138623795-Apostila-de-Estratigrafia-Geral.pdf

April 2, 2018 | Author: Lu Melo | Category: Sea, Sediment, Earth, Carbon Dioxide, Atmosphere


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISINSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA ESTRATIGRAFIA GERAL Código da disciplina – GEL005 Prof. Alexandre Uhlein Prof. Henri Dupont Guilherme Labaki Suckau Júlio Carlos Destro Sanglard SUMÁRIO 01 – Introdução, definição e relação com outros ramos da geologia....................................................03 1.1 - Desenvolvimento e Evolução da Estratigrafia Moderna....................................................................03 1.2 - Relação com Outras Disciplinas........................................................................................................04 1.3 - Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias.....................................05 02 – Revisão sobre Ambientes e Fácies Sedimentares........................................................................07 2.1 – Ambiente Sedimentar.......................................................................................................................07 2.2 – Fácies Sedimentar............................................................................................................................09 2.3 - Sistemas deposicionais.....................................................................................................................10 2.4 - Tratos deposicionais..........................................................................................................................11 2.5 – Seqüências deposicionais................................................................................................................12 2.6 - Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas Sedimentares..............................14 03 – Noções de classificação estratigráfica...........................................................................................16 3.1 - Unidades litoestratigráficas...............................................................................................................16 3.2 – Unidades bioestratigráficas..............................................................................................................17 3.3 – Unidades cronoestratigráficas..........................................................................................................18 04 – Estratigrafia tradicional (litoestratigrafia) e estratigrafia genética (ou de seqüências deposicionais)........................................................................................................................................19 05 – Perfis estratigráficos......................................................................................................................21 5.1 – Representação gráfica do perfil estratigráfico..................................................................................21 5.2 - Seções Estratigráficas de Sub-Superfície.........................................................................................24 5.3 - Estudo estratigráfico de uma bacia sedimentar................................................................................26 06 – Eventos de sedimentação.............................................................................................................27 6.1 - Transgressões e regressões.............................................................................................................27 6.2 - Sedimentação episódica...................................................................................................................28 6.3 - Interrupções na sedimentação: discordâncias e hiato......................................................................29 07 – Litoestratigrafia e as variações laterais em sequências transgressivas, regressivas ou progradantes..........................................................................................................................................34 08 – Correlações estratigráficas............................................................................................................39 8.1 – Conceito............................................................................................................................................39 8.2 – Tipos.................................................................................................................................................39 8.3 – Exemplos..........................................................................................................................................40 09 – Sismoestratigrafia..........................................................................................................................42 9.1 – Metodologia......................................................................................................................................42 9.2 - Relação entre refletores e limites de seqüências, na interpretação dos perfis sísmicos..................44 9.3 – Fácies sísmica..................................................................................................................................45 9.4 – Geometria da unidade sísmica ........................................................................................................47 10 – Estratigrafia de seqüências............................................................................................................50 10.1 - Conceito..........................................................................................................................................51 10.2 - Controles.........................................................................................................................................51 10.3 - Arquitetura deposicional em bacias costeiras.................................................................................51 10.4 - Seqüência deposicional e limites (tipo 1, tipo 2).............................................................................55 10.5 - Tratos de sistemas..........................................................................................................................57 10.6 – Parassequências............................................................................................................................63 10.7 - A curva eustática de Vail................................................................................................................65 11 – Bacias sedimentares.....................................................................................................................68 11.1 – Tectônica de placas........................................................................................................................73 11.2 - Tipos de subsidência.......................................................................................................................74 11.3 - Classificação de bacias sedimentares............................................................................................75 11.4 – Bacias em Margens divergentes....................................................................................................78 11.5 – Bacias em Margens convergentes.................................................................................................82 11.6 - Bacia intraplaca (cratônica).............................................................................................................89 12 – Bacias sedimentares do Brasil........................................................................................................................90 12.1 Bacias cratônicas Proterozóicas........................................................................................................90 Cráton Amazônico. Cráton do São Francisco. 12.2 Bacias Fanerozóicas do Brasil..........................................................................................................91 Bacias cratônicas (Paleozóicas – Mesozóicas). Bacias de margem passiva (Mesozóicas – Cenozóicas). 2 01. INTRODUÇÃO, DEFINIÇÃO E RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DA GEOLOGIA A estratigrafia estuda as rochas sedimentares, metasedimentares e as intercalações vulcânicas, considerando os aspectos da deposição, do empilhamento, da geometria dos corpos e da idade relativa ou absoluta de cada unidade sedimentar. Nas dez milhas (16km) superiores da litosfera continental, as rochas sedimentares constituem apenas 5% do volume. Constituem, porém, a maior parte (75%) da superfície dos continentes (Pettijhon : Sedimentary rocks, p. 7) A característica principal das rochas sedimentares é certamente a estrutura que as apresenta em camadas superpostas. As camadas são também chamadas estratos e a disposição em camadas superpostas é a estratificação. Etimologicamente, estratigrafia vem do latim stratum que significa “coisa estendida” e do grego graphein que significa “descrever”. As definições são tão variadas quanto os autores que trataram do assunto. A definição de Weller, apesar de ser um pouco antiga, ainda é bastante atual (Weller, 1960, Stratigraphic principles and practice). Weller, 1960. A estratigrafia é o ramo da geologia que estuda as rochas estratificadas e sedimentares, considerando, para as diversas unidades estratigráficas, a descrição da seqüência vertical e horizontal, as correlações e o mapeamento. Esta definição distingue o aspecto mais teórico ou científico - estudo e interpretação - do aspecto mais prático e rotineiro - descrição das seqüências, correlações e mapeamento - da estratigrafia. A definição implica também que todas as rochas estratificadas não são necessariamente sedimentares e que todas as rochas sedimentares não são sempre estratificadas. Nos estudos estratigráficos, são incluídos também as correntes de lavas e os depósitos de material piroclástico, acumulados sobre a superfície da litosfera. Com relação às rochas vulcânicas, é importante poder reconhecer as soleiras (sills) que foram injetadas entre duas formações sedimentares mais velhas e não se depositaram na superfície. Alguns depósitos sedimentares como os de geleiras ou tilitos e o loess, mostram pouca estratificação. O loess é um depósito periglacial detrítico e eólico não estratificado e de granulometria silte-argila. 1.1 - Desenvolvimento e Evolução da Estratigrafia Moderna Fase Tradicional • PRÉ 1950. • Descrição. • Correlação. • Nomenclatura. • Cronoestratigrafia / litoestratigrafia. • Paleontologia estratigráfica. • Interpretação geral dos fenômenos deposicionais. 3 • Infere processos para fácies antigos. Análise de Bacia Integrada. • Controvérsia com relação a globalidade dos fenômenos. processo. Tipo de bacia de sedimentação.2 .. Estratigrafia Sismica. • Infere a paleogeografia e prevê reservatórios de hidrocarbonetos e camadas impermeáveis. costeiro. Fase dos Sistemas Deposicionais • 1960/1970 • Relaciona análogos recentes e antigos. 1. • Define limites entre seqüências: são as descontinuidades importantes na sedimentação. • Paleontologia. • Relaciona as variações da lâmina d'água com a tectônica e a eustasia. • Crítica dos conceitos anteriores. Sismoestratigrafia. forma externa ou geometria). • Ciclicidade das seqüências.. Levantamento de perfis estratigráficos. deltáico. • Executa sondagens rasos em fácies recentes. • Reconhece os componentes das fácies sísmicas (configuração ou tipo de estratificação. recifes. Geologia estrutural. .Fase dos Modelos do Holoceno (3d) • 1950 • Relaciona: ambiente. • Arcabouço de seqüências desde 1ª até 5ª ordem. Estabelecimento da seqüência vertical cronológica. • Estabelece modelos de deposição de siliciclásticos e carbonatos (fluvial. • 1970/1980 • Interpreta a litoestratigrafia a partir da sísmica.Cronologia relativa dos depósitos. Estratigrafia Seqüencial • 1980/1990 • Tratos deposicionais relacionados com as variações do nível do mar. planícies de marés. . litofácies.Relação com Outras Disciplinas • • Geotectônica. • Introduz o conceito de trato deposicional (system tract). • Desenvolvimento dos sistemas deposicionais. • Integração entre geotectônica e sedimentação. • 1990. e com a fonte do sedimento. 4 . • Geofísica. continuidade da estratificação.Ambiente sedimentar. • Identifica variações do nível do mar.) • A estratigrafia tradicional orienta-se mais em direção a sedimentologia. • Define sistemas deposicionais antigos a partir das relações tridimensionais entre fácies. a humanidade está preocupada com o aumento do teor em gas carbônico na atmosfera e um eventual aumento conseqüente da temperatura do Planeta. Descrição dos sedimentos e rochas sedimentares (textura e estruturas sedimentares). Uma boa parte dos cinco bilhões 5 . enquanto as águas dos rios são bem mais limitadas.• • • Sedimentologia. diagnóstico do ambiente de sedimentação.3 .Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias As rochas sedimentares e estratificadas têm um papel de primeira linha na exploração e na produção mineral. Idade absoluta pelo estudo dos isótopos radioativos. e Hidrogeologia. conglomerados Moeda do Quadrilátero Ferrífero ou conglomerados de Jacobina na Bahia) Os conglomerados do Espinhaço de MG. dolomitos. Pb. do Petróleo. Por isto. apesar de representar apenas um pouco mais de 2 % do volume da água dos oceanos. uma boa compreensão da estratigrafia dentro de um arcabouço estrutural correto ajuda a encontrar reservas de água subterrânea e a avaliar o potencial de uma região. as águas subterrâneas constituem a maior parte.6 % divididos da seguinte maneira : Gelo nos círculos polares e geleiras : 77 % Águas subterrâneas : 22 % Lagos. argilas. • • Águas salgadas nos oceanos e mares : 97. também diamantíferos. Editora Augustus. evaporitos. todos de idade precambriana. Ag). ( ver: Manual Global de Ecologia. p. estudo da diagênese que é relacionada com a evolução da bacia (soterramento e soerguimento). Mn. rios. A fusão das calotas polares e geleiras.4 % Águas doces : 2.157. Muitos minerais e rochas industriais como calcários. Muitos minerais ferrosos e não ferrosos são também hospedados em fácies específicas de rochas sedimentares e vulcano-sedimentares (Fe. são portadores de diamantes e fontes para os aluviões recentes e atuais. Com 70 % da superfície da Terra sendo coberta por oceanos. Estudo da matéria orgânica (em geologia do petróleo) informa sobre a evolução térmica da bacia. Variações de ambiente ou de clima definidos pelo estudo de alguns isótopos estáveis. petrologia sedimentar. Em prospecção hidrogeológica de terrenos sedimentares. Geologia Econômica. 1. Zn. plantas. As rochas sedimentares hospedam a maior parte dos minerais energéticos: minerais radioativos. Cu. As maiores jazidas de ouro primário são ligadas a níveis definidos das pilhas vulcano-sedimentares dos "Greenstone Belts" do Arqueano (Minas de Nova Lima) e aos paleoplaceres precambrianos oriundos da erosão dos "greenstone belts" (Minas do Witwatersrand na Africa do Sul. petróleo e gás natural. provocaria uma subida de aproximadamente 80 m do nível dos mares. Aproveita-se bastante de um bom conhecimento das bacias sedimentares (boa análise de bacia). as águas doces constituem apenas uma pequena parte das águas do planeta. Do total das águas doces facilmente aproveitáveis pela humanidade. Geoquímica. 1993). são rochas sedimentares. animais : 1 %. carvão. da Chapada Diamantina na Bahia ou do Grupo Roraima. fosfatos. durante 100. (Ver: C. como a SEPM (Society for Sedimentary Petrology). 6 . Algumas instituições científicas. o que não deixaria de provocar graves problemas econômicos. 86. Glaces de l 'Antarctique. 1992 – Sedimentary Basins. da Formação Botucatu (Bacia do Paraná). Springer Verlag. Por outro lado. LEIA MAIS ENSELE.000 anos. ed. incentivam o aproveitamento do conhecimento das bacias sedimentares para o estudo dos lençóis de água subterrânea e a prevenção dos vários tipos de poluição.de habitantes atuais da Terra deveriam transferir-se para áreas mais elevadas. de 150 litros por habitante do Planeta. porém utópico. Lorius. 1991. G. O maior aqüífero (camada subterrânea rica em água) chama-se Aqüífero Guarani. constitui-se de um arenito eólico poroso. sociais e políticos. este imenso volume de água doce congelada corresponde a um consumo potencial diário. 628 pg.). p. Odile Jacob. com parâmetros físicos. as fácies sedimentares são dependentes das áreas fontes. os ambientes. vento. transporte. correntes. Na superfície da Terra. Clima. profundidade). Correntes marinhas. Radiação solar. cobertura vegetal). Radiação solar. mesmo que não sejam especificamente de deposição. transicionais e marinhos. Clima.1 . Profundidade da água. Os ambientes situam-se na interface litosfera / água ou litosfera / atmosfera. fauna. pH. das áreas de transporte e das áreas de sedimentação. 7 . diferente das áreas adjacentes). são caracterizados por parâmetros físicos. Temperatura. Ambientes continentais: erosão. químicos e biológicos. Posição geográfica. Ondas e marés. temperatura. Região específica da superfície da Terra. Precipitações. químicos (composição da atmosfera. Temperatura. meteorologia. meteorologia. REVISÃO SOBRE AMBIENTES E FÁCIES SEDIMENTARES Os sedimentos que durante o tempo geológico transformam-se em rochas sedimentares são caracterizados por vários parâmetros cujo conjunto é chamado de fácies sedimentar. Ambientes marinhos: transporte. Eh) e biológicos (flora. a qualquer momento da história geológica. Caracterizado por parâmetros físicos (clima. Porém não podem ser confundidas as noções de fácies sedimentar e de ambiente sedimentar. de não deposição e / ou transporte e de deposição. Posição geográfica. Parâmetros Físicos No continente. onde o sedimento apenas transita (áreas de transporte). Os ambientes podem ser subdivididos em continentais. existem áreas de acumulação (sedimentação). Evidentemente a fácies sedimentar é dependente do ambiente onde ocorre a sedimentação. Assim. deposição (rara). áreas fonte de sedimento (onde ocorre erosão) e áreas sem deposição nem erosão. Ventos. deposição (dominante).Ambiente Sedimentar Local geográfico onde ocorre a sedimentação (parte da superfície terrestre. Sensu largo eles podem ser: de erosão. químicos e biológicos específicos. (Varia no tempo geológico). No mar. Um ambiente sedimentar (ou ambiente do ponto de vista sedimentar) é uma parte da superfície da Terra fisicamente e / ou quimicamente e / ou biologicamente diferente das áreas adjacentes. É fácil compreender que a fácies do sedimento que se depositará finalmente em uma área específica. Em outras palavras. salinidade. dependerá também das características das áreas fontes e das áreas de transporte. 2. oceanografia.02. Regiões continentais baixas e planas estão em equilíbrio. 21 % de oxigênio e 1 % de outros gases. Rara -canions no talude continental. Em 1955 tinha apenas 320 ppm de CO2 e em 1985 o teor alcançou 350 ppm. Sais em solução. de cautela e sugere que seja limitada a emissão antrópica de CO2 na atmosfera. Ainda é muito discutida a correlação direta entre o aumento do CO2 na atmosfera e um suposto aquecimento na superfície da Terra. Matéria orgânica particulada e em solução.Dunas . Uma variação de uma delas deve ocasionar reajustes de outras. Parâmetros Biológicos Flora.Parâmetros Químicos Composição da atmosfera. Eh. Exemplo. As redes fluviais são os principais caminhos para transporte de material sólido e em solução. do continente para o mar. O CO2 representa 55% dos gases de efeito estufa. A postura política mais adequada.Loess Fluvial Lacustre DOMINANTE Tabela 1. Zonas de condensação. Nódulos de manganês. As temperaturas flutuam muito. pH. assim é muito mais difícil de caracterizar um aumento médio da temperatura que um aumento médio de CO2 na atmosfera. Gases em solução. quanto no decorrer do ano. Microorganismos.Nas montanhas . Um aumento do teor em CO2 da atmosfera aumenta o efeito estufa. é. Desenvolvimento de voçorocas TRANSPORTE em EQUILÍBRIO . provocando a inundação das cidades litorâneas. Os resíduos são solos diversos. Composição da água. A atmosfera é constituída de 78 % de nitrogênio. ou um aumento de 10 % em 30 anos. tanto geograficamente.Nos desertos (deflação) . nos oceanos. Pode acarretar um aumento suficiente da temperatura da Terra e provocar o degelo das calotas polares. Fluvial -Vale fluvial -Terraço = resto de aluvião não erodido. transporte em equilíbrio e deposição nas áreas continentais e marinhas. 8 . atualmente.Nos desertos. Zonas de mistura de águas (estuários). DEPOSIÇÃO Rara. então. Ambiente eólico: .Intemperismo químico libera elementos e compostos em solução. “Hardgrounds” nas plataformas. Fauna. Todas essas variáveis estão relacionadas umas com as outras. frente a essa indefinição científica. INTEMPERISMO e / ou EROSÃO CONTINENTAL AÉREO CONTINENTAL AQUÁTICO MARINHO Dominante: . Cobertura vegetal. migração de dunas. Variação de composição há escala geológica ou histórica.Nas costas rochosas (falésias) . A tabela 1 apresenta um resumo dos vários ambientes de intemperismo/erosão. Facies Models. Fig. linha (ou superfície) de tempo e variação lateral de fácies. Estes conceitos serão aprofundados no item do curso dedicado ao estudo da litoestratigrafia e das seqüências transgressivas e regressivas. É o produto da deposição em um determinado ambiente sedimentar. bem simples. caracterizado por vários 9 . mais também de erosão ou de transporte. a grande variedade de ambientes sedimentares. 2. tanto de deposição. na superfície topográfica dos blocos diagramas. Esta representação. 1984.2 . já permite observar os conceitos de sedimentação isócrona. 1 FONTE: Walker. Estes conceitos são bem visíveis. nos locais de deposição. quanto no bloco de baixo representando ambientes carbonáticos. tanto no bloco de cima representando sedimentação principalmente siliciclástica. aparece bem. que podem ser.Fácies Sedimentares Conceitos Conjunto de feições que caracteriza uma rocha sedimentar.Na figura 1. Nos cortes verticais dos blocos. aparece claramente o resultado da acumulação vertical dos sedimentos. As fácies.na horizontal. • Textura (granulometria). • Padrão de Paleocorrentes. • Geometria deposicional. A sedimentologia estuda os produtos da deposição (ou sedimentos) em determinadas áreas. lacustres.o trato de sistemas deposicionais ou trato de sistemas (depositional systems tract). litorâneo. Sensu stricto.. 10 .3 – Sistemas Deposicionais É bem evidente para qualquer observador que um ambiente sedimentar. ou litorâneo será o local de deposição de várias fácies geneticamente relacionadas. etc. ou deltáicos ou litorâneos. quanto verticalmente . Tradicionalmente. • Estruturas sedimentares. depositado em um ambiente sedimentar definido. deltáicos. • Fósseis. marinho. que seja fluvial. • Sistema deposicional → associação de fácies (produtos). Ambiente (local geográfico) Processos sedimentares Fácies sedimentar Uma fácies sedimentar é então um determinado volume de sedimento. relativa à uma escala maior de volume sedimentar . com características semelhantes. um ambiente fluvial. deltáico. Na prática. a fácies sedimentar é definida pelos seguintes parâmetros: • Litologia. preocupa-se da associação das fácies. Este conjunto de fácies geneticamente relacionadas é o sistema deposicional. Assim poderão ser estudados sistemas deposicionais fluviais. que será o local de deposição de diversas fácies geneticamente relacionadas. fornecerão uma noção sobre os processos sedimentares (físicos. os quais permitem inferência sobre o ambiente de sedimentação. ou lacustres. • Espessura. tanto lateralmente . • Ambiente sedimentar → diversos processos sedimentares. Depois de ter lembrado estas noções de fácies sedimentares e de sistemas deposicionais. A estratigrafia. litorâneo etc. onde a fácies se formou. corretamente identificadas e descritas. Exemplos: Sistemas deposicionais fluviais. 2. Um ambiente sedimentar é constituído por sub-ambientes. ou deltáico.parâmetros. é composto de uma associação de subambientes relacionados geneticamente. Apenas um sub-ambiente estritamente definido fornecerá uma fácies estritamente homogênea. É o produto da deposição em um determinado ambiente sedimentar. Fácies sedimentar é também o conjunto dos parâmetros que caracterizam melhor o volume considerado de sedimento.na sucessão do tempo geológico. Este conjunto de fácies é chamado sistema deposicional. químicos e biológicos) que atuaram. precisamos ainda introduzir um conceito novo. uma fácies sedimentar deve apresentar uma certa homogeneidade. • • Sistemas deposicionais contemporâneos e geograficamente interligados. Por exemplo Arenito com estratificação cruzada acanalada (fácies) pode ocorrer em vários ambientes como fluvial. Pode ser constituído de uma sucessão de sistemas continentais. glacial. • Observar. como resultado da passagem de correntes sobre um fundo arenoso. FÁCIES • ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES SISTEMA DEPOSICIONAL Sistemas deposicionais são depósitos sedimentares em visão tri-dimensional. transicionais. Associação de sistemas deposicionais contemporâneos. conseqüentemente. 2. 11 . FÁCIES   F1 – argila (Planície de Inundação) Ambiente fluvial meandrante  F2 – silte (Planície). planície de maré. a freqüência da ocorrência de uma determinada fácies na sucessão. praia. processos  F3 – areia (Barra Pontal) deposicional  F4 – conglomerado (Canal) fluvial meandrante   FÁCIES   F1 – argila (pró-delta) Ambiente deltaico  F2 – areia (frente deltáica) (Processos)  F3 – areia/pelito  planície   deltáica   F4 – carvão    Associação de fácies • Identificar as fácies que ocorrem juntas ou próximas. numa sucessão sedimentar. também. de talude continental e de oceano profundo.4 – Tratos de Sistemas Deposicionais Um trato de sistemas deposicionais é simplesmente a sucessão lateral dos sistemas deposicionais depositados no mesmo intervalo de tempo. Somente a associação de fácies é que determinará o ambiente com segurança. O conjunto de fácies geneticamente relacionado é chamado sistema deposicional. confirmar a interpretação ambiental. 1977) Sucessão lateral dos sistemas deposicionais depositados num mesmo intervalo de tempo. Formam a subdivisão da Seqüência Deposicional. deltáico. de plataforma. • A associação de fácies vai permitir a identificação do sistema deposicional e. Sistema (local geográfico). (Brown & Fisher. 5 . 12 . formada por estratos contemporâneos ou geneticamente relacionados. 1999) É uma unidade cronoestratigráfica. limitada por discordância e suas concordâncias relativas. Posamentier & Allen. posição dentro da seqüência e tipos de superfícies limitantes.1. T2 = linhas de tempo Tratos de sistemas de mar baixo Baseado na Lei de Fácies de Walther 2. 2. Ex: Progradação T1. São interpretados com base em critérios sismoestratigráficos (padrões de empilhamento e terminações estratais). 1963. O timing de tratos de sistemas é relacionado à curva de variação do nível do mar.Seqüência deposicional (Sloss. geneticamente relacionados. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. • • • Reunião de diferentes tratos de sistemas deposicionais. 2001.FONTE: Fávera. 13 . Conjunto de tratos de sistemas associados a um ciclo de variação do nível relativo do mar. (Mitchum. limitada por discordâncias ou suas conformidades correlativas”. Corresponde a um ciclo estratigráfico completo marcado por mudanças nos trends deposicionais.“Sucessão de estratos relativamente concordantes. 1977) . É óbvio que uma fácies fluvial pode ter sido depositada apenas sobre uma área continental e que uma fácies plataformal estava coberta por uma determinada lâmina de água do mar no momento da sedimentação.2. • Lacustres. Os ambientes são geralmente subdivididos em função do tipo principal de energia envolvido. • Marinho profundo/oceânico. 200m) Terrígenos Terrígenos/carbonatados Carbonatados. que é apresentada a seguir. • Litoral linear Energia das marés. • Glacial. Ambientes Marinhos • Plataformas continentais (até aprox. 14 . Energia das marés. Energia das ondas. • Plataformas Energia das marés. • Eólico. Carbonatados. é fácil levantar a lista de ambientes e fácies / sistemas sedimentares. • Leque aluvial. Depósitos por gravidade. Ambientes Transicionais • Deltaicos (Lobos) • Lineares (litorâneos): Terrígenos Terrígenos/carbonatados.Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas Sedimentares Voltando na figura 1. Energia das ondas Energia das tempestades. Energia das tempestades.6 . Energia das correntes oceânicas intrusas. Observação relativa à ambientes / fácies glaciais e eólicos Os ambientes / fácies listados acima são exclusivos com relação ao espaço geográfico. Ambientes Continentais • Fluviais. turbiditos. • Taludes continentais e oceano próximo. leques submarinos. • Deltas Energia do rio (sedimento). Energia das ondas. Em oposição. A. MIALL. LEIA PARA SABER MAIS 1. durante os quais a água se transforma em gelo e regiões tanto continentais quanto marinhas podem registrar estes episódios de processos climáticos frios. Geological Association of Canada.G. FÁVERA. 2. 1992 – Facies Models: response to sea level change. WALKER. 454p. & JAMES.D. ao longo das praias ou em certas partes de áreas deltáicas. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. N.P.D. fácies eólicas podem encontrar-se tanto em um deserto afastado de centenas de km do mar. Springer Verlag. 2ed. J. 263p. 15 . 1990 – Principles of sedimentary basin analysis.fácies glaciais resultam de processos climáticos especialmente frios. Eduerj. 3. R.C. No mesmo sentido. etc. Complexo. (Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica – 1986) – Petri et al. São estabelecidas com base em caracteres litológicos. A formação é a unidade fundamental da classificação. distinguidos e delimitados com base em características litológicas e posição estratigráfica (North American Commission on Stratigraphic Nomenclature – 1983). Camada(s)    Classes: Supergrupo. Caracteriza-se pela relativa uniformidade litológica. Suíte. Membro → Parte de uma formação. (1986) Conjunto de rochas que se distinguem e se delimitam com base em seus caracteres litológicos. 1982 (Petri et al. independente da sua história geológica ou de conceitos cronológicos. utiliza-se um referencial geográfico importante (rio. • Expressão fisiográfica. • Limites basal e superior da Formação devem corresponder a mudanças litológicas expressivas. • International Stratigraphic Guide. NOÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO ESTRATIGRÁFICA Sistematizar as rochas em unidades estratigráficas e estabelecer ordem de formação. ígneas efusivas. 3.. • Unidades bioestratigráficas → variação no conteúdo fossilífero. Categorias de unidades estratigráficas • Unidades litoestratigráficas → variações de caracteres litológicos. cidade. Camada. geralmente mas não invariavelmente interacamadados (layered) e tabulares. mas com representatividade em seções geológicas. • Para o nome. Grupo.1 – Unidades litoestratigráficas Estrato ou conjunto de estratos. • Unidades cronoestratigráfica → parâmetros geocronológicos. associação de rochas. 1986). Membro.03. Subgrupo.000 • Extensão lateral significativa. Formação (requisitos) • Apresenta elevado grau de homogeneidade litológica. metassedimentares. 16 . • Espessura variável. formando um corpo de preferência contínuo. Formação.). 1976. metavulcânicas. • Deve-se indicar uma seção-tipo. Formação→ unidade fundamental. Ordem Hierárquica Supergrupo Grupo → união de 2 ou mais formações. mapeável em superfície e/ou subsuperfície. São formadas de rochas sedimentares. • Mapeável na escala 1:25. • Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica. Corpo. abundância relativa de uma determinada entidade taxionômica. Zona de associação (Cenozonas). Zona de amplitude Distribuição espacial total do fóssil. Zona de intervalo. Zona de concorrência. 3. 4. Tipos de biozonas: 1.2 – Unidades bioestratigráficas (biozonas) Correspondem paleontológicos. 17 . 3. peculiaridades morfológicas.Problema dos limites da Formação: contato gradativo. Ordem hierárquica: superzonas / zonas / subzonas. Zona de associação Unidade bioestratigráfica onde o grupo de fósseis difere dos grupos situados acima e abaixo. 2. a rochas sedimentares separáveis por critérios Critérios: amplitude de distribuição de uma ou mais entidades taxionômicas. Zona de amplitude. pg. Aptiano (K inf. O. ROHN. Unidades cronoestratigráficas Eonotema Eratema Sistema Série Andar – rochas formadas na idade (sufixo “ano”) Cronozona – menor unidade Unidades geocronológica Éon Era Período Época Idade Crono Exemplos: Éon → Arqueano. PETRI. Bras. 3. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Albiano. Quaternário (Cenoz. Paleontologia. (Ed.M. 16(4): 376-415. J. 1986b. Fanerozóico.). Ca. Bras. R. Pli (Terciário). LEIA MAIS 1. et al. 566p. Andar→ Cenomaniano (K sup. O. In: Carvalho. S. 61-73.. Pe (Paleoz. Mi. Interciência. Holoceno.C. Edusp. S.). Pleistoceno (Quaternário).). Cenozóica. 1986a. Geociências 16(4): 372-376.S. Período → Ca.). Diferença entre unidade cronoestratigráfica e litoestratigráfica • Unidade cronoestratigráfica → limitada por linha de tempo (superfícies isócronas I. E. Limites de unidades cronoestratigráficas correspondem a superfícies isócronas. 2004. MENDES. Guia de Nomenclatura Estratigráfica. Era → Paleozóica. Si. Proterozóico. I. Rev. • Unidade litoestratigráfica → são delimitadas por interfaces litológicas (contatos) e tem caráter diácrono – cortam as linhas de tempo. De.3. PETRI. 4.3 – Unidades cronoestratigráficas Corpos de rochas gerados em intervalos de tempo bem delimitados.). Uso estratigráfico dos fósseis e tempo geológico. Mesozóica. Geoc. Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica. II). Época → Pa. Rev. Rio de Janeiro. 2. et al. Terciário. 18 . Ênfase na Lei de Fácies de Walther. bio e cronoestratigráficas. Portanto. Estratigrafia Tradicional Unidade lito. Os ambientes A1. Membro. Genético: Associação de fácies de uma mesma província fisiográfica. visão histórica. correlação correlação cronolitológica. seqüências deposicionais.reconhecimento seqüências unidades formais. Eleição de um modelo conceitual Reconstrução paleogeográfica da de sedimentação. com visão tabular e homogênea das formações (layer cake). • Estratigrafia tradicional baseia-se no princípio da superposição de camadas. Formação. estabelecimento litológica. Portanto. ESTRATIGRAFIA TRADICIONAL (LITOESTRATIGRAFIA) E ESTRATIGRAFIA GENÉTICA (OU DE SEQUÊNCIAS DEPOSICIONAIS) Estratigrafia tradicional: Supergrupo. Sedimentação controlada maiormente por variações relativas do nível do mar. A2 e A3 coexistiram nos tempos T1. visão ambiental.04. de grupos. Estratigráfica genética: fácies. 19 . bacia sedimentar. com unidades horizontais e verticais e compreensão da bacia sedimentar. Levantamento seções levantamento seções estratigráficas. análise de fácies. O ambiente A2 é mais novo que A1 e mais velho que A3. mapeamento deposicionais. Sedimentação controlada Concepção da maiormente por eventos sedimentação tectônicos locais. mapeamento sistemas deposicionais. Ênfase na lei da superposição de camadas. estratigráficas. T2 e T3 em escala de bacia. sistemas deposicionais. • Estratigrafia genética baseia-se na Lei de Fácies de Walther. A fácies F2 é mais nova que F1 e mais velha que F3 neste afloramento. Litológico: Conjunto de estratos homogêneos revestidos de operacionalidade de mapeamento. etc. Desconsideração unidades formais. Unidades estratigráficas Unidade fundamental: critério de definição Princípios básicos Metodologia Objetivo final FÁCIES Estratigrafia Genética Sistemas deposicionais Seqüências deposicionais. Visão da Layer Cake Stratigraphy Visão Correta (Lei de fácies Walther) A fácies F2 é mais nova que F1 e mais velha que F3 em toda a bacia. tratos. Grupo. interpretação sistemas deposicionais. formações. G. J.G. E.Concepções estratigráficas em análise de bacias. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna.D. J. 1989 – Concepções estratigráficas em análise de bacias. 1984 – Elementos de Estratigrafia. GAMA. 1989 . E. JR. Geociências 8:21-36. c) estratigrafia genética. GAMA JR. 20 . Geociências 8:1-10. FÁVERA. Edusp. Eduerj. 263p.C. a) estratigrafia tradicional. 566p.C.Exemplo: LEIA MAIS: MENDES. 21 . identificar atributos sedimentares (granulometria.1 – Representação gráfica do perfil estratigráfico Escolha da escala vertical → boa visão das variações litológicas em função da espessura. • Seção vários km 1:25. • Afloramento ± 20 m 1:50 ou 1:100 (1 cm = 1m). Topografia inclinada e camadas com mergulho: 5. espessura. PERFIS ESTRATIGRÁFICOS Conceitos Representação gráfica em forma de coluna com litofácies. 3 – Coleta de amostras (martelo). geometria. Contatos: brusco. leque.000 → a pé. • Reconhecer litofácies e registrar na caderneta. Camadas inclinadas. • Medir altitude e atitude da camada. paleocorrentes. 1:100.000 (1 cm = 250 m ). gradativo. depende da escala do trabalho. Camadas verticais. erosivo (com evidência de erosão).000 / 1:250. Camadas horizontais.05. • Coleta de amostras. estruturas sedimentares. 4 – Identificação dos contatos / geometria de corpos sedimentares. Medir altitude (altímetro) e atitude da camada (bússola). indicando granulometria. Geometria: camada. litologia.000 / 1:25. estruturas sedimentares. etc. Levantamento de seção estratigráfica (coleta de dados) • Trabalho de campo. 1 – Perfil a pé / veículo. • Avaliar espessura. 1:10. cunha. lente. fósseis) e registro em caderneta.000 → veículo. 5 – Identificação de espessura (distância entre base e topo de camada ou de unidade estratigráfica). conteúdo fossilífero. 2 – Reconhecer litofácies. Contatos. Textura.Representação das litologias. texturas. Fósseis. 22 . . Exemplo de seção colunar Escala vertical. contatos. paleocorrentes. estruturas sedimentares. Estruturas sedim. Litologia. fósseis (ver exemplos). 23 . que movimenta broca diamantada que. construção de seção colunar. 5 – Lama ascendente com amostras. conteúdo de fluido e densidade das rochas. 7 – Coletor de gás. estruturas e fósseis. Refração. 3 – Sísmica gravimétrica Reflexão.2 . A velocidade de propagação destas ondas varia com a natureza das camadas. • Radioatividade: raios gama → relaciona-se à presença de isótopos radioativos e sais radioativos nos fluidos dos poros dos sedimentos. • Resistividade → dificuldade que um material opõe à passagem de corrente. O material é recuperado com auxílio de corrente de lama. 8. 3 – Broca. giratória. Ex: um arenito com fluido salgado (bom condutor) apresentará resistividade inferior a de um arenito com os poros ocupados por petróleo / gás (não condutor). Sonda rotativa → haste oca. 10 – Controle da operação. 24 . tritura ou corta as rochas. Diagrafia de radioatividade raios gama. reconhecimento de texturas. 2 – Coluna de perfuração. A resistividade é baixa nas rochas impermeáveis (argilitos) e alta nas permeáveis (arenitos). Depende da natureza das rochas e quantidade de fluidos. Potencial espontâneo. Amostragem em forma de cilindros de rocha com 5 a 10 cm de diâmetro → testemunho. 4 – Bomba de lama. Permitem determinação de porosidade. 2 – Perfilagem de poço → obtenção de diagrama / perfis – registro em forma gráfica obtido por métodos de investigação geofísica. Sísmica → produção de ondas elásticas que refletem em superfícies de densidades diferentes (refletores). SONDAGEM 1 – Revestimento do poço. 6 – Tanque de lama. Informa sobre porosidade. etc. testemunhos.Seções Estratigráficas de Sub-Superfície 1 – Sondagem amostras de calha. Amostra de calha → pedaços de rocha triturada. Exemplos: Diagrafia elétrica resistividade. permeabilidade. Geofones captam as ondas refletidas na superfície e são registradas em sismogramas.5.9 – Peneira p/ amostras de calha. PERFILAGEM DE POÇO DE FURO DE SONDAGEM Exemplo de perfilagem de poço: resistividade e raios gama. 25 . estratigráfica Amostras de superfície Geocronologia. 26 . Estudos paleontológicos (bioestratigrafia).C.3 . Estudos diagenéticos.5. 566p. testemunhos sondagens Perfilagem de poço de sondagem Seções de sub-superfície Seções sísmicas.Estudo Estratigráfico de Bacia Sedimentar Mapa Geológico Seção Paleoambientes. Edusp. Locação de furos de Amostras de calha. gravimetria Seção (geometria da bacia) sísmica LEIA MAIS: MENDES. 1984 – Elementos de Estratigrafia. J. • Movimento de placas tectônicas → geração de basaltos na cadeia mesooceânica (T). 4 – Clima. • Regressão → recuo do mar com progradação de sedimentos continentais. Evento transgressão / regressão → ciclo sedimentar completo Seqüência simétrica com transgressão e depois regressão. 27 .1 . sem interrupções (erosão).06. • Transgressão → avanço do mar sobre a área continental.2. S = sup. EVENTOS DE SEDIMENTAÇÃO 6. • Glaciações / deglaciações → umidade é retirada do oceano pela evaporação e o clima torna-se árido glacial. subducção / orogênese (R). Isócrona.Transgressões e Regressões 4 variáveis controlam os padrões de distribuição de fácies nas bacias sedimentares.       1 – Subsidência tectônica. 3 – Suprimento (volume de sedimento). sobrecarga sedimentar. contração térmica da crosta. Eustasia é o movimento de elevação ou queda global das águas oceânicas. 1. Transgressão Regressão Causas: • Subsidência → afundamento da crosta devido a tectônica. 2 – Variação eustática do nível do mar.3 = fácies. 4. Gradualismo. 3. O REGISTRO ESTRATIGRÁFICO É FORMADO POR EPISÓDIOS SEDIMENTAÇÃO ALTERNADOS POR PERÍODOS DE NÃO – DEPOSIÇÃO. 2001. Tsunamitos → ondas produzidas por terremotos. Catastrofismo Cuvier • Quebras bruscas no registro estratigráfico.6. Leis naturais invariáveis no espaço e no tempo. Tempestitos → depósitos formados por ondas de tempestades. • Sedimentação episódica – Kenneth HSü. convoluções produzidas por abalos sísmicos. Sismitos → depósitos com fluidizações.2 – Sedimentação episódica Histórico: • • • Uniformitarismo x Hutton. FONTE: Fávera. DE Evidências sedimentológicas da deposição episódica no registro estratigráfico. Robert Dott Jr. Inunditos → inundações em ambiente fluvial.1. 2. • Extinções em massa. Fenômenos ligados a correntes de turbulentas. 3. 1. 28 . Turbidito → pulsos de corrente de turbidez. Lyell Explica o passado através do presente. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. – década de 1970. estamos acostumados a diferenciar 4 tipos de discordâncias. No Grand Canyon. Uma sucessão sedimentar espessa é normalmente constituída do empilhamento de várias seqüências separadas por intervalos de tempo sem registro estratigráfico.3 .regressiva representa um intervalo limitado de tempo geológico. 2 – Discordância erosiva (disconformity) Superfície irregular. Origem da discordância: • Reativação da área fonte. A deposição contínua de uma seqüência transgressiva . centenas de metros de sedimentos do Paleozóico são testemunhos de apenas 30% dos 280 milhões de anos decorridos entre a deposição da primeira seqüência no Cambriano e da última no Permiano. Estes intervalos sem registro estratigráfico representam as lacunas sedimentares ou discordâncias. • Abaixamento do nível do mar. sem sinal de erosão. Hiato: intervalo de tempo sem deposição no registro estratigráfico. as oito seqüências paleozóicas mostram um claro paralelismo dos estratos. de deposição contínua. Classificação das discordâncias 1 – Discordância paralela (paraconformity) Superfície plana. Em geologia de campo. Estas lacunas podem representar a maior parte do tempo geológico. com falta importante no registro.Interrupções na Sedimentação: Discordância e Hiato Discordância: descontinuidade no registro sedimentar devido à erosão ou não deposição. Esta coluna é dividida em 8 seqüências maiores. 3 – Discordância angular (angular unconformity) Superfície plana ou irregular separando camadas com mergulho diferente. 4 – Discordância litológica (nonconformity) 29 . Apenas a seqüência basal do Cambriano inferior repousa sobre camadas inclinadas dos grupos Chuar e Unkar precambrianos. com evidência de erosão.6. No Grand Canyon do Colorado. apenas. Discordância: Superfície de erosão ou não deposição. 3 . camadas depositadas horizontalmente. D – Disc. litológica.Discordância angular (angular unconformity) Contato erosivo separa.Discordância litológica (nonconformity) É o contato entre rochas do embasamento e rochas sedimentares mais jovens. A inclinação da seqüência inferior pode ter ocorrido por distenção e basculamento. C – Disc. por compressão. para uma discordância angular. erosiva. mais uma seqüência lateral contínua e evolutiva. angular. 30 . um pacote com camadas inclinadas e. ou mesmo por deslizamento sinsedimentar (slumping). Conformidade é uma superfície de acamamento que separa estratos mais jovens de estratos antigos. abaixo. sem sinal de erosão no contato. 2 . e finalmente desaparecer. sem evidências de erosão ou não deposição. Seguindo lateralmente o contato entre duas seqüências. Pode ser comprovado. por estudo paleontológico.Discordância paralela ou paraconformidade (paraconformity) Representa uma falta importante de registro estratigráfico. a discordância pode passar sucessivamente de uma discordância litológica. acima. Estamos vendo então que os quatro blocos diagramas acima não representam fenômenos isolados. Uma falta mínima do registro estratigráfico é chamada DIASTEMA. para uma paraconformidade. 4 . ou do perfil sismoestratigráfico. Precisa tomar cuidado com a conotação descritiva ou genética desta designação. Neste momento. A – Disc. O perfil abaixo representa esta possível evolução lateral de uma discordância. para uma discordância erosiva.Superfície de contato entre rochas do embasamento e rochas sedimentares mais jovens. Discorâncias podem se associar lateralmente a concordâncias (conformidades). paralela.Discordância erosiva (disconformity) É caracterizada por um contato erosivo separando duas seqüências com paralelismo entre os estratos. que separa estratos mais jovens de antigos e representa um hiato significativo. para um diastema. 1 . bacia adentro. B – Disc. existe continuidade na sedimentação. O perfil abaixo mostra três seqüências superpostas. entre um intervalo mâximo na discordância litológica. • Vazio erosional (erosional hiatus) mais Hiato (non depositional hiatus). uma discordância consistindo apenas em vazio erosional. ou ainda na combinação dos dois processos. Analisando a evolução lateral da discordância representada acima. a erosão ou vazio erosional (erosional hiatus). onde ocorre continuidade na sedimentação (conformity). considerando uma pilha de sedimento. sem registro sedimentar. constituído de três seqüências superpostas. a discordância A-A é dividida em duas partes separadas por um trecho curto. corresponde a uma discordância paralela ou paraconformidade. É difícil imaginar na realidade. 2. Decorre que nos estudos refinados de estratigrafia. Discordância ou lacuna sedimentar (unconformity). O estudo deve permitir também inferir se a falta de registro sedimentar deve-se a não deposição ou hiato (non depositional hiatus). Resumindo. precisa-se aceitar que o intervalo de tempo geológico embutido na discordância diminui lateralmente. O trecho de discordância da 31 . separadas por duas discordâncias: No perfil abaixo. até uma continuidade de sedimentação na parte mais marinha da bacia. podem existir as seguintes situações: 1. Continuidade na sedimentação (conformity). uma discordância deve ser investigada como uma variação lateral de um intervalo de tempo geológico. sem a presença de um hiato. • Hiato (non depositional hiatus). corresponde a discordância erosiva ou discordância angular.Evolução lateral de uma discordância. no centro. tempo geológico) consegue representar além da posição lateral das discordâncias. Esta não deposição pode ser subdividida em duas partes. e no topo. A discordância representa não deposição (hiato). faltam as camadas 20 até 24 da seqüência superior. Abaixo. na década de 80. faltam as camadas 18 e 19 da seqüência central. a variação lateral dos seus intervalos de tempo geológico e o tipo de falta de registro geológico (por erosão ou por não deposição). Esta técnica cresceu muito com o uso rotineiro dos perfis sísmoestratigráficos. Na base. A discordância B-B ocorre a esquerda do perfil e passa para a continuidade de sedimentação na sua parte direita. O segundo perfil.esquerda corresponde a erosão (vazio erosional) na base (camadas 5 até 10) e não deposição ( hiato) no topo ( camadas 11. 12 e parte de 13). está apresentado o perfil original e sua transformação “distância / tempo”. chamado também de cronoestratigráfico (distância . 32 . C.D. A.ESTRATOS X TEMPO ESPESSURA NÃO É PROPORCIONAL AO TEMPO A relação espessura x tempo é complexa devido a: • Variações na taxa de sedimentação. Eduerj. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. 2. 33 . 433p. 3.C. • Gaps no registro estratigráfico (erosão ou não deposição). MENDES. J. 566p. Edusp.D. Springer Verlag. J.M. O REGISTRO ESTRATIGRÁFICO SE ACUMULA EPISODICAMENTE IMPORTÂNCIA DOS HIATOS E DISCORDÂNCIAS LEIA MAIS 1. 1984 – Elementos de Estratigrafia. 263p. MIALL. FÁVERA. 1997 – The geology of stratigraphic sequences. em frente aos dados disponíveis. Os siliciclásticos mais grossos são mais espessos na coluna C e os calcários são mais espessos na coluna A. Com a exaustão da fonte de siliciclásticos. o presente deve ser usado como uma chave para a interpretação do passado. fonte dos siliciclásticos devia estar a leste e a plataforma marinha devia estender-se para oeste. As correlações litológicas mostram a superposição da Formação A (arenito). de três litologias (arenito.3. Os contatos entre as litologias são gradativos e fosseis marinhos são encontrados em toda a coluna. Esta superposição de sedimentos alóctones (arenito e lutito) e autóctones (calcário) poderia ser interpretada como provindo de uma fonte temporária para a deposição do arenito e do lutito. Um dos princípios mais importantes na estratigrafia consiste em que os processos e mecanismos de transporte e sedimentação observados atualmente devem ajudar a entender e interpretar o registro estratigráfico conservado nas bacias sedimentares.07. mostra as correlações litológicas traçadas entre três seções estratigráficas apresentando a mesma seqüência da figura 3. Estas observações permitem inferir que o continente. A interpretação parece muito lógica. A deposição das Formações D (lutito) e E (Arenito) poderiam resultar de um rejuvenescimento tectônico no continente. Consideramos o empilhamento sedimentar. seguida das Formações B (lutito).1. C (calcário).1 A figura 3. lutito e calcário) com uma espessura total variando entre 300 e 500 metros (fig. equivalentes para fácies ou sistemas deposicionais do passado. Neste raciocínio científico deve ser tomada em consideração a evolução geológica da Terra e do sistema Terra. se depositaria o calcário autóctone da Formação C.1. Assim. É chamada: Estratigrafia em camadas de bolo (ou estratigrafia 34 .). proporcionando uma nova fonte de siliciclásticos. LITOESTRATIGRAFIA E AS VARIAÇÕES LATERAIS EM SEQUÊNCIAS TRANSGRESSIVAS.2. Sol e Lua e não procurar cegamente. 3. hoje. D (lutito) e E (arenito). simétrico. As colunas A e B são distantes de 20 km e B e C de 30 km. Os sedimentos ou rochas sedimentares antigos devem ser estudados até chegar na reconstituição de seu provável ambiente de deposição. Calcário Lutito Arenito Fig. REGRESSIVAS OU PROGRADANTES. Atualmente os mais diversos sedimentos depositam-se nos mais diversos ambientes continentais ou marinhos. . No continente.3. A extensão horizontal pode corresponder a algumas dezenas de km. 3. Desta maneira.4) até atingir uma linha de praia situada em P2. A lâmina d’água sendo constante. Neste momento. os sedimentos vão se recobrir formando uma seqüência. Esta interpretação não explica porém porque os siliciclásticos mostram uma granulometria decrescente na base da seqüência e uma granulometria crescente no topo. O deslocamento da linha de praia em direção ao continente. Neste momento. O perfil mostra a transição gradual da areia da praia.5) correspondendo ao tempo Tn.tradicional – layer cake). porém. A seqüência horizontal das três litologias será deslocada em direção á nova linha de praia e assim. areia P1 Argila calcário T1 Fig. a argila recobrirá a areia e o calcário recobrirá a argila depositada no tempo T1. no sentido oposto do ocorrido durante a transgressão. o nível do mar para de subir. continua até atingir um ponto máximo P Max (Fig. ocorre um deslocamento da linha de praia em direção ao mar Pn+1. W A B DATUM: topo do arenito.. Este avanço 35 . A figura 3. com o afastamento maior do litoral.3. 3. são apenas desenvolvidos fora do alcance da poluição dos siliciclásticos alóctones. o fornecimento de sedimento. apresenta um perfil muito simplificado de uma situação comum em sedimentação atual. E C Formação E Formação D Formação C Formação B Formação A Fig. a praia encontra-se no ponto P1. continua. A areia recobre a argila que acaba recobrindo o calcário. a interpretação muda. Imaginamos agora uma subida relativa do nível do mar (Fig. Nesta interpretação parecem coincidir os limites litológicos e os limites de tempo (isócronos). 3. Pn+2. 3. passando para argila em águas um pouco mais profundas e para calcário.2. Confrontando a seqüência em estudo com o que se sabe da sedimentação atual (baseada na Lei de Fácies de Walther). ou transgressão. Os calcários não são necessariamente depositados em águas mais profundas que a argila. Esta fina camada de sedimento com três litologias diferentes está depositando-se no mesmo tempo T1. pelos rios. 4 Linha (superfície) de tempo Relação de fácies entr e os tempos T1 e T2 O fenômeno completo de transgressão e progradação.progressivo da linha de praia em direção ao mar é chamado progradação. a escala vertical é muito exagerada. formam um arranjo simétrico de cada lado da linha de tempo Tn correspondendo á transgressão máxima. 3. mostra as três litologias formando cunhas embutidas que apontam em direção ao continente. Também. correspondem a superfícies Pn+1 Pn+2 Nível do mar n+2 Pn de tempo e Areia 1 Areia Tn+ superfícies de Argila Tn+2 Tn transição de P2 Calcário Areia T2 fácies. Os dois conjuntos de linhas. Nivel do mar 2 P2 Nivel do mar 1 T2 Areia P1 Argila Calcário T1 Limite de fácies Fig. porque o nível do mar fica constante durante o processo. teríamos na horizontal 500 cm e na vertical apenas entre 36 . Neste esquema que mostra a extensão lateral global do fenômeno. Argila P1 T1 Limite de fácies Fig. 3.argila . observa-se claramente a existência de linhas de tempo e de linhas de fácies.5.5 pode representar uma distância horizontal de até 500 km e uma espessura de sedimento de 300 até 500 m. Com um rebaixamento progressivo do nível do mar depois da transgressão máxima. os três perfis de campo da figura 3. Desenhando a escala real. Evidentemente. que. Na realidade. onde as cinco litologias estão presentes verticalmente.areia.5 Linha (superfície) de tempo Relação entr e linhas de tempo e limites de fácies dur ante um evento tr ansgr essivo / r egr essivo Conseguimos escapar da estratigrafia em camadas de bolo (layer cake). na figura 3. de tempo e de transição de fácies. Eles constituem apenas a parte central do esboço. o perfil da figura 4. em três Perfis de campo C A B dimensões.2. ocorreria uma regressão que resultaria na mesma sucessão vertical calcário . distintas.. podem ser colocadas neste desenho. No caso as linhas de tempo passam a ser paralelas. O desenho do perfil em subsuperfície pode ser executado usando técnicas de desenho geológico. ocorrem distorções que fazem variar a espessura das unidades estratigráficas e aumentam os ângulos de mergulho das camadas. “Ao empilhamento vertical de uma seqüência gradativa de litofácies. medidas em metros. O primeiro tipo (Fig. 3. Esta representação cronoestratigráfica será bastante útil quando serão desenhadas várias seqüências superpostas e separadas por lacunas sedimentares. na horizontal. Uma seção perpendicular às antigas linhas de praia mostrará o cruzamento entre os dois conjuntos de superfícies.6 O segundo tipo de perfil (Fig.3. geralmente chamado de perfil cronoestratigráfico. lateralmente. As escalas horizontais e verticais precisam ser iguais. ou camadas contínuas passando lateralmente de uma litologia para outra. têm apenas uma pequena fração de grau. os limites de fácies. Este caso de transgressão-progradação é um exemplo da lei de Walther. representa. Este tipo de perfil tem como vantagem de representar as interrupções na sedimentação (discordâncias) não apenas por 37 . enquanto uma seção paralela às paleopraias mostrará o paralelismo entre os dois tipos de linhas. correspondia. Eles. horizontais e eventualmente eqüidistantes.) representa a distância horizontal e a espessura vertical. Neste estágio do curso. quando os intervalos de tempo geológico são iguais. 3. Com este exagero vertical. em alemão. como o método de Busk que será estudado no próximo capítulo.). A estratificação. os ângulos entre as linhas de tempo e os limites de fácies são muito exagerados. que representa paradas curtas na sedimentação é paralela às linhas de tempo e cruza. a distância entre os pontos de observações e na vertical o tempo geológico. Mais uma vez é bom lembrar que esses dois conjuntos isócronos e de limite de fácies são na verdade superfícies que se cruzam. também. Caso contrário. as variações laterais de fácies podem ocorrer pela indentação de camadas das duas litologias bem definidas terminando em pontas. Este tipo de perfil espaço X espessura pode ser transformado em perfil onde a horizontal corresponde ao espaço geográfico e a vertical ao tempo geológico. por ele. em subsuperfície. a mesma sucessão horizontal de litofácies”. já sabemos que os estratígrafos têm a disposição três tipos de perfis para suas representações gráficas.7.6. formulada. na realidade. Quando existem sondagens profundas. evidentemente. suas descrições são usadas para traçar os limites entre unidades. À escala de detalhe. em 1894. Pode perguntar-se se as linhas de tempo são sempre obliquas com relação às linhas de transição de fácies. durante cada fase da sedimentação. Fig.1 e 3 milímetros de espessura. naquela vertical. a escala vertical pode ser transformada em espessura de rocha sedimentar. Fig. Fig. nenhum registro estratigráfico foi depositado ou conservado. 3.8 38 . a horizontal representa as distâncias horizontais no campo e as distâncias verticais representam o tempo necessário (em segundos) para as ondas sísmicas descer até cada refletor e voltar na superfície.uma linha. onde entra em consideração a velocidade de deslocamento das ondas sísmicas em cada tipo de rocha. As linhas superpostas que formam este tipo de perfil são superfícies de reflexão das ondas sísmicas emitidas artificialmente pelos técnicos que realizam o levantamento. Depois de tratamento complexo. 3. Da uma boa idéia da estrutura interna de uma bacia sedimentar.7 O terceiro tipo de perfil estratigráfico (Fig. mas por uma superfície na qual a espessura vertical indica o intervalo de temo durante o qual. 3.8) é obtido a partir do método geofísico de sísmica de reflexão. Neste tipo de perfil. 08. conodontes. • Permite uma visão do quadro estratigráfico regional. formações. Sistema → Cretáceo Unidade cronoestratigráfica Série Superior intervalo geocronológico Inferior Andar Andares (12) • Biocorrelação → correlação entre unidades bioestratigráficas (biozonas). 39 . nanofósseis LEIA MAIS: MENDES. CORRELAÇÃO ESTRATIGRÁFICA 8. ostracodes. • Cronocorrelação → correlação de crono-horizontes definidos pelo conteúdo paleontológico / geocronológico ou ainda eventos paleoclimáticos. 1984 – Elementos de Estratigrafia. camada de carvão. Biozonas continentais: pólens. 8. calcário com fósseis. grupos). J. estruturas. ostracodes.1 – Conceito • Determinação da correspondência entre colunas estratigráficas ± afastadas entre si. Conteúdo Paleontológico definição de biozonas correlação de biozonas Variação faciológico cria diversidade faunística ao longo de um mesmo biohorizonte. etc. Ex: conglomerado. Edusp. Critérios → litologia. 566p. • Definição da extensão e equivalência de unidades estratigráficas. Biozonas marinhas: foraminíferos. Identificação e definição de camada-guia → horizonte de fácil identificação e grande persistência lateral.2 – Tipos • Litocorrelação → correlação entre unidades litoestratigráficas (membros. granulometria. espessura. esporos.C. 3 – Gráficos de correlação – EXEMPLOS Bacia do Maranhão – Piauí (Parnaíba) Bacia do Paraná 40 .8. 41 . 09. SISMOESTRATIGRAFIA Um dos ramos mais dinâmicos da estratigrafia e da geofísica é a estratigrafia sísmica. Com ela, hoje é possível determinar, não apenas horizontes estratigráficos, mais também a geometria das seqüências e sua história deposicional, reconhecer discordâncias, reconstituir a história transgressiva-regressiva de uma área, e mesmo detectar a presença de fluidos e caracterizar acumulações de hidrocarbonetos. A estratigrafia sísmica permite estudos bi e tridimensionais de geologia de subsuperfície, com resolução entre dezenas e centenas de metros. A técnica é também cada dia mais acessível economicamente, e bem mais barata que de furar um poço exploratório. 9.1 - Metodologia De maneira simples, a sísmica de reflexão consiste em produzir uma onda e registrar os ecos. Em terra, a onda é produzida por explosão de dinamite ou por emissão de vibração possante a partir de instalação montada sobre caminhão - o sistema vibroseis desenvolvido pela Conoco é o mais conhecido. No mar, a onda é produzida a partir de um canhão a ar que explode uma bolha de gás debaixo d’água. Em terra, o retorno da onda é registrado por geofones e na água por hidrofones. Um geofone (fig. 8.2) é constituído de uma caixinha contendo um imã e uma bobina suspensos por uma mola e ligados a um fio elétrico. O conjunto é plantado firmemente no chão. Com a volta da onda na superfície, o geofone movimenta-se proporcionalmente à força Geofone da sacudidela. O imã fica parado devido à inércia. O movimento relativo entre as duas partes gera uma corrente elétrica proporcional a Fig. 8.2. força da onda refletida, que é registrada em outro caminhão laboratório equipado com sofisticado equipamento eletrônico. A figura 8.3 mostra como é registrado um horizonte de reflexão, onde, no exemplo, existe um pequeno rejeito por falha de gravidade. A figura mostra como é registrada a posição do refletor, no ponto P, para cada posição diferente do vibroseis. Fig. 8.3. Depois do levantamento completo do perfil sísmico, existirá, para cada ponto, tantos registros que o número total de posições do vibroseis. Neste momento, começa para cada ponto investigado, a confrontação das várias linhas obtidas, o 42 que representa um tremendo trabalho de computação. No final, resultará uma única linha vertical, sem ruído, e com o horizonte de reflexão na posição certa, na escala vertical. A figura 8.4 mostra as transformações ocorridas para cada linha vertical nos pontos de observações do perfil sísmico. Fig. 8.4. Este registro pontual aparece como uma linha vertical impressa em papel, mostrando um desvio para a direita, na posição de cada refletor (Fig. 8.5). Para realçar sua localização, o desvio fica automaticamente preenchido por tinta preta. A escala vertical deste registro é o tempo necessário, em fração de segundo, para a onda bater no refletor e voltar na superfície. Esta característica dos perfis sísmicos já foi mencionada quando foram comparados os vários tipos de perfis usados em estratigrafia. A identificação de cada posição vertical de reflexão e a justaposição lateral da seqüência de linhas tratadas permite finalmente traçar os horizontes refletores (Fig. 8.6). Fig. 8.5. Fig. 8.6. 43 Os horizontes de reflexão são, na maior parte das vezes, superfícies de acamamento. Conseqüentemente, são superfícies isócronas. Para existir reflexão, é indispensável que a superfície separe corpos de rocha com impedância diferentes (densidade da rocha x veloc. de propagação da onda). A maior impedância deve pertencer ao corpo rochoso inferior. ρ2 v2 - ρ1 v1 ρ = densidade Coeficiente de reflexão = C. R. = ρ2 v2 + ρ1 v1 v = velocidade da onda 1 : rocha sup. 2 : rocha inferior 9.2 - Relação entre refletores e limites de seqüências, na interpretação dos perfis sísmicos Observando uma determinada seqüência, por exemplo, a seqüência do meio da fig. 8.7, devem ser analisados separadamente os contatos de refletores com os limites inferior e superior. Fig. 8.7. Para cada limite, tanto inferior quanto superior, os refletores podem ser: • ou concordantes • ou discordantes. Os refletores discordantes podem ter três origens diferentes. • Terminação lateral das camadas, no seu limite original de deposição: Lapout. • Truncamento por erosão. Ocorre unicamente no limite superior da seqüência. • Truncamento tectônico. Ocorre no caso de contato de seqüências por falhas. Devem ser incluidos também os contatos com olistostromas, de qualquer tamanho, inseridos por deslizamentos sinsedimentares entre seqüências. 44 Fácies Sísmicas Uma fácies sísmica é uma unidade estratigráfica mapeável. É constituída de um grupo de refletores caraterizados por parâmetros diferentes dos grupos vizinhos. Corresponde a uma progradação em água rasa. sobre uma superfície originalmente horizontal ou inclinada. por erosão. apenas quando não ocorrerem muitas deformações tectônicas. contra uma superfície com inclinação original maior. Os parâmetros considerados são: a 45 . Limite superior da seqüência Concordância Os refletores (camadas) estão concordantes com o limite superior da seqüência.3 . Evidentemente pode ocorrer apenas no limite superior da seqüência. Onlap e Downlap podem ser diferenciados. ou camada originalmente inclinada termina. definida por sísmica reflexão. no ponto mais baixo. Lapout (ou Baselap).Limite inferior da seqüência Concordância Os refletores (camadas) estão concordantes com o limite inferior da seqüência. 9. Existem dois tipos : Onlap e Downlap Onlap Camada originalmente horizontal termina contra uma superfície originalmente inclinada. Truncamento por erosão Terminação lateral de camadas. Downlap Camada originalmente inclinada termina. Evidentemente. Toplap É um “Lapout” no limite superior da seqüência deposicional. no ponto mais alto. 46 . Corresponde a espessura das linhas. relacionados com a paleogeografia. Resumindo. Velocidade de propagação. depois de furar um poço de exploração. os processos de deposição. Freqüência dos refletores. Informa a respeito dos processos de deposição. a paleogeografia. a amplitude. É relacionada com os contrastes de impedância. Dá uma estimativa da litologia. Continuidade dos refletores Informa a respeito da continuidade das estratificações e dos processos de deposição. a configuração dos refletores informa sobre: o padrão de estratificação. da porosidade e do conteúdo em fluidos. a freqüência e a velocidade da onda no intervalo. a geometria. Pode ser determinada. Configuração Mostra o padrão da estratificação dentro da seqüência sedimentar. Depende dos conteúdos em fluidos e da espessura das camadas. Sem reflexão É o caso de um pacote de sedimento homogêneo.configuração. Amplitude dos refletores. a continuidade. por exemplo argilito. com aparelhagem adequada. Paralela Divergente Progradante • Sigmoidal • Obliqua tangencial • Obliquo paralelo Caótica A configuração caótica representa deformação sinsedimentar no pacote investigado. Depende dos conteúdos em fluidos e da espessura das camadas. 43-70 . Entre outras. Memoir 26. pg. Cap. 73-78. E.J. (2001).Severiano Ribeiro. as geometrias dos recifes. LEIA MAIS SEVERIANO RIBEIRO. H. 428 pg. C. 8.22. Noções do método sísmico e de resolução sísmica. 47 . Ed. AAPG.P.L. 4. Cap. Exemplos de geometrias de unidades estratigráficas sísmicas.Martins. 5. a fonte do sedimento. dos leques submarinos (fig. Tulsa. 2001 – Estratigrafia de Seqüências: fundamentos e aplicações.4 . são típicas.J. Fig.Geometria da unidade sísmica Informa sobre o ambiente de deposição.9. H. o quadro geológico. 8. . Sismoestratigrafia. 1977 – Seismic Stratigraphy – Applications to Hidrocarbon Exploration. J. (2001). Unisinos. pg. PAITON. (Editor).22). Para colocar as mãos na massa. propõe-se interpretar um perfil sísmico de 35 km de comprimento. onde refletores com boa continuidade e configuração paralela repousam sobre uma seqüência deformada e falhada por acidentes sinsedimentares (Fig.23). 48 .Exemplo prático. 8. . . Ela é limitada na base e no topo por discordâncias ou concordâncias correlatas. recobrindo o continente norte-americano. ciclos ou seqüências. a partir do estudo das seqüências sismoestratigráficas. Os autores ilustram o conceito pela figura que representamos novamente abaixo (Fig. 53) redefinem o termo seqüência deposicional. os espessos empilhamentos sedimentares.7). Estas subdivisões estratigráficas eram chamadas de ritmos. como será mostrado no final deste capítulo. Zuni e Tejas. chama “seqüências”. a estratigrafia seqüencial pegou um grande embalo graças ao desenvolvimento da estratigrafia sísmica. eustáticas ou tectônicas. as seis seqüências são chamadas : Sauk. 8. graças ao fato de conseguir traçar linhas cronoestratigráficas. Uma seqüência deposicional é uma unidade estratigráfica composta de uma sucessão de camadas.Application to hydrocarbon exploration. Fig. também de Sloss. Vail e Thompson (p.1). tentaram estabelecer uma escala mundial das variações eustáticas do nível do mar. As possíveis origens. Em 1963. 8.1. destas maiores discordâncias. entre os quais Vail. outra publicação.2d ed. “A depositional sequence is a stratigraphic unit composed of a relatively conformable sucession of genetically related strata and bounded at its top and base by unconformities or their correlative conformities”. já eram questionadas. no continente europeu. separados por maiores discordâncias ou lacunas sedimentares.Stratigraphy and Sedimentation) foi um marco no desenvolvimento de uma estratigrafia dinâmica. já desenvolvido e aplicado pelo grande geólogo americano SLOSS. a partir do conceito de Sloss. Absaroka. no Memoir nº 26 da AAPG (Seismic stratigraphy . 1963 . Em 1977. 8. separados por discordâncias ou lacunas sedimentares. Foi a estratigrafia sísmica que permitiu detalhar a estrutura interna de cada seqüência. Seu livro. dividindo o registro estratigráfico em pacotes maiores.). a estratigrafia se desenvolvia. Na década de 70. . a partir dos lados do Pacífico e do Atlântico (Fig. Tippecanoe. A estratigrafia de seqüência permitiu definir várias escalas de tamanho e relacionar as seqüências com os fenômenos responsáveis (causas das variações do nível do mar e da subsidência). Nesta época também. pioneiro da estratigrafia moderna.10. estreitamente ligada à sedimentologia e à tectônica de placas. depositadas de maneira bastante contínua e geneticamente relacionadas. ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS Estratigrafia seqüencial é um antigo conceito. Alguns pesquisadores. escrito junto com Krumbein (Krumbein e Sloss. Mitchum. Do Cambriano até o Quaternário. Kaskaskia. na época. apenas durante um pequeno intervalo de tempo. • Variação eustática do nível do mar. Na compreensão da dinâmica do empilhamento das seqüências sedimentares. Seqüência deposicional pode ser dividida em Seqüência deposicional Tratos de sistemas Parasseqüências Constitui-se numa revolução científica.10. gerando erosão de depósitos anteriores. as diversas variáveis responsáveis pelas oscilações 51 .3 .Arquitetura Estratigráfica Costeira Empilhamento de seqüências sedimentares. A resultante mostra a variação do novo espaço para o sedimento. modificando paradigmas anteriores.2 – Controles Há quatro variáveis principais que controlam o padrão de estratos e de litofácies nas bacias sedimentares: • Subsidência → cria o espaço onde os sedimentos são depositados. Exemplos da equipe da Exxon.1 – Conceito É o estudo das relações de rochas sedimentares dentro de um arcabouço cronoestratigráfico de estratos geneticamente relacionados. Na realidade. • Clima → controla o tipo de sedimento. 10. • Suprimento (volume de sedimentos). ou por suas concordâncias relativas. beneficiando-se da sismo-estratigrafia (sísmica de reflexão). as duas primeiras variáveis a serem consideradas em conjunto são: a eustasia e a subsidência. limitados por superfícies de erosão ou não-deposição. 10. Unidade fundamental → seqüência deposicional. o espaço ficou negativo. No esquema apresentado abaixo. Alta Eustasia Baixa Soerguimento Subsidência Subsidência (+) Taxa de variação eustática (-) Taxa de variação da subsidência (-) resulta DEPOSIÇÃO (+) Taxa de acrescimo de novo espaço EROSÃO (-) Fig. dependendo da taxa de fornecimento de sedimento. • Muito sedimento resulta em progradação ou regressão.24 A terceira variável muito importante no empilhamento das seqüências é a quantidade de sedimento fornecida. Ver figura 8. 8.24). na bacia. 52 .relativas do nível do mar podem entrar em jogo. Mas. podem resultar três situações diferentes. • Uma quantidade balanceada de sedimento resulta em agradação com posição estável do litoral. Para a mesma elevação relativa do nível do mar. 8.25. apenas a curva mostrando a taxa de acréscimo de novo espaço regulará o empilhamento das seqüências com episódios de deposição e erosão (Fig. por intervalo de tempo. • Pouco sedimento resulta em retrogradação ou transgressão. Conjunto de lâminas Laminas .M.Lâminas O processo mais importante responsável pela diferenciação vertical destas unidade é a variação eustática do nível do mar que oscila periodicamente segundo ciclos de vários comprimento de onda. J.C. O trabalho ilustra muito claramente como a estrutura interna de uma seqüência pode ser analisada separando-a nos seus constituintes observados em escalas cada vez maiores até chegar ao nível da camada e da lâmina. Campion. Rahmanian.Paraseqüências Bed sets . mostra como a estratigrafia de seqüência pode ser aplicada estudando afloramentos. A relação entre a taxa do suprimento sedimentar e a taxa de variação do nível relativo do mar controla a arquitetura do preenchimento do espaço de 53 . as deformações do geóide. São vários os fenômenos que permitem fazer variar ciclicamente a lâmina d'água.O Figura 8.N. progradação ou agradação.. K.Conjunto de paraseqüências Parasequences . O preenchimento sedimentar de uma bacia costeira (margem continental) mostra superfícies deposicionais inclinada para o oceano. Assim. publicado em 1990 como o No 7 da AAPG Methods in Exploration Series e o título: Siliciclastic sequence stratigraphy in well logs. perfilagens de poços e testemunhos de sondagens. R. uma seqüência é subdividida sucessivamente em: System tracts . incluindo vários ciclos eustáticos de comprimento de onda diferentes.Conjuntos de camadas Beds . trabalho de Van Wagoner. delineando formas sigmoidais (clinoformas) e constituindo horizontes cronoestratigráficos (linhas de tempo). observada em escalas cada vez mais detalhadas.Tratos de sistemas Parasequence sets . o estresse na litosfera. geólogos da Exxon.25 influxo de sedimento e: retrogradação.D. cores and outcrops. V. a isostasia. Mitchum. a subsidência tectônica.Camadas Lamina set . do continente para o ocenao. progradacional ou retrogradacional. se o empilhamento dos estratos será agradacional. • clinoformas se superpõem. indicando regressão. com deslocamento da linha de costa no mesmo sentido.acomodação. Fácies verticais. Agradação (padrão agradacional) Este tipo de arquitetura ocorre quando o suprimento de sedimentos e a geração de espaço de acomodação estão em equilíbrio. • ocorre progradação com regressão normal (sem erosão do prisma costeiro) e com regressão forçada (queda acentuada do nível do mar com erosão costeira). • fácies marinhas são recobertas por fácies litorâneas e continentais. ou seja. Progradação com regressão forçada ocorre quando há queda acentuada do nível relativo do mar. 54 . com redeposição em regiões profundas. exposição e erosão do prisma costeiro e de parte da plataforma. sem migração lateral de fácies Progradação (padrão agradacional) • prismas costeiros são influenciados por sedimentos provenientes do continente. Constituem um ciclo transgressivo – regressivo. com erosão e truncamento.   2 .discordância na borda da bacia. formada por estratos geneticamente relacionados.  55 . 10. com deslocamento das fácies em direção ao continente. limitada no topo e na base por discordâncias e conformidades correlativas. Cada seqüência representa um ciclo de variação do nível relativo do mar. geneticamente relacionados.Retrogradação Ocorre quando a taxa de suprimento é baixa e a taxa de elevação do nível do mar é alta (transgressão). Clinoformas se superpõem. Composta por vários tratos de sistemas.  com ou sem hiato deposicional. Esta arquitetura produz um perfil vertical onde fácies litorâneas são recobertas por fácies marinhas. Tipo 2) Unidade estratigráfica composta de uma sucessão de estratos concordantes. linha de costa migra para o continente. Retrogradação nível do mar sobe rapidamente. É uma unidade de caráter cronoestratigráfico.4 . Limite de seqüências deposicionais  1 .conformidade correlativa no interior da bacia. limitada por discordâncias e suas concordâncias relativas.Seqüência Deposicional e Limites (Tipo1. Ordem de grandeza das seqüências • 1ª ordem > 50 Ma → abertura e fechamento de um oceano (Ciclo de Wilson).000 anos). • • Seqüência deposicional tipo 1 apresenta exposição e erosão sub-aérea. de baixo por cima: Lowstand system tract (Trato de sistemas de mar baixo). Transgressive system tract (Trato de sistemas transgressivo) e Highstand system tract (Trato de sistema de mar alto). Seqüência é uma sucessão de camadas relativamente concordantes. com vales incisos na plataforma. Ocorre quando a taxa de queda eustática excede a taxa de subsidência da bacia. Os limites da base e do topo correspondem a episódios de descida relativa do nível do mar.000 a 30. Uma seqüência. Seqüência deposicional tipo 2 ocorre quando. 6ª ordem → ciclos sedimentares (80. 8. • 4ª. normalmente. • 3ª ordem 0. Fig. no limite inferior não há erosão subaérea. limitadas na base e no topo por discordâncias ou suas continuidades correlacionadas. de três partes. 5ª.26. 56 . é composta.Discordância na borda da bacia → queda do nível relativo do mar e erosão da antiga plataforma. A queda da taxa eustática é menor do que a taxa de subsidência. que corresponde a um ciclo completo de oscilação do nível do mar. apenas exposição e deslocamento para baixo do onlap costeiro.5 – 3 Ma. • 2ª ordem 3 – 50 Ma. 8.Tratos de sistemas de mar baixo (lowstand.Fig.1 . Trato de mar baixo inicial → queda do nível do mar. a plataforma é exposta. • Deposição de leques submarinos (submarine fans) e pequenos deltas no talude. 57 . Queda do nível relativo do mar. • O nível do mar baixa até o limite da plataforma (shelf break). Discordância de borda de bacia e conformidade no interior da bacia. cânions formam-se. Constituem subdivisões da seqüência deposicional. incisa.5 .Tratos de Sistemas (System Tract) É uma associação de sistemas deposicionais contemporâneos e geograficamente interligados.5. Descida rápida do nível relativo do mar.26 10. TSMB) É depositado a partir de uma queda do nível do mar. 10. • A taxa de descida eustática excede a taxa de subsidência. quando a variação eustática > taxa de subsidência. linha de costa desloca-se em direção ao mar. Ocorrem vales incisos na plataforma e formam-se leques submarinos no talude / sopé. erosão com incisão fluvial na plataforma. do Turoniano. na represa Monticelo. Membro Venado. Formação Cortina. Califórnia.“Fan” A foto mostra arenitos de leque submarino. 58 . Arenito e lutito turbidíticos de Lowstand wedge. reposando sobre os lutitos do Lowstand wedge ( a seção condensada não apareceria nesta foto). Trato de mar baixo final • Taxa de descida eustática diminui. California. Califórnia. preenchendo vales incisos. e camadas finas de arenito. em contato downlap. no topo do leque submarino (Fan).Formação Boxer. • Arenitos grossos. • Turbiditos finos depositam-se no talude. em resposta à subida do nível do mar. formando uma cunha (wedge) principalmente de lutito. Sistema deltáico progradante 1 – Leque de assoalho (turbiditos). atinge 0 e passa lentamente a valores positivos (estabilização e lenta elevação do nível do mar). • Termina a deposição do leque submarino (Fan). Sacramento Valey.Fotografias. fluviais entrelaçados ou estuarinos depositam-se no sistema fluvial. Sacramento Valley. Direita. 59 . Esquerda. Arenito e conglomerado de leque submarino (com limite de seqüência na sua base). Wedge Esquerda: Arenito estuarino (arenito sujo) de preenchimento de vale inciso . rica em material orgânico.2 . • diminui a taxa de suprimento.Bacia Wind River.5. 10. 60 . Wyoming. mas o padrão geral é transgressivo retrogradacional). paraseqüências progradam. • formam-se superfícies de erosão por ondas (ravinamento). invade a plataforma (em verde no bloco diagrama) • os sistemas fluviais passam normalmente do tipo entrelaçado para o tipo meandrante. 3 – Trato sist. • empilhamento estratigráfico é retrogradacional (durante breves diminuições desta taxa de subida.Tratos de sistemas transgressivos (TST) • subida do nível do mar / linha de costa e depocentro migram para o continente (a taxa de subida eustática é máxima). Espanha. • recobrimento em onlap costeiro. 1 – Sistema turbidítico (TSMB). • uma seção condensada. • limite superior do trato é a superfície de inundação máxima (SIM). • vale inciso é afogado e sedimentos fluviais são meandrantes. transgressivo (TST) → sedimentação costeira e de plataforma. Direita: Arenitos turbidíticos e mudstones de Lowstand wedge. 2 – Sistema deltáico (TSMB). Big Horn Basin. fosforito. 10. costeiros e marinhos com empilhamento progradacional. após uma subida eustática. Arenitos Teapot.Fotografias. Big Horn Basin. • Sistemas fluviais. cinzas vulcânicas. Conjunto retrogradacional de paraseqüências . • Folhelho. • SIM constitui a base do trato de mar alto.3 .transgressive system tract. Wyoming. • Marco estratigráfico para correlação. Wyoming.Tratos de sistemas de mar alto (highstand) • Deposita-se no nível de mar alto. Esquerda. Preenchimento de vale inciso.5. glauconita. Superfície de inundação máxima (SIM) → zona de condensação • Constitui o limite entre TST e TSMA. Topo dos arenitos Teapot. Direita. • Formação de delta de mar alto. • Granocrescência ascendente a partir da SIM. por arenito fluvial entrelaçado. 61 . • Apresenta parasseqüências com padrão agradacional. • Rocha geradora para petróleo → folhelho negro. • Horizonte fossilífero. matéria orgânica. devido a um início de regressão. • Taxa de sedimentação muito baixa. 62 . • As paraseqüências reposam em downlap. 1 – TSMA (progradacional). As paraseqüências depositam-se.• A taxa de subida eustática chega a um mínimo e passa a ser negativa. 3 – TSMB final (delta). • As taxas de deposição são maiores que a taxa de subida do nível do mar. 4 – TSMB inicial (turbiditos). 2 – TST com SIM (retrogradacional). com padrão agradacional ou progradacional. com três tratos (mar baixo. sobre a seção condensada. bacia adentro. no conjunto. Exemplo de uma seqüência deposicional completa. transgressivo e mar alto) e indicações dos principais sistemas deposicionais. Seção condensada: oólitos fosfáticos. 10. Douglas Creek Arch. Exemplos: granocrescência granodecrescência ascendente 63 . Fácies fina recoberta por fácies arenosa. Buck tongue e Sego. 1 .Fotografia. Membros Castlegate.Parassequências Ciclos de menor duração. Mostra 3 fácies distintas. Highstand Systems Tract.Colorado.6 . Book Cliffs. Conjunto de paraseqüências progradacionais. 2. sucessão de estratos limitados por SIM. pode ter padrão textural de granodecrescência / granocrescência ascendente. Formação Price River. Parasseqüência e conjunto de parasseqüëncias Parasseqüência é uma sucessão concordante de camadas geneticamente relacionadas. limitadas por superfícies de inundação marinhas e suas superfícies correlatas. Fig. Várias Uma parasseqüência é definida como uma sucessão relativamente concordante de conjunto de camadas limitada na base e no topo por superfícies de afogamento máxima.28. • • sistemas. retrogradacionais ou agradacionais. 8. B) Taxa de suprimento < taxa de acomodação. São os ''tijolos'' que constituem os tratos de paraseqüências formam um conjunto de parasseqüências. 27 64 . A) Taxa de suprimento > taxa de acomodação. progradação ou retrogradação) e é limitada por superfícies de afogamento de maior importância que entre as parasseqüências. Fig. 8. Conjunto de parasseqüencias podem ser progradacionais. C) taxa de suprimento = taxa de acomodação. Um conjunto de parasseqüências é definido como uma sucessão de parasseqüências que apresentam um padrão próprio de empilhamento (agradação. 8. construida por Vail e colaboradores.Fig. 8. é uma tentativa.A curva eustática de Vail A curva eustática. para o Fanerozóico.28.7 .27. Dois tipos de empilhamento de conjunto de Paraseqüências Fig. de se estabelecer uma curva global das variações eustáticas do nível do mar. Desenvolvimento progressivo de um limite entre duas paraseqüências 10. 65 . Esta curva resulta do estudo sintético de vários perfis sísmicos espalhados no globo inteiro (ver mapa). a transformação em perfil cronoestratigráfico fornece. (ver figura) A compilação do conjunto dos perfis estudados permitiu traçar a famosa curva global das variações eustáticas dos oceanos no Paleozóico. a evolução das variações relativas do nível do mar.Em cada perfil sísmico. 66 . para a região. 1999 – Siliciclastic Sequence Stratigraphy: concepts and applications. MIALL. Capítulo 10. 99-134. M. 263p. Eduerj. pg.LEIA MAIS FÁVERA. Cap. 67 .L. J.J. H. SEPM – Concepts in Sedimentolohy and Paleontology. A. 2006 – Principles of Sequence Stratigraphy. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Ed. Ed. Unisinos.C. Unisinos. 1997 – The Geology of Stratigraphic Sequences. POSAMENTIER. G. A. 6. 305-340. CATUNEANU.W. & ALLEN.P. pg.J. 433p. ASSINE. Elsevier. Springer Verlag. H. 2001 . In: Estratigrafia de Seqüências.D. SEVERIANO RIBEIRO. O. & PERINOTTO.D. In: Estratigrafia de Seqüências. 2001 – Estratigrafia de Seqüências em Sistemas Deposicionais Siliciclásticos Costeiros e Marinhos.Fundamentos de Estratigrafia de Seqüências. é preciso ter uma visão global e sintética da estrutura interna da Terra e da dinâmica da Tectônica das Placas. As causas destas continuidades e descontinuidades e seus respectivos tamanhos ou intensidades. incluindo ainda numerosas e importantes lacunas sedimentares. devem ser consideradas as placas tectônicas. Com esta visão e o suporte da Geologia Global.11. com o desenvolvimento da Tectônica das Placas. de maneira quase contínua. BACIAS SEDIMENTARES Para compreender como podem empilhar-se grandes espessuras de sedimento numa fase sedimentar importante. graças ao vulcanismo. principalmente. depositam-se pequenas espessuras de sedimento correspondendo a grandes intervalos de tempo. acham explicação na dinâmica dos movimentos da crosta terrestre. e da Crosta oceânica 7km. depois da década de 60. que formam a litosfera 68 . separadas por vários tipos de interrupções sedimentares ou discordâncias. podem acumular-se 16 km de sedimentos.1 – Estrutura da Terra Os estudos geofísicos e a Teoria das Placas mostraram que a crosta terrestre não é a parte essencial envolvida na Geodinâmica Interna. é fácil compreender porque certos locais são propícios à deposição de espessos pacotes de sedimentos. e na sucessão das glaciações que modificam o equilíbrio entre águas oceânicas e calotas polares de gelo. De fato. Durante um rifteamento evoluindo em margem oceânica passiva. de estudos geofísicos apoiados pelo conhecimento geoquímico da parte superior do manto. desenvolvida a partir da década de 60. Para este propósito. dentro do contexto de geologia global. enquanto em outros locais. Descontinuidade : 700 km Fig.370km. Este conhecimento resulta. Pode ser comparada à casca de uma laranja com relação ao diâmetro da fruta. Já vimos como depositam-se seqüências contínuas e como várias seqüências empilham-se. a sedimentação e as bacias sedimentares começaram a explicar-se bastante bem. A espessura média da crosta continental é de 40 km. 7. Deverão ser considerados os seguintes fenômenos: •Eustasia •Isostasia •Subsidência tectônica Uma visão em corte da estrutura interna da Terra mostra a crosta como uma película muito fina comparada com o raio da Terra de aproximadamente 6. AD. Placa da África. Placa das Filipinas . separam-se e entram em colisão.G. A parte superior mais fria.1. Alguns limites são pouco nítidos ou discutidos (4). o que significa etimologicamente: esfera sem força. e Falhas transformantes (3). Placa do Irã . Placa da Turquia T.IR. A parte inferior. O manto superior quimicamente homogêneo divide-se em duas partes superpostas. no final do Jurássico quando os continentes sul-americano e africano separaram-se por 69 . mostra o detalhe da crosta e do manto superior em região continental e oceânica. A figura 7.CA. Crosta continental Media : 40km Andes : 70km Himalaia : 80km Crosta oceânica Media : 7km Litosfera continental : entre 100 e 150km Litosfera oceânica : entre 70 e 80km A superfície da Terra é constituída de sete placas principais: Placa da América. É sobre ela que deslizam.7. A litosfera é constituída da crosta e da parte superior do manto superior. Placa de Cocos . Placa Juán de Fuca .2. 7. junto com a crosta.2) Placa do Adriático . e de onze placas menores (Fig. tem um comportamento mais viscoso e é chamada astenosfera.tanto continental quanto oceânica.JF. Placa do Egeu .R. Placa do Caribe . – Principais placas tectônicas Uma Dorsal dividindo um oceano em duas partes é uma fase evolutiva do rifteamento de uma placa continental que se inicia com um “rift valley” do tipo da África Oriental. Placa da Eurásia . as placas tectônicas.CO. mais quente. A costa Atlântica da América do Sul já foi limite de placa. como o limite entre as placas da América e da Eurásia. Placa de Gorda . de reologia diferente. Os limites entre placas são de três tipos : Dorsais oceânicas (1). Placa de Nazca. Seguem alguns dados relativos a espessura da crosta e da litosfera. Placa do Pacífico e Placa da Antártida. Placa da Arábia . Placa da Índia. constitui as placas tectônicas.E. Zonas de subducção (2).PH. Fig.AR. ao Norte do Japão. Placa Rivera . 22. Zonas de extensão com falhas normais. o nível do mar teria subido de 50 metros e entre -8. entre 10. 1011 . Devido à sinuosidade e bifurcação das placas. os três principais tipos de zonas tectônicas da crosta terrestre são: 1. O movimento divergente das placas pode ter por conseqüência a geração de crosta oceânica. O movimento convergente das placas consome litosfera oceânica por subducção. Hoje o litoral atlântico da América do Sul é uma margem divergente ou passiva (trailing edge) onde uma espessa cunha de sedimento se depositou sobre a transição continental/oceânica da crosta. Variação do tamanho ou formato das bacias oceânicas É chamada tectôno-eustasia. No Quaternário recente. 2.rifteamento. diques. Do lado do Peru. fazendo variar o volume das calotas polares de gelo ou das geleiras de montanha. Durante certas épocas geológicas os fenômenos de abertura oceânica tem sido mais intensos. Eustasia positiva provoca transgressão geral e eustasia negativa resulta em regressão geral. Em resumo. É muito discutida a subida atual e no passado recente. ou transgressão generalizada. A eustasia e a isostasia geram a acumulação de pequenas espessuras de sedimento. Addad. As variações eustáticas podem resultar de dois fenômenos diferentes: variação do tamanho ou formato das bacias oceânicas. sem deslocamento vertical dos continentes. 3.pp. Variação do volume total da água dos oceanos A única possibilidade de ocorrer uma variação substancial do volume da água é por mudança climática drástica.000 e -8.000 anos. Constitui uma margem continental convergente ou leading edge. Deslocamento lateral das placas com falhas transcorrentes e transformantes. permitindo a acumulação de sedimento. teria subido de mais 10 metros incluindo várias oscilações positivas e negativas. ocorrem zonas de transpressão com dobras e falhas e zonas de transtensão com formação de pequenas bacias de tipo pull apart. A eustasia é positiva quando sobe o nível dos oceanos e negativa quando desce o nível dos oceanos. A litosfera é conservada. Erosão costeira. Ciência Hoje vol. nº 128 pp. no decorrer do tempo geológico. As grandes espessuras de sedimento acumuladas num único ciclo sedimentar resultam de fenômenos tectônicos de dois tipos diferentes: • os riftes • as bacias foreland ou antepaís Eustasia A eustasia é uma mudança geral ou global do nível dos oceanos. do nível do mar (Dupont. É a glacio-eustasia.Setembro 1987. Vários fenômenos provocam o aumento da lâmina d’água. A causa principal reside na variação do volume total das cordilheiras mesoceânicas. Roland Paskoff (La Recherche Nº 191. 42-51). o litoral do oceano Pacífico corresponde à zona de subducção da placa oceânica de Nazca por baixo da placa continental sul-americana. gerando um volume excessivo para o conjunto das cordilheiras mesoceânicas e resultando no “transbordamento” da água dos oceanos. ou variação do volume total da água dos oceanos. vulcanismo.1019 : Les variations du 70 . Zonas de compressão com dobramentos e cavalgamentos.000 e hoje. cada vez maior.25 mm / ano subida de 0. no futuro. da emissão dos gases de efeito estufa. do nível do mar. Teria resultado principalmente do recuo das geleiras de montanhas do hemisfério Norte. nos últimos 130. Entre -10. para os próximo 100 anos. Com o Prosseguimento das atividades atuais.100.00 mm / ano A última linha da tabela acima mostra uma previsão da evolução. Seguem abaixo. por causa do efeito estufa. A escala da esquerda representa a variação do volume do gelo continental. várias taxas de subida da água foram computadas. por Chappell e Shackleton. o que corresponde a uma taxa anual de 1.00 mm / ano subida de 10m ou 1. segundo modelos do IPCC (Intergovernamental Panel on Climatic Change). B. defende que durante os 100 últimos anos. em milhões de km3. porém com uma imprecisão variando entre 30 e 110cm. A partir desta curva. a variação do nível dos mares em m. mostram as previsões de aumento da temperatura e de subida eustática do nível do mar. com redução. Masson.60m ou 6. teria ocorrido uma subida eustática media de 15 centímetros. 71 .000 e -8. Os gráficos 2A. C. São considerados 4 cenários: Atual. D. O detalhe da curva entre 10. tomando em conta um possível aumento da temperatura.15m ou 1.5 milímetros. Uma curva geral de variação do nível do mar.000 e hoje Nos 100 últimos anos Até 2. em 2.000 anos é apresentada acima.100 (IPCC) Pior cenário subida de 50m ou 25. 2B e 2C. A linha cheia foi compilada por Berger e a linha tracejada. é apresentado no livro de Paskoff.niveau de la mer). pesquisador francês das variações atuais do nível do mar e dos fenômenos de erosão costeira.000 anos atrás e o presente.50 mm / ano subida de 0. O desgelo completo das calotas da Antártida e da Groenlândia resultaria em uma subida suplementar de 80 metros do nível do mar. “Côtes en danger” 1992. a subida do nível do mar seria de 60cm (6mm/ ano).000 Entre . e a da direita. É publicada no livro de A Berger “Le climat de la Terre” De Boeck 1992.8. e da densidade do sedimento. com o derretimento de todo o gelo continental.O mapa da Europa. Isostasia Regula o ajuste da crosta terrestre a uma carga. mostra o novo contorno dos litorais. e uma subida eustática resultante de 80m. A altura de sedimento que pode acumular-se (A) depende da altura útil (lamina d’ água para sedimento subaquático). 72 . abaixo. O mapa ao lado mostra as curvas de soerguimento igual .000 anos atrás.ρs A = altura do sedimento que pode acumular-se h = altura útil (lamina d’água) ρm = Densidade do manto superior 3.ρW ____________ ρm .000m e até 15. 73 . Antártica. nos últimos 5. A Escandinávia. geomagnetismo.000 anos. Os fenômenos de eustasia e isostasia conseguem acumular poucas centenas de metros de sedimento.0 sedimento comum. o soerguimento era de 50m por século (500mm/ ano). diminuiu para 2m por século (20mm/ ano).A = h ρm . “Capas” semelhantes cobriam grandes extensões do planeta ao final da última glaciação. Euroasiática. Africana. Há 10. em função do enorme peso desse gelo.0 cascalho . sismicidade. a superfície da crosta situa-se 2 km abaixo do nível do mar.5 m por século (5mm/ ano). determinada área da região sobe com uma taxa de 0.3 ρs = Densidade do sedimento : 2. Índica.1 . 7 maiores placas → Americana. de 10.000m necessitam de fenômenos ocorrendo na tectônica global (formação de bacias sedimentares). há 12 mil anos. localmente. “perdeu” nessa época uma camada de gelo que atingia 2. onde a espessura atual do gelo alcança 4 km. ρW = Densidade da água : 1 Em alguns locais da Antártida. com espeesura de 70 km nos oceanos e 150 km nos continentes.Tectônica de Placas: uma introdução Integrou as teorias sobre “deriva continental” e “espalhamento de fundo oceânico”. e seu derretimento resultou em lenta recuperação do equilíbrio gravitacional.5 km de espessura ao norte do Golfo de Botnia e desde então elevou-se. Dimensões variáveis: 104 a 108 km2. Ainda hoje. 2. de mais de 400 m. 11. por exemplo. Espessuras maiores. Tectônica global Diversas placas litosféricas. assim como o afundamento da listosfera fria e densa PUXA a outra extremidade da placa tectônica. < d Limbo descendente Temperatura baixa. (convergente) Tipo Arco (consumo litosfera) de Ilhas. 3 tipos de margens A) Margem construtiva (divergente) (acresção) DORSAL OCEÂNICA. bacias cratônicas. • Litosfera → baixa temperatura. capa de gelo sobre os continentes) ou desequilíbrio térmico associado com densificação da litosfera provoca um fluxo astenosférico. 11. rigidez aumenta. gerando um mecanismo de compensação isostática.2 – Tipos de Subsidência Compensação litostática Efeito de carga sobre a litosfera (p. Modelo empurra → puxa. Ex: Bacias relacionadas a um arco magmático (forearc). COLISÃO CONTINENTAL C) Margem conservativa Falhas transformantes.Pacífica. > d A lava sob pressão nas dorsais meso-oceânicas EMPURRA a placa. 74 . RIFT CONTINENTAL → margem continental passiva. (nem geração nem consumo de litosfera) Premissas → espalhamento do fundo oceânico nas dorsais. Camada que vai gerar magma por fusão parcial. Mecanismo motor → correntes de convecção. Taxas de geração são as mesmas de consumo litosférico. • Astenosfera → baixa viscosidade: comporta-se como fluido quando submetido a longos esforços. alta viscosidade. Terra possui superfície constante. não participa da convecção. ex. B) Margem destrutiva ZONA DE SUBDUCÇÃO Tipo Andino. Limbo ascendente Fusão parcial. Subsidência mecânica Afinamento e ruptura da crosta ou litosfera por estiramento crustal e desenvolvimento de falhamentos normais rúpteis e dúcteis. que afunda ou flexiona. Subsidência térmica-flexural Contração termal com adensamento da litosfera durante o resfriamento da placa. A largura e a espessura da bacia varia conforme a rigidez da placa. Ex: Bacias do tipo rift. Subsidência flexural Soerguimento de escamas tectônicas devido a colisão entre continentes gera sobrecarga na crosta ± rígida. gerando uma bacia sedimentar. Ex: Bacia foreland (ante-país). Ex: Bacia de margem passiva.3 – Classificação de bacias sedimentares Tipos de margens de bacias Margens divergentes 75 . 11. sedimentação deltáica e marinha rasa / profunda. Margem passiva (rifte oceânico) Rifte evoluído com crosta oceânica. Margens conservativas Falhas transformantes Falhas de movimento horizontal que afetam a litosfera e transferem o movimento de um limite para o outro da placa. Afinamento da crosta. Domos de sal e plataforma carbonática. Sedimentos continentais na base e marinhos no topo. 2 – Zona de sutura (ofiolito). 4 – Bacia Foreland. Bacias em Margens Divergentes Rifte Falhas normais.Margens convergentes Andino (Cordilheirano) Arcos de Ilhas e Bacia Marginal (Mar do Japão) Colisão continental 1 – Cinturão de empurrão. Vulcanismo localizado. 76 . 3 – Pós-país (placa cavalgante). J.P. Editora UFMG.C. 77 . 2007 – A dinâmica terrestre e as rochas. GABAGLIA. 1990 – Origens e Evolução de Bacias Sedimentares. pg. E.Bacias em Margens Convergentes • ZONA DE SUBDUCÇÃO 2 – Bacia atrás do arco (backarc) 1 – Bacia na frente do arco (forearc) Sedimento água profunda na base passando para água rasa no topo. sobre crosta continental. Sedimentares e Metamórficas. com sedimentação relacionada a variações do nível do mar (transgressões e regressões).N. Petrobrás. G.N.C. 415p.R & MILANI. Espessura de 3 a 5 km. 17 a 53. (Organizador): Petrografia Macroscópica de Rochas Ígneas. • COLISÃO CONTINENTAL 1 – Bacia foreland (tardi a pós-orogênica) Sedimentos de ambiente marinho raso a continental derivados da erosão da cadeia de montanhas (área orogênica). Vulcanismo freqüente. Alto gradiente geotermal. G. Arenito lítico / wacke. Bacias Intraplaca (Cratônicas) Ovais ou circulares. LEIA MAIS SGARBI. G. In: SGARBI. Estruturas dos riftes Falhas normais rúpteis. Ocorre estiramento da litosfera e subida local da astenosfera. Tipos → gráben. Sedimentação nos riftes Os principais sistemas deposicionais em riftes continentais são: leque aluvial. o resfriamento da litosfera gerará uma segunda fase de subsidência.11. Afinamento litosférico. Leques aluviais. Ocorre uma subsidência inicial. • • • • • • Depressões alongadas onde a litosfera foi deformada sob a influência de forças extensionais (falhas normais). fluvial (entrelaçado e meandrante) e lacustre / marinho raso. geralmente bimodal (ácido – básico). Forte subsidência mecânica e elevada espessura dos sedimentos (3 a 10 km). O resultado é a formação de um leque imbricado distensivo. Vulcanismo alcalino. evaporitos. Em profundidade as falhas normais são dúcteis. Transgressão no topo. Falhas de gravidade lístricas. com zona de descolamento basal (detachment). com geração de grabens. com sedimentos de ambiente marinho raso. calcário. D). fosfato. com alto ângulo de mergulho. ou transgressão. separam fatias de rocha que sofrem rotação. Pb – Zn – F – Ba (Tipo Mississipi Valley) em calcários. rifte oceânico e margem passiva. adelgaçamento crustal. Posteriormente. Sulfetos de Cu – Pb – Zn em folhelhos com matéria orgânica (exalações de salmouras metalíferas tipo Mar Vermelho). ficam curvas. com estiramento distensivo variável. Depósitos minerais → paleoplacer (Au. Fe-Mn. Esta subsidência termal abrange uma seção maior do rifte e gera onlap de camadas marinhas. O aquecimento da litosfera estendida e sua conseqüente expansão impede que a subsidência seja maior. Complexa rede de falhas normais rúpteis a dúcteis. alto fluxo térmico. rifte continental. Sismicidade ativa (hipocentros rasos). transformando-se em zonas de cisalhamento extensionais e se juntam formando detachment. com ombreiras elevadas e depressão (vale) central. sistema fluvial (sedimentos continentais na base). chamada de termal. falhas normais sintéticas e antitéticas e falhas transversais (transferentes). Perfil topográfico semelhante.4 – Bacias em Margens Divergentes Bacias tipo rift (rifte) Esforços extensionais intraplaca ao longo de zonas de fraqueza crustal. 78 . existe registro local de 7. com subsidência TERMAL → esfriamento crustal. aumento da rigidez flexural e conseqüente aumento da densidade da litosfera. Evaporitos. Vulcanismo nos riftes Ocorre em cones ou plugs ou como fissuras. 79 . Ocorrem três tipos característicos de sedimentos. Regressões podem ocorrer para o topo (aulacógenos). Estágio de Golfo Proto-Oceânico (transição entre rifte e margem passiva) A subsidência continua e o rifte entra em comunicação com o oceano. • A comunicação intermitente com o mar gera barreiras. Por reajuste isostático. Estágio posterior. ou então bimodal (magma básico e ácido. basin analysis) no mar Vermelho. as bordas da bacia flexionam e ocorre expansão da área deposicional (padrão onlap).. Segundo Miall (Principles of sed. formação de falhas normais que afetam e aquecem o embasamento. PÓS-RIFTE.000m de evaporitos. alternadamente). Começa a ser gerada crosta oceânica. É geralmente de dois tipos: basaltos toleíticos e alcalinos. devido a fenômenos de transgressões. com subsidência MECÂNICA→ distensão progressiva com cisalhamento puro / simples. Para o topo a sedimentação é marinha. vulcanismo e sedimentação continental. Ocorre: falhas normais. O rifteamento apresenta mais freqüentemente padrão assimétrico.A base estratigráfica é geralmente de sedimentação continental. Alto fluxo térmico devido à ascensão astenosférica sob o rifte. Padrão de degraus escalonados e afinamento crustal. Subsidência nos riftes Estágio inicial RIFTE. Podem conter entre 2 e 15% de carbono orgânico. Características principais: • Espessa acumulação de sedimentos. petróleo. abertura a 5 Ma. Bacias tipo Margem Passiva (Margem Continental do tipo Atlântico) • Resultam da separação e deriva dos continentes (drift) com formação de abertura oceânica (dorsal meso-oceânica) em riftes oceânicos evoluídos. A subsidência é dominada por mecanismos termais. Vulcanismo basáltico. • Seqüência continental → sistemas deposicionais fluvial. Podem ocorrer falhas de crescimento em deltas. Ex: Golfo da Califórnia → afastamento incipiente. Mar Vermelho → pequena abertura oceânica. 10 Ma. • Seqüência transicional (golfo) → evaporitos. Pb – Zn em carbonatos. Oceânico Atlântico → máxima abertura e afastamento entre os continentes. deslizamentos junto ao talude. correntes de turbidez. A produção alta de microorganismos. leque aluvial. A sedimentação é deltáica. argilas negras metalíferas. Poderá gerar petróleo. deslizamentos. talude e bacia oceânica. aliada a uma circulação restrita no fundo. posteriormente. • Existem diferentes graus de afastamento entre os continentes. 80 . com geração de crosta oceânica. pois situam-se no interior da placa oceânica. eólico. permitem uma acumulação importante de matéria orgânica no fundo e sua conservação. com grande subsidência termal. Representa a evolução de um rift. fosfato (U). por causa dos blocos falhados e das elevações vulcânicas. em função do tempo de ruptura crustal. instabilidade gravitacional. • São sismicamente inativos. • Diapirismo e domos de sal. tectônica de domos de sal (Golfo do México) e plataforma carbonática (tipo Bahamas). Sedimentação deltáica e lacustre com fluxos gravitacionais. carvão.• • Folhelhos orgânicos escuros. São controlados pela topografia do embasamento. • Representam a passagem de uma crosta continental espessa para uma crosta oceânica fina. marinho raso e profundo (turbiditos).evaporitos. Recifes e carbonatos. com idade de 180 Ma no Norte e 130 Ma no Atlântico Sul. • Falhas de crescimento. com exponencial diminuição. Sedimentação em Margens Passivas • Seqüência marinha (mar aberto) → transgressiva (carbonatos) e regressiva (turbiditos). Depósitos minerais . margem continental. • Fisiografia → continente. Normalmente. é possível desenhar um gráfico de subsidência versus tempo. uma bacia rifte pode acumular até 16. Olaria. durante a evolução de um rifte. cada bacia mostrará espessuras de sedimento e intervalos de subsidência diferentes. que pode ter iniciado na fase golfo. no topo. pode-se calcular uma média de 0.000 m. como o preenchimento de uma bacia rifte. A taxa de subsidência. O Espinhaço de Minas Gerais. Conhecendo o registro vertical da espessura de sedimento em função das idades geológicas sucessivas. Seq. gerada pela subsidência térmica. depositando formações marinhas “onlapando” as margens subsidentes e progradando mar adentro. Sopa Brumadinho. mostra a sucessão vertical dos sedimento da fase rifte. Estes diagramas são chamados diagramas de Bubnoff. na base. com sequências basais da fase rifte. continua atuando. entre Diamantina e a Serra do Cabral é interpretado por muitos autores da UFMG e da UFOP. Seq. diminui gradualmente entre a fase rifte e a fase flexural. Subsidência mecânica . Fm.000 m de sedimento. A partir dos diagramas de Bubnoff. seqüência transicional e seqüência superior resultando da subsidência termal. A subsidência resultando da fase de resfriamento (subsidência térmica). A espessura de sedimentos do Supergrupo Espinhaço não ultrapassa 3. O esquema seguinte. É um rifte pouco espesso.Fase flexural. Natureza.Fase rifte.05mm de sedimento/ano. Podem formar grandes cunhas clásticas e plataformas carbonáticas. Grupo Conselheiro Mata. e dos sedimentos da fase flexural. Subsidência termal .Neste estágio existem poucas falhas normais. São João da Chapada. Evidentemente. como taxa resultante de sedimentação por ano. para cada bacia. Se admitimos 81 . Seq. Galho do Miguel (transição). Seq. 100 (IPCC) Pior cenário. A região é subdividida. abaixo).000 e hoje subida de 10m ou 1.25 mm / ano Nos 100 últimos anos subida de 0.15m ou 1.5 – Bacias em Margens Convergentes São as áreas de sedimentação nas proximidades das zonas de subducção e dos arcos vulcânicos. Tipos: 82 . São relacionadas a arcos magmáticos e zonas de subducção.que este valor é comparável com o valor médio da subsidência anual nas bacias de rifte. observamos que a subsidência tectônica é bastante mais lenta que as variações eustáticas repetidas a seguir. Entre -10. entre o arco vulcânico e a subida do continente. A região ante-arco é constituída de: • Arqueamento (facultativo) • Trincheira • Complexo de subducção ou prisma de acresção • Bacia ante-arco (facultativo) A região pós-arco. alongada.000 subida de 50m ou 25. pode apresentar uma bacia pós-arco.50 mm / ano Até 2.8. subida de 0. em região ante-arco (forearc) e pós . com relação ao arco magmático.arco “backarc” (Figs.00 mm / ano Entre . quando situada sobre crosta continental.60m ou 6.000 e -8.00 mm / ano 11. anteriormente depositado sobre o assoalho oceânico.12). e ocupada por um prisma de acresção bem desenvolvido. na base. São deformados (complexos de subducção) com melanges. sedimentos de ambiente marinho profundo (leque submarino) e. Tipos de subducção A placa oceânica em subducção pode ter uma inclinação pequena ou forte. Conseqüentemente. Cu – Pb – Zn em arenitos e folhelhos. A trincheira é geralmente rasa. sedimentos de ambiente marinho raso ou não marinho (delta). preenchida com sedimentos derivados do arco (turbiditos) e sedimentos pelágicos da crosta oceânica. Sulfetos sedimentar – exalativo e vulcanogênicos (tipo Chipre). no topo. cria-se um arqueamento a montante da trincheira.Andino (Cordilheirano) Arcos de Ilhas e Bacia Marginal (Mar do Japão) • Fossa → calha com 8 a 11 km de profundidade. Seu desenvolvimento dependerá. e especialmente em sedimento detrítico. da disponibilidade em material variado. Uma placa jovem. ela é mais leve e mergulha com dificuldade. com menos de 50MA. • Bacia atrás do arco (backarc basin) ou bacia marginal → ocorre sobre crosta continental ou oceânica. Sedimentos de ambiente marinho profundo.Mn vulcanogênico. 7. Sulfeto maciço vulcanogênico (tipo Bessi e Kuroko). Ela cria uma compressão contra a placa continental. ainda é quente e mais dilatada. É preenchida com sedimentos derivados das montanhas (molassa): clásticos continentais passando a marinho raso ou deltáico com tectonismo sindeposicional e discordâncias internas. Dependerá essencialmente da sua idade (fig. sendo melhor desenvolvida em colisão entre dois continentes. exceto nas margens (leque submarino com detritos vulcânicos) e argilas pelágicas. Falhas normais com sedimentação diferencial lateral. 83 . como a placa em subducção debaixo do Chile. ofiolitos e cinturões metamórficos pares. porém. • Bacia na frente do arco (forearc basin) → apresenta. Espessura: 6 a 15 km → possui alto gradiente geotermal. Fe . com embasamento continental. Urânio em arenitos. Situa-se entre a faixa móvel e o cráton. sulfeto sedimentar exalativo. Mn vulcanogênico. • Arco magmático → vulcanismo andesítico – riolítico cálcio-alcalino devido a fusão parcial da placa em subducção. sendo extensional. • Bacia de retroarco (foreland) → o peso das escamas tectônicas flexiona a litosfera. Com dificuldade para entrar em subducção. menos dilatada e. com sua zona de subducção recuando espontaneamente.Paleogêneo. é mais fria. é a placa das Filipinas que teve duas zonas de subducção. A mais antiga. Ela tem dificuldade em ficar flutuando sobre a astenosfera e pode entrar em subducção espontaneamente. 7. pelo contrário. mais densa ou pesada. anteriores à zona atual situada na trincheira das Marianas (Fig. no meio da placa das Filipinas o “arco remanescente” mais ocidental.12 Recuo de zona de subducção Um exemplo de placa oceânica fria e pesada.Uma placa mais velha. a placa das Filipinas mostra três posições sucessivas da subducção da placa Pacífica. testemunhando de uma posição ulterior da zona de subducção. 7. Assim. mas. então.13). deixou. como nas subducções do Japão e das Marianas. datando do Cretáceo . cria uma tensão que gera abertura oceânica. Fig. existe a leste do primeiro. Ela não cria compressão sobre a margem da placa continental. com mais de 100MA. 84 . Um segundo arco remanescente do Neogênio inferior. Um prisma de acresção volumoso pode aflorar fora da água e formar ilha ou alinhamento de ilhas. No Cretáceo. alimentando sucessivamente os deltas e os leques submarinos. bordejando o Japão e Taiwan. a subducção ocorria diretamente contra o continente chinês. É o caso das ilhas Andaman.A subducção de Kyukyu. 7.13 Existência de prisma de acresção A existência de prisma de acresção depende de dois fatores: • Subducção de placa jovem e leve criando atrito contra a borda da placa acavalada. Ilhas maiores estarão mais perto da fonte do material detrítico levado pelos rios. Fig. Nicobar e 85 . representa também uma segunda posição. • Disponibilidade de material sedimentar para formar um prisma volumoso. paralelas ao arco vulcânico. 7. pode ocorrer a formação de uma cadeia de montanhas do tipo das Rochosas ou dos Andes (Fig.Mentawai (Ilha Nias) formando um arco paralelo ao arco vulcânico de Andaman / Indonésia (Fig. comprime a borda da placa continental na região pós-arco.15). 7.14). Fig.7. 86 . Fig. em subducção (tipo Chile). 7.15 Bacias Foreland (Ante-País) Quando uma placa oceânica relativamente jovem. única por enquanto num prisma de acresção em formação ao largo do arco vulcânico das Antilhas.14 A ilha de Barbados (Fig. 7-16). O empilhamento das nappes nas montanhas Rochosas gera uma sobrecarga e um reajuste isostático provocando a subidência na frente da cordilheira.16 Um exemplo muito bonito é a bacia da Prairie.Numerosas falhas de cavalgamento ocorrem que repetem tectonicamente os pacotes sedimentares. Perto da Serra do Espinhaço. mas a sobrecarga provoca. e terminam. afunda. um afundamenrto da crosta localmente mais espessa. marinhos. por exemplo. a dinâmica pode ser relacionada a uma bacia antepais. Bacia Foreland apresenta as seguintes características: • Flexura da litosfera continental devido à carga de empurrões aplicada pela faixa orogênica. camadas de carvão. Como a crosta oferece uma certa rigidez. no topo. 87 . na fase final da sedimentação correspondendo a formação Três Marias. Os ritmos sedimentares superpostos começam. subsidência na bacia. 7. O preenchimento com sedimentos detríticos oriundos principalmente da cordilheira apresenta seqüências rítmicas sincrônicas com cada novo evento de cavalgamento na cordilheira. Fig. (Ver filme da AAPG “Foreland Basins”). Esta depressão é chamada bacia antepais (Foreland basin). Na bacia Bambuí. no rio do Sono a sudoeste de Pirapora. na base. migração do arco periférico e variação do nível do mar (NM). gerando uma depressão. de batimetria decrescente. também. por reajuste isostático. existem fácies fluviais conglomeráticas relacionadas a esta fonte escarpada. com sedimentos continentais fluviais (molasse) e. Este empilhamento cria um relevo. na vertical. Aumento da tectônica → mais relevo na faixa → maior subsidência na bacia → mais sedimentação. situada entre a cordilheira e o interior de continente. eventualmente. Apresenta relação entre empurrões. com sedimentos turbidíticos (flysch) de água mais profunda. A parte central da bacia. em soergimento na época.a leste das Rochosas no Canadá. uma faixa de determinada largura. também. apresenta uma superposição de ritmos de siliciclásticos fino a médio. EXEMPLO: BACIA FORELAND DA CADEIA ANDINA Comparação entre bacia Rifte e bacia Antepais (foreland) Subsidência Formato da bacia Estrutura da crosta Sedimentos RIFTE Estiramento e afinamento crustal. Duas fases de subsidência: 1a. rápida 2a. lenta e demorada. Assimétrica ou simétrica. Até 16 km de espessura de sedimentos. Flexura da crosta apenas na fase final. Crosta adelgaçada Fase rifte: clásticos grossos Fase drifte: clásticos de plataforma, carbonatos, recifes. ANTEPAIS A subsidência é uma resposta à sobrecarga por cavalgamento: várias subsidências rápidas são seguidas de períodos de imobilidade. Assimétrica. Raramente mais de 6km de espessura de sedimentos. Apenas flexura da crosta. Espessura da crosta é mantida. No início Flysch (turbiditos): corresponde a subsidência rápida. No topo, Molasse: sedimentos clásticos fluviais e carvão. Instabilidade e aporte de detríticos prejudica a instalação de calcários e recifes. 88 11.6 - Bacias Cratônicas Ovais ou circulares, com espessura de 3 a 4 km, geralmente sem fase de rifteamento. A subsidência está relacionada a um desequilíbrio térmico do manto, com densificação da litosfera e subsidência. O padrão sedimentar está relacionado a variações do nível do mar (transgressões e regressões). Predominam sistemas siliciclásticos e carbonáticos, com estruturas dominadas por ondas e marés. Altos estruturais formam sub-bacias. Fosfatos, evaporitos, carvão, urânio, ironstone, calcário, petróleo, gás. LEIA MAIS EINSELE, G. 1992 – Sedimentary Basins. Springer Verlag, 628p. MIALL, A.D. 1990 – Principles of Sedimentology Basins. Springer Verlag. GABAGLIA, G.P. & MILANI, E.J. 1990 – Origem e Evolução de Bacias Sedimentares. Petrobrás, RJ. MARTINS NETO, M. Classificação de Bacias Sedimentares: uma revisão comentada. Rev. Bras. Geociências, 36(1): 165-176. 89 12. BACIAS SEDIMENTARES DO BRASIL 12.1 – Bacias cratônicas proterozóicas Cráton Amazônico As bacias cratônicas proterozóicas do Cráton Amazônico são bacias Paleo-Mesoproterozóicas do tipo rifte, com sedimentos continentais (leque aluvial, fluvial) na base e sedimentos marinhos no topo. Exemplos: • Grupo Roraima Reis & Carvalho (1996) RBG, 26(4), 217-226. Reis, 2006. Monte Roraima. SIGEP 038, www.unb.br/ig./sigep/sitio038 • Gr. Beneficiente Leite & Saes (2003). Geologia, Série Científica – USP, vol.3, 113-127. • Fm. Palmeiral Bahia & Pedreira, 2007. RBG, 37(2): 268-280. Cráton do São Francisco As bacias cratônicas proterozóicas do Cráton do São Francisco são de dois tipos diferentes: a) Bacias tipo rifte Paleo-Mesoproterozóico – tipo Espinhaço (Uhlein & Chaves, 2001, RBG 31(4), 445-456. b) Bacia Neoproterozóica - tipo Bacia do São Francisco (Alkmim & Martins Neto, 2001. In: Bacia do São Francisco, pg.) A bacia do Espinhaço se extende de Minas Gerais a Bahia e está invertida (dobrada) pelo Ciclo Brasiliano. É uma bacia do tipo rifte, com vulcânicas ácidas – intermediárias e sedimentos continentais na base e sedimentos marinhos raso no topo. A bacia do São Francisco também ocorre em Minas Gerais e Bahia e é constituída pelo Grupo Bambuí e sedimentos continentais (Grupo Areado, Urucuia) do Mesozóico (Cretáceo). O Grupo Bambuí apresenta na base uma fase rifte (Fm. Jequitaí e Sete Lagoas) e para o topo, características de bacia foreland ou de ante-país. A 90 SP. MG. em fase rifte. No Cretáceo ocorreu reativação da bacia do São Francisco com sedimentação do Grupo Areado e vulcanismo do Grupo Mata da Corda. Destaca-se a bacia do Paraná (ocorre nos Estados RS. permitindo espaço para sedimentação do Grupo Bambuí.deformação orogenética da Faixa Brasília entre 700-620 Ma favoreceu a subsidência flexural da borda cratônica. Amazonas e Acre).2 – Bacias Fanerozóicas do Brasil Bacias cratônicas (Paleozóicas – Mesozóicas) As bacias cratônicas do Brasil abrangem uma grande extensão em área. GO). a bacia do Parnaíba (MA e PI) e a bacia do Amazonas (no Estado do Pará. 12. durante a separação América do Sul – África. PR. SC. que mostram um padrão de granocrescência para o topo. especialmente para as Formações Serra da Saudade e Três Marias. 91 . 000 km2 no Paraguai. Bauru). No Mesozóico predominam a sedimentação continental (eólica) e as lavas basálticas. 2000). EVOLUÇÃO DA BACIA DO PARANÁ Seção da Bacia do Paraná em Milani & Thomaz Filho. A Formação Serra Geral (magmatismo basáltico Jurássico-Cretáceo) ocorreu devido ao rifteamento de separação dos continentes América do Sul e África. Herciniana) são responsáveis por hiatos e lacunas na sedimentação. A estratigrafia está relacionada a ciclos transgressivos – regressivos e eventos glaciais no Paleozóico. e mais 400. No Cretáceo / Terciário houve nova sedimentação continental (Gr. 2000. CARTA ESTRATIGRÁFICA DA BACIA DO PARANÁ Quadro da Bacia do Paraná em Gabaglia & Milani (1990) 92 .000. Argentina e Uruguai. Possui espessura em torno de 7. Eventos orogênicos em áreas próximas à Bacia do Paraná (Caledoniana. O registro estratigráfico da Bacia do Paraná abrange seis superseqüências (Milani & Thomaz Filho.000 km2 no Brasil.000m no depocentro.A Bacia do Paraná abrange uma área de mais de 1. com 2/3 da superfície coberta por lavas basálticas do Mesozóico. Santos. d) Megasseqüência marinha transgressiva – é constituída por calcilutitos.000m nos depocentros. silvinita) depositados sobre uma ampla discordância pós-rifte. Leques turbidíticos de 93 . Em termos de sedimentação destacam-se as seguintes seqüências sedimentares: a) Megasseqüência continental – sedimentação de leques aluviais em clima árido. carnalita. c) Megasseqüência carbonática de plataforma rasa – durante o andar Albiano ocorreu extensa sedimentação carbonática de alta energia ricos em oncólitos. rifte. de plataforma profunda. depositados durante o Cenomaniano-Turoniano. Vulcanismo basáltico foi freqüente. Foi depositada entre os andares Dom João (Jurássico). com características turbidíticas. halita. pellets. margas e folhelhos. estas preenchidas por folhelhos negros (orgânicos) e turbiditos. Campos). plataforma. e) Megasseqüência marinha regressiva – é composta por sistemas deposicionais sincrônicos (fan-delta. talude e bacia oceânica) com padrões sísmicos de offlap.Bacias de Margem Passiva (Mesozóicas-Cenozóicas) São geralmente subdivididas em pré-rifte. flúvio-deltaica e seqüências lacustres. Rio da Serra-Aratu (Cretáceo Inferior) e Buracica-Jiquiá (Cretáceo Inferior). proto-oceano e mar aberto. b) Megasseqüência transicional evaporítica – foi depositada durante o andar Alagoas (Aptiano) e é constituída por evaporitos (anidrita. oólitos e bioclastos. especialmente nas bacias do Sul do Brasil (Pelotas. flúvio-deltaico. fluvial entrelaçado. A espessura do sal pode atingir 2. A subsidênica foi mecânica com falhas normais devido ao estiramento litosférico. na forma de rampa carbonática deformada pela tectônica de sal. representando estágios de separação dos continentes da América do Sul e África. Nas bacias do Sul do país. quando ocorreu a sedimentação das megasseqüências transicional.grande extensão foram depositados. 1990. carbonática e marinha. Além disto. Origem e Evolução de Bacias Sedimentares. * As bacias da plataforma continental são do tipo rifte . Os principais fatores responsáveis pela sedimentação das megassequênicas são: • Grau de extensão e afinamento litosférico (na subsidência mecânica). 1990. 94 . ocorreu um fenômeno transgressivo – regressivo no final do Cretáceo e início do Terciário. portanto. • Variação do nível do mar (marinha transgressiva). o tectonismo da Serra do Mar aumentou o suprimento resultando em padrão progradacional. • Clima. In: Gabaglia & Milani. • Aumento do suprimento (marinha regressiva). Inicialmente do tipo rifte. mostram subsidência diferencial.margem passiva e. * * Fonte: Chang et al. Petrobras. para sedimentar evaporitos. devido ao estiramento crustal com falhas normais e posteriormente termal. 2.fundphoenix. Internet / sites da Petrobras. 631p. Milani & Thomaz Filho. Bacias Sedimentares Brasileiras. CD-Room. 7. www. In: Tectonic Evolution of South America. 2000. C.Fundação Paleontológica Phoenix. 389452. Rio de Janeiro. Petri & Fúlvaro. Campos. Petrobras. Série Geologia do Petróleo. com artigos sobre fosseis e bacias sedimentares do Brasil. Sedimentary Basins of South America. Boletim de Geociências da Petrobrás. Geologia do Brasil: Fanerozóico..500.net . Milani. 5. escala 1 : 2. 1984. um sobre cada bacia). 6.000. 1994 (vários artigos). (vários artigos importantes. 1 volumes. 3. 4. Texto Explicativo do Mapa Geológico do Brasil. et al. Gabaglia & Milani. Geologia do Brasil. 8. Petrobras. 31 Int. Petrobras.cjb. 9. Site da Agência Nacional do Petróleo – ANP 95 . Editores: Cordani. Thomaz Filho. Origem e Evolução das Bacias Sedimentares. Série Geologia do Petróleo. Schobbenhaus. 1983.LEIA MAIS SOBRE BACIAS FANEROZÓICAS 1. pg. 10. 1990. Geological Congress. CD-Room. Estratigrafia de Seqüências. 8 (1). etc. Araripe. Espírito Santo. Parnaíba (Maranhão). 96 . Pernambuco-Paraíba. com ênfase no carvão e petróleo. evolução tectônica (tipos de subsidência. sobre uma bacia sedimentar fanerozóica do Brasil. leitura. Recôncavo-TucanoJatobá. Parecis. 3 – Riftes continentais (aulacógenos): Tacutú. Campos. Pelotas. paleoclimas. Sergipe/Alagoas. São Luiz Pará/Maranhão. bioestratigráficas e cronoestratigráficas. Jequitinhonha. Paraná. Pretende-se uma pesquisa sobre a estratigrafia (classificação estratigráfica. Marajó-São Luís. Tipos de bacias sedimentares 1 – Intracratônicas: Amazonas. seções sísmicas. Barreirinhas. com descrição de unidades litoestratigráficas. Camamú/Almada. assim como descrição de seqüências deposicionais). eventual deformação das camadas). Itajaí. Cumuruxatiba. diagênese. 2 – Margem continental (margem passiva): Foz do Amazonas. Ceará.SEMINÁRIO: ESTRATIGRAFIA DE BACIA SEDIMENTAR Atividade didática de pesquisa. Potiguar. Solimões. variação dos ambientes de sedimentação com o empilhamento estratigráfico. Descrição dos depósitos minerais sedimentares. Santos. Acre. redação e apresentação oral. Camaquã. 4 – Ante-país (foreland): São Francisco.
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