11 Urbano Colonial

March 29, 2018 | Author: ros3ana2409 | Category: City, Brazil, Science, Technology (General), Science And Technology


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Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira BIBLIOGRAFIABUENO, Alexei; TELLES, Augusto da Silva; Cavalcanti, Lauro. Patrimônio Construído: as 100 mais belas edificações do Brasil. São Paulo, Capivara, 2002. HOLLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo, Companhia das Letras, 1996. MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, Willian. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. REIS, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil 1500/ 1720. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo, Pini, 2000. REIS, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. 4 ed. São Paulo, Perspectiva, 1970. VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro, Objetiva, 2000. Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Durante o período colonial, a arquitetura residencial urbana estava baseada em um tipo de lote com características bastante definidas. Aproveitando antigas tradições portuguesas, com residências construídas sobre o alinhamento das vias públicas e sobre os limites laterais dos terrenos. Não havia meio-termo; as casas eram urbanas ou rurais. Não se concebiam casas urbanas recuadas e com jardim. Os jardins são complementos relativamente recentes, introduzidos nas residências brasileiras somente no século XIX. Paço Imperial. Rio de Janeiro e Belém. 1743 . Rio. eram construídos no alinhamento das vias públicas.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Mesmo os palácios dos governadores. na Bahia. .Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Este esquema envolvia a própria idéia que se fazia de via pública. As ruas eram o traço de união entre conjuntos de prédios e por eles era definida espacialmente. nem havia passeios – recursos mais recentes de definição e aperfeiçoamento do tráfego – não seria possível pensar em ruas sem prédios (ruas sem edificações definidas por cercas eram as estradas). Numa época em que as ruas ainda não tinham calçamento. Não poderiam ser mantidos por muito tempo se não fossem feitas edificações. Nesta época eram ainda desconhecidos os equipamentos de precisão de topografia e os traçados das ruas eram feitos por meio de cordas e estacas. somente atenuada quando os galhos dos pomares derramavam-se sobre os muros. acentuava-se a impressão de concentração.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira A impressão de monotonia era ainda acentuada pela ausência de verde. Com a falta de jardins. . Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira A uniformidade do terreno correspondia à uniformidade dos partidos arquitetônicos: as casas eram construídas de forma uniforme e. em certos casos. Recife. Dimensões e números de aberturas. Pernambuco . altura dos pavimentos e alinhamentos com as edificações vizinhas foram exigências correntes no século XVIII. Revelam uma preocupação formal cuja finalidade era manter o aspecto português nas vilas brasileiras. essa padronização era fixada em Cartas Régias ou em posturas municipais. 2. mostrando que os padrões oficiais apenas completavam uma tendência espontânea. 4. 5. ficando as aberturas dos fundos para a iluminação dos cômodos de permanência das mulheres e locais de trabalho. 1. deixadas ao gosto dos proprietários apresentavam sempre uma grande monotonia. Loja Corredor de entrada independente da loja Salão Alcovas Sala de estar ou varanda Cozinha e serviços . as plantas. Entre estas partes de iluminação natural ficavam as alcovas. As salas de frente e as lojas aproveitavam as aberturas sobre a rua. onde dificilmente penetrava a luz natural. 3. A circulação se dava por um corredor longitudinal que conduzia da porta de entrada aos fundos. 6.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira As repetições não se davam somente nas fachadas. Esse corredor era central (nas casas maiores) ou encostado a uma das paredes laterais (nas casas menores). destinadas à permanência à noite. Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira . deste modo. tijolos ou pedra e cal. adobe ou taipa de pilão. Nas casas mais simples as parede eram de pau-a-pique.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira As técnicas construtivas eram primitivas. As coberturas eram em telhados de duas águas. Evitava-se. Nas casas mais importantes empregava-se pedra e barro. o uso de calhas ou qualquer sistema de captação e condução de águas pluviais. lançando parte das águas de chuva sobre a rua e outra para o quintal. . Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira A construção sobre os limites laterais. . alinhada às casas vizinhas protegia as empenas e garantia a estabilidade. África e Ásia. É ele quem traz a água das fontes públicas e transportam o esgoto (os tigres) e o lixo.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira A simplicidade das técnicas aplicadas denunciava o primitivismo tecnológico do período colonial: abundância de mão-de-obra proporcionada pela presença do escravo. A ausência de equipamentos adequados nos centros urbanos pressupunha a presença do escravo. O uso da construção também se baseava no trabalho do escravo. . mas ausência de aperfeiçoamentos. Grande parte dessa alteração deve-se ao saneamento das cidades da América do Sul. Somente em 1920 a população do terceiro mundo ultrapassou a do 1º mundo. quando não eram ocupados por lojas deixavam-se para acomodação dos escravos e animais. Os pavimentos térreos dos sobrados. ou ficavam vazios sem ser usados pelas famílias dos proprietários. .Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Os principais tipos de habitação eram o sobrado (dos ricos) com piso assoalhado e a casa térrea de chão batido (dos pobres). sem chegar a caracterizar um tipo distinto de habitação.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Os exemplares mais ricos acentuavam esta tendência: maiores dimensões. . maior número de peças. Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Outras variações correspondiam ao aparecimento de águas furtadas ou camarinhas. . colocados de forma a evitar a necessidade de rufos ou calhas. Mesmo assim. Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira . 1690 . Salvador.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira As variações mais importantes apareciam nas casas de esquina. Solar Ferrão. 1690 As duas portadas do Solar Ferrão trazem respectivamente as datas de 1690 e 1701. além de um porão. possui três pavimentos na fachada principal e seis na parte posterior. ao que tudo indica assinalando o início e a conclusão da obra. Salvador.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Solar Ferrão. no bairro do Maciel. . em terreno de forte declive. Situado na encosta da Sé. Solar Ferrão.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Dos mais extraordinários exemplos da arquitetura civil seiscentista no Brasil. esse solar exibe. 1690 . com uma cartela encimada por uma cruz no meio. na portada mais recente. magnífica porta almofadada. Salvador. A portada mais antiga traz também frontispício com volutas. tudo coroado por frontispício com o brasão dos Maciel entre duas volutas. daí se justificando a ausência de portada central em lugar das duas laterais. Com a expulsão dos mesmos três anos depois. Das mãos da família Maciel passou aos jesuítas.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Há também a hipótese de o atual solar ter resultado da fusão de duas casas. e finalmente leiloado. foi incorporado aos bens da Coroa. . que nele instalaram o Seminário de Nossa Senhora da Conceição em 1756. no antigo terreiro do Carmo. . sucessivamente denominado do Paço. mandou edificar a casa de residência dos Governadores. A residência foi inaugurada em 1743. Rio. atual praça 15 de Novembro.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Paço Imperial. Conde de Bobadela. O responsável pelo projeto foi o Brigadeiro José Fernandes Pinto. 1743 Em obediência à ordem régia de 27 de novembro de 1731. fundador das "Aulas de Teoria da Artilharia e Fogos Artificiais" e autor de tratados de engenharia dos artilheiros e dos bombeiros e de outros projetos de edificação. de Dom Pedro II. Gomes Freire de Andrada. contrapondo-se aos prédios de residência dos Teles de Menezes. Paço Real em 1808. O antigo convento dos carmelitas formava fundo de composição a esse conjunto. depois Imperial. a fim de funcionar como espaço cultural. Rio. Em 1982. 1743 . Por ter sediado o Departamento dos Correios e Telégrafos. Paço Imperial.apresentava-se com dois pavimentos e ladeava a praça. foi transferido para a Fundação Nacional Pró-Memória.ocupava toda uma quadra . sofreu obras de porte que o descaracterizaram. tal como a assinatura da Lei Áurea em 1888. foi palco dos mais importantes fatos do período monárquico. planejados pelo mesmo arquiteto.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira A extensa construção . janelas de púlpito com bacias de cantaria e fortes guarda-corpos elegantes de ferro forjado localizam-se no andar nobre. propriedade do Museu Histórico e por gravura existente no livro de John Mawe. 1743 . hoje inexistente. Essa portada dá acesso a uma galeria coberta que atravessa o prédio lateralmente e que. em cujo final uma portada rococó dá passagem à escada de dois lanços. Ladeando esse elemento central e prosseguindo pelas demais fachadas. o sobrado às quais corresponde. imponente portada de lioz interessa à janela central do sobrado e culminava em elegante brasão. e tinha o telhado com três corpos justapostos ao centro da fachada principal. através de arcos abatidos. no térreo. As vergas arqueadas das janelas do sobrado são acentuadas por sobrevergas de alvenaria. Paço Imperial.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira A edificação apresenta fortes cunhais de cantaria. iguaI número de janelas e portas de feição mais modesta. abre-se para o pátio de honra. O aspecto primitivo dessa edificação pode ser conhecido pela pintura atribuída a Leandro Joaquim. A entrada principal abre-se na fachada voltada para a baía com portada ladeada por colunas e encimada por frontão curvo rompido ao centro e ligado à janela rasgada central do sobrado. Rio. acesso ao andar nobre do Paço. As casas urbanas resolviam em parte este problema com a criação de pequenos animais e o cultivo da mandioca ou outro legume. a precariedade das condições do meio urbano. a chácara denunciava. XVIII) Solução preferida das famílias abastadas. Durante todo o período colonial as tendências monocultoras do nosso mundo rural contribuíram para a existência de uma permanente crise no abastecimento das cidades.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Casa do Engenho d’água. Jacarepaguá – Rio RJ (séc. no seu caráter rural. O principal problema que solucionavam era o do abastecimento. . . acostumados ao convívio social característico de suas atividades. cuidavam de adquirir chácaras ou sítios afastados. que aliavam ainda as vantagens da presença dos cursos dágua. para onde transferiam suas residências permanentes.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Fazenda Colubandê. Mesmo funcionários mais importantes e comerciantes abastados. São Gonçalo – RJ (1760) Soluções mas satisfatórias eram porém conseguidas nas chácaras. Por tais razões morar nas chácaras tornara-se característica de pessoas abastadas que utilizavam as casas urbanas somente em ocasiões especiais. que substituíam os equipamentos hidráulicos inexistentes nas residências urbanas. . só sendo habitada nos domingos e dias de festa” Sain Hilaire sobre Taubaté. As cidades menores chegavam a apresentar aspectos desoladores: “ como em toda cidade do interior do Brasil.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira O afastamento espacial não significava desligamento dos centros urbanos. A atividade econômica que exerciam caracterizava-os como participantes da economia urbana. mas medida de conforto. a maioria das casas fica fechada durante a semana. em 1882. Somente tendo em vista esses fatores. . podemos compreender como puderam funcionar em níveis tecnológicos tão primários. nossos núcleos urbanos eram dependentes e insuficientes para resolverem seus próprios problemas.Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira Apoiando-se no trabalho escravo e no mundo rural circundante. e sob a dominação política econômica e cultural do mundo europeu. Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira EXEMPLARES PORTUGUESES .Lisboa . Lisboa .Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira EXEMPLARES PORTUGUESES . Lisboa .Lote Urbano e Arquitetura Colonial Brasileira EXEMPLARES PORTUGUESES .
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