que parecem séculos ele fica ali de pé. supondo presunçosamente ser ele mesmo o homem em quem o rei estava pensando. O rei pergunta a Hamã: “Que se fará ao homem a quem o rei deseja honrar?” Hamã. A seguir. e vistam delas aquele a quem o rei deseja honrar.. de que o rei costuma usar.. O rei pergunta quem está no pátio e lhe respondem que é Ham ã (pois este se apresentara bem cedo a fim de obter uma audiência com o rei. sur­ preendendo-se ao descobrir que este não recebera qualquer recompensa. julgando-se também um provável candidato a novas preferências. retira-se devagar. na qual esperava conseguir autorização para enforcar Mordecai). A proposta de Hamã evidencia sua ilimitada presunção. A crise providencialmente prevista havia sido superada de maneira surpreendente.” Quê? Fazer isso ao judeu Mordecai? Será que os ouvidos de Hamã estão zombando dele? Não! é verdade. Seu orgulho se derrete. E como se uma mortalha sombria lhe envolvesse o coração. Resolve então que ele deverá ser premiado sem demora... O rei falou e deve ser obedecido! O brilho foge dos olhos de Hamã. e faze assim para com o judeu Mordecai. Ele pede que o livro dos feitos memoráveis seja lido e ouve como uma conspiração contra sua vida havia sido evitada m ediante um gesto oportuno de M ordecai. A dramática ironia dos novos fatos que agora se sucedem rapidamente nos faz exclamar: “A verdade é mais estranha que a ficção!” O rei não consegue dormir. Então. e o cavalo em que o rei costuma andar montado. Com alguns golpes de mestre toda a situação se inverte. tragam-se as vestes reais. A noite se arrasta. e tenha na cabeça a coroa real. Aquele que se assenta nos céus esmaga os perversos e livra Seu povo. e diante dele apregoem: Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar”.O ponto crítico Com o início do capítulo seis surge uma súbita reviravolta nos eventos. estupefato diante de seu senhor real. Com extrema habilidade. entreguem-se as vestes e o cavalo às mãos dos mais nobres príncipes do rei. toma as vestes e o cavalo. sua sede doentia de louvor dos homens e sua idéia mesquinha de grandeza. como disseste. levem-no a cavalo pela praça da cidade. ele ouve o rei dizer: “Apressa-te. fica envaidecido e faz a seguinte proposta atraente: “. com passos pesados. a fim . não pode sequer imaginar que será repentinamente precipitado em um miserável fim. Sua mente está ainda mais perturbada. é da descendência dos judeus.13). pelo meu desejo. cujo coração o instigou a fazer assim?” —ao que Ester responde: “O adversário e inimigo é este mau Hamã”. O rei volta e o encontra nessa atitude e. suplicando que lhe poupe a vida.de exaltar Mordecai justamente do modo que ele mesmo estupidamente propusera. ultrapassa os limites da etiqueta e cai sobre o divã de Ester. sua m ulher. seja em verdade ou por sarcasmo. na evidente boa vontade do rei. na humilhação de Hamã e. antes certamente cairás diante dele” (6. interpreta mal o comportamento de Hamã. levantando-se da mesa do banquete. “Se perante ti. Hamã viu-se obrigado a exaltar e fazer desfilar publicamente o homem cuja sentença de m orte fora pedir e para quem se atrevera a preparar a forca! A condenação de Hamã O capítulo 7 fala do segundo banquete de Ester para o rei e Hamã. porque “seus sábios” e Zeres. quando o rosto de alguém era coberto. e p ro n u n c ia palavras que levam os servos a re tira re m H am ã imediatamente. perante o qual já começaste a cair. não prevalecerás contra ele. com o rosto coberto (segundo o costume persa. imaginando um motivo imoral. para nos destruírem. na exaltação de Mordecai. tremendo de terror covarde. “Ri-se aquele que habita nos céus. isso indicava que a pessoa não merecia mais ver a luz). O rei pergunta de novo sobre seu pedido especial e espanta-se ao saber que se trata de um pedido para que a vida dela seja poupada'. todavia. Hamã. Hamã é enviado sem demora à sua condenação. Assuero contempla a linda face e a formosura da esposa. agora pro­ fundamente emocionada. esse. E um homem bem diferente aquele que se senta agora pouco à vontade à mesa real. e exclama: “Quem é esse e onde está.4). agora. o meu povo. Ester reconhece o controle de um poder superior e percebe que chegou o momento de falar. Antes que o . e se bem parecer ao rei. Na noite de insônia do rei. eu e o meu povo. Hamã. ó rei. Num instante o rei percebe a hipocrisia de Hamã e. Quanta ironia! Por causa de sua própria e tola vaidade. matarem e aniquilarem de vez”. dê-se-me por minha petição a minha vida. Atônito. o Senhor zomba deles” (SI 2. sai agitado para o jardim do palácio. Porque fomos vendidos. lhe disseram: “Se Mordecai. achei favor. que o penduraram diante do olhar horrorizado de sua própria família! .sol nascesse outra vez sobre Susã.9). na forca que ele mesmo havia mandado levantar para Mordecai. e foi ali. numa terrível ironia. queremos mencionar que o termo hebraico traduzido como “forca” significa uma árvore. A árvore escolhida por Hamã achava-se no terreno de sua própria casa (7. seu cadáver balançava a cinqüenta côvados de altura. A fim de que não seja considerada incrível a altura da força (“cinqüenta côvados” = cerca de vinte e três metros). 50 .O LIVRO DE ESTER (3) Lição N. essa Bíblia sobre a mesa é um livro. NAPOLEÃO BONAPARTE Se permanecermos nos princípios ensinados na Bíblia. é como se fosse uma pessoa. Para mim. Ela fala comigo.NOTA: Para este estudo final de Ester. homem algum poderá dizer quão subitamente uma catástrofe poderá cair sobre nós e enterrar toda nossa glória em profunda obscuridade. perguntando: “Os personagens e incidentes desta história sugerem ou parecem m anter paralelos com verdades espirituais ou proféticas apresentadas em outros pontos das Escrituras?” Jamais deixei minha Bíblia. — J O H N W ESLEY Para você. leia novamente o livro inteiro. Mas se nós e nossa posteridade negligenciarmos suas instruções e sua autoridade. D A N IE L W E B ST E R . — J O H N bu n y a n Sou um homem de um único Livro. ela é muito mais que um livro. nosso país continuará prosperando. Porque. por alguma razão específica. parece conter um ensino latente de tipos que não deve escapar à nossa atenção. Mais de cinqüenta anos antes deste episódio de Ester.O LIVRO DE ESTER (3) O ENSINO LATENTE DOS TIPOS Este Livro de Ester. mais certeza de que foi algo intencional por parte do escritor. Não poderia ter havido louvor mais ardente. como iremos justificar o fato de um livro tão néscio e censurável ter recebido um lugar tão reverenciado no cânon hebraico? Se. . Quanto mais refletimos sobre isso. não houve um clamor agoniado ao Deus de seus pais? Podemos acreditar também que. depois do livramento surpreen­ dente que tiveram. tanto mais notável se torna esta resoluta não-referência a Deus ou a qualquer coisa religiosa. além de ser de grande interesse histórico. Por que então não se diz nada a esse respeito? Seria devido à cegueira espiritual do autor ou a um esquecimento imperdoável? Se foi assim. e sem dúvida alguma. Os judeus persas Em primeiro lugar. a falta de menção de Deus não se deveu a uma cegueira espiritual. o imperador persa Ciro fizera uma proclamação que permitia e exortava todos os judeus a voltarem para a Judéia. então. temos.2-4). numa crise que ameaçava de morte cada judeu no império persa. por outro lado. também. conforme registrado no Livro de Esdras (1. não houve nenhuma voz que se elevasse em agrade­ cimento a Deus? Nada disso. os judeus persas como um todo são usados aqui como um tipo daquilo que é secular em meio ao povo do Senhor. Já nos referimos ao fato de Deus não ser mencionado na história. este silêncio intencional? Acho que não somos deixados na dúvida. vindo do fundo do coração. Podemos realmente crer que. só há uma conclusão possível: o silêncio fo i deliberado. Não poderia ter havido oração mais fervorosa. mas que amam demais o mundo e a carne para renunciar a estas coisas por causa de Cristo. chamaram-nO. Aqui estava. que correspondem aos judeus da antigüidade que permaneceram na Pérsia? Apenas isto: Deus não permitirá que Seu nome se ligue ao deles. O que acontecerá com esses crentes mundanos. agora estava sendo efetivada. Este era o chamado divino para que os judeus voltassem a Jerusalém e à Judéia. Sem dúvida. em seu egoísmo. tais judeus são tipos dos homens mundanos em meio ao povo do Senhor hoje. Na verdade. Não poderia haver engano. 12).). ainda que O tivessem desprezado. não queriam trocar a abundância da Pérsia pela pobreza da Judéia desolada. então. a libertação fora predita. mas ao mesmo tempo desejam gozar dos prazeres terrenos por algum tempo. assim como não permitiu que Seu nome fosse associado ao dos judeus que ficaram na Pérsia.28 etc. veja também 25. Nenhum judeu deveria permanecer na Pérsia. mas seus corações estavam voltados para as coisas deste mundo.11. É claro que estavam dispostos a aplaudir os que estavam voltando e a dizer como era esplêndido o gesto deles em empreender a reconstrução das cidades abandonadas de Judá e do templo do Senhor. feita antes mesmo do início do cativeiro dos judeus. a voz do Senhor para Seu povo através de todo o império persa. mas eles mesmos não achavam conveniente se desligarem dos persas naquela ocasião. o profeta Isaías realmente havia falado de Ciro pelo seu nome. Em primeiro lugar. a triste verdade é que só um remanescente voltou. Eles representam aqueles que professam fé em Cristo. vendo-o como o futuro restaurador de Jerusalém. e Ele os livrou.10 etc. O restante contentou-se em ficar na Pérsia. Quando se viram em dificuldades.. Eles querem ser contados junto com os remidos do Senhor. Os seten ta anos de cativeiro haviam sido pré-estabelecidos (Jr 29. A libertação que lhes concedeu no episódio de Ester . Eles criam no Senhor e o reconheciam como o Deus único e verdadeiro. O povo inteiro deveria ter seguido para Sião. O Senhor vigiou aqueles judeus que amavam a Pérsia e permaneceu fiel a eles. pois existia uma marca sobrenatural. Todavia. mas não permitiu que Seu nome fosse associado ao deles.Esdras teve o cuidado de dizer que este decreto de Ciro se deu em cumprimento à profecia de Jeremias. dando graças. Além disso. embora aquele fosse o lugar da bênção da aliança. antes mesmo que ele tivesse nascido (Is 44. como pelo fogo. Senhor”. mas não renunciaram ao mundo. não serão conhecidos naquele dia. Seu nome não deveria ser mencionado uma vez sequer no relato. A descrição final dos santos glorificados diz que o próprio nome de Deus será “escrito em suas testas”. Eles representavam a história da raça judaica como um todo. porém. jamais será gravado naqueles que amaram mais a si mesmos e ao mundo do que à santificação. No final. seriam re­ petidam ente ameaçados de destruição. Possa a ausência do nome de Deus no Livro de Ester gravar esta verdade em nossa mente: Deus não associará Seu nome aos mundanos que estão entre Seu povo hoje. assim como não faria com relação aos judeus da antigüidade na Pérsia. brilharão como estrelas no reino eterno. Através dos séculos. os que tiverem “saído” da Babilônia deste mundo.34). Podemos avançar ainda mais. Eles poderão ser salvos. É possível salvar-se do inferno. o qual ninguém conhece. até o final da presente dispensação. Esses judeus persas dos dias de Ester tam bém foram tipos num sentido dispensacional e profético. exceto aquele que o recebe” (Ap 2. mas aqueles judeus rebeldes e Ele não se juntaram mais. mas jamais ouvirão o rei dos reis dizer-lhes: “Vinde. Mas os que disseram “Senhor. mas a obra está sendo feita por outras mãos que não as .. O nome de Deus e o deles não foram associados durante dezenove séculos.foi registrada para que as extraordinárias circunstâncias demonstrassem indiscutivelmente Seu cuidado providencial em favor deles. todavia.. Vemos aqui uma razão ainda mais significativa para o fato de o nome de Deus ter sido omitido no livro de Ester.17). Seu registro não brilhará nos céus. D eus esteve atuando maravilhosamente nesses séculos. mas não haverá tal “segredo do Senhor” para o discípulo mundano. Isto não pode ser mais bem explicado do que pela seguinte citação: “Esses judeus persas são um tipo de seus conterrâneos que iriam mais tarde rejeitar a salvação de Deus em Cristo e que. benditos de meu Pai! entrai na posse do reino” (Mt 25. lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo. a fim de “serem separados” para Ele. e mesmo assim perder o “eterno peso de glória” que Deus preparou para aqueles que O amam de todo o coração. espalhados entre as nações. a condenação finai dos perdidos (como os judeus dos dias de Ester foram salvos do massacre). o nome de Deus. O templo de Deus foi edificado e continua sendo construído agora. A promessa do Senhor para quem vencer é esta: ". Deus está desenvolvendo Seu propósito para a salvação da terra. ainda que ele tenha desprezado Sua herança”. como o último e pior inimigo do povo de Deus na terra.7-9). H am ã O perverso Hamã prefigura o “homem da iniqüidade”.8. Ester o chama de “mau Ham ã”. e uma boca que falava com insolência”. por causa de seu orgulho.13).. que tinha olhos “como os de homem. Primeira. ele supera todos os seus companheiros. o número do anticristo (Ap 13. Ham ã é. Segunda. tendo sido expedido um decreto real para que todo joelho se curvasse diante dele. Hamã pode planejar sua destruição. é também singular o fato de que o valor numérico das letras hebraicas que formam seu título é 666. que recebe seu poder e eminência do dragão. Veja sua irritação presunçosa quando Mordecai se recusa a obedecer (5. pereceu para sempre na forca que ele mesmo erigiu. e o “pequeno chifre” de Daniel 7. o . na Romênia e em outros países da Europa. Note como ele se gaba de sua glória e riqueza a Zeres. usando a coroa real e sendo levado com ostentação em meio aos aplausos do povo (6.11). sua mulher. Preste atenção em seu plano de montar o cavalo do rei. por outro lado. As batalhas de Deus foram travadas e vencidas. ele representa a terrível “besta” de Apocalipse 13. Nos primeiros versículos do capítulo 3 vemos que seu lugar foi colocado acima de todos os príncipes do reino. vestido com as vestes reais. Todo inimigo desse povo aparentemente esquecido de Deus deve considerar isso: Deus irá vingar o mal feito a Seu povo. como Hamã na antigüidade. Todavia.6. pois. Numa ascensão meteórica.18). pelo seu poder. Os judeus jamais sofreram tanto como na Alemanha. o próprio Hitler. “ele tem vigiado Seu povo rebelde e continua a vigiá-lo. e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gn 12. mas os nomes deles não foram inscritos na gloriosa história”. Em 7. cujo apa­ recimento está previsto para o final da presente era. mas está conspirando contra sua própria vida e a dos que lhe são caros. através de seu nome. Hamã é um tipo do “homem da iniqüidade” de seis maneiras.deles. Assim. A Alemanha amaldiçoa o dia em que seguiu Hitler e suas atrocidades anti-semitas. abençoarei os que te abençoarem.. uma figura do “homem da iniqüidade” que virá. e a seus amigos (5.3). A descrença deles não pode fazer com que Deus esqueça Sua palavra: “. Terceira. uma estrela de Jacó. e juntos perecerão (Dn 7.16.5. Assim também será o anticristo que há de vir.26. Assim também o anticristo que há de vir perecerá de modo repentino e irônico.3.10. mas isso dura apenas alguns anos (compare 2..10. e todos foram enforcados com ele. porém.24). de Daniel 9. Sexta. o anticristo atua através deles. 9. que descendiam de Esaú (Gn 36. o “príncipe” do mal.8).. assim como Hamã tinha dez filhos que pereceram com ele.8 temos: “será.12). Ele será o inimigo supremo dos judeus. será o dos “dez reis” que reinam por “uma hora”. Quarta. Hamã é uma figura horrivelmente importante! .4)..7-14 observamos que Hamã tinha dez filhos. 9. mediante sua condenação. porém. 27). através de sua conspiração. Ap 17). Portanto. Ele faz com que a honesta resis­ tência de Mordecai se tom e uma oportunidade para a execução de nm plano de aniquilação de toda a raça judaica.qual. Quinta. pois em 9.10.7). Ele é terrível no poder. ele procura obter isso através do poder político. no outro pende de sua própria forca. a palavra “agagita” associa Hamã aos agagitas mencionados anteriormente nas Escrituras. e seu fim é repentino e irônico. simbolicamente interpretada. “se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus” (2 Ts 2.16 com 3. o governo gentio. Cinco vezes é chamado também de “agagita” (3. devido a seu ódio. pela manifestação de sua vinda”. O “iníquo” vindouro será o Hamã dos últimos dias. Quatro vezes ele é chamado de “inimigo dos judeus” (3.17-20). Da mesma forma. Recentes descobertas revelaram que Agague era um território adjacente à Média. Em 2 Tessalonicenses 2. Agague foi rei dos am alequitas (1 Sm 15. revelado o iníquo. toda sua descendência perece com ele.24). Com astúcia capciosa. 8.. D t 25. 8. É assim que repentinamente o “homem da iniqüidade” será destruído.8). e um cetro subiria de Israel trazendo destruição a Amaleque (Nm 24. Aquele que venceu os homens por meio de prodígios sobrenaturais será vencido por um milagre ainda maior! Além do mais. Viria. Amaleque sempre foi inimigo de Israel (Êx 17. no fim da era presente. de modo que os judeus passam por grande tristeza e sofrimento (capítulos 3 e 4). segundo Paulo. Um dia ele está cheio de vanglória. Além disso. o Novo Testamento diz que Cristo irá matar o anticristo (2 Ts 2.1.1.17-19). o qual lançará os judeus na “grande tribulação” por meio de traição política (Dn 9. A lei foi abolida em C ristoçS ^r mosaica já passara. Em terceiro lugar. quando aparecemos nos trajes reais que Cristo nos deu. a igreja. Era contra a “lei” o fato de Ester \ \ apresentar assim ao rei. Era filha de judeus. mesmo assim. Seremos ai tados como a noiva de Cristo. Em^&yW tó/lugar. pois o rei a viu nos trajes reais que lhe dera (5. também não mais existia o antecedente jud . mas somos plenamente aceitos com base em generosa graça.8)? . No entanto. Nós também somos excluídos pela lei. em seu caráter pessoal. é “o Rei dos reis e Senhor dos senhores”.27). Não será através da intercessão dos sacerdotes piedosos da igreja que o livramento chegará par a os judeus em sua tribulação/ma/? As “taças de ouro cheias de incenso” não são chamadas de “orações dos santos” (Ap 5.u ~ crituras que prepararam o cam: 3 para a igreja cristã eram judaicas. mas seus pais haviam m orrido. a lei a excluía. e s T v \ \ 'onge de tipificar a Cristo. Em primeiro lugar. Em segundo lugar. “igreja gloriosa. daquele modo. simbolizando a ressurreição ^ m tè r c e s s ã o no poder da ressurreição. Ester é um tipo da i: eza feminina. surgiu de ancestrais judeus. E ster tipifica a igreja em sua intercessão. M esmo assim. se considerada historicamente. A primeira comunidade cristã era judaica. Estef^tt^ifica a igreja em sua exaltação.Ester Sobrou pouco espaço para falarmos do significado tipológico de Ester e Mordecai. ela é assim em seus ancestrais judeus. sem m áculanem f nem cousa semelhante” (Ef 5. Ela se casa com um homem ci^b/ffitikLÊía “rei dos reis”. O próprio " ' r e r a ’ ' . Tod. Assim também Deus deu à Igreja de Cristo oa. a igreja carregava consigo o sinal de qi antecedente judaico já estava morto. por ser um “rei dos V è i s ^ x p m u i t o bem representar para nós o noivo real da igreja.1). y Q J } u a igreja procedia. bfel insuperável — a beleza do próprio Cristo. ao surgir do judaísmo. Somos “aceitos no amado”. Os judeus foram livrados mediante a intercessão de Ester. Do mesmo modo como os pais de EsW íM viam morrido. Deus lhe dera uma beleza que superava :s outras. o q$all a^jàxo. Embora Assuero. Nós nos tornai e Deus em Cristo”. foi aceita com base na graça apenas. Ester pode ser considerada um tipo da Igreja. Ela \ diante do rei “no terceiro dia”. T erceiro. . baseava-se claramente em sua fé judaica. ele tipifica o rem anescente judeu em seu livramento maravilhoso. ele pode representar perfeitamente o fiel re­ manescente judeu que será preservado através da grande tribulação. que são compartilhados por milhares de outros judeus e que prefiguram aquela preparação de arrependimento que. Eles são selados e salvos.Mordecai Quanto a Mordecai. Isto encerra os dezessete livros históricos do Antigo Testamento. a fim de entrar no reino milenar. Segundo. finalmente.4). Quando os servos do rei perguntaram a Mordecai: “Por que transgrides as ordens do rei?” (3. O capítulo 7 de Apocalipse mostra-nos a colocação do selo sobre o remanescente judeu. na última tribulação o fiel remanescente judeu não se inclinará perante a besta nem receberá sua marca. Sua recusa.3). da mesma forma. Primeiro. em sua recusa de inclinar-se diante de Hamã. fará com que vejam “aquele a quem traspassaram” (Jo 19. o mesmo acontecerá com seus irmãos no futuro. Assim como ele foi salvo. portanto. o segundo homem em importância depois do rei e da rainha! Através do remanescente fiel. antes que a “ira de Deus” seja derramada sobre a terra. Consideremos isto de quatro modos. Não poderia render a um homem aquilo que só era devido a Deus. O capítulo final de Ester mostra que ele foi exaltado acima de todos os seus companheiros e nomeado primeiro-ministro da Pérsia. ele lhes declarou “que era judeu” (3. jejum e choro. e aqui chegamos ao final do volume 2 deste nosso estudo. Quarto. Mordecai tipifica esse povo em sua maravilhosa exaltação.37) e O aceitem como seu Rei. os judeus e Jerusalém terão igualmente o lugar supremo entre as nações no reino vindouro do maior Filho de Davi. Mordecai tipifica os judeus do período da tribulação em sua amarga tristeza.
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