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June 10, 2018 | Author: Rita Carneiro | Category: Social Work, Sociology, Karl Marx, Capitalism, Market (Economics)


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Anais do IV Simpósio Lutas Sociais na América Latina ISSN: 2177-9503Imperialismo, nacionalismo e militarismo no Século XXI 14 a 17 de setembro de 2010, Londrina, UEL GT 3. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho O universo do mundo do trabalho e a profissão de Serviço Social∗ Angela Maria Moura Costa Prates∗∗ Nayara Cristina Bueno∗∗∗ “Se os homens são os artífices de sua própria história por que construíram um mundo tão desumano? Se a história é feita pelos homens, por que eles não têm sido capazes de construir uma sociedade autenticamente humana? Sergio Lessa O capitalismo está assentado no tripé: capital, estado e trabalho (MÉSZÁROS, 2002), sendo que o fruto do conflito entre ambos gera a Questão Social1. E assim, o objetivo do presente artigo é discutir um dos Este artigo nasceu a partir da pesquisa realizada pelos membros do Projeto de Pesquisa intitulado: “Os assistentes sociais e o mundo do trabalho na região de Guarapuava/PR” aprovado pela Resolução 040/2009 CONSET/SESA/G/UNICENTRO. ∗∗ Assistente Social e Professora do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO e Faculdade Guairacá. Pós-Graduada em Formação de Professores para a Docência no Ensino Superior – UNICENTRO e Mestranda em Ciências Sociais Aplicadas – Estado, Direitos e Políticas Publicas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). End. eletrônico: [email protected] ∗∗∗ Aluna do curso de Serviço Social da UNICENTRO e membro do Projeto de Pesquisa. 1 “[...] a questão social, no sentido universal do termo, quer significar o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs ao mundo no curso da constituição da GT 3. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho ∗ 187 GT 3. 1. A categoria trabalho e sua relação com a natureza na perspectiva de Marx A categoria trabalho é um ponto alto na exposição de Marx. A necessidade prova o trabalho e este permite a satisfação da necessidade.] implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções. tanto no que se refere às novas profissões como no redimensionamento das já consolidadas (NETTO. o desemprego e o subemprego trazem para o trabalhador a instabilidade cotidiana. sem a mediação do trabalho é um nada. Como a profissão de Serviço Social tem como matriz norteadora a teórica social critica de Karl Marx. aumentando assim as expressões da Questão Social no mundo contemporâneo. pois ele apresenta páginas de real valor quando descreve e exalta o trabalho humano (MARX. 2007 p. Assim a “questão social” está fundamentalmente vinculada ao conflito entre o capital e o trabalho” (FILHO. E. Por meio dele a natureza se aproxima do homem e lhe satisfaz a necessidade. de maneira significativa. 1971). é um ser abstrato. 2000).. fora da apreensão humana – seria como se não existisse. Ele é a mediação entre homem e natureza e sua relação fundamental homem e natureza é exercida e efetivamente concretizada. p. por isso. não existe. as conjunturas de rápidas e intensas transformações societárias são solos férteis para alterações profissionais.. 02). 1996). penosa.. Marx chega mesmo a dizer que a natureza em estado puro. em condições terceirizadas e baixa remuneração (ANTUNES. 49). p. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 188 . 21). distanciado. a verdadeira ação dialética. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que “[. E mais.] muitas foram as modificações trazidas pelo presente tempo histórico [. o que equivale a dizer que está comprometida toda a ontologia de Marx. Ela só existe para o homem pelo trabalho (ALBORNOZ.]”(SOUZA e AZEVEDO 2004. atendo ao objeto de estudo. no âmbito do trabalho são “[. 1982.. No trabalho está comprometida a relação fundamental homem-natureza. sendo esta matéria-prima do Serviço Social. O trabalho é essencial ao real dialético por que é ele a força dialética. e que.. 2000) e a profissão de Serviço Social enquanto especialização do trabalho coletivo. Com a modernização capitalista cresce a precarização do trabalho através da informalidade. sem o qual a natureza é elemento divorciado do ser humano. suas metamorfoses no mundo contemporâneo (ANTUNES.. sociedade capitalista. Neste sentido. 1994).tripés que é o trabalho. não pode ser aleatório” (LIMA e MIOTO. é nela que a seguir discute-se a categoria trabalho. exercício de atividades de forma insalubre. Esta nova situação (objetiva e subjetiva. realiza-lhe o ser e fica impregnada do humano. naturaliza-se. por qualquer ação ou gesto. não impedirá a infiltração do natural no humano nem o humano no natural. bem entendido) faz com que surjam novas necessidades (um machado diferente. por exemplo) e novas possibilidades para atendê-las (o indivíduo possui conhecimentos e habilidades que não possuía anteriormente e. GT 3. Mediatamente por que o homem é capaz de organizar um processo técnico prolongado de produção. 1999. a natureza jamais poderá desligar-se definitivamente dela. ou seja. mas também o homem inserido nela. a novos projetos e. de organização de meios. Ao transformar a natureza. inteligente e livre. por sua vez. segundo as formas mais adequadas. 22-23). traduzido na matéria. liberdade. e assim por diante (LESSA. nutre-a com atividade. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 189 . entra em sua circulação. digeri-los está trabalhando à sua maneira.Por meio do trabalho a natureza se humaniza. os homens também se transformam – pois adquirem sempre novos conhecimentos e habilidades. como a seguir: Entre os homens. O homem trabalha com músculos. Depois que o homem toca. O homem satisfaz suas necessidade mediatamente e não simplesmente como o animal. triturá-los. 18). em seguida. possui um machado para auxiliá-lo na construção do próximo machado). E é isso que o diferencia dos animais. pelo qual consiga os bens de consumo mais variados. a novas objetivações. Também inverso se verifica: o homem se comunica à natureza. p. Mas o animal procede por uma necessidade imediata de acordo com o instinto específico. a evolução humana (LESSA. inserida no homem. Em primeiro lugar. memória. Estas. 2008 p. consciência. torna-se algo da natureza. Uma natureza trabalhada é ao mesmo tempo uma natureza tornada humana. por raciocínios e visa fins. para Marx.] ao construir o mundo objetivo o indivíduo também se constrói. introduzido no ser natural. torna-se algo do homem. mas também com atenção. além disso. pois ao ato de agarras os elementos.. passa-lhe através do trabalho a sua realidade e por isso. Estas novas necessidades e novas possibilidades impulsionam o individuo a novas prévias ideações. porque a ação e seu resultado são sempre projetadas na consciência antes de serem construídas na pratica.. É essa capacidade de idear (isto é criar idéias) antes de objetivar (isto é. a diferença do homem em relação à natureza. Seu esforço se desenvolve por meio de cálculos. darão origem a novas situações que farão surgir novas necessidades e possibilidades de objetivação. pois: [. de construir objetiva ou materialmente) que funda. Ao passo que o homem realiza um trabalho consciente. O trabalho instintivo é próprio dos animais. a transformação da natureza é um processo muito diferente das ações das abelhas e formigas. O instrumento é mais do homem do que da natureza. Os instrumentos são os meios de trabalho. 2. já contém armazenado em si algum trabalho. demarcadas pela sucessão dos modos de produção (sociedade GT 3. O trabalho humano prepara e usa uma série de instrumentos e aparelhos para que a atividade seja mais eficiente. o trabalho assumiu características diferentes das anteriores pensadas: os homens que produzem os bens materiais. o desenvolvimento do trabalho criador aparece. Mesmo que o instrumento seja rudimentar. Neste sentido. que conforme Marx: “A riqueza das sociedades onde se rege a produção capitalista configura-se em “imensa acumulação de mercadorias”.Marx lembra que o animal só é capaz de reproduzir a si mesmo. Marx verifica que em sua contemporaneidade. enquanto que o homem reproduz também a natureza. mais dono de si próprio. O objeto que se oferece logo à ação é a terra. os vegetais. é a forma elementar dessa riqueza (MARX. Contudo. como uma condição necessária para que o homem seja cada vez mais livre. o objeto e os instrumentos. A sociedade basicamente passou por vários modos de produção. Pelo fato de conter trabalho está mais penetrado de humanidade. o trabalho com seu caráter na sociedade atual exterioriza-se sob a forma de mercadoria. 41)”. de cultura. p. Portanto. e a mercadoria. A evolução das sociedades e dos indivíduos passou por varias etapas históricas. aos olhos de Marx. mais humana. alguns indispensáveis à sua própria existência. A ação é esforço material e intelectual que o homem desenvolve para produzir. Agora. Conforme (ALBORNOZ. porém. as matérias-primas que ocupam a atividade do homem. É interessante notar que os instrumentos são a natureza transformada. os animais. por que está mais desligado da natureza e é usado mais livremente e independentemente pelo homem. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 190 . e normalmente. um ramo implica emprego de trabalho na concepção de Marx. 1994) no trabalho distinguem-se três elementos: a ação. 1989. O simples fato de só recolher uma pedra. O objeto do trabalho é a natureza sobre a qual se exerce a ação. não se realizam como seres humanos em suas atividades. O trabalho e sua metamorfose no modo capitalista de produção No decorrer dos séculos. a concepção de trabalho em relação com a natureza sofre modificações. resultam de um trabalho anterior. isoladamente considerada. assim. Na terra estão os minérios. Reproduz a natureza por que a faz passar por formas variadas através das intermináveis transformações a que a sujeita para seus fins humanos e sociais. É o dinamismo da pessoa aplicado à natureza. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 191 . O capitalismo transformou a vida cotidiana em mera luta pela riqueza. Os indivíduos passaram a considerar todos os outros como adversários e a sociedade se converteu na arena em que essa luta se desenvolve. mas ao que quer pagar seu empregador.. das mudanças que ocorreram pelo desenvolvimento do capitalismo. escravismo. onde o homem vive uma condição de subordinação e alienação. De uma relação de transformação da natureza que levava o ser humano à satisfação. Foi a transição do trabalho manual para o industrial que acelerou a expansão do trabalho assalariado. Constantemente trabalhadores estão sendo expostos à condições de informalidade o que significa situações precárias. pois anteriormente ele era parte fundamental para o trabalho. passou-se a exploração da força de trabalho. se desdobrou uma determinada relação do individuo com a sociedade (LESSA. que a torna mercadoria para vendêla. As relações econômicas de mercado são expressões nítidas dessa nova relação entre os indivíduos e a totalidade social.. Neste contexto o trabalhador vive uma constante tensão para dar conta de acompanhar o acelerado processo de inovações tecnológicas e conseqüentemente de exigências. restando-lhe apenas competir com os outros para garantir um lugar no mercado. feudalismo e capitalismo). Nesse modo de produção o trabalhador tem uma falsa idéia de liberdade enquanto dono de sua força de trabalho. Estas transformações colocam o trabalhador numa situação contraditória. O criador da máquina. ou seja. quanto mais os instrumentos de trabalho são qualificados pelo avanço tecnológico. modo de produção asiático. No interior de cada uma dessas etapas históricas. lhe garantir um trabalho com direitos assegurados. é substituído por ela. 2008 p.primitiva. Com tudo isso.] (LESSA. hoje as máquinas lhe substituem. o homem. Pois bem. A partir do capitalismo. 2008 p. mais o trabalhador fica em segundo plano. Dele é exigido maior qualificação sem. a força de trabalho humana é mercadoria e passa a ser comprada e utilizada como bem entende o mercado e sua ânsia de lucro. É neste contexto que a seguir discute-se a inserção do Serviço Social no mundo do GT 3. no entanto. parciais e temporárias. favorecendo com isso o crescimento do mercado informal. Por ANTUNES (2000) isso é chamado de desproletarização e superproletarização da classe trabalhadora. Todos são inimigos de todos [. Esta situação ganhou espaço a partir da expansão capitalista pela intensificação da exploração da força de trabalho física e intelectual. o mercado de trabalho torna-se exigente demais para com aquele que nele pretende permanecer. no entanto diminuiu a garantia de direitos trabalhistas. Este contexto é discutido por ANTUNES (2000) quando fala das metamorfoses do mundo do trabalho. 81). 79). não a seu preço. 22). 3. Foram tão intensas as modificações. (IAMAMOTO 2005.] responde tanto as demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro pela mediação do seu oposto [. 23). tanto do setor público quanto no privado.. Os assistentes sociais e o universo do mundo do trabalho O Serviço Social não é uma profissão considerada como trabalho desde a sua origem.. inserindo-se numa relação de compra e venda de mercadorias. a atuação profissional “[... nas suas formas de inserção na estrutura produtiva.... p. pois as produções de conhecimento na área começam a mostrar a necessidade de abordar o serviço social como trabalho e isso “[. 2003 p.trabalho contemporâneo como uma profissão que desenvolve um tipo de trabalho intelectual.. 23). que atingiu não só a sua materialidade. mas teve profundas repercussões na sua subjetividade e. As mudanças na profissão acontecem pelo impulso das mudanças no contexto mundial: A década de 1980 presenciou nos países de capitalismo avançado profundas transformações no mundo do trabalho. para responder estas demandas o assistente social precisa vender sua força de trabalho para entidades empregadoras. a relação capital e trabalho. ou seja. afetou a sua forma de ser (ANTUNES. 2005 p. o ele surge no momento que o Estado passa a administrar o conflito de classes. ou ainda. 2000 p.] supõe apreender a chamada ‘prática profissional’ profundamente condicionada pelas relações entre Estado e Sociedade Civil. mais capacitação e disponibilidade para assumir diversas funções. a partir daqui surgem novos e diversificados processos de trabalho requerendo do trabalhador novas habilidades.75) Porém.]” (IAMAMOTO. Esta relação entre Estado e Sociedade Civil foi determinante para a constituição e institucionalização do serviço social como profissão. uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da sociedade” (IAMAMOTO. Essa expansão do trabalho assalariado também foi significativa na década de 80 onde: GT 3.]”. mas formas de representação sindical e política.. Segundo o autor. Assim. Essa concepção nasceu a partir da década de 80 onde passa a ser considerado como “[. pois.. pelas relações entre as classes na sociedade [.] uma especialização do trabalho. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 192 . que se pode mesmo afirmar que a classe-que-vive-do-trabalho sofreu a mais aguda crise deste século. A profissão de Serviço Social não está deslocada deste contexto. no íntimo inter-relacionamento destes níveis. participando como trabalhador assalariado da produção e/ou reprodução da riqueza social. pelo simples fato de não transformar a natureza. IAMAMOTO (2005). exerce sua profissão de acordo com as normas da Instituição com quem mantém vínculo empregatício.. se assim é. Este profissional tem uma relativa autonomia em suas ações. não sendo diferente para o Serviço Social. o assistente social não detém todos os meios para efetivação de seu trabalho. na organização da atividade.] efetivou-se uma expressiva expansão do trabalho assalariado. do Estado. e funções que compõem o cotidiano do trabalho institucional. um contraponto a seu pensamento. a viabilização de direitos e a prestação de serviços públicos. que é a concepção defendida por Lessa (2006). (IAMAMOTO. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 193 . afirma que o objeto de trabalho e a matériaprima do assistente social é a questão social em suas múltiplas expressões. 63). estabelecem prioridades a serem cumpridas. Porém. vivencia-se também uma subproletarização intensificada. Mas existe outra discussão que difere da autora. Ora.[. Neste sentido. porque o Serviço Social não realiza a transformação da natureza nos bens materiais necessários à reprodução social.. o Assistente Social não vive um.. e antes de qualquer coisa. interferem na definição de papéis. Divergente dela. pois enquanto trabalha com Políticas Públicas. forneçam meios e recursos para sua realização.. Em primeiro lugar. Ela organiza o trabalho do qual ele participa. presente na expansão do trabalho parcial temporário. o assistente social depende. Essas modificações são sentidas por todas as profissões. É neste sentido que o profissional vive as contradições de uma sociedade de classes em que impera a exploração do trabalho. 2000 p. pois “[.] (ANTUNES.. entidades não-governamentais que viabilizam aos usuários o acesso a seus serviços. a obtenção de metas de produtividade.] a instituição não é um condicionante a mais do trabalho do assistente social. Ela organiza o trabalho do qual ele participa” (IAMAMOTO. 49). o autor é enfático ao afirmar que o Serviço Social não pode ser considerado trabalho. expressa também através da crescente incorporação do contingente feminino no mundo operário. Não cumpre ele a função mediadora entre os homens e GT 3. 2005 p. numa perspectiva marxista de análise. precário. mas diversos processos de trabalho e deixa como produto deste a reprodução da força de trabalho. da empresa. 2005 p. a partir da enorme ampliação no setor de serviços. a rentabilidade das empresas.. Assim. 63). subcontratado “terceirizado” [. dependendo também da organização da instituição empregadora: Ainda que dispondo de relativa autonomia na efetivação de seu trabalho. a instituição não é um condicionante a mais do trabalho do assistente social. verificou-se uma significativa heterogeneização do trabalho. através da prestação de serviços. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 194 . 2006. assim como outras profissões que não trabalham diretamente com a transformação dos recursos naturais.]” (SOUZA e AZEVEDO 2004. nas relações entre os homens (LESSA... 54).. “[.] o trabalho possui uma função social muito precisa: faz a mediação entre homem e a natureza.] a distinção entre o trabalho e as outras práxis social não está nem na sua forma. 2000 p. garantir seus direitos.. o Serviço Social não pode ser compreendido como trabalho. onde atua também o Serviço Social.. Neste sentido. atua nas relações puramente sociais. industriais entre outras. São trabalhadores assalariados que buscam na perspectiva do fortalecimento da classe trabalhadora. não significa que este não possa ser um instrumento de acumulo do capital. Vale lembrar que o trabalho mudou no decorrer da expansão capitalista.. 18). Ora. 16). quando se quer compreender o seu significado no mundo contemporâneo (ANTUNES.a natureza. porém não trabalham diretamente com a transformação da natureza. nem na sua “materialidade”. Dizer que o Serviço Social não é trabalho. GT 3. mais que muitas vezes desempenham atividades imbricadas com o trabalho produtivo. empresários.13). pelo contrário. enfrentar junto com eles as expressões da Questão Social. pois contribui com a produção e reprodução da vida social. participar de suas lutas. Estes profissionais trabalham tanto no setor público quanto no privado intermediando a garantia de direitos sociais entre as classes. A expansão do trabalho em serviços. e. [.. de tal modo a produzir a base material indispensável para a reprodução das sociedades (LESSA. A exemplo de outras profissões que indiretamente produzem mais-valia. segundo a concepção de Lessa. p. advogados. nem na sua relação com a produção da mais-valia. tanto que na atualidade se trabalha mais com a prestação de serviços. mostram-se como outra característica importante da noção ampliada do trabalho. Visualizando o trabalho enquanto transformação da natureza para atender as necessidades humanas. É assim. no entanto desenvolvem processos de trabalho. a maioria das profissões na atualidade não transformam a natureza..] as situações cotidianas enfrentadas pelos assistentes sociais são múltiplas e diversificadas em função do espaço de trabalho no qual esteja inserido [. também o é pelos Assistentes Sociais enquanto parte dela. 2000. p. p. O que torna o trabalho a categoria fundante – e todas as outras práxis sociais fundadas – é sua função social [. como os administradores. consolidar a democracia. que as modificações no universo do mundo do trabalho que é sentida pela classe trabalhadora. em esferas não diretamente produtivas. interfere na reprodução material e social da força de trabalho. 1994. pois presta serviços que atendem necessidades sociais. A. claros e convincentes. Bibliografia ABREO. enfatize-se que os argumentos de Iamamoto (2005) são diversos. 1999. – 6ª Ed – São Paulo: Brasiliense. portanto. sendo parte da classe trabalhadora. nº 2 (jan/jun – 1999) – Londrina: Universidade Estadual de Londrina. interferindo na vida social e material dos usuários. Os impactos das dimensões societárias contemporâneas e o perfil do assistente social. possui valor de uso. as quais contribuem com a produção de conhecimento a esse respeito. ALBORNOZ. É nesse âmbito que se encontra o Serviço Social. Suzana. mas é prestação de serviços. Para Lessa (2006) o Serviço Social não é considerado trabalho. Deixou claro que o tipo de processos de trabalho que hoje as profissões desenvolvem não tem na maioria das vezes relação com a natureza. Conclui-se. pois sem meios de realizar um trabalho. passando pelos vários modos de produção no decorrer da história. 2000) atingem diretamente a todos os trabalhadores. Serviço Social em Revista – Vol 1. a profissão presta serviços sociais à classe trabalhadora. Mesmo considerando validas as discussões de Lessa (2006). vive os mesmos dilemas da exploração capitalista e luta pelos direitos trabalhistas tanto seus como dos demais membros de classe. C. que as metamorfoses ocorridas no universo do mundo do trabalho (Antunes. sejam transformadores da natureza ou prestadores de serviços no sistema capitalista de produção. Além disso. Com isso. O que é o trabalho. Considerando que o Serviço Social está inserido na divisão social e técnica do trabalho. para que consiga realizar o seu trabalho depende da organização da instituição empregadora. Trabalho ou não. GT 3. Porém. chegando até a contemporaneidade para perceber as mutações acontecidas neste universo. é uma profissão socialmente necessária. et all. Essa compreensão traz dupla discussão. o que difere de Iamamoto (2005) em sua firme posição positiva.Considerações finais Este estudo buscou fazer uma breve reflexão a respeito da categoria trabalho desde a concepção marxista de estreita relação com a natureza. como uma profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho e que desenvolve processos coletivos de trabalho com relativa autonomia. Classes sociais e transformações no mundo do trabalho 195 . S. B. não há trabalho. Departamento de Serviço Social. São Paulo: Expressão Popular. nov/2004. 2005. FILHO. V. ___________. A "Questão Social" no Brasil: Crítica do discurso político. 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