LITERATURAAS GERAÇÕES ROMÂNTICAS dos trovadores medievais e estão sob o título de Sextilhas de Frei Antão. Poesia nacionalista: ora exalta a pátria distante, ora idealiza a figura do índio. Os chamados poemas saudosistas são marcados pelo exílio e desembocam numa exaltação da natureza brasileira. Na “Canção do Exílio”, o poeta nunca se refere ao elemento humano, mas apenas aos elementos naturais, pois a tendência era exaltar a nação recém-independente. Mas é no indianismo que o poeta consagra-se. Apesar de idealizado, o índio de Gonçalves Dias está mais próximo à realidade do que o índio enfocado por José de Alencar, por ter o primeiro profundo conhecimento sobre a tradição, os costumes e a língua dos nativos. Continua, entretanto, o índio dotado de sentimentos e atitudes artificiais europeizadas. Entre os poemas indianistas destacam-se “I-Juca Pirama”, “Marabá”, “O canto do piaga”, “Canção do Tamoio”, “Leito de folhas verdes”, além do poema épico inacabado “Os timbiras”. Também consta de sua obra um dicionário da língua tupi. Quanto aos aspectos formais, a poesia da primeira geração apresenta-se ainda atrelada a modelos anteriores. Gonçalves Dias, na “Canção do Exílio”, utiliza a redondilha maior e a rima oxítona marcada, obtendo, assim, ritmo e musicalidade. Em “I-Juca Pirama”, utilizam-se recursos da métrica e a redondilha menor. 1. PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA Primeira Geração romântica: os indianistas, ou nacionalistas. No período regencial, houve rebeliões de grande participação popular em oposição declarada aos antigos colonizadores. O povo brasileiro, embora constituído de diferentes etnias, buscava identidade como nação. Na Europa, o inglês Walter Scott, com “Ivanhoé” e o português Alexandre Herculano, com “Eurico, o presbítero,” têm na idade feudo-clerical a trama de seus romances históricos. No Brasil, ao tempo da Idade Média, fizeram história as culturas indígenas. Assim, os cavaleiros, heróis e castelos europeus foram substituídos por aborígenes e matas tropicais. A primeira geração da poesia romântica idealizou o índio, por isso denomina-se, também, geração indianista. Os caracteres românticos europeus, transplantados para o Brasil, fizeram surgir orgulho pela variante brasileira da língua portuguesa. Com a poética romântica, nasceu o desejo de nacionalizar as artes, a literatura em especial, pretendendo que à independência política se seguisse a independência cultural. Destacam-se, nesta geração, dois poetas indianistas: a) Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811 – 1882) teve o grande mérito de ser o introdutor do Romantismo no Brasil com a obra Suspiros poéticos e saudades, que possui traços de religiosidade e têm em seu prefácio as características do Romantismo. O poema indianista épico A confederação dos tamoios apresenta o caráter nacionalista e inicia uma polêmica com José de Alencar, relativa à visão de cada autor sobre o índio. b) Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864) consolidou o Romantismo no Brasil. O poeta maranhense trabalhou todos os temas iniciais: o indianismo, a natureza pátria, a religiosidade, o sentimentalismo, o espírito de brasilidade. Considerava-se uma espécie de síntese do brasileiro, pois era filho de português e cafuza (*mistura de negro e índio). Didaticamente, sua obra pode ser dividida em: Poesia lírica: nela, os textos possuem traços de subjetivismo, marcados pela dor e pelo sofrimento de amores frustrados. Os poemas líricos mais famosos são. “Se morre de amor”, “Ainda uma vez - adeus!”, “Como, és tu?” e “Não me deixes”. Poesia medieval: reúne uma série de poemas escritos em português arcaico, à moda Editora Exato 2. POESIA 2ª GERAÇÃO - MAL DO SÉCULO O segundo momento da poesia romântica brasileira inspira-se em Byron e Musset. Lord Byron, nobre inglês e aventureiro, identificava-se com suas personagens; era boêmio, idealista, extravagante e rebelde; deixou obras impetuosas, de espírito satírico. Alfred de Musset, francês de gênio romântico, herdeiro imediato de futuro incerto (a França arrasada pela Revolução Francesa), pregava o ceticismo e certo ar de deboche. Características como: o individualismo, a subjetividade, o pessimismo, o ceticismo e temas como: o amor, a morte, a dúvida, o tédio, a tristeza, a angústia diante da vida norteavam os poetas brasileiros ditos ultra-românticos ou byronianos, da segunda geração. Esse conjunto de comportamento ficou conhecido como “mal do século”, escritores jovens eram excessivamente boêmios e morriam cedo por tuberculose ou pelas conseqüências da bebida. Merecem destaque os seguintes poetas: a) Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852): foi responsável pelos contornos defini5 o positivismo de Comte. Daí. Os escravos reúnem os poemas abolicionistas de maior divulgação: “Vozes d’África” e “O navio negreiro”. A esta segunda geração pertenceram também Junqueira Freire (1832-1855). o pessimismo. em sua produção literária. surgiu o “Cântico do calvário”. de seus colegas de faculdade e a “dor no peito” que cedo o levaria. A temática de sua obra envolve o amor. mulheres misteriosas que habitam sonhos adolescentes nunca materializados. Editora Exato 3. Há. Produziu ainda: “Noturnas”. o socialismo científico de Marx e Engels. a ironia e a autodestruição. b) Luís Nicolau Fagundes Varela (18411875): influenciado por Byron. OU HUGOANA Caracterizada pela poesia social e libertária. assassinatos hediondos. 6 . Harpas Selvagens. destacam-se: “Lira dos vinte anos”: e “Poema do frade”. os jovens contam histórias que giram em torno de incestos. A casca da caneleira. escolhida para evasão. o pensamento republicano. simetria e paralelismo não recorrentes. já que a “moda” era o satanismo. entregando-se ao alcoolismo. A poesia lírico-amorosa evolui da idealização para a concretização das virgens sonhadas pelos românticos da 2ª geração. “Meus oito anos”. comparações grandiosas. Levados pelo delírio. em tom de denúncia às contradições do capitalismo.do inglês. O termo “condoreirismo” é conseqüência do símbolo de liberdade refletido pelo condor. o sofrimento acalmados pelas figuras da mãe e da irmã. “Noite na taverna”. Espumas flutuantes e Hinos do Equador são coletâneas nascidas de amores vividos e não apenas sonhados. reproduzindo na terra a trajetória do deus-sol dos Incas. assim como a natureza. originando o sarcasmo. Em seus textos. Tobias Barreto e Sousândrade são expoentes desta época.” e. como fuga. sem abstrações ou segundas intenções. a frustração. provocado por excesso de bebida. Suas poesias falam de um amor idealizado. monge beneditino. poeta francês. poema épico. tinha a obra influenciada por Lord Byron. predominantes os versos livres e brancos. a luta abolicionista. a igualdade. isto é. em seu poema mais famoso. o sonho. apresenta traços marcadamente românticos. “O estandarte auriverde”. a favor dos movimentos abolicionista e republicano. há predomínio da simplicidade e da fluência. Laurindo Rabelo (1826-1864) e José Bonifácio. os versos. livro de contos fantásticos narrados por jovens em uma taverna. em prosa. como os exageros na metáfora. em sentido conotativo. ainda. Também publicou a peça Gonzaga ou A Revolução de Minas. acrescidas da universalização. e por Musset. de treze cantos. povoado de donzelas ingênuas. Quanto à forma. o “eu”. bacanais. e das mudanças nacionais: a decadência da Monarquia. Castro Alves. os oprimidos. Nele. teve o pessimismo e a fuga reforçados pela morte do filho. em que um índio é predestinado a peregrinar. escreveu: “Macário. “Diário de Lázaro”. São. “Cantos religiosos”. b) Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902) Sousândrade como ele próprio apelidou-se. a Guerra do Paraguai.tivos do “mal do século”. a morte. virgens sonhadas. águia da cordilheira dos Andes que voa livre e alto. Deste fato. e também a República. necrofilia. Os escritores sofrem intensa influência de Victor Hugo. Na poesia. baço. hipérboles e apóstrofes. de quem herdou as características do “spleen”. Distinguem-se. para o teatro. dois aspectos temáticos importantes. “Cantos meridionais” e outros. foi abordada por fruto de sensação de impotência diante das adversidades. golpe do qual nunca se recuperaria. as características principais do Romantismo. Sua religiosidade é notória e também a escravidão entra como tema de sua obra. daí o nome “hugoana”. não mais um “anjo de candura”. antíteses. o moço (1827-1886). Obras poéticas. entre outras. Seus escritos propunham uma crítica social. o abolicionismo. as lutas de classes. o autor narra uma lenda do povo Inca. Canta o nativo americano como herói sacrificado pelos conquistadores. de carne e osso. a mulher é individualizada. caracterizam-se pelo aspecto direto. a mais representativa delas é Guesa Errante. sensível e voluptuosa. órgão ao qual era atribuído o estado melancólico ou depressivo. o amor não é mais tão inatingível ou inacessível. A morte física foi presença marcante e dolorosa em sua vida: a morte prematura do irmão. enfim. o desejo de morrer. amplia os horizontes a novas tendências. figuram como suas obras. a estrofação livre ou inexistente. A produção literária desta geração apresenta-se desvinculada de rígidos modelos quanto à métrica e à rima. lançou-se à problemática internacional. a dor. revelados em “Inspirações do Claustro”. Também a morte. A poesia social sofre influência das mudanças internacionais: a Questão Coimbrã. de quem era leitor e tradutor. irreal. o evolucionismo de Darwin. Sua obra principal é “Primaveras”. tudo ao gosto de Satan. essa geração reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de Dom Pedro II: principalmente. por isso. portanto. POESIA 3ª GERAÇÃO – CONDOREIRA. do “Livro das sombras”. revelando simpatia às lutas anticolonialistas. quatro deles inacabados. engajando-se nos grandes temas político-sociais da época. em Portugal. na sua obra. que manifestava em seus textos a religiosidade. c) Casimiro José Marques de Abreu (18391860): apresenta o amor totalmente idealizado e o lirismo saudosista. a) Antônio Frederico de Castro Alves (18471871) condensa. a mulher. Encarnação e os três perfis de mulher: Lucíola. às exigências do público leitor da época. que tratava de um mundo heróico e sublime. O forasteiro. Editora Exato 7 . numa linguagem “brasileira”. em que até pode-se encontrar certa crítica a respeito dos valores burgueses. uma sociedade consumidora representada pela aristocracia rural. Sua obra retrata suas posições políticas e sociais. Sua trama é confusa e há sentimentalismo exacerbado. cobrindo-o de Norte a Sul. o presente e o passado. ou de costumes. mas apresenta aspectos marcantes do romantismo. convencionou-se adotar esse romance como o primeiro representativo da prosa brasileira. em seus livros. escravocrata. c) José Martiniano de Alencar (1829-1877): aparece na literatura brasileira como o consolidador do romance. O cego. de Joaquim Manuel de Macedo. já existia a narrativa. Por essas características. romances regionais. com caráter documental. Feições gerais da prosa romântica: História de amor ligado a casamento. suas festas e tradições. Cronologicamente. Publica as Memórias de um Sargento de Milícias. Tensão dramática baseada no choque de classes sociais. Seus romances retrataram os costumes da sociedade. quase sempre intocável e pura. por vezes descuidada. a respeito dos grandes feitos dos cavaleiros. o urbano e o rural. O jornalismo toma impulso e promove a divulgação em massa de folhetins em que se publicaram muitos dos romances românticos. A luneta Mágica. Mais de meio século depois de criada. publicado em 1843. ou de amenidades das zonas rurais. Por essa diversidade temática. O personagem principal pode ser encarado como herói picaresco que foge ao padrão romântico de bom moço. Também havia a novela. destacam-se também O moço loiro. Tentativa de fusão da fantasia com a realidade. Pintura dos caracteres e costumes da sociedade (normalmente a burguesia carioca). O fantasma branco e outros. mas juízo de valor sobre eles. moçoilas casadoiras. a felicidade vem associada ao poder econômico. transformado em Corte. Este fato vem a confirmar uma previsão do próprio Sousândrade. São exemplos de romances urbanos. pode-se dividir sua obra em cinco categorias: romances urbanos ou de costumes. romances indianistas. respondia. A viuvinha. já que é oriundo da classe popular. criando. o romance foi a grande inovação deste período. profissionais liberais. A propósito. Antes dele. de preferência. os personagens eram jovens estudantes idealizados. Além de A moreninha. em que surgiram as transformações da mentalidade colonial para a vida da Corte. quase sempre. em linguagem simples. que escreveram Revisão de Sousândrade. Em seus romances urbanos. Sua obra traz a contribuição de neologismos em que mistura línguas nativas ao inglês americano. nacionalista. assim. deve ser sacrificado. estilo fluente e leve. jovens estudantes. além do final feliz tipicamente romântico. Os dois amores. Tendência para o romance histórico. sua obra foi redescoberta pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. vivendo a realidade que lhes convinha. além de retratar a sociedade carioca na época do reinado de D. publicou-se A moreninha. Presença idealizada da mulher. percebe-se do autor uma preocupação em datar e localizar os acontecimentos. as tramas envolviam intrigas de amor e mistério em final vitorioso e feliz. PROSA URBANA Após a independência e em meio a tantos conflitos sociais. Nesta obra. Pedro II. Em 1844. proprietário rural. houve a urbanização do Rio de Janeiro. O romance do século XIX idealizava o mundo e a sociedade e assim a espelhava. e. o litoral e o sertão. monarquista. a tentativa de fazer um painel do Brasil. As tramas giram em torno de intrigas de amor e desigualdade econômico-social entre os amantes. que comentou: “Ouvi dizer já por vezes que o Guesa Errante será lido cinqüenta anos depois. como o estilo folhetinesco e a linguagem frouxa. b) Manuel Antônio de Almeida (1831-1861): abandona a visão da burguesia urbana para retratar o povo em toda a sua simplicidade. cuja mais rica representação era a epopéia. ou de costumes. apresentando personagens idealizados pela imaginação romântica com os quais o leitor se identificava. João VI no Brasil. romances históricos. não há somente relato de costumes. todos em busca de entretenimento. porém a mensagem final é a mesma: o amor sempre triunfa e. alguns estudiosos consideram-no pré-realista.aos quinze anos. que é o documento da época de D. Diva e 4. de José de Alencar: Cinco minutos. entristeci . Alencar aponta alguns aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses. ingênuas e puras. cujo autor é Teixeira e Sousa (1812-1881). era conservador. Transparece. ou de imponentes selvagens. romances rurais. pela aceitação obtida junto ao público. que era uma série de episódios. Os enredos giravam em torno da descrição dos costumes urbanos. na maioria das vezes.decepção de quem escreve cinqüenta anos antes”. Vejamos alguns autores que se dedicaram à prosa urbana: a) Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882): foi o escritor da classe média carioca em oposição à aristocracia rural. o primeiro romance brasileiro foi O filho do pescador. Sonhos d’ouro. conhecedor da região e do homem. o que destoa dos finais românticos tradicionais. O seminarista. A sua tentativa de fazer um “painel” do Brasil não o desvia da idealização dos persoEditora Exato ESTUDO DIRIGIDO 1 Leia o texto para responder aos itens. sua psicologia e a paisagem em que se inseriam. o índio e a escrava. a dor mais forte. Meus ais. o cangaceiro. Ubirajara é o índio em seu estado mais puro e idealizado. percebe-se. reconhecemos duas constantes da obra de Álvares de Azevedo: a idealização da mulher. alguns estudiosos julgam-no pré-realista. Romances Indianistas: O guarani. Sem que última esperança me conforte. o indianismo. 8 . Se a ti ergui meus olhos suspirando!. citamos alguns autores dedicados ao romance regionalista e voltamos a José de Alencar que explorou. Já na região sul.Senhora. que são moldados sob o conceito do “bom selvagem”. há a preocupação histórica. o estudante de seminário. Minha febre noturna delirando. Til e O tronco do Ipê encaixam-se nesta classificação. seu modo de vida. Romances Regionalistas: O sertanejo e O gaúcho. todos contextualizados na região de que provinham. nos olhos morte! a) Podemos afirmar que.eu sinto agora Morte no coração. senhor e vassalo. como nos romances europeus: Peri é civilizado. desta feita. fruto do desconhecimento. b) João Franklin da Silveira Távora (18421888) retratou figuras típicas do nordeste. Na paisagem nordestina. o autor defende a troca de favores entre o nativo e o europeu colonizador: o primeiro oferecia a natureza virgem. meus tristes ais vão revelando Que peno e morro de amorosas dores. o matuto. sempre inacessível ao poeta. Neles. ambientadas em fazendas do interior de São Paulo e norte do Rio de Janeiro. Além do indianismo. Os personagens indígenas são idealizados. já. Lourenço. Iracema e Ubirajara. resultaria o Brasil independente. de acordo com a lenda do surgimento do Ceará. a) Joaquim da Silva Bernardo Guimarães (1825-1884): participou do grupo “mal do século” a que pertencia Álvares de Azevedo. Iracema é o símbolo do primeiro nativo em contato com o branco colonizador e dela nasce o primeiro brasileiro fruto desse amor. a profundidade psicológica e proximidade com o real em suas descrições. O garimpeiro.. sem concretizá-lo. Porém. a cultura. o garimpeiro. o padre do interior. Seus personagens estilizados representam a própria temática de seus livros. Com Inocência. o segundo. O ermitão de Munquém. Morro. Também escreveu: Manuscrito de uma mulher. Eu . retirou-se para o interior e produziu obras enfocando a natureza e os conflitos sociais.que outrora vivia! . pois. como o vaqueiro. depois. São suas obras: A escrava Isaura. além do regionalismo. em busca de uma literatura nacional com feitos heróicos. tido como super-herói de romances europeus medievais de cavalaria. As obras regionalistas de Alencar: O sertanejo e O gaúcho mostram o relacionamento entre o homem e o meio físico. Ouro sobre azul. A dor de um desengano me devora. o solo esplêndido. Amélia Smith. Maurício e Jupira. há idealização e falhas na descrição do ambiente. marca o limite entre Romantismo e Realismo. nesta relação. Alencar deixa transparecer as relações medievais entre o branco e o índio. notase o autor mais desenvolto e próximo ao real. A categoria dos romances rurais não dispensa o caráter regionalista. mas. PROSA REGIONALISTA E INDIANISTA O romance brasileiro do século XIX também explorou a temática regionalista e indianista. mas são obras voltadas para o meio rural. Seus títulos são: O cabeleira. nesse soneto. Iracema e Ubirajara. o mestiço.Visconde de Taunay (1843-1899) foi militar. Tem sua importância confirmada por criar o romance regionalista nordestino. participou da Guerra do Paraguai. Soneto Perdoa-me. Da soma desses fatores. Mas foram os romances indianistas que trouxeram maior popularidade a Alencar: O guarani. c) Alfred d’Escragnolle Taunay . respectivamente. analisaremos as outras categorias do romance de José de Alencar. nagens. morro por ti! na minha aurora A dor do coração. pois percebe-se a pesquisa do autor em documentos quinhentistas e sobre costumes e lendas indígenas. Abaixo. que reflete o nacionalismo e a exaltação da natureza pátria. Se eu pensava num beijo desmaiando Gozar contigo a estação das flores! De minhas faces os mortais palores. Romances Rurais: “Til” e O tronco do Ipê. O matuto e Um casamento no Arrabalde (novela). e a angústia da morte.. visão dos meus amores. novo povo. Como já ressalvamos. fruto da convivência entre colonizadores e colonizados. além do romance urbano ou de costumes. A mocidade de Trajans. apesar de sua concepção do amor ser romântica. 5. tradição e poesia próprios. a heroína sofre por amor e morre. eram eles o sertanejo. com efeitos locais. O primeiro. Que noiva! . O problema é que as afirmativas sobre Gonçalves Dias são incorretas. diferentes valores e tonalidades da literatura européia: a dignidade do homem natural. no Brasil. __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ b) sátira. Transcreva essa passagem. há imprecisões.. consolidando de forma homogênea a inclinação sentimental e o anseio nacionalista dos escritores da época.. nas fases indianista e condoreira. b) repercutiu. marque a que melhor define o tipo de humor explorado pelo poeta na estrofe aqui transcrita. ocorre uma figura de estilo chamada antítese que consiste na aproximação de idéias contrárias com o objetivo de destacar essa oposição ou contraste. Leia as alternativas com atenção e assinale a correta: Gonçalves Dias e Castro Alves viveram. c) Sobre Castro Alves. mas preocupados todos com a afirmação dos ideais abolicionistas e republicanos. a exacerbação das paixões e a crença em lutas libertárias. aproximou-se da estética parnasiana. envolvido por um sentimento apaixonado. que deixam de existir quando o assunto é Gonçalves Dias. sonhado situações que Castro Alves colocou em prática. Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que. Editora Exato 9 . em que zomba de sua própria dor. a poesia romântica a) pouco deveu às literaturas estrangeiras. cético. pilhéria para divertir e provocar riso nos leitores. 2 O livro Primeiros Cantos. em alguns momentos.Transcreva passagens do texto que justifiquem essa afirmação. é considerado o marco inicial do Romantismo brasileiro. cada um dos poetas criando livremente sua linguagem. Mesmo que Gonçalves dias tenha. e) oposição entre o racional e o irracional. de Gonçalves Dias. “Coração. 4 Tomadas em conjunto. d) O texto é impreciso e ambíguo. contudo. quando afirma que ambos foram românticos: o segundo. não deixando ao leitor possibilidade de exercer juízo crítico. quando afirma que Castro Alves teria se aproximado do Parnasianismo. c) constituiu um painel de estilos diversificados. e) O texto comete dois erros graves: o primeiro. 4 Álvares de Azevedo e Junqueira Freire são poetas ultra-românticos. a experiência romântica. aplicado com o intuito de ironizar.. b) No que diz respeito a Castro Alves está tudo certo. a ponto de deturpar as formas naturais. Os dois. c) humor colérico.. amou o Brasil e a natureza de sua terra. b) Que passagem do texto especifica a causa da morte do poeta? ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 3 (CESUPA) O assunto desta questão é o Romantismo em terras brasileiras. Ali vem lazarenta e desdentada. ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ d) Por que esse soneto pode ser considerado um exemplo da tendência ultra-romântica? __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ EXERCÍCIOS 1 Leia as seguintes afirmações e julgue os itens: 1 A segunda geração romântica cultivou uma poesia acentuadamente sentimental e egocêntrica. nesse aspecto. igualam-se no instante em que abrem o coração e deixam a emoção falar mais alto. d) espírito de troça. E devo então dormir com ela? Se ela ao menos dormisse mascarada!” a) humor negro. castigar. O segundo lutou pelas causas sociais que lhe pareceram mais justas e. a) O comentário sobre os dois poetas é absolutamente correto e não há reparos de caráter literário a serem feitos. respectivamente. c) Em uma das estrofes. 5 O Indianismo é a única linha temática que foi bastante explorada por todas as gerações românticas. com o propósito de reformar determinada situação. 3 O Romantismo surgiu inicialmente na Alemanha e na Inglaterra por volta de 1836. as obras de Gonçalves Dias. por que tremes? Vejo a morte. 2 Entre as alternativas a seguir. E sumiu-se no horizonte. 5 6 Com relação ao Romantismo e seus autores. b) Alencar foi um cronista que soube conciliar um romantismo exacerbado com certas reminiscências do Arcadismo. a metáfora e a prosopopéia são traços estilísticos da prosa alencarina. onde podemos detectar um pré-realismo ainda inseguro. 8 Castro Alves faz da poesia um grito de protesto ou de reivindicação. o satanismo. c) O sertanismo representa.” O parágrafo inicial de Iracema. no quadro do movimento romântico.. sem incursões pelo romance urbano. literariamente. O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face. José de Alencar recriou. presente na literatura romântica. mostra uma atitude romântica marcante nesse romance. nas obras Lucíola e Senhora. conseguiu. o romance incorporou ao universo literário situações e personagens até então distanciadas desse universo. recalcados da realidade social e individual. a mais alta expressão da brasilidade. simboliza a origem da raça brasileira. Editora Exato 7 (FATEC) Assinale a alternativa INCORRETA. principalmente. a comparação. abolindo o artificialismo das personagens e do próprio conteúdo romântico. 6 “Senhora” e “Lucíola” são obras em que José de Alencar estudou os chamados “perfis femininos”. por isso. e) cultuou.” O Guarani – José de Alencar Qual das afirmações seguintes não encontra correspondência no trecho final do romance “O Guarani”. na linguagem clássica. exceto a obsessão pela morte. Abaixo este velho reboco que mascara a fachada da arte! Nada de regras nem de modelos!” (Victor Hugo). a valorização do elemento nacional. a) O que se conhece como condoreirismo é poesia de vertente social. do colorido local. nas poéticas e nos sistemas. platônico. (UFPR) Qual das informações sobre José de Alencar é correta? a) Alencar inaugurou a ficção brasileira com a publicação de sua obra Cinco Minutos. manifestas. superam-se as relações de vassalagem que havia entre ambos. As palavras do poeta caracterizam a postura romântica de rompimento dos princípios e regras clássicas no nível estético. a industrialização e abolição da escravatura. b) “Metamos o martelo nas teorias. captar e denunciar certos aspectos profundos. d) Destacado como responsável pela ampliação da faixa de público no período romântico. julgue os itens: 1 O índio. alguns fatos de relevância nacional. defendendo ideais em favor de fatos históricos como a Proclamação da República. entre outros. 7 Servindo-se do romance histórico. c) A bela união amorosa entre Peri e Cecília. tidos como prosaicos. presentes no texto. Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas púrpuras de um beijo saltando o vôo. objetivando atingir a História do Brasil e a síntese de suas origens. e) O indianismo de José de Alencar baseou-se em dados reais e pesquisa antropológica. o amor de Peri por Cecília permanece vassalo. representadas por suas ruínas.. fraterno. sobretudo. 8 (CEAP) “Ela embebeu os olhos do seu amigo e lânguida reclinou a loura fronte. de José de Alencar. d) A rica adjetivação. apesar de todo o idealismo romântico. e) “Verdes mares bravios da minha terra natal. evitando ocupar-se com temas sociais e históricos. b) No final do romance. voltase exclusivamente para assuntos indígenas e regionalistas. 3 “Harpas Selvagens” nos mostra expressivos momentos da poesia indianista de Gonçalves Dias. inspirado no poeta inglês Byron. sugerida por Alencar.d) refletiu as tendências ao intimismo e à morbidez de alguns poetas europeus. uma imagem do índio brasileiro sem deformações ou idealismo. apresentando. não é um ser idealizado. 4 Os poetas do ultra-romantismo desenvolveram várias características. Bem como se superam as diferenças sociais e culturais”. 2 “Lira dos vinte Anos” reúne grande parte da melhor poesia lírica de Casimiro de Abreu. d) A obra de Alencar. e a memória nostálgica das civilizações da Antigüidade clássica. 10 . 5 Álvares de Azevedo encarna a melhor poesia ultra-romântica exercitada no Brasil. principalmente.. c) Alencar.. acima transcrito? a) “Extinto pelo dilúvio (a tempestade) o passado dos dois jovens (Peri e Cecília). onde canta a jandaia nas frondes de carnaúba. A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia. impulsionado pelos sentimentos nativistas e pela indignação dos brasileiros contra o domínio português. na qual os temas indianistas e regionalistas alternam-se com os retratos urbanos. pela ordem de aparição. ritmo e rima e. a procura da felicidade na terra. C. lamentando a impossibilidade de realização amorosa. esse período literário floresceu no século das Luzes. o ideal de impessoalidade que compartilhavam com os realistas do tempo. E o poeta morre “de amorosas dores” porque não consegue realizar o desejo expresso na primeira estrofe: “Se eu pensava num beijo desmaiando / Gozar contigo a estação das flores!”. a busca da harmonia social pela obediência às leis da natureza. C. como a prática da virtude civil. E (UFAL) Assinale C ou E: 1 Dos mais ricos. as concepções tradicionalistas sobre metro. c) “Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora / Morte no coração. tudo configurando um projeto estético a serviço da representação de nossas múltiplas realidades. no fundo. 3 Gonçalves Dias e seu indianismo. 4 Esses novos escritores serão.” e em toda a terceira estrofe. E. no romance. C.. E. C. E.. Castro Alves e seu abolicionismo: eis. 2 A prova maior de que a literatura desse período foi marcada pelo forte sentimento nacionalista é a obra daquele grande escritor. como um ser superior a quem o poeta “ergue” os olhos suspirando. E. vão-se preocupar com assuntos mais imediatos e concretos. 2 E/D/B/C/A 3 A 4 B 5 E. menos atormentados que seus antecessores barrocos. C 6 C 7 C 8 B 9 E. nos olhos morte!”. a teoria do “bom selvagem”. típica dessa tendência.9 e) O heroísmo do índio Peri salvando Cecília reflete. as três poesias representativas do esforço máximo dos poetas do período em explorar as ricas vertentes da arte romântica. Editora Exato 11 . 5 Os traços de relevo dessa escola literária são o gosto da descrição nítida. d) Porque nele transparece a poesia emotiva e sentimental. C. sem perder a impregnação religiosa nem o respeito à monarquia. E GABARITO Estudo Dirigido a) Espera-se que os alunos percebam que a mulher é descrita como uma “visão”. C. Álvares de Azevedo e seu intimismo. C. Exercícios 1 C. na sua obra. E. com o poeta fechado em seu mundo interior. b) A morte provocada por um desengano amoroso aparece claramente expressa no verso: “Que peno e morro de amorosas dores.