066-069_Reuso-da-água_235

March 27, 2018 | Author: JERAFDINIZ | Category: Wastewater, Industries, Chemistry, Engineering, Sanitation


Comments



Description

Estação de Produçãode Água Industrial Aquapolo: exclusivamente para fins não potáveis 66  z  setembro DE 2015 Rogério Reis / Assessoria Aquapolo tecnologia  ENGENHARIA SANITÁRIA y sofrendo. um dos principais órgãos de pesquisa na área. quando o líquido é despejado nos mananciais usados para captação de água pelas companhias de abastecimento. entre outras finalidades. Mas ainda falta no Brasil uma legislação a respeito”. “Com o projeto da Sanasa pretendemos mostrar que é viável produzir água potável a partir de esgoto e. que a população pode beber com segurança. no interior paulista. cozinhar e higiene pessoal). “Temos tecnologia para tratar efluentes e transformá-los em água de reúso potável. Esse tipo de reúso pode ser classificado como direto. entre elas a Sanasa. no Brasil. que pode ser empregada na lavagem de pisos. O projeto em escala-piloto – fase de pesquisas de laboratório que antecede os equipamentos definitivos utilizados na estação de tratamento – terá capacidade para fazer o tratamento de 700 litros de esgoto por hora. diz o engenheiro Ivanildo Hespanhol. vai iniciar em setembro um estudo pioneiro com a finalidade de implantar no Brasil o primeiro sistema de produção de água de reúso potável. sem risco nenhum. gerente de operação de esgoto da Sanasa. um novo sistema de processamento nas estações de tratamento de água. “Esse piloto será alimentado com a água de reúso não potável que já produzimos na Epar [Estação Produtora de água de Reúso] Capivari II”. O projeto será realizado com apoio do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra). No estudo da Sanasa serão estabelecidos parâmetros e analisados os melhores processos de tratamento a fim de se projetar um sistema em escala real de reúso potável. produzem água de reúso não potável. como nos dois últimos anos na região Sudeste.” A água de reúso pode ser classificada em dois tipos: não potável e potável. precisa atender a padrões elevados de potabilidade e ainda não está disponível no país. órgão responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto do 1. um problema que surge quando as chuvas são insuficientes. irrigação de jardins e culturas agrícolas. Hoje.Água reciclada Reúso a partir do tratamento de efluentes é alternativa para ajudar no combate à crise de abastecimento Yuri Vasconcelos A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa). dessa forma. a Sabesp e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). ou indireto. poucas companhias de abastecimento. quando o efluente tratado é injetado diretamente na rede de distribuição. conta o tecnólogo em saneamento Renato Rossetto. Produzido a partir do tratamento avançado de efluentes domésticos. da Universidade de São Paulo (USP). o reúso é apontado como uma das alternativas para a escassez de água. destinada ao abastecimento da população.1 milhão de moradores de Campinas. em seguida. diretor do Cirra e um dos maiores especialistas em reúso de água no Brasil. “Esperamos finalizar o estudo em sete meses. caldeiras industriais e sistemas de resfriamento. descarga de banheiros. aquela destinada ao consumo direto pela população (para beber. pressionar as autoridades a criar uma norma específica sobre o pESQUISA FAPESP 235  z  67 . Já a água de reúso potável. durante o workshop Subsídios para Suprimento de Água na Região Metropolitana de São Paulo. inclusive vírus e bactérias O Brasil já domina a tecnologia de fabricação de membranas de ultrafiltração. seria implementado o reúso direto. África do Sul. conta o engenheiro químico José No laboratório do Cirra. Parque Novo Mundo e São Miguel – e na Estação de Produção de Água Industrial Aquapolo. biorreator com membranas para ultrafiltração fabricado pela empresa Ambihidro . o maior projeto do tipo na América Latina e um dos 10 maiores do mundo. 68  z  setembro DE 2015 Estação de água de reúso potável Fonte cirra 1 TRATAMENTO PRELIMINAR Ao chegar à estação de reúso. o volume produzido é comercializado para cerca de 50 clientes. segundo Hespanhol. que é o sistema mais empregado para a produção de água de reúso. economicamente viável e que conta com tecnologia comprovadamente eficaz. entre eles prefeituras. um projeto em parceria com a empresa Odebrecht Ambiental. Maior companhia de saneamento do país. “Tecnologias como membranas. pelo qual o esgoto seria convertido em água não potável e armazenado em um reservatório. pela implantação da tecnologia de reúso.01 a 0. componente fundamental dos biorreatores com membrana (ou MBR. o reúso é feito em quatro estações de tratamento de esgoto (ETEs) da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) – Barueri. entre eles Estados Unidos. que deixariam de receber efluentes. Com poros gradeamento e por uma caixa que variam de 0.1 micrômetro de de areia para a retenção de diâmetro. ele apresentou. A água de reúso é uma solução moderna. construtoras e indústrias dos setores têxtil. Nos primeiros cinco anos do projeto seria implantado um sistema indireto. Com capacidade instalada de aproximadamente 830 litros por segundo. Essa prática já existe em diversos países. Namíbia e Cingapura. osmose reversa. a Sabesp é a empresa líder na produção desse tipo de água. sendo que uma parcela minoritária dos clientes recebe o líquido por caminhões-pipa. já que eles estariam sendo reutilizados. explica o diretor do Cirra. O fornecimento. segundo a companhia. nos cinco anos seguintes. “A pesquisa para desenvolvermos no Cirra o protótipo de uma membrana de ultrafiltração começou em 2009. A empresa Aquapolo. é. diz ele. exclusivamente para fins não potáveis. Nos 10 anos seguintes seria feita a limpeza dos rios Tietê e Pinheiros. Na segunda etapa. envolvendo a Escola Politécnica e a empresa Ambihidro Engenharia Ambiental”. diz o especialista. A estação fornece água para o polo industrial de Mauá e indústrias da região do ABC. com um projeto Pipe [Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas] da FAPESP. limpeza dos rios Crítico da política de trazer água de lugares distantes para abastecimento dos moradores de São Paulo. No fim de junho.assunto”. em São Paulo. Bélgica. sigla para Membrane BioReactor). sendo posteriormente tratado para virar água potável e ser distribuído à população. realizado na Escola Politécnica da USP. “Nunca se detectaram problemas de saúde pública associados ao reúso nesses países”. Austrália. criada em 2012 pela Sabesp. necessariamente. Jesus Neto. 2 BIORREATOR COM MEMBRANA É formado por finas membranas o esgoto passa por um permeáveis de ultrafiltração. é feito via rede adutora. petroquímico e de papel e celulose. uma proposta que prevê a implantação desse sistema utilizando membranas de ultrafiltração e tecnologias avançadas. eles retêm partículas em resíduos no nível de milímetros suspensão. Hespanhol afirma que uma solução sustentável e de longo prazo para a crise hídrica em São Paulo passa. De acordo com a Sabesp. processos oxidativos avançados e carvão ativado possibilitariam converter o esgoto em água potável para ser distribuída diretamente à população”. Investimento R$ 112. o efluente. “Existem no mundo menos de 10 fabricantes de grande porte desse produto. “A configuração do sistema avançado de tratamento deve ser pensada em função das características do esgoto a ser tratado”. “Mas. diz Mierzwa. pela transferência de tecnologia”. é submetido a tratamentos avançados em série. que também é o coordenador de projetos do Cirra. Pesquisador Responsável José Carlos Mierzwa (USP).22. explica Ivanildo Hespanhol.83.” n Projetos 1. nossa membrana apresentou melhor resultado do que as outras”. afirma o especialista em recursos hídricos Gesner Oliveira. o que elevou a capacidade de filtração. Investimento R$ 50.408. “A adição das nanopartículas de argila na composição do material levou à redução da adesão de biofilme na membrana. As membranas de ultrafiltração fazem parte da etapa inicial do tratamento do esgoto nas estações de reúso. Essas membranas. Esse elemento oxida os pH e eventual adição de microelementos microbiana e elimina hormônios compostos químicos ainda presentes na água (ferro. “Hoje. O biofilme a que ela se refere é formado por partículas retidas nos poros da membrana. Modalidade Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe). que podem ter diferentes configurações (ver no infográfico as etapas básicas de um sistema-padrão). Em seguida.54 e US$ 5. explica Izabela. “O uso do efluente doméstico é um caminho natural para termos um processo sustentável na produção de água no país”. Um estudo comparativo conduzido pela doutoranda Izabela Major Barbosa. dotadas de poros com 0. pESQUISA FAPESP 235  z  69 . ex-presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e sócio da consultoria GO Associados. diz o pesquisador. a tecnologia hoje disponível possibilita a produção de uma água de reúso segura para consumo”. mostrou que as membranas sintetizadas no Cirra tiveram melhor desempenho do que os modelos comerciais. zinco etc. professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Poli-USP. o efluente recebe água poluentes. a água de reúso representa menos de 1% do consumo nacional de água. para tornar o produto próprio para uso. Pesquisador responsável Ivanildo Hespanhol (Ambihidro). baseados no conceito de múltiplas barreiras. mas ainda carrega oxigenada e é submetido à radiação a água de reúso potável passa por um impurezas. Avaliação de membranas modificadas de ultrafiltração em biorreatores de membranas submersas (nº 2013/06821-6).) Carlos Mierzwa. seja qual for. Nossa intenção é disponibilizar a tecnologia que criamos por meio de uma parceria entre o Cirra e uma companhia interessada ou. inclusive vírus e bactérias.1 micrômetro de diâmetro. aluna da Poli e orientanda de Mierzwa. Seria muito interessante se houvesse mais incentivo para essa prática e o governo estabelecesse metas para elevar paulatinamente esse percentual.01 a 0. são uma barreira eficiente. Na etapa final. mesmo. A membrana de osmose ultravioleta para a formação do radical balanceamento químico para correção do reversa elimina sais. já livre de boa parte da carga de contaminantes. reduz a carga hidroxila (·OH).770. capaz de reter partículas sólidas com diâmetro mil vezes menor do que um fio de cabelo.085. Produção de sistemas de membranas de polissulfona e de membranas de polissulfonas nanocompósitas de micro e ultrafiltração para tratamento de água para fins potáveis (nº 2006/51800-3).Modelo proposto pelo Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra) a ser implantado em Campinas 3 OSMOSE REVERSA foto  eduardo cesar infográfico ana paula campos  ilustraçãO alexandre affonso Aqui o efluente tem baixa carga de 4 PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS 5 RETENÇÃO E CERTIFICAÇÃO Antes de ser distribuída para a população. Com isso. 2. Modalidade Bolsa de Doutorado (Izabela Major Barbosa).
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.