1 O Que é Psicopatologia Psiquiatria Histórico

March 28, 2018 | Author: Maysa Puccinelli | Category: Psychopathology, Psychoanalysis, Psychiatry, Mental Health, Psychology & Cognitive Science


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PsicopatologiaPSICO PATHO LOGIA Sofrimento Psíquico Humano Pathos Paixão (Excesso, Passagem, Passividade, Sofrimento, Assujeitamento)  Destino  Posição  Pathos Maneira de estar no mundo Caminhos do Psiquismo Disposição geral organizadora e propulsora do destino humano Pathos Entendimento do que é estruturante Dor de existir Como vai você? Doença – excesso de paixões Eros em desequilíbrio As paixões atestam nossa permanente dependência do outro Literatura.Psicopatologia Tentativa de “decompor” o sofrimento psíquico Homem dividido em busca de um acabamento impossível As idéias de Pulsão e de Conflito já apareciam na Filosofia. Senso-comum A Psicanálise des-cobre . Semiologia Psicopatológica Estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais Síndromes Entidades nosológicas. transtornos . doenças. psicológicas e filosóficas. Observar. a psicopatologia não se confunde com a neurologia das chamadas funções corticais superiores. identificar e compreender .Psicopatologia Apesar de beneficiar das tradições neurológicas. A Psicopatologia é uma ciência autônoma e não um prolongamento da neurologia e da psicologia. Psicopatologia Ausência de julgamentos Conhecimento sujeito a revisões. críticas e reformulações É uma ciência básica que serve de auxílio à Psiquiatria que é uma ciência aplicada (Jasper) . .Os limites da Psicopatologia Não se pode reduzir o homem à conceitos psicopatológicos Em todo indivíduo oculta-se algo que não se pode conhecer.. Forma e Conteúdo dos Sintomas . diferentes .Três tipos de Fenômenos Humanos Fenômenos Semelhantes Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes Fenômenos qualitativamente novos. Psicopatologia A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica (na obra de grandes clínicos e alienistas do passado) – observação E nutre-se da tradição humanística (filosofia. artes e psicanálise) – sofrimento humano extremo. literatura. pathos. Sistematização – Dimensão humana. .  A psiquiatria clínica constitui uma ciência aplicada às alterações psíquicas e seus problemas correlatos.  O objeto da psicopatologia não pode ser confundido com o da psiquiatria. SEM SE INTERESSAR PELOS ASPECTOS TÉCNICOS DAS PSICOTERAPÊUTICAS. .PSICOPATOLOGIA E PSIQUIATRIA  A PSICOPATOLOGIA SE DETÉM NO ESTUDO DA EVOLUÇÃO E DOS AVATARES DO PSIQUISMO HUMANO. o tratamento e a profilaxia das doenças mentais. como o diagnóstico. visando conhecer os fenômenos psíquicos patológicos e. Compete à Psicopatologia reunir os materiais para a elaboração da teoria do conhecimento dos fenômenos com os quais a psiquiatria possa coordenar sua ação curativa e preventiva. . mecanismo íntimo e futuro desenvolvimento. assim. oferecer à psiquiatria as bases para a compreensão de sua origem.Enquanto a Psicopatologia tem um âmbito mais restrito. A psiquiatria por si só não compreende o sofrimento psíquico A fenomenologia e a psicanálise formam as principais bases conceituais da psicopatologia . o homem não é responsável por sua loucura.BREVE HISTÓRICO DA PSICOPATOLOGIA Na Grécia pré-socrática. . o sofrimento psíquico era um castigo dos deuses. e nenhum estigma é-lhe acarretado. Nos textos trágicos. . lealdades e deveres impostos pelo destino. a loucura resulta da impossibilidade de escolha individual nos conflitos entre paixões. Nas obras de Eurípedes a loucura se psicologiza. . Visão racionalista das contradições. limitações e fraquezas humanas. e é atribuída as conseqüências das emoções na vida dos homens. terão profunda influência na medicina nos séculos XVIII e XIX. .Com Hipócrates. Disfunções humorais. a loucura é entendida como um efeito do desarranjo na natureza orgânica do homem. que revelam uma visão organicista do distúrbio. Tal concepção afasta definitivamente a influência divina na loucura. Essas idéias. fazendo com que a parte racional. . ao considerá-la como composta de três almas: uma racional.Platão dá uma visão completamente nova da psyché. perdesse o controle. o logos. o logos. Para Platão. a loucura atestaria o desarranjo no equilíbrio das três componentes da psychê. uma afetivo-espiritual e uma terceira que seria apetitiva. à possessão demoníaca. . ou mesmo identificada.A visão medieval da loucura está intimamente associada. o que propicia o aparecimento da noção de alienado.Nos séculos XV e XVI o estudo da medicina. . passa a considerar componentes psicológicas na loucura. . As classificações são ora extremamente abrangentes. o que as torna pouco úteis. ora drasticamente limitadas. No início do século XVIII o pensamento médico em relação às "doenças do espírito" e a prática do internamento permaneceram estranhos um ao outro.O século XVIII é marcado por uma psicopatologia desordenada. tornando-se de difícil confirmação. p. de Pinel retirando os grilhões e correntes que prendiam os pacientes em Bicêtre. que mais tarde chamar-se-ia psiquiatria. Pinel modifica radical e definitivamente a visão da loucura e inaugura uma nova especialidade médica. Na primeira edição do Tratado Pinel (Pinel. . 72) escreve:  Esboça-se aqui o princípio que marcará a psiquiatria emergente: o apego à observação como procedimento para evitar as possíveis distorções no conhecimento da alienação provocada pela nebulosidade da psicopatologia vigente. No início do século XIX. É célebre o episódio. que se tornou histórico. 2005. precisamente em 1801. Até o final do século XIX não existia. A preocupação vigente era a doença. um saber sobre o sofrimento psíquico que acometia o homem. a sintomatologia: conhecer para classificar. . em rigor. .Os grandes psicopatólogos daquela época. dentre os quais Havellock-Ellis e Krafft-Ebing. tinham por preocupação classificar e etiquetar as organizações psíquicas que escapavam às referências de normalidade. . as doenças mentais. psiquiatra e filósofo. Jaspers visava descrever e classificar.O aparecimento da Psicopatologia como disciplina organizada se dá com a publicação da Psicopatologia geral de Karl Jaspers. no início do século XX. de forma minuciosa e sistemática. . principal autor e sistematizador da psicopatologia compreensiva.Psicopatologia Compreensiva Na psicopatologia. de inspiração fenomenológica. ainda que parcialmente O objectivo de Jaspers. se pretende actualizar e co- experienciar as experiências do paciente de forma a compreendê-lo. seria mesmo o de fundar uma antropologia na medida em que considerava que o Homem se conhece melhor a partir dos seus desvios. Leitura recomendada: “Introdução à Psicopatologia Compreensiva” ( José Luis Pio Abreu) . ao mesmo  tempo. para Jaspers. a experiência subjetiva . Assim. atender ao imperativo de não exclusão ao verdadeiro objeto de estudo  destas disciplinas. Garantir a conexão entre os fenômenos psicológicos e  referentes externos que pudessem validar-lhes a presença em diferentes situações  seria. como um método envisado para  responder às necessidades de cientificidade para a psico(pato)logia e. o modo de possibilitar o exame científico das relações  compreensivas entre aqueles fenômenos que não se deixam observar pela terceira pessoa. a fenomenologia surge. para ele. como patológico. a relação está subordinada à compreensão do outro e à delimitação do que nele se afigura como incompreensível ou.Psicopatologia Compreensiva O próprio Jaspers considera que a poesia é a única forma de compreender o ser humano na sua totalidade . na psicopatologia. . segundo Jaspers. FREUD Assim. O sujeito (paciente) como objecto de si próprio (compreendido ou explicado pelo sujeitopsicopatologista). . O sujeito (paciente) como objecto significativo (para o sujeito-psicopatologista que o observa).Psicopatologia Compreensiva Para Pio Abreu. a interacção entre os dois sujeitos. 2. paciente e psicopatologista. pode ser avaliada por este último segundo as seguintes perspectivas (7): 1. baseando-se em Jaspers. A apercepção dos objectos (realidade) pelo sujeito-paciente (compreendida ou explicada pelo sujeito-psicopatologista). estas perspectivas relevam o carácter fenomenológico da relação entre os sujeitos.Psicopatologia Compreensiva 3. As inclinações do sujeito (paciente) para os objectos (compreendidas ou explicadas pelo sujeitopsicopatologista). À excepção da primeira. 4. em que para o psicopatologista o outro é tido como um alguém cuja realidade se pretende representar. . Psicopatologia Compreensiva O objecto primeiro da psicopatologia são os fenómenos psíquicos elementares que. afectos. e cujo funcionamento o psicopatologista deveria poder compreender antes de tentar aprofundar o entendimento das vivências do sujeito – humor. pensamento. emoções. constituem os pré-requisitos da consciência. memória . motivação – e a sua realidade – percepção. ainda que susceptíveis de hierarquização em níveis de complexidade distintos. General Psychopathology. . Climepsi Editores: Lisboa. Hoenig e Marian W.  Jaspers. Hamilton. N.Psicopatologia Compreensiva “não há teoria da psíque que valha. inglesa de J. J. (1974) [1913]. K. Trad. The John Hopkins University Press: Londres.  McWilliams. mas. (1994). (2005) [2007]. uma filosofia do existir humano” Jasper Na psicopatologia compreensiva há um maior pendor filosófico e o processo clínico assemelha-se mais a uma investigação livre de pré-determinações. Diagnóstico Psicanalítico – Compreender a estrutura da personalidade no processo clínico. Introdução à psicopatologia compreensiva.L. apenas.  Pio Abreu. Fundação Calouste Gulbenkian: Lisboa. seu pathos. que aqui confunde-se com a trama discursiva que o constitui. que submetido às leis da linguagem escapa a qualquer apreensão direta de sua finalidade. .louco ou não . fala do. A partir da dimensão do desejo. e a partir de. Freud postula que o sujeito .sempre que fala.A contribuição da Psicanálise A grande ruptura epistemológica é feita pela psicologia profunda de Freud. como passividade. inicialmente encarnada pelo outro. transforme-se. que possibilita que o pathos. alienação.Psicopatologia Fundamental É esta trama. na situação terapêutica. em percepção. em experiência. . o que evidencia que o fenômeno psíquico não é redutível a uma única forma discursiva. o termo "psicopatologia" encontra-se associado a um grande número de disciplinas que se interessam pelo sofrimento psíquico. . quanto de confrontação crítica dos modelos por elas utilizados.Psicopatologia na Contemporaneidade Hoje. Isso trouxe um problema. por vezes uma impossibilidade. tanto de diálogo intercientífico entre as diferentes abordagens teóricas. . o DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana) e o igualmente reputado CID-1O (Classificação Internacional de Doenças). o expoente máximo é.Dentre as inúmeras tentativas de superar os impasses criados pela pluralidade de leituras do pathos. sem dúvida. DSM A primeira versão do DSM foi elaborada pela APA (American Psychiatric Association) em 1952. “ Nessa ocasião. de seu lugar na família e de sua relação com o meio social. 1999) .” (Roudinesco. Defendia a idéia de que os distúrbios psíquicos e mentais decorriam essencialmente da história inconsciente do sujeito. o Manual levava em conta as conquistas da psicanálise e da psiquiatria dinâmica. A noção de causalidade orgânica não era desprezada E a psicofarmacologia era associada a tratamentos pela fala e terapias dinâmicas. o existencial e o patológico. .DSM Mesclava uma abordagem tríplice: o cultural (social). Com o desenvolvimento de uma abordagem liberal que submete a clínica a critérios de rentabilidade. . idéia de cura e eficácia imediata. As psicologia dinâmicas e a psicanálise foram julgadas inapropriadas diante da necessidade de mensuração. Depois de quatro revisões ocorreu uma limpeza ateórica. “Fundamentalmente. ela visou a demonstrar que o distúrbio da alma e do psiquismo devia ser reduzido ao equivalente a pane de um motor.” . neurose e perversão foram substituídos pela noção de distúrbio. “Abolir” idéia de doença para evitar problemas Utilização de categorias mais vagas e mais genéricas Separa a Psicanálise da Psiquiatria .Os conceitos psicose. Isso significa deixar de lado os problemas etiológicos e centrar-se na nosografia. A grande crítica que se faz a esta abordagem é o fato de não levar em conta a subjetividade tanto daquele que está sendo "classificado" quanto daquele que classifica.Tentou-se criar uma nomenclatura única que forneça uma linguagem comum a pesquisadores e clínicos de diferentes orientações teóricas. . os conflitos internos e as experiências psíquicas de cada um perdem relevância diante das moléculas químicas.O desenvolvimento das neurociências e o espantoso crescimento dos psicofármacos. . Aspectos subjetivos. que reforçam a idéia da origem biológica dos transtornos psíquicos.
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