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March 23, 2018 | Author: Teresa Freire | Category: Family, Aggression, Self-Improvement, Emotions, Drawing


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Desenho da famíliaO desenho da família avalia: o estado afectivo da criança, estruturação da personalidade, vivência do contexto familiar, dinâmica familiar – sua representação, maturidade psicomotora, formação do esquema corporal. Interpretação 1. Nível gráfico: 1.1. Amplitude do traço: Extroversão: linhas traçadas num gesto amplo e ocupam uma boa parte da página. Indicam energia. (Expansão vital) Introversão: gesto de pouca amplitude, linhas curtas, indica falta de energia e inibição. 1.2. Força do traço: representa a força dos impulsos, com liberação ou inibição dos instintos. Traço forte: indica agressividade, impulsividade e audácia. Traço fraco: é indicador de fragilidade e timidez. É muito significativo o extremo em ambos. 1.3. Ritmo do traçado: subentende-se como o sujeito desenvolve a tarefa de forma mais espontânea ou, pelo contrário, estereotipadamente, numa repetição simétrica de traços, pontos, etc., até atingir um grau de minuciosidade que pode chegar a ser compulsivo. A repetição rítmica (repetição de personagem para personagem, isto é, desenhar as personagens de forma igual: cabeça, tronco, pernas, tamanho) indica perda de espontaneidade e presença de um ambiente repressivo com regras rígidas. Casos muito pronunciados poderão diagnosticar neurose ou a presença de traços obsessivos. A simetria das personagens poderá indicar repetição, hesitação ou estereótipo. 1.4. Localização: Zona inferior: ausência de fantasia, de energia, cansaço, astenia e depressão. Zona superior: expressão da fantasia, imaginação e criatividade. Zona esquerda: relaciona-se com o passado, tendências regressivas, passividade, falta de iniciativa, forte dependência dos pais. 1 O grau de perfeição do desenho torna-se um indicador de maturidade. . repressão de emoções. 2. 2. desenvolvimento progressivo (evolução). ambiente muito exigente e rígido. detalhes atribuídos ou omitidos. Estrutura do corpo: ausência ou não de interacções entre as personagens. . 2. Linhas curvas – interesse pela estimulação emocional. sensibilidade ao ambiente circundante. seja porque se identifica com ele. Racional: mais rígido. podendo ser observado em esquizofrénicos.4. Nível das estruturas formais: A representação da figura humana é pressuposta como o esquema corporal do sujeito. vestimentas e ornamentos. teme”. 2.3 Tipo Sensorial: mais espontâneo e livre. sentido progressivo. contexto animado ou imóvel no qual evolui. 2 . 3. 2. capacidade de autonomia e de iniciativa. Proporções.O desenho é executado com maior cuidado e investimento gráfico. sendo possível avaliar a sua maturidade e a presença de transtornos do esquema corporal. racionalidade. seja porque o “admira. Esquema corporal: como é desenhada cada parte do corpo. .1.5 Sentido do desenho: Sentido para a direita: sentido natural. Sentido para a esquerda: sentido regressivo.  Os lugares que ficam vazios significam zonas proibidas. Nível do conteúdo: 3. ocupando quase sempre o lugar à esquerda.Pelo tamanho.Zona direita: relaciona-se com o futuro.1. Valorização do personagem principal: o personagem principal é o mais importante no sentido de que as relações do sujeito com ele são especialmente significativas. geralmente maior. Pode ser influenciado por factores emocionais. inveja. 1. Linhas rectas e ângulos – rigidez.Personagens desenhadas em 1º lugar. espontaneidade. Num destro representa problemas perceptivos.2. que é indicada. na margem da página.Figura com que raramente o sujeito se identifica.Capacidades que se distinguem pelo físico valorizado relativamente às outras. . . .Desenhar irmãos como figuras de animais seria uma forma de desvalorizá-los como pessoas. . sejam negativos ou positivos.Inclusão de animais. por representar o próprio sujeito. . pela: .Personagem menor que as outras. domésticos ou selvagens. . 3.Personagem mais enfatizada.Omissão total da personagem ou de detalhes da mesma. de modo a chamar a atenção entre as figuras. que com ele se identifica. .Localização ao lado de uma figura importante. Distância entre as figuras: associa-se com dificuldades no relacionamento e tanto pode ser indicada pelo afastamento entre as representações dos personagens quanto por outros indícios.3. 3..Personagem colocada em último lugar. ser mascaradas.Estão associados sentimentos mais fortes do sujeito. .  Afectividade: 3 . que serviriam para a expressão mais livre de diferentes tendências pessoais. . omissão do nome. Presença de representações simbólicas: .2.Geralmente um dos irmãos. Ser desenhado em posição mais central. assim.A personagem ocupa um lugar de destaque. como por um traço de separação. 3.4.Personagem desviada/distanciada ou debaixo das outras.As personagens são ricas em acessórios: com mais adornos. . ao contrário das restantes que integram o desenho. frequentemente. . . .Personagem desenhada com menor cuidado ou com omissão de detalhes importantes. que podem. horizontalmente ou em plano inferior. Desvalorização de um personagem: implica intentos de negação.Depreciada de alguma maneira: por um atributo negativo ou alteração da idade. 4 . Não se desenha como se “não existisse” na família. Uma criança mais velha/adulto – ser o mais feliz. quando ele não se sente incluído. não recebe afecto ou se há um problema de rejeição. quando não participa. Negativa: sentimentos de desconsideração que fazem com que a criança desinvista. Ausência de poder ou de influência na família. Baixa auto-estima. por exemplo.  Negação de Existência: a criança não se reconhece como parte da família.  Inversão de papéis: troca de papéis no desenho. mas esta faz o irmão afirmando ser ela. A aproximação entre duas pessoas indica a intimidade desprezada ou desejada pela criança.Os laços estabelecidos no desenho reflectem o modo como a criança encara essas relações. a criança não faz parte do desenho. desvalorizando o objecto. quando os pais estão separados. que pode fazer tudo o que a criança não ousa fazer: Um bebé – fortes tendências regressivas. seja num sentido positivo como negativo.Positiva: sentimentos de admiração e carinho que fazem com que a criança invista na figura privilegiando-a.O afastamento entre as personagens pode corresponder à verdade.  Tanto a distribuição sequencial.  Os laços e as relações: . Regressão: no desenho a criança diz ter menos idade do que na realidade. Transferência: transfere para outra personagem. Um duplo – características da criança que podem ser livremente expressas (desenha outra criança em que esta pode fazer tudo o que a criança não pode fazer). . podem-se relacionar com a valência afectiva que ele tem para o sujeito. Há omissão do próprio na representação da família. como ênfases especiais no desenho de algum membro da família. isto é. Personagens acrescidas: .Pode aparecer no desenho uma ou mais figuras imaginárias.  Pai representado a guiar ou no trabalho: parece não estar integrado na família.  A forma como as figuras são representadas.  Representação de algum membro em negrito: conflito com essa pessoa. como aquele que lê o jornal.  Sujeito mal desenhado: insegurança quanto aos seus sentimentos de pertencer à família. indica que este percebe aquele como sendo somente um pouco mais importante que ele. de restringimento.  Braços estendidos: podem sugerir uma tentativa de controlo do ambiente.  Figuras em plano mais elevado: associam-se a sentimentos de dominação e poder.  Membro da família circunscrito num círculo: mesmo significado que o anterior ou denunciar uma ênfase especial por razões afectivas ou circunstanciais (problema de doença. a hipótese é de egocentrismo e. permitem explorar as relações inter-familiares e a maneira como o sujeito se percebe dentro do contexto.  Pai pequeno: apenas maior que o sujeito.  Limpar: associa-se a mães compulsivas que se preocupam mais com a casa do que com a gente que a habita. por exemplo).  Inclusão de pessoas falecidas: fixação. paga as contas ou brinca com os filhos: que são actividades frequentes de pais normais. às vezes com um sentido competitivo. 5 . ou de conflito não resolvido.  Bolas: usadas para indicar interacção.  Personagem em posição precária ou no verso do papel: existência de tensão. Se o sujeito coloca-se em primeiro lugar.  Cozinhar: simboliza uma figura materna protectora. Por outro lado.  Grande figura materna: mãe dominante. chama a atenção para a existência ou não de uma relação entre tamanho e idade. em último.  Família desenhada em grupos que se distanciam uns dos outros: hipótese de divisão na constelação familiar. bem como a ordem sequencial em que aparecem.  Figura riscada: desejo de afastá-la da família ou subentender um desejo da sua morte. podem indicar rivalidade fraterna.  Se há sentimentos de instabilidade. Certas actividades agressivas entre irmãos. Desenhos demasiadamente grandes: que tendem a pressionar as bordas das páginas. o desejo de superar os sentimentos de inferioridade. mais concretamente.  Nuvens pesadas: relação com preocupações e depressão.  Chapéu: precisa de protecção. o sujeito pode tentar criar alguma instabilidade. que também podem envolver o arremesso de uma bola ou de uma faca. do nível cultural. possa subentender raiva por falta de gratificação das necessidades correspondentes. Os desenhos pequenos aparecem com maior frequência nos sujeitos pertencentes às classes média e baixa. sublinhando todo o desenho ou os indivíduos com os quais as suas relações parecem instáveis. A forma de responder a pressões ambientais e ao sentimento de autoestima é também outra característica. O tamanho grande é mais frequente na classe alta que na média e na baixa. denotam sentimentos de opressão (ansiedade) do ambiente. O orgulho ou vaidade. entre o indivíduo e as figuras parentais. embora fogo. levando a pensar que estes possuem uma auto-imagem mais 6 . etc. O tamanho no teste da família depende. Desenhos grandes: correspondem a pessoas que reagem habitualmente a pressões ambientais com atitude agressiva e expansiva.  Luz e fogo: representações concretas de sentimentos positivos na interacção. têm uma auto-imagem mais forte. a sentimentos de inferioridade formas auto-controladas de responder às pressões ambientais e a retraimento. relacionados com afeição e amor. pelo menos parcialmente. a necessidade de demonstrar algo. As crianças procedentes dos níveis sócio culturais elevados tendem a reagir com maior frequência de forma expansiva e agressiva. aceitam as frustrações com mais dificuldade e defendem os seus interesses com mais afinco. Desenhos pequenos: associam-se a uma auto-imagem da pessoa insuficiente. Manual: O tamanho A relação entre o tamanho dos desenhos e o espaço disponível projecta a vivência da relação dinâmica entre o indivíduo e o ambiente. acompanhados de acções e fantasias sobrecompensatórias. débil. são incumbidos de responsabilidades desproporcionadas e sobretudo. A ligação à zona superior da página. Quanto mais acima de situam os desenhos. as diferenças reiteradamente intelectual das crianças procedentes da dita classe social. A inibição nas reacções. procurando as satisfações na fantasia. Os primogénitos tendem a fazer desenhos maiores do que os filhos mais novos. o costume de receber ajuda pode dar lugar a um Ego débil. Os desenhos situados na zona inferior parecem revelar um maior contacto com a realidade e correspondem a sujeitos mais firmemente enraizados. Os mais novos porque vivem geralmente uma situação de ambivalência. mais. Os desenhos na margem da página parecem reflectir tendências depressivas. que reagem a pressões ambientais com maior auto-controlo. maior probabilidade haverá dos sujeitos fugir da realidade. especialmente se o desenho é pequeno e fica deslocado para o lado esquerdo. insegurança. a fantasia e o espiritual. necessidade de apoio e dependência exagerada. porque a segurança vê-se ameaçada pelos irmãos que podem mudar-lhes as situações falsamente consideradas pelos pais como privilegiadas. firme. como parecem menos maduros que os seus irmãos. concreto. afecta também o desenvolvimento das capacidades criativas e isso justificaria. os pais tratam-nos um pouco à margem das normas familiares. projectada através do tamanho dos desenhos. que parece projectar-se através de uma maior tendência a realizar desenhos pequenos. Zona da página Zona superior – representa o mundo das ideias. porque os primeiros são vítimas de uma relação mais ansiosa com os pais. Zona central – zona do coração. tornando-as mais limitadas. As classes economicamente débeis parecem mostrar estruturas mais rígidas. parece mostrar uma tendência regressiva. dos afectos e da sensibilidade. por outro lado. 7 . e a falta de tolerância e de flexibilidade incide na personalidade das crianças. sofrem mais comparações. em parte. acabam por ser mais mimados e sobreprotegidos e. economicamente baixas. Na zona inferior corresponde a sujeitos mais maduros. Zona inferior – significa sólido. retraimento e com menos espírito de luta. que favoreça as interacções e. A presença do sombreado em certa extensão e intensidade alerta para a existência de conflitos emocionais: angústia. idealismo. Crianças pertencentes a níveis sócio culturais elevados manifestam através do desenho da própria família um maior enraizamento. fuga à realidade e refúgio no mundo da fantasia. criando-se um estado de tensão familiar. se o tamanho é normal indica segurança. uma melhor adaptação à realidade e uma orientação mais clara e concreta. o Ego e Super-Ego. a buscar satisfações na fantasia. Ambas reacções parecem ser congruentes e depender de uma raiz comum: o medo do futuro. as crianças pertencentes a famílias mais numerosas manifestam maior adaptação à realidade e sentem-se mais fortemente arreigados. e por outra. em consequência. sobre-protegem e pressionam menos os seus filhos. levando ao conformismo. por outro lado. originados pelo idealismo dos pais. As crianças vindas de níveis sócio culturais médios e baixos projectam frequentemente. para que estes se comportem segundo as expectativas dos pais. existe neste caso uma menor disponibilidade para se relacionar com o ambiente e com as figuras parentais. base de impulso e de força vital. por uma parte. Os primogénitos são mais susceptíveis. ansiedade. numa palavra: a falta de esperança. o desenvolvimento. emotivos e reservados que os outros irmãos e isso pode ser devido aos seus sentimentos de fracasso. Os primogénitos manifestam uma maior inibição e rigidez na forma de se relacionar com o ambiente e as figuras parentais. e a realizar condutas regressivas. Sombreado É um dos indicadores mais importantes de conflitos emocionais. As famílias mais numerosas têm uma ampla gama de problemas que lhes são próprios. Nas famílias pequenas as crianças mostram com maior frequência tendência ao idealismo. Nas famílias pequenas efectuam-se mais pressões sobre os filhos. 8 . com uma dinâmica acusada. mas em contrapartida mimam. etc. ao desinteresse e à resignação. uma maior tendência para a regressão. Existe nos filhos das famílias numerosas maior serenidade na vivência dos problemas emocionais. da vida. Pelo contrário.A ligação à parte central da página. Mas se o desenho é pequeno é indício de uma vivência de proibição da expansão vital sobre o mundo ambiente: problema que tem as suas raízes num conflito entre o instintivo e inconsciente e. da realidade. No nível sócio cultural mais baixo existe maior repressão no seio da família e uma maior vivência da proibição da expansão vital. por conseguinte. a fugir da realidade. os pais conduzem os seus filhos a ser conscientes e por isso a esforçar-se desmesuradamente na escola e se não o fizerem. 9 . reflecte uma descarga da agressividade. As crianças pertencentes à classe média são vítimas de uma maior exigência por parte dos pais. dos dados relativos ao sombreado levam a dizer que estes filhos são mais ansiosos e agressivos que os seus irmãos e que se angustiam mais facilmente que eles. em parte. pressionam menos os filhos para que tenham êxito escolar satisfatório. e que. Certamente não tem privilégios do mais velho e do mais pequeno. devido ao sentimento de incapacidade dos pais e filhos para mudar de status social. contribui para atenuar os sentimentos de ansiedade e de agressividade. também. porque os pais ao ter escassa formação. provavelmente porque existe uma ordem mais democrática e coerente. o facto de dispor de mais tempo e dinheiro para actividades de lazer em que a família inteira participa. e em parte. como consequência desta dinâmica relacional. Na classe social alta existe um maior respeito pelo filho. O filho que ocupa o lugar do meio numa família de três filhos é mais provável que este seja deixado de lado. Os segundos adaptam-se mais facilmente a grupos sociais e isso reflecte-se especialmente no tamanho de seus desenhos. culpabilizam-nos. Não é raro que estas crianças manifestem uma maior ansiedade. Deste modo. do que na classe média. porque o espírito de luta destas crianças é baixo. Frequentemente os pais insistem no muito em que se sacrificam e trabalham para que possam alcançar os níveis que eles não conseguiram. apesar de também existir uma certa pressão para a obtenção das expectativas dos pais. ao que estes sujeitos estão mais sujeitos a certas tensões. Também as crianças procedentes de níveis sócio culturais baixos manifestam uma menor quantidade de problemas. que os primogénitos e os mais novos. têm uma maior propensão a acumular agressividade. os segundos fazem mais sombreados nos desenhos.As hipóteses pressupõem que o sombreado em qualquer quantidade é um índice de ansiedade. valorizam menos a cultura e em consequência. acumulando certa agressividade. por outra parte. O nível de ansiedade na classe média é superior ao projectado pelas crianças vindas de outras classes. fazendo-os viver essa experiência. Assim. se é intenso (em tal caso acompanhado de um traço vigoroso e forte). As situações de ansiedade são menos frequentes na classe alta. Estes aspiram que os seus filhos sejam cultural e profissionalmente mais que eles. devido ao maior número de frustrações que recebem. sendo também mais frequente a projecção consequentemente da agressividade. Em famílias de três filhos. em quantidade e extensão maior. As interpretações mais frequentes têm um objectivo: a ansiedade reflectida pelo apagar deve-se a uma insatisfação consciente. fazendo-o menos ansioso e mais auto-controlado. que aparece inconsciente. apagar suja o papel. não é o mesmo que os pais formem um bloco. que os filhos estejam ou não amontoados. Não podem consciencializar tanto a ansiedade devido a uma maior repressão e censura. ou que um membro qualquer está isolado do resto da família. Apagar poderá ser algo proibido. A distância entre as personagens a) Desenhos em estratos No desenho a representação das personagens em planos diferentes reflecte algum grau de falta de comunicação. que não podem ser justapostos por razões de espaço. a não ser que os distintos planos se justifiquem pela presença de um elevado número de personagens. Apagar com a borracha O apagar com a borracha é um indicador importante de conflitos emocionais. É possível que o primogénito tenha um nível mais baixo de ansiedade e que. é algo que está mal. apague menos. é a diferença da projectada pelo sombreamento. a maior sobre-protecção pode ter uma dupla influência. há que fazer bem as coisas à a primeira vez. 10 . A distância emocional entre os personagens da própria família projecta-se em numerosas ocasiões pela distância física existente entre os mesmos nos desenhos. mas também pode dever-se a um maior auto-controlo. mais frequentes nos filhos do meio do que os que ocupam os lugares extremos na hierarquia de irmãos nas famílias de três filhos. e deve ser um exemplo para os irmãos. como no caso das famílias mais numerosas. Por razões diversas parece que o filho mais velho é mais retraído e auto-controlado que os seus irmãos. É sabido que o apagar em adultos se observa mais em neuróticos do tipo obsessivo-compulsivo e que poucas vezes aparece em crianças muito pequenas e em sujeitos com défices no seu desenvolvimento. É claro que a classe social influência na maior ou menor estratificação dos desenhos da própria família. talvez exista um nível de ansiedade inferior devido à ausência de rivalidade fraternal.Através do sombreado projectam-se tensões emocionais vinculadas a estados de ansiedade e agressividade. ou não. No caso de filhos únicos. e por sua vez mais inibido. Por outro lado. Do ponto de vista interpretativo. por isso. sendo o sentimento de vinculação parental superior. 11 . os segundos realizaram o desenho da família em estratos com maior frequência que os seus irmãos. existindo uma maior facilidade para a intercomunicação. Em famílias com três filhos. não contenham o mesmo plano espacial. senão deve interpretar-se mais como um indicativo emocional. na maior pressão que os pais exercem sobre os filhos. Estas causas podem ser devido: à existência de estruturas familiares mais autoritárias nas classes económicas débeis. O menor número de filhos. é raro encontrar desenhos em que todas as personagens. que integram a família. no qual se pode interpretar como uma projecção da ansiedade e agressividade. O tamanho grande é mais frequente.Em sujeitos precedentes de níveis sócio culturais elevados. Há um maior equilíbrio afectivo por estas famílias menos repressivas. Mas isso não indica que exista nos segundos um sentimento de maior independência. Tanto na classe média. os problemas de comunicação são inferiores ao da classe média. conclui-se também que a adaptação à realidade era mais positiva e que as tendências regressivas apareciam com menor frequência. abundam os desenhos em que os pais e os filhos aparecem em planos distintos. Esta variável leva a concluir que existem menos tensões emocionais e menos problemas de comunicação nas famílias adequadas. b) Não Comunicação A distância física entre os personagens desenhados pelo sujeito reflecte uma distância emocional existente entre os mesmos. A distância emocional entre eles é menor. como na baixa. por exemplo. como. Também se diferenciam dos seus irmãos noutras características conflituosas. para que estes superem o status sócio económico actual da família. é percebido como mais compacto. que o observado nas outras classes sociais. ou uma maior maturidade. na realização mais frequente do sombreado intenso nos desenhos. devido às necessidades de trabalho e a uma escassa atenção à satisfação das necessidades básicas dos filhos. sendo o tamanho pequeno o menos usual. Segundo a zona da página. Ao aumentar o número de irmãos aumenta também a percentagem de desenhos estratificados. A esta vivência de distância emocional é chamada não comunicação porque as personagens desenhados aparecem não só distanciados no desenho mas também isolados. Nos sujeitos vindos da classe social mais alta. um maior afastamento em casa por parte dos pais. como podem ser a desvalorização ou supressão do progenitor do mesmo sexo. no sentido de haver alcançado uma maior independência. Em alguns desenhos o personagem desenhado em primeiro lugar aparece no centro da página. de identificação. a vinculação parental nesses casos parece superior e talvez também a necessidade de protecção e dependência. sem que reflictam uma certa carência afectiva. inveja ou teme. a proximidade à mãe da própria representação. pondo os restantes elementos da família ao redor. 12 . apresentando com maior frequência as características da não comunicação. que admira. em princípio. ou de dependência. reafirmam a conclusão que as linhas de não comunicação não podem interpretar-se como algo positivo. se encontramos nos desenhos outros indicadores de respeito. No mais baixo nível sócio cultural há uma maior percentagem de sujeitos que desenham o pai em primeiro lugar. Em famílias de três filhos. A diferença destes noutras características conflituosas. Em famílias numerosas. Em alguns casos pode-se tratar de uma relação edípica. pelo contrário. mas juntos com outros indícios. a família é percebida como mais compacta pelos filhos. os segundos diferem dos seus irmãos. parece que existe nos segundos filhos uma maior maturidade do que nos irmãos que ocupam lugares extremos. em consequência. Valorização e desvalorização O pai desenhado em primeiro lugar A valorização de um personagem qualquer aparece desenhado em primeiro lugar. pode projectar os conflitos edípicos das crianças. Desenhar a mãe em primeiro lugar não se deve considerar necessariamente como algo conflituoso e tensional. A mãe desenhada em primeiro lugar A representação da mãe em primeiro lugar nos desenhos de crianças reflecte algum tipo de valorização. geralmente à esquerda.Os desenhos que sugerem pouca comunicação aumentam com o número de filhos. Nas famílias pequenas as possibilidades de intercomunicação entre os seus membros são maiores e. A identificação com o progenitor do mesmo sexo em crianças é um fenómeno frequente e. A criança desenha primeiro o personagem que considera mais importante. positivo. e que não é raro que esses problemas se desenvolvam paralelamente a um sentimento de falta de vinculação aos pais. é significativamente inferior àqueles que começam por desenhar um irmão. e tal circunstância parece ser um indicativo de conflitos emocionais de certa importância. ficando dividido e quebrado o bloco parental. que em muitos casos aparecem desvalorizados e separados entre si. As crianças que apresentam esta característica tendem a mostrar alguma maior ansiedade através do sombreado e do apagar. em proporção maior que os que começam os seus desenhos desenhando o pai. Pode-se considerar. em tais casos. problemas de rivalidade fraternal de alguma importância. A percentagem de crianças que. do que aqueles que começam os seus desenhos representando o pai. tende a diminuir a percentagem de casos que desenham a mãe em primeiro lugar. existe uma menor percepção da unidade do bloco parental. Este facto parece lógico se tivermos em conta a estrutura das famílias com um só filho. A conflituosidade da separação da parelha fica justificada não somente pela lógica. sombreiam ou apagam. Provavelmente o irmão desenhado em primeiro lugar é admirado e invejado. que existem em tais casos. O sujeito pensa antes num irmão que nos próprios pais. Começar a representação da família desenhando um irmão pode projectar também uma certa desvinculação afectiva dos pais.Ao aumentar o número de irmãos. além de desenhar a mãe em lugar de destaque. Desenhar a mãe em primeiro lugar em caso de crianças de nove anos parece ser um indício de conflitos emocionais. Ao reafirmar o conflito dos sujeitos que começam os seus desenhos pela representação de uma criança. Um irmão desenhado em primeiro lugar Não é muito frequente. que são frequentes nos desenhos cujo primeiro personagem representado não é um dos progenitores. e as circunstâncias ambientais concomitantes. assim pela coincidência com outras características igualmente conflituosas. As crianças que desenham em primeiro lugar a mãe separam a parelha intercalando com outro personagem entre os pais. podendo ser frequentemente o causador principal das tensões emocionais do sujeito que realiza este tipo de desenhos. além de sentimentos de rivalidade fraterna e de desvinculação dos pais. Se desenha primeiro a si mesmo 13 . de modo que. desenham-se geralmente na parte esquerda da página: em algumas ocasiões representam-se na parte central do espaço disponível. maior tempo dedicado a si mesmo que ao resto dos personagens e em geral. desenhar um personagem em último lugar A mãe desenhada em último lugar É pouco frequente. uma das que podem quantificar-se de forma mais objectiva. maior variedade de detalhes. não sendo filho único ou o mais novo. A criança que pensa antes em si do que nos outros elementos da sua família. Estes desenhos devem ser acompanhados de outros indícios de auto-valorizaçao. Supressão de algum elemento da família 14 . O pai desenhado em último lugar É uma das formas de desvalorização. Na classe social mais elevada os sujeitos apresentam geralmente um Ego mais forte e mais agressivo. deve interpretar-se como um sinal de desvalorização própria. enquanto que nas classes baixas abundam mais os sujeitos retraídos e com um Ego mais débil. e logo vão situando ao seu redor os restantes elementos da família. tanto nas estruturas formais dos desenhos como nos comentários que surgem na entrevista. sem dúvida. Quando não acontece. esta característica é muito menos frequente que nas classes média e baixa. na classe social mais elevada. A necessidade de partilhar afecto e as coisas conduz a superar o egocentrismo. favorecendo esta circunstância os processos de aprendizagem.Quando isto ocorre. Desenhar-se em último Desenhar-se a si mesmo em último lugar. de todas as características de desvalorização. pode querer dizer que a criança superou a fase de egocentrismo e desfruta de certa tranquilidade afectiva que permite orientar o seu interesse em direcção ao mundo. Ao aumentar o número de irmãos tende a diminuir a percentagem de crianças que se desenham em primeiro lugar. projecta algum tipo de egocentrismo. e é. devendo haver outros indícios que o confirmem. maior perfeição. como o tamanho maior. A frequência de aparição desta variável tem uma alta relação com os níveis sócio culturais de procedência dos sujeitos. Este facto constitui uma reacção depressiva. e projecta-se nos desenhos através da própria desvalorização ou supressão. Esta supressão de algum dos irmãos é algo mais frequente que a dos pais. Em crianças o pai é suprimido com maior frequência que a mãe. A este respeito devemos precisar. ou simplesmente. A maior propensão das crianças das classes baixas a manifestar os seus problemas através de reacções depressivas. todavia. uma sensação de angústia na criança esta tenta proteger-se negando a existência do rival e. e indicará sempre. a criança pode reagir de outras formas. elimina-os dos seus desenhos. Devido a sentimentos de culpa que tal eliminação produz na criança. Os sentimentos de culpa impedem atacar os outros e então a criança sente-se infeliz e desvinculado do bloco familiar. Devido provavelmente aos sentimentos de culpa vinculados à desvalorização de algum elemento da família. Qualquer tipo de desvalorização de um irmão ou de um dos progenitores é uma reacção agressiva da criança. Perante o pensamento de incapacidade de adaptar-se a essa realidade. 15 . parece obedecer à realidade de um Ego mais débil. como ocorre. o sujeito reage negando sua existência. que os sentimentos do sujeito podem ser em tais casos ambivalentes. por exemplo. esta tende a racionalizar o seu problema. quando na entrevista nos indica que não houve tempo de desenhar certo personagem. Em outros casos. por motivos de ciúmes. problemas relacionais importantes. podendo-se apreciar frequentemente a coexistência do amor e do ódio. Esta reacção depressiva pode ser dependente de conflitos de rivalidade fraternal ou de problemas relacionais com os pais. Esta característica pode observar-se com alguma maior frequência nos sujeitos pertencentes à classe social mais baixa. A maior acumulação de supressões de algum irmão dá-se nas famílias numerosas da classe baixa. Podemos pensar que um menino de 9 anos que suprime um elemento da família. Estas supressões devem-se a uma problemática de ciúmes edípicos. Eliminar um elemento da própria família é a máxima expressão possível de desvalorização. a eliminação do pai obedece a outro tipo de problemas relacionais. Perante os mesmos problemas. que não coube. de uma forma inconsciente deseja a sua eliminação. a criança pode reagir vertendo sobre si mesmo a agressividade. que se esqueceu.A supressão de algum elemento da família responde a um mecanismo de defesa consistente em negar uma realidade que produz angústia. então o sujeito elimina o pai que percebe como rival. em consequência. Quando a existência de algum irmão ou irmã causa. A supressão das mãos nos desenhos A supressão pode atribuir-se à insuficiente capacidade analítica. A ausência de mãos dá-se frequentemente na classe média. Se estão ocultas ou se suprimem é possível que o sujeito projecte sentimentos de culpabilidade. tanto no que se refere à totalidade das personagens como a cada um dos pais ou irmãos em particular. Alguns autores. dependente do desenvolvimento intelectual. Geralmente estes aparecem claramente valorizados em relação aos pais. As supressões das mãos aumentam paralelamente ao tamanho da família. No teste de Machover as alterações nas mãos são interpretadas sistematicamente como expressão de dificuldades de contacto ou de sentimentos de culpa em relação com actividades manipuladoras ou de masturbação. a desvalorização projecta-se através de uma representação mais pequena. tios. o distanciamento da personagem desvalorizado do resto dos elementos integrantes da família. Provavelmente a dita supressão reflecte também algum tipo de perturbações nas relações interpessoais. e que a cara é a parte mais expressiva do corpo e as feições representam os aspectos sociais por excelência. mais imperfeita. Isso parece congruente dada a maior exigência e rigidez que se pode observar nas famílias de classe média. A adição de outros elementos As adições mais frequentes consistem em desenhar um ou vários avós. primos. Os avós são a adição mais frequente. animais.Outros indícios de desvalorização Certas ocasiões. apoiando-se no facto natural de que as mãos são órgãos de contacto. tanto que projecta sentimentos de culpabilidade. A supressão dos traços faciais nos desenhos A supressão dos traços faciais nos personagens que representam a própria família é um indicativo de desvalorização dos mesmos. com dificuldades de contacto ambiental. Qualquer uma destas adições tem um significado diferente segundo os casos de que se trate. com menos detalhes. são desenhados num plano distinto 16 . pelo contrário. no entanto deve-se a diferenças individuais no âmbito da afectividade. relacionam as alterações. sendo significativas as diferenças entre famílias pequenas e grandes. ou paisagem. ou. deformações ou supressões desta zona corporal. sol. sem que apareça esta intenção punitiva. nuvens. as crianças que desenham especialmente tios tendem a suprimir algum dos progenitores. Em outros casos observa-se também uma identificação com o animal desenhado. parece ser um reflexo de uma viva imaginação. árvores. O animal assume um papel justiceiro. ao ser encarregado de castigar os pais ou irmãos. Em casos. Isto é. o que a realidade projecta é a sensação de uma carência afectiva. Em geral estes desenhos são bastante conflituosos. e o tipo de relações estabelecidas. a presença de animais parece projectar uma reacção agressiva do sujeito. Isso dependerá do papel real que tenham dentro da família. A adição de paisagem. porque estes personagens tendem a interferir nas relações afectivas da criança com os pais. porque a esses animais todo o mundo os acaricia. flores. Nestes casos. A presença de primos ou tios é bastante excepcional. 17 . As crianças indicam que gostariam de ser o cão ou o gato desenhado. de modo que aparecem com frequência em lugar destes.do resto da família e com sinais claros de desvalorização. montanhas.
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