01-Pedologia

March 27, 2018 | Author: pedrogeologia | Category: Geography, Soil, Sustainability, Definition, Science


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PEDOLOGIA 2ª Edição - 2008 IMES Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C William Oliveira Presidente Superintendente Administrativo e Financeiro Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão Superintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico Diretor Administrativo e Financeiro LTDA. Samuel Soares Germano Tabacof Pedro Daltro Gusmão da Silva André Portnoi FTC - EAD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância Reinaldo de Oliveira Borba Diretor Geral Diretor Acadêmico Diretor de Desenvolvimento e Inovações Diretor Comercial Marcelo Nery Roberto Frederico Merhy Mário Fraga Jean Carlo Nerone Diretor de Tecnologia Gerente de Desenvolvimento e Inovações Gerente de Ensino Ronaldo Costa Jane Freire Luis Carlos Nogueira Abbehusen Gerente de Suporte Tecnológico Coord. de Telecomunicações e Hardware Coord. de Produção de Material Didático Osmane Chaves João Jacomel MATERIAL DIDÁTICO Produção Acadêmica Produção Técnica Gerente de Ensino Jane Freire João Jacomel Coordenação Jean Carlo Bacelar, Leonardo Santos Suzart, Wanderley Costa dos Santos e Fábio Viana Sales Supervisão Carlos Magno Brito Almeida Santos e Márcio Magno Ribeiro de Melo Revisão de Texto Editoração Ilustrações Gisele das Chagas Coordenação de Curso Autor(a) Mariucha Silveira Ponte Mariucha Silveira Ponte e Angélica Jorge Fábio Carvalho Nunes André Pimenta, Antonio França Filho, Amanda Rodrigues, Bruno Benn, Cefas Gomes, Cláuder Frederico, Francisco França Júnior, Herminio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais, Márcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte, e Ruberval da Fonseca Equipe Imagens Corbis/Image100/Imagemsource copyright © FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. www.ead.ftc.br ESPAÇO E MEIO AMBIENTE: EM BUSCA DA SUSTENTABILIDADE ___________________________________________ 48 INDIVIDUALIZAÇÃO DOS SOLOS ____________________________________ 48 MORFOLOGIA OU ANATOMIA DOS SOLOS MINERALOGIA DOS SOLOS ______________________________________ 48 __________________________________________________ 55 __________________________________ 58 MATÉRIA ORGÂNICA.SUMÁRIO A PEDOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A REALIZAÇÃO DE ANÁLISES GEOGRÁFICAS _____________________________________ 7 HISTÓRICO E BASES EPISTEMOLÓGICAS DA CIÊNCIA DO SOLO _______ 7 ESPAÇO GEOGRÁFICO E SOLOS _______________________________________________ 7 9 A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DO SOLO PARA O DESENVOLVIMENTO DA HUMANIDADE ___________________________________________________________ EPISTEMOLOGIA DA PEDOLOGIA ______________________________________________ 15 HISTÓRICO DA CIÊNCIA DO SOLO _____________________________________________ 18 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 23 PEDOGÊNESE E CATEGORIAS DE ANÁLISE ___________________________ 25 INTEMPERISMO E PEDOGÊNESE _______________________________________________ 25 AS CATEGORIAS DE ANÁLISE: FATORES DE FORMAÇÃO ____________________________ 30 PROCESSOS PEDOGENÉTICOS _________________________________________________ 37 PERFIS E HORIZONTES DOS SOLOS ____________________________________________ 40 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 46 SOLO. AR E SOLUÇÃO DO SOLO QUÍMICA DOS SOLOS _______________________________________________________ 60 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 64 . SUMÁRIO USO E MANEJO DO SOLO NA CONTEMPORANEIDADE _______________ 66 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DO BRASIL _________________________________________ 66 DEGRADAÇÃO DOS SOLOS __________________________________________________ 71 CONSERVAÇÃO DOS SOLOS __________________________________________________ 74 O ENSINO DO SOLO NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO__________________________ 75 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 85 GLOSSÁRIO _____________________________________________________________ 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 90 . para tanto. somos compelidos a uma indagação crucial: devemos ter esperança? A resposta é sim e. certamente. não podes esquecer das seguintes vestimentas: paixão. querido aluno. mas. estamos aqui. . lança pontes sobre o abismo. por isso. “Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido”. Estamos lançando as sementes para construir um novo mundo e você. todo e qualquer esforço que nos conduza a entender melhor as configurações da realidade que nos circunda. Por isso. Diante de tantas inquietações. nobre navegante! Profº Fábio Carvalho Nunes O estudo dos solos ajuda a alimentar os nossos sonhos de construir um mundo melhor. um dos grandes sonhadores da Ciência do solo de nosso país – com a saudade de um pássaro.Apresentação da Disciplina Prezado aluno. faz parte desse processo. vamos embarcar na aventura de conhecer os solos? Seja bem vindo. mais justo e solidário. também. A Lucedino Paixão Ribeiro. cada vez mais semeadores. cheios de utopias e. Então. No momento da história em que as bases materiais para a construção de um mundo veraz. através dela você terá a oportunidade de ampliar os seus conhecimentos e abastecer a emoção. nos deparamos com antigas e novas mazelas. você terá amplas possibilidades de contribuir para o despertar de novas consciências – de lançar pontes sobre o abismo. por conseguinte. dizia Milton Santos. verá que a sua percepção das transformações sócio-espaciais ultrapassará os horizontes. Como educador em Geografia. que surgiu a partir de um sonho. deslumbramentos. Esta disciplina. mas. Através da Pedologia. indagações. pretende contribuir para o seu ornamento. mazelas estas que podem abreviar a nossa aventura nesta magnífica província do Universo. sensibilidade e conhecimentos. estão postas. Todos nós. . importante na formação de sua consciência1 (ALMEIDA. por isso Gibran (2002) desperta a nossa atenção quando revela: “todas as horas são asas que batem através do espaço. É um processo de crescente separação entre o homem e a natureza. contudo. 2 Significa coisa extensa. 1 O termo pode ser analisado sob ângulos diversos. Neste tema trabalharemos tais conteúdos.. bem como em outras fontes. a natureza humana adquire ciência de si. um processo no qual o homem. que é natureza. apavora.A PEDOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A REALIZAÇÃO DE ANÁLISES GEOGRÁFICAS HISTÓRICO E BASES EPISTEMOLÓGICAS DA CIÊNCIA DO SOLO Prezado aluno. pronta a dar todas as respostas e a formular todas as perguntas. são necessários estudos complementares. de ser em ser”. Então. por isso. compreender a sua importância para o desenvolvimento da humanidade. conduz a humanidade a plantar outros sonhos e a arma-se (cada vez mais) para dominar o mundo que o circunda (res-extensa2). e então a consciência se desenvolve”. Cada vez que o homem tenta extrair da natureza o que deseja.. adquire consciência de si mesmo. novas consciências. Élisée Reclus (1830-1905). 1997). estamos começando a grande aventura de conhecer os solos e. e de crescente dominação desta por aquele. novas realidades e concepções.. para que a nossa viagem seja o mais significativa possível. Temos um belo caminho pela frente. Desenvolvem-se.. O espaço geográfico é o lócus de todas as atividades do homem e. ou melhor. A figura representa a consciência do homem no século XVII. como este. vamos lá? ESPAÇO GEOGRÁFICO E SOLOS “A consciência não nasce completa. Pedologia 7 . para só então dominá-la. Os sonhos da humanidade se materializam no espaço e. que devem ser realizados através do material on line – mídia que amplia os conteúdos tratados –. do ser humano. que indica a percepção que cada pessoa tem de si. ao mesmo tempo que deslumbra. sente que precisa conhecê-la.. contudo aqui nos restringimos a seu sentido psicológico. o mundo que está além do corpo humano. Cada vez que isso ocorre o conhecimento se amplia. assim.. “O homem é a natureza adquirindo consciência de si mesma”. temos que contextualizar o estudo dos solos dentro da Geografia. dos outros e do meio ambiente. bem como as bases epistemológicas que sustentam a Pedologia enquanto ciência. pensa que está pensando. este ainda é mal conhecido. para obter uma visão mais ampla e esclarecedora da realidade.200 + 97 A. por exemplo.C. mas esses conhecimentos são. tendo como enfoque. Dada a sua alta mobilidade. O solo exerce papel importante na dinâmica da superfície terrestre. seu conhecimento. Através desta relação. Contudo. é fundamental para o desenvolvimento de análises geográficas. Embora apenas tenha ganhado status de ciência no início do século XIX. onde a humanidade parece estar chegando aos limites da concentração de renda. por isso. que o movimento é inerente à totalidade e sem o mesmo não é possível assimilar à realidade de forma mais crítica. têm alguns conhecimentos sobre os solos. Acima a representação gráfica do mapa de Catal Hyük. é tão importante. portanto. águas superficiais e subterrâneas. da exclusão social e da degradação ambiental. conviver com os seus semelhantes. a visão holística é dada pelo movimento entre paisagem e espaço. em geral. associando fatos homogêneos e diacrônicos3. principalmente por aqueles que o utilizam mais diretamente como fonte de trabalho e sustento: os agricultores. a sociedade e o arcabouço natural. pois é a mais abrangente de todas as ciências. 1999). o qual foi datado de 6. 8 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . precisava referir a direção e as distâncias 3 Estudos que se baseiam em análises ao longo do tempo. o profissional que compreende tais relações tende a ser cada vez mais chamado para refletir. intuitivos (RUELLAN. fortalecemonos contra os possíveis enganos oriundos das configurações sócio-espaciais. superficiais. Quando a Geografia formula os princípios gerais que regem e explicam a organização espacial. uma vez que o mesmo precisava coletar. percorridas. os mapas. recai sobre a Geografia a responsabilidade de entender a realidade: “hoje. Segundo Santos (1988). transmitindo o conhecimento oralmente e através de desenhos. Trata-se de uma das representações cartográficas mais antigas que se tem notícia (trata-se da planta de uma cidade). prever. oceanos. flora. A paisagem representa a cristalização de um momento. simplificados. construindo a sua visão do real. podemos dizer que o próprio aparecimento do homem (através do trabalho e desenvolvimento da consciência) trouxe consigo o aparecimento da Geografia. propor soluções. No mundo contemporâneo. fauna e solos (COLTRINARI. bem como educar as futuras gerações para a construção de horizontes social e ambientalmente mais sustentáveis. por exemplo. pois aparece no espaço que medeia atmosfera e litosfera. mais do que nunca. Como ciência que estuda o espaço dos homens. O professor de Geografia. Compreender o mundo é ser geógrafo”. “tinham uma concepção de vida e uma cultura impregnada de idéias geográficas”. desde que bem instrumentalizado. 1988).Portanto. “Seus limites são os da inteligência humana e seus horizontes. o ser humano deve procurar ultrapassar os enganos suscitados pelas aparências e ideologias e alcançar visões mais amplas (holísticas) do mundo que o circunda. clima. a depender de suas necessidades e anseios. bem como conquistar novos horizontes. ao mesmo tempo. dominar. mesmo sem possuir escrita. comunicar-se. A referida ciência está entre os primeiros interesses do homem culto. enquanto que o espaço contém o movimento da sociedade. infinitos” (CONTI. ser geógrafo é compreender o mundo. definem-se nela campos específicos e cabem à Geografia Física os fenômenos naturais: relevo. sem movimento. tem grandes possibilidades de ser um profissional como o supracitado. é através do usufruto do espaço e da leitura do meio que o homem (individualmente) percebe o mundo. fazendo surgir. Embora seja inegável a importância do solo. 1999). Nota-se então. conhecer o espaço. a qual se organiza diferentemente. As comunidades primitivas. Da mesma maneira. o homem vivia em relação amigável com a natureza. Era o tempo da natureza amiga e do homem amigo. ele avança na conquista do espaço. mesmo os abrigos eram temporários. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DO SOLO PARA O DESENVOLVIMENTO DA HUMANIDADE Provavelmente. é imprescindível para o entendimento das transformações do espaço geográfico. Devido à luta pela sobrevivência e a competição com os animais. Nesta aventura. sendo. avança na conquista do espaço e alarga seus horizontes. Nesta fase. Limitava-se em retirar da natureza aquilo que lhe era oferecido de imediato. Pedologia 9 . para as quais criou uma série de instrumentos acessórios. isto porque. o que envolvia uma estrutura técnica simples. dentre eles. por isso. Desta forma. que deveriam compreender melhor os solos para desenvolver de forma mais eficiente as suas atividades. Passando a sujeitá-la. COSTA. também responsável pelo desenvolvimento de nossa consciência. licenciados e bacharéis em Geografia. o homem era uma criança presa na andadeira (MORAES. talvez conseguisse apenas distinguir que algumas áreas tinham maior capacidade de oferecer alimentos do que outras. 4 Relativo ao primeiro período da Idade da Pedra. Então. ambos pareciam se entender (SANTOS. através do trabalho. com seus alunos. o homem cogitava pouco sobre a natureza do solo. o ser humano foi transformando a natureza progressivamente. embora as trevas apavorassem. em seu estágio primitivo. Tal entrosamento foi aos poucos se modificando à medida que. 1983). 1996). como arpões. por outro lado. feita de pedra. Quando o homem paleolítico4 deixa a sua acha5 e pega o arco e a flecha. profissionais de diversas áreas. cabe aos futuros professores desta ciência fascinante o desafio de compreender melhor os solos para que possam. Saía pelo mundo procurando condições favoráveis ao seu desenvolvimento. importante elemento da dinâmica da paisagem. o homem era gregário e nômade. as atividades que mais impulsionavam e condicionavam a sua capacidade produtiva eram a caça e a pesca (MAGALHÃES FILHO. conhecida como atividade coletora. A figura acima representa cenas de caçadas do homem pré-histórico. lanças e facas. As coisas que estavam além de seu alcance físico e mental agora fazem parte de seu mundo (TUAN. o que consistia primordialmente na busca de alimentos. instaurar novas realidades. o espaço se expande diante dele através das novas possibilidades que surgem. O solo. segundo Karl Marx. realizam ainda diálogos pouco adequados. Os livros didáticos do Ensino Fundamental e do Médio são exemplos reveladores de que precisam ser melhor trabalhados dentro do ensino da Geografia. não desenvolve logo uma cultura enraizada ao solo. 1993). 5 Arma antiga em forma de machado. 1975). armando-se de novos equipamentos para tentar dominá-lo. Você Sabia? Em muitos mitos da Antiguidade. madeira e pedras para a edificação de abrigos. sua qualidade de vida melhora substancialmente. trata-se de um marco. Observa-se. havendo neste intermédio uma transposição perene de sua cultura para o solo. O esgotamento do mesmo significava o desmonte da estrutura espacial 6 Relativo à Idade da Pedra Polida. A figura ao lado foi retirada do livro “O herói de mil faces”. Quando o homem começa a lavrar o solo. o homem foi descobrindo novas formas de organização do espaço. praticamente ao mesmo tempo. não demorou muito para que começasse a utilizar os metais (MAGALHÃES FILHO. o qual surgiu provavelmente há cerca de 8. devido ao controle da oferta de alimentos. primeiramente naqueles lugares que dispunham de matérias-primas. Tantas novidades incentivaram a substituição da pedra como matéria-prima básica. pode-se observar. Surge. favorecendo a posteriori o desenvolvimento de trocas. assim. Cnum modela o filho do faraó na argila. este se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do planeta. a natureza. Como conhecia e dominava o fogo desde o Paleolítico Superior. processo que se acelerou quando. O passo decisivo do homem na conquista do espaço geográfico é dado com o advento da agricultura. O espaço natural artificializado marca uma grande mudança na história humana da natureza. Advento da Agricultura e Apropriação do Espaço A partir do advento da agricultura.000 anos. 1975). enquanto Tot determina seu tempo de vida. A necessidade de construir casas e de guardar alimentos e água levou o homem ao desenvolvimento da olaria. tanto para sustentar as plantas que cultivava. um novo homem. 10 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . o que possibilita a multiplicação dos indivíduos. contribuindo para a formação de aglomerados urbanos. O crescimento da utilização dos metais alargou a divisão do trabalho e multiplicou as necessidades humanas. surgem as técnicas de construção e começam a ser utilizados barro. o homem começa a se apropriar do espaço e a dominar. cada vez mais. que o solo exerce papel importante na existência do homem. (SANTOS. modificando profundamente o estilo de vida e a economia humana. Os antropólogos associam o surgimento da agricultura ao estágio cultural denominado de Neolítico6. que o homem passou a necessitar cada vez mais do solo.000 a 10. então. nas narrativas ou em outras formas de representação. de Joseph Campbell (2005). da cerâmica e da tecelagem. o solo tornava-se cada vez mais importante para o funcionamento e o desenvolvimento das sociedades humanas. Através do aumento da utilização do solo.A história da humanidade sobre a Terra é a história de uma rotura progressiva entre o homem e o seu entorno. quanto para sustentar suas casas ou subsidiar sua metalurgia. Os alcances físicos e mentais do homem se ampliam. Devido à necessidade humana de se fixar próximo às plantações. 1996). 2006). A figura ao lado foi retirada do artigo de Campos (2006) e representa o calendário dos Caiapós. o solo ainda é pouco compreendido pelas sociedades. que consistiam. o que contribui. as práticas agrícolas estavam estreitamente vinculadas à sazonalidade climática. HAUG. porque as enchentes periódicas recompunham o solo eventualmente desgastado pelo cultivo. o que tornava a atividade ainda mais vulnerável. A grande civilização dos Maias7. dentre elas as relacionadas com o uso do solo. era comum o apelo a deuses protetores do cultivo. As civilizações evoluíram muito quando começaram a dominar e gerenciar os aspectos naturais que intervinham no solo. A figura abaixo representa o jovem deus do Trigo (Honduras). Com o passar do tempo. por exemplo. provavelmente foi extinta por causa de uma catastrófica e inesperada seca (PETERSON. responsável pelo grande desenvolvimento cultural do homem. um bem inigualável. exímios conhecedores do ambiente terrestre e celeste em que vivem. A representação denota a importância do conhecimento da sazonalidade climática para o ordenamento de suas atividades. como as técnicas de manejo eram pouco desenvolvidas. A figura ao lado representa práticas agrícolas no Egito. Todavia. Em sociedades antigas. desarticulando a sociedade do meio em que vivia. Os pequenos vales e planaltos onde a agricultura inicialmente surgira eram esgotados rapidamente pela utilização predatória. onde ocupou extensas áreas. obrigando-a a migrar. uma vez que a variabilidade do clima pode instaurar épocas de secas severas ou de chuvas catastróficas. na dominação dos rios (como a construção de diques). Além disso. embora possua grande importância. Saber como usá-lo e como manejar a água e a fertilidade constituiu. dentre outras coisas. Não demorou muito para que o homem inventasse técnicas de manejo. na história da humanidade. Pedologia 11 . junto com a cultura predatória de desenvolvimento de nos7 Civilização que se desenvolveu na América Central. Ilustração retirada do livro “O herói de mil faces”. evitando os problemas provocados pelas inundações. isto porque as técnicas de manejo eram ainda rudimentares. o homem descobriu que os vales dos grandes rios e lagos eram mais favoráveis ao desenvolvimento da agricultura. de Joseph Campbell (2005). grande império Agrícola da Antiguidade.vigente. o qual desenvolveu importantes técnicas de manejo do solo. por isso precisam ser repensadas. tanto pela retirada de matérias-primas quanto pelos dejetos e efluentes liberados no ambiente pela produção. sem barreiras. chega-se ao estágio quase supremo da ruptura homem-natureza. as casas e/ou perpassam as diversas obras de engenharia. até a propalada Revolução Cibernética dos dias atuais. Nos séculos XVIII e XIX os ideólogos. A nossa forma de revolucionar. não levaram em conta a dimensão ecológica e. 12 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . desenvolver. A Revolução Industrial e o Alargamento dos Problemas Ambientais Santos (2000). neste contexto. discorre. passaram a ser cada vez mais degradados. defendiam um modelo de desenvolvimento de produção ilimitada. A cada revolução técnica uma nova etapa histórica se torna possível. viver e sobreviver. inventar. os solos. colocando em risco o futuro do planeta e. e continua a transformar. para a degradação e/ou esterilização de vastas áreas. as revoluções que eclodiram entre os anos de 1789 e 1848. é a história da degradação das sociedades. cujo modelo opunha-se ao capitalismo. A falta de conhecimento das principais características e dos processos que norteiam o funcionamento do solo. como aconteceu na Idade Média. os grandes impactos ambientais decorrentes da utilização do meio se alastram. mesmo nos países socialistas.sos dias. as economias desenvolveram-se à base de um alto custo ambiental. Muitos desses problemas poderiam ser amenizados ou evitados. mostram-se ecológica e socialmente insustentáveis. Outrossim. por se tratar da interface que medeia atmosfera e litosfera. A partir deste momento. respectivamente. quando o homem inventou a agricultura. a Revolução Industrial foi uma das mais importantes revoluções entre todas as revoluções verificadas no decurso do processo histórico. Este modelo foi responsável pela acelerada devastação dos recursos naturais. baseados na idéia de crescimento infinito (num mundo de recursos ilimitados). por conseguinte. Hoje. caso estudos pedológicos fossem realizados e/ou levados realmente em consideração. nem pudessem. Os economistas dessa época. onde se fixam as raízes das plantas. o mundo inteiro8 . constituíram as maiores transformações da história da humanidade. é o que aconteceu com a Revolução Industrial. com a tecnologia. da humanidade. acrescentando Kant. como na realidade o ser faz parte do ambiente. também se agravam os problemas sociais. talvez. levou no passado ao desaparecimento de sociedades inteiras ou a desorganizações sócio-espaciais decisivas. As análises espaciais de uso. pois seus contornos só se delinearam nitidamente no século XX (VESENTINI. 1992). a metalurgia. desde os tempos remotos. a escrita. visto os anseios de aumentar geometricamente a produção. sobre a Revolução Industrial e sobre Revolução Francesa. por isso alargam-se os problemas ambientais e. o socialismo real não conseguiu produzir uma tecnologia diferenciada da ‘ocidental’. Este período transformou. Isto porque transformou radicalmente a história mundial. ocupação e susceptibilidade à degradação do meio não podem desconsiderar o elemento solo. inaugurando novas estruturas sociais e originando o sistema capitalista. a cidade e o Estado. a história da degradação do meio. dos solos. “Mesmo quando comparada à Revolução Neolítica que a antecedeu ou à Revolução Energética que se desenrolou na esteira de suas transformações. 8 O historiador Eric Hobsbawn. Tais revoluções trouxeram grandes modificações das relações do homem com a natureza e daquele para consigo. especialmente socialistas e marxistas. no livro A Era das Revoluções. bem como o seu uso inadequado. diz que a história da humanidade é um progresso sem fim das técnicas.” Para Hobsbawn (1982). industrialização. por exemplo. denotando. mobilizando diversos grupos sociais. poluição. Koffi Annan. isto com o discurso de vencer a escassez e aumentar a oferta de bens e serviços. frutificou. como se eles fossem um dado infinito (BUARQUE. Já na referida conferência. dentre eles ambientalistas e partidos verdes. com cerca de 30 metros de profundidade. no correr das águas. argumentando a favor da diminuição significativa das atividades produtivas em todo o mundo. os problemas sócio-ambientais passaram a ecoar mundialmente.e o Secretário-Geral da ONU. foi a partir da I Conferência Mundial do Meio Ambiente. surge o primeiro alerta político. novas idéias de desenvolvimento. enquanto hoje a ação antrópica tem efeitos continuados.17 de junho . Dada a falência iminente do modelo. O Desenvovimento Sustentável: Uma Nova Visão Ética na Relação Homem-Natureza Em meados da década de 60. contudo o que se viu. provocada pelo uso inadequado do solo. Daí advém os graves problemas de relacionamento entre a atual civilização material e a natureza” (SANTOS. pela crise do petróleo. a importância do aprofundamento de seus estudos para melhor predizer sobre as mudanças climáticas globais e sobre a desertificação de ambientes. cumulativos. pôde-se notar uma preocupação com a natureza dos solos. A teoria do desenvolvimento parecia ignorar as relações de troca entre a economia e a natureza. surgem. que as nuanças ambientais ganharam realmente dimensão política em escala mundial. além de ter colocado pela primeira vez a questão ambiental num patamar político e técnico. especialmente. um momento. foi corroborado. No início da teoria econômica. foi uma utilização desenfreada dos recursos naturais. 1996). o corte da produção industrial. Tal relatório.Saiba Mais! “O homem se tornou fator geológico. A desertificação é um problema tão sério que se instituiu o dia mundial de luta contra a desertificação . Foto do autor. os economistas clássicos chegaram até a demonstrar preocupação com o esgotamento dos recursos naturais. Contudo. graças ao modelo de vida que a Humanidade adotou. especialmente depois da II Guerra Mundial. o qual discorria sobre temas como população. favorecidos pelas técnicas da informação que começavam a interligar espaços remotos do Planeta. em sua mensagem reconheceu: Pedologia 13 . A figura acima mostra uma erosão avançada (voçoroca) no Litoral Norte da Bahia. pois. climático e a grande mudança vem do fato de que os cataclismos naturais são um incidente. enfatizando. Sr. Em decorrência disto. produção de alimentos e dilapidação dos recursos naturais. anos depois. embora sufocado pelas críticas. geomorfológico. realizada em Estocolmo em 1972. um relatório intitulado ‘Os limites do crescimento’ do Clube de Roma (1968). 1996). por conseguinte. os meios de subsistência de milhões de pessoas podem estar comprometidos devido à desertificação e. em 1998 (XVI WCSS). 14 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . Em 1986. 135 milhões de pessoas podem estar em perigo de serem obrigadas a abandonar as suas terras. tornando o sonho da sustentabilidade ainda uma utopia. trata-se de um conjunto de 2. em 2002 (XVII WCSS) e na Filadélfia nos Estados Unidos. Um novo paradigma de desenvolvimento tem que: adequar o ritmo da economia com o ritmo da natureza. realizada no Rio de Janeiro. devastadora e excludente. nos meios acadêmicos e técnicos. É a partir de meados da década de setenta e oitenta que surgem. acabou em frustração. explicando que ele deve satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades. nos meios acadêmicos e técnicos. os anais dos últimos congressos mundiais de Ciência do Solo. sobretudo nos países em desenvolvimento” (ANNAN. A III Conferência Mundial do Meio Ambiente. a partir de então. nota-se que. no XV WCSS10 o mesmo acontecendo em Montpellier na França. bem como nos discursos políticos (BUARQUE. os produtos artificiais e os engenhos da biotecnologia podem ser agravantes. a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland) publicou o relatório ‘Nosso Futuro Comum’.Atenção! “Segundo as estimativas atuais. Ao observar. A busca pelo desenvolvimento sustentável transformou-se na grande bandeira inovadora do desenvolvimento e. em 2006 (XVIII WCSS). ter cautela com os produtos artificiais e desenvolver tecnologias limpas que garantam a sustentabilidade da teia da vida em nosso planeta. apesar de várias outras denominações defendidas por autores e/ou instituições. Foi assim em 1994 em Acapulco/México. os conceitos de ecodesenvolvimento9. por exemplo. É visto. a partir da II Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92). 1996). o qual revelou preocupação com os ritmos da natureza (BUARQUE. bem como a preocupação com o futuro da humanidade passam a estar inseridos em seus temas. que os ritmos produtivos da sociedade contemporânea são incompatíveis com a velocidade de recomposição e/ou ciclagem da matéria. que teve como intuito concretizar os compromissos firmados no Rio de Janeiro. 10 WCSS (World Congress of Soil Science – Congresso Mundial de Ciência do Solo). ao certo. A tarefa parece árdua e os desafios crescentes. em Bancoc na Tailândia. as questões que versam sobre as relações entre o homem e a natureza.500 recomendações que. A ECO-92 resultou num documento denominado de Agenda 21. já que nos últimos doze anos muitos países continuaram desenvolvendo uma economia tradicionalista. o sustentável. qual o comportamento da natureza quanto a esses novos produtos. o que gera um acúmulo de resíduos nos diferentes subsistemas terrestres. o qual passou a constituir a referência principal para o novo tipo de desenvolvimento. pois não se sabe. 1996). 9 Desenvolvimento que respeita os ritmos dos processos naturais. de fato. a sustentabilidade. nunca foram realmente aplicadas. ganhou espaço na mídia. claramente. Além disso. realizada em Joanesburgo na África do Sul em 2002 (Rio+10). 2004). Os pobres das zonas rurais são particularmente vulneráveis. . bem como a Geografia. A idéia que se tem de algo necessita da experiência (direta ou indireta com o objeto) e do sistema de valores de cada pessoa. por conseguinte. é uma tarefa mais árdua que uma conceituação simples. Como toda ciência. sugere a visão mental (no grego idéa = visão. sem nada afirmar ou negar expressamente. a Pedologia tem seu objeto de estudo. fim) sugere o estabelecimento de limites. O conceito de solo. conceituar é um esforço mental que o homem realiza para que o seu espírito possa ter noção de algo. Advindo do latim definire. o qual apresenta características próprias que o distingue dos outros elementos da paisagem. a noção de alguma coisa. o solo pode ser a poeira indesejada. determinar e estabelecer os limites e a natureza do objeto.Alguns autores consideram que a sustentabilidade deve abarcar as questões de eqüidade e justiça social. Idéia é o equivalente de conceito. afirmam que “. para que ele seja ecológica e socialmente mais promissor. A seguir. mas. de finis (limite. Outros defendem que a sustentabilidade deve apenas se restringir às questões ecológicas. 2003). idéia).a sustentabilidade local deve ser sempre pensada em sua relação com o global. por isso. “A dinâmica evolutiva do conceito participa da acepção biológica de ‘conceber’ a vida”. criado para designar o ramo do conhecimento das Ciências Naturais que estuda os solos (QUEIROZ NETO. quando o homem conceitua traz dentro de seu conceito a sua cultura. Em que pese as ponderações.. por exemplo. Definir seria então. no entanto. Rodrigues et al. indicando as suas características Pedologia 15 . o solo. refletimos sobre as questões conceituais e de delimitação que permitem a delimitação do objeto de estudo da referida ciência. deixando o social para termos como equidade ou justiça social (MARCUSE. uma tentativa de delimitar um objeto para identificá-lo. têm muito a contribuir para a construção de um novo século.. Definir. para os agrônomos. EPISTEMOLOGIA DA PEDOLOGIA O nome Pedologia advém do grego e do latim ped ou pedon (terra onde se pisa) e logos (estudo). o conceito proporciona uma idéia. os países. uma conceituação equivalente ao objeto definido. 1998). diminuindo não só os abismos que separam as classes sociais. tanto numa direção. por sua vez. um detrito que recobre as rochas e os minerais. para o engenheiro de minas. A idéia se define como um atender a objetos. está intrínseco a cada pessoa e/ou especialidade. que significa delimitação. Conceito e Definição de Solo O conceito é uma representação mental de um dado objeto. por exemplo.. do latim capere (captar). a Ciência do Solo. Sua noção. ou seja. lembra algo tomado do objeto para o interior do cognoscente. “Definir implica descrever exatamente. os processos regionais/globais condicionam a sustentabilidade local”. os processos sociais são condicionantes dos processos ambientais”. (2003). Em outras palavras. a camada superficial da litosfera que sustenta as plantas. também. Para uma dona de casa. E acrescentam que “. a sua vivência. onde acrescentamos que a recíproca também é verdadeira. quanto em outra. visto que tem significado e abrangência conforme a história e/ou a atividade de quem o analisa e trabalha. entender determinada situação ou compor um quadro do que vem a ser determinada coisa ou objeto. Neste caso. Trata-se de um termo erudito. dinâmicos. é importante definir o que vem a ser um solo ou o solo. As definições falham já em primeira instância. após proposta de determinado autor (MARCOS. 1982). líquidas e gasosas. por conseguinte.C. Ademais. 1975). chegam até a denotar que uma definição rigorosa para o solo é sempre parcialmente imperfeita e arbitrária. contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza. pois se trata de seu objeto de estudo. “camada superficial”. basta observar a variedade de definições sugeridas ao longo da história da referida ciência. 1982). É constituído de camadas que diferem pela natureza física. a 322 a. Ser clara e objetiva. Segundo Marcos (1982). 1982) Estes são os casos das definições propostas abaixo: “Solo é uma coleção de corpos naturais que ocupam porções da superfície da Terra. acrescenta United States Department (1975): “ “A definição concerne à essência e à natureza da coisa” II Analíticos Aristóteles (384 a. Ocasionalmente podem ter sido modificados por atividades humanas. é apropriada ou não. 1951). mineralógica e biológica. parece não haver dúvida. que sustentam plantas e que têm propriedades definidas ao efeito integrado do clima e organismos.distintivas” (MARCOS. formados por materiais minerais e orgânicos. tridimensionais. que se desenvolvem com o tempo sob a influência do clima e da própria atividade biológica” (VIEIRA. que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta. pois não conseguem atender aos princípios que regem uma definição. em Tópicos e Últimos Analíticos (no livro Organon). uma definição deve ser sucinta e proporcionar mais esclarecimentos que dúvidas (MARCOS. “sustentam plantas”. À primeira vista. o problema da definição do solo permanecerá sem solução. como se eles possibilitassem a individualização do objeto. Uma definição não é falsa nem verdadeira.). que a definição se ocupa da compreensão da essência do objeto: “A definição é um logos (enunciado) A que expressa a quididade” Tópicos vegetal da Terra. atuando sobre o material de origem.” (EMBRAPA. ainda não se conseguiu uma definição universalmente aceita. Aristóteles insistiu. ou por terem passado a ser usadas por uma gama de cientistas. Estes são alguns exemplos de definições de solos que podem ser consideradas apropriadas. 3.. Ser afirmativa. na realidade. este efeito é condicionado pelo relevo durante períodos de tempo” (SOIL SURVEY STAFF. Referir-se à essência do objeto. Na realidade. constituído de partes sólidas. nem mesmo satisfatória. Não ser circular.. 2. “Solo é a superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantêm a vida animal e 16 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . são inúmeros os objetos que podem possuir tais características. contudo vale ressaltar que. Para a Ciência do Solo é necessário ir além de uma conceituação simples. baseados nisto poderíamos dizer que algumas definições propostas são consideradas apropriadas por terem sido aprovadas em Congressos. química. os exemplos citados usam termos como “corpos naturais”. mas a tarefa de defini-lo tem se mostrado árdua. Como será difícil formular uma definição que seja universalmente aceita. embora apropriadas. 4. 1999).C. onde ocorrem. os termos denotados não se referem à essência do solo. apresentam problemas fundamentais. Alguns autores. que são: 1. “É uma coleção de corpos naturais. dada a aceitação de determinada comunidade ou grupo de cientistas da área. Atualmente. A foto à esquerda. b) Os solos são corpos naturais organizados e produtos da alteração de materiais orgânicos e minerais. material de origem e relevo) através do tempo. interpretado e definido diferentemente. como lagos. A figura acima. podem ser destacadas. (2003). lagoas e áreas semelhantes. Trata-se da “vara que mede o homem”. Os solos dessas áreas são considerados como depuradores ambientais. Pedologia 17 . de reter água. precisa e geral é.” No desenvolvimento da Pedologia. representa tipos de wetlands (áreas alagadiças) naturais.“Uma vez que não se pode se distinguir com precisão. mostra a organização (macroscópica) do solo em horizontes11. observa-se que o solo é um recurso de importância fundamental na dinâmica dos ambientes. bem como para atividades produtivas diversas. de armazenar e transformar resíduos e suportar as edificações. Foto do acervo do autor. organismos vivos. fixar e/ou transformar resíduos sólidos e líquidos. o solo tem sido estudado. através da observação das definições ou conceituações sugeridas ao longo da referida ciência. “à medida que os conhecimentos sobre a sua complexidade evoluíram”. contendo matéria viva e em parte modificado pela ação humana. pois possuem a capacidade de filtrar. em todas as situações. características importantes e propriedades que contribuíram de forma significativa para a compreensão do solo. Na figura acima. talvez. retirada de Delvigne (1998). pois com ele: 11 Seções de constituição orgânica ou mineral. capaz de sustentar as plantas. Para maiores esclarecimentos ver glossário ou capítulo sobre perfis e horizontes do solo. c) o solo é um meio capaz de armazenar e transformar resíduos. aproximadamente paralelas à superfície do terreno. São elas: a) O solo é meio para o desenvolvimento das plantas. impossível. Notamos que. por isso uma tentativa de definição hoje é muito mais difícil que no passado. retirada de Andrioli et al. uma definição bem interessante e abrangente pode ser observada em Beck et al. Contudo.” Pelas características acima citadas. uma definição breve. entre o que é e o que não é parte do solo. ao longo da trajetória da Pedologia. constituído de materiais minerais e orgânicos resultantes das interações dos fatores de formação (clima. (2000): “Solo: corpo natural da superfície terrestre. podemos observar a evolução das definições de seu objeto de estudo. A foto à direita. mostra a organização microestrutural do solo. o mais firme possível. é correta. . A relação ao lado. um grande educador tem que ser um grande pesquisador. Mesmo com as sanções da Igreja e as promessas de “fogueira” para os audaciosos. o qual pode ser descoberto e racionalmente “dissecado” (LEPSCH.287 A. “As terras estão relacionadas com as plantas tal como os estômatos com os animais” Hipócrates 460 a. porém para o Pedólogo é necessário sempre refletir sobre sua definição. é necessário que se reflita sempre sobre o seu teor conceitual e. Em outras palavras. para isto. qualquer ciência deve estar.C. A organização sistemática do conhecimento sobre um objeto depende de sua definição (MARCOS. feita por Hipócrates. em 1240. Podem-se obter inúmeros conceitos. Ademais.C.. os quais foram condensados por Petrus Crescentuis. como Heródoto (485? a. há mais de 2. devido à concepção político-religiosa da época. muitos estudiosos acreditam que. especialmente a partir da Baixa da Idade Média13 . Entretanto.“.C. de Caton o Antigo. A não adaptação aos horizontes descortinados pode desqualificar ou até mesmo invalidar socialmente uma ciência.370 a. da ciência que estuda o solo. você poderá aprender e muito com a pesquisa. estaremos preservando a vida” (TZAPINCO. os solos transformam e cedem alimentos para as plantas (LEPSCH. os objetos que nos circundam tendem a adquirir. em livros de História. houve pouco avanço científico. especialmente. obrigando-nos a esforços para transformar ou adaptar nossos conceitos (ou definições) da realidade. 2002). o tratado “De Agricola”. também podem ser citados alguns escritos sobre os solos. com os avanços sociais e científicos contemporâneos. HISTÓRICO DA CIÊNCIA DO SOLO A pré-história da pedologia A pré-história da Pedologia. Outros romanos também deixaram vários escritos sobre o tema. da fé existente na época. visto que se trata de seu objeto de estudo..C. 12 Pesquise sobre a Idade Média. se pode medir o nosso nível de responsabilidade com a natureza e com os nossos semelhantes: pois se cuidamos e cultivamos responsavelmente o solo. é necessário organizar o conhecimento obtido.) e Teofrasto (372 a.C. nos remete a Antigüidade Clássica. podem sem notadas considerações sobre a importância dos solos para a nutrição das plantas. de forma veloz. foram autores de trabalhos que modificaram. Na Roma antiga. Como o volume de informações tem se multiplicado. . 13 Fase de decadência da Idade Média. pois da mesma forma que os estômatos transformam os alimentos para o crescimento e manutenção do corpo. 1994). no livro “De Agriculture Vulgare” (ZIMBACK. definições e significados para o solo.). .370 a. 2003). sobre sua definição. 2002). Afinal. 18 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . Esta percepção parece ter impulsionado o espírito humano a empreender intensas “cruzadas” em busca do conhecimento das leis que regem a natureza.C. cientistas. Em alguns tratados de filósofos gregos.300 anos. herdamos a crença de que tudo no Universo guarda um segredo. estaremos preservando o ambiente e a fonte de nosso sustento. . como Nicolau Copérnico e Galileu Galilei.C.420 a. novas nuanças e significados. ancorada numa aplicabilidade e. Durante a Idade Média12. dentre eles.C.). ou seja. Para ter seu valor reconhecido pela sociedade. Geografia e em sites de busca na internet. 1982). Hipócrates (460 a. Dentre as diferenças. o estudo do solo. do qual todos nós somos filhos. temperatura. começou-se a enfatizar a ligação entre o solo e as rochas subjacentes. mas sobretudo a aplicação prática ou técnica. a ciência clássica é uma ciência que visa não só ao conhecimento teórico. etc. Então. Isto porque. nasce vinculada a idéia de que o homem pode intervir na natureza.. Apresenta várias concepções diferentes dos ideais de cientificidade antiga iniciados pelos gregos. Nesta mesma época se descobriu as propriedades de trocas catiônicas que ocorrem no solo. foi instaurado no século XVII. a mesma tinha dentro de si os germes da transformação (como tudo na natureza) e da autodestruição. mas. Isto para nós é revelador. pode aprisionar o espírito humano. as primeiras cartas agro-geológicas. nos séculos XVIII e XIX. 2004). Surgem. surgidas no século supracitado. pois ficou evidente que a decomposição das mesmas pelos agentes intempéricos (chuva. O período científico moderno ou clássico. o poderio humano sobre a natureza. Francis Bacon dizia que “saber é poder”. plantava no âmago do mesmo o desejo de conhecer o obscuro.de uma vez por todas. Pedologia 19 . de conhecêla para dominá-la. ou seja.” A ciência clássica. e a reformulação de antigas ciências naturais. nada mesmo. mas de elementos e compostos minerais. mas tem propriedades particulares. são elas: A A Teoria Húmica de Thaer e Wullfen – surgida no inicio do século XIX. e Descartes escreveu que “a ciência deve torna-nos senhores da natureza. talvez a mais profunda: “. para acumular o capital. B A Teoria Mineral de Justus Von Liebig – em 1840 publicou um livro no qual provava que as plantas não se alimentam propriamente de matéria-orgânica. sobretudo. em seu livro Convite à Filosofia. como a Química. deve ampliar a capacidade do ser humano para modificar e explorar a natureza. “Numa sociedade em que o capitalismo está surgindo e. Ele tem o germe da transcendência. sem jamais imaginar intervir neles ou sobre eles por meios técnicos. ao mesmo tempo em que semeava a concepção de Universo secreto e aprisionador da natureza humana. apenas contemplava os seres naturais. pelo menos dentro do ponto de vista químico. sempre com intuitos tecnicistas e utilitários. do ir além dos horizontes postos. quando se descobriu que o mesmo não é apenas produto da rocha matriz. a nossa visão do real e contribuíram para o advento de um novo período científico. conforme explica Chauí (2004).. Embora a Idade Média tenha sido um período obscuro da história. de relevar. juntamente com ar e gás-carbônico. Duas teorias produzidas por químicos. dizia que as substâncias orgânicas eram responsáveis pela fertilidade do solo. de transcendê-lo. a ciência não é apenas a contemplação da realidade. pois conduz a acreditar que nada. consideravelmente. Os germes das possibilidades. Chauí (2004) cita. largamente utilizadas na Europa no século XIX.) fornece matéria para a constituição dos solos. como a Geologia. O aparecimento da química moderna (ainda no século XIX) influenciou. a partir deste momento. a ciência antiga era uma ciência teorética. O contexto supracitado favoreceu o desenvolvimento de novos ramos científicos. a nova ciência será inseparável da técnica” (CHAUÍ. contribuíram muito para a evolução da ciência do solo. nem passivo. Com o aparecimento e o desenvolvimento da Geologia. 1903). Justus von Liebig | Chauí | Vasilí Dokuchaev (1803 . Sibirtizev. A pedologia moderna A Pedologia moderna surge a partir dos estudos do pesquisador russo Vasilí V. de água e de ar que servem de suporte aos elementos nutritivos das plantas. que culmina com o lançamento.” Justus von Liebig (1803 . perdurando até os dias atuais. Dokuchaev. reflete os efeitos combinados de uma série particular de fatores genéticos. propondo a classificação dos solos em três zonas climáticas: solos Zonais. “Os solos são corpos naturais independentes e cada indivíduo apresenta uma morfologia particular resultante de uma combinação específica do clima e da matéria viva. Dokuchaev foi o primeiro a considerar que os solos são indivíduos naturais independentes. Nikolai M. contudo sem se preocupar em estudar diretamente a origem e evolução do solo. discípulo de Dokuchaev. A morfologia de cada solo. C etc. Intrazonais e Azonais. Por isso.” A ciência do solo começou. do livro Chernozem (do russo Tcherno = negro e zem = solo). Seus experimentos possibilitaram a criação de fertilizantes químicos. rocha mãe. matéria viva e tempo. reunindo experiências de campo que permitiram fundamentar suas idéias da gênese e evolução dos solos.1873). B.” Vasilí Dokuchaev (1846 . tal como ele se manifesta no perfil.1903) 20 FT FTC EAD | GEOGRAFIA .As teorias de Liebig são verdadeiras e representaram uma grande revolução para a ciência. e o que será de nós será certamente o melhor. Mesmo com o advento da Geologia e com vários avanços das consideradas Ciências da Natureza. denominada de classificação climática. determinando seu desenvolvimento.) a depender da profundidade. estabelecendo a primeira classificação de solo. Dokuchaev estuda outros solos em região mais ao norte da Rússia. Logo depois. zol = cinza) (QUEIROZ NETO. Seu trabalho deu grande ênfase ao fator clima. relevo.) (1846 . em 1883.1873) (1941 . além de outros inventos (MAAR. “Encantado” estudioso da natureza. modificou a primeira classificação de seu mestre. 2003). Tudo foi provido. seu legado foi um dos maiores do século XIX. que apresentam uma sucessão de horizontes (A. a se preocupar em aperfeiçoar as técnicas agrícolas. os podzóis (pod = sob. 2006). muitos dos fenômenos relacionados à orem e tranferência de nutrientes não conseguiram ser adequadamente elucidados (LEPSCH. da rocha. a partir de então. em detrimento dos demais fatores. Ele foi contratado pelo governo russo para estudar as causas do fracasso da colheita de trigo nas terras negras da Ucrânia. As palavras do cientista alemão Eilhard Mitscherlich (1794 – 1863) são reveladoras sobre isto: “O solo é uma mistura de partículas pulverizadas. “Meu contato com a Natureza e suas leis induziu-me à convicção de que não deveríamos ter preocupações sobre a morte e sobre o futuro. pois tudo está ordenado de maneira tão infinitamente sábia. o solo ainda era considerado apenas como um reservatório passivo de nutrientes para as plantas. Mais tarde. confiava nos processos naturais e no futuro da humanidade. resultantes da interação de vários fatores: clima. 2002). do relevo e da duração de seu desenvolvimento. que o medo sobre o que será de nós após a morte não pode firmar-se no espírito do homem de ciências. 000. muito intemperi-zados. no entanto. em 1935. o qual enfatizou a importância do relevo na formação do solo e introduziu a noção de catena.Atenção! Solos Zonais: climáticos ou maduros14. Inicia-se pela reconstituição bidimensional da organização dos solos com seus horizontes. dando maior ênfase aos solos que Delvigne. os estudos pedológicos cresceram e tornaram-se cada vez mais detalhados e precisos. 16 Gênese do solo. em toposseqüências17 estabelecidas no sentido de maior declive das vertentes: as escalas de representação gráfica dos resultados dos trabalhos são geralmente muito grandes. nos quais predomina a influência da rocha sobre o clima. muito evoluídos pedogeneticamente. variando de 1:100 a 1:1. fazendo um jogo de escalas.] que agrupa solos que. aparecendo como resultantes de condições especiais do relevo. Posteriormente. saindo da escala da paisagem. formação e distribuição de solos em vertentes. a despeito de estarem colocados em pontos diferentes de um sistema natural de classificação. estão. mas com características de micro-climas. Vinte anos depois. relacionadas na sua ocorrência por condições topográficas e se repetem nas mesmas posições uns em relação aos outros. Boulet et al. a partir de suas qualidades e características (textura. Renè Boulet. Trincheiras abertas em pontos privilegiados permitem observar as transições verticais e laterais entre horizontes de solos (QUEIROZ NETO. a qual permite a reconstituição da distribuição espacial das organizações pedológicas ao longo das encostas. passando por escalas microscópicas e chegando a ultramicroscópicas. introduz a noção de análise estrutural da cobertura pedológica. cor. Bocquier (1973) fornece também uma contribuição fundamental ao estudo da pedogênese16 ao longo de vertentes. Hillgard nos Estados Unidos chega a percepções bastante próximas. Delvigne (1965) retoma as pesquisas sobre a alteração de rochas. (1982) enfatiza que alguns aspectos servem de embasamento para o procedimento proposto: 14 Solos profundos. 17 Seqüência de solos ao longo de vertentes. onde há acúmulo de água. 2002). sobretudo das frentes pioneiras. o solo passa a ser visto como um continuum ao longo das encostas e não apenas como um indivíduo representado por perfis verticais. tendo em vista suas diferenças morfológicas e fundamentais. pouco evoluídos ou imaturos15 . em 1978.. Solos Intrazonais: ou solos evoluídos. sempre que aquelas condições estão presentes” (MILNE. É curioso observar que também antes do final do século XIX.. pois denota e enfatiza que os mesmos não estão distribuídos aleatoriamente na paisagem. pouco evoluídos pedogeneticamente. Solos Azonais: aclimáticos. Ao longo do século XX. dependem das condições das vertentes e devem ser analisados conforme as condições topográficas. O primeiro grande trabalho foi desenvolvido por G. 2003). cuja evolução atingiu o clímax. “Catena é uma unidade prática de mapeamento [. organizando o reconhecimento e o mapeamento de solos. Além disso. 1934). A noção de catena introduziu uma nova metodologia analítica dos solos. Milne. análises de solos/ nutrientes) (QUEIROZ NETO. Pedologia 21 . 15 Solos pouco profundos. pouco intemperizados. A foto mostra a variação vertical e lateral detalhada de um Vertissolo18 . Originada do aprimoramento da noção de catena de Milne (1934). as características dessa organização e das estruturas devem estar presentes em todas as escalas de observação. que você vai estudar no conteúdo Classes gerais de solos do Brasil. engenharia. 18 Uma das classes de solos. Embora muitos conhecimentos sobre solos tenham sido produzidos. 22 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . dado a seu caráter de tridimensionalidade e uma dimensão temporal. desde então até os nossos dias. c) Como decorrência. constituindo uma cobertura contínua ao longo das vertentes. assim. silvicultura. etc. 2002). O método proposto por Boulet (1978) ainda é o principal referencial teórico para análise dos solos na paisagem. em todas as escalas. de seu funcionamento e de sua história. a análise estrutural da cobertura pedológica representa a preocupação dos pedólogos em compreender a origem. do ponto de vista metodológico ainda não se avançou muito. Fonte: Eswaran et al (1999). prospecção geológica e mineral. urbanismo. e independentemente das aplicações. três dimensões espaciais.Atenção! a) O solo é um meio organizado e estruturado. b) As organizações pedológicas e suas estruturas apresentam. “Esses princípios têm importância para a determinação do funcionamento e comportamento dos solos face aos diferentes modos de utilização: agrícola. no das características e propriedades.” (QUEIROZ NETO. o estudo dos solos deve basear-se no reconhecimento dessas organizações e estruturas pedológicas. desde a escala da paisagem até a do microscópio. a evolução e a degradação dos solos. milhões de pessoas.” Pedologia 23 . Analise a afirmativa abaixo: Apesar dos grandes avanços tecnológicos. Faça uma pesquisa sobre a “Revolução Verde” e. Utilize o fórum de discussão para compartilhá-lo com os seus colegas. 4. Qual a importância do estudo do solo para a Geografia? 2. escreva um texto refletindo sobre a temática. Reflita sobre a importância do solo para a dinâmica ambiental e para as sociedades humanas e depois escreva um pequeno texto. baseandose na ilustração e na afirmativa. Reflita. Compartilhe-o no fórum de discussão. como. escreva um pequeno texto. por exemplo. 3. e.Atividade Complementar 1. “O solo ajuda a sustentar a teia da vida. em todos os continentes. a “Revolução Verde”. a partir da frase abaixo. ainda passam fome. Compartilhe o seu texto no fórum de discussão. depois. a compreensão dos solos pelo homem. 8. Cahiers da ORSTOM. Para você. Em livros didáticos. Ziller Marcos. Quais as principais idéias de Vasilí V.futuro. 7. 24 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . através da história. no site http://www.bibvirt. compare-os e teça considerações sobre os mesmos. Leia o texto do Professor José Pereira de Queiroz Neto (2002). 9. pesquise conceitos e definições de solos. disponível em: http://www.br/textos/hemeroteca/rdg/rdg15/rdg15_08. Posteriormente. Explique como evoluiu. As enchentes que ocorrem em espaços urbanizados trazem uma série de implicações sócio-econômicas. livros de pedologia. o que é solo? Procure formular uma definição e depois discuta como os seus colegas.Volume 19.usp. série Pédologie. Dokuchaev sobre o solo? 10.ird. Número 1.htm. 1982 . em artigos e sites. 6.5.pdf e discuta a importância da análise estrutural para a compreensão do solo. Você pode ampliar os seus conhecimentos sobre o assunto lendo o artigo Ensaio sobre epistemologia pedológica. Explique como o uso inadequado do solo pode favorecer a formação de enchentes nas cidades e discuta sobre os problemas relacionados.fr/tdp/pedologie/index.bondy. de duas variáveis: condições climáticas e propriedades dos materiais. etc. qualquer expansão causada por alívio de pressão será compensada pelo movimento ao longo das fraturas pré-existentes (BLOOM.PEDOGÊNESE E CATEGORIAS DE ANÁLISE INTEMPERISMO E PEDOGÊNESE A pedogênese é o modo pelo qual se origina o solo.) são alterados ou levados a se desintegrar. pela ação de certos agentes físicos. que se apresenta bastante fraturado – São Desidério/Ba. a maioria das rochas são intensamente fraturadas em blocos ou fragmentos. Pedologia 25 . Em outras palavras. que variam de desde alguns centímetros a vários metros. etc. sendo sedimentar. um desses agentes pode atuar de forma mais significativa. Se uma rocha for bem fraturada ou. (2) crescimento de cristais estranhos e (3) contração e expansão diferenciais. agem sempre em conjunto. que deve preceder sua eventual exposição ao intemperismo erosão. 19 Vamos estudar os materiais de origem no capítulo 2 deste tema. sejam eles de natureza mineral e/ou orgânica – surge a partir da transformação física e química desses materiais.a pressão na superfície da Terra é muito menor que a encontrada mesmo a pequenas profundidades dentro da crosta ou abaixo do nível do mar. químicos e/ou biológicos. a depender das condições ambientais (como clima. especialmente.). é o processo pelo quais os materiais que são expostos na superfície terrestre (rochas. quando a rocha é exposta à superfície. possuir espaços abertos ao longo dos planos de acamamento (estratos sedimentares originais). contudo. Intemperismo físico O intemperismo físico pode ser entendido como a desintegração das rochas ou materiais expostos na superfície terrestre. relevo. 1) Expansão diferencial por alívio de pressão . 1970). A natureza dos processos intempéricos depende. ou durante a ascensão. quando as rochas são expostas na superfície terrestre elas se expandem por alívio de pressão. Durante o tempo em que estão em formação dentro da Terra. Pode-se dizer que o solo se desenvolve a partir de materiais de origem19 . durante rápido ou mesmo desigual aquecimento/ resfriamento. por isso. sem alteração química. Os processos mais importantes são – (1) expansão diferencial por alívio de pressão. pela ação de determinados fatores e processos. A alteração física e química dos materiais de origem é denominada de intemperismo. Calcário do Grupo Bambuí. Atenção! É bom denotar que os agentes supracitados nunca atuam de forma isolada. materiais orgânicos. especialmente quando estas se aproveitam das diaclases pré-existentes e proporcionam ainda mais o processo de desagregação física dos materiais. Fonte: Press et al (2004).se a água contida nas fraturas das rochas congelarem. Devido à evaporação acentuada. por exemplo. Esse A foto acima mostra que a fácie mais escura fenômeno é denominado de esfoliação. Rochas mais escuras. Rochas de cor uniforme são menos susceptíveis a fragmentação do que rochas de coloração variegada. Além disso. Aquecidas durante o dia e resfriadas à noite. 1970). ela se expande cerca de 9% do seu volume específico (volume por unidade de massa). atingem temperaturas muito inferiores às do ar ambiente. Aquecimentos e resfriamentos diferenciais tendem a ocasionar tensões laterais que. aumentando a sua área. temperatura muito diferente da massa interna. 3) Contração e expansão diferenciais . atingem a fadiga. Devido à baixa condutibilidade calórica. mormente se bruscas e amplas. A cor e a granulometria da rocha também interfere no intemperismo termal. por exemplo. Acervo Desagregação física acentuada pelas raízes das plantas. ou seja. os sais solúveis são pouco lixiviados pelas águas. as plantas também podem exercer um importante papel. os sais solubilizados pelas poucas águas precipitadas sobem novamente à superfície (graças à ação capilar) e se precipitam nas diaclases e poros das rochas e solos. se aquecem mais e se desagregam mais facilmente que rochas claras. e quando as rochas contêm fendas ou diaclases. Acervo do autor As rochas tendem a se desagregar segundo suas isotermas. A ação destrutiva em regiões de clima frio é muito significativa. Os sais acumulados tendem a pressionar a superfície dos corpos. graças ao esforço do crescimento dos cristais. Aquecimento seguido de resfriamento constitui processo muito eficaz como agente de desintegração. O gelo não é o único material cristalino que pode ser acumulado em rochas diaclasadas (fraturadas). Fraturamento de rochas por contração e expansão diferencial – Paulo Afonso/Ba. Acervo do autor Além dos fatores citados como sendo responsáveis pelo intemperismo físico. exercem grande influência sobre a desintegração das rochas.as variações de temperatura. Rocha que sofreu esfoliação. poderão ocasionar desprendimento das camadas superficiais da massa original. podendo fragmentá-las. que ao sofrerem esforços repetitivos. sendo tanto maior quanto maior for o número de poros preenchidos pela água. durante séculos. produzindo fendas ou rachaduras. da rocha se intemperiza mais facilmente do que a fácie clara – Paulo Afonso/Ba. exercendo grande força dentro da rocha. via de regra. sendo facilmente desagregados e reduzidos a pequenos fragmentos. Fonte: Press et al (2004). a maioria das rochas é formada por vários minerais com diferentes coeficientes de dilatação térmica. Acervo 26 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . linhas de igual aquecimento. principalmente se houver repetição continua do processo (BLOOM. a superfície exterior da rocha apresenta. por vezes.2) Crescimento de cristais estranhos . Em climas áridos e semi-áridos. a qual é mais protegida. A repetição secular deste fenômeno faz com que as rochas se desagreguem. pois esse ambiente apresenta baixa precipitação pluviométrica. havendo formação de um novo mineral. quando estes são expostos à superfície terrestre. Uma vez em estado de dissociação. oxidação e dissolução. Na hidrólise dos minerais silicatados pode haver vários graus de alteração: total ou alitização. No exemplo acima. OLIVEIRA. ambientes quentes e úmidos possuem potencial maior de intemperização. mas quando se fragmenta em 8 partes. O potencial de dissociação da água aumenta com a elevação da temperatura.: Fe2O3 + H2O 2FeO(OH). acidólise. dobra a velocidade das reações químicas. que podem assim classificadas: hidrólise. Ex. por isso. a água desdobra os silicatos em seus iontes. Conforme podemos observar na figura ao lado. sendo seu efeito reagente mais intenso à medida que ela se acidifica com a dissolução de CO2 (dióxido de caborno) e N2 (nitrogênio) atmosférico e a presença de ácidos orgânicos. parcial monossialítica e parcial bissialítica. Caracteriza-se pela reação química entre a rocha (ou outros materiais expostos) e soluções aquosas diversas. liberando calor e produzindo novos compostos de maior volume e de menor densidade. Sabe-se que para cada 10ºC de aumento da temperatura. A água em estado puro e nas condições normais de temperatura e pressão apresenta um pequeno grau de dissociação. podendo atrair cátions e ânions. Mg. isto porque a molécula de água é bem polarizada. Os processos de decomposição química resultam da ação separada ou simultânea de reações químicas. Na superfície dos minerais os íons H+ substituem as bases (K. a molécula de água é bem polarizada. carbonatação. A hidrólise e a hidratação são dois processos que estão intimamente ligados. o que potencializa a mesma a atrair tanto íons positivos quanto negativos. que pode ou não permanecer estável. aumentando a área de contato para ação dos agentes aquosos. Ca e Na). dependendo das condições ambientais vigentes. adquire uma superfície exposta de 48cm2. Fonte: Press et al (2004). um bloco de rocha apresenta inicialmente uma superfície exposta de 24cm2.com os íons dos minerais. 2000). 1) Hidrólise total ou alitização – Todas as bases e o silício são eliminados. sendo mais rápido se a rocha for previamente preparada pelo intemperismo físico. MELFI. A água é o agente mais importante do intemperismo químico.Intemperismo químico O intemperismo químico é a degradação química das rochas ou materiais diversos. que a reduz em fragmentos menores. Hematita + Água Goethita Na hidrólise há uma reação química dos íons H+ e OH. ou seja. A fragmentação de um bloco de rocha é acompanhada pelo aumento significativo da superfície exposta à ação do intemperismo (TOLEDO. indo fazer parte do edifício cristalino do mineral e pela hidrólise dá-se a decomposição do mineral pela água. Pela hidratação a água é incorporada. originando hidróxido de alumínio: Pedologia 27 . um dos agentes mais importantes na decomposição química dos minerais e rochas. O intemperismo químico é mais pronunciado nos trópicos. OH-) ou seja. ácido silícico.3 + 3. 2000). o intemperismo é menor. 2) Hidrólise parcial . 2000). há a formação de silicatos de alumínio e o processo é denominado de sialitização. MELFI. K + H2O (Si3. íons de potássio e hidroxila. OLIVEIRA.3(Si3Al)O8. uma modalidade de hidrólise. Quando são originados argilominerais20 do tipo da caulinita. Na carbonatação. ao contrário. formando um mineral chamado gibbsita.7Al0. Al2O3. Ao processo de eliminação total da sílica e formação de oxidróxidos de ferro e de alumínio dá-se o nome de alitização ou ferralitização (TOLEDO. Oliveira e Melfi (2000). Al2O3. mas o Si não: 6SiO2. em que a relação Si:Al é 2:1 (dois átomos de silício para cada alumínio). K2O + H2O 100% de bases eliminadas 60% de sílica 0% de alumínio Si2Al2O5(OH)4 + 4Si(OH)2 + 2(K+. com a entrada de H+ na 20 Estudaremos argilominerais no tema 3. MELFI. onde a temperatura e a pluviosidade são maiores. também o ferro permanece no manto de intemperismo ou no solo. OH-) SiO2. Fonte: Toledo. OLIVEIRA. já que estes dois elementos tem comportamento geoquímico muito parecido no meio hidrolítico. pluviosidade e vegetação.2 Si(OH)2 + 2(K+. o CO2 atmosférico dissolvido pela água da chuva promove a formação de ácido carbônico. No caso de hidrólise total. além do alumínio.No caso da hidrólise parcial. 28 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . um mineral chamado ortoclássio é intemperizado. Mas se forem formados argilominerais do tipo da esmectita. OH-) 87% de bases eliminadas 46% de sílica 0% de alumínio b) Monossialítica ou monossialitização . o processo é denominado de bissialitização (TOLEDO. Nas regiões polares e nos desertos. A figura a seguir mostra a alteração de um feldspato potássico na presença de água e ácido carbônico. o processo hidrolítico é denominado de monossialitização.2Al(OH)3 + 6Si(OH)4 + 2(K+. onde a relação de átomos de Si:Al é 1:1 (um átomo de silício para um de alumínio).todas as bases são eliminadas. K2O + H2O A figura abaixo mostra que o tipo e a intensidade do intemperismo podem ser relacionados com a temperatura.3O10Al2(OH)2) K0.apenas parte das bases são eliminadas: 2. a) Bissialítica ou bissialitização . estudos realizados em ambientes equatoriais e tropicais. Nas últimas décadas. MELFI. onde a decomposição da matéria-orgânica é bem mais lenta. Oliveira e Melfi (2000). a sílica não eliminada se recombina com o alumínio (também não eliminado) e forma um outro mineral – a caulinita. Na maior parte da superfície terrestre. 1999). através da reação com o oxigênio e pode ser promovida tanto por agentes orgânicos quanto por inorgânicos. contudo os mecanismos são um pouco diferentes. denominado horizonte espódico. 21 No Sistema Brasileiro de Classificação de Solo (EMBRAPA. Produz a destruição da estrutura cristalina dos minerais. 2000). especialmente por pesquisadores franceses e brasileiros. demonstraram que a acidólise também é comum em ambientes quentes. O potássio é totalmente eliminado pela lixiviação e a sílica apenas parcialmente. originando um horizonte escuro ou acinzentado. sendo mais importante o primeiro. mas de acidólise. OLIVEIRA. Fonte: Toledo. Esses complexos organominerais podem então migrar verticalmente e se precipitar em subsuperfície.estrutura do mineral. Esses ácidos orgânicos são capazes de formar complexos organominerais com o ferro e o alumínio. formando o solo Podzol21 . A oxidação compreende a mudança do estado de oxidação de um elemento. substituindo o K+. Pedologia 29 . os processos intempéricos de natureza hidrolítica dominam. O processo discutido acima não é denominado de hidrólise. A figura acima representa a distribuição dos principais processos de intemperismo na superfície terrestre. em ambientes mais frios. o nome Podzol foi substituído por Espodossolo. colocando-os em solução (TOLEDO. o qual resulta principalmente do metabolismo de bactérias. Entretanto. afetando principalmente rochas cujos minerais contêm ferro e manganês. formam-se ácidos orgânicos que diminuem bastante o pH das águas. ou seja. Ambos têm papel importante. sendo os três primeiros considerados ativos. Compreende os organismos. por exemplo. A dissolução ocorre comumente em terrenos com rochas calcárias. organismos. atacam a rocha na fase inicial. AS CATEGORIAS DE ANÁLISE: FATORES DE FORMAÇÃO Estudos realizados em várias partes do mundo comprovaram que a existência de diferentes tipos de solos na paisagem é controlada por cinco fatores: clima. porem é o que mais reflete a interação dos fatores citados. durante um período de tempo. pois fornecem energia ao sistema. A atividade orgânica. como os que já deixaram de ser ativos. Atenção! Os solos são sistemas naturais abertos e completos que se formam na superfície da crosta terrestre onde vivem as plantas e grande diversidade de seres vivos e cujas características e propriedades se desenvolvem pela ação dos agentes climáticos e bióticos atuando sobre o material de origem. podendo levar a formação de relevos específicos. pois facilitam a remoção de materiais alterados e aumentam a superfície de exposição para o ataque das soluções. 30 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . movimentação e produção de substâncias orgânicas que aceleram as transformações químicas. a flora. a calcita e a halita. pela inter-relação de determinados fatores e processos. material de origem e tempo. possibilitando a instalação de liquens.Fe2SiO4 + ½ O2 + H2O Fe2O3 + H2SiO4 Olivina Hematita Ácido silícico A dissolução consiste na solubilização direta de alguns minerais por ácidos. que acabam provocando sua desagregação e dos animais escavadores (formigas. minhocas e cupins. entre outros). e os dois últimos passivos. Eles promovem transformações mecânicas. Os processos de natureza física envolvem: a pressão exercida pelo crescimento das raízes em fendas da rocha. minerais que se dissolvem com facilidade. que escavam buracos. a cima do nível do mar. a fauna e suas ações no intemperismo das rochas. os ácidos orgânicos. Intemperismo biológico O intemperismo biológico se desenvolve no sentido de auxiliar os processos essencialmente químicos e físicos. como por exemplo. principalmente das bactérias e fungos. 23 É o modo pelo qual se origina o solo. O papel dos organismos é determinado pela sua capacidade de assimilar vários elementos da rocha em processo de alteração e de produzir em seu metabolismo vários agentes químicos bastante ativos. 22 Superfícies emersas. redistribuição de partículas. relevo22 . como. algas e musgos. ou seja. condicionados pelo relevo. O solo não é o elemento mais evidente da paisagem. A atuação combinada dos fatores supracitados é responsável pela pedogênese23. como cavernas e dolinas. não somente os atuais. br/semarh/site/cafuringa/Sec02/Sec_02_06. profunda influência sobre as características do solo formado. Arte & Desenho: os fatores de formação à dimensão categoria Chaile Cherne.gov. ou seja. Via de regra. uma rocha na concepção restrita da palavra. 1992). não se formará ou será degradado. O material de origem não é. inicialmente.semarh. Você Sabia? Pode-se dizer que a formação do solo se processa.df. Na realidade. e tem seu começo real quando for possível a acumulação de matéria orgânica sobre e dentro da camada superficial. um dos fatores de formação pode ter maior importância que os outros. por isso. pois eleva Fatores de formação do solo e pedogênese. de análise. são determinados. ou seja. mas isto não quer dizer que os mesmos não sejam importantes para a pedogênese. Do ponto de vista filosófico isto é revelador. pois se estão sempre presentes podem ser analisados historicamente. Atenção! O material de origem. o indivíduo solo. analisar a sua história. está em constante transformação. respectivamente. suas composições químicas e mineralógicas determinam a eficácia das forças do intemperismo. oriundo da interação de determinados fatores que lhe deram origem. Outro conceito básico sobre o solo é que o mesmo. pelo material de origem.Em certos casos. Material de origem ou material parental Material de origem é o nome dado ao material mineral ou orgânico que serviu como base para a pedogênese. bem como controlam. sobretudo. os fatores responsáveis pelo seu advento (gênese) e por sua evolução. Um conceito básico e importante é que o solo representa uma realidade concreta. Cumpre então. exercendo. a composição química e a mineralogia (OLIVEIRA et al. por exemplo. Solos com textura arenosa. ocasional e parcialmente. se um dos fatores referidos não existir ou deixar de interagir.htm As categorias de análise são as bases de toda a dedução. Fonte: http://www. tem primordial importância em muitos atributos dos solos. qualquer que seja sua fonte. como tudo na natureza. a vegetação natural. Podemos assinalar 4 grupos principais de material de origem: Pedologia 31 . para entendê-lo. entre os quais se destacam: a textura. são imprescindíveis. sob ação de processos químicos e físicos operados nos materiais de origem. não é estático. a cor. necessariamente. são entes filosóficos utilizados como referenciais analíticos que devem estar presentes em todos os tempos e espaços. basaltos. é um mineral muito resistente ao intemperismo. 24 Salvo em alguns casos. que possuem teores mais elevados de minerais ferromagnesianos. sob qualquer condição climática. como as rochas sedimentares. 2) Produtos da alteração de rocha in situ – são as espessas camadas de alteração formadas em zonas tropicais úmidas. sob condições de clima quente e úmido tendem a se intemperizar mais facilmente e originar solos profundos e argilosos (OLIVEIRA et al. 1992). aliada às condições climáticas locais. a fauna e flora. A análise dos materiais de origem supracitados nos leva a identificar características dos mesmos que influenciam no intemperismo e na formação dos solos. granulometria e da constituição mineralógica do material de origem. Materiais oriundos de rochas como diabásios. como. O quartzo. provocados pela erosão. As principais são: a) granulometria e textura das rochas. pequena capacidade de retenção de umidade e baixíssima fertilidade24 . Entretanto. c) presença de planos de fraturas e clivagens – rochas fraturadas são mais susceptíveis ao intemperismo. diferentes dos que preteritamente os formou. muito porosa. Os minerais que estão no topo da figura são os que se formam primeiro (na série de cristalização magmática). A composição granulométrica dos constituintes sólidos inorgânicos que constituem os solos depende intimamente da textura.é o aspecto do arranjamento dos minerais da rocha. serem remanejados in situ pela ação da fauna e da flora. Para maiores detalhes. ou serem solos antigos. b) composição química e mineralógica – a depender da composição química e mineralógica das rochas. Podem ter sido transportados pela erosão. oferecem muita resistência ao intemperismo. a) textura das rochas . onde a adição natural de restos de conchas e carapaças de organismos marinhos no solo pode elevar a fertilidade química de solos arenosos do litoral. sua alterabilidade será diferente. por exemplo. A figura acima compara a ordem de estabilidade frente ao intemperismo dos minerais mais comuns (Série de Goldich) com a série de cristalização magmática (Série de Bowen). pois favorecem a percolação da água e do ar. que estão sendo submetidos atualmente a novos processos pedogenéticos. metamórficas e ígneas e os aluviões. em ambientes litorâneos. formando solos pouco profundos e arenosos. Oliveira e Melfi (2000). Materiais de origem. por exemplo. rochas com altos teores de quartzo. que é o último a se formar. ler Toledo. de constituição quartzosa (arenitos. solos de textura arenosa. 3) Produtos de alteração de materiais remanejados – resultante do remanejo e transporte de sedimentos e/ou materiais orgânicos. coberturas superficiais arenosas) vão originar. por exemplo. mármores e ardósias. dioritos. 4) Produtos de pedogênese anterior – são materiais que já sofreram processos pedogenéticos. micaxistos. b) composição química e mineralógica e c) presença de planos de fraturas e clivagens.1) Rochas e sedimentos inconsolidados in situ – são os afloramentos rochosos e sedimentos não consolidados recentes. importantes atores intempéricos. isto porque cada mineral tem uma susceptibilidade específica ao intemperismo. contudo são os que se intemperizam mais facilmente. por exemplo. 32 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . como o quartzito e o arenito. Dentre os organismos sobressai. a macroflora (OLIVEIRA et al. bioturbação. micas. acidólise. quer na superfície. como quartzo. maritimidade. b) São importantes agentes transportadores. ricos em macro e micronutrientes para as plantas. tais como: temperatura. pois regulam a velocidade. às vezes salinos. continentalidade e vegetação. Os climas úmidos tendem a originar solos espessos25 . ou por solução vascular através das plantas. pobres em macro e micronutrientes para as plantas. quer no interior dos solos. seja por drenagem interna ou externa. microfauna. pouco intemperizados. a partir de suas diversas manifestações. umidade. altitude. como feldspatos. esmectitas. Pedologia 33 . adição de matéria orgânica. pois. ventos. dissolução) dos materiais e constituintes dos solos. 25 Desde que o material de origem e o relevo também ofereçam condições à instalação dos processos intempéricos. evapotranspiração. devido à ação dos outros fatores de formação.. bem como o tipo de intemperismo predominante. Em escala regional ou local. pela sua atuação. a intensidade. precipitação (notadamente chuva).Atenção! É importante denotar que. Você Sabia? Os elementos do clima que influenciam mais diretamente na pedogênese são a temperatura e as chuvas. pode modificar intensamente as condições originais do solo. ricos em minerais resistentes ao intemperismo. Os climas mais secos tendem a formar solos pouco espessos. um mesmo material de origem pode originar uma variedade grande de solos. relevo. Os organismos atuam na pedogênese através dos seguintes mecanismos: biociclagem. ilitas. atuam como agentes de sua formação. por sua intensa e evidente atuação. óxidos e hidróxidos de ferro (hematita e goethita) e alumínio (gibbsita). proteção do solo. O homem também faz parte desse contexto. bastantes intemperizados. Organismos Os organismos . As águas meteóricas (das chuvas) que chegam ao solo têm papéis importantes e bem distintos na pedogênese: a) Entram como integrante dos constituintes minerais neoformados no solo. 1992). etc. macrofauna e macroflora – pelas suas manifestações de vida.microflora. Clima O clima é o mais atuante fator de formação dos solos. dentre outras. caulinita. ricos em minerais pouco resistentes ao intemperismo. agregação do solo. os fatores climáticos que mais condicionam o intemperismo são: latitude. dentre outras. c) Principais agentes decompositores: poderoso reagente químico (hidrólise. 1992). pois. fungos e bactérias) e microfauna (protozoários e nematóides). Você Sabia? As raízes retiram elementos das partes mais profundas do solo e os translocam para o caule e as folhas. A cobertura vegetal tem uma ação passiva como agente atenuante da agressividade climática. Diretamente através da penetração do sistema radicular em fendas das rochas. mesmo em condições de relevo bastante acidentado. com a morte da planta. compensando as perdas sofridas. os processos de decomposição transformam as substâncias orgânicas complexas em substâncias mais simples e elementos de fácil assimilação. onde a secreção orgânica e o crescimento das raízes aceleram o intemperismo. Outro efeito importante das árvores é a proteção que elas oferecem ao solo. As árvores desempenham um papel fundamental na formação do solo. possuem um sistema radicular profundo. sua ação protetora depende estritamente de seu tipo e estrutura (OLIVEIRA et al. criando um ambiente para o estabelecimento de plantas superiores. liquens e outros vegetais inferiores podem viver diretamente sobre as rochas. que absorve água e nutrientes em todo o perfil do solo e deposita matéria orgânica (não decomposta) na superfície do mesmo. que vão enriquecer os horizontes superficiais do solo.normalmente. Este efeito também irá favorecer os corpos d´água que receberão menores cargas de sedimentos e terão os seus reservatórios reabastecidos. atuam principalmente na decomposição do material orgânico (restos vegetais e animais). Saiba Mais! Musgos. promovendo a formação do húmus e a mineralização da matéria orgânica. bem como reduzindo o escoamento superficial. Macroflora – os vegetais agem direta e indiretamente na formação do solo. 34 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . diminuindo a erosão. promovendo a retirada de nutrientes e a desestabilização da estrutura dos minerais. reduzindo a exposição do mesmo ao impacto direto das gotas de chuva (efeito splash). através da liberação de ácidos orgânicos e inorgânicos. A figura representa o ciclo de movimentação dos nutrientes em um solo sob vegetação de floresta.Microorganismos – são representados pela microflora (algas. o revolvimento do solo. Fonte: Eswaran et al (1999). Em paisagens “jovens” (relevo ondulado e forte ondulado. O relevo é um fator de formação que evolui com a própria paisagem. observa-se que o relevo é normalmente plano. 1989). O homem pode atuar sobre os demais fatores de formação como o clima (irrigação). Atuam na subdivisão de material grosseiro. o que favorece a formação de solos mais profundos. material de origem (fertilizantes). A abertura de galerias possibilita a mistura de materiais nos diversos horizontes. Pedologia 35 . as águas das chuvas tendem a se infiltrar mais do que escorrer (a infiltração é maior que o deflúvio). 2) Influenciando no grau de remoção de partículas do solo pela erosão. facilitando o ataque microbiano e a ação do intemperismo. minhocas. quanto na degradação dos solos. 3) Facilitando a movimentação de matérias em suspensão ou em solução para outras áreas. determinando. também. O termo relevo refere-se às formas do terreno que compõem a paisagem. a ciclagem dos nutrientes e a estabilidade estrutural são. a intensidade da erosão: 1) Facilitando a absorção e retenção de água pelo solo. Sua ação refletese diretamente sobre a dinâmica da água (principal ator do intemperismo químico). notadamente os tipos de vegetação (OLIVEIRA et al. viabilizadas pela presença dos organismos no solo (BRADY. onde a declividade é acentuada) o relevo é normalmente representado por situações de um dissecamento muito intenso. Promovem a perturbação do arranjamento do perfil.Macrofauna – os animais agem mecanicamente. facilitando a ação de outros agentes formadores. como temperatura e umidade. O papel principal dos organismos vivos na diferenciação dos solos não deve ser superestimado. A escarpa e a encosta são superfícies tipicamente erosionais. relevo (práticas mecânicas de conservação do solo). com alto efeito na homogeneização do perfil. A imagem acima mostra um termiteiro (cupinzeiro) em Darwin. O homem pode tanto favorecer a pedogênese. O acúmulo de matéria orgânica. Em paisagens mais envelhecidas (menos declivosas). Austrália. Nos interflúvios. organismos (introdução ou seleção de espécies). do decréscimo das temperaturas com o aumento das altitudes e sobre os seres vivos. Relevo A situação topográfica é importante controladora das condições de drenagem do solo. com rios meândricos e meandros abandonados ao longo da planície. Os elementos que constituem o relevo são: interflúvio. enquanto que o pedimento e a planície aluvial são superfícies tipicamente de deposição. 1992). cupins). encosta. através da incidência diferenciada da radiação solar. pedimento e planície aluvial. escarpa. principalmente sobre a morfologia do solo. bem intemperizados (desde que o clima e o material de origem favoreçam). no seu conjunto. tanto no sentido vertical (infiltração) quanto lateral (escoamentos superficiais e subsuperficiais). O relevo atua indiretamente sobre o pedoclima (clima dos solos). pela atividade “escavadora” de seus inúmeros representantes (formigas. 36 FT FTC EAD | GEOGRAFIA .Nas escarpas e nas encostas. A estimativa da idade relativa refere-se ao grau de maturidade (desenvolvimento) do solo. a água tende a se acumular em pequena profundidade (lençol freático próximo à superfície) ou mesmo na superfície do terreno. sendo universalmente baseada na diferenciação dos horizontes. diferenciar a idade relativa e a idade absoluta do solo. Quanto mais horizontes os solos possuírem. isso é estimado pelo número de horizontes que o solo possui. o tempo é um fator muito importante na formação do solo. Por causa das condições de baixa oxidação. Contudo.solos que apresentam mais horizontes. quanto maior for o número e a espessura de seus horizontes. Atenção! Os solos podem ser considerados como: a) Jovens . não havendo até o momento um método preciso para se estabelecer a idade absoluta do solo. A idade do solo é empiricamente medida a partir do momento em que o material originário é submetido à ação dos fatores intempéricos. Na planície aluvial. maior a espessura dos mesmos e evidente presença de material intensamente transformado nos horizontes A e B. Já a idade absoluta é o tempo decorrido desde o seu início de sua formação até o momento atual. Tempo Dentre os fatores de formação o tempo é o mais passivo: não adiciona.solos com presença de horizonte B. mais desenvolvidos pedogenéticamente são. é necessário que exista um tempo suficiente para que estes fatores possam interagir de modo a formar o solo. até o estádio atual do solo. nem gera energia que possa acelerar os fenômenos de intemperismo físico e químico. A idade relativa se refere ao grau de maturidade do solo e é baseada na diferenciação dos horizontes. Em um solo a sua idade é computada por estágios de desenvolvimento do perfil. por isso. apresentando normalmente seqüência de horizontes A-C. Fonte: Trigo e Soja (1988). sem qualquer relação com a idade geológica da rocha matriz ou do material parental. a água da chuva tende muito mais a escorrer do que a infiltrar (o deflúvio é maior que a infiltração). favorecendo mais a erosão superficial do que a intemperização do material de origem. e c) Velhos . ou exposto a processos erosivos intensos ou pouco desenvolvido. por isso. favorecendo a formação de solos hidromórficos (com excesso de água). pois não basta à ocorrência dos demais fatores de formação. sendo o solo tanto mais maduro.originados a partir de material recentemente depositado. Na prática. isto é. b) Maduros . a formar solos menos espessos ou a apresentar afloramentos de rochas. tendendo. os solos formados nas planícies aluviais são pedogeneticamente pouco evoluídos. não exporta material. Cabe. em geral. cinzas de queimadas. como áreas de manguezais. ar e água.O tempo que um solo leva para se formar é muito variável e depende dos demais fatores de formação. As adições ainda são efetuadas pela flutuação do lençol freático e pela ascensão capilar. No Brasil. III) saturação de um horizonte hidromórfico. as adições podem ser: a) Eólicas: estas adições ocorrem necessariamente na superfície do solo. quanto pela adição dos materiais por ela dissolvidos ou carreados. Implica. mas a predominância de pelo menos um deles (PRADO. tanto nas restituições de matéria orgânica quanto nas adições de novos materiais. tanto pela adição da própria água que entra na constituição dos seres vivos e de certos minerais do solo. Estudaremos cada um deles a seguir: Adição É o adicionamento de materiais em solos. têm suas relações constantemente modificadas pelo grau de umidade. e perdas. regendo o mecanismo de adição de oxigênio. por exemplo. da síntese de certos produtos orgânicos neoformação. transportes e remanejos mecânicos. Na gênese do solo não ocorre um processo pedogenético isoladamente. 1995). Em outras regiões onde o clima atual é úmido. O transporte efetuado pelo vento será diretamente proporcional à sua velocidade e inversamente ao peso das partículas. perda. d) Pelo lençol freático: movimentos internos da drenagem e ascensão capilar: estas adições são em princípio feitas dentro do perfil. cinzas vulcânicas. etc. transformações. PROCESSOS PEDOGENÉTICOS Os processos de formação do solo (ou processos pedogênicos) resultam da ação interdependente dos fatores de formação do solo. II) nível edáfico impermeável devido à presença de horizontes ou camadas adensadas. Pedologia 37 . nitrogênio e gás carbônico. da oxidação e da dissolução de certos minerais. transporte e o remanejo mecânico desses materiais. relevo bastante declivoso ou áreas que sofrem inundações periódicas. como no semi-árido brasileiro. considerando a adição de material mineral e orgânico. isto porque no passado o clima já foi úmido nesta região. pouco intemperizados. isto pode ocorrer. Segundo Moniz (1972). especialmente do clima (presente e pretérito). podem ser encontrados solos jovens. Em síntese. podendo originar solos salinos. Isto promove um fluxo contínuo e bilateral do ar. esta ocorre principalmente nos climas áridos e semi-áridos. favorecidas pelos seguintes fatores: I) presença de horizontes argilosos em solos com horizontes superficiais de textura mais arenosa. através de qualquer mecanismo. por causa do material de origem que oferece resistência ao intemperismo. existem desde solos muito jovens até solos muito velhos. por exemplo. importantes elementos do metabolismo dos seres vivos. os processos de formação do solo são: adições. por exemplo. e. a transformação. podem ser encontrados desde solos maduros a velhos. do material de origem e do relevo. b) Por precipitações pluviométricas: a precipitação pluvial tem importância na pedogênese. Os materiais geralmente transportados pelos ventos podem ser: poeiras. c) Por difusão: o ar e a água que ocupam o sistema poroso dos solos. como no litoral nordestino. Em regiões onde o clima atualmente é seco. e) Pelos rios: são representados pelos depósitos aluviais e deltaicos. neosíntese das argilas. dos solos. de maneira suave. 38 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . e) Movimentação do próprio material do solo: expansão e contração das argilas. Pela própria definição do processo. por conseguinte. e. Os mecanismos que promovem as alterações físicas (cristalização dos sais. as seqüências e índices das alterações.). b) Soluções vasculares dos vegetais. sejam eles residuais neoformados ou importados. observa-se sua importância na individualização dos horizontes. Transformações Esse processo diz respeito às modificações químicas. amarelo) indicam que o material de origem está passando por transformações mineralógicas. 26 Os constituintes dos solos são agrupados em: fração sólida. Sua ação. provocando escorregamentos de terras. de maneiras severas. sesquióxidos de Fe e Al. argila. ou seja. O processo de transformação é o mais sedutor e complexo dos processos pedogenéticos. é traduzida por escoamentos difusos e concentrados. mas também sais e elementos químicos que estão dissolvidos nas águas (Na+. etc. Os mesmos serão estudados de forma detalhada mais adiante. restos de organismos. vermelho. nos grandes poros e nos canais oriundos da decomposição das raízes grossas. transporte de materiais extraídos de áreas mais elevadas e conduzidos para níveis mais rebaixados das vertentes. g) Coluvionares: são as resultantes do coluvionamento. através dos microporos do solo. transformações e síntese de compostos orgânicos e produtos organominerais. nas fendas deixadas após o período de ressecamento. capazes de fornecer quantidade de material aos solos. bastante intensa e generalizada no mundo tropical. O processo de transporte e remanejo pode ocorrer através das seguintes maneiras: a) Soluções e suspensões livres no solo (sais. são alguns dos vários estudos relacionados a este processo. mormente nas zonas úmidas das regiões intertropicais cobertas por formações florestais densas. Na foto ao lado. por adição superficial. Transportes e remanejos mecânicos Compreende todo transporte seletivo no interior dos solos. c) Gelo e degelo. são outras formas de adição biológica. sendo sua ação organizadora de horizontes de grande importância. liberados após a decomposição de seus despojos. Ca+ e Mg+2). desidratação da matéria orgânica. d) Ação dos seres vivos. algas. etc. quer constituintes residuais. as manchas de coloração variada (branco. Os constituintes dos seres vivos. hidrólise). ação mecânica das raízes) e químicas (dissolução. f) Pelos mares: os mares fornecem não somente material sólido grosseiro (areias.. físicas ou biológicas dos constituintes do solo26 . K+. neoformados ou importados. oxidação. matéria orgânica): essas transferências podem ser feitas. h) Dependentes de fatores biológicos: as ações dependentes dos fatores biológicos não são menos importantes do que as anteriores. líquida e gasosa. que ocorrem sob o efeito da gravidade em direção ao lençol freático. As perdas podem ser através da superfície. dos quais podem ser citados: lixiviação.Perdas Este item diz respeito ao processo pelo quais os constituintes do solo são retirados do mesmo. • “Littering”: adição de material orgânico na superfície do solo. podzolização. b) Perdas laterais e verticais: migração de argilas. • Gleização: redução do ferro em condições anaeróbicas. f) Perdas pelo vento: este fenômeno se dá com maior intensidade nas áreas com fracas coberturas vegetais e assoladas por ventos fortes. Subprocessos pedogênicos Os processos de formação podem ser divididos em subprocessos. Usualmente a perda de material em solução é descrita pelo termo lixiviação. decomposição. lessivagem. ou perdas de materiais em solução. • Cumulização: adição eólica e hidrológica de partículas minerais na superfície do solo. dentre outros. • Lixiviação: dissolução e perda do material solubilizado para fora do solo. salinização e pedoturbação. em suspensão ou em solução.. gleização. d) Perdas pelo fogo: pelas queimadas dos tecidos vegetais grande quantidade de substâncias residuais se solubilizam. e) Exportação pelas colheitas: compreende todos os elementos que participam da formação dos tecidos vegetais e que são transportados pelas colheitas. • Humificação: síntese de húmus. laterização. de suspensões e soluções. É uma continuação do processo de transporte seletivo. Pedologia 39 . de compostos organominerais. com a produção de cores acromáticas. como resultado da decomposição microbiana. iluviação. • Erosão superficial: perda de material da parte superficial do solo. eluviação. mineralização. • Síntese: formação de novos minerais e compostos orgânicos. etc. erosão superficial. • Decomposição: destruição do material mineral ou orgânico. perdendo-se nas águas de percolação ou pelo arraste mecânico nas enxurradas e ventos. de qualquer (quaisquer) horizonte(s) ou camada(s). • Mineralização: conversão de um composto orgânico para um estado inorgânico. • Eluviação: remoção de material do solo. subsuperfície ou em profundidade. Saberemos um pouco sobre cada um deles: • Enriquecimento: termo geral para a adição de material ao solo. a) Perdas em profundidade: são as migrações da solução do solo. As quantidades exportadas variam de espécie para espécie e do estágio de desenvolvimento das plantas por ocasião das colheitas. c) Perdas a partir da superfície: perdas de materiais por erosão diferencial. Exemplo: transformação da matéria orgânica em gás carbônico (CO2) e água (H2O). Dentre os materiais iluviados destacam-se os argilominerais. • Laterização (dessilicificação. transformações e translocações. ou seja. paralela ou aproximadamente a superfície do terreno. • Calcificação: acúmulo de carbonatos de cálcio no solo. hidróxidos de ferro e alumínio e matéria orgânica. que está sobre uma rocha. • Pedoturbação: processos de mistura de materiais dos horizontes do solo. perdas. em pro27 Parte superior e pressupostamente mais intemperizada do perfil do solo. devido a fenômenos físicos. • Podzolização: transporte químico de Al (alumínio). 29 Conceito derivado do Soil Survey Manual (1981) apud IBGE (2005). Os perfis mostram as características do solo numa direção. o perfil do solo é uma seção vertical do solo através de todos seus horizontes e/ou camadas e estendendo-se para dentro do material de origem. que lhe confere características de interrelacionamento com outros horizontes componentes do perfil. • Salinização: acúmulo de sais solúveis no solo. • Camada do solo29 . parcialmente exposta no perfil do solo e possuindo conjunto de propriedades não resultantes ou pouco influenciadas pela atuação dos processos pedogenéticos O conjunto de horizontes e/ou camadas do solo em uma seção vertical. 30 Regolito é todo material inconsolidado ou começando a se decompor. químicos e/ou biológicos. ferralitização. 28 Conceito derivado do Soil Survey Manual (1981) apud IBGE (2005). paralela ou aproximadamente a superfície do terreno. ele vai se diferenciando em seções mais ou menos paralelas à superfície. a saber: • Os horizontes do solo28 . é denominado de perfil do solo. 40 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . PERFIS E HORIZONTES DOS SOLOS À medida que o material de origem se intemperiza.. Os horizontes de um perfil de solo são formados por processos de adição. resultando em acúmulo de Si (silício) no horizonte eluvial. compreendendo os horizontes A e B. Essas seções são denominadas camadas ou horizontes de solos. devido ao fato desses processos ocorrerem com intensidades diferentes através do regolito30 . óxidos. 1993).são seções (do perfil do solo) de constituição mineral e/ou orgânica. permitindo apenas uma abordagem limitada.• Iluviação: processo de deposição de material de solo removido de um horizonte superior para um inferior. • Lessivagem: transporte mecânico de pequenas partículas minerais do horizonte A ou E para o horizonte B. Existe uma diferença importante entre camada e horizonte de solo. • Melanização: escurecimento do solo pela introdução de matéria orgânica. que equivale a um corte histológico ou a uma seção petrográfica. uma vez que o solo é um corpo tridimensional (CURI et al. que vai da superfície até o material originário. parcialmente exposta no perfil e dotada de propriedades geradas por processos formadores do solo. Em outras palavras. dos quais se diferencia em virtude da diversidade de propriedades. latossolização): transporte químico contínuo do Si para fora do sólum27 . resultantes da ação da pedogênese.é uma seção de constituição mineral ou orgânica. resultando em acúmulo de óxidos e/ou hidróxidos de Fe e Al no sólum. Trata-se de um corte. Fe (ferro) e/ou matéria orgânica para outro horizonte do solo. fundidade. Se a estas características acrescentamos as que ocorrem nas duas dimensões laterais da área teremos o corpo do solo (ZIMBACK, 2003). Você Sabia? Antes de continuar é necessário se apropriar de alguns conceitos: Pedon - é um corpo tridimensional de solo com dimensões laterais suficientemente grandes para permitir o estudo das formas e relações entre os horizontes. Polipedon - é uma unidade de cartografia de solos, sendo constituída por agrupamento contíguo de pedons similares. Horizontes genéticos - são diferenciações qualitativas em determinadas seções dos perfis de solos, condicionadas pelos diferentes graus de alteração por que passam o material de origem. Tais diferenças são avaliadas por meio de atributos ou conjunto deles, que levam a uma distinção destas com as demais seções do perfil. Horizonte diagnóstico - é caracterizado por determinado número de propriedades morfológicas, químicas, físicas e mineralógicas, definidas quantitativamente, que servem para identificar e distinguir classes de solo (CURI et al., 1993). No tocante aos horizontes pedogênicos, a conceituação é de natureza mais genética e o enunciado das definições é ordinariamente mais qualitativo. Já no caso dos horizontes diagnósticos as conceituações são mais de tendência distintiva (fins taxonômicos de delimitação de classes) e o enunciado das definições é desejavelmente mais quantitativo. Portanto, horizontes genéticos (pedogênicos), nem sempre são diagnósticos de classes de solos. Os horizontes de um perfil, para conveniência de descrição e de estudo, recebem denominações com símbolos convencionais que tem significado genético (ZIMBACK, 2003). Os horizontes ou camadas principais são designados por letras maiúsculas (EMBRAPA, 1988): O, H, A, E, B, C, F, R Segundo Lemos e Santos (1996), os horizontes principais podem ser definidos: Horizonte ou camada superficial, de constituição orgânica, sobreposto a alguns solos minerais, podendo estar ocasionalmente saturado com água, mas preferencialmente sob drenagem desimpedida. Consistem também em horizonte superficial de material orgânico, essencialmente vegetal, pouco ou nada decomposto, sendo ainda reconhecíveis os fragmentos dos restos vegetais (folha, galhos e ramos). É encontrado em solos sob mata, sendo pouco duradouro após desmatamento. Horizonte ou camada de constituição orgânica, superficial ou não, originado por processos naturais, composto de resíduos vegetais acumulados sob condições de prolongada ou permanente estagnação de água. Consiste em camadas ou horizontes de matéria orgânica, em vários estágios de decomposição, podendo incluir material pouco ou não decomposto. Esse material orgânico é acumulado, em todos os casos, em condições palustres e relacionadas a solos orgânicos e a outros solos hidromórficos. O H Pedologia 41 A Horizonte organomineral, superficial ou em seqüência a horizonte ou camada O ou H, de concentração de matéria orgânica decomposta e perda ou decomposição principalmente de componentes minerais. A matéria orgânica está intimamente associada aos constituintes minerais e é incorporada ao solo especialmente por atividade biológica. É comumente o horizonte que está na superfície dos solos e de maior interesse nos preparos para o cultivo. Horizonte mineral, cuja característica principal é a perda de argila, compostos de ferro, alumínio ou matéria orgânica (eluviação), separadamente ou em combinações, com resultante concentração residual de areia e silte constituídos de quartzo ou de outros minerais resistentes ao inteperismo. Encontra-se geralmente sob um horizonte A ou H, dos quais normalmente se distingue pelo menor teor de matéria orgânica e cor mais clara. Usualmente tem coloração mais clara do que um horizonte B imediatamente abaixo. Horizonte mineral, subsuperficial, iluvial, formado sob um E, A ou O, originado por transformações relativamente acentuadas do material originário e/ou ganho de constituintes minerais ou orgânicos migrados de horizontes suprajacentes. Na seqüência do perfil não se caracteriza por perdas. O horizonte B pode ser encontrado exposto à superfície, em conseqüência da remoção dos horizontes subjacentes por erosão. Pode conter teores elevados de material orgânico devido à queluviação31 de materiais dos horizontes mais superficiais, constituindo o chamado horizonte B espódico. Horizonte ou camada mineral de material inconsolidado sob o sólum, relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, por isso, apresenta muitas características do material de lhe deu origem. O material pode ser ou não de igual natureza daquela em que os horizontes do sólum se formaram, isto é, pode ou não ser considerando um testemunho do material originário. Horizonte ou camada de material consolidado sob o horizonte A, E ou B, rico em ferro e/ou alumínio e pobre em matéria orgânica, proveniente do endurecimento irreversível que se verifica em conexão com enriquecimento de óxidos dos elementos supracitados (agentes cimentantes). Com o endurecimento forma-se um horizonte plíntico32. Pode também se formar por grande concentração de nódulos e concreções (material petroplíntico33). Camada mineral de material consolidado, tão duro que, quando úmido, não pode ser cortado com uma pá e constituindo substrato rochoso contínuo ou praticamente contínuo E B C F R Os horizontes principais podem ser divididos em subhorizontes, como por exemplo, A1, A2, A3, etc., são subhorizontes do horizonte principal “A”. Os horizontes transicionais são horizontes miscigenados nos quais as propriedades de dois horizontes principais se associam, evidenciando coexistência de propriedades (EMBRAPA, 1988). 31 Processo de alteração de minerais, ocasionado pela remoção de seus produtos por um agente quelante. Quelato é um composto orgânico ligado a íons metálicos. 32 Horizonte mineral subsuperficial, que é caracterizado especialmente pela presença de plintita em quantidade igual ou superior a 15% por volume e espessura de pelo menos 15cm. Plintita é uma formação constituída de mistura de argila, pobre em húmus e rico em ferro e alumínio, com quartzo e outros minerais. No perfil do solo ocorre sob a forma de manchas de matiz vermelho e vermelho-escuro, que pode endurecer significativamente quando exposta a ciclos alternados de hidratação e desidratação. 33 Material laterítico rígido, normalmente proveniente do endurecimento da plintita. 42 FT FTC EAD | GEOGRAFIA Você Sabia? Exemplos de horizontes transicionais: AO, AB, AC, EB, BE, BC, etc. Assim, por exemplo, “AB” é um horizonte transicional entre A e B, que possui mais características do horizonte principal “A” do que do horizonte B. Para designar características específicas de horizontes e camadas principais usam-se como sufixos letras minúsculas. O horizonte “Bt” indica, por exemplo, que o horizonte “B” principal apresenta relevante acumulação de argila de natureza iluvial ou concentração relativa por mecanismos similares, indicado pelo sufixo “t”. O resumo dos sufixos aplicados aos símbolos de horizontes e camadas principais pode ser observado abaixo (LEMOS; SANTOS, 1996; IBGE, 2005): a - propriedades ândicas. Usado com os horizontes A, B e C para designar constituição dominada por material mal cristalizado ou amorfo, de natureza mineral, oriundo de transformações de materiais vulcanoclásticos; b - horizonte enterrado; c - concreções ou nódulos endurecidos. Serve para indicar uma acumulação significativa de concreções ou de nódulos, em qualquer dos horizontes ou camadas; d - acentuada decomposição de material orgânico; e - escurecimento da parte externa dos agregados por matéria orgânica não associada a sesquióxidos (óxidos, hidróxidos e oxidróxidos de ferro e alumínio). f - material plíntico e/ou bauxítico (material laterítico especialmente aluminoso) brando (plintita). Usado com A, B e C para designar concentração localizada (segregação) de constituintes secundários minerais ricos em ferro e/ou alumínio, em qualquer caso, pobre em matéria orgânica e em mistura com argila e quartzo; g – glei (gleização); Símbolo usado em horizontes ou camadas que, devido a prolongados períodos de encharcamento, apresentam cores acinzentadas, azuladas e/ou esverdeadas, típicas de solos hidromórficos; h - Acumulação iluvial de matéria orgânica (húmus). Notação usada, exclusivamente, em horizonte iluvial de matéria orgânica ou desta associação com complexos organossequioxídicos; i - Incipiente desenvolvimento do horizonte B; j – Tiomorfismo. Símbolo usado com os horizontes ou camadas H, A, B ou C para identificar material de natureza mineral ou orgânico rico em enxofre, como os ambientes de manguezais; l - Presença de carbonatos. Usado com A, B e C para designar presença de carbonatos, remanescentes do material originário, sem acumulação, comumente carbonato de cálcio; m - Extremamente cimentado; n - Acumulação de sódio trocável; o - Material orgânico mal ou não decomposto. Símbolo empregado para designar camada ou horizonte O ou H, constando de acumulação orgânica em vias de decomposição, restando ainda parcialmente ou bem reconhecíveis os detritos originalmente depositados; p - Aração ou outras pedoturbações. Notação indicativa de modificações na camada superficial usualmente atingida por aração, gradagem e demais operações de trato dos solos para uso agrícola; q - Acumulação de sílica; r - Rocha branda ou saprólito 34. Usado para indicar camada subjacente ao sólum, constando de material detrítico de alteração do substrato rochoso, ou de sua capa de alteração, no 34 Manto de alteração de rochas. Pode ser utilizado como sinônimo de horizonte C. Pedologia 43 em relação a um plano horizontal. varia dentro do mesmo perfil.5cm. 4) Difusa . s . por isso. definida em função da sua nitidez ou contraste. v . Quanto à topografia. 35 Cuidado para não confundir transição entre horizontes com horizontes transicionais .acumulação de sais mais solúveis em água fria que sulfato de cálcio.5 e 7. a profundidade dos limites dos horizontes ou camadas. sendo os desníveis. Exclusivo para o horizonte B. mais largos que profundos.quando a faixa de separação varia entre 2. t .quando a faixa de separação dos horizontes é praticamente horizontal.quando a faixa de separação varia entre 7. a espessura e a transição dos horizontes ou camadas dos solos.Acumulações antropogênicas.quando a faixa de separação é maior que 12.quando a separação entre os horizontes não é contínua. a transição é classificada em: 1) Plana ou horizontal . no campo são observadas a profundidade. Em alguns solos. 3) Irregular .quanto a faixa de separação é menor que 2. Neste caso. 1996).5cm. 3) Gradual . B ou C. x . 4) Quebrada ou descontínua . 2) Clara . Indica a presença de seção subsuperficial dura ou extremamente dura quando seca e friável quando úmida. SANTOS. . A. Por exemplo: um solo possui um horizonte A com profundidade de 0 a 35 cm e um horizonte B (com profundidade de 35 a 250cm). .Profundidade do horizonte ou camada é a distância vertical entre o início e o final de um horizonte e a referência que é a superfície do horizonte A.Intensa alteração e inexpressiva acumulação iluvial de argila no horizonte B. Utilizado com o horizonte B ou C e denota material mineral cujo comportamento mecânico dos minerais argilosos produz importantes mudanças de volume.Acumulação iluvial de sesquióxidos de ferro e alumínio com matéria orgânica.Acumulação de argila. 44 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . u . a transição é classificada em: 1) Abrupta . paralela à superfície do solo. desníveis mais profundos que largos.são aspectos diferentes na descrição do perfil do solo.Transição entre horizontes35 ou camadas é a faixa de separação entre os mesmos. z . 2) Ondulada ou sinuosa .acumulação de sulfato de cálcio. Quanto à nitidez ou contraste e espessura. . Designado para o horizonte H. w . em relação a um plano horizontal. Usados com os horizontes B. espessura e topografia. Por exemplo: o solo do exemplo anterior possui um horizonte A com 35cm de espessura e um horizonte B (com 215cm de espessura).Cimentação aparente.5cm. partes de um horizonte estão parcial ou completamente desconectadas de outras partes desse mesmo horizonte.Espessura do horizonte ou camada é a distância vertical entre o início e o final do horizonte.5cm. condicionadas pela variação do seu teor de umidade. pra indicar relevante acumulação de argila de natureza iluvial ou concentração relativa por outros mecanismos.qual ainda estão preservadas as feições macroscópicas da rocha mãe.5 e 12.Características vérticas. (LEMOS. y .quando a faixa de separação é sinuosa.quando a faixa de separação dos horizontes apresenta. C e ocasionalmente com o horizonte E. Profundidade dos Horizontes: Horizonte A .78 .56cm Horizonte EB .6 .28cm Horizonte B .17 .18cm Horizonte Bi .0 . A figura abaixo (à esquerda) exemplifica a tomada de profundidades e espessuras para solos com transição plana e ondulada.33cm Horizonte EB .0 .28 . Pedologia 45 .22 .150cm+ Espessura dos Horizontes: Horizonte A .106cm+ Nota: O limite inferior do horizonte Cr varia predominantemente entre as profundidades de 44 e 91cm.78cm Horizonte B .56 . línguas que se estendem até o final da trincheira (150cm).38 . Fonte: IBGE (2005). para indicar que o mesmo se estende a maiores profundidades. Adaptado de Schoeneberger et al.28cm Horizonte E .32cm+ Nota: Sempre que a profundidade do último horizonte examinado for além da profundidade de observação. utilizar o sinal “+”.91cm Camada R .59 . A figura abaixo (à direita) exemplifica a tomada de profundidades e espessuras para solos com transição descontínua ou quebrada.110cm+ Espessura dos Horizontes: Horizonte A .112cm+ Camada R . havendo porém. Exemplo: 78-110cm+.18cm Horizonte Bi . entre horizontes ou camadas.28cm Horizonte E . Fonte: IBGE 2005).38m Horizonte Cr .91 .20cm Horizonte Cr .18 .A figura acima representa tipos de transição. (1998) pelo IBGE (2005). Profundidade dos Horizontes: Horizonte A . discuta com os seus colegas. Prezado aluno. 46 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . Quais os processos intempéricos mais comuns em ambientes quentes e úmidos? Justifique sua resposta. 1962). depois. Em ambientes quentes e secos podem ser encontrados solos muito intemperizados? Reflita sobre o questionamento e. com o seu tutor e. Nesta tabela não estão incluídos os horizontes ou subscritos que não foram alterados na nomenclatura atual. do Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLS. utilize o fórum de discussão para compartilhar idéias.Comparação entre a classificação antiga e a atual dos horizontes dos solos O quadro ao lado compara a nomenclatura antiga. Você pode utilizar o fórum de discussão para compartilhar idéias. 1962). no semiárido brasileiro? Reflita sobre o questionamento. 3. 1988). 4. depois. muito intemperizados. argilosos. Adaptada do IBGE (2005). Atividade Complementar 1. É bom ressaltar que muitos levantamentos de solos foram realizados utilizando a nomenclatura da (SNLS. É possível existirem solos muito profundos. discuta com os seus colegas e com o seu tutor. qual a importância do intemperismo para a formação do solo? 2. por isso é importante que se faça a correlação com a nomenclatura atualmente utilizada. com a atualmente utilizada (EMBRAPA. 5. depois. Agora. Questão desafio: sabendo que o material de origem é rico em anfibólio e biotita e que o relevo é plano. 8. Quais são os processos e subprocessos que comandam a pedogênese de um solo sob as condições climáticas representadas pelo climograma. A partir da charge ao lado. uma questão desafio: um solo muito intemperizado pode ser mais novo que um solo pouco intemperizado? Justifique. escreva um pequeno texto. Você pode compartilhar o texto produzido no Fórum de Discussão. 7. reflita sobre a importância dos organismos vivos para o equilíbrio ambiental e. quais os processos e subprocessos que comandam a pedogênese de um solo sob as condições climáticas representadas pelo climograma? Discuta esta questão com os seus colegas e com o seu tutor. sabendo que o material de origem é rico em quartzo e que o relevo é plano? Pedologia 47 . 6. temos que saber como se formam. 48 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . portanto. 2002). pois as mesmas variam ao longo do perfil. Vamos juntos nesta aventura? MORFOLOGIA OU ANATOMIA DOS SOLOS Segundo Lepsch (2002). era apenas aplicada aos estudos de botânica. a morfologia é definida nas Ciências Naturais como o estudo das formas dos objetos. à “anatomia dos solos”. Inicialmente. para entendermos melhor os solos e sua dinâmica. quais os elementos que os compõem. A morfologia corresponde. e estes do horizonte C. foi adotada pela maior parte das ciências. desenhos e fotos. em cada um dos horizontes e/ou camadas de solo. que deverá ser completada com as análises de laboratório (LEPSCH. SOLO. As características morfológicas são aquelas observáveis com o tato e com a visão. por causa da atuação diferenciada dos processos pedogenéticos. descrição dessa aparência segundo as características visíveis a olho nu.9. textura. Neste tema. Morfologia do solo significa o estudo de sua aparência no meio ambiente natural. zoologia e medicina. mas com o passar do tempo. estudaremos conteúdos que o ajudarão a compreender ainda mais os solos. a cor. dentre elas. O conjunto de características morfológicas constitui a base fundamental para a identificação do solo. como se desenvolvem (conteúdos estudados no Tema 2). Diferencie o horizonte A do horizonte B. estrutura e consistência. ou prontamente perceptíveis. Várias características são observadas na descrição morfológica. bem como suas propriedades físicas e químicas. ESPAÇO E MEIO AMBIENTE: EM BUSCA DA SUSTENTABILIDADE INDIVIDUALIZAÇÃO DOS SOLOS Prezado aluno. O que é um perfil de solo e quais os horizontes principais do solo? 10. O objetivo principal da morfologia é a descrição padronizada dos objetos. retratando-os com palavras. seca. Y de yellow . que é refletida nas amostras (por exemplo: vermelho e amarelo). 7. Quanto mais intensa (viva) for a cor. bem como vários processos ambientais. os quais devem ser seguidos o mais fielmente possível. também variando de 0 a 10 (LEPSCH. tais como: conteúdo de matéria orgânica. maior será o croma. são representadas pelos símbolos 10R.vermelho-amarelo). apresentados na forma de caderno ou caderneta (IBGE. argilominerais. a cor é uma das características que mais chama à atenção.vermelho.5YR.5 unidades (IBGE. contêm sete cartas (correspondentes a sete notações de matiz) que somam 199 padrões de cores. 2.5Y e 5Y. Caso o horizonte ou camada apresente mosqueados ou manchas de outra coloração. menor será o valor. Através da cor pode-se avaliar e inferir sobre vários processos no solo. 2005). organizados a intervalos de 2.5YR. Fonte: IBGE (2005).amarelo e YR de yellow-red . Atenção! Matiz – cor “pura” ou fundamental do arco-íris. A cor pode ser anotada com a amostra de solo úmida (mais usual). organizados com base nas variáveis matiz. 5YR. criaram-se métodos e termos convencionais para orientar a descrição dos solos no campo. que são formados pelas iniciais em inglês das cores que entram em sua composição (R de red . utilizando a Carta de Munsell. devem ser realizadas anotações adicionais (LEPSCH. Cor do solo Na análise morfológica do solo. 2002). as cores dos solos são definidas através da comparação com a carta de Munsell (Munsell soil color charts). mineralogia (óxidos. As notações de matiz. estas orientações estão reunidas em manuais. Quanto mais escura for a cor do solo. A descrição morfológica apresenta uma redação padronizada. determinada pelos comprimentos de onda da luz. 2005). drenagem e erosão. Valor – medida do grau da claridade da luz ou tons de cinza presentes (entre branco e preto) variando de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para o branco puro).). 2002). Contudo. 2. quando os termos convencionais encontrados nos manuais de descrição e coleta de solos no campo não forem adequados para expressar com fidelidade as observações. valor e croma. hidróxidos e oxihidróxidos de ferro e alumínio. etc. Croma – proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza. Pedologia 49 . 10YR. Exemplo da tomada de cor de um agregado do solo. em número de sete. seca triturada e úmida amassada.Para que seja possível a comparação de descrições realizadas por diferentes observados. As principais ou mais comuns edições do Munsell soil color charts. precedidos de algarismos arábicos de 0 a 10. conforme exemplos apresentados em Lemos e Santos (1996). deverão ser anotados a cor. Nos trabalhos científicos. quantidade e contraste dos mesmos. Depois: claro . o silte de sedosidade e a argila de pegajosidade.Último: conjunto de cores variadas: rocha Essas cores podem ser interpretadas: .Na imagem abaixo.A cor escura é dada pela matéria orgânica que vem das raízes e da vegetação.A camada vermelha recebeu o que saiu da camada clara Granulometria e textura Refere-se às dimensões e as características das partículas primárias do solo. incluindo desde as mais finas de natureza coloidal (argilas). Os termos granulometria ou composição granulométrica são empregados quando se faz referência ao conjunto de todas as frações ou partículas do solo. Já o termo textura é empregado especificamente para a composição granulométrica da terra fina do solo (fração menor que 2mm de diâmetro) (IBGE. de pouca espessura: escuro . A textura pode ser avaliada em campo através do tato.Em superfície. Quatro conjuntos de cores são observados. A imagem permite detalhar a variação vertical das cores. Fonte: Ruellan (1988).Depois: um tom mais mais vermelho . 50 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . conforme especificado ao lado: O gráfico ao lado representa a variação textural de um perfil de solo arenoso. . sucessivamente. até as mais grosseiras (calhaus e cascalhos). pela sensação ao esfregar um pouco de solo úmido entre os dedos. de cima para baixo: . . A areia provoca sensação de aspereza. separadas por tamanho. A textura do solo. 2005). normalmente.A cor clara significa que o solo é empobrecido em argila e nutrientes. pode-se observar as variações verticais e laterais de coloração do solo. é expressa em valores percentuais. Na parte superior esquerda da imagem existe um horizonte superficial escuro (preto) que não existe no outro lado da voçoroca: ele não existe mais porque foi removido pela erosão. Matacões (> 20cm). como a utilização do microscópio petrográfico e/ou do microscópio eletrônico. baixa resiliência. que tem grande importância no estudo detalhado dos solos. são extremamente porosos. O primeiro (macroestrutura). média (argila<35% e areia>15%. Fonte: Ruellan e Dosso (1993). A figura acima mostra a desagregação de um volume do solo. silte e argila. SANTOS. que se decompõe em unidades menores. A forma como estas unidades organizadas se decompõem revela o tipo de estrutura do material pedológico. pois sofrem com stress hídrico. exceto se for areia ou areia franca). especialmente em estações mais secas.Raramente um solo é constituído de uma só fração granulométrica. enquanto que o segundo tem emprego mais limitado e/ou específico e é discernível apenas com o auxílio de instrumentos e técnicas especiais (IBGE. Os grupamentos texturais usualmente verificados no campo são cinco: arenosa (corresponde às classes areia e areia franca). Só uma flora bem adaptada consegue subsistir às supracitadas condições. Guia para grupamentos de classes de textura. Fonte: Lemos e Santos (1996). para definir as diferentes combinações de areia. deposição e transporte das diversas frações granulométricas. separadas entre si pelas superfícies de fraqueza (LEMOS. muito susceptíveis a erosão e de difícil manutenção da flora. pode-se notar que a fração areia é a mais susceptível a erosão. Solos arenosos. Analisando a figura. 36 Estudada pela Micromorfologia. são adotadas as seguintes denominações: Cascalhos (2mm . A figura a seguir representa a susceptibilidade à erosão. por exemplo. portanto. 1996). Fonte: Bigarella e Mazuchouwski (1985). Para as frações com diâmetro superior a 2mm (frações grosseiras) presentes no solo.< 2cm). possuem em geral baixa reserva nutricional. Estrutura do solo É a agregação das partículas primárias do solo em unidades estruturais compostas. é rotineiramente empregado como instrumento de caracterização e diagnose de solos pela Pedologia. siltosa (argila<35% e areia<15%). Pode ser analisada e caracterizada sob diferentes pontos de vista. Do ponto de vista ambiental. a macroestrutura e a microestrutura36. daí a necessidade de classes de textura. a observação da textura do solo é muito importante. argilosa (35%<argila<60%) e muito argilosa (argila>60%). 2005). sendo.20cm). Calhaus (2cm . Pedologia 51 . prismática. Estrutura laminar . SANTOS. blocos angulares. mecanização.grãos simples. São reconhecidos dois subtipos: angulares e subangulares.maciça. neste caso. as dimensões verticais são maiores que as horizontais (LEMOS. com estrutura fraca. Os blocos angulares possuem faces planas. 1996). 1996. Fonte: IBGE (2005). comumente nos horizontes superficiais (A e E) e em alguns casos podem ser herdados da rocha matriz.as partículas estão arranjadas em torno de um ponto. pequena. Este tipo de estrutura pode ocorrer em regiões secas e frias com ocorrência de congelamento e podem ser também produzidas por compactação (pisoteio. Para este tipo de estrutura são reconhecidos dois subtipos: prismática e colunar. (1998) pelo IBGE (2005). diferenciam-se pela porosidade. 52 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . Fonte: Adaptado de Schoeneberger et al. sendo que os grumos são mais porosos (LEMOS. classe (muito pequena. média. muito grande) e grau de estrutura (sem estrutura . Estrutura em blocos ou poliédrica estrutura em que as partículas estão arranjadas na forma de polígonos mais ou menos regulares. Portanto. Fonte: IBGE (2005). 2005).aquela onde as partículas do solo estão arranjadas em agregados cujas dimensões horizontais são mis desenvolvidas que a vertical. SANTOS. com algumas arestas e ângulos suaves. com tamanho equivalente para as três dimensões. com estrutura moderada e com estrutura forte). SANTOS. Estrutura prismática . enquanto que os blocos subangulares possuem uma mistura de faces planas e arredondadas. Estrutura granular . 1996). 2005). grande. como arestas e ângulos aguçados. pequena e média granular (direita) e exemplos de estrutura média e grande granular (esquerda). sem estrutura . na região nordeste da Bahia. apresentando unidades estruturais arredondadas e sem faces de contato.estrutura onde as partículas se arranjam em forma de prisma (com faces e arestas). A foto acima representa um solo com estrutura prismática grande.Tipos de Estrutura A estrutura é avaliada quanto ao tipo (laminar. Podem ser do tipo granular ou em grumos. são mais comuns nos horizontes C de alguns solos (IBGE. nas proximidades de Abaré e Barra do Tarrachil. IBGE. sendo sua distribuição preferencialmente ao longo de um eixo vertical. Exemplos de estrutura muito pequena. Exemplos de estrutura média em blocos subangulares e angulares (esquerda) e exemplos de estrutura muito grande em blocos subangulares (direita). blocos subangulares e granular). exibindo aspecto de lâminas com espessura variável (LEMOS. ou seja. implementos agrícolas diversos). extremamente resistente à pressão. dentro da cobertura pedológica e em sua superfície.moderadamente resistente à pressão. Somente com dificuldade pode ser quebrado nas mãos. A consistência quando o solo está seco pode ser: a) Solta . conforme a variação do grau de umidade (LEMOS. A consistência do solo quando úmido é caracterizada pela friabilidade que é determinada num estado de umidade aproximadamente intermediário entre seco ao ar e a capacidade de campo. A amostra dever ser ligeiramente úmida e a consistência quando o solo está úmido pode ser: Consistência É o termo usado para designar as manifestações das forças físicas de coesão e adesão Pedologia 53 . Pode ser quebrado nas mãos. lembrando cunhas (cuneiformes).estruturas com superfícies curvas (elipsoidais) interligadas por ângulos agudos. Para a sua avaliação deve-se selecionar uma amostra (torrão) e tentar esboroá-lo entre o polegar e o indicador. Não quebrável entre o indicador e o polegar. Fonte: Eswaran et al (1999).Cuneiforme e paralelepipédica . Não pode ser quebrado com as mãos. Os grupamentos ou classes de estrutura são definidos pelo seu tamanho.não coerente entre polegar e indicador. A resistência da amostra de solo diminui com o aumento do conteúdo de água. 1996). a precisão das descrições de campo dessa forma de consistência é limitada pela precisão da estimativa do conteúdo de água na amostra (LEMOS. d) Dura . normalmente contendo superfícies de fricção (slickensides) (IBGE. SANTOS. são menos susceptíveis à erosão. c) Ligeiramente dura . 1996).fracamente resistente à pressão.fracamente coerente e frágil. f) Extremamente dura . sem dificuldade. SANTOS. SCHOENEBERGER et al. lembrando paralelepípedos (paralelepipédica). 2005.muito resistente à pressão. Fonte: IBGE (2005). As estruturas no solo possuem grande relevância ambiental. Os grupamentos normalmente verificados no campo podem ser observados no quadro abaixo: O quadro representa os grupamentos ou classes de estrutura. ou por superfícies planas. por exemplo. A consistência do solo quando este está seco é caracterizada pela dureza ou tenacidade e para avaliá-la deve-se selecionar um torrão seco e comprimi-lo entre o polegar e o indicador. assim. mas dificilmente quebrável entre o indicador e o polegar. sendo facilmente quebrável entre o polegar e o indicador. as principais responsáveis pela a aeração e dinâmica hídrica do solo. possuem boas características físicas para o uso agrícola. Solos com estrutura granular. quebrando-se em material pulverizado ou grãos individuais sob pressão muito leve. entre as partículas do solo. além de outras funções. arejados. A foto representa a estrutura cuneiforme e superfícies de fricção (slickensides) de um Vertissolo. ou seja. Comuns em Vertissolos ou horizontes com características vérticas. A consistência deve ser determinada com o solo seco (dureza). b) Macia . úmido (friabilidade) e molhado (plasticidade e pegajosidade). são porosos. pois as mesmas são. e) Muito dura . além disso. 1998). após cessar a compressão. e a aderência é então observada. 2) Pegajosidade . mas apresenta resistência distintamente perceptível. e) Muito firme . 2005). com cerca de 4cm de comprimento.o material do solo esboroase sob forte pressão. caracteriza a plasticidade e a pegajosidade.após cessar a pressão.o material do solo esboroa-se facilmente sob pressão fraca e moderada entre o polegar e o indicador e agrega-se por compressão posterior. Para avaliação no campo. A consistência do solo. o grau de resistência à deformação é expresso da seguinte forma: a) Não plástica .não coerente. pela ação de uma força aplicada. o material do solo entre o indicador e o polegar e observa-se se pode ser feito ou modelado um fio ou cilindro fino de solo. b) Ligeiramente pegajosa .o material do solo esboroase com pressão muito leve. pode-se optar pela não descrição da consistência úmida. 1) Plasticidade . praticamente. por ficarem as amostras molhadas externamente. porém secas internamente.a) Solta . Não há apreciável esticamento ou alongamento quando os dedos são afastados. quando molhado. depois de amassado. Dificilmente esmagável entre o indicador e o polegar. d) Muito plástica . quando cessa a ação da força (LEMOS. f) Extremamente firme . com conteúdo de água ligeiramente acima ou na capacidade de campo. b) Muito friável .forma-se um fio de 4mm de diâmetro e não se forma um fio ou cilindro de 2mm e. SANTOS. conforme figura abaixo: Sendo o IBGE (2005).o material do solo esboroa-se sob pressão moderada entre o indicador e o polegar. nenhuma aderência da massa ao polegar e/ou indicador. c) Friável . tende a alongar-se um Compacidade A compacidade do material do solo caracteriza a combinação de consistência firme e grupamento ou arranjamento cerrado das partículas. 1996). a massa do solo quando molhada e homogeneizada é comprimida entre o indicador e o polegar. b) Ligeiramente plástica .forma-se um fio de 6mm de diâmetro e não se forma um fio ou cilindro de 4mm. que suporta seu próprio peso.após cessar a pressão. o material adere a ambos os dedos e. o material adere a ambos os dedos.é a propriedade que pode apresentar o material do solo de mudar continuamente de forma. tendo-se: 54 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . No caso de material difícil de ser umedecido.o material do solo somente se esboroa sob pressão muito forte.forma-se um fio de 2mm de diâmetro.é a propriedade que pode apresentar a massa do solo de aderir a outros objetos. não se verifica. muito compacto e extremamente compacto (IBGE. c) Pegajosa . É classificada do seguinte modo: compacto. d) Firme . rola-se. e de manter a forma imprimida. sendo determinada a partir de amostras pulverizadas e homogeneizadas. c) Plástica . mas agrega-se por compressão posterior. Para determinar a plasticidade no campo. mas desprende-se de um deles perfeitamente. devendo ser usada somente nesse sentido. em razão do material absorver água muito lentamente e com dificuldade. quando estes são afastados. Não pode ser esmagado entre o indicador e o polegar e deve ser fragmentado pedaço por pedaço.nenhum fio ou cilindro fino se forma. Os graus de pegajosidade são descritos da seguinte forma: a) Não pegajosa . seriam ocupados pela água (20 a 30%) e pelo ar (20 a 30%) (MEURER. apresentam alta susceptibilidade à erosão. e d) Muito pegajosa . Segundo Ernest (1996). solos macios e pegajosos. com formas e tamanhos variados. estudaremos especificamente a fração mineral dos solos. a matéria orgânica (viva e morta). o ar do solo e a solução do solo. conforme escalas pré-estabelecidas. Associando-se a outras atributos que podem ocorrer no ambiente. via de regra. A decomposição dos minerais proporciona a formação de íons (positivos e negativos). Os íons que ficam nos solos podem formar novos minerais. Se os minerais herdados forem semelhantes àqueles que as rochas magmáticas apresentam. as características morfológicas citadas oferecem amplas possibilidades de análises de solos e do ambiente como um todo.após a compressão. sendo em geral sólidos.pouco e romper-se. de composição química definida e encontrados naturalmente na crosta terrestre. que se originam os minerais secundários. Solos com consistência solta. Juntamente com outras características morfológicas. presentes nos materiais de origem ou nos solos. A fração sólida do solo apresenta-se na forma de uma mistura de grãos. As proporções entre os componentes do solo são muito variáveis entre solos e mesmo entre horizontes de um mesmo solo. no entanto. mas antes de tudo temos que saber o que é um mineral. solos duros e muito pegajosos são muito difíceis de serem manejados e oferecem certa resistência ao desenvolvimento radicular das plantas. que são classificados de acordo com seu diâmetro (frações granulométricas). O intemperismo (físico e químico) atua nos materiais de origem. de um suposto solo ideal. em maior ou menor proporção. É a partir da degradação dos minerais primários. são normalmente solos férteis e bons de serem manejados. a caracterização da consistência do solo oferece uma série de informações sobre os solos. resultantes de processos inorgânicos. Os minerais e a matéria orgânica correspondem à fase sólida. MINERALOGIA DOS SOLOS Os componentes básicos do solo são: os minerais (primários e secundários). minerais do material de origem. Pedologia 55 . o material adere fortemente a ambos os dedos e alonga-se perceptivelmente quando eles são afastados. ao invés de desprender-se de qualquer um dos dedos. os quais podem ser lixiviados ou permanecerem no solo. Neste capítulo. seria de 45% (do volume do mesmo) ocupado por minerais e 5% por matéria orgânica (que soma um total de 50% da fase sólida). os quais podem ser chamados de minerais secundários ou de minerais neoformados. serão chamados de minerais primários. decompondo os minerais menos estáveis às condições ambientais (ver série de Goldich). bem como sobre a dinâmica ambiental. 2000). A proporção dos componentes no horizonte A. Os 50% do volume restante. o ar corresponde à fase gasosa e a solução do solo à fase líquida. O solo também pode herdar. quando secos. minerais são elementos ou compostos químicos. . piroxênios e anfibólios. 56 FT FTC EAD | GEOGRAFIA .” Os minerais primários Os minerais primários podem ser classificados em silicatados e não silicatados. determinam a existência de diferentes minerais silicatados.“As plantas precisam de luz. possuindo como estrutura básica o tetraedro de silício (SiO4-4). Você Sabia? O silício está presente na maioria dos minerais que constituem as rochas da crosta terrestre (mais de 90%). Os silicatados são formados a partir da combinação de átomos de silício com átomos de oxigênio (podendo conter outros elementos químicos). . feldspatos.. organização em folhas dos mesmos e argilominerais diferentes. cristobalita). Adaptado de White (1998). São exemplos de minerais silicatados: sílicas (quartzo. 2005). suporte para as construções.Os principais grupos de minerais não-silicatos: A figura acima representa os tetraedros de silício. esses propiciam a existência de folhas que captam a energia luminosa. opala. normalmente. fonte de sedimentos etc. arranjo. na fração areia. e as substituições isomórficas (substituição do Si por Al ou por outro cátion) nas lâminas. estão vinculados às partículas minerais. advindas da transformação da rocha em solos (RESENDE et al. como material natural. A grande maioria dos minerais primários existentes nos solos está. Tanto esse papel de substrato direto à vida quanto as multivariadas funções que o solo exerce. água e nutrientes. tridimita.Os principais grupos de minerais silicatados são: A seqüência de lâminas tetraedrais. micas. A alteração da rocha em solo cria um substrato com maior disponibilidade de água e nutrientes. base de todo o ecossistema. . a existência de elementos ou compostos entre as lâminas. contudo o arranjamento das unidades estruturais tem algum grau de aleatoriedade. originando uma figura com oito lados (octaedro). é formada pela associação de vários octaedros. (a) (c) 37 O termo mal-cristalizado está sendo utilizado em substituição do clássico amorfo ou não cristalizado. bem como em Kampf e Curi (2003). Os argilominerais cristalinos do solo podem ser divididos em: argilominerais 1:1 e argilominerais 2:1.72nm (nanômetro). a existência de elementos ou compostos entre as lâminas e as substituições isomórficas (substituição do Si por Al ou por outro cátion) nas lâminas determinam a existência de diferentes argilominerais. porque o seu espaçamento basal aumenta na presença de soluções. pois possui espaçamento basal fixo. Trata-se do argilomineral mais comum dos solos muito intemperizados. pois se trata de um termo mais amplo e acreditase. Os argilominerais podem ser mal cristalizados37 ou cristalinos. Uma lâmina octaedral. (b) Ao ado. por isso. o qual coordena quatro átomos de oxigênio (forma-se. menor pegajosidade e menor plasticidade. Pedologia 57 . onde o arranjamento atômico é mais ou menos regular. Maiores detalhes podem ser vistos em Wada (1995). O primeiro estado é distinguido por possuir ordenamento atômico de pequena amplitude (short range order) e o segundo por possuir assembléias de unidades estruturais. A ilita é um argilomineral do tipo 2:1 não expansivo. cargas negativas na superfície externa da lâmina tetraedral e baixa capacidade de troca de cátions (CTC). A caulinita consiste em uma lâmina de tetraedro de silício ligada a uma lâmina de octaedro de alumínio por um oxigênio.Minerais secundários Os principais grupos de minerais secundários existentes no solo são os argilominerais e os oxihidróxidos. Os materiais mal-cristalizados podem ocorrer em dois estados cristalinos: “não cristalino” e “paracristalino”. composição química Al2Si2O5(OH)4. já os argilominerais 2:1 são formados pela superposição contínua de duas lâminas tetraedrais para cada lâmina octaedral. uma figura de quatro ladros). no entanto. Os argilominerais 2:1 podem ser separados em não expansivos e em expansivos. a figura (a) representa a estrutura da caulinita. enquanto que as esmectitas são expansivas. A caulinita é um exemplo de argilomineral 1:1. A seqüência de lâminas tetraedrais e octaedrais. quando comparados com solos que apresentam argilominerais 2:1. Os argilominerais 1:1 são formados pela superposição contínua de uma lâmina tetraedral para cada lâmina octaedral. mais correto. conferindo aos mesmos. Os minerais secundários ocorrem predominantemente na fração argila. sendo cada tetraedro formado por um átomo de silício. e estruturas bem desenvolvidas (pequenas e granulares). A caulinita possui espaçamento basal (d) de 7A (ângstron) ou 0. o qual coordena seis oxigênios (O-2) ou hidroxilas (OH-). (b) Visão plana da lâmina tetraedral. sendo cada octaedro formado por um átomo de alumínio. Uma lâmina tetraedral é formada pela associação de vários tetraedros. a) Os argilominerais Os argilominerais são minerais silicatados formados basicamente pela superposição de lâminas de tetraedros de silício e lâminas de octaedros de alumínio. (c) Representação de uma seção cruzada da lâmina tetraedral de caulinita Adaptado de White (1998). Hm = hematita. possui ambientes de formação diferentes da hematita e. indicando também as condições do ambiente de formação. a presença da hematita em climas úmidos. AR E SOLUÇÃO DO SOLO A matéria orgânica. conferem boa estabilidade estrutural aos solos. e anatásio – um óxido de titânio. Fonte: Nunes (2005).Os argilominerais 2:1 ocorrem normalmente em solos quimicamente pouco intemperizados oriundos de um material ou materiais de origem que apresentam minerais passíveis de intemperismo químico. hematita e gibbsita. normalmente. Feição típica das caulinitas. plasticidade e pegajosidade elevadas. Os óxidos de ferro conferem a coloração avermelhada (hematita) e amarelada (goethita) dos solos. MATÉRIA ORGÂNICA. a gibssita – que é um hidróxido de alumínio. O termo refere-se a todos os compostos que contêm carbono orgânico no 58 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . DRX da fração argila de um solo muito intemperizado do Litoral Norte da Bahia. Gt = goethita. pode representar uma feição relíquia de um paleoclima seco. tais como a o Difratômetro de Raios-X (DRX). a hematita é instável. por conseguinte. Em alguns casos. retirada com o auxílio de um Microscópio Eletrônico de Varredura. tanto os argilominerais. pois favorece o desenvolvimento das estruturas. b) Os oxihidróxidos Os oxihidróxidos. Estes “óxidos” também são bons retentores de fósforo (P) e metais pesados. representam outro importante grupo de minerais secundários. hematita – um óxido de ferro. na fração argila. notadamente goethita.500X. An = anatásio. juntamente com os minerais do solo. por exemplo. Fonte: Nunes (2005). também comumente denominados de “óxidos”. pegajosidade e plasticidade baixas. Fotomicrografia com aumento de 6. enquanto que. Ca = caulinita. Os “óxidos” dos solos apresentam normalmente CTC muito baixa. do tipo colunar e cuneiforme. só podem ser observados ou detectados com exatidão através da utilização de alguns instrumentos ou métodos. A goethita. Qz = quartzo. Estes argilominerais conferem aos solos alta capacidade de troca de cátions. Os “óxidos” mais comuns nos solos são: o quartzo – que é um óxido de silício. exerce importante papel na química e física do solo. estruturas pouco desenvolvidas (estruturas médias e grandes. Análise Térmica Diferencial (ATD) e Microscopia Eletrônica Varredura (MEV). Os “óxidos” mais comuns na fração argila dos solos são os de ferro e de alumínio. quanto os oxihidróxidos. outros mecanismos de formação. Como os argilominerais e os oxihidróxidos são identificados? Devido a sua ocorrência. goethita – um oxihidróxido de ferro. A goethita é mais estável em ambientes úmidos. A fase gasosa da pedoesfera difere um pouco do ar atmosférico. Além disso. capacidade de retenção de água. tem atraído grande interesse por causa do aquecimento global (efeito estufa) e à perspectiva de se utilizar o solo como reservatório do carbono liberado para a atmosfera pelas atividades antrópicas (seqüestro de carbono). conforme Buckman e Brady (1968). poder tampão38. em decomposição e húmus). A fração húmica ou húmus corresponde a uma série de substâncias ácidas (ácidos húmicos.). etc. consistência e cor (MONIZ. A humificação corresponde à formação de húmus pelos organismos do solo. Pedologia 59 . a qual é decomposta pelos microorganismos. Principais processos que envolvem a matéria orgânica e seus efeitos no solo. A matéria orgânica apresenta diversas propriedades. 1975) e servem como fonte de energia para os organismos dos solos. H2O. tais como capacidade de troca de cátions (CTC). por causa disso. H2O e nutrientes inorgânicos). energia (que é aproveitada pelos microorganismos decompositores). 38 Propriedade que a matéria orgânica possui de resistir à variação de pH na solução do solo. etc. ácidos fúlvicos e humina). fenólicos. Os animais e vegetais que vivem no solo fornecem a matéria orgânica fresca (dejeções. quelação. Dados obtidos de várias fontes. macrofauna e microorganismos) e morta (não decomposta. a partir da matéria orgânica em decomposição. Saiba Mais! A mineralização corresponde à decomposição da matéria orgânica em compostos inorgânicos (CO2. carbomil. podendo ser dividida em viva (raízes. folhas. de elevado peso molecular. contendo vários grupos funcionais ativos (carboxílicos. para os organismos que nele vivem e também recebe o dióxido de carbono (CO2) produzido pela respiração das raízes.solo. de coloração variável entre amarela a marrom escura. O ar do solo fornece o oxigênio (O2) necessário para a respiração das raízes das plantas. especialmente para que não ocorra excesso de CO2 e falta de O2 para os organismos do solo. A matéria orgânica do solo faz parte de um equilíbrio do ciclo do carbono total do planeta e. fonte de nutrientes. formando CO2. afeta propriedades físicas do solo. íons inorgânicos e húmus. como a estrutura. cadáveres.) que permitem a reação da matéria orgânica com outros colóides do solo. uma vez que necessita reclicar constantemente os seus compostos. 2006). tanto minerais quanto orgânicos. normalmente. Vale denotar que. o que afeta a circulação do ar e de soluções nos diferentes horizontes. Estas minúsculas partículas são denominadas de “colóides” (LOPES. se o solo estiver encharcado. do relevo. Ocupa usualmente os microporos. A água e os íons orgânicos e inorgânicos dispersos na cobertura pedológica formam a solução do solo. contudo se o mesmo estiver seco. bem como das interferências antrópicas. ao passo que repelem outros íons de carga negativa. Contudo. GUILHERME. Os colóides são frações minerais ou orgânicas menores que 0. praticamente não existe e quando o mesmo está encharcado. os mesmos são os principais responsáveis pela atividade química dos solos. A solução do solo é importante porque é a fonte de água e nutrientes para as plantas e para os outros organismos que habitam ou visitam o solo.001 mm ou 1 micra e que possuem cargas elétricas (negativas e/ou positivas).Saiba Mais! A fase gasosa do solo ocupa. alguns minerais e a matéria orgânica são reduzidos a partículas muito pequenas. os colóides podem desenvolver cargas elétricas positivas. em certos casos. da mesma forma que pólos diferentes de um imã são atraídos. do grau de intemperização. durante os processos intempéricos. Os principais colóides encontrados nos solos são: Uma vez que os colóides do solo são formados. erosão superficial e translocação de partículas dentro da cobertura pedológica). o que modifica a absorção e a dinâmica hídrica. Os colóides. das condições climáticas locais. QUÍMICA DOS SOLOS À medida que os solos são formados. os horizontes superficiais apresentam composição bem diferente dos horizontes subsuperficiais (exceto solos arenosos e orgânicos). entretanto quando o solo está seco. 2006). Atenção! Na maioria dos casos. isto porque apresenta maiores teores de matéria orgânica e são menos argilosos (devido ao intemperismo. o ar tenderá a ocupar todos os poros (macro e microporos). tende a ocupar todo o espaço poroso. desenvolvido durante o seu processo de formação. como pólos iguais de um imã se repelem (LOPES. bem como a porosidade. Isto significa que eles podem atrair e reter íons com cargas positivas (+). 60 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . da atividade microbiana. a fase gasosa praticamente não existirá. um balanço de cargas negativas (-). representa. geralmente. a fase líquida da pedoesfera. GUILHERME. sua reatividade global depende do material de origem. os macroporos. ao ponto de não podem mais ser vistos a olho nu. apresentam. por conseguinte. não variam com a oscilação do pH. Saiba Mais! Mas. com a mesma carga elétrica). As cargas negativas são originadas por causa da substituição isomórfica. os quais podem ser positivos (cátions) ou negativos (ânions). O hidrogênio (H+) do grupo OH. O quadro mostra os principais cátions dos solos.Todo elemento químico que apresenta carga elétrica é denominado de “íon”. O quadro mostra os principais compostos aniônicos dos solos. nos argilominerais e “óxidos” de ferro e alumínio. nos casos citados. o que é substituição isomórfica? Trata-se da substituição de um determinado íon da estrutura de um mineral. íons de silício (Si4+) dos tetraedros podem ser substituídos por íons de alumínio (Al3+). por exemplo. Dada a sua importância. pH = Potencial de hidrogênio = .log [H+] = log 1/[H+]. Atenção: as cargas originadas a partir da substituição isomórfica são permanentes. pelo menos em linhas gerais. pode se dissociar originando uma carga elétrica negativa. semelhantemente a um imã. Em argilominerais 2:1. principalmente nos grupos funcionais da matéria orgânica. O pH mede a atividade do íon H+ na solução do solo. Como ocorre a dissociação do grupo OH grupos funcionais da matéria orgânica? A figura exemplifica a formação de cargas elétricas negativas nos octaedros de um argilomineral. que ocorre nas bordas de grupos funcionais da matéria orgânica ou de um mineral. A substituição isomórfica ocorre no momento da formação do mineral. proporciona um desbalanço de carga no mineral e origina cargas elétricas negativas na superfície interna do mesmo. precisamos saber. mantendo-se o mesmo arranjo da estrutura cristalina do mineral. Adaptado do Instituto Potassa & Fosfato (1998) por Lopes e Guilherme (2006). Da mesma forma. qual a origem das cargas elétricas negativas e positivas do solo. as cargas negativas dos colóides do solo atraem ou repelem cátions e ânions. Pedologia 61 . por outro de tamanho similar. A figura demonstra como. íons de alumínio (Al3+) dos octaedros podem ser substituídos por íons de magnésio (Mg2+). e dissociação do grupo OH. Fonte: Lopes e Guilherme (2006). mas não necessariamente com a mesma valência (ou seja. A substituição isomórfica. Os quadros abaixo mostram os principais íons encontrados nos solos. . Mas. Estas cargas elétricas induzem a retenção de cátions ou de ânions. ou seja. que estão na solução do solo. Fonte: Lopes e Guilherme (2006). superfície específica39 e pH. os “óxidos” e a matéria orgânica) apresentam cargas elétricas negativas e/ou positivas.” A CTC é afetada especialmente pela quantidade e qualidade da argila. com a diminuição do pH. somente suplantado pelo da fotossíntese no processo de manutenção da vida na face da terra (LOPES. “(. Fonte: Raij (1981).) Este é. a CTC é uma característica fundamental para as atividades agrícolas. A figura exemplifica a formação de cargas negativas pela elevação do pH. área exposta. Quanto maior for à capacidade catiônica do solo. matéria orgânica. é chamado troca ou adsorção iônica. Atenção! Como o valor S (soma de bases) = Ca+2 + Mg+2 + Na+ + K+. em solos muito intemperizados e em condições de pH muito baixo. mais fértil será o mesmo. um dos fenômenos mais importantes da natureza. A capacidade que o solo possui em trocar cátions (CTC ou T) corresponde à somatória dos cátions Ca+2 + Mg+2 + K+ + Na+ (os três primeiros são considerados macronutrientes das plantas) mais hidrogênio (H+) e alumínio (Al+3). 62 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . 39 Proporção de superfície. nos sesquióxidos (3) e em complexos orgânicos (4). Quanto maior for a superfície exposta. a modificação do pH favorece o seu aparecimento. de extrema importância para a dinâmica da vida em nosso planeta. portanto. normalmente. por unidade de volume ou de peso de solo. a fórmula da CTC pode ser expressa da seguinte maneira: CTC = S+H+Al. CTC = Ca+2 + Mg+2 + Na+ + K++ H+ + Al+3 e a unidade da CTC é o cmolc/kg (centimol de carga por quilograma). Capacidade de troca de cátions (CTC) e capacidade de troca de ânions (CTA) Vimos que os colóides dos solos (os argilominerais. GUILHERME. sem dúvida alguma..As cargas originadas pela dissociação do grupo OH são dependentes do pH. Ver intemperismo químico. 2006). qual a origem das cargas positivas nos solos? As cargas elétricas negativas surgem. nos radicais carboxílicos (1) e fenólicos (2) da matéria orgânica. Este fenômeno. CTC é o parâmetro que indica a quantidade de íons positivos que o solo é capaz de reter em determinadas condições. A figura mostra a formação de cargas positivas pela protonação das hidroxilas. podendo ser catiônica ou aniônica. maior será a capacidade de troca de cátions. Ocorrem devido à protonação (deslocamento de íons H+ da solução do solo para a superfície do mineral) das hidroxilas (OH-) dos “óxidos” de ferro e alumínio. esta retenção é insignificante acima de pH 6. é bastante móvel. Pedologia 63 . d) Alumínio: ocorre quando o solo está com acidez elevada e é tóxico para as plantas. K e Na) e o P em ppm (Partes por milhão). Lopes e Guilherme (2006) exemplificam: “Nitrato (NO3-). movimentando-se livremente com a umidade do solo. b) Carbono orgânico e matéria orgânica. c) Hidrogênio: determina a acidez do solo. sob condições de seca. Potássio. maior a acidez. determinados em cmolc/kg (Ca. movimenta-se no sentido descendente. f) Soma de bases (S): representa a soma das bases cálcio.” Algumas análises realizadas para fins agrícolas. tais como a caulinita. menor o pH e. argila. não existe um mecanismo totalmente definido para explicá-la. que podem adsorver sulfato. cargas positivas podem ser desenvolvidas nas arestas quebradas das argilas. A figura fornece uma visão esquemática da CTC e suas implicações práticas. Sob condições de chuva excessiva. movimenta-se no sentido ascendente.Capacidade de troca de cátions de alguns materiais. adaptado por Lopes e Guilherme (2006). Fonte: Fassbender (1980). Magnésio. g) Capacidade de troca catiônica (CTC): capacidade que o solo possui em armazenar nutrientes. e) Cálcio. são denotadas abaixo: Determinações efetuadas: a) Textura: areia. por exemplo. Sob situações extremamente secas. Também os sesquióxidos de ferro e alumínio (tanto nas camadas superficiais como subsuperficiais do solo) adsorvem algum sulfato através da geração de cargas positivas. portanto. em geral. Sódio e Fósforo: macronutrientes das plantas. Mg. sódio e potássio. quanto maior o teor de hidrogênio. movimentase para cima com a umidade do solo. causando acúmulo de nitrato na superfície do solo. Quanto a CTA (Capacidade de Traça de Ânions). Fonte: Potassa & Fosfato (1998). Mas. adaptado por Lopes e Guilherme (2006). magnésio. Em valor baixo de pH (acidez). silte.” “Sulfato (SO42-) pode ser retido (fracamente retido) em alguns solos sob certas condições. em especial.0. Atividade Complementar 1. O que é um mineral e qual a importância de seu conhecimento para a Pedologia e ciências afins? Como eles interferem na formação dos solos? 4. i) Saturação por bases (V%): significa a relação entre as bases presentes com a CTC. 2.h) pH: mede a acidez do solo. contribuem para a degradação dos solos e dos ecossistemas associados.” 3. É expressa em porcentagem e determinada pela fórmula: Al x 100 / S + Al. valor igual a 7 indica neutralidade e valores superiores a 7 indicam caráter alcalino. quanto menor for o valor (abaixo de 7) maior será a acidez do solo. Quais as informações que podemos obter do solo e da dinâmica ambiental. a partir da observação da morfologia dos solos? Exemplifique. Qual a estrutura fundamental dos minerais silicatados e qual a sua importância? 64 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . depois. j) Saturação por alumínio (m%): significa a relação entre o teor de alumínio em relação à somatória de soma de bases e alumínio. pelo manejo agrícola. É expressa em porcentagem e determinada pela fórmula: S x 100 / CTC. escreva um texto utilizando como base a seguinte frase: “A destruição das estruturas dos horizontes superficiais do solo. 2005). Pesquise na internet sobre adensamento e compactação dos solos e. Alta saturação especifica valores de saturação por bases iguais ou superiores a 50% (eutróficos) e baixa saturação especifica valores de saturação por bases inferiores a 50% (distróficos) (IBGE. Valores iguais ou superiores a 50% indicam caráter álico. b) Faça uma crítica sobre a “adubação química”. O que é solução do solo e qual a sua importância para as plantas e para a dinâmica ambiental? 8. Qual o efeito. Quais as diferenças estruturais entre os argilominerais 1:1 e 2:1. Explique a origem das cargas elétricas positivas e negativas das frações coloidais. respectivamente. d) Apenas a adubação orgânica atende às necessidades da sociedade global?. desses argilominerais nas características físicas e químicas dos solos? 6.5. 9. 10. a) Discuta o que é calagem. Faça uma pesquisa (em fontes diversas) sobre fertilidade e correção dos solos. c) O que é adubação orgânica? Qual a sua importância. Pedologia 65 . por quê e como é realizada. e) O uso da adubação orgânica em grande escala traria danos ambientais? Justifique sua resposta. O que são colóides e qual a sua importância para a dinâmica ambiental? 7. O que é Capacidade de Troca de Cátions? Quais os fatores que afetam a CTC do solo? Por que os argilominerais 2:1 possuem maior CTC que os argilominerais 1:1. Ambas as classificações foram formuladas com o intuito de atender especificidades mundiais. e as do horizonte A são sempre mais escurecidas. ARGISSOLO AMARELO Distrófico. 66 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . os solos mais expressivos do Brasil. geralmente acompanhado de boa diferenciação também de cores e outras características. Para classificar solos é necessário a definição de atributos diagnósticos. As classes de solos admitidas pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA. vários países desenvolveram suas próprias classificações. Mas. A profundidade dos solos é variável. As cores do horizonte Bt variam de acinzentadas a avermelhadas. 1999) estão expostas na tabela ao lado: Atenção! Para entender melhor as classes de solos. utilizadas para separação de classes em vários níveis categóricos do Sistema de Classificação ou na definição de alguns horizontes diagnósticos (veja no material on line). o que são atributos diagnósticos? São características ou propriedades dos solos. Principais ocorrências dos ARGISSOLOS no Brasil. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). você precisa estudar o material on line! Argissolos Os solos desta classe têm como característica marcante um aumento de argila do horizonte superficial A para o subsuperficial B que é do tipo textural (Bt). devido à complexidade dos solos em escala de maior detalhe. sendo verificados em praticamente todas as regiões. contudo. como o Brasil.USO E MANEJO DO SOLO NA CONTEMPORANEIDADE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DO BRASIL Existem vários sistemas de classificação de solos em todo o mundo. São. sendo os mais conhecidos: a Classificação de Solos Norte-americana (Soil Taxonomy) e a Classificação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO). mas em geral são pouco profundos e profundos. Fonte: IBGE (2005). juntamente com os Latossolos. na maioria das vezes. Italva . também de cores diversas. Espodossolos São solos bastante característicos. além de apresentarem grande variabilidade também em relação às demais características. ou em pequenas concentrações no Mato Grosso CHERNOSSOLO RÊNDZICO Saprolítico do Sul (Serra da Bodoquena) e Rio Grande do Norte (Rêndzicos). cores escurecidas e boa fertilidade). Ocorrem em várias regiões do Brasil. que se caracterizam pela presença de um horizonte superficial A do tipo chernozêmico (teores consideráveis de matéria orgânica. No restante do Brasil ocorrem relativamente dispersos (Argilúvicos). Muitas vezes são pedregosos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999). Principais ocorrências de CAMBISSOLOS no Brasil.Cambissolos São solos que apresentam grande variação no tocante à profundidade. em razão de sua gênese. Principais ocorrências dos CHERNOSSOLOS no Brasil. ocorrendo desde rasos a profundos. e em alguns pontos da região Pedologia 67 . Via de regra. e. apresentam diferenciação significativa entre os horizontes. CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico do Grupo Barreiras – Litoral Norte da Bahia. preferencialmente em regiões serranas ou montanhosas. A drenagem varia de acentuada a imperfeita e podem apresentar qualquer tipo de horizonte A sobre um horizonte B incipiente (Bi). sobre horizontes subsuperficiais avermelhados ou escurecidos com argila de alta atividade. têm um horizonte espódico de cores escurecidas ou avermelhadas/amareladas. onde são utilizados com pasto e lavouras. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). cascalhentos e mesmo rochosos.RJ. típico. O horizonte espódico ocorre a profundidades variáveis. Ocorrem disseminados em todas as regiões do Brasil. mas têm concentração expressiva na região da Campanha Gaúcha (Ebânicos). Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). precedido de um horizonte eluvial E (muitas vezes álbico). Chernossolos Solos de pequena e mediana espessuras. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). São. principalmente.). etc. profundos e de boa drenagem. as planícies de inundação de rios e córregos. grandes planícies. Distribuem-se por amplas superfícies no Território Nacional. Podem ser de alta ou baixa fertilidade natural e têm nas condições de má drenagem a sua maior limitação de uso. Gleissolos São solos característicos de áreas alagadas ou sujeitas a alagamento (margens de rios. principalmente. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). são solos muito intemperizados. pela coloração e teores de óxidos FT FTC EAD | GEOGRAFIA Principais ocorrências dos LATOSSOLOS no Brasil. em geral. ocupando. Principais ocorrências de ESPODOSSOLOS no Brasil. muito pobres no tocante a nutrientes minerais e têm textura arenosa predominantemente. Apresentam cores acinzentadas. GLEISSOLO HÁPLICO Distrófico e detalhe do mosqueado. dentro de 50cm da superfície. azuladas ou esverdeadas. ilhas. ocorrendo em praticamente todas as regiões. 68 . mineralogia da fração argila predominantemente caulinítica ou caulinítica-oxídica. Principais ocorrências de GLEISSOLOS no Brasil. Ocorrem em praticamente todas as regiões brasileiras. diferenciando-se entre si.Amazônica encontra-se a profundidades superiores a 3 metros. LATOSSOLO AMARELO Coeso dos Tabuleiros costeiros. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). Latossolos Em geral. ESPODOSSOLO CÁRBICO dos Leques Aluviais do Litoral Norte da Bahia. Caracterizam-se por grande homogeneidade de características ao longo do perfil. Principais ocorrências dos LUVISSOLOS no Brasil. Neossolos Solos constituídos por material mineral ou por material orgânico. que determinaram a sua separação em quatro classes distintas ao nível de subordem no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999). Possuem textura argilosa ou muito argilosa e a diferença textural é inexpressiva. São em geral moderadamente ácidos a ácidos com saturação por bases baixa a alta. A mineralogia das argilas condiciona certo fendilhamento em alguns perfis nos períodos secos. com pequena expressão dos processos pedogênicos. São. com cores desde vermelhas a acinzentadas. Acima: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO de terraço marinho – Litoral Norte da Bahia. Cabrobó . que não conduziram ainda a modificações expressivas do material originário (EMBRAPA. argila de atividade alta e alta saturação por bases. caracterizada pela presença de um horizonte B nítico. apresentam razoável diferenciação entre os horizontes superficiais e os subsuperficiais. Pedologia 69 . 1999). O-R ou H-C. Abaixo: Principais ocorrências dos NEOSSOLOS no Brasil.PE. pouco espesso (menos de 30cm de espessura). A-Cr-R. que é um horizonte subsuperficial com moderado ou forte desenvolvimento estrutural do tipo prismas ou blocos e com a superfície dos agregados reluzentes. com maior expressividade em regiões como o semi-árido nordestino. Fonte: IBGE (2005). Nitossolos Trata-se de uma ordem recém-criada. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). A-C-R. Foto de Antônio José Wilman Rios. Distribuem-se por boa parte do território brasileiro. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). relacionadas à cerosidade ou superfícies de compressão. em conseqüência da baixa intensidade de atuação destes processos. ácidos a ligeiramente alcalinos e presença expressiva de argilominerais do tipo 2:1. horizonte B textural ou B nítico abaixo de horizonte A fraco. A-Cr. A-C. moderadamente. Geralmente.de ferro. Podem apresentar as seguintes seqüências de horizontes: A-R. LUVISSOLO CRÔMICO Órtico solódico. Luvissolos São solos de profundidade mediana. moderado ou horizonte E. imperfeitamente ou mal drenados.Principais ocorrências dos NITOSSOLOS no Brasil. Fonte: IBGE (2005). Acima: PLANOSSOLO NÁTRICO. Podem apresentar qualquer tipo de horizonte A ou E. 2005). E ou Eg. NITOSSOLO BRUNO Distrófico. Resende e outros (1995). que ficam saturados com água por poucos dias no período chuvoso. 70 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . seguidos de horizonte B plânico. Cabo Frio . imediatamente subjacente. Quando não drenados artificialmente. Fonte IBGE (2005). tendo seqüência de horizontes A. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). Btg. Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005).SC. 2005). ORGANOSSOLO FÓLICO – São Desidério.RJ. cinzenta muito escura ou marrom e apresentam elevados teores de carbono orgânico. AB. Planossolos São solos minerais. de textura mais leve (arenosa) que contrasta abruptamente com o horizonte B. com horizonte superficial ou subsuperficial eluvial. em ambientes mal a muito mal drenados ou úmidos de altitude elevada. apresentam-se saturados com água pela maior parte do tempo e têm ocorrência em regiões baixas ou alagadas. Abaixo: Principais ocorrências dos PLANOSSOLOS no Brasil. Foto Lúcia Helena Cunha dos Anjos. adensado e geralmente com acentuada concentração de argila. Têm coloração preta. onde são predominantemente nátricos (norte da Bahia até o Ceará). seguidos de Bt. Lages . Têm ocorrência expressiva no Nordeste brasileiro. geralmente planícies de inundação de rios e áreas deprimidas (IBGE. Organossolos São solos pouco evoluídos. constituídos por materiais orgânicos provenientes da acumulação de restos vegetais e em estágios diferentes de decomposição. ou A. Btm ou Btmg. oeste da Bahia. no Pantanal Mato-grossense e no sul do Rio Grande do Sul (IBGE. Ilha de Marajó. 1999). na Campanha Gaúcha e no Recôncavo Baiano (IBG. formados sob condição de restrição à percolação de água. Fonte: Eswaran et al (1999). Fonte: IBGE (2005). Abaixo: Fendas microscópicas de um VERTISSOLO. Médio Amazonas. superfícies de fricção (slickensides) e estrutura fortemente desenvolvida do tipo prismática. São Miguel também ocorrer aqueles que do Araguaia . 2005). São solos férteis e têm ocorrência associada a condições de clima e relevo que dificultam a remoção dos cátions básicos do solo. Nordeste (Piauí e Maranhão) e Centro-Oeste. geralmente com presença de fendas no perfil. provocadas pela acentuada expansão e contração do material do solo. Vale do Paranã (Goiás/Tocantins). provocadas pela acentuada expansão e contração do material do solo. possuem horizonte B incipiente. PLINTOSSOLO ARGILÚVICO. São solos que apresentam horizonte B textural sobre ou coincidente com Principais ocorrências dos PLINTOSSOLOS o horizonte plíntico. mais especificamente.GO. latossólico. São expressivos no Semi-árido Nordestino. cores desde escuras a amareladas. acinzentadas ou avermelhadas. Apresentam seqüência de horizontes A-Cv ou A-Biv-C. no Pantanal Mato-grossense. são imperfeitamente ou mal drenados e se caracterizam por apresentar expressiva plintitização. Vertissolos São solos minerais. sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade. Fonte: Eswaran et al (1999). Têm ocorrência constatada nas Regiões Norte. Baixada Maranhense. profundos e pouco profundos. Pedologia 71 . com instabilidade hidrológica e diversidade biológica diminuída.Plintossolos São solos minerais. como conseqüência da expansão e contração do material argiloso. glei ou mesmo sem horizonte B. Terras degradadas podem ser caracterizadas por solos empobrecidos ou erodidos. Pantanal Mato-grossense e Planícies do Araguaia e Guaporé (IBGE. DEGRADAÇÃO DOS SOLOS A Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO) define como degradação de solos os processos que resultam em sua diminuição ou perda de sua capacidade de produção real ou potencial de bens ou serviços. Acima: Fendas de um VERTISSOLO. podendo no Brasil. com horizonte vértico. 2005). Adaptado do Atlas Nacional do Brasil (2000) pelo IBGE (2005). Sul do Piauí. De maneira geral. (EMBRAPA. . No campo. por arrastamento. nos deltas e nos meandros dos rios. entre outros. lagoas. chuvas intensas. Você Sabia? Em certos tipos de solos. os quais podem causar danos materiais (econômicos) e imateriais (danos psicológicos e mortes). mas. 1985). pedras que antes estavam enterradas. barragens etc. porque retira e carrega o solo da superfície. no fundo dos mares. raízes de árvores tornamse descobertas. social e ambiental. Fatores naturais também contribuem para a deterioração do solo. em vários estágios de profundidade. Uma delas é a erosão pelas ondas. águas e proporciona a proliferação de vetores de doenças. como. podem provocar inundações e deslizamentos. atua compactando-o e desagregando as partículas componentes. a contaminação de aqüíferos. represas. começam a aparecer na superfície do solo. a erosão laminar é talvez a mais grave e prejudicial forma de erosão. por exemplo. com o tempo. não sendo notado durante muitos anos. seletivamente. A erosão. Degradação pelos diferentes tipos de erosão Os efeitos da erosão do solo são de ordem econômica. por usos e manejos inadequados. causa a inutilização de áreas de cultivo não só pelo desgaste da camada superficial. 1985). climas áridos ou semi-áridos. animais. só para citar alguns exemplos temos o desmatamento. a expansão desordenada das cidades. sendo paralela à superfície do terreno. que será depositado. de vegetação ou mesmo características intrínsecas da cobertura pedológica. As ondas avançam sobre a terra. Após cada chuva. desagregando-a e suspendendo grande quantidade de material e ao retornarem carregam o material em suspensão. o uso indiscriminado de agrotóxicos contamina o solo e a colheita.A degradação do solo acontece de formas diversas. Ela existe sempre nos solos cultivados. Justamente por precisar tanto tempo para ser notada. Na cidade. como se fosse uma lâmina ou um lençol (RIO GRANDE DO SUL. 72 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . Existem várias formas de erosão causadas pela água. reduzem produtividade agrícola. plantas e do homem). contamina solos. bacias e nas margens dos rios. Erosão hídrica É o transporte. Erosão laminar A erosão laminar também é chamada de erosão em lençol e ocorre superficialmente. poluição orgânica e industrial e etc. por exemplo. podendo provocar o êxodo rural. assoreiam cursos fluviais. Entretanto. dentre tantos efeitos. lagos. principalmente. esse desgaste ocorre em camadas de poucos milímetros de cada vez. pode desgastar uma camada muito fina e uniforme de toda a superfície de um solo. associadas às características geológicas-geomorfológicas. onde a erosão é mais acentuada. açudes. os efeitos das ondas se manifestam nas regiões litorâneas. inicialmente. que impedem a continuidade de uma exploração econômica (RIO GRANDE DO SUL. às vezes junto com outras formas de erosão. quando a erosão atinge um elevado grau de desgaste. na zona urbana a disposição inadequada de resíduos sólidos. por exemplo. Segundo Ferreira (1981). mas também pelas voçorocas. Na zona rural. Esta gota de chuva. As conseqüências da degradação dos solos atingem tanto habitantes de áreas rurais quanto de grandes cidades. é causada pelo impacto de uma gota d’água. pela ação do impacto sobre a superfície do solo desnudo. aumentam a aplicação de fertilizantes (aumentando os custos da produção. de partículas do solo pela ação das águas. Erosão em voçorocas A erosão em voçorocas consiste no deslocamento de grandes massas de solo. bem como serem desfeitos pelas máquinas durante os trabalhos normais de preparo do solo. em parte plana. Degradação dos solos por resíduos Os resíduos sólidos e líquidos provenientes. Para que o solo mantenha as múltiplas capacidades de suporte dos sistemas naturais e agrícolas. faz com que as paredes do sulco se desmoronem.Conservação do solo durante o uso. ao mesmo tempo em que se desprende e carrega o solo do fundo. promovendo a remoção da parte superficial do solo. . de modo a formar sulcos de grande profundidade e largura. Também denominado de efeito splash. e configuração do terreno. são grandes responsáveis pela contaminação do solo em áreas urbanizadas e adjacentes. Acontecem com freqüência quando os solos são profundos e facilmente penetráveis pela água. podendo formar voçorocas (RIO GRANDE DO SUL. em grande quantidade.Lavrar.Promover a revegetação do solo. Acervo do Autor. Algumas medidas preventivas são propostas para que se evite a degradação dos solos: . É assim que uma voçoroca vai se aprofundando e alargando (FERREIRA. . Nesta fase. as quais são colhidas pela película da água que escorre (RIO GRANDE DO SUL. a profundidade dos sulcos pode chegar a impedir a passagem das máquinas. Medidas preventivas Ravinas (sulcos pouco profundos) no município de Mata de São João/Ba.fazendo saltá-las a uma certa altura. principalmente no que diz respeito à sua biodiversidade. 1981). . por exemplo. . Acervo do Autor Pedologia 73 . Erosão em sulcos A erosão em sulcos é facilmente perceptível pelo proprietário. havendo declividade.Manter equilíbrio com clima. e quando se cultiva o solo sem cuidar da sua conservação. provocam a degradação dos solos. os sulcos ainda podem ser transpostos. devido à formação de valas e sulcos irregulares. Voçorocas no município de Mata de São João/Ba. das indústrias e dos hospitais. .Rotatividade no uso sempre que possível.Áreas com maior declividade devem ser usadas como pastos ou matas. na maioria dos casos observados. sempre que possível. 1985). desce pela voçoroca e. atingido pelos implementos agrícolas. dos descartes das residências (lixo domiciliar). já que mata os seus microorganismos. Em estágio avançado. A água. natureza do solo. 1985). é fundamental que as suas características estruturais permaneçam em equilíbrio com os diversos sistemas ecológicos. Degradação pelas queimadas As queimadas. os fatores antrópicos.. No cultivo em nível ou em contorno. Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a diminuição do impacto das gotas de chuva. químicas e biológicas do solo. Este cuidado deve ser adotado em locais estratégicos. químicas e biológicas. Há redução da velocidade das águas que escorrem sobre o terreno. que permitem mantê-lo produtivo de geração a geração. constituindo-se em uma das medidas mais eficientes de conservação do solo e da água. podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. que podem estar em nascentes de rios. possibilitando maior infiltração de água no solo e. semeadura. assim como abastece os lençóis freáticos que alimentam os cursos de água. criações e comunidades. agora. por evitar o seu esgotamento ou deterioração. Plantas de cobertura Objetivam manter o solo coberto no período chuvoso. algumas práticas de conservação do solo existentes e como são utilizadas Plantio em nível Neste método usa-se curvas de nível em todas as operações de preparo do terreno. provocados por fatores naturais e/ou introduzidos pelo próprio homem. diminuição do carreamento das suas partículas. além de garantir o suprimento de água para as culturas. para uma maior eficiência. as práticas devem ser adotadas em conjunto. Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras. de forma sustentável e proporciona a sua conservação. Esses cuidados básicos aliados à técnicas e manejo adequado. físicas. 74 FT FTC EAD | GEOGRAFIA .CONSERVAÇÃO DOS SOLOS Você Sabia? O que é conservação do solo? É a utilização de métodos adequados de uso e manejo do solo. Isto. destaca-se um maior aproveitamento das águas das chuvas. Isto permite seu uso econômico. criam-se obstáculos à descida da enxurrada. Contudo. aumentando a infiltração d’água no solo. Manutenção de áreas vegetadas Áreas muito susceptíveis à erosão e de baixa capacidade de produção devem ser mantidas recobertas com vegetação permanente. visando a manutenção do equilíbrio de suas características. etc. Este pode ser considerado um dos princípios básicos. diminuindo a velocidade de arraste e conseqüente erosão. Evitando-se perdas excessivas por escoamento superficial. contribuem para a conservação e uso sustentável dos solos Conheça. previne a erosão. topos de morros e/ou margem dos cursos d’água. balizamento. evita inundações e assoreamento dos rios. diminuindo os riscos de erosão e melhorando as condições físicas. no sentido de se dispor de uma plantação mais produtiva e protetora das áreas agrícolas. com aproximadamente 15cm de espessura. quando aplicado indiscriminadamente é um dos principais fatores de degradação do solo e do ambiente. O ENSINO DO SOLO NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL. cultivos anuais. Adubação verde Corresponde ao plantio de leguminosas. Não existe preparo do solo além da mobilização no sulco de plantio Correção do solo A correção das propriedades químicas do solo. etc. com a finalidade de proteger o solo contra a erosão e ervas daninhas. os novos conflitos políticos. quando realizadas de forma adequada. culturas diferentes e que possuam sistemas radiculares distintos. 1996) denota que a finalidade da educação é proporcionar “o pleno desenvolvimento do educando. Uso de cobertura morta Corresponde a uma camada grossa. Rotação de culturas Consiste em plantar de forma alternada. a fim de promover uma ciclagem diferenciada de nutrientes e melhorar as condições físicas e químicas dos solos. na sua fase de maturação. raízes) são deixados na superfície do solo que é revolvido apenas no sulco onde se depositam sementes e fertilizantes. que contribuição real este estudo pode dar para o conhecimento geográfico do educando? Pedologia 75 . culturais e ambientais. colmos. econômicos. cultivos perenes. conservar a sua umidade. essas plantas melhoram as condições físicas dos solos. as leguminosas mais utilizadas são a mucuna-preta. melhorar a sua fertilidade (física e química) e mantê-lo a uma temperatura adequada. A utilização inadequada de fertilizantes químicos e mesmo orgânicos. o aproveitamento do potencial das áreas. pastagens. onde a palha e restos vegetais (folhas. que pressupõe a disposição adequada de florestas / reservas. feita à base de vegetais. como a globalização. Tendo em vista as grandes transformações sócio-espaciais contemporâneas. bem como a sua conservação. assim. apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e econômicas de limpar o terreno. o feijão-de-porco. proporciona o melhoramento do sistema solo. Cultivo de acordo com a capacidade de uso As terras devem ser utilizadas em função da sua aptidão agrícola. Além disso. pois melhoram a estruturação dos mesmos. racionalizando. 2º). numa mesma área.Controle do fogo O fogo. Plantio direto É um sistema de manejo. podem favorecer a degradação do solo e dos subsistemas associados. com o objetivo de incorporá-las ao solo como adubo verde. seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Art. inclusive restos de culturas. Um manejo conservacionista do solo deve controlar ou mesmo impedir a utilização do fogo como prática agrícola ou pastoril. o feijão guandu e o lab-lab. devido a sua a própria natureza. revelando suas causas. é claro. a própria natureza do solo impõe que seu estudo seja realizado de forma interdisciplinar e/ou transdisciplinar. como. abandonar a visão apoiada simplesmente na descrição e memorização da “Terra e o Homem”. transdisciplinares. 1998). E se no Ensino Médio conseguir construir competências que permitam a análise da realidade. Os fatores que interagem para a formação do solo são: os materiais de origem. intensidade. de explicações e teorias que dão ênfase à globalidade do real (. população e agricultura. com informações sobrepostas do relevo.. na perspectiva de uma sociedade pronta. a Geografia pode contribuir para a formação integral do estudante se. estado e sociedade. o que pode proporcionar uma melhor compreensão das interligações dos subsistemas terrestres.. para o seu desenvolvimento. a Economia.). A revolução técnico-científica não dá receitas prontas e traz no seu interior uma velocidade de transformações ante as quais é inútil a simples análise da aparência... o relevo. 40 Fruto das experiências individuais. A idéia de que a Geografia deve ser apenas centrada na descrição empírica das paisagens ou pautada apenas na interpretação política e econômica do mundo não subsiste mais. ainda mais.. a Biologia e a Física. em que todos os problemas já estivessem resolvidos. para entender o solo é preciso uma análise mais ampla do meio no qual ele se insere – uma análise interdisciplinar e transdisciplinar . no Ensino Fundamental. a ciência geográfica deve. que incluem as rochas. Há uma expansão gradativa das idéias e práticas interdisciplinares. clima. matéria orgânica e solos pré-existentes.Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL. a biosfera. é preciso superar um modelo doutrinário de “denúncia”. o estudo do solo pode contribuir. 1998). Além disso.” (VESENTINI.) nos dias de hoje. uma vez que todas as sociedades humanas o utilizam. efeitos. pois uma segunda natureza se apresenta e esta não abandonou os aspectos visíveis do objeto. marcadas pela cultura na qual se encontram inseridas. e o tempo. Contudo. Uma das características fundamentais da produção geográfica da contemporaneidade é a busca e definição de abordagens que considerem as dimensões subjetivas e singulares que os homens estabelecem com o meio ambiente. o subsistema antroposfera. O contexto atual tem exigido que se trabalhe tanto com as relações socioculturais da paisagem. conseguir “alfabetizá-lo” espacialmente em suas diversas escalas e configurações e dar-lhe suficiente capacitação para manipular noções de paisagem. a Sociologia. mas incorporou o resultado da ação e relação social” (BRASIL. em primeiro lugar: “. de forma ampla. Nesta visão. que promovam a interseção da Geografia com outros campos do saber. o conhecimento científico avança na direção do holismo. do enfraquecimento das disciplinas ou ciências isoladas. ou seja: seu contexto ingenuamente dado. sedimentos.) é impossível continuar olhando o planeta apenas a partir de sua primeira natureza.. Por isso. 1998). espaço. (. “(.. por exemplo. Por outro lado. quanto com os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte. investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição do espaço geográfico (BRASIL.. Neste contexto. para a compreensão dos fenômenos geográficos. por exemplo. 1995). para conseguir desempenhar melhor o seu papel. dentre eles. natureza. 1998). que inclui o homem com suas atividades. heterogeneidade e o contexto espacial dos fenômenos que configuram cada sociedade. Trata-se da busca de ex- plicações mais amplas da realidade. o clima. e muito. 76 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . por isso. Essas dimensões são socialmente elaboradas40 e resultam em diferentes percepções do espaço geográfico e de sua construção (BRASIL. Embora o conteúdo solos não apareça de forma explícita nos PCNs de Geografia dos primeiros ciclos do ensino fundamental. d) porque é preciso compreender processos que ocorreram durante a sua formação e que ocorrem dentro do solo durante o seu uso. edifícios. nulo ou relegado a um plano irrelevante. Desta forma. proporcionando a formação do aluno-cidadão. quanto edafológico (relação solo-planta). freqüentemente. e sim uma leitura de vida. mas que este aprenda mais que uma leitura de palavras. O conteúdo de pedologia começa a ser trabalhado a partir das séries iniciais. consciente das conexões ambientais e de seu papel frente às modificações do espaço terrestre. ou seja. e se tornarem cidadãos mais responsáveis em relação ao meio ambiente” (LIMA. cidades. para a formação do aluno-cidadão mais consciente. e poderão compreender a importância de conservar este recurso. Pedologia 77 .Saiba Mais! Reichardt (1988) explica porque é tão importante estudar o solo: a) porque é necessário para a produção de alimentos e fibras. Nos PCNs do primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental. Contudo. BARROS. qual seria a relevância de se estudar o solo dentro do contexto do ensino fundamental e médio? Por que através dos conteúdos de solos os educandos poderão compreender melhor a dinâmica ambiental. quanto no segundo ciclo.. apesar da natureza interdisciplinar e transdisciplinar deste tema. 2000). No entanto. dos ecossistemas e dos aqüíferos. Isto ocorre tanto em escolas situadas em espaços urbanos ou rurais. o tema solo é abordado principalmente no contexto das Ciências Naturais. “O impacto da incorporação do ensino de solos no nível fundamental poderá ser mensurado através do aumento da consciência ambiental dos estudantes que forem atingidos por este conhecimento. pela primeira fase do Ciclo Básico de Alfabetização. por conseguinte. apesar da grande importância dos solos para a dinâmica dos sistemas naturais e antropogênicos e. da sociedade em que está inserida e seu papel dentro dela (GONZALES. 2006). tanto sob o enfoque geológico. Mas. Estas crianças e jovens poderão ter uma melhor compreensão do significado do solo dentro dos sistemas naturais ou antropizados. 2002). O estudo dos solos. Lima (2006) enfatiza que uma estratégia para colocar as preocupações ambientais no cotidiano da comunidade é a efetiva introdução dos conteúdos relativos aos solos na prática do ensino fundamental. c) porque existe a necessidade de construir estradas. pelo supracitado. o mesmo pode ser abordado tanto no primeiro. b) porque é necessária a conservação do próprio solo. deve ser destacado que. o mesmo não é sequer citado nos parâmetros curriculares de Geografia. as interações ambientais e antropogênicas. o trabalho deve ser feito interrelacionado para que a criança assimile os conteúdos pedológicos não desvinculados do conhecimento historicamente construído. o espaço normalmente dedicado ao seu estudo no ensino fundamental e médio é. além de transmitirem esta preocupação ao seu meio familiar. o que acaba contribuindo para o não despertamento da população para a importância dos solos (LIMA et al. é muito importante para a educação ambiental das gerações atual e futura. deslizamentos ou enchentes nas grandes cidades. para a configuração das diferentes realidades espaciais. Dentre os objetivos levantados pelos PCNs para o segundo ciclo de Geografia. salinização. como a perda de áreas agricultáveis pela erosão. Fotografias aéreas. 2) Valorizar o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da manutenção da qualidade de vida. dentre eles os solos. especialmente de áreas urbanizadas. jornais.a sugestão aqui é abusar da criatividade. coletiva ou individualmente — na construção do espaço geográfico (BRASIL. favelização. por exemplo. O educador pode utilizar situações do cotidiano para alcançar de forma mais significativa os seus objetivos. podem ser conseguidas gratuitamente em órgãos oficiais para serem trabalhadas em sala com os estudantes. uma vez que os solos são importantes para a compreensão dos sistemas naturais.No primeiro ciclo. Fonte: Ruellan (1993). A utilização de fotos. de suas interações com os sistemas antropogênicos e. Imagens como esta pode ser utilizada para se trabalhar o conteúdo solos no ensino fundamental. desertificação.. em Salvador-Ba. em três deles existem amplas possibilidades de se trabalhar com solos. Para alcançar o objetivo supracitado o educador pode demonstrar que a má utilização do solo. aqueles selecionados devem tratar da presença e do papel da natureza e sua relação com a vida das pessoas — seja em sociedade. A imagem ao lado mostra um deslizamento que ocorreu em 1984 no Alto do Bom Viver. Embora cada unidade escolar e cada professor possa propor os mais variados temas. 1998). São eles: 1) Conhecer e compreender algumas das conseqüências das transformações da natureza causadas pelas ações humanas. vídeos etc. revistas. por exemplo. por exemplo. O educador pode. 78 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . são muitos e variados os temas que podem ser pesquisados a partir do estudo da paisagem local. Alain Ruellan (um dos pedólogos mais famosos do mundo) conduz os seus pequeninos aos “primeiros olhares do solo” (Premiers regards. Fonte: CODESAL (2006).).. etc. pode ser excelente .. erosão. enfatizar a evolução da ocupação do solo através dos anos e demonstrar aos discentes que esta é uma técnica muita utilizada atualmente pelos especialistas para gerenciar e entender as transformações do espaço: desmatamentos. sem sombra de dúvida. pode ocasionar graves problemas. presentes na paisagem local e em paisagens urbanas e rurais. Atenção! O estudo dos solos contempla.. as necessidades supracitadas. por conseguinte. devido à alta susceptibilidade do solo associado à utilização inadequada do espaço. Denotam a expansão urbana de Lauro de Freitas/Ba sobre dunas. por exemplo. sua regularidade e possibilidade de previsão pelo homem – neste tema. semear! Fonte: Ruellan (1993). por exemplo. a imaginação e... são possíveis de serem explorados. PCNs de Geografia no terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. de botânica e da dinâmica das populações.O estudo da natureza e sua importância para o homem – através dos seguintes temas: a) Os fenômenos naturais. Os PCNs sugerem que se privilegie o estudo do Brasil. arregaçar as mangas. Moradores de uma cidade onde os solos são muito susceptíveis aos deslizamentos. Atenção! Para uma melhor compreensão dos processos erosivos e do fenômeno de desertificação. Fotografia aérea retirada em 2002. de modo que se conheça a diversidade de paisagens brasileiras quanto a sua natureza. não esqueça de utilizar. é necessário a realização de estudos interdisciplinares. porém. terão o seu modo de vida afetado por esta característica (em momentos de catástrofes. mapas para representar fenômenos e os conhecimentos adquiridos sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil. como se relacionam e constituem o espaço e a paisagem no qual se encontram inseridos. Catadores de caranguejos desenvolvem suas atividades a partir de um meio específico – os solos de manguezais. dentre outros recursos. necessitam que o meio possua solos específicos para o desenvolvimento de suas atividades. por exemplo. Diferente do primeiro e segundo ciclos o conteúdo solos aparece de forma explícita nos ciclos. Pedologia 79 . Oleiros. mas foram retiradas em épocas diferentes. pode afetar de forma ampla o Estado e a sociedade civil). Fotografias retiradas pela CONDER (COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO DO ESTADO DA BAHIA). Por isso. 3) Conhecer e valorizar os modos de vida de diferentes grupos sociais. o conteúdo sugerido para se trabalhar o solo é: Erosão e Desertificação: Morte dos Solos. que o modo de vida dos diferentes grupos sociais está estritamente relacionado com o meio no qual ele se insere. Uma figura como esta pode ser utilizada como um importante recurso didático. No terceiro ciclo o estudo do solo é sugerido dentro do Eixo 2 . como funcionam e se combinam os diferentes componentes que dela fazem parte. Resta.Fotografia aérea retirada em 1976. Atenção! Aqui o educador pode denotar. As fotografias são da mesma área. Conhecimentos de climatologia. sugerimos os seguintes para se trabalhar com conhecimentos de solos: • revolução verde: o que foi e o que representa para o ambiente. FT FTC EAD | GEOGRAFIA O mapa representa as áreas do país em processo de desertificação. industrialização. indústria e modo de vida . • impacto de impermeabilização do solo nas cidades e os efeitos na drenagem. c) O Brasil diante das questões ambientais . monocultura. • as fontes de matérias-primas que constroem a cidade: as argilas. • florestas plantadas (fontes de madeira. b) Ambiente urbano. irrigação). o conteúdo sugerido para se trabalhar o solo é: Plantar sem degradar: outras formas de produzir no campo. • agricultura tecnificada. 80 . Trata-se de um mapa importantíssimo para se trabalhar o conteúdo supracitado. poluição ambiental e modo de vida urbano. • ocupação de áreas de risco: alagadiços. desertificação. o turismo e a degradação do ambiente. No quarto ciclo. • poluição no campo com uso de agrotóxicos. salinização.. rochas. dentro dos itens abordados pelos PCNs. conhecer a natureza e respeitar suas leis próprias: produzir sem degradar. o estudo do solo é sugerido dentro do Eixo 3 . 1998. cimento. biotecnologia). dentro dos itens abordados pelos PCNs. • insumos agrícolas e destruição da fauna. dentre outros. degradação do ambiente e modo de vida. tais como: urbanização e degradação ambiental. cidadania e pluralidade cultural.neste tema. agriculturas alternativas. dentro dos itens abordados pelos PCNs. insumos agrícolas e poluição das águas de superfície. agricultura ecológica. • sistemas agrossilvopastoris.Modernização. • sistemas agrícolas (agricultura comercial. encostas etc. madeira. • conservação e degradação dos solos (erosão. areia entre outros.b) A natureza e as questões sócio-ambientais . sugerimos os seguintes para se trabalhar com conhecimentos de solos: • o que é e para onde vai o lixo urbano: tratamento e destino do lixo. os mesmos podem ser trabalhados a partir de outros conteúdos. problemas ambientais que atingem todo o planeta (o efeito estufa. • movimentos sociais no campo e a questão ambiental. celulose e papel) e a sustentabilidade ambiental. policultura. sugerimos os seguintes para se trabalhar com conhecimentos de solos: • desmatamentos e queimadas como práticas econômicas. Fonte: Conti. embora os conteúdos supracitados apenas sejam os únicos que diretamente tratam dos solos no terceiro ciclo. • biodiversidade e agricultura. modos de vida e a problemática ambiental – através dos seguintes temas: a) Alimentar o mundo: os dilemas sócio-ambientais para a segurança alimentar neste tema. a destruição da camada de ozônio e a chuva ácida). É importante denotar que. conservação ambiental.neste tema. • recuperação de florestas e a captura de monóxido de carbono. perda de fertilidade. • sistemas agroflorestais. poluição ambiental e modo de produzir no campo.neste tema. o lixo nas cidades: do consumismo à poluição. neste tema. Protocolo de Kyoto. dentro dos itens abordados pelos PCNs. Convenção do Desenvolvimento Sustentável. através dos conteúdos ministrados em Ciências Naturais. onde o tema ganha maior destaque. solo. • mineração: apropriação dos recursos ambientais e degradação da natureza. etc. a expectativa é que os educandos desenvolvam as seguintes competências: Observar.). o solo consta desde os objetivos a serem alcançados pela disciplina. Atenção! Os conteúdos pretendem uma primeira aproximação da noção de ambiente como resultado das interações entre seus componentes .e da compreensão de que. identificando a presença comum de água. • impactos das grandes barragens e açudes. sugerimos os seguintes para se trabalhar com conhecimentos de solos: • Agenda 21: relações nacionais e internacionais na questão ambiental (Convenção da Biodiversidade. calor. água. Pedologia 81 . para verificar que todos os ambientes apresentam seres vivos. do ar e do solo. Neste ciclo. solo. • degradação do cerrado x monocultura e pecuária extensiva melhorada. • práticas agrícolas e fronteiras agropecuárias na Amazônia.. luz e calor . o educando seja preparado para que esteja predisposto a assimilar os conteúdos relacionados com os solos do segundo ciclo do ensino fundamental. • políticas e estratégias internacionais para o desenvolvimento sustentável (de Estocolmo a Joanesburgo). • Caracterizar causas e conseqüências da poluição da água. pela disponibilidade dos demais componentes e pelo modo como se dá a presença do ser humano” (LIMA. luz. d) Ambientalismo: pensar e agir . luz. os diversos ambientes diferenciam-se pelos tipos de seres vivos. Dentre os conteúdos sugeridos pelos PCNs para o Bloco Temático Ambiente do primeiro ciclo de Ciências Naturais. 1997): • Identificar e compreender as relações entre solo. No segundo ciclo de Ciências Naturais.seres vivos. nos ambientes urbano e rural. 1997). 2006). e características específicas dos ambientes (BRASIL. o primeiro é: • comparação de diferentes ambientes naturais e construídos. água. No primeiro ciclo do ensino fundamental. • indústria do turismo e degradação ambiental. calor. erosão e fertilidade dos solos. espera-se que. ar. seres vivos. investigando características comuns e diferentes. água e seres vivos nos fenômenos de escoamento da água. onde o tema solos é mais destacado.• garimpo: prática perversa de economia periférica: trabalhadores excluídos e degradação ambiental. Já nos PCNs de Ciências Naturais do ensino fundamental. no primeiro ciclo a orientação é que o tema seja trabalhado de forma introdutória. 1997). • conservação x preservação e conflitos sócioambientais. Observemos a citação dos PCNs (BRASIL. solo e outros componentes e fatos que se apresentam de modo distinto em cada ambiente (BRASIL. registrar e comunicar algumas semelhanças e diferenças entre diversos ambientes. embora constituídos pelos mesmos elementos. que são variadíssimas e muito antigas. com maior profundidade e abrangência. as condições de fertilidade e erosão ou preservação de solos de diferentes origens. serão examinados por alto dois exemplos: a questão do fluxo de energia nos ambientes e as relações dos seres vivos com os componentes abióticos do meio (... Os conteúdos que versam sobre solos aparecem de forma significativa nos Blocos Temáticos: Ambiente e Recursos Tecnológicos. pois se considera a formação dos solos como conseqüência dessa relação desde milhares de anos” (BRASIL.“A fim de se observar a abrangência dos estudos ambientais do ponto de vista das Ciências. No terceiro ciclo do fundamental de Ciências Naturais.. é possível a retomada ou a introdução dos estudos sobre os solos. também considerado em linhas gerais. bem como uma melhor capacitação dos professores para que os discentes possam ser melhor orientados no estudo dos solos. os conteúdos relacionados diretamente com os solos (BRASIL. no quadro abaixo. segundo os PCNs. dentre os conteúdos sugeridos no Bloco Temático Vida e Ambiente. os estudos das características dos solos estão voltados à compreensão da sua profunda integração com o regime de chuvas.. retomam-se. trechos dos PCNs que expressam o supracitado (BRASIL. deve levar em conta: (.. 1998. com a formação do relevo e da vegetação e com as decorrências da ocupação humana nos biomas brasileiros” (BRASIL. especialmente. p. um é diretamente relacionado ao solo: No quarto ciclo.) onde se enfoca a possibilidade de os alunos estudarem a composição.) as relações entre solo e seres vivos. já sugeridos para o segundo ciclo: “(. no quadro abaixo. No segundo ciclo do ensino fundamental. Podemos ver. por sua vez. Podemos ver. Pode-se observar abaixo. 1997). O conceito de relação dos seres vivos com os componentes abióticos do meio. estudos já propostos para o segundo ciclo. 1996). 1998).). que. No terceiro ciclo..110): 82 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . deve haver instrumental didático adequado. enquanto que no terceiro e quarto ciclos deve ser revelado de forma mais complexa e integrada. revistas. jornais. associando-se suas características aos processos de correção e aos ciclos naturais.” • “Ao abordar a degradação de ambientes em áreas urbanas.. em conexão com o estudo dos ciclos dos materiais. leitura de artigos. o estudo dos fertilizantes. da evapotranspiração. podem ser discutidas. a partir de rótulos de produtos comerciais.). nos casos de construção de barragens. sua origem e destino. apontados em Vida e Ambiente. baseando-se em recursos didáticos dos mais variados: filmes. O solo também pode ser abordado como um conteúdo do tema transversal “Meio Ambiente” em diversas matérias. Possíveis alterações climáticas decorrentes de grandes desmatamentos. buscando-se uma abordagem mais ampla que no segundo ciclo (. associando-se a compreensão da origem dos diferentes materiais poluentes ou presentes no lixo. • Manejo e conservação ambiental.” Saiba Mais! Os PCNs denotam que no primeiro e segundo ciclos o solo deve ser apresentado ao discente de forma mais simples e individualizada. Todas as questões citadas e sugeridas para serem desenvolvidas no Ensino Fundamental de Geografia e Ciências Naturais podem ser trabalhadas de maneira aprofundada no Ensino Médio. a irrigação ou a drenagem dos solos agriculturáveis podem ser trabalhados considerando-se seus aspectos físico-químicos. de modo a integrar os conhecimentos adquiridos e aprofundar o tema sob enfoque interdisciplinar e transdisciplinar. o tema solos pode ser amplamente explorado: • A natureza “cíclica” da Natureza. por exemplo. no solo e subsolo. desmatamento e conseqüente erosão do solo. ao lado de medidas de contenção e correção. retomam-se os estudos sobre poluição do ar. Por que não utilizar essas amplas possibilidades e conduzir os discentes à reflexão e ao despertamento ambiental? Vamos lá? Pedologia 83 . artigos de jornal e a preparação de sínteses são atividades possíveis neste conteúdo.. pesquisas de campo. também podem ser retomados. portanto. A leitura e a discussão de textos paradidáticos. Dentro dos três blocos organizadores dos conteúdos do terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental dos PCNs de Meio Ambiente.” • “Os processos de degradação de ambientes por queimadas.. da água e do solo. etc. diminuição da biomassa e.• “Agora. debates. Por exemplo. oferece elementos para se discutir o que são os sais minerais do solo. verá as vastas possibilidades de utilizar os solos como instrumento de reflexão e análise das realidades sócio-espaciais. tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio. nos processos de reciclagem. músicas. entrevistas. palestras. levando-se em conta as alterações da circulação de água no ar. a fertilização. Reflexão! Se você parar para refletir. • Sociedade e meio ambiente. muitas outras ações precisam ser efetivadas para que o público-alvo possa elevar a qualidade de seu trabalho de acordo com os objetivos previstos pelo MEC. bem como sobre outros conteúdos. 2006). é particularmente mecânico. social e cultural (CURVELLO. deve-se ter consciência que os mesmos não são considerados unanimemente adequados. “em função de sua elaboração não ter sido plural. mas as possibilidades são enormes. prezado aluno. O processo de ensino-aprendizagem de solos deve conter experiências concretas. por exemplo. incorreção ou inadequação das informações existentes sobre os solos (LIMA. 2006). Conforme visto. não relacionado às necessidades e anseios dos estudantes. que com maior ou menor intensidade já conhecem a bibliografia geográfica mais atualizada e acompanham a trajetória percorrida pela ciência geográfica em suas diferentes vertentes e também seu ensino como disciplina escolar nas últimas décadas. SANTOS. Temos muito a caminhar. 84 FT FTC EAD | GEOGRAFIA .Atenção! Mas. e ainda por apresentar dificuldades. decorativo e. conforme afirma Pontuschka (1999): “Os PCNs destinam-se à minoria dos professores bem-formados.. pode fazer a diferença. O texto ainda é teórico demais para o professor que ainda utiliza o livro didático como sua única ou principal bibliografia. O ensino dos solos. que são os materiais instrucionais mais utilizados pelos professores. A humanidade agradece. Desse modo. Ao se comparar o proposto pelos PCNs com a realidade dos livros didáticos recomendados pelo Ministério da Educação.. atenção! Embora os PCNs sejam importantes documentos. existe a necessidade de se implementar ações para subsidiar os PCNs. freqüentemente. ao lado dos PCNs. encontram-se significativas diferenças. especialmente do ensino fundamental. a fim “traduzi-los” para um público mais amplo. os desafios estão postos. Além disso. tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio. 1993). que orientam e conduzem os educadores à reflexão da prática pedagógica.” Um outro problema a ser denotado é sobre a qualidade dos livros didáticos e as apostilas. os desafios precisam ser superados e você. levando em conta a vinculação da ciência ao seu significado político. LIMA. especialmente aqueles relacionados a Geografia Física. seja pela ausência. que levem o estudante à construção gradativa do conhecimento. imprecisões e até mesmo incoerências” (SPOSITO. 1999. Faça um quadro comparativo das classes de solos do Brasil e. 4. Pedologia 85 . Compartilhe-o com os seus colegas (em sua UP e no Fórum de Discussão). Quais são os horizontes diagnósticos superficiais e quais suas principais características? Quais são os horizontes diagnósticos subsuperficiais e quais suas principais características? 3. Existem maneiras de se evitar o processo de erosão do solo? Quais? 6.Atividade Complementar 1. Quais as principais formas de degradação do solo? 5. Baseando-se na figura ao lado. O que são atributos e horizontes diagnósticos? 2. depois. escreva um texto discutindo sobre as conseqüências da degradação do meio ambiente. discuta com os seus colegas e tutor(a). dos livros analisados para trabalhar o conteúdo? Explique. discuta práticas que possam contribuir para a implementação de economias mais sustentáveis. Fonte: Capra (2002). quantos trabalham o conteúdo? b) Os livros trabalham o conteúdo de forma adequada? Explique.7. analise se o conteúdo solos é trabalhado e. regional e globalmente mais sustentável. Depois. Observe a figura abaixo. conservação da natureza e das sociedades humanas. Reflita com os seus colegas e com o seu (sua) tutor(a) como o ensino dos solos pode ajudar na construção de uma sociedade local. 8. reflita e. Realize a seguinte pesquisa: Em livros didáticos de Geografia do Ensino Fundamental e Médio. 9. pense em atividades pedagógicas que possibilitem o desenvolvimento de competências voltadas para o conhecimento dos solos. depois. 86 FT FTC EAD | GEOGRAFIA . ou mais. c) Você adotaria um. depois. responda: a) Dentre os livros analisados. Glossário ▄ Acidezz - Presença d ácido, isto é, d um composto hidrogenado que, em estado liquido ou dissolvido, se comde d de porta como um eletrólito. A concentração de íons H+ é expressa pelo valor do pH. ▄ Ácido fúlvico - Mistura de substâncias orgânicas que permanecem em solução após acidificação de um extrato do solo, usando um álcali diluído. ▄ Ácido húmico - Fração do húmus do solo de cor escura, que pode ser extraída com solução diluída de álcali e após, precipitada por acidificação. ▄ Ação antrópica - Qualquer atividade desenvolvida pelo homem sobre o meio ambiente, independentemente de ser maléfica ou benéfica. ▄ Ação bioquímica - Modificação química resultante do metabolismo de organismos vivos. ▄ Adensamento - Redução natural do espaço poroso e o conseqüente aumento da densidade de camadas ou hori▄ Adsorção - Processo através do qual átomos, moléculas e íons são retidos na superfície de sólidos por intermédio de ligações físicas ou químicas. ▄ Adubação - Processo de adição ao solo de substâncias, produtos ou organismos, que contenham elementos essenciais ao desenvolvimento de plantas que são cultivadas. ▄ Adubação verde - Técnica agrícola utilizada para elevar o conteúdo de matéria orgânica no solo. As plantas que ▄ Adubo mineral - Material inorgânico, geralmente de origem industrial, que é adicionado ao meio em que a planta é cultivada para fornecer determinados nutrientes. ▄ Adubo orgânico - Adubo constituído essencialmente por elementos naturais matéria orgânica decomposta, resíduos vegetais, esterco, dentre outros), isto é, sem o acréscimo de produtos químicos de origem industrial. ▄ Aeração do solo - Processo através do qual é efetuada a troca de gases entre o ar do solo e o ar atmosférico. ▄ Agregação - União de partículas primárias do solo (areia, silte e argila) para formar partículas secundárias ou apresentam crescimento rápido são cortadas jovens, ainda verdes e incorporadas ao solo, promovendo seu enriquecimento através da ação de microorganismos decompositores, aumentando a capacidade de reter fertilizantes e manter a umidade do solo. Devem ser preferidas aquelas da família das leguminosas, que além da matéria orgânica, incorporam ainda nitrogênio ao solo. zontes do solo, por dissecação, iluviação ou precipitação química. Quando resultante da ação antrópica é denominado compactação. Solos bem arejados apresentam ar de composição semelhante ao da atmosfera logo acima da superfície, sendo que solos com arejamento deficiente, geralmente apresentam taxa muito elevada de CO2, e em conseqüência uma baixa percentagem de oxigênio, em relação à atmosfera. A velocidade de aeração depende em muito do volume e da continuidade dos poros do solo. agregadas. Tal união é realizada por forças naturais e substâncias derivadas da atividade microbiana e exsudadas pelas raízes. ▄ Agricultura ecológica - Conjunto de técnicas agrícolas baseadas em conceitos de conservação de energia e maté▄ Agroecossistema - Sistema ecológico natural, transformado em espaço agrário, utilizado para produção agrícola ria, reproduzindo processos ecológicos naturais e aproveitando a economia da natureza, inclusive de organismos vivos do ambiente, como decompositores, parasitas e predadores existentes. Trata-se de prática agrícola que dispensa o uso de insumos químicos e mecanização. ou pecuária, segundo diferentes tipos e níveis de manejo. Em muitos casos, funciona como sistema monoespecífico (monoculturas), provocando diversos problemas ambientais. forma sustentada e intensiva, constituídas de espécies perenes (madeiráveis, frutíferas, condimentares, medicinais etc.), para gerar um conjunto de produtos úteis para fins de subsistência e/ou comercialização. setos, fungos, etc. Muitas são danosas aos animais e, também, ao homem. Pedologia ▄ Agroflorestas - Povoamentos permanentes, de aspecto florestal, biodiversificados, manejados pelo homem de ▄ Agrotóxico - Substância química, geralmente artificial, destinada a combater as pragas da lavoura, tais como in- 87 ▄ Alteração sialítica - Processo de intemperismo que conduz à formação de solos constituídos por argilominerais aluminossilicatados e com significativa lixiviação de metais alcalinos e alcalino-terrosos. ▄ Calagem - Processo através do qual é aplicado calcário ao solo objetivando neutraliza a acidez, proporcionando com isso melhores condições para o desenvolvimento das plantas. ▄ Camada impermeável - Camada formada por processos outros que não pedogenéticos e que se mostra resistente ▄ Capacidade de infiltração - Taxa máxima que um determinado solo pode absorver de água, por unidade de superfície. ▄ Catena - Seqüência de solos com aproximadamente a mesma idade, derivados de materiais semelhantes, e que ▄ Colúvio - Detritos rochosos, angulosos e sem classificação, produzidos pelo intemperismo e deslocados encosta abaixo pela ação da gravidade. ▄ Ecossistema - Sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações dos elementos bióticos e abióticos, e cujas dimensões podem variar consideravelmente. ▄ Floculação - Precipitação da fase dispersa de um colóide, pela união de partículas individuais, formando pequenos grumos ou agregados. Utilizado comumente com referência à fração argila do solo. ▄ Impacto ambiental - Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, cau▄ Manejo - Interferência planejada e criteriosa do homem no sistema natural, para produzir um benefício ou alcansada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Resolução CONAMA nº 306, de 5 de julho de 2002. ocorrem sob condições climáticas similares, mas que apresentam características diferentes, devido às variações de relevo e drenagem. à penetração de fluidos e/ou raízes. É caracterizada pela acentuada redução da condutividade hidráulica em relação à das camadas ou horizontes adjacentes. ▄ Nódulo - Corpo cimentado que pode ser removido intacto do solo, carecendo de uma organização interna ordenada. ▄ Oxidação - Perda de elétrons ou aumento do número de valência positiva ou diminuição da negativa de um átomo. ▄ pH - Parâmetro químico que indica a concentração de íons de hidrogênio em uma solução aquosa; variando de 0 a 14, sendo 7 o neutro. Valores abaixo de 7, indicam uma solução ácida (corrosiva) e acima, básica (incrustante). ▄ Redução - Aquisição de elétrons, ou aumento do número negativo de valência ou diminuição do positivo, de uma átomo. ▄ Saprólito - Manto de alteração constituído essencialmente de uma mistura de minerais secundários e primários ▄ Solo imaturo - Solo que apresenta horizontes genéticos indiscriminados ou apenas levemente desenvolvidos, derivados de rochas pela ação do intemperismo químico e que mantém vestígios da estrutura original da rocha, sendo reconhecido como um produto de alteração da rocha in situ, denominado horizonte C. devido ao tempo relativamente curto, em que foi submetido aos processos de formação do solo. Solo incéptico. Solo jovem. çar um objetivo, favorecendo o funcionalismo essencial desse sistema natural. É baseado em método científico, apoiado em pesquisa e em conhecimentos sólidos, com base nas seguintes etapas: observação, hipótese, teste da hipótese e execução do plano experimental. ▄ Solo maduro - Solo que apresenta horizontes bem desenvolvidos, produzidos pelos processos naturais de formação do solo, e estando essencialmente em equilíbrio com o meio ambiente atual. ▄ Solução - Mistura homogênea e íntima das partículas de duas ou mais substâncias diferentes, sendo que essas ▄ Umidade do solo - Umidade presente na porção do solo situada acima da superfície do lençol freático, incluindo o vapor d’água presente nos interstícios. 88 partículas podem ser: moléculas, átomos ou íons. Uma solução é uma mistura e não uma combinação, porque a quantidade dos componentes é variável. Em uma solução verdadeira, os componentes só podem ser separados por uma mudança de estado. FT FTC EAD | GEOGRAFIA Referências Bibliográficas ALMEIDA, E. P. de. O espaço e o cotidiano transformador. 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